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Nº 3 | Março de 2008 O modelo de energia elétrica no Brasil está a serviço dos banqueiros e das grandes empresas multinacionais Vitória da Luta Popular Basta uma autodeclaração para que as famílias recebam desconto na conta de luz Contra-capa Construindo a pauta de reivindicações do Movimento dos Atingidos por Barragens Construindo a pauta de reivindicações do Movimento dos Atingidos por Barragens Página 3

Jornal do MAB | Nº 03 | Março de 2008

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Nº 3 | Março de 2008

O modelo de energia elétrica no Brasilestá a serviço dos banqueiros e dasgrandes empresas multinacionais

Vitória da Luta PopularBasta uma autodeclaração para que asfamílias recebam desconto na conta de luz

Contra-capa

Construindo a pauta dereivindicações do Movimentodos Atingidos por Barragens

Construindo a pauta dereivindicações do Movimentodos Atingidos por Barragens

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proxima-se o 14 de março - diainternacional de luta contra asbarragens, pelos rios e pela vida.

Esta data é marcada por grandes manifes-tações pelos direitos dos atingidos e con-tra o atual modelo energético. Portanto, estaedição do nosso Jornal do MAB é dedicadaà reflexão sobre quais são os nossos direi-tos e a nossa pauta de reivindicação.

Estamos num momento de conversarcom o povo. Debater, ouvir, trocar idéias sobreos problemas de todas as comunidades. É estaa tarefa de cada um de nós neste momento.Neste material, vocês vão encontrar subsídiospara essa conversa. Análise de conjuntura, no-tícias, nossas reivindicações e dados que aju-dam a mostrar como o atual modelo energéticoestá cada vez mais a serviço das grandes em-presas e não dos trabalhadores.

Para que muita gente participe dasjornadas de luta, não devemos esquecerque, no primeiro momento, o que motiva aspessoas a participarem da organização eda luta são as necessidades concretas – é aesperança de obter a melhoria de vida ounão perder nenhum direito. Precisamos en-tão entender quais são de fato os reais pro-blemas do povo. O que motiva a nossa luta?As propostas de soluções para estes pro-blemas apresentadas pelo povo, somadasàs reivindicações de mudanças no modeloenergético e na estrutura da sociedade dãoorigem a nossa pauta de reivindicação.

E nossa pauta de reivindicações sóse transformará em conquista com muitaluta e organização. Desejamos que 2008seja um ano de muitas lutas e vitórias po-pulares.

Boa leitura.

ecentemente num encontro nacional de lideranças doMAB a discussão girava em torno de qual é o momentoem que vivemos? No entendimento do grupo: os cam-

poneses estão trabalhando cada vez mais (mais horas por dia emais dias), mas estão cada vez mais pobres.

O mesmo ocorre com os direitos sociais, que estão dimi-nuindo. Dizia-se também que quase não há rio sem barragem (ouprojeto de) e que nos rios com barragens a regra das empresastêm sido de excluir e diminuir os direitos das famílias atingidas.Além disso, em muitos países da América Latina mais de 40%da população não tem acesso à luz elétrica, e em todos os paí-ses, o povo paga caro (um roubo) pela energia elétrica para queas grandes empresas, principalmente estrangeiras, possam terluz barata. Os da cidade comentavam sobre o desemprego, a fal-ta de perspectiva da juventude, o aumento da violência e a des-truição do meio ambiente...

Mas há um outro Brasil,com outra situação...

Por outro lado, os ricos estãocada vez mais ricos. Nunca os bancos egrandes empresas, principalmente es-trangeiras, lucraram tanto. Estas empre-sas vêm para o Brasil para se apropriarem da terra, da água, daenergia, da biodiversidade e dos minérios.

A Companhia Vale do Rio Doce, por exemplo, obtevelucro de R$ 15,59 bilhões nos nove primeiros meses de 2008,

ultrapassando a Petrobrás como a empresa que maislucrou.

