61
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL Vitor D’Agostin Resendes A CARÊNCIA DE EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS NA FORMAÇÃO DE ESTUDANTES E A CONTRIBUIÇÃO DA ONG ENGENHEIROS SEM FRONTEIRAS Santa Maria, RS 2018

Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

Vitor D’Agostin Resendes

A CARÊNCIA DE EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS NA FORMAÇÃO DE

ESTUDANTES E A CONTRIBUIÇÃO DA ONG ENGENHEIROS SEM

FRONTEIRAS

Santa Maria, RS

2018

Page 2: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

Vitor D’Agostin Resendes

A CARÊNCIA DE EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS NA FORMAÇÃO DE

ESTUDANTES E A CONTRIBUIÇÃO DA ONG ENGENHEIROS SEM

FRONTEIRAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao curso de Engenharia Civil da Universidade

Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como

requisito parcial para obtenção do grau de

Engenheiro Civil.

Orientadora: Janis Elisa Ruppenthal

Santa Maria, RS

2018

Page 3: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

Vitor D’Agostin Resendes

A CARÊNCIA DE EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS NA FORMAÇÃO DE

ESTUDANTES E A CONTRIBUIÇÃO DA ONG ENGENHEIROS SEM

FRONTEIRAS

Trabalho de conclusão apresentado ao Curso

de Engenharia Civil, da Universidade Federal

de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito

parcial para obtenção do título de Engenheiro

Civil.

Aprovado em 19 de julho de 2018:

___________________________________________

Janis Elisa Ruppenthal, Profª. Dra. (UFSM)

(Presidente / Orientadora)

___________________________________________

Geomar Machado Martins, Profº. Dr. (UFSM)

___________________________________________

Lorenzo Sartori Rizzatti, Eng. Civil (UFSM)

Santa Maria, RS

2018

Page 4: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer principalmente ao meu pai Alaôr e a minha mãe Kátia por terem

oferecido suporte e incentivo desde a minha saída de Criciúma, por opinarem e me ajudarem a

tomar decisões difíceis durante a graduação, até a conclusão desde trabalho. Ao meu irmão

Léo, que mesmo distante sempre se mostrou muito irmão quando precisou. E aos meus avós

Hildebrando e Dúvilia que sempre me receberam de braços abertos e cheios de carinho

quando voltei para minha cidade natal.

Muito obrigado a todos meus amigos e colegas de graduação, em especial a Bárbara

Antunes, Bianca Trentin, Jaqueline Phillipsen, Lorenzo Rizzatti e Rômulo Lima que me

acompanharam durante grande parte da graduação e compartilharam momentos inesquecíveis

durante minha jornada em Santa Maria.

Um agradecimento de gratidão aos meus eternos irmãos do coração Frederico e

Guilherme Buneker, que me inspiram todos os dias a sempre buscar novos conhecimentos de

vida e transformaram a pessoa que sou hoje. Um forte abraço a todas as pessoas que fazem

parte da família 402 e que passaram por este apartamento pelo menos uma vez construindo

muitas histórias.

As organizações Engenheiros sem Fronteiras e AIESEC, juntamente com meus

colegas de trabalho, que me mostraram a importância da gestão e do amor pelo propósito da

profissão, sempre buscando ir além. Em especial ao meu time do projeto ARCE, Ana Paula,

Tainá, Thieli e Vagner, que estiveram me ajudando durante todo este semestre e fazendo o

projeto acontecer. E ao Engenheiro Eletricista Régis, que se disponibilizou à assinar o projeto

ARCE.

Gratidão a Universidade Federal de Santa Maria, pública, gratuita e de qualidade, que

está formando um profissional apaixonado pela vida e que me proporcionou a realização do

sonho que era fazer um intercâmbio.

A minha orientadora, professora Janis Elisa Ruppenthal, pela orientação nesse trabalho

através da sua dedicação e conhecimento.

Page 5: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

RESUMO

A CARÊNCIA DE EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS NA FORMAÇÃO DE

ESTUDANTES E A CONTRIBUIÇÃO DA ONG ENGENHEIROS SEM

FRONTEIRAS

AUTOR: Vitor D’Agostin Resendes

ORIENTADORA: Janis Elisa Ruppenthal

Este trabalho contextualiza a metodologia de ensino nos cursos de engenharia, faz

referência à lacuna entre a teoria e a prática e as consequências deste fato. Relaciona a

importância de uma atividade extracurricular no âmbito de liderança como forma de suprir

tais carências da sala de aula e faz menção à ONG Engenheiros sem Fronteiras como exemplo

prático-aplicado ao desenvolvimento de liderança. O projeto ARCE (Alternativas de Redução

de Consumo Energético) em questão, corelaciona a experiência do papel de líder dentro de

um time por meio da aplicação de um projeto elétrico focado na eficientização do mesmo. Faz

uma breve pesquisa sobre o cenário socioeconômico atual e como isso está alinhado com a

elevação do consumo energético. Desenvolve um planejamento estratégico do projeto,

apontando etapas chave do processo e cria um novo padrão de projeto para a sequência do

mesmo nos semestres seguintes da ONG Engenheiros sem Fronteiras.

Palavras-chave: Metodologia de ensino. Liderança. Engenheiros sem Fronteiras. Projeto.

ARCE. Energia. Redução de consumo energético. Soluções renováveis. Energia limpa.

Page 6: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

ABSTRACT

THE LACK OF PRACTICAL EXPERIENCES IN STUDENT TRAINNING AND THE

CONTRIBUTION OF THE NGO ENGINEERS WITHOUT BORDERS

AUTHOR: VITOR D’AGOSTIN RESENDES

ADVISOR: JANIS ELISA RUPPENTHAL

This project contextualizes the teaching methodology in engineering courses, do a

reference in the gap between theory and practice, and the consequences of this fact. Relates

the importance of extracurricular activities in the leadership scope as the way to supply those

lacks in a classroom and mentions Engineers without Boarders NGO as a practical-applied

example of leadership development. The ARCE (Alternatives of Reduction Electricity

Consumption) project mentioned, correlates the experience of leader’s role inside a time

through the application of an electrical project focused on the efficiency. Do a brief survey on

the currently socialeconomic scenario and how it is related with the rise in energy

consumption. Develop a strategic plan in the project mentioned, pointing the keys steps of the

process and creates a new project model to the next semester on Engineers without Boarders

NGO.

Keywords: Teaching methodology. Leadership. Engineers without borders. Project. Energy

Consumption Reduction. Renewable Solutions. Clean Energy.

Page 7: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Estrutura organizacional .......................................................................................... 19

Figura 2 - Relação Oferta x Demanda de Energia. ................................................................... 27 Figura 3 - Perspectiva da população mundial. .......................................................................... 28 Figura 4 - Perspectiva do número de domicílios. ..................................................................... 29 Figura 5 - Perspectiva de habitante por domicílio. ................................................................... 29 Figura 6 - Perspectiva do número de condicionadores em residências. ................................... 30

Figura 7 - Porcentagem de consumo de energia nas residências. ............................................. 30 Figura 8 - Participação dos equipamentos no total do consumo de eletricidade. ..................... 31 Figura 9 - Calendário semestral do Projeto ARCE................................................................... 32

Figura 10 - Levantamento da estrutura das escolas. ................................................................. 33 Figura 11 - Estrutura da grade curricular para o curso de Engenharia Civil da UFSM. .......... 35 Figura 12 - Levantamento arquitetônico. ................................................................................. 36 Figura 13 - Equipamentos por ambiente. ................................................................................. 36 Figura 14 - Geladeira e fogão industrial. .................................................................................. 38

Figura 15 - Torneira elétrica. .................................................................................................... 38

Figura 16 - Freezer horizontal. ................................................................................................. 39 Figura 17 - Medição de iluminamento. .................................................................................... 40

Figura 18 - Iluminância medida................................................................................................ 41 Figura 19 - Relação Real x Ideal. ............................................................................................. 41 Figura 20 - Dados gerais de conforto visual. ............................................................................ 42

Figura 21 - Sala de informática. ............................................................................................... 42 Figura 22 - Consumo mensal de energia para desagregação de cargas. ................................... 43

Figura 23 - Histórico de consumo energético. .......................................................................... 45 Figura 24 - Demanda máxima de energia instalada. ................................................................ 45

Figura 25 - Entrada de energia. ................................................................................................ 47 Figura 26 - Quadro de distribuição. .......................................................................................... 47

Figura 27 - Orçamento. ............................................................................................................. 50

Page 8: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ESF Engenheiros sem Fronteiras

EWB-I Engineers Without Borders - International

PET Programa de Educação Tutorial

EJ Empresa Júnior

AIESEC Associotion Internacionale des Estudiants em Sciences Economiques et

Commerciales

ONG Organização Não Governamental

ARCE Alternativas de Redução de Consumo Energético

UFSM Universidade Federal de Santa Maria

MEC Ministério da Educação

PBL Project-Based Learning

O2O One to One

Page 9: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 11

1.1 JUSTIFICATIVA ......................................................................................................... 12

1.2 OBJETIVOS ................................................................................................................. 13

1.2.1 Objetivo geral .............................................................................................................. 13

1.2.2 Objetivos específicos ................................................................................................... 13

2 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO ....................................................................... 14

2.1 A IMPORTÂNCIA DE EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS NA GRADUAÇÃO ............. 14

2.2 A CONTRIBUIÇÃO DA ONG ENGENHEIROS SEM FRONTEIRAS .................... 17

2.2.1 O ESF no mundo ........................................................................................................ 17

2.2.2 O ESF no Brasil .......................................................................................................... 18

2.2.3 O ESF em Santa Maria .............................................................................................. 19

2.2.3.1 Estrutura organizacional ............................................................................................... 19

2.2.3.2 Departamentos .............................................................................................................. 20

2.2.3.3 Projetos ......................................................................................................................... 20

2.2.4 Liderança ..................................................................................................................... 22

2.2.5 O papel da ONG Engenheiros sem Fronteiras ........................................................ 22

2.3 LIDERANÇA NA PRÁTICA ...................................................................................... 23

2.3.1 Construção de time ..................................................................................................... 24

2.3.1.1 Criação de time ............................................................................................................. 24

2.3.1.2 Planejamento ................................................................................................................ 24

2.3.1.3 Plano de carreira ........................................................................................................... 25

2.3.2 Performance ................................................................................................................ 25

2.3.2.1 Elevação de resultados.................................................................................................. 25

2.3.2.2 Rastreamento de desempenho ...................................................................................... 25

2.3.2.3 Sistema de suporte ........................................................................................................ 25

2.3.3 Fechamento ................................................................................................................. 26

2.3.3.1 Revisão de resultados ................................................................................................... 26

2.3.3.2 Fechamento individual ................................................................................................. 26

2.4 A QUESTÃO ENERGÉTICA E O CENÁRIO SOCIO-ECONÔMICO ..................... 26

2.4.1 Prospecção de consumo energético ........................................................................... 27

2.4.2 Consumo De Energia .................................................................................................. 30

3 METODOLOGIA ...................................................................................................... 32

4 APLICAÇÃO DO PROJETO ARCE ....................................................................... 35

4.1 ESTUDO DO LOCAL ................................................................................................. 36

4.1.1 Conforto visual ............................................................................................................ 39

Page 10: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

4.1.2 Demanda de energia prevista .................................................................................... 43

4.2 ENERGIA INSTALADA ............................................................................................. 45

4.3 MATERIAIS ................................................................................................................ 48

4.3.1 Lâmpadas .................................................................................................................... 48

4.3.2 Eletrodutos .................................................................................................................. 49

4.3.3 Condutores .................................................................................................................. 49

4.3.4 Dispositivos elétricos................................................................................................... 49

4.4 DIMENSIONAMENTO ............................................................................................... 49

4.5 ORÇAMENTO ............................................................................................................. 50

4.6 RECURSOS ................................................................................................................. 52

4.7 DOCUMENTOS ........................................................................................................... 52

5 CONCLUSÃO .............................................................................................................. 54

6 BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 56

7 ANEXOS ..................................................................................................................... 59

Page 11: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

11

1 INTRODUÇÃO

De acordo com a vivência dos colegas de graduação, a rotina de aulas de um estudante

de engenharia desde muitos anos está estagnada, conteúdos ultrapassados ainda são

transmitidos em salas de aula, metodologias antiquadas são repassadas aos estudantes, pouca

visão de como aplicar na prática é ensinada pelos professores e muitas horas de estudo são

gastas para aprender conceitos, que talvez tenham pouca aplicação. Os futuros engenheiros

sentem-se despreparados para exercer sua função no mercado de trabalho, pouca confiança é

transmitida à eles. Além disso, são vistos como predominantemente racionais pelo restante

dos cursos da universidade, assim como os estudantes sentem-se desmotivados por levar a

vida no modo automático.

