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7/30/2019 ANLISE SISTMICA: CONTRIBUIO TERICO METODOLGICA E APLICAES NO ESTADO DO PIAU
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actageo.ufrr.br Enviado em agosto/2011 Modificado em junho/2012 - Aceito em agosto/2012
ANLISE SISTMICA: CONTRIBUIO TERICO METODOLGICA EAPLICAES NO ESTADO DO PIAU
Systemic analysis: theoretical contribution methodology and applications in the state of Piau, Brazil
Anlisis sistmico: metodologa contribucin terica y aplicaciones en el estado de Piau, Brasil
Jefferson Paulo Ribeiro SoaresiCludia Maria Sabia de Aquinoii
Universidade Federal do Piau - Brasil
RESUMONas ltimas dcadas, os estudos na geografia envolvendo a questo ambiental tendo como suporte lgico a TeoriaGeral dos Sistemas (TGS) vm sendo amplamente disseminados. O emprego da TGS na Geografia Fsica culminoucom a criao do mtodo geossistmico, preconizado pelo russo Sotchava. A aplicao e reconhecimento dessaabordagem metodolgica na identificao e evoluo de unidades ambientais que compem a paisagem, onde asrelaes biticas e abitica so complexas fundamental no cerne da Geografia. Considerando a importncia dareferida abordagem o trabalho tem como propsito apresentar os elementos conceituais, metodolgicos e prticosdos estudos da paisagem feitos sob uma tica sistmica, alm de analisar a aplicao destes elementos em trabalhos
que tem como base de estudo o territrio piauiense. Com o intuito de alcanar tal propsito este trabalho foimetodologicamente dividido em duas partes. A primeira parte dedicou-se a estudar as bases tericas quefundamentaram o estudo sistmico da paisagem. A segunda objetivou o levantamento de estudos realizados noestado do Piau fundamentados na abordagem sistmica. O levantamento realizado revelou carncia no empregoda anlise sistmica nos estudos ambientais para o Estado do Piau. O fortalecimento do emprego desta abordagemfaz-se necessrio como forma de superar a distncia e a dualidade entre a geografia fsica e geografia humana, nabusca da promoo da unidade da cincia geogrfica.Palavras-chave: Geografia; anlise sistmica; paisagem; Piau.
ABSTRACTIn recent decades, studies in geography involving environmental issues with the software as General SystemsTheory (GST) have been widely disseminated. The use of TGS in Physical Geography culminated with the creationof geosystems method advocated by Russian Sotchava. The application and recognition of this methodologicalapproach in the identification and development of environmental units that make up the landscape, where the
relationships are complex biotic and abiotic key is at the heart of Geography. Considering the importance of thisapproach, the paper aims to present the conceptual elements, methodological and practical studies of thelandscape made from a systemic perspective, and analyze the application of these elements in works that is basedon the study area Piau. In order to achieve this goal this study was methodologically divided into two parts. Thefirst part was dedicated to studying the theoretical bases that underlie the systemic study of the landscape. Thesecond objective of the survey of studies conducted in the state of Piau based on systemic approach. The surveyrevealed a lack in the use of systems analysis in environmental studies for the state of Piau. Strengthening the useof this approach is necessary in order to overcome the distance and the duality between the physical geographyand human geography, in order to promote the unity of geographical science.Keywords: Geography; systemic analysis; landscape; Piau.
RESUMENEn las ltimas dcadas, los estudios de la geografa en relacin con cuestiones ambientales teniendo como un
apoyo lgico la Teora General de Sistemas (TGS) han sido ampliamente difundidos. El uso de TGS en GeografaFsica culmin con la creacin del mtodo propugnado por Sotchava, el mtodo geossistmico. La aplicacin y elreconocimiento de este enfoque metodolgico en la identificacin y desarrollo de las unidades ambientales queconforman el paisaje, donde las relaciones son la clave compleja bitico y abitico est en el corazn de laGeografa. Teniendo en cuenta la importancia de este enfoque, el documento tiene como objetivo presentar loselementos conceptuales, metodolgicos y prcticos de estudios del paisaje a partir de una perspectiva sistmica, yanalizar la aplicacin de estos elementos en las obras que se basa en el estado de Piau rea de estudio. Con el finde lograr este objetivo este estudio se dividi en dos partes metodolgicamente. La primera parte se dedic aestudiar las bases tericas que sustentan el estudio sistmico del paisaje. El segundo objetivo de la encuesta de losestudios realizados en el estado de Piau, basado en un enfoque sistmico. La encuesta revel una falta en el uso deanlisis de sistemas en los estudios ambientales para el estado de Piau. Fortalecimiento de la utilizacin de esteenfoque es necesario para superar la distancia y la dualidad entre la geografa fsica y geografa humana, con el finde promover la unidad de la ciencia geogrfica.
Palabras clave: Geografia; anlisis sistmico; paisaje; Piau.
ISSN 1980-5772
eISSN 2177-4307
DOI: 10.5654/actageo2012.0613.0014 ACTA Geogrfica, Boa Vista, v.6, n.13, set./dez. de 2012. pp.239-255
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INTRODUO
Na corrente Possibilista o homem e o espao
fsico terrestre sempre foram objeto de estudo
da geografia. A historicidade desta cincia
remonta ao mundo grego, considerada por
Cavalcanti (2010) como a primeira cultura
conhecida a explorar a Geografia como cincia e
filosofia. O referido autor destaca dentre outros
nomes Tales de Mileto, Periandro de Corinto,
Ptaco de Metilene, Brias de Priene, Clebulo de
Lindos, Slon de Atenas, Qulon de Esparta, e os
considera Sbios da Grcia antiga. A
sistematizao do conhecimento geogrfico
ocorreu em meados do sculo XIX, com
posterior estabelecimento de diferentes
concepes geogrficas, marcada por diferentes
definies para as categorias Paisagem, Regio,
Territrio e Lugar.
