Aula 10 LEGISLAÇÃO ADUANEIRA – RFB/2012PROFESSORES: LUIZ MISSAGIA E RODRIGO LUZ

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    AULA 10

    INFRAES E PENALIDADES ADUANEIRAS

    (PONTOS 15 A 27 DO AFRFB 2012)(PONTOS 15 A 24 DO ATRFB 2012)

    SUMRIO DA AULA (Tpicos conforme os programas de Leg. Aduaneira/AFRFB)

    15. INFRAES E PENALIDADES PREVISTAS NA LEGISLAO ADUANEIRA ....................... 2

    16. PENA DE PERDIMENTO ......................................................................................... 8

    16.1. Natureza Jurdica .............................................................................................. 8

    16.2. Hipteses de Aplicao ..................................................................................... 1016.3. Limites ........................................................................................................... 25

    16.4. Processo/Procedimento de Perdimento ............................................................... 26

    16.5. Processo de Aplicao de Penalidades pelo Transporte Rodovirio de MercadoriaSujeita a Pena de Perdimento. ................................................................................... 28

    17. APLICAO DE MULTAS NA IMPORTAO E NA EXPORTAO ................................. 30

    18. INTERVENIENTES NAS OPERAES DE COMRCIO EXTERIOR ................................. 42

    19. SANES ADMINISTRATIVAS A QUE ESTO SUJEITOS OS INTERVENIENTES NASOPERAES DE COMRCIO EXTERIOR E O PROCESSO DE SUA APLICAO ........................ 43

    20. REPRESENTAO FISCAL PARA FINS PENAIS - ...................................................... 46

    21. PROCEDIMENTOS ESPECIAIS DE CONTROLE ADUANEIRO ....................................... 49

    22. DESTINAO DE MERCADORIAS .......................................................................... 53

    23. SUBFATURAMENTO E RETENO DE MERCADORIAS .............................................. 56

    26. DISPOSIES CONSTITUCIONAIS RELATIVAS ADMINISTRAO E CONTROLE SOBRECOMRCIO EXTERIOR. ................................................................................................. 57

    27. CONTRABANDO, DESCAMINHO E PRINCPIO DA INSIGNIFICNCIA .......................... 57

    Ol pessoal.

    Tpicos excepcionados nessa aula: 23 e 25 de ATRFB e 24 e 25 de AFRFB

    Comearemos agora o estudo de uma das matrias que mais geradiscusses para quem j passou por tudo que vocs esto passando econseguiu alcanar a aprovao no concurso, tornando-se membro da carreiraAuditoria de Receita Federal do Brasil. Quando vocs entrarem na carreira,

    com certeza estaro vidos por descobrir erros, fraudes e at mesmo ilcitospenais que demonstrem o quanto esto preparados para assumir a

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    responsabilidade do cargo e o quanto a funo desempenhada necessria sociedade. Mas, ao chegarem l, vocs constataro que nem sempre umatarefa fcil enquadrar o fato ocorrido no mundo real em uma hipteseinfracional e determinar a penalidade aplicvel. Isto ocorre porque o direito

    posto atravs da linguagem, e toda e qualquer linguagem possui ambiguidadese expresses vagas.

    Assim, entra em cena o operador do direito. No pensem que operador dodireito s aquele que trabalha no Judicirio, mas todo aquele que tem comofuno aplicar a lei, e, como vocs bem sabem, das aulas de DireitoAdministrativo, o auditor ou analista da RFB, enquanto servidor pblico, estadstrito a fazer somente o que a lei prescreve (famoso Princpio daLegalidade!). Portanto, voltando ao assunto, a tarefa do operador do Direito encaixar o fato da vida real ocorrido na legislao existente, dirimindo suaseventuais ambiguidades e vaguezas, utilizando-se de tcnicas de

    interpretao, as quais so estudadas em uma cincia determinadaHermenutica Jurdica (No se assustem com esse nome feio e pensem: Aimeu Deus, vou ter que aprender essa tal de Hermenutica!). Muita calmanessa hora.

    Por enquanto, o que vocs precisaro conhecer e entender a legislao emtese, ou seja, vocs apenas precisam conhecer os mandamentos legais, semconect-los com qualquer fato real. claro que ns daremos alguns exemplosprticos para que fique mais fcil de entender o qu o comando legalprescreve. O que eu quis passar com essa introduo foi que, ao chegarem l,no exerccio da funo, e se depararem com uma situao de fato que gere

    dvidas quanto a qual norma a ser aplicada, ou como a norma deva seraplicada, no se frustrem e pensem: Poxa eu estudei tanto para o concurso eagora no sei o que fazer!. Pois at mesmo quem tem grande experincia narea aduaneira se depara com esse tipo de dvida.

    Muito bem. Chega de introdues e vamos ao que interessa e vai cair naprova. Nessa aula trataremos os tpicos de 15 a 27 do Edital (exceto ostpicos mencionados), que esto direta ou indiretamente relacionados comInfraes e Penalidades Aduaneiras.

    Os tpicos dessa aula sero relacionados com os tpicos do edital.

    15. INFRAES E PENALIDADES PREVISTAS NA LEGISLAOADUANEIRA

    Esse tpico 15 e o 17, um tanto quanto amplos e vagos, se referem a todaparte que chamamos de geral na matria Infraes e PenalidadesAduaneiras, a qual est prevista nos arts. 673 a 687 do RegulamentoAduaneiro.

    Como no podia deixar de ser, o Regulamento Aduaneiro comea a tratar deInfraes e Penalidades aduaneiras, definindo o que uma infrao em

    matria aduaneira.

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    Mas antes de apresentar o conceito de infrao aduaneira, vamos ver o que uma infrao em termos gerais.

    Infringir uma lei no agir conforme o seu comando, contrariando seuteor atravs de uma ao ou omisso. Assim, eu posso infringir uma lei

    fazendo algo contrrio ao que ela prescreve (ao) ou no fazendo algo a queestaria obrigado a fazer pela lei (omisso). Por exemplo, eu infrinjo as leis detrnsito quando estaciono o carro em local proibido (ao) e quando nocoloco o cinto de segurana (omisso).

    Para que ningum seja pego de surpresa e penalizado por algo que nopodia saber tratar-se de uma infrao, a Constituio Federal define, em seuart. 5o, que no h crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prviacominao legal. Logo, a lei que define a infrao e determina a penalidadeaplicvel deve ser anterior conduta passvel de sano.

    O Cdigo Tributrio Nacional (CTN) determina no inciso V do artigo 97 quesomente a lei pode estabelecer a cominao de penalidades para as aes ouomisses contrrias a seus dispositivos, ou para outras infraes neladefinidas. Assim, o CTN, na definio das infraes tributrias, corrobora quea cominao das correspondentes penalidades deve obedecer ao princpio dalegalidade.

    Na rea de comrcio exterior, o art. 94 do Decreto-lei 37/66, que serve debase legal para o art. 673 do Regulamento Aduaneiro, define como infrao

    toda ao ou omisso, voluntria ou involuntria, que importe inobservncia,por parte da pessoa fsica ou jurdica, de norma estabelecida neste Decreto-lei,

    no seu regulamento ou em ato administrativo de carter normativo destinadoa complet-los.

    Outra questo chave em matria de infrao aduaneira a daresponsabilidade objetiva. Vocs devem estar se perguntando, mas do quese trata essa tal de responsabilidade objetiva? exatamente o que est escritono 2 do art. 94 do Decreto-Lei 37/66: salvo disposio expressa emcontrrio, a responsabilidade por infrao independe da inteno do agenteou do responsvel e da efetividade, da natureza e da extenso dos efeitos doato.

    Traduzindo em midos, regra geral, para aplicar uma penalidade em matriaaduaneira, o auditor apenas tem que provar que o agente praticou o fatodefinido na lei como infrao, sem precisar demonstrar a inteno do agente,ou seja, no interessa se o agente teve a inteno de burlar a lei ou se obtevealguma vantagem com isso! Assim, quando chegar do exterior com aqueleMacbook novinho, que voc comprou em Miami e se esqueceu de declararpara a fiscalizao, no adianta tentar convencer o fiscal que voc no tinhainteno de no pagar o imposto, que foi s um esquecimento, pois o fiscalvai cobrar a multa de qualquer jeito, alm, claro, do imposto que voc

    esqueceu. Observem que princpio da responsabilidade objetiva s pode serexcetuado expressamente pela lei.

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    Ainda quanto responsabilidade, o art. 95 do Decreto-lei no 37/66 (art. 674do RA) determina que respondem pela infrao:

    a) conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorrapara sua prtica ou dela se beneficie;

    b) conjunta ou isoladamente, o proprietrio e o consignatrio do veculo,quanto que decorrer do exerccio de atividade prpria do veculo, ou de aoou omisso de seus tripulantes;

    c) o comandante ou condutor do veculo, nos casos da hiptese anterior,quando o veculo proceder do exterior sem estar consignado a pessoa fsica ou

    jurdica estabelecida no ponto de destino;

    d) a pessoa fsica ou jurdica, em razo do despacho que promover, dequalquer mercadoria;

    e) conjunta ou isoladamente, o importador e o adquirente de mercadoria deprocedncia estrangeira, no caso da importao realizada por conta e ordemdeste, por intermdio de pessoa jurdica importadora; e

    f) conjunta ou isoladamente, o encomendante predeterminado que adquiremercadoria de procedncia estrangeira de pessoa jurdica importadora.

    A primeira alnea tem uma regra geral de imputao deresponsabilidade, ou seja, se algum praticou uma infrao ou auxiliou naprtica da mesma, ser por ela responsabilizado. Alm disso, o dispositivoprev que, aquele que foi beneficiado, isto , auferiu algum tipo de vantagemcom a prtica da infrao, tambm ser responsabilizado. Quanto a essa

    alnea, o Regulamento aduaneiro explicita (art. 685) que, na remessa postalinternacional, o simples fato de a pessoa constar como destinatria noconfigura, por si s, o concurso para a sua prtica ou o intuito de beneficiar-sedela. Por outro lado, o pargrafo nico do mesmo dispositivo legal determinaque a responsabilidade do destinatrio independe de qualquer outracircunstncia ou prova, quando a remessa tiver sido postada pela pessoa queconste como destinatria ou quando seu desembarao tenha sido pleiteado,pelo destinatrio, como bagagem desacompanhada.

