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Faculdade Castelo Branco ISSN 2316-4255

A IMPORTÂNCIA DE ENSINAR MATEMÁTICA E COMO ENSINÁ-LA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

SILVA, Grasiele Rodrigues da

RESUMO

O objetivo do presente artigo é discutir e buscar respostas: Será mesmo importante ensinar o eixo matemática na educação infantil? O que os edu-cadores compreendem sobre o ato de ensinar entrelaçando a realidade do educando? Autores renomados nos fazem referências sobre a importância de se educar cedo, e sobre a necessidade que os educadores têm de conhe-cer as teorias e como trabalhar de forma lúdica e dinâmica conteúdos que formem seus educandos cidadãos ativos para a sociedade. O presente arti-go traz os eixos temáticos na educação infantil, as múltiplas inteligências e jogos e músicas para ensinar matemática.

PALAVRAS- CHAVESEducação infantil. Matemática. Educador

INTRODUÇÃO

Historicamente, a educação infantil passou por várias transformações e vem se transformando a cada dia. A partir do momento que se entendeu a necessidade de educar como instrução e não como apenas assistencialis-mo, a educação chegou a seu “cume”.

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Para educar, sentiu-se a necessidade de ter educadores qualificados para trabalhar com as crianças e pôr a educação em prática. Assim, surgiram as primeiras diretrizes para educação infantil com o Referencial Curricular Na-cional para a Educação Infantil (RCNEI). Esse documento foi o norte para muitas escolas públicas e privadas, no sentido de auxiliá-las no cumprimento da Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional (LDBEN) 9394/96.O RCNEI de 1998 veio contemplar todas as áreas do conhecimento que abrangem a Educação Infantil, como: linguagem oral e escrita, natureza e sociedade, matemática, música, movimento e artes visuais. Ele veio norte-ar as ações pedagógicas e sugerir atividades em todos os sentidos, na edu-cação da criança. Cada área do conhecimento abordado nesse documento traz diretrizes para a ação docente. Portanto, é importante para o educa-dor saber diferenciar cada eixo para trabalhar com as crianças, não apenas torná-las repetidoras de saberes prontos. Nicolau salienta:

Se, pelo contrário, desejarmos contribuir para a formação de se-res críticos, participantes, criativos e que busquem uma renovação constante de si mesmos e da sociedade, teremos alunos como centro da ação educativa. A reflexão,a criatividade, a crítica e a troca de experiências comporão a nossa ação educativa. E a didática que elegeremos será a que favore-ce a troca ampla e aberta de experiência através das várias linguagens do ser humano. E nós, educandos e educadores “crescermos” juntos (NICOLAU, 2000, p.11).

Os educadores quando se baseiam nas teorias e buscam a cada dia se atualiza-rem sabem realmente como comandar uma sala de aula e realizam suas práti-cas de ensino com mais segurança, portanto, é preciso que haja na Educação Infantil profissionais qualificados e conscientes de seu papel na sociedade.



Além das outras propostas de conteúdos, a educação da matemática faz-se fundamental, abordando situações de aprendizagens efetivas e de quali-dade, instrumentaliza as crianças para interagir no mundo em que vivem, compreender e resolver problemas cotidianos.Portanto, sabemos que o papel do professor é fundamental em qualquer etapa da educação, que é importante o ensino da matemática desde cedo e que é através de planejamento que uma escola e a ação do educandos constroem o conhecimento.

EDUCAÇÃO INFANTIL

Todo ser humano, em qualquer fase de desenvolvimento, necessita satisfazer--se fisicamente e psicologicamente. Nos primeiros anos de vida essa necessi-dade é mais determinante, principalmente para a formação da personalidade.A formação da personalidade é construída no decorrer da vida do ser hu-mano, na família, na sociedade, na escola e no meio em que vivemos e agimos sobre ela. Assim “na realidade, toda ação física supõe ação intelec-tual” (RCNEI V.3, 1998, p. 209).Nos dias atuais, a família está dependendo ainda mais das instituições de ensino para que haja uma continuação natural da vida de família e do meio, que seja para a inserção na sociedade ou para o mercado de trabalho. Mui-tas mulheres assumem cada vez mais esse mercado de trabalho, dependo das escolas para se encarregarem da educação de seus filhos. Assim, de acordo com (NICOLAU, 2002, p. 17), “os primeiros anos de vida são fun-damentais para o desenvolvimento posterior da criança, compreende-se o valor e a necessidade da educação pré- escolar de boa qualidade”, afirman-do cada vez mais a importância da pré-escola e sua função, o desenvolvi-



mento da criança e sempre valorizando o seu social.

