Por que trabalhar Por que trabalhar com grupos? com grupos?

Denise DuqueDenise Duque

deniseduque@matrix.com.brdeniseduque@matrix.com.br

Nosso objetivoNosso objetivo

Trocar experiênciasTrocar experiências Apresentar um referencial possívelApresentar um referencial possível Discutir possibilidadesDiscutir possibilidades Discutir dificuldades e obstáculos Discutir dificuldades e obstáculos

Idéias que norteiam nossa Idéias que norteiam nossa ação:ação:

Pensamento Sistêmico – epistemologias Pensamento Sistêmico – epistemologias construtivistasconstrutivistas

Crítica ao AutoritarismoCrítica ao Autoritarismo Perspectiva de GêneroPerspectiva de Gênero Conceito de resiliência.Conceito de resiliência.

Pensamento sistêmicoPensamento sistêmico

Lógica linear Lógica linear → → circular circular

uma ação se repete somente se uma ação se repete somente se existirem condições facilitadoras existirem condições facilitadoras (retroalimentações) (retroalimentações)

que colaborem com a perpetuação que colaborem com a perpetuação desses padrões interacionais. desses padrões interacionais.

Pensamento sistêmicoPensamento sistêmico

Se deixarmos de ver as dificuldades e Se deixarmos de ver as dificuldades e sintomas como falhas de funcionamento sintomas como falhas de funcionamento individual e se as situarmos no contexto individual e se as situarmos no contexto histórico cultural poderemos compreender histórico cultural poderemos compreender e igualmente explorar formas possíveis de e igualmente explorar formas possíveis de modificar essas condutas. modificar essas condutas.

((RavazzolaRavazzola, 1997)., 1997).

O que é Autoritarismo?O que é Autoritarismo?

Imposição de força e poder; Imposição de força e poder; Disposição em tratar com arrogância e Disposição em tratar com arrogância e

desprezo os inferiores hierárquicos e  em desprezo os inferiores hierárquicos e  em geral todos aqueles que não têm poder e geral todos aqueles que não têm poder e autoridade. autoridade.

Dicionário de Dicionário de Política Norberto BobbioPolítica Norberto Bobbio

O que é Autoritarismo?O que é Autoritarismo?

Ideologias autoritárias negam de uma Ideologias autoritárias negam de uma maneira mais ou menos decisiva a maneira mais ou menos decisiva a igualdade dos seres humanos e colocam igualdade dos seres humanos e colocam em destaque o princípio hierárquico.em destaque o princípio hierárquico.

Perspectiva de GêneroPerspectiva de Gênero

Princípio organizador socialmente Princípio organizador socialmente construído construído →→ assume que homens e assume que homens e mulheres tem direitos e deveres mulheres tem direitos e deveres diferentes.diferentes.

Impõe hierarquias = diferençasImpõe hierarquias = diferenças

Perspectiva de GêneroPerspectiva de Gênero

2 tipos de 2 tipos de atribuição causal atribuição causal na na socialização de gênerosocialização de gênero (explicações (explicações sobre as causas dos eventos):sobre as causas dos eventos): HOMENS – HOMENS – Atribuição causalAtribuição causal externa externa

–– “Tu fazes tudo errado!” “Tu fazes tudo errado!” MULHERES – MULHERES – atribuição causal atribuição causal

internainterna – “ Que burra eu sou!” – “ Que burra eu sou!”

Perspectiva de GêneroPerspectiva de Gênero

Converte-se em um princípio Converte-se em um princípio organizador organizador natural;natural;

Passa a formar parte da identidade Passa a formar parte da identidade dos sujeitos de determinada dos sujeitos de determinada cultura. cultura.

Conseqüências:Conseqüências:

Outorga poder;Outorga poder; Alimenta princípios educativos baseados nas Alimenta princípios educativos baseados nas

diferenças (de gênero, de classe, econômicas, diferenças (de gênero, de classe, econômicas, etc.);etc.);

Exclui a reciprocidade entre os sexos e Exclui a reciprocidade entre os sexos e considera essas desigualdades como considera essas desigualdades como naturaisnaturais

Obstaculiza o desenvolvimento de empatia; Obstaculiza o desenvolvimento de empatia; Favorece Favorece violênciasviolências..

Violência Violência

Intenção de Intenção de submeter,submeter, controlar e controlar e dominar.dominar.

O dano pode não ser intencional, mas é O dano pode não ser intencional, mas é produzidoproduzido. .

