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I UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA Fundada em 18 de fevereiro de 1808 Monografia Estimulação transcraniana por corrente contínua em crianças e adolescentes com transtorno do déficit de atenção e hiperatividade Igor Dórea Bandeira Salvador (Bahia) Dezembro, 2014

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I

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA

Fundada em 18 de fevereiro de 1808

Monografia

Estimulação transcraniana por corrente contínua em

crianças e adolescentes com transtorno do déficit de

atenção e hiperatividade

Igor Dórea Bandeira

Salvador (Bahia)

Dezembro, 2014

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II

FICHA CATALOGRÁFICA

(elaborada pela Bibl. SONIA ABREU, da Bibliotheca Gonçalo Moniz : Memória da Saúde

Brasileira/SIBI-UFBA/FMB-UFBA)

B214

Bandeira, Igor Dórea

Estimulação transcraniana por corrente contínua em crianças e

adolescentes com trantorno do déficit de atenção e hiperatividade/

Igor Dórea Bandeira. (Salvador, Bahia): ID, Bandeira, 2014

viii; 37 fls. : il. [tab.; quadros].

Monografia, como exigência parcial e obrigatória para conclusão do Curso de Medicina

da Faculdade de Medicina da Bahia (FMB), da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Professora orientadora: Rita de Cássia Saldanha de Lucena

Palavras chaves: 1. TDAH. 2. Estimulação elétrica. 3. Crianças, 4. Adolescentes.

I. Lucena, Rita de Cássia Saldanha de. II. Universidade Federal da Bahia.

Faculdade de Medicina da Bahia. III. Estimulação transcraniana por

corrente contínua em crianças e adolescentes com trantorno do déficit de

atenção e hiperatividade.

CDU: 612.858.7

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III

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA

Fundada em 18 de fevereiro de 1808

Monografia

Estimulação transcraniana por corrente contínua em

crianças e adolescentes com transtorno do déficit de

atenção e hiperatividade

Igor Dórea Bandeira

Professor orientador: Rita de Cássia Saldanha de Lucena

Monografia de Conclusão do

Componente Curricular MED-

B60/2014.2, como pré-requisito

obrigatório e parcial para

conclusão do curso médico da

Faculdade de Medicina da Bahia

da Universidade Federal da Bahia,

apresentada ao Colegiado do Curso

de Graduação em Medicina.

Salvador (Bahia)

Dezembro, 2014

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IV

Monografia: Estimulação transcraniana por corrente contínua em

crianças e adolescentes com transtorno do déficit de atenção e

hiperatividade, de Igor Dórea Bandeira.

Professor orientador: Rita de Cássia Saldanha de Lucena

COMISSÃO REVISORA: Rita de Cássia Saldanha de Lucena (Presidente, Professor orientador),

Professor do Departamento de Neurociências e Saúde Mental da Faculdade de

Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia.

Abrahão Fontes Baptista, Professor do Departamento de Biomorfologia do

Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Bahia.

Elza Magalhães Silva, Professora do Departamento de Neurociências e Saúde

Mental da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia.

Eduardo Pondé de Sena, Professor do Departamento de Biorregulação do

Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Bahia.

Priscila Valera Guerra, Doutoranda do Programa de Pós-graduação em

Patologia Humana (PPgPat) da Universidade Federal da Bahia.

TERMO DE REGISTRO ACADÊMICO: Monografia

avaliada pela Comissão Revisora, e julgada apta à apresentação

pública no VIII Seminário Estudantil de Pesquisa da Faculdade

de Medicina da Bahia/UFBA, com posterior homologação do

conceito final pela coordenação do Núcleo de Formação

Científica e de MED-B60 (Monografia IV). Salvador (Bahia),

em ___ de _____________ de 2014.

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V

A minha família e amigos

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VI

EQUIPE

Igor Dórea Bandeira, Faculdade de Medicina da Bahia/UFBA. Correio-e:

[email protected];

João Gabriel Jagersbacher Passos Oliveira, Faculdade de Medicina da

Bahia/UFBA;

Thiago Lima Barretto, Faculdade de Medicina da Bahia/UFBA;

Rita de Cássia Saldanha de Lucena, Faculdade de Medicina da Bahia/UFBA.

INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

Faculdade de Medicina da Bahia (FMB)

Instituto de Ciências da Saúde (ICS)

Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgard Santos (COM-HUPES)

FONTES DE FINANCIAMENTO

1. Recursos próprios.

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VII

AGRADECIMENTOS

A minha Professora orientadora, Doutora Rita de Cássia Saldanha de Lucena,

pela presença constante e substantivas orientações acadêmicas e a minha vida

profissional de futuro médico.

Aos Doutores Abrahão Fontes Baptista, Elza Magalhães Silva e Eduardo

Pondé de Sena, e a Doutoranda Priscila Valera Guerra, membros da

Comissão Revisora desta Monografia, sem os quais muito deixaria ter

aprendido. Meus especiais agradecimentos pela constante disponibilidade.

Ao Doutor Paulo Eduardo Luiz de Mattos, por ter disponibilizado o Teste de

Atenção Visual (TAVIS) 3ª edição para avaliação das crianças que

participaram do presente estudo.

À Mestranda Samantha Nunes Santos, à Doutoranda Chrissie Ferreira de

Carvalho e à Pós-doutoranda Fernanda Costa de Queirós pela colaboração,

disponibilidade e suporte empregado em diversas etapas do estudo.

Aos meus Colegas João Gabriel Jagersbacher Passos Oliveira e Thiago

Lima Barretto, pela colaboração e responsabilidade empregados tanto na

coleta de dados quanto nas demais etapas do estudo.

À estudante de Psicologia Jéssica Regina de Jesus Silva, responsável por toda a

aplicação e interpretação dos testes neuropsicológicos empregados no estudo.

À Rachel Silvany Quadros Guimarães pela colaboração e disponibilidade na

revisão desta monografia.

À Daniel de Carvalho Vaz, pela dispobilidade e por parte da coleta de dados do

estudo.

À Jean Michell Correia Monteiro, pelo apoio e análise estatística dos dados

coletados neste estudo.

