Fé na Prevenção modulo 3

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  • 7/25/2019 F na Preveno modulo 3

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    Mdulo 3

    Como intervirprecocemente:

    Preveno eInterveno

    Breve

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    A7| Por que as pessoas usam ou evitam usar drogas? Aimportncia da preveno, Promoo de Sade e dos

    fatores de riscos e proteo

    A8|Como orientar pessoas com problemas decorrentes

    do uso de lcool e outras drogas: semelhanas entre

    Aconselhamento e Intervenes Breves

    Aps o estudo deste mdulo, os alunos devero ser capazes de:

    identificar as principais estratgias de preveno e Promoo de Sade

    reconhecer e identificar os principais fatores de risco e proteo

    associados ao uso de lcool e outras drogas

    conhecer o trabalho preventivo e de Promoo de Sade na rea de lcoo

    e outras drogas

    conhecer a Interveno Breve (IB) e aprender a utiliz-la para auxiliarpessoas, em fase inicial de problemas associados ao uso de lcool ou

    outras drogas, a parar ou diminuir o seu consumo

    identificar as etapas da IB e os tipos mais comuns de reaes primeira

    conversa

    Como intervir precocemente: Preveno e

    Interveno Breve

    MDULO 3

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    Aula 7

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    Aula 7

    OS OBJETIVOS DESTA AULA SO:

    identificar as principais modalidades de preveno ePromoo de Sade

    reconhecer e identificar os principais fatores de risco e

    proteo associados ao uso de lcool e outras drogas

    conhecer o trabalho preventivo e de promoo de sade na

    rea de lcool e outras drogas

    identificar os principais fatores de risco e de proteo para

    adolescentes, idosos, mulheres e populaes indgenas

    compreender a religiosidade como fator de proteo

    TPICOS

    Introduo

    Fatores de risco e proteo para o uso de drogas

    Fatores de risco e proteo para o uso de drogas em grupos

    especficos

    A religiosidade como fator de proteo ao uso de drogas

    Bibliografia

    Atividades

    Por que as pessoas usam ou evitam usar drogas?

    A importncia da preveno, Promoo de Sadee dos fatores de risco e proteo

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    Por que as pessoas usam ou evitam usar drogas? A importncia da preveno, Promoo de Sade e dos fatores de risco e proteo | Au

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    INTRODUO

    Como voc sabe, o uso de lcool e outras drogas depende de outros fatores

    alm da vontade do indivduo. H fatores (razes) que aumentam as chances

    de o indivduo iniciar o uso de drogas ou, ainda, aumentam as chances de

    que esse uso inicial ou moderado se torne um uso que traga mais prejuzos

    para o usurio. Essas razes so conhecidas como fatores de risco.

    Mas h tambm fatores que diminuem as chances de o consumo de

    drogas acontecer ou de se tornar prejudicial; esses so chamados fatores de

    proteo.

    Nesta aula vamos falar sobre esses dois fatores (risco e proteo) e sobre

    sua importncia no trabalho preventivo e de Promoo de Sade na rea

    de lcool e outras drogas. Primeiramente, vamos definir alguns conceitos:

    Preveno

    Prevenir quer dizer: preparar; chegar antes de; reduzir riscos e

    danos; impedir que algo se realize.

    A preveno em sade indica uma ao antecipada, baseada no conhecimento

    que temos sobre o desenvolvimento de uma doena. Ela tem por objetivo

    diminuir a chance de o problema aparecer ou, se ele j existe, evitar quepiore.

    Podemos falar de preveno para diferentes situaes e nveis de problemas.

    Por isso, existem vrios modelos de preveno.Antigamente, a preveno

    era classificada em primria, secundriae terciria. Atualmente, usamos

    preveno universal, seletiva e indicada.

    Para que voc entenda claramente a mudana de nomes, compare:

    Classificao antiga

    Preveno Primria: principalmente a educao em sade,ou seja, transmitir informaes para que as pessoas possam

    EVITAR o aparecimento do problema.

    PrevenoSecundria: Identifica o problema precocemente e

    prope aes para evitar que o problema se agrave.

    Saiba Mais..Preveno em sade mental

    Fazer preveno sobre adependncia de drogas umtipo de preveno em sade

    mental. Nesse caso, importansaber que o desenvolvimento duma doena mental diferende uma doena que pode ser

    transmitida por um vrus, coma dengue, por exemplo. O jeit

    de pensar o uso de lcool eoutras drogas semelhante aode uma doena clnica crnicacomo a diabetes, por exemplono h uma causa determinane, sim, vrios fatores envolvido

    (como fatores genticos,ambientais e biolgicos). Nescaso, podemos elaborar forma

    de preveno para diabetes,como alimentao saudvel e

    atividade fsica, por exemploque so aes preventivas que

    no vo curar a diabetes, e sicontrolar. O mesmo raciocni

    se aplica preveno dadependncia de drogas. Apesade conhecermos alguns fatorede risco e proteo relacionad dependncia de drogas, no

    podemos atuar diretamente emuma causa especfica, pois n

    existe causa nica. Esse maium motivo para trabalharmo

    com fatores de risco e prote

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    Preveno Terciria:Nesse nvel, o problema j est instaladoe os danos so claros, mas podemos falar de um tratamento

    precoce ou que diminua os danos j causados.

    Classificao atual

    Preveno Universal: Dirigida a toda a populao. Osparticipantes no so selecionados. Quem faz esse tipo de

    preveno no precisa ser especialista na rea, basta um

    treinamento adequado. Nesse tipo de preveno o objetivo

    reforar os fatores de proteo identificados (ex.: preveno

    com crianas e adolescentes em escolas, populao geral/

    comunidades).

    Preveno Seletiva: Voltada para uma parte especfica dapopulao, especialmente s pessoas com maior risco. Visa

    retardar ou evitar o abuso de drogas, detectando os fatores de

    risco, e combat-los. Os participantes so escolhidos entre os

    mais vulnerveis. Quem faz esse tipo de preveno precisa ter

    treinamento adequado, o que requer mais tempo e esforo dos

    participantes. Nesse tipo de preveno o objetivo diminuir os

    fatores de risco identificados (ex.: pacientes em ambulatrios,

    filhos de dependentes). Preveno Indicada: Dirigida a pessoas que j apresentam

    os primeiros sinais de abuso de drogas. Visa evitar o aumento

    e a manuteno do consumo e suas complicaes. Os

    participantes so escolhidos. So enfatizados os fatores de

    risco especficos para cada pessoa. Necessita de uma precisa

    avaliao individual. A equipe precisa ser altamente qualificada

    (ex.: pacientes de servios especializados, com diagnstico de

    abuso ou dependncia).

    Preveno de Recada

    Alm desses modelos principais, que se aplicam a qualquer doena oucondio que se queira evitar, na rea de dependncia de drogas muitosprofissionais utilizam a tcnica de Preveno de Recada, para prolongar otempo que uma pessoa fica sem usar drogas ou evitar que o consumo voltea acontecer.

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    A Preveno de Recadafaz parte do processo de reabilitao, ou

    seja, depois do tratamento, existem aes que buscam auxiliar o

    indivduo a manter novos comportamentos mais saudveis (por

    exemplo, quando algum consegue deixar de fumar e tenta levar a

    vida sem o uso do cigarro).

    Como voc pode observar, a preveno est ligada identificao, controle

    e diminuio dos fatores de risco ou aumento dos fatores de proteo.

    H outro conceito muito importante que devemos lembrar - o da Promoo

    de Sade.

    Promoo de Sade

    A Promoo de Sade refere-se a aes que no se dirigem a uma

    determinada doena, mas que servem para aumentar a sade e o bem-estar

    do indivduo e da comunidade. Para isso, devem ser considerados vrios

    fatores individuais e coletivos, como:

    educao

    habitao

    alimentao

    renda

    meio ambiente equilibrado

    justia social

    igualdade de direitos

    importante lembrar que as noes de bem-estar tm um significado

    cultural que pode variar de acordo com aspectos morais, polticos, culturais,econmicos, ambientais e interpessoais. por conta disso que o uso de

    lcool e outras drogas foi, e continua sendo, visto de forma diferente em

    diversas sociedades.

