529478 Projeto Bullying

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    UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIROCENTRO DE EDUCAO E HUMANIDADES

    INSTITUTO DE APLICAO FERNANDO RODRIGUES DA SILVEIRAPROGRAMA DE CAPACITAO PROFISSIONAL

    PROJETO:BULLYING: A (IN) DISCIPLINA AGRESSIVA NO AMBIENTE ESCOLAR.

    - PREVENO E ANLISE PEDAGGICA-

    Luciano dos Santos Freitasrea: Pedagogia (2. Fase)

    Supervisora: Maria Teresa Tedesco Vilardo AbreuOrientador: Eloiza Gomes de Oliveira

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    Rio de JaneiroMaro de 2004

    UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIROCENTRO DE EDUCAO E HUMANIDADES

    INSTITUTO DE APLICAO FERNANDO RODRIGUES DA SILVEIRAPROGRAMA DE CAPACITAO PROFISSIONAL

    PROJETO:BULLYING: A (IN) DISCIPLINA AGRESSIVA NO AMBIENTE ESCOLAR.

    - PREVENO E ANLISE PEDAGGICA-

    Por Luciano dos Santos FreitasProjeto apresentado como requisitoparcial para obteno de bolsa da 3Fase do Programa de CapacitaoProfissionale-mail: [email protected]

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    mailto:[email protected]:[email protected]
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    Rio de JaneiroMaro 2004

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    Ao meu pai Jorge, onde estiver.

    Sumrio

    Apresentao ....................................................................................................................................v

    Justificativa:Bullying , um problema tambm presente no CAp........................................................vi

    Justificando por meio da pesquisa....................................................................................................ix

    Objetivos: Como resolver o problema dobullying ?.........................................................................xiv

    Referenciais tericos: O primitivo e o contemporneo....................................................................xvi

    Contemporneo e violento......................................................................................................xx

    Algumas categorias deviolncia....................................................................................................xxiii

    Metodologia..................................................................................................................................xxviii

    Resultados esperados..................................................................................................................xxx

    Cronograma........................................................................................................................xxxi

    Avaliao do projeto............................................................................................................xxxii

    Bibliografia....................................................................................................................................xxxiii

    iv

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    Apresentao

    Formulamos este projeto com o intuito de diagnosticar um problema que vem ocorrendoem estabelecimentos de ensino de nossa realidade. Esta ocorrncia no privilgio de uma nicainstituio de ensino em particular, o bullying um problema que pode afetar vriosestabelecimentos escolares. Antes de iniciarmos a montagem do projeto, foi realizada uma pr-

    pesquisa acerca da agressividade dos alunos no Instituto de Aplicao Fernando Rodrigues daSilveira a fim de se obter subsdios para o desenvolvimento de uma anlise profunda das causase efeitos deste tipo de prtica entre os alunos.

    A (in)disciplina pode estar caracterizada em diversas formas de expresso, porm, nopresente estudo nos referimos ao problema que ocorre entre os alunos, e no entre a instituio eo aluno, e (ou) aluno e professor, mas sim, a forma de (in)disciplina violenta e silenciosa queatinge principalmente o corpo discente entre si.

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    Justificativa

    Bullying , um problema tambm presente no Cap 1

    O bullying 2 um problema a ser enfrentado, que est encarnada nas formas de atitudesagressivas, intencionais e repetida, ocorrendo sem ou com motivao banal, adotada por um oumais estudantes contra outro(s), causando os mais variados tipos de sentimentos desagradveisao ser humano como, dor, angstia, medo, entre outros. So atitudes executadas dentro de umarelao desigual de poder e resistncia, portanto, os atos repetidos entre iguais e o desequilbriode poder so as caractersticas essenciais que tornam possvel a intimidao da vtima. Asvtimas de intimidao3 e chantagem recorrente do bullying ocorrem normalmente em alunos sem

    defesas, incapazes de motivar responsveis e professores para agirem em sua defesa. Trata-sede um problema que afeta as nossas escolas e comunidades, estando inserido em vrios setoresda nossa sociedade. As sondagens escolares mostram que existe bullying de vrios paises 4. Opadro de incidncia difere pouco de pas para pas. Embora seja difcil conseguir estatsticascom certa preciso e expressividade sobre a incidncia do bullying , devido s diferentes formasde medio e definies, s respostas socialmente desejveis, entre outros fatores, h resultadosinternacionais que devem ser considerados.

    Este encarado como um problema nacional e internacional, sendo encontrado em

    qualquer instituio de ensino bsico, no estando restrito a um tipo especfico de instituio:primria ou secundria, pblica ou privada, rural ou urbana. H, porm, escolas que negam aexistncia deste tipo de prtica entre seus alunos, no o enfrentando, ou mesmo desconhecendoa existncia deste problema.

    Ao se citar o termo (in)disciplina agressiva, referindo-se aobullying, todos se perguntam seexiste uma (in)disciplina que no seja agressiva? Guando se refere a (in)disciplina agressiva, e ter um olhar para todo o comportamento que transgride as normas sociais e escolares sem motivo,1 Por deciso da comunidade do Instituto de Aplicao Fernando Rodrigues da Silveira a Sigla CAp sermantida em uso.2 Este termo de origem da lngua inglesa, ainda sem traduo3 As formas em que se constituem os atos de bullying consistem nas mais variadas formas possveis deviolncia fsica e psicolgica, alem de atos de (in)disciplina que passam da simples intimidao a ataquesfsicos, aqui esto citadas algumas situaes em que se encontra o aluno vtimas deste tipo de agressosilenciosa dentro de uma instituio de ensino: Ofensas verbais, improprios, blasfmias, insultos, Olhar ameaador, obrigar os outros a aceitar a sua opinio ou impor a algum a sua vontade, Ataque fsico,safano, encontro, carolos, espancamento, ameaa com armas, Comentrios, ofensas verbais, insultos,crueldade psicolgica, ameaas, agresso fsica, assdio, ostentao fsica, calnia, excluso, ostracismo,perseguio, assassnio ofender, intimidar, perseguir, assediar, aterrorizar, amedrontar, tiranizar, dominar,agredir verbalmente, chutar, empurrar, ofender, zoar, gozar , encarnar, humilhar, discriminar, excluir,isolar, ignorar, roubar pertences ou quebr-los, nos seus mais diferentes graus e formas.4 Professor Dan Olweus, na Universidade de Bergen Noruega (1978 a 1993)

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    diferentemente de um aluno que comparece a aula sem um uniforme adequado ou entra emconflito com o membro do corpo docente por algum motivo mesmo que seja banal, porm, o alunoque pratica ato nocivo ao ambiente escolar sem motivo, por pura banalidade.

    Tudo teve incio com os trabalhos do Professor Dan Olweus, na Universidade

    de Bergen Noruega (1978 a 1993) e com a Campanha Nacional Anti-bulling nas escolas norueguesas (1993). No incio dos anos 70, Dan Olweus iniciavainvestigaes na escola sobre o problema dos agressores e suas vtimas,embora no se verificasse um interesse das instituies sobre o assunto. Jna dcada de 80, trs rapazes entre 10 e 14 anos, cometeram suicdio. Estesincidentes pareciam ter sido provocados por situaes graves de bulling,despertando, ento, a ateno das instituies de ensino para o problema.Olweus pesquisou inicialmente cerca de 84.000 estudantes, 300 a 400

    professores e 1.000 pais entre os vrios perodos de ensino. Um fator fundamental para a pesquisa sobre a preveno do BULLYING foi avaliar asua natureza e ocorrncia. Como os estudos de observao direta ou indiretaso demorados, o procedimento adotado foi o uso de questionrios, o que

    serviu para fazer a verificao das caractersticas e extenso do bullying,bem como avaliar o impacto das intervenes que j vinham sendo adotadas.Nos estudos noruegueses utilizou-se um questionrio proposto por Olweus,consistindo de um total de 25 questes com respostas de mltipla escolha,onde se verificava a freqncia, tipos de agresses, locais de maior risco,tipos de agressores e percepes individuais quanto ao nmero deagressores (Olweus, 1993a). Este instrumento destinava-se a apurar assituaes de vitimizao/agresso segundo o ponto de vista da prpriacriana. Ele foi adaptado e utilizado em diversos estudos, em vrios pases,inclusive no Brasil, pela ABRAPIA, possibilitando assim, o estabelecimento decomparaes inter-culturais. Os primeiros resultados sobre o diagnstico dobullying foram informados por Olweus (1989) e por Roland (1989), e por elesse verificou que 1 em cada 7 estudantes estava envolvido em caso debullying. Em 1993, Olweus publicou o livro bullying at School apresentandoe discutindo o problema, os resultados de seu estudo, projetos de intervenoe uma relao de sinais ou sintomas que poderiam ajudar a identificar

    possveis agressores e vtimas. Essa obra deu origem a uma CampanhaNacional, com o apoio do Governo Noruegus, que reduziu em cerca de 50%os casos de bullying nas escolas. Sua repercusso em outros pases, como oReino Unido, Canad e Portugal, incentivou essas naes a desenvolveremsuas prprias aes. O programa de interveno proposto por Olweus tinhacomo caractersticas principais desenvolver regras claras contra o bullying nas escolas, alcanar um envolvimento ativo por parte de professores e pais,aumentar a conscientizao do problema, avanando no sentido de eliminar alguns mitos sobre o bullying, e prover apoio e proteo para as vtimas. Como sucesso da Campanha Nacional Anti-Bullying realizada na Noruega,diversas campanhas e estudos seguiram o mesmo caminho, dos quais

    podemos destacar o The DES Shefield Bullying ProjectUK, a Campanha Anti-Bullying nas Escolas Portuguesas e o Programa de Educao para aTolerncia e Preveno da Violncia na Espanha, entre outros. ( www abrapia.org.br , 2004 )

