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CENTRO INTEGRADO DE ESTUDOS E PESQUISAS DO HOMEM
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ACUPUNTURA
A INTERVENÇÃO DA AURICULOTERAPIA NO TRATAMENTO DA C EFALÉIA
TENSIONAL COM BASE NA ESCOLA DE AURICULOTERAPIA HUA NG LI CHUNG
KELLEN JULIANE MAURI
FLORIANÓPOLIS, SC
DEZEMBRO, 2009
A INTERVENÇÃO DA AURICULOTERAPIA NO TRATAMENTO DA C EFALÉIA
TENSIONAL COM BASE NA ESCOLA DE AURICULOTERAPIA HUA NG LI CHUNG
Monografia apresentada ao Centro Integrado
de Estudos e Pesquisas do Homem, como
requisito parcial para obtenção do grau de
Especialista em Acupuntura.
Florianópolis, Dezembro, 2009
CENTRO INTEGRADO DE ESTUDOS E PESQUISAS DO HOMEM
PÓS-GRADUAÇÃO PROFISSIONAL EM ACUPUNTURA
A INTERVENÇÃO DA AURICULOTERAPIA NO TRATAMENTO DA C EFALÉIA
TENSIONAL COM BASE NA ESCOLA DE AURICULOTERAPIA HUA NG LI CHUNG
Elaborado por
KELLEN JULIANE MAURI
COMISSÃO EXAMINADORA:
____________________________________
Prof°. Marcelo Fabian Oliva; Esp.
Orientador / Presidente da Banca
___________________________
Profª. Fabiana Carvalho; Esp
Membro da Banca
__________________________
Profª. Luiza Regina Erwig; MSc
Membro de Banca
Florianópolis, Dezembro 2009
SUMÁRIO
RESUMO.............................................................................................................05
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 06
1.1OBJETIVO .................................................................................................... 08
1.1.1 Geral ....................................... ................................................................. 08
1.1.2 Específico .................................. .............................................................. 08
2. REFERENCIAL TEÓRICO ............................ ................................................ 09
2.1CEFALÉIA .................................................................................................... 09
2.1.1 Histórico da cefaléia ....................... ........................................................ 10
2.1.2 Tipos de cefaléia ........................... .......................................................... 11
2.1.2.1 Cefaléia tensional .................................................................................. 15
2.2 AURICULOTERAPIA ................................................................................... 18
2.2.1 Histórico da auriculoterapia ................ ................................................... 20
2.2.2 Relação com o sistema de canais e colaterais ..................................... 21
2.2.3 Métodos de diagnóstico ...................... ................................................... 22
2.2.4 Formas de tratamento ........................ .................................................... 24
2.2.5 Localização e função dos pontos .............. ............................................ 27
2.3 AURICULOTERAPIA PARA A CEFALÉIA TENSIONAL .............................. 30
3. METODOLOGIA .................................... ........................................................ 33
4. RESULTADO ...................................... .......................................................... 36
5. DISCUSSÃO ................................................................................................. 42
6.CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................ ................................................ 43
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................ .......................................... 44
ANEXOS ........................................................................................................... 47
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Deus egípcio Sobek tratando a cefaléia com crocodilo de argila ....... 11
Figura 2 - Comparação do feto invertido com a orelha ....................................... 19
Figura 3 – Nomenclatura anatômica .................................................................. 29
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Principais causas de cefaléia secundária ......................................... 12
Tabela 2 – Cefaléias primárias .......................................................................... 13
Tabela 3 – Incidência mundial da cefaléia tensional .......................................... 16
Tabela 4 - Dados coletados via questionário na 1ª sessão ................................ 36
LISTA DE GRAFICOS
Gráfico 1 – Freqüência da cefaléia durante o tratamento com auriculoterapia ... 39
Gráfico 2 – Intensidade da cefaléia durante o tratamento com auriculoterapia .. 40
Gráfico 3 – Relação entre o número de episódios e a intensidade da dor.......... 41
LISTA DE ANEXOS
Anexo 1 – Pontos auriculares ............................................................................ 47
Anexo 2 - Termo de consentimento livre e esclarecido ...................................... 48
Anexo 3 - Planilha utilizada para avaliação dos pacientes ................................. 49
Anexo 4 – Escala visual analógica – EVA .......................................................... 52
RESUMO
Título: A intervenção da auriculoterapia no tratamento da cefaléia tensional com base na
Escola de Auriculoterapia Huang Li Chung
Autor: Kellen Juliane Mauri
Orientador: Marcelo Fabian Oliva
Estudo de caráter experimental com amostra não probabilística que possui a finalidade
de analisar os resultados da auriculoterapia como método alternativo no tratamento da
cefaléia tensional devido a seus efeitos colaterais minimizados e baixo custo. Foram
submetidas ao tratamento de auriculoterapia, 40 pessoas do sexo feminino, na cidade de
Foz do Iguaçu/PR, onde dezenove formulários foram excluídos por não terem finalizado a
quantidade de sessões propostas no trabalho, resultando em 21 registros válidos. O
tratamento consistiu na aplicação de auriculoterapia com semente de mostarda, por 10
sessões, utilizando 8 pontos específicos em ambas orelhas, onde o paciente era
orientado a estimular os pontos três vezes ao dia, retirando os mesmos no quinto dia e
recolocando no sétimo dia. Após o término das 10 sessões, foi possível analisar que
houve queda da freqüência e intensidade da cefaléia, mostrando desta maneira, que a
auriculoterapia é eficaz para o tratamento da cefaléia tensional, abrindo opção de
tratamento para os que sofrem deste problema.
Palavras-chave: Cefaléia - Cefaléia tensional - Dor de cabeça – Auriculoterapia -
Terapia auricular.
CENTRO INTEGRADO DE ESTUDOS E PESQUISAS DO HOMEM-CIEPH
PÓS-GRADUAÇÃO PROFISSIONAL EM ACUPUNTURA
Florianópolis, Novembro 2009
1. INTRODUÇÃO
A cefaléia conhecida popularmente como dor de cabeça é um dos principais
motivos de consultas médicas tendo grande contribuição para a falta ao trabalho. Porém,
mesmo tendo alta prevalência e amplo meio de tratamento, esta patologia não é um tema
no qual é levado a sério, e muito dos padecedores não procuram acompanhamento
clínico, utilizando apenas de analgésicos para inibir a dor ao seu aparecimento.
Tendo uma vasta lista de fatores desencadeantes e agravantes, a cefaléia pode
ser classificada como de ordem primária ou secundária, sendo que a primária é
observada quando a cefaléia é a causa central, e a secundária origina-se em decorrência
de tumores, gripes, sinusites, entre outros problemas.
A cefaléia denominada “tensional” é classificada como a de ordem primária mais
comum, com prevalência em pessoas do sexo feminino. De acordo com Swanson (2007,
p. 98) até 88% das mulheres e 69% dos homens têm cefaléia do tipo tensional durante a
vida. E sua freqüência é maior nas pessoas entre 30 e 39 anos de idade.
Seu tratamento frequentemente é realizado apenas através da prescrição de
analgésicos para o alívio da dor, porém há técnicas alternativas eficazes que são
capazes de melhorar e até mesmo curar este problema, como o caso da auriculoterapia,
que vem se mostrando cada vez mais conhecida e bem aceita no Oriente.
A auriculoterapia está englobada dentro da especialidade da Acupuntura, sendo
de grande importância na Medicina Tradicional Chinesa (MTC) devido ao fato de que sua
estimulação age no sistema nervoso central (SNC), gerando, desta maneira, resultados
benéficos.
Esta prática pode ser utilizada isoladamente ou como auxiliar na prática da
acupuntura sistêmica. Tendo em vista sua reflexão na atividade funcional de todo corpo
humano, uma minuciosa observação do pavilhão auricular pode revelar características
importantes de acordo com textura, coloração, tamanho e forma, das quais podem indicar
um provável diagnóstico.
Seu uso tem grande significado tanto no tratamento, como na prevenção de
enfermidades, e sua prática pode ser manipulada por meio de 20 métodos de tratamento
aproximadamente, como agulhas filiformes, agulhas permanentes, sangrias, massagem,
moxibustão, estímulo elétrico, sementes de mostarda, entre outros.
De acordo com a Medicina Tradicional Chinesa, a cefaléia do tipo tensional pode
ser provocada pelo aspecto emocional no que concerne a alguns aspectos, tais como:
raiva, preocupação, ansiedade, medo, distúrbios do sono, entre outros. A auriculoterapia
visa relaxar a musculatura do segmento cefálico, e reverter as condições emocionais
presentes na cefaléia em questão.
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Geral
O objetivo dessa pesquisa é analisar os resultados da auriculoterapia como
método de tratamento para a cefaléia do tipo tensional, através de pesquisa experimental
com amostra não-probabilística.
1.1.2 Específico
• Analisar a eficácia da auriculoterapia;
• Diminuir os sintomas da cefaléia;
• Observar o quadro de melhora dos pacientes durante o tratamento;
• Melhorar a qualidade de vida do paciente.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 CEFALÉIA3
O termo cefalalgia ou cefaléia é uma palavra de origem grega antiga que significa
“dor de cabeça”. A dor pode ser aguda, surda, intermitente, persistente, contínua e
localizada ou latejante. Pode ter duração de segundos, minutos, horas ou dias. A dor
pode ser sentida apenas de um lado da cabeça ou em ambos os lados. Pode-se sentir
um ataque de dor de cabeça com características de mais de um tipo de cefaléia, ou pode
sentir diferentes tipos de dor de cabeça em ocasiões distintas. Ainda não se sabe ao
certo porque ocorrem as dores. É possível que as dores de cabeça resultem de
interações entre o cérebro, os nervos e os vasos sanguíneos, sendo que algumas dores
de cabeça desenvolvem-se por motivos óbvios, como o resultado de um golpe na
cabeça. A freqüência com que a dor de cabeça ocorre, varia de pessoa a pessoa,
conforme sua propensão devido à constituição genética e a substâncias químicas no
cérebro. O estilo de vida, como o estresse, o excesso de trabalho, a insuficiência de sono
e o ato de pular as refeições podem ser fatores contribuintes.
Nos Estados Unidos, a dor de cabeça está entre as vinte principais queixas
ouvidas pelos médicos. Através de um estudo, se descobriu que aproximadamente 91%
dos homens e 95% das mulheres sofriam com a dor de cabeça pelo menos uma vez ao
ano. A maioria das cefaléias relatadas no estudo foi tratada com o auto-cuidado, e
apenas 15% dos participantes do sexo masculino e 18% dos sexo feminino consultaram
um médico. Além disso, mais de 45 milhões de pessoas nos Estados Unidos, sofrem de
dores de cabeça crônicas ou recorrentes, sendo que esse número excede a soma dos
cidadãos que têm asma, diabetes e doença arterial coronariana.
A mídia expõe concepções errôneas sobre a dor de cabeça na sociedade atual,
mostrando fármacos milagrosos que aliviam a dor mais forte em questão de minutos. Na
realidade, nem todas as dores de cabeça podem ser eliminadas tomando-se
comprimidos. Com freqüência, terapias não medicamentosas eficazes são necessárias
em combinação com fármacos.
