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[email protected] @jornallona lona.redeteia.com Ano XIII - Número 722 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo Curitiba, quarta-feira, 24 de maio de 2012 Câmara Municipal faz comissão para rever regimento interno O objetivo será sistematizar os artigos e promover mais transparência na Casa Pág. 3 O único jornal-laboratório DIÁRIO do Brasil Saiba como cuidar da higiene de seu animal de estimação em sua própria casa Pág. 7 Comportamento Suelen Lorianny Harry Crowl é um leitor poliglota que aprende novas línguas através da literatura Pág. 5 PERFIL Ensaio fotográfico Um natal no interior. Conhecida como a melhor cidadezinha do Brasil, Tibagi produz o clima natalino na praça com objetos recicláveis Pág. 8

LONA 722 - 24/05/2012

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JORNAL-LABORATÓRIO DIÁRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE POSITIVO.

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Curitiba, quinta-feira, 24 de maio de 2012

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Ano XIII - Número 722Jornal-Laboratório do Curso de

Jornalismo da Universidade PositivoCuritiba, quarta-feira, 24 de maio de 2012

Câmara Municipal faz comissão para rever regimento internoO objetivo será sistematizar os artigos e promover maistransparência na Casa Pág. 3

O único jornal-laboratório

DIÁRIOdo Brasil

Saiba como cuidar da higiene de seu animal de estimação em sua

própria casa

Pág. 7

Comportamento

Suel

en L

oria

nny

Harry Crowl é um leitor poliglota que

aprende novas línguas através da literatura

Pág. 5

PERFILEnsaio fotográfico Um natal no interior.

Conhecida como a melhor cidadezinha

do Brasil, Tibagi produz o clima

natalino na praça com objetos

recicláveisPág. 8

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ExpedienteReitor: José Pio Martins | Vice-Reitor e Pró-Reitor de Adminis-tração: Arno Gnoatto | Pró-Reito-ra Acadêmica: Marcia Sebastiani | Coordenação dos Cursos de Comunicação Social: André Te-zza Consentino | Coordenadora do Curso de Jornalismo: Maria Zaclis Veiga Ferreira | Professo-res-orientadores: Ana Paula Mira, Elza Aparecida de Oliveira Filha e Marcelo Lima | Editora-chefe: Suelen Lorianny |Repórter: Vitó-ria Peluso | Pauteira: Renata Pin-to| Editorial: Matheus Klocker

O LONA é o jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo. Rua Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300 - Conectora 5. Campo Comprido. Curitiba - PR. CEP: 81280-30 - Fone: (41) 3317-3044.

Por uma ordem judicial, em março de 2008, o maior local de espetáculos de Curitiba foi fechado. Recentemente, a prefeitura da cidade divulgou um edital para a concessão da Pedreira Paulo Leminski, Ópera de Arame e Par-que Náutico. A empresa que vencer a licitação vai ter uma concessão de 25 anos e um prazo de três anos e meio para a execução das obras. A concessão desses espaços mostra a falta de capacidade da prefeitura para mantê-los.

A prefeitura deixou claro que a ideia não é a privatização desses locais; eles vão continuar abertos ao público. A reforma e reabertura de patrimônios como esses é algo muito importante para renovar o interesse e valor cultural da cidade.

A Ópera de Arame se encontra em uma situação lamentável, precisa de vários reparos. A Pedreira está fechada há quatro anos e agora, de acordo com o edital, vai ter uma data anual para shows de grande porte; uma data anual para evento do calendário oficial da cidade; e cinco datas anuais para eventos que não sejam shows de grande porte.

O vereador e líder da campanha “A Pedreira é nossa”, Jonny Stica, publi-cou uma nota lamentando o fato de o edital não ter sido amplamente divul-gado com antecedência.

Os três espaços vão ser administrados por uma mesma empresa, que tam-bém vai ter a responsabilidade de cuidar dos eventos em cada local.

Por um exagerado e criticado período de 25 anos (ou 1/4 de século) essas empresas vão gerenciar esses locais, sendo que no máximo 9% de todo o lucro vai para a prefeitura durante esse período.

O que poderia trazer um lucro gigantesco para a cidade (vendo o grande número de eventos mundiais que estão para acontecer no Brasil) não vai mais fazer parte da renda de Curitiba.

Quase todo o lucro de turismo desses três pontos vai para os cofres de uma empresa privada. Esse ato mostra que a prefeitura sabe que não é capaz de desembolsar verba suficiente para a reforma desses espaços. No fim das con-tas esses pontos turísticos vão ser realmente usados pelas gerações futuras.

