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Capítulo 4

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DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DA ÁREA

.

4.1 MEIO FÍSICO

4.1.1. Clima e Condições Meteorológicas

O Brasil, por suas dimensões continentais, possui uma ampla diversificação climática,

influenciada pela sua configuração geográfica, sua significativa extensão costeira, seu relevo e

a dinâmica das massas de ar sobre seu território. Esse último fator assume grande

importância, pois atua diretamente sobre as temperaturas e os índices pluviométricos nas

diferentes regiões do país.

Conforme Arthur Strahler, a área de estudo situa-se na zona de clima litorâneo úmido

exposto às massas tropicais marítimas, englobando estreita faixa do litoral leste e nordeste,

entre os municípios de Icapuí e Tibau, dos estados do Ceará e Rio Grande do Norte,

respectivamente.

É considerada uma região anômola dos continentes tropicais, pois tem clima

semiárido, apresentando alta variabilidade espacial e temporal da precipitação: no litoral >

1600 mm/ano e, no interior < 400 mm/ano. Por estar próximo da Zona de Convergência

Intertropical, recebe por todo o ano os ventos alísios.

A caracterização climática da região foi realizada a partir da análise dos dados das

estações meteorologicas do litoral norte nordestino, entre os estados de Ceará e Rio Grande do

Norte, que dispõe de séries históricas. O clima do local foi caracterizado a partir dos dados

coletados na estação meteorológica do Instituto Nacional de Meteorologia – INMET durante

o ano de 2010. Esta estação meteorológica automática esta localizada na superfície sendo

composta de uma unidade de memória central ("data logger"), ligada a vários sensores dos

parâmetros meteorológicos (pressão atmosférica, temperatura e umidade relativa do ar,

precipitação, radiação solar, direção e velocidade dos ventos, etc.), que integra os valores

medidos minuto a minuto e transmite os dados observados automaticamente a cada hora.

A seguir, as análises dos indíces pluviométricos, ventos, temperatura e umidade

relativa do ar da área de estudo.

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a) Precipitação: Delimitação do período seco e chuvoso

A precipitação pluvial relaciona-se com a convecção local. Esta, por sua vez, é

caracterizada por movimentos ascendentes de ar úmido, resultante da ocorrência de pressões

atmosféricas mais baixas junto à superfície da Terra, seja em conseqüência do aquecimento

do ar em contato com essa superfície, seja pela ação de fenômenos transientes, de caráter

puramente dinâmico, como os sistemas frontais ou frentes frias, e perturbações ondulatórias

no campo dos ventos alísios. A convecção é essencialmente controlada, ou seja, intensificada

ou inibida, pela circulação geral da atmosfera, fenômenos de escala global resultante da

interação complexa com a superfície do planeta, particularmente relacionada à distribuição de

continentes e oceanos, topografia e cobertura vegetal, e o fornecimento desigual de energia

solar (MOLION & BERNARDO, 2002).

Sobre a Região do Nordeste do Brasil, consegue-se distinguir, de acordo com

STRANG (1972), três macroregimes pluviométricos distintos, a saber: do norte, região esta

que engloba a área de estudo; do sul, e o da Costa Leste do Nordeste.

A precipitação é resultante, essencialmente, da convergência do fluxo de umidade

sobre o continente. O vapor d’água é transportado para os níveis superiores por meio de

movimentos convectivos, ou ascendentes, produzido por uma baixa pressão em superfície,

que resulta do aquecimento diferencial terra-oceano, ou por forçantes mecânicas, tais como

a orografia (montanhas e planaltos) local e sistemas frontais. Tanto a orografia quanto os

sistemas frontais funcionam como uma alavanca ou cunha, os quais forçam a subida da

massa de ar úmido. Ao se elevar, essa parcela encontra menores pressões fazendo com que

ela se expanda rapidamente com conseqüente redução de temperatura. Se esse resfriamento

continuar, até que a massa atinja a temperatura de ponto de orvalho, ocorre a condensação,

formação de nuvens e chuva. Na presença de partículas higroscópicas, as gotículas unem-se

a essas aumentando seu volume. Mas, por sua vez, a variabilidade interanual da distribuição

de chuvas sobre o NEB, tanto em escalas espacial quanto temporal, está intimamente

relacionada com as mudanças nas configurações das circulações atmosférica e oceânica, de

características anômalas, externas à Região. Resultados sugerem que a temperatura da

superfície do mar (TSM) do Atlântico e Pacífico condicionam os totais pluviométricos

anuais da região Norte e Nordeste do Brasil (LIMA, 1991; XAVIER & XAVIER, 1998;

MOURA et al., 1999a e 1999b). O impacto causado pelo fenômeno El Niño-Oscilação Sul

(ENOS), um exemplo de perturbação climática de escala global, pode ser sentido

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principalmente pela modificação no regime e no total de precipitação que, dependendo da

intensidade do evento, pode resultar em secas severas, interferindo, de forma expressiva,

nas atividades humanas da região.

Com base nos dados das estações meteorológicas do INMET foram confeccionados

os gráficos demonstrativos dos índices pluviométricos anual na região. Na análise da figura

4.1.1.1, em 2010, os meses mais chuvosos foram entre os meses de março a maio. O período

mais seco, em 2010, foi caracterizado pelos meses de agosto a janeiro (Figura 4.1.1.1).

Mesmo nos meses de maior precipitação, os números de dias de chuvas acumuladas foram

também registrados nos dias dos meses de março, abril, maio, junho e julho, destacando o

mês de abril como o maior em dias de chuvas acumuladas, praticamente houve chuvas

durante todo o mês. Outubro foi o mês com mais baixo índice de precipitação e dias de

chuvas, sendo registrado apenas um dia de chuvas.

Contrastando com as curvas pluviométricas das normais climatológicas de 1961-

1990 (INMET, 2010), que caracteriza os meses mais chuvosos de fevereiro a maio (Figura

4.1.1.2), e os meses de agosto a novembro como os meses mais secos, e temperatura média

anual alta (Figura 4.1.1.3), há indicação de anomalias climáticas nos últimos anos na região.

Tais anomalias estão possivelmente associadas e são influenciadas por diferentes fenômenos

de escala climática, entre os quais citamos: o El Niño (Buchmann et al. 1986b), La Niña

(Buchmann et al., 1989), as influências das águas do Atlântico Norte (Moura e Shukla, 1981 e

Buchmann et al. 1990), efeitos extratrópicos-trópicos (Namias, 1972), sistema frontais

oriundos do sul (Kousky, 1979), a variabilidade interanual da precipitação na região

amazônica (Buchmann et al., 1986a) e os ventos de leste, que podem ser constatados

frequentemente.

Diante destas adversidades climáticas existem perdas de sementes, colheitas, falta

d’água ou às vezes em abundância, causando enormes perdas na economia da região em

questão (Buchmann, 1998). Quando estas anomalias de teleconexões ou as causas localizadas

dentro da área não ocorrem, o homem obtém excelentes colheitas tendo em conta a alta

incidência da radiação solar, importante para a maturidade das árvores e lavouras.

Os efeitos locais (Gomes Filho, 1979 e Berkofsky, 1976) e os externos referidos

anteriormente à região mencionada, não podem ser alterados, pois são mecanismos complexos

localmente e menos ainda os de teleconexões não devem ser alterados, pois são efeitos globais

(Buchmann, 1998).

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N. M

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e D

ias

Chuva Total Média 2010 Dias de Chuvas Acumulado 2010

Figura 4.1. - Precipitação total média anual associada ao número máxiimos de dias de chuvas

em 2010. Fonte: INMET, 2010.

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Chuva Total Média 2010 Normal Climatológica 1961-1990

Figura 4.2 - Precipitação total média anual em 2010 das chuvas associado às normais

climatológicas de 1961-1990. Fonte: INMET, 2010.

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Chuva Total Média 2010 Média da Temperatura em 2010

Figura 4. 3 - Precipitação total média anual associada à média da temperatura em 2010 Fonte:

INMET, 2010.

b) Ventos: direção, sentido e velocidade média mensal e anual

O Nordeste do Brasil é influenciado pelos ventos alísios, e estes oscilam de

intensidade e direção entre o oceano e o continente. A característica dos ventos na região

Nordeste do Brasil é a presença de um forte ciclo sazonal definido por um período anual. Os

ventos alísios são controlados pelo movimento da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT),

que se desloca de norte a sul com as mudanças de estações (Figura 4.4).

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Figura 4. 4 - Mecanismo dos ventos alísios. Fonte: IAG/USP, 2010.

A preferência das orientações dos ventos na costa norte nordestina, principalmente na

região da área de estudo, pode ser evidenciada nos padrões das formas do relevo costeiro,

neste caso, as dunas existentes no litoral: a disposição como estas se formam e migram ao

longo do ciclo sazonal anual, as quais têm influências dos períodos de maior e/ou menor

intensidade dos ventos alísios, causados pelos efeitos de escalas regionais e globais como a

Corrente Sul Equatorial – CSE e ZCIT.

Contudo, a área de estudo está sobre relevo de superfície pediplanada e formas

tabulares suavemente inclinada e dissecada, bastante próxima do litoral (distante cerca de 6,5

km da linha de costa) favorecendo boa incidência dos ventos na área de estudo durante todo o

ano.

Desta forma, com base nas análises dos dados em 2010 da Estação Meteorológica do

INMET (INMET, 2010), sobre o comportamento anual da intensidade, sentido e direção dos

ventos, observa-se que durante todo o ano, os ventos sopram principalmente próximos dos

45º, 90º e 135º, respectivamente nos sentidos de nordeste, leste e sudeste (Figura 4.5).

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As médias das velocidades variam entre 0,1 m/s a 8,4 m/s em escala anual. Tendo

alguns poucos meses de maior intensidade, contudo, a média anual das velocidades dos

ventos é de 6 m/s.

Figura 4. 5 - Comportamento anual da velocidade e direção dos ventos. Fonte: INMET, 2010.

Contudo, percebe-se que mensalmente que as velocidades dos ventos variam também

em escala diária. De janeiro a fevereiro as velocidades estão próximas de 6 m/s (Figuras 4.6),

e as direções concentra-se em entre os quadrantes de 45º a 90º, sentido NE a E. No mês de

março as velocidades diminuem para as médias de 4 m/s (Figura 4.7), e se prolongam com a

mesma média nos meses seguintes de abril a junho (Figuras 4.7 e 4.8). As direções nesse

período são mais dispersas entre os meses de abril e maio, com ventos soprando entre os

quadrantes de NW, NE e SE. Mudança essa, causada pelas forças externas, neste caso, o

movimento para norte da ZCIT, apresentando fortes efeitos no oceano e continente, pois entre

abril e maio, foram registrados os maiores índices pluviométricos. Além do ciclo estacional, o

clima na região apresenta uma série de modificações interanuais geralmente associadas ao

fenômeno El Niño e La Niña.

A partir do mês de junho (Figura 4.8), as direções dos ventos concentram-se

principalmente entre os 45º e 90º, NE e SE até o mês de dezembro.

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As velocidades a apartir do mês de julho até o mês de dezembro aumentam atingindo

até 8 m/s (Figuras 4.9, 4.10 e 4.11), é nesse período, nos meses de outubro e dezembro, que

foram registradas as maiores velocidades, acima de 8,4 m/s.

Figura 4.6 - Velocidade e direção preferencial dos ventos nos meses de janeiro e feverreiro.

Figura 4.7 - Velocidade e direção preferencial dos ventos nos meses de março e abril.

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Figura 4. 8 - Velocidade e direção preferencial dos ventos nos meses de maio e junho.

Figura 4.9 - Velocidade e direção preferencial dos ventos nos meses de julho e agosto.

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Figura 4.10 - Velocidade e direção preferencial dos ventos nos meses de setembro e outubro.

Figura 4.11 - Velocidade e direção preferencial dos ventos nos meses de novembro e

dezembro.

c) Temperatura do Ar: Temperatura mínima, média e máxima mensal e anual

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia – INMET, a temperatura do ar na

região nordeste do Brasil é elevada ao longo de todo o ano com média anual de 26ºC. Análise

da temperatura média mostra uma pequena variação ao longo do ano, com uma amplitude de

variação de 3ºC, em que a média máxima registrada foi de 28ºC nos meses de dezembro e

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janeiro, e, a média mínima registrada de 25ºC no mês de julho (Figura 4.12). Respectivamente

os meses de dezembro e janeiro, foram os meses com registro das maiores temperaturas, os

mais quentes, com 35,4ºC e 35,7ºC. Enquanto que, os meses de julho, agosto e setembro,

foram observadas as temperaturas mais baixas: 18,7ºC, 15,6ºC e 18ºC, apresentando desta

forma, uma amplitude de variação de 20,1ºC entre a máxima e a mínima temperatura.

Médias da Temperatura em 2010

(INMET, 2010)

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Máxima Média Mínima

Figura 4.12 - Gráfico mostrando o comportamento anual das temperaturas máximas, médias

e mínimas em ºC em 2010 para a região entre os municípios de Icapúi (Ceará) e Tibau (Rio

Grande do Norte), com base na Estação Meteorológica do INMET, 2010.

A Figura 4.13 mostra o comportamento mensal da temperatura máxima registrada em

2010, revelam que os meses com as maiores temperaturas são: novembro, dezembro e janeiro,

35,3ºC, 35,4ºC e 35,7ºC respectivamente, sendo que em setembro também houve aumento de

temperatura com máxima de 34,5ºC, considerado, portanto, um mês entre as maiores

temepraturas. Nos demais meses do ano, as temperaturas máximas variam entre 32,1ºC e

33,9ºC.

As temperaturas médias mensais em 2010, conforme é observado na Figura 4.14,

mostram uma redução de 1ºC de janeiro para fevereiro e suscessivamente reduz 1ºC para o

mês de março e para o mês de abril, a partir daí até agosto a variação é mais estável com

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amplitude de 0,3ºC, ascende rapidamente 1,2ºC em setembro, mantendo-se com estabilidade

até o mês de dezembro.

Na Figura 4.15, são registrados os meses com as temperaturas mínimas em 2010. De

janeiro a junho as mínimas variam entre 22,1ºC a 20,3ºC, decaindo rapidamente para 18,7ºC

em julho e posteriormente em agosto com 15,6ºC; no mês seguinte, a temperatura se eleva

para 18ºC e suscessivamente aumenta até atinge 21,8ºc em dezembro.

Temperatura Máxima nos Meses de 2010

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Máxima

Figura 4.13 - Gráfico mostrando o comportamento mensal das temperaturas ºC máxima em

2010, com base na Estação Meteorológica do INMET, 2010.

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Temperatura Média nos Meses de 2010

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Tem

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Média

Figura 4.14 - Gráfico mostrando o comportamento mensal das temperaturas ºC média em

2010, com base na Estação Meteorológica do INMET, 2010.

Temperatura Mínima nos Meses de 2010

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Tem

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)

Mínima

Figura 4.15 - Gráfico mostrando o comportamento mensal das temperaturas ºC mínimas em

2010, com base na Estação Meteorológica do INMET, 2010.

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d) Umidade relativa do Ar: mínima, média e máxima anual e mensal

A média anual da umidade relativa do ar em 2010 é caracterizada por uma máxima de

96%, média de 77% e mínima de 30%, conforme pode ser observado na Figura 4.16.

A máxima umidade se manteve com 96% nos meses de abril a agosto, havendo pouca

variação para os meses que antecederam e posterior a esse período (Figura 4.17). Entretanto,

os meses que registraram as menores taxas de umidade foram os meses de agosto, setembro e

novembro, entre 30% e 32% de umidade, sendo setembro considerado o mês mais seco em

2010.

Correlacionado às taxas de precipitação, os meses mais úmidos são os meses mais

chuvosos, e os mais secos são os meses com poucas chuvas. Em relação às temperaturas, há

variação, pois pelas médias, agosto foi o mês das baixas temperaturas, não sendo o mais seco,

e sim o mês de setembro.

Média da Umidade Relativa do Ar em 2010

(INMET, 2010)

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Máxima Média Mínima

Um

ida

de

(%

)

Figura 4.16 - Comportamento da média anual da umidade relativa do ar em % em 2010.

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Figura 4.17 - Comportamento das médias mensais da umidade relativa do ar em % em 2010.

4.1.2. Geologia e Geomorfologia

a) Contexto Geológico Regional

A Agrícola Famosa LTDA está situada no último município do litoral leste do Ceará,

na divisa com o estado do Rio Grande do Norte, região semiárida do nordeste brasileiro,

correspondendo territorialmente a 70% pertencente ao município de Icapuí (CE), e 30% ao

município de Mossoró (RN).

Com base em Almeida et al. (1977), o empreendimento encontra-se situado na

Província Borborema, compreendendo rochas gnáissica-migmatíticas e faixas

metassupracrutais pré-cambrianas do embasamento (Jardim de Sá, 1994), recoberto por

rochas sedimentares fanerozóicas da Bacia Potiguar e Pernambuco-Paraíba (Figura 4.18),

província costeira na margem continental e eventos magmáticos ligados a abertura do Oceano

Atlântico durante o Cretáceo.

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Figura 4.18 - Mapa geológico simplificado da Província Borborema, Nordeste do Brasil.

Modificado de Jardim de Sá (1994).

A área da fazenda está localizada no contexto geológico da Bacia Potiguar, esta bacia

limita-se na porção sul e oeste por rochas do embasamento cristalino, a noroeste pela Bacia do

Ceará com o Alto de Fortaleza, a sudeste pela Bacia Pernambuco-Paraíba pelo Alto de

Touros, mais a leste e a norte pelo Oceano Atlântico, prolongando-se até a curva batimétrica

de -2.000 m (Figura 4.19). De acordo com Pessoa Neto et al. (2007), a Bacia Potiguar abrange

uma área de aproximadamente 48.000 km2, sendo 21.500 km

2 locada na porção emersa e

26.500 km2 na porção submersa.

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Figura 4.19 - Mapa geológico simplificado e arcabouço estrutural da Bacia Potiguar.

Compilado de Franco (2010).

Alguns autores, como Souza (1982), Araripe & Feijó (1994), Soares (1999), Pessoa

Neto et al. (1999) definiram a carta estratigráfica da Bacia Potiguar e, com o avanço dos

estudos e detalhamento da mesma, foi possível atualizar as unidades e empilhamentos

estratigráficos, bem como identificar as supersequências (Pessoa Neto et al., 2007), (Figura

4.20).

A história geológica experimentou uma evolução de bacia tipo rifte abortado para a

porção emersa e bacia tipo pull-apart na porção submersa, tendo o preenchimento sedimentar

formado por três supersequências, que são: Rifte, Pós-Rifte e Drifte. Também compõem no

arcabouço geológico os eventos magmáticos.

A Supersequência Rifte é representada por duas fases, sendo conhecido como: Rifte I

e Rifte II. Na fase Rifte I, Neoberrisiano/Eobarremiano, ocorreu o estriramento crustal com

forte subsidência do embasamento, caracterizados por meio-grábens assimétricos e altos

interno na direção, geralmente, NE-SW. Os sedimentos que preencheram o espaço de

acomodação gerado durante esse evento é representado pelos depósitos lacustres, flúvio-

deltaicos e fandeltaicos da Formação Pendências, que possui sedimentação lacustre associada

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ao fluxo gravitacional de arenitos e fanglomerados; sistemas deltaicos e de leques aluviais-

fandeltas, oriundos da margem falhada; flúvio-deltáica progradante e proveniências das

margens flexurais e margens falhadas. Na fase Rifte II, Neobarremiano/Eo-Aptiano, ocorreu à

mudança na de cinemática de rifteamento, gerando um regime transcorrente-transformante,

que, futuramente, formaria a margem equatorial, onde esse regime mudou a direção do

transporte tectônico de NNW para E-W, sendo especialmente transtensional dextral. No final

da fase de rifteamento da bacia ocorreu a deposição de uma cunha clástica sintectônica

dominada por sistemas fluviais, leques aluviais, com bancos carbonáticos restritos,

correspondendo assim a Formação Pescada.

A Supersequencia Pós-Rifte, Aptiano/Albiano, é marcada pela sedimentação de

sistemas deposicionais flúvio-lacustres acomodados em uma discordância angular acima da

Supersequência Rifte. Essa fase representa a passagem gradativa de sistemas deposicionais

continentais para marinhos, caracterizadas por conglomerados de leques aluviais, por sistemas

fandeltas e flúvio-deltáicos dos membros Canto do Amaro e Upanema, bem como folhelhos

transicionais do Membro Galinhos e por final folhelhos pretos e caucilutito ostracoidais,

representando o evento de máxima transgressão marinha, denominados como Ponta do

Tubarão, onde esses membros supracitados pertencem à Formação Alagamar.

A Supersequência Drifte é representada por um conjunto de Sequências Marinha

Transgressiva datada do Eoalbiano/Eocampaniano e as Sequências Marinhas Regressivas

ocorridas no Neocampaniano/Holoceno. As Sequências Marinhas Transgressivas adotaram

um padrão de subsidência pouco acentuada, que resultou na deposição de sedimentos

siliciclásticos proximais, conhecido como Formação Açu; marinhos distais denominado de

Formação Quebrado; depósitos carbonáticos de mar raso, conhecida como Formação Ponta do

Mel; deposição de rampa carbonática dominada por maré, nomeada de Formação Jandaíra. A

Seqüência marinha regressiva, que ocorreu entre o Neocampaniano e o Holoceno,

representada por sistemas mistos compostos por leques costeiros, sistemas de plataformas

rasas com borda carbonática e sistemas de talude/bacia, definindo as rochas das formações

Barreiras, Tibau, Guamaré e Ubarana.

Três principais eventos magmáticos ocorreram na bacia. O primeiro é representado por

diques de diabásio orientados na direção E-W, associado ao processo de rifteamento e datados

de 132 Ma, conhecido como Rio Ceará Mirim (Araripe e Feijó, 1994); o segundo,

denominado Serra do Cuó, apresenta derrames basálticos com idade de 93 Ma (Souza et al.,

2004); e o último evento ocorrido com pulsos datados entre 70-65 e 9-6 Ma, compreendo

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rochas basálticos que ocorrem de formas variadas no Alinhamento Macau-Queimadas,

representados pela Formação Macau (Pessoa Neto, 1999).

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Figura 4.20 - Carta estratigráfica da Bacia Potiguar, segundo Pessoa Neto et al. (2007).

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b) Contexto Geológico Local

A área que contempla o empreendimento possui uma geologia ímpar. Geologicamente,

a área está situada na “Plataforma de Aracati”, na qual a seção sedimentar pós-aptiana capeia

uma extensa área do embasamento cristalino (Sousa, 2008). Segundo este autor, os mapas

geológicos, seções sísmicas e mapas gravimétricos residuais identificam altos do

embasamento, considerados feições paleogeomórficas, alinhados na direção NE-SW. O

embasamento é recoberto por cerca de 400 m de arenitos fluviais albo-cenomanianos da

Formação Açu. O registro de uma extensa plataforma carbonática, de idade turoniana-

neocampaniana, é representada pela Formação Jandaíra, com cerca de

250 m de espessura nesta área, de acordo com dados de subsuperfície da PETROBRAS.

Recobrindo estas litologias, ocorrem rochas siliciclásticas relacionadas à Formação Barreiras,

além de sedimentos informalmente denominados de “pós-Barreiras”.

Os litotipos que afloram e/ou sub-afloram na região da Fazenda Agrícola Famosa

correspondem a sedimentos eólicos e aluviais Plio-pleistocênicos e sedimentos siliciclásticos

associados à Formação Barreiras, constituída por arenitos médios a grossos depositados em

sistema fluvial entrelaçado, associado com leques aluviais e depósitos litorâneos (Alheiros et

al. 1988), e sedimentos relacionados à deposição eólica, conhecidos como paleodunas,

representado por areias de coloração branca, amarela ou vermelha, associados à Formação

Potengi.

Sousa (2002) faz distinção entre a Formação Barreiras, que ocorre na base das falésias,

a exemplo a localidade de Ponta Grossa, no município de Icapuí - CE, e a Formação Potengi,

que ocorre na porção superior das falésias e capeando a Formação Barreiras em clara

discordância estrutural.

As rochas da Formação Barreiras ocorrem sob a forma usual de estratos

horizontalizados e não-deformados, ou como camadas basculadas e afetadas por deformação

de forte magnitude (acamamento e falhas com forte basculamento), em um trecho mais

restrito do litoral a oeste de Icapuí (Sousa 2003). Nos trechos não deformados, as falésias

expõem principalmente o nível superior (fácies superior) da Formação Barreiras, o qual é

composto por arenitos médios a grossos, com intercalações conglomeráticas de coloração

avermelhada, geralmente apresentando estrutura maciça. Todavia, é nas falésias com rochas

deformadas (basculadas) que a fácies inferior da Formação Barreiras está mais bem exposto,

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sendo representado por arenitos médios a finos, com coloração variando entre amarelo, roxo e

vermelho, em alguns casos mostrando-se bastante oxidados. (Sousa 2008).

Esta unidade ocorre principalmente na parte sul da área, representado no mapa pela

cor rosa (Figura 4.20), que encontra-se no Anexo 4.20.

Figura 4.21 - Mapa Geológico da Fazenda Agrícola Famosa LTDA. Este mapa encontra-se

em anexo, no final do relatório.

É formada por arenitos médios a grossos, avermelhados, por vezes, ferruginosos, com

grãos de quartzo na fração área, sendo eles angulosos a sub-angulosos; e conglomerados finos

com seixos sub-arredondados. Observa-se estratos intercalados entre arenito grosso com

conglomerados finos, isso implica na variação de energia do ambiente deposicional, onde a

camada mais espessa (arenito grosso) foi depositada em ambiente de mais baixa energia, ao

passo que o conglomerado fino, representa um ambiente de maior energia, e devido a

variações de camadas de arenito grosso a que estão expressas na rocha por camadas mais finas

e cíclicas de arenito grosso com conglomerados finos (Figura 4.22).

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Figura 4.22 - Coluna estratigráfica da Formação Barreiras.

Observam-se na propriedade pequenas porções onde são retirados esses sedimentos

para serem utilizados com alguma finalidade dentro do próprio empreendimento (Figura

4.23).

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Figura 4.23 - Jazida de sedimentos da Formação Barreiras.

Capeando discordantemente a porção superior das rochas da Formação Barreiras,

ocorrem sedimentos que representam paleodunas e que podem ser correlacionados à

Formação Potengi, presente em várias localidades no Estado do Rio Grande do Norte e Ceará.

Segundo Vilaça et al. (1986), A Formação Potengi é constituída por sedimentos areno-

quartzosos, com pouca argila e grânulos de limonita, de coloração avermelhada, tornando-se

mais escuras em direção ao litoral. Tais sedimentos são caracterizados por areias de coloração

branca, amarela ou vermelha, relacionadas à sedimentação eólica. Esta unidade ocorre

principalmente no quadrante Norte da área. Mais comumente, o contato inferior dos litotipos

da Formação Potengi com as rochas da Formação Barreiras se dá de forma erosional

(marcado pela diferença no grau de litificação dos sedimentos).

Na área do empreendimento esses sedimentos ocorrem de maneira incolidada a pouco

consolidado (Figura 4.24), sendo representado por sedimentos de granulometria areia média

com grãos arredondados a sub-arredondados de quartzo, variando sua cor de areia branca à

amarelada.

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Figura 4.24 - Fotografia mostrando o afloramento da Formação Potengi.

Nesta unidade também são retirado material sedimentar representado pela jazida de

areia dentro do empreendimento (Figura 4.25).

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Figura 4.25 - Jazida para retirada de sedimento da Formação Potengi.

c) Contexto Geomorfológico Regional

No NE do Brasil a maioria das feições topográficas foi formada durante o Cenozóico,

sob controles morfoclimáticos e morfoestruturais, sendo resultado da evolução cíclica do

soerguimento regional induzido pela separação do Supercontinente Gondwana, reativações

tectônicas e morfodinâmica atual (Mabesone, 1978). Ao longo dos anos diversos autores

estudaram o comportamento das feições morfológicas no NE do Brasil em diversas escalas de

trabalho.

Crandall (1910) abordou as diferenças morfológicas entre o litoral e o Planalto da

Borborema, ao estudar áreas nos estados da Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte, referindo-

se às superfícies baixas que se estendem a partir do sopé da serra de Baturité/CE na direção

dos vales do Rio Jaguaribe e do Rio Piranhas/Assu como planícies. Domingues (1952)

afirmou que as grandes superfícies aplainadas no interior do NE estão relacionadas à

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topografia plana, alternância entre períodos secos e chuvosos e à natureza litológica e

estrutural das rochas.

Feio (1954) identificou no relevo do Rio Grande do Norte e Paraíba os seguintes

elementos morfológicos: o litoral, o degrau entre o litoral E e o Planalto da Borborema, o

Planalto da Borborema e o Baixo Sertão. Na evolução proposta por este autor o evento mais

antigo foi a formação da superfície do nível superior da Borborema e deposição do material

que a recobre, em seguida ocorreram sucessivos soerguimentos e erosões, sendo que o último

soerguimento resultou na fase erosiva do Baixo Sertão, que abrange as bacias dos rios

Piranhas-Assu, Apodi-Mossoró e Jaguaribe, e estende-se na direção do litoral setentrional,

onde conecta-se com as plataformas da Chapada do Apodi, Serra do Carmo e outras. Por fim

o último evento seria o abaixamento da região litorânea devido à flexura.

Czajka (1958) identificou no NE do Brasil três níveis altimétricos (800 a 1.000 m, 450

a 500 m e o mais baixo com até 150 m) e as seguintes unidades morfológicas regionais:

Plataforma Costeira Setentrional, Planícies Intramontanas, Planalto da Borborema e os níveis

mais elevados. Salim et al., (1973) identificaram no Rio Grande do Norte três elementos

morfológicos: a superfície das chapadas e serras altas (Terciário); a superfície geral plana

sobre sedimentos e ondulada sobre rochas cristalinas (Pleistoceno); e os vales embutidos na

superfície geral.

Como resultado das pesquisas desenvolvidas durante o projeto RADAMBRASIL,

Prates et al. (1981) definiram as seguintes unidades geomorfológicas (Figura 4.26):

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Figura 4.26. Geomorfologia do NE oriental do Brasil. (Modificado de Valentim da Silva,

2009).

Tabuleiros Costeiros: superfícies de aplainamento que se estendem ao longo do

litoral nordestino, subdivididas em tabuleiros (formado principalmente pela Formação

Barreiras); chapadas do litoral norte, onde se destaca a Chapada do Apodi entre os baixos

cursos dos rios Jaguaribe e Piranhas/Assu, cujo material constituinte corresponde ao Grupo

Apodi e Formação Barreiras, atingindo 151 m de altitude; e a faixa litorânea com planícies

flúvio-marinhas e campos de dunas sobrepostas aos tabuleiros. Na Chapada do Apodi se

destacam as bacias hidrográficas dos rios Apodi-Mossoró e Piranhas-Assu, com padrão de

drenagem difuso formado por riachos intermitentes, nas áreas com relevo plano o solo é

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derivado dos carbonatos da Formação Jandaíra e onde o relevo é plano a suavemente

ondulado os solos são derivados dos arenitos da Formação Açu;

Depressão Sertaneja: o relevo é homogêneo onde se destacam formas de topo plano,

tem caráter periférico e interplanáltico, circundando os compartimentos elevados (inselbergs

e/ou cristas de relevo) ou se estendendo a partir das bases escarpadas dos planaltos.

Coberturas de alteração superficial de aproximadamente 1 m ocorrem sobre esta unidade, a

vegetação de caatinga é a predominante e os cursos de drenagem intermitentes causam sulcos

na superfície (Costa, 2006);

Planalto da Borborema: caracterizado por um maciço cristalino précambriano de

direção geral NNE, subdividido em encosta oriental, encosta ocidental e planalto central, é

circundado pela depressão sertaneja;

Planaltos Residuais: consiste nos inselbergs que se destacam sobre a topografia plana

da depressão sertaneja;

Planalto Sertanejo: ocorre de forma semicircular em volta do planalto da borborema,

da Chapada do Araripe e do planalto da ibiapaba.

Segundo Peulvast e Claudino Sales (2004) o relevo atual reflete uma justaposição de

elementos altamente contrastantes com idades diferentes, estes autores identificaram na região

as superfícies altas (entre 700 e 1.000 m), formando platôs ou topos escalonados em

patamares estreitos e superfícies baixas (inferior a 300 m), conectadas na direção do mar a

uma superfície de tabuleiros costeiros. As superfícies de altitudes intermediárias ocorrem

como platôs baixos na Chapada do Apodi (80 a 150 m) e suportes dissecados por cristas das

terras altas do Ceará Central e Borborema. As feições encontradas nas formas de relevo

refletem a estruturação geológica após a Orogênese Brasiliana, que consistiu em colapso

tardi-orogênico, erosão e soterramento parcial do orógeno, rifteamento intracontinental

neocomiano seguido no Albiano pela subsidência pós-rifte e abertura do oceano, formação da

margem passiva transformante com evolução tectônica diferenciada amplamente influenciada

pelos padrões de rifteamento.

d) Contexto Geomorfológico Local

No aspecto geomorfológico, a região costeira é produto de sua evolução geológica

(diversas transgressões e regressões) associada à ação da natureza (clima, marés, ventos, etc.)

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e à ação do homem, representando estes últimos importantes agentes modeladores de relevo.

(Farias, 1997).

A metodologia utilizada para a identificação das unidades geomorfológicas foi

baseada na classificação de Amaro et al. (2002), correlacionados com os dados observados na

área do empreendimento.

As paleodunas vegetadas cobrem a parte norte e nordeste da área, capeando as areias

da Formação Potengi. Constituem a acumulação de sedimentos depositados pela ação eólica,

representando, desta forma, depósitos de areia inconsolidada. Apresentam granulometria

média a muito fina, caracterizadas pela presença de cobertura vegetal, estando de certa forma,

protegidas dos processos de erosão por dissipação ocasionada pelos ventos.

Na região, elas ocorrem sobre as falésias e são formadas por areias exibindo coloração

branca, amarela e vermelha, relacionadas a uma sedimentação eólica. A discordância na base

desta unidade torna-se nítida quando os estratos sotopostos encontram-se basculados. São

nitidamente mais recentes do que as rochas sedimentares da Formação Barreiras, constituintes

da feição geomorfológica caracterizada pelos Tabuleiros Costeiros que ocorrem na porção SE

da área. (Figura 4.27).

Figura 4.27. Mapa Geomorfológico da Fazenda Agrívola Famosa LTDA. Este mapa

encontra-se em anexo no final do relatório.

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O relevo da área é plano com suaves ondulações, marcado pelos sedimentos das

formações Barreiras e Potengi.

Informações como declividade e uso das terras são de suma importância para o

planejamento ambiental e agrícola, auxiliando em soluções de problemas causados por

atividades com alta intensividade e agressividade ao solo como, no caso, a agricultura.

A topografia atua como agente natural da condição de relevo de uma região, definindo o

potencial e possíveis limitações a determinados usos culturais. O solo, a princípio, também é

entendido como um agente natural, porém, passível de ações em busca de um aumento de

produtividade, a custos adicionais. O uso da terra torna-se, então, um fator cultural adaptável

às condições de relevo e de solos, possibilitando intervenções a nível de planejamento.

(Stefani et al.,1996).

O conhecimento das classes de declividade de certa região é importante porque visa

atender à legislação específica para o ordenamento do uso da terra (Rostagno, 1999). Além

disso, a declividade tem relação importante com vários processos hidrológicos, tais como a

infiltração, o escoamento superficial, a umidade do solo, etc. (Lima, 1987).

A divisão de classe é amplamente utilizada por diversos pesquisadores para o estudo do

uso do solo. (Cogo et al., 2003; Sato ;Piroli, 2006; Hamada et al.).

Esse estudo, apoiado em referências topográficas, tem por objetivo obter a declividade

da região do empreendimento servindo, dessa forma, como embasamento para o

aproveitamento máximo possível das potencialidades locais e evitando possíveis limitações

para cada classe de terra, permitindo assim o desenvolvimento do planejamento agrícola da

fazenda.

Como vimos, o fator declividade é responsável pela velocidade do escoamento

superficial, assim, quanto maior esse escoamento, maior será a capacidade de erosão, estando,

desta forma, diretamente ligado à estabilidade geotécnica da região.

A análise dos dados representados na Tabela 4.1 e na Figura 4.27, permitiu verificar que

na área da fazenda predominam os relevos planos a suave ondulado, ou seja, 68,28% da área

possuem declives que variam de 0 a 3% (o relevo plano) e em 31,72% da área, predominam o

relevo suave ondulado (declive de 3-8%). O mesmo foi observado para a área de influência,

onde ocorrem predominantemente relevos dos tipos plano e suave ondulado, observam-se

ainda as classes de relevo ondulado (8-13%) e forte ondulado (declive 13-25%), porém, com

pouca representatividade na área, estando relacionadas com a ocorrência de falésias próximas

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à linha de costa. Declives de classes montanhoso (declive 25-45%) e escarpado (declive

>45%) apresentam resultados nulos para a região.

A partir desta análise da declividade, observa-se que a área do empreendimento

apresenta declives que inferiores a 8%, ou seja, para as classes de relevo abrangentes o

escoamento superficial é mínimo, proporcional a capacidade de erosão, também mínima.

Desta forma, pode-se afirmar que estas áreas são próprias para plantio de culturas, entretanto,

o uso de práticas de conservação do solo pra controlar o processo de erosão é indispensável.

Assim, considerando apenas a declividade é possível afirmar que, as terras da Fazenda

Agrícola Famosa LTDA são totalmente agricultáveis, sendo própria para cultivos anuais e

permanentes.

Tabela 4.1. Classes de Relevo e declividade para a região da Fazenda Agrícola Famosa

LTDA.

Classes de relevo Classes de declive

(%)

Área

(Km²)

(%)

Plano 0-3 40,97 68,28

Suave Ondulado 3-8 19,03 31,72

Ondulado 8-13 0 0

Forte Ondulado 13-25 0 0

Montanhoso 20-45 0 0

Escarpado 45 0 0

Total - 60 100

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Figura 4.28. Mapa de declividade da Fazenda Agrícola Famosa LTDA.

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4.1.3. Solo

O conhecimento dos solos é relevante para o desenvolvimento das mais diversas

atividades, em especial aquelas ligadas à agricultura, como também aos programas de

experimentação agrícola, aos projetos de irrigação, às iniciativas de conservação de solos, aos

programas de reforma agrária, além de outros.

Neste contexto e considerando que tanto o processo de formação dos solos como o

manejo inadequado são atributos que contribuem para sua variabilidade. O presente estudo

teve como objetivo efetuar levantamento das características relacionadas com a fertilidade,

além da estimativa dos teores de umidade e caracterização dos solos da Fazenda Agrícola

Famosa LTDA, atendendo a solicitação do Termo de Referência para elaboração do Estudo

Ambiental, requerido pelo Instituo Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis – IBAMA.

Para tanto, foram realizadas visitas de campo, com o intuito de classificar,

preliminarmente, os diferentes tipos de solo, bem como fazer a coleta amostral de solo para as

devidas análises físico-químicas e estimativas da taxa de absorção de umidade.

Metodologia

Para a elaboração deste trabalho, a metodologia adotada envolveu as etapas de

aplicação do sensoriamento remoto para confecção de carta imagem, objetivando a

identificação do empreendimento e análise preliminar do terreno; levantamento amostral e

análises laboratoriais para caracterização físico-química do solo.

As coletas de amostras de solo foram manualmente executadas, de forma aleatória, na

camada superficial (0-20 cm), no período compreendido entre 11 e 13 de Janeiro de 2011

(Figura 4.29).

Com a finalidade de avaliar as condições atuais destes solos, foram selecionados 63

pontos no perímetro da área, de modo que os mesmos representassem significativamente o

total da área abrangida pela Fazenda Agrícola Famosa LTDA (Figura 4.30).

Um trado de aço inox foi utilizado e após cada coleta as amostras foram devidamente

identificadas, armazenadas em sacos plásticos, colocadas em caixas térmicas e conservadas

até a chegada em laboratório, para os procedimentos de pré-tratamento e análises; no

laboratório de Análises de Solos da universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA) e

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no laboratório de análises de solo, água e planta da EMPARN. Todas as análises seguiram os

procedimentos do Manual de Métodos de Análises de Solos da EMBRAPA (1997).

Figura 4.29. Procedimento metodológico para a coleta amostral de solo. (A): Análise da carta

imagem; (B): escolha dos pontos de coleta; (C) homogeneização das amostras; (D):

Armazenamento e identificação.

A B

C D

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Figura 4.30. Croqui esquemático da Fazenda com a localização dos pontos de coleta (vermelho). Fotos A e B: Procedimento amostral; coleta

manual superficial (0-20 cm).

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239

4.1.3.1. Fertilidade

Na caracterização do solo, a análise físico-química se faz necessária para o

conhecimento da fertilidade do mesmo, que diz respeito a capacidade do solo em fornecer

nutrientes às plantas, identificando a presença ou não de acidez e necessidade de recuperação

do mesmo. Tais características determinam se um solo corresponde às expectativas, ou seja,

se é viável a restauração/implantação de determinadas culturas; sendo essas, dentre outras, de

acordo com Lima et al. (2002), as seguintes: pH, fósforo (P), potássio (K+), sódio (Na

+),

cálcio (Ca2+

), magnésio (Mg2+

), acidez trocável (Al3+

), acidez potencial (H+Al), soma de

bases (SB), capacidade de troca de cátions (t ou CTC); saturação por bases (V); saturação por

alumínio (m); porcentagem de sódio trocável (PST).

Para uma melhor compreensão e visualização dos dados analíticos, optou-se

inicialmente pela elaboração de um sumário estatístico para cada parâmetro analisado, com o

intuito de auxílio na interpretação dos resultados e correlação com os valores adotados como

referência. Dessa forma, foi construído um sumário estatístico (Tabela 4.2); representativo

dos dados referentes aos pontos de coleta analisados ao longo do perímetro da Fazenda,

conforme visualização na Figura 4.29 apresentada anteriormente.

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Tabela 4.2. Sumário estatístico dos parâmetros analisados quanto à fertilidade.

Parâmetro mín média máx

pH 4,7 5,71 8,0

P (mg.dm-3

) 3,50 13,27 150,30

K+

(mg.dm-3

) 18,25 38,90 79,70

Na+

(mg.dm-3

) 4,70 16,25 118,00

Ca2+

(cmolc.dm-3

) 0,30 0,91 4,40

Mg2+

(cmolc.dm-3

) 0,40 0,56 2,60

Al3+

(cmolc.dm-3

) 0,00 0,09 0,45

H+Al (cmolc.dm-3

) 0,63 1,29 2,48

SB (cmolc.dm-3

) 0,85 1,59 6,44

t (cmolc.dm-3

) 1,15 1,68 6,44

CTC (cmolc.dm-3

) 1,10 2,83 6,72

V (%) 24,71 49,54 100

m (%) 0 10,29 51

PST (%) 0 1,77 8

Fonte: Resultados analíticos provenientes de análises de fertilidade no Laboratório da

UFERSA.

Para os valores de pH, pode-se observar através da análise do sumário estatístico, dos

resultados e dos valores de referência (Tabela 4.3), solos fortemente ácidos em sua maioria,

com 28 pontos (4,3<pH>5,3), 25 pontos moderadamente ácidos (5,4<pH>6,5), 9 pontos com

pH na faixa de praticamente neutro (6,6<pH>7,3) e apenas 1 ponto moderadamente alcalino

(7,4<pH>8,3).

Tabela 4.3. Classes de reação. Referem-se às distinções de estado de acidez ou alcalinidade

do material dos solos. Fonte: Embrapa, 2009.

Classes pH (solo/água 1:2,5)

Extremamente ácido < 4,3

Fortemente ácido 4,3 – 5,3

Moderadamente ácido 5,4 – 6,5

Praticamente neutro 6,6 – 7,3

Moderadamente alcalino 7,4 – 8,3

Fortemente alcalino > 8,3

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Fonte: Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais.

Em relação aos teores de fósforo e potássio disponível, foram adotadas como

referência as Recomendações para o Uso de Corretivo e Fertilizantes em Minas Gerais

(Tabela 4.4), para se ter uma idéia dos teores destes nutrientes presentes no solo avaliado. Dos

63 pontos avaliados, 31 apresentaram valores muito baixo de fósforo disponível (≤ 3,0), 10

com baixo teor do nutriente (3,1 - 4,3), 3 pontos com teores médio (4,4 - 6,0), 8 classificados

como um bom teor (6,1 - 9,0) e 11 apresentaram teores considerados como sendo muito bom

(> 9,0).

Em relação aos teores de potássio disponível, 5 apresentaram valores muito baixo de

potássio disponível (≤ 15), 36 com baixo teor do nutriente (16 - 40) e 22 pontos classificados

com teores médio (41 – 705).

Tabela 4.4. Classes de interpretação da disponibilidade para o fósforo de acordo com o teor

de fósforo remanescente (P-rem) e para o potássio.

Fósforo disponível (P)

P-rem (mg.dm-3

) Muito baixo Baixo Médio Bom Muito

bom

0-4 ≤ 3,0 3,1 - 4,3 4,4 - 6,0 6,1 - 9,0 > 9,0

4-10 ≤ 4,0 4,1 - 6,0 6,1 - 8,3 8,4 - 12,5 > 12,5

10-19 ≤ 6,0 6,1 - 8,3 8,4 - 11,4 11,5 - 17,5 > 17,5

19-30 ≤ 8,0 8,1 - 11,4 11,5 - 15,8 15,9 - 24,0 > 24,0

30-44 ≤ 11,0 11,1 - 15,8 15,9 - 21,8 21,9 - 33,0 > 33,0

44-60 ≤ 15,0 15,1 - 21,8 21,9 - 30,0 30,1 - 45,0 > 45,0

Potássio disponível (K)

≤ 15 16 - 40 41 - 705 71 - 120 > 120

Fonte: Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais.

Para analisar e interpretar as concentrações do complexo de troca catiônica referentes

à fertilidade, também foram considerados como referência as Recomendações para o Uso de

Corretivos e Fertilizantes em Minas Gerais (Tabela 4.5).

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242

Tabela 4.5. Classes de interpretação de fertilidade do solo para o complexo de troca catiônica.

Classificação

Característica Muito

baixo Baixo Médio Bom Muito bom

Cálcio trocável (Ca2+

) ≤ 0,40 0,41 - 1,20 1,21 - 2,40 2,41 - 4,00 > 4,00

Magnésio trocável

(Mg2+

) ≤ 0,15 0,16 - 0,45 0,46 - 0,90 0,91 - 1,50

> 1,50

Acidez trocável (Al3+

) ≤ 0,20 0,21 - 0,50 0,51 - 1,00 1,01 - 2,00 > 2,00

Acidez potencial (H +

Al) ≤ 1,00 1,01 - 2,50 2,51 - 5,00 5,01 - 9,00

> 9,00

Soma de bases (SB) ≤ 0,60 0,61 - 1,80 1,81 - 3,60 3,61 - 6,00 > 6,00

CTC efetiva (t) ≤ 0,80 0,81 - 2,30 2,31 - 4,60 4,61 - 8,00 > 8,00

CTC pH 7 ≤ 1,60 1,61 - 4,30 4,31 - 8,60 8,61 - 15,00 >15,00

Saturação por bases (V) ≤ 20,0 20,1 - 40,0 40,1 - 60,0 60,1 - 80,0 > 80,0

Saturação por Al3+

(m) ≤ 15,0 15,1 - 30,0 30,1 - 50,0 50,1 - 75,0 > 75,0

Fonte: Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais.

Para os teores de cálcio trocável (Ca2+

), 27 pontos são considerados com

concentrações muito baixas (≤ 0,40), 20 pontos com baixo teor, 14 com teores médio e 2

pontos com concentrações classificados como sendo muito bom (>4,00)

Com relação aos teores de magnésio trocável (Mg2+

), 1 ponto foi considerado muito

baixo (≤ 0,15), 39 pontos classificados como sendo de baixa concentração (0,16 - 0,45), 18

pontos com teores médios (0,46 - 0,90), 2 considerados como de bom teor (0,91 - 1,50) e 3

pontos classificados como sendo muito bons (> 1,50).

A acidez trocável (Al3+

) apresentou variações de muito baixas a baixa, com teores

variando de ≤ 0,20 e entre 0,21 - 0,50, respectivamente. Já a acidez potencial (H+Al)

apresentou 19 pontos classificados como sendo muito baixo e 44 pontos considerados de

baixa representatividade, confirmando o caráter ácido dos solos da região analisada.

A soma de bases (SB) dá uma indicação do número de cargas negativas que estão

ocupados por bases nos colóides do solo. Sendo assim, através da análise dos resultados,

foram encontrados 12 pontos considerados muito baixo (≤ 0,60), 33 pontos classificados

como baixo (0,61 - 1,80), 14 dentro de uma média classificação (1,81 - 3,60), 3 pontos com

uma classificação boa (3,61 - 6,00) e 1 ponto muito bom (> 6,00).

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243

A CTC efetiva (t) diz respeito a capacidade efetiva de um solo em reter cátions

próximos do seu pH natural. Para os valores encontrados em campo, estão 19 pontos

classificados como sendo muito baixo (≤ 0,80), 31 pontos considerados de baixa CTC efetiva

(0,81 - 2,30), 10 pontos apresentando média CTC efetiva (2,31 - 4,60) e 3 pontos

considerados de boa CTC efetiva (4,61 - 8,00).

