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[email protected] @jornallona lona.redeteia.com Ano XIII - Número 720 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo Curitiba, terça-feira, 22 de maio de 2012 População negra curitibana ainda sofre com o racismo Pág. 4 e 5 O único jornal-laboratório DIÁRIO do Brasil Tocha olímpica tem novo formato para representar a sede dos Jogos Olímpicos Pág. 7 ESPORTE Charlie Brown Júnior fez homenagem a fã durante festival Pág. 3 LUPALUNA Cantor da banda Engenheiros do Hawaii lança livro hoje Humberto Gessinger lança seu quinto livro esta noite na Livrarias Curitiba do Shopping Estação às 19 horas. A entrada é franca será limitada com senha para dedicatória. Pág. 3 Juliana Cordeiro

LONA 720 - 22/05/2012

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JORNAL-LABORATÓRIO DIÁRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE POSITIVO.

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Curitiba, terça-feira, 22 de maio de 2012

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Ano XIII - Número 720Jornal-Laboratório do Curso de

Jornalismo da Universidade PositivoCuritiba, terça-feira, 22 de maio de 2012

População negra curitibana ainda sofre com o racismo

Pág. 4 e 5

O único jornal-laboratório

DIÁRIOdo Brasil

Tocha olímpica tem novo formato para

representar a sede dos Jogos Olímpicos

Pág. 7

ESPORTE

Charlie Brown Júnior fez homenagem a fã

durante festival

Pág. 3

LUPALUNA

Cantor da banda Engenheiros do Hawaii lança livro hojeHumberto Gessinger lança seu quinto livro esta noite na Livrarias Curitiba do Shopping

Estação às 19 horas. A entrada é franca será limitada com senha para dedicatória.

Pág. 3

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Curitiba, terça-feira, 22 de maio de 20122

ExpedienteReitor: José Pio Martins | Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração: Arno Gnoatto | Pró-Reitora Acadêmica: Marcia Sebastiani | Coordenação dos Cursos de Comunicação Social: André Tezza Consentino | Coordenadora do Curso de Jornalismo: Maria Zaclis Veiga Ferreira | Professores-orientadores: Ana Paula Mira, Elza Aparecida de Oliveira Filha e Marcelo Lima | Editora-chefe: Suelen Lorianny |Repórter: Vitória Peluso | Pauteira: Renata Pinto| Editorial: Daniel Zanella

O LONA é o jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo. Rua Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300 - Conectora 5. Campo Com-prido. Curitiba - PR. CEP: 81280-30 - Fone: (41) 3317-3044.

O líder comunista chinês Mao Tsé-Tung afirmava em seus discursos que a política é uma guerra sem derramamento de sangue, enquanto que a guerra é política com derramamento de sangue. Trazendo esta citação para o nosso instável momento histórico, em que vemos o aumento das crises envolvendo empresas e funcioná-rios, a tensão entre governos e cidadãos e a crescente onda de reivindicações que se espalha por países europeus e orientais – imersos em crises financeiras crônicas e ditaduras seculares – podemos constatar uma maior participação da sociedade nos processos e uma busca mais intensa por seus direitos.

A importância dos movimentos sociais não se encontra apenas na reunião de interesses por uma coletividade melhor. Os movimentos sociais são importantes na concepção de uma sociedade mais igualitária, instruída, crítica e barulhenta, que prega a liberdade de se manifestar abertamente, o direito à greve e a contra a exploração da mão de obra. A força crescente dos grupos civis organizados num contexto capitalista cada vez mais pungente contrapõe uma realidade cada vez mais dominada por oligopólios – e esta balança é necessária.

No Brasil, democracia mambembe de menos de trinta anos, a participação das camadas populares nos processos efetivos ainda é discreta e muitas vezes disper-sa. Entretanto, é perceptível que o brasileiro está mais atento. Somente neste último final de semana pudemos ver diversas manifestações sobre o polêmico Código Florestal – que consegue a façanha de desagradar ambientalistas e a ala dos ruralistas. Também assistimos as paralisações recentes de professores, de metalúrgicos, dos funcionários da rede de metrôs de Porto Alegre e do sistema viário de transporte de Curitiba, que lançou o caos na cidade e teve o mérito de rediscutir o modelo local urbano e os lucros das empresas envolvidas e o repasse mínimo aos seus trabalhadores.

Uma coisa é certa: só seremos dignos de nossos destinos quando soubermos desejá-los. Por tudo, a importância da mobilização.

Opinião

Editorial

Seguramente inseguroMaximilian Rox

Sentir-se seguro é uma frágil sensação diante da sociedade moderna. Temos que correr os olhos a todo instante na multidão para nos aliviar-mos daquela desconfiança clássica do ser humano. E como ficar tranquilos quando nos chegam notícias de homicídios, fugas de presos, assaltos e inúmeras outras ações criminosas?