    ImportantePreveno e Promoo de Sadevem sempre andar juntasEnquanto a preveno traz a

    ideia de ausncia de doenaa Promoo de Sade buscapromover condies de vida

    mais satisfatrias, melhorandonvel de sade, antes mesmo d

    qualquer problema aparecer.

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    FATORES DE RISCO E PROTEO PARA O USO DEDROGAS

    Agora que vimos algumas das principais modalidades de preveno e

    Promoo de Sade, vamos falar um pouco sobre alguns dos fatores derisco e proteo que influenciam as pessoas a usar ou no lcool e outras

    drogas:

    fatores de risco: so aqueles que favorecem o consumo dedrogas

    fatores de proteo:so aqueles que diminuem a chance dealgum iniciar ou abusar do consumo de drogas.

    Os programas de preveno ao uso de drogas, em geral, so

    desenvolvidos de modo a aumentar os fatores de proteo e

    diminuir ao mximo os fatores de risco.

    Curiosamente, as pesquisas tm mostrado que grande parte dos fatores

    de risco e proteo relacionados ao uso de lcool e outras drogas so

    os mesmos observados em outros comportamentos de risco, tais como

    delinqunciaeviolnciajuvenil, evaso escolar, gravidez na adolescncia

    ecomportamento sexual de risco.

    A questo dos fatores de risco e proteo para o uso de drogas j est muito

    bem descrita na literatura cientfica mundial. J existe consenso sobre quais

    so alguns desses fatores.

    No entanto, ainda existe muita discusso sobre o peso ou a importncia dos

    fatores de risco na deciso de uma pessoa usar ou no usar drogas. Por qu?

    Devemos ter em mente que vrios fatores contribuem para a deciso de

    algum usar drogas, e no somente um fator isolado.Alm disso, no

    porque um indivduo est envolvido em uma vida cheia de fatores de risco

    que, necessariamente, ele far um uso problemtico de lcool e/ou de outras

    drogas. muito importante no interpretar os fatores de risco como causa

    do uso de drogas. Por exemplo, um dos maiores fatores de risco para o uso

    de drogas na adolescncia ter amigos que usem drogas. No entanto, no

    podemos conversar com um adolescente que tem amigos que usam drogas

    como se ele tambm usasse ou como se fatalmente fosse usar.

    AtenoQuando dizemos que algum

    faz parte de um grupo de riscopara o consumo de drogas, querdizer que essa pessoa est expostaa fatores de risco que aumentama chance de envolvimento com asubstncia. Isso no significa queela ir, necessariamente, tornar-

    se um usurio.

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    Outro cuidado a se tomar quando o assunto fatores de risco e proteo

    que, quando a presena de um fator indica proteo, no quer dizer que

    sua ausncia indica risco, e vice-versa. Por exemplo, sabe-se que a baixa

    autoestima est associada a maior risco de uso de drogas; no entanto, ter

    alta autoestima no significa que o adolescente est protegido. Os jovens

    muito seguros e populares no grupo de amigos tambm esto em risco parao consumo de drogas.

    Os estudos dos fatores de risco tm estado em evidncia, pois fornecem

    informaes sobre possveis influncias no incio do consumo de drogas e

    na mudana dos tipos de drogas consumidas. Assim sendo, podem indicar

    o que torna as pessoas mais vulnerveis a iniciar o consumo, ou quais esto

    mais propensas a fazer um uso nocivo (abuso) ou desenvolver dependncia.

    FATORES DE RISCO E PROTEO AO USO DEDROGAS EM GRUPOS ESPECFICOS

    Alm dos fatores j citados, existem alguns fatores de risco e proteo que

    so especficos de alguns grupos.

    Vamos falar, aqui, brevemente de alguns deles.

    adolescentes

    idosos

    mulheres

    populaes indgenas

    AdolescentesA adolescncia uma fase do desenvolvimento humano em que ocorrem

    muitas mudanas, tanto emocionais quanto no convvio com as pessoas

    (famlia, amigos), sendo marcada, muitas vezes, por um comportamento

    de experimentao do jovem.

    Para a grande maioria dos jovens, ter experincias novas (lugares, msicas,

    amigos e tambm drogas) no necessariamente trar algum problema, e

    muitos se tornaro adultos saudveis.

    DicaPara definio de uso

    problemtico e experimentalrevise a Aula 6.

    LEMBRETEAs aes de Promoo da Sadevem seguir a lgica da polti

    de Reduo de Danos, a quaprocura no excluir nenhumgrupo ou indivduo, ou seja,todas as aes e orientaesbuscam diferentes maneiras

    de prevenir doenas. Procurapromover a sade, fornecendinformaes a todos, desde oque querem at queles que

    no querem ou no conseguemabandonar o uso de lcool e

    outras drogas.

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    A adolescncia um perodo marcado por novas experincias e,

    por conta disso, muitos estudiosos consideram a adolescncia um

    perodo de risco para o envolvimento com drogas.

    Ao menos em parte, os riscos podem ser atribudos s prprias caractersticasda adolescncia, tais como:

    necessidade de aceitao pelo grupo de amigos

    desejo de experimentar comportamentos vistos como deadultos

    sensao de onipotncia: comigo isso no acontece

    grandes mudanas corporais que geram insegurana

    aumento da impulsividade

    Curiosidade

    A curiosidade naturaldos adolescentes um dos fatores de maior influncia

    na experimentao de lcool e outras drogas, assim como a opinio dos

    amigos e a facilidade para conseguir drogas.

    A curiosidade do adolescente o faz buscar novas sensaes e prazeres. O

    adolescente vive o presente, busca realizaes imediatas, e os efeitos dasdrogas vo ao encontro disso, proporcionando prazer imediato. Ao mesmo

    tempo, a curiosidade um fator fundamental para o desenvolvimento

    saudvel dos jovens. o que os estimula a estudar, a buscar novos desafios

    e se superar.

    Modismo

    O modismo outro aspecto importante relacionado ao uso de substncias

    entre adolescentes, pois reflete a tendncia do momento, e os adolescentes

    so particularmente vulnerveis a essas influncias. Afinal, esto saindo da

    infncia e comeando a sentir o prazer da liberdade nas pequenas coisas,

    desde a escolha de suas prprias roupas e atividades de lazer at a definio

    de qual ser o seu estilo. Para alguns jovens, a moda influenciar a escolha

    desse estilo, destacando-se a presso da turma, os modelos dos dolos e os

    exemplos que esses jovens tiveram dentro de casa (dos pais ou de outros

    familiares), ao longo de sua infncia.

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    Medicalizao dos problemas

    Atualmente, o uso abusivo de medicamentos, como remdios para relaxar,

    medicamentos para melhorar o desempenho sexual, para emagrecer,

    medicaes para dormir, dentre outros, d ao jovem a impresso de que

    para qualquer problema h sempre uma soluo mgica que no exige

    grandes esforos, tem ao rpida, enfim, oferece uma resposta que vai ao

    encontro do imediatismo caracterstico da sociedade nos dias atuais.

    Famlia

    A famlia, por sua vez, pode atuar como um fator de risco ou proteo para

    o uso de substncias psicoativas. Em primeiro lugar, temos o fator gentico:

    Filhos de dependentes de lcool e/ou outras drogas apresentam

    risco quatro vezes maior de tambm se tornarem dependentes!

    Mas o desenvolvimento da dependncia ir depender da interao de:

    aspectos genticos

    caractersticas de personalidade

    fatores ambientais, que podero constituir proteo ou atmesmo risco para o uso de substncias.

    Papel familiar na formao do adolescente

    Outro aspecto de fundamental importncia o papel familiar na formao

    do adolescente. A famlia pode contribuir para que a criana aprenda a

    lidar com limites e frustraes (situaes nas quais as expectativas no so

    atendidas).

    Crianas que crescem em um ambiente com limites e regras claras,

    geralmente, so mais seguras e sabem o que podem ou no fazer. Ter limites

    e regras claras contribui para prepar-las a lidar com situaes frustrantes.