A educação pré-escolar visa à criação de condições para satisfazer as necessidades básicas da criança, oferecendo-lhe um clima de bem-estar físico, afetivo-social e intelectual, mediante a proposição de atividades lúdicas que provocam a curiosidade e a espontaneida-de, estimulando novas descobertas a partir do que já conhece (NI-COLAU, 2002, p. 21).

A educação infantil é uma fase de inventar, criar e produzir novos conhe-cimentos, sejam eles sociais, afetivos ou cognitivos, sendo que essa faixa etária é capaz de estabelecer relações complexas entre os elementos da realidade que se apresenta.Com base na Lei 9394/96, de Diretrizes e bases da Educação Nacional, e nos estudos mais atuais sobre a criança, pode-se afirmar que a educação infantil tem como objetivo contribuir para a formação global e harmônica da criança, propiciando-lhe grande variedade de experiências concretas, selecionadas pelo adulto a partir do conhecimento de suas características e das necessidades de sua idade.Muito se observa sobre a educação nos dias atuais, e a professora Terezinha Saraiva afirma: “A educação infantil se baseia, obrigatoriamente, nas neces-sidades e interesses das crianças que atende. Nela não se pretende ensinar, mas sim dar oportunidade para que adquiram habilidades que lhe permitam atitudes de expressão, de avaliar-se e aceitar críticas, de aceitar responsabili-dades, de prontidão para o processo de alfabetização, que se deve iniciar na primeira série do ensino de primeiro grau”. Assim, não basta apenas ensinar, mas tornar essas crianças construtoras de objetivos próprios, respeitando a faixa etária, as condições culturais e o processo de desenvolvimento que a criança vai alcançando através de suas ações no meio em que vive, atingindo níveis de conhecimentos dos quais ela própria é a construtora.



EIXOS TEMÁTICOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Pensar na Educação Infantil como um todo, como o início de uma vida educacional, requer planejamento, conteúdos e estratégias contextualiza-dos com o mundo em que os educandos estão inseridos. A cada dia faz-se necessário transformar e organizar o espaço escolar tor-nando-o um ambiente desafiador e dinâmico. Portanto, planejamento é um fator importante para a escola e para educador para guiar suas práticas e ações em sala de aula.A fim de instrumentalizar, apoiar e organizar a prática educativa, o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil passou a ser um documento es-sencial para as escolas, organizando os âmbitos e eixos da educação infantil.

Esta organização visa a abranger diversos e múltiplos espaços de elaboração de conhecimentos e de diferentes linguagens, a cons-trução da identidade, os processos de socialização e o desenvolvi-mento da autonomia das crianças que propiciam, por sua vez, as aprendizagens consideradas essenciais (RCNEI V. 1, 1998, p.45).

Para a compreensão da divisão dos eixos temáticos da educação infantil, precisa-se saber que a educação está definida em dois âmbitos de experiên-cia: Formação Pessoal e Social e Conhecimento de Mundo. Assim, confor-me descreve o documento, “Os âmbitos são compreendidos como domínios ou campos de ação que dão visibilidade aos eixos de trabalho educativo para que o professor possa organizar sua prática e refletir sobre a abrangência das experiências que propicia às crianças” (RCNEI V. 1, 1998, p.45).A organização de âmbitos e eixos favorecem os educadores para uma refle-xão de suas práticas e como um guia e um apoio para as mesmas.



Segundo o Referencial Curricular Nacional de Educação Infantil, existem seis eixos temáticos para se trabalhar com crianças, são eles: movimento, música, artes visuais, linguagem oral e escrita, matemática, e natureza e sociedade. De acordo com o documento, “Estes eixos foram escolhidos por se constituírem em uma parcela significativa da produção cultural humana que amplia e enriquece as condições de inserção das crianças na socieda-de” (RCNEI V. 1, 1998, p.46).Colaborar com a aprendizagem e com o desenvolvimento infantil significa proporcionar situações de interação, visando que os educandos aprendam a conviver, a ser e a estar consigo mesmas e principalmente com outros, em uma atitude de confiança e respeito. Significa contribuir na construção gradativa da sua identidade e autonomia.O Referencial Curricular Nacional é um documento que todas as institui-ções e profissionais devem ter acesso e conhecimento, para organizar e estruturar as ações dentro da instituição educacional. Ter conhecimento e planejar as práticas de acordo com a realidade para a construção do sujeito, desenvolver suas capacidades e propiciar a interação com a sociedade é papel do educador.

