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PROCESSO DO TRABALHO Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas ESQUEMA GERAL DA LIQUIDAÇÃO E EXECUÇÃO. 1) INTRODUÇÃO Objetiva a execução obter coercitivamente o cumprimento do comando judicial contido na decisão, quando tal não ocorre espontaneamente. 2) CONCEITO É o complexo de atos que se voltam a compelir quem figura como obrigado em um título executivo a cumprir sua obrigação. 3) LEGISLAÇÃO APLICÁVEL a) CLT artigos 833 e 897-A § único b) CLT artigos 876 a 892 e 625-E c) Lei 5584/70 (art. 13) d) Lei 6830/80 LEF, à exceção da nomeação de bens à penhora do artigo 882 da CLT. e) CPC. f) Quanto às novas relações de trabalho (EC/45.2004) Instrução Normativa 27 do TST g) Quanto às obrigações de natureza previdenciária – art. 114, VIII; CLT art. 876, § único; TST: Súmula 368 e OJS da SBDI-I ns 376, 398 e 414 OMISSÃO DA CLT – aplicação supletiva como autoriza o artigo 889 da CLT. Referido artigo refere-se aos trâmites e incidentes da execução, chamando em primeiro lugar a supletividade da LEF – Lei dos Executivos Fiscais – Lei 6830/80 e após esta, quando também omissa, o CPC. A única exceção nesta ordem de preferência, é a o oferecimento de bens à penhora, pelo devedor, que o artigo 882 refere-se, expressamente ao 655 do CPC. Logo, em relação aos atos de acertamento-liquidação, a supletividade é direta do CPC, até porque a dívida ativa da Fazenda Pública já nasce liquida, não carecendo de atos de acertamento. CPC artigos 655 até 794. Como ensina José Augusto Rodrigues Pinto em sua obra Execução Trabalhista, quanto aos ordenamentos jurídicos aplicáveis e supletividades: a) o módulo de acertamento (liquidação) é regrado pela CLT e supletivamente pelo CPC;

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PROCESSO DO TRABALHO Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas

ESQUEMA GERAL DA LIQUIDAÇÃO E EXECUÇÃO. 1) INTRODUÇÃO Objetiva a execução obter coercitivamente o cumprimento do comando judicial contido na decisão, quando tal não ocorre espontaneamente. 2) CONCEITO É o complexo de atos que se voltam a compelir quem figura como obrigado em um título executivo a cumprir sua obrigação. 3) LEGISLAÇÃO APLICÁVEL a) CLT artigos 833 e 897-A § único

b) CLT artigos 876 a 892 e 625-E c) Lei 5584/70 (art. 13) d) Lei 6830/80 LEF, à exceção da nomeação de bens à penhora do artigo

882 da CLT. e) CPC. f) Quanto às novas relações de trabalho (EC/45.2004) Instrução Normativa

27 do TST g) Quanto às obrigações de natureza previdenciária – art. 114, VIII; CLT

art. 876, § único; TST: Súmula 368 e OJS da SBDI-I ns 376, 398 e 414 OMISSÃO DA CLT – aplicação supletiva como autoriza o artigo 889 da CLT. Referido artigo refere-se aos trâmites e incidentes da execução, chamando em primeiro lugar a supletividade da LEF – Lei dos Executivos Fiscais – Lei 6830/80 e após esta, quando também omissa, o CPC. A única exceção nesta ordem de preferência, é a o oferecimento de bens à penhora, pelo devedor, que o artigo 882 refere-se, expressamente ao 655 do CPC. Logo, em relação aos atos de acertamento-liquidação, a supletividade é direta do CPC, até porque a dívida ativa da Fazenda Pública já nasce liquida, não carecendo de atos de acertamento. CPC artigos 655 até 794. Como ensina José Augusto Rodrigues Pinto em sua obra Execução Trabalhista, quanto aos ordenamentos jurídicos aplicáveis e supletividades:

a) o módulo de acertamento (liquidação) é regrado pela CLT e supletivamente pelo CPC;

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b) O módulo dos atos de constrição (da citação ao julgamento) é regrado pela CLT, na omissão pela Lei 6830/80 e, finalmente pelo CPC;

c) O módulo da alienação (da avaliação à transmissão do domínio) é regrado pela CLT, na omissão pela Lei 5584/70 e, finalmente, pelo CPC.

Importante, por igual são as Consolidações dos Provimentos da Corregedoria do TST e TRT4 sobre a matéria, cujo teor pertinente transcreve-se: CONSOLIDAÇÃO DOS PROVIMENTOS DO TST: TÍTULO XVII DA EXECUÇÃO Capítulo I Das Normas Procedimentais na Fase de Execução Art. 77. Cabe ao Juiz na fase de execução: I — ordenar a pronta liberação do depósito recursal, em favor do reclamante, de ofício ou a requerimento do interessado, após o trânsito em julgado da sentença condenatória, desde que o valor do crédito trabalhista seja inequivocamente superior ao do depósito recursal, prosseguindo a execução depois pela diferença;1 II — promover a realização semanal de audiências de conciliação em processos na fase de execução, independentemente de requerimento das partes, selecionando-se aqueles com maior possibilidade de êxito na composição; III — determinar a revisão periódica dos processos em execução que se encontrem em arquivo provisório, com a execução suspensa, a fim de renovar providências coercitivas, a exemplo de nova tentativa de bloqueio pelo Sistema BACEN JUD, ou a utilização de novos aplicativos, como o INFOJUD e o RENAJUD. Art. 78. A remessa ao arquivo provisório de autos de processo em execução apenas ocorrerá após encetadas, em vão, pelo Juiz, de ofício, todos os meios de coerção do devedor disponibilizados pelos Tribunais, tais como BACEN JUD, INFOJUD, RENAJUD e outros convênios. Parágrafo único. A remessa será sempre precedida da lavratura de certidão pelo Diretor de Secretaria, atestando que não há depósito judicial ou recursal e que foram esgotados e infrutíferos os meios de coerção, conforme o modelo constante do Anexo IV. 1 Inciso corrigido, conforme errata divulgada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho de 6 de novembro de 2008. Capítulo II Da Desconsideração da Personalidade Jurídica Art. 79. Ao aplicar a Teoria da Desconsideração da Personalidade Jurídica, cumpre ao Juiz que preside a execução trabalhista adotar as seguintes providências: I — determinar a reautuação do processo, a fim de fazer constar dos registros informatizados e da capa dos autos o nome da pessoa física que responderá pelo débito trabalhista; II — comunicar imediatamente ao setor responsável pela expedição de certidões na Justiça do Trabalho a inclusão do sócio no pólo passivo da execução, para inscrição no cadastro das pessoas com reclamações ou execuções trabalhistas em curso; III — determinar a citação do sócio para responder pelo débito trabalhista. Parágrafo único. Não será expedida certidão negativa em favor dos inscritos no cadastro de pessoas com execuções trabalhistas em curso. Art. 80. Comprovada a inexistência de responsabilidade patrimonial do sócio por dívida da sociedade, mediante decisão transitada em julgado, o Juiz que preside a execução determinará ao setor competente,

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imediatamente, o cancelamento da inscrição no cadastro das pessoas com reclamações ou execuções trabalhistas em curso. Capítulo III Da Execução Contra Estado Estrangeiro e Organismos Internacionais Art. 81. Salvo renúncia, é absoluta a imunidade de execução do Estado estrangeiro e dos Organismos Internacionais. Art. 82. Havendo sentença condenatória em face de Estado estrangeiro ou Organismos Internacionais, expedir-se-á, após o trânsito em julgado da decisão, carta rogatória para cobrança do crédito. Capítulo IV Do BACEN JUD Seção I Do Bloqueio, Desbloqueio e Transferência de Valores Art. 83. Em execução definitiva por quantia certa, se o executado, regularmente citado, não efetuar o pagamento do débito nem garantir a execução, conforme dispõe o artigo 880 da CLT, o Juiz deverá, de ofício ou a requerimento da parte, emitir ordem judicial de bloqueio mediante o Sistema BACEN JUD, com precedência sobre outras modalidades de constrição judicial. Art. 84. Relativamente ao Sistema BACEN JUD, cabe ao Juiz do Trabalho: I — abster-se de emitir ordem judicial de bloqueio em caso de execução provisória ou promovida em face de Estado estrangeiro ou Organismo Internacional; II — não encaminhar às instituições financeiras, por intermédio de ofício-papel, solicitação de informações e ordens judiciais de bloqueio, desbloqueio e transferência de valores quando for possível a prática do ato por meio do Sistema BACEN JUD; III — velar diariamente para que, em caso de bloqueio efetivado, haja pronta emissão de ordem de transferência dos valores para uma conta em Banco oficial ou emissão de ordem de desbloqueio. Art. 85. O acesso do Juiz ao Sistema BACEN JUD dar-se-á por meio de senhas pessoais e intransferíveis, após o cadastramento realizado pelo Gerente Setorial de Segurança da Informação do respectivo Tribunal, denominado Fiel. Parágrafo único. As operações de bloqueio, desbloqueio, transferência de valores e solicitação de informações são restritas às senhas dos Juízes. Art. 86. O Presidente do Tribunal Regional do Trabalho indicará dois Fiéis, no mínimo, ao Banco Central do Brasil. Parágrafo único. O descredenciamento de Fiel ou de qualquer usuário do Sistema BACEN JUD será imediatamente comunicado, pelo Presidente do Tribunal Regional do Trabalho, ao Banco Central do Brasil. Art. 87. Os Fiéis do sistema manterão atualizados os dados dos Juízes cadastrados, de acordo com formulário disponibilizado pelo Tribunal Superior do Trabalho na Internet. Parágrafo único. Constarão do formulário as seguintes informações: nome do Juiz, CPF, Tribunal Regional do Trabalho e Vara do Trabalho, se for o caso, a que estejam vinculados, e se estão cadastrados, ou não, no Sistema BACEN JUD. Art. 88. O Juiz, ao receber as respostas das instituições financeiras, emitirá ordem judicial eletrônica de transferência do valor da condenação para conta judicial, em estabelecimento oficial de crédito, ou providenciará o desbloqueio do valor.

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Parágrafo único. O termo inicial do prazo para oposição de embargos à execução é a data da intimação da parte, pelo juízo, de que se efetivou bloqueio de numerário em sua conta. Art. 89. É obrigatória a observância pelos Juízes das normas sobre o BACEN JUD estabelecidas no regulamento que integra o convênio firmado entre o Banco Central do Brasil e os Tribunais do Trabalho. Seção II Do Cadastramento de Conta Única Art. 90. As pessoas físicas e jurídicas poderão requerer o cadastramento de conta única apta a acolher bloqueios eletrônicos realizados por meio do Sistema BACEN JUD. Art. 91. O requerimento, por escrito e dirigido ao Ministro Corregedor-Geral da Justiça do Trabalho: I — indicará o Banco, a agência e o número da conta; II — far-se-á acompanhar de comprovantes da titularidade da conta e do CNPJ ou CPF do(a) requerente. Parágrafo único. As instituições financeiras não estão obrigadas a fornecer o número da conta indicada para o bloqueio, podendo informar apenas o nome do Banco ou o número da agência que cumprirá a ordem. Art. 92. A pessoa física ou jurídica obriga-se a manter na conta indicada numerário suficiente para o cumprimento da ordem judicial. Art. 93. Ao constatar que a pessoa física ou jurídica não mantém numerário suficiente para o atendimento à ordem judicial de bloqueio, o Juiz que preside a execução noticiará o fato ao Ministro Corregedor-Geral da Justiça do Trabalho, mediante Pedido de Providências. Art. 94 Na ausência de numerário bastante para atender à ordem judicial de bloqueio, a conta única será descadastrada e direcionado o bloqueio às demais instituições financeiras. Parágrafo único. O executado poderá requerer o recadastramento da conta ou indicar outra para o bloqueio após seis meses da data de publicação da decisão de descredenciamento no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho. Art. 95 A reincidência quanto à ausência de fundos para o atendimento das ordens judiciais de bloqueio implicará novo descadastramento, desta vez pelo prazo de 1 (um) ano. § 1º O executado, após o prazo referido no caput, poderá postular novo recadastramento. § 2º Em caso de nova reincidência, o descadastramento será definitivo. Art. 96 Os pedidos de recadastramento serão dirigidos ao Ministro Corregedor-Geral da Justiça do Trabalho, instruindo-se a petição com os mesmos documentos exigidos para o cadastramento originário da conta. TÍTULO XVIII DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA AJUIZADA CONTRA MASSA FALIDA Art. 97 Nas reclamações trabalhistas ajuizadas contra massa falida, apurados os valores devidos a título de contribuições sociais, expedir-se-á certidão de crédito previdenciário, que deverá conter: I — indicação da Vara do Trabalho; II — número do processo; III — identificação das partes, com a informação dos números do CPF e CNPJ; IV — valores devidos a título de contribuições sociais, discriminando-se os relativos à cota do empregado e do empregador; V — data de atualização dos cálculos; VI — indicação da Vara em que tramita o processo falimentar;

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VII — número do processo falimentar; VIII — identificação e endereço do síndico ou administrador judicial. Art. 98 À certidão de que trata o caput, será anexada cópia dos seguintes documentos: I — petição inicial; II — acordo ou sentença e decisão proferida pelo Tribunal Regional do Trabalho ou Tribunal Superior do Trabalho; III — certidão de trânsito em julgado ou do decurso do prazo para recurso; IV — cálculos de liquidação da sentença homologados pelo Juiz do Trabalho; V — decisão homologatória dos cálculos de liquidação da sentença; VI — outros documentos que o Juiz do Trabalho considerar necessários. Parágrafo único. As cópias dos documentos serão autenticadas pelas Secretarias das Varas do Trabalho. Art. 99 A certidão de crédito previdenciário e os documentos que a instruem serão remetidos, por ofício, para a Vara da Justiça Comum em que tramita o processo de falência, dando-se ciência do ato ao representante judicial da União. TÍTULO XIX DA CESSÃO DE CRÉDITO Art. 100. A cessão de crédito prevista no artigo 286 do Código Civil não se aplica na Justiça do Trabalho. TÍTULO XX DA INTERVENÇÃO NOS ESTADOS-MEMBROS E MUNICÍPIOS Art. 101. Os Presidentes dos Tribunais Regionais do Trabalho fundamentarão os pedidos de intervenção dirigidos ao Supremo Tribunal Federal e aos Tribunais de Justiça dos Estados, justificando a necessidade da adoção da medida excepcional. Parágrafo único. A intervenção deverá ser requerida pelo credor do Estado-membro ou do Município. Art. 102. O pedido de intervenção em Estado-membro será encaminhado ao Supremo Tribunal Federal por intermédio da Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho, enquanto o requerimento de intervenção em Município será remetido diretamente ao Tribunal de Justiça local pelo Presidente do Tribunal Regional do Trabalho. Art. 103. O pedido de intervenção em Estado-membro ou em Município será instruído com as seguintes peças: I — petição do credor, dirigida ao Presidente do Tribunal Regional do Trabalho, requerendo o encaminhamento do pedido de intervenção ao Supremo Tribunal Federal ou ao Tribunal de Justiça local, conforme o caso; II — impugnação do ente público, quando houver; III — manifestação do órgão do Ministério Público que atua perante o Tribunal Regional do Trabalho; IV — decisão fundamentada do Presidente do Tribunal Regional do Trabalho admitindo o encaminhamento do pedido de intervenção; V — ofício requisitório que possibilite a verificação da data de expedição do precatório e o ano de sua inclusão no orçamento. CONSOLIDAÇÃO DOS PROVIMENTOS DO TRT 4 SOBRE A MATÉRIA: Subseção VII Da Execução Art. 107. O devedor domiciliado no Brasil será citado pessoalmente e pela via postal, de preferência, ou por Executante de Mandados.

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Parágrafo único. A secretaria certificará a forma adotada para a citação, a data em que expedida ou a da entrega ao servidor responsável ou, ainda, a data da entrega à Central de Mandados, onde houver. Art. 108. Não sendo encontrado o executado para citação, o Executante de Mandados renovará a diligência no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, lavrando as respectivas certidões. Art. 109. Após a citação, o Juiz poderá determinar a reunião de processos contra o mesmo executado, a fim de que se faça execução única, aproveitando-se os atos realizados em quaisquer deles. § 1º O procedimento do caput também poderá ser adotado na existência de execuções contra o mesmo executado em mais de uma Vara do Trabalho. § 2º Será admitida, ainda, a reunião de processos conciliados, vencidos ou não, dispensando-se a citação, se assim acordarem os litigantes. § 3º Ocorrendo a reunião de processos, esta será comunicada mediante ofício a todos os juízos envolvidos, sendo também objeto de ampla publicidade. Art. 110. Ordenado pelo Juiz o redirecionamento da execução, a secretaria vinculará ao processo as pessoas a quem tenha sido redirecionada, comunicando ao Serviço de Distribuição dos Feitos, onde houver, exceto se já existente cadastro do executado, quando desnecessária a comunicação. Art. 111. Se o executado, regularmente citado, não efetuar o pagamento do débito nem garantir a execução, a secretaria certificará o decurso do prazo e o Juiz emitirá, de ofício, ordem judicial de constrição de bens, preferencialmente por meio eletrônico. § 1º Inexitosa a tentativa de constrição de bens por meio eletrônico, a secretaria certificará o resultado e providenciará a expedição de mandado de penhora, juntando cópia aos autos. § 2º Quando a penhora recair em bens imóveis, o registro da penhora deverá ser imediatamente efetuado, observados os requisitos do art. 239 da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973, com a redação dada pela Lei nº 6.216, de 30 de junho de 1975, fazendo-se referência expressa à concessão de gratuidade, quando por ela beneficiado o exequente, hipótese na qual as despesas de registro serão pagas ao final. § 3º Recaindo a penhora sobre outros bens passíveis de registro, ele será promovido pela secretaria, mediante expedição de ofício ao órgão registrador, se não houver convênio em vigor que viabilize o registro por outro meio. Art. 112. Na lavratura do auto de depósito, o Executante de Mandados identificará, em letra de forma, legível, o depositário e a sua qualificação. § 1º Na hipótese em que o depositário do bem não seja o próprio executado, será especificado o vínculo existente entre eles, bem como a qualificação do depositário e o respectivo endereço residencial, evitando-se que o encargo recaia sobre pessoa alheia à administração da empresa. § 2º Não localizado o executado, proceder-se-á na forma do § 5º do art. 652 do CPC. Art. 113. Se a penhora recair sobre bem já penhorado em outras unidades judiciárias, serão informados da nova constrição os juízos que efetuaram penhoras anteriores. § 1º Cabe ao juízo que realizou a primeira penhora comunicar aos demais juízos interessados, quando houver remanescentes da execução, bem como quando o produto da alienação bastar apenas para satisfazer a execução em que ela ocorreu. § 2º Cabe igualmente àquele juízo informar aos demais juízos interessados em novas penhoras quando o valor das existentes for insuficiente para suportar o total das execuções, considerado o valor da avaliação do bem penhorado. Art. 114. Os editais de praça e leilão, nos moldes do art. 888 da CLT, serão publicados no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho. Parágrafo único. Se a publicação ocorrer em jornal convencional, será feita por ofício, contendo solicitação para posterior pagamento das despesas, a serem proporcionalmente divididas em caso de pluralidade de processos.

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Art. 115. Satisfeita a execução ou pagas as despesas de publicação do edital pelo arrematante, será expedido alvará em duas vias, uma para remessa ao editor, por ofício, outra para juntada aos autos. § 1º Do ofício constará se o valor liberado satisfaz total ou parcialmente as despesas do edital, bem como a data da publicação e o número da fatura correspondente, se houver. § 2º A parte interessada poderá quitar as despesas com publicação de editais diretamente ao editor, hipótese em que comprovará o pagamento nos autos para sua inclusão na conta final. Art. 116. No caso de leilão, o leiloeiro comunicará ao juízo a data designada, informará a previsão de despesas com remoção, conservação e depósito dos bens, assim como aquelas referentes à publicação de avisos e editais, e fornecerá uma cópia destes para publicação na sede do juízo. § 1º A comprovação das despesas será feita ao juízo no momento da remessa do auto de arrematação ou da ata de leilão. § 2º Se a publicação de avisos e editais envolver vários processos, as despesas serão divididas proporcionalmente. § 3º Realizadas as diligências preparatórias para o leilão, mas não se realizando este, ou sendo negativo seu resultado, a comissão do leiloeiro será arbitrada pelo Juiz da causa, levando em consideração os atos efetivamente praticados. Art. 117. Transcorrido o prazo para embargos, a carta de arrematação será expedida para o caso de bens imóveis, bem como quando indispensável à transferência de propriedade de bens móveis. Parágrafo único. A carta conterá os requisitos do art. 703 do CPC e comando expresso de cancelamento da penhora que originou a execução. Art. 118. Havendo depósito integral do valor da execução, passível de liberação, caberá à Vara do Trabalho proceder ao recolhimento das contribuições previdenciárias e do imposto de renda eventualmente devido, se não houver nos autos comprovação do recolhimento pelo devedor. Parágrafo único. Quando da liberação de valores incontroversos, a secretaria intimará o executado para que comprove os recolhimentos. Seção III Da Central de Mandados Art. 119. A Central de Mandados atuará como auxiliar dos serviços judiciários, subordinada à Direção do Foro Trabalhista. Art. 120. Os servidores responsáveis pela execução de mandados, lotados nas unidades judiciárias, serão vinculados à Central de Mandados a partir de sua criação, subordinados administrativamente ao Juiz Diretor do Foro. Art. 121. À exceção do Foro Trabalhista de Porto Alegre, a coordenação da Central de Mandados caberá ao Diretor do Serviço de Distribuição dos Feitos. Art. 122. Ao Diretor do Serviço de Distribuição dos Feitos, na coordenação da Central de Mandados, e ao Diretor do Serviço de Execução de Mandados de Porto Alegre incumbem as seguintes atribuições: I – receber e distribuir os mandados; II – devolver os mandados cumpridos às secretarias das unidades judiciárias; III – controlar o revezamento dos servidores; IV – organizar as escalas de férias e de plantões; V – cobrar o cumprimento dos mandados em atraso; VI – controlar as prioridades em razão da espécie de mandado ou do prazo para seu cumprimento; VII – controlar e elaborar o boletim de frequência dos seus servidores;

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VIII – examinar autos lavrados e as certidões exaradas nos mandados pelos Executantes, inclusive quanto à legibilidade; IX – manter os registros obrigatórios da unidade; e X – efetuar, com autorização do Juiz Diretor do Foro, as alterações que entender necessárias nos diversos setores que compõem o território da jurisdição. Art. 123. O território da jurisdição em que instalada a Central de Mandados será dividido em setores, na proporção do número de servidores em exercício responsáveis pela execução de mandados, que atuarão em regime de revezamento, não excedente a seis meses, para fins de distribuição e cumprimento. § 1º A divisão territorial e a periodicidade do revezamento poderão sofrer alterações, sempre que necessárias ao bom andamento dos serviços, bem como quando alterado o número de servidores Executantes lotados na Central de Mandados, a critério do Juiz Diretor do Foro. § 2º A distribuição dos setores da jurisdição entre os Executantes de Mandados será feita com observância da ordem alfabética de seus prenomes, adotando-se o mesmo critério para o revezamento. Art. 124. O horário de funcionamento da Central de Mandados será idêntico ao das unidades judiciárias da localidade. Art. 125. São obrigatórios, na Central de Mandados, os registros eletrônicos de distribuição e devolução de mandados, dispensando-se a emissão de listagens impressas. § 1º Serão lançados no sistema, obrigatoriamente, os seguintes dados: I – a data de recebimento dos mandados pelos servidores responsáveis por seu cumprimento; II – o nome dos servidores a quem distribuídos os mandados; III – a data do cumprimento dos mandados e seu resultado ou motivo de devolução; IV – a data da devolução dos mandados à Central; e V – a data de devolução dos mandados às secretarias das Varas do Trabalho. § 2º O recebimento dos mandados devolvidos será registrado eletronicamente pelas Varas do Trabalho. Art. 126. A distribuição dos mandados entre os servidores responsáveis pela sua execução será feita, no máximo, semanalmente, exceto a daqueles que exijam cumprimento imediato. Parágrafo único. Na semana anterior ao início do gozo de férias, os servidores não participarão da distribuição de mandados, devendo deixar cumpridos, quando de seu afastamento, todos os que lhes foram confiados. Art. 127. Em caso de impedimento, o mandado devolvido pelo servidor impedido será redistribuído, mediante compensação. Art. 128. Uma vez cumpridos, ou certificada a causa do não cumprimento, os mandados serão devolvidos à Central de Mandados, que os encaminhará, após os devidos registros, à secretaria da Vara do Trabalho de origem. Parágrafo único. Os Executantes de Mandados deverão digitar as certidões por eles lavradas. Art. 129. No cumprimento do mandado de condução de testemunha, previamente ao horário designado para a audiência, o Executante certificará o resultado da diligência, apresentando a testemunha ao Diretor de Secretaria. 4) OBJETO DA EXECUÇÃO: TÍTULOS EXECUTIVOS (ART. 876 e § único da CLT): Art. 876 - As decisões passadas em julgado ou das quais não tenha havido recurso com efeito suspensivo; os acordos, quando não cumpridos; os termos de ajuste de conduta firmados perante o Ministério Público do Trabalho e os termos de conciliação firmados perante as Comissões de Conciliação Prévia serão executados pela forma estabelecida neste Capítulo. (Alterado pela Lei n.º 9.958, de 12-

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01-00, DOU 13-01-00) Redação anterior:

"Parágrafo único. Serão executados ex officio os créditos previdenciários devidos em decorrência de decisão proferida pelos Juízes e Tribunais do Trabalho, resultantes de condenação ou homologação de acordo. (Acrescentado pela Lei n.º 10.035, de 25-10-00, DOU 26-10-00)" Parágrafo único. Serão executadas ex-officio as contribuições sociais devidas em decorrência de decisão proferida pelos Juízes e Tribunais do Trabalho, resultantes de condenação ou homologação de acordo, inclusive sobre os salários pagos durante o período contratual reconhecido. (Redação dada pela Lei n.º 11.457, de 16-03-07, DOU 19-03-07)

Com relação ao § único supra, vide competência da Justiça do Trabalho no art. 114,VIII da CF/88 “”a execução de ofício , das contribuições sociais previstas no art. 195, I,a e II e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir”. Voltaremos a analisar o parágrafo mais adiante quando nos ativermos a execução das contribuições previdenciárias. Extrai-se da análise do texto legal a existência e possibilidade de execução de títulos executivos judiciais e extrajudiciais. I.- JUDICIAIS: a) sentenças trânsitas em julgado condenatórias e constitutivas, estas últimas que

criam, modificam ou extinguem relação jurídica -(execução definitiva) b) sentenças que não tenham sido objeto de recurso com efeito suspensivo;

(execução provisória – por carta de sentença) c) acordos judiciais não cumpridos; d) créditos previdenciários devidos em decorrência de decisão proferida pelos juízes e

tribunais do trabalho, resultantes de condenação ou homologação de acordo, inclusive o SAT, atual RAT.

II.- EXTRAJUDICIAIS: a) Termo de Ajuste de conduta firmados perante o Ministério Público do Trabalho. b) Termos de Conciliação Firmados perante as Comissões de Conciliação Prévia. (Lei

9.958/2000)- § único do art.876 da CLT. c) Certidão de Dívida Ativa - Dívida Fiscal = Multas administrativas aplicadas pela

DRT – Fiscal do Trabalho e MPT. EC/45 artigo 114, VII III.- DA AÇÃO MONITÓRIA d) Ação Monitória (CPC 1102 a). Não é título executivo. Quando o empregador

reconhece dívida líquida e certa em favor do empregado, por instrumento público ou particular, assinado por duas testemunhas (CPC 585, II) surge a possibilidade do aforamento da ação monitória. Forma rápida de obtenção de título executivo em juízo. É compatível com o processo do trabalho em que pese não haja grande margem de ocorrência.

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Carlos Henrique Bezerra Leite lembra da ampliação da competência surgida com a

EC/45, em que pese a Instrução Normativa 27/2005 editada pelo TST. O autor argumenta que o trabalhador avulso, o empreiteiro operário ou artífice se

receber, decorrente da relação mantida, algum título com força executiva poderá: a) aforar reclamação trabalhista (desconsiderando o título); b) aforar ação monitória tendo em conta o título, na Justiça do Trabalho e, finalmente, c) aforar ação de execução na Justiça Comum com base no título.

Tendo em conta as novas relações de trabalho, advindas pela EC/45, apensar da Instrução Normativa já mencionada, o autor, entende que os titulares de direitos lesados estarão em desvantagem, na medida em que não têm a ação de execução do Processo Civil: “Parece-nos, contudo, que os títulos extrajudiciais previstos no processo civil (CPC. Art. 585) oriundos de relação de trabalho diversa da relação de emprego (CF, art. 114,I) deveriam ensejar a propositura da ação de execução de título extrajudicial, cujo procedimento deveria ser o do CPC, não obstante a determinação do art. 1º da IN 27/2005 do TST, que manda aplicar o procedimento previsto na CLT. 4.1.- Questão Polêmica – Outros títulos executivos Enquanto José Augusto Rodrigues Pinto entende que o elenco contido no artigo 876 da CLT é taxativo, só os mencionados pelo legislador são hábeis à execução trabalhista, Mauro Schiavi (Execução No Processo do Trabalho/outubro de 2008/ Editora LTR/ páginas 99 e seguintes) trata de outros títulos, tais como:

a) Sentença criminal transitada em julgado b) Transação extrajudicial homologada pela Justiça do Trabalho c) Sentença arbitral d) Títulos de Crédito oriundos ou decorrentes da relação de trabalho

Ao que se depreende o posicionamento deste autor está ligado a uma interpretação ampliativa da competência da Justiça do Trabalho decorrente da EC/45. Quanto à sentença criminal, invoca o artigo 475-N do CPC combinado com o artigo 935 do CCivil, bem como o 114, VI da CF/88. Em síntese, explicita: “Sendo assim, a sentença penal condenatória em que houve o trânsito em julgado será executada diretamente na Justiça do Trabalho, procedendo-se a liquidação por artigos, uma vez que haverá necessidade de se provar fato novo, qual seja os limites dos danos morais e patrimoniais”. O autor mostra igual entendimento esposado por Wolney de Macedo Cordeiro (Manual de Execução Trabalhista). Discordamos do posicionamento do autor, na medida em que a sentença criminal, na hipótese, condena o empregador por ter cometido um delito contra seu empregado. Esta sentença (nos seus limites subjetivos e objetivos) não condena às reparações patrimoniais e morais decorrentes deste delito e, portanto, não se constitui título

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executivo. Tanto assim é que o próprio autor sugere, como forma de apurar a extensão do dano e a fixação da indenização, a liquidação por artigos. Entendemos que a sentença penal não abrangeu matéria cível e, com isto, não extrapolou sua competência. Mais, num esforço de tese, poderia se afirmar que quando o crime foi contra o patrimônio do trabalhador e na sentença penal apurada a extensão qualitativa e quantitativa do dano, poderia se ter condições de postular a reparação. Contudo, afirmar que a sentença se constitui num título executivo, teríamos que admitir que houvesse condenação à reparação, como objeto da mesma. Quanto às transações extrajudiciais, é sabido que faltam as condições da ação. Logo, teríamos que admitir jurisdição voluntária e passaríamos a questionar se tem efeito de decisão irrecorrível, uma vez que não havia litígio, não havia conflito Mais uma vez o citado autor invoca a subsidiariedade do 475-N,V do CPC que preconiza ser título executivo judicial “o acordo extrajudicial, de qualquer natureza, homologado judicialmente”. Neste passo o autor se alicerça na ampliação da competência advinda da EC/45, mas clama por cautela e adverte que a homologação só deve ocorrer em casos excepcionais com efeito de eficácia liberatória geral. Quanto à sentença arbitral em conflitos individuais, o autor mostra divergência jurisprudencial e que a doutrina e jurisprudência não têm admitido a arbitragem para a solução dos mesmos em face: a) do acesso amplo e irrestrito do trabalhador ao Judiciário Trabalhista; b) irrenunciabilidade do crédito trabalhista; c) hipossuficiencia do trabalhador; d) estado de subordinação inerente ao contrato de trabalho que impede a manifestação de vontade em aderir cláusula compromissória. O autor também admite a arbitragem somente após cessado o contrato de trabalho e, mesmo assim, em casos excepcionais, em especial quando o trabalhador não se mostrar de todo hipossuficiente (altos executivos etc). Quanto aos títulos de crédito oriundos da relação de trabalho, o autor menciona o artigo 585 do CPC que se consideram títulos executivos extrajudiciais “a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicada, a debênture e o cheque”. Afirma, que doutrina se mostra refratária entendendo ser taxativo o elenco contido no artigo 876 da CLT. O autor admite a dificuldade, mesmo ante a ampliação da competência da Justiça do Trabalho. Adverte que aludidos títulos têm ampla circulação e se desvinculam de sua origem, passando a ter vida própria. Finaliza afirmando que a razão está com os que não admitem a execução destes títulos na Justiça do Trabalho. 5) OBRIGAÇÕES IDENTIFICADAS PELO TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL: a) de fazer b) de não fazer

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c) de dar d) a constante de letra “c” (dar ou pagar) pode se apresentar de forma: 1) líquida ou 2)

ilíquida. 6) Da execução por Prestações sucessivas: artigos 890/892 CLT. a) Por tempo determinado: art. 891 CLT = compreenderá as que lhe sucederem. b) Por tempo indeterminado: art. 892 CLT = compreenderá inicialmente as

prestações devidas até a data do ingresso da execução.

Convém lembrar o que dispõe o artigo 290 do CPC: Art. 290. Quando a obrigação consistir em prestações periódicas, considerar-se-ão elas incluídas no pedido,

independentemente de declaração expressa do autor; se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las, a sentença as incluirá na condenação, enquanto durar a obrigação.

A decisão que segue retrata o entendimento: Desnecessária fixação de termo final para cumprimento de obrigação em relação de emprego contínua

Quando a lesão ao direito do empregado se prolonga no tempo, a decisão judicial não precisa mencionar expressamente a data final da execução da dívida trabalhista, pois isso já está implícito na decisão como decorrência lógica do pedido e da própria condenação, sobretudo quando o empregado ainda trabalha na empresa. Assim se pronunciou a 6ª Turma do TRT-MG, que acompanhou o voto do desembargador Anemar Pereira Amaral. No caso, o reclamante, que é empregado ativo do banco executado, reivindicou a integração ao salário das diferenças, parcelas vencidas e vincendas, decorrentes da equiparação salarial. Então, as diferenças foram deferidas a partir de 28 de junho de 2001, sem data final. Na avaliação do relator, o silêncio da determinação judicial, que não fixa termo final para o cumprimento da obrigação, é expressivo, sendo que nela está implícita a determinação para que sejam pagas também as diferenças salariais relativas às parcelas posteriores ao ajuizamento da ação.“Vale dizer, ainda, que entendimento diverso implicaria, em última análise, na redução salarial obreira que só veria dirimida em eventual e futura ação, após o cumprimento de todos os trâmites legais”– finalizou o desembargador, concluindo que não houve ofensa à coisa julgada. Processo nº 00852-2006-044-03-00-9 Fonte: TRT 3

Quanto a execução por prestações sucessivas por prazo indeterminado há que se observar o limite temporal quando, no decorrer da mesma, o contrato de trabalho for extinto, ainda que tal situação não tenha sido contemplada na sentença exeqüenda.

7) Obrigações de Fazer e Não Fazer – Astreintes Por certo, nos títulos que contenham obrigação de fazer ou não fazer não há como constranger o devedor ao cumprimento forçado a não ser através da aplicação de pena pecuniária em face do seu não cumprimento. Tem-se como exemplo o Termo de Ajuste de Conduta firmado com o MPT onde já há a previsão das astreintes. A CLT contém dispositivos prevendo a pena pecuniária como:

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- férias não concedidas no prazo legal = CLT 137 § 2º “A sentença cominará pena diária de 5% do salário mínimo da região, devida ao empregado até que seja cumprida” - Sentença condenatória de reintegração de empregado estável – CLT 729 = “O empregador que deixar de cumprir decisão passada em julgado sobre a readmissão ou reintegração de empregado, além do pagamento dos salários destes, incorrerá na multa de CR$ 10,00 a CR$ 50,00 por dia, até que seja cumprida a decisão. Em face da omissão da CLT para outras situações impõe-se a aplicação supletiva 644 e em especial do 461 do CPC: CPC 644 – A sentença relativa a obrigação de fazer ou não fazer cumpre-se de acordo com o art. 461, observando-se, subsidiariamente, o disposto neste capítulo. CPC 461 § 4º - O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente do pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável para o cumprimento do preceito. Impõe-se analisar, ainda, os artigos 632 até 643 do CPC quanto a execução de obrigação de fazer e não fazer. Nota-se que os artigos 644 e 645 do mesmo diploma contém disposições comuns às seções precedentes e que se referem às obrigações antes analisadas. Com efeito, a título exemplificativo, anotação do contrato de trabalho na CTPS; entrega das guias do seguro desemprego; reintegração; readmissão; inclusão de verbas deferidas em sentença na folha de pagamento de empregado com contrato de trabalho em vigor; entrega de determinado bem ou ferramenta ao trabalhador etc. são obrigações que comportam, em sua maioria, a aplicação de pena pecuniária, pois nem todas admitem a conversão em perdas e danos (indenização correspondente). Ocorre que nem sempre a sentença ou decisão interlocutória (defere liminar) contemplam a pena pecuniária em caso de descumprimento da obrigação de fazer ou não fazer. Resta saber se é possível ao juiz que preside a execução aplicar a pena. Pela exegese do artigo 729 da CLT em que o juiz é autorizado aplicar a pena na hipótese de desrespeito à decisão passada em julgado, entendemos ser possível a previsão da mesma em sede de execução. Ementa:

RECURSO DE REVISTA. DEPÓSITOS DO FGTS. COMPROVAÇÃO. MULTA DIÁRIA. Imposição de multa pecuniária ao empregador com amparo no art. 461, §§ 4º e 5º, do CPC, cuja aplicação subsidiária ao Processo do Trabalho é permitida pelo art. 769 da CLT.

Revista não conhecida, no tema.

Processo: RR - 81000-04.2006.5.09.0562 Data de Julgamento: 23/03/2011, Relatora Ministra: Rosa Maria Weber, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 01/04/2011.

8) Legislação aplicável à execução das contribuições previdenciárias: Lei 8212/91:

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Art. 43. Nas ações trabalhistas de que resultar o pagamento de direitos sujeitos à incidência de contribuição previdenciária, o juiz, sob pena de responsabilidade, determinará o imediato recolhimento das importâncias devidas à Seguridade Social. (Redação dada pela Lei n° 8.620, de 5.1.93)

§ 1o Nas sentenças judiciais ou nos acordos homologados em que não figurarem, discriminadamente, as parcelas legais relativas às contribuições sociais, estas incidirão sobre o valor total apurado em liquidação de sentença ou sobre o valor do acordo homologado. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009).

§ 2o Considera-se ocorrido o fato gerador das contribuições sociais na data da prestação do serviço. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009).

§ 3o As contribuições sociais serão apuradas mês a mês, com referência ao período da prestação de serviços, mediante a aplicação de alíquotas, limites máximos do salário-de-contribuição e acréscimos legais moratórios vigentes relativamente a cada uma das competências abrangidas, devendo o recolhimento ser efetuado no mesmo prazo em que devam ser pagos os créditos encontrados em liquidação de sentença ou em acordo homologado, sendo que nesse último caso o recolhimento será feito em tantas parcelas quantas as previstas no acordo, nas mesmas datas em que sejam exigíveis e proporcionalmente a cada uma delas. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009).

§ 4o No caso de reconhecimento judicial da prestação de serviços em condições que permitam a aposentadoria especial após 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos de contribuição, serão devidos os acréscimos de contribuição de que trata o § 6o do art. 57 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009).

§ 5o Na hipótese de acordo celebrado após ter sido proferida decisão de mérito, a contribuição será calculada com base no valor do acordo. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009).

§ 6o Aplica-se o disposto neste artigo aos valores devidos ou pagos nas Comissões de Conciliação Prévia de que trata a Lei no 9.958, de 12 de janeiro de 2000. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009).

OJ-SDI1-368 DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS. ACORDO HOMOLOGADO EM JUÍZO. INEXISTÊNCIA DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO. PARCELAS INDENIZATÓRIAS. AUSÊNCIA DE DISCRIMINAÇÃO. INCIDÊNCIA SOBRE O VALOR TOTAL. DJE divulgado em 03, 04 e 05.12.2008 É devida a incidência das contribuições para a Previdência Social sobre o valor total do acordo homologado em juízo, independentemente do reconhecimento de vínculo de emprego, desde que não haja discriminação das parcelas sujeitas à incidência da contribuição previdenciária, conforme parágrafo único do art. 43 da Lei nº 8.212, de 24.07.1991, e do art. 195, I, “a”, da CF/1988.

Ementa:

RECURSO DE REVISTA. SENTENÇA HOMOLOGATÓRIA DE ACORDO. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. INEXISTÊNCIA DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO. PARCELAS INDENIZATÓRIAS. AUSÊNCIA DE DISCRIMINAÇÃO. INCIDÊNCIA SOBRE O VALOR TOTAL. ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL Nº 368 DA SDI-1. PROVIMENTO. É necessária a discriminação das parcelas constantes do acordo homologado em juízo, com indicação de sua natureza jurídica, para efeito de contribuição previdenciária, sem a qual esta incidirá sobre o valor total acordado, não sendo possível estabelecer percentuais globais como critério para a identificação dos montantes relativos às verbas salariais e indenizatórias. É imperioso, segundo a lei, sejam discriminadas as parcelas e os percentuais, não bastando fixar o montante global de indenização, e atribuir-lhe natureza indenizatoria.

Ainda que se declare a inexistência de vínculo de emprego resta a prestação de serviço, incidindo as contribuições previdenciárias sobre o montante total do acordo homologado, mediante a alíquota de 20% a cargo do tomador de serviços e de 11% por parte do prestador de serviços. Recurso de revista conhecido e provido.

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Processo: RR - 145300-98.2009.5.02.0065 Data de Julgamento: 23/03/2011, Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 01/04/2011.

CLT – Art. 831 - A decisão será proferida depois de rejeitada pelas partes a proposta de conciliação. Parágrafo único - No caso de conciliação, o termo que for lavrado valerá como decisão irrecorrível salvo para a Previdência Social quanto às contribuições que lhe forem devidas. (Alterado pela Lei n.º 10.035, de 25-10-00, DOU 26-10-00) Art. 832 - Da decisão deverão constar o nome das partes, o resumo do pedido e da defesa, a apreciação das provas, os fundamentos da decisão e a respectiva conclusão. § 1º - Quando a decisão concluir pela procedência do pedido, determinará o prazo e as condições para o seu cumprimento. § 2º - A decisão mencionará sempre as custas que devam ser pagas pela parte vencida. § 3º - As decisões cognitivas ou homologatórias deverão sempre indicar a natureza jurídica das parcelas constantes da condenação ou do acordo homologado, inclusive o limite de responsabilidade de cada parte pelo recolhimento da contribuição . (Ver § único do art. 43 da Lei 8212/91 supra transcrito! E, também o § 5º abaixo que, agora, possibilita recurso do INSS também contra a

sentença). previdenciária, se for o caso. (Acrescentado pela Lei n.º 10.035, de 25-10-00, DOU 26-10-00) § 4o A União será intimada das decisões homologatórias de acordos que contenham parcela indenizatória, na forma do art. 20 da Lei no 11.033, de 21 de dezembro de 2004, facultada a interposição de recurso relativo aos tributos que lhe forem devidos. (Redação dada pela Lei n.º 11.457, de 16-03-07, DOU 19-03-07) § 5o Intimada da sentença, a União poderá interpor recurso relativo à discriminação de que trata o § 3o deste artigo. (Acrescentado pela Lei n.º 11.457, de 16-03-07, DOU 19-03-07) § 6o O acordo celebrado após o trânsito em julgado da sentença ou após a elaboração dos cálculos de liquidação de sentença não prejudicará os créditos da União. (Acrescentado pela Lei n.º 11.457, de 16-03-07, DOU 19-03-07) A respeito do disposto no parágrafo 6º supra, veja-se o que recentemente decidiu o TST. Registre-se que a notícia é de 18.09.2008 quando o acórdão ainda não foi publicado, para que tenhamos acesso ao inteiro teor (fundamentação). A primeira vista, parece que a decisão contraria o texto legal: Processo: RR - 648/2003-055-15-00.3 Decisão: por unanimidade, conhecer do conhecer do recurso de revista, por violação do artigo 195, I, a, da Constituição Federal e, no mérito, dar-lhe provimento para determinar que a base de cálculo com vistas à incidência da contribuição previdenciária será a que resultante do valor da conciliação levada à efeito na fase de execução.

Notícias do Tribunal Superior do Trabalho

18/09/2008

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Valor do acordo trabalhista prevalece sobre sentença para cálculo do INSS Em processo trabalhista, havendo acordo entre as partes após a liquidação da sentença, independente do reconhecimento do vínculo de emprego, o recolhimento do INSS terá como base o valor resultante da conciliação. Este é o teor da decisão da Sétima Turma do Tribunal Superior do Trabalho, em voto do ministro Guilherme Caputo Bastos, que deferiu recurso do Banco Santander Banespa S/A. O banco havia recorrido ao Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região (Campinas), mediante recurso ordinário e embargos de declaração, na tentativa de rever a base de cálculo para determinar o valor da contribuição previdenciária que teria de recolher. O TRT negou o pedido, por entender que a conciliação das partes após a sentença de liquidação implica a incidência das contribuições previdenciárias sobre todas as verbas salariais liquidadas, de forma integral. Contra essa decisão, o banco apelou ao TST, por meio de recurso de revista. O relator, ao contrário do posicionamento adotado pelo Regional, considerou que é lícito às partes – seja em dissídio individual ou coletivo – celebrar acordo para pôr fim ao processo, ainda que em fase posterior à de conciliação. “O crédito resultante de conciliação na fase da execução formará o novo título executivo, substituindo integralmente a sentença. Assim, esta deixa de existir não só para as partes, mas também para a Previdência”, conclui Caputo Bastos. ( RR 648/2003-055-15-00.3) (Ribamar Teixeira)

Atualmente a matéria é objeto de interpretação através da OJ 376 da SBDI-1 do TST OJ-SDI1-376 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ACORDO HOMOLOGADO EM JUÍZO APÓS O TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA CONDENATÓRIA. INCIDÊNCIA SOBRE O VALOR HOMOLOGADO (DEJT divulgado em 19, 20 e 22.04.2010) É devida a contribuição previdenciária sobre o valor do acordo celebrado e homologado após o trânsito em julgado de decisão judicial, respeitada a propor-cionalidade de valores entre as parcelas de natureza salarial e indenizatória deferidas na decisão condenatória e as parcelas objeto do acordo. Orientação Jurisprudencial da SBDI-1 C-85 § 7o O Ministro de Estado da Fazenda poderá, mediante ato fundamentado, dispensar a manifestação da União nas decisões homologatórias de acordos em que o montante da parcela indenizatória envolvida ocasionar perda de escala decorrente da atuação do órgão jurídico. (Acrescentado pela Lei n.º 11.457, de 16-03-07, DOU 19-03-07) Art. 878-A. Faculta-se ao devedor o pagamento imediato da parte que entender devida à Previdência Social, sem prejuízo da cobrança de eventuais diferenças encontradas na execução ex officio (red. L.10.035/00). Ementa: RECURSO DE REVISTA. ACORDO JUDICIAL SEM RECONHECIMENTO DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO. ALÍQUOTA DE 20% A CARGO DO TOMADOR DOS SERVIÇOS E DE 11% A

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CARGO DO PRESTADOR DOS SERVIÇOS. 1. A Lei nº 8.212/91, em seu artigo 21, estabelece, expressamente, que -a alíquota de contribuição dos segurados contribuinte individual e facultativo será de vinte por cento sobre o respectivo salário-de-contribuição-, prevendo, mais adiante, em seu artigo 30, § 4º, a possibilidade de redução dessa alíquota em 45% (quarenta e cinco por cento)-. Por outro lado, o artigo 4º da Lei nº 10.666/2003, dispõe que -Fica a empresa obrigada a arrecadar a contribuição do segurado contribuinte individual a seu serviço, descontando-a da respectiva remuneração, e a recolher o valor arrecadado juntamente com a contribuição a seu cargo até o dia 10 (dez) do mês seguinte ao da competência-. Perfeitamente possível, pois, à luz do que dispõe o próprio artigo 4º da Lei nº 10.666/2003, o recolhimento da contribuição previdenciária, a cargo da empresa, no montante de 20% (vinte por cento) (artigo 22 da Lei nº 8.212/91), e a cargo do segurado contribuinte individual, no valor de 11% (onze por cento) (artigo 21 c/c 30, § 4º, da Lei nº 8.212/91), sobre o valor acordado em juízo. (Precedente da SBDI-1). 2. Recurso de revista conhecido e provido. Processo: RR - 843/2005-561-04-00.8 Data de Julgamento: 04/06/2008, Relator Ministro: Guilherme Augusto Caputo Bastos, 7ª Turma, Data de Publicação: DJ 06/06/2008. Ementa: DESCONTOS LEGAIS. SENTENÇAS TRABALHISTAS. IMPOSTO DE RENDA. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA. 1. Esta Corte Superior pacificou o entendimento no sentido de que o recolhimento dos descontos fiscais, resultante dos créditos do trabalhador e oriundos de condenação judicial, deve incidir sobre o valor total da condenação. De igual modo, de que as contribuições previdenciárias devidas à Seguridade Social decorrem de lei e, nos termos do artigo 276, § 4º, do Decreto 3.048/99, que regulamentou a Lei 8.212/91, a retenção dos valores devidos à Previdência Social pelo empregado, em caso de ações trabalhistas, deve ser calculada mês a mês, aplicando-se as alíquotas previstas no artigo 198, observado o limite máximo do salário de contribuição. Inteligência da Orientação Jurisprudencial nº 32 da SBDI-I, convertida na Súmula nº 368, II e III. 2. Recurso de revista conhecido e provido, no particular. Processo: RR - 14918/2002-900-02-00.9 Data de Julgamento: 04/06/2008, Relator Ministro: Guilherme Augusto Caputo Bastos, 7ª Turma, Data de Publicação: DJ 06/06/2008. Art. 879 - Sendo ilíquida a sentença exeqüenda, ordenar-se-á, previamente, a sua liquidação, que poderá ser feita por cálculo, por arbitramento ou por artigos. (Redação dada pela Lei n.º 2.244, de 23-06-54, DOU 30-06-54) § 1º - Na liquidação, não se poderá modificar, ou inovar, a sentença liquidanda nem discutir matéria pertinente à causa principal. (Parágrafo único transformado em § 1º pela Lei n.º 8.432, de 11-06-92, DOU 12-06-92) § 1o-A. A liquidação abrangerá, também, o cálculo das contribuições previdenciárias devidas." (Acrescentado pela Lei n.º 10.035, de 25-10-00, DOU 26-10-00) § 1o-B. As partes deverão ser previamente intimadas para a apresentação do cálculo de liquidação, inclusive da contribuição previdenciária incidente. (Acrescentado pela Lei n.º 10.035, de 25-10-00, DOU 26-10-00) § 2º - Elaborada a conta e tornada líquida, o Juiz poderá abrir às partes prazo sucessivo de 10 (dez) dias para impugnação fundamentada com a indicação dos itens e valores objeto da discordância, sob pena de preclusão. (Parágrafo incluído pela Lei n.º 8.432, de 11-06-92, DOU 12-06-92) § 3o - Elaborada a conta pela parte ou pelos órgãos auxiliares da Justiça do Trabalho, o juiz procederá à intimação da União para manifestação, no prazo de 10 (dez) dias, sob pena de preclusão. (Redação dada pela Lei n.º 11.457, de 16-03-07, DOU 19-03-07) § 4o - A atualização do crédito devido à Previdência Social observará os critérios estabelecidos na legislação previdenciária. § 5o - O Ministro de Estado da Fazenda poderá, mediante ato fundamentado, dispensar a manifestação da União quando o valor total das verbas que integram o salário-de-contribuição, na forma do art. 28 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, ocasionar perda de escala

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decorrente da atuação do órgão jurídico. (Acrescentado pela Lei n.º 11.457, de 16-03-07, DOU 19-03-07) Art. 880. Requerida a execução, o juiz ou presidente do tribunal mandará expedir mandado de citação do executado, a fim de que cumpra a decisão ou o acordo no prazo, pelo modo e sob as cominações estabelecidas ou, quando se tratar de pagamento em dinheiro, inclusive de contribuições sociais devidas à União, para que o faça em 48 (quarenta e oito) horas ou garanta a execução, sob pena de penhora. (Redação dada pela Lei n.º 11.457, de 16-03-07, DOU 19-03-07) § 1º - O mandado de citação deverá conter a decisão exeqüenda ou o termo de acordo não cumprido. § 2º - A citação será feita pelos oficiais de justiça. § 3º - Se o executado, procurado por 2 (duas) vezes no espaço de 48 (quarenta e oito) horas, não for encontrado, far-se-á citação por edital, publicado no jornal oficial ou, na falta deste, afixado na sede da Junta ou Juízo, durante 5 (cinco) dias. Art. 884 ... § 4º - Julgar-se-ão na mesma sentença os embargos e as impugnações à liquidação apresentadas pelos credores trabalhista e previdenciário. Art. 889-A. Os recolhimentos das importâncias devidas, referentes às contribuições sociais, serão efetuados nas agências locais da Caixa Econômica Federal ou do Banco do Brasil S.A., por intermédio de documento de arrecadação da Previdência Social, dele se fazendo constar o número do processo. (Acrescentado pela Lei n.º 10.035, de 25-10-00, DOU 26-10-00) § 1o Concedido parcelamento pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, o devedor juntará aos autos a comprovação do ajuste, ficando a execução da contribuição social correspondente suspensa até a quitação de todas as parcelas. (Redação dada pela Lei n.º 11.457, de 16-03-07, DOU 19-03-07) § 2o As Varas do Trabalho encaminharão mensalmente à Secretaria da Receita Federal do Brasil informações sobre os recolhimentos efetivados nos autos, salvo se outro prazo for estabelecido em regulamento. (Redação dada pela Lei n.º 11.457, de 16-03-07, DOU 19-03-07) Art. 897... § 8º - Quando o agravo de petição versar apenas sobre as contribuições sociais, o juiz da execução determinará a extração de cópias de peças necessárias que serão autuadas em apartado, conforme dispõe o § 3°, parte final, e remetidas à instância superior para apreciação, após contraminuta.

Síntese da dinâmica contida nas disposições legais:

1) A execução tanto dos créditos trabalhistas como os previdenciários é ex ofício (876 e § único). Hoje acrescente-se a execução de ofício do Risco Acidente do Trabalho RAT, antigo SAT.

2) passou a ser requisito da sentença e do acordo homologado a indicação da natureza jurídica das parcelas, objetivando a incidência da contribuição previdenciária e o limite da responsabilidade de cada parte pelo recolhimento. Ocorre, quanto aos créditos previdenciários a retenção (não liberação ao credor) e, de regra, se atribui a responsabilidade pelo recolhimento ao executado. (CLT – Arts. 831, 832, §§ 3 e 4)

3) O desrespeito ao requisito da indicação da natureza jurídica das parcelas importa na incidência da contribuição sobre o valor total do acordo ou da

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execução; A omissão não impede a liquidação e execução, entendendo-se tratar de extra petição e não afronta a coisa julgada; (art. 43 Lei 8212/91

4) A União deverá ser intimada do acordo ou da sentença quando contiverem parcelas de natureza indenizatória, possibilitando o recurso em relação ao que foi discriminado (CLT arts. 832, §§ 4 e 5).

5) É facultado o pagamento imediato pelo devedor da parte que entender devido à previdência, sem prejuízo da cobrança de diferenças ( CLT 878-A caput);

6) Sendo ilíquida a liquidação abrangerá a contribuição previdenciária (CLT 879 § 1-A);

7) A atualização do crédito devido ao INSS (União) seguirá os critérios estabelecidos na legislação previdenciária e não os pertinentes aos créditos trabalhistas (CLT 879, § 4º);

8) Estabelece-se normalmente, o contraditório sobre o valor apurado (impugnações e embargos, inclusive por parte da União e quanto a esta sem privilégio de prazo (CLT 879, § 3º combinado com o § 2º).

9) O Ministro de Estado da Fazenda, mediante ato fundamentado, poderá dispensar a manifestação da União, quando o valor do crédito previdenciário ocasionar perda de escala (CLT 879 § 5º).

10) O Mandado de citação englobará as contribuições previdenciárias (CLT 880 caput);

11) Na mesma sentença de liquidação serão apreciadas as irresignações, inclusive sobre o crédito previdenciário (CLT 884 § 4);

12) O recolhimento (pagamento) das contribuições previdenciárias será efetuado nas agências da CEF ou do BBrasil, através do documento de arrecadação da previdência social no qual deve constar o número do processo (CLT 889-A caput)

13) É viável o parcelamento das contribuições previdenciárias junto ao órgão competente o que importará na suspensão da execução até final cumprimento (CLT 889-A, § 1º).

14) A comprovação do pagamento ou do cumprimento do acordo deve constar dos autos, pena de prosseguir a execução;

15) Se o agravo de petição for restrito às contribuições previdenciárias, o juiz determinará a extração de cópias de peças, autuando em apartado, remetendo, após contraminuta, à instância superior CLT 897, § 8º);

16) Polêmico é o § 6º do artigo 832 ao dispor: “o acordo celebrado após o trânsito em julgado da sentença ou após a elaboração dos cálculos de liquidação de sentença não prejudicará os créditos da união”. Existem três correntes variando de acordo com o momento em que a conciliação é feita. Contudo, surge a OJ da SDI 1 376 pacificando:

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OJ-SDI1-376 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ACORDO HOMO-LOGADO EM JUÍZO APÓS O TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA CONDENATÓRIA. INCIDÊNCIA SOBRE O VALOR HOMOLOGADO (DEJT divulgado em 19, 20 e 22.04.2010) É devida a contribuição previdenciária sobre o valor do acordo celebrado e homologado após o trânsito em julgado de decisão judicial, respeitada a proporcionalidade de valores entre as parcelas de natureza salarial e indenizatória deferidas na decisão condenatória e as parcelas objeto do acordo. Orientação Jurisprudencial da SBDI-1 C-84

TRT 15ª R - Crédito devido à previdência deve ser calculado sobre valor do acordo Publicado em 3 de Abril de 2009 às 09h16 Conciliação aconteceu depois da sentença que homologou os cálculos de liquidação e que fixava valores superiores aos do acordo A 10ª Câmara do TRT da 15ª negou provimento a agravo de petição da União, mantendo o cálculo das contribuições previdenciárias com base no valor acordado entre as partes e não sobre a sentença homologatória de cálculos anterior ao acordo. A agravante pretendia a reabertura do prazo para impugnar os cálculos de liquidação, porque os valores fixados pela sentença eram maiores do que os pagos pela reclamada, uma empresa de paisagismo, na conciliação. A ação teve origem na 3ª Vara do Trabalho de Campinas. A relatora do acórdão no TRT, Desembargadora federal do trabalho Elency Pereira Neves, ressaltou em seu voto que, com efeito, a contribuição social “deve ser calculada sobre as verbas de natureza salarial garantidas pela coisa julgada, pois não pode o autor transigir sobre aquilo que não lhe pertence”. A magistrada observou, no entanto, que o trânsito em julgado da sentença não impede que as partes realizem um acordo na fase de execução. “O que deve ser ressalvado é que o trânsito em julgado garante que a discriminação das verbas no acordo respeite as verbas de natureza salarial reconhecidas pela sentença, não havendo, contudo, qualquer garantia quanto aos valores”, lecionou a relatora. “Em outras palavras, as partes, ao realizarem um acordo na fase de execução, não podem discriminar verbas que não constam da sentença de origem ou deixar de discriminar alguma verba constante no julgado.” A Câmara entendeu que, no caso em discussão, foram respeitadas as verbas deferidas na sentença, não havendo ilegalidade na redução do crédito da União na mesma proporção em que foi diminuído o valor recebido pelo reclamante. “A apuração da contribuição previdenciária é ato secundário e aos termos da composição se subordina”, sintetizou a Desembargadora Elency. Fato gerador A União também pretendia a decretação da época da prestação de serviços como fato gerador do crédito previdenciário, para efeito de incidência de juros de mora e multa. A Câmara decidiu, no entanto, que a contagem deve ser feita a partir do efetivo pagamento das parcelas devidas ao trabalhador e reconhecidas em juízo. “O parágrafo 4º do artigo 879 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) estabelece que a atualização do crédito devido à Previdência Social observará os critérios estabelecidos na legislação previdenciária. O artigo 43 da Lei 8.212, de 1991, por sua vez, dispõe que, nas ações trabalhistas de que resultar o pagamento de direitos sujeitos à incidência de contribuição previdenciária, o juiz, sob pena de responsabilidade, determinará o imediato recolhimento das importâncias devidas à Seguridade Social. Como se vê, esse recolhimento está vinculado ao efetivo pagamento das parcelas que compõem o salário contribuição”, esclareceu a relatora, que se fundamentou também no Provimento nº 2 da Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho, de 1993. No artigo 5º, o Provimento estabelece que “o fato gerador da incidência da contribuição previdenciária, constitutiva do débito, é o pagamento de valores alusivos a parcelas de natureza remuneratória (salário de contribuição), integral ou parcelado, resultante de sentença condenatória ou de conciliação homologada, efetivado diretamente ao credor ou mediante depósito da condenação para extinção do processo ou liberação de depósito judicial ao credor ou a seu representante legal”. A Desembargadora Elency destacou ainda que, embora o artigo 276 do Decreto 3.048 de 1999 estabeleça que o recolhimento das importâncias devidas à seguridade social será feito no dia dez do mês seguinte ao da liquidação da sentença, “a liquidação de sentença ali mencionada deve ser entendida como efetivo pagamento, ou seja, a real disponibilidade do crédito trabalhista ao exeqüente”.

