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/Economia Jovens estudam humanas, mercado pede exatas Estudo mostra quais são as profissões que têm sido mais demandadas e em que áreas os salários estão subindo ou caindo 29 de setembro de 2012 | 13h 10 RIO - As profissões das áreas exatas e técnicas estão com a demanda em alta no Brasil, segundo estudo baseado nos Censos de 2000 e 2010, rea lizado pelo economista Naercio Menezes Filho, do Centro de Políticas Públicas do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper)e Universidade de São P aulo (USP). Por outro lado, o aumento da oferta de profissionais acima da demanda do mercado fez com que os salários caíssem entre 2000 e 2010 em profissões não ligadas à área técnica, como Administração, Comunicação e Jornalism o, e Marketing e Publicidade, com quedas de respectivamente 17,8%, 14,1% e 7,4% No topo da remuneração entre todas as formações universitárias em 2010, estavam profissões como Medicina, graduados em academias militares, Engenharia Civil e Odontologia, com salários mensais médios de respectivamente R$ 6.952, R$ 6.359, R$ 4.855 e R$ 4.854. "Há mais demanda na área de exatas, mas a oferta está crescendo mais rápido na área de humanas", comenta Menezes. O detalhadíssimo trabalho leva em conta um amplo conjunto de informações sobre os 10,6 milhões de brasileiros de 18 a 60 anos que detinham diploma universitário em 2010 (e os 5,4 milhões na mesma situação em 2000). O estudo foi feito por encomenda da BRAiN Brasil, uma associação de bancos, BM&F, Federação dos Bancos Brasileiros (Febraban) e outras entidades, que tem como o bjetivo transformar o Brasil num polo internacional de investimentos e negócios.  A pesquisa partiu de um aparen te paradoxo. Apesar de se constatar no Brasil um apag ão de mão de obra qualificada, o salário real médio de quem tem o ensino médio completo caiu de R$ 1.378 em 2000 para R$ 1.317 em 2010. Da mesma forma, os diplomados no curso superior viram seu rendimento médio cair de R$ 4.317 em 2000 para R$ 4.060 em 2010. Se o ganho de quem tem o ensino médio ou grau universitário caiu, é um sinal de que a demanda por qualificação recuou - o que aparentemente contradiz a o fenômeno do apagão de mão de obra. O estudo detalhado de mais de 40 tipos de formação universitária, porém, explica a contradição. Na verdade, há algumas profissões de grau universitário extremamente demandadas, nas quais a oferta de mão obra cresceu insuficientemente de 2000 a 2010. "São as profissões que o país está pedindo", diz Menezes Filho.

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/EconomiaJovens estudam humanas, mercado pede exatasEstudo mostra quais so as profisses que tm sido mais demandadas e em que reas os salrios esto subindo ou caindo29 de setembro de 2012 | 13h 10

RIO - As profisses das reas exatas e tcnicas esto com a demanda em alta no Brasil, segundo estudo baseado nos Censos de 2000 e 2010, realizado pelo economista Naercio Menezes Filho, do Centro de Polticas Pblicas do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper)e Universidade de So Paulo (USP). Por outro lado, o aumento da oferta de profissionais acima da demanda do mercado fez com que os salrios cassem entre 2000 e 2010 em profisses no ligadas rea tcnica, como Administrao, Comunicao e Jornalismo, e Marketing e Publicidade, com quedas de respectivamente 17,8%, 14,1% e 7,4%No topo da remunerao entre todas as formaes universitrias em 2010, estavam profisses como Medicina, graduados em academias militares, Engenharia Civil e Odontologia, com salrios mensais mdios de respectivamente R$ 6.952, R$ 6.359, R$ 4.855 e R$ 4.854."H mais demanda na rea de exatas, mas a oferta est crescendo mais rpido na rea de humanas", comenta Menezes.O detalhadssimo trabalho leva em conta um amplo conjunto de informaes sobre os 10,6 milhes de brasileiros de 18 a 60 anos que detinham diploma universitrio em 2010 (e os 5,4 milhes na mesma situao em 2000). O estudo foi feito por