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EVOLUÇÃO DAS PRÁTICAS
AGRICOLAS NO RIO GRANDE
DO SUL
João Kaminski
Departamento de Solos – CCR
Universidade Federal de Santa Maria
CNPq – nosso parceiro
PRÁTICAS AGRICOLAS?
Toda atividade que contribuí para facilitar o
cultivo de grãos, fibras, folhas, frutos e madeira.
De intervenção:
Manejo do solo
Uso de insumos
Irrigação
Preservação de ecossistemas
Etc
De apoio:
Análise do Solo
Indicação de corretivos e fertilizantes
Melhoramento genético
Equipamentos
Etc.
Tempo, ano
1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020
pro
du
çã
o, t/h
a
0
1
2
3
4
5
6
Identificação dos solos – Expansão de áreas – Uso de insumos
Análise de Solos
Sistemas de Recomendação de Corretivos e Fertilizantes
Primeiros passos
Pré 1950 – conceito da necessidade do subsídio = por culturae fórmulas fixas.
Pós 1950 – análise de solo prévia - W. Mohr
O Começo...
Valores de referência para quatro regiões:
■ Planalto Norte - solos de basalto
■ Região Central - solos sedimentares
■ Escudo Sul-Riograndense - granito
■ Região Costeira - sedimentos recentes
Nível de suficiência [crítico?] por cultura
Escolha dos métodos de análise de solos para solos do Rio Grande do Sul
(1963-67)
• 1. Análises de P e K
• 2. Verificação da acidez ou necessidade de calcário
• 3. Demais métodos
1967 – Primeira reunião de laboratórios em
Santa Maria – embrião da ROLAS (1968).
1967 – Recomendações de adubação: adubos
corretivos para fósforo e potássio [UFRGS]
4p.
1969 – Mielniczuk, J.; Ludwik, A.; Bohnen, H.
Recomendações de adubo e calcário para
solos e culturas do Rio Grande do Sul. 29p.
FA-DS-UFRGS.
1971 - 2ª. Impressão.
• Filosofia da adubação: corretiva + manutenção
• Calagem para pH 6,5
• Análise a cada 5 anos
• Crédito facilitado
1972 – Ingresso de Santa Catarina na ROLAS
1973 – Calagem para pH 6,0
■ Expansão da “Operação Tatu” no RS
■ Santa Catarina “Operação Fertilidade”
■ “Choque do petróleo” em 1973
■ Consolidação da ROLAS
Década de 80...
Criada em 1968, em reuniões anuais, era o forumonde se planejava os experimentos e discutia as atualizações e modificações no processo de recomendações de adubação e calagem:1. Procedimentos de amostragem de solos 2. Seleção dos métodos de análises químicas3. Calibração de resultados – definição de níveis críticos4. Estabelecimento de doses MET e MEE
■ Recrudescimento da crise do petróleo = aumento do preço
de fertilizantes + dificuldade de crédito.
Lógica: “adubar a cultura”
1987 – Proposta de nova filosofia de adubação:
Abandona-se a idéia de adubação corretiva
■ Análise a cada 3 culturas sucessivas
■ Atingir o nível crítico no período e otimizar o
retorno econômico
■ Novas faixas de textura
■ Mudança nos níveis críticos de P e K
Tempo, ano
1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020
pro
du
çã
o, t/h
a
0
1
2
3
4
5
6
FBN – Variedades
Adaptadas
Biotecnologia e
genética
Conservação do Solo Plantio Direto
Expansão de áreas
Correção do Solo
Controle integrado de pragas, de plantas invasoras e de doenças
?
Irrigação - Agricultura
de Precisão
Evolução das Práticas Agrícolas
Nova sistemáticade prescrição de adubação
Estimativa da economia de N industrializado pela Fixação Biológica de Nitrogênio em Soja
Produção
t
kg.t-1 de
N
absorvido
kg.t-1 no
grão
Q N
absorvido
t
Q N
fixado t
(80%)
Q N
expor.
t
BRASIL
68.106 80 60 5,4.105 4,3.105 4,1.105
RIO GRANDE DO SUL
13.106 1,1.105 8,8.104 7,8.104
■ Adoção do Plantio Direto
Cenário dos anos 90...
