n o v a a p o s t i l a - 2011.2

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Comuncicao Empresaraial II

Professor: Armando Sermarini

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ndiceNoes bsicas de argumentao e sua interseo com a comunicao empresarial Estrutura da argumentao ( a opinio e o fato )............................................................. 03 Mtodos Indutivo e Dedutivo.............................. ............................................................ 08 Silogismo. ....................................................................................................................... 10 Vcios de raciocnio........................................................................................................ 12 Comunicao Informativa e Persuasiva..........................................................................1 6

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Noes Bsicas de Argumentao e sua Interseo com a Comunicao Empresarial. Estrutura da Argumentao (a opinio e o fato).Fatos no se discutem: opinies, sim. Mas que fato? a coisa feita, verificada e observada. Mas convm no confundir fato com indcio. Os fatos observados levam ou podem levar certeza absoluta; os indcios nos permitem apenas inferncias de certeza relativa, pois expressam somente probabilidade ou possibilidade. Inferir concluir, deduzir pelo raciocnio apoiado apenas em indcios. Dizer, por exemplo, que Fulano ladro, porque, de repente, comeou a ostentar um padro de vida que seu salrio ou suas conhecidas fontes de renda no lhe poderiam jamais proporcionar, inferir, deduzir pelo raciocnio a partir de certos indcios. O que se declara a respeito desse fulano possvel, mesmo provvel, mas no certo porque no provado. evidente que o grau de probabilidade das inferncias varia com as circunstncias: h inferncias extremamente provveis e inferncias extremamente improvveis. extremamente provvel que no vero chova com mais intensidade do que no inverno: mas improvvel que a precipitao pluvial no ms de janeiro deste ano seja maior do que a do ms de janeiro do ano prximo. o maior ou menor grau de probabilidade que condiciona o nosso comportamento dirio e o nosso juzo em face das coisas e pessoas. Se o cu est carregado de nuvens densas que obscurecem o Sol, provvel que chova: levo o guarda-chuva. Se o professor, que, durante anos, nunca faltou a uma aula, deixou de comparecer hoje, provvel que esteja doente: vamos visit-lo ou telefonar-lhe. Se um aluno, durante a prova, se comunica com um dos colegas ou parece consultar caderno de notas sob a carteira, provvel que esteja colando: tomemos-lhe a prova e demos-lhe zero. No obstante: pode no chover, o professor pode estar viajando, o aluno pode estar apenas pedindo ao colega que o espere aps a prova, ou o caderno consultado pode no conter nenhuma relao com a matria da prova. Nossa reao ou comportamento em face desses indcios foi de uma pura inferncia: da, os enganos em que verificamos ter incorrido, quando nos defrontamos com os fatos: no choveu (e o guarda-chuva se revela o trambolho ridculo que em dia de Sol), o professor no est doente (e a nossa visita ou telefonema podem significar perda de tempo, se bem que no lastimvel) e o aluno no estava colando (a punio foi injusta). Agimos por presuno, porque inferimos, baseados apenas em indcios. Posso provar que a gua congela a 0oC basta servir-me do termmetro. O congelamento um fato que pode ser verificado, testado, medido. Por isso prova. Pode-se provar que Fulano matou Beltrano: o fato foi testemunhado por pessoas dignas de crdito e o exame de balstica provou que a bala, encontrada no corpo da vtima, foi indiscutivelmente disparada pela arma em que o acusado deixara suas impresses digitais. Mas no pode provar que o acusado tinha, realmente, a inteno de matar, pois os elementos disponveis como, por exemplo, saber a quem aproveitaria a eliminao da vtima constitui apenas indcios, e no fatos ponderveis e mensurveis. Indcios podem persuadir, mas no provam. So argumentos persuasivos capaz de levar os jurados a presumir que o acusado o criminoso; mas o grau de certeza desse julgamento muito relativo: a sentena ser possivelmente, mas no certamente justa. 3

Raciocnio um processo de pensar pelo qual ns conseguimos obter novas informaes, a partir de certas informaes que j temos. Ou o processo do pensar atravs do qual ns conseguimos obter novos conhecimentos, a partir de conhecimentos anteriores que j temos e a partir de certas relaes que estabelecemos entre tais conhecimentos. Este processo de pensar pelo qual tiramos, ou obtemos novas informaes de dentro das relaes de informaes anteriores, chama-se processo de inferncia. Ns tiramos, ou inferimos concluses (que so as novas informaes) a partir de algo j posto como sabido antes e a partir de relaes que estabelecemos entre elementos deste algo j sabido. O que est posto, como sabido antes, chamado de premissa (pre-missa significa pr-posto, isto , afirmaes j postas antes, porque j sabidas). Raciocinar, portanto, processo de tirar ou inferir concluses, pensando. um processo que realizamos com muita frequncia no nosso dia-a-dia. um processo que crianas de quatro anos, ou at menos, realizam. Veja-se este exemplo relatado por uma professora a partir de uma conversa de uma menina de quatro anos com sua av, por telefone: Menina: Vov, meu irmo est muito triste porque minha me jogou todos os seus brinquedos no lixo. Av: Mas que coisa! Est bem! Quando seu av chegar, ns iremos at a e vamos trazer seu irmo para morar conosco. Menina: Vov, sabe de uma coisa tambm? A minha me jogou todas as minhas bonecas no lixo!... fcil averiguar, neste caso, como a menina foi capaz de tirar (inferir) uma concluso rapidamente a partir da resposta dada pela av: o processo do seu pensamento (no dito nas palavras, mas nelas implicado) foi o seguinte: se minha av vai levar meu irmo para morar com ela porque minha me jogou seus brinquedos no lixo, ento, se eu lhe disser que minha me fez o mesmo com minhas bonecas, ela me levar, tambm, para morar com ela. Na verdade, quando utilizamos palavras para expressar esta forma de pensamento, o que temos um argumento: o raciocnio o processo mental, e o argumento este processo enquanto falado. No possvel separar um do outro. Os dois ocorrem juntos. E por isso que podemos observar a ocorrncia de raciocnios/argumentos nas crianas, jovens e adultos. Ao utilizarem as palavras ento e suas similares (como: portanto, por isso, logo e outras), podemos perceber se esto raciocinando/argumentando. E a entra nosso papel de educadores com vontade de ajudar crianas e jovens a pensar melhor: podemos avaliar se o raciocnio/argumento foi vlido ou no vlido. Isto , podemos avaliar se a concluso inferida cabe, ou no, na relao que foi estabelecida entre as informaes anteriores e entre elas e a prpria concluso. Podemos avaliar se a concluso cabvel, ou, se descabida. Se cabe ou no cabe; se decorre ou no decorre das relaes estabelecidas.

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Em constatando que o raciocnio/argumento no foi vlido, podemos pedir criana e ao jovem que explicite melhor como chegou a tal concluso, provocando-os, ao mesmo tempo, para que avaliem se ela procede ou no procede, se ela cabe ou no cabe, etc. Teremos, obviamente, que auxiliar nesta avaliao e auxiliar quanto melhor forma de estabelecer as relaes entre as premissas o que implica auxiliar na avaliao do que cada premissa est afirmando, ou no afirmando, etc. Auxiliar em tudo isso estar auxiliando no desenvolvimento de habilidades que favorecem o desempenho de raciocinar bem, ou, de argumentar bem. Tais habilidades so vrias, mas talvez, as mais urgentes a serem cuidadas educacionalmente sejam estas: Ser capaz de produzir bons juzos, isto , ser capaz de produzir afirmaes bem sustentadas por boas razes. Um bom caminho para a produo de bons juzos/boas afirmaes, o da realizao de boas investigaes. As habilidades necessrias para tal, foram indicadas acima. Ser capaz de estabelecer relaes adequadas entre ideias e, especialmente, entre juzos. Temos que estimular crianas e jovens a estabelecer os mais variados tipos de relaes entre coisas e coisas, fatos e fatos, situaes e situaes, e, especialmente a estabelecer relaes entre ideias, relatando-as de algum modo. Os tipos de relaes possveis so os mais variados: relaes de grau (maior, menor, mais largo, mais estreito, etc); relaes de igualdade, de semelhana, de diferena; relaes parte-todo; relaes de causa/efeito; relaes espaciais; relaes temporais; relaes de gnero; relaes de nmero; relaes sociais; relaes semnticas; relaes sintticas; relaes de transitividade; relaes de reciprocidade; etc. No s: temos que incentivar nossos educandos a p ensar relaes novas, relaes no existentes, mas possveis (hipotticas). Os jogos e as brincadeiras so fertilssimos em desafios, tanto para a constatao de relaes que esto dadas (e nem sempre to visveis), quanto para imaginar, supor, tentar, testar novas relaes. Convm lembrar, aqui, a afirmao de Lipman, de que: pensar fazer associaes e pensar criativamente fazer associaes novas e diferentes. Isto deve ser estimulado. Mas importante, tambm, estimular o estabelecimento e relaes entre afirmaes / juzos: isto , tendo duas, trs ou mais afirmaes, verificar se tm alguma relao entre si. Se tiverem, possvel, a partir da, pensar/afirmar alguma outra coisa que da decorra? As brincadeiras de associar palavras com palavras, frases com frases, so muito teis neste sentido, especialmente quando se pede s crianas e aos jovens que digam a razo pela qual esto associando palavras ou frases entre si. Mas tambm so teis, neste sentido, as brincadeiras que exigem associaes ou relaes de coisas com coisas, de fatos com fatos, de situaes com situaes, etc. Nas atividades de leitura e interpretao de textos, seja com literatura infantil, seja com textos nas aulas de Lngua Portuguesa, nas aulas das mais diversas disciplinas, importante que se pea aos alunos que estabeleam relaes entre os vrios textos ou entre passagens dos mesmos. Ser capaz de inferir, isto , de tirar concluses. Esta a habilidade bsica que permite o raciocinar. J comentamos o suficiente a seu respeito acima. Pense-se, nos mais diversos jogos e brincadeiras, em todas as situaes nas quais exigido que se tire concluses, ou que sejam feitas inferncias. Pense-se nas mais variadas situaes 5

nas diversas disciplinas curriculares: no s na Matemtica (em que a utilizao de inferncias to frequente), mas em todas. No s: na utilizao de histrias, h sempre um campo frtil de possibilidades para estimular o processo de tirar concluses. Mas, no apenas isso: fundamental que o educador saiba avaliar se o educando est sabendo inferir, ou no, e saiba provoc-lo, caso no o esteja sabendo, dando-lhe dicas, mas no inferindo por ele. Na proposta da Comunidade de Investigao pede-se ao grupo que oferea as dicas, isto , que todos estejam sempre atentos para oferecer dicas uns aos outros. Quando os prprios alunos esto empenhados em prestar ateno s concluses uns dos outros e em avaliar se as concluses procedem ou no procedem, eles se tornam professores uns dos outros. Na verdade eles se tornam mediadores educacionais uns dos outros. E, a, todos aprendem muito mais. H outra habilidade muito til, tanto para a vida, quanto para o desenvolvimento do raciocnio: trata-se da habilidade de identificar ou perceber pressuposies subjacentes. Trata-se de ser capaz de ler nas entrelinhas, ou de inferir o que est sendo dito, de forma mais ou menos escondida, quando se afirma algo. Veja-se esta afirmao: A preguia, o descaso, a falta de vontade no geram riquezas. Da a presena de tantos pobres em nossa sociedade. Estaria, aqui, sendo afirmado que pobre pobre, sempre, porque preguioso, no tem vontade, no cuidadoso? possvel inferir isso do que est sendo afirmado? possvel fazer muitos exerccios, buscando o que est implcito, ao trabalhar com Literatura Infantil, com textos das mais variadas obras literrias, com textos das diversas disciplinas curriculares, etc.

