28
III Congresso Consad de Gestão Pública TORNANDO HUMANA A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS: A IMPLANTAÇÃO DO SIGRH/RJ Luiz Carlos de Almeida Capella Gustavo Guberman Edson Teramatsu Haroldo Fernandes da Silva

Gestao de Recursos Humanos

  • Upload
    lugbish

  • View
    25

  • Download
    2

Embed Size (px)

DESCRIPTION

grh

Citation preview

Page 1: Gestao de Recursos Humanos

III Congresso Consad de Gestão Pública

TORNANDO HUMANA A GESTÃO DE RECURSOS

HUMANOS: A IMPLANTAÇÃO DO SIGRH/RJ

Luiz Carlos de Almeida Capella Gustavo Guberman

Edson Teramatsu Haroldo Fernandes da Silva

Page 2: Gestao de Recursos Humanos

Painel 30/118 A modernização da gestão de recursos humanos nos governos dos estados do Rio de Janeiro e de Mato Grosso

TORNANDO HUMANA A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS: A IMPLANTAÇÃO DO

SIGRH/RJ

Luiz Carlos de Almeida Capella Gustavo Guberman

Edson Teramatsu Haroldo Fernandes da Silva

RESUMO O artigo tem como objetivo apresentar e discutir a implantação do Sistema Integrado de Gestão de Recursos Humanos do Estado do Rio de Janeiro, o SIGRH/RJ, focando em como sua implantação serve ao mesmo tempo como ferramenta adequada às necessidades atuais de gestão de recursos humanos, bem como instrumento de aprendizagem daquilo que é necessário para a promoção de tão significativa mudança na Gestão Estadual. A implantação do Sistema vem, em conjunto com as iniciativas de Conformidade de Folha e Identificação Biométrica criar as condições de realização da modernização da Gestão de Recursos Humanos. Além disso, quando implantado, ele servirá como a principal ferramenta sobre a qual a Gestão ocorrerá. Inicia-se discutindo o paradigma sobre o qual se pretende desenvolver a modernização, o de elevar a gestão de recursos humanos a um papel estratégico no Governo do Estado, adotando uma perspectiva pró-ativa, descentralizada, compartilhada e flexível, transformando-o em ativo intangível para o Estado. Segue-se descrevendo como se deu a identificação dos problemas, destacando-se a falta de direcionamento estratégico, carência de capacitação, ausência de ferramentas, entre outros problemas que delineavam um panorama muito aquém do mínimo necessário para até mesmo se iniciar a jornada rumo à modernização. Visando resolvê-los, promoveu-se fóruns de recursos humanos como meios de preparação do terreno para as grandes transformações desejadas, as quais vêm ocorrendo sobre o principal eixo do SIGRH-RJ. A concepção do sistema contou, desde o princípio, com a participação dos principais atores envolvidos na implantação, o que garantiu o comprometimento de todos e o sucesso até agora obtido. Na sua concepção, o projeto foi pensado para execução em 3 frentes de trabalho e contanto com 3 níveis de gerenciamento. Isso garantiu a observância do princípio da subsidiariedade, bem como a abrangência a todos os aspectos relacionados à implantação. As frentes de trabalho contemplavam (1) a frente de negócios; (2) a frente de TI; e (3) gestão de mudanças. É mister destacar o papel da gestão de mudanças, pois a implantação do sistema implicará numa nova natureza de atuação do RH no Governo do Estado, cuja transformação, se não gerenciada, tenderá ao insucesso. Os níveis contemplavam o de implantação – de dedicação integral à implantação; executivo – reunindo-se semanalmente e atuando basicamente sobre o mapa de riscos e a relação com outras áreas; e o comitê gestor – atuando em nível de Governo de Estado, reunindo-se mensalmente. Dado o contexto, e a forma de atuação, optou-se por investir em sistema que prestigiasse, então, duas vertentes, a valorização Humana Estratégica e um banco de dados

Page 3: Gestao de Recursos Humanos

consistente e gerador de informações para a tomada de decisão. Desde os primeiros momentos, quando do diagnóstico ficou bem clara a idéia de que um sistema integrado de gestão de recursos humanos e folha de pagamento exigiria por parte do próprio Estado, um background de fundamentos e conhecimentos prévios dos requisitos de gestão, de segurança e de efetividade no tratamento das questões que seriam tratadas, principalmente na parte tecnológica. Diante deste quadro, ficou claro que a estrutura administrativa mostrava-se limitada para funcionar como único veículo para o alcance da maior eficiência em face da aplicação dos novos conceitos e métodos, a exigir do administrador todo o esforço para a superação dos fatores que possam evitar os impactos negativos observados, ao mesmo tempo que permitem atingir os resultados esperados. A saída foi a contratação de consultores especializados em regras de negócios (regras que regem particularidades exclusivas a determinados órgãos) e Recursos Humanos que foram incorporados às equipes de trabalho do SIGRH. O cronograma de implantação prevê atividades durante dois anos sendo que seriam tratados inicialmente os órgãos da administração direta mais os órgãos da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militares. Os demais órgãos serão atingidos no segundo ano. A aguardada consolidação do SIGRH-RJ como sistema único de Recursos Humanos certamente impõe a necessidade de fortalecimento da Subsecretaria de Recursos Humanos enquanto órgão central da área de gestão de pessoas, resgatando seu papel de formulador, catalisador, facilitador e normatizador. A partir da entrada do novo sistema em produção, deverá estar consolidada e disseminada uma política de RH única, transparente e perfeitamente compreendida pelos órgãos setoriais, além de ser imperiosa a necessidade de profissionalizar o servidor que atua na área – seja por meio de um amplo processo de capacitação assim como no estabelecimento de remuneração atrelada ao mérito e ao desempenho – de forma a mitigar o já conhecido turnover de técnicos envolvidos com a operacionalização da gestão de recursos humanos. Como conclusão, destaca-se a relevância que os trabalhos de identificação e concepção têm no impacto da execução de um projeto. No projeto SIGRH-RJ a devida atenção foi dada e o devido esforço alocado às atividades preparatórias, incluindo aí o envolvimento dos principais atores envolvidos, refletindo no êxito até o momento da implantação, este inclusive reconhecido pelo BID em visita técnica realizada em janeiro de 2010. Para o futuro vislumbra-se o desafio da utilização plena do Sistema como plataforma para possibilitar e perenizar a modernização da Gestão de Recursos Humanos.

