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ASSUNTOS SOCIAIS E CULTURA Presságio de mudanças SEMANA CULTURAL DA CHINA E PLP Estreia teatral e Diabo na Cruz OBRAS PÚBLICAS E TRANSPORTES Muito esforço, pouca glória AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 QUINTA-FEIRA 18 DE SETEMBRO DE 2014 ANO XIV Nº 3177 hojemacau JA BASTA DIREITO ADVOGADOS CHINESES CONTRA PROTOCOLO COM PORTUGAL A discórdia sobre o novo protocolo com a Ordem dos Advogados de Portugal está instalada. De um lado, os portugueses que defendem o acordo. Do outro, os causídicos chineses que não querem mais profissionais vindos de Portugal. A dois dias do fim do prazo para a apresentação do recurso, Paulina Santos avança e recorre da decisão. CASO RAYMOND TAM Recurso de última hora POLÍTICA PÁGINA 5 EVENTOS CENTRAIS POLÍTICA PÁGINA 6 ANÁLISE PÁGINA 4 PÁGINAS 2 - 3 PUB ´ ASSIM

Hoje Macau 18 SET 2014 #3177

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Hoje Macau N.º3177 de 18 de Setembro de 2014

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Page 1: Hoje Macau 18 SET 2014 #3177

ASSUNTOS SOCIAISE CULTURAPresságiode mudanças

SEMANA CULTURALDA CHINA E PLPEstreia teatral e Diabo na Cruz

OBRAS PÚBLICASE TRANSPORTESMuito esforço, pouca glória

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 Q U I N TA - F E I R A 1 8 D E S E T E M B R O D E 2 0 1 4 • A N O X I V • N º 3 1 7 7

hojemacau

JA BASTADIREITO ADVOGADOS CHINESES CONTRA PROTOCOLO COM PORTUGAL

A discórdia sobre o novo protocolo com a Ordem dos Advogados de Portugal está

instalada. De um lado,os portugueses que defendem

o acordo. Do outro, os causídicos chineses que não querem mais profissionais

vindos de Portugal.

A dois dias do fim do prazo para a apresentação do recurso, Paulina Santos avança e recorre da decisão.

CASO RAYMOND TAMRecurso de última hora

POLÍTICA PÁGINA 5 EVENTOS CENTRAIS

POLÍTICA PÁ

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ANÁLISE PÁGINA 4

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2 hoje macau quinta-feira 18.9.2014REPORTAGEM

ANDREIA SOFIA SILVA*[email protected]

A nova proposta de pro-tocolo entre a Asso-ciação dos Advogados de Macau (AAM) e

Ordem dos Advogados (OA) foi aprovada por maioria nas duas última assembleias-gerais, em Abril. Ainda assim, o consenso não mora no seio da classe. Ad-vogados presentes nos encontros confirmaram o sim por maioria, mas é certo que muitos causídicos chineses continuam a estar contra a proposta.

Hong Weng Kuan, advogado que concorreu às eleições legisla-tivas de Setembro pela Associação da Promoção dos Direitos dos Cidadãos, confirmou que o Go-verno e Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM têm conhecimento do assunto.

“Estou contra e um grupo de advogados chineses também, por várias razões. Já tentámos falar do assunto de maneira não oficial, com contactos com o Governo da RAEM e o Gabinete de Ligação, onde falamos da nossa posição. A nossa posição também não mudou este ano. Como a proporção dos ad-vogados portugueses e chineses é diferente (dentro da AAM), é difícil que mais de metade dos membros vote contra na assembleia-geral, porque os advogados chineses são menos do que os portugueses. Por isso, o problema não fica re-solvido apenas com a votação na associação”, disse ao HM Hong Weng Kuan.

A LÍNGUA E OS ATRASOSPara o ex-candidato a um lugar de deputado na Assembleia Le-

AAMAINDA NÃO ENTREGOU PROPOSTAÀ OAPrimeiro foi suspenso pelo excesso de profissionais que estavam a vir para o território e pela quebra de qualidade no exercício do Direito que daí advinha. Depois foi aprovada a sue reactivação, com algumas mudanças. Seis meses depois da votação dos pontos a incluir na nova proposta de protocolo, a AAM já redigiu o documento, mas ainda não o entregou à OA. “São apenas ideias da parte da AAM, mas teremos de esperar a reacção e o entendimento da OA. Internamente (a nova versão do protocolo) está feita, mas será a direcção a entender qual a altura ideal para o enviar para a OA. Naturalmente haverá negociações entre as duas entidades”, disse Paulino Comandante, que não negou a possibilidade de vir a discutir a questão no próximo encontro da União de Advogados de Língua Portuguesa (UALP), a decorrer em Outubro. O HM tentou chegar à fala com a Bastonária da OA, Elina Fraga, mas não foi possível até ao fecho desta edição.

A Associação dos Advogados de Macau já concluiu a proposta para a nova versão do protocolo com a Ordem dos Advogados. Mas, se os advogados locais portugueses defendem o acordo, a maioria dos causídicos de etnia chinesa está contra a vinda de profissionais de Portugal. Já houve mesmo encontros não oficiais com o Governo e Gabinete de Ligação do Governo Central

ASSOCIAÇÃO DE ADVOGADOS MEMBROS CHINESES NÃO QUEREM PROTOCOLO COM PORTUGAL

FOCOS DE RESISTÊNCIAgislativa (AL) pela via directa, os advogados portugueses só devem vir para Macau para complementar eventuais faltas de pessoal. “Se-gundo a Lei Básica, os advogados de fora só podem ter um papel complementar, e se o número de advogados locais for menor do que aqueles que são importados, então estamos a ir contra a Lei Básica. Mesmo os portugueses que depois têm o BIR, foram importados antes”, disse Hong Weng Kuan.

O advogado fala ainda da questão da língua como um entrave no funcionamento da justiça. “Os advogados portugueses precisam de um grande número de recursos humanos na área da tradução, o que faz com que os processos andem mais devagar. Só quando houver falta de advogados em Macau é que se devem importar profissio-nais, isso é que é adequado para a sociedade”, defendeu o causídico.

Chan Wa Keong disse ao HM que não quer explicar os motivos pelos quais está contra, por serem diversos, tendo declarado que já

“Os advogados portugueses precisam de um grande número de recursos humanos na área da tradução, o que faz com que os processos andem mais devagar”HONG WENG KUAN Advogado

“Neste momento penso que não está assim tão ameaçado o espaço profissional. Embora respeite as preocupações dos nossos colegas chineses, não vejo que seja um grande problema” MIGUEL DE SENNA FERNANDES Advogado

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3 reportagemhoje macau quinta-feira 18.9.2014

Da importação e seus limites

Qualidade dos cursos não é motivo

TAL como já foi noticiado em Abril, os pontos aprovados

na assembleia-geral da AAM pretendem introduzir mais limites aos que chegam de Portugal. Não poderão vir recém-licenciados em Direito, sendo exigida o mínimo de experiência profissional. Os causídicos portugueses poderão ficar sujeitos ao exame de acesso, estando ainda previstas cotas. “O número de advogados permitido em Macau ficará sujeito a uma cota, que será definida em função do número de advogados admiti-dos anualmente em Macau”, disse Paulino Comandante.

Pedro Leal frisou que os ad-vogados portugueses não podem nunca substituir os profissionais locais. “Os advogados de quali-

dade são sempre bem vindos, mas nunca concordei que os advogados de Portugal pudessem advogar em Macau, muitas vezes em prejuízo dos advogados formados em Ma-cau. Por isso estive contra numa primeira fase”, disse ao HM.

José Leitão, da MDME Ad-vogados, explicou que “era ne-cessário revisitar o protocolo”. “Concordo que é necessário haver uma regulação diferente face ao primeiro protocolo e que essas medidas serão positivas”.

Miguel de Senna Fernandes considera que a “ideia do proto-colo é sempre bem vinda”. “Não podemos dizer que, por sermos de Macau, não podemos ter o mínimo de contactos com Portugal com a OA. É uma troca de prestação de serviços que está em causa e que deve ser valorizada. A própria OA terá a ganhar com o acordo com a AAM. Os escritórios de Macau têm um certo volume de trabalho e têm esse interesse (em contratar), mas não é qualquer um que pode vir. Devem ser afixadas regras”, defendeu.

O HM quis perceber se a reacti-vação do protocolo pode estar

relacionada com a falta de qualida-de dos cursos de Direito em Macau e com a falta de profissionais qua-lificados, mas os advogados negam essa possibilidade. Maria Amélia António garante que o protocolo pode responder à necessidade de contratação em algumas áreas onde Macau não é experiente. Miguel de Senna Fernandes defende que esse “não é nem deve ser” o principal motivo. Já Pedro Leal considera que, na hora da conclusão do curso, há poucas diferenças. “Não reconheço que as pessoas vindas de Portugal sejam melhores.”

Contudo, a qualidade dos cur-sos locais é posta em causa. “O curso da Universidade de Ciências e Tecnologia (MUST) para mim

não existe, tem aulas que não têm ligação ao Direito. Quanto ao curso da Universidade de Macau (UM), as pessoas que dão os cursos têm qualidade, os alunos, uns têm, outros não. Há algumas diferenças em relação ao curso de Direito da Universidade de Lisboa ou de Coimbra, que são melhores”, disse Pedro Leal.

Miguel de Senna Fernandes reconhece que “a qualidade do curso da UM tem de ser maior”. “Os alunos que são formados surpreendem-nos pela debilida-de dessa formação. Há questões muito simples e não se denota aquela sensibilidade jurídica que se espera de um formado em Direito. Muitas vezes fico boquiaberto com coisas que os colegas juristas recém-formados dizem. E aí ponho em questão onde foram formados. Não falo só dos alunos chineses, mas tam-bém portugueses”, disse ao HM.

Apesar do curso da MUST já ter sido muito criticado, Hong Weng Kuan quer o reconhecimento dos seus licenciados. “A MUST é uma universidade de Macau, e o Governo reconhece os seus alunos. Se os alunos da UM são reconhecidos pela AAM, porque é que a AAM não reconhece? Há requisitos diferentes”, disse o cau-sídico, que defendeu que a AAM deveria promover mais formação para estes finalistas.

“Haverá sempre quem está de acordo e quemnão está, mas o que saiu foi de uma votação maioritária”MARIA AMÉLIA ANTÓNIO Advogada e presidente da Casa de Portugal em Macau

ASSOCIAÇÃO DE ADVOGADOS MEMBROS CHINESES NÃO QUEREM PROTOCOLO COM PORTUGAL

FOCOS DE RESISTÊNCIAapresentou os seus argumentos à direcção da AAM.

PROTOCOLO,ESSE DOCUMENTO “ESTRANHO”O HM chegou a contactar diversos advogados de etnia chinesa, mas muitos recusaram prestar declara-ções sobre o assunto. Pedro Leal, advogado na área penal, confirmou o desacordo do lado chinês.

“Na assembleia-geral a decisão passou, mas a comunidade de advo-gados chinesa não concorda com a vinda de advogados portugueses para cá. Penso que (a proposta) passou por falta de organização, porque eles não se entendem. As pessoas de etnia chinesa que estiveram claramente contra não concordam com a vinda de advogados portugueses. Entendem que cada advogado que vem para cá lhes está a tirar trabalho”, disse o advogado ao HM.

Também José Leitão, do escritó-rio de advocacia MDME, reconheceu falta de consenso. “Senti alguma resistência (por parte dos advoga-dos chineses). Mas isso é porque o protocolo é uma coisa que lhes é estranha. Não posso dizer que se mostraram completa aversão à vinda de advogados portugueses, mas terá havido alguma resistência a algumas das medidas”, garantiu o causídico.

PROTOCOLO AVANÇARÁO macaense Miguel de Senna Fernandes diz que não há razões

para preocupação. “Já ouvi al-gumas vozes contra e têm a sua razão. Mas isso é razão para que o protocolo não se faça? Tenho as minhas dúvidas. Ninguém gosta de ver o seu ganha pão afectado, mas a profissão de advogado e o mercado não vão ser afectados só porque será possível a contratação de mais advogados. Neste momen-

to penso que não está assim tão ameaçado o espaço profissional. Embora respeite as preocupações dos nossos colegas chineses, não vejo que seja um grande proble-ma”, disse ao HM.

Maria Amélia António fala de uma situação que “não é unâni-me”. “Haverá sempre quem está de acordo e quem não está, mas o que saiu foi de uma votação maioritária. A assembleia-geral teve muita participação e durou mais do que uma sessão, foi uma coisa bastante discutida”, disse a advogada e presidente da Casa de Portugal em Macau.

Paulino Comandante também desdramatiza o caso. “Vozes a fa-vor e contra há sempre. Colocámos o assunto na assembleia-geral e ali aprovaram-se alguns princípios. O protocolo tem que respeitar os interesses da classe. Houve vozes da parte dos advogados locais, ditos de etnia chinesa. Não tenho dados concretos, se são muitos ou poucos, mas essas directrizes foram aprovadas”, disse o mem-bro da direcção da AAM. Em declarações à agência Lusa, Jorge Neto Valente, presidente da AAM, disse existirem neste momento em Macau cerca de 300 advogados. Desses, cerca de uma centena são de etnia chinesa. De frisar que o HM tentou por diversas vezes che-gar à fala com Jorge Neto Valente, sem sucesso. - *com Cecília Lin

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hoje macau quinta-feira 18.9.20144 POLÍTICA

Quando a boa vontade não chegaANÁLISE OBRAS PÚBLICAS E TRANSPORTES

N A hora de analisar o trabalho feito por Lau Si Io, o arquitec-

to e membro do Conselho do Património Cultural (CPC) lembrou que o Secretário “foi nomeado em condições muito difíceis e pela sua experiência administrativa e por ser um homem hones-to. Precisou de tempo para estudar dossiers e encontrar fórmulas para resolver pro-blemas do passado”, disse ao HM.

Convidado a analisar o trabalho desenvolvido pelo Secretário Lau Si Io nos últimos sete anos, Addy Chan garante que o trabalho foi intenso, mas que muitos requisitos ficaram por cumprir. O vice-presidente da Associação de Engenheiros pede ainda rapidez para o Metro Ligeiro

ANDREIA SOFIA [email protected]

T RANSPORTES, Obras Pú- blicas, comunicações, am-biente, trânsito. Estes te-mas estiveram sob alçada

do Secretário Lau Si Io nos últimos cinco anos e nunca como agora as críticas estiveram tão acesas. Qual o balanço que se pode fazer ao tra-balho do Secretário? Ao HM, Addy Chan, vice-presidente da Associa-ção de Engenheiros, considera que Lau Si Io até trabalhou muito, mas que, ainda assim, muitos projectos ficaram por desenvolver e cumprir.

“Ele trabalhou arduamente, e

“Nomeado em condições muito difíceis”

“Apesar das críticas, julgo que têm conseguido dar vazão ao investimento, cuja escala é gigantesca e que Macau nunca conhecera após 2004”CARLOS MARREIROS Arquitecto

Em relação aos aspectos negativos, Marreiros põe o trânsito e a falta de estacio-namento em primeiro lugar. “Este é o sector que mais crí-ticas tem recebido da popu-

lação, por causa da habitação pública e dos transportes. Os parques automóveis deveriam ser resolvidos não por processos tradicionais mas também automatizados.

As infra-estruturas, como o Metro Ligeiro e edifícios de serviços públicas, são também uma área que tem recebido muitas criticas”, disse ao HM.

