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O CRIME COMO UM PROBLEMA SOCIOLÓGICO: Modelos teóricos em questão Professora: Gisele Alves

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O CRIME COMO UM PROBLEMA SOCIOLÓGICO: Modelos teóricos em questão

Professora: Gisele Alves

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BREVE HISTÓRICO DOS SISTEMAS DE PUNIÇÃO. A palavra pena provém do latim poena e do grego poiné, e tem o significado

de inflição de dor física ou moral que se impõe ao violador da lei.

A primeira modalidade de pena foi consequência da chamada vingança

privada, que visava primordialmente a retribuição do mal. A vingança

poderia ser exercida não somente por quem sofreu o dano, mas também por

seus parentes ou pelo grupo social em estava inserido.

Tal vingança é característica nas sociedades selvagens e também na

antiguidade.

No período da vingança, surge a Lei de Talião, que naquele dado momento

histórico tratava-se de um avanço, pois inaugura o princípio da

proporcionalidade.

Ainda durante a antiguidade inicia-se a fase da chamada composição, que

substitui a punição corporal por uma utilidade material (entrega de

materiais, armas, etc.) que deve ser dada pelo ofensor ao ofendido.

Mais tarde surge a figura do árbitro, que é um terceiro estranho à relação

conflituosa, que tinha a competência de definir quem estaria coma razão. Tal

atribuição era geralmente conferida aos sacerdotes e aos anciãos.

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BREVE HISTÓRICO DOS SISTEMAS DE PUNIÇÃO.

Posteriormente no período medieval , o Estado chama para si a responsabilidade de resolução dos conflitos (exercício da jurisdição) e de aplicação das penas (titularidade do Jus Puniend – Direito de Punir).

A modalidade das penas durante a antiguidade e no período medieval variou muito. A privação da liberdade como pena principal é recente na história da humanidade, tendo sido utilizada durante os dois períodos mencionados com caráter meramente custodial, ressalvadas as prisões de estado e eclesiásticas na idade média.

Até o século XVIII as penas mais utilizadas eram: morte, corporais, infamantes, e em casos menos graves a pena pecuniária, sendo a prisão uma necessidade meramente “processual”. No segunda metade do século XVI surgiram na Inglaterra e na Holanda as chamadas casas de correção que eram utilizadas como medida cautelar, ou seja, para guardar o acusado para a aplicação da pena corporal.

Até praticamente o período iluminista, as penas possuíam um caráter aflitivo, ou seja, o corpo humano era o objeto da retribuição do mal, somente a partir do fim do século XVIII, as penas corporais começam a ser substituídas aos poucos pela pena privativa de liberdade. Foucault analisando tal mudança, conclui que o sofrimento deixa de recair no corpo, e passa a atingir a alma.

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BREVE HISTÓRICO DOS SISTEMAS DE PUNIÇÃO.

O início do século XVI marca o que se convencionou chamar de Idade Moderna, e neste período começa a ganhar força a aplicação das penas privativas de liberdade. Neste século também foi aplicada uma das penas mais cruéis até então existentes – a pena de galera., que consistia na utilização de condenados que foram sentenciados à morte, e demais condenados por crimes graves ou prisioneiros de guerra, para trabalharem nas galeras dos navios militares remando incessantemente.

Esse período é marcado também pelo surgimento das Casas de Correção, que são consideradas as antecessoras das prisões modernas, que surgem somente ao longo do século XVIII. Tais Casas de Correção aparecem em um período em que o desterro, os açoites, e a execução eram os principais instrumentos de política social na Inglaterra.

Em 1530 foi publicado um Estatuto na Inglaterra que obrigava a realização de um registro de vagabundos, em que se distinguia os incapacitados para o trabalho, a quem era permitido mendigar, e os demais, que não poderiam exercer a mendicância, nem receber qualquer tipo de caridade, sob pena de serem açoitados até sangrar. Por solicitação do clero inglês castelos acolheriam ladrões, ociosos, vagabundos, e autores de pequenos delitos, com o fim de reforma através do trabalho obrigatório e da displina.

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BREVE HISTÓRICO DOS SISTEMAS DE PUNIÇÃO.

Esse foi um período em que mão-de-obra do preso era intensamente explorada, sob o argumento de que com o trabalho duro e penoso reformaria o delinquente.

Com a chegada do século XVIII, por conta dos ideais iluministas, até meados do século XIX, foram sendo desenvolvidos novos sistemas penitenciários (Sistema Auburniano, Sistema Progressivo Inglês, Sistema Progressivo Irlândes, Sistema de Elmira e Sistema de Montesinos), procurando-se preservar a dignidade da pessoa humana. Importantes reformadores destacam-se: Cesare Beccaria, John Howard e Jeremy Bentham.

O período iluminista teve fundamental importância no pensamento punitivo, uma vez que com apoio na “razão”, o que outrora era praticado despoticamente, agora exigia um processo penal com exigência de provas que justificassem a condenação do acusado. Por intermédio de um raciocínio jusnaturalista passa-se a reconhecer direitos inerentes ao ser humano (direito a ampla defesa, ao devido processo legal, a igualdade processual, a definição de condutas criminosas por leis, a proporcionalidade das penas, etc.).

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BREVE HISTÓRICO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE.

Idade Antiga

Regida pela adoção da vingança privada. Prevalece a aplicação de penas corporais, assim como a composição de danos. Havia ainda a possibilidade de prisão por dívidas. Submissão do acusado a interrogatórios cruéis.

Pena privativa de liberdade com caráter custodial.

Período Medieval

A pena privativa de liberdade continua a ter um caráter custodial, salvo poucas exceções (Prisão de Estado e Prisão Eclesiástica).

Prevalece a aplicação de penas corporais, e uso das ordálias como meio de prova. As penas são muito cruéis, e geralmente executadas publicamente, promovendo-se um espetáculo de terror. É a partir deste período que a vingança cede lugar para o Jus Puniendi do Estado.

Idade Moderna

Início do século XVI, momento em que a pena privativa de liberdade começa a se consolidar como a sanção retributiva.

Marca o surgimento das casas de correção, que utilizavam os ociosos, desempregados, mendigos, criminalizados com o fim de serem utilizados como mão-de-obra indispensável para impulsionar o Mercantilismo.

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CIÊNCIA CRIMINOLÓGICA

Conceito e distinção com o Direito Penal.

