Autismo - Guia Pr+ítico

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    Guia Prtico

    Ana Maria S Ros de Mello

    5 Edio

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    Guia prtico

    Ana Maria S. Ros de Mello

    5 Edio

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    Presidncia da RepblicaSecretaria Especial dos Direitos Humanos - SEDHCOORDENADORIA NACIONAL PARA INTEGRAO DA PESSOA PORTADORA DE

    DEFICINCIA - CORDEEsplanada dos Ministrios - Bloco T anexo II 2o andar - sala 20670064-900 - Braslia - DFFones: (61) 3226-0501 - 3429-3684 - Fax: (61) 3225-0440site: www.presidencia.gov.br/sedh/corde e-mail: [email protected]

    AMA - ASSOCIAO DE AMIGOS DO AUTISTARua do Lavaps, 1123 - Cambuci 01519-000 - So Paulo - SPFones/Fax: (11) 3376-4400 / 3376-4403www.ama.org.br | [email protected]

    Convnio SEDH/AMA nmero 065/2006 - SEDH/PR

    Direitos cedidos AMA por Ana Maria S. Ros de MelloColaborao: Marialice de Castro Vatavuk, Grupo de Discusso sobre Sndrome de AspergerDesenhos: Eduardo Ho, 10 anos.Foto da capa: Alejandro, 3 anos.1a edio Dezembro de 2000, 2a ed. Novembro de 2001, 3a ed. Outubro de 2004, 4a ed. 2005Distribuio GratuitaTiragem: 2.000 exemplaresImpresso: Grfica ...Diagramao: 1 edio, Teresa Jimnez Sanz, 2 edio, Deise Megumi Somayama, 3a, 4a e 5a

    edies, Mariana Rocha de Mello Serrajordia LopesNormalizao: Maria Amlia Elisabeth Carneiro VerissimoReferncia bibliogrfica:MELLO, Ana Maria S. Ros de, Autismo: guia prtico. 5 ed. So Paulo: AMA; Braslia: CORDE,2007. 104 p.: il.

    Mello, Ana Maria S. Ros deAutismo : guia prtico / Ana Maria S. Ros de Mello ; cola-

    5.ed borao : Marialice de Castro Vatavuk. . __ 5.ed. __ So Paulo :AMA ; Braslia : CORDE, 2007

    104 p. : il. 21cm.

    1. Autismo 2. Autismo, Diagnstico 3. Autismo, IntervenoTeraputica 4. Autismo, Tcnica de ensino 5. Criana autista 6.Psicopatologia infantil 7. Sndrome de Asperger I. Vatavuk, Marialicede Castro 2. Associao de Amigos do Autista 3. Brasil. CoordenadoriaNacional para Integrao da Pessoa Portadora de DeficinciaCDD 18.ed. 618.928982

    ndice para catlogo sistemtico1. Autismo : Pediatria 618.928982

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    Sumrio

    Prefcio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7Prefcio 4a edio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9Apresentao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11I. Um Bom Comeo: Conhecer a Questo do Autismo . . . . . 15

    Definio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16Incidncia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17Causas do autismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17Manifestaes mais comuns . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18O espectro de manifestaes autsticas . . . . . . . . . . . . . . 20Como feito o diagnstico de autismo . . . . . . . . . . . . . . . 22Instrumentos para diagnosticar o autismo . . . . . . . . . . . . . 24

    II. Sndrome de Asperger . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25Apresentao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25Critrios para diagnstico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

    Intervenes e tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28O aluno com Sndrome de Asperger . . . . . . . . . . . . . . . . . 29Algumas orientaes para professores, educadores e cuidadores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

    III. Passos Que Podem Ajudar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31Informe-se ao mximo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31Permita-se sofrer . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32Reaprenda a administrar seu tempo . . . . . . . . . . . . . . . . . 32Saiba exatamente quais so os objetivos de curto prazo para seu

    filho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33Por ltimo, evite: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33IV. Tipos Mais Usuais de Interveno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

    TEACCH - Tratamento e educao para crianas autistas e comdistrbios correlatos da comunicao . . . . . . . . . . . . . . . . 35ABA - Anlise aplicada do comportamento . . . . . . . . . . . . 37PECS - Sistema de comunicao atravs da troca de figuras 39

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    Outros tratamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40Medicao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41A incluso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

    V. Algumas Tcnicas com Crianas com Autismo . . . . . . . . . . . . . 43FC - Comunicao Facilitada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44O computador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45AIT * - Integrao Auditiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46SI* - Integrao Sensorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47Movimentos Sherborne - Relation Play . . . . . . . . . . . . . 48

    VI. Dietas Alimentares Usuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49Dieta livre de glten e casena . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50Dieta de Feingold . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

    Outras dietas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52VII. Coisas Para Fazer e Coisas Para Evitar . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53Freqente locais pblicos com seu filho . . . . . . . . . . . . . . 53Trabalhe pela independncia de seu filho . . . . . . . . . . . . 54Estabelea rotinas que facilitem a organizao de seu filho . 55Ensine seu filho a quebrar rotinas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

    Anexo I: DSM-IV . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57Anexo II: CID-10. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60Anexo III: CHAT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63Anexo IV: Autismo - os sintomas da doena . . . . . . . . . . . . . . . . . 72

    Anexo V: Critrio diagnstico da Sndrome de Asperger . . . . . . . . . . 73Algumas Perguntas Comuns . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83Endereos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87

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    Para Guilherme, meu filho, que tantas vezes me fez chorar - algumasde tristeza, outras de alegria e outras pela pura emoo de conhecer epoder aventurar-me por um mundo que era assustador a princpio, masque se mostrou fascinante quando explorado.

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    Prefcio

    A inteno ao escrever este guia era a de poder ajudar um nmero muito grandede pais e, por que no, tambm de estudantes e profissionais interessados emautismo.

    Pois se ningum faz curso para ser pai e a experincia de ter filhos um desa-fio para todos, o que dizer da experincia que alguns passamos ao percorrer ocaminho do nascimento do filho ao diagnstico do autismo, prosseguindo com aeducao do filho e o grande nmero de decises que temos que tomar muitasvezes sem o mnimo de conhecimento ou preparo.

    Ajudar um pai a enfrentar essa situao tarefa grande demais para um livro to

    pequeno, mas a inteno dar um pequeno passo em direo a isso, de formaa ajudar cada pai a desbravar o seu prprio caminho e principalmente a no terreceio de procurar ajuda sempre que necessrio. A idia entregar a pais e pro-fissionais um texto bsico e resumido que ajude a encarar a questo do autismode forma realista e positiva.

    Esperamos sinceramente que seja til e que abra um canal que possibilite quecada vez mais cresa o interesse pelo autismo e a divulgao de todas as pos-sibilidades de ajuda para quem tem autismo e seus familiares.

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    Prefcio 4a edio

    O grande mrito deste pequeno livro tem sido ajudar muitos pais a percorrer ocaminho do diagnstico de seus filhos, e principalmente a fazer isto de uma formamenos sofrida.

    Nesta edio inclumos um pequeno captulo sobre Sndrome de Asperger. Estasndrome era praticamente desconhecida at muito pouco tempo, o que dificultavaem muito a incluso destas crianas.

    Pela colaborao, agradeo aos pais do Grupo de Discusso sobre Sndrome de Asperger, que formado por portadores da Sndrome e seus familiares - parasaber mais sobre este grupo, visite http://www.grupos.com.br/grupo/asperger, e

    tambm http://paginas.terra.com.br/saude/asperger.A partir desta edio, seguindo uma tendncia mundial, alternamos a referncia aoautista ou pessoa autista por pessoa com autismo. Esta mudana importapor ser um sinal da evoluo do nvel de cidadania ocorrida nestes 5 anos queseparam esta edio da primeira.

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    Apresentao

    O autismo um distrbio do desenvolvimento humano que vem sendoestudado pela cincia h quase seis dcadas, mas sobre o qual aindapermanecem, dentro do prprio mbito da cincia, divergncias e grandesquestes por responder.

    H dezoito anos, quando surgiu a primeira associao para o autismo nopas, o autismo era conhecido por um grupo muito pequeno de pessoas,entre elas poucos mdicos, alguns profissionais da rea de sade e alguns

    pais que haviam sido surpreendidos com o diagnstico de autismo paraseus filhos.

    Atualmente, embora o autismo seja bem mais conhecido, tendo inclusivesido tema de vrios filmes de sucesso, ele ainda surpreende pela diver-sidade de caractersticas que pode apresentar e pelo fato de, na maioriadas vezes, a criana que tem autismo ter uma aparncia totalmentenormal.

    Ultimamente no s vem aumentando o nmero de diagnsticos, comotambm estes vm sendo concludos em idades cada vez mais precoces,dando a entender que, por trs da beleza que uma criana com autismopode ter e do fato de o autismo ser um problema de tantas faces, as suasquestes fundamentais vm sendo cada vez reconhecidas com mais faci-

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    lidade por um nmero maior de pessoas. Provavelmente por isto que oautismo passou mundialmente de um fenmeno aparentemente raro paraum muito mais comum do que se pensava.

    O autismo intriga e angustia as famlias nas quais se impe, pois a pes-soa portadora de autismo, geralmente, tem uma aparncia harmoniosa eao mesmo tempo um perfil irregular de desenvolvimento, com bom fun-cionamento em algumas reas enquanto outras se encontram bastantecomprometidas.

    Para tentar ilustrar como difcil entender o que est acontecendo e a

    terrvel sensao inicial de um pai, ao perceber que algo no vai bemcom o filho mas ele no consegue entender o que , colocamos algumasdescries de crianas e depoimentos como o trecho que colocamos aseguir, do artigo de Leo Kanner em que ele descreve Donald T:

    Donald T. foi avaliado pela primeira vez em outubro de 1938, com aidade de cinco anos e um ms... Comer, dizia o relatrio (dos pais), foisempre um problema para ele. Essa criana nunca demonstrou um apetite

    normal. Ver as crianas comendo doces ou sorvete nunca constituiu umatentao para ele... Com a idade de um ano cantava ou murmurava deboca fechada algumas melodias com perfeio. Antes dos dois anos deidade, tinha uma memria invulgar para rostos e nomes, sabia o nome deum grande nmero de casas de sua cidade natal. A famlia o encorajavaa aprender e recitar pequenos poemas e at decorou o salmo XXIII evinte e cinco perguntas e respostas do catecismo presbiteriano. Os paisobservaram que ele no aprendia a perguntar ou responder perguntas a

    menos que contivessem rimas ou coisa parecida, e ento quase nuncaperguntava nada a no ser com palavras isoladas.

    Ou do trecho do artigo em que Asperger descreve Fritz V. na poca com6 anos.

