Upload
doantram
View
221
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
LISTA 3 - Eletromagnetismo
1) Um ima esta em uma
mesa, uma bussola e
deslocada sobre a mesa
ao longo da linha pon-
tilhada (percurso circu-
lar em torno do ima).
Quantas voltas a agu-
lha da bussola da ao
completar uma volta?
2) O campo magnetico da terra e de 20µT na regiao
de SP.
a) Qual deve ser a corrente em um fio reto longo
que produz um campo duas vezes mais in-
tenso?
b) Se o fio e 40 AWG e tem 5m qual o valor
da tensao e da potencia da fonte que produz
corrente suficiente para obter a corrente do
item anterior?
3) Calcule o fluxo total do campo magnetico atraves
de um solenoide de 25cm de comprimento e 1cm
de raio que possui um total de 400 espiras e por
onde passa uma corrente de 3A.
4) O alicate-amperımetro
e um medidor de cor-
rente eletrica, cujo
princıpio de funcio-
namento baseia-se no
campo magnetico pro-
duzido pela corrente.
Para se fazer uma me-
dida, basta envolver o
fio com a alca do am-
perımetro, como ilustra
a figura abaixo.
a) Se o campo magnetico num ponto da alca cir-
cular do alicate da figura for igual a 1, 0 ×10–5T , qual e a corrente que percorre o fio si-
tuado no centro da alca do amperımetro?
b) A alca do alicate e composta de uma bo-
bina com varias espiras, cada uma com area
A = 0, 6cm2. Numa certa medida, o campo
magnetico, que e perpendicular a area da es-
pira, varia de zero a 5, 0×10–6T em 2, 0×10–3s.
Qual e a tensao eletrica induzida em uma es-
pira?
5) Um gerador de inducao consiste na aplicacao di-
reta da lei de Faraday. Considere o gerador es-
quematizado. Na figura de baixo temos a posicao
da espira representada ao longo do tempo em
relacao ao ima em forma de U. Faca um grafico
esquematico representando a tensao no circuito
externo e a corrente.
6) Se a area exposta ao campo no exercıcio ante-
rior segue um seno. Projete para conseguir uma
tensao de pico de 12V, determinando: o campo
do ima, a velocidade de rotacao e as dimensoes
da espira. Voce pode aumentar o efeito usando
mais espiras, procure nao usar valores absurdos.
7) No sistema eletrico brasileiro em territorio ur-
bano as tensoes de transmissao em geral seguem
o padrao abaixo.
Com respeito ao abaixamento de tensao pro-
movido pelos transformadores publicos para uti-
lizacao em predios pequenos e casas, calcule
a proporcao do numero de espiras da bobina
primaria em relacao a bobina secundaria para que
os fios de fase tenham 127V.
8) Considere o circuito referente a um transforma-
dor 220V / 9V. Calcule i1 e N2.
9) Considere uma bobina de 5000 voltas feita com
fios esmaltados de cobre enrolados em um espiras
de 5cm de diametro com 6cm de comprimento da
bobina. Calcule sua indutancia em dois casos: a)
Apenas a bobina; b) A bobina com um nucleo de
ferro.
10) O princıpio de funcionamento dos detectores de
metais utilizados em verificacoes de seguranca e
baseado na lei de inducao de Faraday. A tensao
induzida por um fluxo de campo magnetico
variavel atraves de uma espira gera uma corrente.
Se um pedaco de metal for colocado nas proximi-
dades da espira, o valor do campo magnetico sera
alterado, modificando a corrente na espira. Essa
variacao pode ser detectada e usada para reco-
nhecer a presenca de um corpo metalico nas suas
vizinhancas.
a) Considere que o campo magnetico B atravessa
perpendicularmente a espira e varia no tempo
segundo a figura. Se a espira tem raio de 2
cm, qual e a forca eletromotriz induzida?
b) A espira e feita de um fio de cobre de 1
mm de raio e a resistividade do cobre e ρ =
2x10−8Ωm. Qual e a corrente na espira?
11) A historia da descoberta de James Clerk Maxwell
sobre a natureza da Luz (1861) teve a seu favor
o calculo da velocidade da onda gerada por cam-
pos eletricos e magneticos e sua comparacao com
o valor conhecido na epoca para a velocidade da
luz. As duas medidas mais recentes da velocidade
da luz haviam sido feitas por Hippolyte Fizeau
(1848) medindo 3, 4 × 108 m/s e Leon Foucault
(1850) medindo 2.98 × 108 m/s. Calcule a ve-
locidade da onda eletromagnetica utilizando as
constantes da teoria de Maxwell.
12) Para completar suas equacoes Maxwell teve de
descobrir um fenomeno que nao havia sido ante-
riormente verificado, que e complementar a Lei
de Ampere (origem de campos magneticos) e e
analogo a Lei de Faraday (variacao de fluxo de
um campo produz o outro campo).
Considere um capacitor de placas paralelas de ca-
pacitancia 100µF , de tamanho 5cm × 5cm, com
ar em seu interior. Ele esta sendo carregado por
uma corrente variavel de i = 10e−10t(A) por uma
fonte de 10V em serie com um resistor de 1Ω.
a) A carga no capacitor obedece:Q
C= V − VR.
Obtenha a expressao e faca o seu grafico
b) Calcule o campo eletrico ao longo do tempo
no interior das placas E(t).
c) Calcule o Fluxo do campo Eletrico e sua va-
riacaodΦE
dtd) A circulacao do campo magnetico produzido
pela variacao do fluxo na regiao imediata-
mente proxima as placas e dada por
∮Bdr =
4BL, L = 5cm, calcule a intensidade maxima
obtida pelo campo magnetico ao longo desse
experimento.
RESUMO :
Cargas eletricas (Q) geram Campo eletrico ( ~E).
Porem campo magnetico ( ~B) tambem pode ge-
rar campo eletrico (e portanto tensao). Assim, o
campo magnetico e introduzido como um ator dos
fenomenos eletricos, que agora passam a serem cha-
mados: eletromagneticos. Duas leis dizem respeito
ao campo magnetico: uma lei sobre sua forma e uma
lei sobre sua geracao (a partir de correntes eletricas,
e a partir de campos eletricos).
