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TEMPO AGUACEIROS OCASIONAIS MIN 26 MAX 31 HUMIDADE 60-95% • CÂMBIOS EURO 9.7 BAHT 3.8 YUAN 0.7 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB PUB PUB MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ SEXTA-FEIRA 7 DE SETEMBRO DE 2012 ANO XII Nº 2690 PUB Ter para ler CCAC E COMISSARIADO DE AUDITORIA CHUMBAM COMPETÊNCIA DO GOVERNO Relatórios arrasam toda a gestão do metro ligeiro PGS. 2-3

Hoje Macau 7 SET 2012 #2690

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Edição do Hoje Macau de 7 de Setembro de 2012 • Ano X • N.º 2690

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TEMPO AGUACEIROS OCASIONAIS MIN 26 MAX 31 HUMIDADE 60-95% • CÂMBIOS EURO 9.7 BAHT 3.8 YUAN 0.7

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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PUB

MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • SEXTA-FEIRA 7 DE SETEMBRO DE 2012 • ANO XII • Nº 2690

PUB

Ter para ler

CCAC E COMISSARIADO DE AUDITORIA CHUMBAM COMPETÊNCIA DO GOVERNO

Relatórios arrasam todaa gestão do metro ligeiro PGS. 2-3

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2 política sexta-feira 7.9.2012www.hojemacau.com.mo

Joana [email protected]

EXPLICAÇÕES vagas, incompetências e falta de fundamentos. O Co-missariado contra a Cor-

rupção (CCAC) é esmagador nas críticas que tece ao Gabinete para as Infra-Estruturas dos Transportes

O Comissariado contra a Corrupção disse ontem ser viável manter a passagem do metro pela Avenida Sun Yat Sen em vez de pela Rua de Londres. Uma proposta que apoia os moradores da zona e que elimina uma sugestão do GIT – que o CCAC acusa de extrema incompetência

CCAC arrasa com gestão do Gabinete para as Infra-Estruturas dos Transportes e dá razão a moradores

Metro ligeiro debaixo de fogo pesado(GIT), no mais recente relatório sobre o sistema de metro ligeiro.

O organismo dá razão aos re-sidentes da Rua de Londres e da

Rua Cidade do Porto – que moti-varam a investigação -, afirmando que não há razão para que o GIT tenha decidido mudar o traçado

da passagem do metro da Avenida Dr. Sun Yat Sen para a Rua de Londres, na zona dos NAPE. “Não foram apresentados fundamentos

convincentes nem com qualquer suporte científico e técnico”, frisa o relatório.

A decisão retrocede a 2007, quando o GIT elaborou o que terá sido um estudo de optimização sobre o metro e retirou a hipótese deste novo meio de transporte passar pela avenida onde se ergue a estátua da deusa A-Má, “sem ter apresentado elementos que servissem de suporte à decisão.” O gabinete considerava que, com a mudança, eram satisfeitas as necessidades das futuras obras nos novos aterros e do “desen-volvimento da rede rodoviária da zona oeste”. Confuso? Também o CCAC o achou. “A rede rodoviá-ria da zona Oeste é uma simples

Andreia Sofia [email protected]

FALHAS na fiscalização de qualidade das obras, falta

de regras estabelecidas por escrito e uma gestão financeira que não soube olhar para a in-flação. São estas as principais críticas apontadas ao Gabinete para as Infra-Estruturas de Transportes (GIT) sobre os trabalhos de construção da primeira fase do Metro Ligeiro (ML), publicadas no relatório do Comissariado de Auditoria (CA). Em cinco anos o orça-mento previsto para a 1ª fase do Metro Ligeiro passou de 4,2 mil milhões para 11 mil milhões de patacas. O relatório do Comissariado de Auditoria diz que o Gabinete para as Infra-Estruturas de Transpor-tes fez previsões “aquém das condições reais” e que assim o Governo não consegue prever gastos no futuro.

O CA começa por apon-tar o dedo à derrapagem fi-nanceira face às estimativas iniciais apontadas pelo GIT, cujos valores triplicaram desde 2007. Na altura, o

Comissariado de Auditoria também é demolidor. Neste caso, sobre a gestão dos orçamentos

GIT tem de “melhorar a gestão financeira”GIT estimou que a primeira fase do ML iria custar 4,2 mil milhões de patacas, mas em 2011 o valor aumentou para 11 mil milhões. Além disso, afirmou na altura que tal valor “não representava o limite máximo das despesas, mas apenas uma meta”.

Os valores de adjudicação de obras do parque de mate-riais e oficinas e do segmento da Taipa sofreram aumentos de 45% e 32%, respectiva-mente, enquanto as despesas do “material circulante e sis-temas” aumentou 34%.

FALTA DE DINÂMICASegundo o relatório, o GIT fez uma estimativa dos gastos com base em “investimentos estáticos” e não “dinâmicos”, o que significa que não previu o aumento da inflação e varia-ções cambiais. “Dado que o GIT não estimou e fixou um limite máximo das despesas de construção com base no investimento dinâmico, não consegue prever o montante dos recursos financeiros ne-cessários para os próximos anos e impede o Governo

da RAEM de prever, com a devida antecedência, os encar-gos financeiros que vai ter de suportar nos próximos anos.”

Desta forma, o GIT deve “melhorar a sua gestão finan-ceira”, bem como “estimar de forma científica todos os recursos financeiros a investir até à conclusão das obras do ML”. Tem ainda de “esta-belecer um limite máximo orçamental”, sujeito às “ne-cessidades reais e obediência ao princípio da economia”.

CUSTOS SEM REGRASQuanto às instruções para a contenção de custos, o GIT é acusado de ter-se limitado à “transmissão verbal de informações” em vez de criar regras escritas para os trabalhadores cumprirem. “A direcção do GIT continua a entender que as orientações verbais aos seus colabora-dores em reuniões internas conjugada com a experi-ência dos trabalhadores é suficiente”. Contudo, “deve assegurar a elaboração de medidas escritas de controlo de custos”, pois só assim se

assegura “a boa gestão deste grande empreendimento”.

Sobre as acusações de falta de gestão, o GIT apenas diz que “criou uma série de planos”, onde se inclui o plano de gestão comercial, que veio definir “sistemati-camente as medidas de ges-tão de custos”. Afirma ainda que o ML vai ter em conta uma “utilização racional do erário público”.

FISCALIZAÇÃO EM BAIXAO GIT assinou um contrato com o Consórcio A no valor de 176 milhões de patacas, o qual ficou responsável pela coordenação e supervisão do plano geral de construção, que inclui a fiscalização de todas as obras e preparação de concursos públicos, entre outras acções. Foi também assinado um contrato com o Fornecedor B, no valor de 4.688 milhões de patacas, para o fornecimento de ma-terial circulante e sistemas.

Quanto ao primeiro acor-do, o GIT é acusado de não ter feito a melhor avaliação dos trabalhos do consórcio,

sendo aconselhado a “rever e melhorar o mecanismo de avaliação” sobre os traba-lhos da empresa contratada.

É ainda apontado que “a gestão e a fiscalização exercidas pelo GIT sobre a execução do contrato care-cem de mais rigor”, dado que não “asseguram que sejam feitas análises e to-

madas decisões apropriadas em casos de incumprimento contratual”.

Como resposta, o GIT afirma que “já procedeu em tempo oportuno à revisão do mecanismo de avaliação” aos trabalhos do consórcio, que diz ter criado em 2011, e que actualmente está “em implementação”.

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RELATÓRIO SEM CONTEMPLAÇÕES

3políticasexta-feira 7.9.2012 www.hojemacau.com.mo

CCAC arrasa com gestão do Gabinete para as Infra-Estruturas dos Transportes e dá razão a moradores

Metro ligeiro debaixo de fogo pesadoconcepção preliminar, sobre a qual não recaiu qualquer decisão final. Se formos a ver, desconhece--se o autor dessa concepção e as autoridades nunca chegaram a aprová-la. Porquê a insistência na Rua de Londres?”

O CCAC caracteriza as justifi-cações do GIT como vagas, atacan-do o organismo com violência. “O GIT tentou utilizar palavras bonitas e uma linguagem vazia para escla-recer e ter uma boa aparência, mas no entanto não prestou quaisquer dados técnicos para convencer a população em geral.”

A alteração ao tratado foi questionada pelos moradores da zona e pela Associação para o Desenvolvimento da Comunida-de de Macau, que apresentou em Maio de 2011 uma participa-ção ao CCAC sobre problemas relacionados com a construção do sistema do metro ligeiro. Os intervenientes não percebem a decisão da mudança, mas também têm as suas suspeitas, dizendo que podem estar em causa interesses ilícitos para esta alteração, como a construção de edifícios comer-ciais e habitacionais. “Ao longo dos últimos anos, o Governo tem cobrado um valor simbólico pelos terrenos desta zona – entre 60 mil a 80 mil patacas – aos comerciantes”, pode ler-se numa transcrição da reclamação da associação. “Tendo em conta o desenvolvimento no futuro, os lucros com estes novos terrenos poderiam ser de centenas de mi-lhões de patacas. Foi por isso que as associações, os comerciantes desonestos e os maus dirigentes se juntaram para conseguir a todo o custo um percurso pelo interior das ruas desta zona.”

Mas na lista dos problemas incluía-se ainda a falta de segu-rança, em caso de incêndio, que o metro iria causar caso passasse na Rua de Londres. Falta de segurança que agora se comprova, com o relatório do CCAC.

SEGURANÇA POR GARANTIR“Os residentes da zona afectada têm toda a razão ao colocarem dú-vidas sobre a segurança do sistema de metro ligeiro, ficando ameaçada directamente a segurança das vidas e dos bens dos moradores desta zona”, aponta o relatório do CCAC. Em actas de reuniões com o Cor-po de Bombeiros, pode saber-se que os profissionais diziam que a construção de um traçado do metro nas Ruas de Londres e da Cidade

• “Consideramos que as informações sobre o elemento-chave da construção do metro ligeiro, ou seja as características técnicas e as suas explicações, não são minuciosas nem suficientes”

• “Na fase teórica ou de concepção, quando se insiste em utilizar uma linguagem vazia para convencer a população em geral, em vez de se esclarecer com os critérios técnicos e dados reais, isso revela-se pouco convincente”

• “A construção de uma grande infra-estrutura é diferente da compra de vegetais no mercado. Se [estes] não forem ao gosto pode-se desistir deles porque o prejuízo é limitado”

• “Em 2011, o GIT ainda andava a perguntar ao Corpo de Bombeiros se poderia elaborar projectos de construção segundo regras da NFPA. Desde o início que o GIT não dominava a matéria” (sobre a segurança contra incêndios)

• “A responsabilidade não pode ser dos adjudicatários, porque se o serviço competente decisório

não sabia quais os critérios técnicos, então como pode avaliar a compatibilização da proposta seleccionada com as regras técnicas de segurança contra incêndios?” (sobre o desconhecimento das normas de incêndio)

• “Desde o início até ao final faltaram os fundamentos técnicos e científicos, especialmente no problema da segurança contra incêndios”

• “A forma de tratamento e os procedimentos adoptados pelos serviços competentes foram inadequados e pouco convincentes para o público porque não houve divulgação completa de dados”

• “Propomos a alteração do traçado para a Avenida Dr. Sun Yat Sen com metro subterrâneo e no traçado da rua de Londres pôr passeios e faixa de rodagem”

• “Se fizer uma análise mais profunda e completa sobre a proposta do metro ligeiro, há ainda muitos problemas em aberto que merecem um estudo mais aprofundado”

Impacto ambiental avaliado por quem não sabeNem as avaliações ao impacto ambiental escaparam às críticas do CCAC. O comissariado diz que se a decisão da construção do sistema de metro ligeiro já foi tomada em 2009, não faz sentido ter sido apenas em 2011 divulgado o relatório de avaliação do impacto ambiental. “Será que os serviços competentes não precisam de divulgar esses dados quando ninguém protesta?” O CCAC reitera que todos os elementos relativos a normas técnicas devem ser divulgados junto do público o mais cedo possível. Mas há mais acusações. “Em relação ao relatório do impacto ambiental, foi parcialmente elaborado por empresas não especializadas na área, sendo questionável a credibilidade das informações.” - J.F.

do Porto iria afectar as condições de acesso aos bombeiros, em caso de incêndio.

Os moradores diziam que a construção do metro nesta zona não contemplava os requisitos de segurança contra incêndios, acusação que se encontra correcta, mas à qual o GIT evitou sempre responder. “Eram evasivos (...) di-ziam que ia sempre ser considerada a segurança e que estavam a ser realizados contactos com Corpo de Bombeiros.”

Esta é uma das questões mais acerrimamente criticadas pelo CCAC. O organismo aponta dema-siadas incoerências no comporta-mento do gabinete responsável pela construção do metro. As confusões começam porque o conjunto de normas vigentes em Macau não prevê regras para a construção de um meio de transporte tão específico quanto o metro ligeiro, tendo de ser utilizadas normas internacionais.