A geração do século XXI não pensa mais em viver para trabalhar, mas sim trabalhar

para viver. Trabalho, atualmente pode ser sinônimo de desenvolvimento pessoal,

autoconhecimento, aprendizado contínuo, além da busca da melhoria pessoal contínua. Essa

geração pôde enxergar com seus próprios olhos a geração passada trabalhando duro para

sustentar suas famílias e em algumas vezes, deixando de aproveitar momentos importantes da

vida. Essa mudança de perspectiva de vida não ocorreu instantaneamente, nem sequer na

virada dos anos 2000. Ano após ano, novas maneiras de enxergar o mundo estão sendo

construídas pela sociedade à medida que a tecnologia também vai avançando. Grigg (2013)

comenta que a sociedade enfrenta complexos problemas sem produzir e compreender

soluções de sucesso, e que este dilema está diretamente relacionado com o ensino de

engenharia nas universidades. No caso da engenharia civil, é interessante incluir o aumento da

conscientização social e a preparação para o entendimento de comportamentos humanos e

operações governamentais nas aulas ministradas para os alunos.

Atualmente, importar-se verdadeiramente com o próximo vêm ganhando cada vez

mais destaque num grupo de amigos e até mesmo nos ambientes de trabalho. A organização

“Engenheiro sem Fronteiras” traz em sua essência essa empatia criada nas relações

interpessoais e busca inspirar o lado humano na engenharia, desenvolvendo projetos na área

das exatas para serem aplicados em comunidades locais que vivem à margem da sociedade.

Além de compartilhar conhecimentos das mais diversas engenharias e demais cursos da

universidade, o planejamento dos projetos pela ONG Engenheiros sem Fronteiras (ESF),

possibilita aos estudantes desenvolver habilidades como comunicação efetiva, solução de

problemas, liderança, trabalho em equipe, gestão de pessoas, de informação e de projetos. E

Page 12: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

12

acima de tudo, além dessas ferramentas técnicas, permite a vivência de construir amor ao

próximo e ao mundo em que vivemos.

Um dos propósitos do ESF é encontrar soluções na área de engenharia para preencher

ou restaurar falhas apontadas em uma localidade. A etapa inicial que engloba a criação de um

novo projeto pode ser um dos maiores desafios para um time, visto que o problema a ser

identificado é uma brecha do sistema ou até cultural. Em se tratando do projeto ARCE

(Alternativas de Redução de Consumo Energético) desenvolvido pelo ESF - Núcleo Santa

Maria, o elevado consumo de energia elétrica no mundo, estimulou a implementação de

medidas com a finalidade de amenizar tais impactos.

BRUM (2017) expõe que as universidades de todo o mundo vêm enfrentando o

desafio de adaptação às novas exigências de formação profissional que requerem também

novas maneiras de ensinar e aprender. O papel das universidades é cada vez mais importante

para os países, pois o crescimento e o desenvolvimento econômico se apoiam na

competitividade, que é fortemente dependente da qualificação da mão de obra.

1.1 JUSTIFICATIVA

O modelo tradicional das aulas nas universidades brasileiras está obsoleto e não

progride ao mesmo nível que a revolução tecnológica, pelo contrário, está longe de acontecer.

A queixa diária dos estudantes é massiva. São muitas horas dentro das salas de aulas,

conteúdos ultrapassados, noites acordadas para estudar para uma avaliação, professores mais

desmotivados que os estudantes e recursos de mídia antiquados. Os estudantes despendem de

um grande e cansativo esforço, o qual é desmotivador e que tem pouco a agregar durante

grande parte da jornada acadêmica.

BRUM (2017) comenta que a aprendizagem ativa é um conceito amplo, na medida em

que inclui qualquer método de ensino capaz de promover o engajamento dos alunos no

processo de aprendizagem. Ela deve ser significativa para os alunos, causando raciocínio e

estimulando a reflexão. Em geral, as atividades ocorrem na sala de aula e são planejadas de

modo que os estudantes se sintam motivados a processar, aplicar, interagir e compartilhar

experiências, contrapondo-se às tradicionais aulas expositivas que promovem a aprendizagem

passiva.

Por esta razão, alternativas extracurriculares vêm se tornando a melhor opção para os

estudantes que buscam desenvolvimento pessoal, autoconhecimento, habilidades de gestão,

Page 13: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

13

comunicação efetiva e trabalho em equipe. Essas qualidades são essenciais para estudantes

que almejam seguir carreira no mercado de trabalho, posicionando-se como líderes. Alguns

exemplos dessas atividades são as empresas juniores, grupos PET, AIESEC e a ONG

Engenheiros sem Fronteiras (foco do trabalho em questão).

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

O objetivo deste estudo é apresentar a ONG Engenheiros sem Fronteiras como uma

alternativa no desenvolvimento de liderança dos estudantes de engenharia devido a lacuna

existente entre a teoria e a prática nas universidades. Pretende-se mostrar que a vivência do

lado humano na engenharia possibilita a construção de empatia e a criação de uma nova visão

de vida. Dessa forma, aplicar conceitos de engenharia na prática, com ferramentas de gestão e

trabalho em equipe, possibilita impactar milhares de famílias em Santa Maria.

1.2.2 Objetivos específicos

a) Desenvolver um projeto de eficiência energética em uma escola municipal de

Santa Maria;

b) Aplicar conceitos de Engenharia Civil e Engenharia Elétrica, aprendidos ao

longo da graduação;

c) Conscientizar os colaboradores e alunos da escola com o consumo de energia;

d) Desenvolver habilidades, tais como: gestão de projetos, liderança, trabalho em

equipe, comunicação, autoconfiança e empatia;

e) Contribuir para o fomento e o desenvolvimento de metodologias de ensino

inovadoras nas universidades brasileiras através de uma crítica construtiva.

Page 14: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

14

2 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

2.1 A IMPORTÂNCIA DE EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS NA GRADUAÇÃO

A falha no sistema de aprendizagem é decorrente desde o início da alfabetização das

crianças. No momento em que a professora do maternal ensina seus alunos primeiro o

alfabeto para posterior aprendizagem do letramento (leitura e escrita), é imposto que o correto

é aprender a teoria antes da prática. Soares (2003) faz uma analogia a isto: “[...] Sabemos que

a melhor maneira para aprender a usar um forno micro-ondas é aprender a tecnologia com o

uso próprio. Ao se aprender uma coisa, passa-se a aprender a outra”. Teoria e prática são

processos inseparáveis, no entanto diferentes no sentido cognitivo, como também são

distintos e indissociáveis os processos de alfabetização e letramento.

De acordo com o parecer (CNE/CES) número 1.362/2001 “Diretrizes Curriculares

Nacionais dos Cursos de Engenharia”, aprovado pelo MEC, o desafio no ensino da engenharia

no Brasil é também um cenário mundial que demanda uso intensivo da ciência e tecnologia e

exige profissionais altamente qualificados, pois o próprio conceito de profissional capacitado

vem se moldando com a globalização, envolvendo cada vez mais habilidades voltadas à

coordenação de informações, interação de pessoas, e interpretação de problemas de maneira

diferente a realidade.

Schon (1998) fez uma analogia no livro “Educando o profissional reflexivo: um novo

design para o ensino e a aprendizagem” através do seguinte trecho:

Na topografia irregular da prática profissional, há um terreno alto e firme, de onde se

pode ver um pântano. No plano elevado, problemas possíveis de serem administrados

prestam-se a soluções através da aplicação de teorias e técnicas baseadas em pesquisa.

Na parte mais baixa, pantanosa, problemas caóticos e confusos desafiam as soluções

técnicas. A ironia dessa situação é o fato de que os problemas do plano elevado

tendem a ser relativamente pouco importantes para os indivíduos ou o conjunto da

sociedade, ainda que seu interesse técnico possa ser muito grande, enquanto no

pântano estão os problemas de interesse humano. O profissional deve fazer suas

escolhas. Ele permanecerá no alto, onde pode resolver problemas relativamente pouco

importantes, de acordo com padrões de rigor estabelecidos, ou descerá ao pântano dos

problemas não importantes e da investigação não rigorosa?

De acordo com Mello (2015), é preciso entender as demandas internas e externas às

universidades, além de envolver-se no processo de formação e inserção do aluno no mercado

Page 15: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

15

de trabalho. Ele ainda cita que é possível construir uma matriz curricular dinâmica e flexível

diante das diretrizes expostas pelo mercado de trabalho com vista ao desenvolvimento das

habilidades humanas dos engenheiros-gestores e que ajudem o aluno a desenvolver, de igual

forma, sua multidisciplinaridade. Cabe a universidade posicionar-se diante desse cenário e

priorizar as verdadeiras necessidades dos estudantes de engenharia, beneficiando tanto os da

área de pesquisa quando os da prestação de serviço.

O parecer do MEC (2001) enfatiza as características do perfil de formação do

engenheiro, devendo ser humanista, generalista, crítico e reflexivo, pois desta forma estará

capacitado a absorver e desenvolver novas tecnologias, estimulando sua ação criativa e crítica

na identificação e resolução de problemas, “considerando seus aspectos políticos,

econômicos, sociais, ambientais, com visão ética e humanística, em atendimento às demandas

da sociedade”. Borba (2013) confirma a relevância do engenheiro como agente de

transformação e promotor do bem-estar social, e por outro lado, na importância dos desafios

que lhe são impostos para o desempenho de sua função.

De tal maneira, assim devem ser preparados futuros profissionais da engenharia,

instruídos à solução de problemas práticos utilizando seus princípios tecnológicos de forma

criativa, social, ética e econômica. Masson (2012) afirma que para os estudantes serem

estimulados a aprender e trabalhar de modo dinâmico, os docentes devem apresentar projetos

com níveis crescentes de complexidade e a gestão de cada curso necessita criar condições do

oferecimento da formação contínua. Ela ainda destaca que um engenheiro completo é aquele

profissional que mantém um equilíbrio entre conhecimento, habilidades e atitudes.

Conhecimento referente à tecnologia, ciência e computação. Habilidades voltadas ao

desenvolvimento de projetos, solução de problemas, trabalho em equipe, comunicação

efetiva. E atitudes pertinente à ética, empreendedorismo, motivação, responsabilidade, visão

social e flexibilidade. A grande questão disso tudo é como transformar um ambiente propício

ao desenvolvimento de todas essas qualidades a um estudante. Lima (2013) fez uma análise

da prática pedagógica dos professores de ensino superior destaque da instituição e os

resultados apresentaram que o relacionamento “professor-aluno” e a “prática de ensino” são

os principais diferenciais desses profissionais.

Mortimer (1996) cita o conceito construtivismo como meio de ligação entre o

estudante e o aprendizado. Ele relata que a aprendizagem acontece através do ativo

envolvimento do aprendiz na construção do conhecimento, e ainda salienta que a discussão e

construção de ideias prévias do estudante tem uma parcela significativa no processo de

aprendizagem. Fazer parte das etapas construtivas da resolução de um problema, transmite

Page 16: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

16

responsabilidade e senso de pertencimento àquele estudante. De tal forma, o conhecimento é

visto como não absoluto, mas sim algo que é construído em progresso pelo seu agente através

da percepção global e da necessidade de aprofundar a aprendizagem.

