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UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Educação Física Ariane Chacon da Silva EFEITO DA CRIOTERAPIA DE IMERSÃO NO PROCESSO DE RECUPERAÇÃO DA FADIGA MUSCULAR EM JOGADORES DE FUTEBOL MENSURADA ATRAVÉS DA CONCENTRAÇÃO DO LACTATO SANGUÍNEO CT CORINTHIANS – PENÁPOLIS-SP LINS – SP 2010

EFEITO DA CRIOTERAPIA DE IMERSÃO NO PROCESSO DE ... · Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, ... após situação de jogo (MJ), porém, o

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UNISALESIANO

Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Curso de Educação Física

Ariane Chacon da Silva

EFEITO DA CRIOTERAPIA DE IMERSÃO NO

PROCESSO DE RECUPERAÇÃO DA FADIGA

MUSCULAR EM JOGADORES DE FUTEBOL

MENSURADA ATRAVÉS DA CONCENTRAÇÃO DO

LACTATO SANGUÍNEO

CT CORINTHIANS – PENÁPOLIS-SP

LINS – SP

2010

ARIANE CHACON DA SILVA

EFEITO DA CRIOTERAPIA DE IMERSÃO NO PROCESSO DE

RECUPERAÇÃO DA FADIGA MUSCULAR EM JOGADORES DE FUTEBOL

MENSURADA ATRAVÉS DA CONCENTRAÇÃO DO LACTATO SANGUÍNEO

CT CORINTHIANS – PENÁPOLIS-SP

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Auxilium, Curso de Educação Física, sob a orientação do Prof. Msc. Flávio Piloto Cirillo e orientação técnica da Profª Esp. Ana Beatriz Lima.

LINS – SP

2010

Silva, Ariane Chacon da

S578e Efeito da crioterapia de imersão para recuperação da fadiga

muscular em jogadores de futebol mensurada através do lactato sanguíneo / Ariane Chacon da Silva. – – Lins, 2010.

47p. il. 31cm.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins – SP, para graduação em Educação Física, 2010

Orientadores: Ana Beatriz Lima; Flávio Piloto Cirillo

1. Crioterapia. 2. Futebol. 3. Lactato. I. Título

CDU 796

ARIANE CHACON DA SILVA

EFEITO DA CRIOTERAPIA DE IMERSÃO PARA RECUPERAÇÃO DA

FADIGA MUSCULAR EM JOGADORES DE FUTEBOL MENSURADA

ATRAVÉS DO LACTATO SANGUÍNEO CT CORINTHIANS – PENÁPOLIS-SP

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,

para obtenção do título de bacharelado em Educação Física.

Aprovada em: _____/______/2010

Banca Examinadora:

Profº Orientador: Flávio Piloto Cirillo

Titulação: Mestre em Anatomia Humana: USP/SP

Assinatura: _________________________________

1º Prof. (a): _____________________________________________________

Titulação: _______________________________________________________

_______________________________________________________________

Assinatura: _________________________________

2º Prof. (a): _____________________________________________________

Titulação: _______________________________________________________

_______________________________________________________________

Assinatura: _________________________________

A Deus

Por estar sempre presente em minha vida, me iluminando e guiando para este caminho, aquele que nas dificuldades me deu forças para continuar. Permitindo errar e crescer por intermédio desse. Obrigado meu Pai por encher meu coração de alegria, coragem, amor e muita fé.

Ariane Chacon

Aos meus Pais

Vocês que me deram a vida, estiveram sempre por perto me auxiliando e guiando os meus passos, me deram força e incentivo para concluir essa etapa em minha vida e se hoje esse sonho esta sendo realizado, foram vocês que sempre me apoiaram e acreditaram na minha capacidade. Obrigada por tudo, é com um enorme prazer que divido com vocês esta conquista, pelo amor e pela compreensão que tiveram por mim.

Amo muito vocês!!!

Ariane Chacon As minhas Irmãs Aline e Arielle

Que foram e sempre serão pessoas importantes em minha vida, apesar das brigas, estiveram sempre ao meu lado em momentos de dificuldades, sendo companheiras, amigas e acima de tudo irmãs. Obrigada por tudo, pelos conselhos, apoio e por estar presente em cada passo da minha vida.

Amo muito vocês!!!

Ariane Chacon Aos Professores

Obrigada pela dedicação, a vocês que teriam que ser professores e foram mestres, quando deveriam ser mestres, foram amigos e com toda amizade transmitiram conhecimentos conduzindo o mais perto da sabedoria. Obrigada por toda ajuda e aprendizagem.

Ariane Chacon

Aos meus Amigos

A todos vocês que estiveram ao meu lado, e também aqueles que mesmo distantes contribuíram comigo neste trabalho, me incentivando a realizar um sonho e a buscar essa grande conquista: Nielly, Monique, Mariana, Rodrigo, Franco, Júlio César, Jussara, Mayara, Júnior e Pâmella e todos aqueles que com pensamentos positivos me ajudaram. Com amizade sincera e companheirismo, estiveram ao meu lado, me deram forças para enfrentar todos

os obstáculos e concluir esta etapa, vocês serão parte da minha vida. E a você Danilo (Piru) com toda dedicação e inteligência me ajudou muito para concluir todo esse trabalho. Obrigada por fazerem parte desta conquista.

Amo muito todos vocês!!!

Ariane Chacon

Aos meus Amigos de Sala

Vocês estarão sempre em meu coração, jamais esquecerei todos os momentos que vivemos juntos, foram 4 anos de muita conquista. Obrigada por tudo e em especial aqueles que presenciaram o meu nervosismo e esforço e mesmo assim com gesto amigo estiveram sempre ao meu lado, dando todo apoio e dedicação para concluir esta pesquisa.

Ariane Chacon

“Foi o tempo que perdeste com a tua rosa, que fez a tua rosa tão “Foi o tempo que perdeste com a tua rosa, que fez a tua rosa tão “Foi o tempo que perdeste com a tua rosa, que fez a tua rosa tão “Foi o tempo que perdeste com a tua rosa, que fez a tua rosa tão importante”.importante”.importante”.importante”.

AGRADECIMENTOS

Em todos os momentos de nossa vida devemos agradecer os obstáculos ultrapassados, as vitórias alcançadas e a vida que Deus nos concedeu. Agradeço a ele a capacitação concedida, sem a qual não poderia ter sido realizada o presente estudo. Sou grata a ti, Senhor, pois me ofereceu uma grande oportunidade de lutar e alcançar uma grande vitória.

Ao meu orientador Flávio

A você toda gratidão, dedicação, paciência e incentivo a manter perseverante e acreditar que tudo daria certo no final. E principalmente, a orientação concedida por compartilhar todo conhecimento para todo processo de elaboração do meu trabalho. Muito Obrigada por tudo!!!

Ao Professor Wonder

Agradeço por ter me dado toda força e sempre que precisei estava por perto para me ajudar, mesmo com seu limite de tempo, se dedicou ao máximo e me ajudou, a você agradeço de coração por ter colaborado com a finalização desta pesquisa. Você é muito mais que um professor, é um verdadeiro amigo.

Obrigada!!!

A todos os Atletas e a Equipe técnica do Sport Club Corinthians

A vocês agradeço toda colaboração e dedicação para realização deste trabalho, confiaram em mim e se esforçaram ao máximo para me ajudar, sem vocês não teria concluído este estudo. Muito Obrigada!!!

Aos Professores Por toda carisma e vontade de dividir todos os seus conhecimentos

para a minha vida acadêmica. Hoje todo conhecimento que tenho devo a vocês. Muito Obrigada!!!

DURANTE ESTE TRABALHO... As dificuldades não foram poucas... Os desafios foram muitos... Os obstáculos, muitas vezes, pareciam intransponíveis. Muitas vezes me senti só, e, assim, o estive... O desânimo quis contagiar, porém, a garra e a tenacidade foram mais fortes, sobrepondo esse sentimento, fazendo seguir a caminhada, apesar da sinuosidade do caminho. Agora, ao olhar para trás, a sensação

do dever cumprido se faz presente e posso constatar que as noites de sono perdidas e visitas realizadas; os longos tempos de leitura, digitação, discussão; a ansiedade em querer fazer e a angústia de muitas vezes não o conseguir, por problemas estruturais; não foram em vão. Aqui estou, como sobreviventes de uma longa batalha, porém, muito mais forte e com coragem suficiente para mudar a minha postura, apesar de todos os percalços... E tudo isso devo a vocês minha família e meus amigos que estiveram sempre ao meu lado. Amo muito todos Vocês!!!