O GIT optou por escolher a nor-ma NFPA 130 – uma norma contra incêndios para infra-estruturas de superfície, subterrâneas e elevadas, incluindo metro e estações. Mas a aplicação da NFPA 130 precisava de um parecer do Corpo de Bom-beiros – pedido feito apenas em Julho de 2011. “Fica demonstrado que o GIT não tinha realizado até àquele momento contactos com os serviços competentes.” A constru-ção, contudo, tinha ficado decida um ano antes. “Segundo as informações divulgadas pelo GIT, se o projecto do sistema do metro ligeiro já foi decidido em 2010, por que é que houve dúvidas em 2011 sobre a aplicação das normas NFPA?”

O CCAC diz que durante todo o processo de concepção, os métodos e as informações adoptados pelo GIT são pouco esclarecedoras, em particular sobre regras técni-cas a respeitar. “De entre todas as informações apresentadas ao CCAC não encontrámos nenhum documento de análise sobre o pro-jecto de concepção no qual ficasse demonstrado que foram tomados em considerações estes critérios [de segurança]. Caso se pretenda que o público venha a aceitar o referido projecto deve esta matéria ser explicada com a apresentação de dados científicos e técnicos assegurando-se a salvaguarda do interesse público.”

OPINIÕES FAVORÁVEISProcedimento normal em Macau, nem a consulta pública sobre o metro foi poupada a críticas. O CCAC diz que o GIT realizou mui-tas auscultações, mas que nenhum relatório com conteúdo sobre isso

foi publicado. E não se fica por aqui. “A par disso, não houve infor-mações convincentes para indicar as razões e a fundamentação sobre a mudança das decisões tomadas antes e depois da consulta, nem se divulgaram à sociedade os dados científicos detalhados.”

O CCAC realça que os traba-lhos de consulta foram insuficien-tes e incompletos, acrescentando que o GIT foi incompetente na forma como recolheu opiniões. Apresentando alguns exemplos de opiniões publicadas – todas favorá-veis à existência de um metro em Macau –, o CCAC mostra-se pouco convencido. “Em relação a este tipo de respostas manifestamos grandes reservas, especialmente sobre a sua objectividade. Temos dúvidas sobre o valor destas opiniões.”

Outra acusação é que o GIT não teve consciência para dividir de forma específica os consultados – só os beneficiados ou afectados deveriam ter sido consultados.

Lei Chan Tong é o cordenador do GIT, tendo como adjuntos, Ho Cheong Kei e André Ritchie (na foto). Este último tem sido a face mais visível do gabinete, pela presença assídua nas comunicações à imprensa sobre o desenvolvimento de todo o processo do metro ligeiro.

“Se são da Rua de Londres, não se pode fazer perguntas a quem vive em Coloane. A consulta foi geral e abstracta.”

O organismo contra a corrup-ção admite que o GIT tem poder discricionário, mas que, só por isso, não pode “decidir o resultado em jogo de moeda ao ar”, tendo que fundamentar todas as regras de segurança e todas as decisões. Tudo isso deve ser explicado, deixando de lado pretextos. “Não se receita um medicamento sem explicação só porque o doente não percebe de medicina.”

CONSULTA À POSTERIORIEsta é uma das intervenções mais complexas e com maior grau de di-ficuldade, impacto e sensibilidade social que o CCAC enfrentou nos últimos anos, diz organismo. Ainda assim, a conclusão é peremptória: o metro deve seguir a proposta ini-cial. “Não se pode considerar com-pletamente inviável a proposta de construção de um túnel na avenida Dr. Sun Yat Sen para a passagem do metro ligeiro.” Mesmo com mais custos que possa acarretar, não se deve esquecer que esta é uma obra a longo prazo, alerta o CCAC.

O organismo contra a corrupção não percebe a mudança, apontando apenas três possibilidades: ou o GIT meteu água na proposta inicial de o metro passar na Sun Yat Sen, ou a inicial era boa e esta já não é ou ambas são favoráveis, tendo que se escolher a mais adequada consoante a segurança e a influência na vida dos moradores, custos e intervenção no desenvolvimento de Macau. Para o CCAC, a opção está feita, o organismo quer agora que o GIT responda. Mas o gabinete tem de dar justificações que não sejam “abstractas e vagas” e explicar se a mudança foi uma “decisão política ou um requisito técnico”.

O CCAC espera que o GIT con-siga fazer isto, depois de ter apontado que houve falta de seriedade e de isenção no estudo detalhado dos problemas, bem como falta de apre-sentação de propostas alternativas na fase da concepção.

O GIT terá pedido apenas a intervenção de empresas de con-sultadoria depois de os residentes terem levantado dúvidas, coisa que o CCAC diz não perceber uma vez que as obras já tinham sido iniciadas. “Além disso, as referidas empresas são pouco credíveis e os resultados não convencem.” O CCAC salienta que a forma de ges-tão do GIT foi inadequada, porque coisas que deveriam ter sido pon-deradas na fase de concepção só o foram depois das decisões estarem tomadas. Por isso, o comissariado propõe ao Executivo que crie um grupo técnico especializado “que responda por si” para evitar mais confusões.

O Hoje Macau tentou con-tactar o GIT, mas tal revelou-se impossível.

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Cecília [email protected]

O presidente da Associação de Auxílio Mútuo dos Trabalhadores, Cheong Weng Fa, e o presidente

da Associação para os Assuntos dos Direitos e Interesse das Pessoas, Au Yeong Ying Kuong, foram ontem foi ao escritório de Kwan Tsui Hang entregar uma carta, para protestar contra o que consideram ser uma falsa acusação da deputada. Os membros das associações dizem que nunca desacreditaram as palavras de Kwan e que ela “enganou os cidadãos” ao dizer que sim.

Recorde-se que, na quarta-feira, Kwan Tsui Hang e Lee Chong Cheng frisaram que algumas associações se manifestaram contra a deputada, por ela e o companheiro de bancada se terem mostrado contra a distri-buição dos cheques de compartici-pação pecuniária. Kwan Tsui Hang foi ainda atacada de outra forma, com as associações a dizerem que a Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) recebe muito dinheiro do Governo.

A deputada afirmou aos jornalis-tas que a recente manifestação das associações tinha um propósito, que era difamá-la publicamente. “Estas pessoas convidaram os jornalistas para a frente do meu escritório, o

que mostra quem querem perturbar o meu serviço público normal. De-cidi que não vou fazer nada como resposta.”

NOVAS CRÍTICASNão vai reagir, mas também reafir-mou que não ia sucumbir à pressão. “Estou comprometida de forma firme a desempenhar as minhas funções de deputada, insisto que tenho a coragem de expressar o que quero.”

Os dois presidentes das associa-ções envolvidas insistem, contudo, que não se manifestaram por a depu-tada se mostrar contra a distribuição dos cheques de comparticipação pecuniária. “Ela já afirmou isso várias vezes em público. Mas, no dia 5 de Junho, disse na Assembleia que agora o Governo não tem provas de que haja em Macau trabalhadores ilegais. E, alguns dias atrás, também disse que o preço da habitação eco-nómica na Ilha Verde era razoável. Mais 1.351 patacas por pé quadrado não é nada razoável! Por que traiu a população?”

Os dois dirigentes salientam que eram membros da FAOM, da qual Kwan é vice-presidente, mas que a federação começou a trair os interesses dos trabalhadores. “Como somos presidentes das associações, fazemos isto pelos cidadãos, não há nenhum interesse político nisto.”

REUNIU esta semana, em Lis-boa, a Comissão Mista entre

Portugal e a RAEM. Com tema focado na relação bilateral, patente no fluxo de visitas políticas recí-procas, a sessão contou com uma retrospectiva sobre o seguimento da primeira reunião da Comissão Mista, tendo as partes manifestado a sua satisfação com os resultados alcançados pela intensificação da cooperação, em especial nos domínios da economia, da educa-ção e da cultura. Trocaram ainda impressões sobre a possibilidade de celebrarem, conjuntamente, em 2013, “500 anos de amizade”.

Associações foram ao escritório de Kwan Tsui Hang protestar mas negam que seja por causa dos cheques

Deputada acusada de trair o povo

Comissão mista entre Portugal e a RAEM reúne em Lisboa

A pensar na celebração dos 500 anosA visita do ministro português

de Estado e dos Negócios Estran-geiros, Paulo Portas, a Macau, e do Vice-Presidente da Conferência Consultiva Política do Povo Chi-nês, Edmund Ho, a Lisboa, foram relembradas e percorreram-se as diversas possibilidades de coope-ração em várias áreas, em particular no domínio da cultura e da língua, da cooperação entre universidades e na área do desporto.

No domínio económico, ex-plorou-se principalmente a pos-sibilidade de uma colaboração no domínio das indústrias culturais e criativas e do turismo.

As delegações foram chefiadas pelo director-geral de Política Ex-terna do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Rui Ma-cieira, e pelo chefe de gabinete do Chefe do Executivo, Alexis Tam.

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6 sociedade sexta-feira 7.9.2012www.hojemacau.com.mo

A Universidade de Ciências e Tecnologia convidou a Fundação Materna Prompt, do Reino Unido, para ensinar 35 médicos de Macau e China a lidar com emergências durante o parto

Andreia Sofia [email protected]

SÃO muitas as adversida-des que podem acontecer a uma mulher quando entra em trabalho de

parto e a equipa médica tem de estar apta a apresentar o diag-nóstico adequado. É a pensar nestas situações de emergência que o Centro de Excelência para o Desenvolvimento Médico da Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau (MUST, na sigla inglesa) está a levar a cabo

A Federação das Associa-ções dos Operários de

Macau (FAOM) promoveu um estudo sobre seguran-ça contra incêndios, com o objectivo de promover a consciencialização dos moradores para a prevenção deste tipo de desastres.

O estudo mostra que 73% dos entrevistados não recebem qualquer tipo de en-sinamentos sobre as acções de segurança nestes casos. O público-alvo mais frágil são os idosos, enquanto os alunos são quem está mais bem informado. As questões centrais incluem os procedi-mentos mais básicos em caso de incêndio.

Mais de 66% dos re-sidentes não sabem como usar extintores e 47% não empregam regularmente um mecânico qualificado para verificar as instalações de gás e gasodutos. O dado

DEPOIS da manifes-tação anteontem dos

comerciantes da Rua da Emenda, representados pela Associação de Mú-tuo Auxilio Comercial (AMAC), em frente à Sede do Governo, ontem foi a vez do Instituto para os Assuntos Cívicos e Munici-pais (IACM) vir responder acerca de um conflito que há muito separa lojistas e vendedores ambulantes.

Raymond Tam, presi-dente do IACM, afirmou ontem que o reordena-mento da Rua da Emenda, anunciado pelo Executivo há alguns meses, está a ser feito de forma “faseada”, segundo frisou ao jornal Chang Pou.

Cecília Lam, directora da Escola da Sagrada Família, que fica próxima da Rua da Emenda, afirmou à imprensa chinesa que a actual loca-

Parceria internacional é também possibilidade

Obstetrícia ensinada na MUST

Estudo mostra desconhecimento sobre segurança

O que fazer em caso de fogo?

Conflitos comerciais na Rua da Emenda

IACM diz que solução é “faseada”

mais uma acção de formação, que teve ontem início.

No total, são cerca de 35 médicos, oriundos da China e de Macau, a participar no 9º simpósio sobre obstetrícia e cuidados pré--natais, e que podem aprender no-vas técnicas no curso ministrado pela Fundação Materna Prompt, do Reino Unido.

Ao Hoje Macau, Timothy Draycott, coordenador do curso, explicou os objectivos da presença na RAEM. “O programa que esta-mos a ensinar é muito importante porque permite reduzir as possi-bilidades de os recém-nascidos ficarem com danos depois do trabalho de parto. Tem vindo a ser desenvolvido no Reino Unido, na Austrália e até nos Estados Unidos, e seria interessante espalhá-lo ainda mais pelo mundo. Claro que gostaríamos de trazer esse programa para a China e estamos a pensar como poderíamos trazer o nosso trabalho para os hospitais do Continente, a partir de Macau e Hong Kong. O que temos de fazer é garantir que médicos, enfermeiros e outros funcionários estão bem

treinados. Em Macau e na China não tem sido feita muita formação.”

Draycott garantiu que este curso é apenas o começo. “Gosta-ríamos de trabalhar com a MUST para ajudar as mulheres da China. Temos de trabalhar com parceiros, em Hong Kong temos uma parceria muito bem sucedida e temos mais na Austrália. Macau poderia ser um importante parceiro para nós.”