    As alneas b e c se referem s infraes decorrentes da inobservncia dealguma norma pelo transportador em viagem internacional. Dessa forma, sealguma infrao ocorrer no curso do transporte internacional, como porexemplo, se uma carga constante no Manifesto de um determinado naviodesaparecer durante a viagem, a responsabilidade por esse ilcito serimputada ao dono ou consignatrio do navio. Como o dono ou consignatriodo navio , na maioria dos casos, estrangeiro, ele elege uma empresabrasileira, a agncia martima, para represent-lo perante as autoridadesbrasileiras, mas caso ele no tenha tomado essa providncia, a legislaoaduaneira prev, para que a conduta infracional no fique impune e sejapossvel imputar a correspondente penalidade, que o comandante oucondutor do veculo ser responsabilizado.

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    A letra d determina a imputao de responsabilidade ao importador ouexportador, que a pessoa jurdica que promove o despacho de importaoou exportao. J as alneas e e f, aplicam-se apenas na importao etratam da responsabilidade nas modalidades de importao por conta e ordem

    prevista na Lei e importao por encomenda prevista na Lei, onde, com jestudado, temos a interveno de outra pessoa jurdica na operao deimportao. No primeiro caso, tal pessoa denominada adquirente demercadoria importada por conta e ordem de terceiros, e, no segundo,encomendante predeterminado.

    Importante notar que h uma presuno legal (art. 27 da Lei10.637/2002) de que a importao realizada com recursos de terceirospresume-se por conta em ordem deste para aplicao do disposto na letra

    e. Portanto, se algum fornecer recursos para determinada importao serresponsabilizado caso seja detectada alguma infrao nessa operao de

    importao, ou seja, para imputar a responsabilidade a essa pessoa, o fiscoapenas ter que demonstrar a transferncia dos recursos financeirosdessa pessoa para o importador.

    Agora que j sabemos o que uma infrao em termos de legislaoaduaneira, e quem responsabilizado pela lei por essa infrao, vamosestudar quais as penalidades que so previstas na legislao aduaneira paraquem comete uma infrao.

    O art. 96 do Decreto-lei n 37/66 (art. 675 do Regulamento Aduaneiro)elenca as penalidades a que esto sujeitos os infratores da legislao

    aduaneira, prevendo, inclusive, a possibilidade de aplicao cumulativa daspenalidades. Assim, as espcies de penalidades hoje previstas na legislaoaduaneira so:

    1. perdimento de moeda;2. perdimento do veculo;3. perdimento da mercadoria;4. multas; e5. sanes administrativas.

    A penalidade mais grave prevista na legislao aduaneira o perdimento,que pode ser de mercadoria, veculo ou moeda. Como veremos no tpico16, algumas condutas infracionais so penalizadas com o perdimento doveculo e da mercadoria (exemplo de aplicao cumulativa depenalidades). Outro exemplo de aplicao cumulativa de penalidades ocaso dos cigarros estrangeiros desembaraados com infrao s medidas decontrole fiscal estabelecidas pelo Ministro da Fazenda. Tal conduta punidacom o perdimento dos cigarros, acumulada com uma multa de R$ 2,00 pormao.

    A aplicao de qualquer tipo de penalidade aduaneira ser proposta peloAuditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil, ou seja, o auditor o nico

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    servidor competente dentro da estrutura da Receita Federal do Brasil parapropor a aplicao de penalidades em matria aduaneira. Relembrando, oauditor pode propor a aplicao no s de multas, como tambm propor aaplicao da pena de perdimento e das sanes administrativas. O

    auditor prope a aplicao da penalidade atravs da lavratura de auto deinfrao.

    Vocs devem estar se perguntando: Est certo. O auditor lavra o auto deinfraopropondo a aplicao da penalidade, mas quem define se a penaser aplicada e fixa a sua quantidade? Assim como no Direito Penal, em que oMinistrio Pblico, via de regra, prope a ao penal contra o ru e o juizdecide se ele culpado, qual pena lhe ser aplicada e determina o seuquantum, tambm em matria de penalidades aduaneiras, o auditor prope aaplicao de penalidade atravs da lavratura de auto de infrao e aautoridade julgadora determina a pena ou as penas aplicveis ao infrator oua quem deva responder pela infrao, e fixa a quantidade da pena (art. 679).

    Apurando-se, no mesmo processo, a prtica de duas ou mais infraesdiferentes, pela mesma pessoa fsica ou jurdica, aplicam-secumulativamente, no grau correspondente, quando for o caso, as penalidadesa elas cominadas (Decreto-Lei no 37, de 1966, art. 99, caput).

    Se do processo se apurar responsabilidade de duas ou mais pessoas,ser imposta a cada uma delas a pena relativa infrao que houvercometido. Aqui cabe um exemplo. Uma s conduta pode resultar naresponsabilizao de duas pessoas diferentes. o caso do ingresso de pessoaem recinto alfandegado sem autorizao. Nesse caso, a legislao prev aaplicao de uma multa de R$ 500,00 ao administrador do recinto alfandegadoe a aplicao de outra multa de R$ 200,00 pessoa que ingressou semautorizao (essas penalidades esto previstas no art. 728 do RegulamentoAduaneiro).

    Para garantir a segurana jurdica, a legislao aduaneira (art. 101 doDecreto-lei n 37/66) prev que no ser aplicada penalidade a quemcumprir as obrigaes acessria e principal, de acordo com:

    a)interpretao fiscal constante de deciso de qualquer instnciaadministrativa, proferida em processo de determinao e exigncia decrditos tributrios ou de consulta, em que o interessado seja parte; ou

    b)interpretao fiscal constante de ato expedido pela Secretaria da ReceitaFederal do Brasil.

    Reparem que a alnea a trata de deciso de qualquer instncia, portantono precisa ser deciso definitiva, pode ainda caber recurso. Alm disso, a

    referida deciso tem que ter sido proferida em processo de consulta ou deexigncia de crdito tributrio em que o interessado seja parte. Dessa

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    forma, um importador no pode apresentar a deciso de um processo deconsulta de classificao de mercadoria protocolado por outro importador,ainda que esteja importando mercadoria idntica, para impedir que o fiscalreclassifique sua mercadoria e lhe aplique as penalidades cabveis.

    Caso a Secretaria da Receita Federal emita um ato oficial interpretandoalgum dispositivo da legislao, o importador que agir em conformidade com aorientao constante nesse ato no poder ser penalizado.

    Existe outra hiptese prevista na legislao em que o infrator no serpenalizado. Trata-se da denncia espontnea, que foi criada para estimulara regularizao espontnea dos dbitos. O instituto da denncia espontneaest previsto, em matria aduaneira, no art. 37 do Decreto-Lei n 37/66 (esseinstituto tambm se aplica aos tributos internos, constando no CTN).Determina a lei que a denncia espontnea da infrao, acompanhada, se for ocaso, do pagamento dos tributos dos acrscimos legais, excluir a imposioda correspondente penalidade.

    No se considera espontnea a denncia apresentada:

    a) no curso do despacho aduaneiro, at o desembarao da mercadoria; ou

    b) aps o incio de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato deofcio, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar ainfrao.

    A denncia espontnea exclui a aplicao de penalidades denatureza tributria ou administrativa, com exceo das penalidadesaplicveis na hiptese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. Essedispositivo teve a base legal alterada no DL 37/66 (art. 102) pela Lei12.350/2010. O RA, no art. 683, 2, ainda no contempla essa modificao.

    Logo, se infrao cometida se aplica a pena de perdimento damercadoria, no adianta o infrator apresentar a denncia espontnea, mesmoacompanhada do recolhimento dos tributos que deixou de recolher, pois a

    Receita ainda assim proceder aplicao da pena de perdimento.

    Vale observar a previso do art. 643, que determina que, nas hipteses demercadoria abandonada do art. 642 do RA, o importador, antes de aplicada apena de perdimento, poder iniciar o respectivo despacho de importao,mediante o cumprimento das formalidades exigveis e o pagamento dostributos incidentes na importao, acrescidos dejuros e de multa de mora, edas despesas decorrentes da permanncia da mercadoria em recintoalfandegado.

    Voltando denncia espontnea, em relao s multas, quer sejam denatureza tributria, quer sejam de natureza administrativa, no sero

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    cobradas caso o infrator apresente a denncia espontnea acompanhada dopagamento dos tributos que deixou de recolher. Importante notar que adenncia espontnea s produz efeito se o infrator recolher os tributos antesde sua apresentao.

    Depois de formalizada a entrada do veculo procedente do exterior, nomais se tem por espontnea a denncia de infrao imputvel aotransportador.

    Por fim, a aplicao da penalidade tributria, e seu cumprimento, noimpedem a cobrana dos tributos devidos nem prejudicam a aplicao daspenas cominadas para o mesmo fato pela legislao criminal e especial, salvodisposio de lei em contrrio (RA, art. 684).

    Guarde isso!

    1)Infrao toda conduta comissa ou omissiva contrria lei

    2) Na legislao aduaneira, a responsabilidade pela infrao objetiva, ou seja, independe da inteno do agente

    3)As espcies de penalidades aduaneiras so: perdimentode moeda, perdimento de veculo, perdimento de mercadoria,multa e sano administrativa

    4)O Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil prope aaplicao de qualquer tipo de penalidade

    5) A autoridade julgadoradetermina a(s) pena(s)aplicvel(is) e fixa a sua quantidade

    6) A denncia espontnea no se aplica a infrao punidacom a pena de perdimento

    16. PENA DE PERDIMENTO

    16.1. Natureza Jurdica

    Na legislao do nosso pas encontramos a pena de perdimento de bens emdiversas reas. A perda dos bens, como sano penal, est prevista naConstituio da Repblica Federativa do Brasil, em seu art. 5, inciso XLVI, aodispor que:

    A lei regular a individualizao da pena e adotar, entre outras, asseguintes:

    a) privao ou restrio da liberdade;

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    b) perda de bens;c) multa;d) prestao social alternativa;e) suspenso ou interdio de direitos.

    Com efeito, o art. 43, inc. II, do Cdigo Penal Brasileiro, prev a perda debens e direitos como uma das penas substitutivas da pena privativa deliberdade. J o art. 91, inc. II, deste mesmo Cdigo, prev a perda, em favorda Unio, dos instrumentos e do produto do crime, como efeito automtico dacondenao.

