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Cátia João Borges Silva Licenciada em Ciências da Engenharia Química e Bioquímica Efeito da velocidade de polimerização na eficiência de PDLCs Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Química e Bioquímica Orientador: Prof. Doutor João Carlos da Silva Barbosa Sotomayor, DQ-FCT/UNL Júri: Presidente: Prof. Doutora Maria Madalena Alves Campos de Sousa Dionísio Andrade Arguente: Prof. Doutora Ana Maria Martelo Ramos Novembro 2011

Efeito da velocidade de polimerização na eficiência de PDLCs

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Cátia João Borges SilvaLicenciada em Ciências da Engenharia Química e BioquímicaDissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Química e BioquímicaOrientador: Prof. Doutor João Carlos da Silva Barbosa Sotomayor, DQ-FCT/UNLJúri:Presidente: Prof. Doutora Maria Madalena Alves Campos de Sousa Dionísio AndradeArguente: Prof. Doutora Ana Maria Martelo Ramos

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  • Ctia Joo Borges Silva

    Licenciada em Cincias da Engenharia Qumica e Bioqumica

    Efeito da velocidade de polimerizao

    na eficincia de PDLCs

    Dissertao para obteno do Grau de Mestre em Engenharia

    Qumica e Bioqumica

    Orientador: Prof. Doutor Joo Carlos da Silva Barbosa

    Sotomayor, DQ-FCT/UNL

    Jri:

    Presidente: Prof. Doutora Maria Madalena Alves Campos de Sousa Dionsio

    Andrade

    Arguente: Prof. Doutora Ana Maria Martelo Ramos

    Novembro 2011

  • UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA

    Departamento de Qumica

    Efeito da velocidade de polimerizao

    na eficincia de PDLCs

    Por:

    Ctia Joo Borges Silva

    Dissertao apresentada na Faculdade de Cincias e Tecnologia da

    Universidade Nova de Lisboa para obter o Grau de Mestre em Engenharia

    Qumica e Bioqumica

    Sob orientao:

    Prof. Joo Carlos da Silva Barbosa Sotomayor

    Lisboa

    Novembro de 2011

  • Copyright Ctia Joo Borges Silva, FCT/UNL, UNL

    A Faculdade de Cincias e Tecnologia e a Universidade Nova de Lisboa tm o direito,

    perptuo e sem limites geogrficos, de arquivar e publicar esta dissertao atravs de

    exemplares impressos reproduzidos em papel ou de forma digital, ou por qualquer

    outro meio conhecido ou que venha a ser inventado, e de a divulgar atravs de

    repositrios cientficos e de admitir a sua cpia e distribuio com objectivos

    educacionais ou de investigao, no comerciais, desde que seja dado crdito ao

    autor e editor.

  • Agradecimentos

    So vrias as pessoas cuja colaborao e apoio tornaram possvel a concretizao

    deste trabalho.

    Gostaria de agradecer, em primeiro lugar, ao meu orientador Professor Doutor Joo

    Sotomayor, no s pela oportunidade de fazer este trabalho, como por todo o apoio e

    ateno demonstrados, pela disponibilidade no esclarecimento de dvidas e sobretudo

    pelos desafios propostos que me obrigaram a crescer e a superar-me. A sua amizade

    e optimismo foram fundamentais para este trabalho.

    Professora Teresa Cidade e ao Professor Lus Pinto pelos ensaios de viscosidade

    realizados.

    Ao Professor Rui Silva e Engenheira Isabel Nogueira pelas anlises de microscopia

    electrnica de varrimento.

    Aos meus colegas com quem partilhei o laboratrio 415, obrigada por todo o apoio,

    pela boa disposio e por me terem recebido to bem. Um obrigada especial Ana

    Mouquinho pela ajuda prestada na realizao de ensaios, no esclarecimento de

    algumas dvidas e pelo incentivo.

    Ao meu coleguinha Carlos, por toda a ajuda na elaborao de alguns ensaios mas,

    acima de tudo pela amizade e companheirismo durante estes meses de trabalho.

    A meus amigos FCTenses, que tive o privilgio de conhecer e conviver durante o meu

    percurso acadmico, um obrigada pela pacincia, pelo carinho e compreenso que

    sempre me deram. Aos restantes amigos por acreditarem em mim, pela fora e por me

    darem coragem para continuar sempre.

    Aos meus pais e irmos, um muito obrigada pela pacincia, dedicao, apoio e pela

    confiana que depositaram em mim.

    Por ltimo, o mais importante obrigada ao Pedro, que esteve sempre ao meu lado com

    palavras de apoio e incentivo, mesmo nos momentos mais complicados. Sem o teu

    amor e dedicao nunca teria conseguido!

    A todos um sincero Muito Obrigada!

  • VI

    Este trabalho foi financiado pela Fundao para a Cincia e Tecnologia, atravs do

    Projecto PTDC/CTM/69145/2006

  • VII

    Estudo do efeito Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

    Resumo

    Os PDLCs so um material compsito formado por cristal lquido disperso numa matriz

    polimrica, actualmente utilizado em diversas tecnologias electro-pticas.

    Com vista optimizao das suas propriedades electro-pticas, neste trabalho foram

    preparados filmes de PDLC pelo mtodo de separao de fases induzida por

    polimerizao, com vista a potenciais aplicaes em janelas de transparncia

    regulvel.

    Os filmes foram preparados a partir de uma mistura homognea de cristal lquido

    nemtico E7 comercializado pela MERCK e monmeros acrilato e diacrilato,

    nomeadamente PPGA e PEGDA. O processo de polimerizao foi efectuado

    termicamente com o iniciador AIBN, a uma gama de temperaturas compreendida entre

    55 e 90 C e fotoquimicamente com os iniciadores DMPA e XDT, para diferentes

    intensidades de luz.

    Foi comparado e discutido a influncia da velocidade de polimerizao na morfologia

    da matriz polimrica e no tamanho dos domnios de cristal lquido formados e

    determinada a constante cintica aparente, , associada ao mecanismo radicalar

    livre, assumindo-se que a sua dependncia com a temperatura segue a equao de

    Arrhenius.

    Estudou-se ainda a opacidade/transparncia dos filmes de PDLC, medindo-se a

    tenso elctrica necessria para a comutao entre os estados desligado/ligado. A

    polimerizao foi seguida por FTIR (espectroscopia de infravermelho por transformada

    de Fourier) e os PDLCs produzidos foram caracterizados pelas seguintes tcnicas de

    anlise: POM (microscopia de luz polarizada), SEM (microscopia electrnica de

    varrimento) e propriedades electro-pticas. Pelo estudo electro-ptico realizado

    verificou-se que os PDLCs preparados a partir do monmero PEGDA apresentam

    efeito de memria permanente, independentemente do tipo de polimerizao, e os

    compsitos de PPGA no apresentam resposta electro-ptica.

    Palavras-Chave Cristal lquido

    Cristal lquido disperso numa matriz polimrica

    Cintica de polimerizao

    Efeito de memria

  • VIII

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

  • IX

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

    Abstract

    PDLCs are a composite material formed by dispersed liquid crystal in a polymeric

    matrix, mainly used in several electro-optical technologies.

    In order to optimize their electro-optical properties, in this work PDLCs films were

    prepared by polymerization-induced phase separation technique, in order to potential

    applications such as switchable windows.

    The films were prepared from a homogeneous mixture of nematic liquid crystal E7

    commercialized by Merck and acrylate and diacrylate monomers, such as PPGA and

    PEGDA. The polymerization process was carried out thermally with AIBN initiator, at a

    temperature range between 55 and 90 C and photochemically with the initiators

    DMPA and XDT, at different light intensities.

    The influence of the polymerization rate on the morphology of the polymeric matrix and

    size of the formed liquid crystal domains was compared and discussed. Also, the

    apparent kinetic constant, , associated with free radical mechanism was

    determined, assuming that their dependence with temperature follows the Arrhenius

    equation.

    The opacity/transparency of the PDLC films was also studied, by measuring the

    necessary voltage for switching between the states OFF/ON. The polymerization was

    followed by FTIR (Fourier Transform Infrared) and the produced PDLCs were

    characterized by the following analytical techniques: POM (Polarized Optical

    Microscopy), SEM (Scanning Electronic Microscopy) and electro-optical properties.

    By the conducted electro-optical studies, the PDLCs prepared from PEGDA show a

    permanent memory effect, approximately 70%, when thermally polymerized and 56%

    when photochemically polymerized. The PPGA composites have no electro-optical

    response.

    Key-Words Liquid crystal

    Polymer-dispersed liquid crystal

    Polymerization kinetics

    Memory Effect

  • X

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

  • XI

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

    ndice Geral

    Agradecimentos ............................................................................................................ V

    Resumo ...................................................................................................................... VII

    Abstract ....................................................................................................................... IX

    ndice Geral ................................................................................................................. XI

    ndice de Figuras ....................................................................................................... XV

    ndice de Tabelas ..................................................................................................... XIX

    Abreviaturas e Siglas ................................................................................................ XXI

    Enquadramento e Objectivos .................................................................................. XXIII

    1 Introduo ............................................................................................................ 1