Ariane Chacon ^-^

RESUMO

Do ponto de vista fisiológico, o futebol pode ser considerado uma modalidade equilibrada, pois depende tanto das variáveis relacionadas ao metabolismo aeróbio quanto ao anaeróbio. A literatura nos evidencia que a fadiga muscular é responsável por possível redução no desempenho dos atletas, sendo assim, o processo de recuperação contribui fortemente para a restauração das vias energéticas e no equilíbrio bioquímico tecidual, retardando ou amenizando os efeitos da fadiga. Portanto, o objetivo da presente pesquisa foi investigar possíveis alterações fisiológicas nas [Lac] circulante em resposta ao comportamento da recuperação (Rec. Pass. e Crioterapia) após protocolo experimental indutor a fadiga (MJ). Participaram do estudo atletas do CT Corinthians (n=10), com média de idade ± 15,6 anos, MCT ± 65,9 Kg, EST ± 174,9 cm, IMC ± 21,5 Kg/m2, no município de Penápolis-SP, onde os sujeitos foram submetidos ao procedimento de três coletas de lactato (25 µl de sangue) em cada dia de avaliação (Pré-MJ / Pós-MJ / Pós-Rec. Pass. e Crioterapia), sendo que na situação banho de imersão os sujeitos permaneceram sentados dentro de uma piscina com temperatura 10 ± 2ºC durante 10’. Em relação aos resultados encontrados, sendo estes: a) Rec. Pass. (Pré-MJ 1,47 ± 0,45; Pós-MJ 1,82 ± 0,79; Rec. 1,19 ± 0,31 [mM]); b) Crioterapia (Pré-MJ 1,41 ± 0,56; Pós-MJ 2,14 ± 0,61; Rec. 1,50 ± 0,62 [mM]); pode-se observar que não houve diferenças significantes (p≤0,05) com relação às [Lac] no que diz respeito aos modos de recuperação (Rec. Pass. e Crioterapia) e com relação ao tempo (Pré e Pós-MJ e Pós-Rec). Embora não tenham sido encontradas evidências estatísticas de que a crioterapia de imersão alterou parâmetros como [Lac] Pós-Rec, as sensações de bem estar, relaxamento muscular e analgesia podem estar relacionadas a outros efeitos comprovados deste método. Contudo, analisando individualmente os resultados obtidos, alguns sujeitos apresentaram redução destas concentrações após intervenção da crioterapia. Tal evidência aponta que o banho de imersão acelerou a velocidade de remoção do lactato sanguíneo em alguns sujeitos, contudo em alguns casos em destaque não houve tal resposta, e que em ambas as situações de recuperação ocorreram diminuição nos valores das [Lac]. Por fim, em ambas as técnicas de recuperação (Rec. Pass. e Crioterapia) de acordo com os parâmetros adotados pelo estudo, apresentaram-se efetivas no processo de remoção do ácido lático circulante após situação de jogo (MJ), porém, o comportamento observado no grupo avaliado indica que, possivelmente, em um período maior de investigação ou outras metodologias adotadas possam ser traduzidas de forma estatisticamente significante (p≤0,05).

Palavras-chave: Crioterapia. Futebol. Lactato.

ABSTRACT

Of the physiological point of view, the soccer can be considered a balanced odality, therefore it depends in such a way on the variable related to the aerobic metabolism how much to the anaerobe. Literature evidences in them that the muscular fatigue is responsible for possible reduction in the performance of the athletes, being thus, the recovery process strong contributes for the restoration of the energy ways and in the balance tecidual biochemist, delaying or brightening up the effect of the fatigue.Therefore, the objective of the present research was to investigate possible physiological alterations in circulating [Lac] in reply to the behavior of the recovery (Passive Recovery and Cryotherapy) after inductive experimental protocol the fatigue (MG). Athletes of the CT Corinthians had participated of the study (n=10), with age average ± 15,6 years, TBM 65,9 ± kg, ST ± 174,9 cm, BMI ± 21,5 Kg/m2, in the city of Penápolis-SP, where the citizens had been submitted to the procedure of three lactate collections (25 µl of blood) in each day of evaluation (Pre-MG / Post-MG / Post-Pass. Rec. and Cryotherapy), being that in the situation immersion bath the citizens had remained seated of a swimming pool with temperature 10 ± inside 2ºC during 10'. In relation to the found results, being these: a) Pass. Rec. (Pre-MG 1,47 ± 0,45; Post-MG 1,82 ± 0,79; Rec. 1,19 ± 0,31 [mM]); b) Cryotherapy (Pre-MG 1,41 ± 0,56; Post-MG 2,14 ± 0,61; Rec. 1,50 ± 0,62 [mM]); it can be observed that it did not have significant differences (p≤0,05) with regard to [Lac] in what says respect to the ways of recovery (Pass. Rec. and Cryotherapy) and with regard to the time (Pre and Post-MG and Post-Rec). Although they have not been found statistical evidences of that the cryotherapy of immersion modified parameters as [Lac] Post-Rec., the welfare sensations, muscle relaxation and alleviaton can be related to other proven effect of this method. However, analyzing the gotten results individually, some citizens had presented reduction of these concentrations after intervention of the cryotherapy. Such evidence points that the immersion bath sped up the speed of removal of sanguineous lactate in some citizens, however in some cases in prominence did not have such reply, and that in both the recovery situations had occurred reduction in the values of [Lac]. Finally, in both the techniques of recovery (Pass. Rec. and Cryotherapy) the parameters adopted for the study, had in accordance with presented effective in the process of removal of the acid circulating lactic after situation of game (MG), however, the behavior observed in the evaluated group indicates that, possibly, a bigger period of inquiry or other adopted methodologies they can be translated of statistical significant form (p≤0,05). Key-word: Cryotherapy. Soccer. Lactate.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Foto da Equipe do Centro de Treinamento do Corinthians............. 47

LISTA DE TABELA

TABELA 1 – Características dos Sujeitos......................................................

TABELA 2 – Concentrações de lactato antes (Pré MJ) e após mini jogo

(Pós MJ) e logo após modo de recuperação. Valores em média e desvio

padrão (n=10).................................................................................................

TABELA 3 - valores individuais, média e desvio padrão da variação

percentual (∆%) entre as [Lac] após mini jogo e as [Lac] após modo de

recuperação (n=10)........................................................................................

33

33

34

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

[Lac] – Concentração de Lactato

µl – Microlitros

ATP – Adenosina Tri-fosfato

ATP-CP – Adenosina Tri-fosfato Creatina Fosfato

BMI - body mass índex

CBF – Confederação Brasileira de Futebol

CIC – Crioimersão Corporal

CK – Creatina Quinase

cm – Centímetro

CND – Conselho Nacional de Desportos

CO2 – Dióxido de Carbono

DP – Desvio Padrão

EST - Estatura

H+ - Hidrogênio

H2O – Água

IAT – Limiar Anaeróbio Individual

IMC – Índice de Massa Corporal

Kg - Quilograma

LAer – Limiar Aeróbio

LAn – Limiar Anaeróbio

LDH – Lactato Desidrogenase

m – Metros

MCT – Massa Corporal Total

MG - Mini game

MJ – Mini Jogo

mM – Milimol

MSSLac – Máxima Fase Estável de Lactato

NADH – Nicotinamida Adenina Dinucleotídeo

NaF – Fluoreto de Sódio

ºC – Grau Celsius

PA – Posição Anatômica

Pass - Passiva

Pass. Rec. - Passive Recovery

pH – Potencial de Hidrogênio

Post-MG - Post Mini Game

Pre-MG - Pre Mini Game

Rec – Recuperação

Rec - Recovery

ST – Stature

TBM - total body mass

UNIVALE – Universidade do Vale do Paraíba

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................... 16

1 CONCEITOS PRELIMINARES............................................................... 19

1.1 O Futebol................................................................................................. 19

1.1.1 O futebol no Brasil................................................................................... 19

1.1.2 Fisiologia no futebol................................................................................. 20

1.2 Crioterapia............................................................................................... 21

1.2.1 A Crioterapia em resposta ao lactato sanguíneo..................................... 22

1.3 Lactato: Produção e Remoção................................................................ 23

2 CASUÍSTICA E MÉTODOS.................................................................... 29

2.1 Condições ambientais............................................................................. 29

2.2 Sujeitos.................................................................................................... 29

2.3 Material.................................................................................................... 30

2.4 Testes...................................................................................................... 30

2.5 Análise Estatística...................................................................................

32

2.6 Resultados............................................................................................... 32

2.7 Discussão................................................................................................ 34

2.8 Conclusão................................................................................................ 39

REFERÊNCIAS....................................................................................................

