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2 2ª quinzena - Março 2018 – nº 6
Alexandre Berthe PintoAngelo Volpi NetoAntonio Artêncio FilhoArnon VelmovitskyBruno Bittencourt BittencourtBruno Medeiros BastosCarlos Roberto TavarnaroDaniel Alcântara Nastri CerveiraDaphnis Citti de LauroEzequiel FrandolosoFelícia Ayako HaradaFelipe Leonardo RodriguesFrancisco dos Santos Dias Bloch
Frank Wendell ChossaniGeraldo Beire SimõesJaques BushatskyJoão Pedro Lamana PaivaJosé Flávio Bueno FischerJosé Hildor LealKênio de Souza PereiraKiyoshi HaradaLucas Bento SampaioLuís Ramon AlvaresLuiz Antonio Scavone JuniorLuiz Ribeiro O. N. Costa JuniorMarcelo Manhães de Almeida
Mário Cerveira FilhoMichel Rosenthal WagnerOlivar VitalePaulo Caldas PaesRenato SavyRodrigo Alves ZaparoliRodrigo KarpatSamuel Luiz AraújoSérgio JacominoSylvio Campos Lindenberg FilhoSylvio CapanemaThales Pontes BatistaWendell Salomão
Colaboradores:
Direção: Dominique Pierre FagaJornalista Responsável:Julio Cesar Borges Baiz, MTB nº 42073ISSN: 1982-4599
Conselho Editorial:Edson Guedes JuniorBruno CosmeHeronides Dantas de FigueiredoMauricio Francisco [email protected]
DIÁRIO DAS LEIS LTDA.CNPJ(MF) 47.381.850/0001-40R. Bocaina, 54 - 05013-901 - São Paulo - SP11 3673-3155 - www.diariodasleis.com.brAdministração: 11 [email protected]: 11 3673-3801 / [email protected]ão: Gráfica Mais MNota BDI: Proibida a reprodução total ou parcial.Os artigos assinados não refletem necessariamentea opinião da direção do Diário das Leis.
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32ª quinzena - Março 2018 – nº 6
SumárioConstrução e Incorporação
Responsabilidade e danos morais pela demora em entrega das chaves
de imóveis financiados - Parte I ............................................................................... 27
Construtoras terão que restituir integralmente dos valores pagos aos
compradores, por atraso na entrega de imóvel ........................................................ 30
Contrato de Gaveta Não é válido perante CDHU, segundo Tribunal de Justiça de SP .. 16
Compra e Venda
Barulho: Escolha bem o apartamento para evitar problemas e desvalorização ........... 19
Vendedora conseguiu reter 25% dos valores pagos, para compensar pelas
despesas da rescisão contratual ............................................................................... 21
Prescrição de hipoteca inscrita na matrícula de imóvel ............................................... 22
Venda de imóvel após 30 dias do recebimento da carta de preferência pelo locatário .. 22
Condomínio
Sete maneiras de desestimular a inadimplência nos condomínios .............................. 5
É dever da construtora entregar prédio residencial equipado com para-raios ............ 7
Incorporadora comprova que não é obrigada a pagar taxas de condomínio ............... 8
Verificação da prestação de contas do condomínio ..................................................... 9
Locação
Ação de Despejo se torna improcedente, pois o locador tinha plena ciência dos novos
ocupantes do imóvel .................................................................................................. 10
Direito de renovar o contrato de locação comercial .................................................... 11
Possibilidade de pedir arresto dos bens do locatário para quitar dívida de locação ........ 12
Locatário que queria usucapir o imóvel locado foi despejado ..................................... 13
O rateio do valor anual do IPTU se faz considerando a área ocupada pelo locatário ....... 14
Regularização Fundiária Urbana de acordo com a Lei 13.465/17................................ 32
Seguro Habitacional: O seguro habitacional visa a assegurar o crédito imobiliário
e não a qualidade e solidez do imóvel ...................................................................... 31
Usucapião
Usucapião de bens imóveis urbanos - Entendam as formas - Parte I .......................... 23
Cabimento de ação divisória e não de usucapião de área rural entre herdeiros .............. 26
Índices de Correção Monetária .................................................................................... 35
52ª quinzena - Março 2018 – nº 6
Condomínio
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Sete maneiras de desestimular ainadimplência nos condomínios
Sidney Barletta Júnior*
O número é maior que apopulação de alguns grandespaíses: 59,8 milhões. Essa é aquantidade de pessoas quedeviam alguma prestação, oschamados inadimplentes, emjulho de 2017, segundo o CPCSerasa e a Confederação Na-cional de Dirigentes Lojistas.Entres esse quase 60 milhõesde brasileiros, estão aquelesque devem parcelas da taxacondominial. Em tempos decrise e de desemprego, eraesperado que esse valor, defato crescesse.
O Sindicato da Habitação deSão Paulo (Secovi-SP) divul-gou, também em julho, queações por atraso de condomí-nio haviam crescido 226,5% no
último ano. Isso significa quea quantidade de processos ju-diciais nessa área triplicou emrelação a 2016. O órgãopesquisou as ações ajuizadasno Tribunal de Justiça de SãoPaulo e encontrou 6.059 açõescontra 1.856 ações na cidadede São Paulo, no ano passa-do.
Além da crise econômica, onovo Código de Processo Ci-vil, que começou a vigorar emmarço passado, agilizou a co-brança judicial e os síndicospassaram a ter uma ferramen-ta poderosa para ajudá-los nocombate à inadimplência paramanter o caixa em ordem. Noentanto, todos sabemos, a Jus-tiça do estado e do país sofre
com um inchaço nas ações eprocessos e, por isso, não con-segue acelerar a resolução doslitígios entre condôminos econdomínios. O que fazer, en-tão, se o edifício enfrenta fal-ta de pagamento de taxascondominiais.
Observando bem os fatoresque levam à inadimplência eos caminhos tradicionalmenteusados para solucionar os ca-sos, encontramos sete alterna-tivas que síndicos e adminis-tradoras podem lançar mãopara acabar – ou ao menosminimizar – os atrasos e a fal-ta de pagamento. Vamos aeles:
Administração transpa-rente: é preciso expor aos
6 2ª quinzena - Março 2018 – nº 6
Condomínio○
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condôminos a situação real dascontas. Transparência e serie-dade sensibilizam quem age deboa fé, que é a maioria dosusuários, acredite. Saber ondeseu dinheiro está sendo usadoé um fator importante de ade-são e de valorização da taxacondominial.
Comunicação: use todosos recursos disponíveis (decartaz no elevador a mensa-gem no WhatsApp, passandopor newsletter e grupos emredes sociais) para manter oscondôminos cientes da situa-ção financeira do edifício. As-sim, ninguém pode alegar des-conhecimento e todos se sen-tem mais seguros. A chance depessoas bem informadas, queentendem as necessidades docondomínio, não atrasarem opagamento é bem maior. In-vista nisso.
Reuniões curtas: menosdiscussão, mais metas: as-sembleias condominiais podemse tornar verdadeiros pesade-los se os condôminos come-çarem a discordar e a baterboca. Pautas enxutas, commetas e propostas factíveis,costumam funcionar bem eterminam antes que as pes-soas percam a paciência. As-suntos de ordem financeiradevem ser os primeiros a se-rem discutidos nesses encon-
tros.Índice de inadimplência:
sem citar nomes ou unidades,sem constranger ninguém, éimportante que proprietáriossaibam qual é a taxa deinadimplência do condomínio econheçam a margem de nego-ciação para esse valor. Se to-dos estiverem empenhados, apressão sai das costas do sín-dico e da administradora e pas-sa a ser uma missão de todosa inadimplência zero.
Desconforto: não há nadamais desagradável do queconviver mal com vizinhos.Seja por divergência de opi-nião ou por conflitos mal re-solvidos, evitar essa situaçãodesconfortável é dever e de-sejo de todos os condôminos.O patrimônio comum e a vidacoletiva devem sempre estaracima de opiniões pessoais.Estimule o diálogo entre osproprietários. Quando nossentimos ouvidos e respeita-dos, passamos a vestir a ca-misa e a chance de atrasar opagamento cai, porque acha-mos importante contribuir.
Mediação: mesmo que oCódigo de Processo Civil faci-lite a ação para cobrança dataxa de condomínio, use o re-curso em última instância. Ocomportamento do síndico eda administradora logo é per-
cebido pelos condôminos, quepodem ficar refratários a qual-quer chamado. Em vez disso,convide o proprietário da uni-dade devedora para uma con-versa, chame para uma ses-são de mediação, se ele formais fechado. Os mediadoresprofissionais têm técnicasque, respeitosamente, aju-dam as partes a chegar numbom acordo.
Conciliação: se não tiverjeito e o devedor não estivermuito convencido de que dia-logar é importante, convideele para uma sessão de con-ciliação numa câmara particu-lar. O atendimento ali é maisrápido que na Justiça tradicio-nal, mais acessível, voluntá-rio (ninguém é obrigado a ir),tem valor legal e pode até serhomologado pelo Juiz se ne-cessário. Mas, o mais impor-tante, a cultura de paz e dodiálogo é a alma dessas câ-maras, o que garante que de-pois do acordo, os vizinhospoderão continuar se encon-trando no elevador sem ne-nhum constrangimento. E,quem um dia deveu, passa aser parceiro por ter sido ouvi-do e ter suas questões acolhi-das numa mesa em que nin-guém quer ganhar, mas sim,chegar a um resultado satis-fatório para todo mundo.
* O autor é Advogado, professor universitário e diretor do Instituto Paulista de Conciliação e
Mediação.
72ª quinzena - Março 2018 – nº 6
Condomínio
É dever da construtora entregar prédioresidencial equipado com para-raios
Comentário do BDI: Trata-se de uma ação de responsabilidade civil contratual pela não ins-
talação de um equipamento de para-raios em um condomínio edilício.
