Upload
others
View
1
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONOMICAS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS ECONOMICAS
EUFRÁSIA SOUSA ESTRELA INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS NO SETOR DE SERVIÇOS BANCÁRI OS BRASILEIRO E SEUS EFEITOS GERANDO VANTAGENS COMPETI TIVAS: UMA ANÁLISE A PARTIR DOS ANOS 1990
SALVADOR
2010
EUFRÁSIA SOUSA ESTRELA
INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS NO SETOR DE SERVIÇOS BANCÁRI OS BRASILEIRO E SEUS EFEITOS GERANDO VANTAGENS COMPETI TIVAS: UMA ANÁLISE A PARTIR DOS ANOS 1990
Trabalho de conclusão de curso a apresentada no Curso de Graduação de Ciências Econômicas da Universidade Federal da Bahia como requisito Parcial à obtenção do grau de Bacharel em Ciências Econômicas.
Orientador: Prof. Antônio Plínio Pires de Moura
SALVADOR 2010
EUFRÁSIA SOUSA ESTRELA INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS NO SETOR DE SERVIÇOS BANCÁRIOS BRASILEIRO E SEUS EFEITOS GERANDO VANTAGENS COMPETITIVAS: UMA ANÁLISE A PARTIR DOS ANOS 1990 Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal da Bahia como requisito parcial à obtenção do grau de bacharel em Ciências Econômicas. Aprovada em __/ ___/ 2010.
Orientador:
_________________________________________________ Prof. Antônio Plínio Pires de Moura Faculdade de Ciências Econômicas - UFBA
Banca Examinadora: ________________________________________________ Eco. Luiz Alberto Lima Teixeira Faculdade de Ciências Econômicas - UFBA _________________________________________________ Prof. Hamilton de Moura F. Júnior. Faculdade de Ciências Econômicas - UFBA
AGRADECIMENTOS
A elaboração deste trabalho só foi possível graças à vontade de Deus e ao apoio dos meus
familiares, amigos, colegas e professores. Por esse motivo agradeço aos meus pais, Vicente
Estrela e Tereza Ribeiro que sempre me apoiaram nesta caminhada; à minha Tia Semiramis
por ter acreditado no meu potencial e ter me ensinado os verdadeiros valores da vida e a
importância da educação e perseverança para a realização dos nossos sonhos.
Aos meus irmãos Gilson, Gil, Neide e Juscelino pelo incentivo. Ao meu lindo sobrinho,
Antonio Vitor por me fazer sorrir mesmo nos momentos mais difíceis. As minhas amigas
Leila, Milaine, Mariana, Patrícia, Mirla, e Juliane que são muito importantes para mim. Aos
meus avós paternos e maternos e Marciana Vitória que não estão mais aqui neste plano
material, mais eu tenho certeza que no plano espiritual estão muito felizes com mais essa
conquista minha.
Agradeço ao Professor Antônio Plínio e Guilherme Furtado Lopes pela paciência e pela
orientação na elaboração deste trabalho. Enfim, agradeço a todos, funcionários e professores
da FCE, que direta ou indiretamente, cooperaram para a elaboração desta monografia.
A todos vocês, meu muito obrigado.
RESUMO
A presente monografia faz uma análise das inovações tecnológicas no setor de serviços bancários brasileiros a partir dos anos 1990. Tendo como referência o processo de abertura comercial, percebe-se que as inovações tecnológicas adotadas foram muito importantes para o desenvolvimento das atividades do setor. As tecnologias de informação revolucionaram a forma de atuação do segmento bancário brasileiro cujas ondas de inovações tecnológicas e as estratégias de comunicação tornaram-se um diferencial competitivo.
Palavras–Chave: Competitividade. Inovações. Serviços bancários. Setor bancário brasileiro.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 6
2 BREVES TRAÇOS HISTÓRICOS DA EVOLUÇÃO DO
SISTEMA BANCÁRIO BRASILEIRO
9
2.1 ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA BANCÁRIO
BRASILEIRO
9
2.2 OS BANCOS COMERCIAIS 11
2.3 OS BANCOS MÚLTIPLOS 12
2.4 O SISTEMA BANCÁRIO BRASILEIRO EM NÚMEROS 13
3 CONCORRÊNCIA CAPITALISTA POR INOVAÇÕES
TECNOLÓGICAS E VANTAGENS COMPETITIVAS
15
3.1 INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS 15
3.2 INOVAÇÃO & INVENÇÃO 19
3.3 VANTAGENS COMPETITIVAS 20
4 INOVAÇÕES BANCÁRIAS 24
4.1 ATUAÇÃO BANCÁRIA A PARTIR DOS ANOS 1990 24
4.1.1 Consolidação e Concentração Bancária 26
4.2 INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS NO SETOR DE SERVIÇOS
BANCÁRIOS
27
4.2.1 Produtos versus Serviços 28
4.3 AS CINCO “ONDAS” DE INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS NOS
BANCOS BRASILEIROS
29
5 COMO OS BANCOS BRASILEIROS CRIAM E MANTEM
VANTAGENS COMPETITIVAS
33
5.1 PAPEL DA TECNOLOGIA 34
5.2 PAPEL DA INOVAÇÃO 35
5.3 PAPEL DO MOBILE BANKING (BANCO MÓVEL) 36
5.4 PAPEL DESEMPENHADO PELOS CORRESPONDENTES
BANCÁRIOS
37
5.5 PAPEL DAS ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO 41
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 44
REFERENCIAS 46
6
1 INTRODUÇÃO
No Brasil como também nos paises mais ricos o setor de serviço por ser indicador de
desenvolvimento socioeconômico tem recebido maior atenção. Todavia, trabalhos sobre
inovações no setor de serviços não têm sido freqüentes. Percebe-se isso quando se faz uma
comparação entre os estudos sobre as inovações industriais e as inovações em serviço. O
primeiro tem recebido maior atenção pela importância e complexidade que representa para o
desenvolvimento de qualquer sociedade.
Não quer dizer que nada têm-se estudado sobre as inovações no setor de serviço, o
“problema” é que os estudos realizados seguem um padrão usualmente utilizado pelas
inovações industriais. O que é justificado, visto que as inovações no setor de serviços surgem
a partir das inovações no setor industrial, tais como os computadores usados nos bancos, são
produzidos pela indústria.
Esse trabalho tem como objetivo estudar as inovações no setor de serviços bancários
brasileiro, dada sua importância na economia de qualquer região ou país. A preocupação é
mostrar a capacidade do setor bancário em inovar de maneira sistêmica e de forma contínua e
cujos benefícios só podem ser alcançados com outras inovações relacionadas.
A partir dos anos 1990 se começou a falar muito no processo de reestruturação produtiva e
junto com ela, a atenção para as mudanças tecnológicas e organizacionais. Com a estabilidade
econômica e o processo de abertura comercial os movimentos de capitais se tornaram cada
vez mais velozes. A tecnologia a serviço da comunicação veio reduzir as distâncias,
disponibilizando informações com agilidade através dos microcomputadores.
No Brasil, os bancos apesar de ainda muito criticado pela população, pelos serviços prestados,
vêm demonstrando nos últimos anos uma grande capacidade de ajustes às mudanças ocorridas
no mercado, buscando superar os obstáculos, através da constante busca por resultados,
sempre atentas aos principais movimentos que estão ocorrendo no mercado, como por
exemplo, a concorrência, clientes, produtos e serviços.
7
Devido à dinâmica exigida pelas mudanças tecnológicas, o setor bancário brasileiro acredita
que investir em inovação é uma fonte de diferencial competitivo. A decisão estratégica de
investir em formas diferenciadas de atendimento e de venda, novos meios de entrega de
serviços aos clientes e tecnologia como suporte para a realização de atividades com maior
eficiência, é também investir na modernidade e flexibilidade diante do acirramento da
concorrência, buscando atender ao surgimento de novas e complexas exigências de diferentes
clientes.
A tecnologia tem se apresentado como um elemento chave no processo de competição e
crescimento dos bancos, mediante diferenciação e redução dos custos. O presente trabalho
busca mostrar as inovações tecnológicas como o fator que permitiu aos bancos brasileiros
tornarem-se competitivos. Graças ao crescimento alcançado, os mesmos têm se mostrado cada
vez mais eficientes, apresentando agilidade e maior capacidade de inovação sendo
considerados um dos seguimentos que mais investe em tecnologias da informação (TI)
hardware, software, equipamentos e linhas de comunicação de acordo com a Federação
Brasileira dos Bancos (FEBRABAN).
O futuro dos bancos está pautado na maior capacidade de inovar e formular estratégias
competitivas visando o melhor atendimento das necessidades dos clientes através da
qualidade e eficiência dos produtos ofertados. Para conseguir essa eficiência a tecnologia da
informação (TI) tem sido uma ferramenta importantíssima. O uso da TI envolve aumento da
eficiência bancária, além de permitir a redução do contingente humano nos processos de
gestão e atendimento.
Com base na definição de competitividade e na capacidade das empresas formularem
estratégias competitivas, o presente trabalho pretende mostrar como o desenvolvimento
tecnológico ou as inovações, desempenham um papel importante na economia brasileira.
Como uma ferramenta essencial capaz de elevar a produtividade e eficiência dos bancos.
Procurou-se neste trabalho entender as relações daquelas estratégias com o desenvolvimento
do setor bancário brasileiro que se tornou um dos mais modernos do mundo e um dos maiores
prestadores de serviços do País.
A escolha do tema deveu-se à vontade de entender o processo de inovações tecnológicas, não
o processo de produção de inovações tecnológicas enquanto tal - pois isso cabe aos
8
engenheiros e especialistas - mas as inovações enquanto promotoras de desenvolvimento das
organizações empresariais que têm possibilitado ao país aumentar a sua acumulação de
capital.
Segundo Porter (2000), a empresa, para ser mais rentável que seus concorrentes deve ter
preços mais altos ou custos mais baixos. Os bancos conseguiram reduzir os custos, dos
serviços prestados, com investimentos em novas formas de atendimento graças ao aumento da
tecnologia e à capilaridade com os correspondentes bancários.
No Capitulo 1 será feita uma breve descrição do surgimento e desenvolvimento do sistema
bancário brasileiro. A reestruturação e o crescimento do setor bancário a partir das reformas
que ocorreram que deram uma maior estruturação e credibilidade a estas instituições.
No Capitulo 2 desta monografia será feita uma abordagem das discussões teóricas sobre as
inovações tecnológicas segundo Schumpeter (1942) e das vantagens competitivas de Porter
(1993). Pretende-se com essa abordagem fundamentar a análise sobre a atuação do setor
bancário brasileiro destacando seus investimentos em inovações para obter vantagens
competitivas.
No capitulo 3 trata das mudanças que ocorreram no setor bancário brasileiro a partir dos anos
1990 quando o processo de abertura comercial favoreceu a movimentação de capitais cada
vez mais veloz, implicando na adoção de mudanças tecnológicas que priorizaram a
mobilidade e segurança dos clientes.