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    http://www.abrapia.org.br/http://www.abrapia.org.br/http://www.abrapia.org.br/http://www.abrapia.org.br/
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    Os alunos se envolvem de diversas maneiras, os quais se caracterizam como: alvos,autores, alvos e autores 5, testemunhas. Caracterizando os atores neste tipo de fato, algumasconcluses de primeira ordem podem ser tiradas em um primeiro olhar, como: estes sujeitospodem vir de lares plenamente estruturados ou desestruturados, com referenciais familiares

    excelentes ou sem a menor formao cultural, porm, o que existe em grande convergncia nosdois casos que a superviso quanto ao comportamento carente.

    A instituies que trabalham ou j trabalharam com o tema admitem que os jovens quepraticam o bullying tm grande probabilidade de se tornarem adultos com comportamentos anti-sociais e/ou violentos, podendo vir a adotar, inclusive, atitudes delinqentes ou criminosas.

    Os alvos so pessoas ou grupos que so prejudicados ou que sofrem as conseqnciasdos comportamentos de outros e que no dispem de recursos, status ou habilidade para reagir ou fazer cessar os atos danosos contra si. Podem ser alunos pouco ou muito sociveis, podemenvolver diversas causas desde disputa de territrio 6 at outros elementos que a psicologia socialenumera como banais. No entanto, costuma-se ocorrer o fato de que o forte sentimento deinsegurana impede que o indivduo solicite ajuda. Os danos ao aluno podem ser semprecedentes: muitos passam a ter baixo desempenho escolar, resistem ou recusam-se a ir para aescola, chegando a simular doenas, trocam de colgio com freqncia, ou ate abandonam osestudos. H jovens que em situao de extrema depresso, acabam tentando ou cometendo osuicdio. As testemunhas, representadas pela grande maioria dos alunos, convivem com aviolncia e se calam em razo do temor de se tornarem as "prximas vtimas". Apesar de nosofrerem as agresses diretamente, muitas delas podem se sentir intimidadas com o que vem einseguras sobre o que fazer. Algumas reagem negativamente diante da violao de seu direito deaprender em um ambiente seguro, solidrio e sem temores. Todos estes fatos podem influenciar negativamente sobre sua capacidade de progredir acadmica e, socialmente. A pesquisa maisextensa sobre bullying , realizada nos E.U.A, registra que 37% dos alunos do primeiro grau e 10%do segundo grau admitem ter sofrido bullying , pelo menos, uma vez por semana (www.usaid.gov).

    Alguns dos casos citados na imprensa, como o ocorrido na cidade de Taiva, interior deSo Paulo, no incio de 2003, no qual alunos entraram armados na escola, atirando contra quemestivesse a sua frente, retratavam reaes de crianas vtimas de bullying com tambm, o casodivulgado da escola em Columbine (EUA)), na qual dois alunos entraram e mataram colegas deturma e professores. Tais exemplos merecem reflexes.

    5 So os alunos que ora sofrem, ora praticam Bullying.6 A disputa de territrio pode ser simbolizada uma questo social que e relacionada nica e exclusivamentea escola, onde o aluno aspira condies que lhe de status social dentro da instituio escolar, o que podeconsistir em fatos que vo desde a o carisma perante aos alunos, professores, notas, esportes ou qualquer tipo ou categoria de elemento que tenha valor dentro da instituio escolar.

    viii

    http://www.usaid.gov/http://www.usaid.gov/
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    Somente realizando uma pesquisa no interior do CAp e, comparando com dados de outrasanlises, podemos avaliar a demanda da instituio por uma programa que previna e trate, a partir de um diagnstico do problema.

    A principal justificativa para se criar um projeto de para prevenir ou combater obullying no

    CAp justamente os resultados da pesquisa realizado no ano de 2004, sobre a agressividade dosalunos, em que os alunos reapoderam um questionrio sobre praticas agressivas dentro do CApem que mais de 40% dos alunos responderam que j praticaram algum ato de agresso a outroaluno dentro do instituto.7

    Justificando por meio de uma pesquisa 8

    Em um breve levantamento acerca da agressividade dos alunos do Instituto de Aplicao

    Fernando Rodrigues da Silveira, CAp-UERJ, obtivemos alguns resultados pelos quais pode-seobservar a existncia de uma demanda para um programa de reduo da agressividade dosalunos.

    Em um primeiro levantamento, se aplicou um questionrio contendo alguns itens objetivos,para uma amostra de alunos de 5 srie do segundo segmento do ensino fundamental ao 1 anodo ensino mdio, conforme o grfico 01 e 02, por meio do qual obtivemos uma srie deresultados.

    Grfico 019

    Grfico 02

    7 Nas pesquisas sobre bullying, o padro geral em que uma instituio de ensino tem em seu corpo discenteum ndice alarmante e de mais de 35%.8 Pesquisa realizada no Instituto de Aplicao Fernando Rodrigues da Silveira no ms de Janeiro de 2004.9 A amostragem seguiu o seguinte critrio: uma amostragem por Tuma.

    ix

    Total: 587, representando os alunos de 5 do ensinofundamental ao 1 ano do ensino medio.

    65,76%

    34,24% Entrevistados:201

    No entrevistados:386

    Genero

    54,73%45,27% Masculino:110

    Feminino:91

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    Em um primeiro levantamento10, podemos constatar que a prtica de agresso fsica everbal (ver grfico 03 e 04 respectivamente) tem um parmetro parecido com a pesquisa feita pela

    ABRAPIA11

    e o USAID12

    , no qual o ndice de prtica de agresso fsica segue superior a 35% dosalunos entrevistados, situando-se assim, dentro da mdia mundial do bullying .

    Grfico 0313

    Grfico 0414

    Neste mesmo levantamento que envolve, 34,24% de um conjunto de alunos de 5 series deuma instituio onde h um total de 12 sries, o nmero de agredidos verbal e fisicamente e bemelevado segundo os grficos 05 e 06 e consideravelmente elevado.

    10 A pesquisa e citada na pagina xx deste trabalho.11 Ver pesquisa na pagina xx.12 Ver pesquisa na pagina viii.13 A agresso fsica consiste em soco, tapa e empurro.14 A agresso verbal consiste em palavro, apelido e exposto a vexame.

    x

    Praticou/no pratic ou agresso verbal

    36,32%

    63,68%

    Praticaram:128

    Nopraticaram:73

    Praticou / no praticou agressao fisica

    43,78%

    56,22%

    Praticaram 88

    No praticaram113

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    Grfico 05

    Grfico 06

    Em um outro momento da pesquisa (grfico 07 e 08) se pode visualizar um quadroalarmante no qual se encontra o aluno vtima de agresso fsica e verbal, por onde o aluno notem a interpretao em que no instituio e um mecanismo ao qual se pode recorrer para buscar uma soluo para suas aflies.

    Grfico 07

    xi

    Sofreram/no sofreram agresso verbal

    70,65%

    29,35% Sofreram:142

    Nosofreram:59

    Sofreram/no sofreram agress o fsica

    45,27%54,73%

    Sofreram:91

    Nosofreram:110

    agresso fsica, solicitou ou no solicitouajuda as representaes do Cap.

    31,11%

    68,89%

    Solicitou :28

    No solicitou:62

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    Grfico 08

    A etapa final da pesquisa considerou a viso do aluno perante a instituio, sendo

    levantados dados em que o corpo discente expressava de forma livre seu olhar acerca daconfiana que possuam no CAp em resolver os problemas relacionados a este tipo de fato. Ascitaes foram selecionadas seguindo o critrio da ocorrncia de pelo menos cinco vezes emtodos os questionrios, estando relacionadas aos grficos 07 e 08, os motivos por nodenunciarem as representaes do CAp. Nos casos de agresso fsica, quando foram indagados,as respostas escritas dadas foram:- A questo e momentnea.- Revidou e Agrediu.

    - Comum entre colegas.- Direo, Ncleo pedaggico e Coordenao de turno no resolvem o problema.