Ao traar um panorama histrico da
evoluo da geografia, percebe-se que a mesmainiciou-se como cincia sob influncia do
positivismo, onde os principais expoentes so
Humboldt, Frederick Ratzel, Vidal de La Blache,
Kant, Ritter e Harsthorne. (RODRIGUEZ,
et.al.2007). Nesse perodo o espao geogrfico
concebido sob duas correntes de pensamento:
uma Determinista e outra Possibilista. Para a
corrente Determinista, os condicionantes
naturais determinam o comportamento dos
homens. O espao ganha uma importncia vital
para o desenvolvimento das sociedades
humanas e o territrio concebido como uma
poro do espao que foi apropriado por um
determinado grupo (RODRIGUEZ, et.al.2007).
Apontado como principal agente modelador
ou transformador do espao geogrfico. Um dos
conceitos mais trabalhados por esta corrente o
da paisagem, onde a mesma definida como a
rea de ocorrncia de uma forma de vida, sendo
que a paisagem geogrfica o resultando do
trabalho humano em determinado ambiente.
Essa concepo da Geografia clssica ou
tradicional perdurou de por volta de 1840 at
meados do sculo XX (RODRIGUEZ, et.al.2007).
Posterior a Segunda Guerra Mundial
(dcadas de 50 e 60), surge uma nova concepo
geogrfica, a Teortica Quantitativa, que possui
como embasamento filosfico o neopositivismo.
Nessa concepo, que tinha Schaefer como
principal expoente, a regio o principal
conceito trabalhado (CAVALCANTI, 2010). Esta
concebida como o resultado de um processo
de classificao das unidades espaciais, tendo
como base dados estatsticos e modelos de
representao, com o objetivo de propor por
meios empricos uma organizao espacial,concebendo-a como um sistema complexo de
relaes entre seus elementos e atributos.
Nos anos 70 emerge a corrente da Geografia
Crtica, que aplica o mtodo do materialismo
histrico e dialtico geografia para fins de
anlise dos problemas socioeconmicos. Esta
corrente representou uma aproximao da
geografia com os movimentos sociais, na
procura da ampliao dos direitos civis e sociais.
Os destaques nesta corrente so: Harvey (1973),
Blaut (1975), Lacoste (1976), Smith (1977), Peet
(1978), Kropotkin, Reclus e Santos.
(CAVALCANTI, 2010).
A corrente da Geografia Crtica concebe o
espao geogrfico como o espao do homem,
sendo que esse espao o conjunto de objetos
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criados pelo homem e localizados ou
distribudos sobre a superfcie da Terra. Nessa
concepo as regies so classificadas de acordo
com o processo de produo espacial em que a
mesma esta inserida, sendo vistas assim como
formaes scio espaciais. Segundo Mendona
(2005, p.56) a geografia crtica no inseriu o
tratamento das questes ambientais no seu
temrio de preocupaes ou, quando o fez, o fez
de maneira bastante pobre.
A exploso demogrfica mundial a partir
dos anos 50, o aumento na demanda de recursos
naturais para continuidade do processo
produtivo, desencadearam uma srie de
problemas ambientais: degradao da gua, dos
solos, da cobertura vegetal, reduo da
biodiversidade e em algumas regies
desertificao. Este e outros problemas
ambientais reorientaram as discusses no cerne
da geografia fsica. A esta cincia caberiaproduzir trabalhos enfocando e tratando a
natureza sob o ponto de vista da dinmica
natural das paisagens em interao com as
relaes sociais de produo, fundamentados no
emprego da abordagem sistmica.
(MENDONA, 2005, p. 61).
Na perspectiva sistmica o espao
concebido como um conjunto de sistemas de
objetos e de aes indissociveis e
complementares. Por conta disso, o mesmo
sempre trabalhado de forma sistmica fazendo
com que estejam integrados os elementos
naturais e antrpicos. O emprego do modelo
sistmico na geografia fez surgir o mtodo
geossistmico, metodologia cientfica especfica
para os trabalhos de geografia fsica. Nessa
concepo os principais pesquisadores foram:
Sotchava (1977, 1978), Bertrand (1972), Tricart
(1977) e Troll (1950). No Brasil destacam-se
dentre outros: AbSaber (1977), Christofoletti
(1999), Troppmair (2004), Troppmair e Galina
(2006), Monteiro (1971, 2001) e Mendona (2001,
2005).
Nos anos 80 emerge embasada na filosofia
idealista do sujeito e relacionada filosofia dos
sentidos (fenomenologia) a geografia
Humanstica ou da percepo (Cavalcanti,
2010). Esta corrente tem Yi Fu Tuan como um
dos principais pesquisadores. dado nfase a
subjetividade, intuio, sentimentos e smbolos,
sendo assim, o conceito de lugar trabalhado de
forma constante como sendo o espao
geogrfico onde se consumam as relaes
afetivas do ser e onde o mesmo tem uma ligao
peculiar.
Os problemas ambientais constituem-se umfato. Analis-los para fins de minimizao
tarefa de vrias cincias, porm a geografia
destaca-se nesta misso, sobretudo, porque cabe
a esta cincia o estudo da relao entre o homem
e seu meio, entre a sociedade e a natureza.
Como afirma Mendona (2005) o tratamento
da temtica ambiental exige aes
desenvolvidas em perspectiva integrada
conforme orientaes de Sotchava (1977, 1978) e
Bertrand (1972), autores que embasaram o
presente trabalho, que objetiva realizar um
resgate da contribuio terica metodolgica da
anlise sistmica, bem como, realizar
levantamento de aplicaes desta abordagem
em estudos j realizados no estado do Piau.
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PRINCIPAIS CONTRIBUIES DA
ANLISE SISTMICA A GEOGRAFIA
FSICA
SOTCHAVA: O ESTUDO DE GEOSSISTEMAS
(1977 E 1978)
A Sotchava (1977 e 1978) coube o pineirismo
no emprego da anlise sistmica nos estudos da
paisagem, alis, o mesmo foi o primeiro no
emprego do termo geossistema. Prope que ao
se estudar a paisagem em condies normais,
devem-se observar no os componentes da
natureza, mas sim as conexes que h entre eles,
no devendo se restringir a morfologia dapaisagem, mas projetar-se para o estudo de sua
dinmica, estrutura funcional e conexes.
