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ANAIS DOS RESUMOS DOS TRABALHOS CIENTÍFICOS E TÉCNICOS

(283T) ESTUDO DE NOTAS EXPLICATIVAS RELACIONADAS AO ATIVO IMOBILIZADO SEGUNDO AS NBC TSP: UMA ANÁLISE DOS BALANÇOS DO ESTADO DE SANTA CATARINA NO PERÍODO DE 2010 A 2014.

ANGELA COELHOUniversidade Federal de Santa Catarina (UFSC)[email protected]

JOÃO LUIZ PASSADORUniversidade de São Paulo (USP)[email protected]

RESUMO

As notas explicativas têm papel relevante na transparência (disclosure) e na qualidade da informação contábil, pois possuem o objetivo de esclarecer, detalhar ou complementar as informações constantes das demonstrações contábeis, sendo essenciais na transformação de dados técnicos em informações claras que possam ser utilizadas pelos usuários externos. A evidenciação em notas explicativas é uma forma de incenti-vo ao controle social e à participação popular. Anteriormente à NBC TSP 16.6, as notas explicativas não eram muito usuais na área pública, no entanto, as notas explicativas têm um caráter de obrigatoriedade e são fun-damentais na interpretação das demonstrações financeiras. Com a publicação das NBC TSP pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC), as notas explicativas ganharam destaque como parte das Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público (DCASP), havendo uma conscientização na maioria dos entes da Fede-ração para a importância da informação inserida nessas notas explicativas. Este trabalho teve como objetivo analisar a aderência das notas explicativas do Estado de Santa Catarina às exigências contidas nas Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBC TSP), o impacto no ativo imobilizado e a evo-lução no cumprimento das exigências contidas nas normas, evidenciadas em notas explicativas do Estado. Nesse contexto, buscou-se confrontar as informações evidenciadas nas notas elaboradas pelo Estado com as exigências contidas nas NBC TSP 16.9 e 16.10, no período de 2010 a 2014. O estudo relatou o processo de convergência no Estado, o impacto da aderência às normas no ativo imobilizado e a evolução das notas explicativas. Apontou, ainda, oportunidades de enriquecimento da qualidade da informação contábil. As notas explicativas às demonstrações contábeis publicadas pelo Estado de Santa Catarina trazem exemplos de evidenciações exigidas nas NBC TSP, contribuindo no processo de qualificação da informação contábil. Santa Catarina demonstra estar em adiantado processo de adoção de procedimentos contábeis para fins de reconhecimento patrimonial. A adoção de tais procedimentos, iniciada no exercício de 2010, trouxe reflexos significativos ao patrimônio de Santa Catarina, surtindo efeitos imediatos no ativo imobilizado do Estado e, consequentemente, vem evoluindo também na qualidade das notas explicativas às demonstrações contá-beis. Ainda assim, percebeu-se a ausência de elementos importantes na evidenciação do ativo imobilizado. Pela pesquisa realizada, concluiu-se que o Estado de Santa Catarina demonstra estar evoluindo no processo de convergência e na aderência às normas no decorrer do período estudado. Percebeu-se, também, que mesmo o Estado que está na vanguarda do processo de convergência e de elaboração de notas explicativas, ainda em 2014 não atendia integralmente os procedimentos contábeis patrimoniais previstos nas normas, o que demonstra que o processo é gradativo e longo até o completo atendimento às NBC TSP.

Palavras-chave: Ativo Imobilizado; Notas Explicativas; Informação Contábil.

20º CONGRESSO BRASILEIRO DE CONTABILIDADE • FORTALEZA • CE

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1. INTRODUÇÃOA contabilidade aplicada ao setor público é regida pela Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, que

disciplina normas gerais de direito financeiro, elaboração e controle de orçamentos e balanços de todos os entes da Federação. Devido ao enfoque orçamentário da Lei, até a segunda metade da primeira década do século XXI a contabilidade do setor público brasileiro teve um grande viés orçamentário, em detrimento da evidenciação dos aspectos patrimoniais.

Com a publicação das normas internacionais de contabilidade para o setor público – International Pu-blic Sector Accounting Standards (IPSAS) pela International Federation of Accountants (IFAC), em 2000, e com a publicação das Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBC TSP), em 2008, iniciou-se um processo de convergência para um padrão internacional de contabilidade aplicada ao setor público, no qual os entes da Federação precisaram mudar toda uma cultura voltada estritamente ao aspecto orçamentário para adotar uma contabilidade com ênfase nos aspectos patrimoniais. O patrimônio passou a ser o objeto central da contabilidade aplicada ao setor público.

Procedimentos antes não praticados, tais como o reconhecimento, a mensuração e a evidenciação de bens intangíveis e de infraestrutura, passaram a fazer parte da rotina dos entes da Federação. A contabilidade apli-cada ao setor público passou a reconhecer fenômenos independentes da execução orçamentária, como a rea-valiação de ativos, a redução ao valor recuperável, a depreciação, a amortização e a exaustão de ativos.