No capitulo 4 consiste em um levantamento das cinco principais “ondas de inovações
tecnológicas” que ocorreram no setor bancário brasileiro, sendo que a partir dos anos 1990,
tivemos o surgimento de 3 das 5 principais “ondas” de inovações tecnológicas no setor
bancário: a internet banking, mobile banking e os correspondentes bancários.
Por fim, no Capitulo 5 será feita uma análise das vantagens competitivas identificadas e
exploradas no mercado bancário brasileiro. Deverão ser apontadas as vantagens próprias do
sistema e a necessidade de se trabalhar vantagens competitivas que permitam o
desenvolvimento do setor bancário atendendo às características e necessidades temporais e
espaciais da economia brasileira.
9
2 BREVES TRAÇOS HISTÓRICOS DA EVOLUÇÃO DO SISTEMA BANCÁRIO
BRASILEIRO
2.1 A ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA BANCARIO BRASILEIRO
O Sistema Financeiro Nacional SFN representa um conjunto de instituições criadas para
manter o fluxo contínuo de recursos entre os agentes superavitários e deficitários da
economia.
A lei da reforma bancária – 4.595/64, em seu artigo 17 define:
Consideram-se Instituições Financeiras, para os efeitos da legislação em vigor, as pessoas jurídicas públicas e privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a coleta, intermediação ou aplicação dos recursos financeiros, próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custodia de valor de propriedade de terceiros. (LOPES; ROSSETI, 2005, p. 452).
As instituições financeiras podem ser classificadas em normativas e operativas. O subsistema
normativo cuida da regulação e fiscalização; enquanto o subsistema operativo cuida das
operações e suporte operacional e da administração.
A área normativa tem como órgão máximo o Conselho Monetário Nacional – CMN, que
regula e controla a área operativa, por meios de normas e regulação expedidas pelas
autoridades monetárias. A área operativa é constituída pelas instituições financeiras públicas e
privada, que atuam no mercado financeiro (OLIVEIRA, 2009, p. 3).
As instituições financeiras operativas são classificadas em bancárias e não bancárias. As
instituições bancárias são aquelas capazes de criar moeda por meio do recebimento de
depósitos a vista e operam com ativos financeiros monetários que representam os meios de
pagamento da economia. Essas instituições são representadas pelos bancos comerciais e
múltiplos. Enquanto que as instituições financeiras não-bancárias não recebem depósitos a
vista. Elas trabalham com ativos não monetários sendo estes: ações, certificados de depósitos
bancários, letras de câmbio e debêntures.
10
O modelo bancário brasileiro passou por muitas evoluções ao longo do tempo. Em 1964
tivemos a reforma bancária e a reforma do mercado de capitais definindo uma política que
possuía o intuito de acabar com a controvérsia relativa às instituições financeiras. Ou seja:
evolução no sentido europeu, em que os bancos são as principais peças do sistema financeiro,
operando em todas as modalidades de intermediação financeira (BELLAK NETO, 2003, p.
9). Com isso os bancos ficariam responsáveis pelas operações de capital de giro e outras
modalidades de médio e curto prazo mais especializadas.
Tomando-se como base a evolução de 1964 foram criadas diversas instituições financeiras
tais como; os bancos de investimento (1965) e as associações de poupança e empréstimo
(1969). Naquela época já tínhamos no segmento público o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico – BNDE (1952); Banco Nacional de Crédito Cooperativo –
BNCC (1951); Banco Nacional de Habitação – BNH (1964), sem deixar de lembrar a atuação
dos Bancos do Brasil – BB, do Nordeste (BNB), e da Amazônia (BASA) que neste período
exerciam a função de banco de fomento e comercial misto, operando no curto e longo prazo.
Essas instituições foram muito importantes para o crescimento do setor bancário. Observa-se
que a partir daí os bancos passaram a assumir o papel de líderes atuantes de grandes
conglomerados, exercendo suas atividades ora como intermediários financeiros ora como
prestadores de serviços. Esse conjunto de mudanças com a criação de novas instituições
bancárias resultou em um processo de consolidação da estrutura bancária brasileira com forte
poder de atuação e prestação de serviços à comunidade.
O sistema financeiro é composto por instituições que operam com carteira comercial (bancos
comerciais), carteira de investimento (bancos de investimento), carteiras de desenvolvimento
(bancos de desenvolvimento) e carteiras de crédito.
Em 1988 tivemos a criação do banco múltiplo em que um mesmo banco pode operar com
duas carteiras de mercado. Passados os anos 1980 as mudanças ocorridas no setor bancário
foram resultantes da própria força de mercado. As instituições bancárias começaram a se
adaptar à própria desregulamentação da economia, à abertura do mercado e a própria
competição. Resultado disso tem-se a consolidação do mercado bancário brasileiro com
investimentos em desenvolvimento tecnológico de impacto positivo na forma de atuação
bancária. A retomada do crescimento dos bancos vem ocorrendo de forma cada vez mais
11
sustentada com ampliação do mercado bancário e o desenvolvimento de novos produtos e
serviços, alcançando uma posição de destaque no ranking nacional.
A seguir será feita uma breve descrição da atuação dos bancos comerciais e dos bancos
múltiplos. Os bancos comerciais realizam as operações bancárias mais comuns como,
operações de saques depósitos, transferências, descontos e empréstimos dentre outras
operações. Já os bancos múltiplos destacam-se pela sua capacidade de atuar com diferentes
carteiras.
2.2 OS BANCOS COMERCIAIS
Os bancos comerciais são os chamados criadores de moeda e constituem a base do subsistema
monetário. Possuem a faculdade de criar, sob efeito multiplicador a moeda escritural que é
constituída pelo total de depósito a vista. A autoridade monetária mantém uma permanente
vigilância sobre essas instituições para manter sua liquidez e solvabilidade, controlam o efeito
multiplicador do circuito depósitos-empréstimos-depósitos, além de orientar a captação de
recursos dessas instituições.
O controle decorrente do efeito multiplicador pelas instituições monetárias é realizado de três
formas:
1) Através das operações de mercado aberto (open market) realizado por meio da compra
e venda de títulos públicos, da emissão do Banco Central ou Tesouro Nacional;
2) As operações de redesconto consistem na concessão de assistência financeira de
liquidez aos bancos comerciais. Nessa operação o Banco Central funciona como o
banco dos bancos, na medida em que desconta títulos dos bancos comerciais a uma
taxa pré-fixada com o objetivo de atender às necessidades de caixa de curto prazo dos
bancos comerciais;
12
3) Recolhimento do compulsório: essa medida impõe restrições ao livre funcionamento
do mercado aberto, pelo fato de que utiliza controle direto sobre o volume do crédito,
preços, taxas de juros e a determinação dos prazos e limites da oferta de crédito.
Através desses instrumentos de política monetária, as instituições normativas do sistema
financeiro, regulam o fluxo de meio de pagamentos gerados pelos bancos comerciais. Desta
forma estes atuam em um limite fixado pelo sistema financeiro realizando operações de médio
e curto prazo no mercado financeiro (LOPES; ROSSETI, 2005).
2.3 OS BANCOS MÚLTIPLOS
Em 21 de setembro de 1988, uma importante mudança foi instituída no sistema financeiro
brasileiro com a criação dos bancos múltiplos. A partir da Resolução nº 1.524 do Banco
Central passou a ser facultado aos bancos comerciais, banco de investimento, sociedade de
crédito imobiliário e sociedade de crédito financiamento e investimento a organização
opcional em uma única instituição financeira (LOPES; ROSSETI, 2005, p. 466).
Os bancos múltiplos passaram a operar em todos os segmentos financeiros possuindo
personalidade jurídica própria e sendo capazes de exercer suas funções de diversas formas
através das seguintes carteiras, podendo operar com pelo menos 2 das 6 carteiras citadas:
• Carteira comercial;
• Carteira de investimento;
• Carteira de desenvolvimento;
• Carteira de crédito imobiliário;
• Carteira de arrendamento mercantil ou crédito;
• Carteira de crédito, financiamento e investimento;
Com isso percebe-se a evolução e o desenvolvimento do sistema bancário brasileiro a partir
da reforma de 1964. A criação do banco múltiplo em 1968 permitiu uma maior estruturação
dos bancos brasileiros que alcançaram uma posição de destaque mundial. É certo que parte
13
expressiva desse destaque deve-se à própria evolução favorável da economia nos últimos anos
juntamente com o aperfeiçoamento do setor financeiro que permitiu a redefinição da estrutura
bancária de todo o país.
2.4 O SISTEMA BANCÁRIO BRASILEIRO EM NÚMEROS
A partir do momento em que se definiu os papéis das instituições financeiras, umas atuando
como operadoras e outras como normativas, o sistema financeiro como um todo tornou-se
mais consolidado e forte para superar as crises. Isso significou investir no “alicerce” que vai
dar todo o suporte para que as operações financeiras ocorram dentro da legislação em vigor.
Isso não significa que esse fator foi o único que garantiu o crescimento e desenvolvimento das
instituições bancárias, mas desempenhou fundamental importância para que os bancos
brasileiros alcançassem destaque no ranking mundial.
Nos anos de 2007 e 2008 apesar da crise econômica os bancos brasileiros apresentaram lucros
exuberantes e saúde reforçada. As operações com crédito e serviço fizeram o resultado líquido
saltar 57% (SISTER, 2008, p. 126). O que não significa dizer que o sistema bancário
brasileiro não se abalou com a crise financeira mundial, mas que esta não chegou a causar
tantos estragos como nos bancos dos Estados Unidos.
Os bancos comerciais e múltiplos alcançaram em 2008 um lucro líquido de R$ 47,8 bilhões –
57% mais alto do que o do ano 2007. É certo que grande parte desse lucro deveu-se em parte
as operações bancárias e outra à alienação do patrimônio líquido (SISTER, 2008, p. 126). O
Banco do Brasil ocupou o 3º lugar no ranking entre os 5 maiores em lucro líquido dos bancos
nacionais no ano de 2008.
14
BANCO SEDE Lucro Líquido
R$ em Milhões
1º Itaú Holding SP 8.473,6
2º Bradesco SP 8.009,7
3º Banco do Brasil DF 5.058,1
4º Unibanco SP 3.447,8
5º ABN AMRO Real SP 2.975,0
Quadro 1 - Os Cinco Maiores Bancos Brasileiros Em Lucro Líquido
Fonte: OS 100... , 2008, p. 137
A receita bancária com a prestação de serviços também foi motivo de orgulho. Os bancos
comerciais e múltiplos arrecadaram com tarifas e taxas de administração R$ 61,25 bilhões em
2007, valor que superou suas despesas com gastos de pessoal (R$ 45,9 bilhões) como também
as despesas administrativas (R$ 51,2 bilhões). Esse aumento da receita com serviços deveu-se
principalmente à entrada de novos clientes de baixa renda, totalizando 7,6 milhões de contas,
com resultados expressivos nos depósitos à vista R$ 150 milhões (FEBRABAN).
Os investimentos em inovação também foram um fator de destaque dos bancos brasileiros
segundo a revista Valor 1000. A conta tecnologia foi a mais alta. Em 2007 os bancos
investiram em máquinas e softwares nada menos de R$ 6,16 bilhões, valor superior 16% ao
de 2006.