FORMAÇÃO PARA 1500Manson Fok, director da Faculdade de Ciências da Saúde da MUST, falou ao Hoje Macau desta ini-ciativa como sendo um encontro importante. “Sou pai e uma das preocupações é que na altura do parto tudo corra bem, mas duran-te o trabalho de parto as coisas podem correr mal. Então nessas situações os médicos têm de estar preparados para o diagnóstico. Em muitos casos os problemas podem ser evitados se houver um correcto diagnóstico e formação adequada. É isso que queremos trazer aos médicos, enfermeiros e restantes equipas médicas.”

Desde o ano passado que o cen-tro da MUST tem vindo a realizar encontros médicos sobre as mais diversas especialidades. Manson Fok garantiu que cerca de 1.500 médicos e enfermeiros já recebe-ram formação, sendo que há mais encontros planeados até meio do próximo ano.

mais assustador diz que menos de 10% dos mora-dores sabe o conteúdo das normas de segurança contra incêndio.

A FAOM propõe que o Governo altere, por isso, os

regulamentos nesta matéria, além de reforçar o serviço de fiscalização. A manutenção das instalações de incêndio devem ser também incluídas no plano de reabilitação dos edifícios antigos. - C.L.

lização dos comerciantes, juntamente com o trânsito, em nada vem ajudar a segu-rança dos alunos da institui-ção. “É mau que o Governo não tenha um calendário e garantias especificas para este problema. Os vende-dores ambulantes acabam por influenciar a segurança dos alunos quando estes entram e saem da escola, de forma diária. Isto porque têm fogões e equipamentos na imediações da escola, o que traz perigo aos alunos. Espero que as autoridades do

IACM parem com isto e não continuem a brincar com a escola, os pais e os alunos.”

No dia 16 de Julho, o IACM iniciou o processo de distribuição de licenças aos vendedores ambulantes para ocuparem uma zona comum na Rua da Emenda, mas estes acabaram por permanecer em frente aos lojistas, que se queixam de quebras nas vendas. Daí terem pedido ao Chefe do Executivo para que seja tomada uma decisão em seu favor. - C.L.

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Rita Marques [email protected]

QUESTIONADA pelo Hoje Macau se as ale-gadas acusações dos professores do Instituto de Menores (IM) contra

si têm algum fundamento (maus tratos), a directora, Wu Kit Yu, opta pelo silêncio. “Sobre como foram tratados os professores, foi iniciada uma investigação [no CCAC] e acredito que o resultado está para breve. Como sou uma das pessoas envolvidas, não é apropriado para mim tecer qualquer comentário neste momento.”

Os professores vieram a públi-co em Junho deste ano denunciar más práticas da instituição, sob alçada da Direcção dos Servi-ços para os Assuntos de Justiça (DSAJ), dizendo sofrer pressões constantes no trabalho. Garantiram ser alvo de “bullying” por parte da responsável da instituição, que terá tentado forçá-los a despedirem-se com trabalhos inusitados fora das horas normais.

O caso foi acompanhado pelo deputado Pereira Coutinho, presi-

A operadora de ferries North--West Express desistiu da

licença para operar as ligações ma-rítimas de passageiros entre Macau e Hong Kong por não conseguir cobrir despesas de arrendamento no terminal Tuen Mun, na região vizinha.

No requerimento entregue à Capitania dos Portos (CP), a em-presa frisa que “não pode continuar a utilizar o porto de Tuen Mun para atracar barcos porque desistiu do direito de utilização devido à sua incapacidade para assumir o arrendamento do terminal”.

A North-West Express diz ainda que “o desenvolvimento causou a não continuação da sua operação das ligações marítimas de ou para Macau”, e que por essa razão foi feito o pedido de revogação da licença à Capitania dos Portos (CP), bem como da autorização dos itinerários

FRANCIS Snyder, especialis-ta em direito internacional,

considera que “Macau observa padrões elevados de segurança alimentar, baseados em práticas administrativas e na lei domés-tica”. A nova lei de segurança alimentar, recorde-se, já está em análise na Assembleia.

À margem de uma acção de formação sobre “Segurança Ali-mentar em Direito Internacional e Nacional e Política”, incluída no programa de cooperação na área jurídica entre a União Eu-ropeia e Macau, Francis Snyder lembrou à Rádio Macau que a própria avaliação da Organiza-ção Mundial de Comércio, de 2007, elogia os “padrões técni-cos” e “políticas alimentares” do território.

No entanto, dada a clara

A directora do Instituto de Menores, Wu Kit Yu, não quer avançar com comentários sobre o “bullying” de que alegadamente foram alvo professores do seu estabelecimento, antes do fim da investigação do Comissariado Contra a Corrupção

Wu Kit Yu, directora do Instituto de Menores,aguarda desfecho da investigação para se pronunciar

Maus tratos a professores não são negados

dente da Associação de Trabalha-dores e função Pública de Macau, que por diversas interpelações, directamente ao Chefe do Execu-tivo e ao director da DSAT, André Cheong. Em relação a este último, conseguiu sentá-lo na Assembleia para saber o que seria feito aos contratos de tarefa, que não se ajustam à posição dos professores.

A entidade governamental comprometeu-se então a pensar numa maneira de resolver o proble-ma, já que se tratam de professores que trabalham para o IM há pelo menos uma década.

Sobre essa questão, a directora canalizou a questão da contratação para os serviços de justiça, que a própria diz estar “a estudar o

melhoramento do conteúdo dos contratos”.

NOVOS CONTRATOS À VISTAAo Hoje Macau, a DSAJ garante querer cumprir o princípio de le-galidade, sem prejudicar os seus direitos, na resolução do processo de recrutamento e pressão de trabalho sofrida pelos professores. “Estamos a

estudar activamente um conjunto de medidas, de entre as quais inclui-se a possibilidade de aperfeiçoamento do contrato de trabalho, e a solicitar a colaboração de estabelecimentos de ensino para prestar aulas.”

A entidade fala também na falta de uma carreira de “professores” no quadro de pessoal da DSAJ, pelo que “não foi possível empregar profissionais através da via normal de recrutamento de trabalhadores da função pública”.

A única solução foi portanto a celebração do contrato de tarefa com os professores, para adquirir os serviços pedagógicos, explicam, com vista a prestar assistência aos jovens internados para que termi-nem a escolaridade.

Um contrato diferente é, no entan-to, há muitos anos reivindicado pelos professores pagos à tarefa junto do organismo, dado que não têm os mes-mos direitos dos restantes professores da função pública, que beneficiam de um contrato individual de trabalho.

O direito a regime de previdência, a receber 1.500 patacas de subsídio de residência, o acesso a cuidados de saúde, mais dias de férias e outras regalias, são-lhes também negados.

Empresa não consegue pagararrendamento de terminal para os seus “ferries”

North-West Expressdesiste da licença

Especialista garante “padrões elevados de segurança alimentar” em Macau

Em pratos limpos

marítimos entre o terminal do Porto Exterior e Hong Kong.

PREOCUPAÇÕES LABORAISPara já, a CP diz que “vai apreciar” o processo e exige que a empresa faça “os devidos acompanhamentos e o cumprimento das respectivas responsabilidades e obrigações”.

O Governo quer ainda certifi-car-se da situação laboral dos traba-lhadores da empresa, mostrando-se “particularmente preocupado” com a situação. A CP diz ter exi-gido que a North-West Express adaptasse as devidas medidas para os trabalhadores afectados nos termos da lei. “A CP já notificou a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) sobre o caso referido.”

Além disso, firma manter contactos estreitos com o Depar-tamento Marítimo de Hong Kong

para “acompanhar os próximos desenvolvimentos”.

A North-West Express “fica obrigada a remover gradualmente o pessoal, equipamentos e artigos do gabinete que se encontrem no terminal, bem como fazer o reembolso, para dar garantias aos passageiros”.

O INÍCIO DA RUÍNAAs operações marítimas da empre-sa foram canceladas subitamente há uns meses, depois da North-West ter sido obrigada pelo tribunal de Hong Kong ao pagamento de uma dívida de 4.7 milhões de dólares de Hong Kong. Tal valor foi pago no início do mês passado, mas terá sido o sinal da futura incapacidade da North-West para manter tais despesas de arrendamento.

Foi em Abril do ano passado que a North-West começou a operar, tendo transportado 470 mil passageiros, uma quota de mercado de apenas 2% face ao total de passageiros transportados nos terminais.

Recentemente, Susana Wong, directora da CP, já tinha frisado que a renovação da licença e o retomar das operações só seria feito caso a empresa regularizasse todas as situações.

dependência na importação de produtos alimentares, Macau enfrenta o desafio de passar a “coordenar a lei doméstica com as regras de importação e de exportação de outros países”, refere o também académico na Universidade de Pequim.

Outro dos problemas chama--se rastreio. “Cada vez mais, as normas internacionais ditam que o consumidor deve poder seguir o rasto dos produtos até à origem, ao primeiro produtor. Depois, como pode a lei ser aplicada e quem pode aplicá-la?” É tam-bém preciso tratar da educação pública. “É óptimo ter boas leis e aplicá-las, mas a lei é apenas um factor, nem sempre o mais importante. A educação pública sobre a segurança alimentar é crucial.”

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8 nacional sexta-feira 7.9.2012www.hojemacau.com.mo

O ex-chefe de po-lícia da cidade chinesa de Chon-gqing, Wang Li-

jun, considerado o “número dois” do ex-alto dirigente Bo Xilai, enfrenta quatro acusações por deserção, corrupção e abuso de poder.

O Tribunal de Chengdu está encarregado do caso e julgará Wang numa data ain-da não anunciada, informou esta quinta-feira a agência oficial Xinhua.

Wang fez rebentar o maior escândalo político na China na última década, quando, em Fevereiro, ten-tou refugiar-se no consulado americano em Chengdu.

Lenovo vai comprar a brasileira CCEA companhia chinesa Lenovo, um dos maiores fabricantes mundiais de computadores pessoais, vai comprar a empresa electrónica brasileira CCE, para “aumentar a sua presença no mercado latino-americano”, noticiou ontem a agência oficial chinesa Xinhua. A Lenovo vai pagar cerca de 380 milhões de patacas em dinheiro e acções por 100 por cento do capital da CCE, indicou a Xinhua, citando a companhia chinesa. O negócio, que deverá estar concluído no primeiro trimestre de 2013, duplicará a quota de mercado da Lenovo no Brasil, o terceiro maior da empresa, a seguir à China e aos Estados Unidos. Fundada em 1984, em Pequim, a Lenovo tornou-se uma das grandes multinacionais do sector em 2005, ao comprar a divisão de PC da IBM por cerca de 8 mil milhões de patacas.

UM camionista chinês foi con-denado a três anos e meio de

prisão por atropelar uma menina de dois anos no ano passado, um caso que causou comoção dentro e fora do país, pela indiferença demonstrada pelas pessoas que passaram pela menina ferida sem prestar ajuda.

Segundo informou esta quin-ta-feira a agência oficial Xinhua, Hu Jun, o autor do atropelamento que causou dias depois a morte de Yueyue, a menina de dois anos, foi condenado por homicídio vo-luntário num tribunal de Foshan (província do sul de Cantão), onde ocorreu o incidente no dia 13 de Outubro de 2011.

O caso ficou famoso pelas ima-gens registadas pelas câmaras de segurança, nas quais se via o atro-pelamento e como posteriormente

18 pessoas passaram ao lado da menina sem fazer nada. Houve inclusive um segundo veículo que voltou a atropelar Yueyue.

As imagens deram a volta ao mundo e na China motiva-ram um debate nacional sobre a suposta perda de valores num país obcecado por dinheiro, o que levou muitos cidadãos a denunciar incidentes similares e os governos locais a oferecer pré-mios aos “bons samaritanos” que ajudassem em casos semelhantes.

A sentença, em todo caso, foi relativamente leve, já que se consideraram como atenuantes a baixa visibilidade no momento do atropelamento, que ocorreu numa noite chuvosa, assim como o facto de que Hu se declarou cul-pado e pagou parte das despesas médicas à família de Yueyue.

A Secretária de Estado norte--americana disse ontem que a

sua deslocação à China na quarta--feira foi útil e desvalorizou a di-vergência de opinião em questões como a Síria e as disputas no Mar do Sul da China.

“Mesmo quando discordamos, podemos falar de forma sincera e explorar todas estas questões sem colocar em causa toda a relação”, afirmou Hillary, um dia depois de ter reunido com o presidente

chinês, Hu Jintao, e outros altos responsáveis chineses.

A China resiste à vontade norte--americana e de outros países na aplicação de sanções das Nações Unidas à Síria, colocando pressão no regime do presidente Bashar al-Assad, salientando que a crise tem de ser resolvida através de negociações. Quer também discutir várias disputas territoriais sobre ilhas no Mar do Sul do China, ricas em recursos naturais, directamente

com os seus vizinhos, rejeitando ne-gociações multilaterais advogadas pelos Estados Unidos.

“O interesse de relações ma-duras, seja entre dois países ou pessoas, não acontece quando concordamos em tudo, mas quando podemos trabalhar as questões que são difíceis”, sublinhou Hillary, salientando ser importante para os Estados Unidos e para a China dialogarem sobre vários assuntos regionais e internacionais.