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1

SUMÁRIO

ÍNDICE DE FIGURAS, GRÁFICOS, SIGLAS, QUADROS E

TABELAS 2

I. RESUMO 3

II. OBJETIVOS 4

III. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 5

IV. METODOLOGIA 8

V. RESULTADOS 12

VI. DISCUSSÃO 16

VII. CONCLUSÕES 18

VIII. SUMMARY 19

IX. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 20

X. ANEXOS 23

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ÍNDICE DE FIGURAS, GRÁFICOS, QUADROS, SIGLAS E TABELAS

TABELAS

TABELA 1. Características clínicas e epidemiológicas das crianças com TDAH 20 TABELA 2. Teste de Atenção Visual (TAVIS-3): média por tarefa 21 TABELA 3. Teste de Atenção Visual (TAVIS-3): média dos valores aglomerados 21 TABELA 4. Subteste Dígitos do WISC-III 21 TABELA 5. Cubos de Corsi 22 TABELA 6. Controle Inibitório – Inibindo Respostas (IR) – subteste da bateria Avaliação

Neuropsicológica do Desenvolvimento (NEPSY-II) 22

SIGLAS

ANVISA: Agência Nacional de Saúde

EEG: Eletroencefalografia

EMT: Estimulação magnética transcraniana

ETCC: Estimulação transcraniana por corrente contínua

IR: Inibindo respostas

NEPSY-II: A Developmental Neuropsychological Assessment – 2nd Edition

PGI-I: Patient Global Impression of Improvement – version I

QI: Quociente de inteligência

SNAP-IV: Swanson, Nolan, and Pelham scale – version IV

SPSS: Statistical Package for Social Sciences

TAVIS-3: Teste de atenção visual – versão 3

TCLE: Termo de consentimento livre e esclarecido

TDAH: Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade

TOD: Transtorno de oposição e desafio

WISC-III: Wechsler Intelligence Scale for Children – 3th Edition

DSM-5: Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders – 5th Edition

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I. RESUMO

O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é caracterizado por padrão

persistente de desatenção e ou hiperatividade/impulsividade. O tratamento farmacológico com

metilfenidato, atomoxetina e anfetaminas minimiza as manifestações clínicas. Apesar da

eficácia comprovada, muitos indivíduos continuam tendo comprometimento social e

acadêmico e alguns experimentam efeitos colaterais significativos que inviabilizam a

manutenção do tratamento. Estudos com o objetivo de investigar possíveis benefícios da

estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC) em crianças e adolescentes com

TDAH ainda não foram realizados. Objetivos: investigar o efeito da ETCC sobre o

desempenho de crianças e adolescentes com TDAH nos testes neuropsicológicos de atenção

visual, memória operacional visual e verbal e controle inibitório. Metodologia: trata-se de um

ensaio terapêutico autopareado envolvendo ETCC em crianças e adolescentes com TDAH.

Foi realizada avaliação de triagem inicial utilizando SNAP-IV e subtestes Vocabulários e

Cubos do WISC-III. Os indivíduos foram avaliados pré-ETCC e pós-ETCC com os subtestes

Dígitos do WISC-III e Inibindo Respostas (IR) do NEPSY-II, além de Cubos de Corsi e

TAVIS-3. Resultados: foram estudados nove indivíduos de ambos os sexos, residentes em

Salvador, Bahia, Brasil com TDAH de acordo com critérios do DSM-5. Observamos

diferença estatisticamente significativa em alguns aspectos dos testes TAVIS-3 e subteste IR

do NEPSY-II. Discussão: os dados apresentados sugerem que a ETCC pode modificar

atenção seletiva e reduzir o tempo necessário para que crianças e adolescentes com TDAH

selecionem novas informações, reduzindo o número total de erros cometidos quando utilizada

a atenção alternada nos testes neuropsicológicos. O fato de termos encontrado melhora nestes

parâmetros, mesmo com a pequena população estudada, pode significar que estudos

posteriores com casuística maior poderão apresentar resultados com maior evidência.

Conclusão: a ETCC ao diminuir o tempo de reação está relacionada a uma velocidade de

processamento mais eficiente, ao diminuir erros por omissão está relacionada a melhora na

detecção de estímulos e ao diminuir número total de erros em tarefas de atenção alternada está

relacionada a melhor capacidade de alternar entre uma atividade em andamento e outra

concorrente de modo mais eficiente. Houve percepção de melhora do quadro clínico do

TDAH pós-ETCC em relação ao nível basal e os efeitos adversos foram leves, transitórios,

auto-limitados e similares ao das populações adultas.

Palavras-chave: 1. TDAH; 2. Estimulação elétrica; 3. Crianças; 4. Adolescentes.

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II. OBJETIVOS

Principal

Investigar o efeito da ETCC sobre o desempenho nos testes

neuropsicológicos de atenção visual, memória operacional visual e verbal e

controle inibitório em crianças e adolescentes com TDAH.

Secundário

Determinar a percepção das famílias sobre o impacto da ETCC nas

manifestações clínicas do TDAH.

Determinar os principais eventos adversos após ETCC em crianças e

adolescentes com TDAH.

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III. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é caracterizado por

padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade/impulsividade, tem natureza heterogênea

e determina impacto em diferentes domínios das habilidades cognitivas, como motivação e

funções executivas. Os sintomas surgem antes dos sete anos e estão presentes em pelo menos

dois ambientes distintos, levando à interferência no funcionamento social, acadêmico ou

ocupacional1.

A prevalência de TDAH cresceu ao longo das últimas décadas e atualmente está

estimada em 7 a 8% de crianças em idade escolar1, sendo mais elevada no sexo masculino e

em crianças com famílias disfuncionais, baixo nível sócio-econômico, doença crônica e

outros transtornos psiquiátricos2.

Os avanços da neurociência, neuro-imagem e genética molecular possibilitaram maior

entendimento da fisiopatologia do transtorno. Foram descritas alterações funcionais em

regiões cerebrais nos indivíduos acometidos, como o córtex pré-frontal, núcleo caudado,

globo pálido, corpo caloso e vermis cerebelar3,4,5

.

O TDAH está relacionado com alterações em neurotransmissores, como noradrenalina,

serotonina e, principalmente, dopamina4. O tratamento farmacológico com metilfenidato,

atomoxetina e anfetaminas se baseia nos mecanismos fisiopatológicos envolvidos. O

metilfenidato inibe a recaptação de dopamina e noradrenalina, anfetaminas aumentam a

liberação de dopamina e noradrenalina de vesículas pré-sinápticas e atomoxetina inibe

recaptação de noradrenalina. Apesar da eficácia comprovada desses fármacos, muitos

indivíduos continuam tendo comprometimento social e acadêmico e alguns experimentam

efeitos colaterais significativos que inviabilizam a manutenção do tratamento6. Estratégias

não farmacológicas, como a terapia cognitiva comportamental, também podem auxiliar na

melhora de algumas manifestações, mas os resultados são variáveis7.

