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[email protected] @jornallona Ano XIII - Número 755 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo Curitiba, segunda-feira, 1 de outubro de 2012 O único jornal-laboratório DIÁRIO do Brasil lona.redeteia.com Personagem de Johnny Depp ganha destaque, mas filme deixa a desejar p.6 Um breve passeio pela história de uma das cidades mais antigas do mundo. Oxford, na Inglaterra. p. 8 A ideologia da comunidade Doze Tribos p.4 CINEMA ENSAIO Cultura japonesa é celebrada em Curitiba Durante todo o mês de outubro, eventos por toda a cidade vão ser realizados para divulgar os costumes do país. Mostras de cinema, exposições e apresenta- ções musicais são algumas das atrações. O Mês da Cultura Japonesa acontece entre os dias dois e trinta e um de outubro. A abertura das festividades aconte- ce nesta terça, às 19 horas, na rua 24 Horas. p. 7 Os funcionários exigiam reajuste de 6,0%. Tribunal Superior de Trabalho teve de se impor para encerrar a greve. A categoria está em pleno serviço desde a última sexta-feira. p. 3 Greve dos correios é encerrada com imposição do TST

LONA - 755 01/10/2012

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JORNAL-LABORATÓRIO DIÁRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE POSITIVO

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Curitiba, segunda-feira, 1 de outubro de 2012

[email protected] @jornallona

Ano XIII - Número 755Jornal-Laboratório do Curso de

Jornalismo da Universidade PositivoCuritiba, segunda-feira, 1 de outubro de 2012

O único jornal-laboratório

DIÁRIOdo Brasil

lona.redeteia.com

Personagem

de

Johnny Depp

ganha destaque,

mas filme

deixa a desejar

p.6

Um breve

passeio pela

história de uma

das cidades mais

antigas do mundo.

Oxford, na Inglaterra.

p. 8

A ideologia dacomunidade Doze Tribos

p.4

CINEMA

ENSAIOCultura japonesa é celebrada em CuritibaDurante todo o mês de outubro, eventos por toda a cidade vão ser realizados para divulgar os costumes do país. Mostras de cinema, exposições e apresenta-ções musicais são algumas das atrações. O Mês da Cultura Japonesa acontece entre os dias dois e trinta e um de outubro. A abertura das festividades aconte-ce nesta terça, às 19 horas, na rua 24 Horas. p. 7

Os funcionários exigiam reajuste de 6,0%. Tribunal Superior de Trabalho teve de se impor para encerrar a greve. A categoria está em pleno serviço desde a última sexta-feira. p. 3

Greve dos correios é encerrada com imposição do TST

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Curitiba, segunda-feira, 1 de outubro de 2012

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ExpedienteReitor: José Pio Martins | Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração: Arno Gnoatto | Pró-Reitora Acadê-mica: Marcia Sebastiani | Coordenação dos Cursos de Comunicação Social: André Tezza Consentino | Coordenadora do Curso de Jornalismo: Maria Zaclis Veiga Ferreira | Professores-orientadores: Ana Pau-la Mira, Elza Aparecida de Oliveira Filha e Marcelo Lima | Editores-chefes: Gustavo Panacioni, Renata Silva Pinto e Vitória Peluso | Editorial: Alessandra Becker Serpa

O LONA é o jornal-laboratório do Curso de Jorna-lismo da Universidade Positivo. Rua Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300 - Conectora 5. Campo Com-prido. Curitiba - PR. CEP: 81280-30 - Fone: (41) 3317-3044.

OpiniãoEditorial

Cintia Aleixo

Promessas vazias

Todos os dias tenho ouvido e assistido a propaganda política eleitoral, que mais parece um programa de humor- para não dizer horror. São tantas promessas que nem Jesus Cristo teria poder para realizar tantos milagres.

Prometem moradia, infraestrutura, saneamento básico, infinitas novas escolas e creches, cal-çamento para todas as ruas da cidade, mesa farta, só faltam prometer que sol aparecerá em todos os dias frios e que o dia passará a ter 30 horas.

Povo do meu Brasil, prestem atenção, pare e pensem. O que foi feito até agora, será que é possível fazer muito mais que isso com a verba disponível para nossa cidade? Sim, é possível realizar muitos projetos, mas fiquem ligados, pois promessas demais não podem ser cumpridas em quatro anos. Os políticos falam o que a população quer ouvir, ou seja, que seus problemas serão resolvidos. Mas a realidade é bem mais complicada do que eles demonstram ser.

