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CONSTRUINDO UM NOVO BRASIL
BALANO DAS ELEIES NO DF E OS DESAFIOS DO PT/DF
2014: O ANO SEM FIM
Foi o jornalista carioca Zuenir Ventura, no seu livro sobre 1968, que chamou a ateno
para a intensidade de alguns anos que tem a capacidade de se perpetuar. 2014 tem um
jeito de 1968! Sintetiza um conjunto de emoes; fatos; dramas; debates e
indagaes que remeteram o ano para alm dos doze meses do calendrio.
Muito provavelmente 2014 no se encerrou quando houve as exploses de fogos e de
abraos que costumeiramente marcam as celebraes de final de ano.
2015 ter de suportar o ano velho meses adentro...Se no teve fim em dezembro
ltimo; o ano de 2014 tambm no comeou no dia 1 de janeiro. Ele nasceu prematuro.
Na barriga das manifestaes de junho de 2013.
Novos atores sociais, tpicos da sociedade do sculo 21, na forma e no contedo,
questionaram e promoveram, de forma difusa, o debate sobre os limites da democracia
brasileira. A existncia de um novo meio de comunicao e de interao, a rede
mundial de computadores, que recentemente se massificou, pelas redes sociais,
provocou em efeito cascata o engajamento e a expresso social de milhares de jovens
pelas ruas do Brasil.
As manifestaes protagonizadas pela juventude demonstraram ao Brasil existncia
de um sentimento de urgncia. Urgncia por mudanas capazes de gerar maiores
oportunidades culturais e polticas.
O fato mais relevante foi a constatao que depois de mais de uma dcada de
melhorias sociais relevantes (perodo Lula/Dilma), o Brasil continua sendo um pas
muito desigual e injusto, onde os direitos constitucionais fundamentais ainda no so
assegurados maioria da populao, seno em quantidade; tambm em qualidade.
As condies de vida das pessoas melhoraram especial e sensivelmente na renda e no
emprego; e no acesso a algumas polticas pblicas, mas essa melhora ficou esmaecida
pela mobilidade urbana cada vez mais difcil; pela ineficincia dos sistemas de sade e
educao pblicas; pela violncia e corrupo de boa parte do aparato de segurana
pblica e pela sensao de corrupo do mundo poltico e do judicirio.
Os setores conservadores souberam aproveitar a janela aberta pela nossa juventude e
se juntaram s manifestaes. Disputaram ombro-a-ombro com os movimentos sociais
progressistas a liderana da interlocuo poltica e social. Numa tentativa de sequestro
das bandeiras juvenis, aliaram-se aos setores oportunistas e golpistas da mdia, a fim
de garantir a manuteno de seus interesses e a prevalncia de uma viso de mundo
marcada pela viso do mercado, pela submisso da classe trabalhadora, pela violncia
como ferramenta de restrio participao e por um discurso legitimador da
desesperana e da fragmentao social.
2014 nascia ento com toda essa carga de dramaticidade e intensidade poltica e social.
Drama e paixo. So esses os sentimentos que invadem todos os aspectos da vida
social e poltica do nosso pas. A poltica ao longo desse ano os concentrou aos
borbotes. Nada escapou dessa gaiola sentimental.
Foi o ano dos rolezinhos. Um fenmeno de expresso social da juventude pobre que
assombrou os frequentadores dos suntuosos centros de compras no Brasil. De repente
centenas de jovens da periferia resolveram bater perna pelas instalaes dos shoppings
centers do Brasil. Bastou a atitude impertinente do passeio s claras para que a justia
brasileira revelasse seu carter obscuro. De pronto adotou a sano de liminares
impedindo os perigosos passeios da juventude negra e pobre que desejava
simplesmente frequentar os shoppings. Essa luta por expresso social e ocupao de
espaos comuns entre diferentes classes sociais moldou o conflito de classe no Brasil.
Esteve presente na ocupao dos aeroportos por antigos passageiros de nibus; que
justificou a gritaria em torno do apago areo e o caos nas salas de embarques e
esteiras de bagagens; e tambm a revolta da tradicional classe mdia contra a
presena de classes populares nas viagens e nos roteiros tursticos internacionais.