Page 4: Gestao de Recursos Humanos

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO........................................................................................................... 04

O COMEÇO............................................................................................................... 06

A DEFINIÇÃO DO MODELO..................................................................................... 12

UM POUCO MAIS SOBRE CONCEPÇÃO DO PROJETO....................................... 14

IMPLANTAÇÃO DO SIGRH-RJ................................................................................. 15

DIFICULDADES ENCONTRADAS............................................................................ 16

CRONOGRAMA DE IMPLANTAÇÃO........................................................................ 21

O FUTURO................................................................................................................ 22

CONCLUSÕES.......................................................................................................... 24

REFERÊNCIAS.......................................................................................................... 25

Page 5: Gestao de Recursos Humanos

4

INTRODUÇÃO

A gestão de recursos humanos, em todo o mundo, passou por profundas

transformações nas últimas décadas. De simples atividade operacional, relacionada

exclusivamente a aspectos instrumentais de admissão, demissão, elaboração de

folha de pagamento, entre outras atividades afins, a gestão de recursos humanos

migrou para o patamar estratégico no sucesso de qualquer organização, seja ela

pública ou privada.

Algumas razões contribuíram para a metamorfose desta área dentro das

organizações. Pode-se resumi-las a uma palavra: transformação. Qual? Duas, das

organizações e da sociedade.

É lugar comum falar-se das transformações pelas quais o mundo vem

passando nos últimos anos. Tão lugar comum que por vezes pode ser interpretado

como clichê acadêmico na tentativa de se valorizar o próprio trabalho ou de se

demonstrar a atualidade ou pertinência do mesmo.

Independente das críticas feitas a tais abordagens, muitas vezes

justificadas, é de fundamental importância que tais mudanças – apropriadamente

tratadas – sejam incluídas na análise de qualquer fato.

Mauss (1974) trata cada fato social como sendo um “fato social total”.

Por este, entende-se que o todo deve ser considerado ao se analisar um aspecto

particular, mais especificamente, aquelas inter-relações com os demais campos do

conhecimento. Em suas próprias palavras (ibidem, p. 199), “quer estudemos fatos

especiais ou fatos gerais, no fundo é sempre com o homem completo que temos

de lidar”.

Desta forma, é mister reconhecer que a sociedade do século XXI é

flagrantemente distinta daquela dos meados do século XX.

A Pós-modernidade trouxe o indivíduo para o centro do debate humano, o

que inexoravelmente implica neste mesmo deslocamento no interior das

organizações.

Em resumo, o indivíduo deixa de se enxergar como uma peça na

engrenagem organizacional, ele quer ser uma pessoa única, com voz, direito de

participação e realização no trabalho.

Page 6: Gestao de Recursos Humanos

5

Ao mesmo tempo, as organizações passaram cada vez mais de

produtoras de bens a prestadoras de serviços, sendo que esta mudança caracteriza-

se, entre outras coisas, pelo aumento da importância da utilização do conhecimento

dos profissionais, mais que simplesmente por seu trabalho físico.

O Setor Público, por sua vez, não está alheio nem às transformações

pelas quais passa a Sociedade – por ser parte intrínseca dela – nem às

transformações organizacionais, pois é cada vez mais reconhecida a importância

do conhecimento dos servidores públicos na qualidade dos serviços prestados pelo

Estado.

Isso implica invariavelmente na necessidade de melhor conhecimento e

emprego da força de trabalho disponível, o que só é possível se uma organização

dispuser de uma área de gestão de recursos humanas estratégica, apta a lidar com

as demandas que esta nova configuração organizacional apresenta.

Neste contexto, o presente artigo tem como finalidade apresentar e

discutir a implantação do Sistema Integrado de Gestão de Recursos Humanos do

Estado do Rio de Janeiro, o SIGRH/RJ, focando em como sua implantação serve ao

mesmo tempo como ferramenta adequada às necessidades atuais de gestão de

recursos humanos, bem como instrumento de aprendizagem daquilo que é

necessário para a promoção de tão significativa mudança na Gestão Estadual.

Para tanto, além da presente introdução, o texto conta com outras seções

que apresentam desde sua gênese, passando pela sua concepção, implantação e

os desafios para o futuro.

Page 7: Gestao de Recursos Humanos

6

O COMEÇO

Em 2007 tomou posse um novo governo no Estado do Rio de Janeiro.

Este evento ensejou profundas transformações na organização do aparelho estatal,

principalmente visando enfrentar os desafios que então se descortinavam no

horizonte.

Dentre as diversas mudanças promovidas encontra-se a transformação

das antigas secretarias de Administração e Reforma do Estado, de Planejamento e

Integração Governamental e de Controle Interno na então recém-criada Secretaria

de Estado de Planejamento e Gestão.

A nova secretaria foi criada com a finalidade de servir como órgão central

do Governo do Estado nos assuntos de sua competência. Em sua estrutura foi

criada a Subsecretaria de Gestão de Recursos Humanos. Como seu nome sugere, a

nova Subsecretaria tornou-se a responsável no Governo do Estado pela Gestão de

Recursos Humanos.