40

APÊNDICES......................................................................................................... 44

16

INTRODUÇÃO

Do ponto de vista fisiológico, o futebol é considerado como a modalidade

mais equilibrada, pois depende tanto das variáveis relacionadas ao

metabolismo aeróbio quanto ao metabolismo anaeróbio (GUERRA, 2004).

Segundo Barros, Guerra (2004), o futebol é caracterizado pela

realização de esforços de alta intensidade e curta duração, interposto por

períodos de menor intensidade e duração variada. Dessa maneira, pode-se

conceituá-lo como atividade de natureza essencialmente intermitente e acíclica.

O envolvimento físico do atleta na partida exige dele demandas

fisiológicas múltiplas que necessitam apresentar-se em ótimas condições,

como velocidade, força, flexibilidade e resistência, entre outras (GUERRA,

2004).

Para Silva (2007), a resposta para o aumento das exigências físicas do

jogo, deverá assentar em dois pressupostos essenciais: no conhecimento das

exigências físicas impostas por cada treino ou jogo e no conhecimento dos

meios mais adequados para recuperação.

Silva (2007) relata que o jogo tendo uma duração de 90 (noventa),

minutos realiza se a uma intensidade muito elevada, de forma intermitente e

com seqüências aleatórias de fases de esforço e de recuperação, onde as

mudanças de actividade são freqüentes, intercalando-se períodos de baixa

intensidade e de intensidade submáxima com períodos de recuperação e

intensidade máxima.

De acordo com Baroni (2009), a fadiga muscular é um fenômeno

freqüente na rotina de treinamentos e competições de alguns atletas, podendo

prejudicar o desempenho e predispor os mesmos a uma série de lesões

musculoesqueléticas.

Assim, torna-se muito importante o período pós-treino e competição onde as estratégias e métodos de recuperação assumem cada vez um papel mais imperativo. Uma vez que as competições se sucedem, existe a necessidade de ter todos os atletas, bem recuperados para que possam abordar os jogos/treinos seguintes o mais disponível possível (LEITE, M. A, 2009, p. 22).

17

Baroni (2009) nos mostra várias estratégias terapêuticas, difundidas no

meio desportivo, com a finalidade de acelerar o processo de recuperação

muscular pós-exercício vêm sendo estudadas como, por exemplo, recuperação

ativa, crioterapia, massagem, terapia de contraste térmico, hidroterapia,

alongamento, terapia de oxigênio hiperbárico, anti-inflamatórios não-esteroidais

e eletroestimulação.

Entidades médico-desportivas neozelandesas recomendam que durante

torneio com competições consecutivas em poucos dias, os jogadores realizam

um banho de contraste durante 5 minutos, diminuindo assim o tempo de

recuperação e manter a performance (LEITE, 2009).

Segundo Leite (2009) os banhos de imersão, têm sido utilizados durante

séculos em algumas culturas, como meio de tratamento e recuperação do bem-

estar físico. Recentemente, os banhos de imersão têm ganho popularidade

como meio de recuperação após exercício.

O termo crioterapia é utilizado para descrever a aplicação de modalidades de frio que têm uma variação de temperatura de 0ºC a 18,3 ºC. Durante a crioterapia, o calor é retirado do corpo e absorvido pela modalidade de frio, fazendo com que o corpo responda com uma série de respostas locais e sistêmicas (STARKEY. C, 2001, p.114).

Segundo Starkey (2001) o uso de imersão no gelo coloca o membro em

posição dependente, aumentando a pressão hidrostática nos capilares. Isso

estimula o extravasamento de líquido para o espaço intersticial, resultando em

aumento do edema. O uso de exercícios ativos de amplitude de movimento

durante a imersão melhorará o retorno venoso.

Embora alguns autores como Barnett, (2006); Westerblad et. al., (2002);

Caims, (2006), questionem a validade da concentração de lactato como

parâmetro para determinar a recuperação muscular pós-exercício, este método

tem sido amplamente utilizado como esta finalidade.

A avaliação das concentrações de lactato sanguíneo [Lac], durante

situações de jogo e treino têm sido utilizadas quer como um importante meio de

avaliação da intensidade do esforço realizado pelos jogadores quer como um

meio de aquilatar a participação do metabolismo anaeróbio láctico (Bangsbo,

1994).

18

Altos níveis de lactato sanguíneo são observados, em alguns momentos

do jogo mais os períodos de intensidade submáxima permitem a remoção

deste metabolito (REILLY, 1997).

Segundo Denadai (2000) a resposta do lactato sangüíneo parece

depender mais da capacidade de oxidação do lactato, que é a principal via de

remoção deste substrato, já que sua produção não é modificada pelo

treinamento aeróbio. Sendo assim as adaptações decorrentes do treinamento

aeróbio que são encontradas no músculo esquelético, determinam entre outras

modificações, o aumento da taxa de remoção do lactato durante o exercício e

conseqüentemente, uma diminuição da sua concentração sangüínea para a

mesma intensidade de exercício.

Brooks (2000), diz a despeito da forte correlação que existe entre a

concentração de lactato muscular e sangüíneo, informações existentes na

literatura mostram que é um erro interpretar-se que o acúmulo de lactato no

sangue, reflete apenas a produção de lactato muscular. Na realidade, a

concentração sangüínea de lactato depende do balanço entre a liberação de

lactato (influenciado principalmente pela produção deste metabólito dos

músculos em atividade, não refletindo, porém, exatamente sua produção total)

e sua remoção no sangue.

Deste modo a pesquisa a ser realizada tem como objetivo observar o

efeito da crioterapia na recuperação de jogadores de futebol da categoria sub-

15, mensurada através do lactato sanguíneo.

Diante da literatura pesquisada, levantou-se o seguinte questionamento:

É possível a crioterapia diminuir o efeito da fadiga muscular no processo

de recuperação em atletas de futebol?

Em resposta a este questionamento: através de análise sangüínea após

pesquisa experimental, verifica-se que tal condição pode favorecer a

diminuição na concentração de ácido lático no plasma utilizando a referida

técnica. Tal evidência pode sugerir que o banho de imersão acelere a

velocidade de remoção deste metabólito nos sujeitos avaliados.

Para demonstrar a veracidade dos pressupostos, foi realizada pesquisa

experimental cujos métodos e técnicas estão apresentados detalhadamente no

item casuísticas e métodos do presente trabalho.

19

1 CONCEITOS PRELIMINARES

1.1 O Futebol

O futebol se estabelece como uma riqueza simbólica, este já é visto no

início do século XX, não apenas como forma de manifestação cultural que está

inserido dentro do imaginário coletivo.

De acordo com Gambetta (1997) nenhum esporte no mundo desperta

tanto interesse popular quanto o futebol. Sua principal competição, a Copa do

Mundo, reúne, desde a fase de classificação, cerca de 130 (cento e trinta)

países e milhões de espectadores no mais importante evento do mundo

esportivo.

Segundo Rinaldi (2000) sendo visto como uma forma simbólica o futebol

não é ideológico em si mesmo, mais se torna, na medida em que é utilizado em

um determinado contexto social no sentido de transparecer valores e verdades

de uma determinada concepção que se pretende tornar hegemônica.

Porém assim o futebol se destaca como o esporte mais popular do

mundo e vem crescendo a cada dia mais, até mesmo em regiões onde há

poucos ele era quase desconhecido (GUERRA, 2004).

1.1.1 O Futebol no Brasil

O futebol no Brasil, dentro do contexto esportivo, é que tem recebido

maior atenção. Isso se explica principalmente pela popularidade alcançada por

esse esporte no contexto mais amplo da sociedade brasileira (RINALDI, 2000).

Ao mesmo tempo intensificava-se a presença do estado como regulador e promotor da atividade esportiva. Em 1941 criou o Conselho Nacional de Desportos (CND), com objetivo de fiscalizar e incentivar a prática de desportos no país, até a constituição de 1988, que extinguiu o CND – a estrutura da organização do futebol no Brasil

20

foi à seguinte: os clubes eram organizados em federações regionais; e as federações eram supervisionadas e submetidas às regras da confederação brasileira de desportos (CBD, e após 1979, a Confederação Brasileira de Futebol, CBF). Todas essas entidades eram executivas, o CND entidade normativa (GORDON. C.; HELAL, 2002, p. 43).