Atividades prticas:O primeiro bloco de exerccios apresenta trs atividades nas quais voc precisar perceber os elos coesivos do texto, a necessidade de repetir / omitir elementos, o uso da pontuao e a possvel mudana / manuteno de sentido. Com isso, trabalha-se a leitura e a produo de textos (ainda que pequenos) e mostra-lhe que alteraes podem e devem ser feitas quando se est elaborando um enunciado, de acordo com os efeitos de sentido que se pretende. No exerccio (2) tambm possvel mostrar as alteraes que fazemos dependendo do contexto, pois podemos pensar em enunciados tpicos da oralidade, como No, ele no pode fazer o trabalho, no. 1) Reduza o grupo de oraes abaixo num s perodo: a) Juca jovem. Juca est fazendo Ps graduao. Juca leciona na Faculdade Paz e Amor. Juca estudou na Alemanha. Juca professor. R____________________________________________________________________ __ ____ ____________________________________________________________________ __ ____

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b) O menino esperto. O menino estava nervoso. O menino viu o assassinato. O menino foi polcia. O menino relatou o que viu. R ______________________________________________________________________ ___ ______________________________________________________________________ ____ 2) Introduza a partcula negativa na frase ELE PODE FAZER O TRABALHO, em todas as posies que importem diferena de sentido: R______________________________________________ ________________________ ____ ____________________________________________________ __________________ ____ __________________________________________________________ ____________ ____ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ __ ______ ______________________________________________________________________ ______ ______________________________________________________________________ ______ ______________________________________________________________________ ______ 3) Elimine a repetio dos "qus" encontrada nos perodos abaixo: a) A testemunha afirma que no percebeu que a vtima que estava cada no cho estava morta. R ______________________________________________________________________ ____

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________________________________ ______________________________________ ____ b) So estes os estudos que fiz depois que terminei o curso. R ______________________________________________________________________ ____ No segundo bloco de exerccios, enfatiza-se a morfossintaxe, mais especificamente regncia e concordncia. O objetivo fazer com que os alunos identifiquem as relaes sintticas entre os termos e as implicaes semnticas decorrentes dessas relaes. Por exemplo, no primeiro exerccio, ao usar apenas o verbo relacionar na resposta, o aluno dever perceber que precisar alterar a frase (d) para Relacionemos completamente todos os funcionrios deste setor , mantendo a flexo verbal e transformando o adjetivo em advrbio ou substituindo-o por um pronome. 1) Reescreva os perodos abaixo, usando corretamente o verbo relacionar, de tal forma que este seja o nico verbo da nova orao: a) Fizeram a relao entre um tpico e outro. R ______________________________________________________________________ ____ b) Fiz a lista dos contribuintes marcando a respectiva situao de cada um R ______________________________________________________________________ ____ c) Esta questo tem semelhana com a outra. R ______________________________________________________________________ ____ d) Faamos uma lista completa dos funcionrios deste setor. R ______________________________________________________________________ ____ e) Isto tem a ver com o seu trabalho? R ______________________________________________________________________ ____ 2) Complete com a preposio adequada e escreva, na frente, a circunstncia de ao do verbo: meio Eu venho de navio. Eu venho ____________ janeiro. _______________ Eu venho ________________ medo. _______________ Eu venho __________ Semana Santa. _______________ Eu venho _________________ meu irmozinho. _______________________ Eu venho _____________________ receber o dinheiro. __________________ 8

Eu venho _________________________ So Paulo. ______________________ 3) Indique a que termo se refere cada forma adjetiva: Na verdade, se temos alguns resultados positivos, sua causa principal deve ser o mau funcionamento provisrio dos mecanismos recessivos acionados pelo governo para conter as importaes nos nveis desejados. (Folha de So Paulo, 20 / 03 / 84) R ____________________________________________________________________ __ ____ ____________________________________________________________________ __ ____ 4) Da mesma forma, no exerccio a seguir, a ideia fazer com que voc perceba as relaes de concordncia nominal e verbal e as alteraes necessrias ao substituir clorofila por clorofila e inhame. De uns tempos para c, no entanto, os naturebas comearam a divulgar que a clorofila capaz de operar verdadeiro milagre tambm nos corpinhos que no tm caule, folha e frutos. Ela limparia a corrente sangunea, fortaleceria o sistema imunolgico, revitalizaria o crebro, diminuiria a depresso, retardaria o envelhecimento, evitaria a ressaca e pasme at ajudaria no tratamento de doenas como o cncer e a AIDS. (Veja, 10 4 2002, p. 73). No texto acima, substitua clorofila por clorofila e inhame e reescreva o texto fazendo as adaptaes necessrias em outros elementos do texto. R ____________________________________________________________________ __ ___ ____________________________________________________________________ __ ___ ____________________________________________________________________ __ ___ ____________________________________________________________________ __ ___

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MTODOS INDUTIVO E DEDUTIVOEm linguagem vulgar, mtodo a melhor maneira de fazer as coisas. Quando se diz que algum no tem mtodo de trabalho, quer-se dar a entender que os meios de que se serve para realizar determinada tarefa no so os mais adequados nem os mais eficazes; por isso, perde tempo, desperdia esforo e energia, faz, desfaz, refaz e no realiza a contento os propsitos colimados. Etimologicamente, mtodo (meta = atravs de, odos = caminho) o caminho atravs do qual se chega a um fim ou objetivo. Do ponto de vista da Lgica, o conjunto dos meios ou processos empregados pelo esprito humano para a investigao, a descoberta e a comprovao da verdade. Mtodo implica, assim, uma direo, um rumo, regularmente seguido nas operaes mentais. Distinguem-se primordialmente dois tipos de operaes mentais na busca da verdade, vale dizer, dois mtodos fundamentais de raciocnio: a induo (que vai do particular para o geral) e a deduo (que parte do geral para o particular): Mostrar como uma concluso deriva de verdades universais j conhecidas, proceder por via dedutiva ou silogstica (resolutio formalis). Mostrar como uma concluso tirada da experincia sensvel, ou, em outras palavras, resolver uma concluso nos fatos dos quais nosso esprito a extrai como de uma matria (resolutio materialis) proceder por via indutiva. (...) nesse sentido que Aristteles e Sto. Toms ensinam que ns temos somente dois meios de adquirir a cincia, a saber, o Silogismo, que procede a partir das verdades universais, e a Induo, que procede a partir dos dados singulares, dependendo formalmente todo o nosso conhecimento dos primeiros princpios evidentes por si mesmos, e tirando materialmente sua origem da realidade singular e concreta percebida pelos sentidos. Mas h outros mtodos, por assim dizer subsidirios ou no fundamentais, que tambm contribuem para a descoberta e comprovao da verdade, mtodos que constituem o que se costuma chamar de modus sciendi, modo(s) de saber: a anlise, a sntese, a classificao e a definio. Alm disso, existem ainda os mtodos particulares de algumas cincias, em que a induo e a deduo, sem desobedecer s leis imutveis do conhecimento, adaptam o seu processo natureza varivel da realidade. Assim se pode 10

dizer que cada cincia tem seu mtodo prprio: demonstrativo, comparativo, histrico, normativo etc.

Mtodo IndutivoO que j dissemos a respeito da generalizao e da especificao, da validade das declaraes e dos fatos, pode ajudar o estudante a fazer uma ideia do que o mtodo indutivo. Pela induo, partimos da observao e anlise dos fatos, concretos, especficos, para chegarmos concluso, norma, regra, lei, princpio, quer dizer, generalizao. Em outros termos: o processo mental busca a verdade partindo de dados particulares conhecidos para princpios de ordem geral desconhecidos. Parte do efeito para a causa. um raciocnio a posteriori. Eis alguns fatos a serem observados, analisados, confrontados antes de se chegar a uma concluso: O estudante quer fazer um trabalho sobre... a reforma agrria? Sobre a vida nas favelas? Sobre a convenincia ou inutilidade dos exames orais? Se pretende fazer trabalhos dessa ordem sejam dissertaes breves, sejam monografias ou ensaios mais alentados procure primeiro saber o que h, o que , o que se fez, o que se faz, o que se diz; enfim, observe os fatos, colha os dados, analise-os, classifique-os, discuta-os e conclua.

Mtodo DedutivoSe, pelo mtodo indutivo, partimos dos fatos particulares para a generalizao, pelo dedutivo, caminhamos em sentido inverso: do geral para o particular, da generalizao para a especificao, do desconhecido para o conhecido. mtodo a priori: da causa para o efeito.

SilogismoA expresso formal do mtodo dedutivo o silogismo, que uma argumentao na qual, de um antecedente que une dois termos a um terceiro, infere-se um consequente que une esses dois termos entre si. Ilustremos: o aluno Joaquim Carapua, candidato a presidente do Grmio nas eleies do ano passado, foi acusado de fraudar as atas de votao. Aberto inqurito, ficou provado o seu crime. O mtodo foi indutivo: chegou-se concluso - Joaquim Carapua fraudou realmente as atas pela anlise dos fatos revelados durante o inqurito. Ora, o mesmo Joaquim Carapua teve a coragem, a desfaatez, de candidatar-se novamente ao mesmo cargo nas eleies deste ano. Como raciocinar o eleitor consciente antes de depositar seu voto na urna? Raciocinar pelo mtodo dedutivo, armando , sem o saber talvez, um silogismo. O seu raciocnio se resolver, como se diz, da seguinte forma: Todo candidato condenado por fraude inelegvel: ora, Joaquim Carapua foi condenado por fraude: logo, Joaquim Carapua inelegvel. Das trs proposies que constituem o silogismo, as duas primeiras chamam-se 11

premissas, e a ltima, concluso. A primeira premissa diz-se maior, a segunda, menor. Mas entre ambas deve haver uma ideia (ou termo) comum: condenado por fraude (no sujeito da primeira e no predicado da segunda). Esse o termo mdio, condio indispensvel ao silogismo verdadeiro. Alm disso, a premissa maior deve ser universal: todo ou nenhum. No pode ser alguns, pois sua caracterstica a universalidade. O silogismo pode ser vlido, quanto aos seus aspectos formais, e verdadeiro, quanto matria, ou ser uma coisa sem ser outra. No exemplo dado, ele uma coisa e outra: vlido e verdadeiro. Por qu? Porque a concluso s pode ser verdadeira, se as duas premissas, tambm o forem. Vejamos. O fato de nenhum candidato acusado de fraude dever ser eleito uma premissa verdadeira? Sem dvida. Mas como se chegou a essa concluso? Pelo mtodo indutivo, pela observao de um nmero suficiente de casos ou fatos, de exemplos, pela experincia, enfim, de se ter verificado que outros candidatos nas mesmas condies sujeitos mesma acusao, processados e condenados pelos mesmos motivos, se revelaram maus representantes ou maus presidentes de grmios ou assembleias, funo para a qual se exige, no apenas competncia, mas, principalmente, integridade moral. Admitamos, portanto, que a premissa maior verdadeira. E a menor? S-lo-? Ficou provado que sim, atravs do inqurito, no qual se manipularam fatos. Se as duas premissas so verdadeiras, a concluso, que delas decorre naturalmente, tambm verdadeira. Por conseguinte, o eleitor consciente no vota no Joaquim Carapua.