Ribeiro e Mizukami (2004) apontam uma metodologia para alavancar tal evolução na

aprendizagem: A PBL (Project-Based Learning). Originada no Canadá nos anos 60, é

aplicada através de problemas que incentivam o estudo autônomo, motiva a aprendizagem de

conceitos e promove habilidades e atitudes necessárias à sua solução. A metodologia é

altamente utilizada no ensino da medicina, e varia sua aplicação conforme a especificidade de

cada área e a natureza de trabalho, porém todas seguem um padrão comum: o problema

antecede a teoria. O processo ainda é composto por um conjunto de atividades: (a)

apresentação de um problema ao grupo que deve solucionar com seus conhecimentos prévios.

(b) após uma discussão, descrevem as questões que não compreendem. (c) planejam quem,

como, quando e onde esses pontos serão pesquisados e compartilhados novamente em grupo.

(d) integram seus novos conhecimentos ao contexto do problema. (e) repetição do ciclo e após

resolvido o problema, avaliam a si mesmos, ao restante da equipe e a o modo como

desenvolveram a situação de forma construtiva. Ribeiro e Mizukami (2004) salientam que a

PBL não almeja a solução de problemas através de um processo eficaz, mas busca estruturar

uma forma de integrar conhecimentos e em torno de problemas da vida real, unindo

conhecimento técnico, habilidades de trabalho e atitudes pessoais.

Um dos maiores desafios para implementar esses processos em uma sala de aula está

no modo como isso será transmitido aos alunos. A capacitação dos profissionais que irão

atuar na preparação dos estudantes tem gerado uma falha no método, aponta Mortimer (1996).

A construção da aprendizagem ocorre quando o aluno participa ativamente do processo, é

interessado em adquirir conhecimento e está motivado intrinsecamente. Isso indica que a

autoaprendizagem bem sucedida é aquela autogerada e auto conduzida, sendo produto de algo

que o aluno faz e não de algo que um professor impôs ou fez para ele, relata Ribeiro e

Mizukami (2004).

No desenvolvimento de um projeto, o professor tem o papel do agente que instruirá

um grupo a construir uma problemática, insistir na busca por desafios, direcionar a equipe

para alcançar um resultado final e chegar a um produto acabado, levando a uma realização

pessoal de acordo com as expectativas. Consolidando padrões de construção coletiva e busca

contínua por excelência.

Para os professores e estudantes, um grande desafio de mudança. No livro “O monge e

o executivo”, James Hunter (2007) define a palavra paradigma como um simples padrão

Page 17: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

17

psicológico. O autor cita que os paradigmas são modelos ou mapas que o ser humano usa

para navegar em suas vidas. Eles podem ser tanto valiosos e salvar vidas, quanto perigosos se

os tornarmos verdades absolutas, sem aceitar qualquer possibilidade de mudança e deixarmos

que eles filtrem as informações que acontecem no decorrer da vida. James releva que a

mudança desinstala o sistema do ser humano, o tira da zona de conforto e o força a fazer

coisas de modo diferente, o que é difícil. “Agarrar-se a paradigmas ultrapassados pode nos

deixar paralisados enquanto o mundo passa por nós”.

Segundo uma reportagem publicada pela Agência Brasil (2018), os cursos de

engenharia no Brasil terão a inovação como uma de suas principais frentes. Um reajuste nos

currículos de todos os cursos de engenharia está sendo restruturado para preparar os

estudantes com os desafios que envolvem os âmbitos de inovação da indústria, como

ampliação, modernização e sofisticação. Para isso, um estudo referente ao arranjo curricular

dos cursos do Instituto Tecnológico de Massachusets (MIT) está sendo avaliado. “A intenção

é tornar os cursos mais dinâmicos e trazer acesso à conteúdos de mercado, como design e

materiais, assim nos aproximando mais da prática”, comentou Luiz Roberto Curi, membro do

Conselho Nacional de Educação (CNE). Por fim, disse que a nova reforma também terá mais

ênfase em atividades de pesquisa e extensão.

2.2 A CONTRIBUIÇÃO DA ONG ENGENHEIROS SEM FRONTEIRAS

2.2.1 O ESF no mundo

Engineers Without Borders - International (2017) – EWB-I é uma organização

internacional formada por grupos ao redor do mundo, cuja missão é facilitar a colaboração,

transmitir informação entre os continentes e dar suporte para os membros de todas as

entidades locais. EWB é uma organização não governamental criada em meado dos anos 80

na França que acredita na engenharia como meio de transformação social.

Stephan (2005) após uma tsunami ocorrida na Indonésia, refletiu sobre o papel dos

engenheiros na sociedade quando comparados aos cuidados médicos do movimento Doctors

Without Borders. A grande maioria das pessoas pode afirmar que a necessidade do bom

atendimento médico e das práticas profissionais são elementos que garantem a preocupação

destes profissionais possível. Stephan (2005) questionou-se se isso também ocorria no caso

dos engenheiros. A conclusão foi que sim, e que os engenheiros precisavam de uma ética

Page 18: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

18

profissional mais clara e assertiva na cultura destes profissionais, e para isso incluir questões

políticas, sociais, industriais e ambientais seria um passo inicial.

O EWB está presente nos 6 (seis) continentes do planeta Terra, e está distribuído em

65 (sessenta e cinco) países do mundo. É formado não somente por engenheiros, mas também

por estudantes de engenharia e voluntários de diversas áreas. “A organização é reconhecida e

respeitada por desenvolver e implementar soluções sustentáveis para comunidades em

desenvolvimento mundo afora e por utilizar seu amplo conhecimento técnico para resolver

problemas que afetam o planeta.” EWB-I (2017).

A corporação internacional já alcançou grandes resultados como acesso à água,

energia, educação, saneamento, infraestrutura e saúde a países de extrema pobreza, como

Nigéria, Quênia, Serra Leoa e Uganda. E hoje, possui o apoio de grandes organizações como

Alcoa Foundation, Boeing, Google, World Bang Community e outras multinacionais.

Litchfield (2015) fez uma pesquisa com membros e não-membros do EWB-USA para

analisar as diferenças dos atributos pessoais relacionados à motivação e ao estudo de

engenharia. O resultado desse questionário mostrou a importância da organização no

encorajamento e suporte social a fim de ampliar a participação nas atividades de engenharia.

2.2.2 O ESF no Brasil

O Engenheiros sem Fronteiras – Brasil (2017) é uma organização civil, com o objetivo

de promover o desenvolvimento humano e sustentável através da engenharia. A ONG foi

fundada no Brasil em 2010 na cidade de Viçosa, Minas Gerais. E a partir de 2012, diversos

núcleos começaram a ser criados ao redor do Brasil, e o ESF iniciou sua expansão

principalmente em cidades brasileiras com um grande número de estudantes.

Atualmente o ESF Brasil possui 64 (sessenta e quatro) núcleos, separados entre 16

(dezesseis) estados e conta com cerca de 1500 voluntários. Em 2017 foram mais de 200

projetos realizados, englobando engenharia, educação, sustentabilidade e voluntariado.

“Ser um engenheiro sem fronteiras” é acreditar na importância da engenharia para a

transformação social e se posicionar no papel de agente dessa transformação”. ESF-Brasil

(2017).

Page 19: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

19

2.2.3 O ESF em Santa Maria

O núcleo do Engenheiros sem Fronteiras em Santa Maria foi criado em agosto de 2016

por 4 (quatro) estudantes do Centro de Tecnologia da Universidade Federal de Santa Maria

(UFSM). São eles: Amanda, Gerson, Helena e Vitória. Com o intuito de promover ações

humanas e sustentáveis em comunidades locais de Santa Maria, estes estudantes buscaram um

meio de aplicar os conhecimentos adquiridos durante a graduação, através do

desenvolvimento de projetos das mais diversas áreas da engenharia.

O objetivo do núcleo é a melhoria da qualidade de vida dos indivíduos em situação de

necessidade, contribuindo com que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)

sejam alcançados, e para isso, alguns projetos foram e estão sendo planejados.

2.2.3.1 Estrutura organizacional

Desde a fundação da ONG em Santa Maria, diversas reformulações já foram testadas

com a finalidade de atingir uma gestão de time saudável e eficiente. A fim de promover uma

equipe de liderança que possa desenvolver os projetos com planejamento, comunicação

efetiva, gestão de pessoas entre os membros e o orçamento financeiro da ONG, o ESF – Santa

Maria está subdividido, atualmente, com a seguinte estrutura organizacional (Figura 1):

Fonte: Autor.

Diretor Geral

Vice Diretor Geral

Diretor de Gestão de Pessoas

Membros

Diretor de Comunicação

Membros

Diretor Financeiro

Membros

Diretor de Projetos

Líderes de Projeto

Membros

Figura 1 - Estrutura organizacional

Page 20: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

20

2.2.3.2 Departamentos

A ONG ESF-SM (2016) definiu os seguintes cargos para atuarem como diretoria da

instituição:

Gestão de Pessoas

Responsável pelo processo seletivo de novos membros, controle de presença,

acompanhamento individual de cada membro da ONG, desligamentos, capacitações,

treinamentos e integrações.

Comunicação

Responsável pelos materiais gráficos, divulgação interna e externa da ONG, busca

parceiros e patrocinadores para apoiarem os projetos, aumenta a visibilidade da

instituição, garantir que a imagem da organização seja respeitada.

Financeiro

Movimentar a conta bancária, garantir documentos de legalidade, participação em

eventos ou editais para arrecadação de fundos, realizar pagamentos, planejar o fluxo

de caixa, levantar a necessidade de compras, aprovar o orçamento dos projetos.

Projetos

Aprovar a iniciação de novos projetos, acompanhar o progresso dos projetos, dar

suporte ao líder de cada projeto, realocação dos membros nos projetos, supervisionar o

planejamento estratégico, realizar reuniões periódicas, gerar e reter conhecimento na

ONG.

2.2.3.3 Projetos

A ONG ESF-SM (2018) atualmente realiza na prática os seguintes projetos:

Ações

A fim de realizar micro ações em variadas instituição carentes da cidade de Santa

Maria, o projeto é composto por mutirões mensais que colaboram com a reformulação

do local aplicado, busca por soluções sustentáveis e integrações que procuram inspirar

novas pessoas.

Page 21: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

21

ARCE (Alternativas de Redução de Consumo Energético)

Tem a finalidade de garantir eficiência e sustentabilidade em sistemas elétricos. O

projeto é uma iniciativa que busca analisar e corrigir irregularidades encontradas,

estudar e desenvolver alternativas pertinentes à redução do consumo energético,

estruturar um novo projeto para o local, além de conscientizar os colaboradores com o

uso correto da energia.

Capitação

O projeto visa a utilização da água da chuva através da coleta prévia em caixas d’água,

e assim reduzir o consumo da mesma por meio da reutilização da água em jardins,

calçadas e descargas. O estudo ocorre desde a previsão da quantidade de chuva

ocorrida por mês, até o cálculo da demanda dos telhados e a capacidade de

armazenamento.

Educa

O Educa tem o intuito de fazer com que os jovens alcançados pelo projeto

desenvolvam maior interesse e motivação pela escola, e para isso, são realizadas aulas

de reforço escolar, com atividades alternativas e dinâmicas ministradas em ambiente

escolar, configurando um agradável ambiente de aprendizagem, a fim de que estes

jovens entendam e pensem sobre a importância do estudo e como este pode se tornar

ferramenta importante de mudança social.

Lares sem Frestas

O projeto procura solucionar de forma sustentável os problemas causados pelas frestas

em casas de madeira, através da utilização de caixas de leite longa vida que

provavelmente seriam descartadas pela comunidade. Essas caixas são cortadas e

limpas, assim possibilitando confeccionar placas que são instaladas no interior das

casas. Com isso, problemas como mofo, frio e entrada de insetos nas casas são

reduzidos drasticamente.

Sede

O projeto da sede visa restaurar um espaço dentro da universidade de maneira criativa,

colaborativa e sustentável, onde serão realizadas todas as atividades da ONG, como

reuniões, cursos, pesquisas e desenvolvimento de novos projetos e integrações, além

de ser um espaço multiuso para a comunidade acadêmica que integre diversas áreas de

conhecimento.