    No entanto, a pena de perdimento prevista na legislao aduaneira nose caracteriza como uma sano penal, e sim como uma penalidadeadministrativa, estando baseada num dos princpios basilares do DireitoAdministrativo, qual seja, o princpio da supremacia do interesse pblicofrente ao particular, e, em seu corolrio, o Poder de Polcia da AdministraoPblica.

    O art. 78 do CTN traz a seguinte definio do Poder de Polcia: Considera-se poder de polcia atividade da administrao pblica que, limitando oudisciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prtica de ato ou aabsteno de fato, em razo de interesse pblico concernente segurana, higiene, ordem, aos costumes, disciplina da produo e do mercado, aoexerccio de atividades econmicas dependentes de concesso ou autorizaodo Poder Pblico, tranquilidade pblica ou ao respeito propriedade e aosdireitos individuais ou coletivos.

    Constitucionalmente, podemos vislumbrar o art. 237 da CF/88: afiscalizao e o controle sobre o comrcio exterior, essenciais defesados interesses fazendrios nacionais, sero exercidos pelo Ministrio daFazenda, como um dispositivo autorizador da utilizao da pena deperdimento, como instrumento de fiscalizao e controle do comrcio exterior,sendo realizado no mbito do Ministrio da Fazenda.

    A pena de perdimento por infrao legislao aduaneira foi instituda pelo

    Decreto-lei n 1.455/76, que previu o perdimento de mercadorias eveculos como penalidade s infraes que relaciona, consideradas comodano ao Errio. Importante observar que, nesses casos, o dano a Errio presumido pela lei, no sendo necessrio ao fisco comprov-lo. Operdimento, nesse caso, serviria no apenas para reprimir o ilcito, mas para

    compensar do dano que o Errio sofreu.

    O perdimento de moeda est previsto na Lei 9.069/95, que disciplina aentrada e sada de moeda no pas, que deve se dar, via de regra, por meio detransao bancria.

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    A partir da vigncia do Decreto-lei 1.455/76, a mercadoria objeto de penade perdimento passa a ser de propriedade da Unio, constituindo receitadesta o produto de sua alienao.

    Guarde isso!

    1) A pena de perdimento em matria aduaneira penalidade administrativa, que tem por base o Poder dePolcia da Administrao Pblica.

    2) A Constituio Federal prev expressamente que afiscalizao e controle sobre o comrcio exterior ser exercidopelo Ministrio da Fazenda.

    16.2. Hipteses de AplicaoEsse um tpico que vai requerer uma boa memorizao de vocs,

    sobretudo para gravar as hipteses de perdimento de mercadoria, que somuitas, mas nada com que vocs j no estejam acostumados! Daremosexemplos das hipteses que mais ocorrem na prtica, isto , aquelas com quevocs iro se deparar frequentemente no exerccio do cargo. Seguiremos asequncia apresenta pelo Regulamento. Primeiro, perdimento de veculo,depois, perdimento de mercadoria, e, por ltimo, o de moeda. A matrizlegal dos perdimentos de veculos e de mercadorias diferente da matriz legaldo perdimento da moeda, como veremos.

    a)Perdimento de VeculoO art. 688 do Regulamento apresenta as hipteses de perdimento de

    veculo.

    Art. 688. Aplica-se apena de perdimento do veculo nas seguinteshipteses, por configurarem dano ao Errio (Decreto-Lei no 37, de1966, art. 104; Decreto-Lei no 1.455, de 1976, art. 24; e Lei no 10.833,de 2003, art. 75, 4o):

    I - quando o veculo transportador estiver em situao ilegal, quanto snormas que o habilitem a exercer a navegao ou o transporteinternacional correspondente sua espcie;

    II - quando o veculo transportador efetuar operao de descarga demercadoria estrangeira ou de carga de mercadoria nacional ounacionalizada, fora do porto, do aeroporto ou de outro local para issohabilitado;

    III - quando a embarcao atracar a navio ou quando qualquer veculo,na zona primria, se colocar nas proximidades de outro, um deles

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    procedente do exterior ou a ele destinado, de modo a tornar possvel otransbordo de pessoa ou de carga, sem observncia das normas legais eregulamentares;

    IV - quando a embarcao navegar dentro do porto, sem trazer escrito,em tipo destacado e em local visvel do casco, seu nome de registro;

    V - quando o veculo conduzir mercadoria sujeita a perdimento, sepertencente ao responsvel por infrao punvel com essa penalidade;

    VI - quando o veculo terrestre utilizado no trnsito de mercadoriaestrangeira for desviado de sua rota legal sem motivo justificado; e

    VII - quando o veculo for considerado abandonado pelo decurso doprazo referido no art. 648.

    Um primeiro detalhe que deve ser observado no perdimento de veculo que os incisos I a IV s se aplicam aos veculos que procedem do exterior ou aele se destinam, isto , estejam em viagem internacional (art. 686). Osincisos V a VII se aplicam a veculos em viagem domstica ou internacional.

    O primeiro caso diz respeito s normas de controle do transporteinternacional, institudas pelo Ministrio dos Transportes. Portanto, se otransportador no cumprir todas as exigncias previstas na legislao para queopere com o transporte internacional, que pode ser de carga ou de passageiro,seu veculo estar sujeito a pena de perdimento.

    Vocs j aprenderam que as operaes de descarga de mercadoriaestrangeira, ou de carga de mercadoria nacional ou nacionalizada destinada exportao, devem ser feitas, como regra, em locais alfandegados, ou seja,locais que cumprem os requisitos de segurana e controle estabelecidos pelaReceita Federal para operar com esse tipo de mercadoria, que se encontra sobcontrole aduaneiro.

    Logo, se o navio procedente do exterior der uma paradinha, antes de

    atracar no porto alfandegado, em algum ancoradouro fora desse porto, paradescarregar aquelas caixinhas de usque ou de eletrnicos que os tripulantestrouxeram para vender e ganhar uma graninha, o navio estar sujeito a penade perdimento.

    Muito bem. E como vocs j viram no tpico 16, e, claro, j esto comtudo na ponta da lngua, a responsabilidade do que os tripulantes fazemdurante a operao do navio recai sobre o transportador. Vejam, ele acabarperdendo seu lindo navio quando a superlancha da Receita, em uma patrulhamartima, flagrar a descarga ilegal. Ser aplicado o perdimento do veculo.

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    Vocs podem estar pensando que isso coisa de filme. Quando entrei naReceita, at que era mesmo, mas hoje a Receita j dispe de lanchas e atmesmo de helicptero com moderno sistema de visualizao e gravao deimagem, inclusive com infravermelho para captao de imagens noturnas.

    Recentemente, houve um sobrevo na cidade de Vitria (ES) earredores, justamente para identificao de possveis locais de risco paraatracao clandestina. Tive a oportunidade de ver a gravao, e vocsficariam impressionados com a qualidade da imagem, gravada a quilmetrosde distncia. D para ver at detalhes do casco do navio! Os contrabandistasque se cuidem!

    Ah! Me esqueci de falar que, nesse caso, o usque e os eletrnicostambm estariam sujeitos a perdimento, ou seja, nessa hiptese, h acumulao da pena de perdimento do veculo com a pena deperdimento da mercadoria.

    A hiptese do inciso III tambm seria facilmente detectada por nossaEquipe de Vigilncia e Represso numa operao com a lancha ou helicptero. o caso em que, em vez de atracar em um porto clandestino para descarregaro usque e os eletrnicos, os tripulantes combinam com uma lancha particularpara que ela se aproxime do navio e eles faam o transbordo da muamba.

    E o que acontece com essa carga? Ela vai para o territrio nacional nalanchinha, que no est em viagem internacional, e atraca facilmente emqualquer lugar. Nesse caso, cumula-se tambm a pena de perdimento do naviocom o perdimento da mercadoria. Lembrem-se de que, nessa situao, s onavio procedente do exterior est sujeito a perdimento!

    A hiptese IV s verificar se o navio tem o nome escrito no casco eesse nome est legvel. Caso contrrio estar sujeito a perdimento. Essa terrvel!!!!

    Em relao ao inciso V, podemos dar como exemplo os muambeiros quevo ao Paraguai fazer umas comprinhas, em veculo prprio, para revender

    as mercadorias no Brasil. Alm do perdimento da muamba, ser aplicado operdimento no veculo, se pertencente ao infrator. Essa com certeza ahiptese de perdimento de veculo mais aplicada pelo pessoal de Foz do Iguau(PR).

    A hiptese do inciso VI refere-se ao Regime Especial de Trnsito quevocs j estudaram em aula anterior. Quando o Regime concedido, definidauma rota que o veculo deve seguir para chegar ao seu destino. Dessa forma,se houver desvio do caminho estipulado sem motivo justificado, o veculoestar sujeito a perdimento, bem como a mercadoria por ele transportada

    (outra hiptese de cumulao do perdimento do veculo com o damercadoria!). O Regulamento Aduaneiro ainda esclarece (3 do art. 688) que

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    a no chegada do veculo ao destino configura desvio de rota e, nesse caso, aReceita obrigada a comunicar o fato polcia para apurao do crime decontrabando ou de descaminho (4 do art. 688).

    O inciso VII est ligado ao item 16.5 do edital, portanto deixaremos asua explicao para esse tpico especfico.

    Passaremos agora ao estudo das hipteses de perdimento demercadoria, que so muito mais extensas do que as de veculo, e estoesparsas na legislao. Porm, o Regulamento Aduaneiro de 2009 reuniu ashipteses previstas em diversas leis, no Captulo II do seu Ttulo II. Ficou,assim, bem mais fcil de saber as situaes em que se aplica pena deperdimento da mercadoria.

    a)Perdimento de MercadoriaComo mencionei acima, as hipteses de perdimento de mercadoria

    encontram-se no Captulo II do Ttulo II do Regulamento Aduaneiro (arts. 689a 697). Vamos comear nossa tarefa pelo art. 689, que contm a maioria e asmais usadas hipteses de perdimento de mercadoria, algumas inclusive jvistas no tpico anterior, pois geram cumulativamente o perdimento doveculo.