No padrão de accountability que está sendo difundido, as notas explicativas têm função relevante na transparência e na qualidade da informação contábil. Chama-se accountability a responsabilidade, a obriga-ção ou o dever que o gestor público possui de prestar contas. Esse termo, ainda não traduzido para o portu-guês, está diretamente relacionado à transparência (disclosure), ao cumprimento de normas (compliance), à democracia e à participação popular.

No entanto, para atender ao princípio da transparência, não basta publicar, é necessário que os dados estejam compreensíveis. Para Coelho e Cruz (2009, p. 3):

O princípio da transparência, introduzido pela Lei de Responsabilidade Fiscal, advém do princípio constitu-cional da publicidade. Entretanto, o princípio da transparência é mais abrangente, pois, para haver transpa-rência, não deve haver apenas a publicação, é necessária, também, a compreensão das informações por parte do cidadão.

Com a publicação das NBC TSP pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC), as notas explicativas ga-nharam destaque como parte das Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público (DCASP), havendo uma conscientização na maioria dos entes da Federação para a importância da informação inserida nessas notas explicativas.

Nesse contexto, as notas explicativas têm importância fundamental na transparência e na qualidade da informação contábil, pois possuem o objetivo de esclarecer, detalhar ou complementar as informações constantes das demonstrações contábeis.

Segundo Meneses e Peter (2012, p. 4), “as formas de evidenciação mais conhecidas relacionam-se com as demonstrações contábeis formais e as notas explicativas, ou seja, compreendem aquelas de divulgação obrigatória por parte das organizações”. Ainda de acordo com as autoras (2012, p. 3), “para a ciência con-tábil, que tem o objetivo de prover informações úteis acerca de determinado patrimônio, subsidiando o processo de tomada de decisão dos seus usuários, a evidenciação torna-se necessária e essencial”.

Anteriormente à NBC TSP 16.6, as notas explicativas não eram muito usuais na área pública, no entan-to, seja no setor privado ou no público, as notas explicativas têm um caráter de obrigatoriedade e exercem papel fundamental na interpretação das demonstrações financeiras.

Neste contexto, é importante um perfeito entendimento dos conceitos de dados e informações. Segun-do Matarazzo (2003 apud PLATT NETO, 2012, p. 22):

Dados são números ou descrição de objetos ou eventos que, isoladamente, não provocam nenhuma reação no leitor. Informações representam, para quem percebe, uma comunicação que pode produzir reação ou decisão, frequentemente acompanhada de um efeito-surpresa.

Ainda de acordo com Platt Neto (2012, p.22) “a Contabilidade emite “dados” na expectativa de que eles possam gerar informações. A informação, por sua vez, refere-se ao uso/utilidade promovido pelos usuários da Contabilidade”.

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Segundo Barbosa (2013, p. 35), o processo de convergência das normas internacionais “está trazendo para a gestão pública um novo conceito de informação contábil, que alia o controle orçamentário ao enfoque patrimonial, ou seja, uma evidenciação mais apurada dos bens, direitos e obrigações”.

Desta forma, as notas explicativas são essenciais na produção da informação contábil, transformando dados técnicos em informações claras que possam ser utilizadas pelos usuários externos, facilitando o con-trole social.

De acordo com o contexto apresentado, foi formulado o seguinte problema de pesquisa: as notas expli-cativas às demonstrações contábeis publicadas pelo Estado de Santa Catarina atendem as exigências conti-das nas NBC TSP relacionadas ao ativo imobilizado no período analisado?

O objetivo geral deste estudo é o de identificar a aderência e a evolução das notas explicativas do Estado de Santa Catarina às NBC TSP relacionadas ao ativo imobilizado.

Para atender ao objetivo geral, foram definidos como objetivos específicos os que se seguem:a. Identificar notas explicativas que se referem ao ativo imobilizado nos balanços do Estado de

Santa Catarina;b. Verificar o andamento do processo de convergência;c. Analisar o impacto da aderência às NBC TSP 16.9 e 16.10;d. Examinar a evolução no cumprimento das exigências contidas nas NBC TSP 16.9 e 16.10, evidencia-

das em notas explicativas, nos períodos analisados.

2. RESULTADOS E DISCUSSÕESO processo de convergência no Brasil na área pública foi iniciado com a Portaria nº 184/2008, do Mi-

nistério da Fazenda (BRASIL, 2008). A referida portaria, em seu artigo 1º, atribuía à Secretaria do Tesouro Nacional (STN) o desenvolvimento de ações que promovessem a convergência com as normas internacio-nais de contabilidade. Ainda em 2008, o CFC editou as primeiras dez normas, as NBC TSP 16.1 a 16.10.