Quando construídas, a previsão de faturamento nageração e distribuição das barragens de Santo Antônio eJirau, em Rondônia, ultrapassará 1 milhão de reais porhora. A barragem de Barra Grande lucra 412 milhões dereais por ano.

Companheirase companheirosCompanheirase companheiros

AA

EDITORIAL

Jornal do MABUma publicação do

Movimento dos Atingidospor Barragens

EXPEDIENTE

Projeto Gráfico:MDA Comunicação Integrada

Tiragem: 5.000 exemplares

www.mabnacional.org.br

A conclusão foide que, para agrande maioria

da população, avida está cada

vez mais difícil.

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O momento históricoem que vivemos

O momento históricoem que vivemos

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ste modelo concentra as ri-quezas nas mãos das gran-des empresas, principal-

mente do agronegócio, do setormínero/energético e dos bancos. Ostrabalhadores do campo e da cida-de, que trabalham e geram as rique-zas, não usufruem delas. É uma so-ciedade perversa, violenta edestrutiva. Portanto, este modelo eestas empresas são os inimigosdo povo.

Para complicar, a maioria dasestruturas do Estado (governos, ju-diciário, polícia, meios de comuni-cação, etc) estão apoiando estemodelo de sociedade.

Só a luta faz valer

Não tem outro jeito.A luta não ocorre somen-te por vontade. È uma ne-cessidade. Do nosso lado,precisamos dividir a rique-za para o povo “sobrevi-ver” e viver um pouco me-lhor, do outro, as empre-sas querem tudo só paraelas. Então as conquistassó virão através da lutae da pressão popular.

Além da necessidade, nossahistória mostra que lutar vale a pena.Para milhares de atingidos de Man-so, Barra Grande, Campos Novos,Castanhão, a luta trouxe a terra, acasa, o trabalho e a dignidade. Daluta veio a oportunidade do nossopovo aprender a escrever, e a dosnossos jovens irem para a faculda-de (hoje temos jovens fazendo me-dicina, agronomia, pedagogia, direi-to, etc). Conquistamos o créditoPronaf A. As cestas básicas que aju-dam a alimentar nosso povo. Outrasconquistas poderiam ser citadas.

Então, as tarefas para o próxi-mo período são: as famílias de cada

Os trabalhadores cada vez mais pobrese os empresários mais ricos

Os trabalhadores cada vez mais pobrese os empresários mais ricos

A primeira conclusão que chegamos é que não faltam riquezas

O Brasil temcondições de tertoda sua populaçãovivendo dignamentee ajudando outrospovos. O problemaestá no modelo desociedadecapitalista aplicadoem nosso país

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EE

Lucros de algumas empresas Unibanco cresce 97% e chega a R$ 3,4 bilhões

Itaú registrou resultado recorde para um bancono país, com um lucro de R$ 8,474 bilhões em2007 (um crescimento de 96,66% em relação aoresultado de 2006).

Bradesco, com um lucro de R$ 8,010 bilhões,um crescimento de 58,5% em relação a 2006.

Gerdau atinge lucro de R$ 4,31 bilhões em 2007

A empresa americana Alcoa somou desde o iní-cio do ano uma receita de US$ 23,361 bilhões

Fonte: Folha Online

região, de cada bairro ou comuni-dade, devem debater e construir suapauta de reivindicação e de luta.

Além dos direitos comoatingidos por barragens, lutar pe-los direitos regionais: consertar emelhorar estradas; construir umacreche, uma escola, um posto desaúde; ter acesso à luz elétrica e aágua; reformar ou construir umacasa; proporcionar áreas de lazer;construir uma cisterna, etc. Sãoexemplos de questões práticas quepodem ajudar as famílias a vive-rem um pouco melhor e animampara a luta.

Muitos dos pontos le-vantados serão de responsabi-lidade das empresas constru-toras das barragens. Já outros,caberão ao governo federal ouestadual, e ainda, terão algunsque buscaremos conquistarjunto aos municípios.