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    Ele aprendeu rotinas prticas do cotidiano muito tarde e com grandedificuldade... em compensao, ele aprendeu a falar muito cedo e falousua primeira palavra com dez meses, bem antes de poder andar. Elerapidamente aprendeu a expressar-se com frases e logo falou comoum adulto... Desde cedo Fritz nunca fez o que lhe era pedido. Ele fezapenas o que queria, ou o oposto ao que lhe era pedido. Ele sempre foiagitado e irrequieto, e tendia a agarrar tudo o que estava ao seu alcance.Proibies no o detinham. Uma vez que ele tinha um impulso destrutivopronunciado, qualquer coisa que caia em suas mos era logo rasgada ouquebrada.

    Ou o seguinte depoimento da me de um menino que tem autismo:

    Aos dois anos e meio ele nunca havia pronunciado uma nica palavra.Era uma criana habilidosa e embora tivesse comeado a andar apenascom dois anos, conseguia equilibrar-se de forma impressionante e fazerpiruetas incrveis nos brinquedos do playground.

    De repente, sem nada que explicasse a atitude, cantou PARABNS A

    VOC, batendo palmas e pronunciando todas as palavras, coisa que srepetiu uma vez espontaneamente.

    Aos trs anos de idade aprendeu a controlar a respirao no fundo dapiscina e a atravess-la nadando embaixo da gua.

    O tempo passava e, por mais que quisssemos ou fizssemos, amospercebendo que nosso filho, embora fosse uma criana linda e de aparn-cia normal e tivesse habilidades motoras incomuns, tinha um profundo

    retardo mental, no ia falar nunca e, finalmente, quando nosso filho tinhaquatro anos conhecemos o nome do que o nosso filho tinha - nosso filhotinha autismo.

    O autismo se diferencia do retardo mental porque, enquanto no primeiroa criana apresenta um desenvolvimento uniformemente defasado, no

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    autismo o perfil de desenvolvimento irregular e pode ser desafiadora-mente irregular, deixando os pais, e muitas vezes tambm alguns profis-sionais, perplexos.

    Uma famlia que recebe um diagnstico mdico de autismo passa a saberque aquele quadro ambguo, aquele algo errado que percebia junto atantas integridades em seu filho ou filha, um srio comprometimentoindividual.

    Algumas famlias se agarram f, outras cincia, outras tentam fugir darealidade a qualquer custo, e a maioria passa por todas essas formas de

    enfrentamento da situao.A experincia da AMA, que uma experincia de pais e de educadores depessoas com autismo, constatou a importncia de trs caminhos a seremconscientemente buscados pelas famlias que se deparam com a questodo autismo em suas vidas:

    CONHECER a questo do autismo

    ADMITIR a questo do autismo

    BUSCAR APOIO de um grupo de pessoas que tambm estejam envolvidascom a mesma questo e que procuram conviver com ela da melhormaneira possvel.

    Este trabalho tem a inteno de abranger todos estes aspectos da aco-modao familiar a esta nova situao, para que cada famlia enfrente asua realidade - que se apresenta diferente de tudo o que sonhou -, de

    modo construtivo.

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    I. UM BOM COMEO:CONHECER A QUESTO DO AUTISMO

    Oautismo foi descrito pelaprimeira vez em 1943 peloDr. Leo Kanner (mdico aus-traco, residente em Baltimore,nos EUA) em seu histrico artigoescrito originalmente em ingls:

    Distrbios Autsticos do Contato Afetivo. Nesse artigo, disponvelem portugus no site da AMA,Kanner descreve 11 casos, dos quais o primeiro, Donald T., chegou atele em 1938.

    Em 1944, Hans Asperger, um mdico tambm austraco e formado naUniversidade de Viena - a mesma em que estudou Leo Kanner -, escreve

    outro artigo com o ttulo Psicopatologia Autstica da Infncia, descrevendocrianas bastante semelhantes s descritas por Kanner. Ao contrrio doartigo de Kanner, o de Asperger levou muitos anos para ser amplamentelido. A razo mais comumente apontada para o desconhecimento do arti-go de Asperger o fato dele ter sido escrito originalmente em alemo.

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    Hoje em dia, atribui-se tanto a Kanner como a Asperger a identificao doautismo, sendo que por vezes encontramos os estudos de um e de outroassociados a distrbios ligeiramente diferentes.

    Definio

    Autismo uma sndrome(*) definida por alteraes presentes desdeidades muito precoces, tipicamente antes dos trs anos de idade, e quese caracteriza sempre por desvios qualitativos na comunicao, na

    interao social e no uso da imaginao.

    Estes trs desvios, que ao aparecerem juntos caracterizam o autismo,foram chamados por Lorna Wing e Judith Gould, em seu estudo realizadoem 1979, de Trade. A Trade responsvel por um padro de comporta-mento restrito e repetitivo, mas com condies de inteligncia que podemvariar do retardo mental a nveis acima da mdia.

    muito difcil imaginar estes trs desvios juntos. Um exerccio que pode

    ajudar o proposto em palestra no Brasil pela pesquisadora FrancescaHapp, de imaginar-se na China, ou em um pas de cultura e lnguadesconhecidas, com as mos imobilizadas, sem compreender os outros esem possibilidades de se fazer entender. por isso que o autismo recebeutambm o nome de Sndrome de Ops! Ca no Planeta Errado!.

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    (*) sndrome - s.f. (gr. Syndrome) Conjunto dos sintomas que caracter-izam uma doena (**)

    (**) Doena - s.f. (lat. Dolentia, dor). Alterao da sade que comportaum conjunto de caracteres definidos como causa, sinais, sintomas eevoluo; mal, molstia enfermidade.

    Fonte: Dicionrio da Lngua Portuguesa - Larousse Cultural.

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    Incidncia

    A incidncia do autismo varia de acordo com o critrio utilizadopor cada autor. Bryson e col., em seu estudo conduzido no Canad em1988, chegaram a uma estimativa de 1:1000, isto , em cada mil crianasnascidas uma teria autismo. Segundo a mesma fonte, o autismo seriaduas vezes e meia mais freqente em pessoas do sexo masculino doque em pessoas do sexo feminino. Segundo informaes encontradas nosite da ASA - Autism Society of America (www.autism-society.org, 1999),

    a incidncia seria de 1:500, ou 2 casos em cada 1000 nascimentos. Deacordo com o rgo norte-americano Centers for Disease Control andPrevention (CDC, www.cdc.gov), o autismo afetaria de 2 at 6 pessoasem cada 1000, isto , poderia afetar at 1 pessoa em cada 166. O autis-mo seria 4 vezes mais freqente em pessoas do sexo masculino.

    O autismo incide igualmente em famlias de diferentes raas, credos ouclasses sociais.

    Causas do autismo

    As causas do autismo so desconhecidas. Acredita-se que a origem doautismo esteja em anormalidades em alguma parte do crebro ainda nodefinida de forma conclusiva e, provavelmente, de origem gentica. Almdisso, admite-se que possa ser causado por problemas relacionados afatos ocorridos durante a gestao ou no momento do parto.

    A hiptese de uma origem relacionada frieza ou rejeio materna j foidescartada, relegada categoria de mito h dcadas. Porm, a despeitode todos os indcios e da retratao pblica dos primeiros defensores

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    desta teoria, persistem adeptos desta corrente que ainda a defendem oudefendem teorias aparentemente diferentes, mas derivadas desta.

    J que as causas no so totalmente conhecidas, o que pode ser reco-mendado em termos de preveno do autismo so os cuidados gerais atodas as gestantes, especialmente cuidados com ingesto de produtosqumicos, tais como remdios, lcool ou fumo.

    Manifestaes mais comuns

    O autismo pode manifestar-se desde os primeiros dias de vida, mas comum pais relatarem que a criana passou por um perodo de normali-dade anteriormente manifestao dos sintomas.

    comum tambm estes pais relacionarem a algum evento familiar odesencadeamento do quadro de autismo do filho. Este evento pode seruma doena ou cirurgia sofrida pela criana ou uma mudana ou chegadade um membro novo na famlia, a partir do qual a criana apresentariaregresso. Em muitos casos constatou-se que na verdade a regresso noexistiu e que o fator desencadeante na realidade despertou a atenodos pais para o desenvolvimento anormal da criana, mas a suspeita deregresso uma suspeita importante e merece uma investigao maisprofunda por parte do mdico.

    Normalmente, o que chama a ateno dos pais inicialmente que a crian-a excessivamente calma e sonolenta ou ento que chora sem consolo

    durante prolongados perodos de tempo. Uma queixa freqente dos pais que o beb no gosta do colo ou rejeita o aconchego.

    Mais tarde os pais notaro que o beb no imita, no aponta no sentidode compartilhar sentimentos ou sensaes e no aprende a se comunicar

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    com gestos comumente observados na maioria dos bebs, como acenaras mos para cumprimentar ou despedir-se.

    Geralmente, estas crianas no procuram o contato ocular ou o mantmpor um perodo de tempo muito curto.

    comum o aparecimento de estereotipias, que podem ser movimentosrepetitivos com as mos ou com o corpo, a fixao do olhar nas mospor perodos longos e hbitos como o de morder-se, morder as roupasou puxar os cabelos.

    Problemas de alimentao so freqentes, podendo se manifestar pelarecusa a se alimentar ou gosto restrito a poucos alimentos. Problemas desono tambm so comuns.

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    Considera-se que em 30% dos casos de autismo ocorra epilepsia. O apa-recimento da epilepsia mais comum no comeo da vida da criana ouna adolescncia.

    As manifestaes citadas so as mais comuns, mas no so condiesnecessrias ou suficientes para o diagnstico de autismo.

    O espectro de manifestaes autsticas

    O autismo no uma condio de tudo ou nada, mas visto como umcontinuum que vai do grau leve ao severo.

    A definio de autismo adotada pela AMA, para efeito de interveno, que o autismo um distrbio do comportamento que consiste em umatrade de dificuldades:

    1. Dificuldade de comunicao - caracterizada pela dificuldadeem utilizar com sentido todos os aspectos da comunicao ver-

    bal e no verbal. Isto inclui gestos, expresses faciais, lingua-gem corporal, ritmo e modulao na linguagem verbal.

    Portanto, dentro da grande variao possvel na severidade do autismo,poderemos encontrar uma criana sem linguagem verbal e com dificul-dade na comunicao por qualquer outra via - isto inclui ausncia de usode gestos ou um uso muito precrio dos mesmos; ausncia de expressofacial ou expresso facial incompreensvel para os outros e assim por

    diante - como podemos, igualmente, encontrar crianas que apresentamlinguagem verbal, porm esta repetitiva e no comunicativa.