A velha classe mdia tradicional tambm inventou o seu jeito consumista de protestar
ou se expressar socialmente. Criou os isorpozinhos. Concentraes pblicas para
consumir lcool e todas as outras formas de diverso e de lazer fora dos
estabelecimentos comerciais descolados e com preos exorbitantes. Pregou boicotes a
postos de gasolina e uma rebelio de base econmica contra a Petrobras e o preo do
litro da gasolina. Com essas atitudes e inovaes tambm marcou a sua presena nas
ruas, expressando as suas reivindicaes mais sensveis.
A organizao da Copa do Mundo no Brasil foi outro fato que marcou de drama e de
paixo o ano de 2014. O futebol at ento considerado unanimidade nacional nunca foi
to contestado. A revolta contra os gastos pblicos na construo de novos estdios; o
atraso e a no concluso das prometidas obras virias e de mobilidade urbana; o
tratamento especial e a aceitao passiva das normas draconianas da FIFA;
organizadora do evento; o ceticismo quanto a produo de um legado positivo aps
realizao da festa futebolstica; tudo isso contagiou os brasileiros de forma intensa e
afetou inclusive a sua disposio em torcer a favor do sucesso da nossa seleo.
A data de incio da competio aproximava-se e todos se questionavam quanto a
ausncia de um espirito torcedor. Vai ter Copa? Indagavam? As ruas no estavam
enfeitadas! Manifestaes contra a copa no Brasil, embora pequenas, pipocaram em
quase todas as cidades que serviram de sede para os jogos. Os brasileiros passaram a
temer pela paixo ao futebol e duvidaram da capacidade do Brasil recepcionar e
organizar bem o evento.
A poltica atravessou todo esse debate e a agenda conservadora contra Dilma e contra
o PT se fortaleceu. Como sabemos tudo isso se dissipou quando finalmente a Copa
chegou. As maiores concentraes populares foram nos portes dos estdios; nos locais
de exibio pblica dos jogos e nas bancas de jornais por causa da febre das figurinhas
dos lbuns com os craques da bola. O que sobrou da competio alm do clima
amistoso e receptivo dos brasileiros; foi a vergonhosa derrota da nossa seleo para o
time da Alemanha por um elstico placar de 7 contra 1. Mais um drama que servir
para perpetuar o ano de 2014 na memria nacional.
Encerrada a Copa do Mundo mergulhamos nas eleies.
A disputa presidencial ocorria dentro da previsibilidade das pesquisas de opinio at o
fatdico acidente com o avio que vitimou o candidato, Eduardo Campos (PSB). A partir
da tragdia com o ex-governador de PE a eleio presidencial reverberou para o clima
de drama e de paixo.
Houve a ascenso e a queda da candidatura Marina; a persistente estratgia tucana de
firmar seu candidato como o nico capaz de derrotar Dilma e o PT; e a luta tenaz do PT,
dos movimentos sociais, de Lula e de Dilma para preservar o projeto poltico e social
em curso e assegurar a vitria eleitoral. Mais mudanas! Novo governo e novas ideias.
Ocorreu ento a eleio presidencial mais disputada dos ltimos anos.
Finalizada a eleio e promulgado os resultados eleitorais todos esperavam que
finalmente 2014 iria descansar das suas altas cargas de drama e de paixo. Ledo
engano!
A justia, o Ministrio Pblico e a Polcia Federal encarregaram-se de empurrar 2014
para frente.
A operao Lava jato com as suas vrias fases e as inditas prises dos altos executivos
das grandes empreiteiras do pas parecem ser mais um elo nessa corrente de
perpetuidade de 2014.
As delaes dos empresrios; os acordos para devoluo de altas cifras de dinheiro
pblico desviado da Petrobrs; a garantia de que ser entregue uma lista com o nome
de vrios polticos e partidos que teriam recebido recursos do esquema desbaratado; e
a inteno cristalina de se fazer com que a presidenta Dilma seja envolvida por todos
esses fatos de forma a permitir a sua responsabilizao e o seu impedimento para o
exerccio de um novo mandato; compem o quadro geral sobre o infindvel 2014.
Ento temos pela frente um quadro poltico bem aberto. Por mais que tenhamos
vencido as eleies com a presidenta Dilma muito prematuro realizar sentenas
definitivas sobre os caminhos a perseguir.