    Crianas criadas sem regras claras podem testar os limites dentro de casa,

    adotando um comportamento desafiador com os pais. Posteriormente,

    ao entrar na adolescncia, podem repetir o mesmo comportamento

    desafiador fora de casa, sem ponderar possveis consequncias para esse

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    comportamento, em situaes de risco. Dessa forma, fundamental que

    elas tenham a oportunidade de discutir sobre as regras, de modo que saibam

    os motivos da existncia dessas regras. Essa uma maneira de aproveitar o

    perfil desafiador dos adolescentes, e para que se tenha sucesso importante

    que os pais estejam preparados com informao adequada e habilidade para

    expor seu ponto de vista, sem quebrar o dilogo. Ressaltamos que o dilogofranco e amistoso entre pais e filhos, em que existam trocas de experincias,

    respeito, confiana e segurana, contribui para que pais e filhos tenham

    uma boa relao e assim a famlia seja protetora do adolescente.

    Somado a isso, o monitoramento por parte dos pais ou outros familiares

    sobre os filhos e o bom relacionamento entre eles importante fator protetor

    em relao ao uso de drogas.

    Fatores internosAnalisando-se os fatores internos do adolescente, que podem facilitar o uso

    de lcool e outras drogas, destacam-se:

    insatisfao

    insegurana

    sintomas depressivos

    timidez e extroverso.

    Os jovens esto em fase de autoconhecimento e precisam conhecer seus

    potenciais, sendo que esse destaque representar sua identidade e sua

    funo dentro do grupo. Por exemplo, o adolescente que no consegue se

    destacar, seja nos esportes, estudos, relacionamentos sociais, dentre outros,

    ou que se sente inseguro quanto ao seu desempenho, pode buscar no uso

    de drogas uma maneira de enfrentar essas dificuldades. Da mesma forma,

    adolescentes que so populares e se destacam em algumas atividades (fsicas

    e escolares) tambm podem consumir drogas.

    Anabolizantes

    Em relao ao uso de anabolizantes, a busca do corpo ideal, associada

    grande importncia dada aos atributos fsicos, acaba tendo um papel

    na autoestima e na forma como eles se veem e os outros os percebem,

    constituindo fatores de risco para o uso dessas substncias.

    AtenoEm alguns casos, o uso de

    lcool e outras drogas pode setornar recurso para lidar comos sentimentos desagradveis

    ou esquecer os problemas.

    No entanto, de formageral, o consumo de lcool,especificamente, faz parte de

    confraternizaes e momentosfamiliares do cotidiano. Assim,

    os motivos para consumo podemser outros.

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    Sintomas depressivos

    A tristeza, desesperana, falta de nimo para realizar atividades dirias,

    se permanecem por um perodo de no mnimo seis meses, so alguns

    sintomas depressivos que muitas vezes podem representar fatores de risco.

    O jovem que est triste, ansioso e/ou desanimado pode buscar atividades

    ou coisas que o ajudem a se sentir melhor. Nesse sentido, as drogas podem

    proporcionar, de forma imediata, uma melhora ou alvio desses sintomas.

    Alguns estudos mostram que adolescentes que apresentam

    sintomas depressivos (ex.: se isolam da famlia e dos amigos,

    sentem-se infelizes, descontentes e incompreendidos, com baixa

    autoestima) passam mais rpido da fase de experimentao para

    o abuso.

    Outros aspectos importantes em relao ao uso de drogas na

    adolescncia:

    1. no perodo entre a adolescncia e o incio da idade

    adulta que ocorrem os maiores nveis de experimentaoe

    problemas relacionados ao uso de lcool e outras drogas.

    2. Muitos jovens, apesar do pouco tempo de uso de substncias,

    passam muito rapidamente de um estgio de consumo paraoutro(especialmente quando se trata do uso de lcool), alm de

    fazerem uso de vrias substncias ao mesmo tempo. Por outro

    lado, uma grande parcela deles diminui significativamente

    o consumo no incio da idade adulta, para adequar-se s

    obrigaes da maturidade, como trabalho, casamento e filhos.

    3. Vrios estudos demonstram que, quanto mais cedo se inicia

    o uso de drogas, maior a chance de desenvolvimento de

    dependncia.

    ImportanteO risco de um adolescenteabusar de drogas envolve o

    balano entre os fatores de risce os fatores de proteo.

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    Principais fatores de risco no perodo da adolescncia:

    grande disponibilidade de drogas

    maior tolerncia social em relao ao consumo de algumassubstncias (ex.: lcool)

    uso de lcool e outras drogas pelos pais e outros familiares

    estresse gerado por conflitos familiares e falta de estruturafamiliar, como pais distantes, dificuldade dos pais em

    colocar limites, mudanas significativas (de cidade, perda

    de um dos pais)

    caractersticas de personalidade: baixa autoestima, baixaautoconfiana, agressividade, impulsividade, dificuldade

    de aceitar ser contrariado

    transtornos psiquitricos: transtorno de conduta, transtornode hiperatividade e dficit de ateno (principalmente, se

    associado a transtorno de conduta), depresso, ansiedade

    e outros transtornos de personalidade

    Fatores de PROTEO ao uso de drogas na adolescncia

    rea pessoal

    elevada autoestima

    religiosidade

    crenas nas regras sociais estabelecidas

    rea familiar

    bom relacionamento familiar

    pais e/ou familiares presentes e participativos

    monitoramento das atividades dos jovens

    pais e/ou familiares que transmitem regras claras decomportamento para os jovens

    rea social

    comprometimento com a escola

    amigos no usurios de drogas e no envolvidos em atividadesilcitas

    baixa disponibilidade ou oferta da droga

    forte vnculo com instituies (escola, igreja)

    oportunidade para trabalho e divertimento

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    Fatores de RISCO ao uso de drogas na adolescncia

    rea pessoal

    baixa autoestima

    isolamento social

    curiosidade

    no aceitao das regras sociais estabelecidas

    pouca informao sobre drogas

    comportamento agressivo

    fatores genticos

    rea familiar

    falta de envolvimento afetivo familiar ambiente familiar problemtico

    educao familiar frgil

    consumo de drogas pelos pais ou outros familiares

    rea social

    baixo envolvimento com os estudos

    envolvimento em atividades ilcitas

    amigos usurios de drogas ou com comportamento inadequado

    propaganda de incentivo ao consumo

    preo social para o consumo

    falta de oportunidade de trabalho e divertimento

    Idosos

    Quando falamos de problemas com o uso de lcool e outras drogas pensamos

    primeiro nos jovens e adultos. raro falar desses problemas entre idosos e

    por isso esse, em geral, um grupo subidentificado.

    Embora o lcool seja uma substncia frequentemente utilizada pelos

    idosos, mais comum encontrarmos o uso abusivo de medicamentos para

    tratamento de depresso, ansiedade e outras doenas, sendo raro o consumo

    de drogas ilcitas (exceto entre aqueles que as utilizam desde a juventude).

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    No caso do lcool, na terceira idade, esse uso pode ser classificado em dois

    tipos:

    1. idosos que iniciaram um consumo problemtico na juventude

    e o mantiveram ao longo da vida. Em geral possuem histrico

    familiar de alcoolismo, comorbidades associadas, baixo nvel

    de escolaridade e histria de mltiplos problemas fsicos e dem nutrio.

    2. idosos que iniciaram o consumo problemtico na maturidade.

    Nesse caso, o histrico familiar de alcoolismo aparece em

    menos da metade dos casos, os idosos possuem bom ajuste

    social e moram com a famlia, tendo bom desempenho no

    trabalho

    Nem sempre fcil identificar o uso abusivo de lcool e outras drogas entre

    os idosos. Desse modo, devemos ficar atentos a alguns sinais e sintomas

    que podem estar relacionados a esse uso abusivo. Por exemplo:

    hlito alcolico pela manh

    uso dirio de lcool

    perodos de amnsia (esquecimento)

    habilidades cognitivas alteradas

    anemia

    alteraes nos exames do fgado

    fraturas e quedas frequentes

    convulses.