Outras abordagens devem ser avaliadas, diante das limitações terapêuticas, da elevada

prevalência do TDAH e de suas implicações na qualidade de vida das crianças e adolescentes.

Nesse contexto, a estimulação transcraniana não invasiva emerge como uma estratégia

promissora. Na última década, diversas técnicas de estimulação elétrica foram testadas em

doenças neuropsiquiátricas com resultados favoráveis8-11

, dentre elas, a estimulação

transcraniana por corrente contínua (ETCC).

A ETCC utiliza correntes de baixa amplitude aplicadas por eletrodos no escalpo. Essa

técnica apresenta diversas vantagens: não é dolorosa, tem baixo custo, é segura, fácil de

aplicar e com eficiência demonstrada em estudos duplo-cegos11-12

. A ETCC não induz

potencial de ação neuronal, sendo uma intervenção neuromoduladora que modifica a

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excitabilidade neural espontânea, induzindo a despolarização ou hiperpolarização do

potencial de membrana de repouso, de acordo com a polaridade do eletrodo11-12

.

Há varias décadas, estudos com ETCC vêm sendo realizados para investigação dos

benefícios e da segurança da técnica. Um bom parâmetro para avaliação da segurança é a

densidade da corrente. Estudos conduzidos em animais mostraram que não havia lesão no

tecido cerebral com densidade menor que 25 mA/cm2. Tal densidade de corrente é

extremamente superior aos utilizados nos estudos com ETCC (0,029 ate 0,08 mA/cm2).

Outro parâmetro para avaliação da segurança é a carga total aplicada, calculada a partir

da duração das sessões. Lesões em tecido cerebral somente são visualizadas com cargas

acima de 26 C/cm2. Considerando sessões de 30 minutos, com intensidade da corrente de 2

mA, em uma esponja de 35 cm2, como é feito na maioria dos estudos, a carga total de 0,103

C/cm2 é muito inferior ao limite de segurança

13.

As toxinas e os produtos de dissolução dos eletrodos representam um risco

exclusivamente para a pele, já que não há contato dos eletrodos com o cérebro. Deposição de

carga, eletrólitos ou modificação de aminoácidos poderiam ocorrer no tecido cerebral e causar

dano, mas a boa perfusão encefálica torna este efeito improvável12

.

Não há risco de queimadura do tecido cerebral, pois a segurança da ETCC depende da

força da corrente, duração do estímulo e montagem dos eletrodos. Estudo em animais,

conduzido por Liebetanz e colaboradores14

mostrou que não há lesões patológicas no cérebro

utilizando densidade da corrente catódica entre 14.9 e 287 A/m2. Estes valores estão muito

acima dos utilizados nos estudos com ETCC, e mesmo quando aplicadas diariamente por

cinco dias, também não produziram danos. Os resultados desse estudo indicam que a ETCC

usada repetitivamente não apresentou riscos14

.

Outro aspecto relevante referente à segurança da técnica foi demonstrado pela avaliação

cerebral dos efeitos da ETCC na ressonância magnética antes e após 30 e 60 minutos de

estimulação nos córtices motor e pré-frontal que não encontrou alteração na barreira hemato-

encefálica ou edema cerebral15

. Em 2005 e 2006 foram realizados questionários com

participantes de diversos estudos com ETCC em regiões corticais variadas. Conclui-se que os

parâmetros atuais de estimulação estavam relacionados com poucos e mínimos efeitos

adversos, como tontura, cefaléia ou náuseas16

.

Como medida de segurança, os participantes devem ser avaliados antes da estimulação

por testes cognitivos, eletroencefalografia (EEG) ou exames de imagem. Idealmente, eles não

devem possuir implantes metálicos ou comorbidades que possam aumentar o risco de

queimaduras, como lesões de pele no escalpo12

.

Diante dos estudos realizados para avaliar a segurança da ETCC podemos concluir que

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se trata de uma técnica segura e com poucos efeitos colaterais. Revisão de 2008, com

estimulação magnética transcraniana (EMT) em crianças, outra técnica de estimulação não

invasiva semelhante à ETCC, mostrou dados semelhantes aos encontrados em estudos com

adultos, no qual não foram demonstrados efeitos adversos significativos17

.

Em revisão sobre a segurança da ETCC, Rubio-Morell e colaboradores (2011),

avaliando os estudos publicados, reconheceram esta modalidade terapêutica de modular a

plasticidade cerebral, mecanismo objetivado no tratamento de diversas doenças

neuropsiquiátricas da infância, como segura para ser aplicada na população pediátrica18

. Os

mesmos dados foram obtidos em estudo recente realizado na Bahia, o qual mostrou que a

ETCC é uma técnica bem tolerada e segura na população pediátrica, demonstrando efeitos

adversos apenas a curto e médio prazo19

.

Os conhecimentos atuais sobre a fisiopatologia do TDAH e os efeitos neurofisiológicos

da ETCC sugerem sua eficácia no controle de algumas manifestações que produzem prejuízo

social ou acadêmico. Algumas pesquisas com ETCC nos últimos anos mostraram resultados

positivos no tratamento de doenças neuropsiquiátricas como doença cerebrovascular,

depressão, doença de Parkinson, epilepsia, dor crônica, dentre outras. Estudos com o objetivo

de investigar possíveis benefícios da estimulação transcraniana por corrente contínua em

crianças e adolescentes com TDAH ainda não foram realizados.

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IV. METODOLOGIA

Trata-se de um ensaio terapêutico autopareado não-controlado. A população foi

constituída de nove indivíduos provenientes da lista de espera para atendimento do serviço de

neuropediatria do Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgard Santos, de ambos os

sexos, com suspeita de TDAH de acordo com critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico de

Transtornos Mentais (DSM-5). A confirmação diagnóstica foi realizada após avaliação

neurológica por dois neuropediatras do referido serviço.

Foram incluídos apenas crianças e adolescentes entre 6 e 16 anos, destros, alfabetizados

e inseridos em escolas regulares, residentes em Salvador ou região metropolitana, sem

tratamento farmacológico no período de ETCC, com EEG sem atividade epileptogênica e

com o consentimento dos responsáveis para participação no estudo. Caso a criança ou

adolescente estivesse em uso de medicação, foi orientado aos pais que suspendessem o uso

sete dias antes da primeira avaliação do estudo. Os critérios de exclusão foram déficit

sensorial, déficit intelectivo, outras morbidades neuropsiquiátricas e descargas

epileptogênicas ao eletroencefalograma.