Na medida em que o sistema bancário se ajustou as mudanças que ocorrem naturalmente na
economia de forma consolidada, facilitou sua maior penetração no espaço geográfico.
Portanto, a partir do momento em que o sistema bancário evoluiu e se desenvolveu conseguiu
ter capacidade para investir em novas tecnologias e alcançar o crescimento desejado.
15
3 A CONCORRÊNCIA CAPITALISTA POR INOVAÇÕES TECN OLÓGICAS E
VANTAGENS COMPETITIVAS
3. 1 INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS
Nos últimos anos os economistas têm-se dedicado a entender o conceito de mudança técnica,
ou mais significativamente, a inovação. As constatações teóricas que surgiram exerceram uma
importante influência para que os economistas entendessem o processo de crescimento
econômico nas análises das organizações industriais. Em todas as análises da Economia da
Inovação, Schumpeter é amplamente citado como fonte de inspiração e conhecimento.
Ao escrever sobre inovação chama a atenção do leitor que busca-se apoiar a análise nas
constatações teóricas de Schumpeter sobre a importância da inovação. Em seu livro
Capitalismo, Socialismo e Democracia (1942), o autor já havia percebido a mudança na
análise econômica dominante, desviando-se dos problemas de desenvolvimento econômico
em direção à análise da concorrência das empresas e às forças determinantes de mercado em
uma economia capitalista.
O interesse do capitalismo naquele momento não estava enraizado no conceito de um
equilíbrio estático, a realidade era baseada na concorrência entre as empresas, não aquelas
baseadas na redução dos preços e custos, mais sim na concorrência capitalista em busca de
novas mercadorias e tecnologias.
(…) a realidade capitalista, diferentemente da sua descrição de Livro-texto, não é esse tipo de concorrência que conta, mas a concorrência através de novas mercadorias, novas tecnologias, novas fontes de oferta, novos tipos de organização (a grande unidade de controle em larga escala) – concorrência que comanda uma vantagem decisiva de custo ou qualidade que atinge não a fímbria dos lucros e das produções das firmas existentes, mas suas fundações e suas próprias vidas. (SCHUMPETER, 1942, p. 114).
A concorrência através da inovação existe mesmo antes da ameaça ser real, mas
principalmente quando ela for presente. O empresário sente que está em uma situação
competitiva mesmo quando está sozinho. As ações dos homens de negócio deverão ser
16
voltadas para o objetivo de compreender como o capitalismo administra as suas estruturas
existentes, como ele destrói a estrutura velha e cria uma nova, através das inovações.
Em linhas gerais, Schumpeter (1942) procurou destacar o caráter evolutivo do capitalismo.
Sendo assim, o capitalismo é descrito como um sistema que está em permanente mudança. A
concorrência revela-se como um fator incessantemente endógeno, na medida em que se
transforma independentemente de fatores exógenos, resultando das próprias forças da
concorrência.
A imagem que melhor define essa idéia é a famosa descrição de Schumpeter (1942, p.112) do
processo de “destruição criadora”:
O capitalismo (…) é, pela sua própria natureza, uma forma ou método de mudança econômica, e não apenas nunca está, mas pode estar estacionário”. (…) o impulso fundamental que inicia e mantém o movimento da máquina capitalista decorre dos novos bens de consumo, de novos métodos de produção ou transporte, dos novos mercados, das novas formas de organização industrial que a empresa capitalista cria.
As inovações representam esse processo de “mutação industrial”, segundo os grifos de
Schumpeter, que cria e destrói a estrutura existente. Todavia, entender como o capitalismo
administra suas estruturas, se torna apenas um fato sem grande relevância, relevante mesmo, é
entender, como o capitalismo cria e destrói essas estruturas. A inovação, como fruto deste
processo de mutação industrial resulta da transformação interna do capitalismo, que se
processa como uma ferramenta de grande importância na concorrência entre as empresas
modificando a base produtiva e os produtos no mercado.
No processo de corrida incessante por vantagens competitivas, a inovação desempenha um
papel central. A busca por vantagens competitivas através de economias de escala e as
vantagens de diferenciação são muito importantes. Todavia, como já enfatizava Schumpeter, a
forma mais contundente de concorrência é a inovação.
A obtenção de vantagens competitivas pelas inovações, se dá por meio do surgimento de
novas técnicas de produção, novos produtos, novos meios de transporte, novos mercados e
novas formas de organização industrial (dentre outras) que a empresa capitalista cria.
(…) a concorrência por inovações (poderosa alavanca que no longo prazo dá lugar a uma vantagem decisiva de custo ou de qualidade, aumenta a produção e produtividade e reduz preços, desestabilizando as estruturas de mercado já
17
existentes), mexendo com a própria estrutura das empresas. (SCHUMPETER, 1942, p. 114).
Neste sentido, as inovações representam a criação de novos espaços de valorização de capital
pelas empresas em busca de vantagem competitiva. Desta forma, além de ser uma novidade
no ambiente da empresa ela representa, também, um fenômeno econômico, na medida em que
é um processo de busca por lucros extraordinários. A eficiência que as empresas adquirem ao
agir desta forma impulsiona o desenvolvimento econômico das nações, na medida em que cria
novos espaços de valorização do capital.
As decisões econômicas envolvem riscos e incertezas. A decisão de inovar não foge à regra.
Na busca incessante de manter e ampliar seus espaços de valorização do capital, as empresas
se apóiam em praticas monopolistas.
O que se chama de práticas monopolisticas são na verdade, estratégias restritivas de curto
prazo visando à sustentação de assimetrias criadas pelo processo de inovação. Supõem, por
exemplo, práticas de barreiras à entrada, que são criadas ao longo do processo de
desenvolvimento. No curto prazo, um exemplo de práticas monopolisticas é a rigidez de
preço, que além de permitir uma maior sustentabilidade dos lucros para a empresa, permite à
mesma maior segurança na tomada de decisões de investimento de longo prazo.
Considerando o exemplo de práticas restritivas Silva (2004, p. 214) afirma que;
(…) a empresa oligopolista é o agente principal do processo de destruição criadora, pois é a única capaz de aplicar as políticas restritivas e de se defender das instabilidades do sistema. Como resultado, no oligopólio, a busca pela inovação é consciente e sistemática, fazendo parte da atuação rotineira da empresa.
Sendo assim, pode-se dizer que o processo competitivo no qual está inserida a empresa,
possui duas faces necessárias e inseparáveis: a primeira, as estratégias de curto prazo, visando
à sustentação/preservação de posições já estabelecidas, e a segunda, as estratégias de longo
prazo apoiadas em inovações visando à construção de vantagens competitivas. Destarte, a
lógica geral que a empresa procura no seu processo de valorização do capital através das
inovações, é obter lucros extraordinários e sustentar suas vantagens competitivas.
18
Sendo a inovação uma estratégia de longo prazo, pois a decisão de inovar envolve risco e
incerteza, esta se expressa no aumento contínuo de produtividade que visa à busca de novos
espaços de mercado por meio da criação de vantagens diferenciais entre empresas.
A inovação tecnológica no ambiente de uma empresa moderna é de fundamental importância.
Em 1942, Schumpeter já afirmava que a primeira coisa que uma empresa faz, logo que se
sente em um ambiente competitivo seguro é estabelecer um departamento de pesquisa.
Atualmente as empresas estão cada vez mais, formando grupos de pesquisa e
desenvolvimento, para que possam acompanhar as mudanças econômicas e institucionais do
mercado.
As mudanças econômicas e institucionais que vêm ocorrendo ao longo do tempo, são
resultadas de uma maior interação entre as empresas na busca por vantagens diferenciais.
Neste ambiente as empresas mantêm e ampliam os seus espaços de valorização de capital
como resultado do processo de busca e seleção. Vejamos os grifos de Silva (2004, p.216):
A idéia central é que o processo de transformação econômica e institucional que mantém em permanente movimento a economia capitalista, sob o impacto principal das inovações (de qualquer natureza, mas com destaque para as tecnológicas), pode ser comparado, em uma primeira aproximação, ao processo de mutações genéticas das espécies submetidas inexoravelmente à seleção do meio ambiente.
Segundo Lúcia (2004), as expectativas quanto à obtenção e ampliação de vantagens
competitivas estão ligadas em muitos casos, à evolução da tecnologia. A incerteza quanto ao
futuro é particularmente nítida, pois a introdução de um novo método de produção ou de um
novo produto impõe que o agente leve em conta o maior número de elementos.
Sendo os agentes econômicos racionais e tendo uma capacidade cognitiva mínima isto não
será suficiente para prever o presente, muito menos, ter certeza na tomada das decisões quanto
ao futuro. Nessa situação os agentes econômicos e as empresas tenderão a ser cautelosos na
tomada de decisão quanto aos investimentos em inovações tecnológicas.
(...) Nesse contexto, frente ao conhecimento da existência de incerteza no cálculo capitalista, as empresas recorrem à adoção de um comportamento cauteloso e defensivo, de tentar seguir a opinião média, melhor expresso no emprego dos procedimentos convencionais. Prevalece assim, a adesão dos agentes à rotina na tomada de decisões e no próprio esforço inovador. (SILVA, 2004, p. 219).
19
Na medida em que as firmas passam a investir em inovações, os resultados por ter tomado
essa decisão não são assegurados, uma vez que a decisão de inovar é irrevogável, o que
significa que a empresa não terá como voltar atrás. Além disso, nada garante que a decisão
tomada vai permitir à empresa obter vantagens competitivas. Essa é uma decisão
completamente incerta que depende diretamente da capacidade e competência da empresa em
tomar as decisões mais adequadas. Ela deverá agir com base na sua rotina levando em
consideração seu histórico de erros e acertos.
3.2 INOVAÇÃO & INVENÇÃO
A inovação é uma das formas que as empresas utilizam para fortalecer sua competitividade,
através da identificação e aproveitamento das oportunidades, para o desenvolvimento de
ofertas diferenciais valorizadas pelos clientes.
Barbieri e Simantob (2009), definem a inovação = idéia + implementação + resultados. De tal
forma que só teremos inovação se não faltar nenhum termo desta equação.
Inovação é algo muito diferente de invenção. Inovar vem do verbo innovo, innovarem, ou
seja, renovar, introduzir novidades segundo o Simpósio de Administração da Produção,
Logística e Operações Internacionais - SIMPOI (2006). As inovações são na verdade as
mudanças que ocorrem no processo de produção e nos modelos de produtos que sejam a base
do progresso tecnológico.
A invenção é ação ou efeito de criar, e até mesmo invejar algo que já foi criado por alguém.
Já as inovações podem ser compreendidas, como a aplicação comercial da invenção. As
inovações tecnológicas acontecem no ambiente da grande empresa, muitas vezes em seus
laboratórios de pesquisa e desenvolvimento, criando novos produtos que a firma introduz.
