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DIÁRIO DAS LEIS LTDA.£o Usucapião de bens imóveis urbanos - Entendam as formas - Parte I ..... 23 Cabimento de ação divisória e não de usucapião de área rural entre herdeiros

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2 2ª quinzena - Março 2018 – nº 6

Alexandre Berthe PintoAngelo Volpi NetoAntonio Artêncio FilhoArnon VelmovitskyBruno Bittencourt BittencourtBruno Medeiros BastosCarlos Roberto TavarnaroDaniel Alcântara Nastri CerveiraDaphnis Citti de LauroEzequiel FrandolosoFelícia Ayako HaradaFelipe Leonardo RodriguesFrancisco dos Santos Dias Bloch

Frank Wendell ChossaniGeraldo Beire SimõesJaques BushatskyJoão Pedro Lamana PaivaJosé Flávio Bueno FischerJosé Hildor LealKênio de Souza PereiraKiyoshi HaradaLucas Bento SampaioLuís Ramon AlvaresLuiz Antonio Scavone JuniorLuiz Ribeiro O. N. Costa JuniorMarcelo Manhães de Almeida

Mário Cerveira FilhoMichel Rosenthal WagnerOlivar VitalePaulo Caldas PaesRenato SavyRodrigo Alves ZaparoliRodrigo KarpatSamuel Luiz AraújoSérgio JacominoSylvio Campos Lindenberg FilhoSylvio CapanemaThales Pontes BatistaWendell Salomão

Colaboradores:

Direção: Dominique Pierre FagaJornalista Responsável:Julio Cesar Borges Baiz, MTB nº 42073ISSN: 1982-4599

Conselho Editorial:Edson Guedes JuniorBruno CosmeHeronides Dantas de FigueiredoMauricio Francisco [email protected]

DIÁRIO DAS LEIS LTDA.CNPJ(MF) 47.381.850/0001-40R. Bocaina, 54 - 05013-901 - São Paulo - SP11 3673-3155 - www.diariodasleis.com.brAdministração: 11 [email protected]: 11 3673-3801 / [email protected]ão: Gráfica Mais MNota BDI: Proibida a reprodução total ou parcial.Os artigos assinados não refletem necessariamentea opinião da direção do Diário das Leis.

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32ª quinzena - Março 2018 – nº 6

SumárioConstrução e Incorporação

Responsabilidade e danos morais pela demora em entrega das chaves

de imóveis financiados - Parte I ............................................................................... 27

Construtoras terão que restituir integralmente dos valores pagos aos

compradores, por atraso na entrega de imóvel ........................................................ 30

Contrato de Gaveta Não é válido perante CDHU, segundo Tribunal de Justiça de SP .. 16

Compra e Venda

Barulho: Escolha bem o apartamento para evitar problemas e desvalorização ........... 19

Vendedora conseguiu reter 25% dos valores pagos, para compensar pelas

despesas da rescisão contratual ............................................................................... 21

Prescrição de hipoteca inscrita na matrícula de imóvel ............................................... 22

Venda de imóvel após 30 dias do recebimento da carta de preferência pelo locatário .. 22

Condomínio

Sete maneiras de desestimular a inadimplência nos condomínios .............................. 5

É dever da construtora entregar prédio residencial equipado com para-raios ............ 7

Incorporadora comprova que não é obrigada a pagar taxas de condomínio ............... 8

Verificação da prestação de contas do condomínio ..................................................... 9

Locação

Ação de Despejo se torna improcedente, pois o locador tinha plena ciência dos novos

ocupantes do imóvel .................................................................................................. 10

Direito de renovar o contrato de locação comercial .................................................... 11

Possibilidade de pedir arresto dos bens do locatário para quitar dívida de locação ........ 12

Locatário que queria usucapir o imóvel locado foi despejado ..................................... 13

O rateio do valor anual do IPTU se faz considerando a área ocupada pelo locatário ....... 14

Regularização Fundiária Urbana de acordo com a Lei 13.465/17................................ 32

Seguro Habitacional: O seguro habitacional visa a assegurar o crédito imobiliário

e não a qualidade e solidez do imóvel ...................................................................... 31

Usucapião

Usucapião de bens imóveis urbanos - Entendam as formas - Parte I .......................... 23

Cabimento de ação divisória e não de usucapião de área rural entre herdeiros .............. 26

Índices de Correção Monetária .................................................................................... 35

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52ª quinzena - Março 2018 – nº 6

Condomínio

Sete maneiras de desestimular ainadimplência nos condomínios

Sidney Barletta Júnior*

O número é maior que apopulação de alguns grandespaíses: 59,8 milhões. Essa é aquantidade de pessoas quedeviam alguma prestação, oschamados inadimplentes, emjulho de 2017, segundo o CPCSerasa e a Confederação Na-cional de Dirigentes Lojistas.Entres esse quase 60 milhõesde brasileiros, estão aquelesque devem parcelas da taxacondominial. Em tempos decrise e de desemprego, eraesperado que esse valor, defato crescesse.

O Sindicato da Habitação deSão Paulo (Secovi-SP) divul-gou, também em julho, queações por atraso de condomí-nio haviam crescido 226,5% no

último ano. Isso significa quea quantidade de processos ju-diciais nessa área triplicou emrelação a 2016. O órgãopesquisou as ações ajuizadasno Tribunal de Justiça de SãoPaulo e encontrou 6.059 açõescontra 1.856 ações na cidadede São Paulo, no ano passa-do.

Além da crise econômica, onovo Código de Processo Ci-vil, que começou a vigorar emmarço passado, agilizou a co-brança judicial e os síndicospassaram a ter uma ferramen-ta poderosa para ajudá-los nocombate à inadimplência paramanter o caixa em ordem. Noentanto, todos sabemos, a Jus-tiça do estado e do país sofre

com um inchaço nas ações eprocessos e, por isso, não con-segue acelerar a resolução doslitígios entre condôminos econdomínios. O que fazer, en-tão, se o edifício enfrenta fal-ta de pagamento de taxascondominiais.

Observando bem os fatoresque levam à inadimplência eos caminhos tradicionalmenteusados para solucionar os ca-sos, encontramos sete alterna-tivas que síndicos e adminis-tradoras podem lançar mãopara acabar – ou ao menosminimizar – os atrasos e a fal-ta de pagamento. Vamos aeles:

Administração transpa-rente: é preciso expor aos

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6 2ª quinzena - Março 2018 – nº 6

Condomínio○

condôminos a situação real dascontas. Transparência e serie-dade sensibilizam quem age deboa fé, que é a maioria dosusuários, acredite. Saber ondeseu dinheiro está sendo usadoé um fator importante de ade-são e de valorização da taxacondominial.

Comunicação: use todosos recursos disponíveis (decartaz no elevador a mensa-gem no WhatsApp, passandopor newsletter e grupos emredes sociais) para manter oscondôminos cientes da situa-ção financeira do edifício. As-sim, ninguém pode alegar des-conhecimento e todos se sen-tem mais seguros. A chance depessoas bem informadas, queentendem as necessidades docondomínio, não atrasarem opagamento é bem maior. In-vista nisso.

Reuniões curtas: menosdiscussão, mais metas: as-sembleias condominiais podemse tornar verdadeiros pesade-los se os condôminos come-çarem a discordar e a baterboca. Pautas enxutas, commetas e propostas factíveis,costumam funcionar bem eterminam antes que as pes-soas percam a paciência. As-suntos de ordem financeiradevem ser os primeiros a se-rem discutidos nesses encon-

tros.Índice de inadimplência:

sem citar nomes ou unidades,sem constranger ninguém, éimportante que proprietáriossaibam qual é a taxa deinadimplência do condomínio econheçam a margem de nego-ciação para esse valor. Se to-dos estiverem empenhados, apressão sai das costas do sín-dico e da administradora e pas-sa a ser uma missão de todosa inadimplência zero.

Desconforto: não há nadamais desagradável do queconviver mal com vizinhos.Seja por divergência de opi-nião ou por conflitos mal re-solvidos, evitar essa situaçãodesconfortável é dever e de-sejo de todos os condôminos.O patrimônio comum e a vidacoletiva devem sempre estaracima de opiniões pessoais.Estimule o diálogo entre osproprietários. Quando nossentimos ouvidos e respeita-dos, passamos a vestir a ca-misa e a chance de atrasar opagamento cai, porque acha-mos importante contribuir.

Mediação: mesmo que oCódigo de Processo Civil faci-lite a ação para cobrança dataxa de condomínio, use o re-curso em última instância. Ocomportamento do síndico eda administradora logo é per-

cebido pelos condôminos, quepodem ficar refratários a qual-quer chamado. Em vez disso,convide o proprietário da uni-dade devedora para uma con-versa, chame para uma ses-são de mediação, se ele formais fechado. Os mediadoresprofissionais têm técnicasque, respeitosamente, aju-dam as partes a chegar numbom acordo.

Conciliação: se não tiverjeito e o devedor não estivermuito convencido de que dia-logar é importante, convideele para uma sessão de con-ciliação numa câmara particu-lar. O atendimento ali é maisrápido que na Justiça tradicio-nal, mais acessível, voluntá-rio (ninguém é obrigado a ir),tem valor legal e pode até serhomologado pelo Juiz se ne-cessário. Mas, o mais impor-tante, a cultura de paz e dodiálogo é a alma dessas câ-maras, o que garante que de-pois do acordo, os vizinhospoderão continuar se encon-trando no elevador sem ne-nhum constrangimento. E,quem um dia deveu, passa aser parceiro por ter sido ouvi-do e ter suas questões acolhi-das numa mesa em que nin-guém quer ganhar, mas sim,chegar a um resultado satis-fatório para todo mundo.

* O autor é Advogado, professor universitário e diretor do Instituto Paulista de Conciliação e

Mediação.