O Futebol expressa a própria sociedade brasileira em sua forma de

manifestação cultural construída historicamente.

De acordo com Da Matta (1982) o futebol seria um espaço onde a

sociedade simbolicamente se expressa e manifesta. O futebol praticado, vivido

e discutido e teorizado no Brasil seria um modo específico, entre tantos outros,

pelo qual a sociedade brasileira fala, apresenta-se, revela-se, deixando-se,

portanto descobrir.

Os esportes, de uma maneira geral, difundiram-se pelo mundo de

maneira extraordinária no último século, configurando novos espaços de

sociabilidade, novas corporalidades e, principalmente, novos territórios de

criação de sentido e significação. O futebol é considerado hoje o mais difundido

deles. No caso brasileiro, transformou-se no esporte nacional, inclusive porque

é sob este ângulo que interessa aqui – foi o que reteve a capacidade de

representar o Brasil e os brasileiros em todas as circunstâncias (GUEDES,

2000).

1.1.2 Fisiologia no Futebol

O futebol pode ser considerado um esporte no qual os jogadores

apresentam características fisiológicas diferentes entre si, é um esporte que

implica a prática de exercícios intermitentes, de intensidade variável.

Aproximadamente 88% de uma partida de futebol envolvem atividades

aeróbias e os 12% restantes, atividades anaeróbias de alta intensidade

(GUERRA, 2004).

Segundo Wilmore e Costill (2001) o treinamento aeróbio ou treinamento

de resistência cardiorrespiratória, produz um aumento do fluxo sangüíneo

central e periférico e uma maior capacidade das fibras musculares de gerar

21

maiores quantidades de ATP (Adenosina Tri-Fosfato), para concentrações de

2mM.

Este autor também cita que o treinamento anaeróbio, acarreta o

aumento da força muscular e uma maior tolerância aos desequilíbrios ácido-

básicos durante o esforço de alta intensidade, correspondente a 4mM.

Sistemas de Fornecimento de energia: Via Energética Anaeróbia Alática

(ATP-CP) e Via Energética Anaeróbia Lática (Sistema Glicolítico). Foss, &

Keteyian (2000) relatam que a via anaeróbia alática, conhecida também como

via da creatina fosfato ou via do ATP-CP, o fornecimento de energia por meio

do sistema anaeróbio alático é o mais simples e rápido dentre os três sistemas

energéticos, embora forneça energia rapidamente, sua autonomia é pequena

podendo atuar por apenas 3 a 15 segundos em exercícios de alta intensidade,

demonstrando assim ser um sistema energético bastante limitado. Assim, os

autores também relatam sobre a via anaeróbia lática, conhecida como sistema

glicolítico de fornecimento de energia, onde este é muito mais complexo do que

o sistema ATP-CP, pois atua na produção de moléculas de ATP a partir do

metabolismo da glicose em atividades físicas extenuantes, nas quais a

demanda energética são maiores do que o suprimento de oxigênio, e o ácido

pirúvico é convertido em ácido lático por meio de ação da enzima lactato

desidrogenase (LDH), sendo também considerada como reguladora do

metabolismo anaeróbio.

1.2 Crioterapia

A palavra crioterapia deriva do grego (Krios) que significa frio e terapia

(tratamento), ou seja, se refere tratamento através do frio.

Segundo Andrews (apud Junior [s.d]) a crioterapia pode ser definida

como a terapia pelo frio. Ela abrange uma grande quantidade de técnicas

específicas que utiliza o frio na forma, líquida (água), sólida (gelo) e gasosa

(gases) com o propósito terapêutico de retirar o calor do corpo induzindo a um

estado de hipotermia, favorecendo uma redução da taxa metabólica local,

promovendo uma diminuição das necessidades de oxigênio pela célula.

22

Também é aplicada ao corpo através de métodos como: spray, bolsa de gelo,

compressas, criomassagens, aparelhos de frio e imersão.

De acordo com Knignt (2000) sendo a Crioterapia um termo abrangente

que se refere a muitas técnicas de utilização e aplicação de frio; para obter um

benefício, de qualquer modalidade terapêutica é necessário compreender as

necessidades específicas do atleta e a resposta fisiológica da modalidade

específica.

A crioterapia, definida como a utilização de aplicações de gelo ou frio com propósitos terapêuticos, é outra técnica de recuperação amplamente difundida, especialmente entre atletas de elite. No meio acadêmico estudos que voltaram a crioterapia desde 10 até 193 minutos, com temperatura variando de 1ºC a 15ºC. Na prática desportiva a crioterapia por imersão, consiste na colocação de determinada quantidade de gelo em um balde associado à água (normalmente com temperatura inferior a 15ºC), onde os atletas mergulham seus segmentos por quantidades de tempos variáveis (BARONI, B. M, 2009, p. 02).

Após aplicação do gelo, segundo Knight (2000) o fluxo sangüíneo pode

permanecer diminuído numa variação de vinte minutos a duas horas,

dependendo da região em que foi aplicada a crioterapia. Quando realizada em

locais com grande aporte sangüíneo, o reaquecimento torna-se mais rápido,

em contrapartida quando utilizada a terapia fria em regiões onde o fluxo

sangüíneo é deficitário, há a necessidade de um tempo mais longo para que

ocorra o reaquecimento.

O uso do gelo como terapia, é largamente utilizado na reabilitação

desportiva, sendo considerado um recurso prático, de fácil acesso, de baixo

custo e de simples utilização, considerando que quanto mais precocemente for

utilizada, melhores serão os resultados, na medida em que a vasoconstrição

provocada pela acção do frio, vai certamente ajudar a reduzir o edema e a dor.

Esta modalidade de tratamento tem sido bem aceita durante a fase

aguda, bem como durante a recuperação e reabilitação dos atletas (LEITE,

2009).

1.2.1 A Crioterapia em Resposta ao Lactato Sanguíneo

23

Os banhos de imersão têm sido utilizados durante séculos em algumas

culturas, como meio de tratamento e recuperação do bem-estar físico (LEITE,

2009).

De acordo com Baroni (2009) embora largamente utilizada na prática

desportiva, à efetividade da crioterapia para fins de recuperação muscular pós-

exercício ainda carece de evidências científicas. Um estudo aprovado pelo

Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Vale do Paraíba (UNIVALE)

nos mostra que a crioterapia de imersão não acelerou a velocidade de remoção

do lactato sangüíneo na pesquisa realizada com atletas praticantes de futebol.

Embora não sejam encontradas evidências de que a crioterapia de imersão altere parâmetros fisiológicos (como a concentração de lactato) ou aumente o desempenho subseqüente, as sensações de bem estar e relaxamento muscular, podem estar relacionadas a outros efeitos da crioterapia (BARONI, et. al., 2009, p. 06).

O efeito inicial da crioterapia se constitui na redução da temperatura.

Com a imersão de grandes áreas corporais, a diminuição é observada não só

em nível local mais também da temperatura corporal sistêmica (BARONI, B. M,

et. al., 2010).

A crioterapia influencia as propriedades neuromusculares, incluindo

velocidade de condução nervosa, propriocepção e função muscular.

1.3 Lactato: Produção e Remoção

É um metabólito produzido após reações químicas realizadas na glicólise

devido à realização de trabalho muscular intenso, tendo sua formação nos

músculos, sendo denominado ácido lático e após ser transportado para

corrente sangüínea passa a ser chamado de Lactato.

Para a realização de quase todas as tarefas em que nosso corpo

necessita para sobrevivência (funções biológicas), ou para que possa obter

uma ação do nosso comando (movimentos e exercícios), é necessário um

gasto de energia para que isto aconteça. Esta energia é proveniente de uma

24

molécula chamada ATP, molécula esta universal, produzida em todas as

células vivas como um modo de capturar e armazenar energia. Esta consiste

de base púrica adenina e do açúcar de cinco carbonos, ribose, aos quais são

adicionados, de forma linear, três moléculas de fosfato. À medida que o corpo

vai realizando suas funções, o ATP é degradado e, consequentemente,

restaurado por outra fonte energética que pode ser proveniente da

fosfocreatina (intramuscular) das gorduras, carboidratos ou das proteínas

(FOSS; KETEYIAN, 2000).