    Outros problemas especficos da terceira idade tambm podem ser

    considerados fatores de riscopara o abuso de substncias, como:

    doenas crnicas: como artrite, osteoporose e ataques de gota(inflamao nas articulaes) (dor crnica), insnia, e cncer

    problemas visuais e auditivos: perdas funcionais comuns,tais como surdez e catarata, que produzem sentimentos de

    isolamento, solido e tristeza.

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    Mulheres

    As mulheres possuem algumas caractersticas biolgicas especiais em relao

    ao uso abusivo de lcool e outras drogas, que as diferenciam dos homens.

    Vejamos algumas diferenas quanto ao uso de lcool:

    1. o corpo da mulher apresenta menor quantidade de gua do queo do homem. Isso significa que h menos gua no corpo para

    diluir o lcool ingerido. Essa uma das razes que explicam o

    fato de a mulher ficar embriagada mais facilmente do que o

    homem, mesmo ingerindo quantidades iguais de lcool.

    2. a mulher possui menor quantidade da enzima (lcool

    desidrogenase- ADH) responsvel pela destruio do lcool

    no organismo. Assim, somente uma pequena parte do lcool

    ingerido ser destruda pelo organismo. Isso faz com que amulher atinja maiores concentraes de lcool no sangue do

    que o homem, mesmo bebendo quantidades iguais.

    3. as alteraes hormonais tambm so importantes nas mulheres.

    O perodo pr-menstrual est associado a um aumento do

    consumo de lcool, e aquelas que apresentam tenso pr-

    menstrual (TPM) tm maior probabilidade de desenvolver

    abuso ou dependncia de lcool do que as que no apresentam

    esse problema, provavelmente em busca de alvio para a tensoe ansiedade.

    4. Outros fatores de risco para o desenvolvimento de problemas

    relacionados ao uso de lcool entre as mulheres:

    trabalhar em ambiente predominantementemasculino

    ter um parceiro (namorado/marido) com problemasrelacionados ao uso de lcool

    ter sofrido abuso fsico, emocional ou sexual na infnciaou ter sido vtima de violncia nos relacionamentosamorosos na idade adulta

    problemas psiquitricos: depresso, transtornos deansiedade, bulimia, baixa autoestima e transtornos depersonalidade

    problemas de comportamento na infncia relacionadosao controle de impulsos

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    De modo geral, observa-se que as mulheres apresentam mais problemas

    mentais do que os homens, como por exemplo ansiedade, depresso e

    transtornos alimentares, mas procuram tratamento mais rapidamente e

    com mais frequncia do que eles. No entanto, isso no acontece para o uso

    abusivo ou dependncia de drogas.

    Entre as mulheres h maior prevalncia de uso abusivo de algumas drogas,tais como calmantes e remdios para emagrecer, do que entre os homens.

    Sabe-se que o pblico feminino o grande consumidor dessas substncias,

    consumo esse que muitas vezes tem incio por indicao mdica. No

    entanto, muitas continuam usando sem prescrio.

    E por ltimo, porm no menos importante, destaca-se a influncia dos

    fatores socioculturais no abuso de substncias entre as mulheres. A presso

    social, atravs da mdia em geral, para manter um corpo perfeito muito

    grande entre as mulheres, e observa-se um elevado consumo de drogasassociadas ao controle de peso, como anfetaminas, nicotina, cocana e

    outros estimulantes.

    Populaes indgenas

    Como voc j deve saber, o uso de lcool, tabaco e outras plantas j estava

    presente entre as populaes indgenas brasileiras muito antes da chegada

    dos portugueses no Brasil.

    A bebida consumida por esses povos era, em geral, uma bebida forte,

    fermentada a partir de frutas, da mandioca e do milho, denominada cauim

    (ou caxiri). Ela era utilizada cotidianamente, ou em rituais e festas tpicas

    desses povos, sempre com regras culturais e limites bem definidos sobre

    como o consumo dessa bebida deveria ser feito.

    Com o passar dos anos e a aproximao com a cultura do homem branco,

    outros hbitos foram sendo incorporados por esses povos, como o consumo

    das bebidas alcolicas destiladas (em especial a cachaa), com teoresalcolicos bem maiores do que aquelas normalmente consumidas.

    Muitos problemas comearam a aparecer a partir desse contato, como

    questes territoriais (suas terras eram constantemente invadidas e

    desrespeitadas) e de aculturao (sua cultura no era respeitada e outros

    valores eram impostos como sendo certos e melhores).

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    Por que as pessoas usam ou evitam usar drogas? A importncia da preveno, Promoo de Sade e dos fatores de risco e proteo | Au

    p.

    Isso se reflete nas condies de vida que muitos desses povos tm hoje,

    como:

    pobreza

    falta de recursos mnimos para sua subsistncia

    falta de perspectiva para o futuro uso de lcool em contextos fora dos rituais

    presena de muitas doenas infecciosas, desnutrio, doenassexualmente transmissveis, entre outras.

    Todos esses problemas podem ser considerados importantes fatores de risco

    para o consumo abusivo de lcool, pois essas populaes se tornam cada vez

    mais frgeis e vulnerveis.

    H um nmero cada vez maior de casos de alcoolismo nas tribos atuais,sendo que o consumo do lcool agora feito tambm fora da tribo, e muitos

    indivduos o consomem sozinhos (fora do contexto coletivo).

    Estudos mostram que aquelas aldeias que esto mais perto das cidades e,

    assim, mais expostas aos fatores de risco acima citados tm um nmero

    maior de casos de alcoolismo e outros problemas associados, como:

    violncia interpessoal e domstica

    suicdios

    abandono das funes sociais exercidas na tribo.

    Apesar de a venda de bebidas alcolicas aos indgenas ser proibida pela Lei

    Federal no6.001/73, so preocupantes tanto o consumo de lcool como os

    nveis de dependncia entre a populao indgena.

    Intervenes para auxiliar na soluo desses problemas devem ser

    cuidadosamente pensadas, sempre considerando o modo de vida desses

    povos, suas crenas e os significados que eles atribuem s substncias que

    consomem (ex.: significado da funo do lcool dentro e fora dos rituais).

    Nesse sentido, esto sendo feitas avaliaes para descrever e identificar

    possveis problemas com uso de substncias para dar suporte a projetos

    de preveno nas comunidades indgenas, considerando as caractersticas

    socioculturais e especificidades de cada tribo. Essas aes esto em

    conformidade com o Decreto no 6.117/07, que estabelece que sejam

    desenvolvidas aes especficas para populaes vulnerveis, a exemplo

    das populaes indgenas. O decreto tambm enfatiza a necessidade de

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    implementao de um Projeto de Preveno do Uso de lcool entre

    Populaes Indgenas, com o objetivo de capacitar os agentes de sade

    e de educao, juntamente com as lideranas das comunidades indgenas,

    para a articulao e o fortalecimento das redes de assistncia existentes nas

    comunidades e nos municpios vizinhos.

    A RELIGIOSIDADE COMO FATOR DE PROTEO AOUSO DE DROGAS

    Diversos estudos tm demonstrado que pessoas que praticam alguma

    religio ou que creem em algo superior possuem:

    maior expectativa de vida melhores condies de enfrentamento do estresse e de eventos

    negativos da vida

    menores ndices de doenas mentais como depresso,ansiedade, psicoses e dependncias de lcool e outras drogas.

    A religiosidade no auxilia apenas indivduos que querem deixar de usar

    drogas, mas tambm jovens que passam pelo momento de deciso quanto

    ao incio da experimentao.

    Cincia e religiosidade

    Existem estudos cientficos mostrando que doentes crnicos terminais

    (com cncer, por exemplo) sobrevivem mais tempo sua doena e com

    uma qualidade de vida melhor, quando vinculados a um grupo religioso ou

    quando declaram ter valores espirituais desenvolvidos.

    Outros estudos tm indicado a religiosidade como um fator de proteo aouso de drogas, em especial entre jovens expostos a um ou mais dos fatores

    de risco anteriormente citados.