ESFORÇO RECONHECIDOApesar de tudo, Carlos Marreiros reconhece o esforço que tem vindo a ser feito pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT). “Apesar das

críticas, julgo que têm conseguido dar vazão ao investimento, cuja escala é gigantesca e que Macau nunca conhecera após 2004. Nestes dez anos as Obras Públicas tiveram de se capacitar para dar res-posta a todo o investimento privado. Com demoras, têm feito um esforço”, frisou o arquitecto, destacando que actualmente existe uma maior educação ambiental e consciencialização junto

da população. Contudo, Marreiros defende que a le-gislação na área ambiental ainda não é suficiente. Por entre as coisas boas e más, Carlos Marreiros destaca o planeamento urbanístico, uma área cujos problemas “estão longe de ser resol-vidos”.

Sem querer comentar se Lau Si Io deveria ou não manter-se no cargo, o membro do CPC defende que não basta uma mudança de Secretários, mas que deve ser implementado um “sistema de responsabiliza-ção desde a base do sistema até ao topo”. - A.S.S.

o caso Ao Man Long acabou por destruir a confiança da população em relação ao Governo. Então ele teve de trabalhar com muito mais cuidado. O problema de Lau Si Io é que ele tem sido demasiado cui-dadoso e muitas vezes isso faz com que os projectos andem de forma muito lenta. Ele tenta equilibrar os interesses das diversas partes, mas ainda assim é difícil para ele tomar decisões. Trabalhou arduamente, mas não conseguiu preencher os requisitos. Estávamos à espera de mais”, disse Addy Chan ao HM.

Questionado sobre se Lau Si

Io deve ou não abandonar o car-go, Addy Chan diz que não basta mudar os rostos, há que mudar o próprio funcionamento da tutela das Obras Públicas e Transportes.

“A área das Obras Públicas precisa de caras novas, não só no Governo mas também nas direcções de serviços, para que possamos ter novos desafios. Trata-se de um ponto crítico: será que a culpa é do sistema ou do Secretário? Temos um Secretário que trabalha de forma muito lenta, mas depois o próprio sistema tem as suas falhas. Mesmo que mude o Secretário, esse sistema

terá de mudar também”, disse o vice-presidente da Associação de Engenheiros, que não esqueceu o problema das legislações em vigor.

“Há muitas leis no sector da construção que têm muitas áreas cinzentas, e isso tem de ser clari-ficado para que haja uma maior eficiência”, disse ao HM.

METRO LIGEIRO É FUNDAMENTALAo longo destes anos, muitos têm sido as polémicas protagonizadas pela área de Lau Si Io, com desta-que para os relatórios do Comissa-riado contra a Corrupção (CCAC) e Comissariado de Auditoria (CA). Os atrasos e derrapagens na cons-trução do túnel para o novo campus da Universidade de Macau (UM) ou no novo terminal marítimo do Pac On (o qual ainda não foi inaugurado), ou ainda os gastos no Metro Ligeiro foram temas bastante debatidos na Assembleia Legislativa (AL) e na sociedade.

Addy Chan prefere dar impor-tância ao Metro Ligeiro. “O Metro Ligeiro tem de ser concluído a tempo, porque Macau já passou a sua era dourada para construir a sua rede de Metro. Então o trânsito está a atravessar sérios problemas, ao nível dos veículos e autocarros. Temos de ter o sistema a mudar no seu todo, para os turistas e para o público. O transporte público também tem de mudar”, frisou.

“O problemade Lau Si Io é que ele tem sido demasiado cuidadoso e muitas vezes isso faz com que os projectos andem de forma muito lenta”ADDY CHAN vice-presidenteda Associação de Engenheiros

“Trabalhou arduamente,mas não conseguiu preencher os requisitos. Estávamos àespera de mais”ADDY CHAN

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5 políticahoje macau quinta-feira 18.9.2014

FIL IPA ARAÚ[email protected]

FLORA [email protected]

N A cerimónia de abertu-ra do 24º encontro da Associação das Uni-versidades de Língua

Portuguesa que decorreu ontem no novo campus da Universidade de Macau (UM), questionado pelos jornalistas presentes, o Secretário dos Assuntos Sociais e Cultura, Cheong U, não quis comentar as possíveis alterações estruturais na sua pasta.

“Um Governo que funciona há já alguns anos pondera se é

GOVERNO CHEONG U NÃO DESCARTA ALTERAÇÕES NA PASTA

Muda ou não muda?“Não considero que diminuir o número de funcionários seja o melhor, mas deve existir um número racional e não exagerado”LIU BOLONG Chefe do Centro de Investigação de Ciências Sociaissobre a China Contemporânea da UM

necessário ter um ajustamento adequado dos trabalhos e funções existentes. O mais importante é que esse ajustamento traga os mais profissionais para o funcionamen-to do Governo, os cidadãos e a sociedade. Penso que o Chefe do Executivo já tem uma ideia clara de como irá analisar e tratar essa questão”, afirmou.

Cheong U afirmou ainda que todos os Secretários sofrem de uma “pressão cada vez maior”, sobretudo “com o desenvolvi-mento social e as reivindicações dos residente”.

“Neste momento, o que posso dizer é que, por mais que traba-lhemos arduamente, insistimos

num esforço para fazer melhor os trabalhos que temos em mãos, mesmo que os desafios sejam cada vez maiores. Quanto ao pessoal e à estrutura, deixamos isso para o quarto Governo. O Chefe do Executivo tem um pensamento próprio. Acredito que agora é inadequado revelar o que quer que seja”, defendeu em declarações à rádio Macau.

Recorde-se que o HM avan-çou na sua análise e segundo as declarações das suas fontes que o Secretário permanecerá na pasta em que está.

ACADÉMICOS DEFENDEM MUDANÇASEm declarações à imprensa de-pois da “Cerimónia de Abertura da Conferência das Quatro Re-giões dos Dois Lados do Estreito Edificação das competências de Gestão da Área de Administra-ção Pública”, que decorreu no mesmo sítio a horas diferentes, Liu Bolong, chefe do Centro de Investigação de Ciências Sociais sobre a China Contemporânea da UM, defendeu que o sistema de cinco secretarias deve ser dividi-do. Para o académico, deve existir um único Secretário para a pasta da Administração e outro para a Justiça, permitindo consolidar o poder da independência do sistema judiciário. Liu Bolong afirmou ainda que em Macau existem 35 direcções de serviços e que, no seu ponto de vista, estas devem ser incorporadas, assim como também devem ser incor-porados os 18 fundos existentes no território.

“A China e Hong Kong são maiores do que Macau, mas têm 29 e 15 direcções de serviços no Go-verno, respectivamente. Considero que alguns departamentos gover-namentais devem ser incorporados. Ouvi dizer que em Macau há 18

fundos, será possível haver uma junta de fundos? Isso traz-nos uma boa visão do que se vive em Ma-cau, porque é um fenómeno muito raro no mundo” , referiu. Nas suas declarações o académico afirmou ainda que apesar da incorporação de direcções, não significa que deva existir um corte no número de funcionários públicos mas sim uma movimentação do pessoal entre os vários departamentos.

“O número de funcionários públicos em Macau é maior do que Hong Kong e Singapura. Mas é preciso perceber que o número de turistas em Macau exige muitas políticas e por isso mais funcio-nários”, explicou, adiantando, que “não considero que diminuir o número de funcionários seja o melhor, mas deve existir um nú-mero racional e não exagerado”, disse o académico.

APOSTAR EM POLÍTICAS Para Liu Bolong o Governo terá que apostar na solução dos problemas que a sociedade de Macau vive neste momento. “O Governo tem que pensar primeiramente numa medida para resolver a questão da inflação , ou seja, uma forma de a combater, caso contrário a classe média vai sentir muito pressão e irá passar por um momento de algumas dificuldades”, defendeu o académico, adiantando que seguidamente o “Governo terá também que tratar da questão do serviço de saúde e educação”. Liu Bolong afirmou que “Macau ainda não tem uma reforma profunda para estas questões, e um Governo só é responsável, se deixar os residentes seguros, por exemplo, se um cidadão estiver doente não deve ter medo de ir ao médico ou ao hospital”.

PROFISSIONALISMO, REFORMAS E AJUSTES

O actual Secretário dos Assuntos Sociais e Cultura, Cheong U, embora não comente as possíveis alterações na sua pasta, remetendo o assunto para o Chefe do Executivo, admite que há sempre ajustes que têm de ser feitos

“Um Governo que funciona há já alguns anos pondera se é necessário ter um ajustamento adequado dos trabalhos e funções existentes”CHEONG U Secretário dos Assuntos Sociais e Cultura

Liu Bolong não coloca em causa o profissionalismo dos funcionários públicos, até porque, segundo o mesmo, ter uma economia que ocupa o 4º lugar a nível mundial é um “resultado impressionante”. Também a professora do departamento da administração pública da

universidade de Zhongshan, Chen Ruilian, defendeu que o novo Governo agora eleito precisa de ajustar a função administrativa especialmente a nível estrutural. “No que toca no aumento do número dos funcionários públicos, acho que é necessário existir uma reformulação.

Há uma repetição de funções em alguns departamentos, por isso, considero que é preciso estudar, de forma especializada, o ajustamento da função em causa, não podemos dizer simplesmente se o número dos funcionários é grande ou pequeno”, defendeu.

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TIAGO ALCÂNTARA

hoje macau quinta-feira 18.9.20146 política

A advogada e assistente do processo que sentou o ex-presidente do IACM no banco dos réus vai afinal recorrer da decisão do Tribunal Judicial de Base, que absolveu Tam e os restantes três arguidos do crime de prevaricação

ANDREIA SOFIA SILVA [email protected]

FLORA [email protected]

D OIS meses e meio depois do Tribunal Judicial de Base (TJB) ter absol-vido Raymond Tam e

mais quatro arguidos do crime de prevaricação, eis que Paulina Santos vai mesmo avançar com um recurso sobre essa decisão junto do Tribunal de Segunda Instância (TSI).

Sem prestar mais esclareci-mentos, Paulina Alves dos Santos, que foi advogada e assistente no processo, confirmou apenas ao HM, numa breve mensagem es-crita, que “pensou não apresentar o recurso no caso de prevaricação,

Ho Ion San questiona sobre revisão de regimes jurídicos O deputado, Ho Ion San, questiona numa interpelação escrita, se o Governo irá levar a cabo uma investigação sobre as orientações estratégicas para o desenvolvimento financeiro, incluindo um estudo relativo à viabilidade da criação do centro financeiro em Macau. A investigação permite, segundo o deputado, aumentar a formação do pessoal do sector, assim como, tornar o próprio sector financeiro um caminho eficaz na diversificação econômica. Ho Ion San apontou ainda que o território tem falta de políticas, leis e orientações concretas nesta área. O deputado questiona ainda se as leis regulamentadas antes da transição da soberania para a China serão alvo de revisão, dando com exemplo o Regime Jurídico do Sistema Financeiro e Regime Jurídico dos Fundos Privados de Pensões.

Ng Kuok Cheong pede prevenção de inundações O deputado Ng Kuok Cheong entregou uma interpelação escrita ao Governo onde questiona a questão das inundações no território. Ng Kuok Cheong lembrou que desde 2008 que o Governo já tinha anunciado medidas para novas infra-estruturas na zona do Porto Interior e Avenida Almeida Ribeiro. Contudo, a passagem do tufão Kalmaegi voltou a causar inundações e efeitos negativos para os comerciantes. O deputado questiona, por isso, se o Governo já fez uma revisão do sistema de alertas e prevenções sobre desastres naturais, por forma a evitar os mesmos efeitos no futuro.

O deputado Si Ka Lon disse na sua interpelação escrita

que o Governo cometeu falhas de concepção em termos de estrutura de edifícios no con-junto de 19 mil habitações económicas. O número dois de Chan Meng Kam escreveu mesmo que há edifícios que não têm elevadores suficientes e cujos materiais de construção não têm qualidade suficiente. Si Ka Lon pede, por isso, casas de qualidade para os residentes e questiona a futura proporção de casas com tipologia T2 e T3.

Citado pelo jornal Ou Mun, o deputado Cheang Chi Keong

disse que a revisão da Lei de Habitação Económica vai implementar uma reforma “corajosa”, cujas políticas te-rão de resolver o problema dos residentes que procuram uma casa para viver, mais do que a compra de casa ou investimen-to em habitação. Cheang Chi Keong, deputado indirecto à Assembleia Legislativa (AL), quer que os requisitos para os candidatos no acesso às casas públicas sejam mais exigentes, para evitar que as pessoas que não têm igual necessidade ou urgência em ter uma casa do Governo.

No que diz respeito aos requi-sitos para ter acesso a uma casa social, o deputado considera que devem ser mais flexíveis, para melhor apoiar os residentes.

Entretanto, a vice-presidente do Instituto da Habitação (IH), Kuoc Vai Han, disse no progra-ma do canal chinês da Rádio Macau, Macau Talk, que, no caso de demora da assinatura das escrituras em algumas casas económicas, a culpa é do facto das instalações públicas não estarem completas. O Governo prometeu ainda cooperar com os notários privados, para acelerar o processo. - C.L.

CASO RAYMOND TAM PAULINA SANTOS RECORRE DA DECISÃO

Em último recurso

“Faltando apenas dois dias para a apresentação do recurso, e uma vez que o MP ainda não apresentou o respectivo recurso, e sendo eu profissional e respeitando o espírito do Direito, decidi apresentar o recurso”

pois essa devia ser a responsabili-dade do Ministério Público (MP). Faltando apenas dois dias para a apresentação do recurso, e uma vez que o MP ainda não apresentou o respectivo recurso, e sendo eu profissional e respeitando o espí-rito do Direito, decidi apresentar o recurso”.

Recorde-se que em Julho, à saída do tribunal, Paulina Alves dos Santos disse aos jornalistas que não ia recorrer da decisão do TJB. “Eu tenho direito de recorrer, mas já tomei a decisão antes da leitura de não recorrer, porque conheço muito bem o sistema de Macau e o MP tem direito de recorrer e deve ser ele a responder ao tribunal.

Não sou eu. Se fosse eu recorria. Como assistente não vou recorrer e a razão é muito simples, tenho o MP. Não quero fazer mais figura. O meu trabalho terminou aqui”, frisou a causídica.

O JUIZ DECIDIURaymond Tam, ex-presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), foi constituído arguido num caso de prevaricação conexo ao da atribuição das dez campas do cemitério de São Miguel Arcan-jo, acusado de atrasar a entrega de documentos ao MP. Com ele sentaram-se no banco dos réus Lei Wai Nong, vice-presidente, Fong Wai Seng, Chefe do Ser-viços de Ambiente e Licencia-mento, e ainda Sio Kuok Kun, chefe funcional. Também estes arguidos foram absolvidos.

Lam Peng Fai, juiz presidente do colectivo que leu a sentença, explicou que os factos da acusação não foram provados, nem através das testemunhas nem com as pro-vas documentais.

“Não houve testemunhas ou provas documentais que mos-trassem que os quatro arguidos guardavam os documentos”, disse Lam Peng Fai, acrescentando que, por isso mesmo, seria difícil ao tribunal saber se os arguidos os teriam de forma dolosa.

Deputados preocupados com habitações económicas

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HOJE HÁ ELEIÇÕES Decorrem hoje as eleições dos órgãos sociais da AULP que contam com vários candidatos interessando, estando Macau incluído nesse pacote. “Temos a possibilidade de vários membros que são candidatos – Cabo Verde, Angola, Macau, etc. Este é um exercício, acima de tudo, de muita democracia no nosso espaço, porque abrimos a oportunidade de os membros se candidatarem. Se, há alguns anos, era difícil encontrarmos alguém disponível, hoje temos vários países disponíveis para assumir [as funções], mesmo seguindo o princípio estatutário da rotatividade”, aponta o responsável à rádio Macau.