    Muitas das crianas que apresentam linguagem verbal repetem simples-mente o que lhes foi dito. Este fenmeno conhecido como ecolaliaimediata.

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    Outras crianas repetem frases ouvidas h horas, ou at mesmo diasantes; a chamada ecolalia tardia.

    comum que crianas que tm autismo e so inteligentes repitam fra-ses ouvidas anteriormente e de forma perfeitamente adequada ao con-texto, embora, geralmente nestes casos, o tom de voz soe estranho epedante.

    2. Dificuldade de sociabilizao - este o ponto crucial noautismo, e o mais fcil de gerar falsas interpretaes. Significaa dificuldade em relacionar-se com os outros, a incapacidade de

    compartilhar sentimentos, gostos e emoes e a dificuldade nadiscriminao entre diferentes pessoas.

    Muitas vezes a criana com autismo aparenta ser muito afetiva, poraproximar-se das pessoas abraando-as e mexendo, por exemplo, em seucabelo, ou mesmo beijando-as, quando na verdade ela adota indiscrimi-nadamente esta postura, sem diferenciar pessoas, lugares ou momentos.Esta aproximao usualmente segue um padro repetitivo e no contm

    nenhum tipo de troca ou compartilhamento. A dificuldade de sociabilizao, que faz com que a pessoa com autismotenha uma pobre conscincia da outra pessoa, responsvel, em muitoscasos, pela falta ou diminuio da capacidade de imitar, que um dos pr-requisitos cruciais para o aprendizado, e tambm pela dificuldade de secolocar no lugar do outro e de compreender os fatos a partir da perspectivado outro.

    3. Dificuldade no uso da imaginao - se caracteriza por rigideze inflexibilidade e se estende s vrias reas do pensamento,linguagem e comportamento da criana. Isto pode ser exem-plificado por comportamentos obsessivos e ritualsticos, com-

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    preenso literal da linguagem, falta de aceitao das mudanase dificuldades em processos criativos.

    Esta dificuldade pode ser percebida por uma forma de brincar desprovidade criatividade e pela explorao peculiar de objetos e brinquedos. Umacriana que tem autismo pode passar horas a fio explorando a textura deum brinquedo. Em crianas que tm autismo e tm a inteligncia maisdesenvolvida, pode-se perceber a fixao em determinados assuntos, namaioria dos casos incomuns em crianas da mesma idade, como calen-drios ou animais pr-histricos, o que confundido, algumas vezes, comnvel de inteligncia superior.

    As mudanas de rotina, como mudana de casa, dos mveis, ouat mesmo de percurso, costumam perturbar bastante algumas destascrianas.

    Como feito o diagnstico de autismo

    A AMA, sempre que solicitada, indica que o diagnstico de autismo sejafeito por um profissional com formao em medicina e experincia clnicade vrios anos diagnosticando essa sndrome.

    O diagnstico de autismo feito basicamente atravs da avaliaodo quadro clnico. No existem testes laboratoriais especficos para adeteco do autismo. Por isso, diz-se que o autismo no apresenta ummarcador biolgico.

    Normalmente, o mdico solicita exames para investigar condies (pos-sveis doenas) que tm causas identificveis e podem apresentar umquadro de autismo infantil, como a sndrome do X-frgil, fenilcetonriaou esclerose tuberosa. importante notar, contudo, que nenhuma das

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    condies apresenta os sintomas de autismo infantil em todas as suasocorrncias.

    Portanto, embora s vezes surjam indcios bastante fortes de autismopor volta dos dezoito meses, raramente o diagnstico conclusivo antesdos vinte e quatro meses, e a idade mdia mais freqente superior aostrinta meses.

    Para melhor instrumentalizar e uniformizar o diagnstico, foram criadasescalas, critrios e questionrios.

    O diagnstico precoce importante para poder iniciar a interveno edu-

    cacional especializada o mais rapidamente possvel.

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    A AMA alerta que h graus diferenciados de autismo e que h, em insti-tuies especializadas (como a prpria AMA), intervenes adequadas acada tipo ou grau de comprometimento.

    E, ainda, a especialidade da AMA no apenas a interveno em crianascom diagnstico de autismo, mas tambm a interveno em crianas comatrasos no desenvolvimento relacionados ao autismo.

    Instrumentos para diagnosticar o autismo

    Existem vrios sistemas diagnsticos utilizados para a classificao doautismo. Os mais comuns so a Classificao Internacional de Doenasda Organizao Mundial de Sade, ou CID-10, em sua dcima verso, eo Manual de Diagnstico e Estatstica de Doenas Mentais da AcademiaAmericana de Psiquiatria, ou DSM-IV.

    No Reino Unido, tambm bastante utilizado o CHAT (Checklist de Autismo em Bebs, desenvolvido por Baron-Cohen, Allen e Gillberg,1992), que uma escala de investigao de autismo aos 18 meses deidade. um conjunto de nove perguntas a serem propostas aos pais comrespostas tipo sim/no.

    Estes trs instrumentos esto disponveis como anexos desta publicao.

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    II. SNDROME DEASPERGER

    Apresentao

    Apesar de ter sido descrita por Hans Asperger em 1944 no artigo

    Psicopatologia Autistica na Infncia , apenas em 1994 a Sndrome deAsperger foi includa no DSM-IV com critrios para diagnstico.

    Hans Asperger e Leo Kanner, que descreveu o autismo em 1943, nasce-ram ambos na ustria e estudaram em Viena, mas nunca se encontraram.Asperger que era dez anos mais jovem que Kanner especializou-se empediatria enquanto Kanner estudou psiquiatria.

    Asperger acreditava que para estas crianas educao e terapia eram a

    mesma coisa e que apesar de suas dificuldades elas eram capazes deadaptar-se desde que tivessem um programa educacional apropriado.

    O programa educacional do servio dirigido por Asperger era liderado pelamadre Viktorine Zak que ele considerava um gnio e que morreu tragica-mente quando o local aonde ela trabalhava foi bombardeado em 1944.

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    Algumas das caractersticas peculiares mais frequentemente apresenta-das pelos portadores da Sndrome de Asperger so:

    - Atraso na fala, mas com desenvolvimento fluente da linguagem ver-bal antes do 5 anos e geralmente com:

    o Dificuldades na linguagem,o Linguagem pedante e rebuscada,o Ecolalia ou repetio de palavras ou frases ouvidas de outros,o Voz pouco emotiva e sem entonao.

    - Interesses restritos: escolhem um assunto de interesse, que pode

    ser seu nico interesse por muito tempo. Costumam apegar-se a maiss questes factuais do que ao significado. Casos comuns so inter-esse exacerbado por colees (dinossauros, carros, etc.) e clculos. Aateno ao assunto escolhido existe em detrimento a assuntos sociaisou cotidianos.

    - Presena de habilidades incomuns como calculos de calendrio,memorizao de grandes seqncias como mapas de cidades, clculos

    matemticos complexos, ouvido musical absoluto etc.- Interpretao literal, incapacidade para interpretar mentiras, metfo-ras, ironias, frases com duplo sentido, etc.

    - Dificuldades no uso do olhar, expresses faciais, gestos e movimen-tos corporais como comunicao no verbal.

    - Pensamento concreto.

    - Dificuldade para entender e expressar emoes.- Falta de auto-censura: costumam falar tudo o que pensam.

    - Apego a rotinas e rituais, dificuldade de adaptao a mudanas efixao em assuntos especficos

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    - Atraso no desenvolvimento motor e freqentes dificuldades na coor-denao motora tanto grossa como fina, inclusive na escrita..

    - Hipersensibilidade sensorial: sensibilidade exacerbada a determina-dos rudos, fascinao por objetos luminosos e com msica, atraopor determinadas texturas etc.;

    - Comportamentos estranhos de autoestimulao;

    - Dificuldades em generalizar o aprendizado;

    - Dificuldades na organizao e planejamento da execuo de tare-fas.

    Algumas coisas so aprendidas na idade prpria, outras cedo demais,enquanto outras s sero entendidas muito mais tarde ou somentequando ensinadas.

    Critrios para diagnstico

    Assim como no autismo, no existem exames clnicos que identifiquem, aSndrome de Asperger e o diagnostico feito atravs da observao doscomportamentos.

    Os critrios do diagnstico oficial da Sndrome de Asperger esto enu-merados no DSM-IV.

    Alguns pesquisadores acreditam que Sindrome de Asperger seja a mesma

    coisa que autismo de alto funcionamento, isto , com inteligncia preser-vada. Outros acreditam que no autismo de alto funcionamento h atrasona aquisio da fala, e na Sndrome de Asperger, no.

    Colocamos em anexo uma lista de critrios diagnsticos da Sndrome deAsperger elaborada pelo pesquisador sueco Christopher Gillberg.

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    Muitas pessoas acreditam que a importncia da diferenciao entreSndrome de Asperger e Autismo de Alto Funcionamento seja mais decunho jurdico do que propriamente para escolhas relacionadas ao trata-mento.

    Por um lado para algumas pessoas dizer que algum portador deSndrome de Asperger parece mais leve e menos grave do que ser por-tador de autismo, mesmo que de alto funcionamento embora isto sejaprovavelmente uma iluso. Por outro lado, associaes de autismo em

    todo o mundo alegam que esta diviso em duas patologias diferentesenfraquece um movimento que necessita de tanto apoio como o dos quetrabalham pelo autismo.

    Intervenes e tratamento

    Mesmo considerando que o tratamento realizado com auxlio de pro-gramas individuais em funo da evoluo de cada cirana, os seguintesaspectos podem ser fundamentais como alvos preferenciais de tratamentoem um programa de interveno precoce com indivduos com Sndromede Asperger.

    Devemos procurar o antes possvel desenvolver:

    - A autonomia e a independncia;

    - A comunicao no-verbal;

    - Os aspectos sociais como imitao, aprender a esperar a vez e jogosem equipe;

    - A flexibilizao das tendncias repetitivas

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    - As habilidades cognitivas e acadmicas.

    Ao mesmo tempo importante:

    - Trabalhar na reduo dos problemas de comportamento;

    - Utilizar tratamento farmacolgico se necessrio;

    - Que a famlia receba orientao e informao;

    - Que os professores recebam assessoria e apoio necessrios;

    O aluno com Sndrome de AspergerNa maioria dos casos, crianas e adolescentes com Sndrome de Aspergerpodem frequentar a escola regular, mesmo que em alguns casos emclasses especiais.

    Muito provavelmente, existem casos no diagnosticados de crianas comSndrome de Asperger frequentando escolas regulares que, devido a suas

    dificuldades e peculiaridades, so rotuladas como pedantes, sem limites,desorganizadas etc.

