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V ENALIC/IV Seminário Nacional do Pibid 8-12 de dezembro de 2014, Natal, RN 1 APRENDENDO SOBRE DOPING COM UM BONECO INTERATIVO Henry Porto Vieira de Assis 1 , Patrick Andersson Barreto Frasão 1 , Maria de Fátima Teixeira Gomes 2 e Denise Gutman Almada 3 1 Licenciatura em Química, Instituto de Química, bolsista Pibid-Química, UERJ. 2 DQGI, Instituto de Química, Coordenadora Subprojeto Pibid-Química, UERJ. 3 C. E. Prof. E. Faria, SEEDUC-RJ, Supervisora Subprojeto Pibid-Química, UERJ. RESUMO Feiras de Ciências favorecem o desenvolvimento nos estudantes da criatividade e do gosto pelas ciências através da experimentação. Propiciam a valorização do trabalho coletivo e a ampliação dos conhecimentos por meio da interação entre os participantes. No decorrer do desenvolvimento dos projetos, as dúvidas levam os estudantes a buscarem novas explicações, aproximando ensino e investigação. A interação professor-aluno é essencial, mas também é relevante a interação deste com objetos de aprendizagem que conduzam o educando a uma nova compreensão da realidade. Neste contexto, para a Feira de Ciências do C. E. Professor Ernesto Faria, construímos um boneco interativo visando ensinar como os medicamentos atuam nos órgãos humanos e, assim, de forma lúdica, tornar mais acessível o conhecimento cientifico sobre doping esportivo. Uma seringa e um boneco, no qual são ilustrados alguns órgãos específicos, foram construídos, em madeira e isopor, e equipados com um sistema elétrico que se fecha quando as duas peças se conectam, acendendo luzes em um painel eletrônico que traz uma explicação concisa da ação de um medicamento em um dado órgão. A seletividade dos medicamentos para cada órgão é evidenciada através do encaixe perfeito de peças que conectam a seringa ao corpo do boneco. Cada peça está associada a um grupo de substâncias dopantes (diurético, betabloqueador, esteroides, etc.), transmitindo a ideia de que o formato da molécula é importante na especificidade do medicamento, e está rotulada com a fórmula estrutural da substância, ou princípio ativo. A interação com o boneco se dá da seguinte forma: as peças rotuladas ficam sobre uma mesa; o estudante conecta a peça no encaixe correspondente; um painel se acende com as informações sobre como atua o medicamento. O experimento envolveu os participantes e conduziu a aprendizados específicos sobre a ação dos medicamentos no corpo humano e sobre o doping esportivo. Palavras-chave: doping esportivo; boneco interativo; feira de Ciências INTRODUÇÃO As feiras de Ciências surgiram no cenário da educação brasileira na década de 1960 e buscavam “familiarizar os alunos e a comunidade escolar com os materiais existentes

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V ENALIC/IV Seminário Nacional do Pibid 8-12 de dezembro de 2014, Natal, RN

1

APRENDENDO SOBRE DOPING COM UM BONECO INTERATIVO

Henry Porto Vieira de Assis1, Patrick Andersson Barreto Frasão

1, Maria de Fátima Teixeira

Gomes2 e Denise Gutman Almada

3

1 Licenciatura em Química, Instituto de Química, bolsista Pibid-Química, UERJ.

2 DQGI,

Instituto de Química, Coordenadora Subprojeto Pibid-Química, UERJ.

