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PUB HOJE MACAU AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 QUARTA-FEIRA 17 DE SETEMBRO DE 2014 ANO XIV Nº 3176 ‘‘ PUB hojemacau KALMAEGI SEMEIA CAOS EM MACAU O tufão Kalmaegi paralisou a RAEM durante cerca de 12 horas. Apesar de não ter causado incidentes graves, a confusão instalou-se em vários pontos da cidade, com os taxistas a ajudar à “festa”. Cinco feridos ligeiros e 86 incidentes é o saldo final da atribulada passagem do tufão. EVENTOS CENTRAIS ENTREVISTA PÁGINAS 2-3 A CRIAÇÃO arrojada de Angelin Preljo- caj apresenta uma Branca de Neve sensual a dançar ao som de Mahler e vestida por Jean-Paul Gaultier. A recriação do conto dos irmãos Grimm sobe ao palco este fim-de-semana. Dança no CCM Uma Branca muito sexy O GOVERNO AINDA NÃO PERCEBEU O PODER DA LÍNGUA PORTUGUESA O VENTO SOPROU DOIDO TERESA VONG SOCIÓLOGA ANÁLISE SEGURANÇA E DEPOIS DO ADEUS? PÁGINAS 4-5 PÁGINA 7

Hoje Macau 17 SET 2014 #3176

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Hoje Macau N.º3176 de 17 de Setembro de 2014

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HOJE

MAC

AUAGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 Q UA R TA - F E I R A 1 7 D E S E T E M B R O D E 2 0 1 4 • A N O X I V • N º 3 1 7 6

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HOMOSSEXUAIS PORTUGUESES PODEM CASAR EM MACAU

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hojemacauKALMAEGI SEMEIA CAOS EM MACAU

O tufão Kalmaegi paralisou a RAEM durante cerca de 12 horas.Apesar de não ter causado incidentes graves, a confusão instalou-se em vários

pontos da cidade, com os taxistas a ajudar à “festa”. Cinco feridos ligeirose 86 incidentes é o saldo final da atribulada passagem do tufão.

EVENTOS CENTRAIS

ENTREVISTA PÁGINAS 2-3

A CRIAÇÃO arrojada de Angelin Preljo-caj apresenta uma Branca de Neve sensual a dançar ao som de Mahler e vestida por Jean-Paul Gaultier. A recriação do conto dos irmãos Grimm sobe ao palco este fim-de-semana.

Dança no CCMUma Branca muito sexy

O GOVERNO AINDANÃO PERCEBEU O PODERDA LÍNGUA PORTUGUESA

O VENTOSOPROU DOIDO

TERESA VONG SOCIÓLOGA

ANÁLISE SEGURANÇA

E DEPOISDO ADEUS?

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hoje macau quarta-feira 17.9.20142 ENTREVISTA

FIL IPA ARAÚ[email protected]

Como vê o futuro relativamente à reforma que o Governo pensa em fazer no ensino não superior, particularmente no que diz res-peito às escolas privadas?Não tenho dúvidas que o Regula-mento das Escolas Privadas retira autonomia às instituições de ensino que até agora tinham liberdade de “movimento”, e por essa razão, não posso estar de acordo. Repare, se estrangularmos a autonomia das escolas privadas vamos estar a cor-tar as opções da escola, refiro-me, ao curriculum, aos professores, a todo o universo escolar, porque todas as escolas terão o mesmo padrão, irão seguir as mesmas re-gras. Os métodos de ensino serão os mesmos, as opções curriculares também. Na minha visão, acho que as escolas não sentem essa perda de autonomia, mas ela existe efectivamente.

Ao falarmos das opções curricu-lares, salta-nos ao pensamento a disciplina, muito contestada em Hong Kong, Educação Patrióti-ca. Concordou com esta opção?Manifestei várias vezes a minha opinião sobre este assunto, é preciso ter muito atenção a esta disciplina. Como sabemos, é uma disciplina muito focada no siste-ma da China. Em Hong Kong de facto foi um assunto muito mais polémico do que em Macau. Aqui parece-me que nem sequer houve espaço para a população discutir, e por isso tudo foi aceite. Mas este é de facto um assunto que merece a nossa análise. Repare, em 2006 foi introduzida a Religião e Moral, que funcionava como educação civil, basicamente, o mesmo que a educação patriótica, em que os manuais escolares eram oferecidos à comunidade estudantil, nem sequer se tinham que pagar, veja só. Estes manuais são escritos por uma equipa de Pequim, sem sequer haver diferença entre as regiões administrativas especiais, logo seguem as linhas do Governo Central, sem sequer apresentar os

TERESA VONG SOCIÓLOGA E ACADÉMICA DA UNIVERSIDADE DE MACAU

“O Governo tem de ter uma mente aberta”

valores da democracia. Nada. Isto não me parece certo.

Diz que criticou esta medida, tal como aconteceu com a taxa fixa de reprovações por turma, avançada pela Direcção dos Ser-viços de Educação e Juventude (DSEJ)?Sim, também mostrei na imprensa, várias vezes, o meu desagrado para com essa medida. Esta medida só serve para o Governo “limpar o ros-to” perante uma realidade: Macau tem uma taxa de chumbos muito elevado. Então o que é que o Go-verno decide fazer? Não chumbar os alunos até ao ano final. Errado. Isto é completamente injusto para os bons alunos, aqueles que se esforçaram. Então tenho um aluno que não estudou, não aprendeu e vamos passá-lo até ao ano final? O que é que vai acontecer, vai chumbar mais tarde, mas até lá o Governo já conseguiu diminuir a taxa. O Executivo só está a olhar para as estatísticas.

E como alternativa...Como alternativa, defendo que o Governo deve abrir a mente e pensar em novas medidas. Acções que permitam acompanhar os alunos com maiores dificuldades e ajudá-los naquilo que eles não conseguem aprender tão facilmen-

Defensora de uma aposta forte do Governo na língua portuguesa, Teresa Vong, professora de sociologia na Universidade de Macau, acredita que os académicos devem assumir mais responsabilidades como agentes activos na sociedade

“As pessoas de Macau e o próprio Governo devem parar de olhar para o português, como uma língua colonial, ou política ou até económica e perceber que é este detalhe que nos pode tornar diferentes de todos os outros locais da Ásia”

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3 entrevistahoje macau quarta-feira 17.9.2014

te quanto os outros. Nós temos que andar com os dois pés, passo a passo, para conseguirmos chegar à nossa meta. É preciso criar su-portes, e investir algum dinheiro para ajudar estes alunos.

Como por exemplo aulas extra--curriculares, aulas de apoio?Sim, exactamente. Acompanhar os alunos, ajudá-los. Por exemplo, nas escolas portuguesas, no ensi-no secundário, um aluno quando chumba a uma disciplina pode até passar de ano mas fica com aquela matéria para trás. Essa é uma boa alternativa também, não fazer com o que aluno perca o ano todo. Mas sim, as aulas de apoio, de acompa-nhamento, são uma boa alternativa. Com esta medida das taxas fixas de chumbo o Governo só está a ganhar tempo e não a melhorar.

E o que pensa do ensino da língua portuguesa do básico ao secundário,?Acho que o Governo ainda não percebeu o poder e a vantagem que a língua portuguesa pode ter para o desenvolvimento de Macau, das suas pessoas e, claro, da sua posição perante os outros países. A língua portuguesa deveria ser uma das ca-racterísticas mais fortes de território, e considero que só há poucos anos é que o Governo tem feito qualquer coisa nesse sentido. Depois da tran-sição, o Executivo “esqueceu-se” do português, comportamento que tem vindo a alterar-se com o passar dos anos. Mas não é de estranhar que haja mais alunos de Pequim interessados em aprender o português do que os próprios locais?

Introduzir a disciplina no plano curricular das escolas, funcio-naria?Acredito que essa medida poderia ser recebida com bastante resis-tência, tem de se perceber que as pessoas não estão habituadas ao português, não há a tradição do idioma. Defendo que o Governo deve encorajar as escolas, todas elas, a criar condições para se en-sinar português. Clubes de língua portuguesa, por exemplo, aulas extra-curriculares, e quem sabe os alunos começassem a ter mais interesse. Acredite que há muitas escolas com capacidade para criar as condições necessárias ao ensino desta língua. Os alunos não sabem as mais valias que o português lhe pode trazer, tanto a nível de carreira como a nível pessoal...

A própria Teresa fala português fluentemente...(risos) Sim, desde 2007. Decidi aprender a língua portuguesa e durante dois meses tive aulas inten-sivas, depois passei dez meses em Portugal, estive na Faculdade de Le-tras de Coimbra, e aí aprendi muito mais. O confronto com a língua foi muito importante para aprender. E vocês falam mesmo muito rápido.

(risos) Confesso que sinto muito orgulho quando as minhas colegas do departamento de Português vêm ao meu encontro com textos, ou alguma dúvida, assim como quando viajo pela Europa. Sabe, uma vez em viagem fui para Espanha e, devido às aulas de português, consegui perceber o espanhol. O mesmo aconteceu com o italiano e algumas palavras em francês. É por isso que defendo que

as pessoas de Macau e o próprio Governo devem parar de olhar para o português, como uma língua co-lonial, ou política ou até económica e perceber que é este detalhe que nos pode tornar diferentes de todos os outros locais da Ásia, sendo também uma vantagem pessoal, para cada um de nós.

O mesmo não acontece com o inglês. Muito se critica o facto das instituições de ensino superior não prepararem os alunos. Repare, a nível do inglês não podemos lutar contra Hong Kong ou Singapura, mas no português, ninguém na Ásia tem tanta capa-cidade como nós. Daí eu dizer que esta deverá ser uma forte aposta do Governo. Quanto ao ensino do inglês, acho que é necessário olhar para a realidade e perceber que a língua inglesa é uma ferramenta quase obrigatória. A Universidade de Macau, tendo um papel inter-nacional, o uso da língua inglesa torna-se obrigatório. Sei que a Universidade de São José está a realizar um bom trabalho nesse aspecto, dando as suas aulas todas

NÚMEROS VERSUS LETRASA socióloga não nega: há uma maior procura nas áreas de Gestão Hoteleira e Jogo, deixando um pouco para trás os cursos humanísticos. “Pensar que se tira um curso, uma formação para ter um trabalho específico é um erro. Se eu tiro Filosofia o que é que eu vou ser? Filósofo? Também, mas não sou. Posso ser professor, investigador, consultor, tantas coisas. Olhe o meu caso, sou professora, mas a minha formação também me permite ser uma excelente vendedora, ou uma óptima técnica administrativa. Os alunos estão muito focados numa realidade que não existe. Mais uma vez o Governo deve abrir a mente e promover aos alunos a ideia de que o primeiro curso não define aquilo que vamos fazer no futuro, mas dá-nos base para sermos o que quisermos. Por isso é que eu acho, sinceramente, que alguns alunos não escolhem certas áreas, como o exemplo da Filosofia porque acham que não há um trabalho específico no final dos estudos. É errado pensar que só há um caminho”.

É PRECISO SABER OUVIRSem entrar em grandes comentários no que respeita aos casos dos docentes Bill Chou e Eric Sautedé, a académica não acredita que os episódios tenham trazido alguma espécie de receio aos outros professores. Mas aproveita o momento para mostrar a sua opinião relativamente à função dos académicos. “Só posso dizer que os académicos devem sentir-se como intelectuais, e para se perceber isto é preciso saber a distinção. Um académico é alguém com formação mas que não se envolve directamente com a sua comunidade, ao contrário do intelectual que tem um papel muito activo. Por isso mesmo, sugiro que os académicos assumam mais responsabilidade como intelectuais, em particular, na defesa dos que menos voz possuem”, defende. Relativamente à postura do Governo, a socióloga acredita que “mais uma vez o Executivo deve ter a mente aberta” que lhe permita saber ouvir, porque, segundo a própria, “onde há crítica há desenvolvimento”.

em inglês. E essa aposta é mesmo importante. As instituições devem preparar os seus alunos neste ponto. Um dos meios que podem usar é o teste de diagnóstico. No início do curso os alunos fazem um exame de inglês para perceber a que nível correspondem e depois são dividi-dos consoante a sua capacidade. Esse método já foi utilizado e é um bom meio pois permite aos alunos ter um contacto directo com o in-glês do seu nível, e claro, aprender.

O ensino não superior poderá ter também um papel importante nesse aspecto. Considera que a transição do ensino secundário para o superior é um caso de sucesso? Essa é uma excelente questão, que tem vindo a ser muito discu-tida. Ainda em Agosto estive em Portugal, em Braga, durante uma semana numa conferência onde o tema principal foi a transição. É preciso, mais uma vez, criar con-dições que melhorem o processo. O Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES) organiza alguns seminários onde é explicado aos alunos do secundário como funcio-

nam o ensino superior, mas no meu ponto de vista isso não é suficiente. Vou contar-lhe um episódio. Uma vez um dirigente de uma escola secundária enviou-me um email a mostrar a sua preocupação em relação a este tema, e onde me pedia alguma sugestão para que os alunos dele não sentissem de forma negativa a transição. Decidi então propor-lhe que os seus alunos viessem assistir a uma das minhas aulas. Não daquelas aulas prepa-radas para os alunos do ensino secundário, uma aula normal do programa da Sociologia. Foi o que aconteceu. Abri as portas a duas das minhas aulas aos alunos e acredita que no ano seguinte, salvo erro, cinco ou seis alunos inscreveram--se neste departamento?! É preciso que os alunos tenham este contacto, e por isso a UM tem esta opção que acho que é muito boa. Deve realmente existir uma ligação entre o ensino não superior e o superior, para facilitar a transição dos alunos.

