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Historia e Cultura Afro-brasileira e Africana Na Escola

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Agência Canadense para o Desenvolvimento Internacional (CIDA/ACDI)

Permitida reprodução total ou parcial com menção expressa da fonte.

11ªª EEddiiççããoo 55..000000 eexxeemmppllaarreess Ágere Cooperação em Advocacy

SHIS QI 11 Bloco M Sala 104Lago Sul CEP 71625-205 Brasília DF

Tel.: (61) 3248-4742http://www.agere.org.br

DDiissttrriibbuuiiççããoo ggrraattuuiittaa Ágere Cooperação em Advocacy

AAuuttoorreessÁlvaro Sebastião Teixeira Ribeiro, Ana Lucia Lopes, Anderson Ribeiro Oliva,

Alexandre Ratts, Adriane Damascena, Bárbara Oliveira Souza, Edileuza Penha deSouza, Gloria Moura, Iglê Moura Paz Ribeiro, Luiz Carlos dos Santos, Vera Lúcia

Santana

OOrrggaanniizzaaddoorreess ddooss tteexxttoossÁlvaro Sebastião Teixeira Ribeiro, Bárbara Oliveira Souza, Edileuza Penha de Souza,

Iglê Moura Paz Ribeiro

CCoooorrddeennaaççããoo EEddiittoorriiaallCléia Medeiros, Iradj Roberto Eghrari

AAssssiisstteennttee ddee CCoooorrddeennaaççããoo::Débora Lacerda

PPrroodduuççããoo,, ddiiaaggrraammaaççããoo,, ddiirreeççããoo ddee aarrttee ee iimmpprreessssããoo

Via Brasília Editora

SSuummáárriioo

PrefácioGGllóórriiaa MMoouurraa

A Ágere Cooperação em Advocacy, com esta publicação, consolida uma posiçãode vanguarda na formação de professores, alunos e demais interessados, noprocesso educativo brasileiro, a partir da difusão, da interpretação e do estudo da Lei10.639/03 que "Altera a Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece asDiretrizes e Bases da Educação Nacional, obriga a incluir no currículo oficial da Redede Ensino a temática "História e Cultura Afro-Brasileira e dá outras providências". Aaprofundada análise feita pelo Conselho Nacional de Educação/Conselho Pleno,consubstanciada no Parecer CNE/CP 03/2004, informou a Resolução nº 1, de 17 dejunho de 2004, do CNE, que "Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para aEducação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana". No entanto sabe-se do desconhecimento dos professores emrelação aos conteúdos exigidos pela Lei. A partir dessa constatação foi organizadaesta publicação "História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola", tendo comobase o conteúdo do Curso de Formação de Professores Ensino Afro-Brasil.

Esta publicação representa uma das possibilidades através da qual se pensar opaís em que vivemos com sua formação histórica e sua marca africanaindelevelmente deixada em todas as instâncias da vida nacional. Perseguir a meta deconhecer nossas origens e nossas raízes é buscar sedimentar nossa identidade aindainconclusa.

Conhecer a África de ontem e de hoje, a história do Brasil contada na perspectivado negro, com exemplos na política, na economia, na sociedade em geral, é uns dosobjetivos a se atingir. Pretende-se ainda reafirmar a constante presença da marcaafricana dos nossos ancestrais na literatura, na música, na criatividade, na forma deviver e de pensar, de andar, de dançar, de falar e de rir, de rezar e festejar a vida.

Busca-se, também, colaborar para uma crescente valorização da comunidadenegra, contribuindo para a elevação de sua auto-estima e propiciar aos professoresmecanismos para utilização deste conhecimento, na perspectiva de mudança damentalidade preconceituosa.

Conhecer e a aplicar a legislação tem a finalidade de fazer cumprir e garantir aplena eficácia do Art. 5º da Carta Magna "Todos são iguais perante a lei", na certezade que não há desiguais, mas diferentes. O respeito à diferença deve ser um dossustentáculos de uma sociedade democrática, marcada pela cidadania, pela inclusão,sonho de um país justo.

A escola é uma das instituições responsáveis pela instauração desse processo. Elaforma gerações e poderá contribuir para a mudança do quadro de injustiças vigente.É ainda de sua competência respeitar matrizes culturais e construir identidades,visando à dignidade da pessoa, respeitando as especificidades da herança culturalinclusa na infinita diversidade que constitui a riqueza humana.

O professor consciente de seu papel revolucionário será o baluarte datransformação de seus alunos fazendo-os seres pensantes e responsáveis por suasatitudes. Segundo o Prof. Paulo Freire é preciso descolonizar as mentes, a fim de que

88 Prefácio

o nosso jeito de ser e a nossa cultura possam ser valorizados. Importante o fato de uma entidade da sociedade civil, não necessariamente

integrante do movimento negro como tal, engajar-se no esfôrço de revelar o Brasilmulticultural, interétnico, diverso e constituído por um mosaico onde se destaca ainfluência africana, mormente a de nações abaixo do Saara.

A Ágere é uma das instituições pioneiras na divulgação da Lei 10.639, pois realizadesde 2005 o Curso Ensino Afro-Brasil, que atingiu aproximadamente 7.000pessoas. Tratou-se de grande desafio superado com êxito o que veio tornar possívelum acúmulo de experiências, inclusive quanto à metodologia desenvolvida porintermédio do ensino a distância.

É importante ressaltar que há tempos o movimento negro vem realizandoesforços para incluir nos currículos escolares a temática em questão. Ainda nos anos80, no Estado da Bahia, foi instituída lei com objetivo de incluir no currículo dasescolas oficiais o ensino de História da África e da cultura afro-brasileira, experiênciaque teve pequena duração pela ausência de professores qualificados.

No mesmo sentido, o VIII Encontro de Negros do Norte e Nordeste com o tema "O Negro e a Educação", realizado em Recife em julho de 1988 concluiu. que"aeducação é a base sobre a qual se estrutura a forma de pensar e agir de um povo eque o currículo escolar, nega a importância da contribuição do elemento africano eseu papel histórico, econômico, político e cultural na formação da sociedadebrasileira".

Atualmente a Ágere vem desenvolvendo importante trabalho de divulgação dosvalores afro-brasileiros, realizando pesquisas e oferecendo cursos. Esta publicação, éuma das contribuições para suprir uma das lacunas do ensino brasileiro.

AApprreesseennttaaççõõeess

O curso Formação em História e Cultura Afro-Brasileira e Africana - Ensino AfroBrasil surgiu a partir de um convênio entre a Ágere Cooperação em Advocacy e aSecretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD) doMinistério da Educação (MEC), no ano de 2005, com o objetivo de auxiliar naimplementação da Lei 10.639/2003 com a formação de 5000 professores paramelhor compreenderem e aplicarem o conteúdo daquela nova lei. O grupobeneficiado com o projeto foi composto por professores do ensino fundamental emédio, preferencialmente os professores das disciplinas História, LiteraturaPortuguesa e Artes, porém sem o impedimento de participação de profissionais dasdemais disciplinas, visto que o ensino de História e Cultura Afro-brasileria e Africanaconstituem tema a ser tratado de maneira transversal no currículo escolar. Gratuitoe via internet, o curso permitiu que os participantes determinassem seus horários deestudo.

Uma segunda fase desta mesma iniciativa teve início em maio de 2007continuando a parceria com a SECAD/MEC. Ela possibilitou a reciclagem e oaprimoramento de 3.000 professores formados na primeira etapa, buscando formarprofessores para atuar nas escolas na forma de multiplicadores do processo deaplicação da Lei 10.639/03 e influenciando a formulação do Plano PolíticoPedagógico (PPP) de cada escola onde os participantes da segunda fase lecionassem.O PPP é um instrumento que cada escola deve construir a partir de condiçõesespecíficas e coletivas, como produto de um processo contínuo e participativo. Como curso os professores devem impactar no desenvolvimento do mesmo de modo aassegurar a aplicação da Lei 10.639/2003 nas escolas. A certificação foi de extensãouniversitária com a carga horária de cada fase, emitido por meio da parceria entre aÁgere e a Faculdade do Noroeste de Minas (FINOM).

Para atender ao grande número de interessados, o curso Formação em História eCultura Afro-Brasileira e Africana começou uma nova turma ainda em 2007, comtérmino em 2008, onde foram disponibilizadas mais 2.000 vagas com apoio daAgência Nacional Canadense de Desenvolvimento Internacional (CIDA). A novidadefoi a produção da presente obra com os conteúdos disponibilizados no curso etambém alguns planos de aula desenvolvidos pelos próprios participantes.

Ao final do curso os participantes são convidados a avaliar o mesmo. As médiasjá colhidas revela que 88% dos participantes consideraram que os conhecimentosadquiridos foram de muita utilidade para o desenvolvimento das atividadesprofissionais e 90% com relação ao valor pessoal, 97% classificaram os objetivoseducacionais do curso entre bom e muito bom e 86% indicariam o curso para outrapessoa. Por estes resultados apresentamos nossos agradecimentos à equipe semprepresente da SECAD/MEC e da CIDA, a coordenação da Professora Glória Moura, aosautores dos textos, a empresa de tecnologia Faros que disponibilizou a plataformade ensino a distância e aos tutores do curso, toda equipe da Ágere e especialmenteaos participantes do curso.

Durante as três turmas do curso depoimentos como o da professora ElenoideMaria de Oliveira Santos (Bahia). Eu trabalho pela rede pública estadual e municipal.Na rede estadual já construímos o PPP e introduzimos até uma proposta sobre

1100 Apresentações

1111Formação em HIstória Cultural Afro-Brasileira e Africana

africanidades, na rede municipal o PPP da escola está engavetado, a coordenadorasegurou o plano e não abre espaço para a sua elaboração. Já levantei uma propostasobre África, estamos pensando em reunir num sábado pra ver o que é que sai-nosenchem de força para continuar buscando apoio para este trabalho, pois foram maisde 40.000 inscritos para 10.000 vagas disponibilizadas. Entendemos que todas etodos precisam saber quais são seus papéis em escreverem a história de nosso país,e muitas vezes são necessárias ferramentas como o curso e o livro ora apresentadospara auxiliar no seu traçado.

ÁÁggeerree CCooooppeerraaççããoo eemm AAddvvooccaaccyy

1122 Apresentações

É com grande satisfação que a Agência Canadense para o DesenvolvimentoInternacional - ACDI/CIDA apresenta esta publicação que reúne o resultado dasatividades do Projeto Ensino Afro Brasil. O projeto tem por objetivo oferecer o Cursode Formação em História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, oferecido, por meio deensino à distância, a 5000 professores em todo o país. A publicação deste livrocontribui para a implementação da lei 10.639/2003 que torna obrigatório o ensinoda História da África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negrabrasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuiçãodo povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil,nas escolas de ensino fundamental e médio, públicas e particulares, nos estados emunicípios.

A ACDI/CIDA é o órgão do governo canadense responsável pelo apoio aodesenvolvimento internacional e tem por meta colaborar para reduzir a pobreza,promover maior eqüidade e alcançar o desenvolvimento sustentável.

Para a ACDI/CIDA, o incentivo à igualdade de gênero e etnia é parte integral eessencial de sua missão. Assim, a ACDI/CIDA acolheu a proposta da Ágere que, emparceria com a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade doMinistério da Educação -SECAD/MEC, nos permitiu apoiar esta iniciativa quepromove igualdade étnico-racial e de gênero no Brasil.

AAnnnnee GGaauuddeett

CCoonnsseellhheeiirraa

CCooooppeerraaççããoo ee DDeesseennvvoollvviimmeennttoo

EEmmbbaaiixxaaddaa ddoo CCaannaaddáá

IInnttrroodduuççããoo

A valorização da Educação das Relações Étnico-Raciais, da história e cultura afro-brasileira e africana no espaço escolar origina-se da luta e da resistência do povonegro, como fruto da mobilização em prol de uma sociedade mais justa e igualitária,cabendo destacar a luta anti-racista dos Movimentos Negros Organizados,consolidada após a assinatura da Lei Áurea como um movimento pelo direito àeducação da comunidade negra.

Neste contexto, podemos destacar a atuação do JJoorrnnaall QQuuiilloommbboo1 que afirmava,em sua primeira edição, que era necessário "lutar para que, enquanto não forgratuito o ensino em todos os graus, sejam admitidos estudantes negros, comopensionistas do Estado, em todos os estabelecimentos particulares e oficiais deensino secundário e superior do País, inclusive nos estabelecimentos militares".

A educação, portanto, constitui-se como uma forte reivindicação das organizaçõesnegras ao longo da história de nosso país. Esteve presente na FFrreennttee NNeeggrraa BBrraassiilleeiirraa2,bem como nas ações e orientações do TTeeaattrroo EExxppeerriimmeennttaall ddoo NNeeggrroo (TTEENN)3, como aprimeira instituição a promover educação de jovens e adultos deste país.

O movimento em prol da educação não foi interrompido nem mesmo durante aditadura militar, culminando no processo nacional constituinte, no âmbito daConvenção Nacional do Negro pela Constituinte, realizada em Brasília, em 1986.Posteriormente, outro importante marco desse movimento é a realização, em 1995,da Marcha Zumbi dos Palmares, contra o racismo, pela cidadania e a vida, que trazem sua pauta mais uma vez reivindicações educacionais.

Em todos esses marcos, que simbolizam o processo contínuo de luta pelaconstrução de uma educação promotora da eqüidade, dos direitos e da pluralidadecultural, racial, étnica e social do país, é pautada, de distintos modos, a importânciade se abordar em sala elementos que abarquem a história e cultura africana e afro-brasileira, bem como que se promovam novos paradigmas para as relações étnico-raciais em nosso país.

Essas reivindicações históricas sinalizam para a importância de se ampliar o acessoà educação em todos os níveis para a população negra, bem como para a construçãode currículos escolares que dêem conta da diversidade de nosso país. Esse processoenvolve, fundamentalmente, a formação das professoras e professores para essasdimensões, a elaboração de materiais didáticos que trabalhem de modo nãoestereotipado e preconceituoso a magnitude da cultura e história afro-brasileiras eafricanas e, fundamentalmente, o compromisso de construir uma sociedade a partirde parâmetros anti-racistas.

Esses processos de luta dos movimentos negros tiveram reflexos também emlegislações municipais, estaduais e nacionais. As Leis Orgânicas dos municípios deSalvador e Belo Horizonte, por exemplo, estabelecem proibições à adoção de livro

1144 Introdução

1 Quilombo, com seu subtítulo "Vida, problemas e aspirações do negro", dirigido por Abdias Nascimento era ocombativo órgão da imprensa, fundado em 1949, preocupado em analisar as conseqüências do racismo sobrea população negra. Edição fac-similar. Rio de Janeiro: Editora 34, 2003.

2 Fundada em 16 de setembro de 1931, era dirigida por um Grande Conselho. Com os êxitos alcançados, a FrenteNegra transformou-se em partido político em 1936 e foi fechada em 1937 pelo Estado Novo de Getulio Vargas.

3 Idealizado, fundado (em 1944) e dirigido por Abdias Nascimento, o Teatro Experimental do Negro tinha comoobjetivo a valorização do negro no teatro e a criação de uma nova dramaturgia.

1155História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

4 Educação e relações raciais: refletindo sobre algumas estratégias de atuação. In Munanga, K. Superando o racismona escola – Ministério da Educação/Secretaria de Educação Continuada, alfabetização e diversidade, 2005.

didático que dissemine qualquer forma de discriminação ou preconceito. Essamesma perspectiva está presente em outras leis municipais de outras regiões, comoas da cidade do Rio de Janeiro e de Teresina.

Para além dessa dimensão, há outras legislações estaduais que remetem ao deverdo Estado de promover a adequação programática de disciplinas como geografia,história, estudos sociais, educação artística, entre outras, para a valorização daparticipação do negro na formação histórica da sociedade brasileira, como aConstituição do Estado do Bahia, de 1989 e a Lei 6.889, de 1991, do município dePorto Alegre.

Há, portanto, um processo bastante longo de mobilizações sociais e de marcoslegais que antecede a entrada em vigor da Lei 10.639, de 2003, e das DiretrizesCurriculares para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de Históriae Cultura Afro-Brasileira, de 2004.

A Educação das Relações Étnico-Raciais, da história e cultura afro-brasileira eafricana objetiva a inserção, no espaço escolar, das várias experiências e linguagensde resistência da população negra. A temática racial precisa ser tratada de modo aque se reduzam os estereótipos e a reprodução dos modelos que inferiorizam osestudantes que são identificados como negros e negras. A Lei 10.639/2003 é um dosmarcos para a efetivação da educação anti-racista e a sua implementação passafundamentalmente pela capacitação continuada de professores e profissionais daeducação sobre essa temática.

Tratado sob diferentes abordagens, o Movimento Negro organizadohistoricamente ressaltou a necessidade de a sociedade brasileira encarar a existênciado racismo e da discriminação racial, e pôr em xeque a controvertida democraciaracial. Em 2001, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) revelou que, dos53 milhões de pobres brasileiros, 70% são negros. Essa desastrosa desigualdadeeconômica produz efeitos em todos os segmentos da sociedade, obrigando ogoverno brasileiro a intensificar políticas públicas para amenizar essa disparidade e,ao mesmo tempo, investir na correção das diferenças entre os grupos étnico-raciaisnos setores sociais, econômico, político e cultural.

Na educação, a alarmante taxa de analfabetos na população maior de 15 anosresulta em parte das discriminações raciais e da veiculação de idéias racistas naescola, e somente uma educação voltada para a pluralidade étnico-racial é capaz dedesconstruir o racismo e seus derivados nos espaços escolares. A escola precisapromover relações entre conhecimento escolar/realidade, social/diversidade e ético-cultural assumindo "que o processo educacional também é formado por dimensõescomo ética, as diferentes identidades, a diversidade, a sexualidade, a cultura, asrelações raciais, entre outras4".

Desde 2003, o Estado brasileiro tem possibilitado a intensificação de açõesafirmativas no sentido de assegurar a efetivação dos direitos da população afro-brasileira como direitos humanos. Dentre essas ações, a interdição do racismo naescola se concretiza com a implementação da Lei 10.6395 e das Diretrizes

1166 Introdução

Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensinode História e Cultura Afro-Brasileira e Africana6.

O desafio é aprender e ensinar novas relações de afetividade, sedimentalizar açõesque como afirma a professora Gloria Moura7, possibilitem "desenvolver na escola,novos espaços pedagógicos que propiciem a valorização das múltiplas identidadesque integram a identidade do povo brasileiro, por meio de um currículo que leve oaluno a conhecer suas origens e se reconhecer como brasileiro". A escola, comoespaço da sociedade, deve promover o desenvolvimento da aprendizagem solidária,enriquecer os laços comunitários e afirmar o respeito às diferenças individuais ecoletivas. A aquisição de saberes promove a abolição do racismo, do desrespeito àsdiferenças e da discriminação racial.

Conceber uma educação anti-racista é, portanto, o único caminho capaz deconstruir o sentimento de pertença, ao mesmo tempo em que descortinaperspectivas de uma educação de qualidade, imprime à escola valores e práticas dacosmovisão africana em que a ética, a emoção e a afetividade formam o tripé quesustenta o equilíbrio social e possibilita a edificação da cidadania.

Existe hoje uma demanda na sociedade brasileira em relação ao conhecimento dahistória e cultura afro-brasileira e africana na educação básica e superior. Com apublicação da Lei 10.639/2003 e das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaçãodas Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira eAfricana, essa demanda ganha proporções ainda maiores. A inclusão do estudo dahistória do negro no Brasil, suas lutas, sua resistência e participação na formação daidentidade nacional em todos os aspectos, justifica-se pelo elevado percentual dapopulação afro-descendente e pela imensa importância da identidade afro-brasileira.

A implantação da Lei 10.639/2003 e das Diretrizes Curriculares implica algunscaminhos, dos quais cabe destacar: a elaboração de materiais didáticos sobre essatemática, a sensibilização e a construção de propostas pedagógicas das escolas paraa consolidação de uma educação anti-racista (com redefinições dos planos políticospedagógicos e dos currículos escolares) e a formação e capacitação continuada deprofessores/as e demais profissionais da educação para essa abordagem.

A presente publicação é resultado de dois cursos voltados para a formaçãocontinuada de professores(as), na modalidade a distância, com foco naimplementação da Lei 10.639/2003 e das Diretrizes Curriculares para a educação dasrelações étnico-raciais e para o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana.Os cursos compuseram o Programa de Educação das Relações Étnico-Raciais -Aplicando a Lei 10.639/2003, e foram realizados entre 2004 e 2007.

5 De 9 de janeiro de 2003 a Lei nº 10639, incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática"História e Cultura Afro-Brasileira".

6 "O Conselho Nacional de Educação, pela Resolução CP/CNE nº 1, de 17 de junho de 2004 (DOU nº 118, 22/6/2004,Seção 1, p. 11), instituiu diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações étnico-raciais e para oensino de história e cultura afro-brasileira e africana, a serem observadas pelas instituições, em todos os níveise ensino, em especial, por instituições que desenvolvem programas de formação inicial e continuada deprofessores. A resolução tem por base o Parecer CP/CNE nº 3, de 10 de março de 2004, homologado peloMinistro da Educação, em 19 de maio de 2004."

7 GOMES, Nilma Lino. O direito a diferença. In. Munanga, K. Superando o racismo na escola. Ministério da Educação,SECAD, 2005.

1177História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

As iniciativas para a elaboração das duas etapas do curso Ensino Afro surgiram deprofessoras e professores comprometidos com essa questão, em diálogo com outrasorganizações não-governamentais, como a Ágere, e governamentais, como aSecretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade - Secad, doMinistério da Educação.

A urgente necessidade de uma educação anti-racista implica na reformulação doscurrículos escolares, visando a corrigir os estereótipos sobre as representações daHistória da África e a luta do povo negro no Brasil. A formação continuada dosprofissionais da educação é o principal instrumento de empoderamento evalorização de professores e professoras, além de possibilitar uma intervenção quegaranta o respeito às diferenças e à diversidade, ao mesmo tempo em que estabelecea criação de novos valores e paradigmas para a educação.

Como parte desse movimento de promoção da eqüidade étnico-racial naeducação, essa publicação amplia o leque de acesso ao conteúdo dos cursosrealizados, com foco na formação em História e Cultura Afro-Brasileira e Africana enas estratégias de multiplicação dessa temática na comunidade escolar. Apublicação, além de reunir o conteúdo teórico dos cursos, traz uma seleção de 60planos de aula que expressam, de modo diverso, uma dimensão prática daimplementação de estratégias em diálogo com a Lei 10.639/2003.

Reunir os conteúdos e resultados dos dois cursos na presente publicação representaos esforços de dar continuidade a essa corrente. A proposta desta publicação é umainiciativa que visa a fortalecer, portanto, a implementação da Lei 10.639/2003, uma vezque se apresenta como mais um subsídio para a educação das relações étnico-raciais eda história e culturas afro-brasileiras e africanas nas escolas.

Os Planos de aula representam uma multiplicidade de estratégias utilizadas porprofessoras e professores de diversas regiões do país, docentes nos mais variados níveis,no processo de implementação da Lei supracitada e das Diretrizes Curriculares para oEnsino da História e Cultura Afro-brasileiras e Africanas. Como afirma o professor CarlosRodrigues Brandão8, "chegou o tempo de aprendermos, ou reaprendermos, retornandoà tradição de culturas ancestrais, a lição de antigos e de novos ensinamentos". Com essaspalavras reafirmamos que esta publicação é também fruto das ações implementadas peloMovimento Negro, que como já dissemos acima sempre pautou uma educação inclusiva,pública e de qualidade para todos e todas.

Deste modo, queremos nos dirigir a professores e professoras, bem como a todaa comunidade acadêmica e escolar, especialmente aos/às profissionais de educaçãocomprometidos/as com a construção de uma educação que compartilha a dialéticado aprender e do ensinar em todos os níveis e para todos.

Com a implantação da Lei 10.639/2003, as relações étnico-raciais ganham uma outradimensão nas escolas, nos currículos e nos Planos Políticos Pedagógicos. Deste modo,sempre na perspectiva de contribuir com essa implementação que se faz urgente enecessária, e ainda, recorrendo e reconhecendo a valorização dos ensinamentos do PovoNegro, esta publicação está organizada em quatro seções, de forma a integrar os textosdos dois cursos, que estão organizados por proximidade temática. 8 BRANDÃO, Carlos Rodrigues. AApprreennddeerr oo aammoorr – sobre um afeto que se aprende a viver. Campinas : Papirus, 2005

Introdução

Na primeira seção, Cosmovisão africana e identidade negra no Brasil, sãoabordados aspectos relacionados à filosofia de vida africana e complexidade doethos na identidade afro-brasileira. Na segunda seção, Espaços de resistência:história, bases legais e educação, estão os fundamentos legais da temática e doProjeto Político Pedagógico – PPP, bem como os fundamentos legais da questãoétnico-racial, a partir da Constituição Federal, da Lei 9394/96 – LDB, da Lei10.639/03 e das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das RelaçõesÉtnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Nessaseção também serão abordados os aspectos gerais que permeiam a dinâmica depautar o PPP em diálogo com a Lei e as Diretrizes.

Na Terceira Seção – A escola como espaço de transformação, estão presentes reflexõessobre os marcos que balizam a construção do PPP. O Marco Situacional, que pretendeapresentar a visão dos professores sobre questões como Quem somos? Em quesociedade vivemos? Que sociedade queremos? Que educação queremos?, entre outrospontos. Nessa seção, estarão presentes também o Marco Conceitual, que define osparâmetros conceituais nos quais o PPP está assentado, e o Marco Operacional, queapresenta a operacionalização do PPP, via currículo escolar. A partir desses marcos, serãotrabalhadas, nos textos, abordagens referentes à promoção da Educação das relaçõesétnico-raciais socialmente construídas e em como essas relações estão presentes nos livrosdidáticos, nas interações da comunidade escolar e na estrutura social como um todo.

Na quarta e última seção, Caminhos para a eqüidade na escola, trabalhamos naconstrução curricular da escola a partir da temática das relações étnico-raciais e da culturae história afro-brasileira e africana. Nessa seção, estão presentes os planos de aulasconstruídos pelas(os) docentes cursistas, no curso anterior. Esses planos poderão oferecerindicativos de temáticas e práticas pedagógicas adequadas ao desenvolvimento doassunto. Também estará disponível nessa seção toda a relação de livros, filmes, sites emúsicas que a equipe apresenta como sugestão de material a ser usado em sala, eaqueles voltados para aprofundar os conhecimentos dos docentes sobre a temática.

Não temos dúvida de que a construção de um mundo melhor e mais justo passatambém pela escola. Deste modo é tarefa de todos e todas tecer uma educação querepresente e reconheça as diferenças, a diversidade e a pluralidade étnico-racialcomo possibilidade concreta de construir um espaço de combate ao racismo, aospreconceitos e de qualquer forma de discriminação. Buscamos abordar em cadaseção deste livro situações do cotidiano de nossas escolas, a fim de que possamosaprimorar ainda mais a compreensão e a premissa, por parte dos/as gestores/as,professores/as, pessoal de apoio, grupos sociais e instituições educacionais, de queimplantar a Lei 10.639/2003 é a responsabilidade de construir uma escola maishumana e mais fraterna. Já é passada a hora de toda e qualquer escola deste paísreconhecer a necessidade das ações afirmativas como código de extensão do amore da sobrevivência humana.

Brasília, outono de 2008.BBáárrbbaarraa OOlliivveeiirraa SSoouuzzaa

EEddiilleeuuzzaa PPeennhhaa ddee SSoouuzzaa

1188

SSeeççããoo II CCoossmmoovviissããoo aaffrriiccaannaa

ee iiddeennttiiddaaddee nneeggrraa nnoo BBrraassiill

2211História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

A Canção dos PovosBBáárrbbaarraa OOlliivveeiirraa SSoouuzzaa && EEddiilleeuuzzaa PPeennhhaa ddee SSoouuzzaa

A Canção dos Povos

Quando uma mulher, de certo povo africano,sabe que está grávida, segue para a selva com outras mulheres

e juntas rezam e meditam até que aparece a "canção da criança".

Quando nasce a criança, a comunidade se juntae lhe cantam a sua canção.

Logo, quando a criança começa sua educação,o povo se junta e lhe cantam sua canção.

Quando se torna adulto, a gente se junta novamente e canta.Quando chega o momento do seu casamento a pessoa escuta a sua canção.

Finalmente, quando sua alma está para ir-se deste mundo,a família e amigos aproximam-se e,

igual como em seu nascimento,cantam a sua canção para acompanhá-lo na "viagem".

Neste povo há outra ocasião na qual os homens cantam a canção.

Se em algum momento da vida a pessoa comete um crimeou um ato social aberrante, o levam até o centro do povoado

e a gente da comunidade forma um círculo ao seu redor.

Então lhe cantam a sua canção.O povo reconhece que a correção para as condutas

anti-sociais não é o castigo;é o amor e a lembrança de sua verdadeira identidade.

Quando reconhecemos nossa própria cançãojá não temos desejos nem necessidade de prejudicar ninguém.

Teus amigos conhecem a "tua canção"e a cantam quando a esqueces.

Aqueles que te amam não podem ser enganados pelos erros que cometes ou as escuras imagens que mostras aos demais.Eles recordam tua beleza quando te sentes feio;

tua totalidade quando estás quebrado;tua inocência quando te sentes culpadoe teu propósito quando estás confuso.

2222 A Canção dos Povos

Na história de diferentes povos da humanidade, a música representa o símbolode fortalecimento e coesão social, de forma que quando analisarmos o conteúdo daapresentação "Canção dos Povos" podemos pensar o quanto a música significa paraos povos africanos. O que caracteriza o processo histórico desses povos é o seusentimento de pertença, princípios e valores que marca o ciclo filosófico darepresentação da vida e da morte como percurso contínuo.

Esse processo histórico se caracteriza pela ancestralidade, e só por meio dela foipossível reconstruir as origens, as etnias e a memória. Como afirma Juana Elbein(1988): "Essa memória, enraizada na multiplicidade da herança negro-africana,expande com força total". A força vital é a dinâmica civilizatória1 que possibilitou acontinuidade do povo negro na Diáspora. Ao serem arrancados do continente mãe,milhares de africanos e africanas reconstruíram sua territorialidade2, se apoderandodos valores e da circularidade3 herdada de seus ancestrais. Os elementos quecompõem o panorama da ancestralidade estão presentes nas comunidades deterreiro, nos territórios quilombolas, nas escolas de samba, nos folguetos, maracatus,no congo, na congada e nas incontáveis manifestações culturais afro-brasileiras.

Assim toda a identidade negra está pautada na representação do território e daterritorialidade, do corpo e da corporalidade4, da comunidade e da comunalidade5

negra e esses elementos utilizam-se da musicologia individual e coletiva de cadaindividuo. (Luz, 1999).

Uma proposta plural de educação só será possível com a recriação de nossascanções ancestrais, pois essas reúnem elementos para a superação dos obstáculosetnocêntricos6 "impertinentes na participação e na interação entreeducador/educando, artista/comunidade" (Santos, 2002, p. 28). Música e dançaprecisam compor o currículo escolar como fonte de identidade, uma vez quesomente a identidade possibilita o desenvolvimento de nossos destinos. (Luz, 1995).

É preciso compreender que parte do distanciamento entre a escola e acomunidade está referendado na sociedade neocolonial/europocêntrica (centrada naperspectiva européia) que não se permite escutar as canções de seus educadores eeducandos. Solidificada nas amarras do Estado burocrático, a escola dissemina

1Nos referimos, aqui, ao contínuo civilizatório africano.2Territorialidade: A territorialidade se dá através da força vital, da energia concentrada em tal espaço, sem fronteiras rígidas.

A territorialidade pode ser concebida como os espaços de práticas culturais nas quais se criam mecanismos identitáriosde representação a partir da memória coletiva, das suas singularidades culturais.

3Circularidade: A circularidade diz respeito ao caráter do pensamento cíclico, mítico, muitas vezes relacionado àssociedades tradicionais em que os tempos passado, presente e futuro se processam em círculo: elementos dopassado podem voltar no presente, especialmente através da memória.

4Corporalidade: Corporalidade é o viver cotidiano de cada pessoa, indivíduo e coletividade. Está relacionada àexistência, ao trabalho, ao lazer, à sexualidade, enfim, à linguagem corporal que expressamos nessas atividades.

5Comunalidade: representada nos valores da comunidade, a comunalidade é expressão lúdico-estética,estabelecendo "a referência à compreensão da arkhé que funda, estrutura, revitaliza, atualiza e expande aenergia mítico-sagrada da comunalidade africano-brasileira"(Luz, 2000c, p. 47).

6O eurocentrismo é tido como uma visão de mundo que tende a colocar a Europa (assim como sua cultura, seupovo, suas línguas) como o elemento fundamental na constituição da sociedade moderna, sendonecessariamente a protagonista da história do homem. Acredita-se que grande parte da historiografia produzidano século XIX até meados do século XX assuma um contexto eurocêntrico, mesmo aquela praticada fora daEuropa. Manifesta-se como uma espécie de doutrina, corrente no meio acadêmico em determinados períodosda história, que enxerga as culturas não-européias de forma exótica e as encara de modo xenófobo.

RReeffeerrêênncciiaass

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2233História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

RReefflleexxõõeess ssoobbrree oo tteemmaa• O que esta apresentação nos remete?• Será que podemos pensar nossa ancestralidade através dela? Podemos nos

deixar ir ao encontro da nossa história e dos vários povos que a compõe? • É possível que esse encontro com nossa ancestralidade e com nossas raízes nos

possibilite uma prática transformadora?

estereótipos e ideologias equivocadas e destrói o referencial e visão de mundo de"outros sistemas simbólicos civilizatórios, que também expressam formas próprias emtorno do ato de educar" (Luz, 1997, p. 202).

Encontrar nossas canções nos possibilita transformar e criar permanentemente arelação com o outro que está na nossa sala de aula, na escola, na comunidade; bemcomo com o outro que traz uma cultura, um olhar diferente. Essas relações nospermitem encontrar nossa própria canção. Bem, é sobre isto que vamos refletir nestelivro. A proposta colocada aqui é aprender com o que nos diferencia e com o quenos constrói, buscar nossas referências, nossa ancestralidade, a nossa canção.

A busca pela nossa canção, pelos elementos que nos localizam no mundo éfundamental para o fortalecimento de nossa identidade. Para muitos povosafricanos, a música ocupa o lugar da oralidade, da transmissão e perpetuação dosconhecimentos na vida.

2244 A Canção dos Povos

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2255História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

Africanidades - Cosmovisão Africana, História da África

EEddiilleeuuzzaa PPeennhhaa ddee SSoouuzzaa ee BBáárrbbaarraa OOlliivveeiirraa SSoouuzzaa

"A história da África é necessária à compreensão da história universal,da qual muitas passagens permanecerão enigmas obscuros,

enquanto o horizonte do continente africano não tiver sido iluminado".

JJoosseepphh KKii--ZZeerrbboo

Quando nós, educadores e educadoras em diferentes postos e modalidades,privilegiamos os valores africanos, reafirmamos a humanidade da memóriacivilizatória do continente-mãe. Em outras palavras, reconhecemos a necessidade demudar o caminho percorrido de repressão e violência, que nos legou tão somenteimagens distorcidas, equivocadas e limitadas de mundo negro. A comprovaçãocientífica de que a África é o berço da humanidade nos impõe o desafio de pensá-lacomo local de origem histórica e sócio-político-cultural de todos os povos.

A resistência negra, fundamentou-se, em grande parte, na compreensão demundo e nos valores ancestrais, e na crença de mudanças e continuidade dacosmovisão africana. Essa cosmovisão está sedimentada na visão ímpar de mundo,na qual o reconhecimento da pessoa humana passa pelas histórias e dá continuidadeà herança herdada dos deuses e dos humanos: "Um importante elemento queencontramos na maioria das populações africanas é a não separação entre naturezae política, poder e religião, ou seja, não há uma estratificação entre estas camadasimportantes da vida da sociedade. Tudo é visto de acordo com o princípio daintegração, segundo o qual os vários elementos se comunicam e complementam"(Oliveira, 2003, p.37).

Essa riqueza cultural que atravessou o Oceano Atlântico possibilitou a criação denovos valores do continuum africano, e nesse sentido, afirma Azoilda Loretto daTrindade (2002), "Para o povo negro, resistir foi algo além da complexidade daexistência. Resistir e sobreviver esteve diretamente ligado à preservação da memória,da recriação de valores circulares e do respeito e veneração pelo plano cosmo queabriga nossos ancestrais".

O ensino de história e cultura africana e afro-brasileira alimenta a educaçãopluricultural e possibilita, por meio de atividades lúdicas e estéticas, conhecer assingularidades africanas num contexto da história geral da humanidade; remete ainterpretações que estão intimamente ligadas a uma dimensão histórica que ultrapassaa extensão territorial - 30.343.551 km², o que corresponde a 22% da superfície sólidada Terra -, (WEDDERBURN, 2005). Na proposta de curso sobre a história da África, oprofessor Henrique Cunha Jr. apresenta dezessete itens como obrigatórios para comporo conteúdo programático: 11.. Justificativa político-cultural do estudo da História eGeografia africana no Brasil; 22.. Questões conceituais da abordagem das africanidades eafrodescendência brasileiras; 33.. Fontes documentais da História africana; 44.. Metodologiada História africana; 55.. Oralidade e História na África; 66.. África como berço da

2266 Africanidades - Cosmovisão Africana, História da África

humanidade e das civilizações; 77.. Geografia física e populacional e econômica da Áfricaem três períodos históricos; 88.. As civilizações da África do Rio Nilo: Egito, Núbia eEtiópia; 99.. As civilizações da África do Rio Niger: Gana, Mali e Songai; 1100.. Reinos e povosda África Ocidental entre os Séculos XIV e XVIII; 1111.. As civilizações do Rio do Gongo:Séculos XV a XVIII; 1122.. As civilizações do Rio Zambeze, Grande Zimbábue e ImpérioMonomopata; 1133.. As cidades - Estados do Oceano Índico: Povos Suarili entre os séculosVI e XVI; 1144.. As civilizações do Norte Africano; 1155.. As invasões coloniais européias e asreações africanas; 1166.. O subdesenvolvimento africano pela exploração européia e 1177.. Aslutas de independência na África.

Aprofundar esse e outros conteúdos sobre a história e a cultura africana é apenas umpasso no sentido de conhecer importante parte da história, e é nessa perspectiva que oshistoriadores Cheik Anta Diop e Joseph Ki-Zerbo destacam outros aspectos naabordagem acerca do continente africano. Os saberes e as técnicas utilizadashistoricamente pelos vários povos africanos são bastante significativos. Os sistemas deescrita, conhecimentos de astronomia, mmaatteemmááttiiccaa (ossos petrificados encontradosentre o Congo e Uganda sugerem que há mais de 20 mil anos os africanos já pensavamnumericamente), aaggrriiccuullttuurraa (no Brasil, os africanos aplicaram seus conhecimentos emtécnicas de irrigação, rotação de plantios, adubagem com esterco e restos de cozinha eplantação de variadas culturas numa mesma gleba de terra), mmeettaalluurrggiiaa (a partir doséculo XV, no reino do Benim, os africanos utilizavam o latão - liga de cobre e zinco -na produção, já dominavam o ferro desde 600 anos a.C), aarrqquuiitteettuurraa (senhores dosopapo, técnica conhecida como pau-a-pique, a arquitetura africana é rica em estilos etécnicas: tetos abobadados, arabescos, colunas talhadas e muitos outros), mmeeddiicciinnaa ("Namedicina, praticavam desde a cesariana até a autópsia, passando por vários outros tiposde cirurgia, para não mencionar a vacina contra varíola e outras doenças" (Nascimento,2006: 38). Portanto, uma característica marcante da experiência africana é o seudesenvolvimento tecnológico, cultural e humano, que deve compor, por sua vez, oconteúdo e a abordagem dos currículos, dos livros didáticos e na sala de aula sobre aÁfrica.

A aproximação de professores e professoras comprometidos/as com o ensino dahistória da África conduz ao rompimento com estereótipos, preconceitos ediscriminações que historicamente foram construídas em relação à África e aos povosafricanos, ensejando-lhes avançar seus conhecimentos e práticas educativas com umanova postura ante seu objeto de estudo. Como afirma o professor Carlos Moore:

"Os estudos sobre a história da África, especificamente no Brasil, deverão serconduzidos na conjunção de três fatores essenciais: uma alta sensibilidadeempática para com a experiência histórica dos povos africanos; uma constantepreocupação pela atualização e renovação do conhecimento baseado nasnovas descobertas científicas; e uma interdisciplinaridade capaz de entrecruzaros dados mais variados dos diferentes horizontes do conhecimento atual parase chegar a conclusões que sejam rigorosamente compatíveis com a verdade".(2005, p. 161).

Indiscutivelmente, a importância dos estudos sobre história da África passa pelamatriz civilizatória que os povos africanos e seus descendentes desempenharam na

2277História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

formação das Américas. Assinala elementos da cosmovisão e do processo coletivoem que envolve a socialização, a pessoa, o tempo, a palavra, a força vital, o universo,a família, a sociedade, a produção, a reprodução, o poder, a ancestralidade, aespiritualidade, a comunidade, a escola, o cosmo, a terra, a água, o ar, o fogo, a vidae a morte.

RReeffeerrêênncciiaass

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humanidade?• Que mudanças e avanços o currículo de sua escola pode apresentar com a

introdução dos estudos da história e cultura africana?

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2299História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

O Ensino da História da África em debate(Uma introdução aos estudos africanos)

AAnnddeerrssoonn RRiibbeeiirroo OOlliivvaa

Há alguns dias encontrei um professor, colega de trabalho, que retornara de suaprimeira visita a uma cidade africana. Ele estivera em Luanda, capital de Angola.Perguntei sobre referências da cidade que ainda carrego frescas em minha memóriae de alguns hábitos, comuns a certos grupos de pessoas que habitavamdeterminados bairros, e que tinha me familiarizado. Seu depoimento foi um mistode inquietação e descontentamento.

Problemas para apanhar e despachar as bagagens no Aeroporto Internacional 4 defevereiro, o trânsito caótico, o sistema de coleta de lixo urbano extremamente falho ouainda os intermitentes horários de funcionamento de algumas casas de comércio ouórgãos públicos, marcaram seus olhares sobre Angola com os indícios do desprestígio eda incompreensão. Apesar disso o tamanho da cidade o havia impressionado. Já de suaestadia em Johannesburg, na África do Sul, em que pernoitou na volta, sobraramelogios e espantos. Mesmo já tendo escutado depoimentos e visto imagens sobre acidade ele ficou admirado com seu traçado urbanístico, com o moderno aeroporto ecom o hotel de luxo em que ficou. "Nem parecia estar na África", finalizava o colega.

Vista de um avião da companhiaangola TAAG na pista doAeroporto Internacional4 de Fevereiro, emLuanda.

Exageros em parte dessa postura, podemos perceber que ela encontra elos com asnarrativas de viagem de centenas de brasileiros, americanos ou europeus que viajam ouviajaram para a África. Discordo, em parte, de quase todos eles e de seus argumentos.

Parece plausível que, em rápidas passagens por determinadas ruas de váriascidades africanas, alguns ocidentais, se impressionem pelo lixo acumulado nassarjetas ou pelo trânsito caótico, eles estão lá. O mesmo serve para aqueles que sedeparam com as estatísticas e os números de perdas humanas nas guerras, dasvítimas de malária e dos contaminados pela Aids, eles também estão lá.

Porém, essas realidades não revelam e nem sintetizam o que é a África, nem seuscentros urbanos. Eles são, evidentemente, muito mais do que isso. Os graves problemas

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3300 O Ensino da História da África em debate

existem, e vão continuar existindo nos próximos anos, mas há, nos passados e presentesafricanos, muito mais do que fome, guerra, doença e sujeira. Além disso, é certo afirmarque as realidades descritas pelo colega muito pouco de distingam de alguns bairros edados estatísticos que encontramos em nossas cidades. Sujeira e violência nunca foramexclusividades, muito menos identificadores das cidades africanas, apesar de parecerque elas, pelos olhares ocidentais muito limitados, deveriam se resumir a estas imagens.Por que então reduzir o outro a isso, enquanto olhamos para os mesmos problemasinternos e achamos que são realidades passageiras ou de menor importância naconstrução de uma identidade positiva sobre nós mesmos?

Refletindo acerca de tão profundo desconhecimento ou sobre essa cargaimaginária negativa cheguei a uma conclusão, um tanto óbvia, no esforço de tentarexplicar o porquê de existir, em nossas falas cotidianas, tão poucas expectativas ouimpressões positivas sobre o continente negro: a África e suas múltiplas experiênciashistóricas não nos foram apresentadas durante nossas trajetórias de vida e formaçõesescolares, a não ser por meio de informações que estavam recheadas de equívocose simplificações. Quantos de nós estudamos a África quando transitávamos pelosbancos das escolas? Quantos tiveram a disciplina História, Literatura, Arte ouGeografia da África nos cursos de Graduação? Quantos livros ou textos lemos sobrea questão? Tirando as leituras que associam a África e os africanos à escravidão, asbreves incursões pelos programas do National Geographic ou Discovery Channel, ouainda as imagens chocantes de um mundo africano em agonia, da Aids que sealastra, da fome que esmaga, dos grupos étnicos que se enfrentam com grandeviolência ou dos safáris e animais exóticos, o que sabemos sobre a África?

Para começar a mudar esse quadro de imagens temos que, inicialmente, reconhecera relevância de estudar a África, independente de qualquer outra motivação. Não éassim que fazemos com a Mesopotâmia, a Grécia, a Roma, com suas civilizações elegados ou ainda a Reforma Religiosa, os Estados Nacionais Europeus, RevoluçõesLiberais ou as contribuições da Europa Moderna em nossa formação, como nas artes,nas formas de pensamento ou na literatura. Muitos irão reagir à minha afirmação,dizendo que o estudo dos citados assuntos muito explica nossas realidades ou algunsmomentos de nossa História ou características atuais. Nada a discordar. Agora, e aÁfrica, não nos explica? Não somos (brasileiros) frutos do encontro ou desencontro dediversos grupos étnicos ameríndios, europeus e africanos?

A História da África e a História do Brasil estão mais próximas do que alguns1

gostariam. Se nos desdobramos para pesquisar e ensinar tantos conteúdos, em umesforço de, algumas vezes, apenas noticiar o passado ou características de algumasescolas de pensamento ou de padrões artísticos, por que não dedicarmos um espaçoefetivo para a África em nossos programas ou projetos. Os africanos não foramcriados por autogênese nos navios negreiros e nem se limitam em África à simplistae difundida divisão de bantos e sudaneses ou de culturas negro-africanashomogêneas. Devemos conhecer a África não apenas para dar notícias aos alunos,

1Na realidade não estamos fazendo referência a nenhuma instituição ou grupo de pessoas específico, mas sim aoimaginário coletivo brasileiro, que com poucas exceções, não assume a sua africanidade.

3311História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

mas internalizá-la neles. Por isso devemos saber responder com boa argumentaçãoàs perguntas acima apresentadas. Porém, chega de defesas ou apologias de umaHistória, e nos concentremos nas "coisas sérias".

O presente texto se propõe realizar uma dupla tarefa: entregar aos nossos leitoresuma reflexão sobre a forma como a África tem sido tratada nas salas de aula brasileiras,a partir da análise dos conteúdos destinados à História da África em alguns manuaisutilizados em nossas escolas. Conjuntamente a essa tarefa, que talvez se transforme emum manual de releitura dos livros didáticos pelos professores e alunos, tambémapontaremos como poderia ser a forma correta de abordagem de algumas temáticasvisitadas, além de indicaremos referências bibliográficas aos docentes. Esperamos queessa indicação das referências bibliográficas permita o complemento de leituras e umaaproximação mais densa e substancial por parte dos interessados no assunto.

AA ÁÁffrriiccaa eennssiinnaaddaa nnoo BBrraassiillAo levar em consideração que a freqüência ao ensino é obrigatória2 no Brasil, no

que chamamos de Ensino Fundamental - com duração de nove anos – podemossupor que o material didático produzido e utilizado nas escolas seja um instrumentode grande importância para a construção do conhecimento e na elaboração dereferências sobre a História da África e dos africanos. Talvez esse poder seja menordo que o da mídia ou das imagens daquele continente que chegam pela Internet,cinema ou TV e cercam nossos estudantes. Mas, mesmo assim, o estudo da históriaafricana nas salas de aula brasileiras, não deixa de ser uma possibilidade demudanças nos olhares lançados sobre os africanos e suas histórias.

A partir desse contexto, apresentaremos a seguir análise realizada sobre a formacomo alguns dos manuais escolares de História utilizados nas escolas brasileirasabordaram a História da África e representaram, por meio de imagens e textosescritos, os africanos. Com relação ao tratamento concedido a História do continentelimitaremos o esforço analítico aos trechos que se referem ao período anterior aoséculo XIX, já que, sobre esse recorte da história africana é ainda maior o silêncio.Esperamos que seja uma boa contribuição inicial para tão importante debate.

OOss aaffrriiccaannooss ddeennttrroo ddooss mmaannuuaaiiss eessccoollaarreess ddee HHiissttóórriiaaSilêncio, desconhecimento e poucas experiências positivas. Poderíamos assim

definir o entendimento e a abordagem da história africana nas coleções de livrosdidáticos brasileiros. Apenas um número muito pequeno de manuais possuicapítulos específicos sobre a temática. Nas outras obras, a África aparece apenascomo um figurante que passa despercebido em cena, sendo mencionada como umapêndice misterioso e pouco interessante de outros assuntos. Tornou-se evidentetambém que, quando o silêncio foi quebrado, a bibliografia limitada e odistanciamento do tema por parte dos autores, criaram obstáculos significativos parauma leitura mais atenta e um tratamento mais pontual sobre a questão.

2 Nos anos noventa esta obrigatoriedade foi sendo aos poucos efetivada em números reais. Os índices de alunosmatriculados no Ensino Fundamental correspondem à grande parte da população em idade escolar no país.

3322 O Ensino da História da África em debate

Antes de maiores reflexões sobre nosso objeto3, que se registre um elogio. Dentrode um total de mais de trinta coleções de História destinadas para o EnsinoFundamental apenas oito, dedicam o espaço exclusivo de um capítulo para tratar ahistória do continente africano anterior ao século XIX, e outras duas, reservamtópicos extensos para tratar à temática. Nas outras, quase sempre, a África apareceem óbvias passagens da História do Brasil, da América ou da Europa, ligadas àescravidão, à expansão ultramarina, ao domínio colonial no século XIX, ao processode independência e às graves crises sociais, étnicas, econômicas e políticas em quemergulhou grande parte dos países africanos formados no século XX.

Nos textos em enfoque, por razões que talvez espelhem a pequena intimidadecom a bibliografia especializada em História da África e as circunstâncias específicasda elaboração de um livro didático, as imprecisões e equívocos acabam porpredominar. Isso não exclui algumas boas reflexões realizadas pelos autores ou aindaabordagens adequadas dos conteúdos apresentados. No entanto, os livros, quasesempre, são marcados mais pelos desacertos do que pelos acertos. Façamos umbreve balanço desses pontos, lembrando que eles não são comuns a todos os livros,mas sim fruto de um panorama geral desses manuais. Como estratégia deapresentação dividimos os aspectos analisados em tópicos, nos quais associamos asvisões dos autores acerca de determinados conteúdos ou temáticas.

PPoouuccaass ppaallaavvrraass ppaarraa mmuuiittaass HHiissttóórriiaassUm primeiro problema a destacar pode ser identificado com uma simples passada de

olhos pelos índices dos manuais. Se elogiamos a disposição dos autores em conceder àÁfrica um capítulo específico, é inversamente sintomático o espaço reservado a taltarefa. Existe clara tendência entre os volumes analisados – com exceção de dois livros –de dedicar um número significativamente menor de páginas ao tratar a África,concentrando suas abordagens em uma versão eurocêntrica da História.

Por exemplo, enquanto os capítulos que tratam de temas como Europa Medieval,Absolutismo Monárquico, Reforma Religiosa e Renascimento Cultural ocupam emmédia de 15 a 20 páginas e vasta bibliografia, à História da África, na maioria doscasos, reserva-se algo entre 10 a 15 páginas (ver gráfico 1), e com uma literatura deapoio restrita. Por falta de conhecimento ou de interesse percebe-se um grandedesequilíbrio ao se abordar a história da Europa e da África.

É claro que não estamos tomando como referência exclusiva o valor quantitativoda questão, mas também qualitativo. Parece-nos óbvio que, tratar a história africana– abordando um período equivalente a pelo menos mil anos e englobando ocomplexo e diverso quadro das sociedades e civilizações do continente – em dez ouquinze páginas é algo que só se torna possível com extremas simplificações egeneralizações.

3 Pesquisa apresentada na tese de doutorado defendida em 2007 junto programa de Pós-Graduação em História daUniversidade de Brasília (UnB) – Lições sobre a África: diálogos entre as representações dos africanos noimaginário Ocidental e o ensino da História da África no Mundo Atlântico (1990-2005). Na tese tenciono fazera análise acima citada em manuais didáticos de História produzidos a partir de 1990 – utilizados nas escolasbrasileiras e portuguesas. Ver também meu artigo intitulado A África nos bancos escolares: Representações eimprecisões na literatura didática, presente na bibliografia.

3333História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

Frisamos que a expectativa sobre a abordagem escolar da história da África nãose encerra na ilusória idéia de que todas as sociedades africanas tenham que sermencionadas ou abordadas. Parece evidente também que qualquer assunto tratadoem sala de aula ou em um livro didático é escolhido a partir de alguns critérios eleitospelos autores, editoras, Estado – currículos – estudantes e professores. Assim comoa forma de abordar o tema nunca vai deixar de ser uma leitura parcial, um recorteum tanto arbitrário das experiências enfocadas. Mas o que não é justificável, pelomenos em nosso entendimento, é o pequeno espaço concedido ao estudo dahistória da África.

AA ÁÁffrriiccaa ssóó ddooss ggrraannddeess ""RReeiinnooss"" ee ""IImmppéérriiooss""??Outro elemento comum aparece quando os autores apresentam as sociedades

africanas que serão estudadas. Eles, quase sempre, utilizam uma difundida idéiaentre os historiadores pertencentes à chamada corrente da "Superioridade Africana"4

de que seria fundamental estudar as grandes civilizações encontradas na África.Porém, esse grupo de pesquisadores e intelectuais, no período próximo – anterior eposterior – às independências, utilizou padrões ou modelos europeus para afirmarao mundo e aos próprios africanos que a História do continente negro possuíaelementos sofisticados e formas de organização avançadas e que deveriam serestudadas.

GGrrááffiiccoo 11.. NNúúmmeerroo ddee ppáággiinnaass ddeeddiiccaaddaass àà tteemmááttiiccaa EEssccaallaa ppoorr nnúúmmeerrooss ddee lliivvrrooss

4 O historiador guineense Carlos Lopes organizou uma classificação para a historiografia africana na qual ela podeser pensada em três correntes: a corrente da Inferioridade Africana; a corrente da Superioridade Africana; e osnovos estudos africanos. Com relação à corrente da Superioridade Africana uma de suas principais característicasera supervalorizar o continente, utilizando categorias européias no estudo de antigas civilizações africanas,buscando igualar os feitos históricos africanos aos europeus. Ver LOPES, Carlos. A Pirâmide Invertida:historiografia africana feita por africanos.

Fonte: levantamento efetuado pelo autor.

EEnnttrree 1100 ee 2200 ppáággiinnaass

((1100%%))

MMaaiiss ddee 2200 ppáággiinnaass

((2200%%))

EEnnttrree 1100 ee 1155 ppáággiinnaass

((3300%%))

MMeennooss ddee 1100 ppáággiinnaass

((4400%%))

1 Livro

2 Livros

3 Livros

4 Livros

Neste sentido encontrar os grandes "impérios" e "reinos", as grandes construçõese as esplendorosas obras de arte, se tornou, portanto, quase que uma obsessão5 .Porém, já faz algum tempo que as novas historiografias africanas vêm alertando parao fato de que a África é uma região de grande autonomia, de imensa capacidadecriativa e de fecunda participação na história da humanidade, e de que não seriapreciso eleger sempre referências européias para sua afirmação. Porém, os autoresdos manuais parecem desconhecer essa crítica, pois é justamente esse o critérioadotado em oito6 dos dez livros para selecionar o que será estudado sobre a Históriada África. Por isso a presença é quase certa dos reinos de Gana, do Kongo, daEtiópia, do Zimbabue e dos impérios do Mali e Songhai.

A princípio não temos nada contra a citação ou estudo dessas formaçõespolíticas, elas devem ser abordadas. Até por que, de fato, permitem a intimização,por parte de estudantes e professores, de uma África diversa, rica e fascinante. O queincomoda é sua supervalorização ou enfoque exclusivo, e não a sua presença quasesempre obrigatória. Tal ênfase ocorre em detrimento à outros contextos históricostambém importantes, o que causa uma leitura distorcida de certas sociedadesafricanas.

3344 O Ensino da História da África em debate

Parece também que a ênfase na abordagem da África Ocidental, encontrada emboa parte dos manuais, se confunde com a perspectiva de que a existência dos"grandes reinos e impérios" ocorreu em maior número naquela região. Dessa formao "resto" da África, não recebe a mesma atenção, parecendo que suas sociedadesseriam menos interessantes.

GGrrááffiiccoo 22.. TTeemmaa cceennttrraall ddooss ccááppiittuullooss ee ttóóppiiccooss

5 Sobre a questão ver os trabalhos de Philip Curtin – Tendências recentes das pesquisas históricas africanas econtribuição à história em geral – e Manuel Difuila – Historiografia da História de África.

6 Para informações e pesquisas mais completas acerca dessas formações políticas ver os seguintes estudos:BIRMINGHAM, David, A África Central até 1870; COSTA E SILVA, Alberto, A Enxada e a lança. A África antes dosportugueses; KI-ZERBO, Joseph, História da África Negra; M' BOKOLO, Elikia, África Negra História e Civilizações,até ao Século XVIII; NIANE, D. T. (org), História Geral da África, vol. IV: África entre os séculos XII e XVI; OLIVER,Roland, A Experiência Africana e FAGE, J. D. e OLIVER, Roland. Breve História da África.

Fonte: levantamento efetuado pelo autor.

OOuuttrraass TTeemmááttiiccaass -- 2200%%

RReeiinnooss ee IImmppéérriiooss

AAffrriiccaannooss -- 8800%%

2 Livros

8 Livros

3355História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

OO vviinnhhoo ffeeiittoo ddee ppaallmmeeiirraa eerraa mmuuiittoo aapprreecciiaaddoo,, eemmbboorraaffiizzeessssee mmuuiittoo mmaall àà ssaaúúddee qquuaannddoo bbeebbiiddooeexxaaggeerraaddaammeennttee.. OO gguueerrrreeiirroo bbêêbbaaddoo eerraa ffáácciill ddee sseerrddeerrrroottaaddoo,, oo ssáábbiioo bbêêbbaaddoo nnããoo ppaassssaavvaa ddee ttoolloo..8

Apesar desses aspectos, um ponto positivo pode ser destacado do esforço dostextos em descrever a concentração dos grandes reinos e impérios africanos naÁfrica Ocidental. Ao abordarem, por exemplo, a relevância da metalurgia, odomínio da grande agricultura e o circuito comercial que envolvia as atividadeseconômicas entre as sociedades africanas dali com as de outras regiões, elespermitem a aproximação imaginária dos alunos com parte da cultura materialdesses povos. Outro acerto comumente encontrado refere-se ao destaqueconcedido ao perfil comercial de algumas sociedades na área9. A presença decaravaneiros árabes e africanos envolvidos nos negócios é, muitas vezes,corretamente apresentada. Ao mesmo tempo, a referência à alguns importantescentros urbanos do período como Tombuctu, Gao ou Djenné, com seus grupos decomerciantes ou artesãos, permite aos estudantes perceberem a ativa participaçãodos africanos nas atividades mercantis/intelectuais/culturais desenvolvidas naquelaparte do continente.

OOss ccoommeerrcciiaanntteess hhaabbiittaavvaamm uummaa cciiddaaddee pprróóxxiimmaa eenneeggoocciiaavvaamm ccoomm ooss áárraabbeess ddoo NNoorrttee ddaa ÁÁffrriiccaa,, ccoommpprraannddootteecciiddooss,, ssaall ee ccoobbrree..10

Já outro reino africano citado com freqüência é o da Etiópia. A ênfase dasinformações concentra-se na idéia de que ele foi um grande reino cristão cravadoem meio às sociedades islamizadas. Sua sobrevivência teria sido possível, segundoalguns autores, devido "à aliança entre os governantes locais e os poderosos líderesreligiosos". Sendo assim, "em troca da construção de enormes igrejas de pedra eda doação de terras, os líderes religiosos apoiavam as guerras contra os islamitas"11.Parece um tanto limitante encerrar toda a importância ou história da Etiópia emum dado: ela ser cristã. E suas outras faces e características?

Que fique claro que não negamos a importância das abordagens dessas regiõesou formações políticas africanas. Elas de fato possibilitam a construção de novos

8 SCHMIDT, Mario. Nova História Crítica, 6ª série, p. 181.9 O comércio foi uma característica econômica comum a várias regiões na África, não ficando limitada a citada área

da África Ocidental. Tanto na África Central, com um comércio intra-africano até o século XV, como na parteOriental do continente – com grande influência e participação do mundo árabe – as atividades mercantis foramcomuns.

10 SCHMIDT, Mario. Nova História Crítica, 6ª série, p, 178.11 DREGUER, Ricardo e Toledo, Eliete. História: cotidiano e mentalidades, 7ª, p. 58.

3366 O Ensino da História da África em debate

referenciais imagéticas e conceituais sobre a África. Porém, a idéia transmitida poresse enfoque parece reforçar a perspectiva de que os "pequenos" grupos nãopossuem relevância alguma. Ou ainda diante da impossibilidade de atentar para asdiversas sociedades que se espalham pelo continente, a seleção ocorreuespelhando-se na História da Europa: o estudo das grandes civilizações ou reinos.Não ignoramos a existência na África de organizações políticas ou sociais, comsemelhanças às européias ou americanas, mas é preciso que se demonstre eenfatize suas singularidades e especificidades. Porém, esse importante debatesobre o sentido ou significado das categorias como "reino" ou "império" para estassociedades africanas não ocorre. Esses conceitos são empregados e apresentadoscomo se possuíssem o mesmo valor explicativo utilizado na compreensão dasrealidades européias.

É muito provável que tal descaso confunda as referências adotadas ouconstruídas pelos alunos sobre a história africana. A utilização de modelos oucategorias europeus é de fato uma ação comum e pouco didática por parte dosautores.

Em contra partida, como aspecto extremamente adequado, destacamos astentativas realizadas por alguns livros de informar aos alunos a maneira como aHistória da África Ocidental foi reconstruída a partir do uso das fontes escritasárabes e européias e das fontes orais africanas.

NNoo ccaassoo ddaa hhiissttóórriiaa ddooss iimmppéérriiooss aaffrriiccaannooss ddooss ssééccuullooss XXII aaXXVV,, ooss hhiissttoorriiaaddoorreess eennccoonnttrraamm hhiissttóórriiaass oorraaiiss ttrraannssmmiittiiddaassddee ggeerraaççããoo eemm ggeerraaççããoo aattéé ooss ddiiaass ddee hhoojjee..12

AA eessccrraavviiddããoo nnaa ÁÁffrriiccaa ee oo ttrrááffiiccoo ddee aaffrriiccaannooss eessccrraavviizzaaddooss

AA ""eessccrraavviiddããoo"" eemm ddeebbaatteeAo analisar os efeitos da escravidão e do tráfico negreiro nas populações africanas os

livros didáticos, com raras exceções, revelam um grande descompasso com as novaspesquisas historiográficas acerca da temática. Sobre as referências dos diferentes usos,sentidos e concepções da escravidão na África e na América e das motivaçõeseconômicas que alimentaram o tráfico negreiro, algumas posturas incomodam.

Primeiro, poucos autores fazem alusão explicativa à escravidão tradicionalafricana - aquela existente antes da chegada dos europeus ou árabes -, como se aescravidão fosse uma invenção estrangeira naquele continente. Sabendo dasprofundas diferenças entre a escravidão praticada pelos africanos, e aquela utilizadasob influência dos árabes ou europeus, seria fundamental um comentário sobre otema. Em alguns textos isso ocorre parcialmente.

12 Idem, ibidem, p. 63.

Porém, em outros, as narrativas estão recobertas de imprecisões e equívocos,como, por exemplo, quando o assunto tratado envolve a abordagem da escravidãoe do tráfico praticado pelas sociedades islâmicas, marcados por um intenso fluxo egrande quantidade de indivíduos escravizados.

3377História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

OOuuttrraa ffoorrmmaa ddee eessccrraavviizzaaççããoo ccoonnssiissttiiaa eemm uummaa pprrááttiiccaa aannttiiggaaeennttrree ooss aaffrriiccaannooss:: ooss vveenncceeddoorreess ddee uummaa gguueerrrraa ttiinnhhaamm ooddiirreeiittoo ddee lleevvaarr ppaarrttee ddooss ddeerrrroottaaddooss ppaarraa ttrraabbaallhhaarr eemm ssuuaatteerrrraa.. CCoonnttuuddoo,, oo eessccrraavvoo lleevvaavvaa uummaa vviiddaa ppaarreecciiddaa ccoomm aaddooss ttrraabbaallhhaaddoorreess lliivvrreess:: ttrraabbaallhhaavvaa llaaddoo aa llaaddoo ccoomm eelleess,,mmaannttiinnhhaa ssuuaass ttrraaddiiççõõeess ee mmuuiittaass vveezzeess aallccaannççaavvaa aa lliibbeerrddaaddeeaaoo lluuttaarr jjuunnttoo ccoomm ooss gguueerrrreeiirrooss ddaa ttrriibboo..13

GGrrááffiiccoo 33.. AAbboorrddaaggeennss ssoobbrree aa eessccrraavviiddããoo nnaa ÁÁffrriiccaa

13 DREGUER, Ricardo e Toledo, Eliete. História: cotidiano e mentalidades, 7ª, p. 59.14 SCHMIDT, Mario. Nova História Crítica, 6ª série, p. 180.15 Sobre o assunto ver os seguintes trabalhos presentes na bibliografia: MANNING, Patrick, Escravidão e mudança

Social na África; THORNTON, John, A África e os africanos na Formação do Mundo Atlântico; e COSTA e SILVA,Alberto da, A manilha e o Libambo.

É evidente que existem outras faces, não tão amistosas, da escravidão praticadana região e que são ignoradas ou omitidas pelos autores. Trabalhos de historiadoresreconhecidos na temática como John Thornton e Paul Lovejoy revelaram há um bomtempo a existência de castigos, castrações, comercialização e sacrifícios envolvendoos usos da escravidão na África, principalmente nas sociedades islamizadas e notráfico saariano. Ao mesmo tempo quase nada é dito sobre as carcaterísticas eespecificidades da chamada escravidão doméstica ou de linhagem e parentesco,concentrando as informações acerca da escravidão atlântica, ou seja, aquela queenvolveu o tráfico e o uso de africanos escravizados nas Américas15.

AA eessccrraavviiddããoo nnããoo eerraa nnoovviiddaaddee nnaa ÁÁffrriiccaa.. DDeessddee oo ssééccuulloo XXIIooss áárraabbeess aaddqquuiirriiaamm eessccrraavvooss aaffrriiccaannooss.. MMaass ooss áárraabbeessttiinnhhaamm ppoouuccooss eessccrraavvooss ee ggeerraallmmeennttee ooss ffiillhhooss ddooss eessccrraavvoossjjáá eerraamm qquuaassee lliivvrreess..1144

Fonte: levantamento efetuado pelo autor.

66

7

99

LLiivvrrooss qquuee aabboorrddaamm aaeessccrraavviiddããoo áárraabbee ((6600%%))

LLiivvrrooss qquuee aabboorrddaamm aaeessccrraavviiddããoo ttrraaddiicciioonnaall

aaffrriiccaannaa ((7700%%))

LLiivvrrooss qquuee aabboorrddaamm aaeessccrraavviiddããoo aattllâânnttiiccaa ((9900%%))

3388 O Ensino da História da África em debate

Segundo, ao tentar situar o aluno perante as relações das práticas materiais comas mentalidades de certo período, algumas análises se revestem de um perigosoanacronismo. Ao afirmarem que mesmo sendo apoiada pela Igreja, governos,comerciantes, políticos, fazendeiros e pela mentalidade da época, a escravidão foi dealguma forma injusta em sua própria essência, os livros - que adotam tal posturaexplicativa - perdem os limites temporais e os critérios do relativismo, fazendo comque o aluno visualize uma história na qual, todos devem ter como valores ereferências de vida os padrões ocidentais atuais16.

AAlléémm ddaass nneecceessssiiddaaddeess eeccoonnôômmiiccaass,, eexxiissttiiaa aa mmeennttaalliiddaaddee ddaaééppooccaa.. AA eessccrraavviiddããoo nnããoo eerraa eessccaannddaalloossaa ccoommoo éé hhoojjee.. AAttéémmeessmmoo ooss ppaaddrreess ttiivveerraamm eessccrraavvooss.. JJáá ppeennssoouu ssee aallgguuéémmddiisssseerr qquuee tteemmooss ddee aacceeiittaarr aass iinnjjuussttiiççaass ssoocciiaaiiss ddee hhoojjeeppoorrqquuee nnoo ffuuttuurroo aallgguuéémm vvaaii ffaallaarr qquuee nnoo nnoossssoo tteemmppoo ''aassiinnjjuussttiiççaass eerraamm nnoorrmmaaiiss??17

Ao exigir da Igreja Católica do período uma postura contrária a quehistoricamente manteve o autor desconsiderou as perspectivas teológicas etemporais do catolicismo. A idéia de que a Igreja foi omissa ou permissiva não condizcom as práticas e posturas do Vaticano à época, são reflexões que encontram ecoapenas a partir dos olhares contemporâneos18. Não podemos esquecer que oselementos que embasaram as bulas papais, que autorizavam os reis portugueses aescravizar eternamente os muçulmanos, os pagãos e os africanos negros, foramretirados de um imaginário maior, no qual o negro e os infiéis eram tipificados comoinferiores aos homens da cristandade européia19. Não estamos justificando a posturade nenhuma instituição e nem negando a dramaticidade dos eventos envolvendo otráfico de pessoas pelo Atlântico. O único incômodo é a iniciativa de julgar e emitirjuízos de valor sobre fatos e contextos que se constituem em sua essência temporale definidora com bases diversas das vivenciadas por estudantes e professores.

De forma parecida, quase não existem menções aos africanos traficantes ou asformas de escravização usadas na África. Para boa parte dos autores, somente oscomerciantes portugueses, espanhóis, ingleses e brasileiros fizeram parte das redesde lucro oriundas de tal atividade. A participação de africanos no comércio dehomens é, apesar das positivas exceções, ignorada, a não ser pela perspectiva de quemuitos escravos foram obtidos a partir dos conflitos entre grupos rivais docontinente. Soma-se a esse quadro o uso pouco adequado de imagens que ilustram

16 Parece óbvio que pensar a escravidão a partir dos valores e concepções de mundo influenciadas pelas ideologias eposturas humanitárias que marcaram a segunda metade do último século, exige a rejeição e o combate da suaexistência nos dias de hoje, ou mesmo no passado. Porém, isso é uma visão do presente. O conjunto de idéias,valores e interesses daquela época eram outros e não eram homogêneos. Mesmo que a violência fosse marcacerta desse processo, ele era justificado para os homens do período, inclusive alguns africanos.

17 SCHMIDT, Mario. Nova História Crítica, 6ª série, p. 213.18 Alertamos que, não estamos desconsiderando os esforços de alguns missionários, religiosos ou teólogos contrários

à escravidão. Apenas evidenciamos o debate político, diplomático e religioso de esferas hierárquicas maioresacerca da questão ou que se tornaram características gerais da Igreja.

19 Acerca da questão, ver o trabalho de Carlos Lopes. A Pirâmide Invertida - historiografia africana feita por africanos.

3399História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

os africanos e escravos no Brasil em condição de submissão e de punição. Nelas éreproduzido o estereótipo do africano passivo e sofredor.

Nos manuais em que a África não recebe uma abordagem específica um dos maioresequívocos encontrados é de se referir à sua história apenas a partir do tráfico deescravos. É como se o continente não tivesse uma trajetória histórica anterior àescravidão atlântica. Alguns autores dos manuais analisados aqui chamam a atençãopara a influência dessa referência na elaboração do imaginário cheio de estereótiposcompartilhado pela grande maioria de nossos alunos e professores acerca dos africanos.

EEmm ggeerraall,, qquuaannddoo nnoo BBrraassiill ee nnaa AAmméérriiccaa ffaallaammooss eemm ÁÁffrriiccaa,,ttooddooss ssee lleemmbbrraamm llooggoo ddaa eessccrraavviiddããoo ee eexxpplloorraaççããoo iimmppoossttaassaaooss aaffrriiccaannooss ppeellooss eeuurrooppeeuuss.. ÉÉ ccoommoo ssee aa hhiissttóórriiaa ddaa ÁÁffrriiccaaeessttiivveessssee sseemmpprree pprreessaa àà hhiissttóórriiaa ddooss ppoovvooss ddoommiinnaaddoorreess..20

EEnnttrree ddiivveerrssiiddaaddeess ee ssiimmpplliiffiiccaaççõõeessUma das principais estratégias para desconstruir alguns dos estereótipos que

simplificam ou inferiorizam os africanos aos olhares ocidentais é revelar aos alunosque abaixo do Saara não existiram apenas dois grandes grupos humanos: os bantose os sudaneses. Ao longo da História da África, inclusive nos dias atuais, podemosencontrar centenas de grupos étnicos e diversas formas de organização política-social-cultural-econômicas no continente. Essa profunda diversidade é uma das facesmais vivas e características da África

No começo dos capítulos quase todos os autores alertam, de forma bastantepontual, para essa diversidade cultural que teria caracterizado os povos africanos,assim como para o fato de que a grande civilização egípcia ser, antes de qualqueroutra "coisa", africana. Esses argumentos serviriam para desconstruir as idéiasequivocadas transmitidas pelo ensino da História e preservada no imaginário comumde uma África homogênea e simplista.

AA ÁÁffrriiccaa éé uumm iimmeennssoo ccoonnttiinneennttee,, ooccuuppaaddoo ppoorr mmuuiittooss ppoovvoossqquuee aapprreesseennttaamm uummaa ggrraannddee ddiivveerrssiiddaaddee ccuullttuurraall.. TTaallddiivveerrssiiddaaddee rreessuullttaa ddooss ddiiffeerreenntteess pprroocceessssooss hhiissttóórriiccooss vviivviiddoossppeellooss hhaabbiittaanntteess ddee ccaaddaa rreeggiiããoo nnaa ÁÁffrriiccaa..21

UUmmaa ÁÁffrriiccaa ooccuuppaaddaa ppoorr ttrriibbooss??Com relação à maneira de denominar ou identificar as sociedades africanas o uso

de alguns termos ou conceitos demonstram muitas vezes o despreparo dos autores.Por exemplo, o conceito de tribo, utilizado por seis dos dez manuais (ver gráfico 4),parece ser por demais impreciso para se referir as sociedades do continente. Existejá, há algum tempo, um intenso debate acerca das marcas ou interdições dautilização dessa categoria.

20 MACEDO, José Rivair e OLIVEIRA, Mariley W. Brasil: uma história em construção, p.195.21 DREGUER, Ricardo e TOLEDO, Eliete. História: cotidiano e mentalidadesHistória: cotidiano e mentalidades, 7ª, p.56.

4400 O Ensino da História da África em debate

Diante do grande suporte que as pesquisas antropológicas e históricas já deramsobre o assunto, acredito que insistir nessa forma de se referir às sociedades da Áfricanão encontra mais justificativa22. Porém, a referência às sociedades africanas comotribais é freqüente. Parece existir uma continuidade de idéias com os mitos ou teoriasque defendiam a suposta inferioridade dos povos africanos, já que tribo aparece,nestes casos, com o significado oposto ao de civilização. A utilização da categoriatribo também é recorrente para designar as sociedades dominadas pelos impérios.Será que existe nesta relação alguma intenção de inferiorizar os pequenos grupos?Em nenhum livro encontramos algum tipo de aparte explicativo sobre o significado,trajetória e ajustes que devem cercar a aplicação desse conceito.

GGrrááffiiccoo 44.. AAssssoocciiaaççããoo ddaass ssoocciieeddaaddeess aaffrriiccaannaass aaooss ccoonncceeiittooss ddeeTTrriibbaall//PPrriimmiittiivvoo//SSeellvvaaggeemm

Fonte: levantamento efetuado pelo autor.

O uso de alguns outros termos ou conceitos como de nação ou de país também sãorecorrentes, e também estão encobertos de imprecisão. Fica evidente que os autoresencontram dificuldades em tratar os ggrruuppooss ééttnniiccooss africanos, e confundem ainda maisos alunos ao usarem termos ou definições que se ajustam mais especificamente a outroscontextos históricos do que ao africano, pelo menos até o início do século XX. Não quenão possam ser aplicados no entendimento da África, mas, se utilizados, devem sercontextualizados. Neste caso o uso de termos como grupo étnico, sociedades ou povosparece ser mais didática e conceitualmente mais acertado.

