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1 INSTITUIÇÕES E INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS: PROPOSIÇÃO DE UM MODELO Autoria: Ilisangela Mais, Mohamed Amal RESUMO Reconhecendo a importância do quadro institucional para os estudos sobre negócios internacionais e para responder à pergunta sugerida por Peng (2004) “Quais são os fatores que determinam o sucesso ou fracasso na internacionalização das empresas?”, o presente ensaio tem o objetivo de propor um modelo de análise dos modos pelos quais o quadro institucional afeta o desempenho exportador das empresas. Tomando como base os estudos de North (1990) e Hollingsworth (2000), entende-se que quando uma nação ou sociedade assume um determinado quando institucional, ela cria condições mais favoráveis para o desenvolvimento de determinadas atividades e estruturas organizacionais, em detrimento de outras. A partir de pesquisa exploratória documental, o presente estudo propõe um modelo no qual a influência do quadro institucional, acontece de maneira indireta, atuando por meio de três canais importantes de transmissão: empreendedorismo, redes de relacionamento e as estratégias de internacionalização adotadas. O entendimento é que as instituições exercem influência direta na escolha das estratégias de internacionalização, a partir do fornecimento das condições em que os negócios se desenvolvem, além de serem determinantes nos níveis de empreendedorismo e no estabelecimento de redes de relacionamento. Reunidos, todos esses fatores funcionam como determinantes do desempenho exportador das empresas abrangidas por determinado quando institucional. 1 - INTRODUÇÃO O estudo acadêmico de negócios internacionais é um fenômeno relativamente recente, tendo iniciado com os estudos formais que surgiram depois da Segunda Guerra Mun- dial, por conta da crescente importância do comércio internacional e dos investimentos diretos externos (IDE) norte-americanos na reconstrução e no desenvolvimento do mundo (PARKER, 1999). Alguns dos estudos que sobressaem acerca dos negócios internacionais são os estudos sobre os padrões de Investimento Direto Externo – IDE, desencadeados pela expansão das empresas multinacionais despertou o interesse de pesquisadores como Dunning (1958; 1977) e Hymer (1976) e levou a linhas complementares de pesquisas, como o estudo da relação entre IDE e competição oligopolista (CAVES, 1971); da relação entre o ciclo de vida do produto e a internacionalização (VERNON, 1966); e, no final da década de 70, a existência e o comportamento de empresas multinacionais que usam o trabalho sobre custos de transação de Williamson (1975), por exemplo, Buckley e Casson (1976). Outra linha de abordagem, que se consolidou a partir de 1977, incluiu as teorias comportamentais sobre a internacionalização de empresas. Sobressaem os estudos da Escola de Uppsala sobre como as empresas gradualmente aumentam seu envolvimento internacional (JOHANSON; VAHLNE, 1977) e como as redes influenciam o processo de internacionalização de uma empresa (JOHANSON; MATSSON 1988; COVIELLO; MUNRO, 1995 e 1997). Com o advento da globalização, no final dos anos 80, ganham destaque os estudos sobre estratégias e competitividade (PORTER, 1993, BUCKLEY et. al., 1988; DUNNING, 1997; BARLETT; GHOSHAL, 1989) e também começam a ser observados casos de empresas que apresentam processos acelerados de internacionalização (OVIATT; McDOUGALL, 1994; KNIGHT; CAVUSGIL, 1996). Verificando a necessidade de identificar uma grande pergunta e as linhas de pesquisa que devem nortear os estudos em negócios internacionais, diversos autores se dedicaram a

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INSTITUIÇÕES E INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS: PROPOSIÇÃO DE UM MODELO

Autoria: Ilisangela Mais, Mohamed Amal

RESUMO Reconhecendo a importância do quadro institucional para os estudos sobre negócios internacionais e para responder à pergunta sugerida por Peng (2004) “Quais são os fatores que determinam o sucesso ou fracasso na internacionalização das empresas?”, o presente ensaio tem o objetivo de propor um modelo de análise dos modos pelos quais o quadro institucional afeta o desempenho exportador das empresas. Tomando como base os estudos de North (1990) e Hollingsworth (2000), entende-se que quando uma nação ou sociedade assume um determinado quando institucional, ela cria condições mais favoráveis para o desenvolvimento de determinadas atividades e estruturas organizacionais, em detrimento de outras. A partir de pesquisa exploratória documental, o presente estudo propõe um modelo no qual a influência do quadro institucional, acontece de maneira indireta, atuando por meio de três canais importantes de transmissão: empreendedorismo, redes de relacionamento e as estratégias de internacionalização adotadas. O entendimento é que as instituições exercem influência direta na escolha das estratégias de internacionalização, a partir do fornecimento das condições em que os negócios se desenvolvem, além de serem determinantes nos níveis de empreendedorismo e no estabelecimento de redes de relacionamento. Reunidos, todos esses fatores funcionam como determinantes do desempenho exportador das empresas abrangidas por determinado quando institucional.

1 - INTRODUÇÃO O estudo acadêmico de negócios internacionais é um fenômeno relativamente

recente, tendo iniciado com os estudos formais que surgiram depois da Segunda Guerra Mun-dial, por conta da crescente importância do comércio internacional e dos investimentos diretos externos (IDE) norte-americanos na reconstrução e no desenvolvimento do mundo (PARKER, 1999).

