CURSO DE PROCESSO DE EXECUÇÃO - tribcast-midia.s3-sa...

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CONCEITO: Conjunto de atividades atribuídas aos órgãos

judiciários para a realização prática de uma vontade

concreta da lei previamente consagrada num título. Ou

como o conjunto de atos jurisdicionais materiais concretos

de invasão do patrimônio do devedor para satisfazer a

obrigação consagrada num título.

EXECUÇÃO

Obs.1: O CPC praticamente abrange todas as espécies de

execução, ficando somente a cargo de leis extravagantes

apenas alguns processos de execução, tal como a execução

fiscal prevista na Lei 6.830/80.

Obs: 2: A Lei 11.232/05, completando alterações anteriores,

separou a execução dos títulos judiciais da execução por

títulos judiciais e da execução por título extrajudiciais,

denominando a primeira cumprimento de sentença e a

última como execução propriamente dita.

Princípio da disponibilidade

Significa que a tutela jurisdicional executiva não pode ser

prestada de ofício. Para que se instaure um processo de

execução ou uma fase executiva, é necessário requerimento

do credor. Trata-se de corolário lógico do princípio da inércia

da jurisdição.

PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO DE EXECUÇÃO

Outrossim, significa que os atos executivos estão ao dispor do

exequente, ou seja, que o credor que se vale da atividade

executiva pode desistir de alguns atos ou em sua totalidade,

se lhe convier, não tendo que sujeitar-se à vontade do

executado.

Princípio da patrimonialidade

A patrimonialidade ou realidade significa que a execução recai

sobre o patrimônio do devedor.

A responsabilidade patrimonial está prevista nos artigos 591 a

597 do CPC.

Estuda-se as hipóteses de penhorabilidades absolutas, relativas,

etc. A questão da responsabilidade da pessoa jurídica

enseja nuances, como a do uso indevido da mesma por

sócios ou administradores, o que enseja a desconsideração

da personalidade jurídica.

Princípio do resultado e da menor gravosidade: execução

equilibrada

A execução deve ser equilibrada, de modo que deve buscar atingir

o resultado esperado, qual seja, a satisfação do crédito,

concretizando o comando normativo obrigacional previsto no

título executivo (CPC, 612, 2ª parte). Entretanto, esta busca

por resultados não pode ser feita sem critérios.

Deve-se buscar a menor onerosidade para o devedor, isto é, a

execução se faz no interesse do credor, (princípio do

resultado) mas é mitigado pelo princípio da menor

onerosidade/gravosidade ao executado(CPC, 620), ou

seja,quando houver mais de uma forma de executar os bens

do devedor, deve-se optar pela menos gravosa. É a ideia da

eficiência versus ampla defesa. Deve haver a busca do

equilíbrio entre a satisfação do crédito e o respeito aos

direitos do devedor.

O artigo 612 diz que realiza-se a execução no interesse do

credor, que adquire, pela penhora, o direito de preferência

sobre os bens penhorados, exceto no caso de insolvência do

devedor, em que tem lugar o concurso universal (art. 751,

III). Em situações normais (de solvência do devedor), a

execução corre no interesse do exeqüente.

Em situações anormais, como o caso de insolvência, incide regra

especial de concurso de credores (todos os credores são

colocados em situação de igualdade, uma vez que não há

bens para a satisfação de todos os créditos).

O artigo 620 enaltece que “Quando por vários meios o credor

puder promover a execução,

o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o

devedor”. A execução é de iniciativa e no interesse do

credor, mas se por várias formas de execução ele escolher a

mais gravosa/onerosa para o devedor, deve o juiz agir de

ofício para evitar o excesso. Repare que deve haver mais de

um meio idôneo para a satisfação do crédito,

ou seja, tem que haver uma possibilidade de escolha entre o

credor e o juiz que determina a medida. Acrescente-se que o

juiz for aplicar medidas menos gravosas ao devedor, deve

tomar cuidado para não “esvaziar” a eficácia da medida.

Deve o magistrado adotar medidas igualmente idôneas para

a satisfação do crédito.

Princípio da nulla executio sine titulo e da execução sem título permitida

Tradicionalmente o processo de execução é concebido como instrumento para a

satisfação dos interesses inadimplidos do credor. Para que este possa se

valer desta peculiar tutela jurisdicional, mister que instrua sua pretensão

com título executivo, que pode ser judicial ou extrajudicial.