AAss ccoossmmoollooggiiaass aaffrriiccaannaass eessqquueecciiddaassOutra falha encontrada em alguns textos é a pequena atenção dedicada às

concepções cosmológicas23 das sociedades africanas. Em poucos momentos os livros

22 Ver os seguintes trabalhos, SOUTHALL, Aidan, The illusion of the tribe, pp. 38-51; DAVIDSON, Basil, The search forAfrica, pp.141-145; e de TRAJANO FILHO, Wilson, Uma experiência singular de crioulização, pp. 6-8.

23 Ao nos referirmos em África ao que no Ocidente entendemos por religião utilizaremos o termo Cosmologia. Naverdade o termo procura condensar a idéia de uma estrutura de pensamento que articula as relações entre asesferas do físico e do metafísico de forma muito mais intimista e complexa do que no caso ocidental. As relaçõescom as forças invisíveis, com os antepassados, com as normas de funcionamento das sociedades e do cosmos,se confundem nessa dinâmica perspectiva relacional.

66

99

SSeemm rreeffeerrêênncciiaass -- 44 ((4400%%))

TTrriibbaaiiss oouu pprriimmiittiivvooss

4411História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

atentam para uma abordagem explicativa da relação entre as diferentes percepçõese definições daquilo que os ocidentais chamam de Religião para as elaboraçõesafricanas sobre a questão. A literatura existente sobre o pensamento tradicionalreligioso africano oferece um rico subsídio para este debate, em minha opinião,fundamental para relativizar o universo africano e demonstrar como suas estruturasde explicação das relações sociais e da vida são diferentes das ocidentais27.

Devido à polêmica que normalmente envolve o assunto nas salas de aula eledeveria ter presença obrigatória nos textos didáticos. Porém, o tema recebe apenasuns poucos parágrafos de atenção, em apenas alguns poucos livros.

((......)) uummaa ppaarrttee iimmppoorrttaannttee ddooss aaffrriiccaannooss aaccrreeddiittaavvaa nnuumm úúnniiccooDDeeuuss:: eelleess ssee ttoorrnnaarraamm mmuuççuullmmaannooss ((......)) MMuuiittooss ppoovvoossaaffrriiccaannooss ddeesseennvvoollvviiaamm oo ccuullttoo aaooss aanntteeppaassssaaddooss.. OOss ppaarreenntteessmmoorrttooss eerraamm aaddoorraaddooss ccoommoo ddeeuusseess ppoorr sseeuuss ffaammiilliiaarreess,, qquueeaaccrreeddiittaavvaamm qquuee ooss eessppíírriittooss ppooddiiaamm aajjuuddaarr oouu ppeerrttuurrbbaarr ooccoottiiddiiaannoo ddooss vviivvooss.. PPoorr iissssoo,, eerraa ccoommuumm jjooggaarr--ssee uumm ppoouuccooddee bbeebbiiddaa nnaa tteerrrraa ppaarraa qquuee oo eessppíírriittoo ddoo ppaarreennttee mmoorrttooppuuddeessssee bbeebbeerr ee ssee aalleeggrraarr..28

AAssssiimm,, aappeessaarr ddaa ffoorrttee pprreessssããoo ddooss iimmppeerraaddoorreess,, nnoobbrreess eeggrraannddeess mmeerrccaaddoorreess aa ffaavvoorr ddaa aaddeessããoo aaoo iissllaammiissmmoo,, aammaaiioorriiaa ddaa ppooppuullaaççããoo ddoo iimmppéérriioo ccoonnttiinnuuaavvaa mmaanntteennddoossuuaass pprrááttiiccaass rreelliiggiioossaass,, ccoommoo aa aaddoorraaççããoo aaooss ddeeuusseess ddaannaattuurreezzaa..29

Sobre essas passagens fica uma inquietante dúvida: que parte importante dosafricanos era monoteísta? E esse é o único elemento que possibilitou a conversão aoislamismo? Acreditamos que estas idéias estejam erradas. Mais do que isso o que sepercebe é a extrema simplificação e superficialidade ao se tratar das cosmologiasafricanas. Em certos trechos se empresta a todo universo africano algumas práticas,que se ocorriam em certas regiões do continente possuíam significados singulares ecomplexos, em outros, as complexas estruturas do pensamento africano ficamresumidas a estereótipos. Não podemos ignorar o fato de que o fenômeno religiosoem África não tem as mesmas bases do que o Ocidental. Por isso, para os povos daregião seria mais adequado usar o termo cosmologia e não religião. Além disso, édifícil aceitar que as complexas estruturas dos pensamentos cosmológicos africanossejam resumidas pela idéia deles serem "adoradores de deuses da natureza".

OOss aaffrriiccaannooss iissllaammiizzaaddooss ee oo iissllãã aaffrriiccaanniizzaaddoo..No tópico responsável pela abordagem das múltiplas relações, presenças e

apropriações do islamismo com as sociedades africanas percebemos um movimento

24 Acerca da questão das cosmologias africanas,ver a obra de APPIAH, Kwame Anthony. Na casa de meu pai.25 Ver SCHMIDT, Mario. Nova História Crítica, 6ª série, pp. 182-183. 26 DREGUER, Ricardo e TOLEDO, Eliete. História: cotidiano e mentalidades, 7ª, p. 61.

4422 O Ensino da História da África em debate

explicativo comum entre os livros e impreciso historicamente. Poderíamos falar emuma espécie de etnocentrismo árabe, a nortear essas análises. As ações históricasocorridas na África do Norte, Ocidental e Oriental se tornam exclusividades dosgrupos árabes muçulmanos que percorrem a região, restando aos africanos umapostura passiva perante o outro.

As influências do islamismo e a própria islamização de algumas sociedadesafricanas são mencionadas, porém alguns aspectos são negligenciados ou citados deforma um tanto confusa. Um desses pontos é a idéia de que a conversão aoislamismo atingiu a todos os membros das sociedades em contato com osmercadores árabes ou dos estados islâmicos em expansão de forma quaseinstantânea. As estratégias de conversão das elites comerciais ou governamentais ea posterior e gradual conversão da população são fenômenos apenas parcialmentemencionados.

AAppeessaarr ddee mmaanntteerreemm ddiivveerrssaass pprrááttiiccaass ttrraaddiicciioonnaaiiss,,ccoonnvveerrtteerraamm--ssee aaoo iissllaammiissmmoo,, aabbssoorrvveennddoo mmuuiittooss aassppeeccttoossddaa ccuullttuurraa iissllââmmiiccaa((......)) AA aaddooççããoo ddooss mmeessmmooss eelleemmeennttoossuuttiilliizzaaddooss ppoorr sseeuuss ppaarrcceeiirrooss ccoommeerrcciiaaiiss ppoossssiibbiilliittaavvaa mmaaiioorrccoonnttrroollee ssoobbrree aass rreellaaççõõeess ccoommeerrcciiaaiiss,, eevviittaannddoo--sseepprreejjuuíízzooss..2277

Outro descuido é não mencionar a apropriação e influências dos africanos sobreo islamismo praticado na África. Seria correto afirmar que o Islã foi muitas vezesafricanizado. Na arquitetura, nas formas teocráticas, nas interpretações alcorânicas,na convivência com as concepções cosmológicas locais, existiu uma participaçãoativa das sociedades da região sobre o Islã. Porém, a idéia mais repetida, inclusivenas imagens, é a da islamização dos africanos.

OOuuttrrooss ppoonnttooss ppoossiittiivvooss ee eellooggiioossNo uso das imagens, alguns autores parecem se sair um pouco melhor, apesar de

algumas citações e fontes estarem imprecisas ou ausentes. A apresentação demapas, que fogem das representações cartográficas tradicionais dos manuais, e deimagens de mesquitas em Mopti e Djenee e da cidade de Tombuctu e do GrandeZimbábue, assim como de esculturas feitas pelos africanos são importantesinstrumentos na apresentação das formas arquitetônicas, das religiosidades, artes efilosofias africanas.

Alguns autores, em válida iniciativa, chamam a atenção dos alunos para asrepresentações elaboradas pelos africanos sobre os europeus, como algumasimagens feitas por uma sociedade do Golfo da Guiné em seus contatos com osportugueses nos séculos XV e XVI, revelando a postura mercantil e bélica doseuropeus no continente africano. Alertar para as representações feitas dos europeuspelos diversos grupos africanos é um exercício fecundo para que os alunos passem a

27 DREGUER, Ricardo e TOLEDO, Eliete. História: cotidiano e mentalidades, 7ª, p. 62 e 63.

4433História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

reconhecer a participação ativa e a autonomia das sociedades africanas perante asrelações estabelecidas com outras sociedades.

Normalmente o que encontramos é a reprodução das imagens elaboradas peloseuropeus sobre os africanos, nas quais percebemos a mudança de suas fisionomias,de seus gestos, roupas e comportamentos, que são europeizadas.

AA HHiissttoorriiooggrraaffiiaa ccoonnssuullttaaddaaCom relação à utilização das pesquisas realizadas pelas historiografias africana e

africanista, as bibliografias citadas, apesar de conterem nomes e obras importantes,são ainda bastante restritas se comparadas à difusão de estudos e pesquisas que aHistória da África passou nos últimos vinte anos. A presença dos trabalhos de BasilDavidson, Roland Oliver e Joseph Ki-Zerbo demonstra o contato com a vertente deestudos efetuados até a década de 1970. Já a citação da obra de Alberto da Costa eSilva revela o contato com estudos mais recentes, porém, essas referências são aindainsuficientes.

O distanciamento com as novas investigações acerca da história do continentenão mais se justifica. Nos últimos anos, a ação de um grupo considerável depesquisadores brasileiros tem contribuído para minimizar o descaso com os estudosafricanos no país. Congressos31, publicações e centros de pesquisa têm tentadoestender os estudos sobre o passado africano. Destacaram-se, nessa tarefa, trêscentros de estudos. O mais antigo deles é o Centro de Estudos Afro-Orientais (Ceao),da Universidade Federal da Bahia, criado no final dos anos 1950. Sob sua tutela, épublicada a revista Afro-Ásia. Nas décadas seguintes, surgiam mais dois importantescentros: o Centro de Estudos Afro-Asiáticos (1973), na Universidade CândidoMendes, no Rio de Janeiro, e o Centro de Estudos Africanos (1978), da USP. Ambostambém são responsáveis pela manutenção de importantes revistas, como a EstudosAfro-Asiáticos e a África, respectivamente.

Nesse mesmo tempo, pesquisadores têm conquistado um espaço cada vez maiorno cenário historiográfico internacional e nacional. Para evitar a repetição excessivade nomes e títulos, serão mencionados apenas aqueles que são, para os estudosafricanos realizados a partir do Brasil, indispensáveis e possuem publicaçõesacessíveis ao público brasileiro. É claro que, devido a um descuido imperdoável,alguns nomes não serão citados. Isso ocorre não por demérito, mas sim pelaexistência de um dado positivo: o aumento do número de pesquisas impossibilitareunir todas em um só texto. Citemos, portanto, os trabalhos agregados em algumasáreas temáticas.

Acerca do tráfico de escravos dois trabalhos são fundamentais32: o de Paul Lovejoy- A escravidão na África: uma história de suas transformações - e o de John Thorton- A África e os africanos na formação do Mundo Atlântico, 1400-1800. Sobre regiõesespecíficas da África, como o reino do Kongo, do Ndongo, na África CentralOcidental, existem os trabalhos de Joseph Miller - Poder político e parentesco:antigos estados mbundu em Angola -, de David Birmingham - A África Central até1870 - e de Selma Pantoja - Nzinga Mbandi: mulher, guerra e escravidão. SobreAngola contemporânea, as reflexões de Marcelo Bittencourt – Dos jornais às armas:

4444 O Ensino da História da África em debate

trajectórias da contestação angolana - são importantes. Enfocando Cabo Verde, ostrabalhos de Leila Hernandez - Os filhos da terra do sol: a formação do Estado-naçãoem Cabo Verde – e de Gabriel Fernandes - A diluição da África: uma interpretaçãoda saga identitária cabo-verdiana no panorama político (pós) colonial - são boasreferências. Acerca de Moçambique, destacam-se Valdemir Zamparoni - De escravocozinheiro: colonialismo e racismo em Moçambique - e Edson Borges - Moçambique:Cultura e Racismo no País do Índico. Para um olhar em torno das relaçõesinternacionais África-Brasil, destacam-se as investigações de José Flávio SombraSaraiva - O lugar da África -, e de Pio Penna - Conflito e busca pela estabilidade nocontinente africano na década de 1990. Acerca da África Austral ou do períodocolonial, encontramos alguns artigos, como o de Wolfgang Döpcke - A vinda longadas linhas retas: cinco mitos sobre as fronteiras na África Negra. Englobandotemáticas gerais africanas, ou realizando grandes sínteses do continente, temos ostextos clássicos de Joseph Ki-Zerbo - História da África Negra - de dois volumes, e doembaixador Alberto da Costa e Silva - A enxada e a lança e A manilha e o libambo -além da excelente obra do africano Elikia M'Bokolo - África Negra História eCivilizações: até ao Século XVIII.

Apesar desses avanços, ainda existe a necessidade de dinamizar os estudos daÁfrica e desvinculá-los daqueles ligados às temáticas afro-brasileiras, para percebê-los em seu próprio eixo histórico africano ou naquilo que é chamado de contexto ouMundo Atlântico. Mesmo que o objetivo final desses estudos seja entender asrelações históricas entre a África e o mundo, é preciso que os historiadores voltemsuas óticas

RReefflleexxõõeess FFiinnaaiissAcredito que, percorrida essa breve abordagem acerca da História da África,

temos ainda não respondida a questão que introduz o texto - "o que sabemos sobrea África?". Talvez demore mais algum tempo para que possamos - professores ealunos - fazê-lo com desenvoltura. Porém, fica evidente que ensinar a História daÁfrica, mesmo não sendo uma tarefa tão simples, é algo imperioso, urgente. Aslimitações transcendem - ao mesmo tempo em que se relacionam - aos preconceitosexistentes na sociedade brasileira, e se refletem, de certo modo, no descaso daAcademia - com ainda um pequeno número de especialistas e pesquisas -, nodespreparo de professores e na desatenção de editoras pelo tema. Por isso, não seise aquela pergunta ainda uma tem resposta aceitável.

É obvio que muito se tem feito pela mudança desse quadro. Louve-a nessesentido a ação de alguns núcleos de estudo e pesquisa em História da Áfricamontados no Brasil, como o Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO), o Centro deEstudos Afro-Asiáticos e o Centro de Estudos Afro-Brasileiros. Enalteça-se a iniciativalegal do governo, do movimento negro e de alguns historiadores atentos à questão.Ressalte-a a ação de algumas instituições e professores que têm promovido palestras,cursos de extensão e oferecido cursos de especialização em História da África, comona Universidade Cândido Mendes, na Universidade de Brasília (UnB), na Universidadede São Paulo (USP), na Universidade Federal da Bahia (UFBA), entre outras. Porém,

4455História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

ainda existem grandes lacunas e silêncios. A obrigatoriedade de se estudar África nasgraduações, a abertura do mercado editorial - traduções e publicações - para atemática, até a maior cobrança de História da África nos vestibulares são medidasque possam aumentar o interesse pela História do continente que o Atlântico nosliga. Talvez assim, em um esforço coletivo as coisas tendam a mudar.

Incursionar sobre a História da África parece ser algo tentador, motivador enecessário. Esperamos que o presente texto venha a contribuir na melhoria econtinuidade de algumas iniciativas aqui abordadas, sempre objetivando a formaçãohumana e o reconhecimento do continente que se conecta conosco pelas fronteirasAtlânticas. As histórias dos iorubás, dos haússas, dos umbundos ou kicongosdeveriam estar tão próximas de nós quanto à história dos gregos e romanos. Nossaancestralidade encontra conexões profundas com essa parte de nossa fronteiraAtlântica. E, por fim, parece-me inegável que a África e os africanos nos reservam umpoderoso campo de pesquisa e de entendimento acerca da trajetória dahumanidade.

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5500 A Incisiva marca africana na cultura Brasileira

A Incisiva marca africana na cultura BrasileiraAAlleexx RRaattttss ee AAddrriiaannee AA.. DDaammaasscceennaa

Muito antes da existência da Lei 10.639, de março de 2003, que institui oensino da História da África e da cultura afro-brasileira nas escolas, intelectuaisnegros(as) ativistas e outros(as) estudiosos(as) da participação africana naformação do Brasil vinham apresentando a grande lacuna nos currículos de váriasdisciplinas que negavam ou reduziam a colaboração de africanos, africanas edescendentes na formação da cultura e do povo brasileiros ao passado escravistae ao mundo da música, da dança, da culinária e, no máximo, da religião. Podemoscomeçar nosso texto com algumas perguntas básicas: Havia e há uma só África?Há um só Brasil? Haveria Brasil (ou Brasis) sem a África (as Áfricas)? O termoinfluência é suficiente para apreender a relação entre Áfricas e Brasis e entreafricanos(as) e brasileiros(as)?

O contato dos europeus com os africanos se dá em intricados processos deencontro e de confronto desde o século XV. Para as sociedades africanas organizadasem reinos, cidades-estado e territórios étnicos, os colonizadores foram construindoa idéia de uma África relativamente homogênea, habitada por "negros" termotambém atribuído externamente por coletividades bastante dinâmicas e que sereconheciam por outras denominações como Fanti, Ashanti, Peul, Mandinga, Fulani,Bambara, Tchokwe, Lunda, Kuba, Luba, Kosa, Zulu, etc..

No processo de colonização, o país que denominamos Brasil também se formouno encontro/confronto de etnias e sociedades "européias", "africanas", "indígenas"(outra denominação externa). Como nos propõe o geógrafo negro Milton Santos,pensando em nossa formação socioespacial, temos, de certo modo, vários brasis,que ele divide como Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Região Concentrada (compostapelos Estados do Sudeste e do Sul)1. Esses vários Brasis apresentam processoshistóricos, composições étnicas e sociais relativamente distintas e desiguais entre si.

Neste sentido, nosso processo de educativo, tendo em mente a relação das váriasÁfricas, com os vários Brasis, sem perder de vista uma unidade em construção, tantoaqui, como lá, pode incorporar uma ampliação dos nossos conhecimentos nessecampo.

Os(as) africanos(as), em grande maioria, ao ser forçados(as) a vir para o Brasiltraziam consigo sua própria África, composta de lembranças e desejos. Umpatrimônio cultural material e imaterial inscritos nos objetos, hábitos, textos orais eescritos, rituais, jogos, folguedos e muitas histórias. Lembranças e saberes que dizemrespeito à religião, à tecnologia, e ao trabalho, que podem preservados quantorecriados no estilo de vida, nas habilidades artísticas, nos rituais religiosos e nassoluções técnicas e procedimentos intelectuais2.

1 SANTOS, Milton e SILVEIRA, Maria Laura. O Brasil: território e sociedade no início do século XXI. Rio de Janeiro/SãoPaulo, Record, 2003.

2 SILVA, Petronilha B. Gonçalves. Aprender a conduzir a própria vida. In BARBOSA, Lúcia Maria de Assunção; SILVA,Petronilha B. Gonçalves & SILVÉRIO, Valter Roberto (orgs) De preto a afro-descendente: trajetos de pesquisasobre relações étnico-raciais no Brasil. São Carlos: EdUFSCar, 2003, pp. 181-197.

5511História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

No Brasil, com o contínuo movimento do tráfico negreiro, ocorria uma regularchegada de africanos nos portos, o que contribuía para realimentar as lembranças,os traços, os valores e os costumes, que, pela distância, tenderia a desaparecer daspráticas em terras tão longínquas. Não se pode perder de vista que a travessia e atransposição dos grupos para cá foi bastante violenta, causando mudanças bruscaspara esta população. Junto a isso, a dinâmica da exploração aqui encontrada,conduz a novas formas de entender a realidade, tomada pelos olhos de quem trazsuas tradições para poder dialogar com o presente. Diferentes origens possivelmenteproduzissem diferentes formas de encarar a realidade

As várias tradições culturais, que podem ser relacionadas à África, formam ummosaico que demonstra a diversidade cultural e social mesmo aqui, pois havia muitasformas de ser escravizado(a), que se baseavam, algumas vezes, pela nação de origeme, sobretudo, pela atividade que este(a) desempenhava ou ainda se estava na cidadeou no campo.

AA ppaarrttiicciippaaççããoo aaffrriiccaannaa nnaa ffoorrmmaaççããoo ccuullttuurraall bbrraassiilleeiirraaOs(as) africanos(as) trazidos(as) compulsoriamente para o Brasil tiveram que lidar

com o desconhecido e o arbitrário. Foi nesse contexto, numa situação concreta edesfavorável, que essa população teve que se reinventar, recorrendo a negociaçõesque se constituíam cotidianamente ou, ainda muitas vezes, em formas de resistência.

Para melhor compreender a participação do segmento negro na formação brasileira,três dimensões são de fundamental importância: a história, a memória e as práticasculturais. A memória, ao lado da identificação com certos valores culturais, aponta fortessinais que vêm pautando os elementos que compõem a participação da populaçãonegra na cultura brasileira, com toda a multiplicidade que ela carrega:

UUmm aaccoonntteecciimmeennttoo vviivviiddoo éé ffiinniittoo,, oouu ppeelloo mmeennoosseenncceerrrraaddoo nnaa eessffeerraa ddoo vviivviiddoo.. AAoo ppaassssoo qquuee ooaaccoonntteecciimmeennttoo lleemmbbrraaddoo éé sseemm lliimmiitteess,, ppoorrqquuee éé aappeennaassuummaa cchhaavvee ppaarraa ttuuddoo oo qquuee vveeiioo aanntteess ee ddeeppooiiss..33

Não podemos perder de vista que, no Brasil, muitas expressões culturais negrasestão fundamentadas em um princípio de resistência e de não submissão,construindo a idéia de que "a felicidade do negro é uma felicidade guerreira"4. Aresistência se dá diante da expropriação a qual a população negra experienciou aolongo da História.

LLíínngguuaass aaffrriiccaannaass nnoo BBrraassiillEstudiosos das línguas africanas faladas no Brasil, como Yeda Pessoa de Castro e Nei

Lopes, chamam atenção para esse aspecto pouco estudado da cultura brasileira. Nasreligiões de matriz africana, em rituais e cânticos guardam-se e recriam-se línguas, a

3 BENJAMIM, Walter. Obras escolhidas: magia e técnica, arte e política. São Paulo, Brasiliense, s/d, 4ª. ed. p.27.4 Zumbi (Felicidade guerreira) Gilberto Gil e Waly Salomão. In: Trilha sonora do filme Quilombo.

5522 A Incisiva marca africana na cultura Brasileira

exemplo do Yorubá no candomblé. No falar cotidiano, presume-se que há maiorinfluência dos povos subsaarianos, dos grupos etno-linguísticos denominados bantos:

DDeennttrroo ddoo qquuaaddrroo ddaa pprreesseennççaa aaffrroo--nneeggrraa nnoo BBrraassiill,,vveerriiffiiccaa--ssee uummaa pprreeddoommiinnâânncciiaa ddaass ccuullttuurraass bbaannttaass,, qquueeccoollaabboorraarraamm ppaarraa aa ffoorrmmaaççããoo ddaa ccuullttuurraa bbrraassiilleeiirraa,,pprriinncciippaallmmeennttee aattrraavvééss ddee ssuuaass llíínngguuaass,, eennttrree eellaass ooQQuuiiccoonnggoo,, oo UUmmbbuunnddoo ee QQuuiimmbbuunnddoo..5

AAppóóss oo jjaannttaarr,, uumm ddeelliicciioossoo qquuiibbeebbee,, uummaa mmuullhheerr ddooqquuiilloommbboo ffaazziiaa ccaaffuunnéé nnaa ssuuaa ffiillhhaa ccaaççuullaa.. AA jjoovveemmlleemmbbrraavvaa ccoommoo ssuuaa aavvóó eerraa aa bbaammbbaa ddoo lluuggaarr..

Para refletirmos sobre este ponto, vejamos a seguinte frase:

Estas e outras palavras de línguas africanas colocadas numa sintaxe portuguesanos fazem refletir o quanto o nosso falar está marcado pela participação africana deNorte a Sul do Brasil. A língua não é apenas um conjunto de vocábulos e normas,pois traz sentidos que podem ser atribuídos a cada termo. Muitas vezes, quandopensamos ou falamos na "língua brasileira" , como diria Mário de Andrade, somosbastante africanos.

RReelliiggiiõõeess ddee mmaattrriizz aaffrriiccaannaaA marca social de africanos e africanas no Brasil se destaca pela necessidade de

sobrevivência e a não perda de si mesmo vislumbrava sempre a possibilidade deliberdade. Numa sociedade hierarquizada e escravocrata foi necessário, através dasbrechas do sistema, criar alternativas de socialização que no espaço urbanopoderiam ser tanto as irmandades religiosas negras6, como igualmente as casas deculto aos orixás, denominado de Candomblé Ketu (relativos aos Yorubá, da Nigéria edo Benin), inquices (Candomblé Angola) ou voduns (Tambor de Mina, relativo aopovo do Daomé, no Benin).

As religiões criadas e/ou praticadas pelos negros no Brasil em grande parteconstituíam algo que vai além da relação transcendental e espiritual, tornavam-setambém um espaço de ação política, local onde era possível estabelecer estratégiasde sobrevivência e, na época da escravidão, de projetos de liberdade. A umbanda,criada no século XX, tem uma linha de orixás e outra de pretos(as) velhos(as) que nospermitem incluí-la nos cultos afro-brasileiros.

No espaço rural e suburbano o que mais se destacava, sem dúvida, era o exemplodos quilombos, formas de organização social que, em grande parte, diferiam dasociedade mercantilista e escravista vigente.

5 LOPES, Nei. Novo dicionário banto no Brasil. Rio de janeiro, Pallas, 2003, p. 18.6 QUINTÃO, Antônia Aparecida. Lá vem o meu parente: as irmandades de pretos e pardos no Rio de Janeiro e em

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No Brasil, com o contínuo movimento do tráfico negreiro, ocorria uma regularchegada de africanos nos portos, o que contribuía para realimentar as lembranças,os traços, os valores e os costumes, que, pela distancia, tenderia a desaparecer daspráticas em terras tão longínquas. Não se pode perder de vista que a travessia e atransposição dos grupos para cá foi bastante violenta, causando mudanças bruscaspara esta população. Junto a isso, a dinâmica da exploração aqui encontrada,conduz a novas formas de entender a realidade, tomada pelos olhos de quem trazas suas tradições para poder dialogar com o presente. Diferentes origenspossivelmente produzissem diferentes formas de encarar a realidade

As várias tradições culturais, que podem ser relacionadas à África, formam um mosaicoque demonstra a diversidade cultural e social mesmo aqui, pois havia muitas formas de serescravizado(a), que se baseavam, algumas vezes, pela nação de origem e, sobretudo, pelaatividade que este(a) desempenhava ou ainda se estava na cidade ou no campo.

AA ppaarrttiicciippaaççããoo aaffrriiccaannaa nnaa ffoorrmmaaççããoo ccuullttuurraall bbrraassiilleeiirraaOs(as) africanos(as) trazidos(as) compulsoriamente para o Brasil tiveram que lidar

com o desconhecido e o arbitrário. Foi nesse contexto, numa situação concreta edesfavorável, que essa população teve que se reinventar, recorrendo a negociaçõesque se constituíam cotidianamente ou, ainda muitas vezes, em formas de resistência.

Para melhor compreender a participação do segmento negro na formação brasileira,três dimensões são de fundamental importância: a história, a memória e as práticasculturais. A memória, ao lado da identificação com certos valores culturais, aponta fortessinais que vêm pautando os elementos que compõem a participação da populaçãonegra na cultura brasileira, com toda a multiplicidade que ela carrega:

Para melhor compreender a participação do segmento negro na formação brasileira,três dimensões são de fundamental importância: a história, a memória e as práticasculturais. A memória, ao lado da identificação com certos valores culturais, aponta fortessinais que vêm pautando os elementos que compõem a participação da populaçãonegra na cultura brasileira, com toda a multiplicidade que ela carrega: Para melhorcompreender a participação do segmento negro na formação brasileira, três dimensõessão de fundamental importância: a história, a memória e as práticas culturais. Amemória, ao lado da identificação com certos valores culturais, aponta fortes sinais quevêm pautando os elementos que compõem a participação da população negra nacultura brasileira, com toda a multiplicidade que ela carrega: Para melhor compreendera participação do segmento negro na formação brasileira, três dimensões são defundamental importância: a história, a memória e as práticas culturais. A memória, aolado da identificação com certos valores culturais, aponta fortes sinais que vêmpautando os elementos que compõem a participação da população negra na culturabrasileira, com toda a multiplicidade que ela carrega: Para melhor compreender aparticipação do segmento negro na formação brasileira, três dimensões são defundamental importância: a história, a memória e as práticas culturais. A memória, aolado da identificação com certos valores culturais, aponta fortes sinais que vêmpautando os elementos que compõem a participação da população negra na culturabrasileira, com toda a multiplicidade que ela carrega:

5533História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

5544 A Incisiva marca africana na cultura Brasileira

CCuullttuurraa ee ttrraabbaallhhooNo Brasil, como um dos efeitos da escravidão, o trabalho manual recebe uma

histórica desqualificação. Em certas partes do país é tratado como "coisa de negro" eouve-se a expressão "trabalhar como um negro", ainda que não somente os(as)africanos(as) tenham sido escravizados(as). Por conseqüência, procede-se a umadesqualificação dos(as) trabalhos subalternos(as), sobretudo aqueles exercidos emsua maior parte por negros e negras.

A população africana e negra (nascida em território brasileiro) deve ser vista paraalém da condição de mão-de-obra compulsória que trabalhou nos canaviais, namineração, nas plantações de algodão, arroz ou café e no serviço doméstico. Narelação entre campo e cidade, quilombolas, escravizados(as) e libertos(as) forjaramformas de cultura próprias ou recriadas de sua "bagagem cultural"7.

É necessário destacar a reconhecida habilidade dos africanos ocidentais com amineração que aqui foram genericamente denominados de negros mina e marcaramprofundamente a composição sociocultural de uma parte do país. Da Amazônia aospampas, práticas culturais afro-brasileiras foram se constituindo em meio aotrabalho compulsório. Aqueles(as) que trabalharam no serviço doméstico, comoamos e mucamas, participaram da formação do mundo privado patriarcalista.

Nos principais centros urbanos era possível perceber várias possibilidades derelações, mesmo no período escravista. Um exemplo disso são os chamados"escravos de ganho", que imprimiam mais dinâmica às relações sociais, relações estasque podiam ser vistas como sinais de relativa mobilidade social e econômica.

Nas cidades era igualmente comum a existência de um espaço denominado de"ccaannttooss ddee ttrraabbaallhhoo", local onde os homens escravizados esperavam ser contratados pararealizar serviços. Geralmente a reunião era em uma esquina onde era possível seencontrar com pessoas da mesma origem e da mesma nação, ou que falavam a mesmalíngua, ou ainda eram malungos (tinham vindo no mesmo navio negreiro). Essesencontros eram um momento que servia para a atualização com os que haviamchegado da África e para estabelecer outros termos de comunicação e de sociabilidade.

Considerando que a população negra no Brasil teve compulsoriamente comoprincipal espaço de exposição o trabalho. Foi o trabalho manual, o espaço maisprovável de expressão artística e técnica da "mão afro-brasileira"8. Assim, trabalho econhecimento expressavam-se concomitantemente para esse grupo. A condição deescravizado reforçava a idéia de coletividade muitas vezes necessária para o própriotrabalho.

Podemos citar alguns nomes: Antônio Francisco Lisboa, conhecido comoAleijadinho9 (1738-1814), autor de esculturas e fachadas de igrejas barrocas mineiras

7 Esta metáfora é utilizada tendo em mente que "não se levam para a diáspora todos os seus pertences", no caso dos(as)africanos(as). CARNEIRO DA CUNHA, Manuela. Etnicidade: da cultura residual mas irredutível. In: CARNEIRO DACUNHA, Manuela. Antropologia do Brasil: mito, história e etnicidade, São Paulo, Brasiliense, 1987, p. 101.

8 ARAÚJO, Emanoel (Org.) (1988) A mão afro-brasileira: significado da contribuição artística e histórica. São Paulo,Tenenge, 400p.

9 Links sobre o tema: Sobre O Aleijadinho http://www.moderna.com.br/moderna/arte/aleijadinho/obras; SobreMestre Valentim http://www.portaldoscondominios.com.br/turismoRioIgrejaSFP.asp; Artigo de Marcelo EduardoLeite sobre Christiano Jr. http://www.studium.iar.unicamp.br/10/6.html?studium10; Entrevista com EmanoelAraújo http://brazil-brasil.com/content/view/186/62/

5555História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

(Sabará, Ouro Preto, Congonhas do Campo), e de Valentim da Fonseca e Silva ouMestre Valentim, nascido entre 1730 e 1740, falecido em 1814, escultor, cujas obrasse encontram em igrejas ou parques cariocas (Passeio Público, Chafariz da PraçaXV)10. Ambos são filhos de mãe africana e pai português. Para São Paulo, podemoscitar o nome de Joaquim Pinto de Oliveira Thebas, construtor da torre da antiga Séda cidade11. Não podemos esquecer os construtores e escultores das imagens dosantigos templos de matriz africana, cujas trajetórias estão por ser pesquisadas.

Em todo o período escravista africanos(as) escravizados(as) trabalharam noserviço doméstico tanto nas fazendas quanto nas casas e sobrados urbanos. Aschamadas "mucamas" ou "amas de leite" foram mulheres negras exploradas além doque era considerado trabalho. Eram também tratadas como objetos sexuais,aviltando ainda mais a condição exploratória e redutora do ser humano e de seucorpo.

Há muitas formas de se perceber um passado que não passou, e o trabalho é umdos nexos fundamentais para entender uma sociedade que renovadamente se revelaexcludente e produtora de profundas desigualdades. Ainda nos dias de hoje, dentreos sujeitos de várias práticas culturais e artísticas afro-brasileiras, encontramospessoas que trabalham como lavradores(as), cozinheiras(os), babás, pedreiros, garis,etc. e que são pouco reconhecidas como produtores de arte e cultura.

RReeffeerrêênncciiaass aaffrriiccaannaass:: iinnfflluuêênncciiaass eemm ttrraaddiiççõõeess qquuee ssee rreeccrriiaammA partir desse ponto pretendemos focalizar práticas culturais, a exemplo de

alguns complexos de música/dança/ritual que fazem e refazem referências à África eà diáspora africana. O crescimento de estudos referentes à temática da cultura negradecorre da contribuição de pesquisadores(as), intelectuais e militantes quechamaram atenção para essa cultura como resultado de um processo dereelaboração e sustentação de uma "herança cultural negra multifacetada"12.

Este processo nos aproxima sobremaneira da África num contínuoenriquecimento do que era costumeiro, tradicional, constituindo um dinâmicodiálogo com outras culturas aqui presentes, que passaram a compor a expressãonegra nas mais diversas formas: escolas de samba, capoeira, jongo, congada, blocosafro, maracatus e tantas outras.

O patrimônio cultural da população negra é composto de bens materiais eimateriais que são expressões dessas comunidades, dos mais diferentes aspectos:objetos, costumes, canções, rituais, encontrados na religião, na culinária, nos modosde tecer e de vestir.

MMúússiiccaa nneeggrraaA música é um importante veículo para se perceber a presença africana entre nós.

No entanto, é muito comum quando se pensa na contribuição dos(as) africanos(as)

10 OLIVEIRA, Myriam Andrade Ribeiro. O Aleijadinho e Mestre Valentim. In ARAÚJO, Emanoel, Op. Cit., p. 55-75.11 LEMOS, Carlos A. C. Thebas. In ARAÚJO, Emanoel, Op. Cit., pp. 76-81. 12 FRANCISCO, Dalmir. Comunicação, identidade cultural e racismo. In Brasil Afro-brasileiro. FONSECA Maria Nazareth

Soares (org). Belo Horizonte: Autêntica, 2000.

5566 A Incisiva marca africana na cultura Brasileira

no que se refere à música imaginar a predominância da percussão e dentro delavariações de ritmos, que dizem respeito a um saber musical que em grande parte nãofoi adquirido na educação formal e sim no convívio cotidiano e também muitas vezespautado em rememorações.

Não se pode perder de vista que o fazer poético em diferentes partes da África,se apresenta de diversas maneiras: cantos funerais, canções de ninar, preces e cantosreligiosos. Junto a essas criações poéticas é possível encontrar algo totalmenteestranho à chamada "tradição estética ocidental": o texto percussivo ou poesia dostambores (drum poetry), executada pelos tambores falantes (talking drums). NoBrasil, cada expressão musical marcadamente de "origem" africana constituilinguagens artísticas particulares e específicas. Mesmo dentro de cada uma destaexistem particularidades que as distinguem entre si.

A experiência é uma grande aliada, na medida em que vários participantes dasfestas populares e nos cultos de matriz africana, os músicos ou "tocadores", comosão popularmente chamados, fazem soar tambores, sanfonas, cavaquinhos, ou seja,uma ampla gama de instrumentos, sem terem estudado música no sentido formal.

Por outro lado não se pode esquecer da inserção e contribuição dos negros aoque se refere à música por volta de 1800 aqui no Brasil, onde grande parte dessaatividade, com destaque para a interpretação instrumental, era feita por negros e"mestiços", muitos deles ainda escravizados13. Na relação entre as formas culturaisdo Brasil e da África acontece numa justaposição ou apropriação, pois essasorquestras apresentavam Haydn, Mozart e compunham por vezes, à modaeuropéia:

A música é um importante veículo para se perceber a presença africana entre nós.No entanto, é muito comum quando se pensa na contribuição dos(as) africanos(as)no que se refere à música imaginar a predominância da percussão e dentro delavariações de ritmos, que dizem respeito a um saber musical que em grande parte nãofoi adquirido na educação formal e sim no convívio cotidiano e também muitas vezespautado em rememorações.

Não se pode perder de vista que o fazer poético em diferentes partes da África,se apresenta de diversas maneiras: cantos funerais, canções de ninar, preces e cantosreligiosos. Junto a essas criações poéticas é possível encontrar algo totalmenteestranho à chamada "tradição estética ocidental": o texto percussivo ou poesia dostambores (drum poetry), executada pelos tambores falantes (talking drums). NoBrasil, cada expressão musical marcadamente de "origem" africana constituilinguagens artísticas particulares e específicas. Mesmo dentro de cada uma destaexistem particularidades que as distinguem entre si.

A experiência é uma grande aliada, na medida em que vários participantes dasfestas populares e nos cultos de matriz africana, os músicos ou "tocadores", comosão popularmente chamados, fazem soar tambores, sanfonas, cavaquinhos, ou seja,uma ampla gama de instrumentos, sem terem estudado música no sentido formal.

Por outro lado não se pode esquecer da inserção e contribuição dos negros aoque se refere à música por volta de 1800 aqui no Brasil, onde grande parte dessaatividade, com destaque para a interpretação instrumental, era feita por negros e

5577História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

"mestiços", muitos deles ainda escravizados13. Na relação entre as formas culturais doBrasil e da África acontece numa justaposição ou apropriação, pois essas orquestrasapresentavam Haydn, Mozart e compunham por vezes, à moda européia:

EEsssseess eessccrraavvooss mmúússiiccooss eerraamm aallttaammeennttee qquuaalliiffiiccaaddooss ee ssuuaassaattiivviiddaaddeess ddiiáárriiaass ssee ccoonncceennttrraavvaamm nnoo aappeerrffeeiiççooaammeennttoo ddaassuuaa ttééccnniiccaa...... CCrriioouu--ssee eennttrree ooss nneeggrrooss ee mmeessttiiççooss ddaa ccoorrttee eeddaass pprriinncciippaaiiss vviillaass ee cciiddaaddeess,, eessccrraavvooss ee lliibbeerrttooss,, uummaa ttrraaddiiççããoommuussiiccaall ccoommpplleexxaa ee pplluurraall,, qquuee ttrraazziiaa eelleemmeennttooss ddiivveerrssooss..1144

MMúússiiccaa,, ddaannççaa ee rriittuuaallDentre as influências africanas que se recriam, a linguagem musical é certamente um

dos campos onde as referências africanas aparecem de maneira significativa formandoum infinito mosaico de presenças e contribuições, constituindo um rico caleidoscópiorítmico das mais diversas expressões e possibilidades de identidades negras espalhadaspelo Brasil, tanto no passado como no presente. Hoje é possível constatar múltiplasmanifestações musicais que traduzem as mais variadas temporalidades, nas quais épossível apreender dinâmicos processos de continuidade e descontinuidade relativos aosdesdobramentos das heranças negro-africanas frente aos desafios do presente.

As identidades negras contempladas na música brasileira hoje são resultados demuitas implicações históricas15, dentre elas a tradição da oralidade de inúmerasculturas africanas, a qual que se destaca pela força do improviso, presente em muitasexpressões musicais, como nos cantos do congado, jongo, capoeira e no própriosamba (no tradicional pagode ou partido alto).

Não se pode perder de vista que a música também ganha uma centralidadequando se tem um país onde, em alguns lugares, a educação ainda é um privilégio.Assim, a música dá um sentido à existência, por ser linguagem de maiorabrangência, envolvendo geralmente a dança, a corporeidade e sendo exercitada emmomentos de festas ou rituais.

CCuullttuurraass aaffrroo--bbrraassiilleeiirraass:: ccoonnggaaddaa,, ccaappooeeiirraa ee ssaammbbaaNessa parte do texto, trazemos uma seleção de práticas culturais encontradas, com

variações, em todo o território brasileiro e lembramos quando possível outras deextensão regional. Todas apresentam músicas que fazem referência direta à África, aosnavios negreiros, à escravidão e a outros aspectos da vida da população negra.

AA ccoonnggaaddaaA congada aparece como um emblema das representações da população africana

e de seus descendentes no Brasil, e também como porta de entrada para outras

13 COSTA E SILVA, Alberto da. Um Rio chamado Atlântico. Rio de Janeiro, Nova Fronteira/UFRJ.14 NAPOLITANO, Marcos. História e música. Belo Horizonte, Autêntica. 2002. p.43. 15 Sobre o negro e a música consultar: COSTA, Haroldo. O negro na MPB. In: ARAÚJO, Emanoel (Org.) (2000) Negro

de corpo e alma. São Paulo, Fundação Bienal, pp. 282-483; LOPES, Nei (1992) O negro no rio de Janeiro e suatradição musical. Rio de Janeiro, pallas, 1992.

5588 A Incisiva marca africana na cultura Brasileira

expressões significativas da cultura negra. São expressões oriundas das irmandadesreligiosas de pretos. Presentes desde o período colonial, reverenciavam os santosnegros como São Benedito, Santa Efigênia (ou Ifigênia), Santo Antônio deCatagerona (ou Catigeró) ou de devoção negra, a exemplo de Nossa Senhora doRosário, Nossa Senhora do Carmo, São Gonçalo.

Houve entre estudiosos dessa temática a noção de que as irmandades seriam umaexpressão de adesão e conformismo dos negros no sistema escravista, tendo em vistaque elas faziam parte da igreja católica. Estudos mais recentes apontam que essasirmandades constituíam espaços de resistências, de solidariedade culturais e sociais,base de muitas estratégias de sobrevivência e liberdade16. É preciso considerar que,mesmo as práticas tidas como lugares de interseções, de desvios e rupturas, como écaso das irmandades, que no escravismo seriam uma forma de dominação, foram,contraditoriamente, reapropriados pelos negros como espaço de reterritorializaçãopráticas culturais ancestrais17.

A festa de coroação de rei e de rainha do congo esteve presente no Brasil desde acolônia, mas teve seu fim decretado pela Igreja Católica no final do século XIX com o iníciodo período chamado romanização da igreja no Brasil. Assim, o ato de coroação passa atransformar-se em auto de dança dramática, como espaço de louvor nem sempre ligadosà igreja, como é caso da festa da congada18. Nessa festa, a linguagem musical, incluindocanto, percussão e dança, permite uma comunicação entre os participantes, possibilitandoum contato com a esfera divina, cumprindo um compromisso com a ancestralidade, coma divindade, ou com o prazer de sentir-se integrado e de se reconhecer como negro ecomo congo (congueiro/a ou congadeiro/a)19.

AA ccaappooeeiirraaEntre os africanos e seus descendentes escravizados no Brasil imperial, há

registros e representações de uma expressão que contém música, dança e luta,parecidas em grande parte com a capoeira, como hoje a conhecemos, a exemplo deviajantes europeus como Rugendas, autor das litografias Jogo de Capoeira e San-Salvador, ambas datadas de 1835.

Documentos estudados por historiadores demonstram a perseguição de que acapoeira foi alvo desde o reinado de D. João VI, especialmente nas cidades deSalvador e Rio de Janeiro. Nesta última, no final do século XIX, as chamadas maltasde capoeiras incluíam brancos imigrantes e eram igualmente perseguidas20.

Na década de 1930, durante o governo de Getúlio Vargas, que tinha uma políticacultural altamente seletiva de construção da identidade nacional, a capoeira foi

16 QUINTÃO, Antônia Aparecida. As Irmandades Negras: outro espaço de luta e resistência (São Paulo: 1870 - 1890).São Paulo, Annablume, 200, 154p.

17 DAMASCENA, Adriane (2004) Ser negro em Goiás: o caráter formativo das congadas. 3º Concurso Negro eEducação. Ação Educativa e ANPEd.

18 O maracatu também é uma das expressões que se originaram da festa de coroação de rei e rainha do congo e quefez aproximar o diálogo entre o sagrado e o profano, hoje com maior visibilidade o segundo.

19 Sobre a congada: LUCAS, Glaura (2002) Os Sons do Rosário. Belo Horizonte, ed. UFMG; MARTINS, Leda Maria(1997) Afrografias da Memória. Belo Horizonte, Mazza Edições, 1997.

20 ARAÚJO, Emanoel (Org.) (1988) A mão afro-brasileira: significado da contribuição artística e histórica. São Paulo,Tenenge, p. 476-478.

5599História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

instituída como prática esportiva, na sua vertente denominada de regional,justaposta à outras artes marciais liderada por Manoel dos Reis Machado, o MestreBimba. O outro estilo denominado de "Angola", tendo à frente Vicente JoaquimFerreira Pastinha, o Mestre Pastinha, é considerado por muitos como menosinfluenciado por outras culturas. Ambas têm crescido em integrantes oriundos tantodos subúrbios e periferias de maioria negra, quanto entre segmentos médios, demaioria branca.

UUmm ssaammbbaa,, mmuuiittooss ssaammbbaassSabemos que o samba é uma das principais criações afro-brasileiras, mas

tendemos a reduzi-lo a um estilo musical com algumas variações e a situar seu"nascimento" na comunidade negra urbana carioca do início do século XX, a exemploda "Pequena África", situada na Praça Onze na cidade do Rio de Janeiro, onderesidiam Tia Ciata e outras pessoas, originárias da Bahia21. Somente com esseselementos teríamos muito a dizer sobre o samba. No entanto, ele nos leva maisalém. O samba na verdade são muitos estilos de samba e ritmos correlatos22. Alémde baiano e carioca é uma prática cultural tanto urbana, quanto rural e presente comessa e outras denominações em outras partes do país. As escolas de samba e blocoscarnavalescos existem de Norte a Sul do país. O samba pode ser relacionado diretaou diretamente a gêneros e ritmos a exemplo do jongo, do samba de roda, dopartido alto, do pagode, etc.

A lista de sambistas negros(as) passa por nomes conhecidos e outros poucolembrados: Donga, Sinhô, Pixinguinha, Ismael Silva, Candeia, Cartola, Antônio Vieira,Paulinho da Viola, Nei Lopes. E há a presença fundamental de mulheres compositoras eintérpretes: Ivone Lara e Leci Brandão; Clementina de Jesus, Clara Nunes, Elza Soares,Alcione, Teresa Cristina e outras.

Nesse campo que combina música, dança e ritual, as culturas afro-brasileirasmarcam o mapa brasileiro numa lista sem fim: marabaixo e batuque (Amapá), BoiBumbá (Pará), Bumba-meu-boi e Tambor de Crioula (Maranhão) Dança da Súcia ouSussa (no Norte de Goiás e Sul de Tocantins).

CCuullttuurraa aaffrroo--bbrraassiilleeiirraa ee eessppaaççooAo abordarmos a participação africana e afro-brasileira na cultura brasileira não

poderemos deixar de tratar dos referenciais espaciais atribuídos ou construídos.Inicialmente, destacamos os porões dos navios negreiros, com sua disposiçãodegradante de pessoas tratadas como coisas e mercadorias, fato que marca a grandetravessia do Atlântico e a desigualdade que estaria por se reconstituir em terra. Logoem seguida, ressaltamos os locais de vendas de escravizados(as), como praças, largose mercados, a exemplo, do Largo da Memória em São Paulo, do mercado doValongo no Rio de Janeiro ou do atual prédio do Centro de Cultura Negra noMaranhão. Separados(as) por condição física, sexo e faixa etária, os africanos viveram

21 SODRÉ, Muniz (1998) Samba, o dono do corpo. Rio de Janeiro, Mauad.22 ALVES, Arivaldo de Lima (2003) A experiência do samba na Bahia: práticas corporais, raça e masculinidade. Tese de

doutorado em Antropologia. Brasília, UnB. 23 Cafua: espécie de prisão para escravizados (as), geralmente sem janelas.

6600 A Incisiva marca africana na cultura Brasileira

aí um outro espaço de segregação. Nessa linha, incluímos as partes de edifícios ruraise urbanos como as senzalas e cafuás23 verdadeiras prisões, das quais por todo o paístemos registros arquitetônicos e urbanísticos.

A África, rememorada ou recriada em inúmeras práticas culturais, tambémpermanece como o vasto território negro, para as populações afro-brasileiras urbanasou rurais. Exemplo disso são as canções (sambas, toadas de congo e corridos decapoeira) que rememoram regiões como o Congo e Angola ou pontos específicos aexemplo da decantada Luanda, cujo nome, às vezes, aparece modificado como, porexemplo, Aruanda24. No entanto, vivendo numa situação de subalternidade, africanos eafricanas, negros e negras, construíram espaços de sociabilidade, permanentes outransitórios que podemos denominar de territórios negros.

TTeerrrriittóórriiooss nneeggrrooss eemm eessppaaççoo bbrraannccooOs quilombos, as irmandades de "homens pretos" e "pardos" e os denominados

terreiros, casa de cultos africanos e afro-brasileiros, constituem os territórios permanentesde maior antiguidade no Brasil, construídos desde os períodos colonial e imperial.

Do Amapá ao Rio Grande do Sul, do litoral ao sertão, africanos(as)escravizados(as) formaram quilombos de todos os portes25. Os quilombos seconfiguraram também não somente em terras apossadas, mas incluem apermanência como grupo social em terras "de santo", adquiridas, doadas (demaneira verbal ou escrita) por serviços prestados à nação ou por proprietários ouainda abandonadas por estes últimos em situação de absenteísmo ou falência. Osquilombos resultam mais de uma busca espacial de um espaço próprio que somentede um ato de fuga26 e em condições de longa permanência elaboraram práticasculturais próprias.

Na segunda metade do século XIX, quando a maior parte da população negra eralivre ou liberta, muitos desses agrupamentos negros se organizam nas áreas quepodemos denominar de suburbanas em São Luís, Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro,dentre outras cidades.

Tendo em vista que os espaços centrais da sociedade brasileira eram dirigidos porbrancos e vetados, explicitamente ou não, aos negros e escravizados, como ostemplos católicos, foram organizadas irmandades de "pretos" e "pardos" e edificadascapelas dedicadas a vários(as) santos(as) de devoção. Essas igrejas marcam o espaçourbano de cidades brasileiras, tanto das capitais como do interior, e constituem partedo patrimônio cultural brasileira.

Por outro lado grupos de africanos(as) e negros(as) nascidos no Brasil, formaram emmeio ao sistema escravista, espaços de culto, que genericamente denominamos deterreiros. Alguns exemplos são: a Casa das Minas, construída por africanas por volta de1847 em São Luís do Maranhão e a Casa Branca do Engenho Velho, em Salvador,

23 CASCUDO, Luiz da Câmara. Made in África. São Paulo: Global, 2003. p.93. 24 RATTS, Alecsandro JP. (Re)conhecer quilombos no território brasileiro. In FONSECA, Maria Nazareth Soares (org)

Brasil afro-brasileira, 2000. 25 NASCIMENTO, Beatriz Textos e narração do filme Ori. São Paulo: Angra filmes, 1989.26 MOURA, Glória. A força dos tambores: a festa nos quilombos contemporâneos. In SCHWARCZ, Lilia & REIS, Letícia

Vidor (Orgs.) Negras imagens. Saio Paul, EDUSP/Estação Ciência, 1996, pp. 55-79.

EEssttééttiiccaa ee ccoorrppoorreeiiddaaddee aaffrriiccaannaass ee aaffrroo--bbrraassiilleeiirraassComo sistema desumanizador, o escravismo atinge o corpo do homem e da mulher

africanos de várias maneiras: a prisão na África, a travessia do Atlântico nos porões dosnavios negreiros, a exposição nos "mercados de escravos", o trabalho forçado nasfazendas e nas "casas grandes", as condições subumanas das senzalas e cafuas, osinstrumentos de suplício e os açoites28. No entanto, é necessário ir mais além edesvincular, ao menos em parte, o nexo entre o corpo negro e a escravidão.

No entanto, para o homem e a mulher africanos o corpo também é visto comomarca de identificação, portador de uma grande variedade de práticas culturais comopenteados, turbantes e gorros, escarificações29, panos da costa. O corpo negro,africano e afrodescendente, torna-se igualmente a referência primeira da cultura negrapor ser um elemento de destaque em práticas musicais e corporais, como a capoeira,a congada, o samba e a apropriação do espaço.

A noção de estética nos parece mais abrangente para incluir a corporeidade e aindumentária, nesse campo mais específico ligado à arte e, particularmente, à música.

6611História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

ambas tombadas pelo patrimônio histórico. Nestes territórios negros o controle erasobretudo feminino, o que rompia frontalmente com o lugar social inferior dasmulheres negras no período.

Os espaços onde se apresentam as congadas, a exemplo de Catalão em Goiás,contemplam lugares permanentes como a Igreja de Nossa Senhora do Rosário eterritórios transitórios que são apropriados em determinados momentos, como as ruaspor onde passam os ternos de congo. Nesse rol entram os lugares de apresentaçãoregular de capoeira, samba, além de outros ritmos e gêneros afro-brasileiros.Permanentes ou transitórios são "espaços próprios"27 apropriados pelo corpo, permitindoinúmeras vezes, a presença de pessoas de outros grupos étnico-raciais.

27 SODRÉ, Muniz. O terreiro e a cidade. Petrópolis: Vozes, 1988.28 MOURA, Carlos Eugênio Marcondes. A travessia da calunga grande: três séculos de imagens sobre o negro no

Brasil. São Paulo: EDUSP, 2000.29 Escarificações: cicatrizes de cortes feitos no rosto e em outras partes do corpo que indicam o grupo étnico, a cidade

ou a região de origem e pertencimento.

D. Bibil liderança do quilombo deConceição dos Caetano - Tururu - CE

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Localidade de Engenho II - quilomboKalunga - Cavalcante - GO

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6622 A Incisiva marca africana na cultura Brasileira

OO ccoorrppoo aaffrriiccaannoo ee nneeggrroo nnoo ssiisstteemmaa eessccrraavviissttaaA maior parte das práticas culturais que mencionamos no curso, desde o período

escravista, tem o corpo como uma das principais referências. Para os colonizadoresbrancos, europeus e eurodescentes, os africanos e as africanas deveriam afastar-secada vez mais dos seus referenciais de identidade, de grupo e de territorialidade. Porum lado, civilizar-se implicava, então, na negação de si mesmo e na aceitação deoutros padrões estéticos e corporais. Dentre os elementos de violência que atingia ocorpo africano estavam a imposição de andar descalço, que indicava a condição deescravizado, marcas de proprietários como se faz com o gado e cicatrizes de açoites.

Por outro lado, o corpo negro passa a ser visto também como o portador dadiferença racial: a cor da pele, a textura do cabelo, os penteados e adornos decabeça, indumentárias tidas como não ocidentais, e que podiam ser marcas depertencimento a grupos étnicos, o corpo que dança em movimentos e rituaisconsiderados como sensuais e exóticos.

No que diz respeito ao vestuário as mulheres negras eram vistas adornadas comjóias de ouro e, sobretudo, com panos-da-costa trazidos da África. Esses panospodiam ser usados para amarar crianças nas costas, colocados por cima do corpo etambém na cabeça. O pano-da-costa viajou da África para o Brasil e do Brasil para aÁfrica, pois o uso do pano como xale ficou conhecido na África como hábito dasbrasileiras descendentes de escravizadas que voltaram do Brasil30.

As que aqui ficaram utilizam indumentárias e adornos semelhantes, como asdenominadas mães de santo (iyalorixás). Outras também utilizam os turbantes e ospanos da costa, a exemplo das mulheres negras que comercializam produtos daculinária afro-brasileiras, denominadas de "baianas" e daquelas que sãorepresentadas nas "alas das baianas" das escolas de samba.

AA eessttééttiiccaa nneeggrraa iinnddiivviidduuaall ee ccoolleettiivvaaO corpo é uma construção histórica e cultural que se modifica de uma sociedade

para outra. Não se resume ao corpo físico, biológico, mas agrega os significados quea ele atribuímos na diferenciação social e racial31.

O que estamos denominando de estética negra é uma recriação de elementosafricanos e afro-brasileiros e compreende um vasto repertório de práticas: cabeloscrespos e cacheados, tratados e penteados de várias maneiras, tranças do própriocabelo ou complementadas com fibras artificiais, penteados "black power" ou"rastafari"; o uso de adornos (colares, pulseiras, etc.) de metal (especialmentedourados e prateados), madeira, fibras vegetais, búzios, "miçangas". Podemostambém destacar o "visual" mais ligado a outros universos negros estrangeiros ouglobais: camisetas customizadas ou estampadas com ícones da cultura negra,correntes metálicas (como colares), gorros, lenços, calças largas, tênis, etc..

A estética negra contemporânea, que mantém as várias estéticas africanas eafricanizadas como "espelho", age no sentido de ampliar os parâmetros de beleza

30 SODRÉ, Muniz. O terreiro e a cidade. Petrópolis: Vozes, 1988.31 INOCÊNCIO, Nelson Odé. Representação visual do corpo afro-descendente. In PANTOJA, Selma (org). Entre Áfricas

e Brasis. São Paulo: Marco zero, 2001, pp. 191-208.

6633História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

para além da pele e dos olhos claros, do cabelo liso e das roupas formais"ocidentalizadas". Trata-se de uma estética em busca de referenciais identitários, deauto-estima, de pertencimento e reconhecimento que foge ao padrão único e à idéiade exótico. Trata-se também de espaços de inovação e criatividade.

CCuullttuurraa nneeggrraa ee ppeennssaammeennttooEm todas as práticas culturais enfocadas neste texto relacionamos a produção

cultural à produção de conhecimento, o saber ao fazer, como dissemos, para além daredução da cultura afro-brasileira a contribuições isoladas e passadistas.

A cultura e as práticas culturais são elaboradas cotidianamente transformando oconhecimento em experiência de aprendizagem, do mesmo modo que a própriaexperiência vivida se transforma em conhecimento. Através da socialização seaprende e, em todos os momentos a existência, a relação com outro e as ações alivividas nos ensinam e nos constituem. Esta constituição é elaborada cotidianamente,e se revela nas mínimas coisas. Assim, pormenores normalmente considerados semimportância e triviais, carregam muitos elementos importantes que nos permitemcaptar a realidade.

Considerar os mais diversos elementos presentes nas práticas como a alimentação, ovestuário, a oralidade, a gestualidade, sonoridade, odores, sabores, são sinais que permitemdecifrar a diversidade e a complexidade da realidade histórica da população afro-brasileira.

Tomar as diversas práticas sociais e culturais como práticas educativas é vê-la emprocesso, sendo construídas intensamente e carregadas de tensão entre diferentesindivíduos e diferentes comunidades, criando contextos interativos que, justamentepor se relacionarem dinamicamente em diferentes ambientes culturais, os quaisdiferentes indivíduos desenvolvem identidades, contribuem para um ambienteformativo.

CCuullttuurraa nneeggrraa ee ttrraannssmmiissssããoo ddee ccoonnhheecciimmeennttooAs expressões culturais e religiosas de matriz africana trazem processos educativos

que dizem respeito ao próprio exercício das apresentações no momento da festa e nosrituais religiosos. Esses processos se revelam na música, na dança, no toque dosinstrumentos e nos gestos. São elementos impressos e expressos no corpo através daprática e da tradição oral.

O conhecimento se manifesta e se constitui no exercício e na função de cadamembro do grupo ou da comunidade, que se apresenta, seja nas festas seja nosrituais religiosos. O saber se traduz no saber fazer, que advêm do saber ouvir, dosaber ver, através do aprendizado com o outro. O saber é compartilhado e sematerializa no momento das festas, onde se apresenta e se reconstrói, através dosparticipantes, a africanidade nos mais diversos aspectos, seja na estética, seja nostoques dos instrumentos.

Outra fonte de conhecimento se encontra nas organizações negras formadas noséculo XX, especialmente as que se mantém na contemporaneidade, a exemplo dosmovimentos negros e dos movimentos de mulheres negras. É necessário considerartambém a formação nas universidades brasileiras de Núcleos Afro-Brasileiros e grupos

6644 A Incisiva marca africana na cultura Brasileira

similares, compostos em grande parte por acadêmicos(as) negros(as). Merece destaqueigualmente a criação, em 2000, da Associação Brasileira de Pesquisadoras ePesquisadores Negros (ABPN) que realiza encontros bianuais, além de intelectuaisnegros de relevância nacional como Milton Santos e Sueli Carneiro.

CCoonnhheecciimmeennttoo ee rreessppeeiittoo àà ddiiffeerreennççaaEsse interesse de uma educação vinculada às práticas sociais e culturais aparece

como reação à dominação por vias culturais, que são abraçadas como viascivilizatórias e de progresso, pautadas por uma visão linear e etnocêntrica de história,de cultura.

Uma retomada de vozes que ficaram silenciadas por opressões históricas éfundamental e necessária para uma compreensão democrática de educação. Oprimeiro movimento para essa escuta é o reconhecimento da existência de espaçosoutros que não o da educação formal, como portadores de saberes. Para isso, énecessário tomar como imprescindível para o entendimento desses saberes os nexosentre educação e cultura, considerando que uma não existe sem a outra, ambassendo alimentadas e alimentando-se na arte e na memória.

O respeito às diferenças é um ponto crucial na construção de uma sociedade maishumana, cuja concepção de humanidade seja fundada na diversidade: "o que nos fazmais semelhantes ou mais humanos são as diferenças"32.

ÁÁffrriiccaass rreeccrriiaaddaass eemm tteerrrraass bbrraassiilleeiirraassPodemos incluir na relação África/Brasil as referências que encontramos

novamente no campo das artes e da estética, a exemplo da literatura e das artesvisuais, mas igualmente de práticas culturais em que a corporeidadeafrodescendente é relevante33.

No caso da literatura brasileira destacamos poetas, escritores e escritoras quefazem diferenciadas menções às Áfricas, à "terra-mãe", à diáspora, ao mar, àescravidão e, sobretudo, à vida de negros e negras em terras brasileiras, "à dor e àdelícia" de ser negro, ou seja, ao ônus e ao bônus de ser e de se identificar comonegro no Brasil.

No final do século XIX, a romancista Maria Firmina dos Reis, os poetas CastroAlves e Cruz e Souza se incluem dentre aqueles(as) cujas obras trazem citaçõesdiretas à África. No romance Úrsula publicado em 1856, as personagens negrasmantém distintas relações com o continente africano: uma relembra com saudade aterra perdida, sofre ao rememorar o rapto, o navio negreiro; outra reforça sualigação com o Brasil.

Cruz e Souza, no texto O Emparedado, compõe um dos mais significativos exemplosda dificuldade de tornar-se artista no Brasil sendo, como diríamos nos termos de hoje,afrodescendente.

32 GOMES, Nilma L. Cultura Negra e Educação. Revista Brasileira de Educação. Rio de Janeiro: nº 23, 2003. 33 ARAÚJO, Emanoel (org). A mão afro-brasileira: significado da contribuição artística e histórica. São Paulo: Tenenge.

6655História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

Não sei se te conteiMas há algum tempo sou minhaMe adquiri num mercadoOnde o escambo era de posse pela liberdadeMe obtive numa dessas voltas da morteMe acolhi num desses retornos do infernoDei banho, abrigo, roupas, amor, enfimAdotei o meu mimComo quem se demarca e crava em si o mastro da terra à vistaA cheiro, a tato, a trato, a paladar e tato

Não sei se te conteiMe recebi à porta da minha casaAbracei, mandei sentarAbracei eu mesma, destranquei a portaQue é preu sempre poder voltar.

Dei apenas o céu à sua legítima gaivotaSomos a sociedade E ao mesmo tempo a cotaVisita e anfitriãMoram agora num mesmo elementoJuntas se ancoramNa viagem das eras No novelo do umbigoNo embrião do centroNo colo do tempo34

AArrttiissttaa??!! LLoouuccuurraa!! LLoouuccuurraa!! PPooddee lláá iissssoo sseerr ssee ttuu vveennss ddeessssaalloonnggíínnqquuaa rreeggiiããoo ddeessoollaaddaa,, lláá ddoo ffuunnddoo eexxóóttiiccoo ddeessssaaÁÁffrriiccaa ssuuggeessttiivvaa,, ggeemmeennttee,, ccrriiaaççããoo ddoolloorroossaa eessaanngguuiinnoolleennttaa ddee SSaattããss rreebbeellaaddooss,, ddeessssaa ffllaaggeellaaddaa ÁÁffrriiccaa,,ggrrootteessccaa ee ttrriissttee,, mmeellaannccóólliiccaa,, ggêênneessee aassssoommbbrroossaa ddeeggeemmiiddooss,, tteettrriiccaammeennttee ffuullmmiinnaaddaa ppeelloo bbaannzzoo mmoorrttaall;; ddeessssaaÁÁffrriiccaa ddooss SSuuppllíícciiooss,, ssoobbrree ccuujjaa ccaabbeeççaa nniirrvvaanniizzaaddaa ppeellooddeesspprreezzoo ddoo mmuunnddoo DDeeuuss aarrrroojjoouu ttooddaa aa ppeessttee lleettaall eetteenneebbrroossaa ddaass mmaallddiiççõõeess eetteerrnnaass!!

Na segunda metade do século XX, diversos(as) poetas emergem em publicaçõesindividuais ou coletâneas como Cadernos Negros (lançada em 1978). A exemplo deOswaldo Camargo, Cuti, Paulo Colina e posteriormente Conceição Evaristo, JônatasConceição, Landê Onawalê e Esmeralda Ribeiro, dentre outros(as). A literatura afro-brasileira contemporânea continua trazendo referências diretas ou indiretas à África, àescravidão, ao racismo e à negritude, num movimento de descontinuidade econtinuidade com as denominadas "raízes culturais". A literatura afro-brasileira, segue,às vezes, o mesmo percurso da pessoa negra em busca da reconstrução de si:

34 LUCINDA, Elisa. Adoção: In: LUCINDA, Elisa. O Semelhante - 1997

Ressaltando igualmente a música negra que abrange dos ritmos que emergiramno território nacional, a exemplo do samba, e inclui outros que se formaram emterras estrangeiras como o jazz, o soul, o reggae, o funk e o rap. Deste modotemos o samba-reggae dos blocos afro baianos, como Ilê Aiyê e Olodum. A músicade Jorge Ben Jor, Gilberto Gil, Gerson King Combo, Tim Maia, Sandra de Sá, IvoMeirelles, Ed Motta, Paula Lima e Seu Jorge abriga essas justaposições de ritmos ereferências.

Um dos exemplos a destacar é o da cultura hip hop, que envolve elementos comoo rap (a música), o break (a dança), os MCs e DJs (cantores e músicos eletrônicos) e ografite (a arte visual). Considerada um estilo estrangeiro, cada vez mais, cresce no Brasile muitos de seus artistas buscam referências africanas, afro-americanas e

6666 A Incisiva marca africana na cultura Brasileira

35 MUNANGA, Kabengele (org.). Arte afro-brasileira. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 2000.36 FELISBERTO, Fernanda. Introdução. In FELISBERTO, Fernanda. Terra de palavras – contos. Rio de Janeiro,

Pallas/Afirma Publicações, 2004, p. 9.

No campo das artes plásticas, encontramos um vasto número de artistas queconstroem suas obras a partir de um referencial africano ou afro-brasileiro, a África, asÁfricas ou o que denominamos aqui de culturas afro-descendentes, ou seja, as culturasdos africanos(as) em diáspora pelas Américas e em outras partes do mundo. É o casoda pintora Niobe Xandó, do pintor e escultor Rubem Valentim e do sacerdote docandomblé, escritor e também, escultor Mestre Didi (Deoscoredes dos Santos).

NNeeggrriittuuddeess pplluurraaiiss ee ccuullttuurraass nneeggrraass ddiinnââmmiiccaassPara concluir a abordagem desse texto, seguindo o princípio que traçamos desde o

início, vamos abordar a pluralidade de culturas negras e sua dinamicidade no Brasil. Anegritude, movimento de afirmação da identidade e das referências negras, busca suasfontes no vasto repertório dos africanos e das africanas na diáspora.

Como dissemos que nem a África, nem o Brasil são homogêneos, não podemosafirmar a idéia de uma cultura afro-brasileira única ou mesmo "pura". Em se tratandode cultura, não há uma essência. O que existe é um processo dinâmico de construção.

Da segunda metade do século XX até os dias atuais, vemos movimentos culturais,principalmente no campo das artes visuais35, da literatura e da música que incorporamreferências africanas, mas também outras afro-descendentes, como aquelas queemergem no Caribe e nas Américas. É o que nos aponta Fernanda Felisberto, acerca daliteratura:

NNóóss,, qquuee ttaannttoo pprreecciissaammooss ddee nnoossssaa lliitteerraattuurraa ppaarraa nnoosseennttrreetteerr,, pprreecciissaammooss ddeellaa ttaammbbéémm ppaarraa eexxpprreessssaarr aass vváárriiaassddeemmaannddaass qquuee tteemmooss ppoorr iigguuaallddaaddee ddee ggêênneerroo,,rreelliiggiioossiiddaaddeess ddiissttiinnttaass,, ee ppaarraa eexxeerrcceerr aa aauuttoo--eessttiimmaa.. NNoossssaalliitteerraattuurraa nneeggrraa nnooss sseerrvvee ccoommoo uumm aalliicceerrccee ppaarraa aaccoonnssttrruuççããoo ddee uummaa iiddeennttiiddaaddee aaffrroo--bbrraassiilleeiirraa aauuttôônniimmaa,,sseemm aammaarrrraass ee lleeggeennddaass qquuee lleeggiittiimmeemm aa nnoossssaappeerrmmaannêênncciiaa oouu eexxcclluussããoo aaoo lloonnggoo ddaa hhiissttóórriiaa ddeessssee ppaaííss36..

6677História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

especialmente afro-brasileiras, a exemplo de Rappin' Hood com Leci Brandão, em SouNegrão37, Marcelo D2 nas faixas Samba de Primeira e Batucada38 e de Racionais MC'sem Júri Racional:

GGoossttoo ddee NNeellssoonn MMaannddeellaa,, aaddmmiirroo SSppiikkee LLeeee.. ZZuummbbii,, uumm ggrraannddee hheerróóii,, oo mmaaiioorr ddaaqquuii.. SSããoo iimmppoorrttaanntteess pprraa mmiimm,, mmaass vvooccêê rrii ee ddáá aass ccoossttaass.. ((......))PPoorréémm,, nnããoo qquueerroo,, nnããoo vvoouu,, ssoouu nneeggrroo,, nnããoo ppoossssoo,, nnããoo vvoouu aaddmmiittiirr!! DDee qquuee vvaalleemm rroouuppaass ccaarraass,, ssee nnããoo tteemm aattiittuuddee?? EE oo qquuee vvaallee aa nneeggrriittuuddee,, ssee nnããoo ppôô--llaa eemm pprrááttiiccaa?? AA pprriinncciippaall ttááttiiccaa,, hheerraannççaa ddee nnoossssaa mmããee ÁÁffrriiccaa.. AA úúnniiccaa ccooiissaa qquuee nnããoo ppuuddeerraamm rroouubbaarr!!

Muitos desses grupos que se destacam no país mantêm conexões nacionais einternacionais, às vezes sendo originários de fora do chamado eixo Rio-São Paulo,como o faz o grupo Clã Nordestino, de São Luís do Maranhão.

Esses exemplos, e todos os outros citados ao longo desse módulo do curso,constituem reencontros, possíveis e imaginários, dos descendentes de africanos, entresi e com a África, processo cujo entendimento é fundamental para a formação culturalbrasileira. Não existe Brasil sem a África e, portanto, não existe identidade nacional sema cultura afro-brasileira.

37 Rappin' Hood (2001) CD Sujeito Homem. São Paulo, Trama.38 Marcelo D2 (1998) Eu tiro é onda. Brasil, Sony Music Entertainment.

SSeeççããoo IIII EEssppaaççooss ddee RReessiissttêênncciiaa::

QQuuiilloommbbooss,, iirrmmaannddaaddeess,, tteerrrreeiirroossee oouuttrraass eessttrraattééggiiaass ddee rreessiissttêênncciiaa

ddoo ppoovvoo nneeggrroo

7711História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

Espaços de Resistência: Quilombos, irmandades, terreiros e outras estratégias de resistência do povo negroBBáárrbbaarraa OOlliivveeiirraa SSoouuzzaa ee EEddiilleeuuzzaa PPeennhhaa ddee SSoouuzzaa

"Pedaços de memórias marulhantes

ainda chegam à noite nos seus ecos

e roteiros de barcos são fantasmas

na memória de luas macilentas".RRiioo SSeeccoo -- CCllóóvviiss MMoouurraa

Ao longo da história brasileira, negras e negros resistiram e lutaram contra aopressão e a discriminação através de uma multiplicidade de formas de resistência.Pensada em sentido amplo, a resistência abarca as várias estratégias empreendidaspelos povos negros para se manterem vivos e perpetuarem sua memória, valores,história e cultura. São estratégias presentes nos costumes, no corpo, no falar, nasvestimentas, nas expressões, nas organizações sociais, políticas e religiosas tais comoos quilombos, irmandades e terreiros de candomblé. Essas estratégias de resistênciasão vivas e fortemente presentes nas manifestações e expressões da cultura afro-brasileira.

Yorubá, Angola, Nagô, Jêje, Moçambique, Ketu, Mina, dentre várias outras etniasafricanas trazidas ao Brasil, convergiram em inúmeras formas de resistência, com oobjetivo de fortalecer suas identidades e coletividades. Um bom exemplo dessaconvergência são os cultos religiosos afro-brasileiros, como o candomblé, que seapresentam como espaços de interação interétnica com variados ritos edenominações derivadas de tradições africanas diversas.

Esse processo histórico nos faz pensar em um continuum de resistência, de força,que marca os últimos séculos de história de nosso país. Os primeiros africanosescravizados chegaram ao Brasil em 1554. Foram 316 anos de "tráfico negreiro", oque representa 63% do tempo de vida do país. Passados 118 anos após a assinaturada carta de "abolição", a população negra continua a conviver com uma situação deinvisibilidade, exclusão, marginalização social e violência. Portanto, as estratégias deresistência que abordamos nessa aula abarcam todo esse processo histórico até osdias de hoje.

As resistências historicamente se expressaram e se expressam com grandeênfase nos quilombos, irmandades, banzo (suicídio), revoltas, fugas, nareligiosidade de matriz africana, nos movimentos hip-hop, no samba, no congo,na língua, na arte, nos movimentos sociais. "Muitos movimentos políticos,artísticos, musicais e culturais brasileiros tiveram e têm o negro comoprotagonista, como propulsor da mudança, como ator ou fonte de inspiração"(Munanga, 2006: 139).

7722 Espaços de Resistência: Quilombos, irmandades, terreiros e outras estratégias de resistência do povo negro

QQuuiilloommbbooss As primeiras referências aos quilombos foram pronunciadas pela Coroa Portuguesa

e seus representantes que administravam o Brasil colônia. Essas referências aparecem nocontexto de repressão da Coroa aos negros aquilombados. Em 1740, em umacorrespondência entre o Rei de Portugal e o Conselho Ultramarino, os quilombos foramdefinidos como "toda habitação de negros fugidos, que passem de cinco, em partesdespovoadas, ainda que não tenham ranchos levantados, nem se achem pilões neles".

Clóvis Moura (1981: 87) coloca que "o quilombo foi, incontestavelmente, aunidade básica de resistência do escravo. Pequeno ou grande, estável ou de vidaprecária, em qualquer região que exista a escravidão, lá se encontra ele comoelemento de desgaste do regime servil".

Alfredo Wagner Almeida destaca que a Constituição Brasileira de 1988, no artigo68 do ADCT, opera uma inversão dos valores referentes aos quilombos em relação àlegislação colonial, uma vez que a categoria legal através da qual se classificavaquilombo como um crime passou a ser considerada como categoria deautodefinição, provocada para reparar danos e possibilitar acesso a direitos.(Almeida, 2002).

Glória Moura (1997) trabalha o conceito contemporâneo de quilombo comocomunidades negras rurais habitadas por descendentes de africanos escravizados,com fortes laços de parentesco. A maioria dos quilombos está baseada em culturasde subsistência, e se situa em terra doada, comprada ou secularmente ocupada. Sãocomunidades que valorizam tradições culturais de antepassados (religiosas ou não)e as recriam no presente (Moura, 1997).