A tarefa que se apresentava à frente da nova gestão era hercúlea:

modernizar a gestão de recursos humanos. De enunciado simples, o que se

apresentava, porém, era complexo: falta de direcionamento estratégico, carência de

capacitação, ausência de ferramentas, entre outros problemas que delineavam um

panorama muito aquém do mínimo necessário para até mesmo se iniciar a jornada

rumo à modernização.

Em linhas gerais, os contatos empreendidos entre a Subsecretaria e os

setores de recursos humanos dos órgãos estaduais, os quais culminaram com a

realização do I Fórum de Recursos Humanos do Governo do Estado, foram

suficientes para a identificação dos problemas supramencionados.

Além daqueles, foram identificados problemas de natureza institucional,

completando um quadro que compunha com problemas de natureza técnica, não

muito distinto em tipo dos problemas encontrados na gestão pública no país

(Guberman et Knopp, 2009) – mas em grau acentuado, é importante destacar.

Frente ao quadro diagnosticado, percebeu-se que a mudança necessária

para modernizar a gestão de recursos humanos no Estado do Rio de Janeiro

dependia da abertura de uma ampla frente de operações, a ser criada paulatina e

gradativamente, operando sobre um eixo central para o qual os resultados

convergissem e que possibilitassem a sustentabilidade das ações a serem

empreendidas.

Page 8: Gestao de Recursos Humanos

7

O paradigma dominante, até mesmo inspirador da mudança, foi o de

elevar a gestão de recursos humanos a um papel estratégico no Governo do Estado,

adotando uma perspectiva pró-ativa, descentralizada, compartilhada e flexível

(Albuquerque, 1999), transformando-o em ativo intangível para o Estado.

Para tanto, havia necessidade de um duplo esforço: o primeiro focado

para a correção (ou minimização) dos problemas diagnosticados e o segundo focado

na construção de uma plataforma de operações que municiasse os setores de

recursos humanos com o necessário para atuação sob a nova perspectiva.

Assim, além da realização do já mencionado I Fórum de Recursos

Humanos, iniciou-se um trabalho para garantir a conformidade da folha de

pagamentos e outro visando dar uniformidade e segurança à base cadastral de

servidores.

Com isso, buscou-se preparar a base, no que diz respeito à estrutura

encontrada, para a construção de um ambiente que possibilitasse a utilização de

novas ferramentas de gestão.

A realização do II Fórum de Recursos Humanos foi mais uma ação neste

sentido, mas de característica diferente. Isto porque buscou contribuir para a

disseminação de conhecimentos da área de recursos humanos, bem como, de

maneira ainda informal, gerar um direcionamento estratégico para esta área no

Governo do Estado. Ou seja, atuou em outra frente dos problemas diagnosticados.

Em paralelo às atividades narradas nos parágrafos antecedentes, iniciou-

se a concepção das atividades seguintes, que visavam tanto possibilitar a transição

entre os esforços de mitigação dos problemas encontrados e a construção da futura

plataforma de operações dos setores de recursos humanos.

Estas atividades foram: um programa de capacitação das áreas de

recursos humanos, o mapeamento e redesenho de processos de recursos humanos

e a aquisição do novo sistema informatizado de recursos humanos.

Como o objeto do presente artigo é o sistema, cabe aqui somente

salientar a importância das demais atividades.

Seria praticamente inócua a adoção de uma nova ferramenta de gestão

de recursos humanos se ela não viesse acompanhada do preparo das áreas para

utilizá-la mais proveitosamente possível. Isso, então, implica na necessidade

identificada de melhor qualificação dos quadros e do desenho ou redesenho dos

processos pertinentes. Se não realizadas, os resultados da implantação do sistema

poderiam/poderão ser severamente comprometidos.

Page 9: Gestao de Recursos Humanos

8

Em termos específicos do sistema, o Rio de Janeiro ainda utiliza o

chamado Sistema de Administração de Pessoal (SAPE), desenvolvido na década de

1970, o qual se limita exclusivamente a ser um sistema gerador de folha de

pagamentos, mesmo assim com baixo nível de automação.

A análise realizada por técnicos da Secretaria e da empresa de

processamento de dados do Estado (PRODERJ) apontaram que a aquisição de um

novo sistema seria mais vantajoso que a tentativa de aperfeiçoar o atual, dentro de

uma perspectiva de manutenção perfectiva – tal modalidade de manutenção é

responsável pela maior parte de todo o esforço despendido em manutenção de

software (Rocha et al., 2001)

Desde o princípio, o projeto SIGRH/RJ caracterizou-se pela larga

interação entre as principais partes que se veriam envolvidas na implantação do

sistema. Por questões de natureza prática, observando as externalidades e custos

de transação de uma decisão coletiva (Olson, 1971), optou-se pelo ingresso dos

demais órgãos do estado em momento posterior do processo.

Desta forma, foi montada uma equipe composta pela SEPLAG (áreas de

Recursos Humanos, PNAGE/RJ1, Governança Eletrônica e Modernização de

Gestão), PRODERJ e Rioprevidência (órgão oficial de previdência no Governo do

Estado) para trabalharem desde o princípio na elaboração dos Termos de

Referência que comporiam o processo de contratação, o que objetivava, além da

elaboração melhor possível dos requisitos, o envolvimento desde a origem daqueles

mais diretamente envolvidos, pessoal de linha e gerencial, contribuindo para a

geração da melhor integração entre as funções, essencial ao bom gerenciamento de

qualquer projeto (Kerzner, 2009) e da incorporação do conhecimento necessário ao

sistema, numa perspectiva inovadora de aprimoramento contínuo como ativo

estratégico (Bessant, 1992; Pavitt et Steinmueller, 1999).