A questão de moradia digna para todos os curitibanos, por exemplo, deixa muito a desejar. Famílias ficam anos a espera da aprovação de cadastro e disponibilização de casas da Cohab. Exemplo recente da falta de providências quanto a moradias foi o que aconteceu no bolsão do Sabará, na cidade Industrial de Curitiba. Cerca de 200 famílias que tem inscrições na Compa-nhia de Habitação Popular de Curitiba ( Cohab), invadiram um terreno no Sabará em protesto a espera que já dura seis anos. A polícia Militar realizou no dia 12 a desocupação do terreno, para isto contou com 320 policiais e guardas municipais, a população não teve chance de negociação e nem retorno sobre possíveis providências e algumas pessoas ainda terminaram machucadas na ação. O terreno invadido pertence a prefeitura de Curitiba e tem 96 mil metros quadrados e de acordo com os protestantes poderia ser utilizado para construir novas moradias.

Se os representantes da cidade não se importam em tomar providências para que a população tenha moradia digna e consequentemente, acesso a educação e saúde, não temos mais a quem recorrer. Por isso é importante prestar atenção nas promessas de campanha, analisar e anotar o que foi prometido elo candidato de sua preferência cobrar depois.

Participe da política da sua cidade, do seu país. Se leia, se informe, discuta sobre as propostas das plataformas, pensem se tudo que prometem é possível se realizar. Os políticos erram ao se corromperem ou se absterem dos problemas das cidades, mas está em nossas mãos realizar a mudança que queremos. Vote com consciência.

Agora só se fala em greve

A realidade dos brasileiros este ano são as greves, tudo o que podemos imaginar já esteve paralisado ou ainda está. Bancos, Correios, policiais federais, Hospital de Clínicas, motoristas e cobradores de ônibus, professores universitários, caminhoneiros e muitas outras que já prejudica-ram a vida de todos.

O problema vem se agravando a cada ano. Os bancos, que ficaram em greve por uma semana, param todo ano. Não sabemos bem o porquê de tanta greve acontecendo praticamente todas jun-tas, mas a luta é sempre pelo mesmo objetivo: reajustes salariais.

Claro que todo trabalhador tem o direito de protestar contra algo que ache errado e não esteja de acordo, mas se parássemos para pensar os próprios prejudicados somos nós. Alunos que ficam sem aulas por meses e terão que terminar o ano letivo, quer dizer, o calendário acadêmico em fevereiro de 2013. Pacientes ficaram sem cirurgias e acabam agravando o caso da doença. Contas atrasaram por não ter onde pagar ou pela pessoa não ter tempo de ficar em filas e mais filas, e muitas outras consequências que estamos vivendo por causa das greves.

Entrar em estado de greve até pode ser necessário, mas não prejudicando uma classe de cida-dãos honestos e trabalhadores. Devemos pensar no direito de todos e não só nos nossos, pois é uma injustiça com a população pensar assim. Por mais que acordos e reajustes sejam aprovados, não estará resolvendo o problema, pois acabam amenizando, por um ano como está acontece, con-tudo ano que vem pode vir a acontecer novamente, esta grande desordem que estamos vivendo.

O Estado não pode obrigar as pessoas a trabalharem e a população não precisa obedecer tudo o que os grevistas propõem e querem. Então uma medida para reduzir os impactos negativos que essa paralizações provoca, é o desconto dos dias parados, assim dificilmente elas teriam dias e até meses de duração.

Há pessoas lá fora que precisam pagar suas contas, receber suas correspondências, estudar para garantir seu futuro e até lutar pela própria vida. Então é melhor raciocinar antes de fechar tudo e sair às ruas, pois pessoas precisam de todos os serviços funcionando normalmente para viver em sociedade.

Jéssica Rossignol

Uma frase dita em tom de brincadeira, se tornada re-alidade, pode salvar o Brasil de um fiasco na Copa do Mundo de 2014.

Não é de hoje. Já faz alguns anos que a Seleção Bra-sileira vem apresentando um futebol decaído, que não em-polga nem o mais otimista dos torcedores. No comando de Mano Menezes, a situação só piorou. A prova desse desa-gradável “momento” (que parece durar uma eternidade) é a posição pífia e inédita que a Seleção ocupa no ranking mundial da FIFA, 13ª colocada. Vale ressaltar que é a pior posição brasileira desde a criação da lista, em 1993.