Page 22: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

22

2.2.4 Liderança

Balducci e Kanaane (2007) apontam a liderança como uma estratégia fundamental na

gestão de pessoas. Historicamente tem-se constatado mudanças nas definições de liderança,

desde aquele líder com postura autoritária que adotava medidas inflexíveis para seus

seguidores, até o líder da concepção atual, que possui competência de unir as pessoas,

mobilizando-as e capacitando-as para assumir e alcançar resultados.

Atualmente, as empresas buscam este tipo de gestor, o líder. Para Vergara (2007) as

empresas estão buscando gestores capazes de perceber que não só as empresas e seu ambiente

mudam, exigindo renovação constante, como também as empresas são movidas por

cooperação e conflito, e o gestor precisa saber lidar com essas contradições. O perfil do líder

mais almejado atualmente é o de postura participativa, empreendedora, que saiba assumir

riscos calculados e que valoriza o trabalho em equipe, além de reconhecer o êxito dos outros e

estimular capacidade de apoiar as pessoas, ser criativo e comunicativo.

Balducci e Kanaane (2007) transcrevem a liderança como algo que vem do

conhecimento e da procura através das habilidades interpessoais e não da atuação da

autoridade. O papel do líder é quebrar barreiras que impedem as pessoas e as organizações de

alcançarem a excelência. O líder assume a frente do planejamento, organização e coordenação

de uma equipe, controlando, esforçando e construindo o melhor caminho a seguir. Ele tem a

confiança dos seus gestores e das pessoas do seu time. A figura do líder é essencial para a

motivação e exemplo da equipe, ele traz as estratégias para alcance dos resultados através de

metas organizacionais.

2.2.5 O papel da ONG Engenheiros sem Fronteiras

A estrutura organizacional da instituição proporciona um ambiente em que os

estudantes possam aplicar conhecimentos técnicos adquiridos durante a vida e a graduação,

desenvolvendo habilidades de gestão muitas vezes precárias dentro da sala da aula, como por

exemplo, gestão de tempo, planejamento estratégico, trabalho em equipe efetivo e

comunicação clara. A organização ainda possibilita aos membros uma experiência prática

similar ao mercado de trabalho, porém com a possibilidade de cometer erros que poderão ser

convertidos em aprendizado posteriormente. Esse ambiente desafiador constrói

amadurecimento nas pessoas e transmite senso responsabilidade ao comprometer-se com

metas.

Page 23: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

23

Estar posicionado no cargo de liderança é assumir o compromisso de entregar um

objetivo final, seja um projeto, um número, uma pesquisa ou um resultado. Para alcançar

determinadas metas, algumas competências são necessárias. Fleury (2001) define

competência em três subgrupos: conhecimento, habilidade e atitude. Conhecimento é baseado

primeiramente no autoconhecimento do líder, é saber como funciona cada processo do

projeto, e quais as responsabilidades de cada membro da equipe, além de capacitá-los para

exercerem suas atividades. Habilidade está relacionada ao método construtivo, é ter um

padrão de trabalho e um caminho claro a ser seguido em busca dos resultados, é ter um

planejamento e uma rotina bem definidos. E então a atitude do gestor entra em ação,

mostrando ser exemplo de inspiração para sua equipe, de forma que eles sintam-se motivados

a trabalhar todos os dias pelo propósito maior de cada um. Essas três etapas completam o

ciclo de uma gestão bem sucedida.

A grande contribuição da ONG Engenheiros sem Fronteiras é realmente construir

habilidades de liderança de difícil acesso dentro da sala de aula para seus colaboradores, em

troca de melhorias para a sociedade através da realização dos projetos. Não obstante, também

é um ganho para o colaborador a fomentação da empatia e da paixão pelo propósito através

das relações interpessoais e por acreditar que cada pessoa tem seu papel na transformação do

mundo.

2.3 LIDERANÇA NA PRÁTICA

O mercado mundial que vivencia-se atualmente está saturado devido à quantidade de

empresas do mesmo ramo, além de profissionais desempregados. Desta maneira Moretti

(2003) citou que isso reflete em uma busca incansável por competitividade organizacional, o

que consequentemente explica o momento de transição que está acontecendo nesse cenário

atualmente. Para alcançar tais patamares no mercado competidor, a otimização dos processos

e o incremento de habilidades estão ganhando espaço, logo, as organizações estão abraçando

novos desafios para tais conquistas, e a principal peça desse jogo é o meio que está entre a

empresa e seu produto, é a maneira como ele é executado, é quem realiza esse processo, o

empregado.

Com o objetivo de melhorar a qualidade de trabalho dos empregados e elaborar

métodos de implementação, Moretti (2003) levantou alguns pontos relevantes para analisar a

eficiência do operário: tais questões vão desde a vida familiar e social insatisfatória até a falta

Page 24: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

24

de reconhecimento e preocupação por parte do empregador. Além disso, a falta de um

propósito definido e de inclusão também interfere na produtividade.

A AIESEC (2017) criou um modelo de desenvolvimento de liderança na prática e um

planejamento estratégico utilizando diversas ferramentas, o qual pode ser replicado em

qualquer empresa que se preocupa com o desenvolvimento das pessoas. Esse modelo é

chamado de Team Standards, e basicamente são etapas que um líder deve promover em seu

time para obter um rendimento elevado. Ele é dividido em 3 (três) fases: Construção de time,

performance e fechamento, apresentadas a seguir.

2.3.1 Construção de time

Consiste na fase inicial de um time, é o momento para os integrantes do grupo se

conhecerem, identificar o papel de cada um na equipe, entender o contexto do time, definir

um propósito e uma meta final juntos, sempre estipulando prazos e qual será a contribuição

individual para esse atingimento. O líder tem o papel de guiar seu time para construir cada

etapa juntos.

2.3.1.1 Criação de time

Momento para criar uma identidade da equipe através do alinhamento de expectativas

de comportamento, estimulação de regras de convívio, normas básicas, entender a função e a

competência de cada integrante.

2.3.1.2 Planejamento

Durante o planejamento, ocorre a definição de um propósito final de igual

pertencimento ao grupo, estipulação de metas de sucesso e estratégias de atingimento, definir

qual a descrição das atividades desempenhadas por cada indivíduo e como cada um pode

contribuir para a meta do time.

Page 25: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

25

2.3.1.3 Plano de carreira

Não obstante, é importante o líder estar ciente dos objetivos de cada membro na

organização, quais seus objetivos, quais competências ele pretende desenvolver e criar

estratégias para facilitarem um ambiente para isso.

2.3.2 Performance

É a fase de progresso do time, onde tudo irá ser colocado em prática. É nessa etapa

onde novas estratégias podem ser implementadas e testadas. É aonde surge a operação e as

competências do time são observadas e desenvolvidas. O papel do líder é gerir o desempenho

de cada integrante impondo metas periódicas e através de algumas estratégias e ferramentas.

2.3.2.1 Elevação de resultados

Incentivar o aprendizado do time através da tentativa na prática. Realizar

semanalmente momentos de trabalho em conjunto onde todos possam estar juntos,

compartilharem seus progressos e barreiras, e dessa forma reconstruir planos de ação.

Reconhecer o desenvolvimento do time e como isso está alinhado com as competências e

valores previamente estabelecidos.

2.3.2.2 Rastreamento de desempenho

Através de ferramentas de gestão de informação, identificar por meio de mensuráveis

o desempenho de cada integrante do grupo e como está a produtividade do trabalho. Realizar

reuniões periódicas para mencionar isso individualmente aos membros e construir estratégias

para aumentar a performance. Além disso, no final de cada mês, realizar uma reunião de

equipe para revisar os atingimentos obtidos e estipular os do mês seguinte.

2.3.2.3 Sistema de suporte

Promover um ambiente onde os integrantes tenham abertura para o desenvolvimento

pessoal e profissional. Isso pode ocorrer através da cultura de feedback, realização de O2O

Page 26: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

26

(one to one) mensal, reunião de time semanal, além de momentos de descontração fora do

ambiente de trabalho.

2.3.3 Fechamento

É a última etapa do processo de um projeto. É o momento onde o líder relata todos os

progressos do time em termos de desenvolvimento e resultados, e de questionamento da

experiência de cada componente do grupo.

2.3.3.1 Revisão de resultados

Momento onde o time está reunido e o líder expõe novamente o planejamento

estratégico inicial e compara com os atingimentos obtidos juntamente com o desempenho da

equipe. Além disso, são recapitulados os objetivos de desenvolvimento do time e o que

aconteceu a respeito.

2.3.3.2 Fechamento individual

É papel do líder revisar o planejamento de desenvolvimento pessoal com cada membro

individualmente, repassar feedback sobre a experiência de trabalhar com aquela pessoa.

Verificar quais objetivos foram alcançados de acordo com sua performance e suas

competências e de que forma isso pode ser melhorado. Deixar claro quais os próximos passos

que o integrante pode seguir a partir de agora.

2.4 A QUESTÃO ENERGÉTICA E O CENÁRIO SOCIO-ECONÔMICO

As necessidades energéticas do homem estão em constante evolução. Segundo Farias e

Selitto (2011), para satisfazer suas primeiras necessidades, que eram basicamente a

alimentação, uma fonte de iluminação noturna e aquecimento, o homem apropriou-se do uso

do fogo e desenvolveu a agricultura e a pecuária, armazenando energia excedente nos animais

e alimentos. A partir de então, cada vez mais, pode dedicar-se a outras atividades para

potencializar seu trabalho. A diversificação do trabalho, visando à otimização das tarefas e ao

aumento do nível de conforto demandou novas formas de utilização de energia, que foram

Page 27: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

27

sendo descobertas e aprimoradas, através do desenvolvimento da matemática, da geometria e

da engenharia, que proporcionaram a criação de dispositivos mecânicos complexos,

empregados para o aproveitamento da energia contida nos ventos e no vapor. De acordo com

Amaral (2010), ainda na era do vapor surge o carvão mineral empregado na combustão direta

para sua produção, sendo considerado o primeiro combustível fóssil usado em larga escala e o

início de uma nova era, caracterizada pela revolução industrial, o surgimento do automóvel e

a exploração do petróleo.

Juntamente com o petróleo, o domínio do fenômeno da eletricidade ampliou o número

de usos finais de energia. A energia elétrica é uma forma de energia secundária, obtida a partir

de diferentes fontes de energia primárias, capaz de entregar aos usuários finais energia através

de extensas redes de distribuição. De acordo com Farias e Selitto (2011), ao longo das últimas

décadas, a matriz energética de produção de energia elétrica tem-se diversificado de forma

intensiva, como resposta ao aumento dos níveis de consumo. Fatores como a disponibilidade

de recursos, interesses comerciais, domínio de tecnologias e a preservação do meio ambiente

levaram os países a diferentes escolhas para a composição de suas matrizes.

2.4.1 Prospecção de consumo energético

A Empresa de Pesquisa Energética (2017) realizou um balanço energético nacional

referente ao ano de 2016 em comparação ao de 2015. O estudo apresentou uma queda na

oferta total de energia no Brasil, assim como uma queda no consumo final. O resultado obtido

pode ter sido consequência da queda do PIB nacional no requerido ano. Por outro lado, a

relação de oferta e consumo (perda) teve um avanço. Os números desse estudo podem ser

conferidos na Figura 2.

Figura 2 - Relação Oferta x Demanda de Energia.

Energia em Mtep 2015 2016 Variação PIB

Oferta interna 299,6 288,3 3,77%

-3,60% Consumo final 261,2 255,4 2,22%

Perda 38,4 32,9 14,32%

Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

Page 28: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

28

De acordo com a Figura 2 é possível verificar uma variação de consumo menor que a

queda de oferta de energia interna do país. Segundo a Associação Nacional dos Consumidores

de Energia - ANACE (2017) é ideal manter o equilíbrio entre oferta e demanda de energia

para não elevar nem diminuir em grande escala o preço de mercado, permitindo o

atendimento confiável de consumidores e investidores.

O Ministério de Minas e Energia (2014) fez uma pesquisa de previsão do cenário

socioeconômico até o ano de 2050. No relatório final da investigação, algumas prospecções

de dados foram levantadas a fim de estipular o consumo de energia atual e trazer

direcionamentos aos caminhos que a tecnologia deve seguir.