Para Antonio García-Pablos de Molina “Criminologia é uma ciência empírica e interdisciplinar que tem por objeto o crime, o criminoso, a vítima, e o controle social do comportamento delitivo; e que aporta uma informação válida, contrastada e confiável, sobre a gênese, dinâmica e variáveis do crime – contemplado este como fenômeno individual e como problema social, comunitário; assim como sua prevenção eficaz, as formas e estratégias de reação ao mesmo e as técnicas de intervenção positiva no infrator”.

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DISTINÇÃO COM O DIREITO PENAL

Para Luiz Flávio Gomes (2008) a Criminologia pertence ao campo das ciências empíricas, isto significa que seus objetos de estudo (crime, criminosos, vítima e controle social) estão inseridos no mundo do real, do verificável, e não no mundo dos valores. A criminologia pretende conhecer a realidade para explicá-la, se aproxima do fenômeno criminal procurando obter uma informação direta.

Já o Direito Penal se incumbe de valorar, ordenar, e orientar a realidade, com apoio de critérios axiológicos (valorativos), e observa o crime somente por um prisma do modelo típico definido na norma jurídica.

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BREVE HISTÓRIA DA ORIGEM DO PENSAMENTO CRIMINOLÓGICO

Período Pré-Científico – Abrange desde a

antiguidade até o surgimento do trabalho de

Beccaria ou de Lombroso.

Período Científico – Há uma controvérsia

sobre o nascimento da criminologia. A maioria da

doutrina se filia a opinião de que isso se deu com

o aparecimento da Escola Posivista, com o

trabalho de Cesare Lombroso. No entanto, uma

outra parcela da doutrina entende ter a

criminologia nascido com o trabalho de Cesare

Beccaria, representante da Escola Clássica.

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DISTINÇÕES ENTRE ESCOLA CLÁSSICA E A POSITIVISTA.

De acordo com Sérgio Salomão Shecaira, a “Escola Clássica enraíza sua ideias exclusivamente na razão iluminista e a Escola Positivista, na exacerbação da razão confirmada por meio de experimentação.

Clássicos focaram seus estudos no fenômeno do crime.

Positivistas focaram sua observação sobre o autor do fenômeno criminal. (criminoso).

Foi a busca por um método criminológico, suas finalidades e funções, que deu início ao embate entre essas duas escolas, resultando no nascimento da criminologia como ciência autônoma em relação ao Direito Penal.

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ESCOLA CLÁSSICA E O CRIME.

A partir da segunda metade do século XVIII ocorre um movimento de crítica à legislação penal vigente, que era caracterizada por sanções criminais cruéis. Tal movimento traz no bojo de suas obras a defesa das liberdades individuais.

Esta escola surge em meio à decadência da estrutura econômica feudal – baseada na propriedade feudal da terra, na servidão camponesa e na industria manufatureira, que determinavam as relações de classe e a ideologia reinante à epoca.

Fundamentada no Jusnaturalismo , baseado na ideia de direito natural e no Contratualismo, que define ser o Estado e a ordem jurídica frutos do livre acordo entre os homens, que renunciam a seus direitos em prol da ordem e segurança comum.

Os dois maiores expoentes da Escola Clássica são : Cesare Beccaria e Francesco Carrara, sendo este último o grande responsável pela criação da dogmática jurídica.

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ESCOLA CLÁSSICA E O CRIME.

A obra de Beccaria, “Dos delitos e das Penas”, expressa o contrato social baseado na pregação da igualdade absoluta entre homens, sendo considerado delinquente aquele que rompe o pacto social.

O homem é um ser racional, por isso um comportamento ilegal para eles seria fruto da irracionalidade.

Beccaria procurou fundamentar a legitimidade do direito de punir, bem como definir critérios de sua utilidade, a partir do postulado do contrato social. Para ele eram ilegítimas todas as penas que não tem por fim a salvaguarda do contrato social. (tutela de interesses de terceiros) , e inúteis todas as que não sejam adequadas a evitar violações futuras, especialmente as que são ineficazes na prevenção geral (convencer a comunidade a não delinquir).

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ESCOLA CLÁSSICA E O CRIME.

Francesco Carrara é o grande responsável pela criação da dogmática penal. Para ele o crime não é um ente de fato, é um ente jurídico, que consiste na violação de um direito, e a punição daquele que o produziu, baseia-se no seu livre arbítrio.

Inaugura-se aqui o princípio da legalidade que define o crime como o comportamento que, necessariamente, vai de encontro a uma lei.

Para os clássicos, à medida que o homem possuía livre arbítrio, poderia escolher entre fazer o bem ou o mal, sendo assim responsável por seus atos, responsabilidade esta que indicava a legitimidade da punição.

A principal conclusão é que esta escola se preocupa mais com o delito, do que com a personalidade do delinquente.

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ESCOLA CLÁSSICA E O CRIME.

O delito é percebido como fruto da violação do pacto entre os homens, que à luz do contrato social eram igualmente identificados, diferenciando-se apenas por ocasião da violação do contrato que caracterizava o delito e apontava o ser irracional que o cometera.

A punição para os clássicos é uma retribuição jurídica que tem como objetivo o reestabelecimento da ordem externa violada., e também a retribuição do mal , fundada na defesa do direito. (Ideologia da defesa social).

A pena era para os Clássicos uma medida de repressão, aflição e possuía caráter pessoal, e deveria ser aplicada ao autor de uma fato criminoso que agiu com vontade e capacidade de entendimento, o que fundamentava sua culpa. (reprovação)

O método de estudo possível de aplicar a tal forma de pensar é o método lógico-abstrato ou o dedutivo.

Os Clássicos refletiram a formação jurídica adotada pela ideologia burguesa, que possui os seguintes pilares: igualdade perante a lei, responsabilidade do indivíduo por seu comportamento social.

Critica-se tal escola afirmando que esses pilares contradizem a realidade, especialmente no aspecto da igualdade legal.

Tal escola, no entanto, responsável pelo direito penal liberal, introduziu uma série de princípios e garantias na ordem jurídica-social, que até então não eram observados: legalidade, proporcionalidade, devido processo legal, entre outros.

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ESCOLA POSITIVISTA E O FENÔMENO CRIMINAL.

Surge como uma crítica ao pensamento clássico sobre o

crime, que entendia este apenas como um fenômeno

jurídico.

O positivismo criminológico estabeleceu como meta

conseguir explicar o comportamento desviante, e para tanto

adaptou o método das ciências naturais.

Explicam o desvio como natureza do sujeito criminoso,

produzida por causas desconhecidas e não controláveis.