AS MULTIPLAS INTELIGÊNCIAS

A palavra inteligência é um termo forte quando nos referimos à educação, pois sabemos que cada um possui um tipo de inteligência ou várias delas. Mas como assim ter várias inteligências? Na educação, inteligência não é quando o aluno tira as melhores notas? Quando eles são ágeis, raciocinam rápido e sabem todas as respostas “na ponta da língua”? Pois é, isso não deixa de ser inteligência, mas sabemos que cada criança, em se tratando de escola, possui habilidades diversificadas, não apenas de conteúdos prontos.



Gardner realizou vários estudos sobre várias inteligências, observando sempre o desenvolvimento de diferentes tipos de capacidades e afirma:

Uma inteligência implica na capacidade de resolver problemas ou elaborar produtos que são importantes num determinado ambiente ou comunidade cultural. A capacidade de resolver problemas permi-te à pessoa abordar uma situação em que o objetivo deve ser atingi-do e localizar a rota adequada para esse objetivo. A criação de um produto cultural é crucial nessa função, na medida em que captura e transmite o conhecimento ou expressa as opiniões ou os sentimen-tos da pessoa. Os problemas a serem resolvidos variam desde teo-rias científicas até composições musicais para campanhas políticas de sucesso (GARDNER, 2007, p.21).

Inicialmente foram sete as inteligências definidas por Howard Gardner. São elas: linguística, lógico- matemática, musical, espacial, físico- cinesté-sica, interpessoal e intrapessoal. Sabe-se que todas as inteligências bem compreendidas são observáveis em sala de aula, mas as inteligências do tipo linguística e lógico- matemática são as mais valorizadas no ambiente escolar (GARDNER, 2001). Portanto, é importante apresentar algumas características das inteligências definidas pelo autor: - Inteligência Linguística: Essa inteligência é manifestada no uso da lin-guagem, seja na escrita, na fala, no significado das palavras. Tem maior capacidade de utilizar regras gramaticais e utiliza a linguagem para es-timular, transmitir informações, convencer ou simplesmente agradar. Em escritores, poetas, novelistas, teatrólogos, entre outros, podemos encontrar a inteligência linguística bem desenvolvida.- Inteligência Lógico- Matemática: O próprio nome diz tudo, é a capaci-dade lógica e matemática. Possui uma habilidade para explorar relações,



categorias e padrões, através do manipulação de objetos ou símbolos, ha-bilidade para lidar com séries de raciocínio, para reconhecer problemas e resolvê-los. Uma criança com aptidão nesta inteligência demonstra fa-cilidade para contar e fazer cálculos matemáticos e para criar notações práticas de seu raciocínio. - Inteligência Musical: Manifesta-se através de habilidade para uma sensi-bilidade para ritmos e batidas, discrimina sons, produz ou reproduz música com facilidade. Na criança há uma habilidade maior em perceber sons em seu ambiente e canta para si mesma.- Inteligência Espacial: Capacidade para perceber o mundo visual e espacial de forma precisa e habilidade para manipular objetos e formas mentalmente. Nas crianças grande potencial para jogos espaciais a atenção a detalhes visuais.- Inteligência Corporal- Cinestésica: Está relacionada com o movimento físico e o conhecimento do corpo. Utiliza o corpo para se expressar. A criança se expressa a partir de estímulos musicais ou verbais, habilidades atléticas e coordenação fina apurada.- Inteligência Interpessoal: é baseada no relacionamento interpessoal e na comunicação. Possui habilidade para entender e responder a humores, tem-peramentos, motivações e desejos de outras pessoas (medos, crenças, sen-sações...). Nas crianças desperta habilidade de distinguir pessoas e liderar outras crianças em atividades.- Inteligência Intrapessoal: Habilidade por ter acesso aos próprios sentimen-tos, auto-reflexão, sonhos e ideias. Formar conceitos verídicos sobre si mes-mo, discriminá-los e resolvê-los. E a inteligência mais pessoal de todas.Posteriormente, Gardner apresentou outras duas inteligências: a naturalís-tica e a pictórica, pouco estudadas.Após conhecer um pouco sobre cada inteligência, percebemos a importân-cia de se conhecê-las e também suas funções, sabendo assim que cada uma



vem de sua herança humana genética, sendo que umas se manifestam mais que as outras, contudo elas agem de forma integrada:

Uma vez que as inteligências se manifestam de maneiras diferentes em níveis desenvolvimentais diferentes, tanto a avaliação quanto a estimulação precisam ocorrer de maneira adequada. O que estimu-la no período de bebê seria inadequado em estágios posteriores, e vice-versa. Nos anos pré-escolares e nos anos iniciais elementares, a instrução deve enfatizar a oportunidade. È durante esses anos que as crianças podem descobrir alguma coisa sobre seus interesses e capacidades peculiares (GARDNER, 2007, p.32).

Uma inteligência que queremos trazer à tona é a inteligência lógico- mate-mática, uma das mais essenciais para os educandos e que muitas vezes não é bem trabalhada na educação infantil ou não de forma correta, pois muitos professores acabam apenas fazendo com que não se torne significativo na vida da criança. Para Gardner (2007), uma criança que esteja aprendendo os princípios matemáticos e não seja dotada da inteligência, provavelmen-te terá dificuldades durante o processo de aprendizagem. A competência é uma característica presente no que se diz respeito à mate-mática, aos cálculos, aos raciocínios lógicos. Assim, a inteligência lógico- matemática foi traduzida por Smole, que afirma:

À dimensão lógico- matemática é normalmente associada a compe-tência em desenvolver raciocínios dedutivos, em construir ou acom-panhar longas cadeias de raciocínios, em vislumbrar soluções para problemas lógicos e numéricos, em lidar com números ou outros objetos matemáticos (SMOLE, 2000, p.27)



Portanto, o professor é o mediador desse conhecimento, buscando conhe-cer ou trabalhar essa inteligência para desenvolver da criança o desejo para aprender e estimular o raciocínio lógico da criança, para desenvolver ou-tros tipos de inteligências interligadas à lógico- matemática de forma inter-disciplinar, prazerosa, lúdica e criativa.

A IMPORTÂNCIA DA MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Dentre vários conhecimentos que a criança constrói no decorrer de sua formação, a matemática ocupa um lugar em destaque na sua vida, tanto na escola, quanto no seu dia- a- dia. O termo ensinar consiste em repassar conhecimentos, isso na maioria das vezes é feito pelos educadores e é uma ferramenta de poder inestimável na construção da personalidade futura das crianças. Alguns métodos de ensi-no podem ser desenvolvidos pelos educadores, a fim de facilitar, educar e contribuir na formação humana e científica de seus educandos. Afirma Kishiomoto: “O mediador se encarrega não só de organizar, selecionar, estabelecer prioridades a certos estímulos mediados, mas também pode eliminar ou fazer certos estímulos entrarem de forma difusa na criança” (KISHIOMOTO, 2000, p.94).O Ensino da Matemática às crianças é mais uma tarefa árdua para os edu-cadores, pois esse público da educação infantil é totalmente dependente de uma educação bem capacitada e equilibrada. O educador requer qualidades diversificadas desde o gostar de criança, compreender a evolução do seu desenvolvimento emocional, cognitivo e motor, observar suas evoluções e trabalhar contextualizando-as.



Perguntas frequentes estão relacionadas às metodologias na educação in-fantil, principalmente nos anos iniciais. Não são apenas pais que veem as escolas como local em que a criança é “deixada”, porque eles precisam trabalhar. Muitos educadores pensam como eles, que as creches e escolas são apenas locais para cuidar e brincar. Então, como e o que trabalhar com as crianças nos anos iniciais? Será que eles aprendem? O cuidar e o brincar podem ser realizados de outra forma sem ser conotativo?

A expansão da Educação Infantil no Brasil e no mundo tem ocor-rido de forma crescente nas últimas décadas, acompanhando a in-tensificação da urbanização, a participação da mulher no mercado de trabalho e as mudanças na organização e estrutura das famílias. Por outro lado, a sociedade está mais consciente da importância das experiências da primeira infância, o que motiva demandas por uma educação institucional para crianças de zero a seis anos (RCNEI V.1, 1998,p.11).