Assim, descreve-se todos os fenomenos e dispo-
sitivos eletricos, cada lei (assim como todas as de-
mais leis da Fısica) representam fatos experimentais
reunidos na forma de equacoes que permitem pre-
ver e calcular coisas. Os fatos experimentais foram
descobertos na primeira metade do seculo XIX, e
sua reuniao na forma final num conjunto de qua-
tro equacoes ocorreu ao longo da decada de 60 do
seculo XIX, por J.C. Maxwell. Maxwell ainda pre-
viu teoricamente a geracao de campo magnetico a
partir de campos eletricos (necessidade para logica
de suas equacoes) que foi entao verificada experi-
mentalmente depois e, por fim, previu que a Luz
nao era nada mais do que ondas de campos eletricos
e magneticos, abrindo a janela para compreender a
radiacao eletromagnetica pra muito alem de apenas
a radiacao visıvel.
Assim Maxwell nao so formalizou o eletromag-
netismo, introduziu realidade para os conceitos de
campo, como ainda descobriu um fenomeno antes
do experimento, e incorporou a otica em um con-
junto mais geral de fenomenos (e uma subarea do
eletromagnetismo) abrindo caminho para se inven-
tasse circuitos eletricos que trocam informacao por
meio de ondas de radio, trabalho que foi levado a
cabo pelos cientistas da segunda metade do seculo
XIX, e que desembocam nos aparelhos de telecomu-
nicacao. Mais que isso: todos zilhares de dispositivos
eletricos comerciais tem suas caracterısticas modela-
das pelas equacoes de Maxwell.
Ja estudamos a Lei de Gauss, corrente e tensao,
resitores e capacitores. Aqui o quadro e finalizado.
Lei de Gauss Magnetica: As linhas de campo
magnetico sempre sao fechadas, isso e equivalente a
dizer que nao existem monopolos magneticos1
ΦB = 0
onde o fluxo de B, ΦB, e calculado sobre uma su-
perfıcie fechada qualquer. A lei de Gauss Magnetica
diz, portanto, que por serem fechadas as linhas de
B, toda linha de campo de B que sair por um ponto
de uma superfıcie fechada em que se calcula ΦB aca-
bara retornando em outro ponto da superfıcie com
o campo no sentido oposto.
B e a intensidade do campo magnetico, medido
no SI em T (tesla), T = Ns/Cm. A tıtulo de com-
paracao o campo da terra (medido em SP, fizemos
essa medida muitas vezes em sala) tem intensidade
tıpica em torno de 20µT (aqui µ = micro = 10−6).
Note que isso e independentemente da forma
como o campo B for gerado: seja por corrente
eletrica (Lei de Ampere), seja por variacao de
fluxo do campo eletrico (Lei de Maxwell), seja o
magnetismo intrınseco de um ima (Estrutura da
Materia/Mecanica Quantica).
Perceba que para um ima a Lei de Gauss
Magnetica forca que sempre que a linha sai de um
polo N de um ima, havera um polo S no mesmo
ima para recebe-la de volta. Perceba como a geome-
tria do campo impoe entao um fato sobre todo ima:
1note que existem monopolos eletricos, e a Lei de Gaussnao e igual a zero, mas e proporcional a carga do monopoloque o produz.
se voce quebra ele, ele continuara tendo dois polos.
Por isso pode-se dizer tambem que a Lei de Gauss
Magnetica diz: Nao existe monopolo magnetico (em
oposicao ao que diz a Lei de Gauss eletrica que diz
que existem dois polos eletricos independentes: um
positivo - fonte de campo; e um negativo - sorve-
douro de campo).
O campo magnetico terrestre e gerado pela Lei
de Faraday, corrente eletrica do material metalico
fundido e sob alta pressao que tem correntes de con-
veccao intensas no interior da terra. Assim, o campo
magnetico da terra so existe por conta do interior
da terra ser ”lıquido”, na Lua, que tem o interior
”seco”, nao ha campo magnetico.
Matematica das proximas Leis
Empregamos ate aqui o calculo do fluxo de um
campo sobre uma superfıcie: ΦB =
∫S
~B · dA. Nas
leis de Gauss (seja a Eletrica ou a Magnetica) essa
superfıcie e sempre fechada (indicavamos com uma
circunferencia no sinal de integral).
Nas proximas duas leis que seguem os campos
tem linhas fechadas, em geral as linhas sao circun-
ferencias. Para calcular a intensidade desses campos
se precisa entao introduzir uma nova conta. Iremos
integrar o campo ao longo de um caminho fechado
que segue o campo. O caminho e descrito por seus
elementos de arco d~r, e se o caminho esta ao longo
das linhas (paralelo).
Caminho: linha contınua com seus pedacos dados
por d~r, campo: setas.
Entao apenas somaremos (integral) as contri-
buicoes Edr ou Bdr neste caminho completo (que
por ser fechado o ponto final e o mesmo que o final).
Ou seja, aparecerao:∮~E · d~r e
∮~B · d~r
Essa integral (integral de linha, ou de caminho)
chamamos de ”circulacao do campo”.
Para o caso de E, isso nada mais e, do que a tensao
gerada pelo campo ~E (energia por carga, ou volt),
so que agora teremos um caminho fechado porque os
campos estao agora ”dando voltas”. Para o caso de
B nao dizemos ”tensao magnetica”porque o campo
magnetico nao tem potencial2.
Lei de Ampere: Corrente eletrica produz campo
magnetico (sentido dado pela regra da mao direita).∮C
~B · d~r = µI
I e a corrente total que atravessa a superfıcie ar-
bitraria do interior do caminho C que se calcula a
circulacao de B. µ e a permeabilidade magnetica do
meio. Aparece como constante de proporcao, as-
sim como antes aparecia ε, mede, assim, a ”faci-
lidade”com que um campo pode se estabelecer em
um meio material a partir da corrente que o produz.