Para eles o desvio não possui determinação política, mas

sim natural.

A compreensão do comportamento desviante depende da

imparcialidade do cientista social, que deve estar livre de

interesses e valores para conhecer o objeto em estudo

(tarefa impossível).

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ESCOLA POSITIVISTA E O FENÔMENO CRIMINAL.

Esta escola tenta explicar causalmente o comportamento social, argumentando que a compreensão das relações causais possibilita a prevenção e a previsão do comportamento delituosos, que possui explicações naturais e não políticas.

O Positivismo explica o desvio como natureza do sujeito criminoso, produzida por causas não conhecidas, nem mesmo controladas por ele. O comportamento criminosos é encardo como natureza anti-social do homem, internalizando no sujeito a causa do desvio.

Esta escola ao criar uma noção de que o comportamento desviante não possuía determinação política, e sim determinação natural, preserva de questionamentos a ordem social vigente.

Para verificar as causas do comportamento desviante, o positivismo estabelece como condição a imparcialidade científica, ou seja, a ciência social deve ser neutra, devendo o cientista estar livre de interesses e valores para melhor conhecer seu objeto de estudo, o que sabemos hoje ser impossível. Os positivistas ao tentar usar tal “imparcialidade” dedicavam-se ao seu objeto de estudo de estudo, no caso o comportamento desviante, a partir de um conceito de crime, que varia conforme condições de tempo, lugar, sistema de organização social, e limita-se aos comportamentos conhecidos pelos aparelhos de controle social. (Como ser imparcial assim?)

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ESCOLA POSITIVISTA E O FENÔMENO CRIMINAL.

A escola positivista abordou o crime através de dois aspectos: Biológico, Sociológico e Jurídico.

Biológico (fase antropológica – Principal representante: Lombroso) explica o comportamento desviante pela natureza hereditária do criminoso.

Sociológico (fase sociológica – Principal representante: Ferri) reconhece o comportamento desviante como produto do ambiente e, portanto adquirido socialmente.

Jurídico (fase jurídica – representante: Garofalo) seu papel foi o de criar para Escola Positivista, um sistema jurídico baseado nos seguintes postulados: a- responsabilidade penal fundamentada na periculosidade; b- o fim da pena é a prevenção especial; c- direito de punir justificado pela teoria da defesa social; d- definição de delito natural. Garofalo foi um grande defensor da pena de morte para os delinquentes natos, segundo a concepção lombrosiana.

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ESCOLA POSITIVISTA E O FENÔMENO CRIMINAL.

A fase antropológica da Escola Positivista (Positivismo Biológico) que teve como expoente máximo Cesare Lombroso, utilizou-se dos ensinamentos da antropologia em geral, demonstrando a anormalidade do criminoso e de seu ato, a partir da verificação de problemas orgânicos e psíquicos, hereditários ou adquiridos que apontassem para a tendência à prática delitiva. Esta posição foi inspirada por ideias evolucionista, na segunda metade do século XIX, e gerou a concepção de criminoso nato.

Lombroso admitia como hipóteses básicas as seguintes: o delito é um fenômeno da natureza; o criminoso, propriamente dito, é nato; o criminoso é idêntico ao louco moral; e o criminoso nato constitui um tipo especial.

Lombroso reconhecia o criminoso nato e as demais tipologias pela estigmatização física: estudos anatômicos (tamanho de crânio), estudos cromossomáticos, dentes imperfeitos, tatuagens, dedos irregulares, etc., estabelecendo uma tipologia de criminosos que ia desde o hereditário, louco, criminoso de ocasião, epilético e movido por paixão.

O Positivismo para tanto se utilizava da anatomia , fisiologia, psicologia e outras disciplinas para determinar o comportamento desviante e, mais precisamente, o tipo de sujeito capaz de praticar este comportamento.

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ESCOLA POSITIVISTA E O FENÔMENO CRIMINAL.

A principal ideia que o positivismo biológico pregou era que o criminoso nato se caracterizava por ser um indivíduo predisposto ao crime devido às anormalidades físicas. (Dissertação Gisele Alves - p. 22).

Muitas críticas atingem esta teoria: deficiências metodológicas das técnicas estatísticas; invalidade dos indicadores biológicos que apontam o criminoso nato; e não constatação de que os indicadores das anomalias biológicas são, muitas vezes provenientes da origem social e da divisão social do trabalho. Tudo isso demonstrou que o positivismo biológico não avaliou que a tipologia não é só determinada biologicamente, porque os corpos também são produtos da realidade social e do modo de existir em um contexto social, cultural e histórico. E são tais fatores que se expressam na população carcerária desde aquela época, quase toda proveniente de uma mesma camada social e exposta às mesmas dificuldades ditadas pela divisão social do trabalho, acúmulo de capital e meios de produção.

Os Positivistas se esforçaram para provar que a hereditariedade é o fator fundamental do crime, negando o conteúdo social do comportamento, negando assim que a determinação do crime possa ser ditada pela significação ideológica da ordem social vigente.

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ESCOLA POSITIVISTA E O FENÔMENO CRIMINAL.

Na Fase Sociológica da Escola Positivista, surge a sociologia criminal que começa a ser consolidada por Ferri. Este justificava a punição do sujeito pelo fato deste ser um membro da sociedade, desenhando a ideia de defesa social através da intimidação geral. O positivismo sociológico posicionava-se, não pela responsabilidade moral, mas sim, pela responsabilidade social, prevenia também especialmente, a sociedade. Inaugura-se com Ferri a concepção de recuperação, só não considerou que isso fosse possível para a tipologia dos criminosos habituais.

O positivismo sociológico reduziu os fenômenos sociais em duas categoriais: normais e anormais (patológicos). O normal é socialmente funcional, pois adapta-se ao conjunto do corpo social, já o anormal, que não é socialmente funcional, não é adaptável, além de se adequar às alterações do corpo da sociedade (subculturas), desviando-se do status quo. Para Ferri o comportamento socialmente patológico, foge às regras determinadas pelo corpo social, e resulta “ou de defeitos individuais congênitos ou de socialização deficiente devido a esforços insuficientes da sociedade na transmissão das normas morais a cada geração.

Tudo acima demonstra que o positivismo sociológico é mero aspecto do positivismo biológico, completando-a.

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ESCOLA POSITIVISTA E O FENÔMENO CRIMINAL.