Os relatos de meu pai de como era a época de sua infância em Castro tornam-se quase histórias utópicas diante da violência cotidiana que hoje estamos submetidos. Em seu tempo, podia-se jogar bola na rua, dormir com a porta destrancada, passear despreocupado à noite. Nas grandes ci-dades, hoje as crianças só jogam bola se estiverem fechadas pelo concreto, em quadras vigiadas, só sairão de casa se estiverem seguras. Não há con-fiança na segurança pública.

Mas quando conquistamos uma pontinha de segurança em nossa mente, nos chega mais uma notícia que nos faz pensar: “E se fosse comigo?”. Um ônibus foi queimado em Londrina nesta segunda-feira: e se isso acontecer em Curitiba hoje? E se eu estiver nesse ônibus? Será que sairia bem desse acidente? E nos volta a desconfiança.

Nossa sociedade ampliou com o tempo - auxiliado pelas complexas e irreparáveis tramas sociais modernas - a sensação pública de insegurança. Ficamos cautelosos a cada pessoa que encontramos que não se encaixa em nosso imaginário perfil de cidadão de bem. Isso é uma consequência social que pode ser mudada, mas depende de muito investimento em segurança pública. O que nos falta é cobrar por isso.

Das liberdades e tensões políticas

O Forte e o FracoElisa Schneider

Liberar a circulação de bicicletas na canaleta do biarticulado não é nada sim-ples, se fosse, o dilema já estaria resolvido. Acontece que a decisão está sendo tomada pelos próprios ciclistas. Parece mais uma questão de escolha do que de legalidade, porque é comum ver ciclistas circulando em qualquer hora do dia ou da noite, sozinhos ou em grupos que chegam a ter mais de dez pessoas. É raro o uso de capacete, luvas, óculos e sinalização noturna, básicos de acordo com a lei.

A disputa pelo espaço da canaleta é covarde. O que é uma pessoa de 70 quilos contra um ônibus gigante de 28 metros, com mais de 11 toneladas? De fato, não há equipamento no mercado preparado para isso.

Estando na canaleta o ciclista pode causar danos também. Uma das maiores causas de atropelamentos na via exclusiva para ônibus é a distração do pedestre. Tem gente que acha que vai dar tempo de atravessar e se engana, não verifica direito e atravessa. Ser atropelado por uma bicicleta pode não levar a óbito, mas pode causar danos eternos. A bicicleta significa mais um agente de risco para o mais fraco. E o mais fraco, somos todos nós, todos somos pedestres, independen-temente de estarmos em cima de uma bicicleta ou dentro de um carro, em algum momento estaremos desprotegidos também. E quem só anda de carro, com certe-za encontra dificuldades em atravessar uma rua quando está a pé.

Mesmo tendo permissão para circular no local, já aconteceu de um ciclista ser atropelado por uma viatura da PM. A recente operação que flagrou e notificou carros oficiais, skatistas e ciclistas transitando pelas canaletas aqui de Curitiba, teve caráter educativo com a intenção de coibir a ação. O conflito acontece por-que, longe dos carros, há um sentimento de liberdade, de trânsito livre. E é isso que falta na maioria das cidades brasileiras: liberdade para andar de bicicleta.

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Humberto Gessinger lança seu quintolivro esta noite

Marcella Borba

O líder da banda Engenheiros do Hawaii lança mais um livro, que mistura passado, presente e futuro para compor sua história e crônicas pulsantes

O líder da banda Engenheiros do Hawaii, Humberto Gessin-ger, lança hoje seu quinto livro, Nas Entrelinhas do Horizonte. O evento acontece na loja das Livrarias Curitiba do shopping Estação, das 19h às 21h. Ele também participará de bate-papo com o público. A entrada é fran-ca e terá senhas limitadas para as dedicatórias.

Após anos de sucesso com o grupo Engenheiros do Hawaii durante os anos 80 e 90, a ban-da faz uma pausa em suas pro-duções desde 2008 e pretende retornar este ano. Durante este tempo, Gessinger também lan-çou outros quatro livros: “Meu

Pequeno Gremista”, “Pra Ser Sincero - 123 Variações Sobre Um Mesmo Tema”, no final de 2009; “Mapas do Acaso - 45 Variações Sobre Um Mesmo Tema”, em fevereiro de 2011, e o livro-agenda “366 Variações So-bre o Mesmo tema”, no final de agosto de 2011.

Ele vem se dedicando tam-bém ao Pouca Vogal, parceria com Duca Leindecker, vocalista do Cidadão Quem. Juntos eles cantam novas baladas e grandes sucessos de suas bandas.

O escritor, vocalista, baixista, pianista e guitarrista Humberto Gessinger, na primeira parte de seu novo livro, faz uma união de certas lembranças com novas re-flexões e experiências, acompa-nhado pela segunda parte com-posta por crônicas que retratam

acontecimentos do cotidiano. “Nas Entrelinhas do Horizon-

te” é uma mescla de experiências próprias de sua infância e de sua vida adulta, e a cada página pas-sado, presente e futuro se mistu-ram para compor juntos a cena.

ServiçoDesde segunda-feira (14), 200 senhas estão sendo distribuí-da gratuitamente nas lojas da

Livraria Curitiba. Cada pessoa pode pegar uma senha e terá

direito a no máximo três pesso-as, sendo um deles no livro Nas

Entrelinhas do Horizonte.