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“Entender que juros de mora e multa possam ser cobrados a partir da sentença de liquidação, antes, portanto, do efetivo pagamento dos créditos devidos ao autor, seria admitir a possibilidade de recebimento por parte da autarquia previdenciária de valores superiores aos realmente devidos, já que seus valores podem ser alterados pela possibilidade de recursos após a decisão homologatória dos cálculos. Ou pior. seria admitir o recolhimento do acessório, créditos previdenciários, antes mesmo do principal, crédito do trabalhador”, advertiu a relatora. (Processo 1465-2005-043-15-00-7 AP) Fonte: Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região

Foi ou talvez ainda seja polêmico o parágrafo único do artigo 876 da CLT, em face do acréscimo pela lei 11457/2007 “inclusive sobre os salários pagos durante o período contratual reconhecido”. (ver páginas 18/25 deste trabalho), hoje pacificado o entendimento pela redação da Súmula 368 do TST. SUM-368 DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS E FISCAIS. COMPETÊNCIA. RESPONSABILIDADE PELO PAGAMENTO. FORMA DE CÁLCULO (inciso I alterado) - Res. 138/2005, DJ 23, 24 e 25.11.2005 I. A Justiça do Trabalho é competente para determinar o recolhimento das contribuições fiscais. A competência da Justiça do Trabalho, quanto à execução das contribuições previdenciárias, limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia que proferir e aos valores, objeto de acordo homologado, que integrem o salário-de-contribuição. (ex-OJ nº 141 da SBDI-1 - inserida em 27.11.1998 ) II. É do empregador a responsabilidade pelo recolhimento das contribuições previdenciárias e fiscais, resultante de crédito do empregado oriundo de condenação judicial, devendo incidir, em relação aos descontos fiscais, sobre o valor total da condenação, referente às parcelas tributáveis, calculado ao final, nos termos da Lei nº 8.541, de 23.12.1992, art. 46 e Provimento da CGJT nº 01/1996. (ex-OJs nºs 32 e 228 da SBDI-1 - inseridas, respectivamente, em 14.03.1994 e 20.06.2001) III. Em se tratando de descontos previdenciários, o critério de apuração encontra-se disciplinado no art. 276, §4º, do Decreto n º 3.048/1999 que regulamentou a Lei nº 8.212/1991 e determina que a contribuição do empregado, no caso de ações trabalhistas, seja calculada mês a mês, aplicando-se as alíquotas previstas no art. 198, observado o limite máximo do salário de contribuição. (ex-OJs nºs 32 e 228 da SBDI-1 – inseridas, respectivamente, em 14.03.1994 e 20.06.2001) Também tem havido polêmica, no caso de não empregados, quando determinada a incidência da contribuição se apenas no percentual de 20% ou de 20% do tomador +11% do prestador; as decisões do TST posicionam-se pelo recolhimento dos 31%. Hoje a matéria está pacificada pela OJ-SDI1-398 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ACORDO HOMOLOGADO EM JUÍZO SEM RECONHECIMENTO DE VÍNCULO DE EMPREGO. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. RECOLHIMENTO DA ALÍQUOTA DE

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20% A CARGO DO TOMADOR E 11% A CARGO DO PRESTADOR DE SERVIÇOS. (DEJT divulgado em 02, 03 e 04.08.2010) Nos acordos homologados em juízo em que não haja o reconhecimento de vínculo empregatício, é devido o recolhimento da contribuição previdenciária, mediante a alíquota de 20% a cargo do tomador de serviços e de 11% por parte do prestador de serviços, na qualidade de contribuinte individual, sobre o valor total do acordo, respeitado o teto de contribuição. Inteligência do § 4º do art. 30 e do inciso III do art. 22, todos da Lei n.º 8.212, de 24.07.1991.

17) Polêmica sobre o INSS incidente sobre o acordo perante a Comissão de Conciliação Prévia. Mauro Schiavi entende ser executável na Justiça do Trabalho a incidência

das contribuições previdenciárias sobre as parcelas que servem de salário-de-contribuição, dos Termos de Acordo perante a Comissão de Conciliação prévia. José Augusto Rodrigues Pinto discorda ao fundamento de que a lei não exige a inclusão de contribuições previdenciárias no acordo firmado perante aludida comissão; que não se confunde com o acordo do artigo 831 das CLT e que o termo constitui-se em título extrajudicial e não judicial.

Justiça do Trabalho não é competente para cobrar INSS em acordo feito na Comissão de Conciliação Prévia A Justiça do Trabalho não é competente para cobrar e executar as contribuições previdenciárias decorrentes de acordo celebrado perante Comissão de Conciliação Prévia. Essa foi a decisão, unânime, proferida pela 3ª Turma do TST que, acompanhando o voto do ministro relator Alberto Bresciani, negou provimento ao agravo de instrumento interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social. Uma ex-empregada da Legião da Boa Vontade (LBV) propôs reclamação trabalhista requerendo o recebimento de verbas que lhe foram suprimidas durante o pacto laboral. Perante a Comissão de Conciliação Prévia, as partes fizeram acordo, no valor de R$ 5.424,00 para pagamento em dez parcelas. A LBV pagou oito das dez parcelas. Descumprido parte do acordo, a empregada iniciou processo de execução da quantia restante, perante o TRT da 3ª Região (Minas Gerais), firmando novo acordo, desta vez no valor de R$ 1.000,00. Oficiado o INSS, este apresentou os cálculos das contribuições devidas, no montante de R$ 337,50. O juiz da primeira instância homologou os cálculos apenas em relação ao acordo firmado pelas partes litigantes, excluindo os valores a título de contribuição ao INSS. O juiz entendeu pela incompetência da Justiça do Trabalho para execução da verba previdenciária, em obediência aos termos do artigo 114 da Constituição Federal. O INSS levou a questão ao TST por meio de recurso de agravo de instrumento. Argumentou que a interpretação conferida pelo TRT mineiro não se coaduna com a finalidade da Emenda Constitucional nº 20, que seria a de garantir o custeio da seguridade social. Os integrantes da 3ª Turma do TST entenderam que apenas as contribuições previdenciárias decorrentes de sentenças condenatórias e de acordos homologados pela Justiça do Trabalho podem ser alcançadas pelo artigo 114, parágrafo 3º, da Constituição Federal. “Assim não ocorre com as contribuições previdenciárias decorrentes de parcelas inscritas em acordo firmado perante Comissão de Conciliação Prévia, buscadas pelo INSS – como ocorre no caso -, porque despido o ajuste da homologação judicial”, justificou o voto do relator. O ministro Alberto Bresciani explicou que a situação seria diferente se houvesse acordo homologado na Justiça do Trabalho, em execução do título extrajudicial, ou mesmo em decorrência de homologação de cálculos efetivados em processos dessa natureza. (AIRR nº 1110/2003-037-03-41.7 - com informações do TST).

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18) Polêmica sobre a mencionada faculdade na adoção do rito (procedimento) da liquidação – 884,§ 3º x 879, § 2º, tendo em conta o § 3º deste último artigo. Mauro Schiavi entende que se for adotado o rito tradicional na liquidação,

o juiz não necessita determinar a intimação do INSS (como se poderia, prima facie, depreender da leitura do texto legal), postergando, para após garantia do juízo, a discussão, inclusive por parte da União.

José Augusto Rodrigues Pinto, ao contrário, assevera que com a inserção do § 3º no artigo 879 sempre que houver interesse do INSS se manifestar sobre o cálculo o juiz não poderá optar pelo rito tradicional do 884, § 3º da CLT. De um lado, parece um tanto radical a posição do autor, de outro, parece lógica e razoável. Contudo, no nosso entender, esta radicalidade pode ser flexibilizada, pois a adoção do rito tradicional deve ser adotada quando a conta tiver sido elaborada pelo executado, independentemente de não se dar vistas para o exeqüente e obrigatoriamente conceder ao INSS. Melhor teria sido a não inserção do § 3º no artigo 879 da CLT.

Carlos Henrique Bezerra Leite, ao que se depreende, se adotado o rito tradicional do 884 §3º, por imperativo legal terá que ser intimado o INSS para se pronunciar em 10 dias e, se silenciar, não mais poderá renová-la por meio da impugnação prevista no 884, § 3º. Assim, haveria uma terceira situação vez que adotado o rito tradicional as partes não teriam vistas e sim, apenas o INSS, este não se sujeitaria ao rito tradicional em face da obrigatoriedade de lhe conceder vistas por força do § 3º do 879 da CLT, introduzido em março de 2007.

19) Competência da Justiça do Trabalho face prejuízo sofrido por não

recolhimento ou recolhimento incorreto do INSS Justiça do Trabalho é competente para julgar ação referente a benefício previdenciário

A Segunda Turma do TRT 10ª Região reconheceu a competência da Justiça do Trabalho para processar e analisar ações com viés previdenciário que não envolvam a responsabilização do INSS, mas apenas os participes diretos da relação de emprego. A declaração de competência foi manifesta em processo analisado pelos desembargadores, no qual uma trabalhadora aposentada pede a responsabilização do antigo empregador por não ter feito os recolhimentos previdenciários no curso do contrato de trabalho, o que teria ocasionado prejuízo no cálculo da aposentadoria. "A discussão, ainda que situando-se no campo das normas de regência previdenciária, emerge em razão de responsabilização direta do ex-empregador", afirmou o desembargador Alexandre Nery de Oliveira, cujo voto prevaleceu no aspecto da competência. O magistrado explica que, neste caso, a Previdência Social não integra a lide, uma vez que "está apenas a efetivar o benefício segundo os valores recolhidos". O desembargador ressalta que a pretensão de complementação de aposentadoria, ou o pedido de indenização material ou moral dirigido pelo ex-empregado contra o ex-empregador - em razão de suposto dano decorrente de falta, insuficiência ou atraso no recolhimento das cotas-partes devidas - não envolve a responsabilização, a qualquer título, do INSS. Dessa forma, a competência não se estabelece perante a Justiça Federal, e sim perante a Justiça do Trabalho. Processo nº 1317-2007-017-10-00-5-RO Fonte: TRT 10

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21) EXECUÇÃO DE OFÍCIO DO SAT, ATUAL RAT Nos termos da decisão proferida pelo TST em abril de 2010, a Justiça do Trabalho é competente para executar de ofício o RAT (Risco DE Acidente do Trabalho) antigo SAT (Seguro de Acidente do Trabalho), conforme decisão a seguir colacionada:

TST - Turma do TST debate competência para executar Seguro de Acidente de Trabalho Publicado em 16 de Abril de 2010 às 11h18 Na última sessão (dia 14 de abril) da Quarta Turma do Tribunal Superior do Trabalho, os ministros firmaram entendimento de que a contribuição denominada SAT – Seguro de Acidente de Trabalho destina-se à seguridade social, e, portanto, deve ser executada, de ofício, pela Justiça do Trabalho. Dois processos sobre esse tema foram analisados na sessão: um da relatoria do presidente da Turma, ministro Barros Levenhagen (RR-1406341-60.2003.5.09.0007), e outro da ministra Maria de Assis Calsing (AIRR-82240-03.2001.5.12.0018). No último caso, o Tribunal do Trabalho catarinense (12ª Região) tinha declarado a incompetência da Justiça do Trabalho para executar o SAT e determinado a exclusão da contribuição da conta de liquidação. O Regional equiparou o SAT às contribuições destinadas a terceiros (Sesc, Senad, Senai, Sebrae etc) e concluiu que, por não integrarem a contribuição previdenciária incidente sobre créditos trabalhistas, a Justiça do Trabalho não poderia efetivar sua execução. Ainda de acordo com o TRT, o SAT é contribuição destinada ao financiamento de benefícios decorrentes dos riscos ambientais derivados da atividade da empresa, não fazendo parte das contribuições de seguridade social que autorizariam a execução, de ofício, pelo Judiciário trabalhista. Assim, tanto as contribuições sociais destinadas a terceiros quanto às devidas ao SAT não poderiam ser executadas pela Justiça do Trabalho nas liquidações de débitos trabalhistas, na opinião do Regional. No entanto, a interpretação unânime da Quarta Turma sobre essa matéria foi diferente daquela apresentada pelo Regional. A ministra Maria de Assis Calsing explicou que o SAT (atual RAT – Risco de Acidente de Trabalho) foi criado para o financiamento da aposentadoria especial e dos benefícios concedidos em razão da incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, nos termos dos artigos 11 e 22 da Lei nº 8.212/91 e 201 e 202 do Decreto nº 3048/99. Nessas condições, para a ministra, era indiscutível a natureza do SAT de contribuição social do empregador, destinada ao financiamento da seguridade social, como previsto no artigo 195, I, a, e II, da Constituição. Por consequência, afirmou a relatora, conforme o comando do artigo 114, VIII, da Constituição, esse tipo de contribuição deve ser executado de ofício pela Justiça do Trabalho. O resultado do agravo de instrumento favorável à União serviu para autorizar o processamento do recurso de revista da parte, que será julgado oportunamente, tendo por base esses fundamentos. Fonte: Tribunal Superior do Trabalho Atualmente a matéria vem pacificada pela OJ 414 da SBDI-1 do TST: OJ-SDI1-414 COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. EXECUÇÃO DE OFÍCIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL REFERENTE AO SEGURO DE ACIDENTE DE TRABALHO (SAT). ARTS. 114, VIII, E 195, I, "A", DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. (DEJT divulgado em 14, 15 e 16.02.2012) Compete à Justiça do Trabalho a execução, de ofício, da contribuição referente ao Seguro de Acidente de Trabalho (SAT), que tem natureza de contribuição para a seguridade social (arts. 114, VIII, e 195, I, "a", da CF), pois se destina ao

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financiamento de benefícios relativos à incapacidade do empregado decorrente de infortúnio no trabalho (arts. 11 e 22 da Lei nº 8.212/1991). 22 – Execução de Previdência destinada a terceiros – Incompetência da Justiça do Trabalho A jurisprudência do TST tem sido reiterada pela incompetência da Justiça do Trabalho. TST - Justiça do Trabalho rejeita cobrança de previdência destinada a terceiros Publicado em 25 de Março de 2011 às 10h48 A Justiça do Trabalho não pode executar contribuições previdenciárias devidas a terceiros, como, entidades privadas de serviço social (Sesi, Sesc, Senai, etc.) e de formação profissional vinculadas ao sistema sindical. Por esse motivo, a Sétima Turma do Tribunal Superior do Trabalho deu provimento a recurso de revista da NEDL Construções de Dutos do Nordeste para declarar a impossibilidade desse tipo de execução, determinada pelo Tribunal Regional do Trabalho da 20ª Região (SE). Em decisão unânime, o colegiado seguiu voto da juíza convocada Maria Doralice Novaes. A relatora explicou que, nos termos do artigo 114, inciso VIII, da Constituição Federal, compete à Justiça do Trabalho processar e julgar, de ofício, a execução das contribuições sociais decorrentes das sentenças que proferir. No entanto, observou a juíza, esse dispositivo não estendeu a permissão de executar as contribuições devidas a terceiros, cuja arrecadação e fiscalização são disciplinadas por regra especial e são de competência do INSS (artigo 94 da Lei nº 8.212/91). Ainda de acordo com a relatora, o artigo 240 da Constituição exclui expressamente do artigo 195 as contribuições compulsórias dos empregadores sobre a folha de salários, destinadas às entidades privadas de serviço social e de formação profissional vinculadas ao sistema sindical. Portanto, ao contrário do entendimento do TRT da 20ª Região, a execução das contribuições sociais devidas a terceiros não é tarefa da Justiça do Trabalho. Isso significa que a Justiça do Trabalho pode executar a cobrança de dívidas do empregador e do empregado à Previdência Social, mas não de contribuições sociais e seus acréscimos legais devidas a terceiros, sob pena de ocorrer desrespeito ao comando do artigo 114, inciso VIII, da Constituição. Processo: (RR) 162600-04.2008.5.20.0002 Fonte: Tribunal Superior do Trabalho Ementa:

RECURSO DE REVISTA. EXECUÇÃO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL DESTINADA A TERCEIROS. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO INEXISTENTE. O artigo 114 da Constituição Federal, em seu inciso VIII, atribuiu competência à Justiça do Trabalho para executar de ofício as contribuições previdenciárias previstas no artigo 195, incisos I, -a-, e II, da Carta Magna, decorrentes das sentenças que proferir. Esse dispositivo refere-se a contribuições sociais devidas pelos empregadores, trabalhadores e demais segurados da Previdência Social para financiamento da Seguridade Social, conforme disposto no caput. A Constituição Federal (artigo 240) ressalvou, contudo, do disposto no artigo 195, as contribuições sociais compulsórias, devidas pelos empregadores sobre a folha de salários, destinadas às entidades privadas de serviço social e de formação profissional vinculadas ao sistema sindical, ou seja, as contribuições devidas a terceiros. Nesse contexto, a decisão regional, ao reconhecer a competência da Justiça do Trabalho para a execução de contribuição que não se encontra prevista no artigo 195, incisos I, -a-, e II, da Carta Magna, incorreu em ofensa direta e literal ao artigo 114, inciso VIII, da Constituição Federal, viabilizando o provimento do recurso de revista em processo de execução, consoante o § 2º do artigo 896 da CLT. Recurso de revista parcialmente conhecido e provido. Processo: RR - 82300-17.2006.5.08.0016 Data de Julgamento: 02/02/2011, Relator Ministro: Horácio Raymundo de Senna Pires, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 11/02/2011.

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Ementa:

RECURSO DE REVISTA. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS DEVIDAS A TERCEIROS. As contribuições de terceiros diferem das contribuições sociais, de que trata o artigo 114 da Constituição Federal/88, razão por que não se enquadram nos limites da competência da Justiça do Trabalho, mas tão-somente do INSS (agora, de acordo com a Lei nº 11.457/2007, Secretaria da Receita Federal do Brasil). Recurso de revista conhecido e provido.

NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL DO V. ACÓRDÃO RECORRIDO. Não tendo sido opostos embargos de declaração para suprir a omissão que a reclamada entendia existir no julgado regional, encontra-se totalmente preclusa, nesta fase recursal, a arguição de negativa de prestação jurisdicional. Incidência das Súmulas nº 184 e 297 do TST.

CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA QUANTO ÀS HORAS EXTRAORDINÁRIAS. O fato de a Corte Regional ter proferido decisão desfavorável à reclamada, não caracteriza cerceamento do direito de defesa. Assim, não demonstrada a violação dos dispositivos tidos por violados e pretendendo a reclamada o reexame de matéria fático-probatória, o recurso de revista não merece conhecimento. Óbice da Súmula 126 do C. TST. Recurso de revista não conhecido.

MULTA DO ART. 475-J DO CPC. INCOMPATIBILIDADE COM O PROCESSO DO TRABALHO. REGRA PRÓPRIA COM PRAZO REDUZIDO. MEDIDA COERCITIVA NO PROCESSO TRABALHO DIFERENCIADA DO PROCESSO CIVIL. O art. 475-J do CPC determina que o devedor que, no prazo de quinze dias, não tiver efetuado o pagamento da dívida, tenha acrescido multa de 10% sobre o valor da execução e, a requerimento do credor, mandado de penhora e avaliação. A aplicação de norma processual extravagante, no processo do trabalho, está subordinada à omissão no texto da Consolidação. Nos incidentes da execução o art. 889 da CLT remete à Lei dos Executivos Fiscais como fonte subsidiária. Persistindo a omissão, tem-se o processo civil como fonte subsidiária por excelência, como preceitua o art. 769 da CLT. Não há omissão no art. 880 da CLT a autorizar a aplicação subsidiária do direito processual comum. Nesse sentido firmou-se a jurisprudência da c. SDI no julgamento dos leading cases E-RR - 38300-47.2005.5.01.0052 (Relator Ministro Brito Pereira) e E-RR - 1568700-64.2006.5.09.0002 (Relator Ministro Aloysio Corrêa da Veiga), julgados em 29/06/2010. Recurso de revista conhecido e provido. Processo: RR - 138100-70.2009.5.08.0001 Data de Julgamento: 09/02/2011, Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 18/02/2011.

QUESTÃO POLÊMICA – EXECUÇÃO DAS CONSTIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS EM OU DECORRENTE DE AÇÃO DECLARATÓRIA Alteração introduzida pela Lei 11.457 de 16.03.2007 acrescentou a expressão inclusive sobre os salários pagos durante o período contratual reconhecido ao parágrafo único do artigo 876 da CLT. Com isto não só as sentenças condenatórias mas também as declaratórias de reconhecimento do CTrabalho com vínculo empregatício passaram a ser alvo de execução dos créditos previdenciários incidentes sobre os salários percebidos durante o período contratual reconhecido.

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Em que pese a modificação do aludido parágrafo o TST posiciona-se através da Súmula 368 do TST, I no sentido de que somente as sentenças condenatórias em pecúnia ensejam a execução das contribuições previdenciárias: SUM-368 DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS E FISCAIS. COMPETÊNCIA. RESPONSABILIDADE PELO PAGAMENTO. FORMA DE CÁLCULO (inciso I alterado) - Res. 138/2005, DJ 23, 24 e 25.11.2005 I. A Justiça do Trabalho é competente para determinar o recolhimento das contribuições fiscais. A competência da Justiça do Trabalho, quanto à execução das contribuições previdenciárias, limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia que proferir e aos valores, objeto de acordo homologado, que integrem o salário-de-contribuição. (ex-OJ nº 141 da SBDI-1 - inserida em 27.11.1998 ) II. É do empregador a responsabilidade pelo recolhimento das contribuições previdenciárias e fiscais, resultante de crédito do empregado oriundo de condenação judicial, devendo incidir, em relação aos descontos fiscais, sobre o valor total da condenação, referente às parcelas tributáveis, calculado ao final, nos termos da Lei nº 8.541, de 23.12.1992, art. 46 e Provimento da CGJT nº 01/1996. (ex-OJs nºs 32 e 228 da SBDI-1 - inseridas, respectivamente, em 14.03.1994 e 20.06.2001) III. Em se tratando de descontos previdenciários, o critério de apuração encontra-se disciplinado no art. 276, §4º, do Decreto n º 3.048/1999 que regulamentou a Lei nº 8.212/1991 e determina que a contribuição do empregado, no caso de ações trabalhistas, seja calculada mês a mês, aplicando-se as alíquotas previstas no art. 198, observado o limite máximo do salário de contribuição. (ex-OJs nºs 32 e 228 da SBDI-1 – inseridas, respectivamente, em 14.03.1994 e 20.06.2001) Histórico: Republicada em razão de erro material no item I – DJ 05, 06 e 09.05.2005 Nº 368 (...) I. A Justiça do Trabalho é competente para determinar o recolhimento das contribuições previdenciárias e fiscais provenientes das sentenças que proferir. A competência da Justiça do Trabalho para execução das contribuições previdenciárias alcança as parcelas integrantes do salário de contribuição, pagas em virtude de contrato de

emprego reconhecido em juízo, ou decorrentes de anotação da Carteira de Trabalho e Previdência Social - CTPS, objeto de acordo homologado em juízo. (ex-OJ nº 141 da SBDI-1 - inserida em 27.11.1998) Redação Original (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 32, 141 e 228 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 Nº 368 (...) Súmula A-111 I. A Justiça do Trabalho é competente para determinar o recolhimento das contribuições previdenciárias e fiscais provenientes das sentenças que proferir. A competência da Justiça do Trabalho para execução das contribuições previdenciárias alcança as parcelas integrantes do salário de contribuição, pagas em virtude de contrato,ou de emprego reconhecido em juízo, ou decorrentes de anotação da Carteira de Trabalho e Previdência Social - CTPS, objeto de acordo homologado em juízo. (ex-OJ nº 141 da SBDI-1 - inserida em 27.11.1998) II. É do empregador a responsabilidade pelo recolhimento das contribuições previdenciárias e fiscais, resultante de crédito do empregado oriundo de condenação judicial, devendo incidir, em relação aos descontos fiscais, sobre o valor total da condenação, referente às parelas tributáveis, calculado ao final, nos termos da Lei nº 8.541, de 23.12.1992, art. 46 e Pro-vimento da CGJT nº 01/1996. (ex-OJ nº 32 da SBDI-1 -inserida em 14.03.1994 e OJ nº 228 da SBDI-1 - inserida em 20.06.2001)

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III. Em se tratando de descontos previdenciários, o critério de apuração encontra-se disci-plinado no art. 276, §4º, do Decreto n º 3.048/99 que regulamentou a Lei nº 8.212/1991 e de-termina que a contribuição do empregado, no caso de ações trabalhistas, seja calculada mês a mês, aplicando-se as alíquotas previstas no art. 198, observado o limite máximo do salário de contribuição. (ex-OJ nº 32 da SBDI-1 - inserida em 14.03.1994 e OJ 228 - inserida em 20.06.2001)

A prevalecer o entendimento da possibilidade de execução das contribuições previdenciárias em ações declaratórias, acreditamos que surgirá polêmica a respeito da prescrição. Se a execução for de sentença condenatória esta, possivelmente já pronunciou a prescrição qüinqüenal e, com isto a execução da contribuição previdenciária obedecerá este limite de tempo. Agora, com a execução da incidência de contribuição sobre os salários do período contratual reconhecido, considerando que as declaratórias são imprescritíveis, a prescrição para a execução das contribuições previdenciárias obedecerá instituto próprio que, de passagem, diga-se tormentoso (Vide Sérgio Pinto Martins - Direito da Seguridade Social – 17ª Edição – Editora Atlas – 2002 – pgs. 278/285 que mostra a discussão dos 30 anos (art. 144 da revogada Lei 3807/60 Art. 144. O direito de receber ou cobrar as importâncias que lhes sejam devidas,

prescreverá, para as instituições de previdência social, em trinta anos. em combinação com a Lei 6.830/80, art. 2º, § 9º que prescreve § 9º - O prazo para a cobrança das contribuições previdenciárias

continua a ser o estabelecido no artigo 144 da Lei nº 3.807, de 26 de agosto de 1960.) versus 05 anos do CTN artigo 174 Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua

constituição definitiva.). Convém lembrar que o CTN no artigo 217, II contempla: Art. 217. As disposições desta Lei, notadamente as dos arts 17, 74, § 2º e 77, parágrafo único, bem como a do art. 54 da Lei 5.025, de 10 de junho de 1966, não excluem a incidência e a exigibilidade: (Incluído pelo Decreto-lei nº 27, de 14.11.1966); II - das denominadas "quotas de previdência" a que aludem os arts 71 e 74 da Lei 3.807, de 26 de agosto de 1960 com as alterações determinadas pelo art. 34 da Lei 4.863, de 29 de novembro de 1965, que integram a contribuição da União para a previdência social, de que trata o art. 157, item XVI, da Constituição Federal; (Incluído pelo Decreto-lei nº 27, de 14.11.1966) (Vide Ato Complementar nº 27, de 08.12.1966).

Citado autor, ao comentar a Lei 8212 afirma na pg. 285 – “O empregador deve guardar os documentos pertinentes ao recolhimento das contribuições previdenciárias por 10 anos, que é o prazo de decadência de o INSS constituir o crédito da Seguridade Social. Se a lei dispõe que a empresa não precisa guardar os documentos após esse prazo, evidentemente não poderá exigir sua apresentação, nem poderá exigir a respectiva contribuição.”

Os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91 contemplam o prazo de 10 anos: Art. 45. O direito da Seguridade Social apurar e constituir seus créditos extingue-se após 10 (dez) anos contados:

I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o crédito poderia ter sido constituído;

II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, a constituição de crédito anteriormente efetuada.

§ 1º No caso de segurado empresário ou autônomo e equiparados, o direito de a Seguridade Social apurar e constituir seus créditos, para fins de comprovação do exercício de atividade, para obtenção de benefícios, extingue-se em 30 (trinta) anos. (Incluído pela Lei nº 9.032, de 28.4.95)

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§ 1o Para comprovar o exercício de atividade remunerada, com vistas à concessão de benefícios, será exigido do contribuinte individual, a qualquer tempo, o recolhimento das correspondentes contribuições. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)

§ 2º Para apuração e constituição dos créditos a que se refere o parágrafo anterior, a Seguridade Social utilizará como base de incidência o valor da média aritmética simples dos 36 (trinta e seis) últimos salários-de-contribuição do segurado. (Incluído pela Lei nº 9.032, de 28.4.95)

§ 2o Para apuração e constituição dos créditos a que se refere o § 1o deste artigo, a Seguridade Social utilizará como base de incidência o valor da média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, reajustados, correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994. (Redação dada pela Lei Complementar nº 123, de 2006)

§ 3º No caso de indenização para fins da contagem recíproca de que tratam os arts. 94 a 99 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, a base de incidência será a remuneração sobre a qual incidem as contribuições para o regime específico de previdência social a que estiver filiado o interessado, conforme dispuser o regulamento, observado o limite máximo previsto no art. 28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.032, de 28.4.95)

§ 4º Sobre os valores apurados na forma dos §§ 2º e 3º incidirão juros moratórios de um por cento ao mês e multa de dez por cento.(Incluído pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) § 4o Sobre os valores apurados na forma dos §§ 2o e 3o incidirão juros moratórios de zero vírgula cinco por cento ao mês, capitalizados anualmente, e multa de dez por cento. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)

§ 4o Sobre os valores apurados na forma dos §§ 2o e 3o deste artigo incidirão juros moratórios de 0,5% (zero vírgula cinco por cento) ao mês, capitalizados anualmente, limitados ao percentual máximo de 50% (cinqüenta por cento), e multa de 10% (dez por cento). (Redação dada pela Lei Complementar nº 123, de 2006)

§ 5º O direito de pleitear judicialmente a desconstituição de exigência fiscal fixada pelo Instituto Nacional do Seguro Social-INSS no julgamento de litígio em processo administrativo fiscal extingue-se com o decurso do prazo de 180 dias, contado da intimação da referida decisão. (Incluído pela Lei nº 9.639, de 25.5.98)

§ 6o O disposto no § 4o não se aplica aos casos de contribuições em atraso a partir da competência abril de 1995, obedecendo-se, a partir de então, às disposições aplicadas às empresas em geral. (Incluído pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)

§ 7o A contribuição complementar a que se refere o § 3o do art. 21 desta Lei será exigida a qualquer tempo, sob pena de indeferimento do benefício. (Incluído pela Lei Complementar nº 123, de 2006)

Art. 46. O direito de cobrar os créditos da Seguridade Social, constituídos na forma do artigo anterior, prescreve em 10 (dez) anos.

No que respeita a prescrição, em face da Súmula Vinculante n. 8, trata-se de mais uma questão a ser resolvida pelo STF. Súmula Vinculante 8 São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decreto-Lei nº 1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário. Fonte de Publicação

DJe nº 112/2008, p. 1, em 20/6/2008.

POSIÇÃO ATUAL DO STF SOBRE EXECUÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS EM AÇÕES DECLARATÓRIAS TENDO EM CONTA A PREVISÃO CONSTITUCIONAL

De outra parte, em face da divergência estabelecida entre a interpretação da Constituição ao estabelecer no artigo 114, VIII: VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a , e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir; (Incluído pela Emenda Constitucional

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nº 45, de 2004) e o acréscimo ao parágrafo único do artigo 876 da CLT: Parágrafo único. Serão executadas ex-officio as contribuições sociais devidas em decorrência de decisão proferida pelos Juízes e Tribunais do Trabalho, resultantes de condenação ou homologação de acordo, inclusive sobre os salários pagos durante o período

contratual reconhecido. (Redação dada pela Lei nº 11.457, de 2007); Considerando que o TST manteve a orientação contida na Súmula 368, a questão chegou ao STF e ao que se observa fixará a interpretação a ser dada à competência estabelecida pela Constituição, como segue: Súmula Vinculante limitará competência da Justiça do Trabalho para cobrança de contribuição previdenciária

Por unanimidade, o Plenário do Supremo Tribunal Federal decidiu, ontem (11), editar uma súmula vinculante determinando que não cabe à Justiça do Trabalho estabelecer, de ofício, débito de contribuição social para com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) com base em decisão que apenas declare a existência de vínculo empregatício. Pela decisão, essa cobrança somente pode incidir sobre o valor pecuniário já definido em condenação trabalhista ou em acordo quanto ao pagamento de verbas salariais que possam servir como base de cálculo para a contribuição previdenciária. A decisão foi tomada no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 569056, interposto pelo INSS contra decisão do Tribunal Superior do Trabalho, que negou pretensão do INSS para que também houvesse a incidência automática da contribuição previdenciária referente a decisões que reconhecessem a existência de vínculo trabalhista. Por unanimidade, aquele colegiado adotou o entendimento constante do item I, da Súmula 368 do TST, que disciplina o assunto. Com isso, negou recurso lá interposto pelo INSS. O TST entendeu que a competência atribuída à Justiça do Trabalho pelo inciso VIII do artigo 114, da Constituição Federal (CF), quanto à execução das contribuições previdenciárias, “limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia que proferir e aos valores objeto de acordo homologado, que integrem o salário-de-contribuição”, excluída “a cobrança das parcelas previdenciárias decorrentes de todo período laboral”. Alegações O INSS alegava ofensa ao artigo 114, parágrafo 3º (atual inciso VIII), da Constituição Federal. Sustentava, entre outros, que o inciso VIII do art. 114 da CF visa “emprestar maior celeridade à execução das contribuições previdenciárias, atribuindo-se ao juízo trabalhista, após as sentenças que proferir (sejam homologatórias, condenatórias ou declaratórias), o prosseguimento da execução. Alegava, também, que “a obrigação de recolher contribuições previdenciárias se apresenta, na Justiça do Trabalho, não apenas quando há efetivo pagamento de remunerações, mas também quando há o reconhecimento de serviços prestados, com ou sem vínculo trabalhista”. Em seu voto, no entanto, o relator do RE, ministro Carlos Alberto Menezes Direito, afirmou que “o que se executa não é a contribuição social, mas o título que a corporifica ou representa, assim como o que se executa, no juízo comum, não é o crédito representado no cheque, mas o próprio cheque”. Ainda segundo ele, “o requisito primordial de toda a execução é a existência de um título judicial ou extrajudicial”. Assim, observou o ministro, “no caso da contribuição social atrelada ao salário objeto da condenação, é fácil perceber que o título que a corporifica é a própria sentença cuja execução,

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uma vez que contém o comando para o pagamento do salário, envolve o cumprimento do dever legal específico de retenção das parcelas devidas ao sistema previdenciário”. De outro lado, ainda conforme o ministro Menezes Direito, “entender possível a execução de contribuição social desvinculada de qualquer condenação, de qualquer transação, seria consentir com uma execução sem título executivo, já que a sentença de reconhecimento do vínculo, de carga predominantemente declaratória (no caso, de existência de vínculo trabalhista), não comporá execução que origine o seu recolhimento”. “No caso, a decisão trabalhista que não dispõe sobre o pagamento de salários, mas apenas se limita a reconhecer a existência do vínculo, não constitui título executivo judicial no que se refere ao crédito de contribuições previdenciárias”, sustentou. Ele lembrou que a própria Constituição Federal (CF) indica que a causa para execução, de ofício, das contribuições previdenciárias é a decisão da Justiça do Trabalho, ao se referir a contribuições decorrentes da sentença que proferir. “O comando constitucional que se tem de interpretar é muito claro no sentido de impor que isso se faça de ofício, sim, mas considerando as sentenças que a própria Justiça do Trabalho proferir”, afirmou Menezes Direito. Por isso, ele votou pelo indeferimento do Recurso Extraordinário interposto pelo INSS. “Pelas razões que acabo de deduzir, eu entendo que não merece reparo a decisão apresentada pelo TST no sentido de que a execução das contribuições previdenciárias está de fato ao alcance da Justiça do Trabalho, quando relativas ao objeto da condenação constante de suas sentenças, não podendo abranger a execução de contribuições previdenciárias atinentes ao vínculo de trabalho reconhecido na decisão, mas sem condenação ou acordo quanto ao pagamento das verbas salariais que lhe possam servir como base de cálculo”, concluiu o ministro. (Com informações do STF).

As decisões do STF tem se mostrado reiteradas em não reconhecer a competência da Justiça do Trabalho para a execução das contribuições previdenciárias incidentes sobre valores pagos durante a contratualidade em contratos cujo vínculo empregatício foi reconhecido em juízo: AI 760826 AgR / SP - SÃO PAULO AG.REG.NO AGRAVO DE INSTRUMENTO Relator(a): Min. EROS GRAU Julgamento: 15/12/2009 Órgão Julgador: Segunda Turma

Publicação

DJe-027 DIVULG 11-02-2010 PUBLIC 12-02-2010 EMENT VOL-02389-08 PP-01587

Parte(s)

AGTE.(S) : UNIÃO PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL FEDERAL AGDO.(A/S) : EVERTON MARTOLOMEU JACOBUCCI RIBEIRO ADV.(A/S) : MÁRCIO DE MOURA LEITE AGDO.(A/S) : MINICARGA SERVIÇOS DE TRANSPORTES LTDA ADV.(A/S) : RUIMAR DA SILVA LIMA INTDO.(A/S) : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DA FAZENDA NACIONAL

Ementa

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EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO DO TRABALHO. ACORDO HOMOLOGADO APÓS TRÂNSITO EM JULGADO. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. ART. 114, VIII, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. 1. O Supremo Tribunal Federal fixou entendimento no sentido de que a competência da Justiça do Trabalho restringe-se à execução, de ofício, das contribuições previdenciárias decorrentes de sentenças condenatórias e não alcança, assim, aquela relativa ao vínculo empregatício reconhecido na sentença, mas sem condenação ou acordo sobre o pagamento das verbas trabalhistas que possam servir como base de cálculo. [RE n. 569.056, Plenário, Relator o Ministro Menezes Direito, DJ de 12.12.08]. 2. As alegações de desrespeito aos postulados da legalidade, do devido processo legal, da motivação dos atos decisórios, do contraditório, dos limites da coisa julgada e da prestação jurisdicional, se dependentes de reexame prévio de normas inferiores, podem configurar, quando muito, situações de ofensa meramente reflexa ao texto da Constituição. Agravo regimental a que se nega provimento.

Decisão

A Turma, à unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. Ausentes, justificadamente, neste julgamento, os Senhores Ministros Cezar Peluso e Joaquim Barbosa. 2ª Turma, 15.12.2009

AI 757321 AgR / SP - SÃO PAULO AG.REG. NO AGRAVO DE INSTRUMENTO Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA Julgamento: 20/10/2009 Órgão Julgador: Primeira Turma

Publicação

DJe-213 DIVULG 12-11-2009 PUBLIC 13-11-2009 REPUBLICAÇÃO: DJe-145 DIVULG 05-08-2010 PUBLIC 06-08-2010 EMENT VOL-02409-11 PP-02630 RDDT n. 173, 2010, p. 178-180 RDECTRAB v. 16, n. 187, 2010, p. 142-146 LEXSTF v. 31, n. 372, 2009, p. 134-138

Parte(s)

AGTE.(S) : UNIÃO PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL FEDERAL AGDO.(A/S) : TELECOMUNICAÇÕES DE SÃO PAULO S/A - TELESP ADV.(A/S) : LARISSA FERREIRA SILVA BORGES AGDO.(A/S) : NOVA TELECOMUNICAÇÕES E ELETRICIDADE LTDA ADV.(A/S) : PEDRO BENEDITO MACIEL NETO AGDO.(A/S) : JOSÉ DOMINGOS SOBRINHO ADV.(A/S) : JOSÉ ANTONIO QUEIROZ

Ementa EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO DE OFÍCIO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. ALCANCE DO ART. 114, INC. VIII, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. 1. A competência da Justiça do Trabalho restringe-se à execução, de ofício, das contribuições previdenciárias decorrentes de sentenças condenatórias. 2. A jurisprudência do Supremo Tribunal firmou-se no sentido de que as alegações de afronta aos princípios da legalidade, do devido processo legal, do contraditório, da ampla defesa, dos limites da coisa julgada e da prestação jurisdicional, quando dependentes de exame de legislação infraconstitucional, configurariam ofensa constitucional indireta.

Decisão

A Turma negou provimento ao agravo regimental no agravo de instrumento, nos termos do voto da Relatora. Unânime. Presidiu este julgamento o Ministro Marco Aurélio. Não participou, justificadamente, deste julgamento, o Ministro Carlos Ayres Britto. 1ª Turma, 20.10.2009

RE 560930 AgR / SC - SANTA CATARINA AG.REG.NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO Julgamento: 28/10/2008 Órgão Julgador: Primeira Turma

Publicação

DJe-035 DIVULG 19-02-2009 PUBLIC 20-02-2009

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EMENT VOL-02349-08 PP-01574

Parte(s)

AGTE.(S): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS ADV.(A/S): PROCURADORIA-GERAL FEDERAL AGDO.(A/S): CLÁUDIA REGINA DE SOUZA ADV.(A/S): MARINA ZIPSER GRANZOTTO E OUTRO(A/S) AGDO.(A/S): CASAVIVA COMÉRCIO E PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS LTDA - ME ADV.(A/S): ORIVALDO VIEIRA

Ementa COMPETÊNCIA - JUSTIÇA DO TRABALHO - CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS - EXECUÇÃO. A competência da Justiça do Trabalho pressupõe decisão condenatória em parcela trabalhista geradora da incidência da contribuição social.

Decisão

A Turma negou provimento ao agravo regimental no recurso extraordinário, nos termos do voto do Relator. Unânime. Não participou, justificadamente, deste julgamento o Ministro Menezes Direito. 1ª Turma, 28.10.2008.

Na hipótese de não permanecer o entendimento do STF e tendo em conta as recentes alterações introduzidas pela Lei 11.457 de 16.03.2007 em especial a que alterou a parte final do parágrafo único do artigo 876: “....inclusive sobre os salários pagos durante o período contratual reconhecido”, impõe-se a análise dos seguintes itens: a) execução da contribuição previdenciária em decorrência de sentenças declaratórias. b) extensão da declaração: apenas ampliando o período ou reconhecido o vínculo jurídico de emprego sobre toda a relação contratual. Com relação aos dois itens anteriores, entendemos que a intenção do legislador foi a de determinar a execução sobre os valores recebidos, que assumiram natureza salarial, durante o período contratual reconhecido. c) a questão da prescrição: considerando que as declaratórias são imprescritíveis, mas o conteúdo patrimonial que as mesmas encerram está sujeito à prescritibilidade; qual a prescrição aplicável? d) método de apuração do cálculo (simples cálculo, artigos ou arbitramento). Como a Justiça do Trabalho que não está aparelhada e estruturada para este tipo de execução, na ausência de documentos que demonstrem os valores salariais percebidos durante o período contratual reconhecido, acreditamos que a liquidação por artigos e/ou arbitramento, esta tendo em conta os pisos mínimos, respeitado o salário mínimo vigente à cada época, serão os métodos mais adequados. Acrescente-se que em sendo a execução ex officio o juiz não está legitimado a propor os artigos de liquidação, devendo intimar a União para que o faça e, na sua omissão declarar a

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prescrição intercorrente (discutível no processo do trabalho) ou partir para o arbitramento com nomeação de contador ad hoc. Tem-se notícia que no TRT do Rio Grande do Sul, a corregedoria, internamente, publicou uma tabela de valores recomendando a sua adoção aos Juízes ocorrendo assim, diretamente, a liquidação por arbitramento. Como o arbitramento é o último método a ser utilizado na sucessividade dos métodos existentes, entendo que, antes, deve ser ensejada aos interessados (no caso a União e executado) a elaboração dos cálculos e só na omissão é que se partiria para o arbitramento. Além disto, nas capitais ou grandes comarcas, possivelmente, a solução será a de criação de varas de execuções especializadas em créditos previdenciários à semelhança do que foi feito para as ações de acidente do trabalho e as propostas contra a Administração Pública Direta, Autárquica e Fundacional. Lembramos como já ressalvado anteriormente, item 04 – questões polêmicas (objeto da execução) que o STF está para editar súmula vinculante a respeito da competência da Justiça do Trabalho para executar contribuições previdenciárias decorrentes de sentenças declaratórias. Decisões do TST sobre o tema anteriores a edição da Súmula 368.: Ementa:

EXECUÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS DECORRENTES DO RECONHECIMENTO DE VÍNCULO DE EMPREGO, ENTRE RECLAMANTES E RECLAMADA, E INCIDENTES SOBRE PARCELAS PAGAS NO CURSO DA CONTRATUALIDADE. Nos termos do § 3º do art. 114 da Constituição, que foi acrescido pela Emenda Constitucional nº 20/98, é competente a Justiça do Trabalho para a execução, de ofício, de contribuições previdenciárias decorrentes de sentença declaratória de reconhecimento de vínculo de emprego e que determinou a anotação da CTPS, embora não tenha havido condenação ao pagamento dos salários no período respectivo. Trata-se de atribuir à norma constitucional a máxima eficácia. Recurso de Revista conhecido e provido. Processo: RR - 49040-17.2001.5.24.0003 Data de Julgamento: 01/10/2003, Relator Ministro: Carlos Alberto Reis de Paula, 3ª Turma, Data de Publicação: DJ 24/10/2003.

Ementa:

CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS - COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO - ALCANCE DO ART. 114, § 3º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. A Emenda Constitucional nº 20/98, que deu a atual redação do dispositivo constitucional em exame, criou nova e típica hipótese de lançamento fiscal, no que tange às contribuições sociais, para efeito de sua execução no Judiciário Trabalhista. Para tanto, a norma ordinária que veio determinar o alcance do seu comando, não só define o fato gerador do tributo, ou seja, sentença condenatória ou acordo homologado, ou ainda sentença declaratória do vínculo empregatício, como também ressalta que as contribuições serão exigidas tanto do empregado quanto do empregador. Mais do que isso, por não desconhecer a realidade jurídico-processual que ocorre no dia-a-dia da Justiça do Trabalho, explicita que a sua competência abrange, inclusive, a cobrança das contribuições sobre o valor total da condenação ou do acordo homologado, mesmo quando a decisão deixa de reconhecer o vínculo empregatício, mas declara a existência de prestação de serviços. Agravo de instrumento e recurso de revista providos.

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Processo: RR - 153040-64.2002.5.23.0002 Data de Julgamento: 17/03/2004, Relator Ministro: Milton de Moura França, 4ª Turma, Data de Publicação: DJ 28/05/2004.

Ementa:

COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. EXECUÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS REFERENTES AO PERÍODO DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO RECONHECIDO EM ACORDO JUDICIAL. O art. 114, § 3º, da Constituição Federal de 1988 estabelece: -Compete ainda à Justiça do Trabalho executar, de ofício, as contribuições sociais previstas no art. 195, I , "a", e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir-. A expressão -das sentenças que proferir- envolve também o acordo homologado em juízo, o qual, por sua vez, se equipara à sentença transitada em julgado. Assim, ainda que o acordo seja firmado tão-somente para reconhecer o vínculo empregatício, com efeito meramente declaratório, destaca-se a competência material desta Justiça Especializada para julgar o feito. Diante da verificação de existência de vínculo de emprego, é imperioso reconhecer a competência da Justiça do Trabalho para apurar e executar as contribuições previdenciárias decorrentes do reconhecimento do liame laboral, decorrente da própria literalidade do dispositivo constitucional acima transcrito. Isso posto e versando a causa matéria exclusivamente de direito, não há necessidade de os autos baixarem ao Tribunal de origem, com fulcro no art. 515, § 3º, do CPC, razão pela qual a questão deve ser analisada de plano. Se a incidência da contribuição social tem como fato gerador os rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, mesmo que sem vínculo empregatício, segundo a dicção do art. 195, I, "a", da Constituição Federal, também devem ser considerados fatos geradores os rendimentos auferidos pelos empregados quando - como ocorreu na espécie - houve reconhecimento do liame empregatício em razão do acordo homologado em juízo. É nesse sentido a dicção do § 7º do art. 276 do Decreto nº 3.048/99, que não deixa qualquer dúvida quanto à obrigatoriedade de incidência dos descontos previdenciários sobre os salários pagos no curso da relação de emprego reconhecida em juízo. Recurso conhecido e provido. Processo: RR - 7200-67.2002.5.04.0029 Data de Julgamento: 11/05/2005, Relator Ministro: Antônio José de Barros Levenhagen, 4ª Turma, Data de Publicação: DJ 17/06/2005.

APÓS A EDIÇÃO DA SÚMULA 368 DO TST, AS DECISÕES TOMARAM OUTRO RUMO:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. RECONHECIMENTO DE VÍNCULO. CONDENAÇÃO DE NATUREZA NÃO PECUNIÁRIA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N.º 368 DO TST. O reconhecimento de vínculo de emprego não possui natureza pecuniária e não constitui fato capaz de autorizar a execução dos recolhimentos previdenciários sobre as verbas de natureza salarial decorrentes de todo o vínculo empregatício mantido entre as partes. Aplicação da Súmula n.º 368, I, do TST. Agravo de Instrumento a que se nega provimento. Processo: AIRR - 106641-84.2002.5.04.0202 Data de Julgamento: 03/10/2007, Relatora Ministra: Maria de Assis Calsing, 4ª Turma, Data de Publicação: DJ 26/10/2007.

EMBARGOS - CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA - VÍNCULO DE EMPREGO RECONHECIDO EM JUIZO - INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO

O acórdão embargado está conforme à Súmula nº 368, I, mantida pelo Pleno do TST na sessão do dia 17/11/2008, razão pela qual aplica-se, à espécie, o óbice da parte final do art. 894, "b", da CLT.Embargos não conhecidos. Processo: RR - 194200-64.2001.5.02.0010 Data de Julgamento: 04/12/2008, Relatora Ministra: Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 12/12/2008.

RECURSO DE REVISTA. RITO SUMARÍSSIMO. A admissibilidade do recurso de revista interposto contra acórdão proferido em procedimento sumaríssimo está restrita à demonstração de violação direta do texto

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constitucional ou de contrariedade à Súmula de Jurisprudência Uniforme desta Corte, nos termos do §6º do artigo 896 da Consolidação das Leis do Trabalho. Inviável, portanto, a alegação de violação dos arts. 832, §4º, e 852-A, parágrafo único, da Consolidação das Leis do Trabalho e divergência jurisprudencial. Recurso de revista não conhecido.

INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO - CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS - PERÍODO CONTRATUAL RECONHECIDO EM JUÍZO. "A Justiça do Trabalho é competente para determinar o recolhimento das contribuições fiscais. A competência da Justiça do Trabalho, quanto à execução das contribuições previdenciárias, limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia que proferir e aos valores, objeto de acordo homologado, que integrem o salário-de-contribuição." (Súmula/TST nº 368, I). Recurso de revista não conhecido. Processo: RR - 44600-97.2004.5.23.0003 Data de Julgamento: 29/10/2008, Relator Ministro: Renato de Lacerda Paiva, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 14/11/2008.

CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SONEGADAS NO CURSO DA CONTRATUALIDADE: A sonegação praticada pelo empregador em face do não recolhimento ou recolhimento a menor das contribuições previdenciárias incidentes sobre os valores pagos acarreta manifesto prejuízo ao trabalhador quando da obtenção de benefícios junto à seguridade social. A cobrança da contribuição previdenciária sonegada no curso da relação contratual não atrai a competência da Justiça do Trabalho, permanecendo a mesma com a Justiça Federal Comum. Contudo, a reparação pelos danos morais e materiais sofridos pelo trabalhador em face da conduta patronal tem sido vindicada na Justiça do Trabalho. Justiça do Trabalho é incompetente para executar contribuição previdenciária quando a sentença não contém condenação em verbas salariais

Com base no posicionamento consolidado pelo STF no julgamento do Recurso Extraordinário 569056-3, a juíza Cristiana Maria Valadares Fenelon, titular da Vara do Trabalho de Ribeirão das Neves, declarou, de ofício (independente de pedido das partes), a incompetência da Justiça do Trabalho para julgar o pedido de comprovação do recolhimento das contribuições previdenciárias incidentes sobre as verbas pagas ao longo do período contratual, bem como o pedido de expedição de ofício ao INSS para fins de apuração de apropriação indébita do tributo. Desta forma, em relação a esses pedidos, o processo foi extinto sem o julgamento da questão central. Em sua sentença, a juíza fez um breve histórico da legislação e entendimentos jurisprudenciais referentes à matéria. Explicou a magistrada que o inciso VIII, do artigo 114, da Constituição, dispõe que a Justiça do Trabalho é competente para executar as contribuições sociais previstas no artigo 195, inciso I, “a” e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir. A respeito do alcance desta norma constitucional, o TST firmou entendimento no seguinte sentido: "Súmula 368. I - A competência da Justiça do Trabalho, quanto à execução das contribuições previdenciárias, limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia que proferir e sobre valores objeto de acordo homologado que integrem o salário-de-contribuição". Depois disso, foi publicada a Lei 11.457/2007 estabelecendo que serão executadas, de ofício, as contribuições sociais

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devidas em decorrência de decisão dos Juízes e Tribunais do Trabalho, resultantes de condenação ou homologação de acordo, inclusive sobre os salários pagos durante o período contratual reconhecido. Por causa dessa Lei, entenderam alguns que estaria superado o entendimento expresso na Súmula 368, item I. Entretanto, o STF manifestou posicionamento diferente acerca da matéria. Julgado em 11/09/2008, o RE 569056-3 foi admitido com o reconhecimento da existência de repercussão geral da questão constitucional levantada (requisito para a admissão do RE, que deve se ater às questões constitucionais com relevância social, política, econômica ou jurídica, que ultrapassem os interesses subjetivos da causa). Ao ajuizar o recurso, o INSS pretendia o reconhecimento da competência da JT para o recolhimento das contribuições previdenciárias, não apenas quando ocorre o efetivo pagamento de remunerações, mas também quando há o reconhecimento de serviços prestados, com ou sem vínculo. O STF, por unanimidade, negou provimento ao recurso, decidindo que a competência da Justiça do Trabalho prevista no artigo 114, VIII, da Constituição, alcança apenas a execução das contribuições previdenciárias referentes ao objeto da condenação que consta das sentenças que proferir. Nesse contexto, a cobrança incide somente sobre o valor em dinheiro já definido em condenação trabalhista ou em acordo quanto ao pagamento de verbas salariais que possam servir como base de cálculo para a contribuição previdenciária. Com esse resultado, o STF indicou a edição de uma Súmula Vinculante (ainda não publicada) versando sobre a matéria. Portanto, a partir da análise da questão, entendeu a magistrada que não compete à Justiça do Trabalho executar a contribuição previdenciária antes da constituição do crédito, ou seja, quando a sentença não contém condenação em verbas salariais. Em sua interpretação, concluiu a juíza sentenciante que os pedidos formulados ultrapassam parcialmente os limites da competência da Justiça do Trabalho. ( nº 00681-2009-093-03-00-0 )(*) Acompanhe diariamente os principais conteúdos jurídicos em http://www.twitter.com/editoramagister

Fonte: TRT 3 9) EXTENSÃO DOS EFEITOS DA EXECUÇÃO: modalidades a) def initiva: execução fundada em decisão transita em julgado e em termos de conciliação firmados na justiça, vez que tem efeito de decisão irrecorrível, cf. § único do art. 831 da CLT. Tramita nos próprios autos e se processa até a obtenção do cumprimento pelo devedor (praticam-se todos os atos até final entrega do bem ou dinheiro objeto da execução). b) provisória: Sobre execução provisória dispõe o artigo 899 da CLT que os atos de execução devem ser paralisados com a penhora. Manoel Antônio Teixeira Filho preconiza que deve ser entendido penhora e avaliação e não atos posteriores. Os demais doutrinadores como Bezerra Leite e José Augusto Rodrigues Pinto apregoam que se deve prosseguir nos demais atos processuais excetuando-se apenas os que impliquem em alienação (expropriação) ou levantamento do valor depositado. O CPC, de sua vez contempla:

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Art. 475-O. A execução provisória da sentença far-se-á, no que couber, do mesmo modo que a definitiva, observadas as seguintes normas: I - corre por iniciativa, conta e responsabilidade do exeqüente, que se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os danos que o executado haja sofrido; II - fica sem efeito, sobrevindo acórdão que modifique ou anule a sentença objeto da execução, restituindo-se as partes ao estado anterior e liquidados eventuais prejuízos nos mesmos autos, por arbitramento; III - o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem alienação de propriedade ou dos quais possa resultar grave dano ao executado dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos. § 1º No caso do inciso II do deste artigo, se a sentença provisória for modificada ou anulada apenas em parte, somente nesta ficará sem efeito a execução. § 2º A caução a que se refere o inciso III do caput deste artigo poderá ser dispensada: I - quando, nos casos de crédito de natureza alimentar ou decorrente de ato ilícito, até o limite de sessenta vezes o valor do salário-mínimo, o exeqüente demonstrar situação de necessidade; II - nos casos de execução provisória em que penda agravo de instrumento junto ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça (art. 544), salvo quando da dispensa possa manifestamente resultar risco de grave dano, de difícil ou incerta reparação. § 3º Ao requerer a execução provisória, o exeqüente instruirá a petição com cópias autenticadas das seguintes peças do processo, podendo o advogado valer-se do disposto na parte final do art. 544, § 1 o : I - sentença ou acórdão exeqüendo; II - certidão de interposição do recurso não dotado de efeito suspensivo; III - procurações outorgadas pelas partes; IV - decisão de habilitação, se for o caso; V - facultativamente, outras peças processuais que o exeqüente considere necessárias.

Cabe, portanto, execução provisória no processo do trabalho: -Execução fundada em decisão da qual pende recurso recebido apenas no efeito devolutivo. -Tramita em autos apartados, até a penhora e solução das discussões sobre a liquidação (ações incidentais). Não comporta em atos que importem na alienação de bens do executado e tampouco liberação de valores (se a garantia da execução for em dinheiro) Art. 899, caput, da CLT “Os recursos serão interpostos por simples petição e terão efeito

meramente devolutivo, salvo as exceções previstas neste Título permitida a execução provisória até a penhora.”. -A execução provisória não ocorre ex officio e, sim, somente por provocação da parte interessada -A Carta de Sentença (hoje denominada de autos suplementares) é o meio hábil de promover a execução provisória, disciplina o CPC no artigos 475-O, § 3º onde contém os requisitos da carta de sentença. -A questão da penhora em dinheiro na execução provisória tem causado controvérsia. Carlos Henrique Bezerra Leite, na esteira do artigo 475-O caput do CPC, preconizando que a execução provisória far-se-á do mesmo modo que a definitiva, entende pela possibilidade. Contudo a OJ 62 da SDI-II convertida na Súmula 417 do TST segue posicionamento contrário quando existir a nomeação de outros bens à penhora. À evidência o TST, pela orientação jurisprudencial resguarda o princípio de que se deva processar a execução de forma mesmo gravosa.