Já para a Capacidade de Troca de Cátions - CTC a pH 7,0; que diz respeito a

quantidade de cátions adsorvida a pH 7,0, ou seja, se reflete na CTC potencial do solo, sendo

o valor a ser atingido se a calagem elevasse o pH a 7,0. Dessa forma, para a área avalizada,

são encontrados valores de CTC classificados como sendo muito baixo ((≤ 1,60), com 3

pontos), seguidos de 55 pontos considerados de baixa CTC (1,61 - 4,30) e 5 pontos

classificados com uma média CTC (4,31 - 8,60).

A saturação por bases refere-se à proporção (taxa percentual, V% de cátions básicos

trocáveis em relação à capacidade de troca determinada a pH 7. Para a área da Fazenda

Agrícola Famosa, foram encontrados valores que variaram de 24,71 a 100%, indicando o

caráter eutrófico e o caráter distrófico, respectivamente. A maioria dos pontos (30) são

considerados de baixo valor (entre 20,1 e 40%), 14 estão classificados como sendo médios

(40,1 e 60%), 8 pontos são considerados como sendo bom (60,1 e 80%) e 11 pertence a

classe dos muito bons, com teores > 80%.

A porcentagem de saturação por alumínio (m) representa o quanto da CTC efetiva está

ocupada pela acidez trocável ou Al trocável. Com isso, os solos analisados apresentaram

saturação por alumínio que variou de 0 a 51%, classificados da seguinte maneira: 45 pontos

com muito baixa saturação por alumínio, 14 pontos classificado com baixa saturação, 3 de

média saturação e 1 ponto com boa saturação por alumínio.

De maneira geral, pode-se constatar que a maior parte dos pontos analisados

apresentou fertilidade baixa. Isto pode ser decorrente de a maioria dos pontos terem sido

coletados num ambiente em que não houve alterações e/ou intervenções antrópicas (em que

são feitas correções e aplicação de fertilizantes); ou seja, já se era esperado devido à origem e

formação dos devidos solos. Já para constatar o supracitado, foram tomados pontos controle

dentro das áreas cultivadas, em que a fertilidade apresentou melhoria significativa.

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244

4.1.3.2. Capacidade de campo

O manejo adequado dos sistemas de irrigação depende das características físico-

químicas do solo. A interação da água com tais características manifesta propriedades como o

limite superior de umidade que determinado solo apresenta (capacidade de campo), que se

reflete de suma importância nos processos de armazenagem e disponibilidade de água para as

plantas (Andrade & Stone, 2011).

Sendo assim, avaliando os valores resultantes das análises de capacidade de campo, a

1/3 e 5 atm, realizadas pela Emparn, podem ser observados, graficamente (Figura 4.30), uma

alta variação nas taxas de umidade ao longo do perímetro da Fazenda. Isto decorre do tipo de

solo, do tipo de uso e ocupação do mesmo, além do manejo realizado para os variados fins.

0.00

1.00

2.00

3.00

4.00

5.00

6.00

7.00

8.00

9.00

P2

1

P1

4

P4

5

C1

4

C5

P2

2

C11

C3

3

P3

3

P4

1

C9

P1

C3

6

C3

4

C1

2

P4

4

P4

8

C4

C3

0

C8

C3

5

C23

P1

6

P2

4

P2

7

P3

6

P2

6

P3

5

P3

1

P2

5

C6

0,033 MPa

0,5 MPa

Figura 4.31. Gráfico da variação na capacidade de campo (1/3 e 5 atm), para os 63 pontos de

coleta.

4.1.3.3. Granulometria

A análise granulométrica se trata da avaliação dos diferentes tamanhos das partículas e

tem como principal objetivo o estudo dos sedimentos, bem como onde eles são formados.

Neste sentido, essa análise (tamanho das partículas) é considerada um parâmetro essencial

para se compreender o ambiente de sedimentação e o regime hidrodinâmico em que um

ecossistema encontra-se submetido, podendo explicar a dinâmica sazonal dos ambientes; onde

relações entre as variações texturais, taxa de transporte, energia e diversificadas fontes de

sedimentos são relevantes quando se trata da caracterização textural de um determinado

ambiente (Komar, 1998; Middleton, 2003).

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245

Dessa forma, para a realização da análise granulométrica, foram escolhidos,

aleatoriamente, 20 dos 63 pontos coletados, pelo motivo de todos aparentarem visualmente, as

mesmas características quanto à classificação textural.

Isto foi constatado nos resultados apresentados, onde não ocorrem variações

significativas nas frações areia, argila e silte, como pode ser visto graficamente na Figura

4.32. Variações da fração areia em torno de 90 %, enquanto que a fração argila varia de 2 a 8

% e a fração silte com máximo de 3.7%.

Figura 4.32. Quantificação das frações areia, argila e silte, dados em g.Kg-1

. Fonte: Coleta de

dados in situ.

4.1.3.4. Classificação dos solos da Fazenda Agrícola Famosa LTDA.

Dentro de uma escala regional, os solos da região são caracterizados em dois tipos:

Latossolos e Neossolos, segundo os Levantamentos Exploratórios-Reconhecimento de solos

dos estados do Ceará e Rio Grande do Norte (Embrapa, 1971 e 1973).

Sendo assim, de acordo com a Embrapa (1971), para o empreendimento supracitado,

ocorrem solos oriundos de dois diferentes tipos de formação, são elas: Barreiras e Potengi.

Dentro da formação Barreiras, estão presentes as classes de solo pertencentes aos

LATOSSOLOS, que são os Latossolos Vermelhos Amarelos Eutróficos (LVAe),

caracterizados por serem profundos, bem drenados e predominantemente ácidos, conforme

observados nas análises de fertilidade. Já para a formação Potengi, os NEOSSOLOS

quartzarênicos (RQ), compostos pelas Areias Quartzosas Distróficas, que variam de ácidos a

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246

alcalinos, excessivamente drenados e de baixa fertilidade natural, como também pode ser

observado nas análises de fertilidade, realizadas na Universidade Federal Rural do Semiárido

(UFERSA).

Dessa forma, para a caracterização dos solos da região supracitada, foram utilizados

tanto o conhecimento da literatura existente como a diferenciação das classes solos através da

carta de Munsell; além do diagnóstico final, a partir dos resultados dos parâmetros analizados.

Através de uma análise preliminar, foram observadas as caracterísiticas visuais dos

diferentes perfis analisados. De acordo com Campos (2004), a cor é um dos mais favoráveis

atributos para caracterização de um determinado solo e sua verificação constitui importante

fonte de informação para a pedologia. Rotineiramente, a cor é determinada em campo pela

sua comparação visual com padrões existentes em cartas de cor.

Para o estudo em evidência, foi utilizada em campo a carta de Munsell (1975) para

comparação visual da cor do solo em campo e a classificação foi fundamentada no Sistema

Brasileiro de Classificação dos Solos (2009) e, através das análises realizadas in situ,

conforme descritas anteriormente.

Sendo assim, o mapa pedológico foi realizado numa escala de detalhe de 1:5.000 e

mostra que no perímetro da Fazenda Agrícola Famosa LTDA. foram encontradas três

diferentes classes de solos, são elas: Cambissolo Flúvico (CY), Latossolo Vermelho-amarelo

eutrófico (LVAe) e Neossolos quartzarênico (RQ). (Figuras 4.33 e 4.34).

Uma observação a ser feita quanto da impressão do mapa pedológico é que o mesmo

foi impresso numa folha tamanho A3 (42,0 x 29,7 cm), pelo fato de o tamanho do mapa no

arquivo original do software Arc Gis (310,0 x 220,0 cm) ser muito superior ao tamanho do

plotter de impressão. Outra justificativa para a impressão neste formato é a existência de três

diferentes classes de solo bem definidas, de acordo com o levantamento realizado; sendo

permitida, portanto, uma visualização clara das mesmas numa escala menor.

Figura 4.33. Diferentes classes de solo, da Fazenda Agrícola Famosa LTDA.

Latossolo Vermelho-amarelo

eutrófico (LVAe)

Cambissolo Flúvico (CY)

Neossolo Quartzarênico (RQ)

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Erro!

Figura 4.34. Mapa Pedológico.

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248

4.1.4. Hidrogeologia

a) Balanço Hídrico e Caracterização do Clima

O balanço hídrico e a caracterização climática da área são apresentados com base em

dados da estação meteorológica de Mossoró-RN, obtidos através do Banco de Dados do

INMET, período de 1974 a 2008 (35 anos). Os parâmetros fundamentais nessa avaliação são a

precipitação pluviométrica (P mensal e anual) e a evapotranspiração potencial (Etp)

correspondente, neste caso, obtida através de fórmulas empíricas conforme será apresentado

mais adiante.

a.1) Precipitações pluviométricas

A precipitação pluviométrica anual na estação de Mossoró-RN é em média 771,3 mm

(Tabela 4.6). O comportamento da distribuição das chuvas ao longo dos meses é apresentado

na Figura 4.35, verificando-se que as mesmas ocorrem principalmente nos meses de janeiro a

junho com maior concentração nos meses de março e abril, neste caso, alcançando valores da

ordem de 178 mm.

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Tabela 4.6. Valores médios mensais de precipitação na estação meteorológica de Mossoró

(Período de 1974 a 2008). Fonte: INMET, 2009.

Meses Mossoró/RN

Jan 82,9

Fev 113,9

Mar 177,9

Abr 179,1

Mai 99,2

Jun 52,1

Jul 36,3

Ago 7

Set 4,4

Out 2,1

Nov 2,9

Dez 13,5

Ano 771,3

Figura 4.35. Gráfico da Precipitação Média Mensal (mm) na Estação Meteorológica de

Mossoró, RN. Fonte: INMET, 2009.

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250

a.2) Parâmetros que influem nos componentes primários do ciclo hidrológico

Os componentes primários do ciclo hidrológico correspondem à precipitação,

evapotranspiração, escoamento ou runoff e infiltração. Influem sobre esses componentes,

principalmente sobre a evapotranspiração, os seguintes elementos: temperatura, radiação,

insolação, umidade relativa, ventos e pressão atmosférica.

A temperatura média varia anualmente ao longo dos meses com uma amplitude de 2,6

0C, indo de 26,1°C nos meses mais frios (junho e julho) a 28,7 C no período mais quente

(outubro a janeiro), Figura 4.36A. A evaporação é menor no período de fevereiro a junho,

intensificando-se a partir de julho, até atingir o valor máximo no mês de outubro, quando

diminui gradativamente (Figura 4.36B). O período de insolação não sofre grandes

modificações, com limites mínimos de fevereiro a abril (em torno de 200 h/mensais) e

máximos de agosto a novembro (pouco menos que 300 h/mensais), Figura 4.36C. A umidade

relativa do ar varia de 60,7 a 80,7%. A umidade é mais elevada nos meses de março e abril,

que corresponde ao período de maiores precipitações pluviométricas (Figura 4.36D). A

velocidade do vento atinge um valor mínimo de 2,1 no mês de abril e máximo de 5,0 m/s no

mês de outubro (Figura 4.36E). Também observa-se as variações de médias mensais dos

elementos climáticos (Tabela 4.7)

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251

Figura 4.36. Fatores que influem nos componentes primários do ciclo hidrológico. Gráficos

obtidos com dados da Estação meteorológica de Mossoró-RN.

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252

Tabela 4.7. Valores médios mensais dos elementos climáticos na estação de Mossoró/RN (Período de 1974 a 2008). Fonte: INMET, 2009.

Elementos do clima

Médias Mensais Média

ou Total

Anual Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Precipitação média

(mm)

82,9 113,9 177,9 179,1 99,2 52,1 36,3 7 4,4 2,1 2,9 13,5 771,3

T (0c)

Mínima 23,9 23,6 23,3 23,2 22,9 21,9 21,4 21,5 22,2 23,2 23,4 23,7 22,9 Máxima 34,1 33,6 32,9 32,6 32,5 32,4 32,8 34,1 34,8 34,9 34,8 34,7 33,7

Média 28,3 27,9 27,4 27,1 27 26,6 26,7 27,3 28 28,3 28,5 28,7 28,3

Evaporação (mm) 198,1 143,7 119,1 104,1 113,7 132 171,7 208 231,7 243 237,2 226,2 198,1 Insolação (horas) 232,7 198,9 207,7 198,8 223,7 212,5 236,1 271,6 278,2 296,2 287,4 268,6 232,7

Umidade relativa (%) 70,6 73,1 79,2 80,7 78,2 73,6 68,8 62,3 60,7 62,2 64,4 65,6 70,6

Ventos Velocidade

(m/s)

4 3,3 2,8 2,1 2,3 2,7 3 4,2 4,8 5 4,9 4,6 4 Direção NE NE Calmo Calmo Calmo SE SE SE SE NE NE NE -

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253

a.3) Balanço Hídrico

Para o estabelecimento do Balanço hídrico é necessário os dados de precipitação

pluviométrica (P) mensais e anuais e das evapotranspirações potenciais (ETp)

correspondentes. As precipitações foram obtidas diretamente da estação meteorológica e os

valores da Etp foram calculados pelo método de Turc a partir do conhecimento das

coordenadas do lugar e dos valores das temperaturas mensais anuais, índice global de

radiação e umidade.

a.4) Cálculo de ETp

A umidade relativa do ar Ur é maior que 50%, assim sendo para o calculo da ETp

mensal utiliza-se a equação:

de fevereiro

Onde:

ETp é evapotranspiração potencial (mm/mês);

t é temperatura média mensal do período em 0C;

Ig é índice global de radiação (cal/cm2/dia).

Os valores de Ig (Tabela 4.8) foram obtidos a partir dos mapas de Black fornecidos

mês a mês. A ETp mensal variou de 103,0 mm a 148,4 mm/mês com um total anual de 1493,1

mm.

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Tabela 4.8. Valores obtidos da Evapotranspiração potencial (Etp)

Mês t (0C) Ig

(cal/cm2/dia)

Etp

(mm)

Jan 28,3 400 117,6

Fev 27,9 380 103,4

Mar 27,4 400 116,3

Abr 27,1 350 103,0

Mai 27,0 380 110,6

Jun 26,2 390 112,0

Jul 26,1 500 139,7

Ago 26,8 460 130,8

Set 27,5 520 147,5

Out 28,0 520 148,4

Nov 28,2 460 133,1

Dez 28,3 450 130,7

Ano 1493,1

a.5) Resultados do balanço hídrico e Interpretação

A evapotranspiração potencial anual obtida conforme já apresentado é da ordem de

1493,1 mm e a evapotranspiração real obtida pelo Balanço hídrico (Tabela 4.9) foi de 730,8

mm/ano, portanto um déficit hídrico de 762,3 mm/ano. O período de déficit é de Julho a

janeiro (Figura 4.37). Ocorre excedente hídrico no mês de abril, com um total anual de 48,2

mm.

O balanço está representado (Figura 4.37) a partir do momento em que as reservas de

água no solo começaram a se reconstituir, mês de fevereiro, que corresponde ao mês no qual

foi iniciado o balanço.

O excedente hídrico representa o volume de água que se infiltra no terreno e que escoa

sobre sua superfície. As características geológicas da área de estudo, com cobertura de areias

eólicas, condicionam a ausência de escoamentos superficiais e sugerem condições favoráveis

para infiltração. A recarga de água subterrânea, entretanto é baixa devido à elevada

evapotranspiração potencial. Tomando por base o excedente hídrico de 48,2 mm e a

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precipitação pluviométrica de 771,3 mm, resulta em uma taxa de infiltração em potencial de

apenas 6,5%, o que é característico de regiões semiáridas.

a.6) Caracterização do clima

O tipo de clima pode ser definido segundo Thornthwaite em função do índice global i

expresso pela seguinte equação:

Onde:

ih é o índice de umidade definido por ;

Ia é o índice de aridez definido por ;

S é o excedente hídrico anual avaliado em 48,2 mm;

D é o déficit hídrico anual de 762,3 mm;

ETp é a evapotranspiração potencial anual avaliada em 1493,1mm.

Aplicando as equações resulta: ih = 3,2%; ia = 51% e i = -27,4%. Com base nesses

resultados, o clima da área de estudo fica caracterizado como semiárido (Tabela 4.10).

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256

Tabela 4.9. Resultados do Balanço hídrico da Região da Fazenda Belém (valores em mm).

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano

Evapotranspiração potencial - ETP 117,6 103,4 116,3 103,0 110,6 112,0 139,7 130,8 147,5 148,4 133,1 130,7 1493,1

Precipitação P 82,9 113,9 177,9 179,1 99,2 51,2 36,3 7,0 4,4 2,1 2,9

13,5

771,3

Diferença P - Etp

-34,7 10,5 61,6 76,1 -11,4 -60,8 -103,4 -123,8 -143,1 -146,3 -130,2

-117,2

Variação da reserva d´água do solo

0 10,5 89,5 0 -2,8 -60,8 -36,4 0 0 0 0

0

Reserva d´água útil (100 mm)

0 10,5 100 100 97,2 36,4 0 0 0 0 0

0

Evapotranspiração real Etr

82,9 103,4 116,3 103,0 110,6 112,0 72,7 7,0 4,4 2,1 2,9

13,5

730,8

Déficit D

34,7 0 0 0 0 0 67,0 123,8 143,1 146,3 130,2

117,2

762,3

Excedente S

0 0 0 48,2 0 0 0 0 0 0 0

0

Escamento R 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

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Figura 4.37. Representação gráfica do Balanço hídrico.

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Tabela 4.10. Tipo de clima segundo o valor do índice global anual (i).

Índice global (I) Tipo de clima

! > 100 Muito úmico

20 a 100 Úmido

0 a 20 Sub-úmido/ úmido

-20 a 0 Sub-úmido a seco

-40 a -20 Semi-árido

-60 a -40 Árido

< -60 Hiper-árido

b) Contexto Regional de Unidades Aqüíferas na área do empreendimento.

Aquífero Açu

Este reservatório deve ocorrer em subsuperfície, praticamente, em toda a área do

estudo. As informações sobre o aqüífero Açu são escassas, havendo referências que o seu

potencial hidrogeológico é fraco e que as águas são de salinidade elevada. Segundo PERH -

SERHID/RN (1998) o aqüífero ocorre numa área efetiva de 934 km2 e os recursos explotáveis

foram avaliados preliminarmente em apenas 3,14 milhões de m3/ano, havendo referência a

uma disponibilidade hídrica já instalada ordem de 2,72 milhões de m3/ano.

Aquífero Jandaira

Regionalmente o aquífero Jandaira apresenta uma ampla variação faciológica, tanto

vertical como horizontalmente, sendo constituído por calcários cinzas e cremes, margas,

siltitos, folhelhos, argilitos e dolomitos. O aqüífero

Jandaíra localiza-se na porção superior da seqüência carbonática da Formação

Jandaíra, dispondo-se sub-horizontalmente, com espessuras variando de 50 a 250 metros.

Trata-se de um aqüífero essencialmente livre, heterogêneo, hidraulicamente anisotrópico e de

circulação cárstica e fissural em seu interior.

O aqüífero Jandaíra é limitado em sua porção inferior por sedimentos pouco

permeáveis pertencentes à base da Formação Jandaíra e topo da Formação Açu, compostos

por argilas arenosas, argilas siltosas, argilitos, folhelhos, margas, calcarenitos e calcários

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compactados, que funcionam como camadas confinantes ou semi-confinantes do aqüífero

Açu.

Aquífero Barreiras

Localiza-se no curso médio-Inferior da bacia do Rio Maxaranguape. Constitui o

principal aquífero da bacia e de maior potencialidade, graças à estrutura geológica favorável

em termos de armazenamento e circulação das águas subterrâneas. O aquífero Barreiras

ocorre numa área efetiva de 432,0 km2 e apresenta um recurso anual explotável da ordem de

74,14 x106 m3/ano, do qual apenas 4,4X106 m

3/ano é referido como explotado (PERH-

SERHID/RN, 1998). Ainda, é vista a possibilidade de perfuração de poços com 40 a 60 m de

profundidade produzindo de 10 a 120 m3/h e com águas de boa qualidade para o uso humano

e irrigação, ou seja, águas com baixa salinidade com resíduo seco inferior a 250 mg/L e do

tipo C2S1 para irrigação, podendo ser utilizadas na maior parte de solos e culturas.

Regionalmente nos cursos médio-inferior das bacias da costa Leste do Estado do Rio Grande

do Norte, o aquífero Barreiras constitui, em quase sua integridade, o recurso utilizado pela

população para o suprimento hídrico urbano e rural, ressaltando-se que a irrigação se processa

também em grande parte com o bombeamento de água subterrânea desse aquífero.

c) Contexto local do Áquifero Cárstico na área de estudo

A área de estudo está localizada na região Oeste da bacia Potiguar, na região do alto de

Aracati, limite dos estados do Rio Grande do Norte com Ceará, em uma região constituída por

rochas sedimentares da formação Potengi e Barreiras sotopostas as rochas carbonáticas

(calcáreos e dolomitos) da Formação Jandaíra de idade Cretáceo superior. Esta unidade

geológica constitui a principal unidade aqüífera da área de estudo, o aqüífero carstico

Jandaíra, sendo esse a principal fonte de abastecimento para agricultura irrigável na área de

estudo.

O termo carste (karst) “de origem servo-croata significa campo de pedras calcárias.”

(OLIVEIRA, 1997, p. 3). O conceito foi empregado para designar a morfologia das formações

calcárias encontradas ao norte do Adriático, na península de Istria, noroeste da Iugoslávia, ao

final do século XIX. (LISBOA, 1997). Atualmente, o termo é utilizado para designar “as

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áreas calcárias ou dolomíticas que possuem uma topografia característica, oriunda da

dissolução de tais rochas.” (CHRISTOFOLETTI, 1980, p.153).

O principal aspecto de uma área cárstica é “a presença de uma drenagem de sentido

predominantemente vertical e subterrânea (criptorréica), seguindo fendas, condutos e

cavernas, com quase completa ausência de cursos d'água superficiais.” (OLIVEIRA, 1997, p.

3). A paisagem cárstica, de acordo com Oliveira (1997, p.3) “apresenta aspectos ruiniformes e

esburacados, preponderantemente desenvolvidos em formações calcárias.”

O sistema cárstico é constituído por três componentes principais, que se desenvolvem

de maneira conjunta e interdependente: os sistemas de cavernas, aqüíferos de condutos e o

relevo cárstico. (TEIXEIRA et al, 2001). As formas ou feições da paisagem cárstica são

caracterizadas pelas dolinas, uvalas, poljés, sumidouros e cavernas, conforme Lima (2004,

p.6) e representado na Figura 4.38.

Figura 4.38. Ilustração esquemática da ocorrência de água subterrânea numa rocha

carbonática na qual a permeabilidade secundária ocorre ao longe dos planos de

acamadamento e das fraturas verticais alargadas por dissolução. (Walker, 1956: Davis & De

West, 1956, modificação de Freeze & Cherry. 1979).

O aqüífero livre cárstico Jandaíra possui uma carstificação bem diversificada

dependendo da localização na área, esse processo de carstificação influencia nas

potencialidades e qualidade das águas na sua área. Quanto maior a carstificação maior a

presença de condutos para a circulação da água e maiores serão as vazões dos poços.

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Esse processo pode ser visualizado pelas variações das vazões em profundidades

equivalentes mostrados na Tabela 4.11, onde as profundidades variam de 60 a 95 m, vazões

oscilando entre 40 e 130 m3/h e níveis estáticos variando de 23,00 á 37,00 m.

Tabela 4.11. Poços com profundidade e vazão na área do empreendimento.

long lat Poço Prof.(m) Q(m3/h)

684165 9461370 1 800 130

684247 9461206 2 74 70

684173 9461202 3 72 80

684084 9461198 4 82 80

684011 9461086 5 92 130

684380 9461338 6 85 40

682122 9462764 7 840 180

682112 9462712 8 70 113

682089 9462702 9 68 100

682074 9462730 10 74 113

689981 9459285 11 65 42

679961 9459301 12 75 113

679937 9459295 13 60 132

679920 9459269 14 70 90

679845 9459269 15 70 132

681553 9460812 16 97 90

681790 9461279 17 60 150

681812 9461273 18 60 90

683011 9461164 19 75 80

683010 9461180 20 78 90

Essas vazões exemplificam a excelente potencialidade do aqüífero Jandaíra como

fonte de água subterrânea para abastecimento de áreas para agricultura irrigada como no caso

do estudo.

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d) Características construtivas dos poços

Os poços na área do empreendimento são perfurados em 10’’ revestidos em 8’’, com

cimentação isolando toda a área de argila e calcário compacto, indicando uma variação de 0 á

50 m, sendo revestido com cascalho nos intervalos do calcário e com filtro na região de maior

fraturamento do calcário como pode ser observado nas fichas de poços em anexo ao final do

relatório. Com exceção apenas de dois poços que captam água de uma profundidade elevada,

cerca de 800 m.

e) Potencialidades de explotação do aqüífero

A área de estudo possui um potencial de explotação da ordem de mais de 3000 m3/h

atualmente, sendo extremamente compatível para a área irrigada, e não comprometendo a

viabilidade hídrica do aqüífero, sendo, portanto, uma área de plena sustentabilidade hídrica,

observando que as vazões de exploração na área deve se manter na ordem de 130 m3/h, como

uma margem de segurança para não haver rebaixamentos acentuados dos níveis dos poços e

garantir todo o processo de abastecimento. Outra alternativa é a exploração de poços mais

profundos, no aqüífero Açu, que apresentam águas de boa qualidade e propiciam vazões

elevadas como mostram os dos poços já perfurados na área nessas condições de explotação.

f) Qualidade das águas

f.1) Qualidade das águas para consumo humano

A classificação das águas para o uso humano foi definida em função das normas da

Organização Mundial de Saúde (OMS) e Portaria no 518/2004 do Ministério da Saúde

(Tabela 4.12).

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Tabela 4.12. Padrões de potabilidade.

Parâmetro* OMS CONAMA**

Permitido Excessivo

Máximo

permitido

pH (adm) 7,0 - 8,5 6,5 - 9,2 6,0 - 9,5

Sólidos Totais 1000 1500 500

Dureza (mg/L

CaCO3) 500

Cálcio 75 200

Magnésio 125 125

Sódio 200 200

Cloreto 250 600 250

Sulfato 200 400 250

Amoniaco 0,5 0,5 1,5

Nitrato 45 50 45

Ferro total 0,3 1 0,3

*Valores em mg/L, quando não indicados;

**Resolução CONAMA 325 Março 2005

Os resultados das análises visualizados na Tabela 4.13 mostram que as águas dos

poços 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 11 apresentam restrições para cloreto, já os poços 2, 4, 5, 6, 7, 9, 8 e 11

estão fora do limite permitido para sódio. No caso do Magnésio apenas o poço 4 mostra-se

fora dos padrões de potabilidade. Os outros parâmetros estão de acordo com a resolução ou

não foram determinados nas análises químicas.

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Tabela 4.13. Resultados de análises Químicas

N° pH HCO3 Ca Mg Na Cl

amostra mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L

PP-2 7,9 250,1 32,0 17,017 235,98 78,1

PP-3 8,2 250,1 32,0 17,017 193,89 85,2

PP-4 6,7 311,1 708,0 184,756 349,60 1150,2

PP-5 7,1 274,5 380,0 68,068 456,09 681,6

PP-6 7 256,2 408,0 48,620 312,80 731,3

PP-7 7,7 286,7 92,0 89,947 90,85 894,6

PP-9 6,9 414,8 796,0 31,603 284,51 894,6

PP-8 6,9 414,8 660,0 114,257 224,48 894,6

PP-11 7,1 433,1 680,0 102,102 321,54 986,9

PP-15 7,4 294,6 64,0 58,344 74,29 85,2

f.2) Qualidade das águas para irrigação

A prática da irrigação é indispensável nas regiões áridas e semiáridas em virtude da

ocorrência de déficit hídrico para as culturas na época seca. A acumulação de água no período

chuvoso alternado com aumento da evaporação na estação seca promove uma variação

quantitativa e qualitativa no teor de sais das águas com implicações para uso na irrigação

(NUNES FILHO et al., 1991) e esta, pode ser fator de salinização quando não manejada

adequadamente (PIZARRO, 1985; HOORN; ALPHEN, 1981). É, portanto, imprescindível a

avaliação da qualidade da água como medida preventiva dos processos de salinização

gradativos pelo acumulo de sais oriundos de irrigações sucessivas (HOLANDA; AMORIM,

1992).

A qualidade das águas da região do empreendimento foi avaliada sob os três aspectos

fundamentais quanto ao uso na irrigação: salinidade (C), sodicidade (S) e toxidade (T) de

íons. O efeito da salinidade é de natureza osmótica podendo afetar diretamente o rendimento

das culturas. A sodicidade se refere ao efeito relativo do sódio da água de irrigação tendendo a

elevar a porcentagem de sódio trocável do solo (PST), com danos nas suas propriedades

físico-químicas, provocando problemas de infiltração. A toxidade, diz respeito ao efeito

específico de certos íons sobre as plantas, afetando o rendimento, independente do efeito

osmótico.

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f.3) Classes de água quanto ao risco de salinidade

Numa avaliação qualitativa, as águas se dividem em quatro classes de salinidade, à

medida que aumenta a concentração de sais e consequentemente sua condutividade elétrica,

recebendo denominações sucessivas de C1, C2, C3 e C4, com os limites apresentados por

Richards (1954) e, por conveniência, também adotados como índices de salinidade por

Frenkel (1984), conforme mostra a Tabela 4.14, com as seguintes interpretações:

C1 - Água de baixa salinidade. Pode ser usada para irrigação da maioria das culturas,

em quase todos os tipos de solos, com muito pouca probabilidade de que se desenvolvam

problemas de salinidade. Se necessária alguma lixiviação de sais, esta é conseguida em

condições normais de irrigação, exceto em solos de muito baixa permeabilidade.

C2 - Água de média salinidade. Pode ser usada sempre e quando houver uma

lixiviação moderada de sais. Em quase todos os casos se adequa ao cultivo de plantas

moderadamente tolerante aos sais, sem necessidade de práticas especiais de controle de

salinidade.

C3 - Água de alta salinidade. Não pode ser usada em solos com drenagem deficiente.

Mesmo com drenagem adequada pode ser necessário práticas especiais de controle da

salinidade, devendo, portanto, ser utilizada na irrigação de espécies vegetais de alta tolerância

aos sais. Os riscos apresentados por esta classe de água podem ser amenizados quando do

emprego do método de irrigação localizada mantendo o solo continuamente úmido.

C4 - Água de muito alta salinidade. Não é apropriada para irrigação sob condições

normais, porém pode ser usada ocasionalmente, em circunstâncias muito especiais. Os solos

devem ser permeáveis, a drenagem adequada, devendo ser aplicada água em excesso para se

obter uma boa lixiviação de sais e, mesmo assim devem ser explorados com culturas

altamente tolerantes aos sais.

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Tabela 4.14. Classificação da água para irrigação quanto ao risco de salinidade.

Richards (1954) UCCC1 Ayers & Westcot (1991)

Classe de

Salinidade Faixas de CEa (dS.m

-1)

Risco de

Salinidade

Faixa de CEa

(dS.m-1

)

Problema de

Salinidade

C1 < 0,25 < 0,75 Baixo < 0,7 nenhum

C2 0,25 - 0,75 0,75 - 1,50 Médio 0,7 - 3,0 moderado

C3 0,75 - 2,25 1,50 - 3,00 Alto > 3,0 severo

C4 > 2,25 > 3,00 Muito alto - -

1 UCCC - University of California Committee of Consultantes (Fonte: Frenkel, 1984;

Pizarro, 1985).

f.4) Classes de água quanto ao risco de sodicidade

A classificação das águas de irrigação com respeito à RAS se baseia essencialmente

no efeito do sódio trocável nas condições físicas do solo causando problemas de infiltração

pela redução da permeabilidade. Richards (1954) dividiu as águas em quatro classes tomando

por base valores limites da RAS, em função da CEa, com as seguintes interpretações:

A recomendação de Ayers Westcot (1991), quanto ao perigo de sódio, restringe-se a

três classes de sodicidade, obtidas relacionando-se a RASo com a salinidade da água de

irrigação, conforme Tabela 4.15.

Tabela 4.15. Riscos de problemas de infiltração no solo causados pela sodicidade da água.

CLASSES DE SODICIDADE1

RASo

S1

Sem Problemas

S2

Problemas Crescentes

S3

Problemas Severos

......(mmolc -1

)½ ..... .....................................CEa (dS.m

-1).................................................

0-3 > 0,70 0,70 - 0,20 < 0,20

3-6 > 1,20 1,20 - 0,30 < 0,30

6-12 > 1,90 1,90 - 0,50 < 0,50

12-20 > 2,90 2,90 - 1,30 < 1,30

20-40 > 5,00 5,00 - 2,90 < 2,90

Fonte: Adaptado de Ayers & Westcot (1991).

1 Simbologia (S) não se refere a classificação de

Richards (1954); foi inserida para resumir a descrição da classe.

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f.5) Classes de água quanto ao risco de toxicidade

Os elementos mais propensos a causarem toxidez nas plantas, em decorrência de

concentrações elevadas na água de irrigação, são: sódio, cloro e boro. Quanto aos riscos que

apresentam, de acordo com Ayers & Westcot (1991) podem ser divididos em três classes

(Tabela 4.16). Na irrigação por aspersão foliar, quando há uma exposição direta da parte mais

sensível da planta à água contendo elevados teores de sais, os problemas de toxicidade tendem

a se intensificarem (Maas, 1985 e 1986; Ayers & Westcot, 1991) e as culturas se subdividem

quanto ao limite de tolerância ao sódio e cloreto conforme Tabela 4.16.

Tabela 4.16. Concentrações de íons em água e respectivos riscos de toxicidade às plantas.

Classes de toxicidade da água1

Íon T1

Nenhum problema

T2

Problema moderado

T3

Problema severo

Sódio ou Cloreto (mmolc -1:)

- Irrigação por superfície < 3 3 - 9 > 9

- Irrigação por aspersão < 3 > 3

Boro (mg -1) < 0,7 0,7 - 3,0 >3,0

Fonte: Adaptado de Ayers & Westcot (1991). 1

Simbologia (T) não contida nos artigos

originais; inserida neste item para resumir descrição da classe.

A Tabela 4.17 apresenta os parâmetros hidroquímicos obtidos (Dezembro 2010) e

utilizados na classificação das águas para a irrigação e os resultados da classificação segundo

os aspectos fundamentais assinalados. As classes de sodicidade foram definidas em função da

classificação de Richards (1954). O RAS (Razão de adsorção de sódio) foi corrigido devido

aos efeitos que podem ser produzidos com a razão Ca/HCO3).

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Tabela 4.17. Classificação das águas para irrigação.

N° pH HCO3 Ca Mg Na Cl HCO3/Ca RAS° CE Classe

amostra mmolc/l mmolc/l mmolc/l mmolc/l mmolc/l mmolc/l dS/m de água

PP-2 7,9 4,100 0,800 0,700 10,26 2,2 5,13 11,80 0,960 C2S2T3

PP-3 8,2 4,100 0,800 0,700 8,43 2,4 5,13 9,70 0,590 C2S2T2

PP-4 6,7 5,100 17,700 7,600 15,20 32,4 5,10 4,30 4,050 C4S2T3

PP-5 7,1 4,500 9,500 2,800 19,83 19,2 0,47 8,00 2,560 C3S2T3

PP-6 7 4,200 10,200 2,000 13,60 20,6 0,41 5,50 2,580 C3S1T3

PP-7 7,7 4,700 2,300 3,700 3,95 25,2 2,04 2,30 0,700 C1S2T2

PP-8 6,9 6,800 19,900 1,300 12,37 25,2 0,34 3,80 2,960 C3S1T3

PP-9 6,9 6,800 16,500 4,700 9,76 25,2 0,41 3,00 3,090 C4S1T3

PP-11 7,1 7,100 17,000 4,200 13,98 27,8 0,42 4,30 3,000 C4S1T3

PP-15 7,4 4,830 1,600 2,400 3,23 2,4 3,02 2,3 0,570 C1S2T2

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As águas dos poços analisados apresentam algumas restrições quanto a salinidade no

caso dos poços 4, 8, 5, 6 e 11 onde as águas são enquadradas do como do tipo C4 e C3, ou

seja, com alta salinidade, não sendo indicado para irrigação, os que apresentam salinidade

media , como os enquadrados como do tipo C2, podem ser usados na irrigação para culturas

com resistência a sais , os que apresentam toxicidade elevada T3, não devem ser usadas em

solos de culturas pouco resistentes a sais, no caso do T2, deve observar a resistência das

culturas aos sais, sendo a sodicidade média no caso das águas do tipo S2, não irrigar em

culturas pouco resistente a sais.

g) Vulnerabilidade do aqüífero

No caso de aquíferos cársticos, a zona insaturada é muito mais efetiva no processo de

atenuação de poluentes que a zona saturada, devido aos processos microbiológicos e

físicoquímicos. Isto ocorre por que o sistema de fissuras das rochas calcárias facilitam a

rápida penetração dos poluentes no aquífero, caracterizando assim uma alta vulnerabilidade

natural dos cársticos sendo principalmente atribuida a velocidade de circulação da água

subterrânea relativamente alta e sua escassa interação contaminante-rocha, o que provoca uma

elevada capacidade de propagação neste meio.

h) Recomendações

Monitorar mensalmente as variações de nível d´agua para observações de variações

dos mesmos e observar se não está havendo superexplotação do aqüífero.

Realizar análises físico-químicas e Bacteriológicas regularmente para caracterização

da qualidade da água, e observar se não há nenhuma contaminação por parte de algum

produto químico utilizado na área.

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4.2. MEIO BIOLÓGICO

4.2.2 FLORA

Os recursos florestais da Caatinga no Estado do Rio Grande do Norte têm um papel

importante no seu desenvolvimento, seja para abastecer as indústrias e estabelecimentos

comerciais com biomassa para geração de energia, seja na formação de renda familiar pelo

uso da madeira para construções rurais, tais como, estacas e mourões, ou na produção e

comercialização de uma série de produtos florestais madeireiros e não madeireiros.

A floresta sempre esteve presente na vida da população, por outro lado a Caatinga da

região ainda apresenta extensões consideráveis de remanescentes florestais, principalmente

quando comparada a outras regiões do Estado. As áreas da Empresa Agrícola Famosa estão

inseridas em três municípios: Tibau no Rio Grande do Norte com 3.652,3737 hectares

(61,80%) e dois municípios no Estado do Ceará, Icapui como 1.506,2202 hectares (25,49%) e

Aracati com 751,1349 hectares (12,71%), constituída por três fazendas denominadas: fazenda

Famosa, fazenda João Mole e fazenda Mossoró, juntas, totalizam 5.909,7288 hectares.

O Uso e ocupação do solo dos três imóveis são constituídos pelas seguintes unidades

conforme Tabela 4.18 e Figura que se segue.

Tabela 4.18 – Uso e Ocupação do Solo da Fazenda Agrícola Famosa

Tipo de Uso Área (há) %

1. Área de antropismo 75,0695 1,26

2. Área de compostagem 6,5149 0,11

3. Área de pousio 86,8125 1,46

4. Área de produção de mudas 4,1509 0,07

5. Área industrial 36,1736 0,61

6. Área de produção agrícola 1.933,95 32,51

7. Área de depósito de resíduos 1,3439 0,02

8. Estradas internas 51,0118 0,86

9. Jazidas 5,2107 0,09

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10. Área de mata – vegetação arbustiva arbórea 2.054,11 34,53

11. Área de Reserva Legal 1.255,84 21,11

12. Área com vegetação de quebra vento 401,435 6,75

13. Área de Preservação Permanente - APP 33,6697 0,57

14. Área de Reservatórios d’água 3,9808 0,07

TOTAL 5.949,27 100,00

A Agrícola Famosa Ltda., é um empreendimento que tem a fruticultura como sua

principal atividade econômica. O diferencial desta empresa é detenção do conhecimento dos

sistemas de produção de frutas tropicais em grande escala, onde tem como premissa principal

a maximização dos processos produtivos incorporando novas tecnologias em todas as áreas

que esteja produzindo, seja em áreas adquiridas ou arrendando na região.

Como pode ser observado na tabela acima, o empreendimento tem como premissa

principal nas suas atividades é o resguardo dos recursos naturais, visto que dos 5.949,27

hectares de área total, 3.714,1196 hectares (62,85%) são resguardados por vegetação natural

de Caatinga arbustiva arbórea, apenas 2.195,6092 hectares (37,15%) estão disponíveis a

produção ou servindo de apoio a produção. As áreas de produção, destinadas aos cultivos

agrícolas totalizam 1.933,9509 hectares, o que corresponde a 32,72% das áreas totais dos

imóveis.

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Figura 4.39 – Mapa de Uso de Ocupação do Solo da Empresa Agrícola Famosa

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4.2.2.1 - Metodologia

Para a realização deste estudo partiu-se da análise de material bibliográfico

existente sobre o tema, somando-se várias visitas a campo. A partir daí, procurou-se

apresentar uma nomenclatura para a cobertura vegetal da área em pauta, dividindo-a em

três categorias, enfocadas ao longo do texto:

A) cobertura vegetal natural;

B) cobertura vegetal antropizada e

C) cobertura vegetal monitorada (corredores).

4.2.2.2 - Cobertura vegetal

O trabalho direcionado a qualquer ecossistema, seja objetivando diretamente a

fauna, a uma sucessão ecológica ocorrente, a fitogeografia, ou se considerar qualquer

outro aspecto biológico, necessita sempre caracterizar primeiramente a fisionomia

florística da região em estudo.

A região onde se encontra localizado o empreendimento está inserida no Bioma

Caatinga, caracterizado assim, como um ecossistema semiárido, onde recobre

aproximadamente 910.000 quilômetros quadrados do solo brasileiro, aproximadamente

10% do território brasileiro, a caatinga abrange nove estados brasileiros, cobrindo a

maior parte dos estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco,

Alagoas, Sergipe, Bahia e a parte norte do estado de Minas Gerais.

O termo “Caatinga” tem sua origem no Tupi Guarani que significa “Mata

Branca), o qual tem sua origem o aspecto de feição a estação seca, período em que a

mesma perde as folhas deixando à mostra seus troncos esbranquiçados (Prado, 2003).

A vasta região semiárida situada no Nordeste do Brasil coincide, de um modo

geral, com o que se convencionou chamar de “polígono das secas”, e

fitogeograficamente é a região das “caatingas”. É impossível falar dos seus recursos

florestais sem referir a certos problemas fitogeográficos ligados à sua caracterização.

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Figura 4.39 – Localização da zona do Semiárido brasileiro

Sobre a Caatinga, muitos pesquisadores a descreveram, sendo considerados os

precursores dos estudos florísticos e fisionômicos deste tipo de ecossistema.

Contribuições valiosas trazidas para o conhecimento da flora e vegetação da caatinga

como Tricart e Ab’Saber, ao relacionarem a vegetação às condições morfoclimáticas.

O Sertão semiárido encontra-se no Bioma da Caatinga, que é o único

ecossistema exclusivamente brasileiro, e é considerada uma das 37 regiões naturais do

planeta. Isto é, a Caatinga ainda abriga pelo menos 70% de sua cobertura vegetal

original, e por isso é considerada estratégica no contexto das mudanças globais

(TABARELLI e SILVA, 2003 apud CHACON, 2007*)

A Caatinga é caracterizada como um complexo vegetacional onde os tipos de

vegetação dominantes são constituídos de arbustos e arvores , os quais são decíduos

(caem as folhas) durante o período de verão, frequentemente providos de espinhos e ou

acúleos, com grande presença de cactáceas , bromeliáceas e de plantas herbáceas. As

plantas herbáceas só vegetam ao longo dos períodos chuvosos, do mesmo modo que as

gramíneas, o que acarreta os quadros clássicos de falta de alimentos para os animais da

região. As plantas suculentas, que vão além de cactos, são também características da

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região. Em consequência dos distintos habitats deste bioma, é comum a variação das

formas de vida, levando uma mesma espécies a apresentar portes variados em função

das condições locais (Rizzini, 1997).

Segundo os autores, o clima tropical árido e semiárido ocorre normalmente

próximo aos trópicos, nas zonas de altas pressões atmosféricas. A temperatura é muita

elevada e a precipitação muito baixa e mal distribuídas.

Os solos normalmente são revestidos de um capeamento sedimentar e o subsolo é

impermeável, impedindo o armazenamento de água das chuvas. Por isso a maioria dos rios é

temporária, isto é, desaparecem na época das secas. Assim, as plantas não dispõem de água para

se manter.

De início, é necessário, notar que a definição de Martius – “Silva aestu aphylla”

– nem sempre é verdadeira, porquanto, muitas vezes, a “caatinga” não é uma floresta,

assemelhando-se mais, nesses casos, os “campos cerrados“. Há verdadeiras transições

entre a “caatinga florestal” e a “campestre” através de vastas áreas do Brasil Centro-

oriental, onde as duas regiões se limitam.

É considerada como região semiárida aquela que possibilita o desenvolvimento

de uma cobertura vegetal mais ou menos contínua, como a caatinga, savanas e estepes,

mas que não permite o cultivo de plantas anuais, como o milho, de maneira regular e

com boa produtividade, em virtude da baixa pluviosidade e de má distribuição das

chuvas.

A ocorrência de secas periódicas é a característica mais marcante das regiões

semiáridas. A cobertura vegetal destas regiões é xerófita, raquítica e caducifólia. Os

solos são caracteristicamente pobres em matéria orgânica, geralmente ricos em cálcio e

potássio e apresentam numerosas e extensas manchas salinizadas.

O Semiárido nordestino é uma região muito vasta, pobre e populosa. Sua área e

sua população são maiores do que as de muitos países. Quanto às riquezas naturais, esta

região se diferencia das outras regiões pobres do Brasil por possuir sérias limitações de

clima e de solo. Ecologicamente, é uma área muito devastada, devido à luta secular que

o homem regional enfrenta com a natureza na tentativa de sobrevivência.

O clima constitui a característica mais importante do Semiárido, principalmente

devido á ocorrência das secas estacionais.

O regime pluviométrico do Semiárido delimita duas estações bem distintas: uma

curta estação chuvosa, de três a cinco meses de duração, que ocorre no verão e outono e

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é denominada, vulgarmente, na região, de “inverno”, e uma longa estação seca, de sete a

nove meses, que ocorre no inverno e primavera e é conhecida, popularmente, no

Nordeste, com a denominação de “verão”. As chuvas são imprevisíveis, torrenciais e

irregulares, no tempo e no espaço. A precipitação média do Semiárido está em torno de

500 mm anuais, que, se não fossem irregularidade das chuvas e a baixa latitude que

favorecem a excessiva evaporação, entorno de 1.500 a 2.000 mm anuais, seriam

suficientes para o cultivo regular e alta produtividade das culturas anuais.

A caatinga apresenta características extremas quando comparada aos demais

biomas brasileiros por apresentar a mais baixa precipitação anual, as mais altas médias

anuais de temperaturas, evapotranspiração potencial e radiação solar e a mias baixa taxa

de umidade relativa.

O solos da caatinga é caracterizado por uma grande quantidade de tipos de solos,

variando de solos rasos pedregosos a solos arenosos profundos, os quais, juntamente

com a água disponível irá definir o padrão das diferentes tipologias vegetais, que vai

desde áreas com predomínio de cactáceas à caatinga de areia (Veloso ET AL, 2002). A

origem geomorfológica e geológica da região da caatinga resultou deste grande mosaico

de solos com características variadas mesmo em pequenas distâncias como relata

(Sampaio, 1995 apud Prado, 2003).

Apesar de suas condições severas, o bioma Caatinga apresenta uma

surpreendente diversidade de ambientes, proporcionados por um mosaico de tipos de

vegetação, em geral caducifólia, xerófila e, por vezes, espinhosa, variando com o

mosaico de solos e a disponibilidade de água. A vegetação considerada mais típica de

caatinga encontra-se nas depressões sertanejas: uma ao norte e outra ao sul do bioma,

separadas por uma série de serras que constituem uma barreira geográfica para diversas

espécies. Mas os diferentes tipos de caatinga estendem-se também por regiões mais

altas e de relevo variado, e incluem a caatinga arbustiva a arbórea, a mata seca e a mata

úmida, o carrasco e as formações abertas com domínio de cactáceas e bromeliáceas,

entre outros.

Segundo o Zoneamento Agroecológico da Caatinga – ZANE, Embrapa (2000) a

caatinga é formada por treze tipologias vegetais diferentes, distribuídas de acordo com a

interação entre as espécies vegetais, clima e solo. A partir do ZANE, foi possível

identificar 20 unidade de paisagem, que foram subdivididas em 172 unidades

geoambientais, sendo que a Caatinga estando presente em mais de 80% das unidades.

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Figura 4.39 – Zoneamento Agroecológico do Nordeste (ZANE) – Grandes Unidades de

paisagem e suas respectivas unidades geoambientais. Fonte: EMBRAPA (2000)

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Andrade Lima (1981) e Prado (2003) caracterizaram a caatinga em 7 (sete)

tipologias vegetais: Florestas de caatinga alta, Florestas de caatinga média, Florestas de

caatinga baixa, Caatinga arbustiva densa ou aberta, Caatinga arbustiva aberta baixa,

Floresta ciliar e Floresta de caatinga média,

UNIDADE I - Floresta de Caatinga Alta:

Unidade com características fisionômicas bastante diferentes das demais

vegetações típicas da Caatinga. Porém, o período sem folhas, bem como a composição

florística realçam o elo com o bioma. Localizada em áreas com. maior disponibilidade

hídrica, com índice xerotérmico (índice xerotérmico de GAUSSEN – nº de dias

biologicamente secos) entre 100 e 150. Corresponde às Caatingas das Superfícies

Cársticas do sul da BA e norte de MG. Também observada em parte do Planalto da

Borborema (nos estados.de PE, AL e PB) e das Superfícies Dissecadas Diversas (BA e

PB).