Segundo Braga (2005, p.4), inovação é um processo que envolve o uso, aplicação e
comercialização do conhecimento técnico e científico em problemas relacionados com a
produção e comercialização tendo o lucro como perspectiva.
20
3. 3 VANTAGENS COMPETITIVAS
A principal meta econômica de um País é alcançar um sonhado nível de desenvolvimento que
lhe permita manter e ampliar suas vantagens competitivas. Todavia, como um país ou até
mesmo uma empresa, poderá mensurar o seu aumento de competitividade?
Segundo Porter (1993), a capacidade de conseguir isto não depende apenas da idéia “amorfa”
de competitividade, mas sim da produtividade com o qual os recursos naturais estão sendo
empregados. A produtividade é o valor com que é produzido um determinado produto, por
uma unidade de trabalho ou capital. Entretanto, alcançar um determinado nível de
produtividade, que lhe permita ser competitivo, depende da qualidade e da eficiência na
produção.
A produtividade é um conceito fundamental que explica a competitividade em um
determinado país. Depende da capacidade que um país tem de melhorar a produtividade de
suas empresas.
A inovação tecnológica é de fundamental importância, pois permite à empresa produzir com
maior eficiência e qualidade. Sabendo que inovar é um processo endógeno e dinâmico, quanto
mais uma empresa inova mais ela consegue ser competitiva.
Explicar a “competitividade” a nível nacional é, portanto, responder à pergunta errada. O que devemos compreender, em lugar disso, são os determinantes da produtividade e o ritmo do crescimento dessa produtividade. Para encontrar respostas, devemos focalizar não na economia como um todo, mas nas indústrias especificas e segmentos da indústria. ( PORTER 1993, p. 10).
A partir do conceito de produtividade, muitos teóricos explicaram o fenômeno da
competitividade. Dentre eles, Porter se destacou ao usar como unidade básica de análise a
indústria para explicar o fenômeno da competitividade.
O conceito mais amplo de vantagem competitiva leva a compreender como as firmas deverão
escolher as melhores estratégias. Segundo Porter (1993), devemos constatar que as empresas
não terão êxito se não escolherem as melhores estratégias tendo como base a inovação. As
firmas precisam ter disposição para competir através do conhecimento realista do seu
ambiente nacional e de como melhorá-lo.
21
Para alcançar tal objetivo Porter (1993), utilizou como uma unidade básica de análise a
indústria, podendo ser de produtos ou de serviços, e um grupo de competidores que produzem
mercadorias ou serviços que competem entre si.
A indústria é a arena na qual a vantagem competitiva é ganha ou perdida. As empresas, através da estratégia competitiva, buscam definir e estabelecer uma abordagem para a competição em suas indústrias que seja, ao mesmo tempo, lucrativa e sustentável. Não existe estratégia competitiva universal, única, e apenas têm êxito estratégias adequadas à indústria especifica e aos conhecimentos e patrimônio social de uma determinada empresa. (PORTER 1993, p.44).
Para definir a estratégia competitiva a que a empresa melhor se adapta, precisa-se fazer uma
análise no primeiro momento da estrutura da indústria na qual a empresa compete, pois as
indústrias diferem muito na forma de realizar a competição. Em seguida, precisa-se ter certeza
da posição estratégica que ocupa a mesma na indústria.
Através da análise da estrutura da indústria de Porter (1993), na análise das cinco forças, que
são descritas como (1) a ameaça de novos entrantes, (2) a ameaça de novos produtos e
serviços, (3) o poder de barganha dos fornecedores, (4) o poder de barganha dos compradores,
e (5) a rivalidade entre competidores existentes. Essas cinco forças competitivas têm como
objetivo determinar a lucratividade na indústria, na medida em que fixam os preços, os custos
e o investimento necessário para as empresas poderem competir de maneira sustentada.
A ameaça de novos entrantes, diz respeito ao aparecimento de novas empresas que estão
entrando no mercado. As firmas que estão entrando no mercado limitam o potencial de lucro
das estabelecidas, porque têm capacidade produtiva e buscam uma parcela do mercado. Já a
ameaça de novos produtos ou serviços, nada mais é, do que, a possibilidade de aparecimento
de substitutos próximos limitando os preços que os competidores podem cobrar.
O poder de barganha dos fornecedores e compradores relaciona de uma forma geral a
capacidade que os mesmos têm de captar os lucros das empresas para si, através da
negociação. Desta forma, a rivalidade entre os competidores depende da estrutura na qual essa
firma se encontra inserida suas características econômicas e o peso das barreiras à entrada que
os fornecedores impõem.
Cada firma é diferente e age de uma forma peculiar. O poder de cada uma dessas forças
competitivas depende da estrutura da própria indústria. Em algumas empresas a barreira à
entrada é bastante elevada exigindo um alto gasto com custo fixo de pesquisa e
22
desenvolvimento. Todavia, esse tipo de estrutura de indústria é bastante favorável à
lucratividade, na medida em que mantém rendimentos constantes sobre os investimentos.
A partir da análise desses elementos pode-se traçar um plano de ação em direção aos seus
concorrentes. Isso incluirá de que forma posicionar a organização para que sua capacitação
seja capaz de fornecer a melhor defesa contra as forças competitivas, dito de outra forma, é
preciso organizar as estratégias competitivas objetivando melhorar a posição da empresa no
mercado antecipando sua ação de mudança.
A abordagem geral da firma na competição indica que as firmas não podem só reagir e
influenciar a estrutura da indústria, mas também escolher uma posição dentro dela. Quando
uma empresa se posiciona na competição aí está à vantagem competitiva. Todavia, no longo
prazo é preciso que elas consigam manter vantagens competitivas sustentáveis, com
assimetrias frente a suas rivais criando valor para os compradores e ao mesmo tempo
desempenhando as atividades de forma mais eficiente.
As vantagens competitivas podem ser de custo e de diferenciação:
O menor custo é a capacidade de uma empresa de projetar, produzir e comercializar um produto comparável com mais eficiência do que seus competidores. A preços dos ou próximos dos competidores, os custos menores traduzem em rendimentos superiores. (…) A diferenciação é a capacidade de proporcionar ao comprador um valor excepcional e superior, em termos de qualidade do produto, características especiais ou serviços de assistência. (…) a diferenciação permite uma firma obter um preço melhor, que leva a uma lucratividade superior, desde que os custos sejam comparáveis aos concorrentes. (PORTER, 1993, p. 48).
A partir do exposto, pode-se perceber que com base na escolha da vantagem competitiva que
isso se traduz em aumento de produtividade para a firma. Todavia, é importante frisar que a
vantagem competitiva depende da competência de formular e escolher as estratégias, sendo na
verdade fruto da maneira pela quais as empresas se organizam e realizam suas atividades. É
no desenvolvimento dessas atividades que a mesma consegue criar valor para os seus
compradores, representado na disposição de pagar pelo produto ou serviço.
Segundo Porter (1993), as empresas criam vantagens competitivas percebendo (ou
descobrindo) novas maneiras de competir em uma indústria, que nada mais é do que a
inovação. A inovação é definida como melhorias na tecnologia e métodos mais eficientes de
se fazer às coisas, podendo ser evidenciada em modificações de produtos, mudanças de
processo, novas maneiras de comercialização e novas formas de concepção e distribuição,
23
sendo as inovações resultado do conhecimento organizacional quanto da pesquisa e
desenvolvimento.
A inovação é um processo endógeno, sendo fruto dos investimentos da empresa. Perceber e
perseguir a inovação não é uma atividade de fácil execução. As empresas precisam estar
olhando para o lugar certo, perseguindo a informação correta. A informação é imprescindível
no processo da inovação.
Entender o processo da inovação e obtenção de vantagens competitivas é algo extremamente
dinâmico e revolucionário. Esse processo desenvolveu as atividades da empresa como
também as nações tornando-as mais competitivas. Podemos entender esse processo, citando
como exemplo, o surgimento da internet que revolucionou a forma de comunicação entre as
empresas e entre os países, pois a informação passou a se processar de forma mais rápida, em
tempo real.
No Brasil o setor bancário tem se destacado no mercado pelas inovações que tem realizado.
Graças aos avanços tecnológicos, particularmente as tecnologias da informação, os bancos
têm se destacado mundialmente pela eficiência e mobilidade dos serviços.
Objetivando um melhor atendimento, eficiência e competitividade, a partir dos anos 1990,
devido ao processo de abertura comercial essas instituições financeiras passaram a olhar não
só para o seu mercado interno como também para o externo. Visando um aumento dos
negócios os bancos passaram a atuar em busca de melhorias tecnológicas que lhes
permitissem aumentar a sua margem de lucro.
A abertura comercial provocou mudanças estruturais no mercado, levando-as instituições a
investiram cada vez mais na informatização e mobilidade de seus serviços, apostando ainda
mais em equipamentos baseados na utilização de novas tecnologias com maior valorização
dos softwares no processo de automação bancária.
24
4 INOVAÇÕES BANCÁRIAS
4.1 ATUAÇÃO BANCÁRIA A PARTIR DOS ANOS 1990
As empresas devem sempre estar preparadas para as mudanças que ocorrem naturalmente no
sistema econômico. Com os bancos não tem sido diferente, eles iniciaram suas atividades
como depositários de valores de terceiros e emissores de moeda atuando hoje das mais
diversas formas, desde operadores de pagamento e recebimento a emprestadores e emissores
de cartão de crédito.
As crises bancárias se mostraram recorrentes e quase inexoráveis ao longo da história dos
bancos, desde suas origens até os dias atuais. Os bancos parecem sofrer de uma
vulnerabilidade intrínseca associada aos riscos próprios de suas atividades e à especificidade
de seu papel na economia.
Essa vulnerabilidade é decorrente do papel exercido pelos bancos na economia na medida em
que participam da soberania monetária do estado, criando dinheiro em crédito, realizando os
serviços de compensações e administrando os meios de pagamento, além de desempenhar um
papel de intermediários financeiros. Suas decisões precisam estar sempre bem coordenadas,
pois suas atividades envolvem o crédito, os juros, o investimento e o nível de atividade
econômica. Por esses, e por tantos outros motivos, precisam estar sempre se desenvolvendo
para evitar as crises no sistema.
Em face da incerteza de suas atividades, os bancos foram mudando a sua forma de atuação,
visando um melhor atendimento, aumento de produtividade e crescimento sustentável. Foram
obrigados a dinamizar as suas atividades, além de mudar seus processos de atuação buscando
soluções tecnológicas cada vez mais eficientes.
As alterações que ocorreram no processo de atuação foram frutos das inovações que
ocorreram no sistema capitalista. A tecnologia se espalhou por todos os países, principalmente
no Brasil, recebendo cada vez maior importância pela sua capacidade de aperfeiçoar os
recursos dos bancos através da maior produtividade e competitividade. Desta forma, a
tecnologia é descrita pelo Simpoi (2006) como:
25
(…) conjunto de conhecimentos de princípios científicos aplicados a um determinado ramo de atividade, cuja seleção e a combinação desses conhecimentos são orientadas por objetivos previamente definidos, podendo ser, por exemplo, aplicada na concepção, na produção e na distribuição de bens e serviços. (SIMPOI, 2006, p. 1).