O vínculo das comunidades quilombolas com sua historicidade, baseada emresistência e luta, é um aspecto fundante do universo simbólico e da consciênciacoletiva dessas comunidades. Entretanto, nem sempre a fuga e a memória daescravidão estão presentes em suas narrativas e histórias. Algumas se formaram apartir da ocupação de locais desabitados, como Furnas do Dionísio, Mato Grosso doSul, a qual seu surgimento remete-se a um negro chamado Dionísio Vieira queocupou uma porção de terra no sertão e formou com sua descendência acomunidade (Bandeiras e Dantas, 2002).

A base de dados do Governo Federal1 aponta para a existência de mais de duasmil e quinhentas comunidades quilombolas no Brasil hoje. Essas comunidades estãopresentes em todas as regiões do país e possuem maior concentração nos Estadosdo Maranhão, Pará e Bahia.

Há grande diversidade de histórias de formação das comunidades quilombolas. Ahistoriografia registra comunidades formadas por negros que se negaram a permanecerna condição de escravizados, fugiram e se aquilombaram. Há também diversos registrosde quilombos que se constituíram após a Lei Áurea, como forma de resistência à imensaexclusão imposta pela sociedade brasileira à população negra.

As Comunidades Quilombolas receberam vários nomes nas diversas regiões doNovo Mundo: Quilombos ou Mocambos no Brasil; Palenques na Colômbia e em

1 Os dados apontam para o quantitativo de comunidades quilombolas identificadas pelo Governo Federal, atravésda Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.

7733História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

Cuba; Cumbes na Venezuela; Morrons no Caribe inglês e EUA, Marronage nas ilhasdo Caribe francês e Cimaronaje no Caribe espanhol.

No Brasil, a resistência negra dos quilombolas esteve intimamente ligada àinvisibilidade. Esse processo perpassou todo o século XX, como se pôde perceber noslivros didáticos e nas informações da mídia que tratavam (e ainda tratam muitas vezes)os quilombos como organizações extintas, do passado. Exemplo disso é a "descoberta",no início da década de 80, de uma comunidade negra, no meio do Parque Nacional daChapada dos Veadeiros, chamada de Kalunga. Esse fato se repetiu em inúmeras outrascomunidades quilombolas do Brasil, como Oriximiná (PA), Cafundó (SP), Rio das Rãs (BA).

IIrrmmaannddaaddeess NNeeggrraassA partir dos eixos da ancestralidade, identidade e cidadania, as irmandades

retratam um histórico da resistência negra e abordam a construção da afirmação eda luta pela conquista de direitos dos negros e negras na sociedade brasileira. Numforte processo de africanização do cristianismo, as irmandades expressam valores etradições que incorporaram também elementos herdados dos portugueses eindígenas. Constituíram-se como espaços de solidariedade, união e força, erepresentavam um dos poucos espaços onde era permitida a participação de negrose negras durante o período colonial. Mais do que isso, as irmandades representavamtambém uma estratégia para a liberdade, através da compra de africanosescravizados e sua posterior libertação.

Realizavam cerimônias e festas, além de ornamentos para as igrejas sedes dasirmandades. Cabe ressaltar que para além das festas, as irmandades foram espaçosonde as redes de solidariedade e companheirismo entre os negros e também entreos brancos se fortaleceram, pois muitas vezes era a "única garantia de seremassistidos durante as enfermidades e até mesmo terem um enterro cristão"(Hoornaert, 1977, p. 383). Muitas dessas irmandades também expressavam (e aindaexpressam) imageticamente santos com características bastante africanas, tais comoNossa Senhora Aparecida, São Benedito, Nossa Senhora do Rosário, Nossa Senhorade Nazaré, Santa Efigênia, dentre outros espíritos ancestrais que foram sendorepresentados por santos católicos.

Esses cultos, afirma Marco Aurélio: "Eram uma conseqüência da expansão dareligião africana que paralelamente se processavam durante a noite, quandoconcedidos pelo senhor, ou em espaços criados clandestinamente" (1995, p. 437). Ocatolicismo africanizado foi durante todo o período escravocrata uma das únicasformas de preservar as perseguidas religiões africanas. Nas romarias, procissões,festas e oratórios, bem como em outros espaços religiosos apropriados, a resistênciada cultura negra se manteve.

TTeerrrreeiirrooss ddee CCaannddoommbbllééNo Candomblé, o modo de cultuar os deuses (os nomes que lhes são atribuídos, as

cores, preferências por alimentos, cantos, louvações, música e dança) se deu a partir dadistinção, pelos negros, dos modelos de rito chamados de nação. Esse modo declassificação se traduz numa alusão de que os terreiros, além de apresentarem muitos

7744 Espaços de Resistência: Quilombos, irmandades, terreiros e outras estratégias de resistência do povo negro

dos padrões africanos de culto, possuíam uma identidade grupal étnica com os reinosda África (Munanga, 2006).

De acordo com Vagner Gonçalves, citado por Munanga (2006), os sudaneses foramos grupos africanos predominantes no século XIX, período em que as condiçõeshistóricas, sociais e urbanas de perseguição aos cultos diminuíram em relação aoperíodo colonial, no qual os povos bantos foram majoritários. Por esses fatores, aestrutura religiosa dos povos de língua ioruba legou ao candomblé sua infra-estruturade organização, influenciada pelas contribuições de outros grupos étnicos, conforme jámencionado no início dessa aula. Desse processo, resultaram os dois modelos de cultosmais praticados no Brasil: o rito jeje-nagô e o angola. Nesses terreiros, cultuam-se orixás(divindades representantes essencialmente pela natureza), voduns, erês (espíritosinfantis) e caboclos (espíritos indígenas).

RReevvoollttaass,, EEssttrraattééggiiaass PPoollííttiiccaass ee MMoovviimmeennttoo NNeeggrroo CCoonntteemmppoorrâânneeooPensar nas estratégias pós-abolição de organização política dos movimentos

negros é fundamental para a reflexão da situação da população negra com o fimoficial da escravidão. O acesso ao mercado de trabalho, à educação, a boascondições de moradia, acesso à saúde, enfim, acesso aos direitos mais básicoscontinua sendo um desafio para grande parte dos negros e negras desse país, daí aimportância de conhecermos alguns dos espaços de resistência empreendidos desdeo início do século XX até os dias atuais.

No período pós-abolição, o processo de luta e resistência adquiriu novasconfigurações e contornos. Nilma Lino e Munanga (2006) destacam importantesmarcos da luta e resistência negra:

• Revolta da Chibata: movimento liderado por um negro, apresentou oposiçãoao modo como eram tratados os marujos da marinha brasileira, no início doséculo XX;

• Frente Negra Brasileira: Organização política que buscava tornar-se umaarticulação nacional a partir da ação de militantes negros paulistas pós-abolição;

• Teatro Experimental do Negro - TEN: Projeto pedagógico que destacava aeducação como forma de garantir a cidadania para o povo negro. A arte e oteatro eram instrumentos importantes de expressão cultural e política do TEN.

• Movimento Negro Unificado: Na década de 70, foi criado o Movimento NegroUnificado, MNU, a partir da unificação de várias organizações negras. O MNUé, na atualidade, uma das principais entidades negras.

• Movimento de Mulheres Negras: Destaca a importância da articulação entreraça e gênero na discussão sobre relações étnico-raciais na sociedade brasileirade modo geral e nos movimentos sociais em especial.

Por fim, cabe destacar a importância do dia 20 de novembro como símbolo do daresistência negra contínua no Brasil. As entidades do movimento negro, surgidas a partirdos anos 70, denunciaram o grande equívoco de atribuir como data simbólica do povonegro o 13 de maio:

7755História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

""UUmm ddooss iimmppoorrttaanntteess ppaappééiiss ddoo mmoovviimmeennttoo nneeggrroo ddaaaattuuaalliiddaaddee ffooii ddeennuunncciiaarr qquuee oo 1133 ddee mmaaiioo ccoommoo ddiiaannaacciioonnaall ddee lluuttaa ccoonnttrraa oo rraacciissmmoo ee aa ddiissccrriimmiinnaaççããoo rraacciiaallnnããoo ddeevveerriiaa sseerr ccoommeemmoorraaddoo ccoommoo uummaa ddaattaa qquueeeennffaattiizzaavvaa aa ssuuppoossttaa ppaassssiivviiddaaddee ddoo ppoovvoo nneeggrroo ddiiaannttee ddaaaaççããoo ddoo bbrraannccoo"" ((MMuunnaannggaa,, 22000066:: 113300))..

Ainda na década de 70, foi proposto pelo MNU o dia 20 de novembro como DiaNacional da Consciência Negra, como uma homenagem a Zumbi dos Palmares. Essadata resgata e traz para a memória nacional o sentido político da resistência, luta e forçados negros e negras brasileiros.

RReefflleexxõõeess ssoobbrree oo tteemmaa• Reflita sobre o contraponto entre a visão historicamente presente nos livros

didáticos de que os quilombos foram extintos com a existência de mais de2500 comunidades quilombolas atualmente.

• Analise com sua turma e com colegas professores/as sobre a importância doMovimento Negro na construção de ações e projetos para consolidar aeducação anti-racista e do legado que esse movimento traz sobre a discussãoracial no país.

• Trabalhe a música "O mestre sala dos mares", inspirada na revolta da Chibata,e discuta os significados desse importante marco histórico:

OO MMeessttrree SSaallaa ddooss MMaarreess((JJooããoo BBoossccoo//AAllddiirr BBllaanncc))((lleettrraa oorriiggiinnaall sseemm cceennssuurraa))Há muito tempo nas águas da GuanabaraO dragão do mar reapareceuNa figura de um bravo marinheiroA quem a história não esqueceuConhecido como o almirante negroTinha a dignidade de um mestre salaE ao navegar pelo mar com seu bloco de fragatasFoi saudado no porto pelas mocinhas francesasJovens polacas e por batalhões de mulatasRubras cascatas jorravam das costasdos negros pelas pontas das chibatasInundando o coração de toda tripulaçãoQue a exemplo do marinheiro gritava entãoGlória aos piratas, às mulatas, às sereiasGlória à farofa, à cachaça, às baleiasGlória a todas as lutas inglóriasQue através da nossa históriaNão esquecemos jamaisSalve o almirante negroQue tem por monumentoAs pedras pisadas do caisMas faz muito tempo

7766 Espaços de Resistência: Quilombos, irmandades, terreiros e outras estratégias de resistência do povo negro

RReeffeerrêênncciiaass

ALMEIDA, Alfredo W. B. de. Os Quilombos e as Novas Etnias. In: O'Dwyer,Eliane Cantarino. Quilombos: Identidade Étnica e Territorialidade. Rio deJaneiro: FGV, 2002.

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Uma história do povo kalunga/Secretaria de Educação Fundamental - MEC;SEF, 2004. Livro + caderno de atividades para o professor

SIQUEIRA, Maria de Lurdes. Os Orixás na vida dos que neles acreditam. Belo

7777História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

Horizonte: Maza, 1995.

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SANTOS, Maria do Rosário Carvalho dos (org). O caminho das Matriarcas.São Paulo: Imprensa oficial, 2005.

O Negro no BrasilPPrrooff.. LLuuiizz CCaarrllooss ddooss SSaannttooss..

Embora muitos tenham dificuldades em saber quem é negro no Brasil, mesmoquando se leva em consideração a classificação feita pelo IBGE, de que negro é aassociação estatística de pretos e pardos, a polícia parece não ter dúvidas. E centenasde nomes ligados à cor da pele em registros estatístico, do mesmo IBGE, só evidenciaque ser negro no Brasil é, antes de tudo, uma posição política.

A História Oficial do Brasil destinou ao negro um espaço que começa e terminana escravidão e sobre a civilização negro-africana espalhou-se uma nuvem deesquecimento e exotismo que o senso comum reproduz em suas narrativas quesituam as culturas africanas e indígenas como primitivas.

Entretanto, a palavra falada, instrumento de comunicação privilegiado entre osafricanos escravizados ou não e, ao mesmo tempo, sopro divino de humanidade, far-se-á presente com o seu som e sentido históricos, mostrando que o retrato do sabernão é o saber e que a História contada pode ser outra, como a poesia abaixoexpressa.

7788 O Negro no Brasil

" Eu quero uma história novaNão este conto de fadas brancas e ordináriasDonas de nossas façanhasEu quero um direito antigoEngavetado em discursosContidos, paliativos(cheios de maçãs e pêras)Bordados de culpa e crimes.Eu quero de volta, de prontoAs chaves dessas gavetasDos arquivos trancafiadosOnde jazem meus heróisUma "nova" história velhaCheia de fadas beiçudasFazendo auê, algazarrasCom argolas nas orelhas,De cabelos pixaimEngasgando príncipes brancosCom talos de abacaxi."

FFaaddaass NNeeggrraass NNoorrddeessttiinnaass,, IInn.. CCaaxxiinngguullêê,, ddee LLeeppêê CCoorrrreeiiaa

AA PPrreesseennççaa NNeeggrraa nnoo BBrraassiillA presença negra no Brasil vem sendo mostrada, em prosa e verso, desde os

primeiros anos da colonização portuguesa. Muitos historiadores indicam o ano de

7799História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

1532 como o marco de entrada dos primeiros negros que aqui chegaram nacondição de escravos. Entretanto, cabe ressaltar que a história do negro começamuito antes no continente africano, onde uma civilização, organizada através dapalavra falada, vem construindo, dentro uma rica diversidade cultural, a suahistória.

A compreensão da história do Brasil, nesses últimos 500 anos, não é possível senão conhecermos de forma mais profunda a presença negra na sua constituição. Omodo de viver, pensar e trabalhar do brasileiro está completamente impregnado damatriz africana. Desde a língua, passando pela gestualidade e pela religiosidade, émuito difícil não se identificar a mão e a alma negras naquilo que denominamoscultura brasileira.

Quando pensamos na comida típica brasileira, o que nos vem à cabeça? A músicaque todos nós brasileiros identificamos como nossa, seja cantarolando ou mexendocom o corpo, qual é? As nossas festas populares que pintam de várias cores todasas regiões brasileiras estão encharcadas das diversas culturas africanas, sequestradasainda no seu berço civilizatório e para cá trazidas. Poderíamos listar dezenas demanifestações culturais com a marca negra no Brasil. No entanto, como explicar, 505anos depois, a situação de exclusão física da população negra no país, onde elarepresenta cerca de 45,8%.

A História do Brasil vem sendo contada, como é comum nas sociedadesocidentais, a perspectiva dos grupos sociais hegemônicos, ou seja, daqueles quedetêm o poder político, geralmente conquistado pela força das armas e não pelasofisticação das idéias. Por isso mesmo, o lugar do índio e do negro, embora sejamessenciais na formação social brasileira, parece ainda não ter sido encontrado para ahistoriografia oficial, que optou pelo olhar eurocêntrico sobre as nossas matrizescivilizatórias.

Por tudo isso, conhecer a história do negro no Brasil é reconhecer a necessidadede que a mesma seja contada, agora enxergando-o como sujeito e, portanto,igual. Para tanto, devemos nos convidar a uma empreitada nova, no sentido deabrir os nossos velhos livros de história e relê-los, buscando compreender ossignificados de suas capas e títulos que, na maioria das vezes, apresentam homense mulheres em situação de trabalho escravo. Abolida a escravidão, a imagem negrasimplesmente some dos manuais de história e se fixa de forma perversa noimaginário.

A escolha das respostas indica apenas o resultado de uma primeira leitura dotexto introdutório e não que a sua escolha, caso não coincida com a mais adequada,está absolutamente errada. Não devemos nos esquecer que, assim como os nossosalunos, nós mesmos fomos formados sob uma ótica voltada para valorizar o que nãoestá em nós mas sim, o que vem de fora. Até porque essa era a forma doscolonizadores europeus estarem sempre presentes entre nós.

OO NNeeggrroo nnoo BBrraassiill CCoollôônniiaa:: CCoolloonniizzaaççããoo ddoo BBrraassiillA colonização do Brasil foi uma obra política dos portugueses que levou até as

últimas consequências a exploração do trabalho escravo, realizado por índios e,

8800 O Negro no Brasil

essencialmente, por negros, trazidos de várias regiões do continente africano e,portanto, donos de uma considerável diversidade cultural.

As histórias do Brasil Colônia não se resumem, no entanto, às articulaçõespolíticas da coroa portuguesa, sempre preocupada em tirar o máximo proveito dasterras recém achadas e das gentes que escravizou para realizar o seu objetivo. Porisso mesmo, é importante ressaltar que a aparente passividade dos escravizados nãofoi verdadeira. Foram muitas as formas de resistência à escravidão e elas, aliás,começavam ainda em terras africanas, tornavam-se dramáticas durante a travessiado atlântico e no continente americano tomaram as mais diversas formas. E a maisconhecida entre nós foram os quilombos, forma de organização já conhecida pelosnegros ainda no continente africano.

As narrativas da historiografia oficial apresentam um processo de colonização cujosos conflitos se limitam aos desarranjos entre os portugueses, dando pouco ou nenhumdestaque à resistência negra ao trabalho escravo, dando a entender que a escravidão foibem aceita/assimilada pelos africanos. As fugas de escravos e a posterior formação dequilombos foi uma constante desde os primórdios da colonização, ganhando maiordestaque no século XVII, com o Quilombo de Palmares.

Os quilombos eram espaços para onde os escravos, que não aceitavam a suacondição, fugiam e lutavam contra a escravidão. Os quilombos também eram chamadosde mocambos e abrigavam também índios e brancos pobres e, pela maneira como secontrapunham à escravidão, foram vistos como propostas alternativas de sociedade. Apujança que alcançou o quilombo de Palmares durante quase um século de existência,obrigando a administração portuguesa a ter de negociar com ela, mostra a importânciaque esse instrumento de luta negra conquistou entre nós.

O quilombo, segundo Clóvis Moura, "nasce no bojo do sistema escravista e expressauma das suas contradições mais agudas e violentas. Do ponto de vista organizacional, anão ser naqueles grandes como Palmares e o de Campo Grande, em Minas Gerais, émuito simples. A sua liderança é exercida pelo elemento que se destaca durante a fuga ea sua organização. Quase nunca há uma complexidade maior na sua estrutura. Todos sedefendem e atacam quando necessário, algumas vezes plantam uma agricultura desubsistência. Mas nas proximidades das cidades isso não acontece", explica.

Seria ainda interessante acrescentar que, além de Palmares, existiram centenasde outros quilombos espalhados pelo Brasil e tal constatação é feita pelo recentelevantamento do geógrafo Rafael Sanzio Araújo dos Anjos em seu livro Territóriosdas Comunidades Remanescentes de Antigos Quilombos no Brasil, Primeiraconfiguração, publicado em 1999. Em sua pesquisa, Rafael Sanzio mapeou cercade 840 comunidades remanescentes de antigos quilombos, 511 delas só na regiãonordeste. Esses números mostram que a passividade negra diante da escravidão éapenas fruto de uma história mal contada. E a maior confirmação disso é apresença histórica de Zumbi dos Palmares, comandando aquele que foiconsiderado o maior quilombo brasileiro e que resistiu durante quase cem anosaos ataques portugueses.

Se as formas de luta coletiva contra a escravidão se deram por todo canto doBrasil, seja sob o nome de quilombos, mocambos ou ainda as irmandades religiosas

8811História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

que organizavam compras de africanos escravizados para libertá-los; o banzo pareceter sido uma alternativa individual para uma fuga definitiva do cativeiro, através dosuicídio. A escravidão, para os negros, resultou de uma forma ou de outra, na suaexclusão social, ainda hoje observada nas periferias e favelas dos grandes centrosurbanos do país. Sabemos também que o negro participou ativamente nas lutasinternas da colônia, que objetivavam acabar com o arrocho político administrativoimposto pela metrópole portuguesa ao longo de toda a colonização e até mesmoajudou na expulsão de inimigos dos portugueses do nosso território, como foi o casode Henrique Dias, entre muitos outros.

AAss MMaanniiffeessttaaççõõeess LLiitteerráárriiaass ee aa CCoonnssttrruuççããoo ddoo IImmaaggiinnáárriioo BBrraassiilleeiirroo SSoobbrree oo NNeeggrrooDurante quase duzentos anos, o Brasil colônia falou uma "língua geral", ou

seja, a modalidade expressiva da massa de sua população era uma mistura daslínguas indígenas, do português e de línguas africanas. Algunsportugueses,geralmente filhos de senhor de escravo, iam estudar na metrópole ede lá traziam as novidades literárias, com as quais procuravam mostrar como eraa sociedade da época.

Nesse tempo, a forma de expressão mais valorizada era a poesia, declamada nossalões ou em praça pública, de acordo com a sua natureza. A praça e o púlpito,conforme assinala Luiz Roncari, em seu livro Literatura Brasileira, são os espaçosprivilegiados para a poesia (satírica, lírica e religiosa) e os sermões, cujos conteúdosestavam sempre afinados com os acontecimentos cotidianos dos respectivos grupossociais, refletiam também as expectativas dominantes

Numa sociedade escravocrata, a literatura, na maioria das vezes, evidenciou eformulou os elementos iniciais do que viria a ser a prática preconceituosa e mesmoracista que ainda hoje, crassa entre nós, seja na forma de piadas ou ditadospopulares; e que a religião cristalizou pelas crenças populares, ou através desermões, como fez Vieira, pregando aos negros em um engenho da Bahia. Segundoafirma Jacob Gorender, em seu livro Brasil em preto e branco, o jesuíta deu a maisalta qualificação humana aos negros, comparando os sofrimentos deles aos de Jesus.Logo em seguida, porém disse-lhes que a migração forçada da África ao Brasildecorria de um desígnio da Providência Divina, que, dessa maneira, os conduzia pelocaminho da salvação de suas almas. Somente assim se livrariam os negros dascrenças pagãs e far-se-iam cristãos, acrescentou.

A carta de Caminha descrevia ao rei de Portugal como eram a terra descoberta esuas gentes, o encontro entre portugueses e nativos, no século XVI. E os jesuítas seempenhavam em defender os índios, fosse livrando-os da escravidão, fosseprocurando dominar-lhes a língua, para submetê-los no campo da cultura,elaborando uma gramática tupi, como fez Anchieta; os poemas satíricos de Gregóriode Matos e muitos dos atribuídos a ele, expressaram máximas, que até hoje povoamo imaginário do senso comum racista brasileiro, reforçando estereótipos com relaçãoaos negros e mulatos, já no século XVII. A literatura dessa época tinha, na palavrafalada, a sua fonte de expressão primeira e, por isso mesmo, ganhava os contornosdados pelo seu usuário.

8822 O Negro no Brasil

Como podemos observar na poesia abaixo:

À negra Margarida, que acariciava um mulatoCarina, que acariciaisAquele senhor JoséOntem tanga de guinéHoje Senhor de Cascais:Vós, e outras catingas mais,Outros cães, e outras cadelasAmais tanto as parentelas,Que imagina o vosso amor,Que em chamando ao cão SenhorLhe dourais suas mazelas.Longe vá o mau agouro;Tirai-vos desse furorQue o negro não toma cor,E menos tomará ouro:Quem nasceu de negro couro,Sempre a pintura o respeitaTanto, que nunca o enfeitaDe outra cor, pois fora aborto,É como quem nasceu torto,Que tarde ou nunca endireita.A nem um cão chamais tal,Senhor ao cão? isso não:Que o senhor é perfeição,E o cão perro neutral:Do dilúvio universalA esta parte, que éDesde o tempo de Noé,Gerou Cão filhou malditoNegros de Guiné, e Egito,Que os brancos gerou Jafé.Gerou o maldito CãoNão só negros negregados,Mas como amaldiçoadosSujeitos à escravidãoFicou todo o canzarrãoSujeito a ser nosso servoPor maldito, e por protervo;E o forro, que inchar se quer,Não pode deixar de serDe nossos cativos nervo.(.......................................)

((IInn.. LLiitteerraattuurraa BBrraassiilleeiirraa -- ddooss pprriimmeeiirrooss ccrroonniissttaass aaooss úúllttiimmooss rroommâânnttiiccooss,, ddee LLuuiizz RRoonnccaarrii))

8833História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

"Quando Bob Dylan se tornou cristãofez um disco de reggae por compensaçãoabandonava o povo de Israele a ele retornava pela contra-mãoQuando os povos da África chegaram aquiNão tinham liberdade de religiãoAdotaram o Senhor do BonfimTanto resistência quanto rendição.Quando hoje alguns preferem condenaro sincretismo e a miscigenaçãoParecem que o fazem por ignoraros modos caprichosos da paixãoPaixão que habita o coração da natureza mãeE que desloca a história em suas mutaçõesque explica o fato de Branca de Neve amarnão a um, mas a todos os sete anõeseu cá me ponho a meditarpela mania da compreensãoainda hoje andei tentando decifraralgo que li, estava escrito numa pichaçãoque agora resolvi cantarneste samba em forma de refrãoBob Marley morreuPorque além de negro era judeuMichael Jackson ainda resistePorque além de branco ficou triste."

(( DDee BBoobb DDyyllaann aa BBoobb MMaarrlleeyy.. SSaammbbaa PPrroovvooccaaççããoo,, GGiillbbeerrttoo GGiill))

RReelliiggiioossiiddaaddee ee SSiinnccrreettiissmmooVamos ler e cantar a poesia musicada que nos informa sobre o tema do capítulo.

Ao resultado do casamento das religiões de origem africana com o catolicismodamos o nome de sincretismo, forma de sobrevivência religiosa que os negrosencontraram para manter, durante todo o período escravista, os seus deusesescondidos por trás dos santos católicos. O candomblé, a umbanda, a macumba e aquimbanda são religiões afro-brasileiras que, diferentemente, são marcadas por umaforte relação com a natureza ou incorporam grupos sociais às suas representaçõesreligiosas, ou ainda são uma reinterpretação da visão do mundo católica, que seexpressa através da incorporação.

Em As Religiões africanas no Brasil, Roger Bastide escreve que "os negrosintroduzidos no Brasil pertenciam a civilizações diferentes e provinham das maisvariadas regiões da África. Porém, suas religiões, quaisquer que fossem, estavamligadas a certas formas de família ou organização clânica, a meios biogeográficosespeciais, florestas tropicais ou savana, a estruturas aldeãs e comunitárias." Noentanto, ao chegar ao Brasil, submetidos a uma organização social, baseada no

8844 O Negro no Brasil

trabalho escravo e patriarcal, e impedidos de praticarem suas crenças, os negrosterão que reinventá-las, adequando-as à nova realidade.

O candomblé, derivado dos povos ioruba, se organiza dentro de um terreiro; seucentro religioso é liderado por sacerdotisas, chamadas de mães de santo desacerdotes, ou pais de santo. Os filhos de santo adoram um panteão de orixás, deacordo com um ciclo anual, semelhante à liturgia da igreja católica. Cada orixá docandomblé representa um elemento da natureza e possue uma cor e comidapreferidas. Oxum, a deusa da beleza, veste amarelo, e Iemanjá, a rainha do mar,veste azul e branco. Nas cerimônias religiosas, os filhos de santos usam as cores deseus orixás. As comidas são colocadas diante do altar antes do início dos cânticos edanças, realizados a partir do toque dos tambores sagrados. A sintonia entre o orixáe o filho de santo é o que permite a incorporação, um dos momentos maisimportantes do candomblé.

A umbanda , que se desenvolve no Brasil a partir de 1920, apresenta elementosdas religiões africanas, dos ritos e das crenças indígenas, do espiritismo e docristianismo é, com certeza, praticada nas áreas urbanas da região sul e sudeste. Ocandomblé de caboclo, Xangô (nordeste), preto minas (sul) e batuque (norte).

O papel da mulher nas religiões afro-brasileiras é fundamental e majoritário.Algumas sacerdotisas como Mãe Menininha do Gantoais, Mãe Stela e Mãe Hilda sãomuito respeitadas, além de conhecidas, em boa parte do país.

É importante salientar que a palavra falada que circula nos espaços sagradosafricanos e afrobrasileiros tem uma força vital e, por isso mesmo, está impregnadade Axé.

OO ttrraabbaallhhoo nneeggrroo,, ffaazzeennddoo aarrttee ee ccoonnssttrruuiinnddoo oo BBrraassiill

Vamos ler mais uma canção:

O branco inventou que o negroQuando não suja na entrada,vai sujar na saída, êImagina sóVai sujar na saída, êQue mentira danada, êNa verdade a mão escravaPassava a vida limpandoO que o branco sujava, êImagina sóO que o branco sujava, êImagina sóO que o negro penava, êMesmo depois de abolida a escravidãoNegra é a mãoDe quem faz a limpeza

8855História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

A idéia que temos de trabalho escravo está associada apenas à agricultura comoa única forma de uso das mãos em uma atividade produtiva. Junto com essa idéia,vem o desprezo por esse tipo de trabalho, como se fosse uma atividade menor. Porisso, cabe assinalar que foi o trabalho escravo a base fundante da sociedadebrasileira, responsável também por um modo de pensar, o que significa dizer que asrelações sociais foram impregnadas pelo modo como a sociedade produzia os seusbens, no caso, através do trabalho escravo.

Tal situação fez com que os negros escravizados criassem um sistema deestratificação em que eles se distribuíam de acordo com as especificidades de seutrabalho que, precariamente, foi esquematizado assim por Clóvis Moura:

AA -- EEssccrraavvooss ddoo eeiittoo ee ddee aattiivviiddaaddeess eexxttrraattiivvaass..11.. Na agropecuária; 22.. Em atividades extrativas (congonha,borracha, algodão,

fumo, etc); 33.. Na agro-indústria dos engenhos de açúcar e suas atividadesauxiliares; 44.. Nos trabalhos das fazendas café e algodão diretamente ligados àprodução agrícola; 55.. Escravos na pecuária.

BB -- EEssccrraavvooss nnaa mmiinneerraaççããoo..

aa -- OO EEssccrraavvoo ddoommééssttiiccoo - O Escravo doméstico urbano poderá ser dividido em: 1.Escravos ourives; 2. Escravos ferreiros; 3. Escravos mestres de oficinas; 4. Escravospedreiros; 5. Escravos taverneiros; 6. Escravos carpinteiros; 7. Escravos barbeiros;8.Escravos calafates; 9. Escravas parteiras; 10. Escravos correios; 11. Escravoscarregadores em geral.

bb -- OO EEssccrraavvoo ddoo eeiittoo ee ddaass aattiivviiddaaddeess aaffiinnss são - 1. Os Escravos trabalhadores nasminas de ouro; 2. Escravos extratores de diamantes.

cc -- EEssccrraavvooss ddoommééssttiiccooss nnaass cciiddaaddeess oouu nnaass ccaassaass--ggrraannddeess. 1. Escravoscarregadores de liteiras; 2. Escravos caçadores; 3. mucamas; 4. Escravas amas-de-leite; 5. Escravas cozinheiras; 6. Escravos cocheiros.

Lavando a roupa encardida, esfregando o chãoNegra é a mãoÉ a mão da purezaNegra é a vida consumida ao pé do fogãoNegra é a mãoNos preparando a mesaLimpando as manchas do mundo com água e sabãoNegra é a mão de imaculada nobrezaNa verdade a mão escravaPassava a vida limpandoO que o branco sujava, êImagina sóEta branco sujão

((AA mmããoo ddaa lliimmppeezzaa,, GGiillbbeerrttoo GGiill,, 11998844))

8866 O Negro no Brasil

dd -- EEssccrraavvooss ddee ggaannhhoo nnaass cciiddaaddeess.1. Escravos barbeiros; 2. Escravos "médicos"; 3. Escravos vendedores ambulantes;

4. Escravos carregadores de piano, pipas e outros objetos; 5. escravos músicos;escravas prostitutas de ganho; 7. escravos mendigos de ganho.

ee -- OOuuttrrooss ttiippooss ddee eessccrraavvooss.11.. Escravos dos cantos ( de ganho); Escravos soldados; 3. Escravos do Estado; 4.

Escravos de conventos e igrejas; 5. Escravos reprodutores.A especialização do trabalho escravo, apresentada acima, embora servisse ao

conjunto do sociedade, não era suficiente para se pensar em uma mobilidadesocial dos negros que não fosse aquela permitida no interior da própriaescravidão. Entretanto, demonstra o quanto foi fundamental a presença e otrabalho negros na formação brasileira, muito embora se tente, nos dias quecorrem, associar, de maneira racista, o trabalho de negro com tarefa mal feita, ouainda associar o próprio negro com o estereótipo de preguiçoso e vagabundo, ouseja, uma raça que não gosta de trabalhar, embora o tenha feito por quase 400anos.

É importante destacar que o grande contingente de trabalhadores negros durantea escravidão estava nas plantações de cana-de-açúcar, algodão e café e que, com osseus pares da cidade, formavam a parcela escrava que continuamente se rebelavacontra a escravidão, atitude pouco comum aos escravos que circulavam pela casagrande, mais propensos a aceitarem a ideologia dominante.

Se tal divisão do trabalho nos faz pensar por quê, com o domínio tão grande dasatividades laboriosas da sociedade, o negro não se emancipa, a resposta está noviolento controle exercido pelas autoridades metropolitanas e, posteriormente, peloestado escravista, que não se limitava a comandar pequenas expedições chefiadaspor capitães do mato em busca de negros fugidos e aquilombados.

Existia também um eficiente mecanismo de repressão que, através de esquemaoficial e extra-oficial de aprisionamento e devolução de escravos, procurava garantira "paz" nas senzalas.

UUmm BBrraassiill IInnddeeppeennddeennttee ee EEssccrraavvooccrraattaa

O comércio de africanos e o trabalho foram fundamentais para a acumulação decapital na Europa. Sabe-se hoje que os comerciantes de escravos tinham um lucrofabuloso que, somados às transformações econômicas e sociais pelas quais passarampaíses como Inglaterra e França, possibilitaram o surgimento de uma nova classesocial, a burguesia, que vai revolucionar as relações sociais de produção, apoiada emideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Metrópoles escravocratas, outroracomerciantes de escravos africanos, vão agora repensar as suas atividadeseconômicas, contextualizando-as em um processo revolucionário.

Os mazombos, filhos de portugueses nascidos no Brasil, ao voltar de seus estudosna Europa, procuravam adequar as teorias revolucionárias à situação da colônia que,com a descoberta de ouro nas Minas Gerais, passa a ser violentamente controladapor Portugal, fiel à sua filosofia de que era a quantidade de ouro e prata que

8877História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

determinava a riqueza de um país.Os movimentos emancipatórios que floresceram na segunda metade do século

XVIII no Brasil, apesar das idéias "amalucadas", inspiradas na revolução francesa, nãoincluíam a escravidão. Eram os portugueses de segunda categoria, querendoigualdade com os de primeira, os reinóis. Entretanto, em 1798, em Salvador, foideflagrada a revolução dos alfaiates, inspirada nos ideais da revolução francesa ehaitiana, que pretendia proclamar a república e abolir a escravidão. Seus integranteseram majoritariamente negros e tinham na liderança os alfaiates João de Deus eManuel Faustino dos Santos que, juntamente com Lucas Dantas e Luiz Gonzaga dasVirgens, foram esquartejados em praça pública, quando o movimento foidesmantelado.

Se a escravidão já caracterizava o início de uma política expansionista européia emnome de Deus e da economia, as transformações burguesas desse período obrigaráa metrópole portuguesa a tomar decisões que mudarão a sua relação política com oBrasil e que desaguarão na sua independência.

Para o negro, tais mudanças foram pouco significativas. Uma vez que a suacondição de vida permaneceu basicamente a mesma, ainda que o Império fossepressionado pela conjuntura internacional e pelas pressões internas desencadeadaspor uma militância negra, mestiça e de brancos simpáticos à causa da liberdade,combatendo a escravidão nos tribunais e nas letras, como foram os casos de LuizGama, André Rebouças, José do Patrocínio, entre outros.

A chegada do século XIX trouxe não só a família real para o Brasil e aIndependência formal do país, mas também o romantismo e, com ele, o surgimentode uma imprensa e a formação precária de um público leitor, estímulo maior paraquem escreve e para a expansão do conhecimento, instigando assim a formação deuma identidade nacional, ainda que centrada na Europa. É neste contexto que aliteratura brasileira se constitui, idealizada nas características do novo estilo e, aomesmo tempo, produzindo poetas, como Castro Alves e Cruz e Souza,profundamente ligados às questões da liberdade negra.

Também dessa época nomes como Gonçalves Dias e Machado de Assis, escritoresmestiços/pardos (conforme a nomenclatura atual do IBGE), sendo que primeiro, emseus escritos, se ocupou de forjar a identidade indígena, e o segundo pouco seocupou da situação negra, tendo escrito apenas uma poesia, "Sabrina," sobre umaescrava que se apaixona e é enganada por um sinhozinho, e feito pouco menos dedez crônicas (Bons Dias), abordando o contexto pré abolicionista e pós, ressaltandoas poucas ou quase nenhuma mudanças na vida daqueles que deveriam se beneficiarcom o fim da escravidão.

Um nome a ser destacado nesse período é de Luiz Gama, um dos primeirospoetas negros a assumir a sua identidade e a proclamá-la em prosa e verso,comportamento raro de se encontrar. Em "Quem sou eu", Gama satiriza a sociedadebrasileira da época; é também um dos primeiros a elogiar a mulher negra em suaspoesias:

É dele também a afirmação de que "todo escravo que mata o seu senhor, estáagindo em legítima defesa". É interessante notar que o pai de Gama, um senhor deescravos, o dá como pagamento de dívida, a um outro senhor. Sua mãe, a escravaLuiza Mahin foi um dos nomes mais importantes da revolta male, ocorrida na Bahia.

Embora tenha sido um dos mais brilhantes militantes da causa negra no séculoXIX, defendendo e ganhando a liberdade de mais de mil negros, Luiz Gama, Orfeude Carapinha, morre em 1882, com 52 anos de idade. Seu enterro foi um dosacontecimentos mais importantes da cidade de São Paulo, sendo acompanhado porfiguras ilustres como advogados, lentes, jornalistas, magistrados e por cerca de 3 milpessoas, das 40 mil que habitavam a São Paulo da época. Os jornais noticiaram oacontecimento durante semanas.

8888 O Negro no Brasil

"(........................................)Eu bem sei que sou qual Grilo,De maçante e mau estilo;E que os homens poderososD`esta arenga receososHão de chamar-me - tarelo,Bode, negro, Mongibelo;Porém eu que não me abalo,Vou tangendo o meu badaloCom repique impertinente,Pondo a trote muita gente.Se negro sou, ou sou bode,Pouco importa. O que isto pode?Bodes há de toda a casta,Pois que a espécie é muito vasta...Há cinzentos, há rajados,Baios, pampas e malhados,Bodes negros, bodes brancos,E, sejamos todos francos,Uns plebeus, e outros nobres,Bodes sábios, importantes,E também alguns tratantes...(.............................................)Para que tanto capricho?Haja paz, ha alegria,Folgue e brinque a bodaria;Cesse, pois, matinada,Porque tudo é bodarrada!"

((QQuueemm ssoouu eeuu.. IInn.. PPrriimmeeiirraass TTrroovvaass BBuurrlleessccaass,, LLuuiizz GGaammaa..OOrrgg.. ppoorr LLiiggiiaa FF..FFeerrrreeiirraa))

8899História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

Um pouco antes de tudo isso, em 1835, acontece na Bahia o levante dos malês,objetivando a tomada do poder pelos negros muçulmanos. No entanto, presume-seque a delação de um dos integrantes precipitou os acontecimentos. Diz a históriaque ," na madrugada de 25 de janeiro de 1835, dia de Nossa Senhora da Guia, umgrupo de escravos muçulmanos traçava os últimos planos de uma rebelião queeclodiria ao amanhecer. A ocasião era propícia, pois, com o grosso da populaçãovoltada para as celebrações católicas, a cidade estaria vulnerável. E o momentotornava-se ainda mais oportuno porque, para os muçulmanos, estava-se no fim dosmês do Ramadã, o mês sagrado islâmico, e próximo à festa do Lailat-al-Qadr, a "Noitedo Poder", que o encerra, conforme nos informa Nei Lopes em sua EnciclopédiaBrasileira da Diáspora Africana.

Foram dezenas de mortos e a repressão oficial, de olho no que acontecera noHaiti, puniu os participantes com a pena de morte, degredo e açoitamento,dispersando definitivamente o Islam Negro, do Brasil.

OOss NNeeggrrooss qquuee EEssccrreevveemm DDuurraannttee aa EEssccrraavviiddããoo:: ddoo AAmmoorr àà LLiibbeerrddaaddee, CCoonnssttrruuiinnddoo aaIIddeennttiiddaaddeeDDaa ppaallaavvrraa ffaallaaddaa eemm llíínngguuaa ggeerraall àà eessccrriittaa nneeggrraa eemm ppaappeell bbrraannccoo..

É sempre bom reafirmar, conforme nos ensina Eni P. Orlandi, que "Ler é saberque o sentido pode ser outro". E é o resgatar desse sentido, muitas vezes faladoe tantas outras escrito, que procuramos fazer. Se até a primeira metade do séculoXVIII, falava-se na colônia uma mistura de tupi, português, banto e iorubá,conhecida como língua geral, a descoberta do ouro e a necessidade de controletotal da colônia fizeram com que Portugal tornasse obrigatório o uso da línguaportuguesa em todo o território brasileiro, principalmente na região das MinasGerais.

Os que escreviam na colônia representavam o poder europeu e, por conseguinte,estavam distantes dos interesses dos negros escravizados, e muito próximos da visãoque associa uma sociedade não letrada a uma sociedade sem história. Portanto,propensa a ter a sua história reescrita pelos colonizadores. Por outro lado, como osdiversos povos africanos, aqueles que para cá foram trazidos tinham tradições oraisque informavam e garantiam as práticas culturais que até hoje povoam o imagináriopopular brasileiro, de norte a sul, com histórias sobre o saci pererê nas fazendas, osmaracatus, as folias de reis, os bois bumbás etc.

A partir da segunda metade do século XVIII, alguns mulatos, timidamente,começam a expressar, por escrito, a sua presença no meio social: Caldas Barbosa éum deles. Cruz e Souza, Machado de Assis e muitos outros que seguirão o caminhodas letras, levarão algum tempo para expressar com tranqüilidade e orgulho o sernegro no Brasil, posição, aliás, bastante corajosa, que começará a aparecer com LuizGama, Lima Barreto, Lino Guedes, Solano Trindade, Abdias do Nascimento eOswaldo de Camargo, já na transição e ao longo do século vinte, contagiando umanova geração de poetas e escritores, dos quais Edimilson, Cuti, Ele Semóg, ElisaLucinda, Conceição Evaristo, Lepê Correia e muito outros já expressam, semnenhuma dúvida, o ser negro no Brasil pela da literatura.

9900 O Negro no Brasil

Já as formas estéticas negras, por se relacionarem a uma forma de comunicaçãopredominantemente oral, só podem ser percebidas em toda a sua plenitude e riquezapróprias, se inseridas no contexto e nas relações de comunicação para quais foramproduzidas e criadas, conforme afirmam Helena Teodora, José Jorge e BeatrizNascimento, no livro Negro e Cultura no Brasil. Ainda, segundo os autores, aparticipação do negro nas artes brasileiras pode ser vista de dois ângulos, aquela feitapor negros em bases de criação branca, européia e hegemônica, e a feita por negrostendo como base a criação negro-africana. Mestre Didi e Rubens Valentim, entre outrosnomes, são figuras importantes em nossas artes plásticas e refletem tais tendências.

Artistas como Picasso, Braque, Cezzane, Calder e tantos outros foram fortementeinfluenciados pela arte negra e nela se inspiraram para criar movimentos artísticosque caracterizaram a vanguarda européia, tais como o cubismo, o fovismo, odadaísmo e o expressionismo. E, como sempre acontece nesses casos, muitos artistasbrasileiros entraram em contato com a arte negra via Europa.

DDaa aabboolliiççããoo aaooss nnoossssooss ddiiaass.. AA lliibbeerrddaaddee qquuee eexxcclluuii.. EEmmbbrraannqquueecceennddoo..É comum ouvir-se dos militantes dos movimentos negros que a "princesa Isabel

assinou a lei Áurea, mas se esqueceu de assinar a carteira de trabalho". A ironiapresente nesta afirmação, juntamente com o seu conteúdo explícito, é a mais crueldas realidades pós-abolição. Se ainda nos lembramos da variedade de trabalhoexercida pelos negros durante a escravidão, podemos nos perguntar por que entãoa mão-de-obra negra será preterida em função do trabalho dos imigrantes queaportam no país, no momento em que uma massa escrava era liberta, mas nãointegrada à nova realidade econômica.

Mesmo se considerarmos os fatores conjunturais externos (excesso de mão deobra na Europa) e os internos, que fizeram o estado brasileiro estimular a entrada detrabalhadores europeus, portanto, brancos, enquanto os ex-escravos eramabandonados à sua própria sorte. Fica muito difícil não enxergamos nessa medidauma atitude política deliberada para embranquecer o país e assim fugir dos estigmasformulados pela ciência da época, cujas teorias apontavam a inferioridade negrapara, mais uma vez, saquear as riquezas do continente africano, agora justificadopor teorias eugênicas e pela antropometria que habilitava os negros apenas àpráticas sociais físicas.

Há notícias de que, na década de 1920, um grupo de agricultores negrosestadunidenses comprou um pedaço de terra na amazônia brasileira, mas quando ogoverno brasileiro soube qual era a sua cor, os impediu de entrar no país e devolveuo dinheiro da compra. Entretanto, para os imigrantes europeus as terras era dadas ea sua entrada no país, estimulada. É a esse comportamento, complementado poralguns outros, que chamamos de política de embranquecimento da populaçãobrasileira. A liberdade advinda com a abolição, além de excluir, possibilitava a agorarepública tornar seu sonho eurocêntrico numa realidade, empurrando para asperiferias dos grandes centros a massa negra desempregada. Junto com essapolítica, um outro processo deu início ao branqueamento das personalidadesnacionais, cuja a descendência negra era evidente, clareando fotos e ilustrações de

9911História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

personagens mestiços e mulatos que, com o tempo e algum esforço editorial,passaram a ser brancos:

Machado de Assis é um bom exemplo.Quando nada disso resolvia, a alternativa era tornar alguns negros ilustres em

invisíveis, dinâmica que até hoje caracteriza os meios de comunicação, os espaçosacadêmicos e algumas atividades profissionais.

Leia atenciosamente os versos da música abaixo:

" Sim sou negro de corMeu irmão de minha corO que te peço é luta simLuta mais que a luta está no fimCada negro que forMais um negro viráPara lutar com sangue ou nãoCom uma cançãoTambém se luta, irmãoOuvi minha vozLuta por nósLuta negra demaisÉ lutar pela pazLuta negra de maisPara sermos iguais".

TTrriibbuuttoo aa MMaarrttiinn LLuutthheerr KKiinngg,, ddee WWiillssoonn SSiimmoonnaall ee RRoonnaallddoo BBoossccoollii

MMoovviimmeennttooss NNeeggrrooss aappóóss aa AAbboolliiççããoo

OO lluuggaarr ddoo nneeggrroo:: aa ffaavveellaa,, aa eessccoollaa ddee ssaammbbaa,, oo ffuutteebboollDesde os primeiros quilombos formados pelas levas de africanos que aqui

chegaram na condição de escravos, os negros não pararam de lutar e resistir contraa escravidão. De um jeito ou de outro, as organizações negras (como as irmandades)foram espaços de preservação e sociabilidade para esses grupos.

AA ppaarrttiicciippaaççããoo ppoollííttiiccaa nnoo ppóóss -- aabboolliiççããooCom a abolição, uma nova realidade se apresentou ao negro, que passou, então,

a procurar formas mais efetivas de organização que não só o preservasse em grupo,mas também o representasse nas suas reivindicações e lhe desse maior visibilidadesocial. A imprensa negra começou a sua atividade na década de 1920, dandonotícias sociais sobre a comunidade. Nomes de jornais como Menelik, Alfinete eClarim da Alvorada fazem parte da história do negro no Brasil.

Outra organização importante foi a Frente Negra Brasileira. Fundada em 1931,possuía uma rígida organização de funcionamento, e cerca de 400 de seus membrosandavam uniformizados e gozavam de um certo prestígio junto às autoridades e àpopulação em geral, pois acreditavam que os componentes da Frente Negra eram

9922 O Negro no Brasil

pessoas de bem. Inicialmente estruturada em São Paulo, teve vários núcleos emoutros estados como Rio de Janeiro, Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Sul. Comoideologia, sustentavam que a educação era o caminho para a vitória dos negros.Com o Estado Novo, a Frente Negra foi desagregada.

Em 1954 surge a Associação Cultura do Negro, que reuniu nomes como SolanoTrindade, Abdias do Nascimento e Fernando Góis. Apesar de ter uma proposta deaglutinar vários segmentos culturais do país, tinha também a preocupação deconstruir uma ideologia para o negro brasileiro. Alguns intelectuais como FlorestanFernandes, Sérgio Milliet e Carlos Burlemarqui participaram de conferências,congregando inicialmente negros de vários status. Em função de suas lutasideológicas, a ACN perderá a unidade política, a sede e os seus principais nomes,ficando reduzida a uma entidade filantrópica e assistencial, agora com sede na CasaVerde, após ter sido despejada da sua antiga sede na rua 13 de maio.

As escolas de samba também foram e são consideradas importantes centros quecongregam negros, permitindo aos mesmos um espaço de sociabilidade e interaçãocultural. Foram originalmente reprimidas pelo estado e, posteriormente, promovidasà agremiação fundamental da folia de carnaval. Geralmente eram originárias detimes de futebol, atividade esportiva anteriormente impedida aos negros.

Dos anos 60 aos anos 70, a luta dos negros norte-americanos pelos direitos civis,as guerras de libertação dos países africanos colonizados e o fechamento político dasociedade brasileira imposto pela ditadura militar, a partir do golpe de 1964,espalhou a militância negra organizada pelos movimentos sociais de resistência eluta contra a ditadura. Nas brechas que surgiam, aqui e ali, eram formadasorganizações culturais, como Sinba (Sociedade de Intercâmbio Brasil-África), no Riode Janeiro, no início da década de 1970. Jornais como Árvore das Palavras circulamem São Paulo e Rio, o Jornal Versus abre um espaço para os negros, o MNU seconsolida como entidade negra nacional e, depois de muita discussão, é criado o Diada Consciência Negra, dia 20 de novembro, data da morte de Zumbi dos Palmares,herói negro transformado em referência nacional para as organizações negrasespalhadas pelo país.

Com o centenário da abolição, em 1988, o Brasil já possui um leque deorganizações sociais preocupadas com a luta da população negra. Na USP, um grupode funcionários e professores da universidade fundaram o Núcleo de ConsciênciaNegra, que empreenderá uma luta por cotas na universidade e reparações para opovo Negro, isto nos anos de 1993/94. As mulheres negras também estãoorganizadas no Geledés, São Paulo; no Rio, o IPCN - Institutos de Pesquisa dasCulturas Negras desenvolve suas atividades e o Cecun, no Espírito Santo; sãoalgumas das organizações negras que continuam na luta contra o racismo e pelamelhoria da qualidade de vida dos negros brasileiros. Um pouco antes de tudo isso,sambistas como Paulinho da Viola, Candeia e Martinho da Vila, desencantados como rumo que as escolas de samba começaram a tomar, criaram a escola de sambaQuilombos, para resistir à onda de descaracterização imposta às agremiaçõespopulares. O soul invade e contagia os bailes negros dos subúrbios cariocas nadécada de 1970, mas o samba continua resistindo.

9933História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

OO BBrraassiill ee oo NNeeggrrooApesar da força dos nossos poetas cantores, dos nossos artistas, da presença

negra no futebol, na literatura e de termos também o maior geógrafo do mundo,a invisibilidade da população negra continua, hoje menos, mas continua. Não ainvisibilidade no sentido real da palavra, mas aquela pusilânime e cínica que só osfaz visíveis em datas e situações oportunas. Algumas caras negras começam aaparecer em peças publicitárias e outdoors dos grandes centros urbanos como Riode Janeiro, São Paulo, Salvador, Belo Horizonte. Alguns jornais noticiam que jáexiste uma classe média negra com renda até R$ 3.000,00. As cotas, apesar daresistência dos antigos aliados da causa negra, já são uma realidade em diversasuniversidades públicas e o embranquecimento, tão caro a negros e brancos, parecenão passar de falácia, já que, segundo o IBGE, no Brasil, 88% dos casamentos sedão entre pessoas da mesma raça, ou seja, branco casa com branca, negro casacom negra e pardo casa com parda. Apenas 12% da população brasileira praticaas uniões interétnicas.

Qual é a cara do brasileiro? Se quisermos responder a essa pergunta observandoos meios de comunicação de massa, nos surpreenderemos com o resultado. Asimagens que povoam os outdoors das principais capitais, as capas de revistas nasbancas de jornais e os elencos da dramaturgia nacional (TV, cinema e teatro) sãoespetacularmente brancas, precisamente loiras, o novo ícone produzido a partir damulata e da sua imagem erotizada.

É na música e no futebol que normalmente encontramos a presença negra deforma mais destacada, muito embora tal evidência não signifique ausência depreconceito racial. Muito pelo contrário, as manifestações racistas estão ficando cadavez mais comuns entre as torcidas, bem como em campo, conforme têm noticiadoos jornais e revistas, semanalmente. Apesar de o racismo ser, legalmente, crimeinafiançável no Brasil, uma das maiores dificuldades é flagrar o racista, uma vez queaqui ninguém é racista, mas todo mundo conhece um, logo...

O Negro no Brasil tem um longo caminho na conquista da chamada cidadania,aliás, pouco conhecida pela maioria da população. Tal situação, muitas vezes, sugereque a questão do negro e da discriminação que ele sofre é de natureza social e nãoracial. Muita folha de papel já foi usada na tentativa de convencer parcelasignificativa da população negra brasileira que o preconceito racial acaba quando seconquista a igualdade social e/ou econômica, já que o problema racial, entre nós,não existe, apenas as diferenças de classe.

Entretanto, além dos argumentos conhecidos, apresentamos outros maisrecentes, como, por exemplo, os freqüentes incidentes em campo de futebol noBrasil, em que jogadores negros são chamados de "macacos" e, o que é pior, apesardo testemunho de milhões de brasileiros de um ato discriminatório contra umjogador de futebol, em São Paulo, recentemente, A lei CAÓ, de autoria do ex-deputado e jornalista, Carlos Alberto Oliveira, que torna o crime de racismoinafiançável, apesar do espetacular episódio, foi novamente descumprida. O agressorpagou a fiança e seguiu seu destino racista, ainda muito abalado com o que tinhaprovocado.

9944 Preconceito, estereotipo e discriminação no espaço escolar

Preconceito, estereotipo e discriminação no espaço escolarEEddiilleeuuzzaa PPeennhhaa ddee SSoouuzzaa && BBáárrbbaarraa OOlliivveeiirraa SSoouuzzaa

Medo no ar!Em cada esquina

sentinelas vigilantes incendeiam olharesem cada casa

se substituem apressadamente os fechos velhosdas portas

e em cada consciênciafervilha o temor de se ouvir a si mesma

A historia está a ser contadade novo

Medo no ar!

Acontece que euhomem humilde

ainda mais humilde na pele negrame regresso África

para mimcom os olhos secos.

AAggoossttiinnhhoo NNeettoo -- CCoonnsscciieenncciiaalliizzaaççããoo -- ((SSaaggrraaddaa eessppeerraannççaa))

A escola tem um papel fundamental na formação de cidadãos capazes deconviver e dialogar com a diversidade cultural e histórica do Brasil, além de promovera maior identificação dos/as estudantes com os conteúdos e práticas ensinados naescola. São fatores que influenciam diretamente no interesse pelo aprender e naauto-estima dos estudantes. Portanto, à escola cabe o papel de reconhecer que tantoas pessoas que a compõem como as que integram a sociedade brasileira apresentamaspectos que as diferenciam: têm especificidades de gênero, raça/etnia, religião,orientação sexual, valores e outras diferenças definidas a partir de suas históriaspessoais.

Essas diferenças tão presentes na construção identitária das pessoas e de suasrealidades são, muitas vezes, motores de relações desiguais. Há vários exemplos, emnossa sociedade, de diferenças que fomentam desigualdades. Pensemos, porexemplo, em como a religião católica é tratada nos meios de comunicação e emespaços públicos como hospitais e escolas. Agora reflita sobre como as religiões afro-brasileiras, tal qual o candomblé, são tratadas nesses mesmos espaços.

As diferenças de religiosidades geram uma relação na prática que é desigual. Aconstituição garante a liberdade de crença e religiosa e as instituições devempromover o respeito entre os praticantes de diferentes religiões, além de preservar odireito de alguns não terem uma prática religiosa. No entanto, é mais comumencontrarmos no cotidiano, crianças e adolescentes exibindo com orgulho para seus

9955História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

educadores os símbolos de sua primeira comunhão, enquanto famílias que cultuamreligiões de matriz africana são discriminadas por suas identidades religiosas.

O estereótipo1 funciona como um carimbo que define antecipadamente quem sãoe como são as pessoas, alimentando os preconceitos. Dessa forma, o etnocentrismo2

se aproxima, também, do preconceito, que pode ser pensado como algo que vemantes (pré) do conhecimento (conceito). Ou seja, antes de conhecer já defino "o lugar"daquela pessoa ou grupo.

Em nossa sociedade existem práticas, tradições e histórias que sofrem umprofundo preconceito dos setores hegemônicos, ou seja, aqueles que se aproximamdaquilo que é considerado como "correto" por parte daqueles que detêm o poder.Assim, os cultos afro-brasileiros iriam contra as "normais e naturais" religiões cristãs.O preconceito relativo às práticas religiosas afro-brasileiras está profundamentearraigado na sociedade brasileira por estas estarem associados a um grupohistoricamente estigmatizado e excluído, os negros. Vale lembrar que espaços deresistência afro-brasileira, como o samba, a capoeira e os quilombos foram, durantedécadas, proibidos e perseguidos pela polícia e que ainda possuem estigmas.

Se estereótipo e preconceito estão no campo das idéias, discriminação é umaatitude. É a atitude de discriminar, de negar oportunidades, de negar acesso, denegar humanidade. Nesta perspectiva, a omissão, a invisibilidade também seconstitui como discriminação.

A ausência de negros e negras ou a exposição como inferiores em livros didáticos,filmes, cartazes e outros recursos utilizados na escola reforça a estigmatização dapopulação negra e dos/as estudantes negros. Por outro lado, há um reforço naconstrução do imaginário acerca da superioridade branca. A meta deve ser o respeitoaos valores culturais e aos indivíduos de diferentes grupos, o reconhecimento destesvalores e a convivência. A convivência com a diversidade implica experimentar orespeito à diferença. Estes são passos essenciais para a promoção da igualdade dedireitos.

O conceito de estereótipo consiste na generalização e atribuição de valor (namaioria das vezes negativo) a algumas características de um grupo, reduzindo-o aestas características e definindo os "lugares de poder" a serem ocupados. É umageneralização de características subjetivas para um determinado grupo, no caso dosestereótipos negativos, impondo-lhes o lugar de inferior, o lugar de incapaz.

Desconstruir o estigma da desigualdade atribuído às diferenças é tarefa de todasas pessoas e o espaço da escola é particularmente importante neste processo. Aescola, por sua intencionalidade, sua obrigatoriedade legal, por abrigar diversidades,

1 EEsstteerreeóóttiippoo: O estereótipo é uma generalização sobre um grupo de pessoas que compartilha de certas qualidadescaracterísticas (ou estereotípicas) e habilidades. É utilizado em sentido depreciativo e negativo, considerando-seque os estereotipos são crenças ilógicas que podem ser modificadas com uma prática educativa adequada.

2 EEttnnoocceennttrriissmmoo: O Etnocentrismo se caracteriza pela idéia de que a própria cultura possui maior valor dentre asdemais. Esta concepção consiste en julgar a própria cultura como a melhor, a mais natural e humana. É,portanto, uma posição intransigente em relação aos valores e normas que caracterizam diferentes culturas. Éuma postura que acaba por se caracterizar como segregacionista, uma vez que menospreza o valor dosindividuos que pertencem a outras culturas.

9966 Preconceito, estereotipo e discriminação no espaço escolar

torna-se responsável junto com seus/as estudantes, familiares, comunidade,organizações governamentais e não governamentais por construir caminhos para aeliminação de preconceitos e de práticas discriminatórias.

É no ambiente escolar que crianças e jovens podem se dar conta que somos todosdiferentes e que a diferença não deve pautar a construção de relações desiguais. Emais: é nesse espaço que eles podem se dar conta de que podem ser, junto com osprofessores/as, os promotores da transformação do Brasil num país onde hajadireitos iguais e respeito à diferença.

RReeffeerrêênncciiaass

BENTO, Maria Aparecida da Silva. Cidadania em preto e branco. São Paulo:Ática, 1999.

BRASIL. MEC, CNE/CP 003/2004. Diretrizes Curriculares Nacionais para aEducação das Relações Étnicoraciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana.

LIMA, Maria Nazaré Mota de (org). Escola Plural - a diversidade está na salade aula. Salvador: Cortez - Unicef - Ceafro, 2006.

MUNANGA, Kabengele (Org). Superando o Racismo na Escola. Ministérioda Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade,2005.

SILVA, Ana Célia da. A discriminação do negro no livro didático. Salvador:EDUFBA/CEAO, 1995.

LIMA, Heloísa Pires. Histórias da Preta. São Paulo: Companhia das Letrinhas,1998.

DIOUF, Sylviane A. As tranças de Bintou. São Paulo: Cosac Naif, 2004.

9977História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

Propostas para uma educação anti-racistaEEddiilleeuuzzaa PPeennhhaa ddee SSoouuzzaa && BBáárrbbaarraa OOlliivveeiirraa SSoouuzzaa

(...)

Depois as doze horas de trabalhoEscravo

Britar pedraacarretar pedra

britar pedraacarretar pedra

ao sol à chuva

britar pedraacarretar pedra

A velhice vem cedo(...)

AAggoossttiinnhhoo NNeettoo -- CCiivviilliizzaaççããoo oocciiddeennttaall..

Para edificar uma educação anti-racista é necessário repensar o universo simbólicoda civilização africana que durante séculos foi negado à população brasileira. Épreciso atentar-se para a "invisibilidade" da existência das crianças, adolescentes ejovens negros na escola. E ainda, observar qual tem sido o papel da escola emidentificar como essas crianças, adolescentes e jovens reagem à discriminação porsua condição de negros. Pensar, portanto, uma educação anti-racista leva-nos arefletir sobre o conhecimento quase nulo que temos sobre a história da África, aomesmo tempo em que nos permite diferenciar as idéias sobre teorias pseudo-científicas ao abordar a história africana e a história afro-brasileira.

A luta contra o sistema escravista amparou-se em infinitos atos. Individualmenteou coletivamente, a resistência ao sistema opressor acompanhou a população negraantes mesmo da chegada ao "novo continente". O grande contingente de negros enegras arrancados de seu solo natal e trazidos para as Américas resistiuincansavelmente às estruturas do poder escravista colonial. Atitudes simples comoquebrar ferramentas e louças, o "corpo mole", ou aquelas que demandaram precisãopara serem elaboradas, como o suicídio - banzo, o assassinato de feitores e senhores,as fugas, as revoltas, as irmandades e os quilombos são alguns dos exemplos queilustram que os negros e negras escravizados/as sempre estiveram distantes dosvalores imperialistas dos colonizadores (SOUZA, 2006).

Durante séculos, a escola brasileira tem reproduzido a falsa idéia de que oescravismo colonial mercantil em nada teria mudado a vida da população africana,uma vez que, segundo esse pensamento, os povos africanos já praticavam aescravização entre si e que os europeus meramente se engajaram na comercializaçãojá estabelecida. Ora, primeiro é preciso que se entenda essa visão como uma idéia

9988 Propostas para uma educação anti-racista

racista, simplista e discriminatória. Ao retirar dos povos africanos sua humanidade,o mercantilismo europeu implantou durante três séculos um tipo de genocídiojamais visto na história mundial. Na África, como em outros continentes, a existênciada escravidão baseava-se na captura de prisioneiros de guerra, em que o estado servilera reversível e não reduzia as pessoas à categoria de mercadoria.

É preciso que se saiba que o continente africano desenvolveu primorosos sistemas deescritas (egípcio, núbio). A civilização africana em diferentes reinos e países desenvolveu,muito antes dos europeus, elevados conhecimentos de astronomia e matemática, o quepossibilitou o desenvolvimento da agricultura, da navegação, da metalurgia, daarquitetura e da engenharia. Há registros históricos de cesarianas e autópsias praticadaspor povos africanos cerca de 6.000 anos antes da era cristã. Construíram-se cidades ecentros urbanos, criaram-se filosofias religiosas, complexos e duráveis sistemas políticos,além de obras de arte de alta sensibilidade e sofisticação. (Diop, 1960, 1967, 1981 e1987; Ki-Zerbo, 1999; Larkin, 2006).

Por múltiplas maneiras, a evolução dos povos africanos influiu nas diversassociedades do mundo, de modo que somente um enfoque do estudo da História queprivilegie as relações intra-africanas tanto quanto a interação do continente com omundo exterior permitirá preencher lacunas do conhecimento mundial, inclusivesobre fenômenos e períodos. No entanto, em muitas instâncias ainda se isola ahistória da África da história do resto do mundo, o que, além de concorrer paraocultar parte da história dos povos extra-africanos, torna ininteligível a história dospovos africanos. As exigências analítico-interpretativas requeridas para acompreensão da evolução das sociedades africanas podem, simplificadamente,resumir-se a (Wedderburn, 2005):

• Enfoque histórico-temporal de longa duração;• Preeminência histórica absoluta e exclusiva do continente africano na

emergência da humanidade, na sua configuração antiga e moderna e nopovoamento do planeta;

• Anterioridade histórica da civilização egípcio-núbio-meroítica;• Evolução multilinear das sociedades africanas a partir de matrizes político-

econômicas, filosófico-morais e lingüístico-culturais comuns;• Delimitação de fases específicas de evolução sócio-histórica, segundo

momentos socioeconômicos precisos;• Enfoque societário centrado na estratificação social, nos modos de produção

e nas estruturas políticas;• Delimitação das evoluções societárias segundo espaços civilizatórios

específicos.A lei 10.639/2003 traz a possibilidade de descortinar essa história e encurtar

caminhos para se apoderar de uma Educação anti-racista. Entretanto, construir umaeducação anti-racista é, antes de mais nada, edificar a identidade da comunidadeeducacional como definidora da cosmovisão africana, como sublinha Oliveira:

A cosmovisão africana redefine as concepções filosóficas a partir de sua própriadinâmica civilizatória, de acordo com o escopo de sua forma cultural. Assim, ouniverso é pensado como um todo integrado; a concepção de tempo privilegia o

9999História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

tempo passado, o tempo dos ancestrais, e sustenta toda a noção histórica dacosmovisão africana. (2003:173-174):

Para solidificar o desejo de mudar e transformar a escola num espaço lúdico eprazeroso, é preciso compreender e criar mecanismos para romper a cristalização doracismo, do preconceito e da discriminação que permeia nossas escolas, "como formade romper a omissão e o silêncio dos profissionais da escola, possibilitando o respeitoà diversidade e mudanças no cotidiano da escola" (Cavalleiro, 2005, p.11).

Os conceitos de Racismo, Preconceito e Discriminação, formulados por Nilma Lino(2005), podem orientar professores e professoras a se posicionarem ante as diferentessituações e ações do cotidiano escolar, no sentido de subsidiar os/as estudantes negros enão-negros a respeitarem a si, mutuamente e àqueles com quem convivem, bem comopossibilitarem a construção pessoal e coletiva da auto-estima e de práticas político-pedagógicas capazes de conceber e dar consistência a uma educação anti-racista:RRaacciissmmoo - Ideologia que postula a existência de hierarquia entre grupos raciais

humanos. É um conjunto de idéias e imagens vinculadas aos grupos humanosbaseado na existência de raças superiores e inferiores. O racismo individualizadomanifesta-se por práticas discriminatórias de indivíduos contra outros indivíduos.O racismo institucional está presente, por exemplo, no isolamento de negros/asem determinados bairros, escolas e empregos. Também está presente no currículoescolar e nos meios de comunicação.

PPrreeccoonncceeiittoo RRaacciiaall - Uma indisposição, um julgamento prévio negativo que se faz depessoas estigmatizadas por estereótipos de grupo racial de pertença, etnia,religião. Esse julgamento prévio tem como característica principal a tendência deser mantido, mesmo diante de fatos que se contraponham a ele;

DDiissccrriimmiinnaaççããoo - É o nome que se dá para a conduta (ação ou omissão) que violadireitos das pessoas com base em critérios injustificados e injustos, tais como araça, o gênero, a idade, a orientação sexual, a opção religiosa e outros. Adiscriminação racial é tida como a prática do racismo e onde o preconceito seefetiva.

EEttnnoocceennttrriissmmoo - é um termo que designa a pretensa superioridade de uma culturaem relação a outras. Consiste em postular indevidamente como valores universaisos valores próprios da sociedade e da cultura a que o indivíduo pertence. Oetnocêntrico acredita que os seus valores e a sua cultura são os melhores, os maiscorretos e isso lhe é suficiente.

DDiissccrriimmiinnaaççããoo RRaacciiaall - pode ser considerada como a prática do racismo e a efetivaçãodo preconceito. Enquanto o racismo e o preconceito encontram-se no âmbito dasdoutrinas e dos julgamentos, das concepções de mundo e das crenças, adiscriminação é a adoção de práticas que os efetivam.

XXeennooffoobbiiaa - Segundo Rocha-Trindade (1995: 381), xenofobia é "a predisposição deum indivíduo ou de um grupo para a aversão ou a rejeição dos indivíduos cujospadrões de cultura e práticas sociais considera diferentes dos seus, sendo por issoencarados como estranhos e indesejáveis".Apoderar-se desses e de muitos outros conceitos é uma das formas de

potencializar nossas escolas em direção a uma sociedade anti-racista e igualitária. É

110000 Propostas para uma educação anti-racista

trazer a nossas disciplinas a luz de ações dos movimentos sociais negros, comopossibilidade de criar debates em torno da dinâmica das relações raciais nasociedade brasileira, como prática para construir um universo em que o processo deeducação esteja amplamente potencializado como energia vital e espiritual "que setransforma em poder, em sucesso, em orgulho de seu pertencimento à raça negra"(Siqueira, 2006, p. 169).

RReefflleexxõõeess ssoobbrree oo tteemmaaEducar para a igualdade étnico-racial pressupõe romper com estigmas, com

linguagens explícitas ou não de inferioridade de negros/as e indígenas. Comoeducadores/as temos a responsabilidade de ampliar e "deslocar" os conhecimentos,superar o velho, inventando o novo.

No momento de rever nossas práticas, de remodelar nossos currículos, deelaborar o Projeto Político Pedagógico da Escola, precisamos refletir sobre algumasquestões, como a descrita a seguir:

– De que forma queremos abordar a África em sala de aula? Qual África devemosapresentar aos estudantes? Como essa apresentação poderá favorecer a mudança deolhar sobre a contribuição do continente africano para a humanidade?

RReeffeerrêênncciiaass

CAVALLEIRO, Eliane. In Educação anti-racista: caminhos abertos pela LeiFederal 10.639/03. Brasília Secretaria de Educação Continuada, Alfabetizaçãoe Diversidade/Ministério da Educação (Coleção Educação para todos), 2005.

GOMES, Nilma Lino. Alguns termos e conceitos presentes no debate sobrerelações raciais no Brasil: uma breve discussão. In Educação anti-racista:caminhos abertos pela Lei Federal 10.639/03. Brasília, Ministério da Educação,SECAD, 2005.

DIOP, Cheik Anta. Antériorité des civilisations négres, mythe ou véritéhistorique? Paris: Présence Africaine, 1967

__________________. Civilisation ou Barbárie. Paris: Présence Africaine, 1981.__________________. L'Afrique noire précoloniale. Paris: Présence Africaine,

1960, 1987.KI-ZERBO, Joseph. História da África negra. Portugal: Publicações Europa-

América, LTD, 1999.

LARKIN-NASCIMENTO, Elisa. Introdução à Historia da África. In Educação,Africanidade. Brasília: UnB/SECAD, 2006.

OLIVEIRA, Eduardo. Cosmovisão africana no Brasil: Elementos para umafilosofia afrodescendente. Fortaleza: Ibeca, 2003.

SOUZA, Edileuza Penha de. Tamborizar: a formação de crianças eadolescentes negros. In OLIVEIRA, Iolanda de, SILVA, Petronilha B. G. e PINTO,Regina Pahim. Negro e Educação: escola, identidade, cultura e política pública.

110011História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

São Paulo: Ação Educativa, ANPED, 2006.

SIQUEIRA, Maria de Lourdes. Siyavuma - uma visão africana do mundo.Salvador: Autora, 2006.

ROCHA-TRINDADE, Maria Beatriz e outros. Sociologia das Migrações.Lisboa: Universidade Aberta, 1995.

WEDDERBURN, Carlos Moore. Novas bases para o ensino da história daÁfrica no Brasil. Ina Educação anti-racista: caminhos abertos pela Lei Federal10.639/03. Brasília: Ministério da Educação, SECAD, 2005.

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Propostas para uma educação anti-racistaDDrraa.. VVeerraa SSaannttaannaa

HHiissttóórriiccoo JJuurrííddiiccoo ddaa DDiissccrriimmiinnaaççããoo RRaacciiaall nnoo BBrraassiillIInnttrroodduuççããooO trabalho a seguir compõe o conjunto dos conteúdos legais desenvolvidos

para a formação de professores da Educação Básica, em cumprimento à Lei10.639, de 09 de janeiro de 2003, sancionada pelo Presidente Luiz Inácio Lula daSilva, em resposta à histórica reivindicação de movimentos sociais, especialmenteo Movimento Negro, ressaltada a atuação de profissionais negros ligados àEducação.

O texto tem como objetivo municiar educadores a lecionar saberes acerca doexercício da cidadania, a partir da identidade étnico-racial, dotando-os deinformações e capacidade de instrumentalização de mecanismos legais quepermitam a concretização de direitos, quer pelo cumprimento de medidas decompetência do Estado, quer pelo acionamento do Poder Judiciário.

Considerando que as ferramentas a serem operadas são do "mundo do direito", éimportante assentar que, para tal, compreende-se todo o aparato jurídico-normativoregulador de condutas e definidor de ações, omissões e sanções, como as leis,decretos e outros atos normativos.

HHiissttóórriiccoo JJuurrííddiiccoo ddaa DDiissccrriimmiinnaaççããoo RRaacciiaall nnoo BBrraassiillA longa história da escravidão brasileira, iniciada com os indígenas e

consolidada pelo comércio e desumanização de negros africanos por quatroséculos, constituiu o grande aporte jurídico da discriminação racial que deitou seustentáculos por todo nosso tecido social, em benefício de uma ideologiaetnocêntrica, vale dizer, branca, européia, com danos diretos absolutamenteirreparáveis ao povo africano e seus descendentes brasileiros, mas que atingem atoda a sociedade diante do comprometimento do seu desenvolvimento digno ejusto, assentado que está na sistemática exclusão dos negros, praticamente vítimasde uma lei abolicionista que lançava no mercado da nova economia que seinstituía uma massa humana desaparelhada para as relações de produção docapitalismo que se iniciava, gestando ao mesmo tempo políticas de promoção eestímulo da imigração de mão-de-obra branca a serviço das exigências do novomodo de produção econômica, jogando deliberadamente os negros àmarginalização.

Dado o anunciado propósito mobilizador do Projeto, não se prenderá o trabalhoao formal levantamento de toda a história do Direito e os negros no Brasil, tomandocomo ponto de partida a chamada Lei Áurea, que laconicamente aboliu o trabalhoescravo, elegendo para a reflexão normas mais recentes, acompanhadas dereferências sobre como "fazê-las pegar", aqui utilizando expressão corrente nadesignação de "leis que pegam e que não pegam", ou seja, que têm ou não eficácia,ainda que vigentes.

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Embora com esta ressalva, é essencial aprofundar leituras históricas sobre as váriasleis instituídas ao longo da mais duradoura escravidão, que somente se findou, emtermos jurídicos, em 13 de maio de 1888.

Ainda na perspectiva do conhecimento do Direito como fator de organização emobilização social, e diante da irreversível tendência de amplas articulações ediálogos internacionais globalizadas, também serão destacadas as principaisestruturas internacionais de defesa e proteção dos direitos humanos, especialmenteo Sistema da Organização das Nações Unidas - ONU, noticiando alguns importantesdocumentos que o Brasil adota, ou seja, que passam a integrar o ordenamentojurídico nacional.

Quanto à eficácia e aplicabilidade dos ajustes internacionais, é de se saber que éinsuficiente, precário, bem como no Brasil a própria Constituição Federal, no quetoca às garantias e direitos individuais e coletivos, pois a violação destesmandamentos é julgada pelo Poder Judiciário, que reúne homens e mulheresoriundos em sua esmagadora maioria, dos segmentos dominantes, que expressam ereproduzem ideologias e estereótipos racistas, deixando nítida a cor da Justiça.

É certo que o processo de luta dos negros por liberdade foi fundamental paracriar fissuras na organização estatal escravagista da época, ao lado de pressõesinternas de abolicionistas, e estrangeiras, especialmente da Inglaterra, pelo fim dotráfico negreiro.