Local: Livraria Curitiba do shopping Estação

Horário: 19h

Noite de música, homenagem e protestoPedro Belmonte

No último final de semana, no maior evento musical do Paraná, o vocalista Chorão, da banda Charlie Brown Jr, ho-menageou uma fã em especial, para mais de 40 mil pessoas que acompanhavam seu show, no segundo dia de Lupa Luna.

O vocalista fez um discurso que emocionou a todos os pre-sentes, com palavras de con-forto aos familiares e com du-ras críticas a pesca clandestina com redes, em áreas de surfe.

Entenda o caso

A psicóloga Renata Turra, de 23 anos, morreu no dia 2 de fevereiro, enroscada em uma

rede clandestina de pesca, em uma área de surfe. O acidente ocorreu na praia de Coroados, no litoral do Paraná.

Renata era fã do grupo e tinha a música “Só os loucos sabem” como uma de suas fa-voritas, e foi com essa canção que o vocalista Chorão a home-nageou, emocio-nando a todas as pessoas que acompanhavam o seu show.

Ele usava uma camisa que carregava a ima-gem da surfista, com os dizeres: “Uma onda de amor pela vida”,

Ong Surfe Seguro.Carolina Lemes era uma

dos milhares de pessoas que estavam presentes no momen-to da homenagem. “Eu acho muito legal da banda home-

nagear a menina. Isso ajuda a abrir os olhos do povo para um assunto sério a ser discutido”, declarou.

Chorão finalizou a home-nagem, pedindo para o públi-

co uma salva de palmas para Renata, e depois continuou seu show com muita alegria, botando para pular e gritar mi-lhares de pessoas que estavam no Lupa Luna.

Danilo Georgete Chorão faz homenagem a fã em show do Lupa luna

Divulgação

Capa do livro “Nas entrelinhas do horizonte”

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O Brasil tem a segunda maior população negra fora da África. Dados do censo demográfico, realizado pelo IBGE em 2010, revelam que 15 milhões de brasileiros são negros e outros 87 milhões são pardos. Se até o século XIX o principal problema era a escravidão, que não permi-tia a liberdade e o direito de cidadania a este povo, hoje o grande obstáculo vem sendo o racismo e a intolerância em relação à cultura dos afrodes-cendentes.

As ideias positivistas de uma sociedade perfeita e a perpetuação de uma políti-ca de branqueamento cola-boraram para a exclusão da presença de diversos povos, principalmente dos negros. A cidade de Curitiba passa por essas influências, que fazem permanecer no imaginário das pessoas a ideia de capital europeia. Para reforçar a con-cepção de uma capital harmô-nica, civilizada e com clima ameno, passou-se a utilizar de meios de comunicação que corroboraram para a criação da identidade europeia.

Em sua tese “Juventude negra e racismo: o Movimen-to Hip-Hop em Curitiba e a apreensão da imagem de ‘ca-pital europeia’”, a doutora em Sociologia Marcilene Gar-

cia afirma que o planejamento urbano de Curitiba nas déca-das de 1960 e 1970 contribui para que a cidade fosse vista como modelo ideal de povos e planejamento. É a partir deste

status que se cria a imagem de capital europeia, alcançando o status de cidade de primeiro mundo. “Uma das principais

características desta urbani-zação foi a reserva dos bair-ros mais afastados, bem como a Região Metropolitana para os mais pobres. Ainda dentro desta perspectiva, a popula-

ção de origem europeia torna-se centro, isto é, a face ‘sau-dável e civilizada’. Ao mesmo tempo, a cidade se consagra

População negra continua excluída na Curitiba “europeia”

como a de ‘todas as gentes’, uma espécie de ‘laboratório racial’ modelo para o mundo, observa Marcilene, em artigo elaborado para o jornal Gaze-ta do Povo.

De acordo com o Mapa da Distribuição Espacial da População Negra, elabora-do pelo IBGE com base no

Juliana CordeiroDilcélia Queiroz

censo de 2010, atualmente 2.017.481 paranaenses são negros (21% da população), sendo 18,2% pardos e 2,8% pretos. Embora o Paraná seja o estado mais negro da região Sul do país, o que se percebe é a “ausência” dos negros e se observa a negação do passado escravocrata da cidade. A te-oria do paranismo, citada por diversos pesquisadores dos povos negros, mostra a tenta-tiva de forjar uma identidade europeia com características específicas, que diferenciasse o povo deste Estado do resto do Brasil.

Para a pesquisadora de cul-tura africana Melissa Reinhr, a falta de visibilidade do negro e de sua cultura contribui para permanência de preconceitos. “Existe ainda a associação de Curitiba como a capital euro-peia. No entanto, um quarto da população da capital é afro-descendente. Que espécie de cosmopolita é este curitibano que abre mão de uma herança tão rica e poderosa como o da cultura afrobrasileira?”, inda-ga.