No Brasil durante os anos 1990, os Bancos passaram a ter a preocupação de aumentar sua
atuação no mercado financeiro, visto que, o processo de abertura comercial e de
mundialização de capital era um fator bastante favorável. Neste sentido, aumentaram-se as
políticas de inovação tecnológicas e organizacionais que já haviam sido implantadas em 1986.
Destarte, a década de 1990 se apresenta como um momento decisivo para o investimento em
inovações tecnológicas no Brasil que permitiu um grande desenvolvimento da indústria
brasileira nos setores de periféricos e de computadores de pequeno porte.
O mundo dos negócios mudou qualitativamente desde o final da década de 1980, com conseqüências profundas: a abertura de mercados, a concorrência global, a desregulamentação generalizada de vários setores e uma grande disponibilidade de capital. Ao mesmo tempo, entramos por inteiro na era da informação. Avanços na área de tecnologia da informação alteraram de forma irreversível a capacidade de fazer negócios, eliminando as restrições tradicionais de tempo e espaço ( NADLER; TUSMHAN, 2000, p.2).
A cronologia das inovações através da automação bancária alterou o ambiente bancário, com
mudanças na sua estrutura física e formas de atuação. Segundo Ely (1993), a partir dos anos
1990 foram criadas as agências totalmente automáticas e virtuais; o sistema de auto
atendimento passou a incorporar novos serviços, como por exemplo, a impressão de talões de
cheques e pagamentos de contas.
Houve a expansão dos serviços de auto atendimento, respaldados na redução de custos e
difusão de novas tecnologias; o lançamento dos microcomputadores portáteis, ou como se
chama atualmente de banco de bolso, onde o cliente pode saber on-line o saldo de suas
aplicações além de poder realizar transferências.
Atualmente a última tendência em automação bancária é a mobilidade dos serviços. Os
bancos tornaram-se continuamente móveis, ofertando serviços bancários de qualquer lugar
graças a tecnologia dos telefones celulares. Para os bancos os ganhos incluem redução de
custo com papel na medida em que as transações são efetuadas totalmente on-line, reduzindo
o lixo, contribuindo desta forma, para o equilíbrio do meio ambiente.
26
Segundo Gouveia (2009), o mobile banking é a quarta revolução tecnológica de atendimento
ao cliente. A primeira foi o Centro de Processamento de Dados (CPD). A segunda a
introdução dos caixas eletrônicos nas agências. A terceira a implantação desses terminais
(caixas eletrônicos) fora das agências. A quarta o internet banking. A quinta e atual inovação
nos bancos brasileiros é o mobile banking e os correspondentes bancários.
Atualmente os bancos brasileiros que mais têm investido na mobilidade dos serviços
financeiros através das transações por mobile banking - segundo dados da FEBRABAN - têm
sido o HSBC, Itaú e Banco do Brasil. O Banco do Brasil tem se destacado ao oferecer uma
solução completa de atendimento, relacionamento e negócios via celular com uma cobertura
de 99% do território nacional.
Nos próximos anos a intenção dos bancos é aumentar os investimentos para tornar o telefone
celular o veículo de massa para a “bancarização” dos serviços. Neste sentido, os
investimentos serão realizados em prol de uma plataforma única de pagamentos e
recebimentos, isso porque apesar dos bancos brasileiros utilizarem as principais tecnologias
disponíveis, estes ainda não têm acesso a uma plataforma única de pagamentos e
recebimentos.
4.1.1 Consolidação e Concentração Bancária
O setor bancário brasileiro vem passando por um forte processo de consolidação, sendo
resultante de um processo de fusão e aquisição, que de uma forma geral reduz o número de
instituições e aumenta o tamanho destas, tornando o setor bancário brasileiro mais
concentrado.
Esse fenômeno vem ocorrendo em vários paises do mundo a partir dos anos 1990, devido ao
processo de desregulamentação dos serviços financeiros, a maior abertura do mercado à
competição internacional, o desenvolvimento tecnológico em telecomunicações e informática
com impacto sobre o processamento das informações e sobre os canais alternativos de entrega
de serviços; ambos os fatores contribuíram amplamente para o processo de consolidação dos
bancos brasileiros.
27
Segundo Paula e Marques (2004) a primeira iniciativa para o processo de consolidação
bancária no Brasil foi resultado das iniciativas tomadas pelo governo a partir da crise bancária
de 1995 através de programas específicos de reestruturação bancária (PROER e PROES). E
num segundo momento esse processo foi e vêm sendo conduzido pelas próprias forças de
mercado, através dos processos de fusões e aquisições comandadas pelos bancos para
aumentar o seu poder de mercado.
Fusões e Aquisições (F&As) são métodos de consolidação onde uma mudança no controle
ocorre através da transferência de controle corporativo de dono PAULA; MARQUES (2004).
O principal impacto do processo de consolidação bancária é a redução do número de bancos
no Brasil e aumento da concentração bancária. Em novembro de 2008 tivemos um grande
exemplo de fusão entre dois bancos brasileiros o caso Itaú - Únibanco que se integraram
objetivando superar a crise e aumentar o seu poder de mercado frente aos seus concorrentes.
Fusões podem ser desejáveis para o banco para aumentar a capacidade do banco comprador
de incrementar seus lucros.
4.2 INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NO SETOR DE SERVIÇOS BANCÁRIOS Os bancos ou instituições financeiras bancárias desempenham um papel de intermediação
financeira, alocando recursos na economia, captando, gerenciando e transferindo dinheiro
entre os vários agentes econômicos. Usualmente os bancos assumem quatro funções de
acordo com Oliveira (2009).
1. Acesso ao sistema de pagamentos: partindo do principio de que é mais fácil
transacionar mercadorias por moeda, do que por um sistema de trocas diretas.
2. Capacidade de criar, gerenciar e transferir recursos financeiros.
28
3. Gerenciar os riscos do mercado financeiro associado às operações deste e a eventual
distribuição dos mesmos.
4. Processamento de informações de forma correta e acompanhamento dos tomadores de
empréstimos.
O mercado financeiro é bastante competitivo e para sobreviver neste mercado desempenhando
essas quatro funções básicas de forma competitiva os bancos se envolvem em processos
dinâmicos de inovação e diferenciação. Os bancos atuam desta forma, primeiro pelo aumento
da competitividade entre instituições bancárias e não bancárias. E segundo, pelo surgimento e
desenvolvimento de novas atividades financeiras não tradicionais, como parte de estratégias
adotadas por este setor para aumentar suas receitas, que não dependem tão somente da
captação de recursos junto ao público.
Com isso, para aumentar sua alavancagem os bancos têm investido em inovações. Neste
trabalho faz-se uma análise das inovações no setor de serviço, para não fugir do seu escopo.
Porém, é pratica se falar no mercado financeiro como se inovações de produtos ou serviços
fossem a mesma coisa ora como se fossem diferentes.
4.2.1 Produtos Versus Serviços
Os produtos são geralmente caracterizados como bens tangíveis, enquanto os serviços como
bens intangíveis. Os produtos por terem uma existência material podem ser estocados para
uso ou consumo futuro, enquanto os serviços não são estocáveis, e por isso, se não forem
consumidos no momento em que são disponibilizados, perdem-se para sempre (BARBIERI;
SIMANTOB, 2009, p. 36).
O conceito de pacote de valor - contraponto à idéia de que os produtos são coisas que podem
ser possuídas, e os serviços são experiências que o cliente vivencia – é o mesmo de pacote de
produtos e serviços, pois considera que esses bens tangíveis e intangíveis são necessários ao
atendimento de necessidades que os clientes valorizam. É um conceito comumente utilizado
pelos bancos, na medida em que os serviços bancários exigem bens físicos, como formulários
29
em papel, computadores, instalações, espaço físico e outros bens tangíveis para execução de
suas atividades.
Não existem inovações em produtos ou serviços isoladamente. Ambos se complementam para
oferecer aos clientes bancários e aos próprios bancos um pacote de valor que atenda às suas
necessidades.
4.3 AS CINCO “ONDAS” DE INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS NOS BANCOS
BRASILEIROS
Os bancos têm sido um dos setores que saíram na frente na utilização da TI (tecnologia da
informação). Há cinco décadas atrás os bancos brasileiros foram incentivados a incorporarem
essa tecnologia em seu processo, produtos e canais de distribuição tornando-a parte
inseparável em suas atividades.
A forma como a TI foi incorporada no ambiente bancário sofreu constantes padronizações ao
longo desses últimos anos. Apesar de existirem diferenças entre as padronizações, elas têm
muita coisa em comum nos seus aspectos iniciais. Nesse primeiro período, o uso da TI ainda é
bem restrito aos seus sistemas de processamento, não sendo percebido pela clientela do banco.
Atualmente ela consegue atingir todos os clientes de uma forma geral, na medida em que
envolve a difusão de novas tecnologias.
A partir de 1960 constantes “ondas de inovações tecnológicas” foram incorporadas aos
processos e produtos bancários, tornando o setor mais produtivo, aumentando a sua
produtividade e eficiência além de agregar valor no desenvolvimento de seus novos produtos
e serviços baseados em tecnologia.
Segundo Barbieri e Simantob (2009), a idéia de “ondas de inovações tecnológicas” parte do
princípio que a periodização da TI não obedece a uma lógica seqüencial estrita, ela não ocorre
em forma de “fases”, apesar de conviverem umas com as outras. A onda da automação de
uma agência, por exemplo, não se encerra pela onda de automação fora das agências, mas
complementada por esta.
30
As inovações nos bancos brasileiros vêm ocorrendo de forma contínua ao longo dos últimos
anos não obedecendo a uma seqüência determinada, até os nossos dias atuais. Ao longo desse
período as inovações tecnológicas foram difundidas, podendo ser visualizadas em “cinco
ondas de inovações tecnológicas” segundo os grifos de BARBIERI e SIMANTOB, sendo
elas:
1) A primeira “onda” de inovação tecnológica ocorrida nos bancos brasileiros foi a
automação do back ofice. Essa inovação aconteceu na indústria bancária brasileira no
inicio dos anos 1960, com a introdução de um Centro de Processamento de Dados
(CPD) responsável pelo registro, consolidação e processamento da informação para
em seguida devolvê-la as agências bancárias. Neste sentido, é aceito que essa operação
de Back Ofice como sendo a primeira e importante inovação nos bancos na medida em
que proporcionou grandes reduções de custos operacionais no processamento de dados
das operações.
2) A segunda “onda” de inovação bancária foi a automação nas agências tendo inicio no
final da década de 1970 com a automação dos caixas eletrônicos que passaram a
realizar operações on-line e a inclusão nas atividades bancárias de um modelo de
processamento de dados distribuído. Destarte, a inovação bancária passou a ser visível
aos clientes nos terminais dos caixas nas agências, e não mais em (CPDs). Registra-se
também que com essa inovação houve a implantação dos primeiros terminais de auto
atendimento que foram instalados inicialmente dentro do ambiente das agências
bancárias.