Desde que Fletcher; Hopkins apud (VILLAR; DENADAI, 1998)

demonstraram a formação de ácido lático durante a contração muscular, e

diante disso, muita atenção tem sido dada aos prováveis mecanismos que

controlam sua produção e remoção durante o exercício, onde novas pesquisas

surgiram e evidenciaram que o lactato produzido pode ser utilizado como

substrato energético pelo fígado, músculos esqueléticos e o coração.

Este conceito de que o lactato pode ser produzido num tecido e

transportado a outro, para ser utilizado como fonte de energia é denominada de

lançadeira de lactato (POWERS; HOWLEY, 2005).

Porém Astrand, Rodahl apud (Denadai, 1999) relatam que o ácido lático

é produzido nos músculos durante o trabalho real, porém existe um lapso de

tempo para a difusão, a partir dos músculos em atividade e para a

redistribuição deste no organismo. Quando desejamos determinar o pico de

ácido lático no sangue, devemos coletar amostras de sangue com intervalos

regulares, durante os 5 a 10 primeiros minutos do período de recuperação, os

autores lembram ainda que talvez seja necessário até 60 minutos ou mais,

para que as concentrações de lactato alcancem novamente os níveis de

repouso após exercício intenso.

O lactato é formado continuamente durante o repouso e o exercício

moderado. As adaptações musculares induzidas pelo treinamento aeróbio

permitem os altos ritmos de renovação do lactato; sendo assim, este se

acumula em intensidades mais altas de exercícios que no estado destreinado

(JUEL, 1998).

A mensuração de lactato no sangue tem sido um parâmetro metabólico

freqüentemente utilizado para quantificar a intensidade de esforço utilizado pelo

25

atleta durante treinamentos e competições em diversas modalidades esportivas

(SILVA, et. al., 2000).

Quando a oxidação do lactato iguala sua produção, o nível sangüíneo de

lactato se mantém estável, apesar de um aumento na intensidade do exercício

e no consumo de oxigênio (SCAPATICCI, et. al., 2007).

De acordo com Foss e Keteyian (2000) quando o metabolismo glicolítico

é predominante, a produção de nicotinamida adenina dinucleotídeo (NADH –

coenzima envolvida na transferência de energia) ultrapassa a capacidade da

célula de arremessar seus hidrogênio (elétrons) através da cadeia respiratória,

pois existe uma quantidade insuficiente de oxigênio ao nível tecidual. O

desequilíbrio na liberação de oxigênio e a subseqüente oxidação fazem com

que o piruvato (substrato final da degradação da glicose; muito importante para

a formação do lactato) possa aceitar o excesso de hidrogênios, o que resulta

em acúmulo de lactato.

Segundo Foss e Keteyian (2000) o acúmulo de lactato durante o

exercício é dependente do nível e da ação da enzima LDH e de suas

subunidades (isoenzimas), uma na forma H4, encontrada no coração e outras

nas formas M4, M3H, M2H2, MH3 encontradas nos demais tecidos esqueléticos

e que se diferem na velocidade com que convertem piruvato a lactato nas

fibras musculares de contração rápida e lactato a piruvato nas fibras

musculares de contração lenta.

Referindo-se ainda a formação de lactato, Denadai (1999) salienta que,

embora o músculo esquelético seja o maior sítio de produção e liberação de

lactato durante o exercício, outros órgãos (intestino, fígado, pele) também

podem produzir e liberar tal metabólito. A maior produção de ácido lático ocorre

durante o exercício mantido entre 60 a 180 segundos, quando este sistema é

exigido ao máximo.

Sendo que a produção e o acúmulo de lactato são potencializados

quando o exercício torna-se mais intenso e as células musculares não

conseguem atender às demandas energéticas adicionais aerobicamente nem

oxidar o lactato com o mesmo ritmo de sua produção (FERREIRA, 2006).

De acordo com McArdle; Powers e Howley; Foss e Keteyian (apud

PEREIRA, 2006) referem-se à intensidade e a duração em que o exercício é

praticado como sendo os principais fatores que regulam a produção e o

26

acúmulo de lactato sangüíneo, onde o acumulo de lactato no sangue depende

do equilíbrio entre a produção pelo músculo em atividade e a sua remoção pelo

fígado ou por outros tecidos. Conforme o exercício fica mais intenso diminui-se

o fluxo sangüíneo dos órgãos menos ativos (rim, fígado e trato gastrointestinal)

e aumenta o fluxo nos músculos mais ativos. Existem outros fatores que

influenciam a concentração sangüínea de lactato durante o exercício que são:

a temperatura ambiente, tipos de fibras, a quantidade de LDH nas fibras, o

número de mitocôndrias existentes dentro das células e os grupos musculares

recrutados durante a atividade.

Durante um exercício exaustivo, os músculos e o sangue conseguem

tolerar o acúmulo de apenas 60 a 70 g de ácido lático antes de surgir fadiga. A

idéia de que o acúmulo de ácido lático participa no processo da fadiga é

fortalecida ainda mais pelo fato de existirem dois mecanismos fisiológicos

fundamentais e pelo qual o ácido láctico poderia deteriorar a função muscular,

que são: o pH intracelular ou a concentração de íons hidrogênio (H+); quando

ocorre o aumento de um o outro diminui (FOSS; KETEYIAN, 2000).

Deste modo, autores como Brooks apud (Denadai, 1999) têm sugerido

que o aumento exponencial do lactato sangüíneo, que ocorre em uma

determinada intensidade submáxima de esforço, pode refletir um aumento

exponencial da liberação de lactato pelo músculo e/ou uma diminuição da

capacidade de remoção do mesmo. Esta menor remoção pode ocorrer pela

diminuição do fluxo de sangue para a região esplâncnica (fígado e rins) como o

aumento da intensidade de esforço, como demonstrado por Rowell e também

por uma incapacidade dos músculos em extrair e oxidar o lactato na mesma

freqüência na qual ele é liberado.

Existem vários relatos sobre a detecção do lactato sangüíneo em

futebolistas ao final do primeiro e do segundo tempo de um jogo de futebol.

Observa-se que a flutuação desse metabólico é muito grande ao final dos

intervalos da partida, portanto, deixando dúvida e nem sempre refletindo de

maneira exata a participação do metabolismo anaeróbio lático nessa

modalidade esportiva (SILVA, et. al., 2000).

A informação mais importante proveniente da concentração de lactato sangüíneo, verificada ao final dos intervalos de uma partida de futebol, é a possibilidade de estimar quanto o atleta solicitou a via

27

metabólica para a produção de energia tendo como marcador o lactato do sangue (SILVA, et. al., 2000, p. 02).

Para Higino (2001) a recuperação ativa realizada após exercício

extenuante maximiza a velocidade de remoção do lactato circulante e

muscular, quando comparado ao repouso passivo. A remoção após um

exercício extenuante poderá ocorrer através da oxidação em CO2 e H2O pela

musculatura, glicogênio hepático e através da reconversão a glicogênio pela

glicogênese muscular e hepática.

Do ponto de vista cinético, acredita-se que o lactato sangüíneo pós-

esforço possui duas fases distintas, compreendidas por uma resposta rápida

ascendente (taxa de aumento) seguida de um lento declínio (taxa de

diminuição), as quais são resultantes, respectivamente, da liberação e remoção

desse metabólito (CICIELSKI, 2008).

Portanto Cicielski relata ainda que não sabe-se se o estado de

condicionamento físico pode influenciar a cinética da concentração sanguínea

do lactato e assim acelerar a ocorrência do pico dessa concentração circulante

após exercício de altíssima intensidade e curta duração.

Segundo Higino (2001) os atletas praticantes de atividades aeróbias

(fundistas) demonstram possuir uma melhor taxa de remoção de lactato de que

aqueles praticantes de atividades predominantemente anaeróbias (velocistas).

Em condições aeróbias, o ritmo de remoção do lactato por outros tecidos

corresponde a seu ritmo de formação, resultando na ausência de qualquer

acumulo efetivo de lactato, isto é, a concentração sangüínea de lactato se

mantém estável. Somente quando a remoção não mantém paralelismo com a

produção, o lactato acumula-se no sangue (BIRCHER; KNECHTLE, 2004).

Para Beneke et. al., (2003) existem quatro destinos possíveis para o

ácido lático:

a) Excreção de Urina e no suor;

b) Conversão em Glicose e/ou Glicogênio;

c) Conversão em proteína;

d) Oxidação/Conversão em CO2 e H2O.