Na entrevista inicial, os responsáveis foram orientados sobre os objetivos e etapas do

estudo. As crianças e adolescentes que obedeceram os critérios de inclusão participaram de

avaliação neuropsicológica na qual foi investigada a estimativa de nível intelectual e o seu

desempenho nos processos de atenção, memória operacional e controle inibitório. Foi

aplicado aos responsáveis e professores o questionário SNAP-IV (Anexo III) que investiga os

critérios diagnósticos para TDAH a partir do DSM-520

.

O procedimento (ETCC) consiste na aplicação de corrente direta de baixa amplitude (2

mA) durante 30 minutos a partir de dois eletrodos (5 cm x 7 cm) embebidos em solução

salina. O aparelho utilizado foi o Striat (Ibramed, Amparo-SP, Brasil), aprovado pela Agência

Nacional de Saúde (ANVISA). O ânodo foi posicionado no córtex pré-frontal dorso lateral

esquerdo (F3 de acordo com o sistema 10-20 para EEG) e o cátodo, na região supra-orbitária

do lado oposto. Foram realizadas cinco sessões, uma por dia, na presença de médico

habilitado para possíveis intercorrências. No primeiro minuto, mantêm-se a intensidade da

corrente em 1 mA e, do segundo minuto em diante, a corrente passa a ser de 2 mA. No

vigésimo nono minuto de ETCC a intensidade da corrente é reduzida para 1 mA e ao

trigésimo minuto o aparelho é desligado.

Durante todo o tempo da ETCC foram realizadas atividades específicas, não

convencionais, para estimular a ativação do córtex pré-frontal dorso lateral esquerdo,

responsável pelas funções executivas e de atenção. A atividade empregada durante as cinco

sessões de ETCC foi o jogo “Super Lince” que consiste em um tabuleiro com 264 figuras e

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264 cartelas ilustradas correspondentes as mesmas figuras impressas neste tabuleiro, no qual o

indivíduo devia associar as imagens idênticas e tentar encontrar o maior número possível de

associações no menor tempo possível. O jogo é recomendado para qualquer criança a partir

dos 5 anos de idade e possui diferentes níveis de dificuldade que iam sendo alcançados ao

longo das sessões.

Todos os participantes foram avaliados por testes aplicados por neuropsicólogos

experientes do serviço, utilizando os seguintes instrumentos:

Triagem intelectiva – Escala de Inteligência Wechsler para Crianças (WISC-III - The

Psychological Corporation, 2002). Aplicação dos subtestes Cubos e Vocabulários para

realizar o QI estimado. Foi aplicada a versão reduzida para estimar o QI dos

participantes. O QI estimado é obtido a partir da soma dos escores ponderados de

Vocabulários e Cubos. Mello e colaboradores21

encontraram que o QI estimado da

forma reduzida apresentou uma alta correlação com o QI total obtido pela aplicação da

escala completa. Esses resultados sugerem que a utilização do QI estimado pode ser

feita quando há uma restrição de tempo ou quando se tem por objetivo fazer uma

triagem, como o do presente estudo.

Atenção Visual – Teste de Atenção Visual (TAVIS-3 - CNA Psicologia e Educação,

2007). Instrumento brasileiro computadorizado que possui dados normativos de 6 a 17

anos. A criança é solicitada a apertar o botão de um controle, o mais rápido possível,

assim que enxergar o estímulo-alvo, que aparece em uma tela. O teste possui duas

versões: de 7 a 11 anos (estímulo alvo = relógio com duração de seis minutos) e a

versão de 12 a 17 anos (estímulo-alvo = ponto vermelho com duração de dez minutos).

Cada tarefa dispõe dos seguintes escores: tempo de reação, erros por ação, erros por

omissão e número de acertos. Os erros por ação são os registros da emissão de uma

resposta quando esta não deveria ser dada, o que pode ser compreendido como

dificuldade em inibir uma resposta, enquanto que o erro por omissão é considerado a

ausência de resposta diante de um estímulo-alvo. O tempo de reação médio (TRM) é

definido pelo tempo em milisegundos (ms) que a criança leva para apertar o botão,

desde o momento que aparece o estímulo na tela até a emissão da resposta da criança

no controle. Tarefa 1 (atenção seletiva): consiste em selecionar um estímulo alvo

dentre os demais estímulos distratores. O participante deve apertar um botão quando o

estímulo alvo aparecer. Tarefa 2 (atenção alternada): consiste em alternar entre dois

tipos de respostas solicitadas. O participante deve identificar formas geométricas

idênticas ou formas de mesma cor, a depender do comando solicitado. Essas duas

condições ficam sendo alternadas ao longo da tarefa. Tarefa 3 (atenção sustentada):

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avalia a atenção sustentada (concentração) através de um teste de desempenho

contínuo.

Atenção e Memória Operacional Auditiva – subteste Dígitos do WISC-III. Para

testagem da atenção auditiva na ordem direta e para testar memória operacional

auditiva na ordem inversa. Neste subteste o examinador lê em voz alta uma sequência

de números. Para cada item Dígitos na Ordem Direta, a criança repete os números na

mesma ordem em que foram falados. Para cada item Dígitos na Ordem Inversa, a

criança repete os números na ordem inversa. Cada item apresenta duas tentativas e

cada tentativa possui o mesmo número de dígitos, mas os números são diferentes. A

tarefa de dígitos avalia o componente verbal.

Memória Operacional Visual – Cubos de Corsi – para avaliar a função executiva. A

tarefa possui a lógica de repetir sequências de toques em cubos na ordem direta e

indireta, representando memória operacional. Na ordem direta é testada atenção visual

e na inversa o esboço viso-espacial da memória visual22

.

Controle Inibitório – Inibindo Respostas (IR) – subteste da bateria Avaliação

Neuropsicológica do Desenvolvimento (NEPSY-II – em fase de normatização

brasileira). Avalia a capacidade de inibir o desejo de se envolver em uma tarefa

prazerosa e/ou de parar um comportamento automático, que faz parte das funções

executivas. Este subteste de tempo cronometrado é realizado de modo que o

examinando olha uma série de formas ou setas, pretas e brancas, e tem de nomear a

forma ou a direção ou uma resposta alternativa, a depender da cor da forma ou da seta.