Em alguns países, coma vitória popular, já começa aocorrer à divisão das rique-zas através da reforma agrá-ria, re-estatização de empre-sas, etc. Vamos lutar aquitambém!

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Mais Barragens

Motivadas pelos al-tos lucros que gerame pela crise de faltade petróleo (portan-to de energia), asempresas queremconstruir muitas hi-

drelétricas. Atualmente tem1.443 projetos inventariados oucom estudo de viabilidade, quese forem construídas expulsarãooutras milhares de famílias.

Diminuição dosPreços da EnergiaElétrica

A Campanha contra os altospreços da energia elétrica continuaavançando em passos firmes. A lutaestá em muitas mãos. Nos estadose capitais várias entidades têm aju-dado a puxar e a fazer as lutas. Qua-se 4 milhões de pessoas se mani-festaram contra este roubo no ple-biscito sobre o leilão da CompanhiaVale do Rio Doce realizado em se-tembro de 2007.

A campanha tem desmascara-do o porquê de tanto interesse dasempresas em construir barragens. Omaior interesse é o grande LUCRO

obtido ao cobrar a 5ª maior tarifade energia elétrica do mundo, quefaz o povo pagar pela luz de 8 a 10vezes mais caro do que as empre-sas pagam.Frutos da luta: começam a sur-gir vitórias. A vitória mais recen-te é a da Tarifa Social. A justiça de-terminou que as famílias podem terdireito à Tarifa Social através deuma simples autodeclaração. Vejaas informações na página 8.

Portanto é momen-to, mais do que

nunca, de reforçar-mos esta luta!

das obras pelas empreiteiras, na ven-da de materiais de construção, nosuperfaturamento da obra, no finan-ciamento público e nos altos pre-ços na venda da energia elétrica.Outra fonte de lucro é o subsídiodado às grandes empresas consumi-doras (eletrointensivas) que se ins-talam no país para se apropriarem esaquearem nossos recursos naturais(minérios, celulose, água) e explo-rar a mão de obra. Isto somenteaprofunda a desigualdade social.Se não bastasse, com a formação dolago, as barragens expulsam muitasfamílias de suas terras e destroemgrande quantidade de florestas ebiodiversidade.

Por todos estes motivos é le-gítima e corajosa nossa luta con-tra a construção e privatização dasbarragens.

Garantia de Nossosdireitos de atingidospor barragens

Nem sempre conseguimosimpedir a construção das barragens,mesmo sabendo que são ruins parao povo e que são construídas paragerarem lucro para seus donos.Quando isto ocorre, o mínimo quedevemos exigir são nossos direitose destes não devemos abrir mão. Ébom todos nós sabermos que em

Transformar cada problema do povo em uma pauta e cada pauta em uma luta

Construindo a pauta do Movimentodos Atingidos por Barragens

Construindo a pauta do Movimentodos Atingidos por Barragens

Além das pautasespecíficas é precisoorganizar uma pautanacional, porentendermos que édo interesse geral daorganização.Apontamos aquialguns pontos dessapauta.

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22 Luta contra asprivatizações esuspensão de

novas licitações elicenciamentos deconstrução debarragens

As construções das bar-ragens geram grandes fontesde lucro às empresas nacionaise internacionais: na venda deequipamentos, na construção

Marcha do MAB em Minas Gerais

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Liberaçãoimediata docrédito PRONAF A

para as famílias reassen-tadas e ribeirinhas

O PRONAF A é um créditoespecial conquistado através demuita luta dos camponeses, prin-cipalmente dos companheiros doMST. É o melhor crédito que temno momento, por isso achamosque após a conquista é hora defazê-lo chegar às nossas famílias.Como é este crédito: é um va-

lor de R$ 16.500 por família,que pode ser utilizado para in-vestimentos (aquisição de ani-mais, recuperação de solos,compra de máquinas e equipa-mentos, construção de açudese cisternas, implantação de hor-tas e pomares, etc). Uma par-cela menor pode ser investidano custeio da lavoura (semen-tes, adubos, plantio...)