A relacao entre a corrente e a direcao do campo
gerado e dada pela Regra da mao direita:
A unidade de [µ] = Tm/A = N/A2 = H/m. H:
henry e uma unidade de medida de indutancia que
sera apresentada mais adiante3
Para o vacuo: µ0 = 4π × 10−7N/A2 = 1, 26 ×10−6N/A2
A permeabilidade magnetica do ar e muito
proxima ao valor do vacuo (assim como ocorre com
2Por sempre ser fechado (circular) o campo magnetico elenao tem a propriedade de ”ao voltar ao mesmo ponto o traba-lho deve ser zero”, que e fundamental para inventar a palavra”energia potencial”, campos que nao tem potencial sao cha-mados de nao conservativos. Assim como e o B, e como serao E quando gerado pela Lei de Faraday. Nao ser conserva-tivo nao significa violar a conservacao da energia, mas ape-nas que a conservacao ocorrera considerando-se um problemamaior que nao apenas observando um unico campo (precisados dois).
3Caracterıstica fısica de indutores (bobinas) como a capa-citancia para os capacitores
a permissividade eletrica). Abaixo uma tabela com
outros valores de µ4
Material µ (H/m) Material µ (H/m)
Ferro 2, 5× 10−1 Aco 1, 26× 10−4
Cobre 1, 26× 10−6 Niquel 1, 3× 10−4
APLICACOES:5.
Com a Lei de Ampere se obtem a relacao entre
campo e corrente para dois casos importantes com
corrente constante:
1) Fio reto (primeira figura desse resumo). R:
distancia do ponto considerado ao fio, i:corrente; µ:
como em geral o campo esta do lado de fora do fio,
normalmente no ar usamos µ0.
B2πR = µ0i
2) Fio enrolado (bobina, solenoide, segunda fi-
gura). `: comprimento do solenoide, N : numero
de espiras (voltas) enroladas, µ: pode ser o ar mas
tambem pode ser em aplicacoes um material como o
ferro (que tem alta permeabilidade magnetica, veja
a tabela) que serve para intensificar o campo.
B` = µNi
O surgimento de campo magnetico na Lei de
Ampere e dado pela existencia de corrente eletrica,
entretanto existe mais um mecanismo para sua
geracao a partir da variacao do campo eletrico, as-
sim a Lei de Ampere e parte de uma lei final: a Lei
de Ampere-Maxwell, que sera fechada no final.
Unidades na Lei de Ampere: A Lei de Ampere
tem as dimensoes:
[B]m = [µ]A
Portanto, a unidade de B e µ estao relaciona-
das. A unidade de B, assim como foi para o campo
eletrico, precisa ser avaliada em termos mecanicos6.
Isso revela um outro fenomeno: ”cargas eletricas
sentem forca devido ao campo magnetico”7.
4Para mais clique aqui5Assim como a lei de Gauss serviu para obter as relacoes
entre o campo eletrico e quantidade de cargas acumuladas ea forma geometrica em que elas sao acumuladas
6Assim como o campo eletrico, como F=qE, portanto:[E] = N/C
7Analisaremos esse fato em conjunto com a entrada dotermo de Maxwell nessa lei acima.
Essa relacao entre o campo magnetico e as uni-
dades mecanicas fundamentais e a seguinte: [B] =
Ns/Cm = N/mA = T , onde T: tesla e a unidade
no SI do campo magnetico.
Lei de Faraday: Variacao do fluxo do campo
magnetico sobre uma espira produz tensao na espira.∮C
~E · d~r = −dΦB
dt
O fluxo de B e calculado na regiao interna ao cir-
cuito percorrido pelas linhas de E. Ou seja o campo
E circula em torno da regiao em que B varia, de ma-
neira semelhante ao que ocorreu na geracao de B a
partir da corrente i.
Entretanto note a sutileza: na lei de Ampere a
corrente pode ser constante (estacionaria), gerando
um campo constante. Aqui nao, aqui o fluxo de
B precisa variar. Um ima parado proximo a uma
espira tem o fluxo constante mas nao aparece tensao
na espira. Ao fazer variar o fluxo (pelo movimento
de um ima) aı sim ha o surgimento de uma tensao
(que pode ser constante se a variacao for constante,
ou seja linear). Ou seja a Lei de Faraday nao e o
recıproco logico da lei de Ampere.
Esse princıpio e tambem conhecido como
”princıpio de inducao eletromagnetica”, e alguns
se referem a ele como princıpio do dınamo (nome
popular dos primeiros geradores)8.
A corrente e a tensao resultante na espira tera um
sentido muito bem definido e dependente da direcao
do campo e se ele se aproxima (aumenta) ou afasta
(diminui) sobre a area interna da espira. A corrente
produzida tera a direcao de produzir um campo
magnetico que seja oposto a variacao do campo ex-
terno, fato chamado Lei de Lenz. A representacao
da Lei de Lenz esta no desenho abaixo.
8Essa Lei fısica e a lei que possibilita a existencia de ge-radores/motores e transformadores (que sobem ou abaixama tensao). Sua descoberta (1831) e formulacao final 30 anosdepois (na forma final acima, devida a Maxwell) estao asso-ciados a gigantesca revolucao tecnica da humanidade no finaldo seculo XIX e inıcio do seculo XX. O sistema AC e a infi-nidade de dispositivos eletricos.
B(induced) = B(induzido) e o campo produzido
pela corrente que surge nas bobinas. ∆B e a va-
riacao do campo ao longo do movimento do ima em
relacao a bobina (aqui parada).
Uma forma mais simples de escrever essa Lei e
tomar o modulo e substituir a tensao:
V =dΦB
dt
onde V e a tensao em uma espira. Se houverem
N espiras estarao todas em serie e a tensao e entre
o comeco e o final do solenoide (primeira e ultima
espira) e o fluxo tambem contabilizara as N espiras.
O sentido da tensao (se positivo ou negativo) pode
ser pensado independentemente atraves da Lei de
Lenz.