Após a derrota para o México na final dos Jogos Olímpicos em Londres, e com os fracos desempenhos de Mano à frente da Seleção, surgiram várias especulações sobre uma possível e bem-vinda mudança de técnico. O sugerido e aclamado pela população brasileira é Pep Guardiola, o fantástico ex-técnico do Barcelona, consid-erado em 2012 pela FIFA o melhor treinador mundial. Re-centemente, Guardiola admitiu em tom de brincadeira que aceitaria o convite para treinar a Seleção pentacampeã do mundo.

Sem exageros, seria uma bênção um treinador do po-tencial de Pep treinar a Seleção canarinho, o estilo ofen-sivo que sempre foi uma das principais características do Brasil voltaria a reinar, pois o treinador sempre frisou que se deve valorizar a tradição de jogo e a prática do futebol bonito e eficiente.

Opções de jogadores qualificados para serem titulares e reservas não faltam, o que falta é um eficiente coman-dante que tenha jogo de cintura para encarar a pressão da mídia em relação às convocações, e para montar um time que tenha cara de Seleção Brasileira e não de Retranca Futebol Clube. Quem acompanha o mundo futebolístico sabe que o fantástico Pep Guardiola tem de sobra todas essas características.

A nós, amantes do belo futebol e defensores do estilo ofensivo, cabe torcer para que a CBF ouça a aclamação da população e que a frase bem humorada dita por Guardiola se torne realidade, caso contrário a solução é se preparar para o “gran” fiasco na Copa do Mundo de 2014.

Brasil quer Pep!

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Osmar Murbach Junior Gustavo Vaz

Greve dos trabalhadores dos Correios termina após decisão do TSTTribunal concedeu aumento de 6,5% aos trabalhadores, que prometeram normalizar as entregas rapidamente

A greve dos trabalhadores dos Correios foi encerrada na noite de quinta-feira pelo Tri-bunal Superior do Trabalho (TST) que determinou um au-mento de 6,5% para a classe, com o reajuste sendo extensi-vo aos benefícios sociais. Se-gundo a determinação, os tra-balhadores eram obrigados a voltar ao trabalho já na meia-noite da última sexta-feira.

Com a decisão, os traba-lhadores e os sindicatos dos Correios prometeram norma-lizar todas as entregas atrasa-das pela greve rapidamente. Segundo a categoria, vários trabalhadores pretendem des-pachar todas as entregas que não chegaram aos seus des-tinatários graças à greve que durou 16 dias.

Segundo material disponi-bilizado pelo TST à equipe do Lona, a decisão por este rea-juste veio em um julgamento do entrave entre os trabalha-dores e a empresa. A relatora do caso, ministra Kátia Arru-da, no seu voto, declarou que “analisando os índices de in-flação, cheguei à conclusão de que seria adequada a conces-são de um reajuste de 6,5%, a partir de 1° de agosto de 2012”. Já a questão do aumen-to linear (um reajuste constan-te ano a ano), “somente seria possível mediante acordo co-letivo”, segundo a relatora.

A maioria do plenário da

sessão concordou com o au-mento proposto pela relatora, e todos os juízes envolvidos no julgamento decidiram por encerrar a greve imediatamen-te já na última quinta (dia em que o tribunal entrou em ses-são para discutir o caso). Além do reajuste salarial, foram jul-gados os benefícios aos tra-balhadores como vale-cesta, vale-alimentação, e questões como plano de saúde.

O Sindicato dos Correios do Paraná (SINTCOM-PR) acatou bem a decisão do TST. “Nós queríamos 6% de rea-juste, e conseguimos 6,5%”, relatou Luiz Antônio Ribeiro de Souza, presidente do Sin-dicato. Entretanto, o pre-sidente demonstrou sua indignação com o fato da questão ter que ser leva-da ao TST para ser resol-vida. “É uma sacanagem ter que recorrer ao Tri-bunal, já que a empresa [Correios] se negou a ne-gociar com seus funcio-nários”, reclamou. “É um absurdo e uma falta de respeito com o trabalha-dor dos Correios”, frisou Ribeiro de Souza.