Os turistas que chegam a Curitiba sempre são recomen-dados a passear pelos bosques, faróis de saber, praças e espa-ços de arte. Todos os lugares recebem nomes que homena-geiam algum imigrante euro-peu. São escassos os espaços que vão reconhecer o negro. É preciso ter atenção para a exis-tência de um processo de frag-mentação dos fatos históricos em contraponto da esta hierar-quia das diferenças culturais. Marcilene Garcia ressalta que se deve aprender como vivem os negros em Curitiba e relatar

Juliana CordeiroJuliana Cordeiro

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as contribuições para a cidade e o estado.

“Por que só conhecemos (ou reconhecemos) a história de Curitiba a partir da vinda dos imigrantes se a sua forma-ção é de 1693? Por que não há parques e bosques que home-nageiam e reconhecem a im-portância dos negros na histó-ria da cidade? Ser ‘invisível’ implica ter invisibilizado seus direitos sociais. Não ser reco-nhecido em suas singularida-des identitárias é ter um pou-co de sua história apagada”, analisa a socióloga.

A democracia racial, na qual se estabeleceu a perma-nência de uma harmonia entre povos diferentes, ressaltou a imagem de um estado e uma cidade sem conflitos. Todos não tinham o mesmo acesso aos serviços simples de sobre-vivência e, principalmente, ao reconhecimento da contri-buição no processo de desen-volvimento. Para o zelador Cultural do Centro Humaitá, Adgmar José de Paula, ou Candiero, conforme prefere ser chamado, o grande proble-ma enfrentado ainda hoje é a permanência de um discurso que não valoriza a figura do negro. “A escola continua re-

presentando o negro como es-cravo, os professores quando vão ensinar sobre história e cultura negra colocam justa-mente o negro algemado. Eles não mostram como o negro vivia antes, simplesmente o caricaturaram e estas questões vão sendo reproduzidas”, diz Candiero.

Resgate Cultural

“Eles perguntam para gen-te de qual descendência de es-cravos a gente é. Na verdade, escravidão não é descendên-cia de ninguém. É suposição de um ser sobre o outro “, re-lata Iya Gunâ, mãe de santo em um terreiro de candomblé em Colombo.

A intolerância religiosa é um dos grandes problemas en-frentados hoje em dia. A do-minação de um povo, sempre esteve ligada a suas crenças, entretanto, no caso dos povos africanos isto é maior. O pro-cesso de repressão religiosa sofrida pelos negros foi du-rante a colonização do Brasil, no qual a Igreja Católica obri-gou o ensino do catolicismo.

Os negros não eram reconhe-cidos como pessoas que ti-nham alma.

Iya Gunâ, responsável pe-las discussões da cultura no ambiento da religião, preocu-pa-se com a intolerância da sociedade em aceitar o culto aos orixás. Os rituais do can-domblé acontecem anda hoje em terreiros de fundo de quin-tal, que sofrem cada vez mais com as reclamações das pes-soas que moram próximas. “A questão atual é como no pas-sado, só que ela vem mudando de estratégia. Hoje o precon-ceito é maior, de intolerân-cia mesmo. Claro que a gente queria ser aceito, respeitado, ter direitos, mas mesmo não tendo isto, a tolerância já se-ria bom”, relata.

Foi com a preocupação de mostrar e valorizar as mani-festações culturais do negro em Curitiba que Adgmar José da Silva, o zelador cultural Candiero, criou o Centro Cul-tural Humaitá. A organização vem promovendo, desde 2006, diversos eventos que convi-dam a sociedade curitibana a conhecer um pouco mais da cultura afro-brasileira com o propósito de combater o ra-cismo na cidade. Os eventos

realizados resgatam a cultura, as formas de manifestações e a história do negro.

De acordo com Candiero, o objetivo é tornar o espaço referência de pesquisa da cul-tura negra. “Todas as etnias têm um espaço para desen-volver sua cultura, o negro não tem, foi a partir disto que senti necessidade de criar um centro cultura, para começar a canalizar informações des-ta cultura, e a partir disto co-meçamos a elaborar diversos eventos”, afirma Candiero.

Durante o ano de 2011, a grande discussão sobre a ra-cismo institucional ganhou espaço, pois era Ano Interna-cional dos Povos Afrodescen-dentes e a cidade pouco fez para tornar públicas as mani-festações culturais que iriam comemorar esta data. No en-tanto, os representantes de diversos movimentos negros e o Centro Cultural Humaitá organizaram, além da lavação das escadarias da Igreja Nos-sa Senhora dos Pretos de São Benedito, que reuniu três mil pessoas no Largo da Ordem, um ciclo de debate sobre o ne-gro e a sociedade. Uma pre-sença importante no evento, foi de mãe Orminda, primeira puxadora de samba do Brasil.

Extermínio dejovens

Dados do Mapa da Violên-cia elaborado em 2011, pelo Ministério da Justiça e pelo Instituto Sangari, apontam que para cada jovem branco assassinado, morrem dois ne-gros. De acordo com a repre-sentante da Rede de Mulheres Negras do Paraná, Michely Ribeiro, este índice demons-tra a existência de uma viti-mização de jovens negros e a importância de se trabalhar na busca da redução destes da-dos. “Não adianta implantar

políticas públicas para quem não vive mais, precisamos de medidas de prevenção destas mortes”.