APLICACOES: Para utilizar a Lei de Faraday
voce entao precisa conhecer o fluxo do campo
magnetico e como ele varia ao longo do tempo. Boa
parte das vezes vai usar:
ΦB = NBA
Aproximacao de campo uniforme B sobre a es-
pira, em que ou vai variar B ou A. Entao basta deri-
var para encontrar a tensao. N foi introduzido para
considerar o numero de espiras, muito raramente se
usa apenas uma espira.
Calculando a derivada de ΦB em termos do tempo
voce tem a tensao. Em geral o movimento vai ser
cıclico e portanto tambem a tensao e cıclica (gera-
dor AC), trocando de sinal e se repetindo indefini-
damente. Os sinais voce pensa separadamente utili-
zando a Lei de Lenz.
COMENTARIO: A chave portanto para gerar
tensao e apenas fazer um fluxo de um campo
magnetico variar sobre uma bobina. O fluxo pode
variar fazendo variar a intensidade de um campo
magnetico sobre a bobina, ou fazendo mudar a area
interna das espiras exposta ao campo (que pode ser
feito girando a bobina, ou o ima). Isso pode ser feito
de muitas formas, por exemplo no esquema abaixo,
em que se pode usar um ima na forma de U, e gi-
rar uma espira que pode ter o seu contato mantido
com fios do circuito externo (setas de saıda e entrada
no plano da frente do desenho) atraves de escovas
metalicas (brushes).
Assim, qualquer dispositivo que for gerar movi-
mento a partir de eletricidade (ventilador, motor de
qualquer tipo - geladeira, batedeira, secador de ca-
belo, etc...) e tambem qualquer outro que for gerar
eletricidade a partir de movimento (gerador, alter-
nador de carro), partem desse princıpio.
TRANSFORMADOR: Um transformador tem a
funcao de fazer variar a tensao entre a bobina
primaria e a bobina secundaria. Elas nao tem con-
tato eletrico, apenas magnetico.
O campo gerado pela bobina primaria sobre a bo-
bina secundaria varia apenas se a corrente na bo-
bina primaria e variavel e nao funciona com fontes
DC. Por ser um dispositivo muito simples o trans-
formador torna simples de se variar a tensao em um
sistema AC, e nesse fato reside a vitoria do sistema
AC sobre o sistema DC, ja que, como vimos ante-
riormente, altas tensoes possibilitam a reducao de
perdas em linhas de transmissao.
Para o transformador a relacao entre as tensoes da
bobina primaria e da secundaria, e o numero de espi-
ras de cada uma obedece uma relacao de proporcao
simples (regra de 3) entre o numero de espiras das
bobinas e suas tensao: a que tiver mais voltas vai ter
mais tensao. Alem disso a potencia em cada uma de-
las e a mesma (no caso em que se despreza as perdas,
isso e apenas a conservacao da energia).
Transformador =
V1N1
=V2N2
V1i1 = V2i2
INDUTOR E A INDUTANCIA: A bobina (ou
solenoide) produz em seu interior um campo
magnetico pela passagem de corrente. Mas veja que
logico: se a corrente muda, digamos que aumente,
entao havera mudanca do campo magnetico e, con-
sequentemente, havera uma tensao causada pela Lei
de Faraday que se opoem ao aumento do campo,
fazendo a corrente tender a diminuir. O oposto
tambem e verdade: se a corrente tentar diminuir
a Lei de Faraday fara surgir um aumento na tensao
favorecendo a corrente. A esse efeito se da o nome
de auto-indutancia e veja que tem a mesma ideia da
inercia na mecanica: algo que se opoe a mudanca.
A partir da expressao B =Nµi
`para uma bobina
de N voltas com comprimento ` e area A, entao V =
NAdB
dt, segue:
V =µN2A
`
di
dt
Ou seja, a relacao entre tensao e corrente em bo-
binas obedece a forma:
V = Ldi
dt
onde
L =µN2A
`
e a chamada indutancia, parametro caracterıstico
de um solenoide/bobina, veja que depende do
numero de voltas, da area interna A que concentra
o campo magnetico e do comprimento `.
A unidade de [L] = V s/A = H, e H e a
unidade ”henry”9. Bobinas usualmente tem in-
dutancias da ordem de mH (mili-henry).
Note, por fim, que com isso a unidade de µ
9Unidade dada em homenagem a Joseph Henry o inventorde um dispositivo eletromecanico muito popular, o rele
discutida anteriormente fica diretamente dada por
[µ] = H/m, utilizada na tabela de permeabilidades
magneticas de materiais.
O indutor fecha o quadro de dispositivos eletricos
passivos cujos sımbolos sao apresentados abaixo:
Dispositivo Eq.(i–V) unidade
Resistor V = Ri [R]=Ω
Capacitor CdV
dt= i [C]=F
Indutor V = Ldi
dt[L]=H
Esses tres elementos de circuito podem ser associ-
ados de modo a controlar a corrente que circula por
um circuito e sao empregados em circuitos de cor-
rente variavel como filtros de frequencia (RL - filtro
que retira altas frequencias, ou RC - filtro que retira
baixas frequencias) ou como ressonadores (RLC, que
tem ressonancia em uma faixa de frequencias, que e
o caso dos receptores de radio/TV).
Em conjunto com as valvulas (dispositivos que
atuam permitindo passagem de corrente em apenas
uma direcao, e controlando a quantidade de corrente
passada) e os motores toda a tecnologia eletrica foi
desenvolvida, anterior aos circuitos eletronicos e a
tecnologia dos semicondutores (em que se inventou
o diodo e o transistor).
Unidades na Lei de Faraday: Evidentemente
nenhuma nova constante a essa altura pode ser in-
ventada na medida em que temos ja uma constante
eletrica ε e uma constante magnetica µ, mas veja
que na Lei de Faraday nao ha necessidade de ajuste
da proporcao com o uso das constantes µ e ε.
[ΦB] = Tm2 =Ns
Cmm2 =
Nsm
C
Mas veja que o que temos edΦB
dt, logo a unidade
1/s deve ser adicionada devida a derivada em termos
do tempo. Entao:
[dΦB
dt
]=Nsm
Cs= Nm/C = J/C = V
precisamente a unidade de [E]m que e a mesma
unidade de tensao (e a mesma, portanto, da cir-
culacao de E).