    1.1 A descoberta dos cristais lquidos ................................................................... 1

    1.2 O cristal lquido ............................................................................................... 1

    1.2.1 Cristal Lquido Termotrpico .................................................................... 3

    1.2.2 Fases dos cristais lquidos calamticos .................................................... 6

    1.3 Propriedades dos cristais lquidos .................................................................. 8

    1.3.1 Anisotropia ptica (Birrefringncia) ......................................................... 9

    1.3.2 Cristal lquido num campo elctrico ....................................................... 11

    1.4 Cristal Lquido disperso numa matriz polimrica ........................................... 12

    1.5 Preparao de um PDLC .............................................................................. 14

    1.5.1 Morfologia de um PDLC ........................................................................ 15

    1.5.2 Cintica de polimerizao ...................................................................... 18

    1.6 Efeito de histerese ........................................................................................ 21

    1.6.1 Efeito de memria permanente .............................................................. 23

    1.7 Aplicaes de PDLCs ................................................................................... 24

    2 Materiais e Mtodos ........................................................................................... 27

    2.1 Materiais ....................................................................................................... 27

    2.1.1 Monmeros ........................................................................................... 27

    2.1.2 Iniciadores ............................................................................................. 28

  • XII

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

    2.1.3 Cristal Lquido (E7) ................................................................................ 30

    2.1.4 Clulas .................................................................................................. 31

    2.2 Mtodos ........................................................................................................ 31

    2.2.1 Preparao das amostras para o estudo cintico .................................. 31

    2.2.2 Preparao das amostras de PDLC ...................................................... 32

    2.2.3 Polimerizao ........................................................................................ 32

    2.3 Mtodos analticos ........................................................................................ 35

    2.3.1 Espectroscopia FTIR (Fourier Transform Infrared)................................. 35

    2.3.2 Estudos Electro-pticos ......................................................................... 36

    2.3.3 Microscpio de Luz Polarizada (Polarized Optical Microscopy, POM) ... 38

    2.3.4 Microscopia Electrnica de Varrimento (Scanning Electronic Microscopy,

    SEM) 40

    3 Resultados Experimentais e Discusso .............................................................. 41

    3.1 Temperatura de transio nemtico - isotrpico ........................................... 41

    3.2 Estudo cintico ............................................................................................. 44

    3.2.1 Polimerizao Trmica .......................................................................... 44

    3.2.2 Determinao dos parmetros cinticos ................................................ 52

    3.2.3 Polimerizao Fotoqumica .................................................................... 57

    3.2.4 Determinao dos parmetros cinticos ................................................ 64

    3.3 Estudos electro-pticos dos PDLCs .............................................................. 68

    3.3.1 PDLCs preparados termicamente atravs de PIPS ............................... 69

    3.3.2 PDLCs preparados fotoquimicamente atravs de PIPS ......................... 77

    4 Concluses e Trabalhos Futuros ........................................................................ 85

    5 Bibliografia ......................................................................................................... 87

    6 Anexos ................................................................................................................. A

    6.1 Anexo I ........................................................................................................... A

    6.2 Anexo II ......................................................................................................... C

    6.3 Anexo III ........................................................................................................ D

    6.4 Anexo IV ......................................................................................................... F

  • XIII

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

    6.6 Anexo V .......................................................................................................... K

  • XIV

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

  • XV

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

    ndice de Figuras

    Figura 1.1: Esquema representativo dos estados da matria de acordo com a

    temperatura .......................................................................................................... 2

    Figura 1.2: Classificao dos cristais lquidos ............................................................... 3

    Figura 1.3: Esquema representativo da estrutura geral de um cristal lquido calamtico

    (R1 e R2 so estruturas anelares, L grupo ligante e C>>B) .................................. 4

    Figura 1.4: Classificao das fases dos cristais lquidos calamticos ............................ 6

    Figura 1.5: Esquema representativo do director na fase nemtica ................................ 7

    Figura 1.6: Esquema representativo do director na fase esmtica: a) Tipo SA; b) Tipo

    SC ......................................................................................................................... 8

    Figura 1.7: Estrutura molecular tpica de um cristal lquido calamtico (5CB) ................ 9

    Figura 1.8: Luz atravs de um material birrefringente, diviso em dois feixes

    polarizados ......................................................................................................... 10

    Figura 1.9: Interaco de um campo elctrico externo com uma molcula de CL ....... 12

    Figura 1.10: Representao de um filme de PDLC. Micro-domnios de CL inseridos na

    matriz polimrica do origem a uma forte disperso da luz. A reorientao das

    molculas de CL por aplicao de um campo elctrico origina um estado

    transparente ....................................................................................................... 13

    Figura 1.11: Imagem POM de separao de fases ..................................................... 14

    Figura 1.12: Imagem SEM da morfologia Swiss Cheese ............................................ 16

    Figura 1.13: Configuraes mais comuns da molcula de CL no interior do micro-

    domnio .............................................................................................................. 16

    Figura 1.14: Imagem SEM da morfologia Polymer Ball ............................................... 17

    Figura 1.15: Etapa de iniciao do mecanismo radicalar livre ..................................... 19

    Figura 1.16: Etapa de propagao do mecanismo radicalar livre ................................ 19

    Figura 1.17: Etapa de terminao do mecanismo radicalar livre ................................. 20

    Figura 1.18: Propriedades electro-pticas de um filme de PDLC: a) com efeito de

    histerese; b) sem efeito de histerese .................................................................. 22

    Figura 1.19: Comutao entre o estado desligado/ligado de um filme de PDLC ......... 23

    Figura 1.20: Efeito de memria permanente de um filme de PDLC ............................. 24

    Figura 1.21: Aplicaes de PDLCs ............................................................................. 25

    Figura 1.22: Esquema representativo da escrita digital ............................................... 26

    Figura 2.1: Decomposio trmica do iniciador AIBN ................................................. 28

    Figura 2.2: Mecanismo de polimerizao do XDT ....................................................... 29

    Figura 2.3: Mecanismo de polimerizao do DMPA .................................................... 30

  • XVI

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

    Figura 2.4: Clula de ITO ............................................................................................ 31

    Figura 2.5: Mecanismo reaccional de polimerizao radicalar livre ............................. 32

    Figura 2.6: Estufa para polimerizao trmica ............................................................ 33

    Figura 2.7: Equipamento para polimerizao fotoqumica ........................................... 34

    Figura 2.8: Processo de anlise de uma amostra por espectroscopia FTIR ................ 35

    Figura 2.9: Montagem experimental para os estudos electro-pticos .......................... 37

    Figura 2.10: Esquema de funcionamento do POM ...................................................... 39

    Figura 3.1: Espectro de FTIR do PPGA (1% AIBN) polimerizado termicamente a 55 C

    ........................................................................................................................... 45

    Figura 3.2: Espectro de FTIR do PEGDA (1% AIBN) polimerizado termicamente a 55

    C ....................................................................................................................... 45

    Figura 3.3: Converso do PPGA (1% AIBN) e do PEGDA (1% AIBN) a 55 C ........... 47

    Figura 3.4: Converso do PPGA (1% AIBN) e do PEGDA (1% AIBN) a 65 C ........... 48

    Figura 3.5: Converso do PPGA (1% AIBN) e do PEGDA (1% AIBN) a 80 C ........... 49

    Figura 3.6: Converso do PPGA (1% AIBN) e do PEGDA (1% AIBN) a 90 C ........... 50

    Figura 3.7: Converso do PEGDA (1% AIBN) a 55 C, a 65 C, a 80Ce a 90 C ...... 51

    Figura 3.8: Variao da converso em funo da temperatura (PPGA (1% AIBN) e

    PEGDA (1% AIBN)) ............................................................................................ 52

    Figura 3.9: Massa normalizada de PEGDA (1% AIBN) a 65 C .................................. 53

    Figura 3.10: Ajuste proposto massa normalizada de PEGDA (1% AIBN) a 65 C .... 54

    Figura 3.11: Variao das constantes cinticas aparentes, em funo da

    temperatura (PPGA (1% AIBN) e PEGDA (1% AIBN)) ....................................... 55

    Figura 3.12: Representao linear da equao de Arrhenius do PPGA (1% AIBN) .... 56

    Figura 3.13: Representao linear da equao de Arrhenius do PEGDA (1% AIBN) .. 56

    Figura 3.14: Possvel estrutura do polmero PEGDA .................................................. 57

    Figura 3.15: Espectro de FTIR do PPGA (1% XDT) polimerizado fotoquimicamente .. 58

    Figura 3.16: Espectro de FTIR do PEGDA (1% XDT) polimerizado fotoquimicamente 58

    Figura 3.17: Converso de PPGA (1% XDT) e de PEGDA (1% XDT) polimerizados

    fotoquimicamente ............................................................................................... 60

    Figura 3.18: Converso de PPGA (1% XDT) e de PEGDA (1% XDT) com filtro de 10%

    ........................................................................................................................... 61

    Figura 3.19: Converso de PEGDA (1% DMPA) com filtro de 1% .............................. 63

    Figura 3.20: Variao da converso de PEGDA (1% XDT) em funo do nmero de

    fotes irradiados: sem filtro, filtro 10% e filtro 1% ............................................... 64

    Figura 3.21: Perfil do PPGA (1% XDT) polimerizado com filtro 10% ........................... 66

    Figura 3.22: Ajuste proposto ao perfil do PPGA (1% XDT) polimerizado com filtro 10%

    ........................................................................................................................... 67

  • XVII

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

    Figura 3.23: Estados possveis das clulas aps estudo electro-ptico ...................... 68

    Figura 3.24: Imagens de POM de PPGA (1% AIBN) + E7 com 50/50 (p/p) com

    polarizadores cruzados. Ampliao: 100x (A) e 200x (B).................................... 69

    Figura 3.25: Resposta electro-ptica de PPGA (1% AIBN) + E7 com 50/50 (p/p) ....... 70

    Figura 3.26: Imagens de SEM de PPGA (1% AIBN) + E7 com 50/50 (p/p) (A) e PEGDA

    (1% AIBN) + E7 com 30/70 (p/p) (B). Ampliao 2000x ...................................... 71

    Figura 3.27: Imagens de POM de PEGDA (1% AIBN) + E7 com 30/70 (p/p)

    polimerizado a 65 C com polarizadores alinhados (A) e polarizadores cruzados

    (B) ...................................................................................................................... 72

    Figura 3.28: Reposta electro-ptica do PEGDA (1% AIBN) + E7 com 30/70 (p/p) ...... 72

    Figura 3.29: Imagens de POM de PEGDA (1% AIBN) + E7 com 30/70 (p/p)

    polimerizado a 65 C aps estudo electro-ptico (A e B) e aps aquecimento (C e

    D). Ampliao 100x ............................................................................................ 73

    Figura 3.30: Influncia da temperatura de polimerizao no efeito de memria e no E90

    ........................................................................................................................... 75

    Figura 3.31: Imagens de SEM de PEGDA (1% AIBN) + E7 com 30/70 (p/p)

    polimerizado a 55 C (A), 65 C (B), 80 C (C) e 90 C (D). Ampliao 2000x .... 76

    Figura 3.32: Imagens de POM de PPGA (1% XDT) + E7 com 30/70 (p/p) com

    polarizadores alinhados (A) e polarizadores cruzados (B). Ampliao: 100x ...... 77