UNIDADE II - Floresta de Caatinga Média:

Trata-se de uma unidade bastante comum em todo o nordeste brasileiro com

grande variedade de formas. Apresenta árvores com altura de 7 a 15 m e, densidades

variáveis nas camadas arbóreas.

Esta Unidade possui índice xerotérmico variando entre 150 a 200 e ocupa as

Unidades de Paisagem da Depressão Sertaneja e parte das Superfícies Retrabalhadas, do

Planalto da Borborema, das Superfícies Dissecadas Diversas, das Superfícies Cársticas,

dos Maciços e Serras Baixas e dos Serrotes, Inselbergues e Maciços Residuais.

UNIDADE III - Floresta de Caatinga Baixa:

Restrita às áreas de solos arenosos do centro-sul de PE e norte da BA,

apresentando índice xerotérmico entre 150 e 200, correspondendo às Bacias

Sedimentares (maior parte no estado da BA), as Dunas Continentais (também na BA),

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parte das Chapadas Altas (CE, PE, PI, RN e PB) e das Chapadas Intermediárias (PI, CE

e BA).

UNIDADE IV - Caatinga Arbustiva Densa ou Aberta:

Trata-se do tipo de vegetação mais disseminado atualmente, além de ter sofrido

grande influência antrópica, localiza-se em zonas de menor precipitação do bioma.

Abrange as Unidades de Paisagem de ocorrência da UNIDADE II e apresenta índice

xerotérmico variando entre 150 a 300.

UNIDADE V - Caatinga Arbustiva Aberta Baixa:

Ocorre de forma dispersa na Depressão Sertaneja, em solos rasos, arenosos ou

ricos em cascalhos, requerendo uma combinação de baixa precipitação, longo período

de seca. A altura da comunidade em torno de 0,7 a 1 m, a ocorrência deste tipo de

vegetação pode ser devido ao pastejo de animais.

UNIDADE VI - Floresta Ciliar:

Com fisionornia dominada pela palmeira Copernicia prunifera (carnaúba),

ocorre ao longo dos cursos d'água principalmente nos estados de PI, CE e RN em áreas

com solos aluviais e índices xerotérmicos entre 150 e 200 não ocupando uma Unidade

de Paisagem única, entretanto, parte das Grandes Áreas Aluviais do CE), aos vales dos

Tabuleiros Costeiros do (CE, PI e RN) e parte da Depressão Sertaneja (PI) encontra-se

presente.

UNIDADE VII - Floresta de Caatinga Média:

Trata-se de um novo componente, sugerido por Prado (2003), à classificação de

Andrade Lima (1981), apresentando um conjunto distinto de espécies restrito a esse tipo

de vegetação. Nessa unidade, às vezes dominam outras espécies tais como

Myracodruon urundeuva (aroeira), Anadenanthera colubrina (angico branco),

Aspidosperma pyrifolium (pereiro) compartilhando o dossel com Auxemma oncocalyx

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(Pau branco).

Numa proposta de divisão da Caatinga, Velloso et al., (2002) dividiram o bioma

em oito ecorregiões, com características ambientais similares, dentre as quais se inclui

os tipos de solos, conforme demonstrado a seguir.

Complexo de Campo Maior: Os solos presentes nessa ecorregião são

sedimentares da Formação Longá, com problemas de drenagem. Predominam os

plintossolos; solos rasos, providos de baixa, fertilidade natural e caracterizados pela

acidez e má drenagem.

Complexo Ibiapaba-Araripe:.Sobre as chapadas estão presentes solos mais

profundos, principalmente latossolos, com fertilidade baixa. Na cuesta, são encontrados

também solos profundos, arenosos, entretanto, mais férteis.

Depressão Sertaneja Setentrional: Os solos nas planícies baixas são rasos,

pedregosos, de origem cristalina e de fertilidade média a baixa. Destacam-se os

luvissolos, argissolos, neossolos e planossolos. Na Chapada do Apodi, encontram-se

solos mais profundos que o restante da ecorregião, calcários e mais planos, com

predominância dos cambissolos e latossolos eutróficos. É nessa ecorregião que se

encontra implantado o empreendimento em estudo. No Seridó, encontram-se os

luvissolos, planossolos e argissolos, além dos neossolos das elevações residuais. No

Cariri Paraibano, predominam os luvissolos, sendo comum encontrar neossolos.

Planalto da Borborema: Nos maciços graruticos de relevo movimentado

predominam os neossolos e argissolos. Nos patamares mais suaves, áreas mais baixas e

fundo de vales ocorrem os planossolos e neossolos.

Depressão Sertaneja Meridional: Possui solos profundos, como os latossolos

predominando nas partes oeste e sul. Ao norte, predominam os argissolos, neossolos e

luvissolos. Na região entre a Chapada Diamantina e o Raso da Catarina, predominam os

planossolos. Nas áreas retrabalhadas a leste da Chapada Diamantina predominam os

argissolos.

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Dunas de São Francisco: Trata-se de uma ecorregião formada por depósitos

eólicos podendo ultrapassar 100 m de altura. Nesta, estão presentes os neossolos, com

fertilidade muito baixa.

Complexo da Chapada Diamantina: Nos maciços e serras altas, predominam

os neossolos e grandes afloramentos de rochas. Nos topos planos, os latossolos. Na

parte leste, predominam os argissolos e latossolos.

Raso da Catarina: A parte oeste desta ecorregião se caracteriza por ser uma

bacia com predominância de solos muito arenosos, profundos e pouco férteis e relevo

muito plano. Na parte sul, há predominância de neossolos e latossolos. Na parte norte,

predominam os neossolos.

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Figura 4.40 – Divisão da Caatinga em Ecorregiões. Fonte Velloso (2002)

Conforme figura acima, a área de influência do empreendimento em estudo se

encontra situado na Depressão Sertaneja Setentrional, a principal característica desta

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ecorregião é a irregularidade no sistema pluviométrico, de alta deficiência hídrica na

maior parte do ano. Na chapada do Apodi, esta irregularidade hídrica e menos

acentuada devido os solos reterem mais umidade. De um mudo geral o regime de

precipitação é muito concentrado, podendo o período de seca chegar até 10 meses.

Com relação a tipologia da vegetação, predomina a caatinga arbustiva a

arbórea, sobre solos de origem cristalina. Existem áreas remanescentes de caatinga

arbórea nas encostas e serras baixas, embora muito degradadas. Os vales continham

originalmente caatinga arbórea, e ainda hoje encontram-se remanescentes de vegetação

ciliares (como por exemplo, os carnaubais do Rio Grande do Norte e Ceará).

Possui elementos da flora que são diferentes da Depressão Meridional. Além

destes, a Depressão Setentrional contém duas áreas diferenciadas com extremos

climáticos que condicionam uma vegetação pobre, de porte mais baixo (Seridó e Cariris

Velhos). O Seridó apresenta uma vegetação mais aberta, com grandes extensões de

herbáceas, e o Cariri condiciona uma caatinga nanificada. (Velloso et al, 2002).

4.2.2.3 – Padrões de Vegetação nos Estados do Rio Grande do Norte e Ceará

Apesar de amplamente devastada, a vegetação natural nos Estados do Rio

Grande do Norte e Ceará, continuam sendo um dos elementos de natureza mais

marcante da paisagem geográfica. A destruição das florestas nativas é uma prática

sistemática, com a finalidade de transformar as áreas de florestas em áreas de cultivo,

principalmente a agricultura e pastagens para bovinocultura.

4.2.2.3.1 – Mata de Caatinga

No Rio Grande do Norte e Ceará a caatinga se estende por mais 75% da área de

seus territórios, ocupando toda a região semiárida desses dois Estados, são formações

vegetais lenhosas de porte baixo ou médio, formada por plantas xerófilas, ou seja,

adaptadas a lugares secos, também são caducifólias, pois perdem as folhas para diminuir

a transpiração e evitar assim, a perda de água armazenada, produzindo uma paisagem

seca e semi desértica.

A caatinga apresenta características peculiares de resistência a falta d´água,

como a redução da massa foliar, cutículas cerosas nas folhas, transformação das folhas

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em espinhos com a queda das folhas no período seco. É muito comum a presença de

espécies xerófilas ou cactáceas como mandacaru, o xique-xique, o facheiro, e a

palmatória braba, que se caracterizam pela ausência de folhas e por serem suculentas,

possuindo órgãos subterrâneos de reserva de água para o período de estiagem, ou como

se diz no sertão, para o período da seca.

A vegetação da caatinga varia em porte, densidade, composição de espécies

vegetais e variação climática. Assim a caatinga divide-se em caatinga hipoxerófila que é

menos seca, mais densa e de porte arbóreo e arbóreo-arbustivo. A caatinga hiperxerófila

é mais seca, menos densa, predominantemente de porte arbustivo, ou arbóreo arbustivo

ao até mesmo arbóreo.

As espécies mais encontradas na caatinga são: Xymenia americana (ameixa),

Anadenanthera macrocarpa (angico), Astronium urundeuva (aroeira), Schinopsis

brasiliensis (brauna), Maytenus rigida (bom-nome), Caesalpinia pyramidalis

(catingueira), Cassia sp (canafistula), Piptadenia moniliformes (catanduva), Melocactus

depressus (coroa-de-frade), Neoglaziovia variegata (caroá), Amburana cearensis

(cumaru), Bombax sp. (embiratanha), Mimosa sp (espinheiro), Cereus squamosus

(facheiro), Jatropha phyllacantha (faveleira), Bursera leptophloeos (imburana),

Zizyphus joazeiro (juazeiro), Pithecolobium dumosum (jurema branca), Mimosa

acutistipula (jurema preta), Caesalpinia ferrea (pau ferro/jucá), Manihot glaziovii

(maniçoba), Cereus jamacaru (mandacaru), Croton hemiargyreus (marmeleiro),

Bromelia laciniosa (mancambira), Bauhinia forficata (mororó), Combretum leprosum

(mufumbo), Opuntia monacantha (palmatória), Aspidosperma pyrifolium (pereiro),

Jatropha ribifolia (pinhão brabo), Bumelia sertorum (quixabeira), Mimosa

caesalpiniaefolia (sabiá), Spondia tuberosa (imbuzeiro), Jatropha urens (urtiga),

Pilocereus gounellei (xique-xique) etc.

Entre as espécies mais comumus da caatinga temos: o Anadenanthera

macrocarpa (angico), Astronium urundeuva (arroreira), Ceiba petandra (barriguda),

Schinopsis brasiliensis (braúna), Tabebuia caraiba (craibeira), Caesalpinia pyramidalis

(catingueira), Piptadenia moniliformes (catanduva), Amburana cearensis (cumaru),

faveleira, Pithecolobium dumosum (jurema branca), Mimosa acutistipula (jurema preta),

Croton hemiargyreus (marmeleiro), Combretum leprosum (mofumbo), Aspidosperma

pyrifolium (pereiro), Spondia tuberosa (imbuzeiro), Croton campestris (velame) etc.

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285

4.2.2.4 -- Ecossistemas Regionais do Entorno do Empreendimento

Os dados que compuseram este estudo tiveram como meta fazer um

levantamento do meio biótico local de maneira a contribuir com o aumento do

conhecimento científico da região, de modo que o diagnóstico realizado possibilite o

melhor gerenciamento dos recursos naturais de forma equilibrada. Neste sentido, a

complexa relação intra e interespecífica do empreendimento que se situa nas

proximidades da zona litorânea dos dois Estados apontam para necessidade da

realização de estudos sobre a dinâmica dos ecossistemas existentes.

A zona litorânea do RN e CE é composta por algumas unidades bioecológicas

como vegetação pioneira psamófita, vegetação subperenifofia de dunas, vegetação de

tabuleiro pré-litorâneo, manguezal e vegetação de planície fluvial, as quais se destacam

pela importância dos recursos florestais e faunísticos existentes na Área de Influência

para qualidade de vida do homem. Neste sentido, segue a descrição dos principais

domínios observados na região.

4.2.2.4.1 - Vegetação de Caatinga da Região

A região encontra-se totalmente inserida no Bioma Caatinga, apresenta-se com

coberta com vegetação predominante de caatinga hiperxerófila. Sua fisionomia é

iteressante, pois durante o período de seca (julho a dezembro) apresenta estar totalmente

morta, mas ao primeiros sinais de chuva torna-se exuberante. Esta vegetação é composta

de espécies xerófilas e na sua maioria, caducifólias, de porte pequeno, com

estratificação arbustiva arbórea, espinhenta e, por ocasião das chuvas, apresenta um

estrato herbáceo bastante desenvolvido.

Na região e na área do empreendimento predomina a caatinga arbustiva arbórea

densa, apresenta porte médio entre 3 a 5 m de altura, com árvores em concentrações

significativas e presença de sub bosque.

Nos locais onde os solos são rasos predomina a caatinga arbustiva arbórea rala,

apresenta um porte médio de até 3 m de altura, com baixa frequência de bosques.

Neste tipo de bosque há uma grande presença de capim panasco (Aristida

adscensionis), capim mimoso (Anthephora hermaphrodita) e plantas forrageiras que

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aparecem no período chuvoso e logo desaparecem no período seco, associados com

espécies como jurema preto (Mimosa tenuiflora), pinhão bravo (Jatroph pliana),

pereiro, (Aspidosperma pirifolium), xique xique (Cereus Gounelli), Faveleira

(Cnidosculos Phyllacanthus), malva rasteira (Pavonina cancellata), angico

(Anadenanthera macrocarpa), marmeleiro(Croton hemiargyreus), pau branco (Auxema

onconcalyx), e mata pasto (Cassia uniflora) entre outras.

Na situação atual, esta vegetação vem sofrendo fortes impactos antrópicos ao

longo do tempo, sendo destruída em queimadas para dar lugar as áreas de plantações ou

pastagens, bem como no aproveitamento da madeira para construção civil e fins

energético lenha e carvão que atende as várias industrias da região como cerâmicas,

olarias, caeiras padarias e outra industrias. Este importante bioma, que tem provido

grande carga da energia necessária às atividades produtivas dos Estados e a subsistência

das populações locais se torna impressindível a sua conservação.

4.2.2.4.2 - Vegetação Poneira Psamófila

Nas região próximo ao empreendimento mais próximo ao litoral é comum

encontrat um outro padrão de vegetação que se diferencia da vegetação de caatinga

arbustiva ou arbustiva arbórea. Este tipo de vegetação pioneira psamófila ocorre nos

trechos da planície de deflação acompanhando a linha de costa, de forma que se

encontra em ambiente submetido à alta salinidade e solos ácidos, sendo denominadas de

psamófila-halófitas justamente por toleram condições adversas como solos arenosos e

ácidos, ventos fortes e alta concentração de sais.

Nesta zona, a variedade e densidade das espécies vegetais variam bastante,

principalmente, devido às atividades antrópicas existentes no local, contudo, apresenta

uma sucessão primária que se inicia com o estabelecimento das pioneiras do tipo

Ipomoea pes-caprea (salsa-da-praia), Remiria maritima (pinheirinho) e Blutaparon

portulacoides (bredo-da-praia), iniciando logo acima da linha de maré e se estendendo

até a base das dunas estabilizadas, ocupando uma faixa de largura variável. Vale

salientar que a dificuldade desta vegetação alcança um clímax se deve, sobretudo, à

constante movimentação de areia pelos ventos e dinâmicas das marés, desta maneira,

não permitindo o estabelecimento de processos pedogenéticos.

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Como espécies mais representativas desta unidade bioecológica, destacam-se:

Ipomoea pes-caprae (salsa), Hybanthus ipecacuanha (ipecacuanha), Iresine

portulacoides (bredinho ou pirrixiu), Paspalum vaginatum (capim-de-praia), Paspalum

maritimum (capim-gengibre) e Remirea marítima (pinheirinho-da-praia).

A fauna que ocorre na região é composta principalmente por aves marinhas e

comuns para zonas de tabuleiro pré-litorâneo, as quais se alimentam basicamente de

pequenos insetos, frutos, répteis e artrópodes. Todavia, vale salientar que a fauna desta

zona também está bem representada pelos artrópodes, répteis e moluscos.

A avifauna deste ecossitema tem hábitos terrícolas e são consumidoras de

sementes, insetos e vermes, dentre os representantes destacam-se: Vanellus chilensis

(teteu), Pluvialis squatarola (tarambola-pintada), Pluvialis dominica (tarambola),

Charadrius semipalmatus (maçarico), Charadrius collaris (maçarico-de-colar),

Arenaria interpres (maçarico), Tringa solitaria (maçarico), Tringa flavipes (maçarico),

Tringa melanoleuca (maçaricão), Actitis macularia (maçariquinho), Calidris canutus

(maçarico-de-peito-marrom), Calidris pusilla (maçariquinho), Calidris alba (maçarico-

de-areia), Bartramia longicauda (maçarico-do-campo), Gallinago gallinago (narceja-

pequena), Gallinago undulata (narceja), Sterna hirundo (trinta-réis), Sterna

superficiliaris (trinta-réis), Anous stolidus (andorinha-do-mar) etc.

4.2.2.4.3 - Vegetação Subperenifofia de Dunas

A vegetação subperenifólia de dunas em muitos locais da zona litorânea Ceará e

Rio Grande do Norte se encontra degradada devido à retirada de muitas espécies,

restando ainda alguns vestígios e trechos relativamente conservados. Os sinais destes

impactos são evidenciados devido a perda de recursos naturais, importantes para a

conservação da biodiversidade local, bem como uma relativa descaracterização

paisagística causadas pelos moradores do entorno.

Os desmatamentos causam o avanço de sedimentos, intensificação na lixiviação

dos solos, redução do aquífero subsuperficial e perda da qualidade paisagística. Porém,

a caça predatória também tem contribuído para a redução da fauna local. Além disso,

vale salientar que a criação de animais domésticos de forma extensiva, principalmente

caprinos e ouvinos, também tem causando sérios danos à vegetação pioneira e ao

equilíbio deste ecossistema.

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No entanto, observa-se que em alguns locais ainda ocorrem significativos

vestígios de vegetação de dunas, as quais são responsáveis por promover a retenção dos

sedimentos e, conseqüêntemente, a fixação das dunas, conservação do relevo e dos

recursos hídricos subsuperficiais. Nestes pontos há o predomínio de espécies de porte

arbóreo e arbustivo, dentre as quais se destacam o Anacardium occidentale (Cajueiro) e

Byrsonima crassifolia (Murici).

Nesta unidade bioecológica, ocorrem muitas espécies pertecentes à avifauna

local, as quais utilizam este ambiente como parte do nicho ecológico. Dentre as aves

levantadas, destacam-se: Mimus gilvus (sabiá-da-paria), Gnorimopsar chopi (graúna),

Icterus icterus (currupião), Coccyzus melacoryphus (papa-lagarta), Columbina picui

(rolinha-branca), Columbina sp (rolinha-cascavel) Buteo magnirostris (gavião-ripino),

Vanellus chilensis (tetéu), Anthus lutescens (tiziu-da-praia), Glaucidium brasilianum

(caboré) e Caracara plancus (carcará).

Dentre os principais representantes da mastofauna local apontados pelos

moradores da região, destaca-se: Felis tigrina (gato-do-mato), Cerdocyon thous

(raposa), Procyon cancrivorus (guaxinim), Didelphis albiventris

(gambá/Caçaco/Timbu), Euphractus sexcinctus (tatu-peba) e Cavia aperea (preá).

A herpetofauna nesta zona está representada, principalmente, por indivíduos

como a Iguana iguana (camaleão), Ameiva ameiva (tejubinha), Tupinambis merianae

(teju), além de algunsofídios como a Philodryas olfersii (cobra-verde), Oxybelis aeneus

(cobra-de-cipó-marrom), Micrurus ibiboboca (cobra-coral), Oxiyrhopus

trigeminus(falsa-coral), Liophis poecylogirus (cobra-de-tabuleiro) e Wagleropsis

merremi (goipeba).

4.2.2.4.4 - Vegetação De Tabuleiro Pré-Litorâneo

A vegetação que cobre o Tabuleiro litorâneo é composta por um complexo

florístico bem caracterizado, com espécies da Caatinga, Mata Seca, Cerrado ou

Cerradão, distribuído nos terraços arenosos litorâneos, planos ou levemente ondulado,

por trás das dunas, marcado pela paisagem formada sobre o areal justapraiano e comum

na região Norte e Nordeste brasileira. Essa vegetação está correlacionada com os

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depósitos terciários (Plio-Pleistoceno), conhecido como Formação Barreiras, e recoberto

por areias quaternárias (SOUZA, 1997; FERNANDES,1998).

Para Brandão (1995), os Tabuleiros ocorrem na zona litorânea, mais

precisamente sobre a faixa de domínio da Formação Barreiras, e apresentam

diferenciações na percolação da água subterrânea em função das variações

granulométricas existentes (fácies arenosa e argilosa), o que determina o tipo de

cobertura vegetal presente. Estas áreas também são revestidas por duas unidades

ecológicas distintas: a Floresta de Tabuleiro, dominante na fácie argilosa, e uma

associação da caatinga/cerrado, dominante na face arenosa.

Segundo Araújo et al. (1995) e Fernandes (1996), os esforços vêm se

concentrando nas áreas de vegetação de Caatinga em função de sua representatividade

nesse Bioma, tratando as outras formações ou enclaves florísticos, como as Matas

Úmidas e Matas de Tabuleiro, com menos atenção. Todavia, baseado no crescente

número de publicações e surgimento de unidades de conservação (UC’s) nestas zonas

ou adjacentes a estas, verifica-se uma gradativa valorização dessas outras formações por

parte da sociedade.

A vegetação de Tabuleiro litorâneo se caracteriza por apresentar certa densidade,

indivíduos com porte médio de 6 metros e cujas folhas caem em mais de 50% nos

períodos de estiagem. No entanto, esse conjunto vegetacional não se apresenta

homogêneo, dividindo-se em duas feições distintas, vegetação subperenifólia e

vegetação caducifólia (ARAÚJO, 2002)

De acordo com Fernandes (1998), podem ser detectadas no litoral Ceará e do

Rio Grande do Norte algumas manchas com bons representantes das florestas costeiras

com espécies atingindo alturas de 5 a 8 metros, conhecidas como florestas estacionais

esclerofilas de tabuleiro, das quais, destacam-se: Hymenaea courbaril (jatobá),

Copaifera langsdorffii (copaíba), Andira retusa (angelim), Chlorophora tinctoria

(amora silvestre), Vatairea macrocarpa (amargoso) etc.

Além disso, muitas vezes podem ocorrer manchas de Cerrado ou representantes

dessa formação vegetacional na zona de Mata de Tabuleiro, ou mesmo comunidades

florestais semidecíduas, com acentuada esclerofilia de seus componentes e alcançando

de 3 a 5 metros de altura, normalmente deixando espaços entre seus componentes

florísticos, das quais, destacam-se: Strychnos parvifolia (carrasco-preto), Vatairea

macrocarpa (angelim-do-cerrado), Andira retusa (angelim), Coccoloba latifólia

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(cocoloba), Randia spinosa (guazuticurú), Zanthoxylum syncarpum (limãozinho),

Simarouba versicolor (mata-cachorro/mata-vaqueiro), Bauhinia ungulata (mororó),

Chamaecrista ensiformis (pau-ferro-da-praia/coração-de-nego), Caesalpinia bracteosa

(catingueira), Mouriri guianensis (puçá), Mouriri cearensis (mandapuçá) etc

(FERNANDES, 1998).

Na zona litorânea compreendida entre os Estados de Pernambuco e Piauí, ou

mesmo parte do Maranhão Oriental, ocorrem espécies, por vezes, lenhosas, das quais

podem ser citadas: Curatella americana (lixeira/sambaíba), Qualea grandiflora (pau-

terra), Qualeaparviflora (pau-terrinha), Himatanthus drasticus (janaúba), Andira

laurifólia (angelim), Andiraretusa (angelim), Plathymenia reticulata (vinhatico),

Hancornia speciosa (mangabeira), Hirtella americana (ajuru), Hirtella racemosa

(azeitona-do-mato), Anacardium microcarpum (caju-do-campo), Salvertia

convallariodora (folha-larga), Lippia fruticosa, Hymenaea martiana (jatobá-da-mata),

Jacaranda brasiliana (caroba), Parkia platycephala (visgueiro), Dimorphandra

gardneriana (faveiro), Ouratea fieldingiana (batiputá), Simarouba versicolor (mata-

cachorro), Copaifera langsdorfii (copaíba/pau-d'óleo), Simaba maiana (casar), Anonna

coriacea (araticum), Tabebuia caraiba (ipê-amarelo-do-cerrado), Stryphonodendron

coriaceum (barbatimão), Byrsonima crassifolia (murici), Byrsonima. sericea (murici)

etc.

Verifica-se nesta unidade boiecológica a existência de uma maior diversidade de

espécies que compõem a avifauna, onde seus representantes nidificam e buscam

alimento entre as ramagens, nas copas dos vegetais e também no solo. Dentre as

espécies de ave, destacam-se: Mimus saturninus (sabiá-do-campo), Gnorimopsar chopi

(graúna), Thamnophilus doliatus (choró), Icterus icterus (currupião), Coccyzus

melacoryphus (papa-lagarta), Columbina picui (rolinha-branca), Columbina talpacoti

(rolinha caldo-de-feijão), Columbina diminuta (rolinha-cabocla), Melanotrochilus

fuscus (beija-flor), Empidonax euleri (papa-mosca), Camptostoma obsoletum (papa-

mosquito), Buteo magnirostris (gavião-ripino), Aratinga cactorum (periquito),

Glaucidium brasilianum (caboré), Piculus chrysochloros (pica-pau-verde) e Paroaria

dominicana (campina / galo-campina).

Quanto aos principais representantes da mastofauna, destaca-se: Callithrix

jacchus (soim), Felis tigrina (gato-do-mato), Cerdocyon thous (raposa), Procyon

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cancrivorus (guaxinim), Didelphis albiventris (gambá/Caçaco/Timbu), Euphractus

sexcinctus (tatu-peba), Cavia aperea (preá) e Oligoryzomys stramineus (rato-do-mato).

Além disso, baseado no levantamento realizado através de observações e relatos

dos moradores da região, a herpetofauna encontra-se representada, principalmente, pela

Iguana iguana (camaleão), Cnemidophorus ocellifer (tejubina), Ameiva ameiva

(tejubinha), Tupinambis merianae (teju), Tropidurus torquatus (calango), etc., tendo-se

entre os ofídios: Philodryas olfersii (cobra-verde), Oxybelis aeneus (cobra-de-cipó-

marrom), Micrurus ibiboboca (cobra-coral), Oxiyrhopus trigeminus (falsa-coral) e

Corallus enydrys (cobra-de-veado).

4.2.2.4.5 - Manguezal

As zonas estuarinas são pontos de comunicação dos rios e oceano, onde ocorrem

intrusões marinhas, podendo até se estender além do limite da influência da maré, além

de serem consideradas como zona importante para manutenção e reprodução de muitas

espécies marinhas e dulcícolas, principalmente as comunidades eurihalinas.

A vegetação de mangue está sujeito ao regime das marés, dominado por espécies

vegetais típicas, às quais se associam a outros componentes vegetais e animais. Mas a

riqueza biológica dos ecossistemas costeiros faz com que essas áreas sejam

consideradas grandes "berçários" naturais para inúmeras espécies de peixes, crustáceos,

moluscos e aves devido a sua alta produtividade dos primeiros níveis tróficos, bem

como a grande disponibilidade de alimentos e recursos naturais (GERCO/PE, 2003).

Este ecossistema tão particular desempenha papel importante na estabilidade da

geomorfologia, na conservação da biodiversidade e na manutenção de amplos recursos

pesqueiros das populações humanas ribeirinhas e costeiras, sendo também uma fonte de

proteína animal com alto valor nutricional (MARITNS et al., 2003).

A mastofauna, avifauna e herpetofauna associadas ao ecossistema de mangue

também estão representadas por um grande número de espécies, as quais utilizam esse

ambiente de grande fluxo energético para manuteção de suas atividades biológicas.

Assim, dentre as aves comuns para essa unidade bioecológica.

Os manguezais são ecossistemas bastante singulares e as especulações

imobiliárias, juntamente com outros empreendimentos industriais, superam a

capacidade de suporte de impactos ambientais destes ambientes, bem como sua

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capacidade de recuperação, quando comparado ao avanço das atividade antrópicas.

Entretanto, mesmo sendo considerados como Áreas de Preservação Permanente (APP),

de acordo com o Código Florestal - Lei N°. 4.771, de 15 de setembro de 1965 e a

Resolução CONAMA N° 303, de 20 de março de 2002, esses fragmentos florestais

ainda sofrem impactos resultantes destas atividades.

Vale ressaltar que na região próximo ao entorno do empreendimento a presença

de manguezais são pouco significativos.

4.2.2.4.6 - Salgado

As áreas estuarinas são ambientes muito frágeis e vulneráveis devido às pressões

antrópicas, causando diversos desequilíbrios na sua dinâmica natural. Nas regiões

intertropicais, existe um ecossistema particular conhecido manguezal, ou seja, uma zona

costeira de transição entre os ambientes terrestre e marinho sendo característico de

regiões tropicais e subtropicais. Contudo, vale destacar que o ecossistema manguezal

não se restringe apenas à cobertura vegetal, mas também inclui parte da planície

fluviomarinha, salgado e apicum.

Dentre as espécies observadas neste ponto a Ipomoea pes-caprae (salsa), Iresine

portulacoides (bredinho), Sesuvium portulacastrum (beldroega-da-praia), Portulaca

oleracea L. (beldroega), Blutaparon portulacoides (bredo-da-praia), Paspalium

vaginatum (capim-de-praia), Remirea marítima (pinheirinho-da-praia), Conocarpus

erectus L. (mangue-de-botão).

4.2.2.4.7 - Vegetação de Planície Fluvial

As planícies fluviais são regiões que apresentam solos bem drenados, zonas

alagáveis durante os períodos chuvosos, possuem solos relativamente férteis,

favorecendo o desenvolvimento de uma cobertura vegetal com fisionomia de mata de

ciliar, dominada por carnaúbas, que contrasta na maioria das vezes com a vegetação

caducifólia ou subcaducifólia de baixo porte e pouco adensada dos interflúvios

sertanejos.

Dentre as espécies que ocorrem nestas zonas, verifica-se uma predominância de

Copernicia prunifera (carnaúba), que em geral ocorre associada a outras espécies

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arbóreas como Zizyphus joazeiro (juazeiro), Amburana cearensis (cumaru), Licania

rigida (oiticica), Thiloa glaucocarpa (sipaúba), Lonchocarpus sericeus (ingá-bravo),

Erythrina velutina (mulungu), Luetzelburgia auriculata (pau-mocó), Ximenia

americana (ameixa) e Conocarpus erectus L. (mangue-de-botão).

Na região se destacam duas planícies fluviais, a do vale do Jaguaribe no Ceará

que se estende ao longo do rio Jaguaribe e pelo lado do Rio Grande do Norte a planície

do rio Apodi Mossoró. Estes dois rios são de alto significado econômico e social para

as populações que se estabeleceram ao longo de seus cursos.

4.2.2.5 - Ecossistema Local

O empreendimento encontra se localizado na zona litorânea dos estados do

Ceará e Rio Grande do Norte, que inclui, principalmente, a formação vegetal de

Tabuleiro Pré-litorâneo, sendo observada a presença de uma vegetação herbácea e

arbustivo-arbórea sob influência direta de atividades antrópicas. Tais componentes

arbóreos são remanescentes de uma estrutura vegetacional florestal, matas

escleromórficas e matas secas estacionais litorâneas.

As atividades antrópicas nesta zona vêm afetando diretamente sobre a

composição florística local, considerada pouco complexa em função do histórico do uso

da terra. Além disso, o porte arbustivo de boa parte das propriedades também é outro

fator indicativo referente à intensa exploração econômica da terra para o plantio de

culturas de interesse econômico. No caso específico do empreendimento de vido ao

potencial de cobertura da vegetação local ser bem representativo, este efeito sobre a

flora local ainda não se faz presente, visto que quase 63% das terras ocupadas pelo

empreendimento (3.714) hectares são resguardados por vegetação natural de caatinga

arbustiva arbórea.

4.2.2.5.1 - Vegetação Antrópica

Considera-se como vegetação antrópica aquela constituída por espécies

frutíferas de importância paisagística e comercial, normalmente plantadas em

propriedades como sítios, fazendas e até mesmo quintas das residências.

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A vegetação antrópica observada na propriedade constitui-se, principalmente,

pela Cucumis melo L. (melão) devido o histórico da exploração da terra. Esta espécie é

uma das principais culturas produzidas na propriedade devido sua adaptação aos solos

da região. Além desta, foram identificadas na mesma propriedade outras espécies

antrópicas, porém, sem fins comerciais como: Asparagus officinalis (aspargo), psidium

guajava (goiabeira), Zea mays (milho), Cucurbita pepo (jerimum), citrullus lanatus

(melancia) e a Mangifera indica (mangueira).

Na zona litorânea nordestina, assim como no interior do nordestino, outras

culturas antrópicas também possuem grande relevância, principalmente para as famílias

de baixa renda, pois influem diretamente no sustendo das mesmas. Normalmente estas

culturas são plantadas no fim da estação chuvosa para o aproveitamento da

disponibilidade de água no solo a fim de garantir alimento para boa parte do ano.

4.2.2.6 - Biocenose

O conceito de "biocenose" (do grego bios, vida, e koinos, comum, público) foi

criado pelo zoólogo alemão K.A. Möbius, em 1877, para ressaltar a relação de vida em

comum dos seres que habitam determinada região, ou seja, estuda o equilíbrio ecológico

entre as comunidades que vivem em um mesmo local.

As condições ambientais encontradas na área visitada revelam atributos naturais

necessários para manutenção de muitas espécies devido à existência de uma área de

cobertura vegetal nativa significativa, que oferece abrigo e alimento para a fauna, bem

como a existência de recursos hídricos.

4.2.2.7 - Possibilidade de Conectividade com Unidades de Conservação (UC’s)

O empreendimento está situado nos municípios de Aracati, Icapuí no Ceará e Tibau no

Rio Grande do Norte, sob influência do Complexo Vegetacional da Zona Litorânea. A cobertura

vegetal local é composta pela vegetação de caatinga inserida no complexo dos Tabuleiros Pré-

Litorâneos do CE e RN em estágio intermediário de regeneração e abriga uma relevante

biodiversidade. Além disso, as áreas não estão diretamente ligadas ou localizadas em áreas

adjacentes a qualquer Unidade de Conservação (UC). No entanto, as UC’s mais próximas dos

imóveis que compreendem o empreendimento são a APA da Praia de Canoa Quebrada (4 mil

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hectares), Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) de Estevão (200 hectares), APA de

Ponta Grossa (558,67 hectares) e APA do Manguezal da Barra Grande (1.260,31 hectares),

estando as duas primeiras localizadas no município de Aracati – CE e as duas últimas no

município de Icapuí – CE. Do lado do Rio Grande do Norte não há nenhuma unidade de

conservação.

Baseado na localização dos imóveis, os mesmos não tem influência direta sobre as áreas

de amortecimento de 10 km das respectivas áreas de conservação, como previsto pela Resolução

CONAMA Nº 13/90, de 6 de Dezembro de 1990, em função das distâncias para cada uma delas,

ou seja, a primeira e a segunda UC’s distando aproximadamente 50 km, enquanto a terceira a

aproximadamente 25 km e a quarta a 15 km. Mesmo assim, vale destacar a importância da

conservação da área do entorno do Empreendimento para manutenção do ecossistema regional,

bem como o fluxo gênico da biodiversidade.

4.2.2.8 – Objetivos do Inventário Florestal

A caatinga apresenta uma diversidade de fisionomias e um quadro geral de

degradação, sendo importantes os estudos fitossociologicos para a caracterização da

vegetação nas diferentes fácies. Este trabalho teve como objetivo realizar um estudo

fitossociológico do componente arbustivo árboreo com o intuito de caracterizar a

composição florística e a estrutura da caatinga com fitofisionomia relativamente

homogênea nas fazendas pertencentes a Agrícola Famosa.

4.2.2.9 - Aspectos Técnicos, Princípios e Critérios, Inventário Florestal, Cubagem e

Fitossociolgia

Os principais objetivos dos inventários florestais são avaliar a cobertura

florestal; caracterizar os tipos florestais; determinar a composição florística das

espécies; determinar estimativas de volume com controle de precisão, por espécie,

classe de diâmetro, tipo florestal, qualidade do tronco, comprimento de tora, classe e

utilização comercial, por unidade de área, total etc.

Antes de se realizar o Inventário Florestal, foi feito o Mapeamento do Uso e

Ocupação do Solo do imóvel para qualificar e quantificar as unidades geoambientais

existentes, bem como, saber os quantitativos das áreas dos imóveis estão aptas ao uso e

ocupação do solo.

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Através do mapeamento foi possível qualificar e quantificar os acessos

(estradas) que cortam os imóveis, as áreas com vegetação, áreas de produção agrícola e

de produção de mudas, as áreas antropizadas, áreas administrativas, áreas industrias,

jazidas, área de mata – vegetação arbustiva arbórea, quebra ventos, áreas de Preservação

Permanente – APP e Reserva Legal conforme figura abaixo.

Figura 4.41 – Figura do Uso e Ocupação do solo da Agrícola Famosa Ltda.

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4.2.2.10 – Vegetação do empreendimento

A cobertura vegetal característica dos imóveis é do tipo “caatinga hiperxerófila”,

isto é decorrente do caráter xerófilo menos acentuado de porte arbustivo arbóreo ou

arbóreo e mais denso quando relacionado com a caatinga hiperxerófila e de tabuleiro.

Tomando como base o estudo de Avaliação do Estoque Lenheiro no Estado do

Rio Grande do Norte; Primeira Etapa, Estratificação e Mapeamento da Vegetação

Nativa Lenhosa através de Composições Coloridas, do Satélite TM LANDSAT 5,

realizado pelo Projeto PNUD/FAO/IBAMA/BRA-87-007, (1992). Classificou o estrato

da vegetação de onde se encontra as fazendas da Agrícola Famosa, como sendo do Tipo

3, ou seja, vegetação arbustiva arbórea fechada, caracterizada por possuir um porte

médio de 3 a 4 m de altura, com presença de sub-bosque. Entre as espécies mais comuns

encontradas na área tem-se: Angélica (Angelica guetarda) Catingueira (Caesalpinia

pyramidalis), Catanduva (Piptadenia meniliformes), Imburana (Busera leptophloeos),

João Mole (Pisonia tomentosa), Jurema Branca (Pithecolobium dumosum), Jurema

Preta (Mimosa tenuiflora), Marmeleiro (Cróton hemiargyreus), Mofumbo (Cobretum

leprosum), Mororó (Bauhinia forficata), Pereiro (Aspidosperma dasycarpon).

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Figura 4.42 – Aspecto da vegetação da área

Segundo o inventário florestal realizado pelo projeto

PNUD/FAO/IBAMA/BRA-87-007, (1994). Em nível da microrregião Assu/Apodi, os

resultados para o estoque florestal desta tipologia apresentam as seguintes informações:

Densidade: 8.620 árvores /ha

Área basal na base: 11,23 m²/ha

Área basal no peito: 8,99 m²/ha

Volume cilíndrico na base: 48,46 m³/ha

Volume cilíndrico no peito: 39,31 m³/ha

Peso verde: 72,72 ton/ha

Peso seco: 46,80 ton/ha

Volume real: 75,77 m³/ha

Volume empilhado: 257,53 st/há

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299

4.2.2.11 - Aspectos Técnicos, Princípios e Critérios do Planejamento Florestal

4.2.2.11.1 - O Inventário Florestal

4.2.2.11.2- Sistema de Amostragem

A amostragem permite aferir a partir de um número reduzido de medições, as

características da população a partir de um conjunto de informações a respeito da

estrutura horizontal da floresta como: abundância das espécies, diâmetro, área basal,

altura, volumes individuais e/ou conjuntos, etc.

Estas aferições são feitas através das médias obtidas em campo e dos parâmetros

escolhidos dos quais se obtém o grau de confiabilidade através da análise estatística. O

sistema de amostragem utilizada no inventário florestal foi a amostragem aleatória,

cujas unidades amostrais (parcelas) de 20 x 20 m (400m²) foram sorteadas inteiramente

ao acaso, dentro da área de mata passível de exploração.

Conforme a Instrução Normativa – IN 03 de 04 2001 / IBAMA, no art. 18, cita

que, para o Plano de Manejo Florestal Sustentável, o erro de amostragem estipulado é

de 20% para o volume real total, com 90% de probabilidade.

4.2.2.11.3- Dados Dendrométricos Coletados

Para caracterização dos parâmetros técnicos com vistas à elaboração do Plano de

Manejo Florestal da área, foram coletados os seguintes dados dendrométricos:

Levantamento das espécies arbustiva arbórea através do nome vulgar

com posterior identificação do nome científico em bibliografia;

Diâmetro na base (DNB), expresso em cm, medido a 0,30 m acima do

nível do solo com suta finlandesa ou fita diamétrica;

Diâmetro no Peito (DAP), expresso em cm, medido a 1,30 m acima do

nível do solo com suta finlandesa ou fita diamétrica;

Altura (H), expressa em m, estimada com aproximação de 0,50 m para

árvores até 5,00 m de altura e de 1,00 m para árvores superiores a 5,00 m.

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300

Adotou-se ainda, os seguintes critérios durante as medições:

As árvores com bifurcação ao nível do solo, impossibilitando a medição

do DNB, foram consideradas como árvores separadas;

Foram medidas somente as árvores com DAP acima de 1,5cm, sendo este

o diâmetro mínimo utilizado para lenha;

As espécies que não foram identificadas pelos mateiros e equipe técnica,

são consideradas como árvores indeterminadas;

As árvores mortas foram classificadas pelos nomes vulgares, porém

identificadas como espécies “MORTAS”. O relatório de vitalidade das espécies permite

identificar, grau de sanidade da árvore quanto ao estágio vegetativo da espécie,

indicando se está viva, doente ou morta.

As classes de diâmetro no peito (DAP) e área basal equivalente (ABP ou

G) adotada foram:

Tabela 4.19 - Classes de áreas basais estabelecidas

CLASSE CLASSE NA SUTA

(cm)

CLASSE DE ABP

(cm2)

AMPLITUDE DE

CLASSE (cm2)

I * 1,5 - 7,5 2 - 44 42

II** 7,5 - 10,5 44 - 87 43

III 10,5 - 12,5 87 - 123 36

IV 12,5 - 14,5 123 - 165 42

V > 14,5 > 165 -

* Limite superior coincide com o diâmetro de “garrafa”

** Limite superior coincide com o diâmetro de “litro”

Para cada parcela ou unidade amostral foi marcada, enumerada e

georreferenciada, a marcação em campo foi feita com fita zebrada conforme

foto a seguir.

Os dados coletados em campo foram processados utilizando o Software

INFL Caatinga, desenvolvido e disponibilizado pelo GEF Caatinga.

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301

Para desenvolvimento dos cálculos e processamento dos dados, foram

utilizadas várias fórmulas que serão apresentadas no decorrer do desenvolvimento do

documento, por exemplo, o cálculo da área basal (ABP ou G), que é dado pela seguinte

fórmula:

Área basal (ABP ou G)

ABP ou G = 4

².D= 0,7854. ²D

Em que:

π = 3,141593

D = diâmetro altura do peito (1,30 m)

Foto 2- Aspecto da parcela amostral marcada com fita zebrada, sendo georreferenciada.

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4.2.2.11.4- Cubagem

Para converter os dados do inventário (diâmetro e altura) para os valores de peso

verde, peso seco, volume real e volume empilhado, são necessários definir os fatores de

forma ou as equações de volume para as espécies.

No caso do Rio Grande do Norte, o Projeto PNUD/FAO/IBAMA/BRA-87-007,

(1994) desenvolveu um trabalho para determinação de modelos de equação de peso e

volume para várias espécies, em diferentes tipos florestais da caatinga, que serão

utilizadas como modelo referencial na elaboração deste Plano de Manejo, como segue

na tabela abaixo.

Tabela 4.20 - Modelos matemáticos utilizados

Espécie Densidade

Básica (kg/dm³)

Umidade

% Equação de Peso

Aroeira

Angico

Catingueira

Cumarú

Imburana

Jucá

Jurema branca

Jurema Preta

Marmeleiro

Mofumbo

Mororó

Pereiro

Pau Branco

Sabiá

Demais espécies

0,740

0,787

0,687

0,586

0,420

0,798

0,720

0,821

0,654

0,515

0,814

0,670

0,687

0,802

0,710

31

31

37

44

60

36

32

28

33

52

26

33

30

23

34

Pv = 0,983 + 1.253,616 x ABPH

Pv = 6,138 + 1.253,616 x ABPH

Pv = 2,287 +1.109, 380 x ABPH

Pv = 8,268 + 1093,055 x ABPH

Pv = -4,216 + 1.105,900 x ABPH

Pv = 3,247 + 0,838 x ABP

Pv = 7,021 + 999,202 x ABPH

Pv = 2,868 + 898,419 x ABPH

Pv = 3,121 + 814,212 x ABPH

Pv = 4,030 + 1.174,143 x ABPH

Pv = 2,613 + 608,823 x ABPH

Pv = 1,966 + 915,180 x ABPH

Pv = 6,601 + 546,601 x ABPH

Pv = 1,338 + 686,743 x ABPH

Pv = 0,001 + 1.320,000 x ABPH

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303

As equações adotadas são do tipo linear (y = a + bx) onde a variável

independente (x) pode ser a área basal no peito ou na base (ABP, ABB) ou o volume

cilíndrico no peito ou na base (ABP.H, ABB.H) dependendo da espécie. De posse

desses resultados, obteremos a variável calculada, que é o Peso Verde (PV).

PV = a + b.ABP

PV = a + b.ABB

PV = a + b.ABP.H

PV = a + b.ABB.H

Em que:

Pv = Peso seco

a = coeficiente de interceptação o linear

b = coeficiente angular

Os Cálculos dos parâmetros a e b são dados pelas seguintes fórmulas:

N

Xb

N

Pva

.

N

XN

PvXXPv

..

A partir dos valores de umidade e densidade básica de cada espécie, transforma-

se o Peso verde (PV) em Peso seco (Ps) e finalmente em volume real.

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A determinação da umidade em base úmida (UBU), para cada espécie, é

calculada através da seguinte fórmula:

100(%)Pv

PsPvUBU

A densidade básica (db) é a relação entre o peso seco (Ps) e o volume verde

(VV), podendo ser expressa em g/cm³, Kg/dm³ ou t/m³

Vv

Pvdb

O fator de forma (ff) é dado pela divisão do volume real pelo volume cilíndrico

HABP

Vrff

. ou ainda

db

UBUbff

)1(

No caso específico o fator de forma (ff) adotado para as diferentes espécies foi

de 0,9.

O fator de empilhamento (fe) é dado pela relação entre a densidade da madeira

verde e o peso médio do stéreo (st).

Pst

dbvfe st/m³ 3,4 aindaou ³/0034,0

/3,314

³/07,1dmst

stkg

dmKgfe

Com o fator de empilhamento (fe) 3,40 st/m³ pode-se calcular finalmente o

volume empilhado.

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Figura 4.44 – Aspecto do metro stéreo (st) de lenha empilhada.

4.2.2.11.5– Análise da Estrutura da Floresta - Fitossociologia

Para que haja um aproveitamento racional e a sobrevivência da vegetação, é

necessário a aplicação de técnicas silviculturais adequada a ecologia da área.

O resultado da análise estrutural permite fazermos deduções sobre a origem,

características ecológicas e sinecológicas, dinamismo e tendências, para o futuro

desenvolvimento da vegetação na área, considerando elementos básicos para o

planejamento do manejo florestal.

Os parâmetros fitossociológicos calculados para a vegetação da área foram:

freqüência, abundância, dominância, índice de valor de importância e índice de

cobertura para cada espécie.

Freqüência

Para o cálculo da freqüência, considera-se a quantidade de indivíduos de cada

espécie, encontrados e identificados por parcela amostrada, podendo ser absoluta ou

relativa. Segundo LAMPRECHT, a freqüência mede a regularidade da distribuição

horizontal de cada espécie sobre o terreno, ou seja, a sua dispersão média.

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Freqüência absoluta da espécie = % de parcelas em que ocorre uma espécie

Freqüência absoluta = 100 espécies das absoluta Freqüência

espécie da absoluta Freqüência

Abundância ou Densidade

Segundo LAMPRECHT, a abundância ou densidade mede a participação das

diferentes espécies na floresta. Define abundância absoluta como sendo o número total

de indivíduos pertencentes a uma determinada espécie, e diz que a abundância relativa

indica a participação de cada espécie em percentagem do número total de árvores

levantadas na parcela respectivamente, considerando o número total igual a 100% tais

como:

Abundância absoluta (Ab abs.) = n/ha

Abundância relativa (Ab rel.) = 100N/ha

n/ha

Em que:

Ab abs = Abundância absoluta

Ab rel = Abundância relativa

n/ha = número de árvores de cada espécie por hectare

N/ha = Número Total de árvores por hectare.

Dominância

Segundo FINOL, a dominância permite medir a potencialidade produtiva da

vegetação e, constitui um parâmetro útil para a determinação das qualidades de sítio.