3) A terceira “onda” de inovação, como não poderia deixar de acontecer - foi a
automação fora das agências – já que a inovação dentro das agências já havia ocorrido.
Com o surgimento das redes Automated Teller Machines (ATMs) a automação
bancária ultrapassa a fronteira das agências, sendo possível perceber caixas
eletrônicos em locais públicos. Essa inovação aconteceu com o objetivo de reduzir o
contingente humano nos bancos, diminuindo desta forma o custo operacional de
atendimento ao público com ganhos de conveniência para os clientes e de eficiência
operacional para os bancos.
31
Segundo Barbieri e Simantob (2009), as ATMs surgem inicialmente como uma inovação
de processo, que objetiva aumentar a eficiência na distribuição de uma quantidade
limitada de serviços preexistentes. Citamos como exemplo, a consulta a saldos e extratos,
saques em dinheiro, mas com o tempo serviriam também como meio para a
disponibilidade de uma quantidade maior de serviços através dos caixas eletrônicos.
Como o objetivo deste trabalho foi analisar as principais inovações tecnológicas que
aconteceram no segmento bancário brasileiro a partir dos anos 1990, constatou-se que as
ATMs desempenharam um papel importante nas relações financeiras a partir de então.
Esse conteúdo tecnológico “fixou a interação entre cliente e instituição financeira,
eliminando a intermediação do funcionário, reduzindo o número de papéis em trânsito e
embutindo no cliente a satisfação de manejar as máquinas de auto-atendimento com total
liberdade e segurança, dentro da regular oferta de serviços”, como destacou Garcia (2002).
O impulso de investir profundamente em técnicas avançadas de informática, veio em
conseqüência do estágio de competitividade em que se encontravam as instituições
financeiras bancárias pioneiras nesse setor.
4) A quarta “onda” de inovação é a internet banking. Ela se caracteriza por ser uma
inovação que chega às instalações dos próprios clientes, de forma que os mesmos
possam realizar suas transações bancárias sem precisar sair de casa. A implantação do
internet banking surgiu a partir de meados da década de 1990, embora sendo precedida
por outras tecnologias das centrais telefônicas do home e ofice banking.
5) A quinta “onda” de inovação bancária corresponde ao momento atual. Esta
compreende à estratégia dos bancos de ampliar a sua base de clientes tradicionais. Os
analistas bancários começaram a perceber que o foco de atuação dos bancos nos
últimos anos estava concentrado na população de renda média e alta, que já se
encontrava plenamente atendido. E neste sentido a alternativa para o crescimento do
setor bancário brasileiro estava no atendimento da base da pirâmide social, a
população de baixa renda, com histórico de poucos acessos aos serviços bancários.
32
Para atender a essa demanda reprimida seria necessário desenvolver canais de distribuição
e modelos de negócio que se assemelhassem aos produtos de pequeno valor e baixo
retorno individual com altas escalas de operação e baixos custos de distribuição.
Buscando realizar seus objetivos de crescimento, o setor bancário brasileiro teve que
buscar parcerias de distribuição de seus serviços com uma variedade de outros agentes, até
mesmo não bancários. A primeira iniciativa envolve a adoção de um modelo de
correspondente bancário, habilitando uma variedade de agentes, como por exemplo, o
estabelecimento de varejo, as agências dos correios, e as casas lotéricas. A segunda
envolve parcerias entre bancos e operadoras de celulares, a fim de utilizar o aparelho
celular como canal de acesso aos serviços bancários.
33
5 COMO OS BANCOS BRASILEIROS CRIAM E MANTEM VANTA GENS
COMPETITIVAS
O conceito de vantagens competitivas está relacionado com a capacidade que as empresas têm
de conquistar, manter e ampliar estratégias competitivas. Estes objetivos podem ser
alcançados se estas organizações estiverem dispostas a investir em novas habilidades, novos
métodos de se fazer as coisas para conquistar o cliente.
As instituições bancárias brasileiras entenderam perfeitamente o conceito de vantagens
competitivas, mas para se chegar a esse patamar esse setor percorreu um longo caminho de
risco e incerteza investindo em tecnologias inovadoras. A busca por maior produtividade
tornou-se um dos principais objetivos, reforçando a necessidade de uma melhor utilização do
conhecimento e da geração constante de inovações dentro da organização.
Com a estabilidade econômica brasileira a partir dos anos 1990 - os ganhos com a inflação
não era mais viável – foi preciso investir em conteúdos tecnológicos que proporcionassem aos
seus clientes qualidade de atendimento e qualidade nos serviços prestados. O banco atual não
necessita mais de clientes nas agências crescendo as filas. As pessoas podem ter acesso aos
serviços bancários de sua própria casa com conforto e segurança.
Porter (1993) afirma que o único modo de se ter vantagem competitiva é por intermédio da
inovação e aperfeiçoamento envolvendo uma direção estratégica e visionária, de forma que a
fonte desta vantagem esteja relacionada à habilidade de aplicar a tecnologia.
Os bancos utilizam a tecnologia de forma intensa no processamento central, em sistemas de
apoio à decisão e controle, na automação de processos de atendimento aos clientes, nas
operações bancárias realizadas, e nas vendas de publicidade Campello (2002).
Além da inovação com estratégia competitiva, tem-se também que levar em consideração o
papel importante desempenhado pelas estratégias de comunicação utilizadas não só pelos
bancos, mas por várias organizações empresariais. Juntamente com o fenômeno da
globalização, e a mudança dos eixos políticos e econômicos que vem ocorrendo em todo o
mundo, a inovação vêm redimensionando a dinâmica das organizações.
34
5.1 PAPEL DA TECNOLOGIA
A tecnologia segundo Oliveira e Campello (2006) pode ser compreendida como um conjunto
de conhecimentos que se aplicam a um determinado ramo de atividade. Ela abrange uma
gama de conhecimentos organizados de diferentes tipos e adquiridos de diferentes fontes,
através dos métodos de pesquisa, desenvolvimento e adaptação dentre outros. Além de
contribuir para a modernização do sistema bancário, a tecnologia permite o aumento da
competitividade, sendo fundamental para o crescimento, diferenciação e redução de custos e
conquista de novos negócios.
No sistema bancário a tecnologia permitiu uma maior integração entre os próprios bancos,
com outros bancos e clientes obtendo através dessas ações redução de custos, aumento dos
resultados com a criação de novos produtos e serviços inovadores, além de superar as
barreiras geográficas.
A utilização da tecnologia no ambiente bancário modificou interna e externamente a estrutura
destas organizações financeiras, que vai desde a modificação do perfil do bancário,
modificação dos papéis e oportunidades, mudanças operacionais, expansão dos serviços
prestados com novas opções para os clientes e até mesmo na modificação das políticas de
remuneração.
É preciso observar que essa nova atuação do sistema bancário é importante fator de vantagem
competitiva para os bancos pela diferenciação dos produtos e serviços de uma forma
inovadora, permitindo uma personalização do atendimento e possibilitando maior
desenvolvimento nos relacionamentos com os clientes. Esses aspectos segundo Campello
(2002), acarretam em redução de custos, crescimento nos negócios e da rentabilidade,
aumento da base de clientes, permitindo maior acesso aos serviços bancários com redução das
necessidades de se deslocar até as agências para realização de operações simples.
Ressalte-se que a qualidade dos serviços prestados pelos bancos foi fruto dos investimentos
realizados objetivando disponibilizar à sua clientela diversa alternativas de atendimento:
através do cartão magnético, internet banking, mobile banking, informações de contas via fax,
35
caixas eletrônicos, acesso aos serviços bancários via celular, transferência eletrônica
disponível (TED) e correspondentes bancários dentre outros.
5.2 PAPEL DA INOVAÇÃO
Porter (2003) comenta que muitos segmentos têm um comportamento parecido com o
mercado de comodities, como por exemplo, os bancos, em função da grande similaridade
entre seus produtos e os preços praticados no mercado. As empresas que atuam neste
segmento precisam estar se reinventando, através de novos métodos de atuação revendo suas
estratégias. As inovações são, uma forma de se diferenciar no mercado competitivo.
Inovações representam idéias, que uma vez implementadas, proporcionam resultados
positivos para os negócios (BARBIERI; SIMANTOB, 2009, p.164). É ter uma idéia que seus
concorrentes ainda não tiveram e implantá-la com sucesso (SIMANTOB; LIPPI, 2003, p.12).
Com isso o objetivo prático da inovação é obter resultados positivos, com relação aos seus
concorrentes.
Simantob e Lippi (2003), afirmam que não basta ser criativo para inovar, é preciso ter foco,
já que ser criativo sem foco é desperdício de energia. A empresa ao inovar precisa ser criativa.
Criatividade é a capacidade de pensar de forma diferente diante de novas possibilidades que
surgem ao longo do caminho.
Segundo Simantob e Lippi (2003) as inovações podem ser classificadas sob quatro aspectos:
1) Inovações de produtos e serviços – consiste em desenvolver produtos ou serviços para
atender as necessidades dos clientes;
2) Inovações em processos – pode ser entendido como a busca de novos meios de
produção de produtos ou novas formas de relacionamento na prestação de serviços.
3) Inovações em negócios – se refere ao desenvolvimento de novos negócios que tragam
uma vantagem competitiva sustentável com diferenciação;
36
4) Inovação em gestão – são as novas estruturas de poder e liderança. A melhor forma de
gerir uma empresa.
Sendo assim, é fato a importância da inovação para que as empresas possam obter um
diferencial competitivo sendo também responsável pela geração de riqueza no ambiente
empresarial juntamente com a tecnologia. Todavia é importante deixar claro que as empresas
precisam inovar continuamente e de forma sistêmica para que possam conquistar novos
mercados.
5.3 PAPEL DO MOBILE BANKING (BANCO MÓVEL)
Segundo Barbieri e Simantob (2009), Mobile banking pode ser entendido como um conjunto
de serviços bancários móveis, envolvendo uso de tecnologias e dispositivos portáteis
conectados a redes de telecomunicações móveis, permitindo aos usuários a realização de
pagamentos (mobile payments), transações bancárias e outros serviços financeiros.
Através do mobile banking as pessoas podem ter acesso a serviços de informação da conta,
pagamentos e transferências, investimentos e créditos dentre outros. O acesso a esses serviços
dependerá da tecnologia adotada pelos prestadores desses serviços além de exigir uma
regulamentação especifica.
O fenômeno do mobile banking conta com o apoio do internet banking, que foi descrito como
a quarta “onda de inovações tecnológicas” em bancos. Ambos os serviços se complementam,
entretanto podem ser mais desenvolvidos e implantados como um poderoso instrumento de
inclusão bancária para o público que tem dificuldade de acesso aos serviços bancários
brasileiros.
A iniciativa de se investir nesse tipo de inovação, tem como meta atingir uma perspectiva
estratégica de redução de custos, comparada às tecnologias tradicionalmente adotadas. Isso
impacta profundamente não só os bancos, como também as instituições não bancárias como,
por exemplo, as empresas de cartões de crédito, de pagamentos de serviços de alimentação e
37
transporte dentre outras que juntos acabam tendo oportunidades maiores de crescer no
mercado.