OpiniãoEditorial

Cerveja no estádioGuilherme Moreira

Desde 2007, o Brasil – através do Estatuto do Torcedor – proibiu o consumo de bebidas alcoólicas nos estádios do país. Para o torcedor poder beber, somente antes e depois da partida. Durante o jogo, apenas água, refrigerante e cerveja sem álcool.

O tempo passou e a população, de certo modo, se acostumou com isso, ape-sar de certa revolta em seu início e movimentos contrários que duram até hoje. Porém, com a vinda da Copa do Mundo de 2014 para cá, o assunto voltou à tona para discussão.

A cerveja, com a proibição, acabou “virando” a grande culpada pela violência dentro e fora dos gramados, de acordo com os políticos que a incluíram na Lei. Entretanto, os fatores para isso vão muito além de tomar apenas uma “gelada”.

As torcidas organizadas, por exemplo, também entraram nesta linha de que só servem para o vandalismo e precisam ser excluídas. Claro que existem casos de brigas em, praticamente, todos os clássicos do Brasil, entre outras partidas. Mas a maioria é burra e prejudicada?

Sim, a maioria. Quem pratica esses atos é uma minoria dentro dessas orga-nizações e, no caso da torcida geral em si, se torna ainda menor. Os defensores da proibição dizem que, ao ingerir bebidas alcoólicas, os torcedores ficam ainda mais violentos. Mas quem vai ficar embriagado em cerca de 100 minutos dentro do estádio? Muitas vezes com um calor insuportável?

O que é preciso fazer não é proibir. E sim punir a baderna. De nada adianta tirar o prazer de acompanhar o espetáculo tomando uma boa cerveja se pessoas já chegam lá bêbadas ou não, acabam brigando pelas ruas e nada acontece.

Enquanto não houver uma lei que aja com rigor e seja cumprida, um treina-mento específico de segurança, a violência pode ter uma queda, mas nunca vai ser solucionada.

Proibir o consumo de bebidas alcoólicas dentro do estádio é fazer algo que virou orgulho para muitos: o famoso “jeitinho brasileiro”. Afinal, mais fácil do que corrigir algo é colocá-lo embaixo do tapete. Sendo assim, espero que o Brasil cumpra o que foi prometido quando assumiu a responsabilidade de organizar o segundo maior evento esportivo do mundo.

Vender cerveja, valorizar o patrocinador da Copa, Ambev, que é do país e superou diversas empresas multinacionais para estampar sua marca e, principal-mente, dar essa alegria que perdemos: assistir craques de perto e não ficar com a garganta seca.

A Pedreira é deles

A voz da floresta ecoará pelo mundo todo

Elisa Schneider

É doloroso ver o tamanho das áreas que são desmatadas ilegalmente no Brasil. A terra sem vida que brota em meio ao verde é a faixa marrom que alimenta a indignação de muitos e que leva tantos outros a lutar nas ruas por uma floresta que está sendo leiloada.

Durante décadas, madeireiras atuaram como quadrilhas em uma terra sem lei, sem fiscalização, onde animais ficaram sem abrigo e árvores centenárias queimaram vivas para aquecer a economia de vizinhos barulhentos que viam na Mata Atlântica fonte inesgotável de lucro.

O novo Código Florestal brasileiro pode estar colocando em risco uma commodity que é rara hoje e cada vez mais. A África, por exemplo, não possui condições suficientes para colocar um fim no desmatamento, pois o Estado detém o controle total sobre grandes áreas de floresta e as vende para agricultura e extração de madeira. O crime é legalizado.

Se aqui no Brasil, controle e fiscalização são possíveis e preferíveis, lá no continente africano são coisas perigosas porque contam com o respaldo de autoridades e o desconhecimento da população.

Será que a presidente Dilma vai ter coragem de aprovar um código inteiro que defende o interesse de poucos e coloca em risco sua própria imagem diante da opinião pública?

Se for só isso que interessa, acho que não. Na verdade, existem poucos parlamentares realmente preocupados com as questões ambientais, questões essas que, no futuro, podem unir o mundo em meio ao caos eminente. Unir o mundo?

Sim, a única coisa que realmente temos em comum com o resto do mundo é a responsabilidade ambiental. “#vetadilma”.