Muitas vezes essa transição nem chega a acontecer, porque os alu-nos são seduzidos pelos salários e facilidade de arranjar trabalho, principalmente nos casinos. Como analisa esta situação?Sabe é preciso estar muito atento a esta questão, a sociedade de prestar atenção a isto. Não tenho os dados comigo, mas acredito que cada vez há mais alunos inscritos, também no ensino nocturno. Portanto isto mostra que os jovens estão mais atentos ao futuro, percebem que uma economia não pode estar em constante crescimento e que futuramente os estudos lhes vão ser úteis. Ou seja isto é positivo. Agora é preciso perceber se de facto o ensino nocturno é tão exigente como o diurno. Um dia destes conversei com uma aluna que trabalha num hotel durante o dia e estuda à noite. Perguntei-lhe se era difícil e ela confessou que não, porque o curso não exigia muito dela. Bem, mas não posso generalizar. Mas de facto é im-portante perceber se há qualidade neste ensino. Outro ponto forte é que mais vale isto do que nada. (risos) O que quero dizer é que me agrada que os jovens, apesar de preferirem o dinheiro, estão cada vez mais interessados na sua formação. Estão mais espertos.

“Macau tem uma taxa de chumbos muito elevado. Então o que é que o Governo decide fazer? Não chumbar os alunos até ao ano final. Errado. Isto é completamente injusto para os bons alunos”

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hoje macau quarta-feira 17.9.20144 POLÍTICAANÁLISE SEGURANÇA

FLORA [email protected]

É hora. É hora de Che- ong Kuok Vá, Secre-tário para a Seguran-ça, deixar o cargo.

Quem o diz são especialistas ouvidos pelo HM, que consi-deram que 15 anos – Cheong Kuok Vá tem a cargo a pasta da Segurança há mais de uma década – é muito tempo.

“Este Secretário não é um líder ‘certificado’ no âmbito da Segurança. Acho que já chegou a altura em que é preciso introduzir pessoas novas para substituí--lo”, frisa Bruce Kwong, professor do Departamento de Administração Pública da Universidade de Macau (UM). Questionado sobre o trabalho de Cheong Kuok Vá, o académico defende que esta pasta não foi bem trabalhada, especialmente no que diz respeito à a se-gurança do território.

“A eficiência da PSP pio-rou e os crimes aumentaram, enquanto que as regiões vizi-nhas de Hong Kong, Taiwan e Japão viram os seus crimes diminuir”, considera Bruce Kwong.

Recorde-se que, em 2013, ocorreram em Macau um total de 13.685 crimes, um aumento de 7,9% face ao ano de 2012. Só os casos de tráfico e venda de droga registaram um crescimento de 80,5%. O Secretário para a Segurança justificava este aumento com “a vinda de mais turistas” e com mais trabalho policial.

Para Bruce Kwong, con-tudo, a falha foi do próprio

A maioria concorda: Cheong Kuok Vá deve sair do cargo, porque 15 anos é muito tempo. O Secretário para a Segurança até fez algumas coisas bem, mas os especialistas não têm dúvidas: faltou-lhe capacidade de liderança e houve muitos exageros na forma como a segurança foi imposta

Na hora da despedida

“O Governo deve rever a Lei de Proibição do Consumo e Tráficode droga, senão a situação vaitornar-se cada vez pior”LOI MAN KEONG Secretário geral do Centro da Políticada Sabedoria Colectiva

Cheong Kuok Vá. “Sendo Secretário, deve ter uma capacidade de previsão para evitar que haja mais crimes, mas ele não conseguiu fazer isso. Acho que está na hora de saída do Secretário, de forma a que outra pessoa possa tentar trazer mudan-ças.”

ANSIEDADE DESNECESSÁRIANa opinião de Paul Chan Wai Chi, ex-deputado da Assem-bleia Legislativa, Cheong Kuok Vá tem razão quando diz que os turistas causam mais pressão na segurança de Macau. Chan Wai Chi considera que, de forma

geral, os trabalhos feitos na pasta da Segurança são acei-táveis, ainda que haja algo que deixe o ex-deputado apreensivo: a vigilância é demasiado alta quando cá vêm líderes da China e quando há manifestações.

“Quando vêm cá gover-nantes da China há muita inconveniência para os re-sidentes, comparando com a altura da administração portuguesa. O ambiente é muito diferente. O tra-tamento dado agora face a eventuais perigos causa conflitos desnecessários”, aponta Paul Chan Wai Chi, acrescentando que o Exe-

cutivo não precisa de se mostrar tão “ansioso” com estas actividades.

Bruce Kwong concorda. O académico junta-se a Paul Chan Wai Chi, quando este diz que a Segurança é exage-rada aquando das visitas de personalidades de Pequim. E frisa: “quando há a visita de líderes da China, para evitar que haja protestos, bloqueiam-se as ruas em que os líderes passam. Isto é exagerado e incomoda a população. Não traz mais nada do que a antipatia dos residentes perante estas vi-sitas. O que as autoridades da Segurança caracterizam por essa medida ‘pacífica’ é, no fundo, falta de coragem.”

O académico frisa ainda ao HM que também o tra-tamento dado às manifesta-ções é demasiado rigoroso. “As manifestações come-çam a tornar-se uma ‘cultura’ de Macau. Com o surgimen-to desta cultura, o tratamento e a execução das autoridades são rigorosas demais”, frisa Bruce Kwong. “Quando há pessoas que criticam os cargos principais, podemos ver que são excluídos ou presos, acontecendo cenas violentas” disse, acrescen-tando que, apesar disso, a polícia mantém a ordem nas manifestações.

UMA QUESTÃO DE CRITÉRIOOpinião diferente dos outros tem Loi Man Keong, que não considera, de todo, as medidas rigorosas. “Todo o mundo tem essas medi-das”, começa por dizer o secretário geral do Centro da Política da Sabedoria Colectiva ao HM. “É um critério, não podemos dizer que é demasiada rigoroso, porque as ruas de Macau são estreitas, o espaço é peque-no e, portanto, [as visitas] trazem impactos para os residentes, acho que temos de ser tolerantes”, referiu, acrescentando que “não vê grandes conflitos entre

polícias e manifestantes em Macau, comparado com Hong Kong”.

Loi Man Keong junta-se a Bruce Kwong apenas no que diz respeito a um outro aspecto: é verdade que, em Macau, o tráfico de droga tem aumentado e isso deve ser melhorado. O secretário geral acha que as penas por tráfico de droga são meno-res do que noutras cidades da Ásia, fazendo com que Macau se torne um lugar passagem de droga. “O Governo deve rever a Lei

de Proibição do Consumo e Tráfico de droga, senão a situação vai tornar-se cada vez pior”, diz.

15 ANOS É MUITO TEMPO Bruce Kwong admite que nem tudo é mau. Ao HM, o académico defende que, apesar de tudo, o desem-penho do Secretário para a Segurança melhorou, comparativamente ao pri-meiro Governo da RAEM. “Na época de Edmund Ho, Cheong Kuok Vá foi critica-do por ser ‘desqualificado’

DÉCADAS QUE TRAZEM SABEDORIANenhum dos contactados pelo HM quis falar do eventual sucessor de Cheong Kuok Vá, sendo que, conforme publicado por este jornal, fontes próximas do Governo não avançam também com nomes – ou sequer com a eventualidade de substituição. Seja como for, para Loi Man Keong, secretário geral do Centro de Política de Sabedoria Colectiva não há dúvidas: 15 anos pode não ser, afinal, muito tempo. “Temos de ver se há uma pessoa para assumir o mandato do Secretário para a Segurança, assim como se essa pessoa tem capacidade e responsabilidade suficientes [para isso]. Não acho que se deve mudar por mudar, porque um Secretário não é um cargo comum. ‘Muitos anos de trabalho’ não deve ser a razão para a mudança da pasta.”

“Este Secretário não é um líder ‘certificado’ no âmbito da Segurança. Acho que já chegou a altura em queé preciso introduzir pessoas novaspara substituí-lo”BRUCE KWONG Professor do Departamentode Administração Pública da UM

“Nestes 15 anos do mandatode Cheong Kuok Vá, ele mostrouter o seu próprio estilo, mas faltou-lhe capacidade de liderança”PAUL CHAN WAI CHI Ex-deputado

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Combate ao crimeSucessos e insucessos

PENSAMENTO ESTAGNADOSong Pek Kei, actual deputada e número três de Chan Meng Kam, também considera que há falta de capacidade de execução na pasta da Segurança. A deputada considera que 15 anos de mandato já é suficiente para a população e que até nem é bom se Cheong Kuok Vá trabalhe ainda mais tempo. “Se um líder de uma pasta trabalhar tantos anos, não há grandes mudanças no pensamento da equipa. Acho que é melhor haver uma mudança, senão os residentes perdem a confiança.”

para um cargo tão alto, até porque tinha problemas em falar. Nos últimos anos, a capacidade de reacção e de resposta do Secretário já me-lhorou e este sabe preparar informações para responder de forma rápida e correcta às questões de deputados na Assembleia Legislativa”, frisa Kwong.

Seja como for, a opinião é quase unânime: Cheong Kuok Vá tem de ser substi-

tuído. A opinião é partilhada por Paul Chan Wai Chi.

“Nestes 15 anos do man-dato de Cheong Kuok Vá, ele mostrou ter o seu próprio estilo, mas faltou-lhe capa-cidade de liderança. Espero que venha agora o novo Secretário para a Segurança e que este leve todo o pessoal a um maior desenvolvimen-to sustentável, dando mais dinâmica [à tutela]”, frisa o ex-deputado.

LOI Man Keong, secre-tário geral do Centro

de Política de Sabedoria Colectiva, pode parecer um dos mais optimistas com o sucesso de Cheong Kuok Vá na liderança da pasta da Segurança (ver texto 1), mas Loi não deixa de apontar que há crimes que ainda continuam a existir por estas bandas. “Temos de dar mais atenção aos crimes financeiros, porque temos tantos casinos em Macau e os crimes de bran-queamento de capitais estão escondidos.”

No entanto, para o se-cretário geral e comentador frequente dos jornais chine-ses, Macau até teve sucesso no combate aos crimes informáticos. “Acho que as investigações desses crimes foram bem sucedidas, como por exemplo o roubo de da-dos. Comparado com outras regiões, vale a pena elogiar o sucesso.”

Para a deputada Song Pek Kei, é necessário ajustar a estrutura interna da Segu-

rança. “Há grandes pressões no pessoal da linha da frente, porque há falta de mão-de--obra, o que influencia a estabilidade da segurança de Macau. Faltam meios, especialmente para com-bater os imigrantes ilegais e a distribuição de folhetos pornográficos. Há poucos polícias a vigiar as ruas e há também situações de fuga de responsabilidade”, sublinha a deputada ao HM.

Também para Bruce Kwong, professor da UM, a situação de entradas ilegais em Macau não melhorou muito depois da transferência de soberania. “Por exemplo, actualmen-te temos o problema das pousadas ilegais, onde vi-vem muitos trabalhadores ilegais e onde trabalham prostitutas. Ainda é um problema muito óbvio no território e, no mandato de Cheong Kuok Vá, o com-bate a essa ilegalidade não foi muito aperfeiçoado. A eficiência até ao momento não foi evidente.” - F.F.

CECÍLIA L [email protected]

N UMA entrevista ao jornal Ou Mun, o vice-presidente da Assembleia Legislativa (AL),

Lam Heong Sang, garantiu que o nú-mero de interpelações entregues pelos deputados ao Governo na última sessão legislativa não basta para melhorar o trabalho do Executivo. No total, a AL recebeu 91 interpelações orais - apre-sentadas no âmbito dos plenários - e 591 interpelações escritas.

“É preciso um mecanismo de res-ponsabilização”, defendeu Lam Heong Sang, que disse ainda que os dirigentes não dão atenção às interpelações, porque essa responsabilização não existe. “As interpelações dos deputados represen-tam um aviso simpático que é feito aos dirigentes, e não podem dar apenas uma resposta oficial. Pelo contrário, têm de fazer as coisas na prática”, disse o de-putado ao jornal Ou Mun, que lembrou, no entanto, que “é preciso uma mudança na qualidade das interpelações”.

MUDANÇAS COMPETITIVASLam Heong Sang disse ainda que o hemiciclo está a mudar e que a

LAM HEONG SANG DIRIGENTES NÃO DÃO ATENÇÃO ÀS INTERPELAÇÕES

Um “aviso simpático” ao GovernoO vice-presidente da Assembleia Legislativa pede maior qualidadedas interpelações e uma maior supervisão do Governo

“competição de interesses está cada vez mais forte”. Em relação às três comissões de acompanhamento, o vice-presidente considerou que “fi-nalmente estão a funcionar e atingem o objectivo de regular e supervisionar a execução da lei”. Contudo, ainda há trabalho para fazer.