TRÊS ANOS DE INTERCÂMBIOO programa de intercâmbio, “que já funciona há três anos”, engloba mais de 50 projectos e envolve mais de 600 professores e alunos do ensino superior. Fundada em 1986, a AULP reúne cerca de 150 universidades públicas e privadas e institutos politécnicos nos países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e em Macau. O próximo encontro da AULP vai ter lugar em Cabo Verde, segundo adiantou Jorge Ferrão.

hoje macau quinta-feira 18.9.2014 7SOCIEDADE

A solicitação visa o reforço do intercâmbio entre as várias universidades de língua portuguesa e a promoção de um novo pacote que possa envolver Macau e Timor-Leste

A Associação de Universidades de Língua Por-tuguesa (AULP)

submeteu à Fundação Ma-cau um pedido de finan-ciamento de cerca de 300 mil euros para estruturar o programa de mobilidade de alunos e professores, afirmou ontem o presidente da organização.

O financiamento – cujo pedido foi entregue no início do ano – “seria uma injecção importantíssima”, afirmou Jorge Ferrão, no final da cerimónia de abertura do XXIV Encontro da AULP, que decorre em Macau até à próxima sexta-feira.

“Nós criámos uma es-pécie de Erasmus da AULP que agora funciona com es-tudantes que vêm do Brasil para as universidades afri-canas e das universidades africanas para o Brasil, mas nós queremos que todos os membros possam benefi-ciar”, pelo que “parte deste financiamento ajudaria a estruturar este programa de mobilidade para todos”, explicou Jorge Ferrão.

AULP FUNDAÇÃO MACAU RECEBE PEDIDO DE FINANCIAMENTO

Injecção para a mobilidade

O também reitor da Uni-versidade Lúrio (Moçam-bique) destacou que a verba solicitada destinar-se-ia essencialmente a reforçar o que existe como pacote de mobilidade – entre as universidades africanas e o Brasil e vice-versa e entre o Brasil e Portugal –, mas também ir mais além: “Queríamos poder fazer o triângulo, envolver tam-bém Macau, Timor-Leste e criar um pacote diferente”.

PONTAPÉ DE SAÍDASegundo Jorge Ferrão, caso seja aprovado o pedido, o apoio da Fundação Macau afigurar-se-ia como “uma base para começar”. Tal não invalida, porém, que a AULP continue a procurar outras fontes de financia-mento, solicitando inves-timento designadamente às universidades porque “são sujeitos activos” no processo.

“Só assim poderemos colocar este programa de mobilidade ao nível dos outros programas que já acontecem”, afirmou o pre-

Segundo Jorge Ferrão, a Fundação Macau não figu-ra, porém, como o principal financiador da AULP. “A CAPES [Fundação Coor-denação de Aperfeiçoa-mento de Pessoal de Nível Superior, do Brasil] fez um investimento de quatro milhões de dólares que é, de longe, superior ao da Fundação Macau. Mas não é a importância dos valores, é a importância do gesto”, realçou o presidente da AULP. - Lusa

300mil euros, valor do pedido

de financiamento

sidente da AULP, indicando que objectivo é “começar o mais breve possível”. “Se puder começar ontem, começa. Não há tempo

a perder nesta altura, as necessidades são muito prementes”, frisou.

Ao longo dos últimos anos, “a Fundação Macau provou ser um parceiro pri-mordial da nossa associação (…) Todos nós temos cons-ciência de que esses apoios permitem a estabilidade e a realização dos nossos traba-lhos com alguma consistên-

cia”, afirmou no discurso de abertura do encontro da AULP, que reúne cerca de 200 participantes de dez países e regiões em Macau.

OUTROS FINANCIAMENTOSEm resposta à agência Lusa, a Fundação Macau disse estar a processar o requerimento, sendo esperada uma decisão “em breve”. A Fundação Macau confirmou ainda ter concedido à AULP uma ver-ba equivalente a mais de 200 mil dólares em 2005.

Angela Leong Seguro sobre danos em edifícios A deputada directa Angela Leong lançou mais uma carta aberta ao Governo onde pede que seja criado um seguro por danos a terceiros, na área predial. A também administradora da Sociedade de Jogos de Macau (SJM) disse que em Hong Kong existe um seguro disponível para casos em que os edifícios em risco podem causar danos a terceiros, mas que, em Macau, a lei não obriga a essa regulação. “Caso aconteça algum acidente, por exemplo, quando cai uma árvore junto a outro edifício ou causa perigos a uma terceira parte, como é que se pode proteger em termos de seguro?”, questiona a deputada. Angela Leong lembra que na época de tufões é fácil ocorrerem incidentes, algo que põe em causa a vida dos residentes e a segurança de infra-estruturas ou de veículos. A deputada escreveu ainda que, desde 2011 que Hong Kong tem uma lei que obriga os proprietários a adquirirem este tipo de seguro, sendo que o mesmo não podem ser inferior a dez milhões de patacas.

Óleo Recuperar a reputação das lojas O deputado Mak Soi Kun entregou uma interpelação escrita ao Governo onde questiona a ausência de um relatório oficial, dias depois da polémica do óleo importado de Taiwan de má qualidade. O deputado pergunta, assim, se há falta de profissionais especialistas para a elaboração do documento. Mak Soi Kun considera que a polémica influenciou a reputação dos pequenos comerciantes, pelo que o Executivo deveria dar o seu apoio acelerando os trabalhos para garantir a reputação das lojas e também os interesses dos consumidores.

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hoje macau quinta-feira 18.9.20148 sociedade

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FLORA [email protected]

A consulta pública sobre o Regula-mento Geral da Construção Ur-

bana já aconteceu há cinco anos mas até agora ainda não está previsto o processo da revisão da lei.

Pretendendo que essa mesma revisão aconteça de forma imediata, a Associa-ção Choi In Tong Sam en-tregou ontem mais de 2000 inquéritos na Direcção dos Serviços de Solos e Obras Públicas e Transportes de Macau (DSSOPT).

Os vice-presidentes da Associação Choi In Tong Sam, Ella Lei, Lam U Tou e Chan Ka Keng reuniram-se com os responsáveis do De-partamento de Planeamento

Bairros Antigos Equilibrar interesses Rhino Lam, vogal do Conselho do Planeamento Urbanístico, disse ao jornal Ou Mun que deve ser criado um mecanismo que garanta o equilíbrio entre interesses públicos e privados na futura Lei de Reordenamento dos Bairros Antigos, por forma a proteger os direitos dos residentes. Rhino Lam lembra que em muitos casos a recuperação de edifícios velhos e degradados pode envolver “o poder público e a propriedade privada”, sendo uma questão que deve ser tratada “com cuidado”. O responsável lembra que pode surgir o problema da necessidade de deslocações, como já aconteceu em Hong Kong e Taiwan. “No caso de 99 proprietários concordarem com a remodelação, mas um não estiver de acordo, esse único proprietário deve ser obrigado a deslocar o edifício. Isso envolve o problema do valor da sociedade”, disse ao jornal de língua chinesa. O mecanismo de que fala Rhino Lam deve ainda fazer a confirmação da validade e da segurança dos edifícios, para que só depois possa ser levada a cabo a sua reconstrução.

Mais um caso de dengue em Macau Os Serviços de Saúde confirmaram na noite de terça-feira o sétimo caso de febre de dengue ‘importado’ ao testarem positivo um homem de 27 anos que visitou a China continental. O homem terá viajado para a região de Yuexiu, na província de Guangdong, e após o regresso a Macau apresentou “sintomas de febre, dores musculares e articulares e erupção cutânea”, tendo sido assistido no hospital Kiang Wu, a 14 de Setembro. O homem ficou internado para tratamento e após análises efectuadas confirmou-se ter contraído a febre de dengue.Os Serviços de Saúde referem também que odoente está a registar melhoras. O organismo salienta ainda que a “situação epidemiológicado surto de febre de dengue continua sermuito grave na província de Guangdong, tendosido já registados 2.175 casos”, razão para alertasde cuidados redobrados por parte dosresidentes de Macau.

Os resultados da sondagem efectuada nas ruas de Macau e atravésdas redes sociais, entre Maio e Julho deste ano, não deixam margempara dúvidas: 98% dos entrevistados concordam que o Governodeve rever o regulamento de imediato

2000inquéritos entregues

pela Associação Choi In Tong

Sam na DSSOPT

INQUÉRITO URGENTE REVER REGULAMENTO GERAL DA CONSTRUÇÃO URBANA

Maioria mais que absolutaUrbanístico da DSSOPT, enquanto entregavam os inquéritos feitos aos resi-dentes nas ruas de Macau e nas redes sociais entre Maio e Julho deste ano. O resul-tado mostra que 98% dos entrevistados concordam que o Governo deve rever o regulamento de imediato, assegurando o benefício dos pequenos proprietários.

GANHAR TEMPOSegundo o resultado dos questionários, 66% dos entre-vistados acham que dez anos do período de manutenção das obras fundamentais e das obras principais de estrutura dos prédios não é suficiente, considerando que deve ser prolongado para 20 ou 30 anos. Mais de metade dos entrevistados considera que o período de manutenção re-lativo às obras impermeáveis, oferta de electricidade, drena-gem e combustíveis entre ou-tros equipamentos deve, pelo menos, ser prolongado para dez anos, que actualmente é apenas de cinco anos.

Depois da reunião, Lam U Tou citou o Governo afirman-do que a proposta de revisão do regulamento irá sair o mais rápido possível, apontando o próximo ano como data. No entanto a associação acha que é muito tempo.

A CONTROVERSA LEIRelativamente à “Lei da som-bra”, que tem levantado muito polémica nos últimos dias, o vice-presidente referiu que a associação mostra-se contra a revogação da lei. “O Regu-lamento Geral da Construção Urbana contém duas partes, o primeiro refere-se ao capítulo administrativo e o segundo ao capítulo técnico, sendo que a “Lei da sombra” pertence ao segundo capítulo, a qual nunca sofreu uma consulta pública, contrariamente ao capítulo administrativo que já efectuou consultas em 2009 e 2010, mas ainda não entrou no processo da revisão da lei.

De um momento para o outro, o Governo, apresentou a revogação da Lei da sombra, ou seja, violou a lógica devida no processo”, explicou Lam U Tom, esclarecendo ainda que da parte da DSSOPT não houve qualquer resposta.

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9 sociedadehoje macau quinta-feira 18.9.2014

AVISO DE RECRUTAMENTOPara 14 lugares de inspector de 2.ª classe, 1.º escalão

(N.° de recrutamento: INS-001-DCPA-DSPA/2014)

Faz-se público que se acha aberto o concurso comum, de ingresso externo, de prestação de provas, para o preenchimento de nove lugares de inspector de 2.ª classe, 1.º escalão, da carreira de inspector, do quadro de pessoal da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental e para o preenchimento de cinco lugares de inspector de 2.ª classe, 1.º escalão, da carreira de inspector, em regime de contrato além do quadro.

Para mais informações, queiram consultar o aviso de abertura do concurso, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau, n.º 38, II Série, de 17 de Setembro de 2014, ou dirigir-se, durante o horário de expediente, à Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental, sita na Alameda Dr. Carlos D’Assumpção, n.ºs 393 a 437, Edifício Dynasty Plaza, 10.º andar, Macau, ou consultar a página electrónica: www.dspa.gov.mo.

O Director, substituto,Vai Hoi Ieong

11 de Setembro de 2014

AVISO COBRANÇA DA CONTRIBUIÇÃO ESPECIAL

1. Faço sabe que, o prazo de concessão por arrendamento dos terrenos da RAEM abaixo indicados, chegou ao seu término, e, que de acordo com o artigo 53.º da Lei n.º10/2013 << Lei de Terras>>, de 2 de Setembro, conjugado com os artigos 2.º e 4.º da Portaria n.º 219/93/M, de 2 de Agosto, foi o mesmo automaticamente renovado por um período de dez anos a contar da data do seu tempo, pelo que devem os interessados proceder ao pagamento da contribuição especial liquidada pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes.Localização dos terrenos- Rua Marginal do Canal das Hortas, n.ºs 282 a 474 e Rua Norte do Canal das Hortas, n.ºs 47 a 241, em Macau, (Edifício Hou Kuong);- Rua Norte do Canal das Hortas, n.ºs 3 a 37 e Rua Marginal do Canal das Hortas, n.ºs 236 a 270, em Macau, (Edifício Moradias Económicas Bloco de Realojamento C);- Rua do Canal das Hortas, n.ºs 3 a 51, Rua dos Currais, n.ºs 8 a 12 e Rua Marginal do Canal das Hortas, n.ºs 162 a 204, em Macau, (Edifício Moradias Económicas Bloco de Realojamento B);- Avenida de Artur Tamagnini Barbosa, n.ºs 371 a 453, Rua Marginal do Canal das Hortas, n.ºs 116 a 142, Rua do Canal das Hortas, n.ºs 20 a 98 e Rua da Hortense, n.ºs 5 a 17, em Macau (Edifício Moradias Económicas Bloco de Realojamento A).

2. Agradece-se aos contribuintes que, no prazo de 30 dias subsequentes à data da notificação, se dirijam ao Núcleo da Contribuição Predial e Renda, situado no rés-do-chão do Edifício “Finanças”, ao Centro de Serviços da RAEM, ou, ao Centro de Atendimento Taipa, para levantamento da guia de pagamento M/B, destinada ao respectivo pagamento nas Recebedorias dos referidos locais.

3. Na falta de pagamento da contribuição no prazo estipulado, procede-se à cobrança coerciva da dívida, de acordo com o disposto no artigo 6.º da Portaria acima mencionada.

Aos , 5 de Setembro de 2014.

A Directora dos Serviços de Finanças,Vitória da Conceição

FLORA [email protected]

E NTRE os vários problemas derivados construções antigas estão as infiltrações de água. Um problema

que incomoda bastante a popu-lação de Macau. Conforme os dados do Centro de Interserviços para Tratamento e Infiltrações de Água nos Edifícios do Instituto de Habitação (IH), desde a inau-guração do centro em 2009 até ao dia 31 do mês passado deste ano, foram registados 10.779 casos de infiltrações de água. O deputado Si Ka Lon apela por isso à revisão do Regime Jurídico de Propriedade Horizontal.

Segundo o Jornal Exmoo, uma das vítimas da infiltração de água, cujo apartamento sofre do proble-ma há mais de um ano, já pediu ajuda ao Centro mas ainda não foi

Menina chinesa de 16anos desaparecidahá vários diasUma residente de 16 anos, Cheang Ka Kei, está desaparecida desde o dia 12 deste mês. A família da jovem já chamou a polícia e espera poder usar a Internet como meio de divulgação e procura da sua filha. A menina desapareceu quando saiu da fronteira em Gongbei, Zhuhai, por volta das 18h30 na última sexta-feira. A administração da escola onde a jovem é aluna já pediu ajuda a um deputado da Assembleia Nacional Popular, para que seja pedida a colaboração da polícia do continente, esperando assim conseguir que a jovem seja encontrada o mais rápido possível.

GGCT pede parase evitarem viagensàs Filipinas O Gabinete de Gestão de Crises do Turismo (GGCT) alertou ontem os residentes de Macau para não se deslocarem às Filipinas, depois de um aviso do Ministério dos Negócios Estrangeiros ter emitido um alerta de segurança de viagem às Filipinas para os cidadãos chineses. “As autoridades policiais das Filipinas confirmaram recentemente que um grupo criminoso planeou atacar a Embaixada da China, as instituições de capital chinesa, centros comerciais e outras instalações públicas”, começa por dizer o alerta. “Tendo em vista que a situação de segurança piorou nas Filipinas, o Ministério dos Negócios Estrangeiros relembra aos cidadãos chineses para não se deslocarem às Filipinas. Os cidadãos chineses e as instituições chinesas nas Filipinas devem aumentar sua sensibilidade de risco.” Das informações recolhidas através da indústria turística de Macau, não há grupos de excursão de Macau nas Filipinas. O GGCT recebeu até ao momento, um pedido de informação, não tendo recebido qualquer pedido de assistência.