3 C. E. Prof. E. Faria, SEEDUC-RJ, Supervisora Subprojeto Pibid-Química, UERJ.

RESUMO

Feiras de Ciências favorecem o desenvolvimento nos estudantes da criatividade e do gosto

pelas ciências através da experimentação. Propiciam a valorização do trabalho coletivo e a

ampliação dos conhecimentos por meio da interação entre os participantes. No decorrer do

desenvolvimento dos projetos, as dúvidas levam os estudantes a buscarem novas

explicações, aproximando ensino e investigação. A interação professor-aluno é essencial,

mas também é relevante a interação deste com objetos de aprendizagem que conduzam o

educando a uma nova compreensão da realidade. Neste contexto, para a Feira de Ciências

do C. E. Professor Ernesto Faria, construímos um boneco interativo visando ensinar como

os medicamentos atuam nos órgãos humanos e, assim, de forma lúdica, tornar mais

acessível o conhecimento cientifico sobre doping esportivo. Uma seringa e um boneco, no

qual são ilustrados alguns órgãos específicos, foram construídos, em madeira e isopor, e

equipados com um sistema elétrico que se fecha quando as duas peças se conectam,

acendendo luzes em um painel eletrônico que traz uma explicação concisa da ação de um

medicamento em um dado órgão. A seletividade dos medicamentos para cada órgão é

evidenciada através do encaixe perfeito de peças que conectam a seringa ao corpo do

boneco. Cada peça está associada a um grupo de substâncias dopantes (diurético,

betabloqueador, esteroides, etc.), transmitindo a ideia de que o formato da molécula é

importante na especificidade do medicamento, e está rotulada com a fórmula estrutural da

substância, ou princípio ativo. A interação com o boneco se dá da seguinte forma: as peças

rotuladas ficam sobre uma mesa; o estudante conecta a peça no encaixe correspondente; um

painel se acende com as informações sobre como atua o medicamento. O experimento

envolveu os participantes e conduziu a aprendizados específicos sobre a ação dos

medicamentos no corpo humano e sobre o doping esportivo.

Palavras-chave: doping esportivo; boneco interativo; feira de Ciências

INTRODUÇÃO

As feiras de Ciências surgiram no cenário da educação brasileira na década de 1960

e buscavam “familiarizar os alunos e a comunidade escolar com os materiais existentes

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nos laboratórios, antes quase inacessíveis e, portanto, desconhecidos na prática

pedagógica” (MANCUSO, 2000, p.1). Essa concepção era oriunda do modelo americano

que, desde 1950, entre outras medidas, buscava através da feira de Ciências, estimular a

formação de cientistas para promover o desenvolvimento tecnológico, industrial,

econômico e consequentemente o social.

Durante um tempo considerável as feiras de Ciências se limitavam a uma mera

repetição e/ou demonstração de experimentos. Com o surgimento de novos parâmetros

curriculares, as feiras de Ciências começaram a ser vistas como atividades pedagógicas e

culturais, com elevado potencial motivador do ensino e da prática científica no ambiente

escolar, tanto para alunos como para professores (BRASIL, 2006).

Outra mudança está ligada ao fato de que geralmente as feiras eram restritas a

Ciência e Biologia e passaram a incorporar gradativamente as demais disciplinas; isso

porque o conceito que se tinha de Ciências foi sendo modificado ao longo do tempo, e essa

mudança foi importante para que o aluno começasse a participar do processo (BARCELOS

et al, 2010).

Atualmente os parâmetros curriculares que servem de base para os currículos da

Educação Básica buscam estimular um ensino contextualizado e interdisciplinar. Para

Barcelos (2010) “a Feira de Ciências é uma forma de a escola criar oportunidades para os

alunos integrarem conteúdos de diferentes disciplinas curriculares, além de abrir espaço

para o estudo e trabalho de conteúdos extracurriculares, ocultos no currículo” (p.231).

Segundo Mancuso (2000), A produção científica estudantil normalmente

apresentada ao público nas feiras de Ciências pode ser classificada em: (i) trabalhos de

montagem, em que os alunos expõem artefatos, maquetes, etc., por exemplo, uma maquete

de uma refinaria de petróleo ou de um processo de extração de carvão mineral; (ii)

trabalhos informativos relacionados a demonstrações de conhecimentos acadêmicos, ou

onde os estudantes fazem alertas ou denúncias fundamentadas em tais conhecimentos, por

exemplo, trabalhos experimentais de tratamento da água, extração de óleos essenciais de

plantas ou ainda, alertas sobre os riscos e benefícios do uso de plantas como medicamentos,

etc. e (iii) trabalhos, denominados pelo autor, de investigatórios, que levam à construção de

conhecimentos específicos, como os relacionados à saúde pública, à educação ambiental,

funcionamento do corpo humano, etc.