    Figura 3.33: Resposta electro-ptica de PPGA (1% XDT) com 30/70 (p/p) ................. 78

    Figura 3.34: Imagens de SEM de PPGA (1% XDT) + E7 com 30/70 (p/p). Ampliao

    2000x ................................................................................................................. 78

    Figura 3.35: Imagens de POM de PEGDA (1% XDT) + E7 com 30/70 (p/p) com

    polarizadores cruzados: sem filtro (A), filtro 10% (B) e filtro 1% (C) .................... 79

    Figura 3.36: Imagens de POM de PEGDA (1% DMPA) + E7 com 30/70 (p/p) com

    polarizadores cruzados: sem filtro (A), filtro 10% (B) e filtro 1% (C) .................... 79

    Figura 3.37: Resposta electro-ptica de PEGDA (1% XDT) com 30/70 (p/p) .............. 80

    Figura 3.38: Imagens de POM de PEGDA (1% XDT) + E7 com 30/70 (p/p) aps estudo

    electro-ptico (A e B) e aps aquecimento (C e D). Ampliao 100x .................. 81

    Figura 3.39: Imagens de SEM de PEGDA (1% XDT) + E7 com 30/70 (p/p)

    polimerizado sem filtro (A), filtro 10% (B) e filtro 1% (C). Ampliao 2000x ........ 83

    Figura 3.40: Imagens de SEM de PEGDA (1% DMPA) + E7 com 30/70 (p/p)

    polimerizado sem filtro (A), filtro 10% (B) e filtro 1% (C). Ampliao 2000x ........ 83

    Figura 6.1: Representao grfica de Absorvncia vs Tempo ...................................... B

    Figura 6.2: Representao grfica de viscosidade vs taxa de cisalhamento ................ C

    Figura 6.3: Converso de PEGDA (1% DMPA) polimerizado fotoquimicamente .......... D

    Figura 6.4: Converso de PEGDA (1% DMPA) polimerizado com filtro de 10% ........... E

  • XVIII

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

    Figura 6.5: Reposta electro-ptica do PEGDA (1% AIBN) + E7 com 30/70 (p/p)

    polimerizado a 55 C ........................................................................................... H

    Figura 6.6: Resposta electro-ptica de PEGDA (1% AIBN) + E7 com 30/70 (p/p)

    polimerizado a 80 C ............................................................................................. I

    Figura 6.7: Resposta electro-ptica de PEGDA (1% AIBN) + E7 com 30/70 (p/p)

    polimerizado a 90 C ............................................................................................ J

    Figura 6.8: Resposta electro-ptica de PEGDA (1% XDT) + E7 com 30/70 (p/p)

    polimerizado com filtro 10% ................................................................................. M

    Figura 6.9: Resposta electro-ptica de PEGDA (1% XDT) + E7 com 30/70 (p/p)

    polimerizado com filtro 1%................................................................................... N

    Figura 6.10: Resposta electro-ptica de PEGDA (1% DMPA) + E7 com 30/70 (p/p)

    polimerizado fotoquimicamente ............................................................................ P

    Figura 6.11: Resposta electro-ptica de PEGDA (1% DMPA) + E7 com 30/70 (p/p)

    polimerizado com filtro 10% ................................................................................. Q

    Figura 6.12: Resposta electro-ptica de PEGDA (1% DMPA) + E7 com 30/70 (p/p)

    polimerizado com filtro 1%................................................................................... R

  • XIX

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

    ndice de Tabelas

    Tabela 1.1: Componentes e suas estruturas do cristal lquido E7 ................................. 5

    Tabela 2.1: Monmeros comerciais ............................................................................ 27

    Tabela 2.2: Estrutura molecular dos iniciadores fotoqumicos ..................................... 28

    Tabela 2.3: Caractersticas da clula de ITO .............................................................. 31

    Tabela 3.1: Temperatura de transio nemtico - isotrpico do E7 ............................. 42

    Tabela 3.2: Temperatura de transio nemtico - isotrpico dos componentes puros do

    E7 ....................................................................................................................... 44

    Tabela 3.3: Tempos de polimerizao dos ensaios realizados a diferentes

    temperaturas ...................................................................................................... 46

    Tabela 3.4: Resumo dos perfis de converso ............................................................. 50

    Tabela 3.5: Parmetros determinados pelo modelo proposto para o PPGA (1% AIBN)

    ........................................................................................................................... 54

    Tabela 3.6: Parmetros determinados pelo modelo proposto para o PEGDA (1% AIBN)

    ........................................................................................................................... 54

    Tabela 3.7: Parmetros determinados pela equao de Arrhenius ............................. 57

    Tabela 3.8: Tempos de polimerizao e intensidade de radiao dos ensaios

    realizados ........................................................................................................... 59

    Tabela 3.9: Resumo dos perfis de converso ............................................................. 62

    Tabela 3.10: Parmetros determinados pelo modelo proposto para o PPGA (1% XDT)

    ........................................................................................................................... 67

    Tabela 3.11: Parmetros determinados pelo modelo proposto para o PEGDA (1%

    XDT) ................................................................................................................... 67

    Tabela 3.12: Parmetros determinados pelo modelo proposto para o PEGDA (1%

    DMPA) ................................................................................................................ 67

    Tabela 3.13: Resumo dos resultados obtidos ao longo da temperatura ...................... 74

    Tabela 3.14: Resumo dos resultados obtidos para o iniciador XDT ............................ 82

    Tabela 3.15: Resumo dos resultados obtidos para o iniciador DMPA ......................... 82

    Tabela 6.1: Resultados da actinometria qumica ........................................................... B

    Tabela 6.2: Resultados de viscosidade ........................................................................ C

    Tabela 6.3: Imagens de POM de PPGA (1% AIBN) + E7 com 50/50 (p/p). Ampliao

    100x ..................................................................................................................... F

    Tabela 6.4: Imagens de POM de PEGDA (1% AIBN) + E7 com 30/70 (p/p)

    polimerizado a 55 C. Ampliao 100x ................................................................ G

  • XX

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

    Tabela 6.5: Imagens de POM de PEGDA (1% AIBN) + E7 com 30/70 (p/p)

    polimerizada a 80 C. Ampliao 100x ................................................................ H

    Tabela 6.6: Imagens de POM de PEGDA (1% AIBN) + E7 com 30/70 (p/p)

    polimerizada a 90 C. Ampliao 100x .................................................................. I

    Tabela 6.7:Imagens de POM de PPGA (1% XDT) + E7 com 30/70 (p/p) polimerizada

    fotoquimicamente. Ampliao 100x ...................................................................... K

    Tabela 6.8: Imagens de POM de PEGDA (1% XDT) + E7 com 30/70 (p/p) polimerizado

    com filtro 10%. Ampliao 100x............................................................................ L

    Tabela 6.9: Imagens de POM de PEGDA (1% XDT) + E7 com 30/70 (p/p) polimerizado

    com filtro 1%. Ampliao 100x ............................................................................ M

    Tabela 6.10: Imagens de POM de PEGDA (1% DMPA) + E7 com 30/70 (p/p)

    polimerizado fotoquimicamente. Ampliao 100x ................................................ O

    Tabela 6.11: Imagens de POM de PEGDA (1% DMPA) + E7 com 30/70 (p/p)

    polimerizado com filtro 10%. Ampliao 100x....................................................... P

    Tabela 6.12: Imagens de POM de PEGDA (1% DMPA) + E7 com 30/70 (p/p)

    polimerizado com filtro 1%. Ampliao 100x ....................................................... Q

  • XXI

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

    Abreviaturas e Siglas

    5CB 4-4-n-pentil-cianobifenilo

    5CT 4-pentil-4-p-cianotrifenilo

    7CB 4-4-n-heptil-cianobifenilo

    8OCB 4-n-octiloxi-4-cianobifenilo

    AIBN 2,2-azobisisobutironitrilo

    BHT Butil hidroxitolueno

    CL Cristal lquido

    DMPA 2,2-dimetoxi-2-fenilacetofenona

    DTC Ditiocarbamilo

    ITO xido condutor de ndio e Estanho

    LCDs Dispositivos de Cristal Lquido

    MEHQ ter monometlico de hidroquinona

    n Director

    ne ndice de refraco extraordinrio

    no ndice de refraco ordinrio

    PDLC Cristal Lquido Disperso num Polmero

    PEGDA Diacrilato de polietilenoglicol

    PIPS Separao de Fases Induzida por Polimerizao

    PPGA Acrilato de polipropilenoglicol

    S Grau de ordem

    SIPS Separao de Fases Induzida por Solvente

    Tc Temperatura de clarificao

    Tf Temperatura de fuso

    TIPS Separao de Fases Induzida Termicamente

    TNI Temperatura de transio nemtico - isotrpico

    XDT bis(N,N-dietilditiocarbamato de p-xileno)

  • XXII

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

  • XXIII

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

    Enquadramento e Objectivos

    Este trabalho foi realizado nos laboratrios de investigao de Qumica-Fsica do

    Departamento de Qumica da Faculdade de Cincias e Tecnologia (FCT) da

    Universidade Nova de Lisboa (UNL), no mbito do projecto Preparao e

    caracterizao de novos PDLCs, PTDC/CTM/69145 (2006), financiado pela Fundao

    para a Cincia e Tecnologia.

    Este projecto tem como objectivos a produo de novos filmes de cristal lquido

    disperso num polmero (PDLC) e cristal lquido disperso num vidro (GDLC), para

    aplicaes electro-pticas tais como mostradores flexveis ou dispositivos de bloqueio

    de luz. O estudo tem como finalidade:

    Produo de PDLCs usando monmeros e/ou precursores modificados para

    originar a matriz slida

    Caracterizao dos filmes formados pelas suas propriedades electro-pticas

    Estudar a dinmica da transio off/on usando uma tenso de excitao de

    corrente alternada de alta frequencia

    Assim, no mbito deste projecto, o presente trabalho tem como principais objectivos:

    Produo de novos filmes de PDLC usando monmero acrilato e diacrilato

    Estudar o efeito da velocidade de polimerizao na morfologia da matriz

    polimrica e nos domnios de cristal lquido

    Caracterizao dos filmes formados atravs do potencial elctrico necessrio

    para se comutar entre os estados desligado/ligado, reprodutibilidade dos

    estados opaco/transparente e efeito de memria permanente

  • 1

    Introduo

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

    1 Introduo

    1.1 A descoberta dos cristais lquidos

    Em 1888, o botnico Austraco Friedrich Reinitzer observou o primeiro cristal lquido,

    no decurso da sntese de steres de colesterol, um produto natural presente em

    plantas e animais. Reinitzer observou nestes steres o fenmeno de double melting,

    isto , a uma dada temperatura o material transita de uma fase slida cristalina para

    um lquido turvo e, a temperaturas mais elevadas, o aspecto turvo desaparece dando

    origem a um lquido isotrpico de aparncia transparente. A investigao deste curioso

    fenmeno teve continuidade com o fsico Otto Lehmann que descobriu a anisotropia

    ptica destes lquidos. Ao reunir propriedades pticas dos cristais (anisotropia) e

    propriedades mecnicas dos lquidos (fluidez), Lehmann designou os compostos que

    exibem esta fase intermdia de cristal lquido 1.