“Os deputados esperam poder dar opiniões e fazer uma verdadeira supervisão ao Governo, dando su-

gestões para uma melhor execução das políticas. Mas muitas vezes os dirigentes não conseguem responder às dúvidas dos deputados”, disse Lam Heong Sang.

Para o número dois de Ho Iat Seng, a AL “está a mudar” e todos os de-putados querem avançar no trabalho, mas é necessária maior qualidade. Os deputados, segundo o vice-presidente, não podem “perder face” quando criticam um assunto, nem “poupar a face” aos dirigentes.

Na relação entre a AL e a socie-dade, Lam Heong Sang acredita que os cidadãos prestam maior atenção ao trabalho do hemiciclo, que, na sua opinião, deve supervisionar ainda mais o Governo. O vice-presidente deu mesmo o exemplo da discus-são do orçamento da RAEM, em que cerca de dez departamentos públicos foram chamados a prestar esclarecimentos.

“Esta situação nunca aconteceu antes. Os deputados, para além da pressão dos media e das suas asso-ciações, também têm a pressão dos cidadãos. É algo bom para os depu-tados poderem fazer mais trabalhos de qualidade”, defendeu.

682total de interpelações

recebidas pelo Governo na

última sessão legislativa

91interpelações orais

591interpelações escritas

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CECÍLIA L [email protected]

É já amanhã que chega ao fim o período de consulta pública sobre a revisão da Lei de Habitação Econó-

mica. Segundo o jornal Ou Mun, o Instituto da Habitação (IH) recebeu cerca de 150 sugestões e opiniões, tendo existido quem tenha pedido o fim de requisitos para a segunda geração de famílias já com casas do Governo atribuídas. A vice--presidente do IH, Kuoc Vai Han, disse que o Governo poderá vir a considerar essa hipótese.

Outras das opiniões apresen-tadas prende-se com o pedido de uma “candidatura secundária” para a segunda geração de famílias que já beneficia de casas económicas e que, por isso, sofre restrições no processo de candidatura.

Kuok Vai Han prometeu que as opiniões “vão ser analisadas” e que poderão ser tidos em conta requisitos como a idade do candi-dato ou o ano em que a habitação foi obtida.

Na última sessão pública sobre a revisão do diploma, um residente questionou as situações dos que moram em Zhuhai mas que trabalham em Macau. O IH garantiu que essas pessoas são consideradas como residentes que moram permanentemente em Macau, mas, como já possuem casa, não se podem candidatar a uma habitação económica.

A PAIRARÀ semelhança do que já tinha sido sugerido pelo próprio director dos Serviços para os Assuntos de Justiça (DSAJ), André Cheong, foi deixado no ar a sugestão de que exista mais um tipo de habitação, para além da social e económica. Kuoc Vai Han disse que as casas públicas devem servir as necessidades dos jovens,

Chui Sai On gastou 0,3% do orçamentona campanha eleitoralDe um total de 5,769 milhões de patacas de que dispunha para a campanha eleitoral deste ano, Chui Sai On, único candidato ao cargo de Chefe do Executivo gastou apenas 4,923 mil patacas, o que perfaz apenas 0,3% do orçamento determinado em despacho no Boletim Oficial. Segundo dados ontem divulgados pela sede de candidatura de Chui Sai On, a grande parte do bolo, 3,462 mil patacas, foi gasto em publicidade e propaganda. Outras 355,654 mil patacas foram gastas em despesas com recintos e produção, 333,800 mil patacas em trabalhos de impressão e 220,059 mil patacas em trabalhos de tradução e redacção. Já em 2009 Chui Sai On tinha gasto apenas 1,7 milhões de patacas na sua campanha, sendo que o orçamento era de nove milhões de patacas.

Obras Zheng Anting alerta para poluiçãoO deputado Zheng Anting fez ontem uma interpelação escrita onde pede ao Governo que tome atenção à saúde de quem mora nos bairros antigos. Segundo o deputado, a falta de higiene é uma realidade. Zheng diz que, ele próprio, já foi aos restaurantes, mas com o pó das obras na rua, a situação de saúde é “preocupante” nos bairros antigos. “Acho que não só os restaurantes ou lojas de bebidas é que têm este problema, as autoridades já repararam nas obras que estão a causar poluição nos alimentos vendidos nas lojas? Será que vai haver uma medida para combater este impacto na saúde?”

Poluição Recolhidas 332 opiniões pela DSPAForam 332 as opiniões recolhidas pela Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), durante 60 dias, sobre a “Proposta de Elaboração das Normas que Regulam os Níveis de Emissão das Principais Fontes Fixas de Poluição do Ar e Melhoria do Regime de Fiscalização em Macau”. Das opiniões, 22,3% dizem respeito aos níveis de emissão da poluição do ar, 15,7% ao fornecimento de combustíveis com baixo nível de enxofre e à implementação de medidas complementares e 13,6% às sanções, segundo informa a DSPA numa nota à imprensa. O relatório de consulta de opinião, até à hora de fecho da edição, não estava disponível na língua portuguesa.

sugestões e opiniões recebidas pelo IH durante a consulta

pública sobre a revisão da Lei de Habitação Económica

A criação de um outro género de habitação, para além da social e económica, direccionada para os mais jovens, continua a ser equacionada

GOVERNO PODE CRIAR OUTRO TIPO DE HABITAÇÃO PÚBLICA

Uma porta entreaberta

que não podem suportar os custos de um empréstimo no início da carreira. Por isso, a vice-presidente do IH disse esperar poder ser criado um terceiro tipo de casa pública para os jovens.

Sio Chio Wai, deputado no-meado no hemiciclo, concordou, defendendo que se pode estudar a criação de uma casa social só para os jovens, com um período inicial de pagamento de renda baixa ao

Governo. O também empresário concorda que só quando os jo-vens tenham poupanças no banco possam começar a comprar casas. Contudo, Dominic Sio lembrou que o Governo tem de estabilizar os preços da habitação pública, caso contrário, defende, as casas sociais para jovens não terão qual-quer efeito. 150

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CONSEQUÊNCIAS DO KALMAEGI

7SOCIEDADEhoje macau quarta-feira 17.9.2014

CECÍLIA L IN cecí[email protected]

O tufão Kalmaegi chegou a Macau e trouxe consigo chuvas e rajadas de ventos superiores a 130 quilóme-tros por hora, que fizeram acontecer

diversos acidentes ao longo da madrugada. Os preços altos para apanhar táxi voltaram e as confusões mesmo após a abertura das pontes, fechadas devido ao sinal oito içado durante a madrugada, também.

De acordo com dados das autoridades, o Kalmaegi causou cinco feridos ligeiros num total de 86 incidentes, registados até às 13h00. O Centro de Operações de Protecção Civil destaca cinco feridos ligeiros, sendo que dois tiveram de receber assistência no hospital. No total, houve ainda 26 quedas de árvores, 12 quedas de toldos e outras quatro de andaimes, três inundações e dois acidentes de viação.

O Porto Interior voltou a ser problemático devido às inundações, ainda que, desta vez, os comerciantes das pequenas lojas no local terem afirmado estar mais preparados.

Comerciantes do Porto Interior até admitiram que não sofreram muitos prejuízos, ainda que não deixem de lado críticas ao Governo: continuam sem receber informações atempadas sobre as inundações. Um dos proprietários de uma loja no local disse mesmo que só se preparou porque a esposa viu uma notícia de Hong Kong que alertava para o içar do sinal oito a meio da tarde – na

Campus da UMna Montanha afectadoO novo campus da Universidade de Macau na Ilha da Montanha também sofreu as consequências do tufão Kalmaegi. O HM esteve no local e verificou que havia muitas portas partidas, partes do tecto que cederam e áreas cobertas que estavam inundadas por chover lá dentro. Além das muitas árvores caídas por, foi ainda possível ver um campus deserto.

Jogo Funcionários queixam-se de horade anúncio do sinal 8Os funcionários dos casinos queixam-se que, durante o tufão, não recebem subsídios suficientes para as deslocações que têm de fazer para ir trabalhar. Funcionários da Wynn, por exemplo, revelaram que os funcionários que moram na Taipa e Coloane, bem como as grávidas, puderam ir para casa mais cedo, mas os que moram em Macau não foram autorizados. No City of Dreams o subsídio de transporte foi de 500 patacas, mas os da Wynn, Sands e MGM receberam “apenas 100 patacas”, queixaram-se alguns à Forefront of The Macau Gaming. Um funcionário do Grand Lisboa acusou ainda a empresa de retirar um dia sem vencimento aos trabalhadores que chegaram atrasados por causa de viverem longe do casino, quando estava sinal oito.

Voos canceladosA influência do tufão Kalmaegi em Macau obrigou ao cancelamento de 16 voos e ao reencaminhamento para outros aeroportos ou alteração na hora de outros 41 no aeroporto internacional local. Em declarações à agência Lusa, António Barros, director do aeroporto de Macau, explicou que os voos começaram a ser cancelados pouco depois da 01h00, quando em Macau foi hasteado o sinal número 8 de tempestade, que obriga à “paralisação” da cidade.

• Aulas do ensino primário, secundário e especial CANCELADAS durante todo o dia

• O aviso de “STORM SURGE” de Grau 2 – Vermelho foi içado à 1h10

• O nível de água era de 80 centímetros acima do pavimento na zona do Porto Interior às 2h10, tendo subido ainda mais durante a madrugada

• Das 2h15 às 13h00 todos os transportes públicos colectivos foram SUSPENSOS

• Na Ponte Nobre de Carvalho a rajada mais forte soprou a 123,8 quilómetros por hora

• Grua das obras de construção do Parisian, no Cotai, CAIU

• 12 horas sem ligações marítimas

• 18 reclamações sobre comportamento de taxistas

OS CARROSDOS OUTROS Com a falta de transportes em Macau, saíram à rua os carros privados. Foram vários os condutores que ofereceram serviços de táxis a preços elevados, com alguns a fazer mesmo publicidade. Na página de Facebook dos moradores do Koi Ngai, edifício de habitação económica em Seac Pai Van, um utilizador publicou um comentário a dizer que se alguém precisasse de carro, poderia ligar-lhe e que o “preço” dele era de entre mil a duas mil patacas entre Macau e Coloane. Recorde-se que, segundo o Regulamento do Trânsito Rodoviário, é ilegal usar o carro privado para actividade de arrendamento, sendo que os incumpridores podem receber uma multa de até 30 mil patacas.

KALMAEGI PROVOCA CAOS EM MACAU

TUFÃO Passagem atribuladaEra o único previsto para este ano em Macau. Semeou confusão e levou aos abusos do costume

região vizinha o sinal mais alto é sempre içado mais cedo do que em Macau.

Com o Kalmaegi, não foi só o Porto Interior que ficou inundado, mas também a San Ma Lou sofreu com a subida da água.

OS TÁXIS DE SEMPREMesmo com o sinal oito hasteado, houve ain-da muitos trabalhadores e turistas a passar a fronteira na manhã de ontem. Como é hábito, eram muitos os que esperavam por um táxi nas Portas do Cerco. E como de costume os taxistas aproveitaram o caos de Macau – derivado da falta de transportes – para cobrar mais.

De acordo com a rádio chinesa, houve pessoas a quem foi pedido mil patacas desde Gongbei à Taipa, um percurso que normal-mente ronda as 80 a cem patacas.

Uma turista de Guangdong disse à rádio que não sabia que durante o tufão de sinal 8 Macau não tinha transportes públicos, pelo que já estava à espera na paragem há cerca de uma hora.

Se com os táxis na fronteira, a situação melhorou depois da intervenção da polícia e da Direcção para os Assun-tos de Tráfego (DSAT) – ainda que o número de táxis na fronteira tenha diminuído de imediato – o mesmo não aconteceu no resto da cidade.

De acordo com a DSAT, houve 27 queixas de recusa de transporte dos passageiros e abuso de cobrança. As autoridades asseguram já ter “tomado notas”, mas apenas podem apelar aos

taxistas que cumpram os regulamentos, não sendo possível à DSAT puni-los.

De madrugada, um taxista foi apanhado pelo telejornal a cobrar 150 patacas dos NAPE para a Areia Preta. O jornalista da TDM chinesa perguntou ao taxista porque cobrava tanto na tarifa: a resposta foi de que este não tinha seguro.

Membros do Conselho Consultivo para os Assuntos de Tráfego sugeriram que se aumente a tarifa durante o período de tufão, mas o presidente da Associação de Mútuo Auxílio dos Condutores de Táxi, Tony Kuok, não concorda com esta ideia. Isto porque, diz, se se implementar esta medida, vai haver mais taxistas que querem sair à rua durante o tufão, o que é um risco.

CAOS NAS DESLOCAÇÕESO Kalmaegi provocou o caos, não só a nível dos táxis, mas também de aviões e barcos.

Ontem, 16 voos foram cancelados e 41 atrasados. Uma hora depois do número 8 ser içado, já se reuniam cerca de 250 passageiros no aeroporto, incluindo 60 na sala de espera.