■ Calagem superficial
■ Hortaliças em ambiente protegido
■ Fruticultura de exportação
■ Culturas irrigadas por aspersão
■ Descarte de dejetos de animais confinados
■ Agricultura orgânica
Fertirrigação
Resultado: nova revisão no Sistema de Recomendação de Adubação e Calagem para contemplar essas nova práticas
Dificuldades do PD1. Manter ou não o terraceamento?2. Controle da compactação de subsuperficie?3. E a distribuição de fertilizantes?
Resistência à penetração (MPa)
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
Pro
fun
did
ade
(cm
)
0
5
10
15
20
25
30
35
Local 1
Local 2
Local 3
Umidade (%)
36 38 40 42 44
Pro
fun
did
ade
(cm
)
0
5
10
15
20
25
30
35
Local 1
Local 2
Local 3
Resistência à penetração (MPa)
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
Pro
fun
did
ade
(cm
)
0
5
10
15
20
25
30
35
Local 4a
Local 4b
Local 5
Umidade (%)
27 28 29 30 31 32
Pro
fun
did
ade
(cm
)
0
5
10
15
20
25
30
35
Local 4a
Local 4b
Local 5
Resistência à penetração (MPa)
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
Pro
fun
did
ade
(cm
)
0
5
10
15
20
25
30
35
Local 6
Local 7
Umidade (%)
26 27 28 29 30 31 32
Pro
fun
did
ade
(cm
)
0
5
10
15
20
25
30
35
Local 6
Local 7
Figura 6 - Resistência à penetração e umidade do solo no momento da avaliação dos locais de
coleta amostrados nos municípios a) Capão Bonito do Sul; b) Palmeira das Missões e c)
Giruá.
a)
b)
c)
E a distribuição de fertilizantes no PD, muda em relação ao SC?
1. SIM, porque é uma nova forma de manejo do solo e por isso tudo deve ser diferente do que se faz no PC.
2. SIM, porque o solo não pode ser mobilizado e a aplicação de nutrientes deve ser feita na superfície
3. NÃO, porque a mobilização ocorre somente na linha de semeadura e isso é administrável no PD.
E Então? .....
Distribuição percentual das amostras em classes de disponibilidade de fósforo e potássio em três profundidades de amostragem
Profundidade (cm) 0 a 10 10 a 20 20 a 30
Fósforo ............ % ............
Muito Baixo 03,0 28,0 81,0
Baixo 09,0 35,0 17,0
Médio 19,0 13,0 01,0
Alto 33,0 11,0 01,0
Muito Alto 36,0 14,0 00,0
Potássio ............ % ............
Muito Baixo 00,0 01,0 20,0
Baixo 06,0 31,0 45,0
Médio 03,0 17,0 09,0
Alto 34,0 40,0 24,0
Muito Alto 57,0 11,0 02,0
Distribuição percentual das amostras em função do agrupamento para saturação por bases em relação à disponibilidade de fósforo (P) e de potássio
(K), em três profundidades de amostragem
Profundidade 0 a 10 cm 10 a 20 cm 20 a 30 cm
Sat. Bases (%) < 65 ≥ 65 < 65 ≥ 65 < 65 ≥ 65
............ % ............
K1 P1 01,0 03,0 19,0 21,0 51,0 30,0
K1 P2 01,0 00,0 05,0 06,0 00,0 01,0
K2 P1 08,0 21,0 22,0 15,0 16,0 03,0
K2 P2 16,0 51,0 03,0 08,0 00,0 00,0
MODELO DE MANEJO EM USO ATUALMENTE
Reservas minerais
inesgotáveis
Ineficiência energética
Pouca preocupação
ambiental
Modelo econômico excludente
Química
Fisiologia e genética de plantas
Física
Agricultura de precisão: prática agrícola na qual se utiliza tecnologia de informação para controlar o manejo do solo.