A proposta do estudo de geossistema foi
concebida na escola siberiana como uma base de
apoio ao planejamento e desenvolvimento
socioeconmico territorial. Para tanto, Sotchava
(1977, p. 6 ) explicava que [...] necessrioencarar a questo do estudo dos geossistemas
como formaes naturais, desenvolvendo-se de
acordo com os nveis segundo os quais atuam
sobretudo na esfera geogrfica.
Para o referido autor, geossistemas so
uma classe peculiar de sistemas dinmicos
abertos e hierarquicamente organizados, que se
subdividem em geossistemas relacionados
vida terrestre e aqueles que dizem respeito aos
mares e oceanos (Sotchava, 1977, p. 16) e que
esto em constante processo de evoluo e
transformao no decorrer do tempo, sob a
influncia humana ou de diferentes tipos de
fenmenos peridicos.
O mesmo chama a ateno para a
diferenciao entre ecossistema e geossistema,
posto no haver uma associao direta entre
esses dois termos. Dessa forma, para Sotchava
(1977, p. 17):
Ecossistemas so complexosmonocntricos nos quais o ambientenatural e suas bases abiticas so
examinadas do ponto de vista de suasconexes com os organismos. Sendoassim um conceito biolgico. J ogeossistema abrange complexosbiolgicos, possuem uma organizaode sistema mais complicada e emcomparao com os ecossistemas, temcapacidade vertical consideravelmentemais ampla. Geossistemas soplicntricos, sendo-lhes peculiar algunscomponentes crticos, geralmente
representados pela biota. De qualquerforma mesmo quando h a coincidnciaespacial entre geossitema e ecossistema,as abordagens tanto de um gegrafocomo de um ecologista so diferentes.
Com o intuito de estudar os geossistemas de
forma mais sistemtica e metodolgica props
um princpio de classificao bilateral para os
geossistemas, sendo que:
[...] a classificao deveria refletir,claramente, a hierarquia das subdivisesno mbito das paisagens existentes nanatureza; fornecer uma ideia sobre asunidades naturais homogneas dasdiversas categorias e, simultaneamente,sobre as unidades espaciais dediferentes qualidades co-subordinadasentre si, formando tambm umacategoria integral. Sendo queparalelamente a isso, a classificaodeveria refletir a dinmica, ou seja, osestados variveis do geossistema eexamin-los como derivaes de umaoutra estrutura primitiva (SOTCHAVA,1977, p. 26. ).
Sendo assim, a dual classificao foi
proposta em gemero, que a menor unidade
geograficamente homognea, e gecoro, que a
menor unidade de diferentes qualidades
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integrativas, sendo que ambos em sua
totalidade caracterizam a estrutura das
paisagens da Terra. Esta classificao serve
como auxlio na identificao da plasticidade
dos complexos naturais, algo que essencial na
previso e elaborao de padres racionais da
ao antrpica sobre a natureza.
Ressalta-se que um dos principais objetivos
dos estudos geogrficos sobre geossistemas,
fornecer subsdios para a elaborao da
prognose da paisagem, sendo que essa prognose
embasada nas caractersticas atuais do
geossistema que forma a paisagem, e na ao
antrpica que ser desenvolvida no mesmo,
sendo que apartir dessa ao elaborado um
estudo projetivo, de como sob essa ao
antrpica sobre esse geossistema ir se
desenvolver, pois para Sotchava (1977, p. 49):
O estudo de geossitemas indica anecessidade da participao dosgegrafos especializados em Geografiafsica na elaborao de projetos, mesmonos casos em que seria suficiente umaconsulta prvia a um especialista em umdeterminado setor. Sendo que aparticipao dos gegrafos naspesquisas, inspees e experimentosligados a conservao do ambiente,assume um especial significado naimportante tarefa da geografia aplicada.
Os trabalhos elaborados por Sotchava (1977
e 1978) revelam um intrnsico interesse de
fornecer medidas reguladoras das aes
modeladoras da paisagem visando, assim,
minimizar os impactos causados pelas mesmas,
alm de frizar que nesse processo se faz
necessrio presena do gegrafo, pois sem omesmo a viso do todo seria comprometida.
TRICART: ECODINMICA DA PAISAGEM
(1977)
Para Tricart (1977) o conceito de sistema o
melhor instrumento lgico que temos para
estudar os problemas ambientais. Sendo que
esse conceito permite a adoo de uma atitude
dialtica entre a necessidade da anlise, que
resulta do prprio progresso da cincia e das
tcnicas de investigao, e a necessidade de uma
viso de conjunto, capaz de ensejar uma atuao
eficaz sobre esse meio ambiente. Ainda mais, o
conceito de sistema por natureza de carter
dinmico, sendo assim o mais adequado para
estudos da dinmica ambiental.
instrudo por esse conceito de sistema que
Tricart (1977) props em seu trabalho uma
classificao ecodinmica dos meios ambientes,
onde a tica dinmica deve ser o ponto de
partida para a analise e classificao dos meios.
Sendo assim para Tricart (1977, p. 35).
A tica dinmica impe-se em matriade organizao do espao. Com o efeito,esta no consiste na interveno em ummeio inerte, que leva em consideraodados imutveis, definidos uma vez portodas, como sugere o termo inventario,ainda frequentemente usado. A aohumana exercida sobre uma naturezamutante, que evolui segundo leisprprias, das quais percebemos, de maisa mais, a complexidade. No podemosnos limitar a descrio fisiogrfica, domesmo modo que o mdico no pode secontentar com a anatomia. Estudar aorganizao do espao determinarcomo uma ao se insere na dinmicanatural, para corrigir certos aspectosdesfavorveis e para facilitar aexplorao dos recursos ecolgicos que
o meio oferece.Na sua proposta de classificao Tricart
(1977) distinguiu as paisagens em trs grandes
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tipos de meios morfodinmicos em funo da
intensidade dos processos atuais, a saber: meios
estveis, meios intergrades e os fortemente
instveis.