Figura 3 - Perspectiva da população mundial.

Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

De acordo com a Figura 3, verifica-se o crescente aumento da população mundial a

cada década. Os dados apontam que esse número aumentará em 1,9 bilhões de pessoas até

2050. Na Figura 4, é possível verificar o reflexo desse fato no número de domicílios no

mundo.

6,97,7 8,3 8,9 9,3

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

2010 2020 2030 2040 2050

População mundial (bilhões)

Page 29: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

29

Figura 4 - Perspectiva do número de domicílios.

Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

Segundo a Figura 4, o número de domicílios sofrerá um aumento em mais de 30

milhões até 2050. Por outro lado, o aumento da renda e o menor crescimento populacional

relativo irá reduzir a relação habitante por domicílio para 2,3 no Brasil em 2050 como pode

ser conferido na Figura 5.

Figura 5 - Perspectiva de habitante por domicílio.

Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

Em consequência do crescente número de domicílios no mundo, o número de

equipamentos elétricos residenciais também ganhará acréscimo na utilização. Em se tratando

dos aparelhos de climatização, é previsível uma grande classe consumidora desses

6072

8292 99

0

20

40

60

80

100

120

2010 2020 2030 2040 2050

Domicílios (milhões)

3,33

2,7 2,5 2,3

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

2010 2020 2030 2040 2050

Habitante por domicílio

Page 30: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

30

equipamentos: o número de ares condicionados irá aumentar de 22 milhões em 2015 para 63

milhões em 2050 (Figura 6).

Figura 6 - Perspectiva do número de condicionadores em residências.

Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

Em se tratando somente de residências, podemos prever claramente a grande

quantidade de novos equipamentos que irão surgir no mercado internacional. Além da

elevação do consumo per capta de eletricidade para climatização, também é possível prever

um aumento no número de lavadoras e refrigeradores.

2.4.2 Consumo de energia

Dentro do contexto brasileiro, podemos analisar de que meio a população mais utiliza

energia nas residências de acordo com a Figura 7.

Figura 7 - Porcentagem de consumo de energia nas residências.

Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

22

39

63

0

20

40

60

80

1 2 3

Unidades de condicionadores (em milhões)

0

20

40

60

80

100

2013 2020 2030 2040 2050

44,4 50,8 58,9 64,3 67,5

Carvão vegetal

Eletricidade

GLP

Lenha

Gás natural

Page 31: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

31

É possível ver claramente o elevado aumento de consumo de energia elétrica nas

residências nos anos consequentes. Em se tratando disso, é relevante analisar quais

equipamentos serão os maiores responsáveis por este consumo.

Figura 8 - Participação dos equipamentos no total do consumo de eletricidade.

Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

Identificado na Figura 6, o aumento do número de ares condicionados nas próximas

décadas irá causar um crescimento de 13% na parcela de consumo de eletricidade por parte

desses equipamentos (Figura 8), tornando-se nos próximos anos um dos principais focos da

eficiência energética.

Por outro lado, a grande queda do consumo de aquecimento de água está relacionada

diretamente com o grande aumento do uso de energia solar nas residências, diminuindo o

consumo de eletricidade de chuveiros e torneiras elétricas. Já a economia de energia por meio

da iluminação é consequência da implementação de lâmpadas compactas LED no mercado.

0%5%

10%15%20%25%30%35%40%

23%

15%

1%

14%

24%

13%10%

36%

27%

2%6%

18%

3%8%

2013

2050

Page 32: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

32

3 METODOLOGIA

ARCE (Alternativas de Redução de Consumo Energético) é um dos projetos da ONG

Engenheiros sem Fronteiras do núcleo Santa Maria. O projeto é uma solução para aplicar na

prática conhecimentos adquiridos durante a graduação e aprimorar ainda mais a base teórica

através da simulação de uma equipe de trabalho. Um dos objetivos dos projetos da ONG é

transmitir uma experiência de liderança para os estudantes que ocupam estes cargos, além da

oportunidade de trabalhar em equipe desenvolvendo habilidades de gestão em prol de um

resultado final.

Em meados de janeiro de 2018, o time de liderança reuniu-se em Santa Maria para

discutir o planejamento estratégico de cada um dos projetos e departamentos da ONG. Em

comparação ao baixo desempenho e resultados do último ano (nenhuma aplicação prática),

ficou definido que o projeto ARCE seria implementado em uma instituição pública de

pequeno porte na cidade de Santa Maria. A equipe teria 4 membros para auxiliarem o projeto

juntamente com o líder. Além disso, o projeto teria um enfoque na conscientização dos

colaboradores da instituição, realização de um levantamento prévio de dados, apresentação de

um estudo sobre substituição de lâmpadas e viabilidade do uso de sensores, além de um

relatório final com os resultados alcançados.

Para auxiliar o grupo com conhecimento técnico e prático, o ARCE buscou apoio de

professores de engenharia da UFSM para atuarem como mentores do projeto, além de

estabelecer uma comunicação sobre o assunto com outros núcleos do ESF-Brasil sobre

projetos semelhantes, além de grupos e empresas que atuam na mesma área. E para estimar

um tempo ideal para desenvolver cada macro atividade, foi estruturado um calendário

conforme a Figura 9.

Figura 9 - Calendário semestral do Projeto ARCE.

MÊS SEMANAS

Janeiro Semana 1 Semana 2 Semana 3 Semana 4

Planejamento

Fevereiro Semana 1 Semana 2 Semana 3 Semana 4

Mapeamento Reuniões + Decisão

Março Semana 1 Semana 2 Semana 3 Semana 4

Estudo do Local Levantamento de dados

Abril Semana 1 Semana 2 Semana 3 Semana 4

Projeto

(continua)

Page 33: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

33

(conclusão)

(continua)

MÊS SEMANAS

Maio Semana 1 Semana 2 Semana 3 Semana 4

Projeto

Junho Semana 1 Semana 2 Semana 3 Semana 4

Projeto + Apoiadores

Julho Semana 1 Semana 2 Semana 3 Semana 4

Apoiadores + Aplicação Workshop

Fonte: Elaborado pelo autor.

Nas primeiras semanas de fevereiro foi feito um levantamento dos possíveis

colaboradores para o projeto. Em busca do conhecimento especializado na área o professor

Geomar, Coordenador do curso de Engenharia Elétrica da UFSM, foi listado como professor

orientador. A Prefeitura Municipal de Santa Maria foi apontada como possível parceira do

projeto, além de empresas da cidade que atuam no ramo como é o caso da Sonnen Energia e

da HCC Engenharia Elétrica. Em busca de um local para aplicar o projeto, mapeou-se 2

(duas) possíveis instituições da cidade: A ONG Pão dos Pobres e a Sociedade Vicente

Pallotti.

Nas semanas finais do mês de fevereiro iniciou-se o contato com os possíveis

parceiros do projeto. O primeiro contato foi feito com a Secretaria Municipal de Educação,

onde a secretária Vera recebeu o projeto do ESF de forma lisonjeada e apresentou uma lista

das escolas da cidade com maior índice de gasto energético. Dentre estas, buscou-se uma

escola que atendesse crianças pequenas e carentes para ocasionar maior impacto social.

Determinou-se que a visita seria realizada em duas escolas infantis da cidade: Escola

Municipal Erlinda Minoggio Vinade e Escola Municipal São João Batista (conforme Figura

10).

Figura 10 - Levantamento da estrutura das escolas.

Escola Mapeamento

Erlinda Minoggio

Vinade

Alto consumo de energia elétrica

Utilização de lâmpadas LEAD

Elevado número de equipamentos

Estrutura bem conservada

Page 34: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

34

(conclusão)

Escola Mapeamento

São João

Batista

Alto consumo de energia elétrica

Queda constante no sistema elétrico

Não utilização da sala de informática

Utilização de lâmpadas fluorescentes

Queda de energia quando mais de 1 AC era

acionado simultaneamente

Fonte: Elaborado pelo autor.

De primeira vista, a Escola Municipal São João Batista precisaria muito auxílio no

momento da visita. Diversas queixas foram levantadas pela diretora da escola, pelas

professoras do turno da tarde e das crianças que lá estavam. As problemáticas variam desde a

queda de energia elétrica pelo acionando simultâneo dos aparelhos de ar condicionado, até a

não utilização da sala de informática porque o sistema elétrico não suporta a demandas de

carga dos computadores ligados.

Na primeira semana de março o professor Geomar recebeu o ESF em sua sala. Após o

grupo apresentar as expectativas do projeto ARCE para o requerido semestre, ele apresentou o

projeto que está realizando em parceria com o Governo Estadual do Rio Grande do Sul na

área de eficiência energética juntamente com alunos bolsistas da graduação. Por fim,

direcionou o grupo da melhor forma para seguir o andamento do projeto: estudo do local de

aplicação, levantamento de dados, análise de dados, escolha dos materiais, dimensionamento,

projeto e orçamento.

Page 35: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

35

4 APLICAÇÃO DO PROJETO ARCE

A medida que se busca a compreensão das relações recíprocas existentes entre o

domínio do saber (conhecimento científico) e o domínio do fazer (conhecimento prático) é

obtido um avanço sobre as questões pedagógicas, Lima (2013). O primeiro passo para alterar

a metodologia aplicada no ensino da engenharia é combinar horários para que os estudantes

possam se dedicar tanto para as disciplinas da grade curricular quanto apara atividades de

pesquisa e extensão, cada qual com suas preferências. Além disso, é importante flexibilizar a

inversão dos turnos em semestres consequentes para viabilizar a repetição de disciplinas.

Figura 11 - Estrutura da grade curricular para o curso de Engenharia Civil da UFSM.

1º Semestre

Turno Segunda Terça Quarta Quinta Sexta

Manhã Aula Aula Aula Aula Aula

Tarde Pesquisa ou

Extensão Pesquisa ou

Extensão Pesquisa ou

Extensão DCG

Pesquisa ou Extensão

2º Semestre

Turno Segunda Terça Quarta Quinta Sexta

Manhã Pesquisa ou

Extensão DCG

Pesquisa ou Extensão

Pesquisa ou Extensão

Pesquisa ou Extensão

Tarde Aula Aula Aula Aula Aula

Fonte: Elaborado pelo autor com base em outras organizações curriculares.

Com o intuito de sugerir um modelo de reforma aos novos currículos dos

cursos de engenharia (Figura 11), baseado nos conceitos do planejamento de projeto

apresentado por Masson (2012): Project Based-Learning, a PBL busca integrar os estudantes

a trabalhar em equipe no projeto desde a criação da problemática até os resultados finais, pois

dessa maneira os alunos irão sentir-se motivados e inspirados a conduzir novas descobertas. A

metodologia pode ser aplicada tanto nas disciplinas lecionadas pelos professores quanto nas

atividades extracurriculares pelos estudantes.

Page 36: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

36

(continua)

4.1 ESTUDO DO LOCAL

Na primeira semana de março, com o local para desenvolver o projeto ARCE definido,

foi realizada a primeira visita técnica e informativa na Escola Municipal São João Batista.

Localizada no bairro Divina Providência, a escola recebe 115 crianças de 6 a 9 anos, do 1º ao

4º ano do ensino fundamental. Como primeiro levantamento, estudou-se a estrutura

arquitetônica da escola, além da estrutura elétrica já existente no local de acordo com os

quadros das Figuras 12 e 13.

Figura 12 - Levantamento arquitetônico.

Estrutura Arquitetônica

Área total (m²) 400,97

Alvenaria Executada com tijolos cerâmicos aparentes e pintados.

Forro interno Executado com laje de concreto pré-moldado aparente e

pintado.

Piso Cerâmico e de boa aparência. Executado acima de uma

base de concreto.

Portas internas Executada com chapa de madeira compensada.

Esquadrias externas Executada em ferro e vidro.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Verificou-se nessa primeira visita que a estrutura arquitetônica da escola estava em

boas condições e nenhum ajuste precisava ser feito. Prosseguiu-se então com a vistoria dos

equipamentos elétricos da instituição, sendo feito um levantamento de todos os ambientes

como pode ser conferido na Figura 13.