A mobilidade dos serviços é uma tendência crescente nas atividades bancárias. “O banco no
Celular” permite não somente a realização de transações bancárias de pagamentos e
movimentações financeiras, como efetua um conjunto de novas operações, reduzindo a
necessidade de se ter dinheiro no bolso.
Segundo a FEBRABAN, os bancos deverão realizar grandes investimentos nos próximos
anos, para tornar o celular veiculo de “massa” para a “bancarização”. No Brasil o número de
aparelhos celulares passa de 100 milhões e os usuários da internet banking somam 27,3
milhões. É um importante potencial a ser explorado pelo segmento bancário.
Portanto percebe-se claramente que com a evolução tecnológica, já era perceptível que a
interação bancária por meio do celular, podia ser realizada de uma forma segura e eficiente a
fim de criar uma nova forma de relacionamento entre banco e cliente. É exatamente essa nova
forma de interação através da comunicação que coloca o Brasil em um cenário extremamente
importante no uso desses dispositivos móveis permitindo criar novas formas de negócio.
Para Barbieri e Simantob (2009) o projeto mobile banking não veio de uma demanda de
mercado, mas de uma oportunidade de negócio visualizada pelo Banco do Brasil.
5.4 PAPEL DESEMPENHADO PELOS CORRESPONDENTES BANCÁRIOS
A quinta onda de inovação tecnológica, ou os correspondentes bancários, tem desempenhado
um papel importante para o crescimento da atuação dos bancos através da conquista de novos
mercados.
Atualmente pode-se perceber que uma das estratégias que os bancos vêm utilizando para
crescer no mercado brasileiro é através dos correspondentes bancários. Isto tem
proporcionado um elevado crescimento nas suas redes de atendimento no Brasil e tem sido
uma das principais estratégias competitivas que os bancos têm utilizado para aumentar a sua
38
capilaridade multiplicando o número de serviços com redução de custos de operação nas
agências.
Segundo Barbieri; Simantob (2009), correspondentes são pontos de serviços bancários
realizados por meio de parcerias entre instituições bancárias e uma variedade de instrumentos
varejistas suportados por tecnologia. Trata-se de um novo canal de distribuição dos serviços
bancários, apoiado em altas tecnologias envolvendo parcerias entre bancos e instituições não-
bancárias, ou seja, pontos de distribuição de serviços como lojas, supermercados, farmácias,
casas lotéricas dentre outros.
Os correspondentes são viabilizados graças ao emprego de equipamentos Pont of Sale (POS)
ou microcomputadores básicos utilizados nos estabelecimentos conveniados. Esses
microcomputadores são interligados aos bancos via rede de telecomunicações públicas,
principalmente linha de telefone fixa ou móvel.
Esse modelo de distribuição dos serviços bancários tem se revelado eficiente ao democratizar
o acesso aos serviços financeiros para o público de baixa renda. Esse crescimento foi possível
devido a expansão da rede de telecomunicações do País a partir do final da década de 1990.
Acrescenta-se a isso o fato do setor bancário brasileiro ser um dos mais desenvolvidos do
mundo no uso das tecnologias de informação e telecomunicações.
A partir da “quarta onda de inovação tecnológica” os bancos conseguiram reduzir o número
de clientes das agências. Todavia, os não-clientes dos bancos continuavam “engrossando” as
filas dos bancos. Esse foi um importante fator que fez com que os bancos buscassem soluções
alternativas tecnológicas para a resolução deste problema. A criação dos correspondentes veio
ao encontro desta necessidade, reduzir os custos com os não clientes nas agências. Sendo
assim, os correspondentes passaram a ser utilizados para pagamento de contas e recebimento
de benefícios por meio de carga de cartões com chip ou tarja magnética.
A idéia dos correspondentes surgiu da necessidade que os bancos tinham de tirar os “não-
clientes” das agências que avolumava as filas dos caixas para pagamento de contas de
serviços taxas e tributos. Neste sentido, os bancos encontraram nos correspondentes uma
oportunidade de construir um novo canal alternativo às agencias, de modo a realizar as
operações bancárias de baixo valor agregado.
39
O canal dos correspondentes tem permitido aos bancos promoverem um crescimento sem precedentes nas suas áreas de atendimento no Brasil, o que representa uma das mais importantes estratégias emergentes dos bancos no sentido de ampliar a capilaridade da sua atuação, multiplicando o número de pontos de serviços sem incorrer nos custos associados à operação de agências e demais pontos de atendimento tradicionais (BARBIERI; SIMANTOB, 2009, p.56).
Esse canal de atendimento alternativo atingiu diretamente aos clientes de baixa renda, que não
tinham acesso aos serviços bancários através dos canais tradicionais. De acordo com a
FEBRABAN, ao final de 2007, o número de agências bancárias no País era de 18.308,
enquanto que o número de correspondentes já alcançava 84.332 estabelecimentos
conveniados. Esses correspondentes eram fixados nos bairros pobres e destinados
especialmente para o público de baixa renda. Com essa iniciativa inicia-se a discussão no
Brasil sobre a democratização dos serviços financeiros.
O crescimento dos correspondentes bancários no Brasil tornou-se possível graças à expansão
da infra-estrutura de telecomunicações no País, acelerada a partir dos anos 1990.
Para turbinar suas operações de crédito e de venda de serviços, os bancos estão investindo
cada vez mais em tecnologia, criação de novas agências e na disseminação crescente dos
correspondentes bancários. Em 2007 os bancos investiram em máquinas e softwares R$ 6,16
bilhões. A propagação das inovações nos bancos permitiu alcançar elevado crescimento pela
adoção de estratégias distintas de inovação resultando no crescimento pela conquista de novos
mercados, principalmente pelo crescimento das transações bancárias.
Tabela 1:Transações Bancárias por Origem (Em Milhões) 2007 2008 (%) 2008/2007
Auto-atendimento 13.735 14. 363 4,6 Transações nos caixas de agências 4.281 4.499 5,1 Internet banking 6.937 7. 933 14,4
Correspondentes Bancários 1.845 2.307 25,1 Total 26.798 29.102 8,60
Fonte: CIAB FEBRABAN, 2009
40
O crescimento bancário a partir da introdução das novas formas de atuação, nos anos 2007 e
2008 indicou que o canal de auto atendimento continuou a desempenhar um papel importante,
comportando um crescimento percentual de 4,6. Em segundo lugar figurou a Internet
Banking, com crescimento de 14,4 %. Por outro lado, houve uma evolução no crescimento
das operações realizadas pelos correspondentes bancários que em 2008, apresentou um
crescimento de 25% em relação a 2007, fruto de expressivos investimentos em inovação ao
longo dos últimos anos (FEBRABAN).
Devido as inovações realizadas ao longo dos últimos anos os bancos brasileiros conseguiram
além de obter um crescimento extraordinário, reduzir custos na realização de suas operações.
De 2000 a 2008 o valor médio das transações cresceu quase 30% aproximando de 100 reais,
sendo interessante notar que permaneceu praticamente inalterado durante este período o
consumo médio mensal de R$ 140,00 por cartão. O número de transações com cartão de
crédito aumentou 19%, ampliando expressivamente a base de cartões de crédito FEBRABAN
(2009).
No âmbito regulatorio, o governo contribuiu decisivamente ao introduzir a legislação que possibilitou a criação dos correspondentes. Embora a base tenha origem em 1973, uma série de medidas tomadas a partir de 1999, pelo Banco Central (Resoluções nº 2.640, de 28.08.1999; 3.110, de 31.06.2003; e 3.156, de 17.12.2003) tiveram papel fundamental para regular o modelo e permitir seu crescimento. (BARBIERI; SIMANTOB, 2009, p. 57).
Esse modelo alternativo dos correspondentes traz muitas vantagens para todos os
participantes:
Os clientes - têm acesso fácil aos serviços bancários, com possibilidade de abertura de conta
corrente com custo reduzido, oportunidade de acesso aos empréstimos, pagamentos de contas
perto à sua moradia dentre outras facilidades.
Os bancos - reduzem seus custos nas operações de menor valor agregado além de expandir a
sua área de atuação, criação de novos negócios, aumento de receitas com menores custos de
instalação, redução de custos operacionais obtendo melhor aproveitamento da sua capacidade
instalada alcançando desta forma melhores resultados.
41
Os estabelecimentos comerciais - obtêm serviço remunerado, possibilitando um rendimento
adicional, maior fluxo de clientes no estabelecimento, elevação do volume de vendas dos
produtos comerciais dentre outras vantagens.
5.5 PAPEL DAS ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO
Com o processo da globalização e o avanço da internet a comunicação entre pessoas de
diferentes partes do mundo se processa em tempo real através dos meios de comunicação.
Para auxiliar neste objetivo as empresas investem em diferentes canais de comunicação,
como, por exemplo, revistas, jornais, rádio, televisão, internet, e-mail dentre outros, a fim de
obterem informações e divulgarem seus produtos ou serviços, possibilitando desta forma
desenvolver novas formas de relacionamento que fortaleçam suas rotinas.
O ritmo de vida atual exige estratégias de comunicação que permitam alcançar os clientes em
todos os lugares do mundo, vencendo os limites geográficos através da mobilidade. Essa é
uma estratégia importante e promissora para empresas e clientes, na medida em que
disponibiliza conteúdos e serviços para o atendimento de novas de necessidades.
Algumas décadas atrás, as empresas que tivessem acesso à informação, tinham vantagens
umas sobre as outras. Hoje todos têm acesso à informação e a vantagem é saber utilizá-la de
forma adequada de acordo com as necessidades do momento.
Como forma de sobreviver nesse mercado em que a informação é livre, a comunicação deverá
ser o principal diferencial deste novo modelo. A comunicação deverá ser capaz de levar as
informações necessárias para a tomada de decisões, sendo capaz de ajustar, equilibrar e
proporcionar um clima agradável de confiança entre empresas e colaboradores na transmissão
da mensagem de forma correta aos seus clientes.
O consumidor atual é muito exigente, para ele não importa apenas preço baixo, mas sim
qualidade de atendimento e de produtos e serviços ofertados. O consumidor busca conhecer o
maior número de informações dos produtos e serviços que está se consumindo. Sendo assim,
42
através da comunicação a empresa não apenas divulga o seu produto ou serviço, mas cria um
ambiente de confiança entre a empresa e cliente, Bellak Neto (2003)
A comunicação precisa ser rápida usando os avanços tecnológicos do momento, e bem
preparados para fazer leituras corretas do mercado, afim de melhor identificar as
oportunidades de negócio.
Os bancos brasileiros têm investido constantemente em estratégias de comunicação, para
obter vantagens competitivas. Isso envolve investimentos na capacitação de profissionais,
para que sejam capazes de se adaptarem às novas realidades.
O profissional bancário precisa ser bastante versátil e ter capacidade de se comunicar em
diferentes idiomas para desenvolver suas inúmeras tarefas. As empresas precisam investir na
capacitação profissional do colaborador para prepará-lo, a se adaptar às novas realidades,
sendo mais flexíveis e com capacidade de absorver as diferentes mudanças de atividades no
ambiente de trabalho.