Muito é discutido sobre o que ensinar e como ensinar a matemática na educação infantil, pois acredita- se que esse eixo deve ser mais cobrado no Ensino Fundamental e Médio, ocasionando assim, um perigoso fracasso em relação a ele. Diante às frequentes críticas ao modelo de ensino de matemática na educação infantil, é fundamental pensar como torná-la sig-nificativa para as crianças.A palavra para todas as respostas é o planejamento, que implica tomar de-cisões, formular objetivos, selecionar procedimentos metodológicos e os critérios e instrumentos de avaliação. Planejamento nem sempre quer dizer que vai ser conforme planejou, podem ocorrer imprevistos e deve-se estar preparado para saber lidar com eles.



[...] o planejamento é o processo de pensar as ações de sala de aula de modo amplo e abrangente, é um meio para facilitar e viabilizar a organização do trabalho e os atendimentos às necessidades dos alunos; é uma atitude crítica do educador diante de seu trabalho do-cente. Planejar é assumir e vivenciar a prática social docente como um processo de reflexão permanente (SMOLE, 2000, p.175).

Quando a criança ingressa na vida escolar, ela já possui prévios conheci-mentos de mundo, restando ao professor explorar todos esses conhecimen-tos, como afirma o autor:

Separar o máximo de dados sobre como a criança lê e dividir este conhecimento com o professor e com a criança (Quando a crian-ça vai ficando mais velha, ela mesma pode dar muita informação). Cada criança chega à escola com uma “bagagem cultural” diferente da outra, e este conhecimento deve ser considerado pelos professo-res (GARDNER, 2001, p.187-188).

As crianças são capazes de pensar e discutir sobre as relações numéricas utilizando conhecimentos de nossa própria cultura, tendo familiaridade com números e desenvolvendo as habilidades matemáticas, sendo capazes de enfrentar as necessidades do dia-a-dia, além de compreender informa-ções matemáticas. Portanto, a criança tem capacidade de construir conhe-cimentos matemáticos como: espaço, distância, comprimentos, formas, tamanhos e cores. Basta serem trabalhados seus conhecimentos de forma correta, levando seus educandos a desafios para construírem seus próprios conhecimentos, pois cada ser humano possui seu potencial. Segundo Faria:



A inteligência, por sua vez, constitui-se de um conjunto de esque-mas ou de estruturas ignoradas pelo sujeito. Geralmente uma con-duta que está atendendo às necessidades rotineiras do indivíduo não precisa ser analisada no plano consciente. Isto só acontecerá se esta conduta encontrar algum obstáculo ou resistência (FARIA, 1989, p. 11).

A matemática está presente na vida do ser humano, em tudo que o rodeia. Portanto, a escola e os educadores, cada vez mais, são o ponto de partida para a preparação do ensinar através de propostas que encorajem a explo-ração de uma grande variedade de ideias matemáticas e de outros eixos temáticos. Smole salienta:

Hoje, é sabido que as crianças não entram na escola sem qualquer experiência matemática, e desenvolver uma proposta que capitalize as ideias intuitivas das crianças, sua linguagem própria e suas ne-cessidades de desenvolvimento intelectual requerem bem mais que tentar fazer com que os alunos recitem corretamente a sequência numérica (SMOLE, 2000 p. 62).

Desde muito cedo, a criança precisa adquirir uma consciência social, co-nhecer e aceitar valores diferenciados dos colegas. Mesmo utilizando-se da concepção de que cada criança é única e que o educador precisa conhecê--las individualmente, sabe-se que ele pode utilizar um recurso valiosíssimo que é pouco explorado em sala de aula, a estratégia de grupos. Assim, o educador ao aplicar uma atividade em grupo, observará o comportamento, a aplicabilidade das funções dividas para cada um, a interação e a aceitação do outro, “o que a criança é capaz de fazer em cooperação, será capaz de fazer sozinha amanhã” (FONTES, 1999, p.129).



JOGOS E MÚSICAS UTILIZADOS EM SALA DE AULA ENVOLVENDO O EIXO MATEMÁTICA.

A matemática está presente no dia-a-dia das pessoas, em tudo que fazem, e nas escolas não é diferente. Por isso, quando um educador utiliza jogos, brincadeiras, textos, arte, músicas, na forma como a criança organiza o pensamento e outros, fazendo um link com a matemática, ela se torna mais significativa. Assim “o jogo é a forma mais espontânea de a criança entrar em contato com a realidade” (NICOLAU, 2000, p.132).Ao trabalhar com o jogo na educação infantil, o educador estimula o cog-nitivo da criança, libera e canaliza as energias, permite à criança descobrir novas maneiras de explorar seu corpo e resolver problemas, tornando esse eixo ou disciplina uma grande fonte de prazer tanto para o educador quanto para o educando. Segundo Aguiar:

O jogo é reconhecido como meio de fornecer à criança um ambien-te agradável, motivador, planejado e enriquecedor de várias habi-lidades. Na idade pré-escolar, mediante a brincadeira, a fantasia, a criança adquire a maior parte de seus repertórios cognitivos, emo-cionais e sociais (AGUIAR, 2001, p.36).