Estudos revelam que a dor de cabeça perturba o tempo de lazer, a vida familiar e
o crescimento profissional mais do que vários outros distúrbios crônicos. Com efeito, a
3 Este subtítulo foi retirado da obra de: SWANSON, J. W. Guia da clínica Mayo sobre dor de cabeça: como controlar a dor de cabeça e reduzir seu impacto na vida cotidiana. Rio de Janeiro: Anima, 2007. p. 4-10.
dor de cabeça é um dos motivos mais comuns para as pessoas faltarem ao trabalho. E
as pessoas que embora sintam dificuldade de continuar trabalhando, devem permanecer
ou optam por permanecer no trabalho, possuem falta de produtividade. Além disso, as
pessoas que sofrem de fortes dores de cabeça, com transtorno das atividades familiares,
profissionais e sociais, ficam deprimidas com freqüência. Pois geralmente as pessoas
têm de interromper o que estão fazendo, mudar seus planos e explicar suas ações a
outras pessoas. E também quem sofre de dores crônicas, graves podem perder o
emprego ou enfrentar preconceitos no ambiente de trabalho por causa de sua condição.
Isso torna a dor de cabeça mais do que apenas um incômodo. A condição tem um
impacto abrangente e profundo tanto nas pessoas quanto na sociedade em geral.
2.1.1 Histórico da cefaléia
Segundo Peres (2008, p. 26-27), os primeiros tratamentos para a cefaléia são
datados em 7.000 mil anos a.C., onde se acreditava que os pacientes possuíam
“demônios” em suas cabeças, então, faziam buracos em seu crânio para que esses maus
espíritos pudessem escapar. O deus egípcio Sobek, que simbolizava a terra, água, fogo e
ar, era considerado uma divindade, e a causa das doenças em geral era atribuída ao
desequilíbrio dessas forças, por esse motivo, os egípcios antigos tratavam as dores de
cabeça amarrando sobre a cabeça dos pacientes um crocodilo de argila, com associação
de preces e imposição de mãos. Já no século XVII, Thomas Willis deu o primeiro passo
para um melhor entendimento das cefaléias, relatando que na hora da dor, há um
inchaço das artérias do cérebro. Em 1984, Michael Moskowits propôs que as cefaléias
originam não só do inchaço das artérias, mas também nos neurônios, as células do
cérebro. O médico e professor Aristides Leão, também teve importância na história do
desenvolvimento científico das cefaléias, demonstrando o fenômeno da “depressão
alastrante”, atualmente conhecido como o provável mecanismo da aura da enxaqueca,
na qual é um fenômeno neurológico transitório que normalmente antecede ou
acompanha crises de cefaléia, caracterizada por pontos luminosos ou escuros, perda de
força, ou formigamento de um lado do corpo que duram de 5 a 60 minutos.
Figura 1: Deus egípcio Sobek tratando a cefaléia com crocodilo de argila
Fonte: MEDICINA BIOLÓGICA, 2008
Uma característica importante da humanidade é a dificuldade de acreditar em algo
que não se pode ver, tocar ou cheirar. Infelizmente, a dor é real e a maior parte das
pessoas que padecem desse mal o encara como inevitável se acostumando com o
sofrimento. São poucos que procuram uma maneira de aliviar a dor. A opinião geral dos
leigos é que a dor de cabeça é enxaqueca, o que não é verdade, sendo que já foram
descritos quase 300 tipos diferentes de dor de cabeça, cada um com seu quadro clínico e
tratamento diferenciado (RAFFAELLI JUNIOR et al, 2005, p. 16).
Segundo Hamilton (2008, p. 2), o Brasil aparece entre os cinco primeiros
colocados na lista de incidência das cefaléias mais comuns, estando no topo no que diz
respeito à cefaléia crônica, e em quarto lugar no ranking da cefaléia tensional e da
enxaqueca. Juntas, as três martirizam em média, a vida de 63 milhões de brasileiros.
2.1.2 Tipos de cefaléia
Segundo Krymchantowski (1995, p. 29-30), estudos realizados em todo o mundo
durante anos, obtiveram importantes avanços na elucidação dos mecanismos e
processos envolvidos nas dores de cabeça crônica. Porém, havia uma dificuldade de se
uniformizar a linguagem e formas de expressão com as quais os pesquisadores e
médicos denominavam as dores de cabeça e suas características. Em 1962, foi lançado
uma classificação para denominar e classificar os vários tipos de dor de cabeça
existentes, que tem sido usada até hoje, com muitos erros e limitações. Esta
classificação, publicada em revistas médicas em todo o mundo, era limitada pelo próprio
desconhecimento do funcionamento cerebral, e, conseqüentemente, dos mecanismos
mais intrínsecos e básicos destas dores crônicas. Em função da grande diversidade de
nomes e termos, da metodologia de classificação e, conseqüentemente, da forma de
conduzir e tratar os pacientes, a Sociedade Internacional de Dor de Cabeça, criada em
1982 e dedicada ao estudo das cefaléias, revisou todo o assunto e apresentou em 1987,
durante o Congresso Internacional de Dor de Cabeça, na Itália.
De acordo com Swanson (2007, p. 13-14), foi publicada em 2003 uma
classificação revisada que serve como padrão-ouro para a descrição das dores de
cabeça, e é usado em pesquisas e em algumas situações na prática clínica. Essa
classificação divide as dores de cabeça em 14 grupos principais. Os grupos de 1 a 4 são
conhecidos como dores de cabeça primárias, com base em seus sinais e sintomas. Os
grupos de 5 a 12 são conhecidos como dores de cabeça secundárias, agrupadas de
acordo com as suas diferentes causas. Os grupos 13 e 14 incluem formas de neuralgias
(dor associada a fibras nervosas) e dor facial, como também formas raras de cefaléia não
associadas aos grupos anteriores.
Já para Peres (2008, p. 30-31), as cefaléias são divididas basicamente em dois
grandes grupos, que são cefaléias primárias e secundárias. A cefaléia secundária é
causada por outra doença, tendo como manifestação clínica a dor de cabeça.
Tabela 1: Principais causas de cefaléia secundária
GRUPO
EXEMPLOS
Aumento ou diminuição da pressão
intracraniana
Hidrocefalia, cefaléia pós-raquianestesia
Desequilíbrios do organismo
Hormonais (tireóide, adrenal, ovários),
pressão arterial, oxigenação
Doenças das artérias, veias ou circulação
cerebral
Aneurisma, isquemias ou sangramentos
Infecções Cerebrais (meningites); no corpo
(sinusites, gripes, pneumonias, infecções
urinárias)
Produtos químicos Gás carbônico, álcool, drogas,
analgésicos, retirada de opióides ou
cafeína
Traumas cranianos e/ou cervicais Acidentes de carro, batidas na cabeça
Tumores cerebrais Gliomas, meningiomas, metástases
Fonte: PERES, 2008, p. 31
Diferentemente das cefaléias secundárias, as cefaléias primárias são aquelas em
que a característica da dor e os próprios sintomas definem a doença do paciente. Ou
seja, a ocorrência da cefaléia é a doença. As cefaléias primárias são agrupadas em cinco
grandes grupos: enxaqueca, cefaléia do tipo tensional, cefaléia trigêmino-autonômicas,
cefaléia em salvas, neuralgias e dores faciais, e outras cefaléias (PERES, 2008, p. 32).
Tabela 2: Cefaléias primárias
GRUPO
TIPOS
Enxaqueca ou migrânea
Enxaqueca sem aura, enxaqueca com
aura, enxaqueca crônica, enxaqueca
menstrual, enxaqueca cíclica,
precursores da enxaqueca na infância
Tensional Episódica não-freqüente, episódica
freqüente, crônica
Cefaléia em salvas e trigêmino-
autonômicas
Cefaléia em salvas, hemicrania contínua,
hemicrania paroxística crônica
Neuralgias e dores faciais Neuralgia do trigêmeo, neuralgia do
glossofaríngeo, neuralgia occipital,
neuralgia supraorbital, neuralgia pós-
herpética, síndrome de Tolosa-Hunt
Outras cefaléias Cefaléia em facadas, cefaléia hípnica,
cefaléia da tosse, cefaléia do exercício,
cefaléia da atividade sexual
Fonte: PERES, 2008, p. 32
Segundo Swanson (2007, p. 14-18), a grande maioria das cefaléias que as
pessoas sentem é de ordem primária, sendo que não existe uma origem clara da dor. A
seguir, um breve comentário sobre as cefaléias primárias:
1) Enxaqueca ou migrânea: é caracterizada por dor moderada a intensa. Cerca de 60%
das pessoas com enxaqueca têm dor apenas em um lado da cabeça, enquanto os outros
40% sentem dor em ambos os lados. Geralmente, a dor de cabeça é associada a outros
sintomas, como náusea e sensibilidade à luz e ao som. Alguns procedendo ao ataque
têm uma aura, que consiste em uma variedade de sensações que inclui pontos cegos e
clarões luminosos no campo visual, vertigem, e dormência ou formigamento.
2) Cefaléia do tipo tensional é a mais comum das cefaléias primárias. De uma maneira
geral, ela produz uma dor surda, uma sensação de aperto ou de uma faixa apertada na
fronte e no couro cabeludo ou na nuca. Ela pode ocorrer ocasionalmente ou quase todos
os dias, e um único ataque pode durar de meia hora a uma semana inteira. Algumas
pessoas têm dores de cabeça com características de ambas, enxaqueca e cefaléia do
tipo tensional. Às vezes, são chamadas de dores de cabeça combinadas ou de
enxaqueca tensional mista.
3) Cefaléia em salvas: é caracterizada por dor intensa e perfurante em um olho ou ao
redor dele, ou em um lado da cabeça. Podem ocorrer diariamente por dias, semanas ou
meses, de uma vez, e então desaparecer por completo durante meses ou mesmo anos.
4) Neuralgia do trigêmeo: dor no pescoço ou no rosto podem resultar de nervos sendo
submetidos à pressão ou lesão física, sendo exposto ao frio ou a outras formas de
irritação. Há 12 pares de nervos cranianos que se originam no cérebro e se estendem até
o rosto, pescoço e outras partes do corpo, sendo que o quinto desses 12 pares de
nervos, o nervo trigêmeo, transporta sensações do rosto para o cérebro. A interrupção da
função normal do nervo trigêmeo pode causar dor conhecida como neuralgia do trigêmeo
5) Há também outros tipos de cefaléias que foram relatadas, mas sobre as quais não há
informações suficientes, como as cefaléias que podem ser causadas por tosse ou
espirros ou por exercícios físicos prolongados. E também cefaléia em trovoada que é um
tipo de dor de cabeça de início abrupto, e cefaléia hípnica que afeta, sobretudo os idosos,
onde a cefaléia acorda o indivíduo, conhecida anteriormente como cefaléia do
despertador.