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Nº 417 MANDADO DE SEGURANÇA. PENHORA EM DINHEIRO (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 60, 61 e 62 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005 I - Não fere direito líquido e certo do impetrante o ato judicial que determina penhora em dinheiro do executado, em execução definitiva, para garantir crédito exeqüendo, uma vez que obedece à gradação prevista no art. 655 do CPC. (ex-OJ nº 60 da SBDI-2 - inserida em 20.09.2000) II - Havendo discordância do credor, em execução definitiva, não tem o executado direito líquido e certo a que os valores penhorados em dinheiro fiquem depositados no próprio banco, ainda que atenda aos requisitos do art. 666, I, do CPC. (ex-OJ nº 61 da SBDI-2 - inserida em 20.09.2000) III - Em se tratando de execução provisória, fere direito líquido e certo do impetrante a determinação de penhora em dinheiro, quando nomeados outros bens à penhora, pois o executado tem direito a que a execução se processe da forma que lhe seja menos gravosa, nos termos do art. 620 do CPC. (ex-OJ nº 62 da SBDI-2 - inserida em 20.09.2000) -A questão da execução provisória em obrigações de fazer, também tem causado celeuma, pois a mesma se tornaria definitiva. Bezerra Leite não vê óbice, na medida em que sendo possível conceder liminar ou tutela antecipada reintegratória, não haveria como negar a execução provisória de obrigação de fazer. -A questão da aplicação da totalidade do artigo 475-O do CPC em seus incisos e parágrafos, com a alteração ocorrida em 2002 pela lei 10444, também se mostra discutível, máxime o contido nos incisos I, II correspondente ao fato do credor ter que arcar com os prejuízos que causar ao devedor, ao levantamento do depósito em dinheiro, prática de atos que importem em alienação, oferecimento de caução ou sua dispensa pelo juízo. Bezerra Leite, ressalvadas as considerações que faz, entende que os dispositivos são aplicáveis em face da natureza salarial e alimentar dos direitos instrumentados. Afirma que o Juiz deve agir com redobrada prudência e cautela, vez que o autor na maioria dos casos está desempregado e mesmo empregado não tem condições de arcar com os prejuízos e que pelos mesmos fundamentos a caução também encontra certas barreiras. Com devido respeito ao doutrinador, entendemos que tais dispositivos são inaplicáveis na execução trabalhista exatamente pelos mesmos motivos que o autor alinhou e também pela expressa disposição da CLT de que a execução provisória estanca nos atos de constrição e o julgamento das controvérsias a eles inerentes. O TRT da 3ª Região, ao que parece, vem se norteando pela aplicabilidade do disposto no CPC, senão vejamos:

Ementa

Indice

Processo 01236-2002-053-03-41-0 AP

Data de Publicação 21/06/2008 - DJMG - Página 13

Órgão Julgador Quarta Turma

Relator Luiz Otávio Linhares Renault

Revisor Júlio Bernardo do Carmo

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Tema EXECUÇÃO PROVISÓRIA - LEVANTAMENTO CRÉDITO

EMENTA: AGRAVO DE PETIÇÃO - CUMPRIMENTO DE SENTENÇA TRABALHISTA - ARTIGO 475-0 DO CPC OMISSÃO E COMPATIBILIDADE QUE SE ENCONTRAM E SE CASAM - LIBERAÇÃO DO CRÉDITO DE NATUREZA ESSENCIALMENTE ALIMENTAR PRESUNÇÃO DE ESTADO DE NECESSIDADE E AUSÊNCIA DE CAUÇÃO - Tratando-se de crédito trabalhista, de natureza essencialmente alimentar e, por conseguinte, prioritário sob todos os aspectos sociais e humanos, cujo valor líquido seja inferior a sessenta salários mínimos, mesmo estando o processo em fase de execução provisória, em decorrência da interposição de agravos de instrumentos perante o C. TST, com poucas possibilidades aparentes de acarretar a redução do valor da condenação, aplica-se, por inteiro, a regra prevista no artigo 475-0 do CPC para determinar a imediata liberação da importância pecuniária depositada, até o limite do valor líquido do crédito, independentemente de caução. Lacuna que se preenche, e compatibilidade que se evidencia em duas vertentes: a) interiormente, porque satisfaz, ainda que parcialmente, ao credor, ex-empregado, cujo estado de necessidade é presumido; b) exteriormente, porque dá uma resposta mais ágil à sociedade, que tanto exige resultados concretos do processo em prazo razoável. A referida regra legal torna eficaz e célere a tutela jurisdicional, em menor espaço de tempo e com certa segurança, coibindo, por outro lado, o uso e o abuso do direito de recorrer, em muitos casos, apenas para postergar o cumprimento da sentença, o que acarreta a negação da idéia de justiça e a descrença na função jurisdicional e pacificadora do Estado. Ademais, na hipótese de o comando exequendo vir a ser modificado, a restituição das partes ao estado anterior, na respectiva medida e na exata proporção, poderá ser alcançada pela executada pelas vias processuais adequadas, aliás como vem sendo feito a anos e anos pelos trabalhadores brasileiros, sempre que ajuízam ação trabalhista. O risco é da essência do processo trabalhista e deve ser suportado por ambos os litigantes, observado, entretanto, que o ex-empregado é a parte mais fraca, jurídica e socialmente.

Ementa

Indice

Processo 00318-2005-087-03-00-0 AP

Data de Publicação 27/02/2008 - DJMG - Página 12

Órgão Julgador Segunda Turma

Relator Sebastião Geraldo de Oliveira

Revisor Convocada Maristela Iris da Silva Malheiros

Tema EXECUÇÃO PROVISÓRIA - LEVANTAMENTO CRÉDITO

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EMENTA: EXECUÇÃO PROVISÓRIA - ART. 475-O DO CPC - APLICAÇÃO. Em execução provisória é possível a liberação de valores depositados em Juízo, sem o oferecimento de caução, desde que se apresentem algumas das situações descritas no parágrafo 2o. do art. 475-O do CPC. Constatado que se trata de crédito alimentar, decorrente em parte de ato ilícito (indenizações por danos materiais e morais decorrentes de acidente do trabalho, com culpa do empregador); que os salários do exeqüente não alcançam o dobro do mínimo legal, autorizando presumir sua miserabilidade; que ele teve reduzida sua capacidade laborativa em razão da perda de cinqüenta por cento das funções da mão direita, e que o recurso de revista interposto pela empresa está pendente de agravo de instrumento no TST, é perfeitamente cabível que se determine a aplicação subsidiária da lei processual civil, para conferir aplicabilidade à garantia constitucional da duração razoável do processo e permitir a aplicação de normas processuais mais adequadas à efetivação do direito. Nesse passo, a expressão "até a penhora", constante do art. 899 da CLT, é meramente referencial e não limita a execução provisória no âmbito do processo trabalhista.

Ementa

Indice

Processo 01633-2002-009-03-00-6 AP

Data de Publicação 19/12/2003 - DJMG - Página 16

Órgão Julgador Segunda Turma

Relator Alice Monteiro de Barros

Revisor Fernando Antônio de Menezes Lopes

Tema EXECUÇÃO PROVISÓRIA - LEVANTAMENTO CRÉDITO

EMENTA: EXECUÇÃO PROVISÓRIA. LIBERAÇÃO DE VALORES AO CREDOR, INDEPENDENTEMENTE DE PRESTAÇÃO DE CAUÇÃO. VIABILIDADE. ARTIGO 588, INCISO II E PARÁGRAFO 2o. DO CPC. O artigo 588 do CPC preceitua que a execução provisória da sentença far-se-á do mesmo modo que a definitiva, observada, no entanto, a necessidade de caução idônea, requerida e prestada nos próprios autos da execução, para o caso de levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos de importem alienação de domínio ou dos quais possa resultar grave dano ao executado (inciso II). O mesmo dispositivo legal, de indiscutível aplicabilidade ao Processo do Trabalho, por força do que estatui o artigo 769 da CLT, prevê, entretanto, exceção àquela regra, no sentido de autorizar a dispensa de caução para os casos de execução de créditos de natureza alimentar, até o limite de 60 (sessenta) vezes o salário

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mínimo, quando o exeqüente encontrar-se em estado de necessidade. Comprovada a situação de necessidade da exeqüente, por meio de documentação idônea carreada aos autos, e diante da inafastável natureza alimentar dos créditos deferidos na demanda, impõe-se o acolhimento do pleito de liberação e/ou bloqueio de valores da empresa executada até o limite de sessenta salários mínimos, inobstante tratar-se de execução provisória e independentemente de prestação de caução, nos termos do permissivo legal acima referido.

10) COMPETÊNCIA PARA EXECUÇÃO (arts. 877 e 877-A) a) título judicial = Juiz ou presidente do tribunal que tiver conciliado originariamente o

dissídio. 877 b) Título extrajudicial = juiz que teria competência para o processo de conhecimento

relativo à matéria. 877-A 11) INICIATIVA - LEGITIMAÇÃO PARA PROMOVER A EXECUÇÃO (878 E §): a) por qualquer interessado; b) ex officio, pelo próprio juiz, na forma dos artigos 877 e 877-A c) As decisões proferidas pelos TRTs, a execução poderá ser promovida pela

Procuradoria da Justiça do Trabalho. 12).- DO ERRO MATERIAL- TÍTULO JUDICIAL

Inicialmente há que se ter em mente o disposto nos artigos 833 e 897-A § único: Art. 833 - Existindo na decisão evidentes erros ou enganos de escrita, de datilografia ou de cálculo,poderão os mesmos, antes da execução, ser corrigidos, ex officio, ou a requerimento dos interessados ou da Procuradoria da Justiça do Trabalho. Art. 897-A - Caberão embargos de declaração da sentença ou acórdão, no prazo de cinco dias, devendo seu julgamento ocorrer na primeira audiência ou sessão subseqüente a sua apresentação, registrado na certidão, admitido efeito modificativo da decisão nos casos de omissão e contradição no julgado e manifesto equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do recurso. Parágrafo único - Os erros materiais poderão ser corrigidos de ofício ou a requerimento de qualquer das partes.

Os Processualistas não discorrem muito a respeito do erro material. José Augusto Rodrigues Pinto (Execução Trabalhista – LTR pg. 392) sucintamente menciona: “Erro material é aquele que, resultante de “enganos de escrita, de datilografia ou de cálculos” na expressão da lei processual trabalhista, “deve ressaltar aos olhos”, no dizer de Isis de Almeida.” O autor após citar o exemplo a condenação ao pagamento de férias de 30 dias de um trabalhador com remuneração de R$ 1.000,00, fixa a base de cálculo em R$ 100,00, continua: Diante da existência de erro material, é desnecessária a interposição de Embargos de Declaração, em face de ser possível corrigi-lo por meio processual

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muito mais direto. O parágrafo único do artigo 897 da CLT completa a disciplina dos Embargos de Declaração autorizando a correção do erro de matéria pela forma precitada. Todavia, se, mesmo assim, eles forem interpostos, devem ser conhecidos e julgados, pois o erro material não deixa de caber, conceitualmente, dentro das causas das hipóteses de cabimento do recurso em causa. Gabriel Saad (Curso de Direito Processual do Trabalho 5ª Edição, pg. 624) afirma que com a publicação da sentença o juiz encerra o ofício jurisdicional só podendo alterar a sentença em duas hipóteses: a) para lhe corrigir, de ofício ou a requerimento da parte inexatidões materiais ou lhe retificar erros de cálculo; b) por meio de embargos de declaração. Mesmo autor sustenta que não se há de considerar erro material ou de cálculo o critério adotado para se chegar a um resultado.

Wagner Giglio (Direito Processual do Trabalho – 15ª edição, pg.277) explica o erro corrigível pela autorização do artigo 833 como sendo: O erro corrigível, frise-se, deve ser evidente, saltar aos olhos, caso contrário somente poderá ser corrigido pelo Tribunal, através do recurso cabível. Exemplos: a sentença consignou átimo de família, em lugar de arrimo de família, corrente em vez de carente, ou condenou ao pagamento de duas indenizações com base no salário de R$ 400,00 e, por engano evidente de cálculo, dispôs que esta verba correspondia a R$ 750,00.

Amauri Mascaro do Nascimento (Curso de Direito Processual do Trabalho – Saraiva – 23ª Edição 2008, pg. 591) afirma sucintamente: Havendo meros erros de escrita é desnecessário embargar, basta requerer ao juiz, que tem poderes para proceder, de ofício, à retificação (CLT arts. 833 e 897-A). O CPC (art. 463) dispõe que, publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la para corrigir inexatidões materiais e no caso de embargos declaratórios. Estes podem ter efeito modificativo (CPC, art. 463,III e STST n. 278).

Francisco Antonio de Oliveira (O Processo na Justiça do Trabalho – 4ª Edição, pg. 664) afirma que a jurisprudência dos tribunais são unânimes em afirmar que inexiste preclusão para a correção do erro material, já que: “Não constitui coisa julgada, em tempo algum, o erro material” (José da Silva Pacheco). A correção poderá ser feita em qualquer instância pelo juiz que detiver a competência. Se o erro material foi cometido pela instância ad quem, poderá o juízo a quo efetuar os acertos por ocasião do retorno dos autos, pois nesse momento a competência lhe é devolvida para a liquidação de sentença e posterior execução (art. 611 do CPC). Afirma o autor que a redação dada ao artigo 833, na parte final, ao mencionar “antes da execução” deve-se à falta de técnica legislativa, porque o erro material, por vezes, poderá só vir a ser conhecido na fase executória ou, ainda, acontecer durante a execução.

Ementa: SENTENÇA DE CONHECIMENTO. ERRO MATERIAL. FASE DE LIQUIDAÇÃO. POSSIBILIDADE DE CORREÇÃO. As inexatidões materiais

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evidenciadas na sentença de conhecimento podem ser corrigidas até a fase de liquidação, de modo a assegurar a efetividade do julgado.

Fundamenta o Acórdão da ementa supra: De fato a sentença de conhecimento estabeleceu a condenação de horas extras de

1º.10.2001 a 10.07.2001. Contudo, percebe-se claramente que o julgado incorreu em erro material, não só porque a data

inicial é posterior à data final do período condenatório, como até mesmo ao término da contratualidade.

Do teor da fundamentação extrai-se que o termo a quo correto é 1º.10.2000, que foi

considerado nos cálculos.

Cabe ressaltar que as inexatidões materiais evidenciadas na sentença de conhecimento podem ser

corrigidas de ofício ou a requerimento das partes ou do Ministério Público, até a fase de liquidação. É o que se depreende dos arts. 833 e 897-A, parágrafo único, da CLT.

Ementa: ERRO MATERIAL. CORREÇÃO DE OFÍCIO. EXEGESE AMPLIATIVA do § 3º do art. 515 do CPC. Ainda que a parte interessada não tenha interposto embargos de declaração para sanar o vício contido na decisão, consistente em deferimento de verbas na fundamentação que não constaram do dispositivo do julgado, por se tratar de erro material que implica decisão "citra petita" e pode ser declarado de ofício, não resta preclusa a oportunidade da insurgência no grau recursal em face do efeito devolutivo do recurso ordinário. Interpretação extensiva do art. 515, § 3º do CPC, por aplicação dos princípios da celeridade e da economia processual para abranger as hipóteses de julgamento "extra petita" ou "citra petita".

Acórdão 13293/2006 - Juíza Viviane Colucci - Publicado no DJ/SC em 09-10-2006, página: 65. Imagem do Documento Formato PDF

A decisão supra traz o seguinte fundamento:

ERRO MATERIAL. TRÂNSITO EM JULGADO. O saneamento do erro material se não feito de ofício poderá ser provocado mediante oposição de embargos de declaração. Todavia, a omissão da parte interessada não implica preclusão do direito de fazê-lo na fase recursal, não apenas em face do efeito devolutivo do recurso ordinário, mas também pelo princípio de que ele nunca transita em julgado. Nesses termos, a providência no sentido de declarar erro de fato, uma vez já devidamente entregue a prestação jurisdicional pela primeira instância, constitui medida necessária que atende aos anseios sociais atinentes à “boa administração da justiça” (TRT 24ª R – RO 1554/2003-002-24-00-7, DLMS de 20-09-2004). Por outro lado, o art. 515, § 3º, do CPC, acrescentado pela Lei nº 10.352, de 26 de dezembro de 2001, possibilitou à instância revisora, nos casos de extinção do processo sem apreciação do mérito, dirimir desde logo a lide que versa sobre questão exclusivamente de direito e esteja em condições de julgamento (teoria do fruto maduro), impondo-se a exegese ampliativa do mencionado dispositivo legal por aplicação dos princípios da celeridade e da economia processual para abarcar as hipóteses de julgamento extra ou citra petita, como é o caso dos autos.

Erro material não se confunde com a sentença citra, ultra ou extra petita,

uma vez que tais imperfeições (vícios da sentença) devem ser corrigidos, inicialmente, pela via dos Embargos de Declaração. De outra parte, alguns autores se posicionam

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no sentido de que a sentença, por tais defeitos, não é passível de nulidade e, sim de reforma.

Em razão disto orienta a OJ 41 da SDI-II do TST Nº 41 AÇÃO RESCISÓRIA. SENTENÇA “CITRA PETITA”. CABIMENTO. Inserida em

20.09.00 Revelando-se a sentença "citra petita", o vício processual vulnera os arts. 128 e 460 do CPC, tornando-a passível de desconstituição, ainda que não opostos embargos declaratórios. Carlos Henrique Bezerra Leite lembra Valentin Carrion quando afirma: “a sentença que julga ultra petita (além do pleiteado) e a que o faz extra petita (fora do que o autor pretendeu) são reformáveis, mediante recuso; a sentença citra petita (que não se manifesta sobre algum dos pedidos) é anulável.

Bezerra Leite, no entanto, assevera: “Além de ser atacável por recurso, a sentença que contém julgamento extra, ultra ou citra petita pode ser passível de ataque por ação rescisória, a teor do artigo 485, inciso V, do CPC, por violação aos artigos 832da CLT e 460 do CPC.”

Lembra este autor que existem algumas exceções legais que autorizam o juiz ao julgamento extra ou ultra petita e citra como exemplos: como extra petita: art. 496 da CLT (conversão da reintegração do estável em indenização); como ultra petita: art. 467 da CLT; como citra petita: art. 484 da CLT em que o juiz, na culpa recíproca está autorizado a reduzir a indenização.

Outros autores exemplificam como julgamento extra petição, isto é, que não depende de postulação: juros e correção monetária na forma da lei; retenção dos descontos previdenciários e de imposto de renda. 13) ATOS EXECUTÓRIOS: (fases ou momentos da execução) a) atos de acertamento = liquidação: visa a individualização da condenação, obtenção

da liquidez do título executivo. b) atos de constrição = penhora: objetivam compelir o devedor ao cumprimento da

obrigação (citação até o julgamento da penhora) c) atos de alienação = expropriação = adjudicação e arrematação: visam tornar efetiva

a expropriação do patrimônio do devedor (segue da avaliação até a transmissão do domínio). A assinatura dos autos de arrematação e/ou adjudicação, tornam a venda irretratável.

14) - ATOS DE ACERTAMENTO – título ilíquido = LIQUIDAÇÃO - INCLUI NÃO SÓ OS DIREITOS DO DEVEDOR INCORPORADOS NA SENTENÇA, MAS, TAMBÉM AS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. Lembrar do RAT (Risco Acidente do Trabalho) também executável de ofício. NATUREZA JURÍDICA DA LIQUIDAÇÃO.

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Segundo José Augusto Rodrigues Pinto o acertamento da sentença compreende atos iniciais, preparatórios da execução, ainda que a ela integrados. Por igual, a doutrina trabalhista, à semelhança do posicionamento de Manoel Antônio Teixeira Filho e Wagner Giglio o autor inicialmente citado, se posiciona no sentido de que a liquidação não se constitui em ação de conhecimento e sim fase preparatória da execução. Giglio afirma ser “fase preliminar de execução”. Já a doutrina civilista se posiciona, em sua grande maioria, no mesmo sentido de Nelson Nery Junior, sustentando tratar-se de ação de conhecimento em que pese reconheçam que visa completar o título executivo com o atributo da liquidez. A CLT no artigo 879 deixa claro que a liquidação constitui simples procedimento prévio da execução, somando-se o fato da inexistência de amplo contraditório e inexistência de recurso contra a sentença de liquidação. 14.1.- AUSÊNCIA DE LIQUIDAÇÃO: Para que um título seja exeqüível necessita de dois requisitos: certeza e liquidez (título de dívida líquida e certa). - A falta de liquidação faz com que o título em que se funda a execução seja inexigível, tornando nula a execução (CPC, arts.618-I; 586§ 1º). Na hipótese de ser determinada a citação sem prévia liquidação, caso necessária admitirá Mandado de Segurança por afronta ao artigo 879, “capu”. 14.2- FORMAS OU METODOS DE LIQUIDAÇÃO: Assevera José Augusto R Pinto: Logo, se pode haver condenação em obrigação de dar, é porque está nos autos da cognição a prova dos fatos que a produziram (e aí a certeza do direito no título sentencial). Com ela, obrigatoriamente, tem de estar a da liquidez (valor da obrigação), traduzida em números, forma de expressão do valor. O modo como esses números se ocultam nos autos da ação cognitiva, quando a sentença é ilíquida, é o fator determinante do modo como se deve trabalhar para o acertamento. Quando os números estão ocultos porque o juízo não quis extraí-los antes de sentenciar, basta que, na liquidação, os extraia e opere aritmeticamente para determinar o valor da sentença. Quando não estão ocultos nos autos, mas em fatos que ainda não foram provados, será preciso primeiro revelá-los pela prova dos fatos que os constituem e só depois disso operá-los. Quando, enfim, estão ocultos porque deveriam ser extraídos de fatos que não existem ou não são sensíveis a nenhum meio de prova, será preciso estimá-los e com o resultado da estimativa operá-los e chegar ao valor do título. A legislação trabalhista na mesma esteira da civil contempla três métodos para atribuir a liquidez ao título: a) liquidação por cálculos (simples cálculos -= todos os elementos já se encontrem

nos autos)

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b) liquidação por artigos (quando há necessidade da prova de fatos novos para a fixação do “quantum debeatur” =- 608 CPC – pressupõem provada a obrigação, mas não a sua extensão – os elementos não estão integralmente nos autos).

c) liquidação por arbitramento (os elementos não estão nos autos sendo necessário um conhecimento técnico para avaliá-los. Não há perícia(meio de prova) e portanto prova na arbitragem. O árbitro que pode coincidir com um perito se limita a estimar o valor em dinheiro dos direitos assegurados em sentença – age como se fosse um avaliador)

- A decisão quanto a forma ou método do acertamento mais compatível para a

hipótese incumbe ao juiz que preside à execução. - Ensina José Augusto Rodrigues Pinto: Os métodos não são aplicados aleatoriamente, mas

na ordem sucessiva de necessidade da prova. Portanto, se não há essa necessidade, aplica-se o de simples cálculos; se há necessidade de prova de fatos, aplica-se o de artigos; se não há possibilidade de fazer prova necessária, aplica-se o de arbitramento. Assim comete erro também elementar, infelizmente muito comum, o juiz que manda repetir a liquidação por artigos, quando os julga improcedentes por falta de prova do fato investigado. Se ocorrer assim, cabe-lhe passar ao método seguinte e fazer a liquidação por arbitramento.

- Os atos de acertamento nem sempre são indispensáveis, pois só o são quando o título executivo se apresentar total ou parcialmente ilíquido. Assim, de regra se apresentam líquidos: a) os títulos executivos extrajudiciais e os acordos (conciliações) perante a Justiça do Trabalho realizados na forma do § 1º do artigo 846 da CLT. As sentenças podem ou não se apresentar líquidas. Assim, carecem dos atos de acertamento apenas: as sentenças total ou parcialmente ilíquidas e os acordos judiciais realizados na forma do § 2º do artigo 846: “Entre as condições a que se refere o parágrafo anterior, poderá ser estabelecida a de ficar a parte que não cumprir o acordo obrigada a satisfazer integralmente o pedido ou pagar uma indenização convencionada sem prejuízo do cumprimento do acordo.”

- Há que se lembrar da alteração introduzida na parte final do § único do artigo 876 da CLT - Parágrafo único. Serão executadas ex-officio as contribuições sociais devidas em decorrência de decisão proferida pelos Juízes e Tribunais do Trabalho, resultantes de condenação ou homologação de acordo, inclusive sobre os salários pagos durante o período contratual reconhecido. (Redação dada pela Lei n.º 11.457, de 16-03-07, DOU 19-03-07).

De regra, os valores pagos durante o período contratual reconhecido, não foram objeto do processo de conhecimento, mas será alvo de execução das contribuições previdenciárias incidentes, uma vez que tais valores, pelo reconhecimento do vínculo empregatício, assumiram natureza salarial. Com isto, os métodos de apuração dos valores que servirão de base da contribuição previdenciária deverão obedecer a sucessividade. Inexistindo elementos nos autos e se instado a oferecê-los, o executado e a União se recusarem ou se omitirem, passar-se-á para a liquidação por

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artigos e, na impossibilidade deste, por arbitramento ou, ainda, diretamente para o arbitramento. Entendo que em respeito ao disposto no artigo 620 do CPC e 879, § 1º-B, devem as partes ser previamente intimadas para oferecer os cálculos, como já mencionado anteriormente. 14.3.- PROCEDIMENTOS (ritos) ADOTADOS PARA OS ATOS DE ACERTAMENTO. José Augusto Rodrigues Pinto ao analisar os critérios legais básicos para o procedimento da liquidação mostra duas situações antagônicas:

a) incomunicabilidade do acertamento com a constrição b) interpenetração do acertamento com a constrição.

Na incomunicabilidade o módulo dos atos de acertamento se completa em si mesmo, produzindo sentença e coisa julgada da liquidação, o que impede a discussão de valor do título, qualquer que seja o pretexto, quando se passa para o módulo de constrição.

Na interpenetração estabelece-se um elo entre os atos de acertamento e de constrição, configurando na possibilidade de discutir-se o valor do título na mesma oportunidade da discussão da garantia da execução. Neste o juiz ao apreciar a conta exerce atividade homologatória, de cunho administrativo, postergando-se o contraditório para o módulo de constrição. A natureza jurídica desta decisão (sentença de liquidação meramente homologatória) é de decisão interlocutória, não imediatamente recorrível.

Giza o autor, em que pese as duas situações, na liquidação por artigos há dificuldade prática de adaptação ao critério de interpenetração dos módulos. Ensina: É que, sendo pressuposto dos artigos a necessidade de instaurar uma cognição limitada de fatos indispensáveis à elaboração da conta, que ficaram por provar, torna-se inevitável a admissão de contraditório, que sinaliza para a decisão por sentença.

Insistindo o legislador em adotar o critério para esse método, só há uma interpretação possível: sempre que os artigos propostos forem considerados provados, na liquidação, a decisão será de natureza interlocutória, levando-se o contraditório sobre a prova dos fatos e o valor fixado para o módulo de constrição, na oportunidade dos embargos; mas sempre que não forem considerados provados, a decisão será de natureza terminativa (sentença), permitindo recurso e, se improvido, forçando instaurar-se a liquidação pelo método sucessivo de arbitramento.

O CPC de 1939 e o de 1973 antes da reforma pela Lei 8898/94 adotou o sistema da incomunicabilidade do acertamento com a constrição. No período de 1994 ate o advento da nova reforma introduzida pela lei 11232/2005 o CPC adotou o sistema da interpenetração dos dois módulos, uma vez que admitia o contraditório apenas dentro do módulo de constrição. De certa forma o modelo era similar ao originário da CLT (884, § 3º da CLT). Contudo os artigos 603/611 foram revogados

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pela Lei 11232/2005 surgindo os artigos 475-A e seguintes onde se constata que sendo extinta a execução por sentença na liquidação, da mesma cabe recurso de apelação em 15 dias e, da decisão que for proferia, no mérito, cabe Agravo de Instrumento no prazo de 10 dias.

A respeito da comparação entre o sistema civilista e o trabalhista, leciona Francisco Antônio de Oliveira (Tratado de Direito Processual do Trabalho – Vol. II – LTR – 2008, pg. 1628, item 46.6.11:

“Comparando-se o processo do trabalho e o processo civil, após a mudança implementada pela Lei 11.232/2005, verifica-se que também no processo comum a decisão proferida na fase de acertamento tem natureza interlocutória, já aqui recorrível pela via do agravo de instrumento, no que difere do procedimento trabalhista. No processo do trabalho, as decisões interlocutórias , por serem irrecorríveis em primeiro grau, não transitam em julgado. Mas, a parte, em havendo recurso (ordinário ou agravo de petição), poderá submeter ao “ad quem” a decisão interlocutória, a qual será decidida liminarmente, antes, portanto, do tema meritório (matéria de fundo). Nesse caso, o acolhimento ou não da decisão interlocutória também transita e julgado.”

Por certo, no processo de conhecimento as decisões interlocutórias, de regra, são irrecorríveis. Contudo temos as exceções contidas na Súmula 214 do TST, que admite de imediato o Recurso Ordinário. Já na execução, por igual a regra geral é da natureza interlocutória da liquidação de sentença. Contudo, poderá ter a sentença de liquidação natureza jurídica de sentença declaratória de mérito e, por igual irrecorrível. A diferença, no nosso entendimento, é de que enquanto pura ou genuinamente interlocutória, não transita em julgado, mas quando declaratória de mérito faz coisa julgada tanto que passível de ação rescisória. Assim, voltando a diferença entre os dois sistemas de liquidação (civilistaxtrabalhistas) tem-se que no civilista, cabendo recurso e fazendo coisa julgada, tem-se por fixado, na liquidação, o quanto debeatur, inexistindo comunicação da liquidação com a execução, como ocorre no processo do trabalho. Quiçá, por isso, a doutrina, pela desnecessidade de garantia da execução na liquidação civil, praticamente caiu em desuso a exceção de pré-executividade naquele ramo processual.

A CLT originariamente adotou o sistema da interpenetração uma vez que no sistema tradicional nela implantado a discussão sobre a conta ficava protraída para o módulo de constrição (após garantida a execução). Neste modelo a “sentença de liquidação” – homologatória – tem natureza jurídica de decisão interlocutória. A crítica doutrinária feita ao artigo 879 da CLT é que o legislador trabalhista definiu os métodos, mas não o procedimento.

Atualmente a CLT, com a alteração introduzida pela Lei 8432/92, instituiu a possibilidade (faculdade do juízo na sua instituição) do procedimento alternativo muito próximo do CPC, e no dizer de José A.R. Pinto ...em que acertamento e constrição ficam contidos em módulos separados, o que possibilita chegar-se à constrição com o total esgotamento da discussão liquidatória.

A diferença entre os procedimentos liquidatórios facultados pela CLT reside em três situações:

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a) diversificação de oportunidades para impugnação à liquidação. b) Implantação de contraditório imperfeito na liquidação. c) Admissibilidade da impugnação. d) Preclusão

DIVERSIDADE DE OPORTUNIDADES PARA IMPUGNAÇÃO À LIQUIDAÇÃO. Adotado o rito tradicional a oportunidade de impugnação da conta fica

protraída para os embargos à execução. Adotado o rito alternativo a impugnação deverá ser feita antes de julgar-se a liquidação.

No rito tradicional o prazo de 05 dias é comum às partes. No rito alternativo o prazo é sucessivo de 10 dias afrontando o princípio da igualdade de oportunidades.

IMPLANTAÇÃO DE CONTRADITÓRIO IMPERFEITO No procedimento alternativo (facultativo) cada parte impugnará a conta,

mas não terá oportunidade de se manifestar sobre a impugnação da outra. ADMISSIBILIDADE DA IMPUGNAÇÃO O novo procedimento vinculou a admissibilidade da impugnação “a ser

fundamentada com a indicação dos itens e valores objeto da discordância”. Não se admite, portanto, impugnação genérica.

Como a doutrina admite estender a impugnação na oportunidade dos embargos, a primeira impugnação servirá como prequestionamento, para admissão da ação de embargos.

Ementa: AGRAVO DE PETIÇÃO. RETIFICAÇÃO DOS CÁLCULOS. PRECLUSÃO. Não podem ser acolhidos os embargos à execução quando o executado não aponta as incorreções do cálculo no momento processual oportuno, ou seja, na impugnação à conta de liquidação, visto que no caso concreto o Juiz da execução utilizou a prerrogativa do art. 879, § 2º, da CLT, que prevê, de forma expressa, a ocorrência da preclusão nessas hipóteses.

Acórdão 12899/2006 - Juiz Edson Mendes De Oliveira - Publicado no DJ/SC em 26-09-2006, página: 55.

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DA PRECLUSÃO Pela concessão do prazo, no rito alternativo, opera-se a preclusão

temporal (não havendo manifestação) e a consumativa (havendo manifestação e sendo improcedente).

Significa, ainda, dizer que não há faculdade de escolha do prazo e tampouco sua prorrogação.

De outra parte, resulta no entendimento de que se não concedido o prazo sucessivo a preclusão só ocorrerá em relação ao prazo de 05 dias para os embargos do artigo 884 da CLT.

Prescreve o § 2° do artigo 879 da CLT:

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“Elaborada a conta e tornada líquida, o Juiz poderá abrir às partes prazo sucessivo de 10 (dez) dias para impugnação fundamentada com a indicação dos itens e valores objeto da discordância, sob pena de preclusão”. a) Procedimento tradicional: Através do procedimento tradicional, elaborada a conta, o mesmo sofreu pequena alteração, ante a competência de ofício para execução das contribuições previdenciárias, será intimada a União: Art. 879, § 3º - § 3o - Elaborada a conta pela parte ou pelos órgãos auxiliares da Justiça do Trabalho, o juiz procederá à intimação da União para manifestação, no prazo de 10 (dez) dias, sob pena de preclusão. (Redação dada pela Lei n.º 11.457, de 16-03-07, DOU 19-03-07). Lembre-se o dissenso doutrinário em face da obrigatoriedade da concessão do prazo à União, entendendo uma corrente que se houver interesse da mesma, o juiz terá que adotar o rito facultativo e não o tradicional. Após segue-se para a citação do devedor, independentemente de vistas às partes do cálculo. Neste momento o devedor paga espontaneamente a dívida ou garante a execução para aforamento das ações incidentais. Se o devedor pagar a conta, o credor será intimado para a liberação do valor através de alvará. Poderá, ainda, comparecer espontaneamente aos autos. Na primeira hipótese conta-se o prazo para a impugnação aos cálculos pelo credor, a partir da intimação; na segunda hipótese, da data em que ficar registrado o seu comparecimento, seja pela assinatura e data aposta na cópia do alvará, seja pela prática de algum ato processual ou certidão da secretaria. Na hipótese da garantia da execução pelo devedor, ao ser o credor intimado para contestar as ações incidentais propostas por aquele é que abre-se o prazo para o credor, além de contestar, aforar suas ações incidentais. Como se observa, a oportunidade para contrariar a conta e atacar a sentença de liquidação, através das ações incidentais ocorre, para o devedor, com o pagamento ou garantia da execução, após a citação e, para o credor, quando intimado para liberar o valor pago ou para contestar os embargos à execução propostos pelo devedor. A modalidade tradicional traz o inconveniente de retardar a execução. Entendemos que sua adoção, em respeito ao princípio da celeridade, só é recomendável quando a conta tiver sido elaborada pelo devedor, posto que o mesmo não poderá impugnar os cálculos que ofereceu, ante a falta de interesse de agir e a possibilidade de litigância de má-fé (artigos 598/601 do CPC supletivamente aplicáveis). Cumpre ressaltar que a União, nos processos em que figurar como parte executada, tem prazo (discutível – polêmico) de 30 dias para aforar os embargos à execução, contados da citação, na medida em que os bens públicos são impenhoráveis. c) Procedimento facultativo ou alternativo.

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Como se extrai da leitura do § 2° do art. 879 da CLT, o Juiz poderá abrir vistas às partes pelo prazo sucessivo de 10 dias para impugnação fundamentada com a indicação dos itens e valores objeto da discordância, sob pena de preclusão.

Na hipótese de o juiz adotar este procedimento, deverá abrir vistas às partes e ao INSS (União) pelo prazo sucessivo de 10 dias. A ordem da concessão do prazo ficará ao livre arbítrio do juízo, uma vez que a lei não estabelece. Tem sido recomendado que o prazo se inicie com o INSS (receita federal) e, após as partes, vez que se a União (INSS) ficar por último, as partes não terão conhecimento da insurgência do INSS, em que pese não se autorize que o contraditório no sentido de que ao impugnar também se manifeste sobre a impugnação já existente nos autos. Requisitos da impugnação - efeitos: O legislador estatuiu que a impugnação deve ser:

a) Fundamentada. b) indicação de itens e valores objeto da discordância. c) sob pena de preclusão.

A impugnação deve ser fundamentada, não sendo aceitável impugnação genérica.

Deve a parte estruturar a impugnação: a) indicando o item da discordância, exemplo: das horas extras – da equiparação

salarial – do adicional de insalubridade e assim por diante. b) Selecionado e indicado o item objeto da discordância, o impugnante deve

demonstrar de forma especificada e fundamentada os valores objeto da discordância. Impõe-se, com isto, que a parte demonstre confrontando o porque que seus cálculos e, por decorrência sua impugnação, deve prevalecer sobre os que foram oferecidos. Mediante este mecanismo é que tem o julgador condições de decidir sobre a procedência ou não da insurgência.

O não atendimento dos requisitos legais importará no não conhecimento da impugnação, por desrespeito às prescrições legais.

Situação inusitada reside no fato de alguns juizes não conhecerem da impugnação do exeqüente (trabalhador) quando este não refaz integralmente os cálculos, demonstrando, apenas, as incorreções por amostragem. Tal posicionamento afronta o princípio protetivo que impregna o processo do trabalho. Se tal posicionamento já se mostra incorreto quando o cálculo é feito pelo reclamado, mais incoerente se mostra quando é feito por contador “ad hoc” designado pelo juiz e que para desempenhar seu mister recebe honorários.

Aos argumentos antes expendidos, soma-se o fato de o trabalhador não ter as mínimas condições de elaborar a totalidade dos cálculos, refazendo-os integralmente e não teve o legislador intenção de exigir tal ônus da parte menos favorecida no processo. De outra parte, em interpretação sistemática com o artigo

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897, § 1º da CLT, é o devedor e não o credor que tem o ônus de delimitar, justificadamente, as matérias e os valores impugnados, permitida a execução imediata da parte remanescente ato o final.

A impugnação limita o conteúdo da discussão, não mais podendo ocorrer qualquer inovação. Ocorre a preclusão, excetuado, como já sinalado os erros materiais e o cálculo de direitos não incorporados no título exeqüendo.

Somente nos limites e na medida do impugnado é que, não atendida a irresignação, poderão as partes, após citação e garantida da execução pelo devedor (artigo 884 da CLT, excetuada a administração pública cujo prazo inicia a correr após a citação) aforar as ações incidentais, no prazo previsto em lei. Mesma situação aplica-se à União (INSS) que, no aspecto, não goza de qualquer privilégio, pois se não impugnou no prazo e na forma exigida em lei, por igual, sofre a preclusão. A mesma lei que introduziu a possibilidade do rito alternativo, mantendo a coerência, passou a exigir como condição de admissibilidade (recebimento) do recurso de Agravo de Petição (recurso cabível para a reforma da sentença que for proferida nas ações incidentais) art. 897 § 1, a delimitação justificada das matérias e valores impugnados, permitida a execução até final, da parte incontroversa, nos próprios autos ou por carta de sentença: “§ 1° O Agravo de Petição só será recebido quando o agravante delimitar, justificadamente, as matérias e os valores impugnados, permitida a execução imediata da parte remanescente até o final, nos próprios autos ou por carta de sentença”.

Lamentavelmente, algumas decisões têm aplicado o dispositivo de forma indiscriminada tanto ao credor quanto ao devedor, quando, a nosso ver, o mesmo se dirige apenas ao devedor. Não tem sentido o credor delimitar matérias e valores, para permitir a execução até o final, quando ele próprio, exeqüente, é quem tem o interesse em promover a execução da parte reconhecida pelo devedor. Com efeito, quem tem que delimitar, acaso recorra, é o devedor e não o credor. O credor ao recorrer objetiva modificar a conta realizada pelo devedor o com a qual o mesmo concordou e que, portanto, pode de imediato ser executada, não havendo necessidade de delimitação. As impugnações lançadas neste momento processual (antes da citação e da garantia do juízo) servem como prequestionamento para, após a citação e garantia da execução (artigos 880 e 884 da CLT), a parte iresignada com a sentença de liquidação, aforar as ações incidentais. Registre-se que a União como parte executada ou como credora (INSS) não goza de prazo privilegiado. Observa-se que nos dois procedimentos culminamos na garantia do juízo exigida pelo artigo 884 da CLT como condição de ajuizamento das ações incidentais, excetuada a União quando parte executada pelos mesmos motivos que já se alinhou no rito tradicional. A vantagem deste procedimento é que ocorre inibição na possibilidade de procrastinações pois, de certa forma, antecipa-se o objeto da discussão sobre os cálculos para a fase de liquidação, delimitando-se o objeto. Assim, quando do

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aforamento das ações incidentais as partes que impugnaram na liquidação é que poderão aforá-las e tão somente nos limites do que foi impugnado, não podendo inovar, trazer matéria nova. 14.4.- MATÉRIA NÃO SUJEITA À PRECLUSÃO: Prescreve o § 1° do artigo 879 da CLT: “Na liquidação, não se poderá modificar, ou inovar, a sentença liquidanda, nem discutir matéria pertinente à causa principal”.

O final do parágrafo segundo, supra transcrito, comina com a pena de preclusão a matéria não suscitada em itens e valores quando da impugnação da conta, desde que assinados os prazos sucessivos para a manifestação das partes. A preclusão, na hipótese não pode ser vista em caráter absoluto de sorte a se perpetrar a execução de direitos inexistentes no título ou a cobrança de valores indevidos ante a existência de evidentes erros materiais. Disto resulta a não preclusão quando a liquidação abranger direitos não incorporados no título executivo ou quando existir erro material nos cálculos. Convém lembrar, neste mesmo sentido a possibilidade prevista na lei 9.494/97artigo 1-E, no que respeita a execução por precatório, que Art. 1o-E: “São passíveis de revisão, pelo Presidente do Tribunal, de ofício ou a requerimento das partes, as contas elaboradas para aferir o valor dos precatórios antes de seu pagamento ao credor. (NR) (Artigo incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 24.8.2001)”.

O STF tem decidido reiteradamente pela admissão dos embargos de declaração com caráter infringente e possibilidade de modificação do julgado também na hipótese de erro material. No processo do trabalho a não interposição dos embargos de declaração não torna preclusa a possibilidade da correção do erro material gritante, grosseiro que ressalta aos olhos, ainda que não utilizados os embargos de declaração para corrigi-lo. Contudo, se a correção do erro afetar substancialmente o julgado de sorte a acrescer, diminuir ou julgar improcedente a pretensão anteriormente acolhida por certo os embargos declaratórios é o remédio adequado não se podendo louvar no permissivo do artigo 833 da CLT. Contudo, na prática, toda a tentativa é válida, desde que consciente do risco do indeferimento, o que se convenciona dizer, na espirituosidade peculiar do advogado – jus esperniandi. Vide item 3.1 do presente estudo. EMENTA: I. Servidor público municipal: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade de equiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade de atribuições: independentemente de similitude ou não das funções comparadas, o direito à isonomia de vencimentos só se efetiva por expressa previsão legal: incidência da Súmula 339 ( precedentes): fundamentação que não é obscura, nem contraditória, nem omissa. II. Embargos de declaração com pretensão infringente de julgado: pressupostos. Os embargos de declaração podem, é certo, gerar a alteração do julgado: só e exclusivamente, porém - afora a sua admissão pretoriana para corrigir o erro material evidente -, nas hipóteses e na medida em que a modificação se imponha para sanar a obscuridade, colmatar a omissão ou solver a contradição: não havendo, na decisão embargada, qualquer desses vícios, são de rejeitar-se os embargos, que não se prestam a rever os seus fundamentos jurídicos, malgrado o embargante os tache de errados: precedente(HC 80.566-EDcl, Pertence, DJ 24.8.01). EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. MANDADO DE SEGURANÇA. REJULGAMENTO DA CAUSA. IMPOSSIBILIDADE, SALVO HIPÓTESES EXCEPCIONAIS. ART. 535, I E II, DO CPC. VIA PROCESSUAL INADEQUADA. 1. Os embargos de declaração têm pressupostos certos [art. 535, I e II, do CPC], de modo que não configuram via processual adequada à rediscussão do mérito da causa. São admissíveis em caráter infringente somente em hipóteses, excepcionais, de omissão do julgado ou erro material manifesto. Precedente [RE n. 223.904-ED, Relatora a Ministra ELLEN GRACIE, DJ 18.02.2005]. 2. Embargos de declaração rejeitados

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14.5.- DA SENTENÇA DE LIQUIDAÇÃO – natureza jurídica – ação rescisória. É sabido que a sentença de liquidação (homologa e/ou julga correto os cálculos e determina a citação para pagamento) tem natureza interlocutória e que as decisões interlocutórias não são imediatamente recorríveis. Apesar disto, surgiu a OJ n. 85 da SDI-II do TST, atualmente incorporada nas Súmulas 399,II e 298, IV que orientam: Nº 399 AÇÃO RESCISÓRIA. CABIMENTO. SENTENÇA DE MÉRITO. DECISÃO HOMOLOGATÓRIA DE ADJUDICAÇÃO, DE ARREMATAÇÃO E DE CÁLCULOS. (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 44, 45 e 85, primeira parte, da SDI-II - Res. 137/2005 – DJ 22.08.2005) I - É incabível ação rescisória para impugnar decisão homologatória de adjudicação ou arrematação. (ex-OJs nºs 44 e 45 - ambas inseridas em 20.09.2000) II - A decisão homologatória de cálculos apenas comporta rescisão quando enfrentar as questões envolvidas na elaboração da conta de liquidação, quer solvendo a controvérsia das partes quer explicitando, de ofício, os motivos pelos quais acolheu os cálculos oferecidos por uma das partes ou pelo setor de cálculos, e não contestados pela outra. (ex-OJ nº 85, primeira parte - inserida em 13.03.02 e alterada em 26.11.2002). Nº 298 AÇÃO RESCISÓRIA. VIOLAÇÃO DE LEI. PREQUESTIONAMENTO. (incorporadas as Orientações Jurisprudenciais nºs 36, 72, 75 e 85, parte final, da SDI-II - Res. 137/2005 – DJ 22.08.2005) I - A conclusão acerca da ocorrência de violação literal de lei pressupõe pronunciamento explícito, na sentença rescindenda, sobre a matéria veiculada. (ex-Súmula nº 298 - Res. 8/1989, DJ 14.04.1989) II - O prequestionamento exigido em ação rescisória diz respeito à matéria e ao enfoque específico da tese debatida na ação e não, necessariamente, ao dispositivo legal tido por violado. Basta que o conteúdo da norma, reputada como violada, tenha sido abordado na decisão rescindenda para que se considere preenchido o pressuposto do prequestionamento. (ex-OJ nº 72 - inserida em 20.09.2000) III - Para efeito de ação rescisória, considera-se prequestionada a matéria tratada na sentença quando, examinando remessa de ofício, o Tribunal simplesmente a confirma. (ex-OJ nº 75 - inserida em 20.04.2001). IV - A sentença meramente homologatória, que silencia sobre os motivos de convencimento do juiz, não se mostra rescindível, por ausência de prequestionamento. (ex-OJ nº 85 - parte final - inserida em 13.03.2002 e alterada em 26.11.2002) V - Não é absoluta a exigência de prequestionamento na ação rescisória. Ainda que a ação rescisória tenha por fundamento violação de dispositivo legal, é prescindível o prequestionamento quando o vício nasce no próprio julgamento, como se dá com a sentença "extra, citra e ultra petita". (ex-OJ nº 36 - inserida em 20.09.2000)

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A explicação plausível ao inciso II da Súmula 399: “II - A decisão homologatória

de cálculos apenas comporta rescisão quando enfrentar as questões envolvidas na elaboração da conta de liquidação, quer solvendo a controvérsia das partes quer explicitando, de ofício, os motivos pelos quais acolheu os cálculos oferecidos por uma das partes ou pelo setor de cálculos, e não contestados pela outra”, ao nosso sentir, deve-se ao fato da preclusão. Assim, se os cálculos elaborados pelo contador não foram contestados pelas partes ou se elaborado por uma das partes não foi contestado pela outra, operou-se a preclusão, vez que, não prequestionada a matéria quando ensejada a oportunidade de impugnação na forma preconizada apelo § 2º do artigo 879, não poderão as partes ou não poderá a parte suscitá-la através das ações incidentais oportunizadas quando da garantia do juízo pelo artigo 884 da CLT.

Nesta hipótese assim como teria oportunidade de rescindir a sentença proferida nas ações incidentais, passou a ter a mesma oportunidade para atacar a sentença de liquidação já que esta não teria condições de ser atacada, de forma mediata, pelas ações incidentais cabíveis na execução. José Augusto Rodrigues Pinto (Execução Trabalhista – Editora LTR) assevera que a natureza das decisões que profere na liquidação varia de acordo com o rito adotado. NATUREZA JURÍDICA DE DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. Rito do art. 843, § 3º da CLT Rodrigues Pinto afirma que na liquidação por simples cálculo e na por arbitramento a atividade do juiz se caracteriza como administrativa, nunca jurisdicional. E a homologação a que ambos os métodos conduzem pertence mais ao campo da jurisdição graciosa do que a contenciosa. Sustenta que apesar da liquidação por artigos encerrar investigação, prova e julgamento e, portanto, dentro de princípios de contraditório, a decisão proferida no rito tradicional se iguala aos demais procedimentos ante a possibilidade de revisão pelo próprio juiz na oportunidade dos embargos, após garantido o juízo. NATUREZA JURÍDICA DE DECISÃO DEFINITIVA. Artigo 879, § 2º da CLT. Referido autor argumenta que a decisão (sentença de liquidação) no novo rito perdeu qualquer resquício administrativo, para tornar-se tipicamente jurisdicional. Diz o autor: Vamos ainda mais longe. Mesmo quando não tenha havido impugnação, essa natureza não se altera, e isso está advertido explicitamente pelo legislador trabalhista, quando dispõe sobre a preclusão do direito de impugnar, se não exercido dentro da própria liquidação. Logo, se optar pela aplicação do procedimento alternativo criado no parágrafo do art. 879, o juiz do trabalho em nenhuma situação homologa, e sim julga a liquidação, a exemplo do que acontece em relação à penhora, mesmo que não tenha havido embargos à execução. A partir desse julgamento, somente erros materiais poderão motivar alterações na conta, por autorização do ar. 833 da CLT.

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O autor afirma que o rito alternativo é uma cópia do CPC, apenas mudando o prazo e a sucessividade na sua concessão e em razão disto conclui que se no cível a sentença de liquidação faz coisa julgada o mesmo terá que ocorrer na sentença de liquidação trabalhista, quando adotado o novo rito ou rito facultativo. Resumindo o estudo comparativo, conclui: Sumariando, pois, a matéria, afirmamos, peremptóriamente, que as decisões na liquidação trabalhista, por serem apenas interlocutórias, não comportam recurso direto, e sim impugnação na oportunidade dos embargos à execução, quando procedido o acertamento pelo sistema do art, 884, § 3 da CLT, Mas, quando utilizado o procedimento alternativo do atual art. 879§ 2º, essas mesmas decisões, por serem finais (sentenças definitivas ou terminativas), comportam o recurso cabível de agravo de petição (ver. Cap.16, n. 106) e ganham a intangibilidade de res judicata. Cabe registrar que o entendimento de José Augusto Rodrigues Pinto no que respeita ao cabimento do recurso de Agravo de Petição não se coaduna com o adotado pelo TST através da Súmula 399. Em face do que dispõe a Súmula 399 no inciso II, somos obrigados a discordar de José Augusto Rodrigues Pinto e, assim, pelo não cabimento do recurso Agravo de Petição. Veja que a Súmula admite, de pronto, a ação rescisória, o que leva a crer que se trata, na hipótese de – sentença declaratória de mérito irrecorrível – ou se quiser, do tipo definitiva, mas também irrecorrível já que a admissibilidade da ação rescisória tem como condição a coisa julgada material e formal. No nosso entendimento, a possibilidade da interposição, no caso, do recurso de Agravo de Petição só se mostra viável acaso a decisão proferida da liquidação for terminativa da ação de execução. Filiamo-nos, portanto, ao posicionamento de Carlos Henrique Bezerra Leite. SUM-399 AÇÃO RESCISÓRIA. CABIMENTO. SENTENÇA DE MÉRITO. DECISÃO HOMOLOGATÓRIA DE ADJUDICAÇÃO, DE ARREMATAÇÃO E DE CÁLCULOS (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 44, 45 e 85, primeira parte, da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005 Súmula A-120 I - É incabível ação rescisória para impugnar decisão homologatória de adjudica-ção ou arrematação. (ex-OJs nºs 44 e 45 da SBDI-2 - inseridas em 20.09.2000) II - A decisão homologatória de cálculos apenas comporta rescisão quando enfrentar as questões envolvidas na elaboração da conta de liquidação, quer solvendo a controvérsia das partes quer explicitando, de ofício, os motivos pelos quais acolheu os cálculos oferecidos por uma das partes ou pelo setor de cálculos, e não contestados pela outra. (ex-OJ nº 85 da SBDI-2 - primeira parte - inserida em 13.03.2002 e alterada em 26.11.2002). POSICIONAMENTO DE CARLOS HENRIQUE BEZERRA LEITE Este autor afirma a inexistência de consenso acerca da natureza jurídica da sentença de liquidação e que tal questionamento não é acadêmico, pois dependendo da natureza surgirão conseqüências. Assevera que para alguns autores a sentença tem natureza de decisão interlocutória, vez que os questionamentos poderão ser devolvidos ao juízo quando da oposição dos embargos (884, § 3º da CLT). Aduz que para outros a decisão que julga

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a liquidação tem natureza de sentença declaratória embora seja irrecorrível uma vez que, posteriormente, pode ser impugnada na forma do art. 884 § 3º da CLT. Esclarece: Dito de outro modo, admitida a natureza de decisão interlocutória da sentença de liquidação, dela não caberá ação rescisória; se se adotar a tese de que o ato judicial que julga a liquidação é uma sentença declaratória de mérito, tal ato será atacável por ação rescisória, conforme a regra estabelecida no art. 485 caput do CPC. O autor colaciona decisões do TST que explicam o posicionamento adotado pela Corte e consubstanciado nas Súmulas antes transcritas. RECURSO ORDINÁRIO – AÇÃO RESCISÓRIA – DECISÃO RESCINDENDA – ÚLTIMA DE MÉRITO – Cabe destacar ser incontestável o conteúdo cognitivo da liquidação de sentença, cuja decisão se classifica como declaratória do quantum debeatur e não como interlocutória, em condições de produzir a coisa julgada material. A peculiaridade que se verifica no Processo do Trabalho consistem em ser a sentença homologatória de cálculo atacável não pela via vertical dos recursos, mas pela via horizontal dos embargos à execução. Não é, pois a irrecorribilidade da decisão que define sua natureza, já que as decisões proferidas nas causas de alçada, a despeito de serem irrecorríveis, classificam-se como sentenças, e não decisões interlocutórias. A definição em torno da decisão rescindível firma-se ou na substituição da decisão homologatória dos cálculos pela decisão proferida nos embargos à execução, na conformidade do disposto no § 4º do art. 884 da CLT, ou, caso os embargos não sejam ajuizados, na própria decisão homologatória, cujo trânsito em julgado se materializa ao final do qüinqüídio legal. Na hipótese, apesar de terem sido apresentados os embargos à execução, o que a princípio sugeriria a substituição da sentença homologatória dos cálculos pela decisão ali proferida, nos termos do art. 512 do CPC, neles não foi enfrentado o mérito da controvérsia objeto da rescisória, pelo que a decisão rescindível é, sem dúvida, a sentença homologatória dos cálculos de liquidação, que fixou expressamente os parâmetros a serem adotados relativamente ao pagamento do IPC de março de 1990. Com efeito, a sentença proferida nos embargos à execução e posteriormente confirmada pelo Regional limitou-se, no particular, a decretar a preclusão. Nesse passo, convém ressaltar que, embora a preclusão constitua matéria de mérito, trata-se, na verdade, de mérito processual, distinto do mérito da lide, em relação ao qual se produzem os efeitos da coisa julgada na conformidade do art. 472 do CPC, a ensejar o ajuizamento da ação rescisória. Recurso Provido. TST ROAR 734475 – SBDI-2 – Rel. Min. Antônio José de Barros Levenhagen – DJU 09.11.2001 – p. 656.

Mesmo Ministro em decisão TST RCOFAR 534200 – SBDI2 – DJU 30.03.2001, após repetir a mesma fundamentação da primeira parte do acórdão supra transcrito (em negrito e sublinhado), decide diferentemente em razão da decisão de liquidação ter sido meramente homologatória: ...Compulsando os autos, fixa-se a certeza de que não houve a propositura de embargos à execução, pelo que a decisão rescindível é, sem dúvida, a sentença homologatória dos cálculos de liquidação. Ocorre que o juízo de origem limitou-se a homologar os cálculos sem emitir qualquer pronunciamento a respeito do objeto da rescisória, o que atrai a incidência do Enunciado n. 298 do TST. De qualquer forma, cumpre registrar que a norma do art. 5º, XXXVI, da Constituição Federal, cuidou apenas de erigir a coisa julgada em garantia contra eventual retroatividade imprimida à lei ordinária, ao passo que a coisa julgada objeto da controvérsia reporta-se ao artigo 879, § 1º da CLT, pelo que a violação, se tivesse ocorrido, o teria sido ao referido preceito, não invocado na inicial. De

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resto, embora este magistrado tenha posicionamento diverso, a verdade é que já se encontra consolidada, no âmbito da douta SBDI2, orientação de não caber rescisória contra decisão meramente homologatória de cálculos. Remessa Provida. 15) FORMAS DE SATISFAÇÃO DA EXECUÇÃO: espontânea coercitiva (forçada) 15)- Execução forçada – 15.1 - CONSIDERAÇÕES SOBRE O LIMITE DO CRÉDITO A SER EXECUTADO. Ao proferir a sentença de liquidação – de regra, decisão de natureza interlocutória – com possibilidade de ataque através da ação incidental de impugnação à conta, que tem caráter revisional, o juiz fixa o crédito exeqüendo e determina a citação do devedor, que tem a opção de pagar ou garantir a execução. Nesta seqüência, se adotado o procedimento alternativo, já se tem a certeza de determinado valor, com o qual o devedor concordou equivalendo-se a uma confissão de dívida. Surge, com isto, a possibilidade de liberação do depósito recursal, caso tenha havido recurso no processo de conhecimento por parte do devedor. É de se lembrar que o depósito recursal tem a finalidade de garantir a execução e não há previsão legal de dupla garantia, isto é, do depósito recursal e mais da garantia em dinheiro ou em bens, após a citação. Preconiza a segunda parte do § 1º do artigo 899 da CLT, por muitos esquecida: “...Transitada em julgado a decisão recorrida, ordenar-se-á o levantamento imediato da importância do depósito, em favor da parte vencedora, por simples despacho do juiz”. Assim, transitada em julgado a sentença líquida, ou quando na liquidação já se tiver apurado valor reconhecido (não impugnado) pelo devedor, impõe-se a liberação imediata do depósito recursal até o limite do valor incontroverso. O mandado de citação, portanto, e a execução deve ser processada pelo saldo devedor, sob pena de se instaurar a situação não amparada em lei de duplicidade de garantia da execução ou excesso de garantia. A Consolidação dos Provimentos da Corregedoria do TST, por igual, preconiza: Art. 77. Cabe ao Juiz na fase de execução: I — ordenar a pronta liberação do depósito recursal, em favor do reclamante, de ofício ou a requerimento do interessado, após o trânsito em julgado da sentença condenatória, desde que o valor do crédito trabalhista seja inequivocamente superior ao do depósito recursal, prosseguindo a execução depois pela diferença;

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Cabe lembrar que poderão existir inúmeros depósitos em face da interposição de Recurso Ordinário e Recurso de Revista (neste último a complementação do primeiro depósito feito). Mais, ainda, os depósitos efetuados para interposição dos Agravos de Instrumento face o disposto no § 7º do artigo 899 da CLT § 7o No ato de interposição do agravo de instrumento, o depósito recursal corresponderá a 50% (cinqüenta por cento) do valor do depósito do recurso ao qual se pretende destrancar. (Incluído pela Lei nº 12.275, de 2010)

Existe polêmica doutrinária a respeito deste depósito em face da Súmula 128 do TST, parte final do inciso I. SUM-128 DEPÓSITO RECURSAL (incorporadas as Orientações Jurisprudenciais nºs 139, 189 e 190 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 I - É ônus da parte recorrente efetuar o depósito legal, integralmente, em relação a cada novo recurso interposto, sob pena de deserção. Atingido o valor da condenação, nenhum depósito mais é exigido para qualquer recurso. (ex-Súmula nº 128 - alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.03, que incorporou a OJ nº 139 da SBDI-1 - inserida em 27.11.1998) II - Garantido o juízo, na fase executória, a exigência de depósito para recorrer de qualquer decisão viola os incisos II e LV do art. 5º da CF/1988. Havendo, porém, elevação do valor do débito, exige-se a complementação da garantia do juízo. (ex-OJ nº 189 da SBDI-1 - inserida em 08.11.2000) III - Havendo condenação solidária de duas ou mais empresas, o depósito recursal efetuado por uma delas aproveita as demais, quando a empresa que efetuou o depósito não pleiteia sua exclusão da lide. (ex-OJ nº 190 da SBDI-1 - inserida em 08.11.2000) 15.2.- CITAÇÃO NA EXECUÇÃO – ART. 880 CLT. É o ato pelo qual o Juiz determina/ordena o cumprimento da decisão ou acordo (mandado) e, se tratar de pagamento em dinheiro, ordena o pagamento em 48 horas ou a garantia da execução, sob pena de penhora. Art. 880. Requerida a execução, o juiz ou presidente do tribunal mandará expedir mandado de citação do executado, a fim de que cumpra a decisão ou o acordo no prazo, pelo modo e sob as cominações estabelecidas ou, quando se tratar de pagamento em dinheiro, inclusive de contribuições sociais devidas à União, para que o faça em 48 (quarenta e oito) horas ou garanta a execução, sob pena de penhora. (Redação dada pela Lei n.º 11.457, de 16-03-07, DOU 19-03-07) § 1º - O mandado de citação deverá conter a decisão exeqüenda ou o termo de acordo não cumprido. § 2º - A citação será feita pelos oficiais de justiça. § 3º - Se o executado, procurado por 2 (duas) vezes no espaço de 48 (quarenta e oito) horas, não for encontrado, far-se-á citação por edital, publicado no jornal oficial ou, na falta deste, afixado na sede da Junta ou Juízo, durante 5 (cinco) dias.

- A citação somente poderá ocorrer por Oficial de Justiça ou Edital. - Ocorrerá por Edital, quando após procurado por 02 vezes no espaço de 48 horas,

não for encontrado o devedor. A publicação correrá no jornal oficial e, na falta deste, na sede do juízo durante 05 dias.

- Pode ser feita por carta precatória (domicílio do réu) ou por hora certa (art; 227/228 do CPC).

