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O professor do IPM fala dos “nós difíceis de desatar” na actual situação política de Macau HOJE MACAU Ter para ler O deputado analisa as possíveis caras do novo Executivo e destaca as manifestações do dia 25 de Maio como um momento muito importante na história de Macau. LEUNG KAI YIN DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 QUARTA-FEIRA 3 DE SETEMBRO DE 2014 ANO XIII Nº 3167 hojemacau PUB ENTREVISTA PÁGINAS 2-3 PEREIRA COUTINHO REGIME DE GARANTIAS MUDOU O RUMO DOS ACONTECIMENTOS AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB PUB PÁGINAS 4-5 O DIA MAIS LONGO SOCIEDADE PÁGINA 7 RICOS OS QUE PARTEM E OS QUE FICAM O DIRECTOR substituto do Instituto de Habitação, Ieong Kam Wa, defende uma contribuição obrigatória dos proprietários para o fundo dedicado à reparação e manutenção de prédios antigos. Habitação Reparações só com a ajuda de todos PUB CHINA PÁGINA 10 NINGUEM QUER VER UMA REVOLUÇÃO ´

Hoje Macau 3 SET 2014 #3167

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Hoje Macau N.º3167 de 3 de Setembro de 2014

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O professor do IPM fala dos “nós difíceis de desatar”na actual situação política de Macau

HOJE

MAC

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Ter para ler

O deputado analisa as possíveis caras do novoExecutivo e destaca as manifestações do dia

25 de Maio como um momento muito importantena história de Macau.

LEUNG KAI YIN

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 Q UA R TA - F E I R A 3 D E S E T E M B R O D E 2 0 1 4 • A N O X I I I • N º 3 1 6 7

hojemacau

PUB

ENTREVISTA PÁGINAS 2-3

PEREIRA COUTINHOREGIME DE GARANTIAS MUDOUO RUMO DOS ACONTECIMENTOS

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

PUB

PÁGINAS 4-5

O DIA MAIS LONGO

SOCIEDADE PÁGINA 7

RICOSOS QUEPARTEME OS QUEFICAM

O DIRECTOR substituto do Instituto de Habitação,Ieong Kam Wa, defende uma contribuiçãoobrigatória dos proprietários para o fundodedicado à reparação e manutençãode prédios antigos.

HabitaçãoReparações só coma ajuda de todos

PUB

CHINA PÁGINA 10

“NINGUEMQUER VER UMAREVOLUÇÃO

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hoje macau quarta-feira 3.9.20142 ENTREVISTA

HOJE

MAC

AUAfirma “não compreender porque é que as eleições para o Chefe do Executivo têm de ser celebradas” e diz que “é difícil ter um candidato que não pertença às grandes famílias” de Macau. Leung Kai Yin é docente do Instituto Politécnico de Macau e comentador habitual do canal chinêsda Rádio Macau

CECÍLIA L [email protected]

É portador da residência de Hong Kong. Como é que avalia o assunto (sufrágio universal) que mais polémica tem gerado nos últimos dias, tanto em Hong Kong como em Macau?Não percebo porque é que as elei-ções do Chefe do Executivo têm de ser celebradas, porque toda a gente já sabia o resultado, com apenas um candidato. Não percebo a razão de se fazer a eleição na manhã de domingo, e à tarde a realização de uma conferência de imprensa, foi algo estranho. No mesmo dia, foi publicado um artigo no jornal South China Morning Post que fala das relações entre Chui Sai On, a sua família e os empresários de Macau. O texto mostra o que está a acontecer em Macau e em Hong Kong.

LEUNG KAI YIN, PROFESSOR DO INSTITUTO POLITÉCNICO DE MACAU E COMENTADOR

Será possível criar uma lei para regular os interesses das grandes famílias?No dia 25 de Maio houve essa manifestação para mostrar o descontentamento dos residentes, mas é difícil haver um candida-to que não pertença às grandes famílias. Esse é um nó difícil de desatar. Será possível criar uma lei para regular os interesses das grandes famílias? Pelo menos com o sufrágio universal o processo podia ser mais transparente. Se-ria melhor do que agora, em que ninguém sabe como é que os 400 membros da Comissão Eleitoral são eleitos. No ocidente há muitos líderes políticos ricos. Por exem-plo, há a família Bush nos Estados Unidos, mas ninguém duvida dos negócios da família quando houve eleições, porque esse candidato foi eleito por uma espécie de sufrágio universal. Além disso, a capacidade de fiscalização da sociedade norte-americana, e até dos media, é muito forte. Em Ma-cau isso não existe e é fácil haver dúvidas quanto à transferência de benefícios entre Governo e empresários. É outro nó difícil de desatar. Mas tudo dependerá se o Governo Central está determinado a fazer a reforma política. Porque se a reforma partir da população, em relação ao Governo, Macau vai passar por um período doloroso.

“É difícil haver um candidato que não pertença às grandes famílias. Esse é um nó difícil de desatar”

“Temos de admitir: quando o Governo falhar, nunca vai haver uma responsabilização dos titulares dos principais cargos”

Este ano houve uma grande manifestação contra o regime de garantias, mas no fim Macau acabou por ter um único candi-dato a concorrer. Como avalia esta situação?

Defende então que o Governo Central não deve permitir que este conflito político aconteça?Se o Governo Central reparar este problema, se calhar isso pode levar a uma reforma política gradual e a uma maior participação do público na política. No dia 25 de Maio, os jovens já mostraram a sua insatisfação em relação à política das grandes famílias de Macau. A nova geração tem um nível de educação mais elevado, enquanto que as gerações mais velhas só se preocupam em ganhar dinheiro para melhorar as sua vidas. Mas é esta nova geração que pode participar mais na política e na sociedade. Os governantes acham que a população é um conjunto de cordeiros, aos quais basta dar erva para ficarem satisfeitos. Mas

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3 entrevistahoje macau quarta-feira 3.9.2014

“Se o Governo da RAEM pedir o sufrágio universal, dentro de um factor de segurança, isso pode ser promovido. Mas manter a situação actual seria mais seguro”

LEUNG KAI YIN, PROFESSOR DO INSTITUTO POLITÉCNICO DE MACAU E COMENTADOR

Será possível criar uma lei para regular os interesses das grandes famílias?

Actualmente há muitas associações de jovens e têm opiniões que as fazem aproximar do campo pró-democrata. Temos, por exemplo, a Macau Tri-Decade Union...Essa associação é total-mente a favor do Governo, parece democrata, mas não é. Os membros são todos da Associação Nova Juventude Chinesa de Ma-cau, que é muito próxima do Governo. Mesmo o Governo tem vontade de dar financiamento a estas associações. Então, como é que estas associações ditas democratas atraem os jovens? Organizam viagens de luxo, com di-nheiros públicos, não só para a China mas para a Europa. As viagens são de intercâmbio, mas questio-nei os jovens sobre essas viagens, e disseram-me que foram viagens de luxo, não aprenderam quase nada.

os jovens provaram que, mes-mo com erva, podem fazer uma revolução. Mas os governantes têm dificuldades em lidar com os interesses das famílias poderosas. Não importa quem faz o trabalho, o resultado é igual. Todos os Chefes do Executivo têm de enfrentar a mesma questão.

Então os nós nunca poderão ficar desatados?O Governo Central pode promover a criação de uma lei de prevenção de monopólios para que o poder das grandes famílias possa dimi-nuir. Mas para isso é necessária inteligência política.

Durante a campanha eleitoral, Chui Sai On falou muitas vezes de “igualdade”. É possível isso vir a acontecer no sistema polí-tico de Macau?É ridículo existir um ponto de partida comum para todos. Para a maioria da população, quando nasceram nunca tiveram opor-tunidades, e nessa altura já Chui Sai On estava a caminhar para o poder. Mas a culpa não é dele, a questão é: como é que podemos criar este mecanismo de igualda-de e justiça? Actualmente nem a estrutura de consultas públicas é justa e é difícil ter vozes contra os Conselhos Consultivos, porque têm sempre posições favoráveis ao Governo. Nos anos 70, em Hong Kong, não havia demo-cracia, mas pelos menos havia opiniões diferentes na política. Isso evitou conflitos futuros. Mas agora em Macau todos os mem-bros nomeados para os Conselhos Consultivos já se sabe que não estarão contra o Governo.

Diz-se que Chui Sai On governa na sombra de Edmund Ho desde que este deixou de ser Chefe do Executivo. É normal. Acredito que os asses-sores de Chui Sai On achem que podem resolver o problema da habitação e manter a prosperidade da economia, e que não é neces-sária uma mudança no sistema

politico. Temos de admitir: quan-do o Governo falhar, nunca vai haver uma responsabilização dos titulares dos principais cargos. O Comissariado contra a Corrupção (CCAC) disse no seu relatório que os contratos dos autocarros são ilegais, mas o Governo apenas fa-lou em “defeitos”. Até os taxistas podem dizer a verdade, que se não houvesse o ICAC (Comissariado Independente contra a Corrupção, de Hong Kong), Ao Man Long ainda era secretário. Isso levanta--nos dúvidas quanto ao papel do CCAC, parece que ninguém liga ao seu trabalho. Macau é isto.

Acredita que é possível desen-volver o sistema democrático em Macau?O sistema político nunca influen-cia a economia. A economia de Macau é defendida pelo Governo Central. Macau nunca vai ter uma má situação económica, mesmo com medidas anti-corrupção nos casinos. Mas Pequim vai analisar a situação em Macau, se a popu-lação procurar essa evolução para a democracia. Ninguém quer ver uma revolução, por isso é melhor desenvolver a democracia de forma gradual. Pequim não quer ver aqui tantas manifestações.

Mas acredita que a economia de Macau pode ser um obstáculo ao seu desenvolvimento? Isto se a reforma política causar conflitos, o que já acontece em Hong Kong?Pequim pode apertar a política dos vistos individuais, e isso pode influenciar a economia. Assim os residentes podem queixar-se sobre o facto dos democratas organiza-rem tantas manifestações e isso ter consequências na economia. O desenvolvimento económico não é normal em Macau: temos lucros, mas os residentes sofrem com a inflação.

O lugar dos jovensQual então o objectivo destas associações?Servem para que os jovens não chateiem o Governo, como, por exemplo, rea-lizando manifestações. Todos os anos a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) en-comenda estudos sociais a uma associação, como, por exemplo, sobre a utilização de vales de saúde. Fui convidado pela associação para ensinar os jovens a fazer esse estudo, mas na segunda aula já tinham saído metade dos alunos.

Pode dividir-se os jovens entre aqueles que são activistas, os que apro-veitam o dinheiro do Governo e os outros que

nunca dão atenção aos problemas da sociedade. A maioria deles vai para a escola e não pensam na situação actual, mas quase todos os assuntos estão ligados à política. Por exemplo, os inquéritos entregues ao Chefe do Executivo, com opiniões sobre a habitação, por exemplo, ou sobre a efi-cácia do sistema político, não passam de asneiras.

Mas quem optar por ser activista não atravessa, neste momento, uma fase estável, depois dos acontecimentos do refe-rendo civil. Em Macau há a cultura de “não me vou meter em confusões”. Como Ma-cau é pequeno, a maioria

dos jovens querem ser funcionários públicos. Quando vim de Hong Kong, em 2001, perguntei aos meus alunos porque é que escolheram o curso de assistente social, e todos me disseram que era a forma mais fácil de entrar para o Instituto de Acção Social. O ambiente aqui é muito diferente de Hong Kong, mas a sociedade ainda precisa das famílias poderosas, sem as quais não pode fazer nada.

Mesmo assim ainda há jovens que querem par-ticipar nas actividades políticas e sociais.Respeito Sou Ka Hou (presidente da Associação Novo Macau) por causa do movimento que lidera. Ele

já perdeu a oportunidade de ter um emprego bem pago, já que as grandes empresas não o vão recru-tar, nem as empresas com capital chinês.

Muitos jovens que par-ticiparam no referendo foram presos e diz-se que não vão ter oportunida-des profissionais, porque já têm registo criminal.Antes os pais costumavam ensinar os filhos a não par-ticipar nestas actividades, mas hoje em dia os jovens fazem o que entendem, devido ao seu nível de educação. Há cada vez mais pessoas a questionar como é que os membros da Comissão Eleitoral são eleitos, ou como é que os membros dos Conselhos Consultivos apresentam as suas opiniões. O Governo tem de ser mais inclusivo e aceitar as vozes que estão contra.

Acredita que Chui Sai On tem mesmo vontade de implemen-tar o sufrágio universal no seu mandato?Penso que ele não tem coragem para isso. Porque se começar a promovê-lo isso vai ter efeitos nos grupos de interesses.

E o Governo Central, tem essa vontade?Se o Governo da RAEM pedir o sufrágio universal, dentro de um factor de segurança, isso pode ser promovido. Mas manter a situação actual seria mais seguro. Neste mo-mento promover a democracia em Macau é muito difícil. As associações democratas não recebem dinheiro do Governo e têm menos essa vantagem, mas agora encontraram um grupo: os trabalhadores do jogo. A Assembleia Legislativa (AL), desde que tem a presença de empresários do jogo, tem cada vez mais empresários e há cada vez menos vozes de luta pelos direitos dos residentes. Muitas vezes diz-se que as associações de amigos são do sector social, mas duvido dos serviços que, de facto, prestaram à sociedade.

“Ninguém quer ver uma revolução, por isso é melhor desenvolver a democracia de forma gradual. Pequim não quer ver aqui tantas manifestações”

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4 hoje macau quarta-feira 3.9.2014POLÍTICA

“E STE grupo de secretários avançado pelo HM está bem pensado, principal-mente o facto do Comis-

sário de Auditoria, Ho Veng On, ir para área da Administração Pública”, avançou o deputado José Pereira Coutinho ao HM. De uma forma ge-ral, o deputado considera que a “pre-visão bate certo”, com duas pequenas excepções: André Cheong, o actual Director dos Serviços dos Assuntos de Justiça (DSAJ), e Cheong Kuok Va, Secretário da pasta da Segurança.

“É uma boa equipa e, tendo em conta os últimos acontecimentos. Foi feita uma boa análise às pessoas que muito provavelmente poderão vir a ocupar os lugares”, afirmou, adiantando que a sua “única dúvida reside na entrada de André Cheong e na continuidade do actual secretá-rio da Segurança”. Dúvidas fáceis de explicar, pois segundo Pereira Coutinho, Kuok Va “prestou um mau serviço nos últimos 10 anos”, sendo até “muito infeliz na Assembleia Le-gislativa”. Coutinho vai mais longe e defende ainda que o desempenho

Numa análise ao nomes dos próximos secretários avançados esta semana pelo HM, o deputado José Pereira Coutinho conta-nos quem excluiria do grupo dos “cinco magníficos”

PEREIRA COUTINHO DEPUTADO ANALISA POSSÍVEL NOVA COMPOSIÇÃO DO GOVERNO

“Enfrentar o futuro é fácil, difícil é resolver as broncas...”

de Kuok Va é “notoriamente fraco”. Convidado a lançar um nome alter-nativo, Coutinho mantém o segredo, “não vou dizer nenhum nome, mas existem elementos das Forças de

BATATA QUENTE NAS MÃOS

Segurança muito capazes para o cargo da Segurança”.