O condomínio alegou que há vícios na obra realizada pela construtora e que há ausência de
para-raios, tendo sido necessária a contratação de uma outra empresa para realizar o serviço. Por
isso, pediu a condenação da construtora ao pagamento e indenização por danos materiais, no
valor de R$ 26.834,68.
A construtora se defendeu dizendo que a obra foi executada em sintonia com os projetos
aprovados junto à municipalidade e que a instalação do para-raios não estava inclusa no projeto
da construção.
O Tribunal entendeu que a instalação do para-raios é a segurança do condomínio (art. 618, do
CC), sendo dever da construtora entregar o prédio equipado com para-raios e a falta dele repre-
senta um ato ilícito contratual que interfere no patrimônio do condomínio, a construtora se valeu
de uma lacuna na lei municipal para não colocar o para-raios.
Portanto, condenou a construtora a pagar ao condomínio o valor de R$ 26.834,68, por danos
materiais corrigidos monetariamente.
Ementa: Responsabilidade civil contratual. Instalação de equipamento (para-raios) em condo-
mínio edilício e pedido de restituição do valor perante a construtora. Discussão sobre a
obrigatoriedade de entregar o prédio munido de haste metálica protetora de descargas elétricas.
Contrato omisso. Diante da lacuna e observando a Lei Municipal Campineira nº 11.207/02, que
trata da obrigatoriedade de instalação de para-raios para edifícios em que habitualmente se reúna
grande número de pessoas, tais como Repartições Públicas, Igrejas, Escolas, Quartéis, Teatros,
Cinemas, grandes lojas e outros com essa característica, é de rigor responsabilizar a construtora
(responsabilidade pressuposta pela segurança da obra). Não há porque excluir o condomínio
edilício da abrangência da norma local, vez que se presume que em edifício residencial, mais do
que nos conglomerados enumerados, esse grande número de pessoas permanecem em seu inte-
rior não só por curtos períodos ou em determinados dias da semana como acontece em igrejas,
cinemas, teatros etc, mas diuturnamente, fazendo com que aumente a exposição ao risco. Pre-
sente o vício de construção e a responsabilidade da ré em reembolsar o montante gasto com
instalação de para-raios no prédio no importe de R$ 26.834,68 que deveria ter integrado o memorial
descritivo ou o projeto da construção. Dano material presente (artigo. 186 CC, 927 do CC).
Dados da Decisão: TJSP – Apelação nº 1017940-85.2015.8.26.0114 – Relator: Enio Zuliani –
Data do julgamento: 12.12.2017
Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.
8 2ª quinzena - Março 2018 – nº 6
Condomínio
Incorporadora comprova que não éobrigada a pagar taxas de condomínio
Comentário do BDI: Trate-se de uma Ação de Cobrança movida pelo condomínio, contra a
Incorporadora.
O condomínio alegou que a incorporadora é legitima para figurar como responsável na ação, por
ela ser proprietária do imóvel. Por isso, tem a responsabilidade de arcar com as taxas de condomí-
nio.
A incorporadora se defendeu dizendo que a responsabilidade é do atual adquirente.
O Tribunal analisando as argumentações, observou que a incorporadora não era responsável
pelos débitos, uma vez que havia vendido o imóvel para o atual adquirente. Portanto, o atual
adquirente responde pelo pagamento das taxas de condomínio.
Ementa – Embargos de Declaração na Apelação Cível. Obrigação propter rem. Ilegitimidade
passiva da embargada. Inexistência de omissão, obscuridade ou contradição. I – A obrigação dos
pagamentos condominiais tem natureza propter rem, ou seja, persegue a coisa a teor do artigo
1.345 do Código Civil. II – Em relação a condomínio, o adquirente de unidade responde pelos
débitos do alienante. III – Em assim sendo, não há de se falar em legitimidade passiva da embargada.
III – Ausentes os requisitos determinados pelo art. 1.022 do Código de Processo Civil, tais como
omissão, obscuridade, contradição e mesmo erro material, impõe-se a rejeição dos embargos.
embargos declaratórios rejeitados.
Dados da Decisão: TJGO – Embargos de Declaração na Apelação Cível nº 112486-
55.2014.8.09.0051 – Relator: Des. Norival santomé - Data do julgamento: 28.11.2017
Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.
92ª quinzena - Março 2018 – nº 6
Condomínio
Verificação da prestação de contas do condomínio
Pergunta: Podemos verificar a pasta de prestação de contas, que já está aprovada e assinada
pelo síndico e conselheiros?
BDI Responde: Qualquer condômino poderá verificar a pasta de prestação de contas para saber
se houve fraudes e apropriações indébitas, como preços, etc., e assim poder questioná-las e adotar
medidas em prol do condomínio, entretanto, se a a assembleia aprovar as contas, nenhum condôminotem legitimidade para exigir nova prestação de contas.
Normalmente, para a prestação de contas, tem o síndico o dever legal de convocar a Assembleia
Geral, Código Civil, art. 1.350: Convocará o síndico, anualmente, reunião da assembleia doscondôminos, na forma prevista na convenção, a fim de aprovar o orçamento das despesas, as
contribuições dos condôminos e a prestação de contas, e eventualmente eleger-lhe o substituto e
alterar o regimento interno.§ 1º Se o síndico não convocar a assembleia, um quarto dos condôminos poderá fazê-lo.
§ 2º Se a assembleia não se reunir, o juiz decidirá, a requerimento de qualquer condômino.
As contas devem ser prestadas de forma minuciosa e documentada.Quem aprova as contas são os condôminos presentes na assembleia
10 2ª quinzena - Março 2018 – nº 6
Locação
Ação de Despejo se torna improcedente, pois o locadortinha plena ciência dos novos ocupantes do imóvel
Comentário do BDI: Trata-se de uma Ação de Despejo cumulado com cobrança de aluguéis,
em que o juiz de 1ª instância julgou improcedente o pedido.
O locador argumentou que a cessão ou transferência do contrato de locação depende do seuconsentimento e não da locatária. Alegou que jamais concordou com a cessão da locação. Portanto,
pede o despejo da atual locatária, bem como a condenação desta ao pagamento dos encargos
locatícios vencidos e vincendos.O Tribunal verificou que o locador tinha plena ciência da cessão e dos novos ocupantes do imóvel,
conforme comprovam os documentos, do contrário não teria consentido com a continuidade do
contrato, tanto é que seguiu recebendo os pagamentos de aluguéis.Portanto, é improcedente a cobrança de alugueres em face da atual locatária, o que violaria o
primado da boa-fé contratual.
Assim, condenou o locador, com base no disposto §11º, do art. 85 do NCPC, cuja exigibilidadefica suspensa em face do locador ser beneficiário da gratuidade processual.
Ementa: Ação de Despejo com pedido de cobrança de aluguéis. Cessão de fato da posição
contratual dos locatários a terceiro. Sentença de improcedência. Alegação de ausência de consen-timento do locador. Circunstâncias dos autos, todavia, a indicar que o locador tinha plena ciência da
alteração fática e consentiu com o prosseguimento da locação em face dos novos locatários. Ausen-
te responsabilidade do antigo contratante. Apelação que não elidiu os fundamentos da sentença,confirmada nos termos do art. 252 do Regimento Interno do TJSP. Apelo desprovido.
Dados da Decisão: TJSP – Apelação nº 1043032-10.2015.8.26.0100 – Relator: Azuma Nishi –
Data do julgamento: 14.12.2017Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.
112ª quinzena - Março 2018 – nº 6
Locação
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Direito de renovar o contrato de locação comercial
Paulo Henrique Pelegrim Bussolo*
O contrato de locação pode
ser pactuado por qualquer pra-zo, devendo as partes res-
peitá-lo, sob pena de aplica-
ção das penalidades legais econtratuais. Muitas vezes,
após transcorrer o prazo de
duração do contrato, o proprie-tário do imóvel não possui in-
teresse em renová-lo, e de-
seja que o inquilino desocupe-o, ou até mesmo as partes di-
vergem no valor do aluguel.
Contudo, se o locatário preen-cher alguns requisitos dispos-
tos em lei, terá o direito de
renovar o contrato por igualprazo, para proteger o seu
ponto empresarial.
A Lei n.º 8.245/91 (Lei deLocação) elenca três requisi-
tos que o locatário deve pre-
encher cumulativamente. Sãoeles: a) o contrato a renovar
deve ter sido celebrado por
escrito e com prazo determi-nado; b) o prazo mínimo do
contrato a renovar ou a soma
dos prazos ininterruptos doscontratos escritos seja de cin-
co anos; c) o locatário esteja
explorando seu comércio, no
mesmo ramo, pelo prazo mí-
nimo e ininterrupto de trêsanos.
Porém, se o proprietário do
imóvel não estiver disposto arenovar o contrato, a renova-
ção não se dará de forma au-
tomática, logicamente, deven-do o locatário ingressar judi-
cialmente com uma ação re-
novatória em face do locador,observando o prazo legal, que
será explicado posteriormen-
te. O direito de renovar o con-trato de locação não é somen-
te do locatário. Igualmente,
poderá ser exercido peloscessionários ou sucessores da
locação. Vale destacar que, no
caso de sublocação total doimóvel, o direito a renovação
somente poderá ser exercido
pelo sublocatário.Outro ponto relevante, é
que se o locatário fizer parte
do quadro social de uma so-ciedade, e o contrato de loca-
ção prever que este sócio po-
derá utilizar o imóvel com oescopo de exercer atividade
comercial em nome da socie-
dade, o direito de renovação
será estendido também para
a empresa, nos termos do §2º do artigo 51 da Lei de Lo-
cação.