Alguns dos estudos que sobressaem acerca dos negócios internacionais são os estudos sobre os padrões de Investimento Direto Externo – IDE, desencadeados pela expansão das empresas multinacionais despertou o interesse de pesquisadores como Dunning (1958; 1977) e Hymer (1976) e levou a linhas complementares de pesquisas, como o estudo da relação entre IDE e competição oligopolista (CAVES, 1971); da relação entre o ciclo de vida do produto e a internacionalização (VERNON, 1966); e, no final da década de 70, a existência e o comportamento de empresas multinacionais que usam o trabalho sobre custos de transação de Williamson (1975), por exemplo, Buckley e Casson (1976). Outra linha de abordagem, que se consolidou a partir de 1977, incluiu as teorias comportamentais sobre a internacionalização de empresas. Sobressaem os estudos da Escola de Uppsala sobre como as empresas gradualmente aumentam seu envolvimento internacional (JOHANSON; VAHLNE, 1977) e como as redes influenciam o processo de internacionalização de uma empresa (JOHANSON; MATSSON 1988; COVIELLO; MUNRO, 1995 e 1997). Com o advento da globalização, no final dos anos 80, ganham destaque os estudos sobre estratégias e competitividade (PORTER, 1993, BUCKLEY et. al., 1988; DUNNING, 1997; BARLETT; GHOSHAL, 1989) e também começam a ser observados casos de empresas que apresentam processos acelerados de internacionalização (OVIATT; McDOUGALL, 1994; KNIGHT; CAVUSGIL, 1996).

Verificando a necessidade de identificar uma grande pergunta e as linhas de pesquisa que devem nortear os estudos em negócios internacionais, diversos autores se dedicaram a

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essa busca (TOYNE; NIGH, 1998; BUCKLEY, 2002; BUCKLEY; GHAURI, 2004; PENG, 2004, SHENKAR, 2004, DUNNNG, 2002).

Embora os pesquisadores apresentem divergências quanto à conveniência de os estudos se concentrarem no nível das empresas ou das nações, é possível verificar o reconhecimento da importância de aspectos extra-firma para o estudo dos fenômenos relacionados aos negócios internacionais. Tais aspectos incluem os diferentes desempenhos entre nações, a discussão sobre sistemas econômicos e sociais, formas de organização, quadro institucional, processos políticos e culturas nacionais, entre outros.

Ao analisar estudo de Hollingsworth (2000), acerca das instituições, é possível reconhecer tais aspectos como sendo componentes da análise institucional. Mesmo aspectos internos às organizações podem ser caracterizados como resultantes do quadro institucional no qual a empresa está inserida, como hábitos, valores, regras e outros.

Reconhecendo a importância do quadro institucional para os estudos sobre negócios internacionais e aceitando como sendo adequada a pergunta proposta por Peng (2004) “Quais são os fatores que determinam o sucesso ou fracasso na internacionalização das empresas?” o presente ensaio tem o objetivo de propor um modelo de análise dos modos pelos quais o quadro institucional afeta o nível de empreendedorismo, o estabelecimento de redes de relacionamento, as estratégias de internacionalização e, por consequência, o desempenho exportador das empresas.

A estrutura deste trabalha se caracteriza por esta introdução e mais quatro seções. Na seção 2, é feita uma revisão da literatura e apresentados alguns estudos empíricos relativos ao tema. A seção 3 apresenta os procedimentos metodológicos adotados. Na seção 4 está apresentado o modelo de análise proposta, com detalhamento dos seus componentes. A seção 5 é dedicada às considerações finais do estudo.

2 – REVISÃO DA LITERATURA Durante as últimas duas décadas, o interesse pelas operações de internacionalização

vem crescendo não apenas entre os empresários e investidores, mas também entre acadêmicos e responsáveis pelas políticas de desenvolvimento. O conceito tende a ser usado, de modo mais amplo, como: “o processo crescente do envolvimento das operações internacionais” (WELCH; LUOSTARINEN, 1999, p. 84).

As teorias que trataram do processo de internacionalização ao longo das últimas décadas podem ser classificadas de acordo com a sua perspectiva de análise. Neste sentido, é possível delimitar dois grandes eixos: a perspectiva econômica; focada no quadro das teorias de negócios internacionais; serviu de fundamento para desenvolver diferentes abordagens da internacionalização das empresas, especialmente no que diz respeito ao surgimento das empresas multinacionais (EMN) e análise dos determinantes e estratégias do Investimento Direto Externo (IDE). Neste campo, destacam-se as teorias da organização industrial de Hymer (1976), a teoria da internalização (BUCKLEY; CASSON, 1976) e o paradigma eclético (DUNNING, 2000).

2.1 Abordagem econômica

  Após a 2ª Guerra Mundial, a Teoria de Negócios Internacionais começou a se desenvolver devido à intensificação das atividades das empresas multinacionais. Os primeiros estudos focaram nos motivos para as empresas produzirem no exterior, consistindo-se, basicamente, em uma abordagem econômica. Hymer (1960/1976) argumentou que as empresas exploram vantagens específicas em cima de imperfeições de mercado, enquanto Williamson (1975) focou na comparação entre os custos de transacionar o produto e de

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produzir localmente. Vernon (1966) considera que a empresa pode se beneficiar de um produto já existente aumentando o seu ciclo de vida, reproduzindo em novos mercados os mesmos processos aplicados em seu mercado de origem, retomando seu ciclo de lucratividade. Buckley e Casson (1976) definiram vantagens a serem exploradas por uma empresa ao produzir no exterior, num conceito que seria posteriormente ampliado por Dunning (1988), que distinguiu três grupos de vantagens a serem exploradas no exterior pelas empresas: as vantagens de propriedade, de localização e de internalização.