O presidente do SIN-TCOM informou que a negociação se arrastava desde o dia seis de julho deste ano. “Foram entre 40 e 45 dias de negocia-ção, e a única saída foi entrar em greve no dia 19 (de setembro). Tudo isso devido a falta de vontade de negociar por parte da empresa”, completou Ri-

beiro de Souza,Entretanto, segundo infor-

mações disponibilizadas pela assessoria da Diretoria Re-gional dos Correios no Paraná (ECT), apenas 8% dos funcio-nários dos Correios aderiram à greve aqui no estado do Para-ná, um total de 11.825 empre-gados. “Hoje, 100% dos traba-lhadores dos Correios está em atividade”, foi a declaração da Diretoria Regional. Quanto às entregas, da carga de car-tas e encomendas dos últimos seis dias, 90% chegaram aos seus respectivos destinatá-rios, cerca de oito milhões de entregas. “191,3 milhões de entregas foram feitas em todo

o território brasileiro, mesmo durante o período da greve”, relatou o ECT do Paraná.

A Diretoria Regional local informou ainda que um mu-tirão deveria ser realizado no fim-de-semana, dias 29 e 30, para que se normalize todo o fluxo de entregas de cartas e encomendas que estão esto-cadas nos Correios do Paraná devido à paralisação. Sobre isso, Luiz Antônio Ribeiro de Souza, no dia da entrevista ao Lona, revelou estar ocupado entrando em contato com tra-balhadores dos Correios do Paraná que teriam de trabalhar no fim-de-semana para regu-larizar as entregas atrasadas.

“Quase não consigo atender aos pedidos da imprensa, por causa disso”, relatou.

Esta foi a segunda greve dos Correios de âmbito nacio-nal em pouco mais de um ano. A categoria já tinha cruzado os braços por 28 dias entre setembro e outubro do ano passado. Na época a Federa-ção Nacional dos Trabalha-dores em Empresas dos Cor-reios, Telégrafos e Similares (Fentect) não havia chegado a um acordo com a empresa. Essa paralisação também ha-via sido encerrada pelo TST, porém o órgão não impôs um valor de reajuste na época.

Osmar Murbach Junior

Sedes dos correios também voltam a funcionar normalmente

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Curitiba, segunda-feira, 1 de outubro de 20124

A vida em comunidade

Giulianoa NogaraMaria Luiza de Paula

Especial

A Doze Tribos foi cria-da nos Estados Unidos, por um casal que buscava seguir os ensinamentos religiosos com mais afinco. Juntos eles compraram uma casa, onde abrigavam moradores de rua e mais tarde jovens. As pes-soas vinham e não queriam mais sair. Abriram um res-taurante para ajudar no sus-tento e quando se deram con-ta, já era um grupo formado.

Os ideais pregados são os ensinamentos bíblicos de Je-sus, mas eles o chamam pelo nome hebraico de Yahshua. Pregam o amor ao próximo e a vida em conjunto. Segundo Issachar, membro do grupo, tudo o que eles fazem é de acordo com o que as escritu-ras dizem.

Entre esses jovens que formavam a comunidade es-tava um brasileiro. Entrou em contato com o grupo e se identificou. Depois de casado, ele e sua família fo-ram para Fortaleza, sua terra natal, em 1988. Seu nome é Nahaliel, que hoje vive na comunidade de Londrina.

Em 1992, eles rumaram para um lugar com um clima mais temperado. Chegaram em Curitiba e se depararam com a oportunidade de irem para a região perto de Anto-nina. Lá ficaram abrigados em uma usina abandonada. Depois seguiram até Lon-drina, onde abriram um res-

taurante. Mais tarde abriram uma comunidade em Cam-po Largo. Atualmente, além dessas duas, existe uma em Mauá da Serra, também no Paraná.

Sustento e administra-ção da comunidade

Todas as comunidades se-guem os mesmos ideais, po-rém, elas são independentes no que diz respeito à parte administrativa. Tem uma maneira própria de garantir o sustento. A de Campo Lar-go, por exemplo, tem uma fabrica de chás chamada Tri-bal Brasil. É a fonte de ren-da principal do grupo, que ainda vende alguns produtos como sandálias na feirinha do Largo da Ordem.

Cada comunidade têm o seu próprio grupo de lide-rança que costuma tomar as decisões mais importantes. Issachar diz que essas deci-sões não são tomadas pela vontade da maioria, mas sim por consenso de todos. Essas pessoas costumam ser as que vivem mais tempo dentro do grupo. Cada uma delas faz aquilo que possuí maior ap-tidão.