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Câmara cria comissão para rever regimento interno da Casa

Daniel MartiniPamela castilhoMarcela Andressa

Após a crise enfrentada pela Câmara Municipal nos últimos meses, vereadores realizamreuniões semanais para discutir artigos regimento

A Câmara Municipal de Curitiba criou uma comissão para rever o regimento inter-no. Participaram da reunião, realizada ontem, 14 vereado-res, dentre os quais Paulo Fro-te (PSDB) foi eleito na última semana para presidir a comis-são.

As reuniões vão passar a ser realizadas semanalmen-te, sempre às 14h. Segundo o relator Paulo Salamuni (PV), o objetivo será sistematizar os artigos do regimento. Isso será feito em etapas. Na reu-

O vereador Paulo Frote afirma que a participação dos parlamentares nas Comissões é essencial para obter bons resultados

nião de ontem, foram analisa-dos os primeiros 20 artigos do regimento.

Para incentivar a participa-ção dos vereadores, será en-viada semanalmente para os gabinetes a pauta da reunião.

Segundo Paulo Frote, a participação de todos é fun-damental para que o processo renda bons resultados. Sala-muni afirma que será neces-sário modernizar o regimento para que haja mais transpa-rência na Casa.

“Se nós temos que fiscali-zar o executivo, também te-mos que nos autofiscalizar”, alega Salamuni. O vereador acredita que alguns pontos devem ser debatidos na co-missão, como o fato de parti-dos ficarem mais de 15 anos

no poder. “Isso não é demo-crático. É preciso saber que o poder é efêmero”.

Segundo o vereador, o novo regimento interno deve ficar pronto para a próxima legislatura, ou seja, os vere-adores eleitos na eleição de outubro já encontrarão o regi-mento alterado.

Paulo Salamuni afirma que a necessidade de um novo re-gimento para a Casa surgiu após a crise enfrentada pela Câmara, desencadeada pela denúncia de irregularidades com a publicidade.

“Já houve quatro tentativas de implantar essa mudança, mas ela só foi desencadeada depois da crise que a Casa enfrentou nos últimos meses. Foi ouvido o clamor da popu-

lação”. A sub-relatora da Comis-

são, vereadora Josete Du-biaski da Silva (PT), afirma que o ponto central das reuni-ões vai ser estabelecer acesso às contas de licitações e con-tratos da instituição.

“Com a crise nos últimos meses, nós não tínhamos acesso a esses números. Isso é fundamental quando se quer mais transparência na Casa. Com a instalação da comissão de controle interno, isso vai ser possível.”, afirma a vere-adora.

Professora Josete também diz que a discussão sobre o regimento, apesar de tardia, vai possibilitar a aprovação mais fácil de mecanismos para melhorar a transparência

da Casa. “Nesse período pós-crise,

em que os vereadores estão mais sensibilizados e a ima-gem da Câmara prejudicada, faz com que seja mais fácil de aprovar as sugestões de mu-dança no regimento. Então, por mais que essa atitude pu-desse ter sido tomada antes, é um bom momento para que a comissão seja realizada.”, ex-plica a sub-relatora.

As discussões sobre o regi-mento terão como base, prin-cipalmente, a Lei Orgânica de Curitiba, aprovada em dezem-bro do ano passado.

Os vereadores Paulo Frote, Paulo Salamuni e a vereado-ra Professora Josete partici-param da criação e discussão dessa lei.

Divulgação CMC

Lei Orgânica

Para Salamuni, isto é um ponto positivo na discussão sobre o regimento. “Fui relator final da Lei Orgânica, o que facilita bastante na hora de debater sobre as regras da Casa.”, afirma Paulo Salamuni.

A Lei Orgânica é a principal legislação de uma cidade e funciona como uma “Constituição” municipal. Entre as mudanças mais significativas aprovadas no fim do ano pas-sado estão o fim da reeleição para o mesmo cargo na Mesa Diretiva – ou seja, o caso de João Cláudio Derosso, que es-tava em seu 8° mandato, não poderá se repetir – e a redução do recesso parlamentar.

Três vereadores apresentaram sugestões de pautas a se-rem discutidas durante as comissões: Paulo Salamuni, Ju-lieta Reis e Professora Josete. Entre as sugestões estão a justificação com antecedência das faltas por motivos de doenças, licença maternidade ou paternidade. Também foi colocada em pauta a possibilidade de prorrogação do tempo de licença maternidade ou paternidade. A previsão de tér-mino da reunião é sempre às 17h.