O fundamental, no momento, ser preservar o centro da nossa agenda nacional de
desenvolvimento econmico com mais justia social; assegurar condies para uma
ampla governabilidade institucional, combinada e apoiada por um forte arco de
mobilizao social; religar o PT s causas da cidadania ativa da sociedade brasileira e
fortalecer a luta autnoma dos movimentos sociais liderados pela classe trabalhadora.
ELEIES NO DISTRITO FEDERAL:
2014 foi a stima eleio para governador no Distrito Federal
As eleies no DF sempre foram disputadas por trs ncleos polticos.
Um desses ncleos liderado pela figura do ex-governador Roriz. Venceu os pleitos
eleitorais de 1990, 1998 e 2002, tendo sempre como candidato o prprio Roriz. Apenas
em 1990; a vitria ocorreu em primeiro turno :
ANO VOTANTES
%
CRESCIMENTO VOTOS % VOTOS % VOTOS %
1990 776.639 431.034 55,5 155.327 20,3 108.729 14,3
1994 914.743 15,1 304.848 39,6 285.841 37,1 155.164 20,2
1998 1.071.508 14,6 391.906 39,2 426.312 42,6 178.212 17,8
2002 1.284.103 16,6 552.164 42,9 526.482 40,8 205.456 15,5
2006 1.425.300 9,9 315.671 23,9 275.660 20,9 663.364 50,3
2010 1.550.765 8,7 440.128 31 676.394 48 199.095 14
2014 1.674.508 8 428.522 28 307.500 20 692.855 45
VOTAO GOVERNADOR DF - 1 TURNO - QUADRO CONSOLIDADO - ELEIOES 1990 - 2014
Fonte: TSE
RORIZ/ALIADOS PT/ALIADOS 3a. VIA - CENTRO
O segundo ncleo liderado pelo PT e outros partidos aliados. Esse segundo ncleo
venceu os pleitos de 1994 (com Cristovam) e 2010 (com Agnelo). Disputou o segundo
turno das eleies em 1998 (Cristovam) e 2002 (com Magela):
O terceiro ncleo poltico difuso. Geralmente liderado por
personalidades/partidos que se colocam entre os plos antagnicos Roriz contra PT.
J foi aliado de ambos os grupos. um ncleo que pode ser caracterizado de centro
s vezes mais direita do espectro poltico e em alguns pleitos eleitorais mais
esquerda.
Esse ncleo tambm resultado de distenses ou rachas seja junto ao ncleo rorizista
ou petista.
Em 1990, o candidato a governador desse terceiro ncleo poltico foi Mauricio Correa
(PDT), obtendo 14,3% dos votos. Na eleio de 1994; a candidata foi Maria Abadia
(PSDB) e alcanou 20,2%. Na eleio seguinte(1998), Arruda concorreu e obteve
17,8%. Em 2002, a representao eleitoral desse ncleo poltico esteve diluda entre
VOTOS % VOTOS % VOTOS % VOTOS %
1990 431.034 55
1994 304.848 40
1998 391.906 39
2002 552.164 43
2006 315.671 24
2010 440.128 31
2014 428.522 28
Em 2014 o grupo Rorizista aliou-se a Arruda. Diferente dos pleitos de 1998 e 2006.
VOTAO 1 TURNO - CANDIDATOS GRUPO RORIZ - ELEIES 1990 - 2014
Roriz + Weslian Walmir Abadia Arruda + Frejat
Fonte: TSE. Na eleio de 2010 Roriz foi Substitudo por Weslian.
Ano
VOTOS % VOTOS % VOTOS % VOTOS % VOTOS %
1990 155.327 20
1994 285.841 37
1998 426.312 42
2002 526.482 41
2006 275.660 21
2010 676.394 48
2014 307.500 20
Fonte: TSE
VOTAO 1 TURNO - CANDIDATOS DO PT - ELEIES 1990 - 2014
Saraiva Cristovam Magela Arlete Agnelo
trs candidatos: Benedito Domingos (PP=7,2%); Rodrigo Rollemberg(PSB=6,7%) e
Carlos Alberto (PPS=1,64%). A soma dos trs representou 15,5% do eleitorado.
Em 2006, venceu as eleies no primeiro turno com Arruda. Em 2010, quando Agnelo
venceu o pleito, a votao desse ncleo ficou concentrada na candidatura de Toninho
do PSOL (14%). Agora, em 2014, Rollemberg liderou o plo e venceu as eleies.