MAIS de 7.000 chineses subscreveram um apelo a

favor da abolição do sistema de “reeducação através do trabalho”, uma relíquia do aparelho judicial comunista, instituída na década de 1950, noticiou ontem um jornal de Pequim.

Lançado no passado dia 8 de Agosto por um advogado de Hangzhou, Wang Cheng, a peti-ção será submetida à Assembleia Nacional Popular, “o supremo órgão do poder de Estado” na China, indicou o Global Times, uma publicação em língua in-glesa do grupo Diário do Povo, órgão central do Partido Comu-nista Chinês.

A “reeducação através do tra-balho”, uma pena administrativa de um a quatro anos de detenção que não necessita de ser sancio-nada por um tribunal, foi criada em 1957 para punir a chamada “pequena criminalidade”, mas tem sido aplicada também contra activistas políticos.

Esse sistema “não é com-patível com o desenvolvimento social” do país, “viola a Consti-tuição da China” e a sua aplicação ao longo de mais de meio século “conduziu a injustiças, incluindo abuso de poder por funcionários da polícia e atentados aos direitos humanos”, disse Wang Cheng ao Global Times.

Antigo aliado de Bo Xilai acusado de deserção, corrupção e abuso de poder

Julgamento ainda sem data marcada

Camionista que atropelou menina de dois anos com pena leve

Três anose meio de prisão

Hillary Clinton considerou útil a visita à China

“Relações maduras”

Petição contra sistema de “reeducação atravésdo trabalho” já recolheu mais de 7.000 assinaturas

Vozes contra abuso de poder

Ali, aparentemente, de-nunciou uma série de más práticas de Bo Xilai, na altura o seu superior directo e, como secretário-geral do Partido Comunista da China em Chongqing, uma estrela nas esferas do poder do país. Wang revelou que a morte três meses antes do empresário britânico Neil Heywood naquela cidade não tinha sido um acidente.

Posteriormente o ex--chefe da polícia abando-nou o consulado pelos seus próprios pés e ficou sob custódia das autoridades chinesas e desde então nunca mais foi visto em público.

Em Março, Bo foi des-tituído do comando do partido em Chongqing. Poucos dias mais tarde foi anunciado que a mulher, Gu Kailai, era considera-da suspeita da morte de Heywood, um antigo amigo da família com o qual tinha mantido disputas por ques-tões económicas.

Gu foi declarada cul-pada no mês passado pelo homicídio premeditado do empresário e recebeu uma condenação à pena de morte suspensa, o que na prática equivale à prisão perpétua.

As acusações apresen-tadas contra Wang também podem condená-lo à morte.

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9regiãosexta-feira 7.9.2012 www.hojemacau.com.mo

A secretária de Es-tado norte-ame-ricana, Hillary Clinton, anunciou

ontem um novo programa, no valor de cerca de 50 milhões de patacas, para financiar estudos de timorenses nos Estados Unidos.

A secretária de Estado fez o anúncio após um encontro com o chefe do governo timorense, Xanana Gusmão. Hillary Clinton, que em Timor-Leste manteve também um encontro à porta fechada com o presidente Taur Matan Ruak, é a primeira secretária de Estado norte-americana a visitar o país, que há 10 anos restaurou a sua independência.

Afirmou que a sua vi-sita a Timor-Leste é “um sinal visível do apoio” norte-americano ao que foi conquistado pelo povo timorense e felicitou o país pela realização de eleições (presidenciais e legislativas) justas este ano, salientando a “transferência pacífica do poder para novos presidente, governo e parlamento”.

Sobre a crise de 1999 após o referendo que conduziria à independência de Timor--Leste, Hillary defendeu que

Apple apresenta queixa contra Samsung na Coreia do SulA norte-americana Apple apresentou uma queixa às autoridades anti-monopólio da Coreia do Sul, contra a sul-coreana Samsung Electronics, por alegado abuso da sua posição dominante no mercado, informou a agência Yonhap. A Apple apresentou uma queixa à Comissão de Comércio Justo sul-coreana, alegando que a Samsung abusa da sua posição no mercado de tecnologia de telecomunicações de terceira geração naquele mercado asiático, segundo a Yonhap, que não cita fontes. Esta situação decorre quando as duas empresas enfrentam uma guerra legal numa dezena de países com queixas apresentadas em tribunais, acusando-se mutuamente de violação de patentes no mercado dos “smartphones”. Um porta-voz da Samsung disse apenas que a empresa foi informada do novo passo da Apple.

MILHARES de pessoas concentraram-se ontem

na sede sul-coreana da Igreja da Unificação, em Gapyeong, para prestar homenagem ao líder religioso Sun Myung Moon, no primeiro de 10 dias de cerimónias antes do seu funeral, no dia 15.

Homens com fatos pretos e

Hillary Clinton anuncia programa de 50 milhões de patacas para timorenses estudarem nos EUA

Apoiar é dar mais do que palavras

Milhares de pessoas em homenagem ao líder religioso Sun Myung Moon

A despedida dos fiéis

o país deve procurar as res-ponsabilidades desses actos.

Instado a comentar o mesmo tema, Xanana Gus-mão, que agradeceu diversas vezes a Hillary não só o apoio dado pelos Estados Unidos à luta pela independência como ao desenvolvimento de Timor-Leste, disse “ser difícil falar” sobre a luta. Salientou, contudo, que houve “crimes cometidos” por ambas as partes e que a “democracia só pode sobre-viver se houver evolução”.

Xanana Gusmão recor-dou também que a Indonésia, que ocupou Timor-Leste durante 24 anos, é hoje o maior parceiro comercial do país, que precisa e continua a promover um bom relacio-namento com o seu vizinho.

SÓ ELOGIOSA secretária de Estado deixou ainda uma mensagem ao povo timorense, mostrando-se or-gulhosa pela transparência do Governo na gestão das indús-trias extractivas. “Os Estados Unidos têm orgulho em terem estado ao vosso lado durante a vossa luta pela independência e continuamos ao vosso lado no vosso esforço de construir

uma forte democracia, com instituições sólidas, respeito pela lei e protecção de todos os direitos dos vossos cidadãos.”

Hillary acrescentou que a experiência norte-ameri-cana “mostra que democra-cias fortes criam vizinhos estáveis e parceiros fiáveis, um dos motivos por que os Estados Unidos promovem a democracia e os direitos humanos como pilares do compromisso em toda a Ásia”. Deixou também elo-gios a Timor-Leste por ser a primeira nação da Ásia e a terceira em todo o mundo a cumprir integralmente a política de transparência das indústrias extractivas. “É um feito notável, que mostra que não é necessário ser-se grande para ser eficiente.”

PAUSA PARA CAFÉNuma visita de cerca de seis horas, Hillary Clinton teve ainda oportunidade para vi-sitar uma plantação de café, cuja produção é totalmente adquirida pela cadeia “Star-bucks”, desenvolvida com o apoio norte-americano. Elogiou o café do país e disse que levaria algum consigo para beber em família.

Falando da sua visita à Ásia, que incluiu também a China e a Indonésia, a governante salientou que contempla uma mensagem “clara e inequívoca de que os Estados Unidos têm sido, são e continuarão a ser uma po-tência na região do Pacífico”.

Por outro lado, acres-centou também que a deslo-cação não visa tentar travar avanços de nenhum outro país em termos de influência regional. “Não estamos aqui contra qualquer país”, disse, ao salientar que o xadrez da Ásia-Pacífico é muito exten-so, “suficiente grande para vários países participarem nas diversas actividades da região”.

Apesar da abertura relati-vamente à China, nomeada-mente na busca de “terreno comum” em assuntos como a Coreia do Norte ou o Mar do Sul da China, não escondeu que os dois países possuem, por vezes, pontos de diver-gência, garantindo que irá expressar a sua discordância sempre que existir sobre qualquer assunto.

No seu périplo, a secretá-ria de Estado visitará ainda o Brunei e a Rússia.

mulheres com vestidos brancos chegavam em vários autocarros à igreja, a cerca de 60 quilóme-tros a leste de Seul, para a última despedida a Moon, que morreu na segunda-feira, aos 92 anos, vítima de uma pneumonia.

A igreja tinha um altar com um gigante retrato de Moon,

em frente ao qual os fiéis se curvavam e depositavam rosas e lírios, as flores preferidas do líder religioso coreano.

Junto ao retrato de Moon encontravam-se bandeiras de Coreia do Sul, Japão, Estados Unidos e outros países, além de uma coroa de flores oferecida

pelo presidente sul-coreano, Lee Myung-bak.

O filho mais novo de Moon, e seu sucessor na liderança da igreja, Hyung-Jin Moon, rece-bia os fiéis.

FÉ NO NEGÓCIOMais de 150 mil fiéis da Coreia do Sul e de outros países, como o Japão, são esperados nesta despedida a Moon. Sun Myung Moon, que nasceu na Coreia do Norte, fundou em 1954 a Igreja da Unificação, considerada uma das organizações religiosas mais controversas.

O líder, responsável pela realização de cerimónias de casamento com dezenas de casais, é acusado de ter criado um império com negócios desde o fabrico de carros a sushi, a partir da devoção de milhares de seguidores, apelidados de “moonies”, em todo o mundo.

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10 sexta-feira 7.9.2012www.hojemacau.com.moentrevista

Helder [email protected]

Como surgiu esta inclinação para conquistar aos palada-res exigentes?Desde que me lembro, sem-pre gostei de cozinhar. Via a minha mãe a cozinhar, fazendo bolos deliciosos, sentia vontade de ajudá-la. Já as minhas avós e até a minha bisavó me inspiravam. Do lado materno, a cozinha era mais macaense. Por parte paterna, a preferência era para a cozinha portuguesa. Cresci a ver como os pratos se elaboravam, tinha muita curiosidade em aprender.

Pensava em ser profissional desse ramo da indústria hoteleira?Gostava muito de aprender e logo depois cozinhar, mas na época não pensava num futuro profissional. Mais tarde ainda cheguei a estar relacionado, não em meu nome, com uma pequena loja de sobremesas, mas abandonei o projecto quando as rendas subiram muito.

Que actividades desenvol-via?Várias: treinador de hóquei em campo, por exemplo. Também dedicava muito

Prefere a doçaria decorada com criatividade a outros cozinhados. Uma predilecção que está a compensar, pois tem acumulado prémios nesta área

Tertuliano de Senna Fernandes, chef de cozinha

“Os turistas deviam conhecer a boa doçaria macaense”tempo à meditação, aprecio a espiritualidade sem que esteja ligada a qualquer tipo de religião, por isso mesmo podendo abarcar todas. Pa-ralelamente à gastronomia, tem sido o caminho que vou percorrendo há muito tempo.

Essa experiência tem refle-xos na maneira como olha para o quotidiano?Sem dúvida. O que sei devo à aprendizagem com mestres e professores, isso tem conse-quências benéficas, reflecte--se no meu modo de estar na vida. E com o amor que dedico ao que faço, neste caso relativamente à gastronomia, tem um resultado muito po-sitivo. Costuma-se dizer que os alimentos cozinhados com amor têm um especial sabor, eu acredito nisso. Daí a co-mida caseira preparada pela mãe ou pela avó ser sempre mais saborosa.

Mesmo assim, o apelo da gastronomia, principalmen-te o campo da doçaria, foi mais forte.Sim, tive oportunidade de par-ticipar em concursos na China continental. Estudei bastante esta parte. Inclusivamente, antes de me formar no IFT, fiz um curso de decoração de bolos, numa escola especiali-zada na província de Guang-dong. Aí conheci pessoas desta área, factor muito útil. Tento não desperdiçar qual-quer oportunidade que surja para continuar a aprender. Simultaneamente, também sou convidado pela região de Cantão para organizar eventos festivos, como aniversários, casamentos, cocktails.

Lembra-se qual o primeiro cozinhado que elaborou, já

de forma organizada, para outras pessoas?Não me lembro bem, tinha uns oito ou nove anos, mas acho que foi bife. Depois camarões com quiabo. Sinceramente, as pessoas gostaram muito. Como já disse, prestava muita atenção à maneira como a minha mãe cozinhava.

Familiares, amigos e colegas de trabalho costumam ser os destinatários principais dos seus trabalhos de culinária?Realmente são. Gosto muito de conviver com os amigos, mostrar-lhes o que gosto de fazer nas horas vagas, saber a opinião deles. Desde muito jovem que tem sido assim: cozinhar em casa e sentir a reacção das pessoas amigas. Não disponho de muito tempo livre, uma vez que tenho o cumprimento de outras obrigações como funcionário público, mas sempre que possível realizo esse meu grande prazer que é promover o convívio entre os amigos.

Na cozinha macaense, o que prefere fazer?O mais fácil é minchi. Tam-bém já fiz muito a sopa lacassá e outros pratos. As minhas principais referências são as cozinhas macaense e euro-peia. Por exemplo, falando em pastelaria, a doçaria de Macau é excelente.

