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12/08/2018 Infância, mídia e consumo https://educacao.estadao.com.br/blogs/blog-dos-colegios-poliedro/infancia-midia-e-consumo/ 1/6 BLOGS Colégio Poliedro Blog dos Colégios As informações e opiniões formadas neste blog são de responsabilidade única do autor. Infância, mídia e consumo Poliedro 12 Janeiro 2016 | 16h55 A relação entre mídia e crianças tem sido alvo de discussões e estudos há algum tempo. Porém, após o Inep abordar a temática no Enem 2014, essa questão voltou, fortemente, a ter espaço nos veículos de comunicação. Trata-se de uma íntima relação, permeada por interesses diversos e inúmeras variáveis. Um fato determinante desse processo é a consolidação da criança como consumidora ativa e com alto poder de influência. Durante os últimos anos, foram crescentes os gastos com publicidade para esse público, assim como o aumento de esforços criativos para a construção de estratégias que garantissem as vendas. Entre desenhos animados e jogos, novos brinquedos eram anunciados. Um mundo mágico, repleto de fantasia, despertava o desejo imediato por possuí-los. A ansiedade tomava conta da criança e, para manter a situação sob controle, os pais rapidamente efetivavam a compra. Isso ocorreu até o início de 2014, quando o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, o Conanda, proibiu as ações publicitárias para esse público. Contudo, não se extinguiu a relação entre mídia e infância, que passou a estabelecer novos contornos. Uma relação cada vez mais estreita PUBLICIDADE PUBLICIDADE

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Colégio PoliedroBlog dos Colégios

As informações e opiniões formadas neste blog são de responsabilidade única do autor.

Infância, mídia e consumo

Poliedro

12 Janeiro 2016 | 16h55

A relação entre mídia e crianças tem sido alvo de discussões e estudos há algum tempo. Porém, após o Inepabordar a temática no Enem 2014, essa questão voltou, fortemente, a ter espaço nos veículos de comunicação.Trata-se de uma íntima relação, permeada por interesses diversos e inúmeras variáveis. Um fato determinantedesse processo é a consolidação da criança como consumidora ativa e com alto poder de influência.

Durante os últimos anos, foram crescentes os gastos com publicidade para esse público, assim como o aumentode esforços criativos para a construção de estratégias que garantissem as vendas. Entre desenhos animados ejogos, novos brinquedos eram anunciados. Um mundo mágico, repleto de fantasia, despertava o desejo imediatopor possuí-los. A ansiedade tomava conta da criança e, para manter a situação sob controle, os pais rapidamenteefetivavam a compra.

Isso ocorreu até o início de 2014, quando o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, oConanda, proibiu as ações publicitárias para esse público. Contudo, não se extinguiu a relação entre mídia einfância, que passou a estabelecer novos contornos.

Uma relação cada vez mais estreita

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Por meio dos meios de comunicação, as fronteiras entre conteúdo livre e publicitário foram eliminadas. Animações, jogos, vídeos e outros recursos passaram a se fundir cada vez mais com o objetivo de impactá-las deforma eficiente.

O tempo de contato com os canais de comunicação e com o estímulo ao consumo também aumentousignificativamente nos últimos anos. Segundo dados do Painel Nacional de Televisores, divulgado pelo Ibope em2012, as crianças brasileiras passam cerca de cinco horas e vinte minutos assistindo televisão. Nas grandescidades, isso é agravado pelos passeios a shoppings e centros de compras, onde as crianças são imersas em umambiente comercial.

A demasiada exposição desperta, nos pequenos consumidores, uma vontade crescente por possuir o que há demais moderno, segundo especialistas. Isso acontece pelo entendimento de que esse é o caminho para seremaceitos socialmente. Essa percepção ainda é reforçada pela forma como os pais lidam com o próprio consumo epelo fato de que elas não conseguem dimensionar uma escala monetária, ou seja, não entendem o real valor dodinheiro.

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Com essas e outras justificativas, no início de 2014, o Conanda, órgão vinculado à Secretaria dos DireitosHumanos da Presidência da República, lançou uma resolução proibindo a publicidade direcionada a crianças.Segundo a Resolução 163/2014, “a prática do direcionamento de publicidade e comunicação mercadológica àcriança com a intenção de persuadi-la para o consumo de qualquer produto ou serviço é abusiva e, portanto,ilegal. ”

Essa resolução torna ilegal o direcionamento de qualquer tipo de publicidade para crianças, como banners,comerciais de TV, spots de rádios, anúncios impressos, merchandising, ações em shows e em pontos de venda.

A ação do Conanda visa coibir os impactos sociais e emocionais do consumismo infantil. Mas quais são essesimpactos?