O título executivo “é condição necessária e suficiente para a

realização do processo de execução, permitindo que se

satisfaçam os atos executivos independentemente de

averiguação judicial quanto à efetiva existência do direito que

lhe é subjacente”.

Conforme ressaltado alhures, inúmeras reformas ocorreram no

bojo do direito processual civil, instaurando a fase sincrética

do processo. Com a previsão da tutela antecipada genérica

do artigo 273 e tutela específica de obrigações de fazer e

não fazer do artigo 461,

possibilitou ao demandante que obter este tipo de tutela

jurisdicional a efetivação do provimento no próprio bojo do

processo, o que ensejou a tese da execução sem título

permitida.

Princípio da tipicidade e adequação dos meios executivos

Visa o presente princípio em fixar uma certa previsibilidade ao

executado que tiver contra si uma tutela jurisdicional

executiva. Foi dito acima que conforme a obrigação (fazer,

não-fazer, entregar coisa ou pagar) teremos uma atividade ou

grupo de atividades executivas.

Cássio Scarpinella Bueno chama de princípio da adequação, que

significa que dependendo da modalidade obrigacional, tem-

se um tipo de execução, devendo o exequente formular a

pretensão adequada ao tipo de obrigação (fazer, não fazer,

dar coisa, pagar), que é corolário da tipicidade (Princípio da

tipicidade dos meios executivos).

A tipicidade significa que todos os atos executivos estão prévia

e pormenorizadamente descritos na lei processual, daí a

necessidade de escolha dos atos adequados conforme a

previsão normativa.

Entretanto, a reforma do CPC fez a doutrina repensar estes

binômios tipicidade-adequação.

Cássio Scarpinella Bueno diz que “ao mesmo tempo que diversos

dispositivos do Código de Processo Civil continuam, ainda, a

autorizar apenas e tão somente, a prática de atos

jurisdicionais típicos, no sentido colocado em destaque nos

parágrafos anteriores, é inegável, à luz do ‘modelo

constitucional do direito processual civil’,

que o exame de cada caso concreto pode impor ao Estado-juiz a

necessidade da implementação de técnicas ou de métodos

executivos não previstos expressamente em lei e que, não

obstante – e diferentemente do que a percepção tradicional

daquele princípio revelava -, não destoam dos valores ínsitos

à atuação do Estado Democrático de Direito, redutíveis à

compreensão do ‘devido processo legal’ Nas palavras de

Marcelo Abelha:

“Sendo a atividade executiva uma função jurisdicional que

substitui e que estimula a vontade do executado para atuar a

vontade concreta da lei, tem-se aí uma autorização normativa

para que o Estado, ao mesmo tempo que impede a

autotutela, se veja compelido a entrar na esfera patrimonial

do indivíduo visando a atuar a norma jurídica concreta.

• Todavia, para “controlar” e “delimitar” a atuação e

interferência do Estado na liberdade e propriedade, previa o

CPC/73 – além da segurança de que o Estado só atuaria se

fosse provocado – a tranquila regra (para o executado), de

que este só perderia seus bens em um processo específico,

com um mínimo de previsibilidade,

e, especialmente, sabendo de antemão quais seriam as armas

executivas a serem utilizadas pelo Estado durante a atuação

executiva.

Mas não é só, pois o modelo liberal do processo executivo dava

ao jurisdicionado a certeza e segurança das armas que

seriam utilizadas pelo Estado, bem como quando e como as

utilizaria.

Isso quer dizer que em um Estado liberal vigora o princípio da

tipicidade dos meios executivos, de forma que ao juiz não

cabe a escolha do meio executivo, senão porque lhe

compete apenas e tão somente cumprir as regras previstas

da tutela processual executiva que estão delimitadas no

“didático e exaustivo manual de instruções previamente

estabelecido pelo legislador processual”.

Não havia espaços para “invenções” ou “criações” ou até

“escolhas” por parte do juiz do meio executivo a ser

utilizado na atividade executiva. Esse engessamento do

magistrado tem uma só finalidade: impedir a intervenção

estatal desmedida na propriedade e liberdade das pessoas.

Obviamente que o modelo liberal foi substituído formalmente

com o novo texto constitucional, e, aos poucos a legislação

nacional vai se adequando à nova realidade social: o Estado

Social Democrático. Isso implica em sérias mudanças nos

diversos flancos do ordenamento jurídico, e, o direito

processual é um deles. As reformas iniciadas em 1994 têm

demonstrado isso”.