EEvvoolluuççããoo ddaass LLeeiiss CCoonnttrraa aa DDiissccrriimmiinnaaççããoo RRaacciiaall

BBrreevvee hhiissttóórriiccooCom a formal abolição da escravidão, o Estado brasileiro implementou políticas

de imigração em favor de trabalhadores, famílias brancas, européias, basicamente,estabelecendo sistemática exclusão e marginalização dos negros juridicamentelibertos, mas materialmente impedidos de ingressar no mercado de trabalho regidoagora pelas leis do capitalismo, vedado o acesso à educação, além de sofrerperseguição e sanções nas suas manifestações culturais e religiosas, como a práticada capoeira e o culto ao candomblé, respectivamente, buscando com isto quebrarlaços de identidade fortalecedores da resistência à opressão.

Dentro deste cenário, tornava-se inacessível aos afro-descendentes a ocupação deespaços muito distantes das sarjetas das cidades em formação ou a permanência nasfazendas em iguais condições de cativeiro, os porões das cadeias com ou sem ocometimento de qualquer crime, bastando para tanto ostentar a imagem criminosada negritude, a origem africana.

É sobre esta estrutura que as elites levam a cabo seus projetos dedesenvolvimento do país, sem jamais considerar a necessidade de medidas quevisassem a inclusão dos negros entre os nacionais para fins de uso e gozo dasriquezas que estiveram sempre a construir.

A convivência social construída "pelos de cima", de traço imperial mesmo com aProclamação da República, deixa proeminente a marca do alijamento de homens emulheres livres por lei, mas despossuídos de direitos, ficando à mercê de simpatias e

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generosidades pessoais para vencer barreiras, lograr estudar, galgar uma ocupaçãodecente, ainda que a Constituição democrática de 1934 repudiasse a discriminação,sendo neste ambiente que se faz a Lei 1.390, somente em em 3 de outubro de 1941,que "Inclui entre as contravenções penais a prática de atos resultantes depreconceitos de raça ou de côr", conhecida como Lei Afonso Arinos, para punir arecusa a negros em estabelecimentos de ensino, comerciais, como hotéis,restaurantes, lojas etc., bem como a criação de obstáculos ao acesso a cargo públicoou emprego em autarquias, sociedades de economia mista ou empresaconcessionária de serviço público, entre outras condutas.

A Lei era evidentemente acanhada, até por definir a conduta racialmentepreconceituosa e discriminatória como contravenção penal, o que significa ilícito depouco potencial ofensivo à pessoa, à sociedade ou ao Estado, como um "crimemenor". Mesmo tímida, não há farto registro de sua utilização, pois as vítimas, se porum lado desconheciam a existência da proteção legal, quando conheciam nãoacreditavam na sua aplicabilidade, não produzindo portanto os efeitos de inibição daprática do racismo, nem a contrapartida da sanção imposta pelo Estado quandocometida a contravenção penal.

Desde a edição da Lei Afonso Arinos não houve nenhum outro avanço jurídico,normativo, embora tenha ocorrido a adesão do Brasil a convenções e outroscompromissos internacionais formais.

No plano interno, vai-se então direto à convocação da Assembléia NacionalConstituinte, eleita em 1986, não sem lembrar que a normalidade democrática dopaís foi interrompida pelo golpe de 1964, instalando-se a ditadura militar quematou, exilou, torturou e levou à clandestinidade centenas de militantes dosmovimentos sociais e partidos políticos, atingindo também negros democratas, quelutavam em prol da justiça social e racial, jogando também as organizações negrasna ilegalidade.

Para suas relações internacionais, o Brasil pautou-se pela supremacia dos direitoshumanos, autodeterminação dos povos, defesa da paz, solução pacífica dosconflitos, repúdio ao terrorismo e ao racismo, cooperação entre os povos para oprogresso da humanidade e a concessão de asilo político, sendo estes princípiosessenciais, particularmente para o estreitamento de relações com países doContinente Africano.

Com alicerces tão fincados na cidadania e respeito aos direitos humanos, osEstados, o Distrito Federal e os Municípios passaram por processos democratizantes,com eleições de governantes e representantes legislativos, reescrevendo suasConstituições e Leis Orgânicas, ajustadas à Constituição Cidadã, impulsionando econsolidando o permanente experimento da cidadania.

A partir da Constituição, e obedecida a estruturação hierárquica das leis, é que sãoas mesmas interpretadas e aplicadas, sendo este movimento o constante e renovadodesafio que move os defensores do Direito, vistos estes como operadores da realizaçãoda igualdade como patamar elevado e harmônico "das gentes", sem qualquer forma dediscriminação, e é neste enfrentamento que se faz o diferencial com aqueles quedefendem a manutenção dos privilégios de poucos com a exclusão das maiorias.

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Consagrados os princípios da igualdade, da dignidade humana e outros, olegislador constituinte relacionou uma série de garantias individuais e coletivas noartigo 5º da Carta Magna, como também se chama a Constituição, feita pela livredelegação popular, para dar-lhes vida e forma, preservando os direitos à honra, àimagem, à privacidade e muitos outros, cuidando no artigo 7º dos direitos sociais,para proibir, por exemplo, a diferença de salários, de exercício de funções e decritério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil.

No artigo 5º, merece especial realce o inciso XLII, que criminaliza o racismo, comas condições de inafiançabilidade - em caso de flagrante, não poderá ser feito opagamento de quantia em dinheiro para responder ao processo penal em liberdade,e mais, é imprescritível - a qualquer tempo a vítima de racismo pode acionar oEstado para processar o acusado do ato criminoso. Este dispositivo veio a serregulamentado já em 1989, pela Lei 7.716, que será adiante objeto de comentárioespecial.

Ainda no campo constitucional, é também essencial o recurso contido no incisoLXXI do mesmo art. 5º, instituindo o Mandado de Injunção, ação destinada àcobrança do Estado, "... sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviávelo exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes ànacionalidade, à soberania e à cidadania".

Os dispositivos referidos devem ser interpretados de maneira sincronizada comaqueles princípios e objetivos fundamentais do País, constituindo verdadeirosalicerces para que se erga uma Nação fraterna, o que requer a execução de políticaspúblicas que corrijam as distorções e desigualdades acumuladas por mais de 500anos!

A Constituição é a Lei Maior de um país, e seu cumprimento é dever de todos,obrigando especialmente às autoridades do Estado a vigilância e zelo por suaeficácia.

AA LLeeggiissllaaççããoo BBrraassiilleeiirraa ee aa CCoommuunniiddaaddee NNeeggrraaA apreciação sobre a importância do conjunto do texto constitucional tem em

mente compreender que a Constituição Federal deve sempre ser potencializada paraa efetivação, ampliação e maximização do exercício de garantias e direitos, aíincluindo os tratados e convenções internacionais, objetivando acima de tudo aconstrução da sociedade livre, justa e solidária, conforme o artigo 3º da CartaMagna.

Deste modo, os destaques pontuados não têm caráter conclusivo, nem esgotama matéria, dando maior realce a comandos gerais de relevância no âmbito dosdireitos humanos e sociais, ou de especificidade direta, imediata, para os afro-descendentes, pois, a despeito da proclamada igualdade, com proibição dasdiscriminações, o racismo se acha incrustado em todo o tecido social, impedindo quenem sequer as garantias de alcance geral tenham efetividade, tais como ainviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem, além dorespeito à integridade física e moral do preso e outras conquistas quefreqüentemente afrontadas, revelam as facetas mais visíveis da violência que

110066 Propostas para uma educação anti-racista

desumaniza a população negra, esmagando a auto-estima de crianças e jovens apartir das salas de aula com o pretenso aprendizado dos conteúdos de livros ditosdidáticos, comumente preconceituosos e estereotipados, fazendo da evasão escolarfenômeno com maior incidência entre negros.

Ademais, ante a indiscutível importância dos meios de comunicação, destaca-seainda do texto constitucional o papel da Comunicação Social, tratada nos artigos220 a 224, criando, inclusive, um Conselho como expressão da vontade política dasociedade de democratização na regulação da mídia, vedando a censura. Estecapítulo é fundamental à construção da identidade dos afro-descendentes, por todaa influência cultural que tem notadamente a televisão sobre todos, ainda que emlongínquos rincões.

Embora avançado o tratamento dispensado, salta aos olhos que o Estado,competente para conceder ao particular a exploração dos meios de comunicação,não vem conduzindo este processo de maneira responsável e compromissada com apromoção da cultura e de valores que elevem a formação multicultural do povobrasileiro, resultando por transformar a justa proibição da censura emirresponsabilidade social, razão pela qual são disseminados comportamentos queagridem a dignidade humana, com notável estigmatização dos negros, aviltando suahistória na África e no Brasil.

Aqui, permita-se, deve-se lançar olhar especial às concessões exploradas porsegmentos religiosos intolerantes, que satanizam a religiosidade africana,violentando a mística cultuada por seguidores dos cultos afro-brasileiros.

Em outra esfera, dentre as maiores vitórias do Movimento Negro quando daelaboração da Constituição da República, destaca-se de particular importância oartigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias - ADCT, que dispõe:

"Art. 68. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejamocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estadoemitir-lhes os títulos respectivos".

O alcance deste artigo ganha maior dimensão porque extrapola a questãofundiária sobre a propriedade da terra, representando ao mesmo tempo medidareparadora e de resgate cultural, especialmente quando visto articuladamente comos artigos 215 e 216 que cuidam da Cultura como um direito, protegendo asmanifestações culturais afro-brasileiras e tombando sítios que possuamreminiscências históricas dos antigos quilombos, por exemplo.

Realçados alguns parâmetros constitucionais, cabe avaliar se, e como, vem sendogarantido o cumprimento da Constituição, tanto pela regulamentação das matériasque exigem legislação específica, de natureza complementar, quanto pelaaplicabilidade deste instrumental, e, neste ponto, deve-se indagar acerca do nível deconhecimento que cada um e cada uma tem sobre os seus direitos.

Diante da criminalização do racismo, como anotado, veio a Lei 7.716, de 5 dejaneiro de 1989, que "Define os crimes resultantes de preconceitos de raça ou decor", conhecida como Lei Caó, em homenagem ao autor do Projeto de Lei, oDeputado Federal Carlos Alberto, Caó, do Estado do Rio de Janeiro, modificada pelasLeis 8.081, de 21 de setembro de 1990, que "Estabelece os crimes e as penas

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aplicáveis aos atos discriminatórios ou de preconceito de raça, cor, religião, etnia ouprocedência nacional, praticados pelos meios de comunicação", e, posteriormente, aLei 9.459, de 13 de maio de 1997, que, essencialmente, altera o Código PenalBrasileiro quando define os crimes contra a honra, criando a figura chamada deinjúria racial, estabelecendo que constitui crime:

"Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a a dignidade ou o decoro:(...)p. 3º. Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia,

religião ou origem:Pena - reclusão de um a três anos".Embora considerável o aparato legal para a punição do racismo, o acionamento

do Poder Judiciário para julgamento de crime de racismo não expressa a realidadedos conflitos raciais do cotidiano, e mais, não foi produzida ainda sólidajurisprudência de condenação da prática de discriminação racial, em particularquando cometida via meios de comunicação.

Sobre esta forma de manifestação do preconceito, e considerando a influênciacomportamental que as novelas brasileiras exercem sobre a coletividade, cabecomentar, a título de curiosidade, que muitos profissionais do direito entendem, porexemplo, que um personagem, vilão ou vilã, sempre mau, se se expressapreconceituosamente, não configura crime, pois faz parte da composição geral dopersonagem a encarnação de um ser cruel, inescrupuloso etc., como sendo inerentea tal perfil uma visão racial ou de gênero discriminatória.

EEssttrruuttuurraass IInnssttiittuucciioonnaaiiss ddee CCoommbbaattee aaoo RRaacciissmmoo ee IInncclluussããoo RRaacciiaallPara ingressarmos neste tópico, adotaremos o marco de instituição da Fundação

Cultural Palmares - FCP, órgão vinculado ao Ministério da Cultura, quando, por meioda Lei 7.668, de 22 de agosto de 1988, o Poder Executivo foi autorizado a criar oórgão, "... com a finalidade de promover a preservação dos valores culturais, sociaise econômicos, decorrentes da influência negra na formação da sociedade brasileira",precedido este ato pela formulação e condução do "Programa Nacional doCentenário da Abolição da Escravatura".

Atualmente, a FCP tem estrutura e estatuto definidos nos termos do Decreto4.814, de 19 de agosto de 2003, e tem entre suas relevantes competências, a de"subsidiar a execução das atividades relacionadas com a delimitação das terras dosremanescentes dos quilombos, especialmente no que se refere à sustentabilidadeeconômica dessas comunidades, por meio do desenvolvimento de atividadesculturais".

A maturidade política do Movimento Negro no cenário democrático formalinstaurado com a Constituição de 1988 permitiu fosse criado um ambiente políticode resgate de histórias e heróis do povo negro, com a exuberância de Zumbi dosPalmares, resultando na realização, em 1995, da Grande Marcha de Brasília, porocasião das comemorações do Dia Nacional da Consciência Negra, 20 de Novembro,quando o governo de então acolheu parte das reivindicações levadas após ampla

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discussão nacional, originando deste processo coletivo a criação do Grupo deTrabalho Interministerial com a finalidade de desenvolver políticas para a valorizaçãoda População Negra, via Decreto de 20 de Novembro de 1995.

Os resultados do trabalho do Grupo, de notável qualidade formulativa, não setraduziram em ações de Estado, cabendo ainda o registro da criação do ConselhoNacional de Discriminação - CNCD, vinculado à Secretaria de Direitos Humanos doMinistério da Justiça e hoje integrante da Secretaria Especial de Direitos Humanos daPresidência da República.

Em 13 de maio de 1996, publicou-se o Decreto 1.904, instituindo o PlanoNacional de Direitos Humanos - PNDH, documento que situa o Brasil num contextointernacional de vanguarda, ao trazer para o seio do Estado o reconhecimentocontemporâneo de que a escravidão configura crime contra a humanidade. NoPNDH o espaço dedicado aos Afro-descendentes vai do ponto 189 a 216.

Relativamente às relações raciais, pode-se contabilizar avanços rumo àdemocracia social e racial, assegurando à parcela negra da sociedade, que, segundonúmeros do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, soma 45%(quarenta e cinco por cento) da população, a possibilidade de posicionar-se emigualdade de condições com brancos e brancas no acesso às oportunidades deformação e ocupação de espaços no mercado de trabalho, na vida política nacional.

Com isto, vê-se que são razoáveis os instrumentos jurídicos e os meios operacionaisapenas no interior do Estado, destinados a dar concretude à acalentada igualdade, maslonge se está da eliminação das barreiras opostas ao crescimento sócio-econômico ecultural dos afro-descendentes com afirmação ética e estética da negritude, sepultandoteses e esforços de embranquecimento do Brasil e de sua História.

Nesta trilha, destaca-se como momento de grande riqueza o processoorganizativo da III Conferência Mundial de Combate ao Racismo, DiscriminaçãoRacial, Xenofobia e Intolerância Correlata, realizada em Durban, na África do Sul,consubstanciada na Declaração de 8 de setembro de 2001.

O evento, chamamento mundial da Organização das Nações Unidas, elevou odebate em torno das desigualdades e conflitos raciais ao patamar das grandesquestões internacionais, e, dada sua importância para todos os povos, impõe-setranscrição parcial, para destacar parte de sua introdução que remete à reflexãosobre o quanto é forte, cristalizada mundialmente, cultura excludente das maiorias,tendo sob diferentes formas de expressão as múltiplas estratégias de afirmação deprivilégios, sendo o somatório dos alijados do poder, a maioria que não se quersilenciosa.

A adesão do Brasil à Declaração, e acolhimento do Plano de Ação, disponibiliza àSociedade e ao Estado confortável embasamento à implementação de políticas queafirmem a composição multirracial do povo brasileiro, para incluir os afro-descendentes na categoria de cidadãos e cidadãs.

Com o impulso e ressonância da Conferência, bem como a eleição em 2002, deum Presidente da República saído das classes populares, vindo de Região quevivencia a discriminação como fator gerador de graves distorções e desigualdadesregionais, criou-se cenários mais favoráveis à busca de realização de medidas

110099História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

constantes dos Planos Nacional de Direitos Humanos e de Ação de Durban,contextualizando assim a criação da Secretaria Especial de Políticas de Promoção daIgualdade Racial - SEPPIR, em 21 de março de 2003, institucionalizada por meio daLei 10.678, de 23 de maio de 2003, vinculada diretamente à Presidência daRepública, e mais, o Conselho Nacional da SEPPIR, a fim de agregar novas forças econtribuições governamentais nesta empreitada que é vencer o racismo no Brasil.

Deste modo, o Poder Executivo Federal reúne atualmente uma Fundação Culturale uma Secretaria de Estado, além de dois Conselhos, destinados a, articuladamente,inclusive com a sociedade, gestar, propor e desenvolver as políticas públicas eficazesno repúdio e combate aos preconceitos que recaem sobre os afro-descendentes,levando alternativas para a plena e definitiva inclusão econômica, política e social denegros e negras, de respeito à liberdade religiosa, de valorização e difusão da estéticae da cultura negra.

LLeeii 1100.. 663399//0033A Lei 10.639/03, "Altera a Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece

as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Redede Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira" e dáoutras providências", e após amplo debate e análise pelo Conselho Nacional deEducação, foi editada a Resolução no 1, de 17 de junho de 2004, do CNE, que "InstituiDiretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e parao Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana".

A Resolução, com toda propriedade, regula a Educação das Relações Étnico-Raciais e o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, ou seja, buscaenfrentar as sólidas construções histórico-sociais que realimentam preconceitos ediscriminações que resistem à democrática inclusão social dos afro-descendentes,cabendo avaliar também a interseção entre Direito e relações raciais.

As exigências de militantes negros em favor de uma educação libertadora vêm demuito longe, exatamente pela real dimensão do significado da formação educacionalnão somente como mecanismo de qualificação de mão-de-obra. Com efeito, a visãode educação, defendida e reivindicada por educadores negros, situa o processoeducacional como ferramenta maior de geração de cidadãos aptos a repelir ofensase agressões raciais, não com o uso de qualquer método assemelhado à violênciaintrínseca ao preconceito, mas sim pelo manuseio dos recursos institucionais postosa serviço da cidadania.

A edição então da Lei que modifica as Diretrizes Curriculares Nacionais vem aoencontro e em resposta a um anseio histórico, cabendo evocar consideração sob otítulo "PERCEPÇÃO DOS PROFESSORES", em pesquisa promovida pela Organizaçãodas Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - UNESCO, em parceriacom instituições privadas de ensino e Governo Federal, trabalho compilado como "OPerfil dos Professores Brasileiros: o que fazem, o que pensam, o que almejam...",publicado em maio de 2004, página 107:

Ao estudar a carreira dos professores, Huberman (1992) lista várias questões, queidentifica como apaixonantes, a respeito desses profissionais e que considera serem

111100 Propostas para uma educação anti-racista

do interesse daqueles envolvidos no tema da educação. Algumas delas remetem àpercepção dos próprios docentes sobre sua inserção no ofício de educar, o contextoem que vivem e os distintos momentos de sua trajetória.

SSeerráá qquuee hháá ''ffaasseess'' oouu ''eessttáággiiooss'' nnoo eennssiinnoo?? SSeerráá ggrraannddeennúúmmeerroo ddee pprrooffeessssoorreess ppaassssaamm ppeellaass mmeessmmaass eettaappaass,, aassmmeessmmaass ccrriisseess,, ooss mmeessmmooss aaccoonntteecciimmeennttooss,, oo mmeessmmoo tteerrmmooddee ccaarrrreeiirraa,, iinnddeeppeennddeenntteemmeennttee ddaa ''ggeerraaççããoo'' aa qquueeppeerrtteenncceemm,, oouu hhaavveerráá ppeerrccuurrssooss ddiiffeerreenntteess,, ddee aaccoorrddoo ccoomm oommoommeennttoo hhiissttóórriiccoo ddaa ccaarrrreeiirraa??""..

Para a comunidade negra brasileira, a Lei e sua regulamentação, referidas noinício deste trabalho, tardou, mas quiçá seja este o momento certo, considerando asindagações lançadas acima, isto é, na percepção concreta dos professores brasileirosem que estágio se encontram para deslanchar processo de tamanha envergadura -construir uma futura Nação, pois não se pode aplicar tal termo em sua bem acabadaacepção a um país que, em toda a sua história, antes assentada na escravidão, e hojecalcada na exclusão de tão expressiva quantitativamente, e tão rica potencialmenteparcela de seu povo?

Em todo este tempo, tentou-se fazer conhecer que são várias as leis a respaldar ocombate ao racismo e à exclusão racial, e também diversos os caminhos e vias quepodem e devem ser garimpados.

IInnssttiittuuiiççõõeess NNaacciioonnaaiiss CCoommppeetteenntteess ppaarraa aa DDeeffeessaa ddaa PPrroommooççããoo ddaa IIgguuaallddaaddee RRaacciiaallA abordagem mais ampla do assunto trazendo à cena a Declaração de Durban

tem o objetivo de explicitar a imperatividade dos Direitos Humanos na nova ordemmundial, e bem assim esclarecer a aceitação e adoção, pelo Brasil, dos ajustesinternacionais de defesa e proteção destes Direitos, incluso o combate aopreconceito e à discriminação racial.

De pronto, deve-se ter claro que esta análise tem um traço mais pragmático eativo, e a apresentação das instituições nacionais terão maior realce, chamando aatenção, entretanto, que não se pretende desenvolver um "manual" de operaçãojurídica, vez não ser esta a finalidade do estudo, que se volta à busca dedemonstração da necessidade e validade da instrumentalização do Direito para oexercício de direitos.

Neste sentido, a estruturação do Ministério Público da União e dos Estados,previstos pela Constituição Federal no artigo 128, sobressai, sendo instituiçõespermanentes, essenciais à função jurisdicional do Estado, incumbidas da defesa daordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuaisindisponíveis, a exemplo do direito à igualdade racial, que constitui requisitoinafastável à ordem jurídica e ao regime democrático.

Sobre a atuação do Ministério Público, um especial olhar deve ser lançado notrato de questões afetas às comunidades remanescentes de quilombos, e,relativamente a situações em torno das relações de trabalho, o Ministério Público do

111111História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

Trabalho é o espaço especializado e competente para investigar e representar juntoao Poder Judiciário, desde a ocorrência de trabalho escravo, até a apuração, a partirde indícios, da não contratação de mão-de-obra motivada por preconceito racial.

Dentre os procedimentos implementados pelo Ministério Público, como oajuizamento de Ação Civil Pública, vem se tornado freqüente no âmbito das relaçõesde trabalho, a utilização de Termo de Ajustamento de Conduta, que consiste nareunião das partes envolvidas na formulação de consensos em torno de medidas eprovidências aptas a corrigir, eliminar, construir práticas que derrubem barreiras deacessibilidade ou mobilidade no emprego nos mais variados segmentos econômicos.

Na área do trabalho, ainda há que se distinguir instâncias e procedimentos, querse trate de serviço público ou privado, desde o ingresso, que na esfera pública se dámediante concurso, como regra, possibilitando, em tese, a contratação de afro-descendentes, mas já se sabe que, embora demonstrando capacidade de entradanestas condições, os processos de ascensão ou ocupação de funções gratificadasexpõem a cara do racismo para mais uma vez obstar o crescimento profissional dehomens e mulheres de ascendência africana.

Embora registrado e até destacado notáveis avanços do Brasil na afirmação deintenções de eliminação do racismo, não se pode escamotear o visível e constatáveldistanciamento entre as manifestações formais neste sentido e a vontade políticacorporificada na determinação de destinação de recursos financeiros e econômicosà promoção de políticas públicas de inclusão, sendo exemplar, nesta hipótese, aarrastada titulação das terras das comunidades remanescentes de quilombos, queserá trabalhada como paradigmática.

Conforme exposto, data de 1988 o direito constitucional ao título de propriedadedas terras ocupadas histórica e continuadamente por descendentes de escravos.Passados mais de 20 anos, a Fundação Cultural Palmares já identificou mais oumenos 1.500 áreas como Terras de Preto, expressão usada para designá-las, sendoporém sem significância o número das efetivamente tituladas pela União, excluindo,portanto, regularizações efetuadas por governos estaduais.

Transcorrido todo este tempo, o Presidente da República, fez publicar o Decreto4.887, de 20 de novembro de 2003, que "Regulamenta o procedimento paraidentificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terrasocupadas por remanescentes das comunidades de quilombos de que trata o art. 68do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias".

Este Decreto revoga o anterior - 3.912/01, promovendo alterações substanciais,ao atribuir ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA,competência para "... a identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação etitulação das terras ocupadas pelos remanescentes das comunidades dos quilombos,sem prejuízo da competência concorrente dos Estados, do Distrito Federal e dosMunicípios".

Ademais, diante da criação da SEPPIR, o Decreto busca harmonizar atribuições ecompetências da Secretaria e da FCP. No entanto, mesmo com previsão no PlanoPlurianual - PPA, a União não tem conseguido repassar as verbas necessárias e osconflitos fundiários decorrentes das pressões sobre as comunidades quilombolas,

111122 Propostas para uma educação anti-racista

vindas não raras vezes de órgãos da mesma União, companhias hidrelétricas oufazendeiros, fazem eclodir mais um foco de tensionamento social, a requerer dasautoridades governamentais urgentes e eficazes medidas que tirem do papel a dívidasocial que muito parcialmente seria reparada com a pacificação destas áreas.

OO BBrraassiill nnoo CCoonntteexxttoo ddooss SSiisstteemmaass IInntteerrnnaacciioonnaaiiss ddee PPrrootteeççããoo ee DDeeffeessaa ddooss DDiirreeiittoossHHuummaannooss

A universalização da proteção aos Direitos Humanos é meta almejada pelos váriospovos e remonta à Declaração de Direitos de Virgínia (EUA), de 1776, vindo, em1789, na França, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, a Convençãosobre a Escravatura, de 1926, num crescendo de pactos, acordos e entendimentosdiversos, envolvendo países de diferentes continentes, até a consolidação da Cartadas Nações Unidas, em 1945, e a Declaração Universal dos Direitos do Homem em1948, inclusive com específico tratamento a segmentos e categorias sociais, como àsmulheres, à criança, aos estrangeiros, à organização sindical dos trabalhadores, ebem assim para a eliminação de toda forma de discriminação racial.

Tendo em vista o objeto e objetivos do trabalho - o ensino de Relações Étnico-Raciais e de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana como materialização políticade inclusão da comunidade afro-descendente, cita-se logo a Convenção Relativa àLuta Contra a Discriminação no Campo do Ensino, acolhida pelo Brasil com apromulgação do Decreto 63.223, de 6 de setembro de 1968.

Entretanto, a exemplo das distâncias entre as proclamações de vontades e aconcretude das relações sociais travadas no dia-a-dia, o mundo real está longe daPaz e as desigualdades que oprimem e excluem indivíduos e coletividades em cadapaís ganham forma no âmbito das relações internacionais, com as divisõesidentificadas como nações de primeiro, segundo e terceiro mundos, ou ditosdesenvolvidos, em desenvolvimento e atrasados, mas todas as classificações revelama pirâmide sobre a qual se encaixam sociedades, culturas, sendo certo que muitospovos que vivem em condições de miserabilidade absoluta assim estão em boamedida por decorrência da exploração que faz a essência da escravidão e outrasmazelas que acompanham a humanidade.

Embora a realidade exibida nas imagens da televisão revelem com crueza o graue a profundeza destas desigualdades, não são desprezíveis os esforços por umaordem inclusiva, potencializadora das capacidades de todos e todas, em harmoniacom o equilíbrio ambiental, e, nesta perspectiva, os movimentos sociais, com intensaatuação dos negros, vêm acionando instâncias do Sistema Internacional de Proteçãodos Direitos Humanos, que tem na Organização das Nações Unidas - ONU e suagrande rede, sem prejuízo de fóruns regionais, a exemplo da Corte Interamericanade Direitos Humanos.

Com efeito, o descompasso interno entre uma normatização positiva, afirmativade promoção da igualdade racial e a baixa concretização no cumprimento de seuordenamento jurídico interno, ao qual se agrega robusto compêndio de Convenções,Pactos e Tratados Internacionais, tem levado ao uso cada vez mais recorrente dooferecimento de denúncias contra o Governo brasileiro nos referidos fóruns

111133História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

internacionais, e, a título informativo sobe Proteção dos Direitos Humanos, setembrode 1968, oriunda da 11ª Sessão da UNESCO, realizada em 1960.

Também deve-se realçar a Convenção Internacional sobre a Eliminação de todasas formas de Discriminação Racial, de 1965, ratificada pelo Brasil em 1968, aConvenção 111ª da Organização Internacional do Trabalho - OIT, que cuida daEliminação de toda forma de Discriminação Racial no Trabalho, a ConvençãoAmericana de Direitos Humanos, e, a título ilustrativo, a Secretaria Geral da ONU,registra cerca de 200 documentos, que, regularmente acolhidos pelo Estadobrasileiro, adquirem força legal, devendo por isso ser invocados até junto ao PoderJudiciário para garantia e exercício de direitos.

Por fim, dado o recorte genérico do trabalho, que fundamentalmente se propõea lançar luzes de pesquisa, a ausência de citações bibliográficas ao longo do texto foideliberada, para juntar como anexo as referências bibliográficas consultadas, queganham um tom de "inspirações bibliográficas", pois muita releitura feita não seatém ao tema de modo específico, mas serve como verdadeira fonte de inspiração aser partilhada.

RReeffeerrêênncciiaass

• Constituição Federal de 1988;• Código Penal.• MUNANGA, Kabengele (org). História do Negro no Brasil - Vol. 1 "O

Negro na Sociedade Brasileira: resistência, participação, contribuição -Publicação da Fundação Cultural Palmares/MinC com apoio do CNPq,2004.

• JUNIOR, Hédio Silva. Anti-Racismo - Coletânea de Leis Brasileiras(Federais, Estaduais, Municipais) - Editora Oliveira Mendes, 1998.

• As Mulheres e a Legislação contra o Racismo - Os direitos das Mulheressão Direitos Humanos - Publicação da CEPIA com apoio da FundaçãoFord e CEERT.

• Palmares em Revista Nº 1 - Fundação Cultural Palmares, 1996.• GOMES, Joaquim B. Barbosa. Ação Afirmativa - Princípio Constitucional

da Igualdade - O Direito como Instrumento de Transformação Social. AExperiência dos Estados Unidos: Renovar, 2001.

• O Perfil dos Professores Brasileiros: o que fazem, o que pensam, oalmejam... UNESCO.

• III Conferência Mundial de Combate ao Racismo, Discriminação Racial,Xenofobia e Intolerância Correlata - Declaração de Durban e Plano deAção - Fundação Cultural Palmares/Ministério da Cultura.

• Direitos Humanos - Instrumentos Internacionais: documentos diversos.Senado Federal, 1996.

SSiitteesswww.gruhbaspe.com.brwww.ceert.org.brwww.pgr.mpf.gov.brwww.planalto.gov.br

SSeeççããoo IIIIII CCoonncceeppççõõeess qquuee eennvvoollvveemm oo

pprroojjeettoo ppoollííttiiccoo--ppeeddaaggóóggiiccoo ((PPPPPP))

111177História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

Concepções que Envolvem o Projeto Político-Pedagógico (PPP)ÁÁllvvaarroo SSeebbaassttiiããoo TTeeiixxeeiirraa RRiibbeeiirroo && IIggllêê MMoouurraa PPaazz RRiibbeeiirroo

Ando devagar porque já tive pressa

e levo esse sorriso porque já chorei demais

Cada um de nós compõe a sua história,

e cada ser em si carrega o dom de ser capaz,

e ser feliz.

TTooccaannddoo eemm ffrreennttee –– AAllmmiirr SSaatteerr ee RReennaattoo TTeeiixxeeiirraa

A luta pelo acesso e valorização da educação formal tem sido pautada pela populaçãonegra desde a assinatura da Lei Áurea. Como salienta o pesquisador e sociólogo SalesAugusto (2005), após a chamada abolição da escravatura "Houve uma propensão dapopulação negra a valorizar a escola e a aprendizagem escolar como um 'bem supremo'e uma espécie de 'abre-te sésamo' da sociedade moderna. A escola passou a ser definidasocialmente pelos/as negros/as como um veículo de ascensão social".

O espírito de luta, independência e liberdade foram e são as contrapartidas dasituação de miséria e de exclusão sociais do povo negro, como marco de resistência.As comunidades de terreiro, os diversos grupos culturais, esportivos e religiosos, aimprensa negra e as entidades sócio-políticas e religiosas, além dos incontáveisquilombos, constituíram-se como instrumentos eficazes de combate ao racismo e àdiscriminação racial ao longo de toda a história do Brasil.

As intensas demandas por parte da sociedade organizada no sentido de garantiruma educação mais justa e igualitária resultaram na Lei 10.639/20031, seguida dainstituição e implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaçãodas Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira eAfricana, aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação - CNE em 10 de março de2004. As Diretrizes alteram a Lei 9.394/1996 de Diretrizes e Bases da EducaçãoNacional, assegurando "o direito às histórias e culturas que compõem a naçãobrasileira, além do direito às diferentes fontes da cultura a todos os brasileiros"2.

As diretrizes são normas reguladoras, constituindo-se em orientações, princípiose fundamentos para que as instituições de ensino desenvolvam programas deformação do quadro docente, bem como promovam a educação cidadãos atuantesconscientesseio da sociedade brasileira, multicultural e pluriétnica.de cidadãos atuantes e conscientes no seio da sociedade brasileira, multicultural e

1 É importante que se entenda a Lei 10.639/2003 como bandeira de luta da sociedade organizada desde a assinatura da LeiÁurea. Para saber mais sobre o assunto, veja o texto "A Lei 10.639/03 como fruto da luta anti-racista do MovimentoNegro". SANTOS, Sales Augusto dos. In Educação anti-racista: caminhos abertos pela Lei Federal 10.639/03.

2 Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e CulturaAfro-Brasileira e Africana (página 9).

111188 Concepções que envolvem o projeto político-pedagógico (PPP)

pluriétnica3. Nesse sentido, as Diretrizes Curriculares para a Educação das RelaçõesÉtnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira reconhecem anecessidade de políticas de reparação e apontam caminhos de valorização e açõesafirmativas, como a ação de combate ao racismo e à discriminação, bem como o for-talecimento de direitos e identidade da população negra e afro-descendente.

Proporcionar uma educação com vistas a interromper a reprodução de práticasdiscriminatórias e racistas é o desafio posto a todos os educadores e educadoras,além de expressar o comprometimento com uma escola de qualidade, centrada norespeito às diferenças e na diversidade das crianças, adolescentes e jovens.

A escola deve ser um locus privilegiado da construção da coletividade e,conseqüentemente, do espaço de cidadania, inclusão e respeito ao próximo. Paraque a comunicação em tempos de ações afirmativas seja possível, é necessária autilização de uma dinâmica pedagógica beneficiando as relações interativas daspessoas que compõem a comunidade escolar (estudantes, pais, professores,funcionários e direção). Para isso é necessária a construção conjunta do processoeducativo, por meio de mecanismos que propiciem um planejamento coletivo, ondetodas essas pessoas tenham plena participação criadora. Reunir, ritualizar, renovar erepensar os caminhos percorridos pela escola é o papel político-social de todos/asos/as envolvidos/as com a educação. É, portanto, trazer a igualdade de gênero, raçae o respeito à diversidade a todos os espaços educacionais o que conduz àinstitucionalização da eqüidade, da humanização e do desenvolvimento emocionalcomo base para criação e/ou reformulação do Plano Político-Pedagógico.

OO PPrroojjeettoo PPoollííttiiccoo--PPeeddaaggóóggiiccooO crescimento da participação e do envolvimento dos/as professores/as nas

questões pedagógicas, não só é necessário como garantido pela Lei de Diretrizes eBases da Educação Nacional - LDB. Esta recomendação amplia a autonomia e aconsciência do profissional quanto ao processo desenvolvido e aumenta osentimento de pertencimento do/a professor/a ao Projeto Político-Pedagógico. Agestão democrática não é uma concessão do Estado, mas um conquista dacomunidade escolar que toma consciência da necessidade de uma atuaçãotransformadora das estruturas "a cada passo sobre o momento histórico" (Siqueira,2006: 129). Com liberdade, ética e consciência política, maior é o alcance daautonomia pedagógica, administrativa e financeira, da escola.

Nessa perspectiva, a instituição escolar precisa orientar-se por alguns princípioscomo o do caráter público da educação, da inserção social da escola e da gestãodemocrática, na qual as práticas participativas, a partilha do poder, a socialização dasdecisões desencadeia processos de aprendizagem do jogo democrático. Daí que,mobilizar-se, organizar-se para participar e decidir sobre as políticas em âmbitoescolar é concorrer para a construção de uma democracia local, alargando aspossibilidades para construções em outros âmbitos.

3 A sociedade brasileira é composta e fundamentada por várias culturas e povos, daí o seu caráter multicultural epluriétnico.

111199História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

O Projeto Político-Pedagógico - PPP é um instrumento possível e legal naconstrução dessa gestão mais participativa e democrática. A professora Ilma Passos(2000) nos apresenta alguns pressupostos que regem a organização do PPP.

São eles:• Igualdade de condições para acesso e permanência na escola;• Qualidade para todos;• Gestão democrática;• Liberdade;• Valorização do magistério.

São muitas as concepções que envolvem o Plano Político-Pedagógico.Entretanto, constituir uma gestão democrática, sedimentada nos valores daliberdade, da valorização do magistério passa por incorporar novos formatosfilosóficos para a escola. A estrutura organizativa do PPP precisa atentar para osprincípios, valores e tradições que permeiam a escola, cenário vivo em que atradição, os costumes, os saberes, diferentes modos de vida, o conhecimentosão sementes que podem brotar, nascer, florir e frutificar em métodospedagógicos, onde a experiência dos mais velhos e a estrutura organizativapromovam a implementação de uma escola plural sedimentada nos saberes econhecimentos da ancestralidade africana. (Siqueira, 2006).

Para que a escola seja mais igualitária, ela tem de ser de qualidade para todasas pessoas. Tanto qualidade pedagógica, como política. A escola necessita demecanismos pedagógicos e participativos que garantam ao estudante um ensinode qualidade e ininterrupto, evitando a repetência e a evasão. Nesse sentido, agestão democrática é condição indispensável para o rompimento com umaprática escolar autoritária e mantenedora dos privilégios dos grupos favorecidoshistoricamente. Mais participação, para a superação das dicotomias, entre teoriae prática, professor/a e estudante, comunidade e instituição, entre outras.

Por isso, há necessidade de construir-se um projeto político-pedagógico querepresente os anseios e possibilidades da comunidade educacional. A gestãodemocrática parte do princípio de que todos somos livres para tomar decisões.Liberdade é um princípio que a Constituição nos assegura e devemos, também,ter liberdade para desenvolvermos um espaço escolar problematizador einvestigativo.

Finalmente, uma escola livre, de qualidade, igualitária e democrática necessitade profissionais valorizados. Valorização dos profissionais da educação significaformação profissional qualificada e permanente e boas condições de trabalho,incluindo remuneração justa. (Cf Veiga, 2000).

RReefflleexxõõeess ssoobbrree oo tteemmaa::• Sua escola tem Projeto Político Pedagógico? Se sim, verifique como estão

retratadas a história e cultura africana e afro-brasileira? Qual é o espaçodedicado ao tema? Como você pode contribuir para enriquecer essa abordagem?

• Você acha que a escola brasileira e, particularmente a sua, é de qualidade? Oque você considera uma escola de qualidade?

• Que conhecimento da Lei 10.639/2003 você possui? Sua escola já realizou

112200 Concepções que envolvem o projeto político-pedagógico (PPP)

alguma atividade para sua implementação? Quais? Dê que forma?• Quais são os impactos que a Lei 10.639/03 e as Diretrizes Curriculares para o

Ensino da Cultura e História Afro-Brasileira e Africana geraram em sua escola?• A cultura, história, literatura e tradições afro-brasileiras e a perspectiva étnico-

racial estão presentes no Projeto Político-Pedagógico da sua escola?• Na sua opinião, é possível construir um Plano Político-Pedagógico segundo

uma perspectiva de ancestralidade afro-brasileira?

RReeffeerrêênncciiaass

Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana,aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação - CNE em 10 de março de2004.

Lei 9.394/1996 de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,

RIOS, Terezinha. Significado e pressupostos do projeto pedagógico. In SérieIdéias. São Paulo: FDE, 1982.

SANTOS, Sales Augusto. A Lei 10.639/03 como fruto da luta anti-racista domovimento negro. In Educação anti-racista: caminhos abertos pela Lei Federal10.639/03. Brasília Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização eDiversidade/Ministério da Educação (Coleção Educação para todos), 2005.

SIQUEIRA, Maria de Lurdes. Siyavuma – uma visão africana do mundo.Salvador: Autora, 2006.

VEIGA, Ilma P.A. (org) O Projeto Político Pedagógico da Escola: Umaconstrução possível. 11a ed. Campinas: Papirus, 2000.

112211História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

Marcos Fundamentais do PPP: Marco Situacional; Marco Conceitual; Marco OperacionalÁÁllvvaarroo SSeebbaassttiiããoo TTeeiixxeeiirraa RRiibbeeiirroo && IIggllêê MMoouurraa PPaazz RRiibbeeiirroo

...não sabemos o que segue,

mas sim sabemos que os passos que seguem

não somos nós que os podemos decidir;

nem sequer encontrar;

sabemos que para o que segue

temos que ouvir outras vozes

e necessitamos que essas outras

vozes se ouçam entre si.

SSuubbccoommaannddaannttee MMaarrccooss –– CCrrôônniiccaass IInntteerrggaallááccttiiccaass

Na construção do PPP leva-se em conta os pressupostos teóricos e práticos queassentam o planejamento. Danilo Gandim (1994), chama estes pressupostos demarcos e os divide em três momentos diferenciados e interligados, são eles: oMarco Situacional; o Marco Conceitual e o Marco Operacional.

MMaarrccoo SSiittuuaacciioonnaallO Marco Situacional busca responder as perguntas: Como compreendemos a

sociedade atual? Como se caracteriza o contexto social onde a escola deveráatuar? Qual o papel da escola? A quem ela serve? Que experiências ela propicia aoestudante e à comunidade?

O ponto de partida deste marco é a prática social. Devemos procurar descrever esituar a escola no atual contexto da realidade brasileira, do Estado e do município.Explicitar os problemas e as necessidades da comunidade educativa, bem comoapresentar uma análise crítica dos problemas existentes na escola, como os de:aprendizagem, formação dos trabalhadores/as (professores/as, direção), organizaçãodo tempo e do espaço, equipamentos existentes e necessários, critérios dedistribuição de turmas e organização das atividades pelo tempo.

É preciso levantar o máximo de dados possíveis para que seja construído umdiagnóstico preciso. Os dados estatísticos devem ser analisados com atenção, elesajudarão na definição das necessidades, tanto no que diz respeito ao pedagógico,como ao político/administrativo. O levantamento da necessidade de formação dostrabalhadores/as deve basear-se nas especificidades de cada grupo, para otimizar

112222 Concepções que envolvem o projeto político-pedagógico (PPP)

energia. Uma má escolha pode gerar desmotivação no grupo. Os equipamentosnecessários à consecução do PPP devem ser pensados com cuidado para nãoprovocar compras desnecessárias ou falta de equipamentos.

Além de dados administrativos e estatísticos, devemos levar em consideração noMarco Situacional a participação dos pais na escola, tanto no que concerne aoacompanhamento pedagógico, como na participação da gestão democrática daescola. Os conflitos e contradições presentes na prática docente, também, devemser objeto de observação. Um bom diagnóstico neste quesito pode ajudar asuperar dificuldades na condução democrática da escola, bem como, nodesenvolvimento curricular.

MMaarrccoo CCoonncceeiittuuaallO Marco Conceitual busca, em face da realidade descrita e analisada, quais

concepções de educação, escola, gestão, currículo, ensino, aprendizagem eavaliação se fazem necessárias para atingir o que pretendemos?

Ao contrário do Marco Situacional, no Marco Conceitual não temos um pontode partida, mas um ponto de chegada que é a prática social transformada. A buscade respostas para concretizar o ideal de uma escola equânime, justa e plural éparte do compromisso coletivo. É preciso explicitar os fundamentosepistemológicos; didático-pedagógico; éticos e estéticos que darão suporte aprática do PPP. Por trás das escolhas destes fundamentos estarão colocadasquestões como: idéia de sociedade, ser humano, educação, escola, conhecimento,ensino-aprendizagem, avaliação, cidadania, cultura, temos em nossa concepção.

A coletividade deverá pensar nas relações estabelecidas entre as pessoas emsuas especificidades étnicas, sociais, de gênero, de orientação sexual; entre asdiferentes sociedades; bem como, nas relações entre conteúdo, método, contextosócio-cultural e objetivos da educação. Estas relações são definidoras paraconceber a Gestão Democrática e o Currículo. Com a Gestão Democrática,desenvolve-se a discussão continuada e coletiva da própria prática pedagógica.Esta discussão coletiva fortalece a participação efetiva de todos os segmentos daescola na defesa dos princípios da gestão democrática: participação, autonomia,liberdade. Fortalece, também, a própria execução e avaliação do PPP.

MMaarrccoo OOppeerraacciioonnaallNo Marco Operacional, busca-se respostas para os seguintes questionamentos:

quais as decisões de operacionalização? Como redimensionar a organização dotrabalho pedagógico? Que tipo de gestão queremos na escola?

Este Marco define as mudanças a serem alcançadas, se institui no campo daluta por uma sociedade mais justa e equânime. Define o que é necessário paradiminuir a distância entre a realidade atual e o que se almeja. Podemos pensarnesse marco, por exemplo, em ações de combate ao racismo e à discriminação naescola. Neste marco, é que definimos nossas grandes linhas de ação e areorganização do trabalho pedagógico escolar na perspectiva administrativa,pedagógica, financeira e político-educacional.

112233História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

Apresenta as grandes linhas de ações em termos de: redimensionamento dagestão democrática, conselho escolar, conselho de classe, grêmio estudantil,representante de turma, representação de pais, entre outros.

Devem fazer parte das expectativas a serem explicitadas no âmbito do MarcoOperacional, questões como: definição das ações relativas à formação continuada,equipamentos pedagógicas, ações relativas à recuperação de estudo dosestudantes, diretrizes para avaliação geral de desempenho dos trabalhadores daeducação e organização do trabalho pedagógico.

A construção destes marcos precede a elabora do Projeto Político Pedagógico eo subsidia. A definição dos marcos proporciona uma visão global e coletiva dopensamento da coletividade, portanto se estabelece no campo do conceito de umplanejamento participativo e dialógico, a ser construído coletivamente na escola.Na quinta aula deste módulo apresentaremos algumas idéias para que o coletivoda escola se organize para o planejamento.

RReefflleexxõõeess ssoobbrree oo tteemmaa::

• Como compreendemos a sociedade atual? Como se caracteriza o contextosocial onde a escola deverá atuar?

• Qual o papel da escola? Que experiências ela propicia ao estudante?• Como você caracterizaria a situação social brasileira e a situação do contexto em

que sua escola está localizada? • A partir de sua realidade, que propostas poderiam ser elencadas para a

construção da gestão democrática em sua escola?

RReeffeerrêênncciiaass

GANDIM, Danilo. A prática do planejamento participativo. 13ª ed.Petrópolis: Vozes, 1994.

PADILHA, Paulo R. Planejamento dialógico. Como construir o projetopolítico-pedagógico da escola. 6ª ed. São Paulo: Cortez, 2006.

VEIGA, Ilma P.A. (org) O Projeto Político Pedagógico da Escola: Umaconstrução possível. 11ª ed. Campinas: Papirus, 2000.

112244 Estrutura do Planejamento Político Pedagógico

Estrutura do Planejamento Político PedagógicoÁÁllvvaarroo SSeebbaassttiiããoo TTeeiixxeeiirraa RRiibbeeiirroo && IIggllêê MMoouurraa PPaazz RRiibbeeiirroo

Algumas regras são boas porque

fazem com que a gente tenha liberdade,

porque senão vira bagunça.

LLiirryy -- 1100 aannooss -- PPrroojjeettoo FFiilloossooffiiaa nnaa EEssccoollaa

O Projeto Político Pedagógico institui-se como obrigatório nas escolas a partir daLDB (Lei 9394/96), que em seu artigo 12, inciso 1, diz que "Os estabelecimentos deensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão aincumbência de: I - elaborar e executar sua proposta pedagógica".

O termo projeto deriva do latim projectu, que significa lançar para diante,direcionar-se a um rumo. Pedagógico está relacionado com a constituição dahumanidade, com o saber e sua assimilação e com as formas adequadas para sealcançarem estes objetivos. Político é o que pressupõe a opção e compromisso coma formação do cidadão para um determinado tipo de sociedade.

O PPP tem a dupla dimensão de ser orientador e condutor do presente e dofuturo. Deve estar sempre voltado para uma ação transformadora. É o instrumentobalizador para o fazer escolar e, por conseqüência, expressa a prática pedagógicadas instituições dando direção democrática à gestão e às atividades educacionais. Éintencional, e deve refletir uma concepção de escola, de sociedade e de suasrelações. Define quais ações educativas a coletividade deseja implementar e quaiscaracterísticas a escola deve possuir para a atingir seus objetivos e metas. Finalmente,devemos reforçar que o PPP deve ser fruto do esforço coletivo e participativo.

O processo de construção de um PPP pode ser desenvolvido com a resolução devárias questões, tais como:

• Qual é a concepção de ser humano e mundo que buscamos? • Qual a concepção de sociedade que temos?• Qual a concepção de educação? • Qual a concepção de cidadão e cidadania?• Qual a concepção de currículo?• Que tipo de gestão está sendo praticada na escola?• O que queremos e o que precisamos mudar em nossa escola?

O PPP é mais do que a necessidade de responder a uma solicitação formal. É areflexão e a contínua expressão de nossas idéias sobre a escola e sua função social,sobre currículo, sobre valores. O processo é desenvolvido em espiral, num crescentedinâmico de integração entre todas as tentativas de respostas. Como processo, eleestá em contínua construção, avaliação e reelaboração.

112255História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

Pensar o PPP é mais do que um planejamento, sua construção concretiza um idealde autonomia que toda a escola deve construir e vivenciar. É pensar a construção daidentidade da instituição escolar, o que implica numa análise coletiva tanto da suahistória, enquanto instituição, como na história e cultura de todas as pessoas queconstituem a escola. É, também, refletir sobre quais direções intencionais serãoassumidas em função das definições tomadas pelo PPP.

O PPP deve representar a organização do trabalho pedagógico escolar que sedeseja, em todas as suas especificidades, níveis e modalidades: Educação, Ensinofundamental e Ensino Médio, bem como, se for o caso da escola, do Ensino Especial,Ensino Profissional e Educação de Jovens e Adultos. Supõe reflexão e discussão críticasobre os problemas da sociedade e da educação para encontrar as possibilidades deintervenção na realidade. Deve buscar a transformação da realidade social,econômica, política e exige a participação de todos os sujeitos do processoeducativo, para a construção de uma visão global da realidade e dos compromissoscoletivos.

São muitos os formatos para a estruturação formal de um PPP. Apresentaremosabaixo algumas idéias que poderão compor o documento final a ser produzido pelaescola:

11.. CCoonntteexxttuuaalliizzaaççããoo ee ccaarraacctteerriizzaaççããoo ddaa eessccoollaaÉ necessário que o projeto represente com maior objetividade possível as

características da comunidade em que a escola está inserida. Deve-se procurarlevantar dados sobre: aspectos geográficos, históricos, sócio-econômicos, étnico-raciais, religiosos, dentre outros. Assim como expressar a realidade da escola: perfildos/as estudantes, corpo técnico pedagógico, apoio, bem como, um breve históricoda instituição.

22.. OObbjjeettiivvooss GGeerraaiiss ee eessppeeccííffiiccoossDefinem as prioridades que direcionarão o trabalho da instituição, tendo em vista

as informações destacadas no diagnóstico.33.. EEssttrruuttuurraa ee FFuunncciioonnaammeennttooDescrição das instalações físicas, dos recursos humanos e financeiros (e suas

fontes), níveis e modalidades de ensino oferecidos.44.. OOrrggaanniizzaaççããoo ddaa eessccoollaa ââmmbbiittoo eessppaaççoo--tteemmppoorraallNíveis de oferta dos cursos. Em que tipos de agrupamentos os estudantes são

distribuídos, calendários e rotinas escolares. No âmbito relacional, o PPP deveexplicitar o que pensa do papel, do perfil e das responsabilidades: da direção, dos/asprofessores, dos/as coordenadores/as ou supervisores/as, dos/as estudantes, dafamília, dos/as funcionários/as, dentre outros. No âmbito administrativo financeirodeve-se definir os modelos e as instâncias de gestão, bem como, a responsabilidadede cada pessoa.

55.. OOrrggaanniizzaaççããoo ccuurrrriiccuullaarrQuais são os princípios norteadores do currículo: epistemológicos; didático-

pedagógico; éticos e estéticos. Qual organização curricular estará prevista: porsérie/por ciclo, por área/por disciplina. Neste item deve-se demonstrar de que

112266 Estrutura do Planejamento Político Pedagógico

maneira o coletivo da escola desenvolverá o seu trabalho em diálogo com asRelações Étnico-Raciais e com a História e Cultura Afro-Brasileira e Africana.

RReefflleexxõõeess ssoobbrree oo tteemmaa::• Que sociedade queremos para viver?• Que escola temos e que escola queremos? Que tipo de relações queremos

construir na escola e na comunidade?• Busque caracterizar um pouco sua escola: Onde ela está situada? Quais

características sócio-culturais a comunidade escolar apresenta?• Qual diagnóstico (item 2) seria possível fazer sobre sua escola? Quais são suas

maiores dificuldades e maiores possibilidades?

RReeffeerrêênncciiaass

ENGUITA, Mariano F. A face oculta da escola: Educação e trabalho nocapitalismo. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989.

GADOTTI, Moacir. Pressupostos do projeto pedagógico. In MEC, Anais daConferência Nacional de Educação para Todos. Brasília: 28/8 a 2/9/94.

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112277História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

Princípios Filosóficos, Epistemológicos, Didático-Pedagógicos e Éticos que Embasam a ConstruçãoCurricularÁÁllvvaarroo SSeebbaassttiiããoo TTeeiixxeeiirraa RRiibbeeiirroo && IIggllêê MMoouurraa PPaazz RRiibbeeiirroo

Cada coisa tem um motivo para ser entendidado jeito como é entendida.

BBiiaannccaa,, 1100 aannooss -- PPrroojjeettoo FFiilloossooffiiaa nnaa EEssccoollaa

Em outros momentos deste livro pudemos refletir sobre o papel central docurrículo escolar e sua importância na construção de uma escola anti-racista einclusiva. Vimos, também, que os currículos escolares devem ser construídos combase na "multiplicidade de valores, de historicidades e de olhares presentes nasidentidades nacionais". A Constituição Federal, no seu artigo 210, determina que:"serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira aassegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos,nacionais e regionais" (1988). Entre os princípios que devem reger o ensino no Brasil,consagrados no artigo 3º, da Lei de Diretrizes e Bases da Educacional (1996),podemos destacar alguns, que darão suporte à construção curricular das escolas:

• Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento,a arte e o saber;

• Pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas;• Respeito à liberdade e apreço à tolerância;• Valorização da experiência extra-escolar;• Vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.

É necessário construir currículos que valorizem a pluralidade cultural identitária dasociedade brasileira e, como já vimos anteriormente, devem ter como "eixo os valorese práticas culturais dos estudantes e da comunidade na qual a escola está envolvida".Desta forma, poderemos afirmar as identidades dos estudantes, valorizando suahistória, cultura e pertencimento étnico-racial.

Tendo como base essa discussão, afirmamos, então, que a construção de umprojeto político-pedagógico e a conseqüente formulação de uma proposta curricularnecessita de princípios básicos que orientem as metas a serem alcançadas. Taisprincípios devem se coadunar com legislação em vigor e visa o fortalecimento dosvínculos institucionais com a comunidade na qual a escola está inserida.

Os princípios filosóficos devem favorecer a construção de currículos quedesenvolvam a "consciência política e histórica da diversidade", afirmando à igualdadede direitos, valorizando a história e cultura africana e afro-brasileira e superando aforma discriminatória e injusta que as classes populares, incluindo os negros eindígenas, são tratadas. Desta forma, a construção curricular deve buscar o"fortalecimento de identidades e direitos", para que sejam desencadeados processos

112288 Princípios Filosóficos, Epistemológicos, Didático-Pedagógicos e Éticos que Embasam aConstrução Curricular

de afirmação de identidades, até então desvalorizadas, pela garantia de amploacesso à informação e melhoria da formação dos profissionais da educação. (Cf.Diretrizes Curriculares Nacionais, 2004, p. 7ss)

Os princípios epistemológicos, que estão relacionados com o conhecimento e aaprendizagem, devem fundamentar a construção de um processo de ensino-aprendizagem construtivo e transformador. Um processo em que o/a professor/a iráauxiliar os/as educandos/as na busca problematizadora, como um co-investigador àprocura de explorar a dimensão filosófica de nosso estar-no-mundo.

Neste sentido, a relação pedagógica é deslocada do eixo de atenção do professorpara o grupo, passando o professor a estar como fomentador e incentivador dodebate reflexivo entre os/as estudantes. Deve-se levar em consideração que oprocesso de aprendizagem não está relacionado apenas ao conhecimento deconteúdos, mas, também, atua no campo das emoções e dos afetos. Enfim, aaprendizagem se dará entre seres humanos concretos em suas relações com oconhecimento e com o outro (professores/as, estudantes e demais pessoas com asquais são estabelecidas relações).

Os princípios didático-pedagógicos levam em consideração as práticas educativas.Para a construção de uma educação anti-racista, o currículo escolar deve serconstruído levando-se em consideração a necessidade da temática étnico-racial serapresentada ao longo do processo educativo, e não apenas de forma esporádica. Ocurrículo deve valorizar as contribuições do povo negro na história das comunidades,bem como da sociedade brasileira como um todo, apresentando, também, a históriados povos oprimidos, relatando as situações de opressão e a resistência destes povos.Por fim, deve-se abordar a situação étnico-racial a partir do cotidiano dos grupos quecompõe a sala de aula. (MEC/SECAD, 2006, p. 69ss).

Privilegiar as relações não autoritárias, solidárias e respeitosas das diferenças entreas pessoas são elementos centrais dos princípios éticos. Isso possibilita odesenvolvimento do processo de reconhecimento pessoal e a construção da auto-estima, e proporciona uma estética da sensibilidade. A sensibilidade é vista aqui como"a forma elaborada do sentimento de ligação (reliance): uma 'empatia generalizada'em relação a tudo o que vive e a tudo o que existe."(grifo do autor) (Barbier, 1998:183).

Esta sensibilidade deve estar voltada ao encontro afetivo com o outro, e, comoafirma Patrícia Santana, ao descrever o papel do afeto na Educação Infantil: "Faz-se necessário que as demonstrações de afeto sejam manifestadas para todas ascrianças indistintamente. (...). A educadora é a mediadora entre a criança e omundo, e é por meio das interações que ela constrói uma auto-imagem em relaçãoà beleza, à construção do gênero e aos comportamentos sociais" (In MEC/SECAD,2006, p. 38).

RReefflleexxõõeess ssoobbrree oo tteemmaa::• Em que princípios filosóficos, epistemológicos, didático-pedagógicos e éticos

podemos fundamentar um currículo anti-racista e valorizador das relaçõesétnico-raciais, da Cultura e História Afro-Brasileira e Africana?

112299História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

• Posicione-se em relação aos princípios aqui apresentados. Procure refazê-loslevando em conta sua própria realidade.

RReeffeerrêênncciiaass

BARBIER, René. A escuta sensível na abordagem transversal. In BARBOSA,Joaquim Gonçalves (Coord). Multirreferencialidade nas ciências e na educação.Revisão da Tradução: Sidney Barbosa. São Carlos: EdUFSCar, 1998.

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113300 Currículo escolar e relações étnico-raciais

Currículo escolar e relações étnico-raciais BBáárrbbaarraa OOlliivveeiirraa SSoouuzzaa ee EEddiilleeuuzzaa PPeennhhaa ddee SSoouuzzaa

A Razão da Chama

Nos porões fétidos da história

Comi podridões. Endoideci. Adoeci.

Atiraram-me no mar do esquecimento

Agarrei-me às ancoras passadas-presentes

Cavalguei as ondas

Desemboquei

Rumo à vida

MMiirriiaamm AAllvveess

O currículo escolar é um aspecto central na discussão sobre a escola e sobre asrelações que são estabelecidas nela. É nesse espaço que desde a mais tenra idade nosrelacionamos com várias pessoas que se apresentam de modo distinto nessa relação.O/a professor/a e cada estudante trazem diferentes históricos, origens, formaçõesfamiliares, pertencimentos étnico-raciais. A escola apresenta-se, então, como umespaço fundamental na construção das identidades sociais, fundadas por sua veznessas múltiplas relações que são estabelecidas.

No Brasil, compartilhamos um universo cultural e uma língua que nos caracterizacomo brasileiros. Entretanto, trata-se de uma sociedade muito mais complexa,constituída justamente por sua imensa diversidade. As centenas de povos e línguasindígenas existentes, as várias correntes migratórias européias e os povos africanosque foram trazidos ao Brasil são fatores que complexificam e enriquecem aidentidade nacional, constituída fundamentalmente pelos povos indígenas, europeuse africanos.

A construção da identidade negra no Brasil é não apenas um mecanismo dereivindicação de direitos e de justiça, mas também uma forma de afirmação de umpatrimônio histórico e cultural. As múltiplas identidades que nos constituem,entretanto, não integram o currículo escolar com a abordagem devida. Além doaspecto restrito, cabe ressaltar as abordagens explícitas de inferiorização denegros/as e indígenas e de supervalorização de brancos/as no currículo escolar comoum todo e nos livros didáticos e paradidáticos em particular.

Temos um desafio grandioso à frente, que é "desenvolver, na escola, novosespaços pedagógicos que propiciem a valorização das múltiplas identidades queintegram a identidade do povo brasileiro, por meio de um currículo que leve o aluno

113311História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

a conhecer suas origens e a se reconhecer como brasileiro" (Moura, 2005: 69). Esse reconhecer-se está relacionado intimamente à inclusão no currículo escolar

desse olhar mais diverso e plural da história do país, além da história e formaçãoétnica de cada estudante. Dando ênfase à transmissão de conhecimentos nascomunidades quilombolas, Moura (2005) ressalta que a diferença entre atransmissão de saberes nas comunidades e nas escolas é que no primeiro caso oaprendizado e a socialização desenvolvem-se de modo "natural e informal" e nosegundo o saber não se fundamenta na experiência do estudante.

A discussão sobre Currículo Escolar deve fundar-se na multiplicidade de valores,de historicidades e de olhares presentes nas identidades nacionais. Ao se basear nopadrão eurocêntrico1, a educação formal "desagrega e dificulta a construção de umsentimento de identificação, ao criar um sentido de exclusão para o aluno, que nãoconsegue ver qualquer relação entre os conteúdos ensinados e sua própria existênciadurante o desenvolvimento do currículo" (Moura, 2005: 72).

A auto-estima também se apresenta como elemento central na construção de umcurrículo escolar que proporcione aos estudantes negros/as se visualizarem nos livros,nas aulas e no aprendizado de forma positiva. Esse movimento envolve uma série defatores, dos quais esse curso, Formação em História e Cultura Afro-Brasileira eAfricana 2ª etapa, já é um fruto. A escolha do livro didático e das atividades eestratégias utilizadas em sala de aula também devem levar em conta essa dimensão."A desconstrução da ideologia que desumaniza e desqualifica pode contribuir para oprocesso de reconstrução da identidade étnico-racial e auto-estima dos afro-descendentes, passo fundamental para a aquisição dos direitos de cidadania" (Silva,2005: 33).

O patrimônio étnico-cultural dos povos africanos deve marcar de forma positivaa identidade das crianças, adolescentes e jovens negros. A integração lúdica epluricultural abre perspectivas para um currículo escolar que contemple as relaçõesétnico-racias, e esse passará necessariamente por rever seus conteúdos ligados ahistória e cultura afro-brasileira, bem como contemplará a "história dos povosafricanos no período anterior ao sistema escravista colonial" (Silva (2), 2001: 66). Umcurrículo escolar que contemple as relações étnico-raciais faz surgir na escola e nasociedade "uma comunidade plena da consciência da participação de cada um naconstrução do bem comum" (Teodoro, 2005: 83).

Implantar currículos capazes de responder às especificidades e pluralidades dasidentidades brasileiras, tendo como eixo os valores e práticas culturais dos estudantese da comunidade na qual a escola está envolvida é fundamental. Outra dimensãoimportante é o fortalecimento da afirmação das identidades dos estudantes,valorizando sua história, cultura e pertencimento étnico-racial.

1 O eeuurroocceennttrriissmmoo é uma visão de mundo que tende a colocar a Europa (assim como sua cultura, seu povo, suaslínguas) como o elemento fundamental na constituição da sociedade moderna, sendo necessariamente aprotagonista da história humana. Acredita-se que grande parte da historiografia produzida no século XIX atémeados do século XX assuma um contexto eurocêntrico, mesmo aquela praticada fora da Europa. Manifesta-secomo uma espécie de doutrina, corrente no meio acadêmico em determinados períodos da história, que enxergaas culturas não-européias de forma exótica e as encara de modo xenófobo.

113322 Currículo escolar e relações étnico-raciais

RReeffeerrêênncciiaass

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113333História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

A Escola como espaço de desenvolvimento do currículo e das relações étnico-raciaisBBáárrbbaarraa OOlliivveeiirraa SSoouuzzaa ee EEddiilleeuuzzaa PPeennhhaa ddee SSoouuzzaa

PELO DEVER

de resistir e caminhar

pelos destroços da nossa utopia,

eis-nos aqui de novo, acocorados,

aqui onde o tempo pára

e as coisas mudam.

E PARA QUE O NOSSO SONHO RENASÇA

com a levitação do vento e do grão,

eis-nos aqui de novo,

passivos como os espelhos,

no tear da nossa existência.

ESTE SEMPRE SERÁ

O nosso amanhecer.

E a nossa perseverança

é como a da erva daninha

que lentamente desponta na pedra nua."

JJooããoo AArrmmaannddoo AARRTTUURR -- DDiivvaaggaaççõõeess

Ao refletirmos sobre o conteúdo abordado nesse texto, podemos ponderar acercadas dimensões fortemente presentes no processo educacional, tais como asdiferentes identidades, a sexualidade, as culturas, as relações de gênero e as relaçõesraciais. Essas dimensões são estruturais na construção do diálogo entre a escola, arealidade social e as diversidades étnico-raciais e culturais, e são, por sua vez,também fundamentais para a identificação dos/as educandos com a escola e com oprocesso de aprendizagem.

Qual é, então, a importância de estudar a cultura e história afro-brasileira eafricana? Todas as pessoas têm direito a ter respeitada e valorizada sua identidade

113344 A Escola como espaço de desenvolvimento do currículo e das relações étnico-raciais

étnico-racial e histórica, sua identidade de classe social, de gênero, de orientaçãosexual. A escola é parte vital desse processo, devendo ter em seu currículo aincorporação dessas temáticas.

Com relação à especificidade de nosso curso, ou seja, a cultura e história afro-brasileira e africana e as relações étnico-raciais, cabe destacar que os currículosdevem abordar de modo equânime as diferentes identidades constituintes da naçãobrasileira; devem discutir e problematizar as relações étnico-raciais no âmbito escolare na sociedade; além de trabalhar e discutir nas diferentes disciplinas as histórias,costumes e a cultura africana e afro-brasileira.

Repensar a construção e desenvolvimento do currículo escolar envolve também areflexão sobre o papel do/a educador e da escola na formação social da/o cidadã/o.Todos esses fatores são aspectos importantes para a identidade, auto-estima dos/asestudantes e para a construção de uma sociedade que dialogue de modo mais plurale diverso com os vários povos e culturas constituintes das identidades nacionais.

O nosso objetivo aqui não é apontar o quanto a escola reproduz as mazelassociais. O que apostamos nesse curso é no potencial transformador da escola.Estamos convencidos/as de que se por um lado a escola não pode ser a únicaresponsável pelas transformações na sociedade, por outro reconhecemos que semela, estas transformações não virão. Vocês, como professores/as multiplicadores sãofundamentais nesse processo de transformação!

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, a escola é um espaço privilegiadopara a promoção da igualdade e eliminação de toda forma de discriminação eracismo, por possibilitar em seu espaço físico a convivência de pessoas comdiferentes origens étnico-raciais, culturais e religiosas. Potencializar esse carátertransformador da escola envolve:

• O estudo das diferentes raízes da cultura brasileira, que num fluxo e refluxo derelações não se constituem mais como gêges, bantus, nagôs, portuguesas,japonesas, guaranis, terenas, italianas, mas brasileiras de origem africana,européia, indígena e asiática1 .

• O trabalho imagético de personagens negros em cartazes na escola, trazendouma abordagem positiva, de modo a romper com a estigmatização tãopresente em livros didáticos e na sociedade brasileira de modo geral.

• Adoção de livros didáticos que abordem aspectos significativos da cultura ehistória afro-brasileira e africana, como a história da África e a influência daslínguas africanas no português falado no Brasil.

• Reconhecer a importância do livro didático na vida dos/as estudantes. O livroconfigura-se muitas vezes como o único ou o principal instrumento de estudo,por isso ressaltamos a relevância de que os conteúdos não tragam visõesestereotipadas ou preconceituosas. Portanto, atenção educador/a: o processode escolha destes livros é fundamental para a construção de uma educaçãoanti-racista!

1 SILVA, Petronilha Beatriz G. Aprendizagem e ensino das Africanidades Brasileiras. In Kabengele, Munanga.Superando o racismo na escola. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização eDiversidade, 2005.

113355História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

• Levar para a sala de aula filmes, livros e músicas que abordem as inúmerasestratégias de resistência dos/as negros/as na história brasileira, tais como osquilombos, irmandades e o candomblé. Nas referências dessa unidade,abordaremos algumas dicas.

• Dar visibilidade à produção intelectual negra (como Conceição Evaristo e Cruze Souza) e às contribuições trazidas pelos povos negros ao Brasil (como ametalurgia, pecuária, agricultura, além da música, tradições, língua, danças,costumes, dentre outros).

Fortalecer o currículo escolar para uma dimensão pluricultural envolve a reflexãosobre as práticas e relações:

• Situações de conflitos étnico-raciais são muitas vezes pautadas como problemasentre os/as educandos/as que não devem ser "reforçados". São, todavia,situações fundamentais para refletir a postura tanto dos/as estudantes, comodos/as educadores/as, dos funcionários/as da escola, da família e da sociedadecomo um todo.

• Piadas racistas e apelidos são comumente tratados como "brincadeiras","carinho" ou problemas que não dizem respeito à escola. Essas situaçõestambém precisam ser trabalhadas pela escola e debatidas profundamentejunto aos estudantes. Discuta com colegas professores/as e com as/osestudantes sobre a presença do racismo na sociedade brasileira e nas relaçõesestabelecidas entre os sujeitos que a compõem!

• A discriminação racial está na dimensão das relações. Por isso, a discriminaçãonão é uma questão relevante apenas às pessoas que são discriminadas. Aquestão étnico-racial deve ser abordada por negros, indígenas, brancos e poroutros grupos étnicos-raciais, afinal é uma questão de toda a sociedade.

RReefflleexxõõeess ssoobbrree oo tteemmaaUma boa dica é conversar com outros educadores/as sobre as datas

comemorativas e as festas previstas no calendário escolar. Como garantir avalorização e o respeito à diversidade nestes espaços e momentos? Sua escola já temuma preocupação neste sentido? De que forma se dá esta inclusão da diversidade?A escola toda está envolvida ou é ação de alguns educadores? Se sua escola não tem,ainda, um olhar voltado para a diversidade, dialogue com outros educadores/as,sobre por onde começar. Quais seriam as primeiras iniciativas para isso?

Por fim, cabe ressaltar que a construção da educação anti-racista é cotidiana econtínua. As relações étnico-raciais e a história e cultura afro-brasileira e africana devemestar presentes no Projeto Político Pedagógico, bem como no currículo escolar!

RReeffeerrêênncciiaass

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113377História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

Aprendizagem e avaliação: suas relações com a cultura e a memóriaÁÁllvvaarroo SSeebbaassttiiããoo TTeeiixxeeiirraa RRiibbeeiirroo && IIggllêê MMoouurraa PPaazz RRiibbeeiirroo

Dai a ênfase que dou (...) não propriamente à análise de métodos e técnicas emsi mesmos, mas ao caráter político da educação, de que decorre a impossibilidade

de sua neutralidade

PPaauulloo FFrreeiirree -- AAççããoo CCuullttuurraall ppaarraa aa LLiibbeerrddaaddee..

Podemos dizer que aprendizagem se relaciona à aquisição de novosconhecimentos, ao desenvolvimento de habilidades e ao aprendizado de novaspráticas. No entanto, não é fácil tentar "enquadrar" o processo do aprender emconceitos fechados, pois qualquer conceito estará sob a interferência de posiçõespessoais, políticas e/ou ideológicas. O processo educativo contém em si apossibilidade da experiência com o objeto do conhecimento, com o professor, como/a outro/a estudante/a. É esta experiência que irá permitir a construção doconhecimento, das habilidades e atitudes.

O ser humano é um ser social que se constitui a partir das relações que estabelececom outras pessoas e com sua rede de relações interpessoais. Neste sentido, paraque haja a aprendizagem, deve-se procurar privilegiar relações onde os/as estudantespossam ser sujeitos de seu processo educativo. E que, juntos, estudantes eprofessores possam na sua diferença pessoal, enriquecer o grupo e proporcionarespaços de aprender coletivos.

A educação, segundo Paulo Freire, "é possível para o homem, porque este éinacabado e sabe-se inacabado. .... A educação, portanto, implica uma buscarealizada por um sujeito que é o homem. O homem deve ser o sujeito de sua própriaeducação. Não pode ser objeto dela. Por isso, ninguém educa ninguém" (1988,pp.27/28). Portanto, a aprendizagem só é possível para o sujeito do seu aprender.

Em uma educação em que o sujeito do aprender é o/a educando/a, o momentoda avaliação deve ser um espaço de grande importância:

""AA aavvaalliiaaççããoo ddeevvee sseerr uumm mmoommeennttoo ddee rriiqquueezzaa iinntteerriioorr,, ddeerreettoommaaddaa,, ddee vviissuuaalliizzaaççããoo ddoo qquuee ffaazzeerr,, ddoo ccoommoo ffaazzeerr ee ddooppaarraa qquuee ffaazzeerr.. DDeevvee sseerr uumm mmoommeennttoo qquuee pprrooppiicciiee uummaarreefflleexxããoo ddee eedduuccaannddooss ee eedduuccaaddoorr ssoobbrree oo ccoonnhheecciimmeennttooaaddqquuiirriiddoo........PPrroovvaavveellmmeennttee,, sseerráá oo mmoommeennttoo mmaaiissiimmppoorrttaannttee ddoo aapprreennddiizzaaddoo ddoo ((aa)) eessttuuddaannttee ((aa))"" ((RRiibbeeiirroo,,22000022,, pp..1166))..

Por isso, é preciso ver quais sentidos podem ser extraídos do aprendizado. Por queaprendi? Para que aprendi? Qual o significado desta aprendizagem? Os/asestudantes, muito mais do que conhecer algo, necessitam apoderar-se desteconhecimento com vistas a sua vida cotidiana. Se a aprendizagem não for relevante

113388 Aprendizagem e avaliação: suas relações com a cultura e a memória

para ele/a, logo será esquecida. Portanto, avaliação não se esgota na conferência doconhecimento adquirido, mas na construção/reconstrução de valores e significadosrelacionados com a experiência vivida. É em seu contexto de vida que o/a estudanteconstrói sua aprendizagem. Portanto, é em seu contexto cultural e a partir dele queocorrem as aprendizagens.

Os/as estudantes trazem consigo conhecimentos e acúmulos que devem serincorporados no processo de aprendizagem. Este deve basear-se também na vivênciacotidiana dos/as estudantes, em suas práticas sociais, religiosas, nas relações étnico-raciais, opções de lazer e vivências socioculturais.

""CCaaddaa uumm ccoomm sseeuu rreettaallhhoo,, ddee ccoorr,, ddee tteexxttuurraa ee ttaammaannhhooddiiffeerreenntteess bbuussccaa ccoossttuurraarr ee ccoonnttrriibbuuiirr ppaarraa oo ggeessttaarr ddoo qquueeaaccoonntteeccee nnoo eessppaaççoo eedduuccaattiivvoo mmaarrccaaddoo ppeelloo mmuuiittoo ddoo qquueessee aapprreennddee ee qquuee ssee eennssiinnaa ccoomm aass hhiissttóórriiaass ddee vviiddaa ddee ttooddoossooss eennvvoollvviiddooss.. AAbbaarrccaarr ooss ddiiffeerreenntteess ee ssuuaass ddiiffeerreennççaass rreeqquueerrddiissppoossiiççããoo ppaarraa uummaa ttoommaaddaa ddee ppoossttuurraa ppoollííttiiccaa""((SSEECCAADD//MMEECC,, 22000066:: 110066))..