    Assim, fica clara a associao inversa entre a religiosidade do adolescente e

    o uso inicial de quaisquer drogas:

    Quanto mais religioso o adolescente, menor seu interesse pelo

    consumo de substncias psicoativas, incluindo as drogas lcitas.

    Saiba mais...Murakami R, Campos CJG.

    Religio e sade mental: desafiode integrar a religiosidade ao

    cuidado com o paciente. RevistaBrasileira de Enfermagem.2012;65(2): 361-7. Disponvel em:

    http://www.scielo.br/pdf/reben/

    v65n2/v65n2a24.pdf

    Dalgalarrondo P. Estudos sobrereligio e sade mental realizadosno Brasil: histrico e perspectivas

    atuais. Revista de PsiquiatriaClnica.2007; 34, supl 1;

    25-33. Disponvel em:http://www.scielo.br/pdf/rpc/v34s1/

    a05v34s1.pdf

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    Por que as pessoas usam ou evitam usar drogas? A importncia da preveno, Promoo de Sade e dos fatores de risco e proteo | Au

    p.

    Claro que essa no a nica medida preventiva possvel, e nem uma

    certeza do impedimento do incio do consumo, uma vez que a motivao

    para o uso vem de diversos fatores. No entanto, poderamos considerar

    uma primeira medida na educao sobre drogas.

    Valores religiosos, em geral, preconizam o bom relacionamento com respeito

    e afeto, e isso, quando realmente aplicado ao convvio familiar, seria fatorde estabilidade domstica, permitindo aos jovens crescerem dentro de um

    ambiente emocionalmente saudvel.

    LembreteSo muitos os fatores que pode

    influenciar a escolha de umapessoa em usar ou no drogase mesmo a religiosidade no

    pode ser vista como um fator proteo isolado dos demais

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    p. 214

    BIBLIOGRAFIA

    Baus J, Kupek E, Pires M. Prevalncia e fatores de risco relacionados

    ao uso de drogas entre escolares. Rev Sade Pblica. 2002:36(1):40-6.

    Czeresnia D, Freitas C, organizadores. Promoo de sade: conceitos,reexes e tendncias. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2003.

    Dalgalarrondo P, Soldera MA, Correa Filho HR, Silva CAM. Religio e

    uso de drogas por adolescentes. Rev Bras Psiquiatr. 2004;26(2):82-90.

    De Micheli D, Formigoni MLOS. As razes para o primeiro uso de

    drogas e as circunstncias familiares preveem os padres de uso

    futuro? J Bras Depend Qum. 2001;2(1):20-30.

    Pechansky F, Diemen LV, De Micheli D, Amaral MB. Fatores de risco eproteo em diferentes grupos de usurios: mulheres, adolescentes,

    idosos e indgenas. In: SUPERA: Sistema para deteco do uso

    abusivo e dependncia de substncias psicoavas: encaminhamento,

    interveno breve, reinsero social e acompanhamento: Mdulo 1.,

    Captulo 4, p. 65-84. Braslia: Secretaria Nacional de Polcas sobre

    Drogas; 2013.

    Sanchez ZM, Nappo AS. A religiosidade, a espiritualidade e o consumo

    de drogas psicotrpicas. Rev Psiquiatr Cln. 2007;34(supl.1):73-81.

    Sanchez ZM, Oliveira LG, Nappo SA. Fatores protetores de

    adolescentes contra o uso de drogas com nfase na religiosidade.

    Cienc Saude Coleva. 2004;9(1):43-55.

    Schenker M, Minayo MCS. Fatores de risco e proteo para o uso de

    drogas na adolescncia. Cienc Saude Coleva. 2005;10(3):707-17.

    Sztutman R. Comunicaes alteradas: festa e xamanismo na Guiana.

    Campos Rev Antropol Soc. 2003;4:29-51. [acesso? 2011 Nov 30].Disponvel em: .

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    Por que as pessoas usam ou evitam usar drogas? A importncia da preveno, Promoo de Sade e dos fatores de risco e proteo | Au

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    ATIVIDADES

    1. Sobre fatores de risco e proteo, est INCORRETO afirmarque:

    ( ) a. No planejamento de aes preventivas importante fortaleceros fatores de proteo.

    ( ) b. Os fatores de risco explicam as causas do consumo de drogasdos indivduos. Sendo assim, se eliminarmos as causas,eliminamos o consumo de drogas.

    ( ) c. A vulnerabilidade de uma pessoa ou populao para usardrogas pode ser compreendida por meio de seus fatores derisco e proteo.

    ( ) d. Os fatores de risco e proteo so especficos e variam de

    acordo com faixa etria, gnero, condio social e cultura.

    2. No que se refere preveno, est INCORRETO dizer que:

    ( ) a. Existe um modelo nico de preveno.

    ( ) b. Atualmente, a preveno classificada em universal, seletiva eindicada.

    ( ) c. A preveno seletiva voltada para uma parte especfica dapopulao, especialmente as pessoas com maior risco, e tempor objetivo identificar fatores de risco e combat-los.

    ( ) d. Ao fazer preveno, apenas passar informao no suficientepara mudar o consumo de drogas das pessoas.

    3. Sobre o consumo de drogas por mulheres, INCORRETOafirmar que:

    ( ) a. Os homens e mulheres metabolizam as drogas da mesmaforma e isso no influencia o uso e nem a quantidade dedroga utilizada.

    ( ) b. As mulheres so mais vulnerveis ao consumo demedicamentos para dormir e para emagrecer.

    ( ) c. Apesar de as mulheres frequentarem mais os servios desade, elas procuram menos tratamento para abuso edependncia de drogas.

    ( ) d. Mulheres que j tm problemas mentais (depresso,ansiedade) so mais propensas a ter problemas por uso desubstncias.

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    4. Assinale entre as alternativas abaixo qual indica indicam osprincipais fatores de risco para o uso problemtico de lcool eoutras drogas.

    ( ) a. Relaes familiares complicadas, consumo de drogas pelospais, amigos usurios de drogas.

    ( ) b. Elevada autoestima e envolvimento com atividades saudveis.

    ( ) c. Vnculos sociais preservados, acesso aos espaos culturais einformao clara sobre uso de drogas..

    ( ) d. Presena de regras claras dentro de casa, monitoramento esuperviso dos pais.

    Reflita a respeito...

    Comente a frase: A adolescncia um perodo marcado por

    novas experincias e, por conta disso, muitos estudiososconsideram a adolescncia um perodo de risco para o

    envolvimento com drogas.

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    Aula 8

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    Aula 8

    OS OBJETIVOS DESTA AULA SO:

    conhecer a Interveno Breve (IB) e aprender a

    utiliz-la para auxiliar pessoas em fase inicial de

    problemas relacionados ao uso de lcool e/ou outras

    drogas

    identificar as etapas da IB e as reaes mais

    comumente observadas frente a essa interveno

    TPICOS

    Introduo Interveno Breve

    Fundamentos da Interveno Breve

    Dicas para a realizao de uma boa Interveno

    Breve

    Semelhanas entre Intervenes Breves e

    Aconselhamento

    Bibliografia

    Atividades

    Como orientar pessoas com problemas decorrentes

    do uso de lcool e outras drogas: semelhanas entreAconselhamento e Intervenes Breves

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    Como orientar pessoas com problemas decorrentes do uso de lcool e outras drogas: semelhanas entre Aconselhamento e Intervenes Breves | Au

    p.

    INTRODUO

    Voc j deve ter sido procurado por algum que tenha problemas com o uso

    de lcool ou outras drogas. Muitas vezes, quem procura ajuda um familiar

    ou amigo da pessoa com problemas, outras vezes a prpria pessoa.

    Embora os problemas causados pelo uso de lcool ou outras drogas sejam

    bastante comuns, as pessoas s costumam procurar ajuda quando eles j so

    graves. Isso acontece, em parte, porque muitas pessoas tm dificuldade

    para perceber quando o uso deixa de ser social e passa a ser excessivo .

    Alm disso, existe muito preconceito da sociedade em relao aos

    dependentes de lcool ou aos usurios de outras drogas, que so muitas

    vezes considerados pessoas com problemas de carter.