Relativamente a André Cheong, avançado pelo HM como o futuro secretário na pasta das Obras Públi-cas e Transportes, Coutinho é claro. “Há muitos candidatos sérios, com grandes capacidades colocados à frente dele [de André Cheong]”, mas segundo o deputado, o actual director da DSAJ é “um peso pesado”, pois reúne muito apoio “do Gabinete do Governo Central”. “Ele foi um dos elementos que veio para Macau, antes da transferência, para ocupar lugares de topo da Administração Pública”, explica, e por isso Coutinho considera que André Cheong está em vantagem para com os outros candidatos.

A honestidade e obediência do deputado Lau Si Io, características atribuídas por Pereira Coutinho, são os motivos que, segundo ele, o man-terão “no cargo que ocupa”. “Lau Si Io não está à altura do cargo, mas pelo menos é honesto e obediente, valores

Idealizando uma equipa, Coutinho defende que “há muita gente capacitada em Macau para ocupar os cargos de secretários mas não estão interessadas”. Segundo o deputado, a razão é simples, “essas pessoas não estão interessadas nos cargos porque sabem que têm que resolver os problemas do passado, essa é que é a batata quente de toda esta questão”. “Enfrentar o futuro é fácil, difícil é resolver as broncas e limpar as minas depositadas no subsolo do passado, isto é que constitui o verdadeiro desafio para os novos secretários e não é fácil cortar com as teias do povo que existe cá em Macau”, defendeu. Para Pereira Coutinho é necessário

que os novos secretários, sem retirar os olhos no futuro de Macau, limpem as falhas que marcam o último mandato, ou seja, encontrem soluções para os erros cometidos dos secretários antigos. “A função dos secretários não é só ouvir a população, mas sim tomar decisões. Muitas vezes sem ouvir a população é preciso decidir, ou seja, antes da população se queixar é preciso que já exista acção e decisões me cima da mesa. Porque se é só para estar ali a ouvir a população para que é que precisamos pagar salários tão chorudos a secretários que só servem para ouvir ? Para isso bastava contratar qualquer pessoa que esteja ali a ouvir”, concluiu.

que foram fundamentais na nomea-ção para os cargos. Tenho algumas dúvidas quanto à sua saída”, explica.

CERTEZASUma coisa é certa, na análise de Cou-tinho o porta-voz do Governo, Alexis Tam ocupará um dos cargos. “Tenho toda a certeza que o Alexis Tam vai ocupar um lugar de secretário, isso

“Lau Si Io não está à altura do cargo, mas pelo menos é honestoe obediente”

MUDANÇADE RUMOPereira Coutinho foi um primeiros a levantar alguns nomes para as cinco secretarias disponíveis, mas “a verdade é que as coisas mudam consoante as circunstâncias”, tornando o certo de hoje no incerto amanhã. “Houve um momento muito importante na história de Macau que fez alterar de alguma forma os nomes que iriam ser nomeados para os cargos”, explicou Coutinho, momento esse que movimentou “a massa de Macau”. Coutinho refere-se então ao diploma sobre a concessão de regalias para os principais cargos. “Repare, esse diploma veio mudar o rumo dos acontecimentos”, defendeu, explicando que “as manifestações que resultaram desse diploma provaram que os secretários e o Conselho Executivo não estavam a dar conta do recado e falharam na tomada de pulso das aspirações dos cidadãos”. Exemplificando a sua teoria, Coutinho avança com o caso do membro do Conselho Executivo, Lionel Leong, “que tudo indicava que iria ocupar um dos cargos como secretário”. “Ele [Lionel Leong] é o “delfim” do Edmund Ho, ou seja, foi preparado para o lugar de secretário, e estava no caminho para ser nomeado, assim como outros, mas depois da manifestação todo esse rumo mudou”, explica Coutinho, sublinhando ainda que “é inegável a mudança de estratégia e pensamento proveniente do protesto”. Para o deputado, depois dos protestos, o “Governo Central verificou que para Macau ter sucesso na governação e ter um bom Executivo é preciso apostar forte nos secretários, da sua capacidade técnica, da capacidade política e dá tomada de decisão.”

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5 políticahoje macau quarta-feira 3.9.2014

TODOS DOMINAM A LÍNGUA PORTUGUESA

PEREIRA COUTINHO DEPUTADO ANALISA POSSÍVEL NOVA COMPOSIÇÃO DO GOVERNO

“Enfrentar o futuro é fácil, difícil é resolver as broncas...”

é certo. A minha única dúvida é qual pasta que ocupará, mas só há duas hipóteses: Economia e Finanças ou Assuntos Sociais e Cultura.

Também na pasta de Adminis-tração e Justiça, Coutinho concorda com o nome avançado. “Tendo em conta os anos que esteve ligado à administração pública e juntando aos cinco anos como Comissário de Auditoria torna-o num forte de candidato ao cargo para a pasta apresentada”, admitiu.

EQUIPA QUE FALHOUNa sua análise, Pereira Coutinho garante que “os próximos cinco

anos vão marcar a história do Chui Sai On”. O deputado explica que muitas coisas ficaram por explicar, muitas promessas não foram cum-

“Tenho toda a certeza que o Alexis Tam vai ocupar um lugar de secretário, isso é certo. A minha única dúvida é qual pasta que ocupará”

FLORA [email protected]

N EWMAN Lam, profes-sor associado de Go-

vernação e Administração Pública da Universidade de Macau (UM), comentou que a junção de vários serviços governamentais pode não diminuir o uso de recursos humanos, ao contrário do que se possa pensar. O académico considera que serviços mais pequenos podem, eventualmente, ser mais eficazes.

“A combinação de servi-ços pode não ser a medida mais adequada, porque não é bom que uma tutela fique demasiado grande. Ao jun-tar uma grande percentagem de tarefas num só serviço, este vai ter mais pessoal de nível médio”, explicou Lam à rádio chinesa.

O comentário do acadé-mico surgiu na sequência da proposta de reforma politica sugerida por várias vozes, a qual não foi negada por Chui Sai On no dia em que foi reeleito para mais um man-dato. Uma das propostas foi a transferência da Direcção dos Serviços de Turismo para a tutela da Economia e Finanças.

Para além disto, New-man Lam sugere que haja uma melhor coordenação dos trabalhos entre os vários serviços existentes. Assim, Lam considera que a responsabilidade de uma tarefa deveria ficar a cargo de mais do que um servi-ço, para apoiar o trabalho interdepartamental.

O também professor de Governação e Admi-nistração Pública da UM, Bryan Ho, sugere que haja menos restrições ao nível da legislação, para melhor se proceder à reforma ad-ministrativa. O académico acredita ainda que o Execu-tivo deve implementar um plano de gestão estratégica para esclarecer de forma mais clara a função de cada um dos departamentos. Para isso, disse Ho, deviam ser ti-das em conta as experiências de outras regiões, devendo este estudo ser executado por um departamento es-pecificamente criado para o efeito.

Chui Sai On nãocomenta notícia sobre secretários Chui Sai On recusou-se ontem a comentar o conteúdo da notícia avançada pelo HM na passada segunda-feira que diz respeito à formação do novo Governo da RAEM. Aos jornalistas, o Chefe do Executivo referiu ter conhecimento da informação publicada, onde o HM avançou uma previsão sobre as eventuais mudanças na composição do próximo Governo da região.

pridas e os objectivos não foram atingidos ou estão atrasados, como é o caso do Hospital das Ilhas.

“Porquê? Porque é que não há

respostas? Como é que se justifica o incumprimento?”, questiona Coutinho, realçando que “não está em causa o facto de Chui Sai On ter errado”, porque como defende o deputado “toda a gente erra”, mas é preciso “justificar os erros para que a população perceba o que correu mal”.

Erros esse que se devem, segundo a sua visão, ao passado. “A origem destes erros está relacionada muito em parte pelo facto da equipa que o acompanhou não ser uma escolha do próprio Chui. Ele [Chui Sai On] herdou uma equipa de secre-tários pertencentes ao ex-Chefe do Executivo, Edmund Ho”, algo que terá dificultado a boa execução das tarefas governativas.

Como segunda causa, Coutinho aponta o nível de capacidade e com-petência dos actuais secretários, que segundo o mesmo “deixa muito a desejar”. Para um trabalho eficiente o Chefe do Executivo terá que nomear uma equipa “com capacidade técnica e qualidades inerentes à altura do cargo, ou seja, com capacidade de decisão”. - Hoje Macau

A coincidência de todos os secretários apontados pelo HM falarem português é, segundo Coutinho, tudo menos importante. “Até podiam falar russo, ou holandês, o mais importante é serem competentes”, disse, acrescentando que “não é o facto de dominarem línguas, e neste caso o português, que resulta num trabalho

meritório”. “Veja a Secretária para a Administração e Justiça [Florinda Chan] fala português, inglês, cantonense e mandarim, fala tudo, mas o desempenho dela foi um fracasso total, portanto não acho que a questão linguísticas deva ser um critério, ou seja sequer importante para a nomeação para os cargos”.

“Ele [Chui Sai On] herdou uma equipa de secretários pertencentes ao ex- -Chefe do Executivo, Edmund Ho”, algo que terá dificultado a boa execução das tarefas governativas”

Académicos comentam reestruturação departamental

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6 política hoje macau quarta-feira 3.9.2014

ANDREIA SOFIA [email protected]

J ASON Chao está de volta ao meio político depois da polémica à volta do refe-rendo civil, mas o regresso

não se pautou pelo descanso. Isto porque a Sociedade Aberta de Ma-cau (SAM), da qual é presidente, entregou uma queixa formal junto do Ministério Público (MP) contra o Gabinete de Protecção dos Dados Pessoais (GPDP), que acusou os organizadores do referendo civil de violarem a lei.

“Esta manhã (ontem) entre-gámos uma queixa junto do MP contra a direcção do GPDP. Acuso--os de abuso de poder segundo o Código Penal. Penso que a ordem de “crime” é ilegal e não está de acordo com os poderes atribuídos ao GPDP. Por isso optámos por não obedecer a essa ordem, porque é ilegal”, disse Jason Chao aos jornalistas.

Para já, Jason Chao ainda não possui advogado para o acompa-nhar em todos os processos em que está envolvido com as autoridades públicas, não apenas pela orga-nização do referendo civil, mas também através da revista Macau Concelears. (ver caixa)

“Ninguém cometeu nenhum crime, e quero deixar isso bem claro. As actividades do referendo civil são totalmente legais, e se o Governo decidiu criminalizar isto, o problema

QUASE 7800 NÃO CONFIAVAM EM CHUI SAI ON

O presidente da Sociedade Aberta de Macau enviou ontem uma queixa ao Ministério Público contra o Gabinete de Protecção dos Dados Pessoais no âmbito do “referendo civil”, por considerar que o organismo não respeitou a lei na acusação que fez

MP JASON CHAO APRESENTA QUEIXA CONTRA GPDP

Sem sombra de pecadoDECLARAÇÃO DE INOCÊNCIANO CASO MACAU CONCELEARS

está do lado deles, não no nosso”, assumiu ontem aos jornalistas.

POUCO SEGUROO presidente da SAM tem sido notícia frequente nos últimos dias, tendo estado ausente do território e sem prestar declarações aos jorna-listas. Ontem Jason Chao garantiu que se afastou porque queria que as actividades do “referendo” de-corressem conforme o planeado.

“Hong Kong foi um dos vários sítios seguros para mim. Desde a passada quarta-feira que reparámos que os procedimentos da Polícia Judiciária (PJ) ou do MP estavam a ser tomados de forma excepcio-nalmente rápida. Eles (PJ) queriam obter informações e tentaram de várias formas encerrar o website. Era crucial para mim ver de fora que o plano iria ser cumprido como o previsto. Decidi deixar Macau e ficar de fora do processo para não interferir. Quando fiquei num lugar seguro consegui coordenar todo o processo de dados. Todos estão a salvo e ninguém vai ser identificado”, confirmou o presidente da SAM.

“Não acredito que esteja em segu-rança em nenhum lugar em Macau. O abuso de poder por parte da polícia tem sido evidente desde que começámos a realizar o referendo civil. Houve movimentos estranhos perto da minha casa, a policia tentou contactar-me frequentemente, e os procedimentos foram feitos de forma muito rápida”, disse ainda Jason Chao.

“Acuso-os de abuso de poder segundo o Código Penal. Penso que a ordem de “crime” é ilegal e não está de acordo com os poderes atribuídos ao GPDP”

Depois de ter sido detido, o presidente da SAM e também director da publicação Macau Concelears foi levado para a PJ para prestar declarações sobre uma fotografia publicada na página da revista no Facebook. As autoridades alegam que essa fotografia utiliza de forma abusiva o símbolo da PJ. Até agora, ambos os casos estão nas mãos do MP e Jason Chao não sabe se vai ter de ir a tribunal. “Aquela foto não tinha qualquer intenção de ligar a PJ ao referendo civil, estava tudo bastante claro. Não interessa se é

ou não funcionário público, qualquer um tem o direito de expressar a sua ideia em relação ao referendo civil. Ninguém cometeu nenhum crime, quero deixar isso bem claro”, frisou. “Quando cheguei ao terminal (domingo) fui apanhado e recebi uma notificação da PJ. Ontem de manhã (segunda-feira) voltei à PJ e fui considerado suspeito. Só sei que o caso foi para o MP para mais averiguações. Em relação ao referendo ainda não sei mais informações”, explicou.

A SAM, Macau Youth Dynamics e Macau Concelears divulgaram ontem os resultados da segunda parte do referendo civil, cuja pergunta incidia sobre a confiança dos cidadãos em relação a Chui Sai On enquanto candidato a Chefe do Executivo. 7762 votaram “não”, sendo que 7404 pessoas têm mais de 18 anos, e 358 têm entre 16 a 17 anos. 388 pessoas afirmaram confiar no candidato, tendo existido 528 abstenções e 10

votos em branco. “Os resultados são muito claros em relação ao que a população pensa sobre Chui Sai On. O referendo civil é muito mais representativo do que a eleição do Chefe do Executivo”, disse Jason Chao, que desdramatizou o número de abstenções ou votos em branco. “Tendo em conta que houve uma tentativa por parte das autoridades de suprimir o referendo civil e que não podíamos ter mesas de voto, tivemos

mais de oito mil votantes e aprecio a participação dos que votaram”, disse. Com quase 250 mil visitas, o website do referendo foi também alvo de várias tentativas de ataques informáticos. Só da China foram 8983, de Hong Kong 7712, 6435 dos Estados Unidos e apenas 3085 de Macau. Recorde-se que a primeira parte do referendo mostrou que 95% dos 8688 votantes são a favor do sufrágio universal em Macau.