De acordo com Swanson (2007, p. 19), os termos aguda, crônica e episódica são
usados com frequência para distinguir um tipo de cefaléia de outro. Aguda descreve uma
cefaléia intensa com duração à curto prazo. O início pode ser repentino. Muitas dores de
cabeça secundárias são condições agudas. Crônica indica cefaléia que ocorre
freqüentemente por um longo período. Por exemplo: se as cefaléias do tipo tensional
ocorrem mais de 15 dias em um mês, por pelo menos três meses, a condição é chamada
de crônica. Episódica descreve uma cefaléia que é um evento separado, com começo e
fim definidos separados por intervalos de tempo distintos.
Para diferenciar as cefaléias primárias das secundárias devem-se observar certos
sinais que fogem das cefaléias primárias, com isso, suspeita-se de uma cefaléia
secundária (PERES, 2008, p. 34). Algumas situações merecem alerta especial, como:
cefaléia de início súbito, cefaléia que se inicia após os 50 anos, cefaléia com
características progressivas (intensidade, freqüência, duração), cefaléia de início recente
em paciente com neoplasia ou HIV, cefaléia com doença sistêmica (febre, rigidez de
nuca), cefaléia com sinais neurológicos focais (KRYMCHANTOWSKI, 2002, p. 17).
Contudo, as cefaléias secundárias podem ter características da cefaléia primária;
por exemplo, uma batida na cabeça pode originar uma dor de cabeça do tipo enxaqueca
ou uma cefaléia em salvas; da mesma forma, um eventual tumor cerebral pode se
manifestar como uma dor de cabeça do tipo tensional (PERES, 2008, p. 33).
2.1.2.1 Cefaléia tensional
Para denominar a cefaléia do tipo tensional podem-se usar os seguintes termos:
cefaléia de tensão, cefaléia de contração muscular, cefaléia psicomiogênica, cefaléia do
estresse, cefaléia comum, cefaléia essencial, cefaléia idiopática e cefaléia psicogênica
(RODRIGUES, 2001, p. 4).
Segundo Buchalla (2008, p. 87-90), a incidência da cefaléia tensional na
população brasileira gira em torno de 36%. De cada 100 brasileiros, 36 relataram ter
sofrido pelo menos uma crise ao longo do último ano. Sendo que a divisão entre os cinco
estados onde a cefaléia tensional é mais freqüente, 42% são em Santa Catarina, 41% no
Pará, 38% no Rio de Janeiro, 36% em Goiás e 35% em São Paulo.
Tabela 3 – Incidência mundial da cefaléia tensional
País
Ocorrência
Dinamarca
87%
Estados Unidos 40%
Alemanha 38%
Brasil 36%
Chile 27%
Fonte: BUCHALLA, 2008, p. 88
Segundo Krymchantowski (1995, p. 69), as cefaléias do tipo tensional (CTT), não
são causadas apenas pela tensão emocional ou pela tensão muscular, embora situações
de grande estresse, excesso de trabalho ou excesso de uso de determinados músculos
da cabeça, pescoço e ombros possam causar uma crise de cefaléia. O conceito de que
as cefaléias sejam provocadas por estados de contração aumentada destes músculos ou
por estresse crônico não é mais aceito atualmente. Há evidências de que algumas
pessoas com um nível significativamente alto de contração nos músculos do segmento
cefálico não sofrem de cefaléia e, outras pessoas, com um nível mais leve da referida
contração, são classificadas claramente como portadores de cefaléia tensional.
Swanson (2007, p. 100-101), relata que a cefaléia do tipo tensional pode resultar
de alterações entre determinadas substâncias químicas cerebrais (serotonina, endorfinas
e numerosas outras substâncias químicas cerebrais) que ajudam os nervos a se
comunicarem. De certo ponto, músculos rígidos na nuca e no couro cabeludo podem
contribuir para uma cefaléia em alguém com níveis químicos alterados. Por outro lado, os
músculos rígidos podem ser um resultado dessas alterações químicas. Outra substância
química no organismo que pode ter ação na cefaléia do tipo tensional é o óxido nítrico, o
qual está envolvido na transmissão de impulsos nervosos. O excesso de produção dessa
substância está associado à cefaléia do tipo tensional crônica e à enxaqueca, e as
substâncias que bloqueiam a produção do óxido nítrico reduzem a rigidez muscular
associada à cefaléia do tipo tensional. Silva (2003, p. 229), afirma que a cefaléia do tipo
tensional tem uma fisiopatogenia complexa, com diversos fatores estando envolvidos,
sendo que a dor é o resultado final da soma das alterações por eles provocadas.
De acordo com Swanson (2007, p. 98-100), a maioria das pessoas que têm
enxaqueca, também tem cefaléia do tipo tensional, sendo que a cefaléia do tipo tensional
é responsável pela maioria das cefaléias primárias, atingindo com maior prevalência
mulheres do que homens. Sua dor costuma ser de caráter surdo e contínuo, ou uma
sensação de pressão na fronte ou em ambos os lados e na parte posterior da cabeça,
geralmente comparado a uma sensação de faixa apertando com força a cabeça. Em sua
forma mais abrangente, a dor produz a sensação de um manto com capuz caindo sobre
os ombros. A dor é em geral descrita como de branda a moderadamente intensa, sendo
que sua gravidade varia de uma pessoa a outra. Um ataque de uma cefaléia do tipo
tensional pode durar de meia hora a uma semana inteira. A maioria das pessoas relatam
que a dor começa logo após despertarem de manhã ou no começo do dia. É possível não
ter nenhum fator desencadeante identificável ou consistente, ou pode ter vários fatores
desencadeantes óbvios, como: estresse; depressão; ansiedade; falta de sono ou
mudanças na rotina do sono; ato de pular refeições; má postura; trabalhar em posições
incômodas ou ficar na mesma posição por um longo tempo; falta de atividade física;
alterações hormonais relacionadas com a gravidez, menstruação, menopausa ou o uso
de hormônios; medicamentos usados para outras condições, como a depressão ou a
hipertensão arterial; abuso de medicamentos para a cefaléia.
O estresse é o fator desencadeante mais comum relatado para a cefaléia do tipo
tensional. Dor na mandíbula causada pelo ato de cerrar ou ranger os dentes ou por
traumatismo craniano, como uma pancada ou uma lesão em chicote podem piorar a
cefaléia tensional. E pessoas com articulações e músculos enrijecidos por causa de
artrite da nuca ou de inflamação das articulações dos ombros podem desenvolver
cefaléia do tipo tensional (SWANSON, 2007, p. 100).
De acordo Headache Classification Committee of the International Headache
Society, citado por Krymchantowski (2002, p. 25-26), a cefaléia do tipo tensional
episódica (CTTE) apresenta como critérios diagnósticos a ocorrência de pelo menos dez
episódios prévios de dor em menos de 15 dias por mês com duração de 30 minutos a 7
dias, de caráter de pressão ou aperto, com intensidade leve a moderada, localização
bilateral, não tendo agravamento por atividade física rotineira. Náusea, vômitos, fotofobia
ou fonofobia não estão presentes, ou há manifestação apenas de uma das
características. A cefaléia do tipo tensional crônico difere da episódica apenas pela
freqüência de dor, que é igual ou superior a 15 dias por mês. Os pacientes com cefaléia
do tipo tensional crônico são freqüentemente acometidos por ansiedade, nervosismo,
depressão e por distúrbios do sono como insônia e sono interrompido, sendo freqüente o
uso abusivo de medicamentos para tratar os sintomas.
Schoenen, citado por Krymchantowski (2002, p. 28-33), mostra que os
tratamentos propostos para as cefaléias do tipo tensional são variados. A maioria dos
pacientes com cefaléia do tipo tensional episódica se trata sozinha com analgésicos, sem
procurar ajuda médica. Isto ocorre devido ao fato de que as crises de cefaléia do tipo
tensional são leves ou moderadas e, apesar de atrapalharem, não impedem as atividades
habituais. Por outro lado, os pacientes com cefaléia do tipo tensional crônico, são mais
difíceis de tratar devido ao caráter muitas vezes contínuo da cefaléia e da presença
marcante de aspectos fisiológicos e psicológicos envolvidos. Tratamentos não
medicamentosos para as cefaléias do tipo tensional também são preconizados.
Abordagens fisioterapêuticas visam alongar e relaxar os músculos do segmento cefálico.
2.2 AURICULOTERAPIA
A auriculoterapia é uma prática terapêutica que utiliza a orelha para avaliação e
tratamento das disfunções orgânicas, emocionais e dores em geral (SANTOS, 2003, p.
29). A medicina tradicional chinesa considera que os meridianos, são passagens
distribuídas no corpo humano, nos quais o sangue e o Qi (energia vital), circulam sem
interrupção. Deste modo, a orelha está relacionada com cada parte do corpo. Os
meridianos estão distribuídos de tal modo que, exteriormente se conectam com a
superfície do corpo, por meio da qual se estabelecem as relações entre as orelhas, as
quatro extremidades e o sistema ósseo; e interiormente, como a circulação dos
meridianos se relaciona com as vísceras, surge uma interação entre a orelha e os 5 Zang
e os 6 Fu, sendo que os Zang são os órgãos sólidos (coração, baço, rim, pulmão e
fígado), e os Fu são os órgãos ocos, ou seja, as vísceras (intestino delgado, intestino
grosso, vesícula biliar, estômago, bexiga e cavidades do corpo). Desde a dinastia Yuan,
dizia que os Zang/Fu e os doze meridianos estão relacionados com a orelha. Isso mostra
que a orelha e o corpo são uma unidade que não pode ser separada, indicando as bases
teóricas para o diagnóstico e tratamento por meio da auriculoterapia (SÁEZ, 1992, p. 7).
Souza (2000, p. 29), também relata que a auriculoterapia é um ramo da
Acupuntura, na qual possui função de tratar enfermidades físicas e mentais através de
estimulação de pontos situados no pavilhão auricular. Cada orelha possui pontos reflexos
que correspondem a todos os órgãos e funções do corpo. Ao estimular esses pontos, o
cérebro recebe um impulso que desencadeia uma série de fenômenos físicos,
relacionados com a área do corpo, levando à cura.
Segundo Fernandes (2008, p. 55), a distribuição dos pontos na orelha é feita
como se visualizasse um feto invertido, onde a cabeça seria o lóbulo, as extremidades
superiores seriam a cavidade escafóide, o tronco e extremidades inferiores estariam
representados na ante-hélice, e os órgãos internos nas conchas cimba e cava.
Figura 2: Comparação do feto invertido com a orelha
Fonte: EQUILÍBRIO MENTE CORPO, 2008
A auriculoterapia pode ser usada em todos os tipos de problemas físicos e
psíquicos, onde abrange uma vasta relação de tratamentos. Seu uso combinado com
outras terapias potencializa os efeitos benéficos de qualquer tratamento. Ela possui
reflexo direto sobre o cérebro e, através deste, sobre todo o organismo, sendo um
método completo de terapia. Além de efeitos curativos imediatos, tem efeitos preventivos,
dando ao organismo energia suficiente para impedir enfermidades (SOUZA, 2000, p. 35).