    Nos casos de agresso verbal o resultado foi um tanto parecido:- Prtica comum entre colegas.- Revidou e Agrediu.-No deu importncia.- Direo, Ncleo pedaggico e Coordenao de turno no resolvem o problema.-Resolveu sozinho.

    Em algumas concluses preliminares, se pode avaliar que existe uma lei do segredo 15, emque os alunos tm enorme dificuldade de denunciar ou procurar ajuda, ou por medo, ou por achar o fato sem importncia.

    15 Diferente da lei do silncio onde esta imposta por criminosos ou organizaes criminosas atestemunhas ou parentes e amigos de vtimas de crimes, esta regra se refere aos alunos alvos deagresses dentro de uma instituio, diferente do local onde a lei do silncio imposta e as vtimas etestemunhas de crimes sofrem da ausncia de uma instituio que possa ampar-los.

    xii

    Agresso verbal, solicitou ou no solicitouajuda as representaes do Cap.

    86,52%

    13,48%Solicitou :19

    Nosolicitou:122

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    Um grande entrave est no discurso de alguns docentes acerca da violncia escolar, queem determinados momentos est vinculado a conceitos que passam por cdigos institucionaispelos quais no se pode solucionar o problema, e assim, se constituindo em uma forma detratamento imediatista que se converge com prticas conservadoras.

    xiii

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    Objetivos

    Como resolver o problema do bullying?

    Este mal que infecta as mais variadas escolas, comea a ter uma incidncia forte no CAp,visto que no privilgio de nenhum pas ou sociedade.

    O principal problema como reduzir, prevenir, evitar, acabar de vez com esta questo queno foge a nenhuma instituio de ensino da educao bsica.

    Como pensar a situao dos professores diante da presso dos modismos culturais, daviolncia nos brinquedos, da televiso, entre outros fatos. Considervel nmero de docentescorrem o risco de assistirem, como expectadores, ou seja, observarem o problema diante de si e

    no poderem tomar alguma atitude pelo fato de no terem conhecimento do assunto. Alm disso,devido s inmeras presses, assistem como expectadores e observam o problema acontecer passando pelos seus olhos, sem nada poderem fazer no terem conhecimento acerca do assuntoe, tambm pelas inmeras presses que a vida moderna eles impem no dando espao paratratar de outros temas que no sejam somente o ensino.

    O projeto trata de inquietaes acerca de um fenmeno que, ultimamente, afeta odesempenho dos alunos de todos os nveis da educao bsica, e no surge na escola por si s,mas sim por uma competio desenfreada de toda uma sociedade voltada para o consumismo,

    elitismo, suprfluo, descartvel, ignorncia e outros pejorativos mas que servem para caracterizar este capitalismo desumano do mundo e de nosso pas.

    Pretende-se com este trabalho superar as corriqueiras metodologias emergenciais, etornar o CAp uma instituio mais humana, socivel, com um ambiente agradvel para todas ascrianas e jovens, por onde se possa exercer seu papel social ,sem maiores problemas.

    O objeto deste estudo , em primeiro lugar, tratar um possvel problema que tem fortesindcios de j existir pelas quesquisas, tornando pblico para toda a comunidade, criando umasoluo ou um trabalho que ir se desenvolver durante os prximos anos, para que os alunos eprofessores aprendam a lidar com o problema, atenuando-o.

    Uma das principais questes , envolver toda a comunidade, ou seja, funcionrios tcnico-administrativos, professores, alunos, famlias, e tornando parte do problema uma meta a ser superada no projeto poltico pedaggico da instituio, dar cincia a toda a comunidade(professores, alunos, famlia) do CAp da existncia dobullying, criar mecanismos que reduzam eprevinam este tipo de pratica comum em outras escolas.

    A escola deve agir preventivamente contra o bullying , pois quanto mais cedo esteproblema cessar, melhor ser o resultado para todos os alunos. Intervir imediatamente, to logo

    xiv

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    seja identificada a existncia de Bullying na escola, uma necessidade, devendo, portanto, asinstituies de ensino, se manterem em permanente estado de ateno.

    Atualmente, uma das mais significativas maneiras de se combater o bullying , por meio dacooperao de todos os envolvidos, criando uma estratgia permanente para se superar o

    problema, construindo laos solidrios e, dando a viso para os atores de todo o processo,incluindo nesta, os malefcios deste tipo de prtica. A fora da instituio e da participaoorganizada colaboraria na preveno e no controle (que no deveria ser confundido comrepresso) contra o bullying.

    A idia presente utilizar um plano de ao, entendido como monitoramento reflexivo dareproduo social. O conceito de violncia, muitas vezes, usado de forma indiscriminada parareferir-se a agresses, incivilidades, hostilidades e intolerncias. Ainda que na perspectiva ticageral, ou dos sentimentos da vtima, tais fenmenos possam reverberar como violaes de

    direitos, h que cuidar, principalmente quando se lida com crianas e jovens, dos limitesconceituais, j que no plano de recomendaes e polticas importante conceituar de formacriteriosa, por isso, no se trata de tratar a violncia escolar de uma forma simplista e sim, comouma categoria de (in)disciplina agressiva,bullying .

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    Referenciais tericos

    O primitivo e o contemporneo

    Violncia16, fato social17 presente em toda a histria do homem antes mesmo da formaodas primeiras comunidades primitivas, foi um elemento necessrio no passado, porm, hoje, setorna o grande distrbio em nossos estabelecimentos de ensino, traduzidos em uma formaagressiva de (in)disciplina, obullying .

    Todos os elementos que encarnam a violncia que assola a humanidade simbolizado,personificado, introduzido ou qualificado, sejam subjetivamente ou objetivamente nos maisvariados segmentos, elementos, produtos, identidades que movem ou constituem a nossa

    sociedade, trazendo variados efeitos em nossas instituies de ensino.Nas sociedades primitivas e indgenas, em uma metodologia explicita, a violncia era

    parte da formao do indivduo, sendo elemento que fez parte de todo princpio educativo dohomem, a qual era considerada com uma necessidade ao invs de um mal. Um exemplo quemuito bem simboliza este fato, est na obra de Florestan Fernandes sobre a estrutura social dosndios Tupinamb, no qual descreveu como os jovens daquela comunidade eram educados parase tornarem guerreiros. Em vrios momentos tais sujeitos eram expostos a atos extremos deviolncia, nos quais presenciavam cenas em que os ndios de outras tribos eram eliminados,

    constituindo-se em uma espcie de treinamento para a formao do carter do indgena:

    Os que conseguiam aprisionar um inimigo, por exemplo, melhoravamsua situao, pois mais tarde deviam sacrificar ritualmente o prisioneiro, eadquiriam um nome novo e uma personalidade diferente. O aprisionamentodo inimigo, os ritos de sacrifcios do mesmo e os ritos de renovao estavam,

    portanto, subordinados s oportunidades concedidas aos jovens pelaatribuio do status condicional de guerreiro das aspiraes matrimoniaisdesses jovens e a admisso formal a convivncias dos adultos dependiamdiretamente do sucesso alcanado por deles no desenvolvimento das trssries de provas. 18 (FERNANDES, 1989, P.231)

    16 Violncia vem tanto do latimviolentia , abuso de fora, como de violare , transgredir o respeito devido auma pessoa. Calcides, em Grgias , faz uma interessante vinculao entre o conceito grego equivalente(hybris: desmesura) e o desejo: o excesso no seno outro nome para o desejo. Da poder-se inferir que,alm das definies que situam a violncia como algo fisicamente agressor a uma individualidade, h umcomponente de prazer e de satisfao nas formas da violncia, como o demonstram as prticassadomasoquistas.17 Para mile Durkheim, fato social reconhece-se pelo poder de coero externa que exerce ou o suscetvelde exercer sobre os indivduos; e a presena desse poder se reconhece, por sua vez, pela existncia deuma sano determinada ou pela resistncia que o fato ope a qualquer iniciativa individual que tente fre-lo ou simplesmente neutraliz-lo. No entanto, podemos defini-lo tambm pela difuso que tem no interior dasociedade ou grupo social desde que, de acordo com as observaes precedentes, se tenha o cuidado deque sua existncia independente da formas individuais que o fenmeno tome ao difundir-se.

    xvi

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    A educao dos indivduos de uma sociedade indgena ou primitiva se baseava naformao para a defesa do seu grupo. A violncia era o principal aprendizado para asobrevivncia e defesa de sua sociedade. Esta forma de naturalizar a violncia durante a juventude, demonstra a importncia do processo de formao do carter do indivduo para as

    comunidades indgenas e primitivas, os rituais de passagem e iniciao eram formas pelas quaisconsistiam em um elemento cultural de formao de povos no introduzidos na civilizao, e, umaconstante formao de um indivduo que se atende s necessidades de sua comunidade setornando vis Naturali.