“Não acredito que esteja em segurança em nenhum lugar em Macau. O abuso de poder por parte da polícia tem sido evidente”

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hoje macau quarta-feira 3.9.2014 7SOCIEDADE

No programa “Macau Talk” da TDM, Ieong Kam Wa, director substituto do Instituto da Habitação, defendeu que o novo regime para a reparação de prédios antigos deve estabelecer critérios de contribuição financeira por parte dos moradores

FLORA [email protected]

O programa “Macau Talk” da TDM de ontem foi dedicado à reparação e ma-

nutenção dos velhos edifícios residenciais, numa altura em que o Regime Jurídico de Administração das Partes Comuns do Condo-mínio está em revisão, sendo a manutenção dos prédios uma das componentes a rever.

Ieong Kam Wa, director substi-tuto do Instituto da Habitação (IH), explicou que, apesar dos regula-mentos exigirem a criação de um fundo financeiro, há proprietários que insistem em não contribuir.

“Como é difícil juntar o dinhei-ro de todos os proprietários para a reparação predial, o objectivo original do fundo é servir de pou-pança, obrigando cada prédio criar um fundo. A meu ver, a revisão do regime deve esclarecer quantos

Turismo Aumento de turistas abaixo dos 10%Segundo previsões da directora da Direcção dos Serviços de Turismo (DST), Maria Helena de Senna Fernandes, o aumento anual do número de turistas irá manter-se abaixo dos 10%. Apesar dos novos empreendimentos turísticos no Cotai, a directora considera os aumentos ligeiros do número dos turistas não colocará em causa o bom funcionamento da cidade, explicando que, na sua opinião, o que pode influência este números são factores externos, como por exemplo o vírus Ébola. “Se existir um surto, por exemplo do vírus Ébola, é possível que haja uma influência directa no desenvolvimento do turismo a nível mundial, influenciando, claro, o território.” Sobre a possibilidade do Turismo ser transferido para a pasta de Economia e Finanças, Maria Helena de Senna não comenta, mas reforça que o trabalho diário será contínuo entre a DST e os vários departamentos do Governo.

Hotel New Century Sócio põe anúncio a proibir venda Ng Wai, um dos sócios do hotel-casino New Century, publicou um anúncio no jornal Ou Mun, afirmando que Chan Mei Fun não pode proceder à venda do hotel onde ambos são acionistas. No anúncio Ng Wai confirma que ainda não foi decidido pela entidades judiciais das Ilhas Virgens quais os maiores acionistas do New Century. Em Março do presente ano foi aplicada uma injunção a Chan Mei Fun proibindo a venda do espaço. Por isso, Ng Wai defende que mesmo que existam compradores interessado a venda não pode ser realizada. Em 2012, o anunciante foi assaltado violentamente nas próprias instalações do hotel por um grupo de homens desconhecidos da vítima. Antes de transição de soberania, Ng Wai era um dos principais sócios do New Century e também conhecido por ser membro de uma seita.

“Estudos de Macau” Bolsas até 15 de SetembroOs alunos que estejam interessados em desenvolver trabalhos académicos sobre a RAEM podem candidatar-se até ao dia 15 de Setembro no programa de apoio a uma bolsa de mestrado e uma bolsa de doutoramento, sendo uma iniciativa aberta desde o dia 15 de Agosto. O projecto funciona no âmbito das actividades do Instituto do Oriente, uma unidade de investigação do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, tendo também o apoio da Fundação Macau.

O Fundo de Segurança Social (FSS) ainda está a analisar

o relatório de consultadoria so-bre a forma de pagamento das pensões antecipadas aos idosos abrangidos pelo antigo regime, não tendo apresentado qualquer calendário para a implementa-ção das novas medidas.

“Atendendo que no regime de segurança social os idosos do antigo regime podem optar pela atribuição antecipada da

pensão ou pelo recebimento da totalidade do montante da pensão conforme a sua von-tade, o Governo deve analisar cuidadosamente a afectação (...) no caso da forma actual do cálculo da atribuição da pensão ser alterada”, para “evitar o prejuízo aos direitos existentes”, pode ler-se num comunicado.

“O Governo irá apreciar com prudência e ter em con-

sideração as propostas apre-sentadas pela empresa de consultadoria, e quando tiver uma proposta concreta o FSS irá publicá-la o mais rápido possível junto da sociedade”, lê-se ainda na resposta ao deputado Ng Kuok Cheong. O deputado directo havia in-terpelado o Governo em Julho sobre o assunto, tendo recebido a mesma resposta numa sessão plenária desse mês. - A.S.S.

IH DEFENDIDAS CONTRIBUIÇÕES OBRIGATÓRIAS PARA FUNDO

Novo prédio com a ajuda de todos

“Após a revisão do regime, todos os proprietários devem contribuir para o fundo, em conformidade com a diferença de valor das fracções”IEONG KAM WADirector substitutodo Instituto da Habitação

“Preferimos que esse exame (regra de obrigatoriedade dos exames aos prédios) exista com a vontade dos residentes, juntamente com o plano financeiro, porque o exame obrigatório pode não ter os resultados esperados”CHAN WENG HEI Da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes

FSS Sem decisão para atribuição das pensões antecipadas

necessitam de contribuir para o fundo, qual a dimensão e quais as regras de gestão”, defendeu.

Ieong Kam Wa defendeu que é preciso melhorar o sistema de ges-tão do fundo de reparação predial. “Após a revisão do regime, todos os proprietários devem contribuir para o fundo, em conformidade com a diferença de valor das fracções. Se os proprietários não contribuírem, a associação de condomínios, a qual representa o prédio, poderá apresentar uma reclamação”, defendeu o respon-sável do IH.

Chan Weng Hei, da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Pú-blicas e Transportes (DSSOPT), defendeu que não basta imple-mentar a regra de obrigatoriedade dos exames aos prédios, uma vez que foi descoberto que muitos re-sidentes não aceitam essa medida.

“Preferimos que esse exame exista com a vontade dos resi-dentes, juntamente com o plano financeiro, porque o exame obri-gatório pode não ter os resultados esperados, se os residentes não aceitarem”, defendeu, frisando que a criação de um fundo de reparação

predial por parte dos condomínios é a solução mais viável.

Em relação aos condomínios, Ieong Kam Wa garantiu ainda que a revisão do regime deverá resolver o problema da existência de duas administrações de condomínio para um só prédio. “Todas as eleições de condomínio terão de ter a aprovação do IH para a reunião, e não iremos enviar mais do que uma aprovação, para prevenir essas situações”, disse no programa “Macau Talk”.

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hoje macau quarta-feira 3.9.20148 sociedade

D E acordo com Jack-son Chang, presi-dente do Instituto de

Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM), o volume de trocas comerciais entre Macau e a África do Sul, em 2013, ultrapassou os 259 milhões de patacas. Os dados foram avançados durante um seminário de cooperação económica entre Guang-dong, Macau e África do Sul, que teve lugar na

UM Aluno recebe prémio de InovaçãoWang Sheng Peng é o primeiro aluno de doutoramento no Instituto de Ciências Médicas Chinesas da Universidade de Macau a receber o galardão de Inovação Tecnológica e Científica da Juventude da China. A fundação responsável pela atribuição do prémio selecciona 100 alunos do país para representar diferentes áreas, que incluem estudos académicos, concursos de ciência e tecnologia e comercialização de produtos fruto de investigações e pesquisas.

AnúncioConcurso Público n.º 3/2014

Prestação de Serviços de Manutenção e Reparação de Equipamentos e Sistemas Informáticos

De acordo com o disposto no artigo 13.º do Decreto-Lei n.º 63/85/M, de 6 de Julho e, ainda, de acordo com o Despacho da Exma. Senhora Secretária para a Administração e Justiça, de 21 de Agosto de 2014, a Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública vem, em representação do adjudicante, proceder a concurso público para prestação de serviços de manutenção e reparação de equipamentos e sistemas informáticos.1. Adjudicante: Secretária para a Administração e Justiça.2. Serviço responsável pela realização do processo do concurso: Direcção dos Serviços de Administração e Função

Pública (SAFP).3. Modalidade do concurso: concurso público.4. Objecto do concurso: prestação de serviços de manutenção e reparação de equipamentos e sistemas informáticos

aos SAFP.5. Prazo de validade das propostas: o prazo de validade da proposta não deve ser inferior a cento e cinquenta dias, a

contar da data do acto público do concurso.6. Caução provisória: a caução provisória é de MOP 150.000,00 (cento e cinquenta mil patacas), e deve ser prestada

por meio de depósito bancário ou por garantia bancária legal a favor do Governo da RAEM – SAFP.7. Cauçãodefinitiva:valorcorrespondentea4%(quatroporcento)dopreçoglobaldaadjudicação.8. Condições de admissão: podem candidatar-se ao presente concurso as empresas que tenham sede ou escritórios

na RAEM, tenham no âmbito das actividades, total ou parcial, o fornecimento de equipamentos de informação, sistemaseserviçose,comprovemtercumpridoasobrigaçõesfiscais.

9. Todas as dúvidas sobre o Programa do Concurso e o Caderno de Encargos deste concurso público podem ser apresentadas de acordo com o determinado no mesmo Programa do Concurso.

10 Local, data e hora limite para entrega das propostas:Local: Balcão de atendimento dos SAFP, sito na Rua do Campo, Edifício Administração Pública, n.º 162, r/c,

Macau.Data e hora limite: Até às 17H30 do dia 25 de Setembro de 2014 (não sendo aceites propostas fora do prazo).

11. Local, data e hora do acto público:Local: Sala Polivalente do 4.º andar do Edifício Vicky Plaza, sito na Rua do Campo, n.os 188-198, Macau.Data e hora: 11H00 do dia 26 de Setembro de 2014.(De acordo com o disposto no artigo 27.o do Decreto-Lei n.º 63/85/M, de 6 de Julho, os concorrentes ou seus representantes legais devem estar presentes no acto público, munidos do termo de nomeação (vide ponto 8.3 do programa do concurso), para esclarecimento de eventuais dúvidas que venham a surgir nos documentos da proposta entregue).

12. Local, data e hora para consulta do processo e obtenção da cópia do processo:Local: Balcão de atendimento dos SAFP, sito na Rua do Campo, Edifício Administração Pública, n.° 162, r/c,

Macau.Data: A partir da data da publicação do presente anúncio até à data limite para a entrega das propostas.Horas: Das 09H00 às 17H30 dos dias úteis.Preço da cópia do processo: MOP 200,00 (duzentas patacas).

13. Critérios de apreciação das propostas e respectivos factores de ponderação:a) Preço(50%)b) Qualidadedeserviços(25%)c) Competênciaprofissionaleexperiênciadopessoal(25%)

14. Esclarecimentos adicionais:A partir da data de publicação do presente anúncio até à data limite para a entrega das propostas, os concorrentes podem dirigir-se ao balcão dos SAFP, sito na Rua do Campo, n.° 162, Edifício Administração Pública, r/c, Macau, para obterem quaisquer eventuais esclarecimentos adicionais.

IPIM COMÉRCIO COM ÁFRICA DO SUL A AUMENTAR

Números de peso

4,8mil milhões de

dólares de Hong

Kong, investimento de

Joseph Lau no grupo

MOON OCEAN VENDIDA A JOSEPH LAU

De vento em popaAté agora nas mãos da Chinese Estates Holdings, a Moon Ocean passa parao comandodo magnatade Hong Kong

A empresa Moon Oce- an, envolvida no escândalo La Scala, vai ser vendida ao

magnata Joseph Lau, de Hong Kong. O empresário que era já sócio maioritário da empresa, investiu agora mais de 4,8 mil milhões de dólares de Hong Kong no grupo, até ontem detido pela Chinese Estates Holdings. A notícia, avan-çada pela Rádio Macau, faz referência a um comunicado

enviado pela empresa, à bolsa da RAEHK.

Recorde-se que Joseph Lau foi condenado a pena de cinco anos e três meses de prisão pelo Tribunal Judicial de Base, pelas práticas de corrupção activa e branqueamento de capitais num dos casos judiciais mais mediáticos do território. O antigo Secretário da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, Ao Man Long, foi condenado a 29 anos e meio de prisão pela alegada atribuição de terrenos junto ao aeroporto de Macau, para a construção do em-preendimento de residências, La Scala. De acordo com o TJB, a transacção monetária terá sido feita entre Ao Man Long e Joseph Lau, detentor da empresa responsável pela obra, a Moon Ocean.

O mesmo comunicado da empresa confirma ainda que 94% dos acordos para a venda de fracções habitacionais fo-

ram já cancelados. A empresa acrescenta ainda que se sente confiante no que diz respeito à decisão final do tribunal de Macau, sendo mesmo prová-vel que consiga recuperar o dinheiro investido no projecto e construção do La Scala.

E NÃO SÓNo entanto, a venda da Moon Ocean a Joseph Lau não é a única novidade. O diário South China Morning Post destacou mesmo o facto da Chinese Estates ter ganho, juntamente com outra empre-sa, o concurso público para o projecto de remodelação do bairro Kwun Tong, em Hong Kong. O investimento ficará a cabo do Governo do território, através da Autoridade de Reno-vação Urbana de Hong Kong e, embora não haja ainda um preço fixo para o custo da obra, estima-se que será inferior a sete mil milhões de dólares de Hong Kong.

cidade de Joanesburgo. Chang aproveitou ainda para referir que também as trocas comerciais entre Macau e os Emirados Ára-bes Unidos aumentaram durante o ano passado, chegando aos 6,1 milhões de patacas. Este valor teve um aumento significativo de 92,4%, comparado com o mesmo período de 2012.

Também Echo Chan, vogal executiva do IPIM e presidente do conselho de

administração do Parque Científico e Industrial de Medicina Tradicional Chinesa interveio nos se-minários, referindo a im-portância da construção deste empreendimento em Macau. De acordo com comunicado do IPIM, o objectivo do parque passa pela criação, no território, de uma base de controlo de qualidade da medicina tradicional chinesa e de uma plataforma interna-cional de comercialização de produtos deste tipo. O mesmo documento refere ainda que há espaço para serviços de diagnóstico e manutenção de saúde, bem como de organização de convenções e exposi-ções.

Os seminários para a Promoção da Cooperação Económica e Comercial entre Macau, Guangdong e África do Sul e Emirados Árabes Unidos tiveram lugar nos dias 28 e 31 de Agosto, respectivamen-te, em Joanesburgo e no Dubai.

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9 sociedadehoje macau quarta-feira 3.9.2014

Notificação edital

É notificado o funcionário da DSSOPT, Ng Iok Tong, de que, de acordo com a comunicação do Juízo de Instrução Criminal do Tribunal Judicial de Base, foi extinta a medida de coacção da suspensão de suas funções, pelo que deverá comparecer na Secção de Recursos Humanos destes Serviços, no prazo de oito dias, a contar da data de publicação do presente edital, para tomar o conhecimento e o reinício de funções, sob pena de aplicação de falta injustificada.

Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, aos 28 de Agosto de 2014.

O Director dos ServiçosJaime Roberto Carion

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O S Serviços de Saúde divul-garam ontem que 39 espaços

de jogo, num universo total de 41, já apresentaram os projectos definitivos para a criação de salas de fumo.