    Actualmente os cristais lquidos so amplamente reconhecidos pela comunidade

    cientfica em grande parte devido ao desenvolvimento da tecnologia dos dispositivos

    electro-pticos, atravs dos Liquid Crystal Displays (LCDs). No incio, os LCDs

    estavam limitados a um conjunto de aplicaes para pequenos dispositivos de

    mostradores alfanumricos, usados em mquinas de calcular e relgios de pulso,

    tendo progredindo para uma vasta gama de aplicaes de mostradores de alto

    contedo informativo. Assim, tornaram-se o centro incontornvel de tecnologias de

    visualizao 2.

    As inmeras aplicaes de crescente grau de sofisticao deste material, levaram a

    um crescimento exponencial da procura de novos cristais lquidos. Deste modo, torna-

    se imprescindvel o estudo aprofundado das suas propriedades, de modo a melhorar o

    desempenho destes dispositivos.

    1.2 O cristal lquido

    No estado slido cristalino as molculas esto dispostas segundo posies especficas

    e orientadas em relao umas s outras, ou seja, possuem ordem posicional e

    orientacional. Como ilustra a figura seguinte, os slidos cristalinos so ordenados

    posicionalmente segundo trs direces (rede tridimensional), o que implica que

  • 2

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

    Introduo

    conhecendo a posio de uma partcula suficiente para saber a posio de todas as

    outras. Quando se fundem para o estado lquido as molculas distribuem-se

    aleatoriamente, perdendo por completo ambas as formas ordenadas: conhecer a

    posio de uma partcula nada revela sobre as posies das restantes, que mudam

    constantemente. No entanto quando se fundem para o estado lquido cristalino embora

    a ordem posicional se perca, alguma ordem orientacional mantida. Esta fase

    caracterizada por uma organizao molecular intermdia entre os dois estados 3. A

    direco preferencial no espao com que as molculas se orientam, pode ser descrita

    por um vector unitrio, denominado o director, n 4,5.

    O estado lquido cristalino uma mesofase, apresentada na Figura 1.1, pela zona

    compreendida pela temperatura de fuso, Tf, do cristal lquido e a temperatura de

    clarificao, Tc. Consoante a sua estrutura molecular, o sistema passa por uma ou

    mais mesofases antes de se transformar em lquido isotrpico. Estas transies

    podem ser observadas por meio de uma variao de temperatura (mesofase

    termotrpica) ou na presena de um solvente adequado (mesofase liotrpica).

    As mesofases liotrpicas so sistemas usualmente compostos por molculas

    anfiflicas (possuem nas extremidades um grupo hidrofbico e um grupo hidroflico) e

    solventes. A compreenso das propriedades fsico-qumicas destes sistemas

    relevante para melhorar alguns aspectos tecnolgicos na indstria de recuperao de

    n

    Lquido

    Tf Tc

    Cristal Lquido Slido Cristalino

    Figura 1.1: Esquema representativo dos estados da matria de acordo com a temperatura (adaptado de

    5)

  • 3

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

    Introduo

    petrleo, alimentar e de produo de detergentes. No entanto, as aplicaes electro-

    pticas com base em cristais lquidos liotrpicos so pouco usuais 6.

    A maioria dos dispositivos electro-pticos comerciais utiliza cristais lquidos

    termotrpicos. Assim, este trabalho focar-se- neste tipo de cristal lquido, que mais

    adiante ser restringido a um tipo especfico, o qual ser utilizado no trabalho

    experimental.

    1.2.1 Cristal Lquido Termotrpico

    Como j foi mencionado, as transies de fase nos cristais lquidos termotrpicos

    ocorrem por variao da temperatura, podendo ser observadas tanto em componentes

    puros como em misturas. Devido diversidade molecular que apresentam na sua

    constituio, possvel classific-los em calamticos (molculas alongadas em forma

    de bastonete), em discticos (molculas em forma de disco), piramdicos e

    tetradricos (molculas em forma de pirmide e tetraedro, respectivamente) 7.

    Os cristais lquidos mais comuns so do tipo calamtico, sendo compostos por trs

    elementos estruturais principais: um ncleo constitudo por um sistema rgido de anis

    (geralmente aromticos), os quais esto ligados entre si por grupos lineares e por

    grupos terminais flexveis. Grupos tais como C6H12, C4H4N2, C4H8O2 e C6H12 so os

    tpicos constituintes do sistema rgido de anis, e os grupos terminais flexveis so

    normalmente do tipo CN, alcanxido, alquilo e alcenilo 8. A estrutura anisotrpica

    Cristal Lquido

    Liotrpico Termotrpico

    Calamtico

    Disctico Piramdico Tetradrico

    Figura 1.2: Classificao dos cristais lquidos

  • 4

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

    Introduo

    derivada de serem compostos por um eixo molecular (C) significativamente maior que

    o outro (B).

    O pr-requesito para a aplicabilidade de qualquer cristal lquido num dispositivo LCD

    ter na sua composio molculas com uma gama de temperatura operacional

    suficientemente ampla 9. A gama de temperatura operacional para os LCDs

    comerciais de menor desempenho est entre os -10 C e 60 C, e na ordem dos -20 C

    a 100 C para dispositivos de alto desempenho 10. Pretende-se uma temperatura de

    fuso baixa a fim de evitar o congelamento dos dispositivos, e preferencialmente uma

    temperatura de clarificao elevada de modo a reduzir a oscilao nas propriedades

    fsicas temperatura de operao (temperatura ambiente) 11. Como no existe um

    nico cristal lquido que satisfaa este requesito, usual utilizar misturas de cristais

    lquidos 9.

    A utilizao de misturas de diferentes cristais lquidos permite alterar algumas

    propriedades fsicas da soluo, como o ponto de fuso ou o intervalo da fase

    nemtica. Um exemplo o cristal lquido E7 comercializado pela MERCK. Este funde

    a uma temperatura a -30 C e a transio da fase nemtica para a fase isotrpica d-

    se em torno dos 58 C 12,13.

    Este consiste numa mistura com diferentes propores de trs mleculas de

    cianobifenilo (5CB, 7CB e 8OCB) e de um cianotrifenilo (5CT). As temperaturas de

    transio da fase nemtica para a fase isotrpica ,TNI, dos seus componentes

    isolados encontra-se na Tabela 1.1 12,14,15.

    R2 R1 L B

    C

    Grupos Flexveis

    Figura 1.3: Esquema representativo da estrutura geral de um cristal lquido calamtico (R1 e R2 so

    estruturas anelares, L grupo ligante e C>>B)

  • 5

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

    Introduo

    Tabela 1.1: Componentes e suas estruturas do cristal lquido E7 12,14,15

    Nome Composio (p/p)

    Temperatura de

    transio de

    fase (C)

    4-4-n-pentil-cianobifenilo

    5CB

    51% Cr 24 N 35,3 I

    4-4-n-heptil-cianobifenilo

    7CB

    25% Cr 30 N 42,8 I

    4-n-octiloxi-4-cianobifenilo

    8OCB

    16% Cr 54,5 SA 67,5

    N 80 I

    4-pentil-4-p-cianotrifenilo

    5CT

    8% Cr 131 N 240 I

    Cr fase cristalina, N fase nemtica,SA fase esmtica-A,I fase istrpica

    Apenas alguns cristais lquidos apresentam mesofases temperatura ambiente

    (T 23C). Pelos valores de temperatura aprensentados na tabela anterior pode-se

    verificar que o 5CB satisfaz esta condio, ao possuir um intervalo de fase nemtica

    compreendido entre 24 C a 35,3 C, permanecendo lquido temperatura ambiente15.

    A variao da percentagem dos cristais lquidos na composio desta mistura tem

    como consequncia uma alterao na temperatura de transio NI. Este efeito de

  • 6

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

    Introduo

    deslocamento da temperatura do E7 pode ser explicado pelo acrscimo da

    percentagem do componente 8OCB e, em particular do 5CT. de realar que o 5CT

    puro apresenta uma temperatura de transio elevada (TNI=240C). Deste modo, at a

    mais pequena mudana na composio do E7 em relao ao 5CT induz uma mudana

    acentuda de temperatura de transio. 14

    O cristal lquido 8OCB possu uma fase esmtica do tipo SA, abaixo da fase nemtica.

    De acordo com observaes experimentais, uma mistura nemtica contendo uma

    pequena percentagem de componente esmtico ainda apresenta uma fase nemtica

    pura, desde que o componente esmtico seja menos de 20% 15.

    Como todos os componentes desta mistura so do tipo calamtico o E7 um cristal

    lquido calamtico nemtico.

    1.2.2 Fases dos cristais lquidos calamticos

    Segundo a nomenclatura proposta por Friedel (1922), as fases apresentadas pelos

    cristais lquidos do tipo calamtico podem ser classificadas em nemtica e esmtica.

    Estas so facilmente identificadas pela observao das respectivas texturas

    birrefringentes ao recorrer a microscpios de luz polarizada 16,17.

