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Curitiba, terça-feira, 2 de setembro de 2008 | Ano IX | nº 429| [email protected]| Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo | DIÁRIO d o B R A S I L Conheça um outro jeito de fotografar Candidatos faltam à assinatura de compromisso com a infância Pinhole é uma técnica foto- gráfica artesanal que pode ser utilizada para conhecer os prin- cípios básicos da fotografia. Páginas 4 e 5 Ontem os candidatos à Câma- ra Municipal de Curitiba tive- ram a oportunidade de assinar o “Compromisso pela Criança e pelo Adolescente”. Apesar de 803 candidatos concorrerem às va- gas, apenas 87 participaram do A banda curitibana Blindagem começou sua trajetória na década de 1970 ENSAIO: Em maio deste ano, o grupo musical se apresentou no Dia do Desafio de Curitiba na Rua XV - Página 8 Ana Letícia Pie/LONA Grupo AA completa 40 anos no Paraná O grupo dos Alcoólicos Anônimos reúne pessoas que têm o objetivo de se recupe- rar por troca de experiências. Página 3 Página 7 Maria Rita apresenta o show Samba Meu A cantora veio à capital no último final de semana evento. Durante o encontro, os participantes foram alertados a uma nova postura em relação à infância e à adolescência. Segun- do dados divulgados em 2007 pela Fundação de Ação Social de Curitiba (FAS), existe mais de 370 crianças vivendo nas ruas da capital do Paraná. E é a supera- ção do olhar preconceituoso so- bre essas vítimas da exclusão um dos objetivos da assinatura do documento. Página 3

LONA 429- 02/09/2008

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JORNAL- LABORATÓRIO DIÁRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE POSITIVO.

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Curitiba, terça-feira, 2 de setembro de 2008 | Ano IX | nº 429| [email protected]|Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo |

DIÁRIO

do

BRASIL

Conheça um outrojeito de fotografarCandidatos faltam à assinatura

de compromisso com a infânciaPinhole é uma técnica foto-

gráfica artesanal que pode serutilizada para conhecer os prin-cípios básicos da fotografia.

Páginas 4 e 5Ontem os candidatos à Câma-ra Municipal de Curitiba tive-ram a oportunidade de assinar o“Compromisso pela Criança epelo Adolescente”. Apesar de 803candidatos concorrerem às va-gas, apenas 87 participaram do

A banda curitibana Blindagem começou sua trajetória na década de 1970

ENSAIO: Em maio deste ano, o grupo musical se apresentou no Dia do Desafio de Curitiba na Rua XV - Página 8

Ana Letícia Pie/LONA

Grupo AA completa40 anos no Paraná

O grupo dos AlcoólicosAnônimos reúne pessoas quetêm o objetivo de se recupe-rar por troca de experiências.

Página 3

Página 7

Maria Rita apresentao show Samba Meu

A cantora veio à capital noúltimo final de semana

evento. Durante o encontro, osparticipantes foram alertados auma nova postura em relação àinfância e à adolescência. Segun-do dados divulgados em 2007pela Fundação de Ação Social deCuritiba (FAS), existe mais de

370 crianças vivendo nas ruas dacapital do Paraná. E é a supera-ção do olhar preconceituoso so-bre essas vítimas da exclusão umdos objetivos da assinatura dodocumento.

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Curitiba, terça-feira, 2 de setembro de 2008Curitiba, terça-feira, 2 de setembro de 2008Curitiba, terça-feira, 2 de setembro de 2008Curitiba, terça-feira, 2 de setembro de 2008Curitiba, terça-feira, 2 de setembro de 200822222

O LONA é o jornal-laboratório diário do Curso de Jornalismo daUniversidade Positivo – UP

Rua Pedro V. Parigot de Souza, 5.300 – Conectora 5. CampoComprido. Curitiba-PR - CEP 81280-330. Fone (41) 3317-3000

“Formar jornalistas com abrangentes conhecimentos ge-rais e humanísticos, capacitação técnica, espírito criativo eempreendedor, sólidos princípios éticos e responsabilidade so-cial que contribuam com seu trabalho para o enriquecimentocultural, social, político e econômico da sociedade”.

Missão do curso de Jornalismo

Expediente

Cássio Bida de Araújo

Era uma vez dois bons ami-gos. Havia dois meses que nãose encontravam. Décio viviabem informado, ligado no queacontecia no mundo. Acompa-nhava de tudo um pouco, masnão dava tanta importânciaquando a discussão era espor-tiva, especialmente sobre fute-bol. Já Sílvio era aficionado poresportes. Toda santa madruga-da estava lá, ligado no que acon-tecia em Pequim durante osjogos olímpicos. No domingo àtarde, uma semana depois doencerramento da vigésimanona edição dos Jogos Olímpi-cos da Era Moderna, os dois seencontraram no bar para dis-cutir as novidades.

- Fala, Sílvio! Tudo legal?- E aí, Décio? Tudo maravi-

lhoso, finalmente vou poderdormir direito, na hora certa!Acabaram as olimpíadas.

- Sério? E como fomos? Mui-tos ouros?

- Ih! Nem perto do desem-penho de Atenas. Só três. Umna natação e outro no atletis-

mo. Voltamos cheios de pratase bronzes.

- Mas e a Daiane? E o DiegoHipólito?

- Esses não chegaram nemperto. A Daiane ainda tentou,mas não conseguiu bater as con-correntes. O Diego errou na úl-tima acrobacia e acabou cain-do.

- Bom, se as coisas foramassim nos esportes individuais,não vou nem perguntar dos co-letivos.

- Nem fale! Ouro mesmo sóno vôlei feminino. De resto: pra-ta no futebol feminino e com otime do Bernardinho. E o fute-bol masculino... bom, esse dei-xa para lá. Mas e você, o queme conta de novo? O que euperdi de interessante em duassemanas?