Base - variabilidade do solo e clima com dados de amostras georreferenciadas, utilizando-se da Geoestatística, que estima a relação entre os pontos amostrados vizinhos.
Taxa variável - processo de automação para dosar adubos e defensivos para eliminação das desuniformidades.
Ano de
cultivo
Modo de
Aplicaçã
o
Profundidade (cm)
0-5 5-10 10-15 15-25 25-35
1989/90
Lanço 17(Al) 6(Ba) 3(MB) 1(MB) 1(MB)
Linha 36(MA) 16(Al) 4(MB) 2(MB) 1(MB)
1999/00
Lanço 18(Al) 6(Ba) 3(MB) 1(MB) 1(MB)
Linha 28(MA) 13(Al) 11(Al) 11(Al) 3(MB)
2006/07
Lanço 48(MA) 18(Al) 8(Me) 8(Me) 2(MB)
Linha 45(MA) 42(MA) 18(Al) 18(Al) 6(Ba)
Distribuição de Fósforo extraído por Mehlich 1 (mg dm3) no perfil do solo em função do tempo de cultivo e do modo de aplicação do fertilizante fosfatado no plantio direto sobre solo textura 2 (Adaptado de Resende, A.V. (2011)) Parâmetros: <3 (MB); 3,1-6,0 (Ba); 6,1-9,0 (Me); 9,1-18(Al); >18(MA)
Seria esse o modelo de agricultura desejado para o futuro?
Se há problemas a tendência é de se agravarem, especialmente nas questões ambientais. Quem pagará o preço no futuro?
Onde está o erro, se é que ele existe?
Na completa e total falta de credibilidade no “Sistema de Recomendação de Calagem e Fertilizantes para Solos e Culturas do Rio Grande do Sul”.
O mito da relação Ca:Mg
Origem: The amount of exchangeable calcium and magnesium extracted with normal ammonium acetate increased with the application of dolomite, but the amount of exchangeable magnesium was only about one-third as great as theexchangeable calcium. (Prince & Toth, SSSP - 1937)
Sat. da CTC pH 7 com Mg
Matériaseca
Produção relativa
Caacumulado
Fluxode massa
DifusãoMg
acumuladoFluxo
de massaDifusão
g vaso-1 % mg vaso-1 --------%-------- mg vaso-1 ---------%----------
-------------------------------------80 dias de cultivo-------------------------------------------
3% 46,0 83,3 673 518 - 106 52 48
9% 40,8 73,8 509 633 - 115 53 47
18% 48,0 86,8 556 541 - 193 70 30
27% 53,3 96,4 581 431 - 254 174 -
36% 54,4 98,3 544 307 - 318 262 -
45% 55,3 100,0 457 268 - 375 382 -
DMS(1) 5,9 117,6 31,6
CV, % 6,08 10,87 7,11
(1)Diferença mínima significativa obtida pelo teste de Tukey (alfa=0,05).
22:1
7:1
3:1
1,5:1
1:1
0,5:1
Tabela – Produção de matéria seca da parte aérea e raízes, produção relativa, Ca e Mg
acumulados no tecido e contribuição dos mecanismos de fluxo de massa e
difusão no suprimento destes nutrientes às raízes.
A aplicação de calcário calcítico ou dolomítico e suas misturas,
promovem alterações nos teores de cálcio e magnésio do solo, mas
não afetam as suas relações nas plantas, por isso não provocam
problemas nutricionais.
Quando o suprimento de Ca e Mg às raízes por fluxo de massa é
maior que 150%, as interações entre estes cátions não causam
problemas na a produção de matéria seca de soja. Ou a interação
entre estes dois cátions na absorção pela planta é de baixa
intensidade ou não existe.
