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[email protected] @jornallona lona.up.com.br O único jornal-laboratório DIÁRIO do Brasil Ano XII - Número 639 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo Austrália: cultura, estágio e mercado universitário Pág. 4 e 5 Coluna Especial Treze anos depois, “Caso das Bruxas de Guaratuba” volta a ser julgado Barbara Zem O direito constitu- cional à informação e à liberdade de ex- pressão Uma pequena biografia dos 12 anos do Lona Pág. 5 Drops O caso mais longo da história da Justiça paranaense voltou a ser julgado neste final de semana. Conhecido como o “Caso das Bruxas de Guaratuba”, Beatriz Cordeiro Abagge é acusada de assassinar uma criança de seis anos em um suposto ritual de magia negra. O júri foi isolado, e muitos cartazes foram colocados em frente à sede do Tribunal, no Centro Cívico. Pág. 3 Os setenta anos de Bob Dylan, o mais influente músico do Folk Pág. 6 Curitiba, segunda-feira, 30 de maio de 2011

LONA 639 - 30.05.2011

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Jornal-laboratório diário do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo

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Curitiba, segunda-feira, 30 de maio de 2011

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O único jornal-laboratório

DIÁRIOdo Brasil

Ano XII - Número 639Jornal-Laboratório do Curso de

Jornalismo da Universidade Positivo

Austrália: cultura, estágio e mercado universitário

Pág. 4 e 5

Coluna

Especial

Treze anos depois, “Caso das Bruxas de Guaratuba” volta a ser julgado

Barbara Zem

O direito constitu-cional à informação e à liberdade de ex-pressão

Uma pequena biografia dos 12 anos do Lona

Pág. 5

DropsO caso mais longo da história da Justiça paranaense voltou a ser julgado neste fi nal de semana. Conhecido como o “Caso das Bruxas de Guaratuba”, Beatriz Cordeiro Abagge é acusada de assassinar uma criança de seis anos em um suposto ritual de magia negra. O júri foi isolado, e muitos cartazes foram colocados em frente à sede do Tribunal, no Centro Cívico.

Pág. 3

Os setenta anos de Bob Dylan, o mais infl uente músico do Folk

Pág. 6

Curitiba, segunda-feira, 30 de maio de 2011

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Curitiba, segunda-feira, 30 de maio de 2011 2

Expediente

Reitor José Pio Martins

Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração Arno Gnoatto

Pró-Reitora de Graduação Marcia Sebastiani

Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Bruno Fernandes

Coordenação dos Cursos de Comunicação SocialAndré Tezza Consentino

Coordenadora do Curso de Jornalismo Maria Zaclis Veiga Ferreira

Professores-orientadores Elza Aparecida de Oliveira Filha e Marcelo Lima

Editores-chefes Daniel Zanella, Laura Bordin, Priscila Schip

O LONA é o jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universi-dade Positivo. Rua Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300 -

Conectora 5. Campo Comprido. Curitiba -PR CEP 81280-30

Fone: (41) 3317-3044.

Editorial

Há 20 anos, quando comecei a trabalhar em jornal, não tínha-mos, nas escolas de jornalismo, uma experiência consistente nos veículos laboratoriais. As exigências do MEC eram outras e, talvez por isso, as instituições investiam pouco nos veículos. Se quiséssemos sentir o gosti-nho da profissão, tínhamos que nos aventurar muito cedo nas redações da cidade e aprender, a duras penas, sem o auxílio de professores e de colegas solidá-rios, a carpintaria da profissão.

Felizmente, as cobranças do MEC mudaram e também a postura de algumas institui-ções. Na nossa universidade, por exemplo, os alunos têm a oportunidade, desde o primei-ro período, de trabalhar em veículos de comunicação, sob a supervisão de professores e com o apoio de alunos mais experientes. Eles podem fazer estágios voluntários no jornal, na TV, na rádio, no núcleo de assessoria, na revista e no blog. E assim acertar, errar, experi-mentar – sem os imperativos e cobranças de um grande veícu-

lo comercial.Nessa primeira fase de pu-

blicação do LONA, tivemos um ótimo nível de participação do pessoal do terceiro, do quinto e do sétimo período – o que se re-fletiu na melhoria da qualidade do jornal. Mas, acompanhando o dia a dia do fechamento, o que realmente nos surpreendeu foi o empenho de um grupo de alunas do primeiro período do curso.

As calouras deixaram a ti-midez de lado e foram, por um mês, os braços-direitos do trio de editores do jornal: saíram às ruas para cobrir matérias fac-tuais, aprenderam noções de entrevista e redação, tiraram fotos, escreveram notas para as reportagens, enfim, experimen-taram o gostinho de trabalhar no jornal. Com certeza, quando elas chegarem ao mercado de trabalho, estarão se sentindo muito mais seguras e tranquilas do que aqueles que, como eu, ti-veram que aprender no calor da hora, sem o apoio de professo-res e a paciência dos colegas. Eis aí um começo promissor.

EDITORIAL

OMBUDSMANO que jornalistas e escoteiros têm em comum?

Por Emerson Castro, jornalista e professor

As “pontes” que ultrapassa-mos ao longo da vida são uma prova de destreza, habilidade, percepção da realidade, sobre-tudo, uma experiência vivida e, digamos, vencida. Foi essa a sen-sação que tive ao ler esta última sequência do Lona, entre 23 e 27 de maio. Como inevitavelmente tinha a memória dos primeiros números produzidos há 4 sema-nas, fiz algumas comparações, e conclui que o trabalho todo evolui muito, da pauta à diagra-mação, passando pela revisão e edição geral. Claro, farei as ob-servações de praxe, que têm a ver com o título acima, mas dei-xo esse detalhe para o final.