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72ª quinzena - Março 2018 – nº 6

Condomínio

É dever da construtora entregar prédioresidencial equipado com para-raios

Comentário do BDI: Trata-se de uma ação de responsabilidade civil contratual pela não ins-

talação de um equipamento de para-raios em um condomínio edilício.

O condomínio alegou que há vícios na obra realizada pela construtora e que há ausência de

para-raios, tendo sido necessária a contratação de uma outra empresa para realizar o serviço. Por

isso, pediu a condenação da construtora ao pagamento e indenização por danos materiais, no

valor de R$ 26.834,68.

A construtora se defendeu dizendo que a obra foi executada em sintonia com os projetos

aprovados junto à municipalidade e que a instalação do para-raios não estava inclusa no projeto

da construção.

O Tribunal entendeu que a instalação do para-raios é a segurança do condomínio (art. 618, do

CC), sendo dever da construtora entregar o prédio equipado com para-raios e a falta dele repre-

senta um ato ilícito contratual que interfere no patrimônio do condomínio, a construtora se valeu

de uma lacuna na lei municipal para não colocar o para-raios.

Portanto, condenou a construtora a pagar ao condomínio o valor de R$ 26.834,68, por danos

materiais corrigidos monetariamente.

Ementa: Responsabilidade civil contratual. Instalação de equipamento (para-raios) em condo-

mínio edilício e pedido de restituição do valor perante a construtora. Discussão sobre a

obrigatoriedade de entregar o prédio munido de haste metálica protetora de descargas elétricas.

Contrato omisso. Diante da lacuna e observando a Lei Municipal Campineira nº 11.207/02, que

trata da obrigatoriedade de instalação de para-raios para edifícios em que habitualmente se reúna

grande número de pessoas, tais como Repartições Públicas, Igrejas, Escolas, Quartéis, Teatros,

Cinemas, grandes lojas e outros com essa característica, é de rigor responsabilizar a construtora

(responsabilidade pressuposta pela segurança da obra). Não há porque excluir o condomínio

edilício da abrangência da norma local, vez que se presume que em edifício residencial, mais do

que nos conglomerados enumerados, esse grande número de pessoas permanecem em seu inte-

rior não só por curtos períodos ou em determinados dias da semana como acontece em igrejas,

cinemas, teatros etc, mas diuturnamente, fazendo com que aumente a exposição ao risco. Pre-

sente o vício de construção e a responsabilidade da ré em reembolsar o montante gasto com

instalação de para-raios no prédio no importe de R$ 26.834,68 que deveria ter integrado o memorial

descritivo ou o projeto da construção. Dano material presente (artigo. 186 CC, 927 do CC).

Dados da Decisão: TJSP – Apelação nº 1017940-85.2015.8.26.0114 – Relator: Enio Zuliani –

Data do julgamento: 12.12.2017

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

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8 2ª quinzena - Março 2018 – nº 6

Condomínio

Incorporadora comprova que não éobrigada a pagar taxas de condomínio

Comentário do BDI: Trate-se de uma Ação de Cobrança movida pelo condomínio, contra a

Incorporadora.

O condomínio alegou que a incorporadora é legitima para figurar como responsável na ação, por

ela ser proprietária do imóvel. Por isso, tem a responsabilidade de arcar com as taxas de condomí-

nio.

A incorporadora se defendeu dizendo que a responsabilidade é do atual adquirente.

O Tribunal analisando as argumentações, observou que a incorporadora não era responsável

pelos débitos, uma vez que havia vendido o imóvel para o atual adquirente. Portanto, o atual

adquirente responde pelo pagamento das taxas de condomínio.

Ementa – Embargos de Declaração na Apelação Cível. Obrigação propter rem. Ilegitimidade

passiva da embargada. Inexistência de omissão, obscuridade ou contradição. I – A obrigação dos

pagamentos condominiais tem natureza propter rem, ou seja, persegue a coisa a teor do artigo

1.345 do Código Civil. II – Em relação a condomínio, o adquirente de unidade responde pelos

débitos do alienante. III – Em assim sendo, não há de se falar em legitimidade passiva da embargada.

III – Ausentes os requisitos determinados pelo art. 1.022 do Código de Processo Civil, tais como

omissão, obscuridade, contradição e mesmo erro material, impõe-se a rejeição dos embargos.

embargos declaratórios rejeitados.

Dados da Decisão: TJGO – Embargos de Declaração na Apelação Cível nº 112486-

55.2014.8.09.0051 – Relator: Des. Norival santomé - Data do julgamento: 28.11.2017

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

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92ª quinzena - Março 2018 – nº 6

Condomínio

Verificação da prestação de contas do condomínio

Pergunta: Podemos verificar a pasta de prestação de contas, que já está aprovada e assinada

pelo síndico e conselheiros?

BDI Responde: Qualquer condômino poderá verificar a pasta de prestação de contas para saber

se houve fraudes e apropriações indébitas, como preços, etc., e assim poder questioná-las e adotar

medidas em prol do condomínio, entretanto, se a a assembleia aprovar as contas, nenhum condôminotem legitimidade para exigir nova prestação de contas.

Normalmente, para a prestação de contas, tem o síndico o dever legal de convocar a Assembleia

Geral, Código Civil, art. 1.350: Convocará o síndico, anualmente, reunião da assembleia doscondôminos, na forma prevista na convenção, a fim de aprovar o orçamento das despesas, as

contribuições dos condôminos e a prestação de contas, e eventualmente eleger-lhe o substituto e

alterar o regimento interno.§ 1º Se o síndico não convocar a assembleia, um quarto dos condôminos poderá fazê-lo.

§ 2º Se a assembleia não se reunir, o juiz decidirá, a requerimento de qualquer condômino.

As contas devem ser prestadas de forma minuciosa e documentada.Quem aprova as contas são os condôminos presentes na assembleia

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10 2ª quinzena - Março 2018 – nº 6

Locação

Ação de Despejo se torna improcedente, pois o locadortinha plena ciência dos novos ocupantes do imóvel

Comentário do BDI: Trata-se de uma Ação de Despejo cumulado com cobrança de aluguéis,

em que o juiz de 1ª instância julgou improcedente o pedido.

O locador argumentou que a cessão ou transferência do contrato de locação depende do seuconsentimento e não da locatária. Alegou que jamais concordou com a cessão da locação. Portanto,

pede o despejo da atual locatária, bem como a condenação desta ao pagamento dos encargos

locatícios vencidos e vincendos.O Tribunal verificou que o locador tinha plena ciência da cessão e dos novos ocupantes do imóvel,

conforme comprovam os documentos, do contrário não teria consentido com a continuidade do

contrato, tanto é que seguiu recebendo os pagamentos de aluguéis.Portanto, é improcedente a cobrança de alugueres em face da atual locatária, o que violaria o

primado da boa-fé contratual.

Assim, condenou o locador, com base no disposto §11º, do art. 85 do NCPC, cuja exigibilidadefica suspensa em face do locador ser beneficiário da gratuidade processual.

Ementa: Ação de Despejo com pedido de cobrança de aluguéis. Cessão de fato da posição

contratual dos locatários a terceiro. Sentença de improcedência. Alegação de ausência de consen-timento do locador. Circunstâncias dos autos, todavia, a indicar que o locador tinha plena ciência da

alteração fática e consentiu com o prosseguimento da locação em face dos novos locatários. Ausen-

te responsabilidade do antigo contratante. Apelação que não elidiu os fundamentos da sentença,confirmada nos termos do art. 252 do Regimento Interno do TJSP. Apelo desprovido.

Dados da Decisão: TJSP – Apelação nº 1043032-10.2015.8.26.0100 – Relator: Azuma Nishi –

Data do julgamento: 14.12.2017Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

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112ª quinzena - Março 2018 – nº 6

Locação

Direito de renovar o contrato de locação comercial

Paulo Henrique Pelegrim Bussolo*

O contrato de locação pode

ser pactuado por qualquer pra-zo, devendo as partes res-

peitá-lo, sob pena de aplica-

ção das penalidades legais econtratuais. Muitas vezes,

após transcorrer o prazo de

duração do contrato, o proprie-tário do imóvel não possui in-

teresse em renová-lo, e de-

seja que o inquilino desocupe-o, ou até mesmo as partes di-

vergem no valor do aluguel.

Contudo, se o locatário preen-cher alguns requisitos dispos-

tos em lei, terá o direito de

renovar o contrato por igualprazo, para proteger o seu

ponto empresarial.

A Lei n.º 8.245/91 (Lei deLocação) elenca três requisi-

tos que o locatário deve pre-

encher cumulativamente. Sãoeles: a) o contrato a renovar

deve ter sido celebrado por

escrito e com prazo determi-nado; b) o prazo mínimo do

contrato a renovar ou a soma

dos prazos ininterruptos doscontratos escritos seja de cin-

co anos; c) o locatário esteja

explorando seu comércio, no

mesmo ramo, pelo prazo mí-

nimo e ininterrupto de trêsanos.

Porém, se o proprietário do

imóvel não estiver disposto arenovar o contrato, a renova-

ção não se dará de forma au-

tomática, logicamente, deven-do o locatário ingressar judi-

cialmente com uma ação re-

novatória em face do locador,observando o prazo legal, que

será explicado posteriormen-

te. O direito de renovar o con-trato de locação não é somen-

te do locatário. Igualmente,

poderá ser exercido peloscessionários ou sucessores da

locação. Vale destacar que, no

caso de sublocação total doimóvel, o direito a renovação

somente poderá ser exercido

pelo sublocatário.Outro ponto relevante, é

que se o locatário fizer parte

do quadro social de uma so-ciedade, e o contrato de loca-

ção prever que este sócio po-

derá utilizar o imóvel com oescopo de exercer atividade

comercial em nome da socie-

dade, o direito de renovação

será estendido também para

a empresa, nos termos do §2º do artigo 51 da Lei de Lo-

cação.