As condições patológicas dos órgãos internos fazem surgir na orelha alterações
como dor à pressão, alteração da condutividade elétrica, mudanças de cor, escamações,
manchas, nódulos, etc. Ao puncionar ou pressionar estes pontos, as enfermidades
podem ser tratadas (FERNANDES, 2008, p. 55).
2.2.1 Histórico da auriculoterapia 4
O diagnóstico e tratamento através do microssistema da orelha tiveram origem na
China. Nos textos antigos, se justificava a estreita relação do pavilhão auricular com o
resto do corpo, nutrindo-se este conhecimento, com a experiência posterior. Em 1973,
antropólogos chineses encontraram nas escavações, realizadas na província de Hu Nan,
um livro antigo escrito em duas partes intituladas Os Onze Canais dos Braços e das
Pernas na Moxibustão e Os Onze Canais Yin e Yang na Moxibustão. Segundo a opinião
dos especialistas, é possível que esta seja a obra mais antiga onde se abordou o estudo
dos canais e vasos no tratamento com moxibustão. Na parte do livro Os Onzes Canais
Yin e Yang na Moxibustão, declara-se: “Os membros, os olhos, a face e a garganta,
todos se reúnem, através dos canais e vasos, na orelha.” Esta frase mostra os
fundamentos da teoria básica quanto à relação da orelha com o resto da fisiologia.
O desenvolvimento atual da auriculoterapia pode ser dividido em três etapas que
são: da década de 50 a 60, das décadas de 60 a 80 e da década de 80 até a atualidade.
Na década de 50, o desenvolvimento da auriculoterapia era pobre, mas crescia cada vez
mais dentro da prática clínica. Em 1958, o médico francês P. Nogier, publicou na revista
de Medicina Tradicional de Shangai a relação de certas zonas do pavilhão da orelha, com
os órgãos internos, a partir da observação das mudanças que se produziam no pavilhão
auricular, ante processos patológicos dos órgãos internos; a representação na orelha de
um feto em posição pré-natal foi representada primeiramente por Nogier. Este mapa
auricular com a representação do feto em posição pré-natal serviu de grande impulso
para começar um profundo estudo da auriculoterapia. Neste período de tempo, começou
a descrição de novos pontos de estímulo auricular.
Nas décadas de 60 e 70, a auriculoterapia obteve um grande impulso na China,
aprofundando-se mais no conhecimento dos pontos auriculares. O diagnóstico,
tratamento e descrição dos pontos auriculares chegam neste período a seu mais alto
grau. Através de um minucioso estudo das diferentes reações do pavilhão auricular, foi
encontrada uma grande quantidade de pontos.
Os métodos diagnósticos na auriculoterapia chegaram a ser motivo de profunda
investigação, podendo ser classificadas em: diagnóstico através da observação, da
pressão sobre o ponto doloroso, da impressão que deixa à palpação e através da
exploração elétrica. A descrição de patologias tratadas com auriculoterapia, também
obteve amplo desenvolvimento, chegando-se a validar o tratamento em torno de 150
4 Este subtítulo foi retirado da obra de: GARCIA, Ernesto G. Auriculoterapia. São Paulo: Roca,
1999. p. 1-26.
patologias, distribuídas em cirurgia, ginecologia, pediatria, otorrinolaringologia, ortopedia,
etc. O tratamento com este método reduziu enfermidades agudas e crônicas, como
também enfermidades de caráter epidêmico e infeccioso.
Na década de 80, começou uma nova era no estudo dirigido a fundir os critérios
da medicina moderna e a tradicional, conseguindo completar-se como especialidade
médica.
2.2.2 Relação com o sistema de canais e colaterais
De acordo com Garcia (1999, p. 34), não há dúvidas sobre a relação dos pontos
auriculares com a atividade dos Zang Fu, que está validado com o uso adequado do
pavilhão auricular no diagnóstico e tratamento das enfermidades.
Os antigos expressavam que o interno se reflete através da forma externa. Desta
forma fica claro, que o estado dos órgãos internos e o estado da superfície do corpo, tem
uma estreita relação. Desde a antiguidade era bem conhecido que através das mudanças
observadas no pavilhão auricular, como tamanho, textura, coloração e forma, se
poderiam determinar o estado do Zang Fu e estabelecer as variações patológicas
(GARCIA, 1999, p. 5).
O Ling Shu relata em seu livro o seguinte comentário: “O homem está formado por
doze canais, em seu interior se comunicam com os Zang Fu e em seu exterior os
colaterais o relacionam com as extremidades”. O sistema de canais e colaterais distribui-
se por cada parte do corpo humano, não existindo lugar aonde não chegue. Nos oito
vasos maravilhosos, o canal Du é denominado mar dos canais Yang, o que quer dizer
que nele se reúne o Yang de todo o corpo e portanto controla e regula o Qi de todos os
canais Yang; o Ren Mai é o mar dos canais Yin e da mesma forma regula a atividade do
Qi de todos os canais Yin do corpo. Os vasos Yin Wei e Yang Wei são drenos dos seis
canais Yang e dos seis canais Yin, desta maneira mantém o equilíbrio entre os canais
Yang e Yin. Com isso, pode-se dizer que o sistema de canais e colaterais conecta cada
tecido, órgão e orifício do corpo humano, dando-lhe um caráter de sistema (GARCIA,
1999, p. 30).
Garcia (1999, p. 30) confirma que a filosofia dos canais e colaterais está baseada
no movimento do sangue e da energia, na manutenção do equilíbrio Yin e Yang, no
fortalecimento da energia antipatogênica e na expulsão da patogênica, mantendo, desta
maneira, a saúde.
Na presença de um estado patológico, a energia perversa penetra no corpo em
certo canal e colateral ou órgão e na dependência de sua situação, assim será o reflexo
sintomático da enfermidade. Através da punção dos pontos de Acupuntura,
auriculopuntura, etc., se tenta desobstruir os canais e colaterais, regulando o vazio e a
plenitude, restabelecendo a atividade funcional de cada parte do corpo fazendo conservar
o equilíbrio dos opostos. Assim, sob este princípio é concebido o tratamento das
enfermidades, na Medicina Tradicional Chinesa (GARCIA, 1999, p. 30).
2.2.3 Métodos de diagnóstico
De acordo com Garcia (1999, p. 157), o pavilhão auricular é considerado de
grande importância no corpo humano, por conformar um microssistema, sendo capaz de
funcionar como um receptor de sinais de alta especificidade, podendo refletir todas as
mudanças fisiopatológicas de todo o organismo. Quando se produz um estado patológico
em qualquer parte do corpo humano isto é refletido na orelha com reações positivas de
caráter e localidades diferentes, específicos a cada enfermidade, em particular, e
deixando relações muito estreitas entre os lugares reativos e as partes do organismo
implicadas na patologia. Essas reações positivas podem aparecer no pavilhão auricular
antes da enfermidade se manifestar e, também, desaparecer depois da cura da
enfermidade, ou ficar como uma marca da mesma. As reações podem ser de diferentes
tipos, entre elas estão: mudanças na resistência elétrica das zonas reativas específicas,
mudanças no limiar doloroso, mudanças morfológicas nestas áreas, mudanças de
coloração, descamações, presença de telangiectasias, eczemas, etc. Suas
características podem variar, com a evolução da enfermidade. Por isso, o diagnóstico
auricular é um instrumento de inestimável valor no diagnóstico clínico, sendo necessário
um estudo minucioso e detalhado.
De acordo com Souza (2000, p. 31), a auriculoterapia usa para seus programas
de tratamento os seguintes métodos:
a) Diagnóstico clínico, onde são fundamentais os dados fornecidos pelos exames
laboratoriais, raios X, EEG, anamnese, palpações, etc.
b) Diagnóstico por iridiologia onde deve ser feita comparação com o diagnóstico clínico.
c) Diagnóstico auricular mostra sinais característicos da existência de desequilíbrio. A
área auricular correspondente sofre alteração pigmentária, manchas, tubérculos,
vascularizações, secura, maior secreção sebácea, sensibilidade dos pontos ao toque ou
à aplicação de agulhas quando um órgão ou suas funções apresentam algum distúrbio.
Já para Garcia (1999, 158-160), o diagnóstico através do pavilhão auricular usa
diferentes métodos. Os mais usados na auriculoterapia são os seguintes:
a) Diagnóstico através da observação: são observadas mudanças de coloração,
morfológicas, descamações, pápulas, aranhas vasculares, entre os sinais
representativos. Essas características ajudam a determinar se a enfermidade possui
caráter agudo ou crônico e sua localização.
b) Diagnóstico através dos pontos dolorosos à pressão: ao produzir um estado
patológico, pode-se encontrar na zona ou ponto correspondente do pavilhão, um ponto
sensível à dor. O uso deste método diagnóstico é mais conveniente nas patologias
agudas, enfermidades dolorosas e tumores.
c) Diagnóstico através da marca deixada à pressão: nas zonas ou pontos do pavilhão que
possuem estreita relação com a patologia, podem-se observar, em geral, mudanças
morfológicas como proeminências ou edemas. Ao realizar a pressão sobre ditos pontos,
fica neles uma marca ou impressão como parte da reação do ponto. Nesta marca, são
levados em conta a profundidade, a coloração e o tempo de permanência da mesma. Na
prática clínica, são usadas estas características para determinar o caráter agudo ou
crônico da enfermidade.
d) Diagnóstico através da palpação: quando há uma enfermidade, durante o
desenvolvimento e evolução da mesma, vão ficando marcados no pavilhão auricular
diferentes mudanças morfológicas na estrutura dos pontos ou zonas que manifestam este
estado patológico. As reações se mantêm nos pontos mesmo depois de desaparecer a
enfermidade. Podem ser observados no pavilhão auricular proeminências, depressões,
cordõezinhos, edemas, entre outras manifestações. Esse método revela não só o
desenvolvimento de uma enfermidade atual como também outros padecimentos
anteriores de longa duração.
e) Diagnóstico através da exploração elétrica: abrange enfermidades agudas, crônicas,
tumores e enfermidades dolorosas. É efetivo na exploração de qualquer ponto auricular
quer seja representativo das extremidades ou dos órgãos internos, para isso é usado um
equipamento explorador desenhado para tal objetivo, que pode mostrar os pontos de
baixa resistência elétrica.
Segundo Souza (2000, p. 31-32), o diagnóstico auricular e o diagnóstico clínico
são complementares e fornecem informações sobre o estado do paciente. Os sinais
indicativos de processos patológicos apresentam-se sob diversas formas, dentre as mais
comuns são: 1) modificação de pigmentação, 2) modificações da sensibilidade e 3)
modificações morfológicas.
1) As modificações de pigmentação mais freqüentes são:
a) Palidez: que indica deficiência orgânica, processos degenerativos ou diminuição de
atividade.
b) Eritema: no qual indica hiperatividade funcional, processo de desequilíbrio por
hiperfunção, etc.
c) Manchas senis ou condensação de melanina: indicam a incidência de problemas
crônicos.
2) As modificações de sensibilidade são:
a) Hiperestesia: indicam enfermidades agudas ou subagudas.
b) Hipoestesia: que indica enfermidade crônica.