Em 2009, o CFC, por meio da Resolução nº 1.268, alterou dispositivos das NBC TSP 16 (CFC, 2012), em 2010, a STN mudou o formato do seu Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP), visando atender às normas internacionais e, em 2011, o CFC editou a 11ª NBC TSP, a norma 16.11, que trata do sis-tema de informação de custos do setor público.

Também em 2010, foi publicada a tradução de 31 Normas Internacionais de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (IPSAS), produto do trabalho conjunto do CFC e do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON), que são os tradutores oficiais das Normas Internacionais editadas pelo International Federation of Accountants (IFAC).

Apesar da omissão da Lei nº 4.320/1964, quando se trata de notas explicativas, vários são os dispo-sitivos legais que consideram a obrigatoriedade das notas explicativas às demonstrações contábeis, com destaque para a Lei nº 6.404/76. Referida Lei (alterada pela Lei nº 11.941, de 2009), em seu art. 176, § 5º, aborda o conteúdo das notas explicativas aplicáveis às sociedades por ações e dispõe:

§ 5o As notas explicativas devem: III – fornecer informações adicionais não indicadas nas próprias demonstrações financeiras e consideradas necessárias para uma apresentação adequada; e IV – indicar: a) os principais critérios de avaliação dos elementos patrimoniais, especialmente estoques, dos cálculos de depreciação, amortização e exaustão, de constituição de provisões para encargos ou riscos, e dos ajustes para atender a perdas prováveis na realização de elementos do ativo; [...]c) o aumento de valor de elementos do ativo resultante de novas avaliações (art. 182, § 3o ); [...]h) os ajustes de exercícios anteriores (art. 186, § 1o); e i) os eventos subsequentes à data de encerramento do exercício que tenham, ou possam vir a ter, efeito rele-vante sobre a situação financeira e os resultados futuros da companhia.


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Para Martins et al. (2013, p. 677):

Um dos grandes desafios da Contabilidade, relativamente à evidenciação, tem sido o dimensionamento da quantidade e principalmente da qualidade de informações que atendam às necessidades dos usuários das demonstrações contábeis, principalmente os externos, em determinado momento.

Para contabilidade aplicada ao setor público, as exigências de notas explicativas foram inseridas pelo CFC através da NBC TSP 16.6, em seus parágrafos 39 a 41, conforme segue:

39. As notas explicativas são parte Integrante das demonstrações contábeis.40. As informações contidas nas notas explicativas devem ser relevantes, complementares ou suplementares àquelas não suficientemente evidenciadas ou não constantes nas demonstrações contábeis.41. As notas explicativas incluem os critérios utilizados na elaboração das demonstrações contábeis, as informa-ções de naturezas patrimonial, orçamentária, econômica, financeira, legal, física, social e de desempenho e outros eventos não suficientemente evidenciados ou não constantes nas referidas demonstrações (CFC, 2012, p. 30).

Com essa redação, o CFC inseriu as notas explicativas no campo das demonstrações contábeis obriga-tórias, em conjunto com o Balanço Patrimonial (BP), o Balanço Orçamentário (BO), o Balanço Financeiro (BF), a Demonstração das Variações Patrimoniais (DVP), a Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) e a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL). Também a STN, na sexta edição do MCASP, com aplicação para o exercício de 2015, deu grande ênfase às notas explicativas, conforme se segue:

Notas explicativas são informações adicionais às apresentadas nos quadros das DCASP. São consideradas parte integrante das demonstrações. Seu objetivo é facilitar a compreensão das demonstrações contábeis a seus diversos usuários. Portanto, devem ser claras, sintéticas e objetivas. Englobam informações de qualquer natureza exigidas pela lei, pelas normas contábeis e outras informações relevantes não suficientemente evi-denciadas ou que não constam nas demonstrações (SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL, 2014, p. 350).

O MCASP ainda deixa evidente, após cada capítulo das demonstrações contábeis, a obrigatoriedade das notas explicativas. Trabalhando um conteúdo mínimo para as notas, o Manual configura uma importante fonte para os entes públicos quando se trata de elaboração de notas explicativas.

No setor público, as notas explicativas têm uma função ainda mais relevante, tendo em vista que a prestação de contas de um ente público deve ser voltada para toda a sociedade, que em sua grande parte não possui conhecimento técnico suficiente para analisar as demonstrações financeiras que são publicadas.

Um item de destaque das NBC TSP é a permissão para que se utilizem normas similares nacionais ou internacionais que evidenciem tal procedimento e impacto em notas explicativas, disposto na NBC TSP 16.5, conforme se segue:

Na ausência de norma contábil aplicada ao setor púbico, o profissional da contabilidade deve utilizar, subsi-diariamente, e nesta ordem, as normas nacionais e internacionais que tratem de temas similares, evidencian-do o procedimento e os impactos em notas explicativas (CFC, 2012, p. 24).