Erros não-corrigidos: ocorrem quando o examinando oferecer uma resposta incorreta

ou pular uma forma ou seta e não corrigir a resposta incorreta ou saltada. Qualquer

forma ou seta não respondida pelo examinado, devido a limitação de tempo deve ser

considerada um erro não corrigido. Erros auto-corrigidos: ocorrem quando o

examinando oferecer uma resposta incorreta ou pular uma forma ou seta, mas corrige a

resposta incorreta saltada. Erros (total): é a soma dos erros não-corrigidos e erros auto-

corrigidos para cada condição (nomeação – selecionar informações, inibição –

capacidade de inibir resposta automática, mudança – capacidade de alternar atenção).

A aplicação dos testes Cubos e Vocabulários do WISC-III e SNAP-IV foi realizada

apenas no primeiro dia de avaliação dos pacientes. O TAVIS-3, subteste Dígitos do WISC-III,

Cubos de Corsi e IR do NEPSY-II foram realizados na avaliação inicial antes da primeira

sessão de ETCC e logo após a última sessão de ETCC.

Ao final de cada dia de ETCC foi perguntado se ocorreram efeitos adversos durante o

procedimento ou no período posterior a intervenção, assim como o proposto por Brunoni e

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11

colaboradores23

. Todos os efeitos adversos relatados pelos pais foram registrados e

classificados em uma das seguintes categorias: leve, moderado ou grave. Ao final do quinto e

último dia de ETCC foi aplicada a escala Impressão Clínica Global de Melhora (Patient

Global Impression of Improvement – PGI-I), na qual os pais mensuraram a evolução da

criança ao final do tratamento em sete níveis: 1 (extremamente melhor), 2 (muito melhor), 3

(um pouco melhor), 4 (sem alteração), 5 (um pouco pior), 6 (muito pior), e 7 (extremamente

pior).

Todos os responsáveis pelos pacientes incluídos no presente estudo estiveram de acordo

com a metodologia empregada e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(TCLE). Para realizar a análise estatística do estudo foi feito o teste dos postos de sinais de

Wilcoxon para avaliar a diferença entre os escores antes e após a ETCC, utilizando o pacote

estatístico SPSS, versão 21.0 para Windows.

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V. RESULTADOS

Foram incluídas no estudo nove crianças de ambos os sexos, residentes em Salvador,

Bahia, Brasil com suspeita de TDAH de acordo com critérios do DSM-5 e confirmação

diagnóstica após avaliação neuropediátrica. A tabela 1 mostra as características clínicas e

epidemiológicas da população do estudo. Oito crianças eram do sexo masculino. A média de

idade foi de 11,11 anos (± 2,8). Em relação ao subtipo diagnóstico de TDAH, os nove

indivíduos pertenciam ao subtipo combinado (100%), apresentando características tanto de

hiperatividade e impulsividade, quanto de desatenção. Foi observada em três indivíduos

(33,33%) comorbidade com Transtorno de Oposição e Desafio (TOD). A média de QI

estimado foi de 92,77 ± 9,79. Em relação ao SNAP-IV, a pontuação referente aos critérios de

hiperatividade e impulsividade variou de 10 a 25 com média de 18,77 ± 4,84. O escore

referente às características de desatenção teve variação de 14 a 25 com média de 20,44 ± 3.

Quanto às manifestações indicativas de TOD, a variação foi de 4 a 25 com média de 12,77 ±

6,88. Cinco participantes do estudo já tinham feito uso prévio de metilfenidato, medicação

que foi suspensa com período de sete dias antes da primeira avaliação neuropsicológica e

durante todas as sessões da ETCC.

As tabelas 2 e 3 mostram resultados médios do grupo obtidos no TAVIS-3 antes e após

a ETCC. Na tabela 2, tarefa 1 (atenção seletiva) do TAVIS-3 observamos diferença

estatisticamente significante entre as pontuações referentes ao número de erros por omissão

antes e após a ETCC. Nas tarefas 2 e 3 não houve diferença nas médias antes e após a ETCC.

Em relação a tabela 3, podemos observar que houve diferença estatisticamente significante no

valor aglomerado das médias entre as 3 tarefas no que diz respeito ao número de erros por

omissão bruto, evidenciando uma redução e consequente melhora no desempenho das

crianças neste aspecto. Não foi observada diferença estatisticamente significante nos

parâmetros obtidos nos subtestes de Dígitos e Cubos de Corsi (tabelas 4 e 5). Houve

diferenças estatisticamente significantes em relação a algumas etapas do teste Inibindo

Respostas (tabela 6). Na etapa de Nomeação, referente à capacidade da criança de selecionar

informações, o tempo de realização foi menor após ETCC (p=0,016); na etapa de Mudança

houve redução do número total de erros (p=0,012), caracterizando-se como melhora, e de

erros não-corrigidos (p=0,023).

Em relação à escala Impressão Clínica Global de Melhora, os pais de quatro crianças

consideraram que após a ETCC elas estavam “um pouco melhor (Pontuação: 3)”. Uma

criança foi considerada “muito melhor (Pontuação: 2)” e outra “extremamente melhor

(Pontuação: 1)” após o procedimento. Por outro lado, não foi observada nenhuma alteração

em uma criança (Pontuação: 4). Uma delas foi considerada “muito pior (Pontuação: 6)”.

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13

Em relação a incidência de efeitos adversos encontrados durante a ETCC, foram

registrados 99 efeitos, considerando todas as crianças em todos os dias de intervenção. Deste

total, 5% foram referentes a dor de cabeça (leve em 100% dos casos), 1% por dor no pescoço

(leve em 100% dos casos), 18,18% a formigamento (classificada como leve em 83,33% e

moderada em 16,66% dos casos), 31,31% a coceira (classificada como leve em 61,29%,

moderada em 32,25% e grave em 6,45% dos casos), 24,24% a sensação de queimação

(classificada como leve em 41,66% e moderada em 58,33% dos casos), 13,13% a vermelhidão

local (classificada como leve em 92,3% e moderada em 7,6% dos casos), 1% a sono (leve em

100% dos casos) e uma sensação de choque foi referida em 6% dos casos (classificada como

leve em 50% e moderada em 50% dos casos).