Para Tricart (1977) meios estveis so reas
cujo modelado evolui lentamente, muitas vezes
de maneira insidiosa, dificilmente perceptvel,
onde os processos mecnicos atuam pouco e
sempre de modo lento. A caracterizao
essencial desse tipo de meio com a lenta
evoluo, a constncia dessa evoluo,
resultante da permanncia no tempo de
combinaes de fatores, entre eles cobertura
vegetal suficientemente fechada para opor um
freio eficaz ao desencadeamento dos processos
mecnicos de morfognese; dissecao
moderada sem inciso violenta dos cursos
dgua, sem sapeamentos vigorosos dos rios, e
vertentes de lenta evoluo; ausncia de
manifestaes vulcnicas suscetveis dedesencadear paroxismos morfodinmicos de
aspecto mais ou menos catastrficos.
Meios intergrades, so reas transicionais
entre meios estveis e instveis, esses meios
caracterizam-se pela interferncia permanente
de morfognese e pedognese, exercendo-se de
maneira concorrente em um mesmo espao.
Mas as modalidades de interferncia
morfognese-pedognese variam em funo de
dois critrios: um qualitativo e outro
quantitativo, sendo que do ponto de vista
qualitativo se faz necessrio distinguir entre os
processos morfognicos que afetam unicamente
a superfcie do solo e no alteram a sucesso dos
horizontes no perfil e aqueles que agem em toda
a espessura do solo ou em uma parte importante
dessa espessura, perturbando em consequncia
a disposio dos horizontes. Do ponto de vista
quantitativo apoiamo-nos no balano
pedognese/morfognese, desde que a
instabilidade fraca, a pedognese ganha
vantagem com toda uma srie de termos de
termos de transio para os meios estveis
(TRICART, 1977).
Meios fortemente instveis, nesses meios o
elemento predominante da dinmica natural a
morfognese, fator determinante do sistema
natural, na qual os outros elementos naturais
esto subordinados. Sendo que tal situao pode
ter diferentes origens desde o vulcanismo onde
os efeitos so mais imediatos a deformaes
tectnicas e antrpicas (TRICART, 1977).
Para Tricart (1977) imprescindvel essa
classificao, pois ela auxilia na maneira
dinmica de abarcar os problemas e por
seguinte introduzir critrios de ordenao egesto do territrio. Sendo que a deciso do
poder pblico que antes de decidir deve estar
cinte das consequncias de suas decises.
BERTRAND: PAISAGEM E GEOGRAFIA
FSICA GLOBAL - ESBOO METODOLGICO
(1978)
Bertrand (1972) props o modelo sistmico
de anlise da paisagem. O autor afirma que:
estudar a paisagem antes de tudo propor um
mtodo para analis-la. Foi com esse intuito
que nos props nos anos de 1960 e 1970 o seu
modelo sistmico de anlise da paisagem. Tal
modelo veio a contribuir em prol de por fim
viso sincrtica que pairava sobre a paisagem,
pois durante muito tempo o conceito de
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paisagem ficou quase que estranho a Geografia
fsica, sendo que os estudos realizados
anteriormente nessa rea estavam ordenados de
forma inadequada.
Por conta disso, postulou que a paisagem
no deveria ser vista apenas como uma adio
disparatada de elementos geogrficos; pelo
contrrio, a paisagem deve ser vista como o
resultado de uma combinao dinmica, sendo
assim instvel, de elementos fsicos, biolgicos e
antrpicos que, reagindo dialeticamente entre si,
fazem da paisagem um conjunto nico e
indissocivel. (BERTRAND, 1972).
Balizado nesta definio Bertrand (1972)
elaborou um esboo metodolgico de
classificao da paisagem. Nesta classificao a
paisagem dividida em seis nveis tmporo-
espaciais, sendo que trs so de unidades
superiores: zona, domnio e regio, onde os
elementos climticos e estruturais so os fatoresbsicos de estruturao dessas unidades; e trs
unidades inferiores: geossistema, geofcies e o
getopo. Nos nveis inferiores os elementos
biogeogrficos e antrpicos destacam-se nessas
unidades. (BERTRAND, 1972).
A zona, o primeiro nvel de classificao, se
caracteriza por demarcar ou delimitar os
eventos que se apresentam em uma grandeza
planetria, sendo que a zona se define
primordialmente pelo seu clima e seus biomas e
acessoriamente por megaestruturas, a exemplo
da zona temperada. J o domnio designa as
manifestaes de escala continental, como o
caso do domnio das florestas tropicais. A
terceira unidade a regio, que compreende a
manifestaes de mdio e grande porte, como
o caso da regio dos cerrados e da caatinga.
Os prximos trs nveis inferiores so:
geossistema, geofcies e getopo. Estes so os
que mais dinamizam e auxiliam o trabalho
geogrfico. O geossistema acentua o complexo
geogrfico e a dinmica do conjunto e
compreende alguns quilmetros a centenas de
quilmetros quadrados. nessa escala tmporo-
espacial que ocorrem a maior parte dos
fenmenos que interferem nos elementos da
paisagem, e que provoca uma evoluo das
combinaes dialticas. (Bertrand, 1972). De
forma mais sinttica, o geossistema corresponde
combinao de fatores geomorfolgicos,
climticos, biolgicos e hidrolgicos alm de
outros.
Por conta da dinmica interna, o
geossistema no apresenta necessariamente uma
grande homogeneidade fisionmica, pelocontrrio, ele geralmente formado por
diferentes paisagens em diferentes estgios de
evoluo, sendo que esses estgios ou sistemas
de evoluo renem uma gama de formas de
energia que so complementares ou
antagnicas, que reagindo dialeticamente entre
si, determinam a evoluo geral da paisagem.