encomenda da BRAiN Brasil, uma associao de bancos, BM&F, Federao dos Bancos Brasileiros (Febraban) e outras entidades, que tem como objetivo transformar o Brasil num polo internacional de investimentos e negcios.A pesquisa partiu de um aparente paradoxo. Apesar de se constatar no Brasil um apago de mo de obra qualificada, o salrio real mdio de quem tem o ensino mdio completo caiu de R$ 1.378 em 2000 para R$ 1.317 em 2010. Da mesma forma, os diplomados no curso superior viram seu rendimento mdio cair de R$ 4.317 em 2000 para R$ 4.060 em 2010. Se o ganho de quem tem o ensino mdio ou grau universitrio caiu, um sinal de que a demanda por qualificao recuou - o que aparentemente contradiz a o fenmeno do apago de mo de obra.O estudo detalhado de mais de 40 tipos de formao universitria, porm, explica a contradio. Na verdade, h algumas profisses de grau universitrio extremamente demandadas, nas quais a oferta de mo obra cresceu insuficientemente de 2000 a 2010. "So as profisses que o pas est pedindo", diz Menezes Filho.Proporo o caso, por exemplo, da Engenharia Civil. Havia 141,8 mil engenheiros civis no Brasil em 2000, nmero que cresceu para apenas 146,7 mil em 2010. Dessa forma, a proporo de engenheiros civis no total da populao com diploma universitrio caiu de 2,76% para 1,45% no perodo. A alta da demanda fica claro na evoluo salarial da categoria no perodo, com elevao de 20,6%. Em 2010, na mdia, um engenheiro civil ganhava 211% a mais do que os trabalhadores apenas com ensino mdio completo. Em 2010, essa vantagem subiu para 266%. Um fenmeno muito parecido ocorreu com a Medicina, que est no topo de rendimento, e tambm tem a menor taxa de desemprego entre as profisses (excetuando-se os militares), de apenas 0,62% em 2010. O nmero de mdicos cresceu pouco no Brasil entre 2000 e 2010, saindo de 207 mil para 225 mil. Com isso, sua proporo no total da populao diplomada caiu de 4,04% para 2,23%. J o salrio deu um salto de 18,13%. Algumas profisses fora da rea tcnica, porm, tiveram aumento de oferta com queda de salrio - isto significa que o sistema universitrio produziu mais profissionais desse tipo do que o Pas estava demandando. Em Administrao, por exemplo, houve um salto de 594 mil para 1,473 milho. A profisso passou de 11,6% do total dos diplomados para 14,6% entre 2000 e 2010. A oferta tornou-se excessiva, como fica claro pelo recuo de 17,8% na remunerao.Em hotelaria, alimentao e turismo, o contingente diplomado quase quintuplicou, fazendo com que a remunerao casse 22,6%, para R$ 2.585, em 2010.Impacto nos salrios. Algumas profisses rentveis tambm tiveram um salto to forte na oferta de novos profissionais entre 2000 e 2010 que acabaram sofrendo impacto na remunerao. O nmero da aturios no Pas aumentou seis vezes em dez anos, de 2,1 mil para 12,5 mil. A profisso bem remunerada, sendo a sexta no ranking, com ganho mdio mensal de R$ 4.723 em 2010. Ainda assim, a remunerao mdia caiu 11,5% desde 2000.Outras profisses sofreram queda tanto de oferta quanto de demanda (medida pelo salrio), como Filosofia. Em 2000, havia 29,1 mil pessoas de 18 a 60 anos formadas em Filosofia, nmero que caiu para 24,9 mil em 2010. Mesmo com menos oferta, os salrios caram 14,6%, para R$ 2.390. Alis, a menor remunerao entre todas as profisses que exigem diploma universitrio. Outra caracterstica da Filosofia ser o grau universitrio em que uma menor proporo das pessoas diplomadas trabalha na prpria rea de formao, com apenas 3,9% em 2010. Em contraste, 79,9% dos mdicos trabalham com medicina."O problema menos que h poucas pessoas com formao universitria no Brasil, e mais que essas formaes esto muito mal distribudas", diz Andr Sacconato, economista da BRAiN. Ele nota que mais barato abrir cursos universitrios em reas no tcnicas "D para criar uma faculdade de Economia s com professores e livros, mas Medicina e Engenharia precisam de materiais, mquinas, equipamentos e tecnologia - estamos formando muitos administradores e poucos engenheiros".