O deputado pede mudanças no actual regime jurídico para uma respostaeficaz a um problema constante, chamando a atenção para a falta de acçãodo Centro de Inter-serviços do Governo

SI KA LON PEDE REVISÃO DA LEI DE PROPRIEDADE HORIZONTAL

Para acabar com as inundações

“Esperei um ano e não recebi nenhuma resposta por parte do Centro, se fosse uma doença já tinha morrido há muito tempo”MORADOR NUMA FRACÇÃO COM INFILTRAÇÕES DE ÁGUA

QUATRO residentes da zona do Jardim da Areia Preta entregaram uma carta na

Sede do Governo em que se mostraram contra o Traçado Elevado da Avenida 1 de Maio do Metro Ligeiro. No mesmo documento, os moradores pediam para se reunir com os res-ponsáveis do Governo, afim de expressarem as suas preocupações do traçado em causa e do plano de construção do parque de estacio-namento subterrâneo na mesma área. Segundo um dos moradores presentes, os residentes não estão contra as obras do metro, apenas querem que o Governo prometa que estas não irão prejudicar a estrutura dos prédios em redor e caso aconteça algum acidente,

encontrado o origem da infiltração. O proprietário acredita que a auto-ridade não é eficiente. “Esperei um ano e não recebi nenhuma resposta por parte do Centro, se fosse uma doença já tinha morrido há muito tempo”, afirmou indignado.

O deputado Si Ka Lon criti-cou a falta de acção do Centro, explicando que assim não está a resolver o problema “urgente” dos residentes lesados. “Já em Setembro do ano passado, a autoridade elaborou algumas consultas públicas relativas à autorização de detecção dentro de fracções, no entanto até ao momento, não há mais avanço”, referiu o deputado, acrescentando que espera que o Centro enfrente “de forma directa” o problema em causa, que poderá trazer proble-mas de segurança e higiene nas habitações das vítimas.

Além disso, Si Ka Lon apela

à simplificação dos processos burocráticos, acelerando assim a eficiência do tratamento dos casos. “A longo prazo, acho que se deve rever o regime jurídico de proprie-dade horizontal, impulsionando, assim, a criação de associações de condóminos.”

REVISÃO DO CÓDIGOCIVIL IRÁ AJUDAO Centro de Interserviços para Tratamento e Infiltrações de Água nos Edifícios, referiu, ao responder ao jornal, que é difícil entrar em fracções que sofram infiltrações de água, devido à antiguidade da própria construção. O Centro adiantou ainda que não existem, em Macau, muitas instituições que possam fazer o exame ao problema, e por isso, o próprio centro já pediu à autoridade da justiça que seja feita uma revisão ao Código Civil para resolver esta questão.

Metro Moradores voltam a contrariar traçadoo Executivo deverá oferecer indemnizações aos lesados. O morador refere ainda que na consulta pública anteriormente organizada, o tempo dado aos residentes para apresentarem as suas opiniões foi muito curto, e por isso, considera que deve ser realizada uma nova consulta pública.

DEPUTADA CONTRA POEIRA A deputada Song Pek Kei escreveu na sua interpelação escrita que as obras do Metro Ligeiro na Taipa têm vindo a causar muita

poeira, o que atrapalha o tráfego e a deslo-cação dos residentes, provocando também um impacto negativo nas lojas. Por isso, a deputada, parceira de Chan Meng Kam, considera que as obras da Taipa devem servir de exemplo na construção do traçado do Metro Ligeiro na península. Song Pek Kei quer ainda saber se o Executivo já criou um mecanismo de revisão das operações entre diferentes departamentos, por forma a diminuir o mais possível os efeitos das obras junto dos cidadãos.

Page 10: Hoje Macau 18 SET 2014 #3177

TIAG

O AL

CÂNT

ARA

10 hoje macau quinta-feira 18.9.2014EVENTOS

UM GRITO DE AMOR DESDE O CENTRO DO MUNDO • Kyoichi KatayamaSakutarô e Aki conhecem-se na escola. Ele é um jovem en-genhoso e sarcástico. Ela é uma rapariga bonita e popular. O que de início é uma amizade cúmplice torna-se numa paixão arrebatadora. Um acontecimento trágico vem pôr à prova a força do amor que os une. Este é o romance japonês mais lido de todos os tempos no Japão, com mais de três milhões de exemplares vendidos.

69 CONTOS URBANOS DE VÍCIOS PRIVADOS • Daniela OliveiraContadas de forma descontraída, mas vividas com uma intensidade inebriante, as 69 histórias de Daniela Oliveira falam das vivências e devaneios característicos de uma se-xualidade livre, sem preconceitos. Com princípio, meio e fim, homens e mulheres cruzam--se, trocam olhares e conversam antes de partilharem o prazer carnal. Um livro para ler com uma atitude positiva, que lhe proporcionará momentos de muito boa disposição ao relembrar um episódio vivido, uma confissão de uma amiga ou, quem sabe, um ímpeto secreto há muito contido.

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A nova aposta da programação visa reforçar o sentido de comunidade culturalFIL IPA ARAÚ[email protected]

A 6ª Edição da Se-mana Cultural da China e dos Países de Língua Portu-

guesa tem uma nova novida-de: teatro. Na conferência de imprensa realizada ontem, a Secretária-Geral Adjunta do Secretariado Permanente do Fórum Macau, Rita Santos afirmou que o teatro é uma

2NE1 marca presença no Venetian

SEMANA CULTURAL DA CHINA E DOS PLP

Teatro junta-se à festa

PARA ENCHER A BARRIGAA semana contará ainda com a demonstração “Sabores do Mundo”, em que serão servidos almoços e jantares estilo buffet de cinco Chefes de cozinha, convidados pela organização, provenientes de Angola, Brasil, Timor Leste, S. Tomé e Príncipe e a Chefe Macaense Antonieta Manhão. O artesanato e exposições de arte não faltarão nesta edição, onde estão previstos vários momentos de demonstração em que o público terá a oportunidade de comprar as peças expostas.

“As mostras são uma forma de dar a conhecer aos alunos a cultura dos países de língua portuguesa, fazendo-os sentir essa mesma cultura”RITA SANTOSSecretária-GeralAdjunta do Secretariado Permanente doFórum Macau

nova aposta das entidades envolvidas na organização da semana cultural, e “de-pendendo do feedback” do público será uma aposta nas próximas edições.

Também presente na con-ferência estava João Lauren-tino Neves, representante do Delegado de Portugal, que explicou que a aposta vem dar “um reforço do sentido de comunidade cultural”.

Segundo Rita Santos as quatro mostras de Teatro, que terão lugar entre 21 a

26 de Outubro no Teatro D. Pedro V, servem como forma de divulgação junto da popu-lação, “principalmente dos alunos das escolhas de Ma-cau”, da cultura dos Países de Língua Portuguesa (PLP). “As mostras são uma forma de dar a conhecer aos alunos a cultura dos países de lín-gua portuguesa, fazendo-os sentir essa mesma cultura”, disse Rita Santos.

PRIMEIRO VEM O ACompanhia Henrique Artes (Angola), Em Cartaz (Bra-sil), Sikinada (Cabo Verde) e GTO (Guiné-Bissau) são as companhias escolhidas para marcar presença na edição deste ano. Os países parti-cipantes foram escolhidos “por ordem alfabética”, tal como explicou João Lau-rentino Neves, adiantando que numa próxima edição seguirá o mesmo método

de escolha e é possível que “existam mais companhias” convidadas.

A edição de 2014 decor-rerá entre 21 a 30 de Outubro e será composta por vários

A girlsband sul-coreana irá marcar presença em

Macau, com o espectáculo integrado na tour mundial da banda ‘All or Nothing’, no dia 17 de Outubro.

É já no dia 17 do próximo mês que a sala de espectácu-los Cotai Arena irá abrir as suas portas à girlsband sul--coreana 2NE1. Integrado na tourné mundial “All Or Nothing”, o concerto conta-rá com os maiores êxitos da banda, tais como, “I Don’t Care”, “Do You love me” e “Missing You”, assim como as músicas do trabalho mais recente do grupo.

Esta banda de quatro raparigas é conhecida por ter

sido a primeira banda coreana feminina a fazer uma tourné mundial, fazendo de novo histórias este ano com a sua segunda volta ao mundo. All or Nothing já marcou presen-ça em mais de dez países, tais como, Malásia, Singapura, Japão e Filipinas.

Da sua equipa de produção fazem parte os co-directores Travis Payne e Stacy Walker. Travis Payne, nomeado para melhor coreografo, director e produtor, conta já com vários trabalhos internacionalmente reconhecidos.

Os bilhetes estão à venda desde ontem e os preços vão desde as 380 patacas às 1280.

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11 eventoshoje macau quinta-feira 18.9.2014

O QUE FAZER ESTA SEMANA?T UDO a postos para a

5ª edição do Beishan International Jazz Fes-

tival, que acontece já este fim-de-semana em Beishan, na vizinha Zhuhai. “Let’s Swing” é o tema do festival deste ano, que promete fazer a audiência dançar ao som do jazz, blues e swing que mais de uma dezena de bandas vão oferecer.

Este ano, quatro pal-cos – incluindo um para workshops – vão estar operacionais para receber 18 bandas de 13 países di-ferentes: JSFA, um sexteto da Coreia que mistura o jazz tradicional com mú-sica funk, Simak Dialog, da Indonésia, que traz jazz inspirado em música ‘folk’ e rock, e Tango Jazz Quarter da Argentina, que mistura a suavidade do jazz com a sensualidade do Tango. GIA & the Unpredictable Update, do Canadá, e Boris Savoldelli, da Itália, são outras dos artistas que se podem esperar no Beishan International Jazz Festival.

A acontecer nos dias 20 e 21 de Setembro – data que coincide com o 5º ani-versário do Beishan Music Festival, um outro evento anual em Zhuhai -, o Beishan International Jazz Festival deste ano traz ainda semi-nários sobre jazz.

NA AGENDA PESSOAL“O Beishan International Jazz Festival tem sido o veí-culo para o crescimento do jazz em Zhuhai”, assegura a organização em comunicado enviado ao HM. “Fundado em 2010, o Beishan Inter-national Jazz Festival está a

HOJEGALAXY GOT TALENTED – FINAL Galaxy50 PATACAS

CONVERSA ILUSTRADA COM MÚSICA (COM FREDERICO RATO E SHEE VÁ)Fundação Rui Cunha, 18h30ENTRADA LIVRE

AMANHÃBRANCA DE NEVE (BAILADO)Centro Cultural de Macau, 20h00150 – 300 PATACAS

SÁBADO“SENSE & SENSIBILITY: OTHER WAYS OF ENGAGING THE CITY” (SIMPÓSIO)Centro de Arquitectura e Urbanismo da Universidade de São José09h00 – 18h00ENTRADA LIVRE

CONCURSO DE FOGO DE ARTIFÍCIO DE MACAU Equipa da China Largo da Torre de Macau, 21h00ENTRADA LIVRE

BRANCA DE NEVE (BAILADO)Centro Cultural de Macau, 20h00150 – 300 PATACAS

APRESENTAÇÃO DO CD “NINE DISTINCTIVE MACAU SINGERS. UNIQUE MACAU ORIGINAL MELODIES”Praça da Amizade, 17h00ENTRADA LIVRE

BEISHAN JAZZ FESTIVAL Beishan, Zhuhai, China, 14h0080 YUAN

DOMINGOSEMINÁRIO “DESEJO E MEDO DE EXISTIR” PELO FILÓSOFO JOSÉ GIL Centro de Ciência de Macau, 15h00ENTRADA LIVRE

BEISHAN JAZZ FESTIVAL Beishan, Zhuhai, China, 14h0080 YUAN

Casino Louis XIII adquire 30 Rolls-RoycesStephen Hung, empresário de Hong Kong, requereu 30 veículos da marca luxuosa Rolls-Royce Phantoms para o futuro Hotel-casino Louis XIII no Cotai – tornando assim o maior pedido, de um pessoa só, na história do marca Roll-Royce Motor Cars Ltd, conta o Business Insider. Na página online é possível verificar que o pedido tem um custo de cerca de 160 milhões de patacas. Os carros terão como fim o transporte dos jogadores chineses abastados pelas ruas de Macau.

ZHUHAI BEISHAN JAZZ FESTIVAL ESTE FIM-DE-SEMANA

“Let’s Swing”, a 15 minutos da fronteira

18bandas de 13 países

diferentes

tornar-se parte da vida das pessoas e não só oferece a experiência do jazz mais moderno, como traz o que de melhor há para quem gosta do estilo.

Até agora, mais de tre-zentos músicos de cinquenta países foram convidados para se apresentar no Fes-tival de Música de Beishan e têm entretido mais de 106 mil fãs de todo o mundo. O Festival de Música de

Beishan está classificado como um dos dez melhores festivais de música na China, o que é um incentivo para os organizadores. O Beishan International Jazz Festival é uma das ramificações mais marcantes desse Beishan Music Festival.”

O Beishan Internatio-nal Jazz Festival deste ano conta ainda com mais espaço do que o normal no ‘Beishan Teathre’, a 15 minutos da fronteira com Macau. Os bilhetes podem ser comprados na porta do velho templo e custam cerca de 80 yuan. Os es-pectáculos estão marcados para as 14h00.

momentos culturais, sendo eles, quatro mostras de teatro, dez espectáculos de música e dança de artistas da China e dos PLP, entre os dias 21, 22 e 23 no Largo do Senado, onde os portugueses Diabo na Cruz marcarão presença.

NÚMEROS DA FESTARelativamente ao orçamento para este ano, Rita Santos anunciou que se prevê ter um gasto de 9,8 milhões de patacas, menos 14,3% que na edição anterior que atingiu os 12 milhões de patacas em gastos devido “à comemora-ção do décimo aniversário do Fórum de Macau, que coincidiu com a semana cultural”, justificou.

Questionada pela impren-sa, Rita Santos confirmou ainda que as bandas que irão actuar na semana cultural são, sem grandes surpresas, as mesmas que actuarão no Festival da Lusofonia que este ano acontecerá na sema-na anterior, entre 17 a 19 do mesmo mês.

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12 publicidade hoje macau quinta-feira 18.9.2014

ANÚNCIO【110/2014】

No uso da competência delegada pela alínea 4) do n.º 19 do Despacho n.º 75/IH/2014, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 35, II Série, de 27 de Agosto de 2014, e nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, vimos por este meio notificar o promitente-comprador do seguinte :

Morada N.º do processo Fracção Promitente-comprador Infracção

Edifício H

abitacional

Vai Long G

arden

15/CDH-DAG/2012 Bloco II8.º Andar AC LEONG SIO UN

Conforme as averiguações feitas por este Instituto, verificou-se que foi construída pelo promitente-comprador da respectiva fracção uma edificação ilegal no corredor comum, com prova de fotografias, pelo que tal acto é suspeito de violar a alínea g) do n.º 2 do artigo 16.º do Decreto-Lei n.º 41/95/M, “Não proceder à alteração das janelas e paredes exteriores”

Nos termos do n.º 1 do artigo 19.º do Decreto-Lei n.º 41/95/M, de 21 de Agosto, o promitente-comprador da fracção acima referida deve apresentar, por escrito, a sua contestação e toda a prova relativamente à testemunha, material, documental ou as demais provas que lhes sejam favoráveis, no prazo de dez dias, a contar da data de publicação do presente anúncio.