    Em casos graves, importante encaminhar o usurio para um

    tratamento especializado. Em casos menos graves, voc pode

    ajudar, no s com a sua experincia pessoal, mas usando algumas

    tcnicas simples e teis, como voc ver a seguir.

    INTERVENO BREVE

    Faz parte do senso comum que uma boa conversa pode ajudar muito

    algum que est enfrentando uma situao difcil. Isso vale tambm

    para pessoas com problemas devido ao abuso ou dependncia de lcool

    ou outras drogas. Estudando o que funciona nesse tipo de conversa,

    profissionais de sade desenvolveram uma tcnica simples, mas muito

    til, conhecida como Interveno Breve(IB).

    A Interveno Breve tem o objetivo de ajudar pessoas que esto

    em uma fase inicial de problemas com o uso de lcool ou outras

    drogas a parar ou diminuir o seu consumo.

    A IB tem despertado cada vez mais o interesse de profissionais de diferentes

    formaes. Veja as razes:

    os resultados dos tratamentos mais intensivos (por exemplo:

    ImportanteA dependncia de lcool ou

    outras drogas um problema

    de sade, e quanto mais cedo

    se iniciar um tratamento ou

    interveno maior ser a chan

    de sucesso.

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    longas internaes) no so necessariamente melhores do que

    os obtidos com essas tcnicas breves, principalmente nos casos

    menos graves;

    a aplicao da tcnica de baixo custo, porque pode ser

    utilizada por profissionais com diferentes tipos de formao

    (mdicos, psiclogos, enfermeiras, auxiliares de enfermagem,

    nutricionistas, assistentes sociais, agentes comunitrios e outras

    pessoas interessadas no atendimento ou suporte dos usurios

    de lcool e outras drogas), bastando que recebam um rpido

    treinamento para isso.

    Interveno Breve um atendimento com tempo limitado e com o

    objetivo de mudar o comportamento do usurio.

    De modo geral, as Intervenes Breves no so indicadas para pessoas com

    problemas graves relacionados dependncia de substncias. Como essas

    pessoas costumam ter diversos problemas relacionados ao uso de drogas,

    somente uma Interveno Breve pode no ser suficiente. Entretanto, essas

    intervenes podem ser teis para fazer com que pessoas que no esto

    conscientes de seus problemas possam perceb-los e aceitar ou procurar o

    tratamento.

    A Interveno Breve adequada para pessoas que fazem uso

    nocivo ou abusivo de substncias.

    O primeiro objetivo da Interveno Breve :

    1. Mostrar ao usurio que seu uso de lcool ou de outras drogas o

    coloca em situaes de risco.

    Aps identificar a presena do problema e mostrar os efeitos econsequncias do consumo abusivo, o passo seguinte :

    2. Motivar o usurio a mudar seu hbito de uso.

    A IB pode ajudar a iniciar o processo de mudana e fazer com que a pessoa

    aceite a responsabilidade por suas escolhas.

    LembreteO uso considerado nocivo

    ou abusivo quando comea a

    causar problemas importantes

    em diferentes reas da vida do

    indivduo. O termo nocivo

    utilizado pela CID-10 como

    aquele que resulta em danofsico ou mental. No DSM-

    IV, utiliza-se o termo abuso,

    considerando no s o prejuzo

    fsico ou mental, mas tambm

    as consequncias sociais

    relacionadas ao uso. Caso voc

    no se lembre desses conceitos,

    importante revisar aAula 6.

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    Como orientar pessoas com problemas decorrentes do uso de lcool e outras drogas: semelhanas entre Aconselhamento e Intervenes Breves | Au

    p.

    Dicas para quem aplica a IB:

    Voc pode sugerir estratgias que o usurio poder usar

    para que essa mudana acontea;

    A proposta que essa orientao seja bastante objetiva

    e dirigida para a mudana da forma como a pessoa usa adroga, ou seja, como ela pode diminuir o seu consumo;

    A IB uma orientao curta, podendo ser feita entre 5

    minutos e 30 minutos, dependendo do tempo disponvel.

    Por essa razo, ela deve ser FOCAL (focando no problema

    principal e de preferncia em uma s droga) e OBJETIVA.

    Mas, afinal, como ajudar algum a mudar seu comportamento usando

    uma Interveno Breve?

    Primeiramente, importante que voc saiba identificar se a pessoa

    com problemas associados ao uso de lcool e outras drogas est

    disposta a receber ajuda e a mudar seu uso de drogas ou seu estilo

    de vida.

    Essa identificao pode ser feita durante uma simples conversa com o

    usurio. Nessa conversa:

    1. Procure, inicialmente, deix-lo vontade para falar sobre simesmo;

    2. Pergunte sobre o seu uso de drogas, sobre possveis problemas

    que ele possa estar vivendo;

    3. Verifique se ele acha que a(s) droga(s) pode(m) ser a(s)

    causadora(s) de seus problemas.

    Nessa conversa, voc poder notar que muitos usurios no acham que o

    uso que fazem de lcool e/ou outras drogas lhes traga problemas (talvez a

    maioria dos usurios pense assim!!).

    Infelizmente....

    Essas pessoas no se preocupam quanto ao uso que fazem de lcool ou

    outras drogas e no aceitam que esse padro de consumo possa trazer algum

    prejuzo ou problema. Dessa forma, no aceitam e nem querem mudar seu

    comportamento.

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    O que fazer em casos de usurios que no querem ajuda?

    As pessoas com um comportamento resistente, em geral, no esto muito

    dispostas a receber conselhos e orientaes. No entanto, podem aceitar

    receber algumas informaes sobre os riscos envolvidos em seu uso de

    drogas. Assim, ao fornecer informaes, voc poderencoraj-las a pensar

    sobre os riscos envolvidos em seu uso de drogas e, quem sabe, comear a

    considerar a possibilidade de diminuir ou mesmo parar o uso.

    Usurios em dvida

    Voc poder tambm encontrar pessoas que sentem dvidassobre

    continuar ou parar de usar drogas. Ou seja, ora querem continuar

    a usar, ora querem parar o uso. Em geral, essas pessoas percebem

    tanto as vantagens quanto as desvantagens de seu uso, alm de

    perceberem alguma relao entre os seus problemas (de sade oude relacionamento) e o uso que fazem de substncias.

    O que fazer em casos de usurios em dvidas?

    As intervenes para uma pessoa que apresente dvidas sobre continuar

    ou parar o uso de drogas incluem, alm do fornecimento de informaes

    sobre os riscos relacionados ao uso, um aconselhamento sobre como

    diminuir ou parar.

    Pea para que ela fale sobre as vantagens e desvantagens que percebe no

    uso de drogas. O objetivo encoraj-la a pensar e falar sobre suas prprias

    razes para diminuir ou parar com o uso de drogas. Utilize as desvantagens

    mencionadas como razes para diminuir ou parar com o uso.

    Uma estratgia que pode ser utilizada para ajudar o usurio a pensar sobre

    as vantagens e desvantagens de seu uso de substncias ajud-lo a fazer

    um quadro, como no exemplo a seguir:

    ASPECTOSPOSITIVOS EM USAR

    VANTAGENS

    ASPECTOSNEGATIVOS EM USAR

    DESVANTAGENS

    NO MOMENTOPRESENTE

    NO FUTURO

    Pea ao usurio que pense nas coisas boas (vantagens) e ruins (desvantagens)

    de usar drogas. Oriente-o a falar primeiro sobre as vantagens e, depois,

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    Como orientar pessoas com problemas decorrentes do uso de lcool e outras drogas: semelhanas entre Aconselhamento e Intervenes Breves | Au

    p.

    ento, a pensar nas desvantagens relacionadas ao seu uso de substncias,

    tanto no momento presente quanto no futuro.

    Exemplo: Luis, me diga quais as vantagens para voc, HOJE, em usar

    drogas. Se pensarmos no futuro, me fale quais as vantagens que voc v

    para continuar a usar drogas...