28

A capacidade de gerar altos níveis de lactato sangüíneo durante um

exercício máximo aumenta com o treinamento anaeróbio especifico de

velocidade-potência e, subseqüentemente, diminui com o destreinamento.

Vários fatores são apontados por BROOKS et. al., (2000) como

responsáveis pelo ponto de inflexão do lactato durante exercício crescente. A

própria contração muscular estimula a glicogenólise e a produção de lactato.

Além disso, ocorre aceleração da glicogenólise e glicólise mediada por

hormônios, recrutamento de fibras musculares glicolíticas e redistribuição do

fluxo sanguíneo dos sítios de remoção de lactato (tecido gliconeogênicos) para

os sítios de produção de lactato (tecidos glicolíticos) aumentando a produção

durante protocolos crescentes. Durante exercícios de alta intensidade

crescente a produção de lactato e a sua liberação no sangue aumentam mais

rápido do que os mecanismos de remoção possam se ajustar. Contudo,

durante o exercício submáximo contínuo, outros tecidos que não os músculos

produzem lactato para consumo dos músculos ativos e o nível de lactato

sangüíneo pode estabilizar ou cair à medida que os mecanismos de remoção

se ajustem à produção aumentada.

Terminologias diferentes são empregadas na determinação do limiar

anaeróbio (LAn) ou na identificação dos fenômenos iguais ou semelhantes.

Existem diferentes definições e referências que são utilizadas para

interpretação da resposta do lactato sangüíneo durante o exercício com

aumento progressivo de carga (DENADAI, 2000). Apesar disso, os limiares

podem ser basicamente divididos em duas categorias: 1) limiares que

identificam o início do acúmulo de lactato no sangue, e 2) limiares que

identificam a máxima fase estável de lactato (MSSLac) no sangue.

O LAn pode ser detectado por meio de diversos protocolos de testes

crescentes com estágios variando a duração, sendo que a intensidade na qual

ocorre o ponto de inflexão na curva do lactato sanguíneo é a intensidade do

LAn WASSERMAN apud (Denadai, 2000), ou do limiar aeróbio (LAer). O

mesmo ponto é definido por FARREL apud (Denadai, 1999) define como LAn a

intensidade de exercício na qual a concentração de lactato aumenta 1mM

acima da linha de base.

29

KINDERMANN apud (Denadai, 1999) utilizando-se da concentração fixa

de lactato propuseram o termo limiar aeróbio para concentração de 2mM. Já o

limiar anaeróbio seria a intensidade de esforço correspondente a 4mM.

De acordo Stegmann apud (Denadai et. al.m 2000) outro protocolo

utilizado para estimar a MSSLac é o limiar anaeróbio individual (IAT), sendo

este diferente dos outros protocolos que utilizam concentrações fixas para

determinação do LAn.

2 CASUÍSTICA E MÉTODOS

2.1 Condições Ambientais

O presente estudo foi realizado no Centro de Treinamento do Sport Club

Corinthians Paulista, município de Penápolis-SP, no mês de novembro, sendo

a primeira avaliação realizada no período da manhã (10:00 às 12:00 Horas), e

a segunda avaliação no dia seguinte no período da tarde (16:00 às 18:00

Horas), onde a umidade relativa do ar e a temperatura ambiente não foram

monitoradas e controladas respectivamente, devido ao procedimento e local

utilizado neste trabalho.

2.2 Sujeitos

A amostra foi composta por dez indivíduos (n=10) do gênero masculino,

voluntários, aparentemente saudáveis, fisicamente ativos com média de idade

15,6 ± 0,51 anos, MCT 65,91 ± 7,57 Kg, EST 174,96 ± 8,14 cm, IMC 21,55 ±

1,42 Kg/m2, sendo os indivíduos atletas da equipe de Futebol sub-15 da cidade

de Penápolis estado de São Paulo. Os atletas possuem uma rotina de

treinamento diário, com programação definida pela comissão técnica, tendo os

finais de semana para jogos e possível folga. O controle nutricional dos atletas

30

se da por intermédio de cardápio elaborado por nutricionista responsável do

clube, e os indivíduos possuem uma rotina de estudos em colégios no período

noturno. Antes de iniciar os testes, todos tomaram conhecimento dos

procedimentos aos quais seriam submetidos e assinaram um termo de

concordância referente à participação no estudo e possíveis publicações

futuras.

2.3 Material

Para as avaliações realizadas no Centro de Treinamento do Sport Clube

Corinthians Paulista foram utilizados os seguintes materiais:

a) Álcool – (70%);

b) Algodão;

c) Analisador Eletroquímico – YSL 1500, SPORT;

d) Balança TANITA TBF 305;

e) Capilares;

f) Estadiômetro – SANNY;

g) Fluoreto de Sódio (NaF) 1%;

h) Gelo;

i) Lancetas;

j) Luvas de procedimento;

k) Piscina para imersão;

l) Termômetro para piscina;

m) Tubos Eppendorff.

2.4 Testes

Protocolo I – Avaliação Antropométrica (Estatura, IMC, MCT)

31

Para a mensuração da MCT segundo Guedes; Guedes (2003) o

avaliado deve ficar em pé de costas para a escala de medida sem calçado e

com o mínimo de roupa possível. O mesmo deverá subir no centro da balança,

em posição anatômica (PA), distribuindo a massa do corpo igualmente entre

ambos os pés, sendo assim registrada sua medida.

Estatura – Distância entre o vértex e a região plantar, sendo que o

avaliado deve estar descalço, com os pés unidos, colocando em contato com a

escala de medida as superfícies superiores dos calcanhares, a cintura pélvica,

a cintura escapular e a região occipital. O avaliado deve estar em apnéia

respiratória (GUEDES; GUEDES, 2003).

Protocolo II – Determinação das [Lac] sanguíneo (Rec. Pass e

Crioterapia)

Para determinação das [Lac], foram coletados 25 microlitros (µL) de

sangue do lóbulo da orelha, posteriormente transferido para um tubo

eppendorff contento 50µL de fluoreto de sódio (NaF 1%) e armazenados em

local apropriado para posterior análise, a qual foi realizada em um lactímetro.

As coletas foram realizadas nos seguintes momentos: Pré mini jogo

(Repouso); Pós mini jogo (Rec. Passiva e Crioterapia).

Os protocolos utilizados para a indução a fadiga (MJ) consistiu em: a)

dividiu-se o elenco em três, onde duas equipes jogam e outra espera. A equipe

que marcar o gol descansa, entrando rapidamente a outra que está fora. A bola

não pode parar dando maior dinâmica no jogo; b) Dividiu-se o elenco em três,

duas equipes jogam em entre sim dentro da área com dois gols, para finalizar é

necessário trocar três passes entre os atletas. A equipe que marcar o gol

descansa, a que sofre o gol terá que trocar de campo e jogar com a equipe que

estará esperando. Nesse campo, o objetivo é manter a posse de bola o maior

tempo possível. c) dividiu-se o elenco em dois grupos, onde jogará dois contra

dois nos campinhos dos cantos. Nesses campinhos as duplas tem que manter

a posse de bola o maior tempo durante 2 minutos. Depois jogará no campo

32

central oito contra oito mantendo o mesmo objetivo “posse de bola” durante 2

minutos. No terceiro momento as equipes deverão fazer gols, mas só pode

finalizar quando a bola entrar dentro do quadrado que delimita a

área.Importante citar que para todas as situações a quantidade de toque foi

determinada pelo comandante.

A equipe que terminar o tempo com a posse de bola descansa, fazendo

a outra equipe jogar com a que está descansando no outro campo.

Para a Crioimersão Corporal (CIC), os sujeitos foram individualmente

imersos na água (posição sentada) em um recipiente retangular de fibra

(piscina) com capacidade para 2.000 litros, referida imersão ocorreu durante 10

minutos contínuos, sendo que a água utilizada foi mantida constantemente na

temperatura de 10 ± 2ºC.

2.5 Análise Estatística

Para análise dos dados utilizou-se uma estatística de dispersão onde

todas as variáveis estudadas foram apresentadas em média e desvio padrão

(DP) da média. Anteriormente a qualquer analise, foi realizado um teste de

normalidade (Shapiro Wilk) onde, através da determinação da distribuição

normal dos dados foram adotados métodos estatísticos paramétricos.