    Termotrpico

    Calamtico

    Nemtico Esmtico

    Figura 1.4: Classificao das fases dos cristais lquidos calamticos 17

  • 7

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

    Introduo

    Fase Nemtica (N)

    A fase nemtica a menos ordenada, assemelhando-se ao estado lquido isotrpico

    na medida em que as molculas constituintes no possuem ordem posicional,

    distribuindo-se aleatoriamente pelo espao variando de posio com o tempo

    medida que se d a sua difuso. No entanto, as molculas mantm uma certa ordem

    orientacional dado existir uma forte correlao entre a orientao de uma molcula

    arbitrria e as que se encontram na sua vizinhana 2,18. Geralmente, as molculas

    tendem a orientar-se paralelamente a um eixo comum designado de director, n,

    mostrado na Figura 1.5.

    Esta orientao molecular preferencial em torno de n verifica-se apenas em mdia,

    dado que tanto individualmente como em pequenos grupos, as molculas divergem da

    direco do director devido sua energia 7. O grau de orientao das molculas pode

    ser definido por o parmetro S, decrescente com a temperatura (grau de ordem), dado

    pela seguinte expresso:

    onde representa o ngulo formado pelo eixo molecular mais ordenado e o director

    do nemtico e os parnteses significa que se toma o valor mdio de um conjunto2.

    Quando a temperatura excede a temperatura de clarificao, o grau de ordem anula-

    se 7. Assim, S(TTc)=0 define um estado onde no existe ordem orientacional, isto ,

    liquido isotrpico, e S(TTF)=1 define um estado de completa ordem orientacional, isto

    , um cristal 9.

    n

    Figura 1.5: Esquema representativo do director na fase nemtica

  • 8

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

    Introduo

    Fase Esmtica (S)

    A fase esmtica consiste num arranjo molecular em camadas sobrepostas, com um

    espaamento inter-camadas bem definido. As molculas exibem alguma correlao

    posicional, alm da ordem orientacional.

    Existem vrios tipos de fases esmticas (SA, SB, SC) que se podem distinguir pela

    disposio das molculas no interior da cada camada. Como ilustrado pela figura,

    nos esmticos do tipo SA as molculas encontram-se dispostas perpendicularmente

    em relao ao plano das camadas, enquanto nos esmticos do tipo SC dispem-se

    obliquamente s camadas 2,4

    1.3 Propriedades dos cristais lquidos

    Da estrutura alongada em forma de bastonete, caracterstica dos cristais lquidos do

    tipo calamtico, resulta a anisotropia destes materiais. O que significa que os valores

    das suas propriedades so dependentes da direco em que so medidas. A rotao

    livre em torno do eixo molecular mais ordenado (que no caso deste tipo de molculas

    est orientado segundo a maior dimenso das mesmas) proporciona um eixo de

    simetria paralelo ao director. Assim, os valores das propriedades fsicas medidas

    perpendicularmente em relao ao director so idnticos (isto , ao longo do eixo y e

    z), porm diferem das medidas paralelamente ao director (ao longo do eixo x) 19.

    n n

    a) b)

    Figura 1.6: Esquema representativo do director na fase esmtica: a) Tipo SA; b) Tipo SC

  • 9

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

    Introduo

    Nos lquidos isotrpicos todas as direces so equivalentes, o que torna a anisotropia

    uma caracterstica fundamental que distingue os materiais mesognicos. Esta

    manifesta-se em diferentes propriedades fsicas tais como a condutividade elctrica,

    elasticidade, susceptibilidade magntica e viscosidade 4,7.

    As propriedades fsicas tambm dependem da temperatura e da presso, bem como

    do tipo de fase do cristal lquido (nemtico e esmtico) e do grau de ordem que

    apresenta 19.

    1.3.1 Anisotropia ptica (Birrefringncia)

    A anisotropia ptica ou birrefringncia uma propriedade que est presente na

    maioria dos cristais lquidos. Num material opticamente anisotrpico a velocidade de

    propagao do feixe de luz no meio no uniforme, mas depende da direco e da

    polarizao dos feixes que o atravessam. Como resultado, os cristais lquidos

    apresentam mais do que um ndice de refraco, sendo este definido pelo quociente

    entre a velocidade da luz no vcuo, c, e a velocidade da luz no meio em estudo 4.

    z

    y

    x

    Figura 1.7: Estrutura molecular tpica de um cristal lquido calamtico (5CB) (adaptado de 19

    )

  • 10

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

    Introduo

    Esta propriedade comum a todos os cristais com um grau de simetria relativamente

    baixo, ou seja, a todos os cristais que no pertenam a um sistema de simetria

    regular. A calcite e o quartzo so exemplos de cristais birrefringentes, sendo

    designados por uniaxiais uma vez que possuem um nico eixo ptico.

    Os cristais lquidos nemticos comportam-se de forma semelhante a um cristal

    uniaxial, devido ao alinhamento preferencial das molculas em relao ao director 4,7.

    Quando a luz incide num meio birrefringente divide-se em duas componentes

    perpendiculares, como ilustra a figura seguinte. Estes componentes so feixes

    polarizados com velocidades e ngulos de refraco distintos, sendo designados por

    raio ordinrio e raio extraordinrio 7,19.

    conveniente referir que o eixo ptico corresponde a uma determinada direco de

    incidncia segundo a qual no se produz birrefringencia. De uma forma mais simples,

    na propagao da luz ao longo de todo o eixo ptico os raios ordinrio e extraordinrio

    so coincidentes, propagando-se mesma velocidade. De modo inverso, a

    propagao da luz ao longo de uma direco que no a do eixo ptico, os raios no

    so coincidentes, propagando-se com diferentes velocidades e, como consequncia,

    apresentam diferentes ndices de refraco 20.

    No caso de uma mesofase uniaxial o eixo ptico dado pelo director 4.

    O raio ordinrio sempre perpendicular ao eixo ptico, pelo que o seu ndice de

    refraco, no, uma constante independente da direco de propagao. O raio

    extraordinrio encontra-se num plano que contm o eixo ptico, assim o seu ndice de

    refraco, ne, varia com o ngulo de acordo com a seguinte expresso 19,20:

    Raio extraordinrio

    Raio ordinrio

    Luz

    Figura 1.8: Luz atravs de um material birrefringente, diviso em dois feixes polarizados

  • 11

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

    Introduo

    A birrefringncia do meio, , depende da direco de propagao sendo definida

    por:

    A birrefringncia mxima pode ser observada quando , que implica que o raio

    extraordinrio paralelo ao eixo ptico 19.

    1.3.2 Cristal lquido num campo elctrico

    Os CL muito susceptveis aco de campos elctricos e magnticos. O interesse na

    aplicao destes materiais em dispositivos e tecnologias electro-pticas surge, em

    grande parte, da interaco de campos elctricos e magnticos externos com as suas

    molculas 20,21,22. A aco destes campos induz alteraes na estrutura dos CL,

    permitindo assim o controle das suas propriedades macroscpicas 21.

    As molculas de cristal lquido podem ser polares e apolares. No caso de molculas

    polares, existe uma distribuio irregular das cargas elctricas, resultando numa

    regio onde a molcula positiva e outra onde negativa, produzindo assim um

    momento dipolar permanente, 5. Esta separao provocada pela diferena de

    electronegatividade entre os diferentes tomos. Por outro lado, as molculas apolares

    adquirem dipolo elctrico induzido pela aplicao de um campo elctrico externo,

    causando uma ligeira separao das cargas positiva e negativa na molcula 5,21.

    Na ausncia de um campo elctrico, as molculas esto preferencialmente orientadas

    ao longo do director. No entanto, ao ser aplicado um campo, orientam-se ao longo

    deste como exemplificado na figura seguinte: a orientao de uma molcula de CL

    sob a aco de um campo elctrico externo o resultado entre o seu momento de

    dipolo e a intensidade do campo aplicado.

    Como se pode verificar, a molcula pode orientar-se paralela ou perpendicularmente

    ao campo elctrico (o sentido do campo elctrico indicado pelas setas azuis),

    consoante o momento dipolar existente. Quando as molculas possuem momento de

    dipolo paralelo (ou quase paralelo) a n, tendem a orientar-se na direco do campo

    elctrico (Figura 1.9 a)). No caso de possurem momento de dipolo quase

  • 12

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

    Introduo

    perpendicular a n, as molculas tendem em orientar-se perpendicularmente ao campo

    ( Figura 1.9 b)) 5,21.

    Os efeitos de um campo magntico sobre as molculas de um CL so anlogos aos

    referidos para um campo elctrico 21.

    1.4 Cristal Lquido disperso numa matriz polimrica

    Da combinao de polmero e cristal lquido resulta um filme denominado PDLC

    (Polymer Dispersed Liquid Crystal). Estes sistemas tornam-se atractivos uma vez que

    permitem combinar as propriedades dos polmeros (com toda a sua diversidade) e de

    CL (com a sua variedade de transies de fase) 23,constituindo uma classe de

    materiais relativamente nova, podendo ser usados em vrios tipos de dispositivos,

    como janelas de transparncia regulvel e outros modeladores de luz 24,25.

    O PDLC consiste em micro-domnios de CL dispersos numa matriz polimrica. Os

    micro-domnios de cristal lquido dispersam fortemente a luz, fruto de uma diferena

    entre os ndices de refraco do CL (ne e no) e do polmero (np). Consequentemente, o

    material tem a capacidade de alternar de um estado opaco para um estado

    transparente por aplicao de um campo elctrico externo 25,26,27.

    a)

    b) OFF

    n

    ON

    n

    OFF ON

    n

    + -

    n

    +

    + +

    -

    -

    -

    Figura 1.9: Interaco de um campo elctrico externo com uma molcula de CL (adaptado de

    5)

  • 13

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

    Introduo

    Na ausncia de um campo elctrico, a orientao do director no CL varia

    aleatoriamente de micro-domnio para micro-domnio. Neste caso, os ndices de

    refraco do CL diferem de np, produzindo uma forte disperso da luz o que torna o

    PDLC opaco. Ao ser aplicado um campo elctrico externo suficientemente intenso

    para que as molculas de CL nos diferentes micro-domnios se alinhem na direco do

    campo, o PDLC torna-se transparente. Assim, a transparncia da amostra o

    resultado do ndice de refraco no coincidir com o ndice de refraco do polmero

    25,26,27.