- Ah! Nada de mais. Come-çou o horário político no Brasil.Morreram algumas centenas depessoas na Geórgia...

- Espera um pouco! Na Ge-órgia? O que aconteceu por lá?

- Um confronto contra osrussos por um espaço chamadoOssétia do Sul. Um confrontoarmado horrível. Lamentável.

Conversa de barConversa de barConversa de barConversa de barConversa de bar- Lamentável mesmo.- E não é tudo, Sílvio!- O quê? Ainda vem me di-

zer que tem mais?- É isso mesmo! Caiu um

avião na Espanha e o acidentematou 156 pessoas.

- Nossa! Quanta tragédia!- Para você ver! E ainda tem

gente que diz que o mundo páraquando o Phelps nada por umamedalha de ouro. Muita coisaacontece por aí. E ainda mais!Morreram duas personalidadesbrasileiras. O Caymmi e a Der-cy!

- Ah, não! Agora você brin-cou de vez! A Dercy? Dercy Gon-çalves? Morreu?

- Isso mesmo! Bateu as bo-tas. Aos 101 anos! Aquela quese julgava imortal, morreu.

- Desse jeito eu vou embora!Não agüento mais! Agora outradessas só em 2010 depois daCopa do Mundo.

- Ih! Isso se o Brasil for paraa Copa. Do jeito que a coisaanda...

- É. Não sei, não! Mas vouindo nessa. Um abraço! Atémais, Décio!

- A gente se vê Sílvio!

Carlos Guilherme Rabitz

Não, não é sobre o prêmiode jornalismo que abordareihoje. Também não vou disser-tar sobre novos talentos desco-bertos recentemente. Tampou-co sobre a explosão demográfi-ca em países subdesenvolvidos.

O título é apenas uma iro-nia com o que vem acontecendoem nossa cidade ultimamente.Uma cidade cantada em prosae verso pelos quatro cantos domundo como uma das melhoresqualidades de vida existentes.Uma cidade que, por uma gran-diosa estratégia de marketing,ficou conhecida como exemplo debem-estar, custo de vida, recep-tividade e expansão. Uma cida-de que, há alguns anos, vem sedesmentindo, se despindo de to-dos os adjetivos positivos que lheforam atribuídos.

Curitiba, nos últimos anos,vem gradativamente aumen-tando seus índices de crimina-lidade. É só dar uma olhadanos jornais. Pouco importa seo jornal é sensacionalista.

Sangue novoO problema são os veículos

aos quais não interessa mostraro lado podre da vida. Todo diasão dezenas de assassinatos,cada vez mais perto da gente.

Dias atrás descobri que umrapaz que morava perto de casahavia morrido. Pô! Morreunada! “Morreram” ele! Do ladode casa! Foi brutalmente assas-sinado e retalhado como um pe-daço de carne nas mãos de umaçougueiro. É o desespero.

Essas pessoas “enganadas”vêm para cá iludidas. “Em Cu-ritiba conseguirei melhorar devida, vou trabalhar, meus filhosvão para a escola, e vamos terdinheiro”. Desenganados, com afome batendo a porta, a facilida-de e proximidade das drogas –fuga a que muitos recorrem nodesespero –, e devendo dinheiro,assaltam, roubam e matam.

Cada vez que se faz propa-ganda sobre qualidade de vidaou se fala sobre crescimentocom organização, a cidade viraum caos. São milhares de fa-mílias que chegam querendosua fatia do bolo, como se fos-se fácil.

“É só chegar, seu lugar aosol é logo ali!” Qualidade de vidanão significa necessariamentevagas de emprego sobrando.Não é oportunidade para todos.Pode significar somente que,quem ali vive, está numa boa.

Enquanto assistimos a nos-sos governantes e candidatos sedigladiando em programas nomínimo hilários, nossas vidascorrem risco. Risco de se extin-guirem num piscar de olhos.Risco de não conseguirmos che-gar até as urnas no próximomês. Risco de colocar ali, naque-las tão disputadas vagas de umlugar ao sol, outras pessoas que,como as que ali estão, não da-rão a mínima para nossa segu-rança. Continuarão querendogarantir apenas a qualidade devida. A sua qualidade de vida.

Enquanto isso, aquele meu“quase vizinho”, tão bonzinho,coitado, foi condenado a pagarcom sangue uma dívida de de-sespero. Uma dívida criada porser enganado. Enganado, acimade tudo, por si próprio, que acre-ditou que, vindo para a capital,sua vida mudaria. E mudou.

Dennis de Oliveira Correia

A população de Parana-guá, no litoral do Estado doParaná, está tendo mais ummeio de escolher melhor emquem votar e por que votar.Isso foi possível após a insta-lação de uma emissora de TVna cidade, tornando realida-de um acontecimento histó-rico, que foi o primeiro deba-te político veiculado ao vivopara os cidadãos de Parana-guá e todo o litoral.

Além disso, es-tão sendotransmiti-das diaria-mente, noh o r á r i opol ít ico ,as propa-gandas eleitorais doscandidatos a vereador e pre-feito de Paranaguá, trazen-do muito mais democracia eopções para os eleitores da ci-dade.

O reflexo disso se vê nasruas da cidade com facilida-de, pois evidencia a partici-pação do povo na escolha domelhor candidato. A portuá-ria Elenir Jorge de OliveiraCorreia se diz satisfeita com

a novidade e conta que, apósa instalação da emissora nacidade, percebeu um interes-se muito maior da populaçãonos assuntos do litoral, nosproblemas e, principalmente,na política, que, diga-se depassagem, é o assunto quedeveria ser muito discutidonão só em Paranaguá, masem todo Brasil.