    Art. 689. Aplica-se a pena de perdimento da mercadoria nasseguintes hipteses, por configurarem dano ao Errio (Decreto-Lei no37, de 1966, art. 105; e Decreto-Lei no 1.455, de 1976, art. 23, caput e 1o, este com a redao dada pela Lei no 10.637, de 2002, art. 59):

    I - em operao de carga ou j carregada em qualquer veculo, ou deledescarregada ou em descarga, sem ordem, despacho ou licena, porescrito, da autoridade aduaneira, ou sem o cumprimento de outraformalidade essencial estabelecida em texto normativo;

    II - includa em listas de sobressalentes e de provises de bordo quando

    em desacordo, quantitativo ou qualitativo, com as necessidades doservio, do custeio do veculo e da manuteno de sua tripulao e deseus passageiros;

    III - oculta, a bordo do veculo ou na zona primria, qualquer que seja oprocesso utilizado;

    IV - existente a bordo do veculo, sem registro em manifesto, emdocumento de efeito equivalente ou em outras declaraes;

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    V - nacional ou nacionalizada, em grande quantidade ou de vultoso valor,encontrada na zona de vigilncia aduaneira, em circunstncias quetornem evidente destinar-se a exportao clandestina;

    VI - estrangeira ou nacional, na importao ou na exportao, sequalquer documento necessrio ao seu embarque ou desembarao tiversido falsificado ou adulterado;

    VII - nas condies do inciso VI, possuda a qualquer ttulo ou paraqualquer fim;

    VIII - estrangeira, que apresente caracterstica essencial falsificada ouadulterada, que impea ou dificulte sua identificao, ainda que afalsificao ou a adulterao no influa no seu tratamento tributrio oucambial;

    IX - estrangeira, encontrada ao abandono, desacompanhada de prova dopagamento dos tributos aduaneiros;

    X - estrangeira, exposta venda, depositada ou em circulao comercialno Pas, se no for feita prova de sua importao regular;

    XI - estrangeira, j desembaraada e cujos tributos aduaneiros tenhamsido pagos apenas em parte, mediante artifcio doloso;

    XII - estrangeira, chegada ao Pas com falsa declarao de contedo;

    XIII - transferida a terceiro, sem o pagamento dos tributos aduaneiros ede outros gravames, quando desembaraada com a iseno referida nosarts. 142, 143, 162, 163 e 187;

    XIV - encontrada em poder de pessoa fsica ou jurdica no habilitada,tratando-se de papel com linha ou marca d'gua, inclusive aparas;

    XV - constante de remessa postal internacional com falsa declarao de

    contedo;

    XVI - fracionada em duas ou mais remessas postais ou encomendasareas internacionais visando a iludir, no todo ou em parte, o pagamentodos tributos aduaneiros ou quaisquer normas estabelecidas para ocontrole das importaes ou, ainda, a beneficiar-se de regime detributao simplificada (Decreto-Lei no 37, de 1966, art. 105, inciso XVI,com a redao dada pelo Decreto-Lei no 1.804, de 1980, art. 3o);

    XVII - estrangeira, em trnsito no territrio aduaneiro, quando o veculo

    terrestre que a conduzir for desviado de sua rota legal, sem motivojustificado;

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    XVIII - estrangeira, acondicionada sob fundo falso, ou de qualquer modooculta;

    XIX - estrangeira, atentatria moral, aos bons costumes, sade ou ordem pblicas;

    XX - importada ao desamparo de licena de importao ou documento deefeito equivalente, quando a sua emisso estiver vedada ou suspensa, naforma da legislao especfica;

    XXI - importada e que for considerada abandonada pelo decurso doprazo de permanncia em recinto alfandegado, nas hipteses referidasno art. 642; e

    XXII - estrangeira ou nacional, na importao ou na exportao, nahiptese de ocultao do sujeito passivo, do real vendedor, compradorou de responsvel pela operao, mediante fraude ou simulao,inclusive a interposio fraudulenta de terceiros.

    Como j disse, so muitas as hipteses, e necessrio fazer um esforode memorizao. No farei comentrios de todas elas, apenas daquelas quecreio necessitarem de alguma explicao adicional, e daquelas que ocorremcom mais frequncia na prtica e embasam as grandes operaes da ReceitaFederal que so veiculadas na mdia.

    O art. 31 do Regulamento Aduaneiro estabelece que o transportadordeve prestar Secretaria da Receita Federal do Brasil, na forma e no prazo porela estabelecidos, as informaes sobre as cargas transportadas, bem comosobre a chegada de veculo procedente do exterior ou a ele destinado.Estabelece, ainda, que somente depois da prestao dessas informaes queas operaes de carga, descarga ou transbordo em embarcaes procedentesdo exterior podero ser executadas.

    Isso significa que, pelo inciso I do art. 689, se o transportador iniciar adescargade mercadoria estrangeiraou a carga de mercadoria nacionalou nacionalizada antes de prestar as informaes para a Receita, todamercadoria descarregada ou carregada ser objeto de pena de perdimento.Importante notar que hoje, no transporte martimo, na importao, asinformaes sobre a carga que o navio transporta so prestadas por meio deum sistema, chamado Siscomex Carga. Assim, aproximadamente 05 diasantes de o navio atracar, a Receita j sabe as cargas que esto dentro donavio e que sero descarregadas. Isso facilitou demais o trabalho deRepresso, pois possibilitou fazer uma anlise de risco fiscal, mesmo antes da

    chegada da carga.

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    Quanto ao inciso IV, vocs j sabem que toda mercadoria procedente doexterior, transportada por qualquer via, ser registrada em manifesto decarga ou em outras declaraes de efeito equivalente (art. 41 do RegulamentoAduaneiro). Ou seja, sempre que o transportador embarca uma mercadoria no

    navio, tem que inclu-la em algum dos manifestos. Para cada navio podemexistir vrios manifestos, pois cada Manifesto feito para um determinadoporto de carga e determinado porto de descarga. Assim, todas as mercadoriasque embarcarem, por exemplo, em Kinsgton com destino a Vitria (ES)estaro em um Manifesto, mas as que embarcarem em Kingston com destino aSuape (principal porto de Pernambuco) estaro em outro Manifesto. Como jdisse, hoje as informaes referentes s cargas martimas so prestadas noSiscomex Carga e, nesse caso, o manifesto eletrnico. Portanto, se o navioatracar e o transportador no tiver includo determinada carga em umManifesto no Siscomex Carga, tal carga estar sujeita a pena de perdimento.

    O inciso VI refere-se aos casos de falsificao, tanto material quantoideolgica, dos documentos necessrios ao embarque ou despacho damercadoria. Devido a grandes discusses existentes dentro da Receita, queno cabe entrar no mrito aqui (avisei para vocs que esse um dos assuntosmais polmicos!), foi includo, em 2010, no Regulamento Aduaneiro, o 3-A,que esclarece que tambm se aplica o perdimento da mercadoria quando afatura for falsificada ideologicamente, isto , quando o importador der aquela

    combinadinha bsica com o exportador para que ele (exportador) indique umvalor inferior ao real na fatura comercial.

    Conforme o Acordo de Valorao Aduaneira (AVA), o primeiro mtodo,que o mais usado para determinar o valor aduaneiro (base de clculo do II), o do valor da transao. Adotando o procedimento acima, o importadordiminui os tributos a serem pagos na importao.

    Pelo inciso VII, a mercadoria que tiver algum documento necessrio aoembarque ou despacho falsificado ser objeto de perdimento, ainda que oimportador no esteja mais com a sua posse, ou seja, esteja a mercadoria comquem estiver, ser objeto de perdimento. Nesse caso, o terceiro que, de boaf, estiver com a mercadoria, ter que reclamar seus direitos na Justia, pois a

    Receita no pode deixar de aplicar a norma.

    O inciso X o que embasa as apreenses da Receita realizadas na Rua25 de maro e na Galeria Paj, nos famosos dias em que comeam a chovermercadorias, jogadas das janelas nos cus de So Paulo. Na maioria doscasos, esses produtos no foram submetidos a despacho de importao.

    A conduta do inciso XI, reduzir o imposto devido na importao medianteartifcio doloso, configura o crime de descaminho. Ateno: Reparem queaqui a lei excetua explicitamente o princpio da responsabilidade objetiva, ou

    seja, o auditor, nesse caso, para aplicar a penalidade, dever demonstrar queo importador teve a inteno de reduzir os tributos com a sua conduta.

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    Lembrem-se: para aplicar o perdimento com base nesse inciso (XI), a

    mercadoria deve estar desembaraada. Se for no curso do despachoaduaneiro, no se pode aplicar esse inciso.

    Assim, vejamos uma situao ftica. O auditor constata que o importadorteve uma declarao de importao desembaraada com uma mercadoria emuma classificao fiscal incorreta (todo mundo j sabe tudo de classificaofiscal, n?). Isso resultou no pagamento a menor de tributos, pois, naclassificao correta, os tributos eram mais elevados. Nesse caso, ele (o fiscal)no pode sair aplicando perdimento na mercadoria, sem antes reunir todos oselementos probatrios da inteno do importador de pagar menos imposto,com sua conduta de classificar incorretamente a mercadoria. Concluso: paraaplicar o perdimento, o auditor, nesse caso, ter que provar que no houve umsimples erro.

    Reparem que o inciso XII aplicvel apenas na importao, pois fala damercadoria chegada ao pas com falsa declarao de contedo. Nessecaso, a documentao diz, por exemplo, que o importador est trazendobatata, quando na realidade ele est trazendo eletrnicos. O 4o esclarece quea falsa declarao de contedo aquela constante de documento emitidopelo exportador estrangeiro, ou pelo transportador, anteriormente aodespacho aduaneiro.

    Hoje, com o advento do Siscomex Carga, tornou-se obrigatria ainformao, no Conhecimento de Carga, que tambm preenchidoeletronicamente, da descrio da mercadoria e da posio tarifria em queela se enquadra (tenho certeza de que vocs se lembram da aula deClassificao, e sabem que a posio contempla somente os 4 primeirosdgitos da Nomenclatura!). Logo, se o transportador colocou l no SiscomexCarga que est transportando batata e a fiscalizao abrir o continer eencontrar eletrnicos, a mercadoria ser objeto de perdimento. Bingo!

    O inciso XIII refere-se s isenes subjetivas do imposto deimportao, que so concedidas a determinadas pessoas, como diplomatas,

    representantes de organismos internacionais, brasileiros que residem noexterior por mais de 01 ano etc. Essas pessoas, quando vm residir no Brasil,podem trazer sua bagagem com iseno. No caso de diplomatas erepresentantes de organismos internacionais, permitido at que eles tragamautomveis. Se esses bens desembaraados forem transferidos a outrapessoa, ainda que a ttulo gratuito, mas sem o pagamento dos tributos, queso devidos nesse caso, a mercadoria ficar sujeita a pena de perdimento.Portanto, quem morou no exterior e est voltando ao Pas no pode trazer nasua bagagem, com iseno, uma geladeira para me, uma televiso para oirmo etc.