Figura 13 - Equipamentos por ambiente.

Escola São João batista

Ambiente Projetado Executado

Sala de aula 01

25,08m²

11 Tomadas baixas 2 Tomadas baixas

1 Ar condicionado Split 1 Ar condicionado Split

16 lâmpadas tubulares

fluorescentes de 32W 4 lâmpadas pontuais fluorescentes 40W

Sala de aula 02

31,31m²

11 Tomadas baixas 1 Tomada média

1 Ar condicionado Split 2 Ar condicionado Split

16 lâmpadas tubulares

fluorescentes de 32W 6 lâmpadas pontuais fluorescentes 40W

Page 37: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

37

(conclusão)

Escola São João batista

Ambiente Projetado Executado

Sala de aula 03

38,38m²

12 Tomadas baixas 1 Tomada média e 1 alta

1 Ar condicionado Split 1 Ar condicionado Split

16 lâmpadas tubulares

fluorescentes de 32W 6 lâmpadas pontuais fluorescentes 30W

Sala de aula 04

30,30m²

9 Tomadas baixas 1 Tomada média

1 Ar condicionado Split 1 Ar condicionado Split

16 lâmpadas tubulares

fluorescentes de 32W 4 lâmpadas pontuais fluorescentes 20W

Sala de Apoio

19,19m²

2 Tomadas baixas e 6 médias 2 Tomadas baixas e 1 média

1 Ar condicionado Split 1 Ar condicionado tubular

16 lâmpadas tubulares

fluorescentes de 32W 4 lâmpadas pontuais fluorescentes 25W

Secretaria

18,94m²

3 Tomadas baixas e 6 médias 4 Tomadas baixas e 5 médias

1 Ar condicionado Split 1 Ar condicionado Split

16 lâmpadas tubulares

fluorescentes de 32W 2 lâmpadas pontuais fluorescentes 30W

Sala de

informática

34,04m²

14 Tomadas baixas 8 Tomadas baixas e 2 médias

1 Ar condicionado Split 1 Ar condicionado Split

16 lâmpadas tubulares

fluorescentes de 32W 4 lâmpadas pontuais fluorescentes 40W

Cozinha 13,05m²

9 Tomadas médias 6 Tomadas médias

4 lâmpadas tubulares

fluorescentes de 32W 1 lâmpadas pontual fluorescentes 30W

Despensa 4,52m²

1 Tomada média 2 Tomadas médias

4 lâmpadas tubulares

fluorescentes de 32W 1 lâmpadas pontual fluorescentes 20W

Banheiro Masc.

8,28m²

1 Tomada média -

3 lâmpadas pontuais

fluorescentes de 30W 1 lâmpadas pontual fluorescentes 20W

Banheiro Fem.

7,38m²

1 Tomada média -

3 lâmpadas pontuais

fluorescentes de 30W 1 lâmpadas pontual fluorescentes 20W

Banheiro Sala 04

2,09m²

1 Tomada média 1 Tomada alta

1 lâmpada pontual

fluorescente de 30W 1 lâmpadas pontual incandescente

Hall 12,57m²

1 Tomada média 1 Tomada alta

8 lâmpadas tubulares

fluorescentes de 32W 2 lâmpadas pontuais fluorescentes de 45W

Circulação 01

14,97m²

2 Tomadas médias 2 Tomadas médias e 3 altas

12 lâmpadas tubulares

fluorescentes de 32W

2 lâmpadas pontuais fluorescentes de 45W e

4 de 20W

Circulação 02

16,16m²

2 Tomadas médias 2 Tomadas altas

4 lâmpadas tubulares

fluorescentes de 32W

1 lâmpada pontuaL fluorescente de 40W e 1

de 60W

Fonte: Elaborado pelo autor.

Page 38: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

38

Observando a Figura 13, foi possível identificar a grande diferença entre o projeto e a

execução da obra. Além deste motivo para a atual situação precária no sistema elétrico da

escola, podem-se observar outras irregularidades conforme as Figuras 14, 15 e 16 que

representam a insegurança do local.

Fonte: ARCE (2018).

Na Figura 14, é claramente visível a proximidade entre a geladeira e o fogão industrial

na cozinha da escola. Tal posicionamento não é recomendado pois diminui a eficiência dos

aparelhos devido a troca de calor entre eles. Além disso, verificou-se emendas na fiação

elétrica próxima ao fogão industrial.

Fonte: ARCE (2018).

De acordo com a Figura 15, a torneira elétrica está ligada a uma emenda na fiação

elétrica da cozinha e ligada ao mesmo circuito do restante das tomadas do local. De acordo

com a NBR 5410, tomadas especiais devem possuir um circuito isolados do restante das

tomadas. De tal maneira, a situação atual compromete a segurança do local.

Figura 14 - Geladeira e fogão industrial.

Figura 15 - Torneira elétrica.

Page 39: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

39

Fonte: ARCE (2018).

Foi verificado (Figura 16) que a borracha do freezer está desgastada e não adere ao

aparelho de forma isolante. Ocasionando um maior trabalho para o equipamento manter a

temperatura de congelamento necessário para manter os alimentos conservados, logo um

aumento no consumo energético.

4.1.1 Conforto visual

Segundo a norma brasileira de iluminação de ambientes de trabalho ISO/CIE 8995-1,

uma boa iluminação nesses locais não é somente fornecer uma boa visualização para a tarefa,

mas sim que elas sejam executadas de maneira fácil e confortável, satisfazendo aspectos

quantitativos e qualitativos exigidos para cada ambiente.

Segundo o item 5 (requisitos para o planejamento da iluminação) da página 11 da

ISO/CIE 8995-1, a iluminância ideal mantida em todo o ambiente de uma sala de aula é de

300 lux (trezentos lúmens) para turmas diurnas. Para medir a iluminância dos ambientes da

escola foi utilizado um aparelho eletrônica que simula o aparelho luxímetro. Além disso,

foram verificados mais de um ponto por local para medir a variação de iluminamento entre os

espaços conforme a Figura 17.

Figura 16 - Freezer horizontal.

Page 40: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

40

Fonte: Elaborado pelo autor.

Em salas de aula foram coletados 3 pontos distintos: em frente ao quadro negro, no

meio e no fundo da sala. Em ambientes de tamanho médio, dois pontos diferentes e nos

pequenos, somente um. É relevante ressaltar que as cortinas estavam fechadas no momento da

medição para maior precisão da iluminância das lâmpadas. Os valores podem ser visualizados

na Figura 18, juntamente com a média calculada por ambiente.

Figura 17 - Medição de iluminamento.

Page 41: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

41

Figura 18 - Iluminância medida.

ILUMINÂNCIA

Ambiente Lúmens (lm) Média (lm) Ambiente Lúmens (lm) Média (lm)

Sala de aula 01

142

191 Cozinha 273 212,5

211 152

191 Despensa

257 257

Sala de aula 02

109

117 Banheiro Masc.

156

276 117 282

215 276

Sala de aula 03

160

160 Banheiro Fem.

253

266 172 281

141 266

Sala de aula 04 92

121

Banheiro Sala 04 260 260

121 Hall 378 378

140

Circulação 01

131

128,5 Sala de Apoio 162 139,5 126

117 122

Secretaria 114

125,5 176

137

Circulação 02

105

74

Sala de informática 76

84 63

102 74

84

Fonte: Elaborado pelo autor.

Pode-se verificar na Figura 18 que a grande maioria dos ambientes não obteve

resultado desejado e que a falta de iluminância nos locais da escola é um fator diretamente

relacionado com o rendimento dos alunos da instituição. Na Figura 19 foi realizada uma

comparação entre a iluminância real e a ideal desejada dos ambientes.

Figura 19 - Relação Real x Ideal.

Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

050

100150200250300350400

Real (lm)

Ideal (lm)

Page 42: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

42

No gráfico da Figura 19 que os valores reais estão abaixo do ideal considerado para o

conforto visual. Desta maneira, na Figura 20 pode-se analisar o quanto este valor precisa

melhorar para alcançar o necessário.

Figura 20 - Dados gerais de conforto visual.

Conforto visual

Ideal (lm) 300

Média Geral Real (lm) 160

Resultado alcançado 53%

Ambientes acima do ideal 1

Ambientes abaixo do ideal 15

Fonte: Elaborado pelo autor.

É possível verificar a baixa iluminância em grande parte dos ambientes da escola. E

com isso conclui-se que a falta de iluminância no somatório das lâmpadas por ambiente é

insuficiente para alcançar o conforto ideal previsto por norma. Além disso, a cor de algumas

paredes da escola está inadequada para a contribuição da reflexão dos raios de luzes

(conforme Figura 21), ocasionando desconforto nos alunos.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Figura 21 - Sala de informática.

Page 43: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

43

(continua)

4.1.2 Demanda de energia prevista

Com o objetivo de quantificar a demanda de energia da escola, fez-se uma entrevista

com a diretora para especificar o uso de todos os equipamentos do local, bem como a

mensuração do tempo de uso. Tais informações estão presentes na Figura 22.

Figura 22 - Consumo mensal de energia para desagregação de cargas.

Consumo mensal de Energia

Ambiente Aparelhos Quantidade Tempo de

Uso (h)

Vezes por

Semana

Tempo

mensal (h)

Potência

(W)

Consumo mensal

(Wh)

Salas de Aula

Lâmpadas 20 10 5 4000 40 160000

Ar

Condicionado 1 10 5 200 1231 246200

Ventilador 3 10 5 600 - 4090

Rádio 1 1 3 12 15 180

TV 1 3 1 12 140 1680

Secretaria

Lâmpadas 2 10 5 400 70 28000

Ar

Condicionado 1 0 0 0 870 0

Ventilador 1 10 5 200 - 4090

Computador 2 10 5 400 110,5 44200

Impressora 2 1 5 40 72 2880

Sala AEE

Lâmpadas 4 10 2 320 25 8000

Ar

Condicionado 1 10 2 80 1231 98480

Ventilador 1 10 2 80 - 4090

Computador 3 10 2 240 250 60000

Impressora 1 1 2 8 72 576

Sala de

Informática

Lâmpadas 4 0 0 0 46 0

Ar

Condicionado 1 0 0 0 1231 0

Ventilador 1 0 0 0 - 0

Computador 15 0 0 0 410,5 0

Impressora 1 0 0 0 72 0

Page 44: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

44

(conclusão)

Consumo mensal de Energia

Ambiente Aparelhos Quantidade Tempo de

Uso (h)

Vezes por

Semana

Tempo

mensal (h) Potência (W)

Consumo

mensal

(Wh)

Cozinha

Lâmpadas 2 10 5 400 30 12000

Geladeira 1 24 7 672 - 56200

Freezer 1 24 7 672 160 107520

Micro-ondas 1 1 5 20 1200 24000

Forno 1 3 1 12 1750 21000

Torneira

Elétrica 1 3 5 60 5500 330000

Ventilador 1 10 5 200 - 4090

Banheiros Lâmpadas 6 5 5 600 30 18000

Circulação Lâmpadas 9 5 5 900 20 18000

Bebedouros 2 24 7 1344 158 212352

Externo Lâmpadas 2 14 5 560 40 22400

TOTAL (kWh) 1488,03

Fonte: Elaborado pelo autor.

Este levantamento foi feito de acordo com a utilização diária dos aparelhos na escola

seguindo a rotina de horários de aula por dia e por semana. Foi levado em consideração que

nem todos os ares condicionadores são utilizados ao mesmo tempo, e ainda que alguns

aparelhos não sejam ligados (exemplo dos computadores na sala de informática) devido a

realidade do local.

Para estimar a potência de cada aparelho foi coletado o valor nominal na etiqueta de

cada um. Alguns equipamentos estavam sem, e para suprir esta informação, foi pesquisado o

valor da potência no site dos fabricantes de cada aparelho. Por fim, chegou-se numa

estimativa de consumo em 1488,03 kWh no mês de março de 2018.