O positivismo sociológico também inspirou o positivismo jurídico

(criminológico) de Garofalo, que trouxe no bojo de sua obra influências

darwinistas. Seu papel foi o de criar para a Escola Positivista, um sistema

jurídico baseadfo nos seguintes postulados:

a- responsabilidade penal fundamentada na periculosidade.

b- o fim da pena é a prevenção especial;

c- direito de punir justificado pela teoria da defesa social.

d- definição de delito natural.

Garofalo era grande defensor da pena de morte para os delinquentes que

demonstrassem absoluta incapacidade de adaptação social, ou seja, os

delinquentes natos.

Para Escola Positivista o delito é considerado um fenômeno natural e

social, sendo a pena a única forma de defender a sociedade de tal mal, e

prevenir outros, sendo o método experimental o mais adequado para

conhecer o crime, o criminoso, a pena e o processo, e todos os demais

objetos do direito penal.

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IDEOLOGIA DA DEFESA SOCIAL

E o que é ideologia da defesa social/ou do fim? Tal ideologia surge contemporaneamente à revolução burguesa, e se impôs como elemento essencial do sistema jurídico burguês, especialmente no setor penal. Esta é a ideologia que fundamenta tanto as clássicas como positivistas.

A ideologia da defesa social se fundamenta nos seguintes princípios segundo Barata:

Princípio de legitimidade – O Estado como expressão da sociedade está legitimado para reprimir a criminalidade, da qual são responsáveis determinados indivíduos por meio de instâncias oficiais de controle social (legislador, polícia, magistratura, instituições penitenciárias). Tais instituições interpretam a legítima reação da sociedade, ou da grande maioria dela, dirigida à reprovação e condenação do comportamento desviante individual e à reafirmação dos valores e das normas sociais.

Princípio do bem e do mal - O delito é um dano para a sociedade. O delinquente é um elemento negativo e disfuncional do sistema social. O desvio criminal é, pois, o mal; a sociedade constituída, o bem.

Princípio da culpabilidade – O delito é expressão de uma atitude interior reprovável, porque contrária aos valores e às normas presentes na sociedade, mesmo antes de serem sancionadas pelo legislador.

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IDEOLOGIA DA DEFESA SOCIAL

Princípio de igualdade – A criminalidade é violação da lei penal, e como tal, é o comportamento de uma minoria desviante. A lei penal é igual para todos. A reação penal se aplica de modo igual aos autores de delitos.

Princípio da prevenção ou da finalidade – A pena não tem ou não tem somente, a função de retribuir, mas de prevenir o crime. Como sanção abstratamente prevista em lei, tem a função de criar uma justa e adequada contra motivação ao comportamento criminoso, e como sanção concreta, exerce a função de ressocializar o delinquente.

Princípio do interesse social e do delito natural – O núcleo central dos delitos definidos nos códigos penais das nações civilizadas representa ofensa de interesses fundamentais, de codificações essenciais à existência de toda a sociedade. Os interesses protegidos pelo direito penal são interesses comuns a todos os cidadãos.

Em pese a ideologia da defesa social em um dado momento histórico ter se apresentado como um avanço, verifica-se que do ponto de vista da sociologia criminal, há algum tempo ela (ideologia da defesa social) se apresenta como elemento legitimador do sistema penal e de praticas penais autoritárias e inclusive desumanas.

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IDEOLOGIA DA DEFESA SOCIAL

A sociologia criminal moderna já nega uma série de princípios norteadores da Ideologia da defesa social como: princípio do bem e do mal, princípio da culpabilidade (subculturas delinquentes com valores próprios), princípio do fim/da prevenção, princípio da igualdade e princípio do interesse social e do delito natural. (Os interesses que estão na base da formação e da aplicação do direito penal são os interesses daqueles grupos que têm o poder de influir sobre os processos de criminalização – os interesses protegidos pelo direito penal não são, pois, interesses comuns a todos os cidadãos - a criminalidade é uma realidade social criada através do processo de criminalização, portanto a criminalidade e o direito penal têm sempre natureza política).

Percebemos que esta ideologia, reforçada mais modernamente pela teoria do direito penal do inimigo, e em nome da defesa absoluta e a qualquer custo da sociedade, justifica cada vez mais este criação desenfreada de novos crimes, a exasperação das penas e supressão de garantias.

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MÉTODO DA CRIMINOLOGIA – ORIUNDO DO POSITIVISMO CRIMINOLÓGICO.

A criminologia moderna adota o método científico empírico e interdisciplinar.

A criminologia ganha status de ciência quando o positivismo criminológico emprega o método empírico, baseado na análise, observação e indução da realidade, substituindo o método abstrato, formal e dedutivo dos clássicos.

O método empírico garante um conhecimento mais confiável e seguro do problema criminal.

Segue-se a essa observação da realidade a adoção do princípio da interdisciplinaridade, em que se usa diversas disciplinas científicas em cooperação uma com a outra, com o fim de explicar os dados colhidos na realidade, produzindo-se assim um saber próprio do que seria produzido por qualquer disciplina de forma independente. Diversos métodos e técnicas de investigação foram desenvolvidos: reconhecimento médico, entrevistas, questionários, observação, etc.

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OBJETOS DA CRIMINOLOGIA

A criminologia dedica seus estudos modernamente para análise dos seguintes objetos: Delito, Delinquente, Vítima e Controle Social.

1- Delito – É um fenômeno humano e cultural. O direito penal trabalha com 3 conceitos: formal, material e analítico, predominando o último, que define o delito como fato típico, ilícito e culpável.

2- Delinquente – Enquanto o delito foi a principal preocupação da Escola Clássica, o delinquente, por sua vez foi a preocupação primordial da Escola Positivista. Na moderna criminologia o estudo do homem delinquente ficou em segundo plano, em razão do giro sociológico experimentado por ela, que superou as análises individualistas da pessoa do infrator, e colocou seu enfoque na explicação político-criminal da conduta delitiva e do controle social sobre esta.

O delinquente é examinado em suas interdependências sociais, como unidade biopsicossocial, e não de uma perspectiva biopsicopatológica, como fazia a criminologia tradicional.

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OBJETOS DA CRIMINOLOGIA

3- Vítima – O valor do estudo da vítima para ciência criminológica, e para o Direito é inquestionável. Há quem entenda que o estuda da vítima, consitui uma ciência a parte, a Vitimologia.

Destacaremos tal tema separadamente.

4- Controle social/ Reação social sobre o comportamento criminoso.

Trata-se de tema extremamente relevante, com amplas definições, especialmente a partir do giro sociológico da criminologia, especialmente a partir da década de 60, e por isso será abordado separadamente também.