A pouco mais de um mês da entrada em vigor da lei que proíbe o fumo em áreas comuns do casino, a grande maioria das salas de jogo já avançou com os seus projec-tos para a criação de espaços onde seja permitido fumar. Segundo as regras definidas em Boletim Oficial, estes espaços terão de ser fecha-dos, com sistema de pressão negativa e com sistema de ventilação independente, “além da instalação das áreas para fumadores ou salas de fumadores nas salas VIP”, conforme indicam os SS em comunicado.

Actualmente, é permiti-do fumar nos casinos numa área determinada para o efei-to, a qual não pode exceder um máximo de 50% da área destinada ao público, mas a qualidade do ar dessas zonas tem que satisfazer as respec-tivas disposições legais.

Metro ligeiroTransportede peças para a Taipa concluídoO Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes (GIT) confirmou ontem que o mecanismo da segunda máquina de instalação de peças do metro da zona da Taipa já se encontra no território. Em comunicado, o GIT avança ainda que parte do viaduto de passagem do transporte está já concluído, nomeadamente aquele que passa na Avenida Doutor Henry Fok. Às entidades responsáveis pela construção, resta agora concluir o restante traçado, que inclui o segmento do posto fronteiriço da linha da Taipa e que deverá estar pronto no final deste mês.

SS Mais de 600 dadores em banco de medula óssea De acordo com os Serviços de Saúde (SS), 95% das pessoas que se registaram no banco de dadores de medula óssea reúnem todas as condições para a doação, ou seja, 626. Até ontem, o Centro de Transfusões de Sangue procedeu à compatibilização de seis casos de pessoas que aguardam um transplante de medula, havendo uma sétima pessoa que também registou compatibilidade total, embora não esteja ainda em condições de saúde para efectuar a cirurgia. Os SS lembram que podem tornar-se dadores, todos os residentes da RAEM que tenham entre 18 e 60 anos, peso superior a 50 quilogramas e estejam em bom estado de saúde.

IC Apoios financeiros para projectos culturais

“Os Serviços de Saúde consideram que a instalação de salas de fumo irá melhorar a qualidade do ar no interior dos casinos, beneficiando a redução da exposição dos trabalhadores”COMUNICADO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE

Apenas dois espaços de jogo ainda não apresentaram as suas propostas para as zonas de fumo que a partir do início do próximo mês entrarão em funcionamento

CASINOS MAIORIA JÁ TEM PROJECTOS DE SALAS DE FUMOS

Fumadores à parteO estabelecimento de

salas de fumo foi proposto pelas próprias operadoras de jogo de Macau que su-geriram a criação de uma “área de descanso na área comum, sem função de jogo, de tipo fechado, onde fosse permitido fumar”, o “cancelamento das áreas para fumadores na zona de jogos da área comum”, bem como a “criação da área para fumadores nas salas VIP”, como recordam na mesma nota os Serviços de Saúde.

Essa proposta depois de estudada pelo Governo e pelos serviços competentes foi aceite, ficando definido que, a partir de seis de Ou-tubro, passaria a ser proi-

bido fumar na área comum dos casinos e que seriam instaladas salas de fumo fechadas, com sistema de pressão negativa e de ven-tilação independente, além de áreas para fumadores ou salas de fumadores nas salas das grandes apostas.

“Os Serviços de Saúde consideram que a instalação

O Instituto Cultural (IC) vai lançar uma série

de apoios financeiros des-tinados a quem pretenda apostar em actividades e projectos culturais, bem como na gestão das artes. As associações culturais sem fins lucrativos que pretendam inscrever-se deverão fazê-lo nos dias 10, 11, 12 e 15 deste mês para receber o Apoio Financeiro para Actividades e Projec-tos Culturais, Programa de Formação de Recursos Hu-manos em Gestão Cultural e das Artes e, finalmente,

no Plano de Financiamento Artes na Comunidade.

O primeiro subsídio foi pensado para fomentar

a área das actividades cul-turais relacionadas com a arte visual, dança, música, património cultural local e multimédia, por exemplo.

O Programa de For-mação deverá ajudar na qualificação de pessoal espe-cializado na área da cultura, em última análise, criando--se uma reserva de talentos específica. O subsídio Artes na Comunidade serve de incentivo à criação artística por parte dos residentes, no que diz respeito à produção e participação em eventos e performances culturais.

de salas de fumo irá melhorar a qualidade do ar no interior dos casinos. Beneficiando a redução da exposição dos trabalhadores, que prestam serviço nas áreas comuns do casino, e de outras pessoas ao fumo do tabaco. Tam-bém será possível separar, de forma mais evidente, a área para fumadores e a

área para não fumadores beneficiando, igualmente, a execução da lei, diminuindo as polémicas resultantes da sua implementação”, subli-nham os SS.

Os casinos de Macau entregam mensalmente um relatório com os resultados da medição da qualidade do ar no interior das áreas para fumadores, sendo que os Serviços de Saúde também realizam inspecções para garantir que os parâmetros são observados.

O “Regime de prevenção e controlo do tabagismo”, que proíbe o fumo em es-paços públicos, entrou em vigor a um de Janeiro de 2012, mas só um ano depois é que passou a aplicar-se aos casinos, numa restrição apenas parcial, já que se permite o fumo nas áreas definidas para o efeito. Para o próximo ano está prevista uma revisão do diploma. - Hoje Macau com Lusa

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10 CHINA hoje macau quarta-feira 3.9.2014

ANDREW BROWNEThe Wall Street Journal

M ESMO quando os imperadores faziam tudo para os con-servar dentro das

suas fronteiras, os chineses aven-turaram-se pelo mundo fora em busca de conhecimento, fortuna e aventura. Nem a possibilidade de serem acusados como criminosos e conspiradores impediu os chineses de irem trocar seda e porcelana por prata em Manila, ou de irem trabalhar nas minas e plantações dos impérios europeus.

Hoje, as fronteiras da China

PRESSÕESLÁ FORAAs actividades políticas além da fronteira da China têm criado várias tensões. Na Austrália, um dos destinos mais populares entre estudantes chineses, emigrantes e turistas, estes estão a ser “treinados, vigiados, organizados e policiados” através de instruções de Pequim, escreveu John Fitzgerald, um especialista em assuntos da China na Universidade de Tecnologia de Swinburne, num artigo publicado pelo Asan Forum, um centro de estudos sul-coreano.Nos EUA, surgiu um debate intenso nos círculos académicos sobre o papel dos Institutos Confucianos existentes nas universidades americanas e que são patrocinados pelo governo chinês, oferecendo aulas de mandarim e uma imagem rósea da cultura chinesa. Os críticos dizem que esses institutos ameaçam a independência académica; os defensores dizem que oferecem uma aprendizagem valiosa da língua que de outra forma não estaria disponível. Em Junho, a Associação Americana de Professores Universitários entrou na controvérsia e recomendou que as universidades “interrompam o seu envolvimento” com os institutos, a não ser que pudessem vir a ter “controlo unilateral” sobre os mesmos.A China deve ser extremamente cautelosa para não deixar muitas marcas nas suas actividades políticas no exterior. Por um lado, o país tem uma política oficial de não interferência nos assuntos internos de outros países. Mas ao mesmo tempo coloca as comunidades chinesas no exterior em risco ao levantar a questão da sua lealdade patriótica.Ainda assim, o grande volume de emigrantes chineses e o seu enorme impacto económico dá um novo peso à China. Segundo a Associação Nacional dos Agentes Imobiliários dos EUA, os chineses gastaram cerca de 22 mil milhões de dólares em imóveis nos últimos 12 meses, facto determinante para os preços correntes. Além disto, são também o maior grupo de estudantes estrangeiros nas universidades americanas, tendo atingindo 235.597 no ano passado, segundo o Instituto de Educação Internacional, um número 21% maior do que o ano anterior. Na Inglaterra, existem hoje quase tantos estudantes chineses quanto britânicos a tirar mestrados.

O GRANDE ÊXODO DOS CHINESES ABASTADOS

À procura de um mundo melhor

Entre a esperança e a angústia, os chineses continuam a sairdo país em busca de um estilo de vida diferente

estão abertas. Quase toda a gen-te pode obter um passaporte. E os chineses estão a emigrar em grandes números: no ano passado, mais de 100 milhões de viajantes saíram do país. A maioria destes são turistas que voltam para casa. Mas há um número crescente de estudantes universitários e ricos que vão e não voltam. Um estudo da empresa de pesquisas “Hurun Report”, de Xangai, mostra que 64% dos chineses ricos - aqueles com mais de 1.6 milhões de dólares em activos - estão a emigrar ou a planear emigrar.

É verdade que a saída de pessoas brilhantes para estudar

e trabalhar no exterior não é um fenómeno recente. A revolução comunista da China foi realizada, afinal, por intelectuais formados na Europa. A novidade é que estão a planear deixar o país num momen-to em que este está em ascensão. Mais e mais chineses talentosos vêem a trajectória ascendente desta superpotência emergente e, mesmo assim, acreditam que estarão me-lhores em outro lugar.

A elite está a descobrir que pode comprar um estilo de vida confor-tável a preços surpreendentemente acessíveis em lugares como a Ca-lifórnia e a Austrália, mas não há dinheiro que possa comprar uma solução para os grandes problemas que afligem a sociedade urbana chinesa: poluição, segurança ali-mentar e um sistema educacional falido.

LIGADOS À TERRAA nova era política do presidente Xi Jinping, entretanto, criou tanto ansiedade como esperança. Por enquanto, esta migração em massa ainda não chamou muita atenção.

DIÁSPORA CHINESANo ano passado, os EUA emitiram 6.895 vistos para chineses através do programa EB-5, que permite a estrangeiros residir no país se investirem um mínimo de 500 mil dólares. Os sul-coreanos, o segundo maior grupo, conseguiram apenas 364 vistos. O Canadá encerrou este ano um programa similar, inundado

pela procura chinesa.A diáspora chinesa já soma cerca de 48 milhões de pessoas - praticamente o dobro do número de indianos que moram fora do país - e para onde quer que vá, a comunidade cresce, seja no Vale do Silício ou nos corredores de alta tecnologia do Sudeste da Ásia.

Quaisquer que sejam os motivos da migração e o seu novo destino, aqueles que saírem serão vigiados pelos órgãos do Estado leninista que deixaram para trás. Uma bu-rocracia que se alastra cada vez mais - o Escritório de Assuntos Chineses no Exterior do Conselho de Estado - existe para assegurar que a distância não acabe com o patriotismo e com a lealdade ao Partido Comunista.

A fuga dos ricos lembra um mo-vimento semelhante que ocorreu em Hong Kong antes da entrega da colónia britânica para a China em 1997, assim como outro que aconteceu em Taiwan, quando o seu futuro parecia ameaçado. Em ambos os casos, os empresários levaram as suas famílias para lugares como Vancouver e Seat-tle, voltando depois à Ásia para negócios.

Esta estratégia continua a ser usada com frequência na China, que entrou numa transição in-certa. A economia abrandou e os preços dos imóveis estão a cair. O presidente Xi acumulou mais poder do que qualquer outro líder chinês desde Deng Xiaoping e está a usar esse poder para derrubar autoridades corruptas enquanto se aproxima de advogados de-fensores dos direitos humanos, escritores de blogues e activistas da sociedade civil. Isto está a livrar a China de indivíduos que o go-verno não quer, mas também está a afugentar as pessoas criativas de que precisa.

Pequim faz uma distinção clara entre os chineses que adquirem outra nacionalidade e aqueles que permanecem como cidadãos. Juntos, estes são vistos como um activo imensamente valioso: os estudantes como embaixadores da China; os cientistas, engenhei-ros, pesquisadores e outros como multiplicadores da experiência tec-nológica e industrial do Ocidente para impulsionar a modernização económica da China.

Em 1989, quando o massacre da Praça Tiananmen desencadeou uma fuga de estudantes trauma-tizados e despedaçou a imagem do Partido Comunista perante as comunidades chinesas no exterior, o governo iniciou uma campanha para reverter os danos. O esforço, que continua até hoje, teve sucesso, como demonstram as manifesta-ções públicas de jovens em favor da China.

64%dos chineses ricos - aqueles

com mais de 1.6 milhões de

dólares em activos - estão a

emigrar ou a planear emigrar

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11 chinahoje macau quarta-feira 3.9.2014

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ESCOLA PORTUGUESA DE MACAU

AVISOAvisam-se os Pais e Encarregados de Edu-cação dos alunos da Escola Portuguesa de Macau de que as aulas do ano lectivo de 2014/2015 terão início no dia 8 do corrente mês com uma receção aos alunos.

. 1º ano – 09:30h/13:00h – Professor Titular

. 2º, 3º e 4º ano – 09:00h/13:00h – Professor Titular

. 2º Ciclo, 3º Ciclo e Ensino Secundário – 10:00h/11:00h – Reunião Geral (Ginásio)

. 2º Ciclo, 3º Ciclo e Ensino Secundário – 11:00h/13:00h – Diretor de Turma

O governo da Chi-na afirmou esta segunda-feira que impor mais san-

ções à Rússia pelo conflito com a Ucrânia “não só não resolverá a crise, mas pode ocasionar novos e complexos problemas”, e defendeu a busca de uma “resolução política”.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Qin Gang, disse que “agora é urgente pressionar todas as partes para que actuem de forma restritiva e não levem a cabo acções que possam escalar as tensões”.

As declarações do porta--voz chinês surgem depois de no sábado o presidente francês, François Hollande,

A construção do ga-soduto siberiano, que irá fornecer

anualmente 38.000 mi-lhões de metros cúbicos de gás natural à China, considerado um símbolo da “nova era das relações sino-russas”, arrancou na segunda-feira, anunciou ontem a imprensa oficial.

O início oficial da empreitada, numa ceri-mónia em Yakutsk, na Sibéria Oriental, contou com a presença do Pre-sidente russo, Vladimir

Putin, e do vice-primeiro--ministro executivo chi-nês, Zhang Gaoli, e foi transmitido em directo pela televisão russa.

O projecto insere-se na “parceria global de cooperação na área da energia” estabelecida em Maio passado na cimeira entre os presidentes dos dois países e que segun-do realçaram na altura alguns comentadores, ajudará Moscovo a re-

duzir a sua dependência da Europa, o principal mercado do gás russo.

Trata-se de um con-trato de 400.000 milhões de dólares e vigorará durante trinta anos.

A parte russa do ga-soduto, orçada em 55.000 milhões de dólares, foi baptizada com o nome de “Poder da Sibéria”.

O novo gasoduto é o segundo construído nos últimos anos pelos dois países, com “um gran-de significado para a

revitalização industrial no nordeste da China e para o desenvolvimen-to do Extremo Oriente russo”, disse Zhang Gaoli.

Em 2013, só da Rús-sia, a China importou 24,35 milhões de tone-ladas de petróleo, 27,28 milhões de toneladas de carvão e 3.500 milhões kwh de electricidade, re-feriu a agência noticiosa oficial chinesa.