Para análise das [Lac] nos momentos pré, após mini jogo (Pré-MJ e Pós-

MJ) e após modo de recuperação (passiva e crioterapia), utilizou-se uma

análise de variância de dois caminhos (momento x modo de recuperação)

(ANOVA Two Way) com teste de Post Hoc de Tukey.

Para comparação da variação percentual entre os modos de remoção

entre os momentos Pós-MJ e logo após modo de recuperação, utilizou-se um

teste t student para amostras dependentes. Para todas as analises utilizadas

no presente estudo adotou-se um nível de significância de p≤0,05.

2.7 Resultados

33

Todas as variáveis analisadas no presente estudo, através de uma

estatística de dispersão e para melhor visualização dos resultados, estão

expressos em média e desvio padrão da média.

Tabela 1: Característica dos sujeitos em média e desvio padrão (n=10).

Idade (anos) MCT (kg) Estatura (cm) IMC (kg/m2)

Média (±) 15,60 65,91 174,96 21,55

Desvio Padrão

(DP)

0,51 7,57 8,14 1,42

Fonte: elaborada pela autora, 2010.

Na Tabela 1, são apresentadas as características iniciais dos sujeitos

participantes do estudo. Nesta pode ser observado que o coeficiente de

variação que é a relação entre o desvio padrão e a média para praticamente

todas as variáveis analisadas apresentou-se inferior a 10% sugerindo uma

homogeneidade da amostra. A única variável cuja variação foi superior a 10%

(11,5%) foi à variável massa corporal total (MCT). Esta variação superior a 10%

pode denotar características relacionadas às diferentes posições dentro de

campo.

Tabela 2: Concentrações de lactato antes (Pré MJ) e após mini jogo (Pós MJ) e

logo após modo de recuperação. Valores em média e desvio padrão (n=10).

Rec. Pass Crioterapia

Pré-MJ (mM) 1,47 ± 0,45 1,41 ± 0,56

Pós-MJ (mM) 1,82 ± 0,79 2,14 ± 0,61

Pós-Rec. (mM) 1,19 ± 0,31 1,50 ± 0,62

Fonte: elaborada pela autora, 2010. (p≤0,05)

Na Tabela 2, são apresentados os valores relacionados às [Lac] diante dos

modos de recuperação: recuperação passiva (Rec. Pass.) e crioterapia.

Através desta, pode-se observar que não houve diferenças significantes com

34

relação às [Lac] no que diz respeito aos modos de recuperação (Rec. Pass. e

Crioterapia) e com relação ao tempo (Pré e Pós-MJ e Pós-Rec.).

Tabela 3: valores individuais, média e desvio padrão da variação percentual

(∆%) entre as [Lac] após mini jogo e as [Lac] após modo de recuperação

(n=10).

Sujeitos ∆%Rec. Pass (%) ∆%Crioterapia (%)

1 -58,0 +16,0

2 -27,2 -78,1

3 -62,0 -5,0

4 -15,7 -62,5

5 -26,0 +14,8

6 -40,7 -29,7

7 +9,5 -39,0

8 -25,0 -25,0

9 +11,0 -23,3

10 -37,0 -45,0

Média (±) 27,11 27,68

Desvio Padrão (DP) 24,45 30,62

Fonte: elaborada pela autora, 2010. (p≤0,05)

No intuito de melhor visualização da capacidade de remoção de lactato

através dos modos sugeridos no presente estudo, a Tabela 3 apresenta a

variação percentual das concentrações deste metabólito entre os momentos

Pós-MJ e Pós-Rec. Esta variação é apresentada tanto de forma individualizada

quanto em média e desvio padrão e diante da analise estatística observa-se

que não houve diferença significante entre os modos de recuperação com

relação ao delta percentual (∆%).

2.8 Discussão

35

O futebol é uma modalidade esportiva complexa e sua demanda

fisiológica é multifatorial com variações marcantes durante o jogo. Entretanto,

diversos fatores podem determinar uma menor ou maior sobrecarga fisiológica

sobre o organismo do atleta durante o transcorrer e pós uma partida de futebol.

Uma das possibilidades que podem ser utilizadas para averiguar e

quantificar a demanda de esforço realizada pelo atleta é verificar a [Lac] no

plasma.

A literatura nos mostra que o aumento na [Lac] sanguíneo é estimulado

pela repetição de exercícios realizados em alta intensidade, todavia, a questão

é saber quanto de energia é liberada pela via da glicólise anaeróbia para a

formação de ácido lático em jogadores durante uma partida de futebol (SILVA

et. al., 2000).

O lactato sanguíneo pode refletir a magnitude do metabolismo anaeróbio

durante uma partida de futebol, que por sua característica intermitente,

necessita de produção rápida de energia para que os atletas realizem ações de

alta intensidade, tais como piques, saltos, mudanças de direção, dentre outras.

Em relação à crioterapia, Guirro (1999) aponta que durante este

processo o calor é retirado do corpo e absorvido pela modalidade de frio,

fazendo com que o corpo responda através de uma série de respostas locais e

sistêmicas, sendo a magnitude desses efeitos relacionados com a temperatura,

duração e a superfície exposta ao procedimento.

Este método induz os tecidos a um estado de hipotermia, com uma

redução da taxa metabólica local, promovendo desta forma uma diminuição

das necessidades de oxigênio pela célula, preservando-a e permitindo que a

mesma possa recuperar-se sem maiores danos estruturais.

Portanto, devido a estas razões, despertou-se o interesse em pesquisar

a influência dessa terapia em resposta a marcadores fisiológicos indutores a

fadiga, objetivando-se encontrar respostas que nos permitam auxiliar em

futuras prescrições de atividades, treinamento e manobras de recuperação

para a modalidade estudada.

No presente trabalho houve o intuito de analisar a resposta das [Lac]

circulante em atletas de futebol sub-15, mediante protocolo experimental para

indução a fadiga (mini jogo) e processos de recuperação, sendo a primeira

36

avaliação sem a utilização da imersão, e a segunda utilizando a referida

técnica.

A [Lac] no sangue tem sido freqüentemente utilizada como preditor de

desempenho em atletas de futebol e outras modalidades esportivas, sendo que

na maioria dos estudos, podemos encontrar valores distintos entre si,

provavelmente por esta modalidade ser tão influenciada por diversas

características e fatores externos (temperatura ambiente, local do jogo, nível de

tensão psicológica, volume e intensidade da partida, características individuais

e posições dos atletas, esquema tático utilizado, entre outras); e também, não

podemos esquecer da diferenciação entre as metodologias e procedimentos

apresentados nos trabalhos pesquisados.

Na experiência de Bangsbo (1994) onde se observou em futebolistas

profissionais valores de [Lac] oscilando entre 3mM e 9mM durante uma partida,

porém, tem sido encontrado com freqüência, jogadores que excedem os

10mM. Fica evidente que os resultados apresentados pelo autor são diferentes

dos encontrados na presente pesquisa, todavia as características dos sujeitos

e os métodos utilizados são distintos, podendo explicar tal resultado.

Neste estudo os valores de [Lac] encontrados pós análise mostraram

uma alta eficiência no mecanismo fisiológico de remoção deste metabólito.

Apesar dos valores observados não serem considerados tão elevados e,

portanto, de uma solicitação aparentemente não tão intensa pelo metabolismo

lático, é importante salientar que a capacidade aeróbia dos jogadores

(principalmente os de linha) era elevada, e dois sujeitos da amostra eram

goleiros.

Alguns autores têm demonstrado em seus estudos que a via aeróbia

bem desenvolvida aumenta a eficiência no processo de remoção do ácido

lático sanguíneo, nos momentos de repouso e/ou diminuição na intensidade do

exercício, atenuando o acúmulo deste metabólito no músculo DONOVAN;

BROOKS; apud (SILVA et. al., 2000). Essa evidencia fica comprovada através

da maior resposta do potencial oxidativo e número de capilares dentro do

músculo após treinamento aeróbio.

A remoção do lactato pode ocorrer mediada por diversos órgãos.

Estudos demonstraram que proporção significativa deste metabolito produzido

e absorvido pelo músculo esquelético é posteriormente metabolizado via

37

reconversão de piruvato e entrada no ciclo de Krebs na mitocôndria (MURRAY,

1998).