    Por isso importante que, ao notar algo de diferente em seu aluno, oprofessor comunique isto coordenao para que os pais sejam comuni-cados e encaminhados a um profissional especializado.

    Por outro lado bastante comum que um professor desavisado, ao rece-ber um aluno com Sndrome de Asperger inicialmente o superestime em

    funo de suas habilidades especficas e que medida que as dificuldadesdeste aluno aparecem o professor tenda a rejeit-lo.

    O professor deve observar este aluno durante um perodo de tempoenquanto colhe informaes com pais e com os profissionais que o acom-

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    panham. Passado o perodo de observao, recomendo que o professortenha uma conversa com o resto da sala, em linguagem compreensvelpara a faixa etria dos alunos, falando sobre as dificuldades do aluno comSndrome de Asperger e solicitando a colaborao dos colegas.

    Algumas orientaes para professores,educadores e cuidadores

    importante que o professor verifique com alguma freqncia que oaluno esteja acompanhando o assunto da aula.

    Alm disto, aconselhvel, tambm, que este aluno:

    1. Sente o mais prximo possvel do professor.

    2. Seja requisitado como ajudante do professor algumas vezes.

    3. Use agendas e calendrios, listas de tarefas e listas de verificao.

    4. Seja ajudado para poder trabalhar e concentrar-se por perodos cadavez mais longos.

    5. Seja estimulado a trabalhar em grupo e a aprender a esperar a vez.

    6. Aprenda a pedir ajuda.

    7. Tenha apoio durante o recreio onde, por exemplo poder dedicar-se a seus assuntos de interesse, pois caso contrrio poder vagar,

    dedicar-se a algum assunto inusitado ou ser alvo de brincadeiras doscolegas.

    8. Seja elogiado sempre que for bem sucedido.

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    III. PASSOSQUE PODEM AJUDAR

    Passo 1: Informe-se ao mximo.Entenda o diagnstico de seu filho.

    No tenha receio de fazer aoseu mdico todas as pergun-tas que lhe vierem cabea.

    Leia os critrios diagnsticos dis-ponveis e discuta-os com o mdi-co.

    Informe-se atravs de leituras dossites disponveis na internet.

    Converse com outras famlias que tenham passado por situao semel-hante.

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    Conhea profissionais e instituies que se dediquem ao autismo e suasformas de tratamento.

    Passo 2: Permita-se sofrer. natural que o momento do diagnstico de autismo seja um momentodoloroso. Nesta hora, voc no est perdendo fisicamente seu filho, masest perdendo, com certeza, parte de seus sonhos e planos para seu filho,o que extremamente doloroso. Com o tempo voc vai poder criar novossonhos e outros objetivos vo surgir, to importantes e desafiadores

    como os primeiros; mas no incio importante permitir-se desmoronar.Cada pessoa desmorona de forma diferente. Algumas pessoas o fazemsem lgrimas, procurando ocupar-se freneticamente. O tempo tambmvaria; algumas pessoas conseguem levantar-se mais rpido que outras.Algumas precisam de mais tempo para processar seus sentimentos. Vocpode pensar que necessita ser forte para apoiar seu cnjuge ou outrosfilhos, mas para isto necessrio primeiramente ser honesto acerca dosprprios sentimentos.

    Procure a sua prpria fonte de apoio, que pode ser um terapeuta, umreligioso, um amigo ou algum da famlia.

    Lembre-se: o autismo para sempre, mas no uma sentena de morte.Voc no fez nada para que isto acontecesse, mas pode fazer muito paramelhorar as perspectivas de vida de seu filho.

    Voc pode escolher se vai ficar parado ou caminhar, se vai esperar ou agir.

    Portanto, respeite seu tempo; mas depois... mos obra.

    Passo 3: Reaprenda a administrar seu tempo.Voc precisa organizar sua vida para continuar investindo em planos em

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    relao a voc mesmo e para poder oferecer todas as oportunidadesnecessrias a seu filho.

    Procure centros de tratamento especializado que ofeream tudo que seufilho precisa, sem ter que ir de um lugar a outro indefinidamente.

    Se voc for uma pessoa muito ocupada, tente encontrar ajuda para cuidarde seu filho, mas lembre-se que muito importante que voc entendacom profundidade as propostas da opo teraputica e educacional quevoc escolheu e que voc acompanhe muito de perto a evoluo de seufilho.

    Passo 4: Saiba exatamente quais so osobjetivos de curto prazo para seu filho.Este ponto muito importante. atravs dele que voc vai saber o queesperar e tambm vai poder avaliar se a instituio escolhida a que maisatende o que voc espera.

    Se os objetivos propostos lhe parecerem exagerados ou modestos, tentese informar e conversar para avaliar bem essa diferena de expectativas

    Passo 5: Por ltimo, evite: Todos que lhe acenarem com curas milagrosas.

    Todos que atriburem a culpa do autismo aos pais.

    Todos os profissionais desinformados ou desatualizados.

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    IV. TIPOS MAIS USUAISDE INTERVENO

    TEACCH* - Tratamento e educaopara crianas autistas e com distrbioscorrelatos da comunicao

    OTEACCH foi desenvolvido nosanos 60 no Departamento dePsiquiatria da Faculdade de Medicinada Universidade da Carolina do Norte,Estados Unidos, e atualmente muitoutilizado em vrias partes do mundo.O TEACCH foi idealizado e desen-

    volvido pelo Dr. Eric Schoppler, e atu-almente tem como responsvel o Dr.Gary Mesibov.

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    * Treatment and Education of Autistic and related Communication handicapped CHildren.

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    O mtodo TEACCH utiliza uma avaliao chamada PEP-R (PerfilPsicoeducacional Revisado) para avaliar a criana, levando em conta osseus pontos fortes e suas maiores dificuldades, tornando possvel umprograma individualizado.

    O TEACCH se baseia na organizao do ambiente fsico atravs de rotinas- organizadas em quadros, painis ou agendas - e sistemas de trabalho,de forma a adaptar o ambiente para tornar mais fcil para a criana com-preend-lo, assim como compreender o que se espera dela. Atravs daorganizao do ambiente e das tarefas da criana, o TEACCH visa desen-volver a independncia da criana de modo que ela necessite do professor

    para o aprendizado, mas que possa tambm passar grande parte de seutempo ocupando-se de forma independente.

    As maiores crticas ao TEACCH tm sido relacionadas sua utilizaocom crianas de alto nvel de funcionamento. A nossa experincia temmostrado que o TEACCH, adequadamente usado, pode ajudar muito estascrianas. Temos conseguido resultados acima do esperado, no de formasbita e milagrosa, mas como fruto de um trabalho demorado e sempre

    voltado para as caractersticas individuais de cada criana.

    Outra crtica ao TEACCH que ele supostamente robotizaria as crianas.Em nossa experincia, a tendncia de crianas com autismo que passampor um processo consistente de aprendizado, ao contrrio de se robot-izarem, de humanizarem-se mais e progressivamente. Verificamos queadquirem algumas habilidades e constroem alguns significados. Mesmoque bastante restritos, se comparados com outras pessoas, representam

    progressos em relao s suas condies anteriores ao trabalho com omtodo TEACCH.

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    ABA* - Anlise aplicada do comportamento

    O tratamento comportamental analtico do autismo visa ensinar crianahabilidades que ela no possui, atravs da introduo destas habilidadespor etapas. Cada habilidade ensinada, em geral, em esquema indivi-dual, inicialmente apresentando-a associada a uma indicao ou instruo.Quando necessrio, oferecido algum apoio (como por exemplo, apoiofsico), que dever ser retirado to logo seja possvel, para no tornara criana dependente dele. A resposta adequada da criana tem como

    conseqncia a ocorrncia de algo agradvel para ela, o que na prtica uma recompensa. Quando a recompensa utilizada de forma consistente,a criana tende a repetir a mesma resposta.

    O primeiro ponto importante tornar o aprendizado agradvel para acriana. O segundo ponto ensinar a criana a identificar os diferentesestmulos.

    Respostas problemticas, como negativas ou birras, no so, proposital-

    mente, reforadas. Em vez disso, os dados e fatos registrados so anali-sados em profundidade, com o objetivo de detectar quais so os eventosque funcionam como reforo ou recompensa para os comportamentosnegativos, desencadeando-os. A criana levada a trabalhar de forma po-sitiva, para que no ocorram os comportamentos indesejados.

    A repetio um ponto importante neste tipo de abordagem, assim comoo registro exaustivo de todas as tentativas e seus resultados.

    A principal crtica ao ABA tambm, como no TEACCH, a de supos-tamente robotizar as crianas, o que no nos parece correto, j quea idia interferir precocemente o mximo possvel, para promover odesenvolvimento da criana, de forma que ela possa ser maximamenteindependente o mais cedo possvel.

    * Applied Behavior Analysis

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    Outra crtica a este mtodo que ele caro. Esta sim, uma crtica proce-dente, e por esta razo que muitos pais nos Estados Unidos mobilizaram-se para serem treinados por especialistas, em grupo, e assim poderem elesmesmos tratar os seus filhos.

    PECS* - Sistema de comunicaoatravs da troca de figuras

    O PECS foi desenvolvido para ajudar crianas e adultos com autismo ecom outros distrbios de desenvolvimento a adquirir habilidades de comu-nicao.

    O sistema utilizado primeiramente com indivduos que no se comuni-cam ou que possuem comunicao mas a utilizam com baixa eficincia.

    O nome PECS significa sistema de comunicao atravs da troca de figuras,e sua implementao consiste, basicamente, na aplicao de uma se-

    qncia de seis passos.O PECS visa ajudar a criana a perceber que atravs da comunicao elapode conseguir muito mais rapidamente as coisas que deseja, estimu-lando-a assim a comunicar-se, e muito provavelmente a diminuir drasti-camente problemas de conduta.

    Tem sido bem aceito em vrios lugares do mundo, pois no demandamateriais complexos ou caros, relativamente fcil de aprender, pode

    ser aplicado em qualquer lugar e quando bem aplicado apresentaresultados inquestionveis na comunicao atravs de cartes em crian-as que no falam, e na organizao da linguagem verbal em crianas quefalam, mas que precisam organizar esta linguagem.

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    * Picture Exchange Communication System

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    Outros tratamentos

    Existem outras formas de tratamento, como tratamentos psicoteraputi-cos, fonoaudiolgicos, equoterapia, musicoterapia e outros, que no tmuma linha formal que os caracterize no tratamento do autismo, e que poroutro lado dependem diretamente da viso, dos objetivos e do bom sensode cada profissional que os aplica.

    Aconselhamos os pais que optarem por um tratamento deste tipo a ana-lisarem as prprias expectativas e as do profissional pelo qual optaram e

    em que medida o tratamento os aproxima a estas expectativas, no s nomomento da escolha, mas de forma contnua e permanente.