Luta parasalvar temploOs habitantes da aldeia de Rujiang, localizada junto de Fuzhou, estão a lutar contra uma companhia de desenvolvimento imobiliário com vista a impedi-la de demolir um templo com 200 anos de história, noticiou o “Strait City Daily”. O monumento, com uma área de 500 metros quadrados, foi erigido em homenagem a uma divindade feminina representativa da água e do fogo durante a dinastia Qing (1644-1911). Foi agora apresentada uma petição às autoridades locais para que estas se pronunciem sobre o significado cultural e histórico do templo.

Família assassinadaAs autoridades de Weishi, em Henan, prenderam um homem no domingo devido ao assassinato de uma mulher e das suas três crianças, revelou a Xinhua. O homem, com 28 anos de idade, vivia na mesma aldeia que a família, composta pela mãe, com 32 anos, a sua filha com 13 anos, e dois filhos, com 9 anos e 10 meses de idade. Após interrogação, o indivíduo confessou ter esfaqueado a família, procedendo de seguida a incendiar a sua casa, mas mostrou-se vago quanto ao motivo do crime.

Hong Kong 22 manifestantes detidos

SIBÉRIA A TODO O GÁS

Uma nova eraUCRÂNIA PEQUIM PEDE RESOLUÇÃO POLÍTICA

Menos achas no fogo

A polícia de Hong Kong dete-ve, pelo menos, 22 pessoas,

durante um protesto contra um alto quadro chinês que visitou a cidade na segunda-feira, foi ontem anunciado. Li Fei, vice--secretário-geral do Comité Per-manente da Assembleia Nacio-nal Popular, deslocou-se a Hong Kong para explicar as reformas do sistema político validadas por Pequim quando activistas pró-democracia interromperam o seu discurso durante uma sessão no centro de convenções Asia World Expo. Ecoando ‘slogans’ e exibindo cartazes, os activistas acusaram Pequim de

não cumprir a sua promessa de permitir a Hong Kong escolher directamente o seu líder, um dia depois de o Comité Permanente da Assembleia Nacional Popu-lar ter decidido que o chefe do Executivo será, pela primeira vez, eleito por sufrágio directo em 2017, mas só após a apro-vação dos candidatos por um comité de nomeação. A maior parte das detenções aconteceu, no entanto, junto ao hotel onde Li Fei ficou hospedado, onde os manifestantes empurraram as barreiras da polícia e entraram no local, refere uma nota das au-toridades citada pela AFP. - Lusa

As autoridades chinesas declaram-se contra a imposição de mais sanções

ter afirmado “não ter dúvida” que o Conselho Europeu de Bruxelas vai decidir aumentar as sanções à Rússia devido à situação da Ucrânia, sem especificar quais estas pode-riam ser.

Em relação a este assun-to, Qin sublinhou que “nem todos os membros da União Europeia pensam da mesma maneira, há vozes diferentes”, e destacou que dentro do bloco europeu há “dissensão e preo-cupação quanto às sanções”, apesar de não ter dado mais detalhes.

ESFORÇO DE GIGANTEO porta-voz insistiu que o governo chinês espera que “os esforços de todos os ac-

tores envolvidos no conflito aumentem”, e que “sejam tomadas acções imediatas para construir uma base de confiança mútua que acabe com as tensões e sirva para conseguir a paz e a estabili-dade regional”.

Desde o começo do conflito que a China tem feito malaba-rismos políticos para não se opor as acções da Rússia, que considera um grande aliado, sem contudo apoiar plenamen-te a sua actuação no leste da Ucrânia, já que isso iria contra o princípio de não ingerência que é o cerne da política exter-na do país asiático.

Além disso, e já em plena crise, os países assinaram em Maio um acordo que garante o fornecimento da Rússia à China de 38 mil milhões de metros cúbicos de gás natural anualmente a partir de 2018, com uma duração de 30 anos (ver peça ao lado).

A assinatura do acordo, após uma década de negocia-ções, foi interpretada como um sinal da necessidade da Rússia de encontrar novos compradores para o seu gás após as sanções da UE e da decisão da China se manter à margem do conflito.

400.000milhões de dólares, valor do contrato entre a China e a Rússia

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12 hoje macau quarta-feira 3.9.2014EVENTOS

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

NEGROS ANOS • Zhang JieA obra-prima da escritora que verteu numa epopeia sublime a história da China no século XX Para atingir o seu objectivo de poder e impedir a modernização, o comunismo maoista violou os sentimentos mais sagrados, estruturantes, da cultura da China, lançando os filhos contra os pais, impondo a toda a sociedade uma violentíssima convulsão. Estes são os negros anos descritos por Zhang Jie. Violência dilacerante cuja lembrança ainda hoje ensombra o coração da China, mas que não conseguiu desintegrar a textura intima da irredutível humanidade do povo chinês.

NÃO HÁ PALAVRAS • Zhang JieNão Há Palavras para exprimir a força de um sentimento que arrasta consigo a alma e muitas vezes a seca ao ponto de a tornar para sempre árida; ou que, pelo contrário, a enche ao ponto de extravasar, apagando a razão. Esse amor inexprimível está aqui, nas páginas deste romance: homens e mulheres à mercê dos sentimentos, que vivem as suas vidas unidos e separados por vicissitudes e paixões - tendo como fundo um país imenso, antiquíssimo, de civilização rica e complexa, que mudou com inaudita rapidez e violência no breve espaço de um século. Trata-se de um fresco memorável que remete para a grandeza de Doutor Jivago, de Boris Pasternak: leve e poderoso, surpreende a cada página – um mosaico de histórias individuais e colectivas, reconstituído, reconstruído e oferecido à memória e ao futuro.

A mostra patente na galeria Macpro resume uma década de acompanhamento do trabalho do arquitecto português ao mesmo tempo que marca o regresso de Fernando Guerra à RAEM

M ACAU foi esta segunda-feira palco da inau-guração de “A

Sombra da Luz – Retratos de Álvaro Siza por Fernando Guerra”, uma exposição que estará patente ao público a partir de sexta-feira e até ao fi-nal do mês na galeria Macpro.

“É uma amostra acima de tudo do que ele tem feito e que eu tenho seguido”, explicou o fotógrafo Fernando Guerra, que acompanha há quase uma década Siza Vieira, partilhan-do a dificuldade em “tentar reduzir dez anos e quase 50 obras em 56 fotografias”.

A mostra, de entrada livre, patente ao público na Gale-ria Macpro, todas as sextas, sábados e domingos, entre os dias 5 e 28 de Setembro, “é para Macau e fica em Macau, provavelmente até como acervo do próprio ho-tel”, disse Fernando Guerra, referindo-se ao hotel Sun Sun, no Porto Interior, o qual vai ser remodelado por Siza Vieira em parceria com o arquitecto Carlos Castanheira.

REGRESSO INSÓLITOÀ semelhança de Siza Vieira, que revisita Macau 30 anos de-pois, o fotógrafo também expe-riencia a sensação de regresso: “Trabalhei aqui muitos anos

Empresas de mobiliário portuguesas à conquista da China

World Press Photo em Macau

EXPOSIÇÃO FOTOGRAFIAS DE FERNANDO GUERRA SOBRE OBRA DE SIZA VIEIRA

Dez anos de retratosem Macau como arquitecto e no plano (do NAPE - Novos Aterros do Porto Exterior) como projectista e nunca me passou pela cabeça voltar pas-sados estes anos todos, não a projectar, mas a fotografar em

viagem, a acompanhá-lo e a mostrar algumas das coisas que temos feito. Tem sido incrível”.

Para Fernando Guerra “é muito difícil de descrever e é muito emocionante” conviver de perto com o ‘mestre’. “Têm

sido dias muito especiais. Pri-var com ele não é a primeira vez, porque já fui à Inglaterra, à Coreia e ao Japão várias vezes, mas esta vez não só pela duração, mas também pela experiência, porque

Comédia stand-up no VenetianO actor e comediante Dayo Wong vai dar um espectáculo intitulado “Dayo Wong Stand Up Comedy in Macao” na Arena do Venetian, no dia 25 de Outubro, pelas 20:00 horas. Segundo a organização,

Dayo fundou o movimento de comédia stand-up em Hong Kong nos anos 90, tendo os seus

espectáculos conquistado popularidade no território vizinho e em comunidades cantonesas pelo mundo fora. Nesta sua quarta visita a Macau, o comediante vai apresentar o seu mais recente trabalho, naquilo que constitui o seu 14º espectáculo original. Os bilhetes para o evento custam entre 280 e 780 patacas.

CINCO empresas portu-gueses vão participar na

China Furniture 2014, um dos mais concorridos certames internacionais das indústrias de madeira e mobiliário, que decorrerá na próxima semana em Xangai, anunciou uma associação do sector. O certa-me, que no ano passado atraiu mais de 85.000 profissionais de 144 países e regiões, coin-cide com um bom momento das exportações de mobiliário português para a China.

No primeiro semestre de 2014, Portugal exportou para a China cerca de 8.6 milhões de dólares de mo-

biliário, mais 10.5% do que em igual período do ano anterior, indicam estatísticas das Alfândegas Chinesas. As cinco empresas portugueses representadas na China Fur-niture 2014 são SERIP - Má-rio J. Pires Ltd, Fertini Casa, CICODOOR - Cicomool, HOMARA - TGV Interiores e MibilBanho.

A edição 2014 será a 20.ª do certame e decorrerá de 10 a 14 de Setembro em Xangai. Sede de um município com mais de 23 milhões de habi-tantes, situada na costa leste da China, Xangai é considerada a capital económica da China.

A exposição World Press Photo 2014, com o tra-

balho premiado de 53 fotó-grafos de 25 nacionalidades, vai estar patente em Macau a partir de 10 de Outubro. A mostra, apresentada com o apoio da Casa de Portugal em Macau, vai estar em exibição na Casa Garden. A exposição itinerante, que passa por mais de uma centena de cidades em mais de 45 países, abriu em Amesterdão em Abril.

Entre as fotos premiadas vai poder ser vista a vencedora da edição do ano passado do World Press Photo, intitulada “Signal”, captada a 26 de

Fevereiro de 2013 e publicada na revista National Geogra-phic. A fotografia da autoria do norte-americano John Stanmeyer mostra migrantes Africanos na costa de Djibouti à noite, erguendo os seus tele-fones numa tentativa de captar um sinal barato da vizinha Somália - uma ténue ligação com parentes no estrangeiro.

A mostra vai ser ofi-cialmente inaugurada em Macau pela presidente da Casa de Portugal em Macau, Maria Amélia António, e por Laurens Korteweg, gestor de projetos da World Press Photo.

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hoje macau quarta-feira 3.9.2014

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

NÃO HÁ PALAVRAS • Zhang JieNão Há Palavras para exprimir a força de um sentimento que arrasta consigo a alma e muitas vezes a seca ao ponto de a tornar para sempre árida; ou que, pelo contrário, a enche ao ponto de extravasar, apagando a razão. Esse amor inexprimível está aqui, nas páginas deste romance: homens e mulheres à mercê dos sentimentos, que vivem as suas vidas unidos e separados por vicissitudes e paixões - tendo como fundo um país imenso, antiquíssimo, de civilização rica e complexa, que mudou com inaudita rapidez e violência no breve espaço de um século. Trata-se de um fresco memorável que remete para a grandeza de Doutor Jivago, de Boris Pasternak: leve e poderoso, surpreende a cada página – um mosaico de histórias individuais e colectivas, reconstituído, reconstruído e oferecido à memória e ao futuro.

13 eventos

A curta-metragem “O avô”, de André Mar-ques, foi seleccio-

nada para o Filminute, o maior festival de curtas de um minuto do mundo, foi segunda-feira anunciado pela organização.

O festival norte-americano Filminute é reconhecido como o mais importante festival de curtas-metragens do mundo.

“O Avô” conta com par-ticipações de Luís Lucas, Tomé Galvão Fernandes e Pedro Pernas, e foi produ-zido pela BRO, produtora responsável pelos documen-tários “Complexo: Universo Paralelo” e “I Love Kuduro”.

O filme de André Mar-ques encontra-se em com-petição entre as 25 “curtas” seleccionadas, provenientes da África do Sul, Argentina, Bósnia e Herzegovina, Ca-nadá, Colômbia, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Holanda, Índia, Israel, Marrocos, Noruega e Reino Unido.

Entre as “curtas” a con-curso contam-se títulos como “Confined”, de Tim Mat-tson, dos Estados Unidos, “Busker”, de Trevor Hardy, do Reino Unido, “Billy Crystal fills the silence”, de Brianne Nord-Stewart, do Canadá, “Caracol”, de Ramon Reyes, de Espanha, “Contre plongee”, de Moha-med Hmimsa, de Marrocos, e “Workers do not cry”, de Ali Reza Salmanpour, do Irão.

Os 25 filmes selecciona-dos para competição vão ago-ra ser avaliados por um júri constituído pela documen-tarista canadiana Jennifer Baichwal, a representante da Federação Internacional de Críticos de Cinema Isabelle Danel, a actriz norte-ame-ricana Kristen Schaal, co-nhecida pelas participações em séries como “Flight of the Conchords”, “The Daily Show”, “30 Rock” ou “Mad Men”, Wain Choi, director criativo da multinacional de publicidade Cheil Worldwi-de, Khris Burton, o realizador mais premiado de sempre do

EXPOSIÇÃO FOTOGRAFIAS DE FERNANDO GUERRA SOBRE OBRA DE SIZA VIEIRA

Dez anos de retratos

[a mostra] “é para Macau e fica em Macau, provavelmente até como acervo do próprio hotel”FERNANDO GUERRA

FILME DE ANDRÉ MARQUES EM FESTIVAL INTERNACIONAL

Melhores curtas do mundo

vimos projectos que vão ser concluídos daqui a dois anos, que não existem ainda, inau-guramos vários, passeamos e conversamos muito”, afirmou, sublinhando que acabar em Macau uma viagem de três

semanas se afigura especial para ambos.

FAVORITOSQuestionado sobre a sua obra preferida de Siza Vieira, apontou para a mais recente e a primeira assinada na China: o edifício de escritórios, tam-bém desenhado em parceria com Carlos Castanheira, inaugurado no passado sába-do, na província de Jiangsu, no leste do país, baptizado com o nome de “Edifício sobre a Água”.

“Esta obra, naquele reser-vatório de água que serve uma fábrica de produtos químicos é única e só poderia acontecer naquele sítio, com aquela li-berdade e com a experiência que ele tem”, afirmou Fer-nando Guerra, que elencou, a par deste, um projecto em Portalegre, no Brasil.

Filminute, e Saaba Quao, da organização do certame.

O júri deste ano é presi-dido pelo director executivo do festival, John Ketchum.

Realizadores como Richard Linklater, Paul Haggis, Neil Blomkamp e Radu Jude fize-ram parte do júri das últimas edições do Filminute.

A par dos prémios do júri serão também considerados os votos do público.

