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Economia e Ambiente -Licenciatura em Tecnologia e Gestão Industrial ESTSetúbal/Instituto Politécnico de Setúbal
Elsa Ferreira
1
A INTERVENÇÃO DO ESTADO NA CORRECÇÃO DAS EXTERNALIDADES NEGATIVAS
A poluição é o exemplo clássico de uma externalidade negativa e a intervenção do Estado é
construída apartir desta externalidade negativa. A intervenção do Estado na correcção de
externalidades negativas baseia-se em dois autores fulcrais PIGOU (1938) e COASE
(1960).
TAXAS PIGOUVIANAS
Pigou defende que a externalidade não pode ser tratada unicamente através de uma
negociação contratual entre as partes afectadas recomenda assim medidas coercivas por
parte do Governo ou o uso de taxas sobre a actividade poluidora. (Kahn)
As taxas pigouvianas baseiam-se no pagamento de uma taxa pelo poluidor, incidindo esta
taxa por unidade de produto, o objectivo desta taxa é fazer com que o poluidor incorpore
nos seus custos de produção (custos marginais privados), os custos que a sociedade tem
com a poluição. Assim continuando a considerar a produção de aço, no gráfico n º5, é
explicitado o objectivo da taxa pigouviana,, os custos marginais sociais são superiores aos
custos marginais privados, a eliminação da diferença entre os custos será então realizada
através da imposição da taxa que fará com que a curva de custos marginais privados se
desloque de CMP para CMP’, sendo esta taxa igual à distância vertical entre a e b. Com a
deslocação de CMP, os custos marginais privados passam a coincidir com os custos
marginais sociais e a produção de aço diminui passando de Q1 para Q*.
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2
Custos Marginais Sociais Procura
(MPB,MSB)
Q *
$
a
b
Q 1
Quantidade de aço
CMP’
CMP
Gráfico nº 5. Taxas Pigou
As taxas de Pigou incidem sobre a produção e não sobre as emissões de poluição, as taxas
que incidem directamente sobre a poluição são mais justas e mais eficazes, contudo em
alguns tipos de actividades torna-se difícil medir as emissões de poluição1, sendo que as
taxas sobre o produto a opção mais justa.
Através da solução exposta por Pigou, as externalidades são internalizadas, encontra-se aqui
a génese do Princípio do Poluidor Pagador que é aplicado no Direito Comunitário e pelos
países da OCDE ( Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico).
A INTERVENÇÃO DO ESTADO NA CORRECÇÃO DAS EXTERNALIDADES
De um modo geral considera-se cinco grandes categorias de intervenção do Estado para
corrigir as externalidades ou para limitar as falhas de mercado, são elas: a persuasão moral, 1 É o caso das emissões realizadas pelos carros, em que a taxa incide sobre a gasolina.
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a políticas directas de qualidade ambiental, a prevenção de poluição, medidas de controlo
directo e incentivos económicos. Conforme as circunstâncias em presença o Estado
utilizará o instrumento mais adequado, podendo contudo uma política ser composta por
vários destes instrumentos.
PERSUASÃO MORAL O Estado através da sua acção tenta influenciar o comportamento da sociedade, sem impor regras. ( Campanhas para a
Reciclagem) POLÍTICAS DIRECTAS DE QUALIDADE
AMBIENTAL
O Estado intervém no ambiente através de programas que abrangem plantação de
árvores, tratamento de lixo, limpeza de áreas tóxicas.
PREVENÇÃO DE POLUIÇÃO Com este instrumento o Estado intervém através de parcerias com empresas e
universidades com vista ao desenvolvimento de tecnologias mais limpas e mais lucrativas. O objectivo aqui não é tanto a correcção das
externalidades, mas evitá-las. MEDIDAS DE CONTROLO DIRECTO Este instrumento é claramente diferente dos
outros, dado que coloca restrições de comportamentos sobre os geradores de externalidades. Define comportamentos legais e comportamentos ilegais.