SCHMIDT E FŐRSTER afirmam que a Dominância é a medida de projeção

total do corpo da planta e que a Dominância de uma espécie é a soma de todas as

projeções horizontais dos indivíduos pertencentes a esta espécie. Esta projeção se dá

através do cálculo de área basal dos troncos.

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A dominância absoluta se calculada pela soma das áreas basais dos indivíduos

pertencentes a uma determinada espécie.

A Dominância relativa se calcula em percentagem da soma total das

Dominâncias absolutas (área basal/ha), e seu valor corresponde a participação em

percentagem de cada espécie na expansão horizontal total.

D abs. = g/ha

D rel. = 100G/ha

g/ha

Em que:

D abs. = Dominância absoluta (m²)

D rel. = Dominância relativa (%)

g/ha = Área basal de cada especie/ha

G/ha = Área basal total/ha

4.2.2.12 - Estoque Lenhoso do Inventário Florestal da Agrícola Famosa Ltda.

4.2.2.13 - Resultado Geral do Inventário Florestal por Classe Diamétrica

Na tabela abaixo mostra o resumo do inventário florestal com a distribuição do

potencial da vegetação por classes diamétricas e das principais variáveis em estudo.

Tabela 4.21 – resultado do estoque geral por classe de diâmetro

Classe ARV.

(ind/ha)

ABB

(m2/ha)

ABP

(m2/ha)

ABB.H

(m3/ha)

ABP.H

(m3/há)

P.

Verde

(t/ha)

P.

Seco

(t/ha)

V. Real

(m3/ha)

V.Emp.

(st/ha) %

CL1 1.868 2,56 1,85 8,72 6,31 16,57 10,53 15,62 53,16 24,49

CL2 363 2,23 1,53 9,16 6,38 14,37 9,12 13,57 46,15 21,26

CL3 154 1,70 1,05 7,69 4,83 9,68 6,10 9,07 30,84 14,21

CL4 68 1,11 0,69 5,00 3,11 6,43 4,02 6,08 20,67 9,52

CL5 116 3,69 2,40 19,83 13,31 20,59 12,66 19,48 66,28 30,53

Total 2.568 11,29 7,52 50,40 33,94 67,64 42,43 63,81 217,10 100,0

A vegetação da área é caracterizada por uma densidade de 2.568 indivíduos por

hectare, o resultado da área basal na base e peito foi de 11,29 m²/ha e 7,52 m²/ha

respectivamente, e o volume cilíndrico na base é de 50,40 m3/ha e no Peito, 33,94

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m3/ha. O Peso verde acumulado foi de 67,64 t/ha, quando convertido para peso seco

alcança 42,43 t/ha, isto é equivalente a um volume real de 63,81 m³/ha, quando

convertido em volume empilhado após aplicar-se o fator de empilhamento obtêm-se o

volume de biomassa de 217,10 st/ha.

A análise da estrutura da população demonstra que 72,74 % dos indivíduos se

encontram na classe I, o que representa 24,49 % do volume empilhado. Esse resultado é

um indicativo de que a área encontra-se ainda em estágio de sucessão.

As demais classes diamétricas de II a V, com 27,26 % dos indivíduos, contém

75,51 % do volume empilhado o que é bastante significativo. Destaque para a classe V,

com 4,52 % dos indivíduos, apresenta 30,53 % volume empilhado (66,28 st/ha). A

altura média encontrada para todas as árvores foi de 4,3 metros.

4.2.2.14 - Diversidade Florestal

No quadro abaixo são apresentados os dados da estrutura horizontal da cobertura

vegetal da área para as 37 (trinta e sete) espécies levantadas, as variáveis estudadas

foram freqüência, abundância ou densidade, dominância, índices de valor de

importância e de cobertura.

A frequência indica o número de parcelas em que as espécies ocorreram.

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Tabela 4.22 - Estrutura horizontal da vegetação na área

Item Espécie Frequência Abundância Dominância IVI

IVC

Abs.

%

Rel.

%

Abs.

n/ha

Rel.

%

Abs.

g/ha

Rel.

%

1 Ameixa 35,71 2,92 41,071 0,90 0,041 0,30 4,12 1,20

2 Amorosa 28,57 2,34 101,796 2,22 0,274 2,04 6,60 4,26

3 Angélica 42,86 3,51 280,357 6,11 0,430 3,21 12,83 9,32

4 Bom nome 14,29 1,17 32,143 0,70 0,024 0,18 2,05 0,88

5 Barba de sagui 7,14 0,58 3,571 0,08 0,002 0,02 0,68 0,09

6 Bugi 64,28 5,26 80,357 1,75 0,061 0,46 7,47 2,21

7 Burra leiteira 14,29 1,17 7,143 0,16 0,009 0,06 1,39 0,22

8 Camará 7,14 0,58 44,64 0,97 0,031 0,23 1,79 1,21

9 Camboim 14,29 1,17 44,643 0,97 0,032 0,24 2,38 1,21

10 Cardeiro 7,14 0,58 3,571 0,08 0,108 0,81 1,47 0,89

11 Catingueira 85,71 7,02 376,786 8,21 1,368 10,21 25,44 18,42

12 Catanduva 92,86 7,60 1419,643 30,95 6,123 45,68 84,23 76,63

13 Canela de

veado

14,29 1,17 12,500 0,27 0,008 0,06 1,50 0,33

14 Feijão bravo 21,43 1,75 60,714 1,32 0,095 0,71 3,79 2,03

15 Imburana 50,00 4,09 57,143 1,25 0,741 5,53 10,87 6,78

16 João mole 57,14 4,68 96,429 2,10 0,491 3,66 10,44 5,76

17 Juazeiro 14,29 1,17 21,429 0,47 0,036 0,27 1,90 0,73

18 Jurema Branca 78,57 6,43 198,214 4,32 0,439 3,28 14,03 7,60

19 Jucá 28,57 2,34 28,571 0,62 0,082 0,61 3,58 1,24

20 Jurema preta 42,86 3,51 194,643 4,24 0,937 6,99 14,74 11,23

21 Maniçoba 50,00 4,09 41,071 0,90 0,049 0,36 5,35 1,26

22 Maria preta 7,14 0,58 3,571 0,08 0,002 0,01 0,68 0,09

23 Marmeleiro 92,86 7,60 666,071 14,52 0,478 3,57 25,69 18,09

24 Massaranduba 21,43 1,75 32,143 0,70 0,068 0,50 2,96 1,21

25 Mofumbo 21,43 1,75 89,286 1,95 0,093 0,70 4,40 2,64

26 Mororó 78,57 6,43 114,286 2,49 0,080 0,60 9,52 3,09

27 Murici 14,28 1,17 69,643 1,52 0,073 0,54 3,23 2,06

28 Mutamba 14,29 1,17 35,714 0,78 0,164 1,23 3,17 2,00

29 Pau Branco 21,43 1,75 146,429 3,19 0,580 4,33 9,28 7,52

30 Pau d’óleo 7,14 0,58 7,143 0,16 0,010 0,07 0,81 0,23

31 Pereiro 21,43 1,75 32,143 0,70 0,011 0,08 2,54 0,78

32 Pinhão 57,14 4,68 67,857 1,48 0,041 0,30 6,46 1,78

33 Pau leite 21,43 1,75 37,500 0,82 0,032 0,24 2,81 1,05

34 Quixabeira 7,14 0,58 25,000 0,55 0,205 1,53 2,66 2,08

35 Sipaúba 35,71 2,92 92,857 2,02 0,170 1,26 6,21 3,29

36 Ubaia 14,29 1,17 8,929 0,19 0,011 0,08 1,45 0,28

37 Velâme 14,29 1,17 12,500 0,27 0,004 0,03 1,47 0,30

TOTAL 1.221,43 100,00 4.587,500 100,00 13,405 100,00 300,00 200,00

Analisando a estrutura horizontal da vegetação da área, conclui-se que os

resultados ora apresentados demonstram, que o potencial da cobertura florestal está

definido em função de 5 espécies conforme quadro abaixo. Em relação a dispersão das

espécies nas parcelas, 4 espécies se destacam: Catingueira, Catanduva, Jurema branca,

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310

Marmeleiro e Mororó, ambas ocorreram em mais de 10 parcelas do total de 14 parcelas

inventariadas.

Tabela 4.23 – Resumo da estrutura horizontal das 5 principais espécies

Espécie % Frequência

Relativa

% Abundância

Relativa

% Dominância

Relativa

1. Angélica

2. Catingueira

3. Catanduva

4. Jurema preta

5. Marmeleiro

3,51

7,02

7,60

3,51

7,60

6,11

8,21

30,95

4,24

14,52

3,21

10,21

45,68

6,99

3,57

Total 29,24 64,03 69,66

O resumo da tabela anterior indica que, a estrutura horizontal da vegetação da

área é formada por 5 espécies que totalizam 29,24% da frequência, 64,03% da

abundância e 69,66% da dominância. Estes resultados indicam que as espécies da área

apresentam potencial para exploração energética, no caso, a lenha.

A espécie com maior destaque é a Catanduva com frequência de 7,60% dos

indivíduos em, abundância de 30,95 % que corresponde a uma área basal (ABB = 4,941

m²/ha), e dominância com 45,68%. Em relação ao do volume empilhado, a Catanduva

apresenta um estoque de 147,25st/ha, o que corresponde a 67,83% do volume total.

4.2.2.15 - Estoque Individual por Espécie

Os valores do estoque individual das espécies encontram-se na tabela a seguir.

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311

Tabela 4.24 - Valor do estoque florestal individual por espécie

Item

Espécie

N Arv.

(n/ha)

Altura

(m)

ABB

m²/ha

ABP

m²/ha

P. Verde

t/ha

P. Seco

t/ha

Vol.

Real

m³/ha

Vol.

Emp.

st/ha

%

1 Ameixa 23 2,7 0,026 0,023 0,094 0,62 0,09 0,30 0,14

2 Amorosa 57 3,5 0,252 0,153 0,800 0,528 0,74 2,54 1,17

3 Angélica 157 3,3 0,349 0,241 1,770 1,014 1,29 4,39 2,02

4 Bom nome 18 2,7 0,028 0,013 0,045 0,030 0,04 0,14 0,07

5 Barba de sagui 2 4,0 0,002 0,001 0,007 0,004 0,01 0,02 0,01

6 Bugi 45 3,4 0,047 0,034 0,160 0,105 0,15 0,50 0,23

7 Burra leiteira 4 2,0 0,008 0,005 0,013 0,008 0,01 0,04 0,02

8 Camará 25 3,3 0,022 0,018 0,083 0,055 0,08 0,26 0,12

9 Camboim 25 3,1 0,028 0,018 0,084 0,055 0,08 0,27 0,12

10 Cardeiro 2 3,0 0,032 0,061 0,240 0,158 0,22 0,76 0,35

11 Catingueira 211 3,8 1,179 0,766 4,214 2,655 3,87 13,18 6,07

12 Catanduva 795 3,9 4,941 3,429 45,373 28,585 43,30 147,25 67,83

13 Canela de veado 7 2,8 0,005 0,005 0,020 0,013 0,02 0,06 0,03

14 Feijão bravo 34 3,4 0,101 0,053 0,245 0,161 0,23 0,77 0,36

15 Imburana 32 4,2 0,652 0,415 2,808 1,123 2,67 9,12 4,20

16 João mole 54 3,6 0,364 0,275 1,720 1,135 1,60 5,45 2,51

17 Juazeiro 13 3,5 0,054 0,020 0,139 0,092 0,13 0,44 0,20

18 Jurema Branca 111 3,5 0,393 0,246 1,850 1,258 1,75 5,94 2,74

19 Jucá 16 4,2 0,067 0,046 0,439 0,281 0,35 1,20 0,55

20 Jurema preta 109 3,9 0,979 0,525 2,500 1,800 2,19 7,45 3,43

21 Maniçoba 23 3,2 0,040 0,027 0,133 0,088 0,12 0,42 0,19

22 Maria preta 2 3,0 0,001 0,001 4,44 2,93 0,00 0,01 0,01

23 Marmeleiro 373 2,6 0,405 0,268 1,812 1,214 1,86 6,33 2,92

24 Massaranduba 18 3,1 0,054 0,038 0,156 0,103 0,14 0,49 0,23

25 Mofumbo 50 3,4 0,068 0,052 0,424 0,204 0,40 1,34 0,62

26 Mororó 64 2,8 0,070 0,045 0,255 0,188 0,23 0,79 0,36

27 Murici 39 3,3 0,069 0,041 0,186 0,125 0,17 0,59 0,27

28 Mutamba 20 3,9 0,128 0,092 0,485 0,320 0,45 1,53 0,71

29 Pau Branco 82 3,7 0,343 0,325 0,101 0,071 0,10 0,35 0,16

30 Pau d’óleo 4 4,0 0,010 0,005 0,026 0,017 0,02 0,08 0,04

31 Pereiro 18 2,9 0,026 0,006 0,052 0,034 0,05 0,18 0,08

32 Pinhão 38 2,8 0,060 0,023 0,091 0,060 0,09 0,29 0,13

33 Pau leite 21 3,2 0,068 0,018 0,088 0,058 0,08 0,28 0,13

34 Quixabeira 14 3,2 0,215 0,115 0,566 0,374 0,53 1,79 0,82

35 Sipaúba 52 3,5 0,194 0,095 0,610 0,421 0,71 2,41 1,11

36 Ubaia 5 3,0 0,008 0,006 0,033 0,020 0,03 0,09 0,04

37 Velâme 7 2,5 0,003 0,002 0,007 0,005 0,01 0,02 0,01

Total 2.568 11,291 7,506 67,631 42,430 63,81 217,10 100,00

Conforme destacado na tabela anterior, apenas 1 (uma) espécie, apresenta o

maior potencial de biomassa, ou seja, 67,83 % com volume de empilhamento de 147,25

st/ha de um total inventariado de 217,10 st/ha.

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4.2.2.16 - . Regeneração

Na caatinga, o processo regenerativo da vegetação ocorre de três formas,

dependendo da espécie:

Por sementes;

Por brotação dos tocos;

Por rebrota de raiz.

A prática do uso do fogo, não será permitida a utilização deste método, todas as

três formas de regeneração serão viabilizadas na área explorada. A disponibilidade de

sementes é garantida tanto pelo banco natural de sementes no solo como através da

produção de sementes na mata dos talhões preservados. Além disto, quase todas as

espécies da caatinga se regeneram através da rebrota do toco e pela rebentação das

raízes, o que garante também a regeneração da mata, provavelmente em menor espaço

de tempo, por já ter o sistema radicular formado.

4.2.2.17 - Restrição ao corte

Haverá restrição ao corte, apenas para as espécies de aroeira em vista desta

espécie encontrar-se relacionada na lista das espécies com risco ou ameaçadas de

extinção.

Nas áreas de Reserva Legal - RL e de Preservação Permanente – APP não

haverá exploração de nenhum tipo, permanecendo a mesma intacta.

4.2.2.18 - Tipo de Corte Adotado

O tipo de corte adotado na área será o de corte raso em talhões ou Unidade

Produtiva Anual (UPA).

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4.2.2.19 Produção

A produção madeireira da área se restringirá à retirada de lenha, cujo destino

será atender a demanda do setor caeiro do município de Governador Dix Sept Rosado.

A previsão da produção a ser manejada, será em função da área a ser explorada e

do rendimento por hectare, conforme os dados obtidos, conforme exposto no quadro a

seguir:

Tabela 4.25 – Resultado da produção madeireira do imóvel

Item Unidade Quantidade

Área ha 943,5177

Rendimento st/ha 153,60

Estoque st 144.924

Poder calorífico total mcal 259,27 x 106

* 1st = 1.789 mcal/st

De posse do resultado do estoque florestal total, prevê-se qual a área e o volume

de biomassa florestal que deverá ser explorado anualmente por talhão ou Unidade

Produtiva Anual (UPA).

De acordo com os dados informados (planejado) no quadro a cima, serão

explorados 15 talhões ou UPAs, totalizando 144.924 st, com um potencial calorífico de

259,27 x 106 mcal.

A cada ano será explorado um talhão, com isso, o sistema de exploração adotado

ocorrerá em 100% do mesmo, conforme planta em anexo, restringindo apenas às

espécies de aroeira (Astronium urundeva), buji (Combretum laxum) e pinhão (Jatropha

ribifolia) que não serão computadas ao estoque total.

4.2.2.20 – Resultado por tipo de uso dos produtos florestais

O aproveitamento da matéria prima florestal pode ser feita na forma de diversos

produtos madeireiros, tais como: lenha, carvão, estaca, mourões, varas etc.. Dentre eles, a

lenha é considerada o menos nobre, ou seja, de menor inversão econômica, muito

embora, tenha viabilidade econômica garantida. No casso específico deste plano de

manejo florestal, a lenha garantirá o suprimento de energia avarias indústrias da região.

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De acordo com os estudos realizados para o Rio Grande do Norte pelo Projeto

PNUD/FAO/IBAMA/BRA/87/007, Diagnóstico Florestal para o Estado, as

potencialidades da vegetação em função dos produtos florestais podem ser assim

definidos:

» Madeira para estacas e mourões – 6%;

» Madeiras para uso energético (lenha e carvão) 94%.

O resultado do tipo e uso é resultante da separação das espécies florestais de

acordo com sua aptidão de uso individual ou em conjunto de indivíduos, em função das

classes de uso, do diâmetro, e principalmente da espécie.

No quadro abaixo será apresentada a classificação do potencial das espécies por

classe diamétrica conforme sua aptidão de uso.

Tabela 4.26 - Classificação do potencial das espécies florestais por tipo de uso

Tipo de uso Classe (cm) Diâmetro (cm) Espécies

Varas 1 2 a 5 marmeleiro, mororó

Estacas e mourão 2,3, e 4 7 a 14 jurema preta, mororó, sabiá e jurema

amorosa

Lenha e carvão 2 em diante Maior que 2 Todas as espécies

4.2.2.21 – Estoque em função do potencial de uso

Conforme dados obtidos no inventário florestal, obtêm-se os seguintes valores de

estoque unitário de acordo com o tipo de uso:

Tabela 4.27 – Estoque unitário por Tipo de Uso

Produtos Estoque (st/ha) %

Estacas e mourão

Lenha

9,22

144,38

6,00%

94,00

Total 153,60 100,00

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Tabela 4.28 – Estoque total por Produto

Produtos Rendimento (st/ha) Área (ha) Estoque (st) Estoque

Pro produto

Estacas e mourão (*)

Lenha

9,22

144,38

943,5177

943,5177

8.699,23

136.225,08

260.970 und.

136.225,08 st

Total 153,60 943,5177 144.924,31

(*) 1 st = 30 unidades

4.2.2.22 - Impactos Ambientais e Medidas Mitigadoras

Os impactos ambientais que poderão ocorrer pela implantação do presente Plano

de Manejo Florestal Sustentado, estarão relacionados basicamente à retirada da

cobertura vegetal da área. Porém este impacto é bastante minimizado em função dos

seguintes aspectos:

A utilização do resto do material (galhadas) como cobertura do

solo, impedirá a exposição do solo da ação do tempo e de processos

erosivos, além de incorporar matéria orgânica ao solo;

Não utilizar fogo, sendo este um dos fatores de maior degradação,

por provocar a destruição dos indivíduos, das sementes, raízes, dos tocos,

matéria orgânica, fauna, a microflora e microorganismos, bem como,

provocar a aceleração de processos erosivos;

Por outro lado, pode-se observar que a área apresenta topografia

suave, ondulada a plana, o que contribui na manutenção do equilíbrio do

ecossistema local;

O número de cabeças de gado a serem colocadas na área do Plano

de Manejo Florestal deverá respeitar a capacidade de suporte da vegetação.

O pastoreio na área de manejo poderá ser permitido, desde que

obedeça a critérios relativos à capacidade de suporte, adotado pela

EMBRAPA – CNPC, conforme Tabela abaixo.

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Tabela 4.29 – Critérios da capacidade de suporte adotado pela EMBRAPA –

CNPC

Vegetação Bovino

(ha/cab.a)

Ovinos

(ha/cab.a)

Caprino

(ha/cab.a)

Caatinga Nativa 10,0 – 12,00 1,5 – 2,0 1,5 – 2,0

Corte Raso 3,4 – 4,5 1,0 – 1,5 0,5 – 0,7

Corte Seletivo 3,0 – 4,0 0,5 – 1,0 0,5 – 1,0

Fonte: EMBRAPA/CNPC, 1997.

4.2.2.23 - Fórmulas, Memória de Cálculo e Análise Estatística.

As fórmulas e memórias de cálculos, não serão apresentadas nesse item,

devido às mesmas terem sido apresentadas no decorrer da elaboração deste plano de

manejo, que podem ser verificadas nos itens anteriores e que se segue.

A análise estatística dos resultados do inventário florestal se deu em função

do volume empilhado para as 14 parcelas amostradas. O Software que processa os

dados do inventário florestal realiza a análise estatística para as variáveis: peso verde,

peso seco, volume real e volume empilhado, por parcela e por hectare. A análise do

inventário se dá conforme critérios e parâmetros estabelecidos pela Norma que

determina um erro pré-estabelecido de 20% com probabilidade de 90%.

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Tabela 4.30 – Resultado do Volume Empilhado e Análise estatística das 17 parcelas

amostradas

Parcelas Volume empilhado

(st/ha)

01

02

03 04

05

06 07

08

09 10

11

12

13 14

242,82

106,34

96,56 213,10

247,90

167,52 226,59

154,37

174,04 380,20

306,02

220,87

198,55 304,50

Amostras (n) 14

Média ( X ) st/ha 217,10

Desvio Padrão (S) st/ha 78,09

Variância (S2) st/ha 6.097,41

Erro Padrão da média (Sx) 20,87

Coeficiente de Variação (CV) % 35,97

Erro da amostragem absoluto (Ea) st/ha 17,01

Erro da amostragem relativo (Er) % 20,00

Intervalo de confiança (IC) st/ha 180,16 217,10 254,04

Amostragem necessária (und.) 10

4.2.2.24 – Fórmulas Matemáticas

Média: X = n

xin

i

1

Em que:

X = média do volume empilhado

xi = volume de cada parcela

n = número de parcela ou intensidade de amostras

Variância: S²x= 1-n

²)(²

1 n

xx

n

i

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Desvio Padrão: s = S²x

Erro Padrão da média: S x = n

s

Coeficiente de Variação: CV(%) = 100x

xS

Intervalo de Confiança: IC = X t. S x

Em que:

t = Student - valor tabelado de t para um nível de significância desejado t= 1,761

para 90% de probabilidade.

Erro de Amostragem absoluto: Ea = t.S x

Erro de Amostragem relativo: Er = x

xSt

O estoque médio da área é de 217,10 st/ha, tendo como estoque mínimo 180,16

st/ha e o máximo de 254,04 st/ha. Estes valores se encontram dentro do limite de erro

pré-estabelecido em 20% e 90% de probabilidade.

4.2.2.25 – Resumo do inventário florestal por espécie e classe diamétrica

Nas tabelas a seguir são apresentadas o resumo do inventário florestal da

distribuição das árvores por classe de diâmetro.

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Tabelas 4.31 - Distribuição das espécies por Classes de Diâmetro

Altura média: 1,3 m

Altura média: 3,1m

Ameixa Nº Arv.

n/ha

H média

(m)

ABB

m²/ha

ABP

m²/ha

ABBH

m³/ha

ABPH

m³/ha

P.Verde

Kg/ha

P. seco

Kg/ha

Vol. Real

m³/ha

Vol. Emp.

St/ha

Classe

CL 1

CL 2

CL 3

CL 4

CL 5

21

2

-

-

-

2,6

4,0

0,0173

0,0090

-

-

-

0,0178

0,0050

-

-

-

0,0471

0,0359

-

-

-

0,0502

0,0202

-

-

-

66,85

26,66

-

-

-

44,14

17,60

-

-

-

0,06

0,02

-

-

-

0,21

0,08

-

-

-

TOTAL 23 0,0263 0,0228 0,0830 0,0704 93,51 61,75 0,09 0,30

Amorosa Nº Arv.

n/ha

H média

(m)

ABB

m²/ha

ABP

m²/ha

ABBH

m³/ha

ABPH

m³/ha

P.Verde

Kg/ha

P. seco

Kg/ha

Vol. Real

m³/ha

Vol. Emp.

St/ha

Classe

CL 1

CL 2

CL 3

CL 4

CL 5

36

11

7

4

-

3,2

4,3

4,4

3,8

-

0,0513

0,0663

0,0711

0,0631

-

0,0366

0,0445

0,0366

0,2368

-

0,1746

0,2814

0,3066

0,2368

-

0,1275

0,1841

0,1582

0,1354

-

168,87

243,09

209,02

178,65

-

111,51

160,51

138,02

117,97

-

0,16

0,23

0,19

0,17

-

0,54

0,77

0,66

0,57

-

TOTAL 57 0,2518 0,1535 0,9994 0,6052 799,63 528,00 0,74 2,54

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Altura média: 3,0m

Altura média: 1,1m

Angélica Nº Arv.

n/ha

H média

(m)

ABB

m²/ha

ABP

m²/ha

ABBH

m³/ha

ABPH

m³/ha

P.Verde

Kg/ha

P. seco

Kg/ha

Vol. Real

m³/ha

Vol. Emp.

St/ha

Classe

CL 1

CL 2

CL 3

CL 4

CL 5

136

14

5

2

-

3,3

3,6

4,2

4,0

-

0,1719

0,0917

0,0574

0,0275

-

0,1311

0,0519

0,0439

0,0140

-

0,5991

0,3270

0,2380

0,1100

-

0,4559

0,1898

0,1893

0,0561

-

985,97

372,31

311,91

99,69

-

564,96

213,34

178,72

57,12

-

0,72

0,27

0,23

0,07

-

2,45

0,92

0,77

0,25

-

TOTAL 157 0,3485 0,2409 1,2741 0,8911 1.769,88 1.014,14 1,29 4,39

Bom nome Nº Arv.

n/ha

H média

(m)

ABB

m²/ha

ABP

m²/ha

ABBH

m³/ha

ABPH

m³/ha

P.Verde

Kg/ha

P. seco

Kg/ha

Vol. Real

m³/ha

Vol. Emp.

St/ha

Classe

CL 1

CL 2

CL 3

CL 4

CL 5

16

2

-

-

-

2,7

3,0

-

-

-

0,0188

0,0090

-

-

-

0,0109

0,0022

-

-

-

0,0468

0,0270

-

-

-

0,0271

0,0068

-

-

-

36,12

8,89

-

-

-

23,85

5,87

-

-

-

0,03

0,01

-

-

-

0,11

0,03

-

-

-

TOTAL 18 0,0278 0,0131 0,0738 0,0339 45,00 29,72 0,04 0,14

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321

Altura média: 0,8m

Altura média: 0,7 m

Barba de

sagui Nº Arv.

n/ha

H média

(m)

ABB

m²/ha

ABP

m²/ha

ABBH

m³/ha

ABPH

m³/ha

P.Verde

Kg/ha

P. seco

Kg/ha

Vol. Real

m³/ha

Vol. Emp.

St/ha Classe

CL 1

CL 2

CL 3

CL 4

CL 5

2

-

-

-

-

4,0

-

-

-

-

0,0022

-

-

-

-

0,0013

-

-

-

-

0,0089

-

-

-

-

0,0050

-

-

-

-

6,67

-

-

-

-

4,40

-

-

-

-

0,01

-

-

-

-

0,02

-

-

-

-

TOTAL 2 0,0022 0,0013 0,0089 0,0050 6,67 4,40 0,01 0,02

Bugi Nº Arv.

n/ha

H média

(m)

ABB

m²/ha

ABP

m²/ha

ABBH

m³/ha

ABPH

m³/ha

P.Verde

Kg/ha

P. seco

Kg/ha

Vol. Real

m³/ha

Vol. Emp.

St/ha

Classe

CL 1

CL 2

CL 3

CL 4

CL 5

45

-

-

-

-

3,4

-

-

-

-

0,0470

-

-

-

-

0,0342

-

-

-

-

0,1679

-

-

-

-

0,1204

-

-

-

-

159,63

-

-

-

-

105,40

-

-

-

-

0,15

-

-

-

-

0,50

-

-

-

-

TOTAL 45 0,0470 0,0342 0,1679 0,1204 159,63 150,40 0,15 0,50

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322

Altura média: 0,4 m

Altura média: 0,7 m

Burra

leiteira Nº Arv.

n/ha

H média

(m)

ABB

m²/ha

ABP

m²/ha

ABBH

m³/ha

ABPH

m³/ha

P.Verde

Kg/ha

P. seco

Kg/ha

Vol. Real

m³/ha

Vol. Emp.

St/ha Classe

CL 1

CL 2

CL 3

CL 4

CL 5

4

-

-

-

-

2,0

-

-

-

-

0,0081

-

-

-

-

0,0048

-

-

-

-

0,0162

-

-

-

-

0,0095

-

-

-

-

12,59

-

-

-

-

8,31

-

-

-

-

0,01

-

-

-

-

0,04

-

-

-

-

TOTAL 4 0,0081 0,0048 0,0162 0,0095 12,59 8,31 0,01 0,04

Camará Nº Arv.

n/ha

H média

(m)

ABB

m²/ha

ABP

m²/ha

ABBH

m³/ha

ABPH

m³/ha

P.Verde

Kg/ha

P. seco

Kg/ha

Vol. Real

m³/ha

Vol. Emp.

St/ha

Classe

CL 1

CL 2

CL 3

CL 4

CL 5

25

-

-

-

-

3,3

-

-

-

-

0,0223

-

-

-

-

0,0175

-

-

-

-

0,0784

-

-

-

-

0,0621

-

-

-

-

82,69

-

-

-

-

54,60

-

-

-

-

0,08

-

-

-

-

0,26

-

-

-

-

TOTAL 25 0,0223 0,0175 0,0784 0,0621 82,69 54,60 0,08 0,26

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323

Altura média: 1,4 m

Altura média: 0,6 m

Camboim Nº Arv.

n/ha

H média

(m)

ABB

m²/ha

ABP

m²/ha

ABBH

m³/ha

ABPH

m³/ha

P.Verde

Kg/ha

P. seco

Kg/ha

Vol. Real

m³/ha

Vol. Emp.

St/ha

Classe

CL 1

CL 2

CL 3

CL 4

CL 5

23

2

-

-

-

3,1

4,0

-

-

-

0,0192

0,0090

-

-

-

0,0111

0,0069

-

-

-

0,0625

0,0359

-

-

-

0,0354

0,0274

-

-

-

47,79

36,29

-

-

-

31,55

23,96

-

-

-

0,05

0,03

-

-

-

0,15

0,11

-

-

-

TOTAL 25 0,0282 0,0180 0,0984 0,0629 84,07 55,51 0,08 0,27

Cardeiro Nº Arv.

n/ha

H média

(m)

ABB

m²/ha

ABP

m²/ha

ABBH

m³/ha

ABPH

m³/ha

P.Verde

Kg/ha

P. seco

Kg/ha

Vol. Real

m³/ha

Vol. Emp.

St/ha

Classe

CL 1

CL 2

CL 3

CL 4

CL 5

-

-

-

2

-

-

-

-

3,0

-

-

-

-

0,0316

-

-

-

-

0,0606

-

-

-

-

0,0946

-

-

-

-

0,1818

-

-

-

-

239,93

-

-

-

-

158,43

-

-

-

-

0,22

-

-

-

-

0,76

-

TOTAL 2 0,0316 0,0606 0,0946 0,1818 239,93 158,43 0,22 0,76

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324

Altura média: 4,4 m

Altura média: 4,5 m

Catingueira Nº Arv.

n/ha

H média

(m)

ABB

m²/ha

ABP

m²/ha

ABBH

m³/ha

ABPH

m³/ha

P.Verde

Kg/ha

P. seco

Kg/ha

Vol. Real

m³/ha

Vol. Emp.

St/ha

Classe

CL 1

CL 2

CL 3

CL 4

CL 5

130

45

20

9

7

3,5

3,9

3,8

5,6

5,0

0,2676

0,2693

0,2227

0,1456

0,2742

0,1808

0,1525

0,1031

0,1115

0,2185

0,9650

1,0462

0,8468

0,8166

1,3446

0,6607

0,5929

0,4080

0,6212

1,0816

1.030,88

759,78

497,38

709,61

1.216,33

649,45

478,66

313,35

447,05

766,29

0,95

0,70

0,46

0,65

1,12

3,22

2,38

1,56

2,22

3,80

TOTAL 211 1,1794 0,7664 5,0192 3,3644 4.213,98 2.654,80 3,87 13,18

Catanduva Nº Arv.

n/ha

H média

(m)

ABB

m²/ha

ABP

m²/ha

ABBH

m³/ha

ABPH

m³/ha

P.Verde

Kg/ha

P. seco

Kg/ha

Vol. Real

m³/ha

Vol. Emp.

St/ha

Classe

CL 1

CL 2

CL 3

CL 4

CL 5

434

189

80

36

55

3,4

4,1

4,9

4,6

5,4

0,8398

1,1548

0,8688

0,5864

1,4913

0,6286

0,8241

0,5393

0,3631

1,0740

3,0004

4,7591

4,2579

2,6939

8,0209

2,2430

3,4627

2,6839

1,7100

5,8829

8.929,17

10.900,8

2

7.040,71

4.701,77

13.800,6

7

5.625,38

6.867,51

4.435,65

2.962,12

8.694,42

8,52

10,41

6,72

4,49

13,17

28,98

35,38

22,85

15,26

44,79

TOTAL 795 4,9411 3,4291 22,732

2

15,982

5

45.373,1

3

28.585,0

8

43,30 147,25

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325

Altura média: 0,6 m

Altura média: 2,1 m

Canela de

veado Nº Arv.

n/ha

H média

(m)

ABB

m²/ha

ABP

m²/ha

ABBH

m³/ha

ABPH

m³/ha

P.Verde

Kg/ha

P. seco

Kg/ha

Vol. Real

m³/ha

Vol. Emp.

St/ha Classe

CL 1

CL 2

CL 3

CL 4

CL 5

7

-

-

-

-

2,8

-

-

-

-

0,0046

-

-

-

-

0,0046

-

-

-

-

0,0139

-

-

-

-

0,0148

-

-

-

-

19,82

-

-

-

-

13,08

-

-

-

-

0,02

-

-

-

-

0,06

-

-

-

-

TOTAL 7 0,0046 0,0046 0,0139 0,0148 19,82 13,08 0,02 0,06

Feijão

bravo Nº Arv.

n/ha

H média

(m)

ABB

m²/ha

ABP

m²/ha

ABBH

m³/ha

ABPH

m³/ha

P.Verde

Kg/ha

P. seco

Kg/ha

Vol. Real

m³/ha

Vol. Emp.

St/ha Classe

CL 1

CL 2

CL 3

CL 4

CL 5

30

-

2

-

2

3,4

-

3,5

-

3,6

0,0366

-

0,0237

-

0,0405

0,0219

-

0,0230

-

0,0083

0,1255

-

0,0830

-

0,1459

0,0746

-

0,0805

-

0,0298

98,98

-

106,27

-

39,32

65,36

-

70,17

-

25,97

0,09

-

0,10

-

0,04

0,31

-

0,34

-

0,12

TOTAL 34 0,1008 0,0532 0,3544 0,1849 244,57 161,49 0,23 0,77

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326

Altura média: 4,5 m

Altura média: 4,1 m

Imburana Nº Arv.

n/ha

H média

(m)

ABB

m²/ha

ABP

m²/ha

ABBH

m³/ha

ABPH

m³/ha

P.Verde

Kg/ha

P. seco

Kg/ha

Vol. Real

m³/ha

Vol. Emp.

St/ha

Classe

CL 1

CL 2

CL 3

CL 4

CL 5

14

2

4

5

7

3,4

4,0

5,3

4,5

5,3

0,0269

0,0140

0,0439

0,0825

0,4846

0,0116

4

0,0090

0,0342

0,0422

0,3133

0,0921

0,0561

0,2279

0,3712

3,0721

0,0561

0,0359

0,1750

0,1764

1,9730

122,27

47,23

208,62

217,70

2.212,10

48,91

18,89

83,45

87,08

884,84

0,12

0,04

0,20

0,21

2,11

0,40

0,15

0,68

0,71

7,18

TOTAL 32 0,6519 0,4151 3,8194 2,4164 2.807,93 1.123,17 2,67 9,12

João mole Nº Arv.

n/ha

H média

(m)

ABB

m²/ha

ABP

m²/ha

ABBH

m³/ha

ABPH

m³/ha

P.Verde

Kg/ha

P. seco

Kg/ha

Vol. Real

m³/ha

Vol. Emp.

St/ha

Classe

CL 1

CL 2

CL 3

CL 4

CL 5

30

9

5

4

5

3,0

3,9

4,0

3,3

6,3

0,0453

0,0597

0,0676

0,0590

0,1320

0,0311

0,0511

0,0581

0,0283

0,1062

0,1386

0,2346

0,2704

0,1950

0,8425

0,0973

0,1995

0,2361

0,0962

0,6729

129,16

263,36

311,76

127,10

888,26

85,28

173,89

205,86

83,92

586,52

0,12

0,24

0,29

0,12

0,83

0,41

0,84

0,99

0,40

2,82

TOTAL 54 0,3636 0,2748 1,6811 1,3020 1.719,63 1.135,47 1,60 5,45

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327

Altura média: 2,9 m

Altura média: 4,1 m

Juazeiro Nº Arv.

n/ha

H média

(m)

ABB

m²/ha

ABP

m²/ha

ABBH

m³/ha

ABPH

m³/ha

P.Verde

Kg/ha

P. seco

Kg/ha

Vol. Real

m³/ha

Vol. Emp.

St/ha

Classe

CL 1

CL 2

CL 3

CL 4

CL 5

9

-

2

2

-

2,5

-

6,0

6,0

-

0,0059

-

0,0202

0,0275

-

0,0042

-

0,0090

0,0069

-

0,0148

-

0,1212

0,1650

-

0,0107

-

0,0539

0,0412

-

13,89

-

71,09

54,43

-

9,17

-

46,94

35,94

-

0,01

-

0,07

0,05

-

0,04

-

0,23

0,17

-

TOTAL 13 0,0536 0,0201 0,3010 0,1058 139,42 92,06 0,13 0,44

Jurema

branca Nº Arv.

n/ha

H média

(m)

ABB

m²/ha

ABP

m²/ha

ABBH

m³/ha

ABPH

m³/ha

P.Verde

Kg/ha

P. seco

Kg/ha

Vol. Real

m³/ha

Vol. Emp.

St/ha Classe

CL 1

CL 2

CL 3

CL 4

CL 5

86

16

2

2

5

3,3

4,4

4,0

4,0

4,7

0,0907

0,0978

0,0170

0,0275

0,1596

0,0687

0,0550

0,0081

0,0119

0,1022

0,3209

0,4421

0,0679

0,1100

0,7621

0,2395

0,2623

0,0325

0,0477

0,4911

841,65

374,83

45,05

60,18

528,10

572,32

254,88

30,63

40,93

359,10

0,80

0,35

0,04

0,06

0,50

2,70

1,20

0,14

0,19

1,70

TOTAL 111 0,3926 0,2459 1,7030 1,0731 1.849,80 1.257,87 1,75 5,94

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328

Altura média: 2,7 m

Altura média: 4,1 m

Jucá Nº Arv.

n/ha

H média

(m)

ABB

m²/ha

ABP

m²/ha

ABBH

m³/ha

ABPH

m³/ha

P.Verde

Kg/ha

P. seco

Kg/ha

Vol. Real

m³/ha

Vol. Emp.

St/ha

Classe

CL 1

CL 2

CL 3

CL 4

CL 5

11

2

4

-

-

3,7

4,0

6,0

-

-

0,0187

0,0114

0,0372

-

-

0,0151

0,0050

0,0259

-

-

0,0743

0,0454

0,2230

-

-

0,0604

0,0202

0,1557

-

-

161,72

48,11

229,03

-

-

103,50

30,79

146,58

-

-

0,13

0,04

0,18

-

-

0,44

0,13

0,62

-

-

TOTAL 16 0,0673 0,0460 0,3427 0,2363 438,86 280,87 0,35 1,20

Jurema

preta Nº Arv.

n/ha

H média

(m)

ABB

m²/ha

ABP

m²/ha

ABBH

m³/ha

ABPH

m³/ha

P.Verde

Kg/ha

P. seco

Kg/ha

Vol. Real

m³/ha

Vol. Emp.

St/ha Classe

CL 1

CL 2

CL 3

CL 4

CL 5

63

16

11

2

18

3,5

4,3

4,0

4,0

5,0

0,0891

0,1055

0,1250

0,0316

0,6279

0,0619

0,0868

0,0878

0,0050

0,2833

0,3309

0,4564

0,4962

0,1262

3,2270

0,2296

0,3686

0,3625

0,0202

1,4538

385,64

377,23

356,38

23,27

1.357,36

277,66

271,60

256,60

16,75

977,30

0,34

0,33

0,31

0,02

1,19

1,15

1,12

1,06

0,07

4,05

TOTAL 109 0,9791 0,5248 4,6367 2,4347 2.499,89 1.799,92 2,19 7,45

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329

Altura média: 1,6 m

Altura média: 0,6 m

Maniçoba Nº Arv.

n/ha

H média

(m)

ABB

m²/ha

ABP

m²/ha

ABBH

m³/ha

ABPH

m³/ha

P.Verde

Kg/ha

P. seco

Kg/ha

Vol. Real

m³/ha

Vol. Emp.

St/ha

Classe

CL 1

CL 2

CL 3

CL 4

CL 5

21

2

-

-

-

3,0

5,0

-

-

-

0,0258

0,0140

-

-

-

0,0192

0,0080

-

-

-

0,0827

0,0702

-

-

-

0,0611

0,0400

-

-

-

80,55

52,76

-

-

-

53,19

34,84

-

-

-

0,08

0,05

-

-

-

0,25

0,17

-

-

-

TOTAL 23 0,0398 0,0272 0,1529 0,1011 133,32 88,03 0,12 0,42

Maria

preta Nº Arv.

n/ha

H média

(m)

ABB

m²/ha

ABP

m²/ha

ABBH

m³/ha

ABPH

m³/ha

P.Verde

Kg/ha

P. seco

Kg/ha

Vol. Real

m³/ha

Vol. Emp.

St/ha Classe

CL 1

CL 2

CL 3

CL 4

CL 5

2

-

-

-

-

3,0

-

-

-

-

0,0006

-

-

-

-

0,0011

-

-

-

-

0,0016

-

-

-

-

0,0034

-

-

-

-

4,44

-

-

-

-

2,94

-

-

-

-

-

-

-

-

-

0,01

-

-

-

-

TOTAL 2 0,0006 0,0011 0,0016 0,0034 4,44 2,94 - 0,01

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330

Altura média: 2,5 m

Altura média: 1,3 m

Marmeleiro Nº Arv.

n/ha

H média

(m)

ABB

m²/ha

ABP

m²/ha

ABBH

m³/ha

ABPH

m³/ha

P.Verde

Kg/ha

P. seco

Kg/ha

Vol. Real

m³/ha

Vol. Emp.

St/ha

Classe

CL 1

CL 2

CL 3

CL 4

CL 5

363

5

4

2

-

2,6

3,8

3,0

3,0

-

0,3073

0,0293

0,0407

0,0275

-

0,2216

0,0140

0,0258

0,0063

-

0,8905

0,1177

0,1220

0,0825

-

0,6243

0,0679

0,0773

0,0189

-

1.644,61

71,99

74,18

20,99

-

1.101,88

48,23

49,70

14,06

-

1,69

0,07

0,08

0,02

-

5,74

0,25

0,26

0,07

-

TOTAL 373 0,4048 0,2677 1,2127 0,7884 1.811,77 1.213,88 1,86 6,33

Massaranduba Nº Arv.

n/ha

H média

(m)

ABB

m²/ha

ABP

m²/ha

ABBH

m³/ha

ABPH

m³/ha

P.Verde

Kg/ha

P. seco

Kg/ha

Vol. Real

m³/ha

Vol. Emp.

St/ha

Classe

CL 1

CL 2

CL 3

CL 4

CL 5

16

2

-

-

-

3,0

3,5

-

-

-

0,0400

0,0140

-

-

-

0,0289

0,0090

-

-

-

0,1196

0,0491

-

-

-

0,0868

0,0314

-

-

-

114,43

41,47

-

-

-

75,56

27,38

-

-

-

0,11

0,04

-

-

-

0,36

0,13

-

-

-

TOTAL 18 0,0540 0,1687 0,1687 0,1182 155,90 102,94 0,14 0,49

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331

Altura média: 1,4 m

Altura média: 1,3 m

Mofumbo Nº Arv.

n/ha

H média

(m)

ABB

m²/ha

ABP

m²/ha

ABBH

m³/ha

ABPH

m³/ha

P.Verde

Kg/ha

P. seco

Kg/ha

Vol. Real

m³/ha

Vol. Emp.

St/ha

Classe

CL 1

CL 2

CL 3

CL 4

CL 5

48

2

-

-

-

3,4

3,5

-

-

-

0,0571

0,0114

-

-

-

0,0509

0,0013

-

-

-

0,2136

0,0398

-

-

-

0,1850

0,0045

-

-

-

411,75

12,38

-

-

-

197,64

5,94

-

-

-

0,38

0,01

-

-

-

1,31

0,04

-

-

-

TOTAL 50 0,0685 0,0522 0,2534 0,1895 424,14 203,59 0,40 1,34

Mororó Nº Arv.

n/ha

H média

(m)

ABB

m²/ha

ABP

m²/ha

ABBH

m³/ha

ABPH

m³/ha

P.Verde

Kg/ha

P. seco

Kg/ha

Vol. Real

m³/ha

Vol. Emp.

St/ha

Classe

CL 1

CL 2

CL 3

CL 4

CL 5

63

2

-

-

-

2,8

3,5

-

-

-

0,0586

0,0114

-

-

-

0,0356

0,094

-

-

-

0,1775

0,0398

-

-

-

0,1088

0,0329

-

-

-

230,00

24,69

-

-

-

170,20

18,27

-

-

-

0,21

0,02

-

-

-

0,71

0,08

-

-

-

TOTAL 64 0,0700 0,0450 0,1417 0,1417 254,69 188,47 0,23 0,79

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332

Altura média: 1,5 m

Altura média: 2,2 m

Murici Nº Arv.

n/ha

H média

(m)

ABB

m²/ha

ABP

m²/ha

ABBH

m³/ha

ABPH

m³/ha

P.Verde

Kg/ha

P. seco

Kg/ha

Vol. Real

m³/ha

Vol. Emp.

St/ha

Classe

CL 1

CL 2

CL 3

CL 4

CL 5

36

4

-

-

-

3,3

4,0

-

-

-

0,0460

0,0227

-

-

-

0,0303

0,0105

-

-

-

0,1593

0,0909

-

-

-

0,1020

0,0386

-

-

-

135,00

50,91

-

-

-

90,91

34,29

-

-

-

0,13

0,05

-

-

-

0,43

0,16

-

-

-

TOTAL 39 0,0687 0,0408 0,2502 0,1406 185,91 125,19 0,17 0,59

Mutamba Nº Arv.

n/ha

H média

(m)

ABB

m²/ha

ABP

m²/ha

ABBH

m³/ha

ABPH

m³/ha

P.Verde

Kg/ha

P. seco

Kg/ha

Vol. Real

m³/ha

Vol. Emp.

St/ha

Classe

CL 1

CL 2

CL 3

CL 4

CL 5

2

14

4

-

-

3,0

4,0

4,0

-

-

0,0006

0,0840

0,0439

-

-

0,0006

0,0665

0,0250

-

-

0,0016

0,3357

0,1755

-

-

0,0016

0,2659

0,0998

-

-

2,22

351,02

131,82

-

-

1,47

231,78

87,04

-

-

-

0,33

0,12

-

-

0,01

1,11

0,42

-

-

TOTAL 20 0,1285 0,0921 0,5128 0,3673 485,06 320,29 0,45 1,53

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333

Altura média: 4,2 m

Altura média: 0,8 m

Pau

branco Nº Arv.

n/ha

H média

(m)

ABB

m²/ha

ABP

m²/ha

ABBH

m³/ha

ABPH

m³/ha

P.Verde

Kg/ha

P. seco

Kg/ha

Vol. Real

m³/ha

Vol. Emp.

St/ha Classe

CL 1

CL 2

CL 3

CL 4

CL 5

64

11

2

-

5

3,1

5,0

6,0

-

6,7

0,0669

0,0663

0,0170

-

0,1930

0,0651

0,0582

0,0090

-

0,1927

0,2418

0,3282

0,1018

-

1,2948

0,2412

0,3004

0,0539

-

1,3084

78,67

13,24

2,21

-

7,18

55,07

9,27

1,55

-

5,02

0,08

0,01

-

-

0,01

0,27

0,05

0,01

-

0,02

TOTAL 82 0,3432 0,3250 1,9666 1,9039 101,30 70,91 0,10 0,35

Pau

d’óleo Nº Arv.

n/ha

H média

(m)

ABB

m²/ha

ABP

m²/ha

ABBH

m³/ha

ABPH

m³/ha

P.Verde

Kg/ha

P. seco

Kg/ha

Vol. Real

m³/ha

Vol. Emp.

St/ha Classe

CL 1

CL 2

CL 3

CL 4

CL 5

4

-

-

-

-

4,0

-

-

-

-

0,0101

-

-

-

-

0,0053

-

-

-

-

0,0404

-

-

-

-

0,0196

-

-

-

-

25,92

-

-

-

-

17,12

-

-

-

-

0,02

-

-

-

-

0,08

-

-

-

-

TOTAL 4 0,0101 0,0053 0,0404 0,0196 25,92 17,12 0,02 0,08

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334

Altura média: 0,6 m

Altura média: 1,1 m

Pereiro Nº Arv.

n/ha

H média

(m)

ABB

m²/ha

ABP

m²/ha

ABBH

m³/ha

ABPH

m³/ha

P.Verde

Kg/ha

P. seco

Kg/ha

Vol. Real

m³/ha

Vol. Emp.

