94
CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL P/ ANALISTAS – TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRÃO www.pontodosconcursos.com.br AULA – 03 Olá caro aluno, Como estão os estudos? Espero que nossas aulas estejam contribuindo qualitativamente para a consolidação de sua caminhada em busca de seu sucesso neste certame. Nesta aula, trataremos de normativos muitíssimo importantes para sua prova, pois são bastante explorados pelas bancas e não menos relevantes para o seu dia-a-dia de trabalho. São eles: LEI DE CRIMES DE TORTURA (Lei n. 9.455/70) LEI DE CRIMES HEDIONDOS (Lei n. 8.072/90) LEI DE CRIMES DE ABUSO DE AUTORIDADE (Lei n. 4.898/65) Além dessas normas, abordaremos também a Lei n. 5.553/68, que trata da APRESENTAÇÃO E USO DE DOCUMENTO PESSOAL. Essa Lei, tão importante quanto as demais, não tem sido ainda alvo de questões em provas de concursos. Para falar a verdade, na pesquisa intensa que fiz só encontrei uma questão sobre o assunto!! O que fazer então? Bom, aí tive que acionar a banca “Ponto e Marcos Girão” para a elaboração de algumas questões sobre a citada lei. Fechamos assim o cerco de questões sobre todo o conteúdo que aqui será estudado, tudo isso com o intuito de que você tenha o melhor aproveitamento possível. Tenho certeza que a essa altura do campeonato você já deve ter lido e relido inúmeras vezes tais dispositivos legais. Apesar de normas polêmicas, nosso intuito aqui será o de clarificar alguns pontos e direcioná-lo objetivamente para resolver e acertar questões sobre esses temas. Afinal de contas, esse é o nosso grande foco!! Encha-se de fôlego e sigamos em frente!!

Aula 03

  • Upload
    beloch

  • View
    234

  • Download
    19

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Legislação Especial para Analistas do TJDFT

Citation preview

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    AULA 03

    Ol caro aluno,

    Como esto os estudos? Espero que nossas aulas estejam contribuindo qualitativamente para a consolidao de sua caminhada em busca de seu sucesso neste certame.

    Nesta aula, trataremos de normativos muitssimo importantes para sua prova, pois so bastante explorados pelas bancas e no menos relevantes para o seu dia-a-dia de trabalho. So eles:

    LEI DE CRIMES DE TORTURA (Lei n. 9.455/70)

    LEI DE CRIMES HEDIONDOS (Lei n. 8.072/90)

    LEI DE CRIMES DE ABUSO DE AUTORIDADE (Lei n. 4.898/65)

    Alm dessas normas, abordaremos tambm a Lei n. 5.553/68, que trata da APRESENTAO E USO DE DOCUMENTO PESSOAL. Essa Lei, to importante quanto as demais, no tem sido ainda alvo de questes em provas de concursos. Para falar a verdade, na pesquisa intensa que fiz s encontrei uma questo sobre o assunto!!

    O que fazer ento?

    Bom, a tive que acionar a banca Ponto e Marcos Giro para a elaborao de algumas questes sobre a citada lei. Fechamos assim o cerco de questes sobre todo o contedo que aqui ser estudado, tudo isso com o intuito de que voc tenha o melhor aproveitamento possvel.

    Tenho certeza que a essa altura do campeonato voc j deve ter lido e relido inmeras vezes tais dispositivos legais. Apesar de normas polmicas, nosso intuito aqui ser o de clarificar alguns pontos e direcion-lo objetivamente para resolver e acertar questes sobre esses temas. Afinal de contas, esse o nosso grande foco!!

    Encha-se de flego e sigamos em frente!!

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    I ESTUDO DA LEI 9.455/97 CRIMES DE TORTURA

    Caro aluno, a nossa primeira norma a ser estudada nesta aula tem sua origem maior na Constituio Federal de 1998 que assim determina:

    Art. 5 (...)

    III - ningum ser submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;XLIII - a lei considerar crimes inafianveis e insuscetveis de graa ou anistia a PRTICA DA TORTURA, o trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evit-los, se omitirem.

    Como voc pode observar, a partir do regulamentado no dispositivo acima, a tortura estava condicionada feitura de uma lei ordinria federal que a regulamentasse. Passaram-se quase dez anos para que o legislador elaborasse a aludida lei, a Lei n. 9.455/97, mais famosa como Lei de Crimes de Tortura.

    importante ressaltar que essa norma, na anlise de sua substncia, no generalizadora, vendo-se, na verdade, que ela foi direcionada a determinados fatos que levaram o Poder Legislativo a, dentro de poucos dias, legislar sobre assunto que se encontrava adormecido por exatos oito anos e cinco meses.

    Em outras oportunidades, o crime de tortura j tinha sido tratado. A Lei n. 8.072/90 - Lei dos Crimes Hediondos -, que estudaremos adiante, praticamente repetiu o estabelecido na Constituio de 88, acrescentando algumas outras conseqncias de carter material e processual. J a Lei n. 8.069/90 (o nosso velho ECA) estipulou pena, em seu art. 233, para o caso de prtica de tortura contra criana.

    Apesar disso, a tortura descrita nessas leis ficou de resto inaplicvel, por falta de definio legal do que seria tortura. Para voc ter uma ideia, esse artigo do ECA fora revogado pela lei ora em estudo.

    Aps este breve apanhado, resta-nos a anlise da Lei n. 9.455, de 7 de abril de 1997, que definiu os crimes de tortura e deu outras providncias aplicveis espcie. Vamos l!!

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    1.1. OS TIPOS PENAIS

    Segundo a Lei 9.455/97, constitui CRIME DE TORTURA:

    Art. 1. (...)

    I - Constranger algum com emprego de VIOLNCIA ou GRAVE AMEAA, causando-lhe sofrimento fsico ou mental:

    a) com o fim de obter informao, declarao ou confisso da vtima (ou de terceira pessoa) ou;

    b) para provocar ao ou omisso de natureza criminosa ou;

    c) em razo de discriminao racial ou religiosa;

    Pena - recluso, de 02 a 08 anos.

    Vamos conversar mais um pouco sobre as tipificaes acima descritas, regulamentadas pelo art. 1, inciso I, da Lei de Crimes de Tortura.

    No caso acima descrito, a tipificao do crime de tortura fica condicionada ao preenchimento cumulativo de trs elementos, sendo uns objetivos do tipo penal e outros de carter subjetivo. Os dois primeiros so: emprego de violncia ou grave ameaa + causando sofrimento fsico ou mental.

    O terceiro elemento est presente nas alneas "a", "b", e "c". Alm das hipteses do inciso I, faz-se necessrio o enquadramento do fato, em uma das trs alneas, e no em todas elas. Vamos explicar melhor!!

    Esses trs elementos CUMULATIVOS so:

    o meio empregado;

    as conseqncias sofridas pela vtima e;

    a finalidade pretendida (dolo especfico) ou o motivo.

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    O meio se exterioriza atravs do emprego de violncia ou grave ameaa. So as chamadas "vis corporalis" e "vis compulsiva", respectivamente.

    As consequncias so de duas ordens: o constrangimento e o sofrimento fsico ou mental causados. Sublinhei mais uma vez o termo ou exatamente para que voc no se esquea que o sofrimento pode ser tanto somente fsico como apenas o mental. , assim, necessria a ocorrncia concomitante de ambas.

    NO ESQUEA!!

    S se tipificar o crime se a vtima for constrangida pelo emprego de violncia ou grave ameaa, E que este lhe cause sofrimento fsico ou mental, pois pode acontecer que, apesar da violncia, em sentido amplo, a vtima no se sinta constrangida ou no tenha sofrimento de qualquer ordem.

    Por ltimo, vm as finalidades ou o motivo. Essas so em nmero de trs, devendo, no entanto, como dito, ser preenchida apenas uma delas para a tortura se caracterizar. Vamos analis-las:

    a) com o fim de obter informao, declarao ou confisso da vtima (ou de terceira pessoa)

    Nesta alnea, a vtima a que se refere a lei, bvio, a do crime de tortura. Tambm ocorrer o delito quando as informaes, declaraes ou confisso forem prestadas por terceiro.

    o caso da tortura praticada em A para que B informe, declare ou confesse. A expresso "terceira pessoa" no ficou bem colocada, j que a mesma s realizar uma das condutas descritas caso se encontre constrangida, de forma que o sofrimento mental seja possvel de resistir. Ora, ocorrendo isso, o terceiro estar torturado, posto que foi constrangido, com emprego de grave ameaa, e lhe foi causado sofrimento mental. Portanto, a dita terceira pessoa tambm vtima.

    Houve neste dispositivo o direcionamento citado, eis que a hiptese versada, na quase totalidade dos casos, s se caracterizar nos procedimentos policiais.

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    b) para provocar ao ou omisso de natureza criminosa;

    Nesta alnea, constitui tortura obrigar a vtima a praticar um crime, mediante ao ou omisso. necessrio, mais uma vez afirmo, que a ao ou a omisso criminosa seja praticada em virtude de ter sido a vtima constrangida a tanto, ou seja, que, atravs do emprego de violncia ou grave ameaa, a ela tenha sido causado sofrimento fsico ou mental suficiente para constrang-la prtica delituosa.

    Muito parecida a tipificao desses casos de tortura com a do crime de constrangimento ilegal. Neste, a vtima obrigada, mediante violncia ou grave ameaa, a no fazer o que a lei permite ou a fazer o que ela no manda. Diferenciam-se por no haver, neste ilcito penal, a necessidade de ser causado vtima sofrimento fsico ou moral, por ser a pena bem mais branda, e pelo fato de ser o crime de tortura mais especfico.

    c) em razo de discriminao racial ou religiosa;

    Muito cuidado com essa alnea, caro aluno!!

    Aqui voc j deve concluir que melhor teria feito o legislador se houvesse generalizado, em vez de ser taxativo. Poderia ter dito: em razo de qualquer discriminao. Evitar-se-ia, assim, que determinadas condutas no fossem abraadas pela lei de tortura.

    o caso de discriminaes em razo de ideologia poltica ou em razo de preferncia sexual. Nestas conditas, mesmo estando presentes o constrangimento, a violncia ou grave ameaa e o sofrimento fsico ou mental, no se poder falar em tortura, pois, em sendo taxativa a enumerao, no se estende a outros fatos alm daqueles expressos na lei, em virtude da interpretao restrita das normas penais.

    E isso que funciona para o CESPE!!

    Veja como as disposies at aqui estudadas foram cobradas:

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    01. [FGV INSPETOR POLICIA CIVIL/RJ 2008] So crimes de tortura constranger algum com emprego de violncia ou ameaa, causando-lhe sofrimento fsico para provocar ao ou omisso de natureza criminosa e constranger algum sem emprego de violncia nem ameaa, para que faa algo que a lei no obriga.