Esses sistemas de evoluo podem ser divididos
em dois conjuntos diferentes: Geossistemas em
biostasia e Geossistemas em resistasia.
Segundo Bertrand (1972) geossistemas em
biostasia, trata-se de paisagem onde a atividade
geomorfogentica fraca ou nula. O potencial
ecolgico , no caso, mais ou menos estvel. O
sistema de evoluo dominado pelos agentes e
os processos bioqumicos e a interveno
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antrpica pode provocar uma dinmica
regressiva da vegetao e dos solos, mas nunca
ele compromete o equilbrio entre o potencial
ecolgico e a explorao biolgica.
Nos geossistemas em resistasia, a
geomorfognese controla a dinmica global das
paisagens. A eroso, o transporte e a
acumulao dos detritos, levam a mobilidade
das vertentes e a uma modificao mais ou
menos acentuada do potencial ecolgico
(BERTRAND, 1972).
Os geofcies, o segundo entre os nveis
inferiores se define de forma facilmente
perceptvel no interior dos geossistemas, pois
eles correspondem a um setor fisionomicamente
homogneo onde se desenvolve uma mesma
fase de evoluo dos geossistemas. Nesta escala
a vegetao fornece os melhores critrios, sob a
forma de agrupamentos fitosociolgicos. A
extenso tmporo-espacial compreende emmdia centenas de quilmetros quadrados,
dessa forma, o geofcies representam uma
malha na cadeia das paisagens que se sucedem
no tempo e no espao no interior de um
geossistema. (BERTRAND, 1972).
Os getopos obedecem aos mesmos
princpios bsicos postulados para um geofcie,
no entanto, sua dimenso tmporo-espacial
bem mais restrita, correspondendo de
centmetros a metros quadrados. A
representao cartogrfica desta unidade exige
um inventrio geogrfico completo e
relativamente detalhado.
RODRIGUEZ, SILVA E CAVALCANTI:
GEOECOLOGIA DAS PAISAGENS (2004)
Para estes autores, o conceito de paisagem
assume diversas posies filosficas e diferentes
interpretaes cientficas. Entretanto, os mesmos
ressaltam que para a geoecologia, a noo de
paisagem natural o conceito bsico, sendo esta
concebida como uma realidade, cujos elementos
esto dispostos de maneira tal que subsistem
desde o todo e o todo desde os elementos, como
se estivessem agrupados como conexes
harmnicas de estrutura e funo
(RODRIGUEZ, et.al., 2004).
Essa viso da geoecologia da paisagem
reverte-se de significativa importncia no
mbito de uma nova perspectiva, pois
enfocada a idia de uma multidisciplinaridade,
onde por meio desta elaborado um sistema de
mtodos, procedimentos e tcnicas de
investigao com o propsito de obter um
conhecimento mais abrangente sobre o meio
natural, com os quais se pode estabelecer umdiagnstico operacional.
Sendo assim, pode-se constatar que a
geoecologia da paisagem lana-se como uma
base para o planejamento ambiental do
territrio, convertendo-se como um elemento
tanto bsico como complementar para a
elaborao de programas de desenvolvimento
econmico e social. Segundo Rodriguez et al.
(2004, p. 13):
A concepo cientfica sobre ageoecologia da paisagem, como basepara o planejamento ecolgico doterritrio, ser analisada como umsistema de mtodos, procedimentos etcnicas de investigao, cujo propsito
consiste na obteno de umconhecimento sobre o meio natural, comos quais pode-se estabelecer umdiagnstico operacional.
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Contudo, para alcanar esse objetivo
crucial que a geoecologia se aposse de aporte
terico e metodolgico sistmico, objetivando
estabelecer um sistema nico na caracterizao
da paisagem, no desenvolvimento de conceitos eprocedimentos normativos e na aplicao de
mtodos adequados para a efetuao da anlise
integrada da paisagem.
Para isso foram adotados um conjunto de
axiomas propostos por Preobazhenskii e
Aleksandrova (1988): (i) axioma sistmico, onde
o planeta terra visto como um grande sistemacaracterizado pela existncia de formaes
compostas por diferentes elementos que esto
inter-relacionados entre si; (ii) axioma
hierrquico, onde o mundo possui uma
estrutura hierrquica, na qual as propriedades
dos sistemas de nveis inferiores refletem nas
propriedades dos sistemas de nveis superiores;
(iii) axioma temporal, defende que tudo que
observamos atualmente consequncia do
desenvolvimento daquele fragmento do mundo
material que estudamos, sendo s um momento
no transcurso do desenvolvimento do passado e
futuro; (iv) axioma planetrio postula que nos
planetas do sistema solar, manifesta-se a
diferenciao do espao na dimenso planetria
e as premissas de organizao contnua dos
mesmos; (v) axioma terrestre, postula que todos
os fenmenos geogrficos, independentemente
da maneira em que se manifestam, pertencem
ao planeta Terra, isto o que determina seus
traos fundamentais. A esfera exterior
geogrfica da Terra caracterizada por umaestrutura contnua submete-se a uma
diferenciao espacial onde a substncia viva e
as aes antrpicas desempenham um papel
que condiciona em parte a evoluo do planeta.
Por fim, aparece o axioma paisagstico que
postula que a estrutura contnua da esfera
exterior da Terra, manifesta-se na presena de
partes sistmicas terrestres e aquticas,
qualitativamente diferenciadas uma das outras e
hierarquicamente subordinadas.
(PREOBAZHENSKII E ALEKSANDROVA,
1988).