Ingressando no grupo

As pessoas chegam até eles de várias formas. Algu-mas tinham uma vida comum e resolveram mudar, outros nasceram lá. A comunidade de Campo Largo, conta com cerca de 70 pessoas. Uma delas é Issachar. Ele tem 29 anos, nasceu dentro da co-

munidade, trabalha com a parte de design e administra-ção do site da Tribal Brasil. É o filho mais velho dos fun-dadores da comunidade no Brasil, Nahaliel e Havdalah.

A Doze Tribos é totalmen-te aberta ao público, quem um dia quiser ingressar pode fazê-lo. Mas Issachar diz re-comenda que antes de tomar a decisão de mudar definiti-vamente, é importante que a pessoa conheça a comu-nidade. Segundo ele, todos são bem-vindos para passar alguns dias lá. Entretanto, a decisão de uma mudança de vida deve ser feita com cal-ma.

Cultura da Tribo

A religião é o elemento fundamental. Muitos, po-

rém, ficam em dúvida se eles são cristãos ou judeus. Issachar explica “Por defi-nição, nós somos cristãos, porque nós cremos no Cris-to, no messias. Mas não nos associamos ao cristianismo organizado”. Já a confusão com o judaísmo vem por vá-rios motivos: eles utilizam muitas expressões e nomes em hebraico, guardam as tra-dições e festas judaicas, as danças israelenses e também existem muitos judeus nas comunidades, principalmen-te no exterior. Porém, eles não se consideram judeus, pois estes não creem no mes-sias.

Dentro das comunidades existem escolas. Aqui no Brasil, elas recebem a per-missão do MEC. Issachar diz que as crianças são educadas

dentro das comunidades para não sofrerem com os maus exemplos dados nas escolas públicas. Onde, segundo ele, predomina a imoralidade. O ensino por enquanto vai ape-nas até o fundamental.

Eles não assistem TV, mas costumam ver documentá-rios e alguns outros progra-mas educativos. Eles veem apenas o que for adequado para todos. “O que não for saudável pra todos também não é saudável pra um”, afir-ma. E quando são exibidos filmes, é para que a comuni-dade inteira veja.

A relação com a Internet é apenas para trabalho, man-dar noticia para a família, além de manter contato com as outras comunidades. Eles gostam bastante de música, porém, afirmam ser bastante

A Doze Tribos planta boa parte dos alimentos que consome

Maria Luiza de Paula

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Curitiba, segunda-feira, 1 de outubro de 2012 5Especial

seletivos. Nada de músicas comerciais. Os estilos que eles apreciam são músicas folclóricas, músicas típicas de Israel e música instrumen-tal. Na escola elas recebem aulas e inclusive montam os seus próprios instrumentos. Futuramente pensam em ter um estúdio de gravação.

Já a relação com livros é pouca. Apenas a Bíblia. Se-gundo afirma Issachar, os li-vros de ficção não costumam acrescentar muito. Eles tam-bém não costumam ler mui-tos jornais. Dentro de cada comunidade, é eleito alguém que se informa sobre as notí-cias que possam afetar a co-munidade. Nada mais.

Problemas políticos

Quando perguntado se eles já sofreram algum tipo de perseguição por parte dos governos, ele diz que aqui no Brasil isso nunca acon-teceu, mas em comunidades no exterior, como na França e na Alemanha, já. Por vezes há alguns problemas com a imprensa, que espalha bo-atos mentirosos, segundo Issachar. Também sofrem intimidação de grupos reli-giosos, que se sentem ame-açados, segundo ele, pelo radicalismo da sua fé. Aliás, eles concordam com essa de-finição, mas também acham que as pessoas têm medo do que não entendem, por isso os criticam.

EXPERIENCIA

PESSOAL

Conheci a Doze Tribos por causa da indicação de uma professora de yoga. En-trei em contato por telefone e apesar de me tratarem com educação, percebia que tam-

Maria Luiza de Paula

Portal de entrada da comunidade Doze Tribos

bém eram muito receosos com pessoas de fora. Dis-seram que não gostavam de entrevistas. Pediram que eu esperasse alguns dias, para que eles pudessem decidir. Passada uma semana, eles me responderam que eu de-veria visitar a comunidade antes deles tomarem alguma decisão.

A sede deles fica em Cam-po Largo, na Rodovia BR 277 e todas as sextas-feiras eles fazem um jantar para as pessoas de fora. Aproveitei a oportunidade para conhecê-los. Chegando lá percebi que eram pessoas muito simples. Vestiam-se de maneira bas-tante peculiar, com roupas que lembravam os tempos antigos de Israel. Nenhuma das mulheres usava maquia-gem ou pintava os cabelos e todos os homens tinham bar-ba. Enquanto eles cantavam algumas músicas folclóri-cas israelenses, as crianças dançavam em um circulo. Depois da música, eles liam passagens bíblicas em circu-lo.