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Nota-se que a vigente Consolidação dos Provimentos da Corregedoria do TRT IV preconiza a citação postal. Contudo, se o devedor não atender a citação com o pagamento ou garantia do juízo, será expedido o mandado por Oficial de Justiça.

Art. 107. O devedor domiciliado no Brasil será citado pessoalmente e pela via postal, de preferência, ou por Executante de Mandados. Parágrafo único. A secretaria certificará a forma adotada para a citação, a data em que expedida ou a da entrega ao servidor responsável ou, ainda, a data da entrega à Central de Mandados, onde houver. Em que pese a CLT não contemple citação pela via postal, no caso de a mesma surtir efeito e a parte contrária não argüir nulidade, prevalece o princípio da instrumentalidade dos atos processuais (Capítulo das Nulidades Processuais - artigos 794/798 da CLT). Carlos Henrique Bezerra Leite ao mencionar, na execução, a citação faz da seguinte forma: citação (retius intimação) e, adotando os fundamentos de Luciano Athayde Cahves, finaliza: Assim, mediante o diálogo das fontes dos subsistemas do processo civil e trabalhista, parece-nos factível concluir que o cumprimento da sentença trabalhista poderá ser promovido, de ofício, pelo próprio juiz, ou a requerimento das partes,sendo certo que em qualquer hipótese o devedor não será mais citado, e sim intimado na pessoa do seu advogado, que é a situação mais corriqueira na atualidade, ou diretamente, pelo correio ou por mandado, caso esteja litigando sem o patrocínio de um causídico (CLT, art. 791). Por relevante, transcreve-se a fundamentação adotada pelo autor: Não faz sentido algum se manter o intérprete fiel ao disposto no art. 880 da CLT enquanto o processo comum dispõe, agora, de uma estrutura que superou a exigência de nova citação para que se faça cumprir decisões judiciais, expressando, assim, maior sintonia com as idéias de celeridade, economia e efetividade processuais. É a hipótese mais evidente de lacuna ontológica do microssistema processual trabalhista. Também temos que considerar a enorme economia dos serviços judiciários, porquanto dispensada a confecção de mandados citatórios e, mais do que isso, a diligência pessoal do oficial de justiça para a citação do executado, providência complexa que envolve grande disperdício de tempo, sem falar nos inúmeros casos de ausência do executado para receber a citação, desaguando o feito na morosa providência da citação por edital (§ 3º do art. 880 da CLT). Lembre-se que no Processo Civil não mais existe a ação de execução como processo autônomo quando se trata de execução de título judicial, em face do sincretismo adotado. Com isto, por exclusão só caberá ação de execução, como processo autônomo nas hipóteses de execução de título extrajudicial e nos demais títulos arrolados no art. 475-N, II, IV e VI do CPC (sentença penal condenatória transitada em julgado, sentença arbitral e sentença estrangeira, homologada pelo STJ). Já no Processo do Trabalho permanece a autonomia das ações e conseqüentemente dos processos de conhecimento e execução, iniciando-se este último pela citação. Manoel Antonio Teixeira Filho assevera: De outro ângulo, por mais afim que tudo isto se mostra afim com o processo do trabalho, não tem condição de supri-lo, no momento, por aplicação do art. 475, § 1º do CPC, já que se trata de uma alteração de sistema, que

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se opõe ao da CLT, em pleno vigor, Isso afasta a hipótese de omissão e, conseqüentemente, realça a incompatibilidade entre a norma supridora e o sistema processual a ser suprido. 15.3.- RESPOSTA DA CITAÇÃO:

a) cumprimento da obrigação de fazer ou o pagamento do valor (este podendo ser parcial - Lei 6.830/80, § 6º do art. 9º).

Art. 881, § 1º da CLT (em secretaria, presentes o exeqüente e o executado). Se o exeqüente estiver ausente, o executado recolhera o valor em guias (B. Brasil ou CEF), neste caso, a liberação do valor será mediante alvará. b) o depósito do valor ou a nomeação de bens à penhora, ambos com o intuito de

garantir a execução (art. 882 da CLT – remete à ordem do art. 655 do CPC). c) Não paga e não garante a execução. Ocorre a penhora dos bens, tantos

quantos bastem ao pagamento do valor da condenação (art. 883 da CLT). d) Bloqueio de valores em conta corrente do devedor on line – Convênio Bacem-

jud. – Provimentos 01 e 03/2003 da Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho. Vide Consolidação dos Provimentos da Corregedoria do TST. Existe ainda o convênio Renajud.

A Consolidação dos Provimentos do TRT IV, a respeito de execução forçada, estatui:

Art. 111. Se o executado, regularmente citado, não efetuar o pagamento do débito nem garantir a execução, a secretaria certificará o decurso do prazo e o Juiz emitirá, de ofício, ordem judicial de constrição de bens, preferencialmente por meio eletrônico. § 1º Inexitosa a tentativa de constrição de bens por meio eletrônico, a secretaria certificará o resultado e providenciará a expedição de mandado de penhora, juntando cópia aos autos. § 2º Quando a penhora recair em bens imóveis, o registro da penhora deverá ser imediatamente efetuado, observados os requisitos do art. 239 da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973, com a redação dada pela Lei nº 6.216, de 30 de junho de 1975, fazendo-se referência expressa à concessão de gratuidade, quando por ela beneficiado o exequente, hipótese na qual as despesas de registro serão pagas ao final. § 3º Recaindo a penhora sobre outros bens passíveis de registro, ele será promovido pela secretaria, mediante expedição de ofício ao órgão registrador, se não houver convênio em vigor que viabilize o registro por outro meio.

Manoel Antônio Teixeira Filho, comparando a CLT com o novo sistema sincrético do processo civil ensina: O que moveu o legislador a varrer a oportunidade de o devedor garantir o juízo, antecedente da constrição, foi a adoção de um sistema que não comporta citação capaz de formar uma relação jurídica daquela que foi gerado o título judicial cujo cumprimento é forçado como ato de continuidade natural da cognição.

Assim, uma vez, por se tratar de norma que instala um sistema de cumprimento visceralmente distinto daquele de execução, é impossível trazer o disposto no § 1º para os dissídios do trabalho, ao menos enquanto se mantiver intocado o sistema da CLT, o qual, além de articular a constrição com a citação precedente do devedor, lhe garante os dois atos, garantir o juízo pra discuti-la, ou diretamente por depósito em dinheiro do montante exigido, ou indiretamente por nomeação de bens à penhora, no prazo de 48 horas (art. 880).

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15.4.- Modalidades de garantia da Execução por iniciativa do devedor: a) depósito em conta aberta em nome do credor b) depósito em conta judicial c) nomeação de bens à penhora – Artigo 882 da CLT d) Carta de fiança Em processo de execução, carta de fiança vale como dinheiro

Carta de fiança vale como dinheiro e é suficiente para assegurar a garantia do pagamento no processo de execução. A decisão, da Subseção II Especializada em Dissídios Individuais (SDI-2) do Tribunal Superior do Trabalho (TST), foi proferida no julgamento de recurso ordinário em que a parte não se conformava com a decisão do juiz de primeiro grau que aceitou a carta de fiança bancária oferecida como garantia da execução. A empresa Martins Comércio e Serviços de Distribuição S.A., após sair derrotada em ação trabalhista movida pelo espólio de um ex-empregado, ofereceu como garantia do juízo, no processo de execução, carta de fiança do Banco Bradesco, em valor muito superior ao crédito devido. O juiz da 2ª Vara do Trabalho de Fortaleza (CE) tornou ineficaz a carta de fiança e determinou que a execução prosseguisse com o bloqueio de valores da conta-corrente da empresa. Contra a decisão que determinou a penhora on line dos valores – que já alcançava R$1 milhão e 300 mil –, a empresa impetrou mandado de segurança, com pedido de liminar. Argumentou que a carta de fiança, em valor bem superior ao crédito, era suficiente para a garantia da execução. A liminar foi concedida pelo TRT cearense e o espólio recorreu ordinariamente ao TST. Entre outros motivos, alegou que a concessão lhe trouxe restrição prejudicial. O representante do empregado, no entanto, não obteve êxito em seu recurso. Ao analisar os argumentos da parte, o ministro relator, Pedro Paulo Manus, destacou em seu voto que a carta de fiança equivale a dinheiro para efeito da gradação do artigo 655 do Código de Processo Civil. Segundo ele, a recusa da execução nesses termos constitui ato ilegal e lesivo ao direito líquido e certo da empresa. A decisão segue a jurisprudência do TST, consolidada na Orientação Jurisprudencial 59 da SDI-2. O ministro destacou ainda que a carta traz o nome da empresa executada como afiançada, o que é suficiente para assegurar a garantia do juízo, em caso de sucessão da devedora. A segurança foi mantida, por unanimidade, na SDI-2. Processo: RO - 937500-80.2008.5.07.0000

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Fonte: TST

Depósito judicial que garante execução trabalhista não exclui atualização monetária

O depósito efetuado com o objetivo de garantir a execução do débito trabalhista, a teor do artigo 880 da CLT, não se confunde com o pagamento da importância executada de que trata o artigo 881 da CLT. O depósito garantidor dessa execução não é disponibilizado para o trabalhador, mas apenas propicia a apresentação dos embargos e, por isso, não tem o poder de impedir a incidência de juros e correção monetária. Nesse caso, não se aplicam no processo do trabalho as regras da Lei de Executivos Fiscais, que desobriga a atualização monetária a partir do depósito que garante a execução. A decisão é da 3ª Turma do TRT-MG que, aplicando entendimento consolidado na Súmula n° 15 do TRT-MG, deu provimento ao agravo de petição do reclamante, condenando o empregador executado a pagar-lhe as diferenças relativas à atualização monetária e juros, desde a data do depósito garantidor da execução até o dia do recebimento do crédito pelo autor. Pelo teor da Súmula n° 15 do TRT-MG, o depósito judicial, ainda que remunerado pela instituição bancária, não elide a responsabilidade do empregador pela atualização monetária, pois não se tem ainda satisfeita a obrigação trabalhista, com a percepção do crédito pelo reclamante. O desembargador relator, Bolívar Viegas Peixoto, salientou que bancos depositários do débito trabalhista possuem índices próprios, inferiores àqueles provenientes das tabelas de atualização expedidos pelo Serviço de Liquidação Judicial do Tribunal, com evidente prejuízo ao empregado, que não teve a imediata disponibilidade de seu crédito ou dos valores depositados. “Sendo assim, a instituição bancária não pode ser responsabilizada pela correção monetária e pelos juros estabelecidos para os débitos trabalhistas, tendo em vista que estes são regulados por norma expressa para a atualização destes débitos (artigo 39 da Lei n° 8.177, de 1991), não havendo espaço para as regras contidas na Lei dos Executivos Fiscais” – concluiu o desembargador. (AP nº 01049-2005-025-03-00-2) Fonte: TRT 3 Execução previdenciária frustrada leva à indisponibilidade de bens do devedor

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Se, devidamente citado, o devedor previdenciário não paga nem apresenta bens à penhora no prazo legal, não sendo também encontrados bens penhoráveis, cabe ao juiz condutor da execução determinar a indisponibilidade de seus bens e direitos. É este o teor de decisão da 4ª Turma do TRT-MG, que deu provimento a agravo de petição interposto pelo INSS (União Federal) para declarar a indisponibilidade de bens de uma empresa inadimplente com os tributos previdenciários reconhecidos na ação, tornando sem efeito a certidão de dívida trabalhista expedida pelo juízo da execução. Para o relator do recurso, desembargador Antônio Álvares da Silva, como a contribuição previdenciária possui natureza tributária, sobressaindo o atributo da indisponibilidade, não cabe a extinção do processo com o arquivamento definitivo, e expedição de certidão de dívida trabalhista, quando, por qualquer motivo, não for localizado o devedor ou bens passíveis de penhora. A decisão teve como fundamento a Lei Complementar 118/05, que adicionou o artigo 185-A e parágrafos ao Código Tributário Nacional, com o objetivo tornar indisponíveis os eventuais bens e direitos que vierem a ser adquiridos pelo devedor do crédito previdenciário. "Com tal medida, ganha o credor previdenciário, que não precisa se lançar na árdua tarefa de indicar meios para o prosseguimento da execução, e também o Juízo da execução, que, nessa hipótese, a suspenderá, nos termos do art. 40 e parágrafos da Lei 6.830/80" - completa. Segundo frisa o relator, a decisão deve ser comunicada, preferencialmente por meio eletrônico, aos órgãos e entidades que promovem registros de transferência de bens, especialmente ao registro público de imóveis e às autoridades supervisoras do mercado bancário e do mercado de capitais, a fim de que, no âmbito de suas atribuições, façam cumprir a ordem judicial. (Proc. nº 01787-2002-044-03-00-5 - com informações do TRT-3)

AUSÊNCIA DE GARANTIA DA EXECUÇÃO E ABERTURA DE PRAZO PARA AS AÇÕES INCIDENTAIS. Novo questionamento surge face a exigência de que a execução seja garantida para que sejam aforadas as ações incidentais (embargos e impugnações), na forma do artigo 884 da CLT, tendo em conta o que dispõe o CPC que dispensa a garantia. Note-se que se não houver possibilidade de garantia, as partes ficam impedidas, em tese, de aforar as ações incidentais, paralisando a execução, ocorrendo, neste momento sua suspensão, o que parece vir em prejuízo das partes, em especial do exeqüente. A vista deste impasse decidiu o TRT da 10ª Região em chancelar de validade a abertura de prazo para o aforamento das ações incidentais, em especial os embargos, independentemente de ter havido a garantia do juízo quando esta vem se mostrando inexitosa. Diga-se, por oportuno, que a margem de aforamento da exceção de preexecutividade no Processo Civil, ante a não necessidade de garantia do juízo para embargar, caiu praticamente a zero. No processo do trabalho, contudo, ante a necessidade de garantia, permanece a polêmica quanto ao cabimento da exceção de preexecutividade ou, mesmo, em determinadas situações, como a constante do Acórdão a seguir referido, a não exigência da garantia como condição de continuidade das discussões a cerca da execução. Falta de garantia de juízo não impede abertura de prazo para embargos à execução

A Terceira Turma do TRT da 10ª Região considerou válido ato da 5ª Vara do Trabalho de Brasília que abriu prazo para embargos à execução, antes mesmo de os créditos devidos serem penhorados. A juíza Elisângela Smolarek excepcionalmente deferiu prazo para embargos concomitantemente com prazo para apresentação de bens passíveis de penhora porque as diligências efetuadas para garantia da execução da ação, em curso desde o ano de 2004, foram infrutíferas. No ato, a juíza determinou o bloqueio de ativos financeiros dos executados caso

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não houvesse manifestação no prazo determinado. A parte executada interpôs recurso no TRT10 pedindo a nulidade do procedimento adotado pela 5ª Vara do Trabalho de Brasília, por violação do artigo 844 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e sob a alegação de que os executados não foram intimados acerca dos bloqueios "que sequer foram transformados em penhora." Para o juiz Braz Henriques de Oliveira, relator do recurso no Regional, a regra legal de não admitir embargos sem segurança total do juízo - artigo 884 da CLT - merece uma releitura à vista do modelo processo civil. "No âmbito do processo civil não mais existe o requisito de garantia do juízo para oposição de embargos à execução, conforme se vê no artigo 736 do Código de Processo Civil", afirmou. Segundo ele, paralisar a execução para aguardar o depósito do valor discutido significaria beneficiar o devedor. Ele explica que, no processo do trabalho, a nulidade processual somente deve ser decretada quando houver prejuízo às partes litigantes, como dispõe o artigo 794 da CLT. Segundo o magistrado, a flexibilização adotada pela juíza da 5ª Vara não gera qualquer prejuízo às partes, ao contrário, "contribui para a pronta satisfação do direito do credor." No entendimento do relator, a transformação do bloqueio em penhora não é imprescindível, tampouco gera vício procedimental, já que os valores bloqueados já estão à disposição do juízo. Ele ressaltou que, "em face dos princípios da instrumentalidade e da execução menos gravosa do credor" nada impede que a intimação da executada - quanto aos bloqueios efetuados em suas contas bancárias - coincida com a intimação para apresentação de embargos, como se deu no presente caso. "A garantia do juízo é pressuposto que se destina a proteger o credor e seu crédito, não se constituindo estratégia processual para o devedor retardar o cumprimento da obrigação reconhecida no título executivo", ressaltou o magistrado. (Processo nº AP-00314-2004-005-10) Fonte: TRT 10 - MULTA PELO NÃO PAGAMENTO ESPONTÂNEO – CUMPRIMENTO DA SENTENÇA. – Aplicação do art. 475-J do CPC. 475-J Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em liquidação, não o efetue no prazo de quinze dias, o montante da condenação será acrescido de multa no percentual de dez por cento e, a requerimento do credor e observado o disposto no art. 614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á mandado de penhora e avaliação. Pelo CPC, nota-se, mais uma vez que não há um “processo”, uma ação de execução e sim uma fase. Com efeito, da intimação da sentença conta o prazo de 15 dias para o cumprimento espontâneo da obrigação de pagar a quantia certa incorporada no título executivo judicial. Bezerra Leite, preconiza, com as devidas adaptações, que o dispositivo é plenamente compatível com o já disposto no § 1º do art. 832 e 835 da CLT. A primeira adaptação que o autor faz diz respeito ao prazo, vez que 15 dias é o prazo para o recurso no cível e de 08 no processo do trabalho: Destarte, ao ser intimado da sentença (ou do acórdão) que reconheça obrigação de pagar quantia líquida (ou da decisão que homologar a liquidação), o devedor terá o prazo de oito dias para, querendo, efetuar o pagamento da quantia devida. Caso não o faça, incidirá a multa de 10% (dez por cento) sobre o total da dívida. O autor em comento sustenta que a intenção do legislador foi a de desencorajar recursos e criar uma cultura de cumprimento espontâneo da sentença. Para o mesmo autor, ainda que caiba recurso, incidirá os 10%, multa que somente desaparecerá se o recurso for provido “in totum” no concernente à obrigação de pagar. Sustenta que a natureza da multa é punitiva – sanção processual – e que não se confunde com as astreintes que diz respeito ao cumprimento de obrigações específicas (pressão psicológica) como fazer, não fazer ou entregar coisa certa. Afirma o autor que o

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preceito é de ordem pública o que não autoriza o juiz a diminuir ou aumentar o percentual. Argumenta o autor que se o devedor efetuar o pagamento parcial da dívida, por força do § 4º do art. 475-J, a multa incidirá sobre o restante. Eduardo Gabriel Saad (Curso de Direito Processual do Trabalho – 5ª Edição – LTR), concorda com o posicionamento antes mencionado, acrescentado que o disposto no artigo 880 da CLT o autoriza e que a multa deverá constar do mandado de citação e penhora. Mesmo autor registra que Manoel Antônio Teixeira Filho em artigo publicado na Revista LTR 70-03/286, não concorda com a aplicação supletiva. Saad traz de forma mais aprofundada o debate sobre o tema. Compulsando o mencionado artigo de Manoel A.Teixeira Filho constata-se que o autor entende inaplicável o preceito do CPC ao argumento de que a CLT tem disposições próprias e o CPC não revoga a CLT. Admite o autor que existirão posicionamentos contrários ao seu. Concordamos com Saad que a multa do artigo 475-J não deve ser confundida com a penalidade do artigo 600, pois se alicerçam em premissas distintas. Concordamos, ainda, que a penalidade só é cabível quando a recusa no pagamento de quantia certa, líquida e exigível. Logo, enquanto pender discussão sobre o quantum debeatur, não há ensejo para a aplicação da multa: Diz o autor: Se o executado optar em não efetuar o pagamento no prazo fixado pelo Juiz na forma do art. 475-J, e apenas garantir a instância com a nomeação de bens à penhora para permitir a interposição dos embargos à execução na forma do art. 884 da CLT, sendo estes julgados procedentes, entendemos que, nesta caso, jamais a multa de 10% poderá ser aplicada, posto que havia justa razão para o pagamento não ser realizado, pois ficou confirmado que o crédito não era líquido e certo e, portanto, não era ele exigível. Nota-se, contudo, que o autor entende que a multa pode ser aplicada e dever ser paga, mas não poderá a mesma, de imediato reverter ao credor, devendo esperar o desfecho da ação incidental e recurso a ela inerente para, a final, ser mantida ou relevada. Entendemos que, por recente a discussão, a doutrina ainda trilhará árduo caminho, seguido pela jurisprudência até o tema se pacifique e se consolide. Posicionamo-nos no sentido de que não há se falar em revogação do que não existe e, sim de aplicação supletiva na omissão. A CLT é omissa quanto a incidência da multa preconizada no artigo em comento. Logo, admissível a aplicação supletiva. Acreditamos que a controvérsia principal e, ao nosso ver, quiçá a única, residirá no momento da aplicação da multa. Quanto as sentenças líquidas, já transitadas em julgado, não vejo óbice à aplicação da multa. Quanto às sentenças cuja certeza do direito pende de recurso, inaplicável a multa nas execuções provisórias. Ainda, no tocante a execução contra à administração pública entendo aplicável, apenas, em relação às de pequeno valor em que é dispensado o precatório; nas sujeitas ao precatório, não há margem de aplicação da multa, ima vez inexistente o

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pagamento imediato e espontâneo da dívida, impondo-se o respeito às normas constitucionais. Quanto às sentenças ilíquidas é que surge o maior problema de aplicação da multa. Ao não se ter dívida líquida e exigível não há como penalizar o executado pelo não adimplemento de uma obrigação, cujo título não se mostra completo e apto a gerar ação de execução, pois lhe falta o requisito da liquidez, indispensável à plena exigibilidade.

Em decorrência da dificuldade de se determinar o momento em que a liquidez se perfectibiliza em definitivo, surgem os questionamentos: em que momento da execução se torna viável a intimação do devedor para que cumpra a obrigação sob pena de incidência da multa? A multa é automática? Qual o prazo que tem o devedor para cumprir a obrigação a fim de evadir-se da multa? No rito tradicional imprimido à liquidação, sabe-se que o contraditório à respeito dos cálculos é relevado para após a garantia do juízo e não antes dela. O prazo para os embargos à execução é de 05 dias. Assim, por exemplo, ao ser citado, o devedor ao invés de pagar resolve garantir a execução através da nomeação de bens à penhora, e interpuser os embargos à execução no prazo legal, não poderá ocorrer a incidência automática da multa, a não ser que se entenda por sua incidência condicionada à improcedência dos embargos e do não provimento do Agravo de Petição, acaso interposto, posicionamento este que não comungamos. Vale dizer, a multa só terá ensejo quando se operar a preclusão total. No caso os prazos irão variar? Na hipótese dos que afirmam do pagamento da multa independentemente da fixação definitiva do crédito, questiona-se: paga ou garante nos 05 dias do 884 da CLT ou, ainda, paga no prazo de 08 dias do prazo recursal? Ora, penso que a única possibilidade plausível será quando da interposição do Agravo de Petição, vez que o legislador impôs uma condição a mais de admissibilidade deste recurso ao dispor no § 1º do artigo 897 da CLT que o recurso só será recebido quando o agravante delimitar , justificadamente, as matérias e os valores impugnados, permitida a execução imediata até o final, nos próprios autos ou por carta de sentença. De outra parte, mesmo nesta hipótese a multa não poderá incidir sobre o total do valor reconhecido quando tiver ocorrido depósito recursal (preparo para recurso ordinário e/ou revista), posto que a segunda parte do § 2º do artigo 899 da CLT determina: Transitada em julgado a decisão recorrida, ordenar-se-á o levantamento imediato da importância de depósito, em favor da parte vencedora, por simples despacho do juiz. A liberação imediata de que trata o aludido artigo, por certo, não poderá ocorrer logo após a prolação de uma sentença de mérito ilíquida. O juiz só terá segurança e certeza de cumprir a determinação legal quando existir valor reconhecido na execução e, no caso do rito que estamos analisando (884§ 3º da CLT), quando do cumprimento, pelo executado do § 1º do artigo 987 da CLT. Com isto, a multa só incidirá sobre o remanescente, após deduzido o valor existente em depósito à disposição do juiz. No rito facultativo (alternativo), estabelece-se o contraditório sobre os cálculos de forma incidental. Contudo, por igual, a ação de embargos só tem ensejo após a

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garantia do juízo. Com isto a citação determinada na sentença de liquidação já deverá ocorrer com a cominação de incidência da multa se não adimplida a obrigação no prazo de 05 dias? Repete-se, em parte, a situação do rito tradicional e algumas dúvidas. Veja-se que no rito alternativo, quando da impugnação fundamentada exigida pelo § 2º do artigo 879 da CLT, o executado já delimitou a importância que reconhece dever. Logo, em relação ao valor reconhecido impõe-se o imediato atendimento da segunda parte do § 2º do artigo 899 da CLT e se restar algum valor ainda a cobrar, sobre este remanescente deverá incidir a multa de 10%.

Em face de todas estas controvérsias, impõe-se a releitura do texto processual quando determina: Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em liquidação, não o efetue no prazo de quinze dias. O devedor será condenado em quantia certa quando a sentença for líquida e já transitada em julgado e, portanto, em execução definitiva. A liquidez do título judicial, quando ilíquido, já se terá por fixada na liquidação, por igual, quando se operar a preclusão total, isto é não cabimento de impugnação (embargos) por excesso de execução e do recurso cabível contra a sentença que fixou o crédito na liquidação civil. Digo civil, porque no processo do trabalho a sentença de liquidação, em tese, é de natureza interlocutória e, portanto, irrecorrível. No processo civil a sentença de liquidação enseja agravo de instrumento e/ou apelação artigo 475-H e 475-M § 3º (§ 3º A decisão que resolver a impugnação é recorrível mediante agravo de instrumento, salvo quando importar extinção da execução, caso em que caberá apelação).

Tanto assim é que o CPC fixa o maior prazo que é de 15 dias previsto para a impugnação da sentença de liquidação (475-J, § 1º) e também previsto para o recurso de apelação (508 do CPC) e não do Agravo de Instrumento que é de 10 dias. Se houver excesso de execução o devedor poderá impugnar a sentença no prazo de 15 dias. Impende, portanto, investigar o que pretende o legislador civil com a expressão “... ou já fixada em liquidação”. No nosso sentir significa aquela sentença já preclusa e que não mais comporta qualquer ataque, tanto que não satisfeita, espontaneamente, no prazo de 15 dias, sofrerá automaticamente o acréscimo da multa de 10% e a expedição de mandado de penhora e avaliação. No processo civil todo o contraditório à respeito da liquidação ocorre antes do ato de constrição, inexistindo interpenetração dos módulos de liquidação e execução como ocorre no processo do trabalho. Lembre-se que no processo de execução trabalhista é indispensável a garantia da execução para a interposição da impugnação (embargos à execução) diferentemente do processo civil e dentre as modalidades de garantia pode ocorrer a de depósito em dinheiro à disposição do juízo e que não significa pagamento. Pagamento significa concordância com o quantum debeatur e conseqüente preclusão consumativa. Concluindo, entendemos cabível a multa de 10% mas somente sobre os valores incontroversos e sobre os remanescentes, sobre o que pender discussão (revisão dos

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cálculos) e, mesmo assim, após a quantia já tiver sido fixada na liquidação e operada a preclusão total de sorte a se ter por implementados todos os requisitos de exigibilidade: certeza e liquidez, não antes disto. Seria de todo inconcebível que o legislador pretendesse penalizar devedor da parte do débito que não tem a certeza do quanto deve e que sequer concorda com o valor que lhe é pretendido cobrar, ante a existência de excesso de execução, tanto que no processo civil a multa só tem ensejo depois de superada a liquidação com a fixação, por definitivo, do crédito exeqüendo. Concluindo, no execução trabalhista há plena possibilidade de aplicação da multa do artigo 475-J do CPC, impondo, apenas, aplicá-la no momento certo, compatibilizando o instituto supletivo aos prazos previstos na CLT, dependendo do procedimento adotado pelo juízo na liquidação. O momento certo será o que já se tenha algum valor reconhecido pelo executado seja quando da interposição do Agravo de Petição, rito tradicional, e, portando, no mesmo prazo dos Agravo – 08 dias; seja quando do aforamento da ação incidental de embargos à execução, rito facultativo, prazo de 05 dias. Em razão disto, nas duas hipóteses ou a satisfação do valor reconhecido pelo executado se faz de forma espontânea ou incidirá, automaticamente, a multa do artigo 475-J, pois não tem sentido que o executado seja previamente intimado a pagar voluntariamente o que ele próprio reconheceu dever. Contudo, este entendimento admite flexibilização, podendo o executado ser intimado, logo após os prazos antes referidos, para que pague o valor reconhecido, sob pena de expedição de mandado de citação com a aplicação da multa, antes mesmo de ser formada carta de sentença, caso seja a hipótese. O TST, no entanto, tem-se mostrado refratário a incidência e aplicação da Multa, afirmando ser incompatível com o processo do trabalho: Ementa:

RECURSO DE REVISTA. RECONHECIMENTO DE VÍNCULO DE EMPREGO. TERCEIRIZAÇÃO ILÍCITA. O e. Tribunal Regional registrou a existência de fraude para simular suposto contrato de prestação de serviços com o fito de suprimir direitos trabalhistas do reclamante porquanto presentes a subordinação e habitualidade. Portanto, evidente a ilicitude da terceirização conforme Súmula 331, item I, do TST. Recurso de revista não conhecido.

ACIDENTE DE TRABALHO. CULPA DA RECLAMADA. SÚMULA 126/TST. Decidida a controvérsia a respeito da culpa da reclamada no acidente com base no exame do conjunto probatório, apenas mediante reexame de fatos e provas é que poder-se-ia chegar à conclusão de violação de dispositivo de lei e da Constituição Federal. Recurso de revista não conhecido.

MULTA DO ARTIGO 475-J DO CPC. INAPLICABILIDADE AO PROCESSO DO TRABALHO. A aplicação da penalidade prevista no artigo 475-J do CPC ofende o devido processo legal por adotar regra inexistente no processo do trabalho e com ele incompatível. Precedentes do TST. Recurso de revista conhecido e provido.

Processo: RR - 85500-87.2007.5.13.0006 Data de Julgamento: 16/02/2011, Relator Ministro: Horácio Raymundo de Senna Pires, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 25/02/2011.

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Ementa:

RECURSO DE REVISTA. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. Decisão recorrida em consonância com o item IV da Súmula nº 331 do TST. Recurso de revista de que não se conhece. MULTAS DOS ARTS. 467 E 477 DA CLT E INDENIZAÇÃO DE 40% DO FGTS. É pacífico o entendimento desta Corte Superior de que a condenação subsidiária do tomador de serviços, preconizada na Súmula n.º 331, IV, do TST, abrange todas as verbas inadimplidas pelo devedor principal, nas quais se inserem as multas previstas nos arts. 467 e 477 da CLT e a indenização de 40% do FGTS. Precedentes da Corte. Recurso de revista de que não se conhece. HORAS IN ITINERE. A recorrente não impugna os seus fundamentos, nos termos em que foi proposta. Incidência da Súmula nº 422 do TST. Recurso de revista de que não se conhece. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. RESPONSABILIDADE PELO RECOLHIMENTO. Nos temos da Orientação Jurisprudencial nº 363 da SBDI-1, a culpa do empregador pelo inadimplemento das verbas remuneratórias na época própria não exime a responsabilidade do empregado pelo pagamento da contribuição previdenciária que recaia sobre sua quota-parte. Assim, a orientação adotada pelo Tribunal Regional, em sentido contrário, diverge do entendimento recentemente pacificado por esta Corte. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá provimento quanto ao tópico. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Falta de prequestionamento. Incidência da Súmula nº 297 do TST. Recurso de revista de que não se conhece. MULTA DO ART. 475 - J - DO CPC. INAPLICABILIDADE AO PROCESSO DO TRABALHO. O processo civil tem aplicação subsidiária ao processo do trabalho, conforme prevê o art. 769 da CLT, quando presentes dois requisitos: a) ausência de disposição na CLT; e b) compatibilidade da norma secundária com as regras do processo do trabalho. Neste caso, não se constata o primeiro requisito, qual seja, a omissão na legislação trabalhista, porquanto o art. 883 da CLT prevê, expressamente, o caso de não pagamento espontâneo de quantia certa do executado. A regra do art. 475-J do CPC mostra-se incompatível com o processo do trabalho. Recurso de revista a que se dá provimento.

Processo: RR - 127700-09.2006.5.21.0011 Data de Julgamento: 01/06/2011, Relatora Ministra: Kátia Magalhães Arruda, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT 10/06/2011.

RECURSO DE REVISTA. HORAS EXTRAS. Arestos inservíveis ao dissenso pretoriano por ausência de indicação de fonte de publicação. Óbice da Súmula 337, I, do TST.

DANO MORAL. Arestos inespecíficos. Óbice da Súmula 296/TST.

MULTA DO ART. 475-J DO CPC. INAPLICABILIDADE NO PROCESSO DO TRABALHO. A jurisprudência prevalecente desta Corte Superior, ressalvado o entendimento pessoal da Ministra Relatora, orienta-se no sentido de que inaplicável ao processo do trabalho a regra inserta no art. 475-J do CPC, ante a existência de normatização específica na CLT acerca da forma de cumprimento do título executivo judicial no âmbito do processo do trabalho, com trâmites e princípios próprios, não se configurando omissão que justifique a aplicação subsidiária da lei processual civil no aspecto, nos termos do art. 769 da CLT.

Recurso de revista integralmente não conhecido. Processo: RR - 97500-56.2008.5.06.0014 Data de Julgamento: 27/04/2011, Relatora Ministra: Rosa Maria Weber, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 06/05/2011.

Ementa:

GUELTAS. NATUREZA JURÍDICA.

Esta Turma já decidiu: -O Tribunal Regional registrou que a verba denominada -gueltas- era paga com habitualidade. A sua natureza, portanto, equipara-se à das gorjetas e, em decorrência, aplica-se, por analogia, a Súmula 354 do TST. Assim, não serve de base de cálculo para outras verbas trabalhistas tais como aviso-prévio,

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adicional noturno, horas extras e repouso semanal remunerado. Precedentes desta Corte.- (RR - 95300-28.2008.5.03.0057, Rel. Min. João Batista Brito Pereira, 5ª Turma, DEJT 03/12/2010).

Conhecido parcialmente e provido.

MULTAS NORMATIVAS

Não há o prequestionamento da tese defendida pela reclamada. Incidentes os termos da Súmula nº 297 do TST.

Não conhecido.

APLICAÇÃO DO ARTIGO 475-J DO CPC.

A aplicação de norma processual de caráter supletivo só é possível no Processo do Trabalho quando duas condições simultâneas se apresentam: a) há omissão na CLT quanto à matéria em questão; e b) há compatibilidade entre a norma aplicada e os princípios do Direito do Trabalho. A matéria regida pelo artigo 475-J do CPC está expressamente disciplinada no artigo 883 da CLT, motivo pelo qual é inaplicável ao Processo do Trabalho. PRECEDENTES.

Conhecido e provido. Processo: RR - 99800-63.2009.5.03.0135 Data de Julgamento: 30/03/2011, Relator Ministro: Emmanoel Pereira, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT 08/04/2011.

16) ATOS DE CONSTRIÇÃO – PENHORA A CLT não contém dispositivos sobre bens penhoráveis ou absolutamente impenhoráveis e procedimentos da penhora, salvo o artigo 882 que remete à ordem preferencial do artigo 655 do CPC. A Consolidação dos Provimentos do TRT da 4ª Região prevê: Art. 111. Se o executado, regularmente citado, não efetuar o pagamento do débito nem garantir a execução, a secretaria certificará o decurso do prazo e o Juiz emitirá, de ofício, ordem judicial de constrição de bens, preferencialmente por meio eletrônico. § 1º Inexitosa a tentativa de constrição de bens por meio eletrônico, a secretaria certificará o resultado e providenciará a expedição de mandado de penhora, juntando cópia aos autos. § 2º Quando a penhora recair em bens imóveis, o registro da penhora deverá ser imediatamente efetuado, observados os requisitos do art. 239 da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973, com a redação dada pela Lei nº 6.216, de 30 de junho de 1975, fazendo-se referência expressa à concessão de gratuidade, quando por ela beneficiado o exequente, hipótese na qual as despesas de registro serão pagas ao final. § 3º Recaindo a penhora sobre outros bens passíveis de registro, ele será promovido pela secretaria, mediante expedição de ofício ao órgão registrador, se não houver convênio em vigor que viabilize o registro por outro meio. Art. 112. Na lavratura do auto de depósito, o Executante de Mandados identificará, em letra de forma, legível, o depositário e a sua qualificação. § 1º Na hipótese em que o depositário do bem não seja o próprio executado, será especificado o vínculo existente entre eles, bem como a qualificação do depositário e o respectivo endereço residencial, evitando-se que o encargo recaia sobre pessoa alheia à administração da empresa. § 2º Não localizado o executado, proceder-se-á na forma do § 5º do art. 652 do CPC.

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-Penhora consiste na apreensão judicial dos bens do executado para venda, de sorte a propiciar satisfação da condenação. O módulo da Constrição abrange atos a partir da citação até a penhora e julgamento das ações incidentais (da citação para pagamento, decisão julgando os cálculos) - local: onde se encontrem os bens – art. 659 § 1º do CPC. Se o devedor não tiver

bens no foro da causa, procede-se a penhora por carta precatória (art. 658 do CPC);

- Não se faz: quando evidente que o produto será totalmente absorvido pelas custas e despesas (art. 659, § 2º do CPC)

- Oficial de Justiça: deve certificar tais fatos, assim como a inexistência de bens penhoráveis (art. 659, § 3º do CPC)

- Auto de Penhora: requisitos no art. 880 da CLT e 655 do CPC. Menção do nome do depositário – decorre da necessidade de nomeação do mesmo, e, se possível, a assinatura, face às responsabilidades e conseqüências, inclusive de prisão (Depositário Infiel – ação de depósito – QUESTÃO POLÊMICA). A Consolidação dos Provimentos do TRT IV preconiza:

Art. 112. Na lavratura do auto de depósito, o Executante de Mandados identificará, em letra de forma, legível, o depositário e a sua qualificação. § 1º Na hipótese em que o depositário do bem não seja o próprio executado, será especificado o vínculo existente entre eles, bem como a qualificação do depositário e o respectivo endereço residencial, evitando-se que o encargo recaia sobre pessoa alheia à administração da empresa. § 2º Não localizado o executado, proceder-se-á na forma do § 5º do art. 652 do CPC. - Arrombamento: arts. 660/661 do CPC – c/ordem judicial. - Resistência: art. 662, CPC, - se houver resistência o juiz requisitará força policial. - Bens impenhoráveis: art. 649 do CPC, exceto o inciso V (livros máquinas, utensílios

e instrumentos necessários ao exercício de qualquer profissão). No Processo do Trabalho, quando necessários ao exercício da atividade empresarial, são penhoráveis. Contudo, a jurisprudência tem ressalvada a hipótese quando a pessoa física profissional liberal depender dos instrumentos para o exercício da profissão e, portanto, do seu próprio sustento.

Bens essenciais ao exercício de profissão (pessoa física) são impenhoráveis

"A impenhorabilidade prevista no artigo 649, inciso V, do CPC, tem por finalidade preservar o meio de subsistência da pessoa física, e não da empresa, já que se refere, expressamente, à impenhorabilidade de bens móveis necessários ou úteis ao exercício de qualquer profissão." Com esse entendimento do Desembargador Federal do Trabalho Fernando Antonio Sampaio da Silva, os Desembargadores da 5ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-SP) negaram provimento a agravo de petição de reclamada que sustentou a impenhorabilidade de seu bem móvel. No agravo em tela, a reclamada se manifesta contra decisão que havia rejeitado embargos de execução, sob o fundamento de que a impenhorabilidade de que trata o art. 649, inciso V, do CPC, restringe-se à proteção da pessoa física e não à pessoa jurídica. Em seu voto, o Desembargador salientou que: "o artigo 649, inciso V, do CPC, tem por finalidade preservar o meio de subsistência da pessoa física, e não da empresa, já que se refere, expressamente, à impenhorabilidade de '(...) bens móveis necessários ou úteis ao exercício de qualquer profissão' ..." O Relator, então, encerrou assim seu voto: "Daí, conclui-se que apenas aquele que exerce determinada profissão tem seus bens móveis, necessários ao exercício desta, protegidos pela impenhorabilidade prevista em lei, o que não se aplica à agravante. " Dessa forma, os Desembargadores Federais da 5ª Turma decidiram, por unanimidade de votos, negar provimento ao agravo de petição. O acórdão dos Desembargadores Federais do Trabalho da 5ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-SP) foi publicado em 05/09/2008, sob o n.º Ac. 20080716452. Processo 00302200608802000. Fonte: TRT 2

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- Ver Lei 8009: imóvel residencial –relação de trabalho doméstico e ônus do próprio imóvel.

Bem de família: impenhorabilidade pode ser alegada até o fim da execução Publicado em 28 de Março de 2008 às 10h35 A 1ª Câmara do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região deu provimento a agravo de petição (AP) interposto contra decisão da 2ª Vara do Trabalho de São José do Rio Preto, que não havia conhecido, por intempestivo, o incidente de impenhorabilidade ajuizado pelo casal autor do AP. No incidente, recebido como embargos à execução pelo juízo de primeira instância, os agravantes pleiteavam a liberação da penhora feita sobre o imóvel onde moram, alegando que se trata do chamado “bem de família”. A reclamação trabalhista é movida contra uma empresa de engenharia, da qual um dos agravantes é sócio. O relator do acórdão no TRT, Desembargador federal do trabalho Luiz Antonio Lazarim, lembrou que a matéria em questão é disciplinada pela Lei 8.009/1990, que, no artigo 3º, dispõe apenas acerca das hipóteses em que a impenhorabilidade do bem de família pode ser alegada, sem qualquer fixação de prazo. Isso propicia a alegação da impossibilidade de penhora, em incidente à execução, até o final do processo executório, e não apenas em embargos à execução, lecionou o relator. Prevaleceu, no julgamento da Câmara, o argumento dos agravantes, de que a impenhorabilidade do bem de família decorre de norma de ordem pública, o que afasta a intempestividade da medida. “A alegação de impenhorabilidade (...) não pode ser considerada intempestiva, porquanto formulada logo após a penhora”, reforçou o Desembargador Lazarim. Dessa forma, o colegiado determinou o retorno dos autos à 2ª VT de São José do Rio Preto, para julgamento da matéria argüida no incidente. Processo: (AP) 760-1994-044-15-00-9 Fonte: Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região

Dispõe a Lei 8009/90 Artigo 1º - O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas nesta Lei.

Parágrafo único - A impenhorabilidade compreende o imóvel sobre o qual se assentam a construção, as plantações, as benfeitorias de qualquer natureza e todos os equipamentos, inclusive os de uso profissional, ou móveis que guarnecem a casa, desde que quitados.

Artigo 2º - Excluem-se da impenhorabilidade os veículos de transporte, obras de arte e adornos suntuosos.

Parágrafo único - No caso de imóvel locado, a impenhorabilidade aplica-se aos bens móveis quitados que guarneçam a residência e que sejam de propriedade do locatário, observado o disposto neste artigo.

Artigo 3º - A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido:

I - em razão dos créditos de trabalhadores da própria residência e das respectivas contribuições previdenciárias;

II - pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo contrato;

III - pelo credor de pensão alimentícia;

IV - para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em função do imóvel familiar;

V - para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou pela entidade familiar;

VI - por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens.

Artigo 4º - Não se beneficiará do disposto nesta Lei aquele que, sabendo-se insolvente, adquire de má-fé imóvel mais valioso para transferir a residência familiar, desfazendo-se ou não da moradia antiga.

§ 1º - Neste caso, poderá o juiz, na respectiva ação do credor, transferir a impenhorabilidade para a moradia familiar anterior, ou anular-lhe a venda, liberando a mais valiosa para execução ou concurso, conforme a hipótese.

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§ 4º - Quando a residência familiar constituir-se em imóvel rural, a impenhorabilidade restringir-se-á à sede de moradia, com os respectivos bens móveis, e, nos casos do artigo 5º, inciso XXVI, da Constituição, à área limitada como pequena propriedade rural.

Artigo 5º - Para os efeitos de impenhorabilidade, de que trata esta lei, considera-se residência um único imóvel utilizado pelo casal ou pela entidade familiar para moradia permanente.

Parágrafo único - Na hipótese de o casal, ou entidade familiar, ser possuidor de vários imóveis utilizados como residência, a impenhorabilidade recairá sobre o de menor valor, salvo se outro tiver sido registrado, para esse fim, no Registro de Imóveis e na forma do artigo 70 do Código Civil.

Artigo 6º - São canceladas as execuções suspensas pela Medida Provisória n. 143, de 8 de março de 1990, que deu origem a esta Lei.

Artigo 7º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Artigo 8º - Revogam-se as disposições em contrário.

O Código de Processo Civil, com as alterações realizadas até novembro de 2007, dispõe nos artigos 649 e 650: Art. 649. São absolutamente impenhoráveis: - Vide Lei n.º 4.673, de 15-6-1965, sobre aplicação da norma nos executivos fiscais. - Vide artigo 69 do Decreto-lei n.º 167, de 14-2-1967, que torna impenhoráveis os bens garantidores de cédula de crédito rural. I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução; - Vide artigo 4º da Lei n.º 8.009, de 29-3-1990, sobre impenhorabilidade do bem de família. - Vide artigo 1.430 do Código Civil. - Vide Súmula 205 do STJ. Redação anterior: "II - as provisões de alimento e de combustível, necessárias à manutenção do devedor e de sua família durante 1 (um) mês; III - o anel nupcial e os retratos de família; IV - os vencimentos dos magistrados, dos professores e dos funcionários públicos, o soldo e os salários, salvo para pagamento de prestação alimentícia;" II - os móveis, pertences e utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida; (Redação dada pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06) III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor; (Redação dada pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06) IV - os vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, observado o disposto no § 3 o deste artigo; (Redação dada pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06) - Vide artigo 734 do CPC. Redação anterior: "V - os equipamentos dos militares; VI - os livros, as máquinas, os utensílios e os instrumentos, necessários ou úteis ao exercício de qualquer profissão;" V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício de qualquer profissão; (Redação dada pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06) VI - o seguro de vida; (Redação dada pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06) - Vide artigo 5º, parágrafo único, do Decreto-lei n.º 911, de 1-10-1969 (alienação fiduciária). - Vide Lei n.º 6.071, de 3-7-1974, artigo 4º. Redação anterior: "VII - as pensões, as tenças ou os montepios, percebidos dos cofres públicos, ou de institutos de previdência, bem como os provenientes de liberalidade de terceiro, quando destinados ao sustento do devedor ou da sua família;"

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VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas; (Redação dada pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06) - Vide artigo 114 da Lei n.º 8.213, de 24-7-1991 (benefícios da Previdência Social). Redação anterior: "VIII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se estas forem penhoradas;" VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família; (Redação dada pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06) - Vide artigo 5º, parágrafo único, do Decreto-lei n.º 911, de 1-10-1969 (alienação fiduciária). - Vide Lei n.º 6.071, de 3-7-1974, artigo 4º. Redação anterior: "IX - o seguro de vida;" IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social; (Redação dada pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06) Redação anterior dada pela Lei n.º 7.513, de 9-7-1986: X - o imóvel rural, até um módulo, desde que este seja o único de que disponha o devedor, ressalvada a hipoteca para fins de financiamento agropecuário." X - até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos, a quantia depositada em caderneta de poupança. (Redação dada pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06) - Vide Lei n.º 8.009, de 29-3-1990, artigo 4º, § 2º (impenhorabilidade do bem de família). - Vide Súmula 205 do STJ. § 1º - A impenhorabilidade não é oponível à cobrança do crédito concedido para a aquisição do próprio bem. (Parágrafo acrescentado pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06) § 2º - O disposto no inciso IV do caput deste artigo não se aplica no caso de penhora para pagamento de prestação alimentícia. (Parágrafo acrescentado pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06) § 3º - (VETADO). (Vide Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06) Redação anterior: "Art. 650. Podem ser penhorados, à falta de outros bens: I - os frutos e os rendimentos dos bens inalienáveis, salvo se destinados a alimentos de incapazes, bem como de mulher viúva, solteira, desquitada, ou de pessoas idosas; II - as imagens e os objetos do culto religioso, sendo de grande valor." Art. 650. Podem ser penhorados, à falta de outros bens, os frutos e rendimentos dos bens inalienáveis, salvo se destinados à satisfação de prestação alimentícia. (Redação dada pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06) Parágrafo único. (Vetado) (Vide Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06) - Vide artigo 5º, I, da Constituição Federal de 1988. Quanto a aplicação do inciso X que torna impenhorável a poupança até o limite de quarenta (40) salários mínimos, em aula, externamos nosso posicionamento de que as aplicações financeiras, quaisquer que sejam, representam uma reserva, um excedente, sobra dos salários não mais necessária à subsistência do aplicador e dos que dele dependem. Em razão deste entendimento, preconizamos que perde sua natureza salarial e assume natureza de investimento ou aplicação financeira, penhorável. Contudo, pensamos a possibilidade de outra interpretação, isto é, de que o limite de até 40 salários mínimos não representaria uma expressiva aplicação financeira e poderia decorrer de pequenas sobras mensais de um aposentado, por exemplo, a ser utilizada nos momentos de necessidade, pois é sabido que os proventos de uma aposentadoria não são mais suficientes a manutenção de uma vida digna.

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Não chegamos a interpretar o dispositivo à luz da natureza do crédito trabalhista e tampouco dos princípios constitucionais que o protege, como realizado no acórdão que segue: Determinada penhora de poupança inferior a 40 salários mínimos

O artigo 649, X, do CPC, estabelece como absolutamente impenhorável a quantia depositada em caderneta de poupança até o limite de 40 salários mínimos. Esse dispositivo não é aplicável à Justiça do Trabalho, porque o crédito do trabalhador tem natureza alimentar, gozando de privilégio até em relação ao crédito tributário, conforme disposto no artigo 186, do Código Tributário Nacional, e na Lei nº 6.830/80. Com esse entendimento, a 6a Turma do TRT-MG julgou desfavoravelmente o recurso de um sócio da empresa reclamada, que teve penhorado valores de sua conta poupança. Explicando o caso, o juiz convocado Flávio Vilson da Silva Barbosa esclareceu que a reclamação trabalhista foi ajuizada em março de 2007, tendo a execução sido iniciada em dezembro do mesmo ano. De lá para cá, o juiz de 1o Grau deferiu a desconsideração da pessoa jurídica e os sócios foram incluídos como reclamados. Até então, todas as tentativas de pagamento do que é devido ao trabalhador foram frustradas. Por essa razão, foi determinada a penhora de valores da conta poupança do reclamado recorrente, que não se conformou, pedindo a aplicação do disposto no artigo 649, X, do CPC. Segundo o relator, os valores a que tem direito o empregado referem-se a salários e verbas rescisórias. Ou seja, tratam-se de parcelas de natureza alimentar. Por isso, não tem cabimento na hipótese o teor do artigo do CPC em questão. "Não se pode aceitar que alguém mantenha reserva financeira ou investimento, sendo devedor de trabalhador que lhe prestou serviços e que depende da satisfação de tal crédito para o sustento próprio e sua família", ressaltou. Para o magistrado, pensar diferente disso seria ferir de morte os princípios da razoabilidade, da dignidade da pessoa humana e da valorização social do trabalho, previstos no artigo 1o, III e IV, da Constituição da República. Portanto, foi mantida a penhora dos valores existentes na conta poupança do sócio da empresa devedora. ( 0047900-79.2007.5.03.0145 AP )

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Fonte: TRT 3

Acreditamos que a melhor interpretação deve atender o caso concreto e se pautar pelo princípio da proporcionalidade, sopesando as condições do credor e do devedor; avaliando e confrontando a natureza do crédito trabalhista, sabidamente alimentar, versus a origem dos depósitos da poupança e se deles se utiliza o investidor para complementar, suprir, sua necessidade alimentar. Entrando em choque duas normas e princípios de mesma grandeza a solução terá que se pautar no princípio da proporcionalidade, sacrificando-se um direito (ainda que em parte, uma fatia dele) em benefício do outro. Com isto, entendemos que a incompatibilidade na aplicação do inciso em comento no processo do trabalho não se mostra absoluta. Melhor ainda, partindo-se da incompatibilidade e incumbindo-se o devedor do ônus de provar que os valores depositados em poupança têm o escopo de suprir sua subsistência. Seria, por assim dizer, uma posição eclética e julgamento com eqüidade, entre os dois extremos da incompatibilidade e compatibilidade da aplicação do referido dispositivo na execução trabalhista. O Tribunal Regional do Trabalho de Santa Catarina já vinha se posicionando no sentido de que a impenhorabilidade de salários e vencimentos não é absoluta, combinando a exegese do § segundo com o inciso IV do artigo 649:

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PENHORA EM DINHEIRO – CONTA BANCÁRIA – SALÁRIOS, VENCIMENTOS E PROVENTOS Trata-se de tema que tem causado controvérsias doutrinárias e jurisprudenciais. Existem duas correntes, a que segue a literalidade da lei, isto é, pela total impenhorabilidade e a que se norteia pelos princípios, máxime o da proporcionalidade admitindo, em casos excepcionais a penhora proporcional e progressiva. Ementa: MANDADO DE SEGURANÇA. PENHORA DE SALÁRIOS. POSSIBILIDADE. SITUAÇÕES EXCEPCIONAIS. O art. 649 do CPC elenca entre os bens impenhoráveis os salários, os proventos de aposentadoria ou de outros benefícios percebidos do Instituto de Previdência. Todavia, em casos excepcionais, o Poder Judiciário pode deferir a penhora de parte dos salários quando indene de dúvidas que o empregador aufere mais de uma renda e quando constatado que a execução está fadada ao fracasso, restando justificada a adoção de providências que possam reverter esta situação. Assim como o executado tem direito a receber os proventos dos cofres públicos como forma de garantir a satisfação das necessidades mínimas da unidade familiar, não há olvidar o direito do exeqüente - igualmente tutelado constitucionalmente - de ter assegurado o pagamento de seus créditos para lhe garantir uma sobrevivência condigna, inclusive porque tais créditos são de incontestável natureza salarial e alimentar. Nestas situações, e em razão dos princípios que encerram o direito do trabalho e ante a excepcionalidade da situação verificada nos autos, viável o bloqueio de 30% dos salários, percentual este razoável, de forma que não cause ao devedor um sacrifício excessivo, acarrentando o aniquilamento da sua subsistência, mas que também assegure ao credor a possibilidade de ver satisfeito o seu crédito, já definitivamente constituído.

Ementa: PROVENTOS DE APOSENTADORIA. POSSIBILIDADE DE PENHORA. A impenhorabilidade sobre os proventos de aposentadoria não é absoluta, já que o art. 649, § 2º, do Código de Processo Civil excetua a hipótese de prestação alimentícia. O crédito trabalhista possui natureza alimentar, razão pela qual é possível a penhora sobre parte do benefício.

Acórdão / - Juiz Alexandre Luiz Ramos - Publicado no TRTSC/DOE em 14-09-2007, página: . Imagem do Documento Formato PDF

Ementa: CRÉDITOS TRABALHISTAS. PENHORA DE FRAÇÃO DO MONTANTE PERCEBIDO. POSSIBILIDADE EM FACE DE ESPECIAL CIRCUNSTÂNCIA. Tendo em vista a natureza salarial do crédito trabalhista, a regra quanto à impenhorabilidade de salários, vencimentos ou proventos do devedor insculpida no art. 649, IV, do CPC merece ser relativizada quando demonstrado nos autos que a constrição de parcela do montante percebido a tais títulos não compromete a subsistência do executado e de seus familiares.

Acórdão / - Juíza Teresa Regina Cotosky - Publicado no TRTSC/DOE em 04-09-2007, página: . Imagem do Documento Formato PDF

Ementa: AGRAVO DE PETIÇÃO. PENHORA DE CRÉDITOS ORIGINARIOS DE ATIVIDADE ECONÔMICA. Inexistindo nos autos comprovação de que os valores bloqueados são provenientes de sua única atividade econômica de advocacia, deve ser mantida a decisão que indeferiu o pedido de desbloqueio da conta bancária, uma vez que cabe à parte a prova de suas alegações.

Acórdão / - Juíza Sandra Márcia Wambier - Publicado no TRTSC/DOE em 31-08-2007, página: . Imagem do Documento Formato PDF

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Ementa: EXECUÇÃO. PENHORA. O fim precípuo da execução é dar efetividade à sentença de mérito, tornando disponíveis ao reclamante os créditos reconhecidos judicialmente. Nesse sentido, está correta a decisão do Juiz condutor da execução que, obedecendo à ordem preferencial estabelecida no art. 655 do CPC, adotou o caminho mais célere, determinando que a penhora recaia sobre dinheiro em vez de mantê-la sobre outros bens para posterior expropriação.

Acórdão 814/2007 - Juíza Ione Ramos - Publicado no TRTSC/DOE em 09-02-2007, página: . Imagem do Documento Formato PDF

Ementa: EXECUÇÃO. PENHORA EM CONTA BANCÁRIA. A penhora de dinheiro em conta bancária está amparada no artigo 612 do CPC.

Acórdão 657/2007 - Juiz Garibaldi T. P. Ferreira - Publicado no TRTSC/DOE em 08-02-2007, página: . Imagem do Documento Formato PDF

Quanto ao limite da penhora em dinheiro constante em depósitos de poupança - X - até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos, a quantia depositada em caderneta de poupança. (Redação dada pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06) – em que pese inexista, ainda, julgados à respeito, entendo que este limite é inaplicável na execução trabalhista, até porque revela um contra-senso. Ora, se a impenhorabilidade de salários e vencimentos não se mostra absoluta, com maior razão penhorar-se valores constantes de conta de poupança, na medida em que representam aplicação que, de certa forma, perde a natureza salarial em sentido estrito. É mais coerente penhorar-se dinheiro em conta de poupança, observando-se a ordem preferencial do artigo 655 do CPC do que salário ou vencimentos. Acresça-se, ainda, como reforço de tese o disposto no artigo 612 do mesmo diploma processula civil. Art. 612. Ressalvado o caso de insolvência do devedor, em que tem lugar o concurso universal (artigo 751, III), realiza-se a execução no interesse do credor, que adquire, pela penhora, o direito de preferência sobre os bens penhorados. - Vide Súmula 244 do TFR. Art. 655. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem: (Redação dada pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06) I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira; (Redação dada pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06) II - veículos de via terrestre; (Redação dada pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06) III - bens móveis em geral; (Redação dada pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06) - Vide artigo 47 e 48 do Código Civil.

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IV - bens imóveis; (Redação dada pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06) - Vide artigos 43 e 44 do Código Civil. V - navios e aeronaves; (Redação dada pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06) - Vide artigo 679 do CPC. - Vide artigo 155 da Lei n.º 7.565, de 19-12-1986 (Código Brasileiro de Aeronáutica). VI - ações e quotas de sociedades empresárias; (Redação dada pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06) VII - percentual do faturamento de empresa devedora; (Redação dada pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06) VIII - pedras e metais preciosos; (Redação dada pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06) IX - títulos da dívida pública da União, Estados e Distrito Federal com cotação em mercado; (Redação dada pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06) X - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado; (Redação dada pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06) XI - outros direitos. (Acrescentado pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06) § 1º - Na execução de crédito com garantia hipotecária, pignoratícia ou anticrética, a penhora recairá, preferencialmente, sobre a coisa dada em garantia; se a coisa pertencer a terceiro garantidor, será também esse intimado da penhora. (Redação dada pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06) § 2º - Recaindo a penhora em bens imóveis, será intimado também o cônjuge do executado. (Redação dada pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06) Art. 655-A. Para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou aplicação financeira, o juiz, a requerimento do exeqüente, requisitará à autoridade supervisora do sistema bancário, preferencialmente por meio eletrônico, informações sobre a existência de ativos em nome do executado, podendo no mesmo ato determinar sua indisponibilidade, até o valor indicado na execução. (Acrescentado pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06) § 1º - As informações limitar-se-ão à existência ou não de depósito ou aplicação até o valor indicado na execução. § 2º - Compete ao executado comprovar que as quantias depositadas em conta corrente referem-se à hipótese do inciso IV do caput do art. 649 desta Lei ou que estão revestidas de outra forma de impenhorabilidade. § 3º - Na penhora de percentual do faturamento da empresa executada, será nomeado depositário, com a atribuição de submeter à aprovação judicial a forma de efetivação da constrição, bem como de prestar contas mensalmente, entregando ao exeqüente as quantias recebidas, a fim de serem imputadas no pagamento da dívida." Art. 655-B. Tratando-se de penhora em bem indivisível, a meação do cônjuge alheio à execução recairá sobre o produto da alienação do bem. (Acrescentado pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06)

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Redação anterior: "Art. 656. Ter-se-á por ineficaz a nomeação, salvo convindo o credor: I - se não obedecer à ordem legal; II - se não versar sobre os bens designados em lei, contrato ou ato judicial para o pagamento; III - se, havendo bens no foro da execução, outros hajam sido nomeados; IV - se o devedor, tendo bens livres e desembargados, nomear outros que o não sejam; V - se os bens nomeados forem insuficientes para garantir a execução;"

Cabe ainda analisar o artigo 659 do CPC, em especial o § 5º:

Art. 659. A penhora deverá incidir em tantos bens quantos bastem para o pagamento

do principal atualizado, juros, custas e honorários advocatícios. (Redação dada pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de

07-12-06)

- Vide artigos 173, II, e 791, III, do CPC.