    02. [CESPE DELEGADO DE POLICIA POLICIA CIVIL/PB 2008] Pratica crime de tortura a autoridade policial que constrange algum, mediante emprego de grave ameaa e causando-lhe sofrimento mental, com o fim de obter informao, declarao ou confisso da vtima ou de terceira pessoa.

    03. [CESPE AGENTE DE POLICIA POLICIA CIVIL/ES 2009] Considerando que X, imputvel, motivado por discriminao quanto orientao sexual de Y, homossexual, imponha a este intenso sofrimento fsico e moral, mediante a prtica de graves ameaas e danos sua integridade fsica resultantes de choques eltricos, queimaduras de cigarros, execuo simulada e outros constrangimentos, essa conduta de X enquadrar-se- na figura tpica do crime de tortura discriminatria.

    04. [CESPE AGENTE DE POLICIA POLICIA CIVIL/ES 2009] Se um policial civil, para obter a confisso de suposto autor de crime de roubo, impuser a este intenso sofrimento, mediante a promessa de mal injusto e grave dirigido sua esposa e filhos e, mesmo diante das graves ameaas, a vtima do constrangimento no confessar a prtica do delito, negando a sua autoria, no se consumar o delito de tortura, mas crime comum do Cdigo Penal, pois a confisso do fato delituoso no foi obtida.

    05. [CESPE AGENTE DE POLICIA POLICIA FEDERAL 2009] A prtica do crime de tortura torna-se atpica se ocorrer em razo de discriminao religiosa, pois, sendo laico o Estado, este no pode se imiscuir em assuntos religiosos dos cidados.

    06. [CESPE DELEGADO DE POLICIA SUBST. POLICIA CIVIL/ES 2011] Considere a seguinte situao hipottica.

    Rui, que policial militar, mediante violncia e grave ameaa, infligiu intenso sofrimento fsico e mental a um civil, utilizando para isso as instalaes do quartel de sua corporao. A inteno do policial era obter a confisso da vtima em relao a um suposto caso extraconjugal havido com sua esposa. Nessa situao hipottica, a conduta de Rui, independentemente de sua condio de militar e de o fato ter ocorrido em rea militar, caracteriza o crime de tortura na forma tipificada em lei especfica.

    Questo 01: Do pouco que j estudamos, podemos perceber que a questo traz um erro ao afirmar que constranger algum sem emprego de violncia nem ameaa, para que faa algo que a lei no obriga tambm crime de tortura. Acabamos de ver que o emprego de violncia e ameaa um dos fatores fundamentais para a tipificao de certa conduta como crime de

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    tortura. Outros elementos precisam ser preenchidos para qiue o delito de tortura seja configurado.

    Gabarito: ERRADO

    Questo 02: Com certeza!! Perceba que a banca praticamente copiou e colou o art. 1 da Lei de Crimes de Tortura, ora em estudo. Todos os elementos para a configurao do crime de tortura esto presentes na conduta da autoridade policial. Veja:

    constrange algum + mediante emprego de grave ameaa + causando-lhe sofrimento mental + com o fim de obter informao, declarao ou confisso da vtima ou de terceira pessoa.

    Gabarito: CERTO

    Questo 03: Essa interessante!! A sua redao nos traz aparentemente todos os elementos suficientes para a consumao do crime de tortura, mas h um erro ao incluir a discriminao contra a orientao sexual como crime de tortura. Vimos que h, de fato, condutas discriminatrias previstas na Lei 9.455/97 que, se praticadas com os demais requisitos, sero configuradas como crimes de tortura. Mas esse rol taxativo e l consta como uma das motivaes apenas a descriminao racial ou religiosa (art. 1, I, c). No trata nada a respeito de discriminao sexual.

    Como a conduta homofbica ainda no est tipificada em nosso ordenamento jurdico e no faz parte do rol de condutas que podem configurar tortura de acordo com o art. 1 da Lei 9.455/97, no podemos tipificar como crime de tortura a conduta de X. Possivelmente X responder por um dos tipos de leso corporal dolosa previstos no CP.

    Gabarito: ERRADO

    Questo 04: O policial civil imps ao suspeito de autor de um crime, intenso sofrimento mental (mediante a promessa de mal injusto e grave dirigido sua esposa e filhos). A finalidade era obter sua confisso. Temos ento o meio, a conseqncia e a finalidade que juntos caracterizam o crime de tortura, independentemente de o suspeito ter ou no confessado a autoria do suposto crime.

    Gabarito: ERRADO

    Questo 05: De forma alguma!! Tenho certeza que essa voc acertou numa boa, pois a discriminao religiosa uma das finalidades descritas na Lei 9.455/97 como requisitos para a caracterizao do crime de tortura. O CESPE trouxe um floreado sem sentido com o intuito claro de pegar os candidatos desavisados ou que pouco estudaram a referida norma!!

    Gabarito: ERRADO

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    Questo 06: Questo bem parecida como umas das anteriores e que nos leva a mesma linha de raciocnio.

    O MEIO constrangimento mediante violncia e grave ameaa;

    A CONSEQUENCIA intenso sofrimento fsico e mental a um civil;

    A FINALIDADE obter a confisso da vtima em relao a um suposto caso extraconjugal havido com sua esposa.

    Temos ento, INDEPENDENTE DO LOCAL onde foi praticado, a consumao do crime de tortura!!

    Gabarito: CERTO

    Continuando, a Lei 9.455/97 versa que tambm crime de tortura:

    Art. 1. (...)

    II - submeter algum, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de VIOLNCIA ou GRAVE AMEAA, a intenso sofrimento fsico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de carter preventivo.

    Pena - recluso, de 02 a 08 anos.

    Perceba que na conduta acima descrita, a violncia (ou a grave ameaa) utilizada em pessoa que est sob a influncia do agente, seja em carter de guarda, poder ou autoridade.

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    IMPORTANTE

    O sujeito ativo PRPRIO, pois s poder incorrer no crime as pessoas detentoras daqueles atributos.

    O mesmo se diga do sujeito passivo. O sofrimento deve ser intenso, no compreendendo, no entanto, a leso corporal de natureza grave (veremos o porqu adiante).

    O dolo especfico se caracteriza na aplicao de castigo pessoal ou medida de carter preventivo. O castigo visa a uma punio vtima por conduta praticada pela mesma, enquanto que a medida de carter preventivo antecede a referida conduta, tentando evit-la.

    Mais uma vez, o preceito da norma em anlise se assemelha a outros j existentes. Temos agora a semelhana como o crime de maus-tratos, tipificado no art.136 do Cdigo Penal. Diz tal dispositivo constituir crime:

    "Expor a perigo a vida ou a sade da pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilncia, para fim de educao, ensino, tratamento ou custdia, quer privando de alimentao ou cuidados indispensveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correo ou disciplina".

    Na tortura, o fim a que se presta a guarda, poder ou autoridade no est especificado, sendo, por isso, mais abrangente. No crime de maus-tratos, a ao do sujeito ativo de contedo ainda mais varivel, pois pode se manifestar de diversas maneiras, entre as quais esto includas aquelas previstas na tortura e o abuso dos meios de correo ou disciplina. Nesse crime, a vida ou a sade da pessoa exposta a perigo, enquanto que no de tortura, algum submetido a intenso sofrimento fsico ou mental.

    A pena imposta ao delito de tortura simples de recluso de dois a oito anos. Como visto, bem mais elevada que as dos delitos de constrangimento ilegal e de maus-tratos, que de deteno, de trs meses a um ano, ou multa, e de deteno de dois meses a um ano, ou multa, respectivamente.

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    IMPORTANTE

    Na mesma pena (recluso de 02 a 08 anos) incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurana a sofrimento fsico ou mental, por intermdio da prtica de ato no previsto em lei ou no resultante de medida legal.

    Vamos tratar sobre o caso especificado no quadro acima:

    Nele, o meio utilizado mais abrangente, pois, no se referindo violncia ou grave ameaa, aumentou a esfera de atuao do sujeito ativo. Ao mesmo tempo, no entanto, condicionou essa tipificao necessidade de que o meio empregado no esteja previsto em lei e que no seja resultante de medida legal.

    Novamente, fala-se em sofrimento fsico ou mental, sendo obrigatria, portanto, a sua ocorrncia, derivada do meio empregado.

    Nesse caso, o sujeito passivo no pode ser qualquer um. S aquelas pessoas que se encontrem presas ou sujeitas medida de segurana. A priso uma das penas previstas nas leis processuais penais, seja preventiva, temporria, em razo de flagrante ou em face de sentena condenatria. A medida de segurana, aquelas aplicadas a adolescentes infratores, no pena, mas podemos dizer que faz parte das sanes penais. forma de tratamento a que so submetidos os inimputveis, para prevenir que os mesmos voltem a delinqir. A pena tem carter retributivo preventivo, enquanto que a medida de segurana apenas preventiva; a primeira se baseia na culpabilidade do agente; a segunda, na sua periculosidade.

    A regra do quadrinho acima tem por finalidade precpua a proteo do direito individual constitucional previsto no art. 5, XLIX, de que:

    " assegurado aos presos o respeito integridade fsica e moral".

    Veja como foi cobrado:

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    07. [FGV INSPETOR POLICIA CIVIL/RJ 2008] crime de tortura submeter algum, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violncia ou ameaa, a intenso sofrimento mental, como forma de aplicar castigo pessoal.

    Questo 07: Ficou fcil, no mesmo? Diante do que acabamos de estudar, percebe-se claramente que a questo traz de forma correta a literalidade fiel do art. 1, inciso II, acima estudado.

    Gabarito: CERTO

    1.2. A OMISSO AO CRIME DE TORTURA

    A Lei 9.4455/95, em seu art. 1, 2, versa que aquele que se omite em face das condutas nela tipificadas como crimes de tortura, quando tinha o dever de evit-las ou apur-las, incorre na seguinte pena:

    Deteno de 01 a 04 anos.

    Veja que tambm respondem pelo crime de tortura as pessoas que, tendo conhecimento de sua prtica, omitem-se, deixando de apur-los ou evit-los.

    importante observar que na conduta omissiva de apurao, o responsvel ser sempre uma autoridade que seja competente para tanto.

    J no caso de se evitar a tortura, o sujeito ativo poder ser no s essa autoridade, bem como qualquer outro indivduo que, de alguma maneira, teria condies de impedir a consumao do delito e que se enquadra em uma das hipteses do art. 13, 2, do CP o qual estabelece:

    "O dever de agir incube a quem:

    a) tenha por lei obrigao de cuidado, proteo e vigilncia;

    b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;

    c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrncia do resultado".

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    Perceba que a pena, nessas hipteses, menor que as previstas nos crimes de tortura propriamente ditos. Isso se d pelo fato de o legislador ter entendido ser as condutas do executor e do mandante so mais lesivas do que a daquele que se omite, no apurando a sua ocorrncia ou no evitando a sua consumao.

    E o CESPE cobrou assim:

    08. [CESPE DELEGADO DE POLICIA SUBST. POLICIA CIVIL/ES 2006] Considere a seguinte situao hipottica.