Por fim, de acordo com oart. 51, § 5º, da Lei de Loca-
ção, a ação deve ser proposta
no interregno de um ano, nomáximo, até seis meses, no
mínimo, anteriores à data da
finalização do prazo do contra-to em vigor, sob pena de in-
correr em decadência. Por
exemplo, se o contrato possuiprazo de cinco anos, a ação
deverá ser ajuizada entre o
início do quarto ano do con-trato, até a metade desse
quarto ano. Se a demanda for
ajuizada faltando menos deseis meses para o término do
contrato, o direito do locatário
já terá decaído. Por isso, casoo locatário tenha interesse em
renovar o contrato, é impor-
tante que proceda com oadendo contratual antes de fin-
dar o prazo decadencial da
ação renovatória, para nãoperder o prazo no caso de o
locador não possuir interesse
em renovar o contrato.
* O autor é Advogado OAB/SC 48.264, colaborador do Escritório Giovani Duarte Oliveira
Advogados Associados.
12 2ª quinzena - Março 2018 – nº 6
Locação
Possibilidade de pedir arresto dos bensdo locatário para quitar dívida de locação
Trata-se de um contrato de locação não residencial;
1°. Contrato realizado em 10/1/2012 a 9/1/2013;2°. Contrato de 10/1/2012 a 9/1/2015 (agora por tempo indeterminado);
3º. Notificação extrajudicial em outubro/2017 (devolvido negativo);
4º. Locatário sem pagar aluguel desde janeiro/2017;5º. Ação de despejo por falta de pagamento com cobrança de alugueres e pedido de liminar para
desocupar o imóvel em 15 dias.
Pergunta: Posso, na petição, além dos pedidos acima, pedir para que seja penhorado os móveisno interior da loja para que diminua o prejuízo do locador? Esse contrato foi feito com fiança, mas
já pesquisei e os fiadores não tem imóvel próprio para garantir a execução.
Valor do aluguel hoje: R$ 13.669,09. O valor da dívida está em R$ 227.603,79, já com juros,correção e multa.
BDI Responde: Tendo em vista que o contrato está vigorando a prazo indeterminado, é possível
pedir o despejo em caráter liminar.
Na fase executiva, quando já existe um título líquido, certo e exigível, na forma do art. 830 doCPC, se o locatário não for encontrado, pode-se pedir o arresto dos bens móveis no interior da loja
do mesmo para assegurar o direito do locador de receber o valor que lhe é devido.
Os fiadores, mesmo que sem imóveis, também podem responder pela dívida com os seus bensmóveis, tais como veículos, ou até mesmo com a própria conta bancária.
132ª quinzena - Março 2018 – nº 6
Locação
Locatário que queria usucapiro imóvel locado foi despejado
Comentário do BDI: Trata-se de Ação de Despejo por falta de pagamento, que determinou a
desocupação do imóvel.
O locatário argumentou que assinou o contrato sob coação e ameaça. Por isso, pediu a nulidadedo contrato locatício, o reconhecimento da usucapião a seu favor, tendo em vista que exerceu a
posse do imóvel desde julho de 2003. Requer também, a retenção das benfeitorias que realizou no
imóvel.
O locador, em sua defesa, argumentou que o locatário teve má-fé, com base no art. 80, inciso
II, III e VII do CPC/15, deixando de realizar o pagamento dos alugueres atrasados e encargos
devidos.
O Tribunal entendeu que não existia prova a desconstituir o contrato de locação entabulado
entre as partes ou da coação alegada pelo locatário, e que conforme o contrato foi expressamente
pactuado que as benfeitorias realizadas no imóvel seriam incorporadas sem direito a qualquer
retenção das mesmas. Em consequência, entendeu pela ausência de direito ao reconhecimento
de usucapião urbana, por considerar válido o contrato locatício. Por fim, julgou procedente o
pedido de despejo.
Ementa: Direito Civil e Processual Civil. Apelação Cível em Ação de Despejo por falta de
pagamento. Sentença de procedência. Provas suficientes para convencimento do julgador. Art.
14 2ª quinzena - Março 2018 – nº 6
Locação
O rateio do valor anual do IPTU se fazconsiderando a área ocupada pelo locatário
Comentário do BDI: Trata-se de contrato de sublocação, em que a locadora justifica a co-
brança dos valores correspondentes à área comum.
A locadora alegou que o acréscimo na cobrança de tal despesa se deu em consequência de
melhorias aos locatários, isto é, implantações de serviços de limpeza, segurança e manutenção e
que os locatários foram comunicados. Acrescentou que a cobrança do IPTU foi feita de forma
proporcional.
A locatária salientou que a cláusula contratual que prevê a cobrança do IPTU, mediante rateio
proporcional, é indeterminada. Destaca, que houve alteração do valor do IPTU, mesmo sendo
certo que não é possível ocorrer a mudança no valor deste imposto na periodicidade menor do que
um ano. Alegou que o valor é desproporcional ao tamanho da loja sublocada. Acrescentou que o
contrato de locação deveria prever a proporção de pagamento do IPTU para cada locatário, com o
intuito de gerar segurança e certeza. Por isso, pediu o reconhecimento da cláusula contratual que
370 do CPC/15. Inexistência de cerceamento de defesa. Desnecessidade de anulação da senten-
ça. Recibos de alugueis pagos ao longo do tempo demonstram a ciência da relação locatícia pelo
apelante. Ausência de nulidade do contrato de locação. Posse precária do locatário. Ausência de
animus domini. Usucapião. Impossibilidade. Retenção das benfeitorias. Renúncia expressa no
contrato. Súmula 335 do STJ. Sentença mantida. Recurso conhecido e não provido.
Dados da Decisão: TJCE – Apelação nº 0038692-82.2007.8.06.0001 – Relatora: Lira Ramos
de Oliveira – Data do julgamento: 28.11.2017
Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.
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152ª quinzena - Março 2018 – nº 6
prevê a forma de cobrança do IPTU, com a declaração de sua nulidade e condenação da locadora
na devolução dos pagamentos realizados a este título.
O Tribunal determinou que a cobrança relativa ao rateio de despesas comuns seja mantida nos
valores que vinham sendo cobrados, com a condenação desta na devolução, tão somente, dos
valores excedentes, corrigido monetariamente e acrescidos de juros de mora a partir da citação.
Em relação ao IPTU a locadora demonstrou e esclareceu, por meio de documento, que o aumento
do valor do IPTU decorreu-se de reajuste do valor anual do imposto e que o rateio se faz conside-
rando a área ocupada pela locatária. Assim, a cláusula contratual não apresenta abusividade,
nem vantagem ou obrigação desproporcional.
Ementa: Contrato atípico de (sub) locação e outras avenças loja situada em hipermercado
Artigo 54, da Lei nº 8.245/91 - Rateio das despesas comuns - Contrato que prevê expressamente
a obrigação de pagamento do rateio das despesas e o direito de alterar, a qualquer tempo, o valor
do somatório do Coeficiente de Rateio de Despesas, independentemente de aviso ou notificação -
Sem hipótese para declaração de nulidade da cláusula - Aumento desproporcional do encargo
que, entretanto, não foi discriminado §§1º e 2º, do artigo 54, da Lei nº 8.245/91 - Necessidade
de manutenção da cobrança relativa ao rateio de despesas comuns nos valores que vinham sendo
cobrados antes da majoração praticada pela ré, com a condenação desta na devolução tão so-
mente dos valores excedentes - Rateio do IPTU - Fato gerador determinado - Reajuste anual -
Rateio considerando a área ocupada - Ausência de revisão do contrato - Razoabilidade na fixação
da obrigação - Sucumbência recíproca - Recurso da ré parcialmente provido e recurso da autora
não provido.
Dados da Decisão: TJSP – Apelação Cível n° 1000204-83.2017.8.26.0114 – Relator: Sá Moreira
de Oliveira – Data do julgamento: 15.1.2018
Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.
Locação
16 2ª quinzena - Março 2018 – nº 6
Contrato de Gaveta
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Contrato de gaveta não é válido peranteCDHU, segundo Tribunal de Justiça de SP
Adriano Martins Pinheiro*
Um casal adquiriu um apar-
tamento de um conjunto
habitacional, que ainda esta-va financiado junto a CDHU. A
negociação ocorreu sob “con-
trato de gaveta”, uma vez queo casal vendedor não pediu
autorização a CDHU, para
transferir o financiamento.Assim, apesar de as partes
terem negociado o imóvel, por
meio de um contrato de “com-promisso de compra e venda
e cessão de posse”, a CDHU
não havia tomado ciência ou
autorizado a negociação.Em resumo, o negócio foi
realizado entre comprador e
vendedor, sem que a CDHU eRegistro de Imóveis recebes-
sem a devida comunicação.
Houve, apenas, um contratoentre as partes, com reconhe-
cimento de firma realizado em
um cartório de notas.O casal comprador quitou o
imóvel junto a CDHU, solicitan-
do, então, que esta outorgas-
se a respectiva escritura defi-nitiva.
A CDHU negou a outorga de
escritura definitiva em nomedo casal comprador, alegando
que a escritura sairia em nome
dos mutuários originais (casalque adquiriu o imóvel junto a
ela - CDHU), uma vez que não
autorizou a negociação do imó-vel.
172ª quinzena - Março 2018 – nº 6
Contrato de Gaveta
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Em razão disso, o casalcomprador ajuizou ação con-
tra a CDHU, pedindo que esta
fosse obrigada, por meio desentença, a outorgar a respec-
tiva escritura pública de com-
pra e venda.Ao analisar o caso, o juiz
sentenciante decidiu favoravel-
mente ao casal comprador,fundamentando que, tendo em
vista a quitação integral e an-
tecipada do imóvel, havia odireito à outorga da escritura
definitiva de compra e venda
aos compradores.A sentença mencionou de-
cisões similares do Tribunal de
Justiça de São Paulo (TJSP).Conveniente transcrever a ju-
risprudência utilizada: “Caso
em que, ainda que o negóciode cessão dos direitos de aqui-
sição do imóvel celebrado en-
tre a autora e os mutuários doimóvel “sub judice” tenha sido
realizada sem a interveniência
da ré COHAB, não pode ela serecusar a outorgar a escritura
definitiva de transferência para
a possuidora e real proprietá-ria do bem - Entendimento
consagrado por esta Colenda
9ª Câmara de Direito Privado,no sentido de dispensar a
anuência da companhia
habitacional para reconhecer a
validade dos contratos de ga-
veta. Hipótese em que restouincontroverso que o financia-
mento do imóvel foi quitado,
o que torna imperiosa a ou-torga da escritura definitiva em
nome da autora, possuidora e
real proprietária do imóvel.Decreto de extinção afastado
- Recurso provido para julgar
a ação procedente.” (TJSP,Apelação nº 0033778-57.20
11.8.26.0007, 9ª Câmara de
Direito Privado, Rel. Des. JoséAparício Coelho Prado Neto,
j. 13.12.2016).