Os vencedores serão co-nhecidos em Outubro. - Lusa

A exposição de fotografia da autoria de Fernando Guerra, cuja cerimónia de abertura contou com a presença de Edmund Ho, o primeiro chefe do Executivo da Região Ad-ministrativa Especial chinesa e actualmente vice-presidente da Comissão Política Consul-tiva do Povo Chinês, vai ter duas sessões guiadas (a 12 e 26 de Setembro), conduzidas pelo arquitecto Andre Lui Chak-Keong.

Esquissos do vencedor do Prémio Pritkzer (o Nobel da Arquitectura) em 1992 estão também em exibição na ga-leria Macpro, que tem como presidente o proprietário do hotel Sun Sun, Yany Kwan, os quais vão ser objecto de um leilão para a caridade. - Lusa

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14 hoje macau quarta-feira 3.9.2014

hARTE

S, L

ETRA

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IDEI

AS

WANG CHONG 王充 OS DISCURSOS PONDERADOS DE WANG CHONG

Sobre a morte – 2

O homem vive graças aos fluidos subtis [jingqi] e morre quando estes se dissolvem. Os fluidos subtis dependem do sangue. Ao morrer, o sangue esgota-se, os fluidos subtis dissolvem-se, o corpo putrefaz-se e em poeira se torna: que resta então que se possa transformar em fantasma?Sem olhos ou ouvidos o homem não pode conhecer; aqueles que são simultaneamente cegos e surdos não costumam diferir muito dos simples vegetais.E mais ainda se se encontrarem desprovidos dos seus fluidos subtis, o que é muito diferente de se encontrar privado de visão e audição![Ao morrer, o corpo] putrefaz-se, desfaz-se, torna-se informe, irreconhecível e é nesse preciso momento que se fala de fantasmas e espíritos: os fantasmas que aparecem com um corpo não são, portanto, os fluidos subtis dos mortos. Porquê? Porque, ao invés, por “fantasmas” e “espíritos” designamos qualquer coisa de difuso, de invisível. Na morte, os espíritos subtis ascendem ao céu, enquanto que os ossos regressam à terra; eis porque falamos de fantasmas e de espíritos. Os fantasmas são o que regressa [à terra]; os espíritos, são aquilo que é difuso e sem forma .Para alguns, os espectros e os espíritos são dois outros nomes para os fluidos yin, por um lado, e para os fluidos yang, por outro: os primeiros opõem-se à vida e fazem regressar [à morte] e, nesse caso, falamos de “fantasmas” ; os últimos tendem para a vida e, por esse motivo, falamos de shen: shen significa “prolongar”, “prolongar sem fim”. Uma vez fechado o ciclo, tudo recomeça. Os fluidos espirituais originam os homens e, quando estes morrem, aqueles passam a ser fluidos espirituais de novo. Os fluidos yin e yang também se chamam “espectros” e “espíritos” e, do mesmo modo, nomeamos os homens uma vez falecidos.Existem fluidos que originam o homem, como a água que se faz em gelo: solidificando-se, a água se torna gelo e os fluidos, coagulando-se, formam [o corpo] humano; ao morrer, o homem de novo se torna em fluidos espirituais, tal como o gelo se faz água [no fim do inverno]: falamos de novo em fluidos espirituais, do mesmo modo que o gelo retoma o nome de “água” quando se funde. Porém, notando que usamos palavras diferentes, [“homens” durante a vida, “fluidos espirituais” após a morte], as pessoas imaginam que os fluidos espirituais são [de vontade própria] capazes de conhecimento, de aparecer sob [forma de fantasmas] e de atormentar [os vivos]. Mas

tudo isso é sem fundamento.

Tradução de Rui Cascais | Ilustração de Rui Rasquinho

Wang Chong (王充), nasceu em Shangyu (actual Shaoxing, província de Zhejiang) no ano 27 da Era Comum e terá falecido por volta do ano 100, tendo vivido no período correspondente à Dinastia Han do Leste. A sua obra principal, Lùnhéng (論衡), ou Discursos Ponderados, oferece uma visão racional, secular e naturalista do mundo e do homem, constituindo uma reacção crítica àquilo que Wang entendia ser uma época dominada pela superstição e ritualismo. Segundo a sinóloga Anne Cheng, Wang terá sido “um espírito crítico particularmente audacioso”, um pensador independente situado nas margens do poder central. A versão portuguesa aqui apresentada baseia-se na tradução francesa em Wang Chong, Discussions Critiques, Gallimard: Paris, 1997.

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15 artes, letras e ideiashoje macau quarta-feira 3.9.2014

O corpo putrefaz-se e em poeira se torna.

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16 publicidade hoje macau quarta-feira 3.9.2014

EDITALEdital no: 25/E-BC/2014Assunto: Início do procedimento de audiência pela infracção às respectivas disposições do Regulamento de Segurança Contra Incêndios (RSCI)

Processo no Locais647/BC/2010/F Estrada Marginal da Ilha Verde n.º 1178, Edf. Fortune Garden, terraço sobrejacente à fracção 4o andar B (CRP:B4), Macau.741/BC/2010/F Estrada Marginal da Ilha Verde n.º 1178, Edf. Fortune Garden, terraço sobrejacente à fracção 4o andar A (CRP:A4), Macau.

Chan Pou Ha, subdirectora da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), no uso das competências delegadas pela alínea 7) do no 1 do Despacho no 003/SOTDIR/2013, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 46, II Série, de 13 de Novembro de 2013, faz saber por este meio aos donos da obra ou seus mandatários e aos utentes, cujas identidades se desconhecem, das obras existentes nos locais acima indicados, o seguinte:1. OagentedefiscalizaçãodestaDSSOPTconstatounolocalacimaidentificadoarealizaçãodeobrasemlicença,cuja descrição e situação é a seguinte:

Andar Fracção Obra Situação da obra Infracção ao RSCI e motivoda demolição

1.1 647/BC/2010/F 4 B Instalação de pala metálica no terraço sobrejacente à fracção. Concluída Infracção ao no 4 do artigo 10o,

obstrução do caminho de evacuação.

1.2 741/BC/2010/F 4 A

Execução da obra de renovação no compartimento não autorizado com cobertura metálica, paredes em alvenaria de tijolo e janela de vidro no terraço sobrejacente à fracção.

Concluída Infracção ao no 4 do artigo 10o, obstrução do caminho de evacuação.

2. Sendo as escadas e corredores comuns e terraço do edifício considerados caminhos de evacuação, devem os mesmos conservar-se permanentemente desobstruídos e desimpedidos, de acordo com o disposto no nº 4 do artigo 10º do RSCI, aprovado pelo Decreto-Lei nº 24/95/M, de 9 de Junho. As alterações introduzidas pelo infractor nos referidos espaços, descritas no ponto 1 do presente edital, contrariam a função desses espaços enquanto caminhos de evacuação e comprometem a segurança de pessoas e bens em caso de incêndio. Assim, as obras executadas não são susceptíveis de legalizaçãopeloqueteránecessariamentedeserdeterminadapelaDSSOPTasuademoliçãoafimdeserreintegradaalegalidade urbanística violada.

3. Nos termos do no 3 do artigo 87o do RSCI, a infracção ao disposto no no 4 do artigo 10o é sancionável com multa de $4 000,00 a $40 000,00 patacas. Além disso, de acordo com o no 4 do mesmo artigo, em caso de pejamento dos caminhos de evacuação, será solidariamente responsável a entidade que presta os serviços de administração ou segurança do edifício.4. Considerando a matéria referida nos pontos 2 e 3 do presente edital, podem os interessados, querendo, pronunciar-se

por escrito sobre a mesma e demais questões objecto do procedimento, no prazo de 5 (cinco) dias contados a partir da data de publicação do presente edital, podendo requerer diligências complementares e oferecer os respectivos meios de prova, em conformidade com o disposto no nº 1 do artigo 95o do RSCI.

5. O processo pode ser consultado durante as horas de expediente nas instalações da Divisão de Fiscalização do Depar- tamento de Urbanização desta DSSOPT, situadas na Estrada de D. Maria II, no 33, 15o andar, Macau (telefones nos 85977154 e 85977227).

Aos 28 de Agosto de 2014

Pelo Director dos ServiçosA Subdirectora

Enga Chan Pou Ha

CENTRO DE FORMAÇÃO JURÍDICA E JUDICIÁRIA

AVISO

Faz-se público que se encontra aberto o concurso para admissão ao Quinto Curso e Estágio de Formação para Ingresso nas Magistraturas Judicial e do Ministério Público, comafixação de vinte e quatro vagas, cujo aviso foi publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 36, II Série, de 3 de Setembro de 2014, e se encontra afixado noCentro deFormação Jurídica e Judiciária (RuaDr. Pedro José Lobo, n.º 1-3, Edifício Luso Internacional, 18.º andar, Macau), no sítio da Internet deste serviço público (CFJJ) e no sítio da Internet dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP).

Centro de Formação Jurídica e Judiciária, aos 3 de Setembro de 2014.

O Director

________________________________Manuel Marcelino Escovar Trigo

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17 artes, letras e ideiashoje macau quarta-feira 3.9.2014

Carlos Morais José

Que dizer de uma cidade sempre sacra e infiel? Filha de gregos, esposa de romanos, viúva de cristãos, amante de sarracenos. Que nome te chamar quando o medo, no escuro da cisterna, me entregar? “Medu-sa...”, sussurrarás, “Medusa...”

*A água adormecida espera pelo príncipe que andará sobre ela.

*As colunas sustêm a inscrição dos sonhos e das eras. Não saberia dizer se as ergueram ou se simplesmente aqui brotaram no tem-po em que pedras, homens e animais par-tilhavam a mesma natureza sem pudor e por demais se misturavam e desses ample-xos nasciam monstros. Era então diverso o universo e todos os dias se refazia e algo de novo surgia, fascinante e monstruoso.Aparentemente, mais de mil anos passa-ram, foi-se o cristão e chegou o sarraceno, mas o que permanece são as húmidas ora-ções aos deuses das nuvens, dos rios e das ribeiras, que não se cansam de alimentar a terra e os olhos rasos das mulheres.

*Na humidade da coluna, insiro o polegar, cerro os olhos e rodo a mão pela sorte. Nada desejo porque quero tudo. Por onde começar?

*Em parte discreta da velha cisterna bizan-tina, duas cabeças de medusa servem de base a colunas. Uma está invertida, a outra de lado, apoiada na face direita. Não se sabe porquê. Provavelmente porque assim dava mais jeito ao construtor. Mas o que fazem ali as duas górgonas?

Há uma terceira medusa, de que ninguém fala, muito parecida com as suas irmãs da cisterna. Está no jardim do Museu de Arqueologia, perto do pequeno quiosque onde, depois do café (“à turca, com o pó todo”), os teus cabelos se transformaram em serpentes.

Agora sou a estátua que aguarda a inscri-ção: um nome, uma sentença, um epitáfio:

TEVE PÍFIA VIDAALBERGOU NO SEU SEIO

UM MONSTRO

Alien (o filme) ou a iconografia do amor.

in Anastasis, COD, 2013

A CISTERNA

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hoje macau quarta-feira 3.9.201418 publicidade

WWW. IACM.GOV.MO

Considerando que não se revela possível notificar os interessados, pessoalmente, por ofício, telefone, ou outra forma, para o efeito do regime procedimental nos respectivos processos administrativos sancionatórios, nos termos do artigo 14º do Decreto-Lei nº 52/99/M, de 4 de Outubro, do artigo 68º e do nº 1 do artigo 72º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei nº 57/99/M, de 11 de Outubro, o signatário notifica, pela presente, nos termos do nº 2 do artigo 72º do Código do Procedimento Administrativo e no uso das competências conferidas pelo Conselho de Administração do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais e constantes da Proposta de Deliberação nº 01/PDCA/2014, de 9 de Maio, publicada na Série II do Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau nº 20, de 15 de Maio de 2014 e pelo Despacho do Chefe do Executivo nº 83/2014, publicado na Série II do Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau nº 19, de 7 de Maio de 2014, os infractores, constantes das tabelas desta notificação, do conteúdo das respectivas decisões sancionatórias:

Nos termos do nº 4 do artigo 36º, nº 1 do artigo 37º, artigos 38º e 39º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos, aprovado pelo Regulamento Administrativo nº 28/2004, o Presidente do Conselho de Administração, ou seus substitutos, exararam despachos nas respectivas informações, tendo em consideração as infracções administrativas comprovadas e a existência de culpa confirmada. Assim:

1. Foram aplicadas aos infractores, constantes das Tabelas I a IV, as multas previstas no nº 2 do artigo 45º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e no artigo 2º do Catálogo das Infracções, no valor de MOP600,00 (cada infracção):

Os factos ilícitos exarados nas acusações, provados testemunhalmente, constituem infracções administrativas ao disposto no nº 1 do artigo 13º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e previstos no nº 7 do artigo 2º do Catálogo das Infracções, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo nº 106/2005, porquanto resultam da prática de actos de “nos espaços públicos, abandonar resíduos sólidos fora dos locais e recipientes especificamente destinados à sua deposição”, tendo sido os infractores notificados do conteúdo das acusações. (cfr.: Tabela I)

O facto ilícito exarado na acusação, provado testemunhalmente, constitui infracção administrativa ao disposto na alínea 3) do nº 1 do artigo 9º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e previstos no nº 30 do artigo 2º do Catálogo das Infracções, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo nº 106/2005, porquanto resultam da prática de actos de “Permitir a circulação de animal nos espaços públicos sem que ele esteja preso em gaiola, jaula, por trela ou aparelho similar ou sem que ele use os aparelhos de identificação e de segurança estabelecidos na licença”, tendo sido os infractores notificados do conteúdo da acusação. (cfr.: Tabela II)

O facto ilícito exarado na acusação, provado testemunhalmente, constitui infracção administrativa ao disposto na alínea 1) do nº 1 do artigo 2º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e previsto no nº 13 do artigo 2º do Catálogo das Infracções, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo nº 106/2005, porquanto resulta da prática de acto de “cuspir escarro ou lançar muco nasal para qualquer superfície do espaço público, de instalações públicas ou de equipamento público”, tendo sido o infractor notificado do conteúdo da acusação. (cfr.: Tabela III)

O facto ilícito exarado na acusação, provado testemunhalmente, constitui infracção administrativa ao disposto no nº 2 do artigo 9º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e previsto no nº 12 do artigo 2º do Catálogo das Infracções, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo nº 106/2005, porquanto resulta da prática de acto de “Não limpar de imediato o espaço público poluído com dejectos de animais de estimação que se está a acompanhar”, tendo sido o infractor notificado do conteúdo da acusação. (cfr.: Tabela IV)

2. Foi aplicada ao infractor, constante da Tabela V, a multa prevista no nº 1 do artigo 45º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e no artigo 1º do Catálogo das Infracções, no valor de MOP300,00:

O facto ilícito exarado na acusação, provado testemunhalmente, constitui infracção administrativa ao disposto na alínea 2) do nº 4 do artigo 7º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e previsto no nº 3 do artigo 1º do Catálogo das Infracções, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo nº 106/2005, porquanto resulta da prática de acto de “Pescar na barragem, no reservatório, nos lagos ou nas lagoas, sem autorização”, tendo sido o infractor notificado do conteúdo da acusação. (cfr.: Tabela V)

3. Além disso, os infractores podem ainda apresentar reclamação contra os actos sancionatórios ao autor do acto, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar da data da publicação da notificação, nos termos dos artigos 145º, 148º e 149º do Código do Procedimento Administrativo, sem prejuízo da aplicação do disposto no artigo 123º do referido código.