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A vida de um homem apaixonado por ficção científica

Quando criança, Car-los Alberto Machado, 50, precisava negociar com as freiras do internado onde estudava para conseguir assistir televisão. No ho-rário de recreação, das 19h às 21h, eram transmitidos, ainda em preto e branco, os chamados ‘enlatados ame-ricanos’, seriados produzi-dos nos Estados Unidos e transmitidos no Brasil por emissoras que ainda esta-vam engatinhando no mer-cado televisivo. Foi assim que ele conheceu ‘Perdidos no Espaço’, ‘Jornada nas Estrelas’, ‘Viajem ao Fundo do Mar’, ‘Túnel do Tempo’, ‘Terra de Gigantes’ e outras séries de ficção científica, hoje consideradas clássi-cos do gênero.

Já na década de 70, quando os filmes de ‘Jornada nas Estrelas’ passaram a ser exibidos nos cinemas brasileiros, Machado se interessou ainda mais pelo assunto. Não só seriados, mas filmes e livros que tratavam do tema também. “Nesse período, eu com-prei uma enciclopédia de ficção científica inglesa, foi quando descobri que existiam livros que falavam sobre isso de forma acadêmica, de forma mais séria, e percebi que não eram só séries de TV, que tinha muito filme, tinha muita coisa que não vinha para o Brasil, que a gente nem ficava sabendo”.

A trajetória do fã do segmento não se limitou a acompanhar os lançamentos artísticos sobre ficção científica, como ele mesmo explica:

- À medida que eu ia assistindo mais ficção cien-tífica, também ia me interessando academicamente por isso. Eu fui para a área de Pedagogia, me tornei educador e comecei a pensar ‘por que não juntar fic-ção científica com educação, já que é uma coisa tão interessante?’

Com essa ideia, Machado resolveu unir profissão ao hobby, e em 2000 defendeu sua dissertação de mestrado intitulada ‘Contribuições da ficção cien-tífica para o conhecimento e a aprendizagem, que buscou mostrar como a ficção científica pode ajudar na sala de aula.

Em 2009 ele defendeu sua tese de doutorado, Pro-cessos sócio-educativos dos animencontros: a rela-ção de grupos juvenis com elementos da cultura mi-diática japonesa, que apesar de não ter relação direta

Luciana dos Santos

com a ficção científica, ainda assim não abandonou o universo da cultura pop.

A partir da pesquisa que realizou para o mestra-do, o pedagogo percebeu que a verdadeira origem da ficção científica estava na literatura, e passou a se interessar mais por esse campo. Ajudou a fundar a ‘Confraria dos Escritores de Ficção Científica’, uma oficina de contos especializada neste segmento lite-rário. Como resultado dessa iniciativa, em 2010 foi publicado o livro Proibido ler de gravata, com uma coletânea de contos escritos pelos participantes da oficina.

Em 2011, outro conto seu foi publicado no livro Deus Ex Machina, Anjos e Demônios na Era do Va-por, dessa vez com a temática Steampunk, um subgê-nero da ficção que mostra um mundo dominado pela tecnologia a vapor.

Carlos Alberto também se dedicou a espalhar o interesse pela ficção científica no Paraná. Em 1991, junto com um amigo, teve a ideia de fundar um fã-clube para reunir os fãs da série ‘Jornada nas Es-trelas’. Em 1992 nasceu a Federação dos Planetas Unidos, que existe até hoje e na qual ele atuou como presidente durante 15 anos. Também ajudou na orga-nização do Conselho Jedi do Paraná, fã-clube dedi-cado à série Star Wars, e atualmente é presidente do Conselho Steampunk do Paraná, do qual também foi um dos fundadores.

Atualmente Machado dá palestras a respeito da ficção científica em eventos e instituições em todo o Brasil e busca difundir o Steampunk pelo país, ajudando na fundação de outros fã-clubes estadu-ais. Também continua aplicando o assunto na sala

de aula e está desenvolvendo um curso de especialização em ficção científica na área das ciências. Seus trabalhos de mestrado e doutorado devem ser publi-cadas no segundo semestre desse ano, além de outros contos de ficção que es-creveu.