Redação anterior: "§ 1º Efetuar-se-á a penhora onde quer que se encontrem os bens,

ainda que em repartição pública; caso em que precederá requisição do juiz ao respectivo chefe."

§ 1o Efetuar-se-á a penhora onde quer que se encontrem os bens, ainda que sob a

posse, detenção ou guarda de terceiros. (Redação dada pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06)

§ 2º Não se levará a efeito a penhora, quando evidente que o produto da execução dos

bens encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das custas da execução.

§ 3º No caso do parágrafo anterior e bem assim quando não encontrar quaisquer bens

penhoráveis, o oficial descreverá na certidão os que guarnecem a residência ou o estabelecimento do devedor.

Redação anterior: "§ 4º A penhora de bens imóveis realizar-se-á mediante auto ou

termo de penhora, cabendo ao exeqüente, sem prejuízo da imediata intimação do executado (artigo 669), providenciar,

para presunção absoluta de conhecimento por terceiros, o respectivo registro no ofício imobiliário, mediante

apresentação de certidão de inteiro teor do ato e independentemente de mandado judicial."

§ 4o A penhora de bens imóveis realizar-se-á mediante auto ou termo de penhora,

cabendo ao exeqüente, sem prejuízo da imediata intimação do executado (art. 652, § 4o), providenciar, para presunção

absoluta de conhecimento por terceiros, a respectiva averbação no ofício imobiliário, mediante a apresentação de

certidão de inteiro teor do ato, independentemente de mandado judicial. (Redação dada pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06,

DOU de 07-12-06)

§ 5º Nos casos do § 4º, quando apresentada certidão da respectiva matrícula, a

penhora de imóveis independentemente de onde se localizem, será realizada por termo nos autos, do qual será intimado

o executado, pessoalmente ou na pessoa de seu advogado, e por este ato constituído depositário.

- Acrescentado pela Lei n.º 10.444, de 7-5-2002. Publicada no DOU, de 8-5-2002. Em

vigor 3 (três) meses após a publicação.

§ 6o Obedecidas as normas de segurança que forem instituídas, sob critérios

uniformes, pelos Tribunais, a penhora de numerário e as averbações de penhoras de bens imóveis e móveis podem ser

realizadas por meios eletrônicos. (Acrescentado pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06)

Inicialmente, diga-se que ninguém, de regra, pode ser constrangido a assumir o encargo de depositário, máxime tendo em conta as conseqüências – depositário infiel.

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Contudo, em se tratando de bem imóvel, não há como o imóvel desaparecer ou se deteriorar. Assim, basta a intimação que tem o efeito de constituir o devedor como depositário mais no sentido de coibi-lo a prática da alienação, até por que se o fizer o juiz do trabalho tem o poder de desconstituir a venda e determinar o cancelamento dos registros no cartório imobiliário, por caracterizada a fraude a execução e também atos atentatórios à dignidade da justiça (litigância de má-fé) na execução : Art. 598. Aplicam-se subsidiariamente à execução as disposições que regem o processo de conhecimentos. - Vide Súmula 196 do STJ. Art. 599. O juiz pode, em qualquer momento do processo: I - ordenar o comparecimento das partes; II - advertir ao devedor que o seu procedimento constitui ato atentatório à dignidade da justiça. - Artigo com redação determinada pela Lei n.º 5.925, de 1-10-1973. Redação anterior: "Art. 600. Considera-se atentatório à dignidade da justiça o ato do devedor que:" Art. 600. Considera-se atentatório à dignidade da Justiça o ato do executado que: (Redação dada pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06) I - frauda a execução; - Vide artigo 593 do CPC. II - se opõe maliciosamente à execução, empregando ardis e meios artificiosos; III - resiste injustificadamente às ordens judiciais; Redação anterior: "IV - não indica ao juiz onde se encontram os bens sujeitos à execução." IV - intimado, não indica ao juiz, em 5 (cinco) dias, quais são e onde se encontram os bens sujeitos à penhora e seus respectivos valores. (Redação dada pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06) - Artigo com redação determinada pela Lei n.º 5.925, de 1-10-1973. Art. 601. Nos casos previstos no artigo anterior, o devedor incidirá em multa fixada pelo juiz, em montante não superior a 20% (vinte por cento) do valor atualizado do débito em execução, sem prejuízo de outras sanções de natureza processual ou material, multa essa que reverterá em proveito do credor, exigível na própria execução. - "Caput" com redação determinada pela Lei n.º 8.953, de 13-12-1994. Parágrafo único. O juiz relevará a pena, se o devedor se comprometer a não mais praticar qualquer dos atos definidos no artigo antecedente e der fiador idôneo, que responda ao credor pela dívida principal, juros, despesas e honorários advocatícios. - Parágrafo único com redação determinada pela Lei n.º 5.925, de 1-10-1973. HIPÓTESES DE SEGUNDA PENHORA:

1- Art. 667do CPC quando alienado o bem , o valor da avaliação não for suficiente para o pagamento do credor.

2- Quando a primeira for anulada. 3- Quando o credor desistir da primeira penhora

- Redução ou transferência da penhora ou sua ampliação: art. 685, I e II do

CPC.

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Art. 685. Após a avaliação, poderá mandar o juiz, a requerimento do interessado e ouvida a parte contrária: I - reduzir a penhora aos bens suficientes, ou transferi-la para outros, que bastem à execução, se o valor dos penhorados for consideravelmente superior ao crédito do exeqüente e acessórios; II - ampliar a penhora, ou transferi-la para outros bens mais valiosos, se o valor dos penhorados for inferior ao referido crédito. - Vide artigo 15, II, da Lei n.º 6.830, de 22-9-1980 (Lei de Execução Fiscal). Redação anterior: "Parágrafo único. Uma vez cumpridas essas providências, o juiz mandará publicar os editais de praça." Parágrafo único. Uma vez cumpridas essas providências, o juiz dará início aos atos de expropriação de bens. (Redação dada pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06)

- Penhora em Segundo Grau – dita, impropriamente, de remanescentes. MULTIPLICIDADE DE PENHORA SOBRE UM MESMO BEM Dispõe a Consolidação dos Provimentos do TRT da IV Região: Art. 113. Se a penhora recair sobre bem já penhorado em outras unidades judiciárias, serão informados da nova constrição os juízos que efetuaram penhoras anteriores. § 1º Cabe ao juízo que realizou a primeira penhora comunicar aos demais juízos interessados, quando houver remanescentes da execução, bem como quando o produto da alienação bastar apenas para satisfazer a execução em que ela ocorreu. § 2º Cabe igualmente àquele juízo informar aos demais juízos interessados em novas penhoras quando o valor das existentes for insuficiente para suportar o total das execuções, considerado o valor da avaliação do bem penhorado. A Jurisprudência que segue esclarece sobre os dispositivos do CPC aplicáveis subsidiariamente.

Não vejo como prosperar o recurso.

A matéria foi muito bem examinada, tanto através da decisão recorrida,

como por meio do Parecer do Ministério Público do Trabalho.

Assim sendo, peço vênia para transcrever o parecer da lavra da Exma.

Procuradora do Trabalho, Drª. Adriana Silveira Machado, o qual adoto como razões de decidir.

Vejamos:

“Muito embora nos pareça mais equânime a solução buscada pelas

agravantes, garantindo a cada uma pequena parte dos créditos

reconhecidos judicialmente, em lugar de satisfazer integralmente os

valores devidos àquelas que tiveram a penhora inscrita anteriormente,

devemos considerar que, havendo norma positiva a reger a situação,

esta deve ser aplicada, em obediência ao princípio da legalidade e do

devido processo legal.

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Assim a doutrina e jurisprudência:

Vem do art. 612 do CPC, a declaração que, ressalvada a situação nele

prevista, a execução se realize no interesse do credor, que adquire, pela

penhora, o direito de preferência sobre os bens que forem objeto da

apreensão judicial.

(...)

No processo do trabalho, segundo pensamos, não cabe, de lege lata, a

execução por quantia certa, sendo o devedor insolvente; o efeito prático

disso é que a preferência em relação à primeira penhora manterá a sua

eficácia mesmo na hipótese de verificar-se que o total das dívidas

excede ao valor dos bens integrantes do patrimônio do devedor.

Remetidos os bens constritos à alienação judicial, do produto da

arrematação separar-se-á o suficiente para pagar ao credor e para

satisfazer às despesas processuais, sendo o saldo utilizado para atender

ao crédito daquele cuja penhora foi obtida em segundo lugar e, assim,

sucessivamente, até que a quantia oriunda do ato expropriatório seja

integralmente absorvida.

(...)

Havendo mais de uma penhora sobre o mesmo bem, cada credor

conservará o seu título de preferência, que será, como afirmamos, estabelecida segundo a

ordem cronológica da inscrição das penhoras. (grifamos). (in TEIXEIRA FILHO, Manoel Antonio.

Execução no Processo do Trabalho. 5 ed. São Paulo: LTr, 1995. P. 116/117)”.

“PENHORA – EXISTÊNCIA DE VÁRIAS PENHORAS EM AÇÕES

TRABALHISTAS SOBRE O MESMO BEM – Ainda que seja viável a

existência de várias penhoras sobre o mesmo bem em garantia de

execuções trabalhistas, a solução do conflito obedece às regras fixadas

nos arts. 711 e 712 do CPC, considerando a antecedência como critério

para definição de prioridades. (TRT 3ª R. – AP 3.979/98 – 5ª T. –

Relatora Juíza Mônica Sette Lopes – DJMG 15.05.1999 – p. 14).

Pelo não provimento do agravo.”

Além dos fundamentos, da doutrina e da jurisprudência contidos no

Parecer acima transcrito, ressalto que as próprias agravantes reconhecem, nas suas razões

recursais, que a decisão recorrida observou critério legal.

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Pelas razões acima expostas, nego provimento ao recurso interposto.

Pelo que,

ACORDAM os Juízes da 1ª Turma do Tribunal Regional do

Trabalho da 12ª Região, por unanimidade de votos, CONHECER DO AGRAVO. No

mérito, por igual votação, NEGAR-LHE PROVIMENTO.

Custas na forma da lei.

Intimem-se.

Participaram do julgamento realizado na sessão do dia 15 de outubro de

2002., sob a Presidência da Ex.ma Juíza Licélia Ribeiro, presentes os Ex.mos Juízes Marcos Vinicio

Zanchetta e Gerson Paulo Taboada Conrado e o Ex.mo Procurador Alexandre Medeiros da Fontoura

Freitas.

Florianópolis, 29 de outubro de 2002.

MARCOS VINICIO ZANCHETTA

Relator

MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO ACÓRDÃO 00052-1998-801-04-00-9 AP Fl.1 EMENTA: PENHORA EM SEGUNDO GRAU – INDISPONIBILIDADE TEMPORÁRIA DE BENS DA DEVEDORA – POSSIBILIDADE. A indisponibilidade temporária dos bens da sócia majoritária da executada (e devedora principal em face do redirecionamento da execução) não impede a penhora em segundo grau de bem imóvel objeto de constrição judicial em processo que tramita perante a Justiça Federal.

VISTOS e relatados estes autos de AGRAVO DE PETIÇÃO interposto de decisão do Exmo. Juiz da 1ª Vara do Trabalho de Uruguaiana, sendo agravante SÉRGIO VERÇOSA PEREIRA e agravadas URUGUAIANA ADMINISTRADORA DE CONSÓRCIOS LTDA. (MASSA FALIDA) E GAVEL GATTIBONI VEÍCULOS LTDA. Inconformado com a decisão da fl. 564, proferida pelo Exmo Juiz Alcides Otto Flinkerbusch, que indeferiu o pedido de penhora de bens da empresa Gavel Gattiboni Veículos Ltda., o exeqüente interpõe agravo de petição às fls. 570-573. Alega que a massa falida da executada – Uruguaiana Administradora de Consórcios Ltda. – não possui bens suficientes para pagar todos os credores. Com isso, defende ser necessária a penhora de imóvel pertencente à sócia majoritária. Destaca que referido bem será levado a leilão no processo nº 99.13.00206-0, que tramita perante a 2ª Vara da Justiça Federal. Pondera que o indeferimento da penhora lhe causará duplo prejuízo, pois não receberá seu crédito em virtude da insuficiência de bens da massa falida e em razão da venda do imóvel da sócia majoritária. Sem contraminuta, sobem os autos a este Tribunal. É o relatório. VOTO DO RELATOR: O exeqüente volta-se contra o indeferimento do pedido de penhora a ser feita nos autos do processo nº 99.13.00206-0, em trâmite perante a 2ª Vara Federal de Uruguaiana, mediante ofício, no qual será levado a hasta pública um imóvel de propriedade da empresa GAVEL GATTIBONI VEÍCULOS LTDA. (fls. 525-527). Consoante despacho exarado à fl. 564, o Juízo da execução rejeitou o pedido por entender que os documentos trazidos aos autos são insuficientes para comprovar que a massa falida não tem patrimônio para honrar os créditos trabalhistas. Tal entendimento partiu da premissa de que era necessário o redirecionamento da execução contra a devedora subsidiária, o que dependeria da inexistência de bens da devedora principal (despacho da fl. 540).

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Em primeiro lugar, a empresa Gavel Gattiboni Veículos Ltda. não é devedora subsidiária. Na sentença exeqüenda (fls. 126-129) apenas a empresa Uruguaiana Administradora de Consórcios Ltda. restou condenada ao pagamento das parcelas elencadas no dispositivo. No entanto, na fase de execução, o exeqüente, não concordando com as indicações de bens da executada, requereu a penhora de imóvel pertencente à sócia majoritária – Gavel Gattiboni Veículos Ltda. (fl. 194). A par disso, o Julgador determinou o redirecionamento da execução contra a referida empresa (fl. 194 verso), sobre o que não houve insurgência, já que após a garantia do juízo (auto de penhora da fl. 226) foram interpostos embargos à execução (fls. 228-250), cuja discussão cingiu-se à impenhorabilidade do bem e critério de atualização monetária do débito. Foi certificada nos autos a falência da primeira executada (fl. 366 verso). Mesmo assim, foi acolhido o requerimento do exeqüente de penhora “sobre o saldo remanescente, no processo nº 01192.801/01-6”, no qual ela figura como parte-ré (despacho da fl. 438 e termo da fl. 440). Todavia, posteriormente, são expedidas habilitações de crédito (fl. 479) e liberadas as duas penhoras existentes nos autos (fl. 499). Ao contrário do fundamento utilizado no despacho agravado, já houve o redirecionamento da execução, inclusive com penhora de bens, cuja liberação foi noticiada acima, não havendo necessidade de o exeqüente provar a insuficiência de bens da massa falida. Em face do redirecionamento da execução a sócia majoritária da executada, detendo cerca de 97% do capital social, passou à condição de devedora principal. Nesse contexto desnecessária a prova exigida (insuficiência de patrimônio da primeira executada – massa falida) para ser acolhido o pedido de penhora sobre bens de propriedade da empresa Gavel Gattiboni Veículos Ltda., também executada nos autos. Como o bem indicado pelo exeqüente encontra-se penhorado nos autos processo nº 99.13.00206-0, em trâmite na Justiça Federal, estamos diante de penhora em segundo grau, sendo pertinentes os arts. 613 e 711 do CPC. É um lamentável vezo, arraigado na praxe forense trabalhista, denominar isso como “penhora de remanescente”, porque seria logicamente incompreensível penhorar algo que pode vir a existir ou não. Por outro lado, observo que na sentença em que decretada a falência de Uruguaiana Administradora de Consórcios Ltda. foi determinada a indisponibilidade dos bens dos sócios gerentes ou administradores da empresa até a conclusão do inquérito judicial (fls. 486-489). Então, os bens da segunda executada – GAVEL GATTIBONI VEÍCULOS LTDA. – encontram-se temporariamente indisponíveis. No entanto, conforme já decidido em situação análoga, envolvendo a mesma empresa (processo nº 01992-2005-802-04-00-1), indisponibilidade não se confunde com impenhorabilidade. Ainda, a respeito da matéria, há decisão unânime desta Turma, da lavra da Exma. Juíza Denise Maria de Barros, cujos fundamentos peço vênia para transcrever: “Indisponibilidade de bens. Para a satisfação da dívida do exeqüente, foi penhorado um terreno situado no município de Uruguaiana (Auto de Penhora e Avaliação, fl. 84). Na seqüência, a executada juntou aos autos a certidão de fl. 121, lavrada pela 2ª Vara Civil de Uruguaiana, dando conta de que fora decretada a falência da empresa Uruguaiana Administradora de Consórcio Ltda., bem como a indisponibilidade dos bens de seus sócios gerentes ou administradores, até a conclusão do inquérito judicial, figurando como sócios daquela a executada e o espólio de Astrogildo José Gattiboni, conforme sentença de fls. 122/124. Diante do certificado, o Juízo “a quo” determinou a liberação da penhora (fl. 125) e a suspensão da execução até a liberação dos bens dos sócios (despacho, fl. 129). Manifestando-se a respeito, o exeqüente requereu a reconsideração do decidido, forte na sentença de fls. 134/136. Mantido o despacho de fl. 129 (decisão de fl. 137), agrava de petição o exeqüente. Merece parcial reparo a decisão de origem. Com efeito, é inarredável a circunstância de que, com a decretação da falência da empresa Uruguaiana Administradora de Consórcios Ltda., restou declarada a indisponibilidade dos bens de seus sócios-gerentes ou administradores, e que em tal condição se encontram os bens da executada, sócia da falida. Se há indisponibilidade de bens, não se pode acolher a pretensão do exeqüente, porquanto a indisponibilidade impede o prosseguimento da execução e, conseqüentemente, a venda judicial do terreno situado no município de Uruguaiana. Não há impenhorabilidade dos bens, mas indisponibilidade, o que não se confunde. Não obstante, a Lei 11.101/05 dispõe sobre a suspensão das execuções do falido: “Art. 6o A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário.” Por outro lado, a decisão de fls. 134/136, proferida nos autos da ação trabalhista movida contra a executada por Ricardo Ribeiro Bertin, não ampara a pretensão do exeqüente. Naqueles autos, o Juiz da 2ª Vara de Uruguaiana determinou o prosseguimento da execução contra a executada porque não comprovada a existência de declaração judicial de indisponibilidade de seus bens. Como se viu, não é essa a situação dos presentes autos, em que materializada a prova de indisponibilidade. Recurso parcialmente provido para manter a penhora, observados, no entanto, os efeitos da indisponibilidade decretada na falência da empresa Uruguaiana Administradora de Consórcios Ltda.” (ora grifado). Enquanto perdurar a indisponibilidade temporária, é certo que o bem penhorado pela Justiça Federal não poderá ser levado à hasta pública. Tal fato, entretanto, não impede que seja procedida a penhora em segundo grau, como pretende o credor sob o impróprio nome de “penhora de remanescentes”. Assim, dou provimento ao recurso para determinar a penhora em segundo grau sobre o bem noticiado na petição das fls. 525/527, cuja matrícula contendo a descrição completa deverá ser anexada pelo credor, comunicando-se, posteriormente, ao Juízo da 2ª Vara da Justiça Federal de Uruguaiana, para que os pagamentos observem a ordem de prelação. Ante o exposto,

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ACORDAM os Juízes da 4ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, por unanimidade, DAR PROVIMENTO AO AGRAVO para determinar a penhora em segundo grau sobre o bem noticiado na petição das fls. 525/527, cuja matrícula contendo a descrição completa deverá ser anexada pelo credor, comunicando-se, posteriormente, ao Juízo da 2ª Vara da Justiça Federal de Uruguaiana. Intimem-se. Porto Alegre, 8 de maio de 2008 (quinta-feira). RICARDO TAVARES GEHLING Juiz-Relator

- PENHORA NO ROSTO DOS AUTOS – MÚLTIPLAS PENHORAS Possibilidade, inclusive, sobre débitos do reclamante (na hipótese de reconvenção ou quando este for reclamado) em processo cível. Juízes da 1ª SDI consideram ilegal a recusa de penhora no rosto dos autos determinada em foro cível

Publicado em 5 de Setembro de 2006 às 14h42

Deixar de penhorar créditos trabalhistas reconhecidos como forma de garantir a quitação de uma cobrança judicial - a chamada penhora no rosto dos autos - constitui ato ilegal e abusivo. O entendimento é dos Juízes da 1ª Seção de Dissídios Individuais (SDI) do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-RS). Por unanimidade, eles acolheram mandado de segurança impetrado com o objetivo de reverter decisão tomada na primeira instância da Justiça do Trabalho em Porto Alegre contrariando determinação do Foro Cível. A decisão está relacionada à quitação de uma ação de execução fundada em título executivo (cheque), impetrada em Juízo Cível. Como não foram encontrados bens para garantir o pagamento do débito, foi solicitada a indisponibilidade de créditos trabalhistas de natureza indenizatória reconhecidos em processo que tramita na Justiça do Trabalho gaúcha. O autor do processo alega que o crédito em questão é passível de penhora por conta de sua natureza indenizatória, lembrando que apenas créditos relativos a salários encontram-se sob o manto da impenhorabilidade conforme previsto no artigo 649, inciso IV, do Código de Processo Civil (CPC). Acrescenta, ainda, que o descumprimento do bloqueio fere o direito líquido e certo de ver garantida a execução movida em esfera cível. O Relator do mandado de segurança na 1ª SDI do TRT, Juiz Ricardo Luiz Tavares Gehling, reconheceu que não cabe ao juízo trabalhista desconsiderar ordem de penhora de outro juízo, “autoridade de mesmo grau e hierarquia”. Isso porque, segundo o artigo 674 do CPC, a penhora no rosto dos autos independe da concordância do juízo em que tramita a ação em cujos autos será lançada a constrição. “A autoridade judiciária trabalhista não tem legitimidade e competência para impedir o gravame determinado pelo juízo em demanda de esfera cível. Idêntica postura seria exigível do juízo Cível, que não poderia rejeitar penhora determinada pelo Juízo trabalhista”, observou o Juiz Ricardo Gehling. (MS 02872-2005-000-04-00-3)

Fonte: Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região

A questão da multiplicidade de penhora sobre um mesmo bem tem gerado controvérsias quando o crédito em execução (Razão das penhoras) versar sobre um crédito trabalhista x crédito que onera o próprio bem, como é o caso de dívida condominial.

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Em sede de legislação sobre o tema temos: CPC:

Art. 612. Ressalvado o caso de insolvência do devedor, em que tem lugar o concurso universal (art. 751, III), realiza-se a execução no interesse do credor, que adquire, pela penhora, o direito de preferência sobre os bens penhorados.

Art. 613. Recaindo mais de uma penhora sobre os mesmos bens, cada credor conservará o seu título de preferência.

Art. 615. Cumpre ainda ao credor:

I - .....

II - requerer a intimação do credor pignoratício, hipotecário, ou anticrético, ou usufrutuário, quando a penhora recair sobre bens gravados por penhor, hipoteca, anticrese ou usufruto; (SUBLINHADO NOSSO)

III - ...

IV - ...

Art. 711. Concorrendo vários credores, o dinheiro ser-lhes-á distribuído e entregue consoante a ordem das respectivas prelações; não havendo título legal à preferência, receberá em primeiro lugar o credor que promoveu a execução, cabendo aos demais concorrentes direito sobre a importância restante, observada a anterioridade de cada penhora. (SUBLINHADO NOSSO).

O Código Tributário Nacional - CAPÍTULO VI - Garantias e Privilégios do Crédito Tributário SEÇÃO I - Disposições Gerais.

SEÇÃO II - Preferências

Art. 186. O crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for sua natureza ou o tempo de sua constituição, ressalvados os créditos decorrentes da legislação do trabalho ou do acidente de trabalho. (Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005)

Parece-nos de suma importância o disposto no artigo 711 do CPC e, por isso, nos socorremos dos comentários (Código de Processo Civil Comentado - Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery) como segue:

“Preferência. (“...) a) ou a preferência decorre da simples penhora, desde que todos os credores se acham em paridade, sem nenhum privilégio de direito material; b) ou a preferência da preferência independe da penhora por si mesma, e sim do privilégio fundado no direito material, ou seja, nos direitos reais de garantia (CPC 709.II” (Mendonça Lima, Coment., 1974, v. 6/635, n 1425). “O dinheiro será distribuído: a) primeiro , independentemente de penhora, aos credores com título legal de preferência e que apresentarem o título executivo , tais o fisco, o credor por custas (v.LF 84IV), o credor com garantia real, como o credor hipotecário, o credor pignoratício; b) não havendo credores preferenciais, ou em seguida a eles, os credores quirografários, na ordem cronológica das respectivas penhoras” (Amaral Santos PLDPC, v. 3/347, 8ª Ed.). Há divergência jurisprudencial sobre o seguinte: uns julgados entendem que o credor privilegiado terá preferência se aparelhou a execução e penhorou o respectivo bem (JTACivSP 117/154, RT 505/145); outros entendem que não há necessidade de tal comprovação (RT 633/108, 631/154, JTACivSP 108/272).

Pelo que se depreende, em primeiro lugar, o resultado da execução do bem atender primeiro ao credor privilegiado, o que detém, na forma do ordenamento

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jurídico vigente, o maior privilégio. Em relação aos demais, não privilegiados, segue-se a ordem cronológica das respectivas penhoras.

Em matéria de crédito privilegiado, encontramos excelente estudo realizado por Euclides A. Rocha, sob o título: PROTEÇÃO AO CRÉDITO TRABALHISTA – ASPECTOS PROCESSUAIS CONTROVERTIDOS – in Execução Trabalhista, Estudos Em Homenagem ao Ministro João Oreste Dalazen – Coordenação José Affonso Dallegrave Neto e Ney José de Freitas – Editora LTR. – em especial no item 04, pg. 143 e seguintes.

O autor faz excelente estudo, trazendo a evolução legal porque passaram os créditos privilegiados mostrando, ao final, sua conclusão e que complementa o comentário supra transcrito:

“Diante dessas considerações é possível a elaboração final de duas conclusões, sobre o tema: 1) o credor trabalhista posiciona-se, atualmente, no direito processual brasileiro, em posição privilegiada, sobrepondo-se a todos os outros créditos, seja no processo de falência, seja na execução contra o devedor insolvente, preferindo, inclusive, ao crédito tributário (arts. 186 do CTN e 30 da Lei 6830/80); 2) os bens gravados com garantia real, por penhor ou hipoteca, ou aqueles vinculados à cédulas de crédito rural ou industrial, são passíveis de penhora na execução trabalhista, independentemente da época de constituição dos referidos ônus hipotecários ou pignoratícios.”

Entendo imprescindível a leitura deste artigo.

Finalmente, complementando o estudo, encontramos outro artigo de Luciano Augusto de Toledo Coelho com o título: “Concurso Especial de Credores no Processo do Trabalho, pgs. 438 e seguintes – Obra – Execução Trabalhista, Homenagem aos 30 anos da Amatra IX – Coordenador José Aparecido Dos Santos.

Em que pese o entendimento sustentado pelo autor não seja o dominante, o mesmo sugere um concurso especial de credores no âmbito trabalhista. Após citar exemplo onde se encontram diversos credores trabalhistas de um devedor solvente e que, posteriormente, se tornou insolvente, afirma:

“Nesse caso, a prevalência da primeira penhora (princípio temporal), criaria situação injusta. Assim, o princípio da isonomia e da proporcionalidade deve nortear um concurso de credores no âmbito trabalhista, com suspensão das execuções em andamento e de eventuais liberações de créditos, em favor da maior efetividade possível em termos de ressarcimento aos credores. Para tanto, porém, inexiste disciplina legal específica e o juiz deverá partir da orientação dos artigos do CPC, como é o caso da massa falida:”

(...sic)

“Conclui-se, portanto, que inexiste no processo do trabalho a previsão para o concurso especial, e que aplicáveis as regras do CPC, as quais, todavia, em face de uma origem mais patrimonialista e visando à satisfação geral de credores com títulos executivos ou penhoras de origens diversas, não atende às situações trabalhistas como a de fechamento da empresa sem qualquer formalidade.

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Trata-se assim, de pagamento a trabalhadores que nem sequer, ainda, ingressaram com ações no judiciário ou com ação ainda em fase inicial, mas que precisam de parcelas para fins alimentares, e que detentores apenas de bens ou valores limitados e arrestados, muitas vezes pelos sindicatos em sede de cautelar.”

Partindo destas premissas, legislação e doutrina, acredito ser possível responder ao questionado:

O Enunciado não tem como premissa execução contra devedor insolvente ou falido. Não se trata, portanto, de Concurso de Credores e tampouco de recuperação judicial ou massa falida. Partindo do suposto de que se trata de execução contra devedor solvente, com penhoras sobre mesmo imóvel, para satisfação de créditos de naturezas distintas.

1) Em se tratando de execução contra devedor solvente, inexiste dispositivo legal expresso determinante de que o juízo que realizou a primeira penhora tenha que, necessariamente, proceder a hasta pública. Nota-se que a legislação só prevê juízo universal em se tratando de falência e no concurso universal de credores, devendo a hasta pública se procedida nos respectivos juízos e, se acaso, ates da decretação de falência ou insolvência civil já tiver ocorrido à alienação em hasta pública, o resultado deverá ser remetido àqueles juízos. Assim, o juízo trabalhista pode realizar a hasta pública mesmo que a anterioridade da penhora tenha ocorrido em outro processo ou juízo.

2) A decretação de insolvência civil e o conseqüente concurso universal de credores de que trata o artigo 711 do CPC é de competência do Juízo Cível, exegese do artigo 762 do CPC. A doutrina e jurisprudência são uniformes no sentido de que a Justiça do Trabalho não tem atribuição legal para instaurar o concurso universal de credores, vez que não teria competência para habilitar créditos de natureza civil.

3) No caso específico, nos termos dos artigos 711 do CPC e 186 do CTN o produto da arrematação deverá satisfazer, em primeiro lugar, dentre os créditos privilegiados o que for supra privilegiado, isto é, o crédito trabalhista. Satisfeito este e havendo remanescente, o saldo deverá ser remetido ao juízo que realizou a primeira penhora. De outra parte, ainda que já tivesse sido declarada a insolvência civil e instaurado o concurso universal de credores, o crédito trabalhista lá habilitado teria a preferência em face de seu privilégio.

Em pesquisa que realizamos, foi encontrada sugestão de resposta que segue:

Sugestões de respostas CAMAT Cursos Jurídicos – Ribeirão Preto Questão 2: Imóvel penhorado por vários credores, em decorrência de dívidas trabalhistas e condominiais, foi levado à hasta pública e arrematado perante o Juízo Trabalhista, muito embora a primeira penhora tivesse sido realizada pelos titulares das obrigações condominiais, perante o Juízo do Cível. Diante desta situação fática

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pergunta-se: a) Poderia o Juízo Trabalhista ter realizado a hasta pública, mesmo considerada a anterioridade da penhora no Juízo Cível? b) Independentemente deste primeiro questionamento, e havendo vários credores, em vários Juízos (inclusive não trabalhistas) e com títulos distintos de preferência, a quem compete julgar o concurso especial de credores a que se refere o artigo 711 do CPC? c) Ainda independentemente dos questionamentos anteriores, a quem cabe o produto da arrematação: ao credor trabalhista, que tem crédito privilegiado, ao credor condominial, cuja obrigação tem natureza “propter REM”, ou ao credor que, neste caso específico, conseguiu levar o bem à hasta pública em primeiro lugar? Ribeirão Preto 2011

Cursos Jurídicos O concurso especial de credores está previsto no art. 711 do CPC, tratando-se de um incidente cognitivo do procedimento executivo2. Pois bem, no caso em exame o juízo trabalhista efetuou a hasta pública independente da primeira penhora, o que, no meu entender, está correto, vez que a abertura do concurso especial só se dá após a venda judicial do bem. Assim, qualquer juízo que tenha procedido à penhora pode realizar a hasta pública. Quanto à competência para julgamento do concurso, o art. 711 do CPC é lacônico neste sentido, dividindo-se a doutrina entre aqueles que defendem ser competente o juízo que primeiro efetuou a penhora, a teor do superado art. 1.018 do CPC/1939, e outros, com os quais concordo, que entendem tratar-se de competência extraordinária do juízo responsável pela venda judicial, dada a sua melhor condição para avaliar as questões atinentes ao concurso, inclusive privilégios creditórios. No que tange à preferência sobre o produto da arrematação, não se discute que o crédito trabalhista desfruta de privilégio excepcional, em função de sua natureza alimentar, o que, aliás, restou consagrado de forma transversa e incidental por força do art. 186 do CTN. Sendo assim, penso que, guardadas as devidas proporções, deve ser respeitada a ordem de preferências do art. 83 da Lei nº 11.101/05, sem a limitação a 150 salários mínimos, tendo em vista não se tratar de falência ou recuperação judicial. De outro norte, nos termos dos arts. 612 e 711 do CPC, a sequência dos pagamentos no concurso especial se faz pela ordem de prelações, não havendo título legal à preferência. Havendo preferências, primeiro devem ser pagas aquelas derivadas de privilégios materiais e, posteriormente, as preferências processuais. Assim, no caso concreto, o produto da arrematação deve satisfazer, primeiramente, os credores trabalhistas, diante do superprivilégio do seu crédito, e, posteriormente, o credor condominial, pois seu privilégio material é inferior ao daqueles. De se notar que não há preferência do credor que levou o bem à hasta pública, mas do que realizou a primeira penhora (art. 612 do CPC), o que não altera a solução proposta, por se tratar de preferência processual do credor condominial. Agora, se houvesse uma situação de insolvência do executado, penso que a solução mais adequada, com fulcro na equidade, seria a de promover um rateio entre os 2 É um incidente cognitivo do procedimento executivo, mais precisamente da fase de pagamento, do qual participam o exequente e os demais credores do executado, com penhora ou outro título legal de preferência sobre aquele mesmo bem. DIDIER, Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Vol 5.

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Execução. 1ª edição, p. 673. credores trabalhistas, visando a satisfação, ainda que proporcional, de um número maior

de credores. BLOQUEIO ON LINE – PENHORA ON-LINE Como já salientamos a penhora on-line está regrada pelo TST e dispõe a Consolidação dos Provimentos daquela Corte: Do BACEN JUD Seção I Do Bloqueio, Desbloqueio e Transferência de Valores Art. 83. Em execução definitiva por quantia certa, se o executado, regularmente citado, não efetuar o pagamento do débito nem garantir a execução, conforme dispõe o artigo 880 da CLT, o Juiz deverá, de ofício ou a requerimento da parte, emitir ordem judicial de bloqueio mediante o Sistema BACEN JUD, com precedência sobre outras modalidades de constrição judicial. Art. 84. Relativamente ao Sistema BACEN JUD, cabe ao Juiz do Trabalho: I — abster-se de emitir ordem judicial de bloqueio em caso de execução provisória ou promovida em face de Estado estrangeiro ou Organismo Internacional; II — não encaminhar às instituições financeiras, por intermédio de ofício-papel, solicitação de informações e ordens judiciais de bloqueio, desbloqueio e transferência de valores quando for possível a prática do ato por meio do Sistema BACEN JUD; III — velar diariamente para que, em caso de bloqueio efetivado, haja pronta emissão de ordem de transferência dos valores para uma conta em Banco oficial ou emissão de ordem de desbloqueio. Art. 85. O acesso do Juiz ao Sistema BACEN JUD dar-se-á por meio de senhas pessoais e intransferíveis, após o cadastramento realizado pelo Gerente Setorial de Segurança da Informação do respectivo Tribunal, denominado Fiel. Parágrafo único. As operações de bloqueio, desbloqueio, transferência de valores e solicitação de informações são restritas às senhas dos Juízes. Art. 86. O Presidente do Tribunal Regional do Trabalho indicará dois Fiéis, no mínimo, ao Banco Central do Brasil. Parágrafo único. O descredenciamento de Fiel ou de qualquer usuário do Sistema BACEN JUD será imediatamente comunicado, pelo Presidente do Tribunal Regional do Trabalho, ao Banco Central do Brasil. Art. 87. Os Fiéis do sistema manterão atualizados os dados dos Juízes cadastrados, de acordo com formulário disponibilizado pelo Tribunal Superior do Trabalho na Internet. Parágrafo único. Constarão do formulário as seguintes informações: nome do Juiz, CPF, Tribunal Regional do Trabalho e Vara do Trabalho, se for o caso, a que estejam vinculados, e se estão cadastrados, ou não, no Sistema BACEN JUD. Art. 88. O Juiz, ao receber as respostas das instituições financeiras, emitirá ordem judicial eletrônica de transferência do valor da condenação para conta judicial, em estabelecimento oficial de crédito, ou providenciará o desbloqueio do valor. Parágrafo único. O termo inicial do prazo para oposição de embargos à execução é a data da intimação da parte, pelo juízo, de que se efetivou bloqueio de numerário em sua conta.

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Art. 89. É obrigatória a observância pelos Juízes das normas sobre o BACEN JUD estabelecidas no regulamento que integra o convênio firmado entre o Banco Central do Brasil e os Tribunais do Trabalho. Seção II Do Cadastramento de Conta Única Art. 90. As pessoas físicas e jurídicas poderão requerer o cadastramento de conta única apta a acolher bloqueios eletrônicos realizados por meio do Sistema BACEN JUD. Art. 91. O requerimento, por escrito e dirigido ao Ministro Corregedor-Geral da Justiça do Trabalho: I — indicará o Banco, a agência e o número da conta; II — far-se-á acompanhar de comprovantes da titularidade da conta e do CNPJ ou CPF do(a) requerente. Parágrafo único. As instituições financeiras não estão obrigadas a fornecer o número da conta indicada para o bloqueio, podendo informar apenas o nome do Banco ou o número da agência que cumprirá a ordem. Art. 92. A pessoa física ou jurídica obriga-se a manter na conta indicada numerário suficiente para o cumprimento da ordem judicial. Art. 93. Ao constatar que a pessoa física ou jurídica não mantém numerário suficiente para o atendimento à ordem judicial de bloqueio, o Juiz que preside a execução noticiará o fato ao Ministro Corregedor-Geral da Justiça do Trabalho, mediante Pedido de Providências. Art. 94 Na ausência de numerário bastante para atender à ordem judicial de bloqueio, a conta única será descadastrada e direcionado o bloqueio às demais instituições financeiras. Parágrafo único. O executado poderá requerer o recadastramento da conta ou indicar outra para o bloqueio após seis meses da data de publicação da decisão de descredenciamento no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho. Art. 95 A reincidência quanto à ausência de fundos para o atendimento das ordens judiciais de bloqueio implicará novo descadastramento, desta vez pelo prazo de 1 (um) ano. § 1º O executado, após o prazo referido no caput, poderá postular novo recadastramento. § 2º Em caso de nova reincidência, o descadastramento será definitivo. Art. 96 Os pedidos de recadastramento serão dirigidos ao Ministro Corregedor-Geral da Justiça do Trabalho, instruindo-se a petição com os mesmos documentos exigidos para o cadastramento originário da conta. - Prazo para aforamento das ações incidentais, quando da penhora on-line. A jurisprudência esclarece a questão. Como na Penhora on-line é o juiz quem determina a constrição sobre valores depositados em conta corrente do executado, determinando que os mesmos sejam transferidos para conta oficial à disposição do Juízo, questiona-se sobre o marco inicial para o aforamento das ações incidentais. Prazo para embargar após ciência da penhora on-line é de cinco dias

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Nas hipóteses de penhora “on-line” ou em dinheiro, o prazo para a oposição de embargos de terceiro é de cinco dias, contados da data da ciência da constrição, uma vez que não ocorrem os atos mencionados na parte final do artigo 1.048 do Código de Processo Civil (CPC). Sob esse fundamento, a 2ª Câmara do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 15ª Região negou, por unanimidade, provimento a agravo de petição ajuizado contra decisão proferida pelo juízo da 1ª Vara do Trabalho de Sorocaba em autos de embargos de terceiro, julgados improcedentes pela VT. A autora dos embargos foi incluída no pólo passivo da execução, na condição de sócia da primeira executada, uma rádio sorocabana. Argumentando não ser sócia da rádio, a agravante pretendia a liberação de uma quantia bloqueada numa conta da qual é titular. O bloqueio foi efetivado pelo juízo de primeira instância por intermédio da chamada penhora “on-line”, sistema informatizado pelo qual os juízes podem bloquear ou desbloquear diretamente, mediante senha, valores em contas de pessoas físicas ou jurídicas executadas em ações trabalhistas. A Câmara, no entanto, rejeitou o agravo, em face da intempestividade dos embargos de terceiro. Intimada por via postal, em 26 de outubro de 2005, da penhora do valor de R$ 365,15, a segunda executada só apresentou os embargos em 16 de dezembro daquele ano. “Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no processo de conhecimento enquanto não transitada em julgada a sentença, e, no processo de execução, até cinco dias depois da arrematação, adjudicação ou remição, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta”, observou em seu voto, citando o artigo 1.048 do CPC, o relator do acórdão no TRT, desembargador federal do trabalho Eduardo Benedito de Oliveira Zanella. “Nas hipóteses de penhora ‘on-line’ ou em dinheiro”, lecionou o relator, “a constrição é imediata, uma vez que não há a arrematação, adjudicação ou remição”. Por esse motivo, reforçou o magistrado, após a ciência do bloqueio da quantia em dinheiro o terceiro dispõe de até cinco dias para a oposição de embargos. (Processo 1476-2005-003-15-00-8 AP) Fonte: TRT 15

Como desdobramento de garantia forçada, tem-se o bloqueio on line, através do convênio Bacem-jud., conforme provimentos 01 e 03 da Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho. Através deste convênio o Juiz, através de utilização de uma senha e mediante o CNPJ solicita o bloqueio de valor em conta corrente do devedor em montante que satisfaça o total do crédito em execução. Como o sistema contém imperfeições, uma vez que ocorrem bloqueios múltiplos de mesmo valor em diversas contas mantidas pelo devedor, configurando-se excesso de indisponibilidade de valores, o Provimento n. 03 faculta às grandes empresas o cadastramento de uma conta, devendo manter valores suficientes, sobre pena de perda do cadastramento e risco dos múltiplos bloqueios. De qualquer sorte, ocorrendo múltiplos bloqueios, o remédio jurídico será a simples petição ao juiz que, de imediato, liberará o excesso. Acaso mantidos os bloqueios e configurando-se o excesso de bloqueio, cabe Mandado de Segurança. Atualmente, o sistema foi aperfeiçoado e no prazo máximo de 48 horas o juiz é informado da efetivação do bloqueio, podendo, com isto, liberar os excessos que ocorrer. Mais, o valor é transferido à disposição do Juízo. Como se trata de Bloqueio (indisponibilidade de valores), entendíamos ser imperativo que se lavrasse o auto de penhora sobre o valor apreendido, visto que a penhora deve corresponder a um ato formal. Contudo, tal entendimento não tem sido pacífico e tampouco uniforme. Alguns juízes, como o valor já se encontra em conta judicial à sua disposição, se comportam à semelhança da garantia espontânea feita em dinheiro pelo devedor, apenas intimando-o para oferecer, querendo, embargos. Outros juízes, sem expedir intimação ao devedor, contam o prazo a partir da data em que o valor foi colocado à sua disposição. Hoje entendemos correto o posicionamento dominante, pois não há sentido algum que o juiz determine a lavratura de auto de penhora sobre valor que já se encontram à disposição da justiça. Como o executado

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desconhece a data em que o valor foi transferido de sua conta para conta oficial à disposição da justiça é que se faz imperativa a intimação. Por certo, na hipótese mais uma vez prevalece o princípio da instrumentalidade dos atos processuais. Por certo, o prazo para os embargos à execução deverá ser contado a partir da ciência inequívoca (prova de sua existência) da realização do bloqueio. De outra parte, realizada a intimação do devedor, desnecessária pode se tornar a materialização do ato pela lavratura do auto de penhora. Como já sinalado, em havendo penhora, o prazo contido no artigo 884 da CLT, para aforamento da ação de embargos pelo devedor, contará a partir de sua intimação. Como a CLT é omissa, aplica-se o artigo 16 da Lei 6830/80 (executivo fiscal) onde consta no Inciso I e III que o prazo para embargos, conta, respectivamente, do depósito ou da intimação da penhora. Mandado de Segurança não impede conversão em penhora de valor bloqueado, mesmo na pendência de recurso

A 2ª Turma do TRT-MG negou provimento a agravo de petição, em que o frigorífico executado sustentava que o juízo da execução não poderia converter em penhora o valor bloqueado em sua conta-corrente pelo sistema Bacen-Jud, já que havia mandado de segurança com o objetivo de afastar o bloqueio, com recurso ainda pendente de julgamento. A tese do executado para desfazer o bloqueio era a de que ele teria atingido o seu saldo negativo, ou seja, créditos decorrentes de cheque especial e, portanto, não poderia prevalecer. Segundo esclarece a relatora do recurso, juíza convocada Maristela Íris da Silva Malheiros, há, no caso, determinação no acórdão recorrido (decisão do mandado de segurança pelo Tribunal) para que não se libere a quantia até o trânsito em julgado do mandado de segurança. Assim, não houve prejuízo algum com a penhora, pois, com ou sem ela, o gravame será o mesmo para o executado até a decisão final, qual seja, a indisponibilidade do valor bloqueado. No mais, ainda de acordo com a relatora, ficou demonstrado no processo que houve diversos créditos em conta, de diferentes origens, na data do bloqueio, inexistindo prova de que este tenha atingido apenas o saldo de garantia. Por esses fundamentos, a Turma entendeu cabível a conversão em penhora do valor bloqueado na conta-corrente do frigorífico executado. (AP nº 00799-2006-026-03-00-4) Fonte: TRT 3

Penhora de dinheiro pelo sistema Bacen-Jud em execução fiscal não é ilegal Publicado em 28 de Setembro de 2006 às 11h47 Em julgamento de mandado de segurança, a 1ª Seção Especializada em Dissídios Individuais do TRT/MG manifestou o entendimento de que “não fere direito líquido e certo do devedor o ato judicial que, em execução para cobrança da Dívida Ativa da União, determina a penhora de dinheiro em conta bancária da executada, com observância da gradação ditada pelo art. 655 do CPC”. Esse artigo determina que as penhoras judiciais devem recair preferencialmente sobre dinheiro, a fim de agilizar as execuções. Assim, a 1a SDI manteve a penhora de dinheiro efetuada pelo juiz de primeiro grau, com o uso do sistema Bacen Jud, rejeitando o argumento da empresa de que já havia oferecido outro bem à penhora (não levado à praça porque seu valor supera, em mais de 20 vezes, o do crédito executado) e afastando a alegação de que a execução fiscal não estaria amparada por título líquido e certo. Segundo esclarece a relatora, Juíza Adriana Goulart de Sena, “conforme estabelece o art. 587 do CPC, é definitiva a execução fundada em título executivo extrajudicial”, como os títulos da dívida ativa. Sendo a execução definitiva, a penhora de dinheiro é largamente admitida pela jurisprudência, consolidada na Súmula n. 417 do TST. “Ademais, nas execuções definitivas processadas perante esta Justiça Especializada, o bloqueio de crédito bancário pelo Sistema Bacen Jud constitui medida a ser utilizada com precedência sobre outras modalidades de constrição judicial, conforme prevê o art. 53, da ‘Consolidação dos Provimentos’ do Tribunal Superior do Trabalho” – conclui a relatora.( MS nº 00588-2006-000-03-00-9 ) Fonte: Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região Restituição do imposto de renda não pode ser penhorada Publicado em 10 de Outubro de 2006 às 15h40 Os créditos constantes em conta bancária, oriundos de restituição de Imposto de Renda Retido na Fonte, não podem ser objetos de penhora, porque nada mais são do que a devolução de desconto indevidamente efetuado sobre verbas salariais. Baseada neste entendimento, os juízes da Seção Especializada em Dissídios Individuais do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-SP) concederam a segurança a um Mandado impetrado por um sócio da Elebra S/A Eletrônica Brasileira, contra decisão

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da 55ª Vara do Trabalho de São Paulo, que penhorou os recursos de sua conta pessoal para pagamento de dívida trabalhista da empresa. O empresário alegou, em seu recurso, que a penhora recaiu sobre valor depositado a título de restituição de Imposto de Renda e que, por ela ter caráter salarial, é impenhorável. Ele também considerou precipitada a penhora, justificando que "a empresa possui bens suficientes para a garantia do Juízo". A juíza Vania Paranhos, relatora do Mandado no TRT-SP, considerou que razão parcial assiste ao empresário, entretanto, não se pode falar "que a desconsideração da personalidade jurídica da empresa-executada tenha sido precipitada, uma vez que, conforme se verifica dos autos, ela decorreu da inexistência de bens da empresa suficientes à garantia do Juízo". Para a juíza, "se afigura legítima a penhora dos créditos do impetrante que sobejarem os vencimentos a título de salário, ficou comprovado nestes autos que os créditos existentes na conta bancária objeto da constrição são provenientes de restituição do Imposto de Renda, pelo que, no presente caso, referido numerário não pode ser objeto de penhora". "Fato é que os valores recebidos a título de devolução do Imposto de Renda, constantes da conta-corrente de titularidade do impetrante objeto da constrição, revestem-se de impenhorabilidade, nos termos do artigo 649, inciso IV, do Código de Processo Civil", observou a relatora. Os juízes da Seção Especializada em Dissídios Individuais do TRT-SP acompanharam, por maioria, o voto da juíza Vania Paranhos e concederam a segurança e determinaram o desbloqueio do valor creditado a título de devolução do Imposto de Renda na conta pessoal do empresário. PROCESSO : 11465200400002007 Fonte: Tribunal Regional da 2º Região

PENHORA SOBRE FATURAMENTO. Na ausência de bens passíveis de penhora tem se adotado o sistema de penhora sobre o faturamento (por vezes denominada de penhora na “boca do caixa”. Em ambas as hipóteses há que se atender o artigo 620 do CPC, processando-a pela forma menos gravosa, isto é, de sorte a não inviabilizar o empreendimento. Na primeira hipótese tem-se nomeado depositário o responsável pela parte financeira, administrador ou sócio. Surgem duas questões: a) a configuração ou não de depositário infiel, na hipótese de inexistir faturamento ou de faturamento que mal chega para adimplir obrigações empresariais indispensáveis, em determinado mês; b) a fixação da data marco para o aforamento das ações incidentais (embargos e impugnações). Com relação a configuração de depositário infiel, reportamo-nos à decisão a seguir colacionada que, parece, adotar o princípio da razoabilidade: Justiça do Trabalho concede habeas corpus a executada que não teve condições de depositar faturamento penhorado

Acompanhando o voto do desembargador José Murilo de Morais, a 5ª Turma do TRT-MG concedeu a ordem para determinar que o juiz de 1º Grau se abstenha de decretar a prisão da executada, sob a acusação de depositária infiel, tornando definitiva a liminar deferida em habeas corpus (garantia constitucional concedida sempre que alguém sofre ou se acha ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso do poder). Pelo entendimento da Turma, a executada não se enquadra na condição de depositária infiel (aquele que não cumpre a obrigação de entregar bens penhorados que se encontram sob a sua guarda), uma vez que a penhora recaiu sobre parte do faturamento da empresa. Sendo o faturamento um crédito futuro e incerto, a materialização do depósito é inviável e, por isso, ilegal a ordem de prisão. No caso, a proprietária da empresa reclamada foi nomeada depositária, com a determinação de que efetivasse, até o dia 10 de cada mês, o depósito correspondente a 10% do faturamento bruto da empresa até a satisfação do crédito trabalhista, sob pena de prisão. Entretanto, antes de vencer o prazo para a efetivação do primeiro depósito, a executada informou que se encontrava em difícil situação financeira, tendo encerrado suas atividades empresariais. Segundo explicações do desembargador, desta forma não se materializou a condição de infidelidade de depositária em relação à obrigação imposta à executada. O relator, fundamentando sua decisão na OJ 143 da SBDI-II do Tribunal Superior do Trabalho, esclareceu que não ficou caracterizada a condição de depositária infiel da executada e não há justificativa para a decretação da prisão civil, pois, neste caso, não está presente a hipótese de guarda e conservação individualizada de bens móveis corpóreos (que podem ser materializados) e/ou fungíveis (que podem ser substituídos por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade), pressuposto de existência do instituto do depósito. Nesse contexto, a

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Turma, considerando ilegal o mandado de prisão civil da executada, decidiu pela concessão da ordem de habeas corpus. (HC nº 01165-2008-000-03-00-8) Fonte: TRT 3 Com relação a data para o aforamento das ações incidentais há que se atentar ao valor do crédito exeqüendo frente aos valores penhorados e o tempo para sua integralização. Parece que, neste caso, cabe flexibilizar em determinadas situações, acolhendo-se as ações ainda que não integralizada a garantia. OUTRAS FORMAS DE GARANTIAS PARA SATISFAÇÃO DO CRÉDITO EXEQÜENDO. Tem se procurado a forma menos gravosa, mas sem prejuízo da celeridade, de se processar a execução. Permanece a denominada penhora na boca do caixa, que outra coisa não é do que penhora sobre o faturamento, sede que o valor (normalmente fixado em termos percentuais) não inviabilize o empreendimento. Do Protesto Extrajudicial da Sentença TRT3 - Turma determina protesto extrajudicial de sentença Publicado em 23 de Abril de 2010 às 10h43 Dando razão aos argumentos do empregado, a 7ª Turma do TRT-MG modificou a decisão de 1º Grau e determinou o protesto extrajudicial da sentença que está sendo executada. A medida, requerida pelo trabalhador, com base na Lei 9.492/97, foi adotada após os julgadores constatarem as diversas tentativas, sem sucesso, de localização do devedor e de bens que pudessem ser penhorados. Conforme explicou o juiz convocado Jessé Cláudio Franco de Alencar, a Lei 9.492/97 estabeleceu que o protesto “é o ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros documentos de dívida”. Já o artigo 2º, da mesma lei, dispõe que o protesto visa à garantia de autenticidade, publicidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos, sem fazer qualquer restrição quanto às espécies de atos abrangidos. No seu entender, embora o protesto seja um mero instrumento formal de declaração de descumprimento de obrigações, não há como negar o alcance da publicidade desse procedimento, diversa da publicidade dos atos judiciais em geral. “Daí a importância do protesto do título como instrumento de coerção indireta do devedor ao pagamento da dívida, em face da repercussão do ato nas suas relações sociais, civis e comerciais” - destacou o magistrado. Ele acrescentou que o TRT da 3ª Região já firmou convênio com os tabeliães de protesto do Estado de Minas Gerais, para implementar os protestos extrajudiciais de decisões proferidas pela Justiça do Trabalho da 3ª Região, com expressa permissão para incluir os nomes dos devedores em listas de proteção ao crédito. A única recomendação é que o protesto seja utilizado apenas depois de esgotadas todas as tentativas de execução contra a empresa devedora e seus sócios, incluindo a utilização de ferramentas, como BACENJUD, RENAJUD E INFOJUD. Além disso, é necessário que o valor do crédito trabalhista seja líquido, certo e exigível. Analisando o caso, o relator concluiu que é cabível a ordem de protesto contra o devedor, pois a sentença foi proferida em 2005 e, como não houve recurso, a execução teve início naquela época. Tanto a determinação de bloqueio de valores, via BACENJUD, quanto a expedição de mandado de penhora não surtiram efeito prático. Para completar, o executado, tendo sido regularmente citado na execução, mudou-se e não informou ao Juízo a alteração de endereço, nem mesmo se manifestou no processo. “Assim, provejo o apelo para

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determinar o protesto extrajudicial em face do devedor reconhecido no título executivo” - finalizou, sendo acompanhado pela Turma. (AP nº 01676-2004-077-03-00-1) Fonte: Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região Constituição de usufruto. A decisão que segue mostra outra forma prevista pelo CPC (arts. 716/724 face a nova redação dada pela Lei 11382/06 para a satisfação do crédito em execução não consistente na penhora do usufruto, mas na própria concessão do mesmo ao credor. A citada lei revogou alguns artigos pertinentes à matéria e alterou outros. JT admite concessão de usufruto como meio de satisfazer execução

Publicado em 13 de Abril de 2007 às 15h16

O artigo 716 do CPC prevê a possibilidade de concessão de usufruto de imóvel ao credor, quando o Juiz da execução o reputar menos gravoso para o devedor e eficiente para o recebimento da dívida e, sobretudo, quando frustradas as outras tentativas de execução. Com base nesse artigo, a 4ª Turma do TRT/MG, acompanhando voto do Juiz convocado Rogério Valle Ferreira, deu provimento ao agravo de petição do reclamante, concedendo-lhe o usufruto do imóvel por ele indicado na execução trabalhista até a satisfação integral de seu crédito.

No caso, a execução se arrasta há mais de cinco anos e, estando o reclamante na iminência de nada receber, requereu a concessão do usufruto do imóvel indicado. Ao dar provimento ao recurso, o relator esclarece que a pretensão do exeqüente não é a penhora do usufruto do imóvel, mas sim a concessão direta do direito de usufruto, sendo que a penhora do bem já não é mais possível, em virtude de decisão transitada em julgado, que reconheceu a sua impenhorabilidade. Acrescenta o Juiz que não foi encontrado nenhum outro bem passível de penhora, estando, inclusive, pendente de cumprimento mandado de prisão contra depositário infiel (que vendeu o único bem penhorado no processo), encontrando-se os executados, em local incerto e não sabido.

O relator explica que o Juiz deve usar de todos os instrumentos legais ao seu alcance para buscar a efetividade de suas decisões, dando andamento ao processo. Como o usufruto judicial consiste no direito sobre o imóvel, possibilitará que o exeqüente receba seu crédito através das rendas geradas pelo bem, sem que haja expropriação. Para ele, além de eficiente, a medida é o único meio para o recebimento do crédito.