    Um bom desempenho dos dispositivos com base em filmes de PDLC exige

    determinados pr-requisitos: tempo reduzido de comutao entre o estado

    desligado/ligado; tenso elctrica baixa de funcionamento; um elevado contraste na

    transparncia no estado ligado e de opacidade no estado desligado. Estas

    caractersticas dependem ainda de vrios parmetros, tais como a concentrao de

    CL, do tamanho e forma dos micro-domnios, da uniformidade dos domnios de CL

    dispersos, da energia de ancoragem entre o CL e o polmero e, ainda, das

    propriedades fsicas da matriz polimrica 28,29.

    Matriz polimrica Opaco Transparente

    Directores do cristal

    lquido

    Luz no

    polarizada

    Micro-domnio

    Campo

    elctrico

    Figura 1.10: Representao de um filme de PDLC. Micro-domnios de CL inseridos na matriz polimrica do origem a uma forte disperso da luz. A reorientao das molculas de CL por

    aplicao de um campo elctrico origina um estado transparente 26

  • 14

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

    Introduo

    1.5 Preparao de um PDLC

    So utilizados, essencialmente, dois mtodos principais no fabrico de PDLCs. Estes

    so conhecidos por emulso e separao de fases, o ltimo dos quais o principal

    mtodo de fabrico 30.

    O mtodo de separao de fases consiste numa mistura homognea de cristal lquido

    e monmero a polimerizar. O processo inicia-se com a separao das duas fases, no

    momento da polimerizao: o CL menos solvel no polmero do que no monmero,

    comeando a formar micro-domnios no seio da matriz polimrica. No final desta

    reaco, obtm-se uma matriz slida de polmero contendo uma disperso de CL

    7,24,26,30.

    A induo da separao de fases pode ser obtida por arrefecimento (Separao de

    Fases induzida Termicamente, TIPS), por evaporao de solvente (Separao de

    Fases Induzida por Solvente, SIPS) ou por polimerizao (Separao de Fases

    Induzida por Polimerizao, PIPS) 30.

    Dos trs mtodos possveis, o PIPS tem-se revelado o mais til na formao de filmes

    de PDLC com durabilidade e com boas propriedades electro-pticas, sendo

    normalmente irreversvel, ao contrrio do TIPS e do SIPS. A reticulao entre as

    Micro-domnio de cristal

    lquido

    Polmero

    Figura 1.11: Imagem POM de separao de fases

  • 15

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

    Introduo

    cadeias polimricas pode ser obtida facilmente e a matriz resultante possu grande

    durabilidade, o que leva a uma estabilizao das propriedades dos dispositivos de

    PDLCs 30.

    No mtodo PIPS, o cristal lquido misturado com o monmero ou oligmero de baixo

    peso molecular, que actua como solvente do CL, formando uma soluo homognea.

    medida que a reaco de polimerizao progride, o cristal lquido comea a agrupar-

    se em domnios, os quais crescem at que o polmero se torna slido o suficiente para

    que as molculas fiquem retidas, deixando de se poder movimentar livremente. A

    polimerizao induzida pela aplicao de calor ou radiao UV, dependendo do tipo

    de iniciador 24,27,30.

    Contudo, o mtodo PIPS uma tcnica complexa qual se associa a desvantagem de

    ser difcil conseguir propriedades uniformes em toda a clula ou de produzir

    dispositivos que possuam exactamente as mesmas propriedades. A eficincia do

    processo de separao de fases dependente da temperatura, intensidade da luz e

    presena de impurezas, sendo sensvel a variaes que possam ocorrer durante este

    processo. Estas podem levar formao de matrizes polimricas com diferentes

    morfologias, produzindo um efeito considervel na resposta electro-ptica do filme de

    PDLC 27,30.

    1.5.1 Morfologia de um PDLC

    A matriz resultante de um filme de PDLC, preparado pelo mtodo PIPS, pode

    apresentar duas morfologias distintas: morfologia do tipo Swiss Cheese ou morfologia

    do tipo Polymer Ball. Em ambas as morfologias, o PDLC tem capacidade de alternar

    de um estado opaco para um estado transparente por aplicao de um campo

    elctrico externo. No entanto, possuem caractersticas e respostas electro-pticas

    diferentes 31,32.

    Morfologia do tipo Swiss Cheese

    Neste tipo de morfologia, a fase de CL forma pequenos domnios micro-domnios

    incorporados na matriz polimrica assemelhando-se, tal como sugere o nome, a um

    queijo suo 31,32.

  • 16

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

    Introduo

    No interior de cada micro-domnio, o CL pode adoptar vrias configuraes, as quais

    dependem de factores como a forma e tamanho dos domnios, da interaco entre a

    matriz polimrica e os domnios - superfcie de ancoragem - e dos campos aplicados.

    As configuraes mais comuns so a radial, axial e a bipolar, apresentadas na Figura

    1.13 24.

    A configurao radial e axial observa-se quando as molculas de CL esto ancoradas

    perpendicularmente superfcie do polmero, distinguindo-se pela intensidade de

    ancoragem: quando a ancoragem fraca estamos perante a configurao axial. A

    configurao bipolar observa-se quando as molculas esto orientadas paralelamente

    superfcie do polmero 24.

    Em todas as configuraes existem pontos que constituem defeitos de orientao: na

    configurao radial existe um nico ponto de defeito no centro do domnio, na axial

    Radial Axial Bipolar

    Defeito

    Polmero

    Domnio de cristal lquido

    50 m

    Figura 1.12: Imagem SEM da morfologia Swiss Cheese 32

    Figura 1.13: Configuraes mais comuns da molcula de CL no interior do micro-domnio

  • 17

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

    Introduo

    cria-se uma linha de defeitos ao longo da periferia do domnio e na configurao

    bipolar criam-se dois defeitos nos plos do domnio 24.

    Morfologia do tipo Polymer Ball

    Neste tipo de morfologia, a matriz polimrica constituda por agregados de polmero

    em forma de esferas, ligados entre si. O CL ocupa as fendas e espaos vazios desta

    estrutura, observando-se zonas ricas em domnios de polmero e outras ricas em

    domnios de CL, como ilustra a figura 31,32.

    Como referido anteriormente (seco 1.4), so vrios os parmetros dos quais vo

    depender as propriedades electro-pticas de um filme de PDLC. O tamanho da micro-

    domnio , de entre todos os parmetros mencionados, o de maior interesse, sendo o

    principal factor de controlo das propriedades destes sistemas. Esta dependncia deve-

    se ao facto de a operao de uma clula de PDLC consistir numa reorientao dos

    micro-domnios de CL num campo elctrico 33.

    O tamanho do micro-domnio influenciado por dois factores principiais: a temperatura

    e as propores do material utilizado, isto , a quantidade de monmero/CL utilizado

    na mistura. A temperatura afecta directamente a velocidade de polimerizao e,

    consequentemente a taxa de disperso e solubilidade do CL no polmero. A utilizao

    do mtodo de separao de fases na preparao de um PDLC vantajosa, na medida

    em que permite um ajuste do tamanho do micro-domnio pelo controle da velocidade

    de polimerizao 24.

    Polmero

    Domnio de cristal lquido

    Figura 1.14: Imagem SEM da morfologia Polymer Ball 32

  • 18

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

    Introduo

    1.5.2 Cintica de polimerizao

    No mtodo PIPS, o monmero ou oligmero polimerizado a partir de uma mistura

    homognea. medida que se d a polimerizao, o monmero d origem a um

    polmero de maior peso molecular, resultando na diminuio da solubilidade do CL no

    polmero e na formao de domnios de CL, dando-se assim a separao de fases. O

    tamanho dos domnios depende da cintica do processo de separao de fases: regra

    geral, uma polimerizao rpida resulta em domnios mais pequenos, enquanto um

    processo mais lento origina domnios maiores. A velocidade de polimerizao

    portanto um factor importante para se obter um tamanho uniforme de domnios de CL

    30,34.

    No caso de uma cintica rpida, o CL agrupa-se rapidamente em domnios, no tendo

    tempo para crescer uma vez que se verifica um rpido aumento na viscosidade da

    fase rica em polmero. Deste modo os domnios ficam confinados estrutura slida do

    polmero, perdendo por completo a mobilidade. Reciprocamente, numa cintica lenta

    formam-se domnios de CL maiores, visto que estes tm tempo para crescer 30.

    As matrizes polimricas base de acrilatos e metacrilatos tm sido muito utilizadas na

    preparao de filmes de PDLC. Associada preparao destes filmes esto

    polimerizaes por crescimento em cadeia (ou polimerizao por adio),

    caracterizadas pela quebra de uma ligao dupla 26,30,35. Neste tipo de polimerizaes,

    o monmero apresenta uma ligao dupla que se torna quimicamente activa podendo

    reagir com outro monmero. A quebra da ligao dupla, que d incio ao processo,

    requer a presena de um radical, sendo assim designada por reaco radicalar livre.

    Este processo repete-se at a reaco terminar 30,35,36. O mecanismo reaccional da

    polimerizao radicalar livre composto por trs etapas principais 36:

    Iniciao

    Onde um estmulo (geralmente luz ou calor) induz o iniciador a formar espcies

    reactivas . As espcies reactivas podem atacar o monmero para formar novas

    espcies activas 36.

  • 19

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

    Introduo

    Figura 1.15: Etapa de iniciao do mecanismo radicalar livre 36

    Propagao

    D-se um crescimento rpido de por adies sucessivas de molculas de

    monmero , que consumido rapidamente. Cada adio d origem a um novo

    radical, com a mesma identidade que o radical que lhe deu origem, podendo ser

    representadas por:

    ou, em termos gerais:

    Figura 1.16: Etapa de propagao do mecanismo radicalar livre 36

    Terminao

    A cadeia de polmero cessa o seu crescimento e termina. A terminao pode ocorrer

    por interaco simples entre duas espcies activas e - terminao por

    combinao - ou por dismutao, onde um centro activo neutralizado por

    transferncia de um tomo de hidrognio de uma espcie activa para outra.

  • 20

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

    Introduo

    Figura 1.17: Etapa de terminao do mecanismo radicalar livre 36

    Para o mecanismo radicalar livre, como o caso da polimerizao de acrilatos, o

    tempo de alcanar a viscosidade limite, na qual o tamanho de partcula est fixo,

    relativamente curto 34. O aumento sbito na viscosidade no decorrer da polimerizao,

    ocorre devido formao da rede polimrica e consequente perda de mobilidade por

    parte dos radicais no meio reaccional. As etapas de terminao e propagao,

    evidenciadas pelo mecanismo reaccional, tornam-se controladas pela difuso, o que

    implica que a capacidade de dois radicais se aproximarem e reagirem diminua 37.