Os barcos a partir de Macau para Hong Kong só retomaram as operações às 13h30, sendo que, às 13h00, dezenas de passageiros esperavam na zona de partidas para comprar bilhetes. Cerca de 300 turistas esperaram no terminal depois de içado o sinal 8.

Com o sinal a baixar para três às 13h, as pontes também reabriram e as três empresas de autocarros voltaram a trabalhar, mas também estes ficaram lotados durante mais de uma hora.

O tufão já saiu de Macau, tendo passado em Hainão, onde fez com que mais de 250 mil pessoas tivessem de ser evacuadas.

Por cá, era visível o lixo espalhado nas ruas, bem como as arvores caídas.

O Kalmaegi era o único tufão previsto este ano para Macau.

5feridos ligeiros

86incidentes

Page 8: Hoje Macau 17 SET 2014 #3176

PUB

TIAG

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hoje macau quarta-feira 17.9.20148 sociedade

Dois indivíduos foram condenados pelo tribunal a pagar custos da anulação de um contrato de compra e venda por existirem penhoras não registadas nos documentos. O tribunal decidiu que a culpa foi da Conservatória do Registo Predial

ANDREIA SOFIA [email protected]

O Tribunal Judicial de Base (TJB) decretou que o Governo tem que restituir a dois

indivíduos as custas da anulação de um contrato de compra e venda, sendo essa indemnização supe-rior a 307,7 milhões de patacas. Segundo o acórdão do tribunal, a restituição dos montantes deveu-

GOVERNO INDEMNIZAÇÃO POR DANOS PATRIMONIAIS

Escrituras incompletas-se à omissão de factos nas escri-turas de um apartamento e lugar de estacionamento, localizados na Estrada Nordeste da Taipa.

O caso remonta a Setembro de 2006, quando os dois indivíduos em questão, de apelidos Kou e Cheang, compraram uma casa e um lugar de estacionamento aos indivíduos Iong e Ng. O parque de estacionamento custou 150 mil patacas. Dois anos depois, Kou e Cheang venderam os dois espaços a uma sociedade, sendo que o parque de estacionamento foi vendido por 288 mil patacas.

Tanto na compra como na venda dos espaços, Kou e Cheang deslocaram-se, em 2006 e 2008, à Conservatória do Registo Predial para terem acesso a duas certidões de registo predial. Os documentos diziam, segundo o acórdão, que “a fracção autónoma para estaciona-mento estava livre de quaisquer ónus ou encargos”.

Contudo, num processo ocorri-do no TJB, o juiz havia ordenado uma penhora em relação ao parque

de estacionamento. No entanto, “o parque de estacionamento não é um bem indivisível, razão pela qual a Conservatória do Registo

Predial não efectuou o registo particular de cada unidade – parque”. Por esse motivo, já em 2009, o TJB decidiu adjudicar o parque de estacionamento a Kou e Cheang, que compunham uma outra sociedade.

OMISSÕES E ANULAÇÕESNão satisfeitos com\ a decisão, os membros da primeira sociedade colocaram Kou e Cheang em tri-

bunal, tendo pedido a anulação do contrato de compra a venda cele-brado em 2008. O TJB acabaria por anular o contrato em 2012, tendo condenado Kou e Cheang a pagar a essa empresa mais de 300 milhões de patacas pelas custas da anulação e pagamento de impostos de selo, seguros e juros de empréstimos.

Contudo, Kou e Cheang recor-reram da decisão junto do Tribunal Administrativo (TA) contra o Governo por “danos patrimoniais provocados pelas certidões de registo predial”, e pedindo a “efec-tivação da responsabilidade civil extra contratual”, alegando que as escrituras continham “informações inexactas”.

O tribunal acabou por provar que, na emissão da primeira cer-tidão, “verificou-se a omissão do registo relevante sobre a penhora” do parque de estacionamento. Já na segunda certidão constava a penhora, mas não o titular da mesma. “O Juiz provou que nas duas certidões de registo predial, emitidas em 18 de Setembro de 2006 e 22 de Janeiro de 2008 pelo pessoal da Conservatória do Registo Predial no exercício das suas funções, não foram com-pletamente transcritas todas as informações dos registos válidos da inscrição de propriedade (...)”, pode ler-se no acórdão.

307,7milhões de patacas, valor da

indemnização a ser paga pelo

Governo

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TAXA DE 5% É “JUSTA”, DIZ GOVERNOQuestionada sobre o pagamento de 5% de taxa de exploração por parte das futuras operadoras ao Executivo, valor que irá incidir sobre as receitas brutas da empresa, a DSRT disse considerar o valor “justo”. Esta taxa já foi definida na altura da implementação da rede 3G. “Achamos que as operadoras são lucrativas e ainda cobram tarifas à população, por isso têm de pagar ao Governo. As taxas que cobramos não são elevadas, porque no panorama internacional as empresas têm de pagar taxas elevadas à partida”, disse Hoi Chi Leong, que acrescentou que os valores a pagar ao Governo podem rondar as “dezenas de milhões de patacas”.

AVARIAS DE TRÊS HORAS ALVO DE INDEMNIZAÇÃOO Governo quer garantir que os clientes terão direito ao pagamento de uma indemnização por parte da operadora no caso de avarias que durem, no mínimo, entre três a quatro horas, sendo que os valores serão calculados com base nos pacotes mensais dos clientes. “Com base em opiniões de pareceres e de consultores internacionais uma avaria que ultrapasse as três ou quatro horas a operadora terá de indemnizar o cliente”, garantiu o director substituto da DSRT.

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9 sociedadehoje macau quarta-feira 17.9.2014

AVISO DE RECRUTAMENTOPara 14 lugares de inspector de 2.ª classe, 1.º escalão

(N.° de recrutamento: INS-001-DCPA-DSPA/2014)

Faz-se público que se acha aberto o concurso comum, de ingresso externo, de prestação de provas, para o preenchimento de nove lugares de inspector de 2.ª classe, 1.º escalão, da carreira de inspector, do quadro de pessoal da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental e para o preenchimento de cinco lugares de inspector de 2.ª classe, 1.º escalão, da carreira de inspector, em regime de contrato além do quadro.

Para mais informações, queiram consultar o aviso de abertura do concurso, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau, n.º 38, II Série, de 17 de Setembro de 2014, ou dirigir-se, durante o horário de expediente, à Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental, sita na Alameda Dr. Carlos D’Assumpção, n.ºs 393 a 437, Edifício Dynasty Plaza, 10.º andar, Macau, ou consultar a página electrónica: www.dspa.gov.mo.

O Director, substituto,Vai Hoi Ieong

11 de Setembro de 2014

ANDREIA SOFIA [email protected]

E STÁ lançada a pri- meira pedra do con-curso público para a concessão de quatro

licenças para implementa-ção da rede de telecomuni-cações 4G em Macau. Tal como já tinha sido anunciado através do regulamento do concurso publicado esta segunda-feira em Boletim Oficial (BO), as empresas podem apresentar as suas propostas até ao dia 18 de Novembro.

Ontem, em conferência de imprensa, a Direcção dos Serviços para a Regu-lação de Telecomunicações (DSRT) garantiu que quer ter a fase inicial da rede a operar no primeiro tri-mestre do próximo ano, em 50% do território. As quatro operadoras que con-seguirem as licenças terão de abranger toda a Macau até 2016.

Hoi Chi Leong, director substituto da DSRT, não disse, contudo, quando é que a análise das propostas poderá estar concluída.

“Vamos ver se o con-corrente tem experiência na área das telecomunicações, se tem instalações básicas

A S autoridades de Macau solicitaram à Google informa-

ções sobre 12 contas de utilizadores do território. De acordo com o último relatório da gigante infor-mática, contudo, todos os pedidos foram rejeitados.

No total, e de acordo com os dados disponíveis na própria página da Goo-gle, entre Janeiro e Julho deste ano foram feitos cinco pedidos sobre sete contas nas plataformas da Google, sendo que também no ano passado, de Julho a Dezembro, foram solicita-dos três pedidos relativos a cinco contas. Todas ficaram sem resposta.

As informações cons-tam do último relatório de transparência publicado pela Google, que lista o número de pedidos efec-tuados pelos governos de todo o mundo.

A Google salienta que tal como outras “empresas tecnológicas e de comuni-cações, a companhia rece-be, regularmente, pedidos de países e tribunais de todo o mundo para revelar informações dos utili-zadores” de plataformas como o Gmail, Youtube ou relativos ao próprio motor de busca.

“Neste relatório re-velamos o número de pedidos que recebemos

de cada governo em seis meses”, refere a empre-sa, salientando que cada pedido é analisado e só depois tomada uma deci-são sobre quais os dados susceptíveis de serem, ou não, cedidos.

A empresa afirma que “cada pedido é analisado no sentido de se verificar o cumprimento do espírito e da letra da lei” e que a Google pode recusar ace-der aos pedidos, algo que fez com Macau, por não terem sido cumpridos os requisitos legais.

A companhia não men-ciona detalhes sobre as razões dos pedidos de Macau.

TELECOMUNICAÇÕES 4G NO PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2015

Redes para todos os gostos

GOOGLE AUTORIDADES PEDEM DADOS SOBRE UTILIZADORES

Uma nega redonda

de redes, como é a gestão da administração ou se proporciona formação aos empregados locais”, disse Hoi Chi Leong.

Também não haverá “li-mitações” entre empresas

O Governo quer pôr a rede 4G a funcionar nos primeiros três meses do próximo ano em 50% do território, estando prevista a cobertura de todo o território até 2016. Contudo, as redes 2G e 3G vão continuar a operar

locais e internacionais que queiram concorrer. “Não dizemos que têm sempre de ser operadoras de Ma-cau, o concurso é aberto a outras operadoras. Não há limitação em relação às operadoras locais ou internacionais, não sabe-mos quantos concorrentes teremos e não há nenhum regime de preferência”, ga-rantiu o director substituto da DSRT.

Sobre a abertura do mercado, o Governo espera,

sobretudo, consequências positivas junto dos utiliza-dores. “Para a população que utiliza muito a rede achamos que novas opera-doras podem trazer maior competitividade. Este é o tempo oportuno e esperamos que haja operadoras no mer-cado para que a população tenha mais escolhas, para haver benefícios em termos de preços”, disse Hoi Chi Leong.

REDE MAIS RÁPIDA Uma coisa é certa: o facto da rede 4G vir a ser im-plementada não significa o fim das outras redes. “Não vai haver um problema de transição porque durante um longo período vamos manter em simultâneo as várias redes, que vão coe-xistir no mercado”, disse o responsável da DSRT.

Recorde-se que, há dois anos, o Governo ponderou acabar com a rede 2G, mas a decisão foi sendo adiada. Agora, tanto esta como a 3G vão continuar, até porque, diz a DSRT, a rede 2G ainda é muito utilizada pelos turistas.

Quanto a benefícios, a rede 4G trará maior velo-cidade. “Vamos acelerar a velocidade, e as comuni-cações serão três a quatro vezes mais rápidas. Será optimizada a utilização da banda larga”, frisou Hoi Chi Leong.

O regulamento publica-do esta segunda-feira em BO fala da atribuição de quatro licenças por um pra-zo de oito anos, sendo que o Governo abre as portas à atribuição de uma quinta licença caso o mercado o justifique. Em declarações ao jornal Business Daily e Tribuna de Macau, a CTM já mostrou vontade de con-correr ao concurso.

“Vamos acelerar a velocidade, e as comunicações serão três a quatro vezes mais rápidas. Será optimizada a utilização da banda larga”HOI CHI LEONG Director substituto da DSRT

Page 10: Hoje Macau 17 SET 2014 #3176

10 hoje macau quarta-feira 17.9.2014EVENTOS

CARLOS DO CARMO SONGBOOK• Rafael Fraga, Augusto MacedoEdição comemorativa dos 45 anos de carreira de Carlos do Carmo. Conteúdo: Índice • Sobre os Autores • Um Homem no Fado • Considerações Gerais • Agradecimentos • Nota de Tradução • 49 Fados e Canções (textos e pautas musicais) • Carlos do Carmo: Discografia

MARIA JOÃO PIRES & CARLOS DO CARMO (DGP CD+DVD)Dois dos maiores nomes portugueses da música num disco único. São nove os diálogos que Carlos do Carmo partilha com Maria João Pires neste projecto tão especial que reúne em disco dois dos maiores nomes portu-gueses da música. O disco conta com a escrita de poetas como Vasco Graça Moura, José Carlos Vasconcelos, Júlio Pomar, Fernando Pinto do Amaral, José Saramago, Urbano Tavares Rodrigues, Nuno Júdice, Maria do Rosário Pedreira e Fernando Tavares Marques e com as composições de António Vitorino d’Almeida. O disco terá uma única edição: digipack acompanhada por um DVD onde se testemunha a gravação dos ensaios para o disco, mostrando as interpretações de cinco dos fados do disco.

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

livros 5-3-13

P REPARE-SE. A Branca de Neve está de volta e mais sexy do que nunca. Dias 19 e 20 de Setembro, o espectácu-

lo “Branca de Neve de Preljocaj” vai ocupar o palco do grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM).

Com 110 minutos de duração – e apenas para maiores de 13 anos – o espectáculo de dança do coreógrafo francês Angelin Preljocaj traz a Ma-cau a Branca de Neve “como nunca a tínhamos visto”, num ballet moderno que reinventa a personagem e a his-tória dos irmãos Grimm.