3) As modificações morfológicas são:
a) Exsudação sebácea: que indica enfermidades de natureza sub-aguda.
b) Sudorese: que indica tendência a doenças degenerativas.
c) Ressecamento da pele: que indica enfermidade de natureza crônica.
d) Quistos e Tubérculos: que indicam patologia aguda que está ocorrendo ou que irá
ocorrer em órgãos a que esses pontos se referem.
e) Pêlos e escamações: indicam degeneração senil ou enfermidade crônica.
O uso de um só método diagnóstico na auriculoterapia torna-se limitante para
determinar o caráter crônico ou agudo de uma enfermidade e estabelecer um diagnóstico
claro da mesma. Para a realização de um diagnóstico correto na auriculoterapia, é
necessário conhecer as características de cada uma das mudanças e as reações
positivas observadas nos pontos (GARCIA, 1999, p. 160).
2.2.4 Formas de tratamento
De acordo com Garcia (1999, p. 25), para prevenção e tratamento de
enfermidades podem ser usados métodos terapêuticos como: agulhas permanentes,
agulhas filiformes, estímulo elétrico, sangrias, massagem, moxibustão, método de
colocação de sementes, métodos combinados, etc., no total chegam a ser em torno de 20
métodos de tratamento.
A auriculoterapia pode ser realizada com pacientes de qualquer idade ou estado
físico, a qualquer hora do dia ou da noite, e as sessões podem ter a mesma duração da
acupuntura sistêmica que geralmente varia de 30 a 60 minutos (SOUZA, 2000, p. 32).
Porém, por medida preventiva, é preferível não tratar grávidas com auriculoterapia, pois
vários pontos podem interferir negativamente neste caso, levando-se em conta que os
pontos auriculares não são fixos (SANTOS, 2003, p. 55).
De acordo com Souza (2000, p. 36-45), independente do formato do pavilhão
auricular, a localização dos pontos é anatômica, sendo mais difícil em orelhas com
deformação, devendo o auriculoterapeuta procurar identificar os pontos pela comparação
dos contornos com os mapas auriculares (Anexo 1). A aplicação segue a disposição
anatômica dos órgãos e regiões do corpo humano. Desta forma, vesícula biliar, apêndice,
fígado, cólon ascendente, regiões e órgãos do hemisfério corporal direito devem ser
tratados na aurícula direita. Baço, pâncreas, cólon descendente, coração e outros órgãos
e regiões que estão situados no hemisfério esquerdo, são tratados na aurícula esquerda.
Órgãos duplos (olhos, ovários, ouvidos, testículos, membros, etc) são tratados na
aurícula homolateral ao problema a ser tratado. Os demais órgãos, situados no centro do
corpo (estômago, coluna, útero, órgãos genitais externos, bexiga, etc) podem ser tratados
em qualquer uma das aurículas. Em seqüelas de acidentes neurológicos, o tratamento
será realizado na aurícula oposta.
Segundo Garcia (1999, p. 222), o uso de agulhas filiformes em pontos do pavilhão
auricular, é recomendado na China desde a antiguidade. As agulhas utilizadas para o
tratamento têm cumprimento de 5 fen e um diâmetro que pode variar nos calibres. As
mesmas são providas de ponta, corpo e cabo, como todas as agulhas filiformes que se
usam, normalmente, na acupuntura somática.
O estímulo auricular por agulhas tem a finalidade de tonificar ou sedar os órgãos e
regiões do corpo. A tonificação é usada quando há manifestação de deficiência, fraqueza,
hipofunção, falta de energia, etc. E a sedação diminui a atividade, reduz a função, seda
dores, febres, etc. A estimulação deve durar pouco tempo (1 a 3 minutos), repetindo-se a
manipulação após pequeno intervalo. A tonificação ou sedação do ponto é obtida através
da profundidade da aplicação da agulha. Quando é aplicada com profundidade obtém-se
uma ação sedativa, quando se aplica superficialmente, obtém-se ação tonificante. Esse
procedimento é baseado na disposição dos vasos sanguíneos e da malha de filamentos
nervosos. A rede de filamentos nervosos é localizada mais profundamente enquanto a
vascularização por capilares é maior na superfície do pavilhão auricular. Contudo, a
aplicação profunda estimula a malha de filamentos nervosos e este reflexo é levado ao
cérebro onde, então, provocará sedação. E uma aplicação superficial estimula mais a
área circulatória, e esse estímulo intensifica o reflexo de tonificação. A ação sedativa ou
tonificante das agulhas auriculares pode ser intensificada através da utilização de
aparelhos eletrônicos ou elétricos que estimulam as agulhas ou por vibração manual no
sentido vertical (SOUZA, 2000, p. 45-46).
Segundo Garcia (1999, p. 232-234), o método de tratamento por agulha
intradérmica, também denominado agulha permanente, é um dos mais usados dentro da
auriculoterapia, fundamentalmente, no tratamento de enfermidades dolorosas e crônicas
ou em pacientes nos quais não se pode realizar o tratamento diariamente, pois essas
agulhas são desenhadas para esta técnica e permanecem em seu local, durante um
tempo prolongado, garantindo o estímulo ao ponto, tratando desta forma as
enfermidades, fazendo desaparecer os sintomas. O tratamento com eletroauriculopuntura
consiste em combinar o uso de agulhas filiformes com estímulo elétrico para tratar
determinadas enfermidades, como espasmos, dor dos órgãos internos, asma,
enfermidades do sistema nervoso, entre outros.
Inada (2007, p. 155-156), mostra a técnica com utilização de miniesferas de 1mm
de diâmetro colocados nos acupontos e fixados com fita adesiva. São conhecidas como
pontos semipermanentes por permanecerem nos acupontos por 3 dias ou mais. As
miniesferas podem ser de metais prateadas ou douradas, dependendo de sua finalidade,
sendo que as prateadas têm função sedativa e as douradas possuem função tonificadora.
Essa técnica possui utilidade significativa no tratamento de enfermidades infantis, por ser
bem aceita por elas. As miniesferas devem ser removidas após 5 dias, pois sua
permanência por muito tempo no mesmo lugar fere a pele sobre o acuponto. Há também
miniesferas feitas com cristais de quartzo e outras pedras semipreciosas.
De acordo com Garcia (1999, p. 235) o tratamento com colocação de sementes é
um método simples, amplamente utilizado na auriculoterapia com grandes vantagens
operacionais, o que faz com que seu uso venha aumentando nos últimos tempos. Deve
ser feito a seleção de materiais esféricos, de superfície lisa, que realizem pressão sobre
os pontos auriculares. Estes materiais podem ser pequenas pílulas, esferinhas imantadas
ou sementes de certas plantas. O importante é ter superfície polida e a forma o mais
redonda possível. É um método vantajoso por ser mais bem aceito pelos pacientes, ao
ser menos traumático e doloroso. Entre as vantagens deste método, podemos destacar a
de ser muito mais simples e mais barato, além de que com ele pode-se tratar um grande
número de enfermidades, facilitando o tratamento a pessoas da terceira idade, de
constituição física débil e crianças, como também garante ou facilita que o paciente não
tenha que voltar diariamente à consulta.
Inada (2007, p. 156), diz que o efeito terapêutico da semente de plantas é físico e
energético. O efeito físico decorre da pressão mecânica exercida pelas sementes sobre o
acuponto, e o efeito energético, decorre do fato de a semente concentrar o potencial
energético suficiente para germinar e dar origem a uma planta seja arbusto ou árvore.
Inada (2007, p. 191-209), relata também o uso de moxabustão auricular. A moxa é
um material aveludado, conhecido também como “moxa lã”, preparado com folhas secas
de uma planta cosmopolita denominada Artemisia vulgaris. A Artemisia sp. é uma planta
que se alastra e domina a área onde nenhuma outra planta consegue competir, por isso
foi considerada uma planta poderosa. A moxabustão é a forma simplificada da palavra
Moxacombustão, que é a técnica de queimar diversos tamanhos de cones, preparados
com moxa e colocados sobre os acupontos. A moxabustão pode aquecer os meridianos,
ativar o Qi (energia vital) e a circulação do sangue, aliviar a dor e regular a função dos
órgãos Zang-fu, pelo fato da orelha estar intimamente relacionada com os meridianos e
órgãos Zang-fu.
A magnetoterapia auricular é um método que se fundamenta no uso de imãs,
colocadas sobre os acupontos para tratar as enfermidades (GARCIA, 1999, p. 251). É
possível realizar também sangrias no pavilhão auricular. O método consiste em perfurar
superficialmente a pele com lanceta descartável para provocar pequena sangria. É
utilizada em certas enfermidades, com finalidade de drenar o calor do corpo, ativar o
sangue, e remover a estagnação de Qi e sangue, desbloqueando canais e aliviando
dores. (INADA, 2007, p. 237-239).
Fernandes (2008, p. 36), mostra que também é possível realizar terapia auricular
com laser, conhecida como “laserterapia”, onde é utilizado aporte energético da radiação
luminosa como recurso terapêutico. Sua ação injeta quantias de energia necessárias ao
balanço energético do organismo através dos acupontos.
Segundo Inada (2007, p. 149), é possível realizar digitopressão nos acupontos. É
uma técnica simples que consiste em pressionar ou massagear os acupontos com os
dedos das mãos. A digitopressão é ideal para tratar pessoas que têm medo de agulhas.
De acordo com Souza (2000, p. 29), quando há associação da técnica de
auriculoterapia com a acupuntura sistêmica, obtêm-se a dinamização do processo de
equilíbrio e a cura. A auriculoterapia é compatível para ser utilizada com todas as demais
formas de tratamento, não apresentando efeitos colaterais quando se tem um diagnóstico
correto.
2.2.5 Localização e função dos pontos
Os pontos auriculares são zonas específicas distribuídas na superfície auricular,
que refletem a atividade funcional do corpo. O pavilhão auricular está estreitamente
relacionado com os meridianos, através dos quais o Qi (energia vital) e o Xue (sangue)
se comunicam expressando a atividade funcional de todo o organismo. Por exemplo,
quando ocorrem mudanças patológicas no organismo, estas se manifestam no ponto ou
área específica da região comprometida, através de mudança da coloração da pele,
mudança morfológica, presença de edema, dor à exploração táctil, etc. O ponto
diagnosticado como positivo se emprega para o tratamento, obtendo-se assim, a melhora
sintomática e a resolução da enfermidade (GARCIA, 1999, p. 61).
Souza (2000, p. 91), afirma que a quase totalidade dos pontos auriculares tem
reflexo, através do cérebro, sobre os órgãos e suas funções. Desta maneira, o ponto do
pulmão atua sobre o órgão e funções do pulmão. Há pontos que mantém a denominação
chinesa, como o caso do Shenmen, por não haver na linguagem ocidental, um termo que
sintetize seu significado. Sua ação atinge o sistema nervoso central em sua totalidade
anatômica e funcional. O seu reflexo se faz sentir em todo o organismo, sendo usado
sempre como ponto inicial de qualquer esquema de auriculoterapia.