Servido o jantar (que con-sistia em chá, salada e pão) pude conversar com alguns membros do grupo. A maio-ria que estava ali não havia nascido dentro da comunida-de. Eles contavam como vie-ram morar na comunidade e como tudo aconteceu “por acaso”. Eram em sua maioria pessoas muito simples.

Apesar de eles afirmarem não terem líderes definidos, era nítido que havia um gru-po dominante. Enquanto a maioria das pessoas da co-munidade era completamen-te alienada sobre o que se passava fora, o grupo domi-nante se comunicava com uma linguagem muito culta e tinham muito mais conheci-

mento de mundo.Após esse jantar, eles li-

beraram a minha entrevista. Quem me recebeu foi o filho do fundador da Doze Tribos no Brasil. Ele nasceu em uma comunidade nos Estados Unidos, mas já morava no

Brasil fazia tempo. O nome dele era Issachar e ele era formado em design. Conver-samos sobre bastante e ele me contou sobre a fundação da comunidade, as caracte-rísticas dela, a relação com a religião e tudo mais o que

envolvia aquele grupo. Após duas horas de conversa, pude entender melhor como aqui-lo tudo funcionava, mas ao mesmo tempo, notando que haviam grandes contradições no modo de vida que eles ha-viam escolhido.

Linha de produtos desenvolvida pela comunidade

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Curitiba, segunda-feira, 1 de outubro de 20126

A fábula das zebras

Esporte

Gustavo [email protected]

Cinema

Julio [email protected]

Barnabas Collins é a nova maquiagem de Johnny DeppDepois da decepcionante, porém

bilionariamente bem sucedida, adap-tação do clássico Alice no País das Maravilhas, Tim Burton chama nova-mente seu querido Johnny Depp para as telonas. O filme da vez é Sombras da Noite, que estreou este ano, baseado na novela homônima (Dark Shadows) que passou nos Estados Unidos entre 1966 e 1971.

O filme conta a história de Barna-bas Collins (Depp), um sujeito que, por não dar atenção a bruxa Angeli-que Bouchard (Eva Green), é conde-nado a viver a eternidade como vam-piro. Além disso, a bruxa o prende em um caixão por 200 anos e dedica toda sua ira a família Collins por várias gerações. Barnabas é desenterrado nos anos 70 e decide ajudar sua famí-lia a combater os danos causados pela fúria de Angelique.

Resumida assim, é uma história simples. E é ao sair dessa simplicida-de que o filme comete seu maior erro. A novela que originou o filme teve 1225 episódios de 30 minutos exibi-dos no decorrer de 6 temporadas. E o filme pareceu tentar resumir tudo isso em menos de duas horas. Explicando melhor, todos os personagens do filme possuem uma pequena trama específi-ca que se desenvolvem durante o lon-ga. Estas, porém, se desenrolaram com pouco destaque e muitas informações pareceram ter sido jogadas aleatoria-mente no filme e alguns personagens foram completamente desnecessários não desenvolvendo o drama pretendi-do. A própria Helena Bonham Carter deu vida a uma personagem que só terá alguma importância se uma sequ-ência do filme for produzida.

Mas o filme não foi todo um gran-

de erro. Por mais que alguns cinemas classifiquem Sombras da Noite sob o gênero terror ou suspense, é a comé-dia o principal atrativo. Na verdade, os personagem de Depp e Green (os úni-cos que tiveram um desenvolvimento bem planejado) conseguem dar uma graça única ao filme. Misturando hu-mor ao tema sombrio do filme, Barna-bas Collins diverte o público com seu linguajar antiquado e visual cadavéri-co (diferente dos vampiros brilhantes que estão em alta nos dias de hoje). E a bruxa Angelique faz o mesmo com seu jeito dominante e amor possessivo pelo vampiro.

Tim Burton disse ao site collider.com que, apesar do gancho no final, não pretende fazer uma sequência, o que é uma pena. Seria muito legal ver Barnabas Collins em um novo filme com um roteiro mais bem arrumado

e cercado de personagens melho-res desenvolvidos. E para deixar o filme ainda melhor, Chloë Grace Moretz, que interpreta uma Collins adolescente e rebelde, poderia ten-tar uma atuação mais caprichada .