De cara a capa: ok, temos que ter padrão, mas não exa-geremos. Todas as edições vêm utilizando, inclusive na semana anterior (não observei as das outras semanas sob este aspec-to) um mesmo visual. Manchete com foto em 4 colunas, com le-genda relativa à manchete e, na quinta coluna, à direita, chama-das das páginas 4 e 5, colunas da página 6 e reportagem da página 8. Se estivéssemos numa banca, ou mesmo na frente do display que o Lona é distribuí-do aqui na UP, teríamos a sen-

MARCELO LIMA, professor-orientador do LONA OS EDITORES

Em 2011, o Lona se propôs a ser um jornal que se preocupa com o seu leitor. Decidimos utilizar as sugestões elaboradas por alunos no ano passado, mas que não pu-deram ser colocadas em prática. Cientes de que o público queria saber mais sobre a universidade onde estuda e trabalha, a equipe determinou um público-alvo a ser conquistado.

As dificuldades começaram logo primeira semana, quando o Lona passou a ser diagramado em InDesign, em vez do antigo Page-Maker. Foi uma mudança positiva. O InDesign, de fato, agrega maio-res possibilidades de diagrama-ção, entretanto, os computadores da redação ainda não possuíam o programa. Esse problema técnico provocou um atraso na reformula-ção do projeto gráfico.

No mesmo período, ainda an-tes de o Lona entrar em circulação,

sação de olhar sempre a mesma edição, exceto pelo colorido possivelmente diferente da foto estampada. Mas convenhamos, teria de ser um observador mui-to atento.

Ainda sobre capas, a de quarta-feira chamava para a par-tida decisiva do Coritiba contra o Ceará. Na página 3, o título da matéria era praticamente o mes-mo e o começo da matéria nova-mente repetia o mantra de que vitória simples daria vaga inédi-ta na decisão da Copa do Brasil. Para alegria de todos, enfim, deu Coxa, mas podemos diversificar os pontos de vista sobre uma disputa tão interessante como era esta. É possível identificar outras formas textuais de apre-sentar a mesma coisa.

Um aspecto importante que observei em algumas matérias - ainda - é a menção a pesquisas e grupos inominados como fon-tes de conhecimento. É o caso da matéria sobre Educação, na se-gunda-feira, e a de Jogos de Azar, na terça. Não é aceitável jorna-listicamente uma fonte tão frágil dizendo coisas tão importantes.

A página central sobre os-cineastas Fernando Severo e Marcos Jorge sofrem de um mal de planejamento. São pertinen-tes, mas é preciso muito esforço

para entender porque estamos len-do aquelas matérias. Pelo que inferi, a muito custo, é porque ambos estão lançando um filme e, portanto, suas vidas, e seus trabalhos merecem uma retrospectiva. O filme mesmo aparece bem embaixo na página e não é apresentado como o grande motivador da matéria., sequer é dito que está sendo lançado nos úl-timos meses. Se não está, fiquei no ar, sem entender qual a motivação, qual o fato gerador da matéria.

Uma rapidinha, sobre edição/diagramação: por que não racio-nalizar grandes matérias em duas ou três retrancas? Foi feliz a solu-ção para a página 3 da terça-feira, na matéria sobre a Associação de Ciclistas. Isso precisa ser feito mais vezes.

Para bater em retirada, pois es-crevo direto de Londrina, do Inter-com Sul – onde estou orgulhoso dos nossos alunos e colegas professores pelo trabalho que realizam todos os dias aqui na UP – fecho com a charada inicial: o que jornalistas e escoteiros têm em comum? A res-posta é que ambos precisam estar sempre alerta, e no caso dos jornalis-tas, especialmente para os detalhes. Estamos avançando na qualidade do Lona, mas os detalhes sempre estarão lá para nos lembrar de que são importantes e exigem atenção redobrada.

sentimos muita dificuldade em en-contrar colaboradores. Os apelos para formar uma equipe de colu-nistas foram respondido em cima do prazo, que teve de ser extendi-do. Algumas propostas de colunas não foram preenchidas.

Já em circulação, a maior dificul-dade foi relacionada às factuais do jornal, a matéria que deve ser escrita e diagramada no mesmo dia. Nesse processo, tivemos forte apoio dos estudantes voluntários. Entretanto, em alguns dias não contamos com voluntários e algumas factuais fica-ram superficiais e frias.

Ser responsável por produzir o jornal-laboratório do curso de Jor-nalismo é um aprendizado intan-gível. Profissionalmente, podemos sentir as pressões do fechamento de um jornal diário, que envolve uma série de fatores, seja na hora de pautar a matéria do dia ou deci-dir qual será a manchete do próxi-

mo dia. Aprender a conviver com as críticas que vêm por parte dos colegas e professores foi difícil e essencial. Nosso trabalho foi cons-tantemente avaliado pelos leitores do jornal.

A colaboração dos alunos foi boa, e a avaliação direta dos orien-tadores Marcelo Lima e Elza Oli-veira Filha auxiliou na produção diária. Acreditamos ter consegui-do implantar algumas mudanças substanciais e almejar um padrão editorial coerente. Sabemos que deixamos a desejar em diversas etapas. Por isso, esperamos que no próximo semestre o veículo me-lhore cada vez mais e aprofunde suas reformas.