Como estamos em anoeleitoral, toda a mídia con-centra esforços nas eleiçõesmunicipais deste ano. O ho-rário político começa a fazer

parte da rotina daspessoas deuma formadiscreta,mas mui-to efi-caz.A Im-

portância do horá-rio político é vital para

uma escolha consciente doeleitor, já que promove inte-ração candidato-eleitor e mos-tra com imagens quais são as“promessas”, metas, ideologi-as e principalmente a “cara”do candidato, para que o elei-tor se lembre dele nas elei-ções seguintes. A populaçãode Paranaguá agradece, eum brinde à democracia.

A TV do litoral

Reitor:Reitor:Reitor:Reitor:Reitor: Oriovisto Guimarães.VVVVVice-Reitor:ice-Reitor:ice-Reitor:ice-Reitor:ice-Reitor: José Pio Mar-tins. Pró-Reitor Pró-Reitor Pró-Reitor Pró-Reitor Pró-Reitor Adminis-Adminis-Adminis-Adminis-Adminis-trativo:trativo:trativo:trativo:trativo: Arno Antônio Gnoat-to; Pró-Reitor de Gradua-Pró-Reitor de Gradua-Pró-Reitor de Gradua-Pró-Reitor de Gradua-Pró-Reitor de Gradua-ção:ção:ção:ção:ção: Renato Casagrande;;;;;Pró-Reitora de Extensão:Pró-Reitora de Extensão:Pró-Reitora de Extensão:Pró-Reitora de Extensão:Pró-Reitora de Extensão:Fani Schiffer Durães; Pró-Pró-Pró-Pró-Pró-Reitor de Pós-GraduaçãoReitor de Pós-GraduaçãoReitor de Pós-GraduaçãoReitor de Pós-GraduaçãoReitor de Pós-Graduaçãoe Pesquisa:e Pesquisa:e Pesquisa:e Pesquisa:e Pesquisa: Luiz HamiltonBerton; Pró-Reitor de Pla-Pró-Reitor de Pla-Pró-Reitor de Pla-Pró-Reitor de Pla-Pró-Reitor de Pla-

nejamento e nejamento e nejamento e nejamento e nejamento e AAAAAvaliação Ins-valiação Ins-valiação Ins-valiação Ins-valiação Ins-titucional:titucional:titucional:titucional:titucional: Renato Casagran-de; Coordenador do CursoCoordenador do CursoCoordenador do CursoCoordenador do CursoCoordenador do Cursode Jornalismo: de Jornalismo: de Jornalismo: de Jornalismo: de Jornalismo: Carlos Ale-xandre Gruber de Castro; Pro-Pro-Pro-Pro-Pro-fessores-orientadores:fessores-orientadores:fessores-orientadores:fessores-orientadores:fessores-orientadores: AnaPaula Mira (colaboração), ElzaAparecida de Oliveira e Mar-celo Lima; Editores-chefes:Editores-chefes:Editores-chefes:Editores-chefes:Editores-chefes:Anny Carolinne Zimermann eAntonio Carlos Senkovski.

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Comunidade

Aline de Oliveira, Caroline

Mafra e Gabrielle Chamiço

O grupo Alcoólicos Anôni-mos do Paraná (AA) completahoje 40 anos. Para comemo-rar, será realizado um eventono Centro de Convenções deCuritiba, às 19h45, com a par-ticipação da Orquestra Har-mônicas e palestras de psiqui-atras.

O grupo é formado por ho-mens e mulheres com o dese-jo de se recuperarem do álcoolpor meio da troca de experi-ências. Segundo integrantesdo grupo, das 12 etapas da re-cuperação, a primeira é amais difícil. É o momento emque admitem a dependênciaalcoólica. Depois deste primei-ro passo, eles contam com oapoio um do outro através dereuniões.

Segundo o site do AA, portodo o Paraná estão espalhados300 grupos de combate à depen-dência do álcool, sendo que 60deles estão na capital, 60 naRegião Metropolitana e o res-

tante no interior do estado.Qualquer pessoa pode se tor-

nar membro da irmandade, des-de que queira por vontade pró-pria largar o álcool. Para parti-cipar não é preciso pagar qual-quer taxa.

Para o integrante do grupoPaulo Figura, o evento temuma importância significativa,pois nesses 40 anos muitas vi-das foram salvas, inclusive adele. “Eu já tinha perdido tudo,até mesmo minha família, ehoje vivo feliz. Reconquistei afamília e ainda sou útil para

Alcoólicos Anônimos completa 40 anos

mim e para a sociedade. Faz19 anos e quatro meses quenão bebo. Sou um ser normalsem beber”, conta. O objetivoda reunião de hoje é mostrarpara a sociedade que o progra-ma do AA dá certo.

O alcoolismo é uma doen-ça grave que está na casa ena vida de muitas famíliasbrasileiras. Paulo Figura fazo convite: “Sabemos que atu-almente muitas famílias so-frem com este problema. Se al-guém desejar parar de beber,procurem-nos”.

Aline de Oliveira/LONA

Admitir a dependência ainda é o mais difícil no tratamento

Ednubia Ghisi

Dos 803 candidatos à Câma-ra Municipal de Curitiba, apenas87 assinaram o termo de com-promisso com a infância e ado-lescência — elaborado por movi-mentos nacionais de defesa dosdireitos da infância numa cam-panha que marca os 18 anos doEstatuto da Criança de do Ado-lescente (ECA), comemorados emjulho deste ano. Entre os candi-datos presentes no ato estavamrepresentantes de 15 partidos.

A iniciativa do ato público foido Fórum dos Direitos da Cri-ança e do Adolescente (FDCA) eo Ministério Público. Na aber-tura do encontro o coordenadorFDCA, Fernando de Góes, co-brou uma nova postura comorelação à infância e à adolescên-cia. “Nossa soci-edade ainda tra-ta as nossas cri-anças como umcaso de polícia,mas não, elastêm que sercaso de políticapública”. Fun-dador e coorde-nador da Cháca-ra Meninos de 4Pinheiros – quetrabalha commeninos que viviam em situa-ção de rua — Góes refrescou amemória da platéia com os da-dos divulgados em 2007 pelaFundação de Ação Social de Cu-ritiba (FAS): mais de 370 me-ninos e meninas moram atual-mente nas ruas da Capital. “Afunção de vocês (representantespolíticos) é servir a comunida-de, mas quase sempre aquiloque se vota não é de interessedas camadas populares”.