Visando comparar a demanda dos valores obtidos (Figura 22) com o real consumo

energético da escola (Figura 23), foi compartilhado com o grupo, o histórico dos últimos 12

meses de gastos.

Page 45: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

45

(continua)

Figura 23 - Histórico de consumo energético.

Histórico de Consumo EMEF São João Batista

Meses mar/17 abr/17 mai/17 jun/17 jul/17 ago/17 set/17 out/17 nov/17 dez/17 jan/18 fev/18

Consumo (kWh)

1473 1338 721 664 635 488 640 557 559 772 632 271

Fonte: Elaborado pelo autor.

A entrevista em questão com a diretora da escola foi feita em março de 2018 e o

tempo de uso visando a rotina da escola foi referente ao mesmo mês. Em comparação ao mês

de março de 2017 que obteve um consumo de 1473 kWh, é possível verificar uma pequena

variação no valor final do consumo calculado de março de 2018 (1488,0 kWh), representando

aproximadamente 1% de disparidade ao ano anterior. Dessa maneira, é possível concluir que

o consumo energético do local está compatível com a utilização diária dos equipamentos da

escola, e não há grandes consumidores desconhecidos.

4.2 ENERGIA INSTALADA

A demanda instalada máxima foi calculada na situação em que todos os aparelhos

estivessem funcionando ao mesmo tempo e com a rotina semanal que a diretora relatou na

entrevista. Na Figura 24 se tem o potência de cada aparelho por ambiente e

consequentemente, a potência total instalada.

Figura 24 - Demanda máxima de energia instalada.

Potência Inatalada

Ambiente Aparelhos Quantidade Potência (W) Potência Total (W)

Salas de Aula

Lâmpadas 20 40 800

Ar Condicionado 1 1231 1231

Ventilador 3 70 210

Rádio 1 15 15

TV 1 140 140

Secretaria

Lâmpadas 2 70 140

Ar Condicionado 1 870 870

Ventilador 1 70 70

Computador 2 110,5 221

Impressora 2 72 144

Page 46: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

46

(conclusão)

Potência Inatalada

Ambiente Aparelhos Quantidade Potência (W) Potência Total (W)

Sala AEE

Lâmpadas 4 25 100

Ar Condicionado 1 1231 1231

Ventilador 1 70 70

Computador 3 250 750

Impressora 1 72 72

Sala de Informática

Lâmpadas 4 46 184

Ar Condicionado 1 1231 1231

Ventilador 1 70 70

Computador 15 410,5 6157,5

Impressora 1 72 72

Cozinha

Lâmpadas 2 30 60

Geladeira 1 500 500

Freezer 1 160 160

Microondas 1 1200 1200

Forno 1 1750 1750

Torneira Elétrica 1 5500 5500

Ventilador 1 70 70

Banheiros Lâmpadas 6 30 180

Circulação Lâmpadas 9 20 180

Bebedouros 2 158 316

Externo Lâmpadas 2 40 80

TOTAL (kW) 23,77

Fonte: Elaborado pelo autor.

De acordo com a potência instalada e calculada através na análise de todos os

aparelhos da escola, fez-se uma comparação com a entrada de energia vinda da concessionária

(Figura 25), e foi possível verificar que a mesma está dividida em duas fases (bifásica) e

dentro do intervalor de potência entre 15 e 25 kW prevista para sistemas bifásicos.

Page 47: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

47

Fonte: ARCE (2018).

Além disso, um dos fatores responsáveis pela queda frequente de energia na

instituição foi a divisão dos circuitos elétricos por ambientes. Conforme prevista em norma

5410 (Instalações elétricas de baixa tensão), cada tomada especial deve conter um circuito

individual para aquele equipamento. Tal fato não foi visualizado na inspeção (Figura 26),

onde toda a rede de uma sala de aula, por exemplo, estava ligado à somente um circuito

(incluindo ar condicionado).

Fonte: ARCE (2018).

Figura 25 - Entrada de energia.

Figura 26 - Quadro de distribuição.

Page 48: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

48

De acordo com a figura 25, é possível verificar que o padrão de entrada é bifásico,

suportando a carga existente da escola como previsto na norma técnica GED 13 transcrito

pelo grupo de distribuidoras de energia CPFL, ao qual a RGE Sul faz parte. Porém, mesmo

com a existência do fio terra na rede, não foi verificado seu aterramento, comprometendo a

segurança do local e dos equipamentos, especialmente por se tratar de uma escola infantil.

Dessa maneira, e prospectando um aumento da carga instalada na escola nos próximos anos,

optou-se por uma entrada de energia trifásica e com demanda entre 26 e 40kVA.

4.3 MATERIAIS

Com as informações já levantadas, iniciou-se o processo de escolha dos materiais que

serão parte do projeto elétrico da Escola São João Batista. Eles foram divididos nos seguintes

grupos: lâmpadas, eletrodutos, fiação e dispositivos elétricos.

4.3.1 Lâmpadas

Todas as lâmpadas adotadas no novo projeto da escola serão do tipo LED, devido às

vantagens que possuem quando comparadas às fluorescentes. Além disso, o baixo consumo

da lâmpada LED é uma grande vantagem, já que grande parte da energia consumida é

convertida em iluminação e uma parcela pequena é transformada em calor. A durabilidade da

lâmpada LED segundo Santos (2015) também é um fato relevante quando comparadas às

fluorescentes convencionais, em média são 50.000 horas de vida útil, em torno de 8 vezes a

mais que as fluorescentes. Ainda, as lâmpadas LED podem ser utilizadas em diversas ocasiões

devido à variedade de coloração que ela pode ofertar e pela alta resistência. Por outro lado, a

qualidade da luz é relativa de acordo com o fabricante, por isso é recomendado ficar atento às

especificações de propriedade da lâmpada, principalmente à temperatura da cor. E isso é

reflexo da variedade de preço das lâmpadas LED no mercado.

Foram escolhidos 2 (dois) modelos de lâmpadas LED para implementar no projeto,

uma de 9W e outra de 15W.

Page 49: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

49

4.3.2 Eletrodutos

A instalação dos eletrodutos será aparente por razões de logística e manutenção. Além

de facilitar a mudança no layout dos ambientes, economiza-se na abertura dos caminhos nas

paredes, simplificando o processo de preenchimento e limpeza desses locais. E por mais que o

sistema de eletrodutos aparentes tenha um custo mais elevado, a economia do tempo devido a

agilidade da mão de obra é significante pois o processo de implementação é mais simples que

os embutidos. O material escolhido para o eletroduto foi o aço galvanizado, já que possui

resistência mecânica maior que o plástico. Em se tratando de uma escola infantil, onde há uma

grande circulação de crianças pequenas e de um espaço onde ocorrem muitas brincadeiras, ter

escolhido a opção dos eletrodutos de plástico poderia acarretar em danos a estrutura.

Nos locais ocultos aos frequentadores da escola, como por exemplo, a fiação superior

entre a caixa de distribuição e os ambientes, foi adotado um eletroduto do tipo flexível pois

estará longe do alcance das crianças e não há necessidade de um eletroduto de resistência

superior.

4.3.3 Condutores

Todos os fios utilizados no projeto são de cobre devido à elevada segurança e

eficiência nas instalações elétricas. Com tensão de isolamento 450/750V, envoltos por um

termoplástico de PVC com características de não propagação de chamas e resistentes a

temperaturas máximas de 70ºC.

4.3.4 Dispositivos elétricos

Assim como os eletrodutos, os dispositivos elétricos adotados também são de aço

galvanizado pois possuem resistência mecânica maior quando comparados aos de PVC, logo,

maior durabilidade do sistema já que as crianças terão fácil alcance a esses aparelhos.

4.4 DIMENSIONAMENTO

Com a demanda de energia instalada calculada e com a escolha dos materiais que

serão empregados no projeto elétrico, iniciou-se o dimensionamento da fiação elétrica

Page 50: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

50

(continua)

utilizando o software Lumine V4. O programa é um software de instalações elétricas prediais

da empresa AltoQI. A planta e os detalhamentos do projeto estão em anexo neste trabalho.

4.5 ORÇAMENTO

Após o dimensionamento do sistema elétrico da escola, foi realizado o orçamento

(Figura 27) dos materiais empregados no projeto de acordo com a tabela SINAPI referente ao

mês de abril de 2018.

Figura 27 - Orçamento.

SINAPI - Porto Alegre - Abril de 2018

ACESSÓRIOS PARA ELETRODUTOS

Material Quantidade (pç) R$ Un. R$ Total

Caixa PVC 4x2" 64 R$ 1,64 R$ 104,96

Caixa PVC 4x4" 2 R$ 3,46 R$ 6,92

ACESSÓRIOS DE USO GERAL

Material Quantidade (pç) R$ Un. R$ Total

Bucha de plástico S6 163 R$ 0,13 R$ 21,19

Parafuso fenda galvan. cab. panela 4,2x32mm autoatarrachante 163 R$ 1,10 R$ 179,30

CABO UNIPOLAR DE COBRE (Isol. PVC - 450/750V)

Material Quantidade (m) R$ Un. R$ Total

1.5 mm² 630 R$ 0,72 R$ 453,60

2.5 mm² 1505 R$ 1,87 R$ 2.814,35

4 mm² 30 R$ 2,74 R$ 82,20

DISPOSITIVO ELÉTRICO - Embutido

Material Quantidade (pç) R$ Un. R$ Total

Interruptor 1 tecla simples 1 R$ 15,15 R$ 15,15

Interruptor 1 tecla simples e tomada hexagonal (NBR14136) 1 R$ 14,02 R$ 14,02

Interruptor 2 teclas simples 1 R$ 13,32 R$ 13,32

Interruptor 2 teclas simples e tomada hexagonal (NBR14136) 6 R$ 24,35 R$ 146,10

Interruptor 3 teclas simples 2 R$ 19,83 R$ 39,66

Tomada hexagonal (NBR 14136) (2) 2P+T 10A 6 R$ 15,18 R$ 91,08

Tomada hexagonal (NBR 14136) 2P+T 10A 40 R$ 11,92 R$ 476,80

Tomada hexagonal (NBR 14136) 2P+T 20A 1 R$ 13,54 R$ 13,54

Page 51: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

51

(continuação)

SINAPI - Porto Alegre - Abril de 2018

DISPOSITIVO DE COMANDO

Material

Quantidade

(pç) R$ Un. R$ Total

Interruptor autom. por presença - 220V - 1200W resistivo 6

R$

28,00 R$ 168,00

DISPOSITIVO DE PROTEÇÃO

Material

Quantidade

(pç) R$ Un. R$ Total

Disjuntor Unipolar Termomagnético - norma DIN (Curva C) - 10 A -

10 kA 13 R$ 7,72 R$ 100,36

Disjuntor Unipolar Termomagnético - norma DIN (Curva C) - 16 A -

10 kA 2 R$ 7,72 R$ 15,44

Disjuntor Unipolar Termomagnético - norma DIN (Curva C) - 25 A -

10 kA 1

R$

13,99 R$ 13,99

ELETRODUTO PVC FLEXÍVEL

Material Quantidade (m) R$ Un. R$ Total

Eletroduto leve - 1" 9 R$ 1,07 R$ 9,63

Eletroduto leve - 3/4" 237,95 R$ 1,07 R$ 254,61

Eletroduto pesado - 1.1/2" 23,25 R$ 2,03 R$ 47,20

ELETRODUTO AÇO GALVANIZADO - Aparente

Material

Quantidade

(pç) R$ Un. R$ Total

Braçadeira Aço Galvanizado Rígido tipo D - 3/4" 103 R$ 0,61 R$ 62,83

Braçadeira Aço Galvanizado Rígido tipo U - 3/4" 35 R$ 0,26 R$ 9,10

Eletroduto Aço Galvanizado Rígido - 3/4" 121 R$ 8,34

R$

1.009,14

ILUMINAÇÃO DE EMERGÊNCIA

Material

Quantidade

(pç) R$ Un. R$ Total

Bloco autônomo - aclaramento - Autonomia 12h - 200lm 5

R$

29,56 R$ 147,80

LÂMPADAS LED

Material

Quantidade

(pç) R$ Un. R$ Total

Plafon Branco Plástico 50 R$ 3,00 R$ 150,00

TKL 100 - 15 W 25

R$

22,71 R$ 567,75

TKL 60 - 9 W 25 R$ 8,10 R$ 202,50

Page 52: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

52

(conclusão)

SINAPI - Porto Alegre - Abril de 2018

LUMINÁRIA EXTERNA

Material Quantidade (pç) R$ Un. R$ Total

Luminária arandela tipo meia lua com vidro fosco 1 R$ 29,16 R$ 29,16

Lâmpada LED tubular 20W 1 R$ 50,74 R$ 50,74

BORRACHA PARA FREEZER

Material Quantidade R$ Un. R$ Total

Borracha aderente p/ freezer simples horizontal 1 R$ 40,00 R$ 40,00

Total R$ 7.038,06

Fonte: Elaborado pelo autor.