Esperamos que o veículo volte melhor e com mais colaborações no semestre que vem. Até lá!

Priscila Schip, Laura Bordin e Daniel Zanella

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JULGAMENTO

Teve início na sexta-fei-ra o julgamento de Beatriz Cordeiro Abagge, no Tri-bunal do Júri, no Centro Cívico de Curitiba. Abag-ge é acusada de assassinar Evandro Ramos Caetano, de 6 anos, em 1992, na ci-dade de Guaratuba, litoral paranaense, na companhia de mais seis pessoas. A ses-são não havia sido encer-rada até o fechamento da edição. Sete jurados foram sorteados para fazer parte do conselho de sentença, sendo quatro homens e três mulheres. No caso da ré ser considerada culpada, o juiz será incumbido de decretar a pena. De acordo com o Ministério Público do Pa-raná, os jurados deverão ficar isolados em um hotel até o fim do julgamento.

As portas do Tribunal do Júri estavam lotadas de pessoas contra e a fa-vor da ré: faixas e cartazes afirmando sua inocência e camisetas com a frase “não à tortura” faziam parte do cenário do histó-rico julgamento. Pessoas como a dona de casa Ma-ria da Luz deixaram claro que sua opinião sobre o

processo ain-da não estava definida, pois o júri não mos-trou muitas in-formações para que elas pu-dessem definir as suas opini-ões. “Não sei direito o que pensar. Vou ouvir as tes-temunhas pra dizer depois o que acho”, disse Maria da Luz.

Segundo a acusação, em 10 abril de 1992, véspera do cri-me, Evandro, foi sequestra-do por Beatriz e sua mãe Ce-lina Abagge e levado para um galpão da serralheria de proprieda-de de Aldo Abagge, onde ocorreu um ritual de ma-gia negra entre sete pes-soas. O corpo foi encon-trado cinco dias depois. “O corpo do menino esta-va no meio do mato, não tinha mãos, pés, olhos, não tinha nada”, disse em depoimento a delegada Leila Bertolini.

O primeiro julgamento do caso ocorreu em 1998 e foi o mais longo da histó-ria do Paraná, durando 34 dias. Os depoimentos de mãe e filha foram ouvidos separadamente e ambas sustentaram o argumen-to de que haviam confes-sado sob tortura de poli-ciais, que as sequestraram e obrigaram a dizer que tinham cometido o crime.

Beatriz chegou a afirmar que encomendou um tra-balho de Osvaldo Marci-neiro, já que, ao jogar bú-zios, o pai-de-santo disse que a serralheria de seu pai, Aldo Abagge, ia mal financeiramente. Celina alegou que nunca acredi-tou nesse tipo de consulta ou ritual espiritual e que na noite do crime esta-va em casa com os filhos adotivos de Beatriz. O veredicto foi que o corpo encontrado desfigurado num matagal em Guaratu-ba, no dia 11 de abril de 1992, não era do menino. Após a perícia oficial, de comparação da arcada dentária com os arquivos dentários da suposta víti-ma e o exame de DNA, o MP – PR pediu um novo julgamento já que os re-sultados comprovaram a identidade da criança.

Foi marcado duas vezes o novo julgamento, em no-vembro de 2010 e em abril deste ano, mas foi adiado em função da troca do ad-vogado de defesa. “Sem-pre achei estranho um menino que teve as mãos

cortadas portar uma cha-ve”, disse o advogado de defesa. Desta vez, Celina Abagge não faz mais par-te do julgamento, já que o prazo máximo de prescri-ção de um crime é de 20 anos e quando o acusado tem mais de 70 anos, caso da mãe de Beatriz, esse prazo cai pela metade, o que a deixou isenta de pu-nição, já que o caso ocor-reu há 19 anos.

Além das duas, outras cinco pessoas também são acusadas de envol-vimento no cr ime. Os pais-de-santo Vicente de Paula Ferreira e Osval -do Marcineiro , que fo-ram condenados em 2004 a 20 anos de pr isão por homicídio tr iplamente qual i f icado e sequestro , Davi dos Santos Soares , condenado por homicí -dio s imples com pena de 18 anos e Francisco Sérgio Cris tofoni l i e Air-ton Bardel l i dos Santos , que foram absolvidos em 2005.

O juiz pretendia en-cerrar o caso até o úl t i -mo sábado.

O “Caso das Bruxas de Guaratuba” volta a causar polêmica depois de 13 anosBeatriz Abagge é julgada no Tribunal do Júri, no Centro Cívico de Curitiba

JULGAMENTO

Barbara ZemJessica Lago

Muitos cartazes foram colocados em frente ao Tribunal do Júri, no Centro Cívico

Barbara Zem

Barbara Zem

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Austrália, uma experiênciaIntercâmbio é a oportunidade para aprender outra língua, ampliar o conhecimento pessoal e conviver com outras culturas

COMPORTAMENTO

Texto e fotos: Gabriela JunqueiraViver experiências e se infil-

trar em outra cultura por alguns meses pode ser uma etapa nova na vida de qualquer um. A Aus-trália é um dos destinos preferi-dos de brasileiros por viabilizar muitas oportunidades. Apesar de ser o sexto maior país do mundo em extensão de terra, a Austrália ainda é muito pouco populosa, são pouco mais 21 mi-lhões de habitantes.