Já não há mais dúvidas sobre a superação da tipicidade dos

meios executivos com a adoção da atipicidade dos meios de

execução. Salientam Marinoni e Mitidiero que “as técnicas

processuais executivas decorrem, no Estado Constitucional,

da Constituição – do direito fundamental ao processo justo

(art. 5º, LIV, CRFB)

e do direito fundamental à tutela jurisdicional adequada e

efetiva que lhe é inerente (art. 5º, XXXV, CRFB)”.

Hoje, é nítido no CPC, a permissão do juiz escolher a melhor

técnica executiva para atuar a norma concreta, seguindo

parâmetros mais fluidos, tal como se vê no art. 461, § 5o,

art. 273, § 3o, art. 475-R etc.

Princípio da lealdade: atos atentatórios à

dignidade da justiça

• Trata-se do dever de boa-fé processual. As partes têm que se

comportar/agir conforme os ditames da lealdade e confiança,

não podendo frustrar as expectativas legítimas da parte ex

adversa.

O Código de Processo Civil elenca que os atos atentatórios à

dignidade da justiça ensejam punição prevista nos artigos

600-601, assim como o artigo 14 do CPC, que trata do dever

geral de boa-fé na prática de todo e qualquer ato

processual.

Princípio da Responsabilidade (CPC, 475-O e 574)

O sistema processual autoriza o credor a executar,

provisoriamente, as decisões a ele favoráveis quando

desprovidas de efeito suspensivo. Entretanto, o CPC prevê

que sobrevier decisão alterando a que está sendo objeto de

execução provisória,

o exeqüente será responsável pelos atos que praticar, devendo

restituir ao estado anterior e reparar eventuais danos

percebidos pelo executado. Se for execução provisória,

responderá objetivamente. No que tange à execução

definitiva, eventual responsabilidade será subjetiva.

Execução por título judicial

Com o advento da Lei 11.232/2005, houve uma separação da

execução por título judicial para a execução por título

extrajudicial, sendo certo que a primeiro se dá como fase do

mesmo processo (fato que foi denominado pela doutrina

como sincretismo processual), enquanto que a execução

por título extrajudicial se dará por ação autônoma.

Os títulos executivos judiciais se encontram previstos no art.

475-N, do CPC, que são:

Art. 475-N. São títulos executivos judiciais:

I – a sentença proferida no processo civil que reconheça a

existência de obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou

pagar quantia;

II – a sentença penal condenatória transitada em julgado;

III – a sentença homologatória de conciliação ou de transação,

ainda que inclua matéria não posta em juízo;

IV – a sentença arbitral;

V – o acordo extrajudicial, de qualquer natureza, homologado

judicialmente;

VI – a sentença estrangeira, homologada pelo Superior Tribunal

de Justiça;

VII – o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação

ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título

singular ou universal.

Parágrafo único. Nos casos dos incisos II, IV e VI, o mandado

inicial (art. 475-J) incluirá a ordem de citação do devedor, no

juízo cível, para liquidação ou execução, conforme o caso.

Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia

certa ou já fixada em liquidação, não o efetue no prazo de

quinze dias, o montante da condenação será acrescido de

multa no percentual de dez por cento e, a requerimento do

credor e observado o disposto no art. 614, inciso II, desta Lei,

expedir-se-á mandado de penhora e avaliação.

PROCESSAMENTO DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA OU EXECUÇÃO POR TÍTULO JUDICIAL.

§ 1o Do auto de penhora e de avaliação será de imediato

intimado o executado, na pessoa de seu advogado (arts.

236 e 237), ou, na falta deste, o seu representante legal, ou

pessoalmente, por mandado ou pelo correio, podendo

oferecer impugnação, querendo, no prazo de quinze dias.

§ 2o Caso o oficial de justiça não possa proceder à avaliação, por

depender de conhecimentos especializados, o juiz, de

imediato, nomeará avaliador, assinando-lhe breve prazo para

a entrega do laudo.

§ 3o O exequente poderá, em seu requerimento, indicar desde

logo os bens a serem penhorados.

§ 4o Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput

deste artigo, a multa de dez por cento incidirá sobre o

restante.

§ 5o Não sendo requerida a execução no prazo de seis meses, o

juiz mandará arquivar os autos, sem prejuízo de seu

desarquivamento a pedido da parte.