O orçamento de 2009 já podeatender ao termo de compro-misso, já que o orçamento paro próximo ano ainda não foi vo-tado. Além de tentar implemen-tar as ações sugeridas, os vere-adores em exercício devem fis-calizar o poder executivo para

Cerca de 10% dos candidatos compareceram ao ato público

a aplicação correta dos recur-sos destinados aos trabalhos dopróximo ano. “O que queremosnão é nada mais nada menosdo que está na Constituição, pri-orizar a infância e a adolescên-cia”, argumenta o procurador ecoordenador do Centro de ApoioOperacional das Promotoriasda Criança e do adolescente,Murilo Digiácomo.

Entre as formas sugeridaspelo promotor para o acerto naaplicação do orçamento públicona área da infância é a partici-pação dos Conselheiros Tutela-res e do Conselho Municipal dosDireitos da Criança e da Ado-lescência (CMDCA). Na conta-mão desta idéia, neste ano a Câ-mara Municipal manteve o vetodo Prefeito de Curitiba para aproposta de lei em que a parti-cipação dos conselhos na elabo-

ração do orça-mento se torna-ria obrigatória.

Para Digiá-como, setoresnão prioritárioscomo a publici-dade — que re-cebe anualmen-te parte signifi-cativa dos orça-mentos fede-rais, estadual emunicipais —

deveriam perder recursos parao atendimento à infância.

Sem beijo de JudasO adolescente Rodolfo Mon-

teiro, morador da Chácara Me-ninos de 4 Pinheiros, fez parteda mesa de abertura do encon-tro, e lançou uma crítica aosmeios de comunicação para afalta de espaço dado o ato: “In-felizmente, o jovem só é vistoquando apronta”.

“É um beijo de Judas”, iro-nizou Rodolfo, referindo-se àsimpatia com que alguns can-didatos se aproximam das cri-anças e depois não cumprem aspropostas de garantia de direi-tos infanto-juvenis prometidasdurante a campanha eleitoral.

Encontro cobra uma nova postura notratamento às crianças e adolescentes

“Nossa sociedadeainda trata as nos-sas crianças comoum caso de polícia,mas não, elas têmque ser caso de po-lítica pública”FERNANDO DE GÓES

“...Lembrava das promessasque um dia vi no jornalDe uma vida melhorAqui na capitalE o político safado que medisse assimVenha a mim, criancinha,você precisa de mimE no jornal é só desgraça ecorrupçãoÉ caixa 2, caixa 3, desvio emensalãoCom 13 anos já fui preso porroubar um pãoE quando vi tava na frente darebelião...”

Parte da música composta pelosmeninos da Chácara 4 Pinheiros,apresentada no Ato Público.

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Curitiba, terça-feira, 2 de setembro de 2008Curitiba, terça-feira, 2 de setembro de 2008Curitiba, terça-feira, 2 de setembro de 2008Curitiba, terça-feira, 2 de setembro de 2008Curitiba, terça-feira, 2 de setembro de 200844444

Especial

Letycia Santos

Marisa Rodrigues

Madeira, cola para madeira,tinta, pregos, courvin, dobradi-ças e placas de latão, um car-tucho de filme 35 mm vazio,furadeira, dremel. 12 cm de lar-gura, 6 cm de profundidade, 7cm de altura. Depois de 20 ho-ras de trabalho, divididas entredesenhos, estudos e construçãoe está pronta uma câmera foto-gráfica. Feita pelo fotógrafo eestudante de Design da UTF-PR Luciano de Sampaio, a câ-mera pinhole encomendadapela artista Rosana Erci custouR$ 80.

Pinhole - do inglês, buracode alfinete - é a técnica que per-mite que o fenômeno fotográfi-co ocorra em um ambiente sema presença de lentes. A proje-ção de imagens por este méto-do é uma lei física, conhecida

Escrever com luzA técnica pinhole é um processo artesanal com princípios básicos da fotografia

pelo homem desde a Antigüida-de. Antes do advento da foto-grafia, no século XIX, as proje-ções pinhole eram usadas eminstrumentos científicos de vi-sualização de eclipses e na as-tronomia. Nas artes, as ima-gens pinhole tinham função demolde para os pintores paisa-gistas. Até mesmo LeonardoDa Vinci estudou perspectivaatravés do princípio da fotogra-fia de orifício.

Um furo é o que permite aformação da imagem em umrecipiente ou espaço vedados daluz. O tamanho de furo feitocom uma agulha ou alfinetedepende do recipiente utiliza-do, que deve servir como câma-ra escura. Latas e caixas dasmais distintas proporções ouaté espaços menos convencio-nais, mas com entrada de luzque possa ser controlada, comoum refrigerador, um baú, umarmário, uma sala, ou um au-tomóvel viram máquinas foto-

gráficas. Este furopode ser determi-nado através deuma fórmulamatemática rela-cionada às di-mensões do reci-piente escolhido.Quando bemcalculado, ga-rante às ima-gens nitidez. Ofuro é sempreminúsculo secomparado à

dimensão da câ-mara escura, o

que faz com que otempo das exposi-ções do material

fotossensível seja relativamentelongo, diferentemente do clickdas câmeras fotográficas con-vencionais. Podem ocorrertambém as chamadas aberra-ções, isto é, distorções que asimagens sofrem quando o reci-piente não possui paredes pla-nas.