Ainda que a cidade mais co-nhecida seja Sydney, a capital político-administrativa é Can-berra. Outras cidades importan-tes são Melbourne, ao sul, Perth, no sudoeste, Brisbane à leste e Darwin, no norte. O país é cons-tituído por oito territórios, sendo que a maior parte da população se concentra na costa leste. Nova Gales do Sul é o mais populoso, seguido de Victoria e Queens-land, somando aproximada-mente 14 milhões de habitantes.

A Austrália é um dos países mais multiculturais do mundo. Estima-se que uma a cada qua-tro pessoas residentes tenha nas-

cido no exterior, somando mais de 200 diferentes nacionalidades. Ao andar pelas ruas é possível ouvir diversas línguas e interagir com cidadãos dos quatro cantos do mundo.

A hospitalidade do povo aus-traliano e o clima, muito parecido com o do Brasil, são alguns dos atrativos que fazem da Austrália um dos destinos mais procura-dos para intercâmbios.

Acostumados a viver em meio a diversas nacionalidades, os australianos são abertos e ami-gáveis, e ainda valorizam as con-tribuições culturais que estudan-tes estrangeiros trazem ao país.

A terra dos cangurus, além de ser reconhecida mundialmen-te pela excelência na educação, também disponibiliza muitas oportunidades de emprego. Se-gundo a diretora de uma agência de intercâmbio brasileira espe-cializada em programas para a Austrália, Luciana Lang, a maior parte das pessoas procura con-ciliar ambas as atividades. De acordo com ela, os cursos mais procurados são o de inglês, técni-co em business e cursos de pós-

graduação.Apesar das muitas oportu-

nidades de trabalho, a falta de fluência no idioma faz com que seja difícil para os estrangeiros conquistarem um emprego em sua área de formação. Não raro é possível encontrar doutores trabalhando com limpeza, os chamados cleaners. “Como todo estrangeiro em um novo país, a primeira dificuldade é a língua, pois para arrumar um emprego ‘decente’, na sua área, tem que falar fluente”, conta Luciana, que também já morou oito anos na Austrália e é casada com um australiano - ou ozzy, conforme a gíria local.

Os empregos mais comuns são os de garçom e vendedor, no caso de um nível de inglês razoavelmente bom. Aqueles que ainda estão no começo, nor-malmente conseguem emprego como cleaners. Mas, diferente da realidade brasileira, estas profis-sões pagam muito bem. No caso dos estudantes, o trabalho é de apenas meio período. Trabalha-se cerca de 5 a 7 horas por dia, re-cebendo uma média de 14 dóla-

res a hora – esse é o preço médio, mas dificilmente será um valor inferior.

A administradora Gi-sele Vianna, que vive há três meses na Austrália, trabalha como cleaner e consegue se sustentar com um bom padrão de vida, além de mandar dinheiro para a família. “Eu vim pra Austrália para estudar inglês, mas como meu nível ainda é básico, é difícil conseguir um emprego na minha área. Mas este é meu ob-jetivo futuro, para daqui a alguns meses”, conta ela. “Os serviços pesados são valorizados aqui, diferen-temente do Brasil, não só pela remuneração, mas

também pelo respeito das pesso-as com você”, complementa.

A renda média dos estudan-tes que trabalham na Austrália é cerca de 2. mil dólares por mês. Apesar do custo de vida ser re-lativamente alto, especialmente em Sydney, uma das cidades mais caras do mundo, é possível se sustentar no país sem a ajuda dos pais e ainda juntar um bom dinheiro para trazer ao Brasil.

O preço elevado dos imóveis no país faz com que a maneira mais comum de habitação entre os jovens, australianos ou estran-geiros, sejam as share accomo-dations, onde um apartamento é alugado e divido por diversos estudantes. São poucos os aus-tralianos que decidem continuar morando na casa dos pais após completarem dezoito anos, mas aqueles que o fazem também de-vem pagar aluguel à família. A convivência diária com pessoas de outras nacionalidades é es-sencial, uma vez que estimula o exercício da língua.

E aqueles que pensam que o inglês é o único benefício que levarão de volta para seu país,

estão muito enganados. Não se trata apenas de apren der outra lín-gua e de visitar lugares. A experiên-cia de vida adquirida em um país com tanta diversidade cultural é indescritível. A chance de enten-der outras visões de mundo, e a sua própria, possibilita alguns dos maiores aprendizados.

O gaúcho e estudante de jor-nalismo Daniel Fraga mudou para Sydney há pouco mais de dois meses com o intuito de aper-feiçoar seu inglês, mas logo per-cebeu que não se tratava apenas disso: “Viver uma rotina nova, com língua e pessoas diferentes todos os dias é um desafio muito prazeroso”, diz ele. Fraga conta que dificilmente encontraria ou-tro lugar no mundo onde se ou-visse tantos idiomas pelas ruas e onde dividiria uma casa com pessoas de quatro continentes. “Para compor o cenário perfeito, praias paradisíacas, natureza rica e clima ideal se juntam ao am-biente urbano e à tecnologia de primeiro mundo. Com tudo isso fica difícil voltar para casa”, com-plementa.

As praias são, com certeza, o maior atrativo do país, que é mundialmente conhecido como terra do surf. Os australianos são grandes entusiastas do sol e de atividades à beira-mar. Mas esse hábito, aliado ao grande bura-co na camada de ozônio sobre o continente, faz com que a Austrá-lia tenha o maior índice de câncer de pele do mundo.

Não é só o litoral que atrai vi-sitantes. No interior do país um grande deserto, conhecido como Outback, domina a paisagem e o clima. Além disso, há monta-nhas de até 2.200 metros a leste, formando a Cordilheira Austra-liana.