John Dunning (1958) começou a pesquisar empresas multinacionais interessado em verificar se o desempenho das empresas era afetado por características como gerenciamento superior, empreendedorismo ou capacidade tecnológica das empresas, que ele chamou de ownership (O); e quanto a aspectos relacionados à localização: os recursos imóveis, contribuições da economia do país de origem, que ele chamou de location (L). Finalmente, 18 anos mais tarde (1977), surgiu o terceiro item do paradigma eclético, internalisation (I). Este último item avalia a capacidade da empresa para incorporar benefícios proporcionados pela instalação de unidade industrial no país de destino e replicar habilidades que gerem vantagem competitiva.

2.2 Abordagem comportamental Em 1988, Johanson e Matsson propõem uma nova teoria, com uma abordagem mais

comportamental. A teoria, resultante de pesquisas qualitativas, focou nas decisões estratégicas de seleção de mercado e forma de entrada, dirigindo sua atenção para a alteração da situação de internacionalização como resultado da sua posição numa rede ou relações associadas. Nesta perspectiva, empresas poderiam se expandir para o mercado internacional por meio de relações existentes que oferecem contatos e ajudam a desenvolver novos parceiros e posicionamento em novos mercados. Dessa forma, as empresas poderiam se utilizar dos conhecimentos prévios da rede nas atividades de internacionalização, reduzindo as incertezas decorrentes desse novo negócio e permitindo uma aceleração no processo.

O fenômeno da globalização mereceu atenção especial a partir do final dos anos 90, passando a fazer parte das pesquisas de Buckley et. al. (1988), Barlett e Ghoshal (1989) e Dunning (1997), por exemplo.

Em parte como resultado da globalização, começou a ser observada, nos anos 90, a ocorrência de processos de internacionalização mais acelerados, gerando pesquisas sobre International New Ventures (OVIATT; McDOUGALL, 1994); Born Globals (KNIGHT; CAVUSGIL, 1996), international enterpreneurship (McDOUGALL, 1989; McDOUGALL; OVIATT, 2000), Gazelle Firms (OECD, 2007) entre outros. Tais estudos têm em comum o destaque para as facilidades de comunicação e para características empreendedoras dos seus gestores. Tais características empreendedoras foram definidas por Oviatt e McDougall (1994) como sendo a propensão ao risco, inovação e proatividade.

Esses empreendedores se lançariam em novos mercados servindo-se de novos modelos de negócios, inserindo-se em redes, buscando nichos de mercado, lançando produtos e serviços inovadores com objetivo claramente orientado para o mercado internacional, atingindo desempenhos superiores em relação aos seus concorrentes que seguiam trajetórias mais tradicionais.

Se analisarmos atentamente os fatores relatados, é possível identificar que a maioria deles está, direta ou indiretamente, relacionada a aspectos institucionais aos quais as empresas estão sujeitas. Essa verificação justifica uma tendência de incluir fatores extra-firma nos negócios internacionais.

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2.3 Estratégias de internacionalização

Cyrino e Barcellos (2006) indicam quatro estratégias diferentes para as empresas atuarem no mercado internacional:

Ao optar por uma estratégia exportadora a organização utiliza a via comercial para atingir os mercados e parte de suas receitas provêm das atividades de exportação. À medida que a participação nos mercados ganha importância, pode ser necessário abranger novas etapas da cadeia de valor para atender demandas dos seus clientes.

A estratégia multinacional ou multidoméstica pressupõe investimentos em ativos (Investimento Direto Externo), com o deslocamento de atividades importantes na cadeia de valor para os mercados internacionais, aumentando o nível de comprometimento da empresa com os mercados de atuação. A matriz gerencia as subsidiárias como uma holding, proporcionando alto grau de autonomia a cada uma de suas plantas.

Na estratégia global, por outro lado, há uma centralização rigidamente planejada e coordenada, com orientação padronizada de produtos e processos. Neste caso, há pouca autonomia entre as subsidiárias.

Pode-se, ainda, utilizar uma estratégia transnacional, combinando uma ênfase elevada e simultânea entre as estratégias global e multidoméstica. Caracteriza-se por uma forte interação entre as unidades geográficas e o centro, bem como entre as próprias unidades geográficas, com uma orientação em rede.

2.4 O papel das Instituições em Negócios Internacionais A vantagem competitiva de uma dada localização tem sido tradicionalmente vista em

termos das condições macroeconômicas. As variações das estruturas institucionais entre os países têm sido relativamente desconsideradas ou tratadas apenas como fatores secundários e sem importância para a análise dos determinantes do IDE. Esta concepção tem sido amplamente influenciada pela teoria econômica neoclássica em cuja acepção se afirmava que o equilíbrio numa economia, assim como as variáveis econômicas relevantes, tais como os preços e produtos, podem ser explicados sem a necessária referência às instituições. Deste modo, e apesar de que as sociedades possuam diferentes instituições políticas e econômicas, as leis de oferta e demanda, os processos competitivos de mercado e a teoria geral de equilíbrio foram considerados os únicos aspectos relevantes para o entendimento e a explicação da determinação dos resultados econômicos.

Contudo, à medida que os estudos apontavam para as imperfeições no funcionamento dos mercados, cresceu a percepção entre os economistas que os agentes econômicos necessitam outros meios para obter informações proveitosas para tomar decisões. Arrow (1998) aponta que as instituições evoluíram como resposta às imperfeições no funcionamento dos mercados. Assim como os mercados transmitem informação sobre o ambiente econômico na forma sumária dos preços relativos, outras instituições transmitem informação em outras formas sumárias. Toda a questão é saber se elas desempenham de maneira eficiente essa tarefa. Portanto, na concepção de Mudambi e Navarra (2002), o papel das instituições é estritamente relacionado à sua capacidade de resolver as imperfeições do mercado, sendo possível considerá-las como meio de incremento da eficiência do funcionamento das estruturas econômicas de mercado. Deste modo e, sem considerar o tipo de instituições, o papel que elas podem assumir na sociedade é geralmente visto como necessário para cumprir duas principais tarefas (MUDAMBI; NAVARRA, 2002): Primeiro, as instituições reduzem os custos de transação, na medida em que contribuem para a realização dos ganhos de produtividade em larga escala e melhoram o desempenho da tecnologia a ser aplicada. Segundo, num mundo de informação incompleta e assimétrica, a eficiência e qualidade das

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instituições influenciam diretamente sobre os custos de processamento das informações necessárias para a tomada de decisão.