    Estes fatos citados anteriormente, demonstram como a violncia era utilizada na educaodas comunidades indgenas e primitivas. A exposio violncia explcita acaba por traduzir anaturalizao de uma interpretao destrutiva sobre o adversrio que, neste caso, representa amanuteno de sua existncia e daqueles que convivem em sua sociedade, para que suacomunidade local continue existindo. O entendimento mais urgente sobre essa educao para aviolncia e a necessidade de formao de um homem com caractersticas que possam mant-lovivo em um ambiente hostil, permitem compreender o motivo por que os jovens, por longosperodos da histria das comunidades primitivas e indgenas, foram educados desta forma,porm, no se presenciava um jovem de uma sociedade entrar em conflito com os demais de seugrupo.

    Quando se citam as comunidades primitivas e indgenas sobre a educao, para fazer uma anlise acerca dos meios rudimentares de formao do indivduo e, como construam umaformao que tambm introduzia praticas consideradas violentas, porm, necessrias para aquelemomento histrico ou aquela sociedade, fazendo parte das necessidades deste tipo decomunidade primitivo ou da forma de viver dos indgenas. Sua formao se consolidava sem umainstituio constituda, na qual se educou de acordo com as demandas para sua sobrevivncia:

    A sua educao no estava confiada a ningum em especial, e sim vigilncia difusa do ambiente. Merc de uma insensvel e espontneaassimilao do seu meio ambiente, a criana ia pouco a pouco seamoldando aos padres reverenciados pelo grupo. A convivncia diria eespontnea assimilao do seu meio ambiente, a criana ia pouco a poucose amoldando aos padres reverenciados pelo grupo. A conivncia diria quemantinha com os adultos a introduzia nas crenas e na praticas que o seu grupo social tinha por melhores. Presa s costas da sua me, metida dentrode um saco, a criana percebia a vida da sociedade que a cercava ecompartilhava dela, ajustando-se ao seu ritmo e s suas normas e, como suame andava sem cessar de um lado para o outro, o aleitamento durava vriosanos, e a criana adquiria sua primeira educao sem que ningum adirigisse expressamente. Um pouco mais tarde guando a ocasio o exigia, os

    18 As provas consistiam em trs etapas para a passagem do jovem para a vida adulta e para adquirir matrimnio; aprisionamento do inimigo, sacrifcio ritual e renomao do matador.

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    adultos explicavam s crianas como elas deverias comportar-se emdeterminadas circunstncias. Usando uma terminologia gosto doseducadores atuais, diramos que nas comunidades primitivas, o ensino era

    para vida e por meio da vida: para aprender a manejar o arco, a crianacaava; para aprender a guiar um barco, navegava. As crianas se educavamtomando parte nas funes, elas se mantinham, no obstante as diferenas

    naturais, no mesmo nvel que os adultos. (PONCE, 1996, p. 18-19)

    Na sociedade contempornea, a violncia um fato social desenfreado que infecta osmais diversos setores humanos, institucionais, econmicos, culturais da civilizaocontempornea. Tornou-se um problema a ser resolvido, mesmo, embora alguns setores daeconomia movimentem fortunas por meio da introduo, de maneira objetiva ou subjetiva, indo debrinquedos at filmes para adultos, de suportes claramente ou no, produtores de violncia. Estefator tem primeiro grau de importncia no setor econmico da industria cultural por exercer umaeducao que vai alm da escola, famlia e igreja. Por utilizar formas explcitas e implcitas daintroduo da violncia em seus produtos como elemento principal.

    Tanto em sociedades primitivas, indgenas ou em sociedades contemporneas, o meio, opoder local, a cultura de micro e macro espao, tem o papel de formao da criana e doadolescente. A violncia pode ser parte da cultura em qualquer espao, seja por necessidadepara a sobrevivncia em uma comunidade primitiva, ou introduzida em produtos culturais paracomercializao, dependendo de sua necessidade ou momento histrico.

    O principal cuidado sobre o olhar contemporneo, para com a sociedade primitiva, e

    exatamente os elementos permeados em conceitos e olhares modernos e ps-modernos,interpretaes unilaterais baseadas em vivncias tendo como espelho a sociedade atual, notrazendo uma anlise profunda sobre o conceito de violncia pelo qual diferencie ocontemporneo do primitivo, entendendo o papel da violncia na histria do homem.

    Estudando ambas sociedades, primitivas e contemporneas, observa-se um pontointrigante: nas sociedades primitivas a violncia no era praticada contra o indivduo de seumesmo grupo local, as leis eram mantidas culturalmente sem racionalizaes. Entretanto, nasociedade contempornea, extremamente racionalizada 19, as leis so infringidas a todo omomento. Sigmund Freud faz uma anlise sobre as leis e a agressividade humana, observandofatores existentes em decorrncia da falta de algo que a sociedade no pode oferecer parapreencher um vazio existente no ser humano:

    A existncia da inclinao para a agresso, que podemos detectar em nsmesmos e supor com justia que ela est presente nos outros, constitui o

    19 O significado a que se refere o texto sobre racional, racionalizaes, racionalizao entre outros eexatamente em o homem primitivo ter o seu aspecto moral formado em tabus por onde no tem profundoconhecimento das cincias naturais e sociais no entanto o homem contemporneo ter o pleno domniodeste conhecimento.

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    fator que perturba nossos relacionamentos com o nosso prximo e fora acivilizao a um to elevado dispndio [de energia]. Em conseqncia dessamtua hostilidade primria dos seres humanos, a sociedade civilizada se v

    permanentemente ameaada de desintegrao. O interesse pelo trabalho emcomum no a manteria unida; as paixes instintivas so mais fortes que osinteresses razoveis. A civilizao tem de utilizar esforos supremos a fim de

    estabelecer limites para os instintos agressivos do homem e manter suasmanifestaes sob controle por formaes psquicas reativas. Da, portanto, oemprego de mtodos destinados a incitar as pessoas a identificaes erelacionamentos amorosos inibidos em sua finalidade, da a restrio vidasexual e da, tambm, o mandamento ideal de amar ao prximo como a si mesmo, mandamento que realmente justificado pelo fato de nada mais ir to fortemente contra a natureza original do homem. A despeito de todos osesforos, esses empenhos da civilizao at hoje no conseguiram muito.Espera-se impedir os excessos mais grosseiros da violncia brutal por si mesma, supondo-se o direito de usar a violncia contra os criminosos; noentanto, a lei no capaz de deitar a mo sobre as manifestaes maiscautelosas e refinadas da agressividade humana. Chega a hora em que cadaum de ns tem de abandonar, como sendo iluses, as esperanas que, na

    juventude, depositou em seus semelhantes, e aprende quanta dificuldade esofrimento foram acrescentados sua vida pela m vontade deles.(FREUD,in CD)

    Comparando-se a sociedade primitiva com a sociedade contempornea, a racionalizaoe o processo civilizatrio no superaram a questo da agressividade e violncia para com o ser humano, mesmo o desenvolvimento cientfico, e a evoluo nos campos das cincias humanas esociais, o homem continua a desenvolver prticas violentas superiores aos povos primitivos.

    O homem primitivo era dirigido em suas organizaes sociais por regras, leis, cdigos deconduta formado por tabus, diferente do homem contemporneo extremamente racional, pelo qualtem o controle da razo em si sobre todas os elementos objetivos, subjetivos, cientficos, legais,entre outros. Entretanto, o homem primitivo no tinha a mesma percepo sobre a mecnicasocial que regia a sua sociedade, principalmente por suas leis, assim, como suas observaesbaseavam-se em um olhar plenamente primitivo suas regras scias assim como sua cinciafundamentava-se em crenas e tabus, assim Freud faz algumas anlises sobre esta questo:

    O que nos interessa, portanto, certo nmero de proibies s quais esses povos primitivos esto sujeitos. Tudo proibido, e eles no tm nenhumaidia por qu e no lhes ocorre levantar a questo. Pelo contrrio, submetem-se s proibies como se fossem coisas naturais e esto convencidos de quequalquer violao ter automaticamente a mais severa punio. Ouvimoshistrias dignas de f de como qualquer violao involuntria de uma dessas

    proibies de fato automaticamente punida. Um transgressor inocente, que, por exemplo, tenha comido um animal proibido, cai em profunda depresso, prev a morte e em seguida morre de verdade. Essas proibies dirigem-se principalmente contra a liberdade de prazer e contra a liberdade demovimento e comunicao. Em alguns casos tm um significadocompreensvel e visam claramente a abstinncias e renncias. Mas emoutros casos o motivo central inteiramente incompreensvel; esto

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    relacionadas com detalhes triviais e parecem ser de natureza puramentecerimonial.Por trs de todas essas proibies parece haver algo como uma teoria deque elas so necessrias porque certas pessoas e coisas esto carregadasde um poder perigoso que pode ser transferido atravs do contato com elas,quase como uma infeco. A quantidade desse atributo perigoso tambm

    desempenha seu papel. Algumas pessoas ou coisas o tm mais do queoutras e o perigo so na realidade proporcional diferena de potencial dascargas. O fato mais estranho parece ser que qualquer um que tenhatransgredido uma dessas proibies adquire, ele mesmo, a caracterstica deser proibido como se toda a carga perigosa tivesse sido transferida paraele. Esse poder est ligado a todos os indivduos especiais, como reis,sacerdotes, ou recm-nascidos, a todos os estados excepcionais, como osestados fsicos da menstruao, puberdade ou nascimento, e a todas ascoisas misteriosas, como a doena e a morte o que est associado a elasatravs do seu poder de infeco ou contgio.