De acordo com Garcia (1999, p. 48-50), o pavilhão é dividido em duas faces e
uma circunferência. Na sua face anterior se observa uma série de proeminências
alternando com depressões, que circunscrevem uma escavação profunda, a concha, no
fundo da qual se abre o canal auditivo externo. As proeminências presentes no pavilhão
auricular são: hélix, anti-hélix, trago e antítrago. Além destes, o pavilhão é formado por:
lóbulo, raiz do hélix, tubérculo auricular, fossa triangular, fossa escafóide, incisura
supratrago, etc. Podemos localizá-las da seguinte maneira:
a) Hélix: é a mais excêntrica das proeminências do pavilhão. Começa na cavidade da
concha, margina a metade superior da circunferência do pavilhão e termina na parte
superior do lóbulo.
b) Raiz da hélix: é uma proeminência horizontal que divide as conchas.
c) Tubérculo auricular: é uma proeminência pequena, na parte póstero-superior da hélix.
d) Anti-hélix: está paralelamente ao segmento posterior da hélix e se divide na parte
superior em dois ramos que limitam uma depressão conhecida como fossa triangular.
e) Fossa triangular: é a depressão formada entre os ramos superior e inferior do anti-
hélix.
f) Fossa escafóide: localizada onde corre um sulco curvilíneo que fica entre o hélix e o
anti-hélix.
g) Trago: é uma proeminência aplanada, triangular, colocada antes da concha e debaixo
do hélix que se projeta para diante e por fora do orifício do conduto auditivo externo.
h) Supratrago: é uma depressão formada pelo hélix e o bordo superior do trago.
i) Antítrago: é igualmente uma pequena proeminência triangular, situada abaixo do anti-
hélix e por trás do trago, do qual está separado por uma chanfradura.
j) Incisura do intertrago: depressão formada entre o trago e o antítrago.
k) Fossa superior do antitrago: depressão pequena que se forma entre o antítrago e o
anti-hélix.
l) Lóbulo da orelha: porção carnosa inferior do pavilhão auricular.
m) Concha: é uma profunda escavação limitada para frente pelo trago e por trás pelo
anti-hélix e o antítrago. A raiz do hélix divide a concha em duas partes: uma superior
chamada de concha cimba e outra inferior mais larga chamada de concha cava.
Figura 3: Nomenclatura anatômica
Fonte: GARCIA, 1999, p. 59
Garcia (1999, p. 65-66), relata que mesmo havendo uma grande diversidade de
pavilhões auriculares que variam quanto a tamanho e forma, é possível encontrar todos
os pontos auriculares distribuídos, seguindo os mesmo princípios. Para encontrar os
pontos auriculares, tem-se como fundamento a localização de um feto em posição
cefálica, onde há a marcação dos princípios gerais para a representação de cada uma
das partes do corpo humano dentro do pavilhão auricular. Distribuindo-se da seguinte
maneira:
a) Lóbulo da orelha: região cefálica e facial.
b) Antitrago: cabeça e cérebro.
c) Fossa superior do antítrago: tronco cerebral.
d) Trago: laringe-faringe, nariz externo e interno, supra-renal, nervo temporoauricular, etc.
e) Incisura do supratrago: ouvido externo.
f) Anti-hélix: tronco, na cruz superior do anti-hélix se localiza os membros inferiores, e na
cruz inferior a região glútea.
g) Fossa escafóide: Membros superiores.
h) Fossa triangular: Região pélvica e os órgãos genitais internos.
i) Raiz do hélix: diafragma e em torno do hélix se distribui o aparelho digestivo.
j) Concha cava: cavidade torácica.
k) Incisura do intertrago: glândulas endócrinas.
l) Concha cimba: pontos da cavidade abdominal.
2.3 AURICULOTERAPIA PARA A CEFALÉIA TENSIONAL
Garcia (1999, p. 309), relata que, a cefaléia pode ser diferenciada, segundo sua
localização e etiologia da seguinte maneira:
1) Cefaléia Yang Ming: quando se localiza no trajeto do canal Yang Ming, ou seja, na
região frontal.
2) Cefaléia Shao Yang: quando esta se localiza na região parietal.
3) Cefaléia Tai Yang: quando se encontra na região occipital.
4) Cefaléia Jue Yin: quando está localizada no vértex da cabeça.
De acordo com a Medicina Tradicional Chinesa, a fleuma5 prejudicial é
considerada uma síndrome que provoca a cefaléia. Ela é desenvolvida pela alimentação
inadequada, pela obesidade, pela ingestão excessiva de comidas doces e gordurosas, e
todas as causas que danificam a função do baço (GARCIA, 1999, p. 310).
Segundo Maciocia (2005, p. 233), a cabeça é chamada de “Fu da Essência
Brilhante”, pelo fato de abrigar o Cérebro, que é uma manifestação do Mar de Medula, e
a própria Medula é uma manifestação da Essência, e como a Essência está armazenada
nos Rins, a cabeça também está sob a influência dos Rins.
O protocolo estabelecido para a pesquisa não segue um padrão, a seleção de
pontos foi escolhido aleatoriamente a partir da função de cada ponto. Segundo Garcia
5 Fleuma: Um dos quatro humores do organismo humano, segundo a medicina antiga; pachorra;
impassibilidade; calma; tranqüilidade (BUENO, 1996, p. 299).
(1999, p. 73-103) pode-se classificar os pontos escolhidos para essa pesquisa em
relação a sua localização e função da seguinte forma:
1) Ponto Occipital: encontra-se no lado externo do antítrago, no extremo póstero-superior
da linha traçada em forma de arco. O ponto occipital é de suma importância no
tratamento da vertigem e a tontura. É usado para acalmar a tosse, dispnéia, dor e vômito;
esse ponto também tem função de acalmar o espírito, e também como função
hipotensora. É o principal ponto utilizado no tratamento da cefaléia occipital.
2) Área de neurastenia: está localizada no bordo externo do antítrago, por trás dos pontos
occipital e vértex. É utilizado no tratamento da neurastenia e dificuldade para conciliar o
sono.
3) Área da ansiedade: localiza-se na região inferior do lóbulo. É utilizado no tratamento
da ansiedade.
4) Área do subcórtex: encontra-se no lado interno do antítrago, na metade da distância de
uma linha que une os pontos tálamo e ovário. Está dividido em três áreas: nervosa,
cardiovascular e digestiva. O ponto subcórtex regula a função do córtex cerebral e é
constituído por três ares que são: área nervosa do subcórtex, área digestiva do subcórtex
e área cardiovascular do subcórtex. A área nervosa regula a atividade do córtex cerebral
mantendo o equilíbrio de excitação, depressão da mesma, o que permite tratar
enfermidades como neurastenia, transtornos do sistema neurovegetativo, neuroses e
esquizofrenia. Através da área digestiva podem ser tratadas todas as afecções do
sistema digestivo, como gastrite, úlceras gástricas e duodenais, vômitos, náuseas,
diarréias, constipação, enfermidades do fígado e da vesícula. Com a área cardiovascular
do subcórtex podem se tratar enfermidades do sistema cardiovascular, tais como
hipertensão, cardiopatias, arritmias, etc.
5) Ponto Tronco Cerebral: localiza-se no bordo superior da fossa intertrago. Tem função
sedante, estimula a mente e acalma o espírito. É um ponto usado para acalmar o pânico,
a convulsão, tratar a tosse e diminuir a febre, também se usa para tratar a neurose,
meningite, bronquite, epilepsia e esquizofrenia.
6) Ponto Bexiga: localiza-se traçando uma linha desde o ponto próstata até o ponto rim,
no primeiro terço da mesma, ao nível do ponto constipação. A bexiga é a víscera
acoplada ao rim, entre suas funções fisiológicas está a transformação do Qi, isto é,
separando o Qi túrbido do claro, este princípio fisiológico permite a utilização do ponto
para regular a atividade funcional da bexiga, assim como eliminar a umidade e o calor
patogênico da mesma, por sua relação com o rim sua utilização tonifica o Qi deste. O
canal da bexiga começa em Jing Ming e sua ascensão pela fronte alcança o vértex, lugar
onde emite um colateral ao interior do cérebro e se relaciona, por sua vez, com outros
canais, em seu trajeto descende através da região interescapular, em ambos os lados da
linha média até a região sacrolombar, para descer pelos glúteos e alcançar a prega
poplítea, a partir daí, segue seu trajeto até alcançar o ponto Zhi Yin. Este canal possui
uma ampla relação com muitas regiões do corpo, dada extensão de seu trajeto, por esta
razão, é empregado no tratamento da cefaléia occipital, das lombalgias, ciatalgias, da
neurastenia, da insônia, etc.
7) Ponto Fígado: está localizado no bordo póstero-inferior da concha cimba. Este ponto
favorece a atividade funcional do fígado e a drenagem da vesícula biliar, fortalecendo a
função do baço e do estômago. Controla a região intercostal, a drenagem e a dispersão
do fígado e regula a energia, além disso, desobstrui os canais e acalma a dor. O canal do
fígado percorre o aparelho genital, alcança o hipogástrio e se estende até a região das
axilas, seu canal distinto ascende até o vértex, por este trajeto se emprega no tratamento
das afecções ginecoobstétricas, da neurose, e nas cefaléias do vértex. Controla
ligamentos e tendões, além disso, é o órgão responsável dos transtornos por vento
interno, razão pela qual, sua função inclui o tratamento das afecções por vento interno,
elimina fleumas, drena os ligamentos e tendões acalmando a dor, trata também a
vertigem, as epilepsias, os intumescimentos dos membros, assim como a paralisia facial.
8) Ponto Shen Men: encontra-se traçando uma linha entre o ponto hipotensor e o ponto
pelve no primeiro terço da mesma. É usado para tratar cada tipo de enfermidade
dolorosa, sendo um ponto importante para acalmar a dor. Usado também para acalmar a
tosse, a dispnéia, o prurido e a vertigem, tem também função hipotensora e acalma o
espírito, é usado, em geral, para tratar enfermidades do sistema nervoso, cardiovascular,
respiratório e digestivo.
Fock (2005, p. 248), complementa que o ponto Shenmen, é também conhecido
como “Portão dos Deuses”, tendo ação analgésica, antiinflamatória e calmante,
favorecendo o equilíbrio psíquico. É o ponto de anestesia mais importante da orelha e
frequentemente utilizado. E que o ponto do Fígado é utilizado também para afecções
causadas por vícios.
3. METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa experimental, com amostra não probabilística. Segundo
Gil (2008, p. 47-48), o experimento representa o melhor exemplo de pesquisa científica,
onde o pesquisador é um agente ativo, e não um observador passivo. Campbell, Stanley,
citados por Gil (2008, p. 48), relatam que embora algumas pesquisas sejam designadas
como experimentais, não podem ser consideradas como tal. É o caso dos estudos que
envolvem um único caso, sem controle, ou que aplicam pré-teste e pós-teste a um único
grupo. Essas pesquisas podem ser caracterizadas como pré-experimentais.