Assistência técnica: Partedo recurso do Pronaf A(R$ 1. 500,00) é parainvestimento em ser-viços de AssistênciaTécnica. O objetivo éfazer o acompanha-mento das famílias ga-rantindo melhorescondições para produ-zir. É importante sali-entar que o recurso doPronaf é liberando so-mente através de umprojeto técnico.

Prazo para Pagamento eRebate: As famílias têm atétrês anos para começar apagar (prazo de carência), eaté sete anos para quitar a dí-vida. As parcelas pagas emdia terão desconto de 40%do valor da prestação.

Acesso ao ProgramaNacional de Educação na Re-forma Agrária (PRONERA)- As famílias terão direito a

acessar este programa que finan-cia os estudos dos beneficiáriose de seus filhos desde a escola in-fantil até a Universidade.

Como e o queencaminhar

1. Mapear quais são os reassenta-mentos do MAB em cada umdos estados.

2. Em cada reassentamento doMAB, reunir, debater e organi-zar as famílias. Tirar duas pes-soas para fazer parte da coor-denação regional ou estadual(no caso de ter vários reassen-tamentos no estado).

3. Esta coordenação deve urgen-temente fazer uma reunião como INCRA do estado para discu-tir e realizar os encaminhamen-to necessários, entre eles, ocadastramento das famílias.

4. Assistência Técnica - somentetécnicos cadastrados no INCRApodem fazer os projetinhos. Por-tanto temos que cadastrá-los,seja através de uma entidade

diferentes regiões já aconteceram mui-tos avanços na conquista de nossos di-reitos.

Quais são os direitos mínimos:

a) Terra - todos os atingidos (mesmoe principalmente os sem-terra) po-dem optar por serem reassentadosem um pedaço de terra de boa quali-dade e quantidade escolhida e apro-vada pelas famílias.

b) Infra-estrutura- é nosso direito teruma boa casa com toda infra-estrutu-ra (luz, água, saneamento, etc...) e aschamadas infra-estruturas comunitá-rias, como igreja, escola, salão comu-nitário, quadras de esportes, etc.

c) Cabe às empresas construtoras, ga-rantirem Assistência Técnica e So-cial às famílias reassentadas.

d) Verba Manutenção - até que as famíli-as consigam se manter através da pro-dução (geralmente depois da segun-da/terceira planta) nesta nova área, asempresas são responsáveis por repas-sar o que chamamos de “verba de ma-nutenção” que é um valor mínimo paraa sobrevivência das famílias.

e) Revitalização da região atingida - éde responsabilidade das empresasrevitalizarem as comunidades, garan-tir recursos para projetos de desen-volvimento, recuperar e construir es-tradas, etc.

Quem tem estes direitos?Todas as famílias que de algu-

ma forma foram prejudicadas pelaconstrução da barragem. Não são so-mente aqueles que tiveram suas terrasinvadidas (como dizem as empresas pranos enganar). Têm direito os proprie-tários de terra, os sem terra assalaria-dos, meeiros, parceiros, diaristas...), ospescadores, as comunidades indígenase quilombolas, os mineradores/garim-peiros, os pequenos comerciantes, asfamílias ou comunidades que ficam iso-ladas, as professoras das escolas fecha-das por falta de alunos, etc.

44Sempre é tempo de reivindicar os direitos: mesmodepois de tantos anos, através da luta, os atingidosconquistaram a terra no reassentamento de Manso.

Foto arquivo MAB

Reassentamento do MAB em Santa Catarina

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nossa (associação do MAB) oufazendo uma parceira com umaentidade amiga já cadastrada (ex:cooperativa de técnicos do MST).

5. Começar a debater com as famíli-as a melhor maneira de investir osrecursos de forma coletiva e indi-vidual. Os exemplos mostram quedefinir onde investir os recursos,e fazer as compras de forma con-junta ajuda a economizar recursos.Está é uma tarefa da coordenação.