    A palavra tabu denota tudo seja uma pessoa, um lugar, uma coisa ou uma condio transitria que o veculo ou fonte desse misteriosoatributo. Tambm denota as proibies advindas do mesmo atributo. E,finalmente, possui uma conotao que abrange igualmente sagrado e acimado comum, bem como perigoso, impuro e misterioso.Essa palavra e o sistema por ela denotado do expresso a um grupo deatitudes mentais e idias que parecem realmente distantes de nossacompreenso. Em particular, parece no haver nenhuma possibilidade deentrarmos em contato mais ntimo com elas sem examinarmos a crena emfantasmas e espritos que caracterstica desses baixos nveis de cultura.(Freud, in CD)

    Hegel defendia a tese de que entre a cultura e a natureza no haveria uma ciso em si, e

    que a cultura em si um processo histrico em que o homem domina a realidade. Da mesmaforma que Marx analisou o fenmeno da violncia como um elemento em que no era inerente aohomem, sendo mais um fato social de relacionamento perfeitamente supervel.

    Violncia, em Aristteles, tudo aquilo que, vindo do exterior, se ope ao movimentointerior de uma natureza. Ele se refere coao fsica, em que algum obrigado a fazer aquiloque no deseja (imposio fsica de fora contra uma interioridade absoluta e uma vontade livre),e no menciona a existncia da violncia simblica nem da violncia estrutural.

    Contudo, a violncia algo muito alm aos nossos estabelecimentos de ensino,

    adoecendo as estruturas educacionais, minando todo o projeto poltico pedaggico, como algoexterno, no controlvel se inserindo de fora para dentro, em que no estamos preparados,suficientemente, para superar.

    Contemporneo e violento

    A dinmica social contempornea segue um conjunto de relaes sociais em que seconstrem vrios de mecanismos culturais de formao da criana e do adolescente. A indstria

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    cultural em suas mais variadas representaes comerciais e simblicas, alm de ter uma funode circulao de capital, tambm formadora de carter, tendo uma funo educativa como, nosfilmes, brinquedos, msica, entre outros, sendo assim pode ser considera como uma dasprincipais influenciadoras em nossa sociedade passando despercebido e considerado uma das

    mais eminentes formas de educao para uma agressividade gratuita. Em uma pesquisa sobre amdia a American Psychological Association (APA:http://www.apa.org ), no ano de 1985,publicou um relatrio com as principais concluses sobre a influncia dos filmes violentos paracrianas e adolescentes e seus efeitos. As pesquisas agruparam em trs grandes grupos deefeitos: 1) crianas e adolescentes podem tornar-se menos sensveis a dor e ao sofrimento dosoutros. Aqueles que assistem muitos programas violentos so menos sensveis a cenasviolentas do que aqueles que assistem poucos, em outras palavras, a violncia os importunamenos, ou ainda, consideram, em menor grau, que o comportamento agressivo est errado; 2)

    crianas e adolescentes podem se sentir mais amedrontados em relao ao mundo ao seuredor. A APA relata que programas infantis tm vinte cenas violentas a cada hora, permitindoque crianas que assistam TV, pensem que o mundo um lugar perigoso; 3) crianas eadolescentes podem, provavelmente, se comportar de maneira agressiva ou nociva em relaoaos outros, ou seja, comportam-se de maneira diferente aps assistirem a programas violentosem TV. Alm disso, crianas que assistem desenhos animados, mesmo considerando-osengraados, tm maior probabilidade de bater em seus companheiros de jogos, desobedecer aregras, deixar tarefas inacabadas, e esto menos dispostas a esperar pelo que desejam, do que

    as que no assistem a programas violentos. Entendendo que as referidas pesquisas foram feitasnos E.U.A, o mais alarmante sobre este estudo saber que os efeitos dos filmes violentos,provavelmente, afetam tambm a sociedade brasileira, j que grande parte da programao dosfilmes veiculados nos canais de televiso composta de produtos norte americanos.

    A formao cultural que estes filmes trazem ao jovem , principalmente, a consolidaode cdigos de conduta excludentes para e entre adolescentes, e os efeitos se constituem emuma prtica social na qual o indivduo jovem que no se enquadre dentro das caractersticasestticas, tnicas, econmicas (classe social), seja excludo do meio social em que convive, ouseja, marginalizado.

    No ano de 2003, a ABRAPIA20 (www.abrapia.org.br ) em uma pesquisa com 5.875alunos, entre 10 e 19 anos, da 5 a 8 srie de 11 escolas do municpio do Rio de Janeiro,entre elas 9 municipais e 2 particulares, da zona sul e norte, teve o resultado de que 40, 5% dosalunos entrevistados admitiram estar envolvidos em casos de bullying21, no qual 16,9% eram

    20 Associao de Proteo a Infncia e Adolescncia.21 O termo bullying e inspirado no filme Bully, onde retrata reao violenta de jovens vtimas de humilhaese maus tratos.

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    alvos deste tipo de agresso, 10,9% se caracterizavam como vtimas e autores, 12,7% comoautores.

    Este tipo de agresso, muito comum em estabelecimentos de ensino norte americanos,fruto da cultura deste pas capitalista, atravessa as fronteiras e invade o cotidiano da juventude

    brasileira, contaminando os nossos estabelecimentos de ensino, sejam os pblicos ou privados.Os tipos de agresso so traduzidos de diversas formas, que consistem em suas mais variadasformas: ofender, humilhar, discriminar, intimidar, perseguir, assediar, aterrorizar, agredir, roubar,roubar pertences, entre outros. Ou seja, violncias fsicas e psicolgicas.

    Se for possvel que vtimas de fome e de misria assumam uma postura ablica,ou seja,inofensiva diante da realidade, possvel tambm que a carncia de outros bens sociais - taiscomo moradia, condies de higiene e sade, acesso a direitos, s condies dignas de trabalhoe exerccio da cidadania - seja suficiente para reunir as condies necessrias emergncia de

    significantes inconscientes, refratrios ao pacto social, s regras que garantem as lutasinstitucionais. O trfico e a delinqncia permitem outras estruturaes das relaes de poder,abrem as portas para pactos mais brbaros, mais propensos ao domnio de territrios e de grupospelo uso da fora bruta. Porm, o que dizer de jovens de classe mdia que, com todas ascondies e atributos materiais, sentimentais espirituais, culturais, praticam um tipo decomportamento destrutivo a outro indivduo de sua sociedade.

    O efeito da formao da cultura violenta vem sendo causado, em primeiro grau de escalapela industria cultural, trfico, nova cultura urbana, no que se refere aos elementos causadores de

    uma formao agressiva direcionada a adolescestes, sejam de classe mdia, ou de juventudeproletria. Citamos aqui um exemplo de como a industria cultual pode influenciar subjetivamente;os brinquedos caracterizados por contedos violentos em sua dinmica e simbolismo, o segmentoeconmico de materiais ldicos trata os infantes como consumidores, os nicos critrios a seremseguidos esto previstos por rgos tcnicos que guardam pela sade fsica, porem no seguemcritrio algum quanto a sade emocional e social.

    No se pode ignorar a funo educacional de todo material ldico para as crianas.Freud caracterizava o brinquedo como instrumento de construo de seu mundo infantil pelo quala criana faz pontes com a realidade e se torna instrumento imaginativo em que se constriligaes com o mundo real:

    Ser que deveramos procurar j na infncia os primeiros traos de atividadeimaginativa? A ocupao favorita e mais intensa da criana o brinquedo ou os jogos. Acaso no poderamos dizer que ao brincar toda criana secomporta como um escritor criativo, pois cria um mundo prprio, ou melhor,reajusta os elementos de seu mundo de uma nova forma que lhe agrade? Seria errado supor que a criana no leva esse mundo a srio; ao contrrio,leva muito a srio a sua brincadeira e dependi na mesma muita emoo. Aanttese de brincar no o que srio, mas o que real. Apesar de toda a

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    emoo com que a criana catequiza seu mundo de brinquedo, ela odistingue perfeitamente da realidade, e gostam de ligar seus objetos esituaes imaginados s coisas visveis e tangveis do mundo real. Essaconexo tudo o que diferencia o brincar infantil do fantasiar.(FREUD inCD)

    A banalizao da violncia a principal concluso de todo o levantamento terico sobre aagressividade de crianas e adolescente. Tudo que influencia a conduta, carter, cultura,educao, seja nos fatores econmicos ou psicolgicos, tem papis sociais, sendo passvel deinvestigao e avaliao por autoridades competentes da rea.