    Uma equipe de policiais civis de determinada delegacia, aps a priso de um indivduo, submeteu-o a intenso sofrimento fsico e mental para que ele confessasse a prtica de um crime. O delegado de polcia, chefe da equipe policial, ciente do que acontecia, permaneceu em sua sala sem que tivesse adotado qualquer providncia para fazer cessar as agresses. Nessa situao, os policiais praticaram a figura tpica da tortura, ao passo que, em relao ao delegado de polcia, a conduta, por no configurar o mesmo crime, tem outro enquadramento penal.

    09. [CESPE DELEGADO DE POLICIA POLICIA CIVIL/PB 2008] Aquele que se omite em face de conduta tipificada como crime de tortura, tendo o dever de evit-la ou apur-la, punido com as mesmas penas do autor do crime de tortura.

    10. [CESPE AGENTE DE POLICIA POLICIA CIVIL/TO 2008] Considere a seguinte situao hipottica.

    No momento de seu interrogatrio policial, Joo, acusado por trfico de entorpecentes, foi submetido pelos policiais responsveis pelo procedimento a choques eltricos e asfixia parcial, visando obteno de informaes sobre o endereo utilizado pelo suposto traficante como depsito da droga. Joo, aps as agresses, comunicou o fato autoridade policial de planto, a qual, apesar de no ter participado da prtica delituosa, no adotou nenhuma providncia no sentido de apurar a notcia de tortura. Nessa situao, a autoridade policial responder por sua omisso, conforme previso expressa na Lei de Tortura.

    11. [CESPE AGENTE DE POLICIA POLICIA CIVIL/ES 2009] O artigo que tipifica o crime de maus-tratos previsto no Cdigo Penal foi tacitamente revogado pela Lei da Tortura, visto que o excesso nos meios de correo ou disciplina passou a caracterizar a prtica de tortura, porquanto tambm causa de intenso sofrimento fsico ou mental.

    12. [CESPE JUIZ SUBSTITUTO TJ/AC 2007] Sendo crime prprio, o crime de tortura caracterizado por seu sujeito ativo, que deve ser funcionrio pblico.

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    Questo 08: No caso hipottico citado, nota-se com clareza a omisso do delegado de polcia que, ciente do que acontecia, permaneceu em sua sala sem que tivesse adotado qualquer providncia para fazer cessar as agresses. Logo, aquele que se omite em face da prtica de condutas tipificadas como crimes de tortura, quando tinha o dever de evit-las ou apur-las, comete tambm o mesmo crime.

    No h o que se falar em outro enquadramento penal para a conduta do delegado e voc deve entender a omisso como crime de tortura com pena atenuada.

    Gabarito: ERRADO

    Questo 09: Revisando:

    QUEM COMETE CRIME DE TORTURA Pena de recluso, de 02 a 08 anos.

    QUEM SE OMITE AO CRIME DE TORTURA Pena de deteno de 01 a 04 anos.

    Dessa forma, h um equivoco na questo ao afirmar que quem se omite em face de conduta tipificada como crime de tortura (tendo o dever de evit-la ou apur-la) punido com as mesmas penas do autor do crime de tortura.

    Gabarito: ERRADO

    Questo 10: Perfeitamente!! Ao ser comunicado da prtica de tortura, a autoridade policial de planto, mesmo no tendo participado da prtica delituosa, deveria ter adotado providncias no sentido de apurar a notcia de tortura. Se assim no fez, cometeu o tipo penal de omisso a crime de tortura (art. 1, 2, da Lei n 9.455/97) e por ele responder.

    Gabarito: CERTO

    Questo 11: Essa no te pega mais no mesmo? Comparando o crime de maus-tratos (art. 136 do CP) com o crime de tortura (art. 1 da Lei n 9.455/97) vimos que na tortura, o fim a que se presta a guarda, poder ou autoridade no est especificado, sendo, por isso, mais abrangente. Nos maus-tratos, a ao do sujeito ativo de contedo ainda mais varivel, pois pode se manifestar de diversas maneiras, entre as quais esto includas aquelas previstas na tortura, meios de correo ou disciplina (preveno). Nestes, a vida ou a sade da pessoa exposta a perigo, enquanto que naquela, algum submetido a intenso sofrimento fsico ou mental. Assim, temos que o artigo 136 do CP (maus-tratos) NO foi tacitamente revogado pela Lei da Tortura.

    Gabarito: ERRADO

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    Questo 12: A questo equivoca-se na generalizao ao afirmar que todos os crimes de tortura so prprios, caracterizados por ter necessariamente os funcionrios pblicos como sujeitos ativos. Crime prprio de tortura apenas o tipificado no art. 1, inciso II da Lei n 9.455/97, pois s poder nele incorrer as pessoas detentoras daqueles atributos.

    Gabarito: ERRADO

    1.3. A TORTURA QUALIFICADA

    Estabelece a Lei n 9.455/97 que se a tortura resultar:

    Em LESO CORPORAL DE NATUREZA GRAVE OU GRAVSSIMA:

    Pena recluso de 04 a 10 anos;

    Em MORTE:

    Pena recluso de 08 a 16 anos.

    Estamos diante, caro aluno, dos casos de tortura qualificada pelo resultado, ou seja, preterdolosa. Aqui, a leso corporal e a morte so consequncias culposas da tortura. No so desejadas pelo autor, que age com dolo no antecedente (tortura) e culpa no consequente (leso corporal grave ou gravssima ou morte, resultados no pretendidos).

    De qualquer forma, tem que se demonstrar que o autor no quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo. Caso contrrio, responder por tortura simples e leso corporal grave ou gravssima, em concurso formal, ou por homicdio qualificado pela tortura, art. 121,2, III, do CP, conforme a hiptese.

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    Cdigo Penal:

    Art. 121. Matar algum:

    (...)

    2 Se o homicdio cometido:

    (...)

    III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;

    Pois bem, os crimes de tortura qualificada s no se aplicam aos casos de conduta omissiva (j estudados acima), pois se o legislador diferenciou a pena daquele que se omitiu, no vai, nos casos das qualificadas, igual-las a de quem efetivamente praticou o crime.

    E vamos ao CESPE:

    13. [CESPE DELEGADO DE POLICIA POLICIA CIVIL/PB 2008] No se aplica a lei de tortura se do fato definido como crime de tortura resultar a morte da vtima.

    14. [CESPE AGENTE DE POLICIA POLICIA CIVIL/TO 2008] Considere a seguinte situao hipottica.

    Carlos, aps a prtica de atos eficientes para causar intenso sofrimento fsico e mental em Jos, visando obteno de informaes sigilosas, matou-o para que sua conduta no fosse descoberta. Nesse caso, Carlos responder pelo crime de tortura simples em concurso material, com o delito de homicdio.

    Questo 13: No tenha dvidas!! Se do fato definido como crime de tortura resultar a morte da vtima claro que se aplicar a lei de tortura!! Estamos diante da tortura qualificada. E para a tortura que resulta em morte a pena prevista a de recluso de 08 a 16 anos.

    Gabarito: ERRADO

    Questo 14: Muito cuidado, caro aluno!! Se voc ler essa assertiva muito rapidamente e se empolgar em respond-la, voc correr o risco de err-la!!

    Vimos que nos casos de tortura qualificada (quando a tortura resulta em leso corporal grave, gravssima ou em morte) a leso corporal e a morte so

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    consequncias culposas da tortura. No so desejadas pelo autor, que age com dolo no antecedente (tortura) e culpa no conseqente (leso corporal grave ou gravssima ou morte, resultados no pretendidos). No caso em tela, a morte de Jos no se deu por uma consequncia culposa do agir de Carlos. Muito pelo contrrio!! Carlos agiu com dolo, pois teve a clara inteno de praticar o homicdio. Temos um caso de concurso material de crimes. Lembra da diferena entre concurso formal e material de crimes? Vamos revisar:

    O concurso formal de crimes ocorre quando h uma nica conduta em uma pluralidade de crimes. exatamente o que acontece quando se fala na tortura qualificada onde a nica conduta de torturar leva culposamente a uma leso corporal grave ou a uma morte. No o caso da situao hipottica da nossa questo.

    O concurso material, por sua vez, ocorre quando h duas ou mais condutas (comissivas ou omissivas), que resultam em dois ou mais crimes, idnticos ou no. exatamente o caso das conditas de Carlos

    Conduta 01 - Carlos submeteu a vtima a intenso sofrimento fsico e mental visando obteno de informaes sigilosas - tortura

    Conduta 02 - Carlos matou a vtima dolosamente para que a tortura no fosse descoberta - homicdio doloso

    Repito: s seria concurso formal se a tortura provocada por Carlos tivesse ocasionado a morte da vtima sem a inteno de Carlos de assim proceder.

    Desta feita, a questo est certinha ao afirmar que ele responder por crime de tortura simples em concurso material como o delito de homicdio.

    Gabarito: CERTO

    1.4. CRIMES DE TOTURA OS AUMENTATIVOS DE PENA

    Caro aluno, estamos diante de outras figuras qualificadas que do causa ao aumento de pena. So duas de carter pessoal, e uma decorrente do modo pelo qual se pratica a tortura. Aplicam-se tanto s formas comissivas quanto omissiva, pois quem comete um crime o faz por ao ou omisso, e estando esta ltima tipificada, bvia ser a incidncia do aumento. Vamos conhec-las!!

    A norma em estudo determina que quem comete crime de tortura ter aumentada sua pena de 1/6 at 1/3:

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    Se o crime cometido por agente pblico;

    IMPORTANTE

    Para o agente pblico, a condenao acarretar a PERDA do cargo, funo ou emprego pblico e a INTERDIO PARA SEU EXERCCIO pelo dobro (no esquea!!) do prazo da pena aplicada.

    Essa hiptese trata-se de qualidade inerente ao sujeito ativo de ser um agente pblico. Interessante situao ocorrer quando houver omisso na apurao da tortura, pois, como j frisei, o sujeito ativo ser sempre uma autoridade, agente pblico, que responder, obrigatoriamente, pela pena de um a quatro anos, com aumento da pena acima estabelecido.

    Os efeitos da condenao atingem os servidores pblicos em sentido amplo, envolvendo os detentores de cargo, funo ou emprego pblico.

    Na lio de Hely Lopes Meirelles, cargo pblico o lugar institudo na organizao do funcionalismo, com denominao prpria, atribuies especficas e estipndio correspondente, para ser provido e exercido por um titular, na forma estabelecida em lei. Funo a atribuio ou o conjunto de atribuies que a Administrao confere a cada categoria profissional, ou comete individualmente a determinados servidores para execuo de servios eventuais. Todo cargo tem funo, mas pode haver funo sem cargo. J o emprego pblico o encargo de trabalho desempenhado por agentes contratados, sob relao trabalhista, sujeitando-se estes, apesar da influncia da entidade contratante, de natureza governamental, a normas jurdicas previstas na CLT.