Uma das atrações turísticas mais procuradas é a Grande Barreira de Corais, localizada no território de Queensland. Com uma extensão de 1500 km

Sydney Opera House

UMA BREVE BIOGRAFIA

A edição 45, de 24 de agosto, reportou os 50 anos do suicídio de Getúlio Vargas. “Há

exatos 50 anos, às oito horas da manhã, no palácio do Catete no Rio de Janeiro, o

presidente Getúlio Vargas se suicidou com um tiro no coração. Nascido em São Borja, no Rio Grande do Sul, foi o presidente que

mais marcou a história do país”.

A edição 109, de 4 de maio, comentava o início da popularização do DVD.

“Tanto nas vendas, quanto nas loca-ções, os DVDs conquistaram seu espaço

no mercado.” Hoje acessível a prati-camente todas as classes econômicas,

esse tipo de mídia vem gradualmente sendo substituída por outras mais

modernas como o Blu Ray.

2004 2005 Já em seu 8º ano, a edição 201 anuncia-va o lançamento de uma nova insulina utilizada no tratamento de diabéticos.

“Um novo tipo de insulina está para entrar no mercado. Há mais de quatro

anos estão sendo realizadas pesquisas e testes nos Estados Unidos e na Europa

para observar se é possível o uso da insulina inalável”.

2006

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Austrália, uma experiênciaIntercâmbio é a oportunidade para aprender outra língua, ampliar o conhecimento pessoal e conviver com outras culturas

Choque CulturalConviver com outras culturas

tem muitas vantagens, mas também causa muitas estranhezas. Durante o tempo em que fiquei na Austrália, morei em uma casa de família que recebia diversos estudantes. Em al-gumas semanas éramos doze, mas tudo muito organizado, cada um com seu próprio quarto.

Eram pessoas da França, Brasil, China, Coréia, Nepal e Irã. Na mesa de jantar, o inglês prevalecia, mas paralelamente as pessoas de um mesmo país falavam suas línguas en-tre si. Uns ensinavam um pouco de seu idioma e de sua cultura aos out-ros, o que tornava o cotidiano muito agradável. Diariamente percebíamos nossas diferenças culturais, especial-mente entre os países ocidentais e orientais.

Um dia estava andando no cen-tro quando vi o Jack, um chinês que morava comigo (os orientais ado-tam outro nome quando vão para países de língua inglesa para facilitar a pronúncia), me chamando no meio da rua. Fui em sua direção com a in-tenção de cumprimentá-lo com um beijo no rosto, o natural no Brasil. No mesmo instante ele se esquivou para trás e ficou me olhando com uma cara de espanto, os amigos dele

pareciam estar em choque. Logo per-cebi meu erro. Depois ele veio me falar que isso nunca acontece na China, eles não se cumprimentam com beijo e ra-ramente com um aperto de mão. Para eles o fato de uma menina encostar em um rapaz é uma prova de amor.

Outro dia no jantar conversá-vamos a respeito de como existem homens bonitos na Austrália: altos, bronzeados, loiros e olhos azuis. Eles correspondem aos principais padrões estéticos mais valorizados nas socie-dades ocidentais, exigidos para mui-tos cargos de modelos. Ao ouvir isso as coreanas discordaram na hora. Para o padrão delas a Austrália pratica-mente só tinha pessoas feias, ser loiro e ter olhos claros estava longe de ser associado à beleza.

A comida também é outro fator interessante. Na Austrália eles têm um produto típico de passar no pão - como se fosse manteiga ou requeijão - chamado Vegemite, uma das piores coisas que já comi. Vegemite é feito à base de extrato de levedura (a sobra da indústria cervejeira), possui um sabor salgado e amargo. Mas é paixão nacional, eles, não sei como, comem diariamente. E depois minha família australiana ainda me diz que achou o brigadeiro brasileiro horroroso...

e 150 quilômetros de largura, é o maior complexo de organismos vi-vos do planeta, podendo até ser visto do espaço.

Devido ao isolamento geográ-fico a fauna e flora australianas são completamente diferentes do resto do mundo. Animais como cangu-rus, coalas, demônios-da-tasmânia e ornitorrincos fazem parte dos com-plexos ecossistemas do continente. Nove dentre os dez animais mais venenosos do planeta se encontram na Austrália.

Apesar da Austrália ser uma na-ção desenvolvida, diferente do Brasil em questões sociais, econômicas e na-turais, o estilo de vida dos australianos e dos brasileiros é o ponto comum en-tre os países. A aceitação de outras cul-turas faz com que não haja um grande choque cultural ao se mudar para lá, apenas uma estranheza positiva em relação à qualidade de vida e aos bai-xíssimos índices de violência.

Visto

Para trabalhar na Austrália é ne-cessário ter o visto adequado, caso contrário a pessoa poderá ser depor-tada. Aqueles que forem ficar até três meses - independentemente de esta-rem ou não matriculados em algum curso – podem obter visto é de turista, o que não dá direito a trabalhar. Já o visto de estudante exige um mínimo de 14 semanas de curso, mas permite o trabalho.

Estes são os dois tipos mais co-muns de visto, mas variam de país para país. Para os brasileiros, na maio-ria dos casos de permanência por mais de três meses, o visto está vin-culado ao estudo, ou seja, à matrícula em algum curso. Em certos países europeus os interessados em viajar podem adquirir o visto de working holidays, o que dá direito de ficarem um ano na Austrália sem a obrigação de estudar, o que não acontece no caso do Brasil.