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    Vocs devem estar imaginando, e com razo, que os diplomatas trazemos maiores carres para c, e claro que eles no levam de volta esses carrosquando vo embora, pois na maioria das vezes os carros custam muito maisbarato no seu pas do que aqui. Logo, vantajoso vender o carro no Brasil. Em

    Braslia, muito comum encontrar em revendas de veculos carros que so dediplomata, que esto em consignao para venda. E por esse motivo que o5o determinou que, consideram-se transferidos a terceiro, para os efeitosdo inciso XIII, os bens, inclusive automveis, objeto de transferncia depropriedade ou cesso de uso, a qualquer ttulo; objeto de depsito para finscomerciais ou de exposio para venda ou para qualquer outra modalidade deoferta pblica. Assim, nesse caso, pode ser aplicado o perdimento sobre taisveculos.

    O inciso XVII j foi comentado no item anterior.

    A primeira parte do inciso XIX de difcil aplicao, e constante motivode piada entre a gente. Afinal, qual o padro de moral e bom costume hojeem dia? Difcil dizer o que atentatrio a moral. Consigo pensar em algumtipo de material contendo pedofilia, o que, pelo senso comum, seriaconsiderado imoral hoje em dia. Porm, filmes pornogrficos e outra sorte deprodutos vendidos em sex shops, que na poca do Decreto-lei 37/66 seriamconsiderados imorais, hoje so comuns, e creio no devam ser objeto deapreenso.

    O inciso XX se refere ao licenciamento das importaes, ou seja, aotratamento administrativo aplicado importao, do qual vocs j devem estarsabendo! Pois . A Secex e os demais rgos intervenientes no ComrcioExterior estabelecem as operaes e mercadorias de seu interesse que estosujeitas a licenciamento. Por exemplo, como regra, exigido licenciamento aser deferido pela Anvisa na importao de remdios. Em alguns casos, determinado que uma mercadoria no poder ser licenciada. exatamente oque ocorre no art. 59 da Portaria Secex n 23/2011, onde ficou estabelecidoque no ser deferida licena de importao depneumticos recauchutadose usados, seja como bem de consumo, seja como matria-prima, classificadosna totalidade da posio 4012 da NCM. Portanto, se o auditor se deparar com

    uma carga de pneu usado dever lavrar auto de infrao de perdimento damercadoria, por importao ao desamparo de licena de importao oudocumento de efeito equivalente (inciso XX), uma vez que sua emisso estvedada pelo art. 59 da Portaria Secex n 23/2011.

    importante ressaltar que a importao de mercadoria sem licenade importao (LI) est sujeita a uma multa de 30% do valor aduaneiro(art. 706, I-a), s se aplicando a pena de perdimento quando a emisso daLI estiver vedada ou suspensa. No se esqueam disso, ok? Assim, se oimportador trouxe uma mercadoria X, sem LI, e o fiscal mandar reclassificar

    para uma NCM que exija LI, desde que a LI no esteja vedada ou suspensa,haver incidncia dessa multa e, aps a retificao da declarao de

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    importao acompanhada do pagamento da multa, a mercadoria pode serdesembaraada, se no houver outras pendncias.

    O inciso XXI se refere ao prazo que o importador tem para iniciar o

    despacho da mercadoria importada. Vocs j sabem da aula de despachode importao que o importador no pode trazer a mercadoria, armazen-la norecinto alfandegado e deixar l o tempo que quiser, sem tomar nenhumaprovidncia. Ele tem um prazo para iniciar o despacho e, se no o fizer, a leidetermina que a mercadoria dele seja considerada abandonada, e que sejaaplicada a pena de perdimento. S para relembrar, os principais prazos paraque a mercadoria no seja considerada abandonada so:

    Mercadoria depositada em recinto alfandegado de zonaprimria (portos, aeroportos e pontos de fronteira alfandegados) despacho iniciado em at 90 dias.

    Mercadoria depositada em recinto alfandegado de zonasecundria (portos secos) 45 dias aps esgotar-se o prazolegal para permanncia no recinto, que, se a mercadoria noestiver submetida a regime especial, de 75 dias. Assim, quandoo importador leva a sua mercadoria para despacho em um recintoalfandegado de zona secundria, na realidade, ele tem (75 + 45)dias para iniciar o despacho.

    Quando a mercadoria considerada abandonada, o importador aindatem chance de ficar com a carga. Vejam:

    1)Pelo art. 643, o importador, antes de aplicada a pena de perdimento,poder iniciar o respectivo despacho de importao, mediante ocumprimento das formalidades exigveis e o pagamento dos tributosincidentes na importao, acrescidos dejuros e de multa de mora,e das despesas decorrentes da permanncia da mercadoria emrecinto alfandegado. Nesse caso, considera-se ocorrido o fato gerador,e devidos os tributos incidentes na importao, na data dovencimento do prazo de permanncia da mercadoria no recinto

    alfandegado (art. 18 da Lei 9.779/99)

    2)Mesmo depois de aplicado o perdimento da mercadoria consideradaabandonada, a lei permite que o importador, antes de efetuada adestinao da mercadoria, requeira a converso do perdimento emmulta equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria (art. 698).

    .....

    O inciso XXII trata de uma prtica usual no comrcio exterior: a

    utilizao de empresas laranjas. Tem-se criado um arcabouo jurdico,desde a edio da MP 2.158/2001, com vistas a coibir esse tipo de prtica,

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    extremamente danosa para a sociedade. Nessa esteira que a Lei10.637/2002 instituiu a base para o inciso XXII, criando, inclusive apresuno legal de que a no comprovao da origem, disponibilidade etransferncia dos recursos empregados, configura a interposio

    fraudulenta para fins de aplicao da pena de perdimento mercadoriaimportada (6 do art. 689 do RA). Dessa forma, se o importador noconseguir provar de onde veio o dinheiro que ele utilizou na importao, suacarga ser objeto de perdimento.

    .........

    Tendo em vista situao que ocorre rotineiramente, seja devido ao fatoda mercadoria ser liberada judicialmente por uma medida liminar, ouporque a infrao punida com perdimento s apurada aps o desembarao

    da mercadoria, onde tem-se dificuldade em localizar a mercadoria objeto dapena de perdimento, a lei determinou que a pena de perdimento, nashipteses previstas no artigo 689, converte-se em multa equivalente aovalor aduaneiro da mercadoria que no seja localizada ou que tenhasido consumida ou revendida (a base legal do 1 do art. 689 do RA foialterada pela Lei 12.350/2010).

    Como vocs vero em seguida (tpico 16.3), a apurao da infraopunida com a pena de perdimento segue rito processual distinto do processopara apurao de multa, sendo que o primeiro (perdimento) segue asdisposies do Decreto-lei n 1455/76, e os processos para exigncia decrdito tributrio seguem as disposies do decreto 70.235/72 (vulgo PAF Processo Administrativo Fiscal). Temos, vulgarmente, o rito do perdimento eo rito do PAF.

    No caso de a mercadoria objeto de pena de perdimento no serlocalizada ou ter sido consumida ou revendida, ser necessrio alterar o ritoprocessual para a exigncia da multa de 100% do valor aduaneiro(converso do perdimento em multa). Dessa forma, caso j tenha sido lavradoauto de infrao para aplicao do perdimento, esse (o auto de perdimento)dever ser extinto e lavrado um novo auto para exigncia da multa de

    100% do valor aduaneiro, o qual seguir o rito processual do Decreto70.235/72 PAF (3 do art. 689).

    O regulamento aduaneiro salienta que, mesmo que tendo sido aplicada amulta de 100% valor aduaneiro, caso a mercadoria seja, posteriormente,localizada, tratando-se de mercadoria de importao, consumo ou circulaoproibida, sua apreenso dever ser realizada (2 do art. 689).

    Esgotados os comentrios dos incisos do art. 689, vamos apresentar ashipteses de perdimento de mercadoria previstas nos artigos 690 a 697.

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    No artigo 690, temos uma previso de perdimento, que chamadainformalmente de genrica. Esse artigo prescreve que aplica-se ainda a penade perdimento da mercadoria de procedncia estrangeira encontrada na zonasecundria, introduzida clandestinamente no Pas ou importada irregular ou

    fraudulentamente.Vocs devem estar pensando: U, esse artigo no seria a mesma coisa

    do inciso X do art. 689? Bom, elas tm um ponto de interseo, mas como euj disse, a hiptese do art. 690 mais genrica. A mercadoria no precisaestar exposta venda, depositada ou em circulao comercial no Pas, comono inciso X do art. 689. Basta que tenha sido importada irregularmente oufraudulentamente, ou at mesmo que no tenha sido submetida aprocedimento de importao (introduo clandestina).

    No entanto, o fisco ter que produzir a prova dessa introduoclandestina ou importao irregular. J no caso da mercadoria estar venda,na verdade, o comerciante ou transportador (circulao comercial) que temque provar que a mercadoria foi importada regularmente. Se ele no fizer aprova, aplicado o perdimento. Isso se deve ao fato de que a importaoirregular para comrcio muito mais danosa que a realizada para outros fins,como uso prprio, por exemplo. Vale a pena observar ainda que o inciso XI doart. 689 tambm caracteriza importao fraudulenta, mas, nesse caso, afraude tem que ter sido com objetivo de pagar menos tributos. Devido aessa possibilidade de enquadramento de um mesmo fato na conduta prescritano art. 690 e em outros incisos do art. 689 que o pargrafo nico do art. 690determinou que a pena a que se refere o caputno se aplica quando houvertipificao mais especfica neste Decreto.

    Tambm ser objeto da pena de perdimento a mercadoria que, nostermos de lei, tratado, acordo ou conveno internacional, firmado pelo Brasil,seja proibida de sair do territrio aduaneiro, e cuja exportao for tentada (art.691 do RA). No livro V, Ttulo I, Captulo III do Regulamento Aduaneiro, quetrata dos Casos Especiais, encontramos vrios exemplos de mercadorias deexportao proibida, como por exemplo, peles e couros de anfbios e rpteis,em bruto (art. 621 do RA). Nessa hiptese (exportao de mercadoria

    proibida) aplica-se, cumulativamente ao perdimento da mercadoria, multa de20 a 50% do valor da mercadoria (art. 718 do RA).