    A cintica de polimerizao de monmeros base de acrilatos um processo

    complexo e apresenta caractersticas prprias, sendo necessrio garantir um

    compromisso entre a temperatura e viscosidade, dado que a viscosidade (quer da

    matriz polimrica quer do CL) diminui com o aumento da temperatura podendo levar

    formao de domnios maiores 30.

    Para o estudo cintico foram feitas as seguintes simplificaes: assume-se o estado

    estacionrio; a velocidade de propagao, , assumida ser a mesma em cada

    passo; na etapa de terminao os dois mecanismos, combinao e dismutao, so

    possveis mas sero escritos por convenincia como , na realidade ;

    as constantes cinticas de primeira ordem podem ser calculadas a partir de dados

    experimentais, assumindo-se que a sua dependncia com a temperatura segue a

    equao de Arrhenius 30,38.

    A reaco de polimerizao , essencialmente, a converso de monmero em

    polmero, podendo ser acompanhada pela velocidade de desaparecimento do

    monmero. O monmero consumido na reaco de iniciao e na reaco de

    propagao, pelo que a velocidade de desaparecimento do monmero, sinnimo da

    velocidade de polimerizao, dada pela seguinte expresso 36,38:

    onde , so as velocidade de iniciao e propagao, respectivamente. No

    entanto, o nmero de molculas de monmero que reagem na etapa de iniciao

  • 21

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

    Introduo

    muito pequeno comparativamente ao nmero de molculas que reagem na etapa de

    propagao, pelo que a seguinte simplificao geralmente aceite 36:

    A velocidade de propagao a soma de vrios passos individuais, como se assume

    ser a mesma em cada passo, expressa-se a velocidade de polimerizao como:

    onde a concentrao de monmero e a concentrao total dos radicais.

    Como a concentrao dos radicais , normalmente, muito baixa ( ) para ser

    determinada com exactido desejvel eliminar da equao. Para isso, assume-

    se o estado estacionrio, onde a concentrao de radicais aumenta inicialmente,

    atingindo um valor constante de um modo quase instantneo, o valor de estado

    estacionrio. equivalente dizer que a velocidade de formao e desaparecimento do

    radical igual, sendo definida como 36,38:

    O factor 2 introduzido na expresso, uma vez, que existem dois potenciais radicais

    na iniciao e a terminao. Rearranjado a equao anterior:

    A equao de velocidade de polimerizao em funo de definida por:

    Da expresso de velocidade, observa-se uma cintica de primeira ordem em relao a

    .

    1.6 Efeito de histerese

    O princpio de funcionamento electro-ptico de um filme de PDLC consiste na

    aplicao de tenso elctrica para que este alterne entre um estado desligado/ligado.

    Para a caracterizao destes sistemas so determinados parmetros que permitam

    quantificar a sua transmitncia e a variao desta quer ao longo do tempo quer com a

  • 22

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

    Introduo

    tenso aplicada. A transmitncia definida pelo quociente entre a intensidade do feixe

    luminoso depois de atravessar a amostra e a sua intensidade inicial 7.

    Ao medir a variao da transmitncia com o aumento e diminuio da tenso aplicada,

    as curvas obtidas nem sempre so coincidentes como ilustra a Figura 1.18 a). Esta

    diferena entre as curvas designa-se por efeito de histerese ou efeito de memria. No

    entanto, em alguns PDLCs, as curvas de tenso aplicada crescente e decrescente -

    coincidem, pelo que estes sistemas no possuem efeito de histerese 30.

    O efeito de histerese pode ser explicado, segundo Drzaic, pelo modelo de dois

    estgios na reorientao do micro-domnio. Este modelo considera que, ao aplicar um

    campo elctrico, os directores que se encontram no centro do domnio orientam-se

    rapidamente, originando uma resposta electro-ptica rpida. No entanto, neste ponto o

    micro-domnio no se encontra no menor estado de energia possvel. De modo a

    minimizar a sua energia, os pontos de defeito que se encontram superficie do micro-

    domnio giram de modo a que fiquem alinhados com o campo, resultando numa

    resposta electro-ptica mais lenta. neste estgio que o micro-domnio se encontra

    no menor estado de energia.

    Ao remover-se o campo, h novamente dois estgios de orientao primeiro as

    molculas de CL no centro relaxam rapidamente, seguido da rotao das molculas

    superfcie com diferentes velociades de resposta 30,39.

    A morfologia dos filmes de PDLC outro factor que pode dar origem ao efeito de

    histerese. Segundo Han, 2006, este efeito encontra-se maioritarimamente em

    morfologias do tipo Polymer Ball 32. Como referido na seco 1.4, o alinhamento das

    a) b)

    Figura 1.18: Propriedades electro-pticas de um filme de PDLC: a) com efeito de histerese; b) sem efeito de histerese

  • 23

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

    Introduo

    molculas de CL ao longo do campo est fortemente relacionado com a ancoragem

    entre o CL e a superfcie da matriz polimrica. Assim, a morfologia do tipo Polymer

    Ball permite o alinhamento colectivo das molculas de CL quando aplicao do

    campo, consequentemente o PDLC aquire efeito de memria. No caso de uma

    morfologia do tipo Swiss Cheese o CL encontra-se em micro-domnios isolados, no

    permitindo o alinhamento colectivo das molculas e, por isso, este efeito no se

    manifesta.

    1.6.1 Efeito de memria permanente

    Como referido na seco 1.4, um filme de PDLC caracterizado por alternar entre um

    estado desligado/ligado, por aplicao de tenso elctrica. No estado desligado, o

    PDLC encontra-se opaco passando a um estado ligado, de aparncia transparente,

    por aplicao de tenso. Aps a remoo da tenso, o dispositivo retorna ao seu

    estado original opaco.

    No entanto, em alguns dispositivos o estado transparente permanece por um longo

    perodo de tempo aps a remoo do campo. Este efeito designado por efeito de

    memria permanente 32.

    Figura 1.19: Comutao entre o estado desligado/ligado de um filme de PDLC

  • 24

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

    Introduo

    A quantificao do efeito de memria permanente pode ser feita atravs da medio

    da transmitncia ptica a partir do momento em que a tenso aplicada e removida.

    Desta forma, a transmisso do filme de PDLC, em percentagem, no estado de

    memria pode ser definida pela expresso seguinte 32:

    onde corresponde transmitncia do filme quando a tenso aplicada, a

    transmitncia depois de removida a tenso e a transmitncia inicial do filme 32.

    Pode-se eliminar o efeito de memria por aquecimento do PDLC acima da

    temperatura de clarificao do cristal lquido.

    1.7 Aplicaes de PDLCs

    Os dispositivos de PDLC oferecem uma vasta gama de potenciais aplicaes, pois a

    versatilidade das suas propriedades electro-pticas torna estes materiais competitivos

    em relao a outros dispositivos de cristais lquidos, os quais apresentam limitaes

    inerentes natureza do seu efeito electro-ptico ou nos requerimentos da construo

    da prpria clula, que inviabilizam a sua utilizao em certas as situaes. As janelas

    de transparncia regulvel, os mostradores directos e mostradores de projeco so

    as aplicaes mais usuais para estes dispositivos 7,39.

    De modo a apresentarem um bom desempenho, os dispositivos de PDLC tm que

    satisfazer pr-requisitos exigentes, tais como: tempo reduzido de comutao entre o

    Toff

    Ton

    T0

    Figura 1.20: Efeito de memria permanente de um filme de PDLC

  • 25

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

    Introduo

    estado desligado/ligado, tenses baixas de funcionamento e um elevado contraste

    grande transparncia no estado ligado. No entanto, algumas vantagens tornam estes

    materiais de grande interesse: dispensam a utilizao de polarizadores, de tratamento

    superficial de substratos e do uso de uma fonte de luz para o dispositivo funcionar 7.

    A aplicao de PDLCs em janelas de transparncia regulvel tornou-se parte

    integrante no desenvolvimento da indstria automvel e da construo civil, embora

    no ofeream proteco contra a luz incidente (a luz maioritariamente difundida).

    Estas janelas podem ser transparentes no estado desactivado (para aplicao em

    vidros de automveis por questes de segurana) ou opacas no estado desactivado

    (para aplicao em vidros de edifcios). O facto de no ser necessrio a utilizao de

    polarizadores torna estes dispositivos ideais para esta aplicao, quer pelo aspecto

    econmico quer pela melhor transmisso ao ser aplicado um campo elctrico 7.

    Na construo civil, mais precisamente em edifcios de empresas e de habitao, so

    vrias as utilizaes possveis para as janelas de transparncia regulvel. Como

    ilustra a figura seguinte, estes dispositivos podem ser usados para criar zonas de

    trabalho distintas em empresas, permitindo a partio de espaos, salas de

    conferncia e salas de controlo/observao, ou, no caso de edifcios de habitao,

    espaos com privacidade acrescida.

    Figura 1.21: Aplicaes de PDLCs

  • 26

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

    Introduo

    Os dispositivos de PDLC que apresentam efeito de memria permanente necessitam

    de energia apenas para transitar de um estado OFF para um estado ON: o estado ON

    no requer energia para se manter e a aplicao de uma pequena quantidade de calor

    suficiente para que voltem ao estado inicial. So, portanto, energeticamente mais

    econmicos o que lhes confere vantagens sobre os dispositivos j existentes.

    Este tipo de dispositivo poder ser a base de uma futura aplicao de armazenamento

    ptico de dados, o qual permite escrever, ler e apagar informao, tal como os

    sistemas digitais actuais, atravs de um cdigo binrio. Ambos os sistemas possuem

    dois estados possveis, estado ON e OFF, sendo a transio, de um estado para

    outro, feita atravs de um estmulo, por exemplo, elctrico.

    Como mostra a figura seguinte, cada domnio (ou pixel) pode apresentar dois estados

    de opacidade/transparncia diferentes, que representam 1 bit, correspondendo a uma

    de duas situaes possveis 0 ou 1 onde 0 corresponde, por exemplo, ao estado

    OFF inicialmente opaco (indicado na figura pela cor cinzenta) que, ao ser aplicada

    tenso elctrica, a um ou mais pixis seleccionados, passa para o estado ON

    (transparente) ao qual corresponde o estado 1. A informao escrita, isto , a

    transparncia ou a opacidade, pode ser lida atravs de um laser. O sistema converte-

    se no estado inicial, apagando a informao escrita, pelo aumento de temperatura do

    dispositivo.