Por que trabalhar com Por que trabalhar com grupos?grupos?

Para deixar de ser testemunha social passiva Para deixar de ser testemunha social passiva (de abusos, violências, falta de ética, etc);(de abusos, violências, falta de ética, etc);

Desestabilizar padrões Desestabilizar padrões naturaisnaturais de violência; de violência; Desenvolver Desenvolver uma voz pública uma voz pública que rejeite que rejeite

abusos;abusos; Promover um efeito em cadeia, multiplicador, Promover um efeito em cadeia, multiplicador,

através da divulgação de conhecimentos e do através da divulgação de conhecimentos e do questionamento contínuo sobre os sistemas de questionamento contínuo sobre os sistemas de crenças e ideologias constituídas.crenças e ideologias constituídas.

Por que trabalhar com Por que trabalhar com grupos?grupos?

Reverter os mecanismos de indução Reverter os mecanismos de indução hipnótica e dissonância cognitiva ou hipnótica e dissonância cognitiva ou “lavagem cerebral”.“lavagem cerebral”.→→ Re-conhecer os registros de mal-estar.Re-conhecer os registros de mal-estar.

→ → Deter o Deter o duplo cegoduplo cego;;

Desenvolver resiliência.Desenvolver resiliência.

Desenvolver resiliênciaDesenvolver resiliência

restaurar o sentimento de potência, de restaurar o sentimento de potência, de eficiência e capacidade de ser ativo, eficiência e capacidade de ser ativo, mais do que reativo, frente às mais do que reativo, frente às adversidades.adversidades.

Recuperar auto-estima.Recuperar auto-estima.

Crenças e valores sócio-Crenças e valores sócio-culturais que combatemos:culturais que combatemos:

A família é sagrada. A família é sagrada. Não podemos fazer nada: “em briga de Não podemos fazer nada: “em briga de

marido e mulher não se mete a colher”. marido e mulher não se mete a colher”. A mulher é propriedade do marido.A mulher é propriedade do marido. Os filhos são propriedade dos pais.Os filhos são propriedade dos pais. A surra é indispensável.A surra é indispensável.

Crenças e valores sócio-Crenças e valores sócio-culturais que queremos culturais que queremos construir: Educação para a Pazconstruir: Educação para a Paz

As As pequenaspequenas violências não devem ser violências não devem ser aceitas como naturais! aceitas como naturais!

Violência gera violência!Violência gera violência!

Crenças e valores sócio-Crenças e valores sócio-culturais que queremos culturais que queremos construir: Educação para a Pazconstruir: Educação para a Paz

Violência não faz parte da natureza humana: é Violência não faz parte da natureza humana: é

aprendida e portanto pode ser desaprendida;aprendida e portanto pode ser desaprendida;

→ → gera sentimento de humilhação, de raiva e gera sentimento de humilhação, de raiva e de vingança sobre os mais fracos;de vingança sobre os mais fracos;

→→ a criança que recebe surras e castigo físico, a criança que recebe surras e castigo físico, aprende que os conflitos são resolvidos aprende que os conflitos são resolvidos através da violência;através da violência;

Crenças e valores sócio-Crenças e valores sócio-culturais que queremos culturais que queremos construir: Educação para a Pazconstruir: Educação para a Paz

Explorar formas de expressar Explorar formas de expressar sentimentos de maneiras socialmente sentimentos de maneiras socialmente aceitáveis aceitáveis → → empregar palavras ao invés empregar palavras ao invés de atos, utilizar termos socialmente de atos, utilizar termos socialmente aceitos;aceitos;

Explorar meios de resolução pacífica de Explorar meios de resolução pacífica de conflitos e assertividade;conflitos e assertividade;

Crenças e valores sócio-Crenças e valores sócio-culturais que queremos culturais que queremos construir: Educação para a Pazconstruir: Educação para a Paz

Favorecer o desenvolvimento da auto-Favorecer o desenvolvimento da auto-estima;estima;

Favorecer o Favorecer o empoderamentoempoderamento: : ultrapassar o medo, a depressão, ultrapassar o medo, a depressão, recuperar a confiança no outro, a recuperar a confiança no outro, a criatividade e a alegria de viver.criatividade e a alegria de viver.

Como iniciar?Como iniciar?

Analisar a demanda;Analisar a demanda; Realizar inserção ecológica;Realizar inserção ecológica; Controlar as nossas expectativas;Controlar as nossas expectativas; Lidar com a frustração de não poder Lidar com a frustração de não poder

contar com os considerados mais contar com os considerados mais prejudicadosprejudicados..