ELEIES 2014:
O ultimo pleito eleitoral no Distrito Federal manteve o padro observado ao longo da
sua histria poltica.
Trs principais concorrentes concentraram a preferncia do eleitorado da cidade: Jos
Roberto Arruda liderou a coligao do ncleo rorizista. A candidatura foi impugnada
por causa do seu enquadramento nos impedimentos previstos pela legislao da ficha
limpa. Esse ncleo ento passou a ser representado por Jofran Frejat. Joaquim Roriz
esteve unido ao grupo durante todo o processo eleitoral.
Agnelo Queiroz liderou o PT e seus aliados. Candidato reeleio numa coligao que
reuniu 16 diferentes partidos.O governador Agnelo no conseguiu disputar o segundo
turno das eleies.
Rodrigo Rollemberg representou o terceiro plo eleitoral. J no primeiro turno
obteve 45% dos votos vlidos. Venceu as eleies no segundo turno contra o candidato
Jofran Frejat.
VOTOS % VOTOS % VOTOS % VOTOS % VOTOS %
1990 108.729 14
1994 155.164 20
1998 178.212 18
2002 205.456 16
2006 663.364 50,3
2010 199.095 14
2014 692.855 45
Na eleio de 2010 o candidato Toninho Psol ocupou o espao da terceira via.
VOTAO 1 TURNO - CANDIDATOS TERCEIRA VIA (NEM PT E NEM RORIZ) - 1990 - 2014
Fonte: TSE. Em 2002 foi somada as votaes de Rollemberg + Benedito Domingos.
Mauricio Correa Maria Abadia Arruda Rollemberg + Outros Toninho PSOL
Embora o padro tenha se mantido nas eleies de 2014 preciso reconhecer que o PT
no Distrito Federal sofreu uma expressiva derrota eleitoral e tambm poltica.
A derrota eleitoral do partido ficou evidente pelos resultados obtidos: 1. No
conseguiu reeleger o projeto petista de governar por mais uma vez o DF; 2. No elegeu
o representante do partido ao senado; 3. A representao parlamentar petista na
Cmara Federal e na Cmara Distrital ficou menor (ver quadro prprio); 4. Perdemos
nos dois turnos as eleies presidenciais na cidade.
A derrota eleitoral expressou tambm uma derrota poltica: O governador Agnelo no
conseguiu polarizar a disputa local e assegurar um lugar no segundo turno. A
candidatura Magela ficou em terceiro lugar na disputa para o senado. A votao
nominal/individual dos (as) candidatos (as) proporcionais, salvo algumas excees que
confirmaram a regra geral; foi menor. No DF houve ampla vitria eleitoral das
alternativas de oposio ao projeto nacional de reeleio da presidenta Dilma seja no
primeiro como no segundo turno.
Por mais duro que seja reconhecer esses resultados no h dvidas que essa deve ser
a sntese do balano petista: uma expressiva derrota eleitoral e poltica! Colhemos um
pssimo resultado em 2014.
O fundamental ento procurar entender o que motivou a derrota do PT no Distrito
Federal.
O PT/DF escolheu Agnelo como candidato reeleio por consenso. No houve disputa
de prvias. Tambm decidiu pela candidatura de Geraldo Magela ao senado por ampla
Candidato Voto %
Rollemberg 692.855 45
Frejat 428.522 28
Agnelo 307.500 20
Ptiman 68.305 4
Toninho Psol 34.689 2
Perci PCO 0 0
Total Vlidos 1.531.871 99
Brancos 61.807 4
Nulos 80.830 5
Total Comparecimento 1.674.508
Total Eleitores 1.895.697
Absteno 221.189
Fonte: TSE
VOTAO GOVERNADOR - 1o TURNO
maioria. Construiu uma coligao eleitoral e uma poltica de alianas que reuniu 16
partidos.