Por fim, de acordo com oart. 51, § 5º, da Lei de Loca-

ção, a ação deve ser proposta

no interregno de um ano, nomáximo, até seis meses, no

mínimo, anteriores à data da

finalização do prazo do contra-to em vigor, sob pena de in-

correr em decadência. Por

exemplo, se o contrato possuiprazo de cinco anos, a ação

deverá ser ajuizada entre o

início do quarto ano do con-trato, até a metade desse

quarto ano. Se a demanda for

ajuizada faltando menos deseis meses para o término do

contrato, o direito do locatário

já terá decaído. Por isso, casoo locatário tenha interesse em

renovar o contrato, é impor-

tante que proceda com oadendo contratual antes de fin-

dar o prazo decadencial da

ação renovatória, para nãoperder o prazo no caso de o

locador não possuir interesse

em renovar o contrato.

* O autor é Advogado OAB/SC 48.264, colaborador do Escritório Giovani Duarte Oliveira

Advogados Associados.

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12 2ª quinzena - Março 2018 – nº 6

Locação

Possibilidade de pedir arresto dos bensdo locatário para quitar dívida de locação

Trata-se de um contrato de locação não residencial;

1°. Contrato realizado em 10/1/2012 a 9/1/2013;2°. Contrato de 10/1/2012 a 9/1/2015 (agora por tempo indeterminado);

3º. Notificação extrajudicial em outubro/2017 (devolvido negativo);

4º. Locatário sem pagar aluguel desde janeiro/2017;5º. Ação de despejo por falta de pagamento com cobrança de alugueres e pedido de liminar para

desocupar o imóvel em 15 dias.

Pergunta: Posso, na petição, além dos pedidos acima, pedir para que seja penhorado os móveisno interior da loja para que diminua o prejuízo do locador? Esse contrato foi feito com fiança, mas

já pesquisei e os fiadores não tem imóvel próprio para garantir a execução.

Valor do aluguel hoje: R$ 13.669,09. O valor da dívida está em R$ 227.603,79, já com juros,correção e multa.

BDI Responde: Tendo em vista que o contrato está vigorando a prazo indeterminado, é possível

pedir o despejo em caráter liminar.

Na fase executiva, quando já existe um título líquido, certo e exigível, na forma do art. 830 doCPC, se o locatário não for encontrado, pode-se pedir o arresto dos bens móveis no interior da loja

do mesmo para assegurar o direito do locador de receber o valor que lhe é devido.

Os fiadores, mesmo que sem imóveis, também podem responder pela dívida com os seus bensmóveis, tais como veículos, ou até mesmo com a própria conta bancária.

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132ª quinzena - Março 2018 – nº 6

Locação

Locatário que queria usucapiro imóvel locado foi despejado

Comentário do BDI: Trata-se de Ação de Despejo por falta de pagamento, que determinou a

desocupação do imóvel.

O locatário argumentou que assinou o contrato sob coação e ameaça. Por isso, pediu a nulidadedo contrato locatício, o reconhecimento da usucapião a seu favor, tendo em vista que exerceu a

posse do imóvel desde julho de 2003. Requer também, a retenção das benfeitorias que realizou no

imóvel.

O locador, em sua defesa, argumentou que o locatário teve má-fé, com base no art. 80, inciso

II, III e VII do CPC/15, deixando de realizar o pagamento dos alugueres atrasados e encargos

devidos.

O Tribunal entendeu que não existia prova a desconstituir o contrato de locação entabulado

entre as partes ou da coação alegada pelo locatário, e que conforme o contrato foi expressamente

pactuado que as benfeitorias realizadas no imóvel seriam incorporadas sem direito a qualquer

retenção das mesmas. Em consequência, entendeu pela ausência de direito ao reconhecimento

de usucapião urbana, por considerar válido o contrato locatício. Por fim, julgou procedente o

pedido de despejo.

Ementa: Direito Civil e Processual Civil. Apelação Cível em Ação de Despejo por falta de

pagamento. Sentença de procedência. Provas suficientes para convencimento do julgador. Art.

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14 2ª quinzena - Março 2018 – nº 6

Locação

O rateio do valor anual do IPTU se fazconsiderando a área ocupada pelo locatário

Comentário do BDI: Trata-se de contrato de sublocação, em que a locadora justifica a co-

brança dos valores correspondentes à área comum.

A locadora alegou que o acréscimo na cobrança de tal despesa se deu em consequência de

melhorias aos locatários, isto é, implantações de serviços de limpeza, segurança e manutenção e

que os locatários foram comunicados. Acrescentou que a cobrança do IPTU foi feita de forma

proporcional.

A locatária salientou que a cláusula contratual que prevê a cobrança do IPTU, mediante rateio

proporcional, é indeterminada. Destaca, que houve alteração do valor do IPTU, mesmo sendo

certo que não é possível ocorrer a mudança no valor deste imposto na periodicidade menor do que

um ano. Alegou que o valor é desproporcional ao tamanho da loja sublocada. Acrescentou que o

contrato de locação deveria prever a proporção de pagamento do IPTU para cada locatário, com o

intuito de gerar segurança e certeza. Por isso, pediu o reconhecimento da cláusula contratual que

370 do CPC/15. Inexistência de cerceamento de defesa. Desnecessidade de anulação da senten-

ça. Recibos de alugueis pagos ao longo do tempo demonstram a ciência da relação locatícia pelo

apelante. Ausência de nulidade do contrato de locação. Posse precária do locatário. Ausência de

animus domini. Usucapião. Impossibilidade. Retenção das benfeitorias. Renúncia expressa no

contrato. Súmula 335 do STJ. Sentença mantida. Recurso conhecido e não provido.

Dados da Decisão: TJCE – Apelação nº 0038692-82.2007.8.06.0001 – Relatora: Lira Ramos

de Oliveira – Data do julgamento: 28.11.2017

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

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152ª quinzena - Março 2018 – nº 6

prevê a forma de cobrança do IPTU, com a declaração de sua nulidade e condenação da locadora

na devolução dos pagamentos realizados a este título.

O Tribunal determinou que a cobrança relativa ao rateio de despesas comuns seja mantida nos

valores que vinham sendo cobrados, com a condenação desta na devolução, tão somente, dos

valores excedentes, corrigido monetariamente e acrescidos de juros de mora a partir da citação.

Em relação ao IPTU a locadora demonstrou e esclareceu, por meio de documento, que o aumento

do valor do IPTU decorreu-se de reajuste do valor anual do imposto e que o rateio se faz conside-

rando a área ocupada pela locatária. Assim, a cláusula contratual não apresenta abusividade,

nem vantagem ou obrigação desproporcional.

Ementa: Contrato atípico de (sub) locação e outras avenças loja situada em hipermercado

Artigo 54, da Lei nº 8.245/91 - Rateio das despesas comuns - Contrato que prevê expressamente

a obrigação de pagamento do rateio das despesas e o direito de alterar, a qualquer tempo, o valor

do somatório do Coeficiente de Rateio de Despesas, independentemente de aviso ou notificação -

Sem hipótese para declaração de nulidade da cláusula - Aumento desproporcional do encargo

que, entretanto, não foi discriminado §§1º e 2º, do artigo 54, da Lei nº 8.245/91 - Necessidade

de manutenção da cobrança relativa ao rateio de despesas comuns nos valores que vinham sendo

cobrados antes da majoração praticada pela ré, com a condenação desta na devolução tão so-

mente dos valores excedentes - Rateio do IPTU - Fato gerador determinado - Reajuste anual -

Rateio considerando a área ocupada - Ausência de revisão do contrato - Razoabilidade na fixação

da obrigação - Sucumbência recíproca - Recurso da ré parcialmente provido e recurso da autora

não provido.

Dados da Decisão: TJSP – Apelação Cível n° 1000204-83.2017.8.26.0114 – Relator: Sá Moreira

de Oliveira – Data do julgamento: 15.1.2018

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

Locação

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16 2ª quinzena - Março 2018 – nº 6

Contrato de Gaveta

Contrato de gaveta não é válido peranteCDHU, segundo Tribunal de Justiça de SP

Adriano Martins Pinheiro*

Um casal adquiriu um apar-

tamento de um conjunto

habitacional, que ainda esta-va financiado junto a CDHU. A

negociação ocorreu sob “con-

trato de gaveta”, uma vez queo casal vendedor não pediu

autorização a CDHU, para

transferir o financiamento.Assim, apesar de as partes

terem negociado o imóvel, por

meio de um contrato de “com-promisso de compra e venda

e cessão de posse”, a CDHU

não havia tomado ciência ou

autorizado a negociação.Em resumo, o negócio foi

realizado entre comprador e

vendedor, sem que a CDHU eRegistro de Imóveis recebes-

sem a devida comunicação.

Houve, apenas, um contratoentre as partes, com reconhe-

cimento de firma realizado em

um cartório de notas.O casal comprador quitou o

imóvel junto a CDHU, solicitan-

do, então, que esta outorgas-

se a respectiva escritura defi-nitiva.

A CDHU negou a outorga de

escritura definitiva em nomedo casal comprador, alegando

que a escritura sairia em nome

dos mutuários originais (casalque adquiriu o imóvel junto a

ela - CDHU), uma vez que não

autorizou a negociação do imó-vel.