Silogismo do tipo non sequitur.Ningum, em so juzo, tentaria ou conseguiria convencer-nos de que o Rio de Janeiro uma cidade s porque tem igrejas, armando um silogismo como o seguinte: Toda cidade tem igrejas; ora, o Rio de Janeiro tem igrejas; logo, o Rio de Janeiro uma cidade. Esse silogismo traz no bojo um sofisma do tipo non sequitur (que no se segue); quer dizer, do fato de ter igrejas no se segue necessariamente, no se pode concluir obrigatoriamente que o Rio uma cidade: pode haver cidades que no tenham igrejas, assim como pode haver igrejas onde no existam cidades. No entanto, dessa espcie de silogismo muita gente se serve a todo momento, por descuido ou por malcia. Defendendo a candidatura de Joaquim Carapua, seu cabo eleitoral poder tentar convencer-nos da convenincia da sua eleio, armando maliciosamente, isto , falaciosamente, sofismando enfim, uma srie de silogismos do tipo non sequitur. Todo mineiro hbil; ora, J. C. mineiro; logo, J. C. hbil. Todo indivduo hbil bom poltico; ora, J. C. um indivduo hbil; logo, J. C. bom poltico. 12

Todo bom poltico bom administrador; ora, J. C. bom poltico; logo, J. C. (ser) bom administrador. Temos a uma srie de silogismos em que a concluso do primeiro serve de bas e premissa maior do segundo, a concluso do segundo passa a ser a da maior do terceiro, e assim sucessivamente. o que a lgica chama de polissilogismo, que pode ser falacioso ou no; no caso, , pois incide num sofisma de non sequitur: o fato de ser indivduo hbil no implica necessariamente a qualidade de bom poltico, da mesma forma como ser bom poltico no significa que algum seja ou venha a ser bom administrador. Pura presuno, e presunes, supersties, tabus, preconceitos no funcionam como argumentos vlidos, no constituem princpios ou normas de que se possam tirar concluses logicamente aceitveis; em outras palavras: no podem servir como premissas, a menos que o raciocnio seja vicioso. Convm, portanto, evitar o emprego de silogismos desse tipo ou no se deixar iludir por eles.

Epiquirema :premissas munidas de prova .Outro tipo de silogismo tambm muito comum na vida prtica o chamado epiquirema, que se caracteriza por ter uma ou ambas as premissas seguidas ou munidas de prova, quer dizer acompanhadas de uma proposio causal ou explicativa, ou adjunto equivalente: Todos os professores devem saber um pouco de psicologia, porque o contato com mentalidades em formao exige deles certa capacidade de compreender o comportamento e as reaes dos jovens para melhor orient-los e educ-los. Ora, voc professor; logo, precisa saber um pouco de psicologia...

VCIOS DE RACIOCNIOO relacionamento entre as ideias que formam os vrios enunciados deve interlig-las de tal modo que construam um caminho pelo qual a mente do leitor transite cada vez mais interessada e receptiva, na medida em que encontra os ingredientes lgicos e psicolgicos que a vo informando, satisfazendo e conquistando. Mesmo um excelente profissional de Direito - cuja tarefa conquistar pela palavra os jurados - poder no obter sucesso se seu discurso contiver vcios de raciocnio. Como a base da coerncia est no relacionamento entre as ideias, ali que descobriremos os vcios que poderiam tornar ineficaz o discurso: confuso entre o geral e o particular, entre o permanente e o eventual, generalizaes falsas, tautologias, etc. Quando o vcio de raciocnio intencional, revela o propsito de conduzir ao erro o interlocutor, chamase falcia; se, porm, decorre da ignorncia ou impercia de quem fala, denominado paralogismo. Eis alguns dos mais graves vcios de raciocnio: 13

1. Generalizao falsa.Ex.:Mulher no sabe mesmo dirigir automvel.Veja s: minha vizinha do apartamento 16 j atropelou duas pessoas. Voc no pode garantir que esse relgio bom. Meu primo tinha um da mesma marca, e no prestava.

2. Concluso no-decorrente.Ex.: O romance que comprei obra excelente, porque tem capa vermelha. Sabe por que seu carro bateu contra o poste? Porque um carro nacional.

3.Tautologia.A tautologia um dos vcios de linguagem. Consiste en repetir uma ideia, de forma viciada, com palavras diferentes, mas com o mesmo sen tido. O exemplo clssico o famoso subir para cima ou descer para baixo. Mas h outros, como indica a lista a seguir. Quadro Ilustrativo de Tautologias Elo de ligao Acabamento final Certeza absoluta Quantia exata Nos dias 8, 9 e 10, inclusive Como prmio extra Juntamente com Expressamente proibido Em duas metades iguais Sintomas indicativos H anos atrs Vereador da cidade Outra alternativa Detalhes minuciosos A razo porque Anexo junto carta De sua livre escolha Supervit positivo Todos foram unnimes Conviver junto Ex.: Fato Encarar de frente Multido de pessoas Amanhecer o dia Criao nova Retornar de novo Emprstimo temporrio Surpresa inesperada Escolha opcional Planejar antecipadamente Abertura inaugural Continua a permanecer A ltima verso definitiva Possivelmente poder ocorrer Comparecer em pessoa Gritar bem alto Propriedade caracterstica Demasiadamente excessivo A seu critrio pessoal Exceder em muito

Minha escola tima, porque ela boa mesmo. Nosso concorrente vendeu mais, porque vendemos menos.

4. Falsa analogia.14

Ex.: O marginal que assaltou a joalheria usava chapu branco. Ora, o indivduo que a polcia prendeu como suspeito tambm portava chapu branco; logo, ele o assaltante. No ano passado, fiz a prova com caneta esferogrfica verde e fui aprovado. Neste ano, vou usar novamente caneta esferogrfica verde; serei aprovado.

Atividades prticas:1) Reconhea, nos textos abaixo, se o processo utilizado foi de induo ou deduo: a) Ao longo da histria da humanidade, tem sido verificado que, mais cedo ou mais tarde, todos os homens acabam morrendo. No houve at agora nenhuma exceo. Tal fato nos permite dizer que o homem mortal. R- ____________________________________________________________________ b) As leis cientficas, regras, normas, princpio, teorias, generalizaes, enfim, resultam de um processo de raciocnio dedutivo ou indutivo? R-____________________________________________________________________ c) Quando se aplica um princpio (teoria, regra) a um caso particular, o processo de raciocnio dedutivo ou indutivo? R- ____________________________________________________________________ d) Se voc observar a pontuao adotada em relao s oraes adverbiais antepostas principal e concluir que elas vm sempre seguidas de vrgula, seu raciocnio foi? R- ____________________________________________________________________ e) Mas, se, ao fazer a sua redao, voc puser uma orao concessiva (embora...) antes da principal e lhe acrescentar uma vrgula, raciocinou por? R- ____________________________________________________________________ 2) Assinale com um V o(s) silogismo(s) vlido (s), com F o(s) falso(s) e com dois VV o(s) vlido(s) e verdadeiro(s): a) Alguns brasileiros so catlicos; ora, voc brasileiro; logo; voc catlico.( ) b) Todo brasileiro catlico; ora, voc brasileiro; logo; voc catlico. ( ) )

c) Alguns professores secundrios so diplomados por faculdade de filosofia; ora, voc professor secundrio; logo, voc diplomado por faculdade de filosofia. (

d) Todo aluno de escola superior tem curso fundamental completo; ora, voc aluno da Faculdade de Direito; logo, voc tem curso fundamental completo. ( ) e) Somente os ricos tm automvel; ora, voc tem automvel; logo, voc rico. ( )

3) Reordenar os termos regressivamente, isto , partindo do mais geral para o mais especfico: a) xodo ( ) versculo ( ) Antigo Testamento ( ) livro ( ) Pentateuco 15

(

) captulo (

) Bblia (

). ) ) )

b) Direito Penal ( ) furto ( ) cincia social ( ) Direito Pblico ( crime ( ) Direito ( ) Direito Nacional ( ) cincia ( ). c) Parte Especial ( ) captulo ( ) pargrafo ( artigo ( ) livro ( ) inciso ( ) ttulo ( ) seo ( ) alnea ( ) cdigo ( ).

d) Planeta ( ) sia ( ) Tquio ( ) Galxia ( ) continente ( Universo ( ) Japo ( ) Terra ( ) Sistema Solar ( ).

4) Aponte os vcios de raciocnio nas frases que seguem, utilizando (a) para generalizao falsa; (b) para concluso no-decorrente; (c) para tautologia; (d) para falsa analogia; (e) para raciocnio correto. a) Carro preto d azar. Meu colega tinha um e morreu num desastre. ( ) b) O candidato merece aprovao no vestibular. Tem olhos azuis, cabelos loiros e sabe nadar muito bem. ( ) c) Fiz as provas de Fsica numa quarta-feira e fui bem-sucedido. Neste ano, as provas de Fsica sero feitas tambm na quarta-feira. Por isso, vou tambm ter o mesmo sucesso. ( ) d)O automvel que atropelou e matou o mendigo na BR- 116 tinha o pra-choque da cor do veculo. Ora, o carro apreendido pela polcia tambm tem a mesma caracterstica; logo, o carro do criminoso. ( ) e) Aquele profissional de vendas no ter sucesso em nossa firma: o terno dele amarelo. ( ) f) Cinco minutos depois que a bomba explodiu, vimos aquele mecnico fugindo das imediaes; logo, foi ele que colocou a bomba no carro. ( ) g) Seu saldo bancrio superior ao salrio que voc recebe; logo, voc anda desviando dinheiro da firma. ( ) h) O jornal fez sucesso, porque teve bom xito. ( ) )

i) O novo chefe , com certeza, bom patro. Ele gordo, anda calmamente. ( j) A datilgrafa eficiente, porque tem dedos geis. ( )

Comunicao Informativa e PersuasivaA ARGUMENTATIVIDADE NA COMUNICAO INFORMATIVA Introduo.