Dificuldades: Dificuldades: 1. como motivar as pessoas1. como motivar as pessoas

Contar com as instituições já inseridas Contar com as instituições já inseridas no contexto;no contexto;

Explorar interesses e associar afazeres Explorar interesses e associar afazeres (oficinas, esporte,e outros);(oficinas, esporte,e outros);

Trabalhar com os sistemas possíveis.Trabalhar com os sistemas possíveis.

Dificuldades: Dificuldades: 2. Romper o isolamento2. Romper o isolamento

Isolamento e ausência de controle social Isolamento e ausência de controle social gera condições que favorecem a gera condições que favorecem a perpetuação de comportamentos que perpetuação de comportamentos que podemos chamar de “desviantes, como podemos chamar de “desviantes, como incesto e violência” incesto e violência”

(Sluzki,1987, p.63).(Sluzki,1987, p.63).

Ex. 1Ex. 1: G: Grupo de mulheresrupo de mulheres

Rosa – “Porque a vida faz isso com a gente?”Rosa – “Porque a vida faz isso com a gente?”

Joana –“A vida não faz isso. A gente é que deixa Joana –“A vida não faz isso. A gente é que deixa acontecer esperando que um dia vá melhorar. E acontecer esperando que um dia vá melhorar. E eles cada dia tripudiam mais... A gente não impõe eles cada dia tripudiam mais... A gente não impõe respeito, fica submissa, acaba deixando que eles respeito, fica submissa, acaba deixando que eles tomem conta e a gente compartilha com aquilo ali. tomem conta e a gente compartilha com aquilo ali. Espera que eles reconheçam e isso nunca Espera que eles reconheçam e isso nunca acontece... botam fora a comida, quebram as acontece... botam fora a comida, quebram as coisas e a gente limpa, chora, junta e faz tudo de coisas e a gente limpa, chora, junta e faz tudo de novo. Minha obrigação de mulher era limpar, dar novo. Minha obrigação de mulher era limpar, dar chá, cuidar.chá, cuidar.

Ex. 1Ex. 1: G: Grupo de mulheresrupo de mulheres

Joana continua: Joana continua: Chega bêbado deixa lá! Deixa vomitado, Chega bêbado deixa lá! Deixa vomitado,

não deixa deitar na tua cama! Quando não deixa deitar na tua cama! Quando comecei a ouvir que cuidar era errado fiquei comecei a ouvir que cuidar era errado fiquei horrorizada... Eles se fazem de vítima, toda horrorizada... Eles se fazem de vítima, toda a vizinhança apóia ‘o coitado’. O que mais a vizinhança apóia ‘o coitado’. O que mais machuca e deixa a gente mais culpada são machuca e deixa a gente mais culpada são as pessoas que acham que a gente faz as pessoas que acham que a gente faz maldade se não cuida...” maldade se não cuida...”

Outros depoimentos:Outros depoimentos:

1.1. “ “ Depois que te ouvi penso mil vezes Depois que te ouvi penso mil vezes antes de bater em meu filho”.antes de bater em meu filho”.

2.2. Depoimento dado na missa: “quando Depoimento dado na missa: “quando nós protegemos não amamos. Eu nós protegemos não amamos. Eu estraguei. O amor demais só acoberta”; estraguei. O amor demais só acoberta”;

3.3. ““quando a gente sofre muitas injustiças, quando a gente sofre muitas injustiças, a gente fica com o raciocínio lento”. a gente fica com o raciocínio lento”.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASREFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DASKAL, A.M. & RAVAZZOLA M.C. (1990) – DASKAL, A.M. & RAVAZZOLA M.C. (1990) – IntroduçãoIntrodução, ,

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MELILLO, A.; OJEDA E. N. S. & col.(2005) – MELILLO, A.; OJEDA E. N. S. & col.(2005) – Resiliência: Resiliência: descobrindo as próprias fortalezasdescobrindo as próprias fortalezas, Porto Alegre: Artmed., Porto Alegre: Artmed.

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http://www.leonildoc.ocwbrasil.org/ini10-3.htmhttp://www.leonildoc.ocwbrasil.org/ini10-3.htm - Dicionário - Dicionário de de Política Norberto Bobbio - [Mário Stoppino] captado em Política Norberto Bobbio - [Mário Stoppino] captado em 02/06/2008.02/06/2008.