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O objeto de aprendizagem que será descrito neste trabalho foi idealizado e

construído, sob a orientação de bolsistas Pibid do Subprojeto de Química da Universidade

do Estado do Rio de Janeiro, visando facilitar a construção de conceitos pelos estudantes

participantes do Projeto escolar “Doping no Esporte”, que teve por objetivo a apresentação

de seus produtos finais na Feira de Ciências do Colégio.

O doping é caracterizado pelo uso de substâncias químicas ou métodos proibidos

visando melhorar artificialmente o desempenho em uma atividade física ou mental, o qual

deveria ser alcançado mediante um condicionamento realizado em condições saudáveis. Na

história das Olimpíadas há registros de diversos casos do emprego de substâncias químicas

na tentativa de obter um aumento do rendimento desportivo como, por exemplo, o uso de

esteroides anabolizantes para aumentar a massa e a força muscular e de anfetaminas como

estimulantes, alguns deles resultando em casos fatais. Fármacos como diuréticos,

betabloqueadores, corticosteroides e esteroides anabólicos, desenvolvidos para o tratamento

de diversas doenças, foram extensivamente utilizados por atletas durante os anos 70. Prática

altamente condenável é o uso pelo atleta de substâncias derivadas do ópio (opioides), como

a morfina e seus análogos, na tentativa de mascarar a dor, possibilitando-o participar de

uma competição mesmo tendo uma lesão física. No caso de lesão grave, a realização de

atividades físicas pode levar a uma lesão permanente (PEREIRA, PADILHA e AQUINO

NETO, 2011).

Nesse contexto, o objeto de aprendizagem construído para feira de Ciências, pela

classificação de Mancuso (2000), seria um trabalho de montagem, mas também de

aquisição/construção de conhecimentos científicos, de procedimentos e de atitudes e

valores, ao promover discussões sobre aspectos éticos e sociais na prática de esportes.

O objeto de aprendizagem aqui descrito é formado por um boneco interativo, uma

seringa com quatro peças geométricas de encaixar e um painel eletrônico. Sua criação foi

um trabalho multidisciplinar que envolveu conhecimentos de Arte, pois o boneco interativo

foi todo modelado em isopor com o formato do corpo humano; de Biologia e de Química

(estruturas das moléculas dos medicamentos, suas funções e efeitos). Foi construído com o

objetivo de se ensinar como os medicamentos atuam nos órgãos humanos e, assim, de

forma lúdica, tornar mais acessível o conhecimento cientifico sobre doping esportivo e

conscientizar os alunos sobre riscos e malefícios do uso de drogas.

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METODOLOGIA

O boneco interativo foi idealizado como parte do projeto interdisciplinar “Doping

no esporte” desenvolvido no Colégio Estadual Professor Ernesto Faria, no Rio de Janeiro,

por estudantes do terceiro ano do Ensino Médio, sob a orientação de bolsistas Pibid do

Subprojeto de Química da UERJ. Seis estudantes do primeiro turno participaram do

projeto, que envolveu leitura de textos, exibição de vídeos, realização de experimentos e

construção do boneco interativo. As atividades do projeto foram realizadas no contraturno.

Os bolsistas foram supervisionados pela professora de Química do Colégio, participante do

Pibid. No dia da Feira de Ciências, os alunos exibiram cartazes, experimentos e o boneco

interativo.

O objeto de aprendizagem - boneco interativo, seringa com quatro peças

geométricas de encaixar e painel eletrônico – foi construído utilizando materiais reciclados.