Através dos jogos, o ensino da matemática tem o objetivo de fazer com que os educandos gostem de aprender matemática, mudando a rotina da classe e despertando o indivíduo A aprendizagem através de jogos como dominó, quebra-cabeça, palavras cruzadas, memória e outros permite que o aluno faça da aprendizagem um processo interessante e divertido.



De fato, enquanto brinca, a criança pode ser incentivada a realizar contagens, comparar quantidades, identificar algarismos, adicionar pontos que fez durante a brincadeira, perceber intervalos numéricos, isto é, iniciar a aprendizagem dos conteúdos relacionados ao de-senvolvimento do pensar aritmético. Por outro lado, brincar é uma oportunidade para perceber distância, desenvolver noções de velo-cidade, duração, tempo, força, altura e fazer estimativas envolvendo todas essas grandezas (SMOLE, DINIZ E CÂNDIDO, 2000, pg. 16).

Muitas escolas põem em questão não trabalhar jogos na educação infantil, devido ao espaço físico da sala de aula ou da escola. Essa é uma questão desafiadora para o educador, pois é necessário que a brincadeira aconteça onde quer que a criança esteja, seja ambiente adequado ou não, ela brinca sempre, independente do local. Ao observar, o educador se deparará com os mais diversos tipos de movimentos das crianças, sejam elas das mais diversas culturas ou classes sociais, sempre haverá um comportamento se-melhante a todas. De acordo com Nicolau:

A autoconfiança da criança, através do jogo, é continuamente desen-volvida, pois, à medida que é desafiada e desenvolver habilidades operatórias que envolvam a identificação, a observação, a compara-ção, a análise, a síntese, a generalização, ela vai conhecendo as suas próprias possibilidades. Ela é livre para gritar, correr, expandir-se, sugerir e modificar, construindo ou não regras (NICOLAU, 2000, p.135).

Ao educador, cabe proporcionar ambientes “matematizadores” com brin-cadeiras, jogos e atividades lúdicas, interativas e desafiadoras, capazes de encorajar as crianças a solucionar, explorar possibilidades, levantar hipó-



teses, desenvolver noções matemáticas e raciocínio. Assim salienta Car-valho: “É essencial que o professor proponha aos alunos um conjunto de situações que os obriguem e os ajudem a ajustar as suas ideias e procedi-mentos, tornando-os capazes de analisar as coisas mais profundamente, de revisar e ampliar os seus conceitos” (CARVALHO, 1992, p. 88).A relação matemática e música são combinações que perfeitamente andam juntas, em perfeita sonorização.A música é um recurso que o educador pode utilizar para ensinar matemática de forma dinâmica, criativa, processual, lúdica e que envolve a todos os participantes.

Quando a criança escuta uma música, ela se concentra e tende a acompanhá-la, cantando e fazendo movimentos com o corpo. Isso desenvolve o senso do ritmo nos pequeninos. Aprendendo a ouvir, a criança pode repetir uma música, recriando-a. É importante que nós, educadores, valorizemos o ato de criação da criança, para que ele seja significativo no seu contexto de desenvolvimento. (OLIVEI-RA, BERNARDES e RODRIGUEZ, 1998, p. 103-104).

Nicolau, em seu livro: A Educação Pré- Escolar- Fundamentos e Didáticas, faz menções a palavras ditas por Forquin e Gagnard que afirmam:

Educadores precisam convencer-se de que a música é um inesti-mável benefício para a formação, o desenvolvimento, o equilíbrio da personalidade da criança e do adolescente; o acesso a música constitui-se nas possibilidades de criar, de interpretar ou de ouvir, que podem ser estimuladas, desenvolvidas e educadas (NICOLAU, 2000, p.251).