6. Pressionar os INCRAs nos estadospara que o crédito também seja li-berado para as famílias ribeirinhas

Programa deConstrução de CasasPopulares para as

Famílias do MABÉ cada vez maior a necessida-

de de construir ou reformar as mo-radias das famílias. Como já exis-tem programas que permitem isso,queremos garantir junto ao Gover-no Federal a liberação de recursospara construção de mil novas casas.

Vejamos uma experiência dosul onde foram construídas casasrurais de 63 m2 (7 x 9)*:Quanto custou:

R$ 11 mil em material de cons-trução + a mão de obra do pró-prio agricultor ou contratada + oscustos operacionais (em torno demil reais) para custear projeto/planta da casa, Conselho Regi-onal de Engenharia, Arquite-tura e Agronomia (Crea), pro-

jeto social, fiscalização/ acom-panhamento, licitação de mate-rial, fotocópias e encaminha-mento da documentação.

* podem ser construídas casasmenores e com menor custo.

De onde vem o dinheiro:O Governo Federal entra comR$ 5.900 para comprar materi-ais de construção. Este valor nãoprecisa ser devolvido e é pago di-reto para as lojas que venderemo material.As famílias entraramcom R$ 5.100 + mãode obra + custosoperacionais.

Obs: Como muitas dasnossas famílias não têmcondição de entraremcom esta contrapartida,em alguns lugares estevalor (ou parte dele) estásendo conquistado/nego-ciado junto às prefeituras ou gover-nos dos estados. No sul, para admi-

nistrar e realizar as tare-fas operacionais, foi cri-ada uma associação pe-las famílias.

O que encaminharnos estados

Que as regiões levantema demanda (bem pé nochão). O melhor seria co-meçar fazendo algumascasas como experiência(plano piloto).

Cada região / estado com de-manda para construção de ca-sas, deveria escolher duas pes-soas (de preferência com algu-ma experiência em construção)que serão capacitadas para de-pois ficarem responsáveis paratocar as casas naquele estadoou região. As regiões que pos-suem experiências podem aju-dar as demais a encaminhar esteprograma.

Programa Parainstalação deplacas Solares

Seria importante que simulta-neamente a construção das casas,nós pudéssemos colocar em prati-car algumas experiências de econo-mia de energia elétrica. Recente-mente, alguns militantes do MABconheceram uma experiência inte-ressante com placas solares, desen-volvida pela SOSOL, na USP (Uni-

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Casa de família rural construída com recursos do programa

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Placas solares instaladas em residências rurais

Foto arquivo MAB

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versidade de São Paulo). Nossa pro-posta é reivindicar junto ao Governo Fe-deral recursos para a instalação de 100placas solares em casas de diferentesestados, com objetivo de testar a viabi-lidade desta idéia. O convênio poderiaainda permitir que militantes do MABpudessem estudar, conhecer e aplicaroutras experiências existentes.

Independente do convênio,podemos testar a experiência emalgumas casas de militantes que pu-derem arcar com os custos. Os par-ticipantes do curso na USP serão osresponsáveis pela implantação dasprimeiras placas.

Ampliação doprograma de repassede Cesta Básicas

Muitas famílias atingidaspor barragens, ao perderem a ter-ra onde plantam, perdem tambémseu trabalho, sustento e sua digni-dade. Portanto, o primeiro passoé lutar pela garantia de alimentos

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para essas famílias, através dascestas básicas. Isto não é um fa-vor, é um dever das empresas e doEstado, que colocaram ou permi-tiram que as famílias estivessemnessa situação.

88Educação: as lutasdo Movimento dosAtingidos por

Barragens fortalecendo aeducação de jovens eadultos!

Para o MAB a educação nãosignifica apenas construir o co-nhecimento da linguagem oral eescrita, significa se inserir cadavez mais no trabalho de base doMovimento contribuindo nos de-bates e nas lutas. Por isso ela éimportante para nós.