A concepção do projeto também contou com a contribuição de um

consultor externo na elaboração dos Termos de Referência, devido à necessidade

de obtenção de informações adicionais à caracterização mais precisa e completa

possível de um sistema que viesse a atender às necessidades do Estado.

1 O PNAGE – Programa Nacional de Apoio à Modernização da Gestão e do Planejamento dos Estados e Distrito Federal é a fonte financiadora do projeto e sua equipe no Rio de Janeiro se envolveu nos trabalhos desde o princípio.

Page 10: Gestao de Recursos Humanos

9

Os trabalhos ocorreram de forma surpreendentemente positiva. Isto

porque, se forem considerados problemas característicos de cooperação entre

organizações públicas (Guberman, 2010), os mesmos foram contornados sempre

que surgiam – ou seja, problemas surgiram, mas foi possível mitigá-los mediante a

obtenção do comprometimento aos objetivos previamente estabelecidos. Isto é, o

enfoque técnico contribuiu para a resolução de um problema de natureza

institucional.

Na sua concepção, o projeto foi pensado para execução em 3 frentes de

trabalho e contanto com 3 níveis de gerenciamento.

As frentes de trabalho contemplavam (1) a frente de negócios – RH, de

responsabilidade majoritária da Subsecretaria de Gestão de Recursos Humanos; (2)

a frente de TI – compreendendo estrutura física, com a participação majoritária do

Proderj; e (3) gestão de mudanças, que ficou a cargo da Subsecretaria-Adjunta de

Modernização da Gestão.

Apesar de frentes distintas, o trabalho foi concebido para ocorrer de forma

integrada, pois a relação de interdependência entre as frentes já havia sido

aprioristicamente identificada, sendo essencial o trabalho em conjunto para

obtenção dos resultados esperados.

É mister destacar também a relevância do papel da gestão de mudanças.

Tornar mais humana a gestão de recursos humanos, como enuncia o título deste

artigo, significa incorporar as áreas na dimensão estratégica da gestão, dando-lhes a

oportunidade (e os meios) de atuar e tratar as pessoas que compõem os quadros da

administração estadual como verdadeiras fontes de conhecimento, parceiros na

busca pelo aprimoramento do desempenho organizacional e principais responsáveis

pela qualidade dos serviços públicos prestados pelo Estado.

Todavia, se o discurso pode convencer, somente a realidade pode

desencadear o processo. Ou seja, a transformação só será possível se houver

comprometimento das lideranças com o processo de modernização e se os gestores

dispuserem dos meios necessários para promovê-la e, principalmente, perenizá-la.

Isto implica no papel desempenhado pelo Sistema Integrado de Gestão

de Recursos Humanos, o qual municiará os gestores com as ferramentas

necessárias à atuação conforme o paradigma desejado.

Page 11: Gestao de Recursos Humanos

10

Acontece que esta transformação é mais fácil no enunciado que na

realidade. Como diria Primo Levi (2001, p. 215), “a perfeição pertence às coisas que

se narram, não às que se vivem”. Portanto, todo aporte de conhecimento, via

capacitação; de ferramental, via sistema; e de novos procedimentos, via

implementação de processos de gestão de recursos humanos, só resultará em

benefícios para os servidores estaduais e, por derivação, para a sociedade, se a

mudança for gerenciada, muito bem gerenciada.

Todo e qualquer processo de mudança gera desgastes e traz perdas

relativas à curva de aprendizagem necessária a habilitar as pessoas a lidarem com a

nova situação, mesmo quando elas estão convencidas que a mudança é positiva, o

que exige uma dosagem e um gerenciamento específico para o processo (Leonard-

Barton, 1998).

No caso do SIGRH/RJ, não se trata apenas de uma mudança de

atividades, mas de uma mudança de natureza de atividades, implicando numa nova

cultura de trabalho até então pouco disseminada em todo Governo do Estado.

Assim, até para evitar a especulação prejudicial ao processo, as áreas de

RH do Governo foram sendo paulatinamente apresentadas ao sistema antes mesmo

da sua implantação de fato, ao mesmo tempo em que o núcleo estratégico do

Estado foi envolvido na gestão do projeto, compondo um dos níveis de

gerenciamento, sobre os quais fala-se agora.

O primeiro nível é o de implantação. Ele é responsável pelas atividades

instrumentais do Sistema, leia-se parametrização de regras a partir da legislação de

RH, migração de dados dos sistemas legados e customização de ferramenta

adquirida para adaptá-la à realidade e cultura local. É neste nível que se encontram

as equipes de TI e RH que trabalham na preparação do Sistema para a sua entrada

em produção. Seus integrantes dedicam-se integralmente às atividades de

implantação do Sistema.

Todavia, suas atividades interagem com e dependem de outras

instâncias. Como normatizações necessárias à correta parametrização do sistema,

infra-estrutura de rede informatizada, mapeamento de processos, entre outros. Com

a finalidade de tratar destes e outros assuntos pertinentes foi criado o Comitê

Executivo, cujos integrantes reúnem-se semanalmente com a finalidade de prover a

equipe de implantação com os recursos necessários para o andamento dos

Page 12: Gestao de Recursos Humanos

11

trabalhos, caracterizando a relação gerência do projeto-gerência de linha (Kerzner,

2009), pois do comitê tomam parte diversos gerentes cujas atividades têm alguma

relação com o projeto.

A despeito da existência do comitê, há questões que implicam em

conseqüências para outros órgãos do governo, quer seja pela interface com outros

sistemas ou projetos de outras secretarias, ou até mesmo pelo impacto político das

medidas adotadas. Nestas, e outras situações afins, o Comitê Gestor do projeto tem

o poder decisório. Este comitê é composto por alguns Secretários de Estado e

Presidentes de órgãos da Administração Indireta.