Outro indicador importan-te do mapa é a diferença en-tre as mortes de jovens negros e os brancos. Entre os anos de 2002 e 2007, o número de vítimas brancas caiu de 18.852 para 14.308 (queda de 24,1%). Em 2007, a maior parte das causas das mortes de pessoas brancas passou a ser os acidentes de transpor-te (35,3%). Já o número de vítimas negras aumentou de 26.915 para 30.193 (cresci-mento de 12,2%). Assim, em 2002 morriam, proporcional-mente, 46% mais negros do que brancos, enquanto que, em 2007, apenas cinco anos depois, essa proporção se ele-vou para 108%.

Em entrevista para a Agên-cia Câmara, o secretário-exe-cutivo da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial, Mário Theodoro, afir-mou que a violência contra o jovem negro demonstra a ne-gligência em relação a essa parcela da população. “A maioria dos analfabetos, de jovens fora da escola, de de-sassistidos na saúde é forma-da por negros. Quando vemos o aumento da violência, ve-mos a população negra mor-rendo cada vez mais no País”, disse ele.

Para cobrar políticas espe-cíficas para a juventude negra do Paraná, a Rede de Mulhe-res Negras procura trabalhar a participação política desse grupo no estado, com forma-ção e discussão de temas liga-dos a este segmento.

“Colocar a pauta da equi-dade racial em cada um destes espaços para efetivar políticas que comtemplem a juventude negra é um dos objetivos”, afirma Michely Ribeiro.

Paula Nishizim

a

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Estímulos retornáveis

Giorgia [email protected]

Economia

Remando contra a maré da crise econômica europeia, a indústria pa-ranaense comemora o crescimento de 9,8%, em março desse ano com-parado a fevereiro. A pesquisa foi divulgada na semana passada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que apontou o Paraná como o estado brasileiro que mais cresceu no setor industrial, dentre os 14 pesquisados. Levando em conta março de 2011, o estado atingiu um crescimento de 15%.

Especificamente em Curitiba, os bons reflexos econômicos são sen-tidos nas vendas do comércio. Em abril o crescimento foi 2% maior em relação ao mês anterior, com os con-

sumidores gastando em média R$510 em compras, segundo pesquisas do Instituto Datacenso encomendada pela Associação Comercial do Para-ná.

Para o setor industrial brasilei-ro o aumento do dólar e as políticas econômicas que estão sendo imple-mentadas pelo governo Dilma po-dem contribuir para um cenário ain-da mais otimista, apesar de alguns estados terem apresentado uma leva queda no setor, os efeitos dos estí-mulos federais ainda surtirão efeitos positivos.

No último mês o projeto Brasil Maior anunciou desoneração da fo-lha de pagamento, incentivo à ex-

portação, aumento nos prazos de pa-gamento de PIS/Confis, redução do IPI, repasse de recursos ao BNDES e regime automotivo. Também de-monstram os fortes investimentos do governo federal no fortalecimento da economia a recente baixa na taxa bá-sica de juros, a Selic, e a redução de juros das instituições bancárias para investimentos na indústria.

As medidas são, se analisarmos a economia globalizada em sua atual conjuntura, um caminhar cauteloso e imediato na valoração e cultivo da estabilidade que conquistamos a du-ras penas. Os esforços são imensos e necessários para incentivar o cresci-mento e superar 2011. Afinal, um go-

verno necessita de resultados e apoio público para manter a popularidade e continuar ascendendo.

Séries de TV

No dia 16 de novembro de 2004 foi ao ar pela primeira vez aquela que se tornaria uma das mais bem-sucedidas séries dramáticas da televisão. Hou-se, ou Dr. House, na versão brasileira, série criada por David Shore. 9 anos, 8 temporadas e 176 episódios depois, House chegou ao seu episódio derra-deiro nesta segunda-feira, 21 de maio.

House acompanha a história do personagem-título, o Dr. Gregory House, interpretado por Hugh Laurie,

Luciana Cristina dos [email protected]

chefe do Departamento de Medicina Diagnóstica do Princeton-Plainsboro Teaching Hospital. Qualquer seme-lhança que House possa ter com Sher-lock Holmes não é mera coincidência. Inspirado no personagem de Sir Arthur Conan Doyle, seu nome e de seu me-lhor amigo, Dr. Wilson, fazem referen-cia ao famoso detetive.

Com uma mente brilhante e uma personalidade difícil e métodos nada ortodoxos, House é capaz de realizar

diagnósticos igualmen-te brilhantes e difíceis, quase sempre acabando por salvar o paciente no final. Salvar, mas não sem antes quase provo-car a sua morte. Aí reside a fórmula de boa parte dos episódios da série: o paciente dá entrada no hospital, House assu-

me o caso por achá-lo ‘interessante’, dá um diagnóstico, sua equipe trata o paciente, que melhora apenas para al-gum tempo depois acabar ainda pior. Se os roteiristas estiverem se sentindo particularmente dramáticos, o paciente chega à beira da morte, até que House tem um momento de inspiração e aca-ba descobrindo o que o paciente tem a tempo de salvá-lo.