Para ajudar na anlise poltica e tentar entender as motivaes fundamentais para a
nossa derrotafoi consolidado abaixo os resultados da votao obtida por todos os
partidos polticos do DF para a disputa de deputado distrital e federal. Vejamos:
VOTOS VOTOS
1. PT 177.298 17. PTC 37.074
2. PMDB 145.663 18. PSD 36.739
3. PRTB 106.381 19. DEM 33.302
4. PDT 98.968 20. PSOL 25.836
5. PPL 92.857 21. PSC 24.664
6. PSB 85.177 22. PTN 22.889
7. PRB 61.889 23. PTdoB 22.147
8. PSDB 61.287 24. SDD 21.619
9. PEN 61.222 25. PROS 20.549
10. PHS 61.212 26. PCdoB 13.432
11. PPS 58.857 27. PMN 11.543
12. PRP 48.227 28. PSL 8.876
13. PTB 47.733 29. PSDC 6.559
14. PR 47.422 30. PSTU 893
15. PP 44.582 31. PCB 456
16. PV 39.471 32. PCO 351
1.525.175
ELEIES 2014 - VOTAO
DEPUTADO DISTRITAL - PARTIDOS - DF
TOTAL VOTOS VLIDOS
A partir do quadro de votao dos partidos para deputado distrital podemos verificar
que a coligao eleitoral que apoiou Agnelo obteve a maioria dos votos em disputa na
eleio:
No entanto, Agnelo obteve apenas 35% do total dos votos alcanados pelos partidos da
coligao na disputa para deputado distrital. A votao do governador foi menor do que
a soma de votos dos dois principais partidos da coligao: PT (177.298) e PMDB
(145.663). Ou seja, o julgamento da populao sobre o desempenho pessoal do
governador foi bem mais severo do que o aplicado aos partidos que o defenderam e
construram ao longo de 4 anos os resultados e as crticas sua gesto.
As motivaes para esses resultados:
1. Agnelo foi um lder menor e sem a mesma fora eleitoral dos partidos que
formalmente o apoiaram nas ltimas eleies. A votao somada de todos
partidos da coligao foi quase o triplo dos votos recebidos pelo governador. A
razo dessa dissociao entre a fora eleitoral dos partidos e a performance
eleitoral do governador de responsabilidade dupla: do prprio governador e
das direes e lideranas partidrias/polticas.
2. O governador sofreu um abandono dos partidos que o apoiaram na eleio.
Esse abandono foi motivado por duas grandes justificativas polticas: alta
rejeio pessoal ao desempenho administrativo de Agnelo e o no
cumprimento dos acordos de apoio material e financeiro aos partidos coligados
durante o processo eleitoral.
Os resultados expressaram uma separao entre o governo e a pessoa do governador.
VOTOS VOTOS
1. PT 177.298 9. PV 39.471
2. PMDB 145.663 10. PTC 37.074
3. PPL 92.857 11. PSC 24.664
4. PRB 61.889 12. PTN 22.889
5. PEN 61.222 13. PTdoB 22.147
6. PHS 61.212 14. PROS 20.549
7. PRP 48.227 15. PCdoB 13.432
8. PP 44.582 16. PSL 8.876
882.052
307.500
COLIGAO RESPEITO POR BRASILIA - AGNELO
TOTAL VOTOS COLIGAO
TOTAL VOTOS AGNELO
Os partidos que o apoiaram e participaram do governo receberam juntos para deputado
distrital mais de 800 mil votos. Para deputado federal, conforme pode ser visto no
quadro acima, alcanaram mais de 640 mil votos.
Ou seja, a participao poltica dos partidos na gesto Agnelo no representou para
sociedade um elemento de desaprovao acentuada. O povo no necessariamente
puniu os partidos por terem participado da gesto Agnelo. Puniu muito claramente a
pessoa do governador. Dos 10 partidos mais votados para deputado distrital; apenas 3
(PDT; PSB e PSDB) no participavam da gesto do GDF no perodo eleitoral. Ou seja, a
gesto atual no foi to ruim para os partidos como foi para o prprio governador.
A composio futura da Cmara Legislativa expressa bem essa percepo:
Onze coligaes disputaram vagas para a CLDF. Das onze coligaes registradas; 10
delas conseguiram alcanar o quociente eleitoral e eleger pelo menos 1 deputado
distrital. As coligaes de distrital vinculadas candidatura Agnelo elegeram 15 dos 24
futuros deputados distritais. Isto , 62% das vagas em disputa - a maioria do
parlamento local.