A organização criada para a concepção do projeto foi aproveitada para

sua implantação, o que trouxe os ganhos da participação das equipes em todas as

etapas do projeto, conforme será visto adiante.

Page 13: Gestao de Recursos Humanos

12

A DEFINIÇÃO DO MODELO

Dado o contexto e as observações anteriores, optou-se por investir em

sistema que prestigiasse, então, duas vertentes:

� Valorização Humana Estratégica

� Um banco de dados consistente e gerador de informações para a

tomada de decisão;

Uma Valorização Humana estratégica não é produzida somente por

investimentos em sistemas inteligentes de gestão de informações, ela traz um

componente de “leis e normas” de caráter razoavelmente objetivo, mas, ao mesmo

tempo, se assenta sobre relações interpessoais, e depende de engajamento

profissional e competência técnica de forma que, na medida em que se aperfeiçoa e

melhora o nível de entregas, profissionalizando os atendimentos, de certa forma está

humanizando a gestão pois, entre os maiores beneficiarios da estratégia estão os

servidores, ou seja os atores envolvidos. Por este motivo, a gestão de pessoas no

estado do Rio de Janeiro, dada sua dimensão, exige a adoção de práticas

específicas que prestigie as pessoas, soluções amadurecidas, e ou já disseminadas

e consolidadas em outros estados e instituições.

Por outro lado, Gutierrez (1995, p.72-82) afirma que, as organizações

devem adotar os sistemas de gestão de recursos humanos de acordo com as suas

realidades, orientando todos os recursos disponíveis para o alcance dos objetivos

Banco de dados Consistente e Gerador de Informações para a tomada de

decisão. Nos últimos anos, empresas e instituições – públicas ou privadas – têm

investido cada vez mais recursos na construção e manutenção de sistemas de

Business Intelligence, ou BI.

Um dos casos de sucesso mais conhecidos no âmbito da administração

pública brasileira foi apresentado pela Secretaria de Fazenda do Estado de São

Paulo (VIEIRA, 2003).

Por meio de uma ferramenta de data warehouse acoplada ao seu Sistema

Integrado de Administração Tributária (SIAT), análises passaram a ser realizadas a

partir de uma base de dados econômicos, fiscais e de arrecadação de 800 mil

empresas e 13 milhões de veículos.

Page 14: Gestao de Recursos Humanos

13

Financiado em parte pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento

(BID), o projeto custou R$ 3,5 milhões. Por outro lado, em um dos primeiros

cruzamentos realizados, a Secretaria detectou uma inconsistência tributária de R$

300 milhões, dos quais conseguiu recuperar R$ 17 milhões. Ou seja, um retorno de

quase cinco vezes o montante investido, somente em uma ação.

Analisando superficialmente casos como o acima descrito, é curioso o

fato de que o universo da tecnologia da informação tenha “demorado” algumas

décadas para descobrir a potencialidade, a amplitude e a importância da integração

dos dados corporativos, da transformação de dados em informação e de informação

em conhecimento.

Tal demanda, contudo, não é nova. O advento do data warehouse em

grande escala no âmbito das corporações apenas reflete a evolução tecnológica

verificada nos últimos anos, notadamente no que concerne ao surgimento de banco

de dados de alta performance e escalabilidade, além de ferramentas de front-end

customizáveis e com custos suportáveis, viabilizando projetos dessa natureza tanto

em empresas de médio porte como em órgãos públicos (Teramatsu, 2004).

Nos sistemas transacionais a ordem é a de incluir os dados em um banco.

Atualmente, tal procedimento, nos sistemas analíticos, evoluiu para retirar dados de

um banco. Por isso, há a concentração de esforços para o desenvolvimento de

tecnologias que permitam os usuários finais o acesso a ao máximo de informação

que um conjunto de dados pode fornecer.

Page 15: Gestao de Recursos Humanos

14

UM POUCO MAIS SOBRE CONCEPÇÃO DO PROJETO

No final de 2007, técnicos da SEPLAG, em busca de solução para a

gestão de recursos humanos no estado, visitaram os Estados do Rio Grande do Sul

e Paraná que haviam instalado Sistemas de Gestão de Recursos Humanos com

forte com potencialidade de um data warehouse utilizando a possibilidade da

evolução tecnológica. Os Sistemas, na plataforma Oracle foram concebidos e

instalados de forma a integrar todas as folhas de pagamento dos respectivos

estados visitados.

A SEPLAG articulou com o PNAGE /BID a possibilidade de financiamento

de um sistema desta envergadura visualizando a potencialidade de melhorias

possíveis num universo de 450 mil pessoas entre ativos e inativos.

Em inicio de 2008 foi criado grupo de trabalho com o objetivo de conduzir

o andamento do processo de aquisição de um Sistema nos moldes definidos, que

seria único e integraria a folha de pagamento de toda a administração do Estado do

Rio de Janeiro.

O grupo de trabalho estratégico criado para condução do processo de

aquisição envolvia participação direta do Subsecretario de Gestão de Recursos

Humanos, do Presidente e vice-presidente do Proderj (órgão que informática do

estado do rio de janeiro- desnecessário eis que descrito anteriormente) do

Superintendente de Governança Coorporativa da SEPLAG , além de técnicos de TI

do Rio Previdência.

Em linhas gerais, o arcabouço definido para o sistema guardaria relação

com os modelos vistos nas visitas aos estados do sul do país, de forma que não se

buscou a aquisição, mas a implantação de um sistema, customizado à realidade dos

servidores e da arquitetura dos recursos humanos do estado.

Page 16: Gestao de Recursos Humanos

15

IMPLANTAÇÃO DO SIGRH-RJ

No início de 2009 a Subsecretaria de Recursos Humanos (SUBRE)

coordenava outros dois grande projetos:

� Análise de conformidade da folha de pagamento

� Identidade funcional.