Lei de Ampere-Maxwell: corrente gera campo
magnetico (Ampere), variacao do fluxo de campo
eletrico gera campo magnetico (Maxwell).∮C
~B · d~r = µI + µεΦE
dt
O segundo termo da Lei acima e a descoberta de
Maxwell, o primeiro e o termpo de Ampere, e essa e
a Lei de Ampere-Maxwell em sua forma final.
Maxwell notou que da mesma forma como a va-
riacao do fluxo do campo magnetico sobre uma su-
perfıcie aberta produz circulacao de campo eletrico
na fronteira dessa superfıcie tambem a variacao de
fluxo do campo eletrico em uma superfıcie aberta
produz a circulacao de campo magnetico. Esse sim
e o efeito reverso da Lei de Faraday.
Uma forma de notar sua necessidade logica10 do
termo de Maxwell e o caso abaixo.
Considere uma superfıcie aberta do desenho para
o calculo da circulacao de B em sua borda.
Ha corrente apenas enquanto o capacitor esta
sendo carregado, e portanto ha circulacao de B no
caminho considerado. Entretanto a corrente nao
fura o interior dessa superfıcie na medida em que
ela foi deformada para estar entre as duas placas
dos capacitores. Portanto I=0, mas a circulacao de
B nao e (ja que essa corrente gera B entorno do fio),
logo: contradicao com a Lei de Ampere.
10Alem do fato de que a Lei de Faraday precisava ter umavolta, na medida em que ela nao e a alternativa logica verda-deira a Lei de Ampere
A unica coisa que comunica o prato positivo do
capacitor com o negativo e o campo eletrico entre
eles, mas esse campo varia (na medida em que a
carga em cada prato esta aumentando), esse campo
e a unica coisa que da fluxo sobre a superfıcie dese-
nhada. Portanto pode ser adicionado para eliminar
a contradicao da Lei de Ampere.
Note que esse campo eletrico variavel entre os pra-
dos e o elemento fısico que comunica os dois pra-
tos que experimentam correntes, ja que a corrente
nao salta de um prato a outro pela presenca do
dieletrico. Logo o campo eletrico garante a continui-
dade fısica das correntes na regiao onde nao existe
corrente, e por isso seu batismo com o nome ”Cor-
rente de Deslocamento”, pois Maxwell e os demais
de seu tempo chamavam o Campo Eletrico de Deslo-
camento Eletrico (na medida que e a entidade fısica
que surge pela separacao de cargas e que produz o
movimento de cargas).
Note que nao ha sinal negativo aqui, e portanto a
variacao de ~E produz circulacao de ~B na regra da
mao direita.
Unidades: O termo de Maxwell e µεdΦE
dtnote
que as duas constantes eletrica e magnetica foram
introduzidas. O motivo e simples: a unidade de [E]
precisa ser transformada em unidade de [B]. ε e
colocado para cancelar a unidade de [E] ao passo
que µ entra para poder colocar a unidade de [B]
e balancear o lado esquerdo da equacao (que tem
[B]m).
O produto µε tem unidade11:
[µ][ε] =[B]m
A
C
[E]m2
Mas
[dΦE
dt
]=
[E]m2
sAssim no termo de Maxwell:
[µ][ε]
[dΦE
dt
]=
[B]m
A
C
[E]m2
[E]m2
s= [B]m
11usando as duas equacoes em que apareceram primeiro: aLei de Gauss Eletrica e a Lei de Ampere
Grand Finale... Portanto as 4 equacoes de
Maxwell, que serve para todos os fenomenos eletro-
magneticos macroscopicos conhecidos...
Q→ ~E Lei de Gauss ΦE =Q
εEletrica
QB 9 B Lei de Gauss ΦB = 0
Magnetica
i→ ~B Lei de Ampere-
∂tE → ~B -Maxwell
∮~B · d~r = µI + µε
dΦB
dt
∂tB → ~E Lei de Faraday
∮~E · d~r = −dΦB
dt
Fiat Lux... Essas descobertas e sua com-
pilacao tao brilhante nao podia passar batido sem
antes revelar algo ainda mais fundamental.
Ao introduzir o termo da corrente de desloca-
mento Maxwell notou que a ”relacao circular”:
∂t ~B → ~E e ∂t ~E → ~B tinha algo muito especial.
Se toma-se como vacuo o meio na ausencia de
materia, entao I = 0 e Q = 0 e as leis de
Ampere-Maxwell e Faraday ficam completamente
simetricas (a menos do sinal negativo), o mesmo
ocorre para as leis de Gauss Eletrica e Magnetica.
Note que as expressoes de Gauss fazem com que os
campos precisem ”voltar”(garantindo que haja um
certo perfil arredondado), ao passo que as Leis de
Faraday e Maxwell garantem que haja uma certa
auto-consistencia de um campo gerar outro, e isso
pode ser feito dinamicamente de maneira ”eterna”na
ausencia de elementos absorvedores.
A mistura dessas equacoes com o cuidado de
transforma-las de integrais a derivadas (procedi-
mento matematico que nao vamos fazer, demanda
de dois teoremas o teorema da divergencia de Gauss
e o teorema de Stokes) resulta em uma equacao de
onda12 para as equacoes de ~E e ~B.
Pois essas equacoes trazem em si a velocidade com
que essa onda de campos se propaga. As unicas
constantes da teoria sao µ0 e ε0 (ja que estamos fa-
lando do espaco livre, que sao ambas muito proximas
tambem dos valores para o Ar atmosferico). Maxwell
obteve, entao que a velocidade dessa onda (no vacuo,
ou no ar) seria:c =
1√µ0ε0
Se voce substitui esses valores ira obter um valor
proximo a 300.000km/s, que e a velocidade da Luz.
Maxwell fez isso e ali foi um grande momento da
ciencia humana.