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VITIMOLOGIA

Introdução histórica - Vitimologia foi primeiramente abordada pelo advogado Benjamin Mendelsohn. Após a Segunda Guerra, Mendelsohn através de pesquisas procurava entender os fatores que faziam os judeus continuarem trabalhando na organização e administração internas dos campos de concentração, mesmo frente à possibilidade da morte. Seu interesse recai especialmente sobre como as vítimas agem e pensam, e a partir de tais estudos surgiram os primórdios da Vitimologia.

Conceito e importância.

Mendelsohn, então, definiu a Vitimologia como “ciência sobre as vítimas e a vitimização”. Portanto, a Vitimologia passou a ser discutida ou como

parte da Criminologia, ou como ciência autônoma. Seus estudos passaram a visar todos os tipos de vítima, assim como suas condutas antes e após sua vitimização. Os estudos de Mendelsohn começaram a atrair a atenção de muitos criminólogos, os quais iniciaram estudos próprios acerca do assunto. Desde então, muitos outros conceitos de renomados estudiosos emergiram.

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VITIMOLOGIA Lola Aniyar Castro, famosa criminóloga venezuelana e adepta da Teoria Crítica, entende a Vitimologia como “estudo da personalidade da vítima (de um delinqüente ou de outros fatores), com o descobrimento dos elementos psíquicos que compõem a dupla penal, definindo a proximidade entre vítima e criminoso”. A autora destaca ainda a Vitimologia como meio de estudar personalidades cuja tendência é tornarem-se vítimas, e buscar prevenir sua recidiva. A Vitimologia buscaria por fim determinar se certos indivíduos são passíveis de vitimização e se há meios para evitá-la, de modo a incluir também a relação entre vítima e criminoso.

Conceito de Vítima

Vítima tem sua origem no latim victima, cujo significado é “pessoa ou animal sacrificado ou que se destina a um sacrifício” (PIEDADE JÚNIOR, 1993, p. 86). Com o passar dos séculos, o sentido de vítima mudou desde uma expressão religiosa até uma designação de “estado” em que se encontra uma pessoa. Mendelsohn define vítima como “a personalidade do indivíduo ou da coletividade na medida em que está afetada pelas conseqüências sociais de seu sofrimento determinado por fatores de origem muito diversificada”. Tais fatores seriam físico, psíquico, econômico, político ou social, assim como do ambiente natural ou técnico (PIEDADE JÚNIOR, 1993, p. 88).

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VITIMOLOGIA

Dentre tantas definições, deve-se analisar a vítima e seu papel no

crime. O estudo da vítima como sendo também o coletivo acaba com

qualquer presunção de que exista crime sem vítima. Contudo, a

expressão “vítima sem crime” pode ser amplamente discutida, mas

sempre com o mesmo resultado: um crime, mesmo que não afete a

pessoa diretamente, sempre irá ofender a coletividade.

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VITIMOLOGIA

História do status da vítima.

Etapa da idade de ouro (protagonismo da vítima) - A fase relativa ao seu protagonismo está associada à época da justiça privada, em que à vítima era dado o direito à vingança face ao delito, por isso tal período é chamado de “idade de ouro” da vítima. Nesta fase de ouro, o delito mantinha uma dimensão particular, que dizia respeito somente àqueles diretamente afetados por ele, ou seja, delinquente e vítima. Esta era a autoridade do conflito, era quem, em última medida, decidia que tipo de resposta lhe convinha.

Etapa clássica ou positivista (neutralização da vítima) - Quando saímos da era da justiça privada, e o Estado passa a exercer o dever/poder de punir, ocorre a chamada “neutralização” do papel da vítima, com o fim de evitar que esta encontre e promova uma solução fora do controle do Estado e que este detenha o monopólio na solução do conflito.

Nesta fase, fica estabelecido que o delito atinge sim, a ordem pública e a vítima central do delito passa a ser o Estado. Desta forma, a vítima deixa de ser o centro das atenções e vai sendo paulatinamente afastada do processo legal.

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VITIMOLOGIA

Etapa reivindicativa ou promocional (redescobrimento da vítima)

A partir da década de 1950, a importância do papel da vítima começa a ser retomada, e entramos na chamada fase de redescobrimento da vítima quando começa se perceber e reivindicar os direitos das vítimas buscando solidarizar a sociedade na tentativa de minimizar os efeitos da chamada vitimização.

Exemplos de que a vítima volta a assumir papel de relevo quanto ao fenômeno criminal são as Leis Federais 9099/95 (lei dos juizados especiais) e 11,340/06 (lei Maria da Penha). Na primeira, é a vítima o ator principal e determinante para a mediação e solução dos conflitos e a segunda reflete a crescente preocupação e solidariedade social para com as vítimas da violência doméstica, que até então cediam lugar de importância ao delinquente e ao delito em si.

Novas propostas de apoio e prevenção começam a ser pensadas e desenvolvidas para a vítima como atendimento especializado, medidas de proteção e uma rede de incentivo e informação relacionadas ao tipo de violência a que é submetida a mulher no âmbito doméstico.

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VITIMOLOGIA

Etapa crítica ou restauradora (justiça restaurativa) - A justiça restaurativa é um processo através do qual as partes envolvidas num delito específico, decidem em conjunto a forma de reagir às consequências do delito e às suas implicações para o futuro. A Justiça Restaurativa teve início no Brasil no ano de 2005.

Baseia-se em um procedimento de consenso, em que a vítima, infrator e quando apropriado, outras pessoas ou membros da comunidade afetados pelo crime, que como sujeitos centrais, participam coletiva e ativamente na construção de soluções dos traumas e perdas causados pelo crime.

O modelo traduz-se pela confrontação das partes envolvidas no conflito, com a utilização instrumental da mediação, por fórmulas, programas e procedimentos que devem observar os direitos fundamentais do infrator e da vítima.

A intervenção restaurativa pode ocorrer em qualquer estágio do processo criminal, entretanto em algumas instancias é necessária alteração legislativa.

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VITIMOLOGIA

Conceito e Processo de Vitimização.

De acordo com Luiz Flávio Gomes, vitimização é “o processo pelo qual uma pessoa sofre as consequências negativas de um fato traumático, especialmente, de um delito.”. Neste cenário, o foco do estudo criminológico está assentado naquele que sente de fato, os efeitos do delito.