    Esses servidores, alm de perderem seus cargos, funes ou empregos, ficam interditados para exerc-los pelo dobro do perodo da pena aplicada. No podem, assim, voltar ao servio pblico enquanto no ultrapassado aquele lapso temporal.

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    Se o crime cometido contra:

    criana;

    gestante;

    portador de deficincia;

    adolescente ou;

    maior de 60 (sessenta) anos;

    Nesse caso temos as qualidades do sujeito passivo. necessrio, todavia, que o sujeito ativo tenha em mente essas qualidades da vtima, pois, se no tiver, incorrer em erro de tipo, no respondendo pela forma qualificada. A nica delas que, mesmo admitindo o erro escusvel, imputar o aumento o fato de a vtima ser criana, j que, se o agente no conhecia esse atributo, por que a considerava adolescente, circunstncia tambm prevista na disposio legal.

    Se o crime cometido mediante seqestro.

    Por ltimo, temos a qualificao do delito quanto ao modo de sua prtica. A referncia o seqestro.

    Muita ateno, pois o art. 148, 2 do CP, prev o crime de seqestro qualificado pelo resultado. A diferena entre essas duas figuras tpicas penais est em que, na primeira, o seqestro um modo, um meio para se praticar a tortura, causando-se sofrimento fsico ou mental vtima, enquanto que, na segunda, o seqestro no um meio, e sim o prprio fim, sendo o sofrimento fsico ou moral uma decorrncia dos maus-tratos ou da natureza da deteno.

    IMPORTANTE

    As causas aumentativas de pena tambm se aplicam aos casos de OMISSO de crimes de tortura e aos de TORTURA QUALIFICADA.

    E vamos exercitando:

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    15. [CEV/UECE AGENTE PENITENCIRO SEJUS/CE 2011] Se o crime de tortura for cometido por agente pblico ou mediante o uso de arma de fogo ou em concurso de mais de duas pessoas haver aumento de pena de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um tero) previsto na Lei n 9.455/97.

    16. [CESPE DELEGADO DE POLICIA POLICIA CIVIL/PB 2008] A condenao por crime de tortura acarreta a perda do cargo, funo ou emprego pblico, mas no a interdio para seu exerccio.

    17. [CESPE AGENTE DE POLICIA POLICIA CIVIL/ES 2009] O crime de tortura crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa, no sendo prprio de agente pblico, circunstncia esta que, acaso demonstrada, determinar a incidncia de aumento da pena.

    18. [CESPE JUIZ SUBSTITUTO TJ/PB 2011] A perda do cargo pblico efeito automtico e obrigatrio da condenao de agente pblico pela prtica do crime de tortura, sendo, inclusive, prescindvel a fundamentao.

    19. [CESPE AGENTE/PAPILOSCOPISTA POLICIA FEDERAL 2012] O policial condenado por induzir, por meio de tortura praticada nas dependncias do distrito policial, um acusado de trfico de drogas a confessar a prtica do crime perder automaticamente o seu cargo, sendo desnecessrio, nessa situao, que o juiz sentenciante motive a perda do cargo.

    Questo 15: Opa!! A questo nos traz duas condutas que, como acabamos de estudar, no esto includas no rol das aumentativas de pena regradas pela Lei n. 9.455/97. Inveno total!!

    Gabarito: ERRADO

    Questo 16: Essa est fcil, no mesmo? No tenha dvida: para o agente pblico, a condenao acarretar no s a perda do cargo, funo ou emprego pblico assim como tambm NECESSARIAMENTE a interdio para seu exerccio pelo dobro do prazo da pena aplicada.

    Gabarito: ERRADO

    Questo 17: Exatamente!! Os crimes de tortura, tipificados na Lei 9.455/97, no so prprios de agentes pblicos e tm como sujeitos ativos qualquer indivduo. Agora, sendo cometidos por agentes pblicos, estar configurada, como acabamos de ver, uma circunstncia aumentativa de pena. Est certssima a questo!!

    Gabarito: CERTO

    Questo 18: Transitada em julgado a condenao por crime de tortura cometido por agente pblico, a Lei 9.455/97 prev taxativamente a perda do

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    cargo ou funo pblica dessa pessoa. Tal penalidade , portanto, automtica e obrigatria. Para a sua aplicao, a citada norma no prev necessidade de fundamentao.

    Gabarito: CERTO

    Questo 19: Praticamente um copiar-colar da questo anterior!! Uma de 2011 e outra de 2012!! O policial uma agente pblico, no mesmo? Foi condenado por induzir, por meio de tortura praticada nas dependncias do distrito policial, um acusado de trfico de drogas a confessar a prtica do crime. Se foi condenado, ento porque todo o devido processo legal foi respeitado, obviamente tambm o direto ampla defesa e ao contraditrio. Para casos como esse, a Lei 9.455/97 determina que o agente pblico perca automaticamente o seu cargo, funo ou emprego pblico. Como h a determinao expressa na lei, no h a necessidade de que o juiz sentenciante motive a perda do cargo. Est certinha!!

    Gabarito: CERTO

    1.4. OUTROS DISPOSITIVOS IMPORTANTES

    Em obedincia nossa Constituio, a Lei 9.455/97 refora, em seu art. 3, 6, que o crime de tortura inafianvel e insuscetvel de graa ou anistia.

    Uma vez preso em flagrante, no caber fiana ao acusado da prtica de tortura. S ser posto em liberdade se provar irregularidade no flagrante, caso em que ser ilegal a sua priso.

    No pode, da mesma maneira, ser concedida graa ou anistia. J te adianto que tambm o indulto no pode ser concedido, tendo em vista o que dispe a Lei 8.072/90 (art. 2, inciso I) Lei de Crimes Hediondos que estudaremos a seguir.

    A anistia exclui o crime; normalmente concedida por crime poltico; tem carter coletivo, e cabvel em qualquer momento, seja antes ou depois de iniciada a ao penal, ou ainda depois da condenao.

    A graa e o indulto excluem a culpabilidade, persistindo os demais efeitos da condenao, inclusive, a reincidncia; so concedidos por crimes comuns; a primeira tem carter individual, e o segundo, geral; s so cabveis quando h sentena condenatria.

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    A incluso deste dispositivo foi feita como forma de reforar a sua aplicao. Pra falar bem a verdade, voc perceber que j estava prevista, na Lei de Crimes Hediondos (art. 2, I e II), toda a matria aqui disciplinada. Houve apenas uma repetio.

    Versa a Lei 9.455/97 que o condenado por crime nela previsto, salvo a hiptese do condenado por CRIME DE OMISSO de tortura, iniciar o cumprimento da pena em regime FECHADO. Assim, temos que a Lei de Tortura admite a progresso de regimes ao determinar que o cumprimento da pena inicie em regime fechado.

    Vale ressaltar que a regra excepciona o condenado por crime de OMISSO, cuja pena imputada inferior aos demais crimes de tortura. Aplica-se a eles o disposto no Cdigo Penal, art. 33, 2, "c", que determina a possibilidade de o incio do cumprimento da pena ser em regime aberto, em caso de no reincidncia.

    IMPORTANTE

    As disposies da Lei 9.455/97 aplicam-se ainda:

    quando o crime NO TENHA SIDO COMETIDO em territrio nacional, sendo a vtima brasileira OU;

    quando o crime NO TENHA SIDO COMETIDO em territrio nacional encontrando-se o agente em local sob jurisdio brasileira.

    Estamos diante do princpio da extraterritorialidade. Por ele, aplicam-se as normas brasileiras a fatos ocorridos fora do pas.

    A primeira hiptese enumerada diz respeito tortura praticada contra brasileiro em outro territrio.

    A segunda, contra qualquer pessoa, brasileira ou no, desde que o agente se encontre em local sob jurisdio brasileira.

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    Bom, para finalizarmos, as nossas ltimas questes sobre os crimes de tortura:

    20. [CESPE DELEGADO DE POLICIA POLICIA FEDERAL 2004] Um agente penitencirio submeteu a intenso sofrimento fsico um preso que estava sob sua autoridade, com o objetivo de castig-lo por ter incitado os outros detentos a se mobilizarem para reclamar da qualidade da comida servida na penitenciria. Nessa situao, o referido agente cometeu crime inafianvel.

    21. [CESPE DELEGADO DE POLICIA POLICIA CIVIL/PB 2008] O condenado por crime previsto na lei de tortura inicia o cumprimento da pena em regime semiaberto ou fechado, vedado o cumprimento da pena no regime inicial aberto.

    Questo 20: Ao submeter a intenso sofrimento fsico um preso que estava sob sua autoridade, com o objetivo de castig-lo, o agente penitencirio praticou indubitavelmente crime de tortura, um crime, portanto, inafianvel e insuscetvel de GRAA ou INDULTO.

    Gabarito: CERTO

    Questo 21: Vou repetir para voc no esquecer: o condenado por crime previsto na Lei de Crimes de Tortura, salvo a hiptese do condenado por CRIME DE OMISSO de tortura, iniciar o cumprimento da pena em regime fechado. Entretanto, vale lembrar que ao usar o verbo iniciar a citada norma admite a progresso de regimes. Para o condenado por crime de OMISSO de tortura, no se esquea, aplica-se o disposto no Cdigo Penal, art. 33, 2, alnea "c", que determina a possibilidade de o incio do cumprimento da pena ser em regime aberto, em caso de no reincidncia.

    A questo erra, portanto, ao declarar que todos os condenados por crimes de tortura podem iniciar o cumprimento da pena em regime semiaberto ou fechado. Erra ainda mais quando insinua a vedao absoluta ao cumprimento da pena no regime inicial aberto. Voc j sabe que isso pode acontecer para os condenados aos crimes de omisso de tortura.

    Gabarito: ERRADO

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    II ESTUDO DA LEI 8.072/90 CRIMES HEDIONDOS

    Caro aluno, comearemos, a partir de agora, o estudo de uma das mais importantes leis extravagantes cobradas em concursos pblicos: a Lei n. 8.072/90 que define e dispe sobre os crimes hediondos.

    A vm as famosas perguntas: o que um crime HEDIONDO? Quais so esses crimes?

    Vamos s respostas!!

    IMPORTANTE

    O delito HEDIONDO aquele considerado REPUGNANTE, BRBARO ou ASQUEROSO.

    preciso ressaltar, no entanto, que o crime HEDIONDO no aquele que no caso concreto, se mostra repugnante, asqueroso, depravado, horrvel, sdico ou cruel, por sua gravidade objetiva, ou por seu modo ou meio de execuo, ou pela finalidade do agente, mas sim aquele definido de forma taxativa pelo legislador ordinrio.

    A origem legal para a edio da Lei 8.072/90, que elenca de forma TAXATIVA o rol de crimes considerados hediondos e seus assemelhados tambm tem previso no j citado inciso XLIII do art. 5 da nossa Constituio Federal de 1998 e que mais uma vez transcrevo:

    Art. 5. (...)