Ao tempo de Maxwell (estamos falando dos anos
de 1860) sabia-se que:
1) A luz tinha velocidade finita de cerca de
300.000km/s - ideia e medida inicial de Ole Roemer
em 1676, tornada concensual apos as descobertas de
Bradley em 1729. Ao tempo de Maxwell os experi-
mentos mais recentes (e precisos) haviam sido feitos
por Hippolyte Fizeau (1848) medindo 3, 4×108 m/s
e Leon Foucault (1850) medindo 2.98× 108 m/s.
2) A luz havia de ser uma onda por exibir propri-
edades de ondas - efeitos de difracao e interferencia,
descobertas de Young em 1801 (curso de ondas), e
consensuais por volta de 1820 com o trabalho de
Fresnel.
Entretanto, nao se sabia do que era feita a
Luz. Maxwell matou a charada: A Luz e feita de
campos eletricos e magneticos, que ao osci-
lar se produzem mutua e continuamente, daı
se propagar pelo vacuo do espaco sem qualquer pro-
blema.
Logo que confirmada a teoria de Maxwell sobre a
Luz, com os experimentos de Hertz e outros, a luz
12Toda onda tem um perfil u(x, t) (uma funcao de duas
variaveis) que deve obedecer a equacao:d2u
dt2= v2
d2u
dx2, onde
v e a velocidade da onda
passou a ser chamada de Radiacao Eletromagnetica,
que vai desde ondas de radio (utilizados em teleco-
municacoes: da teoria de Maxwell sairam os radios
e depois a TV e todo o resto) com maiores compri-
mentos de onda, passando pelas microondas (utili-
zado nos famosos fornos popularizados na decada de
90) e pela radiacao infra-vermelha (que e o calor,
portanto o eletromagnetismo tambem deu suporte
fısico para a termodinamica), pela radiacao ultra-
violeta e chega ate menores comprimentos de onda
como o Raio-X (descobertos no seculo XX, e uti-
lizados nas famosas radiografias) e os Raios-gama
(utilizados hoje em tratamentos de cancer). Num
trecho mınimo do espectro eletromagnetico (entre a
radiacao infra-vermelha e a radiacao ultra-violeta)
esta a Luz que enxergamos. O mundo ficou fantas-
ticamente simples.
No final do seculo XIX se sabia, enfim, o que era
a Luz, como se podia calcular, projetar e inventar
circuitos eletricos para fazer trocarem ondas eletro-
magneticas (Hertz entraria no jogo para produzir as
ondas de Maxwell, vimos no curso de ondas). Isso
possibilitou a revolucao das comunicacoes, em para-
lelo com a, ja em curso no final do seculo XIX, re-
volucao tecnica com geradores, motores e os muitos
possıveis dispositivos que se desenvolviam o tempo.
Os motores eletricos e as lampadas agora seriam
usados extensivamente nas fabricas para produzir
em escala bens tecnologicos que estavam nascendo.
A nova industria seria profundamente dependente
do eletromagnetismo (que se tornou a mais usada
fonte de energia e trabalho) por produzir em escala
automoveis, armas de fogo, etc...
As empresas que produziam dispositivos eletricos,
e as grandes empresas que utilizavam a eletricidade
para gerar os bens acima se tornaram as grandes
empresas modernas. Logo o eletromagnetismo vi-
raria ainda radio, geladeira, TV... Enfim, o capita-
lismo se ergueu verdadeiramente como o conhecemos
hoje, e claro que o dinheiro nao veio do nada. Depen-
dente, portanto, da pesquisa cientıfica e do progresso
tecnologico que dela provem. Todos os dispositivos
eletricos e eletronicos relevantes a partir do seculo
XIX foram primeiro construıdos como experimentos
cientıficos.
O capitalismo nao investe em ciencia por sua be-
leza de princıpios, o capitalismo depende da ciencia.
Pra nao dizer que essa ideia parece meio ”exage-
rada”, deixo umas reflexoes abaixo.
Um novo comeco: o seculo XX e a conti-
nuacao tecnologica
Sob a ciencia de Maxwell comeca o seculo XX.
Porem, como de costume em ciencia, o Grand-Finale
e sempre um grande recomeco. Por um breve tempo
no final do seculo XIX se pensou que se conhecia,
enfim, toda a Fısica: a Mecanica, o Calor (Termo-
dinamica), a Eletricidade e a Luz. Isso se chama
Fısica Classica.
Hoje a Fısica Classica segue viva, sendo aplicada
em dispostivos que vem sendo aperfeicoados na fusao
com dispositivos desenvolvidos ja sobre a ciencia do
seculo XX que podemos chamar de ”pos-Maxwell”.
Sob o aspecto cientıfico, no inıcio do seculo XX ha-
via muitos experimentos a serem entendidos e mode-
lados. Mas agora tinha-se a tecnica com as teorias a
mao. Destes, quatro experimentos envolvendo a Luz
foram particularmente importantes:
1) efeito foto-eletrico - a Luz e capaz de carregar
e descarregar placas metalicas;
2) o espectro de radiacao termica (Luz na faixa do
infravermelho) de um corpo negro;
3) a presenca de apenas algumas linhas (raias) de
cores na Luz emitida por gases em tubos e por es-
trelas;
4) e o fato de que a Luz sempre tinha a mesma
velocidade independente de como se esteja se deslo-
cando em relacao a ela ao medir seu valor.
Alem disso, o seculo XX comecou com a desco-
berta do Eletron e do Raio-X gerado por decaimento
radiativo. Ou seja, havia a necessidade de entender a
materia em seus constituintes. De onde vem a carga
eletrica? O que eram os elementos quımicos? etc...
A historia comeca a se resolver e a ciencia vol-
tar a andar logo na sequencia, com o trabalho de
Einstein, que leva a teoria do eletromagnetismo de
Maxwell adiante em termos mecanicos, notando que
ela trazia problemas para a mecanica de Newton e
que percebeu que c (velocidade da luz) era tao es-
pecial que seria alcado a condicao de constante uni-
versal (teoria da Relatividade Restrita) (solucao do
problema 4). O proprio Einstein inventou uma te-
oria provisoria para resolver o problema 1). Ambas
respostas foram em 1905.