Já Fornaziero (2009) realizou um estudo em atletas da categoria juvenil

nas situações de repouso (12 horas de jejum), antes da partida, no intervalo e

após o encerramento do jogo. Para tanto, tal protocolo consistiu na formação

de um grupo experimental (participante da partida) e um grupo controle para

comparação dos resultados. O autor encontrou os seguintes valores na variável

[Lac] nos grupos avaliados: Grupo Teste – Repouso 0,67 / Pré – 1,05 /

Intervalo – 4,54 / Pós – 3,24 (mM); Grupo Controle – Repouso 0,63 / Pré – 1,05

/ Intervalo – 0,92 / Pós – 0,87 (mM).

Na presente pesquisa os valores encontrados pós mini jogo em ambas

as situações (Rec. Pass e Crioterapia), não se equivalem aos achados no

estudo de Fornaziero, porém também neste caso, as metodologias dos

trabalhos se diferem entre si. Contudo, o futebol tem um componente

anaeróbio lático importante, entretanto, não é fácil quantificá-lo. Acredita-se

que a produção de ácido lático é bastante elevada em certos momentos do

jogo, e como é difícil realizar coletas durante as partidas, fica complexo

apresentar seu valor real nas variadas situações de jogo.

Os resultados das [Lac] obtidos neste estudo apontaram que não houve

diferenças significantes (p≤0,05) entre os modos de recuperação (Rec. Pass e

Crioterapia), porém analisando individualmente os resultados obtidos, alguns

sujeitos apresentaram redução destas concentrações após intervenção do

método da crioterapia. Tal evidência aponta que o banho de imersão acelerou

a velocidade de remoção do lactato sanguíneo em alguns sujeitos, contudo em

alguns casos em destaque não houve tal resposta, e que em ambas as

situações de recuperação ocorreram diminuição nos valores das [Lac].

Em comparação a essa pesquisa, Baroni et. al., (2009) realizaram um

estudo semelhante, sendo obtidos valores de [Lac] após protocolo indutor de

fadiga muscular de alta intensidade e método da crioterapia (10’ a 5 ± 1ºC)

para verificação do efeito da remoção deste metabólito.

Para tanto os autores utilizaram atletas de futebol (15 a 17 anos)

aplicando o teste de Wingate (indução a fadiga). Importante salientar que o

referido teste é realizado em cicloergômetro, contrariando a especificidade da

modalidade pesquisada. Em relação aos resultados encontrados, verificou-se

38

que o lactato sanguíneo na situação pré foi de 2,04mM (GP-Teste e GP-

Controle). Na situação pós teste de Wingate, observou-se 14,2mM (GP-Teste)

e 14,5mM (GP-Controle). Já na fase de recuperação (pós 15’ e pós 25’) foram

encontrados os seguintes valores respectivamente: GP-Teste 11,5 e 11,5mM;

GP-Controle 12,1 e 10,0mM.

Nesta pesquisa realizada por Baroni et. al., (2009) fica evidente que as

[Lac] pós intervenção da crioterapia apresentaram valores decrescentes em

ambos os grupos, evidenciando o efeito benéfico deste método no processo de

recuperação dos atletas, provocando uma diminuição da acidose pós atividade

e conseqüentemente ocasionando um ganho na performance do atleta para as

futuras atividades.

Contrariando os achados no presente estudo, Selwood et. al., (2007)

não encontraram diferença entre o efeito da crioterapia e do repouso após um

protocolo de exercícios excêntricos para membros inferiores sobre parâmetros

fisiológicos como creatina quinase (CK) e [Lac] sanguíneo. Embora não tenha

sido encontrada evidência de que a crioterapia de imersão alterou parâmetros

como [Lac], ou potencializado desempenhos subseqüentes, as sensações de

bem estar, relaxamento muscular e analgesia podem estar relacionadas a

outros efeitos comprovados da crioterapia.

Apesar de algumas polêmicas sobre o assunto, estudos já comprovaram

que a vasodilatação que ocorre após algum tempo de aplicação do gelo não

supera o estado de repouso anterior ao inicio da crioterapia LEWYS apud

(BARONI et. al., 2009) e o incremento do fluxo sanguíneo após alguns minutos

deste método existe, todavia não representa um aumento da circulação

sanguínea local quando comparado ao fluxo normal.

Assim, o efeito do gelo sobre a circulação é a vasoconstrição, e

provavelmente seja este efeito vasoconstritor que melhor explique a possível

ineficiência da crioterapia de imersão ao acelerar a velocidade de remoção do

ácido lático circulante (KNIGHT et. al., 1995).

Embora não se tenha um consenso quanto aos mecanismos exatos

pelos quais o frio age na redução da dor, Knight et. al., (1995) citam uma série

de estudos que sugerem efeitos do frio que podem explicar tal fenômeno:

redução da transmissão nervosa nas fibras de dor; redução da excitabilidade

nas terminações nervosas livres; redução no metabolismo tecidual; promoção

39

de transmissão assincrônica nas fibras de dor; elevação do limiar de dor;

liberação de endorfinas; e inibição de neurônios espinhais. Além disso, outros

efeitos da crioterapia podem estar relacionados à redução de espasmos

musculares e edemas.

2.9 CONCLUSÃO

Embora não tenham sido encontradas evidências estatísticas de que a

crioterapia de imersão alterou parâmetros como [Lac] Pós-Rec, as sensações

de bem estar, relaxamento muscular e analgesia podem estar relacionadas a

outros efeitos comprovados deste método. Uma hipótese para os resultados

obtidos não terem alcançado altos valores pode ser atribuída ao método

utilizado visando indução à fadiga, onde a intensidade do MJ adotado e os

intervalos entre exercícios no grupo praticante, podem não terem sido

suficientes em provocar grandes alterações no metabolismo lático dos atletas.

Contudo, em relação ao intuito desta pesquisa, analisando

individualmente os resultados obtidos, alguns sujeitos apresentaram redução

destas concentrações após intervenção da crioterapia.

Tal evidência aponta que o banho de imersão acelerou a velocidade de

remoção do lactato sanguíneo em alguns sujeitos, contudo em alguns casos

em destaque não houve tal resposta, e que em ambas as situações de

recuperação ocorreram diminuição nos valores das [Lac]. Por fim, em ambas

as técnicas de recuperação (Rec. Pass. e Crioterapia) de acordo com os

parâmetros adotados pelo estudo, apresentaram-se efetivas no processo de

remoção do ácido lático circulante após situação de jogo (MJ), porém, o

comportamento observado no grupo avaliado indica que, possivelmente, em

um período maior de investigação ou outras metodologias adotadas possam

ser traduzidas de forma estatisticamente significante (p≤0,05).

40

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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44

APÊNDICES

45

APÊNDICE A

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

“O Efeito da Crioterapia de Imersão no Processo de Recuperação da

Fadiga Muscular em Jogadores de Futebol Mensurada através da

Concentração do Lactato Sangüíneo”

O estudo tem como objetivo observar o efeito da crioterapia no processo

de recuperação de jogadores de futebol mensurada através da análise das

concentrações de lactato sangüíneo.

O Sr. (a) está sendo convidado (a) a participar do estudo por ser jogador

de futebol sub-15. Será realizada uma coleta de sangue em repouso, ao final

da partida e após a crioterapia.

Os riscos associados aos procedimentos utilizados na realização do

estudo são mínimos e o Sr (a) será acompanhado (a) pelos pesquisadores do

trabalho durante os procedimentos, para eventuais intercorrências.

As informações e dados pessoais serão utilizados apenas em reuniões

de caráter científico e serão mantidos em sigilo profissional.

Qualquer dúvida em relação ao estudo será imediatamente esclarecida

pelos responsáveis pelo estudo e Sr (a) receberá explicações detalhadas

sobre os procedimentos e métodos que serão realizados. O Sr (a) não

receberá remuneração para participar da pesquisa.

O Sr (a) estará livre para retirar seu consentimento e desistir de

participar do estudo, em qualquer momento, sem interferência no

relacionamento que tenha com a instituição.

Eu ___________________________________________________,

responsável pelo atleta _______________________________________,

entendo o que foi descrito acima e dou meu consentimento para ser incluído

neste estudo.

46

_____________________________________

Assinatura do participante

______________________________________

Assinatura do Responsável

Eu declaro que expliquei ao participante acima a natureza e os objetivos

da pesquisa, os prováveis benefícios e possíveis riscos com a participação

neste estudo.

__________________________________

Assinatura da pesquisadora

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APENDÊCIE B

Figura 1: Foto da Equipe de Futebol Sub-15 do Sport Club Corinthians Paulista – CT Penápolis-SP