    XLIII - a lei considerar crimes inafianveis e insuscetveis de graa ou anistia a prtica da tortura, o trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evit-los, se omitirem.

    Alm do comando a ser seguido, a Lei Fundamental tambm determinou que os crimes de trfico de drogas, terrorismo e tortura recebessem o

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    mesmo tratamento rigoroso dado aos crimes hediondos. Assim, tais delitos foram considerados como equiparados ou assemelhados aos hediondos.

    Ao dispor sobre os crimes hediondos e equiparados na Constituio de 1988, o legislador originrio determinou que tais delitos tivessem um tratamento mais rigoroso que os demais. Saiba, caro aluno, que em vrios concursos no foram poucas as questes as quais o examinador questionou o candidato sobre quais eram os crimes hediondos e quais eram os assemelhados.

    Vamos comear o nosso estudo pelos crimes hediondos TAXATIVAMENTE elencados pela Lei 8.072/90. Em seguida tratemos dos crimes a eles equiparados (ou assemelhados).

    2.1. O ROL DE CRIMES HEDIONDOS

    Caro aluno, como condio fundamental para o seu concurso de EXTREMA IMPORTNCIA que voc memorize todos os crimes hediondos estudados a seguir!!

    Primeiramente descreverei a lista desses crimes. Nesse primeiro momento, procure apenas memoriz-los. Em seguida, para a consolidao de seu aprendizado, discutiremos aspectos importantes de cada um deles.

    Desta feita, a Lei 8.072/90 regulamenta que so considerados HEDIONDOS os seguintes crimes, todos tipificados no Cdigo Penal Brasileiro, consumados ou tentados:

    O homicdio (art. 121), quando praticado em atividade tpica de grupo de extermnio, ainda que cometido por um s agente, e homicdio qualificado (art. 121, 2o, I, II, III, IV e V);

    O latrocnio (art. 157, 3o, in fine);

    A extorso qualificada pela morte (art. 158, 2o);

    A extorso mediante seqestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e 1o, 2o e 3o);

    O estupro (art. 213, caput e 1o e 2o);

    O estupro de vulnervel (art. 217-A, caput e 1o, 2o, 3o e 4o);

    A epidemia com resultado morte (art. 267, 1o);

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    A falsificao, a corrupo, a adulterao ou a alterao de produto destinado a fins teraputicos ou medicinais (art. 273, caput e 1o, 1o-A e 1o-B) e;

    O crime de genocdio previsto nos arts. 1o, 2o e 3o da Lei no 2.889, de 1o de outubro de 1956, tentado ou consumado.

    Conhecidos os crimes hediondos, vamos agora procurar esclarecer alguns detalhes importantes sobre eles.

    O homicdio simples e o homicdio qualificado

    So considerados hediondos, consumados ou tentados:

    Quando praticados em atividade tpica de grupo de extermnio, ainda que cometido por um s agente:

    Homicdio simples (art. 121)

    Art. 121. Matar algum

    Homicdio qualificado (art. 121, 2o, I, II, III, IV e V)

    Art. 121. (...)

    2 Se o homicdio cometido:

    I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;

    II - por motivo ftil;

    III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;

    IV - traio, de emboscada, ou mediante dissimulao ou outro recurso que dificulte ou torne impossvel a defesa do ofendido;

    V - para assegurar a execuo, a ocultao, a impunidade ou vantagem de outro crime.

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    O homicdio simples somente considerado delito hediondo, quando praticado em atividade tpica de grupo de extermnio, ainda que cometido por um s autor. Da leitura que se faz do artigo 121 do Cdigo Penal, percebe-se que no existe a qualificadora atividade tpica de grupo de extermnio.

    Na prtica, o homicdio praticado em atividade de grupo de extermnio nada mais do que um homicdio qualificado.

    E quanto ao crime de homicdio privilegiado-qualificado?

    Bom, o homicdio privilegiado aquele em que a prtica da infrao motivada por relevante valor social ou moral, ou se esta cometida logo aps injusta provocao da vtima. Nesses casos, a pena pode ser minorada de 1/6 at 1/3 da pena. Nada impede que um homicdio privilegiado seja tambm qualificado. Por exemplo, o caso do agente que utiliza meio cruel para realizar o homicdio sob violenta emoo logo em seguida de injusta provocao da vtima.

    A pergunta : esse crime privilegiado-qualificado tambm considerado hediondo?

    Resposta: para a maioria da doutrina o homicdio privilegiado-qualificado NO crime hediondo.

    IMPORTANTSSIMO!!

    De acordo com JURISPRUDNCIA do STJ, temos em resumo:

    STJ - HC 36317/RJ Por incompatibilidade axiolgica e por falta de previso legal, o homicdio qualificado-privilegiado no integra o rol dos denominados crimes hediondos (Precedentes)."

    STJ - HC 41579/SP 1. O homicdio qualificado-privilegiado no figura no rol dos crimes hediondos. Precedentes do STJ.

    STJ - HC 43043 / MG 1. O homicdio qualificado-privilegiado no crime hediondo, no se lhe aplicando norma que estabelece o regime fechado para o integral cumprimento da pena privativa de liberdade (Lei n 8.072/90, artigos 1 e 2, pargrafo 1).

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    O latrocnio

    considerado crime hediondo, consumado ou tentado:

    Latrocnio - roubo seguido de morte - (art. 157, 3o, in fine)

    Art. 157 - Subtrair coisa mvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaa ou violncia a pessoa, ou depois de hav-la, por qualquer meio, reduzido impossibilidade de resistncia.

    (...)

    3 (...) se resulta morte, a recluso de vinte a trinta anos, sem prejuzo da multa.

    Aqui importante perceber que a Lei n. 8072/90 classifica apenas o latrocnio como crime hediondo, excluindo o roubo simples ou circunstanciado.

    A extorso

    So considerados crimes hediondos, consumados ou tentados:

    Extorso qualificada pela morte (art. 158, 2o);

    Art. 158 - Constranger algum, mediante violncia ou grave ameaa, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econmica, a fazer, tolerar que se faa ou deixar fazer alguma coisa:

    (...)

    2 - Aplica-se extorso praticada mediante violncia o disposto no 3 do art. 157 (se a extorso resultar em morte)

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    Extorso mediante seqestro na forma qualificada (art. 159, caput, e 1o, 2o e 3o)

    Art. 159 - Seqestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condio ou preo do resgate.

    (...)

    1o Se o seqestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o seqestrado menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime cometido por bando ou quadrilha.

    (...)

    2 - Se do fato resulta leso corporal de natureza grave.

    (...)

    3 - Se resulta a morte.

    Os crimes de estupro

    So considerados crimes HEDIONDOS, consumados ou tentados:

    Estupro (art. 213, caput e 1o e 2o);

    Art. 213. Constranger algum, mediante violncia ou grave ameaa, a ter conjuno carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:

    (...)

    1o Se da conduta resulta leso corporal de natureza grave ou se a vtima menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos:

    (...)

    2o Se da conduta resulta morte.

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    Estupro de vulnervel (art. 217-A, caput e 1o, 2o, 3o e 4o)

    Art. 217-A. Ter conjuno carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos:

    (...)

    1o Incorre na mesma pena quem pratica as aes descritas no caput com algum que, por enfermidade ou deficincia mental, no tem o necessrio discernimento para a prtica do ato, ou que, por qualquer outra causa, no pode oferecer resistncia.

    2o (VETADO) (Includo pela Lei n 12.015, de 2009)

    3o Se da conduta resulta leso corporal de natureza grave:

    (...)

    4o Se da conduta resulta morte.

    A Epidemia

    considerado crime hediondo, consumado ou tentado:

    Epidemia com resultado morte (art. 267, 1o)

    Art. 267 - Causar epidemia, mediante a propagao de germes patognicos:

    (...)

    1 - Se do fato resulta morte, a pena aplicada em dobro.

    Entende-se por epidemia a propagao de germes patognicos. Ressalta-se que basta a morte de uma s pessoa para a configurao do crime.

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    IMPORTANTE

    A transmisso dolosa do vrus HIV no configura o crime ora em comento.

    A falsificao, a corrupo, a adulterao e a alterao

    considerado crime HEDIONDO, consumado ou tentado:

    Falsificao, corrupo, adulterao ou alterao de produto destinado a fins teraputicos ou medicinais (art. 273, caput e 1o, 1o-A e 1o-B)

    Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins teraputicos ou medicinais:

    (...)

    1 - Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expe venda, tem em depsito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o produto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado.

    1-A - Incluem-se entre os produtos a que se refere este artigo os medicamentos, as matrias-primas, os insumos farmacuticos, os cosmticos, os saneantes e os de uso em diagnstico.

    1-B - Est sujeito s penas deste artigo quem pratica as aes previstas no 1 em relao a produtos em qualquer das seguintes condies:

    I - sem registro, quando exigvel, no rgo de vigilncia sanitria competente;

    II - em desacordo com a frmula constante do registro previsto no inciso anterior;

    III - sem as caractersticas de identidade e qualidade admitidas para a sua comercializao;

    IV - com reduo de seu valor teraputico ou de sua atividade;

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    V - de procedncia ignorada;

    VI - adquiridos de estabelecimento sem licena da autoridade sanitria competente.

    O presente inciso foi inserido em 1998, aps o escndalo nacional dos contraceptivos de farinha, que foram colocados no mercado consumidor.

    Cumpre ressaltar que o estudo do artigo 273 do Cdigo Penal deve ser feito de maneira integral.

    O genocdio

    considerado crime hediondo, consumado ou tentado:

    Lei n 2.889/56

    Art. 1 Quem, com a inteno de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, tnico, racial ou religioso, como tal:

    a) matar membros do grupo;

    b) causar leso grave integridade fsica ou mental de membros do grupo;

    c) submeter intencionalmente o grupo a condies de existncia capazes de ocasionar-lhe a destruio fsica total ou parcial;

    d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo;

    e) efetuar a transferncia forada de crianas do grupo para outro grupo;

    (...)

    Art. 2 Associarem-se mais de 3 (trs) pessoas para prtica dos crimes mencionados no artigo anterior: (...)

    Art. 3 Incitar, direta e publicamente algum a cometer qualquer dos crimes de que trata o art. 1

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    H quem diga que o genocdio um crime equiparado ao hediondo, o que ouso discordar. Primeiro, o crime em estudo no foi apontado pelo Constituinte Originrio como hediondo. Segundo, a prpria lei dos crimes hediondos o considera expressamente como hediondo em sua redao.

    O STF, no RE 351487/RR, ressalta que a leso vida, integridade fsica ou liberdade de locomoo so apenas meios de ataque nos diversos meios de ao do criminoso. Afirmou-se que o crime de genocdio no visa proteger a vida ou a integridade fsica, mas sim a diversidade humana. Foi asseverado que um eventual homicdio seria mero instrumento para a execuo do crime de genocdio, enfim, este no um crime doloso contra a vida, mas contra a existncia de grupo racial, nacional, tnico e religioso.