    Usurios conscientes

    Em algum momento voc poder tambm encontrar pessoas ou usurios

    que j esto mais conscientes sobre a relao entre o uso que fazem de

    drogas e os problemas apresentados. Essas pessoas, em geral, esto dispostas

    a mudar seu comportamento de uso.

    O que fazer em casos como esses?Com relao pessoa que j percebe que o uso de lcool ou outras drogas

    pode estar relacionado aos seus problemas, importante ajud-la a

    desenvolver planos e estratgias para a sua mudana de comportamento.

    Ajude essa pessoa a identificar as situaes de risco, ou seja, aquelas situaes

    que aumentam a chance de usar (ex.: encontrar um amigo que usa a droga,

    ir a determinado local onde sabe que ter droga ou no qual costuma usar a

    droga) e oriente sobre como enfrentar as possveis dificuldades.

    Em sua prtica, voc poder observar que muitos usurios, apesar

    de motivados a mudar seu comportamento, sentem dvidas sobre se

    conseguiro ou no realizar a mudana.

    Para essas pessoas, importante o incentivo! Encoraje-as a no desistir e

    mostre que confia nelas! Fortalea a autoestima do usurio!

    Tenha em mente que mais difcil do que mudar de comportamento manter-se

    firme nessa mudana.O usurio deve aprender a enfrentar as dificuldades e

    procurar participar de outras atividades sociais e de lazer que no envolvamo uso de lcool ou outras drogas. Isso pode ser bastante difcil. Como j foi

    dito, muitas vezes preciso que o usurio mude seu crculo de amigos e seu

    modo de vida. Dessa forma, ele necessitar ser continuamente reforado

    e encorajado. O desafio manter a mudana alcanada e evitar a recada.

    Importante

    Toda mudana gera algumgrau de sofrimento. No caso d

    usurios de drogas, as mudan

    envolvem uma reorganizao

    de seu estilo de vida e, na mai

    parte das vezes, mudana do

    crculos de amigos. E nem

    sempre isso fcil!

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    Dicas e sugestes:

    Pessoas que esto tentando manter o comportamento

    mudado necessitam ser encorajadas, ouvir que esto no

    caminho certo e que devem continuar com o novo modo

    de vida, mais saudvel;

    Fortalea e encoraje o usurio, elogiando o sucesso damudana de comportamento. Converse com ele sobre

    como evitar as situaes de risco de recada. Caso haja

    uma recada, aproveite a situao para discutir as possveis

    falhas nos planos (por exemplo, qual a estratgia que no

    funcionou). Muitas vezes, a recada acontece porque a

    pessoa est confiante e acha que j pode controlar o uso;

    Ao tentar fazer esse uso controlado, comum o usurio

    perder o controle e voltar ao uso inicial. Ajude-o a pensar

    em novas estratgias e evitar as situaes de risco. Mostre a

    ele que foi apenas um tropeo que ele pode aprender

    com essa situao para evitar cair em novas armadilhas.

    Recadas

    Ao trabalhar com aconselhamento e orientao a usurios de drogas,

    importante que voc saiba que recadaspodem acontecer.

    Recada significaretorno ao comportamento de consumo. As recadas,

    em geral, so influenciadas por:

    Emoes;

    Conflitos com outras pessoas;

    Presso dos amigos;

    Outros estmulos, como, por exemplo, voltar a um lugar no

    qual a pessoa costumava usar a droga ou encontrar algum

    com quem costumava usar a droga.

    Pronto, disposto e capaz!

    Para que as pessoas mudem seu comportamento, elas precisam estar

    prontas, dispostas e sentir-se capazes para a realizao dessa mudana.

    Estar pronto e disposto a diminuir ou parar o uso depende muito da

    importncia dada pelo usurio necessidade de mudar.

    ImportanteAlguns deslizes e recadas so

    normais, e at esperados, quando

    o usurio est tentando mudar

    seu padro de comportamento.

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    p.

    Pensar em mudar importante, mas nem sempre suficiente

    para que uma pessoa coloque essa mudana em prtica.

    Algumas vezes, uma pessoa est disposta a mudar, mas no acredita

    ser capaz. Por isso, mostre ao usurio a importncia e os ganhos

    com essa mudana e demonstre a ele o quanto acredita em sua

    capacidade de mudar.

    Agora que voc j sabe como identificar o quanto o indivduo est disposto

    e motivado a mudar seu comportamento de uso de drogas, e que tipo de

    ajuda voc pode dar, vamos ver COMO voc pode fazer uma Interveno

    Breve adequada para as pessoas que esto em fases iniciais de consumo,

    apresentando problemas de menor gravidade.

    FUNDAMENTOS DA INTERVENO BREVE

    Triagem

    Inicialmente, para fazer uma Interveno Breve para o uso de lcool e/

    ou outras drogas preciso fazer uma triagem ou avaliao inicial desse

    consumo.Com essa avaliao, voc poder identificar os diferentes nveis

    de consumo, bem como os possveis problemas associados.

    Essa avaliao ou triagem do uso de drogas pode ser feita com o auxlio de

    instrumentos de triagem (alguns deles foram apresentados e discutidos na

    Aula 5) ou atravs de uma conversa informal com o usurio.

    Depois de ter identificado quais as drogas usadas e os possveis problemas

    relacionados ao uso delas, hora de iniciar a Interveno Breve.

    A primeira coisa a fazer, aps a avaliao do consumo, conversar como usurio sobre os riscos que ele est correndo (e tambm as pessoas que

    esto ao seu redor, devido ao modo como usa bebidas alcolicas e/ou outras

    drogas). Esse ser seu ponto de partida para convidar a pessoa a aceitar sua

    interveno. Por exemplo, voc pode dizer: Pelo que voc est me falando...

    ou Pelo que pude observar no seu teste... parece que voc est bebendo (ou

    cheirando, ou fumando) de uma maneira que pode j estar causando problemas

    de sade, no trabalho e na sua casa, no ? Vamos conversar um pouco sobre isso?.

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    Durante a conversa:

    1. Mostre ao usurio o quanto ele o responsvel por seu

    comportamento e por suas escolhas sobre usar ou no drogas.

    A mensagem a ser transmitida pode ser algo do tipo:

    O seu uso de drogas uma escolha sua e ningum pode fazervoc mudar seu comportamento ou decidir por voc. Se voc

    perceber que isso est prejudicando sua vida, sua sade ou seus

    relacionamentos e quiser mudar, posso tentar ajud-lo, mas a

    deciso e a escolha so suas.

    Isso faz com que a pessoa sinta que pode ter o controle do seu comportamento

    e das suas consequncias. Essa percepo de responsabilidade e controle

    da situao por parte do usurio pode ser importante para motiv-lo a

    mudar de comportamento.

    2. Ajude-o a refletir sobre a relao entre seu uso de drogas e

    os problemas que apresenta, pois algumas vezes o usurio

    no percebe que o uso de lcool e/ou outras drogas que est

    interferindo na sua sade, na sua vida familiar ou profissional.

    Procure mostrar que, se ele diminuir ou parar com o uso de

    drogas, suas chances de problemas futuros, relacionados ao uso,

    tambm diminuiro. Isso pode ajud-lo a perceber os riscos

    que envolvem seu uso de drogas e servir como um motivo para

    considerar a mudana de comportamento.

    Nesse momento, voc pode usar a tabela de vantagens e

    desvantagens do uso de drogas, que vimos anteriormente. Lembre-

    se de sempre fornecer orientaes claras, livres de qualquer

    preconceito e, sempre que possvel, tenha em mos materiais

    informativos sobre drogas para dar s pessoas.

    3. Pergunte ao usurio onde ocorria o uso e em companhia de

    quem. Evite perguntar os nomes das pessoas que faziam uso

    com ele pergunte apenas pelo tipo de relacionamento que ele

    tem (ou tinha) com essas pessoas: se eram amigos, namorados,

    primos etc. Em seguida, pea que ele conte em que situaes

    usava (onde ele estava, e o que estava sentindo antes de usar).

    Procure entender se as situaes de maior risco eram situaes

    sociais (ex.: estar com amigos no bar, em festas, na sada do

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    trabalho, entre outros) ou se eram situaes em que ele se

    sentia triste, aborrecido, deprimido, contrariado (sentimentos

    pessoais).