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Vrias so as possibilidades de comunicao que possuem como objetivo obter que uma pessoa, um pblico ou um auditrio tenham um determinado comportamento ou que aceitem uma opinio especfica. Estas comunicaes esto presentes em situaes cotidianas tanto da vida privada quanto da pro fissional. Para que este ato de convencer acontea, os mais diversos meios so utilizados e um deles chamado de argumentao. O ato de convencer usado como uma alternativa contrria ao uso da violncia fsica. Isto porque se pode conseguir de algum uma resposta que no seja atribuda fora em si, mas ao ato de argumentar como, por exemplo, o convencimento atravs da propaganda, reportagem, anncio, etc. Assim, vrias formaes em comunicao no so nada alm de um aprendizado de processos que visam a colocar o outro em uma espcie de armadilha mental da qual ele sair apenas se adotar a ao ou a opinio que lhe so propostas. Pode-se tambm convencer atravs da seduo, j que o orador utiliza meios mais suaves de convencimento. Como exemplo de seduo, seria a atitude dos polticos ou as figuras de estilo que deixam o discurso mais agradvel e embelezvel. Outros meios de convencer procuram utilizar a razo ou a demonstrao, onde h um conjunto de meios que permitem transformar uma afirmao em um fato estabelecido sem contestao, a no ser que seja contrrio a algum fato anteriormente relatado. O estudo da argumentao foi feito por muito tempo por filsofos e por especialistas literrios da linguagem. Os primeiros, sempre se perguntaram tradicionalmente se a argumentao possui estratgias que permitem chegar verdade ou provar a falsidade. Mas na verdade pouco importa se a mensagem verdadeira ou falsa, pois se trata, na maior parte dos casos, de opinies que so argumentadas e no verdades ou erros. J os literatos se preocuparam com a argumentao com uma finalidade mais esttica. Por outro lado, os linguistas, representado por (Ducrot, 1988), preocuparam-se mais com a lngua em geral do que com as situaes de comunicao que so provocad pela as divergncia de opinies. Uma nova viso de argumentao se deve ao fato de um filsofo do direito, (Perelman, 1970), assumir o conceito de que um raciocnio pode convencer sem ser clculo, pode ser rigoroso sem ser cientfico, definindo a argumentao como o estudo das tcnicas discursivas que permitem provocar ou aumentar a adeso das pessoas s teses que so apresentadas para seu assentimento.. (ibid, p. 5) O exerccio de uma boa argumentao, que seja cidad, foi alterado pelas situaes de manipulao da palavra e das conscincias oriundas das tcnicas de comunicao do sculo XX e com o poder da mdia faz-se necessrio uma maior reflexo sobre a argumentao oposta manipulao das massas. O homem, hoje, no seu dia-a-dia, confrontado com vrios episdios de argumentao, construindo um saber espontneo e emprico que faz parte da cultura bsica que todos podem adquirir por imitao, uma vez que a argumentao exposta, s vezes, como um objeto de um programa de ensino.

ArgumentaoArgumentar , primeiramente, convencer, isto , vencer junto com o outro, andando ao seu lado, tendo como base a tica. tambm saber persuadir, preocupar-se em ver o outro por inteiro, saber ouvi-lo, entender suas necessidades e se sensibilizar com suas emoes. Sendo assim, argumentar um processo que apresenta dois aspectos: 17

primeiro, ordenar ideias, justific-las e relacion-las ente si; segundo, buscar capturar o ouvinte, seduzi-lo e tentar persuadi-lo em alguma convico. Assim, argumentar uma operao delicada, j que necessrio construir ideias e no uma realidade. saber integrar-se ao universo do outro para se obter aquilo que se quer, mas de modo cooperativo e construtivo, traduzindo uma verdade dentro da verdade do outro. O discurso argumentativo foi caracterizado de maneira intradiscursiva por suas diferentes formas estruturais, e de maneira extra discursiva pelo efeito perlocucionrio ao qual estaria vinculado. Este efeito foi colocado em primeiro plano pela definio neoclssica de (Perelman & Olbrechts-Tyteca, 1970: 5), para quem o objeto da teoria da argumentao o estudo das tcnicas discursivas que permitem provocar ou ampliar a adeso dos espritos s teses que se apresentam ao seu assentimento. Segundo estes autores, este o escopo bsico da argumentao, pois no se argumenta contra a evidncia, mas sim atravs de tcnicas discursivas que permitem provocar ou aumentar a adeso das pessoas s teses que se lhe apresentam ao assentimento. Entre os elementos da lgica argumentativa h alguns que so bsicos como: a assero inicial ou a premissa; a assero final ou a concluso; e algumas asseres intermedirias A argumentao pode ser atravs de induo ou deduo. A primeira comea dos fatos at chegar a um modelo e a segunda, parte de um julgamento e tenta descobrir implicaes especficas que a levam a trs proposies: a premissa maior, a premissa menor e a concluso. Para uma boa condio de argumentao necessrio ter definidos vrios aspectos como: uma tese e saber para que tipo de problema essa tese resposta; ter uma linguagem comum ao auditrio para que se fala; importante ter um contato positivo com o auditrio, ou seja, com o outro; e, principalmente, agir de forma tica, isto , deve-se argumentar com o outro de forma honesta e transparente para que haja maior credibilidade nos propsitos. Na verdade, argumentar pressupe que o indivduo que se envolve na argumentao reconhea que ele faz parte de uma relao de comunicao e que se recuse a fazer uso de meios a qualquer preo para conseguir a eficcia de uma proposta. Embasada nas teorias de Aristteles, a argumentao pertenceu por um longo tempo Retrica, mas o objeto da argumentao evoluiu mais rpido que a teoria, atravs da evoluo da linguagem, dos modos de comunicao e dos exemplos escolhidos, tornando-a assim um matria viva. Desta forma, argumentar a arte de gerenciar informaes, convencer o outro de alguma coisa no plano das ideias e persuadi-lo no plano das emoes, levando-o a fazer alguma coisa que se deseja que ele faa.

Argumentar, convencer e persuadir.Como j se observou acima, argumentar a arte de convencer e persuadir. Cabe, agora, mostrar a diferena entre convencer e persuadir. Convencer saber gerenciar informaes, falar razo do outro, demonstrando ou provando alguma assero, construir algo no campo das ideias. J persuadir gerenciar relao, falar emoo do outro. A origem desta est ligada preposio per (por meio de) e a Suada (deusa romana da persuaso), nesta concepo fazer algo por meio do auxlio divino. construir algo no terreno das emoes, ou melhor, 18

tentar sensibilizar o outro para agir. Quando se consegue persuadir algum, este realiza aquilo que se deseja. Persuadir refere-se possibilidade de fazer com que o outro aceite as suas concluses como verdadeiras. Para (Charaudeau, 2004: 374) a persuaso pode ser vista como o produto dos processos gerais de influncia. Persuadir mais que convencer. Conforme (Perelman, 1997: 59), a persuaso acrescentaria convico a fora necessria que a nica que conduziria ao, enquanto que convencer uma primeira fase. Assim, o essencial persuadir, ou seja, abalar a alma para que o ouvinte aja em conformidade com a convico que lhe foi comunicada.

O auditrio.O auditrio o conjunto de pessoas que se quer convencer e persuadir. Este pode ser dividido em dois tipos: primeiro, o auditrio universal que um conjunto de pessoas sobre as quais no se tem controle das variveis; segundo, o auditrio particular, um conjunto de pessoas cujas variveis pode-se controlar. Perelman (1996: 22) define auditrio como conjunto daqueles que o orador quer influenciar com sua argumentao.. Na realidade, o que caracteriza um auditrio no so os valores que o mesmo admite, mas como ele os hierarquiza. As hierarquias de valores variam de pessoa para pessoa, em funo da cultura, das ideologias e da prpria histria pessoal. Porm, para se descobrir a hierarquia de valores do outro necessrio descobrir a intensidade de adeso a valores diferentes que sinalizam uma escolha hierrquica. Aquele que quer persuadir deve saber previamente quais so os verdadeiros valores de seu interlocutor ou do grupo que forma o seu auditrio. Desta forma, a eficcia das tcnicas e de um argumento sempre dependente do auditrio que se tem e que se quer persuadir.

Contrato de comunicao.Pode-se dizer com (Charaudeau, 1994: 35) que todo ato de comunicao social supe um contrato, chamado de contrato de comunicao. Para ele, todo ato de linguagem realiza-se dentro de um tipo especfico de relao contratual implicitamente reconhecido pelos sujeitos e que define, por um lado, aspectos ligados aos planos situacional (a identidade dos parceiros, seus objetivos, o assunto de que falam) e discursivo (maneiras de dizer). O contrato um quadro de reconhecimento no qual se inscrevem os parceiros para que se estabelea a troca e a intercompreenso, sendo portanto, da ordem do imaginrio social. Ele s vlido se os dois parceiros se submeterem mentalmente a certas condies discursivas que lhes permitam identificarem-se como verdadeiros parceiros de troca, ao mesmo tempo em que reconhecem a validade do ato de comunicao. Contratos de comunicao funcional so, assim, como parmetros ou cdigos implcitos sobre o modo de funcionamento das situaes de comunicao e sobre os discursos provveis em cada tipo de situao entre os parceiros. preciso ressaltar que parceiros (emissor e receptor) so na concepo do autor desdobrados, respectivamente, em dois eus e dois tus: o Eu-comunicante, o Euenunciador; o Tu-interpretante e o Tu-destinatrio. O eu-comunicante e o Tu19

interpretante so pessoas reais, com identidade psicossocial seres do fazer, do circuito externo do ato de linguagem e o Eu-enunciador e o Tu-destinatrio so entidades do discurso, seres do dizer, do circuito interno do mesmo ato. O contrato de comunicao, definido atravs destes sujeitos, compe-se ento, de um espao de restries que constitui as condies que no podem ser infringidas pelos parceiros, sob pena de no haver a comunicao, e um espao de estratgias que compreende os diferentes tipos de configuraes discursivas de que o sujeito comunicante dispe para satisfazer as condies do contrato e atingir seus objetivos comunicativos.

A dinmica argumentativa.Os moldes argumentativos possuem vrios nomes como argumento quase lgico, argumento ad hominem ou argumento pelo exemplo, mas cada um destes termos define uma forma especfica na qual uma opinio defendida pode ser de certa forma encaixada. O termo argumento ainda usado para designar, na linguagem corrente, o conjunto constitudo pelo argumento e seu contedo particular. Em suma, tudo est em tudo e, s vezes, pode se discutir sem parar na anlise de um texto sobre qual o tipo de argumento que est presente. Pode-se tambm constatar que se certos argumentos so prximos uns dos outros a ponto de se ter confuso e que existem grandes famlias de argumentos que se diferenciam pela essncia do raciocnio que eles utilizam. Argumentar comunicar, dirigir-se ao outro, propor-lhe boas razes para ser convencido a partilhar de uma opinio. O primeiro objetivo de um argumento modificar o contexto de recepo do auditrio para a introduo de uma opinio. Isto requer que se veja cada auditrio como nico e individual, tornando a argumentao em arte muito delicada. A dinmica da comunicao possui duas etapas. A primeira visa construir um real comum ao orador e ao auditrio e a segunda se apoiar para construir um vnculo entre este acordo e a opinio proposta, formando um duplo gatilho argumentativo que designa o que parece ser o aspecto essencial desta dinmica. Assim se dirige aos outros para que eles mudem sua viso das coisas, em seguida para lhes mostrar que a nova opinio proposta est de acordo com esta nova viso das coisas. Existem trs razes para se aderir a uma opinio, a saber: a) a ressonncia a argumentao que se apoia em valores um exemplo dos efeitos da ressonncia, isto , uma nova apresentao dos fatos pode entrar em ressonncia com a nossa viso mais geral do mundo, permitindo que esta nova apresentao seja aceitvel. b) a curiosidade o gosto pela explorao, o desejo de mudana levar a se admitir uma apresentao particular dos fatos e a examinar suas consequncias, com isto a curiosidade nos levar a examinar com boa vontade uma nova maneira de ver as coisas ainda no vistas. c) o interesse o interesse pode ser um formidvel vetor de aceitao de uma viso de mundo que se poderia avaliar como algo que seria conveniente. A aceitao desta 20

referncia apresentaria para o auditrio um interesse, um valor de uso no interior de sua prpria economia de pensamento. Segundo Breton (1999), h duas tcnicas bem relevantes em relao argumentao: enquadramento do real e vnculos.