    Muitos pais declaram que no sentiram melhora no filho, mas que a atu-ao do profissional foi muito boa e relaxante para eles mesmos.

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    Nestes casos, muitas vezes, pode-se dizer que o tratamento vale a pena,mas imprescindvel que no se perca o controle, pois no raro acon-tecer que o momento no qual os pais optam por descontinuar este tipode tratamento seja um momento traumtico, e bastante freqente quea interrupo v sendo postergada por tornar-se uma deciso difcil deser tomada.

    Medicao

    Alguns lembretes sobre medicao so importantes e podem ajudar afamlia na tomada de decises.

    Em primeiro lugar, toda a medicao deve ser dada apenas se receitadapor um mdico.

    Em segundo lugar, recomendamos famlia que se informe com o mdicosobre o que se espera da medicao adotada, qual o prazo esperado parapoder perceber os efeitos e quais os efeitos colaterais da medicao.

    Toda medicao deve ser ponderada levando em conta seus riscos ebenefcios. Uma boa regra a de que uma medicao, para valer a pena,deve ter efeitos claramente visveis. Se o efeito da medicao no forvisivelmente o esperado, no vale a pena correr os riscos.

    A incluso

    Quando se pensa em termos de incluso, comum a idia de simples-mente colocar uma criana que tem autismo em uma escola regular, espe-rando assim que ela comece a imitar as crianas normais, e no crianasiguais a ela ou crianas que apresentam quadros mais graves. Podemos

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    V. ALGUMAS TCNICASCOM CRIANAS COM AUTISMO

    Citaremos algumas das tcni-cas mais conhecidas que tmsido aplicadas em crianas com

    autismo. Algumas foram especial-mente desenvolvidas para elas,outras foram desenvolvidas ini-cialmente para tratar outras pato-logias.

    Todas elas j vm sendo aplicadas h algum tempo, a maioria h mais dedez anos, e todas se iniciaram como grandes promessas para pais mais

    apressados. O tempo mostrou que elas no so milagrosas. Contudo,algumas delas, se aplicadas conscientemente, da forma como foram con-cebidas ou com adaptaes a estilos e culturas, podem ser um excelentecomplemento ao tratamento educacional.

    Vrias instituies em todo o mundo vm combinando uma srie de tcni-

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    American Psychologist, na pgina 750 do nmero 50, publicou um artigode John Jacobson de ttulo Histria da Comunicao Facilitada: Cincia,Pseudocincia e Anticincia. Neste artigo, Jacobson menciona pesqui-sas srias e conclusivas que provaram que no s as pessoas que tmautismo no tm capacidade para expressar tudo aquilo que se supunhaque expressavam atravs da FC, como tambm os facilitadores, aindaque inconscientemente, influenciavam o contedo da mensagem comu-nicada.

    O computadorO uso do computador como apoio a crianas portadoras de autismo relativamente recente em comparao s outras intervenes citadas.Existem poucas informaes disponveis, mesmo na internet, sobre a uti-lizao do computador como apoio ao desenvolvimento destas crianas.

    Algumas crianas ignoram o computador, enquanto outras se fixam em

    determinadas imagens ou sons, sendo muitas vezes difcil decifrar o quetanto as atrai.

    A AMA de So Paulo desenvolveu uma tcnica que teve resultados muitointeressantes. Consiste na utilizao do computador como apoio ao apre-ndizado da escrita em crianas que j haviam adquirido a leitura e, pordificuldades na coordenao motora fina ou por desinteresse, no con-seguiam adquirir a escrita atravs dos mtodos tradicionais de ensino.

    O programa utilizado no era nenhum programa especialmente desen-volvido para isto, mas sim um programa de desenho comum, como oPaint Brush, ou Paint.

    A sistemtica, muito simples, apresentou resultados positivos compro-

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    vados em pelo menos trs crianas que apresentavam uma resistnciamuito grande ao aprendizado da escrita, e com as quais haviam sidotentadas diversas tcnicas de ensino, sem sucesso durante pelo menosum ano.

    Inicia-se com traos simples e sesses muito curtas, com apoio sempreque necessrio. O trabalho vai evoluindo em tempo e complexidade medida em que a criana vai conseguindo movimentar o mouse da formaesperada e sem apoio. Depois de algum tempo introduzido o quadronegro, e depois o lpis e papel.

    muito importante limitar o espao disponvel para desenho ou escrita.No incio esse espao maior, e vai diminuindo medida em que a cri-ana vai desenvolvendo a habilidade.

    AIT * - Integrao Auditiva

    A Integrao Auditiva foi desenvolvida inicialmente nos anos sessentapelo otorrinolaringologista francs Guy Berard.

    A idia inicial que algumas das caractersticas do autismo seriam resul-tado de uma disfuno sensorial e poderiam envolver uma sensibilidadeanormal a determinadas freqncias de som.

    Na AIT a criana ou adulto ouve msica atravs de fones de ouvido, comalgumas freqncias de som eliminadas atravs de filtros, durante dois

    perodos de meia hora por noite, durante dez dias.Segundo Berard este tratamento ajudaria a pessoa a adaptar-se a sonsintensos.

    H muitos depoimentos de sucesso da AIT prestado por pais, mas umnmero ainda maior de pais diz no ter obtido nada deste tratamento.

    * Auditory Integration Training

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    Um dos problemas para se avaliar o quanto a AIT pode ajudar uma cri-ana com autismo que raramente essa tcnica a nica interfernciaa que a criana exposta. Em geral, ela aplicada acompanhada deoutros tratamentos ou terapias, o que tem dificultado um estudo maisapurado sobre AIT, fazendo-se considerar a necessidade de estudos maisaprofundados.

    Atualmente, existem algumas linhas de pesquisa sendo desenvolvidasnesta rea.

    Alguns autores acreditam na eficcia da AIT, embora outros no a con-

    siderem melhor que a aplicao de um programa estruturado de msicasno alteradas, abrangendo uma grande escala e variedade de freqn-cias.

    SI* - Integrao Sensorial

    A Integrao Sensorial pode ser considerada como uma intervenosemelhante Integrao Auditiva, mas com atuao em outra rea.

    Nos Estados Unidos muito aplicada por terapeutas ocupacionais e porfonoaudilogos, embora outros terapeutas tambm a apliquem.

    Muito resumidamente, uma tcnica que visa integrar as informaesque chegam ao corpo da criana, atravs de brincadeiras que envolvemmovimentos, equilbrio e sensaes tteis - so utilizados toques, mas-

    sagens, vibradores e alguns equipamentos como balanos, gangorras,trampolins, escorregadores, tneis, cadeiras que giram, bolas teraputi-cas grandes, brinquedos, argila e outros.

    O terapeuta trabalha no sentido de ensinar criana, atravs de brinca-deiras, a compreender e organizar as sensaes.

    * Sensitory Integration47

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    Movimentos Sherborne - Relation Play

    Este um mtodo que vem sendo aplicado em alguns pases, princi-palmente na Europa, tanto por fisioterapeutas como por professores deeducao fsica. Este mtodo foi idealizado por Veronica Sherborne, umaprofessora de educao fsica nascida na Inglaterra que acreditava queesta tcnica poderia beneficiar qualquer tipo de criana, inclusive crianascom problemas de desenvolvimento.

    Vernica Sherborne tomou como base o trabalho do danarino e core-

    grafo hngaro Rudolf Laban, que acreditava que a utilizao do movimen-to uma ferramenta para todas as atividades humanas e que atravsdo movimento que o ser humano relaciona o seu eu interno com o mundoque o cerca.

    O mtodo visa desenvolver o auto-conhecimento da criana atravs daconscincia de seu corpo e do espao que a cerca, pelo ensino do movi-mento consciente.

    Nem todas as crianas alcanam estes objetivos, mas podemos dizer,como fruto de nossa prpria experincia, que a utilizao desta tcnicapossibilita uma interao muito agradvel entre os pais e familiares comas crianas que tm autismo, o que nem sempre muito fcil de se con-seguir, e faz desta tcnica um valioso recurso.

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    VI. DIETASALIMENTARES USUAIS

    Recentemente vm sendo desen-volvidas pesquisas sobre a alergiae sensibilidade a determinados alimen-tos em crianas com autismo e pos-sveis benefcios que poderiam ser obti-dos atravs de algum tipo de dieta.

    A idia de tratar um filho que temautismo apenas e simplesmente com uma dieta tem sido tentadora paramuitos pais, mas, em realidade, quase nunca a dieta em si se constituiem tratamento, e o preo que se paga por fazer uma dieta bem maiordo que se pensava inicialmente.

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    A seguir, comentamos algumas das dietas mais conhecidas, com a ressal-va de que a maioria delas no fcil. As crianas portadoras de autismomuito freqentemente apresentam dificuldades de alimentao, muitasvezes graves, e os efeitos de dietas nessas crianas ainda no so bemconhecidos.

    Indica-se o aconselhamento e o acompanhamento profissional para prem prtica qualquer uma destas dietas.

    Recomenda-se tambm que, como em qualquer nova tentativa, sejammantidos registros de evoluo para poder fazer uma avaliao clara dos

    efeitos da dieta.

    Dieta livre de glten e casena

    A partir de estudos iniciados na dcada de 80, alguns pesquisadoresindicaram a existncia de uma possvel correlao entre alguns compor-tamentos caractersticos de pessoas com autismo e a presena de gltene casena na alimentao.

    A casena uma protena do leite e derivados. O glten uma substnciaencontrada no trigo, cevada, centeio, aveia e derivados.

    No fcil compor uma dieta livre de glten e casena, porque nemsempre possvel a identificao de sua presena em determinados ali-mentos.

    Atualmente, grande parte dos produtos alimentcios traz em seu rtuloa identificao da presena ou no de glten, mas tambm acontece dehaver utilizao de farinhas (que contm glten) em produtos que noinformam isto no rtulo, como remdios, vitaminas ou temperos.

    Para eliminar a casena da dieta devem ser retirados o leite e seus deriva-

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    dos, como sorvetes, iogurtes, queijos e etc.

    Para retirar o glten, a prtica mais comum a utilizao de farinhas de

    milho ou arroz.Este tipo de dieta no pode ser feito sem o acompanhamento de umespecialista, pois requer algumas medidas como encontrar um alimentoque substitua o clcio que est deixando de ser ingerido ao retirar-se oleite da dieta.

    Dieta de FeingoldO Dr. Benjamin Feingold, pediatra e alergologista, o autor do livro Porque seu filho hiperativo? , publicado em 1974, no qual ele sugere quea hiperatividade pode ser causada por corantes, conservantes e aditivosartificiais presentes em muitos alimentos.