Se o promitente-comprador não apresentar a contestação no prazo indicado, ou a explicação dada na contestação não for admitida por este Instituto, de acordo com o artigo 19.º do decreto-lei supracitado relativo ao processo de aplicação da multa, vem-se aplicar ao indivíduo acima referido a multa no valor de mil patacas (MOP 1 000), nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 18.º do mesmo decreto-lei.

Se for necessário consultar o respectivo processo, poderá dirigir-se, nas horas de expediente, ao Instituto de Habitação, sito na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, Macau, e contactar o Sr. Tai ( telefone n.º 28594875, extensão n.º 741).

Aos, 15 de Setembro de 2014.

O Chefe da Divisão de Assuntos Jurídicos,Iam Lei Leng

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13CHINAhoje macau quinta-feira 18.9.2014

O desenvolvimento económico e populacional do continente asiático tem levado ao crescimento do mercado ferroviário que apresenta actualmente vários projectos atractivos. China e Japão disputam posições num duelo de gigantes

A S companhias chinesas e japonesas começa-ram a “lutar” para con-seguirem contratos de

construção de linhas de comboio na Ásia, num mercado ferroviário em expansão, revelou ontem o diário japonês Asahi.

Consórcios de empresas dos dois países tomam medidas para assumirem posições de vantagem em futuros concursos de projec-tos na Ásia onde o crescimento económico e populacional levou

A S autoridades chi-neses activaram apertadas medidas

de segurança para o julga-mento do académico de minoria uigure, acusado de separatismo, numa altura em que se teme uma escalada da tensão na violenta zona de Xinjiang.

Os advogados de Ilham Tohti, antigo pro-fessor de Economia numa universidade de Pequim, chegaram ao tribunal, em Urumqi, onde se espera que o académico negue as acusações, que podem condená-lo a uma pena perpétua.

No último ano, Xin-jiang, onde vive a maior parte da comunidade uigure, tem assistido a um escalar da violência entre a população local e as forças de segurança, resultando em centenas de mortos.

A situação já levou Pequim a lançar uma cam-

Desaceleração Banco central vai injectar 500.000 milhões de yuan O Banco Popular da China vai injectar 500.000 milhões de yuan nos cinco principais bancos do país, para combater a desaceleração económica, revelou ontem a imprensa local. A medida foi divulgada pelo portal de notícias “Sina.com”, citando vários analistas financeiros, apesar de a notícia não ter sido confirmada ou desmentida pelo Banco Popular da China, a instituição central do país. O portal revela também que o Banco Central iniciou na terça-feira um programa especial de cedência de 100.000 milhões de yuan a três meses a cada uma das cinco entidades financeiras mais importantes do país. A medida é anunciada depois de uma série de indicadores económicos apontarem a economia chinesa como a “perder velocidade”, apesar do crescimento de 7,4% nos primeiro seis meses do ano e de estar mais próspera do que as economias norte-americana, europeia e japonesa.

10.000quilómetros de novas vias de

caminho-de-ferro em planeamento

ÁSIA PEQUIM E TÓQUIO LUTAM POR PROJECTOS FERROVIÁRIOS

Corrida para apanhar o comboio

XINJIANG ARRANCA JULGAMENTO DE ACADÉMICO UIGURE

Alta voltagem

ao planeamento de novos 10.000 quilómetros de vias de caminho--de-ferro em diversos países.

Um dos mais atractivos é o projecto de linha de alta veloci-dade que pretende cobrir os 350 quilómetros que separam a capital da Malásia, Kuala Lumpur, e Sin-gapura em 90 minutos.

A linha, cujo concurso vai de-

correr entre Outubro e Dezembro de 2015 segundo as autoridades malaias e cujo custo de construção se calcula em cerca de 9.260 milhões de euros, tem atraído, inclusivamente, empre-sas espanholas e francesas do sector.

PRESSÃO NIPÓNICAExecutivos de consórcios japo-neses viajaram para a Malásia

em acções patrocinadas pelo Governo nipónico com o objec-tivo de pressionar as autoridades malaias para as vantagens do projecto japonês.

Por outro lado, a junta militar que controla o poder na Tailân-dia aprovou duas linhas internas de alta velocidade, enquanto o Vietname prepara os detalhes de

uma via para a ligação da capital, Hanoi, com a maior cidade, Ho Chi Minh, e na Índia continuam os estudos para a ligação entre Bombay e Ahmedabad.

O jornal japonês refere que representantes de empresas e dos Governos dos dois países procu-ram sensibilizar os decisores dos projectos asiáticos para as vanta-gens dos seus consórcios.

panha de repressão sobre os separatistas.

APELOS INTERNACIONAISOs Estados Unidos, a União Europeia e diversas organizações de Direitos Humanos pediram a liber-tação de Ilham Tohti, um forte crítico das políticas da China para com os uigures.

“Ilham Tohti fez o seu trabalho de forma pacífica e dentro das leis chinesas, e acreditamos que deve ser libertado”, afirmou Raphael Droszewski, res-ponsável do departamento de assuntos políticos da missão europeia na China.

Droszewski está entre os nove diplomatas, de paí-ses incluindo a Alemanha, Reino Unido e Canadá, que viajaram para Urumqi para observar o julgamento, mas foram impedidos de entrar no tribunal.

Ilham Tohti foi detido em Janeiro depois de ter

criticado a resposta do Governo chinês e um ataque suicida na Praça de Tiananmen, em Pequim - as autoridades centrais culparam os militantes de Xinjiang pelo ataque.

Segundo o seu advo-gado Li Fangping, a acu-sação vai argumentar que os textos que Ilham Tohti publicou no seu sítio na Internet “Uighur Online”, e as aulas que dava na Universidade de Minzu em Pequim, mostram que é um dos líderes de uma “criminosa organização separatista”.

No entanto, tanto a China como o Japão não possuem grande ex-periência internacional na expor-tação de tecnologia de transportes ferroviários já que os nipónicos apenas venderam vagões de alta velocidade a Taiwan e as empresas chinesas apenas participaram na construção parcial de uma linha na Turquia.

ANTÓNIO SANTOS (BANZA) Missa de 7º dia

Os amigos de António Santos (também conhecido por Banza) participam que no dia 22 de Setembro (2ª Feira), pelas 18h00, será rezada missa de 7º dia, na igreja da Sé, em sufrágio da sua alma.

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14 hoje macau quinta-feira 18.9.2014

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Marcia SchMaltz

O CAVALO NOS PRIMÓRDIOS DA HISTÓRIA

As escavações paleontológicas revelam a presença de ancestrais do cavalo há cerca de 55 milhões anos da província de Xinjiang até Heilongjiang, cobrindo toda a região do Noroeste a Nordeste da China (XIE, 1991, p. 4-16).

Ossos de cavalo, entre 400 e 800 mil anos A.P., também foram encontrados nas cavernas junto do Homem de Beijing e do Homem de Lantian, na província de Shaanxi. Em tumbas de 6.000 A.P., foram encontrados restos mortais de cavalos, período em que também há registros da domesticação do equídeo.

Segundo a lenda, seria um legado de Huangdi 黄帝, o Imperador Amarelo mítico (SONG, 2008, p. 2-18). Pinturas em cavernas nas províncias de Xinjiang, Ninxia e Mongólia Interior mostram desenhos de cavalos selvagens, atividade pastoril, montaria, caça e, em outras re-giões da China, o equino figura como um utensílio de trabalho no arado (Ibidem).

O cavalo presente desde tempos remotos seja como alimento, seja como utensílio de transporte, tornou o equino como um dos elementos constituintes do modelo cultural chinês. Com o aprimoramento das técnicas de criação e manejo, o animal ganhará uma nova dimensão de importância. É o que se mostrará nas seções seguintes, antes, porém, vide algumas representações do cavalo na mitologia chinesa.

O CAVALO NA MITOLOGIA

Como dito acima, desde antes da pré--história, o cavalo já fazia parte do cotidiano chinês, principalmente na região Norte. Em Shanhai jing 山海经 [O livro da natureza][3] narra uma lenda ao norte do rio Amarelo, que relaciona o cavalo à origem do bicho-da-seda[4] e ainda consta, segundo o nosso levan-tamento, vinte e cinco animais míticos

O CAVALO NA ANTIGUIDADE CHINESAENTRE O INSTITUCIONAL E O NATURAL

O Ano Lunar de 2014 corresponde ao cavalo, sétimo animal na ordem do zodíaco chinês[1]. O signo é

representado pelo ramo terrestre 午 [wŭ, encilho][2], período compreendido entre as onze e treze horas, e regente do quinto mês lunar. A presença do equino na astrologia chinesa não é por acaso, já que nessa cultura é considerado o primeiro dos seis animais domésticos desde a dinastia Xia 夏 (?2.100 – 1.600 AEC).

Este ensaio discute a representação simbólica do cavalo

na cultura chinesa da pré-história até a dinastia Han Oci-dental 西汉 (206 AEC – 24 EC). Inicia-se com a descrição da presença do cavalo na região antes da pré-história. Na segunda seção, arrolam-se mitos sobre cavalos. Na terceira seção, descreve a introdução e desenvolvimento do cavalo como elemento militar. Na quarta seção, descreve-se o termo cavalo nos primeiros registros escritos e a respectiva

simbologia no que concerne aos ritos e à educação. De-pois de discutir o status do cavalo sob a égide confuciana ortodoxa e da escola das leis, na quinta seção, analisa-se a alegoria do animal para o daoísmo 道 e a respectiva crítica às escolas filosóficas hegemônicas levadas a cabo em Zhuangzi 庄 子. Ao final, a partir da revisão bibliográfica conclui-se a importância do cavalo dentro do sistema cultural chinês sob uma abordagem filosófica até ao período dos Reinos Combatentes (475-221 AEC).

INTRODUÇÃO

relacionados com o cavalo. Neste ensaio, destaco a título ilustrativo: o Lushu 鹿蜀, descrito com o porte físico similar a de um cavalo, cuja cabeça seria branca com crina vermelha, pelagem de fundo alaranjada e listras pretas como a de um tigre. O som de seu relinchar soava tão agradável como uma música, e quem se cobrisse com seu couro encher-se-ia de descendentes, por isso era caçado (Shanhaijing, 2007, p. 29, 529).

O taotu 騊駼 é descrito “com a aparência como a de um cavalo, sendo garboso e indomável. O Taotu apenas surge na Planície Central 中原 quando da boa governança de um imperador”

(Idem, p. 375 e 558). O bo 駮 seria “um cambraia com dentes de serra e que come tigre e onça” (Ibidem) e, no livro ainda consta que quem conseguisse montar um jiliang 吉量, um cambraia com crina vermelha e olhos amarelos, viveria por mil anos (Idem, p. 420, 560)

O CAVALO COMOELEMENTO MULTIPLICADOR

DE PODERIO MILITAR

Como referimos resumidamente na pri-meira seção, a presença do cavalo na Ásia é anterior ao surgimento do homem. Ini-cialmente servindo como alimento, mais tarde no trabalho agrícola, o cavalo eleva a sua importância na Antiguidade chinesa ao ser introduzido na guerra. A revisão bibliográfica indica que o número e a organização dos carros puxados a cavalo e da cavalaria eram fatores determinantes de ascensão e queda de um reinado.

O historiador Yang (2008, p.8) afirma que os achados nas escavações arqueo-lógicas em Anyang 安阳, Hunan 湖南, revelam que dois cavalos eram utilizados para puxar os carros de combate na di-nastia Shang 商 (1.600-1.100 AEC). O carro transportava três guerreiros com armadura: um condutor ao centro, um lanceiro à direita e um arqueiro à esquerda.

No século XII AEC, surge a noroeste do império Shang, o estado de Zhou 周, povo hábil na criação de cavalos. Zhou possuía uma potente frota com cerca de 3.000 carros puxados por quatro cavalos acabaria por dizimar Shang e inaugurar a dinastia Zhou (1.100-770 AEC). Na dinastia Zhou houve grandes avanços na arte de criação equestre. Inclusive um dos grandes tratadores de cavalos real Zaofu 造父 foi reconhecido pelo imperador Xiao 孝 (891-886 AEC), que lhe concedeu o sobrenome Yin 嬴 e mais um condado a noroeste de Xi’an, que se tornaria séculos depois a primeira dinas-tia a unificar a China, isto é, a dinastia Qin 秦 (221-206 AEC).

A idade de ouro dos carros de comba-te perdurou até ao período da Primavera e do Outono 春秋 (770-476 AEC), quan-do se mostrariam obsoletos ao se deparar com as tropas invasoras dos hunos, ao Norte do Império do Meio. O rei Wulin 武灵 do estado de Zhao 赵 em 307 AEC, a partir do contato com os nômades, aprendeu a equitação[5] e arregimentou a primeira cavalaria montada, que lhe conferiu maior poderio militar, prática seguida por outros reinos. Entretanto, os carros a cavalos ainda prevaleceriam; pois, como comenta o historiador Sima Qian, no Registros históricos 史记: “os cava-los de combate dos Qin eram superiores em número, força e velocidade”[6]. Com a desintegração do império Qin (206 AEC), a cavalaria se tornou gradativa-mente a força mais poderosa nas guerras a partir da introdução de raças da Ásia Central pela dinastia Han 汉.

A dinastia Han iniciou sua admi-nistração do império chinês em 206 AEC e houve uma grande expansão do território até ao Sul da Manchúria (Nor-deste da China), Norte da Coreia, Sul e Sudeste da China e Norte do Vietnã. A situação permanecia instável apenas nas fronteiras Norte e Noroeste, devido aos saques constantes da confederação tribal dos hunos, que possuíam superioridade equestre (SONG, 2008 e YANG et. al., 2008). De acordo com a “História de Fergana” no Registros Históricos [史记· 大宛列传], a guerra entre os hunos e os chineses era constante e, na batalha de 119 AEC, ambos tiveram grandes baixas, sendo que a parte chinesa perdeu mais de 80% de sua cavalaria. Nesta conjuntura, o porte e o número de cavalos tornaram--se estratégicos para a manutenção e expansão militar dos chineses. Desta forma, o imperador Marcial Han Wudi 汉武帝 (157 – 83 AEC), por um lado, delimitou áreas abertas para a criação de cavalos, por outro lado, a fim de apri-morar a raça chinesa, enviou emissários para a compra dos célebres cavalos de

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15 artes, letras e ideiashoje macau quinta-feira 18.9.2014

Fergana 大宛, região da Ásia Central, em 113 AEC. Porém, a oferta dos Han foi recusada e o seu embaixador, executado. Em retribuição à afronta, em 104 AEC, o imperador Marcial arregimentou uma campanha com 40.000 homens, que foi derrotada graças à união dos reinos bárbaros, aliados do reino de Fergana. Entretanto, o imperador chinês estava determinado em levar a cabo o seu plano. Assim, no ano seguinte, outro exército com 60.000 homens foi enviado para o Oeste. Desta vez o império tratou de subornar os reinos vizinhos de Fergana, estabeleceu uma boa logística para o envio de suprimentos e sitiou a capital de Fergana. Dessa forma, em 101 AEC, conseguiu a rendição do reino rebelde e obteve 3.000 cavalos da raça (embora apenas algumas dezenas de qualidade superior e somente 1.000 chegaram à capital) e sementes de alfafa. Segundo Yang (2008, p. 8) foi à custa de dez vidas humanas por um cavalo. Com a introdução da raça Fergana, a atividade de criação de cavalos passou a prospe-rar na China por certo período, mas a exígua disponibilidade de campos para a pastagem e o costume de alimentar animais com cereais, fez com que a raça perdesse as vantagens originais (XIE, 1991).

Em resumo, a partir da domesticação do cavalo na pré-história e o domínio da equitação na Antiguidade, o animal adquire status de poderio militar e polí-tico, formando um sistema de governo centralizado e hierárquico conhecido como 马政制度 mazheng zhidu, baseado no número de cavalos dos reinos e esta-dos (SONG, 2008, p. 126). Sobre isto, trataremos abaixo, sob uma perspectiva da escrita.