    Laser

    0 0

    0

    0

    0

    0

    0

    0 0

    0 0

    0 0

    0

    0

    0

    1 1

    1

    0

    0

    0 0

    0

    0

    0

    1 1

    1 1 0

    1

    1 1

    1

    0

    0

    0 0

    0

    0

    0

    1 1

    1 1 0

    1

    Escrever Ler

    Apagar

    T

    Figura 1.22: Esquema representativo da escrita digital

  • 27

    Materiais e Mtodos

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

    2 Materiais e Mtodos

    Neste captulo sero descritos os materiais e mtodos utilizados no desenvolvimento

    deste trabalho. Dos materiais fazem parte todos os componentes usados na

    preparao dos PDLCs, nomeadamente os monmeros, iniciadores e cristal lquido,

    bem como as clulas usadas como suporte dos filmes de PDLC. Nos mtodos ser

    explicado os mtodos de preparao das amostras de PDLC e as tcnicas de

    caracterizao das propriedades.

    2.1 Materiais

    2.1.1 Monmeros

    Os monmeros utilizados na realizao deste trabalho so comercializados pela

    empresa Sigma-Aldrich. Estes so adquiridos contendo uma pequena quantidade de

    um ou dois inibidores, o ter monometlico de hidroquinona (MEHQ) e o butil

    hidroxitolueno (BHT), de modo a evitar a sua auto-polimerizao. Antes de proceder

    sua utilizao experimental, os inibidores presentes so removidos atravs de uma

    cromatografia em coluna.

    Tabela 2.1: Monmeros comerciais

    Nome Formula

    Molecular

    Peso Molecular

    Mdio

    Acrilato de polipropilenoglicol

    PPGA

    C3H3O2[C3H7O]n

    n=6,8

    Diacrilato de polietilenoglicol

    PEGDA

    C6H6O3[C2H4O]n

    n=13

  • 28

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

    Materiais e Mtodos

    2.1.2 Iniciadores

    Foram usados dois tipos de iniciadores: trmico e fotoqumico.

    Na polimerizao trmica foi utilizado o iniciador 2,2-azobisisobutironitrilo, AIBN,

    comercializado pela Fluka. A sua decomposio trmica, a uma temperatura de 64C,

    d origem a dois radicais, que esto livres para dar incio reaco de polimerizao,

    e libertao de azoto como ilustra a Figura 2.1 36.

    Figura 2.1: Decomposio trmica do iniciador AIBN 36

    Na polimerizao fotoqumica foram utilizados dois iniciadores: o bis(N,N-

    dietilditiocarbamato de p-xileno), XDT e o 2,2-dimetoxi-2-fenilacetofenona, DMPA.

    Apenas o DMPA foi obtido comercialmente Sigma-Aldrich, ao passo que o XDT

    sintetizado.

    Tabela 2.2: Estrutura molecular dos iniciadores fotoqumicos

    Designao Estrutura Molecular

    XDT

    DMPA

  • 29

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

    Materiais e Mtodos

    A polimerizao iniciada pelo XDT possui caractersticas diferentes da polimerizao

    convencional sendo, por isso, designada por iniferter polymerization ou living

    polymerization.

    O iniciador XDT, quando sujeito a radiao ultravioleta, d origem a um radical

    carbono e um radical contendo enxofre, o ditiocarbamilo, DTC. O radical carbono

    muito reactivo quando comparado com o radical DTC, formando os centros activos

    que so responsveis por reagir com o monmero, dando incio polimerizao.

    Assim, a polimerizao progride pela propagao de radicais de carbono uma vez que

    o outro radical estvel e relativamente inerte na propagao 40,41.

    O aumento da viscosidade do meio no decorrer da polimerizao - devido formao

    da rede polimrica - induz a uma limitao por difuso na propagao dos radicais de

    carbono e, consequentemente, a polimerizao cessa 41.

    Quando a radiao ultravioleta removida, os radicais de carbono incorporados na

    matriz durante a polimerizao so extintos pelos radicais DTC inertes que so de

    cadeia curta (pois eles no cresceram por propagao) e ainda mveis em converses

    altas. Neste ponto, a reaco de polimerizao cessa 41.

    XDT

    Radical carbono Radical DTC

    Radicais de carbono polimricos

    Monmero Reaco

    desprezvel

    Figura 2.2: Mecanismo de polimerizao do XDT

  • 30

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

    Materiais e Mtodos

    A decomposio fotoqumica da molcula de DMPA, semelhana da polimerizao

    anterior, origina dois radicais de carbono livres para reagir com o monmero, dando

    assim incio polimerizao. Associada a esta polimerizao, encontram-se tambm

    os problemas de difuso relacionados com o aumento de viscosidade do meio, que

    limitam a propagao dos radicais livres. No entanto, a polimerizao iniciada com o

    DMPA no cessa quando se retira a fonte de radiao UV, ao contrrio do iniciador

    XDT. A reaco ainda prossegue durante um certo perodo de tempo, uma vez que

    ainda existem radicais livres com mobilidade suficiente para reagir, at terminar.

    2.1.3 Cristal Lquido (E7)

    Neste trabalho foi utilizado o cristal lquido E7, comercializado pela MERCK. Este

    consiste numa mistura nemtica com diferentes propores de trs molculas de

    cianobifenilo (5CB, 7CB e 8OCB) e de um cianotrifenilo (5CT).

    Este composto utilizado sem purificao, tal como recebido e exibe uma

    temperatura de transio vtrea, Tg, de -62 C e uma temperatura de transio

    nemtico isotrpico de 58 C 13. Na Tabela 1.1 encontra-se a composio do E7 e a

    temperatura de transio nemtico isotrpico, TNI, dos componentes puros e da

    mistura. Estas temperaturas foram tambm determinadas experimentalmente.

    DMPA Radicais carbono

    Monmero

    Radicais de carbono polimricos

    Figura 2.3: Mecanismo de polimerizao do DMPA

  • 31

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

    Materiais e Mtodos

    2.1.4 Clulas

    As clulas utilizadas como suporte dos filmes de PDLC, para aplicao de um campo

    elctrico, so clulas comerciais de xido condutor de ndio e estanho, ITO, da

    empresa Instec Inc. com as seguintes caractersticas:

    Tabela 2.3: Caractersticas da clula de ITO 42

    Tipo rea (mm) Espaamento (m)

    Alinhamento homogneo anti-paralelo 5 x 5 20

    2.2 Mtodos

    2.2.1 Preparao das amostras para o estudo cintico

    A amostra utilizada para o estudo cintico da matriz polimrica constituda por

    monmero e iniciador. Estes componentes so colocados num eppendorf

    temperatura ambiente, pesados numa balana analtica RADWAG (max=120 g e

    d=0,1 mg) e misturados num Vortex Heidolph, Reax Top Selecta at se obter uma

    mistura homognea.

    rea de ITO 5x5mm

    Abertura 2

    Abertura 1

    Camada de alinhamento

    Elctrodo de ITO do

    vidro superior

    Elctrodo de ITO do

    vidro inferior

    Cola com

    espaador

    Figura 2.4: Clula de ITO 42

  • 32

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

    Materiais e Mtodos

    As solues contem iniciador trmico AIBN ou fotoqumico XDT ou DMPA, em 1%

    relativamente ao peso do monmero, consoante o tipo de polimerizao pretendido. A

    mistura colocada entre dois discos de brometo de potssio e polimerizada.

    2.2.2 Preparao das amostras de PDLC

    A amostra de PDLC constituda por monmero, iniciador e cristal lquido. De maneira

    igual referida anteriormente, estes componentes so colocados num eppendorf

    temperatura ambiente, pesados numa balana RADWAG (max=120 g e d=0,1 mg) e

    misturados num Vortex Heidolph, Reax Top Selecta at se obter uma mistura

    homognea.

    Foram feitas solues contendo monmero e cristal lquido numa proporo em peso

    de 30/70 (p/p) e de 50/50 (p/p), respectivamente. A estas misturas adicionado o

    iniciador trmico AIBN ou fotoqumico XDT ou DMPA, em 1% relativamente ao peso

    do monmero, uma vez que, a partir de estudos anteriores, sabe-se que esta

    quantidade permite que a polimerizao se d na totalidade e em menos tempo.

    A mistura introduzida por capilaridade numa clula de ITO com 20 m de espessura

    e polimerizada trmica ou fotoquimicamente, obtendo-se um dispositivo de PDLC.

    2.2.3 Polimerizao

    As polimerizaes realizadas neste trabalho so do tipo radicalar livre, caracterizadas

    pela quebra de uma ligao dupla C=C do monmero, na presena de um radical. O

    mecanismo reaccional constitudo por trs etapas principais: iniciao, propagao e

    terminao como ilustrado na figura seguinte:

    Iniciao:

    Propagao:

    Terminao:

    Figura 2.5: Mecanismo reaccional de polimerizao radicalar livre 36

  • 33

    Efeito da velocidade de polimerizao na eficincia de PDLCs

    Materiais e Mtodos

    Polimerizao Trmica

    A amostra polimerizada com o iniciador AIBN numa estufa de Inox, construda para o

    efeito, sendo aquecida a quatro temperaturas distintas - 55, 65, 80 e 90C durante

    um perodo de tempo suficiente para que se d a polimerizao do monmero.

    Este perodo de tempo, necessrio para que se d a polimerizao correspondente a

    cada temperatura, determinado previamente pelas amostras utilizadas para o estudo

    cintico e depois aplicado na polimerizao das amostras de PDLC.

    Figura 2.6: Estufa para polimerizao trmica

    Polimerizao Fotoqumica

    Como referido anteriormente, foram estudados dois iniciadores fotoqumicos XDT e o

    DMPA. A amostra irradiada com luz ultra-violeta monocromtica com um

    comprimento de onda de 366 nm.

    A polimerizao fotoqumica foi levada a cabo no equipamento Oriel 60115, com uma

    lmpada de mdia presso de 100 W