Uma das mais célebres prince-sas da nossa infância chega, agora, numa versão mais sensual. “Deixou os trajes habituais e o seu estilo foi renovado pelos dotes do génio da alta-costura e ‘enfant terrible’ Jean Paul Gaultier. Encenada ao som das vibrantes sinfonias de Gustav Mahler, esta interpretação de um clássico é um conto de significados simbólicos espelhados em personagens eternas. A icónica e diabólica madrasta incarna desejo, representando uma narcísica luta contra a passagem do tempo e a luxúria pelo poder”, descreve o CCM.

“Tenho muita vontadede contar uma história,de oferecer algo de mágicoe encantador, porque gostode histórias comotoda a gente”ANGELIN PRELJOCAJ Coreógrafo

“As sequências acrobáticas dos anões são outra característica marcante desta coreografia, em combinação com os grandes cenários e uma demonstração única de espaço e energia, conseguida na perfeição pelos 24 bailarinos que dão o máximo em palco.”

O GOSTO PELAS HISTÓRIASCom estreia em 2008 na Bienal da Dan-ça de Lyon, o bailado - galardoado com um Globo de Cristal – promete trazer não só os melhores bailarinos, como gerar um impacto cinematográfico que deixará “indeléveis impressões”.

“Tenho muita vontade de contar uma história, de oferecer algo de mágico e encantador, porque gosto de histórias como toda a gente. Em ‘Branca de Neve’ utilizo um argumento que toda a gente conhece, o que me permite concentrar no que é dito através dos corpos, das energias e do espaço, e nos sentimentos e experiências das personagens para demonstrar como os corpos de transcendem”, salienta o coreógrafo responsável pelo ballet. “E ‘Branca de Neve’ contém objectos maravilhosos para a imaginação de um coreógrafo. Segui a versão dos irmãos Grimm, com algumas alterações ape-nas baseadas na minha própria análise dos símbolos no conto. Bettlheim des-creve Branca de Neve como um conto edipiano invertido, no qual a madrasta má é sem dúvida a personagem central. É também ela que eu examino através da sua narcísica determinação em não desistir da sedução e do seu papel de mulher , mesmo que isso signifique o sacrifício da sua enteada.”

Se quiser assistir à Branca de Neve a dançar ao som das sinfonias de Mahler, os bilhetes para o espectá-culo continuam à venda com preços que vão das 150 às 300 patacas. O evento tem lugar na sexta-feira e no sábado, às 20h00.

DANÇA COREÓGRAFO FRANCÊS REAVIVA BRANCA DE NEVE

O PECADONÃO ESTÁNA MAÇÃ

A visão arrojada de Preljocaj apresenta-nosuma Branca de Neve renovada e sensual.

No palco do CCM este fim-de-semanacom figurinos de Jean Paul Gaultier

Page 11: Hoje Macau 17 SET 2014 #3176

11 eventoshoje macau quarta-feira 17.9.2014

HOJEABERTURA DA EXPOSIÇÃO “MACAU OF MY OWN” DE EDUARDO MAGALHÃES Creative Macau, 18h30ENTRADA LIVRE

DEMONSTRAÇÃO CULINÁRIA COM SUSANA FOOMGM, 16h00ENTRADA LIVRE

AMANHÃGALAXY GOT TALENTED – FINAL Galaxy50 PATACAS

CONVERSA ILUSTRADA COM MÚSICA (COM FREDERICO RATO E SHEE VÁ)Fundação Rui Cunha, 18h30ENTRADA LIVRE

SEXTA-FEIRABRANCA DE NEVE (BAILADO)Centro Cultural de Macau, 20h00150 – 300 PATACAS

SÁBADOCONCURSO DE FOGO DE ARTIFÍCIO DE MACAU Equipa da China Largo da Torre de Macau, 21h00ENTRADA LIVRE

BRANCA DE NEVE (BAILADO)Centro Cultural de Macau, 20h00150 – 300 PATACAS

APRESENTAÇÃO DO CD “NINE DISTINCTIVE MACAU SINGERS. UNIQUE MACAU ORIGINAL MELODIES”Praça da Amizade, 17h00ENTRADA LIVRE

DOMINGOSEMINÁRIO “DESEJO E MEDODE EXISTIR” PELO FILÓSOFOJOSÉ GIL Centro de Ciência de Macau, 15h00ENTRADA LIVRE

O QUE FAZER ESTA SEMANA

?“S ENSE & Sensibility: Other

ways of Engaging the City” é o nome do mais recente

simpósio a ser levado a cabo pela Universidade de São José (USJ), no próximo dia 20, sábado. Desde as 9h00 e até às 18h30, no Centro de Arquitectura e Urbanismo, 11 oradores vão analisar Macau e as suas especificidades.

“Com a sua mistura única de etnias, identidades, histórias, culturas e tradições, Macau é uma cidade repleta de incongruências e anacro-nismos, que se vão transformando com o ritmo acelerado de imensos turistas, dinheiro e novas constru-ções. Os espaços urbanos estão impregnados com misturas de sons e imagens, naturais ou artificiais, e de um conviver de actividades histó-ricas e contemporâneas”, apresenta a universidade em comunicado.

A ideia do simpósio, com entrada

livre, é perceber como é que estes fe-nómenos afectam os nossos padrões estéticos e de comportamento e as nossas percepções da divisão entre o real e o imaginário. A paisagem de Macau é utilizada como pano de fun-do, já que, aqui, podemos encontrar ruas labirínticas antigas misturadas com novos projectos de habitação e uma extensa orla marítima.

“A cidade é hoje uma experiên-cia multi-sensorial que transcende as tentativas convencionais. Este simpósio irá examinar algumas das maneiras que os arquitectos e artistas desenvolveram para documentar a cidade.”

Museu de Arte de Macau abre inscrições para Montra de Arte de 2015

Comédia Dayo Wong com dois espectáculos no Venetian O actor e comediante de Hong Kong Dayo Wong vai dar dois espectáculos no Venetian. Marcados para dia 25 e 26 de Outubro, “Dayo Wong Stand Up Comedy in Macao” promete fazer rir a audiência de Macau. Os bilhetes estão à venda já a partir de 23 de Setembro, sendo que os preços rondam as 88 e as 780 patacas. Os espectáculos estão marcados para as 20h00.

Armazém do Boi Arte para crianças e adultos

USJ CARÁCTER ARQUITECTÓNICO DE MACAU

Olhar profissional

O Museu de Arte de Macau (MAM) vai abrir as inscrições

para a Montra de Arte de Macau 2015 e está a convidar todos os artistas residentes a apresentarem as suas propostas de exposição até 28 de Novembro de 2014.

A Montra de Arte de Macau, uma iniciativa lançada em 2012 pelo MAM, tem por objectivo in-centivar a criatividade e fomentar o desenvolvimento das artes na RAEM, ao oferecer um espaço expositivo e uma plataforma de comunicação aberta e diversifi-cada. A Montra pretende também encorajar os artistas de Macau a explorarem novos conceitos e formas de arte contemporânea, ex-pressando assim as suas opiniões.

O programa selecciona os

expositores anualmente, através de inscrições abertas e também por convite. Até ao momento já expuseram individualmente na Montra 22 artistas de Macau, com trabalhos de pintura, gravura, fotografia, cerâmica, instalação, vídeo e moda, mostrando assim ao mundo as tendências criativas da arte contemporânea local.

A Montra de Arte de Macau 2015 continuará a manter os dois formatos: por inscrições abertas e por convite (a artistas consagrados), com a con-dição de os participantes terem de ser residentes da RAEM. As propostas terão de ser apresentadas em nome individual e a exposição pode constar de uma peça ou conjunto de peças, em qualquer formato ou media, desde que seja inédita em Macau.

O Armazém do Boi convida pequenos e graúdos para o se-

minário “Children’s Artland 2014 : See The World through a Child’s Eyes”, que tem início no próximo dia 27 às 17h00. O seminário tem como objectivo partilhar criações de crianças e mostrar como a sua inocência e sinceridade deve ser aprendida pelos adultos.

“Já alguma vez pensou que todos nós, em algum momento, fomos crianças com um coração puro e uma mente curiosa? Mas que, como adultos, tentamos principalmente perseguir o nosso objectivo de vida, obter conheci-

mento e dominar regras, sendo que esse processo se torna cada vez mais introvertido e sem brilho?”, questiona o organizador.

O seminário – que conta com uma exposição de crianças – promete “levá-lo numa jornada seguindo a forma das crianças ver o mundo”.

A ideia é que pais e crianças criem juntos, deixando que estas vejam o mundo através dos seus próprios olhos e sentimentos.

A entrada é livre e o evento decorre das 17h00 às 18h00, sendo que haverá mais seminários do tipo no dia seguinte.

DANÇA COREÓGRAFO FRANCÊS REAVIVA BRANCA DE NEVE

O PECADONÃO ESTÁNA MAÇÃ

A visão arrojada de Preljocaj apresenta-nosuma Branca de Neve renovada e sensual.

No palco do CCM este fim-de-semanacom figurinos de Jean Paul Gaultier

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12 publicidade hoje macau quarta-feira 17.9.2014

COMISSÃO DO GRANDE PRÉMIO DE MACAUANÚNCIO

A Região Administrativa Especial de Macau faz público que, de acordo com o Despacho de 1 de Setembro de 2014, do Exmo. Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, foi autorizado o procedimento administrativo para adjudicação do concurso público para “Fornecimento de serviços de segurança e vigilância para o Edifício do Grande Prémio, armazém e antiga Torre de Controlo em 2015”.

1. Entidade que põe o serviço a concurso: Comissão do Grande Prémio de Macau.

2. Modalidade do procedimento: Concurso público.

3. Prazo de validade das propostas: 90 dias, a contar do acto público do concurso.

4. Caução provisória: MOP50.000,00 (cinquenta mil patacas), podendo ser prestada por depósito em numerário ou mediante cheque visado, a entregar na Divisão Financeira da Direcção dos Serviços de Turismo, ou por garantia bancária, aprovados nos termos legais, à ordem da Comissão do Grande Prémio de Macau, devendo ser especificado o fim a que se destina.

5. Caução definitiva: 5% do preço total de adjudicação.

6. Valor do serviço: Sem preço base.

7. Adiamento: Em caso de encerramento dos serviços públicos por motivo de força maior, a sessão de esclarecimento, o termo de entrega das propostas e a abertura das propostas serão adiados para o primeiro dia útil imediatamente seguinte, à mesma hora.

8. Prazo de execução: Cumprimento das datas constantes no Caderno de Encargos.

9. Local, dia e hora limite para entrega das propostas: sede da Comissão do Grande Prémio de Macau, sita em Macau, na Avenida da Amizade n.º 207, Edifício do Grande Prémio, 1.° Andar, até às 17:45 horas do dia 9 de Outubro.

10. Sessão de esclarecimento: os interessados podem assistir à sessão de esclarecimento deste concurso público que terá lugar às 11:00 horas, do dia 19 de Setembro, na sala de reunião do 3º Andar sita na Avenida de Amizade No. 207, Edifício do Grande Prémio

11. Local, dia e hora do acto público do concurso:Local: sede da Comissão do Grande Prémio de Macau;Dia e hora: 10 de Outubro de 2014, pelas 11:00 horas.

Os concorrentes poderão fazer-se representar no acto público de abertura das propostas para apresentação de eventuais reclamações e/ou esclarecimento de dúvidas acerca da documentação integrante da proposta.

12. Critérios de apreciação das propostas e respectivos factores de ponderação:

a) Preço 90%;b) Experiência na prestação do serviço da segurança e vigilância 10%;

Os modos de cálculo estão descritos no artigo 11.° do Programa de Concurso.

13. Local, data, horário para exame do processo e preço para a obtenção de cópia:

Local: sede da Comissão do Grande Prémio de Macau.Dias e horário: Dias úteis, a contar da data da publicação do anúncio até ao dia e hora do Acto Público do Concurso.Preço: MOP500,00 (quinhentas patacas).

A Comissão do Grande Prémio de Macau, aos 8 de Setembro de 2014.

O Coordenador,

João Manuel Costa Antunes

ANÚNCIOCONCURSO PÚBLICO PARA

“EMPREITADA DE TUBOS DE DESCARGA DE ÁGUAS RESIDUAISNA ESTRADA MARGINAL DA AREIA PRETA”

1. Entidade que põe a obra a concurso: Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes.2. Modalidade de concurso: Concurso Público.3. Local de execução da obra: Estrada Marginal da Areia Preta e Avenida do Almirante Magalhães Correia.4. Objecto da Empreitada: Construção de tubos de descarga de águas residuais.5. Prazo máximo de execução:250 dias (duzentos e cinquenta dias).6. Prazo de validade das propostas: o prazo de validade das propostas é de noventa dias, a contar da data do encerramento do acto público do concurso,

prorrogável, nos termos previstos no Programa de Concurso.7. Tipo de empreitada: a empreitada é por Série de Preços.8. Caução provisória: $ 160 000,00 (cento e sessenta mil patacas), a prestar mediante depósito em dinheiro, garantia bancária ou seguro-caução aprovado

nos termos legais.9. Caução definitiva: 5% do preço total da adjudicação (das importâncias que o empreiteiro tiver a receber, em cada um dos pagamentos parciais são

deduzidos 5% para garantia do contrato, para reforço da caução definitiva a prestar).10. Preço Base: não há.11. Condições de Admissão: Serão admitidos como concorrentes as entidades inscritas na DSSOPT para execução de obras, bem como as que à data do

concurso, tenham requerido a sua inscrição, neste último caso a admissão é condicionada ao deferimento do pedido de inscrição.12. Local, dia e hora limite para entrega das propostas:

Local: Secção de Atendimento e Expediente Geral da DSSOPT, sita na Estrada de D. Maria II, nº 33, R/C, Macau;Dia e hora limite: dia 8 de Outubro de 2014 (quarta-feira), até às 12:00 horas.Em caso de encerramento desta Direcção de Serviços na hora limite para a entrega de propostas acima mencionada por motivos de tufão ou de força maior, a data e a hora limites estabelecidas para a entrega de propostas serão adiadas para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte.