Para tanto, a relevância do fator institucional surgiu do fato de que a eficiência dos mercados depende das instituições de suporte capazes de definir e fornecer regras formais e informais de jogo para o funcionamento da economia de mercado. Este papel das instituições deverá, na concepção de North (1990), não só ter como conseqüência a redução dos custos de transação e informação, mas também do grau de incerteza e instabilidade das sociedades e economias. Deste modo, os arranjos legais e governamentais, assim como as instituições informais que definem uma economia devem influenciar as estratégias corporativas, que por sua vez influenciam o funcionamento e desempenho dos negócios (BEVAN; ESTRIN; MEYER, 2004).

Neste sentido, e, considerando às proposições de diversos pesquisadores sobre uma grande pergunta que deveria guiar os estudos em negócios internacionais, podemos listar alguns estudos de destaque onde os aspectos institucionais aparecem como uma tendência recorrente:

Nos anos 90, Dunning (1997) passou a pesquisar a interação entre empresas multinacionais e governos para avançar a produtividade e promover transformação estrutural dos recursos e capacidades “nativos”. Para o século XXI, reconhece o tema “capitalismo em rede” para descrever as complexas e multifacetadas conexões.

Toyne e Nigh (1998) propuseram a introdução de um novo paradigma na área, mudando o foco da empresa para uma visão multinível, hierárquica do processo de negócios internacionais. Por outro lado, Buckley (2002) propôs quatro possibilidades de pesquisas, entre as quais duas que podem ser subsidiadas por abordagens institucionais: 1 - Pode-se explicar a seqüência de entrada de nações como potências na economia mundial? (Grã-Bretanha, EUA, Alemanha, Japão, Singapura, Coréia, China); 2 - Por que as diferentes formas de organização das empresas são características da base cultural dos indivíduos? Ou isto é um artefato?

Em 2004, Buckley e Ghauri retomaram a proposta de identificar uma grande questão e propõem que a análise da globalização, com foco na geografia econômica, emergindo da mudança de estratégia e o impacto externo (internacional) das empresas multinacionais na economia mundial a firma continua no centro das atenções, mas a geografia econômica ganha bastante destaque, juntamente com o quadro institucional vigente em cada nação.

Shenkar (2004) propõe quatro tópicos de pesquisa, sendo 3 de natureza institucional: 1) Processos políticos e investimento estrangeiro – estudar os cenários políticos diversos e os círculos eleitorais com os quais as MNEs têm que se afirmar; 2) Legados institucionais – como as instituições tradicionais influenciam os comportamentos nos negócios em vários ambientes internacionais; 3) Cultura revisitada – estudar a cultura e as diferenças culturais como evoluem ao longo do tempo e não como uma constante.

Ricart et. al. (2004) acrescentam que a localização é, de fato, a principal diferenciação na estratégia de negócios internacionais e defende que as diferenças no desenvolvimento de mercados intermediários em locais particulares influenciam o posicionamento da empresa e a estrutura da indústria em cada local. Ricart et. al. (2004) entendem que os locais, as empresas e as estratégias formam uma complexa ecologia.

Nelson e Sampat (2001) afirmam que as instituições têm sido uma preocupação central desde Adam Smith e seus seguidores, porém, observa um interesse renovado pelo tema a partir de uma convicção crescente de que o entendimento do desempenho econômico requer um avanço em relação à lógica fraca revelada pela teoria neoclássica.

Referência no estudo recente sobre as instituições e o desempenho econômico das nações, Douglass C. North (1990) as regras do jogo em uma sociedade, afirmando que se

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caracterizam como limitações que moldam a interação humana e o modo como a sociedade evolui ao longo do tempo.

Para North, as instituições existem para minimizar as incertezas que estão presentes nas ações humanas daqueles que estão sujeitos a elas. Definidas as instituições de uma nação, estabelece-se um conjunto de ações e condutas socialmente aceitas e desejáveis, que se concretizam num determinado resultado para a sociedade.

Ainda segundo o autor, quando uma nação ou sociedade assume um determinado quando institucional, ela cria condições mais favoráveis para o desenvolvimento de determinados tipos de atividades, bem como estruturas organizacionais, em detrimento de outros. Hollingsworth (2000) afirma que as instituições, ao favorecerem determinados comportamentos dos membros de uma sociedade, também são responsáveis pelo grau de inovatividade de uma nação. Na busca por uma resposta para a variação dos graus de inovatividade verificados entre as nações, o autor propôs um modelo de análise institucional que incorpora os conceitos de diversos autores interessados no tema. Assumindo como critério de classificação as características de permanência e estabilidade, definiu cinco níveis de análise: Tabela: Componentes da análise institucional

1 Instituições = normas, regras, convenções, hábitos e valores (North,1990; Burns e Flam, 1987). 2 Arranjos institucionais = mercados, estados, hierarquias corporativas, redes, associações, comunidades (Hollingsworth e Lindberg, 1985; Campbell et al., 1991; Hollingsworth et al., 1994; Hollingsworth e Boyer, 1997). 3 Setores institucionais = sistema financeiro, sistema de educação, sistema de negócios, sistema de pesquisa (Hollingsworth, 1997). 4 Organizações (Powell e DiMaggio, 1991). 5 Resultados e desempenho = estatutos; decisões administrativas, natureza, quantidade e qualidade dos produtos industriais (Hollingsworth, 1991, 1997); desempenho setorial e da sociedade (Hollingsworth e Streeck, 1994; Hollingsworth et al., 1990; Hollingsworth e Hanneman, 1982).