O problema 2) foi resolvido por Planck (em 1900,
antes de Einstein) em carater provisorio e utilizado
por Einstein no problema 1), e o problema 3) acabou
ganhando dicas estranhas. Os problemas de 1) a 3)
so puderam ser compreendidos em sua essencia com
uma nova Fısica, que tambem resolveu as questoes
sobre o que seria a materia.
Trabalhos abstratos? Problemas abstratos? Fei-
tos e financiados pela ”beleza do avanco da compre-
ensao do homem sobre a natureza”?. Nao, isso, evi-
dentemente, nao e assim, violaria regras do mundo
do dinheiro, e uma das maiores regras do mundo do
dinheiro e: se faz necessario que, no futuro, os inves-
timentos se paguem. Quem tem um emprego pode
ate ter uma ideia bonita sobre o significado do seu
trabalho, mas quem paga, paga por um motivo: pre-
cisa que o trabalho seja feito, para que a cadeia de
atividades que o envolve avance ate o momento em
que o investimento seja capitalizado.
Por exemplo, a descoberta do Boson de Higgs
em 2012 no acelerador LHC do laboratorio europeu
CERN custou cerca de 13,25 bilhoes de dolares desde
que o laboratorio inicial foi fechado para reforma
que fundou o LHC (realizada ao longo da primeira
decada 2000). Sendo que esse valor foi de investi-
mento direto dos paıses do consorcio que o mantem
(a conta retirei de uma materia da Forbes). Esse
dinheiro teria sido pago para checar um modelo ci-
entıfico abstrato sobre a realidade de uma partıcula
prevista em uma teoria apreciada por poucos? Nao,
isso faz parte de uma cadeia produtiva de experimen-
tos tecnologicos que, por serem desafiadores (e nao
terem contrapartida no mundo tecnologico comum),
levam a avancos tecnologicos realmente inovadores
(nesse experimento, por exemplo, o processamento
de dados computadores e a tecnologia de sensores e
de dispositivos de baixas temperaturas em larga es-
cala sao a fina flor do que ja se projetou no mundo).
Veja: a missao Apollo, de ir pra lua, foi o teste ini-
cial do... computador digital, que hoje esta no seu
bolso.
O custo de se manter o mundo avancando tecnolo-
gicamente e exatamente o custo de manter o mundo
investindo em ciencia. Adiante volto a esse argu-
mento com mais um exemplo.
Newton e Galileu dividiram a humanidade em
duas epocas, Maxwell dividiu o mundo pos Newton
em duas epocas. A fısica pos-Maxwell e a fısica do
atomo e da miniaturizacao: a Fısica moderna, e a
mais bem sucedida teoria fısica: a Fısica Quantica.
Bohr, Schroedinger, Heisenberg e Dirac (pra citar
os formuladores, mas como no caso do Eletromag-
netismo, e mesmo na dupla Galileu-Newton, nao ha
ciencia sem experimento/teoria) firmaram as bases
teoricas da Mecanica Quantica (concluıda na decada
de 30). Essa nova ciencia (na epoca, hoje quase cen-
tenaria) avancou junto com novos experimentos le-
vou a terceira grande revolucao tecnica da humani-
dade (meados do seculo XX): os dispositivos semi-
condutores, os circuitos integrados e o computador
digital (e os milhares de novos dispositivos que se
tornaram possıveis com a realizacao da logica com-
putacional sobre dispositivos digitais), da moderna
ciencia de materiais para dopar materiais, produzir
supercapacitores, campos magneticos intensos para
dispositivos de memoria, e etc...
Essa e a etapa tecnologica em que estao as insti-
tuicoes dos paıses que desenvolveram o eletromagne-
tismo no tempo das descobertas de Maxwell. Quem
fez antes, segue fazendo melhor. O tempo e abso-
lutamente impiedoso com respeito ao progresso ci-
entıfico, e isso e uma das grandes diferencas entre
um paıs desenvolvido (do centro do capitalismo) e
um subdesenvolvido (da periferia do capitalismo).
Esses paıses utilizaram a cultura cientıfica que de-
senvolveram e o dinheiro acumulado na primeira Re-
volucao Industrial. Caso da Inglaterra, Maxwell e
Faraday (e Newton, que precisa ser homenageado),
e dos paıses Europeus mais desenvolvidos como a
Alemanha de Gauss e Hertz (e dos proximos revo-
lucionarios: Einstein e Heisenberg), a Franca, paıs
de Ampere e Coulomb, e a Italia, paıs de Volta (e
Galileu, o fundador da ciencia).
Repare, o G7 e o grupo dos 7 paıses mais ri-
cos/influentes do mundo, fundado na decada de 70,
com os paıses cujo PIB e mais de 50% do total do
mundo. Alem desses acima, completam o grupo:
EUA, Japao e Canada. A inclusao de Japao e
Canada parece complicada sob aspecto polıtico e
economico (e cientıfico), assim como a incorporacao
da Russia em 1997 (e o grupo virou G8). Mas...
para os EUA podemos ver a assinatura anunciada
nas nacionalidades daqueles que desvendaram as leis
do eletromagnetismo, como nos anteriores: Henry e
norte-americano e Tesla e imigrante servio (com du-
pla cidadania) radicado nos EUA (onde desenvolveu
sua carreira).
Os EUA nasceu depois da Primeira Revolucao In-
dustrial (1783), teria em princıpio no final do seculo
XIX menos tradicao cientıfica que os pares euro-
peus. Entretanto a ascendencia a ciencia estava ate
no fato de que um dos fundadores dos EUA (foun-
ding fathers) e Benjamin Franklin, cientista, que for-
mulou e popularizou a existencia dos dois tipos de
carga eletrica e o primeiro formulador de que trovoes
eram descargas eletricas. Os EUA historicamente
atraıram muitos imigrantes cuja profissao estava em
ciencia e tecnologia (ate hoje a a base de seu de-
senvolvimento cientıfico e feito em grande parte por
imigrantes). Mas veja que Thomas Edison e sua
empresa Edison Company (criada com os royalties
da lampada descoberta por tentativa e erro), e de-
pois transformada em GE no seculo XX, sao criacoes
americanas. O imigrante servio Nikola Tesla, e a em-
presa que o contrata a Whestinghouse, no final do
seculo XIX brigam com a Edison CO. e disputam
pela geracao comercial de energia em grande escala
(ver ”Guerra das Correntes”ou ”War of currents”).