Foram usados pedaços de isopor, sem muito proveito, cedidos por uma casa de festas;

madeiras e acrílicos reaproveitados de pedaços cedidos por uma marcenaria. Foram

utilizadas cola branca diluída em água e tinta acrílica branca, a qual se adicionou diferentes

quantidades de corantes preto e vermelho, para alcançar as cores desejadas.

O trabalho de construção boneco interativo começou com um molde em madeira

MDF sendo cortado no formato de um corpo humano. Sobre ele foi colado o isopor que foi

moldado, talhado e lixado de acordo com as voltas e formatos dos músculos. A figura 1

apresenta algumas das fases da construção do boneco interativo, exibindo vista frontal do

molde plano em madeira MDF; vista dorsal do molde plano em madeira com as estruturas

utilizadas para apoiar/equilibrar e, ainda, a modelagem feita no isopor colado sobre o

molde.

(Figura 1)

Foi construída uma seringa estilizada contendo aberturas com formatos

geométricos, num total de quatro cavidades. Além disso, quatro peças com formatos

equivalentes aos que existem na seringa foram projetadas para serem encaixadas na seringa,

ao mesmo tempo em que aciona um interruptor de campainha. A figura 2 exibe como foram

confeccionados os moldes das quatro peças em formatos geométricos distintos e seus

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respectivos encaixes na seringa (caixa retangular feita em madeira e isopor). Interruptores

que serão acionados ao serem conectadas as peças também são exibidos.

(Figura 2)

Também foi construído um painel eletrônico, em madeira MDF e acrílico, dividido

em quatro categorias de medicamentos, que expõe breves descrições sobre as substâncias

dopantes, incluindo as finalidades com que são utilizadas e os efeitos colaterais advindos do

uso.

As partes interiores do corpo humano foram representadas no boneco – músculos e

órgãos como cérebro, coração, rins e pele - e possuem luzes que se acendem

independentemente uma das outras, iluminando cada parte específica. As imagens dos

órgãos e músculos foram impressas e coladas em acrílico. O boneco é equipado com um

sistema elétrico que se fecha quando as peças geométricas se encaixam na seringa

acionando o interruptor. A Figura 3 apresenta o boneco interativo com partes iluminadas

que realçam musculaturas dos braços e da perna e órgãos como cérebro, coração, rins e

pele.

(Figura 3)

O formato de cada peça (quadrado, triângulo, etc.) está associado a um grupo de

substâncias dopantes (diurético, estimulantes, esteroides, etc.), transmitindo a ideia de que o

formato da molécula é importante na especificidade do medicamento. Quando uma

determinada peça é encaixada na seringa, acende no boneco o órgão onde o medicamento

atua e, simultaneamente, no painel é exibida uma explicação concisa de sua ação sobre ele.

As peças geométricas de encaixar estão rotuladas com as fórmulas estruturais das

substâncias dopantes. A cada peça corresponde uma descrição no painel. A figura 4 exibe o

objeto de aprendizagem formado pelo boneco interativo, a seringa com as peças

geométricas de encaixar e o painel eletrônico.

(Figura 4)

Os medicamentos que fizeram parte da pesquisa dos alunos e foi incorporado ao

trabalho de construção do boneco são descritos a seguir.

Esteroides

Os esteroides são muito utilizados por atletas em competições que exigem força e

resistência. Esses medicamentos aumentam a produção de proteínas, como a actina e

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miosina, nas células musculares, fazendo com que as células aumentem de tamanho dando

volume as estruturas musculares (IRIART, 2009).

A nandrolona é um esteroide anabolizante que imita a testosterona produzida

naturalmente pelo corpo humano, porém, tem maior poder anabolizante que esta. Sua

fórmula estrutural é exibida abaixo.