Para efeitos do disposto no nº 2 do artigo 150º do mesmo diploma, a reclamação não tem efeito suspensivo sobre o acto.

4. Quanto aos actos sancionatórios, os infractores podem apresentar recurso contencioso no prazo estipulado nos artigos 25º e 26º do Código de Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei nº 110/99/M, de 13 de Dezembro, ao Tribunal Administrativo da Região Administrativa Especial de Macau.

5. Sem prejuízo da aplicação do disposto no artigo 75º do Código do Procedimento Administrativo, para efeitos do disposto nº 4 do artigo 55º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos, os infractores deverão efectuar a liquidação de todo o valor das multas aplicadas, dentro do prazo de 30 (trinta) dias, a partir da data da publicação da presente notificação, no Gabinete Jurídico e Notariado do IACM (Núcleo Operativo do IACM para a Execução do Regulamento Geral dos Espaços Públicos), sito na Avenida da Praia Grande, nos 762-804, Edf. China Plaza, 5º andar, Macau ou através do acesso ao endereço electrónico http://www.iacm.gov.mo/rgep. Caso contrário, o IACM submeterá os processos à Repartição das Execuções Fiscais da Direcção dos Serviços de Finanças para a cobrança coerciva, nos termos do artigo 17º do Decreto-Lei nº 52/99/M e do artigo 29º do Decreto-Lei no 30/99/M.

6. Não é de atender a esta notificação, caso os infractores constantes das tabelas anexas tenham já saldado, aquando da presente publicação, as respectivas multas, resultantes da acusação. Para informações mais pormenorizadas, os interessados poderão ligar para o telefone nº 8295 6868 ou dirigir-se pessoalmente ao referido Núcleo Operativo deste Instituto.

Aos 25 de Agosto de 2014

O Presidente do Conselho de AdministraçãoVong Iao Lek

Tabela I

Nome Sexo

Nº do Bilhete de Identidade

de Residente de Macau

Nº da acusação Data da infracção

Data em que foram exarados os despachos de

aplicação das multas戴笑梅 F 74023**(*) A032654/2012 18/04/2012 26/02/2013容耀康

IONG IO HONG M 51404**(*) A036782/2012 03/06/2012 26/09/2013

柯文濤 O MAN TOU M 52060**(*) A038851/2012 04/06/2012 26/09/2013

李家豪 LEI KA HOU M 51765**(*) A038792/2012 04/06/2012 26/09/2013

林嘉鴻 LAM KA HONG M 51741**(*) A039526/2012 11/06/2012 26/09/2013

謝志偉 TSE CHI WAI M 14398**(*) A038614/2012 24/06/2012 26/09/2013

盧迪文 LOU TEK MAN F 12509**(*) A043704/2012 21/11/2012 14/02/2014

DE ASSIS ALEXANDRE M 50568**(*) A043777/2012 25/11/2012 14/02/2014楊祖發

IEONG CHOU FAI M 51265**(*) A042969/2012 28/11/2012 14/02/2014

張詠茵 CHEONG WENG IAN F 51593**(*) A044407/2012 06/12/2012 14/02/2014

譚景駿 TAM KENG CHON M 12549**(*) A047215/2012 14/12/2012 08/11/2013

陳耀銘 CHAN IO MENG M 52096**(*) A047105/2013 07/01/2013 14/02/2014

張蓮生CHEONG LIN SANG M 74100**(*) A042447/2013 10/01/2013 05/03/2014

顧國燊 KU KUOK SAN M 13562**(*) A048528/2013 15/01/2013 05/03/2014

區笑嬰 AO SIO IENG F 51473**(*) A049115/2013 17/01/2013 05/03/2014

李永恩 LEI VENG IAN M 50939**(*) A048804/2013 20/01/2013 05/03/2014

周嘉華 CHAO KA WA M 51774**(*) A047518/2013 24/01/2013 05/03/2014

梁日明 M 50600**(*) A048762/2013 24/01/2013 05/03/2014王思源

WONG SI UN M 74203**(*) A049256/2013 26/01/2013 05/03/2014

李嘉亮 LEI KA LEONG M 73759**(*) A049170/2013 03/02/2013 05/03/2014

林海泉 LAM HOI CHUN M 74021**(*) A048964/2013 03/02/2013 05/03/2014

盧智星 LO CHI SING M 14591**(*) A049361/2013 04/02/2013 05/03/2014

殷銳豪 IAN IOI HOU M 13913**(*) A048781/2013 04/02/2013 05/03/2014

鄭銘貽 CHEANG WENG I M 12331**(*) A047787/2013 07/02/2013 05/03/2014

黃純木 WONG SON MOK M 73436**(*) A047878/2013 18/02/2013 05/03/2014

黃志鋒 WONG CHI FONG M 13547**(*) A049375/2013 19/02/2013 05/03/2014

麥嘉俊 MAK KA CHON M 51963**(*) A049816/2013 22/02/2013 05/03/2014

劉建文 LAO KIN MAN M 51840**(*) A049857/2013 28/02/2013 05/03/2014

梁智恆 LEONG CHI HANG M 12551**(*) A049340/2013 03/03/2013 05/03/2014

黃衛嬋 WONG WAI SIM M 13234**(*) A050232/2013 05/03/2013 05/03/2014

洪定文 M 51009**(*) A051664/2013 23/04/2013 05/07/2013余俊亨

U CHON HANG M 52061**(*) A052419/2013 23/04/2013 05/07/2013

李美君 F 51612**(*) A050848/2013 25/04/2013 05/07/2013金康荃

KAM HONG CHUN M 74281**(*) A053262/2013 08/06/2013 08/11/2013

Tabela II陳建俊

CHAN KIN CHON M 13038**(*) A044577/2013 14/01/2013 05/03/2014

龍浩文 LONG HOU MAN M 52071**(*) A047839/2013 05/02/2013 05/03/2014

Tabela III譚廣標

TAM KUONG PIO M 74349**(*) A048688/2013 06/03/2013 05/03/2014

Tabela IV余金平

U KAM PENG M 12508**(*) 2-000007AD/2013 06/03/2013 05/03/2014

Tabela V陳一平 M 73710**(*) A021418/2013 06/01/2013 06/03/2013

Notificação no 006/NOEP-L/GJN/2014

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19 publicidadehoje macau quarta-feira 3.9.2014

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20 DESPORTO hoje macau quarta-feira 3.9.2014

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COMISSÃO DE REGISTO DOS AUDITORES E DOS CONTABILISTAS

Aviso

Torna-se público que já se encontra finalizada a correcção da primeira prestação das provas para a inscrição inicial e revalidação de registo como auditor de contas, contabilistas registado e técnico de contas, realizadas no ano de 2014 nos termos do disposto na alínea c) do artigo do 1º do Regulamento da Comissão de Registo dos Auditores e dos Contabilistas, pela referida Comissão. Os respectivos resultados serão notificados aos interessados até ao dia 3 de Setembro solicitando-se aos mesmos que contactem com a Sra. Wong, através do nº 85995343 ou 85995344 caso não recebam a mencionada notificação.

Direcção dos Serviços de Finanças, aos 19 de Agosto de 2014

O Presidente do Júri,Iong Kong Leong

DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE SOLOS, OBRAS PÚBLICAS E TRANSPORTESAnúncio

Faz-se saber que em relação ao concurso público para a execução da “AMPLIAÇÃO E REMODELA-ÇÃO DO EDIFÍCIO DA DSFSM (FASE 1)”, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau, n° 34, II Série, de 20 de Agosto de 2014, foram prestados esclarecimentos, nos termos do artigo 2° do programa do concurso, e foi feita aclaração complementar conforme necessidades, pela entidade que realiza o concurso e juntos ao processo do concurso. Os referidos esclarecimentos e aclaração complementar encontram-se disponíveis para consulta durante o horário de expediente no Departamento de Edificações Públicas da DSSOPT, sita na Estrada de D. Maria II, n°33, 17° andar, Macau. Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, aos 28 de 08 de 2014. O Director dos Serviços, Jaime Roberto Carion

MARCO [email protected]

A S formações da Casa do Futebol Clube do Porto e da Casa do Sport

Lisboa e Benfica de Macau desperdiçaram ontem a oportunidade de ascender à liderança da série A do Campeonato de Futebol de Sete da Região Adminis-trativa Especial de Macau ao não irem além de um empate sem golos no jogo grande da terceira jornada da competição.

Empatadas na segunda posição da tabela classi-ficativa, águias e dragões partiam para o encontro em igualdade de circunstân-cias, com a possibilidade de ascenderem - ainda que a título provisório - ao pri-meiro lugar da tabela. Para tal, encarnados e azuis e brancos precisavam apenas de mostrar que dispunham da equipa mais eficaz e mais combativa. Num desafio incendiário, as duas forma-ções proporcionaram um bom espectáculo aos muitos adeptos que pontificaram nas bancadas do campo desportivo do Colégio D. Bosco, ainda que nenhuma tenha conseguido violar as redes do adversário.

BENFICA AO ATAQUEMais pressionante em ter-mos ofensivos, o Benfica foi a formação que procurou o golo com maior insistên-cia, mas ao Futebol Clube do Porto pertenceram as melhores oportunidades da partida. O sete encarnado chamou a si desde cedo as rédeas do desafio e foi a primeira formação a sondar com perigo o último reduto do adversário. Muito dinâ-mico na frente de ataque, o

EMPATE SEM GOLOS AFASTA BENFICA E PORTO DA LIDERANÇA

Águias e dragões anulam-sebrasileiro William Carlos Gomes tentou por várias vezes a sorte em remates de meia distância, mas quase nunca conseguiu incomodar Bruno Capitulé na baliza azul e branca.

Os dragões do território só responderam na mesma moeda aos dez minutos, construindo uma das me-lhores jogadas do desafio. O cabo-verdeano Alison Brito desmarca-se pelo lado direi-to do ataque azul e branco e faz um compasso de espera, aguardando a subida de Alex Sampaio. Apenas com Rui Nibra pela frente na baliza do Benfica, o brasileiro tenta o chapéu ao guardião das redes encarnadas e vê o esférico falhar por pouco o último re-

duto da formação orientada por Bruno Álvares.

A resposta das águias do território materializa-se numa iniciativa de Nicholas Torrão, mas o remate do dianteiro é travado pela de-fensiva do Porto. O Benfica continuou a pressionar e a tentar surpreender o reduto mais recuado dos dragões, ainda que sem grande suces-so. Inconformado na frente de ataque encarnada, William Carlos Gomes dispôs de várias boas oportunidades, sem ainda assim colocar ver-dadeiramente à prova Bruno Capitulé na baliza portista.

VIRA O JOGO E TOCA O MESMOA segunda parte desen-rolou-se no mesmo tom,

com o Benfica a controlar as operações e o Futebol Clube do Porto a apostar abertamente no contra--ataque. A receita só não deu os resultados desejados porque Rui Nibra esteve em grande aos 42 minutos. O guarda-redes do Benfica travou com uma defesa providencial novo contra--ataque rápido dos dragões, a responder com eficácia a um remate de Mayckol Sabino, depois de nova boa desmarcação de Alison Bri-to. Nos derradeiros cinco minutos do desafio, o Ben-fica dominou por completo, mas o esforço acabou por se revelar inóquo e a partida terminou com a divisão de pontos, um resultado

considerado justo pelos principais intervenientes do desafio: “Foi um re-sultado justo, num desafio muito interessante. Ambas as equipas procuram o golo de forma desafrontada e ambas permanecem ainda na corrida pela segunda fase da competição. O nosso objectivo é de resto esse, a qualificação para a segunda fase da prova”, afirma Alex Sampaio, jo-gador do Futebol Clube do Porto.

Para Rui Nibra, o desafio foi um espelho de um cam-peonato que se afirma mais competitivo que o próprio futebol de 11: “Acaba por ser o resultado que melhor traduz o que foi a partida.

As duas formações criaram boas oportunidades e tive-ram hipótese de resolver o jogo a seu favor. O campeo-nato é muito competitivo e está também muito equili-brado”, salienta o guarda--redes encarnado.

LEÕES MOSTRAM-SE A JAPONESESHoje é a vez do Sporting Clube de Macau entrar em campo. Os leões do terri-tório tentam obter a partir das 19h30 o seu primeiro triunfo na competição fren-te ao Grupo Desportivo Artilheiros, um dia depois de terem assinado um me-morando de entendimento com a formação japonesa do Football Club Osaka. O acordo ontem assinado no hotel-casino MGM prevê a criação de mecanismos tendo em vista a formação e a colocação de jogadores, revelou o presidente do Sporting Clube de Macau, António Conceição Junior: “A partir de agora os jo-gadores que evoluem em Macau, especialmente os jogadores locais, poderão ter a oportunidade de mos-trar o que valem. A evolução dos jogadores locais é algo que nos preocupa porque queremos apoiá-los. Uma forma de os apoiar é fazer com que sintam atraídos pelo projecto do Sporting e depois, se forem talentosos, tentar colocá-los no futebol japonês”, afirmou o dirigen-te leonino, em declarações à TDM.

O Football Club Osaka alinha no quinto escalão do futebol nipónico e já assinou acordos do género com formações do Brasil, de Portugal e da Turquia com o objectivo de levar mais longe o nome do futebol japonês.

GONÇ

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ACONTECEU HOJE 3 DE SETEMBRO

Pu Yi

LÍNGUADE gATO

hoje macau quarta-feira 3.9.2014 (F)UTILIDADES 21

H O J E H Á F I L M E

João Corvo fonte da inveja

Não confies na tua sombra. Ela é prestes a dissipar-se.