Na busca de uma metodologia ideal de recepção de equipes e

implantação do SIGRH/RJ a Subsecretaria de Gestão de Recursos Humanos

(SUBRE) teve que buscar estratégia de ação, onde mesclava capacitação de equipe

interna de técnicos de RH e TI com eventual implementação de outsourcing

utilizando especialistas que detivessem essa expertise.

Para estes desafios, o pessoal de frente das ações ficou praticamente

todo direcionado a ações derivadas dos outros dois projetos, de forma que para a

implantação do novo sistema de recursos humanos, em conjunto com a empresa

TECHNE, a vencedora da concorrência.

A licitação ocorreu mediante os procedimentos do BID, pois o Sistema é

financiando pelo PNAGE/BID que dispõe de regras próprias de contratação. A

SEPLAG, então, montou um edital contextualizando a arquitetura e condições de

sistema a ser contratado e, em 25 de maio de 2009, assinou com a empresa

TECHNE Sistemas o contrato para viabilização da referida implantação.

Para a avaliação das propostas, foi utilizada a avaliação dos seguintes

critérios:

� Sistema integrado de gestão de recursos humanos e folha de

pagamento

� Serviços de implantação do sistema

� Serviços de transferência de tecnologia

� Treinamento de usuários

� Help-desk e suporte técnico

� Manutenção evolutiva e corretiva

� Preço da proposta

Page 17: Gestao de Recursos Humanos

16

DIFICULDADES ENCONTRADAS

Mesmo sendo a TECHNE uma empresa de alto nível, o projeto de

implantação implicaria em providências que envolvem a definição, dimensionamento

e indicação das equipes a serem envolvidas na citada implantação.

Desde os primeiros momentos, quando do diagnóstico ficou bem clara a

idéia de que um sistema integrado de gestão de recursos humanos e folha de

pagamento exigiria por parte do próprio Estado, um background de fundamentos e

conhecimentos prévios dos requisitos de gestão, de segurança e de efetividade no

tratamento das questões que seriam tratadas, principalmente na parte tecnológica.

A implantação em si, exigiria por parte dos técnicos recepcionadores, uma

gama de cuidados para evitar qualquer inadequação na definição de atributos, por

ocasião da customização e da parametrização dos dados e não se pode esquecer

que as atividades antes desenvolvidas precisariam ser mantidas, afinal a folha

mensal teria que ser rodada normalmente todos os meses.

A experiência dos Estados (Paraná, Rio Grande do Sul e Rio Grande do

Norte) que já haviam realizado esta implantação, deixou bem claro que um

planejamento bem feito, uma boa preparação do ambiente interno, rigor na seleção

das equipes para recepcionar internamente o arcabouço de informações e

treinamento, são fatores determinantes e indispensáveis para o sucesso da

implantação do sistema, além é claro de uma equipe alocada “full time” no projeto.

O sistema em implantaçãp envolve diferentes aspectos, como se pode ver

abaixo:

� Recursos humanos, gestão e pagamentos

� Previdência

� Auditoria

� Tecnologia da informação

� Governança da legislação

Muitas são as providências a serem tomadas pela gestão:

� Depurar as bases de dados existentes

� Reformular as estruturas de cargos e funções

Page 18: Gestao de Recursos Humanos

17

� Reformular estrutura das rubricas, proventos e descontos

� Rever regras de negócio (regras que regem particularidades exclusivas

a determinados órgãos)

Um dado agravante logo chamou a atenção, considerando que o sistema

atual de folha de pagamento sustenta-se em linguagem totalmente ultrapassada o

atual grupo de servidores que lida com a gestão de recursos humanos no Estado do

Rio de Janeiro, possui mais de 15 anos a frente desta atividade e ao longo do

tempo, de forma natural e esperada, enraizou diversos hábitos que agora, com a

implantação do novo sistema, precisam ser dissipados ou corrigidos.

Diante do cenário descrito acima, ficou claro que a estrutura

administrativa mostrava-se limitada para funcionar como único veículo para o

alcance da maior eficiência em face da aplicação dos novos conceitos e métodos, a

exigir do administrador todo o esforço para a superação dos fatores que possam

evitar os impactos negativos observados, ao mesmo tempo que permitem atingir os

resultados esperados.

Com base nessa constatação a Subsecretaria de Gestão de Recursos

Humanos necessita que se buscasse no mercado serviços técnicos profissionais

especializados de fiscalização e supervisão, com a experiência específica no

acompanhamento de implementação de processos similares, que tivessem uma

visão externa crítica e sem interesses diretos no processo (como poderia ocorrer

com os técnicos da própria Techne alocados no projeto de implantação da nova

solução de RH) e assim reforçar a equipe interna de técnicos SEPLAG,

potencializando o processo de implantação do novo sistema e garantindo que

processos modernos e técnicas de depuração de dados fossem efetivamente

aplicados a este projeto, permitindo a implantação de uma folha verdadeiramente

parametrizada, com gestão de RH e não apenas como ferramenta de geração de

pagamentos de remunerações. Neste sentido, a consultoria deveria ter “expertise”

nos seguintes assuntos:

Page 19: Gestao de Recursos Humanos

18

1 – Estrutura das equipes

2 – Funcionamento do Comitê de Implantação

Page 20: Gestao de Recursos Humanos

19

3 – Distribuição de responsabilidades

Estas macro atividades foram previstas no processo de parametrização

da folha de pagamento, mas mantidas as atuais condições de equipe (SEPLAG e

TECHNE), sem a utilização de apoio de outsourcing de TI correriam o risco de

reproduzir um sistema ineficiente de folha de pagamento e sem uma visão integrada

de recursos humanos, perpetuando um processo conhecidamente ineficiente e sem

qualquer tipo de segurança no trato da maior despesa do Estado do Rio de Janeiro.