Nandrolona

As consequências do uso indevido de tais medicamentos são muito diversas. Podem

inibir a função de produção de testosterona pelos testículos; causar perda de cabelos, acne

na face e no dorso; flacidez dos músculos - com a produção excessiva de proteínas as

células podem perder a capacidade efetiva de contrair diminuindo a capacidade de força;

encerramento precoce das cartilagens de crescimento e aumento do colesterol, com

consequente risco de enfarto do miocárdio.

Diuréticos

Os medicamentos que são considerados diuréticos agem nos rins aumentando a

quantidade de urina e a perda de líquidos do corpo. São usados por pacientes com

insuficiência cardíaca, insuficiência renal e hipertensão.

A furosemida é um diurético que facilita a eliminação de água e pode ser usada para

eliminar substâncias que aumentam o rendimento dos atletas, evitando, dessa maneira, que

altas concentrações dos medicamentos sejam identificadas através de exame antidoping.

Alguns atletas também fazem uso de tais medicamentos para perder peso, pois existem

modalidades no esporte que exigem controle de peso dos participantes em uma disputa

(GOODMAN & GILMAN, 2010).

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Furosemida

A furosemida aumenta a excreção de cátions sódio (Na+) e de ânions cloreto (Cl

-).

Ao se diminuir o conteúdo corporal total de cloreto de sódio (NaCl), sem um controle

médico, ocorre-se o risco de ocasionar um desequilíbrio entre a ingestão e a perda desses

íons que regulam a quantidade de líquidos do lado exterior das células, o que pode causar

desidratação, doenças renais, alteração no volume do sangue e no ritmo cardíaco.

Estimulantes

Os estimulantes são substâncias que causam excitação, melhora do desempenho que

exige atenção e cautela, aumento no estado de alerta e diminuição da sensação de cansaço.

A cocaína é um estimulante muito forte que pode ser ingerido via oral ou por absorção pela

mucosa nasal, além de poder ser administrada por via intravenosa. A partir de 1980, surgiu

o crack. Vendido por um preço mais baixo, o crack, é um alcaloide da cocaína que

vaporiza rapidamente com o aquecimento. Essa versão, que pode ser inalada, produz

grandes concentrações da substância no sangue causando uma maior “drogação” e maior

poder de causar vício. A cocaína age nos neurônios, alterando a comunicação entre as

células nervosas do sistema nervoso (GOODMAN & GILMAN, 2010). Sua fórmula

estrutural está representada a seguir.

Cocaina

Os estimulantes causam aumento da pressão arterial, alterações renais, dependência física,

convulsões e ansiedade, além de hepatopatias e alterações na termorregulação.

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Analgésicos opioides

Os analgésicos opioides exercem seus efeitos imitando substâncias que ocorrem

naturalmente em nosso corpo, chamadas de endorfinas (proteína liberada pelo nosso corpo

em momento grande atividade física capaz de aliviar a dor). A sua ação como analgésico

consiste em inibir os estímulos dolorosos. A palavra ópio vem de opos, que em grego

significa “suco”, pois o fármaco é derivado do suco da papoula (GOODMAN & GILMAN,

2010).

A morfina e a maioria dos opioides usados clinicamente exercem seus efeitos

através de receptores que ficam localizados nas células nervosas que existem em todo o

nosso corpo. Esses receptores são pequenas estruturas onde o medicamento se encaixa. Se

uma endorfina diminuir o estímulo doloroso, um medicamento opioide imita essa ação.

Além de analgesia também afetam o humor e causam grande vício, pois o uso

produz uma sensação de estímulo de recompensa. Reduzindo a dor, pode fazer com que o

atleta agrave uma lesão. Pode também levar a perda de equilíbrio, diminuição da

capacidade de respiração e do ritmo cardíaco.

Morfina

RESULTADOS

A construção do objeto de aprendizagem favoreceu o desenvolvimento nos

estudantes da criatividade, além de propiciar a valorização do trabalho coletivo e a

ampliação dos conhecimentos por meio da interação entre os componentes do grupo e entre

eles e os bolsistas Pibid.