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172ª quinzena - Março 2018 – nº 6

Contrato de Gaveta

Em razão disso, o casalcomprador ajuizou ação con-

tra a CDHU, pedindo que esta

fosse obrigada, por meio desentença, a outorgar a respec-

tiva escritura pública de com-

pra e venda.Ao analisar o caso, o juiz

sentenciante decidiu favoravel-

mente ao casal comprador,fundamentando que, tendo em

vista a quitação integral e an-

tecipada do imóvel, havia odireito à outorga da escritura

definitiva de compra e venda

aos compradores.A sentença mencionou de-

cisões similares do Tribunal de

Justiça de São Paulo (TJSP).Conveniente transcrever a ju-

risprudência utilizada: “Caso

em que, ainda que o negóciode cessão dos direitos de aqui-

sição do imóvel celebrado en-

tre a autora e os mutuários doimóvel “sub judice” tenha sido

realizada sem a interveniência

da ré COHAB, não pode ela serecusar a outorgar a escritura

definitiva de transferência para

a possuidora e real proprietá-ria do bem - Entendimento

consagrado por esta Colenda

9ª Câmara de Direito Privado,no sentido de dispensar a

anuência da companhia

habitacional para reconhecer a

validade dos contratos de ga-

veta. Hipótese em que restouincontroverso que o financia-

mento do imóvel foi quitado,

o que torna imperiosa a ou-torga da escritura definitiva em

nome da autora, possuidora e

real proprietária do imóvel.Decreto de extinção afastado

- Recurso provido para julgar

a ação procedente.” (TJSP,Apelação nº 0033778-57.20

11.8.26.0007, 9ª Câmara de

Direito Privado, Rel. Des. JoséAparício Coelho Prado Neto,

j. 13.12.2016).

Assim, o juiz de primeirainstância julgou a ação proce-

dente (favorável aos compra-

dores), determinando que aCDHU outorgasse a escritura

definitiva do imóvel em favor

dos requerentes.Inconformada com a deci-

são, a CDHU interpôs recur-

so ao TJSP. Este, por sua vez,

reformou a sentença, absol-

vendo a CDHU da obrigaçãode outorgar a escritura, ten-

do em vista que ela não au-

torizou a negociação do imó-vel.

Transcreve-se abaixo um

trecho da decisão de 2ª ins-tância (8ª Turma do TJSP):

“Como é sabido, o contra-

to de gaveta não possui vali-dade perante a CDHU, que

não anuiu com referido ins-

trumento de cessão. Nãopode, pois, ser compelida a

outorgar escritura (tampouco

ser demandada) em favor dequem com ela, não contra-

tou”.

O contrato de gaveta geradiversos riscos aos compra-

dores, dentre eles, é a impos-

sibilidade de regularizar apropriedade do imóvel, como

visto no presente caso.

* O autor é advogado, pós-graduando em Direito Imobiliário, com curso de extensão em

contratos, pela FGV.

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192ª quinzena - Março 2018 – nº 6

Compra e Venda

Barulho: Escolha bem o apartamentopara evitar problemas e desvalorização

Mudar é mais caro do que exigir em juízo o direito ao sossego

Kênio de Souza Pereira*

Muitas pessoas em busca

de um local para morar dei-

xam de refletir sobre pontos

importantes na hora de esco-

lher o imóvel. A falta de aten-

ção, de critérios ou até mes-

mo a carga emocional em ob-

ter uma nova residência pode

gerar grandes problemas fu-

turamente. A inexperiência

tem custado caro àqueles que

dispensam uma consultoria

que não tenha interesse na

conclusão do negócio, pois ao

ouvir a opinião de um espe-

cialista muitos deixam de ad-

quirir uma moradia ao lado de

um clube, casa de festas, es-

cola, delegacia, boate ou

mesmo logo acima da área de

lazer do condomínio.

Alguns proprietários têm

sido surpreendidos ao adqui-

rirem um apartamento logo

abaixo de uma “Top House’’,

que consiste numa cobertura

invertida, na qual, os espa-

ços de lazer, piscina, churras-

queira, confraternização, fes-

tas, são realizados no primei-

ro piso do apartamento, en-

quanto os quartos ficam na

parte superior. O problema, é

que o barulho do movimento

mais “animado” do primeiro

piso é suportado pelos mora-

dores do andar debaixo.

Adquirir um apartamento

ao lado ou logo acima do sa-

lão de festas do prédio ou

embaixo de uma “Top House’’,

para quem procura sossego e

paz após um longo dia de tra-

balho, pode não ser uma boa

ideia, já que existem diver-

sas pessoas que agem de ma-

neira egoísta e individualista,

e acabam não respeitando o

outro, fazendo festas com

som alto e ruídos em exces-

so.

O fato dessas confraterni-

zações ocorrerem na parte in-

ferior da cobertura faz com

que o incômodo para o vizi-

nho do andar debaixo seja

muito maior, já que seu apar-

tamento está ligado direta-

mente com o local onde os

saltos altos, o arrastar de

móveis e as brincadeiras das

crianças impedem o descan-

so daquele que comprou sem

analisar essa possibilidade.

Análise prévia pode evitar

erros que custam caro

É preciso que os adquiren-

tes tenham cautela em suas

escolhas para evitar surpre-

sas com algo inesperado e

inimaginável por quem não

está habituado as diversas

variáveis que somente os es-

pecialistas estão aptos a

alertar. A decepção e os abor-

recimentos surgem também

por falta de conhecimento da

existência de boates, clubes,

bares e ainda do início de

obras de grandes empreendi-

mentos nas proximidades da

moradia, que podem gerar

barulho e poeira por anos.

É comum encontrar tam-

bém diversas pessoas que

mudam do local onde residem

por conta de fatos que pas-

sam a ocorrer aos arredores

de sua rua, tais como:

comercialização de drogas e

insegurança que acabam per-

turbando o sossego dos mo-

radores.

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20 2ª quinzena - Março 2018 – nº 6

Compra e Venda○

Processo judicial é mais

barato do que mudar

No Brasil temos visto uma

inversão de valores, onde al-

guns, de maneira absurda fa-

lam: “os incomodados que se

retirem”. Nada mais imoral e

injusto! Há várias leis fede-

rais e municipais que garan-

tem o direito ao sossego,

bem como à saúde que não

pode ser prejudicada pela

falta de sono ou de condições

de descanso. Seja o imóvel

parte de um edifício ou um

distante a dezenas de metros

da nossa moradia ou local de

trabalho, a lei proíbe que seu

ocupante o utilize de forma

nociva.

Nos termos do art. 1.277

do Código Civil a pessoa pre-

judicada pode requerer que o

juiz aplique uma multa diária

até que o infrator pare de pro-

vocar os incômodos. Além

disso, se a infração ocorre em

um condomínio, este também

pode aplicar multas com base

nos artigos 1.336 e 1.337 do

Código Civil. Mas essa solu-

ção só existe para quem age

com determinação e profi-

ssionalismo, pois montar um

processo exige expertise para

gerar o resultado adequado,

muitos infratores se arrepen-

dem ao terem enorme gasto

financeiro com um processo

civil, além de outro na esfera

criminal. Agir de maneira

amadora só causa desgaste,

risco de atritos pessoais e bri-

gas que pioram a situação,

pois há infrator que insiste em

irritar a vizinhança que não

sabe defender seu direito ao

sossego.

Portanto, o morador ou

proprietário incomodado pode

exigir amigavelmente ou ju-

dicialmente uma solução, pois

vender e mudar acarreta um

custo tão alto que vale a pena

lutar pelo sossego em prol de

sua saúde. Basta fazer as

contas de quanto custa mu-

dar: 6% de comissão de cor-

retagem, 3% para o ITBI, 4%

em média para os cartórios de

notas e de registro de imó-

veis, mais perda das cortinas,

gesso, iluminação e mobiliá-

rio que não será reutilizado,

transtornos com a perda de

rendimentos com a busca de

outro imóvel, gastos com a

mudança (que sempre dani-

fica alguma coisa), o que re-

sulta em alguns casos em

22% do custo do imóvel. Há

ainda outras despesas com a

decoração da nova moradia,

a qual não sabemos se tem

outro vizinho sem educação

e desequilibrado para pertur-

bar e fazer qualquer pessoa

perder a paciência.

* O autor é Presidente da Comissão de Direito Imobiliário da OAB-MG. Conselheiro da Câmarado Mercado Imobiliário de MG e do Secovi-MG. Professor da pós-graduação da Escola Superior

de Advocacia da OAB-MG (ESA-OAB). Diretor da Caixa Imobiliária Netimóveis.

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212ª quinzena - Março 2018 – nº 6

Compra e Venda

Vendedora conseguiu reter 25% dos valores pagos,para compensar pelas despesas da rescisão contratual

Comentário do BDI: Trata-se de uma ação de rescisão contratual de compra e venda de

imóvel.

Os compradores apresentaram impossibilidade financeira e se tornaram inadimplentes, por

isso pediram a rescisão do contrato. Além disso, reivindicaram a devolução de 90% dos valores

que pagaram à vendedora.

O Tribunal verificou que o contrato estipula, nas cláusulas 33 e seguintes, percentuais dos

valores pagos que superam o máximo de retenção de 25% admitido pela jurisprudência, o que é

abusivo e excessivamente custoso aos compradores.

Portanto, aos compradores foram restituídos em 75% dos valores pagos. Sendo que 25%

ficará retido à vendedora, para compensar pelas despesas com a venda do imóvel.

Ementa: Compromisso de compra e venda - Relação de consumo - Resilição pelos comprado-

res diante da impossibilidade de pagamento - Admissibilidade - Restituição de 75% dos valores

pagos, com retenção de 25%, a título de compensação pelas despesas com a venda do imóvel -

Adequação da porcentagem que deve ser proporcionalmente inversa ao montante dos valores

pagos, sobre os quais incidirão, de maneira a atenuar os prejuízos da vendedora - Sinal foi pago

a título de arras confirmatórias, não se justificando sua retenção - Juros de mora do trânsito em

julgado - Sucumbência recíproca - Recurso provido em parte.

Dados da Decisão: TJSP – Apelação nº 1013548-04.2016.8.26.0006 - Relator: Sidnei Beneti

- Data de Julgamento: 27.6.2012

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

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22 2ª quinzena - Março 2018 – nº 6

Compra e Venda

Prescrição de hipoteca inscrita na matrícula de imóvel

Meu cliente quer adquirir uma fazenda, onde na matrícula há uma hipoteca, em favor de um

banco privado, datado de março de 1999. A escritura, de fevereiro de 1999, foi concedida para

garantir o credito rotativo de um terceiro (outra pessoa jurídica) junto ao Banco.Entretanto, jamais houve qualquer movimentação do banco para a execução desta hipoteca.

