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PREVENÇÃO DE LESÃO NO ESPORTE: RELAÇÃO COM CARGA DE TREINAMENTO E MEDIDAS GERAIS

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MEDICINA DE ESPORTE E EXERCÍCIO

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CONTEÚDO: PEDRO LUIZ GUIMARÃES CURADORIA: PEDRO LUIZ GUIMARÃES










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SUMÁRIO

CARGAS DE TREINAMENTO & LESÃO ...................................................... 4

PREVENÇÃO RELACIONADA COM AS CARGAS DE TREINAMENTO . 6

MEDIDAS GERAIS DE PREVENÇÃO DE LESÃO ....................................... 8

REFERÊNCIAS ............................................................................................... 12







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CARGAS DE TREINAMENTO & LE-SÃO

Dando um foco na relação das cargas detreinament o e risco de lesão, váriosestudos investigaram a influência do volume de treinamento, intensidade e frequência no desempenho atlético, demonstrando que o desempenho geralmente melhora com aumento na carga de treinamento. Entretanto, também foi demonstrado que as adaptações negativas ao treinamento de físico também estão relacionadas à dose, com a maior incidência de lesões ocorrendo quando as cargas de treinamento são mais altas. No Gráfico 1 podemos ver como

ocorre a relação significativa entre cargas de treinamento e incidência de lesão de

treinamento, sugerindo que quanto mais intenso esses indivíduos treinam, mais lesões eles sofrerão. Além disso, foram demonstradas reduções nas cargas de treinamento para reduzir as incidências de lesões e gerar melhorias na potência aeróbica (Figura 6).

Gráfico 1 – Relação entre carga de treinamento e incidência de lesões. (imagem retirada de Tim Gabbet. Injury Prevention and Performance Enhancement).









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A relevância documentada dessa redução nas incidências de lesão, combinada com a importância de ter o número máximo de atletas livres de lesões e disponível para competir no maior número de jogos possíveis ao longo da temporada, resultou no desenvolvimento e aplicação de modelos de previsão de lesões para esporte de alto desempenho. O uso dessas modelos tem sido bem documentado dentro da mídia (por exemplo, AC Milan, Sydney Swans), embora a evidência científica que sustenta seu uso esteja longe de ser relevante. Por enquanto, apenas um estudo foi publicado em 2010 documentando o uso de um modelo de previsão de lesões para lesões de tecidos moles sem contato em atletas de esportes coletivos. Os atletas que excederam o

limite de carga de treinamento tiveram 70 vezes mais chances de terem lesões sem contato e de tecido mole, enquanto os atletas que não excederam o limite de carga de treinamento apresentaram uma razão de verossimilhança de 0,1 (Tabela 1). Um dos grandes pontos importantes desse estudo foi a demonstração de que os modelos de previsão de lesões forneceram maior precisão preditiva do que o que estava disponível através da "experiência intuitiva" dos profissionais responsáveis pelo treinamento de força e condicionamento físico da equipe.

Apesar de diversos estudos que documentam a relação entre carga de treinamento e lesões, há evidências emergentes que sugerem que o

Gráficos 2 – Influência da redução de cargas de treinamento na incidência de lesão e performance física. (imagem retirada de Tim Gabbet. Injury Prevention and Performance Enhancement).









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treinamento insuficiente pode levar ao aumento do risco de lesões. Embora as lesões tendam a implicar em reduções no desempenho de jogo, não está claro se o mau desempenho de jogo é a causa ou o efeito das altas incidência de lesões. Curiosamente, os treinadores muitas vezes lamentam suas altas incidência de lesões quando suas equipes não estão jogando bem, enquanto comemoram suas baixas incidência de lesões quando sua equipe está ganhando.

PREVENÇÃO RELACIONADA COM AS CARGAS DE TREINA-MENTO

Como já era de se imaginar, em certos ambientes esportivos, a prevenção de lesões e a melhoria de desempenho são muitas vezes vistos como duas atividades distintas em extremidades diferentes de um programa de treinamento. Por um lado, os fisioterapeutas veem o valor no monitoramento de cargas de treinamento para reduzir as lesões, enquanto a equipe

Tabela 1 – Modelo de acurácia para predição de lesões de tecidos moles, sem contato em atletas de esportes coletivos. Verdadeiro positivo = lesão prevista e lesão mantida pelo atleta. Falso positivo = lesão prevista, mas o atleta não manteve a lesão. Falso negativo = nenhuma lesão prevista, mas o atleta sofreu a lesão. Falso verdadeiro = nenhuma lesão prevista e atleta não sofreu lesão. Sensibilidade = proporção de atletas lesionados com previsão de lesão. Especificidade = proporção de atletas não lesionados com previsão de permanência sem lesão. Razão de verossimilhança (RV) positiva = sensibilidade / (1-especificidade). Razão de verossimilhança (RV) negativa = (1-sensibilidade) / especificidade.









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de condicionamento gostaria que os atletas realizassem altas cargas de treinamento produzissem adaptações físicas positivas e preparassem os atletas para as demandas da competição.