Nas relações dos seres humanos com o meio e com o outro, se constroem modosde vida e se constituem os desejos, anseios e respostas para as necessidades destesmesmos seres humanos. Neste sentido, pode-se dizer que a cultura é toda aorganização humana, seus costumes e tradições, que formam o escopo identitáriode um determinado grupo social.

No Brasil, muitos grupos construíram seus referenciais culturais e identitários aolongo da história, em uma imensa gama de processos de aprendizagem formal einformal. Podemos destacar os quilombos, o samba, a capoeira e o candomblé quetrazem modos próprios de educar e formar. Mas, quais são as referências abordadasno processo educacional em nossas escolas? Na maioria das vezes são referenciasoriundas das vozes dos grupos sociais dominantes, predominantementeeurocêntricas. Diversas culturas que formam nosso mosaico identitário, que nos dãovida, voz e corpo, têm pouca abordagem na escola.

Pensar uma abordagem anti-racista da educação parte da perspectiva de queprofessores/as e estudantes devem se reconhecer no processo de aprendizagem edialogar sua prática escolar com os mais diversos campos de sua vida. Para isso,necessitamos construir uma sociedade, no dizer de Paulo Freire, aberta edesalienada, em que o ser possa entender-se e explicar-se a si mesmo "como um serem relação com a realidade; que seu fazer nesta realidade se dá com outros homens,tão condicionados como ele pela realidade dialeticamente permanente e mutável eque, finalmente, precisa conhecer a realidade na qual atua com outros homens"(Freire, 1988, p. 48)

Como se reconhecer em uma cultura que não pode ser percebida como sua?Devemos resgatar a história e a memória dos que oficialmente não puderam contá-la e não ocuparam os espaços da educação formal. Como fazer com que estamemória venha à tona? Para Ecléa "O único modo correto de sabê-lo é levar o sujeitoa fazer sua autobiografia. A narração da própria vida é o testemunho mais eloqüente

113399História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

dos modos que a pessoa tem de lembrar" (In: Neila Ribeiro, 2005, p.6). Manter a cultura viva passa pelo contar nossas histórias e, segundo, Benjamin:

"Contar histórias sempre foi a arte de contá-las de novo, e ela se perde quando ashistórias não são mais conservadas. Ela se perde porque ninguém mais fia ou teceenquanto houve a história" (Benjamim , 1999, vol. I, p. 205). Para as culturas afro-brasileiras, educar e formar são práticas ancestrais, e não são exclusividade da escola.Entretanto, cabe à escola reconhecer a diversidade de formação da nação brasileirae de seus/suas estudantes. Por isso, é fundamental pensar na memória e na históriatambém a partir das matrizes afro-brasileiras.

RReefflleexxõõeess ssoobbrree oo tteemmaa::• Que conceitos de aprendizagem você utiliza em sua prática pedagógica?• Que concepções de avaliação são importantes para sua prática docente?• Quais relações podemos estabelecer entre educação, cultura e memória?• Que metodologias de trabalho em sala de aula seriam mais adequadas para

que os/as estudantes sejam ativos nos seus processos de aprendizagem? • Como você organiza o processo de avaliação de sua turma? Quais são os

modelos utilizados? Que registros você cria? • Pesquise nos planos de aula colocados à sua disposição na terceira sessão

deste livro estratégias de metodologia e avaliação que poderiam lhe auxiliar naprática docente.

RReeffeerrêênncciiaass

BENJAMIN, Walter. Obras Escolhidas. vol 1, Magia, Técnica, Arte e Política.Ensaio sobre literatura e história da Cultura, Pequena história da fotografia. AObra de Arte na era de sua reprodutibilidade técnica, O narrador. 3ª ed. SãoPaulo: Brasiliense, 1999.

FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. 14ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,1988.

MEC/SECAD. Orientações e Ações para a Educação das Relações Étnico-Raciais. Brasília: Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização eDiversidade / Ministério da Educação, 2006.

RIBEIRO, Álvaro S. T. Educação Libertadora. Uma práxis (ainda) possível? InRevista de Pedagogia. Ano 3, nº 6. Brasília: UnB, 2002.

RIBEIRO, Neila M. T. Reflexões a cerca da relação entre: memória,apropriação, fotografia digital, pintura e objeto. Monografia (TCC). Brasília:UnB/IdA, 2005.

114400 A construção do projeto político-pedagógico

A construção do projeto político-pedagógico: a partir de uma concepção participativa,dialógica e democráticaÁÁllvvaarroo SSeebbaassttiiããoo TTeeiixxeeiirraa RRiibbeeiirroo && IIggllêê MMoouurraa PPaazz RRiibbeeiirroo

OO ccoolleettiivvoo éé uumm oorrggaanniissmmoo ssoocciiaall vviivvoo ee,, ppoorr iissssoommeessmmoo,, ppoossssuuii óórrggããooss,, aattrriibbuuiiççõõeess,, rreessppoonnssaabbiilliiddaaddeess

ccoorrrreellaaççõõeess ee iinntteerrddeeppeennddêênncciiaa eennttrree aass ppaarrtteess.. SSee ttuuddoo iissssoo nnããoo eexxiissttee,, nnããoo hháá ccoolleettiivvoo,, hháá uummaa ssiimmpplleess

mmuullttiiddããoo,, uummaa ccoonncceennttrraaççããoo ddee iinnddiivvíídduuooss..AAnnttoonn SS.. MMaakkaarreennkkoo

O Projeto Político-Pedagógico deve ser a culminância de um trabalho coletivo,democrático, dialógico e participativo. Sabemos que não é fácil mobilizar acomunidade educativa para planejar suas ações, discutir e buscar soluções para seusproblemas. Devemos considerar que o princípio da diversidade vale também para asquestões do planejamento, portanto, não pretendemos estabelecer um caminhoúnico para a realização do planejamento do PPP. São sugestões para seremdesenvolvidas nas escolas.

Para a construção do PPP, é necessário que a escola se organize coletivamente.Deverão ser montadas equipes de trabalho com a participação de todos ossegmentos (direção, professores, funcionários, estudantes, pais e comunidade emgeral). É fundamental que se constitua uma equipe coordenadora, comrepresentação dos diversos grupos. O PPP não deve ser fruto de encomenda a algumespecialista, mas sim, fruto da ação coletiva da comunidade educativa. É importanteque a Equipe de Coordenação se capacite para o desenvolvimento da metodologiaa ser utilizada.

Lembre-se! Uma das etapas mais importantes no processo de construção do PPPé a da mobilização da comunidade. A participação do maior número de pessoas serásignificativa para a construção de um bom projeto. Para garantir a participação énecessária uma metodologia adequada. A problematização pode ser o ponto departida para as investigações. As perguntas feitas ao longo do curso poderão balizaro trabalho da escola. Pode-se instituir uma Equipe de Elaboração, que ficaráresponsável pela sistematização dos trabalhos. Não adianta tentar construir umplano no final do ano, ou na semana pedagógica, pois serão necessários algunsmeses para a concretização de todas as etapas (de 3 a 6 meses).

Passada a fase de mobilização e organização geral, deve-se partir para aconstrução dos MMaarrccooss ffuunnddaammeennttaaiiss ou rreeffeerreenncciiaaiiss. Eles se dividem em três: MarcoSituacional, Marco Conceitual e Marco Operacional. Nesses marcos, a escola irácolocar seus sonhos, necessidades, posicionamentos, enfim, explicitará a direção quequer seguir. Algumas perguntas poderão ser úteis nesta etapa do trabalho, outrasdeverão ser construídas.

114411História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

MMaarrccoo SSiittuuaacciioonnaall::QQuueessttõõeess ddee ccuunnhhoo mmaaiiss ggeerraallComo compreendemos a sociedade atual? Como se caracteriza o contexto social onde a escola deverá atuar? Qual o papel da escola? A quem ela serve? Que experiências ela propicia ao/à estudante?

QQuueessttõõeess ddee ccuunnhhoo mmaaiiss eessppeeccííffiiccooQual é a importância das relações étnico-raciais na sua escola?Como esse tema é abordado no cotidiano escolar? Em sua matéria, há espaço para essa discussão? A cultura, história, literatura e tradições afro-brasileiras e a perspectiva étnico-racial estão presentes no Projeto Político-Pedagógico da sua escola?Como trabalhar os temas relacionados à história e cultura afro-brasileira eafricana de modo adequado no currículo?

MMaarrccoo CCoonncceeiittuuaallQQuueessttõõeess ddee ccuunnhhoo mmaaiiss ggeerraall

Que concepção temos de educação? Que concepções temos de escola? Que concepção temos de gestão? Que concepção temos de currículo?Que concepção de ensino, aprendizagem e avaliação se fazem necessárias paraatingir o que pretendemos?

QQuueessttõõeess ddee ccuunnhhoo mmaaiiss eessppeeccííffiiccooO que pensamos sobre racismo e preconceito?Que ensinamentos as sociedades africanas nos apresentam?É possível construir uma outra visão (outro olhar) sobre a história da humanidade?

MMaarrccoo OOppeerraacciioonnaallQQuueessttõõeess ddee ccuunnhhoo mmaaiiss ggeerraall

Quais as decisões de operacionalização?Como redimensionar a organização do trabalho pedagógico? Que tipo de gestão é adequada à escola?

QQuueessttõõeess ddee ccuunnhhoo mmaaiiss eessppeeccííffiiccooQue impacto curricular teria o estudo da história da humanidade a partir dahistória africana?O ensino de geografia e história da África é condizente com o papel docontinente africano na história mundial?

114422 A construção do projeto político-pedagógico

As línguas africanas, como as de origem banto, têm forte presença no portuguêsfalado no Brasil. Fatos como esse têm visibilidade nas aulas de língua portuguesa?

Devemos continuar a construir currículos eurocêntricos?A partir da elaboração das questões, é construído um roteiro de investigação. A

coleta dos dados pode ser realizada por meio de entrevistas individuais ou emencontros com os diversos segmentos. Após a coleta dos dados deve-se sistematizaras respostas, pois, elas serão a base para a construção do PPP. A sistematização dasrespostas aos questionamentos iniciais deverá vir à plenária da comunidadeeducativa, para que seja discutida e finalizada a construção dos marcos referenciais.

Finalizada a construção dos marcos referenciais, passe-se para a construção doDDiiaaggnnóóssttiiccoo. Retrato da realidade e do contexto onde está inserida a instituição,destacando até que ponto a instituição está contribuindo ou poderá contribuir commudanças na realidade/contexto em que está inserida. Quais as necessidades eprioridades da comunidade educacional.

É fundamental a construção de perguntas que dêem conta dos problemas e aspotencialidades da comunidade. Mais uma vez, pergunta-se à comunidade,sistematizam-se as respostas e elabora-se um texto para ser apreciado pelacomunidade. Aprovado o texto, parte-se para a próxima etapa.

A próxima fase é a da PPrrooggrraammaaççããoo. É o momento da construção do projetopropriamente dito. É a hora da definição dos objetivos (gerais e específicos), dasestratégias de ação e do currículo. Uma vez mais, os segmentos da comunidadeserão ouvidos. Elabora-se um texto. Apresenta-se esse texto à plenária paraaprovação ou reconstrução. Dessa forma, mais do que um instrumento poderoso naconstrução de uma escola democrática, estaremos constituindo um espaço departicipação e diálogo permanente da comunidade educativa.

RReefflleexxõõeess ssoobbrree oo tteemmaa• Por que é importante para uma instituição de ensino a elaboração de um

projeto educacional?• Como têm sido conduzidas as ações de planejamento na sua instituição escolar?• Quais as dificuldades principais que precisam ser enfrentadas para viabilizar

este processo?• De que maneira a comunidade escolar tem pensado e vivenciado a temática

das Relações Étnico-Raciais e a História e Cultura Afro-Brasileira e Africana?

RReeffeerrêênncciiaass

BRASIL. MEC, CNE/CP 003/2004 Diretrizes Curriculares Nacionais para aEducação das Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana.

GANDIM, Danilo. A prática do planejamento participativo. 13ª ed.Petrópolis: Vozes, 1994.

GEMERASCA, Maristela P. e GANDIM, Danilo. Planejamento participativo naescola. O que é e como se faz. São Paulo: Loyola, s/d.

SSeeççããoo IIVVPPllaannooss ddee aauullaa

114444 Planos de aula

114455História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

INTRODUÇÃOÁÁllvvaarroo SSeebbaassttiiããoo TTeeiixxeeiirraa RRiibbeeiirroo && IIggllêê MMoouurraa PPaazz RRiibbeeiirroo

Não há saber mais ou menos, há saberes diferentesPPaauulloo FFrreeiirree

Esta sessão objetiva apresentar sugestões para os(as) professores(as) construíremsua ação pedagógica, com foco na construção de uma educação mais equânime.Nestas sugestões a equipe de trabalho selecionou sessenta Planos de Aula, queforam construídos pelos/as participantes da primeira fase do curso de capacitação deprofessores(as), no âmbito do Programa de Educação das Relações Étnico-Raciais -Aplicando a Lei 10.639/2003, realizados entre 2004 e 2007. Também, apresentamossugestões de materiais didáticos para uso em sala, bem como para a formaçãodos(as) docentes. São sugestões de filmes, livros e sítios virtuais, músicas e outrasindicações que podem contribuir com a prática docente voltada à construção deuma educação das relações étnico-raciais e da história e cultura afro-brasileira eafricana.

A construção de uma escola transformadora passa necessariamente pelaconstrução de currículos capazes de promover relações identitárias no seiocomunidade escolar. É no currículo escolar que se pode desenvolver, segundo GlóriaMoura, novos espaços pedagógicos que propiciem a valorização das múltiplasidentidades que integram a identidade do povo brasileiro, um currículo em que oaluno conheça suas origens e a se reconhecer como brasileiro.

O currículo deve valorizar olhares plurais. Pois, é na pluralidade dos olhares queos estudantes podem reconhecer-se como ser, com identidade diversa. Portanto, adiscussão sobre os currículos escolares deve incluir um olhar diversificado sobre ahistória e cultura de nosso país e de nossas origens, superando a visão eurocêntricaque dominam nossos currículos.

Neste sentido, a sala de aula é, em última e primeira instância, o local privilegiadodesta construção curricular. Portanto, o Plano de Aula deve ser o instrumento deorganização deste espaço, assim como, o que oportunizará a efetiva inserção dosobjetivos e ações propugnados nos Projetos Políticos Pedagógicos das escolas. Assimsendo, os mesmos apresentam-se como um caminho para o desenvolvimento deatividades pedagógicas que procurem, não só conscientizar, como promoverrelações de aceitação e convívio baseados em uma prática que seja construída na epela diversidade, tendo como eixo os valores e práticas culturais dos estudantes e dacomunidade na qual a escola está envolvida.

Por isso, os Planos selecionados apresentam como principal característica umaabordagem inter e, até mesmo, transdisciplinar, da temática das relações étnico-raciais, o que possibilita uma maior integração do tema ao desenvolvimento doscurrículos escolares. Simbolizam o resultado do esforço de educadores e educadorasem construir, no espaço da sala de aula, conhecimentos necessários para avalorização da história e cultura africana e negra no Brasil. Os mesmos apresentam,também, como características: a diversidade de séries e disciplinas; abrangência da

114466 Planos de aula

temática; objetividade na organização do plano; coerência entre tema, objetivos,habilidades e procedimentos. Dentre os mais de cinco mil Planos de Aulasproduzidos pelos cursistas, apenas sessenta estão sendo publicados, por umacompreensiva limitação de páginas desta publicação. Temos a certeza de que elespoderão ser muito úteis, assim como os demais que não foram, ainda, publicados.

Outra importante dimensão dessa sessão são as contribuições com materiais dediversas linguagens para serem utilizados em sala e no processo contínuo deformação dos(as) educadores(as). Estão presentes nessa seção, sugestões de filmes,livros, endereços virtuais, dentre outros, que, por desenvolverem a temática dasrelações étnico-raciais e temáticas afins, poderão auxiliar na construção das práticaspedagógicas que abarquem as dimensões dispostas na Lei 10.639/2003. Esperamosque esses subsídios auxiliem nesse importante processo de construção uma escolaque busque cada vez mais oportunizar ao educando ser sujeito ativo de seuconhecimento, construindo-o e reconstruindo-o, na medida de sua curiosidade,oportunidade e necessidade. Do mesmo modo, esperamos que essa seção ofereçaaos professores e professoras elementos de qualidade para fortalecê-los(as) comoagentes neste processo de construção do conhecimento e para que possam, dessemodo, contribuir para que a sala de aula seja um espaço de criação de relações maisigualitárias.

PPllaannooss eedduuccaaççããoo bbáássiiccaaEEdduuccaaççããoo IInnffaannttiill ee EEnnssiinnoo FFuunnddaammeennttaall ((11 aaoo 55 aannoo))

PPllaannoo 11AAuuttoorr((aa)): Rosângela Maria MoreiraPPrriinnccííppiioo: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil "TTeemmaa: Tema 1 - O preconceito racial no BrasilTTiittuulloo: A imagem negra na cultura brasileiraPublico Alvo:Ed. Inf. - 1° Ano Disciplinas: História, SociologiaOObbjjeettiivvooss:Desenvolver a compreensão para reconhecer as qualidades da própria cultura, valorizando-as eenriquecendo a construção de identidades positivas.CCoonncceeiittooss:Identidade; Valores Sociais; Manifestação de sentimentos, idéias e opiniões, Narração de fatos(Referências); Estilo de vida; Normas sociais e convenções necessárias para o convívio entre as pessoas HHaabbiilliiddaaddeess:- De questionar -- De criar -- De enriquecer o repertório -- De trabalhar linguagens -- De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) -- De criar novos pressupostos -- De conviver com transformações - De se adaptar -- De identificação de problemas -- De se organizar e organizar -- De se adaptar -- De identificação de problemas -- De entender o outro, o mundo e a si mesmo -- De conviver com a diversidade -- De falar -- De se organizar e organizar - De conviver com transformações -- De trabalhar linguagens -- De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo) -- De enxergar o outro sob um ângulo diferente -- De identificar problemas -- De realizar tarefas -- De usar tecnologias -- De escrever VVaalloorreess: Solidariedade; Respeito; Justiça; Diálogo; Cooperação RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss:Imagens de famílias negras, profissionais negros, políticos, escritores e cientistas negros, textos comhistórias em que aparecem negros vivendo situações cotidianas, músicas, paródias, cantigas de roda,danças populares e filmes com referências negras. PPrroocceeddiimmeennttooss:1º: Selecionar previamente, materiais sobre o assunto - cartazes, vídeos, fotos, livros, revistas, jornais;2º: Garantir, sempre que possível, o trabalho em grupos, para que os alunos possam ser parceiros de fato,colocando em jogo os saberes individuais, tanto nas atividades de escrita como nas de leitura;3º: Pedir às crianças que falem sobre semelhanças e diferenças encontradas quanto a idade, tamanho,peso, gênero, altura e estrutura física;4º: Observar, identificar e descrever as características diferenciadas em sala de aula;5º: Trabalhar com as crianças as noções de antes e depois de um marco significativo, a noção de geraçãocriança, pais, avós, bisavós.6º: Desenhar, pintar, colar, recortar figuras do seu cotidiano;7º: Promover freqüentemente leituras de pequenos textos, livros de histórias e vídeos relacionados a culturanegra;

114477História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

PPllaannoo 22AAuuttoorr((aa): Terezinha Maria Inácio Alves CaetanoPPrriinnccííppiioo: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa: Tema 5 - A presença negra nas artes brasileirasTTiittuulloo: Mama África PPúúbblliiccoo AAllvvoo: Ens. Fund. - 2º Ano Disciplinas: todas as áreas OObbjjeettiivvooss:Despertar o interesse dos/as alunos/as para a questão racial, nos dias de hoje.Promover a elevação da auto estima.CCoonncceeiittooss:Racismo; Beleza; Liberdade HHaabbiilliiddaaddeess :- De questionar -- De trabalhar linguagens -- De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)- De estar atento- De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De conviver com a diversidade - De falar - De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo) - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De se livrar dos padrões - De estar atento - De realizar tarefas - De escrever VVaalloorreess:Respeito; Solidariedade; Justiça; Amor; Trabalho; Fé. RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss: Imagens, Microsistem, retroprojetor, livros, revistas , jornais, vídeos

114488 Planos de aula

8º: Incentivar a análise dos alunos da estrutura da história mediante perguntas;9º: Solicitar que as crianças identifiquem os valores expressos nas músicas, nos filmes, nos textos lidos;10º: Pedir para as crianças contarem a sua história de vida;11º: Ouvir músicas e aprender a letra;12º: Participar dos grupos das cantigas de roda e danças;13º: Ouvir e respeitar idéias dos colegas;14º: Interpretar e relacionar os textos de acordo com o contexto no qual estão inseridos;15º: Fazer releitura das imagens de referência negra;16º: Produzir pequenos textos;17º: Pedir para que os alunos montem um painel de todo conhecimento produzido ao longo dotrabalho e expor na Semana da Consciência Negra ou em outra data significativa para a escola.LLiinnkk:: www.ipea.gov.br;www.ceert.gov.br;www.palmares.gov.br; OObbsseerrvvaaççõõeess:No 1ª ano, o professor alfabetizador deverá:11-- trabalhar coletivamente de forma produtiva; 22-- intensificar as práticas de leitura e escrita; 33--utilizar instrumentos funcionais de registro do desempenho e evolução dos alunos e de documentação do trabalho pedagógico; 44-- reconhecer que há atos inteligentes por trás dasescritas dos alunos que ainda não sabem ler e escrever convencionalmente; 55-- encarar os alunoscomo pessoas que precisam ter sucesso em suas aprendizagens para se desenvolverpessoalmente e para ter uma imagem positiva si mesmos; 66-- avaliar o desempenho do aluno noprocesso, utilizando instrumentos e técnicas variadas. RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::- Parâmetros Curriculares Nacionais - Pluralidade Cultural e Orientação Sexual-1ª a 4ª ANO,1997 - Parâmetros Curriculares Nacionais Língua Portuguesa - 1ª a 4ªano, 1997 - Chagas, Conceição Corrêa das Negro - uma identidade em construção: dificuldades epossibilidades. Petrópolis: Vozes, 1997 - MEC - Coletâneas de Textos - Programa de Formação de Professores Alfabetizadores, 2002 - Revista Professor, 2000, 2003, 2004

114499História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

PPrroocceeddiimmeennttooss:Iniciar as atividades com exibição do filme "Kiriku e a feiticeira". Após realizar um comentário dofilme, anotar as observações dos alunos, referentes ao que mais gostaram, o que chamou maisatenção, que mensagens você percebeu, qual personagens mais gostou, a imagens maissignificativa, os valores, étnicos, morais e éticos observados. Após conversa sobre o filme,apresentar aos alunos imagens do mapa mundi, identificando o continente "África",relacionando-o ao filme. Propor recorte de jornais e revistas, montando um mural sobre ascrianças negras e como elas vivem. Ouvir a música "Mama África" criando uma coreografia paraapresentação aos outros colegas.OObbsseerrvvaaççõõeess:Ao trabalhar com crianças, na faixa etária de 7 anos, percebe-se como são criativos e adoramconhecer coisas novas. Se interessam por pesquisas, assuntos interessantes com ajuda doprofessor. As atividades não podem ser extensas, facilitando o desinteresse. Variar diariamente,dosando músicas, filmes, recortes,e desenhos.RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass:- CALSAVA, Kátia, São Paulo: Folha de São paulo, 25 de agosto,2001 - Página 25- Video Kiriku e a feiticeira- Música Chico César "Mama África"

PPllaannoo 33AAuuttoorr((aa): Wanessa de CastroPPrriinnccííppiioo: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa: Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileirasTTiittuulloo: AfricanidadesPPuubblliiccoo AAllvvoo: Ens. Fund. - 3º Ano Disciplinas : Todas as áreasOObbjjeettiivvooss:OBJETIVO GERAL:Desenvolver a percepção para a importância da música africana e afrobrasileira na formação dopovo brasileiro.OBJETIVOS ESPECÍFICOS: Reconhecer ritmos brasileiros advindos das raízes africanas; Identificar a importância da músicada formação moral e ética dos indivíduos e das coletividades; Promover a valorização dos ritmosque fazem parte da cultura do povo brasileiro.CCoonncceeiittooss:- Diversidade artística e cultural; Auto-estima; Música na formação social de indivíduos ecoletivos.HHaabbiilliiddaaddeess:- De questionar - De criar - De enriquecer o repertório - De trabalhar linguagens - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De conviver com transformações - De se adaptar - De refletir multidisciplinarmente - De analisar e sintetizar - De reter e memorizar - De encantar - De se adaptar - De estar atento -- De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De conviver com a diversidade - De falar - De conviver com transformações - De trabalhar linguagens - De agir multidisciplinarmente - De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo) - De enxergar o outro sob um ângulo diferente

- De se livrar dos padrões - De estar atento - De perceber a interioridade humana - De perceber o imenso e o complexo - De perceber o pequeno e o local - De criar produtos e artefatos - De escrever - De agir multidisciplinarmente VVaalloorreess:Respeito; Reconhecimento; Convivência; Valorização do outro. RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss:11.. Aparelho de som; 22.. CD's; 33.. Letras das músicas; 44.. Fotos relacionadas às músicas e/ou aoscompositores/cantores; 55.. Papel ofício e cartolina; 66.. Lápis de cor, giz de cera e/ou tintas diversas; 77..Revistas e jornais; 88.. Instrumentos musicais disponíveis: pandeiro, meia lua, ganzá, tumbadora, violão.PPrroocceeddiimmeennttooss:Detalhamento dos procedimentos:11.. Pedir às crianças que tragam de suas casas CD's de músicas que eles gostem ou acheminteressantes, curiosos, etc.; 22.. Selecionar algumas músicas dentre as trazidas pelas crianças paraserem analisadas (uma ou duas a cada dia para não ficar muito cansativo) de modo que abordemo tema ou os ritmos em questão; 33..Fazer uma análise contextual das músicas, questionando sobre:aa.. O que acham que fala a música; bb.. Por que o autor tratou desse assunto; cc.. O que o assunto tema ver com nossa comunidade e com cada um da turma; dd.. Qual a importância do assunto tratadona música; ee.. Como se sentiriam se elas fossem as pessoas sobre as quais falava a música; ff.. E daípor diante, fazendo o encaminhamento das questões e tentando sempre mostrar a importância davalorização das manifestações culturais e artísticas; 44.. Discutir sobre os cantores e autores dasmúsicas: como eles são, como vivem, se são valorizados ou não e por quê, a importância de sevalorizar a música brasileira, etc. 55.. Pedir que as crianças desenhem e pintem o que compreenderamda música que ouviram (lembrando que é ou duas em cada dia); 66.. Em outro momento pedir queidentifiquem em fotos de jornais e revistas as situações que estavam retratadas na música; 77.. Ouidentificar nos jornais e revistas pessoais parecidas com os cantores/compositores das músicas; 88..Selecionar, a partir de discussão com as crianças, uma música dentre as trabalhadas, para juntoscantarmos e apresentarmos a toda escola no próximo evento coletivo; 99.. Pesquisar sobre a vida dosautores e cantores da música escolhida; 1100.. Ensaiar a música escolhida utilizando os instrumentosdisponíveis; 1111.. Apresentar à escola a música ensaiada bem como um pouco da história da músicae dos autores e cantores.MMaatteerriiaaiiss ddee AAppooiioo:Link: http://www.papodesamba.com.br/site/index.php?a=galeriadebambas&pg=3 Link: http://www.dancandoparanaodancar.org.br/root/root_br/index.htm Link: http://www.afroreggae.org.br/ Link: http://www.meninosdomorumbi.org.br/frames/principal.html Link: http://www.batala.com.br/ Link: http://pt.wikipedia.org/wiki/Samba OObbsseerrvvaaççõõeess:O plano de aula pode ser aplicado para qualquer ano, podendo ser adaptado a cada idade dosalunos envolvidos.Além disso, pode-se aprofundar o plano e torná-lo em um projeto que podeser desenvolvido durante todo o ano.RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass:Foram consultados apenas os sites sugeridos pelo curso e aqueles que acrescentei nos materiais deapoio.

115500 Planos de aula

PPllaannoo 44AAuuttoorr((aa): Elaine Gislei Camargo de OliveiraPPrriinnccííppiioo: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa: Tema 2 - Recontando a História da ÁfricaTTiittuulloo: História em construçãoPPúúbblliiccoo AAllvvoo: Ens. Fund. - 1ª Série/2º Ano Disciplinas: 1ª Série/2º AnoOObbjjeettiivvooss:Oferecer situações de discussão; Identificar e entender alguns conceitos; Desenvolver a

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habilidade de falar, perguntar, responder, expor idéias, dúvidas, descobertas, verificação eregistros; Estimular o respeito a diversidade;formar cidadãos preocupados com a coletividade.OObbjjeettiivvooss:Oferecer situações de discussão; Identificar e entender alguns conceitos; Desenvolver ahabilidade de falar, perguntar, responder, expor idéias, dúvidas, descobertas, verificação eregistros; Estimular o respeito a diversidade;formar cidadãos preocupados com a coletividade.CCoonncceeiittooss:Identidade; Preconceito; Discriminação social; Igualdade; Afro-descendência. HHaabbiilliiddaaddeess:- De questionar - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De encantar - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De falar - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De se livrar dos padrões - De realizar tarefas - De escrever VVaalloorreess:Morais; Éticos; Culturais; Familiares; Sociais. Recursos Didáticos:Mapa Mundi; Revista Nova Escola On-Line (Animação, África Berçoddq Humanidade e doConhecimento); Livro Ilê Ifê, O Sonho de Do Aiô Afonjá; www.acordacultura.org.br; SucatasPPrroocceeddiimmeennttooss:Detalhamento dos procedimentos:11ªª EEttaappaa: Reunir todos na roda de conversas, fale que cada pessoa constrói o seu modo própriode ser, viver e conviver, e que isto é a sua identidade. Fale também das relações entre as pessoas,na família e em sociedade. Questione-os sobre seus conhecimentos a respeito de preconceito,descriminação e diversidade racial. 22ªª EEttaappaa:: Levar as crianças à videoteca para assistirem aodesenho animado - Kiriku e a feiticeira. E uma história que relata a coragem, a curiosidade e aastúcia sobre uma comunidade subjugada por uma terrível feiticeira. Kiriku, um menino quenasceu para lutar e combater o mal enfrenta o poder da Karabá, a feiticeira maldosa e seusguardiões. Kiriku aprende em sua luta que a origem de tanta maldade é o sofrimento e só averdade, o amor, a generosidade e a tolerância, aliados à inteligência, são capazes de vencer ador e as diferenças. 33ªª EEttaappaa:: Após leve as crianças para a sala e comece a contar a história dotráfico de negros vindos da África para o Brasil, mostre mapas deixe a criança visualizar e apósquestionar, problematize as questões levantadas pelas crianças, coloque-se como uminterlocutor interessado nas opiniões delas. 44ªª EEttaappaa:: Divida a turma em grupos e ajude-os aorganizarem murais e maquetes. Registre a opiniões deles levante hipóteses. 55ªª EEttaappaa:: Analisecom a turma os registros e debata as hipóteses, anote tudo e crie um texto ou livro e peça aosalunos que ilustrem a história que elas criança. 66ªª EEttaappaa:: Faça uma exposição dos trabalhos econvide os pais para verem as criações realizadas por seus filhos. Incentivando os alunos arelatarem os conhecimentos adquiridos.MMaatteerriiaaiiss ddee AAppooiioo:Link: http://revistaescola.abril.com.br/multimidia/pag_animacao/gal_animacao_242893.shtml Link: http://educacao.uol.com.br/geografia/ult1694u159.jhtm Link: www.acordacultura.com OObbsseerrvvaaççõõeess:Observe em brincadeiras como esta a auto-imagem das crianças, verifique se elas valorizam suasorigens e a diversidad. Convide os pais para participarem das atividades. RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass:- http://revistaescola.abril.com.br/multimidia/pag_animacao/gal_animacao_242893.shtml- http://www.africa-turismo.com/mapas.htm- http://www.weshow.com/br/p/21909/colonizacao_europeia_da_africa- http://educacao.uol.com.br/geografia/ult1694u159.jhtm- www.acordacultura.comEstes sites tem um vasto material a ser utilizado em sala de aula. Este material prende a atenção do aluno por suas riquezas de detalhes.

115522 Planos de aula

PPllaannoo 55AAuuttoorr((aa)):: Ricardo Luiz da Silva FernandesPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 3 - Representações do negro na História do BrasilTTiittuulloo:: Quilombos do Estado do Rio de Janeiro, um novo ritmo social PPuubblliiccoo AAllvvoo :: Ens. Fund. - 5º Ano DDiisscciipplliinnaass :: História, Português

e artes.Objetivos :Objetivo Geral:Possibilitar que os/as alunos/as tomem conhecimento do verdadeiro processo deluta e resistência do povo negro a escravidão; Conhecer a luta por liberdade e o movimentoliderado por Zumbi dos Palmares. Possibilitar que um novo pensamento possa ser construídosobre o povo negro dentro de nossa sociedade, para que os negros assumam suas raízes e sefaçam parte da sociedade sem perder sua identidade cultural.Objetivos específicos:: Enfatizar a presença das raízes africanas na sociedade brasileira;Possibilitar o convívio com diferentes práticas culturais;Destacar a importância das lutas deZumbi e dos demais movimentos quilombolas para o povo negro e seus descendentes;Compreender o que é, e quem é/foi herói na nossa sociedade no processo de libertação daescravatura; Valorização o outro independente de seu grupo étnico; Desmistificar uma serie demitos perpetuados durante séculos pela sociedade brasileira. Proporcionar aos/ás alunos/aspossibilidades para atuar como agentes da luta pela igualdade dentro e fora de seu espaçoescolar. Conceitos:Visando trabalhar de forma multicultural, apresentaremos a possibilidade de trabalhar com ahistória do movimento quilombola no Brasil, através de atividades que demonstrem aimportância e a relevância de Zumbi dos Palmares para a libertação do povo negro. Enfatizandoque no Brasil existiu muitos homens e mulheres que lutaram pela sua liberdade e pela liberdadede seu povo. Conceber a comunidade quilombola como comunidade que faz parte daconstrução da sociedade brasileira e da luta e resistência do povo negro.Estudar sobre oscostumes e a sabedoria dos quilombos.Utilizar contos africanos e brasileiros, poesia, música edanças para que o projeto seja trabalhado através de diversas linguagens. Reunindo junto comos/as estudantes o maior numero de informações possíveis para a elevação da auto-estima dosafros-descendentes. HHaabbiilliiddaaddeess ::- De questionar- De criar- De trabalhar linguagens- De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De conviver com transformações- De encantar - De estar atento - De organização e articulação- De conviver com a diversidade - De convencer - De trabalhar linguagens - De agir multidisciplinarmente - De enxergar o outro sob um ângulo diferente- De se livrar dos padrões- De estar atento- De perceber a interioridade humana - De perceber o imenso e o complexo- De criar produtos e artefatos- De usar tecnologias- De criar tecnologias- De escrever - De agir multidisciplinarmente VVaalloorreess ::Entender o processo de luta e resistência do povo negro, por meio de história e relatos dosquilombos brasileiros; Sendo o conhecimento uma construção sócio-histórica produzida

115533História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

diferentemente em cada grupo étnico e cultural, entendemos, que cada um tem um modopróprio de ver e entender o mundo. Rezadeiras, jongo, congo, religiões afro, brincadeiras deroda, agricultura natural voltada para o respeito da natureza. Tudo Isso está presente naconstrução do movimento quilombola. Marcos de revolução e organização política, osquilombos brasileiros sempre estiveram numa luta cotidiana, a luta pela liberdade. No períodocolonial, as comunidades se organizavam para vencer as forças militares que tentavam apagarsua força para evitar a desmoralização política do sistema político implantado.Os afro-brasileirosprecisam re-aprender a quebrar as regras impostas pelo poder, assumindo suas praticas culturaisdentro das escolas, onde os/as alunos/as possam aprender sobre os heróis negros, a culturaafricana, da vida dos trabalhadores escravos, das revoltas lideradas pelos quilombolas, e tudo oque posso apoderar mais os negros e negras. RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss::Todas as atividades precisarão dos seguintes recursos: o material para impressão de informativosTintas, pinceis, pano e papel cartolina; Câmera digitalo Gravador digitalo Filmadora; Data showLaptopProcedimentos:Toda a turma será responsável por reunir dados sobre Zumbi dos palmares e o movimentoquilombola, os alunos serão divididos em grupos, onde um grupo será responsável por pesquisarna Internet, outro em entrevistas os professores, um em livros didáticos, e por fim fotografias. Eem seguida todos os dados serão apresentados para turma que organizará um acervo sobreZumbi que será utilizado para consulta da turma e de toda e escola.MMaatteerriiaaiiss ddee AAppooiioo::Toda a turma será responsável por reunir dados sobre Zumbi dos palmares e o movimentoquilombola, os alunos serão divididos em grupos, onde um grupo será responsável por pesquisarna Internet, outro em entrevistas os professores, um em livros didáticos, e por fim fotografias. Eem seguida todos os dados serão apresentados para turma que organizará um acervo sobreZumbi que será utilizado para consulta da turma e de toda e escola.LLiinnkk:: http://www.youtube.com/watch?v=QFuyx8gtI40 OObbsseerrvvaaççõõeess::Essa idéia de igualdade e de identidade brasileira esteve presente também no campo político e foi umdos combustíveis do Getulismo. Modelo político que se apropriou das práticas populares para facilitarsua dominação e calar manifestações contrarias aos seus ideais.Outro fator importante é o papel domarketing e da construção de projetos divulgadores desse mito. A mídia brasileira, até hoje veiculaessa idéia, que é abordada em novelas, seriados, filmes, revistas e jornais. Um grande defensor dessateoria é o jornalista Ali Kamel, que lançou o livro: "Não somos racistas". Que discute e defende aigualdade racial presente dentro das relações sociais brasileiras. Essas ações foram e ainda sãoresponsáveis pela inclusão desse conceito no imaginário coletivo.Assim, negros e índios viveram eainda vivem sobre essa identidade homogenia, fato que desmobilizou, dificultando a organização debandeiras de luta que lutassem por interesses de seus grupos raciais. A construção do projetoeducacional brasileiro ainda vive sobre a égide da democracia racial. A formação dos educadores e asdiretrizes educacionais não conseguem aprofundar as relações raciais presentes no contexto brasileiro.Relações que foram influenciadas pelas construções históricas, que possuem total ligação com o viéseconômico e que estão totalmente conectados com a manutenção das estruturas de poder.Nessesentido, não pode deixar de estar presente nesses questionamentos abordagem relativas à identidadebrasileira sem ter como referência a estrutura de poder vigente. Não podemos deixar de lado asseguintes questões quando pensamos na democracia racial: que grupos de beneficiaram dessamentalidade homogenizadora? Que caminhos foram percorridos para a efetivação desse conceito? Eque grupos tiveram suas identidades culturais omitidas? As elites brasileiras se apropriaram dasrelações sociais e culturas para efetivarem suas relações de poder sobre a massa. Assim, a identidadebrasileira teria a função de integrar o povo, construir um senso de igualdade e facilitar as imposições.Mesmo depois da abolição da escravatura o que vigora no discurso da população é uma idéiadepreciativa da cultura tradicional e as escolas reproduzem esses preconceitos, pois abordam deforma distanciada e superficial os conhecimentos populares, ignorando o conhecimento que osalunos constroem durante toda sua vida através de interações sociais.O processo educativo deve seapropriar dessas informações e utilizar esse campo como um meio de discussão sobre a identidadecultural e implementar um ensino multicultural. Pautado na diversidade e que aborde cotidianamenteas diferentes matrizes que originaram a população brasileira. Como indicado por Laraia (1997) "Omodo de ver o mundo, as apreciações de ordem moral e valorativa, os diferentes comportamentos

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sociais e mesmo posturas corporais são assim produtos de uma herançaprodutos de uma herança cultural". (p.71).Abordar a identidade negra possibilita aos educandosum contato com sua cultura, com a historia de seus ascendentes e assim favorece o auto-conhecimento. Por exemplo, todos compreendemos que nossa língua é formada pela junção devários idiomas e que cada um teve uma participação fundamental e importante. Mas, nosbancos escolares é discutida a importância dos dialetos africanos para a nossa língua? Vocêpode citar alguma palavra que venha dessa unção? Dessa maneira, mostrar o significado doscantos afros como expressão de liberdade é fundamental para compreender a construção dadiversidade brasileira e manutenção de uma identidade negra.RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::- BAKTIN, M. (1992). Marxismo e filosofia da linguagem. (6ª ed.). São Paulo: Hucitec.Brasil: pneverso reverso. (2001). Rio de Janeiro: Folha Dirigida.- CASCUDO, L. C. (2001). Made in Africa. São Paulo: Global.- CHIZZOTTI, A. Pesquisa em ciências humanas e sociais. São Paulo, Cortez, 1991. - COOPER, F. (2005). Além da escravidão. Rio de janeiro: Civilização brasileira.Educação indígena:parâmetros curriculares nacionais para o ensino fundamental. (1999). Brasília, DC: MEC. - FOUCAULT, M. (1977). Vigiar e punir. Petrópolis, Vozes.- FOUCAULT, M. (1979). Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal.- GEERTZ, C. (1978). A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Zahar.- KARASCH, M. C. (1943). A vida dos escravos no Rio de Janeiro. São Paulo: Companhia dasletras.- MACHADO, A. (1988). A arte do vídeo. São Paulo: Brasiliense.- MOREIRA, A. F. B. (2004). O pensamento de Foucault e suas contribuições para a educação.Educação Sociedade, 25(87), Recuperado em: 03 novembro, 2006.- MUNANGA Kabengele (Org). Superando o Racismo na Escola. SECAD/MEC, 2005, p101-116.- NASCIMENTO, A. (2002). O quilombismo. Rio de janeiro: OR.- ROCHA, Rosa Margarida de Carvalho. Almanaque Pedagógico Afrobrasileiro. Uma proposta deintervenção pedagógica na superação do racismo no cotidiano escolar, Mazza Edições, BeloHorizonte, 2004.

PPllaannoo 66AAuuttoorr((aa)):: Danielle Andrezza de SousaPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileirasTTiittuulloo:: Diversidades afro-brasileirasPPuubblliiccoo AAllvvoo:: Ens. Fund. - 3º Ano Disciplinas: Plano

interdiciplinar, todas as áreas OObbjjeettiivvooss::Identificar diferentes palavras de origem africana; Conhecer diversos estilos musicais relacionados acultura afro-brasileira;produzir frases e textos relacionados a cultura afro-brasileira; Selecionar nabiblioteca da escola alguns livros de literatura infantil que contemplem personagens afro-brasileiros;Confeccionar cartazes com ilustrações referentes a cultura afro-brsileira; Apreciar apresentação decapoeira, maculelê e de samba-de-roda e outros presentes ou não na comunidade; Conhecer abiografia de Mestre Bimba e de Mestre Pastinha; Manusear instrumentos musicais como pandeiro,berimbau e atabaque; Pesquisar os principais escultores afro-brasileiros; Reproduzir as principaisobras de escultores afro-brasileiros utilizando papel marchê; Compor músicas utilizando diversosestilos musicais tais como samba, pagode, hip hop, reggae, rap e outros,Refletir sobre a importânciada cultura africana e afro-brasileira; Fazer e experimentar diversos pratos típicos da culinária deorigem africana; Promover a valorização da arte; Sensibilizar os alunos e as alunas de que todo preconceito é prejudicial para a pessoa humana;CCoonncceeiittooss:: -Idiomas africano; Cultura africana; Capoeira; Respeito a diversidade; Direitos Humanos;Escultores afro-brasileiros; Estilos musicais de origem africana; Culinária de origem africana;Livros de literatura infantil com personagens afro-brasileiros.HHaabbiilliiddaaddeess::- De questionar - De criar

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- De trabalhar linguagens -- De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De criar novos pressupostos - De conviver com transformações - De se adaptar - De estratégias e idéias - De refletir multidisciplinarmente - De analisar e sintetizar - De reter e memorizar - De encantar - De se adaptar - De estratégias e idéias - De estar atento - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De conviver com a diversidade - De falar - De conviver com transformações - De trabalhar linguagens - De agir multidisciplinarmente - De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo) - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De se livrar dos padrões - De estar atento - De perceber a interioridade humana - De perceber o imenso e o complexo mundo das artes- De perceber o pequeno e o local - De realizar tarefas - De usar tecnologias - De escrever- De agir multidisciplinarmente VVaalloorreess ::Igualdade, Respeito, Responsabilidade, Solidariedade, Ética, humanidadePPrroocceeddiimmeennttooss::11ºº ddiiaa:: Conversa informal sobre a cultura afro-brasileira e questionamentos.o Confecção decartazes com ilustrações referentes à cultura afro-brasileira. Reflexão e sensibilização sobre aimportância da cultura africana e afro-brasileira. Assistir apresentação de capoeira, maculelê esamba de roda. Participar de uma aula experimental de capoeira e depois ilustrar essaexperiência. Conhecer a biografia de mestre Bimba e de mestre Pastinha. 22ºº ddiiaa:: Conhecerdiferentes estilos musicais relacionados à cultura afro-brasileira. (afoxé, jongo, lundu, maracatu,maxixe, samba.); Conhecer também os músicos e compositores; Audição de músicasrelacionadas à cultura afro-brasileira e africana; Conhecer e manusear diferentes instrumentosmusicais (pandeiro, atabaque e berimbau); Compor e parodiar músicas, em grupos, utilizandodiversos estilos musicais. 33ºº ddiiaa:: Pesquisar na internet diferentes escultores e pintores afro-brasileiros e diferentes esculturas e obras de arte produzidas por afro-brasileiros. (MestreValentim, Veríssimo de Freitas, Manoel da Cunha, Aleijadinho e Athayde) Pinturas (Estevão Silva,Emanuel Zamor, Firmino Monteiro, Pinto Bandeira, os irmãos João e Artur Timóteo da Costa,Benedito José Tobias); Reproduzir as principais obras de escultores afro-brasileiros utilizandopapel marche; Reproduzir as principais pinturas. 44ºº ddiiaa:: Experimentar diversos pratos culináriosde origem africana, observar o preparo dos alimentos, aprender as receitas e confeccionar umcaderno de receitas. (vatapá, caruru, mungunzá, acarajé, angu e pamonha). 55ºº ddiiaa:: Identificardiferentes palavras de origem africana, que utilizamos cotidianamente. (Caçula, cafuné,molambo, moleque, orixá, vatapá, abará, acarajé, bangüê, senzala, mocambo, maxixe, samba ecandomblé.); Leitura espontânea dos livros selecionados; Produção de frases e textosrelacionados à cultura afro-brasileira; Auto-avaliação.RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss::Computador; Enciclopédia; Dicionário; Dicionário Infantil ilustrado; Televisão; Aparelho de som;CDs musicais; Aparelho de DVD; DVDs diversos, documentário da cultura africana e musicais;Papel marchê; Cartolina; lápis; lápis de cor; giz de cêra; apontador; borracha; canetinha

115566 Planos de aula

hidrocor; Instrumentos musicais (pandeiro, atabaque e berimbau); Livros de literatura infantil;Folders com ilustrações de esculturas; Caderno;folha de papel A4; Livros didáticos relacionadosao tema; Tinta guachê; Cola colorida; Revistas; Tesoura; Cola; Ingredientes culinários;Equipamentos de cozinha. RECURSOS HUMANOS: Grupo de capoeira, estudantes; Professora;Professora de Informática; Merendeira; Bibliotecária. RECURSOS FÍSICOS: Sala de aula; Sala deinformática; Pátio da Escola; Biblioteca; Refeitório da Escola.MMaatteerriiaaiiss ddee AAppooiioo::Selecionar na biblioteca da escola alguns livros de literatura infantil que contemplempersonagens afro-brasileiros Monteiro Lobato (Reinações de Narizinho); Érico Veríssimo (AsAventuras do avião vermelho); Maria José Dupré (A montanha mágica e A ilha perdida); ViriatoCorrêa (Cazuza); Ziraldo (O menino Marrom); Geni Guimarães (A cor da ternura); Sônia Rosa (Omenino Nito); Célia Godoy (Ana e Ana); Marilda Castanha (Agbalá, um lugar-continente); JúlioEmílio Braz (A menina que tinha o céu na boca); Heloísa Pires Lima (A semente que veio da África); Bernardo Aibê (A ovelha negra); Sylviane A. Diouf (As tranças de Bintou); Raquel Coelho(Berimbau); Gercilda de Almeida (Bruna e a Galinha D' Angola ); Rogério Andrade Barbosa(Como as histórias se espalharam pelo mundo); Rogério Andrade Barbosa; (Duula, a mulhercanibal); Joel Rufino dos Santos; (Gosto de África - Histórias de lá e de cá) ; Rogério A. Barbosa(Histórias Africanas para contar e recontar); Heloísa Pires Lima (Histórias da Preta); (Ifá, oadivinho) Reginaldo Prandi; (Lendas Negras) Júlio Emílio Braz ; ( Menina bonita do laço de fita)Ana Maria Machado;( O amigo do rei) Ruth Rocha; (O espelho dourado) Heloísa Pires Lima; (Ofilho do vento) Rogério Andrade Barbosa;(Os reizinhos de Congo) Edimilson de Almeida Pereira;( Que mundo maravilhoso!) Julius Lester e ( Tanto, tanto!) Tristh Cooke.OObbsseerrvvaaççõõeess::Este plano de aula é abrangente nos aspectos das Diversidades Afro-brasileiras e busca promovero conhecimento da Lei 10.639/03 para troca e discussões com outras professoras da escola; Poresse motivo foi previsto muito mais que uma aula. Seus procedimentos são flexíveis, levando-seem conta a realidade de cada turma. A duração desse plano de aula é de aproximadamente umasemana. Alguns vídeos sobre a cultura e diversidade afro-brasileiras estão disponíveis no Setorde Multimídias da Secretaria de Estado de Educação de Brasília/DF, e poderão ser exibidos, afimde melhor compreensão do conteúdo. Atuando numa Escola Inclusiva, é importante lembrarque alguns alunos/as necessitam de uma adaptação para realizar as atividades propostas. Aavaliação será processual.RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::- MENDONEA R. A influência africana no português do Brasil - 1973 - Civilização Brasileira.- RAIMUNDO J. Elemento afro-negro na língua portuguesa - 1933 - Renascença Editorao.- MELO GC. A língua do Brasil - Rio de Janeiro, Padrão, 1946. - ELIA S. A unidade lingüística do Brasil - Padrão. - FERREIRA CS. Remanescentes de um falar crioulo brasileiro - Revista Lusitana, 1969.- CÂMARA JR JM. Línguas européias de ultramar: o português do Brasil - JM Dispersos. Rio deJaneiro: Fundação Getúlio…, 1972.- C VOGT, P FRY. Cafundó: A África no Brasil: linguagem e sociedade- Cia. das Letras, São Paulo-SP, 1996. - MACEDO D. Alfabetização, linguagem e ideologia - grupo de 2 - Educação Sociedade; SciELO Brasil.- CABECINHAS R., L Cunha Colonialismo, identidade nacional e representações do negro, 2003- GUSMÃO NMM. Os filhos de África em Portugal: Antropologia, multiculturalidade e educação,grupo de 2, 2004.- HANNERZ U. Os limites de nosso auto-retrato. Antropologia urbana e globalização - grupo de2.- Mana, 1999 - SciELO Brasil

PPllaannoo 77AAuuttoorr((aa)):: Joelma de Souza VieiraPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileirasTTííttuulloo:: Quem sou eu? Qual minha origem?PPúúbblliiccoo AAllvvoo:: Ens. Fund. - 1º Ano Disciplinas: Interdiciplinar OObbjjeettiivvooss::Conhecer, preservar divulgar a cultura afro-descendente; Reafirmar a auto-estima positiva dapopulação negra; Estimular atitudes de reconhecimento e identificação; Destacar a beleza negra

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tanto cultural, quanto fisicamente.CCoonncceeiittooss::- Identidade; Memória; Cultura afro. HHaabbiilliiddaaddeess::- De questionar - De trabalhar linguagens - De estratégias e idéias - De refletir sobre o acumulado - De analisar e sintetizar - De estratégias e idéias - De estar atento - De organização e articulação - De falar - De se organizar e organizar - De trabalhar linguagens - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De se livrar dos padrões - De realizar tarefas - De criar produtos e artefatos - De ler e escrever VVaalloorreess::Respeito à diferenças; Reconhecimento; Convivência PPrroocceeddiimmeennttooss:: -Confecção da árvore genealógica de cada aluno, pedir a cada um para trazer fotos de seusfamiliares. Depois da montagem da árvore, observar e comentar a composição da mesma.Leitura do livro MENINA BONITA DO LAÇO DE FITA, de Ana Maria Machado. Comentário eprodução de texto sobre o livro.Desenho da menina do livro, levando em conta sua cor, saindodos desenhos "padrões" da escola, pintando sua pele.Trabalho sobre a identidade a partir damúsica "Identidade" de Jorge Aragão.Construção de um painel com fotos de negros, emsituações positivas. Mostrar sua origem, usando o mapa da África. Comentar sobre o continente,suas características e a herança que nos deu, principalmente na cultura (lendas, danças, comida).Fazer um jogo da memória com palavras de origem africana para brincar com os alunos. Com amúsica "Respeitem meus cabelos, brancos" (Chico César), discutir a beleza afro-descendente,usando o painel e a partir daí, montar um salão de beleza, com desfile da BELEZA NEGRA paravalorizar e reafirmar a identidade dos afro-descendentes. Produzir um texto coletivo, falando aimportância dos negros como parte da sociedade e condenando o preconceito.Recursos Didáticos:Músicas: Respeitem meus cabelos, brancos (Chico Cesar); Identidade (Jorge Aragão). Livro:Menina bonita do laço de fita (Ana Maria Machado); Mapa da ÁfricaFotos das famílias dos/asalunos/asMaterial de salão de beleza; Roupas diversas e coloridas; Cola; Tesoura; Papéis diversos;Aparelho de som; Lápis de cor/ Lápis de cera.MMaatteerriiaaiiss ddee AAppooiioo::Link: www.ceert.org.br OObbsseerrvvaaççõõeess::Este plano foi utilizado numa turma de Período Intermediário do 1º Ciclo de Formação (1ª série),horário integral.O trabalho foi produtivo, embora necessite de mais tempo para que os assuntosdesenvolvidos diminuam o preconceito e a negação do negro na sociedade.Referências Bibliográficas:- SAPÉ. Boletim... RJ: Rio de Janeiro, fev/1996.- Site: A cor da cultura- Revista Nova Escola

PPllaannoo 88AAuuttoorr((aa)): Maria Aparecida dos SantosPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 10 - O Direito como instrumento de combate ao racismo

115588 Planos de aula

PPllaannoo 0099AAuuttoorr((aa)):: Clever Alves MachadoPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 1 - O preconceito racial no BrasilTTííttuulloo:: Rompendo com o preconceito e a discriminação racial na creche

TTiittuulloo:: Somos todos Iguais?PPúúbblliiccoo AAllvvoo:: Ens. Fund. - 1º ano DDiisscciipplliinnaass:: Educação infantil Objetivos:Conscientização das diferenças entre pessoas, mostrando que a diversidade não implicainferioridade. Ensinar o que é preconceito e discriminação. Promover a auto-estima por meio doauto-conhecimento e liberdade de expressão. Trabalhar noção de cidadania, igualdade dedireitos e deveres.Discutir e questionar preconceito étnico e racial, sexismo, discriminação eexclusão. Conscientizar as crianças participantes da necessidade de compreender e respeitar adiversidade étnico-racial, as diferenças físicas e de gênero, para a formação de uma sociedadeigualitária.CCoonncceeiittooss::Respeitar as diferenças; Preconceito de gênero; Preconceito racial étnico.HHaabbiilliiddaaddeess::- De enriquecer o repertório - De trabalhar linguagens - De conviver com transformações- De identificação de problemas- De conviver com a diversidade- De falar - De conviver com transformações- De trabalhar linguagens- De enxergar o outro sob um ângulo diferente- De se livrar dos padrões- De identificar problemas- De realizar tarefas- De criar produtos e artefatos- De escrever- De agir multidisciplinarmente Valores:Solidariedade; Respeito; Justiça; Responsabilidade Recursos Didáticos:Sugere atividades e abordagens, bem como leituras possíveis, para trabalhar o preconceito comalunos desde a educação infantil até o ensino fundamental.Leitura de histórias, textos, notíciasque evidencie a amizade e respeitooObservação dos acontecimentos na própria salaoCartazes,desenhos, teatro e dramatizações.Procedimentos:A aula ocorrerá a partir de um projeto mais amplo: "Projeto: Somos todos iguais?" de modoabordar a nossa história através de poesia, arte,expressão corporal, teatro.Será desenvolvidodurante o ano letivo com maior ênfase no segundo semestre.AvaliaçãoSerá a partir demudanças de comportamento em relação ao grupo, aceitando as diferenças individuais.MMaatteerriiaaiiss ddee AAppooiioo::Link: www.somostodosiguais.com.br Observações:O preconceito e a discriminação são herança que a sociedade recebe e repassa num ciclo queprecisa ser quebrado.Atitudes de discriminação e injustiças permeiam todos níveis sociais.Daí aimportância deste tema ser trabalhados desde a educação infantil.RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::Orientações dos PCN - temas transversais, mais especificamente: ética e pluralidade cultural.Sugestões de leitura: Homem não chora, de Flávio de Souza. FTD.

115599História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

PPúúbblliiccoo AAllvvoo:: Educação Infantil. - 1º Ano DDiisscciipplliinnaass:: Todas as áreasOObbjjeettiivvooss::Abordar e romper com o preconceito e a discriminação racial na Creche sem criar nenhumchoque entre as crianças, ajudando-as a compreender as diferenças entre os seres como umariqueza, algo positivo, um valor, permitindo-lhes maior conhecimento da história de vida dasmesmas.CCoonncceeiittooss::Compreender as diferenças entre os seres como uma riqueza, algo positivo, um valor,permitindo-lhes maior conhecimento da história de vida das mesmas Habilidades:- De conviver com transformações - De se adaptar - De identificação de problemas - De encantar - De se adaptar - De estar atento - De conviver com a diversidade - De conviver com transformações - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De se livrar dos padrões - De perceber a interioridade humana - De adaptar tecnologias - De escrever - De agir multidisciplinarmente VVaalloorreess::Solidariedade, respeito, justiça, igualdade, auto-estima, amor ao próximo RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss::Filmes, livros, textos, revistasPPrroocceeddiimmeennttooss::Reuniões de envolvimento e sensibilização das famílias, membros da diretoria e demais funcionáriosda creche; Diálogos participativos; Desenhos; Recortes e colagens de figuras; Contatos com flores eanimais; Leitura de livro; Contação de histórias; AAVVAALLIIAAÇÇÃÃOO: Avaliar durante as atividades:estimulando, orientando e desafiando as crianças; Registrar os avanços da turma, de uma formageral, e individualmente, de cada criança. Desta forma acompanhando o desenvolvimento dascrianças.OObbsseerrvvaaççõõeess::Lamentavelmente no interior das instituições de Educação Infantil, são inúmeras as situaçõesnas quais as crianças negras desde pequenas são alvo de atitudes preconceituosas e racistas porparte dos profissionais da educação quanto dos próprios colegas e seus familiares. Adiscriminação vivenciada cotidianamente compromete a socialização e interação tanto dascrianças negras quanto das brancas, mas produze desigualdades para as crianças negras, àmedida que interferem nos seus processos de constituição de identidade, de socialização e deaprendizagem. Propomos com este plano de aula: abordar e romper com o preconceito e adiscriminação racial na Creche sem criar nenhum choque entre as crianças, ajudando-as acompreender as diferenças entre os seres como uma riqueza, algo positivo, um valor por meiodo lúdico, pesquisas, levantamentos, assim como do contato com os familiares das crianças,para permitir maior conhecimento da história de vida das mesmas.RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::- MLPC. Sou preto da linda cor. Uma proposta metodológica de combate ao racismo naEducação Infantil. Cartilha. Belo Horizonte, 2001. - BRASIL. Ministério da Educação/Secretaria da Educação Continuada, Alfabetização eDiversidade. Orientações e Ações para Educação das Relações Étnico-Raciais. Brasília: SECAD,2006.- MACHADO, Ana Maria. Menina Bonita do Laço de Fita. Editora Ática, 4ª edição, 1999.

116600 Planos de aula

PPllaannoo 1100AAuuttoorr((aa)): Maria Regina dos Santos SilvaPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 3 - Representações do negro na História do BrasilTTííttuulloo:: Todos nós temos uma históriaPPúúbblliiccoo AAllvvoo:: Ens. Fund. - 4ª Série/5° Ano Disciplinas: Ens. Fund. 4ª Série/

5°Ano:Língua portuguesa Geografia, História, Artes, Literatura

OObbjjeettiivvooss::Conhecer e valorizar alguns aspectos e legados dos povos africanos para a humanidade,posicionando-se contra qualquer discriminação baseada em diferenças culturais, de classesocial, de crenças, de sexo, de etnia ou outras características individuais e sociais; Ler/ouvir ecompreender histórias sobre diversidade e também a biografia do herói africano Zumbi dosPalmares;Reconhecer as marcas típicas de uma biografia;Planejar para produzir suaautobiografia; Compreender a cidadania por meio do conhecimento de sua identidadesociocultural, expressando a percepção que tem de si, dos lugares onde vive e dos grupos dosquais faz parte;Adotar, no dia-a-dia, atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio àsinjustiças, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito; Utilizar o diálogo comoforma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas.CCoonncceeiittooss::Conhecer as histórias dos povos africanos, bem como suas contribuições para o povo brasileiro;Entender a importância da cidadania e respeito ao outro. HHaabbiilliiddaaddeess::- De questionar - De criar - De enriquecer o repertório- De trabalhar linguagens - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)- De identificação de problemas- De refletir multidisciplinarmente- De se adaptar- De identificação de problemas- De estar atento- De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De conviver com a diversidade- De falar- De trabalhar linguagens- De agir multidisciplinarmente- De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo) - De enxergar o outro sob um ângulo diferente- De estar atento- De identificar problemas- De perceber a interioridade humana - De realizar tarefas- De criar produtos e artefatos- De escrever- De agir multidisciplinarmente VVaalloorreess:Respeitar e valorizar a diversidade cultural do povo brasileiro; Valorizar as contribuições trazidaspelo povo negro; Participar das atividades em grupo, expondo suas opiniões, ouvindo os colegase tomando decisões conjuntas e respeitando pontos de vista diferentes do seu. Recursos Didáticos:Livros didáticos, biografia de Zumbi, HQ sobre Zumbi (Dia da Consciência Negra), Revista NovaEscola-nov/2005, mapa mundi, livros de histórias sobre diversidade, computador, enciclopédias,figuras, lápis de cor, canetinhas, canetões, lápis grafite, borracha, apontador, folhas sulfite epautadas, lousa e giz.

116611História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

Procedimentos:1) Em roda, conversar com os alunos, apresentando-lhes o módulo de trabalho e dar início aosestudos utilizando o mapa mundi; 2) Disponibilizar materiais sobre o assunto, previamenteselecionados pelo professor (livros, enciclopédias, figuras, revistas, etc); 3) Ler histórias (uma pordia) na roda de leitura, dando oportunidade, em seguida, para discussões orais, recontos,realizações de desenhos e/ou dramatizações; 4) Exibir a radionovela "Tchau, tchau, racismo", nocomputador, e, em seguida, reflexão e discussões a respeito; 5) Ler a biografia de Zumbi;discussão e pintura da HQ (expor); 6) Para casa, pedir a atividade Pesquisando sua família, paraque a criança descubra mais informações sobre ela (como por exemplo o local do seunascimento, nome dos pais, avós, etc), para um complemento do repertório dela; 7) Propor aosalunos a escrita de sua biografia, um pequeno texto. Se o aluno quiser, poderá fazê-lo em formade HQ. 8) Exposição das biografias e da HQ que pintaram, no corredor da escola ou local bemvisível para toda a comunidade. 9) Socialização das descobertas entre os alunos, podendo visitaroutras salas de aula (mesma série ou série dos alunos menores ou até dos maiores), contandoo que aprenderam, bem como convidando-os a lerem as biografias expostas.MMaatteerriiaaiiss ddee AAppooiioo::Link: http://www.nonaarte.com.br/titulo.asp?titulo=120 http://www.plenarinho.gov.br/cidadania/Reportagens_publicadas/negro-com-orgulho Arquivo: anexos/id1069999/Materiais.doc OObbsseerrvvaaççõõeess::Já foram feitas algumas observações nos procedimentos. O professor poderá adaptar aaplicação do plano no que julgar necessário. Por exemplo: aplicar para séries mais avançadas,problematizando um pouco mais os procedimentos; para classes mais infantís, o contrário. RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::- Revista Nova Escola - Ed. Abril - nov/2005 "África de todos nós";- Resolução CEB nº 2, 26/junho/1998. - Referencial Curricular Nacional para o Ensino Fundamental, Brasília: MEC/SEF, 1998.- CAVALCANTI, Cláudia; SENE, Eustáquio de MOREIRA, João Carlos. Geografia Paratodos.Espaços do dia-a-dia - 1ª série - Ens. Fundamental - Ed. Scipione.

- SOURIENT, Lílian; RUDEK, Roseni; CAMARGO, Rosiane de.Interagindo com a História 1. Ed. Do Brasil.

- VESENTINI, J. William; MARTINS, Dora; PÉCORA, Marlene.Vivência e Construção - Geografia - 1ª série - Ed. Ática.

-http://www.museuafrobrasil.co.br/downloads/revistanegrasnov06.pdf- http://www.nonaarte.com.br/titulo.asp?titulo=120- http://www.plenarinho.gov.br/cidadania/- Reportagens_publicadas/negro-com-orgulho- http://www.plenarinho.gov.br/cidadania/Reportagens_publicadas/viva-a-diversidade- http://www.plenarinho.gov.br/brasil/galeria-de-personalidades/zumbi-dos-palmares- www.google.com.br- http://www.suapesquisa.com/historiadobrasil/zumbi_dos_palmares.htm

PPllaannoo 1111AAuuttoorr((aa)):: Rafaela Carolina Barbosa RuelaPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileirasTTiittuulloo:: Conhecendo a si e nossas herançasPPúúbblliiccoo AAllvvoo:: Ens. Fund. 2º Ano Disciplinas: Todas as áreasObjetivos:1-Trabalhar atitudes, posturas e valores que eduquem os pequenos cidadãos. 2-Divulgar eproduzir conhecimentos étnico-raciais. 3- tornar capazes de interagir e negociar objetivoscomuns a todos, garantindo o respeito. 4-Reconhecer e valorizar a identidade, história, culturados afro-brasileiros pela nação brasileira, ou seja, suas manifestações culturais.CCoonncceeiittooss::Igualdade; Respeito; Cidadania; Diversidade Cultural

116622 Planos de aula

HHaabbiilliiddaaddeess::- De questionar - De criar- De enriquecer o repertório - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De conviver com transformações- De se adaptar- De identificação de problemas- De refletir multidisciplinarmente- De reter e memorizar- De encantar- De se adaptar- De retórica e jogo- De estratégias e idéias - De identificação de problemas - De entender o outro, o mundo e a si mesmo- De conviver com a diversidade - De falar- De conviver com transformações- De agir multidisciplinarmente - De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo) - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De perceber a interioridade humana - De perceber o pequeno e o local- De realizar tarefas- De escrever- De agir multidisciplinarmente VVaalloorreess::Liberdade; Respeito/Justiça; Amor/Auto-estima; Inclusão. RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss::Fotos; Música; Textos; Cartazes; Exposição de trabalhos; Materiais para confecção deinstrumentos musicais (sucata); Jornais/revistas; Papel, lápis de cor, canetinhas, giz de cera; Livropara Leitura Compartilhada "Diversidade" de Tatiana Belinky.PPrroocceeddiimmeennttooss:1- Para iniciar a aula será feita a Leitura Compartilhada do Livro "Diversidade" de Ana MariaMachado; 2- Dando continuidade, será feita a seguinte questão aos alunos: O que é ser umCidadão? A partir daí fazer anotações numa cartolina das opiniões dos alunos para que após aconclusão de todas as atividades possa ficar exposto em sala de aula. Como complemento destaatividade, propor fazer a brincadeira da dança da cadeira, só que ao contrário: Ao invés de tirarcadeiras e crianças, só retire cadeiras. Conforme for retirando as cadeiras, as crianças emcolaboração devem ajudar todos a se sentarem. No final restará apenas uma cadeira. Conversecom os alunos sobre o que aconteceu na brincadeira, e pergunte como foi possível que todosse sentassem? Com certeza vários dos motivos respondidos já estarão escritos no cartaz. 3-Continuando as atividades do dia faça a leitura dos Direitos da Criança, baseado nos princípiosda Declaração Universal. Falar que todos somos sujeitos do mesmo direito, não importa quemseja, TODOS. Apresentar cada um dos direitos e discutir cada um deles. Dividir a sala em grupospara que cada grupo represente através de uma ilustração um dos direitos apresentados (oprofessor deve indicar para que não haja repetições). Coloque os desenhos em exposição naescola. Texto retirado do site: pt.wikipedia.org 4- Coloque em evidência seguinte direito:"Acriança tem o direito à igualdade, sem distinção de raça, religião ou nacionalidade. "A partir daíabordar o assunto da diversidade de raças, falar sobre o preconceito que existe, questionarcomo podemos combatê-lo e dizer que em especial iremos estudar uma das raças do nosso paíse do mundo e inserir a histórias dos negros enfatizando suas manifestações no Brasil, falandoda sua importância como cidadão que é, suas histórias e nas manifestações culturais em nossopaís. Mostrar sua importância na Arte, evidenciando as obras de Aleijadinho. Na música, nadança (capoeira), na comida (feijoada), etc. 5- Terminar as atividades do dia confeccionandoinstrumentos musicais criados pelos negros e apresentar nas salas de aula uma música ensaiadapor todos como produto final desta aula maravilhosa. Com os alunos faça a escolha da música

116633História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

a ser apresentada, de preferência alguma que seja do repertório de nossa herança negra.nossaherança negra.MMaatteerriiaaiiss ddee AAppooiioo::Links: www.aleijadinho.com.br pt.wikipedia.org www.mundonegro.com.br OObbsseerrvvaaççõõeess:Como produto final deste plano de aula, o/a professor/a pode optar por uma Avaliação coletivade como foi a aula.Também pode ser feita uma Linha do tempo que demonstre os fatoshistóricos dos negros no Brasil. A professor/a sempre deve estar pronto para aquilo que não foiplanejado pois tudo dependerá dos conhecimentos prévios que a turma já tem sobre o assunto.RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::- QUEIROZ, Tânia Dias e MARTINS, João Luiz. Pedagogia Lúdica. - Jogos e Brincadeiras de A à Z- www.mundonegro.com.br- Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN - SCHMIDT, Dora. Historiar- Fazendo, contando e narrando a História. Volume 1. Ed. Braga - www.mundoeducacao.com.br

PPllaannoo 1111AAuuttoorr((aa)):: Rafaela Carolina Barbosa RuelaPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileirasTTííttuulloo:: Conhecendo a si e nossas herançasPPúúbblliiccoo AAllvvoo:: Ens. Fund. - 2º Ano Disciplinas: Todas as áreas OObbjjeettiivvooss::1-Trabalhar atitudes, posturas e valores que eduquem os pequenos cidadãos. 2-Divulgar eproduzir conhecimentos étnico-raciais. 3- tornar capazes de interagir e negociar objetivoscomuns a todos, garantindo o respeito. 4-Reconhecer e valorizar a identidade, história, culturados afro-brasileiros pela nação brasileira, ou seja, suas manifestações culturais.CCoonncceeiittooss::Igualdade; Respeito; Cidadania; Diversidade Cultural HHaabbiilliiddaaddeess::- De questionar - De criar - De enriquecer o repertório - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De conviver com transformações - De se adaptar -De identificação de problemas - De refletir multidisciplinarmente - De reter e memorizar - De encantar -De se adaptar - De retórica e jogo - De estratégias e idéias - De identificação de problemas - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De conviver com a diversidade - De falar - De conviver com transformações - De agir multidisciplinarmente - De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo) - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De perceber a interioridade humana- De perceber o pequeno e o local

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- De realizar tarefas - De escrever - De agir multidisciplinarmente VVaalloorreess:Liberdade; Respeito/Justiça; Amor/ Auto-estima; Inclusão RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss::Fotos; Música; Textos; Cartazes; Exposição de trabalhos; Materiais para confecção deinstrumentos musicais (sucata); Jornais/revistas; Papel, lápis de cor, canetinhas, giz de cera; Livropara Leitura Compartilhada "Diversidade" de Tatiana Belinky.PPrroocceeddiimmeennttooss:1- Para iniciar a aula será feita a Leitura Compartilhada do Livro " Diversidade" de Ana MariaMachado. 2- Dando continuidade, será feita a seguinte questão aos alunos: O que é ser umCidadão?- A partir daí fazer anotações numa cartolina das opiniões dos alunos para que apósa conclusão de todas as atividades possa ficar exposto em sala de aula.Como complementodesta atividade, propor fazer a brincadeira da dança da cadeira, só que ao contrário: Ao invésde tirar cadeiras e crianças, só retire cadeiras. Conforme for retirando as cadeiras, as criançasem colaboração devem ajudar todos a se sentarem. No final restará apenas uma cadeira.Converse com os alunos sobre o que aconteceu na brincadeira, e pergunte como foi possívelque todos se sentassem? Com certeza vários dos motivos respondidos já estarão escritos nocartaz. 3- Continuando as atividades do dia faça a leitura dos Direitos da Criança, baseadonos princípios da Declaração Universal. Falar que todos somos sujeitos do mesmo direito, nãoimporta quem seja, TODOS. Apresentar cada um dos direitos e discutir cada um deles. Dividira sala em grupos para que cada grupo represente através de uma ilustração um dos direitosapresentados (o professor deve indicar para que não haja repetições). Coloque os desenhosem exposição na escola. Texto retirado do site: pt.wikipedia.org. 4- Coloque em evidência oseguinte direito: "A criança tem o direito à igualdade, sem distinção de raça, religião ounacionalidade."A partir daí abordar o assunto da diversidade de raças, falar sobre opreconceito que existe, questionar como podemos combatê-lo e dizer que em especial iremosestudar uma das raças do nosso país e do mundo e inserir a histórias dos negros enfatizandosuas manifestações no Brasil, falando da sua importância como cidadão que é, suas históriase nas manifestações culturais em nosso país. Mostrar sua importância na Arte, evidenciandoas obras de Aleijadinho. Na música, na dança (capoeira), na comida (feijoada), etc. 5-Terminar as atividades do dia confeccionando instrumentos musicais criados pelos negros eapresentar nas salas de aula uma música ensaiada por todos como produto final desta aulamaravilhosa. Com os alunos faça a escolha da música a ser apresentada, de preferênciaalguma que seja do repertório de nossa herança negra.MMaatteerriiaaiiss ddee AAppooiioo::Links: www.aleijadinho.com.br www.pt.wikipedia.org www.mundonegro.com.br Observações:Como produto final deste plano de aula, o/a professor/a pode optar por uma Avaliação coletivade como foi a aula. Também pode ser feita uma Linha do tempo que demonstre os fatoshistóricos dos negros no Brasil. O? A professor/a sempre deve estar pronto para aquilo que nãofoi planejado pois tudo dependerá dos conhecimentos prévios que a turma já tem sobre oassunto.RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::- QUEIROZ, Tânia Dias e MARTINS, João Luiz. Pedagogia Lúdica. Jogos e Brincadeiras de A à Z- www.mundonegro.com.br- Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN- SCHMIDT, Dora. Historiar - Fazendo, contando e narrando a História. Volume 1. Ed. Braga- www.mundoeducacao.com.br

116655História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

PPllaannoo 1122AAuuttoorr((aa)):: Chris Alves da SilvaPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa: Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileirasTTííttuulloo:: Ei amigo! Vamos brincar de Mbube, Mbube?PPúúbblliiccoo AAllvvoo:: Ens. Fund. - 4º Ano Disciplinas: InterdiciplinarOObbjjeettiivvooss::Brincar faz parte do desenvolvimento de todo ser humano. É por meio da brincadeira a criançaaprende a estar em grupo, vivência a cultura dos mais velhos, descobrindo o mundo a sua volta.E esta descoberta possibilita o respeito.Eis então uma excelente oportunidade de mostrar evivenciar como as crianças africanas brincam e se desenvolvem através das brincadeiras, tãopresentes no cotidiano infantil, desmistificando preconceitos e mostrando uma infância africana.CCoonncceeiittooss::Diversidade e criatividade das Brincadeiras Africanas; A influência Africana nas brincadeirasBrasileiras; A importância do brincar para o desenvolvimento infantil HHaabbiilliiddaaddeess::- De questionar - De criar - De trabalhar linguagens - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)- De criar novos pressupostos- De conviver com transformações - De estratégias e idéias- De se organizar e organizar- De criar tecnologias - De refletir multidisciplinarmente - De trabalhar com quantidade e qualidade - De encantar- De se adaptar - De estratégias e idéias - De identificação de problemas- De estar atento - De entender o outro, o mundo e a si mesmo- De conviver com a diversidade- De falar - De conviver com transformações - De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo)- De enxergar o outro sob um ângulo diferente- De se livrar dos padrões- De estar atento- De identificar problemas- De perceber a interioridade humana - De perceber o imenso e o complexo - De realizar tarefas- De criar produtos e artefatos- De adaptar tecnologias- De escrever- De operar com lógica VVaalloorreess::Convivência; Respeito; Cooperação RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss::Os recursos didáticos a serem utilizados são:- Espaço livre para desenvolvimento das brincadeiraspropostas.-Giz, caixas vazias, bola e materiais de sucata para confecção de jogo de tabuleiroYote.PPrroocceeddiimmeennttooss::SSeennssiibbiilliizzaaççããoo ((aauullaa 11)):: Propor inicialmente em classe uma roda de conversa, apresentando um

116666 Planos de aula

mapa da África para as crianças. Durante a conversa a educadora/educador pedirá para quecada criança fale alguma coisa a respeito da África e seus moradores. Anotar, a parte, as palavrasou idéias que surgirem durante a conversa. Depois que todos falarem, converse claramente arespeito das idéias que surgiram durante a conversa. Esse passo será importante paradesmistificar preconceitos. É interessante conversar sobre a história da África com as crianças.Emseguida contar a história de Adhemar Ferreira, esportista negro brasileiro (É necessário umapesquisa prévia) para as crianças. Escolher uma música instrumental alegre de fundo para darum clima todo especial a história. Antes de passar para a atividade do dia, ouvir a opinião dascrianças sobre a história de Adhemar Ferreira propondo a elaboração de um texto coletivo comilustração feita pelas crianças. Outra atividade a ser desenvolvida é confeccionar um"passaporte" onde deverão ser coladas imagens da África e de seus moradores. No final do"passaporte" deverá ter espaço para que as crianças possam desenhar/escrever sobre asbrincadeiras apresentadas.O objetivo da confecção do passaporte é concretizar toda a conversasobre a África nesta aula inicial. O passaporte deverá ser carimbado ou ter colado em umapágina específica um símbolo africano a medida que as crianças irão apreendendo umabrincadeira africana. OObbss..:: O mapa utilizado na aula 1 deverá ser fixado pelas crianças em umlugar bem visível.AAuullaa 22:: Como texto coletivo elaborado na aula anterior, na roda de conversa, relembrar a históriade Adhemar Ferreira, informando a classe que hoje irão aprender brincadeiras africanas. Mas antesde apresentar as brincadeiras é preciso que as crianças estejam com o passaporte em mãos. Parasistematizar as brincadeiras apresentadas as crianças poderão utilizar o espaço em branco no fim do"passaporte" para desenhar e escrever no fim de cada aula.Levar as crianças para um espaço maior(pátio, quadra) para apresentar às crianças a brincadeira Mbube, Mbube (Leão e o Impala). Éinteressante mostrar imagens do leão, do impala e principalmente do povo Zulu. Não esquecertambém de mostrar no mapa da África onde o povo Zulu mora. Contar as crianças sobre a origemda palavra Mbube cujo significado é utilizado para nomear o leão, predador do impala. Esse termoé muito utilizado pelo povo Zulu. Após a conversa inicial, com as crianças sentadas em círculoexplicar as regras da brincadeira e brincar com as crianças. Brincando de Mbube, Mbube (Leão e oImpala). RegrasTodos os jogadores formam um círculo. Dois começam a brincadeira: um será o leão;o outro, o impala. O leão deve caçar o impala em um minuto, ziguezagueando entre os outrosjogadores, enquanto esses gritam mbube, mbube. Se o predador não conseguir pegar sua presa notempo determinado, será eliminado e se incorpora ao círculo dos companheiros. O grupo elege umnovo leão. Se o leão pega o impala, se escolhe um outro para ser o leão.Obs.: Muitos conteúdospoderão ser trabalhados durante o projeto. Desde a escrita, ortografia para os alunos, até sobre asquestões ambientais. As crianças estarão aprendendo a respeitar a África, os africanos e a si mesmo,sentindo-se representadas, nas histórias, nos desenhos. AAuullaa 33:: Retomar os desenhos (sistematização) sobre a brincadeira do Mbube, mbube. Incentivar a faladas crianças sobre como se sentiram na brincadeira, como foi conhecer o povo Zulu. Apresentar nestaaula mais uma brincadeira o Mamba. Mamba é a maior, a mais venenosa e veloz serpente africana.Ao contrário do que se pensa a Mamba não ataca as pessoas, seu bote é certeiro somente quando sesente ameaçada. Esta serpente pode ser encontrada nos seguintes países: Quênia, Tanzânia, Zâmbia,Zimbábue.Moçambique, Botswana e Namíbia. Com as informações acima, antes de apresentara brincadeira para as crianças é necessário uma conversa com a turma para contar essasinformações para elas de forma significativa. Com um cartaz, mostrar a foto da serpente quepode chegar a 2,5 a 4,5 metros, para que as crianças percebam o tamanho da serpente, comuma corda ou até mesmo riscando no chão com um giz os metros indicados. A turma pode ficarem cima da marca para perceberem quantas crianças "caberiam" na serpente.Mais uma vez omapa da África será importante para mostrar onde essa serpente aparece, localizando cada país.É interessante mostrar imagens dos países e de seus moradores. No fim da aula não esquecerde sistematizar com o desenho no "passaporte" ou texto coletivo o que foi apresentado emsala.Depois desse primeiro momento apresentar as regras da brincadeira:Brincando de Mamba.Regras: Uma pessoa é escolhida para ser a mamba, que vai ser o pegador. O professor desenhano chão um quadrado de 10 metros x 10 metros (tamanho ideal para 20 crianças). Durante abrincadeira, todos os participantes devem permanecer dentro dessa demarcação, mas tentandoescapar da serpente. A um sinal, o jogo começa. A mamba tenta pegar os jogadores. Quandoum é pego pela serpente, deve posicionar-se atrás da mamba, segurando-a pela cintura ou pelosombros. Cada participante que é tocado pela mamba se junta ao último do "corpo" da serpente.