Por fazer com que se com-preendam os princípios funda-mentais da fotografia, comoprofundidade de campo e tem-po de exposição, a fotografia pi-nhole é utilizada em universi-dades ou em cursos básicos defotografia. Cícero GonçalvesZeni, formado em Cinema noRio de Janeiro, aprendeu a téc-nica em 2001. Zeni ensinou fo-tografia pinhole a alunos do 1ºe 2º anos de Design e defendeque os estudantes de Artes Vi-suais devem ter aulas de pinho-le para que descubram a autên-tica “escrita com a luz”.

Ao constatar a escassez dematerial a respeito em portu-guês, Sampaio resolveu desen-volver, como Trabalho de Diplo-mação, um livro que sirva deorientação no uso da pinholecomo artifício didático em au-las de fotografia. Segundo ele,a maioria das publicações tra-ta da câmera de latinha semaprofundamento.

As oficinasAs oficinas desempenham

um papel fundamental no des-pertar do interesse na fotogra-fia pinhole. Sampaio passou agostar de pinhole em 2005, du-rante um curso de fotografia doCentro Europeu, cujo primeiromódulo foi dedicado a esse tipode fotografia. Um ano depois,Sampaio realizou uma oficinasemelhante na UTFPR.

Apesar de procurar se apro-fundar no assunto, participoude poucos cursos e oficinas,como um realizado na Casa daVideira com o grupo de jovensdo projeto Nós na Tela.

Em Curitiba, existe umpequeno grupo de pessoas quetrabalham com pinhole. Já noexterior, o gosto pela técnica émaior. A internet é uma alia-da. Recentemente, Sampaioparticipou de uma conversa

com outros fotógrafos interes-sados em pinhole de outrospaíses através do Skype, de-pois formatada em podcast.

Com o intuito de promovere celebrar a fotografia pinhole,é realizado todo último domin-go de abril em várias cidadesdo mundo o World Pinhole Pho-tography Day (WPPD). As fo-tografias produzidas neste diasão postadas no site do evento.

Projetos voluntáriosEm 2007, no WPPD, foi re-

alizada a primeira edição doCuritiba na Latinha, organi-zado pelo Rotaract Club. Esseevento surgiu de uma parce-ria das Instituições Cores daRua e Arte Geral, ongs queexercem trabalhos apoiados noresgate socialpor meio daarte, e do Rota-ry e RotaractClubs do bairroBom Retiro.

“ P r o e z a ”pode definir aprimeira edi-ção: o coordena-dor do projeto,Rodrigo Mello,filho de fotógra-fo e que está noRotaract Clubdo Bom Retirodesde 2002, con-seguiu, em apenas um mês,elaborar o projeto, calcular oorçamento, obter recursos epatrocínios e formar um gru-po de voluntários. Ainda as-

sim, tudo deu certo. Foram 90voluntários, entre fotógrafos einiciantes em fotografia queparticiparam de oficinas mi-nistradas pelo fotógrafo profis-sional Daniel Sorrentino.

Os participantes, tanto vo-luntários quanto crianças,aprendem a teoria da fotografia,prática da técnica de fotografiapinhole; montam e testam ascâmeras que são usadas. O gru-po é instruído sobre noções detempo de exposição, luz e mate-rial utilizado.

A teoria da técnica de pinho-le é indispensável, por muitagente desconhecê-la. “Ninguémentendia no início o que era oprojeto. Eu dizia ‘foto pinhole,foto de latinha’ e apontava paraa lata e ninguém compreendia

o que eu queriadizer, não enten-diam que aquiloera uma câmerafotográfica”.

De acordocom Mello, hátambém um tra-balho de consci-entização, poisas latinhas vi-nham de umaassociação de ca-tadores de lixo.

O Curitibana Latinha teveuma repercus-

são grande: além de ser esco-lhido como melhor projeto doRotaract Club do Brasil, tendosido premiado na Bahia, e tam-bém dos distritos, foi parabe-

Luciano de Sampaio

Luciano de Sampaio

“Ninguémacreditava quecom umalatinhaconseguia tirarfotos”RODRIGO MELLO,COORDENADOR DOCURITIBA NA LATINHA

O orifício preciso permite uma foto bem definida

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nizado pela secretária de Cul-tura de Leme (SP) e tema deuma reportagem exibida noprograma Enfoque da TVEducativa.Neste ano, foramfeitas três oficinas para capa-citação de voluntários do even-to ministradas pelo fotógrafoprofissional Daniel Sorrentinoe um dia foi destinado ao ensi-no e à prática de pinhole. Ascrianças da Acridas, uma ins-titutição que cuida de menoresem processo de adoção, regis-traram imagens de locais tu-rísticos e parques curitibanos.O número de voluntários au-mentou: foram aproximada-mente 100, cada um respon-sável por duas crianças.

Durante a manhã, as cri-anças fotografaram no MuseuOscar Niemeyer e, após o al-moço, subsidiado pelo próprioprojeto, visitaram o JardimBotânico. Mello conseguiu atéo transporte. Os “caminhões-baú” usados em 2007 como la-boratórios de revelação foramsubstituídos neste ano por con-tâiners.

O valor das câmeras foto-gráficas é baixo. Porém, é altoo custo das revelações das fo-tografias, o que pode inviabi-lizar projetos como esse. A di-ficuldade em achar um espa-ço que sirva de laboratório éoutro obstáculo. O coordenadordo Curitiba na Latinha podeafirmar com propriedade, afi-nal adaptou a sauna da sua

casa para poder revelar.“Improvisar” é também ou-

tra palavra relacionada à foto-grafia pinhole. Além de sua ex-periência pessoal com o labora-tório arranjado de Mello, vasossanitários serviram de mesa noCuritiba na Latinha.