St/ha

Classe

CL 1

CL 2

CL 3

CL 4

CL 5

18

-

-

-

-

2,9

-

-

-

-

0,0258

-

-

-

-

0,0063

-

-

-

-

0,0766

-

-

-

-

0,0175

-

-

-

-

51,66

-

-

-

-

34,46

-

-

-

-

0,05

-

-

-

-

0,18

-

-

-

-

TOTAL 18 0,0258 0,0063 0,0766 0,0175 51,66 34,46 0,05 0,18

Pinhão Nº Arv.

n/ha

H média

(m)

ABB

m²/ha

ABP

m²/ha

ABBH

m³/ha

ABPH

m³/ha

P.Verde

Kg/ha

P. seco

Kg/ha

Vol. Real

m³/ha

Vol. Emp.

St/ha

Classe

CL 1

CL 2

CL 3

CL 4

CL 5

36

-

2

-

-

2,8

-

3,0

-

-

0,0362

-

0,0237

-

-

0,0222

-

0,0006

-

-

0,1079

-

0,0711

-

-

0,0666

-

0,0016

-

-

88,71

-

2,22

-

-

58,58

-

1,47

-

-

0,08

-

-

-

-

0,28

-

0,01

-

-

TOTAL 38 0,0599 0,0228 0,1790 0,0682 90,94 60,04 0,09 0,29

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335

Altura média: 2,3 m

Altura média: 2,5 m

Pau leite Nº Arv.

n/ha

H média

(m)

ABB

m²/ha

ABP

m²/ha

ABBH

m³/ha

ABPH

m³/ha

P.Verde

Kg/ha

P. seco

Kg/ha

Vol. Real

m³/ha

Vol. Emp.

St/ha

Classe

CL 1

CL 2

CL 3

CL 4

CL 5

18

2

-

-

2

3,0

4,5

-

-

4,0

0,0189

0,0090

-

-

0,0405

0,0084

0,0070

-

-

0,0024

0,0539

0,0404

-

-

0,1621

0,0248

0,0316

-

-

0,0095

33,34

41,66

-

-

12,59

22,02

27,51

-

-

8,31

0,03

0,04

-

-

0,01

0,10

0,13

-

-

0,04

TOTAL 21 0,0684 0,0178 0,2564 0,0659 87,59 57,83 0,08 0,28

Quixabeira Nº Arv.

n/ha

H média

(m)

ABB

m²/ha

ABP

m²/ha

ABBH

m³/ha

ABPH

m³/ha

P.Verde

Kg/ha

P. seco

Kg/ha

Vol. Real

m³/ha

Vol. Emp.

St/ha

Classe

CL 1

CL 2

CL 3

CL 4

CL 5

4

4

2

-

5

2,0

3,3

3,5

-

3,8

0,0018

0,0254

0,0237

-

0,1645

0,0011

0,0203

0,0170

-

0,0766

0,0036

0,0820

0,0830

-

0,6379

0,0021

0,0655

0,0595

-

0,3018

2,97

86,46

78,40

-

398,41

1,96

57,09

51,77

-

263,07

-

0,08

0,07

-

0,37

0,01

0,27

0,25

-

1,26

TOTAL 14 0,2154 0,1150 0,8065 0,4289 566,23 373,88 0,53 1,79

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336

Altura média: 2,3 m

Altura média: 0,6 m

Sipaúba Nº Arv.

n/ha

H média

(m)

ABB

m²/ha

ABP

m²/ha

ABBH

m³/ha

ABPH

m³/ha

P.Verde

Kg/ha

P. seco

Kg/ha

Vol. Real

m³/ha

Vol. Emp.

St/ha

Classe

CL 1

CL 2

CL 3

CL 4

CL 5

41

7

-

-

4

3,3

4,4

-

-

4,0

0,0647

0,0484

-

-

0,0813

0,0432

0,0288

-

-

0,0230

0,2346

0,2145

-

-

0,3157

0,1593

0,1302

-

-

0,1093

325,06

160,16

-

-

125,00

224,29

110,51

-

-

86,25

0,38

0,19

-

-

0,15

1,29

0,63

-

-

0,49

TOTAL 52 0,1944 0,0950 0,7648 0,3988 610,22 421,05 0,71 2,41

Ubaia Nº Arv.

n/ha

H média

(m)

ABB

m²/ha

ABP

m²/ha

ABBH

m³/ha

ABPH

m³/ha

P.Verde

Kg/ha

P. seco

Kg/ha

Vol. Real

m³/ha

Vol. Emp.

St/ha

Classe

CL 1

CL 2

CL 3

CL 4

CL 5

5

-

-

-

-

3,0

-

-

-

-

0,0083

-

-

-

-

0,0063

-

-

-

-

0,0271

-

-

-

-

0,0220

-

-

-

-

33,36

-

-

-

-

20,02

-

-

-

-

0,03

-

-

-

-

0,09

-

-

-

-

TOTAL 5 0,0083 0,0063 0,0271 0,0220 33,36 20,02 0,03 0,09

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337

Altura média: 0,5 m

4.2.2.26 – Relação das Espécies, Nome Cientifico e Família

A área em estudo apresenta espécies vegetais pertencentes a 2 (duas)

fitofisionomias; a Caatinga e o Tabuleiro.

A caracterização florística da área é composta por 37 (trinta e sete) espécies,

distribuídas em 23 (vinte e três) famílias pertencentes ao bioma Caatinga e 4 (quatro) a

vegetação de Tabuleiro.

Entre os indivíduos inventariados 10 (dez) espécies são comuns as duas

fitofisionomias.

A estrutura horizontal da população está distribuída em 23 (vinte e três) famílias.

As famílias que apresentaram o maior número de espécies foram a Euphorbiaceae com

6 (seis), Leguminosae mimosoideae com 4, Combretacea e Leguminosae

Caesalpinoideae ambas com 3 (três), as famílias Myrtaceae e Sapotaceae, com 2 (duas)

espécies cada; as demais apresentaram uma única espécie, conforme descrito no quadro

a seguir.

Velâme Nº Arv.

n/ha

H média

(m)

ABB

m²/ha

ABP

m²/ha

ABBH

m³/ha

ABPH

m³/ha

P.Verde

Kg/ha

P. seco

Kg/ha

Vol. Real

m³/ha

Vol. Emp.

St/ha

Classe

CL 1

CL 2

CL 3

CL 4

CL 5

7

-

-

-

-

2,5

-

-

-

-

0,0029

-

-

-

-

0,0022

-

-

-

-

0,0077

-

-

-

-

0,0055

-

-

-

-

7,41

-

-

-

-

4,89

-

-

-

-

0,01

-

-

-

-

0,02

-

-

-

-

TOTAL 7 0,0029 0,0022 0,0077 0,0055 7,41 4,89 0,01 0,02

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338

Tabela 4.32 - Lista das espécies encontradas na área em estudo.

Nome vulgar Nome científico Família Fitofisionomia / Habitat

Tabuleiro Caatinga

1. Ameixa Xymenia americana Olacaceae X X

2. Amorosa Piptadenia obliqua Mimosaceae X X

3. Angélica Angélica guetarda Rubiaceae X

4. Bom nome Maytenus rigida Celastraceae X

5. Barba de sagui

(Sagüi)

Mimosa sp Leguminosae mimosoideae X

6. Bugi Combretum laxum Combretaceae X

7. Burra leiteira Chamaesyce hyssopifolia

Small Euphorbiaceae

Euphorbiaceae X

8. Camará Lantana camara Verbenaceae X

9. Camboim Eugenia crenata Mirtaceae X

10. Cardeiro Cereus adscendens Cactaceae X X

11. Catingueira Caesalpinia pyramidalis Fabaceae X

12. Catanduva Piptadenia moniliformes Leguminosae mimosoideae X X

13. Canela de veado

Mouriri guianensis Memecylaceae X

14. Feijão bravo Phaseolus sp. Leguminosae papilionoideae X

15. Imburana Bursera leptophloes Burseraceae X

16. João mole Pisonia tomentosa

Nyctaginaceae X X

17. Juazeiro Zizyphus joazeiro Ranaceae X X

18. Jurema branca Pithecolobium dumosum Leguminosae – Mimosoideae X

19. Jucá Caesalpinia ferrea Leguminosae –Caesalpinoideae X

20. Jurema preta Mimosa acutistipula Leguminosae – Mimosoideae X

21. Maniçoba Manihot glaziovii Euphorbiaceae X

22. Maria preta Eupatorium ballotaefolium Compostaceae X

23. Marmeleiro Croton hemiargyreus Euphorbiaceae X

24. Maçaranduba Manilkara rufula Sapotaceae X

25. Mofumbo Combretum leprosum Combretaceae X

26. Mororó Bauhinia forficata Leguminosae – Caesalpinoideae X

27. Murici Malpighia crassifolia Malpiguiaceae X X

28. Mutamba Guazuma ulmifolia Esterculiaceae X X

29. Pau branco Cordia oncocalyx Borraginaceae X

30. Pau d’óleo Copaiba cearensis Leguminosae – Caesalpinoideae X X

31. Pereiro Aspidosperma pyrifolium Apocynaceae X

32. Pinhão Jatropha ribifolia Euphorbiaceae X

33. Pau leite Euphorbia phospherea Euphorbiaceae X

34. Quixabeira Bumelia sertorum Sapotaceae X

35. Sipaúba Thiloa glaucocarpa Combretaceae X X

36. Ubaia Eugenia uvalha Myrtaceae X

37. Velâme Croton campestris Euphorbiaceae X

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339

4.2.2. FAUNA

A Caatinga ocupa uma área aproximada de 800.000km2, sendo um dos

principais domínios morfoclimáticos brasileiros.

De acordo com Souza (2004) do ponto de vista científico, a caatinga é um dos

biomas menos conhecidos do Brasil e também um dos mais ameaçados e transformados

pela ação antrópica através dos séculos. A região apresenta extensas áreas degradadas,

com os solos passando por um intenso processo de desertificação, devido

principalmente ao desmatamento (SOUZA, 2004).

Pinha (2008) afirma que a falta de proteção aos ecossistemas e a perda contínua

de recursos biológicos vem causando a extinção de espécies como a ararinha-azul

(Cyanopsitta spixii) e colocando em risco de extinção, espécies como a onça pintada

(Panthera onca) a arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari) e o pintassilgo-do-nordeste

(Carduellis yarrellii).

Em relação a riqueza de espécies, segundo o MMA (2002), até o momento

foram registradas na caatinga 932 espécies de plantas vasculares, 185 espécies de

peixes, 154 espécies de répteis e anfíbios, 348 espécies de aves e 148 espécies de

mamíferos, com registro de espécies endêmicas, a exemplo de peixes (57%) e aves

(4,3%).

4.2.2.1. Metodologia

4.2.2.1.1 Levantamento de dados

Para realizar o levantamento dos dados primários foram percorridos oito

transectos preexistentes na área que apresentavam diferentes habitats, mas

principalmente amostrando a formação de caatinga hipexerófita (Figura 4.45 A) e as

áreas agricultáveis (Figura 4.45 B) e com edificações aqui chamadas de áreas

antrópicas.

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Figura 4.45 - Transecto na caatinga hiperxerófita (A) e transecto na área agrícola (B). Fotos: Bruno França, 2010

Essas transecções foram percorridas de forma linear por uma distância de 1 km

cada, sendo identificados os exemplares assim como seus vestígios (rastros e/ou fezes)

que se encontravam tanto em cima do transecto com numa faixa lateral de 20 m devido

ao adensamento da vegetação.

Para auxiliar na detecção de algumas espécies de aves foi utilizada a técnica do

playback onde se reproduz o canto da espécie e espera-se a resposta (Figura 4.46).

Figura 4.46 - Pesquisador percorrendo o transecto utilizando-se de playback. Foto: Juska

Mendonça, 2010

A B

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341

O número de indivíduos de cada espécie era anotado em caderneta de campo,

assim como a localização, data, hora, habitat. Assim, pode-se avaliar a abundância de

cada espécie, o período de atividade e o uso dos diferentes habitats.

Complementando o inventário faunístico foram realizadas entrevistas com os

funcionários da Agrícola Famosa perguntando-os sobre que animais eles encontravam

na região e em que localidades. Foram utilizados guias de identificação com fotos e/ou

ilustrações para que os entrevistados indicassem os animais. Também foi realizado um

levantamento bibliográfico em periódicos científicos.

4.2.2.1.2 Identificação e classificação faunística

A classificação taxonômica dos grupos segue a utilizada pela Sociedade

Brasileira de Herpetologia (2010) para anfíbios e Bérnils (2010) para répteis, do Comitê

Brasileiro de Registros Ornitológicos (2011) para a avifauna, Bonvicino (2008) para

roedores, Oliveira & Cassaro (1999) para os felinos e Reis et al. (2006) para os

mamíferos de forma geral e Reis et al. (2007) para os morcegos.

4.2.2.1.3 Análise dos dados

O esforço amostral (curva do coletor) será aferido com base na distância

percorrida nos transectos (Km) e pelo número de espécies obtidas por quilômetro

percorrido.

Em relação à riqueza de espécies em toda a amostra (Sobs) foi representado por

uma curva de acumulação de espécies, plotada em um gráfico que evidencia a

quantidade de esforço amostral empregada durante o período de estudo. De acordo com

o comportamento desta curva pode-se dizer, segundo Chazdon et al. (1998), o número

de espécies que ainda não foram registradas para a área.

Para estimar se a riqueza de espécies obtidas corresponde à prevista para a área

foi utilizado o estimador não-paramétrico Jacknife de primeira ordem (Jack 1). Este é

um procedimento que se fundamenta no número de organismos presentes em uma

amostra e é utilizado para reduzir a subestimativa do número de espécies em uma

assembléia. O Jack 1 é baseado na presença de espécies que ocorrem em uma única

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342

unidade amostral (“uniques”) para estimar o número de espécies não observadas

(COLDWELL & CONDDINGTON, 1994).

A diversidade de espécies foi calculada utilizando o Índice de Diversidade de

Shannon-Wiener e de Simpson (H’). O Índice de Diversidade de Simpson é mais

sensível às variações nas espécies mais abundantes e dá a probabilidade de um ou mais

indivíduos retirados ao acaso de uma comunidade pertencerem a espécies diferentes

(KREBS, 1999; MAGURRAN, 2004). Este índice é calculado através da equação:

D= ∑ (pi)²

Onde pi é a proporção de indivíduos da espécie i na comunidade.

O índice de diversidade de Shannon-Wiener é mais sensível ás mudanças na

abundância das espécies raras e assume que os indivíduos são amostrados

aleatoriamente de uma população, assumindo também que todas as espécies estão

representadas na amostra (KREBS, 1999; MAGURRAN, 2004). Este índice é calculado

através da equação:

H= - ∑pilogepi

Onde pi é a proporção de cada espécie na amostra total.

As análises de diversidade foram realizadas com a utilização do software DiVes

v.2.0 (RODRIGUES, 2005).

4.2.2.2. Caracterização Faunística da Agrícola Famosa

4.2.2.2.1 Anfíbios e Répteis (Herpetofauna)

Os anfíbios são valiosos como indicadores da qualidade do ambiente, devido a

suas características morfológicas e fisiológicas, aos aspectos de sua historia natural e,

principalmente, pela sua enorme sensibilidade a alterações de parâmetros físicoquímicos

da água, além do que várias espécies são sensíveis a alterações na estrutura da

vegetação nas vizinhanças dos corpos d`água (BEISWENGER,1988; BLAUSTEIN &

WAKE,1995; FEIO,1998; WEYGOLGT,1989).

Esses animais constituem um elo de suma importância nas cadeias ecológicas,

servindo de alimento para serpentes, aves e mamíferos, além de controlar as populações

de insetos (BASTOS et al., 2003).

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343

Durante certo tempo prevaleceu a idéia entre os herpetólogos de que a Caatinga

não tinha fauna própria, admitindo-se que os répteis que ali se encontravam eram os

mesmos eu ocorriam no grande cinturão diagonal de formações abertas que se estende

do Chaco ao Nordeste brasileiro, passando pelo cerrado (VANZOLINI, 1974, 1976,

1988). Hoje, sabe-se que há endemismo na caatinga (RODRIGUES, 1984, 1987, 1988).

A informação oriunda do estudo de répteis da Caatinga é fundamental para a

compreensão da história atual do ecossistema. Apesar disso, o nível de conhecimento

sobre essa fauna é ainda insatisfatório. Conhecem-se hoje, de localidades com a feição

característica das caatingas semi-áridas, 44 espécies de lagartos, 9 espécies de

anfisbenídeos, 47 espécies de serpentes, quatro quelônios e três crocodilianos

(RODRIGUES, 2003).

A área da Agrícola Famosa apresentou uma diversidade herpetológica composta

por 32 espécies, sendo 13 lagartos, um amfisbenídeo, 12 serpentes e seis anfíbios anuros

(Tabela AA).

As famílias Gekkonidae e Teiidae apresentaram o maior número de espécies na

área, ambas com três, sendo que a diversidade de espécies para a família Gekkonidae

representa 50% das espécies descritas no Brasil para essa família. Já a família Teiidae

representa 9,3% e a Phyllodactylidae 16,6% (Figura 4.47).

Figura 4.47 - Diversidade de espécies por família de lagartos e anfisbenídeos na área de

influência da Agrícola Famosa relacionando com a diversidade brasileira para as

mesmas famílias.

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344

A família Dipsadidae (N= 4) apresentou a maior diversidade de serpentes na

área, seguida de Colubridae (N= 3) (Figura 4.2.2.2.2). Comparando-se com a

diversidade de espécies para as mesmas famílias descritas para o Brasil, Diapsadidae

representa 1,6%, Elapidae (3,7%), Viperidae (7,1%), Colubridae (8,8%) e Boidae

(16,6%) (Figura 4.48).

Figura 4.48 - Diversidade de espécies por família de serpentes na área de influência da

Agrícola Famosa relacionando com a diversidade brasileira para as mesmas famílias.

Foi possível identificar ocorrendo na área antrópica 17 espécies (Tabela

4.2.2.2.2), sendo uma anfisbênia, três anfíbios anuros, seis serpentes e sete lagartos.

Estas espécies estão distribuídas nas famílias Amphisbaenidae, Iguanidae, Tropiduridae,

Gekkonidae, Phyllodactylidae, Teiidae, Boidae, Dipsadidae, Elapidae, Bufonidae e

Hylidae.

Na formação de Caatinga hiperxerófita 32 espécies (Tabela 4.2.2.2.2) foram

registradas, sendo distribuídas nas famílias Amphisbaenidae, Gymnophthalmidae,

Scincidae, Polychrotidae, Iguanidae, Tropiduridae, Gekkonidae, Phyllodactylidae,

Teiidae, Boidae, Dipsadidae, Viperidae, Elapidae, Bufonidae, Leptodactylidae,

Leiuperidae e Hylidae.

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As espécies mais abundantes na área são: Cnemidophorus ocellifer (calango) e

Tropidurus torquatus (lagartixa). Foi encontrado em um dos galpões de armazenamento

de mangueiras de irrigação um exemplar de salamanta, Epicrates cenchria (Figura

Figura 4.49 A) e também uma briba, Hemidactylus mabouia (Figura 4.49 B) e

Tropidurus torquatus nas paredes e telhados das edificações (Figura Figura 4.49 C).

Figura 4.49 - Indivíduo de salamanta, Epicrates cenchria (A) e de briba,

Hemidactylus mabouia (B) encontrados no galpão de armazenamento de mangueiras de

irrigação e Tropidurus torquatus no telhado de um alojamento na Agrícola Famosa (C). Fotos: Bruno França, 2010

As espécies mais frequentemente observadas nessa área são o calango

(Cnemidophorus ocellifer), a lagartixa (Tropidurus torquatus) e o teju (Tupinambis

merianae).

A falta de corpos de água na área justificam a baixa diversidade de anfíbios,

composta apenas por seis espécies (tabela 4.34).

Todas as espécies registradas nessa área possuem uma ampla distribuição

geográfica no Nordeste para a formação de Caatinga e não constam na lista brasileira de

fauna ameaçada de extinção.

A B

C

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346

Durante a realização dos transectos na área de influência da Agrícola Famosa foi

detectado apenas cinco espécies de répteis, sendo três lagartos e duas serpentes. Como

se observa na Tabela 4.33, a espécie que apresentou uma maior abundância absoluta foi

Cnemidophorus ocellifer (19,3 ind/km²), seguida de Tropidurus torquatus (5 ind/km²).

Tabela 4.33 - Lista de répteis registrados durante os transectos realizados na área de

influência da Agrícola Famosa. Legenda: Transecto – T1 = Transecto 1, T2 = Transecto

2, T3 = Transecto 3, T4 = Transecto 4, T5 = Transecto 5, T6 = Transecto 6, T7 =

Transecto 7, T8 = Transecto 8.

Espécie

Transecto

Nº de

Contato

s

Abundânc

ia

Relativa

(ind/km)

Abundânc

ia

Absoluta

(ind/km²) T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8

Philodryas nattereri 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0,0001 0,6

Tropidurus torquatus 0 0 4 0 0 2 0 2 8 0,0010 5

Cnemidophorus

ocellifer 0 0 2 4 6 11 4 4 31 0,0038 19,3

Tupinambis merianae 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0,0001 0,6

Boa cosntrictor 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0,0001 0,6

Índice de Diversidade de Shanon-

Winer H': 0,3505

Índice de Diversidade de Simpson Ds: 0,8873

Algumas espécies puderam ser fotografadas durante os transectos, como o

calango (Figura 4.50 A) pode ser observado principalmente na borda da mata, assim

como o teju (Figura 4.50 B) e a jibóia (Figura 4.50 C).

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Figura 4.50 - Calango, Cnemidophorus ocellifer observado sobre o folhiço na borda da

mata (A); teju, Tupinambis merianae encontrado forrageando na estrada próximo a

borda da mata; (C) jibóia . Fotos: A - Bruno França, 2010, B – Adailton Epaminondas, 2009,

C – IBAMA, 2009

Ao analisar o esforço amostral ilustrado pela curva do coletor pode-se constatar

que a mesma apresenta um padrão crescente de diversidade, indicando ainda não foi

atingido à totalidade ou proximidade da diversidade da área (Figura 4.51).

A B

C

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Figura 4.51 - Curva de acúmulo de espécies para a área de influência da Agrícola

Famosa de acordo com a distância percorrida nos transectos.

O índice de diversidade de Shanon-Winer foi H': 0,3505 e o índice de

diversidade de Simpson foi Ds: 0,8873. Utilizando-se do estimador de diversidade

Jacknife 1 obteve-se uma curva ainda crescente na riqueza de espécies (Figura 4.52), o

que indica que o número total de espécies para a área não foi alcançado com os

transectos. Fato comprovado pelas espécies que foram indicadas nas entrevistas com os

funcionários do empreendimento.

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Figura 4.52-. Curva de diversidade obtida com o estimador Jacknife 1 durante os

transectos na área de influência da Agrícola Famosa.

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Tabela 4.34. Lista das espécies de répteis e anfíbios para a área de influência da Agrícola Famosa. Legenda: Status de Conservação - AE =

Ameaçado de Extinção e NA = Não Ameaçado de Extinção; Tipo de Registro - V = Visual, A = Auditivo, E = Entrevista e B = Bibliografia;

Habitat – CH = Caatinga Hiperxerófita e AA = Área Antrópica.

Taxon Nome Popular Abundância

Status de

Conservação

Tipo de

Registro

Habitat

AE NA CH AA

Classe Reptilia

Ordem Squamata

Família Amphisbaenidae

Amphisbaena alba Linnaeus, 1758 Cobra de duas cabeças - - X E X X

Família Iguanidae

Iguana iguana (Linnaeus, 1758) Camaleão; Iguana 1 - X V X X

Família Polychrotidae

Polychrus acutirostris Spix, 1825 Calango cego - - X E X -

Família Tropiduridae

Tropidurus torquatus (Wied, 1820) Lagartixa 8 - X V X X

Família Gekkonidae

Hemidactylus agrius Vanzolini, 1978 Lagartixa 1 - X V X -

Hemidactylus mabouia (Moreau de Jonnès, 1818) Briba 1 - X V X X

Lygodactylus klugei (Smith, Martin & Swain, 1977) Lagartixinha 1 - X V X -

Família Phyllodactylidae

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Gymnodactylus darwinii (Gray, 1845) Lagarto 1 - X B X -

Gymnodactylus geckoides Spix, 1825 Lagarto 1 - X V X X

Família Teiidae

Ameiva ameiva (Linnaeus, 1758) Bico doce - - X E X X

Cnemidophorus ocellifer (Spix, 1825) Calango 31 - X V X X

Tupinambis merianae (Duméril & Bibron, 1839) Teju 1 - X V X X

Família Gymnophthalmidae

Vanzosaura rubricauda (Boulenger, 1902)

Lagarto de cauda

vermelha - - X

E

X -

Família Scincidae

Mabuya heathi Schmidt & Inger, 1951 Lagarto 1 -

V X -

Família Boidae

Boa constrictor Linnaeus, 1758 Jibóia 1 - X V X X

Epicrates cenchria (Linnaeus, 1758) Salamanta 1 - X V X X

Família Colubridae

Drymarchon corais (Boie, 1827) Papa ovo - - X E X -

Leptophis ahaetulla (Linnaeus, 1758) Cobra de cipó - - X E X -

Oxybelis aeneus (Wagler, 1824) Cobra de cipó - - X E X -

Família Dipsadidae

Apostolepis cearensis Gomes, 1915 Falsa coral - - X E X -

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Oxyrhopus trigeminus Duméril, Bibron & Duméril,

1854 Falsa coral - - X

E

X X

Philodryas nattereri Steindachner, 1870 Corre campo 1 - X V X X

Philodryas olfersii (Lichtenstein, 1823) Cobra verde - - X E X -

Família Elapidae

Micrurus ibiboboca (Merrem, 1820) Coral verdadeira - - X E X X

Família Viperidae

Bothropoides erythromelas (Amaral, 1923) Jararaca da seca - - X E X -

Caudisona durissa (Linnaeus, 1758) Cascavel - - X E X -

Classe Amphibia

Ordem Anura

Família Bufonidae

Rhinella granulosa (Spix, 1824) Sapo 1 - X A X X

Rhinella jimi (Stevaux, 2002) Sapo cururu 1 - X A X X

Família Hylidae

Scinax similis (Cochran, 1952) Perereca 1 - X A X X

Scinax x-signatus (Spix, 1824) Perereca 1 - X A X -

Família Leiuperidae

Physalaemus cuvieri Fitzinger, 1826 Rã cachorro 1 - X A X -

Família Leptodactylidae

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Leptodactylus natalensis A. Lutz, 1930 Caçote 1 - X A X -

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354

4.2.2.2.2 Aves

As aves representaram o maior grupo terrestre observado na área de influência

do empreendimento. A avifauna pela sua diversidade de espécies e ocupação de papéis

ecológicos chave, é um dos mais eficientes indicadores da qualidade ambiental. O

conhecimento já existente sobre a ecologia do grupo é suficiente para selecionar e

utilizar certas aves como indicadoras das condições ambientais (GONZAGA, 1985).

Assim, merecem atenção especial os táxons endêmicos e as espécies ameaçadas de

extinção.

Segundo Eken et al. (2004) por serem bioindicadoras, as aves são comumente

utilizadas na identificação de áreas de endemismos e naquelas consideradas prioritárias

para conservação. Olmos (2005) destaca que este processo deve considerar quais as

espécies em maior risco de extinção e onde se concentram estas espécies, seus habitas e

comunidades ameaçadas.

Apesar do pouco conhecimento sobre os endemismos do bioma, sabe-se que

2,9% das espécies da caatinga são endêmicas (SILVA et al., 2003) o que a levou a ser

classificada como uma EBA pela BirdLife International.

Espécies endêmicas são aquelas de distribuição restrita, sendo próprias de

determinadas regiões, seja por decorrência de fatores ecológicos específicos de

determinadas regiões ou devido a alterações geográficas drásticas. As aves endêmicas

são aquelas com área de distribuição inferior a 50.000 km², conforme exposto

anteriormente.

Espécies de distribuição restrita tendem a ser raras, pois além da pequena

distribuição normalmente tem pouca abundância populacional, o que as levam a um

duplo risco de extinção. Segundo Fonseca, Pinto & Rylands (1997) espécies endêmicas

respondem mais rapidamente a fragmentação dos habitats, tornando-se mais suscetíveis

as ameaças, e, portanto devendo ser protegidas em Unidades de Conservação da

Natureza.

A análise dos transectos na área mostram um índice de diversidade de Shanon

de H’: 1,37 e Simpson de Ds: 0,9862, registrando 32 espécies, tendo suas abundâncias

relativa e absoluta demonstradas na Tabela 4.35. Quando somamos as espécies

registradas fora do período de transecto o número de espécies sobe para 95 (Tabela

4.36).

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355

Tabela 4.35. Lista de espécies de aves registradas nos transectos na área de influência

da Agrícola Famosa.

Espécie

Nº de

Contatos

Abundância

Relativa (ind/km)

Abundância

Absoluta (ind/km²)

Penelope jacucaca 5 0,0006 3,13

Cathartes aura 3 0,0003 1,88

Cathartes burrovianus 6 0,0007 3,75

Coragyps atratus 1 0,0001 0,63

Rupornis magnirostris 3 0,0003 1,88

Caracara plancus 1 0,0001 0,63

Columbina passerina 11 0,0013 6,88

Patagioenas picazuro 3 0,0003 1,88

Aratinga cactorum 6 0,0007 3,75

Chrysolampis mosquitus 1 0,0001 0,63

Chlorostilbon lucidus 10 0,0012 6,25

Picumnus limae 2 0,0002 1,25

Taraba major 1 0,0001 0,63

Sakesphorus cristatus 2 0,0002 1,25

Thamnophilus capistratus 4 0,0005 2,50

Thamnophilus torquatus 6 0,0007 3,75

Formicivora melanogaster 10 0,0012 6,25

Hemitriccus margaritaceiventer 10 0,0012 6,25

Todirostrum cinereum 1 0,0001 0,63

Tyrannus melancholicus 3 0,0003 1,88

Myiarchus tyrannulus 2 0,0002 1,25

Cyclarhis gujanensis 3 0,0003 1,88

Cyanocorax cyanopogon 18 0,0022 11,25

Cantorchilus longirostris 6 0,0007 3,75

Polioptila plumbea 10 0,0012 6,25

Mimus saturninus 4 0,0005 2,50

Coereba flaveola 1 0,0001 0,63

Tangara sayaca 3 0,0003 1,88

Sporophila albogularis 6 0,0007 3,75

Lanio pileatus 13 0,0016 8,13

Paroaria dominicana 1 0,0001 0,63

Euphonia chlorotica 4 0,0005 2,50

Índice de Diversidade de

Shanon-Winer H': 1,3729

Índice de Diversidade de

Simpson Ds: 0,9862

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356

A maioria das espécies de aves encontradas na área de estudo apresenta uma

grande plasticidade ambiental, ou seja, podem ser encontrados em vários tipos de

fitofisionomias no estado do Rio Grande do Norte e no Ceará como em campos, na

caatinga, em áreas úmidas e inclusive em áreas antropizadas. Podemos citar como

espécies comuns nos campos: o inhambu-chororó (Crypturellus parvirostris), a

codorna-amarela (Nothura maculosa), a rolinha-cinzenta (Columbina passerina)

(Figura 4.53 A), o anu-preto (Crotophaga ani) (Figura 4.53 B ), o anu-branco (Guira

guira) (Figura 4.53 C) e a sabia da praia (Mimus gilvus) (Figura 4.53 D). Estas também

puderam ser observadas na área da Agrícola Famosa.

Figura 4.53. Espécies de aves comuns nos campos: Columbina passerina (A),

Crotophaga ani (B), Guira guira (C) e Mimus gilvus (D). (Fotos: Bruno França, 2010).

Na Caatinga da área de influência do empreendimento apresenta espécies típicas

do referido bioma, tais como o periquito-da-caatinga (Aratinga cactorum), o pica-pau-

anão-da-caatinga (Picumnus limae), a choca-do-nordeste (Sakesphorus cristatus)

(Figura 4.54 A), a choca-barrada-do-nordeste (Thamnophilus capistratus) (Figura 4.54

B), gralha-cancã (Cyanocorax cyanopogon), o golinho (Sporophila albogularis) (Figura

A B

C D

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4.54 C), o cardeal-do-nordeste (Paroaria dominicana) (Figura 4.54 D) e a jacucaca

(Penelope jacucaca).

Figura 4.54. Espécies de aves típicas da caatinga: Sakesphorus cristatus (A),

Thamnophilus capistratus (B), Sporophila albogularis (C) e Paroaria dominicana (D). Fotos: Bruno França, 2010

Nas áreas antropizadas e pode-se observar o quero-quero (Vanellus chilensis)

(Figura 4.55 A), a coruja-buraqueira (Athene cunicularia), a lavadeira-mascarada

(Fluvicola nengeta), a polícia-inglesa-do-sul (Sturnella superciliaris) (Figura 4.55 B), o

cambacica (Coereba flaveola) (Figura 4.55 C) e o pardal (Passer domesticus) (Figura

4.55 D).

A B

C D

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Figura 4.55. Aves observadas nas áreas antrópicas: Vanellus chilensis (A), Sturnella

superciliaris (B), Coereba flaveola (C) e Passer domesticus (D). Fotos: Bruno França,

2010

As aves de rapina também utilizam as áreas de plantação após a colheita para

caçar, como por exemplo: o caracará (Caracara plancus) (Figura 4.56 A), o gavião-

carijó (Rupornis magnirostris), o gavião-caboclo (Heterospizias meridionalis) (Figura

4.56 B), o gavião-peneira (Elanus leucurus), o gavião-de-rabo-branco (Geranoaetus

albicaudatus) (Figura 4.56 C) e o falcão-de-coleira (Falco femoralis) (Figura 4.56 D).

A B

C D

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Figura 4.56 - Aves de rapina utilizando as plantações como área de caça e descanso:

Caracara plancus (A), Heterospizias meridionalis (B), Geranoaetus albicaudatus (C) e

Falco femoralis (D). Fotos: Bruno França, 2010

A B

C D

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360

Tabela 4.36. Lista das espécies de aves registradas para a Área de Influência da Agrícola Famosa. Legenda: Status de Conservação - AE =

Ameaçado de Extinção e NA = Não Ameaçado de Extinção; Tipo de Registro - V = Visual, A = Auditivo, E = Entrevista e B = Bibliografia;

Habitat – CH = Caatinga Hiperxerófita e AA = Área Antrópica.

Taxon Nome Popular

Status de

Conservação Tipo de

Registro

Habitat

AE NA CH AA

Ordem Tinamiformes

Família Tinamidae

Crypturellus parvirostris (Wagler, 1827) inhambu-chororó

X E, B X

Nothura maculosa (Temminck, 1815) codorna-amarela

X A X

Ordem Galliformes

Família Cracidae

Penelope jacucaca Spix, 1825 jacucaca X

V X

Ordem Ciconiiformes

Família Ardeidae

Bubulcus ibis (Linnaeus, 1758) garça-vaqueira

X V

X

Ordem Cathartiformes

Família Cathartidae

Cathartes aura (Linnaeus, 1758) urubu-de-cabeça-vermelha

X V X X

Cathartes burrovianus Cassin, 1845 urubu-de-cabeça-amarela

X V X X

Coragyps atratus (Bechstein, 1793) urubu-de-cabeça-preta

X V X X

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Ordem Accipitriformes

Família Accipitridae

Elanus leucurus (Vieillot, 1818) gavião-peneira

X V X X

Heterospizias meridionalis (Latham, 1790) gavião-caboclo

X V X X

Rupornis magnirostris (Gmelin, 1788) gavião-carijó

X V X X

Geranoaetus albicaudatus (Vieillot, 1816) gavião-de-rabo-branco

X V X X

Ordem Falconiformes

Família Falconidae

Caracara plancus (Miller, 1777) caracará

X V X X

Falco femoralis Temminck, 1822 falcão-de-coleira

X V X X

Ordem Cariamiformes

Família Cariamidae

Cariama cristata (Linnaeus, 1766) seriema

X E, B X X

Ordem Charadriiformes

Família Charadriidae

Vanellus chilensis (Molina, 1782) quero-quero

X V

X

Família Jacanidae

Jacana jacana (Linnaeus, 1766) jaçanã

X E, B

X

Ordem Columbiformes

Família Columbidae

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362

Columbina passerina (Linnaeus, 1758) rolinha-cinzenta

X V X X

Columbina talpacoti (Temminck, 1811) rolinha-roxa

X V X X

Columbina picui (Temminck, 1813) rolinha-picui

X V X X

Patagioenas picazuro (Temminck, 1813) pombão

X V X

Leptotila verreauxi Bonaparte, 1855 juriti-pupu

X A X

Ordem Psittaciformes

Família Psittacidae

Aratinga cactorum (Kuhl, 1820) periquito-da-caatinga

X V X X

Forpus xanthopterygius (Spix, 1824) tuim

X E, B X

Ordem Cuculiformes

Família Cuculidae

Crotophaga ani Linnaeus, 1758 anu-preto

X V X X

Guira guira (Gmelin, 1788) anu-branco

X V X X

Ordem Strigiformes

Família Tytonidae

Tyto alba (Scopoli, 1769) coruja-da-igreja

X E, B X

Família Strigidae

Megascops choliba (Vieillot, 1817) corujinha-do-mato

X V X

Athene cunicularia (Molina, 1782) coruja-buraqueira

X V

X

Ordem Caprimulgiformes

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Família Nyctibiidae

Nyctibius griseus (Gmelin, 1789) mãe-da-lua

X E, B X

Família Caprimulgidae

Antrostomus rufus (Boddaert, 1783) joão-corta-pau

X A X

Hydropsalis albicollis (Gmelin, 1789) bacurau

X V X

Hydropsalis parvula (Gould, 1837) bacurau-chintã

X V X

Hydropsalis hirundinacea (Spix, 1825) bacurauzinho-da-caatinga

X B X

Ordem Apodiformes

Família Trochilidae

Eupetomena macroura (Gmelin, 1788) beija-flor-tesoura

X V X X

Chrysolampis mosquitus (Linnaeus, 1758) beija-flor-vermelho

X V X

Chlorostilbon lucidus (Shaw, 1812) besourinho-de-bico-vermelho

X V X X

Amazilia fimbriata (Gmelin, 1788) beija-flor-de-garganta-verde

X V X

Ordem Trogoniformes

Família Trogonidae

Trogon curucui Linnaeus, 1766 surucuá-de-barriga-vermelha

X E, B X

Ordem Galbuliformes

Família Galbulidae

Galbula ruficauda Cuvier, 1816 ariramba-de-cauda-ruiva

X E, B X

Família Bucconidae

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364

Nystalus maculatus (Gmelin, 1788) rapazinho-dos-velhos

X E, B X

Ordem Piciformes

Família Picidae

Picumnus limae Snethlage, 1924 pica-pau-anão-da-caatinga X

V X

Veniliornis passerinus (Linnaeus, 1766) picapauzinho-anão

X V X

Colaptes melanochloros (Gmelin, 1788) pica-pau-verde-barrado

X E, B X

Ordem Passeriformes

Família Thamnophilidae

Taraba major (Vieillot, 1816) choró-boi

X V X

Sakesphorus cristatus (Wied, 1831) choca-do-nordeste

X V X

Thamnophilus capistratus Lesson, 1840 choca-barrada-do-nordeste

X V X

Thamnophilus torquatus Swainson, 1825 choca-de-asa-vermelha

X V X

Thamnophilus pelzelni Hellmayr, 1924 choca-do-planalto

X B X

Myrmorchilus strigilatus (Wied, 1831) piu-piu

X B X

Formicivora melanogaster Pelzeln, 1868 formigueiro-de-barriga-preta

X V X

Família Dendrocolaptidae

Dendroplex picus (Gmelin, 1788) arapaçu-de-bico-branco

X B X

Família Rhynchocyclidae

Tolmomyias flaviventris (Wied, 1831) bico-chato-amarelo

X B X

Todirostrum cinereum (Linnaeus, 1766) ferreirinho-relógio

X V X

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365

Hemitriccus margaritaceiventer (d'Orbigny &

Lafresnaye, 1837) sebinho-de-olho-de-ouro

X V X

Família Tyrannidae

Myiopagis viridicata (Vieillot, 1817) guaracava-de-crista-

alaranjada

X B X

Camptostoma obsoletum (Temminck, 1824) risadinha

X V X

Phaeomyias murina (Spix, 1825) bagageiro

X B X

Cnemotriccus fuscatus (Wied, 1831) guaracavuçu

X B X

Fluvicola nengeta (Linnaeus, 1766) lavadeira-mascarada

X B X

Machetornis rixosa (Vieillot, 1819) suiriri-cavaleiro

X B X

Myiozetetes similis (Spix, 1825) bentevizinho-de-penacho-

vermelho

X V

X

Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766) bem-te-vi

X V

X

Myiodynastes maculatus (Statius Muller,

1776) bem-te-vi-rajado

X B X

Empidonomus varius (Vieillot, 1818) peitica

X B X

Tyrannus melancholicus Vieillot, 1819 suiriri

X V X X

Casiornis fuscus Sclater & Salvin, 1873 caneleiro-enxofre

X B X

Myiarchus tyrannulus (Statius Muller, 1776) maria-cavaleira-de-rabo-

enferrujado

X V X

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366

Família Vireonidae

Cyclarhis gujanensis (Gmelin, 1789) pitiguari

X V X

Família Corvidae

Cyanocorax cyanopogon (Wied, 1821) gralha-cancã

X V X

Família Hirundinidae

Progne chalybea (Gmelin, 1789) andorinha-doméstica-grande

X V

X

Família Troglodytidae

Troglodytes musculus Naumann, 1823 corruíra

X E, B

X

Cantorchilus longirostris (Vieillot, 1819) garrinchão-de-bico-grande

X V X

Família Polioptilidae

Polioptila plumbea (Gmelin, 1788) balança-rabo-de-chapéu-preto

X V X

Família Turdidae

Turdus leucomelas Vieillot, 1818 sabiá-barranco

X E, B X

Turdus amaurochalinus Cabanis, 1850 sabiá-poca

X E, B X

Família Mimidae

Mimus gilvus (Vieillot, 1807) sabiá-da-praia

X V X

Mimus saturninus (Lichtenstein, 1823) sabiá-do-campo

X V X X

Família Coerebidae

Coereba flaveola (Linnaeus, 1758) cambacica

X V X X

Família Thraupidae

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Tachyphonus rufus (Boddaert, 1783) pipira-preta

X E, B X

Lanio pileatus (Wied, 1821) tico-tico-rei-cinza

X V X

Tangara sayaca (Linnaeus, 1766) sanhaçu-cinzento

X V X X

Tangara palmarum (Wied, 1823) sanhaçu-do-coqueiro

X E, B X X

Tangara cayana (Linnaeus, 1766) saíra-amarela

X B X

Paroaria dominicana (Linnaeus, 1758) cardeal-do-nordeste

X V X X

Dacnis cayana (Linnaeus, 1766) saí-azul

X B X

Família Emberizidae

Volatinia jacarina (Linnaeus, 1766) tiziu

X E, B X X

Sporophila albogularis (Spix, 1825) golinho

X V X X

Família Cardinalidae

Cyanoloxia brissonii (Lichtenstein, 1823) azulão

X E, B

X

Família Parulidae

Basileuterus culicivorus (Deppe, 1830) pula-pula

X B X

Basileuterus flaveolus (Baird, 1865) canário-do-mato

X B X

Família Icteridae

Icterus cayanensis (Linnaeus, 1766) encontro

X V X X

Chrysomus ruficapillus (Vieillot, 1819) garibaldi

X V

X

Sturnella superciliaris (Bonaparte, 1850) polícia-inglesa-do-sul

X V

X

Família Fringillidae

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Euphonia chlorotica (Linnaeus, 1766) fim-fim

X V X

Família Passeridae

Passer domesticus (Linnaeus, 1758) pardal X V X

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369

4.2.2.2.2.1 Aves Ameaçadas de Extinção

Espécies ameaçadas são aquelas cuja população está em declínio, podendo ser

classificadas como vulneráveis, em perigo ou criticamente em perigo de extinção, de

acordo com os critérios adotados pelo Livro Vermelho da IUCN. Também podem ser

classificadas como quase ameaçadas ou extintas na natureza (PINHA, 2008).

A principal ameaça às aves nas Américas é a perda do seu habitat, sendo este

sozinho, o principal risco de extinção ás aves ameaçadas no Novo Mundo. Apesar do

comércio ilegal, também representar importante risco, raramente é o principal fator de

risco para uma espécie (WEGE & LONG, 1995).

Segundo a Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de

Extinção (MMA, 2003) a caatinga abriga 12 espécies de aves ameaçadas de extinção,

sendo 6 vulneráveis (VU), 3 em perigo (EP) e 3 criticamente em perigo (CP).

Na área da Agrícola Famosa estão presentes duas espécies de aves que se

encontram na lista nacional de fauna ameaçada de extinção, que são a Penelope

jacucaca (jacucaca) e o Picumnus limae (pica-pau-anão-da-caatinga) (Tabela 4.36).

A espécie Penelope jacucaca é endêmica da Caatinga, é a maior espécie de

cracídeo deste bioma, vivendo preferencialmente na caatinga arbórea e nas matas secas.

Originalmente ocorria em quase todos os estados nordestinos e em Minas Gerais

(Figura 4.57). Tolera certo grau de perturbação em seu ambiente, porém bastante

sensível à caça. Possui uma alimentação essencialmente frugívora, tem predileção por

frutos, como o do joazeiro, consumindo também flores de ipê. Pode ser visto sozinho,

aos pares ou em pequenos grupos, que se deslocam rapidamente pelo solo ou pelas

árvores, na área de estudo foram vistos dois bandos em dois locais e dias diferentes.

Sendo o primeiro avistamento de dois indivíduos no dia 16 de junho de 2010 por volta

das 16:30h caminhando no chão da trilha em local com vegetação de caatinga

hiperxerófita (Figura 4.58 A e B ) a uma distância de aproximadamente 200m da borda

da mata em contato com uma área plantada. Já o segundo, com cinco indivíduos, foi

observado no dia seguinte as 16:10h caminhando na borda da mata margeando uma

cerca divisória da Agrícola Famosa com uma propriedade vizinha (Figura 4.58 C e D).

A distância entre os dois avistamento e o número de indivíduos observados leva a crer

que se trata de dois grupos distintos. A espécie é colocada na categoria vulnerável a

nível tanto mundial como nacional (MMA, 2008).

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Figura 4.57 -. Localidades com registro de Penelope jacucaca no Brasil. (Fonte: MMA,

2008)

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371

Figura 4.58 - Dois indivíduos de Penelope jacucaca observados em trilha dentro da

mata no dia 16/06/2010 (A), ampliação dos dois indivíduos observados mostrando

detalhes da espécie (B), grupo de composto por cinco indivíduos na borda da mata no

dia 17/06/2010 (C) e ampliação mostrando dois indivíduos do grupo (D). Fotos: Bruno

França, 2010

O Picumnus limae é um dos menores pica-paus conhecidos e que antes se

pensava ser restrito ao estado do Ceará, porém informações recentes demonstraram que

esse pica-pau apresenta uma distribuição mais ampla. Pois ocorre também foi registrado

para o Rio Grande do Norte e em Pernambuco (Roda 2002; Silva et. al no prelo)

(Figura 4.59). No estado do Rio Grande do Norte, essa espécie está amplamente

distribuída na caatinga da região do Seridó, região das serras úmidas e na caatinga

litorânea de alguns municípios como Galinhos, Guamaré e Macau. É uma espécie que

se apresentou abundante e comum nos locais registrados no estado potiguar, estando

presente inclusive em áreas bem fragmentadas e perturbadas pela ação antrópica. Foram

registrados um casal durante o transecto realizado no dia 16 de junho de 2010 as 14:40

h (Figura 4.60). Outro indivíduo foi ouvido as 08:20 h do dia 17 de junho de 2010

próximo a um galpão de armazenamento de mangueiras de irrigação.

A B

C D

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372

Figura 4.59. Localidades com registro anteriores de Picumnus limae em vermelho e em

amarelo os registros recentes para o Rio Grande do Norte. Fonte: adaptado de MMA, 2008

Figura 4.60 - Macho de Picumnus limae (pica-pau-anão-da-caatinga) fotografado

durante o transecto no dia 16/06/2010 as 14:40 h na borda caatinga hiperxerófita. Foto:

Bruno França, 2010

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373

4.2.2.2.3 Mamíferos

Dos integrantes silvestres que compõem a mastofauna da região da caatinga

destaca-se a presença do veado catingueiro, um animal de maior porte que tem sua

ecologia pouco conhecida; esses cervídeos são mais flexíveis ao uso de habitats, uma

vez que podem fazer uso desde florestas, matas ciliares de galeria até cerrados abertos,

campos e capoeiras. São mamíferos de hábitos solitários que eventualmente são vistos

aos pares, a sua alimentação é composta por frutos, flores, fungos, gramíneas,

leguminosas e alguns tipos de plantas de porte arbustivo e ervas (TIEPOLO & TOMAS,

2006).