116677História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

PPllaannoo 1133AAuuttoorr((aa)):: Cláudia Bernadete Alves FreitasPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileirasTTííttuulloo:: Na criação do Aiyê, uma possibilidade de leitura e criaçãotextual.PPúúbblliiccoo AAllvvoo:: Ens. Fund. - 4º Ano Disciplinas: InterdisciplinarOObbjjeettiivvooss::Utilizar a tipologia textual narrativa, através de mitos de criação do universo para:-apresentaraos alunos/as outras formas de entender o mundo que não só a eurocêntrica - CosmovisãoAfricana;-valorizar as várias manifestações culturais legadas pelos africanos e afro-brasileiroscomo formadoras da cultura brasileira;-elaborar outras formas de compreensão de si e do outro.CCoonncceeiittooss::- Cosmovisão africana; Diversidade cultural; Mitologia Yorubá- Habilidades :- De questionar- De criar- De enriquecer o repertório- De trabalhar linguagens- De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)- De criar novospressupostos- De conviver com transformações - De se adaptar - De se organizar e organizar- De refletir multidisciplinarmente - De encantar- De se adaptar - De entender o outro, o mundo e a si mesmo- De organização e articulação- De conviver com a diversidade- De falar - De se organizar e organizar- De conviver com transformações- De trabalhar linguagens

Dessa forma ela vai ficando cada vez mais comprida. Se um jogador sai do quadrado, deve sereliminado do jogo. Só a criança que é a cabeça da serpente pode capturar os jogadores, mas o"corpo" da fileira que se formou deve ser usado para interceptar ou atrapalhar os fugitivos. Osjogadores não podem cruzar o corpo da serpente. A brincadeira acaba quando restar apenas umjogador sem ser pego. E recomeça com esse sendo a mamba. OObbss:: Nesta aula, poderão serabordados conteúdos de ciências, em português mais uma vez o texto coletivo, importante parao desenvolvimento da oralidade e escrita das crianças. Além do incentivo a pesquisa.As criançastambém terão oportunidade mais uma oportunidade de conhecer a África e os africanos de umaforma diferente da que é mostrada muitas vezes na televisão. Possibilitando desta forma umpensamento diferente em relação a questão racial.AArrqquuiivvoo::anexos/id1070176/Materiais para pesquisa.doc OObbsseerrvvaaççõõeess::Cada sugestão pode ser aplicada segundo a realidade de cada escola. O professor precisa estarsensível a necessidade dos estudantes. A criatividade também é um fator importante para odesenvolvimento do plano de aula sugerido!RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::- HERNANDEZ, Leila Leite. AA ÁÁffrriiccaa nnaa SSaallaa ddee AAuullaa. Ed. Selo Negro.- MUNANGA, Kabengele (org.). Superando o Racismo na Escola. Ed. MEC/BID/Unesco.- BARBATO, Maria Ângela; DOJGE, Janine J. AA DDeessccoobbeerrttaa ddoo BBrriinnccaarr.- GENTILE, Paola. AA ÁÁffrriiccaa ddee ttooddooss nnóóss. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/edicoes/0187/aberto/mt_99706.shtml> Acesso em: 03/01/08.

116688 Planos de aula

- De agir multidisciplinarmente- De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo)- De enxergar o outro sob um ângulo diferente -- De se livrar dos padrões - De perceber a interioridade humana- De perceber o imenso e o complexo - De perceber o pequeno e o local- De realizar tarefas- De usar tecnologias - De adaptar tecnologias- De escrever- De operar com lógica- De agir multidisciplinarmente VVaalloorreess::Respeito pelo outro; Convivência; Diversidade; Tolerância; Aceitação RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss::Livros contendo mitos africanos, entre eles um sobre a Criação do Mundo (Aiyê), folhas, lápis,borrachas, microcomputador, canetas hidrocor, cartolina, lápis de cor.PPrroocceeddiimmeennttooss::Pensando com Kaufmann & Rodriguez, em como introduzir o tema de leitura e produção detextos na sala de aula, a maior preocupação é em mostrar aos alunos o prazer pela produçãode significados que a leitura e a escrita de textos pode proporcioná-los.Aqui neste projeto paraLíngua Materna abrimos espaço para pensar também em como encarar um projeto interando-nos com a questão africana e afro-brasileira, que agora, tem como obrigatória sua apreciaçãona escola. A escolha foi dos Mitos Africanos, onde temos como tipologia a narrativa. Em P.Diagne (1982,p.247) a autora afirma que é na narrativa o lugar onde se encontra o passado.Retrata que a história e a lingüística são duas ciências que interagem em pelomenos doisaspectos; primeiro o da língua, como sistema e instrumento de comunicação, é um fenômenohistórico. Segundo, como alicerce do conhecimento, do passado e do conhecimento deste, epor conseguinte, fonte privilegiada do documento histórico.Sendo assim, optei por trabalharnesta perspectiva porque alia narrativa, história e lingüística que se tornam os três fios de umatrama, onde podemos contemplar a questão negra em uma abordagem interessante para osalunos.Alguns pontos que precisam ser salientados antes da aplicação do projeto(preparação),para facilitar a compreensão dos alunos acerca do que será abordado:11ºº)) A África é um país ou um continente? Esta é uma confusão corrente nas escolas e a maioriadas pessoas pensa que se trata de um país falando uma língua só: a "língua africana".Precisamos, antes de mais nada desfazer este engano, pois a África é um continente enorme ecom cerca de 2.000 idiomas e dialetos, sendo falados em mais de 50 países africanos. E nãoexiste a "língua africana" e sim muitas línguas na África, como por exemplo: lingala, swaili,português, shona, inglês, etc.22ºº)) O que é cosmovisão? É a visão de mundo, a interpretação humana diante da vida e douniverso, que pode conter diferenças conforme as influências sofridas pelos povos, é algo bemmais amplo do que a religiosidade, embora esta seja parte bastante importante.33ºº)) A África é habitada apenas por pessoas negras?Este é outro equívoco que podemos desfazer,explicando que parte da África foi invadida e dominada pelos árabes e é chamada África Branca.Existindo também os brancos descendentes de europeus. A África também é chamada de oberço da humanidade, pois é lá que são encontrados os vestígios mais antigos dos antepassadosda espécie humana.44ºº)) Qual a importância da África para nós que vivemos no Brasil?Conhecer a história da Áfricaé importante para entendermos e valorizarmos uma das muitas culturas que formaram nossagente e nosso país. Resgatar as origens africanas de nossa cultura, para que entendamos nossopaís como também afro-descendente, em sua matriz. E não ver somente como folclore toda aherança africana.Estes são alguns pontos que a professora precisaria se ater para preparação doprojeto, elucidando questões que são muitas vezes nebulosas para as crianças e tornando maisricas as futuras discussões do projeto. Etapas Previstas: 11)) Ler para as crianças o mito "A criação do mundo e dos homens"(ver anexo),que narra, na visão do povo yorubá, como se deu o princípio de todas as coisas. Explorar todaa riqueza de fatos e símbolos existente no mito, para conversar com as crianças, realizando uma

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interpretação coletiva do mito e também discutindo e problematizando as questões étnicasquesurgirão após a leitura, incentivando o questionamento dos alunos acerca dos assuntosdesencadeados pela narrativa. 22)) Fazer um levantamento das palavras novas que aparecem nomito, apresentando um dicionário de palavras em yorubá. Estimular as crianças a criarem frasesem que utilizem as palavras recém conhecidas, após a explicação da professora e oentendimento por parte dos alunos. 33)) Elaborar com os alunos um dicionário da turma compalavras que sejam de origem yorubá e banto que atualmente fazem parte do vocabulário queusamos no Brasil e muitas vezes não sabemos a origem.44)) Realizar leituras de outros mitos dolivro usado como referência, para facilitar o contato das crianças com diversos destes tipos decontos mitológicos, preparando-as para uma futura escrita.55)) Solicitar dos alunos umaprodução textual com o tema da criação do mundo, onde as crianças podem abordar ou a visãode criação do mundo de outra cosmovisão (gênesis, por exemplo) ou também incentivar ascrianças a pensar em uma criação de um mundo próprio delas, o que seria contemplado e o quenão seria, fazendo com que o aluno possa produzir duas vezes, uma vez que estará criando umtexto e também um mundo, se for sua escolha. 66)) Apresentar para os alunos outros dois tiposde linguagens textuais yorubás: os orikis(evocações) e itans(poemas) e fazer as relações entreestes tipos e nossos poemas.Estas duas tipologias yorubás de poemas são extremamenteparecidas, mas a diferença reside na função para que são utilizadas, o oriki tem a finalidade deevocar um poder específico de um Orixá ou de alguém, ou seja, a função expressiva demanifestar a subjetividade do emissor atuando junto à do receptor. O itan, por sua vez possui opredomínio da intencionalidade estética, onde o autor utiliza-se de uma vasta gama desímbolos, metáforas, enfim dando toda uma significação de beleza ao texto.Na seqüênciadestas explorações, realizar oficinas de criação de poemas, com estruturas que podemreproduzir os poemas da Língua Portuguesa ou da Língua Yorubá (orikis e itans). 77)) Comofinalização dos estudos referentes à influência negra no Brasil e no Estado, utilizaríamos atipologia de cartazes para compor uma exposição, mostrando para a escola as aprendizagens eas descobertas da turma sobre este tema. A tipologia de cartaz cumpre bem a função depromover a atividade executada pelo grupo de alunos, dando visibilidade ao trabalho e àsdiscussões realizados em sala de aula.Temas de reflexão lingüística:-Lingüística textual: usoliterário da linguagem. Metáforas, imagens, comparações, etc. Diferenciação das partes esuperestruturas dos textos em todas as tipologias utilizadas, onde a ênfase maior recai sobre anarrativa, mas também inclui os poemas e os cartazes. -- GGrraammááttiiccaa oorraacciioonnaall:: uso dos temposverbais, diferenciação entre pretérito perfeito e imperfeito. -- OOrrttooggrraaffiiaa ee VVooccaabbuulláárriioo:: explorara escrita de palavras com X, CH, e diferentes grafias surgidas nas línguas Yorubá e Banto,atendo-se também à criação do dicionário com palavras destas línguas que influenciam nossaLíngua Portuguesa. -- PPoonnttuuaaççããoo:: trabalhar preferencialmente vírgulas, margens, travessões parao diálogo e também entonação de voz na leitura.As possibilidades de integração com outrasáreas do currículo são múltiplas, uma vez que podemos abordar questões de localização,estudando mapas (Geografia) e fazendo relações de proporção do Continente Africano e do paísBrasil. DDiissccuussssõõeess eeccoollóóggiiccaass ((CCiiêênncciiaass)) ee ddee mmeeddiicciinnaa nnaattuurraall, através do estudo dos usos dasplantas/ervas, muito difundido dentro da Cosmovisão Africana. Trabalho plenamente integradocom História, revendo toda a trajetória negra no país e no estado. Pode ser utilizado como viéspara o ensino de MMaatteemmááttiiccaa também, explicando-se como se dá a construção do número emYorubá, onde o próprio nome do número já contém em si uma operação matemática.Possibilidade de integração também com EEssttuuddooss SSoocciiaaiiss, problematizando os valores, as etnias,as religiões, o gênero, enfim, inúmeras indagações que podem surgir com esta temática. AAssAArrtteess ee aa MMúússiiccaa também podem ser abordadas e proporcionariam um trabalho riquíssimo deconhecimento cultural. A rede de relações que pode ser explorada é muito vasta e talvez boaparte das idéias não tenha sido mapeada aqui, pois esta temática pode ser trazida por diversoviés e conforme a abordagem abre um número ímpar de possibilidades. RReefflleexxããoo ppeessssooaall:: Creio que o presente projeto seja passível de implantação para uma turma dequarta série porque cumpre sua função de instigar leituras diversificadas e de promover areescrita e também a produção textual das crianças. Com a temática escolhida, abre-se o espaçopara o diálogo e o conhecimento menos superficial de uma cultura formadora da matrizidentitária do povo brasileiro. Pois, como considera Jolibert (1994,p.44-45), o professor teria defacilitar o entendimento do aluno, através de questionamentos levantados pelos textos e não apenas fazer com que estes decifrem e oralizem um texto, ajudando os alunosa analisarem e se colocarem frente às questões apresentadas pelos textos.O projeto apresenta-

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PPllaannoo 1144AAuuttoorr((aa)):: Andréia dos SantosPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 5 - A presença negra nas artes brasileirasTTííttuulloo:: Riquezas e contribuições do povo africano a cultura brasileiraPPúúbblliiccoo AAllvvoo:: Ens. Fund. - 1º Ano DDiisscciipplliinnaass:: Todas as disciplinasObjetivos:Conhecer a cultura negra, conscientizando os alunos da verdadeira história da conquista doBrasil e suas conseqüências.Eliminando assim as situações de preconceitos, valorizando ascontribuições africanas para a formação da identidade brasileira.Estimular aconvivência,aceitação e respeito com relação às diferenças raciais e suas riquezas culturais.CCoonncceeiittooss::Preconceito racial; Contribuições da cultura africana ao Brasil; A beleza das diversidades raciais. HHaabbiilliiddaaddeess::- De questionar - De criar - De enriquecer o repertório - De trabalhar linguagens - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De criar novos pressupostos - De estratégias e idéias

se como possibilidade de ser e não como pretensão de ser, está aberto a possíveis reformulaçõesde acordo com a turma onde venha a ser aplicado, podendo arrefecer uma ou outracaracterística, sem perder ou precisar alterar totalmente a estrutura inicial.Propõem-se adesenvolver potencialidades de leitura e escrita nos alunos por um viés de criatividade e deprazer, os quais serão constantemente avaliados pela professora, se estão efetivamente sendoatingidos e caso não estejam sendo percebidos em relação aos alunos, pedem reformulaçãoprojeto por parte da professora. O nível de envolvimento dos alunos com o projeto é quedeterminará sua manutenção por maior ou menor tempo de duração. Respeitando sempre oaluno como sujeito da aprendizagem e o professor como parceiro nesta viagem fantástica egenerosa do conhecimento.MMaatteerriiaaiiss ddee AAppooiioo::Livro Contendo mitos africanos, entre eles um sobre a Criação do Mundo (Aiyê), folhas, lápis,borrachas, microcomputador, canetas hidrocor, cartolina, lápis de cor.LLiinnkk::http://www.lendas.orixas.nom.br/ Observações:O presente plano de aula pode ser aplicado também em qualquer outra série, desde que sejalevado em consideração a idade dos alunos/as e o aprofundamento das questões levantadas,bem como as formas mais adequadas e interessantes de propor atividades sobre o tema.RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::- CHAIB, Lídia RODRIGUES, Elizabeth. Ogum, o rei de muitas faces e outras histórias dos Orixás.São Paulo: Companhia das Letras, 2000. - DIAGNE, P. Parte I. História e Lingüística. In: Kizerbo J. (coord.). História Geral da África:I.Metodologia e pré-história da África. Tradução Beatriz Turquetti... et al. São Paulo: Ática, Paris,UNESCO, 1982. P.247- 285.- IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, O Negro no Rio Grande do Sul,2005. Ministério da Cultura. Fundação Cultural Palmares.- JOLIBERT, Josette e colaboradores. Formando Crianças Leitoras. Vol.I. Tradução Bruno C. Magne- Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.- KAUFMAN, Ana Maria RODRIGUEZ, Maria Elena. Escola, Leitura e Produção de Textos.Tradução Inajara Rodrigues. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. - CHAIB, Lídia & RODRIGUES, Elizabeth. Ogum, o rei de muitas faces e outras histórias dosOrixás. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

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- De identificação de problemas - De refletir multidisciplinarmente - De encantar- De estratégias e idéias - De identificação de problemas - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De conviver com a diversidade- De falar- De se organizar e organizar - De conviver com transformações - De trabalhar linguagens - De enxergar o outro sob um ângulo diferente- De se livrar dos padrões - De perceber a interioridade humana - De escrever - De agir multidisciplinarmente Valores:Igualdade; Respeito; Convivência; Consciêntização; Sensibilidade; Critícidade. RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss::Obras de arte de Tarsila do Amaral, Candido portinari. Textos informativos a respeito do povoafricano.Filmes ,músicas e imagens de negros(as) dos dias de hoje como artistas, cantores. Fotosdos próprios alunos.PPrroocceeddiimmeennttooss::Levantamento prévio a respeito dos conhecimentos que os escolares têm em relação ao povoafricano e suas contribuições para o crescimento do povo brasileiro. Listar o que acreditam serde riqueza da beleza brasileira. Solicitar que ilustrem a si mesmo pós terem se visualizado emum espelho. Tendo o professor como escriba, pedir para que digam o que cada um tem emcomum. Associar a lista realizada das riquezas de beleza brasileira com a descrição em comumque realizaram de si mesmo. Conduzi-los a perceber que cada um tem a sua maneira ecaracterísticas próprias na qual compõem a riqueza e diversidade do povo brasileiro. Realizaruma rede de idéias baseando-se na imagem de um artista ou cantor afro e levá-los a relacionarcom a beleza listada de cada colega de classe.MMaatteerriiaaiiss ddee AAppooiioo::LLiinnkk:: www.sandradesá.com.br OObbsseerrvvaaççõõeess::A aula poderá se estender visto que a mesma destina-se a turma de 1º Ano e se esta for aplicadano inicio do ano letivo onde as crianças estão em processo de alfabetização.Quanto a avaliaçãoserá realizada com base no alcance dos valores propostos como respeito a diversidade,igualdade.RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::Revista Nova escolawww.google.com.brRevista Raça www.sandradesá.com.brMMaatteerriiaall ddoo ccuurrssoo::Texto: A participação africana na formação cultural brasileira. Candido Portinari, Tarsila doAmaral

PPllaannoo 1155AAuuttoorr((aa)):: Maria José de AraújoPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileirasTTiittuulloo:: Nossa África no BrasilPPúúbblliiccoo AAllvvoo:: Ens. Fund. - 1° Ano Disciplinas: Educação Infantil

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OObbjjeettiivvooss::Ampliar conhecimento da cultura africana estabelecendo relações com a nossa cultura-reconhecer e valorizar características, hábitos e costumes dos povos africanos; reconhecer ahistória da áfrica e contextualizá-la com os dias atuaisCCoonncceeiittooss::Natureza; Sociedade; Linguaguem oral; Linguagem escrita; Linguaguem plásticaHHaabbiilliiddaaddeess::De questionarDe criar De enriquecer o repertório De trabalhar linguagens De operar com lógicaDe interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)De criar novos pressupostos De conviver com transformaçõesDe se adaptarDe assumir riscosDe estratégias e idéiasDe identificação de problemas De se organizar e organizar De refletir multidisciplinarmenteDe analisar e sintetizarDe encantarDe se adaptar De identificação de problemas De estar atentoDe entender o outro, o mundo e a si mesmoDe organização e articulaçãoDe assumir riscos De conviver com a diversidadeDe convencerDe falar De se organizar e organizar De conviver com transformações De trabalhar linguagens De agir multidisciplinarmente De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo) De enxergar o outro sob um ângulo diferenteDe se livrar dos padrõesDe estar atento De identificar problemasDe perceber a interioridade humanaDe perceber o imenso e o complexoDe perceber o pequeno e o local VVaalloorreess:: -Morais; Étnicos; Éticos; Identidade. RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss::Papel, canetinha hidrocolor, giz de cera-lápis de cor, livros, tinta, argila, pincel, tesoura, tnt-tintaplástica-barbante ou resto de lã-palito de churrasco; livros; foram utilizados livros do acervo daescola (Emei Professora Laura da Conceição Pereira Quintaes. Município de São Paulo). Meninabonita do laço de fita. Aventuras de um macaco. As tranças de bintou. Bruna e a galinha deangola.PPrroocceeddiimmeennttooss::Desenvolvimento da Atividade. Esta atividade foi desenvolvida para alunos da pré escola comidade entre cinco e seis anos. Antes de trabalhar os livros escolhidos é ideal que o/a professor/aleia pelo menos três a quatro estórias com os alunos. Em roda de conversa, abordar os

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conteúdos que aparecem, ambiente, pessoas, animais, fauna, etc. Os livros que eu li foram:Menina Bonita do Laço de Fita conta a estória de uma menina negra, que tem como vizinhoum coelho branquinho, ele sempre pergunta. menina bonita do laço de fita como faço para sertão pretinho como você. Aventuras de um macaco,.é a estória de um macaquinho que todosachavam que era muito pequeno e fraco, até que ele consegue enganar um grande crocodilo.As tranças de Bitou. Uma menina que por ser pequena não pode usar tranças (tradição) Brunae a galinha d´angola. É a estória de uma menina chamada Bruna que ganha uma galinhad'angola de sua avó, a galinha acha um baú antigo com panos. A avó conta da origem dagalinha d'angola, e dos panos. Na roda de conversa ficou decidido que iríamos trabalhar Brunae a galinha d´angola, foi feito um texto coletivo onde os alunos ditaram e eu fui escrevendo nalousa a reescrita da estória, foi combinado com a classe que alguns alunos iriam copiar o textoda lousa, e cada aluno desenhou o que mais gostou da estória, com canetinhas, giz de cera oulápis de cor. Em seguida os alunos recortaram o desenho e colaram em um papel craft (pardo);no meio ficou o texto. Esta folha fez parte de um livro grande feito por todo o turno da manhã(8 salas). Este plano de aula é a finalização de todo o trabalho com as estórias da África,poderíamos ter feito apenas este trabalho no papel, mas como é importante trabalhar asdiversas linguagens plástica; também trabalhamos com argila, primeiro sentimos o material,amassamos muito, fizemos um ovo, a partir do ovo moldamos uma galinha,alguns quiseramapenas fazer o ovo, outros fizeram ovos, galinhas, e até o ninho, outros fizeram a meninaBruna, depois de seca os alunos pintaram a argila com guache ou tinta plástica, alguns tambémusaram canetinhas hidrocolor. Ainda foi possível explorar ainda mais as artes confeccionandopanos, foram recortados pequenos pedaços de TNT (formato retangular, um pouco maior queuma sultite), de diversas cores, os alunos, pintaram com guache ou tinta plástica, tambémfizeram colagem de sulfite com formato de ovo; depois de seco os panôs foram presos empalitos de churrasco, presos com barbante; ou somente no barbante. MMaatteerriiaaiiss ddee AAppooiioo::Link: ww.wikipédia.com.brwww.brasilescola.com.brwww.google.com.br: "cultura africa" Museu Afro-Brasil OObbsseerrvvaaççõõeess:Trabalhar com crianças pequenas, é muito gratificante porque elas se entusiasmam e seinteressam por tudo. É muito importante antes da atividade os alunos poderem manusear oslivros, e na roda de conversa levarem a observar o contexto, onde na estória da Bruna a avóconta que veio da África, é uma oportunidade para mostrar gravuras, fotos, revistas, e tambémfalar das tradições, onde além dos panôs, existe a arte das máscaras,dança, etc.. Na atividadeda montagem da folha da estória incentivar sempre terem zelo com os materiais, e além daelaboração , faz parte também da atividade a arrumação e limpeza da sala RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::A maioria do material usado neste plano faz parte do acervo da escola, como os livros Meninabonita do laço de fita, Aventuras de um macaco, Bruna e a galina d'angola, As tranças de Bintoutambém há outros que não citei: Contos da África, Porque a girafa não tem voz, O cassolo e asabelhas, e pesquisas feitas através do google sobre cultura africana, animais, máscaras e árvoretradicional baobá

PPllaannoo 1166AAuuttoorr((aa)):: Fabiana Ignacio RodriguesPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileirasTTiittuulloo:: CONSCIÊNCIA NEGRAPPúúbblliiccoo AAllvvoo:: Ens. Fund. - 2º Ano DDiisscciipplliinnaass: InterdiciplinarOObbjjeettiivvooss::Trabalhar as diferenças e semelhanças entre os grupos étnicos e sociais, que lutaram no passadopor causas políticas, sociais, étnicas ou econômicas dando ênfase a raça negra bem como asdescendências e ascendências entre os indivíduos.

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CCoonncceeiittooss::Cultura Afrobrasileira HHaabbiilliiddaaddeess::De questionar De criarDe enriquecer o repertório De trabalhar linguagens De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) De criar novos pressupostosDe conviver com transformaçõesDe se adaptar De assumir riscos De estratégias e idéias De identificação de problemasDe se organizar e organizar De refletir multidisciplinarmente De analisar e sintetizar De se adaptar De estratégias e idéias De identificação de problemas De estar atento De entender o outro, o mundo e a si mesmo De organização e articulação De assumir riscos De conviver com a diversidadeDe falar De se organizar e organizarDe conviver com transformaçõesDe trabalhar linguagens De agir multidisciplinarmenteDe aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo) De enxergar o outro sob um ângulo diferenteDe se livrar dos padrões De estar atento De identificar problemasDe perceber a interioridade humanaDe perceber o imenso e o complexoDe realizar tarefas De criar produtos e artefatosDe escreverDe agir multidisciplinarmente VVaalloorreess::Respeito; Ética; Cidadania RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss::Pesquisa; Levantamentos prévios; Cartazes; Músicas; Textos informativos; Vídeos; Livros dehistórias-InformáticaPPrroocceeddiimmeennttooss::11ºº Troca de idéias referentes ao tema consciência negra. O que sabem e o que gostariam desaber. 22ºº Pesquisa sobre os assuntos levantados na roda de conversa. 33ºº Socialização dasinformações adquiridas. 44ºº Produção de texto coletivo abordando temas destacados. 55ººPesquisas sobre origem dos negros escravizados no Brasil. 66ºº Elaboração de cartaz cominformações sobre os escravos. 77ºº Elaboração de Cartaz com imagens de negros que sedestacaram positivamente na história do Brasil e na mídia atual. 88ºº Leitura da história "Meninabonita do laço de fita" de Ana Maria Machado. 99ºº Confecção do livro Menina Bonita do laço defita segundo interpretação dos alunos. 1100ºº.. Vídeos: 'Kiruku e a Feiticeira', 'Desventura em série','O duelo de Titan', 'Pelé Eterno'.

117755História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

PPllaannoo 1177AAuuttoorr((aa)):: Flávia Andréa dos SantosPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 5 - A presença negra nas artes brasileirasTTííttuulloo:: O Negro Através da Música: representação, atuação ecaracterísticas.PPúúbblliiccoo AAllvvoo:: Ens. Fund. - 2º Ano Disciplinas: InterdiciplinarOObbjjeettiivvooss::Interagir com a música negra, na percepção de suas características, ritmos e diversidade cultural.Compreender através da música, a composição da identidade negra, os elementos depeculiaridade, de reivindicação e contestação. Utilizar-se das letras das músicas, paracompreender os elementos que caracterizam a cultura afro-brasileira. Ampliar o processo deaquisição da escrita e leitura, por meio do contato com as letras das músicas.CCoonncceeiittooss::Música Negra; Identidade; Diversidade Cultural; Influências Culturais; Cultura afro-brasileira. HHaabbiilliiddaaddeess::- De questionar - De criar - De enriquecer o repertório - De trabalhar linguagens - De estar atento - De conviver com a diversidade - De falar - De trabalhar linguagens - De se livrar dos padrões - De estar atento - De perceber o imenso e o complexo - De perceber o pequeno e o local - De realizar tarefas - De usar tecnologias-De escrever VVaalloorreess::Respeito a diversidade cultural; Valorização da cultura negra; Refletir sobre a discriminaçãoracial; Saber ouvir a fala do outro.RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss::Debates; Material audiovisual: vídeo,tv,som,computador; CDs, DVDs e fitas de vídeo; Cartazescom as letras das músicas expostas; Papel ofício para a reescrita das músicas e ilustração das

MMaatteerriiaaiiss ddee AAppooiioo::LLiinnkkss::www.ceert.org.br/vistaminhapelewww.museuafrobrasil.com.br, www.potalafro.com.br OObbsseerrvvaaççõõeess::As etapas das atividades foram se desenvolvendo de acordo com os resultados das pesquisas eposteriores socializações dos assuntos abordados.RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::Mapa da àfricaRevista EDUCAÇÃO - Ano 06 Nº 65, setembro de 2002 "Brasil mostra a sua cara". País teima emignorar o abismo social que separa brancos e negros no trabalho, na cultura e na escola. Revista NOVA ESCOLA - Ano XIV - Nº 120 - março DE 1999 "Ele vai começar a gritar". Umassunto sobre o qual pouco se fala: também na escola os negros sofrem com o preconceito. Maso número de alunos e professores dispostos a acabar com esse silêncio cresce cada dia mais.PPooeessiiaass::EU-MULHER (Conceição Evaristo);LINHAGEM (Carlos Assumpção);UM SOL GUERREIRO (Celinha; e outros dos Cadernos Negros Livros Afro-Brasileiros hoje deDarien J. DavisRacismo no Brasil de Lilia Moritz SchwarczAQUINO, Julio Groppa. Diferenças e Preconceitos na Escola.

117766 Planos de aula

mesmas.PPrroocceeddiimmeennttooss::Em um primeiro momento buscamos apresentar trechos de tipos diferenciados de composiçãomusical. Tencionando desenvolver em especial as habilidades de escuta, distinção ecaracterização.Buscamos apresentar em forma de exposição CDs, personagens que retratem a música negra.Assim como, de grupos que atuam no maracatu, afoxé, samba, coco-de-roda, tambor decrioula, ciranda, pagode, bumba-meu-boi, hip hop, jazz, soul, reggae, funk e o rap.- Solicitamosque os alunos apontem o que mais lhe chamou atenção, e selecionem o que gostariam deprimeiro entrar em contato. Selecionamos letras das músicas para serem lidas, analisadas ereescritas. Trabalharemos a escuta destas músicas, conjuntamente com a interpretação dasmesmas. Utilizamos à exposição de letras em cartazes, buscando interagir com o vocabulárionão compreendido ou específico.- Propor ao grupo, identificar elementos característicos dainfluência negra, da composição da cultura afro-brasileira. Bem como, sua representação eatuação. Dar ênfase aos debates, as re-elaborações de conceitos e superações de preconceitos.Buscando socializar as experiências vivenciadas por meio de apresentações nos espaços desocialização. E por fim, ter introduzir a família (por meio das atividades propostas) na re-significação da identidade negra. MMaatteerriiaaiiss ddee AAppooiioo::LLiinnkkss::http://www.movimentohiphop1.hpg.ig.com.br/ http://pt.wikipedia.org/wiki/Maracatu_Rural http://pt.wikipedia.org/wiki/Maracatu_Na%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Afox%C3%A9_(bloco) http://www.mundonegro.com.br/

http://revistaescola.abril.com.br/edicoes/0177/aberto/mt_242379.shtml http://www.tambordecrioula.hpg.ig.com.br/principal.htm OObbsseerrvvaaççõõeess::Nossa proposta de ação buscará estar vinculada a um projeto maior, que deverá serdesenvolvido na unidade de ensino. Uma possibilidade é trabalhar com o tema: "Música naEscola". Com ele tencionamos diminuir o grau de agressividade e desenvolver a capacidade deconcentração, escuta e reflexão. Com as apresentações das músicas negra, poderemosacrescentar a estes objetivos, o da valorização da cultura Afro-brasileira, e o reconhecimento daidentidade negra. RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::- BORI, Alfredo. Cultura brasileira. São Paulo: Ática, 1987.- - BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: apresentaçãodos temas transversais, ética/Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF,1997.- BENCINI, Roberta. A questão Racial na Escola. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/edicoes/177,Nov 2004.- GENTILE, Paola. A África de todos nós. Disponível em: - http://revistaescola.abril.com.br/edicoes/0187,nov/2005.- CDs: Maracatu, Afoxê, Samba, Ciranda, Pagode, - Coco, Tambor de Crioula, Bumba-meu-boi, hip hop, jazz, soul, reggae, funk e o rap.- - http://www.portalafro.com.br/musicas.

PPllaannoo 1188AAuuttoorr((aa)):: Telci Teodoro da SilvaPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 1 - O preconceito racial no BrasilTTííttuulloo:: Raça e CidadaniaPPúúbblliiccoo AAllvvoo:: Ens. Fund. - 3º Ano DDiisscciipplliinnaass:: Todas as áreas do

ConhecimentoOObbjjeettiivvooss::O Objetivos educacionais é criar entendimento de que cidadania e igualdade de direitos, sópodem ser alcançadas com respeito às diferenças, sejam sociais, sejam étnicas ou raciais(sempre no sentido histórico-cultural) CCoonncceeiittooss::Origens; contribuição histórica; Igualdade racial

117777História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

HHaabbiilliiddaaddeess::- De questionar De criar De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) De criar novos pressupostos De identificação de problemas De se organizar e organizar De refletir multidisciplinarmente De se adaptar De estratégias e idéias De identificação de problemas De conviver com a diversidade De convencer De falar De se organizar e organizar De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo) De enxergar o outro sob um ângulo diferente -De se livrar dos padrões De identificar problemas De perceber a interioridade humana De realizar tarefas De escrever De agir multidisciplinarmente VVaalloorreess:Respeito, humanidade, igualdade. Recursos Didáticos:Mapas para entender as origens. Filmes com temas culturais que enfoque a participação doafricano e seus descencendetes na formação do Brasil;fotos de família dos alunostexto a sercopilado pelos próprios alunosPPrroocceeddiimmeennttooss::Estimular os/as alunos/as a elaborarem conhecerem alguns motivos que podem ser a causa dadiscriminação racial e assim produzam desenhos, textos cênicos e até mesmo tragam suasfamílias para relatar se já sofreram ações racistas e o que sentiram.MMaatteerriiaaiiss ddee AAppooiioo::LLiinnkkss::www.ritosdeangola.com.br www.ensinoafrobrasil.org.br Observações:Aqui vai variar de acordo com a maioria em sala de aula e a composição da comunidade. Se amaioria for branca ou pelo menos se identificar como tal, o procedimento é recriar o imaginárioem relação ao negro.Se a maioria for negra, deve se pautar em ações afirmativas da negritudee na igualdade de direitos de todos, como cidadãos, independente da raça, cor, religião, etc.RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::- AMADO, Jorge. Bahia de Todos os Santos. In:_______. Guia da Cidade, 2.ed. Salvador: 1977. -________. Tenda dos Milagres. 2000: Fundação Salvador. Fundação Casa de Jorge Amado. - BARTH, Fredrik. Ethnic Groups and Boundaries: the social organization of culture difference. Oslo:Universit et sforlaget, 1969.- BASTIDE, Roger. As religiões Africanas no Brasil. São Paulo: Pioneira, 1985. - CANCLINI, Néstor García. Las culturas híbridas: estrategias para entrar y salir de la modernidad.1989: México, Grijalbo.- CARNEIRO, Edson. Religiões Negras: Negros Bantos, 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,198 - CAROSO, Carlos; BACELAR, Jeferson (Org.). Faces da TradiçãoAfro-Brasileira. Salvador: Pallas, 1999. - CARVALHO, José Jorge de. O olhar etnográfico e a vozsubalterna. Horiz. Antropol., Porto Alegre, v. 7, n. 15, 2001. Disponível em: HOLANDA, SérgioBuarque de. Raízes do Brasil. 21. ed. Rio de Janeiro: Ed.J.O.,1989. (Coleção DocumentosBrasileiros, v. 1).MIGNOLO, Walter. Histórias Locais/Projetos Globais: colonialidade, saberessubalternos e pensamento liminar. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2003. - RAMOS,Arthur. O Negro Brasileiro. São Paulo: Ed. Nacional, [c1934] RODRIGUES, R. Nina. O Animismo

117788 Planos de aula

PPllaannoo 1199AAuuttoorr((aa)):: Melina Ernestina Modesto TorelliPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 1 - O preconceito racial no BrasilTTííttuulloo:: Diferentes, mas iguaisPPúúbblliiccoo AAllvvoo:: Ens. Fund. - 5ºAno DDiisscciipplliinnaass:: História, Geografia,

Português e Educação Artística OObbjjeettiivvooss::Conscientizar os/as alunos/as sobre o que é preconceito racial; Permitir que conheçam, aceiteme respeitem os negros e sua importância;- Diminuir a discriminação racial na escola.CCoonncceeiittooss::Preconceito; DiscriminaçãoHHaabbiilliiddaaddeess::De questionar De enriquecer o repertório De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) De conviver com transformações De se adaptar De identificação de problemas De se adaptar De identificação de problemas De entender o outro, o mundo e a si mesmo De conviver com a diversidade De identificar problemas De perceber a interioridade humana VVaalloorreess::Aceitação, valorização, reconhecimento RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss::Livro "Menina bonita do laço de fita", de Ana Maria Machado.DVD "Vista minha pele".PPrroocceeddiimmeennttooss::Fazer uma roda de conversa e explicar aos/as alunos/as que ninguém é igual ao outro, todostemos nossas diferenças, mesmo irmãos gêmeos possuem algo que os torna diferentes. Hápessoas altas, outras baixas, uns magros, outros gordos, uns alguns têm cabelo liso, outros temcabelo crespo e há brancos e negros em todos os lugares. Pela aparência, ninguém pode serconsiderado melhor ou pior que ninguém.Contar a história do livro "Menina bonita do laço defita" (Ana Maria Machado). Discutir com eles sobre o livro, o desejo do coelho em ser negro e oorgulho que a menina tinha em ser dessa raça. Mostrar aos alunos imagens onde a cor brancae a cor preta se completam: zebra, café com leite, arroz e feijão, leite e chocolate, chocolatebranco e chocolate preto, cachorro Dálmata, carros brancos com pneus pretos, pessoas brancasde cabelos pretos, bola de futebol, sorvete de flocos, bolo prestígio, café com chantilly. Darespaço para os alunos participarem oralmente fazendo seus comentários e dando opiniões.Mostrar a eles o filme "Vista minha pele".Voltar no assunto de que não deve haver discriminaçãoou diferença entre as pessoas, sejam elas como forem, brancos e negros, cada um com suasdiferenças físicas, porém, têm valores e direitos iguais, um precisa do outro para viver em sociedade.MMaatteerriiaaiiss ddee AAppooiioo ::LLiinnkk:: -

Fetichista dos Negros Bahianos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1935.- SEGATO, Rita L. Santos e Daimones. Brasília: UnB, 2004.- SANTOS, Boaventura de Sousa. Um discurso sobre as ciências. São Paulo: Cortez, 2004.- ____________. Introdução a uma ciência pós-moderna. São Paulo: Graal, 1989. - VERGER, Pierre. Fluxo e Refluxo - do Tráfico de Escravos entre o Golfo do Benin e a Bahia de Todosos Santos, dos Séculos XVII a IX. Nova Edição. Bahia: Corrupio, 1981.- ____________. Os Libertos: sete caminhos na liberdade de escravos da Bahia no século XIX. SãoPaulo: Corrupio, 1992.

117799História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

PPllaannoo 2200AAuuttoorr((aa)):: Ana Clícia Xavier AdriãoPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileirasTTííttuulloo:: O Entendimento da IdentidadePPúúbblliiccoo AAllvvoo:: Ens. Fund. - 1º Ano/1º Ano DDiisscciipplliinnaass:: 1º Ano/1º AnoOObbjjeettiivvooss:Possibilitar através do diálogo o reconhecimento da variedade cultural brasileira; Valorizar aidentidade étnico-racial existente no Brasil; Identificar as diversas manifestações culturais afro-brasileiras; Pesquisar as diversas contribuições que formaram a identidade nacional.CCoonncceeiittooss:Identidade; Variedade cultural; Manifestações culturais afro-brasileiras; Contribuições daidentidade nacional Habilidades:-De questionar -De enriquecer o repertório -De se organizar e organizar - De encantar - De conviver com a diversidade - De trabalhar linguagens - De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo) - De estar atento - De realizar tarefas - De criar produtos e artefatos - De operar com lógica VVaalloorreess::Convivência; Igualdade; Respeito; Limites; Reconhecimento; Relacionamento. Recursos Didáticos:Revistas, jornais (gravuras e fotos); Papelão, tinta e cola; Cartolina, papel madeira e papel sulfite;Argila e madeira; Cd e Gravador.PPrroocceeddiimmeennttooss::Conversa informal sobre o que as crianças conhecem e/ou entendem sobre as manifestaçõesculturais afro-brasileiras (conhecimento de mundo). Entendimento sobre o que vem a seridentidade cultural e possibilitar o contato com livros, revistas, gravuras e fotos que retratem avariedade cultural afro-brasileira. Produza junto com os estudantes um mural de fotografias,gravuras e figuras que retratem as diversas manifestações culturais de outras raças. Pesquisarealizada com as crianças e os pais sobre letras de músicas, instrumentos, danças e as diversascontribuições que formaram a identidade nacional. Trabalho com argila e madeira paraprodução de instrumentos artísticos usados na cultura afro-brasileira. Preparo de máscaras,após pesquisar os diversos rituais praticados pelos africanos. Através da linguagem corporal, ascrianças terão a presença de um professor que ensine danças africanas como capoeira, sambae maracatu. Organização de uma feira cultural para expor as diversas manifestações culturaisafro-brasileiras, após a realização das atividades propostas.

- http://vidacavalcanti.blogspot.com/2007/12/contando-menina-bonita-do-lao-de-fita.html - http://www.construirnoticias.com.br/asp/materia.asp?id=1044http://criancanegritude.blogspot.com/2006/08/menina-bonita-do-lao-de-fita.html http://aldeiagriot.blogspot.com/2008/02/o-curta-mais-um-filme-daquela-safra-que.htmlOObbsseerrvvaaççõõeess:Esse plano de aula pode ser adaptado para outras séries do Ciclo I e Ciclo II do EnsinoFundamental.RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::- MACHADO, Ana Maria. Menina bonita do laço de Fita. Ed. Ática, 7ª ed., 2004.- Filme Vista Minha Pele. Direção: Joel Zito Araújo. Produção: Centro de Estudos das Relaçõesde Trabalho e Desigualdades CEERT.- Site: www.google.com.brSite: http://portal.mec.gov.br/secad/index.php?option=content&task=view&id=97&Itemid=228

118800 Planos de aula

PPllaannoo 2211AAuuttoorr((aa)):: Fabiana de Jesus AmorimPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 1 - O preconceito racial no BrasilTTííttuulloo:: Somos diferentes mas somos todos iguaisPPúúbblliiccoo AAllvvoo:: Ens. Fund. - 1º Ano/2º Ano DDiisscciipplliinnaass:: 1º Ano/2º Ano OObbjjeettiivvooss::Este projeto visa desenvolver na educação infantil e nas series iniciais do ensino fundamental oreconhecimento da importância do estudo das diversidades culturais, em especial da culturanegra e sua grande influência na formação cultural de nosso país. Além de desenvolver umapostura contra qualquer discriminação baseada em diferenças de raça/etnia, crença religiosa eoutras características individuais ou sociais, o projeto tem como objetivo refletir sobre nossasdiferenças e também a igualdade que une todos os povos. Serão apresentadas diferentesculturas de forma bastante lúdica.CCoonncceeiittooss::Pluralidade cultural; Aspectos físicos; Socialização; Auto conhecimento. HHaabbiilliiddaaddeess::De questionar De criar De enriquecer o repertório De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) De criar novos pressupostos De conviver com transformações De retórica e jogo De estratégias e idéias De entender o outro, o mundo e a si mesmo De conviver com a diversidade De falar VVaalloorreess::Preconceito, discriminação, igualdade, solidariedade, fraternidade.

Link: http://vidacavalcanti.blogspot.com/2007/12/contando-menina-bonita-do-lao-de-fita.html http://www.capoeirabrasil-ce.com.br/instrumentos.htm http://www.canalkids.com.br/arte/musica/instrumentos.htmhttp://mundoetnico.com.br/http://www.canalkids.com.br/arte/danca/maracatu.htmOObbsseerrvvaaççõõeess::Este plano foi elaborado para estudantes da educação infantil (alfabetização) e/ou para a 1ª anodo ensino Fundamental. Por não disponibilizar de muitos materiais em mão, fiz uma pesquisana internet, para buscar subsídios teóricos e exemplos através de gravuras, fotos,modelos, jáque o assunto escolhido exigi pesquisas em decorrência do pouco ou quase nada das criançasconhecerem sobre o referido assunto. Preparei o material e fiz um levantamento para saber oque as crianças sabiam ou entendiam sobre as manifestações culturais afro-brasileiras,apresentava os materiais conforme o diálogo que tivemos sobre o assunto.RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::Instrumentos usados na capoeira:http://www.capoeirabrasilce.com.br/instrumentos.htm Instrumentos usados no samba:http://www.canalkids.com.br/arte/musica/instrumentos.htm Instrumentos e máscaras usadas no maracatu;http://www.canalkids.com.br/arte/danca/maracatu.htmAs Máscaras Africanas:http://mundoetnico.com.br/ Revista: Nova Escola."A Questão Racial na Escola. Ed. 177. São Paulo: Abril, 2004. Parâmentros Curriculares Nacionais. De 1º a 4º Ano. Pluralidade Cultural. São Paulo: Abril, 2004.

118811História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss::Livro "Menina bonita do laço de fita", de Ana Maria Machado.DVD "Vista minha pele".PPrroocceeddiimmeennttooss::Entrevistas e pesquisas; Teatro; Músicas; Recorte e colagem; Jogos; Caça palavras; Confecçõesde murais; Poemas; Dinâmicas; Bilhete; Registro de todo o projeto desenvolvido sobre o temaproposto pelos próprios alunos.MMaatteerriiaaiiss ddee AAppooiioo::LLiinnkkss::www.smilinguido.com.br www.portalpositivo.com.brOObbsseerrvvaaççõõeess::Esse plano de aula pode ser adaptado para outras séries do Ciclo I e Ciclo II do EnsinoFundamental.RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::- ALVES, Rubem. - A Alegria de Ensinar. - Ars Poética, 1994 -__________. - Estórias de quem gosta de ensinar. - Ars Poética, 1995 -AQUINO, Julio Groppa. Os direitos humanos na sala de aula. São Paulo: Moderna.- AZEVEDO, Julio; Ordonez, Marlene. A escravidão no Brasil: trabalho e resistência. São Paulo:FTD, 1996 .- CHARON, Joel M. Sociologia. São Paulo: Editora Saraiva, 2002.- DEMO, Pedro. Charme da exclusão social. Campinas: Autores associados, 2002.- FERREIRA, Naura S. Carapeto. Gestão Democrática da Educação: atuais tendências, novosdesafios. 3ª ed. - Editora Cortez, 2001.- MORAIS, Regis de.- Sala de Aula. Que espaço é esse? - Editora Papirus- BARBOSA, Rogério Andrade. Coleção Bichos da África "Fabulas e lendas". EditoraMelhoramento.- RADESPIEL, Maria. Pluralidade Cultural "Temas Transversais" Editora Iemar- _____________ - Eventos Escolares. Editora Iemar- BATITUCI, Graça. A Maneira Lúdica de Ensinar - Editora Fapi.- PINTO, Gerusa Rodrigues. O dia-a-dia do Professor. Editora Fapi.

PPllaannoo 2222AAuuttoorr((aa)):: Soraia Moura AlvesPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileirasTTííttuulloo:: As comemorações festivas em CidelândiaPPúúbblliiccoo AAllvvoo:: Ens. Fund. - 1º Ano/2° Ano DDiisscciipplliinnaass:: 1º Ano/2° Ano OObbjjeettiivvooss::Abrir espaço entre a criança e o mundo que a cerca, possibilitando a ela perceber as diferenças decada colega a partir de sua origem; Mostrar às crianças que as diferenças que elas vêem na sala deaula não se resume apenas aquele espaço e sim a toda a escola, a comunidade e as outros cantosdo mundo; Traduzir as suas percepções e envolvendo-as em situações vivenciadas em casa, na ruae na escola. CCoonncceeiittooss::Sentimento; Família Comunidade; Escola Pais; Colegas; Professores. Habilidades:De criar De trabalhar linguagens De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) De conviver com transformações De identificação de problemas De se organizar e organizar De analisar e sintetizar De encantar De se adaptar De estar atento

118822 Planos de aula

De entender o outro, o mundo e a si mesmo De conviver com a diversidade HHaabbiilliiddaaddeess:De falar De trabalhar linguagens De se livrar dos padrões De estar atento De identificar problemas De perceber o imenso e o complexo De perceber o pequeno e o local De realizar tarefas De criar produtos e artefatos De adaptar tecnologias De escrever De agir multidisciplinarmenteVVaalloorreess:Vivenciar cada ação por eles praticada; Traduzir suas idéias. RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss::Documentários; Filmes educativos; Livros; Revistas; Recortes ilustrados; Entrevistas com pais efamiliares.Procedimentos:Criar um ambiente dentro da escola que leve a criança a perceber as diferenças com as quaiselas convivem dia-a-dia dentro e fora da escola; Após essa experiência pedir a elas que semanifestem dizendo o que perceberam de diferente. Levando em conta que as brincadeiras:cantigas de roda, pequenas encenações, ...são o meio mais fácil de aproximá-las é mais do quejusto que elas passem a perceber todos os diferentes gostos de cada colega e assim familiariza-la com as diferentes culturas mesmo que inicialmente para elas não seja perceptível. Sendoassim torna-se mais prático aproximá-las da realidade local por meio de apresentações culturaiscomo as danças e o teatro. elas como forem, brancos e negros, cada um com suas diferençasfísicas, porém, têm valores e direitos iguais, um precisa do outro para viver em sociedade.MMaatteerriiaaiiss ddee AAppooiioo::Links: www.unidadenadiversidade.org.br;http://www.ensinoafrobrasil.org.br/app/alunos/curso/apoio.php?Cont_id=51&Mod_id=1&Curso_id=101#; http://www.ensinoafrobrasil.org.br/app/alunos/curso/apoio.php?Cont_id=16&Mod_id=1&Curso_id=101#; http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/lemonde/2005/09/23/ult580u1684.jhtmOObbsseerrvvaaççõõeess:Acompanhar os alunos fazendo visitas a suas casas conhecendo assim um pouco mais darealidade de cada um e de sua família. Desenvolver atividades extraclasse voltadas a culturacidelandense. RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::

- CD-ROM Almanaque Abril 2001;- CD Almanaque Abril 2004;- NASCIMENTO, Maria Nadir. História do Maranhão. São Paulo:

FTD, 2001. -____________. Geografia do Maranhão. São Paulo: FTD, 2001.- SCHMIDT, Mario Furley. Coleção Nova História Crítica (6ª e 7ª anos). São Paulo: Nova Geração,1999.

PPllaannoo 2233AAuuttoorr((aa)):: Lurdes de Oliveira RosaPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 1 - O preconceito racial no BrasilTTííttuulloo:: Racismo e outras formas de discriminaçãoPPúúbblliiccoo AAllvvoo:: Ens. Fund. 1º Ano/2º Ano DDiisscciipplliinnaass:: 1º ano/2º Ano(todas

as áreas)OObbjjeettiivvooss:

118833História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

PPllaannoo 2244AAuuttoorr((aa)):: Sônia Maria de Godoy LeãoPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileirasTTííttuulloo:: A Influência da Cultura Africana no Nosso Cotidiano PPúúbblliiccoo AAllvvoo:: Ensino Fund. - 2º Ano/3° Ano DDiisscciipplliinnaass:: Ensino Fund. - 2ºAno/3° AnoOObbjjeettiivvooss::Conhecer as várias etnias e culturas, valorizá-las e respeitá-las; Reconhecer as qualidades daprópria cultura, exigir respeito para si e para outros; Resgatar a influência da cultura africana naconstrução da identidade brasileira.CCoonncceeiittooss::Diversidade cultural, artística e lingüística. HHaabbiilliiddaaddeess ::De enriquecer o repertório De trabalhar linguagens De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) De reter e memorizar De se adaptar De estar atento De entender o outro, o mundo e a si mesmo De conviver com a diversidade De falar De trabalhar linguagens

Desenvolver nos alunos valores. Reconhecer que não há seres inferiores ou superiores. Adiscriminação é rival da convivência democrática.Conceitos:Diálogo; Respeito mútuo; Justiça. HHaabbiilliiddaaddeess::De enriquecer o repertórioDe interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) De conviver com transformações De se organizar e organizar De trabalhar com quantidade e qualidadeDe entender o outro, o mundo e a si mesmo De conviver com a diversidade De falar De enxergar o outro sob um ângulo diferente De perceber a interioridade humanaDe realizar tarefasDe criar tecnologias De escrever De agir multidisciplinarmente VVaalloorreess::Convivência; Respeito; ReconhecimentoRReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss::Livros, mapas ,fotos, filmes, painèis musicas. PPrroocceeddiimmeennttooss::MMaatteerriiaaiiss ddee AAppooiioo::LLiinnkk::http://www.accara.vilabol.uol.com.br/ fotos/zumbipoa.html OObbsseerrvvaaççõõeess::Fique atento ao uso de estereótipos entre os alunos.Valorize a arte do diálogo no cotidiano.Estimule o respeito e a solidariedade .Aproveite as situações concretas do cotidiano para adiscussão ética. RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::Oficío de Professor. 2002. Fundação Victor Civita;PCNs.1998;A Vida De Zumbi Dos Palmares, outubro de 1995.Pesquisa na internet: A vida de Zumbi dos Palmares.

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De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo) De enxergar o outro sob um ângulo diferente De estar atento De realizar tarefasDe escrever De escrever De agir multidisciplinarmente VVaalloorreess:Interação; Respeito; Reconhecimento. RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss::Mimeógrafo, rádio toca cds, dicionários, figuras/quadros com reproduções diversas, internet,livros PPrroocceeddiimmeennttooss::Pesquisas da influência da cultura africana na alimentação. Lista dos alimentos usados no nossodia a dia. Ex: Abacaxi, mandioca, etc... Pesquisa na influência da linguagem africana. Lista depalavras "afro-brasileiras". Compor e decompor cada palavra listada para reconhecimento deletras e sílabas (leitura e escrita). Produção de textos. Músicas (letras/ritmos/danças). Cultosreligiosos. Vestuário (influência).MMaatteerriiaaiiss ddee AAppooiioo::LLiinnkk:: www.lingua portuguesa.ufrn/

www .mundomissao.com.br/www.mundo negro.com.br OObbsseerrvvaaççõõeess:O tema servirá de material também para alfabetização, usando as palavras-chave que surgirãonos textos apresentados.RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::- BENTO, Maria Aparecida Silva. Cidadania em preto e branco. Editora Ática- Artigos- Revista Nova Escola

PPllaannoo 2255AAuuttoorr((aa)):: Márcia Teresa Pinto MendesPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileirasTTííttuulloo:: O sotaque de zabumba como referência de identidadePPúúbblliiccoo AAllvvoo:: Ens. Médio - 3º Ano DDiisscciipplliinnaass:: Língua portuguesa;

História; Artes; Filosofia; Sociologia

OObbjjeettiivvooss::Co-relacionar a cultura popular como elemento principal para diversidade cultural do Maranhão;Relacionar sua importância como fator determinante da identidade do negro no Maranhão.CCoonncceeiittooss::Valorização, identidade, auto-estima, resgate cultural . HHaabbiilliiddaaddeess::- De trabalhar linguagens - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)- De identificação de problemas - De refletir multidisciplinarmente - De conviver com a diversidade - De trabalhar linguagens - De agir multidisciplinarmente - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De se livrar dos padrões - De identificar problemas - De perceber o imenso e o complexo - De criar produtos e artefatos - De escrever - De agir multidisciplinarmente

118855História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

VVaalloorreess::Auto-estima, resgate, preservação cultural, identidade. RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss::Bibliografia especializada; entrevistas com os conhecedores do assunto; pesquisa em livros,periódicos, etc. PPrroocceeddiimmeennttooss::Levantar os conhecimentos prévios dos alunos com o objetivo de identificar o que eles sabema respeito da herança cultural afro-brasileira. Discutir com os alunos o que representa acultura do Bumba-meu-boi, mais precisamente o sotaque de zabumba, como identidadenegra no Brasil. Depois disso, apresentar aos alunos uma proposta de trabalho, onde seaborde as peculiaridades dessa manifestação (música, indumentária, instrumentos, dança epersonagens), no sentido de resgate da cultura do povo maranhense. Explicar o objetivo dotrabalho e organizar a turma em grupos, definindo quem serão os interlocutores, os temas,o que se espera dos alunos, o tempo de duração da preparação, a data da apresentação e ospassos da tarefa. Deixe claro também que a avaliação se dará durante e no final daatividade.Apresentar aos alunos uma espécie de Workshop, com a indumentária do sotaquede Zabumba, solicitando que eles identifiquem as peças favoritas e expliquem por que aspreferem. Falar sobre os diferentes artistas, incluindo os temas mais freqüentementebordados por eles, seus trabalhos mais famosos e o estilo de cada um. Identificar as variaçõesculturais e estéticas das imagens. Identificar e caracterize a influência da cultura afro-descendente no campo das artes plásticas, mais precisamente na indumentária da zabumba.

MMaatteerriiaaiiss ddee AAppooiioo::LLiinnkk::http://www.cmfolclore.ufma.br OObbsseerrvvaaççõõeess::Como forma de ampliar o tema em estudo, poderão ser propostas no decorrer da aula,entrevistas com os cantadores e produtores dos grupos de zabumba, bem como a observaçãoin loco de apresentações da referida manifestação.RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::- SILVA, Marcos (org.). Dicionário Crítico Câmara Cascudo. São Paulo: Perspectiva, FFLCH-USP,FAPESP; Natal: EDUFRN, Fundação José Augusto, 2003. 330 p.- NUNES, Izaurina de Azevedo (org.). Olhar, Memória e reflexões sobre a gente do Maranhão.São Luís: CMF, 2003.

- BOLETINS DA COMISSÃO MARANHENSE DE FOLCLORE. Org:Comissão Marahense de Folclore. Endereço eletrônico: www.cmfolclore.ufma.br.

PPllaannoo 2266AAuuttoorr((aa)):: Solange P. dos SantosPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileirasTTííttuulloo:: Capoeira: jogando, dançando ou lutando contra opreconceito?PPúúbblliiccoo AAllvvoo:: Ens. Fund. - 2º Ano/3º Ano DDiisscciipplliinnaass:: 2º Ano/3º AnoOObbjjeettiivvooss::Valorizar a diversidade cultural existente na comunidade. Despertar o interesse por práticasadvindas das classes não hegemônicas. Trabalhar a construção de auto-estima positiva.Incentivar a pesquisa, leitura e produção de texto.CCoonncceeiittooss::Saúde; Resistência; Diversidade. HHaabbiilliiddaaddeess::- De questionar - De enriquecer o repertório - De trabalhar linguagens - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De refletir multidisciplinarmente - De trabalhar com quantidade e qualidade - De reter e memorizar - De encantar

118866 Planos de aula

- De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De conviver com a diversidade - De convencer - De falar - De se organizar e organizar - De trabalhar linguagens - De agir multidisciplinarmente - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De se livrar dos padrões - De estar atento - De perceber o pequeno e o local - De realizar tarefas - De usar tecnologias - De adaptar tecnologias - De escrever - De agir multidisciplinarmente VVaalloorreess::Disciplina; Responsabilidade; Respeito; Convivência. RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss::Textos, fotos, revistas, livros, vídeos-clipes, máquina fotográfica, televisor com vídeo-cassete oudvd, caderno, lápis, sulfite, guache.PPrroocceeddiimmeennttooss::Distribuir revistas e fotos para observação. Sondar o conhecimento dos alunos sobre o assunto.Discorrer brevemente sobre origem, continuidade, condição atual, perfil dos praticantes. Pedirpesquisa sobre grupos existentes na comunidade. Verificar a possibilidade de assistir a umaapresentação e tirar fotos. Verificação de aprendizagem através de textos, desenhos, recortes oupinturas. Organizar o material produzido e fazer uma exposição no mural da escola.MMaatteerriiaaiiss ddee AAppooiioo::LLiinnkk::http://www.brasilfolclore.hpg.ig.com.br/capoeira.htm http://carosamigos.terra.com.br/http://www.capoeira.esp.br/http://www.capoeiradobrasil.com.br/http://www.capoeiradobrasil.com.br/http://www.muzenza.com.br/port/pes_bib.phpOObbsseerrvvaaççõõeess::O professor pode levar os alunos para assistirem apresentações que geralmente acontecem empraças ou mesmo no local onde são realizadas as aulas, tirar fotos, fazer entrevistas e produzirmaterial para ser socializado posteriormente.RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::- MEC/SEF/PCN - Pluralidade Cultural e Orientação Sexual - Vol 10 - 1997Artigos: - SANTOS, Ynaê Lopes dos. Zumbi dos Palmares, in Rebeldes Brasileiros, Vol I, Editora CasaAmarelaSILVA, Rodriigo da. Chica da Silva, in Rebeldes Brasileiros, Vol I, Editora Casa AmarelaLinks:http://www.capoeira.esp.br/http://www.capoeiradobrasil.com.br/http://www.muzenza.com.br/port/pes_bib.php

PPllaannoo 2277AAuuttoorr((aa)):: Márcia Teresa Pinto MendesPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 1 - O preconceito racial no BrasilTTííttuulloo:: Conheça seus semelhantesPPúúbblliiccoo AAllvvoo:: Ens. Fund. - 3º Ano/4° Ano DDiisscciipplliinnaass:: Ens. Fund. - 3º Ano/4°AnoOObbjjeettiivvooss::Desenvolver a percepção do aluno, levando-o a identificar e respeitar as diferenças culturais

118877História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

existentes, detendo-se principalmente na cultura afro-descentende. Explorar recursos deoralidade e escrita estimulando a expressão criativa através de desenhos e dramatizações.CCoonncceeiittooss::A situação do negro na sociedade atual. HHaabbiilliiddaaddeess::-De questionar - De trabalhar linguagens - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De identificação de problemas - De entender o outro, o mundo e a si mesmo -De agir multidisciplinarmente VVaalloorreess::Auto-estima, resgate, preservação cultural, identidade. RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss::Bibliografia especializada; entrevistas com os conhecedores do assunto; pesquisa em livros,periódicos, etc. PPrroocceeddiimmeennttooss ::MMaatteerriiaaiiss ddee AAppooiioo ::LLiinnkk:: www.accara.vilabol.uol.com.br/ fotos/zumbipoa.html OObbsseerrvvaaççõõeess ::Fique atento ao uso de estereótipos entre os alunos.Valorize a arte do diálogo no cotidiano.Estimule o respeito e a solidariedade .Aproveite as situações concretas do cotidiano para adiscussão ética. RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass ::Oficío de Professor. 2002 Fundação Victor Civita; PCNs.1998;

PPllaannoo 2288AAuuttoorr((aa)):: Eliana Marques FiadPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 5 - A presença negra nas artes brasileirasTTííttuulloo:: Conhecendo a arte brasileira e suas influênciasPPúúbblliiccoo AAllvvoo:: Ens. Fund. - 4º Ano/5º Ano DDiisscciipplliinnaass:: 4º Ano/5º AnoOObbjjeettiivvooss::Desenvolver a percepção para diferentes estilos artísticos e identificar a cultura afro-descendentenos estilos artísticos brasileiros.CCoonncceeiittooss::Cidadania, respeito, reconhecimento; Valorização, desafios, reconhecimento; Ética, dignidade,respeito HHaabbiilliiddaaddeess::- De conviver com transformações - De se organizar e organizar - De analisar e sintetizar - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De falar - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De perceber a interioridade humana - De realizar tarefas - De criar produtos e artefatos - De operar com lógica VVaalloorreess::Convivência, respeito, reconhecimento. RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss::Cartões, figuras e imagens de reproduções artísticas, vídeos e palestras PPrroocceeddiimmeennttooss::Solicite que as crianças classifiquem as imagens em categorias que considerem significativas.Incentive-as a classificarem os quadros de mais de uma maneira. Discuta com elas as categoriasque selecionaram como assunto, forma, cor, humor, artista ou estilo de arte. Se as criançasprecisarem de ajuda, sugira essas ou outras categorias. Peça que identifiquem seus quadros

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favoritos e expliquem por que os preferem. Fale sobre os diferentes artistas, incluindo os temasmais freqüentemente pintados por eles, seus quadros mais famosos e o estilo de cada um.Identifique as variações culturais e estéticas das imagens. Identifique e caracterize a influênciada cultura afro-descendente no campo das artes plásticas.MMaatteerriiaaiiss ddee AAppooiioo::Link:www.casadeculturadamulhernegra.org.br,www.elportico.com/arte/ OObbsseerrvvaaççõõeess::Com esse trabalho é necessário que os alunos reflitam e percebam o quão importante a culturaafro-descendente para os brasileiros, sua trajetória cheia de encontros e desencontros, de luta,garra, amor e esperança. Descobrir que os negros são pessoas que lutam, vivem e tem asmesmas condições de dignidade que qualquer outro ser, saber respeita-los é fundamental, paravivermos em harmonia, se tivesse sido sempre assim, o mundo seria muito melhor, todospoderiam viver sem medo do amanhã. RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::- SOUZA, Edgard Rodrigues de. "Entendendo a Arte: Desenho e Pintura: o Trabalho do Artista"Editora Moderna, 1998- JÚNIOR, José Florêncio Rodrigues. "A taxonomia de objetivos educacionais". Brasília:Universidade de Brasília, 1994.- Artigo "Origens da pintura", endereço: http://www.canalkids.com.br/arte/pintura/origens.htm-www.nethistoria.com- www.antroposmoderno.com- www.unb.br/acs/artigos/at0504-03.htm- www.faced.ufba.br- www.usinadeletras.com.br- www.espaçoacademico.com.br- www.candomble.jor.br

PPllaannoo 2299AAuuttoorr((aa)):: Helenice A. R.carvalhoPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 5 - A presença negra nas artes brasileirasTTííttuulloo:: Memória e IdentidadePPúúbblliiccoo AAllvvoo:: Ens. Fund. - 5º Ano DDiisscciipplliinnaass:: Língua

portuguesa; História; Artes Objetivos:Aumentar a auto-estima dos alunos afro-descendentes; Despertar nos alunos a importância donegro nas artes (músicas, pinturas e esportes etc; Desenvolvimento e percepção para diferentesestilos artísticos; Conscientizar os educandos sobre o afro descendentes no Brasil e suascontribuições para a cultura brasileira; Compreender que no Brasil a cultura se faz, através damistura das etnias negra, européia e indígena; Analisar a cultura afro-descendentes,conscientizando-se a sua importância.CCoonncceeiittooss::Exercício de cidadania e participação; Diversidade artística e cultural; Estética da cultura afro-brasileira; Caráter da produção natural HHaabbiilliiddaaddeess::- De enriquecer o repertório - De trabalhar linguagens - De conviver com transformações - De conviver com a diversidade - De falar - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De operar com lógica VVaalloorreess::Respeito; Solidariedade; Convivência; Cooperação; Sociabilização RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss::Quadros de personagens artísticas; Textos; Paradidáticos; Filmes; Músicas; Cartões; SlidesProcedimentos:

118899História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

11ºº mmoommeennttoo:: Deverá ser apresentadas obras pintadas por Cândido Portinari, Tarsila do Amaraletc e como os autores expressam o relato sobre o negro. Em seguida, os(as) estudantes farãosuas releituras. 22ºº mmoommeennttoo:: Após, discussão do trabalho, sobre a forma e estilos que os artistastrabalharam na obra, as cores que utilizou, se houve ou não humor na arte; 33ºº mmoommeennttoo:: Emseguida dando continuidade, a explicação da valorização da cultura negra e a contribuição paraa cultura brasileira, ex: música, religião, vocabulário, alimentação etc, expressar para oseducandos a importância, o respeito, a compreensão e contribuições dos negros para a cultura,é necessário o conhecimento para saber valorizar o negro como presença cultural na sociedadebrasileira. 44ºº mmoommeennttoo:: Finalizando o trabalho com uma exposição dos trabalhos da turma comas variações culturais das obras trabalhadas. LLiinnkk::www.educar.com.br www.google.com.br OObbsseerrvvaaççõõeess:Revistas, jornais, artigos, livros,CDS,filmes etc. Com todos esses item desempenharei com meusalunos um bom trabalho que é meu objetivo maior.RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::- AZEVEDO,Heloiza de Aquino; Tarsila do Amaral.- AZEVEDO, Heloiza de Aquino; Candido Portinari.- MUNANGA, Kabengele (org) 2000. artes afro-brasileira, São Paulo, Fundação Bienal deS.Paulo. Napolitano, Marcos, História e Música, Belo Horizonte, Autêntica, 2002.- CONTRIM, Gilberto "Historia e Consciência do Brasil, Saraiva,1996.

Pllaannoo 3300AAuuttoorr((aa)):: Márcia Cristina Lia Neiva RibeiroPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 4 - A participação e representação política do negro noBrasilTTííttuulloo:: O Negro em MovimentoPPúúbblliiccoo AAllvvoo:: Ens. Fund. - 5º Ano DDiisscciipplliinnaass:: Línguaportuguesa; Geografia; História; Artes OObbjjeettiivvooss::Compreender que o entendimento da história supõe uma íntima relação entre o presente e seuselementos constituídos e definidos no passado.CCoonncceeiittooss::HHaabbiilliiddaaddeess::- De questionar- De trabalhar linguagens- De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De conviver com transformações - De identificação de problemas - De refletir multidisciplinarmente- De analisar e sintetizar - De estar atento - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De conviver com a diversidade - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De identificar problemas - De perceber o imenso e o complexo - De realizar tarefas- De usar tecnologias - De agir multidisciplinarmente - De analisar e sintetizar - De estar atento - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De conviver com a diversidade - De enxergar o outro sob um ângulo diferente

119900 Planos de aula

PPllaannoo 3311Autor(a): Regina Lúcia Paz dos SantosPrincípio: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"Tema: Tema 1 - O preconceito racial no BrasilTítulo: Educar para a Igualdade RacialPúblico Alvo: Ens. Fund. - 6º Ano Disciplinas : Língua

portuguesa; História; Artes Objetivos:Estabelecer a relação entre a história social do negro no Brasil e a questão do preconceito,melhorar a auto-estima dos alunos afro-descendentes; Despertar a turma para a diversidade daraça humana, promovendo o respeito pelas diversas etnias.Conceitos:Origem cultural, cultura negra no Brasil e geografia dos povos africanos que aqui chegaram. Habilidades:- De questionar - De trabalhar linguagens - De operar com lógica - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De criar novos pressupostos - De conviver com transformações - De identificação de problemas - De se organizar e organizar - De refletir multidisciplinarmente - De analisar e sintetizar - De retórica e jogo - De estratégias e idéias - De identificação de problemas - De estar atento - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De organização e articulação - De conviver com a diversidade - De trabalhar linguagens - De agir multidisciplinarmente - De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo) - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De perceber o pequeno e o local - De realizar tarefas - De criar produtos e artefatos - De usar tecnologias - De adaptar tecnologias VVaalloorreess::Dignidade, auto-estima, solidariedade, igualdade de direitos, respeito, responsabilidade, amor,fidelidade, honra. RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss::Televisão e vídeo ou DDV; Aparelho de som, CD; Livros paradidáticos; Filmadora; Máquinafotográfica; Computador Com Internet; Jornal e revistas.PPrroocceeddiimmeennttooss::11ºº mmoommeennttoo:: Apresentação do projeto para os alunos, professores, diretor. E elaborar o cronogramapara o desenvolvimento da proposta; 22ºº mmoommeennttoo:: Palestra para o entendimento do assunto com

- De identificar problemas - De perceber o imenso e o complexo - De realizar tarefas- De usar tecnologias - De agir multidisciplinarmente A Vida De Zumbi Dos Palmares.outubro de 1995.Pesquisa na internet:A vida de Zumbi dosPalmares.