Enquadramento do real.O enquadramento do real dita a ordem do mundo e prope que a partilhemos. Ele se apoia na partilha a priori de valores ou de crenas ou, ento, ser inveno, combinao, em resumo, reenquadramento. Assim, o enquadramento se divide em: afirmao pela autoridade, valores e pontos de vista e reenquadramento. A afirmao pela autoridade O real descrito o real aceitvel, porque a pessoa que o descreve tem a autoridade para faz-lo. Dois casos so pertinentes: ou o orador apoia o enquadramento sobre a sua prpria autoridade ou ele convoca uma autoridade externa sua pessoa. Distinguir-se-o trs tipos de raciocnio de autoridade. A competncia O argumento de competncia supe que haja previamente uma competncia cientfica, moral, profissional ou tcnica que vai legitimar o olhar sobre o real que deriva dela.

A Experincia.O argumento da experincia menos baseado em sua competncia efetiva no domnio em que o orador se exprime.

O argumento de testemunho.O fato de estar em um acontecimento, confere ao orador uma autoridade segura que fundamenta este argumento de testemunho. Valores e pontos de vista os valores comuns constituem uma base importante para desenvolver uma argumentao, pois fazem parte de um ser comum que constitui as bases da cultura e que as formas segundo as quais os indivduos de um grupo vivem em um mesmo mundo. J os pontos de vista segundo (Robrieux, 1993: 159) define -os como argumentos coercitivos e mostra seu carter manipulador, por causa do seu status de pressupostos e, portanto, incerteza do acordo dos interlocutores sobre sua verdade. Os valores e os pontos de vista possuem em comum o fato de serem hierarquias. O reenquadramento o reenquadramento no ataca o problema, enfrentando mas o -o, contorna de outra forma, atravs de outros ngulos. Assim, um reenquadramento s tem validade se considerar as opinies, expectativas e hipteses, isto , se levar em considerao o conceito dos indivduos cujos problemas se deseja modificar. Os argumentos de reenquadramento sero divididos em trs categorias:

A definio.21

Definir para o ser humano, atualmente, um mola-mestra de reenquadramento, j que implica em certa criao. O emprego de uma definio e a tentativa de imp-la como quadro de referncia para avaliar o real no implica em que no existam outras definies possveis.

Apresentao.A apresentao pode ser atravs de uma descrio, de uma qualificao, de uma amplificao.

A associao e a dissociao.A associao a similitude entre os fatos ou abordagens possibilita que existam comunidades de pensamentos de mesma natureza. A dissociao o argumento por dissociao permite que se quebre a unidade de noes muito dogmticas e induz uma melhor flexibilidade para se mover no real.

Vnculos.Os vnculos podem ser feitos por analogia ou deduo.

A analogia.O uso da analogia um vnculo menos garantido que a deduo, mas mais poderoso devido convico que provoca como resposta. O vnculo pela analogia pode ser feito atravs de trs argumentos: a) Comparao a comparao frequentemente usada na vida cotidiana para argumentar. Comparar consiste em tecer um vnculo entre duas realidades, colocando-as em relao de maneira aceitvel e produzindo atravs deste fato uma transferncia de qualidade de uma realidade para a outra. b) Exemplo o exemplo bem diferente de uma comparao, pois quando usado para convencer, muito observado numa sequncia de argumentao. c) Metfora a metfora uma elipse da analogia e s um argumento quando serve para convencer ou colocada a servio da defesa de uma tese ou de uma opinio.

A deduo.a) Argumentos quase-lgicos os argumentos quase-lgicos usam um raciocnio prximo do raciocnio cientfico e isto que os torna difceis de se distinguirem da demonstrao. b) Argumentos de reciprocidade trata-se de uma regra de justia, onde os indivduos de uma mesma classe devem ser tratados da mesma forma.

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c) O argumento causal consiste em transformar a opinio que se quer manter em uma causa ou em um efeito de alguma coisa sobre a qual exista um acordo. A argumentao necessita de bases ticas como a liberdade de adeso opinio proposta, autenticidade dos argumentos usados e relatividade das idias que se defende, que na verdade, so opinies.

ANLISE DO CORPUS.Entrevista com Nicholas Stern, economista ingls, com o ttulo O alerta global feita pelo reprter Diego Escosteguy, da Revista Veja (08/11/06). 1- Na introduo da entrevista, j se encontra o argumento da autoridade atravs da apresentao da competncia do entrevistado, observe: O ingls Nicholas Stern, chefe do servio econmico do governo de seu pas, recebeu h dezesseis meses uma tarefa colossal: medir o impacto do aquecimento global na economia mundial. Ex-economista chefe do Banco Mundial e diplomado pelas universidades de Cambridge e de Oxford, Stern lanou mo de modernos modelos econmicos... O argumento da competncia supe que haja previamente uma competncia cientfica, tcnica, moral ou profissional que vai legitimar o olhar sobre o real que deriva dela. No exemplo acima, o entrevistado mostra que possui a competncia para falar sobre o assunto atravs de sua experincia profissional e de sua formao acadmica. 2- O enquadramento da autoridade pelo testemunho pode ser observado no fragmento da resposta abaixo: Veja- Existe tecnologia disponvel para cultivar biocombustveis em terras infrteis? Stern- Essa tecnologia est quase disponvel. (...) Estive no Brasil em abril deste ano e participei de debates interessantes sobre o uso de menos carbono na economia. Foi uma visita muito produtiva. O fato de o economista ter estado presente a estes debates, confere-lhe uma autoridade que fundamenta o argumento de testemunho. 3- Logo abaixo desta mesma resposta o entrevistado apresenta o enquadramento do argumento da autoridade feito pela experincia para complementar o assunto. Stern- Pretendo voltar ao Brasil para investir nas possibilidades de produo de energias limpas, porque o pas tem se mostrado original nessa rea. O Brasil tambm est pensando e agindo na questo do desmatamento da Amaznia. O argumento da experincia menos baseado em uma competncia, suspeita de ser terica, do que em uma prtica efetiva no domnio em que o orador se exprime. Aqui, no caso, o economista possui a experincia de conhecer as aes do Brasil e pretende voltar para aprender mais. 4- O enquadramento atravs da crena e dos valores est presente na resposta abaixo: Veja O que preciso fazer? 23

Stern O certo que, se comearmos a investigar seriamente em tecnologias limpas, por volta de 2050 atingiremos um patamar de menor agresso ao meio ambiente. Nesta resposta h um apelo para que se utilize um meio considerado melhor para a vida do meio ambiente, ressaltando assim o valor do comprometimento com este objetivo. 5- A presena do reenquadramento pelo argumento da apresentao/amplificao observado abaixo no seguinte fragmento: Veja Por que os pases pobres sero mais atingidos pelas mudanas climticas? Stern Por vrias razes. Uma a geografia: os pases mais prximos do Equador sofrero duramente, porque so os mais quentes. onde esto os pases mais pobres, por azar geogrfico.Outro fator a limitao das atividades econmicas desses pases. Pases mais pobres tm economia centrada em atividades agrcolas, setor mais vulnervel s mudanas climticas que sofreremos. E terceiro, os pases pobres dispem de menos dinheiro para investir em formas de se proteger contra os efeitos do aquecimento global. Nesses lugares, h menos dinheiro para gastar em infra-estrutura e na adaptao necessria para proteg-los. A apresentao atravs da amplificao feita com a insistncia para ressaltar a repetio, da acumulao de detalhes, da acentuao de certas passagens. Neste caso, o economista foi apresentando vrias situaes para confirmar a sua resposta. 6- O reenquadramento atravs da definio apresenta uma tentativa de impor a definio como quadro de referncia para avaliar o real, no implicando que existam outras definies possveis. Veja O que o senhor achou da proposta de internacionalizar a Amaznia, sugerida por David Miliband, secretrio do Meio Ambiente do governo britnico? Stern (...) Mas o resto do mundo, que se beneficiaria do fim do desmatamento, deveria ajudar os pases que esto fazendo esforos para cessar o desmatamento. Porm, cabe ao pas, sozinho, determinar sua forma de trabalhar. E isso por duas razes. Em primeiro lugar, por uma questo de soberania e, em segundo, porque o pas saber bem melhor do que qualquer estrangeiro o que fazer. 7- O reenquadramento do real pelo argumento da dissociao das noes um mtodo que, a partir de uma noo que remete habitualmente a um nico universo, permite quebr-lo e gerar dois universos distintos. Perelman (1970) v este procedimento como um argumento essencialmente filosfico, sobretudo a partir do binrio aparnciarealidade que constitui o prottipo de toda dissociao nocional. Veja O esforo global para reduzir a emisso de gases poluentes pode prescindir do apoio dos Estados Unidos, que so responsveis por 36 % das emisses? Stern No. Claro que precisamos que os Estados Unidos se conscientizem da necessidade de diminuir as emisses de gases poluentes, e acho que as atitudes e as idias dos americanos comeam a mudar. Eles esto desenvolvendo iniciativas significativas na Califrnia e em importantes cidades do nordeste. O economista aqui apresenta uma resposta que foge esperada, j que apenas um pas polui quase a metade, o provvel seria uma resposta afirmativa, mas ele prefere negar e 24

depois amenizar a afirmativa atravs de sua opinio, realando a mudana da atitude dos Estados Unidos. Os argumentos por vnculos podem ser de natureza anloga ou dedutiva. Deduz-se que uma opinio parte da realidade assim enquadrada, ou se prope que a realidade enquadrada constitui um dos termos de uma analogia. O uso da analogia constitui o vnculo que a argumentao tece entre a opinio e o contexto de recepo. 8Observe-se o exemplo abaixo:

Veja O senhor est otimista quanto perspectiva de conservao da Floresta Amaznica? Stern (...) Essa presso permanente junto com o papel do pas no desenvolvimento de biocombustveis e o esforo para proteger as florestas, faz do Brasil um ator extremamente importante na luta pela diminuio das emisses de gases poluentes. Neste exemplo, o entrevistado utiliza o argumento dedutivo da onipotncia para mostrar a responsabilidade do Brasil para o assunto tratado. Este argumento supe que o Brasil ainda no tenha pensado que a convocao de seu poder o obriga a aceitar uma tese com a qual ele no estaria necessariamente de acordo. 9- O vnculo dedutivo de reciprocidade trata-se de uma regra de justia, de natureza puramente formal segundo a qual os seres de uma mesma categoria essencial devem ser tratados da mesma maneira (Perelman, 1988, p. 80). Veja Dentro de quanto tempo o mundo comear a sentir os efeitos do aquecimento global? Stern Dentro de quarenta a cinquenta anos sentiremos o impacto do que j fizemos contra o planeta. So efeitos que aparecero na forma de desastres naturais, como secas, enchentes e furaces progressivamente mais intensos. No importa o que fizermos agora, esses efeitos sero sentidos, eles j so inevitveis. A reciprocidade existe na medida em que se deduz que quanto maior o problema, maior ser a consequncia. Isto , o que o ser humano fizer ao planeta, ele devolver ao ser humano. 10- O argumento pertencente ao vnculo analgico est presente na comparao abaixo: Stern O Brasil tem grandes reas de terra pobre, assim como a sia Central e a Amrica do Norte. Comparar consiste em tecer um vnculo entre duas realidades, colocando-as em relao de maneira aceitvel e produzindo atravs deste fato uma transferncia de qualidades de uma realidade para outra. 11- J no trecho abaixo, percebe-se uma analogia atravs do argumento do exemplo.