    Pois bem, para voc se divertir, vrias questes CESPE sobre o que acabamos de estudar:

    22. [CESPE PAPILOSCOPISTA POLICIA CIVIL/RR 2003] So considerados hediondos, nas formas tentadas ou consumadas, os crimes de homicdio simples, latrocnio, estupro e atentado violento ao pudor.

    23. [CESPE ANAL. JUDICIARIO AREA JUDICIARIA TJDFT 2008] O crime de homicdio considerado hediondo quando praticado em atividade tpica de grupo de extermnio, ainda que cometido por um s agente, e quando for qualificado.

    24. [CESPE JUIZ SUBSTITUTO TJ/PB 2011] Por incompatibilidade axiolgica e por falta de previso legal, o homicdio qualificado-privilegiado no integra o rol dos denominados crimes hediondos.

    25. [CESPE PAPILOSCOPISTA POLICIA CIVIL/RR 2003] Armando e Srgio deviam a quantia de R$ 500,00 a Paulo, porm se recusavam a pagar. No dia marcado para o acerto de contas, Armando e Srgio, com o nimo de matar, compareceram ao local do encontro com Paulo portando armas de fogo, emprestadas por Mrio, que sabia para qual finalidade elas seriam usadas. Armando e Srgio atiraram contra Paulo, ferindo-o mortalmente.

    Segundo determina a Lei n.o 8.072/1990, o homicdio de Paulo considerado crime hediondo.

    26. [CESPE PAPILOSCOPISTA POLICIA CIVIL/TO 2008] So crimes hediondos relacionados na legislao especfica: o homicdio, quando praticado em atividade tpica de grupo de extermnio, o roubo simples, a extorso mediante seqestro, entre outros.

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    27. [CESPE JUIZ SUBSTITUTO TJ/SE 2008] O porte ilegal de arma de fogo de uso permitido inafianvel e hediondo, sendo irrelevante o fato de a arma de fogo estar registrada em nome do agente.

    28. [CESPE AGENTE DE POLICIA POLICIA CIVIL/ES 2009] Segundo o disposto na legislao especfica, so crimes hediondos, entre outros, o homicdio qualificado, o latrocnio, a epidemia com resultado morte e o genocdio.

    Questo 22: Primeiro erro da questo: O homicdio simples somente considerado delito hediondo quando praticado em atividade tpica de grupo de extermnio, ainda que cometido por um s autor. Segundo: o atentado violento ao pudor no mais considerado crime hediondo.

    Gabarito: ERRADO

    Questo 23: Isso mesmo!! J vimos que o homicdio simples somente considerado delito hediondo, quando praticado em atividade tpica de grupo de extermnio, ainda que cometido por um s autor. Na prtica, estamos realmente diante de um homicdio qualificado.

    Gabarito: CERTO

    Questo 24: Uma questo que copiou toda a literalidade de deciso jurisprudencial do Superior Tribunal de Justia. Repetindo, para no esquecer:

    STJ - HC 36317/RJ Por incompatibilidade axiolgica e por falta de previso legal, o homicdio qualificado-privilegiado no integra o rol dos denominados crimes hediondos (Precedentes).

    Gabarito: CERTO

    Questo 25: Matar algum por causa uma dvida de R$ 500,00 algo bastante desproporcional, caracterizando-se motivo ftil para o cometimento do delito. Estamos diante, portanto, de um crime de homicdio qualificado tipificado no art. 121, 2, inciso II do CP e classificado como crime hediondo pela Lei 8072/90.

    Gabarito: CERTO

    Questo 26: Vamos responder a questo com um checklist:

    o homicdio, quando praticado em atividade tpica de grupo de extermnio OK CRIME HEDIONDO

    o roubo simples ERRADO NO CRIME HEDIONDO

    extorso mediante seqestro OK CRIME HEDIONDO

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    Bom, como um dos tipos descritos na questo no crime hediondo, podemos concluir que ela est errada.

    Gabarito: ERRADO

    Questo 27: Aqui a banca viajou geral ao afirmar que o porte ilegal de arma crime inafianvel e hediondo. Esse crime no mais inafianvel e jamais foi includo no rol dos crimes hediondos previsto na Lei 8.072/90. A ttulo de reviso, apesar de ainda constar na letra da Lei 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento) que esse crime inafianvel, o STF, por meio da ADIN 3.112-1 decidiu por sua afianabilidade.

    Gabarito: ERRADO

    Questo 28: Perfeitinha!! A questo nos traz uma verdade: so crimes hediondos, entre outros, o homicdio qualificado, o latrocnio, a epidemia com resultado morte e o genocdio.

    Gabarito: CERTO

    2.2. OS CRIMES EQUIPARADOS AOS HEDIONDOS

    Caro aluno, as bancas de concursos, e com o CESPE no poderia ser diferente, adoram cobrar sobre os crimes equiparados (ou assemelhados) aos hediondos. Vamos analis-los!!

    Sei que voc j est cansado de saber, mas para tratarmos desses crimes, preciso mais uma vez reportar-me ao inciso XLIII do art. 5 da nossa Constituio Federal:

    Art. 5.

    XLIII - A lei considerar crimes inafianveis e insuscetveis de graa ou anistia a prtica de tortura, o trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por ele respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evit-los, se omitirem.

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    A Lei n. 8.072/90 abrange no s as infraes penais enumeradas em seu artigo 1 (o rol dos crimes hediondos por ns estudados), como tambm os crimes de tortura, trfico de entorpecentes e terrorismo, que apesar de no serem hediondos so considerados como tal, tornando-se equiparados a estes. E quem nos garante essa regra?

    A prpria Lei 8.072/90 em seu art. 2 ao estabelecer que:

    Os crimes hediondos, a prtica da tortura, o trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo so insuscetveis de:

    ANISTIA;

    GRAA;

    INDULTO E;

    FIANA.

    O Trfico ilcito de entorpecentes e de drogas afins

    importante destacar que no so todos os crimes previstos na Lei n. 11.343/06 (Lei de Drogas) que so tratados como equiparados aos crimes hediondos.

    IMPORTANTE

    Da Lei de Drogas, por ns j estudada, s so considerados equiparados aos hediondos os tipos penais previstos em seu art. 33 e 36. (REVISE-OS E NO SE ESQUEA MAIS!!)

    O art. 35 j foi considerado crime equiparado, porm o STF, em deciso recente, retirou do rol de crimes que no se assemelham aos hediondos, o artigo 35 da referida Lei de Drogas (que trata do crime de associao para fins de trfico).

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    O Terrorismo

    Quanto a este crime, ressaltamos que em nosso ordenamento jurdico no h nenhum delito tipificado como terrorismo, gerando assim vrias discusses a respeito. Parte dos doutrinadores entende que o artigo 20 da Lei n. 7.170/83 (Lei de Segurana Nacional) tipificaria o terrorismo, por inconformismo poltico ou para obteno de fundos destinados a manuteno de organizaes clandestinas ou subversivas, podendo ser aplicadas s consequncias da hediondez.

    Entretanto, outros doutrinadores entendem que inexiste o tipo penal terrorismo. Em detrimento das divergncias doutrinrias, para a sua prova, o que voc precisa saber unicamente que o terrorismo um crime EQUIPARADO ao hediondo.

    A Tortura

    J estudamos bastante sobre os crimes de tortura, no verdade?

    O artigo 5, III da Constituio Federal diz:

    ningum ser submetido tortura nem a tratamento desumano ou degradante.

    O conceito do que seria o crime de tortura ficou vago, s sendo a tortura melhor explicada com a publicao da Lei n. 9.455/97.

    Quer saber? Nossa organizadora tem uma verdadeira paixo por esse assunto!! Vamos ver como ela cobrou:

    29. [CESPE DELEGADO DE POLICIA POLICIA CIVIL/PB 2008] Os crimes hediondos ou a eles assemelhados no incluem o atentado violento ao pudor, a falsificao de produto destinado a fins teraputicos e a tentativa de genocdio.

    30. [CESPE PAPILOSCOPISTA POLICIA CIVIL/RR 2003] No so suscetveis de anistia e indulto os crimes hediondos.

    31. [CESPE DELEGADO DE POLICIA FEDERAL DPF 2004] Hugo um agente de polcia civil que realizou interceptao de comunicao telefnica

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    sem autorizao judicial. Nessa situao, o ato de Hugo, apesar de violar direitos fundamentais, no constitui crime hediondo.

    32. [CESPE JUIZ SUBSTITUTO TJ/BA 2005] Considere a seguinte situao hipottica.

    Pedro e Paulo associaram-se, em carter habitual, organizado e permanente societas sceleris , para comercializarem cloreto de etila lanaperfume a estudantes de escolas e faculdades particulares. Nessa situao, Pedro e Paulo praticaram o crime de associao para o trfico de entorpecentes, que equiparado a crime hediondo.

    33. [CESPE PAPILOSCOPISTA POLICIA CIVIL/PA 2006] Conforme a Carta Magna federal, sonegado s pessoas condenadas por crimes hediondos o acesso, apenas, aos benefcios da fiana e da graa.

    34. [CESPE AGENTE DE POLICIA POLICIA CIVIL/TO 2008] O trfico ilcito de entorpecentes e a tortura, considerados crimes hediondos, so insuscetveis de fiana ou anistia.

    35. [CESPE AGENTE DE POLICIA POLICIA CIVIL/RN 2008] Os crimes hediondos e a prtica de terrorismo so imprescritveis e insuscetveis de anistia, graa, indulto ou fiana.

    36. [CESPE DELEGADO DE POLICIA SUBST. POLICIA CIVIL/ES 2011] Os crimes de racismo, tortura, trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os crimes definidos como hediondos, assim como a ao de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o estado democrtico podem ser compreendidos na categoria de delitos inafianveis por disposio constitucional expressa.

    Questo 29: O atentado violento ao pudor, como j comentamos, no mais considerado crime hediondo e nem a ele assemelhado. At a tudo bem, mas o equivoco tambm no considerar como hediondos a falsificao de produto destinado a fins teraputicos e a tentativa de genocdio.

    Gabarito: ERRADO

    Questo 30: Isso mesmo!! Os crimes hediondos so insuscetveis de anistia e indulto. E lembre-se que, alm disso, no so suscetveis tambm fiana e anistia. Da mesma forma, os seus assemelhados (a prtica de tortura, o trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo).

    Gabarito: CERTO

    Questo 31: Pergunto: de tudo que estudamos at aqui, voc viu em algum momento eu falar que a interceptao de comunicao telefnica considerada pela Lei 8.072/90 um crime hediondo ou a ele assemelhado? De

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    jeito nenhum!! No falei porque realmente ela no crime hediondo!! Est certssima a questo.