Ganha Tesla, e o primeiro sistema de geracao de
energia em grande escala, e a gigantesca quantidade
de dispositivos que se pode inventar com o motor
eletrico, possibilita o rapido crescimento das empre-
sas americanas com a producao em escala. Supera-se
entao a origem tardia em relacao aos paıses euro-
peus, e leva ao rapido desenvolvimento tecnologico
e cientıfico.
As guerras da primeira metade do seculo XX tor-
nariam os EUA um paıs ainda mais atraente para a
ciencia. E, assim, a ciencia ali chegou a suprema in-
vencao dos transistores (desenvolvido por pesquisa
cientıfica) e dos circuitos eletronicos (idem), com,
claro, bomba atomica no meio tempo: outro avanco
do domınio tecnologico sobre a natureza e, ao mesmo
tempo, significado supremo de inovacao e sua conse-
quente realizacao economica.
Bem, chega... voces tem a mao informacao produ-
zida pelo mundo e armazenada em uma rede de com-
putadores (rede nascida cuja estrutura mais funda-
mental, nasceu no CERN na decada de 80 para troca
e analise de dados) acessando essa rede por um dis-
positivo que usa microchips (primeira vez testados
nos dois maiores computadores da epoca na missao
Apollo 11) manipulando a informacao por meio de
um touchscreen (desenvolvido a partir da ciencia
das academias tambem: EA Johnson/1965, Ingles,
do Royal Radar Establishment - instituicao de pes-
quisa cientıfica britanico, com prototipos de Frank
Beck and Bent Stumpe/CERN e de um grupo de
pesquisa da universidade de Ilinois/EUA na decada
de 70, avancado em sensibilidade e controle na Uni-
versidade de Toronto em 1982)... e sabe onde isso
tudo foi parar. Sem grande novidade sabe-se que as
aplicacoes tecnologicas da ciencia ainda vao longe.
Efetivamente nada disso haveria sem a ciencia
nem avancara sem ela. A partir do seculo XIX da
ciencia partiram todos os princıpios, tecnicas em dis-
positivos que quebraram paradigmas e que viraram
realidade comercial seja em seu princıpio de funcio-
namento, seja em sua versao inicial, seja na formacao
dos que os desenvolveram. As empresas escalam a
producao, por vezes investem diretamente, por ve-
zes investem como parceiros em uma curiosa rede
voltada a reduzir os riscos de investimento, mas do
qual nao podem se omitir. Como se ve, nenhuma
das leis do Eletromagnetismo tem nome de um in-
dustrial, ou de um polıtico, mas sao os paıses dos
que ali cravaram seu nome que ’curiosamente’ ex-
perimentaram o maior desenvolvimento tecnologico
posterior.
A historia do progresso tecnologico da humani-
dade segue ha algum tempo a historia da ciencia.
E tem sido assim desde o momento em que Galileu,
rolando corpos por uma rampa ou olhando estrelas
em um telescopio, supos que a natureza falava em
padroes, e que pra isso linguagem matematica ser-
via como uma luva a esse proposito (e la se vao 5
seculos de tradicao).
Topico Extra: Forca magnetica sobre car-
gas em movimento (tambem chamada de Forca
de Lorentz).
Assim como surge forca sobre cargas eletricas pela
interacao com o campo eletrico produzido por outras
cargas eletricas. Essa e portanto a conexao entre o
magnetismo e a mecanica em sua forma mais basica.
Nao entraremos em detalhe a respeito disso, mas
pelo fato de que B precisa ser definido em termos
mecanicos para ter sua unidade fısica independente
da permeabilidade magnetica µ, segue.
As cargas eletricas sentem forcas devido a in-
teracao com o campo magnetico, mas apenas se
estiverem se deslocando em relacao ao campo
magnetico.~F = q~v × ~B
onde × indica o produto vetorial, sendo, portanto
perpendicular a direcao da velocidade ~v e a direcao
do campo ~B. Portanto as unidades:
N = Cm/s[B]⇒ [B] = Ns/Cm = T
onde T e a unidade no SI, tesla (em homenagem
ao famoso engenheiro Servio Nikola Tesla, famoso
pela invencao do sistema AC e do motor polifasico).
A regiao sobreada indica campo uniforme com direcao
apontando para cima em relacao ao plano deste papel.
Assim a forca sobre uma carga interagindo com
campos eletricos e magneticos tem a forma geral
dada por:~F = q( ~E + ~v × ~B)
Pode-se produzir corrente eletrica em um tubo
utilizando-se alta tensao entre dois terminais (anodo
e catodo, que operam como em um capacitor, a
tensao alta deve romper a rigidez dieletrica do meio).
Isso e semelhante ao que ocorre em uma lampada flu-
orescente (cuja fonte de alta tensao para romper a
rigidez do gas vem do famoso reator). Abaixo o di-
agrama dessa invencao (chamada Tubo de Crookes)
que aperfeicoado por JJ Thomson permitiu desco-
brir que a carga do eletron era negativa e tambem
medir a razao entre sua carga e massa (usou tanto
campos magneticos quanto eletricos).
Com um furo no anodo algumas das cargas
(eletrons, agora e fundamental serem eles os por-
tadores participantes da corrente, e terem carga ne-
gativa, se trocar a ordem dos eletrodos nada ocorre)
vindas do catodo sao lancadas ao longo do tubo, elas
podem entao ter sua trajetoria defletida (ou seja des-
viada para cima/baixo ou para os lados) por cam-
pos magneticos e tambem por campos eletricos antes
de atigirem a outra extremidade do tubo. Esse e o
princıpio de funcionamento das antigas TVs de tubo.