Hoje, o herdeiro não tem conhecimento de quem é o terceiro e muito menos se foi ou não quitado

o referido crédito rotativo.Pergunta: Esse crédito está prescrito?

BDI Responde: Analisando o artigo 1485, podemos dizer que não está prescrito. Veja:“Art. 1.485. Mediante simples averbação, requerida por ambas as partes, poderá prorrogar-se

a hipoteca, até 30 (trinta) anos da data do contrato. Desde que perfaça esse prazo, só poderá

subsistir o contrato de hipoteca reconstituindo-se por novo título e novo registro; e, nesse caso,lhe será mantida a precedência, que então lhe competir.”

Venda de imóvel após 30 dias do recebimentoda carta de preferência pelo locatário

Pergunta: O proprietário de um imóvel esta vendendo a casa que está alugada e estamos no

seguinte situação:

Emitimos a carta no dia 03/02, o cliente assinou e nos devolveu no dia 15/02. Devo esperar

completar os 30 dias para lavrar a escritura com provável comprador?

Mesmo ele devolvendo a carta, precisamos esperar 30 dias da data de envio para celebrar a

venda?

BDI Responde: Sim, é necessário esperar os 30 dias, conforme legisla o artigo 28 da Lei 8245/91:

“Art. 28. O direito de preferência do locatário caducará se não manifestada, de maneira inequívo-

ca, sua aceitação integral à proposta, no prazo de trinta dias.”

Os 30 dias contarão da ciência inequívoca do locatário.

Se a notificação for pelo correio, há um aviso de recebimento da data em que o locatário recebeu.

Se a carta foi entregue em “mãos”, terá que ter o recibo e a data recebida, onde começa a correr

o prazo de 30 dias à partir desta data.

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

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232ª quinzena - Março 2018 – nº 6

Usucapião

Usucapião de bens imóveis urbanosEntendam as formas - Parte I

Lorena Grangeiro de Lucena Tôrres*

Assim, vamos entender de

uma vez que a ideia principal

do instituto da usucapião é aproteção da função social da

propriedade, ou seja, apesar

da garantia fundamental aodireito de propriedade, cons-

tante no art. 5º, Inciso XXII,

da Constituição Federal, estanão se mostra de forma abso-

luta.

É que, a propriedade priva-da somente se justifica en-

quanto cumpre a função so-

cial, ou seja, atendendo às exi-gências fundamentais de orde-

nação da cidade expressas no

plano diretor, conforme reza oart. 182, § 2º da CF.

Nesse sentido, verifica-se

que a usucapião nada mais é

do que uma forma originária

de aquisição de imóvel, permi-tida por lei, tendo como obje-

tivo atingir a função social da

terra por aqueles que, aten-dendo a certos requisitos, ga-

rantem a estabilidade da pro-

priedade.Vejamos então os requi-

sitos para a usucapião ur-bana:

1. Posse com intenção dedono (animus domini): É

fundamental que a posse doimóvel usucapiendo não seja

decorrente de atos de mera to-

lerância, como oriundos decontratos de locação,

comodato e depósito, concre-

tizando, dessa forma, a carac-

terística de dono.

2. Posse mansa e pacífi-ca: Importante que não haja

nenhuma contestação do pro-

prietário legítimo registrado noCartório de Registro de Imó-

veis da área usucapienda

(intransferibilidade). Havendoa qualquer tempo contestação

da posse pelo proprietário le-

gítimo, fica descaracterizada ausucapião.

3. Posse de boa-fé e comjusto título: Estes requisitossomente são exigíveis na mo-

dalidade de usucapião ordiná-

rio, constante no art. 1.242 doCódigo Civil, onde tratarei de-

les adiante, em conjunto com

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24 2ª quinzena - Março 2018 – nº 6

Usucapião

a referida modalidade de

usucapião.4. Posse contínua e du-

radoura: Cada modalidade de

usucapião estabelece um pra-zo mínimo de posse para aqui-

sição do direito à propriedade

por usucapião, conforme tra-rei mais adiante.

Contagem de prazopara a usucapião

Para a contagem do tempo

de posse, tem-se o art. 1.243,

do Código Civil, que diz que opossuidor pode, para o fim de

contagem do tempo exigido

pelos artigos antecedentes,acrescentar à sua posse a dos

seus antecessores (1.207),contanto que todas sejam con-

tínuas, pacíficas e, nos casos

do art. 1.242 (usucapião ordi-nário), com justo título e de

boa-fé.

Assim, este dispositivo nãose aplica à usucapião consti-

tucional, haja vista que a

Constituição Federal dá trata-mento específico ao tema.

Sendo assim, irei elencar os

diferentes tipos de usucapiãopara imóveis urbanos, senão

vejamos:

I) Usucapião Ordinária(art. 1.242, CC)

O Art. 1.242 do Código Ci-

vil menciona que:“Adquire também a proprie-

dade do imóvel aquele que,

contínua e incontestadamente,

com justo título e boa-fé, opossuir por 10 (dez) anos. Pa-

rágrafo único: Será de 5 (cin-

co) anos o prazo previsto nes-te artigo se o imóvel houver

sido adquirido, onerosamente,

com base no registro constan-te do respectivo cartório, can-

celada posteriormente, desde

que os possuidores nele tive-rem estabelecido sua moradia,

ou realizado investimentos de

interesse social e econômico.”Requisitos da Usucapião

Ordinária:Ademais, no que tange o

caput do referido artigo, tem-

se os seguintes requisitos:1. Posse mansa, pacífica e

ininterrupta com animus

domini, por 10 (dez) anos.2. Justo título: Este requi-

sito gera muita discussão,

principalmente de defensorespúblicos, havendo sentenças

de improcedência alegando

que o instrumento particularde compra e venda de imóvel

não devidamente registrado no

Cartório de Registro de Imó-veis (CRI) não pode ser consi-

derado válido, visto ser nulo

de pleno direito.Tal entendimento ocorre,

pois, geralmente, tais aquisi-

ções são oriundas de lotea-mentos não autorizados pelo

Poder Público, não obedecen-

do ao disposto na Lei nº 6.766/

79, que regulamenta oparcelamento do solo urbano.

Além disso, estes loteamentos,

em sua maioria, não sãoregistrados no Cartório de Re-

gistro de Imóveis (CRI), con-

forme necessita o art. 167,inciso I, nº 19, da Lei 6.015/

73, o qual dispõe sobre os re-

gistros públicos.Ademais, há outra corrente

que possui outro pensamento,

visto que, a ideia da usucapiãonão é a validação do negócio

jurídico, e sim, a garantia da

função social da posse.Nesse sentido, há o enun-

ciado 86 da I Jornada de Di-reito Civil que diz: “Art. 1.242:

A expressão “justo título” con-

tida nos arts. 1.242 e 1.260do CC abrange todo ato jurídi-

co hábil, em tese, a transferir

a propriedade, independente-mente de registro”. Além dis-

so, já existem diversos

acórdãos nas instâncias supe-riores seguindo este entendi-

mento.

3. Boa-fé: A boa-fé exigidaé a constante no art. 1.201 e

seguintes do Código Civil, em

que é de boa-fé a posse, se opossuidor ignora o vício, ou o

obstáculo que impede a aqui-

sição da coisa.Outrossim, em relação ao

parágrafo único do art. 1.242,

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252ª quinzena - Março 2018 – nº 6

Usucapião

CC, há algumas particularida-

des, ou seja, o prazo diminuipara 05 (cinco) anos, se o imó-

vel houver sido adquirido, one-

rosamente, com base no re-gistro constante do respectivo

cartório, cancelada posterior-

mente, desde que os possui-dores nele tiverem estabeleci-

do a sua morada, ou realizado

investimentos de interesse so-cial e econômico.

II) Usucapião Extraordi-nária (art. 1.238, CC)Já em relação ao art. 1.238

do Código Civil temos que:

“Aquele que, por 15 (quin-ze) anos, sem interrupção, nem

oposição, possuir como seu umimóvel, adquire-lhe a proprie-

dade, independentemente de

título e boa-fé, podendo reque-rer ao juiz que assim o declare

por sentença, a qual servirá de

título para o registro no Cartó-rio de Registro de Imóveis. Pa-

rágrafo único: O prazo estabe-

lecido neste artigo reduzir-se-á a 10 (dez) anos se o possui-

dor houver estabelecido no

imóvel a sua moradia habitual,ou nele realizado obras ou ser-

viços de caráter produtivo”.

Nesse sentido, no que tan-

ge ao caput do referido artigo,

percebe-se, ao contrário dausucapião ordinária, o único

requisito para a aquisição ori-

ginária do imóvel é sua possemansa, pacífica e ininterrupta

com animus domini por 15

(quinze) anos, não sendo exi-gido justo título ou boa-fé.

Quando mencionamos o pa-

rágrafo único do art. 1.238, CC,este prazo diminui para 10

(dez) anos se o possuidor hou-

ver estabelecido no imóvel asua moradia habitual, ou nele

realizado obras ou serviços de

caráter produtivo, ou seja, no-vamente diminui-se o prazo

para aquisição originária doimóvel, face ao máximo cum-

primento da função social.

Assim, esta é considerada aforma mais “simples” de aqui-

sição originária de imóvel por

usucapião, uma vez que, bas-ta a posse mansa, pacífica e

ininterrupta pelo prazo estipu-

lado no artigo.Note-se que, é por este

motivo que o tempo exigido de

posse é maior frente às outrasmodalidades de usucapião!

III) Usucapião Constitu-cional ou Especial Urbana

pro misero (arts. 183, CF;1.240, CC; 9º, Lei nº

10.257/01)O art. 183, caput, da Cons-

tituição Federal diz que:“Aquele que possuir como

sua área urbana de até duzen-

tos e cinquenta metros quadra-dos, por cinco anos, ininte-

rruptamente e sem oposição,

utilizando-a para sua moradiaou de sua família, adquirir-lhe-

á o domínio, desde que não

seja proprietário de outro imó-vel urbano ou rural”.