Jornada nas Estrelas

Jornada nas Estrelas (Star Trek) é uma série de TV criada por Gene Roddenberry, que conta as aventu-ras da tripulação da nave estelar USS Enterprise, comandada pelo Capitão James T. Kirk, pelo Pri-meiro Oficial Comandante Spock e pelo Oficial Médico Chefe Leonard McCoy. A série se passa no século XXIII e inicialmente não fez muito sucesso, enfrentando até uma pos-sibilidade de cancelamento já em sua primeira temporada. Acabou cancelada no final de sua terceira temporada, mas se tornou popular

com reprises nos anos 70, possibilitando ou-tras séries, filmes jogos, livros e outros mate-riais relacionados ao seu universo. Atualmente, está em produção o filme ‘Star Trek XII’, con-tinuação do filme Star Trek, lançado em 2009, que apresentou os personagens da série clássi-ca sendo interpretados por um novo elenco.

Fã-Clubes

Onde encontrar esses fã-clubes?

-Federação dos Planetas Unidos

Reúne fãs de Jornada nas Estrelas. Promove vários eventos e oficinas em Curitiba, além

de participar de eventos fora da capital e em outros estados: http://www.federacao.org/

-Conselho Jedi do Paraná

Reúne fãs da saga Star Wars, promove anual-mente em Curitiba a JediCon, convenção dedi-cada à série, além de promover e participar de

outros eventos dentro e fora do estado: http://www.cjpr.com.br/

-Conselho Steampunk do Paraná

Busca difundir a temática Steampunk do esta-do: http://pr.steampunk.com.br/

PERFIL

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Curitiba, quinta-feira, 24 de maio de 2012 5

O leitor (in) comumPERFIL

Harry Crowl não é um leitor comum. Poliglota, lê fluentemente em inglês, es-panhol, italiano e francês. Recentemente começou a se arriscar na língua alemã, que ainda não domina plenamen-te, o que não o impede de ler alguns autores contemporâne-os do país europeu.

Uma das coisas que acha mais fascinante no processo de descobrimento de um novo léxico através da literatura, é que por não ter a abrangência necessária para capturar a in-tegridade completa do que se lê, é preciso imaginar o que está sendo dito, em um exer-cício abstrato de criação e re-escrita da história. “É um pro-cesso bem intimista mesmo. Só leio traduções de línguas que eu sei que nunca irei ler.”

Filho de norte-americano, Harry Lamott Crowl Jr. é um homem grande, de longas bar-bas brancas e traços renascen-tistas. Compositor, musicólo-go e professor, Harry nasceu em Belo Horizonte em seis de outubro de 1958 — mesmo dia de nascimento do roman-cista norte-americano Jose-ph Finder. Mora em Curitiba desde 1994, onde é diretor ar-tístico da Orquestra Filarmô-nica da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Também é professor de História da Mú-sica e Composição na Escola de Música e Belas Artes do Paraná (EMBAP) e comanda semanalmente programas de música erudita na rádio E-Pa-

Daniel Zanella raná. Harry Crowl é um com-positor com sólida carreira internacional. Seu catálogo de mais de cem obras já percor-reu muitos países da Europa e América do Sul.

A relação com a literatura começou cedo. Foi criado na casa de seu avô materno, José Santana, dono de uma vasta biblioteca. O avô lia muita literatura francesa e portugue-sa, com apreço especial por Machado de Assis e Eça de Queiroz. A influência foi, por-tanto, natural. Ainda assim, com tantos bons romancistas à disposição, foi a poesia, prin-cipalmente de Carlos Drum-mond, que primeiro fisgou Harry. “Meu avô foi colega do Drummond em uma faculdade de Farmácia em Belo Hori-zonte. Ele, meu avô, terminou o curso e Drummond, por mo-tivos óbvios, não. Então meu avô olhava o poeta com certa desconfiança. Não engolia a poesia moderna. Achava-o um picareta, simplesmente. Gos-tava mesmo era de Manuel Bandeira e Cecília Meirelles”, especula o compositor.

Ainda por influência do avô, descobriu a obra mais importante de Euclides da Cunha, Os sertões. No entan-to, o avô lhe advertia que o livro “era muito chato”. Ain-da assim, deu a Harry uma edição com os seus comentá-rios, dizendo que só deveria ler algumas passagens. Anos depois, já um leitor e viajante mais experiente, resolveu ler o livro inteiro e teve outra per-cepção. “Vi a coisa pelo olhar do jornalista. Talvez hoje as descrições dele [Euclides da Cunha] não sejam tão neces-

sárias, mas na época o aces-so à informação era reduzido. Ele se sentiu na obrigação de esmiuçar, tecer a imagem em detalhes. Achei muito interes-sante, mas reconheço que é duro.”