O processo todo de requisição do documento no Brasil pode levar cerca de um mês, mas para os cidadãos da Comunidade Européia, a obtenção é muito mais fácil. A estudante de ad-ministração francesa, Elia Menard, conseguiu o visto australiano através da internet. “O processo é muito rápi-do. Basta preencher um formulário no site do consulado que em poucos minutos o visto é concedido e envia-do eletronicamente”, conta.

RecompensaÉ muito comum ver estudantes

que após trabalharem durante al-guns meses na Austrália conseguem juntar dinheiro e resolvem viajar para destinos exóticos próximos ao país. Indonésia, Tailândia e Nova Zelân-dia são os mais comuns. Em geral o preço das passagens aéreas, de hos-pedagem e de alimentação para as ilhas do Pacífico e o sudeste asiático é bastante acessível, além de existirem várias promoções nas agências de turismo. Na Tailândia, por exemplo, com cerca de mil dólares é possível se sustentar por quase um mês.

Inglês e mercado de trabalho

Falar inglês tornou-se requisito básico para a conquista de vagas em boas empresas e é com intuito de apri-morar o currículo que muitas pessoas decidem fazer um intercâmbio para aprender inglês. Afinal, não há melhor maneira de aprender uma língua do que conviver com falantes nativos.

Para a produtora de eventos Re-gina Scarcello, que trabalha em uma

empresa de comunicação, poder con-tar com profissionais que, além do domínio de outros idiomas, possuem experiência de vida no exterior é bas-tante enriquecedor. “Pessoas com este perfil têm uma cabeça mais aber-ta e inovadora, trabalham melhor em grupo porque estão acostumadas com as diferenças individuais e são menos rígidas na hora de tomar de-cisões coletivas”, afirma ela.

Várias empresas atualmente possuem filiais no exterior ou man-têm parcerias com empresas afins. O intercâmbio entre os profissionais en-volvidos nos projetos é essencial para que os objetivos institucionais sejam atingidos.

O engenheiro mecânico João Hen-rique Braga iniciou sua vida profissio-nal em uma multinacional, após uma rigorosa seleção que contava com muitos candidatos. Fluente em inglês e alemão, ele relata que essas habilida-des foram decisivas para a sua contra-tação. Atualmente reside nos Estados Unidos com a família e não pensa em voltar ao Brasil tão cedo.

Byron Bay, em Nova Gales do Sul

Na quarta-feira, 16 de agosto, o Rei do Rock Elvis Presley é tema de re-

portagem do LONA, 30 anos após sua morte. “Além das músicas unirem fãs

de várias gerações, um encontro anual na data da morte de Elvis agrega admi-radores de todas as partes do mundo”.

2007 2008

Ano de eleições municipais, o LONA comentava a construção do metrô em Curitiba, que estava entre as principais propostas dos candidatos à prefeitura de Curitiba. Beto Richa e Gleisi Hoffmann eram os favoritos ao cargo na época. Segundo a reporta-gem, o metrô ficaria pronto em 2014. O projeto ainda está no papel.

2009O LONA de 9 de maio noticiava o andamento da obrigatoriedade do di-ploma para jornalistas, trâmite julgado pelo Supremo Tribunal Federal em Brasília. O veredito sairia somente no dia 17 de junho, decidindo a não obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão.

2010 A edição de 28 de outubro noticiava a morte por problemas cardíacos do ex-presi-dente argentino Nestor Kirchner. Marido da atual presidenta do país Cristina Kirch-ner, que já havia sido eleita, era conhecido como o político mais poderoso e populista da Argentina.

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Curitiba, segunda-feira, 30 de maio de 2011

Setentão Comunicação

Bob Dylan fez 70 anos na semana passada. Considerado o segundo melhor e mais in-fluente artista de rock de todos os tempos, perdendo apenas para os Beatles, Dylan colecio-na mais de 50 discos com seu blues-rock-folk. Sempre com muito tom de protesto, suas mú-sicas contribuíram para os ma-nifestos musicais de 70, 80 e 90.

Bob Dylan tocou com os Rollings Stones, tocou com Be-atles (influenciando John Len-non em “I´m a Loser”) e teve ninguém menos que Jimi Hen-drix tocando uma versão de sua música. Até hoje em atividade nos palcos, Bob Dylan se tornou ícone para muitas gerações.

É bastante difícil falar do ícone da contra-cultura de for-ma pessoal. Por isso, resolvi re-lembrar suas melhores fases e indicar uma música marcante.

Anos 60

Robert Allen Zimmerman, Bob Dylan, se fortalece no Folk trocando a guitarra elétrica por um violão. Decide ir para Nova York se apresentar em bares da região. Reconhecido, Dylan consegue a oportuni-dade de abrir o show do can-tor de blues John Lee Hooker. Essa foi a chance do músico dar as caras para os produto-res. Anos depois, Dylan co-nhece os Beatles e influencia John Lennon em “I´m a Lo-ser” (dizem até que ensinou o quarteto a fumar maconha).

É nesse período que é lança-do seus singles ”Mr Tambouri-ne Man” e “Bringing It All Back Home”, que levariam Dylan ao

Quando falamos em direitos humanos, logo nos vem aquelas questões primordiais, tais como o direito à vida, à saúde, à convivência familiar e comunitária. No entanto, pouco se discute em rela-ção ao direito à comunica-ção, garantido não somente pela Declaração Universal dos Direitos humanos, em seu artigo 13, mas também reafirmado na Constitui-ção Brasileira, que se com-promete a cumprir com a prevalência dos direitos humanos.