Fonte: HOLLINGSWORTH, J. R. Doing institutional analysis: implications for the study of innovations. Review of International Political Economy, v. 7, n. 4, p. 595–644, 2000

No modelo de Hollingsworth, estão claramente identificados quais os componentes que devem ser considerados como sendo parte do quadro institucional ao qual cada organização ou indivíduo está submetido.

Observando os componentes propostos por Hollingsworth e a definição de North, pode-se inferir que as instituições afetam não apenas o grau de inovatividade, mas também o nível de empreendedorismo, a orientação para o mercado externo, o nível de desenvolvimento tecnológico, a cultura, a organização do mercado e outros fatores reconhecidos como temas de especial interesse dos pesquisadores da área de negócios internacionais.

2.5 Alguns estudos empíricos

No ano de 1995, Nonaka e Takeuchi publicaram a obra The Knowledge-Creating

Company, onde relatavam seus estudos sobre as características do processo de desenvolvimento de novos produtos nas empresas japonesas. A obra tornou-se uma referência importante nos estudos sobre inovação, especialmente pelo destaque dos autores à criação de conhecimento organizacional, dividindo o conhecimento humano em conhecimento explícito e conhecimento tácito (NONAKA; TAKEUCHI, 1997).

O conhecimento explícito pode ser expresso em linguagem formal, expressões matemáticas e outras formas regulares de comunicação e é transmitido por meio de mecanismos formais, possibilitando a replicação do conhecimento.

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Já o conhecimento tácito seria o conhecimento mais importante, e se refere àqueles conhecimentos difíceis de traduzir em palavras ou fórmulas. O conhecimento tácito estaria vinculado às experiências individuais e envolve fatores intangíveis, inclusive crenças pessoais, perspectivas e sistema de valores. Pela dificuldade de imitação, esse conhecimento seria a principal fonte de competitividade das empresas japonesas.

Lima (2005) ao estudar as microdinâmicas da difusão de inovação entre micro, pequenas e médias empresas tecnológicas de um polo de informática brasileiro, relata a importância da aprendizagem de funcionários de uma empresa-mãe que resultou na geração de várias empresas por spin-off, possibilitando a elevação do nível de desenvolvimento tecnológico da região, transformando-a numa região de destaque nacional na produção de software. A implantação da empresa-mãe, pioneira na região, foi possibilitada pela parceria entre diversas empresas industriais de destaque na região e despertou o interesse por um novo setor produtivo. A geração das primeiras empresas por spin-off funcionou como motivação para outros empreendedores iniciarem seus negócios próprios e o ambiente favorável foi reforçado pela rede de relacionamento que se formou entre os funcionários, que se estendeu para o novo ambiente de negócios. Nir Kshetri (2007) destaca o papel das instituições nos processos de outsourcing, a partir de um estudo sobre o outsourcing na Índia. O autor argumenta que o outsourcing está profundamente inserido num conjunto de instituições, citando que, num acordo dessa natureza controles regulatórios, como documentos legais, políticas, sistemas formais, padrões e procedimentos, podem estabelecer a relação entre duas partes e especificar limites.

Em termos regulatórios, a não-conformidade pode resultar em sanções profissionais e da sociedade. As regras sociais determinam os comportamentos aceitos e legítimos. Em alguns países, associações ativas profissionais e de comércio estão impondo códigos de ética e conduta para superar os impactos negativos de uma legislação ambiental deficiente. As regras sociais, a legitimidade dos processos. Outros aspectos analisados por Kshetri incluem questões de diferença de idioma, método de trabalho e cultura. Na avaliação, Kshetri aborda os quadros institucionais dos países de origem e de destino.

De maneira complementar, Zhou, Wu e Luo (2007) avaliam o papel de redes sociais no desempenho exportador de micro e pequenas empresas chinesas, a partir da análise de um fenômeno chamado guanxi. As guanxi são redes sociais de relacionamento, reconhecidas pelos autores como uma característica cultural da China e sua utilização na condução dos negócios se configura como uma resposta estratégica à imprevisibilidade das ações e controles governamentais. Citando estudos anteriores (REDDING, 1991; LOVETT et. al. 1999 apud ZHOU; WU; LUO 2007), afirmam que a ausência de confiança institucional, combinada com a prevalência de desconfiança entre desconhecidos e a escassez de informações mercado confiáveis conduzem a uma situação em que as conexões baseadas na confiança pessoal funcionam como um mecanismo eficaz para quase todas as transações.

Lu, Tsang e Peng (2008) reforçam a importância do quadro institucional no nível de inovação das empresas nacionais ao analisar o efeito das instituições na gestão do conhecimento e as estratégias de inovação em empresas asiáticas. Os autores identificam pelo menos três papéis das instituições nos processos estudados: 1) o conhecimento e a inovação precisam ser legitimados, reconhecidos como adequados aos requisitos institucionais. Estratégias de inovação devem ser congruentes com as práticas sociais e normativas do ambiente. 2) o conhecimento em si, até certo ponto, é dependente das instituições. O conhecimento refletiria um entendimento de como as instituições operam, recompensam, os tabus e penalidades definidos pelas regras e a forma como são impostas aos atores. Quadros institucionais muito divergentes entre os países de origem e de destino exigiriam mais tempo das empresas para transferir o conhecimento de um para outro. 3) a efetividade e a eficiência da criação do conhecimento, bem como sua transmissão e realocação são parcialmente

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determinadas pela infraestrutura institucional, como legislação sobre a propriedade intelectual. Legislações impróprias ou subdesenvolvidas podem inibir ou desencorajar o desenvolvimento de inovações.