Nesse sentido, este disposi-

tivo foi reproduzido no art.1.240, CC e no art. 9º da Lei

10.257/01 (Estatuto da Cida-de).

Vale uma ressalva ao art. 9º,

§ 3º da Lei nº 10.257/01 quediz “Para os efeitos deste arti-

go, o herdeiro legítimo conti-

nua, de pleno direito, a possede seu antecessor, desde que

já resida no imóvel por ocasião

da abertura da sucessão”. Por-tanto, não se aplica a regra do

art. 1.243 do CC, como vimos

anteriormente, não sendo pos-sível, portanto, a soma das

posses inter vivos.* Continua na próxima edição.

* A autora é Administradora de empresas, Advogada inscrita na OAB/CE, especialista na

área ambiental, com MBA, atuante nas áreas ambiental, cível e consumidor. Livro publicado

pela Editora Lumens Juris. Membro da comissão de Direito Ambiental e Direito Marítimo, Portuá-rio, Aeroportuário e Aduaneiro da OAB/CE.

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26 2ª quinzena - Março 2018 – nº 6

Usucapião

Cabimento de ação divisória e não deusucapião de área rural entre herdeiros

Comentário do BDI: Trata-se de uma Ação de Usucapião movida por membros e herdeiros de

uma mesma família.

Uma parte da família alegou que detêm a posse de uma parcela do terreno, há mais de 15

anos, e pedem para que seja colocado em seus nomes o domínio no Registro de Imóveis.

O Tribunal verificou que o prazo de 15 anos de posse sobre o imóvel alegado não existe, ou

seja, esta parte do terreno é de todos os herdeiros e que, na verdade, pretendem a divisão e a

regularização do terreno de propriedade comum entre os irmãos, sendo certo que a ação de

usucapião não pode ser utilizada para este fim, cabendo aos herdeiros providenciarem a reparti-

ção do terreno.

Ementa: Apelação Cível. Ação de usucapião. Sentença de improcedência. Insurgência dos

demandantes. Fração de terras pretendida usucapir que é integrante de uma área maior, cuja

propriedade é exercida em condomínio pela autora e seus irmãos, em decorrência de doação da

genitora. A despeito da viabilidade da ação de usucapião contra condômino, elementos constan-

tes nos autos revelam o não preenchimento do lapso temporal previsto em lei para a prescrição

aquisitiva. Demandantes que, em verdade, pretendem a divisão da área comum por via transver-

sa. Sentença de improcedência mantida.

Dados da Decisão: TJSC – Apelação Cível nº 0004910-38.2007.8.24.0113 – Relator: Jorge

Luiz Costa Beber – Data do julgamento: 6.6.2017

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

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272ª quinzena - Março 2018 – nº 6

Construção e Incorporação

Responsabilidade e danos morais pela demora em entrega das chaves de imóveis financiados - Parte I

Adriana C. de Paula Gonçalves*

O sonho de ter a casa pró-pria é a realidade de muitos

brasileiros, sair do aluguel e

morar no que é realmente seuestá no topo dos desejos de

qualquer pessoa, e os contra-

tos de financiamento de imó-veis passaram a ser uma por-

ta de entrada para a realiza-

ção desse sonho, porém o pro-blema começa quando a em-

presa construtora ou a empre-

endedora do projeto imobiliá-rio não entrega as chaves na

data prevista, sem que hajamotivo relevante para isso,

transformando os sonho da

casa própria em um verdadei-ro pesadelo.

Aqui, faremos um breve

estudo acerca das responsa-bilidades e indenizações de-

vidas aos promissários com-

pradores de imóveis queveem seus sonhos despeda-

çados e sua vida conturbada

pela indiferença das grandescorporações.

O contrato de compra e

venda de um imóvel financia-do começa com a promessa de

compra e venda, o comprador

compra um imóvel que aindavai ser construído, e esse tipo

de negócio é regido pelo Có-digo de Defesa do Consumi-

dor, Lei 8.078/90, como se

extrai da seguir:“Art. 2º. Consumidor é toda

pessoa física ou jurídica que

adquire ou utiliza produto ouserviço como destinatário fi-

nal.

Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletivida-

de de pessoas, ainda que

indetermináveis, que haja in-tervindo nas relações de con-

sumo.Art. 3º. Fornecedor é toda

pessoa física ou jurídica, pú-

blica ou privada, nacional ouestrangeira, bem como os en-

tes despersonalizados, que

desenvolvem atividade deprodução, montagem, cria-

ção, construção, transforma-

ção, importação, exportação,distribuição ou

comercialização de produtos

ou prestação de serviços.§ 1º. Produto é qualquer

bem, móvel ou imóvel, mate-

rial ou imaterial.”Assim, fica claro que se tra-

ta de uma relação de consu-

mo, onde o consumidor com-pra um imóvel de um forne-

cedor, porém com a peculiari-dade da promessa de compra

e venda, essa regida pelo Có-

digo Civil, entre os artigos:“Art. 462. O contrato preli-

minar, exceto quanto à forma,

deve conter todos os requisi-tos essenciais ao contrato a

ser celebrado.

Art. 463. Concluído o con-trato preliminar, com obser-

vância do disposto no artigo

antecedente, e desde que delenão conste cláusula de arre-

pendimento, qualquer daspartes terá o direito de exigir

a celebração do definitivo, as-

sinando prazo à outra paraque o efetive.

Parágrafo único. O contra-

to preliminar deverá ser leva-do ao registro competente.

Art. 464. Esgotado o pra-

zo, poderá o juiz, a pedido dointeressado, suprir a vontade

da parte inadimplente, confe-

rindo caráter definitivo aocontrato preliminar, salvo se

a isto se opuser a natureza da

obrigação.Art. 465. Se o estipulante

não der execução ao contrato

preliminar, poderá a outraparte considerá-lo desfeito, e

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28 2ª quinzena - Março 2018 – nº 6

Construção e Incorporação○

pedir perdas e danos.

Art. 466. Se a promessa de

contrato for unilateral, o cre-

dor, sob pena de ficar a mes-

ma sem efeito, deverá mani-

festar-se no prazo nela pre-

visto, ou, inexistindo este, no

que lhe for razoavelmente as-

sinado pelo devedor.”

A compra de um imóvel na

planta, para ser entregue

após conclusa a obra, opera

uma expectativa no compra-

dor e um compromisso do

vendedor, o grande aumento

nesse tipo de negócio sem

dúvida tem gerado os mais

diversos problemas para o

consumidor, e com isso o au-

mento das demandas que

envolvem as construtoras e o

atraso na entrega das chaves

sem dúvida é o maior respon-

sável por esse cenário, e de

acordo com dados do Ibedec,

95% das obras no Brasil são

entregues com atraso, o que

é uma vergonha para nosso

país, demonstrando o desca-

so das construtoras com seus

consumidores.

Em setembro de 2011, a 3ª

turma do STJ decidiu que o

atraso de três anos na entre-

ga de um imóvel adquirido na

planta não configurou dano

moral. “A devolução integral

das parcelas pagas, devida-

mente corrigidas, é suficien-

te para indenizar os prejuí-

zos. Não há falar em indeni-

zação por dano moral na es-

pécie”, afirmou o ministro

Massami Uyeda, relator, o

ministro em questão afirma

que o consumidor faz jus a

rescisão contratual para que

tenha ressarcido os valores

gastos com a construção, po-

rém como fica a sensação de

ter um sonho interrompido?

A desilusão de não mais ter a

casa própria sonhada e paga,

muitas vezes com muito sa-

crifício? Seria mero aborreci-

mento?

Para configurar dano mo-

ral, na esfera do Superior Tri-

bunal de Justiça, é necessá-

rio muito mais do que o atra-

so, em jurisprudência mais

recente temos essa posição:

Recurso especial. Atraso

da entrega de unidade imo-

biliária. Aquisição para fins de

moradia. Configuração de

dano moral. Peculiaridades

do caso concreto. Súmula 7/

STJ.

1. O simples descumpri-

mento contratual, por si só,

não é capaz de provocar aba-

lo moral, sendo necessária a

existência de uma conse-

quência fática capaz de acar-

retar dor e sofrimento inde-

nizável por sua gravidade.

2. O atraso na entrega de

unidade imobiliária pode cau-

sar lesões de ordem

extrapatrimonial ao promi-

tente comprador, a depender

do sofrimento psíquico e aba-

lo emocional evidenciado no

caso concreto.

3. A revisão do acórdão re-

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292ª quinzena - Março 2018 – nº 6

Construção e Incorporação○

corrido, quanto ao reconhe-

cido de abalo moral, encon-

tra óbice do enunciado da

Súmula 7/STJ, prejudicando

o alegado dissídio jurispru-

dencial.

4. Recurso especial não

conhecido. (Recurso Especial

nº 1.661.095 - SP (2017/005

9353-2)”

Ainda de acordo com essa

decisão, somente se configu-

ra dano moral pelas peculia-

ridades do caso, conforme

trecho da decisão:

“[.. .] Nessa l inha de

intelecção, o atraso na entre-

ga de unidade imobiliária

pode causar lesões de ordem

extrapatrimonial ao promi-

tente comprador, a depender

do sofrimento psíquico e aba-

lo emocional evidenciado no

caso concreto.”

Na hipótese em tela, o

acórdão reconheceu o dano

moral com base nas seguin-

tes premissas: “Nesse aspec-

to, o prejuízo decorrente da

impossibilidade de alocar ou-

tro imóvel até a efetiva en-

trega do bem negociado com

a ré.

Assim, considerando a va-

lidade do prazo de tolerância,

vencido em maio de 2011, a

ré deverá suportar as despe-

sas do autor com os aluguéis

vencidos a partir de 1 de ju-

nho de 2011, até a efetiva en-

trega da unidade tal como

constou na bem lançada sen-

tença.