    O art. 692 trata da importao proibida, prevendo que as mercadoriasde importao proibida sero apreendidas liminarmente em nome e ordem doMinistro de Estado da Fazenda, para fins de aplicao da pena deperdimento. O pargrafo nico do mesmo artigo determina queindependentemente do curso do processo criminal, as mercadorias a que serefere o caput podero ser alienadas ou destinadas. No mesmo Captulo doRegulamento Aduaneiro citado acima, que trata dos Casos Especiais,

    encontramos diversos exemplos de mercadorias de importao proibida, como

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    por exemplo, a importao de brinquedos, rplicas e simulacros de armas defogo, que com estas se possam confundir.

    Os cigarros e assemelhados, por serem mercadorias com incidncia de

    pesada tributao, esto sujeitos a uma srie de controles que auxiliam afiscalizao, e por isso o art. 693 do Regulamento prev a aplicao da penade perdimento queles que no cumprirem as medidas de controleestabelecidas pelo Ministro da Fazenda. Abaixo transcrevemos o artigo nantegra:

    Art. 693. A pena de perdimento da mercadoria ser ainda aplicada aosque, em infrao s medidas de controle fiscal estabelecidas peloMinistro de Estado da Fazenda para o desembarao aduaneiro, acirculao, a posse e o consumo de fumo, charuto, cigarrilha e cigarro deprocedncia estrangeira, adquirirem, transportarem, venderem,expuserem venda, tiverem em depsito, possurem ou consumirem taisprodutos, por configurar crime de contrabando ou de descaminho .

    Alm do perdimento, nesse caso, o infrator estar sujeito ainda a umapenalidade de R$ 2,00 por mao de cigarro, unidade de charuto ou decigarrilha, ou quilograma lquido de qualquer outro produto apreendido.

    No inciso I do art. 601 do Regulamento Aduaneiro encontra-se uma sriede condies para o desembarao de cigarros, que se descumpridas ensejam operdimento dos cigarros por fora do art. 693.

    Ainda na esteira do controle sobre cigarros, o art. 694 determina queconsideram-se como produtos estrangeiros introduzidosclandestinamente no territrio aduaneiro, para efeito de aplicao da penade perdimento, os cigarros nacionais destinados a exportao que foremencontrados no Pas.

    Bom. Quando uma mercadoria destinada exportao, ela sofregrande desonerao tributria, no havendo a incidncia de diversos tributosinternos, o que a torna (a mercadoria exportada) muito menos custosa que a

    mercadoria comercializada no pas. Como os cigarros possuem uma tributaomuito elevada, a reintroduo daqueles que foram destinados a exportaoe, por isso, desonerados dos tributos internos, muito lucrativa e comum.Esse o motivo do rigor na penalizao desse tipo de infrao. Alm deaplicado o perdimento, ainda so exigidos os tributos que deixaram de serrecolhidos e outras multas previstas na legislao do IPI.

    A lei excetua da aplicao da pena de perdimento enquadrado nocaso acima (reintroduo no Pas dos cigarros nacionais destinados exportao) as seguintes operaes, desde que observadas as formalidades

    previstas:

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    sada dos produtos, diretamente para uso ou consumo de bordoem embarcaes ou aeronaves de trfego internacional, quando opagamento for efetuado em moeda conversvel;

    venda, diretamente para lojas francas; venda a empresa comercial exportadora, com o fim especfico

    de exportao, diretamente para embarque ou para recintosalfandegados, por conta e ordem da empresa comercialexportadora; e

    venda em loja franca de mercadoria que se encontra emdepsito alfandegado certificado.

    O art. 695 trata dos diamantes brutos, que, como vocs j estudaramem outra aula, esto sujeitos ao processo de certificao denominado

    Kimberley. Quem j assistiu ao filme Diamantes de Sangue, se lembra porque foi criado esse Certificado. Resumidamente, essa certificao foi criadapara impedir a comercializao dos diamantes extrados com mo de obraescrava, que financiam as guerras civis na frica. Portanto, se diamantes embruto forem submetidos a despacho sem amparo do Certificado doProcesso de Kimberley, sero objeto de pena de perdimento. Igualmente, seum diamante em bruto for encontrado na posse de qualquer pessoa,inclusive viajante, em zona primria, sem amparo do Certificado doProcesso de Kimberley, ser objeto de pena de perdimento. Para oRegulamento Aduaneiro so considerados diamantes em bruto, as mercadorias

    classificadas nas subposies 7102.10, 7102.21 ou 7102.31 do SistemaHarmonizado de Designao e de Codificao de Mercadorias.

    Aplica-se tambm a pena de perdimento mercadoria sada da ZonaFranca de Manaus sem autorizao da autoridade aduaneira, quandoingressada naquela rea com os benefcios do regime, por configurar crime decontrabando (art. 696).

    Ufa! Conseguimos chegar ltima hiptese de aplicao da pena deperdimento de mercadoria no RA. a prevista no art. 697, que trata das

    mercadorias importadas para as Zonas de Processamento deExportao (ZPE). Esse artigo prev que aplica-se a pena de perdimento:

    da mercadoria introduzida no mercado interno, procedente dezona de processamento de exportao, que tenha sidoimportada, adquirida ou produzida fora dos casos autorizados pelaLei no 11.508/2007; e

    de mercadoria estrangeira no permitida, introduzida em zona deprocessamento de exportao.

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    C)Perdimento de Moeda (art. 700)A Lei 9.069/95, que criou o plano real, disciplinou como se daria a

    entrada e sada de capitais no pas. Para que se mantenha um maior

    controle do fluxo de capitais e se coba a remessa ilegal e lavagem de dinheiro,a lei determinou que o ingresso e a sada do pas, tanto de moeda nacionalquanto estrangeira deve ser processado, como regra, por via bancria,devendo o banco identificar as partes envolvidas na transao.

    Excetuando essa determinao de transferncia somente por viabancria, alm dos casos conhecidos de remessa pelos correios ou via cartode crdito, a lei permite que o viajante porte valores em espcie.Entretanto, se o valor portado pelo viajante for superior a R$ 10.000,00(dez mil reais) ou o equivalente em moeda estrangeira, esse dever prestaruma declarao a Receita Federal, a Declarao de Porte de Valores(DPV), que hoje feita eletronicamente. Vocs j ouviram histrias de gentetentando sair com dinheiro do Brasil na cueca e em outro lugares esquisitos. claro que essas pessoas no preencheram a DPV, pois caso contrrio noprecisariam esconder o dinheiro. Sabe o que aconteceu com essas pessoas?Foi aplicada pena de perdimento ao dinheiro (moeda nacional ouestrangeira) que excedia ao valor equivalente a R$ 10.000,00 e eles aindaresponderam a processo penal.

    Portanto, no caso de reteno de moeda portada por viajante, o valorque no exceda ao limite de R$ 10.000,00 ser, aps a devida anotao nodocumento relativo reteno, liberado ao portador. Isso, claro, se odinheiro pertencer ao viajante. Caso o viajante declare que o dinheiro no lhepertence ou a Receita tenha alguma prova de que o dinheiro no pertence aoviajante, ser aplicado perdimento integralidade do dinheiro.

    Para fins de aplicao do perdimento de moeda, considera-se moedanacional ou estrangeira, em espcie, somente o papel-moeda, nocompreendidos os ttulos de crdito, cheques ou cheques de viagem.

    Na hiptese de moeda encontrada em zona secundria, o

    perdimento da moeda somente se aplica quando as circunstncias tornaremevidente a tentativa de sada do Pas ou o ingresso no Pas, da moeda, porqualquer forma no autorizada pela legislao especfica.

    Aplica-se o perdimento totalidade da moeda que ingressar ou sair noportada por viajante. Assim, caso seja apreendida correspondnciainternacional contendo dinheiro (papel), o valor total nela contido ser objetode perdimento, mesmo que seja inferior ao equivalente a R$ 10.000,00.

    No ser aplicado o perdimento da moeda se houver autorizao em

    legislao especfica para seu ingresso ou sada.

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    O perdimento de moeda no exclui a aplicao das sanes penaisprevistas para a hiptese.

    O processo administrativo de apurao e aplicao da penalidade de

    perdimento de moeda ser instaurado com a lavratura do auto de infrao,acompanhado do termo de apreenso e, se for o caso, do termo deguarda. Feita a intimao, pessoal ou por edital, a no-apresentao deimpugnao no prazo de 20 dias implica revelia. Apresentada a impugnao, aautoridade preparadora ter prazo de 15 dias para a remessa do processo a

    julgamento. O processo tem instncia nica, assim como o processo paraaplicao de perdimento a veculo e mercadoria, no cabendo recurso.

    Guarde isso!

    1)Via de regra, a transferncia internacional de moeda spode ocorrer atravs de transferncia bancria.

    2)Como exceo, o viajante pode portar at oequivalente a R$ 10.000,00 em espcie sem ter quedeclarar. Acima desse valor necessrio fazer DPV.

    3)Se o viajante tentar sair do Pas com valor superior aR$10.000,00, o excedente a esse valor ser objeto deperdimento.

    4)Aplica-se o perdimento totalidade da moeda queingressar ou sair no portada por viajante (a menosque o ingresso ou sada de moeda esteja autorizado emlegislao especfica)

    16.3. Limites

    Quem conhece um pouco de infraes e penalidades aduaneiras ou jdeu uma olhada nesse livro do Regulamento Aduaneiro, deve estar seperguntando, que limite esse que a Esaf colocou no edital como subitem do

    perdimento?

    Pois pessoal, a gente tem que ser meio vidente para adivinhar o que osujeito pensou quando escreveu o edital e decifrar para vocs! muito comumtermos multas com limite, mas falar de limite em perdimento uma coisanada usual. A nica hiptese que consigo imaginar, e que acredito ser no queestava pensando o sujeito que colocou esse item dentro da pena deperdimento, a prevista no pargrafo nico do art. 699 do RegulamentoAduaneiro. Esse dispositivo trata da responsabilidade do operador detransporte multimodal nas infraes punidas com a pena de perdimento

    (infraes com Dano ao Errio).

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    Cabe aqui relembr-los, que o operador de transporte multimodal apessoa jurdica contratada como principal para a realizao do TransporteMultimodal de Cargas da origem at o destino, por meios prprios ou porintermdio de terceiros (o art. 5 da Lei 9.611/98). O transporte multimodal

    aquele que, regido por um nico contrato, utiliza duas ou mais modalidadesde transporte, desde a origem at o destino.