Leitor pé na estrada

Harry esteve recentemente em turnê pela Suécia, traba-lhando como compositor-re-sidente. Sob 30 graus negati-vos, teve contato com a obra de Stieg Larson, autor de Os homens que não amavam as mulheres. “Li em inglês toda a trilogia Millenium. Gostei. Mas sabe de uma coisa? Fi-quei indignado quando vi que no Brasil a tradução é da ver-são francesa. Veja só, o sueco é uma língua anglo-saxônica, sua estrutura gramatical é se-melhante ao inglês, ou seja, uma tradução do inglês ao português não seria tão dispa-ratada”, afirma.

Dos 18 aos 21 anos, Har-ry morou nos Estados Uni-dos, onde teve contato com a literatura norte-americana, principalmente com a obra de Ernest Hemingway e William Faulkner. Gosta também de Gabriel García Márquez, Fe-derico Garcia Lorca e Julio Cortázar. Entre os escrito-res brasileiros, já compôs a partir da poesia de Haroldo de Campos, Affonso Ávila, Thiago de Mello e de diversos autores simbolistas do Para-ná do começo do século XX, como Emiliano Perneta, Dario Vellozo, Tarso da Silveira e Silveira Neto. Desta série de estudos surgiu uma cantata encomendada pela Camerata

Antiqua de Curitiba, em 2001, chamada Turris Eburnea (Tor-re de Marfim), também título de uma coletânea de poemas de Dario Vellozo. Harry tam-bém se debruçou sobre a obra de Guimarães Rosa na ópera Sarapalha, baseada na adapta-ção teatral de Renata Palottini para o conto de mesmo nome do escritor mineiro. Para o músico e jornalista Paulo Vítola, também diretor-pre-sidente da E-Paraná, Harry Crowl traz a música erudita à modernidade, conciliando a tradição ao contemporâneo. “Ele transita muito fácil por diversas linguagens, tem um repertório vasto, consegue contextualizar e formar pla-teias”, afirma Vítola.

Se Voltaire afirmava que a leitura engrandece a alma, Harry Crowl acredita na transformação humana atra-vés da literatura. Para ele, o grande barato da literatura é remeter o leitor ao seu próprio imaginário, levando-o à pro-dução de sua própria história.

Tradução, fluência e musicalidade

através das lentes do

compositor Harry Crowl

“Por isso, é frustrante ver uma adaptação cinematográfica de um livro muito bom, pois ele essencialmente não atingirá aquilo que você imaginou. Adaptação é o olhar do cine-asta, é outro filme.”

Em contato permanente com músicos, escritores e ar-tistas plásticos, Harry Crowl relembra uma história mar-cante em sua trajetória. Certa vez, participando de um en-contro de jesuítas em Minas Gerais na década de 1980, onde discorria sobre a música colonial brasileira do sécu-lo XVIII, um senhor de forte sotaque português levantou a mão e perguntou sobre a in-fluência lusitana na música popular brasileira. Harry res-pondeu, terminou sua fala e se dirigiu ao auditório para ouvir a próxima palestra. Então, o senhor português que havia lhe feito a pergunta minutos antes se encaminhou à mesa de debates. Era José Sarama-go, que falaria sobre seu ro-mance Jangada de pedra.

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Um novo treze de maio

Aline [email protected]

Política

A abolição da escravatura acon-teceu em 13 de maio de 1888. Nesta data, segundo documento promulga-do, ficou proibido em todo território brasileiro o emprego da mão de obra escrava seja negra, branca, indígena ou qualquer outra raça. Entretanto a “benevolência” da princesa parece não ter atingido todos os rincões do país, haja vista o número expressivo – e assustador – de denúncias de tra-balho escravo em solo brazuca.

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) define a escravidão como “todo trabalho ou serviço exi-gido e uma pessoa sob ameaça de san-ção e para o qual não se tenha ofereci-do espontaneamente”.

A privação da liberdade configura

tudo que permeia a escravidão, assim, os recorrentes casos de trabalhadores e trabalhadoras vivendo em condições inumanas em áreas urbanas ou rurais nos faz pensar que o treze de maio li-berou, mas não libertou.

Anteontem, a Câmara dos deputa-dos aprovou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do trabalho escra-vo. Há quase dez anos existe o debate acerca desta proposta que prevê pu-nições e expropriações das proprieda-des urbanas ou rurais onde ocorreu a escravidão.