    Desse modo, ser possvel identificar algumas das situaes de risco que o

    levam a usar drogas e, ento, voc poder orient-lo sobre o que fazer para

    evitar essas situaes. Lembre-se de que fornecer alternativas de estratgias

    e escolhas pode ajud-lo a sentir que tem o controle e a responsabilidade de

    realizar a mudana, aumentando sua motivao. importante tentar fazer

    com que o prprio usurio pense nas estratgias, mas caso ele tenha dificuldades

    voc pode sugerir algumas.

    Exemplos de opes e estratgias que podem ser utilizados na

    Interveno Breve:

    Sugira que o usurio faa um dirio sobre seu uso dasubstncia, registrando, por exemplo, onde ele costuma

    (ou costumava) usar, em que quantidade, em companhia

    de quem, por qual razo, etc. Isso ajudar a identificar as

    possveis situaes de risco;

    Identifique, junto com o usurio, algumas atividades que

    possam lhe trazer algum prazer, por exemplo, alguma

    atividade fsica, tocar um instrumento, ler um livro, sair

    com pessoas no usurias etc. Aps essa identificao,

    proponha a ele que substitua o uso de drogas por essas

    atividades;

    Fornea informaes sobre onde buscar ajuda

    especializada, se for o caso, ou tente faz-lo refletir sobre

    coisas de que ele gosta, alm do uso da substncia. Se

    ele no souber, use isso para estimul-lo a se conhecer

    melhor, descobrir coisas novas, novos interesses. Procure

    ter sempre mo diferentes opes gratuitas de lazer (ex.:

    atividades esportivas, apresentaes de msica ou teatro,

    oficinas de artesanato, etc.) para sugerir a ele;

    Pergunte ao usurio sobre algo que ele gostaria de ter

    e sugira que economize o dinheiro normalmente usado

    na compra de drogas para adquirir aquele bem. Faa as

    contas com ele sobre o quanto ele gasta. Por exemplo, um

    fumante que gaste R$ 7,50 por dia com cigarros, em um

    ms economizaria R$ 225,00 e, em seis meses, R$ 1350,00

    o que daria para ele comprar uma TV nova ou pagar mais

    da metade de um computador completo. Contas simples

    como essa podem ajud-lo a perceber o prejuzo financeiro,

    alm dos problemas sociais e de sade.

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    4. Demonstre ao usurio que voc est disposto a ouvi-lo e que

    entende seus problemas, at mesmo sua dificuldade de mudar.

    5. Incentive-o a confiar em sua capacidade de mudar seu

    comportamento de uso de drogas.

    Quando a pessoa acredita que pode verdadeiramente realizar

    a mudana, esta acontece com mais facilidade. Elogie cada

    dificuldade vencida!

    Dicas para a realizao de uma boa Interveno Breve

    Evite ameaar ou amedrontar e no use rtulos, como

    por exemplo: alcolatra, maconheiro, drogado, etc. Isso sintimida e envergonha o usurio.

    Procure fazer perguntas abertas, como por exemplo: Me

    fale mais sobre seu consumo de maconha.... No incio,

    oua mais do que fale.

    Certifique-se de que voc est entendendo o que o usurio

    est dizendo. Por exemplo: Voc est querendo me dizer

    que o seu consumo est causando problemas em seu

    trabalho? ou Se eu entendi bem, voc disse que costuma

    beber grandes quantidades quando est com seus amigos

    de trabalho.... Isso evita que o usurio negue algumaafirmao j feita, mencionando que no foi isso o que ele

    quis dizer, ou que voc entendeu errado.

    Procure demonstrar sensibilidade, mas seja firme.

    Mostre que as coisas podem melhorar, mas que

    depende principalmente de um posicionamento dele

    (responsabilidade). Reforce a ele sua liberdade de escolha.

    Sempre encorajeo usurio e reforce sua autoconfiana em

    relao aos comportamentos que ele gostaria de mudar.

    Diga que voc confia nele, que acredita na sua capacidade

    de mudar.

    Preste ateno ao comportamento do usurio: se ele est

    agitado, inquieto ou nervoso, e tente acalm-lo, para a

    conversa fluir melhor.

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    SEMELHANAS ENTRE INTERVENES BREVES EACONSELHAMENTO

    Como voc deve ter percebido, h muitas semelhanas entre as tcnicas

    usadas nas Intervenes Breves e o Aconselhamento que lderes religiosose de movimentos afins esto acostumados a fazer. Sendo assim, aproveite

    tudo o que voc conhece sobre como conversar e aconselhar pessoas

    e use as tcnicas de Interveno Breve para orientar as pessoas de sua

    comunidade.

    Por exemplo, se um familiar procurar voc, preocupado com um filho

    que comeou a usar drogas, mostre que preciso fazer alguma coisa, mas

    que provavelmente no um caso de desespero e que um tratamento por

    internao pode no ser aconselhvel para esse tipo de caso.

    Oriente a pessoa, usando os vrios materiais que aSENAD oferece, em

    linguagem adequada para pessoas de diferentes idades, e mostre a ela que

    h vrios recursos na comunidade a que ela pode ter acesso.

    Se o caso for grave, recomende que ela procure a ajuda de um profissional

    de sade. Procure motiv-la sempre e passe as informaes que voc tem

    sobre o assunto. Faa voc mesmo o encaminhamento.

    ImportanteTenha uma atitude de

    acolhimento e compreenso, se

    preconceitos. Oua o usurio

    e procure ajud-lo a perceber real gravidade do problema.

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    ATIVIDADES

    1. Assinale a resposta CORRETA sobre como deve ser a tcnica deInterveno Breve:

    ( ) a. Objetiva e focada.( ) b. Simples, mas firme, determinando o que o paciente deve

    fazer.

    ( ) c. Complicada, j que preciso conversar sobre todos os tipos

    de drogas.

    ( ) d. Chamando ateno para problemas morais.

    2. Para que haja mudana de comportamento por parte dousurio, necessrio que:

    ( ) a. A pessoa tenha compaixo para com os seus amigos e a suafamlia.

    ( ) b. O usurio esteja preparado para a internao.

    ( ) c. O usurio esteja disposto e se sinta capaz de realizar essa

    mudana.

    ( ) d. Todas as alternativas esto incorretas.

    3. Quanto tcnica de Interveno Breve, marque a alternativaINCORRETA:

    ( ) a. A Interveno Breve uma internao de poucos dias usadacomo tratamento para a dependncia de drogas.

    ( ) b. A Interveno Breve pode ajudar o dependente de drogas a

    repensar o seu consumo e buscar ajuda especializada.

    ( ) c. A Interveno Breve deve provocar autorreflexo.

    ( ) d. Durante a Interveno Breve, deve ficar claro para o usurio

    que a responsabilidade de mudana tambm dele.

    4. Apesar de motivado a mudar de comportamento, muitas vezeso usurio pode manifestar dvidas sobre se conseguir ou norealizar a mudana. Se isso acontecer, voc deve:

    ( ) a. Falar para ele retornar somente quando tiver certeza do que

    deseja fazer.

    ( ) b. Encaminh-lo psicoterapia.

    ( ) c. Encoraj-lo e fortalec-lo, ajudando-o a manter sua deciso.

    ( ) d. Chamar a famlia para verificar se ele se encontra abstinente.

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    Reflita a respeito...

    1. Agora que voc j conhece os passos da tcnica de Interveno

    Breve e est familiarizado com os padres de uso das drogas e

    com a forma de abordagem dos usurios, aproveite para aplicar

    um instrumento de triagem (que voc viu na aula seis), seguido

    de uma Interveno Breve. Voc pode aplicar em pessoas

    conhecidas ou no, mas aps a aplicao reflita sobre essa

    experincia e o que voc pode melhorar para as prximas vezes.

    2. Tente tambm pensar em formas de utilizar essas tcnicas no

    contexto comunitrio ou religioso, a fim de ter uma ferramenta

    a mais para auxiliar os usurios de drogas.