A partir destes axiomas pode-se
compreender que as formaes, objetos e
processos geogrficos s podem ser
compreendidos a partir de sua manifestao
existencial no espao, e que todos estes
fenmenos geogrficos esto intimamente
ligados a certas localidades geogrficas que se
tornam independentes devido a sua situao, a
qual constitui a base para relacionar-se
espacialmente com as localidades vizinhas.Ressalte-se que estas inter-relaes so
contnuas para todos os fenmenos geogrficos,
ou seja, no existe na superfcie terrestre uma
rea de localidade isolada e segregada das
relaes geogrficas gerais. Contudo, vale
ressaltar que todos os fenmenos possuem
limites objetivos, que so impenetrveis e de
carter absoluto, isto claro, devido aos
processos de inter-relao entre os fenmenos
geogrficos (RODRIGUEZ, et.al., 2004).
A partir desse embasamento, os referidos
autores procuraram hierarquizar, atravs de
uma taxonomia, os nveis de organizao geral
das paisagens. O resultado desse estudo foi a
criao de categorias dimensionais onde as
mesmas se dividem em trs categorias gerais:
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1. A planetria que abrange a ecosfera que
tem como base de representao cartogrfica as
escalas em torno de 1:50.000.000. Tal valor
diminuto se deve ao fato dessa categoria ter a
funo de abranger fenmenos geogrficos de
grandes dimenses, de nvel global.
2. Em seguida ocorre a categoria de nvel
regional que se subdivide em continental, pas,
domnio, provncia, distrito e regio. Esta tem
como base de representao cartogrfica escalas
de 1:50.000.000 1:500.000, sendo que tal
variao se deve ao fato da subdiviso incisiva
que abrange fenmenos de dimenso
continental regional.
3. Por ltimo, aparece a categoria local que
se subdivide em trs unidades de regionalizao
sendo elas, localidade, comarca, e fcies, sendo
que as mesmas possuem como base cartogrfica
escalas que vo de 1:1000 1:500.
Os ndices diagnsticos da regionalizaogeoecolgica das paisagens no Brasil elaborados
por Rodriguez et al. (2004), constituem uma
aplicao prtica dessa taxonomia como pode
ser visto no Quadro 1. Todo este esforo de
classificao tem como objetivo auxiliar os
estudos do planejamento ecolgico.
Na proposta dos autores (op.cit.) as reas de
estudo esto classificadas de acordo com o
territrio administrativo que a mesma abrange,
quer nacional, regional, municipal e distrital.
Tal compartimentao em unidades
administrativas de fundamental importncia,
pois segundo Cavalcanti e Viadana (2007),
[...] para a obteno de uma mudana noplanejamento e desenvolvimento que
contemplem estas aes, devem-seconhecer o valor das unidadespaisagsticas, sendo necessrios novosinstrumentos que possibilitem aavaliao adequada dos recursos eservios ambientais, que acarretaro aproteo dos processos ecolgicos e a
diversidade biolgica, alm dasustentabilidade ambiental de seusrecursos.
Vale ressaltar ainda que o principal objetivo
ao elaborar essa taxonomia a viabilizao do
planejamento territorial contextualizado com as
caractersticas scio-polticas e administrativas
da rea. Sendo assim, ao analisar a obra de
Rodriguez et al. (2004), percebe-se que a mesma
fundamenta-se nas propostas de Sotchava (1977
e 1978) e de Bertrand (1972).
Sotchava (op. cit.), considera que o
conhecimento das conexes existentes, e que
compoem os geossitemas necessrio tanto para
a planificao e utilizao racional dos recursos
naturais, como tambm para interferir de acordo
com a necessidade no desenvolvimento
espontneo da natureza, visando sempre a
otimizao da relao entre o homem e os
recursos naturais, fundamentada em bases
sustentaveis.
O mtodo de Bertrand (1972) prope uma
taxonomia com o intuito de sistematizar aanlise da paisagem.
Na proposta taxonmica de Rodrigues et al.
(2004) constata-se a juno entre a ideia do
estudo da paisagem atravs de uma taxonomia
ou classificao, e a utilizao de informaes da
paisagem de forma integrada com o propsito
de, utilizando-se do prognstico, propor umplano de ao e de desenvolvimento da mesma.
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Tal diviso em unidades adminstrativas tem
como base cartogrfica respectivamente as
escalas de 1:5000.000; 1:1000.000; 1:250.000;
1:50.000; 1:5000. Alm disso, o estudo do
planejamento ecolgico dividido em doisnveis: o regional e o urbano, dando ao mesmo
um carter mais abrangente (tais explicitaes
podem ser observadas no Quadro 2)
O Quadro 2 revela a importncia da
taxonomia organizada pelos autores no auxlio
da criao de nveis de estudo para o
planejamento ecolgico.
PESQUISAS REALIZADAS UTILIZANDO A
ANLISE SISTMICA NO ESTADO DO
PIAU
As caractersticas ambientais do estado do
Piau refletem as condies de rea de transioentre o domnio das depresses interplanlticas
recobertas por Caatinga em clima semirido, as
reas de Cerrado do Planalto Central Brasileiro
e a Floresta Tropical da Amaznia (AQUINO et
al. 2006). As diferentes nuances do Estado,
ensejam a necessidade de trabalhos
fundamentados na abordagem integradasistmica.
QUADRO 1 - ndices diagnsticos da regionalizao geoecolgica das paisagens do Brasil.Fonte: Rodrigues et al (2004).
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A aplicao da anlise sistmica no Estado
manifesta-se em uma srie de trabalhos, dentre
os quais se destacam:
1. Macrozoneamento geoambiental da bacia
hidrogrfica do rio Parnaba, Rivas (1996). O estudo
apoiou-se no enfoque sistmico, empreendendo
para isso a necessria integrao dos
componentes geoambientais e socioeconmicos.
Foram identificadas unidades geoambientais de
acordo com seus atributos e propriedades que
exprimem suas potencialidades,
vulnerabilidades e limitaes. Considerando a
QUADRO 2 - Nveis espaciais e estgios de estudo do planejamento ecolgico.Fonte: Rodrigues et al (2004).
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similaridade climtica e fitoecolgica foram
identificadas 6 regies naturais. Nas regies
naturais considerando as similitudes dos
condicionantes fsicos foram identificados 19
geossistemas, e dentro destes geossistemas
considerando o elevado grau de coerncia
ecolgica foram identificadas as geofcies.