Não sei se o que os visitantes carregam obsessivamente em sacos biscoitos são doces de Macau...Isso que se vende é por pro-paganda. Deviam ser doces macaenses, precisamos de divulgar a nossa gastronomia, porque os nossos doces são extraordinários.

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11sexta-feira 7.9.2012 www.hojemacau.com.mo entrevista

Tertuliano de Senna Fernandes, chef de cozinha

“Os turistas deviam conhecer a boa doçaria macaense”

Tem obtido prémios com os seus trabalhos, nomeada-mente na área da pastelaria.É verdade. Tenho participado em várias competições na China continental onde vou contactan-do com grandes profissionais de Pequim e Xangai. Numa das minhas participações na Com-petição Nacional de Técnicas de Gastronomia obtive o segundo lugar entre duas centenas de participantes. A sobremesa que levei foi um pudim de manga, tal e qual como aprendi de minha mãe. Também recebi o título de sous-chef de padaria e pastelaria.

Mais recentemente conquis-tou outros prémios?Recebi este mês de Agosto um prémio relacionado com o meu percurso, a minha dedicação em todos estes anos na área da gastronomia, nomeadamente nos cursos e workshops em que fui instrutor, algumas palestras que dei sobre vários temas como higiene, segurança na utilização dos materiais eléctricos na cozi-nha, bem como a participação em concursos como instrutor e chef de cozinha.

Em Macau já concorreu?Em Macau é difícil concorrer em nome pessoal, tem de ser através de empresas, hotéis. E sou funcionário público, não posso representar outras entidades.

Como actualiza os conheci-mentos?Adquirindo livros (principal-

mente em Hong Kong, pois lá existe muito mais variedade), através da internet, junto dos mestres e professores, e pessoas ligadas à indústria de alimentação.

Tendo oportunidade de se-guir a carreira profissional a tempo inteiro na gastrono-mia, faria essa opção?Gosto mais de partilhar este aspecto da gastronomia com os amigos, e não ficar agarrado em exclusividade profissio-nal. Pode estar nos meus planos um dia, quem sabe? Se e quando verificar que existem condições para tal. Por enquanto não. No entanto o meu maior desejo é fundar uma associação, não para fazer negócio, mas destinada a apoiar as pessoas que, nesta

área, desejem aprender tanto no âmbito da pastelaria como na gastronomia em geral.

Constituindo essa associa-ção, entende que também a cozinha macaense terá maior divulgação?Estou certo que sim, embora a associação que gostava de criar, juntamente com outras pessoas interessadas, seja para divulgação em geral dos vários aspectos relacio-nados com a gastronomia. Partilha de conhecimentos através de cursos, de acções de formação, de concursos de confecção e apresentação de pratos ou doces e ainda a introdução de hábitos de hi-giene no espaço de trabalho, assim como a conservação de alimentos.

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12 publicidade sexta-feira 7.9.2012www.hojemacau.com.mo

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13vidasexta-feira 7.9.2012 www.hojemacau.com.mo

AO longo de uma se-mana, Bangueco-que, capital da Tai-lândia, tem vindo a

acolher negociações sobre as alterações climáticas, que irão servir de base a uma cimeira ministerial que deverá acon-tecer em Novembro próximo, em Doha, capital do Qatar, no âmbito da Convenção-Quadro da ONU sobre as Alterações Climáticas (UNFCC, na sigla inglesa).

De acordo com a agência noticiosa France-Presse, os responsáveis da Organização das Nações Unidas (ONU) frisaram os “progressos con-cretos” conseguidos no final das negociações, mas os ecologistas terão feito o aviso para a necessidade de existi-rem “acções mais fortes”.

“Temos um terreno fértil para fazer de Doha um suces-so”, disse Christiana Figueres, secretária-executiva da UN-FCC. Contudo, reconheceu que “as decisões políticas ainda estão por tomar”, mas que “já existe um élan positivo e um maior sentido de con-vergência que vão estimular as discussões politicas de alto nível, antes de Doha”.

Tove Ryding Maria, mili-tante da Greenpeace e um dos ecologistas contestatários, lembrou que este tipo de dis-cussões são “pequenos passos em frente para os governos, mas grandes passos atrás para a humanidade”.

PROJECTOS FUTUROSDepois de Doha as nego-ciações e os projectos por

HÁ dez anos, cientistas fizeram uma análise dos elementos

que compõem o ADN humano, mas surgem agora novidades sobre esta área, que ajudam a perceber como é que o genoma humano funciona na hora de criar a complexidade biológica e até originar doenças, caso o processo não corra da me-lhor forma.

Todas estas novidades surgem depois do trabalho do consórcio internacional ENCODE (Enciclo-pédia de Elementos de ADN) ter sido publicado online esta quarta--feira, do qual o jornal Público revela detalhes. Os cerca de 30 artigos explicam o que acontece para além dos 20 mil genes que fabricam as proteínas do orga-nismo, e que são apenas 2% da molécula de ADN.

Projecto ENCODE foi apresentado quarta-feira

Descoberto novo processo do genoma humano

Banguecoque acolheu negociações sobre alterações climáticas

Há progressos mas é preciso mais

O resto era até ao momento considerado “ADN-lixo”, ou seja, seria aparentemente composto por sequências genéticas que na maioria não serviriam para nada. Mas o trabalho do ENCODE veio provar algo muito diferente – não só estão activas como ajudam a controlar todo o processo genético.

CONTROLO DAS PROTEÍNASNesses 98% de molécula do ADN que não processam proteínas exis-tem milhões de “interruptores”, ligando ou desligando os genes conforme o seu tipo de célula e a fase de desenvolvimento dos órgãos e tecidos. Tais “interrup-tores” servem como controlo da actividade genética e regulam os 20 mil genes que estão nos 2% que processa proteínas. Sem esses “in-

terruptores”, tais genes não iriam servir para nada.

Ewan Birney, do Laboratório Europeu de Biologia Molecular – Instituto Europeu de Bioinfor-mática, do Reino Unido, disse em comunicado que o genoma humano “está verdadeiramente pejado de ‘interruptores’, e que se consegue ver que cerca de 80% do genoma está a fazer alguma coisa (...) e está de facto envolvido no controlo de onde e quando as proteínas são produzidas, e não apenas no seu fabrico”.

O novo mapa do genoma hu-mano é resultado de um trabalho de cinco anos desenvolvido por centenas de cientistas, incluindo portugueses. Estes trabalharam em dezenas de instituições em todo o mundo.

tido Protocolo de Quioto, também estão prometidos avanços. Foi discutido em Banguecoque a criação de uma segunda fase de com-promissos a cumprir pelos países, já a partir do próximo ano. Um acordo sobre o fu-turo deste protocolo, o único instrumento jurídico vincula-tivo limitador das emissões de gases com efeito de estufa, é determinante da assinatura de um novo tratado.

FIM À INACÇÃOOs defensores do ambiente, pela sua parte, sublinharam que a recente multiplica-ção de catástrofes naturais e vagas de calor realça a necessidade de agir rapida-mente contra as alterações climáticas, com o anúncio de um degelo-recorde do banco de gelo do Árctico, na última semana, a dar um argumento suplementar.

Alden Meyer, da União dos Cientistas Preocupa-dos, foi explícito sobre o assunto. “Acabou o tempo em que se apontava o dedo e criticava, escondendo-se atrás da inacção dos outros países. Já não nos podemos dar a este tipo de jogos. Do que precisamos é de uma vontade política de agir e uma ambição muito maior.”

um futuro melhor prome-tem não ficar parados. Os delegados da ONU querem avançar com uma iniciativa, em Dezembro, na cidade de Durban, África do Sul, para

conseguir um acordo global para 2020. A ideia é reunir todos os grandes emissores de gases num mesmo quadro legal. Caso seja aprovado em 2015, como está previsto,

promete ser um instrumento fundamental na luta contra as mudanças ambientais dos últimos tempos.

“Há cada vez mais pes-soas a darem conta das

alterações climáticas, e sen-timento de urgência insinua--se nas negociações”, disse o principal negociador euro-peu, Artur Runge-Metzger.

Quanto ao muito discu-

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14 desporto sexta-feira 7.9.2012www.hojemacau.com.mo

Marco [email protected]

É o evento de maior no-meada promovido pelo Clube de Râguebi de Macau (CRM) e pauta

o pontapé de saída na nova tem-porada da modalidade. Contudo, a edição de 2012 do Open de Râguebi de Praia de Hac Sa volta este ano a ser pouco mais do que uma alegoria. Arredada dos relva-dos desde o Verão de 2011, ainda não é este ano que a representação sénior do CRM volta a competir de modo regular.

A excepção é mesmo a reac-tivação da equipa para participar no torneio que amanhã tem o areal de Hac Sa como palco e que traz ao território formações oriundas

Hac Sa recebe Open de Praia no fim-de-semana

Râguebi sénior à espera do futuro

responsável pela tutela da moda-lidade no território.

A aposta na formação e nas gerações mais jovens é de resto, e desde há dois anos, o grande desafio que os responsáveis pelo CRM têm em mãos.

É do sucesso das estratégias de formação que depende em parte a eventual reabilitação de uma formação sénior, tal como explica o antigo atleta Ricardo Pina, que faz parte da direcção do clube. “O râguebi em Macau sempre se ressentiu do facto de Macau não ser mais do que um ponto de passagem temporária para muita gente que cá trabalha. No CRM convencemo-nos de que a modalidade nunca poderá crescer se não tiver uma base sustentável e para tal a aposta na formação é incontornável.”

MAIOR INTERESSEDurante anos, a grande priorida-de do CRM passou pela aposta na divulgação da modalidade, sobretudo junto da comunidade chinesa. O imperativo nunca deu os frutos desejados, forçando os responsáveis pelo organismo a olharem para a formação com um interesse renovado.

Apesar de a equipa sénior do CRM se encontrar desactivada há mais de um ano, os pratican-tes da modalidade continuam a encontrar-se uma vez por semana e a treinar com regularidade. Iro-nicamente, conta Ricardo Pina, depois de desarticulada a equipa, o número de praticantes disparou. “Temos sempre 20 e muitos atle-tas nos treinos e temos notado um maior interesse por parte da comunidade chinesa, sobretudo de residentes que estudaram no estrangeiro e agora regressaram a Macau. Temos tido o cuidado de ir incorporando progressivamente alguns juniores e alguns juvenis e aos poucos começamos a ter matéria-prima para o futuro.”

O antigo atleta competiu com a camisola do CRM na terceira divisão da vizinha RAEHK e ainda joga a título competitivo na antiga colónia britânica, com as cores do Kowloon Football Club, mas não descarta a possi-bilidade a competir pelo território num futuro não muito longínquo. “Por agora, a média de idades dos atletas que participam nos treinos não é muito elevada e a falta de experiência também é um problema, mas quem sabe daqui a um ou dois anos?”

da vizinha Região Administrativa Especial de Hong Kong, mas tam-bém de cidades como Shenzhen, Shekou e Cantão.

Na 12ª edição do Open de Râguebi de Praia participam oito equipas masculinas e quatro femininas. A prova, disputada na variante de râguebi de cinco, tem como palco um recinto com dimensões mais reduzidas do que é habitual e disputa-se sob regras que privilegiam a velocidade e uma maior dinâmica de jogo.

FORMAÇÃO MOSTRA-SENo intervalo dos desafios que integram o cartaz da competição, deverão disputar-se igualmente alguns encontros de mini-râguebi, protagonizados pelos atletas dos escalões de formação da entidade

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15sexta-feira 7.9.2012 www.hojemacau.com.mo

Gonçalo Lobo [email protected] Londres

FOI escolhida como porta--estandarte da equipa por-tuguesa na cerimónia de abertura dos Jogos Para-

límpicos e, anteontem, terminou na quarta posição a final de lançamento do peso F20 (deficiência intelectual). “Foi espectacular lançar num estádio cheio de público a apoiar”, afirmou a atleta, sem mostrar desânimo.

Aos 24 anos, Inês Fernandes conseguiu marcar 11,84 metros no

seu melhor lançamento, ficando atrás da polaca Ewa Durska (13,80), bem como das ucranianas Anastasi Mysnk (12,87) e Svitlana Kydelya (12,24).

Apesar de morrer na praia, Inês Fernandes, que é terceira do ranking mundial, confidenciou que a prova correu bem. “A concorrência era muito forte.”

A atleta ainda não sabe se vai continuara a competir. Operária fabril na área do pescado, Inês afirmou que tem tido pouco tempo para treinar, pois a sua vida é uma constante lufa--lufa. “Ainda não sei se continuo a competir. Depois veremos.”

O ex-piloto de Fórmula 1 Alessandro Zanardi,

que em 2001 perdeu as duas pernas após um acidente, conquistou a medalha de ouro na prova de contra-relógio de ciclismo, na categoria H4 dos Jogos Paralímpicos de Londres.