Processo : (AP) 01316-2000-092-03-00-9

Fonte: Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região

Hipoteca Judiciária Reconhecida validade de hipoteca judiciária

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A hipoteca judiciária é efeito da sentença condenatória e pode ser declarada de ofício pelo julgador, independentemente de requerimento do credor. A interpretação unânime é da Sétima Turma do Tribunal Superior do Trabalho, ao rejeitar (não conhecer) recurso de revista da relatoria da juíza convocada Maria Doralice Novaes, apresentado pelo Banco Itaú contra essa medida. O Tribunal do Trabalho mineiro (3ª Região) declarou, de ofício, a hipoteca judiciária sobre os bens da empresa na quantia suficiente para garantir a execução em processo trabalhista, nos termos do artigo 466 do CPC, mesmo sem o pedido do empregado. Segundo o TRT, a hipoteca é uma ferramenta valiosa que a lei processual coloca nas mãos do juiz para garantir a eficácia das decisões judiciais. Antes de deferir o pagamento de diferenças salariais ao empregado, o Regional constatou a existência de subordinação direta entre o trabalhador e a tomadora dos serviços Fundação Pampulha de Assistência à Saúde (do grupo Itaú), apesar da contratação por meio da empresa prestadora de serviços Conape, e o exercício de atividades tipicamente finalísticas da instituição. Portanto, o reconhecimento do vínculo de emprego do trabalhador com a Fundação foi resultado da aplicação do item I da Súmula nº 331 do TST. No recurso de revista ao TST, o Banco Itaú e a Fundação Pampulha argumentaram que a hipoteca judiciária é inaplicável ao processo trabalhista e completamente desnecessária na hipótese, porque as empresas do grupo garantem suas execuções em dinheiro. Alegaram violações legais e constitucionais, além de divergência jurisprudencial. Entretanto, como destacou a juíza Doralice, a própria sentença vale como título constitutivo da hipoteca judiciária, e os bens com ela gravados ficam vinculados à dívida trabalhista, de forma que, mesmo se vendidos ou doados, podem ser retomados judicialmente para a satisfação do crédito do empregado. Na opinião da relatora, a hipoteca judiciária é instituto processual de ordem pública que tem como finalidade a garantia do cumprimento das decisões judiciais, impedindo o dilapidamento dos bens do devedor, em prejuízo da futura execução, e independe de requerimento do credor. A juíza Doralice ainda esclareceu que “a hipoteca judiciária é importante instituto processual para minimizar a frustração das execuções” - medida ainda mais justificável na Justiça do Trabalho, tendo em vista a natureza alimentar dos créditos discutidos. A relatora também não verificou a ocorrência de divergência jurisprudencial, nem das violações constitucional e legais alegadas pelo Itaú e pela Fundação para autorizar a análise do mérito do recurso de revista. Por consequência, o recurso foi rejeitado pela Sétima Turma. (RR- 64100-36.2007.5.03.0025)

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Fonte: TST Ementa: RECURSO DE REVISTA. HIPOTECA JUDICIÁRIA. Ao lançar mão do instituto da hipoteca judiciária, o eg. TRT visou à garantia dos créditos devidos ao autor em que foi condenada a ré, exatamente como prevê os artigos 466 do CPC e 899 da CLT que tratam, respectivamente, da hipoteca judiciária e da garantia do Juízo recursal na esfera trabalhista. Não demonstrada violação literal de dispositivos de lei e da Constituição Federal, nem divergência jurisprudencial, nos termos do § 4º do artigo 896 da CLT. Recurso de revista não conhecido. AUTORIZAÇÃO DE LEVANTAMENTO DE DEPÓSITO. APLICAÇÃO DO ARTIGO 475-O, § 2º, I, DO CPC AO PROCESSO DO TRABALHO. EXECUÇÃO PROVISÓRIA. INAPLICABILIDADE AO PROCESSO DO TRABALHO. A c. Turma entende que há compatibilidade da CLT com o processamento da execução provisória, como preleciona o art. 475-O, §2º, I, do CPC. Nesse sentido, adota o entendimento de que -A multa executória do novo art. 475-J do CPC (Lei nº 11.232/2005), instituída para dar efetividade às decisões judiciais relativas ao pagamento de quantia certa ou já fixada em liquidação, em obediência a comando constitucional enfático (art. 5º, LXXVIII, da CF), não se aplica ao processo do trabalho quando for incompatível, seja por se tratar de execução meramente provisória (Súmula 417,III/TST), seja por se tratar de

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execução de acordo, quando este já estabelecer cominação específica (non bis in idem). Tratando-se, porém, de execução definitiva, determinante do pagamento incontinenti em dinheiro, conforme jurisprudência firmemente consolidada (Súmula 417, I e II/TST, ratificando as anteriores Orientações Jurisprudenciais 60 e 61 da SBDI-2 da Corte Superior), que autoriza, inclusive, o imediato bloqueio bancário do valor monetário correspondente à conta homologada (convênio BACEN-JUD), desponta clara a compatibilidade da nova regra cominatória do CPC com o processo executório trabalhista, que sempre priorizou a celeridade e efetividade da prestação jurisdicional- (RR - 67100-91.2006.5.09.0872 Redator Designado Ministro Mauricio Godinho Delgado, 6ª Turma, DEJT 19/02/2010). Recurso de revista não conhecido, com ressalva deste Relator. BANCO DE HORAS. COMPENSAÇÃO DE JORNADA. Uma vez declarado inválido o banco de horas estabelecido pela empresa no curso do contrato de trabalho, diante do descumprimento da exigência legal de prévia negociação coletiva para tanto, consignado o reconhecimento por parte do autor da compensação das horas extras prestadas e determinado o pagamento apenas do adicional respectivo sobre as horas destinadas à compensação, não há se falar em especificidade com os arestos trazidos à colação, que não abordam todos os aspectos mencionados, incidindo o óbice das Súmulas nºs 23 e 296/TST. Recurso de revista não conhecido. REQUERIMENTO DE NOVA PERÍCIA TÉCNICA INDEFERIDO. Não se mostra apto a caracterizar divergência jurisprudencial específica, nos termos da Súmula nº 296 deste c. TST, aresto que não demonstra identidade com a premissa aventada na v. decisão regional de que o pedido anteriormente feito de realização de nova perícia foi expressamente analisado pelo Juízo de origem, que entendeu ser desnecessária a realização de nova prova técnica, pois houve elucidação satisfatória para todos os quesitos da parte, inclusive com esclarecimentos complementares. Recurso de revista não conhecido. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. CARACTERIZAÇÃO. MATÉRIA FÁTICA. A fundamentação contida na decisão recorrida tem como base as informações prestadas pela perícia a corroborar o contato do reclamante com o agente insalubre em grau máximo, de modo que o único aresto trazido à colação não se mostra específico por não abordar as nuances acima relacionadas de constatação do desenvolvimento de trabalho em contato com agente insalubre e não eliminação da insalubridade mediante os EPIs fornecidos incorretamente no curso de todo o período contratual. Óbice das Súmulas nos 296 e 126 deste c. TST. Recurso de revista não conhecido. HONORÁRIOS PERICIAIS. RECURSO DESFUNDAMENTADO. Recurso de revista desfundamentado nos exatos termos do artigo 896 da CLT, dada a ausência de indicação de violação de preceito de lei ou da Constituição Federal, bem como a falta de apresentação de arestos para a comprovação de divergência jurisprudencial. Recurso de revista não conhecido. Processo: RR - 38700-77.2008.5.03.0027 Data de Julgamento: 03/03/2010, Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, 6ª Turma, Data de Divulgação: DEJT 19/03/2010. Onde encontrou: ... magistrado apenas ordenar sua inscrição no cartório de imóveis para que tenha eficácia contra...decorrente da relação de emprego é presumível ... Inteiro Teor Ementa sem Formatação Andamento do Processo Inteiro Teor (Download) Hipoteca judiciária pode ser aplicada ao processo do trabalho

Pelo teor expresso na decisão da 3ª Turma do TRT-MG, é plenamente compatível com o processo do trabalho a hipoteca judiciária (instituto processual previsto no artigo 466 do CPC, pelo qual os bens gravados ficam vinculados à dívida trabalhista, de forma que, mesmo se vendidos ou doados, podem ser retomados judicialmente para a satisfação do crédito trabalhista). Em razão disso, os julgadores confirmaram a sentença que declarou, de ofício (independente de pedido da parte), a hipoteca judiciária sobre imóveis das reclamadas, até que se atinja o valor suficiente para garantir a execução do débito trabalhista. O relator do recurso, desembargador César Pereira da Silva Machado Júnior, concordou com a medida judicial adotada pelo juiz sentenciante, tendo em vista que a hipoteca judiciária é um importante instrumento de garantia da efetividade das decisões judiciais. Além disso, segundo o magistrado, a adoção dessa medida judicial coloca em prática o artigo 5º, inciso LXXVIII, da Constituição Federal, pelo qual são assegurados ao

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cidadão a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. O desembargador explicou ainda que, uma vez imposta a condenação, a hipoteca judiciária surge como efeito imediato e anexo da própria sentença. Portanto, não há necessidade de pedido expresso do credor para que seja adotada essa medida judicial. RO nº 00427-2008-063-03-00-0 Fonte: TRT 3 A QUESTÃO DO DEPOSITÁRIO INFIEL Toda polêmica gira em torno da interpretação e aplicação do artigo 5º, LXVII –“ não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel” frente ao Pacto São José da Costa Rica de que o Brasil é signatário e que, de sua vez, contempla a prisão civil tão somente por dívida alimentícia. Daí por diante, uma corrente sustentava a natureza alimentícia do crédito trabalhista e por isso o Pacto não conflitaria com o dispositivo constitucional; outra, ao contrário, não admitia interpretação ampliativa ou extensiva. A questão restou pacificada com a Súmula Vinculante n. 25 do STF: Súmula Vinculante 25 É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito. Fonte de Publicação DJe nº 238, p. 1, em 23/12/2009 DOU de 23/12/2009, p. 1. Legislação Constituição Federal de 1988, art. 5º, LXVII e § 2º. Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de S. José da Costa Rica), art. 7º, § 7º. Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, art. 11. Precedentes RE 562051 RG RE 349703 RE 466343 HC 87585 HC 95967 HC 91950 HC 93435 HC 96687 MC HC 96582 HC 90172 HC 95170 MC Observação Veja PSV 31 (DJe nº 27/2010), que aprovou a Súmula Vinculante 25.

Justiça do Trabalho aplica Súmula Vinculante 25 e julga ilícita prisão civil de depositário infiel

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Recentemente, o Supremo Tribunal Federal editou a Súmula Vinculante 25, firmando o entendimento de que é ilícita a prisão civil do depositário infiel (cidadão que não cumpre a obrigação de entregar bem, cuja guarda lhe foi confiada pela Justiça). Em face do atual posicionamento do STF, a 9ª Turma do TRT-MG extinguiu o processo sem julgar a questão central da demanda, por entender que o habeas corpus impetrado pelo depositário perdeu o seu objeto. Isso porque a juíza sentenciante, que havia decretado a prisão, aplicando a Súmula Vinculante 25, retirou a pena imposta ao executado. De acordo com os dados do processo, foi determinada a penhora de bens móveis e mais 30% sobre o faturamento bruto da empresa. O executado foi intimado em 11/12/2009 para efetuar o depósito do respectivo valor, sob pena de prisão. Em defesa, ele sustentou que a prisão, se fosse efetivada, seria revestida de ilegalidade e não se justificaria diante do recente posicionamento do STF. Em seu voto, a relatora do habeas corpus, desembargadora Maria Lúcia Cardoso de Magalhães, destacou o teor da Súmula Vinculante 25, publicada no Diário Oficial da União de 23/12/2009: “É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito” . Conforme salientou a desembargadora, a juíza sentenciante, autoridade apontada como coatora, reviu o seu posicionamento anterior acerca da matéria e, em virtude da aplicação da Súmula Vinculante 25, retirou a pena de prisão imposta ao depositário. Portanto, os julgadores consideraram que o STF, ao editar a referida Súmula Vinculante, praticamente encerrou a discussão acerca dessa matéria, que já provocou tantos debates. Assim, o processo foi extinto sem julgamento da questão central do habeas corpus, em razão da perda do seu objeto. (HC nº 00024-2010-000-03-00-2) TST concede habeas corpus a depositário infiel Ao adotar entendimento do Supremo Tribunal Federal, que considera ilegal a prisão civil de depositário infiel, a Seção II Especializada em Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho (SDI-2) modificou, na sessão de ontem (17), decisão da própria SDI-2 que contrariava a orientação do Supremo e na qual mantinha a prisão de um depositário que vendeu bem penhorado sem autorização judicial ou depósito do valor equivalente ao da avaliação. Trata-se de um juízo de retratação, em recurso ordinário em habeas corpus, no qual a SDI-2 reforma o acórdão e defere o pedido para alvará de soltura. O relator do recurso, ministro Renato de Lacerda Paiva, esclarece que novo panorama jurídico se estabeleceu com a Emenda Constitucional 45/2004, em que foi definida a proibição da prisão civil por dívida, prevista no artigo 5º, LXVII, da Constituição Federal - proibição que se estende ao infiel depositário judicial de bens. De acordo com o relator, agora a possibilidade da prisão civil restringe-se “apenas ao responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia, na qual não se inclui o crédito trabalhista”. Ao analisar o caso, o ministro Renato Paiva considerou que não havia motivo plausível para afastar a ordem de restrição à liberdade de locomoção do depositário. O imóvel foi alienado pela sua esposa, também uma das sócias da empresa executada na reclamação original, para custear as despesas com tratamento médico a que se submeteu o executado, que estava acometido de câncer na época. Como sócio da empresa executada e na qualidade de fiel depositário do juízo, regularmente nomeado, o depositário alienou o imóvel, “que se encontrava sob sua guarda e responsabilidade, frustrando a execução ao não o devolver ao juízo quando solicitado”, concluiu o relator. Além disso, segundo o ministro Renato, o depositário não comprovou sua alegação de que não honrou o compromisso assumido porque permaneceu - por três anos - sem saber que sua esposa havia vendido o bem. Após essas considerações, o relator ressalvou seu entendimento pessoal, mas adotou o posicionamento do STF para conceder o habeas corpus solicitado. Histórico da retratação Anteriormente, no acórdão reformado, a SDI-2 deu provimento parcial ao recurso apenas para conceder o benefício da prisão domiciliar ao depositário, com a possibilidade de afastamentos para tratamento de saúde, em substituição ao cumprimento da prisão civil, imposta na fase de execução da reclamação trabalhista originária. Contra essa decisão, o depositário interpôs embargos declaratórios e, em seguida, recurso extraordinário, que ficou suspenso, pela vice-presidência do TST , até o pronunciamento final do STF em relação ao RE 562051-RG/MT. No julgamento desse recurso extraordinário, o STF reconheceu a repercussão geral da questão constitucional do tema, considerando “ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito”, de acordo com a interpretação do artigo 5º, inciso LXVII e parágrafos 1º, 2º e 3º, da Constituição Federal, e em decorrência do artigo 7º, parágrafo 7º, da Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica). Com esse resultado, a vice-presidência do TST resolveu submeter novamente o recurso ordinário à SDI-2, para verificar a possibilidade de emissão de juízo de retratação, nos termos do artigo 543-B, parágrafo 3º, do CPC. Após o ministro Renato Paiva acolher o posicionamento do STF, a SDI-2, por unanimidade, deu provimento ao recurso ordinário, para conceder habeas corpus ao depositário. Determinou, inclusive, que sejam cientificados, com urgência, o presidente do Tribunal

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Regional do Trabalho da 5ª (BA) e o juiz titular da 5ª Vara do Trabalho de Salvador (BA) sobre o inteiro teor da nova decisão da Seção Especializada do TST, para cessar a restrição à liberdade do depositário. (ROHC-324/2007-000-05-00.5) (Lourdes Tavares) Notícia do Site do TST de 18.11.2009

É ilegal a prisão civil de depositário judicial infiel

Tema polêmico entre juristas e razão de divergência entre tribunais, a possibilidade de prisão do depositário judicial infiel foi rechaçada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). A Terceira Turma adequou seu posicionamento à recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) e concedeu habeas corpus a um depositário do Distrito Federal. A relatora do caso foi a ministra Nancy Andrighi. Ela lembrou que, no dia 3 de dezembro do ano passado, o STF adotou o entendimento de que os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos aos quais o Brasil aderiu têm status de norma supralegal. Assim, por ter havido adesão ao Pacto de São José da Costa Rica, que permite a prisão civil por dívida apenas na hipótese de descumprimento inescusável de prestação alimentícia, não é cabível a prisão civil do depositário, qualquer que seja a natureza do depósito. A decisão no STJ foi unânime. A Constituição Federal de 1988 previu duas formas de prisão civil: a do devedor de alimentos e a do depositário infiel (artigo 5º, inciso LXVII). O depositário infiel é aquele que recebe a incumbência judicial ou contratual de zelar por um bem, mas não cumpre sua obrigação e deixa de entregá-lo em juízo, de devolvê-lo ao proprietário quando requisitado, ou não apresenta o seu equivalente em dinheiro na impossibilidade de cumprir as referidas determinações. No julgamento realizado pelo STF, foi decidido que a lei ordinária não pode sobrepor-se ao disposto em um tratado sobre direitos humanos ao qual o Brasil aderiu. Processo: HC 122251 Fonte: STJ 17) DISCUSSÃO NA EXECUÇÃO: Como a execução tem natureza jurídica de ação, é incabível qualquer recurso contra a execução e, por igual, contra a sentença de liquidação (a que homologa ou julga os cálculos). Em vista disto, criou o legislador, no processo do trabalho, a possibilidade de aforamento de ações incidentais cabíveis em determinados momentos do processo de execução. O primeiro momento para o ajuizamento de ações apresenta-se com a garantia da execução ou penhora de bens – artigo 884 da CLT. Nesta oportunidade com PRAZO DE 05 DIAS PARA EMPRESA PRIVADA e 30 DIAS PARA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, poderão, simultaneamente, serem aforadas cinco (05) ações, conforme letras “A, B e C abaixo, todas nos próprios autos principais e julgadas em uma só sentença ( § 4º do art. 884 da CLT). A garantia do juízo, em sede de execução, como requisito de aforamento das ações incidentais, pode ocorrer por três formas, sendo duas de iniciativa do devedor e a terceira em ato forçado de constrição, com a apreensão de bens e/ou valores que satisfaçam a execução: a) depósito em dinheiro do valor exigido à disposição do juízo (garantia direta); b) mediante a nomeação de bens à penhora (garantia indireta). Finalmente, inexistente a garantia por iniciativa do devedor seguir-se-á o ato de constrição, por determinação judicial, através do Oficial de Justiça Avaliador (garantia indireta). Disto resulta dois prazos de contagem para o aforamento das ações incidentais, inclusive dos embargos do

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devedor: a) se for garantia direta, pelo devedor, mediante depósito em dinheiro, o prazo será contado da data do depósito; b) se a garantia for indireta, mediante nomeação de bens à penhora ou de penhora forçada sobre bens ou dinheiro do devedor, o prazo iniciará a contar da intimação da penhora. Nota-se que se o devedor indicar bens à penhora, é mister que se materialize a penhora sobre os bens indicados, lavrando-se o respectivo auto onde, além dos demais requisitos legais, deverá contar a intimação do devedor e mais a nomeação de depositário com sua intimação, se a caso o devedor se recusar a ficar como depositário. DAS AÇÕES INCIDENTAIS CABÍVEIS NO CURSO DA AÇÃO DE EXECUÇÃO: Numa primeira corrente doutrinária têm-se as seguintes ações cabíveis no curso da execução, após a garantia do juízo (art. 884 da CLT). A) EMBARGOS À EXECUÇÃO - § 1º do artigo 884 da CLT. ( resistência sem colocar

em jogo o acertamento) B) EMBARGOS À PENHORA – ataca o ato de constrição em si (excesso de penhora;

bem impenhorável etc.) C) IMPUGNAÇÕES – tanto do credor quanto do devedor mesmo do INSS - § 3º do

artigo 884 da CLT. (provocar novo acertamento) caráter revisional da conta D) EMBARGOS À ADJUDICAÇÃO E) EMBARGOS À ARREMATAÇÃO F) EMBARGOS DE TERCEIROS (ataca o ato de constrição em si), enquanto não

assinados os autos de adjudicação ou arrematação, vez que a assinatura de um deles torna a venda irretratável. Autuados em processo apartados do principal em com instrução própria.

Segunda corrente doutrinária, adotando praxe forense, em relação às ações do devedor e cabíveis no prazo que se segue após a garantia do juízo (art. 884 da CLT), condensa os embargos à execução, embargos à penhora e impugnação à conta, sob um mesmo título ou ação com uma só denominação: embargos à execução. Assim, sob este “nomen juris”, o devedor: a) ataca a execução como ação sustentando que não pode vingar, ante as hipóteses contempladas no § 1° do art. 884 da CLT a mais a nulidade da ação de execução, por aplicação supletiva do artigo 746 do CPC, como autoriza o artigo 769 da CLT; b) ataca o ato de constrição – penhora – por impenhorabilidade do bem constrito; excesso de penhora; vícios (nulidade) do ato constritivo; c) finalmente, em ordem de prejudicialidade, ataca a conta, pretendo a revisão (recálculo) da mesma.

Deste entendimento resulta o cabimento das seguintes ações:

A) Pelo devedor: AÇÃO DE EMBARGOS À EXECUÇÃO – com possibilidade de ataque à própria ação de execução; ao ato de constrição – penhora; e ao acertamento = conta.

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B) Pelo credor: AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO – com possibilidade de ataque ao ato de constrição, penhora, caso tenha, oportuna e tempestivamente, impugnado a nomeação do bem pelo devedor e o juiz mantido; ataque à conta com caráter revisional (recálculo). C) Pelo INSS (hoje receita federal) - § 3º do artigo 884 da CLT- AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO À CONTA, no que pertine ao crédito previdenciário. (provocar novo acertamento) caráter revisional da conta. D)EMBARGOS À ADJUDICAÇÃO E)EMBARGOS À ARREMATAÇÃO F)EMBARGOS DE TERCEIROS (ataca o ato de constrição em si), enquanto não assinados os autos de adjudicação ou arrematação, vez que a assinatura de um deles torna a venda irretratável. Autuados em processo apartados do principal em com instrução própria. As ações aforadas após a garantia da execução, no prazo do artigo 884 da CLT, têm ordem de prejudicialidade, que também deverá ser observada quando do seu julgamento. Assim, os embargos à execução, quando abordadas as questões do § 1° do artigo 884 e mais a nulidade da execução, por força supletiva do artigo 746 do CPC precede a qualquer outra abordagem, pois poderá gerar a extinção da ação de execução. Superado este impasse, acaso suscitado, segue-se para o ataque à penhora, uma vez que garantia do juízo e condição para a apreciação da última questão a ser resolvida, Isto é, a impugnação à conta. COMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO, QUANTO AOS ATOS DE CONSTRIÇÃO, QUANDO A MESMA OCORRER POR CARTA PRECATÓRIA: Dispõe o artigo 20 da Lei 6830/80 (LEF) que tem aplicação em primeira supletividade na execução trabalhista: Art. 20 - Na execução por carta, os embargos do executado serão oferecidos no Juízo deprecado, que os remeterá ao Juízo deprecante, para instrução e julgamento.

Parágrafo Único - Quando os embargos tiverem por objeto vícios ou irregularidades de atos do próprio Juízo deprecado, caber-lhe-á unicamente o julgamento dessa matéria.

Assim, a) compete ao juiz deprecante julgar os incidentes do ato de constrição (penhora) quando ele determina a prática do ato especificando qual o bem a ser penhorado e a penhora deste bem que é atacada; b) Compete ao juiz deprecado julgar os incidentes do ato de constrição quando se lhe deprecam todos os atos, sem qualquer especificação em relação ao bem a ser constrito (penhora de tantos bens quantos forem necessários à integral satisfação do crédito exeqüendo). Compete-lhe também julgar, em qualquer hipótese os vícios e irregularidades que forem praticadas pelo juízo deprecado como nulidade da

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citação, vício ou erro de avaliação do bem, nulidade da venda que acaso tenha praticado. c) em qualquer hipótese, uma vez garantida a execução pela penhora, compete ao juiz deprecante, condutor da execução, julgar as demais ações incidentais, como embargos à execução propriamente ditos e impugnação à conta. d) Quanto a competência para o julgamento dos embargos de terceiros, vem solucionada pela Súmula 419 do TST: Nº 419 COMPETÊNCIA. EXECUÇÃO POR CARTA. EMBARGOS DE TERCEIRO. JUÍZO DEPRECANTE (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 114 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005 Na execução por carta precatória, os embargos de terceiro serão oferecidos no juízo deprecante ou no juízo deprecado, mas a competência para julgá-los é do juízo deprecante, salvo se versarem, unicamente, sobre vícios ou irregularidades da penhora, avaliação ou alienação dos bens, praticados pelo juízo deprecado, em que a competência será deste último. (ex-OJ nº 114 da SBDI-2 - DJ 11.08.2003) Carta precatória: TST esclarece competência para julgar recurso Publicado em 13 de Setembro de 2007 às 12h01 No caso de ação trabalhista iniciada em um Estado e executada em outro, a quem compete julgar recurso das partes? Ao juiz de origem ou ao destinatário da carta precatória? Em outras palavras: ao juízo deprecante ou ao deprecado? Essa questão foi analisada pela Seção Especializada em Dissídios Individuais (SDI-2) do Tribunal Superior do Trabalho, em processo no qual uma empresa buscava anular leilão de imóvel em Minas Gerais, penhorado para garantir a execução de uma ação trabalhista na Bahia. Condenada pela 1ª Vara do Trabalho de Itabuna (BA), em ação movida por um ex-funcionário, a empresa Lojas Arapuã teve penhorado um imóvel de sua propriedade em Conselheiro Lafaiete (MG). Na fase de execução, o processo gerou carta precatória entre as Varas do Trabalho dos dois municípios, por pertencerem a jurisdições distintas. Como conseqüência, a juíza da Vara do Trabalho de Conselheiro Lafaiete, que recebera a carta precatória expedida pelo Juiz da Vara de Itabuna, determinou o leilão do imóvel – um galpão comercial, arrematado ao preço de R$ 550 mil. Ocorre que a empresa somente tomou conhecimento dessa decisão judicial, por meio de sua publicação no Diário Judiciário do Estado da Bahia, no mesmo dia da realização da praça (anúncio oficial para realização do leilão), razão pela qual requereu sua anulação. O pedido foi feito ao Juiz de Itabuna, que o encaminhou à Vara de Conselheiro Lafaiete, juntamente com a informação de que o ex-empregado havia requerido a adjudicação (ato pelo qual a propriedade do bem penhorado se transmite ao credor, mediante alienação). Em resposta, a Juíza de Conselheiro Lafaiete informou que o imóvel havia sido arrematado e que o comprador fizera o registro em cartório, mas, apesar de ter expedido mandado de imissão na posse, iria mandar sustar seu cumprimento até a manifestação do Juiz de Itabuna. Neste ínterim, o ex-empregado apresentou, em Itabuna, petição de desistência da adjudicação, cuja cópia foi encaminhada à Juíza de Conselheiro Lafaiete. Esta, mesmo assim, ordenou o cumprimento do mandado de imissão na posse do imóvel, a despeito de não haver manifestação do Juiz de Itabuna a respeito do pedido de anulação da praça. Ao reiterar sua solicitação, a empresa obteve despacho do juiz de Itabuna, que, apesar de reconhecer a existência de vício processual, entendeu que a competência para julgar a anulação do leilão não poderia ser dele, e sim da juíza de Conselheiro Lafaiete. Esta, por sua vez, acabou concordando em suspender o registro de posse, mas também declinou da competência para decretar a nulidade do leilão. Diante dessa situação, a empresa apelou ao TST, buscando a resolução do conflito de competência e a suspensão do processo até a decisão final. O relator da matéria, Ministro Ives Gandra Martins Filho, primeiramente concedeu liminar suspendendo o trâmite da carta precatória de execução e, conseqüentemente, sustando a ordem de registro de posse do imóvel por parte do comprador. Posteriormente, ao relatar a matéria na SDI-2, Ives Gandra ratificou a liminar e declarou que o julgamento sobre a nulidade do leilão compete à Vara do Trabalho de Conselheiro Lafaiete, nos termos do artigo 747 do Código de Processo Civil e da Súmula 419 do TST, por analogia, que estabelece: “Na execução por carta precatória, os embargos de terceiro serão oferecidos ao juízo deprecado, mas a competência para julgá-los é do juízo deprecante, salvo se versarem, unicamente, sobre vícios ou irregularidades da penhora, avaliação ou alienação dos bens, praticados pelo juízo deprecado, em que a competência será deste último”. Com o voto, aprovado por unanimidade pela SDI-2, o processo fica suspenso até o julgamento do mérito da questão pela Vara do Trabalho de Conselheiro Lafaiete. Processo: (CC) 179.958/2007-000-00-00.2 Fonte: Tribunal Superior do Trabalho

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18) REDIRIECIONAMENTO DA EXECUÇÃO – DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. Este tema será analisado no item 32. 19) ATOS DE ALIENAÇÃO - Da avaliação até a transmissão do domínio. a) Remição b) Adjudicação c) Arrematação - REMIÇÃO = ato de remir = resgate (em tese = de bens e da execução) Lei 5584/70

At. 13º dispõe: “Em qualquer hipótese, a remição só será deferível ao executado se este oferecer preço igual

ao valor da condenação” – A possibilidade de remição se esgota com a irretratabilidade da arrematação ou da adjudicação, após a assinatura do respectivo auto ( 694 e 715 § 1º CPC) – Pode remir o executado, cônjuge, dependentes e terceiros interessados.

- Forma= petição acompanhada da importância para cobrir a totalidade da execução. - Abrangência: No processo do trabalho o executado só pode remir a execução,

zerando-a . Não há, no processo do trabalho, a possibilidade de remir bens. - ADJUDICAÇÃO – (CLT 888 § 1º) – direito do credor ficar com a propriedade do bem. Por inexistir expressa restrição aplica-se tanto a bens imóveis como móveis. Após a realização da praça ou leilão e até a assinatura (antes dela) do auto de arrematação, vez que este torna irretratável a arrematação. Efeitos = se o valor for igual a execução, extingue-a; se for superior o adjudicante deverá repor a diferença ao executado e extingue o processo; se insuficiente o valor da adjudicação em relação à execução, reabre-se o ciclo executório com nova penhora de bens. Quanto ao título segue as mesmas diretrizes da arrematação. A CLT inibe a concorrência de adjudicação com terceiros interessados, assegurando-a somente ao credor exeqüente (artigo 888 § 1º da CLT). Art. 888 - Concluída a avaliação, dentro de 10 (dez) dias, contados da data da nomeação do avaliador, seguir-se-á a arrematação que será anunciada por edital afixado na sede do Juízo ou Tribunal e publicado no jornal local, se houver, com a antecedência de 20 (vinte) dias. (Redação dada pela Lei n.º 5.584, de 26-06-70, DOU 29-06-70) § 1º - A arrematação far-se-á em dia, hora e lugar anunciados e os bens serão vendidos pelo maior lance, tendo o exeqüente preferência para a adjudicação. (Redação dada pela Lei n.º 5.584, de 26-06-70, DOU 29-06-70) § 2º - O arrematante deverá garantir o lance com o sinal correspondente a 20% (vinte por cento) do seu valor. (Redação dada pela Lei n.º 5.584, de 26-06-70, DOU 29-06-70)

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§ 3º - Não havendo licitante, e não requerendo o exeqüente a adjudicação dos bens penhorados,poderão os mesmos ser vendidos por leiloeiro nomeado pelo juiz ou presidente. (Redação dada pela Lei n.º 5.584, de 26-06-70, DOU 29-06-70) § 4º - Se o arrematante, ou seu fiador, não pagar dentro de 24 (vinte e quatro) horas o preço da arrematação, perderá, em benefício da execução, o sinal de que trata o § 2º deste artigo, voltando à praça os bens executados. (Redação dada pela Lei n.º 5.584, de 26-06-70, DOU 29-06-70).

Dispõe o artigo 24 da LEF – Lei 6830/80 aplicada em primeira supletividade na execução trabalhista: Art. 24 - A Fazenda Pública poderá adjudicar os bens penhorados:

I - antes do leilão, pelo preço da avaliação, se a execução não for embargada ou se rejeitados os embargos;

II - findo o leilão:

a) se não houver licitante, pelo preço da avaliação;

b) havendo licitantes, com preferência, em igualdade de condições com a melhor oferta, no prazo de 30 (trinta) dias.

Parágrafo Único - Se o preço da avaliação ou o valor da melhor oferta for superior ao dos créditos da Fazenda Pública, a adjudicação somente será deferida pelo Juiz se a diferença for depositada, pela exeqüente, à ordem do Juízo, no prazo de 30 (trinta) dias.

O Código de Processo Civil em sede de Adjudicação, contempla:

Art. 685-A. É lícito ao exeqüente, oferecendo preço não inferior ao da avaliação,

requerer lhe sejam adjudicados os bens penhorados. (Acrescentado pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-

12-06)

§ 1o Se o valor do crédito for inferior ao dos bens, o adjudicante depositará de imediato

a diferença, ficando esta à disposição do executado; se superior, a execução prosseguirá pelo saldo remanescente.

(Acrescentado pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06)

§ 2o Idêntico direito pode ser exercido pelo credor com garantia real, pelos credores

concorrentes que hajam penhorado o mesmo bem, pelo cônjuge, pelos descendentes ou ascendentes do executado.

(Acrescentado pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06)

§ 3o Havendo mais de um pretendente, proceder-se-á entre eles à licitação; em

igualdade de oferta, terá preferência o cônjuge, descendente ou ascendente, nessa ordem. (Acrescentado pela Lei n.º

11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06)

§ 4o No caso de penhora de quota, procedida por exeqüente alheio à sociedade, esta

será intimada, assegurando preferência aos sócios. (Acrescentado pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06)

§ 5o Decididas eventuais questões, o juiz mandará lavrar o auto de adjudicação.

(Acrescentado pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06)

Art. 685-B. A adjudicação considera-se perfeita e acabada com a lavratura e

assinatura do auto pelo juiz, pelo adjudicante, pelo escrivão e, se for presente, pelo executado, expedindo-se a

respectiva carta, se bem imóvel, ou mandado de entrega ao adjudicante, se bem móvel. (Acrescentado pela Lei

n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06)

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Parágrafo único. A carta de adjudicação conterá a descrição do imóvel, com remissão a

sua matrícula e registros, a cópia do auto de adjudicação e a prova de quitação do imposto de transmissão.

(Acrescentado pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06)

Art. 686. Não requerida a adjudicação e não realizada a alienação particular do

bem penhorado, será expedido o edital de hasta pública, que conterá: (Redação dada pela Lei n.º 11.382, de 06-12-

06, DOU de 07-12-06)

O atual CPC contempla a hipótese da possibilidade do credor

arrematar:

Art. 690. A arrematação far-se-á mediante o pagamento imediato do preço pelo

arrematante ou, no prazo de até 15 (quinze) dias, mediante caução. (Redação dada pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06,

DOU de 07-12-06)

§ 1o Tratando-se de bem imóvel, quem estiver interessado em adquiri-lo em prestações

poderá apresentar por escrito sua proposta, nunca inferior à avaliação, com oferta de pelo menos 30% (trinta por cento) à

vista, sendo o restante garantido por hipoteca sobre o próprio imóvel. (Redação dada pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06,

DOU de 07-12-06)

Art. 690-A. É admitido a lançar todo aquele que estiver na livre administração de seus

bens, com exceção: (Acrescentado pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06)

I - dos tutores, curadores, testamenteiros, administradores, síndicos ou liquidantes,

quanto aos bens confiados a sua guarda e responsabilidade; (Acrescentado pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de

07-12-06)

II - dos mandatários, quanto aos bens de cuja administração ou alienação estejam

encarregados; (Acrescentado pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06)

III - do juiz, membro do Ministério Público e da Defensoria Pública, escrivão e demais

servidores e auxiliares da Justiça. (Acrescentado pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06)

Parágrafo único. O exeqüente, se vier a arrematar os bens, não estará obrigado a

exibir o preço; mas, se o valor dos bens exceder o seu crédito, depositará, dentro de 3 (três) dias, a diferença,

sob pena de ser tornada sem efeito a arrematação e, neste caso, os bens serão levados a nova praça ou leilão à

custa do exeqüente. (Acrescentado pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06)

Art. 698. Não se efetuará a adjudicação ou alienação de bem do executado sem que da

execução seja cientificado, por qualquer modo idôneo e com pelo menos 10 (dez) dias de antecedência, o senhorio

direto, o credor com garantia real ou com penhora anteriormente averbada, que não seja de qualquer modo parte na

execução. (Redação dada pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06)

- ARREMATAÇÃO – venda do bem em praça ou leilão com a expedição da correspondente carta – título de transferência do domínio. Dispõe os artigos 22 e 23 da LEF – Lei 6830/80 aplicada em primeira supletividade na execução trabalhista:

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Art. 22 - A arrematação será precedida de edital, afixado no local de costume, na sede do Juízo, e publicado em resumo, uma só vez, gratuitamente, como expediente judiciário, no órgão oficial.

§ 1º - O prazo entre as datas de publicação do edital e do leilão não poderá ser superior a 30 (trinta), nem inferior a 10 (dez) dias.

§ 2º - O representante judicial da Fazenda Pública, será intimado, pessoalmente, da realização do leilão, com a antecedência prevista no parágrafo anterior.

Art. 23 - A alienação de quaisquer bens penhorados será feita em leilão público, no lugar designado pelo Juiz.

§ 1º - A Fazenda Pública e o executado poderão requerer que os bens sejam leiloados englobadamente ou em lotes que indicarem.

§ 2º - Cabe ao arrematante o pagamento da comissão do leiloeiro e demais despesas indicadas no edital.

O Código de Processo Civil contempla em sede de arrematação:

Da Alienação em Hasta Pública (Redação dada pela Lei n.º 11.382, de

06-12-06, DOU de 07-12-06)

Art. 686. Não requerida a adjudicação e não realizada a alienação particular do

bem penhorado, será expedido o edital de hasta pública, que conterá:

(...)

DISPÕE A CONSOLIDAÇÃO DOS PROVIMENTOS DA CORREGEDORIA DA IV REGIÃO:

Art. 114. Os editais de praça e leilão, nos moldes do art. 888 da CLT, serão publicados no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho. Parágrafo único. Se a publicação ocorrer em jornal convencional, será feita por ofício, contendo solicitação para posterior pagamento das despesas, a serem proporcionalmente divididas em caso de pluralidade de processos. Art. 115. Satisfeita a execução ou pagas as despesas de publicação do edital pelo arrematante, será expedido alvará em duas vias, uma para remessa ao editor, por ofício, outra para juntada aos autos. § 1º Do ofício constará se o valor liberado satisfaz total ou parcialmente as despesas do edital, bem como a data da publicação e o número da fatura correspondente, se houver. § 2º A parte interessada poderá quitar as despesas com publicação de editais diretamente ao editor, hipótese em que comprovará o pagamento nos autos para sua inclusão na conta final. Art. 116. No caso de leilão, o leiloeiro comunicará ao juízo a data designada, informará a previsão de despesas com remoção, conservação e depósito dos bens, assim como aquelas referentes à publicação de avisos e editais, e fornecerá uma cópia destes para publicação na sede do juízo. § 1º A comprovação das despesas será feita ao juízo no momento da remessa do auto de arrematação ou da ata de leilão. § 2º Se a publicação de avisos e editais envolver vários processos, as despesas serão divididas proporcionalmente. § 3º Realizadas as diligências preparatórias para o leilão, mas não se realizando este, ou sendo negativo seu resultado, a comissão do leiloeiro será arbitrada pelo Juiz da causa, levando em consideração os atos efetivamente praticados.

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Art. 117. Transcorrido o prazo para embargos, a carta de arrematação será expedida para o caso de bens imóveis, bem como quando indispensável à transferência de propriedade de bens móveis. Parágrafo único. A carta conterá os requisitos do art. 703 do CPC e comando expresso de cancelamento da penhora que originou a execução. Art. 118. Havendo depósito integral do valor da execução, passível de liberação, caberá à Vara do Trabalho proceder ao recolhimento das contribuições previdenciárias e do imposto de renda eventualmente devido, se não houver nos autos comprovação do recolhimento pelo devedor. Parágrafo único. Quando da liberação de valores incontroversos, a secretaria intimará o executado para que comprove os recolhimentos.

- POSSIBILIDADE DE ARREMATAÇÃO PELO PRÓPRIO CREDOR (vez que tem a possibilidade de adjudicar). Como já visto o CPC contempla a possibilidade do credor arrematar:

Art. 690-A. É admitido a lançar todo aquele que estiver na livre administração de seus

bens, com exceção: (Acrescentado pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06)

I - dos tutores, curadores, testamenteiros, administradores, síndicos ou liquidantes,

quanto aos bens confiados a sua guarda e responsabilidade; (Acrescentado pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de

07-12-06)

II - dos mandatários, quanto aos bens de cuja administração ou alienação estejam

encarregados; (Acrescentado pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06)

III - do juiz, membro do Ministério Público e da Defensoria Pública, escrivão e demais

servidores e auxiliares da Justiça. (Acrescentado pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06)

Parágrafo único. O exeqüente, se vier a arrematar os bens, não estará obrigado a

exibir o preço; mas, se o valor dos bens exceder o seu crédito, depositará, dentro de 3 (três) dias, a diferença,

sob pena de ser tornada sem efeito a arrematação e, neste caso, os bens serão levados a nova praça ou leilão à

custa do exeqüente. (Acrescentado pela Lei n.º 11.382, de 06-12-06, DOU de 07-12-06)

A jurisprudência trabalhista, como regra, não tem admitido que o credor arremate o bem quando for o mesmo o único licitante, vez que tem ele a adjudicação a ser feita por valor não inferior ao da avaliação.

Arrematação pelo próprio credor por valor inferior ao de avaliação é nula

Publicado em 16 de Outubro de 2006 às 15h41

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A arrematação pelo próprio credor trabalhistas, nas situações em que ele é o único licitante do bem levado à praça pública, não pode se dar por valor inferior ao da avaliação, monetariamente corrigido. A decisão é da 4ª Turma de Juízes do TRT/MG, que declarou nula a arrematação de bem pelo reclamante por lance inferior a 50% do valor da avaliação feita pelo oficial de justiça.

O relator do agravo de petição, juiz Antônio Álvares da Silva, chama a atenção para a diferença entre adjudicação e arrematação. No primeiro caso, o credor opta por satisfazer o seu crédito encampando o bem penhorado do devedor. Já a arrematação envolve um terceiro, que adquire o bem através de lance ofertado em praça ou leilão. “A hipótese do maior lanço descrita no art. 888, § 1º da CLT só se aplica para o arrematante, que é terceiro na relação jurídico-processual, mas não ao reclamante, que tem preferência na adjudicação’ – explica.

Assim, o lance oferecido pelo reclamante, sendo este o único licitante, deve corresponder ao valor de avaliação, pois, caso contrário, será considerado vil e gravoso ao patrimônio da executada. A arrematação pelo credor por preço inferior ao da avaliação, segundo o relator, só é cabível quando houver outros licitantes no leilão, igualando-se o lance do credor à maior oferta. (AP nº 90062-2006-092-03-00-0)

Fonte: Tribunal Regional do Trabalho da 3º Região

Contudo, há que se ter em mente o caso concreto e a finalidade da execução. Não pode o devedor insolvente ou resistente à execução ser beneficiado, impedindo ou procrastinado a satisfação do crédito exeqüendo de indubitável natureza alimentar. Analise-se a decisão a seguir colacionada: Validada arrematação, pela autora do processo, de bens levados a leilão

A 2ª Câmara do TRT da 15ª deu provimento a agravo de petição, considerando válida a arrematação, pela própria autora do processo, de bens levados à praça em ação movida contra um sindicato patronal de Ribeirão Preto. A votação foi unânime e reformou decisão da 3ª Vara do Trabalho (VT) daquela cidade. A trabalhadora compareceu pessoalmente à sede da VT, por ocasião do leilão, e ofereceu lance correspondente a 60% do valor da avaliação dos bens, com pagamento mediante a utilização de seus créditos. Mas o juízo de primeira instância rejeitou o pedido de arrematação, autorizando tão-somente a adjudicação dos bens penhorados, pelo valor integral da avaliação, que era, inclusive, superior ao total do crédito da autora. Dessa forma, ela teria que depositar a diferença entre uma quantia e outra para ter direito à adjudicação. A autora ingressou, então, com o agravo de petição, recurso que cabe na fase de execução do processo. Em seu voto, a relatora do acórdão no TRT, juíza convocada Eliane de Carvalho Costa Ribeiro, propôs que deve ser considerada viável a arrematação pelo exeqüente, ainda que por valor inferior ao da avaliação, desde que este valor não se enquadre no chamado “preço vil”, hipótese não configurada, no entendimento da relatora, no caso em discussão. A magistrada levou em conta que, além de o lance representar um percentual considerável do total da avaliação, os bens penhorados - freezer, fornos, batedeira etc. – são do tipo que sofrem acentuado desgaste natural e progressiva desvalorização. A juíza Eliane assinalou também que a praça realizada já se tratava da segunda tentativa de leilão dos bens, e o processo vem se arrastando por mais de oito anos, “sem que a exeqüente tenha recebido qualquer pagamento”. Do ponto de vista legal, não há qualquer irregularidade no fato de a exeqüente figurar na condição de arrematante, acrescentou a relatora, esclarecendo que, no caso, a trabalhadora não faz parte do elenco de pessoas impedidas de ofertar lance, conforme estabelece o artigo 690-A do Código de Processo Civil (CPC), aplicado subsidiariamente no processo trabalhista. (Processo 0936-1999-066-15-00-4 AP) Fonte: TRT 15

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Embargos à arrematação só podem ser opostos pelo devedor Publicado em 20 de Dezembro de 2006 às 10h44 Em regra, os embargos à arrematação podem ser opostos pelo devedor (executado), a teor do previsto expressamente no artigo 746 do CPC, não podendo o exeqüente (credor) apresentá-lo, por falta de previsão legal. Sob esse fundamento, a 5ª Turma de juízes do TRT/MG acompanhou o voto do relator José Murilo de Morais e manteve decisão de primeira instância que deixou de receber embargos à arrematação opostos pela reclamante contra decisão que considerou vil o lance com que ela arrematou os bens da executada levados a leilão, tornando a praça sem efeito. A autora insistia na homologação da praça e expedição do respectivo auto, argumentando que a oposição de tais embargos é direito de qualquer das partes. Mas como a arrematação também não havia se aperfeiçoado, nos termos do caput, do artigo 694 do CPC, os juízes concluíram que o recurso cabível contra a decisão embargada seria o agravo de petição, na forma do artigo 897, alínea “a”, da CLT. (AP nº 01404-1998-025-03-00-3) Fonte: Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região

6. ACÓRDÃO do Processo 00123-2005-404-04-00-0 (AP) Data de Publicação: 29/04/2008 Fonte: Diário Oficial do Estado do RGS - Justiça Juiz Relator: RICARDO TAVARES GEHLING EMENTA: AGRAVO DE PETIÇÃO. EMBARGOS À ARREMATAÇÃO. PRAZO. No processo do trabalho, o prazo para oposição de embargos à arrematação é de cinco dias contados da intimação da homologação do leilão. Inteligência do artigo 884 da CLT. (...) - ALIENÇÃO ANTECIPADA E ALIENAÇÃO POR INICIATIVA PARTICULAR. A LEF (Lei 6830/80) aplicada em primeira supletividade na execução trabalhista contempla: Art. 21 - Na hipótese de alienação antecipada dos bens penhorados, o produto será depositado em garantia da execução, nos termos previstos no artigo 9º, inciso I.

Art. 9º - Em garantia da execução, pelo valor da dívida, juros e multa de mora e encargos indicados na Certidão de Dívida Ativa, o executado poderá:

I - efetuar depósito em dinheiro, à ordem do Juízo em estabelecimento oficial de crédito, que assegure atualização monetária;

II - oferecer fiança bancária;

III - nomear bens à penhora, observada a ordem do artigo 11; ou

IV - indicar à penhora bens oferecidos por terceiros e aceitos pela Fazenda Pública.

§ 1º - O executado só poderá indicar e o terceiro oferecer bem imóvel à penhora com o consentimento expresso do respectivo cônjuge.

§ 2º - Juntar-se-á aos autos a prova do depósito, da fiança bancária ou da penhora dos bens do executado ou de terceiros.

§ 3º - A garantia da execução, por meio de depósito em dinheiro ou fiança bancária, produz os mesmos efeitos da penhora.

§ 4º - Somente o depósito em dinheiro, na forma do artigo 32, faz cessar a responsabilidade pela atualização monetária e juros de mora.

§ 5º - A fiança bancária prevista no inciso II obedecerá às condições pré-estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional.

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§ 6º - O executado poderá pagar parcela da dívida, que julgar incontroversa, e garantir a execução do saldo devedor.

Art. 10 - Não ocorrendo o pagamento, nem a garantia da execução de que trata o artigo 9º, a penhora poderá recair em qualquer bem do executado, exceto os que a lei declare absolutamente impenhoráveis.

Art. 11 - A penhora ou arresto de bens obedecerá à seguinte ordem:

I - dinheiro;

II - título da dívida pública, bem como título de crédito, que tenham cotação em bolsa;

III - pedras e metais preciosos;

IV - imóveis;

V - navios e aeronaves;

VI - veículos;

VII - móveis ou semoventes; e

VIII - direitos e ações.

§ 1º - Excepcionalmente, a penhora poderá recair sobre estabelecimento comercial, industrial ou agrícola, bem como em plantações ou edifícios em construção.

§ 2º - A penhora efetuada em dinheiro será convertida no depósito de que trata o inciso I do artigo 9º.

§ 3º - O Juiz ordenará a remoção do bem penhorado para depósito judicial, particular ou da Fazenda Pública exeqüente, sempre que esta o requerer, em qualquer fase do processo.

Como a CLT tampouco a LEF contemplam a venda por iniciativa particular, existe margem de aplicação do CPC ante a inexistência de incompatibilidade com o processo de execução trabalhista.

O CPC com as recentes alterações introduzidas pela Lei 11382 de 06.12.2006 prescreve no art. 685-C, tendo sido revogado o 700 do anterior que tratava da venda direta: Para simples confronto, veja-se que o texto do art. 700 – revogado – tinha a seguinte redação: Art. 700 – Poderá o juiz. Ouvidas as partes e sem prejuízo da expedição dos editais, atribuir a corretor de imóveis inscrito na entidade oficial da classe a intermediação na alienação do imóvel penhorado. Quem estiver interessado em arrematar o imóvel sem o pagamento imediato da totalidade do preço, poderá, até cinco (5) dias antes da realização da praça, fazer por escrito o seu lanço, não inferior ao da avaliação, propondo pelo menos quarenta (40%) à vista e o restante a prazo, garantido por hipoteca sobre o próprio imóvel. § 1º A proposta indicará o prazo, a modalidade e as condições de pagamento do saldo. § 2º Se as partes concordarem como a proposta, o juiz a homologará, mandando suspender a praza, e correndo a comissão do mediador, que não poderá exceder de cinco por cento (5%) sobre o valor da alienação, por conta do proponente.

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§ 3º Depositada, no prazo que o juiz fixar, a parcela inicial, será expedida a carta de arrematação (art. 703), contendo os termos da proposta e a decisão do juiz, servindo a carta de título para o registro hipotecário. Não depositada a parcela inicial, o juiz imporá ao proponente, em favor do exeqüente, multa igual ao vinte por cento (20%) sobre a proposta, valendo a decisão como título executivo. NOVA REDAÇÃO 685-C – Não realizada a adjudicação dos bens penhorados, o exeqüente poderá requerer sejam eles alienados por sua própria iniciativa ou por intermédio de corretor credenciado perante a autoridade judiciária. § 1º O juiz fixará o prazo em que a alienação deverá ser efetivada, a forma de publicidade, o preço mínimo (art. 680), as condições de pagamento e as garantias, bem como, se for o caso, a comissão de corretagem. § 2º A alienação será formalizada por termo nos autos, assinado pelo juiz, pelo exeqüente e, se presente, pelo executado, expedindo-se a carta de alienação do imóvel para o devido registro imobiliário, ou, se bem móvel, mandado de entrega ao adquirente. § 3º Os Tribunais poderão expedir provimentos detalhando o procedimento da alienação prevista neste artigo, inclusive com o concurso de meios eletrônicos, e dispondo sobre o credenciamento dos corretores, os quais deverão estar em exercício profissional não menos de 5 (cinco) anos. Atendendo ao princípio de que se processa a execução pela forma menos gravosa, tem-se admitido a chamada venda direta que vinha contemplada no art. 700 do CPC e, hoje, no artigo 685-C, plenamente compatível com o processo do trabalho. Na prática nota-se que já se admita a proposta direta, não intermediada por corretor de imóveis e, até mesmo quando apresentado o proponente pelo próprio credor. - EMBARGOS À ADJUDICAÇÃO E ARREMATAÇÃO De acordo com o 746 do CPC cabem quando fundados em nulidade da execução, pagamento, novação, transação ou prescrição, desde que supervenientes à penhora, vale dizer posterior ao julgamento da penhora. Prazo = entre a arrematação e a assinatura do auto pelo Juiz. É legitimado apenas o executado. No entanto, a decisão abaixo colacionada posicionou-se que o prazo para embargos à arrematação é de 5 dias contados da intimação da homologação do leilão. Correta a decisão, na medida em que houve licitação e garantia do arrematante, carece o leilão de ser homologado com a intimação das partes. Com isto, não há uma indefinição de prazo e tampouco de marco inicial de contagem. 6. ACÓRDÃO do Processo 00123-2005-404-04-00-0 (AP) Data de Publicação: 29/04/2008 Fonte: Diário Oficial do Estado do RGS - Justiça Juiz Relator: RICARDO TAVARES GEHLING EMENTA: AGRAVO DE PETIÇÃO. EMBARGOS À ARREMATAÇÃO. PRAZO. No processo do trabalho, o prazo para oposição de embargos à arrematação é de cinco dias contados da intimação da homologação do leilão. Inteligência do artigo 884 da CLT. (...)

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-EMBARGOS DE TERCEIROS Trata-se de ação cível aplicada supletivamente na execução trabalhista. Tem previsão nos artigos 1046 até 1054 do CPC.

Art. 1.046. Quem, não sendo parte no processo, sofrer turbação ou esbulho na posse de seus bens por ato de apreensão judicial, em casos como o de penhora, depósito, arresto, seqüestro, alienação judicial, arrecadação, arrolamento, inventário, partilha, poderá requerer Ihe sejam manutenidos ou restituídos por meio de embargos.

§ 1o Os embargos podem ser de terceiro senhor e possuidor, ou apenas possuidor.

§ 2o Equipara-se a terceiro a parte que, posto figure no processo, defende bens que, pelo título de sua aquisição ou pela qualidade em que os possuir, não podem ser atingidos pela apreensão judicial.

§ 3o Considera-se também terceiro o cônjuge quando defende a posse de bens dotais, próprios, reservados ou de sua meação.

Art. 1.047. Admitem-se ainda embargos de terceiro:

I - para a defesa da posse, quando, nas ações de divisão ou de demarcação, for o imóvel sujeito a atos materiais, preparatórios ou definitivos, da partilha ou da fixação de rumos;

II - para o credor com garantia real obstar alienação judicial do objeto da hipoteca, penhor ou anticrese.

Art. 1.048. Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no processo de conhecimento enquanto não transitada em julgado a sentença, e, no processo de execução, até 5 (cinco) dias depois da arrematação, adjudicação ou remição, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta.

Art. 1.049. Os embargos serão distribuídos por dependência e correrão em autos distintos perante o mesmo juiz que ordenou a apreensão.

Art. 1.050. O embargante, em petição elaborada com observância do disposto no art. 282, fará a prova sumária de sua posse e a qualidade de terceiro, oferecendo documentos e rol de testemunhas.

§ 1o É facultada a prova da posse em audiência preliminar designada pelo juiz.

§ 2o O possuidor direto pode alegar, com a sua posse, domínio alheio.

Art. 1.051. Julgando suficientemente provada a posse, o juiz deferirá liminarmente os embargos e ordenará a expedição de mandado de manutenção ou de restituição em favor do embargante, que só receberá os bens depois de prestar caução de os devolver com seus rendimentos, caso sejam afinal declarados improcedentes.

Art. 1.052. Quando os embargos versarem sobre todos os bens, determinará o juiz a suspensão do curso do processo principal; versando sobre alguns deles, prosseguirá o processo principal somente quanto aos bens não embargados.

Art. 1.053. Os embargos poderão ser contestados no prazo de 10 (dez) dias, findo o qual proceder-se-á de acordo com o disposto no art. 803.

Art. 1.054. Contra os embargos do credor com garantia real, somente poderá o embargado alegar que:

I - o devedor comum é insolvente;

II - o título é nulo ou não obriga a terceiro;

III - outra é a coisa dada em garantia.

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Art. 803. Não sendo contestado o pedido, presumir-se-ão aceitos pelo requerido, como verdadeiros, os fatos alegados pelo requerente (arts. 285 e 319); caso em que o juiz decidirá dentro em 5 (cinco) dias. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Parágrafo único. Se o requerido contestar no prazo legal, o juiz designará audiência de instrução e julgamento, havendo prova a ser nela produzida. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Prazo para embargos de terceiro conta-se da arrematação ou adjudicação Publicado em 9 de Outubro de 2006 às 15h16 A 7ª Turma do TRT deu provimento a agravo de petição e determinou o retorno do processo à Vara Trabalhista de origem para o julgamento dos embargos de terceiro (interposto por pessoa que teve um bem penhorado em ação da qual não era parte), que haviam sido rejeitados pelo juiz de primeiro grau por protocolizados fora do prazo legal. Acompanhando o voto da relatora Maria Perpétua Capanema Ferreira de Melo, a Turma entendeu, no entanto, que, se não houve ainda arrematação ou adjudicação do bem penhorado, não se pode falar em intempestividade dos embargos de terceiro, já que esses são os marcos iniciais da contagem do prazo para a oposição dos embargos. Segundo esclarece a juíza relatora, "a lei processual civil permite ao terceiro opor embargos no processo de execução, havendo que ser observado o prazo de até 05 dias da arrematação ou adjudicação do bem objeto da penhora, e sempre antes da assinatura da respectiva carta de sentença para oposição de tal medida". Considerados, portanto, protocolizados dentro do prazo legal, os embargos foram devolvidos ao juízo de primeiro grau para julgamento do mérito. ( n.º 00640-2006-029-03-00-9 ) Fonte: Tribunal Regional do Trabalho da 3º Região Boa-fé: comprador consegue liberar imóvel na Justiça do Trabalho Publicado em 26 de Setembro de 2006 às 12h23 Mesmo que o registro de compra e venda do imóvel tenha ocorrido após o ajuizamento da ação trabalhista, não se pode ignorar que a aquisição e posse ocorreram antes que a ação tivesse sido ajuizada. Portanto, deve ser cancelada a penhora sobre o imóvel de terceira pessoa, pois adquirido de boa-fé. Por unanimidade, essa é a decisão da 5ª Câmara do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região - Campinas/SP. A trabalhadora entrou com reclamação perante a 2ª Vara do Trabalho de Marília contra a empresa Norteplano Prestadora de Serviços S/C Ltda. Já em fase de execução, e não tendo a empresa como quitar as obrigações trabalhistas impostas na sentença, a ex-funcionária pediu que fosse penhorado um imóvel localizado em Foz do Iguaçu, cujo suposto proprietário seria o sócio da empresa. Deferida a penhora pela vara trabalhista, a real proprietária do imóvel, ou seja, uma terceira pessoa que não era parte no processo, ajuizou embargos de terceiro requerendo que a penhora fosse cancelada. Segundo a requerente, ela era a real proprietária do imóvel e que não poderia responder pela dívida de outro. Julgados improcedentes os embargos de terceiro, a requerente interpôs recurso de agravo de petição ao TRT. Segundo o relator do recurso, Juiz Lorival Ferreira dos Santos, a recorrente tem toda razão por estar indignada. O magistrado constatou que o imóvel penhorado foi adquirido da empresa executada em junho de 1996 e que a recorrente passou a residir no local com sua família, além de ter assumido as prestações do financiamento do imóvel a partir de então. Embora o registro do contrato de compra e venda tenha ocorrido somente em 2001, ou seja, após o ajuizamento da ação trabalhista, em 2000, esse fato não é suficiente para invalidar a transação. "A caracterização da fraude à execução deve ser avaliada segundo o princípio da boa-fé", disse Lorival, para quem não basta somente a existência da ação contra o vendedor capaz de levá-lo à insolvência. Seria indispensável também o conhecimento, pelo comprador, de ação contra o vendedor. Baseado em jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, o relator fundamentou que a boa-fé da recorrente que comprou o imóvel é inquestionável. "Ainda que a compradora tivesse tomado todas as cautelas necessárias para garantir a idoneidade do negócio jurídico, isso seria insuficiente para saber algo a respeito da ação trabalhista que originou a penhora", disse Lorival, pois a compra ocorreu em Foz de Iguaçu, enquanto que a reclamação foi ajuizada em Marília. "Não há como reconhecer a invalidade do contrato de compra e venda, devendo ser anulada a penhora sobre o imóvel, pertencente a terceiro que não faz parte da ação trabalhista", concluiu Lorival. (Processo 01095-2005-101-15-00-4 AP) Fonte: Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região "Contrato de gaveta" gera liberação de penhora judicial sobre imóvel para garantir quitação de ação trabalhista

A venda de imóvel por meio de contrato não levado a registro no cartório de imóveis, também conhecido como “contrato de gaveta”, embora não transfira a propriedade para os fins da lei civil (artigo 1245 do Código Civil), gera efeitos entre as partes e demonstra a realização do negócio jurídico de compra e venda efetivamente havido entre elas. Inexistência de fraude a execução quando o imóvel é vendido mais de três

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anos antes do ajuizamento da ação principal, ainda que o registro em cartório ocorra no curso da ação. Assim acordaram os Desembargadores da 8ª Turma, no mérito, por unanimidade, dar provimento a agravo de petição, interposto de decisão da 4ª Vara do Trabalho de Pelotas, para determinar a liberação da penhora judicial sobre o imóvel. Conforme a relatora Maria Cristina Schaan Ferreira, o objeto da ação é a desconstituição da penhora sobre o imóvel. O Juízo de origem julgou improcedente a pretensão da agravante, ao fundamento de que a alienação do imóvel se deu em fraude à execução. O bem foi objeto de promessa de compra e venda em 28 de janeiro de 1999, pago no ato da assinatura. A reclamatória trabalhista culminou com a penhora do imóvel da presente ação em 17 de outubro de 2006. É absolutamente certo que o imóvel foi vendido e integralmente pago em 28 de janeiro de 1999, mais de três anos antes, portanto, do ajuizamento da ação principal, em 24 de julho de 2002. Dessa decisão, cabe recurso. (Processo 01091-2007-104-04-00-7) Fonte: TRT 4

19) LANÇO VIL = Configura-se lanço vil a arrematação por baixo preço- At. 692 do CPC – “não será aceito lanço que, em segunda praça ou leilão, ofereça preço vil, que não baste para a satisfação de parte razoável do crédito”. Sua caracterização fica ao prudente arbítrio do Juiz (a cada caso = comparar o valor da avaliação; o estado de conservação e o valor médio de mercado do bem licitado, no momento da praça, com o valor do lanço para concluir com segurança sobre a proporcionalidade entre o preço ofertado e a análise desses três fatores). Contudo, a aplicação do CPC tem causado polêmica ou flexibilizada nos Tribunais do Trabalho, máxime tendo em conta a natureza alimentar dos créditos em execução. Percentual mínimo de arrematação deve observar aspectos práticos

“Estando a arrematação em consonância com o disposto no artigo 888, §1º da CLT, e não sendo provável que a repetição do leilão venha a ocasionar um incremento considerável no valor arrecadado, constituindo, apenas, um meio de onerar e procrastinar a execução”, deve ser homologado o resultado da praça. Assim, a 8ª Turma do TRT-RS negou provimento a agravo de petição interposto contra decisão da 2ª Vara do Trabalho de Novo Hamburgo. Uma indústria calçadista teve penhorado um lote de calçados, avaliado em R$ 180,00 e arrematado por R$ 20,00. Sentindo-se prejudicada, interpôs o agravo, solicitando a não homologação do leilão e a realização de nova avaliação e venda pública. O Desembargador Denis Marcelo de Lima Molarinho, Relator do recurso, apontou não haver imposição legal de preço mínimo dos bens oferecidos, apenas uma orientação doutrinária para que a venda homologada seja superior a 20% do valor avaliado, desde que observados os aspectos práticos. Nesse sentido, o magistrado crê que a repetição “provavelmente não resultaria eficaz, uma vez que o objeto do novo leilão seriam os mesmos pares de calçados”, e uma reavaliação “em nada melhoraria a oferta". Da decisão cabe recurso. Processo 00651-2007-302-04-00-0 AP Fonte: TRT 4 Figura do lance vil não é aplicável no Processo do Trabalho Publicado em 3 de Agosto de 2006 às 15h07 O TRT/MG, por sua 3ª Turma, negou provimento ao recurso da empresa executada e considerou válida a arrematação do bem penhorado por 30,94% do valor de avaliação, rejeitando a tese da recorrente de que o preço oferecido configura lance vil, o que é vetado pela lei (art. 692 do CPC). Pelo entendimento da Turma, acompanhando o voto do relator, Juiz Milton Vasques Thibau de Almeida, as regras do processo civil só são aplicáveis na Justiça do Trabalho quando a CLT não tem previsão específica sobre a matéria. No caso, a CLT contém normas expressas sobre a arrematação (art. 888) – determinando a afixação de edital e publicação em jornal local (que foram observadas) – afastando a aplicação subsidiária do CPC e da Lei de Execução Fiscal. Como a CLT não estabelece um patamar mínimo do que possa ser considerado lance vil, “é de entender-se que não existe a figura do lance vil na Justiça do Trabalho, sendo o artigo 692 do CPC incompatível com a disciplina justrabalhista, tendo-se em vista a natureza alimentar do crédito a ser saldado junto a esta Especializada” – conclui o relator. De todo modo, nem mesmo a legislação processual fixa critérios objetivos para a caracterização do lance vil, ficando a cargo do Juiz a avaliação do preço oferecido em contraponto com o valor do crédito a ser satisfeito. Assim, preço vil é aquele tão

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baixo que se mostre inútil à execução. Há ainda, lembra o relator, os parâmetros fixados pela jurisprudência, que tem admitido a arrematação por 20 ou 25% do valor de avaliação. Processo: 00430-2005-008-03-00-9 Fonte: Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região

21) CUSTAS NA EXECUÇÃO.