A liderana pessoal do governador Agnelo no foi capaz de somar todo o potencial
eleitoral dos partidos coligados. Houve um isolamento praticado por Agnelo na
conduo da interlocuo entre os partidos. De forma isolada, atomizada e sozinho
Agnelo costurou os apoios e as lealdades partidrias. No obteve xito. O isolamento
praticado pelo governador Agnelo no trato com os partidos fragilizou a sua liderana ao
invs de fortalec-la.
ELEITOS
5
4
3
2
2
2
2
1
1
1
1
0
24
VOTAO COLIGAES DISTRITAL -2014
COLIGAO VOTOS
PT + PP
PSB + PDT + SDD
PMDB
PPL + PCdoB + PTN
PRTB + PMN
221.880
205.764
145.663
129.178
117.924
67.846
45.213
TOTAL 1.368.741
98.963
95.155
87.698
83.359
70.098
PRB + PTC
PR + PTB
PRP + PV
PTdoB + PHS
PEN + PSL
PSDB + PSDC
PSC + PROS
Por outro lado, as direes dos partidos da coligao tambm falharam no trabalho
poltico de coeso ede lealdade a pessoa do governador. Com o mtodo de isolamento
e fragmentao estabelecido pelo governador houve uma clara omisso das lideranas
partidrias por um apoio mais coeso. Imobilizadas pela elevada rejeio captada nas
pesquisas de opinio; tambm pelo insucesso da poltica de comunicao e de
marketing -, que no conseguiu ajudar na reverso dos indicadores de desaprovao
popular ao governo; internalizadas nas suas respectivas disputas por espaos no
parlamento e pressionadas pelas candidaturas proporcionais por apoio material e
financeiro; as direes no foram capazes de motivar politicamente a defesa do projeto
representado por Agnelo.
Liderana pessoal frgil e omisso das direes partidrias no trabalho de coeso
poltica durante campanha compuseram o quadro que rompeu o elo entre a votao
dos partidos e a performance eleitoral de Agnelo.
A coordenao da campanha, inclusive quem escreve esse texto, tambm errou e
cometeu falhas. Concentrou a campanha basicamente nos programas de TV. No
buscou uma ativao militante; social; ideolgica e o apoio dos movimentos sociais.
Prendeu-se ao formalismo dos partidos, o que agravou o isolamento do governador
Agnelo.
O resultado foi uma campanha fraca de contedo poltico e tambm de postura
ideolgica. Fraca de participao e envolvimento social. Uma campanha o tempo todo
acuada pelo cotidiano dos principais problemas dos servios pblicos mais relevantes da
cidade: sade; segurana; transporte e educao.
O desempenho do PT/DF na eleio 2014
O quadro acima demonstra efetivamente uma reduo na votao do partido.
Os dados resumem a votao alcanada pelos candidatos a deputado(a) federal e a
deputado(a) distrital do PT desde de 1994.
Seja para deputado federal ou distrital o resultado de 2014 foi proporcionalmente
menor do que a votao alcanada pelo partido em 2010.
Na verdade, o PT no DF tem recebido votaes para disputa proporcional tipo uma
gangorra sentimental e poltica. Ou seja, alterna pleitos com bom desempenho com
outros ruins.
A regra bsica a seguinte: quando o candidato a governador vai bem na disputa local
a votao proporcional melhora. Caso contrrio, o patamar de votos menor.
Na eleio de 2002; no auge da onda Lula e da polarizao Magela contra Roriz,
conseguimos 25% dos votos para deputado federal e 19% dos votos para distrital.
Na eleio seguinte (2006), o nosso desempenho recuou para 16,7% para Cmara
Federal e 14% para Distrital. Era o auge da crise do escndalo do mensalo; a
contestada reeleio de Lula pela tradicional classe mdia brasiliense (histrico reduto
eleitoral do PT na cidade) e a disputa para governador foi dominada pela agenda da
eleio de Arruda e de Paulo Octvio ainda no primeiro turno.