Claramente, o treinamento para a prática de atividade física reflete um equilíbrio entre a carga mínima de treinamento necessária para provocar uma melhoria na aptidão e a carga máxima de treinamento tolerável antes de provocar aumentos consideráveis nas incidências de lesões.

Atualmente, a prevenção de lesões relacionadas com a carga de treinamento em esportes coletivos tem sido relativamente simples: se as cargas de treino excederam um "limiar" planejado, os atletas foram "afastados" de potenciais lesões. No entanto, deve-se compreender que se a carga de treinamento for continuamente reduzida para prevenir o risco de lesões, podem aparecer lesões secundárias à uma aptidão física reduzida para as demandas sofridas pelo indivíduo. No caso dos atletas, eles podem não ter as qualidades físicas necessárias para tolerar as demandas fisiológicas da competição, gerando uma redução no desempenho de jogo e, muito provavelmente, aumentando a incidência de lesões. Da mesma forma, dado que as qualidades físicas bem desenvolvidas nos atletas têm sido

associadas com a diminuição do risco de lesão, é provável que atletas que foram “afastados" do risco de lesão podem, na realidade, estar aumentando o risco de lesão.

Os programas de treinamento físico devem ser fisiologicamente e psicologicamente adequados para permitir que os atletas lidem com as exigências da competição. Na verdade, já foi demonstrado que expor o cérebro regularmente ao trabalho físico intenso e à fadiga parece melhorar a capacidade do corpo para lidar com a fadiga. Ou seja, o treinamento fisicamente intenso melhora não só a aptidão física, mas também aumenta a resiliência mental dos atletas. É intuitivo compreender que atletas fisicamente (e mentalmente) inadequados são mais propensos a se pouparem, como uma estratégia de autopreservação e proteção. Se os atletas não foram expostos ao trabalho físico intenso regularmente, o cérebro instrui o corpo a parar o exercício mais cedo para evitar a exaustão. Com base nessa teoria, um argumento coerente – embora controverso – que tem sido utilizado pelos treinadores é: altas cargas de treinamento (perceba que não falamos de carga excessiva) devem ser prescritas para determinar quais atletas são mais suscetíveis à lesões em situações fisicamente estressantes (esses atletas







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provavelmente não tolerarão a intensidade e a fadiga da competição), e quais atletas não são suscetíveis a lesões em situações fisicamente estressantes (esses atletas são mais propensos a tolerar a intensidade e fadiga da competição).

MEDIDAS GERAIS DE PREVEN-ÇÃO DE LESÃO

O panorama das lesões varia muito nas diferentes modalidades esportivas, com diferentes causas e fatores de risco, e especialmente diferentes tradições de treinamento e requisitos para o desempenho. No entanto, algumas medidas gerais podem ser aplicadas à muitos esportes. Para uma descrição mais aprofundada e abrangente das

oportunidades de prevenção para tipos de lesões específicas vamos abordando ao longo do curso.

A seguir, vamos listar algumas dessas medidas gerais e abrangentes à maioria das modalidades esportivas.

Aquecimento e alongamento. O aquecimento adequado antes de todo treinamento e competição é um pré-requisito para um bom desempenho e para evitar lesões. O aquecimento deve começar com um exercício geral na intensidade moderada (tal como movimentar-se), para aumentar a temperatura de corpo, e pode ser seguido alongamento para preparar os músculos e as articulações para o esforço máximo. O papel do alongamento no aquecimento

Tabela 2 – Dicas para prevenir lesões relacionadas com a carga de treinamento









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vem tendo um papel controverso, mas alongamentos incluindo exercícios estáticos 10-15 segundos de duração, pelo menos três vezes para cada grupo muscular, e todos os grupos musculares centrais para o esporte relevante, pode ser incluído, pelo menos em esportes explosivos. Lembre-se que este tipo de alongamento (que tem a finalidade de preparar o músculo e a articulação para esforços máximos) deve ser distinguido do treinamento de flexibilidade (que tem a finalidade de aumentar a faixa máxima de movimento). Exercícios especializados adicionais adaptados a um determinado esporte devem ser incluídos para abordar gradualmente a intensidade desejada.

Programas preventivos. Existe uma variedade de lesões e exercícios preventivos específicos para o esporte. Alguns destes serão discutidos no decorrer do curso. Normalmente, esses programas consistem em exercícios com foco na estabilidade do core, equilíbrio, estabilização dinâmica, agilidade e pliometria, e força muscular. Eles são muitas vezes projetados para serem usados como programas estruturados de aquecimento para garantir que todos os jogadores sejam expostos aos efeitos preventivos regularmente, e estudos geralmente mostram que eles reduzem o risco de lesões em aproximadamente 50%.