Era uma vez um mundo onde as zebras eram respeitadas, símbolos de confiança e que ocupavam seu reser-vado papel no meio da guerra entre ursos, leões, corvos, águias e tigres de bengala. Só que certa vez as zebras se recusaram a trabalhar, e outras fajutas entraram em seu lugar para mediar estas lutas ferozes e titânicas. Assim as zebras, que eram animais discre-tos, viraram o centro das atenções.

Calma, não estou reproduzindo uma fábula de Esopo e nem perdi mi-nha lucidez. Refiro-me a greve dos árbitros da NFL (liga de futebol ame-ricano), que por usarem roupas listra-das em preto e branco são carinhosa-mente chamados de “zebras”. Toda a confusão começou quando o contrato destes árbitros com a liga se encerrou e novas reivindicações foram feitas. Como não houve um acordo rapida-mente, a situação chegou a um pon-

to em que árbitros substitutos tiveram que ser requisitados.

Neste ponto os americanos sentiram o gosto que os brasileiros sentem toda a semana com o futebol: o de ver erros crassos interferindo em jogos (e o mais odioso, estes erros terem mais desta-que na mídia do que os jogos, algo já comum aqui). As “zebras”’ substitutas eram claramente despreparadas e mal-acostumadas com a rapidez dos jogos da liga profissional (a maioria havia apitado em jogos de ligas menores ou universitárias, que são bem mais len-tos), isto levou a erros, demoras nos jogos, que já são longos, e muita re-volta.

Tudo isso mostra que por maior o recurso tecnológico do esporte (o fute-bol americano usa replays para revisar marcações duvidosas), o preparo dos árbitros é essencial para que o jogo seja conduzido de acordo com as re-

gras. Nisto, reside a moral dessa história

(como toda boa fábula), e ela vai para o futebol brasileiro. Na NFL, os erros só aconteceram por causa de uma situ-ação anormal, que exigiu uma solução “tampão”. Dificilmente se vê um erro decisivo dos árbitros tradicionais, até porque estes sabem se redimir com os replays e são preparados pela liga. No Brasil, os principais árbitros de futebol que atuam cotidianamente cometem a quantidade de erros dos despreparados e substitutos de lá. Ou seja, os prin-cipais daqui não recebem o preparo necessário para apitar uma partida de futebol, e isto tinha que ser urgente-mente feito, já que o número de erros grotescos da nossa arbitragem titular é reconhecidamente vergonhoso. Com isto, o resultado é desastroso e um campeonato pode ser decidido via er-ros da arbitragem, algo digno de circo

e não de um esporte que mexe com os brios de quase toda a população brasileira.

Nota: Ursos, leões, corvos, águias e tigres de bengala são nomes tradu-zidos de times da NFL.

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Curitiba, segunda-feira, 1 de outubro de 2012 7

Cultura

Curitiba e suas expressões culturaisDurante o todo o mês de outubro os curitibanos poderão conhecem um pouco dos costumes e tradições japonesas

Vitoria Peluso

O Consulado Geral do Japão em Curitiba promove a partir de amanhã diversas atrações para comemorar o Mês da Cultura Japonesa. Do dia dois ao dia 31 de outubro serão realizadas mostras de cinema, apre-sentações musicais e ex-posições baseadas nas tra-dições e costumes do país. Os eventos serão realizados em diferentes pontos da ca-pital. A abertura do mês de-dicado à cultura japonesa é realizada nesta terça-feira, às 19h, no palco interno da rua 24 Horas com entrada gratuita.

Para dar início à festi-vidade acontece uma ce-rimônia chamada de Ka-gami-Biraki com barril de saquê, uma bebida típica da gastronomia japonesa. Se-gundo a vice-cônsul Nana Kawamoto, esse cerimo-nial trata-se de um costu-me, normalmente, realiza-do para iniciar um evento. “É feito em comemora-ções, casamentos, abertura de empresas e negócios”, exemplifica. Após aberto o evento, vai ocorrer uma apresentação instrumental do grupo taikô Wakaba,

com tambores japoneses. Segundo Nana, a princi-

pal atração do mês aconte-ce na sexta-feira, dia cinco de outubro, quando será realizado o show musical chamado Infinity – Impres-sões do Japão um concerto de koto e shamisen, instru-mentos tradicionais do país. A apresentação será feita pelas musicistas japonesas Reikano Kimura e Sumie Kaneko radicadas em Nova York. O evento acontece no teatro da Reitoria da Uni-versidade Federal do Para-ná.