Falando assim, a série pode pare-cer previsível e até maçante, mas os momentos que se passam durante esse drama diagnóstico todo é que fazem de House uma série que merece ser assis-tida. House traz reflexões sobre a na-tureza humana, religiosa, existencial, sobre a vida, o universo e tudo mais. Você provavelmente já ouviu a frase ‘todo mundo mente’. Ela é um dos le-mas de vida de House. Juntamente com ‘nunca é Lúpus’ quando este está reali-zando um diagnóstico diferencial e ‘as pessoas não mudam’, sempre que ele precisa interagir com outras pessoas.

Mas nem só de House é feito o seria-do. Ao longo de suas oito temporadas, não só o personagem título se desen-

O Fim

volveu, mas também os personagens secundários cresceram aos olhos do público, alguns merecendo até o papel de protagonistas em alguns momentos, como os inesquecíveis episódios ‘Wil-son’, da 6ª temporada, focado em seu melhor amigo e o recente ‘Chase’, já da 8ª temporada, focado em um dos úl-timos membros de sua equipe original.

House talvez esteja indo tarde. A série foi cancelada. Mas isso não quer dizer que não vá fazer falta.

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Curitiba, terça-feira, 22 de maio de 2012 7Esporte

Tocha anuncia proximidade das Olimpíadas

Nicoli Barbosa

Chama olímpica tem um novo formato triangular para representar a terceira vez que Londres sedia os jogos

Na última quinta-feira, durante uma cerimônia reali-zada no estádio Panatenaico em Atenas, na Grécia, a tocha olímpica foi entregue aos or-ganizadores dos Jogos Olímpi-cos de Londres.

A chama que percorreu a Grécia durante uma semana chegou à base militar de Cor-nwall, no Reino Unido, na última sexta-feira (18), e no sábado (19) começou a corri-da de revezamento por toda a Grã-Bretanha, que vai durar 70 dias, até a cerimônia de abertura dos jogos no dia 27 de julho.

A chama, que foi acesa há uma semana, na tradicional ce-rimônia na cidade de Olímpia, na Grécia, foi entregue à presi-dente da Associação Olímpica Britânica, princesa Anne.

Neste ano a tocha traz um novo formato triangular, para representar o fato de que Lon-dres está sediando os jogos Olímpicos pela terceira vez.

A Tocha Olímpica pertence ao mundo inteiro e é um im-portante símbolo das Olimpí-adas, que começam quando é acesa e terminam quando ela é apagada.

A sua origem se deu em co-memoração ao roubo do fogo do deus grego Zeus por Prome-

teus, na Grécia Antiga, onde o fogo era mantido por toda a ce-lebração nos Jogos Olímpicos da Antiguidade.

Seu significado ancestral foi reintroduzido nos Jogos Olímpicos em 1928, e faz par-te das Olimpíadas modernas até os dias de hoje, o percurso da tocha começou nos Jogos Olímpicos de Berlim, no ano de 1936.

Atualmente, a tocha olímpi-ca é acesa vários meses antes das Olimpíadas, no local dos Jogos Olímpicos da Antigui-dade, em Olímpia, na Grécia, em frente às ruínas do templo de Hera. Representando as sa-cerdotisas, onze mulheres rea-lizam uma cerimônia na qual uma chama é acesa pela luz solar com seus raios concen-trados por um espelho para-bólico, que é levada até o antigo estádio e usada para acender a to-cha olímpica, t r a n s p o r t a d a pelo atleta que fará o primeiro percurso até o estádio onde os jogos são realizados.

Ao contrá-rio das olim-píadas antigas, as modernas

não possuem nenhum vínculo religioso. Elas foram ideali-zadas por Pierre de Coubertin e tiveram início na Inglaterra, surgindo como um evento lai-co e sem nenhuma relação com as divindades.

TradiçãoEm uma pesquisa realizada

por Mariza Antunes de Lima, Clóvis J. Martins e André Mendes Capraro, a tocha olím-pica aparece como um símbolo das Olimpíadas Modernas e foi apresentada pela primeira vez em 1936, nos jogos de Berlim.

Muito embora seja afirma-do que sua gênese foi na Gré-cia, ela não fazia parte dos jogos antigos. O percurso da

tocha é uma tradição inven-tada, que foi constituída com base em ideias nacionalistas para a abertura da Olimpíada de Berlim em 1936, sendo ape-nas nas Olimpíadas de Atenas que a tocha olímpica efetiva-mente percorreu todos os con-tinentes, passando inclusive pelo Brasil.

Acender a pira olímpica de-pois do revezamento da tocha tem sido um dos eventos mais emocionantes dos Jogos Olím-picos. A cada edição tenta-se acender a tocha de maneiras diferentes, mais belas e origi-nais.