    Alm disso, ele acredita que comidas que possam conter salicilatos

    naturais podem tambm causar efeitos indesejados sade em deter-minadas pessoas. Contm esta substncia algumas frutas comuns comoma, cereja e uva e outros alimentos ou temperos como caf, cravo epprica.

    A Associao Feingold sugere que todos os salicilatos sejam retiradosde uma vez e depois que sejam introduzidos e testados um a um paradeterminar se acontece alguma reao.

    Algumas pessoas preferem eliminar da alimentao todos os produtos sin-tticos e deixar para pensar mais tarde sobre a retirada dos salicilatos.

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    Outras dietas

    Podem ainda ser mencionadas a dieta quetognica e a dieta rotativa. Adieta quetogncia, desenvolvida por alguns mdicos no Hospital JohnHopkins em Nova York para indivduos que sofrem convulses, umadieta rica em gorduras e pobre em protenas e carboidratos. Ainda noso conhecidos estudos conclusivos sobre os efeitos desta dieta.

    A dieta rotativa consiste na variao de alimentos. Alguns dizem que essavariao deve ser de forma especfica de preferncia a cada quatro dias.

    Outros preferem retirar do cardpio, doisa trs dias por semana, alimen-tos como arroz ou batatas.

    Muito resumidamente, esta dieta tem como base a idia de que um ali-mento que ingerido diariamente desenvolve um efeito prejudicial aoorganismo.

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    VII. COISAS PARA FAZER ECOISAS PARA EVITAR

    Freqente locais pblicos com seu filho

    Se seu filho for pequeno, d prefe-rncia a parques pblicos onde elepossa brincar em atividades necessriaspara qualquer criana - e principalmentepara ele -, como escorregar, balanar-se, pendurar-se etc.

    Se ele for maior, faa caminhadas emparques, ser muito bom tanto para voc quanto para ele.

    importante freqentar locais pblicos com seu filho, mesmo porquealgumas vezes isto inevitvel.

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    Se voc tiver oportunidade de organizar-se neste sentido, depois dealgum tempo vai perceber que realmente valeu a pena.

    Antes de fazer com seu filho alguma atividade programada por voc emlocal pblico, esteja certo de que conseguir manter a situao sob con-trole, de forma que, caso ocorram imprevistos, vocs possam facilmentese retirar.

    Evite tentar controlar a situao por meio de refrigerantes, saquinhos depipoca ou salgadinhos, pois ele ir facilmente associar que sair de casa sinnimo de comida. Se voc quiser dar a ele algum tipo de reforo ali-mentar, prefervel faz-lo, desde o comeo, ao chegar de volta em casa.

    Trabalhe pela independncia de seu filho

    Incentive seu filho a se vestir sozinho. Uma tcnica muito utilizada comear deixando apenas a ltimo passo para ele. Se estiver ensinando

    a vestir uma camiseta, coloque tudo e deixe apenas que ele puxe parapassar a cabea; se for uma cala, coloque as pernas e deixe que ele apuxe at a cintura. Assim ele entender que a ao era vestir a pea. Vretrocedendo em pequenos passos at que ele execute a ao de formainteiramente independente.

    Incentive-o tambm, da mesma forma, a se servir, comer, beber eassim por diante.

    Ao fazer isto, fique calma e elogie tranqilamente cada pequeno avano.No fale mais que o necessrio e evite irritar-se com pequenos retroces-sos. Pense que neste momento voc mais que um pai ou uma me.

    Voc um pai ou uma me que est cumprindo um papel muito impor-tante para seu filho.

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    Anexo I: DSM-IV

    Fonte: AMERICAN PSYCHIATRY ASSOCIATION. DSM-IV - Manual diagnsticoe estatstico de transtornos mentais. 4. ed. Porto Alegre, Artes Mdicas,1995.

    Frente s dificuldades encontradas na identificao dos casos deautismo, a Associao Americana de Psiquiatria publicou no seu Manualde Diagnstico e Estatstico os critrios recomendados para este diag-nstico.

    Importante: as informaes a seguir servem apenas como referncia. Um

    diagnstico exato o primeiro passo importante em qualquer situao;tal diagnstico pode ser feito apenas por um profissional qualificado queesteja a par da histria do indivduo.

    A.Um total de seis (ou mais) itens de (1), (2) e (3), compelo menos dois de (1), um de (2) e um de (3)

    (1) prejuzo qualitativo na interao social, mani-festado por pelo menos dois dos seguintes aspectos:

    (a) prejuzo acentuado no uso de mltiplos compor-tamentos no-verbais, tais como contato visual direto,expresso facial,

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    posturas corporais e gestos para regular a interao social

    (b) fracasso em desenvolver relacionamentos com

    seus pares apropriados ao nvel de desenvolvimento(c) falta de tentativa espontnea de compartilhar

    prazer, interesses ou realizaes com outras pessoas (por exemplo, nomostrar, trazer ou apontar objetos de interesse)

    (d) falta de reciprocidade social ou emocional

    (2) prejuzos qualitativos na comunicao, manifesta-dos por pelo menos um dos seguintes aspectos:

    (a) atraso ou ausncia total de desenvolvimento dalinguagem falada (no acompanhado por uma tentativa de compensaratravs de modos alternativos de comunicao, tais como gestos oummica)

    (b) em indivduos com fala adequada, acentuado

    prejuzo na capacidade de iniciar ou manter uma conversao

    (c) uso estereotipado e repetitivo da linguagem oulinguagem idiossincrtica

    (d) falta de jogos ou brincadeiras de imitao socialvariados e espontneos, apropriados ao nvel de desenvolvimento

    (3) padres restritos e repetitivos de comportamento,interesses e atividades, manifestados por pelo menos um dosseguintes aspectos:

    (a) preocupao insistente com um ou mais padresestereotipados e restritos de interesse, anormais em intensidade ou foco

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    Anexo II: CID-10

    DIRETRIZES DIAGNSTICAS PARA AUTISMO INFANTIL (F84.0)(CID-10)

    Fonte: ORGANIZAO MUNDIAL DE SADE -Classificao dos transtornosmentais e de comportamento da CID-10: descries clnicas e diretriz-

    es diagnsticas. Porto Alegre, Artes Mdicas, 1993.

    (WHO, 1992)(WHO - World Health Organization / Organizao Mundial de Sade)

    Transtorno invasivo do desenvolvimento definido pela presena dedesenvolvimento anormal e/ou comprometido em todas as trs reas

    de interao social, comunicao e comportamento restrito e repetitivo.Manifesta-se antes dos trs anos de idade e ocorre trs a quatro vezesmais em meninos.

    a) Comprometimentos qualitativos na interao social recpro-ca:

    - Apreciao inadequada de indicadores scio-emocionais, comodemonstrada por uma falta de respostas para as emoes de outras

    pessoas e/ou falta de modulao do comportamento de acordo com ocontexto social;

    - Uso insatisfatrio de sinais sociais, emocionais e de comunicaoe, especialmente, uma falta de reciprocidade scio-emocional;

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    b) Comprometimentos qualitativos na comunicao:

    - Falta de uso social de quaisquer habilidades de linguagem que

    estejam presentes;- Comprometimentos em brincadeiras de faz-de-conta e jogos soci-ais de imitao;

    - Pouca sincronia e falta de reciprocidade no intercmbio de con-versao;

    - Pouca flexibilidade na expresso da linguagem e uma relativaausncia de criatividade e fantasia nos processos de pensamento;

    - Falta de resposta emocional s iniciativas verbais e no-verbais deoutras pessoas;

    - Uso comprometido de variaes na cadncia ou nfase para refle-tir modulao comunicativa e uma falta similar de gestos concomitantespara dar nfase ou ajuda na significao na comunicao falada.

    c) Padres de comportamento, interesses e atividades restritos,repetitivos e estereotipados:

    - Tendncia a impor rigidez e rotina a uma ampla srie de aspec-tos do funcionamento dirio, usualmente isto se aplica tanto a atividadesnovas quanto a hbitos familiares e a padres de brincadeiras;

    - Particularmente na primeira infncia, pode haver vinculao espe-

    cfica a objetos incomuns, tipicamente no-macios;- Pode insistir na realizao de rotinas particulares e rituais decarter no-funcional;

    - Pode haver preocupaes estereotipadas com interesses taiscomo datas, itinerrios, ou horrios;

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    - Freqentemente h estereotipias motoras; um interesse espe-cfico em elementos no-funcionais de objetos (tais como o cheiro e otato);

    - comum e pode haver resistncia mudana na rotina e emdetalhes do meio ambiente pessoal (tais como as movimentaes deornamentos ou mveis da casa).

    Alm dos aspectos diagnsticos especficos descritos acima, freqentea criana com autismo mostrar uma srie de problemas no-especficos,tais como:

    - Medo /fobias, perturbaes de sono e alimentao e alimentao,ataques de birra e agresso;

    - A autoleso (p. ex. morder o punho), bastante comum, espe-cialmente quando h retardo mental grave associado;

    - A maioria dos indivduos com autismo carece de espontaneidade,iniciativa e criatividade na organizao de seu tempo de lazer e temdificuldade em aplicar conceitualizaes em decises de trabalho (mesmoquando as tarefas em si esto altura de sua capacidade)

    A manifestao especfica dos dficits caractersticos do autismo muda medida que as crianas crescem, mas os dficits continuam atravs da

    vida adulta com um padro amplamente similar de problemas de social-izao, comunicao e padres de interesse.

    Todos os nveis de QI podem ocorrer em associao com o autismo, mash um retardo mental significativo em cerca de trs quartos dos casos.

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    Anexo III: CHAT

    O CHAT CHECKLIST FOR AUTISM IN TODDLERS

    (Questionrio para Verificao de Autismo em Crianas Pequenas) uminstrumento de triagem que identifica o risco de transtornos na interaosocial e comunicao em crianas com dezoito meses de idade.

    COMO FOI CONSTRUDO?