Com a lei 10.537 de 27.08.02, foi reintroduzido o sistema de cobrança de custas e emolumentos na execução – Artigos 789-A e 789-B, respectivamente. A lei de custas, com o objetivo de coibir a pratica de atos protelatórios, visando a celeridade processual, vem sendo criticada pela doutrina nos seguintes pontos: a) em qualquer hipótese as custas serão sempre de responsabilidade do executado, ferindo o princípio da sucumbência; neste absurdo que fere a lógica processual, a título de exemplo, encontra-se os embargos de terceiro, cujas custas pelo ajuizamento incumbe ao executado e não ao terceiro que se utilizou da ação, isto sem falar, quando em razão do remédio processual oposto pelo exeqüente for improcedente, mesmo assim o executado arcará com as custas e, também, quando o remédio processual oposto pelo executado for procedente (não sendo sucumbente) por igual, arcará ele com as custas; b) em inúmeras situações, máxime as recursais (recurso de revista; agravo de petição; agravo de instrumento) por serem pagas a final, não gera qualquer efeito intimidativo, pois não funcionam como preparo e, portanto, como requisito de admissibilidade do recurso. No que respeita as custas por ações incidentais, como embargos à execução, embargos de terceiros e de arrematação e mais a impugnação à sentença de liquidação, por também pagas a final, não inibem a utilização de tais remédios processuais, ainda que procrastinatórios. 22) Suspensão e Extinção da Execução. SUSPENDE-SE A EXECUÇÃO 1) não localização do devedor ou de bens penhoráveis; 2) convenção das partes; 3) enquanto pender julgamento das ações incidentais (impugnações e embargos)

credor, devedor e INSS; 4) enquanto pender julgamento dos embargos de terceiros; 5) por medida cautelar concedendo efeito suspensivo ao recurso (Agravo de Petição)

ou à própria execução (enquanto pender julgamento de ação rescisória). 6) Morte ou perda de capacidade processual de qualquer das partes; 7) Enquanto pendente argüição (apreciação e julgamento) de incompetência,

impedimento ou suspeição do juiz. Pode também ocorrer argüição de impedimento ou suspeição do contador ad hoc.

8) A execução das contribuições previdenciárias pode ser suspensa, durante o cumprimento de acordo firmado entre a parte e o INSS.

A execução poderá ser suspensa quando o devedor não possuir bens penhoráveis (artigo 40 da Lei 6830/80 prevê: “ O juiz suspenderá o curso da

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execução, enquanto não for localizado o devedor ou encontrados bens sobre os quais possa recair a penhora”. Decorrido o prazo de 01 ano , o processo é arquivado com dívida e, caso sejam encontrados o devedor ou os bens, os autos são desarquivados e prosseguirá a execução. A execução pode ser suspensa por convenção das partes, durante determinado prazo, para que o devedor cumpra voluntariamente a obrigação. Suspende-se, também a execução, no todo ou em parte, enquanto pender julgamento das impugnações e embargos do devedor, incluído os embargos à penhora. Suspende-se a execução, enquanto pende o julgamento dos embargos de terceiros. Como os recursos, no processo do trabalho, dentre estes o Agravo de Petição cabível contra as sentenças proferidas em ações incidentais cabíveis na execução ou decisão terminativa do feito, máxime quanto às primeiras, já que na extinção não remanesceria crédito a executar, tem sido comum o ajuizamento de ação cautelar perante o Tribunal postulando o sobrestamento (suspensão) da execução. Quando preenchidos os requisitos específicos da ação cautelar (periculum in mora e fumus boni juris – quando a não concessão do provimento cautelar poderá redundar em prejuízo irreparável à parte executada) tem sido aceita e acolhida. Nesta mesma hipótese, também pode ocorrer a suspensão da execução por requerimento ao Juiz da execução (não em medida cautelar),cabendo a este verificar se o prejuízo com a execução até final seria de todo irreparável, caso provido o Agravo de Petição. Trata-se de hipótese excepcional, que já ocorreu quando o sindicato em ação de substituição processual, pendendo o agravo de petição, requereu o prosseguimento da execução com a venda do prédio da empresa em hasta pública (leilão) e encontrando-se os contratos individuais de trabalho dos substituídos em plena vigência e execução. Entendeu o juiz por suspender a execução, pois a venda do prévio redundaria em mal maior não só para a empresa mas, principalmente, para os próprios substituídos, ante a impossibilidade de execução dos seus respectivos contratos de emprego ( bem maior de vida tutelado pelo direito material do trabalho). Houve Mandado de Segurança que não foi provido pelo Tribunal, entendendo que o juiz da execução se houve com cautela e prudência, agindo por eqüidade, em que pese a expressa previsão legal de que o recurso ( Agravo de Petição) não tenha efeito suspensivo. Também suspende-se a execução: a) pela morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes e b) quando for oposta exceção de incompetência do juízo ou de suspeição ou impedimento do juiz. Por fim, ainda em sede de suspensão da execução, a mesma ocorre tão somente no que respeita à execução das contribuições previdenciárias, quando houver parcelamento e até o seu integral cumprimento ( artigo. 889-A § 2º da CLT). 23) EXTINGUE-SE A EXECUÇÃO:

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Extingue-se a execução: a) de regra, quando o devedor satisfaz a obrigação; a) na hipótese do parágrafo 5º do artigo 884 da CLT – “Considera-se inexigível o título judicial

fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal ou em aplicação ou interpretação tidas por incompatíveis com a Constituição Federal”.

b) Na hipótese da OJ da SDI-I do TST n. 277 - AÇÃO DE CUMPRIMENTO FUNDADA EM DECISÃO NORMATIVA QUE SOFREU POSTERIOR REFORMA, QUANDO JÁ TRANSITADA EM JULGADO A SENTENÇA CONDENATÓRIA. COISA JULGADA. NÃO-CONFIGURAÇÃO. DJ 11.08.03 A coisa julgada produzida na ação de cumprimento é atípica, pois dependente de condição resolutiva, ou seja, da não-modificação da decisão normativa por eventual recurso. Assim, modificada a sentença normativa pelo TST, com a conseqüente extinção do processo, sem julgamento do mérito, deve-se extinguir a execução em andamento, uma vez que a norma sobre a qual se apoiava o título exeqüendo deixou de existir no mundo jurídico.

e) ou, ainda nas hipóteses não freqüentes: 1) devedor obtém, por transação ou por qualquer outro meio, a remissão (perdão) total da dívida, esta última ( remissão) de quase nenhuma incidência e, face da irrenunciabilidade de direitos. 2) Por igual, de difícil incidência é a hipótese de extinção por renúncia do crédito por parte do credor e, nesta hipótese é imprescindível a declaração por sentença, após ter o juízo se certificado da ausência de vícios de consentimento, levando o feito à audiência com interrogatório das partes e demais diligências que entender necessárias para o seu convencimento (artigo 765 da CLT). Mesma situação que exige cognição, quando a execução é suspensa por superveniência de transação (conciliação) quando esta ocorre por valor inferior ao crédito em execução, vez que importa em renúncia de direitos. 24) DA PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. É sabido que na execução, por força do artigo 889 da CLT: “ Aos trâmites e incidentes do processo de execução são aplicáveis, naquilo em que não contravierem ao presente Título, os preceitos que regem o processo dos excecutivos fiscais para a cobrança judicial da dívida da Fazenda Pública Federal. Com efeito, em sede de execução a primeira supletividade a ser aplicada é a Lei dos Executivos Fiscais – LEF – nº 6.830/80 e, por fim o CPC. Assim, nos trâmites da liquidação (atos de acertamento) a supletividade aplicável é o CPC, vez que a LEF não contempla atos de acertamento, pois a certidão da dívida ativa já nasce líquida. Em razão do acima exposto, tendo em conta o já mencionado artigo 40 da Lei 6.830/80 (suspensão da execução, quando não localizado o devedor ou não encontrado bens) e a orientação contida no Enunciado da Súmula 114 do TST, tem-se por inaplicável a prescrição intercorrente no processo do trabalho. Registre-se que a Súmula 327 do STF preconiza: “O direito trabalhista admite a prescrição intercorrente”.

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Contudo, atualmente, corrente doutrinária vem insistindo no tema e preconizando a aplicação da prescrição intercorrente (LTR janeiro/2003- Trabalho publicado de Maria Cristina Alves Delgado de Ávila) em face do disposto no § 1º do art. 884 da CLT. Argumentam que a prescrição constante do aludido parágrafo não pode ser a mesma arguível no processo de conhecimento e, com isto, só poderia ser a intercorrente, a ocorrida de permeio, vale dizer, no curso da ação de execução, quando a execução permanece parada por longo período, de regra, o mesmo período que encobriria a eficácia da ação de conhecimento (prescrição qüinqüenal). Divirjo do entendimento, vez que é inquesitonável que a prescrição é instituto de direito material e não processual, pois tem a ver com a “ação” o agir do credor em direção ao devedor (ação em sentido material). O segundo obstáculo ao entendimento de que aludido artigo preconize a prescrição intercorrente, reside no fato de que a execução pode ocorrer de offício pelo juiz, logo, de regra, não há se falar na inércia quanto a instauração da instância de execução. Contudo, embora o aludido parágrafo já exista antes da se abrir a possibilidade da execução de títulos extrajudiciais, hoje, com a execução destes títulos, se afigura possível, não de forma intercorrente, a argüição da prescrição, por inércia do credor em promovê-la. Quanto ao título judicial, só vislumbro uma hipótese de argüição de prescrição, isto é, quanto sua promoção não depende do juiz e sim, apenas da parte interessada, como é o caso da necessidade do ato de acertamento consubstanciado na LIQUIDAÇÃO POR ARTIGOS. Nesta última hipótese, a inércia do credor poderá dar aso à prescrição. Observa-se que todas estas hipóteses precedem a própria ação de execução forçada, que só tem início com a citação. Uma vez citado o réu, só poderá ocorrer a hipótese de suspensão da execução, não havendo possibilidade de incidência e aplicação da “prescrição intercorrente) pois não há se falar em inércia do credor, até porque, gize-se, daí por diante, os atos processuais seguem por impulso da parte interessada ou do próprio juiz, de offício. Tribunal Superior do Trabalho admite prescrição intercorrente em caso de patente omissão das partes

A Seção Especializada em Dissídios Individuais (SDI-1) do Tribunal Superior do Trabalho decidiu ontem (02), por maioria de votos, que a inércia das partes pode acarretar a aplicação da chamada “prescrição intercorrente” (perda do direito de ação no curso do processo) nas ações trabalhistas. Embora haja jurisprudência do TST (Súmula 114) no sentido de que a prescrição intercorrente não alcança a execução trabalhista, o entendimento majoritário da SDI-1 no julgamento foi o de que a súmula restringe-se aos casos em que o andamento do processo depende do juiz do Trabalho, e não quando o processo é paralisado por omissão ou descaso dos próprios interessados. O caso julgado envolve a União e um grupo de 23 funcionários de diversos Ministérios, que ajuizaram reclamação trabalhista conjunta cobrando diferenças salariais decorrentes do Plano Bresser. Embora tenha sido intimada a oferecer, em 30 dias, os cálculos de liquidação, a defesa do grupo deixou transcorrer quase três anos sem adotar qualquer providência. O Código de Processo Civil (CPC) dispõe que a apresentação de cálculos é incumbência do credor, que deve apresentar a memória discriminada e atualizada de seu crédito. A norma expressa aplica-se também ao processo do trabalho. A sentença determinou a extinção da execução, e a decisão foi confirmada pelo Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região (DF/TO). A execução prossegue apenas para um dos reclamantes, em separado. Houve recurso ao TST, onde o caso foi apreciado primeiramente pela Quarta Turma, que manteve a decisão regional, seguido de embargos à SDI-1. O entendimento da relatora do processo na SDI-1, ministra Rosa Maria Weber, de que a decisão afrontou o dispositivo constitucional (artigo 7º, inciso XXIX) não prevaleceu, embora tenha sido acompanhado pelos ministros Viera de Mello Filho, Lelio Bentes e Aloysio Veiga.

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Ao abrir a divergência que acabou por prevalecer, o ministro João Oreste Dalazen, vice-presidente do TST, afirmou que a Súmula 114 não deve ser aplicada ao pé da letra. É preciso, segundo ele, “separar o joio do trigo” a partir da identificação do responsável pela paralisação do processo. “Fico me questionando se deveríamos mesmo levar a tese da Súmula 114 às suas últimas consequências, aplicando-a de forma literal, a ferro e a fogo, sem esta preocupação em examinar caso a caso, notadamente por este critério que me parece marcante e facilmente apurável de se saber a quem se deveu a inércia e a paralisação do processo”, afirmou. Dalazen justificou sua posição fazendo referência a um dos principais problemas da Justiça Trabalhista atualmente: o elevado número de processos em fase de execução. “Ninguém ignora que, na Justiça do Trabalho hoje, para nosso enorme desalento, há cerca de 2 milhões e 750 mil processos em fase de execução. Não me parece que se deva aguardar indefinidamente uma solução quanto à satisfação dos créditos em processos em que os próprios interessados não envidam esforços que estavam ao seu alcance, mesmo com advogados constituídos”, salientou. Os ministros que votaram pela aplicação literal da Súmula 114 do TST e consideraram violado o dispositivo constitucional alegado pelas partes (artigo 7º, XXIX) argumentaram, entre outros pontos, que a fase de liquidação é módulo complementar do processo de conhecimento, na qual se busca a quantificação e a certeza do título emitido pelo Poder Judiciário. Por isso, nesta etapa não se pode cogitar da declaração da prescrição pela inércia das partes. O ministro Dalazen redigirá o acórdão, e a ministra Rosa Weber juntará voto vencido. (E-RR 693.039/2000.6) Fonte: TST

25- EXECUÇÃO DAS PENALIDADES ADMINISTRATIVAS. COMPETÊNCIA Número do processo: 01430-2006-000-04-00-0 (DIV) (ver andamentos do processo) Juiz: VANDA KRINDGES MARQUES Data de Publicação: 03/08/2006 Este serviço tem caráter meramente informativo, portanto, sem cunho oficial. Localizar a primeira palavra destacada Ver este acórdão sem o destaque das palavras (recomendado para fazer a cópia e colagem deste acórdão em outro documento) ________________________________________ EMENTA: PRELIMINARMENTE. APELAÇÃO EM EXECUÇÃO FISCAL DE DÍVIDA ATIVA. NULIDADE DA SENTENÇA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. A partir da Emenda Constitucional nº 45, de 08.12.2004, a qual alterou o teor do art. 114 da Constituição Federal, a competência para a apreciação da matéria objeto da presente demanda é da Justiça do Trabalho. A decisão recorrida, portanto, foi proferida por juiz absolutamente incompetente, sendo nula de pleno direito. Determina-se a remessa dos autos à Vara do Trabalho de Palmeira das Missões, para o regular processamento do feito e a prolação de sentença válida pelo primeiro grau de jurisdição, restando prejudicada a análise do recurso interposto pela exeqüente. VISTOS e relatados estes autos de APELAÇÃO EM EXECUÇÃO FISCAL DE DÍVIDA ATIVA, em que é autora UNIÃO e ré FABIANI COMÉRCIO DE CEREAIS LTDA. Inconformada com a decisão da fl. 21-verso, que indeferiu pedido da exeqüente por novo arquivamento administrativo e determinou o arquivamento dos presentes autos, na forma do art. 437 da Consolidação Normativa, a União interpõe Recurso de Apelação, conforme razões das fls. 23/26. Pretende seja cassada a sentença guerreada, determinando-se o prosseguimento do processo de execução fiscal nos seus ulteriores termos. Não há contra-razões. O Órgão do Ministério Público Estadual exara parecer às fls. 28/32, opinando pelo processamento do recurso, visto estarem preenchidos seus pressupostos, e, no mérito, pelo seu provimento. À fl. 29 e verso, o Exmo. Desembargador Federal Edgard Lippmann Junior, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, declinou da competência do feito, determinando a remessa dos autos a este Tribunal Regional. Procedida à autuação do feito, nos termos do despacho da fl. 39. É o relatório. ISTO POSTO: PRELIMINARMENTE. AÇÃO DE EXECUÇÃO FISCAL . NULIDADE DA SENTENÇA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. Trata-se a presente de ação de execução fiscal da dívida ativa ajuizada pela União e distribuída perante a Vara Judicial da Comarca de Ronda Alta/RS, em 24.09.1997, visando compelir a executada, Massa Falida de Comércio de Cereais Fabiani Ltda., ao pagamento da dívida inscrita, com dedução de eventuais pagamentos parciais, devidamente atualizada, acrescida

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de juros, encargos do Decreto-Lei nº 1.025/69, alterado pelo Decreto-Lei nº 1.645/78, custas e despesas processuais, ou nomear bens para garantir a execução, sob pena de lhes serem penhorados ou arrestados tantos bens quantos bastem à integral satisfação dessa dívida. Procedida à penhora no rosto dos autos do processo falimentar, para reserva e garantia do crédito em favor da Fazenda Nacional, consoante auto da fl. 11, foi intimado o Síndico da Massa Falida, não tendo sido opostos embargos à execução. Ante a inexistência de outros bens penhoráveis, a União requereu a suspensão do processo por um ano, conforme o disposto no art. 40 da LEF, bem como a juntada do demonstrativo do débito atualizado (fls. 17-18). Instruída a ação, foi proferida sentença à fl. 21-verso, em 30.09.2005, com a interposição de recurso pela exeqüente às fls. 23-26, em 19.10.2005. Remetidos os autos ao E. TRF, foi proferido o despacho da fl. 35 e verso, declinando pela competência da Justiça do Trabalho para análise do recurso interposto. Com efeito, tal como entendido pelo Exmo. Des. Federal Relator, com o advento da Emenda Constitucional nº 45, de 08.12.2004, a qual alterou o teor do art. 114 da Constituição Federal, a competência para a análise e julgamento do recurso interposto pela União, após a sua vigência, é da Justiça do Trabalho. Ocorre que a Emenda Constitucional referida já se encontrava em vigor à época da prolação da sentença da fl. 21-verso. A decisão recorrida, portanto, foi proferida por juiz absolutamente incompetente, sendo nula de pleno direito. Nesses termos, declara-se a nulidade da sentença da fl. 21-verso, determinando-se a remessa dos autos à Vara do Trabalho de Palmeira das Missões, para o regular processamento do feito e a prolação de sentença válida pelo primeiro grau de jurisdição, restando prejudicada a análise do recurso interposto pela União às fls. 23/26. Ante o exposto, ACORDAM os Juízes da 7ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região: Preliminarmente, por maioria de votos, declarar a nulidade da sentença da fl. 21-verso, vencida a Exma. Juíza Presidente que sucitaria o conflito de competência, determinando a remessa dos autos à Vara do Trabalho de Palmeira das Missões para o regular processamento do feito e a prolação de sentença válida pelo primeiro grau de jurisdição, restando prejudicada a análise do recurso interposto pela União. Intimem-se. Porto Alegre, 12 de julho de 2006 (quarta-feira). VANDA KRINDGES MARQUES - juÍzA-RELATORA PODER JUDICIÁRIO FEDERAL TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO ACÓRDÃO 01430-2006-000-04-00-0 DIV Fl.

Número do processo: 02036-2005-018-04-00-7 (DIV) (ver andamentos do processo) Juiz: LUIZ ALBERTO DE VARGAS Data de Publicação: 28/08/2006 Este serviço tem caráter meramente informativo, portanto, sem cunho oficial. Localizar a primeira palavra destacada Ver este acórdão sem o destaque das palavras (recomendado para fazer a cópia e colagem deste acórdão em outro documento) ________________________________________ EMENTA: COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 45. Os Tribunais Regionais do Trabalho detém competência para julgar recursos cuja sentença foi proferida, pela Justiça Federal Comum, antes da promulgação da Emenda Constitucional nº 45. VISTOS e relatados estes autos de EXECUÇÃO FISCAL DA DÍVIDA ATIVA (multa aplicada pela fiscalização do trabalho) em que é autor UNIÃO FEDERAL e réu ECONOMATO LEIVAS LTDA (MASSA FALIDA). Inconformada com a decisão proferida, que extingui a ação sem julgamento de mérito, com base no artigo 267, VI, do Código de Processo Civil, apela a União Federal. Pretende a reforma da sentença para que seja julgado o mérito da demanda, quanto a execução fiscal da multa administrativa aplicada pela fiscalização do trabalho em momento anterior a decretação da falência. Sem contra-razões, são os autos distribuídos para 3ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, decidindo o Relator designado declinar da competência, pelos fundamentos da fl. 33. Os autos são encaminhados a este Tribunal e distribuídos a este Relator. O DD. Representante do Ministério Público do Trabalho exara parecer opinando seja suscitado o conflito negativo de competência (fls. 43-44). É o relatório. ISTO POSTO: COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 45. Os Tribunais Regionais do Trabalho detém competência para julgar recursos cuja sentença foi proferida, pela Justiça Federal Comum, antes da promulgação da Emenda Constitucional nº 45, motivo pelo qual se conhece do recurso e deixa-se de suscitar o conflito negativo de competência. Destarte, adota-se entendimento diverso daquele sugerido pelo Ministério Público do Trabalho, neste particular. EXECUÇÃO DE MULTA APLICADA PELA FISCALIZAÇÃO DO TRABALHO.

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A União promove a execução fiscal de título extrajudicial consubstanciada nas certidões de inscrição de dívida ativa tombada sob os nºs 00.5.01.003006-06 e 00.5.01.003026-41, e decorrente de multa aplicada pela fiscalização do trabalho, auto de infração 168932762 e 168932752, dos quais a executada foi notificada em 18.12.1998 pelo Correio/AR. A sentença considerou inexigível a dívida em face ao disposto no artigo 23 do Lei de Falências e extinguiu o processo sem julgamento de mérito, nos termos do artigo 267, VI, do Código de Processo Civil. Inconformada, aduz a União que a decretação da falência da executada não afeta a cobrança da multa administrativa, pois o executivo fiscal tem processo próprio (Lei n. 6.830/80) que não é atraído pelo juízo universal da falência. Argumenta que a Súmula 565 do STF encontra-se derrogada pelo disposto no artigo 9º do Decreto-Lei 1.893, de 16 de dezembro de 1981, posto que posterior à edição desta súmula. Salienta que a Súmula 192 do STF restou cancelada. Ressalta, ainda, a possibilidade de redirecionamento da execução contra os sócios, nos termos do inciso VII do artigo 134 do CTN, enquanto não consumado o prazo de decadência para a constituição do crédito tributário. À análise. Determinado o apensamento dos feitos 02036-2005-018-04-00-7 e 02038-2005-018-04-00-6, os títulos da dívida ativa, tombados sob os nºs 00.5.01.003006-06 e 00.5.01.003026-41 são executados conjuntamente. Contudo, inviável a cobrança do crédito em face do disposto no inciso III do artigo 23 da Lei de Falências, vigente à época: "Ao juízo da falência devem concorrer todos os credores do devedor comum, comerciais ou civis, alegando e provando os seus direitos. Parágrafo único. Não podem ser reclamados na falência: I - as obrigações a título gratuito e as prestações alimentícias; II - as despesas que os credores individualmente fizerem para tomar parte na falência, salvo custas judiciais em litígio com a massa; III - as penas pecuniárias por infração das leis penais e administrativas". Nesse sentido, ainda, a Súmula nº 191 do STF: "Não se inclui no crédito habilitado em falência a multa fiscal com efeito de pena administrativa". O artigo 9º do Decreto-Lei 1.893, de 16 de dezembro de 1981, estabelece privilégio material à União, o qual considera-se não recepcionado pela Constituição Federal de 1988, que tem como fundamentos a cidadania, a dignidade da pessoa humana e os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, e tem entre as garantias fundamentais o direito à igualdade. Destarte, nega-se provimento ao recurso de apelação da União mantendo-se a decisão que extinguiu a execução sem julgamento de mérito. Ante o exposto, ACORDAM os Juízes da 3ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região: por unanimidade, negar provimento ao recurso da União. Intimem-se. Porto Alegre, 16 de agosto de 2006 (quarta-feira). Luiz Alberto de Vargas - Juiz Relator MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO \fsj PODER JUDICIÁRIO FEDERAL TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO ACÓRDÃO 02036-2005-018-04-00-7 DIV Fl.

LEGISLAÇÃO APLICÁVEL E PRAZO PARA EMBARGOS Número do processo: 00600-2005-403-04-00-0 (AP) (ver andamentos do processo) Juiz: JOÃO PEDRO SILVESTRIN Data de Publicação: 22/09/2006 Este serviço tem caráter meramente informativo, portanto, sem cunho oficial. Localizar a primeira palavra destacada Ver este acórdão sem o destaque das palavras (recomendado para fazer a cópia e colagem deste acórdão em outro documento) ________________________________________ EMENTA: EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL . Aplicação das disposições da Lei nº 6.830/80, como fonte primária na execução das dívidas fiscais decorrentes das penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho. Recurso provido. VISTOS e relatados estes autos de AGRAVO DE PETIÇÃO interposto de decisão do Exmo. Juiz da 3ª Vara do Trabalho de Caxias do Sul, sendo agravante ESPORTE CLUBE JUVENTUDE e agravado UNIÃO. Inconformado com a decisão da fl. 25, da Exma. Juíza Neusa Libera Lodi, que deixou de receber os embargos à execução fiscal , por intempestivos, agrava de petição o executado. Busca, em seu agravo, sejam declarados tempestivos os embargos propostos, com a remessa dos autos à origem, para o regular processamento. Requer, caso não reconhecida a tempestividade dos embargos, a nulidade dos atos processuais praticados a partir do oferecimento de bens à penhora, já que inexistente a intimação para a representante judicial da Fazenda Pública manifestar-se sobre os bens oferecidos para garantir a execução.

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A União oferece contra-razões à fl. 47, juntando cópia dos processos administrativos que deram origem às inscrições objeto de cobrança (fls. 48/69). O Ministério Público do Trabalho, em seu parecer (fl. 73), opina pelo provimento do agravo de petição, para que se reconheça a tempestividade dos embargos, entendendo prejudicada a questão alusiva à nulidade do processado. É o relatório. ISTO POSTO: CONHECIMENTO. O agravo de petição é tempestivo (fls. 35 e 37) e a representação da recorrente é regular (fl. 11). O juízo está garantido pela penhora do bem descrito no termo de penhora de fl. 20. Estando preenchidos os pressupostos de admissibilidade recursal, conhece-se do agravo. MÉRITO. PRAZO PARA O OFERECIMENTO DE EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL . A União ajuizou execução fiscal da dívida ativa, consubstanciada nas Certidões de Dívida Ativa (CDAs) juntadas às fls. 04/06. Citado o executado (fls. 08/09), este ofereceu o bem descrito na petição da fl. 10, a fim de garantir a execução. De acordo com o termo de penhora (fl. 20), foi penhorado o bem oferecido pelo executado, sendo este notificado para providenciar o comparecimento do representante legal, a fim de ficar ciente da penhora e assumir o encargo de depositário dos bens (fl. 18). Em 27/09/2005 o representante legal do executado tomou ciência da penhora efetuada, assinando o termo de depósito (fl. 19). Em 26/10/2005, oferece embargos à execução fiscal (fls. 25/34). O Juízo de origem, contudo, deixou de receber os embargos, por intempestivos (fl. 25). De tal decisão recorre o executado, assistindo-lhe razão. A discussão cinge-se à qual o prazo que deve ser adotado para o oferecimento de embargos à execução fiscal . Em decorrência da ampliação da competência da Justiça do Trabalho pela Emenda Constitucional nº 45/2004, necessário definir se deve ser aplicado o prazo previsto no art. 884 da CLT, ou aquele do art. 16 da Lei 6.830/1980. A execução de títulos extrajudiciais, na Justiça do Trabalho, somente foi possibilitada com a edição da Lei nº 9.958, de 12/01/2000, que alterando a redação do caput do art. 876 da CLT, permitiu a execução dos termos de ajuste de conduta firmados perante o Ministério Público do Trabalho e os termos de conciliação firmados perante as Comissões de Conciliação Prévia. A execução fiscal da dívida ativa, perante a Justiça do Trabalho, novidade introduzida pela Emenda Constitucional antes referida, era originalmente regida, na íntegra, pelas disposições da Lei nº 6.830/80. O art. 889 da CLT dispõe: Aos trâmites e incidentes do processo da execução são aplicáveis, naquilo em que não contravierem ao presente Título, os preceitos que regem o processo dos executivos fiscais para a cobrança judicial da dívida ativa da Fazenda Pública Federal. Não havendo disposição expressa na CLT, até o presente momento, relativamente ao procedimento da execução fiscal da dívida ativa, não se pode falar em conflito ou violação da norma consolidada em decorrência das regras da Lei nº 6.830/80. Entende-se, portanto, ser aplicável, ao caso em exame o disposto no art. 16 da Lei 6.830/1980, que assim dispõe: O executado oferecerá embargos, no prazo de 30 (trinta) dias, contados: I - do depósito; II - da juntada da prova da fiança bancária; III - da intimação da penhora. Sergio Pinto Martins, em seu artigo "Procedimento nas Novas Ações de Competência da Justiça do Trabalho (Revista IOB, Trabalhista e Previdenciária, nº 199, de janeiro de 2006, pp. 82/90), quando trata das penalidades administrativas refere o que segue: A dívida ativa da União é regida pela Lei nº 6.830/1980 (art. 1º), que trata das execuções fiscais. Logo, o rito a ser observado não é o da CLT. Compreende a tributária e a não-tributária (art. 2º da Lei nº 4.320/1964). Dívida ativa não-tributária são os demais créditos da Fazenda Pública, tais como multas de qualquer origem ou natureza, exceto as tributárias (§ 2º do art. 39 da Lei nº 4.320/1964), como ocorre com a multa imposta pela fiscalização trabalhista ao empregador pelo descumprimento da legislação trabalhista. Determina o art. 1º da Lei nº 6.830 que a execução judicial para a cobrança da dívida ativa da União é regida pela referida norma, aplicando-se subsidiariamente o CPC. (...) O prazo para apresentação de embargos será de 30 dias e não de cinco dias, a contar do depósito, da juntada da prova da fiança bancária, da intimação da penhora. Na mesma revista citada Cláudio Couce de Menezes e Leonardo Dias Borges, no artigo intitulado "A Emenda Constitucional nº 45 e Algumas Questões Acerca da Competência e do Procedimento na Justiça do Trabalho" (pp. 91/108), no item "A Lei de Execução Fiscal " referem que: No âmbito das novidades, temos ainda uma parcela das execuções fiscais que passam para a Justiça do Trabalho. (...) A Lei de Execução Fiscal - Lei nº 6.830/1980 - não é nova dos operadores da área trabalhista, eis que supletoriamente já vinha sendo utilizada ao processo de execução trabalhista, como nos dá notícia o art. 889 da CLT. Assim, esta é a fonte formal de direito supletoriamente natural, na execução trabalhista, mormente se considerarmos que a Consolidação possui menos de vinte artigos sobre execução. A lei que trata da cobrança judicial da dívida ativa da Fazenda Pública tem o nítido escopo de impor uma agilização aos processos referentes à execução fiscal , mormente porque traz um procedimento especial, diferente daquele que se pode

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encontrar na execução comum por obrigação de pagar quantia certa, incluso no Código de Processo Civil. Portanto, com as mesmas intenções que orientam o processo de execução trabalhista. Daí porque ela, a Lei de Execução Fiscal , é utilizada como fonte subsidiária do processo executório trabalhista. Agora, contudo, a Lei nº 6.830/1980 não será utilizada como fonte subsidiária de um determinado processo, mas como fonte primária, fundamental. Isto porque passa a Justiça do Trabalho a ter competência para executar as dívidas fiscais decorrentes das "penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho". Intimado da penhora em 27/09/2005, o termo final para oferecer os embargos seria o dia 27/10/2005. Protocolados os embargos em 26/10/2005 (fl. 25), não há como considerá-los intempestivos. Por decorrência, dá-se provimento ao agravo de petição, reconhecendo a tempestividade dos embargos à execução fiscal oferecidos pelo executado (fls. 25/34), determinar o retorno dos autos à origem, para o seu regular processamento. Ante o exposto, ACORDAM os Juízes da 2ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região: Por unanimidade, dar provimento ao agravo de petição para reconhecer a tempestividade dos embargos à execução fiscal oferecidos pelo executado (fls. 25/34), determinar o retorno dos autos à origem, para o seu regular processamento. Intimem-se. Porto Alegre, 30 de agosto de 2006. JOÃO PEDRO SILVESTRIN - Juiz Relator MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO PODER JUDICIÁRIO FEDERAL TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO ACÓRDÃO 00600-2005-403-04-00-0 AP Fl.

26) – EXECUÇÃO E FALÊNCIA. Ver Nova Lei de Falências. - O reconhecimento do direito, em processo de conhecimento (reclamação trabalhista) ocorre normalmente na Justiça do Trabalho. - Se a sentença for ilíquida far-se-á a prévia liquidação, segundo processo

trabalhista, na Justiça do Trabalho. - Quanto a competência para execução contra a massa falida, Carlos Henrique

Bezerra Leite mostra a existência de três correntes: a) a primeira tradicional que, uma vez sobrevindo a falência, a execução é atraída pelo juízo universal; b) a segunda, alicerçada na redação do artigo 114 da CF/88 e anterior a EC/45 quando preconizava a competência para a execução de suas próprias sentenças, sustentando a competência da Justiça do Trabalho para processar a execução contra a massa falida; c) a terceira, eclética, condicionando a competência ao momento dos atos de constrição: se a penhora ocorreu antes do decreto falimentar os trâmites da execução continuam sob a égide do judiciário trabalhista; na hipótese do decreto falimentar ocorrer antes dos atos de constrição, impõe-se a habilitação do crédito e o processamento da execução perante o juízo universal da falência. O autor entende que a corrente eclética é mais razoável por se harmonizar com o princípio da harmonia entre os credores privilegiados, permitindo que disputem os créditos em igualdade de condições perante o juízo Universal da Falência.

- A Lei de Falências n. 11.101 de 09.02.2005 estabelece no artigo 6° e §§ Art. 6o A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário.

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§ 1o Terá prosseguimento no juízo no qual estiver se processando a ação que demandar quantia ilíquida.

§ 2o É permitido pleitear, perante o administrador judicial, habilitação, exclusão ou modificação de créditos derivados da relação de trabalho, mas as ações de natureza trabalhista, inclusive as impugnações a que se refere o art. 8o desta Lei, serão processadas perante a justiça especializada até a apuração do respectivo crédito, que será inscrito no quadro-geral de credores pelo valor determinado em sentença.

(Dispõe o artigo 8° e § único, mencionado no parágrafo supra: Art. 8o No prazo de 10 (dez) dias, contado da publicação da relação referida no art. 7o, § 2o, desta Lei, o Comitê, qualquer credor, o devedor ou seus sócios ou o Ministério Público podem apresentar ao juiz impugnação contra a relação de credores, apontando a ausência de qualquer crédito ou manifestando-se contra a legitimidade, importância ou classificação de crédito relacionado.)

(Parágrafo único. Autuada em separado, a impugnação será processada nos termos dos arts. 13 a 15 desta Lei.)

§ 3o O juiz competente para as ações referidas nos §§ 1o e 2o deste artigo poderá determinar a reserva da importância que estimar devida na recuperação judicial ou na falência, e, uma vez reconhecido líquido o direito, será o crédito incluído na classe própria.

§ 4o Na recuperação judicial, a suspensão de que trata o caput deste artigo em hipótese nenhuma excederá o prazo improrrogável de 180 (cento e oitenta) dias contado do deferimento do processamento da recuperação, restabelecendo-se, após o decurso do prazo, o direito dos credores de iniciar ou continuar suas ações e execuções, independentemente de pronunciamento judicial.

§ 5o Aplica-se o disposto no § 2o deste artigo à recuperação judicial durante o período de suspensão de que trata o § 4o deste artigo, mas, após o fim da suspensão, as execuções trabalhistas poderão ser normalmente concluídas, ainda que o crédito já esteja inscrito no quadro-geral de credores.

§ 6o Independentemente da verificação periódica perante os cartórios de distribuição, as ações que venham a ser propostas contra o devedor deverão ser comunicadas ao juízo da falência ou da recuperação judicial:

I – pelo juiz competente, quando do recebimento da petição inicial;

II – pelo devedor, imediatamente após a citação.

§ 7o As execuções de natureza fiscal não são suspensas pelo deferimento da recuperação judicial, ressalvada a concessão de parcelamento nos termos do Código Tributário Nacional e da legislação ordinária específica.

§ 8o A distribuição do pedido de falência ou de recuperação judicial previne a jurisdição para qualquer outro pedido de recuperação judicial ou de falência, relativo ao mesmo devedor.

Carlos Henrique Bezerra Leite ensina que “o trabalhador poderá postular diretamente ao administrador judicial a habilitação, exclusão ou modificação dos seus créditos decorrentes da relação de trabalho ou, caso tenha optado por ajuizar ação trabalhista, esta tramitará na Justiça Especializada até a apuração do respectivo valor. Após a apuração do quantum debeatur, o crédito trabalhista será habilitado perante o quadro-geral dos credores.

O juiz do trabalho poderá determinar a reserva da importância que estimar devida na recuperação judicial ou na falência e, uma vez reconhecido líquido o direito, será o crédito incluído na classe própria”.

O juiz do trabalho deverá comunicar a existência de ação ao juízo da falência ou da recuperação judicial.

As ações de natureza fiscal não são suspensas pelo deferimento da recuperação judicial, ressalvada a concessão de parcelamento nos termos do Código Tributário Nacional e da legislação ordinária específica.

Nas primeiras considerações sobre a Lei de Falências, sobre os créditos trabalhistas (Revista LTR 69.02/208, Nelson Rodrigues Netto), afirma que foi extinto o

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instituto da concordata quer preventiva, quer suspensiva, surgindo, em seu lugar, o da Recuperação Judicial e Extrajudicial.

Mesmo autor sinala que tanto na recuperação judicial como na falência ocorre a suspensão da prescrição e das ações e execuções movidas em face do devedor. Esclarece que os créditos trabalhistas estarão sujeitos aos efeitos da recuperação judicial, o que não ocorria em relação à concordata. Registra que a nova lei remete à apreciação da Justiça do Trabalho a impugnação lançada contra o crédito trabalhista habilitado (art. 8°) e entende que esta remessa só tem sentido quando o crédito já não tiver sido anteriormente apurado na Justiça do Trabalho, sob pena de afronta à coisa julgada.

Continua o autor: “Por força dos §§ 4° e 5°, do mencionado art. 6° da Lei n. 11.101/05, decorrido o prazo, máximo e improrrogável de 180 dias (§ 4°, art. 6°), contados da data do deferimento da recuperação judicial, volta a fluir o prazo de prescrição, podendo ser propostas ou retomadas as ações e execuções em face do devedor, explicitando o § 5°, do referido dispositivo, que “as execuções trabalhistas poderão ser normalmente concluídas, ainda que o crédito já esteja inscrito no quadro-geral dos credores.”

Quanto aos créditos privilegiados, contemplam os artigos 83, incisos I e VI e 151 da citada lei falimentar:

Art. 83. A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem:

I – os créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 150 (cento e cinqüenta) salários-mínimos por credor, e os decorrentes de acidentes de trabalho;

VI – créditos quirografários, a saber:

c) os saldos dos créditos derivados da legislação do trabalho que excederem o limite estabelecido no inciso I do caput deste artigo;

Art. 151. Os créditos trabalhistas de natureza estritamente salarial vencidos nos 3 (três) meses anteriores à decretação da falência, até o limite de 5 (cinco) salários-mínimos por trabalhador, serão pagos tão logo haja disponibilidade em caixa.

Ainda, quanto ao juízo falimentar: Art. 76. O juízo da falência é indivisível e competente para conhecer todas as ações sobre bens, interesses e negócios do falido, ressalvadas as causas trabalhistas, fiscais e aquelas não reguladas nesta Lei em que o falido figurar como autor ou litisconsorte ativo.

Parágrafo único. Todas as ações, inclusive as excetuadas no caput deste artigo, terão prosseguimento com o administrador judicial, que deverá ser intimado para representar a massa falida, sob pena de nulidade do processo. Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras determinações V – ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o falido, ressalvadas as hipóteses previstas nos §§ 1o e 2o do art. 6o desta Lei; XIII – ordenará a intimação do Ministério Público e a comunicação por carta às Fazendas Públicas Federal e de todos os Estados e Municípios em que o devedor tiver estabelecimento, para que tomem conhecimento da falência. Art. 108. Ato contínuo à assinatura do termo de compromisso, o administrador judicial efetuará a arrecadação dos bens e documentos e a avaliação dos bens, separadamente ou em bloco, no local em que se encontrem, requerendo ao juiz, para esses fins, as medidas necessárias. § 3o O produto dos bens penhorados ou por outra forma apreendidos entrará para a massa, cumprindo ao juiz deprecar, a requerimento do administrador judicial, às autoridades competentes, determinando sua entrega.

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Dessume-se da legislação transcrita, que foi consagrada a corrente tradicional que atrai para o juízo universal da falência a execução dos créditos contra a massa. O crédito líquido e certo incorporado em título extrajudicial ou judicial segue o comando contido na primeira parte do § 2º do artigo 6º; já os créditos que ainda dependam de declaração judicial e de liquidez serão processados perante o juízo especializado competente e, após, habilitados perante o juízo da falência. A impugnação aos créditos trabalhistas, presume-se que sejam os extrajudiciais, será julgada pela Justiça do Trabalho. Em recente decisão pronunciou-se o STF: Juiz responsável por processo de recuperação de empresas é competente para executar créditos trabalhistas

Por maioria, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu, ontem (28), a competência da Justiça comum para efetuar a execução de dívidas trabalhistas de empresas que foram objeto de recuperação ou alienação judicial. Com a decisão, que teve os votos discordantes dos ministros Marco Aurélio e Carlos Britto, a Corte negou provimento ao Recurso Extraordinário (RE) 583955, interposto por Maria Tereza Richa Felga - autora de ação trabalhista contra a VRG Linhas Aéreas S/A, sucessora da VARIG – contra acórdão do STJ em conflito de competência (CC) lá suscitado por ela e que lhe foi desfavorável. Ao julgar o conflito, aquela Corte Superior declarou competente o Juízo de Direito da 1ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro para decidir a respeito da forma de pagamento dos créditos previstos no quadro geral de credores e no plano de recuperação judicial da VRG Linhas Aéreas S/A e outros. Repercussão geral Em 21 de junho do ano passado, o Plenário Virtual do STF reconheceu repercussão geral à matéria. Com isso, todos os processos versando o assunto tiveram de ser sobrestados até decisão final da Suprema Corte, que foi proferida nesta quinta-feira. Integralidade A maioria dos ministros acompanhou o voto do ministro Ricardo Lewandowski, que manteve o acórdão do STJ. Prevaleceu entre os ministros presentes à sessão, a lógica de que é preciso preservar, na sua integralidade, o sistema instituído pela Lei nº 11.101/2005, que regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária. A lei em questão alterou a antiga lei de falências, estabelecendo, em seu artigo 60 que, se o plano de recuperação judicial aprovado envolver alienação judicial de filiais ou de unidades produtivas isoladas do devedor, caberá ao juiz ordenar a sua realização, dentro de critérios estabelecidos no artigo 142 da própria lei. E, no parágrafo único deste artigo, a mencionada lei liberou o objeto da alienação de qualquer ônus, estabelecendo, ainda, que não haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária, observadas as condições estabelecidas no parágrafo 1º do artigo 141 desta Lei. Alegações A autora do RE sustentou, em síntese, que a interpretação dada pelo STJ acabou por suprimir a “competência

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absoluta da Justiça do Trabalho para atuar no julgamento de causa trabalhista quando tratar de direito de empregados de empresa em recuperação judicial”. Nessa linha, sustentou que “não há nem no texto da Constituição Federal (art. 114, incisos I a IX) e, muito menos na própria Lei de Recuperação Judicial (Lei 11.101/05), qualquer previsão legal que confira a juiz estadual jurisdição sobre matéria eminentemente trabalhista, mesmo que dela se extraiam reflexos no patrimônio ou obrigações de empresas em recuperação judicial”. Por seu turno, a VRG Linhas Aéreas S/A pediu o não conhecimento do recurso e, se conhecido, que fosse negado. Alegou que, na verdade, não estava sendo contestada a competência da Justiça do Trabalho para julgar ações trabalhistas, nem mesmo de empregados de empresas objeto de recuperação ou alienação judicial, como foi o caso da VARIG. Risco de desarticulação Ao acompanhar o voto do relator, o ministro Celso de Mello disse que, se acolhida, a pretensão da autora da ação ”desarticularia a coerência do sistema instituído pela Lei 11.101/05. Esta lei, como lembrou, teve o específico objetivo de preservas as atividades produtivas e a função social de empresas em situação de crise financeira e, com isso, viabilizar, também, a preservação e oferta de empregos e, ainda, abrir condições para satisfazer os interesses dos credores. Prevaleceu, entre a maioria dos ministros, o entendimento favorável ao princípio de que, na ação trabalhista na qual foi interposto o RE hoje julgado, “inexiste conflito oriundo de relação imediata de trabalho”, pois a autora do recurso foi funcionária da VARIG, não da nova empresa que a sucedeu. A maioria dos ministros acompanhou a tese do princípio da universalidade do juiz falimentar, evocada pelo ministro Ricardo Lewandowski. Entenderam que este magistrado tem que ser único para todos os credores da empresa em crise ou em processo de falência, sem privilegiar um ou outro, salvo no caso dos empregados. Neste caso, os créditos de natureza alimentar, ou seja, valores devidos no montante até cinco salários mínimos vencidos nos três meses anteriores ao pedido de recuperação judicial, devem ser pagos dentro de 30 dias (parágrafo único do artigo 54 da Lei 11.101) . Quanto aos de valores que vão até 150 salários-mínimos, o prazo é de um ano (artigo 54, caput, da mesma lei). Já quem tiver crédito oriundo de relação trabalhista de valor mais elevado, o que exceder a 150 salários mínimos será inscrito como crédito quirografário (destituído de qualquer privilégio ou preferência). Fonte: STF NEWSLETTER MAGISTER N. 895 - EDIÇÃO DE 29/05/2009 No curso do processo de recuperação do devedor (ainda não decretada a falência), superado o prazo de suspensão da prescrição e das ações que se encontravam em curso (180) dias, as ações de execução terão seu regular e normal trâmite, é o que dispõe o artigo 6, § 5° (§ 5o Aplica-se o disposto no § 2o deste artigo à recuperação judicial durante o período de suspensão de que trata o § 4o deste artigo, mas, após o fim da suspensão, as execuções trabalhistas poderão ser normalmente concluídas, ainda que o crédito já esteja inscrito no quadro-geral de

credores.). Em face da indisponibilidade de bens nem a massa falida, tampouco outro

juízo pode proceder a alienação dos bens da mesma. O entendimento dominante é que a massa falida está dispensada de garantir o juízo (penhora) em sede de execução, como também está dispensada do depósito recursal e custas, estes últimos pela Súmula do TST n. 86. No plano do Direito Material, pelo entendimento

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consubstanciado na Súmula 388 do TST a massa falida não se sujeita às penalidades do artigo 467, tampouco a multa do artigo 477 da CLT.

Convêm lembrar o disposto na Lei de Falências, quanto à realização do ativo e a responsabilidade do sucessor, isto é, do arrematante-adquirente:

Art. 60. Se o plano de recuperação judicial aprovado envolver alienação judicial de filiais ou de unidades produtivas isoladas do devedor, o juiz ordenará a sua realização, observado o disposto no art. 142 desta Lei.

Parágrafo único. O objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária, observado o disposto no § 1o do art. 141 desta Lei.

Art. 142. O juiz, ouvido o administrador judicial e atendendo à orientação do Comitê, se houver, ordenará que se proceda à alienação do ativo em uma das seguintes modalidades:

I – leilão, por lances orais;

II – propostas fechadas;

III – pregão.

§ 1o A realização da alienação em quaisquer das modalidades de que trata este artigo será antecedida por publicação de anúncio em jornal de ampla circulação, com 15 (quinze) dias de antecedência, em se tratando de bens móveis, e com 30 (trinta) dias na alienação da empresa ou de bens imóveis, facultada a divulgação por outros meios que contribuam para o amplo conhecimento da venda.

§ 2o A alienação dar-se-á pelo maior valor oferecido, ainda que seja inferior ao valor de avaliação.

§ 3o No leilão por lances orais, aplicam-se, no que couber, as regras da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.

§ 4o A alienação por propostas fechadas ocorrerá mediante a entrega, em cartório e sob recibo, de envelopes lacrados, a serem abertos pelo juiz, no dia, hora e local designados no edital, lavrando o escrivão o auto respectivo, assinado pelos presentes, e juntando as propostas aos autos da falência.

§ 5o A venda por pregão constitui modalidade híbrida das anteriores, comportando 2 (duas) fases:

I – recebimento de propostas, na forma do § 3o deste artigo;

II – leilão por lances orais, de que participarão somente aqueles que apresentarem propostas não inferiores a 90% (noventa por cento) da maior proposta ofertada, na forma do § 2o deste artigo.

§ 6o A venda por pregão respeitará as seguintes regras:

I – recebidas e abertas as propostas na forma do § 5o deste artigo, o juiz ordenará a notificação dos ofertantes, cujas propostas atendam ao requisito de seu inciso II, para comparecer ao leilão;

II – o valor de abertura do leilão será o da proposta recebida do maior ofertante presente, considerando-se esse valor como lance, ao qual ele fica obrigado;

III – caso não compareça ao leilão o ofertante da maior proposta e não seja dado lance igual ou superior ao valor por ele ofertado, fica obrigado a prestar a diferença verificada, constituindo a respectiva certidão do juízo título executivo para a cobrança dos valores pelo administrador judicial.

§ 7o Em qualquer modalidade de alienação, o Ministério Público será intimado pessoalmente, sob pena de nulidade.

Da Realização do Ativo

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Art. 139. Logo após a arrecadação dos bens, com a juntada do respectivo auto ao processo de falência, será iniciada a realização do ativo.

Art. 140. A alienação dos bens será realizada de uma das seguintes formas, observada a seguinte ordem de preferência:

I – alienação da empresa, com a venda de seus estabelecimentos em bloco;

II – alienação da empresa, com a venda de suas filiais ou unidades produtivas isoladamente;

III – alienação em bloco dos bens que integram cada um dos estabelecimentos do devedor;

IV – alienação dos bens individualmente considerados.

§ 1o Se convier à realização do ativo, ou em razão de oportunidade, podem ser adotadas mais de uma forma de alienação.

§ 2o A realização do ativo terá início independentemente da formação do quadro-geral de credores.

§ 3o A alienação da empresa terá por objeto o conjunto de determinados bens necessários à operação rentável da unidade de produção, que poderá compreender a transferência de contratos específicos.

§ 4o Nas transmissões de bens alienados na forma deste artigo que dependam de registro público, a este servirá como título aquisitivo suficiente o mandado judicial respectivo.

Art. 141. Na alienação conjunta ou separada de ativos, inclusive da empresa ou de suas filiais, promovida sob qualquer das modalidades de que trata este artigo:

I – todos os credores, observada a ordem de preferência definida no art. 83 desta Lei, sub-rogam-se no produto da realização do ativo;

II – o objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária, as derivadas da legislação do trabalho e as decorrentes de acidentes de trabalho.

§ 1o O disposto no inciso II do caput deste artigo não se aplica quando o arrematante for:

I – sócio da sociedade falida, ou sociedade controlada pelo falido;

II – parente, em linha reta ou colateral até o 4o (quarto) grau, consangüíneo ou afim, do falido ou de sócio da sociedade falida; ou

III – identificado como agente do falido com o objetivo de fraudar a sucessão.

§ 2o Empregados do devedor contratados pelo arrematante serão admitidos mediante novos contratos de trabalho e o arrematante não responde por obrigações decorrentes do contrato anterior.