Em um estudo feito por Marcus Vinicius Freire e De-borah Ribeiro, eles apontam

que assim como o juramento dos atletas na cerimônia de abertura, o revezamento da to-cha e o desfile de bandeiras das delegações são marcas que ca-racterizam as olimpíadas, é um ritual que se tornou original e espetacular em cada edição.

Com o tempo uma das tra-dições que também foram surgindo é que o último dos portadores da tocha fosse um atleta ou ex-atleta famoso. O primeiro foi o campeão olím-pico Paavo Nurmi em 1952 e mais recentemente, entre os úl-timos portadores da tocha es-tão, Michel Platini, em 1992, e o campeão olímpico na catego-ria de pesos pesados de boxe, Muhammad Ali, em 1996.

Em frente às ruínas do templo de Hera, onze mulheres dão início à tradição da tocha olímpica

Divulgação

ESPORTE

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Curitiba, terça-feira, 22 de maio de 20128

Da música para os óculos

“Eu sempre tive facilidade, 2 + 2 sempre deram cinco e não quatro”. Essa é a frase mais dita por Caito Maia, o fundador da marca que criou um novo conceito de óculos escuros, a Chilli Beans.

38 anos, alto, magro, de cabe-los castanhos e um estilo que não remete à sua idade. Casado com Patrícia, uma advogada de lindos olhos azuis - segundo Caito, “fo-ram pelos olhos que me apaixo-nei”- e pai de um menino, o dono da marca mais apimentada do Bra-sil é elétrico, não para um minuto.

Antonio Caio Gomes Perei-ra Filho é o nome verdadeiro de Caito que de ‘Maia’ não tem nada. Um amigo de infância co-meçou a chamar de Caito Maia e ficou. Filho de pais conserva-dores, dona Mari e seu Antonio, a criança gordinha cresceu apai-xonada pelo São Paulo Futebol Clube e pela música. O futuro era certo: todos pensavam que Caito viveria de música; o que ninguém esperava é que se torna-ria um empreendedor do varejo.

Caito pertenceu a uma família abastada e nunca foi uma crian-ça comum, sempre teve tudo que queria e aproveitou muito bem as oportunidades. Sua relação com os Estados Unidos começou cedo: aos 12 anos foi morar com um tio no Texas, mas enjoou fá-cil e voltou para o Brasil.

Após terminar o ensino mé-dio em São Paulo, aficionado pela música, fez sua vida se re-sumir em idas e vindas aos EUA, para trazer instrumentos mu-sicais e revendê-los no Brasil. Assim, ia fazendo dinheiro para sustentar seu sonho musical. A família nunca entendeu qual era a graça de vender ‘tudo’, Caíto sempre teve nas veias o gosto pelo varejo, aos 16 anos, ia para o Paraguai e trazia tênis e artigos esportivos para comercializar.

Infeliz com o corpo e queren-do mudar de ares novamente, aos 18 anos, foi morar em Boston para cursar faculdade de música.

“Eu estava em Boston, um lugar absurdo para pensar em perder peso, mas enlouqueci, comecei a correr e fazer exercícios físicos. Consegui emagrecer 50 quilos, na época eu pesava 130”, disse no programa Jô Soares, em en-trevista no dia 9 de outubro de 2010.

Aos 19 anos, como baterista, Caito teve sua primeira banda de verdade, que levava o nome de “Sílvia James” e tocava tecno-pop. Segundo ele, chegou perto de estourar, mas não era pra ser, pois o tecladista desistiu. Depois da desilusão musical, novamen-te foi para os EUA, só que dessa vez para Miami, onde foi editor de uma revista local sobre ba-res, boates e restaurantes. O que estragou a sensação de sucesso, igualmente da primeira vez, foi a síndrome do pânico, fato que o obrigou a retornar a São Paulo.

Depois de um longo trata-mento no Brasil, aos 21 anos, Caito ingressou na Banda “Rip Monsters”, onde gravou várias coletâneas e fez ressurgir a es-perança de crescer no ramo mu-sical. Mesmo com a correria da banda, continuava indo para os EUA sempre, até que em Venice Beach, na Califórnia, começou sua ligação com os óculos.

Era uma cidade nostálgica, comparada com Veneza, na Itália; pessoas diferentes e vendedores de todos os estilos possíveis se cruzavam, iam dos mais politi-camente corretos aos mais estra-nhos. Em uma tarde normal como todas as outras, ao andar no calça-dão da praia, um camelô de ócu-los chamou a atenção de Caito.

A variedade era grande e ha-via modelos para todas as perso-nalidades. Caito chegou para o dono do quiosque, negociou 200 modelos pela metade do preço e trouxe para o Brasil. O momento era propício, pois nos anos 80, no Brasil, os óculos eram tradi-cionais e comuns; a única marca mais famosa era Ray Ban.

Quando chegou a São Paulo, em questão de dias, todos os ócu-los foram vendidos para os amigos. Uma nova visão havia surgido e ninguém imaginava que esse gesto se tornaria um empreendimento.