    Gabarito: CERTO

    Questo 32: A resposta aqui simples: tanto o STF quanto o STJ j se manifestaram reiteradamente julgando como no hediondo o crime de associao para o trfico, previsto no art. 35 da Lei 11.343/06. Dos crimes tipificados na Lei de Drogas, apenas os tipificados nos seus artigos 33 e 36 so considerados como hediondos. No se esquea dessa preciosa informao, ok??

    Gabarito: ERRADO

    Questo 33: Questo de uma escrita bonita, mas ordinria!! No so apenas os benefcios da fiana e da graa que so sonegados (retirados os direitos) aos condenados por crimes hediondos no. A quem comete tais crimes (e seus assemelhados) so tambm negados os diretos ANISTIA e ao INDULTO.

    Gabarito: ERRADO

    Questo 34: Primeiro erro: o trfico ilcito de entorpecentes e a tortura no so propriamente crimes hediondos. A Lei e a doutrina os tratam como crimes equiparados aos hediondos.

    Segundo e mais grave erro: afirmar que tais crimes so insuscetveis de fiana OU anistia. O uso do ou foi maldoso e infeliz, pois j estamos carecas de saber que tais condutas so insuscetveis de graa, indulto, fiana E anistia. No h essa previso de ser insuscetvel a uma (fiana) OU outra (anistia).

    Gabarito: ERRADO

    Questo 35: Caro aluno, a nossa banca apaixonada por esse assunto!! Veja como em duas questes de um mesmo ano ela promove a mesma pegadinha super maldosa trocando o e pelo ou ao citar em seu final a expresso indulto OU fiana. , pode acreditar... Mais uma vez para no esquecer: os crimes hediondos, a prtica da tortura, o trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo so insuscetveis de anistia, graa, indulto E fiana.

    E mais: os crimes hediondos no so imprescritveis!!

    Gabarito: ERRADO

    Questo 36: Essa questo recentinha est uma moleza!! Para respond-la, mais do que o conhecimento dos ditames da Lei 8.072/90, preciso relembrar trs importantes dispositivos de nossa Constituio Federal:

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    CF/88

    Art. 5 (...)

    XLII - a prtica do racismo constitui crime inafianvel e imprescritvel, sujeito pena de recluso, nos termos da lei;

    XLIII - a lei considerar crimes inafianveis e insuscetveis de graa ou anistia a prtica da tortura, o trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evit-los, se omitirem;

    XLIV - constitui crime inafianvel e imprescritvel a ao de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrtico;

    Me diga se no foi uma questo dada!!

    Gabarito: CERTO

    2.3. OS CRIMES HEDIONDOS E A LIBERDADE PROVISRIA

    A liberdade provisria concedida ao indiciado ou ao ru preso cautelarmente. uma garantia constitucional prevista no art. 5, inciso LXVI da CF, assim redigido:

    Art. 5

    (...)

    LXVI - Ningum ser levado priso ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisria, com ou sem fiana

    A Constituio e a Lei n. 8.072/90 estabelecem que os crimes hediondos e equiparados so inafianveis, ou seja, que vedada a concesso de liberdade provisria com arbitramento de fiana para tais delitos.

    A vedao liberdade provisria, antes expressamente prevista na Lei n. 8.072/90, no impedia o relaxamento do flagrante quando:

    a) ocorresse excesso de prazo da priso processual;

    b) no confirmada situao de flagrncia e se;

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    c) reconhecida nulidade na lavratura do auto de priso.

    IMPORTANTE NO ESQUECER!!

    Com a publicao da Lei n. 11.464/07, passou a ser possvel a concesso de liberdade provisria sem arbitramento de fiana, no caso de cometimento de crimes hediondos ou equiparados.

    2.4. POSSIBILIDADE DE SE RECORRER EM LIBERDADE

    Rege a Lei dos Crimes Hediondos que em caso de sentena condenatria, o juiz decidir fundamentadamente se o ru poder apelar em liberdade.

    Ateno, pois o Superior Tribunal de Justia vem se manifestando no sentido de que somente ser imposto ao ru o recolhimento provisrio quando presentes as hipteses do art. 312, do CPP abaixo transcrito. Julgados recentes: RHC 23987/SP e HC 92886/SP.

    CPP:

    Art. 312. A priso preventiva poder ser decretada como garantia da ordem pblica, da ordem econmica, por convenincia da instruo criminal, ou para assegurar a aplicao da lei penal, quando houver prova da existncia do crime e indcio suficiente de autoria.

    Pargrafo nico. A priso preventiva tambm poder ser decretada em caso de descumprimento de qualquer das obrigaes impostas por fora de outras medidas cautelares (art. 282, 4o).

    Aos trabalhos:

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    37. [CESPE JUIZ SUBSTITUTO TJ/ES 2011] A jurisprudncia do STJ sedimentou a orientao de que a regra prevista na Lei n. 8.072/1990 em relao ao afastamento da possibilidade de concesso de fiana nos casos de priso em flagrante de crimes hediondos ou equiparados no constitui por si s fundamento suficiente para impedir a concesso da liberdade provisria, na medida em que s no ser oportunizada ao agente a concesso da liberdade mediante fiana caso estejam presentes os requisitos da priso preventiva.

    38. [CESPE JUIZ SUBSTITUTO TJ/PB 2011] Conforme a jurisprudncia do STJ, mesmo com o advento da Lei n. 11.464/2007, que alterou a lei que trata dos crimes hediondos, no se tornou possvel a liberdade provisria nos crimes hediondos ou equiparados, ainda no caso de no estarem presentes os requisitos da priso preventiva.

    39. [CESPE DELEGADO DE POLICIA POLICIA CIVIL/TO 2008] Considere a seguinte situao hipottica.

    Em 28/7/2007, Maria foi presa e autuada em flagrante delito pela prtica de um crime hediondo. Concludo o inqurito policial e remetidos os autos ao Poder Judicirio, foi deferido pelo juzo pedido de liberdade provisria requerido pela defesa da r. Nessa situao, procedeu em erro a autoridade judiciria, pois os crimes hediondos so insuscetveis de liberdade provisria.

    Questo 37: Caro aluno, voc j sabe que esses crimes so inafianveis. No h previso de liberdade mediante fiana seja qual for a hiptese!! Entretanto, voc sabe tambm que por meio das mudanas trazidas pela Lei n 11.464/07, passou a ser possvel a concesso de liberdade provisria sem arbitramento de fiana.

    Gabarito: ERRADO

    Questo 38: No vamos confundir alhos com bugalhos!!

    LIBERDADE PROVISRIA com o advento da Lei n. 11.464/2007, que alterou a lei que trata dos crimes hediondos, tornou-se possvel a liberdade provisria nos crimes hediondos ou equiparados.

    RECOLHIMENTO PROVISRIO conforme entendimentos do STJ, s ser possvel esse recolhimento quando presentes as hipteses de priso preventiva regulamentadas no art. 312 do CPP.

    Ora, no estando presentes os requisitos para a priso preventiva, perfeitamente possvel a liberdade provisria nos crimes hediondos ou equiparados, desde que fundamentada pela autoridade judicial.

    Gabarito: ERRADO

    Questo 39: bvio que Maria teria sim o direito liberdade provisria. Atualmente a Lei 8.072/90 (por conta das alteraes promovidas pela Lei

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    11.464/07) j prev a possibilidade de concesso de liberdade provisria sem arbitramento de fiana, no caso de cometimento de crimes HEDIONDOS ou EQUIPARADOS.

    Gabarito: ERRADO

    2.5. A PROGRESSO DE REGIME

    Com o advento da Lei 11.464/07, as penas por todos os crimes previstos na nossa Lei de Crimes Hediondos devero ser cumpridas inicialmente em regime fechado.

    A progresso de regime, no caso dos condenados aos crimes hediondos, ser permitida e dar-se- aps:

    o cumprimento de 2/5 da pena se o apenado for primrio

    o cumprimento de 3/5 da pena se o apenado for reincidente.

    Poucas informaes e vrias questes CESPE para treinarmos. Veja:

    40. [CESPE JUIZ SUBSTITUTO TJ/MT 2005] Com o advento da Lei n. 9.455/1997, passou-se a admitir a progresso de regimes para o crime de tortura, que equiparado a crime hediondo. Diante do novo diploma legal, a jurisprudncia do STF firmou-se no sentido de que ser possvel a progresso de regimes para os demais crimes hediondos e para os equiparados aos hediondos.

    41. [CESPE PAPILOSCOPISTA FEDERAL DPF 2004] Estende-se aos demais crimes hediondos, a admissibilidade de progresso no regime de execuo da pena aplicada ao crime de tortura.

    42. [CESPE JUIZ SUBSTITUTO TJ/BA 2005] Considere a seguinte situao hipottica. Pela prtica do crime de homicdio qualificado, um indivduo foi condenado definitivamente pena privativa de liberdade de 12 anos de recluso, tendo o juiz fixado na sentena penal o regime inicialmente fechado. Na fase executiva, o juiz, verificando a fixao equivocada do regime prisional, o corrigiu para integralmente fechado.

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    Nessa situao, por tratar-se de crime hediondo, com previso legal expressa de que a pena deve ser cumprida em regime integralmente fechado, a deciso do juiz da execuo no violou a coisa julgada.

    43. [CESPE DELEGADO DE POLICIA POLICIA CIVIL/PA 2006] O ru que foi condenado pela prtica de crime hediondo no tem o direito de cumprir a pena em regime de execuo progressiva, de acordo com a jurisprudncia mais recente do STF.

    44. [CESPE JUIZ SUBSTITUTO TJ/AC 2007] O STF admite, em casos excepcionais, a fixao de regime integralmente fechado para o cumprimento da pena de condenados por crimes hediondos.

    45. [CESPE JUIZ SUBSTITUTO TJ/SE 2008] A admissibilidade de progresso no regime de execuo da pena aplicada ao crime de tortura no se estende aos demais crimes hediondos.

    46. [CESPE ANAL. JUDICIARIO AREA JUDICIARIA STJ 2008] De acordo com a nova redao da Lei dos Crimes Hediondos, a pena ser sempre cumprida em regime inicialmente fechado, cabendo a progresso de regime aps o cumprimento de dois quintos da pena, se o apenado for primrio.

    47. [CESPE ANAL. JUDICIARIO AREA JUDICIARIA TJDFT 2008] A pena por crime hediondo deve ser cumprida em regime inicialmente fechado, podendo o condenado progredir de regime aps o cumprimento de dois quintos da pena, se for primrio, e de trs quintos da pena, se for reincidente.

    48. [CESPE AGENTE DE POLICIA POLICIA CIVIL/RN 2008] A pena pela prtica de crime hediondo deve ser cumprida em regime integralmente fechado.

    49. [CESPE ANAL. JUDICIARIO AREA JUDICIARIA STJ 2008] O condenado pela prtica de crime de tortura, por expressa previso legal, no poder ser beneficiado por livramento condicional, se for reincidente especfico em crimes dessa natureza.