    Esta a nossa "doena cultural" em que a violncia expressa, sendo apenas umaderivao pblica, meditica, epidrmica, de uma sociedade cujo todo est estruturalmentecontaminado.

    Nossa "violncia inicial" convive com outras violncias genricas, advindas de um contexto

    de padronizao geral de culturas e de internacionalizao promscua de valores e de idias por parte de setores que se movimentam economicamente por intermdio de produtos culturaisdegenerativos. Nas sociedades marcadas por relaes de violncia, como a brasileira 22, aviolncia torna-se uma "simbologia organizativa, constri o caminho de identificao quedescrimina iguais e desiguais. Entre os critrios desse carter simblico da violncia, podem ser apontadas a definio de regras prprias de funcionamento, as auto-justificativas emocionais e aausncia de explicaes racionais, enfim, um sistema em que a regra de acesso o exercciopuro e simples da violncia.

    A violncia , assim, linguagem, prtica e, terica, possvel que se assume nas demaismanifestaes de cada um e as legitima. Ela organiza as relaes de poder, de territrio, deautodefesa, de incluso e excluso e constri e destri, se tornando um paradigma.

    A cultura da violncia, no Brasil, formada pela soma de um estado genrico dedecomposio do Estado burgus e dos direitos civis, decomposio inclusive de um certo pactode convivncia, conquistado nas sociedades ocidentais por meio de campanhas e processoseducacionais humanitrios, com traos eminentemente locais de violncia arraigada cultura.

    Algumas categorias de violncia

    22 redundante exemplificar porque a sociedade brasileira violenta, em oposio a toda uma culturapositivista (hoje, pela evidncia dos fatos, cada vez mais rara) que diz o contrrio, visto que a violncia estem toda parte e habita nosso cotidiano de forma estrutural e inerradicvel. Quadrilhas organizadas, mfiasde drogas, assassinatos polticos, de ndios, assassinatos comuns, chacinas dirias, massacres depresidirios, de trabalhadores sem-terra, corrupes, subornos, impunidades, sonegao solta, torcidasorganizadas, tribos urbanas, seqestros generalizados e indstria do crime so somente alguns exemplosque fazem de So Paulo e do Rio de Janeiro, por exemplo, duas das cidades mais violentas e menosseguras do mundo.

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    Na fora da precariedade dos direitos sociais e de cidadania, da fragilidade dosmovimentos de defesa do cidado e, acima de tudo, de um senso comum dominante, de que nohaver punio, indivduos agem imperturbavelmente na direo de seus interesses, revelia denormas e direitos constitudos. Age-se como num estado natural, em que a lei a do que possui o

    pedao de terra, a unidade de produo, o estabelecimento coletivo. A lei apenas uma figuraabstrata e s tem validade casustica, como recurso de autodefesa e perseguio dos inimigosconstituindo em uma forma prtica de violncia insensvel, decorrncia em parte do primeiro item,o agir vndalo consiste na destruio insensvel e inconseqente do bem pblico, dos smbolos decidadania, de urbanidade, indo at as formas elementares de interao social. o caso dacorroso dos lubrificantes culturais e a transformao das diferenas em sistemticos atritos eviolncia pura.

    Junto com a indiferena, o cinismo a marca do fim de sculo em que as lutas sociais

    perderam a fora. A violncia, inescrupulosa, oportunista ignorante e arrogante diante dasresponsabilidades, encontra no Brasil, um territrio extenso de desenvolvimento, particularmentena poltica, na atitude das empresas e nas formas de imoralidade administrativa sistematicamentedenunciadas no pas.

    Em todos os casos, existe conscincia de que a cultura tolerante diante dos excessos, osarbtrios se protegem mutuamente, os agentes buscam lucrar com os desvios 23 e os que nofazem o jogo so perseguidos, isolados ou punidos. Estes so sinais de que h uma deterioraoradical no interior de toda a estrutura social, advinda de uma podrido de raiz. Tem-se uma

    reproduo sistemtica do mesmo modelo em todos os nveis da sociedade, independente destatus ou posio. O In abstrato da violncia um tema sociolgico recente. Embora o termo jfosse utilizado na Antigidade, as sociedades s despertaram para a problematizaro da violnciaa partir de meados do sculo XIX, quando foi tema de discusso em Hegel, Marx e Nietzsche,particularmente em funo dos movimentos sociais, das revolues socialistas e dos levantes dasmassas que conturbaram o cotidiano, principalmente, europeu daquela poca.

    curioso que mesmo a Revoluo Francesa, em que o perodo do terror levou tantos guilhotina, no tenham destacado esse termo. A ao sanguinria das massas revoltosas teriadestacado antes a justia diante da falncia do Estado monrquico do que a violncia dos atos.Quando justificados por um benefcio maior, a violncia torna-se, assim, naturalizada. Como vistoanteriormente, a violncia s existe quando psicologicamente identificada como tal.

    23 A corrupo no Brasil consolidou-se no instituto do "jeitinho", que nada mais do que o reconhecimento ea legalizao (portanto, a democratizao) do arbtrio e do desrespeito. Igualmente, a "Lei de Gerson"constitui, na violncia fundadora brasileira, uma forma de "criticar aceitando", exemplo do agir cnicotupiniquim inteiramente integrado cultura nacional.constitui, na violncia fundadora brasileira, uma forma de "criticar aceitando", exemplo do agir cnicotupiniquim inteiramente integrado cultura nacional.

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    H, portanto, umas violncias clssicas, caracterizadas, segundo o ponto de vista denossa poca 24, como barbrie e monstruosidade e que no se precisa aqui repetir 25. Trata-se dasformas totalitrias de dominao (Inquisio, guerras religiosas, fascismos, o stalinismo,militarismo de Terceiro Mundo), caracterizadas pela ascenso ao poder ou sua usurpao por

    intermdio dos grupos radicais e pelas medidas ditatoriais utilizadas em graus variados e comdetalhes distintos de uso da violncia. Porm, acima de tudo, trata-se de violncias visveis,transparentes, uma "violncia exposta" (e, portanto, publicitria), fundamentalmente uma violnciacomo mdium.

    Essa violncia clssica encontra ainda algumas manifestaes no momento atual, nomais como "razo de Estado", mas pulverizada em micro-sociedades, como as mfias, os gruposarmados, as organizaes terroristas, voltadas ao massacre de inimigos, ou no interior doaparelho de Estado de naes em que no se deu a depurao totalitria, como em alguns pases

    europeus e nas atuais democracias sul-americanas 26. O trao desses grupos a existncia(muitas vezes anacrnica) de idias e ideologias justificadoras de suas aes, vinculando-as aalguns projetos familiares, sociais, religiosos ou poltico.

    Estas sociedades convivem com formas de violncia primitiva, ou seja, com bandos,quadrilhas, torcidas organizadas, skinheads , tribos, cuja caracterstica apenas a preservao daunidade tribal, da formao gregria, da unidade enquanto agrupamento. Estes no possuem umacodificao moral, uma ideologia transcendente, ou seja, no se vinculam como realizadores deum projeto especfico.

    Uma outra categoria de violncia diz respeito destruio do sagrado, dos conesculturais, das diversas manifestaes de "patrimnios" humanos, a saber, das marcas anterioresde sensibilidade esttica, de erudio filosfica, de trabalho humano, etc., que se referem no s reverncia aos resultados de geraes precedentes, bem como inteno de se evitar cair nos

    24 O juzo histrico acaba por classificar de violentas algumas aes e algumas leis da Antigidade, que,aparentemente, na poca, no portavam essa conotao. Os historiadores e alguns estudiosos sociaisfazem um julgamento retrospectivo, com "efeito retroativo", julgando, segundo os componentes deconscincia dos tempos atuais, os danos supostamente sofridos pelas pessoas que tiveram que sesubmeter a regimes de escravido, tortura, privao da liberdade, etc., direitos que s se tornaram lei apartir da Revoluo Francesa. No obstante, como sugerido acima, no texto, a ausncia de conscincia nocaracteriza esses atos especificamente de "violncia", da ser duvidoso o valor de verdade de deduesdessa natureza.25 . No que essas formas de violncia tradicional no tenham importncia, mas, elas j esto desgastadase no so mais atuais. O objetivo deste artigo , ao contrrio, apresentar as novas formas da violncia esuas manifestaes no atual26 Na Europa de ps-guerra, os pases vencidos no promoveram uma limpeza geral dos componentesfascistas; ao contrrio, reintegraram os colaboracionistas que passaram a fazer parte dos governos dereconstruo. Na Alemanha ps-1945 os comunistas voltaram a ser afastados da vida pblica e os partidosconservadores que se desnazificaram passaram a compor o novo poder. Na Itlia no houve excluso doscolaboradores na Democracia Crist e os comunistas rapidamente perderam seus postos. Nesse contexto,no estranho que um ex-colaboracionista como o ex-secretrio da ONU, Kurt Waldheim, tenha sobrevividoe alado importantes postos na poltica sua.