Ágatha Dea

Entre os óculos e a banda

Empolgado com a nova brin-cadeira, o comprometimento com a música ficou de lado e por isso Caito foi mandado embo-ra da banda. Sua vida se voltou para os óculos, o que já estava virando profissão. Caito vendia no atacado para outras marcas que comercializavam as peças trazidas do exterior.

A rotina era simples: toda se-mana Caito ia para os Estados Unidos com uma mala vazia e voltava no mesmo dia com a mala cheia de novos modelos. No dia seguinte, saía apresen-tando óculos para donos de lojas, pegava no carro os modelos pe-didos, emitia nota fiscal e pronto. Porém, a empolgação foi tanta e a demanda era tão alta que ele quebrou por ter um capital de giro baixo.

Depois de falir, Caito voltou a insistir no sonho da música e montou sua terceira e última banda “Las Ticas Tienen Fue-go” que, segundo ele, faz par-te de um passado negro. Dessa vez como guitarrista e cantor, a banda fez enorme sucesso com a música “A Festa”, que chegou a ser selecionado para participar do renomado festival que exi-be materiais de bandas novas, o Video Music Brasil (VMB), do canal de televisão musical MTV. Entretanto, mais uma decepção, “Las Ticas” não foi a vencedora, perdeu para banda Jota Quest, que também estava começando seus trabalhos.

A criação da Chilli Beans

Em 1994, no Mercado Mun-do Mix, em São Paulo – evento itinerante que circulava pelas principais cidades brasileiras e reuniu uma geração talentosa de estilistas e artistas entre os anos 1990 e 2000 – Caito montou um estande com um estoque que ti-nha de óculos ainda da época que faliu. “Foi o maior sucesso, fazia filas e mais filas, todo mundo queria comprar óculos diferen-te”, lembra.

Durante dois anos seguidos ele participou da feira, porém era

o único estande que não possuía um nome e isso o desfavorecia. A paixão por pimenta ajudou quando Caito teve a ideia de dar o nome de “Chili Beans” à marca (com um ‘L’ só), que sig-nifica, ao pé da letra, ‘feijão api-mentado’.

Foi na edição de Curitiba do Mercado Mundo Mix que Cai-to ligou para José Caporrino, amigo e atual proprietário da Fracta (agência de publicidade que atende a Chilli Beans des-de o princípio), para pedir que desenhasse uma logomarca. “O estúdio do Zé que ainda não era uma agência preparou às pressas um banner para o evento e, num equívoco, um garoto colocou um ‘L’ a mais em ‘Chili Beans’. Fi-cou ‘Chilli’”, comentou Marcio Gomes, franqueado da Chilli Be-ans em Curitiba.

A primeira loja da marca foi na Galeria Ouro Fino, região central de São Paulo. Caito sem-pre conta em entrevistas que no lugar onde montou a loja ante-riormente era uma revendedora de acessórios chamada Teteia Boutique. Quando ele começou a reformar, encontrou um bura-co na parede cheio de dinheiro velho. Foi um sinal bom, porque a partir daquele momento ele fi-nalmente conseguiu ter usa pri-meira loja.

Nos primeiros dias de loja, os óculos mais procurados eram em formato de coração com strass na lente, bastante usado na déca-da de 70. Segundo Caito, só ele tinha esses óculos para vender em 1996 em São Paulo, por isso o motivo da fácil aceitação do produto.

Por causa do sucesso, em 2000, Caito foi convidado para abrir um quiosque num centro comercial que iria inaugurar em São Paulo, o Shopping Vila-Lobos. Os displays de óculos eram repletos de arma-

ções, formatos e cores diferentes.

Chilli Beans hoje

A Chilli Beans lança nova coleção toda semana e todos os óculos e relógios são peças úni-cas. “O legal da Chilli Beans é a exclusividade, é você ter um óculos único que nunca nin-guém vai ter, assim você pode ter vários modelos diferentes. Compro na Chilli há 6 anos e vou continuar comprando”, conta o cliente e administrador Carlos Teixeira.

Para a gerente da Chilli Be-ans do Shopping Curitiba, An-dressa Vieira, não tem como não se apaixonar pela marca. “Estou há quatro anos na empresa e a cada dia que passa me apaixono mais pelo que faço. A história e o patrimônio que o Caito cons-truiu serve de exemplo para todo mundo. Todos podem ser empre-endedores”.

Ao longo desses anos, com a sua humildade, Caito conquis-tou inúmeros fãs, tanto clientes como funcionários. “Quando sair da Chilli Beans, vou virar um cliente assíduo. Nunca mais uso óculos de outra marca. Conheci o Caito na convenção que reuniu os melhores vendedores do ano de 2011, ele é muito humilde nem parece ter o dinheiro que tem”, brinca Felipe Villanova, vendedor do quiosque da Chilli Beans do Shopping Estação, em Curitiba.

A rede de franquias da Chilli Beans atualmente conta com mais de 400 lojas pelo Brasil, Es-tados Unidos, Portugal, Angola e Colômbia. Em Curitiba, são cin-co lojas e dois quiosques. O forte da marca continua sendo óculos, mas ao longo desses 14 anos de história, a Chilli Beans começou a vender relógios e armações para óculos de grau.