Posterior a esta identificao as regies e as
unidades menores (geossistemas e geofcies)
foram analisadas a partir da classificao
ecodinmica de Tricart (1977) em ambientes:
Estveis, Transio e Instveis. Aps a anlise
da vulnerabilidade natural do ambiente, esta foi
relacionada com as presses antrpicas. A
anlise interativa destes parmetros define a
situao ambiental da bacia. De modo geral
Rivas (1996) afirma que devido a
particularidades regionais, foram identificadas
com tendncia crescente a instabilidade,
evoluindo a ambientes instveis.2. Macrozoneamento costeiro do Estado do Piau:
Relatrio geoambiental e socioeconmico, (CEPRO,
1996). O trabalho baseou-se em concepes
metodolgicas consagradas para estudos
integrados da natureza a identificou cinco
geossistemas e oito geofcies com suas
respectivas vulnerabilidades. Os resultados
indicam que em seis das oito geofcies
identificadas h predomnio de ambientes
instveis e de transio.
3. Estudo da degradao ambiental em Gilbus-
PI. Reavaliando o Ncleo de desertificao, SALES
(1998). A autora reavaliou a degradao
ambiental do ncleo de desertificao de
Gilbus PI. Fundamentou exemplo das
contribuies de: Sotchava (1977 e1978);
Bertrand (1972) e Tricart (1977). O trabalho -se
em abordagem sistmica e identificou baseado
nas inter-relaes geolgicas, geomorfolgicas,
hidrolgicas, pedolgicas e biticas as seguintes
unidades geoambientais que refletem setores
naturais fisionmicos e funcionalmente
homogneos, a saber: I- Superfcie plana
conservada; II- Superfcie fortemente Inclinada
em processo de dissecao; III- Superfcie
suavemente Inclinada em processo de
dissecao; IV- Superfcie plana em processo de
dissecao e V- Vales da Superfcie dissecada.
Indica as Superfcie fortemente inclinada e a
Superfcie suavemente inclinada como as mais
degradadas. Foi atribuda a intensa degradao
da regio a fatores de ordem pedolgica,
geolgica, topogrfica, hidrolgica e
biogeogrfica. A eroso hdrica foi considerada
o fator de maior expressividade no
desencadeamento dos processos de degradao
nessa regio. Argumentou, ainda, que a readegradada de Gilbus no deve ser considerada
como tpica de desertificao.
4.Caracterizao ambiental das reas sob
influncia do reservatrio de Bocana (PI) com base
na compartimentao geomorfolgica, Sales & Ramos
(2000). As autoras elaboraram uma carta com as
unidades geoambientais da rea de estudo, a
saber: I- Superfcie plana conservada; II-
Superfcie dissecada em estreitos interflvios;
III- Superfcie dissecada em largos interflvios e
IV- Superfcie de acumulao. Indicam a
Superfcie dissecada em largos interflvios e a
Superfcie de acumulao, como as unidades
mais comprometidas por processo de
degradao, exigindo, portanto, aes rpidas
para fins de minimizao dos problemas
ambientais a exemplo da eroso,
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empobrecimento do solo e perda da
biodiversidade.
5. A anlise geoecolgica da paisagem:
perspectiva de organizao geoambiental na rea do
aude Caldeiro, no municpio de Piripiri, no estado
do Piau. Cavalcanti (2004a) utilizou concepo
geoecolgica da paisagem tendo como
finalidade a propor estratgias de organizao
geoambiental em uma rea representativa do
municpio de Piripiri-Pi, alm de contar com um
inventrio das unidades de paisagem e com um
diagnstico geoambiental abrangendo as
unidades naturais, antrpicas, os impactosambientais, as potencialidades e as limitaes da
rea de estudo.
6. Anlise integrada das unidades paisagsticas
na plancie deltaica do rio Parnaba-PI/MA,
Cavalcanti (2004b). Esse estudo foi efetuado na
plancie deltaica do rio Parnaba tendo como
objetivo o estudo das unidades paisagsticas,fundamentado atravs da anlise das condies
naturais e socioeconmicas decorrentes da
atividade humana. O autor empregou enfoque
sistmico e dinmico da paisagem objetivando a
explicao da realidade atual da rea, atravs do
conhecimento e comportamento dos fatores,
agentes e processos morfognicos, considerando
ainda as intervenes antrpicas. Analisou-se
tambm o atual estgio de uso e ocupao do
espao costeiro pelas atividades
socioeconmicas desenvolvidas, relacionando-
as as condies atuais e as tendncias de
evoluo. O autor aponta as potencialidades e
limitaes da rea.
7. Estudo da paisagem da caatinga piauiense no
Parque Nacional Serra das Confuses-PI, Moura
(2005). O trabalho dedica-se a analisar a
paisagem da caatinga, sua organizao espacial
e a relao das comunidades dos municipios de
Caracol, So Raimundo Nonato e Bom Jesus por
apresentarem uma relao direta com o parque.
A metodologia utilizada considera a abordagem
sistmica utilizando os procedimentos de
pesquisa bibliogrfica e pesquisa direta.
8. Praia de Macap, Lus Correia-PI: Uma
anlise geoambiental, Lima (2006). O estudo
dedica-se a analisar a situao peculiar da costa
piauiense que possui 66 km de extenso.
Sucedendo-se ao longo dessa rea restingas,
manguezais, delta esturio, dunas, recifes e
outros ambientes de alta relevncia ambiental e
extrema importncia do ponto de vista
ecolgico. Esse estudo tem como objetivo
identificar as causas e consequncias dos
condicionantes geoambientais (naturais e
antrpicos) em Macap, Lus Correia-PI, para
reunir subsdios que venham a contribuir naformulao de polticas que garantam a
proteo e o desenvolvimento socioeconmico
da rea de forma sustentvel.