O direito à comunicação está atrelado à liberdade de expressão, porém, aqui no Brasil, não são todos os que têm acesso a um meio para se expressar, pois vi-vemos em um país no qual um grupo restrito de sete famílias pauta o que vai ser discutido na roda de ami-gos. Trata-se dos proprie-tários dos grandes grupos de mídia do país.

Além disso, os meios de comunicação não cumprem seu papel no acesso à cul-tura, educação e noticia. O artigo 221 da Constitui-ção em seu texto delimita a produção que os meios de comunicação devem fazer para garantir a produção de conteúdos regionais. No entanto, eles estão lon-ge de fazer um trabalho em prol da cidadania plena e do desenvolvimento cultu-ral. Em muitos casos, con-

Música Mídia

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Reino Unido, quando entrou em contato com diversas ban-das de rock, como os Rolling Stonnes, que o traria de vol-ta para a guitarra elétrica. Em seguida, Dylan lança “Like a Rolling Stone” e conquista fãs no mundo inteiro. Essa mú-sica seria a sua obra-prima.

Anos 70

Sem querer participar do movimento hippie do Festival Woodstock e contrariando a tendência do rock psicodélico da época, Bob Dylan diminui sua popularidade no cenário musical. Anos depois passa a investir em canções de cunho cristão, sempre melancólicas e ideológicas. Alguns críti-cos acreditam que ele nunca mais foi o mesmo. No entanto, Dylan sempre contou com uma grande legião de fãs no mundo todo e que o acompanharam em muitos singles nessa época, como “Slow Train Comming”, “Saved” e ”Shot of Love”.

Anos 80

Esse é o período em que o velho Dylan retorna às suas raízes de blues e folk dos anos 60 e reconquista a atenção da mídia. É quando ele lan-ça outro sucesso, “Jokerman”, e finalmente Dylan estabe-lece um equilíbrio artístico.

Os 70 anos de Bob Dylan são valiosos, gigantes e jamais ca-beriam nessa coluna.

Mas... Acredite, cabem mui-to bem no seu i-pod! Parabéns Dylan

tribuem apenas para o aumen-to do consumo.

Para que tenhamos um país democrático, em que todos te-nham voz e vez, não é preciso retirar dos jornalistas os seus diplomas, mas garantir, por meio do controle social, que os veículos de comunicação passem a cumprir as leis bra-sileiras.

A I Conferência de Comu-nicação, realizada em Brasília em 2009, foi o primeiro passo para que possamos discutir um Conselho de Comunicação que terá como responsabili-dade fiscalizar o que é produ-zido. Hoje, além de se discu-tir a produção dos veículos de massa é preciso acompanhar e colaborar no debate do Plano Nacional de Banda Larga, que ira garantir o acesso à inter-net mais barato. Esses deba-tes devem ser apoderados não somente pelos movimentos sociais organizados, mas tam-bém por nós, que fazemos o curso de comunicação e sere-mos os profissionais do jorna-lismo de amanhã.

Confira mais informações sobre esse tema no site:

h t t p : / / w w w . d i r e i t o a -c o m u n i c a c a o . o r g . b r / c o n -t e n t . p h p ? o p t i o n = c o m _content&task=view&id=7249

Sofia Ricciardi Juliana Cordeiro@sofiaricci_

Cursa o 3ºperíodo da noite e publica seus textos no endereço: http://sofisticadablog.com.br

@juh_loyola

Cursa o 3ºperíodo da noite.

Pra quê?

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Curitiba, segunda-feira, 30 de maio de 2011

GERAL

Estudo, moradia, ali-mentação, vestuário, la-zer... O simples fato de existir. Tudo isso e mais um pouco é o que chama-mos de economia. Você já parou para pensar quan-to custa estar aí, vivinho lendo esta matéria? Um valor altíssimo, que pre-cisa ser tratado com mui-ta cautela.

Economia. Qual é sua relação com ela? Superfi-cial? Inexistente? É falar desta simples palavra que 9 de cada 10 jovens saem correndo desesperados. O medo dos números é in-crivelmente maior do que o interesse em saber como eles são administrados.

Segundo a psicóloga Fernanda Bonato, essa grande falta de interesse é

consequência da ausência de orientação e introdu-ção dos pais e instituições de ensino sobre o tema para os jovens. Um pro-blema que vem chamando a atenção de milhares de brasileiros.

Universidades, escolas e empresas vêm promo-vendo nos últimos anos ações para melhoria da consciência dos jovens e adultos para o tratamento de um assunto tão sério como este.

A Universidade Po-sitivo promove feiras, exposições, palestras e atividades relacionadas à administração e econo-mia. Escolas como Bom Jesus e Medianeira come-çaram a realizar encon-tros para a discussão do tema, além da inclusão em peso da educação fi-nanceira nas aulas de Ma-

temática ainda no Ensino Fundamental.

Nelson Pereira, orien-tador educacional do co-légio Bom Jesus Centro, afirma que aulas como es-tas já existem há mais de 10 anos, e que apesar da dificuldade inicial apre-sentada pelos alunos, o resultado final é extra-ordinário. “Os nossos jo-vens saem daqui sabendo investir na bolsa de valo-res!”

Entretanto, um grande número de jovens conti-nua sem o mínimo inte-resse no assunto. Mas é claro que é preciso mais tempo para visualizar uma mudança considerá-vel. No entanto, o grande problema está na dificul-dade em adiar ou abrir mão de satisfações pesso-ais.

