Apresentação para décimo segundo ano, aula 2

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perspectiva linguística: protótipos textuais

perspectiva literária: modos

Modos do texto literário

• narrativo

• lírico

• dramático

Géneros dentro de cada modo

• [narrativo:] epopeia, romance, novela, conto

• [dramático:] tragédia, comédia, farsa, ...

• [lírico:] soneto, ode, canção, écloga, ...

Subgéneros

romance policial

romance de ficção científica

conto policial

novela marítima

...

certos géneros não se integram em nenhum modo (mas não são tradicionalmente literários):

carta (epístola)

sermão

ensaio

diálogo

...

«[Despedidas em Belém]» (Plural, p. 59)

Luís de Camões

narrativo (ou épico-lírico, nesta passagem apenas)

epopeia

verso

«O mostrengo» (Plural, 134)

Fernando Pessoa (Mensagem)

narrativo (ou épico-lírico)

três nonas (ou novenas)

verso

«Mar português» (Plural, 134)

Fernando Pessoa (Mensagem)

épico-lírico

duas sextilhas

verso

[excerto de] «Ode triunfal» (Plural, 183)

Álvaro de Campos

lírico (quase épico-lírico)

ode

verso

«Ela canta, pobre ceifeira» (Plural, 158)

Fernando Pessoa

lírico

seis quadras

verso

«Gato que brincas na rua» (Plural, 158)

Fernando Pessoa

lírico

três quadras

verso

«[Texto]» (Plural, p. 314)

Luís de Sttau Monteiro

dramático

[veremos depois]

prosa

«Era uma vez um rei que fez promessa» (Plural, 233)

José Saramago

narrativo

romance

prosa

1.

O canto da ceifeira brota de uma voz simultaneamente alegre e triste, é suave e musical como um canto de ave. A expressão «a sua voz, cheia / de alegre e anónima viuvez» contém uma dupla adjectivação e um paradoxo expressivos; igualmente significante é a metáfora «Ondula».

2.1

O adjectivo «pobre», anteposto ao substantivo «ceifeira», expressa a apreciação subjectiva que o sujeito poético faz da mulher — ‘pobre’, porque não sabe. Se o mesmo adjectivo estivesse colocado depois do substantivo, indicaria a condição social da ceifeira (e teria então o seu valor denotativo.

2.2

Ao ouvir o canto, o poeta sente-se, paradoxalmente, alegre e triste.

2.3

A ceifeira canta «sem razão», isto é, sem pensar. Pelo contrário, o sujeito poético, que sente tristeza e alegria ao ouvir o canto, pensa no que sente, não consegue sentir sem pensar. Nele, a sensação converte-se em pensamento, intelectualiza-se.

2.4

O poeta gostaria de ser a ceifeira com a sua «alegre inconsciência», o que é o mesmo que dizer que gostaria de sentir sem pensar, mas gostaria, simultaneamente, de ser ele mesmo, de ter a consciência de ser inconsciente. O que o poeta deseja, afinal, é unir o sentir ao pensar.

4.

Flexão verbal — na primeira parte do poema (estrofes 1 a 3) é utilizado, na 3.ª pessoa, quase exclusivamente o presente do indicativo, que serve para referir o confronto entre o poeta e a ceifeira; na segunda parte (estrofes 4 a 6) é utilizado sobretudo o imperativo, que traduz o desejo do poeta de ser como a ceifeira; o gerúndio («Julgando-se, pensando, levando-me») está também presente, com o seu aspecto durativo.

Pontuação — as frases em que é usado o imperativo para exprimir o apelo/desejo, são exclamativas, cheias de intensidade emotiva.

Adjectivação — para além dos adjectivos já comentados em 1 e 2.1, são significantes os adjectivos «alegre», a acompanhar e caracterizar a não consciência da ceifeira e «breve», a caracterizar a vida, sublinhando o drama de a passar sem sentir plenamente.

Para além dos recursos assinalados em 1, poderemos referir o paradoxo «alegra e entristece», a caracterizar o contraditório estado de alma que o canto da ceifeira provoca no sujeito poético; a metáfora «na sua voz há o campo e a lida», a sublinhar a vida positiva que se desprende da voz da mulher; a comparação «canta como se tivesse mais razões para contar que a vida», a insinuar a inconsciência de quem canta.

Em folha solta, escreve uma resposta à pergunta 5.

TPC

Em folha solta, escreve curtos textos (bastam os começos, como fiz nos exercícios 1 a 6 da aula passada) que actualizem (ilustrem) cada um dos seis protótipos textuais que vimos. Esses textos devem todos focar-se num mesmo objecto (ou assunto) ou, pelo menos, incluir sempre alguma ao mesmo substantivo.