Experiências na UP2007 também foi ano de no-

vidade em fotografia para cri-anças de escolas vizinhas aocâmpus da Universidade Posi-tivo. A Oficina de Criação do cur-so de Design, projeto idealizadopelo professor e coordenador docurso Antonio Razera e organi-zado pelo aluno do4º ano LeandroTelles inseriu au-las de fotografiapinhole no projeto,que envolve umaatividade esporti-va, como pipa ebets. As criançassão monitoradaspor alunos volun-tários do curso,que são, normal-mente, calouros.“A idéia do projetoé resgatar o processo artesanalda fotografia, o processo analó-gico”, diz Telles.

“Sei que o resultado é dife-rente do digital, que não é amesma coisa”. A participanteDesireé Janaina Glock, assimcomo Matheus Jagnydcz, quegostou bastante do laboratório

de revelação, sabe que a fotogra-fia pinhole é muito maisartesanal, apesar defazer parte de umageração que presen-ciou o advento doprocesso digital.

O dono da escolae estúdio fotográfi-cos Portfolio e pro-fessor de fotografiados cursos de Designe Publicidade e Pro-paganda, Genésio deSiqueira Júnior, afir-ma que o projeto é im-portante para trazero lúdico e que as cri-

a n ç a ssão opúblico ide-al. Elas ainda nãopossuem a rigi-dez do olhar dosadultos, tendouma percepçãoboa para as ima-gens. “Um olharinfantil, semmedo de errar esem compromis-so. Acho que é as-sim o verdadeiro

aprendizado”, afirma Siqueira.O estudante Luciano Sam-

paio acha que fotografia pinholenão é levada a sério, o que tal-vez ameace a sobrevivência des-se tipo de prática. “A maioria dosprojetos tem a intenção de usara pinhole para divertir a crian-çada, que é um objetivo nobre e

legal, mas não é atotalidade do negócio. Qua-se ninguém leva além disso”, de-clara.

Sobreviverá a pinhole?Apesar de utilizar câmeras

fotográficas convencionais,Sampaio mantém o otimismo.Segundo ele, a fotografia pi-nhole sobreviverá. “Enquantotiver filme no mercado, vai tergente fazendo, com certeza,até porque sempre tem um ououtro maluco que faz um cur-so de fotografia e coloca a latapra rodar. O WPPD/Curitibana latinha também ajuda amanter viva a idéia”, diz.

Xica, Michelle, Christine eCharlotte. Tais nomes não sereferem a namoradas, amigasou barcos. São algumas de suasmáquinas fotográficas, as delentes.

“A gente precisa trabalhar,

né?”, indaga Siqueira, consci-ente de ter a fotografia pinholerestrições e peculiaridades, nãosendo tão ágil no registro docotidiano ou na produção de fo-tografias que exijam a quali-dade da digital.

Já Rosana Erci, que deuuma oficina de pinhole no Colé-gio Sion, acrescenta: “Pode serque as pessoas talvez comecema se interessar exatamente porcausa da banalização da fotogra-fia digital, o que faz com que sevolte a pensar sobre o processoartesanal”, afirma a artista.

Até mesmo o coordenadordo Curitiba na Latinha ambi-ciona ensinar fotografia digi-tal às crianças do projeto naedição de 2010, apesar de aidéia ter partido da fotografiapinhole.

FAÇA A SUACÂMERA PINHOLE

Fotografia pinhole da oficina ministrada pela fotógrafa Rosana Erci

Luciano de Sampaio

Rosana Erci

Os materiais utilizadosna fabricação são bem sim-ples. Lata de achocolatado,tesoura e agulha.Papel pre-to para forrar todo o recipi-ente, inclusive a parte inter-na da tampa e fita isolante.O furo por onde passa a luz ébem pequeno e deve ser feitocom a agulha. Na parte defora da lata deve ser feitouma aba que vai proteger ofuro. Ela pode ser confeccio-nada com um pedaço de pa-pel preto e colada com a fita.Depois de pronta a câmera,o papel fotográfico (encontra-

do em lojas para fotógrafos pro-fissionais) deve ser colocado emum ambiente totalmente escu-ro ou com luz vermelha. O tem-po de exposição vai variar con-forme o clima. Quanto mais sole luz, menor o tempo deexposição.Informações sobrecâmera pinhole estão nos sites

www.pinhole.comwww.curitibanalatinha.org.br

www.pinholeday.orgwww.pinholeresource.com

www.withoutlenses.comwww.pinhole.org

www.f295.org

“Tem um ououtro malucoque faz umcurso defotografia ecoloca a latapra rodar”LUCIANO SAMPAIO

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Bruna Gorski

Uma televisão, um DVD e,nos dias de frio, uma cobertinhasempre acompanha o chocolate ea bolacha ali no sofá. São rarosos dias da semana em que lá pelomeio da tarde ele não esteja ali,deitado no sofá da sala, com ascortinas fechadas, em frente à te-levisão, assistindo um daquelesfilmes que você nunca ouviu fa-lar e depois descobre que é umclássico. Ou então lá em cima,em seu quarto, dormindo.

Este não é o “típico adolescen-te”, embora tenha sim suas cha-tices, mau humor, e uma certarebeldia que aparece vez ou ou-tra quando diz aos pais: “Daquium ano vou fazer o que eu qui-ser, se eu quiser trabalhar euposso, se não quiser mais estu-dar, também não preciso. Voupoder fazer qualquer coisa. Vouser maior de idade”. Mas bastamalguns segundos de reflexão e elepercebe que as coisas não sãobem assim, e logo faz com quetodos esqueçam o comentário pre-sunçoso, soltando uma daquelaspiadas que sempre acabam comseu pai rindo e dizendo: “Esse guriparece uma personagem de cine-ma, acho que ele assiste a tantatelevisão que acaba pensando queestá em um filme”.

Matheus Rego, 17 anos, nãopensa que faz parte de um fil-me, embora diga algumas ve-zes achar que sua vida é comoa de Truman: “Eu sei que issoaqui é tudo uma farsa, que euestou no Show do Matheus”, sópara puxar uma daquelas con-versas estranhas sobre a ori-gem da vida e o porquê das coi-sas serem como são.