A NBC TSP 16.6 é, sem dúvida, a principal norma no que tange à exigência de notas explicativas, po-rém, as NBC TSP também dão destaque às notas explicativas voltadas para os itens do patrimônio do ente público. A NBC TSP 16.9 trata da depreciação, amortização e exaustão. Já a NBC TSP 16.10 trata da avalia-ção e mensuração de ativos e passivos em entidades do setor público. As duas normas trazem os conceitos relativos ao tema.

O ativo imobilizado foi também tratado na IPSAS 17, que assim o conceitua: “o item tangível que: (a) é mantido para o uso na produção ou fornecimento de mercadorias ou serviços, para aluguel a terceiros, ou para fins administrativos; e (b) se espera utilizar por mais de um período” (CFC, 2010, p. 465).

[...] subentende-se que nesse grupo de contas do balanço são incluídos todos os ativos tangíveis ou corpóreos de permanência duradoura, destinados ao funcionamento normal da sociedade e de seu empreendimento, assim como os direitos exercidos com essa finalidade (MARTINS et al., 2013, p. 275).

O MCASP, em sua sexta edição, conceitua imobilizado como sendo “o item tangível que é mantido para o uso na produção ou fornecimento de bens ou serviços, ou para fins administrativos, inclusive os decorrentes de operações que transfiram para a entidade os benefícios, riscos e controle desses bens” (STN, 2014, p. 146).

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Até a edição das Normas Internacionais de Contabilidade Pública, não se falava em depreciação, amor-tização e exaustão no setor público e os ativos eram registrados com valores históricos, muito abaixo do valor real. Com a publicação das NBC TSP, e, portanto, com a obrigatoriedade instituída por tais normas, passou-se a dar mais importância ao controle do patrimônio público.

[...] antes da adoção dos Procedimentos Contábeis Patrimoniais, trazidos pelas Normas de Contabilidade Apli-cada ao Setor Público, não era prática comum na área pública a contabilização da atualização monetária. As-sim, o valor constante da maior parte dos Balanços era o correspondente ao registro inicial, ocorrido antes do período em que o país sofreu grandes índices inflacionários. Essa situação dificulta uma projeção da receita que poderá vir a ser obtida com a alienação de bens, para fins de programação de novos investimentos com tais recursos (CRUZ, 2014, p. 205).

A Secretaria do Tesouro Nacional (STN) contemplou no MCASP os Procedimentos Contábeis Patrimo-niais (PCP) e, por meio da Portaria STN n. 828/2011, estabeleceu prazos para que os entes da federação adotem os procedimentos, gradualmente, a partir de 2012, e integralmente, até o final de 2014 (STN, 2011).

Referida normativa foi revogada pela Portaria STN n. 634/2013, que dispõe que os entes da federação terão prazos finais de implantação dos PCP estabelecidos de forma gradual por meio de ato normativo da STN (STN, 2013). Até o momento a Secretaria não editou tal ato, de forma que os prazos não foram estabelecidos.

Para dar início à adoção dos procedimentos contábeis patrimoniais, é necessário que o ente norma-tize os procedimentos e então inicie o inventário e a mensuração de seu patrimônio, realize a reavaliação ou redução ao valor recuperável, para então se iniciar os procedimentos de depreciação, amortização ou exaustão dos ativos.

Foram objeto do presente estudo as notas explicativas que tratam do ativo imobilizado, no que tange a mensuração ou avaliação, reavaliação, redução ao valor recuperável, depreciação, amortização e exaustão, tratados nas NBC TSP 16.9 e 16.10.

Para a realização da pesquisa, foram observadas as notas explicativas constantes dos balanços do Esta-do de Santa Catarina nos exercícios de 2010 a 2014. No trabalho, analisou-se a aderência das notas explica-tivas do Estado de Santa Catarina às exigências contidas nas NBC TSP 16.9 e 16.10, o impacto no ativo imobi-lizado e a evolução no cumprimento das exigências contidas nas normas, evidenciadas em notas explicativas do Estado, no período de limitação da pesquisa.

Nesse sentido, segue a análise das notas explicativas no período analisado.

2.1 Processo de convergência no Estado de Santa CatarinaAnteriormente à edição das NBC TSP 16, os itens do ativo imobilizado eram registrados pelo custo

histórico. De acordo com Alves e Roncalio (2012), após a ocorrência de uma série de fatores, os valores registrados na contabilidade deixaram de expressar seu valor justo, ficando a informação prejudicada e o patrimônio do Estado demonstrado em valores irrisórios.

Visando à adequação às Normas, com vigência a partir de 2010, o Estado de Santa Catarina, publicou o Decreto Estadual n. 3.486/2010, de 03 de setembro de 2010, que institui a obrigatoriedade de realizar os procedimentos de reavaliação, redução ao valor recuperável de ativos, depreciação, amortização e exaustão dos bens do Estado (SANTA CATARINA, 2010).