C I N E M ACineteatro

SALA 122 JUMP STREET [C]Um filme de: Phil Lord, Christopher MillerCom: Channing Tatum, Jonah Hill, Peter Stormare, Ice Cube14.30, 19.30

CAFE • WAITING • LOVE [B]FALADO EM MANDARIM E LEGENDADO EM CHINÊSUm filme de: Chiang Chin LinCom: Vivian Chow, Megan Lai, Pauline Lan, Lee Luo16.30, 21.30

SALA 2TEMPORARY FAMILY [B]FALADO EM CANTONÊS, LEGENDADOEM CHINÊS E INGLÊSUm filme de: Cheuk Wan Chi

Com: Nick Cheung, Sammi Cheng, Angelababy, Oho14.15, 16.05, 18.00, 21.30

LUCY [C]Um filme de: Luc BessonCom: Scarlett Johansson, Morgan Freeman19.50

SALA 3THE HUNDRED-FOOT JOURNEY [B]Um filme de: Lasse HallstromCom: Helen Mirren, Manish Dayal, Charlotte Le Bon, Om Puri14.30, 19.15

22 JUMP STREET [C]Um filme de: Phil Lord, Christopher MillerCom: Channing Tatum, Jonah Hill, Peter Stormare, Ice Cube16.45, 21.30

22 JUMP STREET

Morre João Rodrigues Cabrilho, o navegador esquecido• João Rodrigues Cabrilho foi um navegador português que realizou importantes explorações marítimas ao serviço da coroa espanhola. Morreu a 3 de Janeiro de 1543 e é recordado hoje.Também conhecido como Juan Rodríguez Cabrillo, o explorador português do século XVI levou a cabo explorações marítimas no Oceano Pacífico (costa Oeste dos EUA) e também em operações terrestres na América do Norte.Em 1521, João Rodrigues Cabrilho participou na conquista da Capital Azteca de Tenochtitlan, ao lado do espanhol Hernán Cortés. E junto a outros europeus esteve, por outro lado, na conquista dos territórios que compreendem hoje as Honduras, Guatemala e São Salvador, entre 1523 e 1535.Cabrilho foi ainda o primeiro europeu a desembarcar no território onde está actualmente localizado o estado da Califórnia. Ao serviço da coroa espanhola, em 1542, partiu de Navidade, no México, em direcção ao norte, demorando três meses a chegar à Baia de San Diego.Apesar de ser chamado também de ‘Juan Rodríguez Cabrillo’, a nacionalidade portuguesa de João Ro-drigues não oferece dúvidas. O cronista e Chefe das Índias Espanholas, D. António Herrera y Tordesillas, na ‘Historia General de los hechos de los Castellanos en lás Islas y tierra firme del Mar Oceano’, confirma a nacionalidade do português.“Juan Rodriguez Cabrillo Português, persona muy platica en las cosas de la mar”, escreve, desmentindo a teoria de alguns historiadores que concedem nacio-nalidade espanhola a Cabrilho.No concelho de Montalegre, freguesia de Cabril [daqui a origem de ‘Cabrilho’] existe a ‘Casa do Galego’, onde o navegador terá nascido. Morreu a 3 de Janeiro de 1543, no actual estado da Califórnia, desconhecendo-se o local da sua sepultura.Também neste dia, em 1960, Álvaro Cunhal foge da prisão do Forte de Peniche, um ano antes de os EUA romperem relações diplomáticas com Cuba.

Migrados Cá estou eu, de patas no teclado, à espera que a inspiração bata à porta do meu pequenino, mas fértil cérebro. Se há coisa de que me recordo todos os dias é de todos os amigos que tenho espalhados pelos quatro cantos do mundo. Ponho-me então a pensar na quantidade exorbitante de amigos portugueses que tenho por esse planeta fora e que fugiram de Portugal, com medo de um papão chamado “crise” e que suga o dinheiro da carteira e qualquer centavo que ainda esteja perdido lá por casa. Como gato interessado que sou, não me deixo adormecer sem ler os principais jornais portugueses, que mostram desgraças atrás de desgraças. Mas sabem o que é o pior no meio de tudo isto? É que tudo isso não passa de um duro retrato da realidade lusa actual. É vê-los todos a fugir. Para aqui, para a Noruega, para o Luxemburgo, Paris, Suíça... Será que o futuro de Portugal passa pela desertificação quase total do país? Ou tudo isto não passa, simplesmente, de uma desculpa esfarrapada de muitos para fugir de um local que não oferece as mínimas condições de vida àqueles que nela nasceram e dela fazem parte? Eu cá não quereria por lá viver e, segundo o que pude apurar, “Portugal é óptimo, mas só em férias”. Ao menos valha-lhes as praias e esplanadas, as “minis” de final de tarde e as festas de final de verão em terraços bem amanhados no meio de Lisboa. Talvez esteja a agir um bocadinho em prol de um “patriotismo” nato de que todos os felinos e humanos nascidos em Macau sofrem. É que por aqui, a vida também não é fácil e há valores básicos a qualquer nação que não são respeitados. Por outro lado, penso: em que outro local do mundo teria um gato a oportunidade de escrever uma coluna de opinião diária como esta que redijo todos os dias?

AS HORASSTEPHEN DALDRY |(2002)

“As Horas” é um filme baseado num romance com o mesmo nome que junta três grandes actrizes do cinema. Meryl Streep é Clarissa Vaughn e vive em Nova Iorque no século XX, Julianne Moore é uma dona de casa frustrada dos anos 50 do século XX e, muitos anos antes, Nicole Kidman é a escritora Virgínia Woolf, que recupera de uma tentativa de suicídio. Pelo meio, há o escritor com Sida que olha para o infinito da janela e uma festa que se prepara para, no fundo, mascarar todos os dramas pessoais existentes. - Andreia Sofia Silva

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hoje macau quarta-feira 3.9.201422 ócios / negócios

ANDREIA SOFIA [email protected]

Q UANDO saiu dos bancos da Universidade de São José (USJ), Cintia Leite Martins decidiu co-

meçar a trabalhar como designer gráfica por conta própria, assinando com o nome de Cintia Milk. Mas o casamento com o arquitecto Guilherme Ma acabaria por se revelar mais do que um projecto de vida: juntos criaram, em 2012, o Mamilk Studio.

“Gostámos de organizar o nosso ca-samento e tratar da decoração, e como tínhamos aptidões artísticas, juntámos o útil ao agradável. Vimos também que no mercado havia falta de personalização no tipo de casamentos”, disse ao HM Guilherme Ma.

“A intenção era que ele faria mais traba-lhos ligados ao 3D, arquitectura de interiores, enquanto eu ficaria com a parte do design gráfico, para além da parte da produção de eventos”, explicou Cintia Leite Martins.

Dois anos depois, e com uma mu-dança recente de espaço para o projecto Designer’s Corner (A esquina dos de-signers), junto à avenida Sidónio Pais, o balanço que traçam é “bastante positivo”. “Fazer dinheiro não foi a nossa primeira visão, e o que mais nos interessa é fazer diferente. Por isso quisemos ter a parte da educação. Começámos a fazer workshops na Casa de Portugal e decidi fazer o curso de pedagogia para ver até onde isso nos podia levar”, explicou Cintia Leite Mar-tins, que actualmente também é professora de arte digital numa escola secundária.

O CAVALO VERMELHO E DOURADOOlhando para trás, Cintia Leite Martins e Guilherme Ma destacam o trabalho de

MAMILK STUDIO DESIGN E PRODUÇÃO DE EVENTOS

FAZER DINHEIRO NÃO FOIA NOSSA PRIMEIRA VISÃOQuando faz trabalhos de design, Cintia Leite Martins transforma-seem Cintia Milk. Juntamente com o marido arquitecto, Guilherme Ma,criaram, há dois anos, o Mamilk Studio. O casal busca a criatividadeem cada trabalho que faz, sem esquecer o lado educacional

“Macau não vai à procura de mão-de-obra de Macau. As empresas vão à procura demão-de-obra emHong Kong ou na China”

design gráfico que estão a desenvolver para uma companhia de seguros por-tuguesa com uma sucursal em Macau. Agradam-lhes o facto do seu projecto estar próximo da imagem utilizada em Portugal mas conseguirem fazer diferente.

Os mentores do Mamilk Studio lem-bram ainda o projecto desenvolvido no Ano Novo Chinês no Venetian, em que decoraram um cavalo em tons dourados e vermelhos.

“Conseguimos sair um bocado da rotina do nosso trabalho”, garantiu Cintia Leite Martins, que destacou ainda o facto da empresa de jogo ter optado por manter o seu projecto em exposição.

Guilherme e Cintia sentem-se com mais capacidade criativa quando or-ganizam casamentos e outros eventos, uma vez que nem sempre conseguem implementar as suas ideias. “Vimos que em Macau é difícil se uma pessoa quiser criar, porque os clientes têm a sua ideia fixa e não querem dar o braço a torcer.”

Guilherme Ma diz mesmo que os clientes “dizem que querem inovar, mas depois querem continuar”.

Em termos de desafios, Cintia Leite Martins destaca o facto de ter crescido em Macau e de ter feito contactos desde a infância. Por isso, na hora de criar o Mamilk Studio, os convites de trabalho começaram a surgir por intermédio de amigos e conhecidos.

“Como sempre desenvolvi contactos, nem sequer fiz propaganda e foi sempre de boca em boca que nos surgiu trabalho. Macau não vai à procura de mão-de-obra de Macau. As empresas vão à procura de mão-de-obra em Hong Kong ou na China. Na área do design gráfico não acreditam que as pessoas aqui são capazes”, aponta.

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hoje macau quarta-feira 3.9.2014

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Cecília Lin; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado; Ricardo Borges (estagiário) Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

23OPINIÃOJosé Manuel Pureza

in DN

M ENOS de 10% da des- pesa mundial em in-vestigação em saúde é dedicada aos mais graves problemas de saúde que afectam mais de 90% da população do mundo. As doenças negligenciadas - sejam as chamadas doenças

raras sejam sobretudo as grandes epide-mias do mundo pobre, como a malária ou o ébola - são o rosto de uma bio-política global conduzida pelo primado do lucro da indústria farmacêutica.

Há surtos de ébola em África desde, pelo menos, 1976. Sucedesse isto em Inglaterra, nos Estados Unidos ou no Japão e há muito se teriam dado os passos para a produção de uma vacina. O problema do ébola é ser, por agora, uma doença de africanos em África. No momento em que ela foi contraída por dois profissionais de saúde norte-americanos e por um missionário espanhol, o mundo começou a mobilizar-se. Porque ganhou medo. O Banco Mundial prometeu logo 200 milhões de dólares aos quatro países africanos mais afectados e Obama assumiu, na cimeira com cinquenta líderes daquele continente, o compromisso de atribuir 33 mil milhões de dólares para ajuda às econo-mias africanas. É mais do que ironia que os Estados que agora prometem ajuda sejam os mesmos que impuseram uma redução para metade, entre 2012 e 2014, do orçamento

Ébola, nome de hipocrisia

“Tal como sucedeu com a sida, o ébola terá de matar gente rica, dos bairros luxuosos das nossas cidades, para que enfim se ponha o conhecimento científico existente ao serviço de quem sofre”

da Organização Mundial de Saúde dedicado a respostas a surtos epidémicos.

Bastou um missionário espanhol e dois profissionais de saúde norte--americanos. Os 1500 africanos mortos neste surto mais recente - e os muitos mais que os números oficiais não registam -, esses são estatísticas sem nome e sem rosto. A sua falta de poder económico faz deles uma mancha que alas-tra e ameaça mas nunca um mercado que cresce e estimula. E os alarmes de interesse dos potentados globais do farmo-químico disparam quando há mercados, não quando há manchas. Além do mais, os africanos infectados são guineenses ou liberianos, não são espanhóis nem americanos. Por isso se louvou a prontidão da mobilização de meios - incluindo aviões medicalizados e administração de medicamentos ainda não aprovados - usados pelos governos espanhol e americano para resgatar e salvar os seus.

Mas não se disse que o avião que trouxe Miguel Pajares e uma outra freira com passaporte espanhol para Madrid deixou em terra duas missionárias, uma congolesa e outra guineense, que trabalhavam no mesmo hospital de Monróvia.

O dinheiro prometido pelo Banco Mun-dial é um penso rápido numa chaga que os programas de ajustamento estrutural que essa organização impôs, juntamente com o FMI, nestes mesmos países africanos nos anos 80, alimentaram multiplicando pobreza e conde-nando à inexistência sistemas públicos de saú-de capazes para servirem as suas populações.

E os milhões prometidos por Obama são dados (serão?) não a pensar no direito dos liberianos ou guineenses à saúde e ao bem-estar mas sim na resposta ao medo de contágio dos americanos, sempre apologistas da liberdade de circulação de tudo menos dos pobres que fogem da morte nas suas terras. A ajuda pública ao desenvolvimento tem esse rosto cínico de biopolítica de contenção dos pobres, aquietando-os, castigando a sua turbulência e sobretudo prevenindo supostos estragos que possam trazer ao modo de vida instalado no centro do mundo.

Tal como sucedeu com a sida, o ébola terá de matar gente rica, dos bairros luxuosos das nossas cidades, para que enfim se ponha o conhecimento científico existente ao serviço de quem sofre. Até lá, o ébola - como o ter-rorismo ou a perda de biodiversidade - será um pretexto para o mundo rico intensificar a contenção dos pobres no seu gueto global.

OUTB

REAK

, WOL

FGAN

G PE

TERS

EN

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hoje macau quarta-feira 3.9.2014

T RÊS homens detidos na segunda-feira no âmbito da descoberta de uma bomba numa carrinha

estacionada no aeroporto da capital filipina planeavam um ataque à embaixada chinesa e a um dos maiores centros co-merciais de Manila, informaram ontem as autoridades.

Os indivíduos planeavam uma série de ataques, aparen-temente para publicitar o seu sentimento contra a China, disse aos jornalistas a Secretária da Justiça, Leila de Lima.

“Eles dizem-se defensores do povo filipino e consideram inimigos a China e os filipinos de origem chinesa como a classe oligarca responsável por práticas de negócios monopolistas e ex-ploração mineira ilegal”, afirmou.

Leila de Lima disse que os indivíduos estão particular-mente zangados com a alegada posição “suave” do governo filipino em relação à China, no âmbito das disputas territoriais no Mar do Sul da China.

“Eles querem que o gover-no expresse uma posição mais dura na disputa com a China”, acrescentou.

BOMBISTAS DETIDOS NAS FILIPINAS

Contra a ChinaA Secretária acrescentou que

o grupo, que pode envolver mais pessoas do que os detidos, tinha planeado uma série de ataques na segunda-feira em edifícios ligados à China ou à comuni-dade de negócios chinesa das Filipinas.

ATAQUE AO CENTRO COMERCIAL“Eles também tinham planos para detonar uma bomba no “SM Mall of Asia”, centro co-mercial na cidade de Pasay, e atingir a Embaixada da China e o edifício DMCI”, acrescentou.

O SM Mall of Asia é pro-priedade de Henry Sy, o homem mais rico das Filipinas que nasceu na China.

O DMCI é uma empresa de construção detida por David Consunji, outro filipino-chinês que a revista Forbes lista como o sexto homem mais rico no país.

Não obstante, a Secretária da Justiça disse que os investiga-dores não estavam convencidos de que a verdadeira intenção do grupo era expressar a sua raiva contra a China e os interesses chineses.

“Queremos saber quão gran-de é o grupo, qual é a sua ca-

pacidade real para criar esta situação, e quais são os seus verdadeiros objectivos”, adiantou.

“E haverá gente nossa a apoiá-los? Vamos inves-tigar tudo isto”, frisou.

Leila de Lima disse que o líder do grupo afirmou pertencer a um grupo secreto de polícias e militares que foram associados a tentativas falhadas de golpe de Estado em 1980 contra a então presidente Co-razon Aquino.

A informação não foi, no entanto, confir-mada até à manhã de ontem. - Lusa