Às vezes ele até parece umapersonagem mesmo, com frasesdaquelas que você só vê em umfilme do Jack Nicholson. Está aí,se tem um ator que ele gosta é oJack Nicholson. Já assistiu a to-dos os seus filmes, principalmen-te a “O Iluminado”, mas confes-sa que ainda não entendeu o fi-nal. “Os filmes do Kubrick têmque assistir mais de uma vez, praentender o que ele realmente quisdizer”. Nisso ele não vê proble-ma. Já assistiu “Laranja Mecâ-nica” mais de dez vezes e se vocêo convidar para assistir de novo,ele vai até seu quarto, busca ofilme que faz parte da sua coletâ-nea do “melhor diretor já existen-te”, como se refere a StanleyKubrick, e sim assiste ao filmeinteiro mais uma vez.

Matheus não se atém apenasa bons filmes e diretores, suacultura cinematográfica tem setornado cada vez mais ampla,embora algumas vezes, meio

duvidosa. Outro dia estava láassistindo “Plano 9 do EspaçoSideral”, do Ed Wood, considera-do o pior diretor que já existiu,mas tudo bem porque ele justifi-ca dizendo, “se quero ser diretortenho que conhecer tudo. E atéque isso aqui é engraçado”.

A idéia de ser cineasta já vemde algum tempo, embora nin-guém saiba ao certo de onde sur-giu essa vontade. Quando erapequeno ele dizia que queria serbombeiro, astronauta, cientista,mas depois de um tempo, deci-diu que o que queria ser mesmoera “polícia e ladrão”, parece queele já gostava de dinheiro desdepequeno. Conforme o tempo foipassando, deve ter percebido quea relação custo-benefício da ati-vidade que queria não era muitoboa, aí veio com esta idéia de fa-zer cinema.

No começo todo mundoachou que era uma vontade pas-sageira, daquelas que ele sem-pre teve, como o basquete, o fu-tebol, o teatro, o judô. Mas o ne-gócio veio para ficar. Começou aassistir três, quatro filmes pordia, a ler sobre o assunto, se in-teressar por fotografia. Fez unsfilmes caseiros e até um cursode cinema em São Paulo nestasúltimas férias. Claro que ele nãofoi sozinho, afinal de contas eleé o “raspa do tacho,”como diz seu

pai, e como todo bom caçula, émimado e meio dependente.

Adorou o curso, tanto queveio com essa idéia de que “fa-culdade de cinema tem que serem São Paulo, aqui em Curiti-ba não é bom e não tem merca-do para isso”. O que ele queriamesmo era ir para o exterior,mas seu pai logo o convenceu deque é melhor fazer ao menos umano de faculdade em São Paulopara ver se é isso mesmo que elequer e depois ir para fora.

Na verdade São Paulo é maispróximo que qualquer outro país,o que facilita, já que a idéia deque o mais novo dos três filhosvai morar longe de casa, não agra-da muito aos pais nem aos ir-mãos. No fundo parece que nãoagrada muito nem a ele mesmo.Ter que lavar roupa, arrumar acasa, fazer comida, vai ser com-plicado, já que uma de suas teo-rias é “não faz sentido arrumara cama já que eu vou bagunçarde novo para dormir”.

A vontade de independênciapode ser grande, mas o pequenogaroto de um metro e oitenta temuma preguiça que é muito mai-or que ele. Tanta que demora atépara andar. Outro dia ele estavano aeroporto, atrasado para oembarque e sua mãe pediu praque fosse correndo na frente parasegurar o avião. Quase perderamo vôo. Esta é uma coisa que dei-xa sua mãe nervosa, a velocida-de com que ele faz as coisas. Elediz que é devagar porque quer “éde propósito, pra vocês não mepedirem mais favor”.

Mas a realidade é que ele étão calmo, que tudo que o que faz

acaba se tornando calmo e con-seqüentemente, devagar. Nãoesquenta a cabeça com nada. Anopassado ficou com nota ruim emtodos os bimestres em química.Nem ligou “no final do ano euestudo e passo”, frase que quasetirou seu pai do sério. Mas no fi-nal do ano, com a maior calmado mundo, estudou e passou.

Ele só se preocupa de ver-dade quando o assunto é doen-ça. Quase sempre sente algonovo, geralmente os sintomasvêm acompanhados com o queacabou de descobrir sobre umadoença. Ultimamente ele achaque pode estar com dengue, afi-nal de contas, “tem tanta gen-te no Rio de Janeiro pegandodengue. Tô com dor de cabeça,mas é melhor não tomar remé-dio né, pode mascarar os sin-tomas”. Seus pais ficam quaseloucos com os comentários e re-clamações de dor que aparecemquase todo mês. Mas mesmoassim, o levam ao médico, fa-zem exames, só por precaução,ou apenas pelo fato de ele ser ocaçula.

Matheus pode ser meio deva-gar, preguiçoso, hipocondríaco emimado, mas não se importa.Contanto que ele tenha um fil-me para ver, e um docinho pracomer, tudo bem. Televisão liga-da, um programa de TV, um cho-colate ao lado e nos dias de friouma sopinha na mão. São rarosos dias da semana em que lá pelofinal da tarde ele não esteja ali,deitado no sofá da sala, com ascortinas fechadas, em frente a te-levisão, assistindo um daquelesseriados tipo Friends.

O mecânic show de MatheusPerfil

Bruna Gorski / LONA

Bruna Gorski / LONA

Em meio a pilhas de filmes vistos diariamente, Matheus sonha em ser cineasta

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Apesar das críticas, a cantora ganhou vários prêmios e destaque internacionalGeral

Fórum discute uso de óleo diesel em veículos de passeio e comerciais

Maria Rita trouxe seu samba a CuritibaEvelise Toporoski

Para aliviar a dor na gar-ganta, entre uma música e ou-tra, ela toma um grande copode água e continua a cantar.Maria Rita subiu pela segundavez no palco do Teatro Positivono último sábado, com o showSamba Meu. Nessa apresenta-ção, o frio abalou a saúde dacantora, que se desculpou an-tecipadamente por estar se re-cuperando de uma gripe.