Além de toda programa-ção cultural, dos dias 15 a 21 de outubro será promo-vida uma mostra de cinema japonês pela Fundação Cul-tural de Curitiba e Funda-ção Japão de São Paulo. De acordo com a vice-cônsul, os filmes foram concedi-dos para fundação paulista. Ao todo serão exibidos 15 filmes japoneses produzi-dos entre de 1992 e 2011. As seções acontecem dia-riamente na Cinemateca de Curitiba, a partir das 15h.

Entre os dias 23 e 31, acontece a exposição Drea-maland – uma pequena via-gem entre o animê e o man-gá também realizada na rua 24 Horas. Nana Wakamoto acredita que o mês será re-pleto de atrações culturais

e artísticas para todas as idades tendo como objetivo divulgar a cultura japonesa aos curitibanos. “Curitiba tem muitos descentes de japoneses, mas na cidade e no Brasil nossa cultura é pouco conhecida”, alega a vice-cônsul.

Nana Wakamoto conta que além do mês dedicado a cultura, o Consulado Geral do Japão promove por mês cerca de dez eventos por ano em Curitiba. De acordo com o cônsul-geral Nobo-ru Yamaguchi alguns des-ses eventos são populares, principalmente, entre os jovens curitibanos como o Imin Matsuri, o Hana Mat-suri e o Haru Matsuri. Este último que aconteceu no fim de semana dos dias 22 e 23 de setembro para come-morar a chegada primavera.

Para Yamaguchi, apre-sentar a cultura japonesa à população é um papel importante do Consulado Geral. “Queremos mostrar que a cultura japonesa é diversificada e vai além da gastronomia, temos mui-tas coisas para mostrar”. O cônsul afirma ainda que realizar esses eventos e ou-tras atrações voltadas aos curitibanos é um modo de retribuir a hospitalidade da capital ao receber os des-cendentes.

Programação

2 de outubro – AberturaLocal: Rua 24 Horas (palco interno) /Horário: 19h

5 de outubro – Show Musical Infinity – Impressões do JapãoLocal: Teatro da Reitoria UFPR/ Horário: 20h

2 a 21 de outubro – Exposição de Ikebana (arranjos florais)Local: Rua 24 Horas /Horário: das 9 às 22h

Apresentações – Rua 24 horas Taikô Fuurinkazan Data e hora: 6 de outubro, 16h. Apresentação de tambores japoneses pelo grupo de Taikô Fuurinka-zan de Ponta Grossa

Yosakoi e Moti-tsuki (Wakaba – Curitiba) Data e hora: 13 de outubro, 10h30.Apresentação do Yosakoi – dança típica do Japão, pelo Grupo de Yosakoi Wakaba de Curitiba. Moti-Tsuki (preparo do bolinho de arroz ou bolinho da prosperidade, com posterior distribuição para degustação).

Taikô Ryukyu-koku Matsuri Daiko – CuritibaData e hora: 31 de outubro, às 12h30. Apresentação do grupo curitibano Ryukyu-koku Matsuri Daiko, estilo okinawano (província de Okinawa, Japão) de tocar tambores

15 a 21 - Mostra de Cinema Japonês Local: Cinemateca de Curitiba /Horário: 15h

28 - Concurso de Oratória em comemoração ao centenário da UFPR Local: UFPR – Campus Reitoria /Horário: 9h

25 a 28 - GIBICON

23 a 31 - Exposição: Dreamland – uma pequena viagem ao animê e mangá Local: Rua 24 Horas/ Horário: das 9 às 22h

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Curitiba, segunda-feira, 1 de outubro de 20128ENSAIO

Para atravessar de uma ponta a outra a cidade de Oxford, Reino Unido, não leva 20 minutos de carro, mas sua história vai além dos séculos, pois como muitas cidades europeias, não possui data de fundação. Conhecida por ser o local de uma das mais antigas universidades do mundo, a Universidade de Oxford, a cidade exala história em todo canto, com suas construições de séculos atrás. Histórias da fundação da Universidade e datas variam muito. A cidade é cheia de cultura com artistas de rua (primeira foto da esquerda) e a centenária feira de St. Giles, por exemplo.

Renata Silva Pinto

Oxford: Cidade pequena e cheia de história