Dados da Faculdade de

Informática e Administra-ção Paulista (FIAP) indi-cam que, no último mês de dezembro, o número de brasileiros endividados e o total de inadimplentes apresentou um aumento de 89,24% se comparado ao mesmo período de 2009.

Entre os inadimplen-tes, 40% têm entre 18 e 30 anos de idade. Nesta faixa etária, no que diz respeito a gastos com cartão de cré-dito, quase metade estão relacionados à aquisição de roupas, calçados e alimen-tação.

Segundo Renato Lou-reiro, economista e analis-ta financeiro da Prefeitura Municipal de Curitiba, o consumismo já é uma do-ença globalizada. Mais do que uma doença, uma cul-tura. Contudo, está longe de ser algo positivo. “As pessoas gastam muito mais

do que salvam, sem nem ao menos pensar no amanhã. Cada vez mais não há um planejamento financeiro, o que resulta nos enormes números de pessoas endi-vidadas. E o mais preocu-pante: acabam repassando a mesmo hábito aos filhos”.

Porém, o pior ainda está por vir. Poucos pais têm a iniciativa de ensinar seus filhos a administrar seu próprio dinheiro, o que acentua ainda mais os nú-meros preocupantes de inadimplentes.

Para aqueles que não querem nem saber do as-sunto, só resta desejar mui-ta sorte. A vida não para pra ninguém. O mundo é daqueles que não esperam que os outros façam por eles; é daqueles que fazem por si mesmos. Portanto, onde estão as planilhas e calculadoras?

Brasileiros preocupam-se cada vez mais com a educação financeira dos jovens Ana Helena Goebel

O Ministério Público Federal e o Executivo as-sinaram recentemente um acordo para fortalecer a lei Maria da Penha, uma vez que esta, segundo o MPF, estaria dando mar-gem para interpretações incorretas.

Segundo foi publicado no dia 14/03 pela Folha de S. Paulo, os principais fatores que dificultam o cumprimento da lei são a exigência de que a vítima confirme o desejo de de-nunciar o agressor perante o juiz e a possibilidade de suspender o processo ao agressor e ambos entrarem num acordo – sem que o primeiro seja condenado.

Para o MPF, a Secretaria Especial de Políticas para Mulheres (SPM) e a Ad-vocacia-Geral da União, o

processo deve correr sem a necessidade de a vítima confirmar se deseja ou não processar o agressor.

Uma pesquisa feita pelo Instituto Avon em parce-ria com o IBOPE em 2009 aponta como as principais razões para as vítimas con-tinuarem ao lado do agres-sor a falta de condições econômicas para viver sem o companheiro (24%), a preocupação com a criação dos filhos (23%) e o medo de ser morta caso rompa a relação (17%).

A mesma pesquisa aponta que 56% (dentre homens e mulheres) não confiam na proteção jurídi-ca e policial oferecida pelo Estado, afirmando que “as leis não são eficientes para garantir esta proteção”, “os policiais consideram outros crimes mais impor-tantes, não acreditam na seriedade da denúncia ou

são machistas e concordam com o agressor”.

Apesar disso, o Con-selho Nacional de Justiça (CNJ) organizou a V Jorna-da Lei Maria da Penha (que aconteceu no dia 22/03), com a intenção de discutir políticas públicas do Po-der Judiciário sobre o tema e se integrar com outros órgãos governamentais.

Para o ministro da Justi-ça José Eduardo Cardozo, que participou do evento, o Brasil ainda está lon-ge de pôr fim à violência contra a mulher. Uma das principais dificuldades é a falta de informações atua-lizadas.

Porém, Cardozo res-saltou em seu discurso de abertura que o fato de a presidente da Repúbli-ca ser uma mulher é uma oportunidade para enfren-tar o problema de forma mais eficaz.

Denúncia

As vítimas desse tipo de violência devem discar 180 para pedir orientações à Central de Atendimento à Mulher. A SPM busca, por meio da Política Na-cional de Enfrentamento à Violência contra as Mulhe-res, integrar diversas áreas – saúde, educação, assis-tência social, entre outras – para que a vítima rompa o ciclo de violência.

Outras maneiras de buscar informações sobre este e outros assuntos rela-cionados à saúde, direitos e segurança da mulher são em instituições como:

Instituto Patrícia Gal-vão: Criado em 2001, pu-blica notícias, pesquisas e projetos sobre direitos, inclusão política, social e cultural das mulheres, sua representatividade nos meios de comunicação de

massa, tratando também de temas étnicos e raciais. Mais informações: <www.patriciagalvao.org.br>.

Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFEMEA): Além de tra-balhar pela cidadania, participa de movimentos nacionais e internacio-nais de mulheres e com-bate ao racismo. Existe desde 1989. Para saber mais acesse: <http://www.cfemea.org.br/>.

Instituto Avon: Faz encontros para discutir questões como violência contra a mulher e possui um endereço eletrônico que fala sobre a Lei Ma-ria da Penha: <http://www.quebreocic lo .com.br/>.

Além dessas, há mui-tos outros institutos e ONGs preocupados com a situação da mulher hoje no Brasil e no mundo.

Governo quer fortalecer Lei Maria da PenhaPaula Setzuko Nishizima

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ENSAIO FOTOGRÁFICO

Espelhos da ArquiteturaPor Marcos Monteiro

As curvas e a imponência dos traços do MON são o foco princi-pal do ensaio fotográfico de Marcos Monteiro. “As linhas tra-çadas no museu são capazes de despertar a curiosidade e o lado contemplativo”, diz Marcos Monteiro.