3 – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS O presente estudo se caracteriza como uma pesquisa exploratória documental. A

partir de uma revisão da literatura relativa aos estudos de instituições e de negócios internacionais, os autores elaboraram um modelo de análise combinando os resultados de pesquisas prévias. De acordo com Malhotra (2001) a pesquisa exploratória funciona como um meio para adquirir informação ou conhecimento útil a respeito do objeto de estudo.

O modelo sugerido não inclui novas categorias de análise dos fatores determinantes do desempenho exportador, mas propõe uma nova abordagem, com ênfase no quadro institucional, que afeta os demais componentes. Busca-se formular e discutir algumas proposições que contribuirão para a análise do quadro institucional e seus efeitos no desempenho exportador das empresas.

Para analisar de que forma o quadro institucional afeta as atividades internacionais das empresas, vamos analisar o processo a partir do seu resultado, o desempenho exportador. Há vários anos, os pesquisadores buscam entender os movimentos de internacionalização das empresas e os fatores que contribuem para o seu sucesso. Como medidas de desempenho são consideradas, principalmente, a intensidade das exportações (valor de vendas no exterior sobre o faturamento total) (LOUTER ET. AL. 1991 apud GOMEL, 2005; OGUNMOKUN; NG, 2004 apud GOMEL, 2005; BAUERSCHMIDT ET. AL., 1985 apud GOMEL, 2005), envolvimento com a exportação (CAVOUSGIL; ZOU, 1994 apud GOMEL, 2005), a rentabilidade com as vendas ao mercado externo (LOUTER ET. AL. 1991 apud GOMEL, 2005; OGUNMOKUN; NG, 2004 apud GOMEL, 2005; CAVOUSGIL; ZOU, 1994 apud GOMEL, 2005), etc. Para as empresas atingirem estágios mais avançados em relação aos indicadores citados, os estudos indicam fatores de diversas naturezas.

Gummesson (2002) afirma que a tarefa mais árdua dos pesquisadores não reside em coletar e gerar mais dados, mas em interpretar e combinar o que já existe e extrair dali algum sentido. Assumimos como verdadeira essa afirmação e buscamos obter elementos da literatura existente para direcionar ao fenômeno analisado.

4 – DISCUSSÃO E PROPOSIÇÃO DE MODELO Considerando o exposto na literatura apresentada, este estudo propõe um modelo

para a avaliação do desempenho exportador das empresas como um resultado do quadro institucional vigente.

4.1 Modelo de análise

A influência do quadro institucional, no modelo proposto, acontece de maneira

indireta, atuando por meio de três canais importantes de transmissão: empreendedorismo, redes de relacionamento e as estratégias de internacionalização adotadas.

Considerando os valores, crenças, normas e valores da sociedade, que North (1990) chama de “regras do jogo”, as instituições de uma nação constituem um cenário mais ou menos favorável para o surgimento de características empreendedoras, estabelecimento de redes de relacionamento e a opção por determinada estratégia de internacionalização em detrimento de outra.

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Essa afirmação se justifica no sentido de que quando uma nação institucionaliza determinadas práticas e regras, ela está passando uma mensagem aos seus organismos e à população sobre os comportamentos socialmente aceitos e desejáveis, condicionando suas ações e direcionando-as para os resultados desejados.

Figura: Modelo de abordagem do quadro institucional como determinante do desempenho exportador Fonte: elaboração própria.

Para melhor entendimento do modelo proposto, detalhamos os componentes de cada

item indicado: 4.2 O quadro institucional

Partindo do estudo de Hollingsworth (2000) sobre as instituições, sua proposta de

análise institucional apresenta vantagem no sentido de definir de maneira mais específica o quadro institucional que não se limita apenas ao conjunto de regras, valores, normas, hábitos e costumes. E por outro lado, apresenta a vantagem de relacionar os diferentes componentes institucionais à atividade de negócios e de inovação das organizações. Nesse sentido, o quadro institucional de uma nação é composto por cinco grandes componentes: (i) Instituições, representadas pelas normas, regras, convenções e valores; (ii) Arranjos Institucionais, representados por mercados, estados, hierarquias corporativas, redes, associações e comunidades; (iii) Setores Institucionais que podem ser representados por diferentes sistemas, tais como financeira, de educação, de negócios e de pesquisa; (iv) Organizações, onde se evidenciam as estruturas gerenciais; e (v) resultados e desempenho, caracterizados por estatutos, processos de decisões, natureza jurídica, oferta e qualidade de produtos (HOLLINGSWORTH, 2000).

O quadro institucional influencia, portanto, os setores onde a nação terá melhores resultados, o tipo de organizações que prosperarão e a forma como os negócios serão conduzidos naquela sociedade. Porter (1993) afirma que cada indústria tem características particulares, com fontes próprias de vantagem competitiva, mas a “vantagem nacional nasce de um ambiente em que todos os determinantes desempenham algum papel.” (PORTER, 1993, p. 215). Especificamente em relação às atividades de internacionalização, o quadro institucional é composto, prioritariamente, pelas instituições de suporte aos negócios internacionais, políticas governamentais, sistema de financiamento, normas, regras, hábitos, costumes e valores.

Enquanto o quadro geral está mais relacionado com o estímulo, ou à falta dele, para o surgimento de comportamentos empreendedores e às condições mais ou menos favoráveis ao estabelecimento de redes de relacionamentos entre organizações, o quadro institucional diretamente relacionado com as atividades internacionais tem um papel mais importante na definição das estratégias de internacionalização.