Com isso, foi estabelecido o corte temporal em 1º de janeiro de 2010, no qual todos os bens adquiridos a partir desta data passam a ser depreciados, amortizados ou exauridos. Passou-se a utilizar o método de cotas constantes e os critérios de vida útil econômica e taxa definidos pela Instrução Normativa n. 162, de 31 de dezembro de 1998, da Secretaria da Receita Federal (SRF, 1998).

Com base nos normativos estaduais editados e visando o cumprimento das disposições das NBC TSP, todos os bens adquiridos anteriormente à data de corte deveriam ser submetidos à depreciação, amortiza-ção ou exaustão apenas após serem reavaliados ou reduzidos a valor recuperável, conforme cronograma definido na Instrução Normativa Conjunta DGPA-SEA-DCOG-SEF n. 01/2011, de 12 de abril de 2011.

De acordo com as notas explicativas constantes do Balanço Geral de 2011 (SANTA CATARINA, 2011), neste ano, o Estado realizou a reavaliação de parte dos ativos imobilizados – bens móveis (veículos auto-motores; aeronaves; embarcações; equipamentos, máquinas e motores a combustível; e veículos acopla-dos e rebocáveis).


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Foram usados como base os parâmetros da referida Instrução Normativa, que estabeleceu bases e orientações para a reavaliação e redução ao valor recuperável dos bens móveis para os órgãos do Poder Executivo Estadual – Administração Direta.

Quanto aos bens imóveis, 97% dos itens registrados na Unidade Gestora Fundo Patrimonial foram reavaliados com base no valor venal fixado pela Prefeitura Municipal no cadastro de imóveis do Município no qual o imóvel está localizado. As reavaliações/reduções ao valor recuperável foram registradas com data de 31/12/2011.

Após realização da reavaliação ou redução ao valor recuperável, em 2012 teve início o procedimento da depreciação, amortização ou exaustão dos bens adquiridos até 31de dezembro de 2009, de acordo com a vida útil constante no laudo de avaliação.

De acordo com cronograma definido na Instrução Normativa Conjunta DGPA-SEA-DCOG-SEF n. 01/2011, em 2012 mais contas do ativo imobilizado foram mensuradas – equipamentos de processamento de dados, aparelhos médicos, aparelhos de medição, aparelhos de comunicação e armamentos. Neste exercí-cio foi concluída a mensuração dos bens imóveis registrados na Unidade Gestora Fundo Patrimonial (SANTA CATARINA, 2012).

O cronograma estabeleceu, ainda, que em 2013 deveriam ser mensurados os demais bens móveis cons-tantes das classes de imobilizado – mobiliário em geral e bens móveis não especificados nos itens anterio-res. Foram reavaliados 658 imóveis, no entanto, sem o respectivo registro contábil. Foi editada a Instrução Normativa n. 003/2013, de 24 de abril de 2013, que disciplina procedimentos de reavaliação aplicáveis às autarquias e fundações.

Ainda em 2013, as notas explicativas passaram a tratar dos procedimentos para reconhecimento, men-suração e evidenciação dos ativos de infraestrutura, utilizando critérios estabelecidos nas NBC TSP 16.9 e 16.10. Foram reconhecidas pontes, barragens, rodovias e estradas concluídas no ano de 2012 e 2013 (SAN-TA CATARINA, 2013).

Em 2014 as notas explicativas relativas aos ativos imobilizados trouxeram informações mais comple-tas. Em cumprimento ao item 16, alínea b, da NBC TSP 16.9, foi evidenciado, por classe de imobilizado, o valor contábil bruto e a depreciação acumulada no início e no fim do período.

Neste exercício, foram reavaliados 441 bens imóveis da Administração Direta, como também, foram reavaliadas e registradas as pontes que estão sob o controle do Estado (bens de uso comum do povo).

Segundo evidenciado em nota explicativa, foram reavaliados 1.379 bens imóveis do total de 3.292 bens cadastrados no sistema de gestão de imóveis do Estado (SANTA CATARINA, 2014). A situação da reavaliação dos bens móveis no Estado de Santa Catarina está demonstrada nas notas explicativas às demonstrações contábeis do exercício de 2014, conforme segue:

Ilustração 01: Nota explicativa sobre a evolução do trabalho de reavaliação dos bens móveis no Estado de SC

Fonte: Notas explicativas do Estado de Santa Catarina 2014 (SANTA CATARINA, 2014, p. 138)

Santa Catarina demonstra estar em adiantado processo de adoção dos procedimentos contábeis para fins de reconhecimento patrimonial, ainda assim, existem, ainda em 2014, bens imóveis e móveis a serem reavaliados, como também, categorias de bens de uso comum do povo a serem registradas. O processo é gradativo e longo, mesmo para o Estado que está na vanguarda do processo.