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Stern Apesar de no terem apoiado o Tratado de Kioto, os Estados Unidos esto comeando a mudar. E no so os nicos. A ndia e a China tambm esto mudando. Na China j foram definidas fortes metas de eficincia no uso de energia. O uso do exemplo para convencer freqente, pois se observa que muitas vezes a pessoa est procura de um exemplo para justificar a sua argumentao. No fragmento acima, a ndia e a China esto seguindo o exemplo dos Estados Unidos em relao mudana. A funo argumentativa consiste em analisar o funcionamento de um texto cujo objetivo convencer de uma opinio. Para isto, preciso verificar se o texto em questo realmente argumentativo e depois identificar os grandes argumentos usados bem como seu encadeamento. No texto da revista Veja, as respostas dadas pelo economista Nicholas Stern possuem o objetivo de convencer o leitor de que o problema do aquecimento global grave e que isto afetar seriamente o Brasil. No h presena de figuras de estilo, pelo contrrio, o entrevistado trabalha muito com dados cientficos baseados em estatsticas e exemplos. Se deixarmos as coisas tal como esto hoje, o planeta vai perder entre 5 % e 20 % do PIB mundial. Estamos falando, portanto, de perdas que podem chegar a cerca de 7 trilhes de dlares. Nas respostas est presente um grande nmero de argumentos diferentes, j demonstrados anteriormente como os enquadramentos e os vnculos. A entrevista se dirige aos cidados do Brasil, precisamente, aos polticos e empresrios que precisam mudar o comportamento em relao ao meio ambiente. No falta tanto tempo assim. Pode acontecer durante a vida de nossos filhos e netos. Temos de agir fortemente nos prximos vinte anos para reduzir os riscos de que isso acontea.

ARGUMENTAO.Sabemos que todo texto parte de um produtor/emissor que pretende persuadir o seu leitor/receptor, usando, para tal propsito, vrios recursos da natureza lgica e lingustica que levem o leitor a crer no que o texto diz e a fazer o que ele prope. A esses recursos chamamos procedimentos argumentativos.

Recursos argumentativos.Um dos mais importantes desses procedimentos a unidade textual, isto , o texto deve tratar de um s assunto que ser o seu objeto central. Um texto repleto de informaes desencontradas torna-se dispersivo, ininteligvel. Isso no significa que no haja variedade, desde que essa variedade explore a mesma matria, ou seja, inicie, desenvolva e termine dentro do mesmo tema central. Outro recurso importante a comprovao das teses defendidas com citaes e referncias a autores e/ou textos autorizados, que daro maior peso e validade s afirmaes feitas. o recurso que se costuma chamar argumento de autoridade. 26

Os recursos de natureza lgica no podero ser desprezados. Atravs do raciocnio e da razo estabelecem-se correlaes lgicas entre as partes do texto, apontando as causas e os efeitos das alternativas produzidas. Isso dar consistncia ao texto, ligando os seus segmentos e aumentando a sua fora persuasiva. No esqueamos ainda que idias gerais e abstratas tero maior fora se puderem vir acompanhadas de dados da realidade observvel, de exemplos concretos adequados, que daro confiabilidade ao que for afirmado. Ao tratarmos de temas polmicos, que apresentem verses divergentes, importante a refutao de argumentos contrrios . Deve-se expor com clareza as objees conhecidas e contra-argumentar solidamente. Esses so alguns recursos que podem ser explorados pelo produtor do texto para tentar persuadir o leitor.

Atividades prticas:1) As frases dos seguintes pargrafos esto desordenadas. Confira-lhes uma seqncia, numerando-as convenientemente: a) ( ) E, caso se pretenda a promessa feita, em 1955, pelo ento Ministro dos Transportes, Bernardo Mattarella, de dotar Roma de um metr to extenso quanto os de Paris ou de Londres, a cerimnia no se dar antes de 150 anos.( ) E isso j ter sido uma faanha, pois a inaugurao de todo o sistema, tal como foi replanejado em 1962, no ocorrer nos prximos cinquenta anos. ( ) Nesse ritmo, foram construdos, nos ltimos doze anos, apenas 14 quilmetros de linhas, o que permite prever a inaugurao da totalidade das duas primeiras linhas para dentro de dois ou trs anos.( ) Por enquanto, a escavao de seus tneis avana a uma velocidade bem mais modesta 1200 metros por ano.( ) Quando ficar pronto, o metr de Roma correr a 50 quilmetros horrios, em mdia. b) ( ) Calor uma modalidade de energia que nos causa as sensaes de quente e de frio.( ) Quando um corpo aquecido, diz-se que sua temperatura se eleva. ( ) Essas sensaes so interdependentes do estado de aquecimento dos corpos.( ) Quandoum corpo resfriado, diz-se que sua temperatura baixa. ( )A grandeza que representa esse estado de aquecimento a temperatura.( ) Avaliam-se as temperaturas, aproveitando-se o fenmeno calor-dilatao.

Comunicao informativa e persuasiva. PERSUASO E ARGUMENTAO.Em geral, quem toma a palavra no quer apenas comunicar alguma coisa. Quer persuadir outro. Quer convenc-lo de que est certo ou de que suas razes so melhores (ou simplesmente boas) e interferir na ao do outro. Muitas vezes, pretende vender uma ideia, imagem, um estilo de vida.

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Para tanto, basta uma boa frmula de venda, que quase sempre se resume na utilizao de uma argumentao convincente e de uma linguagem competente e adequada ao interlocutor.

Uma definio e um exemplo.Nos dias de hoje, somos bombardeados pelo discurso persuasivo na poltica, na propaganda, meios econmicos, nas telenovelas, nos enlatados da TV. Essas produes vm carregadas de ideologia: no desejam apenas mostrar produtos , expor conceitos ou apresentar histrias, mas vender ideias e modos de viver. Nelas, no h apenas o desejo de convencer o leitor, o consumidor ou o cidado de que um produto ou uma idia so bons; a inteno de tal forma que faa esse leitor consumir certo produto ou assumir determinada ideia como verdadeiros e nicos. Em outras palavras, elas procuram atingir as pessoas em sua vontade e ao. Observe o que diz a estudiosa da linguagem Ingedore G. Villaa Koch sobre o ato de persuadir: Enquanto o ato de convencer se dirige unicamente razo, atravs de um raciocnio estritamente lgico e por meio de provas objetivas, sendo, assim, capaz de atingir um auditrio universal, possuindo carter puramente demonstrativo e atemporal (as concluses decorrem naturalmente das premissas, como ocorre no raciocnio matemtico), o ato de persuadir, por sua vez, procura atingir a vontade, o sentimento do(s) interlocutor(es), por meio de argumentos plausveis ou verossmeis, e tem carter ideolgico, subjetivo, temporal, dirigindo-se, pois, a um auditrio particular: o primeiro conduz a certezas, ao passo que o segundo leva a inferncias que podem levar esse auditrio ou parte dele adeso aos argumentos apresentados.(KOCH, Ingedore G. Villaa. Argumentao e linguagem. 4. ed. So Paulo: Cortez, 1996.)

Ingedore Koch explica o ato de persuadir comparando-o com o ato de convencer: enquanto o segundo lgico, objetivo, atemporal e universal (o melhor exemplo o do raciocnio matemtico), o primeiro ideolgico, subjetivo, temporal e particular (so bons exemplos o discurso poltico, o anncio publicitrio e qualquer discurso que queira interferir em nossa vontade e em nossa ao). Na prtica, difcil desvincular o ato de convencer do ato de persuadir, pois, para que a persuaso surta efeito, necessrio passar pelo convencimento. A separao feita pela autora, no entanto, didtica porque evidencia a existncia de dois nveis de convencimento: um lgico, objetivo, outro subjetivo e ideolgico; um claro, outro muitas vezes subliminar. Explica ainda que, na persuaso, h uma inteno de interferir na vontade e na ao do interlocutor que se deseja atingir. Veja na tira de humor apresentada a seguir um exemplo claro de persuaso.

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(WATTERSON, Bill. Calvin O Estado de S Pau/o, 7 mar 2000)

O pai pretende convencer o filho a comer um alimento do qual no gosta. No apresenta motivos lgicos para que o filho compreenda a necessidade de tal alimento; utiliza, sim, um discurso persuasivo, explorando o universo e os valores do interlocutor no caso, Calvin. Observe as caractersticas do discurso persuasivo posto em prtica pelo pai nesta tira: y o pai deseja vender a idia de que aquele alimento bom; y o pai sabe que um argumento convencional do tipo coma que tem vitaminas ou coma porque isso bom para a sade no funcionaria para o pblico que deve ser convencido (o filho); y o pai conhece as fantasias do filho em relao a um mundo criado por sua imaginao (com mutantes, monstros e animais falantes); y o pai apresenta um argumento que atende a essas expectativas; y o pai interfere na vontade do filho (este come o alimento). O ato de persuadir, na tira, ideolgico (ideia de que preciso ingerir aquele alimento), tempo-(o ato se d num momento especfico da vida do pai e do filho), subjetivo (os argumentos apresentados so de ordem subjetiva: o pai os escolheu por saber que influiriam na vontade do filho) e particular(os argumentos so eficazes apenas naquela situao especfica). A persuaso bem-sucedida, pois apresenta o alimento fundamentado no conhecimento das expectativas do filho. Quando bem arquitetado, o ato persuasivo atinge profundamente o interlocutor. Na tira em questo um efeito psicolgico to completo que, aps ingerir o alimento, Calvin acredita que algo est realmente acontecendo com ele (Estou me sentindo estranho...). Partindo do conhecimento das fantasias de Calvin, o pai apresenta ao filho um argumento mais do que convincente, capaz de interferir na vontade e na ao do garoto.

Outros recursos de persuaso:Leia a tira a seguir:

(CIA. Pagando o pato. So Paulo: Circo Editorial, 1986.)