De acordo com Severino (2007, p. 123), a pesquisa experimental toma o próprio
objeto como fonte e o coloca em condições técnicas de observação e manipulação
experimental onde são criadas condições adequadas para seu tratamento. Andrade
(2001, p. 26), também afirma que a experimentação é baseada em fenômenos estudados
nas condições determinadas pelo experimentador. A sua importância está no fato de
proporcionar condições privilegiadas de observação, podendo-se repetir os fenômenos,
variar as situações da experiência, tornar mais lentos os fenômenos muito rápidos, etc.
Quando a experimentação não confirma a hipótese formulada, a pesquisa científica deve
recomeçar na busca da confirmação de outra hipótese.
O presente trabalho teve como base, a escola de auriculoterapia da professora
Huang Li Chung, que é a escola que o autor Ernesto Garcia segue, pelo fato do mesmo
transmitir um conhecimento mais completo sobre o assunto.
A pesquisa foi realizada entre o mês de abril e novembro de 2008, na clínica de
Fisioterapia da Faculdade União das Américas com 40 pessoas do sexo feminino, com
idade entre 15 e 68 anos e que sofrem há mais de 1 ano de dor de cabeça do tipo
tensional.
A seleção dos pacientes foi realizada através das informações coletadas na
primeira sessão que encaminham para a cefaléia tensional. De acordo com Swanson
(2007, p. 98-100), é possível não ter nenhum fator desencadeante identificável ou
consistente, ou pode ter vários fatores desencadeantes óbvios, como: estresse;
depressão; ansiedade; alterações hormonais relacionadas menstruação, menopausa ou
o uso de hormônios; medicamentos usados para outras condições, como a depressão ou
a hipertensão arterial, entre outros. Sendo que o fator desencadeante mais comum
relatado para a cefaléia tensional é o estresse.
Como critério de exclusão, foi determinado que os pacientes não fizessem uso de
medicamento para a cefaléia, nem se submetessem a qualquer outro tratamento para a
mesma durante a pesquisa, até mesmo acupuntura, para que não houvesse interferência
nos resultados. Também foram excluídas as gestantes por medida preventiva, levando-se
em conta que os pontos auriculares ficam muito próximos um dos outros, desta maneira
podendo interferir negativamente neste caso.
Como critérios de inclusão, foram definidos que seriam tratados apenas pessoas
do sexo feminino, pelo fato destas serem as mais acometidas nesse tipo de patologia, e
de idade variável, que sofrem de cefaléia tensional há mais de 1 ano e que concordaram
em assinar o termo de consentimento.
Dezenove formulários foram excluídos, por não terem finalizado a quantidade de
sessões propostas no trabalho, resultando em 21 registros válidos.
Na primeira sessão, o paciente e a pesquisadora assinaram um termo de
consentimento explicando a finalidade da pesquisa e concordando com a participação na
pesquisa (Anexo 2). Foi respondido no primeiro encontro também, um questionário
(Anexo 3) contendo informações pessoais (nome, data de nascimento, sexo, profissão,
telefone para contato e endereço residencial), e também informações sobre sua dor de
cabeça (quantidade de crises apresentadas em 1 mês, intensidade da dor, se a dor
melhora nas férias, se a dor piora no período menstrual, disposição geral, humor, se a
pessoa fica muito tempo em jejum, se come comida gordurosa e chocolate com
freqüência, e hábitos intestinais).
No total, cada paciente, participou de 10 sessões, 1 sessão semanal, sendo que
em cada sessão era anotado se a pessoa teve dor de cabeça durante a semana, quantos
dias teve a dor e a sua intensidade. Para avaliar a intensidade da dor de cabeça, foi
utilizada uma Escala Visual Analógica - EVA (Anexo 4). Também era feita observação
auricular em cada sessão dos pontos específicos utilizados, como: cor, descamação,
oleosidade, secura, proeminência, depressão, forte sensibilidade, e cacifo. Os pontos
aplicados eram fixos em relação a sua localização e quantidade, independente de sua
alteração.
Foram utilizados no total 8 pontos de forma bilateral com finalidade de provocar
sedação. Os pontos escolhidos foram: Shenmen, subcórtex, occipital, bexiga, fígado,
tronco cerebral, neurastenia e ansiedade, sendo que o ponto do fígado foi aplicado
apenas no lado direito da orelha, como explicado no referencial teórico.
As bases teórico-práticas utilizadas no trabalho tiveram como base a Escola de
Auriculoterapia da Professora Huang Li Chung que segue a visão chinesa onde mostra
que ao estimular um determinado ponto, este agirá não apenas sobre o órgão em
questão, porém terá ação reflexa sobre o organismo, levando a um equilíbrio
generalizado, ou seja, vendo o paciente como um todo, diferente da visão francesa que
diz que ao estimular determinado ponto, este agirá apenas sobre o órgão estimulado,
fisiologicamente, caso haja um distúrbio no mesmo.
Após a observação auricular, era feita a limpeza do pavilhão auricular com álcool
70%, e em seguida eram aplicados nos pontos, semente de mostarda amarela fixado
com esparadrapo. As voluntárias iam para a casa com as sementes, e era orientada a
estimular os pontos, pressionando-os com os dedos, três vezes ao dia, retirando-os no
quinto dia e recolocando no sétimo dia.
A opção pela colocação de sementes de mostarda ao invés de agulhas
semipermanentes na pesquisa realizada justifica-se por ser um método mais simples,
menos traumático e doloroso para o paciente, o qual poderia permanecer com as
sementes por um período de 5 dias. Além disso, Inada (2007, p. 156), diz que o efeito
terapêutico da semente de plantas decorre do fato da mesma concentrar o potencial
energético suficiente para germinar e dar origem a uma planta seja arbusto ou árvore.
Gomes, citado por Araújo (2006), diz que o tratamento feito por meio da
auriculoterapia é extremamente indicado por não possuir efeitos colaterais. Ele também
cita que vários estudos demonstraram efeitos benéficos na redução da intensidade e
frequência da dor, além de proporcionar melhora na qualidade de vida, sono e diminuição
na quantidade de medicamentos utilizados.
Os pesquisados foram informados sobre o caráter da pesquisa, seu objetivo,
resguardo das informações pessoais coletadas, procedimento, possíveis efeitos
colaterais, como também a possibilidade de recusa de sua participação. A data e horário
do tratamento foram estipulados conforme a escolha da maioria das voluntárias, e o local
do procedimento foi a clínica de Fisioterapia da Uniamérica, da cidade de Foz do Iguaçu,
a qual se obteve o termo de consentimento para utilização do espaço.
4. RESULTADOS
A seguinte tabela mostra os dados adquiridos via questionário na primeira sessão
de tratamento dos 21 pacientes tratados. Onde a freqüência absoluta mostra a
quantidade total de pacientes que responderam à questão informada, e a freqüência
relativa mostra a porcentagem analisada com base na freqüência absoluta, totalizando
100%.
Tabela 4: Dados coletados via questionário na 1ª sessão
Número de episódios de cefaléia
em 1 mês
Freqüência absoluta Freqüência relativa (%)
2-4 vezes no mês 5 23,81
4-6 vezes no mês 3 14,29
6-8 vezes no mês 1 23,81
10 vezes ou mais no mês 12 57,14
Intensidade da cefaléia de 0 a 10
(EVA)
Freqüência absoluta Freqüência relativa (%)
5 1 4,76
6 4 19,05
7 5 23,81
8 7 33,33
10 4 19,05
Intensidade da dor cervical de
0 a 10 (EVA)
Freqüência absoluta Freqüência relativa (%)
Intensidade 2 2 9,52
Intensidade 3 1 4,76
Intensidade 4 1 4,76
Intensidade 5 1 4,76
Intensidade 6
2
9,52
Intensidade 7 2 9,52
Intensidade 8 5 23,81
Intensidade 9 2 9,52
Intensidade 10 5 23,81
A dor melhora nas férias Freqüência absoluta Freqüência relativa (%)
Sim 16 76,19
Não 5 23,81
Pais apresentam cefaléia Freqüência absoluta Freqüência relativa (%)
Sim 15 71,43
Não 6 28,57
Dor piora antes da menstruação Freqüência absoluta Freqüência relativa (%)
Sim 12 57,14
Não 9 42,86
Está tomando alguma medicação Freqüência absoluta Freqüência relativa (%)
Sim 12 57,14
Não 9 42,86
Disposição geral Freqüência absoluta Freqüência relativa (%)
Boa 12 57,14
Regular 7 33,33
Ruim 2 9,52
Humor Freqüência absoluta Freqüência relativa (%)
Calma 2 9,52
Ansiosa 10 47,62
Estressada 8 38,10
Outros 1 4,76
Apresenta tontura
Freqüência absoluta
Freqüência relativa (%)
Sim 17 80,95
Não 4 19,05
Fica muito tempo em jejum Freqüência absoluta Freqüência relativa (%)
Sim 8 38,10
Não 13 61,90
Ingere muita comida gordurosa Freqüência absoluta Freqüência relativa (%)
Sim 7 33,33
Não 14 66,67
Ingere muito chocolate Freqüência absoluta Freqüência relativa (%)
Sim 12 57,14
Não 9 42,86
Percebe que a dor inicia ou piora
após prática dos três itens
anteriores
Freqüência absoluta Freqüência relativa (%)
Sim 12 57,14
Não 9 42.86
Sono Freqüência absoluta Freqüência relativa (%)
Excessivo 3 14,29
Escasso 2 9,52
Tranqüilo 12 57,14
Agitado 4 19,05
Hábitos intestinais Freqüência absoluta Freqüência relativa (%)
Mais de 1 vez ao dia 2 9,52
1 vez ao dia 9 42,86
1 vez a cada dois dias 4 19,05
2 vezes por semana
5
23,81
1x por semana 1 4,76
Fonte: MAURI, 2008
Os pacientes tratados não foram diagnosticados através de exames específicos
para ter confirmação de que a cefaléia se trata do tipo tensional. Sua seleção foi
realizada através das informações da tabela 4. Após a aplicação do questionário, os
pacientes foram submetidos ao tratamento com auriculoterapia, sendo que na finalização
das 10 sessões, foi realizada uma comparação entre a primeira e última sessão de
tratamento dos pacientes com auriculoterapia, para que fosse possível analisar a
evolução do paciente. Esta comparação está demonstrada no gráfico a seguir.
Gráfico 1 – Freqüência da cefaléia durante o tratamento com auriculoterapia
FREQUÊNCIA DA CEFALÉIA DURANTE O TRATAMENTO COM AUR ICULOTERAPIA
4
2
0
1
3
4
0
2 2
1 1 1
2
1 1
3
7
3
4
7
4
1 1
0
2
1
0
2
0
1 1
0 0 0 0 0
2 2
1
0
7
1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
Pacientes
Fre
quên
cia
Primeira sessão Última sessão
Fonte: MAURI, 2008
É possível observar diminuição da freqüência da dor, com exceção do paciente
número 20, que manteve a freqüência de 7 dias por semana com cefaléia, o paciente
número 4 que teve elevação da freqüência, e o paciente número 3 que tanto na primeira
como na última sessão estava sem dor.
Foi realizada também uma relação da intensidade da cefaléia, através da primeira
e última sessão de tratamento, para observar a evolução do paciente.