Assim, o juiz de primeirainstância julgou a ação proce-
dente (favorável aos compra-
dores), determinando que aCDHU outorgasse a escritura
definitiva do imóvel em favor
dos requerentes.Inconformada com a deci-
são, a CDHU interpôs recur-
so ao TJSP. Este, por sua vez,
reformou a sentença, absol-
vendo a CDHU da obrigaçãode outorgar a escritura, ten-
do em vista que ela não au-
torizou a negociação do imó-vel.
Transcreve-se abaixo um
trecho da decisão de 2ª ins-tância (8ª Turma do TJSP):
“Como é sabido, o contra-
to de gaveta não possui vali-dade perante a CDHU, que
não anuiu com referido ins-
trumento de cessão. Nãopode, pois, ser compelida a
outorgar escritura (tampouco
ser demandada) em favor dequem com ela, não contra-
tou”.
O contrato de gaveta geradiversos riscos aos compra-
dores, dentre eles, é a impos-
sibilidade de regularizar apropriedade do imóvel, como
visto no presente caso.
* O autor é advogado, pós-graduando em Direito Imobiliário, com curso de extensão em
contratos, pela FGV.
192ª quinzena - Março 2018 – nº 6
Compra e Venda
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Barulho: Escolha bem o apartamentopara evitar problemas e desvalorização
Mudar é mais caro do que exigir em juízo o direito ao sossego
Kênio de Souza Pereira*
Muitas pessoas em busca
de um local para morar dei-
xam de refletir sobre pontos
importantes na hora de esco-
lher o imóvel. A falta de aten-
ção, de critérios ou até mes-
mo a carga emocional em ob-
ter uma nova residência pode
gerar grandes problemas fu-
turamente. A inexperiência
tem custado caro àqueles que
dispensam uma consultoria
que não tenha interesse na
conclusão do negócio, pois ao
ouvir a opinião de um espe-
cialista muitos deixam de ad-
quirir uma moradia ao lado de
um clube, casa de festas, es-
cola, delegacia, boate ou
mesmo logo acima da área de
lazer do condomínio.
Alguns proprietários têm
sido surpreendidos ao adqui-
rirem um apartamento logo
abaixo de uma “Top House’’,
que consiste numa cobertura
invertida, na qual, os espa-
ços de lazer, piscina, churras-
queira, confraternização, fes-
tas, são realizados no primei-
ro piso do apartamento, en-
quanto os quartos ficam na
parte superior. O problema, é
que o barulho do movimento
mais “animado” do primeiro
piso é suportado pelos mora-
dores do andar debaixo.
Adquirir um apartamento
ao lado ou logo acima do sa-
lão de festas do prédio ou
embaixo de uma “Top House’’,
para quem procura sossego e
paz após um longo dia de tra-
balho, pode não ser uma boa
ideia, já que existem diver-
sas pessoas que agem de ma-
neira egoísta e individualista,
e acabam não respeitando o
outro, fazendo festas com
som alto e ruídos em exces-
so.
O fato dessas confraterni-
zações ocorrerem na parte in-
ferior da cobertura faz com
que o incômodo para o vizi-
nho do andar debaixo seja
muito maior, já que seu apar-
tamento está ligado direta-
mente com o local onde os
saltos altos, o arrastar de
móveis e as brincadeiras das
crianças impedem o descan-
so daquele que comprou sem
analisar essa possibilidade.
Análise prévia pode evitar
erros que custam caro
É preciso que os adquiren-
tes tenham cautela em suas
escolhas para evitar surpre-
sas com algo inesperado e
inimaginável por quem não
está habituado as diversas
variáveis que somente os es-
pecialistas estão aptos a
alertar. A decepção e os abor-
recimentos surgem também
por falta de conhecimento da
existência de boates, clubes,
bares e ainda do início de
obras de grandes empreendi-
mentos nas proximidades da
moradia, que podem gerar
barulho e poeira por anos.
É comum encontrar tam-
bém diversas pessoas que
mudam do local onde residem
por conta de fatos que pas-
sam a ocorrer aos arredores
de sua rua, tais como:
comercialização de drogas e
insegurança que acabam per-
turbando o sossego dos mo-
radores.
20 2ª quinzena - Março 2018 – nº 6
Compra e Venda○
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Processo judicial é mais
barato do que mudar
No Brasil temos visto uma
inversão de valores, onde al-
guns, de maneira absurda fa-
lam: “os incomodados que se
retirem”. Nada mais imoral e
injusto! Há várias leis fede-
rais e municipais que garan-
tem o direito ao sossego,
bem como à saúde que não
pode ser prejudicada pela
falta de sono ou de condições
de descanso. Seja o imóvel
parte de um edifício ou um
distante a dezenas de metros
da nossa moradia ou local de
trabalho, a lei proíbe que seu
ocupante o utilize de forma
nociva.
Nos termos do art. 1.277
do Código Civil a pessoa pre-
judicada pode requerer que o
juiz aplique uma multa diária
até que o infrator pare de pro-
vocar os incômodos. Além
disso, se a infração ocorre em
um condomínio, este também
pode aplicar multas com base
nos artigos 1.336 e 1.337 do
Código Civil. Mas essa solu-
ção só existe para quem age
com determinação e profi-
ssionalismo, pois montar um
processo exige expertise para
gerar o resultado adequado,
muitos infratores se arrepen-
dem ao terem enorme gasto
financeiro com um processo
civil, além de outro na esfera
criminal. Agir de maneira
amadora só causa desgaste,
risco de atritos pessoais e bri-
gas que pioram a situação,
pois há infrator que insiste em
irritar a vizinhança que não
sabe defender seu direito ao
sossego.
Portanto, o morador ou
proprietário incomodado pode
exigir amigavelmente ou ju-
dicialmente uma solução, pois
vender e mudar acarreta um
custo tão alto que vale a pena
lutar pelo sossego em prol de
sua saúde. Basta fazer as
contas de quanto custa mu-
dar: 6% de comissão de cor-
retagem, 3% para o ITBI, 4%
em média para os cartórios de
notas e de registro de imó-
veis, mais perda das cortinas,
gesso, iluminação e mobiliá-
rio que não será reutilizado,
transtornos com a perda de
rendimentos com a busca de
outro imóvel, gastos com a
mudança (que sempre dani-
fica alguma coisa), o que re-
sulta em alguns casos em
22% do custo do imóvel. Há
ainda outras despesas com a
decoração da nova moradia,
a qual não sabemos se tem
outro vizinho sem educação
e desequilibrado para pertur-
bar e fazer qualquer pessoa
perder a paciência.
* O autor é Presidente da Comissão de Direito Imobiliário da OAB-MG. Conselheiro da Câmarado Mercado Imobiliário de MG e do Secovi-MG. Professor da pós-graduação da Escola Superior
de Advocacia da OAB-MG (ESA-OAB). Diretor da Caixa Imobiliária Netimóveis.
212ª quinzena - Março 2018 – nº 6
Compra e Venda
Vendedora conseguiu reter 25% dos valores pagos,para compensar pelas despesas da rescisão contratual
Comentário do BDI: Trata-se de uma ação de rescisão contratual de compra e venda de
imóvel.
Os compradores apresentaram impossibilidade financeira e se tornaram inadimplentes, por
isso pediram a rescisão do contrato. Além disso, reivindicaram a devolução de 90% dos valores
que pagaram à vendedora.
O Tribunal verificou que o contrato estipula, nas cláusulas 33 e seguintes, percentuais dos
valores pagos que superam o máximo de retenção de 25% admitido pela jurisprudência, o que é
abusivo e excessivamente custoso aos compradores.
Portanto, aos compradores foram restituídos em 75% dos valores pagos. Sendo que 25%
ficará retido à vendedora, para compensar pelas despesas com a venda do imóvel.
Ementa: Compromisso de compra e venda - Relação de consumo - Resilição pelos comprado-
res diante da impossibilidade de pagamento - Admissibilidade - Restituição de 75% dos valores
pagos, com retenção de 25%, a título de compensação pelas despesas com a venda do imóvel -
Adequação da porcentagem que deve ser proporcionalmente inversa ao montante dos valores
pagos, sobre os quais incidirão, de maneira a atenuar os prejuízos da vendedora - Sinal foi pago
a título de arras confirmatórias, não se justificando sua retenção - Juros de mora do trânsito em
julgado - Sucumbência recíproca - Recurso provido em parte.
Dados da Decisão: TJSP – Apelação nº 1013548-04.2016.8.26.0006 - Relator: Sidnei Beneti
- Data de Julgamento: 27.6.2012
Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.
22 2ª quinzena - Março 2018 – nº 6
Compra e Venda
Prescrição de hipoteca inscrita na matrícula de imóvel
Meu cliente quer adquirir uma fazenda, onde na matrícula há uma hipoteca, em favor de um
banco privado, datado de março de 1999. A escritura, de fevereiro de 1999, foi concedida para
garantir o credito rotativo de um terceiro (outra pessoa jurídica) junto ao Banco.Entretanto, jamais houve qualquer movimentação do banco para a execução desta hipoteca.