ANO N. Eleitorado N. Candidatos N. Votos N. Votos Total % Bancada
Federais Nominais Legenda PT Votos PT Eleitorado Eleita
1994 915.294 8 110.254 71.340 181.594 20 2
1998 1.071.508 10 192.307 46.683 238.990 22 2
2002 1.284.097 9 297.430 27.619 325.049 25 2
2006 1.316.991 11 205.058 15.227 220.285 16,7 1
2010 1.406.083 7 359.437 15.639 375.076 26,6 3
2014 1.454.063 10 188.093 18.635 206.728 14 1
ANO N. Eleitorado N.Candidatos N. Votos N.Votos Total % Bancada
Distritais Nominais Legenda PT Votos PT Eleitorado Eleita
1994 915.294 18 105.099 59.679 164.778 18 7
1998 1.003.763 35 145.206 33.551 178.757 18 5
2002 1.231.236 36 211.173 28.055 239.228 19 5
2006 1.328.666 28 173.122 13.595 186.717 14 4
2010 1.429.093 38 192.863 23.519 216.382 15 5
2014 1.525.175 38 161.899 15.399 177.298 12 4
DEPUTADO FEDERAL
DEPUTADO DISTRITAL
DESEMPENHO ELEITORAL - CANDIDATOS (AS) PT NO DISTRITO FEDERAL - ELEIES 1994 - 2014
Em 2010, voltamos a crescer no desempenho para os cargos nos parlamentos federal e
local.
Na esteira do favoritismo eleitoral de Agnelo; surfando na crise tica provocada pela
operao Caixa de Pandora e no bom momento do governo Lula (2. Mandato); o
PT/DF alcanou sua melhor performance eleitoral para deputado federal: 26,6% dos
votos. Pela primeira vez elegeu 3 (trs) deputados federais de uma bancada total de 8
(oito). Para a Cmara Distrital fizemos 15% dos votos totais.
Em 2014 a gangorra petista se repetiu. A m performance eleitoral de Agnelo na
disputa para governador e o quadro de derrota de Dilma na disputa presidencial
puxaram novamente os resultados para baixo. O PT fez apenas 14% dos votos para
deputado federal e 12% dos votos para distrital. Esses so os menores patamares de
votao proporcional da sua histria. Isto deixa bem claro que realmente sofremos a
maior derrota eleitoral do partido na cidade.
O futuro do PT no Distrito Federal:
Apesar do resultado ruim colhido em 2014 o PT continua sendo o partido mais votado
do Distrito federal. Seja para deputado distrital ou para deputado federal (Veja os
quadros).
A defesa do PT:
O PT em Braslia sofreu uma expressiva derrota nas ltimas eleies, mas um partido
forte. Tem futuro. Possui enraizamento social; quadros polticos; militncia e paixo
popular para retomar a sua luta em favor do povo da nossa cidade.
Nosso debate partidrio atravessa um momento complicado. Ele encontra-se
empobrecido.
Uma grande parcela da nossa militncia e da sociedade que ainda nos respeita
reprovam o excesso de pragmatismo na execuo da ao poltica do partido. Se
ressentem com a ausncia de valores e mtodos democrticos e transparentes na
disputa partidria. Aspiram por uma poltica partidria mais idealista e sintonizada com
o futuro. Construir uma agenda partidria nesta direo a nossa principal tarefa no
momento.
A poltica esse espao natural da diferena e da formulao dos consensos; acusada
de ser um instrumento intil e sem importncia para a vida dos cidados comuns.
Virou lugar comum acusar o PT de aparelhar a administrao pblica. Acus-lo
de to somente querer perpetuar-se no exerccio do Poder, sem se importar com
valores caros a populao (tica, moralidade, mrito, trabalho, esforo pessoal e
eficincia).
VOTOS VOTOS
1. PT 206.728 17. PSOL 19.853
2. PSDB 166.039 18. PV 17.204
3. DEM 156.655 19. PRTB 13.670
4. PMDB 115.873 20. PP 13.511
5. PSDB 94.804 21. PHS 7.375
6. PSB 92.628 22. PCdoB 6.995
7. PROS 85.017 23. PRP 6.847
8. PEN 79.811 24. PTC 4.888
9. PRB 75.621 25. PSTU 4.735
10. PPS 61.196 26. PSDC 4.052
11. PDT 50.104 27. PSC 3.183
12. PR 47.118 28. PSL 1.043
13. SDD 39.998 29. PCO 918
14. PMN 30.281 30. PTN 803
15. PTB 24.852 31. PCB 656
16. PPL 21.047 32. PTdoB 568
ELEIES 2014 - VOTAO
DEPUTADO FEDERAL - PARTIDOS - DF
Fonte: UOL - Resultados Eleies
Os detratores do partido no cansam de querer imprimir ao PT a marca de um partido
que abandonou a sua histria; virou s costas para os trabalhadores; exerce uma
politizao excessiva de determinados temas e atividades do cotidiano; comete a
heresia de promover indicaes partidrias, sem mrito ou competncia tcnica para
os cargos nas estruturas dos governos que elege; faz concesses ultrajantes aos
setores conservadores; orienta a sua ao poltica com o objetivo de vitimar a honra e
a reputao pessoal dos seus adversrios, montando servios de espionagem poltica ou
servindo-se do estado para produzir dossis ou denncias.