Tabela 1. Características clínicas e epidemiológicas das crianças com TDAH

Sexo Idade QI

estimado

SNAP-

IV

Déficit

de

atenção

(0-27)

SNAP-IV

Hiperatividade e

Impulsividade

(0-27)

SNAP-IV

Transtorno de

Oposição e

Desafio

(0-24)

SNAP-

IV

TOTAL

(0-78)

Paciente

1

M 10 80 19 24 21 64

Paciente

2

M 14 88 21 25 10 47

Paciente

3

M 11 100 21 16 4 41

Paciente

4

M 12 82 19 18 8 45

Paciente

5

M 13 112 25 10 9 44

Paciente

6

F 11 97 14 18 8 40

Paciente

7

M 7 94 22 24 25 71

Paciente

8

M 15 88 22 16 13 51

Paciente

9

M 7 94 21 18 17 56

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14

Tabela 2. Teste de Atenção Visual (TAVIS-3): média por tarefa

Pré-ETCC

Pós-ETCC P

(<0,05)

Erros por omissão bruto Tarefa 1 9 ± 8,71 7,22 ± 7,77 0,031

Tarefa 2 4,55 ± 2,69 2,66 ± 1,41 0,141

Tarefa 3 0,33 ± 1 0,33 ± 0,7 1

Erros por ação Tarefa 1 11 ± 22,96 3 ± 2,91 0,156

Tarefa 2 6,88 ± 4,42 3,66 ± 3,39 0,7

Tarefa 3 15,88 ± 34,9 2,33 ± 2,44 0,313

Acertos bruto Tarefa 1 11,77 ± 6,7 12,55 ± 5,12 0,406

Tarefa 2 16,66 ± 3,5 18,55 ± 2,69 0,078

Tarefa 3 49,77 ± 12,81 49,77 ± 13,03 1

Tempo médio de reação bruto Tarefa 1 0,52 ± 0,24 0,54 ± 0,16 0,82

Tarefa 2 0,71 ± 0,15 0,69 ± 0,17 1

Tarefa 3 0,69 ± 0,24 0,73 ± 0,23 0,2

Tabela 3. Teste de Atenção Visual (TAVIS-3): média dos valores aglomerados

Pré-ETCC

Pós-ETCC P

(<0,05)

Erros por omissão 4,62 ± 3,58 3,4 ± 2,9 0,023

Erros por ação 11,25 ± 20,19 3 ± 1,73 0,063

Acertos bruto 26,07 ± 2,8 26,96 ± 3,76 0,063

Tempo médio de reação bruto 0,64 ± 0,15 0,65 ± 0,14 0,426

Tabela 4. Subteste Dígitos do WISC-III

Pré-ETCC Pós-ETCC P (<0,05)

Pontuação bruta 10,66 ± 1,65 10 ± 1,65 0,266

Pontuação ponderada 9 ± 2,17 8,11 ±1,9 0,125

Span ordem direta 4,88 ± 0,92 4,22 ± 0,66 0,125

Span ordem inversa 3,66 ± 1,11 3,33 ± 0,7 0,531

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Tabela 5. Cubos de Corsi

Pré-ETCC Pós-ETCC P (<0,05)

Pontuação bruta direta 7,11 ± 1,69 6,33 ± 2,17 0,477

Pontuação bruta inversa 4,44 ± 1,87 4,66 ± 1,65 1

Span direto 5,33 ± 1,22 4,88 ± 1,26 0,281

Span inverso 4,22 ± 1,39 4 ± 0,7 0,813

Tabela 6. Controle Inibitório – Inibindo Respostas (IR) – subteste da bateria Avaliação

Neuropsicológica do Desenvolvimento (NEPSY-II)

Pré-ETCC Pós-ETCC P

(<0,05)

Nomeação Erros não corrigidos 1,66 ± 2,12 2,55 ± 5,5 0,594

Erros auto-corrigidos 1,22 ± 1,56 1 ± 1,22 0,75

Erros (total) 3 ± 2,54 3,55 ± 5,29 0,359

Tempo de realização (seg) 58,88 ± 13,72 52,11 ± 11,43 0,016

Inibição Erros não corrigidos 7,66 ± 6,74 8,66 ± 10,86 0,738

Erros auto-corrigidos 3,55 ± 2,87 1,88 ± 1,9 0,141

Erros (total) 11,22 ± 5,23 10,55 ± 10,1 0,617

Tempo de realização (seg) 85,77 ± 21,11 80, 22 ± 18 0,172

Mudança Erros não corrigidos 12,66 ± 6,96 8 ± 6,89 0,023

Erros auto-corrigidos 4 ± 2,17 4,66 ± 4,27 0,848

Erros (total) 16,66 ± 7,03 12,44 ± 8,66 0,012

Tempo de realização (seg) 105,66 ± 22,14 96,44 ± 26,59 0,285

Erros totais

somando as

3 condições

30,88 ± 11,72 26,55 ± 20,56 0,164

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VI. DISCUSSÃO

Ainda existem poucas evidências acerca do impacto de ETCC no TDAH. Os dados

apresentados sugerem que a ETCC pode modificar alguns parâmetros nos testes

neuropsicológicos em crianças e adolescentes com este transtorno. A ativação de circuitos

neurais pré-frontais esquerdos pode ampliar a neurotransmissão dopaminérgica e produzir

incremento atencional.

Neste estudo, foi possível observar uma melhora da atenção seletiva e redução de

padrões do espectro de desatenção identificados pelo TAVIS-3. No subteste Inibindo

Respostas houve redução do tempo para seleção de informações e da frequência de erros na

tarefa de atenção alternada. Por outro lado, verifica-se que, na maioria dos subtestes, o

número de erros e tempo de execução foi menor após ETCC, devendo-se considerar a

relevância clínica desses achados. O número de erros não-corrigidos reduziu após ETCC,

mas isso pode ser justificado pelo fato de ter havido redução do número total de erros.

Em relação a Impressão Clínica Global de Melhora referida pelos pais, a maioria referiu

redução da intensidade das manifestações do TDAH após ETCC. O único indivíduo

classificado como muito pior (Pontuação: 6) no PGI-I, possuía TOD como comorbidade e

maior pontuação total do SNAP-IV dentre os sujeitos incluídos no estudo. É possível que a

suspensão prévia do tratamento farmacológico utilizado pelo mesmo para avaliação

neuropsicológica e ETCC pode ter tido influência nos resultados negativos referidos pelos

pais.