Outro grupo presente nessa região são os marsupiais (timbú e cuíca) e

apresentam ampla distribuição geográfica. Alimentam-se de frutos, insetos e de vários

itens (onívoros), desempenham papeis ecológicos importantes, pois atuam como

disseminadores de sementes, controle biológico de insetos e na ciclagem de nutrientes

(ROSSI, BIANCONI & PEDRO, 2006). Além dos marsupiais, o tamanduá mirim

também é um controlador de formigas e cupins, pois esses itens constituem a base de

sua alimentação (MEDRI et al., 2006) e os tatus vão de herbívoros a comedores de

carniça (MARINHO-FILHO, 1992; MEDRI et al., 2006) a responsáveis pelo processo

de aeração do solo.

Os quirópteros (morcegos) são também espécies presentes na região, são

mamíferos bem diversificados quanto aos hábitos alimentares, observando-se

praticamente todos os grupos tróficos que desempenham importante papel ecológico

(REIS et al, 2007). Atuam no controle de insetos, são responsáveis pela polinização de

várias espécies de plantas, bem como da dispersão de sementes, sendo realizadas pelos

nectarívoros e frugívoros, respectivamente. No Brasil são conhecidas 167 espécies

distribuídas em nove famílias (REIS et. al., 2006; REIS et. al., 2007).

A ordem Carnívora é o um grupo bem representativo de mamíferos que ocorre

na área de estudo. Visto que são animais que ocupam o topo da pirâmide alimentar,

precisando de grandes áreas para obter a quantidade de presas necessárias à sua

subsistência, a destruição, fragmentação e alteração de habitats representam a principal

causa de ameaça para todas as espécies deste grupo (MMA, 2008).

Os carnívoros são importantes para os ecossistemas naturais e para a

conservação da biodiversidade em geral. Por serem predadores, podem regular as

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374

populações de suas presas e estruturar as comunidades naturais com base na predação,

sendo por isso consideradas espécies-chave. Como necessitam de grandes áreas para

manter populações viáveis, esforços para conservar áreas suficientes à conservação de

carnívoros acabam por preservar também as outras espécies da comunidade. Nesse caso,

os carnívoros estariam exercendo papel de espécies “guarda-chuva”. São também

animais carismáticos, o que permite sua utilização como símbolos em projetos de

conservação, sendo considerados “espécies-bandeira” (MMA, 2008).

Na área do empreendimento foram registradas 33 espécies de mamíferos (Tabela

CC), distribuídos em sete ordens, que são: Carnivora, Chiroptera, Rodentia, Primates,

Xenarthra, Artiodactyla e Didelphimorphia. A ordem Carnivora apresentou maior

diversidade, com cinco famílias, seguida de Chiroptera e Rodentia, ambos com quatro

espécies (Figura 4.61).

Figura 4.61. Diversidade de famílias por ordem de mamíferos na área da Agrícola

Famosa.

Comparando-se a diversidade de espécies de mamíferos no Brasil com a da

Agrícola Famosa, a ordem Carnivora com oito espécies representa 30,77%, Artiodactyla

com duas compreende 20,22%, Xenarthra com três representa 15,79%, Chiroptera com

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375

12 representa 7,19%, Didelphimorphia com duas compreende 3,64%, Primates com

duas tem 2,04% das espécies e Rodentia com quatro mostra uma representação de

1,70% (Figura 4.62).

Figura 4.62. Diversidade de espécies por ordem de mamíferos na Agrícola Famosa

comparando-se com a diversidade brasileira.

Na ordem Carnivora, a família Felidae (N= 3) foi a mais diversa, seguida de

Canidae (N= 2), Mustelidae, Mephitidae e Procyonidae com uma espécie cada (Figura

4.63).

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376

Figura 4.63. Diversidade de espécies para as famílias da ordem Carnivora na área da

Agrícola Famosa.

Registrou-se a presença de representantes como o gato do mato (Leopardus

tigrinus), o gato mourisco (Puma yagouaroundi), a raposa (Cerdocyon thous), a tacaca

(Conepatus semistriatus) e o guaxinim (Procyon cancrivorus).

Foi possível registrar o veado catingueiro (Mazama gouazoubira) pelos seus

rastros (Figura 4.64 A) e por relato dos funcionários da área, além dos rastros da raposa

(Cerdocyon thous) (Figura 4.64 B). Foi possível registrar um tatu peba (Euphractus

sexcinctus) capturado por funcionários (Figura 4.64 C) para ser fotografado, sendo solto

após as fotos.

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Figura 4.64. Rastro de Mazama gouazoubira registrado na área (A), rastro de

Cerdocyon thous (B) e um tatu peba () capturado na área da Agrícola Famosa. Fotos: A e

B – Juska Mendonça, 2010; C – Adailton Epaminondas

A B

C

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Analisando a ordem Chiroptera, a família que apresentou maior diversidade foi

Phyllostomatidae (N= 9), as demais apresentaram apenas uma espécie cada (Figura

4.65).

Figura 4.65. Diversidade de espécies para as famílias da ordem Chiroptera na área da

Agrícola Famosa.

4.2.2.2.3.1 Mamífero Ameaçado de Extinção

Das espécies existentes na Caatinga dez estão incluídas na lista oficial de

espécies ameaçadas de extinção. As mais vulneráveis ao intenso processo de degradação

observado no bioma, o qual inclui até mesmo pontos de desertificação, são espécies de

mamíferos de topo da cadeia trófica, como, por exemplo, os carnívoros. Nesse contexto

destaca-se o grupo dos felinos: das seis espécies registradas, cinco se encontram

ameaçadas.

O gato do mato (Leopardus tigrinus) foi citado nas entrevistas realizadas com

vários funcionários da Agrícola Famosa, é a menor espécie de felino encontrada no

Brasil e também uma das menos conhecidas. Tem porte semelhante ao do gato

doméstico, seu tamanho médio da cabeça e do corpo é de 49,1 cm (40 a 50,9 cm); a

cauda, longa, tem de 20,4 a 32 cm, enquanto o peso médio é de 2,4 kg (1,5 a 3,5 kg)

(OLIVEIRA & CASSARO, 1999). Segundo MMA (2008), ocorre numa variedade de

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habitats que inclui florestas ombrófilas, deciduais, semideciduais e mistas de araucária,

tropicais e subtropicais, tanto de baixa altitude quanto montanas e pré-montanas.

Também ocorre nas diversas fisionomias do Cerrado, Caatinga e Pantanal, estando

ausente dos Pampas. Pode ser encontrada tanto em áreas primitivas quanto em algumas

áreas alteradas, incluindo áreas próximas a plantações de café, soja, cana e alguns

fragmentos de mata secundária (MMA, 2008).

Essas observações justificam a citação dos funcionários da área, já que tanto o

estado do Rio Grande do Norte como o Ceará incluem-se na área de ocorrência da

espécie (Figura 4.66). No Brasil é considerado no status de vulnerável na lista brasileira

de fauna ameaçada de extinção. As maiores ameaças à sobrevivência da espécie são a

perda, a fragmentação e a conversão dos habitats em outros tipos de ambientes. Soma-se

a captura de exemplares para o tráfico de animais (MMA, 2008).

Figura 4.66. Mapa da área de ocorrência do gato do mato (Felis tigrinus) no Brasil

mostrando a localização da Agrícola Famosa. (Fonte: adaptado do MMA, 2008)

Agrícola Famosa

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Tabela 4.37. Lista das espécies de mamíferos para a área de influência da Agrícola Famosa. Legenda: Status de Conservação - AE = Ameaçado

de Extinção e NA = Não Ameaçado de Extinção; Tipo de Registro - V = Visual, A = Auditivo, E = Entrevista e B = Bibliografia; Habitat – CH =

Caatinga Hiperxerófita e AA = Área Antrópica.

Taxon Nome Popular

Status de Conservação Tipo de

Registro

Habitat

AE NA CH AA

Ordem Primates

Família Cebidae

Cebus aff. apella (Linnaeus, 1758) Macaco prego

X E X

Família Callitrichidae

Callithrix jacchus (Linnaeus, 1758) Sagui

X A X X

Ordem Didelphimorphia

Família Didelphidae

Didelphis albiventris Lund, 1840 Timbu

X E, B X X

Monodelphis sp. Cuica

X V X X

Ordem Xenarthra

Família Myrmecophagidae

Tamandua tetradactyla (Linnaeus, 1758) Tamandua mirim

X E X

Família Dasypodidae

Euphractus sexcinctus (Linnaeus, 1758) Tatu peba

X V X

Dasypus sp. Tatu verdadeiro

X E X

Ordem Carnivora

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Família Mustelidae

Galictis vittata (Schreber, 1776) Furão

X E X

Família Felidae

Leopardus tigrinus (Schreber, 1775) Gato do mato X

E X

Puma yagouaroundi (É. Geoffory Saint-Hilare, 1803) Gato mourisco

X E X

Felis silvestris catus (Linnaeus, 1758) Gato doméstico

X V

X

Família Canidae

Cerdocyon thous (Linnaeus, 1766) Raposa

X V X X

Canis lupus familiaris (Linnaeus, 1758) Cão doméstico

X V

X

Família Mephitidae

Conepatus semistriatus (Molina, 1782) Tacaca

X E X

Família Procyonidae

Procyon cancrivorus (G. [Baron] Cuvier, 1798) Guaxinim

X E X

Ordem Artiodactyla

Família Cervidae

Mazama gouazoubira (Fischer, 1814) Veado catingueiro

X V X

Família Tayassuidae

Tayassu tajacu Linnaeus, 1758 Porco do mato

X E X

Ordem Rodentia

Família Cricetidae

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Mus musculusLinnaeus, 1758 Catita

X E

X

Rattus rattus (Linnaeus, 1758) Rato

X E

X

Família Caviidae

Galea spixii (Wagler, 1831) Preá

X E X

Ordem Chiroptera

Família Phyllostomatidae

Phyllostomus discolor Wagner, 1843 Morcego X B X X

Phyllostomus hastatus (Pallas, 1767) Morcego X B X X

Glossophaga soricina (Pallas, 1766) Morcego X B X X

Carollia perspicillata (Linnaeus, 1758) Morcego X B X X

Sturnira lilium Peters, 1860 Morcego X B X X

Platyrrhinus lineatus (E. Geoffroy, 1810) Morcego X B X X

Artibeus lituratus (Olfers, 1818) Morcego X B X X

Artibeus planirostris (Spix, 1823) Morcego X B X X

Artibeus obscurus Schinz, 1821 Marcego X B X X

Família Furipteridae

Furipterus horrens (F. Cuvier, 1828) Morcego X B X X

Família Molossidae

Molossus molossus (Pallas, 1766) Morcego X V X X

Família Vespertilionidae

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Myotis nigricans (Schinz, 1821) Morcego X B X X

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384

4.2.2.3. Conservação da Fauna na Caatinga

Foram identificadas 82 áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade

da Caatinga. Dessas áreas, 27 foram classificadas como de extrema importância

biológica, 12 como de muito alta importância, 18 como de alta importância (Figura

4.38) e 25 como insuficientemente conhecidas, mas de provável importância. Além

dessas, um corredor conectando áreas prioritárias em Minas Gerais e na Bahia também

foi proposto. O elevado número de áreas das quais pouco se conhece enfatiza a urgente

necessidade de um programa especial de fomento para o inventário biológico desse

bioma. As áreas prioritárias variam bastante em extensão, desde 235km2 até 24.077km

2.

No total cobriram cerca de 436.000km2, ou seja, 59,4% do bioma Caatinga. As de

extrema relevância biológica constituem 42% das áreas prioritárias, ou 24,7% de toda a

Caatinga.

Proteção integral foi a ação mais recomendada para a maioria (54,8%) das áreas

prioritárias. Indicou-se tal ação para 81% das áreas de extrema importância, para 75%

das de muito alta importância, e para 72% das de alta importância. Em contrapartida, e

como esperado, a principal ação proposta para a maior parte (96%) das áreas

insuficientemente conhecidas foi a investigação científica. Sugeriu-se a realização

urgente da ação recomendada para 43,9% das áreas, ou seja, para a maioria; a curto

prazo para 30,5% delas; e a médio prazo para 25,6%.

A área de abrangência da Agrícola Famosa encontra-se inserida em uma das

áreas consideradas de extrema importância biológica para a conservação da

biodiversidade da Caatinga.

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Figura 4.67. Áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade da caatinga. Fonte:

MMA, 2007

4.2.2.3.1 Áreas Prioritárias para a Conservação de Anfíbios e Répteis na Caatinga

São conhecidas, em localidades com feição característica das caatingas semi-

áridas, 44 espécies de lagartos, nove espécies de anfisbenídeos, 47 de serpentes, quatro

de quelônios, três de crocodilianos, 47 de anfíbios anuros e duas de gimnofionos.

Dessas, aproximadamente 15% são endêmicas.

Do ponto de vista da cobertura geográfica há ainda muito por fazer. Talvez seja

essa a mais importante lacuna a ser preenchida para que possamos definir as áreas

prioritárias para conservação na Caatinga. As amostragens são bastante incipientes, o

que torna impossível, salvo para grupos mais bem estudados, como o dos lagartos e o

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386

dos anfisbenídeos, falar em endemismos. As informações sobre a distribuição das

espécies de anfíbios e de répteis foram utilizadas para identificar e classificar áreas

prioritárias a serem conservadas. No total foram indicadas 19 áreas, sendo duas delas de

extrema importância biológica, 12 de muito alta importância e cinco de provável

importância, mas insuficientemente conhecidas (Figura 4.68).

Merecedoras de destaque são as duas áreas de dunas do médio rio São Francisco

(campos de dunas de Xique-Xique e de Santo Inácio, e campos de dunas de Casanova),

pois nelas concentram-se conjuntos únicos de espécies endêmicas. Por exemplo, das 41

espécies de lagartos e de anfisbenídeos registradas para o conjunto de áreas de dunas

praticamente 40% são endêmicas. Além disso, quatro gêneros são também exclusivos

da área.

A criação de áreas protegidas foi a ação recomendada para o Domo de Itabaiana,

Estação Ecológica do Xingó, Raso da Catarina e Raso da Glória, Chapada Diamantina,

Chapada do Araripe, serra das Almas, Quixadá/ encosta da serra de Baturité, Limoeiro

do Norte/Chapada do Apodi, região de encosta da chapada de Ibiapaba, dunas e

contatos com caatinga cerrado e cariris velhos. Essas áreas estão inseridas em regiões de

elevada diversidade, as quais abrigam importantes extensões de caatinga relativamente

bem preservadas, com alguns endemismos e com distribuições relictuais. É possível que

estudos futuros venham a reconhecer algumas dessas populações relictuais como

espécies endêmicas das áreas em que habitam.

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387

Figura 4.68. Áreas prioritárias para a conservação de anfíbios e répteis nas caatingas.

Fonte: MMA, 2007

4.2.2.3.2 Áreas Prioritárias para a Conservação das Aves na Caatinga

O confronto dos critérios utilizados permitiu a identificação de 35 áreas

prioritárias para conservação, sendo 11 delas de extrema importância biológica, seis de

muito alta importância, e cinco de alta importância (Figura 4.69). As 13 restantes foram

indicadas principalmente para estudos básicos de inventário, e representam, portanto,

37% do total de áreas sugeridas.

As áreas prioritárias indicadas pelo grupo formam um conjunto bem distribuído,

do ponto de vista de sua localização geográfica, e bastante heterogêneo. Diversas dessas

áreas correspondem a unidades de conservação de proteção integral ou de uso

sustentado; algumas contemplam regiões para as quais a recomendação específica

aponta a necessidade de criação de unidade de conservação, e outras regiões em que a

realidade local requer medidas diversas, tais como inventário, intensificação de estudos,

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388

implantação de zonas-tampão, e estabelecimento de corredores de vegetação nativa e de

áreas de recuperação e de manejo.

A Agrícola Famosa encontra-se inserida em uma área considerada de alta

importância biológica para a conservação das aves na caatinga, o que mostra a

necessidade da destinação de áreas de preservação.

Figura 4.69. Áreas prioritárias para a conservação de aves na Caatinga. Fonte: MMA,

2007

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389

4.2.2.3.3 Áreas Prioritárias para a Conservação dos Mamíferos na Caatinga

A fauna de mamíferos da caatinga tem sido geralmente reconhecida como

depauperada, representativa de apenas um subconjunto da fauna de mamíferos do

cerrado, bioma esse mais extenso e mais úmido. Essa proposição, no entanto, está longe

de ser verdadeira. Com base nas referências bibliográficas contendo informações

geográficas passíveis de mapeamento, e em informações provenientes de espécimes

depositados em museus de história natural, foi possível relacionar pelo menos 148

espécies de mamíferos do bioma, das quais dez seriam endêmicas. Essa informação

contrapõe-se àquela segundo a qual haveria oitenta espécies no bioma, com menção de

um único caso de endemismo.

O número total de espécies para a Caatinga pode ainda ser maior, uma vez que

alguns registros de roedores e de morcegos não foram comprovados no nível específico

e, portanto, foram excluídos da contagem final. Esse fato, somado à pequena margem de

conspicuidade dos grupos, pode sugerir uma subestimativa da riqueza do bioma. Essa

carência de informação só poderá ser suprida com a intensificação de coletas, sobretudo

relativas à cobertura geográfica, e com o emprego de métodos complementares aos

anteriormente utilizados.

Apesar da documentada ausência de adaptações equivalentes às encontradas em

mamíferos de deserto, duas das espécies características da Caatinga o rato-de-fava

(Wiedomys pirrhorhinus) e o mocó (Kerodon rupestris) são de fato encontradas

somente nas formações vegetais abertas do bioma.

Das espécies existentes na Caatinga dez estão incluídas na lista oficial de

espécies ameaçadas de extinção. As mais vulneráveis ao intenso processo de degradação

observado no bioma, o qual inclui até mesmo pontos de desertificação, são espécies de

mamíferos de topo da cadeia trófica, como, por exemplo, os carnívoros. Nesse contexto

destaca-se o grupo dos felinos: das seis espécies registradas, cinco se encontram

ameaçadas.

A caça também configura importante fator de perigo para as espécies de

mamíferos, visto ser prática bastante comum na região.

A partir das informações compiladas acerca dos mamíferos, as áreas prioritárias

foram selecionadas com base na riqueza de espécies, na ocorrência de possíveis

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390

endemismos – tanto no âmbito do bioma propriamente dito como em uma escala mais

restrita, bem como no status de conservação das espécies registradas.

Entre as áreas apontadas como prioritárias destacam-se: médio rio São

Francisco, Crato, base da Chapada Diamantina, base da Chapada de Ibiapaba, base da

Chapada do Araripe, Raso da Catarina, Morro do Chapéu, base da Serra de Baturité,

Parque Nacional da Serra das Confusões, Parque Nacional da Serra da Capivara, e

corredor parques Serra das Confusões/Serra da Capivara (Figura 4.70).

Figura 4.70. Áreas prioritárias para a conservação de mamíferos nas caatingas. Fonte:

MMA, 2007

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391

4.2.3. ECOSSISTEMA AQUÁTICO

Na área de influência direta da empresa Agrícola Famosa Ltda. não há corpos

hídricos superficiais para diagnóstico de ecossistemas aquáticos.

4.3 – MEIO SÓCIO-ECONÔMICO

Diagnóstico socioeconômico elaborado para atender o IBAMA no processo de

licenciamento ambiental federal do empreendimento Fazenda Agrícola Famosa,

localizado na divisa dos estados do Ceará e Rio Grande do Norte, nos municípios de

Icapuí/CE, Aracati/CE e Tibau/RN. O estudo socioambiental visa descrever e analisar

aspectos sociais e econômicos dos Municípios alcançados pelo empreendimento, dentro

de requisitos formais estabelecidos no Termo de Referência que norteia o presente

estudo, de modo a identificar os impactos causados pela instalação e operação do

empreendimento na região em que se insere.

A Área de Influência Direta – AID do empreendimento foi definida como sendo

a área física do empreendimento.

A Área e Influência Indireta – AII do empreendimento foi definida dentro de

uma faixa de dois quilômetros no entorno da área física do empreendimento.

Para efeito de avaliação e análise socioeconômica, o estudo adotou uma área de

influência ampliada em face do porte, das características e da dinâmica comercial e de

produção do empreendimento, voltado na sua maior parte para o mercado de

exportação, além da disposição dos seus mercados de aquisições de bens e serviços que

lhe conferem alcance regional, além das considerações requeridas no Termo de

Referência – TR estabelecido para este estudo, que estão relacionadas às questões de

ordem local.

As pesquisas foram realizadas na sua totalidade em cima de dados secundários,

retirados de fontes de órgãos públicos federais, estaduais e municipais e de outras

instituições que atuam nos vários setores de interesses afins.

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392

4.3.1. Diagnóstico Sócio-econômico de Icapuí/CE

4.3.1.1. Populações

Icapuí no estado do Ceará, é um dos três municípios onde se situa a área do

empreendimento Fazenda Agrícola Famosa. É o Município sede do empreendimento e

está localizado na porção leste do Estado do Ceará, distando 202,3 km de Fortaleza. De

acordo com o Instituto de Geografia e Estatística do Brasil/IBGE2, a área ocupada pelo

município é de 429 km2 e os seus limites territoriais são: Aracati/CE, a oeste e a sul;

com o Estado do Rio Grande do Norte, a sul e, com o Oceano Atlântico a leste e norte.

A região conta com um litoral privilegiado, destacando-se como atrativos principais, as

suas praias: Peroba, Mutamba, Barreiras, Ponta Grossa, Redonda, Barrinha,

Arrombados, Quitérias, Melancias, Tremembé, Peixe Gordo e Manibu.

O município está subdividido territorialmente em três distritos: Icapuí (sede),

Ibicuitaba e Manibú. Possui ainda quatro bairros: Mutamba, Cajuais, Salgadinho II e

Olho D’Água, com 30 núcleos populacionais, localizados na faixa litorânea, bem como

à margem da Rodovia CE-261 e no entroncamento da BR-304 que liga o Ceará ao Rio

Grande do Norte (Figura 4.71).

Figura 4.71 - Mapa de localização do município de Icapuí no Estado do Ceará. Fonte:

Projeto Orla – Plano de Intervenção na Orla Marítima de Icapuí

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393

O município de Icapuí possui uma população total de 18.392 habitantes, sendo

51,19% do sexo masculino e 48,81% do sexo feminino. Quanto à situação domiciliar,

31,46% dos habitantes residem na zona urbana e 68,54% na zona rural (Tabela 4.38).

Tabela 4.38 – População residente – 1991/2010

A contagem populacional realizada pelo IBGE em 2010, confirmou o aspecto

rural do município, com uma taxa de 68,54% da população residindo na zona rural. Esta

constatação distingue Icapuí dos demais municípios que compõem a micro região, tendo

em vista que as taxas de urbanização nesses municípios ultrapassam a casa dos 50% das

suas respectivas populações (Tabela 4.39).

Tabela 4.39- Taxas de urbanização dos municípios da microrregião do Litoral de

Aracati, 2007

MUNICÍPIOS Taxa de Urbanização

(%)

Aracati 63,20

Fortim 68,14

Icapuí 30,67

Itaiçaba 53,85 Fonte: IBGE (2010)

A população por grupo de idades no ano de 2010 apresentou uma composição de

23,23% dos indivíduos com idades entre 0 a 14 anos. A maior parte da população

recenseada, no percentual de 68,49%, ficou na faixa dos 15 a 64 anos e o restante, 6,8%

da população, na faixa de 65 anos ou mais de idade. Observa-se com base nos dados

apresentados que o Município tem uma população residente relativamente jovem

(Tabela 4.40).

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394

Tabela 4.40 – População recenseada, por sexo, segundo os grupos de idade –

2000/2010

Outro dado importante é que 55,96% da população residente consiste de

População Economicamente Ativa - PEA, com indivíduos na faixa dos 20 aos 59 anos

de idade, uma parcela significativa da população, que representa ao mesmo tempo uma

força potencial de trabalho a ser empregada em favor da economia do Município e um

desafio a ser vencido pelos gestores para garantir oportunidades de trabalho e boa

qualidade de vida para todos.

Segundo o IBGE, em 2000 a população total do Município era de 16.052

habitantes, com uma densidade demográfica de 37,4 hab/ km². O senso demográfico de

2010 estimou a população em 18.392 habitantes e a densidade demográfica evoluiu para

43,43 hab/km2, sendo que a maior parte dessa população encontra-se na faixa litorânea

do Município.

Os dados do senso de 2010 demonstram também, uma queda significativa na

razão de dependência entre a população dependente e a população potencialmente ativa,

ocasionada pela predominância da população com idades entre 15 e 64 anos. (Tabela

4.41).

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395

Tabela 4.41 – Indicadores demográficos – 1991/2000/2010

No que se refere aos dados dos domicílios particulares ocupados por situação e

média de moradores, o senso 2010 demonstra que Icapuí está na média do Estado do

Ceará, com 3,39 moradores por domicílio urbano e 3,50 por domicílio rural para um

universo de 1.117 domicílios na zona rural e 3.523 domicílios em áreas urbanas (Tabela

4.42).

Tabela 4.42 – Domicílios particulares ocupados por situação e média de moradores –

2010.

Comunidades do Entorno

No entorno da área do empreendimento existem comunidades pertencentes aos

Distritos de Ibicuitaba; e Manibu – Praia de Manibu e Barrinha de Manibu; e as

Localidades de Olho D´água; Morro Pintado; Praia Melancias de Baixo; Melancias de

Cima; Bebe Agua; Córrego do Sal; Barrinha; Peixe Gordo; Guajirú; Tijuco; Vila União;

Vila Nova; Ninho da Ema; Bandeira; João Bravo e os Assentamentos Arisa; Gravier e

Tremembé. Uma parte das comunidades distribui-se ao longo da CE-261, estrada que

liga a sede de Icapuí ao município vizinho Tibau, já no Rio Grande do Norte.

São comunidades cuja economia baseia-se predominantemente na agricultura

familiar, com culturas tradicionais, como o plantio de milho, feijão e mandioca para

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consumo da família e venda do excedente para o comércio local e, na comunidades

localizadas nas praias, há o predomínio da atividade pesqueira que se dá de forma

eminentemente artesanal.

As edificações existentes nas comunidades são na sua maior parte domicílios

residenciais, existindo algumas casas de veraneio principalmente em Tremembé e

Manibu. Na sede de Ibicuitaba, Tremembé, Morro Pintado e Peixe Gordo estão os

principais equipamentos de infraestrutura social e estabelecimentos comerciais para

atendimento a população da região.

Comunidades Tradicionais

Nas questões acerca da População Indígena e Populações Tradicionais o estudo

adotou o seguinte conceito, segundo o Decreto Federal N°. 6.040/2007:

São grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem

como tais, que possuem formas próprias de organização social,

que ocupam e usam territórios e recursos naturais como

condição para sua reprodução cultural, social, religiosa,

ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e

práticas gerados e transmitidos pela tradição.

A partir deste conceito, conclui-se que os povos e comunidades tradicionais do

Brasil são compostos pelos povos indígenas, quilombolas, as comunidades de terreiro,

os extrativistas, os ribeirinhos, os caboclos, os pescadores artesanais, os pomeranos,

dentre outros.

Os dados da Fundação Nacional do Índio – FUNAI/Fortaleza indicam que em

Icapuí, não há registros de comunidades indígenas. Sobre as comunidades quilombolas

constatou-se através da base de dados do INCRA, que também que não há registros no

município.

Os pescadores nativos que tem na pesca artesanal o seu meio de sobrevivência,

são considerados integrantes das comunidades tradicionais por realizarem atividades

com instrumentos e práticas utilizados desde a época de seus antepassados, havendo,

por conseguinte, um resgate e a continuidade dessa forma de pescar no município de

Icapuí.

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397

4.3.1.2 Uso e Ocupação do Solo

A disponibilidade de bases de dados sobre a superfície terrestre vem se tornando

uma ferramenta indispensável na geração de informações confiáveis sobre os diversos

tipos de usos e ocupações do solo, dos tipos e distribuição das culturas, das áreas

destinadas à pastagens e, ainda, das áreas devastadas ou não ocupadas, áreas urbanas e

outras que são de fundamental importância para subsidiar o planejamento e gestão seja

do setor público ou privado, visando garantir a sustentabilidade dos recursos naturais e a

melhoria da qualidade de vida das populações.

Os Sistemas de Informações Geográficas – SIGs, tem se revelado uma

ferramenta de valor inconteste no auxílio de tomadas de decisões baseadas em dados

orbitais de sensoriamento remoto, que no caso da área em estudo, permite uma visão

completa e atualizada sob os vários aspectos que se pretenda considerar, seja do ponto

de vista amibental, social, cultural ou histórico.

O uso e ocupação do solo observando-se a área a partir do empreendimento,

foram identificados 13 (treze) modos de ocupação, listados a seguir:

a) Vegetação Natural (Caatinga);

b) Dunas;

c) Exploração de petróleo;

d) Parques Eólicos;

e) Aguas Agricultura (Culturas anuais, temporárias e permanentes);

f) Agricultura (hortifruticultura e remanescentes florestais);

g) Agro Extrativismo (culturas de vazante e exploração de carnaúbas);

h) Áreas urbanas;

i) Rodovias Federais – BRs;

j) Vias carroçáveis;

k) Rodovias Estaduais – CE;

l) Oceano;

m) Drenagens.

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Figura 4.72 – Imagem de uso e ocupação do solo de Icapuí/CE. Fonte: SEMACE, 2010.

Dentre estas, as faixas que apresentam vegetação e agricultura são as mais

representativas. As áreas urbanas concentram-se, especialmente no trecho da Rodovia

Estadual CE-261 e vias carroçáveis do Município. Estas áreas estão representadas, no

entorno do empreendimento e pelo lado de Icapuí, por dois Distritos e vinte e uma

Comunidades Rurais.

Na área do empreendimento destaque para a predominância das faixas de

vegetação do bioma caatinga e áreas de cultivo agrícola.

Há ainda a exploração de petróleo na Fazenda Belém, que exerce grande

influência regional dado a importância econômica e a dinâmica dos investimentos sobre

a socioeconomia da região.

4.3.1.3 – Uso da água e disponibilidade hídrica

No município de Icapuí a distribuição de água é realizada pelo Serviço

Autônomo de Água e Esgoto – SAAE, Autarquia municipal criada em 1990 com o

ofício de operar, manter, conservar e explorar os serviços de água e esgoto no

município. Atualmente 100% das residências urbanas e cerca de 82% na zona rural

contam com abastecimento de água tratada, sendo o tratamento feito através da adição

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de cloro. Em 2007, a cobertura desse serviço era de apenas 50,36% das residências

localizadas na zona rural.

Os domicílios que não contam com o serviço de distribuição de água pelo

SAAE, a exemplo das localidades: Retiro Grande, Ponta Grossa, Ariza e as do

Assentamento da Fazenda Belém são atendidos pela Secretaria de Obra, Serviços

Públicos e Urbanismo do Município. O SAAE presta apenas serviço de manutenção nos

equipamentos desses lugares.

As reservas hídricas do município estão, principalmente, no subterrâneo e

possuem boas condições de extração. A água distribuída no município é captada através

de 2 poços de aproximadamente 48 m de profundidade. Na sede Icapuí é distribuído

água nas 24 horas do dia, nas demais localidades o serviço é realizado forma alternada,

com duração de 6 horas por dia de abastecimento entre as localidades a leste e a oeste

da sede.

Em muitas localidades a água disponibilizada para as residências e demais usos

é salgada e inapropriada para o consumo humano e para agricultura. A Prefeitura,

através do Plano Municipal de Desenvolvimento Rural tem adotado providências que

visam a melhoria desse quadro, tendo como ações de destaque a perfuração e

revestimento de poços, com instalação de aparelho dessalinizador e a construção de

adutoras em algumas comunidades.

4.3.1.3. Aspectos Econômicos

A economia representa o status de desenvolvimento de uma sociedade e será

mais eficiente na medida em que as suas estruturas produtivas, as suas relações de

produção e as riquezas geradas tenham alcance ampliado sobre os seus cidadãos e

regiões, configurando assim o desenvolvimento econômico e social de uma nação ou

região ou País. No Brasil a política do crescimento econômico primou pelo

desenvolvimento das regiões Sul e Sudeste. Num segundo momento, vieram a abertura

das novas fronteiras agrícolas na Região Centro-Oeste do País e só muito tardiamente, a

região Nordeste passou a ser contempladas com políticas de governo voltadas para o

desenvolvimento econômico e social, ainda que de forma incipiente.

A economia do município de Icapuí pode ser considerada um reflexo do modelo

de crescimento adotado no País. O Setor primário é o mais representativo na formação

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400

do seu Produto Interno Bruto - PIB. A produção desse setor é voltada basicamente para

a pesca da lagosta, a extração do sal, a friticultura, as culturas do caju e do coco e a

extração do petróleo.

Segundo o Plano de Intervenção na Orla Marítima de Icapuí-Ce/ Projeto Orla

(2006), “a pesca tem sido o setor de maior influência na economia do município tanto

pela ocupação da mão-de-obra direta e indireta: totalizando 2.877 famílias, onde

1.342(88,99%) estão vinculadas à pesca, quanto pela geração de divisas auferidas ao

município na forma de impostos, com o predomínio para a pesca da lagosta (82,88%).

Mais recentemente se observou um fluxo significativo de turistas e veranistas e também

a inserção de novas atividades produtivas como novas práticas de pesca e cultivo de

animais marinhos”.

O turismo ultimamente vem recebendo incentivos de políticas governamentais,

através de planos nacionais e locais. Em Icapuí, como de resto nos demais municípios

litorâneos, a valorização da culinária com os recursos do mar e o belo litoral tem

representado uma evolução do setor de serviços na composição do PIB do Município,

ademais os eventos em torno das atividades marinhas, geram receitas para todos os

setores da economia local, com reflexo importante na sua renda per capta.

O Produto Interno Bruto (PIB) em 2005, foi de R$ 104.155.000,00 reais,

correspondendo a um PIB per capita de R$ 5.935,00. Já para 2007, esse valor foi de R$

133.693.000,00 reais com um valor per capta de R$ 7.351,00.

Em 2007 o Setor Agropecuário foi que mais contribuiu par o incremento do PIB

do Município, com participação no valor de R$ 52.638.000,00, seguido do Setor de

Serviços, com participação no valor de R$ 45.723.000,00. As atividades industriais

tiveram participação no PIB de apenas R$ 29.615.000,00 (Tabela 4.43).

Tabela 4.43- Produto Interno Bruto /PIB - 2007

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais, 2007

Descrição Valor

Valor adicionado na agropecuária, 52.638 mil reais

Valor adicionado na indústria, 29.615 mil reais

Valor adicionado no serviço, 45.723 mil reais

Impostos 5.717 mil reais

PIB 133.693 mil reais

PIB per capita, 7.351 reais

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Em 2008 mais uma vez o Setor Agropecuário é determinante para o crescimento

do PIB, representando 41,13%, seguido do Setor de Serviços com 35,73% e Industrial

com participação de 23,14% nas riquezas geradas no Município (Tabela 4.44).

Tabela 4.44 – Produto Interno Bruto - 2008

Cabe destacar que o Programa Bolsa Família do Governo Federal destinou ao

município de Icapuí em 2008, recursos da ordem de R$ 2.147.978,00 para atender a

população mais carente, ampliando o poder de compra desse público.Em 2007, esse

valor foi de R$ 1.804.767,00 bem abaixo dos recursos destinados em 2008.

Os dados do IBGE/IPECE demonstram que a renda per capta do município vem

crescendo gradativamente e já apresenta um crescimento de 56,89% no período de 2004

a 2008 (Figura 4.73).

Figura 4.73 – Produto Interno Bruto Icapuí 2004-2008

No que se refere à situação fiscal do Município, denota-se uma situação

deficitária entre receita e despesas, mesmo quando adicionado os valores recebidos a

título de parcelas dos Impostos Estaduais Arrecadados e Receitas da União arrecadadas.

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Tabela 4.45 – Receita municipal - 2009

Tabela 4.46 – Despesa municipal - 2009

Tabela 4.47 – Receita Estadual Arrecadada - 2009

Tabela 4.48 – Receita da União Arrecadada - 2010

Atividades agrícolas

Constituído pelas atividades agropecuárias, extrativistas e pesqueiras, o setor

primário vem consolidando a sua importância no cenário econômico do município de

Icapuí, com destaque na produção de castanha de caju e coco da baía, com produção

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403

escoada para Fortaleza e o estado do Rio Grande do Norte e suprimento do mercado

interno.

No extrativismo o município conta com a produção de madeira para lenha e a

carnaúba, utilizada na confecção de produtos artesanais.

Na lavoura temporária destaque para o cultivo de pelo melão, que gera 74% do

valor de produção desse setor, seguido pela cultura do abacaxi, com 16%, respectivo a

R$ 26.208.000,00 reais (Tabela 4.49).

Tabela 4.49- Valor da produção relativa às lavouras temporárias (por mil reais)

Cultura Valor da produção (mil reais)

Abacaxi 5.625

Cana-de açúcar 133

Feijão 360

Melancia 3.240

Melão 26.208

Milho (em grão) 75

Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal 2009. Rio de Janeiro: IBGE (2010)

Segundo dados do IBGE, em 2009, havia no município a predominância de

criação de bovinos, com 6.660 cabeças. A presença de efetivos dos rebanhos de ovinos,

eqüinos, suínos, caprinos e outros animais perfazem um pequeno percentual no setor da

pecuária (Tabela 4.50).

Tabela 4.50 - Pecuária (por cabeça)

Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal 2009.

Criação Quantidade por cabeças

Bovinos 6.660

Equinos 250

Asininos 93

Muares 150

Suínos 917

Caprinos 803

Ovinos 1.836

Galinhas 5.188

Vacas ordenhadas 812

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Atividade pesqueira

A atividade pesqueira assume grande importância para a economia local. A

produção do pescado é bastante variada, as espécies mais comuns são o Pargo, o Serra,

a Cavala e a Lagosta. Segundo dados da Secretaria do Meio ambiente do município,

em 2003, a lagosta liderou na produtividade e lucratividade, como pode ser observado

na Tabela 4.51. Sua produção hoje é destinada ao mercado interno, porém, é com a

exportação que este setor se mantém.

Tabela 4.51- Produção pesqueira de Icapuí - 2003

Descrição Quantidade (tonelada) Valores (R$)

Peixes 363,6 -

Lagosta 390,2 -

Camarão marinho 0,5 -

Total 754,3 11.866.880,57 Fonte: SEDEMA (2004)

No Setor Pesqueiro em 2003, foram cadastrados 1.883 pescadores profissionais,

destes cerca de 1.037 foram amparados pelo seguro desemprego criado para garantir a

renda da atividade no período defeso da lagosta, período no qual não se pode realizar a

captura, do recurso lagosta. (Tabela 4.52).

Tabela 4.52 - Pessoas envolvidas diretamente com a atividade pesqueira

Descrição Quantidade

Total de pescadores c/ seguro desemprego 1.037

Total de pescadores s/ seguro desemprego 846

Total de pescadores cadastrados 1.883

Fonte: Colônia de Pescadores de Icapuí (2003)

Atividades empresariais

Os dados do Cadastro Central de Empresas do IBGE de 2008 (Tabela 4.53),

demonstrou no município de Icapuí a existência de 453 empresas ativas, que empregam

2.312 trabalhadores, destes, 1.967 são assalariados. O orçamento gasto com

remuneração é de R$ 18.211.000,00, o que perfaz uma média de 1,8 salários mínimos

por empregos diretos.

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Tabela 4.53 - Estatísticas do Cadastro Central de Empresas

Descrição Valor

Número de unidades locais 453 unidades

Pessoal ocupado total 2.312 pessoas

Pessoal ocupado assalariado 1.967 pessoas

Salários e outras remunerações 18.211.000,00 reais

Salário médio mensal 1,8 salários mínimos

Fonte: IBGE,Cadastro Central de Empresas 2008. Rio de Janeiro: IBGE (2010)

O segmento turístico apresentou o melhor desempenho, seguido dos segmentos

da construção e de alimentos.

Renda e emprego

O Atlas de Desenvolvimento Humano por Município - IDHM 2003 do PNUD,

demonstra uma evolução no Índice de Desenvolvimento Humano do Município em

relação a renda da população (IDHM-Renda), percebe-se que, no período de 1991 até

2000, houve uma evolução, passando de 0,515 em 1991 para 0,525 em 2000 (Figura

4.74).

0,515

0,525

0,51

0,512

0,514

0,516

0,518

0,52

0,522

0,524

0,526

Figura 4.74 - Índice de Desenvolvimento Humano-Renda – Município de Icapuí –

1991-2000. Fonte: PNUD - Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, 2003

A concentração de renda consiste num dos maiores entraves para o

desenvolvimento sustentável. Esta situação é verificada no município de Icapuí na

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medida em que, em 2000, os 20% mais pobres da população detinham apenas 3,20% da

renda gerada no município, enquanto o extrato correspondente aos 20% mais ricos

detinha 52,70%. Tal nível de desigualdade representa sérios problemas para aplicação

de políticas públicas.

Tomando por base o Censo Demográfico de 2010 (Tabela 4.54), o IBGE apurou

que 19,82% se encontravam em situação de extrema pobreza e, em que pese estar na

média estatística para o Estado, é um índice significativo que exige medidas urgentes

para minimizar os seus efeitos. O agravante é que desse percentual, 10, 64% estão em

áreas urbanas e 24,04% encontram-se em área rural, onde os efeitos das políticas

públicas demoram mais a chegar.

Tabela 4.54 – População extremamente pobre (com rendimento domiciliar per capita

mensal de até R$ 70,00) – 2010.

Houve uma evolução na renda per capta média do Município, de

aproximadamente 6%, passando de R$ 85,27 em 1991, para R$ 90,61 em 2000. A

população extremamente pobre (com rendimento domiciliar per capta mensal de até R$

70,00) teve uma redução de 8,54%, caindo de 66,3% em 1991, para 60,6% em 2000. No

entanto, mesmo com essas melhorias, não houve diferenças significativas para os

indicadores de desigualdade social para o período analisado e com isto, o Índice de

Gini, que mede o nível de desigualdade existente, foi de 0,49 em 1991 e em 2000, não

havendo nenhuma alteração, uma vez que este índice adota o parâmetro de zero a um e

quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade da região.

Com relação a Renda Domiciliar per capta apurada pelo Censo Demográfico de

2010 (Tabela 4.55), que significa a soma dos rendimentos mensais dos moradores do

domicílio dividida pelo número de seus moradores, observa-se uma situação

desfavorável do ponto de vista social, uma vez que 85,86% dos domicílios sobrevivem

com uma renda de até um salário mínimo, somente 10,40% dos domicílios tem renda de

um a mais de tres salarios mensais e 3,73% dos domicilios sobrevivem sem nenhuma

renda.

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Tabela 4.55 – Renda domiciliar per capita (salário mínimo R$ 510,00 – 2010)

Percebe-se que mesmo de forma pouco expansiva, a melhoria da renda e das

condições de vida da população se dá através, principalmente, da atividade da

agropecuária, onde foram gerados 1.175 empregos formais, em 2008. Os outros setores,

no que se refere à formalidade, absorvem poucos trabalhadores (Tabela 4.56). Os dados

apontam também a existência de um grande contingente de trabalhadores do sexo

masculino, enquanto o feminino compõe menos de 25% do total de empregos formais

no município de Icapuí.

Tabela 4.56- Empregos formais no município de Icapuí e no Ceará - 2008

Discriminação

Número de empregos formais

Icapuí Ceará

Masculino Feminino Total Masculino Feminino Total

Extrativa Mineral 3 1 4 2.379 221 2.600

Indústria de Transformação 40 7 41 132.339 83.203 215.542

Serviços Industriais de Utilidade Pública - - - 5.540 978 6.518

Construção Civil - - - 42.192 3.523 45.715

Comércio 57 49 106 104.936 64.951 169.887

Serviços 75 18 93 177.855 130.133 307.988

Administração Pública 224 312 536 129.980 226.259 356.239

Agropecuária 1.098 77 1.175 22.068 3.442 25.510

Total das Atividades 1.497 464 1.961 617.289 512.710 1.129.999

Fonte: RAIS/2008 – MTE. IPECE(2010)

Os dados de 2010 (Tabela 4.57), em relação aos dados de 2008, apresentam uma

evolução dos números, mas continua o setor agropecuário como o carro chefe da

economia do Município e por isto, mantém o melhor desempenho sobre o número de

empregos formais com 1.897 empregos, bem acima dos demais setores.

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Tabela 4.57 – Número de empregos formais – 2010.

Índice de Desenvolvimento Humano do Município – IDH

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD através do

Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil disponibiliza um banco de dados

contendo informações sobre o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M)

e 124 outros indicadores georreferenciados de população, educação, habitação,

longevidade, renda, desigualdade social e características físicas do território que foram

basedos nos microdados dos censos de 1991 e de 2000 da Fundação Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística (IBGE).

O indicador longevidade, reflete entre outras coisas, as condições de saúde

da população; medida pela expectativa de vida ao nascer;

O indicador educação é medido por uma combinação da taxa de

alfabetização de adultos e a taxa combinada de matrícula nos níveis de ensino:

fundamental, médio e superior;

O indicador renda é medido pelo poder de compra da população, baseado no

PIB per capita ajustado ao custo de vida local para torná-lo comparável entre países e

regiões, através da metodologia conhecida como paridade do poder de compra (PPC).

Destarte, Icapuí está entre as regiões consideradas de médio desenvolvimento

humano (IDH entre 0,5 e 0,8). Em relação aos outros municípios do Estado, Icapuí

apresenta uma situação intermediária: ocupa a 92ª posição, sendo que 91 municípios

(49,5%) estão em situação melhor e 92 municípios (50,5%) estão em situação pior ou

igual.

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Tabela 4.58 – Índices de desenvolvimento

4.3.1.4 – Caracterização das condições de vida da população

O município conta com infraestrutura urbana, representada por praças, ruas e

avenidas pavimentadas em asfalto, pedra tosca ou areia. Na sede do Município tem mais

disponibilidade de equipamentos urbanísticos que na sede dos distritos e localidades,

constatando na cidade de Icapuí uma estrutura urbana plana, paralela, constituída de

ruas e avenidas, que demonstram a fluidez dos espaços.

O abastecimento d´agua no município de Icapuí está estruturado pelo Serviço

Autônomo de Água e Esgotos (SAAE), através do fornecimento por meio da captação

em poços profundos construídos e distribuídos no Município, tanto na sede municipal

como em alguns distritos e localidades.

São 33 pontos de abastecimento d’água no município. Em 05 destes a

comunidade não paga pelos serviços. Os outros 28 pontos tem cobrança pelos serviços,

para o custeio da distribuição de água. Nas sedes dos distritos e em alguns povoados, a

população utiliza também chafarizes públicos, construídos pelo Governo do Estado e na

zona rural a água para consumo humano geralmente é obtida a partir de lagoas, açudes e

poços, como também através do abastecimento de água pelo Exército, nas cisternas.

O serviço de esgotamento sanitário é de responsabilidade do Sistema Autônomo

de Água e Esgotos – SAAE, implantado principalmente na sede municipal. No entanto,

em algumas comunidades não existe esse sistema, sendo a forma dominante, a fossa

rudimentar e fossa séptica.

A coleta de resíduos sólidos fica a cargo do poder público municipal, e é

realizada em dias alternados e obedece a um plano estratégico que atende grande parte

da população do município. Os serviços de limpeza pública está focado principalmente

na coleta do lixo doméstico, sendo realizado também o transporte e destinação final do

lixo, varrição e capinação das praças e logradouros públicos. O lixo coletado é

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destinado para o aterro controlado do município de Icapuí, podendo-se encontrar ainda

uma usina de seleção de lixo reciclável.

O acesso ao município de Icapuí é realizado, a partir de Fortaleza, através da

Rodovia Estadual CE-040, que é uma via construída em pavimento asfáltico com duas

faixas de rolamento, uma para cada sentido, podendo manter trechos com duas faixas ao

longo de seu trajeto. Em seguida toma-se a Rodovia Federal BR-304, em Aracati e logo

depois a rodovia estadual CE-261 que dá aceso direto a sede municipal de Icapuí.

Icapuí conta ainda com uma malha de vias municipais em pavimento primário.

A maioria das vias municipais necessita de conservação, não existem pistas de

rolamento definidas, nem acostamentos e a maioria delas se encontra em leito natural,

trafegável apenas em período bom e seco.

Quanto a infraestrutura social, o setor de educação de Icapuí, no ano de 2009,

contava com 23 unidades escolares, sendo 01 estadual e 22 municipais. Os

estabelecimentos de ensino do município habilitam-se ao Ensino Infantil, Fundamental,

Médio e Supletivo, de modo geral mantidos pelo poder público municipal.

A população do município de Icapuí conta com a implantação do sistema

público de saúde integrado ao Sistema Único de Saúde – SUS e pelo Programa de

Saúde da Família – PSF com atendimentos na área urbana e rural. Este é um sistema

local de saúde com nível primário e baseado nos princípios do SUS. Os equipamentos

de saúde do município, além do atendimento médico, dispõem de serviços de

odontologia, incorporado ao PSF.

Para atender a demanda de saúde da população o município de Icapuí contava

em 2011, com 10 estabelecimentos de saúde distribuídos da seguinte forma: 01 Hospital

(Unidade Mista), 07 postos de saúde, 02 Unidades de Apoio (Gravier e Belém), 01

Unidade de Vigilância Sanitária.

Destaca-se no município a implantação 07 Equipes do Programa Saúde da

Família e 04 Equipes do Programa Saúde Bucal- Modalidade 1.