Para nossos adversrios, o PT pretende controlar o contedo da produo jornalstica;
impor limites liberdade do trabalho da imprensa livre; busca coibir a investigao
sobre escndalos produzidos por integrantes do governo.
O partido tambm acusado de manipular a conscincia dos cidados com intensas
campanhas publicitrias de marketing.
Toda essa narrativa contra o PT repetida exausto e recebe a ateno e uma
adeso cada vez maior da sociedade brasileira.
Os objetivos dos detratores do PT so claros: querem com isso enfraquecer o poder
poltico dos trabalhadores.
Sabem os adversrios do partido que a principal caracterstica do capitalismo
globalizado seu carter estruturalmente excludente. Ao contrrio do capitalismo
clssico, em que a expulso de parcelas da populao trabalhadora assumia a forma de
um exrcito de reserva, que a qualquer momento poderia ser convocada para retornar
ao processo produtivo; o carter contemporneo do capitalismo globalizado a sua
marginalizao permanente tanto dos que perderam o seu emprego como tambm dos
que nunca foram ou sero empregados, j que lhe so negados s oportunidades
bsicas de escolaridade formal e de formao tcnica.
Essa marginalizao permanente constitui a raiz da violncia dos jovens pobres das
periferias contra o sistema poltico e a organizao social; j que nesse modelo uma
parte considervel da populao impedida de exercer a participao poltica a todo
momento acusada de ser frustrante e desacreditada.
Portanto, desacreditar o PT faz parte dessa tentativa de frustrar a ao poltica do
cidado comum. De querer retirar dele o papel de protagonista e ser consciente dos
seus deveres e direitos.
Interessa tambm aos detratores do PT tratar os problemas polticos e da ao do
estado como se fossem assuntos tcnicos e burocrticos.
A conseqncia dessa diretriz a retirada de uma expressiva parcela da sociedade do
debate pblico quanto necessidade e a justificao da ao do estado, sob a alegao
recorrente de que os problemas da economia; das polticas pblicas e dos programas
governamentais so na sua essncia da competncia exclusiva dos especialistas e dos
tcnicos. Esse debate pretende retirar o carter poltico e a opo social das aes do
governo
Portanto, o PT um instrumento necessrio para organizar e defender os interesses
dos trabalhadores. O cidado comum.
A nossa insistncia em colocar, desde a fundao do partido, novos personagens
polticos em cena; incentivar a participao crescente dos trabalhadores na poltica; nos
fruns de deciso e de gesto pblica; proporcionaram a ascenso social de amplas
parcelas destitudas de meios materiais de consumo e de afirmao pessoal. Essa nossa
disposio poltica agride a conscincia dos setores conservadores que querem a todo
custo esvaziar e reduzir a atividade partidria e pblica, deixando os trabalhadores
como sujeitos passivos, sem voz e ao.
Portanto, o futuro do nosso partido passa pela necessidade de nos religar s
conscincias dos cidados; participao nas lutas e movimentos da sociedade e dos
trabalhadores; de refundar processos e mtodos de elaborao e deciso poltica.
No Distrito Federal diante dos resultados colhidos na ltima eleio renasce uma
recorrente linha de debate fundamentada na crtica pessoal e na desqualificao poltica.
Pretende-se com isso afastar das tarefas de comando os supostos capas pretas;
responsveis pelos erros de campanha e de governo; imputando-se a esses quadros
partidrios uma assepsia poltica.
A punio partidria alivia a alma das aflies dos que se sentiram excludos do
processo poltico e partidrio ao longo do ltimo perodo, mas no necessariamente
formula uma nova a linha a perseguir.Mas 2014 no ser o fim da linha para o PT/DF.