119911História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

o tema: Discriminação racial com a presença da comunidade educativa; 33ºº mmoommeennttoo:: Exibição dofilme "Quilombo de Palmares" e Debate sobre a questão da escravidão e o procedimento da relaçãodos escravos no Brasil. Para os alunos desenvolverem os conhecimentos já adquiridos; 44ºº mmoommeennttoo::Leitura do livro: "Dia de Branco". Após a leitura o debate , iniciando com a pergunta, Você épreconceituosa ? Identificar esta realidade presente na cidadania da sociedade. 55ºº mmoommeennttoo:: Aulaexpositiva do professor sobre as Leis que precederam a abolição da Escravatura: Ventre Livre eSexagenário. 66ºº mmoommeennttoo:: Recriação da capa e conteúdo do livro lido. 77ºº mmoommeennttoo:: Oficina:Produção de poesias, concurso. Presença da comunidade para participar da oficina e para serjurado; 88ºº mmoommeennttoo:: Construção do painel temático sobre a importância da África no Brasil paraser exposto na escola. 99ºº mmoommeennttoo:: Organizar o desfile Afro para eleger um "Mister Negro" e umaMiss Negra", entre os alunos da escola. Avaliação dos trabalhos diariamente diante da atuação,interesse e responsabilidade do trabalho.LLiinnkk::[email protected] OObbsseerrvvaaççõõeess::Durante o desenvolvimento do projeto será avaliado: a participação individual e coletiva doaluno; mudanças de comportamento a partir do tema trabalhadoRReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::- Livro: Dia de Branco, Marcos Bagno, Editora Lê;- Revista Nova Escola,Dezembro-1997;- Revista Nova Escola, Março-1999;- Revista Nova Escola, Novembro-2004;- Filme, Quilombo de Palmares. Carlos Diegues-Globo Vídeo-1984.

PPllaannoo 3322AAuuttoorr((aa)):: Eliane Maria PereiraPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 4 - A participação e representação política do negro no BrasilTTííttuulloo:: A questão racial na historia do BrasilPPúúbblliiccoo AAllvvoo:: Ens. Fund. - 6º Ano DDiisscciipplliinnaass:: História; Ensino;

Religioso; Sociologia OObbjjeettiivvooss::Contribuir para a real visualização do negro em nossa história possibilitando a interpretaçãocritica sobre o preconceito racial, percebendo o significado do silêncio.CCoonncceeiittooss::Respeito, discriminação; Superioridade e inferioridade racial. Habilidades:- De questionar - De enriquecer o repertório - De criar novos pressupostos - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De conviver com a diversidade - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De perceber a interioridade humana - De perceber o imenso e o complexo

119922 Planos de aula

PPllaannoo 3333AAuuttoorr((aa)):: Augusto de Jesus SoaresPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 1 - O preconceito racial no BrasilTTííttuulloo:: Uma história de luta e conquistasPúblico Alvo: Ens. Fund. - 6º Ano Disciplinas: Língua portuguesa;

Geografia; História; Artes OObbjjeettiivvooss::Perceber a importância histórica do negro no Brasil, suas lutas e o processo de dominação a quefoi submetido para o conhecimento desta realidade na sociedade brasileira.Coonncceeiittooss::A vida dos povos africanos, na África e no Brasil; Conseqüências da abolição para o africano noBrasil; O negro no Brasil contemporâneo HHaabbiilliiddaaddeess::- De interpretar a realidade do negro as normas, os conflitos, presentes na história; - De conviver com a diversidade e transformações; - De refletir conhecimentos multidisciplinares; - De analisar e sintetizar conhecimentos na diversidade; - De identificar as diferenças de conviver com a diversidade; - De Conviver com transformações de trabalhar linguagens; VVaalloorreess::Valores familiares; valores culturais; valores sócio-econômicos; valores religiosos; busca da cidadania.RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss::Textos de apoio, vídeo-aula, pesquisas, Internet,debates, interdisciplinaridade.PPrroocceeddiimmeennttooss:1º momento: pesquisa e aprofundamento do tema, a partir dos recursos abaixo: Filmes:AMISTAD - Zumbi dos Palmares para perceberem a realidade vivida pelo negro; Explicação doprofessor sobre o filme; Sistematização de um texto com a turma que apresente as principaisinformações do filme com a explicação do professor; 2º momento: Em sala de aula: Textos deapoio para novos conhecimentos e estudos: O professor explicará os textos fará exercício, paramelhor entendimento dos educandos: Formas de luta do negro no Brasil colonial Abolição... eagora ? Negro e a constituição de 1988. 3) Momento: Trabalho interdisciplinar com cronogramapara as outras disciplinas atuarem: Geografia: África, o continente negro . Educação Artística: Acultura como forma de luta. Português: A contribuição africana na formação do idiomaportuguês. 4º momento: Apresentação dos trabalhos com exposição oral dos alunos. 5ºmomento: Seminário interdisciplinar: o trabalho será organizado interdisciplinarmente com aresponsabilidade dos professores de Ensino religioso, história, artes, geografia, mas todos osprofessores deverão participar, não esqueça do cronograma para melhor qualidade no trabalho,no estudo deverá constar no estudo o aspecto histórico religioso Tema: A luta dos povosafricanos no Brasil. Avaliação dos trabalhos diante e durante o andamento dos trabalhos.OObbsseerrvvaaççõõeess:O plano de aula deve ser desenvolvido de maneira multidisciplinar, utilizando os vários recursosexistentes na escola, de maneira que o projeto seja apresentado aos educandos, com matizesvariados e multifacetados, estimulando o protagonísmo juvenil. Quem deve desenvolver oconteúdo são os alunos, através de atividades que agucem a curiosidade e levem ao objetivofinal, que é a compreensão da importância doelemento africano na construção da identidadedo povo brasileiro. RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::- Revista nossa história ( história da capoeira )livros: O Quilombo dos Palmares - Canga Zumba- Constituição Brasilleira de 1988.- Ser negro no Brasil (Ed. Moderna )- Geografia da África (Igor Moreira) - Filmes: Amistad ( Steven Spilberg )- Quilombo dos Palmares ( Cacá Diegues

EEdduuccaaççããoo FFuunnddaammeennttaall ((66ºº aaoo 99ºº aannoo))

119933Formação em HIstória Cultural Afro-Brasileira e Africana

PPllaannoo 3344AAuuttoorr((aa)):: Glícia Maria Araújo Lima TorresPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileirasTTííttuulloo:: A cultura afro-brasileiraPPúúbblliiccoo AAllvvoo:: Ens. Fund. - 6º Ano Disciplinas: Língua portuguesa;

Geografia; História; Artes; Literatura

OObbjjeettiivvooss:: Construir e reconstruir diferentes maneiras de interpretar asmanifestações culturais dos grupos éticos formadores do povo brasileiro; Contribuir para oexercício do olhar plural, possibilitando o estabelecimento de relações entre as múltiplasmanifestações culturais dos grupos étnicos formadores da cultura brasileira, em particular, aafro-brasileira. Abordar em sala de aula temas da pluralidade cultural para viabilizar o processode reconhecimento e valorização das diferenças culturais dos grupos étnicos. Conhecer asmanifestações culturais afro-brasileiras.CCoonncceeiittooss::Pluralidade Cultural; Cultura afro-brasileira; Contexto sócio-cultural; Respeito à diversidadecultural; Ética; Diferenças culturais; Cidadania HHaabbiilliiddaaddeess::- De questionar - De criar - De enriquecer o repertório - De trabalhar linguagens - De operar com lógica - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De criar novos pressupostos - De conviver com transformações - De se adaptar - De assumir riscos - De estratégias e idéias - De identificação de problemas - De se organizar e organizar - De refletir multidisciplinarmente - De refletir sobre o acumulado - De analisar e sintetizar - De trabalhar com quantidade e qualidade - De encantar - De se adaptar - De estratégias e idéias - De identificação de problemas - De estar atento - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De organização e articulação - De assumir riscos - De conviver com a diversidade - De convencer - De falar - De se organizar e organizar - De conviver com transformações - De trabalhar linguagens - De agir multidisciplinarmente - De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo) - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De se livrar dos padrões - De estar atento - De identificar problemas - De perceber a interioridade humana

119944 Planos de aula

- De perceber o imenso e o complexo - De perceber o pequeno e o local - De realizar tarefas - De usar tecnologias - De escrever - De operar com lógica - De agir multidisciplinarmente VVaalloorreess::Preconceito; Respeito à diversidade étnica e cultural; Ética; Inclusão; Igualdade RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss::Textos, cds, livros, revistas, internet, micro-sistem, cartuchos de tintas para impressora, gravador,fita cassete, filmadora, máquina fotográfica, filme para máquina fotográfica, fita para filmadora,computador, impressora.PPrroocceeddiimmeennttooss::11ºº mmoommeennttoo:: O primeiro momento será com "O canto das três raças" de Mauro Duarte e Paulo CésarPinheiro, na interpretação de Clara Nunes; 22ºº mmoommeennttoo:: uma reflexão sobre o passado que estápresente na nossa história "e o que a música nos diz" sobre a formação étnica, discriminação emassacre contra negros e índios; 33ºº mmoommeennttoo:: Aula expositora da professora sobre a escravidão eo valor cultural das etnias formadoras do povo brasileiro; 44ºº mmoommeennttoo:: Socializar os conhecimentosadquiridos em um debate, para construir novas maneiras de aprender sobre o assunto estudado; 55ººmmoommeennttoo:: Estudando o texto: "A cultura afro-brasileira" a partir de uma leitura compartilhada entreo alunos e professor; 66ºº mmoommeennttoo:: Sistematizando nossos conhecimentos: os alunos irãosistematizar todas os conhecimentos até aqui construídos elaborando uma síntese da aula, na qualo aluno terá que elaborar uma síntese da aula, explicando na brincadeira as manifestações culturaisda população negra na sociedade brasileira. E brincando de "batata-quente", Vai partilhando comseus colegas suas aprendizagens até aqui construídas; 77ºº mmoommeennttoo:: Finalizar o estudo com umaexposição criada pelos alunos que criativamente farão uma exposição dos conhecimentosadquiridos deste estudo.MMaatteerriiaaiiss ddee AAppooiioo::LLiinnkk::www.planetaweb.com.br htt://www.geocities.com/Atens/Acropolis/1322/page2 htm (Museu lle Axe Opô Afonjá OObbsseerrvvaaççõõeess::Organização de festival de danças afro-brasileiras. Levantamento dos principais autores afro-descendentes da literatura, da música, das artes-pláticas, do teatro. Levantamento dagastronomia afro-brasileiraRReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::- BRASIL, MEC/SEF. Secretaria da educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais.Brasília, 1997.- _________________Parâmetros Curriculares Nacionais. Temas Transversais. Brasília, 1997.- _________________Parâmetros Curriculares Nacionais. História e Geografia. Brasília, 1997.- ORIÁ, Ricardo; SOUZA, Simone; AMORA, Zenilde. História do Ceará- Estudo e Ensino. 3 ed.Fortaleza: Fundação Demócrito Rocha/ NUDOC-UFC, 1994.- PEREIRA, Amauri Mendes. História e Cultura Afro-Brasileira: Parâmetros e desafios.[on line]http://www.espaçoacadêmico.com.br/036/36/pereira.htlm.- REDEH-Rede de Defesa da Espécie Humana. Cidadania, Ética/Raça. Por uma educação nãodiscriminatória de Jovens e Adultos. 2ª ed. Rio de Janeiro, 1997.

PPllaannoo 3355AAuuttoorr((aa)):: Alana Cavalcanti CruzPPrriinnccííppiioo: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa: Tema 1 - O preconceito racial no BrasilTTííttuulloo: Por uma outra história da escravidão brasileiraPPúúbblliiccoo AAllvvoo:: Ens. Fund. - 6º Ano DDiisscciipplliinnaass : História OObbjjeettiivvooss:Contextualizar a história dos negros, antes de se tornarem escravos no solo brasileiro. Tratar operíodo colonial para além do conceito Casa Grande e Senzala. Falar do preconceito existentenaquele período, fazendo um paralelo com a atualidade.

119955História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

CCoonncceeiittooss:Preconceito, escravidão, mão-de-obra, trabalho HHaabbiilliiddaaddeess :- De questionar - De criar - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De encantar - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De conviver com a diversidade - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De se livrar dos padrões - De realizar tarefas - De criar produtos e artefatos VVaalloorreess:Honestidade, dignidade e amor ao outro RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss::Quadro e pincel, imagens através do retroprojetor.PPrroocceeddiimmeennttooss:O primeiro momento: será a contextualização da história de vida dos africanos antes delesserem escravizados no solo brasileiro, para isso serão seguidos os seguintes passos:Apresentação do mapa do continente africano. Através deste recurso será ressaltada amultiplicidade da cultura africana. Explicação de forma panorâmica dos seguintes povosafricanos: Berbere, bantos, soninkés e do Império de Gana ressaltando as suas peculiaridadesculturais. Desta forma, será entregue aos alunos um texto complementar, para que eles leiamem casa e entendam mais especificadamente os povos africanos citados. O segundo momento:seguindo as informações contidas nos livros didáticos, relacionadas a era açucareira no Brasil,refletir com os estudantes sobre este modelo de colonização e escravização. Desta forma ocontexto do Brasil, será abordado seguindo o conceito de Casa grande e Senzala. O terceiromomento: Amostragem sobre o preconceito com o negro surgiu, pelo fato das pessoasentenderem essas pessoas apenas como mão-de-obra, não levando em consideração as suasparticularidades culturais. Nesse momento resgataremos as informações contidas no textocomplementar sobre os povos africanos. O quarto momento: A descontração cristalizadas nahistoriografia, e que só servem para marginalizar cada vez mais os negros, tais como: CasaGrande e Senzala. Pois ao consideramos apenas ela, estaremos limitando o conhecimento dasociedade colonial. E ressaltar a presença do negro na sociedade brasileira suas festas, com acapoeira, a comida, uma sociedade que apresentou sua organização social o Quilombo. Oquinto momento: (Conhecer a importância de Zumbi). Desta forma pretendemos conhecer suaorganização social, religiosa e econômica mostrar a importância deste movimento no Brasil. 1.Montar uma maquete, sobre o período colonial, explicando a história fugindo da estrutura:"Casa Grande e Senzala". OObbsseerrvvaaççõõeess:As imagens utilizadas como recurso didático, além de serem exibidas através do retroprojetor,podem também ser utilizadas no power point.RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass: - www.teg3.com.br/africa- http://ritosdafrica.vilabol.uol.com.br/- COTRIM, Gilberto (1999) Saber e Fazer história,6ªano, São Paulo, Saraiva.- RODRIGUE, Joelza Éster (2001). História em documento: Imagem e texto,6ªano, São Paulo, FTD.

PPllaannoo 3366AAuuttoorr((aa)):: Denique Moreira de RezendePPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 9 - A estética e corporeidade africanas e afro-brasileirasTTííttuulloo: Máscaras que revelam a ÁfricaPPúúbblliiccoo AAllvvoo: Ens. Fund. - 7° Ano DDiisscciipplliinnaass:: Línguaportuguesa; Matemática; Geografia;

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História; Artes.OObbjjeettiivvooss:Apresentar a beleza africana através das máscaras e trajes para conhecer a realidade destes povospresentes no continente. Compreender o contexto histórico - geográfico da do negro no Brasil eproduzir máscaras para estudar as forma de representações artístico literária, que expressem aidentidade da nossa realidade e da realidade dos negro presentes no contexto local/ nacional.CCoonncceeiittooss:Multiplicidade de povos da África, características antropológicas universais, estética africana, opilar negro da sociedade brasileira, a condição do negro na sociedade contemporânea HHaabbiilliiddaaddeess::- De questionar - De criar - De trabalhar linguagens - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De criar novos pressupostos - De refletir multidisciplinarmente - De encantar - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De conviver com a diversidade - De falar - De se organizar e organizar - De trabalhar linguagens - De agir multidisciplinarmente - De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo) - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De perceber a interioridade humana - De usar tecnologias VVaalloorreess::Respeito; Reconhecimento; Tolerância; Fraternidade; Solidariedade; Alegria; Justiça RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss:Sucata; Retro-projetor; Transparências com imagens dos povos, mapas e máscaras; Textos defontes diversasPPrroocceeddiimmeennttooss:11ºº mmoommeennttoo: Máscaras. Pesquisar máscaras que representem a cultura Afro no mundo. Criar umacervo iconográfico sobre o assunto.Verificar diante da pesquisa sobre outras máscara, e o querepresentam, e sua elaboração. 22ºº mmoommeennttoo:: O poder do sagrado na religiosidade Afro. Apresentaro texto Xamãs de Daniel Nunes Gonçalves e a música Noite dos mascarados (Chico Buarque).Comparar a função das máscaras nas duas situações. Apresentar imagens de máscaras africanasde diversos povos e tempos. Verificar o material do qual são feitas; o que representam; a funçãodas máscaras; Elaborar uma comparação sobre as máscaras africanas com as do acervoiconográfico. Separar as máscaras por função: diversão, representação cênica, religiosidade. Emgrupos, redigir textos que informe a função, procedência, importância social, tempo e espaço,sobre essas máscaras de acordo com o tema escolhido. Mostrar nos continentes as épocas queas máscaras exercem os mesmos papéis, logo fazem parte da expressão humana. Elaboração deuma exposição dos conhecimentos sobre as máscaras representando o poder do sagrado e dareligiosidade Afro. 33ºº mmoommeennttoo:: O berço da civilização. Elaborar um painel com o mapa daÁfrica assinalando os lugares onde se encontram os povos que produzem as máscaras.Desenvolver pesquisa como estudo sobre esses povos. Reproduzir máscaras com sucatas oucolando tiras de papel de jornal em balões de encher, que após serem estourados e divididos emdois verticalmente servirá de base para a reprodução. Representar em folhas de cartolina asestampas das roupas africanas que servirá de fundo para a exposição de máscaras. Exposiçãodas máscaras criadas pela turma com os conhecimentos adquiridos em painel. 44ºº mmoommeennttoo:: Porde trás da máscara. Buscar representações da arte e da beleza negra no dia-a-dia. Compararimagens da arte da África com as do negros no Brasil. Debate nas turmas sobre o tratamentoque temos dado aos negros em nossa sociedade. Confeccionar máscaras para representaçãocênica desta realidade. Confeccionar máscaras como uma nova expressividade, com um novotratamento e novos sentimentos para com estes seres humanos de forma atualizada sempreconceito. 55ºº mmoommeennttoo:: Criar um Salão de novas caras e com todas as cores. Organizar

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exposição com as máscaras separadas por função: antes do estudo e depois do estudo com aspesquisas realizadas que guiem os visitantes. Apresentar a encenação e convidar a platéia acolocar as novas máscaras que propõe um novo tratamento ao diverso, ao negro, e ao Brasil.Assinar um documento ou carta - com a intenção de se comprometer com esse novo tratamentodentro da comunidade e para incentivar a criação de ações para que sejam cumpridas diantedesta realidade vivida em nosso país.LLiinnkk: http://www.bibvirt.futuro.usp.br/especiais/mae/mae-mito.html http://www.mae.usp.br http://www.thecauldronbrasil.com.br/article/articleview/320/1/5/ http://www.ritosdeangola.com.br/Resgate/resgate04.htm OObbsseerrvvaaççõõeess:Esta aula é um projeto de sensibilização dos alunos para a riqueza artística e cultural africana.Por isso, há de ser desenvolvida em mais de uma aula, envolvendo a maioria dos professores nomesmo objetivo. Iniciando com a valorização da cultura negra, ofertamos meios para compararos argumentos pró e contra a discriminação e assim edificamos argumentos sólidos para obanimento desta prática em nossa sociedade.RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::- BELIEL, Ricardo Escola de Semba in Revista Terra, edição 158, São Paulo: Peixes, junho de 2005- GONÇALVES, Daniel Nunes Xamãs in Revista Terra, ed. 158, São Paulo: Peixes, junho de 2005

PPllaannoo 3377AAuuttoorr((aa)):: Maria Cecília RodriguesPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 1 - O preconceito racial no BrasilTTííttuulloo: O racismo e suas formas de manifestaçãoPPúúbblliiccoo AAllvvoo:: Ens. Fund. - 7º Ano DDiisscciipplliinnaass:: Língua portuguesa;

Matemática; Ciências Naturais;Geografia; História; Ensino Religioso; Filosofia; Biologia

OObbjjeettiivvooss::Refletir aspectos do preconceitos de raças, de forma a conscientizá-los sobre o quanto"brincadeiras", apelidos e chamamentos de cunho racistas servem como mantenedouros de umasociedade desumana e excludente. Desenvolver atitudes de respeito pelo outro, eprincipalmente, aprender a respeitar as diversidades culturais, religiosas ou físicas/estéticaspresentes na sociedade brasileira.CCoonncceeiittooss:Conceituando "raças"; Ressaltando as semelhanças, aprendendo a respeitar as diferenças; Acontribuição dos indígenas, negros e brancos na construção do Brasil HHaabbiilliiddaaddeess:- De questionar para interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo); - De criar novos princípios de conviver com transformações sociais;- De identificação de problemas com as diferenças;- De se organizar frente as diferenças sociais; - De comprender multidisciplinarmente outros conhecimentos; - De identificação de problemas étinicos raciais- De entender o outro, o mundo e a si mesmo no contexto da diversidade;- De conviver com a diversidade em sua pluralidade. Valores:Respeito pelo outro; Consciência de seus direitos e deveres; Indignação a qualquer forma depreconceito/racismo; Capacidade de criar concepções próprias independente da valoresfamiliares; Valorização de si mesmo Recursos Didáticos:Vídeos; Cartazes; Textos diversos que abordem o tema sob diferentes aspectos; Painéis;PPrroocceeddiimmeennttooss::11ºº mmoommeennttoo:: Pesquisar com os alunos abordagem da mídia do papel desempenhado pelos negrosem telenovelas, filmes e propagandas. Elaborar um vídeo, assisti-lo fazendo uma crítica sobre este

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assunto nos meios de comunicação Os grupos apresentaram a crítica e após, discussões do assuntoabordado. 22ºº mmoommeennttoo:: Elaborar questionários sobre o preconceito racial. Buscando conhecerprincipalmente o espaço ocupado por brancos e negros no mercado de trabalho da cidade e aremuneração de cada uma destas classes trabalhadoras. Após a coleta de dados, juntamente com oprofessor de matemática, mensurar os resultados obtidos verificando a análise dos dados aquirepresentados. 33ºº mmoommeennttoo:: Interagindo com a área de Ciências, propor uma pesquisa, onde osalunos conheçam e discutam, as mais recentes descobertas no campo cientifico, das análises de DNA(mapeamento do código genético) que comprovam que, as diferenças genéticas, entre as raças, sãomínimas, praticamente inexistentes, essas descobertas jogam ao chão qualquer tentativa de se definiruma suposta "superioridade racial". 44ºº mmoommeennttoo:: Desenvolver no ambiente escolar, jogos que sirvampra exemplificar a igualdade entre os alunos, não importando sua cor, sexo ou religião.(Complementar o estudo com filmes sobre a participação de negros e brancos nas Olimpíadas). E seestes atletas foram desprestigiados por serem negros em sua presença nas Olimpíadas. Como foi aatuação dos negros com atletas diante de outros países? 55ºº mmoommeennttoo:: Elaborar um painel com asreportagens de personalidades negras de sucesso nos diversos campos de conhecimento. Após asdiscussões, jogos, coletas de dados, análise dos vídeos, filmes, textos, sistematizar os conhecimentoscom os alunos organizando: textos: redações, artigos e histórias para darem significado aoconhecimento construído. 66ºº mmoommeennttoo:: Criar peças teatrais a partir dos conhecimentos construídose aprestarem para a escola os frutos do trabalho desenvolvido. 77ºº mmoommeennttoo:: Júri simulado: "Negrose brancos são importantes na formação de nossa sociedade?" o trabalho do júri será partindo destaproblemática presente na sociedade brasileira. 88ºº mmoommeennttoo:: Avaliação diária dos trabalhosdesenvolvidos diante do processo, onde a participação, interesse e responsabilidade serão vínculo dotrabalho.OObbsseerrvvaaççõõeess:Para a aplicação da aula o professor poderá utilizar outros recursos além dos citados ou até emsubstituição aos mesmos. O vídeo pode ser substituído pela leitura de artigos de revistas,recortes de propagandas,leitura de jornais, etc.Caso não seja possível fazer a pesquisa decampo, sugiro que seja feito pelo menos um levantamento dos alunos matriculados na escola eum comparativo entre o número de alunos brancos e negros, índice de evasão entre os mesmos,características familiares etc. Diante do resultado obtido o professor poderá fazer debates sobrea situação encontrada (localização da escola, inserção do negro na comunidade, índice epossíveis causa da evasão entre alunos negros e brancos, e também deve estar atento às diversaspossibilidades da pesquisa. Para o júri simulado sugiro que se convoque tanto para testemunhasquanto para o júri, pessoas da comunidade, dessa forma os alunos poderão interagir comdiferentes formas de encarar o tema e comparar opiniões.RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::- http://www.espaçoacademico.com/Cor e segregação no Brasil- www.pnud.org.br/raca/reportagens/- Vídeo: Amistad- Vídeo: Homens de Honra- Vídeo: A Espera de Um Milagre- DVD: Homens das Cavernas, documentário da BBC sobre a evolução humana.

PPllaannoo 3388AAuuttoorr((aa)):: Maria de Fátima GomesPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 2 - Recontando a História da ÁfricaTTííttuulloo: "A História da África que não Conhecíamos"PPúúbblliiccoo AAllvvoo: Ens. Fund. - 7º Ano DDiisscciipplliinnaass:: Língua portuguesa;

Geografia; História; ArtesOObbjjeettiivvooss:Conhecer os conceitos históricos, explorando a capacidade de trabalhar de forma interdisciplinara História da África; Conhecer as diversas manifestações históricas e artísticas de alguns reinos eimpérios africanos contribuindo para que a História da África fazer parte do universo dos alunos;CCoonncceeiittooss:Identificar permanências e mudanças; identificar semelhanças e diferenças; comparar formas derepresentação a vida; comparar explicações sobre os africanos; perceber as diferenças culturais;

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compreender a diversidade cultural; identificar as diferenças do modo de vida. HHaabbiilliiddaaddeess:- De questionar - De criar - De enriquecer o repertório - De trabalhar linguagens - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De criar novos pressupostos - De identificação de problemas - De se organizar e organizar - De refletir sobre o acumulado - De analisar e sintetizar - De trabalhar com quantidade e qualidade - De reter e memorizar - De encantar - De estratégias e idéias - De identificação de problemas - De estar atento - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De organização e articulação - De conviver com a diversidade - De convencer - De falar - De se organizar e organizar - De agir multidisciplinarmente - De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo) - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De se livrar dos padrões - De estar atento - De perceber o imenso e o complexo - De perceber o pequeno e o local - De realizar tarefas - De criar produtos e artefatos - De usar tecnologias - De escrever - De agir multidisciplinarmente VVaalloorreess::RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss:Revistas (Istoé, Veja, Época), que possam ser recortadas; Fita de vídeo; transparências e retro-projetor; slides e projetor; máscaras africanas; jornais velhos; cola; tesoura; lápis de cor e/outinta; Atlas: histórico e geográfico - atual; Mapas: histórico e geográfico - atual; cartolinas; T.V;vídeo, enciclopédias e livros diversos que tragam informações sobre a África; Fitas cassetes;gravador; computadores; retratos de família; máquina fotográfica; filmadora; fita crepe/adesiva;se possível, roupas e acessórios afro; papel ofício; xerox; CD's de músicas africanas; fita cassete;livros e CD's de história da arte africana. PPrroocceeddiimmeennttooss:Informando aos alunos sobre o estudo que estarão iniciando na próxima aula sobre a África.Solicitando que os mesmos tragam para a aula revistas que possam ser recortadas. 11ªª AAuullaa::TEMPESTADE DE IDÉIAS: Solicitar aos alunos que procurem e recortem, nas revistas, todas asgravuras de pessoas que eles julgarem que, de uma forma ou de outra, façam referencia àÁfrica. Realizar uma "tempestade de idéias", que explique a escolha que fez dos recortes. Anotetodas as explicações no quadro. Em grupos cooperativos de 5 alunos, peça a eles querespondam à seguinte problematização: A História da África está presente nos recordes? SIM?- NÃO? Por que? Após responderem, pedir que os grupos que questionem: Por que sabemostão pouco sobre a História da África? Por que devemos estudar a História da África? Como é queos africanos contam sua História? De onde vem esse nome África? O que significa? Encerre aaula e solicite aos alunos que façam, em casa, uma consulta ao livro didático de História, eanotem o que descobriram sobre a África e tragam tudo para a próxima aula. 22ªª AAuullaa::SOBREVOANDO O CONTINENTE AFRICANO. Iniciar a aula a partir das anotações dos alunos

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sobre o resultado da pesquisa ao livro didático, que foi pedido na aula anterior. Escreva noquadro a contribuição que cada aluno trouxe de casa; Ressaltar que, para conhecermos umpouco mais o Brasil, é preciso que conheçamos também a África não só, pelo nosso livrodidático, mas também, por outras fontes disponíveis, inclusive, todas aquelas que se encontramna biblioteca da escola.Na biblioteca da escola. Verificar qual o material presente para servir defonte bibliográfica para eles. Elaborar as anotações de todas as "descobertas" feitas neste"sobrevoando" o grande continente e, na aula seguinte, cada grupo informaria aos demaiscolegas da turma, tanto a fonte utilizada para o "sobrevôo" quanto o que foi aprendido nestaetapa do trabalho. 33ªª AAuullaa:: ORGANIZANDO AS DESCOBERTAS: Anotar no quadro, todas asdescobertas apresentadas pelos grupos como, por exemplo: localização geográfica docontinente no globo; quantidade de países que compõem a África; etc; Entregue a cada alunouma folha onde esteja desenhado, 3 mapas do Brasil e um mapa da África, e peça que eles querecortem e colem os Brasis na África a fim de que possam ter uma idéia da grandiosidade docontinente. Ressaltar as informações colhidas nos Atlas e mapas quanto às línguas oficiais dos53 países do continente, bem como os inúmeros dialetos que conseguirem descobrir; Dosmapas históricos ressalte as informações colhidas acerca dos "Estados, Reinos e Impérios"africanos existentes antes dos portugueses aportarem no continente e as todas as característicasdos mesmos; 44ªª AAuullaa:: "AVRINGA": Sorteie o nome dos povos africanos que os alunos estudarão,em 3 (três aulas, tais como: (Tekrur - Mali - Mossi - Núbios - Songhai - Bornu-Karen - Hauça -Congo - Lunda - Monomotap - Iorubas - Benin - Etíopes - Ashantes - etc). Pedir aos alunos queprocurem levantar o maior número possível de informações sobre o tema de estudo, a fim deque possam fazer uma bela apresentação e exposição, como trabalho final, de tudo o queaprenderam, nos aspectos artístico e cultural, religioso, sociais, econômico/comerciais epolíticos, etc. Disponibilizar o material didático e bibliográfico de tudo o que tiver sobre ostemas propostos para os grupos, afim de que possam, inclusive, ilustrar seja o trabalho escritoou cartazes a apresentação que farão. Combine com os alunos a apresentação dos trabalhos,dos grupos, em 2 (duas) aulas, ou seja, as 55ªª ee 66ªª AAuullaass. Recolha todo o material preparado eapresentado pelos alunos e guarde para a 7ª aula. 77ªª AAuullaa:: "SISTEMATIZANDO NOSSOSCONHECIMENTOS": Iniciar o seminário sobre tudo o que aprenderam no "mergulho" quefizeram, para começarem a conhecer a África. AA)) Expor os cartazes e murais para o trabalho serapresentado; BB)) Os assuntos serão conduzidos pelos grupos seguindo a orientação do professor;CC)) Apresente seu estudo com o grupo, utilizando os cartazes para o enriquecimento. DD)) Apóssua apresentação os alunos deverão entregar, por escrito a pesquisa que foi utilizada naapresentação, seguindo as normas da ABNT; EE)) Após a apresentação teórica um momentocultural com músicas, danças e ritmos, vestimentas que represente o povo da África estudada; AArrqquuiivvoo::ARTIGOS, CARTILHAS, REVISTAS, JORNAIS, SITES, CD's, VÍDEOS, etc. Escravismo. Revista doDepartamento de História. Belo Horizonte: FAFICH/UFMG, 1988. Navios Negreiros. São Paulo:Edições Paulinas, 1981. Rebeldes Brasileiros: Homens e Mulheres que desafiaram o poder.Coleção Caros Amigos, Fascículos: 6- Chica da Silva; 8- João Cândido; 12- Lima Barreto. Brasil:500 Anos (1530 - 1620) - São Paulo: Editora Nova Cultural, 1999. Royal Gold of the AsanteEmpire. In. National Geographic. Pág. 36. october 1996. Revista do Centro de estudos Afro-Asiáticos 30. Rio de Janeiro, 1996. Varia História / Departamento der História, FAFICHMG, nº1- Belo Horizonte: Depatº de História da FafichUFMG, 1985. Ouro de Minas: 300 Anos deHistória. Cadernos Especiais (1, 2, 3 e 4) do jornal Estado de Minas. Belo Horizonte: 2005 RevistaRaça Brasil (Anos 1,2,3 e 4) Revistas: Veja, Istoé, Época, para recortes. Vídeos: a) O Nilo -Discovery Channel; b) Kiriku - Animação; c) África antes da Colonização Européia (Edições DelPrado) d) Nelson Mandela (Documentário). CD's: Arte Nok - Arte Ioruba - Arte da Costa doMarfim - Mascaras e Fetiches (Enciclopédia Multimídia da Arte Universal - nº3 CARAS). ATLAS:ARRUDA, José Jobson de A. Histórico Básico. São Paulo: Editora Ática, 1995. SIMIELLI, MariaElena. Geoatlas. São Paulo: Ática, 2002Observações:Uma das formas de se variar a atividade seria, para uma escola pública, pedir aos alunos quetrabalhem com fotografias da própria família ou invés de recortes de revistas; Outra variação,seria trabalhar com recortes de revistas, que contenham manifestações culturais as maisvariadas, presentes no Brasil hoje, e que podem contribuir para o primeiro contato com a África,aqui entre nós, como por exemplo, a Congada, a Capoeira, as Cavalhadas, os Batuques, aPercussão, a escultura, O Candomblé, o Samba, as Comidas, o Palavras. O objetivo, dessas

220011História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

formas de variação seria para dar início ao conhecimento das Áfricas que cada brasileiro trazconsigo; de aprender a se admirar, de se sentir feliz por descobrir, por apresentar o quedescobriu, enfim contribuir para dar um passo na ampliação do interesse e da curiosidade dealunos das 6ª anos que ainda se mostram abertos e animados com os conteúdos históricos quetemos estudados. RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::- ABRANCHES, Henrique. A Konkhava De Feti. Luanda: União dos Escritores Angolanos. 1985.- ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O trato dos Viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul. SãoPaulo: Companhia das Letras, 2000.- ANDRADE, Elaine Nunes (org). RAP e Educação, RAP é Educação. São Paulo: Summus, SeloNegro Edições, 1999.- BONALS, Joan.(trad. Neusa Kern Hickel) O trabalho em pequenos grupos na sala de aula. PortoAlegre: Artmed, 2003.- BONALS, Joan.(trad. Neusa Kern Hickel) O trabalho em pequenos grupos na sala de aula. PortoAlegre: Artmed, 2003.- BOTELHO, Ângela Vianna e REIS, Liana Maria. Dicionário Histórico Brasil: Colônia e Império. BeloHorizonte: O autor, 2001.- BRAZ, Júlio Emílio. Zumbi: o despertar da liberdade. São Paulo: FTD, 1999.- ____. Lendas Negras. São Paulo: FTD, 2001.- CAMPOLINA, Alda Maria Palhares et alli. Escravidão em Minas Gerais. Belo Horizonte, Secretaria deEstado da Cultura - Arquivo Público Mineiro/COPASA MG, 1988. - CAMPOS,Flávio de. "Reflexões sobre a Escravidão". In: 500 Anos De Brasil: Histórias e reflexões. São Paulo:Scipione, 1999, p. 22 - 32. -CANDAU, Vera Maria. (Org.) Ensinar e Aprender: sujeitos, saberes e pesquisa. Rio de Janeiro:DPA,2000.- CARVALHO. José Murilo de. Pontos e Bordados: escritos de história e política. Belo Horizonte: Ed.UFMG, 1998.- CASCUDO, Luís da Câmara. Made in África. - 5. ed. - São Paulo: Global, 2001. -COSTA, Emilia Viotti da. A Abolição. São Paulo: Global Ed., 1988. -CUPERTINO, Fausto. As Muitas religiões do brasileiro. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1976.

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220022 Planos de aula

- LARANJEIRA, Maria Inês. Da arte de aprender ao ofício de ensinar: relato, em reflexão, de umatrajetória. Bauru: EDUSC, 2000.- LIBBY, Douglas Cole e PAIVA, Eduardo França. A Escravidão no Brasil: relações sociais, acordose conflitos. São Paulo: Moderna, 2000.- LIMA, Heloisa Pires. História da Preta. São Pasulo: Companhia das Letrinhas, 1998.- LIMA, Jorge de. Novos Poemas; poemas escolhidos / poemas negros. Rio de Janeiro: LacerdaEd., 1997.- MAESTRI, Mário. O Escravismo no Brasil. São Paulo: Atual, 1994.mares. FAE, 1985.- MANSUR,Odila C. - MORETTO, Renato Alves. Aprendendo a Ensinar. São Paulo: Elevação,2000.- MATTOS, Ilmar Rohloff de. (Org) Histórias do ensino de História no Brasil. Rio de Janeiro:Access, 1998.- MELO. Regina Lúcia Couto de. E COELHO, Rita de Cássia Freitas. Educação e Discriminação dosNegros. Belo Horizonte: IRHJP, 1988.- MIRA. João Manoel Lima. A Evangelização do Negro no Período Colonial Brasileiro. São Paulo:Loyola, 1983.- NABUCO, Joaquim. O Abolicionismo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; São Paulo: Publifolha,2000.- OLINTO, Antonio. O Rei de Ketu. Rio de Janeiro: Nórdica, 1980.- ______. 1980. A Casa da Água. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.- ORTIZ, Renato. A Morte Branca do Feiticeiro Negro. Petrópolis: Vozes, 1978.- PINSKY, Jaime. A Escravidão no Brasil. São Paulo: Contexto, 1988.- SANTOS, Joel Rufino dos. Zumbi. São Paulo: Moderna, 1985.- SANTOS, Juana Elbein dos. Os Nagô e a Morte: Pàde, àsèsè e o Culto Égum na Bahia.Petrópolis, Vozes, 1984.- SANTOS. Joel Rufino dos. A vida de Zumbi dos Palmares. Fundação Cultural Pal-SERRES,Michel. Filosofia Mestiça; tradução Maria Ignez Duque Estrada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,1993.- SHAFFER, Kay. O Berimbau-de-barriga e seus Toques. Rio de Janeiro: FUNARTE, 1977.- SILVA. Consuelo Dores. Negro, qual é o seu nome? Belo Horizonte: Mazza, 1995. - SILVA, Adriana Maria Paulo da. Aprender com perfeição sem coação: uma Escola para meninospretos e pardos na corte. Brasília: Plano, 2000.- SILVA, Maria Beatriz Nizza da. Vida Privada e Quotidiano no Brasil. Na época de D. Maria I eD. João VI. Lisboa: Estampa, 1993.- SLENES, Robert W. Na Senzala, uma flor: esperanças e recordações na formação da famíliaescrava, Brasil Sudeste, século XIX. Rio de Janeiro: Nova Fronteira S. A. 1999. - SOARES, Carlos Eugênio Líbano. A Negregada Instituição. Rio de Janeiro, 2002.- SOUZA, Laura de Mello e.(Org) História da Vida Privada no Brasil: cotidiano e vida privada naAmérica portuguesa.(1) - São Paulo: Companhia das Letras, 1997.- SOUZA, Neusa Santos. Tornar-se Negro: as vicissitudes da identidade do negro brasileiro emascensão social. Rio de Janeiro: Graal, 1983.- VAINFAS, Ronaldo. (Dir.) Dicionário do Brasil Colonial (1500-1808). Rio de Janeiro: bjetiva,2000.- VEYNE, Paul. Como se Escreve a História. Lisboa: Edições 70, 1971- WEHLING, Arno e Maria José C. M. Wehling. Formação do Brasil Colonial. Rio de Janeiro. 1999.

PPllaannoo 3399AAuuttoorr((aa)): Hilda Rodrigues da CostaPPrriinnccííppiioo: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 5 - A presença negra nas artes brasileirasTTííttuulloo: O papel do negro no contexto das artes literáriasPPúúbblliiccoo AAllvvoo: Ens. Fund. - 8º Ano DDiisscciipplliinnaass:: Línguaportuguesa; História; Artes; Sociologia;

Literatura OObbjjeettiivvooss::Conhecer a história da arte negra para interagir com os aspectos da história e da literaturabrasileira que identifique sobre o papel do negro na sociedade brasileira. Analisar características

220033História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

da cultura negra nas artes literária e sua influência na cultura brasileira como importante parainteragir com novos conhecimentos socioculturais.CCoonncceeiittooss::Contribuição da cultura africana na formação da cultura brasileira; A formação de umaidentidade cultural; A analise e o debate sobre a influência da cultura afro na literatura brasileira;

HHaabbiilliiddaaddeess::- De trabalhar linguagens para interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a simesmo); - De conviver com a diversidade e com transformações sociais;- De trabalhar linguagens multidisciplinarmente VVaalloorreess::Socialização; Conhecimento; Respeito; Reflexão; Identidade; ValorizaçãoRReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss::Textos narrativos e poéticos de diversos autores; Músicas típicas; Revistas; Filmes; Dicionário parapesquisa de vocabulário.PPrroocceeddiimmeennttooss::11ºº mmoommeennttoo:: Iniciaremos nossa aula com apresentação de imagens que venham a representar acultura Africana e sua influência na cultura brasileira, com uma leitura ( não-verbal) incentivaremosos alunos a identificar de onde pertencem tais imagens, o que eles nos falam através do desenhoe das cores, que histórias elas representam. 22ºº mmoommeennttoo:: Apresentar de forma informal umpequeno resumo das imagens apresentada, para darmos inicio ao conteúdo a ser estudado. 33ººmmoommeennttoo:: Nesta fase o educando será incentivado a participar com perguntas e até curiosidadessobre o tema abordado. 44ºº mmoommeennttoo:: Reflexão sobre os questionamentos elaborados. 55ººmmoommeennttoo:: Diante da exposição do conteúdo será apresentado o samba-enredo da Beija-Flor,vencedora do carnaval de 2007, "Áfricas; Do berço real à corte brasiliana." - letra e música - paraque o educando faça a interação entre o ler e o ouvir, desenvolvendo suas habilidades de relacionara história, a arte e a cultura brasileira com a africana. Conseqüentemente a interação entre osmundos, sendo capaz de refletir, analisar e questionar os fatos apresentados.MMaatteerriiaaiiss ddee AAppooiioo::LLiinnkkss::www.beija-flor.com.br www.nacoeseaculturadacor.uniblog.com.br www.revista.agulha.nom.br/grego www.vidaempoesia.com.br OObbsseerrvvaaççõõeess::Este plano de aula possui uma característica diferenciada, pois ele possui uma extensão maior, umavez que o seu desenvolvimento será continuo e não em uma única aula.RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass:: - ALKMIM, Tânia. Sociolingüística. In.: Introdução à lingüística: domínios e fronteiras. (org)MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Anna Christina, 4 ed. São Paulo: Cortez, 2004. v. l. -BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. Trad. LAHUD, Michel. 9 ed. São Paulo:HUCITEC, 2002.- BONNEW RTZ, Patrice. Primeiras lições sobre a sociologia de Pierre Bourdieu. Trad.: MAGALHÃES,Lucy. Petrópolis: Vozes, 2003. -BOURDIEU, Pierre. Razões práticas: sobre a teoria da ação. Trad. CORRÊA, Mariza. Campinas:Papirus, 1996.- CAMPBELL. Joseph. O poder do mito. São Paulo: Palas Athena, 1990.- FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário da língua portuguesa. 2ª ed. 34ª imp..Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.- FREIRE, Paulo. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: UNESP,2000.- ORLANDI, Eni Puccinelli. Análise de discurso: princípios e procedimentos. 5 ed. Campinas: Pontes,2003.- PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar. Trad. RAMOS, Patrícia Chittoni -Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. - ARROYO, Miguel. Oficio de mestre: imagens e auto-imagens. Petrópolis: Vozes, 2000- BRITO, Manuel Bueno. Linguagem básica e leitura sistemática. Goiânia : UFG, 1994. -

220044 Planos de aula

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. Rio deJaneiro: 2ª edição; Nova Fronteira, 1996.- FIORIN, José L. Linguagem e Ideologia. São Paulo: Cortez, 1990. -IMBERNÓN, Francisco. Formação docente e profissional: formar-se para a mudança e a incerteza.4ª edição. São Paulo: Cortez, 2004. - (Coleção questões da nossa época). - LOPES,Luiz Paulo da Moita. Oficina de lingüística aplicada: a natureza social e educacional dos processosde ensino/aprendizagem. São Paulo: Mercado das letras, 5ª ed, 2003. -MEURES, José Luiz ROTH, Desireé Motta. (orgs). Generos textuais e práticas discursivas: subsídiospara o ensino da linguagem. Bauru: Edusc, 2003 (coleção Signum).- MORTIMER, Eduardo F SMOLKA, Ana Luiza B. (orgs). Linguagem, cultura e cognição: reflexõespara o ensino e a sala de aula. Belo Horizonte: Autêntica, 2001. -PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar; trad. Patricia C. Ramos. Porto Alegre:Artes Médicas Sul, 2000. -POSSENTI, Sírio. Por que (não) ensinar gramática na escola. Campinas: Mercado de Letras, 1998.

-SUASSUNA, Lívia. Ensino de língua portuguesa: uma abordagem pragmática. Campinas: Papirus,5 ed., 2002.- SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. 2ª ed., Belo Horizonte: Autêntica, 2004.

PPllaannoo 4400AAuuttoorr((aa)):: Luiza Pereira da SilvaPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 5 - A presença negra nas artes brasileirasTTííttuulloo:: A influência do negro na música brasileiraPPúúbblliiccoo AAllvvoo:: Ens. Fund. - 8º ano DDiisscciipplliinnaass:: Língua portuguesa;

Matemática; Ciências Naturais;Geografia; História; Artes; Ensino Religioso

OObbjjeettiivvooss::Identificar os elementos culturais africanos presentes na música popular brasileira, referenciandoos diferentes elementos culturais trazidos pelos africanos ao Brasil; Identificar os atuaismovimentos culturais negros existentes no Brasil e quais os seus campos de atuação,identificando as múltiplas manifestações musicais presentes na música afro-brasileira;CCoonncceeiittooss::História, memória, cultura, arte, práticas culturais, formação cultural, musicalidade,corporeidade, território, estética HHaabbiilliiddaaddeess::- De enriquecimento de repertório musicais africanos;- De trabalhar linguagens musicais diversas;- De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De conviver com transformações sociais e identificação de problemas e conflitos diante dadiversidade; - De refletir multidisciplinarmente diante do contexto musical; - De refletir sobre o contexto musical afrobrasileiro. VVaalloorreess::Solidariedade, coletividade, humanismo, ética, identidade, tolerância, respeito, perseverança RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss::Recursos audio-visuais (filmes, imagens, fotografias, músicas, instrumentos musicais), internet,livros, jornais, revistas, etc.PPrroocceeddiimmeennttooss::11ºº mmoommeennttoo:: Problematizar o tema através de perguntas aos alunos: De quais manifestaçõesculturais vocês já ouviram falar? Quais suas origens? Quais as origens da capoeira? Quempratica capoeira atualmente? 22ºº mmoommeennttoo:: Solicitar aos alunos trazerem imagens e/oupequenos textos sobre manifestações étnico-culturais contemporâneas, pesquisadas em jornais,revistas, livros, internet, televisão, etc.; 33ºº mmoommeennttoo:: Fazer levantamento em sala para descobrira origem dos alunos e saber se há afro-descendentes; 44ºº mmoommeennttoo:: Trazer para a sala de aulaalguém da comunidade que seja conhecedor e preparado para abordar sobre as tradições

220055História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

culturais afro-brasileiras praticadas pela comunidade; 55ºº mmoommeennttoo:: Sugerir aos alunos quetragam CDs e letras de músicas de grupos que abordem a questão étnica; 66ºº mmoommeennttoo:: Analisarletras de músicas que abordem a questão étnica e as músicas cantadas por grupos afro paraconhecer seus ritmos diante da cultura brasileira; 77ºº mmoommeennttoo:: Assistir filmes e documentários,ouvir músicas relacionadas ao tema, debatendo-os a partir de um roteiro previamenteelaborado; Expressão em diferentes linguagens: oral (entrevistas, debates e depoimentos), visuale escrita, Exposição de painéis com o resultado das pesquisas e produções dos alunos;Apresentação de grupos musicais locais, Formação de grupo cultural na escola.MMaatteerriiaaiiss ddee AAppooiioo::CD, HISTÓRIA DO MUNDO: AVENTURA VISUAL. São Paulo: Globo, 1997; VIAGEM PELA HISTÓRIADO BRASIL. Caldeira, Jorge. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. Filmes e vídeos: MISSISSIPIEM CHAMAS. Estados Unidos, 1988. 125 min. Direção: Alan Parker. Disttribuição: Flashstar HomeVídeo. QUILOMBO. Brasil, 1984. 119 min. Direção: Cacá Diegues. Distribuição: Globo Vídeo; UMGRITO DE LIBERDADE. Inglaterra, 1987. 157 min. Direção: Richard Attenborough. Distribuição: CICVídeo; A COR PÚRPURA. Estados Unidos, 1985. 154 min. Direção: Steven Spilberg; AMISTAD.Estados Unidos, 1997. 154 min. Direção: Steven Spilberg. Distribuição: CIC Vídeo; RAÍZES. EstadosUnidos, 1977. Direção Marvin J. Chomsky e John Erman. Produção: Warner Bros TV/AmericanBroadcasting Company; QUEIMADA. Itália, 1970. 113 min. Direção: Gillo Pontecorvo; CASA-GRANDE & SENZALA. Brasil, 1995. 46 min. Direção: Maria Inês Landgraf. Produção: TV Cultura,Fundação Padre Anchieta-São Paulo. Formato UP/Pal-m;www.capoeirascience.com/videos%20de%20capoeira.html-11k; www.berimbrasil.com.br/berimFLASh/videos.htm-47k; www.berimbrasil.com.br/berimFLASh/berim2005/home.htm-74k;www.dvdja.com.br/dvdja/produtos.asp?ID=2290&tipo=filmes-80k.;www.gruhbas.com.br/(Bolando aulas de História). Leitura para o professor: CHAUÍ, Marilena de Souza. Conformismo eResistência: aspectos da cultura popular no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1987; FREYRE, Gilberto.Casa-Grande & Senzala. 30. ed. Rio de Janeiro: Record, 1992; HOLLANDA, Sérgio Buarque de.Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1996; CARRIL, Lourdes. Terras de Negros.Herança de Quilombos. São Paulo: Scipione, 1997. Leitura para o aluno: DIMENSTEIN, Gilberto. OCidadão de Papel. São Paulo: Ática, 1996; LUSTOSA, Isabel. A História dos Escravos. São Paulo:Companhia das Letrinhas, 1998. PEREIRA, Carlos Eduardo, MOTT, Maria Lúcia, No Tempo daEscravidão no Brasil: São Paulo: Scipione, 1996. (Crianças na História); MONTELLATO, AndréaRodrigues Dias. História Temática: diversidade cultural e conflitos, 6ª Ano / Montellato, Cabrini,Catelli. - São Paulo: Scipione, 2002. - (Coleção História Temática).OObbsseerrvvaaççõõeess::Este plano de aula poderá ser aplicado às turmas de 7ª Ano do Ensino Fundamental e EJA (3ª e 4ªEtapas). É importante que as pesquisas sejam desenvolvidas na comunidade onde moram osalunos e que sejam valorizados os saberes locais. A proposta é interdisciplinar, com o envolvimentode todas as áreas do conhecimento, tornando o trabalho coletivo, integrado, motivador de umcurrículo vivo.RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::- Curso Educação Africanidades Brasil - Livro de Apoio; - MONTELLATO, Andréa Rodrigues Dias. História Temática: diversidade cultural e conflitos, 6ªAno/Montellato, Cabrini, Catelli. - São Paulo: Scipione, 2002. - (Coleção História Temática); - MOZER, Sônia. Descobrindo a História: Brasil independente, 6ª Ano / Mozer, Telles. - São Paulo:Ática, 2002. - (Coleção Descobrindo a História);- Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quartociclos: temas transversais/Secretaria de Educação Fundamental. - Brasília: MEC / SEEF, 1998. 436p.

PPllaannoo 4411AAuuttoorr((aa)):: Elisandra Teixeira MarcondesPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 5 - A presença negra nas artes brasileirasTTííttuulloo:: A produção cultural e artística dos negros no BrasilPPúúbblliiccoo AAllvvoo:: Ens. Fund. - 8º ano DDiisscciipplliinnaass:: Língua portuguesa- História; Artes; Literatura OObbjjeettiivvooss::Conhecer a diversidade do patrimônio etnocultural brasileiro, cultivando atitudes de respeito e

220066 Planos de aula

reconhecimento a variedade cultural.Valorizar as diversas culturas presentes no país, parareconhecer a contribuição desta cultura no processo de constituição da identidadebrasileiraReconhecer as qualidades da própria cultura, valorizando-a criticamente eenriquecendo, dessa forma, a vivência de cidadania frente as diferenças sociais. Repudiar a todae qualquer forma de discriminação baseada em diferenças de raça,etnia, classe social, crençareligiosa, sexo e outras características individuais ou sociais. CCoonncceeiittooss:: -Religiosidade negra: resistência político-cultural; a umbanda e o candomblé; Congado; A origemda capoeira; Estilos musicais : rap e funk. HHaabbiilliiddaaddeess:: -- Desenvolver atitudes de solidariedade frente as discriminações raciais;- Valorizar o convívio pacífico e criativo dos diferentes na diversidade cultural;- Compreender a desigualdade social como realidade em transformação;- Respeitar o outro como direito de cidadania. VVaalloorreess:: -Entender que diferentes etnias desenvolvem diversas formas de organização de festas ecelebrações também permite essa compreensão pela aproximação que o adolescente pode fazerde sua própria vivência. O vestuário, que traz diversos dados sobre o usuário, tais como marcasde diferenciação de gênero, idade, posição social, profissão. Para ele será fácil compreender taldiferenciação por dados de sua vida cotidiana: modelos e tecidos que os jovens usam são exemplosdessas marcas diferenciadoras; A religiosidade negra que é rica e variada. No Brasil, nossos ancestraisafricanos enriqueceram a nossa cultura com diferentes expressões e formas de se realcionar com omundo mágico e sobrenatural. RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss::Livros de literatura, livros didáticos e dicionários. Sites na Internet, computadores, CD room, etc. Revistas,jornais e textos argumentativos. Máquina fotográfica, aparelho de som, TV e retroprojetor. Lousa e giz.Sulfite, lápis, caneta, caneta hidrocolor, tesoura, etc.PPrroocceeddiimmeennttooss::11ºº MMoommeennttoo:: Inicialmente mostrar, aos alunos, figuras de pessoas negras, destacando os traçodistintivos da raça e comentando o por quê desses traços. 22ºº mmoommeennttoo:: Problematizar a aulaperguntando aos alunos, se eles são afro descendentes e fazer um relatório deste momento. E destacarjunto aos alunos sobre sua importância nesta influência afro e a colaboração desta descendência emnossa cultural e em nossa sociedade. 33ºº mmoommeennttoo:: Conhecimento da obra literária o "Pai João" de Jorgede Lima e para contrastar com a obra de Tarcila do Amaral "A Negra". os traços presentes na poesia. Usaro material para criar um mural afro cultural na escola. Este momento será de responsabilize do professorque apresentará a obra com as devidas explicações, para os alunos. 44ºº mmoommeennttoo:: Vamos construir umcronograma para o estudo interdisciplinar aconteçer sem atrapalhar o trabalho das outras disciplinas. Oestudo continuará com a pesquisar sobre a religiosidade africana, especificamente o Candomblé e aUmbanda, pois elas são as religiões afro-descendentes. Para contribuir na pesquisa serãodisponibilizados: documentários, livros sobre o assuntos que da religiosidade cultural destes povos. 55ºº mmoommeennttoo:: A partir da pesquisa com o professor de matemática os alunos, destacaram as principaisregiões onde houveram manifestações religiosas e suas denominações. Ex: candomblé- Bahia ; xangô-Pernambuco e Alagoas; tambor de mina- Maranhão e Pará, batuque no Rio Grande do Sul e macumbano Rio de Janeiro. E vão comprovar com gráficos a amostragem destas manifestações em cada região.66ºº mmoommeennttoo:: Com o professor de artes verificar na pesquisa as amostragens de gravura destasdivindades religiosa: Iemanjá, Ogum, Oxalá e explicar a origem do nome. Elaborando uma exposiçãopara a apresentação destas divindades. 77ºº mmoommeennttoo:: Elaborar um documentário sobre as festividadesdesta religiosidade para ilustrar o estudo e os conhecimentos construídos e ser apresentado para aescola. 88ºº mmoommeennttoo:: com o professor de Educação Física vamos estudar a importância dos movimentospresentes na capoeira e como ela surge no contexto afro-brasileira.Pode-se trazer vários grupos decapoeira para enriquecer o estudo. 99ºº mmoommeennttoo:: Recreio dirigido onde as turmas apresentarão suasdanças e músicas com os ritmos afros. 1100ºº mmoommeennttoo:: Pesquisar os penteados, as roupas e elaborar umdesfile com a amostragem por década que influenciaram a moda brasileira.OObbsseerrvvaaççõõeess::O plano de aula pode ser mais extenso dependo do objetivo de cada professor. Não detalhei comotrabalhar os objetivos, pois cada professor tem a sua maneira de atingir o seu aluno.O plano é flexivel,podendo o professor começar por qualquer um dos tópicos. o resultado final não precisa sernecessáriamente um mural, pode ser um jornal, ou relato sobre memorias, tudo depende da facilidade

220077História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

que o professor tiver. O importante é contribuir para a formação social, respeito e cidadania do aluno. RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::- AREIAS,Almir. Oque é capoeira. São Paulo: Brasiliense, 1983.- DAYRELL, Juarez. Múltiplos olhares sobre educação e cultura. Belo Horizonte: Editora da UFMG,2001.__ . A música entra em cena: o rap e o funk na socialização da juventude em Belo Horizonte. Tese( doutorado em Educação) . Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, 2001). - PRANDI, Reginaldo. As religiões negras no Brasil: para uma sociologia dos cultos afro-brasileiros. RevistaUSP, São Paulo, n.28, dez./fev.,1996.- SILVA, Vagner Gonçalves da. Candomblé e umbanda: caminhos da devoção brasileira. São Paulo: Ática,1994.- SOARES, Carlos Eugênio Líbano. A negregada institução: os capoeiras na corte imperial 1850-1890.Rio de janeiro: Access, 1999. - TAVARES, Júlio. Educação, através do corpo: a representação do corpo nas populações afro-ameríndias. In: Negro de corpo e alma. Mostra do Redescobrimento. São Paulo: Fundação Bienal, 2000.

- BRASIL- Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria da Educação Fundamental. ParâmetrosCurriculares Nacionais: 5a.a 8a. séries do Ensino Fundamental, temas transversais. Brasilia: MEC/SEF,1998.

PPllaannoo 4422AAuuttoorr((aa)):: Magali Terezinha Sia MalagóPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 6 - As religiões africanas no BrasilTTííttuulloo:: Religiões de Matriz AfricanaPPúúbblliiccoo AAllvvoo:: Ens. Fund. - 8º Ano DDiisscciipplliinnaass:: Língua portuguesaOObbjjeettiivvooss:Conhecer a diversidade africana e suas prática religiosas trazidos para o Brasil durante aescravidão e compreende-las diante à realidade brasileira.CCoonncceeiittooss::Compreender a diversidade cultural significa aceitar o outro, estabelecendo a igualdade emoposição à inferioridadeHHaabbiilliiddaaddeess::- De trabalhar linguagens que interprete (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a simesmo) diante da diversidade;- De conviver com as transformações sociais para entender o outro, o mundo e a si mesmo- De conviver com a diversidade;- De interpretar multidisciplinarmente as várias linguagens da diversidade.VVaalloorreess:Respeito pelo outro, a partir da compreensão da diversidade. Respeito às diferentes culturas,bem como a valorização dos indivíduos, seus conhecimentos, seus saberes e sua maneira de agire pensar. RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss::Textos, músicas e imagens.PPrroocceeddiimmeennttooss::11ºº mmoommeennttoo:: Apresentar a proposta de trabalho aos alunos sobre a prática religiosa africana doBrasil. 22ºº mmoommeennttoo:: Trabalho em grupos de 5 alunos e levantamento bibliográfico sobre o assunto.33ºº mmoommeennttoo:: Realização da pesquisa na aula com cronograma para este fim; 44ºº mmoommeennttoo::Produção de texto: os grupos deverão construir um texto enfatizando as repressões exercidas pelaelite dominante brasileira às expressões africanas, compreendendo os motivos que os levavam a taisrepressões e ainda as formas que os negros encontraram de reconstruir cada prática, tendo afinalidade de continuar realizando-a. 55ºº mmoommeennttoo:: Apresentação dos textos: Cada grupoapresentará o texto à classe, abrindo espaço para questionamentos e opiniões da turma paraenriquecimento do trabalho.Estes textos farão parte da pesquisa. 66ºº mmoommeennttoo:: Apresentação dotrabalho de pesquisa dos grupos para o professor; 77ºº mmoommeennttoo:: Organização da construção de umpainel, onde será exposta A prática religiosa africana do Brasil.MMaatteerriiaaiiss ddee AAppooiioo::Artigo publicado na Revista Veja, edição 1638 de 1° mar/2000- "Abaixo os santos- expoentes do

220088 Planos de aula

candomblé baiano não querem mais saber de sincretismo com os católicos." Cartolina cola,tesouras, lápis de cor, que serão utilizados para construção do painel.OObbsseerrvvaaççõõeess::Durante o desenvolvimento das atividades novas estratégias poderão ser acrescentadas, de acordocom o desempenho de cada grupo, tendo como objetivo um resultado final satisfatório.RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::- MUNANGA, Kabengele (org.). Arte afro-brasileira. São Paulo, Fundação Bienal de SP, 2000.- _______. História do negro no Brasil. Vol. 1, Fundação Cultural Palmares/Min/C, 2004.- _______ e Lino, Nilma. Religiosidade negra: resistência político-cultural. In: O negro no Brasilde hoje. São Paulo: Global, 2006

PPllaannoo 4433AAuuttoorr((aa)):: Wellington Cardoso de OliveiraPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 2 - Recontando a História da ÁfricaTTííttuulloo:: ÁfricasPPúúbblliiccoo AAllvvoo:: Ens. Fund. - 9º Ano DDiisscciipplliinnaass:: Geografia OObbjjeettiivvooss::Estudar a importância da África e a contribuição do negro na construção e organização do Brasilem suaa diversas formas de manifestações culturais para perceber a pluralidade diante destespovos. Conhecer a África a partir de outras perspectivas, para valorizar este continente e suainfluência diante do povo brasileiro.CCoonncceeiittooss::Raça; afro-descendência; cultura; identidadeHHaabbiilliiddaaddeess::- Reconhecer os afro-descendentes diante dos colegas da escola; - Identificar conhecimentos multidisciplinarmente da África e do BrasilVVaalloorreess::Igualdade, amizade, auto-reconhecimento, cultural.RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss::Vídeo, mapa da África antigo e atualizado, jornais, revistas, fotografias,PPrroocceeddiimmeennttooss::TTeemmppoo ddee dduurraaççããoo:: Serão usadas seis aulas com duração de 50 minutos cada. 11ºº mmoommeennttoo::Apresentação aos alunos do estudo sobre a África, com conversa informal para levantar o grau deconhecimento sobre o assunto. 22ºº mmoommeennttoo:: Os alunos pesquisaram levantaram fontes em jornais,livros que abordem sobre o continente africano. 33ºº mmoommeennttoo:: alunos em duplas, de posse da fontebibliográfico irão elaborar um relatório sobre os assuntos colhido procurando organizá-los com asdiferentes visões sobre a África. 44ºº mmoommeennttoo:: início da pesquisa com sobre a história da África,agora com a visão da própria dupla. 55ºº mmoommeennttoo:: filme "Lagrima ao Sol" Atividades: Fazer umaanálise do filme "O que os vídeos trazem sobre a África?". com relatório de como o filme mostra ocontinente africano, procurando destacar o que é verdade e o que é do senso comum. Acrescentarna pesquisa. 66ºº mmoommeennttoo:: Aula expositiva do professor nesta aula falaremos sobre a importânciada África e sua diversidade cultural. Após discussão sobre os vários conhecimentos que jáconstruímos sobre a África. 77ºº mmoommeennttoo:: pesquisa no âmbito familiar, como os membros da suafamília sobre os que se autodenominam negros, diante do questionário usado pelo IBGE. 88ººmmoommeennttoo:: Vídeos sobre as diversas formas pela qual fomos influenciados pela cultura africana,religião, música, comidas, etc. 99ºº mmoommeennttoo:: Apresentação da pesquisa dos grupo do trabalhosobre a cultura africana esta presente no Brasil. 1100ºº mmoommeennttoo:: os alunos apresentaram de diferentesformas tais como: teatro, comidas de origem africanas, capoeira, vídeos e pesquisas. 1111ºº mmoommeennttoo::AA aavvaalliiaaççããoo:: deverá constar todo o estudo até aqui desenvolvido: a organização, a participação, asapresentações, o comprometimento nas atividades propostas.LLiinnkk::www.capoeiramestrebimba.com OObbsseerrvvaaççõõeess::O presente plano de aula foi elaborado para alunos de oito anos mais, o mesmo pode sertrabalho também com alunos de outras séries, basta que o professor que irá utiliza-lo faça

220099História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

algumas adaptações levando em consideração a ano que vai trabalhar. Para o plano de aulaproposto não existe uma data especifica para sua aplicação mais se pede que seja em períodosposteriores a avaliação periódica.RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::- CEAB. Caderno do Centro Afro-Brasileiro de Estudos e Extensão. Goiânia: Universidade Católicade Goiás, 2001.- MEC- Textos retirados do curso Afro-descendetes: 2005.- MOURA, Glória. Os quilombos contemporâneos e a educação. Humanidade ConsciênciaNegra. Brasília: UNB, n 47, 1999.MEC/ SEED/ TV escola Salto para o Futuro - Repertório Afro-descendestes-2004.

PPllaannoo 4444AAuuttoorr((aa): Idê Néia AcorsiPPrriinnccííppiioo: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileirasTTííttuulloo:: Origem do Folclore - Contribuição da cultura AfricanaPPúúbblliiccoo AAllvvoo:: Ens. Fund. - 9º ano DDiisscciipplliinnaass: Artes OObbjjeettiivvooss:Conhecer a contribuição da cultura africana na formação do povo brasileiro que constitua espíritocrítico e possibilite uma visão ampla da cultura afro-descendente na contribuirção da pluralidade;OObbjjeettiivvooss eessppeeccííffiiccooss:: Estudar geograficamente a cultura e o povo da África relacionando einteragindo de forma dinâmica; Relaçionar a cultura africana na época da colonização aatualidade;Pesquisar os elementos folclóricos de origem africana em sua multiplicidade;CCoonncceeiittooss:HHaabbiilliiddaaddeess:- De estudo e enriquecimento da diversidade; - De entendimento do outro, e do mundo em suas diversidades;- De organização e articulação - De conviver com a diversidade -- De trabalhar linguagens diversas no contexto as diversidades;VVaalloorreess::Reconhecimento, respeito, valorização cultural, consciência negra Recursos Didáticos:Livros de história do Brasil para pesquisa; revistas e jornais para pesquisa; figuras e imagens deobjetos folclóricos; vídeos sobre musicas e danças folclóricas de origem africana; elaboração deprojetos e confecção de objetos.Procedimentos:1º momento: os alunos que farão uma pesquisa sobre as manifestações culturais e folclóricas dacidade na biblioteca. 2º momento: Após a pesquisa será com os familiares incluindo os idosos. 3ºmomento: com os dados das duas pesquisas, uma mesa redonda, onde todos contaram as históriasouvidas, e identificarão as manifestações herdadas da cultura africana. 3º momento: escolher apartir destas manifestações, uma dramatização com a turma. Deve estar presente no trabalho: adiversidade cultural brasileira com os aspectos da oralidade dessas histórias. E a possibilidade delasserem recontadas de diferentes maneiras. 4º momento: Na comunidade local, pesquisar asmanifestações folclóricas desta região e os lugares onde os grupos folclóricos se encontram. Façauma visita acompanhada pelo professor. E registre as experiências de campo com entrevistas,desenhos ou recriações da atividade assistida. 5º momento: Com os conhecimentos adquiridosconstrua um museu folclórico em algum lugar da escola; (aproveite as feiras culturais ou de Ciênciaspromovidas pela sua escola). Catalogue com os alunos os diferentes elementos do folclore regional.Estimule os alunos a trazerem objetos do folclore de origem africana que tenham em casa e expô-lo temporariamente no museu, ou até, confeccionarem algum objetos como: instrumentosmusicais, vestuário, comidas típicas, brinquedos, entre outras.LLiinnkkss: www.terrabrasileira.net www.brasilfolclore.com.br OObbsseerrvvaaççõõeess::O presente plano de aula é flexível, pode ser adaptado e desenvolvido em todas as anoss do

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Ensino Fundamental e Médio. Os conteúdos podem ser aprofundados dependendo do tempodisponível e características das turmas.Referências Bibliográficas:- Nova Escola: a revista do professores; Fundação Victor Civita, edição novembro de 2004- HADDAD, D.A., Morbin, D.G., A ARTE DE FAZER ARTE, Saraiva 2002- Uma história do povo Kalunga, MEC, 2001- VIEIRA, I.L., Moura, J.A., Deckers, J. EDUCAÇÃO ARTISTICA: área de comunicação e expressão,Ed. Lê, Belo Horizonte, 19 - Centro de Estudos Supletivos de Londrina - apostila, Educação artística 1º Grau, 1997.

PPllaannoo 4455AAuuttoorr((aa)):: Antônia Maria Lima De SousaPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 9 - A estética e corporeidade africanas e afro-brasileirasTTííttuulloo:: A importância da estética e da corporeidade africana para a

cultura brasileira PPúúbblliiccoo AAllvvoo:: Ens. Fund. - 9º Ano DDiisscciipplliinnaass:: História OObbjjeettiivvooss::OOBBJJEETTIIVVOO GGEERRAALL:: Desenvolver o conhecimento e a valorização da cultura afro-brasileira paracompreensão desta realidade no contexto socio cultural brasileiro. OOBBJJEETTIIVVOOSS EESSPPEECCÍÍFFIICCOOSS:: oProporcionar o espírito de solidariedade despertando uma conscientização de valorização da culturaafricana. o Analisar costumes, valores, expressão corporal e a estetica dos africanos ao longo dahistoria o Estabelecer relações entre o aspecto da africana e dos afor-descendetes brasileiros.CCoonncceeiittooss::Estética,Corporeidade, Cultura afro-descendente, costumes HHaabbiilliiddaaddeess::- De refazer novos pressupostos para conviver nas diferenças; - De conviver com a diversidade - De valorizar o outro em sua diversidade ser diferente e importante no social;- De verificar multidisciplinarmente os vários conhecimentos abordados;VVaalloorreess::Solidadriedade: Quem é solidário com o outro sempre encontra o bem em seu caminho. Respeito:É preciso respeitar o modo de vida de cada um para que o seu seja respeitado. Justiça: Seja prudenteevitando conflitos desnecessários, mas não seja covarde escravo dos poderosos. Auto estima: Nãose deixe abater por criticas negativas ou comparações pois cada um tem sua própria beleza.RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss::Os recursos didáticos necessários para a aplicação do plano proposto está assim exposto: Cartazcom fotos mostrando vestuário, gorros, turbantes, pulseiras, pano da costas, xales, abadás. Umcartaz representando a cultura africana ooutro a cultura afro-descendente brasileira. Computador,vídeo, fita ou cd de um bloco de micaretas, fotos de indumentárias africanas em power point.Material para divisão do grupos. (Dinâmica) aparelho de som, cd com a música pavimentação dosTitãs, cópias da música.PPrroocceeddiimmeennttooss::A(o) professora(o) anteriormente deve: 1. Pedir aos alunos que façam uma pesquisa sobre aimportância do corpo para os africanos, enfatizando a estética, o vestuário, pintura.2. Pedir paraque eles tragam: Recortes de jornais, revistas (atuais e antigas), cd's de musicas, vídeos dedanças que tenham relação com a estética e corpo do negro. Cola, tesoura, pincel coloridos,cartolina. (Todo material conseguido poderá servir para os trabalhos que irão apresentar).Execução: O tema é bastante rico e envolve muitos conhecimentos. Possivelmente antes dapesquisa feita os alunos não tinham a dimensão de sua importância. No entanto, mesmo nãotendo o conhecimento ainda sistematizado, todos eles já viram algo a respeito através da mídia(televisão, jornais e revistas). Com isso, e a pesquisa feita é bem provável que eles tragam decasa algumas informações com as quais tenham construído representações desse tema. 1ºmomento: Diagnostico: verificar o que eles sabem. Um bom ponto de partida pode ser oscarnavais fora de época, é um dos recursos que deveremos utilizar já que em toda cidade donordeste tem sempre. Em Teresina tem em todos os bairros, e nestes carnavais os Abadás são

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conhecidos por qualquer jovem. Passar um vídeo com no Máximo 3 minutos de duração ondemostre os blocos procurando enfocar uma turma vestida com o abadá. Abre-se uma discursãosobre a vestimenta, estética, a origem, as diferenças e semelhanças do abadá vestido na Áfricae do abada do carnaval. No desenrolar da discursão são apresentados cartazes com diversosabadás. 2º momento. Faz o seguinte questionamento: são somente os abadás que são utilizadosno nosso dia-a-dia? Na nossa moda? Não. São utilizados lenços nas cabeças, xales, pulseiras,brincos, penteados, gorros e colares. (utiliza-se o computador mostrando fotos com osrespectivos acessórios). Com essa discursão podemos dar início a construção de um novoconceito de cultura brasileira e da importância que a cultura africana tem para nós. Descobrindoisso os alunos são levados a verificar que a estética é mais abrangente e que nela está incluídosa corporeidade e a indumentária. Já que o corpo é a principal referencia para a grande variedadede práticas culturais africanas, o aluno passa a ter uma noção de quanto é importante o corpopara o africano. Constrói-se o conceito de estética. Onde a estética aqui estudada é umarecriação de elementos africanos e afro-brasileiros e que compreende não só a beleza mais umvasto repertório de práticas. As estéticas: africana e africanizada servem como parâmetro para aestética contemporânea ampliar seus modelos de beleza para alem da pele, cor de olhos,cabelos. 33ºº mmoommeennttoo:: Com essas informações e mais as evidências históricas discutidas antes,será possível determinar como é importante a marca africana para a cultura brasileira e que porisso devemos conhecer e valorizá-la. Para facilitar a compreensão desse processo, é proposta àturma a seguinte tarefa: Ouvir e cantar a música Pavimentação dos Titãs. Em seguida pedir atodos individualmente que faça mais uma estrofe da música respondendo o seguintequestionamento: Como é feita a cultura afro-brasileira? Dá 10 minutos (individual). Faz grupose dá mais 10 minutos para o grupo refazer a música; Cada grupo apresenta a sua música ecolocar em votação. PAVIMENTAÇÃO, Titãs. Composição: Paulo Miklos & Arnaldo Antunes.“Ninguém sabe como o plástico é feito. Ninguém sabe. Como o leite é feito ninguém sabe, Nãose sabe. A formula da Coca-Cola é segredo. A da Pepsi também. Foi feita por alguém. Plásticofoi feito por ninguém. Sabe como o chão é feito. Do que é feito o chão. Pé esquerdo, pé direito,Pavimentação. Mas do que é feito o chão? É feito de pedra, É feito de pixe. É feito de pedra epixe. Pá pá pá pavimentação, pavimenta, Menta, mentalização! Mas ninguém sabe como agente é feita, Se a gente é feita ou não. Mão esquerda, mão direita, Bate palma então! Pá pápá pavimentação, pavimenta, Menta, mentalização! Mas do que é feita a gente? É feita de pé,É feita de mão. É feita de pé e mão. Ou não?” 44ºº mmoommeennttoo:: Reflexão dos alunos e da professoraem relação a nossa diversidade cultural. Colocar em discussão os valores e sentimentos quetemos em relação a nossa herança africana. PPrróóxxiimmaa aauullaa:: Um grupo apresentar um desfileapresentando os vestuários africanos. Outro apresenta uma dança típica afro-brasileira. O grupoque apresentar a música pavimentação com coreografia. Dinâmica de apresentação: Para queseja rápido o trabalho deverá já está digitado com todas as normas e logo após a divisão serentregue ao grupo o qual deverá imediatamente partir para a concretização do mesmo. Um sótema para todos os grupos, porém cada grupo vai apresentar de uma maneira diferente (5minutos). Faça em casa três espécies de vestuário típicas da cultura afro. Exemplo: turbantes,abadás, e colares. Reproduza em quantidades iguais ao numero de alunos que compõem cadagrupo. Misture e distribua na sala aleatoriamente. Então reúna os grupos pelo tipo de vestuáriorecebido pelo aluno.Grupo A = abadasGrupo B= turbantesGrupo C= colares.MMaatteerriiaaiiss ddee AAppooiioo::Será utilizado o conteúdo do curso, como também textos e fotos dos sites: 1-LARA ,SilviaHunold. Mulheres Escravas, Identidades Africanas . no site http://www.desafio.ufba.br/gt3-006.html acesso em 15.06.2005. Neste texto encontra-se fotos que mostram o vestuários dosescravos. Muito rico em dados para fundamentação teórica do professor. 2- Exposição: Em tornode Zumbi. Roupas. Retirado do site http://www.eciencia.usp.br /exposicao/em_torno_de_zumbi/navio_negreiro.htm acesso em 15.06.2005. OUTROS TEXTOS: 01. NEGRAS BAIANAShttp://jangadabrasil.com.br/agosto48/pa48080c.htm. 02. INDUMENTARIAS http://www.lendorelendo-gabi.com/folclore/cultura_popular_e_folclore_pag1c.htmOObbsseerrvvaaççõõeess::Todas as orientações dadas a concretização desse plano já estão nos procedimentos. Comotambem o professor deverá nos recursos adaptar o que for mais acessivel para ele. Como porexemplo ao invés do bloco pode apresentar um grupo de Hip hop ou hap introduzindo a aulaatravés da músicas, movimentos. No mais é óbvio que a organização e a criatividade doprofessor fará com que este plano na prática seja um sucesso.