Gráfico 2 – Intensidade da cefaléia durante o tratamento com auriculoterapia
INTENSIDADE DA CEFALÉIA DURANTE O TRATAMENTO COM AU RICULOTERAPIA
5
9
0
6 6
8
0
7 7
5 5
6
5 5
3
8
7
6 6
10
6
3
2
0
7
6
0
6
0
3
6
0 0 0 0 0
5
8
3
0
7
4
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
Pacientes
Inte
nsid
ade
Primeira sessão Última sessão
Fonte: MAURI, 2008
Através do gráfico 2 é possível analisar que houve diminuição da intensidade da
dor durante o tratamento, incluindo o paciente número 20 que manteve a quantidade de
crises como descrito anteriormente. Porém comparando a primeira e última sessão do
paciente número 4, 10 e 17 observa-se pequena elevação da intensidade da cefaléia sem
motivo aparente. E o paciente 3, como não teve dor na primeira e na última sessão, a
intensidade ficou em zero.
O gráfico 3 mostra a relação entre o número de episódios e a intensidade da
cefaléia durante cada sessão de tratamento. Ele foi realizado através de uma média das
sessões com os 21 pacientes.
Gráfico 3 – Relação entre o número de episódios e a intensidade da dor
Relação entre número de episódios e a intensidade d a dor
0
1
2
3
4
5
6
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Semanas
Méd
ias episodios
intensidade
Fonte: MAURI, 2008
No gráfico 3, observa-se elevação no número de episódios da dor. na sétima
sessão de tratamento. Porém no final das 10 sessões de tratamento com auriculoterapia,
houve queda de 49,91% na intensidade da cefaléia e diminuição de 58,33% da
freqüência de episódios de dor.
5. DISCUSSÃO
O que pode ser observado na pesquisa realizada, conforme mostra o gráfico 3,
onde fica clara a diminuição da frequência e da intensidade da dor logo na primeira
semana de tratamento.
No mesmo gráfico, observa-se também, que na sétima sessão de tratamento
houve elevação do número de episódios de dor, o que provavelmente se deve ao fato de
57,14% dos pacientes relatarem estar em semana de prova, com isso, estando sobre
estresse. Na semana seguinte, houve queda da intensidade da cefaléia, o que pode ser
devido ao fato dos mesmos pacientes não estarem mais sobre estresse, por terem
finalizado as provas.
Através do gráfico 1, é possível observar diminuição da freqüência da dor, com
exceção do paciente número 20, que manteve a freqüência de 7 dias por semana com
cefaléia, o paciente número 4 que teve elevação da freqüência, e o paciente número 3
que tanto na primeira como na última sessão estavam sem dor. Porém, durante o
tratamento, o paciente número três apresentou dores nas outras sessões, sendo
representado no gráfico 3, onde foi realizado a análise de cada sessão particularmente.
Segundo Nascimento (2008), uma das chaves mais importantes na auriculoterapia
é a anamnese, no qual se tem o histórico do paciente, que será plenamente utilizado na
escolha dos pontos. Com isso, seria recomendável para os pacientes número 4 e 20,
preparar um protocolo específico individualizado, analisando-os como um todo, como é
sugerido na visão chinesa, onde acredita-se que cada um é um ser único, sendo assim,
cada um receberia um protocolo diferenciado, obtendo um resultado mais gratificante.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após o término das 10 sessões de auriculoterapia com semente de mostarda as
quais se submeteram 21 pacientes do sexo feminino, foi possível observar uma
diminuição de 58,33% da frequência da cefaléia e diminuição de 49,91% da intensidade
da cefaléia. Esse resultado poderia se mostrar mais gratificante caso fosse aplicado um
protocolo individualizado para cada paciente, analisando-o de maneira geral. Porém esta
análise individual não foi possível por se tratar de uma pesquisa, onde o protocolo deve
ser padronizado para haver concordância e credibilidade nos resultados.
Todavia os resultados obtidos na pesquisa em questão se mostraram satisfatórios
por haver queda da frequência e intensidade da cefaléia. Esses resultados foram
analisados estatisticamente, através do Software SPSS 16.0, onde foi usado o Teste T
para duas Amostras Emparelhadas (Intervalo de Confiança para a diferença entre
médias). Para um nível de significância de 5%. Tanto para a freqüência da dor quanto
para a intensidade, foi constatado que as médias são significativamente diferentes
(respectivamente: p-value=0,001<0,05 e p-value=0,001<0,05). Foi realizado igualmente,
o cálculo sem o paciente 20, que não demonstrou alteração na frequência da dor, onde o
resultado foi o mesmo, também analisando o p-value=0,001<0,05 para a frequência, e p-
value=0,002<0,05 para a intensidade da dor. Isso mostra a margem de erro da pesquisa,
que se mostrou mínima, com isso, comprovando a eficácia da auriculoterapia no presente
estudo.
Concluindo, é possível afirmar que a auriculoterapia mostrou resultados eficazes
para o tratamento da cefaléia tensional, sendo de grande significado por se tratar de uma
técnica de baixo custo, rápida e de fácil execução, com efeitos colaterais minimizados e
bem aceita pelos pacientes, principalmente crianças e idosos.
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ANEXOS
Anexo 1: Pontos auriculares
Fonte: GARCIA, 1999, p. 115
Anexo 2: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Estimado participante,
Este projeto de pesquisa, intitulado como “A eficácia auriculoterapia no
tratamento da cefaléia tensional com base na escola de auriculoterapia da
professora Huang Li Chung ” visa avaliar se a Auriculoterapia ajudará a reduzir a
intensidade e freqüência da dor.
Os participantes desse projeto serão avaliados e submetidos a aplicação de
auriculoterapia, podendo sentir sensibilidade nas orelhas, calor, tontura, palidez,
sudorese, dores de cabeça e irritabilidade.
O horário do tratamento será estipulado conforme a escolha da maioria e o local
para a realização do tratamento será a clínica de Fisioterapia da Uniamérica, da cidade
de Foz do Iguaçu. Este procedimento será realizado pela autora da pesquisa. Ressalte-
se que esses procedimentos serão gratuitos, as informações são sigilosas e utilizadas
apenas com fins de estudos.
Os resultados obtidos serão apresentados tanto aos participantes quanto à
comunidade científica, e no caso desta última, sempre serão resguardados os nomes. O
presente termo de consentimento é feito de livre e espontânea vontade.
Eu, _________________________________________________________
Residente à Rua_______________________________________________
Bairro:_______________________________________________________
Cidade:_________________________Estado:______Cep:_____________
Fone________________________________________________________
Estou de acordo com os esclarecimentos acima expostos e quero participar desta
pesquisa.
___________________________ ___________________________
Participante Pesquisadora responsável
Foz do Iguaçu, ............de ...................... ........... de 2008.
Anexo 3 – Planilha utilizada para avaliação dos pacientes
MEDICINA TRADICIONAL CHINESA – PROJETO DE PESQUISA
Eficácia da auriculoterapia para cefaléia
Média de crises de cefaléia que apresenta em 1 mês: 0-1x ( ) 2-4x ( )
4-6x ( ) 6-8x ( ) 10x ou mais ( )
Nota da intensidade da dor de cefaléia: _______
Nota da intensidade da dor cervical:_______
A cefaléia melhora nas férias: Sim ( ) Não ( )
Seus pais apresentam cefaléia: Sim ( ) Não ( )
Sente que a dor piora antes da menstruação: Sim ( ) Não ( )
Está tomando algum tipo de medicação: Sim ( ) Não ( )
Quais:____________________________________________________
Disposição geral: Boa ( ) Regular: ( ) Ruim ( )
Humor: Estressado ( ) Calmo ( ) Ansioso ( ) Outros... ( )
Apresenta tontura: Sim ( ) Não ( )
Fica muito tempo em jejum: Sim ( ) Não ( )
Ingere muita comida gordurosa: Sim ( ) Não ( )
Ingere muito chocolate: Sim ( ) Não ( )
Data da Avaliação: _____________
Nome:________________________________________________________________
Data de Nascimento:_____________Idade: _____ anos Sexo: F ( ) M ( )
Endereço:____________________________________________________________
Bairro:___________________________________CEP:________________________
Cidade:________________________________
Telefone residencial: ___________________Telefone Celular:___________________
Profissão:_____________________________________________________________
Nome do médico do último atendimento:_____________________________________
Nota que a cefaléia piora ou inicia após a pratica das 3 questões anteriores:
Sim ( ) Não ( )
Sono: Tranqüilo ( ) Agitado ( ) Excessivo ( ) Escasso ( )
Hábitos intestinais: 1x ao dia ( ) Mais de 1x ao dia ( ) 1x a cada dois dias ( )
2x por semana ( ) 1x por semana ( )
EVOLUÇÃO DO PACIENTE
1° sessão
Durante a semana apresentou cefaléia: Sim ( ) Não ( )
Caso tenha apresentado, quantos dias na semana ficou com dor:___________
Qual a nota da dor:_______
Observação auricular:______________________________________________
2° sessão
Durante a semana apresentou cefaléia: Sim ( ) Não ( )
Caso tenha apresentado, quantos dias na semana ficou com dor:___________
Qual a nota da dor:_______
Observação auricular:______________________________________________
3° sessão
Durante a semana apresentou cefaléia: Sim ( ) Não ( )
Caso tenha apresentado, quantos dias na semana ficou com dor:___________
Qual a nota da dor:_______
Observação auricular:______________________________________________
4° sessão
Durante a semana apresentou cefaléia: Sim ( ) Não ( )
Caso tenha apresentado, quantos dias na semana ficou com dor:___________
Qual a nota da dor:_______
Observação auricular:______________________________________________
5° sessão
Durante a semana apresentou cefaléia: Sim ( ) Não ( )
Caso tenha apresentado, quantos dias na semana ficou com dor:___________
Qual a nota da dor:_______
Observação auricular:______________________________________________
6° sessão
Durante a semana apresentou cefaléia: Sim ( ) Não ( )
Caso tenha apresentado, quantos dias na semana ficou com dor:___________
Qual a nota da dor:_______
Observação auricular:______________________________________________
7° sessão
Durante a semana apresentou cefaléia: Sim ( ) Não ( )
Caso tenha apresentado, quantos dias na semana ficou com dor:___________
Qual a nota da dor:_______
Observação auricular:______________________________________________
8° sessão
Durante a semana apresentou cefaléia: Sim ( ) Não ( )
Caso tenha apresentado, quantos dias na semana ficou com dor:___________
Qual a nota da dor:_______
Observação auricular:______________________________________________
9° sessão
Durante a semana apresentou cefaléia: Sim ( ) Não ( )
Caso tenha apresentado, quantos dias na semana ficou com dor:___________
Qual a nota da dor:_______
Observação auricular:______________________________________________
10° sessão
Durante a semana apresentou cefaléia: Sim ( ) Não ( )
Caso tenha apresentado, quantos dias na semana ficou com dor:___________
Qual a nota da dor:_______
Observação auricular:______________________________________________
Anexo 4: Escala Visual Analógica – Eva
Fonte: ELETROTERAPIA, 2008