Hoje, o herdeiro não tem conhecimento de quem é o terceiro e muito menos se foi ou não quitado
o referido crédito rotativo.Pergunta: Esse crédito está prescrito?
BDI Responde: Analisando o artigo 1485, podemos dizer que não está prescrito. Veja:“Art. 1.485. Mediante simples averbação, requerida por ambas as partes, poderá prorrogar-se
a hipoteca, até 30 (trinta) anos da data do contrato. Desde que perfaça esse prazo, só poderá
subsistir o contrato de hipoteca reconstituindo-se por novo título e novo registro; e, nesse caso,lhe será mantida a precedência, que então lhe competir.”
Venda de imóvel após 30 dias do recebimentoda carta de preferência pelo locatário
Pergunta: O proprietário de um imóvel esta vendendo a casa que está alugada e estamos no
seguinte situação:
Emitimos a carta no dia 03/02, o cliente assinou e nos devolveu no dia 15/02. Devo esperar
completar os 30 dias para lavrar a escritura com provável comprador?
Mesmo ele devolvendo a carta, precisamos esperar 30 dias da data de envio para celebrar a
venda?
BDI Responde: Sim, é necessário esperar os 30 dias, conforme legisla o artigo 28 da Lei 8245/91:
“Art. 28. O direito de preferência do locatário caducará se não manifestada, de maneira inequívo-
ca, sua aceitação integral à proposta, no prazo de trinta dias.”
Os 30 dias contarão da ciência inequívoca do locatário.
Se a notificação for pelo correio, há um aviso de recebimento da data em que o locatário recebeu.
Se a carta foi entregue em “mãos”, terá que ter o recibo e a data recebida, onde começa a correr
o prazo de 30 dias à partir desta data.
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232ª quinzena - Março 2018 – nº 6
Usucapião
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Usucapião de bens imóveis urbanosEntendam as formas - Parte I
Lorena Grangeiro de Lucena Tôrres*
Assim, vamos entender de
uma vez que a ideia principal
do instituto da usucapião é aproteção da função social da
propriedade, ou seja, apesar
da garantia fundamental aodireito de propriedade, cons-
tante no art. 5º, Inciso XXII,
da Constituição Federal, estanão se mostra de forma abso-
luta.
É que, a propriedade priva-da somente se justifica en-
quanto cumpre a função so-
cial, ou seja, atendendo às exi-gências fundamentais de orde-
nação da cidade expressas no
plano diretor, conforme reza oart. 182, § 2º da CF.
Nesse sentido, verifica-se
que a usucapião nada mais é
do que uma forma originária
de aquisição de imóvel, permi-tida por lei, tendo como obje-
tivo atingir a função social da
terra por aqueles que, aten-dendo a certos requisitos, ga-
rantem a estabilidade da pro-
priedade.Vejamos então os requi-
sitos para a usucapião ur-bana:
1. Posse com intenção dedono (animus domini): É
fundamental que a posse doimóvel usucapiendo não seja
decorrente de atos de mera to-
lerância, como oriundos decontratos de locação,
comodato e depósito, concre-
tizando, dessa forma, a carac-
terística de dono.
2. Posse mansa e pacífi-ca: Importante que não haja
nenhuma contestação do pro-
prietário legítimo registrado noCartório de Registro de Imó-
veis da área usucapienda
(intransferibilidade). Havendoa qualquer tempo contestação
da posse pelo proprietário le-
gítimo, fica descaracterizada ausucapião.
3. Posse de boa-fé e comjusto título: Estes requisitossomente são exigíveis na mo-
dalidade de usucapião ordiná-
rio, constante no art. 1.242 doCódigo Civil, onde tratarei de-
les adiante, em conjunto com
24 2ª quinzena - Março 2018 – nº 6
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Usucapião
a referida modalidade de
usucapião.4. Posse contínua e du-
radoura: Cada modalidade de
usucapião estabelece um pra-zo mínimo de posse para aqui-
sição do direito à propriedade
por usucapião, conforme tra-rei mais adiante.
Contagem de prazopara a usucapião
Para a contagem do tempo
de posse, tem-se o art. 1.243,
do Código Civil, que diz que opossuidor pode, para o fim de
contagem do tempo exigido
pelos artigos antecedentes,acrescentar à sua posse a dos
seus antecessores (1.207),contanto que todas sejam con-
tínuas, pacíficas e, nos casos
do art. 1.242 (usucapião ordi-nário), com justo título e de
boa-fé.
Assim, este dispositivo nãose aplica à usucapião consti-
tucional, haja vista que a
Constituição Federal dá trata-mento específico ao tema.
Sendo assim, irei elencar os
diferentes tipos de usucapiãopara imóveis urbanos, senão
vejamos:
I) Usucapião Ordinária(art. 1.242, CC)
O Art. 1.242 do Código Ci-
vil menciona que:“Adquire também a proprie-
dade do imóvel aquele que,
contínua e incontestadamente,
com justo título e boa-fé, opossuir por 10 (dez) anos. Pa-
rágrafo único: Será de 5 (cin-
co) anos o prazo previsto nes-te artigo se o imóvel houver
sido adquirido, onerosamente,
com base no registro constan-te do respectivo cartório, can-
celada posteriormente, desde
que os possuidores nele tive-rem estabelecido sua moradia,
ou realizado investimentos de
interesse social e econômico.”Requisitos da Usucapião
Ordinária:Ademais, no que tange o
caput do referido artigo, tem-
se os seguintes requisitos:1. Posse mansa, pacífica e
ininterrupta com animus
domini, por 10 (dez) anos.2. Justo título: Este requi-
sito gera muita discussão,
principalmente de defensorespúblicos, havendo sentenças
de improcedência alegando
que o instrumento particularde compra e venda de imóvel
não devidamente registrado no
Cartório de Registro de Imó-veis (CRI) não pode ser consi-
derado válido, visto ser nulo
de pleno direito.Tal entendimento ocorre,
pois, geralmente, tais aquisi-
ções são oriundas de lotea-mentos não autorizados pelo
Poder Público, não obedecen-
do ao disposto na Lei nº 6.766/
79, que regulamenta oparcelamento do solo urbano.
Além disso, estes loteamentos,
em sua maioria, não sãoregistrados no Cartório de Re-
gistro de Imóveis (CRI), con-
forme necessita o art. 167,inciso I, nº 19, da Lei 6.015/
73, o qual dispõe sobre os re-
gistros públicos.Ademais, há outra corrente
que possui outro pensamento,
visto que, a ideia da usucapiãonão é a validação do negócio
jurídico, e sim, a garantia da
função social da posse.Nesse sentido, há o enun-
ciado 86 da I Jornada de Di-reito Civil que diz: “Art. 1.242:
A expressão “justo título” con-
tida nos arts. 1.242 e 1.260do CC abrange todo ato jurídi-
co hábil, em tese, a transferir
a propriedade, independente-mente de registro”. Além dis-
so, já existem diversos
acórdãos nas instâncias supe-riores seguindo este entendi-
mento.
3. Boa-fé: A boa-fé exigidaé a constante no art. 1.201 e
seguintes do Código Civil, em
que é de boa-fé a posse, se opossuidor ignora o vício, ou o
obstáculo que impede a aqui-
sição da coisa.Outrossim, em relação ao
parágrafo único do art. 1.242,
252ª quinzena - Março 2018 – nº 6
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Usucapião
CC, há algumas particularida-
des, ou seja, o prazo diminuipara 05 (cinco) anos, se o imó-
vel houver sido adquirido, one-
rosamente, com base no re-gistro constante do respectivo
cartório, cancelada posterior-
mente, desde que os possui-dores nele tiverem estabeleci-
do a sua morada, ou realizado
investimentos de interesse so-cial e econômico.
II) Usucapião Extraordi-nária (art. 1.238, CC)Já em relação ao art. 1.238
do Código Civil temos que:
“Aquele que, por 15 (quin-ze) anos, sem interrupção, nem
oposição, possuir como seu umimóvel, adquire-lhe a proprie-
dade, independentemente de
título e boa-fé, podendo reque-rer ao juiz que assim o declare
por sentença, a qual servirá de
título para o registro no Cartó-rio de Registro de Imóveis. Pa-
rágrafo único: O prazo estabe-
lecido neste artigo reduzir-se-á a 10 (dez) anos se o possui-
dor houver estabelecido no
imóvel a sua moradia habitual,ou nele realizado obras ou ser-
viços de caráter produtivo”.
Nesse sentido, no que tan-
ge ao caput do referido artigo,
percebe-se, ao contrário dausucapião ordinária, o único
requisito para a aquisição ori-
ginária do imóvel é sua possemansa, pacífica e ininterrupta
com animus domini por 15
(quinze) anos, não sendo exi-gido justo título ou boa-fé.
Quando mencionamos o pa-
rágrafo único do art. 1.238, CC,este prazo diminui para 10
(dez) anos se o possuidor hou-
ver estabelecido no imóvel asua moradia habitual, ou nele
realizado obras ou serviços de
caráter produtivo, ou seja, no-vamente diminui-se o prazo
para aquisição originária doimóvel, face ao máximo cum-
primento da função social.
Assim, esta é considerada aforma mais “simples” de aqui-
sição originária de imóvel por
usucapião, uma vez que, bas-ta a posse mansa, pacífica e
ininterrupta pelo prazo estipu-
lado no artigo.Note-se que, é por este
motivo que o tempo exigido de
posse é maior frente às outrasmodalidades de usucapião!
III) Usucapião Constitu-cional ou Especial Urbana
pro misero (arts. 183, CF;1.240, CC; 9º, Lei nº
10.257/01)O art. 183, caput, da Cons-
tituição Federal diz que:“Aquele que possuir como
sua área urbana de até duzen-
tos e cinquenta metros quadra-dos, por cinco anos, ininte-
rruptamente e sem oposição,
utilizando-a para sua moradiaou de sua família, adquirir-lhe-
á o domínio, desde que não
seja proprietário de outro imó-vel urbano ou rural”.