    Em 1996, Baron-Cohen e cols. - um grupo de pesquisadores do Depto dePsicologia Experimental da Universidade de Cambridge - publicaram umartigo no British Journal of Psychiatry intitulado Marcadores psicolgicosna deteco do autismo na infncia em uma ampla populao, com osresultados de uma pesquisa visando identificar fatores de risco-chavepara o autismo numa populao aleatria de 16.000 crianas aos dezoitomeses de idade e avaliar a eficcia de tais fatores na discriminao entre

    crianas com o diagnstico de autismo e com outras formas de atrasono desenvolvimento. A partir de estudos prvios foram levantadas duashipteses: a) crianas que fossem mal sucedidas em trs itens especfi-cos1 (apontar protodeclarativo, monitorizao do olhar e brincar defaz de conta) estariam em risco de receber o diagnstico de autismo e

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    b) crianas que fossem mal sucedidas em um ou dois destes itens-chave(tanto brincar de faz de conta, quanto apontar protodeclarativo e brincarde faz de conta) estariam em risco de retardo no desenvolvimento, pormsem autismo. Os resultados deste estudo foram: a) quanto primeirahiptese: 12 crianas do total da populao foram mal sucedidas nos trsitens-chave, 10 delas receberam o diagnstico de autismo e as 2 restan-tes no se desenvolviam normalmente, indicando uma taxa de 16,6% defalso-positivo. Estas 10 crianas foram reavaliadas aos trs anos e meio eo diagnstico se manteve, indicando a ausncia de falso-positivo nos casosde autismo; b) quanto segunda hiptese: das 22 crianas que foram mal

    sucedidas, tanto no apontar protodeclarativo e/ou brincar de faz de conta,nenhuma recebeu o diagnstico de autismo, mas 15 (68,2%) receberamo diagnstico de atraso na linguagem. Concluram assim que crianas queso mal sucedidas nos trs itens-chave tm 83,3% de risco de autismoe este padro um indicador de risco especfico para o autismo quandocomparado a outras formas de transtornos do desenvolvimento. A partir deste estudo, parte de uma srie de estudos anteriores, elesconstruram o CHAT.

    PERGUNTAS MAIS FREQUENTES:

    1. O que o CHAT?

    um pequeno questionrio que preenchido pelos pais e o pediatra ouagente de sade quando a criana est com 18 meses de idade. Seuobjetivo identificar crianas em risco de transtornos na interao sociale comunicao.

    2. Como o CHAT aplicado?

    O CHAT consiste de duas partes: a primeira tem nove itens com pergun-tas para os pais, e a segunda tem cinco itens com observaes, feitas pelo

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    pediatra ou agente primrio de sade2. Os itens chave/principais buscamidentificar comportamentos que, se ausentes aos 18 meses, colocam umacriana em risco de um transtorno da interao social e comunicao.Estes comportamentos so: (a) ateno compartilhada3, incluindo apon-tar para mostrar e monitorao do olhar4 (ex. olhar para onde o pai estapontando) e (b) brincar de faz de conta (ex. fazer de conta que estvertendo ch de um bule).

    3. Como o CHAT pontuado?

    A CHAT muito fcil de pontuar, existem 5 itens chave ou crticos: A5

    (brincar de faz de conta), A7 (apontar protodeclarativo), Bii (fazer deconta) e Biv (fazer com que a criana aponte). Se a criana for malsucedida nos itens A7 e Biv ela tem um risco mediano de desenvolverautismo.

    4. O que acontece se a criana mal sucedida no CHAT?

    Para qualquer criana que for mal sucedida, o CHAT deve ser reaplicadodentro de cerca de um ms. Tal como qualquer instrumento de triagem,

    recomendvel uma segunda aplicao do CHAT, de forma que seja dadachance para que as crianas que estiverem somente levemente atrasadasconsigam e tambm para concentrar os esforos nas crianas que estosendo mal sucedidas de forma consistente. Qualquer criana que seja malsucedida deve ser encaminhada a um clnico especialista para diagnstico,uma vez que o CHAT no um instrumento diagnstico.

    5. O que acontece se a criana bem sucedida no CHAT?

    Se a criana bem sucedida na primeira aplicao no CHAT, nenhumaoutra medida necessria. Entretanto, passar no CHAT no garante quea criana no venha a desenvolver nenhum problema de interao sociale comunicao, e se os pais estiverem preocupados devem procurar ori-entao.

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    6. Quais so as vantagens do CHAT?

    Devido ao fato de no existir uma causa mdica nica dos transtornos de

    interao social e comunicao, muito improvvel que venha a existirum teste mdico eficaz no futuro prximo. Qualquer que seja a causadestes problemas, as caractersticas comportamentais foram identificadase nelas que o CHAT baseado. Alm disso, o CHAT barato, rpido efcil de aplicar. Atualmente, muito difcil que o autismo seja detectadoantes dos trs anos de idade, e para os outros transtornos de interaosocial e comunicao, a idade de deteco pode ser ainda mais tardia.Entretanto, o CHAT aplicado quando a criana tem 18 meses de idade.

    Quanto mais cedo for feito o diagnstico, mais cedo podem ser imple-mentados os mtodos de interveno precoce e o estresse da famlia serreduzido.

    7. Onde pode-se obter mais informaes?

    Se voc tem perguntas sobre o CHAT, por favor visite o site da NAS,Associao de autismo do Reino Unido: http://www.nas.org.uk/nas/jsp/polopoly.jsp?d=128&a=2226

    Notas:

    1 Os comportamentos-chave do CHAT para determinar os indicadores de riscoso: 1. apontar protodeclarativo (protodeclarative pointing); no apontar proto-declarativo, o foco da criana vai direto para o olhar do adulto com a intenode compartilhar com ele a informao que acabou de descobrir, o que no omesmo que pedir ou perguntar; 2. monitorao do olhar (gaze monitoring);neste item, o que levado em conta se a criana olha o objeto que apontado;no se simplesmente acompanha o dedo ou a mo, mas sim se olha para o que otcnico lhe indica/aponta e 3. o brincar de fazer de conta (pretend play); brinca-

    deiras onde se espera observar que a criana atribua propriedades imaginrias aalgo ou a algum. Neste caso, o que se pretende observar se a criana atribuia funo apropriada brincadeira. Inicialmente se espera que a criana no oconsiga espontaneamente sem ajuda, mas se esta no responde, tenta-se queela o faa por imitao. Segundo a experincia da pesquisa feita na Inglaterra; acriana com autismo no conseguiria brincar simbolicamente, mesmo que fosseestimulada com a imitao (Fonte: Sols, C. G. O.; Weber, M. L, 2004).

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    Definio para monitorao do olhar: Refere-se habilidade da criana emseguir a direo do olhar ou a tendncia em alternar o olhar entre a pessoa e oobjeto de interesse como, por exemplo, um brinquedo que precisa ser acionado,mecanicamente (Bosa, C., 2002).

    2 No Reino Unido, pas de origem dos autores, existe dois tipos de profissionais:os chamados GP (general practicioner), e o agente domiciliar de sade, queacompanham rotineiramente o desenvolvimento das crianas. Neste pas depraxe, dentre outras, uma avaliao (check up) do desenvolvimento das crianasaos dezoito meses de idade.

    3 A habilidade de ateno compartilhada tem sido definida como os comporta-mentos infantis os quais revestem-se de propsito declarativo, na medida emque envolvem vocalizaes, gestos e contato ocular para dividir a experincia emrelao s propriedades dos objetos/eventos a seu redor (Mundy e Sigman, apudBosa, 2002).

    4 Refere-se habilidade da criana em seguir a direo do olhar ou a tendnciaem alternar o olhar entre a pessoa e o objeto de interesse como, por exemplo, umbrinquedo que precisa ser acionado, mecanicamente (Bosa, C., 2002).

    5 Jogo com crianas pequenas onde algum cobre/esconde o rosto e quando odescobre diz achou!.

    6 # indica as questes crticas.

    7 Para o Brasil, pode ser oportuno usar a palavra caf ao invs de ch.

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    CHECKLIST FOR AUTISM IN TODDLERS(CHAT)

    Fonte: Fonte: http://www.nas.org.uk/profess/chat.html

    Pronturio N_______________ Data ____/____/_______

    Nome da criana: ___________________________________________

    Data de nascimento: ___/___/____ Idade_______ meses

    Pessoas (s) entrevistadas (s):

    [ ] ME [ ] PAI [ ] AMBOS OUTROS __________________

    PARTE A: PERGUNTE AOS PAIS:

    1. Seu filho gosta de ser balanado, de sentar em seu joelho e pular,

    etc? [ ] SIM / [ ] NO2. Seu filho se interessa por outras crianas? [ ] SIM / [ ] NO

    3. Seu filho gosta de escalar objetos, tal como subir escadas?[ ] SIM / [ ] NO

    4. Seu filho gosta de brincar de esconde-esconde, de esconder o rosto eachar? [ ] SIM / [ ] NO

    5. Seu filho alguma vez brinca de faz de conta, por exemplo, fazer deconta que est fazendo uma xcara de ch usando uma xcara ou bulede brinquedo ou brincar fazendo de conta com outros brinquedos ouobjetos? [ ] SIM / [ ] NO

    6. Seu filho alguma vez usou o dedo indicador para apontar ou PEDIR

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    alguma coisa? [ ] SIM / NO

    7. Seu filho alguma vez usou o dedo indicador para apontar, indicando

    interesse por alguma coisa? [ ] SIM / [ ] NO8. Seu filho consegue brincar adequadamente com brinquedos pequenos(ex. carrinhos ou blocos para empilhar/montar) sem se limitar somentea lev-los boca, manipul-los sem uma utilidade evidente ou jog-los/derrub-los? [ ] SIM / [ ] NO

    9. Seu filho alguma vez levou objetos at voc (pai/me) para teMOSTRAR alguma coisa? [ ] SIM / [ ] NO

    PARTE B: OBSERVAO DO AGENTE PRIMRIO DE SADE(pediatra ou outro)

    i. Durante o encontro a criana estabeleceu contato ocular com voc?[ ] SIM / [ ] NO

    ii. * Obtenha a ateno da criana, ento aponte para algum objeto

    interessante da sala e diga: Olha! Um... (nome do brinquedo!). Olhepara o rosto da criana. Ela olhou em volta para ver o que voc estavaapontando? [ ] SIM / [ ] NO*

    iii. Obtenha a ateno da criana, depois d a ela uma miniatura deuma xcara de brinquedo ou bule e diga: Voc pode fazer uma xcarade ch para mim?. A criana fez de conta que servia, bebia, etc?[ ] SIM / [ ] NO**

    iv. Diga para a criana: Onde est a luz? ou Mostre-me a luz. A cri-ana APONTA para a luz usando seu dedo indicador?[ ] SIM / [ ] NO***

    v. A criana consegue construir uma torre com blocos? (Se positivo com

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    quantos blocos?) (nmero de blocos _________ ).[ ] SIM / [ ] NO

    ________________________________* (Para pontuar SIM neste item, tenha certeza que a criana no olhou simples-

    mente para a sua mo, mas olhou realmente para o objeto que voc est apon-

    tando).

    ** (Se voc conseguir realizar um outro exemplo da faz-de-conta com algum

    outro jogo, pontue SIM neste item).

    *** (Se a criana no entende a palavra luz, repita o mesmo tipo de instruo

    usando a frase: Onde est o ursinho? ou algum outro objeto que no esteja

    mo. Para pontuar SIM neste item, a criana tem que ter olhado para o seu

    rosto mais ou menos no momento em que voc apontou).