Mas o incômodo não atra-palhou o andamento do show,que mesclou músicas dos trêsdiscos, como “Encontros e Des-pedidas”, tema da novela glo-bal Senhora do Destino (2004/2005); “Caminho das Águas”,do disco Segundo (2005), querecebeu o Grammy Latino deMelhor canção brasileira de2006, e as músicas do álbumlançado ano passado; SambaMeu, com a música “Tá Per-doado”, parte da trilha sonorada novela Duas Caras (2007/2008).

De barriga de fora e saiacom abertura até o joelho, acantora apareceu mais sensu-

al do que nas primeiras apre-sentações ao público com 24anos. Agora, prestes a comple-tar 31 anos no próximo dia 9,ela também mostra diferençanas músicas do novo disco, quetraz mais samba, letras popu-lares, mas sem perder a elegân-cia demonstrada nos trabalhosanteriores. O resultado foi avenda de mais de 125 mil cópi-as do Samba Meu.

Maria Rita fica bem à von-tade no palco, dançando e can-tando em todo espaço. Pode seruma herança dos pais tambémmúsicos Elis Regina e Camar-go Mariano. Entretanto, seguircarreira musical não foi algoimposto pela família, pois amãe faleceu quando ela tinhaquatro anos e o pai recusaraensinar a menina tocar pianoporque tinha aprendido sozi-nho e ela deveria fazer o mes-mo. Cantar ela também nãoaprendeu, apenas soltava a voze pronto. Mais tarde fez aulase aprimorou até gravar o pri-meiro CD, Maria Rita (2003).

No início da carreira, a can-tora sofreu críticas e compara-ção com Elis Regina. Mesmo as-sim, recebeu prêmios e destaque

internacional. Em 2004, rece-beu o Grammy Latino nas ca-tegorias revelação do ano, me-lhor álbum MPB e melhor can-ção em português (“A Festa”);prêmio Faz a Diferença (jornal

Diana Axelrud

Aconteceu nos dias 28 e 29de agosto, no EXPO UnimedCuritiba, o 5° Fórum SAEBrasil de Motores Diesel. ASAE é uma organização semfins lucrativos, que congregaengenheiros, técnicos e exe-cutivos de todo o Brasil, dis-postos a disseminar técnicase conhecimento relativos àtecnologia da mobilidade.

No fórum discutiram-seas vantagens e a viabilidadeda legalização do uso do die-sel como combustível paraautomóveis (de passeio e co-merciais) no Brasil. Repre-sentantes de várias empre-sas automobilísticas partici-param do Fórum, assimcomo membros da Petro-bras.

O uso do diesel como com-

bustível para carros de passeioé proibido no Brasil desde 1976,e o motivo foi a crise do petró-leo da década de 1970. Um dospalestrantes do Fórum e con-sultor Sênior da Petrobras,Luiz Correa, disse acreditarque o diesel possa ser utiliza-

do no país entre 2011 e 2014.Para Correa, o aumento dafrota de carros nas ruas bra-sileiras tem relação com ocrescimento do PIB. OlivierBoutand, representante daRenault, falou ao público so-bre o sucesso do motor a die-

O Globo); melhor cantora doPrêmio Multishow, prêmio TIMnas categorias revelação e esco-lha do público. O disco Segundotem mais dois Gramys Latinosde 2006 por melhor álbum de

MPB e melhor canção brasilei-ra do ano. O último álbum, desetembro de 2007, foi lançadonos Estados Unidos, AméricaLatina, México, Portugal, Isra-el e Reino Unido.

sel na Europa. Boutand fezapenas uma ressalva: paraque seja possível o uso dessecombustível no Brasil, deveráhaver uma limpeza diesel bra-sileiro, retirando-se o enxofrepresente.

Uma das vantagens do mo-

tor a diesel é que ele é maiseconômico e necessita de me-nos manutenção. Apesar de noBrasil não ser permitido veí-culos de passeio a diesel, o paísexportou cerca de 25 mil veí-culos movidos a esse combus-tível entre 1999 e o primeiroquadrimestre de 2008. LusoVentura, presidente da SAEBrasil, defendeu que os táxisque utilizam Gás Natural Vei-cular (GNV) como combustíveldeveriam passar a usar (quan-do permitido) o diesel. Dessamaneira, os táxis não precisa-riam de tanta manutenção eteriam mais espaço no porta-malas. Para Ventura, os bene-ficiados por essa mudança seri-am muitos: taxistas, meio am-biente, população, os consumi-dores e a matriz energética. OFórum encerrou-se com umamesa redonda moderada pelajornalista Adriane Werner.

Divulgação

Luciano Sarote/LONA

A cantora Maria Rita apresentou seu show Samba Meu no último sábado em Curitiba

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Texto e fotos: Ana Letícia Pie

Nos anos 70, na época do auge do rock, surgiu em Curitiba abanda Blindagem. O trajeto da banda foi longo: passou por bares,festivais, comícios, praças, clubes, teatros e outros lugares. Em1980, a banda tocou no Teatro Guaíra pela primeira vez e gravouseu primeiro vinil. Fez algumas apresentações no Rio de Janeiroe em São Paulo, mas Curitiba sempre foi o lugar onde sua músicatinha mais força. Em 2007, a banda tocou com a Orquestra Sinfô-nica do Paraná, com casa cheia, no Guairão, apresentação queuniu rock e música erudita. A banda Blindagem até hoje contagiao público com sua música. Em maio deste ano, tocou na Rua XV eajudou promover o Dia do Desafio em Curitiba.

Uma banda curitibana