É claro que – como sempre – as elites oligárquicas ruralistas tentaram desarticular os movimentos sociais (em especial o movimento negro or-ganizado) e os grupos de defesa dos

direitos humanos; a estratégia dessa vez foi esvaziar o plenário da Câmara.

Em se tratando de Paraná, o único deputado federal do Estado que ma-nifestou, por meio das redes sociais, seu apoio incondicional à aprovação da PEC foi Dr. Rosinha (PT-PR) que esteve presente durante os trabalhos.

O presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS), em entrevista à Agência Brasil, disse que “não é possível que convivamos com a situação análoga ao trabalho escravo” no Brasil.

O próximo passo é que haja acordo entre a comissão mista formada por se-nadores e deputados para a elaboração do texto que será votado no Senado e posteriormente segue para receber o aceite da presidenta Dilma Rousseff.

É importante haver mobilização social para que a assinatura da pre-sidenta não tenha o mesmo destino da assinatura da princesa. Não preci-samos de um novo treze de maio no Brasil.

Esporte

O dia mais esperado pelos fãs de automobilismo está chegando. O pró-ximo domingo marcará a realização das corridas mais tradicionais da Fór-mula-1 e da Indy.

Tudo começa às 9 da manhã, quan-do é dada a largada para os carros da F-1 rasgarem os 3340m do GP de Mô-naco. A prova, realizada pela primei-ra vez em 1929, é considerada a mais charmosa da categoria e também é um dos principais desafios do calendário, já que o circuito é absurdamente es-treito e cheio de curvas sem área de escape, tanto que Nélson Piquet disse que pilotar ali “é como correr de bici-cleta em um apartamento”.

Locais como a chincane do Porto, a curva Lowes (contornada a apenas 50km/h) e a passagem pelo túnel sob o Fairmont Hotel são alguns dos mais famosos do esporte mundial.

O fato de ser quase impossível pra-ticar uma ultrapassagem em Mônaco já fez corredores agonizarem buscan-do um flanco no trajeto, algumas vezes resultando em manobras memoráveis.

Gustavo [email protected]

Se chover, então tudo se torna um pandemônio. Ayrton Senna, o “rei de Mônaco”, e Graham Hill, o “Mister Mônaco” eram mestres em pilotar no circuito monegasco.

Após cinco vencedores diferentes em cinco provas em 2012, podemos esperar uma corrida imprevisível e um vencedor inesperado no domingo (aposto no ousado japonês Kamui Ko-bayashi).

Às 13h, as atenções dos fanáticos por velocidade cruzarão o Atlântico, pois começará as 500 milhas de India-nápolis, o circuito oval de 4 km reuni-rá cerca de 500 mil espectadores no lo-cal e será o cenário perfeito para uma corrida emocionante.

Vencer a Indy 500 é como assinar um atestado de glória. Nomes como Al Unser, Rick Mears, A.J. Foyt e Hélio Castroneves conseguiram seus status de lendas nesta corrida. Além disso, o evento é recheado de tradições, como o beijo dado na linha de chegada (for-mada por tijolos da pista original) pelo vencedor da corrida, ou o fato de ser

dar leite ao campeão, ao invés do tra-dicional champanhe.

As quatro curvas do circuito não permitem falhas; um deslize, e o muro estará a espera do piloto. Durante a corrida os carros só ficam abaixo dos 370km/h quando vão aos pits ou quando a bandeira amarela é aciona-da. Como as curvas são perigosas e a prova é extensa (cerca de três horas), é comum ver acidentes graves na prova. Aqui vale uma ressalva em relação ao meu título. Depois de um acidente en-volvendo incêndio na edição de 1963, a F-Indy abandonou a gasolina como combustível para usar o metanol e, posteriormente, o etanol.

Em 2011, aconteceu o final mais maluco na história da Indy 500. J.R. Hildebrand, então líder, acertou o muro na última curva da prova. Mes-mo tentando se “arrastar” para a che-gada, Hildebrand não evitou a vitória de Dan Wheldon. Infelizmente, Whel-don não defenderá seu título, já que ele faleceu num acidente na F-Indy meses depois.

Gasolina na veia!

O destaque deste ano será a estreia de Rubens Barrichello na prova e em circuitos ovais. O brasileiro largará em 10º, nada mau se considerarmos o grid de 33 carros. Pessoalmente, me agradaria muito uma vitória de Tony Kanaan, o melhor piloto da Indy atual daqueles que nunca triunfaram na Bri-ckyard.