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RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::- Conteúdo do curso, UNIDADE 5 - AULA 5.72- LARA, Silvia Hunold. Mulheres Escravas, Identidades Africanas. no site http://www.desafio.ufba.br/gt3-006.html acesso em 15.06.2005. - Exposição: Em torno de Zumbi. - Roupas. Retirado do site http://www.eciencia.usp.br/exposicao/em_torno_de_zumbi/navio_negreiro.htm acesso em 15.06.20054- NEGRAS BAIANAS.http://jangadabrasil.com.br/agosto48/pa48080c.htm5- INDUMENTARIAS

PPllaannoo 4466AAuuttoorr((aa)):: Andrea Amorim PereiraPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileirasTTííttuulloo:: Grafite - A Arte ProibidaPPúúbblliiccoo AAllvvoo:: Ens. Fund. - 9º Ano Disciplinas: Artes OObbjjeettiivvooss::Estudar as artes visuais negras presentes na cultura brasileira e sua diversidade de valorização aidentidade negra nas manifestações artísticas; Conhecer na diversidade artística a cultural brasileiranas obras do Grafite e de outros artistas afro-descendentes para reconhecimento e identificação dalinguagem plástica presentes no meio ambiente, em produções criativas; Objetivos Específicos:Elevar a auto-estima do educando através da produção artística visual dos mesmos por meio dodesenho, colagem e pintura; Reconhecer o Grafite como expressão espontânea da presença donegro na nossa cultura; Refletir a importância do Grafite como uma modalidade artística de grandevalor para a luta contra o preconceito e a discriminação racial; Conhecer para minimizar as pichaçõesnas paredes, mobiliário da escola, muros e na comunidade;.Reconhecer a diferença entre Grafite ePichação.CCoonncceeiittooss:: -Alfabetizar para a arte partindo do conhecimento da própria cultura. Fortalecer a cidadaniacompreendendo o contexto em que se vive, formar senso crítico e acumular bagagem cultural.Diferenciar o Grafite da Pichação, identificando seus elementos básicos e reconhecendo a suacontribuição para a contrução de forma harmoniosa do nosso espaço urbano. Valorizar o Grafite ereconhecê-lo como uma forma de manifestação artística, sendo utilizada como construtora dacidadania e um meio de criticar a sociedade em que está inserida; Conhecer o Grafite como umaforma de expressão artística com plena autenticidade. HHaabbiilliiddaaddeess::- De criar e comprender as várias lingugens artisticas;- De refletir multidisciplinarmente as várias linguagens artisticas- De refletir sobre o contexto literário diante do meio ambiente.- De entender o outro em sua diversidade, VVaalloorreess::Respeitar todos os seres humanos. Valorizar a auto-estima. Desenvolver o senso crítico. Respeitar evalorizar os direitos humanos. Respeitar o patrimônio público;RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss::Livros; Revistas; Papel ofício; Lápis de cor; Tintas; Pincéis; Lápis Grafite; Cartolina Preta; Corretivo;Carbono branco ou amarelo; Internet; Vídeo;. Televisão; Textos e fotos; Filme DVD ("Basquiat - Traçosde uma vida") e Música (hip hop); Revistas ilustrativas sobre o tema.PPrroocceeddiimmeennttooss::IInnttrroodduuççããoo:: As várias pichações encontradas no ambiente escolar e na comunidade, o "modismo"que se tornou o grafite na vida dos alunos e da nossa sociedade, o interesse dos alunos em aprendersobre o Grafite e a sua riqueza em trabalhar com uma forma de expressão que faz parte do cotidianodos nossos alunos. Foi o gancho para a realização do planejamento dessas atividades. O Grafite éuma expressão artística que conquistou fãs e inimigos, gerando polêmicas, (o preconceito) mas queconseguiu o seu reconhecimento. Sabemos que a arte tem uma função tão importante quanto àdos outros conhecimentos no processo ensino aprendizagem, onde se pode mostrar que a arte éuma via para expor o que eles pensam sobre o mundo de forma crítica. Ao mesmo tempo o grafitetrata-se de uma atividade que pode ser exercida profissionalmente, e que tem características

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culturais e ideológicas que devem ser descobertas e exploradas. EEttaappaass:: 11ººmmoommeennttoo:: No início da aula lancei o tema "Grafite - A Arte Proibida", onde os alunos foramestimulados a falarem sobre o assunto de forma espontânea e sobre o que sabem acerca do temaproposto. Onde foi apresentado textos sobre a origem e o histórico do Grafite e do Hip Hop. 22ººmmoommeennttoo:: Apresentei as turmas o filme "Basquiat - Traços de uma vida", que envolve a temática daaula, e após a exibição os alunos foram convidados a debaterem o assunto do filme, fazendo relaçãocom o tema proposto. 33ºº mmoommeennttoo:: Convidamos um grupo de grafiteiros da Comunidade para darpalestra sobre o assunto e realizar oficinas sobre a Arte do Grafite. 44 °° mmoommeennttoo:: Para levantar aauto-estima e valorizar uma arte tão discriminada foi proposto a criação de grafites a partir do nomedos alunos (assinaturas - tags), a criação de grafites utilizando o corretivo, material que é maisutilizado dentro da escola para a realização das pichações, entre outras propostas (pintura empedras em grupo sobre problemas sociais de forma crítica). 55ºº mmoommeennttoo:: Solicitei um trabalhocom descendentes de estrangeiros (italianos, africanos, japoneses, árabes, alemãe) onde pedique fosse feito um levantamento de artistas nascidos nos países dos antepassados dos alunos.Depois, uma pesquisa sobre os descendentes desses povos que vieram para o Brasil. Aos poucos,todos percebem como a arte se transforma, mesclando as tradições originais com novas (locais),no nosso caso o GRAFITE. 66ºº mmoommeennttoo:: Foi solicitado que eles se dividissem em grupos de 5 eescolhessem um grafite ao redor da escola ou na comunidade , fotografassem e depoisescrevesse um texto fazendo uma leitura se utilizando dos conceitos e elementos adquiridos nasaulas de Arte. Os alunos desenvolveram vários trabalhos práticos utilizando todos essesconceitos. 77ºº mmoommeennttoo:: Finalizamos a atividade com uma exposição dos trabalhos. HHiissttóórriiaa:Quando se fala sobre o grafite, conversa-se também sobre a época (contexto histórico) em quefoi feita, o tipo de sociedade que esse tipo de Arte retrata; GGeeooggrraaffiiaa: Localizar-segeograficamente e espacialmente onde se originou o Grafite e onde podemos encontrar; AArrttee:Os artistas (Keith Haring e Jean Michel Basquiat), cores, figuras em positivo e negativo, figura efundo; LLíínngguuaa PPoorrttuugguueessaa: Leitura, e interpretação de textos sobre o grafite e escrita analisandoimagens do Grafite; MMaatteemmááttiiccaa: Proporção, simetria e perspectiva. AAvvaalliiaaççããoo: A avaliação serápautada no processo do aluno, com critérios para observar o seu aproveitamento dentro doconteúdo oferecido: Levar em consideração o percurso do aluno dentro do projeto, sua própriatrajetória; O posicionamento do aluno em relação à produção: A capacidade de analisar asproduções realizadas; A busca de adquirir o conhecimento dentro do projeto por conta própria.LLiinnkk::www.metro.sp.gov.br/cultura/tearte.asp OObbsseerrvvaaççõõeess:: Oprofessor tem que estimular os alunos a conhecer as manifestações de arte popular (Grafite) quegravitam ao redor da escola, dessa forma estará abrindo uma janela para a cultura universal.Mais do que desenvolver a sensibilidade, alfabetizando o para compreender a produção domundo inteiro. Devemos também levar em consideração o percurso do aluno dentro darealização das atividades, sua própria trajetória, o posicionamento do aluno em relação àprodução, a sua capacidade de analisar as produções realizadas. Levando o aluno a adquirir oconhecimento com autonomia e a importância do negro na formação da nossa cultura.RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::- RAMOS, C. M. Grafite, pichação cia. São Paulo: Anna Blume, 1994. Descreve toda a trajetóriado grafite, desde sua origem, e traz reflexões sobre a piichação. - CHAGAS, C. C. das. Negro: uma identidade em construção. São Paulo, Vozes, 1996.- Grafitti nas Escolas, Denis Sena, 27 págs., Ed. Uneb. - Imagem no Ensino da Arte, Ana Mae Barbosa, 152 págs., Ed. Perspectiva.- HERNÁNDEZ, Fernando. Cultura visual, mudança educativa e projeto de trabalho. Porto Alegre:Artmed, 2000. Link(s):- www.acordacultura.org.br

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PPllaannoo 4477AAuuttoorr((aa)):: maria joseane gomes vieiraPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 6 - As religiões africanas no BrasilTTííttuulloo:: Ethos e inclusão socialPPúúbblliiccoo AAllvvoo:: Ens. Médio - 1 o Ano Disciplinas: História OObbjjeettiivvooss:Refletir, em sala de aula, sobre as diferentes concepções de religiosidade, permitindo ao alunosua identificação como sujeito social na nossa história, compreendendo o sincretismo religiosoobservado no Brasil; Refletir sobre o espaço ocupado pelas religiões africanas no contexto deinsurgência da identidade afro-descendente no Brasil;Analisar, sucintamente, a presença dosethos afro-descendentes e suas características culturais no contexto brasileiro.CCoonncceeiittooss::Ethos, afrodescentes, religiões Afrodescentes, inclusãoHHaabbiilliiddaaddeess:- De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De criar novos pressupostos - De refletir multidisciplinarmente - De analisar e sintetizar - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De conviver com a diversidade - De conviver com transformações - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De perceber a interioridade humanaVVaalloorreess:Identidade - ética - cultura RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss::1. Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio.2. Livros pertinentes ao tema abordado.3.Pesquisa de campo e pesquisa oral, inclusive em comunidade de afrodescentes; "Comunidade Caiana",Alagoa Grande, PB.4. Pesquisa em Internet.5. Leitura e audição de músicas e filme para ilustrar atemática.6. Uso do material didático deste curso;7. Consulta a materiais iconográficos.PPrroocceeddiimmeennttooss::PPRROOCCEEDDIIMMEENNTTOOSS MMEETTOODDOOLLÓÓGGIICCOOSS:: 11ºº mmoommeennttoo:: Leitura e audição da música "Lavagem Cerebral", deGabriel Pensador.11..11.. Debate sobre preconceito, racismo e exclusão.11..22 Elaboração de painel ilustrativosobre os conceitos apresentados na discussão. 22ºº mmoommeennttoo:: Apresentação do filme "Xica da Silva", deCacá Diegues, enfatizando aspectos da exclusão social e religiosidade dos afrodescendentes no Brasil. 22..11Discussão sobre a visão da sociedade sobre o afrodescente e sua cultura na história do brasileira; 22..22Análise das diferentes formas de cultos africanos e sua influência sobre o catolicismo 33ºº mmoommeennttoo:: Leiturade fragmentos do livro "Candomblé e Umbanda; Caminhos da Devoção Brasileira", de Vagner Gonçalvesda Silva. 33..11 Compreensão e interpretação de temas relevantes à temática abordada; 33..22 Elaboração depainel apontando diferenças e semelhanças entre elementos pertencentes as diferentes formas de cultoafricanos e as religiões cristãs do Brasil. 33..33 Seminário sobre "Ethos, religião e inclusão no Brasil. 44ººmmoommeennttoo:: Aula passeio na comunidade "Caiana". 44..11 Conversa informal sobre hábitos, costume epráticas religiosas da comunidade. 44..22 Participação e interatividade em ritos culturais promovidos pelacomunidade. 44..33 Relatório sobre as atividades desenvolvidas. 55ºº mmoommeennttoo:: Pesquisa sobre materiaisiconográficos que abordem a cultura e rituais religiosos afro-brasileiros. 55..11 Exposição oral sobre o materialcoletado. 55..22 Produção de textos, músicas, danças e pintura sobre o tema discutido. 55..33 Exposição, naescola, dos matérias produzidos. OObbsseerrvvaaççõõeess: O plano deve iniciar-se com a audição da música e seguidode uma leitura cuidadosa e reflexiva da letra.Não se deve impor ao aluno nenhuma forma de resposta tidacomo correta ou errada. Ao professor cabe mediar o debate, deixando que todos exponham suas idéiase compreensão do que foi lido e ouvido.O painel deve ser feito pelos alunos e deve ficar exposto até ofinal do projeto, assim poderemos avaliar como ocorreram mudanças de entendimento, compreensão e,até mesmo, de atitudes, frente à temática abordada.Deve-se deixar bem claro que não se está discutindo

EEnnssiinnoo MMééddiioo

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preferências de práticas religiosas, e sim, a identididade e raiz dos cultos religiosos plurais no nosso país.Oprofessor ou professora não deve esquecer que o tema gera discussões e que ele(a) deve estar preparadopara eventuais manifestações ou choques de idéias que possam vir a ocorrer em sala.RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass:- LOPES, Nei. Bantos, Malês e Identidade Negra. Rio de Janeiro: Forense, 1988. -MONTES, Maria Lucia. As figuras do Sagrado - entre o público e o privado. In.: SCHWAREZ, Lilia Moritz(Org. do volume) História da Vida privada no Brasil. Contrastes da Intimidade Conteporânea. Vol. 4. SãoPaulo: Companhia das letras. 1998.- SILVA, Maria Beatriz Nizza da. (Org.) Brasil - colonização e escravidão. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,2000.- SILVA, Vagner Gonçalves da. Candomblé e Umbanda. São Paulo: Selo Negro, 2005.Internet: www.mulheresnegras.org/alvaro2.htmlwww.candombledeangola.hpg.ig.com.brwww.ritosdeangola.com.brwww.ensinoafrobrasil.org.br

PPllaannoo 4488AAuuttoorr((aa)):: Denilson Gameleira RegoPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 1 - O preconceito racial no BrasilTTííttuulloo: Da Cor BrasileiraPPúúbblliiccoo AAllvvoo: Ens. Médio - 1o Ano DDiisscciipplliinnaass:: História; Sociologia OObbjjeettiivvooss:: Analisar a contribuição da cultura africana, na formação dacultura brasileira, reconhecendo a presença constante do negro em todos os momentoshistóricos do Brasil; Compreender os motivos que levam ao racismo, presentes desde aformação da nacionalidade brasileira.CCoonncceeiittooss::Formação Cultural; Racismo; Cultura Africana HHaabbiilliiddaaddeess::- De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De conviver com transformações - De identificação de problemas - De refletir multidisciplinarmente - De analisar e sintetizar - De identificação de problemas - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De conviver com a diversidade - De conviver com transformações - De agir multidisciplinarmente VVaalloorreess:: -Convívio Social; Respeito RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss::Conversa informal; Quadro de Giz; Recortes de jornais e Revistas; Publicações, livros didáticos,revistas, jornais, etc.PPrroocceeddiimmeennttooss::11ºº mmoommeennttoo:: Apresentar o contorno do Mapa do Brasil e solicitar aos alunos pesquisar as imagensde rostos de pessoas que pertençam aos grupos étnicos-raciais presente no povo brasileiro epreencher o mapa; 22ºº mmoommeennttoo:: A partir da exposição do cartaz, introduzir o tema da formaçãocultural brasileira, lançando questionamentos à sala, sobre estas imagens e como estas etniaschegaram ao Brasil. Registrar no quadro; 33ºº mmoommeennttoo:: Após a delimitação do assunto, reconhecero povo africano como a força de trabalho escravo no Brasil; 44ºº mmoommeennttoo:: Em grupos de 5 alunospesquisar os seguintes assuntos: África e seu povo; A cor brasileira; Cultura, Racismo edesigualdades sociais; 55ºº mmoommeennttoo:: Exposição do estudo dos grupos;LLiinnkk::http://www.dialogoscontraoracismo.org.br/forms/default.aspx OObbsseerrvvaaççõõeess::De acordo com as características da comunidade, pode-se incluir mais formas de diversificar a

221166 Planos de aula

aplicação da aula, como uma visita à algum local, nos moldes de aula de campo. Também pode serusada fita de video, com algum tema que trate do tema especifico, para introdução do debate etroca de idéias.RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::- Livro sobre Racismo no Brasil: http://www.efpa.com.br/Telas/produto.asp?Id_Produto =200- Dialogos contra o Racismo: http://www.unidadenadiversidade.org.br

PPllaannoo 4499AAuuttoorr((aa)):: carolina de oliveira mirandaPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 5 - A presença negra nas artes brasileirasTTííttuulloo:: O Barroco de Aleijadinho em Ouro Preto - Igreja São Francisco de AssisPPúúbblliiccoo AAllvvoo:: Ens. Médio - 1o Ano DDiisscciipplliinnaass:: História; ArtesOObbjjeettiivvooss:Reconhecer Aleijadinho como importante contribuinte da formação da cultura afro-descendentebrasileira, contextualizar o tempo e a obra de Aleijadinho- propiciar aos estudantes a pesquisade campo sobre a obra de Aleijadinho, de maneira multidisciplinarCCoonncceeiittooss:Identidade nacional expressiva em Aleijadinho arte e tradições religiosas afro-brasileiras, obraaberta, luz e sobra, estilo de Aleijadinho, sensibilização para mensagem fruídoHHaabbiilliiddaaddeess::- De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De refletir multidisciplinarmente - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De trabalhar linguagens - De agir multidisciplinarmente - De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo) - De realizar tarefas VVaalloorreess: -Reflexão e crítica, reconhecimento e auto-afirmação, sensibilização para linguagens artísticasfrente a obra RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss::Livros didáticos de história, filmes fotográficos, fita VHS para filmadora, ônibus de excursão deJamapará-Anta-Congonhas do Campo-Ouro Preto, 1 pacote de papel ofício, 45 lápis HB/2B, 10 caixasde lápis de cor, 10 bastões de pastel seco dourado, 10 bastões de pastel seco preto, 10 bastões depastel seco amarelo, 10 bastões de pastel seco ocre, bastões de cola quente, TNT coloridoPPrroocceeddiimmeennttooss: -11ºº MMoommeennttoo:: Roda de Leitura sobre o autor, despertar interesse em conhecer um pouco da HistóriaArtística deste representante do povo afro-brasileiro; 22ºº MMoommeennttoo:: Discussão coletiva identificando aobra do autor, através de imagens projetadas pelo professor; 33ºº MMoommeennttoo:: Elaboração de textosindividuais e coletivos; 44ºº MMoommeennttoo:: Pesquisa em jornais, revistas atuais que aborde notícias referentesao autor; 55ºº MMoommeennttoo:: Organizar a excursão; 66ºº MMoommeennttoo:: ExcursionarOObbsseerrvvaaççõõeess:: Oplano pensado atende a projetos de excursões com contextualização prévia aos alunos deescolas de municípios das regiões rurais/interiores, onde as possibilidades de biblioteca einstituições culturais inexistem ou não oferecem exposições de obra de arte. Muitos alunos denossa região aprendem história e artes visuais apenas em livros ou pranchas de imagens.- paraque a excursão possa atingir os objetivos propostos é necessário que o planejamento da mesmaseja feito com antecedência.- o Teleposto tem sido um excelente aliado do professor há visitase excursões em formas de projetos e financiamentos.RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::- MANGUEL, Alberto. Lendo imagens:uma história de amor e ódio. São Paulo: Companhia dasLetras, 2001, p. 221-245.- MINISTÉRIO DA CULTURA, et al. Pele escura, Estrada dura, Beleza pura. Desconstruindo oracismo na escola e na comunidade. Rio de Janeiro: CECIP/Fundação FORD/Fundação CulturalPalmares/MINC, sem data.

221177História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

- SANTOS, Elzelina Dóris dos. Contando a história do Samba. Belo Horizonte: Mazza, 2003.- ROCHA, Rosa Margarida de Carvalho. Almanaque pedagógico afrobrasileiro: uma proposta deintervenção pedagógica na superação do racismo no cotidiano escolar.Belo Horizonte: Nzingacoletivo de mulheres Negras, sem data.- BARBOSA, Ana Mae. A Imagem no Ensino da Arte: Anos Oitenta e Novos Tempos. 4. SãoPaulo: Perspectiva , 1991.- ______. As mutações do Conceito e da Prática. In: BARBOSA, Ana Mae (org). Inquietações eMudanças no Ensino da Arte. 2. São Paulo: Cortez, 2003. - HERNÁNDEZ, Fernando. Cultura Visual, Mudança Educativa e Projeto de Trabalho. São Paulo:ARTMED, 2000.- BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais - Arte. Vol. 6. Brasília: MEC/SEF, 1997.

PPllaannoo 5500AAuuttoorr((aa): Silvana Goretti Dias da CostaPPrriinnccííppiioo: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa: Tema 1 - O preconceito racial no BrasilTTííttuulloo: A africanidade brasileira e a desconstrução do preconceitoPPúúbblliiccoo AAllvvoo: Ens. Médio - 1ª Ano DDiisscciipplliinnaass: Língua portuguesa;

Geografia;História; Artes; Literatura OObbjjeettiivvooss:Propiciar ao educando o conhecimento da nossa realidade histórica retratando de maneira justae fiel a importância do povo africano em nossa formação social,cultural e econômica comoforma de desconstrução do preconceito, resgate e valorização das nossas raízes.CCoonncceeiittooss: Sociedade;cultura; escravidão; preconceito; construção e descontrução; diversidade; sociedade; cultura;escravidão; preconceito; construção; desconstrução; diversidade. HHaabbiilliiddaaddeess:

- De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De refletir multidisciplinarmente - De identificação de problemas - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De conviver com a diversidade - De agir multidisciplinarmente - De enxergar o outro sob um ângulo diferente VVaalloorreess:Respeito; reconhecimento; justiça; valorização. RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss:Vídeo/tv (fitas); retro-projetor (lâminas); lousa; textos suplementares:PPrroocceeddiimmeennttooss:11ºº MMoommeennttoo:: Introdução ao conteúdo com os conhecimentos e conceitos prévios dos educandos.22ºº MMoommeennttoo:: Aula expositiva sobre a importância da representação dos negros na História do Brasil,dando especial enfoque à participação da África e de parte do seu povo na nossa formação social,cultural e econômica; 33ºº MMoommeennttoo:: Fazer interpretação de textos sobre a temática e dasinformações recebidas, para desenvolver atitudes críticas frente à nova realidade apresentada; 44ººMMoommeennttoo:: Com estas leituras organizar trabalhos em grupos, oportunizando o desenvolvimento deuma postura pró-ativa; 55ºº MMoommeennttoo:: Elaborar uma crítica construída de forma coletiva, partindo dacientificidade e do conhecimento prévio, buscando neles a visão da realidade local a partir darealidade global, procurando formas de colocá-los em nossa prática cotidiana. 66ºº MMoommeennttoo::Socialização do estudo realizado.OObbsseerrvvaaççõõeess:O tempo da aula será otimizado a partir do trabalho em grupo com espaço para observação everbalização, permitindo a exposição de pontos de vista individuais e coletivos.será permitido aoeducador e aos educandos observar o nível de preconceito arraigado e buscar formas dedesconstrução, através do resgate às raízes e de aplicação de estratégias e ações que resultemem elevação da auto-estima e do respeito. RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass: - FREIRY, GILBERTO. "Casa Grande e Senzala".São Paulo, SP, Global, 2003, 47ª Ed.

221188 Planos de aula

- HOLANDA, SÉRGIO BUARQUE DE, "Raízes do Brasil", São Paulo, SP, Cia das Letras, 1995, 26ªEd.- MORIN, EDGAR "Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro". Brasília, DF, UNESCO,2003.- http//www.comciencia.br http//www.ensinoafrobrasil.org.br

PPllaannoo 5511AAuuttoorr((aa)):: Maria Auxiliadora dos SantosPPrriinnccííppiioo: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa: Tema 5 - A presença negra nas artes brasileirasTTííttuulloo:: Palavras do Português do Brasil de Origem AfricanaPPúúbblliiccoo AAllvvoo: Ens. Médio - 1 o Ano DDiisscciipplliinnaass: Língua portuguesa;

Geografia; História; LiteraturaOObbjjeettiivvooss:Resgatar a imagem do negro como participante dos principais movimentos culturais e sociaisdo país, a partir do estudo da vida e obra dos principais autores negros brasileiros; Buscar aelevação da auto-estima dos alunos afro-descendentes, pelo confronto com exemplos literáriose sociais. CCoonncceeiittooss:Igualdade; Respeito; Auto-estima positiva; Raça; Etnia; Língua; Linguagens oral e escrita;Variação lingüística; Identidade cultural HHaabbiilliiddaaddeess::- De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De conviver com a diversidade - De trabalhar linguagens - De enxergar o outro sob um ângulo diferente VVaalloorreess:Ética; Cidadania; Respeito às diferenças culturais, religiosa etc.; Solidariedade; Amor;Compromisso; Coragem RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss::Pincéis; tesoura; cola; cartolina; papel ofício; papel sulfite; lápis de cor; giz; régua; dicionário: livrosdidáticos de autores diversos; textos de romances de Jorge Amado e outros; equipamento de some DVD; CD João Bosco e outros; DVD filmes de romances de Jorge Amado; Video; fitas VHS registrosda cultura afro-brasileira; Jornais e revistas:PPrroocceeddiimmeennttooss:11ºº MMoommeennttoo:: Conhecer a obra de alguns dos principais autores(as) negros(as) do Brasil, pela leiturade textos de nossa literatura. 22ºº MMoommeennttoo:: Identificar o vocabulário de palavras de origem afro-brasileira, que resultará num dicionário; 3º Momento: Produzir textos empregando tais palavras(poemas ou prosas); 44ºº MMoommeennttoo:: Elaborar cartazes com poemas, prosas, desenhos, fotos,gravuras, legendas e etc; 55ºº MMoommeennttoo:: Criação de peças teatrais empregando as palavras econtextos pesquisados; 66ºº MMoommeennttoo:: Construção do um jornal temático;LLiinnkk::http://www.usinadeletras.com.br http://www.acordacultura.org.br/ http://bibivirt.futuro.usp.br http://www.liceuliterario.org.br/ http://www.quilombodospalmares.org.br/ OObbsseerrvvaaççõõeess:Este plano de aula pode ser adaptado para o ensino fundamental do segundo seguimento.RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::- AMADO, Jorge. Capitães de areia. 76º ed. Rio de Janeiro, Record, 1993.- ______ Mar morto. 85º. Rio de Janeiro: Record, 2004- ______ Tereza Batista cansada de guerra. 26º ed. Rio de Janeiro: Record, 1992.- ALENCAR, José de. O tronco de ipê. 6º ed. São Paulo, Ática, 1983.

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- ALMEIDA, José Américo de. A bagaceira. 37º ed. Rio de Janeiro, José Olympio, 2004.- Boletim PPCOR, Reflexões iniciais sobre cotas nas Universidades. 2004.- Câmara - Cascudo, Luís da. Dicionário do Folclore Brasileiro. Itatiaia, 1984.- Declaração de Durban ePlano de Ação. Fundação Cultural Palmares.- Fatumbi Verger, Pierre. Orixás, Corrupio, 1997.- FREYRE, Gilberto. Casa Grande Senzala. Rio de Janeiro, Record, 1999.- HASEMBALG, Carlos Alfredo. Discriminação e desigualdades raciais no Brasil. Rio de Janeiro,edições, 1979 - JACCOUB, Luciana e Beghin, Nathalie. Desigualdades raciais no Brasil, um balanço daintervenção governamental, Brasília: Ipea, 2002.

PPllaannoo 5522AAuuttoorr((aa)):: Fabio RibeiroPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa: Tema 3 - Representações do negro na História do BrasilTTÍÍttuulloo: "Sou negro, sou forte. Não aceito, luto."PPÚÚbblliiccoo AAllvvoo: Ens. Médio - 2º Ano DDiisscciipplliinnaass:: História OObbjjeettiivvooss:Proporcionar ao aluno a reflexão e a percepção de que os negros no Brasil não aceitarampassivamente a escravidão, com o conhecimento de suas lutas, resistências e reivindicações,visualizando o protagonismo negro no Brasil.CCoonncceeiittooss:Escravidão, passividade/protagonismo, violência/tolerância, representações HHaabbiilliiddaaddeess: -De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) -De se organizar e organizar -De identificação de problemas - Deentender o outro, o mundo e a si mesmo - De conviver com a diversidade -De enxergar o outro sob um ângulo diferente VVaalloorreess:Respeito às diferenças, tolerância, sociabilidade, protagonismo intelectual RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss::Textos fotocopiados; Retroprojetor; Transparências; Cartolina; Jornais, revistas (para recortar);Lápis de cor e outros instrumentos de desenho.PPrroocceeddiimmeennttooss:11ºº mmoommeennttoo:: apresentar aos alunos as gravuras 1 e 2, por meio do retroprojetor, e logo a seguirproblematizar a questão da escravidão no Brasil e de suas representações, pedindo-se aos alunosque levantem hipóteses explicativas para estas representações. 22 ºº mmoommeennttoo:: Serão formadosgrupos com 5 alunos e distribuir-se-á os textos 1, 2, 3 e 4. Cada grupo deverá ler e sintetizar asidéias centrais de cada texto. 33ºº mmoommeennttoo:: O professor sorteará 4 grupos, para que cada um façaa apresentação de um dos textos ( painel aberto). 44ºº mmoommeennttoo:: Debate a partir das questões: Asidéias transmitidas pelos textos coincidem com as das imagens? Por quê?" Podemos falar empassividade ou em protagonismo da população escrava brasileira? "Havia 'brechas' de negociaçãoentre escravos e senhores (tolerância) ou tudo era resolvido apenas por meio da violência?" 55ººmmoommeennttoo:: Conclusão: Os grupos produzirão um material visual retratando a visão que possuíamdas lutas da população negra e a que passaram a ter após a atividade. Tal material será produzidonuma cartolina através de desenhos, colagens, etc. 66ºº mmoommeennttoo:: Apresentação dos grupos queapresentarão suas produções.MMaatteerriiaaiiss ddee AAppooiioo::AArrqquuiivvoo::TTEEXXTTOOSS: Texto 1 - "Relação da francezia formada pellos omens pardos da cidade da Bahia noanno de 1798" transcrição de manuscrito constante de Notícias da Bahia, Arquivo do IHGB, L399. Texto 2 - "Tratado proposto a Manuel da Silva Ferreira pelos seus escravos durante o tempoem que se conservaram levantados", citado em REIS, João José e SILVA, Eduardo. Negociaçãoe conflito; a resistência negra no Brasil escravista. São Paulo, Companhia das Letras, 1999,pp.123-124. Texto 3 - Crônica de Machado de Assis citada em CHALHOUB, Sidney. Visões daliberdade; uma história das últimas décadas da escravidão na corte. São Paulo, Companhia das

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Letras, 1990, p.95-97. Texto 4 - Processo judicial da africana de nação Rebola Cristina, citadoem CHALHOUB, Sidney. Visões da liberdade; uma história das últimas décadas da escravidão nacorte. São Paulo, Companhia das Letras, 1990, p.110. IIMMAAGGEENNSS: Gravura 1 - HenryChamberlain, "Mercado", 1822, citada em in Souza, L. de M. - Cotidiano e vida privada naAmérica portuguesa, História da Vida Privada no Brasil, vol.I . São Paulo, Companhia das Letras,1997. Gravura 2 - Henry Chamberlain, "Negros de Ganho", 1822, citada em in Souza, L. de M.- Cotidiano e vida privada na América portuguesa, História da Vida Privada no Brasil, vol.I SãoPaulo, Companhia das Letras, 1997.OObbsseerrvvaaççõõeess::O professor deverá aplicar o trabalho conforme as características de seu público e os recursosdisponíveis na escola.RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::- Cotidiano e vida privada na América portuguesa, História da Vida Privada no Brasil, vol.I . SãoPaulo: Companhia das Letras, 1997.- FILHO, Walter Fraga. Mendigos ,moleques e vadios na Bahia do séc. XIX. SãoPaulo/Salvador,Hucitec/EDUFBA,1996.- MATTOSO, Kátia M. de Queiroz.Bahia: a cidade de Salvador e seu mercado no século XIX . SãoPaulo/Salvador: Hucitec/Secretaria Municipal de Educação e Cultura, 1978.- FRANCO , Maria Sylvia de Carvalho. Homens livres na ordem escravocrata. São Paulo, 1997,UNESP.- PRADO JR., Caio. Formação do Brasil Contemporâneo. São Paulo, Brasiliense, 1981. "Relaçãoda francezia formada pellos omens pardos da cidade da Bahia no anno de 1798" transcrição demanuscrito constante de Notícias da Bahia, Arquivo do IHGB, L 399.REIS, João José e SILVA,Eduardo. Negociação e conflito ; a resistência negra no Brasil escravista. São Paulo, Companhiadas Letras, 1999.- CÂNDIDO, Antônio. O discurso e a cidade. São Paulo, 1998, Duas Cidades.- JANCSÓ, István. Na Bahia, contra o império; história do ensaio de sedição de 1798. São Paulo,Hucitec,1996.- _____________. "A sedução da liberdade - cotidiano e contestação política no final do séculoXVIII" in Souza, L. de M. - Cotidiano e vida privada na América portuguesa, História da Vida Privada no Brasil, vol.I . SãoPaulo: Companhia das Letras, 1997.- NOVAIS, Fernando. "Condições de privacidade na colônia" in Souza, L. de M. - MACHADO, Maria Helena. O plano e o pânico. São Paulo, EDUSP, 1994.- CHALHOUB, Sidney. Visões da liberdade; uma história das últimas décadas da escravidão nacorte. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.- GEBARA, Ademir. O mercado de trabalho livre no Brasil (1871-1888). São Paulo: Brasiliense,1986.- AZEVEDO, Célia Maria Marinho de. Onda negra, medo branco; o negro no imaginário da elitedo século XIX. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.- HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

PPllaannoo 5533AAuuttoorr((aa)):: Vanda da SilvaPPrriinnccííppiioo: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa: Tema 3 - Representações do negro na História do BrasilTTííttuulloo:: Um olhar sobre o negro no seculo XIX: Rugendas e suas obras.PPúúbblliiccoo AAllvvoo: Ens. Médio - 2º Ano DDiisscciipplliinnaass: História; Artes OObbjjeettiivvooss: - problematizar a leitura das imagens dentro so seu contextohistórico, possibilitando aos alunos reconhecer as imagens como documentos históricos;-perceber de que forma a imagem dos negros foram construidas no seculo XIX.CCoonncceeiittooss:Construção da memória social sobre o negro; imagem- fonte histórica;HHaabbiilliiddaaddeess:- De refletir multidisciplinarmente - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De enxergar o outro sob um ângulo diferente

222211História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

- De agir multidisciplinarmente VVaalloorreess:Perceber e respeitar o outro; valorizar o debate e o saber a respeito de diferentes opiniões; RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss::Transparências com imagens de obras de Rugendas; Ou uso de datashow. Reproduções deobras de Rugendas; cartolinas; lápis de cor, giz de cera ou tinta guache;PPrroocceeddiimmeennttooss:11ºº mmoommeennttoo:: Apresentar ao alunos a imagem" A preparação da mandioca" de Rugendas. (Pode- se utilizar o retro- projetor ou data show). 22ºº mmoommeennttoo:: problematizar com as seguintesperguntas: O que eles observam nesta imagem? O que a obra retrata? Quando ela foiproduzida? -Quem é o autor da obra? 33ºº mmoommeennttoo:: Com o professor que fará a explanaçãosobre o contexto histórico que a obra foi produzida e apontar questões como: aa)) cena retratadapor Rugendas apresenta o trabalho escravo como uma atividade agradável, podemos observaras expressões do rosto, as próprias vestimentas que procuram embelezar as mulheres,a figuracordial do branco (papel de fiscalizar o trabalho). bb)) apontar estas questões para demonstrar deque forma as imagens dos negros e da escravidão foram construídas através do olhar europeu.cc)) destacar a importância de ler as imagens como um documento. 44ºº mmoommeennttoo:: alunos emgrupo (04 integrantes), distribuir aleatoriamente reproduções de obras de Rugendas. As obrasescolhidas são as seguintes: Lavadeiras no Rio de Janeiro, Colheita de café, Dança do Lundu,Jogo de Capoeira ou Dança de Guerra, Enterramento de um negro na Bahia, Mercado deNegros, Negros jovens, Castigo público no campo de Santana. No grupos a tarefa é deapreciação da obra (ler a obra e perceber a sua linguagem), produzir (fazer uma releitura daobra com o material oferecido - cartolinas , lápis de cor tintas etc..) O professor deverá ofereceraos alunos, uma cartolina dividida em 04 partes e pedir para que cada membro do grupo,produza na parte que lhe coube a leitura que faz da obra, após o termino fazer a junção daspartes. Demonstrar como cada uma estabelece um olhar diferente sobre uma mesma obra, aimportância de situar a obra dentro o olhar do seu autor, pois a mesma é fruto de seu momentohistórico.LLiinnkk: www.moderna.com.br/moderna/arte/icones/proposta www.itaucultural.org.br/aplicExternas/Enciclopedia/artes2003/index ww.pitoresca.com.br/brasil/rugendas/rugendas.htm OObbsseerrvvaaççõõeess:Esta atividade pode ser explorada em conjunto com a disciplina de Artes, onde o professor podeapresentar os conhecimentos da forma como eram preparadas as pranchas de desenhos(esboços) dos viajantes que por aqui passavam e representavam o nosso cotidiano, o uso detintas, as diferenças entre as litogravuras, as aquarelas, etc.Aplicar o método triangulardiscutidos pelos arte- educadores e utilizada nos procedimentos como um suporte paratrabalhar imagens ao ensinar historia.RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::- BARBOSA, Ana Mae e SALES, Heloísa M. O ensino da arte e sua história. São Paulo: MAC,1990.- BITTENCOURT, Circe (org.) O saber histórico na sala de aula. São Paulo: Contexto, 1998. - BOSI, Alfredo. O Olhar (org.). São Paulo: Companhia das Letras, 1989.- DIENER, Pablo COSTA, Maria de Fatima.Rugendas e o Brasil. São Paulo: Capivara,2002- LE GOFF, J. História e Memória. 2. ed.Campinas: Editora da Unicamp, 1996.- NIKITIUK, Sônia L. (org.) Repensando o ensino de história. São Paulo: Cortez, 1996.- PAIVA,Eduardo França. História e Imagens. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.

PPllaannoo 5544AAuuttoorr((aa)):: Antonia Joselia dos Reis SilvaPPrriinnccííppiioo: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa: Tema 2 - Recontando a História da ÁfricaTTííttuulloo: A Situação do Negro na Àfrica pré-período escravocrata europeu.PPúúbblliiccoo AAllvvoo:: Ens. Médio - 2º Ano DDiisscciipplliinnaass:: História

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OObbjjeettiivvooss:Analisar o contexto pré-período escravocrata europeu, enfatizando as muitas habilidades dosnegros que chegaram a desenvolver várias técnicas: técnicas de criação de gado, de trabalhosde mineração, de artesanato, de trabalhos de ferro. Perceber a existência de vários gruposétnicos bem como diversos costumes e valores.- Entender que o povo negro, dentro das suaspossibilidades, possuiam todo um potêncial de desenvolvimento que com a chegada doseuropeus foi podado.CCoonncceeiittooss:Liberdade, escravidão, exploração HHaabbiilliiddaaddeess::- De identificação de problemas - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De conviver com a diversidade - De enxergar o outro sob um ângulo diferente Vaalloorreess::Respeito ao próximo, solidariedade, senso de justiça, respeito à diversidade RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss::Retroprojetor, transparência, televisão, filme AMISTARD, livrosPPrroocceeddiimmeennttooss::11ºº mmoommeennttoo: fazer um texto dissertativo a partir das figuras que retratam o negro em doismomentos históricos: na África (livre) e no Brasil (escravizado). 22ºº mmoommeennttoo:: leitura conjuntados textos seguida de discussões acerca dos mesmos. 33ºº mmoommeennttoo:: assistir o filme AMISTAD,que enfoca a situação desumana a que os negros eram submetidos, a começar pela viagem nosnavios negreiros. 44ºº mmoommeennttoo:: leitura dos textos de Kátia de Queirós Mattoso, extraídos do seulivro SER ESCRAVO NO BRASIL, para abordagem sobre a situação penosa e exploratória em queos escravos eram submetidos ao chegarem aqui no Brasil. 55ºº mmoommeennttoo:: fazer um texto sobre aimportância da liberdade a partir de algumas gravuras mostradas no retroprojeto.OObbsseerrvvaaççõõeess:Na conclusão do meu curso (história )fiz a monografia enfocando a questão quilombola nobrasil, mais especificamente no maranhão. para essa empreitada passei quase um mês emcampo (quilombo de São Sebastião dos Pretos, localizado em Bacabal-MA). Fiz filmagens,gravações, colhi objetos , fotografei. Enfim, reuni um arsenal de coisas relevantes para setrabalhar com essa temática, que para mim é apaixonante, haja vista que sou negra e buscoentender minha história para poder melhorar a história do meu povo a partir da minha práticacomo professora e formadora de opinião que sou). Portanto utilizarei esse material para tornarmais prática minhas aulas. RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::- ALMEIDA, Alfredo W. B. de. A IDEOLOGIA DA DECADÊNCIA. São Luís: IPESIMA, 1983.- BASTIDE, R. Estudos afro-brasileiros. São Paulo: Perspectiva, 1973.- GOVERNO DO ESTADO ENTREGA ESCRITURA COLETIVA DE TERRA EM ÁREA QUILOMBOLA.Jornal o Debate. São Luis: 25 de novembro de 2003.- MATTOSO, Kátia de Queiros. SER ESCRAVO NO BRASIL. 2° ed. São Paulo: Brasiliense, 1988.- SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Parâmentros curriculares nacionais: pluralidadecultural, orientação sexual. Brasília: MEC/SEF, 1997.- PROJETO VIDA DE NEGRO. Quilombo Jamary dos Pretos - Terra de mocambeiros. ColeçãoNegro Cosme - Vol. II. São Luís: SDDH/CCN - PVN 1988.- SILVA, Antônia Joselia dos Reis. As relações Sociais e a pluralidade cultural dos remanescentesquilombolas de São Sebastião dos Pretos. Imperatriz, 2004.- Monografia(Licenciatura Plena em História)- Curso de História,Universidade Estadual doMaranhão.

PPllaannoo 5555AAuuttoorr((aa)):: Maria Iraci Cardoso TuzzinPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 5 - A presença negra nas artes brasileiras

222233História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

TTííttuulloo: Os negros em Panambi -RSPPúúbblliiccoo AAllvvoo:: Ens. Médio - 2º Ano DDiisscciipplliinnaass: Língua portuguesa

Literatura OObbjjeettiivvooss: Identificar a presença de personagens negras nos contos deMachado de Assis.Verificar a presença de personagens negros na novela "A lua medisse"Comparar a presença negra na escrita de narrativas machadianas (contos)do sec.XIX coma escrita de narrativas no sec.XXI para a TV. Analisar a realidade de pessoas negras nacomunidade panambiense.CCoonncceeiittooss::Estilos, diversidade artística e cultural, preconceito HHaabbiilliiddaaddeess: - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De estar atento - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De enxergar o outro sob um ângulo diferente VVaalloorreess:Tolerância, respeito, reconhecimento RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss::Laboratório de informática, Word, Internet- Power point. Biblioteca escolar. Os contos deMachado de Assis. A biografia de Machado de Assis. Jornais e revistas. Televisão evidecassete/DVD. Novela da rede globo "A lua me disse". Fitas de vídeo. Empresa jornalísticaLocal, Espaço para publicação de redaçõesPPrroocceeddiimmeennttooss::11ºº mmoommeennttoo:: Levantar informações biográficas na biblioteca ou na internet sobre as obrasMachado de Assis. Atividade realizada em duplas. 22ºº mmoommeennttoo:: Socializar as obras pesquisadas,utilizando "power-point"/telão. Cada dupla deverá justificar a escolha e comentar a obra comsuas características consideradas interessantes. 33ºº mmoommeennttoo:: Em sala de aula, as duplas irão ler"contos" escolhidos de Machado de Assis. E localizar neste contexto a presença do negro e comoela, está inserida diante da realidade brasileira. 44°° mmoommeennttoo:: Este estudo será para serdesenvolvido em casa: gravar alguns capítulos da novela da rede Globo de televisão "a Lua medisse". Selecionar cenas em que aparecem personagens negros atuando. 55ºº mmoommeennttoo:: Levarestas cenas selecionadas para a sala de aula, e com elas, elaborar uma análise da presença depersonagens negros, destas cenas e compará-las: aos personagens negros em narrativas escritasno século XIX presentes nos poemas; com os personagens negros presentes nos escritos noséculo XXI. 66ºº mmoommeennttoo:: Elaborar as conclusões, trazendo-as para a realidade vivida com apopulação negra da cidade de Panambi-RS. E verificar houve mudanças? quais foram estamudanças? se não houve, quais as causas? 77ºº mmoommeennttoo:: Dissertação sobre as mudanças que "Os negros em Panambi" estão vivenciando. 88ºº mmoommeennttoo:: Escolher os melhores textosdissertativos, e no dia da Consciência Negra, fazer uma manifestação na mídia a partir destasmudanças. Se elas aconteceram ou não.LLiinnkk::http://www.bibvirt.futuro.usp.br Observações:Conforme a realização das aulas for ocorrendo, ajustes, cortes, adaptações... serão realizadas.RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::- FARACO, Carlos Alberto. Português: Língua e Cultura. Curitiba: Editora do Brasil, 2003.- CAPEDELLI, Samira Yousseff. SOUZA, Jésus Barbosa. LITERATURA PRODUÇÃO DE TEXTOSGRAMÁTICA. São Paulo: Saraiva, 1998.http://www.antroposmoderno.com.brhttp://www.ladonegro.nethttp://www.isi.usp.br/~curto/ismaliahtml- http://www.veja.com.brJornal Folha das Máquinas

PPllaannoo 5566AAuuttoorr((aa): Daianna Basílio de Araújo Pompeu NevesPPrriinnccííppiioo: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"

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TTeemmaa: Tema 5 - A presença negra nas artes brasileirasTTííttuulloo: A Presença Negra na Literatura Brasileira, Lima Barreto e

Machado de AssisPPúúbblliiccoo AAllvvoo:: Ens. Médio - 2ª Série DDiisscciipplliinnaass:: Línguaportuguesa; História; Artes; Literatura OObbjjeettiivvooss::Reconhecer a presença do negro nas artes brasileiras, primordialmente na Literatura Brasileira,que é o alvo deste plano; pesquisar situações de preconceito vivenciadas pelos 2 autorespropostos - Lima Barreto e Machado de Assis - bem como observar em que essas situaçõespodem ter influenciado direta ou indiretamente no enredo de algumas de suas obras;CCoonncceeiittooss::Cultura (Literatura), preconceito racial, História do séc. XVIII e XIX HHaabbiilliiddaaddeess::- De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De identificação de problemas - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De enxergar o outro sob um ângulo diferente VVaalloorreess::Históricos, morais e éticos RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss::Visita a bibliotecas; exibição de documentários sobre o Pré-Modernismo e sobre o Realismo,pesquisa em compêndios de literatura brasileira e obras dos autores propostos como base paraas pesquisas, aula expositiva dialogada. Produção de texto argumentativo ao final da aulaPPrroocceeddiimmeennttooss:11ºº mmoommeennttoo:: Literatura na biblioteca com livros de História referentes à cultura negra - Abolição daEscravatura, O Tráfego Negreiro, O Continente Africano, dentre outros. 22ºº mmoommeennttoo:: Aproblematização do assunto a ser abordado - O que vocês percebem nestas na história? Como onegro é apresentado? Quantas páginas são reservadas para a história do Continente Africano? E ahistória da civilização egípcia? A menção às diversas tribos e dinastias africanas da época? Émostrada a riqueza da cultura africana antes de escravidão? E as ilustrações de como o negro émostrado? - A partir destes questionamentos e outros que forem surgindo durante a execução doplano, o professor 'aquecerá' as atividades subseqüentes. 33ºº mmoommeennttoo:: Explanação do professorsobre a importância dos estudos sobre a raça negra e os aspectos básicos do período escravocrataque vêm sendo passados de maneira errônea ao longo das décadas : A partir da explanação doprofessor, os alunos elaborarão seus questionamentos sobre o assunto. Após o professor faráalguns questionamentos como: os negros já eram escravos antes de virem para o Brasil? Havia sóuma nação negra na África? Como era a organização social dos negros na África? Aqui no Brasil,eles se uniram ou permaneceram separados? É interessante notar que, esses dados, serão aproblemática para os alunos para pesquisarem e construir conhecimentos para as respostas, queserão, em outra ocasião, apresentadas a turma. 44ºº mmoommeennttoo:: O próximo passo será a Literaturapropriamente dita com documentários curtos do período Realista da Lit. Brasileira, e , em seguida,no período Pré-Modernista dessas duas tendências estéticas da Lit. Brasileira. Este estudo levará osalunos a pesquisarem a biografia de Lima Barreto e Machado de Assis. 11.. E levantarão dados daimportância do negro na literatura, 22.. O preconceito racial vivenciado pelos autores, como fatordeterminante nas idéias e situações apresentadas em seus texto 33.. pesquisarem obras de cada umdos autores (contos, resumo de livros, fragmentes de narrativas), procurando os traços dessepreconceito. Essa pesquisa terá como culminância o seminário por grupos de alunos. 55ºº mmoommeennttoo::O seminário ocorrerá primeiramente com a exposição com a técnica de colagem, apresentando oenfoque: na história do negro. 11ºº com amostragem do que o negro sofreu; 22ºº a influência dacultura negra engendrada no Brasil. 33ºº o seminário com a apresentação em grupo do trabalhodesenvolvido na pesquisa. 44ºº durante o seminário que será apresentado ás outras turmas, os alunosque forem assistir terá uma ficha para serem colhidas e registradas, o que foi significativo e asprincipais idéias das apresentações. Os alunos a partir desta, sistematizarão textos argumentativos,individualmente, com a abordagem dos grupos. 55ºº com os melhores textos será organizados umlivro com a sistematização do estudo, e será enviado para a turma que apresentou e estes com aprofessora avaliarão o estudo e se conseguiram abordar o assunto.LLiinnkk::www.academiabrasileiradeletras.org.br

OObbsseerrvvaaççõõeess::Esse plano de aula foi criado visando o trabalho em uma escola estadual de uma pequenacidade no interior de Minas Gerais, o que prevê poucos recursos audio-visuais, além da TV eVídeo, que a escola já possui, e Internet apenas para aqueles alunos que a possuem em casa,pois a escola ainda não tem. A prioridade é utilizar materiais que a escola já tem, e que nempor isso se constituem em material pobre, uma vez que neles é possível encontrar traçosmarcantes da História do Negro no Brasil do séc. XX.RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::- Livros de história do ens. fundamental que o governo de minas gerais distribui nas escolasestaduais- Revistas usadas mantidas nas bibliotecas das escolas para recortes e pesquisas- Curso de lit. de lingua portuguesa - Ulisses Infante, Editora Escipione- Português - Faraco E Moura, Ens. Médio Editora Ática - Contos de machado de assis baixados pelo professor na internet - Obra Completa de Lima Barreto - Machado De Assis p/ Principiantes Org. Marcos Bagno Ed. Àtica. - Lit. Ocidental. Salvator D'onofrio, Ed. Àtica

PPllaannoo 5577AAuuttoorr((aa)):: Paulo Sergio Moreira da SilvaPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa: Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileirasTTííttuulloo:: A Caretagem como prática cultural: fé, folia e negritude na BahiaPPúúbblliiccoo AAllvvoo:: Ens. Médio - 3o Ano DDiisscciipplliinnaass:: História OObbjjeettiivvooss::Dar visibilidade a cultura afro-brasileira, bem como compreender as transformações e suacircularidade no cotidiano da sociedade.CCoonncceeiittooss::Cultura popular, religiosidade, negritude HHaabbiilliiddaaddeess::- De trabalhar linguagens - De identificação de problemas - De agir multidisciplinarmente VVaalloorreess:: -Convivência, respeito, aprendizagem RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss::Fotografias, Charges, Mapas, VídeoPPrroocceeddiimmeennttooss::11ºº mmoommeennttoo:: análise das imagens, identificando as características peculiares em cada uma; 22ººmmoommeennttoo:: Refletir sobre os múltiplos elementos culturais existentes em cada fotografia; 33ºº mmoommeennttoo::Localizar nestas imagens elementos afro-descendente; 44ºº mmoommeennttoo:: Relacionar os elementos culturaisexistentes nesta prática com outras existentes no Brasil, na atualidade.MMaatteerriiaaiiss ddee AAppooiioo::AArrqquuiivvoo::anexos/id1000025/fig.283.jpg anexos/id1000025/fig.282.jpg anexos/id1000025/01.jpg OObbsseerrvvaaççõõeess::O presente plano, tem por objetivo de compreender as várias reelaborações culturais existentesnas manifestações populares, bem como analisar a sua importância na formação da identidadedo povo brasileiro. Também tem o caráter comparativo com outras manifestações popularesexistentes no BrasilRReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::- FRANCO, Afonso Arinos de Melo. Histórias e Paisagens - Rio de Janeiro - Livraria FranciscoAlves, 1921- GONZAGA, Olímpio. Memória Histórica de Paracatu-Uberaba-Typ. Jardim Cia 1910

222255História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

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- MELLO, Antônio de Oliveira. Afonso Arinos e o Sertão-Rio de Janeiro - 1961- ----------------Paracatu Perante a História - Patos de Minas -1964- ----------------Minha terra: suas lendas e seu folclore - Belo Horizonte - 1966- ----------------De Volta ao sertão: Afonso Arinos e o Regionalismo Brasileiro -Paracatu - 1975- -----------------Paracatu do Príncipe: minha terra - Paracatu - 1979- -----------------A Igreja de Paracatu nos caminhos da História-Paracatu - 1987- -----------------As Minas Reveladas: Paracatu no tempo - Paracatu - 1994- -------- -----------------Memórias de um tempo - Paracatu - 1999- -----------------Paracatu do tempo e em tempo -Paracatu -2001Dissertações e Teses. - GABARRA,Larissa Oliveira. A dança da tradição: congado em Uberlândia/ MG (século XX) Uberlândia: UFU,2003 (Dissertação de Mestrado) - KATRIB, Cairo Mohamad Ibrahim. Nós mistérios do rosário: as múltiplas vivências da festa emlouvor a Nossa Senhora do Rosário, Catalão-GO (1936-2003) Uberlândia: UFU, 2004(Dissertação de MestradoFontes Visuais - DVD - Honrados Amados Benditos. Instituto Fala Negra e afro-descendência -Paracatu. 2005.- VHS - Caretas e Zambiapunga. Bahia singular e plural. TVE Bahia. Março. 2000- VHS - São João na roça. Opará vídeos. 1999

PPllaannoo 5588AAuuttoorr((aa)):: Luiza Luzanira de Negreiros TorresPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 3 - Representações do negro na História do BrasilTTííttuulloo:: Brasil, uma parceria entre índios, brancos e negrosPPúúbblliiccoo AAllvvoo:: Ens. Médio - 3º Ano Disciplinas: Línguaportuguesa; Matemática; Ciências Naturais;

Geografia; História; Artes; Educação Física; LínguaEstrangeira; Ensino Religioso; Filosofia; Sociologia; Química;

B i o l o g i a ;Literatura OObbjjeettiivvooss::GGEERRAAIISS:: Desenvolver o senso crítico, a partir do conhecimento e do aprendizado cognitivo eético, moral, vivenciado através de experiências compartilhadas que valorizem os princípiosnorteadores da igualdade, diversidade e inclusão social, em atividades educativasinterdisciplinares; EESSPPEECCÍÍFFIICCOOSS:: Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferenteslinguagens e suas manifestações específicas. Confrontar opiniões, analisando e interpretandotextos referentes aos temas propostos relacionando-os com diferentes contextos e referências.Desenvolver habilidades de leitura em diversos gêneros textuais, favorecendo o acesso aopatrimônio histórico-cultural da sociedade brasileira. Analisar criticamente os acontecimentospolíticos, econômicos e étnico-sócio-culturais, na perspectiva de participar efetivamente daconstrução/reconstrução da sociedade em sua gênese como protagonista que é necessário ser.CCoonncceeiittooss::HHaabbiilliiddaaddeess::- De trabalhar linguagens - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De conviver com transformações - De identificação de problemas - De refletir multidisciplinarmente - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De conviver com a diversidade - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De agir multidisciplinarmente VVaalloorreess::"A sociedade está passando por uma profunda crise ética e moral porque a prática dos VALORES

222277História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

HUMANOS foi esquecida. Não é somente a forma humana que distingue o homem do animal,mas, o que ele oferece, e como usa os valores que lhe são inerentes. O AMOR é uma energiapsíquica que nasce no coração humano como uma "centelha", que, não desenvolvida para alémdo sentimento instintivo, não sairá do estágio primário da animalidade. A INTELIGÊNCIA malusada é uma inconseqüência. O homem deve utilizá-la filtrando ações e manifestações atravésdos critérios do coração para encontrar a VERDADE sobre si mesmo, distinguindo o bem do mal,atento à sua condição de LIVRE ARBÍTRIO. A EDUCAÇÃO deve proporcionar o crescimento dascrianças, adolescentes e jovens como luzes para si mesmo, mas, que iluminem os demais comomensageiros para um mundo melhor. Deve ainda moldar- lhes o CARÁTER à partir dodesenvolvimento de infinitas potencialidades de uma mente nutrida pelos reais valores da vidahumana, cujo pilar seja a instituição chamada FAMÍLIA com base na HONESTIDADE, DISCIPLINAe RESPEITO. A preocupação de TER e não em SER desencadeia os valores humanos, condena aSOLIDARIEDADE, a GENEROSIDADE e o BOM SENSO. As atitudes tranqüilas, corajosas, eimparciais são decisivas para reduzir a violência, o preconceito, incentivar à ORDEM, DISCIPLINA,COOPERAÇÃO, RESPONSABILIDADE, AMIZADE, COMPAIXÃO, COMPREENÇÃO, TOLERÂNCIA...permitindo a qualquer pessoa a possibilidade de viver bem com todos. A toda hora a vida nosdar OPORTUNIDADE de exercitarmos estes valores; ótimo, porque para SER É NECESSÁRIOTREINAR. RReeccuurrssooss DDiiddááttiiccooss::Plano de aula - interdisciplinar. Estrutura física: sala de aula, e sala de multimeios equipada, pátiocoberto, e cozinha completa da escola. Recursos humanos: Orientadores, grupo gestor,funcionários, alunos e comunidade. Material de consumo: Giz, papéis: (ofício e 40 kg ), madeira,pautado e duplex. Fitas para impressora (matricial e a jato), Cartolinas. Transparências comuns epara computador. Massa para bolos. OBS: estes recursos contemplam o desenvolvimento de umprojeto mensal, além do plano de aula. PPrroocceeddiimmeennttooss:11°° mmoommeennttoo:: Leitura paragrafada de um texto didático - expositiva; 22ºº mmoommeennttoo:: Consultar odicionário para as palavras desconhecidas do texto: como por ex.: colonização - escravo - África- Brasil - quilombo - favela - primórdios - mocambo - banzo - pujança - remanescente - exclusão;33ºº mmoommeennttoo:: Trabalho em grupo: (de 4) - destacar as informações mais importantes do texto,selecioná-las e organizá-las em folhas de papel ofício em forma de esquema e expor em painel,na sala; 44ªª mmoommeennttoo:: Leitura de aprofundamento - Texto informativo; 55ºº mmoommeennttoo:: Pesquisar eatualizar a situação étnica do Brasil; 66ºº mmoommeennttoo:: Recolher todo material exibido neste projeto(em todas as disciplinas) para, no final organizar uma exposição pública na escola, numencontro de pais ( título- Meu Brasil afro-brasileiro verde amarelo). 77ºº mmoommeennttoo:: Apresentação:Exposição com Experiências.LLiinnkk::www.ensinoafrobrasil.org.br OObbsseerrvvaaççõõeess::Este plano deve ser adaptado para todos os espaços disciplinares existentes no currículo daescola, adequando com textos e conteúdos próprios de cada espaço curricular, utilizando, depreferência, os próprios textos didáticos e para-didáticos utilizados pelas escolas. Sugestõesforam apresentadas no original deste plano, que não estão sendo reproduzidos aqui, pelaextensão dos mesmos e pela multiplicidade de textos didáticos e para-didáticos utilizados nasescolas, nem sempre compatíveis com os textos adotados na escola em que a professora autoradeste plano atua. Este plano está sujeito a adaptações e mudanças de acordo com a situação,criatividade e o interesse de quem interessar possa. Estão colocados na perspectiva dapedagogia de projetos e metodologia de pesquisa. O material didático é um excelente pano defundo para a execução e aprofundamento na temática desse plano e, é através das pesquisasque surgirão textos e outros materiais que formarão os conteúdos. As avaliações deverão serfeitas individuais e coletivas, em casos de projeto.RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::- MONTELLATO, Andréia, CABRINE, Conceição. His- tória Temática - Diversidade Cultural eConflitos - 6ª ano. Terra e Propriedade- 7ª ano. Editora Scipione -2001- DOTTORI, Cláudio (UFRJ) Geografia vol. 2 Tele-curso 2000 Fundação Roberto Marinho- CARVALHO, Geraldo C. de Sousa. Química: de olhono mundo do trabalho. vol. único para oEnsino Médio Ed. Scipione, 2004.

222288 Planos de aula

PPllaannoo 5599AAuuttoorr((aa)):: Paulo Francisco PereiraPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 5 - A presença negra nas artes brasileirasTTííttuulloo:: Retrato em branco e preto da televisão brasileira.PPúúbblliiccoo AAllvvoo:: Ens. Médio - 3ª Série DDiisscciipplliinnaass:: História; Artes;

LiteraturaOObbjjeettiivvooss:: Reconhecer a participação de atores e atrizes negros/as nastelenovelas brasileiras, respeitado sua contribuição na construção sua contribuição naconstrução dessa manifestação cultural, identificando os/as atores e atrizes negros/as e seuspapéis na telenovela brasileira. Relacionar a atuação de artistas negros/as nas telenovelasbrasileira com a inserção da população negra na sociedade brasileira, especialmente emdeterminados setores, visando a formação de juízos críticos sobre a representação de negros nacultura brasileira.CCoonncceeiittooss::Representação, Identidade, Preconceito Racial, Cultura e Arte HHaabbiilliiddaaddeess::- De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De conviver com a diversidade - De agir multidisciplinarmente - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De agir multidisciplinarmente VVaalloorreess::Reconhecimento, Respeito, Crítica RecursosDidáticos:Textos, fichas de trabalho, TV, Vídeo Cassete, DVD, computador, internet.PPrroocceeddiimmeennttooss::1º momento: Distribuição de fichas para preenchimento de nomes de ator e atriz de telenovelasbrasileiras de preferência dos/as estudantes da turma. Elaborando um levantamento dos nomes,identificação da etnia dos/as atores e atrizes, elaboração de quadro estatístico e discussão dosresultados. 2º momento: Distribuição de novas fichas para preenchimento de nomes de ator eatriz negros/as de telenovelas brasileiras de preferência dos/as estudantes da turma e das razõesda preferência.Com levantamento dos nomes e das razões da preferência e discussão dosresultados. 3º momento: Formação de grupos de trabalho com número de estudantescorrespondente ao das telenovelas brasileira em análise. Acompanhamento dos/as destaatividade pelo professor sobre as telenovelas, durante uma semana com assistência e anotaçõesem fichas. 4º momento: Pesquisa em sites referentes ao tema em grupos, para discussão desuas observações e elaboração de um dossiê crítico. 5º momento: Leitura de resenhas,comentários e análises do professor oportunizando a elaboração científica dos dossiês. 6ºmomento: Exposição dos dossiês com exibição de trechos em telenovelas. 7º momento:Elaboração de roteiro da novela com personagens negras considerando a análise procedida.LLiinnkkss:: www.portalafro.com.br www.afirma.inf.br www.aomestre.com.br/ente/e_zeze.htm www.cinemando.com.br/200301/iniciativas/manifestorecife.htm www.cidan.org.br www.uol.com.br/revistaraca Observações:A atividade pode se restringir a uma única novela ou eleger como foco os telejornais diários. Oúltimo procedimento pode ser dispensado se a atividade for realizada em turmas do ensinofundamental.RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::- ALENCAR, Mauro. Hollywood brasileira: panorama da telenovela no Brasil. São Paulo: Senac,2002.- BENJAMIN, Roberto. A África está em nós: história e cultura afro-brasileira. João Pessoa:Grafset. 2003.

222299História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

- BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria Especial de Políticas de Promoção da IgualdadeRacial. Diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações étnico/raciais e para oensino de história e cultura afro-brasileira e africana. Brasília, 2004.- ______.Ministério da Educação. Parâmetros curriculares nacionais: ensino médio. Brasília,1999.- BUCCI, Eugênio. Brasil em tempo de tv. São Paulo: Boitempo, 1996.- ______. Sobre ética e imprensa. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.- ______. A tv aos 50, São Paulo: Perseu Abramo, 2000.- ______.Videologias: Ensaios sobre televisão. São Paulo: Boitempo, 2005.- FONSECA, Maria Nazareth Soares. (Org). Brasil afro-brasileiro. Belo Horizonte: Autêntica,2000.- MARCONDES, Beatriz; MENEZES, Gilda; TOSHIMITSU, Thais. Como usar outras linguagens nasla de aula. São Paulo: Contexto, 2000.- MONTELLATO, Andréa; CABRINI, Conceição; CATELLI JR., Roberto. História temática:diversidade cultural e conflitos. São Paulo: Scipione, 2000.- NAPOLITANO, Marcos. Como usar a televisão na sala de aula. São Paulo: Contexto, 1999.- ______. A televisão como documento, In: BITTENCOURT, Circe (Org.). O saber histórico na slade aula. 4. ed. São Paulo: Contexto, 2001.- RATTS, Alex; DAMASCENA, Adriane A. A incisiva marca africana na cultura brasileira.Disponível na Internet, acessado em 18 de junho de 2005. (Unidade Vdo Curso de Formaçãoem História e Cultura Afro-brasileira e África).- ROCHA, Maria José; PANTOJA, Selma (Org.). Rompendo silêncios: história da África noscurrículos da educação brasileira. Brasília: DP Comunicações, 2004.- SALIBA, Elias Thomé. Experiências e representações sociais: reflexões sobre o uso e o consumodas imagens. In: BITTENCOURT, Circe (Org.). O saber histórico na sala de aula.4. ed. São Paulo:Contexto, 2001.Currículo Autores

PPllaannoo 6600AAuuttoorr((aa)):: Carmem Aparecida CardosoPPrriinnccííppiioo:: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil"TTeemmaa:: Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileirasTTííttuulloo:: A presença da música negra na afirmação da identidade cultural

brasileira - o Rio de Janeiro no início do século XXPPúúbblliiccoo AAllvvoo:: Ens. Médio - 3o Ano DDiisscciipplliinnaass:: HistóriaOObbjjeettiivvooss::Compreender como a cultura negra e seus representantes foram importantes para a afirmaçãoda identidade cultural brasileira; Reconhecer a cultura negra como expressão da nacionalidade,conhecendo as formas de resistência à marginalização e à discriminação nas manifestaçõesculturais, como a música e a dança negra.CCoonncceeiittooss::Identidade; Cultura; Nacionalidade; Resistência; AlteridadeHHaabbiilliiddaaddeess::- De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De conviver com a diversidade - De enxergar o outro sob um ângulo diferente VVaalloorreess::Respeito; Reconhecimento; Alteridade; SolidariedadeRecursos Didáticos:Texto sobre o contexto do Rio de Janeiro no início do séc. XX. Fotos/charge/pintura(reproduções) de imagens do Rio de Janeiro do início do séc. XX e de músicos negros da época.Aparelho de som, CDs.PPrroocceeddiimmeennttooss::11ºº mmoommeennttoo:: com os alunos em grupos pesquisar, como atividade extra-classe sobre osseguintes temas: a "origem" do samba no Rio de Janeiro, no início do século XX, junto àcomunidade negra que vivia na chamada "Pequena África". Vida e obra dos músicos: Sinhô;Pixinguinha; Donga; João da Baiana; Heitor dos Prazeres; O maxixe. O carnaval no início do

223300 Planos de aula

século XX - cordões carnavalescos e escolas de samba. Livro "Que cara tem o Brasil? - asmaneiras de pensar e sentir o nosso país", de Mônica Velloso, cap.3: "Iluminai os terreiros quenós queremos sambar!" Obs.: a idéia é para os alunos estudarem os temas acima e venham paraa aula com informações para participarem da discussão em sala. 22ºº mmoommeennttoo:: em sala a leiturado texto sobre o contexto vivido pela cidade do Rio de Janeiro nas primeiras décadas do séculoXX, destacando: as condições de vida de sua população, as reformas realizadas para"modernizar"/"civilizar" a cidade e suas conseqüências para a população mais pobre, os "gostos"culturais da elite sob influência européia. O texto pode ser selecionado a partir de um livrodidático, para-didático ou outro. 33ºº mmoommeennttoo:: discussão conjunta do texto e dos temasestudados pelos alunos previamente procurando: compreender como a população negra do Riode Janeiro vivia na época e como pôde "impor" a sua cultura (no caso estudado, a música);perceber a "infiltração" da cultura negra, afro-brasileira, nos espaços ditos dos brancos (da elite);identificar os espaços de vivência, troca e criação da cultura afro-brasileira: as ruas, osquiosques, o beco, o morro, a festa da igreja, o carnaval, a capoeira, os terreiros de candomblé;perceber os laços de solidariedade firmados entre os negros na luta pela sobrevivência;identificar o olhar da elite sobre a cultura negra (usando trechos de escritos de jornais ou outrodocumento da época). 4º momento: organizar as apresentações do estudo de maneirasistematizada, com os resultados da pesquisa. 5º momento: com as músicas (em CD, em fita ouinterpretação), fotos ou outro material obtido no trabalho de pesquisa.LLiinnkk::www.brasilfolclore.hpg.ig.co.br/capoeira.htm www.ginganago.com/capoeira/histoire/sources/tia_ciata.asp www.nzinga.org.br/ www.papodesamba.com.br/ OObbsseerrvvaaççõõeess::É importante a pesquisa prévia dos diversos temas para que os alunos participem da discussãona aula e somem conteúdos, já que o texto a respeito do contexto do Rio de Janeiro no iníciodo século XX - se selecionado de um livro didático -, provavelmente só abordará as condiçõesfísicas e sociais da cidade e as reformas realizadas, sem detalhes sobre a formação étnica dapopulação, seu modo de vida e cultura. É possível acrescentar outros temas à pesquisa prévia,como a capoeira e as religiões afro-brasileiras, estendendo o estudo do tema para mais aulas; oestudo desse conteúdo - e a compreensão do contexto vivido no Rio de Janeiro, a capitalbrasileira, no início do século XX - será importante também para o estudo das revoltas da Vacinae da Chibata. O estudo do tema pode também ser feito juntamente com a disciplina de Artes.RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass::- VELLOSO, Mônica. "Que cara tem o Brasil? As maneiras de pensar e sentir o nosso país". Riode Janeiro, Ediouro, 2000 (cap. 3 - "Iluminai os terreiros que nós queremos sambar!")

- MOURA, Roberto. "Tia Ciata e a Pequena África". Rio deJaneiro, Funarte, 1983. - Hilária Batistade Almeida, Tia Ciata.Link:www.ginganago.com/capoeira/histoire/surces/tia_ciata.asp- Samba, Carnaval. Link:www.papodesamba.com.br/Capoeira: www.brasilfolclore.hpg.ig.com.br/capoeira.htmwww.nzinga.org.br

CCuurrrrííccuulloo AAuuttoorreess

AAnnddeerrssoonn RRiibbeeiirroo OOlliivvaaDoutor em História Social pela Universidade de Brasília - UnB Professor de

História da África da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB.

AAlleexx RRaattttssMestre em Geografia e doutor em Antropologia pela USP, professor dos

223311História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola

cursos de graduação e mestrado em Geografia do Instituto de Estudos Sócio-Ambientais da Universidade Federal de Goiás, Coordenador Geral do Núcleode Estudos Africanos e Afro-Descendentes (NEAAD/UFG).

GGllóórriiaa MMoouurraaProfessora da Faculdade de Educação/Universidade de Brasília. Graduou-se

em Pedagogia na Universidade Federal Fluminense. Mestrou-se emPlanejamento Educacional na Universidade de Brasília. Doutorou-se emEducação na Universidade de São Paulo. Consultora do MEC/Pnud produziu"Uma História do Povo Kalunga", livro didático para remanescentes dequilombos.

AAnnaa LLuucciiaa LLooppeessPedagoga e Antropóloga. Trabalha com implantação e gestão de projetos

pedagógicos e culturais. Pesquisa relações étnico-raciais e educação.Participação no o Núcleo de Educação do Museu AfroBrasil.

LLuuiizz CCaarrllooss ddooss SSaannttoossProfessor do Ensino Médio e Universitário, Jornalista e Mestre em

Sociologia. Consultor de História Oral do Museu AfroBrasil/ SP. Foicoordenador executivo do Núcleo de Consciência Negra na USP (1992/1996)e secretário da Sociedade de Intercâmbio Brasil-África (SINBA)/RJ.(1975/76).

VVeerraa LLúúcciiaa SSaannttaannaa AArraaúújjooGraduada em Direito pela Faculdade de Direito do Centro Unificado de

Brasília-DF. Exerceu cargos públicos, como de Consultora-Jurídica Adjunta doGovernador Cristovam Buarque/Distrito Federal; Diretora da Fundação CultaralPalmares/MinC; Coordenadora Jurídica do Departamento Nacional de Trânsito;Coordenadora da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa doDistrito Federal, dentre outros. Militante de movimentos sociais e de direitosHumanos, foi Conselheira da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça e éConselheira do Conselho Nacional de Combate à Discriminação. Advoga emdiversas áreas do Direito, tanto no âmbito consultivo quanto litigioso.

AAddrriiaannee AA.. DDaammaasscceennaaHistoriadora, especialista em História cultural e mestra em Educação pela

Universidade Federal de Goiás, Coordenadora Administrativa do Núcleo deEstudos Africanos e Afro-Descendentes (NEAAD/UFG).

ÁÁllvvaarroo SSeebbaassttiiããoo TTeeiixxeeiirraa RRiibbeeiirroo

Graduado em Educação Física e Teologia. Especialista em Ensino deFilosofia, pela UnB e Ecumenismo, pela Universidade de Genebra/ConselhoMundial de Igrejas. Professor de Multiculturalismo, Filosofia da Educação e

223322 Planos de aula

Estágio Supervisionado, na Faculdade de Educação da UnB. Coordena projetosde extensão nas áreas de Filosofia na Escola, Educação Étnico-Racial,Multiculturalismo e Religiosidade e Educação e Saúde.

BBáárrbbaarraa OOlliivveeiirraa SSoouuzzaaAntropóloga, Cientista Social e mestre em Antropologia Social, pela

Universidade de Brasília. Atua com formação de professores para a Educaçãodas Relações Étnico-Raciais. Pesquisadora das relações étnico-raciais. Atuou nacoordenação da pesquisa nacional "Chamada Nutricional Quilombola", bemcomo em outros trabalhos de pesquisa voltados para as comunidadesquilombolas.

EEddiilleeuuzzaa PPeennhhaa ddee SSoouuzzaaHistoriadora, professora da disciplina Pensamento Negro Contemporâneo,

da Universidade de Brasília, militante do Movimento de Mulheres Negras e daluta contra o racismo. Publicou, entre outros, o livro Negritude, Cinema eEducação - caminhos para implementação da Lei 10.639/2003, da MazzaEdições. Integrou a equipe da Secretaria de Educação Continuada,Alfabetização e Diversidade - SECAD, do Ministério da Educação paraimplementação da Lei 10.639/2003.

IIggllêê MMoouurraa PPaazz RRiibbeeiirrooGraduada em Educação Física e Teologia. Especialista em Ensino Religioso,

pela UCB e Psicopedagogia pelo Instituto Superior de Educação FranciscanoNossa Senhora de Fátima. Mestre em Ciências da Educação pela Universidadede Internacional de Lisboa e reconhecida pela Universidade Católica de Brasília.Professora no Instituto Superior de Educação Franciscano Nossa Senhora deFátima.