Igualmente, não se pode

olvidar que o atraso na en-

trega de obra destinada à

moradia familiar, especial-

mente diante das peculiarida-

des do caso concreto, ultra-

passa o conceito de aborre-

cimentos ou dissabores cor-

riqueiros.

Ora, quem adquire um

imóvel novo, notadamente

para fins residenciais, em

geral, planeja nele estruturar

um lar para si e para seus fa-

miliares.

O comprador passa anos

pagando pelo bem, sonhan-

do com a casa própria e, pos-

teriormente, vem a saber que

todos seus esforços foram es-

vaziados, pois a unidade não

será entregue no prazo inici-

almente avençado (e, no

caso, tampouco nas datas

posteriormente informadas),

acarretando-lhe drástica mu-

dança de planos.[...] Recur-

so especial nº 1.661.095 - SP

(2017/0059353-2) Relator:

Ministro Luis Felipe Salomão.

BIBLIOGRAFIA:TARTUCE, Flávio. DIREITO CI-VIL 2. Método. São Paulo 2011.

* Continua na próxima edição.

* A autora é Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito de Franca, graduada em

Pedagogia pela Universidade Estácio de Sá, atua na área cível e empresarial.

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30 2ª quinzena - Março 2018 – nº 6

Construtoras terão que restituirintegralmente dos valores pagos aos

compradores, por atraso na entrega de imóvel

Comentário do BDI: Trata-se de uma ação de compromisso de compra e venda de imóvel,

devolução dos valores pagos, atraso na entrega do imóvel e rescisão contratual.

As construtoras afirmaram que não podem ser responsabilizadas pelo atraso na entrega da obra.Disseram que o atraso se deu por culpa de terceiros, que demoraram na expedição do “habite-se”,

bem como da alta dos preços dos materiais de construção e da escassez de mão de obra especia-

lizada. Alegaram, também, que houve omissão ou falhas no processo, no que se refere a se encon-trar prescrita a pretensão de restituição da taxa de corretagem e que, caso o contrato seja rescin-

dido, poderão reter 22% dos valores pagos pelos compradores na compra do imóvel.

O Tribunal verificou que não foram mencionadas no processo a devolução de comissão de corre-tagem.

Portanto, foi declarada a rescisão do contrato entre as partes e as construtoras foram condena-das a restituir, aos compradores, 100% do valor pago pelo atraso na entrega do imóvel, com

correção monetária e juros de mora.

Ementa: Compromisso de compra e venda. Rescisão. Devolução de valores. Atraso na entregade obra configurado. Validade da cláusula de tolerância de 180 dias para entrega da obra. Embargo

da obra, demora na expedição do “habite-se”, alta dos preços dos materiais de construção e escas-

sez de mão de obra que não configuram caso fortuito ou força maior. Súm. 164 e 161, TJSP.Rescisão do contrato. Retorno das partes ao status quo ante. Direito de devolução da integralidade

dos valores pagos pelos autores, inclusive comissão de corretagem, ante a culpa das rés pela

rescisão. Súmulas 1, 2 e 3 do TJSP. Lucros cessantes. Pedido incompatível com a rescisão docontrato. Retorno das partes ao status quo ante. Recebimento de indenização, além da devolução

dos valores, implicaria em enriquecimento sem causa dos autores. Precedentes do TJSP. Honorários

advocatícios sucumbenciais. Fixação de acordo com o trabalho desenvolvido pelos causídicos e coma complexidade da causa. Art. 85, §2o, CPC. Sentença parcialmente reformada, para condenar as

rés à devolução da integralidade dos valores pagos pelos autores. Honorários advocatícios majorados.

Recurso das rés não provido e recurso dos autores parcialmente provido.Dados da Decisão: TJSP – Apelação nº 1017853-66.2014.8.26.0114 – Relatora: Fernanda

Gomes Camacho – Data do julgamento: 1.11.2017.

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

Construção e Incorporação

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312ª quinzena - Março 2018 – nº 6

O seguro habitacional visa a assegurar o créditoimobiliário e não a qualidade e solidez do imóvel

Comentário do BDI: Trata-se Ação de Indenização securitária habitacional, em que os as-

segurados alegaram que existem problemas na construção dos imóveis, sendo devidamente

comprovados no laudo pericial e, ainda, ficou concluído que a obra não respeitou a Norma

Brasileira (NBR – 133752/96), fato que certamente poderá ocasionar o seu desabamento no

futuro. Por isso, os assegurados pediram indenização e a cobertura dos danos causados aos

imóveis.

O Tribunal verificou que os danos verificados nos imóveis são decorrentes de vícios da cons-

trução, causados pela má qualidade dos materiais empregados na obra. Tais danos são proveni-

entes de defeitos internos decorrentes da própria edificação do imóvel, cuja cobertura é expres-

samente excluída da apólice do seguro habitacional.

A exclusão, não se mostra abusiva pelo fato de que o seguro habitacional possui a finalidade

de assegurar o crédito imobiliário, ou seja, o adimplemento do financiamento obtido pelo mutu-

ário para a aquisição da casa própria, em benefício do segurado e do agente financeiro. Em nada

o seguro se relaciona à garantia da qualidade e à solidez do imóvel, que é o caso dos seguros

residenciais.

Portanto, o pedido dos assegurados não foi aceito.

Ementa: Apelação - Ação de Indenização Securitária - Seguro habitacional - Apólice contra-

tada no âmbito do SFH - Sentença de improcedência - Apelação dos autores - Código de Defesa

do Consumidor - Aplicabilidade - Caráter impositivo e de adesão do seguro habitacional que

impõe ao Poder Judiciário o dever de intervir para velar pela manutenção do equilíbrio contratual

- Negativa de cobertura em decorrência de cláusulas que excluem danos por vícios na constru-

ção - Cabimento - Ainda que o laudo pericial tenha constatado defeitos de edificação no imóvel,

os vícios decorrentes de fatores intrínsecos da construção estão expressamente excluídos da

cobertura, tendo em vista que o contrato de seguro tem por escopo garantir o crédito imobiliá-

rio, e não a solidez e qualidade da obra - Preceptivo do artigo 784, do Código Civil - Apólice que

circunscreve o risco apenas a danos externos, e não a vícios construtivos - Precedentes recen-

tes desta Colenda 6ª Câmara de Direito Privado e demais órgãos desta E. Corte, que vem

alterando posicionamento anteriormente adotado - Sentença mantida - Recurso Improvido.

Dados da Decisão: TJSP – Apelação nº 0001193-75.2011.8.26.0063 – Relator: Rodolfo

Pellizari – Data do julgamento: 10.1.2018.

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

Seguro Habitacional

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32 2ª quinzena - Março 2018 – nº 6

Regularização Fundiária

Regularização Fundiária Urbanade acordo com a Lei 13.465/17

Adriano Martins de Sousa*

Com a Medida Provisória nº

759/2016, foi promulgada em

12/07/2017, a Lei 13.465, que

altera as regras para a regula-

rização fundiária no Brasil,

onde milhares de brasileiros

serão beneficiados, pois facili-

tará a emissão de títulos para

ocupantes de terras públicas e

famílias assentadas em áreas

de reforma agrária, a nova lei

permite que processos sejam

realizados via administrativa,

o que reduzirá o tempo de es-

pera para a tão sonhada es-

critura do imóvel.

Este presente estudo visa

esclarecer alguns pontos rele-

vantes da regularização

fundiária urbana, no que tan-

ge ao núcleo urbano informal,

aquele clandestino, irregular

ou no qual não foi possível rea-

lizar, por qualquer modo, a

titulação de seus ocupantes,

ainda que atendida a legisla-

ção vigente à época de sua

implantação ou regularização,

e ao núcleo urbano informal

consolidado, aquele de difícil

reversão, considerados o tem-

po da ocupação, a natureza

das edificações, a localização

das vias de circulação e a pre-

sença de equipamentos públi-

cos, entre outras circunstân-

cias a serem avaliadas pelo

Município.

Os moradores destas áreas

urbanas em que seu imóvel/

Lote se encontra irregular, pe-

rante os órgãos públicos, po-

derão fazer o requerimento de

regularização administrativa-

mente, através do Reurb - Re-

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332ª quinzena - Março 2018 – nº 6

Regularização Fundiária○

gularização Fundiária Urbana,

onde obedecerão às seguintes

fases:

I - Requerimento legitima-

do;

II - processamento adminis-

trativo do requerimento, no

qual será conferido prazo para

manifestação dos titulares de

direitos reais sobre o imóvel e

dos confrontantes;

III - elaboração do projeto

de regularização fundiária;

IV - saneamento do proce-

sso administrativo;

V - decisão da autoridade

competente, mediante ato for-

mal, ao qual se dará publici-

dade;

VI - expedição da CRF pelo

Município; e

VII - registro da CRF e do

projeto de regularização

fundiária aprovado perante o

oficial do cartório de registro

de imóveis em que se situe a

unidade imobiliária com

destinação urbana regulariza-

da.

Junto ao requerimento de-

verá também o requerente

apresentar o projeto urba-

nistíco de regularização

fundiária, que deverá conter,

no mínimo, a indicação das

áreas ocupadas, do sistema

viário e das unidades imobiliá-

rias, existentes ou projetadas;

das unidades imobiliárias a

serem regularizadas, suas ca-

racterísticas, área, confronta-

ções, localização, nome do

logradouro e número de sua

designação cadastral, se hou-

ver; quando for o caso, das

quadras e suas subdivisões

em lotes ou as frações ideais

vinculadas à unidade regula-

rizada; dos logradouros, es-

paços livres, áreas destinadas

a edifícios públicos e outros

equipamentos urbanos, quan-

do houver; de eventuais áre-

as já usucapidas; das medi-

das de adequação para corre-

ção das desconformidades,

quando necessárias; das me-

didas de adequação da mobi-

lidade, acessibilidade, infra-

estrutura e relocação de

edificações, quando necessá-

rias; das obras de infraes-

trutura essencial, quando ne-

cessárias; de outros requisi-

tos que sejam definidos pelo

Município.