Neste processo, tal como é entendida a vitimização, seriam analisados alguns fatores para não só descrever como avaliar os momentos dessa vitimização, quais sejam: fatores individuais relacionados a própria vítima, como idade, sexo e características de sua personalidade, bem como nível de exposição ao risco; fatores pessoais relacionados ao delinquente, às circunstâncias de tempo e espaço, que podem ser analisados como de maior ou menor periculosidade e exposição, além de fatores sociais.

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VITIMOLOGIA

Classificação da vitimização

-Vitimização primária - focaliza as intercorrências diretamente causadas à pessoa da vítima, sejam elas físicas ou psíquicas, por força do acontecimento do delito. Como a vítima reage pessoalmente ao delito sofrido.

-Vitimização secundária - Seria o processo que envolve tudo ao que a vítima se expõe por força de ter sofrido a agressão. Esse processo abarcaria a exposição à investigação policial; realização de exames técnicos e laboratoriais que possam comprovar agressões físicas; avaliações psicológicas; audiências em juízo muitas vezes junto ao delinquente; a longa duração do processo e sua insegurança jurídica inerente ao caso, ou seja, a vitimização secundária pode ser entendida como o quão custoso é para a vítima permitir que o Estado, a partir do sistema de justiça criminal, intervenha na sua esfera pessoal para aplicar o jus puniendi.

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VITIMOLOGIA

- Vitimização Terciáriária - Perceptível quando a

comunidade, a sociedade em geral, é atingida e suporta de

alguma maneira os efeitos do delito. São os reflexos no

ambiente familiar, escolar e até no ambiente de trabalho,

causados pelo processo de vitimização ou, como definiu Luis

Flávio Gomes “é o conjunto de custos da penalização sobre

quem a suporta e sobre terceiros”. Está intimamente ligada

aos mecanismos de controle social, que vão desde o círculo

mais íntimo que cerca a vítima, chegando aos vizinhos e, em

muitos casos, à mídia, que explora tais fatos e consequências,

de forma sensacionalista com o fim, especialmente, de

promoção de políticas criminais de lei e ordem.

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ESCOLAS SOCIOLÓGICAS DO CRIME

As teorias criminológicas que estudaremos estabelecem uma

perspectiva macrocriminológica.

De acordo com Shecaria (2004), o pensamento criminológico foi

influenciado por duas importantes visões: a- Teorias do

consenso (corte funcionalista) e, b- Teorias do conflito.

As premissas das teorias do consenso são:

1- Toda sociedade é uma estrutura de elementos bem integrada;

2- Toda elemento em uma sociedade tem uma função (contribui

para sua manutenção como sistema);

3- Toda estrutura social é baseada em um consenso entre seus

membros sobre valores.

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ESCOLAS SOCIOLÓGICAS DO CRIME

As premissas das chamadas teorias do conflito são:

1- Toda a sociedade está sujeita a todo momento a

processos de mudança;

2- A mudança social é ubíqua (onipresente – está em toda

parte);

3- Toda sociedade exibe a cada momento dissenso e

conflito, e este é ubíquo;

4- Todo elemento em uma sociedade contribui de certa

forma para sua desintegração e mudança;

5- Toda sociedade é baseada na coerção de alguns de seus

membros por outros.

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ESCOLAS SOCIOLÓGICAS DO CRIME

São teorias do consenso:

- Escola de Chicago → Teoria da Ecologia

Criminal;

- Teoria da associação diferencial;

- Teoria da anomia;

- Teoria da subcultura delinquente.

São teorias do conflito:

- Labelling Approach → Teoria da

rotulação/etiquetamento;

- Teoria crítica.

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ESCOLA DE CHICAGO – TEORIA DA

ECOLOGIA CRIMINAL.

Fruto de um pensamento centrado na Universidade

de Chicago, que se convencionou chamar de teoria da

ecologia criminal, ou teoria da desorganização social.

As ideias desta escola surgem em meio a uma

explosão de crescimento da cidade, que se expande em

círculos do centro para a periferia, criando graves

problemas sociais, trabalhistas, familiares, morais e

culturais, estabelecendo um terreno conflituoso,

potencializador da criminalidade.

A inexistência de mecanismo de controle social e

cultural permite o surgimento de um meio social

desorganizado e criminógeno que se distribui

diferentemente pela cidade.

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ESCOLA DE CHICAGO – TEORIA DA

ECOLOGIA CRIMINAL.

Elementos conceituais da Escola de Chicago:

→ Discutem múltiplos aspectos da vida humana, todos relacionados com a vida na cidade (cidade é um corpo de costumes e tradições).

→ Toda organização ecológica (cidade) está em constante processo de mudança, e a mobilidade faz parte deste processo (mudança de residência, emprego, ascensão social, migração, etc)

→ O excesso de mobilidade gera desorganização social, e afeta o controle social informal (família, vizinhança, igreja, etc.)

→ A desorganização social contribui para gerar desorganização pessoal.

→ Com a desorganização social surgem áreas de delinquência.

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ESCOLA DE CHICAGO – TEORIA DA

ECOLOGIA CRIMINAL: CRÍTICAS

Contribuiu muito com o desenvolvimento metodológico da ciência criminológica, introduzindo métodos de pesquisa que propiciaram o conhecimento da realidade social, como os inquéritos sociais e os estudos biográficos de casos individuais.

O empirismo criou uma análise estatística de dados policiais e judiciais relacionados com o delito, chamando a atenção para maiores problemas de criminalidade nas áreas pobres e deterioradas da cidade.

Contribuiu para superar a visão etiológica da delinquência, introduzida pelo positivismo.

Foi duramente criticada por criar um determinismo ecológico, relacionando pobreza com criminalidade, e assim não explicando a criminalidade em áreas nobres e ricas da cidade.

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TEORIA DA ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL

Tem seus aportes iniciais com o pensamento de Edwin Sutherland, por volta de 1924.

Esta teoria foi muito influenciada pela produção teórica da Escola de Chicago.

Volta sua atenção para autores de crimes diferenciados, que não apresentavam semelhanças com os chamados criminosos comuns, surgindo a partir disso a expressão criminalidade do colarinho branco. O crime de colarinho branco é aquele cometido no âmbito do exercício da profissão por uma pessoa de respeitabilidade e elevado estatuto social.

Parte da ideia segundo a qual o crime não pode ser definido simplesmente como disfunção ou inadaptação de pessoas de classes menos desfavorecidas, não sendo exclusividade destas.

Nega, assim como os ecológicos a ideia positivista do determinismo biológico.

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TEORIA DA ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL

Elementos conceituais da teoria da associação diferencial:

→ O comportamento criminal é um comportamento aprendido.