O italiano, que disputou a prova com bicicleta accio-nada pelas mãos, venceu no circuito de Brands Hatch, com o tempo de 24min50s22. Logo atrás ficaram o alemão Norbert Mosandl, com o tempo de 25min17s40, e o americano Oscar Sanchez, que obteve o tempo de 25min35s26.

Zanardi, de 45 anos, sofreu a amputação depois do acidente sofrido no cir-cuito de alemão da Lausitz, em prova da Champ Car, uma dissidência que existiu dentro da Fórmula Indy. Za-nardi, que liderava a prova, perdeu o controle do seu carro na saída dos boxes e foi atingido em seguida pelo carro do canadiano Alex Tagliani.

O Reynard-Honda do italiano partiu-se ao meio e, depois de vários dias de coma induzido num centro hospita-lar de Berlim, os médicos não tiveram outra opção senão amputar as suas pernas.

Na Fórmula 1, Zanar-di disputou 41 Grandes Prémios, pelas escuderias Jordan, Minardi, Lotus e Williams, entre 1991 e 1999. Na Champ Car conquistou dois títulos, em 1996 e 1998.

O italiano ainda experi-mentou o Mundial de Carros de Turismo (WTCC), pilotan-do um BMW 320i adaptado. Conquistou quatro vitórias.

Em 2007, passou a com-petir no ciclismo adaptado. Quatro anos depois, foi vice--campeão mundial. Também em 2011, disputou a Marato-na de Nova Iorque, com a sua bicicleta de mão.

REGRESSO À INDYEm entrevista à publicação Speed.com, Chip Ganassi e Jimmy Vasser, amigos ínti-mos de Zanardi, confirmaram os rumores de que o italiano pode voltar à categoria. Vas-ser afirmou que conversou com Ganassi para tornar essa situação possível.

Se isso acontecer terá que haver uma grande pre-paração, pois Zanardi está longe da Indy há muitos anos. Ganassi afirmou ain-da que ele adoraria voltar a pilotar, mas contou que por enquanto tudo isto “não passam de conversas e pos-sibilidades”. - G.L.P.

Guiné-Bissau com participação positivaA Guiné-Bissau encerra amanhã a sua primeira participação nuns Jogos Paralímpicos, na final dos 400 metros T46 femininos. Mesmo se partir sem medalhas, o chefe da Missão considera a experiência positiva. “Há sempre expectativas”, admitiu Vladimir Sano, também secretário-geral do Comité Paralímpico para a Guiné-Bissau, para quem seria um “orgulho grande obter qualquer coisa”. Porém, as primeiras provas não tiveram os resultados esperados: nos 400 metros T46 masculinos, César Lopes Cardoso não se qualificou para a final, o mesmo tendo acontecido nos 100 metros T46 femininos, embora Ussumane Cande tenha feito a melhor marca da época (14,87 segundos).

Porta-estandarte de Portugal foi quarta no lançamento do peso F20

Inês Fernandes morre na praia

Antigo piloto de Fórmula 1 em grande nos Jogos Paralímpicos

Zanardi de ouro

jogos paralímpicos

MEDALHEIRO Ouro Prata Bronze Total

1 China 63 51 49 163

2 Rússia 28 25 20 73

3 Grã-Bretanha 25 36 32 93

4 Ucrânia 22 17 20 59

5 Austrália 22 16 23 61

6 EUA 21 18 26 65

7 Alemanha 13 18 16 47

8 Brasil 12 8 5 25

9 Polónia 9 10 5 24

10 Irão 8 5 5 18

(...)

26 Hong Kong 3 2 2 7

55 Taiwan 0 1 2 3

56 Portugal 0 1 1 2

68 Angola 0 0 1 1

Portugal ainda pode ambicionar algumas medalhas, pelo menos na boccia onde, na competição individual de BC2, Cristina Ferreira,

Fernando Ferreira e Abílio Valente venceram as partidas relativas aos 1/16 avos de final. Em BC1, João Paulo Fernandes, campeão

paralímpico em Atenas e Pequim, também garantiu presença nos oitavos, ao vencer Mei Yee Leung, de Hong Kong, por 6-1.

Portugueses continuam no bom caminho em boccia

Primeiro caso de doping nas ParalímpiadasO Comité Paralímpico Internacional confirmou que o halterofilista Bruno Pinheiro foi sancionado com nove meses de suspensão, por ter acusado positivo num teste de doping. Os testes do brasileiro deram positivo para um diurético proibido, composto por hidroclorotiazida durante um controlo fora da competição em 24 de Agosto, ainda antes do começo dos Jogos Paralímpicos de Londres. Contudo, o brasileiro ainda entrou na comitiva oficial do país, tendo sido suspenso provisoriamente a 31 de Agosto, dois dias depois do começo do evento, o que o impediu de participar nas provas para as quais estava designado.

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16 cultura sexta-feira 7.9.2012www.hojemacau.com.mo

Maria José de Freitas foi uma das oradoras do “Seminário sobre Sustentabilidade e o Futuro da Tradição Cultural”. O debate chamou a atenção para o ordenamento com base nas tradições e necessidades do povo

Rita Marques [email protected]

DOIS oradores e duas realidades debatidas, mas um ponto comum: a envolvência da popu-

lação nos projectos arquitectóni-cos e ordenamentos territoriais. Este foi o encontro promovido pelo Consulado Sul-Africano em Macau e Hong Kong, ontem à tarde, no “Seminário sobre Sustentabilidade e o Futuro da Tradição Cultural”, no Instituto

José C. [email protected]

DIVIDIDA em duas partes, “Talk” é uma sessão de debates

em que artistas, designers, profes-sores e agentes culturais da vida de Macau trocam ideias de forma aberta e pouco formal sobre vários temas. Este sábadoa primeira parte de Talk, das 14h30 às 16h30, tem como pano de fundo a criatividade. Como ensinar de forma criativa.

“O objectivo é trocar ideias so-

bre como ensinar de forma criativa e como estimular o pensamento criativo nos alunos”, disse ao Hoje Macau a directora da Creative, Lúcia Lemos. Participam nesta primeira parte do debate, André Lui, Brian Cheong, Justin Chiang, Lei Cheng e Wu Lu Sheng, todos membros da Creative.

A segunda parte de “Talk”, com início às 16h45 e fim previsto para as 18h30, é dedicada às letras e intitulada “Pensamentos poéticos na literatura, poesia e tradução”.

“Esta ideia é mais directa, mais simples e talvez mais inspiradora”, diz a directora da Creative Macau. O tema a debater liga-se com o amor a Macau – como é que amo Macau?

Os intervenientes desta segunda parte dos diálogos são também membros deste Centro de Indús-trias Criativas. Chris Song, Kit Kellen, Luís Sá Cunha, Debbie Sou, Hélder Beja e Fernando Sales Lopes irão dissertar sobre o seu amor a Macau e às letras.

Debate sobre sustentabilidade do património cultural

Absorver hábitos e necessidades

Creative Macau realiza este sábado segunda sessão de “Contemporary Tendencies”

Conversas amorosas

Compra de edifícios no Porto InteriorO secretário para os Assuntos Sociais e Cultura anunciou a aquisição a privados de dois ou três edifícios com interesse arquitectónico, uma boa política no entender da arquitecta Maria José de Freitas. “Faz sentido é arranjar uma nova utilização para o edifício, reinventá-lo, digamos assim, fazendo com que ele nasça através de um novo uso”, disse à Rádio Macau. A estudar outras construções que podem ser adquiridas, a arquitecta deixou algumas sugestões. “Na zona do Porto Interior (...) deveria ‘reinventar-se’ a utilização de muitos edifícios, de muitas estruturas que pertenciam a antigas indústrias, com as oficinas navais. Há muitos edifícios em Macau que têm características muito interessantes.” A especialista destacou ainda a importância de se criarem “equipas multidisciplinares” para a sinalização dos edifícios com interesse para preservação e também para procurarem um destino cultural para os edifícios que forem adquiridos.

de Formação Turística (IFT), na Pousada de Mong-Ha.

Maria José de Freitas, membro da Associação dos Arquitectos de Macau, deu exemplos práticos na sua apresentação, relacionados com as últimas transformações arquitectónicas e socioeconómicas do território e o confronto das no-vas disposições com as vivências diárias da população. “Um plano de gestão tem de envolver e ouvir a população”, explica, exemplifi-cando. “Vemos isso na questão dos comerciantes no Porto Interior, que têm receio que as suas actividades sejam perturbadas, ou, mais recen-temente nas palafitas.”

As pessoas têm de ser parte integrante e activa dos projectos, salientou, para que as construções compreendam as suas necessida-des. E na questão de atender aos hábitos, à cultura e às necessida-des da população que vai habitar e usar os espaços, o seu discurso convergiu com o de Fanuel Mot-sepe, presidente do Instituto de Arquitectos Sul-Africanos.

O especialista falou da ade-quação cultural da arquitectura

sul-africana desde os anos 1949 até à actualidade, que compreenderam o regime de segregação racial apar-theid. No caso, explicou, partiu-se para as construções com uma aná-lise antropológica. “Relacionaram--nas com a população e com a cultura africana, para conceder espaços urbanos e acessibilidades que contemplem as necessidades que têm ao nível da evolução das famílias.” Eram também tidas em conta, tal como explicou no discur-so, as carências culturais específicas de cada grupo social.

Ao Hoje Macau fez uma analo-gia do que tinha exposto com as tão faladas habitações sociais em Seac Pai Van e da insatisfação latente da população com o novo projecto. “Talvez entendam aquilo como uma forma de segregação. As pessoas estão separadas do contexto urbano geral onde fazem a sua vida todos os dias, depois não têm ligações públicas. Além da própria ambi-guidade dos apartamentos em si.”

MISCIGENAÇÃONa sua apresentação, a também ex-coordenadora do Gabinete do Centro de Património Mundial de Sintra, em Lisboa, acabou por ver nesta experiência um exemplo da multiculturalidade visível no pa-trimónio edificado e paisagístico.

Do Palácio de Monserrate, no qual foi responsável pela mais re-cente recuperação, retirou o melhor exemplo da miscigenação, já que no seu estilo vitoriano cabem sugestões neogóticas, indianas e mouriscas. “O arquitecto inglês James Knwoles Jr. vivia na Índia e utilizou todo o vocabulário indiano na recuperação do Palácio no seu interior.”

Recuperado pelos proprietários ingleses, o edifício-património, construído no século XIX no mi-croclima da Serra de Sintra, acabou por reunir este “vocabulário de matriz indiana”, além de incluir no jardim árido adjacente espécies vegetais de todo o mundo, onde houve lugar até a um arco chinês.

GONÇ

ALO

LOBO

PIN

HEIR

O

Page 17: Hoje Macau 7 SET 2012 #2690

TDM13:00 TDM News - Repetição13:30 Jornal das 24H RTPi14:45 RTPi Directo19:00 TDM Talk-Show (Repetição)19:30 Resistirei20:30 Telejornal21:00 Olhar Macau21:30 Regresso a Sizalinda22:15 Hilda Furacão23:00 TDM News23:30 Portugueses Pelo Mundo00:20 Telejornal - Repetição01:00 RTPi Directo

INFORMAÇÃO TDM

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:30 Há Conversa15:30 Cenas do Casamento - SIC16:00 Bom Dia Portugal17:00 Portugal Negócios 17:30 Palácios de Portugal18:00 Há Sempre Um Amanhã19:15 Portugueses Pelo Mundo: Budapeste20:00 Jornal da Tarde 21:15 O Preço Certo22:10 Ler +, Ler Melhor 22:15 Verão Total: Lamego

30 - ESPN13:00 Total Rugby13:30 American Le Mans Series Round 7 14:30 NASCAR Nationwide Series 2012 - Highlights15:30 MLB Regular Season 2012 New York Yankees vs. Baltimore Orioles18:30 (Delay) Baseball Tonight International 2012 19:30 (LIVE) Sportscenter Asia 2012 20:00 Smash 2012 20:30 Football Asia 2012/13 21:00 Beach Soccer Highlights 2012 22:00 Sportscenter Asia 2012 22:30 Football Asia 2012/13 23:00 Smash 2012 23:30 Beach Soccer Highlights 2012

31 - STAR Sports13:00 (LIVE) High1 Resort Open Day 216:00 Hot Water 2012/13 17:00 JK Racing Asia Series Round 717:30 GP3 Series 2012 19:30 Inside Grand Prix 2012 20:00 British Touring Car Championship 2012 21:00 Game 2012 21:30 (LIVE) Score Tonight 2012 22:00 Laureus Spirit Of Sport 22:30 Game 2012 23:00 (Delay) High1 Resort Open Day 2 Highlights

40 - FOX Movies12:05 Spy Kids 413:35 Maid In Manhattan15:25 Erin Brockovich17:40 Stand By Me19:10 Dear John21:00 Unstoppable22:40 2100:45 Legend Of Zorro