O vocabulrio que se escolhe para designar as coisas, ou as funes das pessoas, pode ser um momento de persuaso. Observe, na tira que voc acabou de ler, a resposta s mulheres que reivindicam participao e melhores condies na sociedade. A admirao de que elas estejam reivindicando num congresso acompanhada pela expresso rainha do lar. Ora, essa expresso sempre foi utilizada para a mulher dona-de-casa, dita rainha no lar, mas sem voz fora de seus domnios domsticos. Uma forma de mant-la feliz e importante onde sempre esteve; uma forma de faz-la desejar continuar ali, sem dar trabalho e sem desejar intrometer-se no mundo masculino. 29

O uso dessa expresso sempre pretendeu provocar determinadas reaes emocionais nas mulheres que se dedicavam aos servios domsticos: sentimentos de satisfao e plenitude que tais servios por si no trariam. Portanto, sua utilizao sempre fez parte de um discurso persuasivo. Nessa tira, que mostra uma situao nova, em que as mulheres organizam-se para reivindicar algumas coisas, a expresso remete-se situao anterior, de felicidade e silncio. Nesse caso, o nome com o qual se denomina a mulher serve para coloc-la no lugar em que se deseja que ela fique. H muitas outras situaes em que o vocabulrio utilizado com o objetivo de dourar a plula e influenciar ideologicamente um determinado interlocutor ou pblico. Um exemplo: o partido nazista nasceu com o nome Nationalsozialist, nacional-socialismo. Da abreviao nazi mais o sufixo-ismo formou-se nazismo, com toda a carga negativa que conhecemos hoje e que muitos conheciam na poca. Observe a diferena que h entre dizer nacional-socialismo e nazismo! A propaganda poltica com o nome original certamente criou adeptos incautos e desinformados; o apelido do partido, no entanto, j desnudava o verdadeiro significado de sua ideologia. Alguns exemplos atuais, muito conhecidos nossos, tambm podem ser citados. Na rea das vendas quem nunca foi atrado por preos do tipo R$ 1,99 ou R$ 99,99, que nada mais so do que formas de persuaso, porque no tm o impacto da casa dos 2 ou dos 100 reais? Na rea econmica, aceitam-se bem certos termos amenos para designar realidades no to amenas... Quando se fala em enxugamento da mquina administrativa, est-se usando uma expresso delicada para a temida dispensa de pessoal. O mesmo ocorre com a palavra reengenharia. Mais uma vez, temos uma figura de linguagem eufemismo sendo trabalhada como recurso persuasivo. Repare como isso se manifesta na prtica. Em reportagem sobre emprego e horas de trabalho, a revista Veja, em certa altura, diz o seguinte: Lanadas numa competio feroz, [as empresas] adotaram a prtica do melhor resultado ao menor custo possvel. Instauraram-se o downsizing, a terceirizao, a reengenharia - processos que levam reduo de pessoal.(Veja, 5 abr. 2000. (grifo dos autores)

Enfim, trata-se de palavras que vendem uma imagem limpa e tranquila indolor de uma situao na verdade dolorosa para o trabalhador.

A persuaso democracia e autoritarismo.Com certeza voc j ouviu o trocadilho Fulano apelou para um argumento de fora e no a fora do argumento!. Isso significa que o tal fulano, na sua argumentao, no procurou apresentar provas, dados, exemplos, depoimentos, etc., mas se imps pela fora, autoritariamente, sem permitir dilogo, a contestao. No houve persuaso. J se disse que a persuaso um dos muitos frutos da sociedade democrtica grega. De 30

fato o dilogo, a troca de argumentos com a inteno de obter adeso, o livre consentimento um jogo democrtico. Mas o discurso persuasivo se tinge de cores autoritrias se no permitir a interveno do outro, se a inteno de seu autor for a dominao ou a manuteno do poder. Por isso, preciso atentar a duas condies fundamentais: a situao em que se produz o discurso e a intencionalidade.

(CIA. Pagando o pato. So Paulo: Circo Editorial, 1986.)

Embora haja dois personagens nessa tira, apenas um fala: o homem. Fala e no permite rplica.No h um dilogo, h um monlogo. O outro personagem, a mulher, apenas ouve e assim que ela deve permanecer: ouvindo e aceitando o que lhe dito. isso que entendemos ao ler a tira e isso que a cartunista quer criticar. Nessa tira ocorre um tipo de persuaso muito comum entre desiguais: a persuaso pela fora e pelo poder autorizado. Quando o homem diz: Te mato, alego motivo de paixo, sou absolvido e pronto, est falando em seu nome, mas est aludindo claramente a um mundo regido por leis que permitiro homem matar uma mulher, alegar motivo de paixo e ser absolvido. Ele demonstra saber de antemo que as coisas funcionam dessa maneira. Felizmente, essa tira um pouco antiga e muitas coisas mudaram de l para c. No entanto, ela mostra um contexto de dominao do mais fraco pelo mais forte. Um discurso de intimidao que pode ser utilizado em qualquer situao em que haja fortes e fracos. O discurso autoritrio torna-se persuasivo na medida em que no deixa alternativa a quem se v submetido pela fora do outro, principalmente se essa fora amparada, autorizada pela sociedade. No caso dessa tira, apesar de autoritrio, o discurso se reveste de um certo tom de conselho: se voc fizer besteira, no conte comigo pra divorciar; Fica avisada . A conjuno condicional (se) atenua o tom operativo, mas a intimidao indiscutvel, porque os argumentos e a realidade conhecida pelos dois so suficientes para mostrar que no se trata de um conselho e sim de um desejo que exige ser cumprido. O discurso autoritrio est nas palavras do pai que impede o filho de fazer algo e at do pai que aconselha o filho a no fazer algo, pois por trs do conselho h a experincia paterna pairando sobre a experincia do filho; est na boca do poltico que exige: Vote em mim! ou que tenta mostrar, paternalmente, que est certo: Voc pode at considerar as promessas de Fulano boas, pode achar que ele est dizendo a verdade. Pode at votar nele, mas depois vai se arrepender. Pense bem! . E, de uma forma mais drstica, encontra-se nas palavras do chantagista e do tirano, pois vm sempre 31

acompanhadas de promessa de castigo fsico ou moral.

A persuaso e a propaganda.Sem promessa de castigo fsico ou moral, mas acenando com a perspectiva do arrependimento ou inferioridade em relao a outros consumidores, ou ainda prometendo o paraso aqui na Terra, podemos apresentar em lugar de destaque, o discurso persuasivo da propaganda. Para as agncias de propaganda, todo cidado visto como um consumidor em potencial. Assim, apropriaram-se de forma to eficiente do discurso persuasivo que hoje persuaso e propaganda tornaram-se praticamente sinnimos. Sob uma aparncia de descontrao e brincadeira, os anncios procuram criar necessidades, induzindo as pessoas a acreditarem que so infelizes se no adquirirem determinado bem de consumo. So, por isso, autoritrios, manipuladores da vontade do consumidor, agindo sobre seus desejos mais profundos. A propaganda normalmente trabalha com as expectativas do pblico ao qual se dirige, utilizando vrias linguagens para pr em prtica seu discurso persuasivo. Veremos aqui, em linhas gerais, como isso se d em relao linguagem verbal e imagem. As imagens das propagandas, na maior parte das vezes, so de carros magnficos, fotografados dos ngulos que mais os valorizam, de paisagens maravilhosas, que prenunciam grandes aventuras, de belas mulheres, belos homens, famlias felizes, que prometem beleza, sucesso, lazer, felicidade. Na linguagem, observamos a utilizao de recursos como:y figuras de linguagem (comparaes, hiprboles, metforas, metonmias, eufemismos, etc.); yemprego do modo imperativo dos verbos, um modo autoritrio de expresso (basta ver as insistentes propagandas de telemarketing, que no deixam opo ao espectador: No perca esta oportunidade. Ligue j! As primeiras cinqenta pessoas que ligarem ganharo...). yaluso ao mundo conhecido do pblico-alvo (uma certa marca de sabo em p diz que apresenta gente que no faz no passa horas na lavanderia, no esfrega roupa, etc., fazendo referncia a um programa chamado Gente que faz; uma marca de esponja de lavar loua que promete acabar com a sujeira e tambm com as bactrias diz:

O que os olhos no veem ela extermina, numa referncia ao dito popular O que os olhos no veem, o corao no sente);y criao de trocadilhos, jogos de palavras, etc.

So tcnicas de envolvimento. Os objetivos: vender o produto, criar necessidades, enraizar hbitos, chegar dependncia. Para conseguir persuadir, a linguagem da propaganda, portanto, nem sempre se utiliza de argumentos em sua forma clssica, mais racional (motivos, razes, exemplos). Apela para formas mais sutis, que vo desde a 32

utilizao de uma linguagem muito prxima da utilizada pelo consumidor (uso do padro coloquial, que soa familiar e as pessoas acreditam no que lhes familiar), passando pela criatividade na construo de seus textos (as pessoas apreciam o que criativo, bem-humorado, inteligente) at as mais diversas formas de seduo (o belo, o agradvel, o elegante, o fino, o saboroso, o desejado secretamente pelo consumidor). Os argumentos e recursos persuasivos se revestem, assim, de generalidades (expresses que parecem dizer tudo, mas, na verdade, no dizem nada: isso que , mais de voc em voc, raro prazer; etc.); globalizaes (9 em cada 10 usam ; o mais vendido; o mais rico, o n1 etc.); transferncia de prestgio (artistas, atletas, comunicadores, etc. consomem tal produto... e voc?); argumento de autoridade (o Dr. Fulano recomenda;segundo o especialista Fulano estrangeirismos (marcas e rtulos usando palavras estrangeiras, as letras exticas k, w e y, comparaes com pases do chamado Primeiro Mundo), entre outros. Assim, a propaganda comercial, filha da democracia capitalista, acabou por se transformar numa das formas mais agudas de dominao, justamente por estar em jogo o interesse econmico.