→ Comportamento criminal é aprendido mediante a interação com outras pessoas (processo de comunicação).

→ Esse processo de aprendizagem ocorre nos seios das relações sociais mais íntimas – a influência criminógena depende do grau de proximidade.

→ O aprendizado inclui técnicas de cometimento, motivações, justificativas, etc.

→ Uma pessoa se converte em delinquente quando as definições favoráveis à violação da norma, superam as desfavoráveis (modelos criminais superam os não criminais).

→ Conflito cultural é causa da associação diferencial, e portanto do comportamento criminoso.

→ Desorganização social (falta de controle social informal)é a causa básica do comportamento criminoso sistemático.

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TEORIA DA ANOMIA

Tem seus aportes iniciais com o pensamento de Émile Durkheim.

A palavra anomia tem sua origem etimológica no grego, e significa sem lei.

A anomia é pois uma ausência de regras, de normas sociais, ou sua desintegração.

Três diferentes ideias estão relacionadas com a situação de anomia:

- A situação existente de transgressão das normas por quem pratica ilegalidades (caso do delinquente);

- A existência de um conflito de normas claras, que torna difícil a adequação do indivíduo aos padrões sociais;

- A existência de um movimento contestatório, que demonstra a inexistência de normas que vinculem as pessoas num contexto social.

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TEORIA DA ANOMIA

As três situações demonstram uma crise de valores, que cria uma ausência de normas sociais de referência acarretando uma ruptura dos padrões sociais de conduta, produzindo uma situação de pouca coesão social.

Haverá anomia sempre que os mecanismos institucionais reguladores do bom gerenciamento da sociedade não estiverem cumprindo seu papel funcional. As crises portanto decorrem do fenômeno da anomia.

O crime para esta teoria é um fenômeno normal de toda estrutura social, só deixando de ser quando ultrapassa determinados limites, passando a ser negativo para a existência e desenvolvimento da estrutura social, gerando um estado de desorganização social, no qual o sistema de regras de condutas perde o valor.

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TEORIA DA ANOMIA

Para Durkheim se é normal que em toda

sociedade haja crimes, não é menos normal que

sejam punidos. Para este a função da pena é

satisfazer a consciência comum, ferida pelo ato

cometido por um dos membros da coletividade,

sendo sua verdadeira função a de manter intacta

a coesão social.

Secundariamente a pena seria reparação e

castigo do culpado.

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TEORIA DA ANOMIA

Conceito de Anomia de Robert Merton

Merton entende que em todo contexto sociocultural desenvolvem-se metas culturais.

Merton levanta as seguintes questões: Como uma pessoa pode atingir essas metas? E a resposta é: a própria sociedade estabelece meios para tanto, ou seja, recursos institucionalizados ou legítimos que são socialmente estabelecidos.

No entanto, há meios não institucionalizados que podem levar a tais metas culturais, mas sua utilização consiste em violação das regras sociais em vigor, e portanto tais métodos são rejeitados pela cultura dominante.

Para Merton, o insucesso em atingir tais metas, em razão da insuficiência dos meios institucionais disponibilizados, produz anomia (manifestação de um comportamento de abandono das regras em vigor), e com isso surge o desvio. Isso não significa que só grupos vulneráveis economicamente realizariam o desvio, mas todo e qualquer grupo que deseja alcançar uma meta cultural propagada socialmente , e sem possibilidade de alcançá-las pelos meios institucionais disponíveis, utiliza-se de meio não institucionalizado.

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TEORIA DA ANOMIA

Classificação da Anomia segundo Merton:

- Inovação – Aceita as metas culturais, mas não os meios institucionalizados, e por isso rompe com o sistema de regras, e passa ao desvio para alcançar as metas culturais.

- Ritualismo/Conformismo – O indivíduo observa com descaso o atendimento das metas socialmente dominantes, e por uma série de fatores acredita que nunca atingirá tais metas, mas mesmo assim continua obedecendo as regras sociais, como um ritual. É um conformista. Modo mais comum de adaptação social.

- Evasão – Neste conjunto estão os párias, mendigos, bêbados crônicos, drogados, etc. Trata-se do modo mais raro de adaptação social. O sujeito vive na sociedade, mas não almeja as metas culturais, e consequentemente não adere aos meios disponibilizados para alcançá-las e não respeita as normas sociais.

- Rebelião – Consiste na rejeição das metas e dos meios dominantes, julgados como insuficientes e inadequados. A conduta do rebelde é no sentido de substituição da ordem social estabelecida por outra. Ex. Movimentos contra culturais, revolucionários, etc.

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SUBCULTURA DELINQUENTE

Foi consagrada na literatura criminológica de Albert Cohen: Delinquent boys.

A subcultura é um conceito importante dentro das sociedades complexas e diferenciadas existentes no mundo contemporâneo, caracterizado pela pluralidade de classes, grupos, etnias e raças.

A conceituação subcultura não é pacífica, mas o termo sugere a ideia de que subcultura é uma cultura dentro da outra.

Figueiredo Dias conceitua cultura como “todos os modelos coletivos de ação, identificáveis nas palavras e na conduta dos membros de uma dada comunidade, dinamicamente transmitidos de geração para geração e dotados de certa durabilidade”.

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SUBCULTURA DELINQUENTE

Conceito de subcultura.

É uma cultura associada a sistemas sociais (incluindo subgrupos) e categorias de pessoas (tais como grupos étnicos) que fazem parte de sistema mais vastos. É uma subcultura dentro de uma macrocultura. Podemos citar como exemplos: bairros étnicos urbanos, como indianos em Londres, mulçumanos em Paris, chineses em Nova York, japoneses em São Paulo, etc. São grupos que compartilham da mesma linguagem, ideias e práticas culturais que diferem das seguidas pela comunidade geral em que estão inseridos, e por isso sofrem pressão para conforma-se em certo grau à cultura mais vasta na qual está inserida sua subcultura.

As teorias subculturais sustentam duas ideias fundamentais:

Caráter pluralista e atomizado da ordem social – sociedade é um todo dividido em pequenas unidades.

Cobertura normativa da conduta desviada e a semelhança , em sua gênese, do comportamento regular e irregular - Diferente do que sustentam os ecológicos, o crime não é produto da desorganização social ou da ausência de valores.