41 - HBO12:00 Batman Begins14:30 Dinocroc Vs Supergator16:00 The Astronaut’S Wife17:55 The Legend Of 190020:00 Thor22:00 Unknown23:50 Hostel Part Iii

42 - Cinemax12:00 The Last Of The Mohicans14:00 Priest16:00 The Silencers17:40 Little Nikita19:15 Locusts21:00 Xiii21:45 Epad On Max22:00 The Rundown22:50 Jonah Hex00:10 Cruel Intentions

17futilidadessexta-feira 7.9.2012 www.hojemacau.com.mo

[Tele]visão

Aqui há gato

Sudoku [ ] Cruzadas

ENSINO DO PORTUGUÊS A CRESCERAo contrário do que se possa pensar, Macau cresce todos os dias como cidade poliglota, nomeadamente no que toca ao reforço das suas línguas oficiais. O Governo e as instituições académicas estão a desenvolver cada vez mais o conceito de “centro internacional de turismo e lazer”, começando por conservar a peculiaridade da sua história linguística, ainda nítida no património material e intangível, que cruzamos a cada esquina.Depois das duas universidades mais conceituadas no território levarem o ensino do português a bom porto chinês, foi a vez da Universidade Cidade de Macau se afirmar neste contexto, avançando com um novo projecto, além da faculdade de estudos do português, que já incorporava enquanto Universidade Aberta Internacional da Ásia. Desta feita, um Instituto de Estudo dos Países de Língua Portuguesa, que puxará docentes de diferentes países, e que se mostra um projecto aliciante que Rui Rocha aceitou coordenar.A mesma instituição quer aumentar o seu certificado de qualidade, ganhando asas para voar sozinha através da Fundação Universidade Cidade de Macau, criada em Fevereiro deste ano, cujo presidente é o deputado Chan Meng Kam. E acredita que investir na língua de Camões prende-se com a valorização histórica e cultural do território? Não me parece. Ou esta expansão dá-se apenas por frutos vindouros de uma aposta no negócio da língua, para atrair investimentos do Brasil e outros países de língua portuguesa, em franco desenvolvimento? Não sei.Prova-se, porém, que a língua manterá cada vez mais a sua presença em paragens asiáticas, sobretudo neste mercado em expansão, pelo que os outrora grandes navegadores ainda remam na dianteira a nível linguístico. As trocas comerciais afirmar-se cada vez mais e Macau serve um grande propósito a esse nível. Tal como vem evidenciar o Fórum Macau.

Pu Yi

SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS: 1-Terem conhecimento. 2-Namoro, afecto. Concede. 3-Saliva viscose que corre da boca (pl.). Substância fecundante do vegetal. 4-Falta (Pref.). Andavamos. Afastado, único. 5-Orgão do aparelho urinário. Borras, sedimento. Qualquer fluido aeriforme. 6-Diz-se do dia que não é feridado. Saliva que escorre da boca. 7-Conciliava. Depile, descasque. 8-Que ainda não tem barba. 9-Outra coisa (Ant.). Colocaria. Tês. 10- Pau de substância plástica impregnada de carmim e por vezes aromatizada, com que as senhoras pintam os lábios. Parte superior do braço. 11-Exora, fala. Rio que banha Berna. Dança escocesa.VERTICAIS: 1-Planta terebintácea (Bras.) Assento, extremidade. 2-Uma das divindades dos indígenas da América do Norte. O ambiente doméstico. 3-Debaixo de. Saia muito curta. Tantálio (s.q.). 4-Lavrai. Asseado. 5-Graça (Fig.). Adianta, dá por bom. 6-Egoísmo. Choraminga (Fig.). Érbio (s.q.). 7-Género de plantas a que pertence a relva-dos-caminhos. Superior de certos conventos. 8-Repetições. Ingiram. 9-Extrema suavidade (Fig.). Antiga embarcação de baixo bordo. Bromo (s.q.). 1-Desmorone-se. O m. q. tris (Pref.). 11-Dolorosa. Recife circular de coral.

HORIZONTAIS: 1-G. SABEREM. P. 2-AMOR. U. CEDE. 3-BABAS. POLEN. 4-AN. IAMOS. SO. 5-RIM. LIA. GAS. 6-UTIL. A. BABA. 7-UNIA. PELE. 8-R. IMBERBE. A. 9-AL. PORIA. TT. 10-BATON. OMBRO. 11-ORA. AAR. RIL.VERTICAIS: 1-GABARU. RABO. 2-MANITU. LAR. 3-SOB. MINI. TA. 4-ARAI. LIMPO. 5-B. SAL. ABONA. 6-EU. MIA. ER. A. 7-R. POA. PRIOR. 8-ECOS. BEBAM. 9-MEL. GALE. BR. 10-DESABE. TRI. 11-PENOSA. ATOL.

REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

[ ] Cinema Cineteatro | PUB

SALA 1I MISS U [C]FALADO EM TAILANDÊS, LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊSUm filme de: Monthon ArayankoonCom: Jesdaporn Pholdee, Natthaweeranuch Thongmee,14.30, 16.30, 19.30, 21.30

SALA 2THE THIEVES [C]FALADO EM COREANO,LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊSUm filme de: Choi Dong-HunCom: Kim Yoon-seok, Kim Hye-soo, Simon Yam, Jeon Ji-hyeon14.15, 16.45, 19.15, 21.45

SALA 3THE COLD LIGHTOF DAY [C]Um filme de:Mabrouk El MechriCom: Henry Cavill, Bruce Willis, Sigourney Weaver14.30, 16.30, 19.30, 21.30

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A PORTA DO SOL • Elias KhoryHá histórias que salvam vidas. Usando o método de Xerazade, o narrador de A Porta do Sol tece um longo e contínuo fio de histórias com que pretende resgatar a vida de um homem. Esse homem, em coma profundo na cama do hospital, é o seu pai espiritual e um herói da resistência palestiniana. No furor de o reanimar através da memória, é todo um povo e a sua epopeia que o narrador faz reviver diante dos olhos do leitor: os acontecimentos da guerra civil no Líbano, os episódios mais marcantes da sua vida e os dolorosos itinerários de um punhado de homens e mulheres apanhados pela história, após a sua expulsão da Galileia em 1948. Inspirado na estrutura narrativa de As Mil e Uma Noites, A Porta do Sol é um romance amplo, pungente, e considerado de forma unânime o grande relato do êxodo palestiniano.

Page 18: Hoje Macau 7 SET 2012 #2690

18 opinião sexta-feira 7.9.2012www.hojemacau.com.mo

perspect ivasJorge Rodrigues Simão

dialéctica entre pluralidade e monoteísmo tem por pano de fundo a teoria dinâmica e a arquitectura, e para além de ser uma prática social é um processo cultural, ou seja, uma expressão

que concretiza o significado social do que o comum das pessoas entende que deve ser um edifício, uma casa, um bairro ou uma cidade. A introdução progressiva de con-ceitos ecológicos no discurso da sociedade é um facto cada vez mais intenso.

Os factores que conduzem a esta inte-riorização são diversos, contando-se entre outros, os meios de comunicação, a internet, a manifestação externa das mudanças climá-ticas globais resultantes da crise ecológica, a educação ambiental e os intercâmbios sociais relacionados com estes temas. Estes factores estão a moldar novos significados sociais acerca do que é desejável no futuro, e que se traduzem numa linguagem nova que pugna por um “verde” mais ou menos intenso.

As novas definições, interpretações e conceitos estão a reorientar a actividade dos arquitectos, mas igualmente dos políticos e de outros profissionais, ao introduzir na sua linguagem arquitectónico elementos de conservação e respeito pelo meio ambiente. As linguagens interpretativas em muitas disciplinas estão a incorporar os factores materiais, associáveis ao contexto ecológico, como sendo material. Assim, toda a actuação

A dialéctica de significados“Social semiotics is basically a theory of how people make meaning. It asks how we make sense of and to one another and how we make sense of the world. It concerns itself with everything people do that is socially meaningful in a community: talking, writing, drawing pictures and diagrams, gesturing, dancing, dressing, sculpting and building – in effect, everything.”

Talking Science: Language, Learning, and ValuesJoy L. Lemke

O pensamento ocidental tradicional, de raiz judaico-cristã, ostenta bases ideológicas da classe dominante centralizadas num homem espiritual e superior, senhor da Terra, criado à imagem de Deus todo-poderoso, alheio ao mundo físico e que o utiliza em seu proveito; esta relação de preponderância é expressa não apenas na exploração de uma natureza infinita, mas também do homem pelo homem, dos animais e das coisas

que se desenvolve na sociedade está ligada a dois tipos de relações, umas de natureza semiótica e outras de natureza material.

As primeiras, mais bem conhecidas, deri-vam do significado da actividade num âmbito social determinado, quando entram em contacto ou são testadas com outras práticas sociais. Assim, um projecto pode ou não ser aceite em função da sua própria coerência, ou se é social e politicamente admissível ou desejável, num contexto social e momento histórico determi-nado. O segundo tipo de relações tem a ver com as consequências materiais da actividade, ou melhor, com os intercâmbios de energia, matéria e informação com outros eventos e contextos, em definitivo, em relações de ordem física, química e ecológica.

A sintonia dos tipos de relações é óbvia na obra arquitectónica e no planeamento urbanís-tico e ordenamento do território. O estilo arqui-tectónico, no projecto de uma nova construção, vem regulado nuns casos ou determinado em outros, por um sistema de práticas sociais que apresentam uma linguagem histórica e cultural, incluindo o que o comum das pessoas entende que deve ser um local agradável para viver, ou seja, pela relação de comunicação de sinais transmitido e interpretado pela arquitectura. As decisões que se tomam em relação à execução física do projecto e às tecnologias que lhe estão associadas, são apoiadas por princípios físicos e químicos, mas a sua possível implantação e criação vem filtrada pela linguagem social.

Assim, entende-se a razão porque gran-de quantidade de apelidados “arquitectos ecológicos” respondem com frequência a objectivos de natureza comercial, pois, de facto, estão a introduzir nos seus desenhos, como um elemento expressivo isolado, a imagem social da linguagem do que deve ser uma “arquitectura ecológica”, através da implantação de medidas técnicas, como por exemplo, de natureza bioclimática (ar-quitectura bioclimática), ou pela inclusão de sistemas de captação de energia renovável, como por exemplo, a solar na cobertura dos edifícios ou habitações.

As melhorias consideradas terão apenas significado retórico, se não forem pondera-dos de forma sistemática os envolvimentos da construção de forma mais alargada, em termos ecológicos e sociais. A natureza ma-terial do projecto arquitectónico concretiza--se nos fluxos de energia, de matéria e de informação. As importações de materiais de construção e de energia necessária na construção e manutenção da habitação, ao longo da vida útil do edifício e as importa-ções de informação, (através da forma ou estrutura da habitação, que é conteúdo não

apenas significativo, enquanto a forma e a estrutura alteram o meio por força dos seus dos impactos ou da sua impressão ecológica), podem ser considerados como manifestações dos ditos fluxos.

Os processos de remodelação urbana de zonas degradadas, típica dos centros urbanos históricos das cidades, apresentam também esta dupla dimensão dialéctica e material. O planeador urbanístico, propõe frequen-temente, em função de atitudes e valores implantados no social, na política ou, em situações pouco populares. Tais propostas, devem ser coerentes com a interpretação de outras práticas sociais, pelo uso de distintos procedimentos de decisão, e que sempre são submetidas a análise de enquadramento e conformidade.

Quanto à natureza material da proposta urbanística e no período até tomada da de-cisão, produzem-se alterações de natureza físico-química e ecológica que pressupõem um intercâmbio de matéria, energia e infor-mação com o meio ambiente, quer seja na mesma cidade, quer seja nas cidades satélites ou nas mais afastadas, na consideração do presente momento de globalização da eco-nomia e da informação.

A materialização de uma permuta de infor-mação, por exemplo, resulta da implantação de novas tecnologias derivadas da domótica (que é uma tecnologia nova que possibilita a gestão da totalidade dos recursos residenciais) ou da incorporação de materiais de constru-ção que produziram impactos ambientais no local de implantação. Estes dois sistemas de relações, que aparecem inicialmente como independentes, são fortemente dependentes. A obra arquitectónica é uma concretização no mundo físico da dialéctica de significados. As mudanças no meio físico, as alterações materiais no meio ambiente ou a concretiza-ção física da obra, conduzem à construção de

novos conceitos, em função da adequação ou não do projecto às expectativas. A vinculação de ambos os tipos de relações, as de ordem semiótica e as de ordem material, conduzem ao aparecimento de um sistema mais amplo, ao sistema eco-social.