Recursos bem planejados como a musicalização, para o ensino da matemáti-ca, é um grande colaborador para a aprendizagem. Sabemos que esses recur-sos são tão importantes, que foi decretada e sancionada a lei Nº 11.769, de 18 de Agosto de 2008, alterando a Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação, para dispor sobre a obrigatoriedade do ensino da música na educação básica, devendo ser conteúdo obrigatório.Tamanha importância, sabe-se que é um recurso indispensável em sala de aula e que bem trabalhado em qualquer eixo ou disciplina se torna-se um elemento essencial para a formação da criança, pois estabelece interação, comunicação e diálogo.A linguagem musical é um conhecimento que ainda está em construção, pois o papel do ensino musical está delegado aos educadores em sala de aula, com pouca ou nenhuma qualificação para essa função. Mas, não se faz necessário obrigar um educador a trabalhar música em sala de aula, porque ela já está presente em diversas situações na vida humana, não tem como fugir desse contexto música e educação. Nas escolas, elas estão mais inseridas que nunca, na acolhida, na hora de “ninar”, na higie-nização, na despedida etc.Quando há uma relação entre jogo e música o aprendizado torna-se praze-roso e construtivo, pois envolve expressão corporal, habilidade sensório--motora, percepção e muitos outros estímulos que reagem nas crianças. Basta o educador fazer o seu papel.



Um modelo de interação de música e jogo que pode ser trabalhado na edu-cação infantil é a música da cantora Eliana:

Um, dois, três indiozinhosQuatro, cinco, seis indiozinhos

Sete, oito, nove indiozinhosDez num pequeno bote

Vinham navegando pelo rio abaixoQuando um jacaré se aproximou

E o pequeno bote dos indiozinhosQuase virou

Um, dois, três indiozinhosQuatro, cinco, seis indiozinhos

Sete, oito, nove indiozinhosDez num pequeno bote

Vinham navegando pelo rio abaixoQuando um jacaré se aproximou

E o pequeno bote dos indiozinhosQuase virouQuase virouQuase virouQuase virou

Mas não virou

(Eliana)



A partir desse recurso o educador pode realizar uma interdisciplinaridade e envolver vários eixos. A criança quando envolvida com a música, os jogos e as brincadeiras, sua aprendizagem tornam-se mais significativa. Na realidade, tudo ou qualquer material didático como livros, músicas, materiais concretos, produzidos ou confeccionados são recursos que de-vem ser utilizados pelos educadores, basta ter planejamento. Essa palavra é o que norteia o educador e a instituição educacional para conduzir suas práticas e ações.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Trabalhar com a educação infantil é desafiador, prazeroso e somatório para a vida profissional de um educador. Por ser o início de tudo, a educação infantil tem o papel de tornar cidadãos críticos e ativos na sociedade.A educação da matemática hoje é vista como fundamental, mas falta muito ser feito para que esse ensino seja repassado de forma construtiva e não pensado como uma perda de tempo, subtendendo que as crianças ainda não sabem relacionar a matemática com seu cotidiano, ao contrário, elas associam tudo a sua realidade.Os educadores devem estar a cada dia se apropriando de novos conhe-cimentos, buscando novas práticas e ações que estimulem seus alunos a construírem novas aprendizagens.Movimento, música, artes visuais, linguagem oral e escrita, matemática, e natureza e sociedade são os eixos da educação infantil, e Formação Pessoal e Social e Conhecimento de Mundo são âmbitos que a escola e os educadores devem utilizar para guiar suas ações educacionais, não só nos anos inicias, mas por toda a vida escolar. Pois, formação pessoal e social ocorre todos os dias e em qualquer idade, e conhecimento de mundo é uma bagagem de co-



nhecimentos que são atualizados a cada dia, em cada experiência vivenciada.Ter consciência da importância de ensinar desde cedo é papel do educador, não importa a idade, classe, cultura etc. Dificuldades sempre encontrarão, mas nenhum obstáculo pode ser maior que a vontade de ensinar. Como afirma Machado:

Ainda que possa ser admitida a universalidade de alguns objetivos gerais, o caminho para atingi-los sempre resultará impregnado de circunstâncias “locais”, inevitáveis, variáveis, diversificadas e fe-cundas, que dão a cor e o tom da fixação das metas ao longo do per-curso. A variedade e a complexidade do tecido social e da natureza humana tornam tais objetivos universais balizas excessivamente ge-néricas, que devem ser associadas a outras dependentes do contexto, cuja fixação é tarefa fundamental do professor. É justamente em tal tarefa que o planejamento torna-se um instrumento imprescindível ao trabalho do professor, aumentando significativamente sua res-ponsabilidade (MACHADO, 1995, p. 274).



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