Porém, os projetos com oMEC-FNDE estão parados desde oano passado. Mais uma vez aos atin-gidos está sendo negado o direito àeducação.

Queremos a retomada dosconvênios de alfabetização de jo-vens e adultos, pois temos mais de

300 turmas organizadas a nível na-cional, esperando a continuidade doconvênio. Além disso, vamos es-treitar nossas relações com univer-sidades para concretizar a conquis-ta em torno do PRONERA na reali-zação de cursos formais para jovensatingidos por barragens.

9. Retomada do controle público e estatal de todas as barragens

10. Suspensão dos subsídios dados às grandes empresas consumidoras

11. Criação de um programa sério de economia de energia elétrica

12. Cancelamento do Projeto de Transposição do Rio São Francisco

13. Reestruturação do setor elétrico

14. Cancelamento das privatizações já feitas no setor elétrico

QUEREMOS AINDA:

2º Encontro Nacional de Educação do MAB

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esde maio de 2007, umaliminar expedida pelo Tri-bunal Regional Federal

garantiu que todas as famílias queconsomem até 220 kWh/mês deenergia elétrica, podem receber osdescontos referentes à Tarifa Soci-al Baixa Renda na conta de luz, semprecisar estar cadastrado em algumprograma social do governo. Paraisso, basta entregar umaautodeclaração na distribuidora deenergia elétrica da região.

Por falta de informação e di-vulgação da liminar, muitas pesso-as não estão usufruindo desse be-nefício, que pode chegar a ajudar 17milhões de famílias. “Verificamos

que todas as concessionárias e dis-tribuidoras de energia elétrica fo-ram notificadas e orientadas pelaAneel (Agência Nacional de Ener-gia Elétrica) a cumprirem a decisãojudicial (através do ofício circularnº 560/2007). No entanto, as em-presas têm buscado abafar a notícia,para evitar que as famílias com di-reito possam se autodeclarar”, de-nunciou a coordenação nacional doMovimento dos Atingidos por Bar-ragens (MAB).

O MAB considera a decisãojudicial uma vitória dos trabalhado-res, que exigiram esse direito juntoà campanha pela redução do preçoda luz. Este encarte é um esforço

Famílias que consomem até 220 kWh/mêstêm direito à Tarifa Social

Desconto pode chegar a até 65% do valor da tarifa normal

DDMarcha do MAB em Minas Gerais - 2007

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MAB Quem tem direito

e como conseguiro desconto?

Para todas as famíliasque consomem menosde 80 kWh/mês, oreconhecimento peladistribuidora deenergia elétrica deveser emitido de formaautomática nas contasde luz, não havendonecessidade nenhumade comprovação debaixa renda.

As famílias cujoconsumo situa-se nafaixa de 80 kWh/mêsaté no máximo220 kWh/mêspodem solicitar ocadastramento juntoà concessionária.

do MAB, juntamente com as As-sembléias Populares, ViaCampesina, Movimento dos Traba-lhadores Desempregados e pasto-rais populares de divulgar a notíciae servir de subsídio para essa luta.Sugerimos que as famílias se orga-nizem em associação de moradores,igrejas e sindicatos para exigiremesse direito e, caso ele não sejacumprido, que denunciem.

Convocação para Jornada de Lutas do 14 de marçoEstamos construindo aqui no Brasil e em diferentes partes do mundo a jornada de lutas do 14 de março,

DIA INTERNACIONAL DE LUTAS CONTRA AS BARRAGENS, PELOS RIOS E PELA VIDA.O objetivo é questionar este modelo de privatização, de entrega e domínio de recursos vitais para os povos, que são

a água e a energia, com fins exclusivamente de acumulação de capital. Para tanto, convocamos a todos/as paraorganizarmos muitas lutas, contra essa política e contra grandes corporações que atuam em nossos territórios.

Queremos chamar todos e todas neste processo de mobilização massiva.

Água e Energia não são mercadorias!