    Questo 40: Essa questo do ano de 2005, elaborada antes da publicao da Lei n. 11.464/07. O gabarito poca dava a questo como errada, mas hoje, tenha a certeza absoluta de que possvel a progresso de regimes para os crimes hediondos e para os a eles equiparados. Foi o que acabamos de ver!!

    Gabarito: CERTO

    Questo 41: Outra elaborada antes do advento da Lei 11.464/07. Na poca o gabarito estava como errado. Nos dias atuais, sob a gide das mudanas trazidas pela supracitada lei, existe a possibilidade de progresso no regime de execuo da pena aplicada ao crime de tortura, considerado um crime assemelhado ao hediondo.

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    Gabarito: CERTO

    Questo 42: claro que o juiz violou sim a coisa julgada!! A previso legal, expressa no art. 2, 2 da Lei 8.072/90, que a pena deva ser cumprida em regime inicialmente fechado, admitindo-se perfeitamente a progresso de pena.

    Gabarito: ERRADO

    Questo 43: Essa j est no sangue!! Aps a publicao da Lei 11.464/07, o ru que foi condenado pela prtica de crime hediondo tem sim o direito de cumprir a pena em regime de execuo progressiva.

    Gabarito: ERRADO

    Questo 44: No h mais essa previso!! O art. 2, 2, da Lei 8.072/90, nos garante que o cumprimento da pena dos condenados por crimes hediondos seja cumprida em regime INICIALMENTE fechado, admitindo-se perfeitamente a sua progresso.

    Gabarito: ERRADO

    Questo 45: Mas o CESPE gosta de cobrar sobre progressividade das penas para os crimes hediondos, no verdade?? E essa est parafraseando uma das questes anteriores j comentadas. Revisando:

    A progresso de regime, no caso dos condenados aos crimes hediondos, a prtica da tortura, o trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo ser permitida e dar-se- aps:

    o cumprimento de 2/5 da pena se o apenado for PRIMRIO;

    o cumprimento de 3/5 da pena se o apenado for REINCIDENTE.

    O direito progressividade da pena alcana os crimes hediondos tipificados e todos os a eles equiparados.

    Gabarito: ERRADO

    Questo 46: Mais uma questo bem simples...Vou insistir na repetio (seu crebro agradecer!!):

    A progresso de regime, no caso dos condenados aos crimes hediondos, a prtica da tortura, o trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo ser PERMITIDA e dar-se- aps:

    o cumprimento de 2/5 da pena se o apenado for PRIMRIO;

    o cumprimento de 3/5 da pena se o apenado for REINCIDENTE.

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    Gabarito: CERTO

    Questo 47: A progresso de regime, no caso dos condenados aos crimes hediondos, prtica da tortura, ao trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins e ao terrorismo ser permitida e dar-se- aps:

    o cumprimento de 2/5 da pena se o apenado for PRIMRIO;

    o cumprimento de 3/5 da pena se o apenado for REINCIDENTE.

    Gabarito: CERTO

    Questo 48: Tanta repetio at cansa, no ?? Quem sabe a banca repete de novo na sua prova!! A pena pela prtica de crime hediondo deve ser cumprida em regime INICIALMENTE fechado.

    Gabarito: ERRADO

    Questo 49: O livramento condicional, como voc j bem deve saber, a concesso de liberdade antecipada pelo juiz, ao condenado, mediante a existncia de determinados requisitos, e observadas algumas condies durante o restante da pena que deveria cumprir preso. O art. 83, V, do Cdigo Penal tem a seguinte redao:

    Requisitos do livramento condicional

    Art. 83 - O juiz poder conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que:

    (...)

    V - cumprido mais de dois teros da pena, nos casos de condenao por crime hediondo, prtica da tortura, trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o apenado no for reincidente especfico em crimes dessa natureza"

    Alm dos requisitos j estabelecidos no CP, o condenado deve cumprir 2/3 da reprimenda imposta, desde que no seja reincidente especfico. Logo, a questo acerta ao declarar que o condenado pela prtica de crime de tortura no poder ser beneficiado por livramento condicional, se for reincidente especfico em crimes dessa natureza.

    Gabarito: CERTO

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    2.7. PRISO TEMPORRIA NOS CRIMES HEDIONDOS

    Caro aluno, para todos os crimes listados na Lei de Priso Temporria (Lei 7.960/89), o prazo da priso temporria de 05 dias, prorrogvel por igual perodo, em caso de extrema e comprovada necessidade.

    cabvel priso temporria em todos os crimes hediondos e equiparados. Mas ento pergunto: para esses crimes ser tambm aplicado o mesmo prazo para priso temporria? Resposta:

    IMPORTANTE

    O prazo da priso temporria nos crimes hediondos ser de 30 dias, prorrogvel por igual perodo, em caso de extrema e comprovada necessidade.

    Cabe ainda dizer que o art. 3 da Lei 8.072/90 estabelece que a Unio manter estabelecimentos penais, de segurana mxima, destinados ao cumprimento de penas impostas a condenados de alta periculosidade, cuja permanncia em presdios estaduais ponha em risco a ordem ou incolumidade pblica.

    Mais uma bateria de questes CESPE para a consolidao de seu aprendizado!!

    50. [CESPE DELEGADO DE POLICIA POLICIA CIVIL/AC 2008] Em caso de crime hediondo, a priso temporria ser cabvel, mediante representao da autoridade policial, pelo prazo de 30 dias, prorrogvel por igual perodo em caso de extrema e comprovada necessidade.

    51. [CESPE DELEG. DE POLICIA FEDERAL DPF NACIONAL 2004] Considere a seguinte situao hipottica.

    Evandro acusado de prtica de homicdio doloso simples contra a prpria esposa. Nessa situao, recebida a denncia pelo juiz competente, cabvel a decretao da priso temporria de Evandro, com prazo de 30 dias, prorrogvel por igual perodo, haja vista tratar-se de crime hediondo.

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    52. [CESPE PAPILOSCOPISTA POLICIA CIVIL/RR 2003] No crime de genocdio, a priso temporria dever ser decretada pelo prazo de cinco dias, prorrogvel por igual perodo.

    53. [CESPE JUIZ SUBSTITUTO TJ/PB 2011] Conforme entendimento do STJ, imprescindvel, mesmo no caso de crimes hediondos, a demonstrao, com base em elementos concretos, da necessidade da custdia preventiva do acusado, incluindo-se os de trfico ilcito de entorpecentes presos em flagrante, no obstante a vedao da Lei n. 11.343/2006 Lei de Drogas.

    54. [CESPE AGENTE DE POLICIA POLICIA CIVIL/ES 2009] Suponha que Francisco, imputvel, suspeito da prtica de crime de estupro seguido de morte, seja preso em flagrante delito e, no decorrer de seu interrogatrio na esfera policial, confesse a autoria do crime, mas, aps a comunicao da priso ao juiz competente, verifique-se, pela prova pericial, que Francisco foi torturado para a confisso do crime. Nessa situao, dever a autoridade judiciria, mesmo se tratando de crime hediondo, relaxar a priso de Francisco, sem prejuzo da responsabilizao dos autores da tortura.

    55. [CESPE AGENTE DE POLICIA FEDERAL DPF 2004] Trs agentes de polcia federal verificaram que dois rapazes estavam disparando o contedo de um extintor de incndio em um ndio idoso e gritando saia da nossa cidade, seu ndio bbado... aqui no lugar de vagabundo. Imediatamente, os agentes intervieram, fazendo cessar a agresso e pretendendo efetuar a priso em flagrante dos agressores. Assustados, os dois rapazes tentaram evadir-se, mas a fuga foi impedida pelos agentes, que usaram de fora fsica para segur-los. Nesse momento, os rapazes se identificaram como primos e apresentaram carteiras de identidade que indicavam que ambos tinham apenas 17 anos de idade. Os policiais, ento, apreenderam em flagrante os dois rapazes, que, aps serem informados de seus direitos, solicitaram que a apreenso fosse imediatamente comunicada ao comerciante Jlio, tio dos dois.

    A apreenso dos referidos adolescentes foi ilegal porque no se tratava de crime hediondo.

    56. [CESPE AGENTE DE POLICIA POLICIA CIVIL/RN 2008] O participante que denunciar autoridade a quadrilha formada para prtica de crime hediondo, possibilitando seu desmantelamento, ficar isento de pena.

    57. [CESPE PAPILOSCOPISTA POLICIA CIVIL/RR 2003] O participante de crime hediondo cometido por bando ou quadrilha que denunciar autoridade seus comparsas, possibilitando seu desmantelamento, ter a pena reduzida.

    [CESPE JUIZ SUBSTITUTO TJ/TO 2007] Plnio estuprou sua filha Las, de 4 anos de idade, restando comprovado pelo laudo de exame de corpo de delito que a vtima sofreu leses corporais graves.

  • CURSO ON-LINE LEGISLAO ESPECIAL P/ ANALISTAS TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRO

    www.pontodosconcursos.com.br

    Considerando essa situao hipottica, julgue os itens a seguir.

    58. No incide, no caso, a majorante do art. 9. da Lei dos Crimes Hediondos acrscimo de metade da pena do crime, sendo a vtima menor de 14 anos, sob pena de se incorrer em bis in idem , pois a violncia, ainda que presumida, j integra o tipo penal do crime de estupro.

    59. Se for ru primrio e tiver sido condenado a regime inicialmente fechado, Plnio ter direito a progresso de regime aps o cumprimento de dois quintos da pena e, se for reincidente, aps o cumprimento de trs quintos dela.

    60. A priso temporria de Plnio, caso decretada, ter o prazo de 15 dias, prorrogvel por igual perodo em caso de extrema e comprovada necessidade.

    Questo 50: Aqui o elaborador com muita preguia aplicou corretamente o disposto no art. 2, 4, da Lei 8.072/90.

    Gabarito: CERTO

    Questo 51: O tipo penal cometido por Evandro (homicdio doloso simples) no consta nem no rol dos crimes hediondos e nem um equiparado ao hediondo segundo o que dispe a Lei 8.072/90. Logo, em obedincia aos ditames de outra norma, a Lei 7.960/89, o prazo de sua priso temporria ser de 05 dias (e no de 30), prorrogvel por igual perodo, em caso de extrema e comprovada necessidade. O homicdio simples somente considerado delito hediondo, quando praticado em atividade tpica de grupo de extermnio, ainda que cometido por um s autor. No esquea!!

    Gabarito: ERRADO

    Questo 52: Crime de genocdio crime hediondo, no verdade? Para os crimes hediondos, a priso temporria dever ser decretada pelo prazo de 30 dias, prorrogvel por igual perodo, em caso de extrema e comprovada necessidade.

    Gabarito: ERRADO

    Questo 53: Perfeito!! Mesmo no caso de crimes hediondos, s h que se falar em recolhimento provisrio, se demonstrados os elementos concretos ensejadores das hipteses de priso preventiva, regulamentadas no art. 312 do CPP. Essa determinao tambm recai sobre os presos em flagrante por trfico ilcito de drogas e entorpecentes considerado, como vimos