Atividades prticas:1) s vezes, uma concluso fruto de uma srie de premissas. Indique duas premissas de cada concluso dada a seguir. 1.As provas de mltipla escolha devem ser proibidas. R-____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ 2. O parlamentarismo deve ser implantado no Brasil. R-____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ 3. Devemos comprar sempre carros nacionais. R-____________________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______ 4. Os alunos devem usar cadernos de papel reciclado. R-____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ 2) Em muitos casos, recusamos a concluso tirada da(s) premissa(s). Os argumentos abaixo podem ser recusados por vrias razes: ( 1 ) a premissa no verdadeira; ( 2 ) a concluso no uma decorrncia lgica da premissa; ( 3 ) a premissa no suficiente para a concluso. Escreva nos parnteses o nmero correspondente a cada caso. 33

1. O PCB protege o povo contra a explorao. O povo deve votar com o PCB. (

)

2. O governo Brizola construiu muitas escolas. O analfabetismo decresceu no Governo Brizola. ( ) 3. Os alunos acham a prova muito difcil. Os alunos tm que apelar para a cola. ( 4. Bermuda no traje indecente. Os alunos deviam ser proibidos de usar bermuda nos colgios. ( ) 5. A empresa no paga devidamente aos funcionrios. Os funcionrios da empresa devem entrar em greve. ( ) 6. Os camels apresentam deficincias fsicas. Os camels devem ser protegidos. ( 7. Os camels vendem mais barato. Deve ser permitida a presena de camels nas ruas. ( ) 8. Tudo o que bom para os Estados Unidos bom para o Brasil. Devemos copiar as leis americanas. ( ) 9. As mquinas de escrever custam cada vez mais caro. Devemos escrever com canetas esferogrficas. ( ) 3) As premissas de um raciocnio so normalmente de trs tipos: fatos(F), julgamentos (J) ou testemunhos de autoridade (T). Classifique as premissas dos argumentos a seguir de acordo com esses trs tipos. 1. Uma pesquisa demonstrou que as guas das praias cearenses esto poludas, por isso devemos evit-las. ( ) 2. O Ibope indica que o candidato X ter mais de cinquenta por cento dos votos de todos os eleitores, por isso acho perda de tempo votar em qualquer outro. ( ) 3. Muitos pivetes assaltam nos grandes centros, por isso considero aconselhvel que se reveja a lei de proteo ao menor. ( ) 4. muito melhor gastar quinhentos dlares nos Estados Unidos do que no Nordeste, por isso os avies para Miami esto cheios. ( ) 5. A ortografia da lngua portuguesa de difcil aprendizagem, por isso acho urgente uma reviso no sistema ortogrfico. ( ) 4) As inferncias so de dois tipos: indutivas (do particular para o geral) e dedutivas (do geral para o particular). Em todos os casos a seguir, temos inferncias indutivas; verifique se elas so fruto de generalizao (G), relao de causa / efeito (C) ou analogia (A). 1.O livro sobre a vida e a obra de Nlson Rodrigues muito grosso e caro, por isso 34 ) )

deve vender pouco. (

)

2. Os restaurantes esto fazendo como as lojas de roupas, oferecendo pratos a preos mais baratos, por isso esto vendendo mais. ( ) 3. Os marinheiros tm uma namorada em cada porto, por isso as mulheres devem evitar casar-se com eles. ( ) 4. Os animais tambm amam, sentem dor e prazer, e morrem, como os seres humanos. Por que falar de crueldade quando se defendem? ( ) 5. Medindo grupos de cidados brasileiros de vrias partes do pas, inferimos que os nordestinos so mais baixos que os sulistas. ( ) 5) Leia o texto e responda s perguntas: Contam que um soldado vivia sempre bbado.Um dia, o sargento o chamou, mostroulhe um copo onde colocou cachaa; ps, em seguida, no mesmo copo, uma gema de ovo e o resultado foi uma goma asquerosa. Virou-se para o soldado e disse: Veja, soldado, o que acontece com seu estmago quando voc bebe! Depois de ver isso, o que voc pretende fazer? Nunca mais vou comer ovo!

1) Que tipo de inferncia indutiva foi usada pelo sargento? R-__________________ __________________________________________________ 2) Por que a inferncia surpreendeu? R-____________________________________________________________________ 3) Analise os raciocnios a seguir e identifique as possveis falhas, classificando-as de acordo com o cdigo: 1 ) crculo vicioso ( 6) generalizao excessiva 2 ) estatstica tendenciosa ( 7 ) esteretipo 3 ) fuga do assunto ( 8 ) simplificao exagerada 4 ) argumento autoritrio ( 9 ) falsa analogia 5 ) confuso causa / efeito 1. Todos os problemas do mundo desapareceriam se os homens se dedicassem mais religio. ( ) 2. No conveniente instalarmos uma fbrica na Bahia pois certamente teremos problemas com os operrios, que so muito preguiosos e festeiros. ( ) 3. Machado de Assis , sem dvida, o melhor escritor da literatura brasileira, j que nenhum outro entre ns conseguiu igualar-se a ele. ( ) 4. Eu no acredito que voc esteja me dizendo essas coisas; eu, seu pai! ( ) fora

5. Collor foi eleito por mais de cinquenta por cento dos eleitores, o que lhe dava poltica para resistir a presses. ( ) 35

6. Os professores so diferentes de qualquer outro tipo de gente do planeta, pois parece que nunca se preocupam com o dinheiro que recebem por seu trabalho.( ) 7. Eu tenho dificuldades no aprendizado de lngua estrangeira; todos os membros da minha famlia apresentam o mesmo problema. ( ) 8. As notas de dez estudantes nas provas foram 94, 66, 64, 62, 61, 60, 59, 58, 56. Uma anlise dos resultados mostra que a mdia foi de 63,6 e que setenta por cento dos alunos no conseguiram atingi-la. Foi decepcionante! ( ) 9. Portugueses no so bons em matemtica. Embora haja oito portugueses em cada dez alunos do curso, as quatro maiores notas so de brasileiros e as quatro piores, de portugueses.( ) 10. Se os estudantes no querem estudar, no h nada que o professor possa fazer. Afinal de contas, podemos levar o camelo at a gua, mas no podemos obrig-lo a beber.( )

Argumentao e persuaso nos exames.1.(Unicamp-SP) Defender a lngua , de modo geral, uma tarefa ambgua e at certo ponto intil. Mas tambm quase intil e ambguo dar conselhos aos jovens de uma perspectiva adulta e no entanto todo o adulto cumpre o que julga seu dever. [...] Ora, no que se refere lngua, o choque ou oposio situam-se normalmente na linha divisria do novo e do antigo. Mas fixar no antigo a norma para o atual obrigaria este antigo a recorrer a um mais antigo, at o limite das origens da lngua. A prpria lngua, como ser vivo que , decidir o que lhe importa assimilar ou recusar. A lngua mastiga e joga fora inmeros arranjos de frases e vocbulos. Outros, ela absorve e integra a seu modo de ser.(FERREIRA, Verglio. Em defesa da lngua. ln: Esto a assassinar o portugus! (trecho adaptado).

a) Transcreva a tese de Verglio Ferreira, isto , a afirmao bsica que o autor aceita como verdadeira e defende nesse trecho. R-_____________ _______________________________________________________ ____________________________________________________________________ b) Transcreva o argumento no qual o autor se baseia para defender sua tese. R_______________________________________________ _____________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________

Texto para as questes de 1 a 4.36

No meio da dcada de 20, quando o automvel tinha feito sua apario com fora total, caminhar pelas grandes avenidas europeias era sair para ser expulso da rua pelo trfego. Foi como se o mundo tivesse subitamente enlouquecido, dizem as pessoas quando fazem referncia a essa poca. O homem sentia-se diretamente ameaado e vulnervel. Deixar nossa casa significava que, uma vez cruzada a soleira da porta, ns estvamos em perigo e podamos ser mortos pelos carros que passavam. Chocadas e desorientadas, as pessoas comparavam a rua de ento com a de sua juventude. A rua nos pertencia: cantvamos nela, discutamos nela, enquanto os cavalos e veculos passavam suavemente .A rua era, portanto, pouco tempo antes, o espao que acolhia os homens, que lhes permitia se moverem vontade, em um ritmo que podia acolher tanto as discusses quanto a msica ; homens, animais e veculos coexistiam pacificamente em uma espcie de paraso urbano.Acontece que esse idlio terminou, as ruas passaram a pertencer ao trfego, e o homem sobreviveu a esse tipo de mudana. Depois de esquivar-se e lutar contra o trfego, acabou identificando se por inteiro com as foras que o estavam pressionando . O homem da rua incorporou-se ao novo poder, tornandose o homem no carro. A perspectiva desse novo homem no carro gerou uma nova concepo de rua, que passou a orientar os planejamentos urbanos da por diante. Numa rua verdadeiramente moderna diziam, ento, os especialistas nada de pessoas exceto as que operam as mquinas; nada de pedestres desprotegidos e desmotorizados para retardar o refluxo. 1)(PUC-SP) Assinale a alternativa correspondente ao tema em torno do qual se organiza o discurso apresentado: a) O paraso urbano e a mquina; b) O homem e o espao urbano; c) O trfego no mundo moderno; d) O homem antigo e o moderno; e) A modernidade e o poder da mquina. 2) (PUC-SP) O texto defende a tese de que: a) O homem, quando pressionado, alia-se s foras adversas e incorpora-se ao seu poder; b) O homem, no passado, conheceu uma espcie de paraso urbano, mas corrompeu-o e dele foi expulso; c) O mundo moderno s admite pessoas que sabem operar as mquinas com percia; d) A utilizao do espao pelo homem depende de sua ao com o mundo; e) O homem, no mundo moderno, cedeu seu espao mquina; por esse motivo, d mais importncia a ela do que a si prprio. 3) (PUC) O homem da rua incorporou-se ao novo poder, tornando-se o homem no carro. Essa afirmao foi utilizada, no texto, para demonstrar que: a) O homem tornou-se moderno quando trocou o andar a p, na rua, pelo andar de automvel nas grandes avenidas; b) O homem, aliando-se mquina, descobriu um novo ser e deu novo ritmo a todos os seus atos; c) A integrao perfeita do homem rua antiga foi abandonada quando ele se 37

identificou por inteiro com a mquina; d) O carro deu ao homem novas perspectivas de vida, gerando, inclusive, um tipo de urbanizao que protege o pedestre; 4) (PUC-SP) Observando-se o tipo de composio do texto, conclui-se que ele : a) Dissertativo, com elementos narrativos e descritivos; b) Narrativo, com elementos descritivos e dissertativos; c) Descritivo, com excluso de argumentos; d) Narrativo, com excluso de descries; e) Dissertativo, com excluso de argumentos.

TIPOS DE CONECTORES E MARCADORES ARGUMENTATIVOSA argumentao faz parte da linguagem na medida em que desejamos , quando falamos ou escrevemos, persuadir nosso interlocutor. A coeso seqencial apresenta palavras que atuam especificamente na juno dos elementos do discurso, deteminando o modo pelo qual se conectam as pores que se sucedem. No corpus, grifamos esses conectores. J os operadores argumentaivos so responsveis pela sinalizao da argumentao. Observaremos, agora, os operadores e conectores encontrados no artigo Universalismo.

Universalismo.A filosofia dirige-se a todos os homens e no a nenhum em particular. O filsofo expressa ainda que de modo singular a voz de um Homem. Em Portugal, o ensino da filosofia e o acesso da populao em geral filosofia foram sempre encarados de modo muito elitista. Compreender o pensamento de um filsofo implicou sempre a exigncia de uma renncia ainda que temporria ao portugus. Ainda h bem pouco tempo, os textos que os alunos tinham que comentar, por exemplo, no ensino superior, tinham quase sempre que ser feitos na lngua usada pelos respectivos autores (grego, latim, francs, ingls, russo, etc). Todas as tradues eram encaradas como traies ao esprito e letra da obra. O acesso universalidade do debate filosfico pressupunha assim o domnio de uma multiplicidade de lnguas. Exigncia a que s poderiam aspirar em teoria um grupo muito restrito de poliglotas. A grande maioria dos leitores e amantes da filosofia contentava com comentrios em portugus sobre obras escritas noutras lnguas, cujo acesso lhes era vedado na sua lngua materna. No