A saída foi a contratação de consultores especializados em regras de

negócios (regras que regem particularidades exclusivas a determinados órgãos) e

Recursos Humanos que foram incorporados às equipes de trabalho do SIGRH com

foco em:

1. Acompanhamento e validação da etapa de parametrização, definição

de metodologia de trabalho e suporte na construção dos instrumentos

necessários;

2. Acompanhamento e validação da etapa de redefinição do Portal do

Servidor;

3. Acompanhamento e validação da etapa de definição e construção do

módulo de informações gerenciais;

Em resumo, o Sistema Ergon adquirido da empresa Techne – é um

produto de mercado já adotado por outros governos estaduais e prefeituras (Espírito

Santo, Rio Grande do Sul, Pará, Prefeitura do Rio de Janeiro, Prefeitura do São

Paulo etc.). Ele foi adquirido com recursos do PNAGE/RJ e Tesouro Estadual.

Page 21: Gestao de Recursos Humanos

20

Características:

� Folha de pagamento como sub-produto do gerenciamento e

cadastramento de eventos de RH, minimizando o lançamento de

informações financeiras e priorizando o cadastro de informações

funcionais

� Ênfase na parametrização e automatização de rotinas de RH, de forma

a assegurar a consistência e veracidade da base de dados

� Ferramenta de apoio à tomada de decisão.

Page 22: Gestao de Recursos Humanos

21

CRONOGRAMA DE IMPLANTAÇÃO

O cronograma de implantação prevê atividades durante dois anos sendo

que seriam tratados inicialmente os órgãos da administração direta mais os órgãos

da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militares, com previsão de término para

julho de 2010.

Na segunda etapa seriam atendidas as autarquias,fundações,empresas e

os pensionistas do Rio Previdência.

As atividades durante essa primeira etapa estão definidas no quadro

abaixo:

Page 23: Gestao de Recursos Humanos

22

O FUTURO

A aguardada consolidação do SIGRH-RJ como sistema único de

Recursos Humanos certamente impõe a necessidade de fortalecimento da

Subsecretaria de Recursos Humanos enquanto órgão central da área de gestão de

pessoas, resgatando seu papel de formulador, catalisador, facilitador e

normatizador.

A partir da entrada do novo sistema em produção, deverá estar

consolidada e disseminada uma política de RH única, transparente e perfeitamente

compreendida pelos órgãos setoriais, além de ser imperiosa a necessidade de

profissionalizar o servidor que atua na área – seja por meio de um amplo processo

de capacitação assim como no estabelecimento de remuneração atrelada ao mérito

e ao desempenho – de forma a mitigar o já conhecido turnover de técnicos

envolvidos com a operacionalização da gestão de recursos humanos.

Uma vez concretizada a implantação do SIGRH-RJ no âmbito da

Administração Direta e Indireta do Estado do Rio de Janeiro, configurado para a

completa gestão da vida funcional dos servidores – e não somente com foco na

geração de folha de pagamento –, e caracterizando-se, então, como um sistema

transacional robusto e consolidado, é possível imaginar um cenário futuro onde duas

vertentes assumem uma preponderância hoje inexistente: o uso maciço da internet e

a consolidação de informações de cunho gerencial.

Nesse sentido, e aproveitando a massificação da rede mundial de

computadores, o Estado deverá estabelecer um canal amplo de comunicação e de

troca de informações com o conjunto de seus servidores, sejam eles ativos,

aposentados ou pensionistas. A transparência assumirá um papel de carro-chefe

desse processo e todos os atores serão diretamente beneficiados, com a diminuição

da necessidade de deslocamento físico até as unidades administrativas do Estado,

economia de papel e de tinta para a geração de relatórios e contracheques,

atualização de informações pessoais em tempo real e coleta de dados que hoje

rapidamente tornam-se desatualizados.

No plano gerencial, serão eliminados os obstáculos hoje presentes para a

obtenção rápida de informações sobre recursos humanos sumarizadas e voltadas

para o processo estratégico, mediante a construção de um data mart que alcance

Page 24: Gestao de Recursos Humanos

23

todas as funcionalidades previstas no sistema transacional. Entretanto, mais do que

desenvolver uma ferramenta de apoio à tomada de decisão no contexto do RH, o

Estado poderá – e deverá – utilizar essa base de dados consistente para a

construção de um grande data warehouse corporativo, no qual as informações sobre

pessoas sejam apenas um dos insumos para a compreensão dos diversos negócios

geridos pelo Governo Estadual.

Mais do que descobrir a variação de um mês para outro do quantitativo

de professores em sala de aula na rede de ensino público do Estado do Rio de

Janeiro, é preciso saber quanto custa, por exemplo, um aluno. Para responder a

uma questão como essa, o SIGRH-RJ deverá conectar-se e coexistir com futuros

data marts que forneçam respostas sobre custos com material didático, merenda

escolar, uniforme, água e luz consumidos em uma unidade escolar, serviços

terceirizados, pessoal temporário etc. E, logo, poder-se-á também descobrir qual o

custo com um paciente da rede hospitalar, qual o custo com um detento do sistema

prisional, ou ainda qual o custo anual com impostos estaduais que são pagos pelo

cidadão fluminense.

Page 25: Gestao de Recursos Humanos

24

CONCLUSÕES

A implantação do SIGRH-RJ é um desafio no gerúndio. Enquanto se pode

falar do êxito até o momento obtido, os desafios se prolongarão por mais do que os

15 meses que faltam para o sistema entrar em produção.