A seguir, serão demonstrados os reflexos das mudanças ocorridas na contabilização do ativo imobiliza-do com o objetivo de cumprimento das exigências das NBC TSP 16.9 e 16.10.

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2.2 Impacto da aderência às NBC TSP 16.9 e 16.10 no ativo imobilizado do Estado

O processo de convergência no Setor Público, relatado anteriormente, trouxe reflexos significativos ao ativo imobilizado do Estado de Santa Catarina que, já no exercício de 2010 iniciou o processo de convergência. Conforme pode ser observado no Quadro 01, o Estado possuía R$ 1,4 bilhões registrados em 2010, e chegou em 2014 a R$ 12,1 bilhões (valor contábil bruto), o que representa um aumento de 49% da conta no período.

QUADRO 01 – IMPACTO DAS NBC TSP NA CONTA BENS MÓVEIS

Fonte: Elaborado pelos autores

Com relação aos bens imóveis, o impacto foi ainda mais significativo. Conforme pode ser observado no Quadro 02, o Estado possuía R$ 1,8 bilhões registrados em 2010, e chegou em 2014 a quase R$ 9,3 bilhões (valor contábil bruto), o que representa um impacto de 406%.

QUADRO 02 – IMPACTO DAS NBC TSP NA CONTA BENS IMÓVEIS


Ainda assim, entende-se que Estado deva realizar nova reavaliação de bens imóveis, com base no valor justo estimado utilizando-se o valor de reposição do ativo devidamente depreciado. A utilização do valor ve-nal fixado pelas prefeituras dos municípios em que os bens se encontram, pode subavaliar ativos. De acordo com Alves e Roncalio (2012, p. 13):

A adoção de valor venal atribuído pelo município da situação do bem para lançamento do crédito tributário do imposto predial e territorial urbano – IPTU, o qual geralmente é defasado em relação ao mercado, como valor base para a reavaliação de bens imóveis, [...] demonstra o distanciamento entre o ideal de mensuração de ativos e a realidade do Estado de Santa Catarina.

Com base nas notas explicativas às demonstrações contábeis do Estado, foi possível identificar registro à conta bens de uso comum do povo apenas nos exercícios de 2012, 2013 e 2014. Desta forma, o registro dos bens de uso comum do povo impactou em R$ 786,6 milhões o total do Ativo Imobilizado, conforme Quadro 03, a seguir (em R$ milhares):

QUADRO 03 – IMPACTO DAS NBC TSP NA CONTA BENS DE USO COMUM DO POVO



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A implementação de ações por parte do Estado de Santa Catarina, no sentido de adotar procedimentos contábeis para fins de reconhecimento patrimonial, surtiram efeitos imediatos no ativo imobilizado, com evolução crescente em todo o período da análise, conforme pode ser verificado no Gráfico 01, a seguir:

GRÁFICO 01 – IMPACTO DAS NBC TSP NO ATIVO IMOBILIZADO DO ESTADO DE SANTA CATARINA


2.3 A evolução das notas explicativas no cumprimento das exigências contidas nas NBC TSP 16.9 e 16.10

A adoção dos procedimentos contábeis para fins de reconhecimento patrimonial não impactou apenas no acréscimo patrimonial do Estado de Santa Catarina, mas também, na qualidade da informação contábil constante das notas explicativas às demonstrações contábeis.

Ano após ano, as notas explicativas do Estado vêm cumprindo melhor seu objetivo, qual seja, de trazer informações relevantes, complementares ou suplementares àquelas não suficientemente evidenciadas ou não constantes nas demonstrações contábeis. Neste sentido, Santa Catarina vêm evoluindo na evidenciação de informações previstas nas NBC TSP, em especial na NBC TSP 16.9 e 16.10.

No tocante à análise, foram contemplados os seguintes itens listados abaixo:

NBC TSP 16.910. A vida útil econômica deve ser definida com base em parâmetros e índices admitidos em norma ou laudo técnico específico.11. Nos casos de bens reavaliados, a depreciação, a amortização ou a exaustão devem ser calculadas e regis-tradas sobre o novo valor, considerada a vida útil econômica indicada em laudo técnico específico.14. Sem prejuízo da utilização de outros métodos de cálculo dos encargos de depreciação, podem ser adotados:a) o método das quotas constantes;b) o método das somas dos dígitos;c) o método das unidades produzidas.16. As demonstrações contábeis devem divulgar, para cada classe de imobilizado, em nota explicativa:a) o método utilizado, a vida útil econômica e a taxa utilizada;b) o valor contábil bruto e a depreciação, a amortização e a exaustão acumuladas no início e no fim do período;c) as mudanças nas estimativas em relação a valores residuais, vida útil econômica, método e taxa utilizados (CFC, 2012, p. 40-41)

NBC TSP 16.1024. O ativo imobilizado, incluindo os gastos adicionais ou complementares, é mensurado ou avaliado com base no valor de aquisição, produção ou construção.26. Quando se tratar de ativos do imobilizado obtidos a título gratuito deve ser considerado o valor resultante da avaliação obtida com base em procedimento técnico ou valor patrimonial definido nos termos da doação.