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    mesmos enganos. O mbito duro dessa profanao historicamente bem conhecido: destruiesbrbaras das obras da cultura romana; aniquilao turca dos monumentos gregos; devastaoeuropia das culturas indo-americanas e africanas; livros queimados e telas destrudas naAlemanha fascista; liquidao sistemtica e programada dos traos da cultura clssica chinesa

    durante a Revoluo Cultural; e tantos outros menos conhecidos.O que se destaca hoje a imploso suave de outros componentes de culturas anteriores,

    promovidas pelo nivelamento dos dados culturais ao plano da generalidade e da banalidade dacultura de massas. Trata-se do esgotamento pelo excesso 27, desgaste provocado pela conduoao extremo, pela hipertelia, como forma substitutiva de satisfao de desejos.

    Na sociedade que nivela o vazio do presente com um passado desacreditado,vandalizado, no se pode esperar nenhum salto civilizatrio. No caso brasileiro, a marca daviolncia profanatria, aplicada segundo nossa violncia fundadora, a do arbtrio difuso e

    generalizado que se impe at segunda ordem, est no processo de desmontagem das relaesmnimas de civilidade.

    Profana-se o legado passado com as formas de sua destruio, esquecimento, mutilao;profanam-se instituies pblicas com o instituto da corrupo (que violenta a ordem instituda dasprioridades, a estrutura democraticamente constituda atravs de vantagens e proveitos derivadosde posio pblica); profana-se a civilidade com o instituto das formas agressivas dorelacionamento com o outro.

    Os princpios norteadores que sempre diferenciam a sociedade contempornea das

    sociedades primitivas e justamente as aes de regulao, de normalizao, de ordenamento por onde se realizam conforme uma diviso do tempo e dos espaos apropriados, segundo umencadeamento de passos, de acordo os cdigos de conduta de sua poca. Elas no s soexecutadas, so dotadas de um sentido em seu momento, o qual se personificou em um Estadoe lei. Essas aes so empreendidas de tal modo que raramente o significado ou o sentido deseus mecanismos se transforma em objeto de reflexo sistematizada. Todavia, a ausncia deuma reflexo explcita por parte da maioria dentre aqueles que, annima e cotidianamente,praticam a educao em que se forma a moral, costumes, cultura, no nos autoriza a concluir por igual ausncia de sentidos e de significados para tais mecanismos. Os atos de legitimao dasaes so um produto da prpria ao humana e tm sua inteligibilidade na inerente instabilidadedo social. Quando o homem constri e utiliza mecanismos de regulao modernos e ps-

    27 . o conceito grego de hybris , como equivalente da violentia latina. Hybris abuso de poder, profanaoda natureza e transgresso de leis sagradas. nesse sentido a frase de Calcides, em Grgias , de ser oexcesso apenas outro nome para o desejo.

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    modernos de suas aes marca um campo de diferenciao entre homem contemporneo e ohomem primitivo.

    Mesmo assim, a clera da civilizao, onde a violncia transgride todas os conceitos denormas, cdigos, viram quase que uma cultura, que se torna um fato social oriundo de quem

    dirige toda a sociedade, tornando-se uma cultura, mesmo que esta transgrida os cdigos por estes criados.

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    Metodologia

    Ao fazer uma investigao, de extrema validade conhecer o problema para solucion-lo, a partir de uma anlise dos dados baseada em regras de investigao terica de Durkheim,tende se apresentar solues para o problema.

    A soluo para tal, s se pode obter atravs de um planejamento detalhado do que se iraobter durante a execuo da pesquisa de campo, desenvolvida em cada passo do projeto.

    Portanto se se aceita a acepo vulgar, corre-se o risco de destinguir o que deve ser confundido ou de confundir o que deve se distinguido,ignorando-se com isso o real parentesco das coisas e, conseqentemente,sua respectiva natureza. Comparar o nico meio de explicar. Assim umainvestigao cientifica s pode atingir o seu objetivo se se refere a fatoscomparveis, e tem tanto mais probabilidades de xito quanto mais certaesteja de reunir todos os que podem ser comparados de maneira eficaz.(Durkheim, p.p 11).

    Esta citao de Durkheim, na obra O suicdio , demarca o mtodo de investigao por ondeconseguiu descobrir as reais causas do auto-extermnio na frana no sculo de XIX, e serviu deexemplo como mtodo de investigao at os dias atuais.

    Pesquisa1 etapa;1. Levantamento bibliogrfico; encontrar documentos de corpo terico que tem como

    finalidade o estudo do bullying.

    2. Anlise de como a bibliografia pode ajudar a entender obullying solucionando problemano CAp.

    3. Focalizar no material a relao do conhecimento aos casos de bullying no CAp.

    2 etapa;

    1. Questionrio de pesquisa para os alunos e professores para criar a possibilidade de seidentificarem casos de bullying.

    2. Identificar no espao fsico da escola por meio de um mapa por um segundo questionrioas zonas onde se mais ocorrem casos de bullying para que se possa criar uma polticafsica de preveno ao problema, seguindo a seguinte metodologia;

    Branco para as zonas onde se sente seguro

    Amarelo as zonas onde algumas vezes se sente inseguro.

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    Vermelho as zonas onde se sente inseguro sempre.

    3 etapa:1. Avaliar a criao de uma poltica ant-bullying, sem que seja repressiva.2. Criar mecanismos de apoio s vtimas de intimidao bullying.

    3. Discutir para com a comunidade do CAp um dia de debates acerca da violncia.4. Criar condies para se identificar alvos e vtimas de bullyng.5. Avaliar por intermdio de um terceiro questionrio o entendimento que os alunos tm sobre

    o bullying no CAp.

    4 etapa;1. A partir da anlise dos resultados finais, propor uma modificao no projeto poltico

    pedaggico do CAp, partindo de uma comisso formada por professores, inspetores e

    alunos representantes de turma e do Grmio.2. Basear todas as atividades desenvolvidas, ressalvado a LDB e Estatuto da Criana e do

    Adolescente.3. Apresentar o estudo e o resultado em Seminrio, Congresso, Encontro etc., sobre as

    atividades ocorridas e as implicaes tericas e prticas.

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    Resultados esperados

    Espera-se com este projeto a reduo desta forma de agressividade entre osalunos do CAp, se tornando assim um meio para que a convivncia civilizada eharmoniosa dentro do de um estabelecimento de ensino, e se tornado parte de um objetode estudo por onde a escola possa dar alternativas as existentes da sociedade.

    Com o decorrer de um ano de trabalho atravs de pesquisas e aes concretas

    espera-se que a analise dos documentos sobre o assunto, as pesquisas, e a aoconjunta institucional e a interao entre os prprios alunos, pelo qual o colgiooferecendo alternativas a cultura global da sociedade torne o quando do bullying umelemento do passado.

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    Cronograma:

    1 etapa do projeto;

    Fases Maio Junho JulhoLevantamento bibliogrfico; encontrar documentos de corpo tericoque tem como finalidade o estudo do bullyingAnlise de como a bibliografia pode ajudar a entender o problemano CAp.Focalizar no material a relao do conhecimento aos casos debullying no CAp.

    2 etapa do projeto;

    Fase AgostoQuestionrio de pesquisa para os alunos e professores criando a possibilidade dese identificar casos de bullying.Identificar no espao fsico da escola por meio de um mapa e um segundoquestionrio as zonas onde se mais ocorrem casos de bullying;-Branco para as zonas onde se sente seguro-Amarelo as zonas onde algumas vezes se sente inseguro.-Vermelho as zonas onde se sente inseguro sempre.

    3etapa do projeto;

    Fases Setembro Outubro novembroAvaliar a criao de uma poltica ant-bullying, sem queseja repressiva.Criar mecanismos de apoio s vtimas de intimidaobullying.Discutir para com a comunidade do CAp um dia dedebates sobre a violncia.Criar condies para se identificar alvos e vitimas debullying.Avaliar por meio de um terceiro questionrio oentendimento em que os alunos tem sobre o bullying noCAp.

    4 etapa do projeto;

    Fase dezembro Janeiro fevereir o

    Maro Abril

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    Analisar os resultados finais propor umamodificao no projeto polticopedaggico do CAp, partindo de umacomisso formada por professores,inspetores e alunos representantes deturma e do Grmio.

    Resultado e apresentao de relatrio.

    Avaliao do projeto:

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    Bibliografia .