O que se pode destacar da jornada até o momento empreendida é a

relevância que os trabalhos de identificação e concepção têm no impacto da

execução de um projeto.

Mesmo em se tratando de um sistema informatizado, o qual o caracteriza

com algumas peculiaridades técnicas, a implantação do SIGRH-RJ pode (e deve)

ser vista como um projeto.

Contrariando a lógica de curto-prazo e da informalidade que tonalizam a

cultura nacional e que a faz tratar as atividades preparatórias de um projeto de forma

superficial, no projeto SIGRH-RJ a devida atenção foi dada e o devido esforço

alocado às atividades preparatórias, incluindo aí o envolvimento dos principais

atores envolvidos.

Evidência do reflexo no desempenho de um projeto, advindo do cuidado

nas suas fases preparatórias, a visita técnica do BID, ocorrida em janeiro de 2010,

merece citação.

Na ocasião, o Banco enviou um profissional da área de TI para tomar

contato com a implementação do Sistema. Ao receber as informações e conhecer a

equipe de trabalho e instalações, pode-se dizer que as impressões foram em sua

totalidade positivas, o Banco pôde comprovar mais uma vez a seriedade com que o

projeto vem sendo tratado desde sua concepção, monitoramento e gerência, com

respaldo e envolvimento da equipe.

Mas do maior desafio ainda só é possível ver seus contornos no

horizonte, a plena utilização do Sistema para a efetiva transformação da Gestão de

Recursos Humanos no Governo do Estado do Rio de Janeiro. Este é um próximo

capítulo desta longa jornada, com a qual o SIGRH-RJ contribuirá

fundamentalmente e, se o retrospecto falar por si, com muita segurança pode-se

dizer que se chegará lá.

Page 26: Gestao de Recursos Humanos

25

REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE, Lindolfo Galvão de. Estratégias de Recursos Humanos e Competitividade. In: VIEIRA, Marcelo Milano Falcão; OLIVEIRA, Lúcia Maria Barbosa de (Org). Administração contemporânea: perspectivas estratégicas. São Paulo: Atlas, 1999. 303 p. BESSANT, J. Big bang or continuous evolution: why incremental innovation is gaining attention in succesful organizations. Creativity and Innovation Management, Vol 1, No 2, June,1992. GUBERMAN, Gustavo. A dinâmica da lentidão: organizações públicas como inibidoras do desenvolvimento. Rio de Janeiro: FGV/EBAPE, 2010. 330 p. GUBERMAN, Gustavo; KNOPP, Glauco. Modernizando a modernização da gestão: o que a experiência do PNAGE nos ensina. Anais do II Congresso Consad de Gestão Pública. Brasília, 2009. KERZNER, Harold. Project management: a systems approach to planning, scheduling, and controlling. 10. ed. Hoboken: Wiley, 2009. 1120 p. LEONARD-BARTON, D. Nascentes do saber: criando e sustentando as fontes de inovação. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas, 1998. 368 p. LEVI, Primo. A tabela periódica. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 2001. 258 p. MAUSS, Marcel. Sociologia e Antropologia. Vol. 1. 1. ed. São Paulo: EPU/EDUSP, 1974. 241 p. OLSON, Mancur. The logic of collective action: public goods and the theory of groups. Cambridge: Harvard University Press, 1971. 186 p. PAVITT,K.; W. E. Steinmueller. Technology in corporate strategy: change, continuity, and the information revolution. SPRU Electronic Paper Series, paper no. 38, Brighton: SPRU – University of Sussex, 1999. ROCHA, Ana Regina Cavalcanti da; MALDONADO, José Carlos; WEBER, Kival Chaves. Qualidade de software. São Paulo: Prentice Hall, 2001.

Page 27: Gestao de Recursos Humanos

26

VIEIRA, Eduardo. QI turbinado. Info Corporate – Março 2003 – no 02, p.27. TERAMATSU, Edson Kazushigue. A construção de um data mart voltado para a gestão de pessoas [DF] 2004.

Page 28: Gestao de Recursos Humanos

27

___________________________________________________________________

AUTORIA

Luiz Carlos de Almeida Capella – Graduado em Ciências Econômicas. É Subsecretário de Gestão de Recursos Humanos da Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado do Rio de Janeiro.

Endereço eletrônico: [email protected] Gustavo Guberman – Doutor em Administração pela Fundação Getulio Vargas e Mestre em Gestão Empresarial pela mesma escola. É graduado em Economia pela Universidade de Taubaté, onde também realizou um MBA, e Intendência pela Academia Militar das Agulhas Negras. Atualmente é Assessor-Chefe e Gestor do PNAGE na Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado do Rio de Janeiro (SEPLAG/RJ) e integra o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social do Estado do Rio de Janeiro. Também atua na docência superior, em cursos de graduação e pós-graduação, palestrante e autor de artigos. Endereço eletrônico: [email protected] Edson Teramatsu – Jornalista graduado pela Universidade Federal do Paraná, fez especialização em Gestão de Tecnologia da Informação pela Universidade de Brasília. Atualmente coordena o comitê de implantação do Sistema Informatizado de Gestão de Recursos Humanos (SIGRH/RJ), na Secretaria de Planejamento e Gestão do Governo do Estado do Rio de Janeiro.

Endereço eletrônico: [email protected] Haroldo Fernandes da Silva – Economista,contador, MBA-COPPEAD/UFRJ,pos-graduado em controladoria FGV,pós graduado gerencia financeira PUC, foi professor fac economia da UFRJ,professor FUNENSEG,diretor do Instituto de gestão setorial,foi contador geral da CSN,coordenador programa reforma de estado do governo federal,superintendente CAARJ,superintendente estadual da GEAP, assessor de diretoria da ANS.

Endereço eletrônico: [email protected]