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS:

    BOSA, C. Joint attention and early identification of autism. Psicologia.Reflexo e Crtica, v.15, n. 1, p.77-88, 2002.

    SOLS, C. G. O.; WEBER, M. L. Prevencin y Deteccin Precoz deTrastornos Autsticos en la primera infancia. Monografia disponvel naInternet: http://www.monografias.com/trabajos13/primecom/primecom.shtml [4 ago. 2004].

    CHAT. NAS The National Autistic Society. Site disponvel na Internet:

    http://www.nas.org.uk/nas/jsp/polopoly.jsp?d=128&a=2226 [6 ago.2002] ou: The National Autistic Society 393 City Road, London, EC1V1NG, United Kingdom.

    Tel: +44(0) 20 7833 2299, Fax: +44 (0) 20 7833 9666, Email: [email protected]. Informao fornecida por Sally Wheelwright, Departamento de

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    Psicologia Experimental, Downing Street, Cambridge, CB2 3EB, UK. Tel:01223 333550, Fax: 01223 333564, Email: [email protected]

    BARON-COHEN et al. Psychological markers in the detection of autismin infancy in a large population. British Journal of Psychiatry, n. 168, p.158-163, 1996.

    Outros artigos:

    BARON-COHEN et al. Can autism be detected at 18 months? : theneedle, the haystack and the CHAT. British Journal of Psychiatry, 161, pp839-843, 1992.

    BARON-COHEN et al. Early identification of autism by the CHecklist forAutism in Toddlers (CHAT). J R Soc Med., n. 93, n.10, p. 521-5, 2000.

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    Anexo IV: Autismo - os sintomas da doena

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    Anexo V: Critrio diagnstico daSndrome de Asperger

    Definio de Gillberg & Gillberg 1989, Gillberg 1991, baseado nasdescries originais de Asperger.

    Critrio resumido:

    I. Distrbio social - egocentricidade extremaII. Padro limitado de interesses

    III. Rotinas e rituais

    IV. Peculiaridades de fala e linguagem

    V. Problemas com comunicao no-verbal

    VI. Falta de coordenao motora (a pessoa atrapalhada e desen-

    gonada)

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    Critrio detalhado:

    I. Reduo marcante na interao social recproca (pelo menosduas das caractersticas abaixo):

    a) No tem amigos, inbil para interagir com colegas

    b) Pouca preocupao em fazer amizades no comeo da vida

    c) socialmente e emocionalmente inapropriado

    d) Tem pouca empatia, a menos que lhe chamem a ateno e digam

    que ele deveria se preocupar com isso

    II. Interesses restritos (pelo menos uma das caractersticasabaixo):

    a) Excluso de outras atividades

    b) Padro repetitivo

    c) Interesse mais mecnico do que relacionado ao significado

    III. Imposio de rotinas e interesses (pelo menos uma das caracter-sticas abaixo):

    a) Impostas para ele mesmo

    b) Impostas para os outros

    IV. Problemas com a fala e com a linguagem (pelo menos trs dascaractersticas abaixo):

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    a) Desenvolvimento atrasado

    b) Linguagem expressiva superficialmente perfeita

    c) Pedante, formal

    d) Estilo montono ou anormal

    e) Compreenso comprometida, apesar da linguagem perfeita

    V. Aspectos no-verbais:

    a) Olhar anormalb) Linguagem corporal esquisita

    c) Uso limitado dos gestos

    d) Expresso facial limitada

    e) Expresses faciais inapropriadas

    VI. Jeito desengonado:

    Performance insatisfatria em exame neurodesenvolvimental.

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    Algumas Perguntas Comuns:

    Qual o mdico mais indicado para diagnos-ticar uma criana autista?

    Como o autismo diagnosticado atravs docomportamento, importante que o mdico tenha

    experincia anterior com crianas autistas.

    Um mdico competente e honesto, sem conhecimento sobre autismo,pode ajudar a famlia apontando comportamentos estranhos e indicandoum bom especialista.

    O autismo tem cura?

    A grande maioria dos estudiosos sobre autismo ainda afirma que oautismo no tem cura.

    Existe um grande nmero de casos de autistas com um nvel de recupe-rao muito satisfatrio, muitos deles tendo concludo um curso superior

    ou se casado, mas mesmo nestes casos no se fala em cura, pois muitoembora algumas pessoas tenham conseguido um desenvolvimento con-siderado excelente, as suas caractersticas de autismo permanecem portoda a vida.

    O autismo piora com o tempo?

    O autismo no tem carter progressivo, mas o desenvolvimento doquadro associado a fatores de idade e crescimento varia bastante. Algunsautistas apresentam um aumento nos problemas de comportamentoprincipalmente ao entrar na adolescncia; problemas anteriores podemexacerbar-se agravados ainda pelo crescimento fsico. H relatos de apa-recimento de crises epilpticas nesta fase.

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    A maioria dos estudiosos acredita que o autista, ao atingir a idade adulta,tende a apresentar melhora no quadro geral de comportamento.

    Um aspecto bastante curioso que as pessoas autistas tendem a parecersempre mais jovens do que realmente so.

    Meu filho no fala. Quanto mais eu falar com ele mais depressaele vai aprender a falar?

    Na verdade, no. Uma criana autista em geral tem uma compreensobastante restrita da linguagem.

    Se a criana tem nvel funcional baixo, deve aprender a se comunicarde forma anloga que um estrangeiro aprende uma nova lngua: empequenos passos, com referncias concretas e muitas repeties.

    Se a criana ecollica (repete palavras ou frases anteriormente ouvi-das), quanto mais falarmos com ela, mais material de repetio estare-mos fornecendo, e estaremos aumentando a defasagem entre linguageme comunicao.

    Ecolalia no comunicao. No basta saber falar para se comunicar.Em crianas autistas com inteligncia normal, o processo de aquisioda linguagem, de uma forma geral, precisa de muito apoio, pois, dife-rentemente do que ocorre com crianas normais, parece haver umagrande desvinculao entre o uso das palavras e a compreenso de seusignificado.

    At que idade posso ainda ter esperana que meu filho venha

    a falar?Em autismo quase impossvel afirmar-se categoricamente alguma coisa,pois sempre correremos um grande risco de errar. Contudo, h casos decrianas autistas de alto nvel de funcionamento que comeam a falar asprimeiras palavras perto dos quatro anos de idade e passam a dominar a

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    comunicao verbal em tempo relativamente curto. H relatos de casosde crianas que iniciaram o processo da fala aos sete anos de idade, masisto no o usual, e alguns pais se agarram a estes casos de apareci-mento tardio da fala sempre na esperana de que os filhos venham a falara qualquer momento.

    Isto no bom, pois, quando os filhos no falam, os pais acabam se frus-trando e desviando a ateno de intervenes importantes que poderiamser efetuadas.

    O principal problema de crianas de nvel de funcionamento mais baixo,

    em relao comunicao, est na falta da inteno de se comunicar, eno tanto na ausncia de linguagem verbal.

    tambm bastante comum que crianas autistas, independentementede seu nvel de desenvolvimento, apresentando uma linguagem verbalbastante fluente, no tenham uma compreenso clara do mecanismo decausa e efeito envolvido na comunicao, e no saibam, por exemplo,que se faz uma pergunta com o intuito de receber uma resposta ou que

    quando temos problemas podemos pedir ajuda utilizando palavras.Iniciar um processo de comunicao alternativa tem sido uma prticacada vez mais comum, pois, ao contrrio do que muitas pessoas pensa-vam, a introduo de uma comunicao alternativa, por exemplo o PECS,tem ajudado o desenvolvimento da linguagem verbal, nos casos em queisto possvel, contribuindo na organizao do pensamento e na percep-o de que o ato de comunicar-se pode ter conseqncias.

    Como a educao pode ajudar uma criana autista? A educao uma das maiores ferramentas para ajudar uma crianaautista em seu desenvolvimento, para no dizer at que a maior delas. Atualmente existem algumas variaes de abordagens mais utilizadaspara o ensino especial de crianas autistas, mas a maioria delas concorda

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    nos pontos fundamentais.

    Na maioria dos mtodos de educao especializados para a criana

    autista, inicia-se por um processo de avaliao para poder selecionar osobjetivos estabelecidos por rea de aprendizado. A forma de levar a cri-ana aos objetivos propostos varia conforme o mtodo adotado, mas nagrande maioria dos mtodos a seleo de um sistema de comunicaoque seja realmente compreensvel para a criana tem tanta importnciaquanto as estratgias educacionais adotadas.

    A educao vista desta forma tem como meta ensinar tanto matrias

    acadmicas quanto coisas que outras crianas costumam aprender atravsda prpria experincia, como comer e vestir-se de forma independente.

    Como reconhecer se uma terapia est realmente auxiliando meufilho?

    Uma regra que simplifica bastante as coisas : Sempre que for tentaralguma coisa nova, tente-a sabendo claramente o porqu. Isto , se vocsouber qual a proposta da terapia e quais os benefcios esperados, voc

    ter como avaliar a eficincia desta terapia.Por exemplo, tomemos a comunicao como base de raciocnio. Sealgum lhe disser que com determinado tratamento a comunicao deseu filho vai melhorar, importante perguntar a esta pessoa o que elaentende por comunicao, de que maneira isto vai melhorar em seu filhoe, por ltimo, em que consiste o tratamento.

    Sempre que algum tenta colocar limites no meu filho, ele grita

    e fica muito nervoso. O que fazer?

    Se o seu filho autista, importante que voc analise bem esta impor-tante questo. Em primeiro lugar, necessrio reconhecer a importnciade colocar limites, e isso s vezes muito difcil para qualquer pessoa.

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    Mas ateno, no tente colocar todos os limites ao mesmo tempo, porquena maioria das vezes impossvel.

    Faa uma lista dos comportamentos que precisam de limites, estabeleaprioridades e aposte na coerncia.

    A resistncia tentativa de colocao de limites normal, mas o maisfreqente que esta resistncia diminua e a criana passe a adotar rapi-damente padres mais adequados de comportamento.

    Como integrar socialmente uma criana autista comprometida?

    De forma geral, a integrao social de uma pessoa autista no umempreendimento fcil, porque envolve a tarefa de colocar em um meiosocial no preparado uma pessoa (autista) de comportamentos estranhose desconhecidos para todas as outras pessoas.

    Muitas pessoas acham que a sociedade deve aprender a conviver com adiferena, mesmo que isto implique algumas vezes em passar por situa-es constrangedoras.

    Talvez uma forma de encarar este problema mais claramente seja v-locomo um processo que envolve a educao tanto da pessoa autista comodas demais pessoas