Os recursos ambientais da zona costeira, como as belas praias de Redonda;

Ponta Grossa; Retiro Grande; Peroba; Picos; Barreiras; Barrinha de Mutamba;

Requenguela e Barra Grande; Praia de Placa; Praia de Quitérias; Tremembé; Melancias;

Peixe Gordo; Barrinha de Manibu; Praia de Manibu; e Praia do Arrombado. Os eventos

culturais e gastronômicos como o Festival da Lagosta que é o recurso pesqueiro

principal do município, os imensos coqueirais das praias que ajudam moldar belas

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paisagens, somados a uma rede hoteleira de boa qualidade, fazem com que o setor

turístico venha despontando com um considerável potencial a ser explorado e com boas

chances de alavancar a economia de Icapuí.

As organizações da sociedade civil formadas por várias entidades de classes,

buscando defender os interesses de seus associados visando a melhoria da qualidade de

vida das populações locais, com destaque para a Colônia de Pescadores, uma das

organizações mais antigas e ativas do município na defesa dos interesses dos pescadores

profissionais. Conta ainda com Associações Comunitárias, de Artesãos entre outras.

A Segurança Pública de Icapuí é de competência da Polícia Civil, tendo como

unidade de segurança para o Município a Delegacia de Polícia Civil que está localizada

na sede municipal. Os policiais contam com uma logística de viatura para os serviços de

diligencias e apoio no atendimento às ocorrências diárias, principalmente nos finais de

semana.

A economia do município de Icapuí tem como destaque o Setor primário que

está representado pela agricultura, inclusive os cultivos de subsistência e a produção de

melão para exportação, a pecuária e em larga escala e as atividades pesqueiras, com

maior ênfase na cadeia produtiva da lagosta. O Setor Secundário, representado pelo

segmento industrial e, o Setor Terciário representado pelos segmentos de comércio e

serviços, destinados principalmente para o atendimento ao setor turístico.

O extrativismo vegetal para produção de carvão, tendo como matérias-primas a

oiticica e a carnaúba, tem se revelado uma atividade econômica bastante difundida no

município de Icapuí, assim como a exploração de areia, argila e diatomito para a

indústria cerâmica fabricar tijolos e telhas e a exploração de petróleo pela

PETROBRÁS, na Fazenda Belém.

A atividade turística desenvolvida no município também gera importante fonte

de renda para os moradores locais e vem fomentada através de programas do Governo

Federal, Estadual e Municipal, através do PRODETUR e do Projeto Orlas, visando

ordenar, especializar e difundir o turismo nas suas várias modalidades.

Segundo dados do IBGE (2009), até o ano de 2008, o PIB a preço de mercado

corrente para o município era de R$ 150.709,00 mil reais e o PIB per capita atingiu

nesse mesmo ano o valor de R$ 7.895,04.

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O Produto Interno Bruto adicionado pelo setor agropecuário é o mais expressivo,

chegando a representar 40,51% do total, enquanto o setor de serviços representa 36,90%

e o setor industrial com um índice inferior aos dois com 22,59% do valor total.

Saúde

O estado do Ceará na última década vem melhorando os seus índices de saúde.

Cabe destacar a redução da taxa de mortalidade infantil, o controle de doenças

imunopreviníveis e a redução da mortalidade materna. No que se refere ao controle das

doenças imunopreviníveis, o atendimento de rotina nas unidades de saúde e as

campanhas públicas de vacinação em massa tem revelado resultados positivos.

De modo geral o município de Icapuí, vem acompanhando os indicadores de

saúde do Estado, como se vê na tabela abaixo (Tabela 4.59).

Tabela 5.59 - Principais Indicadores de Saúde - 2009

INDICADORES ICAPUÍ CEARÁ

Médicos/1000 hab. 0,6 1,1

Dentistas /1000 hab. 0,3 0,3

Leitos/1.000 hab. 0,7 2,3

Unidades de saúde/1.000 hab 0,6 0,4

Taxa de internação por AVC (40 anos ou mais)/10.000 hab 27,8 26,0

Nascidos vivos (1) 248 133.506

Óbitos (1) 3 2.113

Taxa de Mortalidade Infantil/1.000 nascidos vivos (1) 12,1 15,8

Fonte: Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (SESA)

Nota: (1) Dados referente à 2008

Em 2010 os dados se apresentam desfavoráveis em alguns indicadores (Tabela

4.60), mas ainda assim estão dentro da média do Estado e não se pode dizer que há um

descontrole da situação.

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Tabela 4.60 – Principais Indicadores de Saúde - 2010

O ponto fundamental a ser destacado é a evolução positiva dos dados referentes

aos nascidos vivos com a redução da taxa de mortalidade infantil (Figura 4.75),

demonstrando uma melhora no atendimento e das estruturas de saúde do Município.

Cabendo ressaltar a implantação do Programa Agente de Saúde que tem contribuído

grandemente nas ações de prevenção e educação junto às populações menos informadas

e mais distantes dos centros de pronto atendimento.

Figura 4.75 – Taxa de mortalidade infantil – 2006/2010

Outro fator categórico para as melhorias relacionadas à área de saúde é a

evolução das estruturas de atendimento. São 11 Unidades ligas ao SUS, todas públicas,

localizadas em várias localidades no município (Tabela 4.61).

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Tabela 4.61 – unidades de saúde ligadas ao sistema único de saúde (sus), por tipo de

prestador - 2010

Das 11 unidades de saúde ligadas ao SUS, por tipo de unidade (Tabela 4.62),

consta em funcionamento no Município 3 Postos de Saúde, 1 Unidade Mista, 1 Unidade

de Vigilância Sanitária, 5 Centros de Saúde/Unidade Básica de Saúde e 1 Centro de

Atenção Psicossocial. É uma estrutura que longe de ser ideal, mas vem surtindo efeitos

positivos no Município.

Tabela 4.62 – Unidades de saúde ligadas ao Sistema Único de Saúdo (SUS), por tipo de

unidade - 2010

Soma-se a estrtura de saúde de Icapuí, a força de trabalho dos profisionais que

atuam nas várias atividades de atendimento (Tabela 4.63), prevenção, controle e outros.

Aqui também temos um quadro longe do que se recomenda para os padrões satisfatórios

de saúde pública, mas ainda assim, o quadro é de evolução positiva no município, ainda

que de forma muito lenta.

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Tabela 4.63 – Profissionais de saúde, ligados ao Sistema Único de Saúde (SUS) - 2010

Do ponto de vista do controle de endemias e epidemias, os dados demonstram

uma situação favorável. Em 2010 (Tabela 4.64), foram registrados 1 caso de dengue e 3

casos de tuberculose. No caso da tuberculose o volta de ocorrência de casos tem como

motivação o descuido do poder público com a imunização da população, que fez

ressurgir no Brasil a sombra do sarampo, malária e outras dpenças que se julga estintas

ou controladas.

Tabela 4.64 – Caso confirmado das doenças de notificação compulsória - 2010

Educação

A administração do ensino nos 184 municípios do estado do Ceará é feito

através de 20 Coordenadorias Regionais de Desenvolvimento da Educação (CREDE),

da Secretaria de Educação do Estado do Ceará (SEDUC) responsável pela organização

da rede de educação nos município do Estado. Icapuí, juntamente com mais 12

municípios (Tabuleiro do Norte, Palhano, São João do Jaguaribe, Quixeré, Aracati,

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Limoeiro do Norte, Morada Nova, Itaiçaba, Jaguaruana, Fortim, Alto Santo e Russas),

faz parte do CREDE 10, que tem Russas como município pólo dessa coordenação.

Segundo dados da Secretaria de Educação e Cultura do Município, Icapuí conta

com 20 estabelecimentos de ensino da rede pública, sendo 13 Centros de Educação

Infantil (creche e pré-escolar), 7 escolas de ensino fundamental e 1 escola de ensino

médio que está situada na Sede (Tabela 4.65).

Tabela 4.65- Número de estabelecimentos escolares no município de Icapuí

Fonte: Secretaria de Educação e Cultura do Município de Icapuí (2010)

Quanto á taxa de analfabetismo, segundo o Censo 2000 (IBGE), houve uma

evolução positiva entre 2000 e 2010, com uma queda de aproximadamente 8% na taxa

de analfabetismo funcional neste período (Tabela 4.66). É um dado que vem

acompanhando a média do Estado e que a primeira vista pode parecer pouco, mas

devemos considerar o crescimento da população no período e a taxa de abandono que

no ensino médio foi de 12,6% em 2010 (Tabela 4.66).

Tabela 4.66 – Taxa de analfabetismo funcional para pessoas com 15 anos ou mais –

200/2010

Os indicadores referentes a aprovação, reprovação, abandono e escolarização

líquida estão dentro da média do Estado, demonstrando que Icapuí, segue na mesma

linha desenhada pela política estadual de educação, sem nenhum esforço excepcional

(Tabela 4.67).

N° de Escolas que oferecem Estadual Municipal Particular

Creche e Pré-escolar - 13 -

Ensino Fundamental - 7 -

Ensino Médio 1 - -

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Tabela 4.67 –Indicadores educacionais no ensino fundamental e médio - 2010

A relação número de professores e matrícula inicial em 2010 (Tabela 4.68), é

outro indicador que permanece dentro da média estadual. O destaque neste caso é o

crescimento do número de professores com nível superior no ensino infantil e de nível

médio, em que pese ter reduzido no ensino fundamental, conforme pode se verificar nas

Figuras 4.75 e 4.76.

Tabela 4.68 – Número de professores e matrículas inicial - 2010

Figura 4.75 - % docentes com nível me´dio e superior na educação infantil – Icapuí –

2004/2010

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Figura 4.76 - % docentes com nível superior no ensino fundamental e médio– Icapuí –

2004/2010

Nota-se tambem grande deficiência na disponibilidade de laboratórios de

informática e bibliotecas no município, que deve dificultar os trabalhos de pesquisa e

com isto o aprendizado como um todo, ma vez que a rede mundial de computadores é

hoje uma ferramenta indispensável no aprimoramento do conhecimento para os

estudantes de qualquer nível de escolaridade (Tabela.4.69).

Tabela 4.69 – Escolas com equipamentos e salas de aula - 2010

Abastecimento de Água

A distribuição de água é realizada pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto do

Município de Icapuí – SAAE. Criado em 1990, é uma autarquia municipal que tem a

responsabilidade de operar, manter, conservar e explorar os serviços de água e esgoto na

região do município de Icapuí. Atualmente, há abastecimento d’água em 100% das

residências urbanas e 82% nas da zona rural, sendo o tratamento feito através da

aplicação de cloro. Em 2007, a cobertura desse serviço na zona rural era de apenas

50,36% de suas residências.

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Os outros domicílios onde, ainda, não existe o serviço do SAAE são atendidos

pela Secretaria de Obra, Serviços Públicos e Urbanismo do Município como, por

exemplos, as localizadas em Retiro Grande, Ponta Grossa, Ariza e as do Assentamento

da Fazenda Belém. O SAAE presta apenas serviço de manutenção nos equipamentos

desses lugares.

As reserva de água do município está, principalmente, no subterrâneo e possuem

boas condições de extração. Assim, a água distribuída no município é captada através de

2 poços profundos de, aproximadamente, 48 m de profundidade. Vale salientar, que

existe água 24 horas na sede de Icapuí, porém nas outras localidades o serviço é

realizado através de manobra, tendo uma duração de 6 horas por dia de abastecimento,

alternadas entre as localidades a leste e a oeste da sede.

Em muitas localidades a água é salgada, o que a torna inapropriada para o

consumo humano e para agricultura. Destarte, através do Plano Municipal de

Desenvolvimento Rural existem ações que visam a melhoria desse quadro, tendo como

ações a perfuração e revestimento de poços (armazenamento de água potável para 01

dia), com instalação de aparelho dessalinizador e a construção de adutoras em algumas

comunidades.

Esgotamento Sanitário

De acordo com o Plano de Intervenção na Orla Marítima de Icapuí/Ce, do

Projeto Orla, o saneamento básico é uma das questões mais graves no município, pois

não existe rede de esgotamento sanitário na região e muitas residências não possuem

estruturas higiênicas mínimas, como por exemplo, banheiros. A única alternativa

sanitária das residências ainda é o sistema de fossa e sumidouro.

Segundo a Prefeitura, existe um projeto de construção de Kits Sanitários

(Banheiro com fossa séptica, tanque, pia de cozinha e tanque de lavar), associado à

educação sanitária. Porém, o quadro do município ainda é bastante preocupante.

Ainda de acordo com a Prefeitura, não há sistema de drenagem no município.

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Limpeza Pública

A coleta de resíduos sólidos, assim como os serviços de limpeza pública fica a

cargo de uma empresa privada contratada pela Prefeitura. É essa empresa que realiza a

coleta de lixo 2 vezes por semana. A questão é que, de acordo com o Manual

Gerenciamento de Resíduos Sólidos, da Secretaria Especial de Desenvolvimento

Urbano do Governo Federal – SEDU, a freqüência mínima de coleta admissível em um

país de clima quente como o Brasil deve ser de 3 vezes por semana. A empresa de

limpeza dispõe de 4 carros caçamba, 1 trator, 1 caminhão e 40 carrinhos de mão. As

localidades de difícil acesso não contam com esses serviços e não é realizada coleta

seletiva no município.

Segundo a Secretaria de Obra, Serviços Públicos e Urbanismo do Município,

cerca de 10% do lixo é enterrado e 15% é queimado por seus produtores, os outros 75%

são coletados pela empresa responsável e disposto no Aterro Controlado do município,

que fica a 3 km da Sede, na estrada em direção a localidade Gravier. Sua área é de

16.000 m² e tem uma vida útil de 2 anos devido aos diversos males provocados pelo

chorume ao solo no qual o resíduo sólido está depositado, tendo em vista que o tipo de

aterro existente no município não é o mais apropriado para se ter menos impacto

negativo na região onde está instalado.

Habitação

Icapuí é um município bastante novo e a maioria das casas é de alvenaria, mas se

encontram muitas habitações de taipa que se localizam em regiões mais afastadas do

Centro, como nas praias, por exemplo. São de muita representatividade para o

Município os tipos de habitações dos pescadores, que ainda preservam a originalidade

rústica servindo como atração turística nas praias. Não existe na Cidade, nenhuma

construção que se caracterize como apartamento.

O Plano Diretor Participativo do Município está em processo de elaboração e o

ordenamento urbano com relação a edificações obedece o Código de Postura do

Município de Icapuí.

Vale ressaltar que as praias do município possuem casas de veraneio, as quais

permanecem fechadas na maior parte do ano.

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Em relação à distribuição de moradores por domicílios, Icapuí mantém uma

média semelhante à do estado do Ceará (Tabela 4.70). Em 2007, a média de moradores

era de 3,52 moradores na zona urbana e 3,81 na zona rural.

Segundo dados da Contagem da População do ano de 2007 (IBGE), a maioria

dos domicílios particulares permanentes, cerca de 67% encontram-se na zona rural e

apenas 33% estão na zona urbana. A Tabela 4.70 mostra a zona onde os domicílios

particulares permanentes se localizam, média de moradores e números de domicílios do

município de Aracati, segundo dados da Contagem da População do ano de 2007.

Tabela 4.70 - Número de Domicílios e Média de Moradores do Município – 2007

Situação

Domicílios Particulares Permanentes

Quantidade Média de Moradores

Icapuí Ceará

Urbana 1.568 3,52 3,7

Rural 3.201 3,81 4,1

Total 4.769 3,72 3,8

Fonte: IBGE, Contagem da População, 2007 in Perfil Básico Municipal – IPECE (2010)

Turismo e lazer

O município de Icapuí é bastante famoso como local turístico por possuir belas

praias como as de Ponta Grossa, Redonda, Tremembé e Picos. As praias são tranqüilas e

as marés ideais para o banho. Muitas destas estão quase intocadas, mantendo suas

belezas naturais.

Existem alguns pontos turísticos específicos que são bastante visitados, como: as

falésias entre Redonda e Peroba; as trilhas ecológicas; os coqueirais de praia de Picos; o

Museu Arqueológico na praia de Ponta Grossa; o Mirante e o Mercado de Artesanato na

Sede de Icapuí; além do “Acqua Park”, que fica na praia de Manibú e o Memorial Chico

Bagre na Sede.

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Desporto

As atividades práticas esportivas mais desenvolvidas entre a população

icapuiense é o futsal, futebol de areia e o atletismo, existindo maratonas competitivas no

município.

O Município conta com 6 quadras poliesportivas localizadas nas escolas.

Existem outras 4 distribuídas no Centro, Ibicuitaba, Redonda e Mutamba. Um fator

negativo é a desativação do Estádio Municipal, situado em frente ao Mirante, por falta

de manutenção da grama.

Energia

O município de Icapuí é atendido com energia hidroelétrica fornecida pela

Companhia Hidroelétrica do São Francisco – CHESF, que vem da uma subestação

localizada no município de Russas, com distribuição pela Companhia de Eletrificação

do Ceará – COELCE. Em Icapuí, na Rua Newton Ferreira, s/n – Centro, existe uma

unidade da COELCE para atendimento ao público.

Existe um grande potencial para a geração de energia eólica no município, com

alguns parques eólicos em fase de instalação o que denota que dentro de uma

perspectiva de médio prazo, o município possa explorar seu potencial eólico e solar,

importantes fontes de energia alternativa.

Com relação ao consumo de energia, a maior parte é de consumidores

residenciais. Por outro lado, em que pese o grande número de consumidores

residenciais, o maior consumo por Mwh se verifica nos setor industrial, seguido pelos

setores comercial e rural e público (Tabela 4.71).

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Tabela 4.71. - Consumo de Energia Elétrica por Classes - 2002 - 2009

CLASSES DE CONSUMO

(MWh)

2002 2009

CONSUMO % CONSUMO %

Residencial 2.940 10,06 5.694 14,53

Industrial 20.344 69,62 26.824 68,47

Comercial 606 2,07 812 2,07

Rural 3.477 11,90 2.871 7,33

Público 1.846 6,32 2.958 7,55

Próprio 8 0,03 21 0,05

Total 29.221 100,00 39.179 100,00

Fonte: Companhia Energética do Ceará (COELCE)

Em 2010 segundo dados da COELCE, houve uma elevação significativa no

consumo global, com destaque para os setores público e rural, e consumidores

residenciais.

Tabela 4.72 – Consumo e consumidores de energia elétrica - 2010

Comunicação

Icapuí conta com serviços de três emissoras de rádio FM’s e três AM’s do

município de Aracati. Conta ainda 01 FM Educativa do próprio município, que está

localizada no Centro da Cidade. O Município dispõe de jornais de circulação local

(Jornal de Icapuí) e de jornais de grande circulação provenientes de Fortaleza e jornais e

revistas de outros Estados, obtidos através de assinatura de seus habitantes.

A televisão e o rádio constituem os meios de comunicação de massa mais

populares, atingindo todas as camadas sociais e faixas etárias. O acesso à informática

pela população de baixa renda é garantido através das escolas que desenvolvem

programas pontuais de inclusão digital voltados para capacitação dos jovens para

inserção no mercado de trabalho.

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Os serviços postais e telegráficos, prestados pela Empresa Brasileira de Correios

e Telégrafos ainda se revelam alternativas importantes de comunicação junto aos

moradores. Para esses serviços, o Município conta come uma agencia no centro do

Município (sede) e mais três agências comunitárias em Ibicuitaba, Manibú e Redonda.

Os serviços de telefonia contam com mais de 300 terminais telefônicos em

funcionamento distribuídos pelo município. O serviço de telefonia móvel celular é

fornecido pelas companhias Oi, Tim, Claro e Vivo, sendo a Claro a operadora que

possui um maior poder de abrangência quanto à área geográfica do município,

apresentando uma melhor qualidade do sinal.

Transporte

Os meios de transporte mais usados pela população do município são: bicicletas

e motos, carros, coletivos e outros de menor representatividade. Segundo dados do

Departamento Nacional de Trânsito – DENATRAN, em 2003 a frota de veículos

municipais era de 936 unidades, destes, 459 veículos eram do tipo motocicletas, o que

correspondia a quase 50% dos veículos automotores existentes no município.

O sistema rodoviário é constituído de rodovias federais, estaduais e municipais.

A BR-304 é sua artéria principal. A CE-040 e aCE-261 compõem a malha rodoviária

estadual.

O sistema rodoviário municipal funciona de modo precário e em função das

rodovias maiores, sendo constituídas na sua maioria por estradas em leito natural. A

malha viária municipal não dispõem de pista de rolamento e nem de acostamento e

apresenta condições de tráfego o ano todo, com maior precariedade nos períodos

chuvosos.

Aracati, distante cerca de 54Km de Icapuí, conta com um Aeroporto Regional

que encontra-se em fase de reforma para ampliação e modernização. Este aparelho

público irá facilitar a entreda do turismo na região, benficiando também o município de

Icapuí.

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Segurança Pública e Justiça

Icapuí é uma cidade pacata com poucas ocorrências relacionadas a conflitos

violentos. Os casos registrado pela Polícia Civil geralmente são de furtos e pequenos

roubos. Mais recentemente começam aparecer ocorrência envolvendo consumo e tráfico

de drogas.

Outros conflitos ocorrem por ocasião do período defeso da lagosta, quando

moradores das comunidades das praias tendem a entrar em conflitos com pescadores

que teimam em desrespeitar a proibição da captura, transporte e beneficiamento da

lagosta. Nesses casos faz-se necessário reforço policial de outros municípios para

garantir a segurança no local.

A estrutura de segurança pública do município conta com uma Delegacia Civil

que funciona 24 horas e possui um delegado e 2 policiais civis. Possui também um

destacamento da Polícia Militar formado por um efetivo de 10 policiais, que se revezam

em plantões e fazem a segurança do município dividindo-o em duas áreas: Ponta

Grossa/ Sede e Sede/Manibú. O contingente militar faz parte do 1º Batalhão do

município de Russas e contam com 2 motos e 2 viaturas para a realização do

policiamento na região.

O Fórum Juiz José Marijeso de Alencar funciona na Sede com 1 juiz, 1 promotor

e 1 defensor público e faz parte da 1° Entrância. Existe também no município uma

Cadeia Pública, na qual 1 agente penitenciário e 1 policial fazem a fiscalização do

prédio.

4.3.2. Diagnóstico Sócio-econômico de Aracati/CE

O município de Aracati é um dos três Municípios onde está situado o

empreendimento Fazenda Agrícola Famosa. O município integra a Região

Administrativa 9, a Macrorregião de Planejamento denominada do Litoral

Leste/Jaguaribe e pertence à Mesorregião do Jaguaribe e à Microrregião do Litoral de

Aracati. Possui uma área de 1.229,19 km² e densidade demográfica de 48,16 hab/km².

Aracati dista da capital, Fortaleza 150,0 km, segundo dados do Departamento de

Edificações, Rodovias e Transportes - DERT.

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426

Aracati está dividida nos seguintes distritos: Aracati (Sede), Barreira dos Vianas,

Cabreiro, Córrego dos Fernandes, Jirau, Mata Fresca e Santa Tereza. Limita-se a Norte

com o Oceano Atlântico e o município de Fortim; ao Sul com o município de

Jaguaruana e o estado do Rio Grande do Norte; a Leste com o município de Icapuí e o

Oceano Atlântico; e a Oeste com os municípios de Beberibe, Palhano e Itaiçaba.

Tabela 4.73 – Divisão político administrativa do Município de Aracati/CE

4.3.2.1 – População

A população do município de Aracati, no ano 2000, segundo o Censo

Demográfico do IBGE (CEARÁ, 2005) é de 61.187 habitantes, distribuídos em 22.008

residentes na zona rural e 39.179 residentes na área urbana. A população quanto ao sexo

está distribuída em 30.145 homens e 31.042 mulheres.

Os dados da Contagem Populacional do IBGE para o ano de 2007 demonstrou

uma população de 66.049 habitantes residentes em Aracati, denotando um acréscimo de

4.862 habitantes em relação ao ano de 2000. A contagem populacional do IBGE

também determinou a origem da população residente, caracterizando Aracati como um

grande receptor, talvez em decorrência dos investimentos turísticos ocorridos nos

últimos anos e a atração que exerce a bela paisagem litorânea.

A tabela 4.74 apresenta a população total, por situação de domicílio e sexo do

município de Aracati nos anos de 1991 e 2000.

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427

Tabela 4.74 – População total, por situação de domicílio e sexo – 1991 e 2000

Em termos percentuais, a população urbana representou no ano de 2000 um

valor de 64,03% e a população rural apresentando 35,97% do total. Em relação ao sexo

a população do município de Aracati apresenta-se dividida satisfatoriamente,

apresentando percentual de 49,27% de homens e 50,73% de mulheres, praticamente

50% para cada. Estes valores representam uma diferença de apenas 500 habitantes.

A figura 4.77 mostra a variação percentual da população total, por situação de

domicílio e sexo do município de Aracati nos anos de 1991 e 2000.

Figura 4.77 – Variação percentual da população total, por situação de domicílio e sexo

– 1991/2000

O perfil populacional apresenta dois grupos distintos, primeiro uma população

fixa, que são os residentes no município e no segundo grupo uma população flutuante,

formada por veranistas que passam temporadas em suas casas de veraneios e turistas

que se hospedam em hotéis e pousadas, principalmente em festas populares como o

carnaval atraindo para o município uma média de 150.000 visitantes somente no

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428

período carnavalesco. A população flutuante contribui significativamente na geração de

novos empregos e para a melhoria da renda dos seus moradores, incrementando e

desenvolvendo o setor turístico municipal.

A população apresenta um contingente maior de pessoas jovens, com idades

entre 10 e 59 anos, potencial significativo de mão de obra em idade de trabalhar a ser

absorvida. A distribuição etária da população torna-se desafiante para governos e

sociedade em regiões pobres. Exigem a realização de investimentos elevados nos

setores de educação e saúde, para atendimento dos contingentes populacionais jovens.

Esta atenção se redobra quando se prevê uma demanda crescente por bens e serviços

públicos e a necessidade de políticas de geração de emprego e renda para a população

economicamente ativa.

A tabela 4.75 apresenta a distribuição da população do município de Aracati, por

faixa etária no ano de 2000.

Tabela 4.75 – Distribuição da população por faixa etária - 2000

A figura 4.78 apresenta a variação percentual da distribuição da população, por

faixa etária do município de Aracati no ano de 2000.

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429

Figura 4.78 – Variação percentual da distribuição da população, por faixa etária - 2000

4.3.2.2. Uso e ocupação do solo

A disponibilidade de bases de dados sobre a superfície terrestre vem se tornando

uma ferramenta indispensável na geração de informações confiáveis sobre os diversos

tipos de usos e ocupações do solo, dos tipos e distribuição das culturas, das áreas

destinadas à pastagens e, ainda, das áreas devastadas ou não ocupadas, áreas urbanas e

outras que são de fundamental importância para subsidiar o planejamento e gestão seja

do setor público ou privado, visando garantir a sustentabilidade dos recursos naturais e a

melhoria da qualidade de vida das populações.

Os Sistemas de Informações Geográficas – SIGs, tem se revelado uma

ferramenta de valor inconteste no auxílio de tomadas de decisões baseadas em dados

orbitais de sensoriamento remoto, que no caso da área em estudo, permite uma visão

completa e atualizada sob os vários aspectos que se pretenda considerar, seja do ponto

de vista ambiental, social, cultural ou histórico.

A figura 4.79 ilustra (GERCO/CE) o uso e ocupação do solo no município de

Aracati. Observando-se a área a partir do empreendimento, foram identificados 14

(quatorze) modos de ocupação, listados a seguir:

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Figura 4.79 – Imagem de uso e ocupação do solo de Aracati/CE. Fonte: SEMACE, 2010.

a) Vegetação Natural (Caatinga);

b) Dunas;

c) Exploração de petróleo;

d) Parques Eólicos;

e) Aguas Agricultura (Culturas anuais, temporárias e permanentes);

f) Agricultura (hortifruticultura e remanescentes florestais);

g) Agro Extrativismo (culturas de vazante e exploração de carnaúbas);

h) Áreas urbanas;

i) Rodovias Federais – BRs;

j) Vias carroçáveis;

k) Rodovias Estaduais – CE;

l) Oceano;

m) Drenagens.

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Dentre estas, as faixas que apresentam vegetação e agricultura são as mais

representativas. As áreas urbanas concentram-se, especialmente no trecho da Rodovia

Estadual CE-040 e Rodovia Federal BR-304. Estas áreas estão representadas, no

entorno do empreendimento, pelo lado de Aracati, pelas seguintes Comunidades:

Quatro Bocas, Ilha do Meio, Tanque do Lima, Curral Grande, Flamengo, Mata Fresca e

cacimba Funda.

Na área do empreendimento destaque para a predominância das faixas de

vegetação do bioma caatinga e áreas de cultivo agrícola.

4.3.2.3. Uso da Água e disponibilidade Hídrica

O município de Aracati está totalmente inserido na bacia hidrográfica do Baixo

Jaguaribe e tem como drenagens principais o rio Jaguaribe e os córregos do Fernandes,

do Retiro e das Aroeiras (Fig 4.80).

Figura 4.80 - Bacia hidrográfica do Baixo Jaguaribe. Fonte: CPRM, 1998.

Segundo a CAGECE, 90% da população urbana é atendida com água

subterrânea provenientes de 35 poços tubulares com adução de 200 m3/h.

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Aracati foi conferido a presença de 193 poços, dos quais 188 do tipo tubular

profundo (91 públicos e 97 privados) e 5 do tipo amazonas (4 públicos e 1 particular),

como mostra a figura 4.81 de forma percentual.

Figura 4.81 – Tipos de Poços

Para os poços tubulares privados verifica-se que 73% do total (70 poços) estão

em uso e 26% (26 poços) são passíveis de entrar em funcionamento (desativados - 16

poços; não instalados - 10 poços). Com relação aos poços tubulares públicos, 31% (29

poços) encontram-se desativados ou não instalados e, consequentemente, podem ser

aproveitados, enquanto que 57% (51 poços) estão sendo utilizados.

Figura 4.82 – Relação entre poços em uso e poços não em uso

Do ponto de vista qualitativo foram considerados, para classificação, os

seguintes intervalos de STD (Sólidos Totais Dissolvidos):

0 a 500 mg/L --- água doce

500 a 1.500 mg/L --- água salobra

> 1.500 mg/L --- água salgada

P oços

Amazonas

3%

P oços

T ubulares

97%

0

1020

3040

5060

70

Nº de poços

E m Uso 70 51

Não em Uso 26 29

P rivado P úblico

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A figura 4.83 ilustra a classificação das águas do município de Aracati,

correspondente a poços tubulares, considerando as situações: em uso, desativados e não

instalados.

Deve-se ressaltar que só foram analisados os poços onde foi possível realizar

coleta de água e os 3 poços amazonas amostrados mostraram água do tipo doce.

Quanto aos poços tubulares, os resultados mostraram o seguinte: no conjunto

dos poços tubulares em uso, a predominância é de água salobra (41 poços),

representando cerca de 53% do total neste grupo específico. No conjunto dos poços

passíveis de entrar em funcionamento (desativados + não instalados) 40% (4 poços), do

total, apresentam água salobra, sendo 40% (4 poços) água doce e 20% (2 poços) água

salgada.

Figura 4.83 – Poços Tubulares de águas subterrâneas do município de Aracati.

4.3.2.4. Aspectos econômicos

Segundo dados do Anuário Estatístico do Ceará (IPECE, 2007), até o ano de

2005, o PIB a preço de mercado corrente para o município de Aracati era de 367.481

mil reais e o PIB per capita foi de R$ 5.442 mil reais.

A tabela 4.76 mostra os valores do PIB adicionado do município de Aracati por

setores no ano de 2005.

0

10

20

30

40

50

Nº de P oços

E m Uso 18 41 18

Desativados 2 2

Não Instalados 4 2

DOCE S ALOBRA S ALINA

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Tabela 4.76 – PIB adicionado por setores - 2005

Como se comprova o Produto Interno Bruto adicionado ao setor de serviços é o

mais expressivo apresentando índice de 58,83%, no entanto em seguida aparece o setor

industrial com o índice de 29,08% e por último o setor de agropecuária com 12,08%.

Uma das atividades que está em pleno desenvolvimento e gerando um

crescimento no setor de serviços é o turismo. As belas praias e o carnaval geram receitas

para o município em todos os setores, desde o primário até o terciário. Apesar de

possuir grandes áreas para o plantio a agricultura não é incentivada e apenas 26,84% das

terras são produtivas.

Na pecuária a criação de bovinos e caprinos é praticada em pequena e média

escala, mas a atividade que se destaca é a pesca e a criação de camarão para importação

e exportação.

O setor terciário é representado pelo comércio artesanal, de alimentação e

hotelaria, estando em desenvolvimento e ativo devido à demanda turística do município.

Setor Primário

Constituído de atividades agropecuárias, extrativistas e pesqueiros, o setor

primário não representa um importante papel no cenário econômico no município de

Aracati. Em relação à atividade agrícola pode-se afirmar que não é das mais

representativas, possuindo uma porcentagem bastante baixa com relação à área de

cultivo. Mesmo possuindo baixos cultivos Aracati se destaca pela variedade de produtos

cultivados.

Os principais produtos cultivados no município no ano de 2006 foram os

seguintes: algodão herbáceo, banana, cana de açúcar, castanha de caju, coco-da-baía,

feijão, goiaba, mamão, mandioca, melão, etc., destaca-se como principal produto do

setor agrícola do município o melão, sendo, portanto o produto mais lucrativo.

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A tabela 4.77 apresenta os principais produtos agrícolas do município de Aracati

no ano de 2006.

Tabela 4.77 – Principais produtos agrícolas do município - 2006

O município ainda tem como fonte de renda do setor primário o extrativismo

vegetal, representado praticamente pela carnaúba utilizada na confecção de produtos

artesanais.

A tabela 4.78 mostra os produtos do extrativismo vegetal e silvicultura do

município de Aracati no ano de 2006.

Tabela 4.78 - Extrativismo Vegetal e Silvicultura do Município - 2006

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Os dados do IBGE, através do Anuário Estatístico do Ceará – IPECE (CEARÁ,

2007), relatam à presença de efetivos, bovinos, suínos, caprinos, ovinos, equinos,

asininos, muares e aves, dentre os quais, destaca-se também a avicultura como a

principal atividade no setor de pecuária, englobando, comercialização de ovos in natura

e aves em vários estágios do desenvolvimento do pinto até a fase adulta. A produção se

destina ao mercado local e exportação.

A criação de ovinos esta em crescimento superando a criação de suínos, uma

tendência que vem se firmando com a apreciação de pratos típicos e variados. Ressalta-

se que vem se registrando em Aracati uma queda na produção agropecuária, devido às

alterações climáticas, o difícil acesso à água para a produção, o valor elevado dos

insumos, entre outros fatores, concorreu para os resultados constatados.

A tabela 4.79 apresenta a produção pecuária do município de Aracati no ano de

2006, por efetivo de cabeças.

Tabela 4.79 – Produção Pecuária do Município - 2006

Destaca-se ainda a pesca marinha, atividade econômica de grande importância

para o município, principalmente nas comunidades litorâneas. Em 2006, a produção de

pescado marítimo, atingiu 397 toneladas, destas 326 toneladas de peixe, 18 toneladas de

camarão e 53 toneladas de lagosta.

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A produção de peixe lidera a produtividade, sendo que em segundo lugar vem a

produção da lagosta e em seguida vem a produção do camarão, que está caracterizando

o município como o maior produtor de camarão em cativeiro no estado do Ceará, cujo

destino da produção é quase que exclusivamente para exportação.

Encontra-se uma rica variedade de peixes e mariscos, destacando-se em 2006 a

produção de algumas espécies que são as seguintes: albacora, ariacó, arraia, bagre,

beijupira, biquara, bonito, cação, caicó, camurim, camurupim, cavala, cioba, dentão,

dourado, guaiúba, guarajuba, guaximbora e pargo, fornecendo uma fonte de lucro e de

sobrevivência para os moradores do município. Alguns crustáceos, como caranguejos e

siris são capturados nos mangues. A maior partedestes produtos destina-se ao mercado

interno, visando atender a demanda das barracas de praia que atendem aos turistas.

A lagosta lidera na produtividade e lucratividade, além do camarão que está

caracterizando o município como o maior produtor de camarão em cativeiro no estado

do Ceará, cujo destino da produção é quase que exclusivamente para exportação.

A tabela 4.80 apresenta as principais espécies da produção de pescado marinho

do município de Aracati no ano de 2006.

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Tabela 4.80 – Principais Espécies da Produção de Pescado Marinho - 2006

Setor Secundário

O número de unidades industriais no ano de 2006 era de 83, sendo as indústrias

de transformação, o setor que se destaca, com 72 unidades, enquanto a construção civil

com apenas 3, a extração mineral também com 3 e as de utilidade pública com 3

unidades industriais. Em termos percentuais as indústrias de transformação representam

89,16% do total, enquanto as indústrias de construção civil, extrativa mineral e utilidade

pública representam cada uma 3,61%.

A tabela 4.81 apresenta os estabelecimentos industriais, por tipo do município de

Aracati no ano de 2006.

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Tabela 4.81 – Estabelecimentos Industriais, por Tipo - 2006

Dentre as indústrias de transformação por gênero, as maiores representantes são

as de produtos alimentares com 55,41% do total.

Em seguida vem a de vestuários, calçados, artefatos, tecidos, couros e peles

apresentando índice de 13,51%, a de produtos minerais não metálicos com 8,11% e a de

madeira com 6,76%, havendo assim para os demais estabelecimentos índices abaixo de

5,0%, são estes: produtos minerais não metálicos; metalurgia; mecânica; material

elétrico, eletrônica de comunicação; química; perfumaria, sabões e velas; têxtil; bebidas;

editorial e gráfica, entre outros.

A tabela 4.82 mostra a classificação das indústrias de transformação, por gênero

ativas do município de Aracati em 2006.

Tabela 4.82 – Indústrias e Transformação, por Gênero Ativas - 2006

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Setor Terciário

A atividade comercial no município está presente sob duas modalidades:

atacadista e varejista. Destaca-se no ano de 2006 o setor varejista com 705

estabelecimentos comerciais, e o setor atacadista com 14 estabelecimentos, destacando-

se ainda 03 estabelecimentos de reparação de veículos e de objetos pessoais e de uso

doméstico, totalizando 722 estabelecimentos comerciais.

A maior parte dos estabelecimentos comerciais, ou seja, a maior concentração de

estabelecimentos encontra-se no centro da sede municipal. Porém, verifica-se também

estabelecimentos de menor porte nos distritos e localidades, que suprem parte das

necessidades da população.

Merece destaque o comércio de minimercados, mercearias e armazéns varejistas,

despontando bem a frente dos outros com 33,62%. Logo após em bem menor

quantidade situa-se o comércio de tecidos, vestuário e artigos de armarinho com 15,18%

do mercado varejista, e destacam-se também os estabelecimentos de material de

construções com índice de 8,09% e produtos de gêneros alimentícios 5,96%.

O setor dos serviços vem crescendo devido ao desenvolvimento do município

com o crescimento do turismo, surgindo assim uma maior necessidade de incremento

neste setor, que vem se destacando com certa importância, principalmente na

arrecadação de impostos e fonte de emprego e renda para a população do município de

Aracati.

A atividade turística faz movimentar toda a economia do município com

empregos diretos e indiretos e está realmente trazendo para Aracati um crescimento e

desenvolvimento. O tombamento do seu acervo arquitetônico foi uma iniciativa que

veio contribuir para a atividade turística além de preservar a memória e a história da

cidade.

A tabela 4.83 apresenta os estabelecimentos comerciais varejistas, por gêneros

de atividades do município de Aracati no ano de 2006.

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Tabela 4.83 – Estabelecimentos Comerciais Varejistas, por Gênero de Atividades -

2006

Os estabelecimentos de hospedagem em Aracati variam desde pequenas

pousadas, rústicas e simples, até hotéis maiores e com melhor infra-estrutura.

A tabela 4.84 mostra a oferta nos meios de hospedagem do município de Aracati

no ano de 2006, segundo dados da SETUR (CEARÁ, 2007).

Tabela 4.84 – Oferta nos Meios de Hospedagem do Município - 2006

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Além desse segmento a cidade conta com agências bancárias, serviços de

hotelaria, bares, restaurantes e uma variada gama de segmentos. O seu setor comercial

ainda é provido de mercantis de médio porte, farmácias, lojas de departamento e

congêneres. O número de empregos gerados nestes comércios não é significativo visto

que em sua maioria são empreendimentos familiares e seus empregados são

basicamente do núcleo familiar.

Segundo o Banco Central (CEARÁ, 2007), o município contava até o ano de

2006 com 04 estabelecimentos bancários: 01 do Banco do Brasil, 01 da Caixa

Econômica, 01 Banco do Nordeste do Brasil S.A.- Banco Múltiplo e 01 Banco

Múltiplo, que atende sua economia, prestando seu papel no processo de

desenvolvimento local.

4.3.2.4. Caracterização das condições de vida da população

Saúde

Os municípios do estado do Ceará têm apresentado relativos avanços na

melhoria dos indicadores dos níveis de saúde, notadamente em relação à redução das

taxas de mortalidade infantil, o controle de doenças imunopreviníveis e à redução da

mortalidade materna, entre outros indicadores. O controle das doenças imunopreviníveis

é feito mediante a vacinação de rotina nas unidades de saúde e campanhas públicas de

vacinação em massa.

O município de Aracati tem seguido perfil com uma cobertura vacinal em

menores de um ano em 2006, com os seguintes tipos de vacinas: Pólio com cobertura de

124,7%, Tetravalente (DTP+HIB) com 124,7% e BCG com 126,3%.

Os resultados satisfatórios da área de saúde foram conseguidos pelo município

com a implantação do Programa Agente de Saúde, que em 2006 contava com 100

agentes de saúde, acompanhando 16.836 famílias e tendo uma população assistida de

65.688 pessoas, cobrindo todo o município, onde esses agentes levam informações e

orientações básicas em saúde, incentivando a amamentação, encaminhando mulheres

gestantes para fazerem consultas de pré-natal e controlando a vacinação.

Os agentes de saúde fazem o trabalho individual nas residências, sendo

importante a sua atuação, sendo em sua maioria uma pessoa da própria comunidade,

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443

onde se torna mais fácil o acesso às famílias, contribuindo para o sucesso desse

programa no município.

Outro fator de sucesso foi à implantação do Programa Saúde da Família - PSF

que tem como objetivo principal atender todas as famílias do município, onde os

profissionais de saúde deslocam-se em cada residência para diagnosticar os tipos de

doenças existentes, como também informar aos moradores os procedimentos para evitar

o acometimento de algumas doenças.

Todas estas medidas são ações de caráter preventivo e vem conseguindo bons

resultados, porém, o atendimento hospitalar, ambulatorial e de apoio como exames,

necessitam de investimentos.

Medidas educacionais principalmente entre jovens devem ter uma atenção

constante por parte do poder público, devido ao grande fluxo de turistas recebido pelo

município. A utilização de remédios caseiros também é feita por grande número de

pessoas. O cultivo de plantas medicinais em fundo de quintal é comum nas casas de

Aracati.

Segundo dados da Secretaria da Saúde do estado do Ceará – SESA (CEARÁ,

2005), existiam até o ano 2006, 24 unidades de saúde ligadas ao Sistema Único de

Saúde -SUS sendo 20 municipais e 04 privadas, disponibilizando um total de 112 leitos.

Em caso de doenças ou de emergências, o paciente é encaminhado ao hospital

do município ou é transferido para Fortaleza, devido o hospital municipal não está

estruturado para atender a uma demanda maior, tendo um quadro de profissionais de

saúde aquém a demanda da população, como também por não dispor de uma infra-

estrutura preparada para atendimento de casos com maior gravidade.

A tabela 4.85 apresenta as unidades de saúde ligadas ao SUS no município de

Aracati em 2006.

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Tabela 4.85 – Tipo de Unidades de Saúde do Município - 2006

No que se refere aos profissionais de saúde, em 2006, o município possuía 500

profissionais ligados ao SUS. No município esses profissionais estão distribuídos da

seguinte forma: médicos (26,20%); dentistas (7,20%); enfermeiros (7,60%); outros

profissionais de nível superior (4,40%); outros profissionais de nível médio (34,60%) e

agentes de saúde (20,00%).

A tabela 4.86 apresenta os profissionais de saúde distribuídos por funções no

município de Aracati em 2006.

Tabela 4.86 – Profissionais de Saúde do Município - 2006

O maior número de profissionais da área de saúde do município de Aracati são

os seguintes: outros profissionais de nível médio que representam 34,60% dos

profissionais, seguido dos médicos com 26,20%. O quadro de médicos é ainda pequeno

para o município, o que daria 1 médico para atender a 467,07 habitantes referente à

população total do ano de 2000 (61.187). Com relação ao total de profissionais

dividindo-se pela população total do ano de 2007 (66.049) seria 1 médico para atender a

cada 504,19 habitantes.

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A Taxa de Mortalidade Infantil dom município de Aracati em 2006 foi de 15,4%

por 1000 nascidos vivos, obtendo resultado positivo. Segundo o parâmetro da

Organização Mundial de Saúde - OMS, os resultados são também positivos, pois para

países em vias de desenvolvimento a taxa deve ser de no máximo 50 por 1000 nascidos

vivos. Esse fato pode ser amenizado devido ao programas de prevenção, principalmente

com o controle de doenças transmissíveis mediante vacinação em massa da população

infantil e à interiorização dos agentes de saúde e profissionais do Programa de Saúde da

Família -PSF.

No ano de 2007 houve no município de Aracati 111 casos de óbitos, sendo

destes 49 homens e 62 mulheres, ocasionados por doenças do seguinte tipo: infecciosas

e parasitária (14); neoplastias – tumores (07); sangue, órgãos hematológicos, transtornos

imunitários (01); endócrinas, nutricionais e metabólicas (10); sistema nervoso (01);

aparelho circulatório (34); aparelho respiratório (19); aparelho digestivo (04); doença de

pele e do tecido subcutâneo (01); aparelho geniturinário (01); originárias no período

perinatal (05); gravidez, parto ou puerpério (1); sintomas, sinais e achados anormais em

examesclínicos e laboratoriais (02); lesões, envenenamentos e causas externas (09) e

contatos com serviços de saúde (02).

Outros dois importantes indicadores de saúde são o número de crianças nascidas

vivas que chegaram a 1.167 e o número de óbitos para menores de 1 ano, que foi de

apenas 18 do total das crianças nascidas (CEARÁ, 2007).

Devido ao grande fluxo de turistas as autoridades do município de Aracati

intensificam as campanhas sobre AIDS e outras doenças venéreas. As doenças mais

frequentes registradas no município de Aracati foram à tuberculose, a hepatite viral e a

meningite, dentre outras.

A tabela 4.87 apresenta as doenças notificáveis encontradas no município de

Aracati no ano de 2006.

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Tabela 4.87 – Doenças notificáveis no município - 2006

O município de Aracati é beneficiado com um Centro de Atenção Psicossocial -

CAPS que é considerado um centro de saúde mental comunitário e municipal, sendo

mantido e regulamentado pelo Sistema Único de Saúde - SUS, abrangendo a 7ª Célula

Regional de Saúde de Aracati que abrange além da cidade de Aracati, os municípios

vizinhos que são: Fortim, Icapuí, Beberibe e Itaiçaba.

Esse Centro de Saúde tem como objetivo atender a crianças, adolescentes e

idosos que apresentem transtornos mentais diversos, como depressão, quadros

psicóticos variados, transtornos decorrentes do uso nocivo do álcool e outras drogas,

vítimas de violência, retardo mental associado à depressão e outros transtornos mentais

graves.

A unidade de saúde mental é composta por uma equipe formada pelos seguintes

profissionais: assistentes sociais, enfermeira, auxiliar de enfermagem, psicóloga, médica

psiquiatra, terapeuta ocupacional, recepcionistas, motorista, auxiliares de serviços

gerais, monitores de oficina, cozinheira, educador físico e digitadora, possuindo também

ambulância disponível para o atendimento dos pacientes.

Educação

O Setor Educacional do município de Aracati é composto pelos níveis de

educação infantil, ensino fundamental e ensino médio, administrado pelas redes de

ensino estadual, municipal e particular, como também o ensino superior.

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O município de Aracati obteve em 2007 um total de 18.191 matrículas iniciais,

705 docentes e 149 estabelecimentos de ensino mantidos na sua maior parte pela

Prefeitura Municipal, havendo uma pequena participação da rede estadual e particular

de ensino.

Tabela 4.88 - Frota de veículos do município - 2007

O total de estudantes matriculados, segundo o nível de ensino, está assim

distribuído: 11,65% crianças matriculadas na Educação Infantil; 67,54% crianças e

adolescentes matriculadas no Ensino Fundamental; 17,47% matriculados no Ensino

Médio e 3,34% matriculados no Ensino Superior.

A tabela 4.89 apresenta o número de estabelecimentos, docentes e matrícula

inicial, por dependência administrativa e níveis de educação, no ano de 2007 do

município de Aracati.

Tabela 4.89 – Número de estabelecimentos, docentes e matrícula inicial, por

dependência administrativa e níveis de educação - 2007

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A Secretaria de Educação, Cultura e Desporto de Aracati criou o Plano

Municipal de Educação, com os seguintes programas implementados (PDDU, 2001):

Programa de Habilitação de Professores; Programa de Aceleração de Aprendizagem;

Programa de Redução do Número de Escolas Isoladas; Programa Escola Viva; Kit

Material Didático; Alfabetização de Adultos; Programa de Merenda

Escolar/Distribuição por rotas; Creches (14) localizadas nas regiões carentes; Ensino

Pré- Escolar/Realizado com dinâmica, oficinas, etc.; Convênio com a Fundação

Nacional de Saúde/Higiene Bucal; Sistema de Intersecretarias na área de Educação; e

Transporte Escolar para localidades distantes.