Feito o requerimento, o Mu-

nicípio/Distrito Federal deverá

classificar a modalidade do

Reurb, processar, analisar e

aprovar os projetos de regula-

rização fundiária; e emitir a

CRF.

Com o requerimento finali-

zado e concluído o Reurb, a

autoridade competente deve-

rá se pronunciar quanto à in-

dicação de intervenções a se-

rem executadas, se for o caso,

conforme o projeto aprovado,

aprovar o projeto de regulari-

zação fundiária resultante do

processo de regularização

fundiária; e identificar e decla-

rar os ocupantes de cada uni-

dade imobiliária com destina-

ção urbana regularizada, e os

respectivos direitos reais.

Aprovada a regularização

urbana, o órgão responsável

emitirá a Certidão de Regula-

rização Fundiária (CRF), acom-

panhado pelo projeto aprova-

do. Deverá conter, no mínimo,

o nome do núcleo urbano re-

gularizado; a localização; a

modalidade de regularização;

as responsabilidades das obras

e serviços constantes no

cronograma; a indicação nu-

mérica de cada unidade regu-

larizada, quando houver; a

listagem com nomes dos ocu-

pantes que houverem adquiri-

do a respectiva unidade, por

título de legitimação fundiária

ou mediante ato único de re-

gistro, bem como o estado ci-

vil, a profissão, o número de

inscrição no cadastro das pe-

ssoas físicas do Ministério da

fazenda e do registro geral de

cédula de identidade e a

filiação.

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34 2ª quinzena - Março 2018 – nº 6

Com o registro da CRF e o

projeto de regularização apro-

vados, deverá então o reque-

rente comparecer ao cartório

do local onde se encontra o

imóvel para a efetiva abertura

de nova matrícula do imóvel,

quando for o caso; abertura de

matrículas individualizadas

para os lotes e áreas públicas

resultantes do projeto de re-

gularização aprovado; registro

de direitos reais indicados na

CRF junto às matrículas dos

respectivos lotes, dispensada

a apresentação de título indi-

vidualizado.

Vale salientar que o valor de

venda direta será com base no

valor de mercado do imóvel,

segundo critérios de avaliação

previstos no artigo 11-C da Lei

nº 9.636/98, excluídas as

acessões e as benfeitorias rea-

lizadas pelo ocupante. Para

ocupantes com renda familiar

situada entre cinco e dez salá-

rios mínimos, a aquisição po-

derá ser realizada à vista ou

em até duzentas e quarenta

parcelas mensais e consecuti-

vas, mediante sinal de, no mí-

nimo, 5% (cinco por cento) do

valor da avaliação, e o valor

da parcela mensal não poderá

ser inferior ao valor equivalen-

te ao devido pelo usuário a tí-

tulo de taxa de foro ou ocupa-

ção, quando requerido pelo in-

teressado. Para ocupantes com

renda familiar acima de dez sa-

lários mínimos, a aquisição po-

derá ser realizada à vista ou

em até cento e vinte parcelas

mensais e consecutivas, me-

diante um sinal de, no míni-

mo, 10% (dez por cento) do

valor da avaliação, e o valor

da parcela mensal não poderá

ser inferior ao valor equivalen-

te ao devido pelo usuário a tí-

tulo de taxa de foro ou ocupa-

ção, quando requerido pelo

interessado

Por fim, com essa nova lei,

torna-se mais fácil e rápido a

regularização do imóvel/lote,

trazendo assim uma oportuni-

dade para milhares de pessoas

que se encontram na situação

de “irregular”, que poderão re-

querer o Reurb à União, aos

Estados, ao Distrito Federal e

aos Municípios, diretamente ou

por meio de entidades da ad-

ministração pública indireta; os

seus beneficiários, individual ou

coletivamente, diretamente ou

por meio de cooperativas

habitacionais, associações de

moradores, fundações, organi-

zações sociais, organizações da

sociedade civil de interesse

público ou outras associações

civis que tenham por finalida-

de atividades nas áreas de de-

senvolvimento urbano ou regu-

larização fundiária urbana; os

proprietários de imóveis ou de

terrenos, loteadores ou in-

corporadores; a Defensoria

Pública, em nome dos benefi-

ciários hipossuficientes; e o Mi-

nistério Público.

* O autor atua principalmente no Direito de Família e Sucessões, Ações Cíveis, Direito Penal,

Direito do Trabalho, entre outras, Pós Graduando em Direito Civil e Processo Civil. Membro daComissão de Ciências Criminais e Comissão de Direito de Família da OAB/DF.

Regularização Fundiária

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ÍNDICES DE CORREÇÃO MONETÁRIAMESES

FGV % IBGE % FIPE %

IGP-M IGP/DI IPC-DI IPA-EP-DI INCC-DI INPC IPC-A IPC

Fev. 0,0837 0,0629 0,3091 (-) 0,1238 0,6537 0,2400 0,3300 (-) 0,0824

Mar. 0,0147 (-) 0,3777 0,4742 (-) 0,7827 0,1574 0,3201 0,2499 0,1359

Abr. (-) 1,0956 (-) 1,2427 0,1247 (-) 1,9596 (-) 0,0238 0,0800 0,1400 0,6069

Mai. (-) 0,9319 (-) 0,5124 0,5179 (-) 1,1021 0,6339 0,3601 0,3100 (-) 0,0488

Jun. (-) 0,6663 (-) 0,9609 (-) 0,3224 (-) 1,5340 0,9311 (-) 0,2999 (-) 0,2300 0,0510

Jul. (-) 0,7161 (-) 0,2953 0,3778 (-) 0,6672 0,3047 0,1699 0,2401 (-) 0,0125

Ago. 0,0958 0,2387 0,1344 0,2596 0,3560 (-) 0,0300 0,1899 0,0967

Set. 0,4682 0,6188 (-) 0,0217 0,9738 0,0626 (-) 0,0200 0,1599 0,0184

Out. 0,1965 0,0976 0,3265 (-) 0,0300 0,3080 0,3700 0,4201 0,3224

Nov. 0,5243 0,8020 0,3587 1,0648 0,3108 0,1801 0,2801 0,2889

Dez/2017 0,8873 0,7413 0,2120 1,0670 0,0731 0,2600 0,4400 0,5483

Jan./2018 0,7550 0,5765 0,6861 0,5797 0,3089 0,2300 0,2900 0,4629

Fev. 0,0732 0,1537 0,1672 0,1531 0,1276 (-) 0,4166

MESESTR (¹) POUPANÇA (¹) SALÁRIO-MÍNIMO DÓLAR - R$ (2)

% % R$ COMERCIAL PARALELO

Mar. 0,1519 0,6527 937,00 3,0950 3,2600

Abr. 0,0000 0,5000 937,00 3,1150 3,3000

Mai. 0,0764 0,5768 937,00 3,1540 3,3200

Jun. 0,0536 0,5539 937,00 3,2480 3,4500

Jul. 0,0623 0,5626 937,00 3,3140 3,4600

Ago. 0,0509 0,5512 937,00 3,1190 3,3100

Set. 0,0000 0,5000 937,00 3,1490 3,3200

Out. 0,0000 0,5000 937,00 3,1680 3,3400

Nov. 0,0000 0,5000 937,00 3,2730 3,3900

Dez. 0,0000 0,5000 937,00 3,2720 3,4000

Jan/2018 0,0000 0,5000 954,00 3,3150 3,4800

Fev. 0,0000 0,5000 954,00 3,1810 3,3200

Mar. 0.0000 0.5000 954,00 3,2440 3,3700

1. TR e Poupança - Percentual correspondente ao primeiro dia útil do mês, a ser creditado trinta dias após.2. Dólar - Cotações do último dia útil do mês.

IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE – A partir de Abril/2015

Base de Cálculo (R$)

Até 1.903,98

De 1.903,99 até 2.826,65

De 2.826,66 até 3.751,05

De 3.751,06 até 4.664,68

Acima de 4.664,68

Alíquota (%)

Isento

7,5

15

22,5

27,5

Parcela a Deduzir (R$)

142,80

354,80

636,13

869,36

DEDUÇÕES:

a) R$ 189,59 por dependente;

b) Pensão alimentícia integral;

c) R$ 1.903,98 para aposentados, pensionistas e transferidos para a

reserva remunerada que tenham 65 anos de idade ou mais;

d) Contribuição à Previdência Social.

COEFICIENTES ANUAIS – ACUMULADOS ATÉ O MÊS ANTERIOR (3)

Reajuste em Dez./2017 Reajuste em Jan./2018 Reajuste em Fev./2018 Reajuste em Mar./2018Indexador Anual Indexador Anual Indexador Anual Indexador Anual

IGP-M/FGV 0,9914 IGP-M/FGV 0,9948 IGP-M/FGV 0,9959 IGP-M/FGV 0,9958

IGP-DI/FGV 0,9967 IGP-DI/FGV 0,9958 IGP-DI/FGV 0,9972 IGP-DI/FGV 0,9981

IPC-DI/FGV 1,0335 IPC-DI/FGV 1,0323 IPC-DI/FGV 1,0322 IPC-DI/FGV 1,0307

INPC/IBGE 1,0195 INPC/IBGE 1,0207 INPC/IBGE 1,0187 INPC/IBGE

IPC-A/IBGE 1,0280 IPC-A/IBGE 1,0295 IPC-A/IBGE 1,0286 IPC-A/IBGE

IPC/FIPE 1,0244 IPC/FIPE 1,0227 IPC/FIPE 1,0241 IPC/FIPE 1,0207

3. Para reajuste anual de aluguel: multiplique o valor pelo indexador contratado. Índices completos no site: www.diariodasleis.com.br.