4.6 RECURSOS

Com a finalidade de arrecadar recursos para a execução do projeto na escola São João

Batista, algumas empresas privadas da cidade estão sendo contatadas para colaborar com o

projeto tanto com a parte financeira quanto com materiais previstos no projeto.

4.7 DOCUMENTOS

Antes da execução, o projeto precisa ser aprovado pela Prefeitura Municipal de Santa

Maria. Como a instituição é de propriedade do município, foi executado um ofício de parceria

entre as partes (Anexo C) contendo as obrigações de ambos lados:

I – DO ENGENHEIROS SEM FRONTEIRAS

a) Verificar a analisar a situação atual da EMEF São João Batista;

b) Realizar um novo projeto elétrico para a escola;

c) Plotar e encaminhar todos os documentos necessários para a aprovação do projeto;

d) Assinar o projeto elétrico;

e) Emitir e pagar a ART;

f) Realizar um evento de conscientização ao consumo energético com os alunos e

colaboradores da escola.

Page 53: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

53

II - DO MUNICÍPIO

a) Permitir que o projeto ARCE seja aprovado de acordo com devidas exigências;

b) Dar abertura para a construção de novos projetos.

Page 54: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

54

5 CONCLUSÃO

Com a finalidade de contextualizar e apontar soluções para a atual situação da ordem

curricular dos cursos de engenharia da UFSM e a influência que a falta de experiências

práticas na graduação causa, foi elaborado um modelo de sugestão para uma possível

reorganização curricular para o curso de Engenharia Civil da UFSM. Pensando em flexibilizar

os horários das disciplinas obrigatórias, as aulas foram dispostas somente em um turno e com

alternância dos turnos a cada semestre, desta maneira viabilizando a opção dos estudantes

participarem de disciplinas complementares e atividades de pesquisa e extensão no turno

inverso. É relevante destacar que o turno da noite está livre para estudos e trabalhos a parte, o

que não ocorre atualmente visto que nesse turno que grande parte dos estudantes utiliza para

atividades extracurriculares.

Com uma nova rotina estabelecida entre disciplinas e atividades fora da sala de aula,

metodologias de ensino inovadoras precisam ser praticadas para melhor absorção do conteúdo

por parte dos estudantes. Como visto no trabalho, a melhor forma para aprender novos

conhecimentos é fazendo na prática. A PBL (Project Based-Learning) foi apresentada como

uma metodologia a ser testada nas salas de aula com o objetivo de co-criação de projetos-

problemas entre professor e alunos, como forma de trabalho da disciplina. A metodologia é

diferencial pois gera nos alunos um interesse prévio ao conteúdo desde o momento em que o

problema é criado e novas descobertas vão sendo apontadas no decorrer do projeto, além da

construção de uma equipe efetiva de trabalho, planejamento do projeto e de uma cultura de

revisão do desenvolvimento individual de cada integrante, do trabalho como um todo e

feedbacks construtivos para o time. Com o projeto finalizado e algo real a ser apresentado, um

sentimento de satisfação é transmitido aos estudantes e isso pode trazer inspiração para novos

desafios.

Buscando uma maior aproximação dos estudantes no mercado de trabalho ou da área

de pesquisa, as atividades extracurriculares vem ganhando cada vez mais força na rotina dos

estudantes que buscam um diferencial fora da sala de aula. Alinhar trabalho, desenvolvimento

e propósito não é uma tarefa fácil e que atualmente os alunos estão buscando para encontrar

motivação interna. O papel da ONG Engenheiros sem Fronteiras tem mostrado que é possível

integrar os três pilares de maneira sustentável, aplicando conhecimentos técnicos e práticos de

engenharia social e sustentável. Além de possibilitar aos estudantes a aplicação dos

conhecimentos adquiridos em aula na prática, a liberdade de construção e pensamento crítico

são habilidades diferenciais para essas atividades. De forma a averiguar tal gestão de time, o

Page 55: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

55

guia Team Standards mencionado no corpo deste trabalho apresenta micro ações dentro de

cada uma das 3 etapas da gestão de uma equipe, as quais são fundamentais para garantir o

desenvolvimento pessoal de cada integrante e a evolução do projeto constantemente.

O projeto ARCE foi uma experiência completa que a equipe pode vivenciar desde a

construção da problemática social e do planejamento de ações, até o estabelecimento de uma

rotina semanal para execução do projeto e fechamento da experiências de cada membro do

time. A oportunidade de aproximação com os 3 setores da economia (público, privado e de

serviços) trouxe aos integrantes uma possibilidade de desenvolver habilidades de gestão,

comunicação e conhecimentos técnicos dos softwares utilizados no projeto. Além do

levantamento e análise de dados práticos, que foram confrontados com o mercado atual para

melhor compreensão do relacionamento entre interesses de parceiros.

Em razão disso, sugere-se uma nova ordem curricular baseada em três grandes frentes:

disciplinas obrigatórias, disciplinas complementares e atividades extracurriculares. O primeiro

passo para garantir a implementação de todas é viabilizar uma rotina semestral para elas e

incentivar os estudantes a irem além do básico. A universidade já demonstrou uma grande

evolução quanto a isso, porém algumas ações ainda precisam ser implementadas, por

exemplo, apresentar um novo modelo curricular para as graduações de engenharia, que viria a

facilitar o acesso dos estudantes a disciplinas complementares e atividades de pesquisa e/ou

extensão.

Page 56: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

56

6 BIBLIOGRAFIA

AGÊNCIA BRASIL. Cursos de engenharia terão currículos focados em inovação.

Disponível em: <http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=cursos-

engenharia-terao-curriculos-focados-inovacao >. Acesso em: 02 julho 2018.

AIESEC Internacional. Team Standards. Holanda, 2017.

AMARAL, Danilo. História da mecânica. João Pessoas, PB, 2010.

Associação Nacional de Consumidores de Energia – ANACE. A importância do equilíbrio

entre oferta e demando de energia elétrica. Disponível em:

<http://www.anacebrasil.org.br/noticias/importancia-do-equilibrio-entre-oferta-e-demanda-

de-energia-eletrica/>. Acesso em: 10 julho 2018.

BALDUCCI, Daniel; KANAANE, Roberto. Relevância da gestão de pessoas no clima

organizacional de uma empresa de engenharia. São Paulo, SP, 2007.

BORBA, Maria; PORTO, Mônica. A relevância da relação entre o técnico-científico e o

sociopolítico segundo a malha de disciplinas do curso de graduação em Engenharia

Civil. São Paulo, SP, 2013.

BRUM, Karina; PURCIDONIO, Paula; FERREIRA, Marta. Aprendizagem ativa no ensino

de engenharia de métodos: uma experiência no CEFER/RJ. Rio de Janeiro, RJ, 2017.

EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA (EPE). Balanço Energético Nacional. Ano base

2016. Rio de Janeiro, RJ, 2017.

ESF-Brasil. Portfólio Engenheiros sem Fronteiras Brasil. 2017. Disponível em:

<https://issuu.com/engenheirossemfronteiras-brasil/docs/portf__lio_esf-brasil_2017_digital.>

Acesso em 25 abril 2018.

ESF-SM. Descrição de Cargos. Santa Maria, RS, 2016.

EWB-I. Welcome to Engineers Without Borders. 2017. Disponível em: <http://ewb-

international.com/>. Acesso em 25 abril 2018.

FARIAS, Leonel; SELITTO, Miguel. Uso da energia ao longo da história: Evolução e

perspectivas futuras. Novo Hamburgo, RS, 2011.

FLEURY, Maria. Construindo o conceito de competência. Curitiba, PR, 2001.

Page 57: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

57

GRIGG, Neil. Broad, Global, and Multidisciplinary Civil Engineering Education.

Colorado, USA, 2013.

HUNTER, James. O monge e o executivo: uma história sobre a essência da liderança.

Sextante, p.45, 2007.

LIMA, Alberto; ANDRIOLA, Wagner. Avaliação de práticas pedagógicas inovadoras em

curso de graduação de sistemas de informação. REICE, v.11, n.1, p.106, 2013.

LITCHFIELD, Kaitlin; WILL, Amy. “I am an engineering AND”: A mixed methods study

of socially engaged engineers. Colorado, USA, 2015.

MASSON, Terezinha. Metodologia de ensino: Aprendizagem baseada em projetos (PBL).

Belém, PA, 2012.

MEC. Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Engenharia. Dez, 2001.

Disponível em: <https://www.mec.gov.br/>. Acesso em: 22 abril 2018.

MELLO, José; SANTOS, Vivian. A formação acadêmica em engenharia de produção, a

demanda no mercado e a as unidades curriculares de instituição de Educação Superior

Públicas do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, RJ, 2015.

MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. Plano Nacional de Energia 2050: Cenário

socioeconômico e demanda de energia. Nov, 2014. Disponível em:

<http://www.mme.gov.br/documents/10584/10745/PNE_2050_workshop_eco_dem_vf.pdf/42

03881d-d70b-4050-910e-d4dab0c6600e>. Acesso em 24 maio 2018.

MORETTI, Silvinha. Qualidade de vida no trabalho x Autorrealização humana.

Florianópolis, SC, 2003.

MORTIMER, Eduardo. Construtivismo, mudança conceitual e ensino da ciência: para

onde vamos? Belo Horizonte, MG, 1996.

NORMA BRASILEIRA 5410. Instalações Elétricas de baixa tensão. Associação Brasileira

de Normas Técnicas (ABNT), 2013.

NORMA BRASILEIRA ISSO/CIE 8995-1. Iluminação em ambientes de trabalho. Parte

1: Interior. Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), 2013.

Page 58: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

58

REVISTA VISÃO. As vantagens e desvantagens da lâmpada LED. Fev, 2013. Disponível

em: <http://visao.sapo.pt/ambiente/cidadeseconsumo/as-vantagens-e-desvantagens-das-

lampadas-led=f710735>. Acesso em 11 junho 2018.

RIBEIRO, Luiz; MIZUKAMI, Maria. A PBL na universidade de Newcastle: um modelo

para o ensino de engenharia no Brasil? Ponta Grossa, PR, 2004.

SANTOS, Talía; BATISTA, Simone. Análise da eficiência energética, ambiental e

econômica entre lâmpadas LED e convencionais. Campinas, SP, 2015.

SCHON, Donald. Educando o profissional reflexivo: um novo design para o ensino e a

aprendizagem. Massachusets: Artmed, 1998.

SOARES, Magda. A reinvenção da alfabetização. Minas Gerais, v.9, n. 52, p. 1, Jul/Ago,

2003.

STEPHAN, Karl. Engineering Ethics. Texas, USA, 2005.

VEGARA, Sylvia. A liderança aprendida. FGV, v.6, n.1, p.64, 2007.

Page 59: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

59

7 ANEXOS

Anexo A – Planta baixa do projeto elétrico.

Page 60: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

60

Anexo B – Detalhamentos, diagrama unifilar e quadro de cargas.

Page 61: Vitor D’Agostin Resendes - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2018/TCC_VITOR D AGOSTIN R… · Figura 25 - Entrada de energia. ... visto que o problema a ser ... para os países,

61

Anexo C – Ofício de parceria entre a ONG Engenheiros sem Fronteiras e a Prefeitura

Municipal de Santa Maria.