Este sistema está organizado hierarquica-mente em diferentes níveis que compreendem dimensões variáveis espaço-temporais, dado que em cada nível existem fortes nexos entre ambos os modelos de relações, as de qualidade física e as de semiótica. Assim, acontecem interacções entre os níveis imediatos. A cada nível e entre ambos, as alterações num dos níveis pode produzir efeitos inesperados e fortes no outro e vice-versa. As propriedades e a dinâmica dos dois níveis são idênticas e por isso, são integráveis no mesmo sistema. É possível descobrir propriedades emergentes do sistema, em cada nível, como por exemplo, a capacidade de auto-organização.

Os dois tipos de relações e a comunicação entre si é revelada por determinados sinais e pelos sistemas complexos de natureza física e biológica, devido a um desenvolvimento histórico independente, sendo analisados e descritos de forma autónoma por estudos académicos. A progressiva unificação deri-vada do conhecimento que se vai adquirindo sobre a sua dinâmica conjunta permitirá dar sentido, interpretar de forma adequada e prever os resultados de uma grande diver-sidade de actividades humanas, entre elas, a arquitectura e o urbanismo.

Os conteúdos deste novo modelo que une o mundo físico e o social excedem o plano ético. O pensamento ocidental tradicional, de raiz judaico-cristã, ostenta bases ideológicas da classe dominante centralizadas num ho-mem espiritual e superior, senhor da Terra, criado à imagem de Deus todo-poderoso, alheio ao mundo físico e que o utiliza em seu proveito; esta relação de preponderância é expressa não apenas na exploração de uma natureza infinita, mas também do homem pelo homem, dos animais e das coisas.

A aceitação de um modelo assim aplicado a este contexto, depende da convicção que se tenha relativamente ao conceito de obra arqui-tectónica como sistema. As máquinas e outras obras de engenharia podem ser desenhadas e criadas de forma determinista, por meio de equações que descrevem as relações existen-tes entre os elementos. Os sistemas naturais, situando-se em outro extremo, desde as células aos ecossistemas, apresentam também uma or-ganização sistemática, mais complexa, na qual se estabelecem parâmetros de interpretação ao seu funcionamento e evolução. No âmbito destes sistemas usam-se conceitos, como os de entropia, informação, fluxo de energia, auto--organização, entre muitos outros, que têm a tendência a ser definidos de forma qualitativa e quantitativa. A obra arquitectónica, como um sistema deve ser entendida como um facto particular do sistema relacionado intimamente com o social.

A

Page 19: Hoje Macau 7 SET 2012 #2690

19opiniãosexta-feira 7.9.2012 www.hojemacau.com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Nuno G. Pereira; Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; Joana Freitas; José C. Mendes; Rita Marques Ramos Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Fernando Eloy; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Carlos M. Cordeiro; Correia Marques; David Chan; Gonçalo Alvim; Helder Fernando; Jorge Rodrigues Simão; José Pereira Coutinho, Marinho de Bastos; Paul Chan Wai Chi; Pedro Correia; Peng Zhonglian; Vanessa Amaro Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

NPor que és tão corajoso, João Baptista?

um gr i to no desertoPaul Chan Wai Chi*

Sei perfeitamente que a minha insatisfação e discordância para com o sistema em vigor não representa qualquer ameaça. Mas insisto e persisto, porque quero revelar o que realmente acontece com a população. É difícil agradar a todos; apenas desejo agradar a Deus. Uma vez que João Baptista é o santo padroeiro de Macau espero que a população lhe siga o exemplo

O dia 29 de Agosto assinalou-se a data do martírio de João Bap-tista e foi também o dia em que a Assembleia Legislativa teve a sua discussão na especialidade, onde foi aprovada a lei que regula

o método de eleição para o Chefe do Executivo e para a Assembleia Legislativa. A propósito, João Baptista é o santo padroeiro de Macau!

Não me vou alongar sobre as razões que levaram João Baptista a ser o santo padroei-ro de Macau. Mas, sendo deputado há três anos, vale a pena falar sobre as razões que o levaram a ser decapitado por ordem do Rei Herodes. João levou uma vida ascética a pregar aos judeus e para aqueles que vi-viam nas margens do rio Jordão. Todos os que admitiam os seus pecados iam ter com ele para serem baptizados nas águas do rio. João Baptista tornou-se famoso e muito in-fluente. No entanto este grande profeta foi preso, só porque teve a coragem de afrontar o Rei Herodes. “Não é legítimo que tenhas a mulher do teu irmão”, disse-lhe.

Um alto dirigente duma localidade teve um caso com a mulher do seu irmão mais novo. O irmão nunca se atreveu a falar

O futuro desenvolvimento do sistema político de Macau não diz respeito apenas a um pequeno grupo de pessoas com interes-ses políticos, mas sim a toda a população. As propostas adoptadas de revisão das duas leis que regulam as eleições conseguiram de certa forma alcançar uma participação e representatividade equitativas. Estas duas leis ainda impedem a população de Macau de exercer o seu direito de participar na vida política. Enquanto deputado eleito por via directa, sou a favor da introdução de mais assentos por eleição directa, em vez de ficar sentado a gozar os frutos de uma posição completamente inútil. Sei perfeitamente que a minha insatisfação e discordância para com o sistema em vigor não representa qualquer ameaça. Mas insisto e persisto, porque quero revelar o que realmente acontece com a população. É difícil agradar a todos; apenas desejo agradar a Deus. Uma vez que João Baptista é o santo padroeiro de Macau espero que a população lhe siga o exemplo.

*Deputado e membroda Associação Novo Macau Democrático

sobre o assunto, mas o caso era falado por toda a gente às escondidas. Porquê? Porque todos sabiam muito bem quais seriam as consequências de desagradar aos mais ricos e poderosos. Por que foi João Baptista, um forasteiro, tão sincero? Porque escolheu de-fender a justiça, condenando os actos ilícitos. Se tivesse escolhido juntar-se à corrente e mantido a boca fechada não teria acabado numa prisão, mas sim numa bela casa. Teria tido uma vida cheia de riquezas e benesses em vez do triste fim que acabou por ter. Fez o que tinha a fazer porque era um defensor da justiça. Nunca se deixou seduzir pelos vícios do poder, antes pelo contrário, pagou com a própria vida a luta que encetou em defesa da justiça.

Há um ditado chinês que diz: “Quero a vida, mas também quero justiça. Se não conseguir ter vida e justiça ao mesmo tem-po, terei de abdicar da vida para defender a justiça”. Foi o que fez João Baptista e foi o que fez o seu primo, Jesus. Pedro, o discípulo de Jesus, também o fez. E até Paulo, que em tempos perseguiu os cristãos, acabou por fazê-lo. Por que é que todos eles escolheram tomar esta posição?

Os discípulos de S. Paulo disseram: “Os judeus procuram sinais miraculosos, os gre-gos a sabedoria. Mas nós pregamos a palavra de Cristo na cruz: um grande obstáculo para os judeus e uma tolice para os gentios”. É evidente para os cristãos que a luta pela de-fesa da justiça é precisamente a manifestação do poder e da sabedoria de Deus.

Page 20: Hoje Macau 7 SET 2012 #2690

sexta-feira 7.9.2012www.hojemacau.com.mo

car toon por Steff

Alzheimer Dormirmal pode ser sinalDificuldades constantes em dormir podem ser um sinal de Alzheimer, numa fase ainda precoce da doença, segundo um estudo da Washington University. O estudo foi realizado com ratos, mas espera-se que a descoberta venha a permitir a detecção do Alzheimer nos humanos numa fase crucial para o tratamento, em que estão ainda longe os outros sintomas como a perda de memória ou clareza de raciocínio, mas na qual a doença já estará a causar danos no cérebro dificilmente tratáveis ou mesmo irreversíveis.

Portugal Ingleses esquecem-se da filhaUma criança inglesa de dois anos foi retirada aos pais na quarta-feira, depois de ter sido encontrada em estado de abandono na via pública. A menina foi entregue pela PSP ao Centro de Acolhimento de Emergência Casa da Fonte, em Oeiras, Portugal. Cerca das 20 horas de quarta-feira, a PSP foi chamada a uma ocorrência em Carcavelos onde uma criança estaria abandonada e em perigo, “no chão” e a “atravessar uma estrada quando estavam a passar carros”, segundo explicou fonte policial. A cem metros do local estavam os pais, um casal inglês, em “avançado estado de embriaguez”. “A criança foi entregue ao centro de acolhimento Casa da Fonte. Foi retirada aos pais devido ao estado de abandono em que a deixaram.” A PSP conseguiu, com a ajuda dos proprietários do estabelecimento onde se encontravam os pais, que a criança fosse alimentada assim que foi encontrada.

Síria 58 morrema tentar fugirCinquenta e oito imigrantes ilegais morreram, esta quinta-feira, no naufrágio da embarcação em que viajavam, ao largo da costa oeste da Turquia, segundo novo balanço divulgado pelas autoridades turcas. De acordo com as fontes oficiais, entre os mortos estão mulheres e crianças. “Temos informações de que havia mulheres e crianças no porão, na parte inferior do barco. O número de mortos poderá subir. As operações de busca e resgate continuam à superfície e debaixo de água.” Com vida, foram resgatadas 45 pessoas, incluindo o capitão da embarcação e seu assistente, ambos turcos, que estão sob custódia das autoridades.

Facebook Corrida contra a leucemiaA Associação Portuguesa de Leucemias e Linfomas (APLL) promove a partir de segunda-feira a iniciativa “Pedalar contra o Linfoma” com uma “corrida virtual” no Facebook, que pretende recolher fundos para apoiar os doentes e suas famílias. Esta acção visa “aumentar a amplitude de mobilização e sensibilização” da população portuguesa para a doença, reforçando o apoio a todos os que sofrem deste tipo de cancro, que se calcula ter uma incidência de “cerca de dois mil novos casos por ano”, só em Portugal. A presidente da APLL, Isabel Barbosa, apela à solidariedade, salientando que “o apoio prestado pela associação é, no caso de muitos doentes, essencial à sua sobrevivência, pois muitos dos associados não têm meios económicos para adquirir alguns dos medicamentos de que necessitam”. O acesso à aplicação “Pedalar contra o Linfoma” é feito através de www.facebook.com/apllassociacao.

Colômbia Governo negoceia com FARCJuan Manuel Santos, presidente da Colômbia, afirmou que as negociações vão “durar meses, e não anos”. É este o primeiro passo para o Governo colombiano chegar a um processo de paz com a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), e que foi ontem anunciado, após “conversas exploratórias”. O líder da guerrilha, Rodrigo Londoño, também anunciou o início do “ciclo de negociações”. O encontro promete acontecer em Outubro próximo, em Oslo, capital norueguesa.

Rússia Putin quer proteger avesVladimir Putin, presidente da Rússia, está a participar num projecto que pretende chamar a atenção para a necessidade de proteger as aves de grande porte. Por essa razão, viajou ontem na companhia de gruas, da Sibéria para esta região. Segundo informações do Kremlin, citadas pela agência AFP, “o chefe de Estado participou numa experiência cientifica que faz parte do projecto ‘o voo da esperança’, que visa salvaguardar uma espécie rara de gruas”.

UM relatório de ciber-crime elaborado pela Norton, um programa antivírus da empresa

Symantec, revela que dois terços dos utilizadores de internet adul-tos já foram vítimas de crimes online a nível mundial. Quase metade dos entrevistados afirma que já foi vítima de ameaças vir-tuais, tais como malware, vírus, fraude ou roubo. Os dados são relativos ao ano passado e perten-cem a um trabalho que inquiriu mais de 13 mil utilizadores de internet, oriundos de 24 países e com idades compreendidas entre os 18 e os 64 anos.

No total, todos os anos 556 milhões de pessoas são vítimas de crimes virtuais em todo o mundo, o que perfaz uma média de 1,5

Estudo abrangeu mais de 13 mil utilizadores de internet

Dois em cada três sofrem crime online

milhões de pessoas por dia ou 18 por segundo.

A Rússia é líder, com 92% de utilizadores online atingidos. A China surge em segundo, com 84%, e a África do Sul em ter-ceiro, com mais de 80%.

QUANTO VALE O CRIMESegundo o estudo, o cibercrime encontra-se avaliado em 110 mil milhões de dólares americanos. Dentro destes valores, 42% diz respeito apenas a fraudes. Quan-to a roubos, o número aumenta para 85%.

A China é o pais que mais dinheiro perde com este tipo de crime, cerca de 46 mil milhões de

dólares americanos, seguida dos Estados Unidos e da Europa. O Brasil também é um dos países que consta no topo da lista, com perdas estimadas em oito mil milhões.

Segundo o relatório elabora-do pela Norton, há uma mudança de panorama nos crimes virtuais: as redes sociais e os dispositivos móveis estão cada vez mais ligados a este tipo de crimes. Dois terços dos entrevistados afirmaram ter acedido à internet através deste tipo de dispositivos.

No que diz respeito à segu-rança, está muito aquém. Quase metade dos inquiridos, 44%, afirma desconhecer que existe um sistema de segurança nos dispositivos móveis, enquanto dois terços não utiliza qualquer sistema para se proteger.