Nesse sentido, este disposi-
tivo foi reproduzido no art.1.240, CC e no art. 9º da Lei
10.257/01 (Estatuto da Cida-de).
Vale uma ressalva ao art. 9º,
§ 3º da Lei nº 10.257/01 quediz “Para os efeitos deste arti-
go, o herdeiro legítimo conti-
nua, de pleno direito, a possede seu antecessor, desde que
já resida no imóvel por ocasião
da abertura da sucessão”. Por-tanto, não se aplica a regra do
art. 1.243 do CC, como vimos
anteriormente, não sendo pos-sível, portanto, a soma das
posses inter vivos.* Continua na próxima edição.
* A autora é Administradora de empresas, Advogada inscrita na OAB/CE, especialista na
área ambiental, com MBA, atuante nas áreas ambiental, cível e consumidor. Livro publicado
pela Editora Lumens Juris. Membro da comissão de Direito Ambiental e Direito Marítimo, Portuá-rio, Aeroportuário e Aduaneiro da OAB/CE.
26 2ª quinzena - Março 2018 – nº 6
Usucapião
Cabimento de ação divisória e não deusucapião de área rural entre herdeiros
Comentário do BDI: Trata-se de uma Ação de Usucapião movida por membros e herdeiros de
uma mesma família.
Uma parte da família alegou que detêm a posse de uma parcela do terreno, há mais de 15
anos, e pedem para que seja colocado em seus nomes o domínio no Registro de Imóveis.
O Tribunal verificou que o prazo de 15 anos de posse sobre o imóvel alegado não existe, ou
seja, esta parte do terreno é de todos os herdeiros e que, na verdade, pretendem a divisão e a
regularização do terreno de propriedade comum entre os irmãos, sendo certo que a ação de
usucapião não pode ser utilizada para este fim, cabendo aos herdeiros providenciarem a reparti-
ção do terreno.
Ementa: Apelação Cível. Ação de usucapião. Sentença de improcedência. Insurgência dos
demandantes. Fração de terras pretendida usucapir que é integrante de uma área maior, cuja
propriedade é exercida em condomínio pela autora e seus irmãos, em decorrência de doação da
genitora. A despeito da viabilidade da ação de usucapião contra condômino, elementos constan-
tes nos autos revelam o não preenchimento do lapso temporal previsto em lei para a prescrição
aquisitiva. Demandantes que, em verdade, pretendem a divisão da área comum por via transver-
sa. Sentença de improcedência mantida.
Dados da Decisão: TJSC – Apelação Cível nº 0004910-38.2007.8.24.0113 – Relator: Jorge
Luiz Costa Beber – Data do julgamento: 6.6.2017
Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.
272ª quinzena - Março 2018 – nº 6
Construção e Incorporação
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Responsabilidade e danos morais pela demora em entrega das chaves de imóveis financiados - Parte I
Adriana C. de Paula Gonçalves*
O sonho de ter a casa pró-pria é a realidade de muitos
brasileiros, sair do aluguel e
morar no que é realmente seuestá no topo dos desejos de
qualquer pessoa, e os contra-
tos de financiamento de imó-veis passaram a ser uma por-
ta de entrada para a realiza-
ção desse sonho, porém o pro-blema começa quando a em-
presa construtora ou a empre-
endedora do projeto imobiliá-rio não entrega as chaves na
data prevista, sem que hajamotivo relevante para isso,
transformando os sonho da
casa própria em um verdadei-ro pesadelo.
Aqui, faremos um breve
estudo acerca das responsa-bilidades e indenizações de-
vidas aos promissários com-
pradores de imóveis queveem seus sonhos despeda-
çados e sua vida conturbada
pela indiferença das grandescorporações.
O contrato de compra e
venda de um imóvel financia-do começa com a promessa de
compra e venda, o comprador
compra um imóvel que aindavai ser construído, e esse tipo
de negócio é regido pelo Có-digo de Defesa do Consumi-
dor, Lei 8.078/90, como se
extrai da seguir:“Art. 2º. Consumidor é toda
pessoa física ou jurídica que
adquire ou utiliza produto ouserviço como destinatário fi-
nal.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletivida-
de de pessoas, ainda que
indetermináveis, que haja in-tervindo nas relações de con-
sumo.Art. 3º. Fornecedor é toda
pessoa física ou jurídica, pú-
blica ou privada, nacional ouestrangeira, bem como os en-
tes despersonalizados, que
desenvolvem atividade deprodução, montagem, cria-
ção, construção, transforma-
ção, importação, exportação,distribuição ou
comercialização de produtos
ou prestação de serviços.§ 1º. Produto é qualquer
bem, móvel ou imóvel, mate-
rial ou imaterial.”Assim, fica claro que se tra-
ta de uma relação de consu-
mo, onde o consumidor com-pra um imóvel de um forne-
cedor, porém com a peculiari-dade da promessa de compra
e venda, essa regida pelo Có-
digo Civil, entre os artigos:“Art. 462. O contrato preli-
minar, exceto quanto à forma,
deve conter todos os requisi-tos essenciais ao contrato a
ser celebrado.
Art. 463. Concluído o con-trato preliminar, com obser-
vância do disposto no artigo
antecedente, e desde que delenão conste cláusula de arre-
pendimento, qualquer daspartes terá o direito de exigir
a celebração do definitivo, as-
sinando prazo à outra paraque o efetive.
Parágrafo único. O contra-
to preliminar deverá ser leva-do ao registro competente.
Art. 464. Esgotado o pra-
zo, poderá o juiz, a pedido dointeressado, suprir a vontade
da parte inadimplente, confe-
rindo caráter definitivo aocontrato preliminar, salvo se
a isto se opuser a natureza da
obrigação.Art. 465. Se o estipulante
não der execução ao contrato
preliminar, poderá a outraparte considerá-lo desfeito, e
28 2ª quinzena - Março 2018 – nº 6
Construção e Incorporação○
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pedir perdas e danos.
Art. 466. Se a promessa de
contrato for unilateral, o cre-
dor, sob pena de ficar a mes-
ma sem efeito, deverá mani-
festar-se no prazo nela pre-
visto, ou, inexistindo este, no
que lhe for razoavelmente as-
sinado pelo devedor.”
A compra de um imóvel na
planta, para ser entregue
após conclusa a obra, opera
uma expectativa no compra-
dor e um compromisso do
vendedor, o grande aumento
nesse tipo de negócio sem
dúvida tem gerado os mais
diversos problemas para o
consumidor, e com isso o au-
mento das demandas que
envolvem as construtoras e o
atraso na entrega das chaves
sem dúvida é o maior respon-
sável por esse cenário, e de
acordo com dados do Ibedec,
95% das obras no Brasil são
entregues com atraso, o que
é uma vergonha para nosso
país, demonstrando o desca-
so das construtoras com seus
consumidores.
Em setembro de 2011, a 3ª
turma do STJ decidiu que o
atraso de três anos na entre-
ga de um imóvel adquirido na
planta não configurou dano
moral. “A devolução integral
das parcelas pagas, devida-
mente corrigidas, é suficien-
te para indenizar os prejuí-
zos. Não há falar em indeni-
zação por dano moral na es-
pécie”, afirmou o ministro
Massami Uyeda, relator, o
ministro em questão afirma
que o consumidor faz jus a
rescisão contratual para que
tenha ressarcido os valores
gastos com a construção, po-
rém como fica a sensação de
ter um sonho interrompido?
A desilusão de não mais ter a
casa própria sonhada e paga,
muitas vezes com muito sa-
crifício? Seria mero aborreci-
mento?
Para configurar dano mo-
ral, na esfera do Superior Tri-
bunal de Justiça, é necessá-
rio muito mais do que o atra-
so, em jurisprudência mais
recente temos essa posição:
Recurso especial. Atraso
da entrega de unidade imo-
biliária. Aquisição para fins de
moradia. Configuração de
dano moral. Peculiaridades
do caso concreto. Súmula 7/
STJ.
1. O simples descumpri-
mento contratual, por si só,
não é capaz de provocar aba-
lo moral, sendo necessária a
existência de uma conse-
quência fática capaz de acar-
retar dor e sofrimento inde-
nizável por sua gravidade.
2. O atraso na entrega de
unidade imobiliária pode cau-
sar lesões de ordem
extrapatrimonial ao promi-
tente comprador, a depender
do sofrimento psíquico e aba-
lo emocional evidenciado no
caso concreto.
3. A revisão do acórdão re-
292ª quinzena - Março 2018 – nº 6
Construção e Incorporação○
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corrido, quanto ao reconhe-
cido de abalo moral, encon-
tra óbice do enunciado da
Súmula 7/STJ, prejudicando
o alegado dissídio jurispru-
dencial.
4. Recurso especial não
conhecido. (Recurso Especial
nº 1.661.095 - SP (2017/005
9353-2)”
Ainda de acordo com essa
decisão, somente se configu-
ra dano moral pelas peculia-
ridades do caso, conforme
trecho da decisão:
“[.. .] Nessa l inha de
intelecção, o atraso na entre-
ga de unidade imobiliária
pode causar lesões de ordem
extrapatrimonial ao promi-
tente comprador, a depender
do sofrimento psíquico e aba-
lo emocional evidenciado no
caso concreto.”
Na hipótese em tela, o
acórdão reconheceu o dano
moral com base nas seguin-
tes premissas: “Nesse aspec-
to, o prejuízo decorrente da
impossibilidade de alocar ou-
tro imóvel até a efetiva en-
trega do bem negociado com
a ré.
Assim, considerando a va-
lidade do prazo de tolerância,
vencido em maio de 2011, a
ré deverá suportar as despe-
sas do autor com os aluguéis
vencidos a partir de 1 de ju-
nho de 2011, até a efetiva en-
trega da unidade tal como
constou na bem lançada sen-
tença.