REGISTROS ESCRITOSSOBRE O CAVALO

Devido ao poderio da força militar ad-vindo da introdução do cavalo nos carros de combate a partir da dinastia Shang

descrito anteriormente, o cavalo se torna distintivo de status social. Os registros da escrita mais antiga chinesa, encontrados em inscrições em ossos escapulares e carapaças de tartaruga 甲骨文 dos séculos XV a XIII AEC, possuem mais de 80 ideogramas com o radical[7]

马 [cavalo] para designar as diferentes raças, cores, idade e temperamento de cavalos, bem como funções de tratadores, treinado-res, arqueiros, entre outros (SONG, 2008, p. 127). No

Dicionário analítico de Caracteres 说文解字 de Xu Shen da dinastia Han Oriental (25 – 220), o número de ideogramas sob o radical de cavalo ultrapassa 120 carac-teres adicionando novas designações relacionados ao equídeo, fornecendo evidências do domínio equestre pelos chineses.[8]

Em cânones como Shijing 诗 经 [O livro dos cantares], datado do período da dinastia Zhou, há o maior número de poemas dedicados ao equino, ora exal-tado pela sua beleza e velocidade, ora como companheiro das viagens solitárias de literatos (YANG et. al., 2008, p. 113):Eu recolhia flores, que não enchiam a minha cesta rasa.Suspirei pelo meu amado, deixando a sua lembrança na estrada.Eu subia uma montanha íngreme, mas meus cavalos adoeceram.Brindei com o vaso dourado aos céus, esperando logo o esquecer.Eu subia um cume elevado, mas os meus cavalos amarelaram.

Brindei com o copo de chifre de rinoce-ronte, esperando logo passar a tristeza.Eu subia a um platô, mas os meus cavalos ficaram sem forças,os meus servos caíram pelo caminho.Oh! Quão grande é a minha dor![9]

(Orelhas-de-rato, Zhou Meridional, Shijing)

Há ao longo da história chinesa, belas passagens de companheirismo entre o cavalo e o homem narradas em Shiji 史 记 [Registros históricos]. Na biografia de Xiang Yu 项羽 (232 – 202 AEC), um dos generais responsáveis pela derrocada do império Qin, que autoproclamou-se rei do Chu Ocidental e disputou a hegemonia do império com Liu Bang 刘邦 (256 – 195 AEC), rei de Han (que acabaria por fundar a dinastia Han). Ao ser cercado pelas tropas de Liu, Xiang Yu liberta o seu cavalo e lamenta não corresponder à lealdade do animal, tendo que o abandonar a própria sorte.

No capítulo Xia Guan Sima 夏官司马 [Ministro da guerra] de Zhou Li[10] 周礼 [O livro dos ritos de Zhou] há inú-meras referências à prática da etiqueta: A permissão do número de carros e cavalos, bem como o uso do transporte em cerimônias, ritos e sacrifícios de acordo com a posição social. Em outro capítulo, Di guan 地官, registra as Seis Artes[11] [六艺 liu yi], que incluía apren-der equitação e as regras de condução de carros, apenas permitida às classes aristocráticas e militares. Assim, o cavalo é relacionado ao status de nobreza e às práticas de civilidade.

O mais célebre conhecedor de cava-los na Antiguidade foi Sun Yang 孙阳 (?680 – ?610 AEC), conhecido como Bole 伯乐, nome da constelação do Tratador de cavalo celestial. O perito em cavalos foi vassalo do estado de Qin 秦e escreveu Xiang Ma Jing 相马经 [Tratado sobre cavalos], obra que se perdeu. É no provérbio “Bole avalia cavalos” [伯乐相马 Bole xiangma] que talvez se encontre a primeira analogia do cavalo com o homem, pois, o dito é uma alusão a descoberta de pessoas talentosas por um experto. Yang et. al. (2008, p. 114) observam que Bole seria uma alusão ao rei e do desejo de reconhecimento de um súdito pelo rei. Esses súditos talentosos seriam cavalheiros eruditos, que atuavam como o que conhecemos hoje por “consultores”, aconselhando os soberanos dos Reinos Combatentes num período de disputa pela hegemonia do Império do Meio.

É nesse período que surge o gênero fa-bular, empregado como recurso retórico para o fortalecimento da argumentação e persuadir o interlocutor em relação a

alguma verdade, de maneira implícita, sem expor uma conclusão como na versão Ocidental. “Em Busca do Corcel” [买千里马], em Estratégias dos Reinos Com-batentes [战国策], é narrada a parábola de um súdito, que para persuadir o rei de Yan 燕 a cooptar literatos à serviço do reino, sugere-lhe a compra de uma cabeça de um corcel morto à peso de ouro, como uma demonstração sincera de valorização pessoal “ao mundo”. Em “Apresentando Yan ao Reino de Qi” [为燕说齐] no mesmo livro, conta-se que um vendedor de bons cavalos apenas conseguiu comercializa-los a bom pre-ço, depois de convidar Bole a visitar o seu estábulo. Sugerindo que é melhor ter uma recomendação do que fazer a autopromoção. Assim como para se comprar um cavalo não se pode furtar da assessoria de entendedores de cavalos (Bole) como sugerido em “A Visita ao Rei Zhao” [客见赵王]. Todavia, a con-solidação da metáfora de tomar o corcel como o homem virtuoso e o Bole como o bom governante ocorre em “A Visita de Hanming ao Chunshenjun” [汗明见春申君] no mesmo livro.

Depois de três meses de espera, o virtuoso, mas pobre Hanming consegue finalmente uma audiência com o ministro Chunshenjun. Durante a reunião, os dois descobrem ter afinidades e compreensão tácita, de forma que o ministro decide conceder-lhe uma audiência a cada cinco dias. Hanming emocionado, conta-lhe a história de um corcel que puxava carro de sal numa montanha, que foi reconhe-

Mapa de localização de cavalos na China

Tumba com cavalos de oferenda da dinastia Shang

O taotu 騊駼 é descrito “com a aparência como a de um cavalo, sendo garboso e indomável. O Taotu apenas surge na Planície Central 中原 quando da boa governança de um imperador” (Idem, p. 375 e 558). O bo 駮 seria “um cambraia com dentes de serra e que come tigre e onça” (Ibidem) e, no livro ainda consta que quem conseguisse montar um jiliang 吉量, um cambraia com crina vermelha e olhos amarelos, viveria por mil anos (Idem, p. 420, 560)

(Continua na página seguinte)

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16 h hoje macau quinta-feira 18.9.2014

cido e socorrido por Bole. O relinchar estridente do corcel estreme os céus, emocionado por ser reconhecido e liberto pelo avaliador. A referência a essa parábola é encontrada inúmeras vezes na literatura chinesa, como uma alegoria da busca ou da falta de reco-nhecimento dos talentosos no mundo.

Em outra historieta narrada por Han Feizi 韩非子 (?280 – 233 AEC), o filósofo da Escola das Leis [法家 Fajia], propõe “um certo savoir-faire que cor-respondia ao melhor saber--ser, um modo de governar a si mesmo que constituía uma receita de governar” (GRA-NET, 1997, p. 254). Conta o Han Feizi que o rei Xiang do reino de Zhao aprendeu a arte de con-duzir carros a cavalo com Wang Yuqi. Depois de algum tempo, o rei apostou uma corrida com Wang e, mesmo tendo o rei trocado os cavalos por três vezes, perdeu a corrida para o Wang. O rei irritado acusou treinador de não lhe ensinar tudo o que sabia. Wang refuta a acusação, alegando que o rei não usou corretamente as habilidades aprendidas e complementa: “mais importante ao dirigir uma carruagem é que os corpos dos cavalos sintam-se confortáveis em relação à carruagem e que a mente do condutor esteja em harmonia com os cavalos. Só assim pode conseguir grande velocidade e percorrer grandes distân-cias[12]” (CAPPARELLI e SCHMALTZ, 2007, p. 88-89).

Xunzi [荀子] (?313-238 AEC) do reino de Zhao era um confucionista ortodoxo. O filósofo defendia que “a natureza humana é má; o que ela tem de bom provem do artificial[13]” e “desde a Antiguidade, o bom cavalo se torna um corcel devido ao controle do freio, da intimidação do relho e da doma de Zaofu[14]”. Para o con-fucionismo, Bole e Zaofu são alegorias da civilização para a harmonia social. Xunzi enfatizava a influência positiva dos ritos sobre o indivíduo e esses permitiriam fazer com que os homens aceitassem uma divisão convencional das ocupações e dos recursos, o filósofo inclusive adverte que “um pulo do corcel é inferior a dez passos e se esse leva um dia para percorrer 600 quilômetros, um cavalo ordinário, se tiver determinação, pode muito bem cumpri-lo em dez dias[15]”.

O CAVALOPARA O DAOÍSMO

Se para o confucionismo ortodoxo 儒家, o moísmo 墨家 e a escola das leis 法家 a domesticação do cavalo adquire uma extensão de sentido do refreio do homem sobre os seus instintos represen-tando um ato de civilidade para o bom convívio social; para a visão cosmológica naturalista daoísta 道家, defensora de um estado de laissez-faire, a civilização representa a destruição da ordem natural do universo.

Zhuangzi (369-286 AEC), um dos maiores filósofos daoístas, era do reino Song 宋, período dos Estados Comba-tentes. Ele é considerado o fundador da ficção — xiaoshuo 小说 [ditos insigni-ficantes, conto] (ZHUANG, 2008, p. 145) e zhiguai 志怪 [registros de eventos sobrenaturais] (ZHUANG, 2008, p. 2), que se tornaram termos literários a partir de sua obra homônima[16]. Entretanto, Zhuangzi tencionava com o estilo fabular e linguagem metafórica arguir a favor da metafísica daoísta, num período de efervescência filosófica entre diferentes escolas [百家争鸣], que se utilizavam de uma linguagem rebuscada, em busca da hegemonia doutrinária dos príncipes (SCHMALTZ, 2011a, p. 174).

Quando na seleção das traduções que deram origem a 50 fábulas da China Fabulosa (Capparelli e Schmaltz, 2007) e Contos sobrenaturais chineses (Schmaltz e Capparelli, 2010) já se havia observado certa recorrência do termo “cavalo” ma 马 em Zhuangzi: “cavalo selvagem 野马”, “todas as coisas são um cavalo 万物一马也”, “a natureza primordial do cavalo 马之真性”, “do cavalo surge o homem马生人” e, ainda, a distinção entre o “cavalo institucional国马” e o “cavalo natural 天下马”, apenas para citar algumas referências.

No capítulo O prazer da liberdade 逍遥游, Zhuangzi (2008, p. 2-3) inicia a narrativa contando que no mar do norte existia um peixe gigantesco chamado kun 鲲, que um dia se transformou num pássaro enorme conhecido por peng 鹏 [roca], que sai a voar pelo mundo. A fábula apresenta através do olhar da roca, uma imagem de harmonia primordial, em que o cavalo selvagem é parte integrante da natureza, plena de energia vital:

[Durante a viagem ao mar do sul, a roca] viu uma tropa de cavalos selvagens a galopar pelos prados, à poeira levantada juntava-se a energia emanada pelos seres na primavera, evidenciando a vitalidade de todas as coisas.[17] (ZHUANG, 2008, p.1).

No capítulo Casco de cavalo 马蹄, Zhuangzi revela-se conhecedor da na-tureza primordial do cavalo 马之真性:

Os cavalos podem com seus cascos

andar sobre a geada e a neve, e com o seu pelo resistir ao vento e frio; eles se alimentam de pasto e bebem água, empi-nam as pernas e saltam: Esta é a verdadeira natureza dos cavalos. Eles são indiferentes perante púlpitos ou mansões.

[18] (ZHUANG, 2008, p. 91).No mesmo capítulo,

Zhuangzi ainda versa sobre a epistemologia equina:

Quando vivem em campo aberto, os cavalos pastam e bebem água, entrelaçam e esfregam seus pescoços um no outro para demonstrar alegria e dão-se coices para demons-trar a sua ira. Isto é tudo o que sabem.[19] (ZHUANG, 2008, p. 94).

As colocações de Zhuan-gzi denota simplicidade e modéstia 素朴 [supu] de uma perspectiva dialética em defesa de sua visão naturalista. Importante notar que o filósofo aponta no capítulo O ajuste das controvérsias 齐物论:

É preferível empregar um não concei-to para descrever que um conceito não é conceito do que utilizar um conceito para descrever que um conceito não é um conceito; é preferível usar um não cavalo branco para explicar que um cavalo branco não é um cavalo do que utilizar um cavalo branco para descrever que um cavalo branco não é um cavalo. O Céu e o Firmamento são apenas con-ceitos e as coisas são apenas símbolos[20]

(ZHUANG, 2008, p. 20).E no final do capítulo Felicidade

suprema 至乐, Zhuangzi dá-nos pistas de que o cavalo é uma analogia ao ser humano, parte integrante da ontologia do Dao, já que todas as coisas surgiriam deste (LAOZI, 2013, p. 110). Zhuangzi diz “Todas as espécies vêm de semen-tes. Certas sementes, caindo na água, tornam-se lentilhas-d’água (…) tornam--se liquens (…) que produzem o cavalo, que produzem o Homem. Quando o Homem envelhece, torna-se semente outra vez[21]” (ZHUANG, 2008, p. 122-123, tradução de BUENO, 2009). Desta forma, os regramentos sociais (simbolizado pela domesticação e pela cultura, em lato sensu), impostos pela vida em sociedade (personificado em Bole, o oleiro, o carpinteiro e, em última instância, os governantes) teriam efeitos nocivos ao homem, confira:

Quando surgiu [no mundo] Bole

dizendo: “eu entendo de cavalos”, tudo mudou. Os cavalos passaram a ser marcados, a ter seus pelos tosados, seus cascos aparados e terem de andar a cabresto e adornados. [os homens] Colocaram-no freio e amarraram-no próximo ao cocho no estábulo. Dessa forma, morreram dois a três de cada dez. Depois, deixaram o cavalo passar fome e sede, fixaram-lhe a canga para puxar carro, açoitaram-no para galopar sob o comando da rédea, resultando na morte de mais da metade. O [primeiro] oleiro disse: “Eu sei muito bem como lidar com a argila, moldo-a em esferas tão perfeitas como se fossem feitas pelo compasso, e em cubos tão exatos como se fossem medidos pelo esquadro”. O [primeiro] carpinteiro disse: “Eu sei muito bem como lidar com a madeira, envergo-a na forma de um gancho, e deixo-a reta, com o uso de um prumo”. Mas será que a natureza da argila e da madeira tem que se adequar ao padrão do compasso, do esquadro, do gancho e do prumo?

Entretanto, geração após geração, homens gabam-se de Bole como o bom entendedor de cavalos, o oleiro e o carpinteiro como bons em lidar com a argila e a madeira. Este é o mesmo erro cometido pelos governantes do mundo.[22] (ZHUANG, 2008, p. 91).

O excerto acima sugere que Zhuangzi condena o altruísmo, a benevolência 仁[23] e a equidade, retidão 义, considerados pelo filósofo daoísta como comporta-mentos artificiais adquiridos: tudo aquilo mediante o que a civilização deturpa e falseia a natureza. Toda invenção, todo pretenso aperfeiçoamento (personifica-do em Bole, oleiro e carpinteiro) não vale mais do que uma excrecência incômoda: os cavalos domesticados morrem prema-turamente e o mesmo acontece com os homens, a quem as convenções sociais proíbem de obedecer espontaneamente ao ritmo da vida universal (cf. LU, 1994, p. 381-385 e 397-399; GRANET, 1997, p. 310; ZHANG, 2003, p. 39). No excerto abaixo, Zhuangzi demonstra o efeito maléfico da civilidade e encerra a sua arguição condenando o Sábio:

Quando colocaram o jugo e a cabe-çada sobre o cavalo, o animal aprendeu a se colocar de lado, a curvar o pescoço, a cuspir o freio e arrebentar as rédeas com os dentes em sinal de resistência. A inteligência do cavalo se tornou pérfida como a de um bandido. Este foi o erro de Bole.