Os efeitos adversos relatados durante a ETCC foram, em sua maioria, leves e auto-

limitados, assim como o que fora registrado em estudo prévio realizado em crianças com

transtornos da linguagem19

. Entretanto, além dos efeitos adversos relatados por Brunoni e

colaboradores22

, alguns pacientes referiram a sensação de “choque” durante sessões de ETCC.

Esse efeito foi acrescentado ao inventário de eventos adversos incidentes no grupo estudado.

Em decorrência da dificuldade de percepção de mudança de coloração de pele (vermelhidão)

no local de posicionamento dos eletrodos em crianças negras, esse efeito adverso pode ter

sido subestimado, justificando sua baixa frequência na população estudada.

Um dos maiores desafios do estudo foi garantir a participação plena de crianças e

adolescentes com TDAH, tanto nos testes de avaliação, assim como nas atividades propostas

durante a ETCC para modular área alvo. Por isso, acredita-se que talvez alguns resultados

pudessem ser mais representativos na avaliação pré e pós-ETCC, sendo enviesados pelas

próprias características clínicas do transtorno. Como se trata de estudo autocomparado, o viés

é minimizado porque cada criança foi seu próprio controle.

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17

Ressalta-se que, como se trata de uma área de interesse recente em neurociências, os

parâmetros de ETCC ainda são motivo de discussões. Uma das questões está relacionada à

estimulação ativa do indivíduo durante tarefas de atenção. Segundo Ridding & Ziemann24

talvez a realização de tarefas cognitivas para estimular a atenção durante a aplicação da ETCC

seja menos favorável para a consolidação da neuroplasticidade. Por outro lado, estudo

abordado papel da ETCC em afasia mostrou resultado mais exuberante após ETCC quando

realizadas atividades específicas para cada paciente durante a sessão. O argumento dos

autores foi que a estimulação da linguagem durante a técnica poderia ter influenciado

positivamente nos resultados observados25

.

Existem poucos estudos publicados com uso de ETCC na população pediátrica, tendo

este se constituído como o primeiro a testar os possíveis benefícios desta técnica em crianças

e adolescentes com TDAH. É essencial ampliar a investigação do possível papel terapêutico

de técnicas de neuromodulação (ETCC e TMS) nessa condição.

Os resultados reafirmam a segurança e tolerabilidade da técnica em crianças e sugerem

potenciais benefícios da ETCC em indivíduos com TDAH. Estudos duplo cegos,

randomizados, sham-controlados e com casuística maior devem ser desenvolvidos

futuramente com essas populações tentando constituir níveis mais sólidos de evidência e

benefício clínico nos mais variados espectros do transtorno, assim como realizar

acompanhamento desses pacientes a longo prazo tentando identificar efeitos da ETCC não

somente no período imediato após a sua aplicação.

O fato de ter-se encontrado melhora em alguns parâmetros de avaliação mesmo com

amostra limitada pode significar que estudos posteriores poderão apresentar resultados de

maior evidência, o que poderá possibilitar o fortalecimento deste novo tipo de abordagem

terapêutica em crianças e adolescentes com TDAH, sobretudo para aquelas que não se

adaptam ao tratamento farmacológico padrão.

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18

VII. CONCLUSÕES

I. A ETCC parece melhorar aspectos da atenção seletiva, minimizando características de

espectro de desatenção do TDAH em crianças e adolescentes, tanto na análise

segmentada das tarefas quando na aglomerada do TAVIS-3.

II. A ETCC parece reduzir o tempo necessário para que as crianças e adolescentes com

TDAH selecionem novas informações, evidenciado pela melhora nos padrões da etapa

de Nomeação do subteste IR do NEPSY-II, assim como parece reduzir o número total

de erros cometidos quando utilizada a atenção alternada.

III. Houve percepção de melhora do quadro clínico do TDAH pós-ETCC em relação ao

nível basal, de acordo com a percepção dos pais.

IV. Os efeitos adversos foram leves, transitórios, auto-limitados e similares ao das

populações adultas.

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19

VIII. SUMMARY

Attention Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD) is characterized by a persistent pattern

of inattention and / or hyperactivity / impulsivity. Pharmacological treatment with

methylphenidate, atomoxetine and amphetamines minimizes the clinical manifestations.

Despite the proved efficacy, many individuals continue to have social and academic

impairment and some experience significant adverse effects that decreases compliance to

the treatment. Studies in order to investigate the possible benefits of transcranial direct

current stimulation (tDCS) in children and adolescents with ADHD have not been

performed. Objectives: To investigate the effect of tDCS on the performance of children

and adolescents with ADHD on neuropsychological tests of visual attention, visual and

verbal working memory and inhibitory control. Methodology: This is an auto-matched

therapeutic trial involving tDCS in children and adolescents with ADHD. We performed

initial screening assessment using SNAP-IV and subtests vocabularies and cubes of

WISC-III. Subjects that were assessed pre and post-tDCS: Digits subtests of the WISC-III,

inhibiting responses (IR) of the NEPSY-II, Corsi cubes and TAVIS-3. Results: There

were nine individuals of both genders, living in Salvador, Bahia, Brazil with ADHD

according to DSM-5 criteria. We found a statistically significant difference in some

aspects of TAVIS-3 test and subtest IR of the NEPSY-II. Discussion: The data presented

suggest that tDCS can modify selective attention and reduce the time required for children

and adolescents with ADHD to select new information, reducing the total number of

errors when using alternating attention on neuropsychological tests. The fact that we

found improvement in these parameters even with a small study population means that

further studies with larger samples should produce results with stronger evidence.

Conclusion: tDCS decreases reaction time and this is related to a more efficient

processing speed, reduces errors by omission, which is related to improved detection of

stimuli and reduces the total number of errors in alternating attention tasks, which is

related to improved ability to switch between an ongoing activity and a new one. There

was improvement of the clinical features post-tDCS in children and adolescents with

ADHD compared to baseline and adverse effects were mild, transient, self-limited and

similar to the adult populations.

Keywords: 1. ADHD; 2. Electrical stimulation; 3. Children; 4. Adolescents

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20

IX. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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21. Mello CB, Argollo N, Shayer B, Abreu N, Godinho K, Durán P, Bueno OFA. Versão

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X. ANEXOS

ANEXO I

Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa

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ANEXO II

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (2 vias Pesquisador e

Pesquisado)

Você e seu filho (a) estão sendo convidados a participar da pesquisa ESTIMULAÇÃO

TRANSCRANIANA POR CORRENTE CONTÍNUA EM CRIANÇAS COM

TRANSTORNO DO DÉFICIT ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH), que tem

como objetivo avaliar o resultado estimulação transcraniana na atenção, memória e controle

do comportamento de crianças com TDAH.