O boneco interativo foi apresentado na feira de Ciências do Colégio Estadual

Professor Ernesto Faria pelos estudantes. Os visitantes, alunos e professores, se

aproximavam da bancada, um de cada vez. A pessoa escolhia uma das peças e encaixava na

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seringa. O apresentador falava sobre a substância cuja fórmula estava representada na peça;

no boneco o órgão atingido ficava iluminado e o painel se acendia destacando uma breve

explicação dos efeitos e malefícios do uso do medicamento.

O experimento envolveu os participantes e conduziu a aprendizados específicos

sobre a ação dos medicamentos no corpo humano e sobre o doping esportivo, alertando

sobre o uso ilegal de drogas e as consequências que o uso indevido acarreta à saúde mental,

física e emocional do ser humano.

Agradecemos a Capes as bolsas Pibid e ajuda financeira recebida.

REFERÊNCIAS

BARCELOS, Nora Ney S.; JACOBUCCI, Giuliano B.; JACOBUCCI, Daniela F. C.

Quando o cotidiano pede espaço na escola, o projeto da feira de ciências “vida em

sociedade” se concretiza. Revista Ciência e Educação, Uberlândia, v.16, nº1, p. 215-233,

2010.

BRASIL. Ministério da Educação (MEC). Secretaria de Educação Básica (SEB), Depto de

Políticas de Ensino Médio. Orientações Curriculares para o Ensino Médio: Ciências da

Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Brasília: MEC/SEB, 2006.

IRIART, Jorge Alberto B.; CHAVES, José Carlos; ORLEANS, Roberto Ghignone de.

Culto ao corpo e uso de anabolizantes entre praticantes de musculação. Cad. Saúde

Pública, Rio de Janeiro, 25(4):773-782, abr, 2009.

GOODMAN & GILMAN. Editores. BRUNTON, Laurence L.; LAZO John S.; PARKER,

Keith L. As bases farmacológicas da Terapêutica. Tradução; Carlos Henrique de Araújo

Cosendey…[et al.]. – 11. ed – Porto Alegre: AMGH, 2010.

MANCUSO, R. Feiras de ciências: produção estudantil, avaliação, consequências.

Contexto Educativo. Revista digital de Educación y Nuevas Tecnologias, n. 6, abr. 2000.

Disponível em:

http://www.redepoc.com/jovensinovadores/FeirasdeCienciasproducaoestudantil.htm.

Acesso em 22 mar. 2014.

PEREIRA, H. M. G.; PADILHA, M. C.; AQUINO NETO, F. R. de. A química e o controle

de dopagem no esporte. São Paulo: Sociedade Brasileira de Química, 2010. Coleção

Química no cotidiano, v. 3.

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(a) (b) (c)

Figura 1: Fases da construção do boneco interativo: (a) vista frontal do molde plano em

madeira MDF; (b) vista dorsal do molde plano em madeira, exibindo estruturas para apoio

e equilíbrio e (c) vista frontal exibindo a modelagem feita no isopor colado sobre o molde.

Figura 2: Quatro moldes das peças geométricas de encaixar e seus respectivos encaixes na

seringa (caixa retangular feita em madeira MDF e isopor). Destaque para os interruptores

que são acionados ao serem conectadas as peças.

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Figura 3: Vista frontal do boneco interativo com partes iluminados que realçam

musculaturas dos braços e da perna e órgãos como cérebro, coração, rins e pele.

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Figura 4: Apresentação do objeto de aprendizagem formado por boneco interativo, com

seringa com peças geométricas de encaixar e painel eletrônico. Acima: quatro peças, em

formatos geométricos e cores distintas, representam os medicamentos. Cada peça está

associada a um grupo de substâncias dopantes. Abaixo: painel com informações sobre

como atuam os medicamentos e seus efeitos no organismo.