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27. O critério de avaliação dos ativos do imobilizado obtidos a título gratuito e a eventual impossibilidade de sua mensuração devem ser evidenciados em notas explicativas.29. No caso de transferências de ativos, o valor a atribuir deve ser o valor contábil líquido constante nos regis-tros da entidade de origem. Em caso de divergência deste critério com o fixado no instrumento de autorização da transferência, o mesmo deve ser evidenciado em notas explicativas.30. Os bens de uso comum que absorveram ou absorvem recursos públicos, ou aqueles eventualmente rece-bidos em doação, devem ser incluídos no ativo não circulante da entidade responsável pela sua administração ou controle, estejam, ou não, afetos a sua atividade operacional.31. A mensuração dos bens de uso comum será efetuada, sempre que possível, ao valor de aquisição ou ao valor de produção e construção.35E. Se um item do ativo imobilizado for reavaliado, toda a classe do ativo imobilizado à qual pertence esse ativo deve ser reavaliado.39. O valor de reposição de um ativo depreciado pode ser estabelecido por referência ao preço de compra ou construção de um ativo semelhante com similar potencial de serviço.40. Os acréscimos ou os decréscimos do valor do ativo em decorrência, respectivamente, de reavaliação ou redução ao valor recuperável (impairment) devem ser registrados em contas de resultado.41. A entidade que adotar as normas aplicadas ao setor público deve reconhecer inicialmente os estoques, imobilizados e intangíveis pelo custo ou valor justo. 42. A entidade deve reconhecer os efeitos do reconhecimento inicial dos ativos como ajuste de exercícios anteriores no período em que é reconhecido pela primeira vez (CFC, 2012, p. 46-48).

Analisando 17 exigências contidas nas referidas NBC TSP, as notas explicativas do Estado de Santa Ca-tarina evidenciaram informações previstas nas normas, em todo o período analisado, partindo de 05 exigên-cias atendidas em 2010, para 12 em 2014, o que demonstra evolução crescente na qualidade da informação contábil e na evidenciação patrimonial.

O Quadro 04, abaixo, busca demonstrar as exigências evidenciadas nas notas explicativas às demons-trações contábeis do Estado:

QUADRO 04 – SANTA CATARINA 2010/2014


A evolução das notas explicativas no período analisado pode ser visualizada no Gráfico 02, a seguir:


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GRÁFICO 02 – TOTAL DE EXIGÊNCIAS DAS NBC TSP EVIDENCIADAS EM NOTAS EXPLICATIVAS


2.4 Oportunidades de enriquecimento da qualidade da informação contábil

No processo de evidenciação patrimonial, é notório o pioneirismo do Estado de Santa Catarina, que está na vanguarda do processo, demonstrando resultados da adoção das NBC TSP, até mesmo anteriormente ao estipulado pela STN. As notas explicativas às demonstrações contábeis publicadas pelo Estado de Santa Catarina trazem exemplos de evidenciações exigidas nas NBC TSP, contribuindo no processo de qualificação da informação contábil.

Ainda assim, ao analisar as notas explicativas às demonstrações contábeis do Estado de Santa Catarina, percebe-se, ainda, a ausência de elementos importantes na evidenciação do ativo imobilizado. Com relação ao §16 da NBC TSP 16.9, a norma dispõe que as demonstrações contábeis devem divulgar em notas explicativas, para cada classe do imobilizado, o método utilizado, a vida útil econômica e a taxa utilizada (CFC, 2012).

Em suas notas explicativas, o Estado de Santa Catarina divulga o método utilizado e dispõe:

A depreciação/amortização/exaustão de bens adquiridos e postos em operação a partir de 1º/1/2010 utiliza o método das cotas constantes e de acordo com a tabela definida pela Secretaria de Estado de Administração, com base na Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal n. 162/1998 (SANTA CATARINA, 2014, p. 125).

No entanto, quanto à vida útil econômica e à taxa utilizada, apenas informa a normativa utilizada, sem discriminar, por classe do imobilizado. Considerando que as notas explicativas devem facilitar o entendi-mento de usuários externos, muitas vezes sem conhecimento técnico contábil, sugere-se que o Estado evi-dencie em forma de tabela ou quadro, por classe de imobilizado, a vida útil econômica e a taxa utilizada, com observação, caso se aplique, de possíveis mudanças nas estimativas em relação a valores residuais, vida útil econômica, método e taxas utilizadas.