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4.3 Instituições e empreendedorismo

Ao estabelecer padrões de comportamentos socialmente aceitos e desejáveis, o

quadro institucional pode favorecer ou restringir o surgimento do empreendedorismo: proatividade, inovação e propensão ao risco (OVIATT; McDOUGALL, 1994). Além das questões culturais, como hábitos, costumes e valores, pode haver instituições formais que atuem como fomentadores do empreendedorismo, como fontes de financiamento específicas, políticas de incentivo, inclusão do tema como prioridade no sistema educacional, linhas de pesquisa, entre outros mecanismos.

Em seu estudo sobre a vantagem competitiva das nações, Porter (1993) relatou diversos exemplos práticos, entre eles o caso das impressoras alemãs. O início da indústria se deu com a chegada de um empreendedor que desistiu do negócio na Inglaterra por pressão de investidores daquele país e voltou para sua terra natal, a Alemanha.

À medida que a demanda de impressoras se desenvolveu na Alemanha, os altos padrões de sofisticação dos impressores e dos usuários finais estimularam a inovação, reforçada pelas desvantagens seletivas de fatores. A demanda alemã se antecipava às necessidades de qualidade e produtividade que se espalhariam pelo mundo. Todas as indústrias correlatas e de apoio, essenciais à inovação (papel, máquina de fazer papel, tinta, sistemas de composição), cresceram com a indústria de máquinas impressoras e atingiram (também) padrão mundial.

Em estudo sobre empresas de base tecnológica em Portugal (SILVA, 2007), relata-se

que a maioria dos indivíduos (78%) tem interesse em estabelecer empreendimentos próprios, entretanto, o número de empresas instaladas é muito inferior ao que seria esperado para o nível de interesse indicado. Complementando o estudo, verificou-se que os indivíduos têm medo de falhar (62%) e isso prejudicaria sua imagem na sociedade. Isso indica que o grau efetivo de empreendedorismo de uma sociedade vai variar de acordo com o nível de aceitação da sociedade ao erro, por exemplo.

4.4 Instituições e Redes de relacionamento

Em relação às redes de relacionamento, as instituições podem ter duas funções: determinar a finalidade das redes estabelecidas e os atores que compõem estas redes. As redes de relacionamento podem ser estabelecidas com diversas finalidades, desde o compartilhamento de informações sobre mercado e o desenvolvimento de pesquisa até a mobilização para a implantação de políticas de incentivo, entre outros fins. Da mesma forma, o quadro institucional pode privilegiar a aproximação entre certos atores econômicos, como no caso de políticas de incentivo para a implantação de parques tecnológicos, arranjos produtivos locais e consórcios, onde se percebe um incentivo formal para tais aproximações. A aproximação entre Universidades e empresas, para o desenvolvimento de pesquisa aplicada, é uma demonstração clara de um componente do quadro institucional que afeta a existência de redes de relacionamento.

Da mesma forma que Zhou, Wu e Luo (2007) relatam que as redes de relacionamento têm maior importância onde há menor confiança institucional, Meyer et. al. (2009) relata que as empresas que se internacionalizam optam por entradas por meio joint-ventures nos mercados com instituições mais fracas como forma de superar as deficiências do mercado. Nos estudos com instituições fortes, as redes apresentam importância menor, criando melhores condições para as entradas de empresas internacionais por meio de aquisições. Peng e Heat (1996) indicam que, na China, as redes pessoais (guanxis) podem

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representar uma explicação parcial para o crescimento econômico do país por um período de mais de trinta anos, apesar de o país dispor de uma economia fracamente regulamentada.

Em estudo sobre a pressão institucional e seu efeito no início da internacionalização de pequenas e médias empresas (PMEs) taiwanesas, Chen e Yu (2008) afirmam que pequenas e médias empresas podem não perceber, isoladamente, quais oportunidades estrangeiras existem ou como podem tirar proveito de tais oportunidades.

A implantação de parques tecnológicos é um exemplo prático de como as instituições podem exercer um papel proativo no estabelecimento de redes de relacionamento com o objetivo de obter níveis superiores de desempenho organizacional. A proximidade das empresas favorece o intercâmbio de estruturas e de conhecimentos, fortalecendo as relações entre elas. Em estudo de Mais et. al (2009), empresas instaladas em um polo tecnológico indicaram grande importância das redes para suas atividades de internacionalização.Às redes de relacionamento foi atribuído o papel de fornecer informações sobre os mercados, permitindo abordagens mais aceleradas de internacionalização. Exemplo importante também são as definições de Arranjos Produtivos Locais pelo governo brasileiro. Ao reconhecer a competência das regiões em determinados setores da economia, estimula-se o surgimento de redes locais de cooperação. De maneira mais formal, o governo, em algumas ocasiões, estabelece critérios de avaliação para o acesso a recursos de fomento que incluem a integração de vários atores nos projetos submetidos.

4.5 Instituições e estratégias de Internacionalização das empresas

Finalmente, no modelo proposto, as estratégias de internacionalização resultam da combinação do quadro institucional vigente, do nível de empreendedorismo e das redes de relacionamento disponíveis. Os três componentes caracterizarão as vantagens competitivas de cada empresa para se relacionar com o mercado externo.