INCENTIVOS ECONÓMICOS Através de instrumentos económicos faz-se coincidir os interesses individuais e os
interesses sociais.
A POLUIÇÃO ECONOMICAMENTE ÓPTIMA
A Poluição envolve custos quer em termos de emissão de poluição, quer em termos de
recursos que são afectos para a diminuição ou eliminação da poluição. Assim o estudo
sobre a poluição economicamente óptima deve ser realizado tendo em atenção os custos
relacionados com a deterioração, ou com os estragos e os custos relacionados com a
despoluição.
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CUSTOS MARGINAIS DE ESTRAGOS2
A curva de custos marginais de estragos relaciona os danos provocados pela poluição (em
unidades monetárias) com uma unidade adicional de poluição, a curva é crescente e cresce
a uma taxa crescente, o que significa que à medida que a poluição aumenta, os danos
associados a uma unidade adicional de poluição também. aumentam
E 1
Função de Estragos Marginal
Est
rago
s
Gráfico nº 6. Custos Marginais de Estragos
Estragos totais provocados por E 1
Emissões Poluentes
D 1
0
Contudo existem casos particulares da curva de custos marginais de estragos, o grafico nº
7,
2 Em inglês Damage, é entendido como os danos ou prejuízos causados pela poluição.
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pode ser exemplificativo da água de um lago muito poluída em que mais uma unidade
adicional de poluição não provoca tantos danos como provocaram as primeiras unidades
de emissão de poluição.
Emissões Poluentes
E 1
Função de Estrago Marginal
prej
uízo
Gráfico 7
0
Em alguns casos a função de estragos marginais pode ser representada através de degraus,
em que os danos associados com as emissões ficam constantes para um conjunto de
valores de emissão, tornando-se depois maiores as emissões, os danos também aumentam
mas continuarão constantes para aquele conjunto de valores ( gráfico nº8).
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6
Emissões
Est
rago
E 1 E 2 E 3
D 1
D 2
D 3
Gráfico nº 8
CUSTOS MARGINAIS DE DESPOLUIÇÃO
Os custos que envolvem a emissão de poluição incluem também os custos com a
despoluição, que incluem recursos que são afectos para o esforço de eliminação ou
diminuição da poluição como sejam recursos humanos, bens de capital, energia, matérias-
primas... Neste sentido surge a curva de custos marginais de despoluição que relaciona os
custos despoluição com cada unidade adicional de emissão de poluição (conforme gráfico
nº9).
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CMD
emissões
cust
os
Gráfico nº 9.
C 1
E u E 1
custos totais de despoluição ao reduzir as emiss ões de E 1 para E u
No gráfico nº 10 mostra-se um caso particular de curva de custos marginais de despoluição,
em que o custo de eliminar as últimas unidades de emissão de poluição é menor do que o
custo de eliminar as primeiras unidades.
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8
emissões
cust
os
Gráfico nº10
E u
O nível óptimo de poluição surge então quando se minimizam os custos totais associados à
poluição (custos de despoluição e custos de danos). De acordo com o gráfico nº11, a
minimização dos custos ocorre quando os custos de despoluição são iguais aos custos de
danos que corresponde ao ponto E1 do gráfico. Se o nível de emissões fosse E2, os custos
marginais de estragos seriam superiores aos custos de despoluição, o que geraria um custo
social no valor de abc. ( gráfico 12).
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CME CMD
emiss ões
Cus
tos,
est
rago
s
Gráfico nº11
E 1 E u
P rejuízos totais
Custos totais de despoluição
CME CMD
emiss ões
Cus
tos
pre
juíz
os
Gráfico nº12
E 1 E u
P rejuízos totais
Custos totais de despoluição a
b
c
E 2 0
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Relativamente ao exposto conclui-se então que a poluição óptima, é aquela em que os
custos relacionados com os danos e com a despoluição são iguais, contudo o valor óptimo
de poluição considerado hoje, pode não ser o valor de amanhã, dado que as tecnologias
evoluem para formas mais limpas de produzir.