    O art. 699 do RA determina que, se for apurada a responsabilidade dooperador de transporte multimodal (OTM), nos casos de dando ao Errio(infraes punidas com a pena de perdimento), a pena de perdimento serconvertida em multa equivalente ao do bem passvel de aplicao da penade perdimento. Mas e se a infrao em que foi apurada a responsabilidade dooperador de transporte multimodal for hiptese de aplicao de perdimento do

    veculo?O pargrafo nico do art. 699 estabelece que a converso do perdimento

    em multa no poder ultrapassar em trs vezes o valor da mercadoriatransportada, qual se vincule a infrao. Assim, se o veculo transportadortiver valor de R$ 1.000.000,00, mas a carga vinculada infrao tiver valor deR$ 100.000,00, e for apurado pela fiscalizao que o responsvel pela infraofoi o operador de transporte multimodal, ser a ele imputada uma multa de R$300.000,00. Ficaria desproporcional para o OTM ter que pagar uma multa deR$ 1.000.000,00 (converso). Por outro lado, se ele no fosse o dono doveculo, e no houvesse essa multa, sairia sem penalizao. A lei ajustou asituao dessa forma.

    16.4. Processo/Procedimento de Perdimento

    Processo de Perdimento de Veculo e Mercadoria

    O processo para aplicao da pena de perdimento est disciplinado no art.25 do Decreto Lei 1455/76, no seguindo o mesmo rito do processo para a

    exigncia de crdito tributrio, que o previsto no Decreto 70.235/72 (vulgoPAF- Processo Administrativo Fiscal).

    As infraes a que se aplique a pena de perdimento so apuradasmediante processo fiscal, cuja pea inicial o auto de infraoacompanhado de termo de apreenso e, se for o caso, de termo de guardafiscal (art. 774).

    Lavrado o auto de infrao o auditor intimar o infrator a apresentar suadefesa, que quando se trata de auto de infrao chamada de impugnao

    pela lei. A intimao poder ser feita pessoalmente. Nesse caso o infratorassina a cincia e a partir da do dia em que foi assinada a cincia comea a

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    correr o prazo para impugnao. A intimao pode ser edital afixado narepartio. Nesse caso considerada ocorrida a cincia e iniciada a contagemdo prazo para impugnao 15 dias aps a publicao (afixao) do edital.

    Se o autuado no apresentar sua impugnao no prazo de 20 diasda cincia, ocorre a revelia. A revelia do autuado, declarada pela autoridadepreparadora, implica o envio do processo autoridade competente, paraimediata aplicao da pena de perdimento, ficando a mercadoriacorrespondente disponvel para destinao.

    Se o autuado apresentar a impugnao, a autoridade preparadora terquinze dias para a remessa do processo para julgamento, prazo que poderser prorrogado quando houver necessidade de diligncia ou percia.

    Aps o preparo, o processo decidido em instncia nica. O Decreto-lei 1455/76 prev a competncia do Ministro da Fazenda para julgamento dosautos de perdimento, facultando-lhe a delegao dessa competncia. ORegimento Interno da RFB (Portaria MF n 203/12) prev a competncia dosDelegados da Receita Federal do Brasil e Inspetores-Chefes da ReceitaFederal para aplicao da pena de perdimento.

    Em 2009, a Lei n 12.058/09 estabeleceu um procedimentosimplificado para aplicao da pena de perdimento s cargas abandonadaspelo decurso do prazo de permanncia em recinto alfandegado, quandoreferentes a mercadorias de valor inferior a US$ 500,00 (quinhentos dlaresdos Estados Unidos da Amrica), e s cargas estrangeiras, encontradas aoabandono, desacompanhadas de prova do pagamento dos tributos aduaneiros.

    Essas mercadorias sero relacionadas pela unidade da Secretaria daReceita Federal do Brasil com jurisdio sobre o local de depsito, devendo arelao ser afixada em edital na referida unidade por vinte dias. Decorrido esseprazo, caso no ocorra manifestao por parte de qualquer interessado, essascargas sero declaradas abandonadas, e estaro disponveis paradestinao, sem qualquer outra formalidade. Havendo manifestaocontrria, ser adotado o procedimento normal, isto ser lavrado auto de

    infrao e sero observados todos os procedimentos explicados nos pargrafosanteriores.

    A lei permite ainda ao Ministro da Fazenda aumentar em at duas vezeso valor de US$ 500,00.

    Muito embora o processo para a exigncia de crdito tributrio noesteja dentre os tpicos do edital, comentarei rapidamente as principaisdiferenas entre esse processo (PAF) e o do perdimento, para fixar ainda mais.A diferena mais importante entre os dois ritos processuais que, no caso do

    perdimento, o processo julgado em instncia nica e por umaautoridade nica. J no caso da exigncia de crdito tributrio, h duplo

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    grau de jurisdio, e o julgamento feito por rgo de julgamentocolegiado. Outras diferenas so o prazo para impugnao, sendo de 20 diasno processo de perdimento e de 30 dias no processo de exigncia de crditotributrio. Quanto s formas de intimao: pessoal e edital no processo de

    perdimento; e pessoal, postal e edital no processo para exigncia de crditotributrio.

    Processo de Perdimento de Moeda

    O processo administrativo de apurao e de aplicao da pena deperdimento de moeda obedecer ao mesmo rito do processo de perdimentode veculo e mercadorias, ou seja, a deciso ser dada em instncia nica,no cabendo recurso. No h outra esfera para recorrer.

    16.5. Processo de Aplicao de Penalidades pelo TransporteRodovirio de Mercadoria Sujeita a Pena de Perdimento.

    Tentando combater os famosos nibus de muambeiros que vm doParaguai, foi instituda uma multa de R$ 15.000,00 ao transportador depassageiros ou de carga, em viagem domstica ou internacional, quetransportar mercadoria sujeita a pena de perdimento sem identificaodo proprietrio ou possuidor. Aplica-se a multa ainda que identificado oproprietrio ou possuidor, se as caractersticas ou a quantidade dos volumestransportados evidenciarem tratar-se de mercadoria sujeita referida pena.

    Essa penalidade foi criada (art. 731 do RA) para evitar algo que ocorriacom frequncia em barreiras realizadas pela Receita em estradas. Quando onibus era parado, nenhum passageiro se apresentava como proprietrio dascargas sujeita a perdimento. Tnhamos um nibus lotado de muamba eningum sabia como ela tinha ido parar l!

    Pois , mas agora se o transportador de passageiro no identificar aquem pertence a bagagem transportada ser multado. Multa de R$ 15.000,00nele e o veculo ainda fica retido at que ele pague, como veremos a seguir.

    A multa aumenta para R$ 30.000,00 caso ocorra reincidncia dainfrao envolvendo um mesmo veculo transportador, ou caso tenham sidofeitas modificaes na estrutura ou nas caractersticas do veculo, com afinalidade de efetuar o transporte de mercadorias ou permitir a sua ocultao.Vocs devem ter visto em uma reportagem veiculada no Fantstico, halguns anos, que mostrava que eram feitas alteraes em nibus com aretirada dos bancos para o transporte de mercadorias descaminhadasprovenientes do Paraguai. Esses nibus seguiam em comboios pelas estradasdo pas.

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    Na hiptese de viagem domstica, a multa aplica-se somente quando otransportador estiver obrigado a identificar os volumes transportados, ou aemitir conhecimento de carga ou documento equivalente.

    Vale ressaltar que a Resoluo ANTT 1.432/2006 obriga a identificaoda bagagem nos nibus utilizados no servio de transporte interestadual einternacional de passageiros.

    Caso o veculo pertena ao proprietrio da carga sujeita pena deperdimento, no ser aplicada a multa e sim a pena de perdimento doveculo prevista no inciso V do art. 688 do RA, conforme vimos no tpico16.2.

    O processo de aplicao dessa multa segue rito prprio previsto na Lein 10.833/03. Constatada a infrao, ser exigida a multa e retido o veculo,ainda que esse no pertena ao infrator. Vocs devem estar pensando: Coitadodo dono do veculo! Mas tal ressalva da lei necessria para que as empresasno se utilizem de ma f emprestando veculos umas s outras, para tornarseus veculos imunes apreenso. Se o proprietrio do veculo estiver de boaf, tem a possibilidade de ajuizar ao cvel em face do infrator para seressarcir dos prejuzos que vier a sofrer com a reteno do veculo.

    A exigncia da multa e a reteno do veculo sero formalizadas,mediante auto de infrao e termo de reteno, em um s processo. Oinfrator ter prazo de 20 dias para apresentar a impugnao, que temefeito exclusivamente devolutivo. Isso significa que a impugnao nosuspende a aplicao da multa, e o veculo continua retido. Concluindo, aimpugnaono implica devoluo do veculo retido.

    Apresentada a impugnao, a semelhana do que ocorre no processo deperdimento, h julgamento em instncia nica pelo titular da unidade daSecretaria da Receita Federal do Brasil responsvel pela reteno (InspetorChefe ou Delegado).

    Se o transportador, em vez de impugnar, pagar a multa, o veculo

    devolvido. Caso o transportador no pague a multa nem apresenteimpugnao, decorrido o prazo de 45 dias, o veculo ser objeto de pena deperdimento. Lembram-se de que eu comentei no tpico 16.2 que o inciso VIIdo art. 688 seria comentado posteriormente? Pois . A est a hiptese de suaaplicao.

    Igualmente, se decorrerem 45 dias da deciso que julgou improcedentea impugnao apresentada pelo transportador, e no for efetuado opagamento da multa, o veculo ser objeto de pena de perdimento.

    A aplicao da pena de perdimento do veculo seguir o rito processualdo perdimento conforme explicado no tpico anterior. Para isso ser lavrado

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    novo auto de infrao para aplicao do perdimento. Vocs devem estarse perguntando o que acontece com o processo contendo o auto de infraopara exigncia da multa? O Regulamento Aduaneiro determina expressamentea sua extino por perda de objeto aps a aplicao da pena de

    perdimento.Aplicada a multa ou a pena de perdimento do veculo, ser encaminhada

    representao autoridade competente para fiscalizar o transporte terrestre,pela Secretaria da Receita Federal do Brasil.

    17. APLICAO DE MULTAS NA IMPORTAO E NA EXPORTAO

    Pessoal aqui cabe um comentrio sobre a abrangncia desse tpico.