9. Compartimentao geoambiental no complexo
de Campo Maior, PI: uma rea de tenso ecolgica,
Barros e Castro, (2006). Fundamentados na
perspectiva sistmica, segundo pressupostos
tericos de Sotchava (1977, 1978), e Bertrand
(1972), considerando caractersticas
ecogeogrficas (rocha-me, solo, relevo,
vegetao) e os respectivos problemas
geoambientais no Complexo de Campo Maior,
individualizaram (3) geoambientes e oito (8)
subambientes. O Complexo Vegetacional de
Campo Maior caracteriza-se segundo os autores
por geoambientes diversificados, com reas
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sujeitas a inundaes peridicas, em zona de
transio ecolgica caracterizada por uma forte
instabilidade.
10. A anlise da percepo dos referncias
paisagsticos do municpio de Pedro II, no estado do
Piau. Cavalcanti (2008) dedicou-se a atribuir
critrios para o exerccio da reambulao das
cartas planialtimtricas e caracterizao dos
condicionantes naturais do espao, aspectos
geolgicos, geomorfolgicos, associaes de solo
e drenagem, caractersticas climticas, aspectos
vegetacionais e faunsticos, alm das atividades
antrpicas e sua posterior integrao,
culminando com a anlise da percepo dos
refernciais paisagsticos.
11. Estudo da degradao/desertificao no
Ncleo de So Raimundo Nonato, Aquino (2010).
Identificou unidades ambientais no Ncleo de
So Raimundo Nonato objetivando avaliar o
risco de degradao fsica da rea. O empregoda abordagem sistmica que preconiza o
estabelecimento de unidades ambientais para
fim de anlise de fenmenos ambientais
permitiu a autora identificar com base na
geologia e hipsometria as seguintes unidades
geoambientais: Superfcie Conservada
Sedimentar, Superfcie Conservada Cristalina,
Superfcie Pediplanada, Plancie Fluvial e Vales
Pedimentados e Interplanlticos. Em cada uma
destas unidades foram analisados os seguintes
indicadores: ndice climtico, erosividade das
chuvas, erodibilidade dos solos, a declividade e
o NDVI (ndice de cobertura vegetal) dos anos
de 1987 e 2007. Os resultados indicaram que em
1987 70% e 30% da rea apresenta
respectivamente degradao moderada e alta.
Para o ano de 2007, os dados indicaram que 71%
e 29% da rea apresentou respectivamente
degradao efetiva moderada e alta. Esses
dados revelam uma situao de equilbrio
ecolgico dinmico com uma sutil tendncia de
melhoria nas condies de degradao
ambiental, posto reduo da classe de alta
degradao efetiva.
Considerando as concepes de Gegrafia
deste os primrdios das civilizaes, at o
levantamento dos trabalhos sumariados acima,
constata-se um processo de evoluo na forma
da Geografia trabalhar seu objeto de estudo: o
espao. Nesse processo evolutivo surgiram
diversas linhas de pensamento, com destaque
para a anlise sistmica da paisagem,
biogeogrfica ou geoecologia. O
desenvolvimento desta abordagem na Geografia
guarda relao direta com o crescente
incremento dos problemas ambientais, que
passou a demandar um aprimoramento quevinhesse subsidiar o planejamento ambiental. A
resposta da Geografia a essa demanda emerge
nas inmeras propostas de classificao da
paisagem quer fundamentadas em Sotchava
(1977, 1978), Bertrand (1972), Tricart (1977),
Rodrigues et al. (2004), ou mesmo da
combinao de alguma destas, que objetivam
propor um novo modelo de desenvolvimento
que leve em conta os aspectos fsicos e sociais da
rea, objetivando alcanar o desenvolvimento
sustentavl.
CONSIDERAES FINAIS
O levantamento das pesquisas realizadas
utilizando a anlise sistmica no Estado do Piau
revela que estes trabalhos ainda so esparsos e
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concentrados (norte, sul e sudeste do Estado),
havendo verdadeiros vazios espaciais (centro e
sudoeste), que denotam a carncia de estudos
mais detalhados e sistemticos sob a tica da
viso sistmica da paisagem. Essa carncia em
parte explicada pela ausncia de um aparato
tcnico-cientfico e um aporte financeiro mais
substncial que venha corroborar para a
expanso das pesquisas, por meio da formao e
aprimoramento de pesquisadores e melhoria da
infraestrutura das instituies de ensino e
pesquisa.
Constatamos tambm, que a realidadede
acerca da produo de conhecimento no estado
do Piau vem sofrendo transformaes
qualitativas a partir de 2002 com a adeso da
UFPI (Universidade Federal do Piau) ao
PRODEMA (Programa Regional de Ps-
Graduao em Desenvolvimento e Meio
Ambiente) que possui uma linha de pesquisaintitulada biodiversidade e utilizao
sustentvel dos recursos naturais, que
intensificou os estudos sistmicos da paisagem
no Estado. Estudos estes que devem ser
reforados, posto que em 2011 fra aprovado o
mestrado acadmico de Geografia pela CAPES
(Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal
de Nvel Superior) e a criao do PPGEO
(Programa de Ps-graduao em Geografia)
com duas linhas de pesquisa sendo que uma
delas dedica-se a estudos regionais e
geoambientais.
Dessa forma podemos vislumbrar um
cenrio de transformao, onde paulatinamente
as deficncias regionais devam ser mitigadas de
modo que em um futuro prximo tenhamos no
estado do Piau um repertrio satisfatrio e
heterogneo de estudos fundamentados na
anlise sistmica, das diversas paisagens que
compem o mosaico do territrio piauiense,
dando assim, subsdios para o planejamento e
gesto do mesmo.
NOTAS
i Graduando em Geografia pela Universidade
Federal do Piau (UFPI).
E-mail: [email protected]
ii Doutora em Geografia pela UniversidadeFederal de Sergipe (UFS); Professora da
Universidade Federal do Piau (UFPI).
E-mail: [email protected]
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