Art. 475-O. A execução provisória da sentença far-se-á, no que

couber, do mesmo modo que a definitiva, observadas as

seguintes normas:

I – corre por iniciativa, conta e responsabilidade do exequente,

que se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os

danos que o executado haja sofrido;

EXECUÇÃO PROVISÓRIA

II – fica sem efeito, sobrevindo acórdão que modifique ou

anule a sentença objeto da execução, restituindo-se as

partes ao estado anterior e liquidados eventuais prejuízos

nos mesmos autos, por arbitramento;

III – o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos

que importem alienação de propriedade ou dos quais possa

resultar grave dano ao executado dependem de caução

suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada

nos próprios autos.

§ 1o No caso do inciso II do caput deste artigo, se a sentença

provisória for modificada ou anulada apenas em parte,

somente nesta ficará sem efeito a execução.

§ 2o A caução a que se refere o inciso III do caput deste artigo

poderá ser dispensada:

I – quando, nos casos de crédito de natureza alimentar ou

decorrente de ato ilícito, até o limite de sessenta vezes o valor

do salário-mínimo, o exequente demonstrar situação de

necessidade;

EXECUÇÃO PROVISÓRIA

II - nos casos de execução provisória em que penda agravo

perante o Supremo Tribunal Federal ou o Superior Tribunal de

Justiça (art. 544), salvo quando da dispensa possa

manifestamente resultar risco de grave dano, de difícil ou

incerta reparação.

§ 3o Ao requerer a execução provisória, o exequente instruirá a

petição com cópias autenticadas das seguintes peças do

processo,

podendo o advogado declarar a autenticidade, sob sua

responsabilidade pessoal:

I – sentença ou acórdão exequendo;

II – certidão de interposição do recurso não dotado de efeito

suspensivo;

III – procurações outorgadas pelas partes;

IV – decisão de habilitação, se for o caso;

V – facultativamente, outras peças processuais que o exequente

considere necessárias.

Art. 475-L. A impugnação somente poderá versar sobre:

I – falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia;

II – inexigibilidade do título;

III – penhora incorreta ou avaliação errônea;

IV – ilegitimidade das partes;

V – excesso de execução;

DEFESA NO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA

VI – qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da

obrigação, como pagamento, novação, compensação,

transação ou prescrição, desde que superveniente à

sentença.

§ 1o Para efeito do disposto no inciso II do caput deste artigo,

considera-se também inexigível o título judicial fundado em

lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo

Supremo Tribunal Federal,

ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou ato

normativo tidas pelo Supremo Tribunal Federal como

incompatíveis com a Constituição Federal.

§ 2o Quando o executado alegar que o exequente, em excesso de

execução, pleiteia quantia superior à resultante da sentença,

cumprir-lhe-á declarar de imediato o valor que entende

correto, sob pena de rejeição liminar dessa impugnação.

Art. 475-M. A impugnação não terá efeito suspensivo, podendo

o juiz atribuir-lhe tal efeito desde que relevantes seus

fundamentos e o prosseguimento da execução seja

manifestamente suscetível de causar ao executado grave

dano de difícil ou incerta reparação.

§ 1o Ainda que atribuído efeito suspensivo à impugnação, é lícito

ao exequente requerer o prosseguimento da execução,

oferecendo e prestando caução suficiente e idônea,

arbitrada pelo juiz e prestada nos próprios autos.

§ 2o Deferido efeito suspensivo, a impugnação será instruída e

decidida nos próprios autos e, caso contrário, em autos

apartados.

§ 3o A decisão que resolver a impugnação é recorrível mediante

agravo de instrumento, salvo quando importar extinção da

execução, caso em que caberá apelação.

O art. 475-P prevê aonde o cumprimento de sentença deve ser

processado.

Art. 475-P. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante:

I – os tribunais, nas causas de sua competência originária;

II – o juízo que processou a causa no primeiro grau de jurisdição;

III – o juízo cível competente, quando se tratar de sentença

penal condenatória, de sentença arbitral ou de sentença

estrangeira.

Parágrafo único. No caso do inciso II do caput deste artigo, o

exequente poderá optar pelo juízo do local onde se

encontram bens sujeitos à expropriação ou pelo do atual

domicílio do executado, casos em que a remessa dos autos

do processo será solicitada ao juízo de origem.

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