O problema pode existir pela larga relação Ca:Mg, nunca pela
estreita relação.
Aspectos a considerar na utilização de
fertilizantes no Brasil
Mercadológicos: Há predomínio de oligopólio no fornecimento de
matérias primas para a fabricação de fertilizantes.
Logísticos: O Brasil importa maioria dos fertilizantes que consome
e participa com 6% do consumo do mercado mundial
Econômicos: O oligopólio, a importação e a “Orgia” no uso de
insumos, contaminam o preço dos produtos finais..
Técnicos: Maximizar o aproveitamento, e converter a maior parte
possível dos fertilizantes aplicados em produtividade
Ambientais: As recomendações necessitam considerar aspectos
conservacionistas, evitando o uso de doses acima do necessário
Importações x Produção Nacional
Fonte: ANDA, SIACESPNota: “Produção de Fósforo” inclui produção com matérias-primas internacionais.
92%
8%
75%
51%
25%
49%
Nitrogenio Fósforo Potássio
Produção Nacional
Importação
2.8 M t 3.7 M t 4.2 M t
NITROGÊNIO FÓSFORO POTÁSSIO
PAÍSES PRODUTORES +60 40 12
DISPONIBILIDADE REL. AMPLA LIMITADA MUITO LIMITADA
INVESTIMENTOS CHINA; ORIENTE
MÉDIO PERU, BRASIL, MARROCOS
ARGENTINA, CANADÁ
2010 - 2012Fonte: IFA, 2008
DESAFIO: MODELO DE MANEJO DO SOLO COM PRECAUÇÃO AMBIENTAL
Reservas minerais
esgotáveis
Compreensão da
biogeoquímica dos elementos
Ambiente como
patrimônio de todos
Química
Fisiologia e genética de plantas
Física
Agroecologia
Socialização do acesso de
alimentos
Ou
tro
s
O que deve ser feito para alcançar esse modelo?
1. “Agricultura moderna” não é símbolo de uso indiscriminado de insumos.
2. Interagir com as várias especialidades da Ciência do Solo para abandonar a idéia cartesiana de decidir com apenas uma variável. Flexibilização do SRF?
3. Adotar adubações com prescrição de acordo com resultados da análise de solos, respeitando as classes de disponibilidade de nutrientes e os limites físicos de cada solo. Precaução ambiental.
4. Observar a “lei da restituição” e a relação custo/beneficio. Biologia e Economia.
5. Respeito à capacidade e à aptidão de utilização do solo. Elemento Paisagístico-ambiental.
6. Reforçar o emprego de práticas mecânicas do controle da erosão. Física e Hidrologia.
7. Acompanhamento e controle da compactação subsuperficial. Física do Solo
8. Manutenção de cobertura permanente no solo e redução do intervalo colheita semeadura.
9. Manejo integrado de pragas, doenças, invasoras e uso de insumos adequados.
Quais desafios nos aguardam?
• Forte programa de valorização do “Sistema de Recomendação de Calagem e Fertilizantes”.
• Reafirmação da importância da amostragem de solos
• Introdução do conceito de qualidade de solos, respeitando seus limites e peculiaridades.
• Estudar a dinâmica do N para entender os processos de disponibilidade e perdas: Desenvolver um método analítico simples e confiável. Aprimorar as técnicas de manejo da adubação nitrogenada.
• Introdução de variedades eficientes responsivas.
• Reforçar os estudos da dinâmica das formas de P no solo para servir como base na predição de adubação
• Compreender o comportamento das formas de K no solo e a sua participação na disponibilidade e recuperação do K adicionado.
• Estudar o solo como filtro, como tamponante, como agente de transformação (residência de microrganismos) e adsorção e sítio de estocagem, para usá-lo como meio de disposição de resíduos.
• Debater a fertilização da subsuperficie.
• Modelagem.