Cheng e Yu (2008) argumentam que, em relação ao impacto isomórfico de empresas similares, os resultados dos seus estudos com PMEs taiwanesas mostraram que a percepção de pressão de mimética afeta o compromisso de uma PME para com a internacionalização e as vantagens de propriedade de subsidiárias no início do processo. Isto demonstra que empresas não só lidam com incerteza acumulando experiências com o passar do tempo, mas também pelas relações com outras empresas nos seus ambientes domésticos, especialmente nos casos de PMEs com pouca experiência internacional. Em situações de incerteza, as pressões para imitar outras empresas podem forçá-los a entrar nos mercados por meio de ações mais agressivas.

Os autores acrescentam que atenção para oportunidades potenciais são mescladas com sua avaliação das pressões externas para as empresas se internacionalizarem. Por exemplo, o início da internacionalização, especialmente para PMEs, pode não ser simplesmente o resultado da busca por oportunidades em novos mercados, pode também representar uma resposta ao ambiente do mercado doméstico caracterizado por pressões institucionais.

Vale destacar que o modelo não desconsidera as vantagens internas das empresas, que poderão variar significativamente entre empresas oriundas do mesmo quadro institucional. Isso acontece porque cada organização e cada indivíduo apresentam reações próprias ao ambiente externo, de tal modo que, mesmo sujeitos às mesmas condições de negócios, cada organização pode se confrontar com resultados bastante variados.

Além disso, a estratégia de internacionalização sofre grande influência da orientação da empresa para o mercado interno ou externo, especialmente em mercados de grandes dimensões, como é o caso do Brasil. Empresas instaladas em países com grandes mercados domésticos dispõem de um mercado consumidor interno que pode diminuir o interesse em

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cruzar as fronteiras nacionais. Mais uma vez, as instituições, nesse caso representadas pelo mercado, têm um papel decisivo na motivação das empresas para ingressar em novos mercados.

Diante do exposto, exemplos dos efeitos dos diferentes componentes do quadro institucional sobre o desempenho internacional das empresas estão sintetizados no seguinte quadro:

Componentes Empreendedorismo

(proatividade, inovação, propensão ao risco)

Rede de Relacionamento Estratégias de Internacionalização

Instituições Sociedades pouco tolerantes a falhas inibem atitudes empreendedoras. Conhecimento tácito favorece a inovação. Empreendimentos bem-sucedidos incentivam surgimentos de novos empreendedores.

Hábitos e costumes orientam o estabelecimento de redes de cooperação para determinados fins e não para outros. Sociedades com instituições fracas favorecem o surgimento espontâneo de redes sociais

A pressão mimética por determinados comportamentos pode determinar a estratégia adotada pelas empresas e o seu envolvimento com a atividade.

Arranjos Institucionais

Mercados domésticos exigentes estimulam a busca por inovação.

Os estados podem fomentar de maneira proativa a formação de redes de cooperação para atingir os objetivos da sociedade.

Incentivo governamental para ingressar no comércio internacional influencia nas decisões de IDE.

Setores Institucionais

Fontes de financiamento e sistema educacional com foco no empreendedorismo, favorecem a sua ocorrência.

A instalação de parques tecnológicos e a criação de APL funcionam como incentivo formal à formação de redes.

Fontes de financiamento e infra-estrutura podem ser determinantes na escolha pela estratégia de internacionalização.

Organizações A configuração das organizações reflete a legitimidade de determinados modelos, afetando a motivação dos empreendedores.

Pequenas e médias empresas apresentam uma dependência maior de redes de relacionamento.

A estrutura das organizações se traduz em determinada capacidade gerencial, que impacta seu nível de competitividade e as estratégias mais adequadas.

Resultados O desempenho de uma sociedade em termos de natureza e qualidade de produtos, grau de inovação e o estabelece padrões desejáveis para suas indústrias, refletindo incentivo a níveis maiores ou menores de inovação.

As regulamentações de uma sociedade têm o poder de favorecer o desenvolvimento de negócios de maneira individual ou em parcerias.

A qualidade dos produtos industriais e o nível de desenvolvimento tecnológico têm papel importante na competitividade de sua indústria, favorecendo estratégias de maior ou menor envolvimento.

Quadro: Matriz de interrelacionamento entre Quadro Institucional e Determinantes do Desempenho Exportador Fonte: elaboração própria.

5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS No modelo proposto, reconhece-se a importância atribuída por diversos autores ao

empreendedorismo e às redes de relacionamento como fatores determinantes para a escolha da estratégia de internacionalização e consequente sucesso de empresas que ingressam no mercado internacional.

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Entretanto, as instituições não recebiam o mesmo destaque, sendo reconhecidas mais como o cenário das competições, sem um papel efetivo.

O entendimento, neste estudo, é que as instituições exercem influência direta na escolha das estratégias de internacionalização, a partir do fornecimento das condições em que os negócios se desenvolvem, além de serem determinantes nos níveis de empreendedorismo e no estabelecimento de redes de relacionamento. Reunidos, todos esses fatores funcionam como determinantes do desempenho exportador das empresas abrangidas por determinado quando institucional.

De fato, as instituições são as responsáveis primárias pelo desempenho geral de uma economia, ao condicionarem o comportamento de indivíduos e organizações. Os setores econômicos, o tipo de organizações e nível de desenvolvimento tecnológico, por exemplo, aparecem como resultado direto dos sistemas educacional e financeiro, bem como dos comportamentos socialmente aceitos e desejados.

Dessa forma, entende-se que para responder à pergunta sugerida por Peng (2004) “Quais são os fatores que determinam o sucesso ou fracasso na internacionalização das empresas?” as instituições devem estar no centro das atenções dos pesquisadores.

Ao mesmo tempo, para as nações que estão preocupadas em melhorar o desempenho das suas indústrias no cenário global de negócios, sugere-se uma análise cuidadosa do quadro institucional vigente, identificando seus pontos fracos e trabalhando pelas mudanças institucionais necessárias.

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