O programa FIFA 11+ é um bom exemplo de um programa preventivo multifacetado que inclui: a estabilidade do core; o contrapeso; a força; e os exercícios de corrida. Além disso ele enfatiza o controle neuromuscular assim como o controle do quadril e o alinhamento do joelho, buscando evitar um valgo excessivo do joelho durante os movimentos estáticos e dinâmicos. Programas semelhantes existem para outros esportes, como futebol e handebol, e o mesmo conceito pode ser traduzido para outras configurações esportivas. Teremos uma apostila para falar apenas do FIFA 11+.

Progressão apropriada de treinamento. Um dos fatores de risco mais importantes para lesões (tanto agudas quando por oveuse) é mudar a carga de treinamento muito rapidamente. Por isso voltamos a abordar esse assunto nesse tópico. Se um atleta busca aumentar seu desempenho, ele deve aumentar a carga do treinamento além do que ele está acostumado. Isso pode ser alcançado aumentando a intensidade, duração ou frequência do treinamento, ou escolhendo novos tipos de treinamento. O manejo de todas essas opções está descrito na apostila de Treinamento Físico – Princípios Básicos. A experiência tem mostrado que o risco de lesões tem uma maior relação com a mudança do programa de treinamento -







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por exemplo no campo de treinamento, onde a quantidade total de treinamento pode chegar ao dobro do nível normal. As mudanças na carga de treinamento devem ser bem planejadas, e atenção especial deve ser dada ao risco de lesões por overuse. Isto é particularmente verdadeiro para as equipes (como um time de futebol) que estão treinando juntos, onde pode levar alguns indivíduos mais tempo para se ajustar às mudanças na carga de treinamento do que outros. Da mesma forma, o praticante deve estar ciente de que uma mudança na superfície (por exemplo, de uma superfície macia como grama ou cascalho para uma superfície de campo duro) pode resultar em mudanças no padrão de carga que podem levar a lesões.

Equipamento de proteção. O equipamento de proteção é uma das medidas de prevenção de lesões mais bem documentadas no esporte. Quando usado por atletas (por exemplo, óculos, capacetes, protetores de dente, protetores bucais, caneleiras), é crucial que ele se encaixe corretamente. Equipamento de proteção no campo de jogo (por exemplo, a colocação de redes de segurança em uma pista de esqui downhill) também deve sempre levado em consideração. As superfícies de jogo precisam ser avaliadas. Por exemplo, bolhas de cola em uma

quadra de handebol podem criar áreas de atrito extremamente alto. Um campo de futebol mal conservado pode ter buracos ou áreas irregulares que são potencialmente perigosas. Um trabalho fundamental do médico da equipe é garantir que elementos potencialmente perigosos sejam removidos do campo ou quadra de competição. O equipamento de proteção desgastado ou danificado deve ser substituído.

Jogo limpo – “Fair Play”. As regras do jogo em vários esportes são gradualmente ajustadas para acomodar fatores, incluindo o nível de desenvolvimento do atleta e novos equipamentos. Algumas mudanças nas regras de jogo foram feitas especificamente com a finalidade de prevenir situações perigosas de surgir. Em muitos casos, as regras de jogo podem incluir requisitos para usar equipamentos de segurança, como caneleiras, viseiras ou capacetes. A aplicação das regras de jogo é de responsabilidade dos árbitros, e os fatores de segurança devem ser uma parte central do treinamento do árbitro. No entanto, é ainda mais vital que os treinadores estejam cientes de sua responsabilidade e comuniquem claramente atitudes em relação ao fair play e ao respeito pelas regras do esporte. Fair play também inclui estar ciente dos sinais de doping entre os atletas.







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Exames periódicos de saúde. Já foram publicados alguns guias de exames periódicos de saúde em atletas, como o do Comitê Olímpico Internacional. Esses documentos contêm informações específicas sobre o valor e as recomendações sobre o conteúdo dos exames periódicos de saúde para lesões musculoesqueléticas, distúrbios alimentares, problemas cardiovasculares, e assim por diante. Atualmente, o exame de saúde periódico serve a outros fins além de triagem de atletas para futuros problemas de saúde. Um dos objetivos importantes de um exame de saúde periódico é garantir que os problemas de saúde atuais sejam gerenciados para que o atleta possa continuar ou voltar a jogar com segurança. O exame de saúde periódico também representa uma oportunidade para estratificar um atleta para o risco de lesão ou doença futura. No entanto, há evidências limitadas de que um exame de saúde periódico pode prever tais resultados futuro. No entanto, para algumas áreas (por exemplo, o risco de lesões) o exame pode orientar de perto a supervisão médica de um atleta. Por isso, a admissão de um exame regular na cobertura médica de um atleta é altamente recomendada.







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REFERÊNCIAS

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@jalekoacademicos Jaleko Acadêmicos @grupoJaleko

Gabbett T. Reductions in pre-season training loads reduce training injury rates in rugby league players. British Jurnal of Sports Medicine, 2004.

Fuller C., Ekstrand J., Junge A., Andersen T., Bahr R., Dvorak J., Haggluund M., McCory P., Meeuwisse W. Consensus statement on injury definitions and data collec-tion procedures in studies of football (soccer) injuries. Br J Sports Med, 2006.

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