13. Local, dia e hora do acto público do concurso :Local: Sala de reunião da DSSOPT, sita na Estrada de D. Maria II, nº 33, 5º andar, Macau;Dia e hora: dia 9 de Outubro de 2014 (quinta-feira), pelas 9:30 horas.Em caso de adiamento da data limite para a entrega de propostas mencionada de acordo com o número 12 ou em caso de encerramento desta Direcção de Serviços na hora estabelecida para o acto público do concurso acima mencionada por motivos de tufão ou de força maior, a data e a hora estabelecidas para o acto público do concurso serão adiadas para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte.Os concorrentes ou seus representantes deverão estar presentes ao acto público do concurso para os efeitos previstos no artigo 80º do Decreto-Lei n.º74/99/M, e para esclarecer as eventuais dúvidas relativas aos documentos apresentados no concurso.

14. Línguas a utilizar na redacção da proposta:Os documentos que instruem a proposta (com excepção dos catálogos de produtos) são obrigatoriamente redigidos numa das línguas oficiais da RAEM, caso os documentos acima referidos estiverem elaborados noutras línguas, deverão os mesmos ser acompanhados de tradução legalizada para língua oficial, e aquela tradução deverá ser válida para todos os efeitos.

15. Local, hora e preço para obtenção da cópia e exame do processo:Local: Departamento de Infraestruturas da DSSOPT, sita na Estrada de D. Maria II, nº 33, 16º andar, Macau;Hora: horário de expediente (Das 9:00 às 12:45 horas e das 14:30 às 17:00 horas)Na Secção de Contabilidade da DSSOPT, poderão ser solicitadas cópias do processo de concurso ao preço de $250,00 (duzentos e cinquenta patacas).

16. Critérios de apreciação de propostas e respectivos factores de ponderação:- Preço razoável 60%;- Plano de trabalhos 10%;- Experiência e qualidade em obras 18%;- Integridade e honestidade 12%.

17. Junção de esclarecimentos:Os concorrentes poderão comparecer no Departamento de Infra-Estruturas da DSSOPT, sita na Estrada de D. Maria II, nº 33, 16º andar, Macau, a partir de 24 de Setembro de 2014 (inclusivé) e até à data limite para a entrega das propostas, para tomar conhecimento de eventuais esclarecimentos adicionais.

Macau, aos 10 de Setembro de 2014.O Director dos ServiçosJaime Roberto Carion

AnúncioFaz-se público que se encontra aberto na Região Administrativa

Especial de Macau o concurso público para o licenciamento de operação de redes públicas de telecomunicações móveis terrestres de evolução a longo prazo e prestação dos correspondentes serviços de telecomunicações de uso público móveis terrestres. A apresentação das candidaturas deve ser feita a partir do dia 16 de Setembro até às 17 horas do dia 18 de Novembro do corrente ano.

O regulamento específico do concurso foi aprovado pela Ordem Executiva n.º 40/2014, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau, n.º 37, I Série, de 15 de Setembro do corrente ano, e também se encontra na página electrónica da Direcção dos Serviços de Regulação de Telecomunicações (www.dsrt.gov.mo).

O Director, Substituto

Hoi Chi Leong15 de Setembro de 2014

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13CHINAhoje macau quarta-feira 17.9.2014

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O escritor chinês Tie Liu, de 81 anos, crítico de longa data do

regime, foi detido pela polícia de Pequim, anunciou ontem a família.

Tie Liu - no seu pseu-dónimo, já que o nome verdadeiro é Huang Zerong - foi detido em sua casa na madrugada de domingo por “ter instigado conflitos e gerado problemas”, relatou à agência noticiosa AFP o seu advogado, Liu Xiaoyuan.

O escritor, que comple-tou 81 anos em Maio, já tinha passado 20 anos num centro de reeducação por se opor a Mao Zedong, o fundador do regime chinês, antes de ser reabilitado nos anos 1980.

Uma dezena de agentes policiais invadiram a sua casa e apreenderam livros e o computador.

O assistente de Tie, Huang Jing, foi também de-tido, informou o advogado.

“A sua esposa acredita que [a detenção] está re-lacionada com um ensaio que escreveu recentemen-te” criticando o chefe da propaganda do regime, Liu Yunshan, disse também o advogado.

Tie Liu abriu a sua própria editora, através da qual publica memórias de

Acidente de trânsito mata 14 pessoas Pelo menos 14 pessoas morreram ontem num acidente de trânsito na cidade de Zhangjiakou, no norte da China, causando também um “número indeterminado de feridos”, informa a agência noticiosa Efe, citando meios de comunicação estatais. O acidente aconteceu em plena hora de ponta, às 08:16, quando um camião embateu numa paragem de autocarros, de acordo com relatos da CCTV. A agência Xinhua aponta para uma falha nos travões do camião como causa do acidente.

Chongqing Via pedonalpara utilizadores de telemóveis

Aos 81 anos, o escritor que já tinha passado vinte anos preso por oposição ao regime de Mao Zedong, volta aos calabouços

PEQUIM ESCRITOR OPOSITOR DO REGIME DETIDO

Vida de contestatário

“Há 60 anos que Pequim tenta reprimir as suas ideias (...) e o mais impressionante é que nunca cedeu”DOMINIC MORAN Director do programa para a liberdade de expressão do PEN Club norte-americano

“direitistas”, interditas pela censura.

SOLIDARIEDADE ESTRANGEIRAA sua detenção já suscitou declarações de associações internacionais, como o clube de escritores americanos

ÀS vias especiais para autocarros, táxis, bi-

cicletas ou peões, junta-se agora um novo tipo de via, na China, para responder a uma situação específica: a das pessoas que andam na rua aos encontrões com os outros porque não conse-guem deixar de olhar e de mexer no telemóvel.

A cidade chinesa de Chongqing, no sudoeste da China, criou, por isso, uma via pedonal especial apenas para as pessoas que não conseguem largar o telemóvel. A via tem 50 metros de comprimento e três metros de largura. Ao longo da mesma existem sinais pintados a branco a avisar de que tipo de via se trata.

Na realidade são duas vias, divididas em duas, uma que mostra que é permitido caminhar a usar telemóvel ao mesmo tem-po e uma outra que indica que é totalmente proibido ter esse comportamento.

Long Cheng, porta-

-voz da empresa que desenvolveu a ideia na cidade, refere que é preci-so lembrar que é perigoso caminhar enquanto se mexe no telemóvel. “É um gesto pouco seguro e com vários perigos potenciais”, disse, citado pela CNN.

“Este tipo de vias não é a solução e pode ser in-dulgente para os viciados em telemóveis no longo prazo”, diz Xing Xing, um habitante citado pelo ‘China Daily’. Estima-se que na China existam actualmente 500 milhões de utilizadores de ‘smar-tphones’, ou seja, mais ou menos o equivalente da população da Europa.

PEN, que exigiu a libertação imediata do autor.

“Há 60 anos que Pequim tenta reprimir as suas ideias (...) e o mais impressionante é que nunca cedeu”, decla-rou o director do programa para a liberdade de expres-são daquela associação, Dominic Moran.

Para o advogado de Tie Liu, esta detenção bate um recorde, uma vez que o es-critor Tie “deve ser a pessoa mais velha da China suspeita de instigar conflitos e gerar problemas”.

Após a subida ao poder do Presidente Xi Jinping, em Março de 2003, uma vaga de repressão recaiu sobre os intelectuais e dissidentes da China. Dezenas de jornalis-tas, advogados, militantes de direitos humanos e ‘bloggers’ foram detidos ou intimida-dos, descreve a AFP.

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hoje macau quarta-feira 17.9.2014

WANG CHONG 王充 OS DISCURSOS PONDERADOS DE WANG CHONG

Sobre a morte – 3

Os fantasmas têm a mesma forma que os seres vivos: isto prova bem que os fantasmas não são os fluidos subtis dos mortos. Como prová-lo? Por comparação com sacas cheias de milho ou arroz. As sacas cheias de milho ou arroz são sólidas, aguentam-se de pé e são visíveis: [mesmo] de longe reconhecemos que se tratam de sacas de milho ou arroz. Como as reconhecemos? Por causa da forma das sacas e do seu conteúdo. Porém, uma vez furadas, perdem o seu conteúdo, abatem e se enrugam: ao longe, seriam irreconhecíveis. Os espíritos subtis estão contidos no corpo humano como milho ou arroz em sacas. Ao morrer, o corpo se putrefaz e os fluidos subtis se dispersam, exactamente como o arroz e o milho se escapam de sacas rasgadas. Depois de perderem o seu conteúdo, as sacas deixam de ter forma: assim que os fluidos subtis se dispersam, como poderia ainda existir um corpo, como poderia restar ainda algo de visível?A carne dos animais mortos decompõe-se completamente, só a pele subsiste, podendo servir para confeccionar roupas que [vestidas] têm a aparência do animal: por isso, vemos os ladrões se fazerem passar por cães envergado roupas feitas com a pele desses animais, assim passando desapercebidos, evitando a suspeita graças ao seu disfarce. [Todavia] quando o homem morre, a sua pele se decompõe: mesmo admitindo que os fluidos subtis não se tenham [ainda] dissipado, que [pelagem] usariam para ganhar forma e se tornarem visíveis? Pois os mortos não podem tomar de empréstimo os corpos dos vivos para aparecerem, tal como os vivos não podem tomar de empréstimo as almas espirituais [NT – as almas po, as mais subtis, por oposição às almas hun, as mais grosseiras] dos mortos para desaparecerem.As seis espécies de animais domésticos [cavalo, boi, carneiro, galinha, galo e porco] não podem metamorfosear-se e tomar a forma humana se os seus corpos ainda vivem e os seus fluidos subtis ainda estão presentes. Uma vez mortos, os seus corpos se corrompem e, mesmo que fossem combativos como tigres e rinocerontes, não poderiam, ainda assim, se transformar. Quando Gong Niu-ai de Lu, estando doente, se transformou em tigre, ainda não estava morto. Se por vezes acontece no mundo que os corpo vivos se transformam noutras espécies de seres vivos, por outro lado nunca vimos corpos mortos se metamorfosearem em formas vivas.

Tradução de Rui Cascais | Ilustração de Rui Rasquinho

Wang Chong (王充), nasceu em Shangyu (actual Shaoxing, província de Zhejiang) no ano 27 da Era Comum e terá falecido por volta do ano 100, tendo vivido no período correspondente à Dinastia Han do Leste. A sua obra principal, Lùnhéng (論衡), ou Discursos Ponderados, oferece uma visão racional, secular e naturalista do mundo e do homem, constituindo uma reacção crítica àquilo que Wang entendia ser uma época dominada pela superstição e ritualismo. Segundo a sinóloga Anne Cheng, Wang terá sido “um espírito crítico particularmente audacioso”, um pensador independente situado nas margens do poder central. A versão portuguesa aqui apresentada baseia-se na tradução francesa em Wang Chong, Discussions Critiques, Gallimard: Paris, 1997.

14

hARTE

S, L

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Page 15: Hoje Macau 17 SET 2014 #3176

15 artes, letras e ideiashoje macau quarta-feira 17.9.2014

Por vezes acontece no mundo que os corpo vivos se transformam noutras espécies de seres vivos.

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16 DESPORTO hoje macau quarta-feira 17.9.2014

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NOTIFICAÇÃO EDITAL N.º 68/2014

(Solicitação de comparência do trabalhador)

Nos termos das alíneas b) e c) do n.º 1 do artigo 6.º do Regulamento da Inspecção do Trabalho, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 60/89/M, de 18 de Setembro, conjugadas com o artigo 58.º e n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, notifica-se o senhor Lai Ka Neng, ex-trabalhador de “Vaford (Macau) Companhia Limitada”, para no prazo de 10 (dez) dias, a contar do primeiro dia útil seguinte à da publicação dos presentes éditos, comparecer no Departamento de Inspecção do Trabalho, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado, n.ºs 221-279, Edifício “Advance Plaza”, 1.º andar, Macau, a fim de prestar declarações no processo n.º 1625/2014, proveniente da queixa que o mesmo apresentou nestes Serviços em 18/02/2014, relativamente às matérias de despedimento e aviso prévio.

Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais – Departamento de Inspecção do Trabalho, aos 11 de Setembro de 2014.

A Chefe do Departamento

Lurdes Maria Sales

MARCO [email protected]

D EPOIS de na se- mana passada ter empatada a um golo com o Ben-

fica, o Sporting Clube de Macau voltou a roubar pon-tos a uma formação do topo da tabela. Ontem, os leões do território sonegaram margem de manobra ao surpreendente Lai Chi, impedindo que o segundo classificado da Série A da “Bolinha” ultrapassasse provisoriamente o Taxi Chi Iao na liderança da tabela. No relvado do Campo Des-portivo do Colégio D. Bosco, o Lai Chi foi a formação que por mais vezes se abeirou do golo, mas foram os comanda-dos de Mandinho e de João Maria Pegado que criaram as melhores oportunidades.

O Sporting voltou a apos-tar numa estratégia de con-tenção, mas foi ainda assim

RAFAEL DE MEDEIROS MARCOU DOIS NA VITÓRIA DO MONTE CARLO

Sporting roubou pontos ao Lai Chia primeira formação a levar perigo ao reduto adversário. Do ataque dos leões surgiu aos três minutos o primeiro aviso à navegação, mas o re-mate da linha avançada verde e branca morreu nas mãos do guarda-redes Ho Man Fai. O Lai Chi só respondeu na mesma moeda aos nove minutos, num lance que não chegou sequer a incomodar Juninho na baliza do conjun-to de matriz portuguesa. O guarda-redes brasileiro teve de mostrar argumentos nove minutos depois para travar o remate de Cheang U Hin, naquele que foi a primeira de três oportunidades criadas pelo ataque do Lai Chi. Aos vinte minutos foi a vez de Pang Chi Hang colocar o guardião leonino à prova, com um remate colocado que obrigou Juninho a defender com os pés.

A dois minutos do fim da primeira parte coube a

Sio Ka Un a tarefa de im-portunar o guarda-redes do Sporting. O médio ofensivo do Lai Chi bateu com classe um livre directo em posição frontal ao último reduto dos leões, obrigando Juninho a uma defesa enérgica.

DEFESA PREMIADAAs duas equipas recolheram ao balneário com o nulo a pautar o andamento do placard e na etapa comple-mentar o Lai Chi voltou a demonstrar uma maior ini-ciativa, mas foi o Sporting quem mais perto esteve de garantir o triunfo. O sete de matriz chinesa voltou a rondar com perigo a baliza leonina aos dois minutos do segundo tempo, mas a defesa do Sporting impediu que a linha avançada adversária fizesse estragos.

Aos trinta minutos, o conjunto orientado por Mandinho e por João Maria

Pegado quase inaugurou o marcador, com o recém--entrado Ieong Ka Hang a fazer cantar o ferro da baliza do Lai Chi, na sequência de um remate de primeira, desferido à entrada da área adversária. A bola ainda ressaltou no corpo de Ho Man Fai, mas acabou por não entrar.

Os quinze minutos finais do desafio foram minutos

de cautela para ambas as formações. O Lai Chi só nos derradeiros minutos do encontro partiu atrás do prejuízo, mas o Sporting aguentou a pressão do ad-versário e garantiu o seu segundo ponto na presente edição da “Bolinha”.

MONTE CARLO IMBATÍVELEm grande na série B con-tinua o Monte Carlo. A

formação orientada por Tam Iao San ainda não sabe o que é perder na edição de 2014 do Campeonato de Futebol de Sete e ontem somou a sua quinta vitória na prova, ao derrotar o Wing Kei por duas bolas a zero. O incon-tornável Francisco Rafael de Medeiros voltou a ser a grande figura do emblema “canarinho”, ao apontar os dois tentos com que o Monte Carlo derrotou o adversário. O avançado brasileiro marcou o pri-meiro do desafio aos 14 minutos, com um remate colocado, desferido de fora da área adversária. O esfé-rico embateu com estrondo no poste da baliza do Wing Kei, antes de se escoar para o fundo das redes. O segundo tento, tirado a papel-químico do primei-ro, surgiu a dois minutos do intervalo, tranquilizando as hostes do Monte Carlo. Com os dois golos ontem apontados, Francisco Ra-fael de Medeiros elevou para onze a contagem dos tentos que marcou na pre-sente edição do principal campeonato de “Bolinha” de Macau.

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T E M P O A G U A C E I R O S M I N 2 5 M A X 3 0 H U M 7 5 - 9 8 % • E U R O 1 0 . 3 B A H T 0 . 2 Y U A N 1 . 3

ACONTECEU HOJE 17 DE SETEMBRO

Pu Yi

LÍNGUADE gATO

hoje macau quarta-feira 17.9.2014 (F)UTILIDADES 17

U M D I S C O H O J E

João Corvo fonte da inveja

A crença é a doença infantil de uma humanidade que demora a crescer.

C I N E M ACineteatro

SALA 1THE EXPENDABLES 3 [C]Um filme de: Patrick HughesCom: Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger, Jet Li14.30, 19.15

CAFE • WAITING • LOVE [B]FALADO EM MANDARIM E LEGENDADO EM CHINÊSUm filme de: Chiang Chin LinCom: Vivian Chow, Megan Lai, Pauline Lan, Lee Luo16.45, 21.30

SALA 2BEGIN AGAIN [C]Um filme de: John Carney

Com: Keira Nightley, Matk Ruffalo, Hailee Steinfeld14.30, 19.30

THE EXPENDABLES 3 [C]Um filme de: Patrick HughesCom: Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger, Jet Li16.30, 21.30

SALA 3BUT ALWAYS [B]Um filme de: Snow ZouCom: Nicholas Tse, Gao Yaun-yuan, Tong Da-wei14.30, 16.30, 19.30, 21.30

BEGIN AGAIN

ENGLISH RIVIERA(METRONOMY, 2011)

O quarteto britânico Metronomy, nascido em 1999, faz umas músicas assim a roçar o electropop ou uma onda new wave, como dizem os entendidos de música. Com o álbum English Riviera, tanto podemos dançar que nem uns loucos como agarrar no nosso par e dançar um slow. Todas as músicas são bem conseguidas e fazem deste um trabalho de estúdio homogéneo. - Andreia Sofia Silva

Nascem Guerra Junqueiro e José Régio• Hoje é dia de recordar dois grandes nomes da literatura portuguesa, Guerra Junqueiro e José Régio, que nasceram a 17 de Setembro. Guerra Junqueiro nasceu em Freixo de Espada à Cinta, a 17 de Setembro de 1850. Formado em Direito pela Universidade de Coimbra, exerceu funções como alto funcionário admi-nistrativo, político, deputado e jornalista.Mas, foi acima de tudo como escritor e poeta que se tornou célebre, sendo considerado o mais popular do seu tempo e um dos grandes precursores da chamada “Escola Nova”. A poesia de Guerra Junqueiro esteve na origem do ambiente revolucionário que conduziria à Implantação da República em Portugal. Junqueiro viria a morrer em Lisboa, a 7 de Julho de 1923.Também a 17 de Setembro, mas em 1899, nasce José Régio, em Vila do Conde, escritor português que viveu grande parte da sua vida na cidade de Portalegre.Régio terá sido, provavelmente, o único escritor em Língua Portuguesa a dominar com igual mestria todos os géneros literários.Foi um notável poeta, dramaturgo, romancista, novelista, en-saísta, cronista, jornalista, crítico e historiador da literatura, além de editor e director da influente revista literária Presença. José Régio desenvolveu também brilhantes trabalhos como desenhador, pintor, e foi ainda um grande coleccionador de arte sacra e popular. Morre na cidade que o viu nascer, a 22 de Dezembro de 1969.

Diz-me quem espias...Notícias recentes, e hoje publicados no HM, dão conta que o Governo de Macau ainda aí a tentar espiar cidadãos do território. Quem são, o que fazem e que interesse têm para o Governo, só este mesmo o pode dizer. Mas, a verdade, é que já lá vão mais de uma dezena de pedidos rejeitados, relativos a 19 utilizadores do Google, que tem, como se sabe, o Gmail e o Youtube, além do motor de busca. Pelo que a empresa diz, rejeitou estes pedidos. No entanto, é caso para nos questionarmos se estamos a ficar como o continente. O que haverá de interessante numa conta de email de cidadãos de Macau? E porque é que esse conteúdo é pedido pelo nosso Governo? Temo pela liberdade. Até porque podemos pensar que nunca nos calha a nós – que só os peixes mais graúdos são apanhados nesta teia de espionagem -, mas, quem sabe, podemos andar para aí a incomodar o Chefe e a fazer parte de uma lista negra sem sequer sabermos. Espero que estes pedidos continuem a ser recusados, até porque, nesta terra, não faltam jornalistas. Eu sei que todos os dias somos espiados a torto e a direito por pessoas que nunca ouvimos falar. É só abrir o Facebook depois de andarmos à procura de viagens para o Bali, para ver a quantidade de hotéis que nos são oferecidos através de publicidade – precisamente onde? No Bali, pois claro. Isso incomoda-me, claro, mas incomoda-me mais pensar que ando para aqui a enviar emails que não são da conta de ninguém e o Governo pode estar interessado neles. Hmm...

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HOJE

MAC

AUhoje macau quarta-feira 17.9.201418 ócios / negócios

CROSS BORDER LIZETTE DE SENNA FERNANDES, DIRECTORA

“NÃO HÁ COMPREENSÃO SUFICIENTE SOBRE OFFSHORE”

ANDREIA SOFIA [email protected]

Q UANDO se fala em paraísos fis- cais, vulgo offshores, o senso comum leva a que a maioria

das pessoas associem de imediato esses países ou regiões a movimentos ilegais de evasão fiscal ou lavagem de dinheiro. Mas a Cross Border prefere desmisti-ficar o conceito. Há um lado legal em criar uma conta offshore e a empresa da macaense Lizette de Senna Fernandes trabalha há dois anos a ajudar clientes e empresas a investirem a sua riqueza em paraísos fiscais.

“As pessoas não têm compreensão suficiente sobre esta área. As contas offshore funcionam, em primeiro lugar, para proteger activos e riqueza”, conta ao HM a macaense, licenciada em Direito no Reino Unido e com experiência interna-cional nesta área.

“A maioria dos bancos fazem um trabalho contínuo nesta área e existem mais restrições. Já não é assim tão fácil existirem situações de branqueamento de capitais. Abrir uma conta offshore é tam-bém um investimento, porque se investe em moeda”, garantiu Lizette.

Na Cross Border, trabalham-se quatro áreas, apresentando-se aos clientes so-

luções na área do imobiliário, na gestão financeira da riqueza, soluções de inves-timento e de negócio. Fazer tudo isto em paraísos fiscais, com o planeamento jurí-dico adequado, traz vantagens: o cliente

ou a empresa paga menos impostos e garante um projecto de investimento de longo prazo. E não são apenas locais que optam por abrir contas nas Bahamas, no Panamá ou nas Ilhas Caimão. Há também muitos estrangeiros que querem fazer esse planeamento em Macau e Hong Kong.

“Há casos em que um cliente tem um problema de saúde e precisa de parar de trabalhar, então o investimento feito pode ajudar essa pessoa a cobrir todas as despesas. Fazer esse investimento em offshore dá-lhe mais oportunidades. Não têm de ser pessoas ricas, podem pertencer à classe média e preocupar-se de forma séria quanto ao futuro”, disse a mentora da Cross Border.

“Temos empresários, indivíduos com uma grande rede de contactos que querem preservar ou criar mais riqueza, e que-rem fazer o planeamento em termos de pagamento de impostos ou investimento em offshore. Actualmente enfrentamos o problema da inflação, então os clientes são pessoas que não querem apenas fazer um planeamento para si mesmos, mas pensam também nas próximas gerações”, explicou ainda Lizette de Senna Fernandes.

ABRIR ESCRITÓRIOS NO ESTRANGEIRO Em Macau, a directora-executiva da Cross Border garante que os locais procuram muito este tipo de serviço, mas também estrangeiros. Contudo, o planeamento de investimento em paraísos fiscais é uma área que, segundo Lizette de Senna Fer-nandes, ainda não está muito desenvolvida no território, apesar de Macau ser consi-derado um paraíso fiscal. A mentora da Cross Border destaca um acordo assinado entre a RAEM e a Índia o ano passado, algo que proporcionou ao território “maior reconhecimento a nível internacional enquanto paraíso fiscal”.

“Há necessidade de desenvolver mais legislação sobre esta área, porque Macau está a internacionalizar-se. Mas o Governo não pode desenvolver muito mais a legis-lação contra o branqueamento de capitais enquanto não surgirem mais casos. Claro que podem copiar o que se faz noutros países, mas não saberemos se isso irá funcionar enquanto não tivermos mais pessoas a vir para Macau e investir nesta área”, disse Lizette de Senna Fernandes.

Com a sede em Macau e um escritório em Shenzen, a Cross Border está sempre à espreita de novos parceiros para ultrapas-sar ainda mais fronteiras. “Estou a pensar convidar mais parceiros para trabalhar, precisam de ficar localizados nos seus países para podermos abrir mais escritó-rios, talvez na Europa. Estou a pensar em expandir a empresa para a Europa”, frisou Lizette de Senna Fernandes.