Os impactos sociais do consumo infantil

O poder da mídia de influenciar é capaz de provocar consequências na organização da sociedade.

Alguns teóricos defendem que ela altera a percepção social e sua construção. Ou seja, as experiências trazidas porela influenciam, de forma decisiva, a formação das relações sociais e a maneira como o indivíduo estabelece suaconduta na sociedade.

Para eles, ao estimular o consumo infantil, a mídia leva esse comportamento a extremos, tornando-o uma mazelasocial crônica.

Segundo pesquisa da World Childhood Foundation, 65% das meninas exploradas sexualmente declaram usar odinheiro conseguido para comprar celular, tênis ou roupas.

Portanto, a sociedade entra em uma espiral crescente de acúmulo de bens, onde a importância reside na aquisiçãode novos produtos, como forma de aceitação social. Os que não possuem poder aquisitivo para tal e, portanto, seencontram às margens, acabam utilizando meios ilícitos para serem incluídos.

Segundo o Instituto Alana, organização não-governamental que atua no desenvolvimento de ações e pesquisas deconscientização sobre as condições de vida das crianças, “as consequências relacionadas aos excessos doconsumismo são: obesidade infantil, erotização precoce, consumo precoce de tabaco e álcool, estresse familiar,banalização da agressividade e violência, entre outras.”

Consumismo e desenvolvimento infantil

Segundo Valeria Aparecida Guimarães e Silva, pedagoga, as consequências do consumismo infantil podem serrefletidas em diversas áreas.

“Essa questão traz várias consequências para as crianças como obesidade, falta de criatividade e falta deimaginação para brincar com jogos simples. As crianças passam a se comparar muito, causando bullying, além deficarem descontroladas, pois não conseguem lidar com o ‘não’ “, diz Valéria.

Nesse ínterim, o aumento da ansiedade emerge como urgência. A criança adquire um imediatismo que, quandonão correspondido, traz sofrimento. Com isso, não desenvolve a capacidade de lidar com a frustração, que faráparte de toda sua vida.

Para Valéria, o ’não’ tem que estar presente a todo momento. “Os pais precisam ter segurança de falar ‘não’ para ofilho, porque a frustração faz parte do nosso desenvolvimento como ser humano. ”. Portanto, é necessário que seestabeleçam filtros no contato das crianças com o consumo, para que elas não sejam colocadas à mercê da mídia,vulneráveis ao bombardeio de informações.

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Para a pedagoga, a atuação da família é essencial nessa proteção, pois é onde os valores são construídos. “Elas(crianças) podem ser expostas (a mídia), mas quem deve fazer esse caminho de filtro é a família que está ali paraeducar. Como educamos uma criança para assistir a um filme inteiro sem atrapalhar ninguém, educamos para oconsumo, para as posturas que pretendemos que elas tenham”, explica Valéria, que também afirma que os pais,em parceria com a escola (que pode oferecer suporte e orientação), devem ficar atentos ao que as criançasassistem, jogam ou consomem.

Reservar um tempo para os filhos é primordial nesse processo, pois uma simples brincadeira, segundo apedagoga, já é suficiente para trabalhar valores e trazer qualidade de vida para essa criança. “Quando os paisbrincam, a televisão está desligada. O bombardeio é menor. ” E ela continua dizendo que os pais devem semprerealizar os seguintes questionamentos: “O que eu quero que meus filhos sejam? Quais valores eu quero que elesdesenvolvam? ”.

A especialista ainda levanta um outro aspecto dessa questão: o fator ambiental. O acúmulo constante de bens,significa também o aumento do lixo. Portanto, é necessário conversar sobre isso com as crianças e levantar essequestionamento. Para ela “é preciso explicar a relação com o planeta, com o lixo, com o tanto de energia elétricaque vai na produção, a quantidade de água. ”

Valéria alerta que é urgente a ampliação de espaços de discussões sobre esse assunto, em âmbitos diversos: naescola, na família e nos governos. E essas esferas devem dialogar em busca de estratégias que minimizem osefeitos dessa problemática.

O desenvolvimento das crianças é (deve ser) uma preocupação de toda a sociedade.

Alex Félix dos Santos

Redator Web na área de Comunicação & Marketing do Poliedro

Fontes:

http://www12.senado.gov.br/jornal/edicoes/2014/04/29/medida-proibe-publicidade-dirigida-ao-publico-infantil

http://criancaeconsumo.org.br/consumismo-infantil/

http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2009/10/08/ult5772u5618.jhtm

Mais conteúdo sobre: consumo escola infância mídia pais publicidade infantil

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