Para quem tiver fôlego após tudo isso, às 18h, ainda tem a Coca-Cola 600, apenas a prova mais longa do ano na Nascar.

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Curitiba, quinta-feira, 24 de maio de 2012 7 Geral

O pet shop móvel ganha espaçoem CuritibaDaniel MartiniPamela CastilhoMarcela Andressa

Novo modelo de negócio conquista donos de bichos de estimação

Em 1998, na cidade de São Paulo, surgiu um novo mode-lo de negócio que se expandiu e atualmente faz sucesso. Tra-ta-se do pet shop móvel, que nasceu como complemento para os clientes de uma loja e, com o tempo, a empresa focou no atendimento em domicílio.

Atualmente, o faturamento da loja Art Dog provém 100% do serviço móvel, tendo 80 clientes fixos e uma média de 300 atendimentos por mês na capital paulista.

Em Curitiba, o médico ve-terinário Beto Bretaña, em-presário que adotou o modelo do pet shop móvel, vem con-quistando os donos de animais de estimação com serviços de higiene animal.

Segundo ele, o serviço é vantajoso e lucrativo, pois poupa tempo dos clientes e di-minui o estresse dos animais.

A Van’s Dog é toda equipa-da com água, luz e acessórios. O atendimento funciona com o deslocamento do carro até a casa do cliente e assim são feitos todos os tipos de servi-ço, semelhantes a um pet shop normal.

Entre os produtos ofere-cidos estão os mais comuns, como banho e tosa – tudo com água aquecida. O pet shop móvel também oferece serviços diferenciais como escovação de dentes, banho

medicinal, hidratação, banho hipoalergênico, clareamento, alisamento, pintura artística e cauterização de pelos.

Uma das clientes do em-presário, Denize Melo, conta que utilizava o pet shop tradi-cional. Porém, com a facilida-de e a diferença de custo ser baixa, ela diz que atualmente prefere usar o pet shop móvel. Dona de dois schnauzer e um labrador, ela diz que é ótimo utilizar o serviço.

O LONA conversou com Beto Bretaña, que explicou um pouco mais sobre o fun-cionamento e a ideia de abrir um pet shop móvel.

LONA: Qual a diferença en-tre o pet shop móvel e o co-mum?

Beto Bretaña: A principal di-ferença é que a gente vai até o cliente. Normalmente no pet tradicional a gente leva o ca-chorrinho, deixa na gaiola e duas ou três horas depois vai buscar. Aqui nós vamos até o cliente, o cachorro não tem gaiola e não tem outros cães para se estressar, o estresse acaba sendo bem menor com o pet móvel.

Lona: Como surgiu a ideia de criar um pet móvel?

Beto Bretaña: Assim que chegou ao Brasil essa ideia do pet shop móvel, que foi em São Paulo, nós percebemos que era viável e que podíamos abrir um. A partir daí decidi-mos montar aqui em Curitiba.

Lona: Como que funcio-na o processo e a rotina dos

serviços?

O cliente entra em contato com a gente através de e-mail ou telefone, e a partir do mo-mento que marcamos a hora, vamos até a casa do cliente e todo o serviço é feito como

em um pet shop normal, mas dentro da residência do clien-te.

Lona: E como que funciona a van?

Beto Bretaña: Ela é toda pre-

parada como um pet normal, nós temos energia, água e aquecedor a gás. Todo o ser-viço de banho e tosa que um pet normal faz, nós fazemos também, só que com a vanta-gem de ser na própria casa do cliente.

O pet shop móvel tem estrutura própria e não depende de nada do cliente

Produto para os animais também são vendidos no interior da van Pet Shop Móvel Van’s Dog

Pet Shop Móvel Van’s Dog

GERAL

Page 8: LONA 722 - 24/05/2012

Curitiba, quinta-feira, 24 de maio de 20128

ENSAIO

Na praça da cidadezinha

Ela continua lá. Antiga, romântica, com ruas de pedras eárvores sempre floridas. As luzes da praça e a chuva frescarecordam minha adolescência. Com uns 13 anos eu vivia naquelas ruas, sem esquecer a infância que deixou meus pés vermelhos da terra e encardiu - diria minha mãe - a maioria das minhas roupas brancas. Todos os natais a família passa por lá, e na última vez os anjos eram de plástico e a fonte com a mesma placa velha. De um jeito colorido, a igreja, o chafariz e os bonecos enfeitaram o cidade.

Foto e texto: Suelen Lorianny