Assim como investir no profissional é uma forma de melhorar o processo de comunicação.
Investir em serviços móveis é uma importante estratégia para tornar o processo de
comunicação ainda mais rápido. Esta necessidade, impulsionada pelo crescimento
exponencial das telefonias celulares, associadas aos recursos potenciais da Internet,
oportuniza um novo canal de comunicação das organizações com seus públicos: os portais
móveis.
Um portal móvel é um site na Internet, acessível aos usuários através de aparelhos móveis,
permitindo que as organizações estendam suas relações com o mercado, da mesa de trabalho
para qualquer local, independentemente de horário determinado, presença de telefones fixos e
computadores Abdala ( 2006).
A partir da adoção deste recurso é possível expandir os canais de comunicação e negócios,
evidenciando-se benefícios e vantagens para as empresas e seus clientes, como por exemplo,
maior agilidade na comunicação e realização dos processos administrativos, redução de custos
com instalações físicas, equipamentos e pessoal, além de contribuir para a oferta de um
serviço mais otimizado Abdala (2006).
43
As estratégias de comunicação são muito utilizadas hoje para a divulgação de novos produtos
e serviços pelas organizações. O Mobile Banking surgiu a partir de uma parceria entre o
Banco do Brasil e a empresa de telefonia móvel OI. Para divulgar essa inovação tecnológica,
o BB sugeriu a divulgação dessa inovação na mídia juntamente com uma estratégia de
marketing que permitissem a divulgação das vantagens em termos de conveniência e
oportunidade que o mobile oferecia. A aplicação intensiva das tecnologias de comunicação e
de informação, atendia aos objetivos de negócio.
Compreende-se a importância da comunicação como criadora de oportunidades de negócio,
pois não basta ter acesso à informação é preciso utilizá-la em prol do atendimento de
necessidades. O processo de comunicação através de portais móveis, citando como exemplo o
celular, foi um importante elemento de ganhos competitivos para o Banco do Brasil, através
do Móbile Banking. O banco de bolso se constituiu em uma importante estratégia competitiva
deste no ano 2006 que permitiu uma maior valorização de sua marca (BARBIERI;
SIMANTOB, 2009, p. 59).
Essa estratégia de comunicação utilizada através dos portais móveis, apesar de recente,
anuncia-se como um canal de comunicação promissor entre bancos e clientes, pelo fato de
disponibilizar serviços bancários inovadores, voltados para atender as necessidades de sua
clientela na realização de transações bancárias. Além de estreitar o relacionamento do cliente
com o banco, pela personalização dos serviços disponibilizados por estes portais, representa
excelente estratégia para as ações de comunicação das instituições financeiras bancárias com
o seu público alvo.
Contudo, é necessário destacar a importância dos conteúdos tecnológicos, para a excelência
das estratégias de comunicação. As cinco ondas de inovações tecnológicas no setor bancário
foram fundamentais para o desenvolvimento das estratégias de comunicação, na medida em
que estas se processaram por meio das inovações tecnológicas.
44
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Sabe-se que ao longo desses 20 anos o setor bancário brasileiro vem alcançando uma notável
dinâmica. Os investimentos realizados nos seus processos e na melhoria da qualidade de seus
produtos fizeram com que estas organizações fossem consideradas inovadoras, pois ao
praticarem inovações sistemáticas permitiram uma melhor compreensão da dinâmica do
ambiente inovador.
Os agentes alavancadores dessa dinâmica bancária foram as inovações tecnológicas realizadas
neste setor juntamente com as estratégias de comunicação utilizadas para uma melhor
interpretação da competitividade do mercado, buscando novas formas de diferenciação
através do desenvolvimento de novos negócios. Um elemento fundamental neste processo
foram os investimentos em capacitação profissional dos bancários, fazendo com que estes
tornassem mais flexíveis com capacidade de atuar em diferentes ambientes e transmitir a
informação de forma correta.
Pelo fato de se ter utilizado inovações o receio do novo ficou limitado, ou até mesmo
eliminado, quando os inovadores foram capazes de fazer uma análise do mercado e antecipar
sua estratégia à de seus concorrentes. O processo de inovação não pode ser separado do
contexto estratégico e competitivo da empresa. Saber utilizar os novos processos de produção
para o desenvolvimento de atividades é tornar-se uma organização que se prepara para o
futuro a partir das tecnologias inovadoras.
Foi possível visualizar a estrutura competitiva deste setor pelo desenvolvimento das “cinco”
ondas de inovações tecnológicas – Automação Back-ofice, Automação nas Agências,
Automação fora das Agências, Internet Banking, Móbile Banking & Correspondentes
Bancários - que sugerem a convivência de uma forma de automação com outra e acumulação
de conhecimentos, transformando a realidade tanto dos próprios bancos como dos clientes,
provocando, dos mais céticos aos mais confiantes a certeza de um novo paradigma
tecnológico que naturalmente se instalou em nosso cotidiano trazendo ganhos competitivos
para o setor bancário.
45
É importante considerar que houve também uma evolução na realização das operações
bancárias. Aumentaram o processo de terceirização dos clientes de baixa renda. Isso porque a
estratégia do banco é manter as agências bancárias para atendimento dos interesses dos
clientes potenciais com maior poder aquisitivo; e os correspondentes bancários para aquelas
pessoas com menor poder aquisitivo e que realizam operações bancárias de menor valor
agregado.
A multiplicidade de uso de computadores pelos bancos, seja para ampliar a prestação de
serviços aos seus clientes, seja para atender às necessidades de gestão de suas áreas internas,
aliado a proliferação de dados a serem processados e armazenados, bem como a crescente
sofisticação das aplicações desenvolvidas, fez do segmento bancário brasileiro um dos
mercados mais importantes na utilização de software, hardware e serviços, FEBRABAN
(2009).
Por fim, foi notável o ganho competitivo deste mercado a partir dos anos 1990, dado o
processo de concentração bancária como os processos de Fusões e Aquisições (F&As)
proporcionados pela abertura e relativa estabilidade da economia brasileira que facilitou o
processo de investimentos em inovação, visto não ser mais possível obter ganhos
competitivos através da inflação. Com o processo de concentração bancária os bancos
ganharam maior poder de atuação no mercado brasileiro aumentando a sua margem de lucro,
ganhando enquanto empresa capitalista.
Contudo, apesar das inovações realizadas pelos bancos terem sido incrementais, fruto das
inovações radicais realizadas pelas indústrias, conseguiram modificar a base da estrutura
bancária. Hoje já se fala no surgimento de uma nova onda de inovações tecnológicas
objetivando incentivar um consumo sustentável que não provoque tantos impactos ambientais
e possivelmente provocarão novas mudanças no segmento bancário.
46
REFERÊNCIAS
ABDALA, Elisabeth Avila. Novas estratégias de comunicação. Disponível em: <http://galaxy.intercom.org.br:8180/dspace/bitstream/1904/17588/1/R1870-1.pdf>. Acesso em: 24 maio 2010. BARBIERI, C. J; SIMANTOB, A. M. Organizações inovadoras do setor financeiro: teorias e casos de sucesso. São Paulo: Saraiva, 2009. BELLAK NETO, Jorge. O crescimento dos serviços de auto atendimento e sua participação no aumento do desemprego nos bancos comerciais a partir da década de 1990. Salvador: UFBA, 2003, 40 p. BLASS, Leila Maria da Silva. Automação bancária prática e representações. Revista São Paulo em Perspectiva. São Paulo, v. 7, n.4 , p. 81/89, out./dez. 1993. CAMPELO, M.l.C; COSTA NETO, P.L. A tecnologia como fator de competitividade dos bancos no Brasil. Florianópolis: ENGENHEP, 2004. CAMPELLO, M. L. C; GALVÃO, D.E.; SACOMANO, J. B. As estratégias e as novas formas de organização do trabalho dos bancos de varejo no Brasil, 2004, 127 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia da Produção) - Universidade Paulista – UNIP, São Paulo, 2004. OS 100 maiores bancos. Valor 1000, São Paulo, v. 8, n. 8, p. 137, ago. 2008. DINIZ, L; GONZALEZ, L. Inclusão dos bancos no Brasil: alguns comentários. Rio de Janeiro: FGV, 2004. ELY, B. Helena. Mudanças tecnológicas nos bancos brasileiros. São Paulo: Dieese, 1993. FEBRABAN. O setor bancário em números. São Paulo: CIAB FEBRABAN, 2009. FEBRABAN. Tecnologia: transações bancarias por origem. Disponível em: <http:/www.febraban.com.br/arquivo/seerviços/dados do setor/investimento>. Acesso em: 20 abr. 2010.
47
GARCIA, Pardal Adroaldo. Mudanças no perfil do bancário em razão da automação do setor. Salvador: UFBA, 2002. GFK. Monitoramento de filas. São Paulo: FEBRABAN, 2009. GONSALVES, J.E, de Lima. Os impactos das novas tecnologias nas empresas prestadoras de serviços. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, 2004. GOUVEIA, Flávia. Inovações tecnológicas priorizam mobilidade e segurança ao cliente - Banco do Brasil. São Paulo: Banco do Brasil, 2009. LOPES. J do C; ROSSETI.J.P. Economia monetária. São Paulo. Atlas, 2005. LABAKI, M.C .(Org.). Manual do oslo: propostas e diretrizes para a coleta e interpretação dos dados sobre inovações tecnológicas. [S. L.}: OCDE/ FINEP, 2004. NADLER. D.A ; TUSHMAN. M.L. A organização do futuro. São Paulo: Campus Dossiê, 2000. OLIVEIRA, Ricardo José de Souza. O sistema financeiro nacional. Brasilia: Vestcon , 2009. PAULA, L. F; MARQUES, M. B.L. Tendências recentes de consolidação bancária no mundo e no Brasil. Rio de Janeiro, FCE/UERJ (2004). PIRES. M.G; MARCONDES.R.C. Conhecimento, inovação e competências em organizações financeiras: uma análise sob o ponto de vista dos gestores dos bancos. São Paulo: RAC, 2004. PORTER, M. Vantagens competitivas das nações. Rio de Janeiro: Campus,1993. RICHARD, R, Nelson. As fontes do crescimento econômico. São Paulo: UNICAMP, 2000. SCHUMPETER, J. Capitalismo, socialismo e democracia. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura 1942. SILVA, Ana Lúcia G. da. Concorrência sob condições oligopolisticas. Campinas: UNICAMP, 2004.
48
SIMPOI. Inovações tecnológicas um fator de competitividade internacional. São Paulo: FGV/EASP, 2006. SIMANTOB, M; LIPPI, R.C. Guia do valor econômico nas empresas. São Paulo: Globo, 2003. SISTER, S. Lucros exuberantes e saúde reforçada . Valor 1000, São Paulo, v.8, n.8, p.126, ago. 2008. TIGRE, Paulo Bastos. Gestão da inovação: a economia da tecnologia no Brasil. Rio de Janeiro. ELSEVIER, 2006.