    Acredito que, como quem fez o edital no colocou hipteses de aplicao,como foi feito no perdimento, no seria razovel exigir no concurso oconhecimento das hipteses infracionais que ensejam a aplicao de multas naimportao e na exportao, que alis, uma lista muito extensa e seria defato desumano cobrar isso!

    Dito isso, vocs vo me perguntar: Missagia, ento o que significaaplicao de multas na importao e exportao?

    Respondendo a pergunta de vocs, acredito que quem colocou isso no

    Edital pensou na parte das chamadas Regras Gerais de Infraes ePenalidades, que determinam como sero aplicadas as multas em geral. Taisregras encontram-se nos artigos 676 a 684 do RA e passarei a exp-las aseguir.

    Como j dissemos no tpico 15, a aplicao das multas, assim como dasdemais penalidades, ser proposta pelo Auditor-Fiscal da Receita Federaldo Brasil. Assim, o auditor prope a aplicao das multas atravs da lavraturade auto de infrao e a autoridade julgadora determina a pena ou aspenas aplicveis ao infrator ou a quem deva responder pela infrao e fixa a

    quantidade da pena.

    Existem algumas infraes previstas na legislao aduaneira em que h apreviso de aplicao de multas expressas em faixa varivel. Assim, porexemplo, no caso de exportao ou tentativa de exportao de mercadoriacuja sada do territrio aduaneiro seja proibida, a penalidade prevista de 20a 50% do valor das mercadorias. Nesse caso, como far a autoridade parafixar a quantidade de pena aplicvel no caso concreto?

    A resposta est no art. 678 do RA. A autoridade fixar a pena mnima

    prevista para a infrao, s a majorando em razo de circunstncia quedemonstre a existncia de artifcio doloso na prtica da infrao, ou que

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    importe agravar suas conseqncias ou retardar seu conhecimento pelaautoridade aduaneira. Ou seja, para aplicar pena acima do valor mnimo, aautoridade dever comprovar a existncia de elemento subjetivo, isto ,inteno do infrator de enganar a fiscalizao, ou ainda, dever comprovar a

    existncia de circunstncia que agravou as consequncias da infrao.No caso do importador ou do exportador ter sido beneficiado com medida

    liminar em mandado de segurana, ou com liminar ou antecipao de tutelaem outro tipo de ao, tendo essas decises suspendido a exigibilidade dealgum tributo que o fisco considera devido, o fisco dever constituir ocrdito tributrio que julga devido, a fim de evitar a sua decadncia, umavez que pode demorar muito tempo para que o processo judicial chegue aofim. No entanto, nos casos em que a liminar ou antecipao de tutela tenhasido concedida antes do incio de qualquer procedimento de ofciotendente a apurar esse crdito, o lanamento da fiscalizao no poder seracrescido de multa de ofcio.

    Vocs devem estar se perguntando: O que multa de lanamento deofcio? melhor explicar o que no multa de ofcio. A nica multa que no de ofcio a multa de mora. A multa de mora incide quando, inexistindolanamento de ofcio, o contribuinte regulariza espontaneamente o dbito,independentemente de ao fiscal, mas aps o vencimento previsto nalegislao. Exemplificando: O importador, ao registrar uma DI, erra aopreencher o valor dos tributos na ficha pagamento e recolhe um valor menorde II. Essa DI parametrizada para o canal verde e desembaraada semconferncia. Ciente de seu erro, aps o desembarao, o importador recolhe adiferena de II que faltou recolher acrescida da multa de mora, alm dos

    juros de mora.

    Se, por outro lado, a fiscalizao perceber o erro antes que o importadortome suas providncias, haveria exigncia de tributos com multa de ofcio.

    importante observar que, em se tratando de importao, oprocedimento fiscal tem incio com o comeo do despacho aduaneiro (inciso IIIdo art. 7 do Decreto 70.235/72). Na importao, o despacho aduaneiro inicia-

    se com o registro da DI e conclui-se com o desembarao aduaneiro. Portanto,durante esse perodo, se o importador for beneficiado com medida liminar ouantecipao de tutela para no recolher alguma diferena de tributos que oauditor esteja exigindo, o auditor dever lanar a diferena de tributosacrescida de multa de ofcio para prevenir a decadncia, uma vez que amedida judicial foi deferida no curso do despacho, ou seja, enquanto ocontribuinte no gozava de espontaneidade.

    J tratamos no tpico 15 da denncia espontnea, mas no custarelembrar que, tratando-se de infrao penalizada com multa, caso o infrator

    recolha os tributos que deixou de recolher e denuncie espontaneamente suaconduta, no estando ele no curso do despacho ou sob qualquer outro

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    procedimento fiscal, a Receita no lhe exigir a multa e sua situao se tornarregular perante o fisco.

    Como no d para ter certeza de que no ser cobrada na prova nenhuma

    hiptese de aplicao de multa na importao e exportao, vou apresentar amulta de aplicao mais usual pela Receita, no s na rea aduaneira, comona rea de tributos internos, pois ela se aplica a todos os tributos econtribuies administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Trata-se da vulgarmente denominada multa de ofcio. Vocs devem estarpensando, o Missagia disse que todas as multas so de ofcio, menos a multade mora, e agora vem com essa de que existe uma tal de multa de ofcio?!Bem como eu disse, esse o nome vulgar da penalidade prevista no art. 44da Lei 9430/96, uma vez que, como j expliquei, todas as multas, exceoda multa de mora, so multas de ofcio. Ela conhecida como multa de ofcio,pois aplicada a quase todos os casos (j vimos algumas excees) em que ostributos administrados pela SRFB no foram pagos corretamente. Segueabaixo o texto do art. 725 do RA que disciplina a aplicao dessa multa narea aduaneira:

    Art. 725. Nos casos de lanamentos de ofcio, relativos a operaes deimportao ou de exportao, sero aplicadas as seguintes multas,calculadas sobre a totalidade ou a diferena dos impostos ou contribuiesde que trata este Decreto (Lei no 9.430, de 1996, art. 44, inciso I, e 1o,com a redao dada pela Lei no 11.488, de 2007, art. 14):

    I - de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento, defalta de declarao e nos de declarao inexata, excetuada a hiptese doinciso II; e

    II - de cento e cinqenta por cento, independentemente de outraspenalidades administrativas ou criminais cabveis, nos casos previstos nosarts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 1964.

    Pargrafo nico. As multas a que se referem os incisos I e II passaro aser de cento e doze inteiros e cinco dcimos por cento e de

    duzentos e vinte e cinco por cento, respectivamente, nos casos deno atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, deintimao para (Lei no 9.430, de 1996, art. 44, 2o, com a redaodada pela Lei no 11.488, de 2007, art. 14):

    I - prestar esclarecimentos;

    II - apresentar a documentao tcnica referida no 1o do art. 19; ou

    III - apresentar os arquivos ou sistemas de que trata o 2o do art. 19.

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    Logo a multa de ofcio a multa de 75% do imposto ou contribuioadministrado pela SRFB que deixou de ser recolhido na importao ouexportao. Logo essa multa se aplica ao II, IPI, PIS, COFINS e IE.

    O inciso II agrava a penalidade para 150% nos casos previstos nos arts.71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 1964. A Lei n 4.502/64 a lei que disciplinaa cobrana do IPI e os arts. 71, 72 e 73 definem, respectivamente, fraude,sonegao ou conluio, que resumidamente so condutas dolosas. Portanto,existindo dolo na falta de pagamento ou recolhimento a multa de ofcio passade 75% para 150% do valor do imposto ou contribuio.

    O art. 19 do RA determina que as pessoas fsicas ou jurdicas exibiro aosAuditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil, sempre que exigidos, asmercadorias, livros das escritas fiscal e geral, documentos mantidos emarquivos magnticos ou assemelhados, e todos os documentos, em uso ou jarquivados, que forem julgados necessrios fiscalizao, e lhes franquearoos seus estabelecimentos, depsitos e dependncias, bem assim veculos,cofres e outros mveis, a qualquer hora do dia, ou da noite, se noite osestabelecimentos estiverem funcionando.

    Como hoje em dia, quase ningum mais se utiliza da escriturao manual,os pargrafos do art. 19 tratam dos sistemas utilizados pelas pessoas fsicasou jurdicas para escriturar livros ou elaborar documentos de natureza contbilou fiscal. As pessoas que se utilizam de escriturao informatizada devemdisponibilizar documentao tcnica que permita auditar seus sistemas. Almdisso, essas pessoas tm a obrigao de manter os arquivos digitais esistemas a disposio da Receita pelo prazo decadencial. Logo, se noatender intimao do auditor para apresentar escriturao eletrnica oudocumentao tcnica que permita auditar os sistemas de escrituraoeletrnica, a multa de ofcio passa a ser de 112,5% do imposto oucontribuio, conforme o pargrafo nico do art. 725 do RA, acima transcrito.

    Na exportao, a grande maioria dos produtos est sujeito a alquota zerodo IE, motivo pelo qual dificilmente ser exigida multa de ofcio naexportao.

    A legislao prev a aplicao de inmeras multas na importao, pormna exportao as hipteses infracionais so poucas e bastante graves,envolvendo fraudes, onde o dolo essencial para sua caracterizao, ouento exportao de mercadoria proibida. Mesmo em caso de fraude, oembarque ou a transposio de fronteira das mercadorias no ser prejudicado(O importante exportar, no interessa a que custo!). Segue abaixo o art. doRA, que disciplina as principais multas aplicveis na exportao.

    Art. 718. Aplicam-se ao exportador as seguintes multas, calculadas em

    funo do valordas mercadorias:

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    I - de sessenta a cem por cento no caso de reincidncia, genrica ouespecfica, de fraude compreendida no inciso II (Lei no 5.025, de 1966, art. 67,alnea a); e

    II - de vinte a cinqenta por cento:

    a) no caso de fraude, caracterizada de forma inequvoca, relativamente a preo,peso, medida, classificao ou qualidade (Lei no 5.025, de 1966, art. 66, alneaa); e

    b) no caso de exportao ou tentativa de exportao de mercadoria cuja sadado territrio aduaneiro seja proibida, considerando-se como tal aquela queassim for prevista em lei, ou em tratados, acordos ou convenes internacionaisfirmados pelo Brasil, sem prejuzo da aplicao da pena de perdimento damercadoria (Lei