    Althusser, Louis. (1992).Aparelhos Ideolgicos do Estado: nota sobre os aparelhos ideolgicos doestado. Rio de Janeiro, RJ, Edies Graal, 1992.

    Assis, S. Crescer sem violncia: um desafio para educadores. Braslia: Ser: Superando aviolncia, 1997.Candau, V.M. Tecendo a Cidadania. Rio de Janeiro: Vozes,1996Durkheim, mile, O suicdio, traduo: Alex Martins, So Paulo, Martin Claret, 2004, pp 11. ______________, As regras do mtodo sociolgico, traduo: Pietro Nassetti, So Paulo, MartinClaret, 2004.Engels, Friedrich, Teoria da Violncia, Coleo grandes cientistas sociais, volume 17, traduo:Jose Paulo Neto, So Paulo, Editora tica, 1985, pp. 147-163.

    Enguita, Fernando Mariano (1993).Trabalho escola e ideologia: Marx e a critica da educao,Artes Medicas, Porto alegre.Freud. Sigmund, Obras Completas, Rio de Janeiro, Editora Imago, 2000.Galo, Silvio. Educao e interdisciplinaridade. In: Impulso, vol. 7, n.16. Piracicaba: Ed. Unimep,1994Hegel, G.W, Escritos pedaggicos, traduccin, Arsnio Grinzo, Fondo de cultura econmica,Madri, 1991.Http://www.abrapia.org.br , Associao Brasileira Multiprofissional de Proteo Infncia Adolescncia.Http://www.usaid.gov, Agncia dos Estados Unidos para DesenvolvimentoInternacional.Marx, Karl. Introduo crtica da economia poltica. In: MARX, Karl. Manuscritos econmico-filosficos e outros escritos. So Paulo: Nova Cultural, 1987.Marx, Karl. (1968).O Capital. Rio de Janeiro, Civilizao Brasileira, seis volumesMarx, Karl e Friedrich, Engels. (1974).Ideologia Alem, Editorial Estampa, (Partido ComunistaPortugus) dois volumes, Portugal, Lisboa,

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    http://www.abrapia.org.br/http://www.usaid.gov/http://www.abrapia.org.br/http://www.usaid.gov/
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    Kincheloe, J.L. (1997).A formao de professor como compromisso poltico: mapeando o ps-moderno. Porto Alegre, RS, Artes Medicas.Macedo, E.F. (1992) Avaliao do currculo de qumica do Colgio de Aplicao daUniversidade do Estado do Rio de Janeiro. Dissertao de Mestrado. Universidade Federal do Rio

    de Janeiro: Faculdade de Educao.Macedo, E.F. (2000a). Abracadabra: O currculo de cincias do CAp/UERJ. In: Ensinar eaprender: mltiplos sujeitos, saberes, espaos e tempos (mdia magntica). Rio de Janeiro: XEncontro Nacional de Didtica e Prtica de Ensino, p.1-12.Marcondes Filho, C. O discurso sufocado. So Paulo, Loyola, 1982. _________. Violncia poltica. So Paulo, Moderna, 1987. _________. Violncia das massas no Brasil. So Paulo, Global, 1988.Moreira, A.F.B. e Macedo, E.F. (2002). Currculo, identidade e diferena. In A.F.B.Moreira e

    E.F.Macedo (orgs). Currculo, prticas pedaggicas e identidades. Porto: PortoNietzsche, Friedrich, Escritos sobre educao, traduo: Noli Correia de Melo Sobrinho, Rio de janeiro, Puc-Rio, 2004.Fernandes, Florestan, A organizao Social dos Tupinambs, Braslia, Editora: UNB, 1989.pp231.Ponce, Anbal, Educao e luta de classes, traduo: Jose Severo de Camargo, So Paulo,Editora Cortez, 1996, pp.18 e 19.Perrenoud, Phelippe, Construir competncias desde a escola, trad. Bruno Charles Magne. Porto

    Alegre: Artes Mdicas sul, 1999.Spsito, M. P. Um breve balano da pesquisa sobre violncia escolar no Brasil. Educao ePesquisa. Revista da Faculdade de Educao da USP,2001.Zabala, Antoni. A prtica educativa: como ensinar, trad. Ernani F. da F. Rosa Porto Alegre:Artmed, 1998

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    ANEXOS QUESTIONRIOSEste questionrio tem por finalidade levantar dados sobre a agressividade, a violncia e a

    convivncia entre os alunos, no interior do CAp-UERJ.Os dados sero utilizados para a criao de um conjunto de diretrizes a seremincorporadas ao CAp-UERJ.

    ( Caso haja dvidas, favor perguntar)

    (01) De acordo com as alternativas a seguir, assinale seguro ou inseguro no querepresenta a sua proteo por parte da escola a agresses fsicas (perseguiesconstantes de alunos com socos, chutes, tapas entre outros), e agresses verbais

    (perseguies constantes com palavres, apelidos vexatrios entre outros) ( Assinalemais de uma, se desejar) No ptio: (Inseguro) (Seguro )

    Na sala de aula: (Inseguro) (Seguro )

    Na quadra de esportes: (Inseguro) (Seguro )

    Na escadas e corredores: (Inseguro) (Seguro )

    Na banheiros / vestirio: (Inseguro) (Seguro )

    No refeitrio: (Inseguro) (Seguro )

    (02) Voc j foi agredido, ou ainda sofre agresso fsica em alguns desses espaoscitados no item 01? (sim) (no) Se a resposta for sim, qual freqncia diria e semanal ?

    Diria: (01)(02) (03) (04) (05)

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    Semanal: (01) (02) (03) (04) (06) (07) (08) (09) (10)

    (03) Voc j foi agredido, ou ainda sofre agresso verbal em alguns desses espaoscitados no item 01? (sim) (no)

    Se a resposta for sim, qual freqncia diria e semanal ?

    Diria: (01) (02) (03) (04) (05)

    Semanal: (01) (02) (03) (04) (06) (07) (08) (09) (10)

    (04) Marque itens que voc considera como motivos de agresses fsicas e verbais:( Assinale mais de uma, se desejar)

    ( ) sua origem social ( ) seu modo de agir, comportamento ( ) seu desempenhoacadmico ( ) sua sexualidade ( ) sua raa e religio

    (06) Se voc se sente excludo, marque itens que voc considera como motivos de ser ou estar sendo excludo de algum grupo de alunos (as) da escola: ( Assinale mais deuma, se desejar)

    ( ) sua origem social ( ) seu modo de agir, comportamento ( ) seu desempenhoacadmico ( ) sua sexualidade ( ) sua raa e religio

    Se voc marcou alguma das respostas acima, assinale ou escreva de que grupo voc foiexcludo: ( Assinale mais de uma, se desejar)

    ( ) grupo de trabalho escolar

    ( ) grupo de colegas ou amigos

    ( ) grupo de prtica de esportes

    ( ) outros_________________________________________________

    Questionrio de Pesquisa

    Responda ao questionrio sem se identificar. Este questionrio servir para que sedesenvolvam programas que beneficiem os alunos do CAp.

    Sexo: ( ) masculina ( ) feminino. Srie....... idade...... Obs: no colocar a turma.

    1)Voc j foiagredido verbalmente no ano de 2003 ( palavro, apelido, chacota, expostoetc..) por algum aluno do IAp? ( ) Sim ( ) No

    Se marcou sim ento responda: Voc procurou a Coordenao de turno, NcleoPedaggico Cultural ou direo ? ( ) Sim ( ) No

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    Se a resposta for no responda, Por qu ?( ) medo ( ) Resolveu de Forma amigvel ( )Outros:.................................................... ..................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................

    2) Voc j foi agredido fisicamente no ano de 2003 ( soco, chute, empurro, tapa etc..)por algum aluno do IAp? ( ) Sim ( ) NoSe marcou sim ento responda: Voc procurou a Coordenao de turno, NcleoPedaggico Cultural ou direo ? ( ) Sim ( ) No

    Se a resposta for no responda, Por qu ?( ) medo ( ) Resolveu de Forma amigvel ( )Outros:.................................................... ...............................................................................................................................................................................................................................

    ...................................................................................................2) Voc j praticou algum tipo de agresso verbal no ano de 2003 ( palavro, apelido,chacota etc...) a algum aluno do CAp? ( ) Sim ( ) No

    4) Voc j praticou algum tipo de agresso fsica no ano de 2003 ( soco, chute, empurro,tapa etc..) a um aluno do CAp?( ) Sim ( ) No

    7) Voc se sente excludo pelos outros alunos de sua classe ou demais alunos do IAp.(dificuldade de fazer amizade, se organizar para fazer trabalho em grupo etc..) ( ) Sim () No

    Por qu? :...............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................8) Voc escolhe os seus amigos? ( ) Sim ( ) No

    Se a resposta for sim, diga como e por qu voc escolhe seus amigos.

    ................................................................................................................................................

    ...............................................................................................................................................................

    ................................................................................................................................................

    ..................

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