Atualmente existem tratamentos para o TDAH, mas algumas crianças muitas vezes não

respondem ao tratamento com remédio, que é o mais indicado, por isso estamos pesquisando

outra forma de tratamento para as crianças com TDAH.

Inicialmente faremos uma avaliação para confirmar se seu filho tem TDAH a partir de

consulta com médica neuropediatra. Avaliaremos como funciona a atenção, memória e

controle do comportamento do seu filho. Utilizaremos alguns testes, apresentados à criança na

tela de um computador e outras atividades envolvendo perguntas e respostas que são

parecidos com jogos infantis e atividades escolares. Serão entregues alguns questionários

sobre comportamentos comuns apresentados por crianças com TDAH para serem respondidos

por você e pela professora do seu filho.

A estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC) será feita sob supervisão médica,

mediante colocação de eletrodos na cabeça do seu filho. Será aplicada uma corrente elétrica

de baixa intensidade (2mA) com um aparelho ligado durante 20 minutos e nesse período, seu

filho fará atividades e jogos, como “quebra-cabeças”, jogos de memória para ativar a área do

cérebro que será estimulada. Serão realizadas 5 sessões de ETCC. Concluída esta fase, haverá

repetição dos testes aplicados inicialmente, logo após a estimulação. Serão necessários oito

encontros de 40 minutos cada.

Os procedimentos citados são seguros e apresentam baixo risco à criança. Em estudos

anteriores parecidos, as crianças que participaram não apresentaram problemas. Os efeitos

indesejáveis citados até hoje nos estudos foram tontura, dor de cabeça ou náuseas. Durante

todo o procedimento será oferecido suporte avançado de vida (atendimento médico imediato,

caso estes ou outros efeitos ocorram). Ainda não se sabe de outros efeitos deste procedimento,

caso seja identificado alguma alteração no comportamento global da criança que esteja

associada à ETCC, a partir de evidências futuras, esta será avaliada pela equipe de trabalho

desta pesquisa.

Os resultados serão divulgados para os responsáveis em uma reunião com o grupo após o

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26

término da coleta dos dados. Estaremos disponíveis para tirar dúvidas sobre a pesquisa.

Espera-se que a ETCC melhore a atenção, memória e controle do comportamento, mas esta

melhora não pode ser garantida. Você e seu filho estarão contribuindo para uma melhor

compreensão sobre o resultado deste método em crianças com TDAH.

A qualquer momento você e seu filho podem desistir de participar do estudo, sem prejuízo ao

seu atendimento posterior no Ambulatório de TDAH. Para garantir a confiança dos dados

coletados será feita filmagem e gravação de voz durante a estimulação. As informações

fornecidas por você e seu filho serão mantidas em segredo e não será realizada nenhuma

forma de identificação. A exibição das imagens sem identificação ficará restrita a situações

acadêmicas onde o tema TDAH seja foco de discussão, a exemplo de congressos, simpósios,

entre outros.

Antes de assinar este documento, eu fui informado(a) sobre o projeto de pesquisa:

Estimulação transcraniana por corrente contínua em crianças com TDAH , os objetivos,

o método que será utilizado e os riscos e benefícios que podem ocorrer. Eu sei que posso

desistir de participar da pesquisa a qualquer momento sem que isto altere meu cuidado e

atenção. Sei que existe outro tratamento para o TDAH.

Qualquer dúvida você poderá entrar em contato com o setor de Neurociências da

Universidade Federal da Bahia por meio do telefone (71) 3283-8371 com o responsável Drª

Rita Lucena e Igor Bandeira, além de demais pesquisadores do grupo. O Comitê de Ética do

Complexo HUPES/UFBA está ciente deste estudo e disponível para questões que possam

surgir (3283-8043).

Data:_______________________Pesquisador

principal:____________________________

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TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

(2 vias- PESQUISADOR e PESQUISADO)

ESTIMULAÇÃO TRANSCRANIANA NÃO INVASIVA POR CORRENTE CONTÍNUA

EM CRIANÇAS COM

TRANSTORNO DO DÉFICIT ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE

AUTORIZO A PARTICIPAÇÃO DE __________________________________________no

referido estudo.

__________________________ _____________________ ___________

Nome do(a) Paciente Assinatura Data

Impressão

digital

__________________________ _____________________ ___________

Nome do(a) Representante Assinatura Data

Impressão

digital

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__________________________ _____________________ ___________

Pesquisador Assinatura Data

_________________________ _____________________ ___________

Investigador-principal Assinatura Data

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ANEXO III

ESCALA DE INVESTIGAÇÃO DE SINTOMAS DE TDAH (DSM-IV)

SNAP IV Nome:______________________________________________Idade:______________ Preenchido por:______________________________Série:____________________ Data:____________

Para cada item, escolha a coluna que melhor descreve o(a) aluno(a) (MARQUE UM X): 1. Não consegue prestar muita atenção a detalhes ou comete erros por descuido nos trabalhos da escola ou tarefas.

2. Tem dificuldade de manter a atenção em tarefas ou atividades de lazer

3. Parece não estar ouvindo quando se fala diretamente com ele

4. Não segue instruções até o fim e não termina deveres de escola, tarefas ou obrigações. 5. Tem dificuldade para organizar tarefas e atividades 6. Evita, não gosta ou se envolve contra a vontade em tarefas

que exigem esforço mental prolongado.

7. Perde coisas necessárias para atividades (p. ex: brinquedos, deveres da escola, lápis ou livros). 8. Distrai-se com estímulos externos

9. É esquecido em atividades do dia-a-dia

10. Mexe com as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira 11. Sai do lugar na sala de aula ou em outras situações em

que se espera que fique sentado

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12. Corre de um lado para outro ou sobe demais nas coisas em situações em que isto é inapropriado

13. Tem dificuldade em brincar ou envolver-se em atividades de lazer de forma calma 14. Não pára ou freqüentemente está a “mil por hora”.

15. Fala em excesso. 16. Responde as perguntas de forma precipitada antes delas

terem sido terminadas 17. Tem dificuldade de esperar sua vez 18. Interrompe os outros ou se intromete (p.ex. mete-se nas

conversas / jogos).