Em se tratando de avaliação dos ativos do imobilizado obtidos a título gratuito, a norma dispõe:

26. Quando se tratar de ativos do imobilizado obtidos a título gratuito deve ser considerado o valor resultante da avaliação obtida com base em procedimento técnico ou valor patrimonial definido nos termos da doação.27. O critério de avaliação dos ativos do imobilizado obtidos a título gratuito e a eventual impossibilidade de sua mensuração devem ser evidenciados em notas explicativas (CFC, 2012, p. 46).

Relativamente ao tema, as notas explicativas às demonstrações contábeis do Estado informam, anual-mente, apenas que são mensurados com base no valor resultante da avaliação obtida com base em procedi-mento técnico ou o valor patrimonial definido nos termos da doação, sem evidenciar, no entanto, se houve

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recebimento de bens do ativo imobilizado a título gratuito, ou se ocorreu a impossibilidade de mensurar, ou qual o valor recebido no exercício, que são informações relevantes e complementares às demonstrações e podem auxiliar no entendimento por parte dos usuários externos e no controle social.

Ainda a respeito da NBC TSP 16.10, em seu § 29, a norma trata da transferência de ativos, dispondo que o valor a atribuir deve ser o valor contábil líquido constante nos registros da entidade de origem e, em caso de divergência entre este critério com o fixado no instrumento de autorização de transferência, o mesmo deve ser evidenciado em notas explicativas (CFC, 2012).

As notas explicativas às demonstrações contábeis do Estado de Santa Catarina não fazem alusão ao tema. No entanto, ainda que não haja transferência de ativos, deveria ser incluída uma nota explicativa justi-ficando o não atendimento do item 29 da NBC TSP 16.10. Caso ocorra a transferência de ativos, sugere-se a elaboração de nota explicativa informando o valor dos bens recebidos e cedidos e o critério de mensuração.

3. CONSIDERAÇÕES FINAISO ano de 2008 foi o marco inicial para o processo de convergência com as Normas Internacionais de

Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (IPSAS). A partir da Portaria do Ministério da Fazenda nº 184, a STN começou a encabeçar os trabalhos. Em um primeiro momento, o foco foi a implantação de um plano de contas único para a Federação, adotado obrigatoriamente até o final do exercício de 2014.

No mesmo ano, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) emitiu as primeiras Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBC TSP), o que representou um avanço significativo para o setor. Desde então, a legislação, que era omissa no tocante às notas explicativas para o setor público, passou a con-templá-las, principalmente com a NBC TSP 16.6. A referida norma estabeleceu as notas explicativas como parte das demonstrações contábeis.

Para a realização da pesquisa, foram observadas as notas explicativas constantes dos balanços do Es-tado de Santa Catarina, relativas aos exercícios de 2010 a 2014. No trabalho, analisou-se a aderência das notas explicativas do Estado de Santa Catarina às exigências contidas nas NBC TSP 16.9 e 16.10, o impacto no ativo imobilizado e a evolução no cumprimento das exigências contidas nas normas, evidenciadas em notas explicativas do Estado.

Pela pesquisa realizada, conclui-se que o Estado de Santa Catarina, que desde 2010 adota parte dos procedimentos contábeis patrimoniais, demonstra estar em adiantado processo de convergência e tem pro-curado evoluir na aderência às normas no decorrer do período estudado. A adoção de tais procedimentos vem trazendo reflexos significativos ao patrimônio de Santa Catarina, surtindo efeitos imediatos no ativo imobilizado do Estado e, consequentemente, vem evoluindo também na qualidade das notas explicativas às demonstrações contábeis.

Percebe-se também, que mesmo o Estado que está na vanguarda do processo de convergência e de elaboração de notas explicativas, ainda não atende integralmente os procedimentos contábeis patrimoniais previstos nas normas, o que demonstra que o processo é gradativo e longo até o completo atendimento às NBC TSP emitidas pelo CFC.

Por fim, salienta-se que as notas explicativas são um item que compõe o ambiente de transparência (disclosure), desta forma, a evidenciação em notas explicativas não deve ocorrer apenas para cumprimento de normas (compliance), mas como forma de incentivo ao controle e à participação popular.

As notas explicativas às demonstrações contábeis, além de serem obrigatórias, são de fundamental importância para a correta compreensão dos dados expostos nos relatórios contábeis e são ferramentas de tradução dos dados técnicos em informação contábil para os usuários externos.

Neste contexto, para pesquisas futuras, sugere-se estender a análise das notas explicativas para con-templar as demais NBC TSP, não contempladas neste trabalho, como também, estender a análise a outros estados. Outra sugestão é a de se realizar análise comparativa entre as notas explicativas relacionadas ao ativo imobilizado do Estado de Santa Catarina e da União.


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