No tempo [mítico] de Hexu, as pes-

O filósofo Zhang refere-se à lenda do cavalo-dragão 龙马, que entregou o Quadro do rio 河图ao mítico herói Yu 大禹 para minimizar as cheias do rio Amarelo. A unificação do dragão com o cavalo, confere força e velocidade inigualável ao mítico animal; por isso, o provérbio longma jingshen 龙马精神 é empregado como desejo que reine a Grande Virtude 大德 sobre a Terra (2003, p. 42-43)

Carro puxado a cavalos da dinastia Qin

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17 artes, letras e ideiashoje macau quinta-feira 18.9.2014

soas viviam, sem saber o que estavam fazendo, e saíam, sem saber o seu destino. Elas se divertiam enquanto comiam, e depois passeavam. Isso era tudo o que faziam. Mas quando surgiu o Sábio, com a sua ritualística e música enquadrando a tudo e a todos, doutrinando sobre o altruísmo e equidade para consolar o povo, as pessoas, a partir de então, começaram a exaltar a sabedoria e as dis-putas de interesses existem desde então. Este foi o erro do Sábio.[24] (ZHUANG, 2008, p. 94).

No capítulo Xu Wugui 徐无鬼, Zhuangzi divide os cavalos na classe dos cavalos naturais 天下马 e dos cavalos do reino 国马, este último classificado segundo o padrão estético humano, que para o filósofo seria inferior às qualida-des naturais do cavalo selvagem, nem sempre reconhecidas pelos homens. No mesmo capítulo, Zhuangzi apresenta a solução de boa governança sob o axioma naturalista Dao, através de um suposto encontro do Imperador Amarelo 黄帝 com um menino pastor. Huangdi per-gunta ao menino como o mundo deveria ser governado. O menino responde que não se interessa por esse assunto, mas como Huangdi insiste em saber a sua resposta, o jovem pastor replica: “não vejo grande diferença entre guardar um rebanho e governar um reino. Apenas é necessário eliminar aquilo que faz mal aos cavalos[25]” (LU, 1994, p. 537-539). Se entendermos que o cavalo é uma analogia ao homem e à liberdade primor-dial, os males que atinge a humanidade seriam os instrumentos de controle dos governantes, como sugere Zhang (2003, p. 39-40)

CONCLUSÃO

Neste ensaio descreveu-se a presença do cavalo na China antes da pré-história até a dinastia Han Ocidental, à luz dos achados paleontológico e arqueológicos, perpassando a história e a literatura, com o objetivo de discutir a simbologia do equino neste modelo cultural. O cavalo adquire importância como meio de transporte que alavanca força militar nas guerras e sua simbologia desenvolve-

-se a partir da domesticação do animal. Finalmente, discutiu-se as dicotomias filosófico-simbólicas confuciana (entre outras escolas) e daoísta, particularmente de Zhuangzi. Ambas as escolas partem de uma visão dialética, a primeira consta o cavalo como o domínio do homem so-bre si e exalta a ordem social, enquanto a segunda apresenta o cavalo como um axioma da ascese naturalista em oposição aos regramentos impostos pela vida em sociedade. De um ponto de vista contem-porâneo, porém, o filósofo Zhang (2003, p. 74) adverte-nos que a exaltação de regresso ao natural do daoísmo tem de ser analisada em maior profundidade, já que ocorreu assimilação mútua entre as escolas no decurso da história. O pensamento confuciano atual propaga o engajamento social à luz do espírito daoísta. Sobre isto, pretendo tratar em outro artigo.

Referências bibliográficas:

BUENO, André. Cem textos da história chinesa. Disponível em: http://escritosinicos.blogspot.com/2011/06/cem-textos-de-historia-chinesa.html. Acessado em 08/05/2014.CAPPARELLI, Sérgio; SCHMALTZ, Márcia. 50 Fábulas da China Fabulosa. Porto Alegre: L&PM, 2007.GRANET, Marcel. O Pensamento Chinês, tradução de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.LAOZI. Tao te ching: livro da via e da virtude, tradução, prefácio e notas de António Graça de Abreu. Lisboa: Vega, 2014.

LU, Qin. Zhuangzi Tongyi [Compêndio de Zhuan-gzi]. Changchun: Editora do povo de Jilin, 1994.SCHMALTZ, Márcia. “Os três reis: a anatomia de um conto não publicado”. In Cadernos de Literatura em Tradução, 12, pp. 173-186, 2011a._____. “O tigre no ano do dragão”. In Aletria, v.21, n. 2, pp. 157-170, 2011b.SCHMALTZ, Márcia; CAPPARELLI, Sérgio. Contos Sobrenaturais Chineses. Porto Alegre: L&PM, 2010.Shanhaijing [O livro da natureza]. Haikou: Na-nhai, 2007.Shijing [O livro dos cantares]. Disponível em: http://ctext.org/book-of-poetry/odes-of-zhou--and-the-south/zhs, acesso em 25 de abril de 2014.SIMA, Qian. Shiji [Registros históricos]. Dispo-nível em: http://ctext.org/histories/zhs, acesso em 18 de abril de 2014.SONG, Changhong. Qiji chicheng [O galope do zaino negro]. Xi’an: Shaanxi Renmin, 2008.XIE, Xiatian. Yang ma shi [História da criação de cavalos], Beijing: Kexue, 1991.Xun, Kuang Xunzi. Disponível em: http://ctext.org/xunzi/zhs, acesso em 25 de abril de 2014.YANG, Hong; HANG, Kan; ZHENG, Yan; LÜ, Yuhua. Ma de Zhongguo lishi [A história do cavalo na China]. Hong Kong: Comercial, 2008.Zhou Li [Ritos de Zhou]. Disponível em: http://ctext.org/rites-of-zhou/zhs, acesso em 20 de abril de 2014.ZHANG, Jiacheng. “Shi xi ma zai Zhuangzi” [Análise preliminar do cavalo em Zhuangzi], Investigações filosóficas, 1, pp. 38-43, 2003.ZHUANG, Zhou. Zhuangzi, glosa de Yi Li. Xi’an: Sanqin, 2008.[1] Sobre o sistema astronômico chinês refira-se a Schmaltz (2011b).[2] Os ideogramas são escritos em chinês sim-plificado e as transliterações fonéticas do chinês para o português estão em pinyin, de acordo com a norma GBT 16159 (2012). Todas as traduções são de responsabilidade da autora, salvo indicação em contrário. As acepções ou traduções livres do chinês para o português estão sinalizadas entre parênteses angulares.[3] Obra de autoria anônima, que reúne registros de geografia, hábitos, costumes, lendas e mitos chineses ainda antes do período dos Reinos Combatentes (475-221 AEC).[4] Remetemos o leitor à tradução de Schmaltz e Capparelli (2010, p. 93-94).[5] Diferentes de outros povos indo-europeus, os chineses usavam os cavalos apenas como utensílio de transporte.[6] [秦马之良,戎兵之众,探前趹后蹄閒三

寻腾者,不可胜数。][7] O elemento do ideograma que denota a sua significação e que serve para indexar os caracteres com esse mesmo elemento em um grupo.[8] Já no Dicionário Kangxi 康熙字典 organizado na dinastia Qing (1644-1911), ultrapassa 500 ideogramas com o radical de cavalo. Nos dias de hoje, apesar das estimas dos três a quatro mil empregados na comunicação cotidiana, o Grande dicionário da língua chinesa汉语大字典 Hanyu Da Zidian com 56.000 ideogramas, registra 620 ideogramas relacionados ao cavalo.[9] [采采卷耳、不盈顷筐。嗟我怀人、置彼

周行。陟彼崔嵬、我马虺隤。我姑酌彼金

罍、维以不永怀。陟彼高冈、我马玄黄。

我姑酌彼兕觥、维以不永伤。陟彼砠矣、

我马瘏矣、我仆痡矣、云何吁矣。][10] Edição remanescente da dinastia Han Oci-dental 西汉 (206 AEC – 24), é considerado um dos clássicos da Antiguidade, sendo exaltada pelas

escolas confuciana, moísta e das leis, entre outras.[11] As seis aprendizagens em ordem de impor-tância eram: Ritos (política, moral e etiqueta), Música (música, poesia e dança), Arco e flecha, Condução, Letras, Matemática e ciências naturais. À plebe era apenas concedida a alfabetização e a instrução de matemática, consideradas como uma aprendizagem menor (YANG et. al. 2008, p. 66-67).[12] [凡御之所贵,马体安于车,人心调

于马,而后可以进速致远。今君后则欲逮

臣,先则恐逮于臣。夫诱道争远,非先则

后也。而先后心皆在于臣,上何以调于

马,此君之所以后也。][13] [人之性恶,其善者伪也。][14] [古之良马也;然而必前有衔辔之制,

后有鞭策之威,加之以造父之驶,然后一

日而致千里也。][15] [骐骥一跃,不能十步;驽马十驾,功

在不舍。][16] Isto é, Zhuangzi 庄子. Também intitulado de Nanhuajing 南华经.[17] [野马也,尘埃也,生物之以息相吹

也。]

[18] [马,蹄可以践霜雪,毛可以御风寒,

齕草饮水,翘足而陆,此马之真性也。虽

有义台路寝,无所用之。][19] [夫马,陆居则食草饮水,喜则交颈相

靡,怒则分背相踶。马知已此矣。马所知

止此矣。][20] [以指喻指之非指,不若以非指喻指之

非指也;以马喻马之非马,不若以非马喻

马之非马也。天地一指也,万物一马也。]

[21] [种有几,得水则为继,得水土之际

则为蛙 之衣,生于陵屯则为陵舄,陵舄

得郁栖则为乌足,乌足之根为蛴螬,其叶

为胡蝶。胡蝶胥也化而为虫……其名为鸲

掇。鸲掇千日为鸟,其名为乾余骨。乾余

骨之沫为斯弥,斯弥为食醯。颐辂生乎食

醯,黄軦生乎九猷,瞀芮生乎腐蠸,羊奚

比乎不 ,久竹生青宁,青宁生程,程生

马,马生人,人又反入于机。万物皆出于

机,皆入于机。][22] [及至伯乐,曰:“我善治马。”烧

之剔之,刻之雒之,连之以羁馽,编之以

皂栈,马之死者十二三矣;饥之渴之,驰

之骤之,整之齐之,前有橛饰之患,而

后有鞭厕之威,而马之死者已过半矣。陶

者曰:“我善治埴,圆者中规,方者中

矩。”匠人曰:“我善治木,曲者中钩,

直者应绳。”夫埴、木之性,岂欲中规

矩钩绳哉?然且世世称之曰:“伯乐善治

马,而陶、匠善治埴木。”此亦治天下者

之过也。][23] Para Granet, há diversas definições em Analectos Lunyu de Confúcio sobre o ren 仁. Essas podem ser indicadas como “o respeito próprio, a magnanimidade, a boa-fé, a diligência e a benevolência” (1997, p. 294). Para a escola confucionista, o princípio do saber era a vida em sociedade (Idem, p. 295)[24] [夫加之以衡扼,齐之以月题,而马知

介倪、闉扼、鸷曼、诡衔、窃辔。故马之

知而态至盗者,伯乐之罪也。夫赫胥氏之

时,民居不知所为,行不知所之,含哺而

熙,鼓腹而游,民能以此矣。及至圣人,

屈折礼乐以匡天下之形,县跂仁义以慰天

下之心,而民乃始踶跂好知,争归于利,

不可止也。此亦圣人之过也。][25] [夫为天下者,亦奚以异乎牧马者哉?亦去其害马者而已矣。]

Nota: Este texto foi escrito em Português do Brasil. O HM respeitou a versão original

Mapa de criação de cavalos na dinastia Han

O cavalo desde a Antiguidade é um companheiro inseparável do homem

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ACONTECEU HOJE 18 DE SETEMBRO

João Corvofonte da inveja

Pu Yi

LÍNGUADE gATO

18 hoje macau quinta-feira 18.9.2014(F)UTILIDADES

C I N E M ACineteatro

SALA 1THE MAZE RUNNER [B]Um filme de: Wes BallCom: Dylan O’Brien, Kaya Scodelario14.30, 16.30, 19.30, 21.30

SALA 2A WALK AMONGTHE TOMBSTONES [C]Um filme de: Scott FrankCom: Liam Neeson14.30, 16.30, 19.30, 21.30

SALA 3CAFE • WAITING • LOVE [B]FALADO EM MANDARIM E LEGENDADO EM CHINÊSUm filme de: Chiang Chin LinCom: Vivian Chow, Megan Lai, Pauline Lan, Lee Luo14.30, 19.15

BEGIN AGAIN [C]Um filme de: John CarneyCom: K. Nightley, M. Ruffalo, H. Steinfeld16.45, 21.30

THE MAZE RUNNER

Morre Jimi Hendrix, o melhor guitarrista da história do rock• A 18 de Setembro de 1970, o mundo da música perde o gigante Jimi Hendrix, considerado como o melhor guitarrista da história do rock e um dos mais influentes músicos do seu tempo. “É fácil tocar blues. Mas é difícil senti-lo”, dizia.James Marshall Hendrix, conhecido no mundo da música como Jimi Hendrix, nasceu em Seattle, a 27 de Novembro de 1942. Foi um guitarrista, cantor e compositor norte--americano, influenciado por grandes nomes (Bone Walker, BB King, Muddy Waters, Howlin’ Wolf, Albert King e Elmore James, Curtis Mayfield e Steve Cropper), mas dono de um estilo incomparável, que o tornou único.Hendrix, o guitarrista canhoto, privilegiava os amplifica-dores distorcidos, dando realce aos agudos, e ajudou a desenvolver a técnica, até então indesejada, da microfonia. Conquistou diversos prémios, em vida e postumamente, incluindo a presença no Hall da Fama do Rock and Roll norte-americano, em 1992, e no Hall da Fama da Música do Reino Unido, em 2005. Tem ainda uma estrela no pátio da fama de Hollywood.A prestigiada revista Rolling Stone classificou Jimi Hendrix como o melhor da lista dos 100 maiores guitarristas de todos os tempos, em 2003.Jimi Hendrix morreu em Londres, a 18 de Setembro de 1970, em circunstâncias que nunca foram completamente esclarecidas, mas que terão relação com excesso de consumo de álcool ou comprimidos.Neste dia, em 1851, é fundado o The New York Times. Também a 18 de Setembro, mas em 1927, a rede de rádio CBS faz a sua primeira transmissão. A Força Aérea norte-americana é instituída como órgão independente a 18 de Setembro de 1947, exactamente no dia em que é fundada a CIA (Central Intelegency Agency).