Igualmente, não se pode
olvidar que o atraso na en-
trega de obra destinada à
moradia familiar, especial-
mente diante das peculiarida-
des do caso concreto, ultra-
passa o conceito de aborre-
cimentos ou dissabores cor-
riqueiros.
Ora, quem adquire um
imóvel novo, notadamente
para fins residenciais, em
geral, planeja nele estruturar
um lar para si e para seus fa-
miliares.
O comprador passa anos
pagando pelo bem, sonhan-
do com a casa própria e, pos-
teriormente, vem a saber que
todos seus esforços foram es-
vaziados, pois a unidade não
será entregue no prazo inici-
almente avençado (e, no
caso, tampouco nas datas
posteriormente informadas),
acarretando-lhe drástica mu-
dança de planos.[...] Recur-
so especial nº 1.661.095 - SP
(2017/0059353-2) Relator:
Ministro Luis Felipe Salomão.
BIBLIOGRAFIA:TARTUCE, Flávio. DIREITO CI-VIL 2. Método. São Paulo 2011.
* Continua na próxima edição.
* A autora é Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito de Franca, graduada em
Pedagogia pela Universidade Estácio de Sá, atua na área cível e empresarial.
30 2ª quinzena - Março 2018 – nº 6
Construtoras terão que restituirintegralmente dos valores pagos aos
compradores, por atraso na entrega de imóvel
Comentário do BDI: Trata-se de uma ação de compromisso de compra e venda de imóvel,
devolução dos valores pagos, atraso na entrega do imóvel e rescisão contratual.
As construtoras afirmaram que não podem ser responsabilizadas pelo atraso na entrega da obra.Disseram que o atraso se deu por culpa de terceiros, que demoraram na expedição do “habite-se”,
bem como da alta dos preços dos materiais de construção e da escassez de mão de obra especia-
lizada. Alegaram, também, que houve omissão ou falhas no processo, no que se refere a se encon-trar prescrita a pretensão de restituição da taxa de corretagem e que, caso o contrato seja rescin-
dido, poderão reter 22% dos valores pagos pelos compradores na compra do imóvel.
O Tribunal verificou que não foram mencionadas no processo a devolução de comissão de corre-tagem.
Portanto, foi declarada a rescisão do contrato entre as partes e as construtoras foram condena-das a restituir, aos compradores, 100% do valor pago pelo atraso na entrega do imóvel, com
correção monetária e juros de mora.
Ementa: Compromisso de compra e venda. Rescisão. Devolução de valores. Atraso na entregade obra configurado. Validade da cláusula de tolerância de 180 dias para entrega da obra. Embargo
da obra, demora na expedição do “habite-se”, alta dos preços dos materiais de construção e escas-
sez de mão de obra que não configuram caso fortuito ou força maior. Súm. 164 e 161, TJSP.Rescisão do contrato. Retorno das partes ao status quo ante. Direito de devolução da integralidade
dos valores pagos pelos autores, inclusive comissão de corretagem, ante a culpa das rés pela
rescisão. Súmulas 1, 2 e 3 do TJSP. Lucros cessantes. Pedido incompatível com a rescisão docontrato. Retorno das partes ao status quo ante. Recebimento de indenização, além da devolução
dos valores, implicaria em enriquecimento sem causa dos autores. Precedentes do TJSP. Honorários
advocatícios sucumbenciais. Fixação de acordo com o trabalho desenvolvido pelos causídicos e coma complexidade da causa. Art. 85, §2o, CPC. Sentença parcialmente reformada, para condenar as
rés à devolução da integralidade dos valores pagos pelos autores. Honorários advocatícios majorados.
Recurso das rés não provido e recurso dos autores parcialmente provido.Dados da Decisão: TJSP – Apelação nº 1017853-66.2014.8.26.0114 – Relatora: Fernanda
Gomes Camacho – Data do julgamento: 1.11.2017.
Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.
Construção e Incorporação
312ª quinzena - Março 2018 – nº 6
O seguro habitacional visa a assegurar o créditoimobiliário e não a qualidade e solidez do imóvel
Comentário do BDI: Trata-se Ação de Indenização securitária habitacional, em que os as-
segurados alegaram que existem problemas na construção dos imóveis, sendo devidamente
comprovados no laudo pericial e, ainda, ficou concluído que a obra não respeitou a Norma
Brasileira (NBR – 133752/96), fato que certamente poderá ocasionar o seu desabamento no
futuro. Por isso, os assegurados pediram indenização e a cobertura dos danos causados aos
imóveis.
O Tribunal verificou que os danos verificados nos imóveis são decorrentes de vícios da cons-
trução, causados pela má qualidade dos materiais empregados na obra. Tais danos são proveni-
entes de defeitos internos decorrentes da própria edificação do imóvel, cuja cobertura é expres-
samente excluída da apólice do seguro habitacional.
A exclusão, não se mostra abusiva pelo fato de que o seguro habitacional possui a finalidade
de assegurar o crédito imobiliário, ou seja, o adimplemento do financiamento obtido pelo mutu-
ário para a aquisição da casa própria, em benefício do segurado e do agente financeiro. Em nada
o seguro se relaciona à garantia da qualidade e à solidez do imóvel, que é o caso dos seguros
residenciais.
Portanto, o pedido dos assegurados não foi aceito.
Ementa: Apelação - Ação de Indenização Securitária - Seguro habitacional - Apólice contra-
tada no âmbito do SFH - Sentença de improcedência - Apelação dos autores - Código de Defesa
do Consumidor - Aplicabilidade - Caráter impositivo e de adesão do seguro habitacional que
impõe ao Poder Judiciário o dever de intervir para velar pela manutenção do equilíbrio contratual
- Negativa de cobertura em decorrência de cláusulas que excluem danos por vícios na constru-
ção - Cabimento - Ainda que o laudo pericial tenha constatado defeitos de edificação no imóvel,
os vícios decorrentes de fatores intrínsecos da construção estão expressamente excluídos da
cobertura, tendo em vista que o contrato de seguro tem por escopo garantir o crédito imobiliá-
rio, e não a solidez e qualidade da obra - Preceptivo do artigo 784, do Código Civil - Apólice que
circunscreve o risco apenas a danos externos, e não a vícios construtivos - Precedentes recen-
tes desta Colenda 6ª Câmara de Direito Privado e demais órgãos desta E. Corte, que vem
alterando posicionamento anteriormente adotado - Sentença mantida - Recurso Improvido.
Dados da Decisão: TJSP – Apelação nº 0001193-75.2011.8.26.0063 – Relator: Rodolfo
Pellizari – Data do julgamento: 10.1.2018.
Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.
Seguro Habitacional
32 2ª quinzena - Março 2018 – nº 6
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Regularização Fundiária
Regularização Fundiária Urbanade acordo com a Lei 13.465/17
Adriano Martins de Sousa*
Com a Medida Provisória nº
759/2016, foi promulgada em
12/07/2017, a Lei 13.465, que
altera as regras para a regula-
rização fundiária no Brasil,
onde milhares de brasileiros
serão beneficiados, pois facili-
tará a emissão de títulos para
ocupantes de terras públicas e
famílias assentadas em áreas
de reforma agrária, a nova lei
permite que processos sejam
realizados via administrativa,
o que reduzirá o tempo de es-
pera para a tão sonhada es-
critura do imóvel.
Este presente estudo visa
esclarecer alguns pontos rele-
vantes da regularização
fundiária urbana, no que tan-
ge ao núcleo urbano informal,
aquele clandestino, irregular
ou no qual não foi possível rea-
lizar, por qualquer modo, a
titulação de seus ocupantes,
ainda que atendida a legisla-
ção vigente à época de sua
implantação ou regularização,
e ao núcleo urbano informal
consolidado, aquele de difícil
reversão, considerados o tem-
po da ocupação, a natureza
das edificações, a localização
das vias de circulação e a pre-
sença de equipamentos públi-
cos, entre outras circunstân-
cias a serem avaliadas pelo
Município.
Os moradores destas áreas
urbanas em que seu imóvel/
Lote se encontra irregular, pe-
rante os órgãos públicos, po-
derão fazer o requerimento de
regularização administrativa-
mente, através do Reurb - Re-
332ª quinzena - Março 2018 – nº 6
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gularização Fundiária Urbana,
onde obedecerão às seguintes
fases:
I - Requerimento legitima-
do;
II - processamento adminis-
trativo do requerimento, no
qual será conferido prazo para
manifestação dos titulares de
direitos reais sobre o imóvel e
dos confrontantes;
III - elaboração do projeto
de regularização fundiária;
IV - saneamento do proce-
sso administrativo;
V - decisão da autoridade
competente, mediante ato for-
mal, ao qual se dará publici-
dade;
VI - expedição da CRF pelo
Município; e
VII - registro da CRF e do
projeto de regularização
fundiária aprovado perante o
oficial do cartório de registro
de imóveis em que se situe a
unidade imobiliária com
destinação urbana regulariza-
da.
Junto ao requerimento de-
verá também o requerente
apresentar o projeto urba-
nistíco de regularização
fundiária, que deverá conter,
no mínimo, a indicação das
áreas ocupadas, do sistema
viário e das unidades imobiliá-
rias, existentes ou projetadas;
das unidades imobiliárias a
serem regularizadas, suas ca-
racterísticas, área, confronta-
ções, localização, nome do
logradouro e número de sua
designação cadastral, se hou-
ver; quando for o caso, das
quadras e suas subdivisões
em lotes ou as frações ideais
vinculadas à unidade regula-
rizada; dos logradouros, es-
paços livres, áreas destinadas
a edifícios públicos e outros
equipamentos urbanos, quan-
do houver; de eventuais áre-
as já usucapidas; das medi-
das de adequação para corre-
ção das desconformidades,
quando necessárias; das me-
didas de adequação da mobi-
lidade, acessibilidade, infra-
estrutura e relocação de
edificações, quando necessá-
rias; das obras de infraes-
trutura essencial, quando ne-
cessárias; de outros requisi-
tos que sejam definidos pelo
Município.