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SUBCULTURA DELINQUENTE

Para as teorias subculturais o crime é reflexo ou

expressão de outros sistemas de normas e valores

distintos do definido na cultura dominante, valores e

regras subculturais, e por isso possui o desvio/crime um

respaldo normativo. Assim, tanto a conduta regular,

como a irregular (desvio), são definidas conforme seus

respectivos sistemas sociais de normas e valores

(sistema oficial e o sistema subcultural). O sujeito

delinquente ou não, faz refletir com sua conduta o grau

de aceitação e interiorização dos valores da cultura ou

subcultura à qual pertence (não por decisão própria),

valores que se interiorizam, se reforçam, e se

transmitem, mediante mecanismos de aprendizagem e

socialização.

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TEORIA DO LABELLING

APROACH/ETIQUETAMENTO/ROTULAÇÃO

A teoria da rotulação ou da reação social entende que o mundo é concebido através da definição de pessoas que apontam outras como desviantes. Esta teoria nega as explicações causais de crime e os estudos etiológicos, opondo-se a criminologia tradicional, e possui como objeto de conhecimento as regras sociais e sua aplicabilidade.

Os teóricos da rotulação afirmam ainda que “a criminalização primária produz rotulação, que produz criminalizações secundárias (reincidência)” (Cirino, 1981, 14).

Os teóricos da rotulação afirmam que:

1- A existência do crime depende da natureza do ato (violação da norma) e da reação social contra o ato (rotulação): o crime “não é uma qualidade do ato, mas um ato qualificado como criminoso por agências de controle social” (Becker apud Barata, 1999: p.98).

2- Não é o crime que produz o controle social, mas (freqüentemente) o controle social que produz o crime: a- o comportamento desviante é comportamento rotulado como desviante; b- um homem pode se tornar desviante porque uma infração inicial foi rotulada como desviante; c- os índices de crime (e desvio) são afetados pela atuação do controle social.” (Lemert apud Barata, 1999, 89)

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TEORIA DO LABELLING

APROACH/ETIQUETAMENTO/ROTULAÇÃO

Os aspectos acima citados desestruturam o Positivismo, e apontaram este como propagador da “estigmatização criminal” (Cirino, 1981,15).

Para a teoria da reação social a criminalidade deve ser compreendida também através do estudo das atividades inerentes ao Sistema Penal, que a define e contra ela reage. De acordo com os teóricos da reação social, o status de delinqüente é alcançado a partir do exercício das atividades das instâncias oficiais (polícia, juízes, penitenciária, etc.) sobre o sujeito, que sofrem em virtude disto um processo de estigmatização. Estes teóricos provaram que o desvio não é anterior à reação social, pelo contrário, é construído a partir da reação social, transferindo assim o enfoque das teorias criminológicas, da criminalidade para o processo de criminalização ( BARATA, 1999, 113).

De acordo com o labelling approach, o comportamento desviante é o que foi definido desta forma, gerando a sanção penal uma mudança na identidade social do indivíduo. Segundo Lemert (apud Barata, 1999), a primeira hipótese trata-se da delinqüência primária, e a segunda da delinqüência secundária, que é ocasionada pela mudança da identidade e conseqüente estigmatização, que tende a perpetuar o papel social no qual fora introduzido o sujeito a partir da delinqüência primária.

As teorias baseadas no labelling approach revolucionaram as bases da criminologia tradicional, confrontado-se com princípios como o da igualdade, da prevenção da pena e sua função reeducativa.

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CRIMINOLOGIA RADICAL OU

CRIMINOLOGIA CRÍTICA.

As teorias criminológicas radicais (críticas) que explicam a relação entre crime e formação econômica-social, utilizando, para tanto, como conceitos principais as relações de produção e as questões de poder. Para os teóricos adeptos da criminologia crítica, o crime é um fenômeno proveniente das contradições de classes ditadas pelo modo capitalista de produção, que, para se perpetuar, organiza uma política de controle social e estruturas para aplicá-la (Santos, 1981).

De acordo com Juarez Cirino, em sua obra “A Criminologia Radical”, foi o advento dos movimentos políticos de defesa dos direitos civis, movimentos contra a guerra do Vietnã, movimentos estudantis e de contraculturas, entre outros que surgiram a partir da década de 60, nos EUA e na Europa, que suscitaram a passagem da criminologia liberal para uma criminologia radical (crítica).

A obra “A nova criminologia” de Taylor, acelerou a formação da criminologia crítica, e marcou uma “ruptura coletiva e coordenada com a criminologia tradicional (conservadora e liberal) e a superação de suas elaborações mais sofisticadas (como a teoria da rotulação)” (Cirino, 1981, 5). Tal obra edifica-se “com base no método e categorias do marxismo” (Cirino, 1981, 2), entendendo a criminalização como um propósito dirigido ao setor não detentor do capital na sociedade de classes.

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CRIMINOLOGIA RADICAL OU

CRIMINOLOGIA CRÍTICA.

A criminologia crítica desenvolveu conceitos sobre o crime e o controle social, através da crítica à ideologia dominante, e examina para isso as produções teóricas que captaram as transformações históricas e as lutas sociais e ideológicas, organizando um grupo de tendências que têm como objetivo investigar a função ideológica do direito penal e o desempenho de suas estruturas de poder ditadas pela sociedade de classes (Batista, 1990, 32).

A criminologia crítica reconhece a grande contribuição da criminologia liberal (teoria da reação social), que abordou a função do estigma desempenhada pelos órgãos do controle social, no entanto entende que esta é limitada, já que apenas descreve as distorções do controle social vigente, sem atentarem para a origem da rotulação. Segundo os críticos, a teoria da rotulação não se importou com as diferenças de poder e de interesses entre os grupos sociais, e reduziu seu estudo ao efeito das “definições legais e dos mecanismos de estigmatização e de controle social”, desprezando a “análise das relações sociais e econômicas” como chave para interpretação das diversas questões criminais. (Barata, 1999, 98-99)

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CRIMINOLOGIA RADICAL OU

CRIMINOLOGIA CRÍTICA.

São representantes da criminologia crítica na América

Latina: Rosa Del Olmo, Eugenio Raul Zaffaroni, Nilo

Batista, Augusto Thompson, Vera Malaguti Batista e

outros.

De acordo com os criminólogos críticos o direito penal é o

“direito desigual por excelência” (Barata, 1999,162).

Afirmam ainda que o objeto da criminologia crítica deva

ser o “conjunto de relações sociais, a estrutura econômica

e as superestruturas jurídicas e políticas de controle

social” (Cirino, 1981,30-31) e, além disso, estabelece o

compromisso de transformar a sociedade e construir o

socialismo.

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