Lizette de Senna Fernandes fez a licenciatura em Direito no Reino Unidoe especializou-se na área financeira. Há cerca de dois anos criou em Macaua Cross Border, uma empresa que ajuda empresas e indivíduos a protegeras suas finanças através da abertura de contas offshore

“As pessoas não têm compreensão suficiente sobre esta área. As contas offshore funcionam, em primeiro lugar, para proteger activos e riqueza”

Page 19: Hoje Macau 17 SET 2014 #3176

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hoje macau quarta-feira 17.9.2014

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Cecília Lin; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

19OPINIÃO

Ligações francesas às ligações perigosas no Oriente II

N A cinematografia francesa dos anos 60, em “Rio não responde mais”, Hubert Bonisseur de La Bath ou o Agente OSS 117, não evita grandes gargalhadas sobre chineses ou ainda alimentando o antigo cliché ao não distinguir chineses dos japoneses.

A política real do século XXI da Re-pública Francesa já não permite a tanta descontracção ou ainda negligência, vive-se uma outra realidade extremamente exigente.

A França vive hoje com a Ásia no pensamento, num dilema entre a coopera-ção activa e estratégica ou a neutralidade colaborante com o Sudeste-asiático, Ásia--Pacífico e o Pacífico Sul por um lado e a manutenção dos interesses na China por outro. Como é que Paris vai manter este equilíbrio ou por quanto tempo conseguirá viver no limbo com uma crescente aliança estratégica com o mundo anglo-saxónico, e as antigas possessões da Indochina Francesa sem quebrar a confiança que ainda deve restar junto de Pequim?

Ao constatarmos que economia francesa tem vindo a dedicar 36 por cento das ex-portações (excluindo as trocas no mercado interno da União Europeia) para a Ásia e mais de 70 mil milhões de Euro em investimento directo, enquanto as importações asiáticas para a França atingiram cerca de 32 pontos percentuais e o investimento directo asiático na França cifrou-se nos 18 mil milhões de Euro, mais justifica que um país aumente o nível de segurança externa para os oceanos Índico e Pacífico. Seguindo a máxima que sem segurança e estabilidade não há econo-mia e comércio, então, o pilar da segurança e defesa é hoje central na política externa francesa para a Ásia.

São raros os Estados-membros da União Europeia que têm um Conceito Estratégico exclusivo e dedicado à Ásia, que apenas são reservados aos países com lideranças firmes na defesa do superior interesse nacional no mundo inteiro, e a França é um deles quando no ano de 2013 produziu o Livro Branco subordinado ao título “A França e a Segurança na Ásia-Pacífico”.

Este Livro Branco marcou a viragem estratégica definitiva da França para de-fender os seus interesses no Oriente, onde desde os tempos imperiais, o país de Colbert nunca fez uma retirada total, e François Hollande fez questão em estar com todas as lideranças da ASEAN.

“Não nos surpreende constatar a natural aliançaentre o actual eixo franco-alemão, Hollande-Merkel,tudo em nome do realismo político e económico,da manutenção do poder e da defesa dos seussuperiores interesses nacionais no mundo”

o monóculo, a pena e a espadaVITÓRIO ROSÁRIO CARDOSO*

*Membro da Associação de Jovens Auditorespara a Defesa, Segurança e Cidadania de Portugal

(DECIDE Portugal)

Se tivermos em conta alguns fora de coo-peração económica, político-diplomática e militar em que a França e os países asiáticos participam, tais como a ASEAN Commu-nity 2015, o Tratado de Manila, o Tratado de Bali, o Acordo FRANZ, ou o Grupo de Coordenação de Defesa Quadrilateral, constituem sinais claros do posicionamento geoestratégico francês na Ásia e uma clara postura de alinhamento às forças do Pacífico que vão do Japão à Austrália e ainda da Ilha

Formosa, das Filipinas à Malásia, passando pelo Vietname e Singapura até à Índia. Não será necessário ser mago para entender que se trata de um cordão de contenção da China no Oriente.

Num nível mais táctico, recordando o filme do Último dos Moicanos onde as forças do Coronel Munro são apanhadas numa emboscada, em plena retirada do Forte William Henry, quando o General francês Montcalm tinha dado a palavra

de honra que deixava as forças britânicas retirarem-se com dignidade, quando afinal já havia um acordo secreto com os índios para a aniquilação total das forças inglesas, lembra-me um pouco a presença de agentes provocadores gauleses na China a pro-moverem debates públicos que coloquem em cheque ou no mínimo em questão os superiores interesses nacionais chineses, poderemos classificar estas manobras como manobras para se testar os limites ou a milenar paciência chinesa ou testar a elasticidade e tipo de reacção de Pequim?

Das “Ligações Francesas às Ligações Perigosas no Oriente” leva-nos a reflectir como é que uma potência com interesses globais e ainda disposta a colocar as “botas no terreno” em conflito, do norte de África, África Subsaariana ao Médio Oriente e em reforço total na Ásia-Pacífico, vai conse-guir manter o seu relacionamento favorável com uma grande potência económica e militar como a China e que cada vez mais luta para conquistar esferas de influência e mercados globais. A França mantém alian-ças firmes com o Vietname, país asiático conhecido por ter disputas com a China, e ainda com o Japão no desenvolvimento da indústria de armamento, para não se falar da Índia, um dos principais parceiros na compra de armamento francês. Se a França conseguir responder com sucesso a este dilema, será com certeza um marco de interesse e de estudo para as outras nações suas concorrentes.

A aliança político-militar entre a França e o Reino Unido que dura há mais de quatro anos é uma das possíveis respostas para a França se manter à tona na região oriental, como um bom jogador de xadrez, e ainda a ter em conta toda a diplomacia económica já investida no terreno. Ao longo da histó-ria não nos surpreende observar alianças estranhas entre a França de Pétain com a Alemanha de Adolf Hitler, quando o que se “vende hoje” é a “Resistência”, não nos surpreende constatar a natural aliança entre o actual eixo franco-alemão, Hollande--Merkel, tudo em nome do realismo político e económico, da manutenção do poder e da defesa dos seus superiores interesses nacionais no mundo.

O mundo é aquilo “que é” e nunca o mundo é aquilo que “deve ser”.

Page 20: Hoje Macau 17 SET 2014 #3176

hoje macau quarta-feira 17.9.2014

cartoon por Stephff

ONU UMA EM CADA NOVE PESSOAS PASSA FOME NO MUNDO

Uma guerra interminável O número de afectados pelo flagelo da fome até tem vindo a diminuir mas são ainda cerca de 800 milhões os que não têm para comer

O número de pessoas que passam fome no mundo diminuiu mais de 100 milhões

na última década, mas a falta de alimentos ainda afecta 805 mi-lhões, um em cada nove habitantes do planeta, segundo a ONU.

“O número de pessoas que sofrem de fome a nível mundial diminuiu mais de 100 milhões na última década e mais de 200 milhões desde 1990-92”, lê-se no relatório sobre insegurança alimentar no mundo publicado ontem em Roma pela Organização das Nações Unidas para a Alimen-tação e a Agricultura (FAO).

Esta diminuição, segundo o documento, significa que pode ser alcançado o Objectivo de Desenvolvimento do Milénio (ODM) de reduzir para metade o número de pessoas desnutridas em 2015, desde que “se intensi-fiquem os esforços”.

A percentagem da população mundial a sofrer de subnutrição

Residência IPIM aprova 247 pedidos entre dois mil O Instituto de Promoção de Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) recebeu, no primeiro semestre do ano, 2312 pedidos de fixação de residência temporária, menos 116 em relação ao ano anterior. Destes, 1915 foram aprovados. Retirando os pedidos de renovação, 1906, em novos pedidos de fixação o IPIM recebeu 406, dos quais 250, menos 39 que no ano anterior, referem-se a quadros dirigentes e técnicos especializados 47, apenas mais um que em 2013, a investimentos relevantes e projectos de investimentos e 109, menos 76, à extensão ao agregado familiar. No que se refere à aprovação só 247 foram aprovados.

Óbito Banza falece aos 56 anos em Lisboa

N ASCEU António Santos, mas todos o conheciam

por Banza, (alcunha desde os tempos de criança em Angola). Faleceu na madrugada desta terça-feira em Lisboa, vitima de doença prolongada. Advo-gado de profissão, a cozinha foi sempre a sua paixão. “Adoro isto! Adoro cozinhar!”, dizia ao HM numa entrevista há cerca de um ano. Depois de ter servido comida portuguesa em Boracay (Filipinas) durante oito anos e meio, num restaurante que ape-sar de já não existir ainda consta como um dos melhores nos roteiros internacionais, Banza estabeleceu-se definitivamente em Macau em 2006. Na Taipa, junto ao Jockey clube, fundou o restaurante que dirigiu até ser atingido pela doença.

Na memória fica a voz quen-te e poderosa, a generosidade sempre à mão, a gargalhada implacável. Um homem de bem com coração de gigante.Até sempre companheiro - J.C.M

“O número de pessoas que sofrem de fome a nível mundial diminuiu mais de 100 milhões na última década e mais de 200 milhões desde 1990-92”RELATÓRIO DA ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDASPARA A ALIMENTAÇÃOE A AGRICULTURA

Ébola Obama enviará três mil soldados para ÁfricaObama deve apresentar o seu plano de acção contra o Ébola durante uma visita ao Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC), em Atlanta, e os esforços norte-americanos vão concentrar-se na Libéria, um dos três países mais afectados pela epidemia, juntamente com a Guiné Equatorial e a Serra Leoa. O centro de comando da operação ficará em Monróvia, capital da Libéria. Obama pediu ao Congresso a aprovação de uma verba adicional de 88 milhões de dólares, o que eleva o montante total da ajuda dos Estados Unidos aos três países a 250 milhões de dólares. A epidemia de Ébola na África Ocidental, a mais grave da história desta febre hemorrágica identificada em 1976, matou mais de 2.400 pessoas dos 4.784 casos detectados, segundo o último registo da OMS.

Tóquio Sismo de 5,6 faz tremer edifícios Os edifícios da capital japonesa tremeram ontem, quando um sismo de magnitude 5,6 na escala de Ritcher atingiu o país, sem que tenham sido reportadas vítimas ou danos materiais. Segundo a Agência de Meteorologia do Japão, o epicentro registou-se a sul de Ibaraki, uma zona a este de Tóquio, e foi localizado a cerca de 50 quilómetros abaixo da superfície. O sismo foi sentido nos edifícios de Tóquio durante mais de um minuto. O Japão é todos os anos atingido por um quinto dos sismos mais intensos do mundo, estando localizado no topo de um conjunto de placas tectónicas.

Triatlo longo Bruno Pais a caminho da ChinaBruno Pais vai ser o único representante português no campeonato do Mundo de triatlo longo, que se disputa domingo em Weihai, China. O experiente triatleta olímpico do Benfica dedica-se agora a distâncias mais longas, tendo vencido recentemente o Half Ironman de Budapeste, na Hungria. O triatlo longo tem sensivelmente o dobro das distâncias da prova olímpica, sendo composto por 1,9 quilómetros de natação, 90 de ciclismo e 21 de corrida. Bruno Pais, de 33 anos, foi 17.º nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008.

A GAITA

passou, nos últimos dez anos, de 18,7% para 11,3%.

Nos países em desenvolvi-mento, essa percentagem passou de 23,4% para 13,5%. Até à data, segundo o relatório, 63 países em desenvolvimento alcançaram aquele objectivo e seis deverão consegui-lo em 2015.

“Isto prova que podemos vencer a guerra contra a fome. Devemos inspirar os países a seguir em frente, com o apoio da comunidade internacional”, afirmam o director-geral da FAO, José Graziano da Silva, o pre-sidente do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), Kanayo F. Nwanze, e a diretora executiva do Programa Mundial de Alimentos (PMA), Ertharin Cousin.

DESIGUALDADES GEOGRÁFICASEstes progressos assentam no en-tanto em profundas disparidades

regionais. “O acesso aos alimen-tos melhorou significativamente em países que experimentaram um progresso económico, espe-cialmente em zonas do leste e sudeste da Ásia”.

Em contrapartida, “persistem várias regiões e sub-regiões que estão muito atrasadas”, na Ásia e na África subsaariana, onde uma em cada quatro pessoas passa fome.

As organizações sublinham a necessidade de renovar o compro-misso político para o combate à fome através de acções concretas e encorajam o cumprimento do acordo alcançado na Cimeira da União Africana de Junho passado, de acabar com a fome no conti-nente até 2025.

Sublinhando que a insegu-rança alimentar e a subnutrição são problemas complexos que exigem soluções coordenadas, as organizações pedem aos go-vernos que trabalhem em estreita colaboração com o sector privado e a sociedade civil.

“A erradicação da fome re-quer o estabelecimento de um ambiente favorável e um enfoque integrado”, que inclua investi-mentos privados e públicos para aumentar a produtividade agríco-la, o acesso à terra, aos serviços, às tecnologias e aos mercados.

O relatório aponta ainda a necessidade de medidas para promover o desenvolvimento rural e a protecção social dos mais vulneráveis e de programas de nutrição específicos para mães e crianças menores de cinco anos.