O ensino na rede pública tem demonstrado nos últimos anos melhor qualidade, o

que se deve a capacitação de professores e o acesso destes aos cursos superiores, porém

os reflexos têm sido positivos no ano de 2005, com a taxa de aprovação no ensino

fundamental que foi de 84,3% e no ensino médio com 81,1%. No entanto a taxa geral de

evasão nos dois níveis de ensino apresentou um valor de 18,2% enquanto as taxas

repetência ainda segundo dos níveis de ensino fundamental e médio totalizam 18,5%.

Apesar disso, o número de crianças matriculadas cresceu significativamente em

resposta as campanhas patrocinadas pelo Governo Federal, em conjunto com o estado e

o município.

A Tabela 4.90 apresenta os principais indicadores educacionais do município de

Aracati no ano de 2005.

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Tabela 4.90 – Principais Indicadores Educacionais - 2005

Os professores da rede municipal participam de cursos de capacitação e a grande

maioria concluiu o curso de pedagogia em regime especial. Isto representa uma

melhoria na qualidade de ensino do município. Com a implantação do Fundo de

Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do

Magistério - FUNDEF e sua utilização para o objetivo que se propõe, verificou-se que o

sistema educacional do município realmente obteve significativos resultados.

Abastecimento de Água

A distribuição de água é de responsabilidade da Companhia de Água e Esgoto

do Ceará-CAGECE, que atende a 95,9% da população da sede municipal no ano de

2006. Já as comunidades situadas na periferia possuem como fontes de abastecimento

poços tubulares ou chafarizes e na zona rural o abastecimento de água é feito através de

nascentes ou poços subterrâneos, sendo esta alternativa importante para épocas de

estiagem.

Por forma de abastecimento do total de 1.757.888 domicílios pesquisados,

1.068.746 utilizavam rede geral canalizada, 36.737utilizavam poços ou nascente e

328.405 utilizavam outras formas de abastecimento.

Representando em termos percentuais, a maioria dos domicílios ainda utilizava-

se de rede geral, cerca de 59,58% e 17,01% utilizavam-se de poço ou nascente e 23,40%

possuíam outra forma de abastecimento.

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A tabela 4.91 apresenta o número de domicílios particulares permanentes, por

forma de abastecimento de água em 2000 no município de Aracati.

Tabela 4.91 – Domicílios particulares permanentes, por foroma de abastecimento de

água - 2000

Segundo os últimos dados referentes ao ano de 2000, à maioria dos domicílios

ainda utilizava-se de rede geral, cerca de 59,58% e 17,01% utilizavam-se de poço ou

nascente e 23,40% possuíam outra forma de abastecimento.

De acordo com a CAGECE (CEARÁ, 2002/2003), os dados do ano de 2002

indicam que a extensão da rede de abastecimento d'água no município era de 85.407 m

e um volume produzido d'água de 2.174.421 m3. Já no ano de 2004 (CEARÁ, 2005) o

volume produzido passou para 2.511.493 m3 de água.

Existiam ainda no ano de 2004, 9.167 ligações ativas de água em Aracati,

enquanto no ano 2000, 8.475 faziam uso da rede geral.

Faz-se notar o aumento da rede de abastecimento da CAGECE, entre os anos

2000 e 2004.

No ano de 2006 havia 11.895 ligações reais e 10.312 de ligações ativas de água

apresentando um volume produzido de 2.753.842 m3de água. Verifica-se então que a

taxa de cobertura urbana de abastecimento de água foi de 95,5% nesse mesmo ano.

Esgotamento Sanitário

Existe no município de Aracati o sistema público de esgotamento sanitário, o

qual é administrado pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará - CAGECE, que

contempla atividades de coleta, tratamento e destino final dos esgotos sanitários. A Vila

de Canoa Quebrada é um dos centros urbanos contemplado com este serviço de

saneamento básico. Ressalta-se que ainda existem na sede do município valas negras e

águas estagnadas nas vias públicas.

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A sede municipal tinha, em 2002, uma rede coletora de esgotos de apenas de

4.349 m de extensão (CEARÁ, 2002/2003).

Dos 14.224 domicílios pesquisados no Censo Demográfico, em 2000, 11.072

possuíam algum tipo de esgotamento sanitário, sendo que 74,70% fossas rudimentares,

22,16% sem banheiro nem sanitário e 1,12% outro tipo de esgotamento sanitário e

apenas 0,59% utilizam rede geral.

A tabela 4.92 apresenta a situação dos domicílios particulares permanentes,

segundo todas as suas instalações sanitárias no município de Aracati, em 2000.

Tabela 4.92 – Domicílios particulares permanentes, por tipo de esgotamento sanitário -

2000

A maioria dos domicílios referentes a esse mesmo período, utilizavamse da fossa

rudimentar, sendo 74,70%, mais da metade dos domicílios.

E um valor considerável não possuía banheiro nem sanitário, chegando a 22,16%

do total dos domicílios.

No ano de 2004, Aracati possuia apenas 246 ligações reais e 180 ligações ativas

de esgotos, e uma taxa de cobertura urbana de apenas 2% sendo ainda bastante precária

este tipo de infra-estrutura no município. Com relação ao ano de 2005 houve um

pequeno aumento no sistema de esgotamento sanitário com 250 ligações reais e 183

ligações ativas de esgoto apresentando uma taxa de cobertura urbana de 3,1%. Já no ano

de 2006 havia 335 ligações reais e 269 ligações ativas de esgoto, demonstrando que

houve um pequeno aumento da rede de esgoto, mais que ainda necessita que haja um

acrescimento desse serviço no município.

Limpeza Pública

Conforme dados do Censo Demográfico, em 2000, dos 14.758 domicílios

pesquisados, na maioria o lixo era coletado, sendo este serviço de responsabilidade da

Prefeitura Municipal de Aracati.

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Quanto aos valores percentuais dos 14.224, como já dito, a maioria era coletado,

61,12%, 24,42% queimado, 6,35% enterrado, 7,47% jogado em terreno baldio, 0,11%

jogado em rios, lago ou mar e 0,53% tinham outro destino. Estes índices apresentam

valores satisfatórios em relação ao destino do lixo, já que grande parte desses resíduos é

coletada, chegando a mais da metade.

A tabela 4.93 apresenta o principal destino final do lixo gerado nos domicílios

particulares permanentes, no ano 2000 no município de Aracati.

Tabela 4.93 – Destino do lixo em domicílios particulares permanentes - 2000

O sistema de limpeza urbana no município é realizado na sede municipal, onde

existe a coleta sistemática e regular do lixo doméstico e hospitalar, com a participação

de seus moradores que contribuem com a limpeza colocando seus lixos em sacos

plásticos e depositado nos recipientes ou em frente às residências no dia da coleta

municipal.

Porém o seu destino final ainda é a céu aberto, necessitando da implantação de

um aterro sanitário. Ressalta-se que o cuidado com a limpeza é uma preocupação do

poder público municipal principalmente por Aracati ser uma cidade turística. Existem

camburões de lixo por toda a cidade e pequenas lixeiras rodeiam praças e calçadas.

Habitação

O município de Aracati possui um acervo arquitetônico antigo de sobrados e

casarões tombados como Patrimônio Histórico do Ceará.

Estes casarios são representantes de uma época de grande desenvolvimento

econômico ocorrido no município durante o século passado. São representativas no

município as habitações dos pescadores que ainda preservam a originalidade rústica que

atrai turistas.

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Em relação à distribuição de moradores por domicílios, Aracati mantém a média

considerada aceitável, resultado de uma atenção à questão habitacional envolvendo

estado/município, em programas como mutirões habitacionais, com a construção de

moradias dotadas com infra-estrutura básica para a população de baixa renda da sede do

município, que vem dando uma resposta positiva a esta demanda social. Apesar da

especulação imobiliária em decorrência da beleza natural, não se formou em Aracati

uma população favelada.

Segundo o Censo Demográfico 2000 do IBGE, a maioria dos domicílios

particulares permanentes, cerca de 65,77% encontram-se em zona urbana e apenas

34,22% estão na zona rural. A média de moradores ficou em 4,16 moradores na zona

urbana e 4,44 na zona rural.

O Quadro 5.4 e o Quadro 5.5 apresentam a evolução dos domicílios municipais,

entre a Contagem Populacional de 1996 e o Censo Demográfico de 2000. Nesses

quadros houve grande incremento no número de domicílios, em proporção bem superior

ao crescimento populacional do período, o que tanto pode ser explicado pelo aumento

da renda da população, quanto está sendo vinculado ao crescimento específico do setor

turístico, através de casas de veraneio.

Na zona rural não foram identificados problemas habitacionais, talvez devido ao

deslocamento dessas populações para a zona urbana, bem como pela oferta de espaço

para a construção de moradias para as famílias que vão surgindo, apesar da precariedade

das casas estas seguem o perfil habitacional encontrado no interior do estado.

Tabela 4.94 – Domicílios, população residente e média de moradores - 1996

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Tabela 4.95- Domicílios, população residente e média de moradores - 2000

No município de Aracati é consideravelmente maior o número de habitações

construídas em tijolos e com telhas sobre outras construídas em taipa e com telhado de

palha, havendo no geral, habitações dos mais variados tipos, dependendo da classe de

rendimento familiar.

Turismo, Lazer e Cultura

Destacam-se em Aracati as praias de Majorlândia, Lagoa do Mato, Fortim,

Retirinho, Retiro Grande e principalmente Canoa Quebrada, que é uma das mais

famosas praias do Ceará, conhecida até por pessoas de outros países.

Na praia de Majorlândia predominam os locais de veraneio da população local e

da vizinhança. Além de Majorlândia encontra-se ainda a praia de Quixaba e na porção

sul do município, estão às praias de Retirinho e Retiro Grande, que consiste em uma

enseada. Na Fontainha a esquerda de Quixaba, ainda pode-se conhecer praias desertas,

compostas por falésias que possuem formas esculturais à beira mar.

No sentido oeste do município esta localizada a praia de Canoa Quebrada, um

lugar que é composto por belezas naturais e diversão, o qual atrai turistas e visitantes de

todos os locais e principalmente estrangeiros. A praia é dotada de uma incrível beleza

natural, com dunas e falésias, onde nestas encontram-se esculpidas, o símbolo dessa

localidade, que são uma lua e uma estrela reconhecido internacionalmente.

Além da beleza natural Canoa Quebrada atraí pela sua boa infra-estrutura

noturna, a qual possui diversas boates e restaurantes, que satisfazem e encantam aos

visitantes. Além das pousadas existem também as barracas na praia, que oferecem uma

culinária de primeira qualidade e bastante típica da região como os pratos preparados

com peixes e frutos do mar.

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Outra atração do município de Aracati é o carnaval que recebe uma média de

150.000 pessoas nesse período, fazendo com que a estrutura local seja modificada tanto

economicamente como socialmente. Verifica-se que o município no ano de 2006

possuía 58 estabelecimentos que ofertavam meios de hospedagem para os visitantes,

com a disponibilidade de 991 unidades habitacionais possuindo 2.479 leitos.

No caso de Aracati, a associação cultural deve levar em conta a origem e

desenvolvimento histórico das populações, dados em função do meio físico em que

habitam e das influências do sistema mundial sobre esse meio.

A representação cultural pode ser apreciada nas artes, que localmente se

apresentam sob variados aspectos, dentre os quais se destacam: a arquitetura das

cidades; a formação religiosa; a presença musical; a presença das artes cênicas; as festas

societárias; a arte construtiva dos equipamentos agrícolas; as artes de pesca; o desporto;

as artes plásticas, com um artesanato exuberante em artefatos da palha de carnaúba; a

culinária; e o associativismo.

A oferta de equipamentos culturais ainda é insipiente. As bibliotecas são as

únicas fontes de acesso à cultura formal que a população possui, estando contabilizadas

nessa referência as bibliotecas de escolas.

Segundo os dados da Secretaria de Cultura -SECULT, em 2006 (Anuário

Estatístico do Ceará - IPECE, 2007), Aracati possuía 01 biblioteca pública municipal e

01 museu. Este museu é equipamento da maior significância cultural para resgate e

preservação da história, da arte e das tradições dessa região. Nesse município

encontram-se tombados os seguintes monumentos pertencentes ao patrimônio histórico:

Casa de Câmara e Cadeia, Igreja Nossa Senhora do Rosário e Sobrado do Barão de

Aracati (Instituto do Museu Jaguaribano).

Os monumentos de Aracati também são marcas culturais importantes, podendo

ser destacada a igreja matriz de Nossa Senhora do Rosário, com construção iniciada no

Século XVIII e concluída na segunda metade do Século XIX, com estilo barroco que é

localizada na praça da matriz à Rua Dragão do Mar. Essa igreja possui algumas imagens

e mesa de comunhão de jacarandá, além de outras características notáveis.

Há ainda como parte de atração cultural o museu do jangadeiro, fundado em 15

de Novembro de 1968 em estilo neoclássico, localizado no antigo sobrado do Barão de

Aracati. Essa instituição cultural da cidade possui um bom acervo de peças de arte

popular e de documentos de seu passado. Muitas imagens das igrejas locais estão no

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museu, evitando, com a medida, furtos ou doações irresponsáveis. O prédio é revestido

com azulejos portugueses estampados e no interior há curiosa helicoidal de ferro. Hoje o

prédio funciona também como sede do Serviço Social da Indústria - SESI.

Destaca-se ainda a Casa da Câmara e a Cadeia, cujo prédio teve obra iniciada no

século XVIII e apesar de sofrer algumas alterações por volta de 1920 terá sua

restauração à forma antiga.

Artesanato

Aracati é bastante rica no que diz respeito ao artesanato, possuindo artesãos que

trabalham fazendo labirintos em toalhas, caminho de mesa, blusas bordadas,

guardanapos, fazendo com que os turistas sejam atraídos para o município, onde podem

encontrar também as areias coloridas trabalhadas dentro das garrafas. Encontram-se

também bijuterias feitas de búzios e sementes, completando assim o quadro do

artesanato local.

O artesanato de Aracati destaca-se através de trabalhos com labirintos como

toalhas, caminho de mesa, blusas bordadas, guardanapos, areias coloridas dentro de

garrafas, bijouterias artesanais confeccionadas com produtos da terra, o que a tornam

original e única, utensílios decorativos e bolsas feitas de palha, chamam a atenção e

encantam os turistas, que ao comprarem estes produtos estão gerando emprego e renda

para muitas pessoas, deixando divisas no município que por sua vez pode oferecer aos

moradores serviços públicos de qualidade.

Essa atividade além de gerar empregos, demonstra a capacidade de criação da

população local. Esses artesanatos estão à venda em lojas de souvenir, perto das praias,

em praças e no terminal rodoviário.

Energia Elétrica

O município de Aracati é beneficiado com energia elétrica fornecida pela

Companhia Hidroelétrica do São Francisco - CHESF e distribuída pela Companhia

Energética do Ceará-COELCE.

O município obteve, no ano de 2006, um total de 21.786 consumidores e um

consumo de 72.533 MWh. A classe residencial apresentou o maior número de

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consumidores com índice de 85,87%, seguida das classes rural com 6,75%, comercial

com 5,33% e os demais apresentaram índices abaixo de 2%. Com relação ao nível de

No item consumo de energia, a classe que mais se destacou foi à rural (31,41%),

seguida da residencial (36,22%), industrial (16,12%), comercial (12,47%) e as demais

classes de consumo apresentaram índices inferiores a 7,0%. A tabela 4.96 apresenta o

consumo e o número de consumidores de energia elétrica do município de Aracati, de

acordo com as classes de consumo no ano de 2006.

Tabela 4.96 – Consumo e número de consumidores de energia elétrica, por classes de

consumo - 2006

A figura 4.84 mostra a variação percentual do consumo e número de

consumidores de energia elétrica do município de Aracati, segundo as classes de

consumo no ano de 2006.

Figura 4.85 – Variação percentual do consumo e número de consumidores de energia

elétrica, por classes de consumo - 2006

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Comunicação

O município de Aracati, comparado aos outros municípios cearenses, apresenta-

se bastante evoluído em termos de comunicação. O município conta com os seguintes

meios de comunicação: emissoras de rádio FM's e AM's locais e recebe sinais de

emissoras de televisão, sendo também observada a existência de um grande número de

antenas parabólicas, de forma que Aracati atende as necessidades de seus habitantes,

pois estes têm constantemente acesso a notícias locais, nacionais e internacionais.

Além desses meios de comunicação, esse município dispõe de jornais de

circulação local, de jornais provenientes de Fortaleza, como também jornais e revistas

de outros Estados, através de assinatura de seus habitantes.

Os serviços postais e telegráficos, prestados pela Empresa Brasileira de Correios

e Telégrafos - ECT (CEARÁ, 2007) oferecem a população local alternativas de manter

um elo com o resto do mundo de maneira mais direta e pessoal. Existem no município

01 agência dos Correios, 04postos de vendas de produtos, 04 caixas de coleta e 09

agências de Correios comunitárias.

Quanto ao serviço de telefonia, existe um bom índice de terminais em

funcionamento em relação aos terminais instalados e um número significativo de

telefones públicos, com uma média de 7,63 telefones por 1000 habitantes. Em 2003

haviam 6.405 linhas telefônicas em Aracati (CEARÁ/O Povo, 2004).

Na telefonia móvel, o município está na área de cobertura da prestadora TIM,

como também está na área de abrangência das prestadoras CLARO e OI.

O acesso a computadores e a Internet faz com que moradores mais privilegiados

e empresas acompanhem o progresso do resto do mundo. O acesso à informática pela

população de baixa renda é garantido através da escola e por cursos oferecidos pelo

estado e município preparando e facilitando a entrada destes jovens no mercado de

trabalho.

A televisão e o rádio ainda são os meios de comunicação mais populares

atingindo a todas as camadas sociais e faixas etárias, onde se pode observar grande

número de antenas parabólicas na zona rural. Podendose encontrar no município de

Aracati no ano de 2006, as seguintes emissoras de rádios: 01 rádio comunitária; 02

rádios com frequência modulada (FM Comercial); 03 rádios com ondas médias (AM);

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totalizando 06 rádios, sendo especificadas da seguinte forma, 01 aguardando

licenciamento e 05 com licença definitiva.

Destaca-se ainda no município de Aracati a existência de 04 canais de rádio

difusão de som e imagem comercial e educativa por fase de implantação; sendo 01

outorgada e 03 que possuem licença definitiva.

Sistema Viário e Transportes

O acesso ao município de Aracati é realizado, partindo-se de Fortaleza através

da rodovia estadual CE-040 e pela rodovia federal BR-304, que é uma via construída

em pavimento asfáltico com duas faixas de rolamento, uma para cada sentido, podendo

manter trechos com duas faixas ao longo de seu trajeto.

O município de Aracati conta ainda com uma malha de estradas municipais em

pavimento primário, ou mesmo estradas estaduais como é o caso da via de ligação entre

Aracati e Canoa Quebrada, essa em pavimento asfáltico. A maioria das estradas

municipais necessita de conservação, não existindo pistas de rolamento definidas nem

acostamentos e a maioria delas se encontra em leito natural, trafegável apenas em

período bom e seco.

Aracati contava em 2004, segundo os dados do Anuário Estatístico do Ceará

(IPECE, 2005), com 211,0 km de rede rodoviária municipal, sendo 73,5 km de leito

natural, 126,5 km de implantada e 11,0 km pavimentada.

Existe no município um sistema aeroviário, que possui um campo de pouso,

distante 130 km de Fortaleza, com uma pista de 1.000 m de extensão e 30 m de largura,

sem revestimento, portanto, com condições deficitárias de operação, de propriedade do

Ministério da Aeronáutica. Este campo de pouso situa-se pouco além do entroncamento

da rodovia federal BR-304 com a rodovia estadual CE-040, portanto dentro da área de

influência direta do empreendimento, ressaltando-se que essa condição se dá pela

ampliação marginal da área de influência em um quilômetro além da rodovia.

O sistema rodoviário é constituído de rodovias federais, estaduais e municipais.

A BR-304 é sua artéria principal, possuindo entroncamento com a BR-116, ambas da

malha rodoviária federal. As rodovias estaduais CE-040 e a CE-371 compõem a malha

rodoviária estadual que serve ao município. O sistema rodoviário municipal funciona

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em acréscimo e em função das rodovias maiores, além das estradas carroçáveis que

fazem a comunicação entre os distritos e localidades.

A BR-304 segue para o Estado do rio grande do Norte, vinda da sede municipal.

Para chegar às praias de Quixaba, Majorlândia e Canoa Quebrada o acesso é feito a

partir da sede municipal pela BR-304, depois seguindo pela CE-371 até as praias. Para

chegar ao município de Icapui, também se segue pela BR-304 até a CE-261, que dá

acesso ao município.

O município conta com um terminal rodoviário que atende as empresas de

ônibus que fazem o transporte de passageiros e cargas para os sistemas: intermunicipal e

interestadual.

Existe uma regularidade também de transportes alternativos, topics, que

complementam o transporte de passageiros entre as principais localidades e distritos da

região.

Os meios de transporte mais usados pela população são: motocicletas e

automóveis, além das bicicletas para deslocamento dentro da sede municipal;

caminhões e carros de aluguel para deslocamentos entre os distritos/sede, segundo

dados do DETRAN-CE de 2006 a frota de veículos municipais era de 6.582 unidades.

Há um crescimento na frota de carros particulares, e das camionetas a diesel, devido a

grande utilização desses veículos para a prática de esportes radicais.

A grande maioria cerca de 75,52% dos veículos são movidos à gasolina, seguido

dos movidos a diesel com 10,66%, que vem crescendo bastante, em todo o estado do

Ceará, devido o aumento da utilização de carros utilitários, camionetas, jeeps, etc.

Principalmente em municípios localizados próximos as praias, campos de dunas e locais

de acessos restritos aos outros tipos de automóveis e os movidos a álcool representam

8,35%, dentre outros. Outro fato bastante importante é a quantidade de motocicletas e

motonetas, que juntas somam 3.151 unidades, representando 45,53% do número de

automóveis.

O Quadro 5.10 apresenta os dados referentes à frota de veículos do município de

Aracati, em 2007, segundo dados do DENATRAN (IBGE, 2008).

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Segurança Pública

Aracati é sede da comarca do poder Judiciário de 3a Entrância. É uma cidade

relativamente calma com casos mais frequentes de furtos e pequenos roubos. Apenas

nas épocas de alta estação e de carnaval é que surgem casos mais sérios que precisam da

intervenção policial ostensivamente. A Justiça e Segurança Pública contam com uma

Delegacia Civil com todo o corpo funcional.

4.3.3 Diagnóstico Sócio-econômico de Tibau/RN

4.3.3.1. Populações

Tibau no Estado do Rio Grane do Norte, é um dos três municípios onde se situa

a área do empreendimento Fazenda Agrícola Famosa. O município está localizado na

extremidade setentrional do estado do Rio Grande do Norte, pertence ao Polo Costa

Branca, à Mesoregião do Oeste Potiguar e, segundo classificação do IBGE à Micro

região de Mossoró, distando 328 km de Natal. De acordo com o Instituto de Geografia e

Estatística do Brasil/IBGE2, a área ocupada pelo município é de 162,4 km

2 e os seus

limites territoriais são: Oceano Atlântico e o Estado do Ceará ao Norte; Mossoró ao Sul;

Oceano Atlântico e Grossos a Leste e Mossoró e o Estado do Ceará a Oeste. A região

conta com um litoral privilegiado, destacando-se como atrativos principais, as suas

praias: Tibau Sede, Emanuelas, Gado Bravo, além de outros atrativos turísticos como a

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Pedra do Chapéu, Morro das Areias Coloridas e as famosas falésias do seu litoral.

Figura 4.85 – Mapa administrativo do município de Tibau/RN.

Os dados do IBGE demonstram que o município de Tibau possui uma população

total de 3.750 habitantes, sendo 53,00% do sexo masculino e 47,00% do sexo feminino.

Quanto à situação domiciliar, 89,81% dos habitantes residem na zona urbana e 10,19%

na zona rural (Tabela 4.97).

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Tabela 4.97 – Dados demográficos de Tibau/RN

A população por grupo de idades no ano de 2010 apresentou uma composição de

26,98% dos indivíduos com idades entre 0 a 14 anos. A maior parte da população

recenseada, no percentual de 55,19%, ficou na faixa dos 15 a 64 anos e o restante,

17,83% da população, na faixa de 65 anos ou mais de idade. Observa-se com base nos

dados apresentados que o Município tem uma população residente relativamente jovem

(Tabela 4.98).

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Tabela 4.98 – Faixa etária por gênero da população de Tibau/RN

Faixa Etária Homens Mulheres

0 a 4 166 153

5 a 9 168 159

10 a 14 179 170

15 a 19 178 183

20 a 24 180 164

25 a 29 137 118

30 a 34 119 132

35 a 39 122 113

40 a 44 77 78

45 a 49 68 64

50 a 54 83 54

55 a 59 35 47

60 a 64 42 41

65 a 69 19 16

70 a 74 35 30

75 a 79 7 24

80 a 84 10 10

85 a 89 6 5

90 a 94 - -

95 a 99 - 6

Fonte: Censo Demográfico 2000/2007 (IBGE)

Outro dado importante é que 42,29% da população residente consiste de

População Economicamente Ativa - PEA, com indivíduos na faixa dos 20 aos 59 anos

de idade, uma parcela significativa da população, que representa ao mesmo tempo uma

força potencial de trabalho a ser empregada em favor da economia do Município e um

desafio a ser vencido pelos gestores para garantir oportunidades de trabalho e boa

qualidade de vida para todos.

Segundo o IBGE, em 2001 a população total do Município era de 3.197

habitantes, com uma densidade demográfica de 19,73 hab/ km². A Contagem

populacional de 2007 apontou uma população de 3.750 habitantes e a densidade

demográfica evoluiu para 23,09 hab/km2, sendo que a maior parte dessa população

encontra-se na zona urbana do Município.

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Comunidades do Entorno

No entorno da área do empreendimento existem as comunidades Santa Isabel,

Aroeiras, Terio, São José, Canto de Boi, Mutirão e Gangorra. Uma parte das

comunidades distribui-se ao longo da RN-013, estrada que liga Tibau a Mossoró no Rio

Grande do Norte.

São comunidades cuja economia baseia-se predominantemente na agricultura

familiar, com culturas tradicionais, como o plantio de milho, feijão e mandioca para

consumo da família e venda do excedente para o comércio local e, nas comunidades

localizadas nas praias, há o predomínio da atividade pesqueira que se dá de forma

eminentemente artesanal.

As edificações existentes nas comunidades são na sua maior parte domicílios

residenciais, existindo algumas casas de veraneio, com destaque para Hotéis, Pousadas e

Condomínios distribuídos ao longo do seu litoral. Na sede do Município estão os

principais equipamentos de infraestrutura social e estabelecimentos comerciais para

atendimento à população da região.

Comunidades Tradicionais

Nas questões acerca da População Indígena e Populações Tradicionais o estudo

adotou o seguinte conceito: “São grupos culturalmente diferenciados e que se

reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que

ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução

cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações

e práticas gerados e transmitidos pela tradição (Decreto Federal N°. 6.040/2007).”. A

partir deste conceito, conclui-se que os povos e comunidades tradicionais do Brasil são

compostos pelos povos indígenas, quilombolas, as comunidades de terreiro, os

extrativistas, os ribeirinhos, os caboclos, os pescadores artesanais, os pomeranos, dentre

outros.

Os dados da Fundação Nacional do Índio – FUNAI indicam que em Tibau, não

há registros de comunidades indígenas. Sobre as comunidades quilombolas constatou-se

através da base de dados do INCRA, que também que não há registros no município.

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Os pescadores nativos que tem na pesca artesanal o seu meio de sobrevivência,

são considerados integrantes das comunidades tradicionais por realizarem atividades

com instrumentos e práticas utilizados desde a época de seus antepassados, havendo,

por conseguinte, um resgate e a continuidade dessa forma de pescar no município de

Icapuí.

4.3.3.2 Uso e Ocupação do Solo

A disponibilidade de bases de dados sobre a superfície terrestre vem se tornando

uma ferramenta indispensável na geração de informações confiáveis sobre os diversos

tipos de usos e ocupações do solo, dos tipos e distribuição das culturas, das áreas

destinadas à pastagens e, ainda, das áreas devastadas ou não ocupadas, áreas urbanas e

outras que são de fundamental importância para subsidiar o planejamento e gestão seja

do setor público ou privado, visando garantir a sustentabilidade dos recursos naturais e a

melhoria da qualidade de vida das populações.

Os Sistemas de Informações Geográficas – SIGs, tem se revelado uma

ferramenta de valor inconteste no auxílio de tomadas de decisões baseadas em dados

orbitais de sensoriamento remoto, que no caso da área em estudo, permite uma visão

completa e atualizada sob os vários aspectos que se pretenda considerar, seja do ponto

de vista amibental, social, cultural ou histórico.

A figura 4.86 ilustra o uso e ocupação do solo. Observando-se a área a partir do

empreendimento, foram identificados 12 (doze) modos de ocupação, listados a seguir:

a. Vegetação Natural (Caatinga);

b. Dunas;

c. Exploração de petróleo;

d. Parques Eólicos;

e. Aguas

f. Agricultura (Culturas anuais, temporárias e permanentes);

g. Agricultura (hortifruticultura e remanescentes florestais);

h. Áreas urbanas;

i. Vias carroçáveis;

j. Rodovias Estaduais – RN;

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k. Oceano;

l. Drenagens.

Figura 4.86 – Mapa de uso e ocupação de solo da Zona Homogênea Mossoroense.

Fonte: IDEMA, 2013.

Dentre estas, as faixas que apresentam vegetação e agricultura são as mais

representativas. As áreas urbanas concentram-se, especialmente na faixa litorânea e nos

trechos da Rodovia Estadual RN-013 e vias carroçáveis do Município.

Na área do empreendimento destaque para a predominância das faixas de

vegetação do bioma caatinga e áreas de cultivo agrícola.

Há ainda a exploração de petróleo que exerce grande influência regional dado a

importância econômica e a dinâmica dos investimentos sobre a socioeconomia da

região.

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Figura 4.87 – Mapa da ocupação petrolífera da Zona Homogênea Mossoroense. Fonte:

IDEMA, 2013.

4.3.3.3 Uso da Água e disponibilidade Hídrica

Abastecimento de Água

No município de Tibau a distribuição de água é realizada pela rede geral do

Estado gerida pela Companhia de Água e Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN).

Em 2000 existiam 714 domicílios, sendo 612 urbanos e 102 rurais. Deste total, 83,19%

dos domicílios eram abastecidos pela Rede Geral – CAERN, 5,74% através de poços ou

nascente e 11,06% por outras formas, que pode ser carros pipa por exemplo.

As reservas hídricas do município estão, principalmente, no subterrâneo e

possuem boas condições de extração. A distribuição de água município é feita através

de adutoras na sua maior parte. Na sede Tibau, é distribuído água nas 24 horas do dia,

nas demais localidades o serviço é realizado forma alternada.

Em muitas localidades a água disponibilizada para as residências e demais usos

é salgada e inapropriada para o consumo humano e para agricultura.

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4.3.3.3 Aspectos econômicos

A economia representa o status de desenvolvimento de uma sociedade e será

mais eficiente na medida em que as suas estruturas produtivas, as suas relações de

produção e as riquezas geradas tenham alcance ampliado sobre os seus cidadãos e

regiões, configurando assim o desenvolvimento econômico e social de uma nação ou

região ou País. No Brasil a política do crescimento econômico primou pelo

desenvolvimento das regiões Sul e Sudeste. Num segundo momento, vieram a abertura

das novas fronteiras agrícolas na Região Centro-Oeste do País e só muito tardiamente, a

região Nordeste passou a ser contempladas com políticas de governo voltadas para o

desenvolvimento econômico e social, ainda que de forma incipiente.

Segundo dados do IBGE de 2008, o PIB total de Tibau era de R$ 38.961,928. A

economia do município pode ser dividida em três setores diferentes: o Primário, o

Secundário e o Terciário. Destes, o setor determinante para a evolução do produto

interno bruto municipal é o secundário, seguido pelo setor terciário. Enquanto isso, o

setor primário é o que rende menos. A renda per capita é de R$ 10.065,08.

Setor Primário

O Setor Primário é o menos relevante para a economia de Tibau. De todo o PIB

em geral, apenas 1.692 mil reais estão destinados a este setor. Segundo o IBGE em

2009 o município possuía um rebanho de 1.320 bovinos, 203 equinos, 558 suínos, 3.817

caprinos, 228 asininos, 456 mures, 2.416 ovinos, e 5.244 aves. No mesmo ano o

município produziu 120 mil litros de leite, nove mil dúzias de ovos de galinha e 2.579

quilos de mel de abelha.

Nas culturas permanente, Tibau produz castanha de caju e coco-da-baía. Já nas

culturas temporária, são produzidos algodão herbáceo, feijão, melancia, melão, milho e

sorgo.

Setores Secundário e Terciário

O Setor Secundário contribui com 21.727 mil reais do PIB municipal

provenientes do do valor adicionado bruto da indústria (setor secundário) o mais

relevante para a economia do município.

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O Setor Terciário é o segundo em importância para a economia municipal. A

prestação de serviços rende 14.155 reais ao PIB municipal. De acordo com o IBGE, o

município possuía, no ano de 2009, setenta unidades locais, sendo 69 ativas e 865

trabalhadores, sendo 489 do tipo pessoal ocupado total e 376 ocupados assalariados.

Salários juntamente com outras remunerações somavam 3.183 mil reais e o salário

médio mensal de todo município era de 1,4 salários mínimos.

Segundo o Atlas para Promoção de Desenvolvimento Sustentável do Rio Grande

do Norte, estudo elaborado pelo Governo do Estado, para a Zona Homogênea

Mossoroense que compreende 25 Municípios do Estado, foram identificados áreas

potenciais de investimento para alavancar a economia do Tibau, em atividades como:

Caprinovinocultura, Cajucultura, Turismo Ecológico, Exploração de Sal, Cultivo de

Artêmia, Instalação de Equipamentos Turísticos e Instação de Energia Eólica, conforme

denota a Fig.4.88

Figura 4.88 – Mapa das áreas potenciais de investimento do município de Tibau/RN.

Fonte: IDEMA, 2013.

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A economia do município de Tibau já segue uma tendência verificada pelo

Censo do IBGE de 2010, em que há a predominância do Setor de Serviços, geralmente

impulsionada pelo comércio e pelas atividades do segmento turístico.

Tibau também faz parte do Polo Costa Branca, que consiste de um plano

estratégico para divulgação e atração turística para a região baseado no turismo de

massa e no turismo histórico.

Renda e emprego

O Atlas de Desenvolvimento Humano por Município - IDHM 2003 do PNUD,

demonstra uma evolução no Índice de Desenvolvimento Humano do Município em

relação a renda da população (IDHM-Renda), percebe-se que, no período de 1991 até

2000, houve uma evolução, passando de 0,468 em 1991 para 0,571 em 2000. O IDHM

médio 2000 ficou em 0,678, o 26° maior do Rio Grande do Norte e o 3344° do País.

Para os demais indicadores temos o IDH-Educação com índica de 0,749 e o IDH-

Longevidade com 0,715.

Ocoeficiente de Gini, que mede a desigualdade social, é de 0,36, sendo que 1,00

é o pior número e 0,00 é o melhor. A incidência da pobreza, medida pelo IBGE, é de

59,65%, o limite inferior da incidência de pobreza é de 48,46%, o superior é 70,85% e a

subjetiva é 61,67%. A renda per capta segundo IBGE/2008 é de 10.065,08.

Índice de Desenvolvimento Humano do Município – IDH

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD através do

Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil disponibiliza um banco de dados

contendo informações sobre o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M)

e 124 outros indicadores georreferenciados de população, educação, habitação,

longevidade, renda, desigualdade social e características físicas do território que foram

basedos nos microdados dos censos de 1991 e de 2000 da Fundação Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística (IBGE).

O indicador longevidade, reflete, entre outras coisas, as condições de saúde

da população; medida pela expectativa de vida ao nascer;

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O indicador educação é medido por uma combinação da taxa de

alfabetização de adultos e a taxa combinada de matrícula nos níveis de ensino:

fundamental, médio e superior;

O indicador renda é medido pelo poder de compra da população, baseado no

PIB per capita ajustado ao custo de vida local para torná-lo comparável entre países e

regiões, através da metodologia conhecida como paridade do poder de compra (PPC).

Tibau está entre as regiões consideradas de médio desenvolvimento humano

(IDH entre 0,5 e 0,8). Em relação aos outros municípios do Estado, Tibau apresenta

situação boa, é o 26° maior índice do Estado, de um total de 167 municípios que

compõe a divisão administrativa do Rio Grande do Norte.

4.3.3.4 Caracterização das condições de vida da população

Saúde

O município de Tibau pertence à 2ª Regional de Saúde do estado do Rio Grande

do Norte, que reúne quinze municípios e com sede instalada no município vizinho de

Mossoró. Em 2009, o município possuía apenas dois estabelecimentos de saúde - sendo

um posto de saúde e uma unidade mista -, todos eles públicos e com atendimento

garantido ao Sistema Único de Saúde (SUS). Além das duas instituições de saúde, o

município também conta com um laboratório.

Em 2008, Tibau possuía um total de 22 profissionais de saúde, sendo dez

agentes de saúde, dez auxiliares de enfermagem, e outros dois profissionais exerciam

outras funções.

Educação

O município não conta com instituições de ensino superior, como faculdades e

universidades, possuindo apenas escolas. Em 2009, das 1.020 matrículas existentes, 760

eram de ensino fundamental, 201 de ensino médio e 59 de ensino pré-escolar. Na rede

docente, havia um total de 156, dos quais 43 na rede fundamental, quatorze na rede

superior (ensino médio) e quatro na rede pré-escolar. Dentre as escolas, existiam seis

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que ministravam ensino fundamental, uma de ensino secundário e três de ensino

primário - pré-escolar.

Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais

Anísio Teixeira (INEP) e do Ministério da Educação (MEC), o índice de analfabetismo

no ano de 2000 entre pessoas era mais frequente na faixa etária acima dos 25 anos

(50,17%), enquanto a menor frequência era entre 15 e 17 anos (25,27%). A taxa bruta

de frequência à escola, que em 1991 era de 55,83%, passou para 84,44% em 2000. 219

habitantes possuíam menos de 1 ano de estudo ou não contavam com instrução alguma.

Abastecimento de água

Além da saúde e da educação, o município conta com outros serviços básicos. O

serviço de abastecimento de água de todo o município é feito pela Companhia de Águas

e Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN), onde toda a água que abastece o

município provém do manancial Açu.

Esgotamento sanitário

Em relação ao esgotamento sanitário, a maioria das residências possui

esgotamento feito a partir de uma fossa rudimentar, quatro eram feitos por vala e

quarenta e cinco imóveis não possuíam banheiros ou sanitários. Entre os domicílios com

esgotamento feito a partir de uma fossa, 633 tinham esgotamento com fossa rudimentar

e 28 com fossa do tipo séptica. Já em relação ao esgotamento feito a partir de uma vala,

todos eles eram feitos a partir de um outro escoadouro.

Limpeza pública

Em 2000, entre as mais de setecentas moradias existentes em Tibau, o lixo era

coletado em mais da metade residências (499 no total), sendo que 284 tinham a coleta

feita por meio de um serviço de limpeza e outros 215 tinham a coleta feita em caçambas

de serviço de limpeza. Além da coleta, parte do lixo era também queimado, enterrado,

jogado em terrenos baldios, rios ou mares ou tinham destinos diferentes.

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Habitação

Em 2000, o município de Tibau possuía, em geral, 714 domicílios (612 urbanos

e 102 rurais), onde residiam 3.130 moradores. Em relação ao abastecimento de água nas

residências, 83,19% (594 imóveis) eram abastecidos pela rede geral, 5,74% (41

domicílios) eram abastecidos por água proveniente de um poço ou nascente e 11,06%

(79 residências) eram abastecidos de outra forma. Entre esses domicílios atendidos de

forma diferente, 77 imóveis eram abastecidos de forma não canalizada, apenas um era

canalizados em pelo menos um cômodo e, entre os domicílios que eram canalizados só

na propriedade ou terreno, existia também apenas um.

Turismo, Lazer e Cultura

Tibau, junto com os municípios de Angicos, Apodi, Areia Branca, Assu, Caiçara

do Norte, Carnaubais, Galinhos, Grossos, Guamaré, Itajá, Lajes, Macau, Mossoró,

Pendências, Porto do Mangue, São Bento do Norte e São Rafael, faz parte do Polo

Costa Branca, nome dado a uma região do Rio Grande do Norte que se baseia no

turismo de massa e no turismo histórico.

Além de suas praias, Tibau possui pontos turísticos conhecidos, tendo como

principais a Pedra do Chapéu (localizada próxima à divisa do Rio Grande do Norte,

município de Tibau, com o Ceará, município de Icapuí), o Morro de Areias Coloridas

(cuja denominação vem da coloração da areia local) e as famosas falésias, que são

formas geográficas do litoral, caracterizadas por abruptos encontros de terras com o

mar.[3]

Entre os principais eventos, destacam-se principalmente a Festa da Padroeira de

Tibau, Santa Teresinha, realizada anualmente entre os dias 21 de setembro e 1º de

outubro, e a festa de aniversário do município, comemorada no dia 21 de dezembro. A

cidade oference a praia das Emanuelas a praia mais badalada da cidade, onde podemos

encontrar diversos serviços como restaurantes, pizzaria,pousadas e hoteis.

Artesanato

O artesanato é uma das formas mais espontâneas da expressão cultural tibauense. Em

várias partes do município é possível encontrar uma produção artesanal diferenciada,

feita com matérias-primas regionais e criada de acordo com a cultura e o modo de vida

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local. Alguns grupos reúnem diversos artesãos da região, disponibilizando espaço para

confecção, exposição e venda dos produtos artesanais. Normalmente essas peças são

vendidas em feiras, exposições ou lojas de artesanato.

Desporto

Em Tibau destacam-se a prática do surfe e do kitesurf, que costumam ser

praticados não apenas em Tibau, mas também em vários municípios litorâneos do Rio

Grande do Norte e de outros estados litorâneos do Brasil.

O município realiza ainda a Copa Tibau de Futsal, que ocorreu pela primeira

vez em junho de 2011, tendo como principal objetivo contemplar o esporte na atual

gestão do município.

Energia

Já a responsável pelo abastecimento de energia elétrica é a Companhia

Energética do Rio Grande do Norte (Cosern), que fornece energia em todos os

municípios do estado do Rio Grande do Norte; em 2007 havia 2.740 consumidores de

energia elétrica, que consumiram um total de 6.557 megawatts de energia.

Comunicação

O serviço telefônico móvel, por telefone celular, é oferecido por diversas

operadoras. O código de área (DDD) de Tibau é 084 e o Código de Endereçamento

Postal (CEP) da cidade é de 59678-000. No dia 10 de novembro de 2008 o município

passou a ser servido pela portabilidade, juntamente com outras cidades de DDDs 33 e

38, em Minas Gerais; 44, no Paraná; 49, em Santa Catarina; além de outros municípios

com código 84, no Rio Grande do Norte.[ Tibau ainda conta uma agência da Empresa

Brasileira de Correios e Telégrafos.

Transportes

A frota municipal no ano de 2009 era de 651 veículos, sendo 301 automóveis, 22

caminhões, dois caminhões-trator, 148 caminhonetes, 31 camionetas, seis camionetas,

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nove micro-ônibus, 233 motocicletas, trinta motonetas, seis ônibus; outros tipos de

veículos incluíam dez unidades. Por não possuir rios em abundância, o município não

possui muita tradição no transporte hidroviário, e também não é cortada por ferrovias

em seu território. Em Tibau, passam três rodovias, sendo que uma é federal (a BR-304,

que se localiza na divisa Tibau-Mossoró-Ceará) e duas rodovias estaduais: a RN-012,

que está localizada na divisa entre Tibau e Grossos, e a RN-013, que liga Tibau a

Mossoró Esta última, anunciada pela governadora do Rio Grande do Norte, Rosalba

Ciarlini, está sendo duplicada e suas obras começaram em agosto de 2012.

Em 2007, a frota registrada, segundo o Departamento Estadual de Trânsito

(DETRAN) era de 462 unidades, sendo dezoito movidos a álcool, 255 a gasolina, 41 a

diesel, 98 movidos a uma mistura de gasolina e gás natural, 24 a uma mistura de álcool

e gás natural e dezesseis a uma mistura de álcool e gasolina. Outros dez veículos eram

movidos por meio de outros tipos de combustível.

Segurança Pública

A Segurança Pública de Tibau é de competência da Polícia Civil, tendo como

unidade de segurança para o Município a Delegacia de Polícia Civil que está localizada

na sede municipal. Os policiais contam com uma logística de viatura para os serviços de

diligencias e apoio no atendimento às ocorrências diárias, principalmente nos finais de

semana.

Feriados

Em Tibau, há apenas dois feriados municipais, sendo eles os dias 1º de outubro,

data da padroeira, e 21 de dezembro, data no qual os tibauenses comemoram a

emancipação política do município, que foi desmembrado de Grossos. De acordo com a

lei federal n.º 9.093, aprovada em 12 de setembro de 1995, os municípios podem ter no

máximo quatro feriados municipais, já incluída a Sexta-Feira Santa.

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4.3.4. Diagnóstico das relações de dependência entre a população da área de

influência do empreendimento e os recursos ambientais atuais, a potencial

utilização futura desses recursos e a interferência da operação do empreendimento

nos mesmos.

A empresa Agrícola Famosa Ltda. atua desde 1995 nas atividades de produção,

beneficiamento e comércio de frutas para os mercado externo e interno. Opera as suas

atividades em uma área de xx hectares, com abrangência sobre os municípios de Icapuí

e Aracati no Estado do Ceará e Tibau no Rio Grande do Norte.

O seu faturamento Bruto em 2010, somando os valores praticados nos mercados

interno e externo, foi da ordem de R$ 35.556.021,46. Em 2011 foi de R$189.238.296,10

e, em 2012, chegou a R$ 265.108.899,60.

Tabela 4.99 – Faturamento dos últimos 3 anos da Agrícola Famosa Ltda.

O mercado de suprimento da empresa se divide por todas as regiões do País bem

como no exterior, sendo a maior parte dedicada à região Nordeste (Tab.4.100).

Tabela 4.100 –Mercado de suprimento nas demandas (%)

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A Mão de Obra contratada entre 2010 e 2012, segundo dados da Área de

Recursos Humanos da empresa, tem priorizado a mão de obra dos municípios do

entorno, de modo que, dos 1.575 funcionários, 359 são de Icapuí/CE, 132 de Aracatí/CE

e 29 de Jaguaruana/CE. Pelo lado do Rio Grande do Norte, temos 202 trabalhadores da

região do Assentamento Maisa, 199 de Mossoró e 88 de Tibau, os demais pertencem a

outros municípios do Ceará e Rio grande do Norte, Paraiba e São Paulo.

A empresa tem um potencial para ampliação da sua área de cultivo, dentro da

planta atual, sem comprometer as áreas de reserva da propriedade.

A empresa atua dentro de padrões de qualidade de níveis internacionais em

termos de biosseguança, segurança alimentar e responsabilidade ambiental, que lhe

conferiam os seguintes Ceritificados:

GlobalGap – Ceritificada desde Dezembro de 2003. Trata das boas práticas

agrícolas europeias. Esta selo atende a boa parte dos clientes europeus.

Tesco Natures Choice (TNC) – Certificada desde Agosto de 2005. Visa a

sustentabilidade, preservação ambiental, segurança alimentar e o bem estar social.

HCCP – Certificada desde agosto de 2007.

Orgânico/IMO – Certificada desde Outubro de 2007, para produção,

processamento e comercialização orgânica do melão.

A Agrícola Famosa possui ainda os certificados SEDEX-ETI (Social e Ético) e

Fiel to Fork (exigência do Supermercado Mark & Spencer.

No que se refere ao uso dos recursos ambientais, a área em que está inserido o

empreendimento, tem vocação para a prática de uma agricultura tecnificada em larga

escala, haja vista a existência de grandes projetos agrícolas instalados na região e o

clima que garante o manejo adequado para as várias culturas que são cultivadas, seja

para a exportação ou para o mercado interno.

Do ponto de vista da responsabilidade social a empresa mantém seus quadros de

funcionários dentro formalidade, gerando mais de mil empregos diretos numa região

onde existe uma atomização de atividades econômicas, que vai desde a pesca artesanal,

passando pelo turismo, exploração de petróleo, instalações de parques eólicos e

exploração e industrialização de sal marinho, competindo por mão de obra de forma

coerente e primando por qualificar a mão de obra do entorno do empreendimento,

valorizando com isto as pessoas do local e melhorando também a qualidade de vida da

população dos municípios mais próximos.

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Dos municípios do entorno do empreendimento, Aracati/CE e Tibau/RN,

apresentam situações mais favoráveis do ponto de vista da infra estrutura existente.

Icapuí se apresenta com grande parcela da população habitando a zona rural, praticando

agricultura de subsistência e com precária distribuição de infraestrutura. Por esses

aspectos, consideramos que a empresa Agrícola Famosa intervém no meio social de

forma positiva, garantindo emprego e renda para uma parcela significativa dessa

população.