Feito o requerimento, o Mu-
nicípio/Distrito Federal deverá
classificar a modalidade do
Reurb, processar, analisar e
aprovar os projetos de regula-
rização fundiária; e emitir a
CRF.
Com o requerimento finali-
zado e concluído o Reurb, a
autoridade competente deve-
rá se pronunciar quanto à in-
dicação de intervenções a se-
rem executadas, se for o caso,
conforme o projeto aprovado,
aprovar o projeto de regulari-
zação fundiária resultante do
processo de regularização
fundiária; e identificar e decla-
rar os ocupantes de cada uni-
dade imobiliária com destina-
ção urbana regularizada, e os
respectivos direitos reais.
Aprovada a regularização
urbana, o órgão responsável
emitirá a Certidão de Regula-
rização Fundiária (CRF), acom-
panhado pelo projeto aprova-
do. Deverá conter, no mínimo,
o nome do núcleo urbano re-
gularizado; a localização; a
modalidade de regularização;
as responsabilidades das obras
e serviços constantes no
cronograma; a indicação nu-
mérica de cada unidade regu-
larizada, quando houver; a
listagem com nomes dos ocu-
pantes que houverem adquiri-
do a respectiva unidade, por
título de legitimação fundiária
ou mediante ato único de re-
gistro, bem como o estado ci-
vil, a profissão, o número de
inscrição no cadastro das pe-
ssoas físicas do Ministério da
fazenda e do registro geral de
cédula de identidade e a
filiação.
34 2ª quinzena - Março 2018 – nº 6
Com o registro da CRF e o
projeto de regularização apro-
vados, deverá então o reque-
rente comparecer ao cartório
do local onde se encontra o
imóvel para a efetiva abertura
de nova matrícula do imóvel,
quando for o caso; abertura de
matrículas individualizadas
para os lotes e áreas públicas
resultantes do projeto de re-
gularização aprovado; registro
de direitos reais indicados na
CRF junto às matrículas dos
respectivos lotes, dispensada
a apresentação de título indi-
vidualizado.
Vale salientar que o valor de
venda direta será com base no
valor de mercado do imóvel,
segundo critérios de avaliação
previstos no artigo 11-C da Lei
nº 9.636/98, excluídas as
acessões e as benfeitorias rea-
lizadas pelo ocupante. Para
ocupantes com renda familiar
situada entre cinco e dez salá-
rios mínimos, a aquisição po-
derá ser realizada à vista ou
em até duzentas e quarenta
parcelas mensais e consecuti-
vas, mediante sinal de, no mí-
nimo, 5% (cinco por cento) do
valor da avaliação, e o valor
da parcela mensal não poderá
ser inferior ao valor equivalen-
te ao devido pelo usuário a tí-
tulo de taxa de foro ou ocupa-
ção, quando requerido pelo in-
teressado. Para ocupantes com
renda familiar acima de dez sa-
lários mínimos, a aquisição po-
derá ser realizada à vista ou
em até cento e vinte parcelas
mensais e consecutivas, me-
diante um sinal de, no míni-
mo, 10% (dez por cento) do
valor da avaliação, e o valor
da parcela mensal não poderá
ser inferior ao valor equivalen-
te ao devido pelo usuário a tí-
tulo de taxa de foro ou ocupa-
ção, quando requerido pelo
interessado
Por fim, com essa nova lei,
torna-se mais fácil e rápido a
regularização do imóvel/lote,
trazendo assim uma oportuni-
dade para milhares de pessoas
que se encontram na situação
de “irregular”, que poderão re-
querer o Reurb à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios, diretamente ou
por meio de entidades da ad-
ministração pública indireta; os
seus beneficiários, individual ou
coletivamente, diretamente ou
por meio de cooperativas
habitacionais, associações de
moradores, fundações, organi-
zações sociais, organizações da
sociedade civil de interesse
público ou outras associações
civis que tenham por finalida-
de atividades nas áreas de de-
senvolvimento urbano ou regu-
larização fundiária urbana; os
proprietários de imóveis ou de
terrenos, loteadores ou in-
corporadores; a Defensoria
Pública, em nome dos benefi-
ciários hipossuficientes; e o Mi-
nistério Público.
* O autor atua principalmente no Direito de Família e Sucessões, Ações Cíveis, Direito Penal,
Direito do Trabalho, entre outras, Pós Graduando em Direito Civil e Processo Civil. Membro daComissão de Ciências Criminais e Comissão de Direito de Família da OAB/DF.
Regularização Fundiária
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ÍNDICES DE CORREÇÃO MONETÁRIAMESES
FGV % IBGE % FIPE %
IGP-M IGP/DI IPC-DI IPA-EP-DI INCC-DI INPC IPC-A IPC
Fev. 0,0837 0,0629 0,3091 (-) 0,1238 0,6537 0,2400 0,3300 (-) 0,0824
Mar. 0,0147 (-) 0,3777 0,4742 (-) 0,7827 0,1574 0,3201 0,2499 0,1359
Abr. (-) 1,0956 (-) 1,2427 0,1247 (-) 1,9596 (-) 0,0238 0,0800 0,1400 0,6069
Mai. (-) 0,9319 (-) 0,5124 0,5179 (-) 1,1021 0,6339 0,3601 0,3100 (-) 0,0488
Jun. (-) 0,6663 (-) 0,9609 (-) 0,3224 (-) 1,5340 0,9311 (-) 0,2999 (-) 0,2300 0,0510
Jul. (-) 0,7161 (-) 0,2953 0,3778 (-) 0,6672 0,3047 0,1699 0,2401 (-) 0,0125
Ago. 0,0958 0,2387 0,1344 0,2596 0,3560 (-) 0,0300 0,1899 0,0967
Set. 0,4682 0,6188 (-) 0,0217 0,9738 0,0626 (-) 0,0200 0,1599 0,0184
Out. 0,1965 0,0976 0,3265 (-) 0,0300 0,3080 0,3700 0,4201 0,3224
Nov. 0,5243 0,8020 0,3587 1,0648 0,3108 0,1801 0,2801 0,2889
Dez/2017 0,8873 0,7413 0,2120 1,0670 0,0731 0,2600 0,4400 0,5483
Jan./2018 0,7550 0,5765 0,6861 0,5797 0,3089 0,2300 0,2900 0,4629
Fev. 0,0732 0,1537 0,1672 0,1531 0,1276 (-) 0,4166
MESESTR (¹) POUPANÇA (¹) SALÁRIO-MÍNIMO DÓLAR - R$ (2)
% % R$ COMERCIAL PARALELO
Mar. 0,1519 0,6527 937,00 3,0950 3,2600
Abr. 0,0000 0,5000 937,00 3,1150 3,3000
Mai. 0,0764 0,5768 937,00 3,1540 3,3200
Jun. 0,0536 0,5539 937,00 3,2480 3,4500
Jul. 0,0623 0,5626 937,00 3,3140 3,4600
Ago. 0,0509 0,5512 937,00 3,1190 3,3100
Set. 0,0000 0,5000 937,00 3,1490 3,3200
Out. 0,0000 0,5000 937,00 3,1680 3,3400
Nov. 0,0000 0,5000 937,00 3,2730 3,3900
Dez. 0,0000 0,5000 937,00 3,2720 3,4000
Jan/2018 0,0000 0,5000 954,00 3,3150 3,4800
Fev. 0,0000 0,5000 954,00 3,1810 3,3200
Mar. 0.0000 0.5000 954,00 3,2440 3,3700
1. TR e Poupança - Percentual correspondente ao primeiro dia útil do mês, a ser creditado trinta dias após.2. Dólar - Cotações do último dia útil do mês.
IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE – A partir de Abril/2015
Base de Cálculo (R$)
Até 1.903,98
De 1.903,99 até 2.826,65
De 2.826,66 até 3.751,05
De 3.751,06 até 4.664,68
Acima de 4.664,68
Alíquota (%)
Isento
7,5
15
22,5
27,5
Parcela a Deduzir (R$)
—
142,80
354,80
636,13
869,36
DEDUÇÕES:
a) R$ 189,59 por dependente;
b) Pensão alimentícia integral;
c) R$ 1.903,98 para aposentados, pensionistas e transferidos para a
reserva remunerada que tenham 65 anos de idade ou mais;
d) Contribuição à Previdência Social.
COEFICIENTES ANUAIS – ACUMULADOS ATÉ O MÊS ANTERIOR (3)
Reajuste em Dez./2017 Reajuste em Jan./2018 Reajuste em Fev./2018 Reajuste em Mar./2018Indexador Anual Indexador Anual Indexador Anual Indexador Anual
IGP-M/FGV 0,9914 IGP-M/FGV 0,9948 IGP-M/FGV 0,9959 IGP-M/FGV 0,9958
IGP-DI/FGV 0,9967 IGP-DI/FGV 0,9958 IGP-DI/FGV 0,9972 IGP-DI/FGV 0,9981
IPC-DI/FGV 1,0335 IPC-DI/FGV 1,0323 IPC-DI/FGV 1,0322 IPC-DI/FGV 1,0307
INPC/IBGE 1,0195 INPC/IBGE 1,0207 INPC/IBGE 1,0187 INPC/IBGE
IPC-A/IBGE 1,0280 IPC-A/IBGE 1,0295 IPC-A/IBGE 1,0286 IPC-A/IBGE
IPC/FIPE 1,0244 IPC/FIPE 1,0227 IPC/FIPE 1,0241 IPC/FIPE 1,0207
3. Para reajuste anual de aluguel: multiplique o valor pelo indexador contratado. Índices completos no site: www.diariodasleis.com.br.