Os efeitos repetidosde um tufão Sei de uma menina que, na passagem do tufão Kalmaegi, estava ainda um tufão 3, perdeu a sua fita do cabelo. Mas conforme li hoje nas notícias, não foram apenas perdidas fitas de cabelo pela força do vento ou árvores quebradas: novamente, lojistas e moradores da zona do Porto Interior tiveram de enfrentar mais uma inundação quando foi içado o sinal 8. Este episódio que acontece todos os anos em que acontecem tufões deveria envergonhar o Governo. E por vários motivos. É público que há anos foi apresentado um projecto para resolver as inundações na zona e que foi depois colocado na gaveta e eternamente adiado. É público que Lau Si Io, Secretário para as Obras Públicas, quer resolver o problema, mas até agora ninguém sabe como é que vamos chegar lá.A zona do Porto Interior é bela: tem a degradação dos cais, do porto, dos barcos atracados e o seu cheiro a peixe, dos armazéns vazios que podiam transformar-se em bares e ateliers. Tem lojas tradicionais que quase não existem, tem idosos reformados, tem ruas estreitas com calçada portuguesa. O Porto Interior são pedaços da Macau que, daqui a poucos anos, apenas ficará na memória dos mais velhos. Portanto, não deixem morrer o Porto Interior e criem lá um qualquer plano milagroso para travar as inundações repetidas.

No tempo em que Nicole Kidman e Tom Cruise ainda eram um dos casais sensação de Hollywood, o mestre do suspense Stanley Kubrick fez este filme sobre um médico bem casado que, de repente, resolve embarcar numa estranha aventura depois de uma ida a um bar. Bill Harford, envergando uma máscara, acaba por envolver-se num mundo carregado de sexo e erotismo, numa experiência que mudará a sua vida. - Andreia Sofia Silva

DE OLHOS BEM FECHADOS(DE STANLEY KUBRICK, 1999)

H O J E H Á F I L M E

Sê verdadeiro com os outros, já que não o consegues ser contigo.

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hoje macau quinta-feira 18.9.2014

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Cecília Lin; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

19OPINIÃO

O manifesto, os folhetos e etceteraO Estado proíbe ao indivíduo a prática de actos ilícitos não porque deseje aboli-los, mas sim porque quer monopolizá-los.

Sigmund Freud

I MAGINEM este cenário: quinze ou dezasseis agentes da autori-dade formam uma barreira para impedir a passagem a mais de mil manifestantes, e para esta suposição pouco importa se a manifestação é ou não autorizada, se seria inicialmente pacífica ou se houve número imprevisto de participantes. Sem canhões de

água, gás pimenta ou outros meios de que pudessem dispôr de imediato, e nem para a chegada de reforços há tempo: é preciso agir. Os manifestantes estão furiosos, fazem pressão sobre os agentes, e está-se prestes a chegar a um ponto crítico. O que decide a polícia? Numa situação normal, num país, estado, cidade normais, noutro lugar qualquer, é possível que o chefe da polícia chamasse o homem ou os homens que ali o mandaram que viessem dialogar com as pessoas, e assim tentar resolver a situação pacificamente. Em Macau acre-dito que os polícias iam ao choque, numa manobra “kamikaze”, tentando impedir o maior número possível de manifestantes de ultrapassar o cordão policial.

Se tenho esta impressão, é porque os nossos governantes fazem-me pensar que decidiriam assim – se não fossem outros a fazê-lo por eles, como tantas vezes dá a sensação que acontece – a ordem seria “antes quebrar que torcer”. Quando por vezes satirizo a prof. Agnes Lam, da UMAC, que persiste “ad nauseum” no discurso de que “o governo precisa criar canais de comunicação com a população”, não estou a sugerir que ela está errada, mas apenas que é redundante que venha a público dizer o que toda a gente sabe, vê e sente: existe um distanciamento entre o topo e o meio da pirâmide, enquanto o fundo se vai aproximando cada vez mais do meio – ou o meio do fundo, dependen-do do optimismo de cada um, da velha dialéctica do “copo meio cheio ou copo meio vazio”.

As elites acomodam-se, criando em seu redor uma redoma de silêncio, onde para chegar se passa por um intricando labirinto habitado por emissários seus, que apaziguam os que ali andam perdidos garantindo que “fazem chegar a sua voz” ao topo, algo que já deu para perceber que não passa de nada mais que “paninhos quentes”. As elites governam, ou pelo menos deviam governar, e ao contrário de

bairro do or ienteLEOCARDO

uma ditadura ou “autocracia” se preferem esse eufemismo, não actuam. Podiam actuar mal, ou resolver mal, que sempre é melhor que não actuar de todo ou não resolver nada, passam a imagem da indi-ferença, que os leva a tratar apenas do que lhes interessa a si e aos seus próximos, tentando ao mesmo tempo convencer todo o resto de que a governação é uma tarefa “complicada”, e que fazer política em Macau é como atravessar um campo minado, e o melhor é deixá-los tratar dessa questão tão “sensível”, e quanto menos falarmos, duvidarmos ou questionarmos, melhor para todos.

E com isto desencoraja-se o protesto: fiquem aí quietinhos e deixem-nos tomar conta do essencial, e não se atrevam a certas “espertezas” que possam baixar drasticamente o vosso índice de empre-gabilidade. Quem se organiza contra a inércia para obter as respostas que muitos procuram – os activistas, as associações não alinhadas com o sistema ou as vozes dissonantes – são inevitavelmente “des-tabilizadores”, com uma “agenda oculta”, e se for preciso insinuar que estão “ao serviço de uma potência estrangeira”, que seja, e há sempre quem acredite. Se fosse mesmo assim, então seria por culpa destes “rebeldes” que o acesso à habitação própria é quase uma utopia, que a qualidade de vida diminui a olhos vistos, e tratar uma

simples gripe no hospital público implica ter que perder um dia inteiro, ou é ainda por culpa deles que a tão apregoada diversifi-cação económica nunca passou do papel, ou sequer das intenções, e basta a China moderar a política dos vistos individuais para que soe o alarme, e aqueles que agora investem não hesitem em desinvestir. Ma-cau é óptimo para fazer grandes negócios,

sim senhor, e para quem não é convidado para a “festa”, como é? Essa “pastilha” da “harmonia” que querem impôr é mais larga que a traqueia, e nem chega a passar pela faringe.

Pode parecer fora de contexto, mas olhemos para o caso recente dos tais “fo-lhetos pornográficos”, que subitamente passaram de um acessório mais “kitsch” dessa instalação mais vasta que é a in-dústria do jogo, a um passe-social para crimes como o lenocínio ou o tráfico de pessoas com alguma droga à mistura – os “folhetos” são agora vistos como um bi-lhete para um espectáculo de sexo, drogas e “rock’n’roll”, mas sem “rock’n’roll”. Quando fui consultar a tal lei que regula a venda, exposição e exibição de material pornográfico, na parte que constitui ilícito criminal lê-se que “é proibido afixar ou expor em montras, paredes ou em outros lugares públicos, pôr à venda ou vender, exibir, emitir ou por outra forma dar publicidade a cartazes, anúncios, avisos, programas, manuscritos...” e a este ponto juro que pensei que ia encontrar ali um “etcetera”, e qual Arquimedes que acaba de entrar na banheira de uma qualquer sauna da Casinolândia de Macau excla-mei “eureka!”, e aí estava a solução para muitas das dores de cabeça que afligem os nossos dedicados governantes, e que lhes poderia : etcetera.

Incluir esta fórmula mágica, o etcetera, em muita da legislação mais ambígua, des-de a os regulamentos municipais, passando pela lei dos dados pessoais a terminando até no Código Penal, se necessário, seria “tiro e queda”. Bastaria um etcetera, ou simplesmente etc., e determinada situa-ção incómoda para o Governo que não está legalmente prevista e portanto não é ilegal, passa a ser, bastando atirar-lhe com o etcetera em. No caso do etcetera vir a ter um efeito perverso e ser usado contra a nomenclatura, vêm os tribunais “interpretar”, que no dicionário local quer também dizer “subverter” ou “perverter”, e emite-se um despacho onde conste que “os residentes de Macau não têm direito ao etcetera”. Para os casos mais complica-dos, pode-se recorrer aos serviços de um médium, que assim invoca o “espírito da lei” e deixa de ser necessário que jovens supostamente inteligentes e com um lar-go futuro pela frente na área do Direito ou outros com um conhecimento e uma experiência vasta na matéria se prestem a certas tristes figuras. Confiar no nosso Governo é um pouco como tentar agradar a uma amante exigente: ela não nos diz que etceteras gosta – nós é que somos obrigados a saber.

As elites acomodam-se, criando em seu redor uma redoma de silêncio, onde para chegar se passa por um intricando labirinto habitado por emissários seus, que apaziguam os que ali andam perdidos garantindo que “fazem chegar a sua voz” ao topo, algo que já deu para perceber que não passa de nada mais que “paninhos quentes”

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hoje macau quinta-feira 18.9.2014

cartoon por Stephff

Coreia do Sul Americano detido por nadar para o NorteAs forças armadas sul-coreanas capturaram um norte-americano que tentava chegar, a nado, à Coreia do Norte, revelou a agência Yonhap citando uma fonte governamental. O norte-americano, de origem árabe, foi detido pela marinha cerca das 23.55 de terça-feira ao ser avistado a nadar na região de Gimpo, oeste da capital, Seul. De acordo com a agência esta foi a primeira vez que um cidadão norte-americano foi ‘apanhado’ a tentar fugir para a Coreia do Norte. Depois de ter sido detido, o homem, cuja idade está na casa dos 20 anos, explicou que tentou chegar à Coreia do Norte para se encontrar com o líder Kim Jong-un. Os Serviços Secretos da Coreia do Sul iniciaram já uma investigaçãoao caso.

Cannabis Produçãona Europa triplicaem três anosEm resultado do aperfeiçoamento genético da planta na Europa e o uso de técnicas como culturas hidropónicas, o cultivo generalizou-se a ponto de a produção ter triplicado em cinco anos, afectando 26 países europeus. De acordo com a Europol, Serviço Europeu de Polícia, foram apreendidas mais de sete milhões de plantas em 2012. Em Espanha, a produção quintuplicou e a apreensão cresceu 532% entre 2009 e 2013, de acordo com dados do Ministério do Interior. Especialistas consideram que os maiores produtores de cannabis são a Holanda e o Reino Unido, onde existe maior número de plantações. De acordo com a Europol, o mercado de cannabis «mudou radicalmente». «Hoje consome-se mais cannabis que haxixe na União Europeia. Cada vez mais, a cannabis é produzida nos mesmos países onde é vendida e consumida. Enquanto a produção aumenta, estão a aparecer sinais de que também estão a exportar para países vizinhos», afirma um relatóriodo serviço.

MARCO [email protected]

A Casa do Sport Lisboa e Benfica de Macau alcançou ontem uma importante vitória em

partida a contar para a quinta ron-da do Campeonato do Futebol de Sete de Macau e relançou-se na corrida por um lugar nas meias--finais da competição. Depois de na semana passada não ter ido além de um sofrido empate no frente-a-frente lusófono com o Sporting Clube de Macau, esta quarta-feira as águias do terri-tório deixaram claro que ainda são candidatas à segunda fase da “Bolinha”, ao golearem a exigen-te formação do Ching Fung por quatro bolas a uma.

O Benfica entrou melhor na partida, dominou durante a maior parte dos cinquenta minutos re-gulamentares, mas acabou por ser o Ching Fung a inaugurar o marcador. Recuperado de uma lesão, William Carlos Gomes regressou à frente de ataque en-carnada e dois minutos bastaram para que fizesse cerco ao último reduto adversário. Bem colocado, o remate do avançado brasileiro quase não incomodou Lai Chan Hong na baliza do Ching Fung.

William Carlo Gomes voltou a tentar a sorte menos de dois minutos depois, mas voltou a fraquejar no capítulo da eficácia. O sete de matriz chinesa só aos onze minutos conseguiu respon-der à altura, mas a resposta da linha avançada do Ching Fung dificilmente se poderia revelar

Índia Xi Jinping divulga artigona imprensa

O presidente chinês, Xi Jin-ping, divulgou ontem um

artigo em dois veículos de im-prensa da Índia, no início da sua visita de Estado ao país.

Segundo o texto, a Índia de hoje já se tornou um mer-cado emergente que chama muita atenção internacional. É a terceira economia da Ásia, além de ser o segundo maior exportador de software e de produtos agrícolas do mundo. Sendo membro da ONU, do G20 e do Brics, o país está a desempenhar um papel cada vez mais importante no cenário internacional e regional. Com a tomada de posse do novo governo, a Índia vive agora uma onda forte de reformas.

O presidente chinês aponta também no artigo que a rela-ção entre a China e a Índia alcançou progressos enormes no novo século. A China trans-formou-se no maior parceiro comercial da Índia. O comér-cio bilateral passou de US$ 3 mil milhões, em 2000, para cerca de US$ 70 mil milhões na actualidade. As duas partes realizaram parcerias estreitas em questões como as mudan-ças climáticas, a segurança alimentar e de energia.

Xi Jinping propõe ainda que os dois países ampliem a cooperação económicas, aproveitando a complemen-taridade existente. A China, quer desempenhar papéis na construção de infra-estruturas e no sector de manufactura do país vizinho. As empresas indianas, por sua vez, são bem-vindas a explorar opor-tunidades no mercado chinês de informática e de remédios, concluiu o presidente.

BOLINHA SUB-23 E MENG IAN CLUB EMPATARAM A DOIS GOLOS

Benfica goleia e sonhamais constrangedora para os comandados de Bruno Álvares. Sem grandes argumentos ofen-sivos, o adversário do Benfica marcou na primeira ocasião em que visitou a baliza de Rui Nibra, com So Sheung Kwai a bater o guarda-redes encarnado com um remate rasteiro.

A partir do golo, o Benfica deu o tudo por tudo para obliterar a desvantagem e corrigir o prejuí-zo. Dos pés de Marquinhos sai um primeiro aviso à navegação, mas o golo do empate só acaba por surgir à passagem do quarto de hora, com William Carlos Gomes a empurrar para o fundo das redes de Lai Chan Hong após uma boa jogada individual de Vinício Morais Alves.

SEM MARGEM PARA DÚVIDASO sete orientado por Bruno Ál-vares permaneceu no comando das operações até ao intervalo, mas só na etapa complementar conseguiu construir um triunfo por margem inequívoca. No pri-meiro minuto do segundo tempo, Nicholas Torrão quase colocou o Benfica na frente do marcador, ao rematar com força à barra da baliza do Ching Fung.

A formação de matriz chinesa respondeu cinco minutos depois, com Zhang Jun, dianteiro da República Popular da China, a isolar-se e a rematar ao lado da baliza à guarda de Rui Nibra. A oportunidade do avançado chinês foi a última do Ching Fung no encontro. Aos 35 minutos, os pupilos de Bruno Álvares con-seguiram por fim saltar para a

frente do placard, na sequência de uma grande jogada de ataque. Vinicio Morais Alves entrega para Nicholas Torrão que abre, por sua vez, para o golo fácil de Fabrício Lima.

O jogador brasileiro assinou aos 39 minutos uma grande joga-da individual, ao passar com um toque de classe por dois adversá-rios antes de servir Morais Alves para o terceiro tento da partida. O Benfica dominava de forma incontestada e acabou por fazer valer a superioridade aos quaren-ta e um minutos, com Fabricio Lima a encerrar a contagem na sequência de nova boa jogada da linha ofensiva das águias do território. Com o triunfo e o empate entre Lai Chi e Sporting, o Benfica volta a posicionar-se entre as formações de topo e mantém em aberto a possibilidade de poder vir a lutar por um lugar nas meias-finais do Campeonato de Futebol de Sete.

EMPATE COM GOLOSNo outro desafio ontem disputa-do, a Selecção de Sub-23 empatou a duas bolas com o Meng Ian Club. O nigeriano Christopher Nwarou inaugurou o marcador logo aos dois minutos e Kuong Ka Weng repôs a igualdade cinco minutos depois, antes de Ho Ka Seng colocar o sete da Associação de Futebol de Macau em vanta-gem. A Selecção de Sub-23 esteve a vencer até ao último minuto da partida, altura em que Christo-pher Nwarou repôs a igualdade no marcador, na cobrança exímia de uma grande penalidade.