00192-1996-103-04-00-0 AP Fl.1

EMENTA: MASSA FALIDA. REDIRECIONAMENTO DA EXECUÇÃO. Inviável o redirecionamento da execução pois o autor, tendo deixado de habilitar seus créditos perante o Juízo Falimentar, somente cinco anos após o encerramento da falência vem buscar o redirecionamento da execução contra o sócio da empresa falida. VISTOS e relatados estes autos de AGRAVO DE PETIÇÃO interposto de decisão do Exmo. Juíza Rachel de Souza Carneiro, da 3ª Vara do Trabalho de Pelotas, sendo agravante AYRES KOHLS e agravados JOÃO CLIM B. DE OLIVEIRA FILHOS LTDA. E JOÃO CLIM BARBOSA DE OLIVEIRA. O reclamante agrava de petição às fls. 179/180, inconformado com a decisão das fls. 173/175, que indeferiu o pedido de

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redirecionamento da execução contra os sócios da massa falida. Com contra-razões sobem os autos a este Tribunal. É o relatório. ISTO POSTO: O agravante ingressou com reclamatória trabalhista em 16/02/1996. Em 31/5/1996, em audiência, a preposta da reclamada informa que foi decretada auto-falência da empresa. Na petição das fls. 110/113, o reclamante requereu o chamamento ao processo do sócio-gerente da reclamada, Sr. João Clim Barbosa de Oliveira, o que foi indeferido pelo Juízo a quo ao fundamento de que o chamamento ao processo é uma faculdade atribuída ao réu, sendo determinado novamente ao autor que informasse o nome do síndico da massa falida. Em 22/10/1996, em face da inércia do autor, foi determinado o arquivamento do feito, com pendência. Em 19/12/1996 o reclamante peticionou informando o nome do síndico, sendo o processo desarquivado, e, em 15/9/1997, as partes firmaram acordo no valor de R$ 3.000,00, sendo expedida certidão para habilitação dos créditos junto ao Juízo Falimentar (fl. 128). Em 31/3/2006, o demandante, alegando a extinção da falência sem o pagamento dos seus créditos, requer o desarquivamento do processo, para prosseguimento da execução contra os sócios da reclamada. Em 24/5/2007, o Juízo da 2ª Vara Cível de Pelotas, em resposta ao ofício da fl. 139, informa que não está habilitado nos autos da falência crédito em nome do reclamante, tendo havido pagamento de alguns credores e inexistindo saldo remanescente, conforme comprovam o relatório final da falência (fls. 143/145) e a decisão de encerramento (fl. 146), ocorrido em 12/02/2001. Diante deste fato, o reclamante peticionou à fl. 150, requerendo a penhora on line nas contas do sócio João Clim Barbosa de Oliveira, tendo o Juízo de origem determinado sua inclusão no pólo passivo. Em face da citação, o sócio João Clim Barbosa de Oliveira manifesta-se, às fls. 160/163, requerendo sua exclusão do processo, sob as alegações de que, em síntese, o reclamante deveria ter habilitado seus créditos junto à massa falida e que a competência da Justiça Trabalhista encerra com a expedição da certidão de habilitação, bem como que não houve dolo ou fraude na falência. Determinou, então, o Juízo, que o reclamante comprovasse a habilitação dos créditos junto ao Juízo Falimentar, sendo informado à fl. 172, em 29/11/2007, que, de fato, ela não foi efetuada. Sendo assim, o Juízo de origem, às fls. 173/175, determinou o retorno dos autos ao arquivo, considerando inviável o redirecionamento da execução contra os sócios, ao fundamento de que “mesmo com a existência de credores insatisfeitos no curso do processo falimentar, não há como supor que tal abrangeria o crédito do exeqüente acaso regular sua habilitação, haja vista a preferência dos créditos laborais”. Tal decisão deve ser mantida. Entende-se que não deve ser afastada de plano a possibilidade de redirecionamento da execução contra os sócios de empresa falida, ainda que não habilitados os créditos perante o Juízo Falimentar, desde que comprovada a insuficiência de patrimônio para a quitação de todos os débitos trabalhistas da massa. Ocorre que, no caso concreto, o autor recebeu a certidão de habilitação em 16/9/1997, deixando transcorrer in albis o processo falimentar, durante quase dez anos, pois somente em 31/3/2006, cinco anos, portanto, após o encerramento da falência, ocorrido em 21/02/2001, é que solicitou o desarquivamento do processo para buscar seus créditos em face do sócio João Clim Barbosa de Oliveira. Registre-se que, de acordo com o relatório do síndico da falência, com o valor resultante da venda da massa falida foram pagas as despesas com o Edital e mais três credores trabalhistas, cujos créditos estavam habilitados. Diante da evidente insuficiência do patrimônio da massa, poderia o autor, ainda no curso do processo falimentar, ter buscado a satisfação dos seus créditos junto a esta Justiça. No entanto, deixou passar mais de cinco anos após o encerramento da falência. Veja-se que, de acordo com o artigo 135, III, do Decreto-Lei 7661/1945, vigente à época, o decurso do prazo de cinco anos, contado a partir do encerramento da falência, extingue as obrigações do falido, se este, ou o sócio gerente da sociedade falida, não tiver sido condenado por crime falimentar. Nega-se provimento ao agravo. Ante o exposto, ACORDAM os Juízes da 4ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região: por unanimidade, NEGAR PROVIMENTO AO AGRAVO. Intimem-se. Porto Alegre, 31 de julho de 2008 (quinta-feira). FABIANO DE CASTILHOS BERTOLUCCI JUIZ - RELATOR

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TRT 15ª R - Execução segue contra devedora secundária mesmo com falência da principal Publicado em 29 de Setembro de 2008 às 14h42 “Havendo decisão transitada em julgado, estabelecendo a responsabilidade subsidiária, a execução pode prosseguir no Juízo Trabalhista em face da tomadora, mesmo nos casos de falência da devedora principal.” Sob esse fundamento, a 1ª Câmara do TRT da 15ª negou, por unanimidade, provimento a agravo de petição (AP) de uma indústria química, devedora subsidiária num processo em que a primeira executada é a massa falida de uma empresa de engenharia. O agravo de petição é um recurso que cabe na fase de execução do processo. O colegiado manteve decisão da 1ª Vara do Trabalho de Paulínia - município vizinho a Campinas -, que julgou improcedentes embargos à execução ajuizados pela indústria química. A segunda executada argumentara que primeiramente deveriam ser esgotados todos os meios de execução em face da devedora principal, incluindo a responsabilização dos sócios, pela aplicação da teoria da desconsideração da personalidade jurídica. Só após isso, subsistindo o crédito, a execução prosseguiria em face da devedora secundária. Celeridade Ao recorrer ao Tribunal, por meio do AP, a empresa insistiu nesses argumentos. “Em decorrência da natureza alimentar do crédito trabalhista, não se pode compelir o trabalhador a pleitear seu crédito pelo caminho mais difícil e demorado no Juízo Falimentar”, argumentou, em seu voto, a relatora do acórdão no TRT, Desembargadora federal do trabalho Tereza Aparecida Asta Gemignani. Para a magistrada, a ocorrência da falência demonstra a insolvência da primeira executada, razão suficiente para o prosseguimento da execução em face da agravante, “restando desnecessária a inclusão dos sócios da devedora principal no pólo passivo da demanda”. A Câmara rejeitou também o pedido da indústria química no sentido de que, sendo a devedora principal uma massa falida, a contagem dos juros fosse feita somente até a data da decretação da falência. A exemplo do juízo de primeira instância, o colegiado manteve a cobrança dos juros até o efetivo pagamento. A relatora observou que, não sendo a segunda executada uma massa falida, a ela não se aplica a limitação prevista no artigo 124 da Lei 11.101 de 2005, a nova Lei de Falências. Processo: (AP) 1361-2001-087-15-00-3 Fonte: Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO ACÓRDÃO 00052-1998-801-04-00-9 AP Fl.1

EMENTA: PENHORA EM SEGUNDO GRAU – INDISPONIBILIDADE TEMPORÁRIA DE BENS DA DEVEDORA – POSSIBILIDADE. A indisponibilidade temporária dos bens da sócia majoritária da executada (e devedora principal em face do redirecionamento da execução) não impede a penhora em segundo grau de bem imóvel objeto de constrição judicial em processo que tramita perante a Justiça Federal. VISTOS e relatados estes autos de AGRAVO DE PETIÇÃO interposto de decisão do Exmo. Juiz da 1ª Vara do Trabalho de Uruguaiana, sendo agravante SÉRGIO VERÇOSA PEREIRA e agravadas URUGUAIANA ADMINISTRADORA DE CONSÓRCIOS LTDA. (MASSA FALIDA) E GAVEL GATTIBONI VEÍCULOS LTDA. Inconformado com a decisão da fl. 564, proferida pelo Exmo Juiz Alcides Otto Flinkerbusch, que indeferiu o pedido de penhora de bens da empresa Gavel Gattiboni Veículos Ltda., o exeqüente interpõe agravo de petição às fls. 570-573. Alega que a massa falida da executada – Uruguaiana Administradora de Consórcios Ltda. – não possui bens suficientes para pagar todos os credores. Com isso, defende ser necessária a penhora de imóvel pertencente à sócia majoritária. Destaca que referido bem será levado a leilão no processo nº 99.13.00206-0, que tramita perante a 2ª Vara da Justiça Federal. Pondera que o indeferimento da penhora lhe causará duplo prejuízo, pois não receberá seu crédito em virtude da insuficiência de bens da massa falida e em razão da venda do imóvel da sócia majoritária. Sem contraminuta, sobem os autos a este Tribunal. É o relatório. VOTO DO RELATOR:

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O exeqüente volta-se contra o indeferimento do pedido de penhora a ser feita nos autos do processo nº 99.13.00206-0, em trâmite perante a 2ª Vara Federal de Uruguaiana, mediante ofício, no qual será levado a hasta pública um imóvel de propriedade da empresa GAVEL GATTIBONI VEÍCULOS LTDA. (fls. 525-527). Consoante despacho exarado à fl. 564, o Juízo da execução rejeitou o pedido por entender que os documentos trazidos aos autos são insuficientes para comprovar que a massa falida não tem patrimônio para honrar os créditos trabalhistas. Tal entendimento partiu da premissa de que era necessário o redirecionamento da execução contra a devedora subsidiária, o que dependeria da inexistência de bens da devedora principal (despacho da fl. 540). Em primeiro lugar, a empresa Gavel Gattiboni Veículos Ltda. não é devedora subsidiária. Na sentença exeqüenda (fls. 126-129) apenas a empresa Uruguaiana Administradora de Consórcios Ltda. restou condenada ao pagamento das parcelas elencadas no dispositivo. No entanto, na fase de execução, o exeqüente, não concordando com as indicações de bens da executada, requereu a penhora de imóvel pertencente à sócia majoritária – Gavel Gattiboni Veículos Ltda. (fl. 194). A par disso, o Julgador determinou o redirecionamento da execução contra a referida empresa (fl. 194 verso), sobre o que não houve insurgência, já que após a garantia do juízo (auto de penhora da fl. 226) foram interpostos embargos à execução (fls. 228-250), cuja discussão cingiu-se à impenhorabilidade do bem e critério de atualização monetária do débito. Foi certificada nos autos a falência da primeira executada (fl. 366 verso). Mesmo assim, foi acolhido o requerimento do exeqüente de penhora “sobre o saldo remanescente, no processo nº 01192.801/01-6”, no qual ela figura como parte-ré (despacho da fl. 438 e termo da fl. 440). Todavia, posteriormente, são expedidas habilitações de crédito (fl. 479) e liberadas as duas penhoras existentes nos autos (fl. 499). Ao contrário do fundamento utilizado no despacho agravado, já houve o redirecionamento da execução, inclusive com penhora de bens, cuja liberação foi noticiada acima, não havendo necessidade de o exeqüente provar a insuficiência de bens da massa falida. Em face do redirecionamento da execução a sócia majoritária da executada, detendo cerca de 97% do capital social, passou à condição de devedora principal. Nesse contexto desnecessária a prova exigida (insuficiência de patrimônio da primeira executada – massa falida) para ser acolhido o pedido de penhora sobre bens de propriedade da empresa Gavel Gattiboni Veículos Ltda., também executada nos autos. Como o bem indicado pelo exeqüente encontra-se penhorado nos autos processo nº 99.13.00206-0, em trâmite na Justiça Federal, estamos diante de penhora em segundo grau, sendo pertinentes os arts. 613 e 711 do CPC. É um lamentável vezo, arraigado na praxe forense trabalhista, denominar isso como “penhora de remanescente”, porque seria logicamente incompreensível penhorar algo que pode vir a existir ou não. Por outro lado, observo que na sentença em que decretada a falência de Uruguaiana Administradora de Consórcios Ltda. foi determinada a indisponibilidade dos bens dos sócios gerentes ou administradores da empresa até a conclusão do inquérito judicial (fls. 486-489). Então, os bens da segunda executada – GAVEL GATTIBONI VEÍCULOS LTDA. – encontram-se temporariamente indisponíveis. No entanto, conforme já decidido em situação análoga, envolvendo a mesma empresa (processo nº 01992-2005-802-04-00-1), indisponibilidade não se confunde com impenhorabilidade. Ainda, a respeito da matéria, há decisão unânime desta Turma, da lavra da Exma. Juíza Denise Maria de Barros, cujos fundamentos peço vênia para transcrever: “Indisponibilidade de bens. Para a satisfação da dívida do exeqüente, foi penhorado um terreno situado no município de Uruguaiana (Auto de Penhora e Avaliação, fl. 84). Na seqüência, a executada juntou aos autos a certidão de fl. 121, lavrada pela 2ª Vara Civil de Uruguaiana, dando conta de que fora decretada a falência da empresa Uruguaiana Administradora de Consórcio Ltda., bem como a indisponibilidade dos bens de seus sócios gerentes ou administradores, até a conclusão do inquérito judicial, figurando como sócios daquela a executada e o espólio de Astrogildo José Gattiboni, conforme sentença de fls. 122/124. Diante do certificado, o Juízo “a quo” determinou a liberação da penhora (fl. 125) e a suspensão da execução até a liberação dos bens dos sócios (despacho, fl. 129). Manifestando-se a respeito, o exeqüente requereu a reconsideração do decidido, forte na sentença de fls. 134/136. Mantido o despacho de fl. 129 (decisão de fl. 137), agrava de petição o exeqüente. Merece parcial reparo a decisão de origem. Com efeito, é inarredável a circunstância de que, com a decretação da falência da empresa Uruguaiana Administradora de Consórcios Ltda., restou declarada a indisponibilidade dos bens de seus sócios-gerentes ou administradores, e que em tal condição se encontram os bens da executada, sócia da falida. Se há indisponibilidade de bens, não se pode acolher a pretensão do exeqüente, porquanto a indisponibilidade impede o prosseguimento da execução e, conseqüentemente, a venda judicial do terreno situado no município de Uruguaiana. Não há impenhorabilidade dos bens, mas indisponibilidade, o que não se confunde. Não obstante, a Lei 11.101/05 dispõe sobre a suspensão das execuções do falido: “Art. 6o A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário.” Por outro lado, a decisão de fls. 134/136, proferida nos autos da ação trabalhista movida contra a executada por Ricardo Ribeiro Bertin, não ampara a pretensão do exeqüente. Naqueles autos, o Juiz da 2ª Vara de Uruguaiana determinou o prosseguimento da execução contra a executada porque não comprovada a existência de declaração judicial de indisponibilidade de seus bens. Como se viu, não é essa a situação dos presentes autos, em que materializada a prova de indisponibilidade. Recurso parcialmente provido para manter a penhora, observados, no entanto, os efeitos da indisponibilidade decretada na falência da empresa Uruguaiana Administradora de Consórcios Ltda.” (ora grifado). Enquanto perdurar a indisponibilidade temporária, é certo que o bem penhorado pela Justiça Federal não poderá ser levado à

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hasta pública. Tal fato, entretanto, não impede que seja procedida a penhora em segundo grau, como pretende o credor sob o impróprio nome de “penhora de remanescentes”. Assim, dou provimento ao recurso para determinar a penhora em segundo grau sobre o bem noticiado na petição das fls. 525/527, cuja matrícula contendo a descrição completa deverá ser anexada pelo credor, comunicando-se, posteriormente, ao Juízo da 2ª Vara da Justiça Federal de Uruguaiana, para que os pagamentos observem a ordem de prelação. Ante o exposto, ACORDAM os Juízes da 4ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, por unanimidade, DAR PROVIMENTO AO AGRAVO para determinar a penhora em segundo grau sobre o bem noticiado na petição das fls. 525/527, cuja matrícula contendo a descrição completa deverá ser anexada pelo credor, comunicando-se, posteriormente, ao Juízo da 2ª Vara da Justiça Federal de Uruguaiana. Intimem-se. Porto Alegre, 8 de maio de 2008 (quinta-feira).

RICARDO TAVARES GEHLING

Juiz-Relator

27 – EXECUÇÃO CONTRA O ESTADO ESTRANGEIRO (Pessoa Jurídica de Direito Público Externo). O artigo 114, I da CF/88 contempla a competência material/pessoal da Justiça do Trabalho para processar e julgar: “as ações oriundas da relação de trabalho, abrangendo os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Por igual, os artigos 876 e seguintes da CLT confiram a competência da Justiça do Trabalho para a execução das sentenças que proferir. A Consolidação dos Provimentos do TST contempla: Capítulo III Da Execução Contra Estado Estrangeiro e Organismos Internacionais Art. 81. Salvo renúncia, é absoluta a imunidade de execução do Estado estrangeiro e dos Organismos Internacionais. Art. 82. Havendo sentença condenatória em face de Estado estrangeiro ou Organismos Internacionais, expedir-se-á, após o trânsito em julgado da decisão, carta rogatória para cobrança do crédito. O entendimento manifestado na Consolidação dos Provimentos, hoje está cristalizado em orientação jurisprudencial do TST como segue: OJ-SDI1-416 IMUNIDADE DE JURISDIÇÃO. ORGANIZAÇÃO OU ORGANISMO INTERNACIONAL. (DEJT divulgado em 14, 15 e 16.02.2012) As organizações ou organismos internacionais gozam de imunidade absoluta de jurisdição quando amparados por norma internacional incorporada ao ordenamento jurídico brasileiro, não se lhes aplicando a regra do Direito Consuetudinário relativa à natureza dos atos praticados. Excepcionalmente, prevalecerá a jurisdição brasileira na hipótese de renúncia expressa à cláusula de imunidade jurisdicional.

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Como se observa a os Provimentos do TST e a OJ contemplam a regra geral, o que não quer dizer que não haja exceções. Assim, no que respeita à execução, a questão é de se saber se deve ser processada necessariamente e exclusivamente por carta rogatória e vias diplomáticas ou se a Justiça do Trabalho pode determinar a constrição direta de bens e sua expropriação. Ao que se depende da doutrina e jurisprudência dominantes, há a possibilidade de constrição e alienação quanto a bens não afetados, isto é não indispensáveis ao exercício da missão diplomática Estado estrangeiro ao contratar trabalhador, o faz sob a CLT Publicado em 2 de Abril de 2008 às 11h32 O Estado estrangeiro (acreditante) quando contrata trabalhador, o faz sob a égide da CLT; é, portanto, empregador comum. Assim entendeu o Desembargador Federal do Trabalho Rovirso Aparecido Boldo, no que foi acompanhado pelos Desembargadores da 8ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região. A questão foi apreciada em Agravo de Petição contra a decisão que julgou improcedentes os embargos à execução, na qual propugnava-se que a execução se fizesse pela via diplomática, em face da imunidade executiva; ou, noutro entendimento, que fosse decretada a ilegalidade e abusividade da constrição realizada na conta bancária do agravante, com vistas à liberação de numerário, prosseguindo a execução quanto aos bens desafetos à Missão Diplomática. Em seu voto, o Desembargador Rovirso Aparecido Boldo destacou que: “ A imunidade de execução, contudo, não é absoluta. Os bens pertencentes ao Estado estrangeiro, mas que não destinados às atividades da missão diplomática podem ser penhorados. Trata-se da consecução de meros atos de gestão assim abarcados os contratos mercantis e os de emprego, por exemplo. Nessa condição, a evocação da questão da soberania não suplanta a exigência de cumprimento da legislação trabalhista.” Dessa forma, o Desembargador concluiu que “...sujeita-se o Estado estrangeiro à expropriação judicial como meio forçado de transferência de propriedade”. Completou, ainda, firmando que “a apreensão de numerário depositado em conta-corrente atende às exigências legais, sem malferimento a preceitos ético-jurídicos ensejadores de violação da soberania do Estado.” O acórdão dos Desembargadores Federais do Trabalho da 8ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-SP) foi publicado em 26/02/2008, sob o nº Ac. 20080084189. Processo: 02003200201202007 . Fonte: Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região

28 – EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA Nos termos do artigo 876 da CLT, executam-se títulos judiciais e extrajudiciais. A administração pública, pelos princípios insculpidos no “caput” do artigo 37 da CF/88, máxime o da legalidade, não está autorizada a formação de títulos executivos trabalhistas extrajudiciais. Quanto ao título executivo judicial consubstanciado no acordo judicial que no processo do trabalho tem efeito de decisão irrecorrível entre-partes, por igual e em razão dos mesmos princípios constitucionais, está, em tese, impedida de realizar conciliações. Com isto, resta, apenas a SENTENÇA como título judicial exeqüível. Quando a sentença for ilíquida ou parcialmente ilíquida, impõe-se a realização dos atos de acertamento (liquidação). A partir destas premissas analisam-se os privilégios da administração pública:

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A) O primeiro privilégio ocorre quando, superados os atos de acertamento (liquidação), após julgada a conta e citado o ente público, a citação na execução é por oficial de justiça e, portanto, pessoal, ocorre de imediato a abertura do prazo para a interposição das ações incidentais previstas no artigo 884 da CLT. Logo, inexiste atos de constrição – penhora – contra a fazenda pública. Assim, o prazo para o aforamento das ações incidentais (impugnação à conta; embargos à execução) inicia a fluir a partir da citação. Na verdade já foram superados os atos de acertamento, pois a ação incidental de impugnação aos cálculos tem natureza revisional. Enquanto os entes privados têm apenas 05 dias para propor as ações incidentais, a administração pública direta, autárquica e fundacional, goza do prazo de 30 DIAS. A Dilação deste prazo ocorreu com o artigo 4º da MP n. 2.180-35, de 24.08.01 que acrescenta dispositivo na Lei 9.494 de 10.09.97. “Art. 1- A - Estão dispensadas de depósito prévio, para interposição de recurso, as pessoas jurídicas de direito público federais, estaduais, distritais e municipais. Art. 1-B – O prazo a que se refere o caput dos arts. 730 do Código de Processo Civil, e 884 da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-lei 5.452 de 1º de maio de 1943, passa a ser de 30 dias. Art. 1-C – Prescreverá em cinco anos o direito de obter indenização dos danos causados por agentes de pessoas jurídicas de direito público e de pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos. Art. 1-D – Não serão devidos honorários advocatícios pela Fazenda Pública nas execuções não embargadas. Art. 1-E – São passíveis de revisão, pelo Presidente do Tribunal, de ofício ou a requerimento das partes, as contas elaboradas para aferir o valor dos precatórios antes de seu pagamento ao credor. Art. 1-F – Os juros de mora, nas condenações impostas à Fazenda Pública para pagamento de verbas remuneratórias devidas a servidores e empregados públicos, não poderá ultrapassar o percentual de seis por cento ao ano. Art. 2-A – A sentença civil prolatada em ação de caráter coletivo proposta por entidade associativa, na defesa dos interesses e direitos dos seus associados, abrangerá apenas os substitutos que tenham, na data da propositura da ação, domicilio no âmbito da competência territorial do órgão prolator. PARÁGRAFO ÚNICO – Nas ações coletivas propostas contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas autarquias e fundações, a petição inicial deverá obrigatoriamente estar instruída com a ata de assembléia da entidade associativa que a autorizou, acompanhada da relação nominal dos seus associados e indicação dos respectivos endereços. Art. 2-B – A sentença que tenha por objeto a liberação de recurso, inclusão em folha de pagamento, reclassificação, equiparação, concessão de aumento ou extensão de vantagens a servidores da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,

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inclusive de suas autarquias e fundações, somente poderá ser executada após seu trânsito em julgado. B) – Como se observa das modificações supra transcritas, além de inexistir o depósito

prévio, para a interposição de recurso no processo de conhecimento, depósito este que tem a finalidade de garantia do juízo- garantia da execução - , por igual, e na mesma coerência, a administração pública não tem que garantir a execução por força do artigo 884 da CLT, até porque seus bens são impenhoráveis. A propósito do prazo de 30 dias para ajuizar a ação de embargos à execução por parte da administração pública, recente decisão do TST a considerou inconstitucional:

TST julga inconstitucional MP que trata de prazo processual

Notícia de 05.08.2005 A sessão do Pleno do Tribunal Superior do Trabalho declarou a inconstitucionalidade do artigo quarto da Medida Provisória 2.180-35/2001 que ampliou o prazo de dez para 30 dias para os entes públicos recorrerem de decisões judiciais, com embargos, na fase em que o processo encontra-se em fase de execução. Onze dos 14 ministros que participaram da sessão julgaram que a mudança dessa norma processual não tem a urgência que justifique a edição de medida provisória. “O favor processual concedido aos entes públicos, no sentido de triplicar o prazo para a oposição dos embargos à execução, carece de urgência política, ou seja, não se revela proporcional, apresentando-se como um privilégio inconstitucional”, disse o relator do Incidente de Inconstitucionalidade, ministro Ives Gandra Martins Filho. A urgência para a edição de MPs, afirmou, obedece a dois critérios, um objetivo –“verificação da impossibilidade de se aguardar o tempo natural do processo legislativo sumário” - e outro subjetivo, que se relaciona, principalmente, “a um juízo político de oportunidade e conveniência”. Ives Gandra esclareceu que a inconstitucionalidade deve-se apenas ao aspecto formal, ou seja, à utilização de MP para a mudança de norma processual. Reforçou o voto do ministro decisão do Supremo Tribunal Federal referente à ampliação do prazo para ajuizamento de ação rescisória também por meio de medida provisória. O incidente de inconstitucionalidade foi levantado pela Quarta Turma do TST no julgamento de recurso de um grupo de funcionários da Fundação do Trabalho e Ação Social do Rio Grande do Sul. O Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região havia rejeitado os embargos da entidade, por julgá-los intempestivos, depois de declarar inconstitucional o artigo da MP que ampliou o prazo estabelecido no Código de Processo Civil. Em voto divergente, o ministro João Oreste Dalazen considerou justificável a edição de medida provisória para aumentar esse prazo processual para os entes públicos, em razão da estrutura deficiente da advocacia pública para trabalhar com volume absurdo de processos que tramitam com o Estado. Com um prazo maior, os entes públicos teriam melhores condições de defender

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os interersses públicos. Em oposição a esse argumento, o ministro Barros Levenhagen ressaltou que a controvérsia não é em relação à inconstitucionalidade material, ou seja, ao prazo estabelecido na MP, mas, sim, ao meio utilizado para fixá-lo. Há anos, afirmou, o Estado enfrenta esse problema, sem que o Executivo tenha encaminhado ao Legislativo projeto de lei propondo a mudanças desses prazos processuais. Ao contrário, afirmou, o que vem ocorrendo é a persistente “usurpação da competência do Legislativo com o Executivo” com a edição de matérias que deveriam legisladas pelo poder competente para tal. (RR-70/1992-011-04-00.7)

Com isto se a aplicação deste prazo às empresas privadas já era polêmica, agora, ficou mais polêmica no que respeita a quem efetivamente se destinava – administração pública. Contudo, convém relacionar referida decisão e seus efeitos com o Direito Constitucional. É sabido que, no caso, trata-se de decisão incidental (controle difuso da constitucionalidade – art. 97 da CF/88) e não ação direta de inconstitucionalidade, cuja competência é do STF (art. 102,I,”a” da CF/88). Referida decisão só assumirá proporções se houver recurso da mesma ao STF. Se o STF declarar inconstitucional a Medida Provisória, daí sim, por força do artigo 52, X da CF/88 compete ao Senado Federal “suspender a execução, no todo ou em parte, da lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal”. Conclui-se, com isto, que a administração pública lutará pela prevalência do prazo de 30 dias e enquanto não for declarada, no todo ou em parte, inconstitucional pelo STF. No nosso entender a Medida Provisória e o questionado prazo de 30 dias continuam em vigor, pois a decisão incidental do TST, em controle difuso, não tem efeitos “erga omnes”. Lembrar o que orienta a OJ da SDI-I do TST - Entidade pública. Exploração de atividade eminentemente econômica. Execução. Art. 883 da CLT. Nova redação - DJ 16.04.2004 - Parágrafo único do artigo 168 do Regimento Interno do TST É direta a execução contra a APPA e MINASCAIXA (§ 1º do art. 173, da CF/1988).

Histórico: Alterado - DJ 24.11.2003 IUJ-ROMS 652135/2000, T. Pleno Em 06.11.2003, o Tribunal Pleno decidiu, por maioria, excluir a referência à ECT do Tema 87 da OJ-SDI-1, por entender ser a execução contra ela feita por meio de precatório.

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É direta a execução contra a APPA, Caixa Econômica do Estado do Rio Grande do Sul e MINASCAIXA (§ 1º do art. 173, da CF/1988).

Redação original - RA 57/1970, DO-GB 27.11.1970 Nº 87. Entidade pública. Exploração de atividade eminentemente econômica. Execução. Art. 883, da CLT. Inserido em 28.04.1997

É direta a execução contra a APPA, Caixa Econômica do Estado do Rio Grande do Sul, ECT e MINASCAIXA (§ 1º do art. 173, da CF/1988).

TST nega privilégio processual a autarquia interestadual Publicado em 9 de Novembro de 2005 às 16h08

O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) não detém os privilégios processuais comuns aos órgãos públicos, dentre eles a dispensa da comprovação da autenticidade de cópia xerox do recibo de pagamento das custas do processo. Sob esse entendimento, a Subseção de Dissídios Individuais – 1 (SDI-1) do Tribunal Superior do Trabalho negou embargos em recurso de revista à autarquia interestadual, em litígio mantido com o Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de Florianópolis e Região.

A decisão da SDI-1 confirma manifestação anterior da Primeira Turma do TST que concedeu recurso de revista à entidade sindical e declarou a ocorrência de deserção em relação a recurso ordinário interposto pelo BRDE na Justiça do Trabalho catarinense. O posicionamento foi adotado porque a guia DARF, correspondente ao recolhimento das custas processuais, foi anexada aos autos por meio de cópia sem autenticação. A inobservância da regra processual levou ao reconhecimento da deserção e, com isso, o arquivamento do processo.

Inconformado, o BRDE tentou a reforma da decisão da Primeira Turma no TST. Para tanto, sustentou a condição de órgão público, decorrente de seu enquadramento jurídico como autarquia interestadual. Esse status afastaria a necessidade de comprovação do pagamento das custas, regra não aplicável às chamadas pessoas jurídicas de direito público.

O argumento patronal foi aceito pelo Ministro Brito Pereira (relator) , mas o Ministro João Oreste Dalazen (redator designado para o acórdão) observou que a classificação do BRDE como autarquia corresponde a uma mera formalidade, uma vez que a instituição explora atividade econômica à semelhança dos demais bancos privados.

O argumento do Ministro Dalazen foi reforçado pelo teor da Orientação Jurisprudencial Transitória nº 34, que reconhece a natureza financeira do BRDE e a condição de

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celetistas de seus trabalhadores. O desdobramento dessa tese, segundo a decisão da SDI-1, indica a impossibilidade de estender ao BRDE o privilégio de anexar aos autos a comprovação não autenticada das custas.

Segundo a OJ Transitória, “o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul é uma entidade autárquica de natureza bancária, e, como tal, submete-se ao art. 173, § 1º, da Constituição Federal de 1988. Desta forma, sendo a natureza das atividades por ele exercidas similares às de qualquer instituição financeira, seus empregados são bancários, regendo-se pelas normas especiais a eles referentes”. (ERR 308/2002-034-12-00.7)

C) Como preconiza a Lei 0404/87, artigo 1-F, no que respeita à conta, vê-se que os juros são diferenciados, pois enquanto os entes privados pagam 1% ao mês, num total de 12% ao ano, administração pública goza do limite de 6% ao ano. D) Enquanto, contra o ente privado, é possível instaurar execução provisória (ainda não trânsita em julgado a sentença), contra o ente público, nas hipóteses do artigo 2-B supra, só é possível a execução definitiva, isto é, com e após o trânsito em julgado da sentença. Mais, é entendimento jurisprudencial dominante que não se aplica à Fazenda Pública a execução provisória, pois ocorre a falta de decisão com força de “res judicata” e porque a execução contra a Fazenda Pública é sempre definitiva. E) Prazo para o Recurso de Agravo de Petição. Segue a regra do privilégio – “Em Dobro para Recorrer”. Quanto às custas para embargar, impugnar e recorrer, permanece isento, também, na execução. Incabível o reexame necessário (recurso ex offício), pois o inciso V do art. 1º do DL 779 é claro ao falar em “... recurso ordinário ex offício....” F) Por fim, ante a impossibilidade dos atos de constrição (penhora) e conseqüente alienação (venda em hasta pública) dos bens públicos, a execução, como regra, será processada mediante o precatório (Art. 100 da CF/88). Mais, quando da liberação do crédito, poderá a conta ser revista pelo Presidente do Tribunal (art. 1-E da Lei 0404/87). A interpretação que a doutrina vinha adotando ante o disposto no artigo 100 da CF/88, antes da Emenda Constitucional n. 37 de 2002, quanto ao crédito de “natureza alimentícia”, ante a impossibilidade de operacionalização fática e jurídica de seqüestro imediato de valores do erário público, era no sentido de diferenciá-lo dos créditos não alimentício s, isto é, de outra natureza, privilegiando os primeiros na ordem cronológica do cumprimento do precatório. De resto, o § 1º do artigo 6º da Lei 9.469 d 10.07.97 confirma o entendimento ao prescrever: “É assegurado o direito de preferência aos credores de obrigação de

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natureza alimentícia, obedecida , entre eles, a ordem cronológica de apresentação dos respectivos precatórios judiciários.” Com isto o precatório segue o procedimento: 1) requisição, pelo juízo da execução, ao Presidente do seu Tribunal, do pagamento

do valor fixado na respectiva sentença; 2) expedição do Precatório Requisitório pelo Presidente do Tribunal ao ente público

devedor; 3) inclusão na previsão orçamentária do ente público devedor para o exercício

seguinte; 4) pagamento na ordem cronológica de recebimento da requisição ao Tribunal

requisitante; 5) repasse do valor pago ao juízo da execução, ou se não efetuado o pagamento pelo

ente público devedor, na forma supra descrita; 6) expedição de mandado de seqüestro da quantia correspondente à requisição e, a

critério do Presidente do Tribunal requisitante, pedido de intervenção no órgão devedor.

G) Atualmente, quanto a execução por Precatório, tem-se o disposto na CF/88 e alterações ao artigo 100 pelas Emendas posteriores, bem como as seguintes Orientações Jurisprudenciais do TST em seu Pleno: Art. 100 da CF/88

§ 3º O disposto no caput deste artigo, relativamente à expedição de precatórios, não se aplica aos pagamentos de obrigações definidas em lei como de pequeno valor que a Fazenda Federal, Estadual, Distrital ou Municipal deva fazer em virtude de sentença judicial transitada em julgado. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 30, de 2000)

§ 4º São vedados a expedição de precatório complementar ou suplementar de valor pago, bem como fracionamento, repartição ou quebra do valor da execução, a fim de que seu pagamento não se faça, em parte, na forma estabelecida no § 3º deste artigo e, em parte, mediante expedição de precatório. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)

§ 5º A lei poderá fixar valores distintos para o fim previsto no § 3º deste artigo, segundo as diferentes capacidades das entidades de direito público. (Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 30, de 2000 e Renumerado pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)

Art. 87 do ADCT da CF/88, dispõe:

Art. 87. Para efeito do que dispõem o § 3º do art. 100 da Constituição Federal e o art. 78 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias serão considerados de pequeno valor, até que se dê a publicação oficial das respectivas leis definidoras pelos entes da Federação, observado o disposto no § 4º do art. 100 da Constituição Federal, os débitos ou obrigações consignados em precatório judiciário, que tenham valor igual ou inferior a: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)

I - quarenta salários-mínimos, perante a Fazenda dos Estados e do Distrito Federal; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)

II - trinta salários-mínimos, perante a Fazenda dos Municípios. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)

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Parágrafo único. Se o valor da execução ultrapassar o estabelecido neste artigo, o pagamento far-se-á, sempre, por meio de precatório, sendo facultada à parte exeqüente a renúncia ao crédito do valor excedente, para que possa optar pelo pagamento do saldo sem o precatório, da forma prevista no § 3º do art. 100. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)

OJS DO TRIBUNAL PLENO DO TST: Nº 1 – Precatório. Crédito Trabalhista. Pequeno Valor. Emenda Constitucional n. 37/2002. Há dispensa de expedição de precatório, na forma do art. 100, § 3º, da CF/88, quando a execução contra a Fazenda Pública não exceder os valores definidos, provisoriamente, pela Emenda Constitucional n. 37/2002, como obrigações de pequeno valor, inexistindo ilegalidade, sobre esse prisma, na determinação de seqüestro da quantia devida pelo ente público. N. 2.- Precatório. Revisão de cálculos. Limites da competência do Presidente do TRT. O pedido de revisão de cálculos, em fase de precatório, previsto no art. 1º da Lei 9494/1997, apenas poderá ser acolhido desde que: a) o requerente aponte e especifique claramente quais são as incorreções existentes nos cálculos, discriminando o montante que seria correto, pois do contrário a incorreção torna-se abstrata; b) o defeito nos cálculos esteja ligado à incorreção material ou a utilização de critério em descompasso com a lei ou com o título executivo judicial; e c) o critério legal aplicável ao débito não tenha sido objeto de debate nem na fase de conhecimento, nem na fase de execução. N. 3.- Precatório. Seqüestro. Emenda Constitucional n. 30/2000. Preterição. ADIn 1662-8. Art. 100, § 2º da CF/88. O seqüestro de verbas públicas para a satisfação de precatórios trabalhistas só é admitido na hipótese de preterição do direito de precedência do credor, a ela não se equiparando as situações de não inclusão da despesa no orçamento ou de não-pagamento do precatório até o final do exercício, quando incluído no orçamento. SÚMULAS DO STF SOBRE PRECATÓRIO DE NATUREZA TRABALHISTA. N. 655 – Precatório – Exceção prevista no art. 100, “caput”, da Constituição – Crédito de natureza alimentícia – não dispensa do precatório – Observância da Ordem Cronológica. A exceção prevista no art. 100, “caput” da Constituição, em favor dos créditos de natureza alimentícia, não dispensa a expedição de precatório, limitando-se a isentá-los da observância da ordem cronológica dos precatórios decorrentes de condenações de outra natureza (DJ 9, 10 e 13.10.03). N. 733 Recurso Extraordinário – Decisão Proferida no Processamento de Precatório - Descabimento. Não cabe recurso extraordinário contra decisão proferida no processamento de precatórios (DJ 9.12.03). EXECUÇÃO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – DISPENSA DO PRECATÓRIO – PEQUENO VALOR. O TST à respeito do tema vem se manifestando reiteradamente:

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AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSO DE EXECUÇÃO. PRECATÓRIO. CRÉDITO DE PEQUENO VALOR. DESNECESSIDIDADE DE EXPEDIÇÃO. VIOLAÇÃO AO ARTIGO 100, §§ 2º E 4º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL E ARTIGO 87, DO ADCT ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS. NÃO CONFIGURAÇÃO. INCIDÊNCIA DO ART. 896, § 2º, DA CLT, E DA SÚMULA 266, DO C. TST, ALÉM DA ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL Nº 01, DO TRIBUNAL PLENO DO COLENDO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO. A admissibilidade do Recurso de Revista, em processo de execução, depende de demonstração inequívoca de ofensa direta e literal à Constituição Federal, nos termos do artigo 896, § 2º, da CLT, e da Súmula 266, do C. TST. In casu, não se configura, no decidido, qualquer violação constitucional. A desnecessidade de expedição de precatório, para os créditos de pequeno valor, como é o caso, encontra-se tratada no artigo 100, § 3º, da Carta Magna, ao estabelecer que o disposto no caput do artigo, relativamente à expedição de precatórios, “não se aplica aos pagamentos de obrigações definidas em lei como de pequeno valor que a Fazenda Federal, Estadual, Distrital ou Municipal deva fazer em virtude de sentença judicial transitada em julgado”, situando-se o crédito reconhecido dentro do permissivo do artigo 87, inciso I, do ADCT, com as redações conferidas pelas Emendas Constitucionais 30/2000 e 37/2002, respectivamente. Ademais, incide ao caso a Orientação Jurisprudencial nº 01, do Tribunal Pleno do C. TST. Destarte, excluídos os créditos de pequeno valor da sistemática de expedição de precatório, não há o que se falar, como pretendido, em violação ao artigo 100, §§ 2º e 4º, da Constituição Federal, posto que, quanto ao primeiro, referir-se a precatórios judiciários, devendo atentar-se que o seqüestro determinado pelo Juízo da Execução não se confunde com o previsto em tal diploma, então ligado ao direito de precedência de precatórios formalizados, estando atinente ao Presidente do Tribunal ad quem. Especificamente no tocante ao artigo 100, § 4º, apenas prevê o mesmo a impossibilidade de se fracionar o débito para que o pagamento se dê em parte nos termos do § 3º e o restante através de precatório judiciário. Agravo de Instrumento a que se nega provimento. TRT 3ª R - Prazo para quitação de obrigação de pequeno valor deve ser o mesmo para todos os entes públicos Publicado em 31 de Julho de 2008 às 14h20 O artigo 87 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias autoriza os entes públicos a definirem a obrigação de pequeno valor de acordo com suas particularidades, como as condições locais, tamanho de suas receitas e orçamentos. Porém, essa permissão não inclui o prazo de quitação da obrigação definida como de pequeno valor, que é regido pela Lei 10.259/2001 e deve ser o mesmo para todos.

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Este foi o teor da decisão da 3ª Turma do TRT-MG, que negou provimento ao recurso do município reclamado, acompanhando o voto do Desembargador César Pereira da Silva Machado Júnior. No caso, o juiz de primeiro grau determinou a expedição da requisição de pequeno valor – RPV (ordem emanada da autoridade exigindo o pagamento do débito) para quitação da dívida no valor de R$1.948,24, atualizado até 31.12.2007, estabelecendo um prazo de 60 dias para o cumprimento da obrigação. Em sua defesa, o réu alegou que a Lei Municipal 3.474, de 25.11.2005, fixou em 10 salários mínimos as obrigações consideradas de pequeno valor e estabeleceu prazo de 90 dias para pagamento do débito após o recebimento do requisitório. Protestou contra o prazo estabelecido pelo juiz de primeiro grau e contra a determinação de seqüestro de verbas públicas, no valor relativo à execução, alegando que esta medida não é permitida no caso, tendo em vista que o direito de precedência do credor foi observado na ordem cronológica de apresentação do ofício requisitório. O relator explica que a Emenda Constitucional 37/02, acrescentou ao Ato das Disposições Constitucionais Transitórias o artigo 87, estabelecendo o débito ou obrigação de pequeno valor de 40 salários mínimos para Estados e Distrito Federal e 30 salários mínimos para os Municípios, até que os entes da Federação publiquem oficialmente as respectivas leis definindo as obrigações consideradas de pequeno valor a serem pagas sem o precatório (requisição feita pelo juiz de execução de decisão irrecorrível contra a Fazenda Pública, para que as dívidas sejam pagas aos respectivos credores). Portanto, devem prevalecer os valores fixados pelas leis estaduais, que podem ser superiores ou inferiores aos previstos no artigo 87 do ADCT. O prazo para o cumprimento da RPV, no entanto, é regido pela Lei 10.259/2001 e deve ser igual para todos. Portanto, não há como prevalecer o prazo fixado em Lei Municipal. Por esses fundamentos, a Turma manteve a decisão da primeira instância, determinando o prosseguimento da execução contra o Município. Processo: (RO) 00963-2007-100-03-00-0 Fonte: Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região 29– EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE - Trata-se de ação cuja aplicação, na execução trabalhista, tem-se mostrado controvertida, pois objetiva a defesa do devedor sem que haja a necessidade da garantia do juízo. A regra é a garantia do juízo para o aforamento das ações incidentais, pois o executado (empregador), de regra, explora atividade econômica, devendo arcar com os riscos do empreendimento. Não é hipossuficiente e, portanto, não tem a proteção da legislação trabalhista, à semelhança do trabalhador.

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- No entanto, em se tratando de nulidade de execução ou do título em que a mesma se funda (execução contra pessoa física ou jurídica) (hipóteses supletivamente aplicáveis e previstas no artigo 741 do CPC) e, ainda, principalmente, sendo o executado pessoa física, tem se admitido a exceção de pré-executividade, cuja diferença para os embargos à execução, reside no fato de dispensar a garantia do juízo (nomeação de bens à penhora). Exceção de pré-executividade pode ser interposta a qualquer momento antes da penhora Publicado em 20 de Novembro de 2006 às 10h37 Como se trata de construção doutrinária e jurisprudencial, não regulada por lei, a exceção de pré-executividade (espécie de embargos à execução antecipados, ou seja, antes da penhora) possui um prazo mais abrangente que o de embargos à execução, podendo ser apresentado até mesmo antes da citação. É esse o entendimento da 8ª Turma de juízes do TRT/MG, manifestado em julgamento de agravo de petição interposto por duas empresas incluídas no pólo passivo da demanda na fase de execução, revertendo a decisão de 1º grau que havia declarado intempestiva a exceção de pré-executividade por elas interposta. Para o juiz relator, Paulo Maurício Ribeiro Pires, esse prazo mais dilatado se justifica em razão do objetivo da medida, que é, justamente, trazer ao conhecimento do juízo as nulidades que maculam o processo executivo: “Não se pode perder de vista, contudo, que o cabimento se instala em situações excepcionais, nas quais se discutam as condições da ação, pressupostos processuais, nulidade absoluta e ainda o mérito que importe prejuízo definitivo à execução” – ressalta. Por esse motivo, a exceção de pré-executividade é cabível antes mesmo do momento oportuno para os embargos – até porque, ela deverá se dar, necessariamente, antes da penhora, já que seu objetivo é impedir a realização da penhora e não desconstituí-la. Como a decisão que incluiu as agravantes no pólo passivo da ação foi publicada em 12 de maio e a exceção foi protocolizada em 25 de maio, antes da citação para pagamento do débito, a Turma entendeu que não houve preclusão e determinou o retorno do processo à Vara de origem para a apreciação do mérito do apelo.(AP nº 00597-2003-094-03-00-8) Fonte: Tribunal Regional do Trabalho da 3º Região

30 – FRAUDE À EXECUÇÃO - A fraude à lei, de regra, classifica-se como: contra credores e à execução. Fraude à credores: - Para desconstituir a alienação de bens, quando esta ocorreu antes da existência de ação, utiliza-se a Ação Pauliana no cível, pois o procedimento do devedor caracteriza-se como fraude à credores e não fraude à execução, na medida em que sequer existe processo. - Fraude à execução: - No processo do trabalho, a viga mestra que coíbe a fraude está no artigo 9º da CLT. Supletivamente, tem-se a aplicação do artigo 593 do CPC, em especial o inciso II – “quando ao tempo da alienação ou oneração, corria contra devedor demanda capaz de reduzi-lo à insolvência.” - Como no processo de conhecimento não temos citação. O marco adotado para a ocorrência de atos em fraude à execução é o protocolo da ação na distribuição. - provada a fraude o juiz trabalhista declara a nulidade ou a oneração sobre o bem penhorado, inclusive o cancelamento das averbações e demais registros, tornando-o livre e desembaraçado de quaisquer ônus. ANALISAR MODIFICAÇÃO DO CPC. – CRÍTICA!!!

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31 – EXECUÇÃO CONTRA DEVEDOR INSOLVENTE – INSOLVÊNCIA CIVIL (concurso universal de credores). Artigos do CPC ns. 748 e seguintes. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. Trata-se de matéria civil e de competência da Justiça Comum. Logo, não há se falar em concurso de credores no processo do trabalho. Amauri Mascaro do Nascimento (Iniciação ao Processo do Trabalho – Editora Saraiva – 2005) esclarece: Como a declaração de insolvência produz efeitos que excedem o âmbito jurisdicional trabalhista, como a arrecadação de todos os bens suscetíveis de penhora e a execução por concurso universal de credores civis e trabalhistas, segue-se que, não sendo dado ao juiz do trabalho atrair e habilitar créditos civis, ele não tem poderes para declarar e executar a insolvência que deve ser declarada pela Justiça Comum. Prossegue a reclamação trabalhista até a fixação, por trânsito em julgado, na sentença ou acórdão o “quantum”. Número do processo: 00479-2004-771-04-00-9 (AP) (ver andamentos do processo) Juiz: MARIA BEATRIZ CONDESSA FERREIRA Data de Publicação: 18/10/2005

Este serviço tem caráter meramente informativo, portanto, sem cunho oficial.

Localizar a primeira palavra destacada Ver este acórdão sem o destaque das palavras

(recomendado para fazer a cópia e colagem deste acórdão em outro documento)

EMENTA: CONCURSO DE CREDORES. ART. 711 DO CPC. Salvo pela via da ação própria no Juízo falimentar, não há como proceder ao concurso geral de credores de que trata o art. 751, III, do CPC. Disputados por diversos credores trabalhistas, os valores que tinha a executada a receber de terceiros devem ser liberados ao credor que primeiro obteve a medida judicial constituindo-os como garantia do seu crédito particular. Aplicação do art. 711 do CPC. Negado provimento ao agravo.

VISTOS e relatados estes autos de AGRAVO DE PETIÇÃO interposto de decisão do MM. Juízo da Vara do Trabalho de Lajeado, sendo agravante JORGE ROBERTO FERREIRA e agravados MARTINS & CIA. LTDA. - VIGILÂNCIA OLHO NOTURNO, IVANIR VILSON KERN E MAURÍCIO VANDERLEI BECKER.

Inconformado com a decisão das fls. 79/80, proferida pelo Exmo. Juiz Neuri Gabe, da Vara do Trabalho de Lajeado, o exeqüente interpõe agravo de petição às fls. 87/89.

No apelo, diz que, sendo os créditos arrestados da executada junto à Cia. Minuano de Alimentos o único bem disponível à execução, devem eles, dada a insuficiência para quitar todos os credores trabalhistas, ser distribuídos entre esses de forma proporcional com base no art. 751, III, do CPC, aplicável por analogia. Nessa linha, busca a reforma da decisão que deferiu a liberação de tais créditos exclusivamente aos Srs. Ivanir Vilson Kern e Maurício Vanderlei Becker, exeqüentes no Proc. nº 00198-2004-771-04-00-6.

Com contraminuta pelos agravados Ivanir e Maurício (fls. 92/95), os autos vêm ao Tribunal.

Processo não-sujeito a parecer do Ministério Público do Trabalho.

É o relatório.

ISTO POSTO:

PRELIMINARMENTE.

1. Sendo tempestiva a interposição (fls. 82 e 83) e regular a representação (fl. 06), estão atendidos os pressupostos de admissibilidade do recurso.

2. Como a pretensão recursal é dirigida contra decisão que favoreceu os Srs. Ivanir Vilson Kern e Maurício Vanderlei Becker, cabe a reautuação do feito e a retificação dos respectivos registros para que, além da executada, também eles constem como agravados.

3. Figurando como exeqüentes nos autos do Proc. nº 00198-2004-771-04-00-6, os agravados Ivanir Vilson Kern e Maurício Vanderlei Becker foram lá intimados da interposição do agravo, segundo se extrai da determinação contida na parte final do despacho da fl. 83. Porém, não tendo vindo aos autos cópia da referida intimação, inexistem elementos suficientes para se aferir a tempestividade da contraminuta das fls. 92/95. Além disso, sinalando-se que a oferta de tal peça não se inclui entre as hipóteses previstas no art. 37,

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caput, do CPC, verifica-se que a profissional que firmou a contraminuta sequer se encontrava, na ocasião, habilitada nos autos para representar os agravados. Por ambas as razões, é de não ser conhecida, pois, a contraminuta das fls. 92/95.

MÉRITO.

1. DA DESTINAÇÃO DOS VALORES ARRESTADOS.

Estando arrestados em favor do ora exeqüente, por força da decisão proferida na ação cautelar em apenso, os créditos da executada que eram depositados pela Cia. Minuano de Alimentos em ação que corria perante a 2ª Vara Cível da Comarca de Lajeado, verificou o Juízo a quo, quando postos à sua disposição tais valores, que eles não bastariam para pagar todos os credores trabalhistas que, arrolados à fl. 102, também eram beneficiários de medidas judiciais pelas quais passaram aqueles depósitos a constituir garantia da satisfação dos seus respectivos créditos. À vista disso, em decisão no Proc. nº 00198-2004-771-04-00-6 e cuja cópia foi juntada às fls. 79/80, determinou, com base no art. 711 do CPC, a liberação dos valores transferidos pelo Juízo Cível aos Srs. Ivanir Vilson Kern e Maurício Vanderlei Becker (reclamantes no processo acima indicado), já que, dentre todos os credores trabalhistas, foram os primeiros a obter a medida judicial tomando os depósitos em questão como garantia dos seus créditos.

O exeqüente recorre da decisão. Assevera que, sendo os créditos junto à Cia. Minuano de Alimentos o único bem da executada disponível à nomeação, cabe a presunção de insolvência dessa, conforme o art. 750, I, do CPC. Nessa linha, uma vez apurado que os créditos em tela são insuficientes para quitar todos os credores trabalhistas, diz que devem eles, por aplicação analógica do art. 751, III, do CPC, ser rateados de forma proporcional entre tais credores. Alega que a liberação dos créditos exclusivamente aos Srs. Ivanir Vilson Kern e Maurício Vanderlei Becker com base no art. 711 da CLT não importou, pois, na solução mais justa, visto que "o título legal de preferência dos credores é igual e com a mesma origem".

Não prospera.

Embora não constando nos autos notícia de algum outro bem seu passível de constrição judicial, tal fato não autoriza aplicar à executada as regras do Título IV do Livro II do CPC (arts. 748 a 786-A), que regulam a "execução por quantia certa contra devedor insolvente". Veja-se que o concurso universal de credores de que trata o art. 751, III, do CPC, invocado pelo agravante, é apenas um dos efeitos da declaração judicial da insolvência do devedor, declaração que se dá mediante sentença proferida pelo Juízo competente em ação própria, sendo lá realizada a arrecadação de todos os bens da massa, nomeado administrador e expedida convocação a todos os credores para que habilitem os respectivos créditos. Como não há certeza de que os bens da executada que seriam objeto da arrecadação se resumem aos créditos junto à Cia. Minuano de Alimentos e, caso admitida a hipótese, como também não seria possível lhes dar destinação sem a prévia montagem e homologação do quadro geral de credores (incluindo créditos de diversas naturezas, os quais, ainda que tomados unicamente os de cunho trabalhista, certamente não se limitam aos reconhecidos nos processos indicados à fl. 102), entende-se que o concurso universal de credores pleiteado pelo agravante não é possível de ser implementado com base na analogia ou na declaração incidental de insolvência, mas somente pela via da ação própria movida perante o Juízo falimentar.

Posto isso, sendo aplicável à espécie o art. 711 do CPC, observa-se que todos os credores nos processos indicados à fl. 102 e que buscaram se apropriar dos valores que a executada tinha a receber da Cia. Minuano de Alimentos para a satisfação dos seus haveres têm créditos de natureza trabalhista reconhecidos por esta Justiça Especializada. Dentre tais credores, portanto, inexistindo título legal à preferência, se estabelece concurso especial que cumpre ser resolvido, como bem decidido pelo Juízo a quo, em favor daquele que primeiro obteve a medida judicial que constituiu os valores ora em disputa como garantia do seu crédito particular; ou seja, consoante se extrai das certidões das fls. 78 e 102, em favor dos credores Ivanir Vilson Kern e Maurício Vanderlei Becker.

Nega-se provimento.

Ante o exposto,

ACORDAM os Juízes da 4ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, preliminarmente, por unanimidade, determinar a reautuação do feito e a retificação dos respectivos registros a fim de que passem a constar como agravados, também, IVANIR VILSON KERN e MAURÍCIO VANDERLEI BECKER. Preliminarmente, ainda, por unanimidade, NÃO CONHECER DA CONTRAMINUTA DAS FLS. 92/95. No mérito, por unanimidade, NEGAR PROVIMENTO AO AGRAVO DE PETIÇÃO DO EXEQÜENTE.

Intimem-se.

Porto Alegre, 29 de setembro de 2005 (quinta-feira).

MARIA BEATRIZ CONDESSA FERREIRA - Juíza-Relatora

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO

ACÓRDÃO

00479-2004-771-04-00-9 AP Fl. /4

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Por elucidar a questão, colacionamos a fundamentação constante do

acórdão AG-PET 00452-2001-009-12-00-2 – Relator MARCOS VINICIO ZANCHETTA.

A execução por quantia certa contra devedor insolvente está

disciplinada no Título IV, do Livro II, do CPC, que através dos artigos 751 e 752, assim tratam da

matéria.

“Art. 751. A declaração de insolvência do devedor produz:

I - o vencimento antecipado das suas dívidas;

II – a arrecadação de todos os seus bens suscetíveis de penhora, quer

os atuais, quer os adquiridos no curso do processo;

III- a execução por concurso universal dos seus credores (grifo

nosso).

Art. 752. Declararada a insolvência, o devedor perde o direito de

administrar os seus bens e de dispor deles, até a liquidação total da

massa”.

Com efeito, o espírito que norteia a legislação e a jurisprudência das

execuções coletivas, tanto nos casos de falência, como nos de insolvência civil ou de liquidação

extrajudicial, prima pela aplicação de critérios que observem o rateio e a proporcionalidade na

distribuição de valores, a fim de evitar que a quitação do crédito de um empregado resulte em

prejuízo para outro empregado de igual direito. Neste aspecto, reformulo entendimento

anteriormente adotado.

Nos termos da Lei, todos os bens do insolvente, suscetíveis de penhora,

devem ser arrecadados para a Massa.

Assim sendo, tanto a penhora, como a eventual arrematação, efetivadas

nos autos da ação trabalhista nº 1.929/98, que tramita na 1ª Vara do Trabalho de Chapecó, merecem

ser declaradas nulas.

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32 – REUNIÃO DE PROCESSOS DE EXECUÇÃO CONTRA MESMO DEVEDOR PERANTE UM ÚNICO JUÍZO. Diversamente da situação analisada no item anterior é a reunião de processos de execução trabalhista que tramitam na mesma vara ou em diversas varas contra um mesmo devedor. Ensina Manoel Antônio Teixeira Filho: A Lei 6.830/80 permite que o juiz, a requerimento das partes, e atendendo à conveniência da unidade da garantia da execução, ordene a reunião de autos processuais sempre que o devedor for o mesmo. Determinada essa reunião, os feitos serão resdistribuídos ao juízo a quem coube a primeira distribuição. A situação aqui não coincide com a do art. 573 do CPC. O que a Lei 6830/80 prevê é a possibilidade de serem reunidos autos distintos, de execuções promovidas contra um mesmo devedor (em nome da conveniência do garantimento da satisfação do crédito), hipótese em que as execuções serão resdistribuídas ao juízo a quem coube a primeira delas. O art. 28 da Lei 6830/80, como se vê, contém uma implícita referência aos arts. 105 e 106 do CPC, que cuidam da conexão e da prevenção. A reunião de autos, segundo a Lei 6830/80, apenas poderá ser feita mediante requerimento de qualquer dos litigantes; as particularidades do processo do trabalho, e a iniciativa que se atribuída ao juiz que o dirige, autorizam afirmar que dita reunião poderá ser aqui determinada “ex officio”, sendo bastante que o juiz esteja convencido da conveniência ou da necessidade dessa medida. Essa junção de autos poderá ser também feita em relação a execuções que se processem perante o mesmo juízo caso em que incidirá não o art. 106 do CPC e sim o 105, do mesmo diploma processual. Francisco Antonio de Oliveira (A Execução na Justiça do Trabalho – Revista dos Tribunais – 4ª Edição) mostra a diferença entre execuções singulares e coletivas e citando Amauri Mascaro do Nascimento ensina que a primeira ocorre quando figuram como partes duas ou mais pessoas que, individualmente ou em litisconsórcio, litigam contra um mesmo demandado. Quanto a execução coletiva assevera o autor: processam-se quando, sendo o executado demandado em vários juízos e diante da insuficiência dos seus bens para responder por todas as execuções pendentes, torna-se necessário unificar as diversas ações de execução num só juízo, aquele no qual verificou-se a primeira penhora. Assevera o autor que esta hipótese não deve ser confundida com a do concurso de credores. Argumenta que a execução coletiva esbarra em dois óbices processuais: primeiro, porque o juiz da ação é também o da execução, ressalvadas as hipóteses do art. 87, que cuida da “perpetuatio jurisdicionis”, e 612 a 751 do CPC, que cuidam da insolvência do devedor; segundo, porque se adquire pela penhora o direito de preferência (art.612), e receberá em primeiro lugar, quando o bem for várias vezes penhorado, aquele que promover a execução primeiro (art.711). Manuel Antônio Teixeira Filho ensina que a reunião de autos não se confunde com a cumulação a de execuções de um mesmo credor contra um único devedor, facultada pelo artigo 573 do CPC. Explicita o autor que a cumulação de execuções atende ao princípio da economia processual e ao comando contido no artigo 620 do mesmo código “Quando por vários meios o credor puder promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso ao devedor”. Esclarece o autor: Devemos destacar que a cumulação de execução constitui faculdade do credor – conclusão que se tira da expressão legal “É licito ao credor...” (CPC, art. 573); isto significa que não há, pra

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o devedor um direito de exigir a referida cumulação; este nem poderá, aliás, opor-se à cumulação empreendida pelo credor, contanto que os requisitos legais tenham sido atendidos. Observa Alcides de Mendonça Lima que o fato de o legislador, ao redigir o art., 573 do CPC, haver usado a palavra credor no singular, não deve ser interpretado à conta de uma sua intenção de impedir o litisconsórcio ativo; o que se proíbe é a “coligação” de credores e não a pluralidade destes. No processo do trabalho, p. ex., sendo o empregado credor do (ex)empregador por vários títulos judiciais, poderia promover a execução aglutinada desses títulos, com fulcro no art. 573 do CPC. Não se deverá consentir, todavia, que vários credores, portando diferentes títulos, se unam, se consorciem, para efeito de realizar uma só execução contra o devedor-comum. Sintetiza o autor: Em fim, a cumulação de execuções (CPC, art. 573) e a reunião de autos de execução (Lei 6830/80, art. 28) pode ser acolhida, sem maiores dificuldades práticas, pelo processo do trabalho, pois é imperativo reconhecer que atendem ao interesse de todos os sujeitos do processo: a) ao credor, pela possibilidade de satisfação, a um só tempo, dos seus vários créditos; b) ao devedor, que suportará, de modo menos gravoso, as conseqüências dos atos executivos; c) ao judiciário em virtude da sensível economia de atos jurisdicionais a serem praticados. Por fim, a respeito da reunião dos autos de execução perante um mesmo juízo, dispõe a Consolidação dos Provimentos do TRT IV: Art. 109. Após a citação, o Juiz poderá determinar a reunião de processos contra o mesmo executado, a fim de que se faça execução única, aproveitando-se os atos realizados em quaisquer deles. § 1º O procedimento do caput também poderá ser adotado na existência de execuções contra o mesmo executado em mais de uma Vara do Trabalho. § 2º Será admitida, ainda, a reunião de processos conciliados, vencidos ou não, dispensando-se a citação, se assim acordarem os litigantes. § 3º Ocorrendo a reunião de processos, esta será comunicada mediante ofício a todos os juízos envolvidos, sendo também objeto de ampla publicidade. 33) REDIRECIONAMENTO DA EXECUÇÃO – Disregard Doctrine. Empresa integrante de Grupo Econômico e Responsabilidade dos sócios. Responsabilidade do administrador contratante (pessoa jurídica de direito público). DISREGARD DOCTRINE = DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. Inicialmente, não há que se confundir irregularidade com desconsideração da personalidade, na medida em que esta última pressupõe a regularidade da personalidade jurídica da empresa para, afastando-a (desconsiderando-a) atingir o patrimônio dos sócios. A desconsideração da personalidade jurídica surgiu, inicialmente, por construção jurisprudencial e doutrinária. No Brasil, pela primeira vez foi legislada através do artigo 28 do Código de Defesa do Consumidor e, mais recentemente no artigo 50 do atual Código Civil: Código do Consumidor – Lei 8078/90

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SEÇÃO V Da Desconsideração da Personalidade Jurídica

Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração.

§ 1° (Vetado).

§ 2° As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas, são subsidiariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código.

§ 3° As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código.

§ 4° As sociedades coligadas só responderão por culpa.

§ 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores.

Código Civil

Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.

Dos textos legais depreende-se como requisitos:

CDC – abuso de direito – excesso de poder – infração da lei – fato ou ato ilícito – violação dos estatutos ou contrato social. Mais, ainda: falência ou ESTADO DE INSOLVÊNCIA, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração.

CÓDIGO CIVIL- abuso da personalidade jurídica por: a) desvio de finalidade; b) confusão patrimonial.

Difícil e a comprovação do desvio de finalidade e, principalmente da confusão patrimonial exigidas pelo Código Civil. Com isto, melhor, por mais ampla, se mostra a aplicação supletiva do CDC, principalmente no que grifamos com letras maiúsculas – ESTADO DE INSOLVÊNCIA.

Analisando a Jurisprudência do TRT 4, observa-se que basta a comprovação de se ter esgotada toda a possibilidade de execução contra o principal devedor (comprovada nos autos as tentativas frustradas) para que fique configurado o estado de insolvência que autoriza o redirecionamento da execução, pela aplicação da desconsideração da personalidade jurídica, objetivando atingir o patrimônio de sócios e ex-sócios que se beneficiaram com o trabalho desenvolvido pelo exeqüente.

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Muitas críticas são tecidas pelos executados quanto a esta amplitude, que consideram por demais flexibilizadora, de interpretação e aplicação pelos Tribunais do Trabalho.

Por certo o trabalhador não concorre com os riscos do empreendimento. É sabido que a remuneração tem a característica alimentar mas é pós-retributiva. Com isto, o empreendedor já se apossou da energia do trabalhador e de seu restultado (produto), convertendo-o em lucro. Os desvios, o insucesso, a má gestão em fim toda e qualquer situação, não caracterizada como força maior, inserem-se dentro da previsibilidade empresarial. A inadimplência quando chega a final insolvência autoriza o trabalhador, como num direito de seqüela, a busca da satisfação de seus créditos, através do patrimônio dos sócios.

No Cível temos prisão por divida alimentar, mas no Processo do Trabalho inexiste prisão por dívida trabalhista (em que pese sua natureza alimentar). Nada mais lógico e justo de se buscar todos os meios jurídicos para a satisfação destes créditos. A responsabilidade pelos créditos oriundos da relação de trabalho é objetiva e não subjetiva, pois não depende de culpa do empresário por eventual insucesso.

Muitas são as condutas ardilosas e artificiosas como: empresas em regime de comunhão familiar, em que algum membro da família atua como sócio oculto ou de fato; sucessão de empregadores fraudulenta em que é alienado o passivo e não o ativo; criação de uma segunda empresa para onde é transferido o ativo enquanto a originária encerra-se de fato ou postula auto-falência. Todas estas e muitas outras situações levam a desconsideração das personalidades jurídicas de uma ou mais empresas integrantes de direito ou de fato de uma atividade empresarial.

Descabido ainda é atribuir ao trabalhador o ônus de provar desvio de finalidade ou confusão patrimonial.

Nesta esteira a uniforme jurisprudência:

Desconsideração da personalidade jurídica TRT 4 Jurisprudência TRT 4 . ACÓRDÃO do Processo 00643-2003-371-04-00-4 (AP) Data de Publicação: 06/10/2008 Fonte: Diário Oficial do Estado do RGS - Justiça Juiz Relator: MARIA CRISTINA SCHAAN FERREIRA EMENTA: REDIRECIONAMENTO. EXECUÇÃO CONTRA AS DEVEDORAS SUBSIDIÁRIAS. É suficiente ao redirecionamento da execução às devedoras subsidiárias a ausência de bens livres e desembaraçados da devedora principal, não podendo ser promovida, primeiramente, a execução contra os sócios desta. (...) 6. ACÓRDÃO do Processo 00990-1997-511-04-00-0 (AP) Data de Publicação: 30/09/2008 Fonte: Diário Oficial do Estado do RGS - Justiça Juiz Relator: RICARDO CARVALHO FRAGA EMENTA: AGRAVO DE PETIÇÃO. PENHORA DE BEM DE EX-SÓCIO DA EXECUTADA. O Embargante foi sócio da executada durante todo o período do contrato de trabalho do exeqüente, o que o torna responsável pela dívida trabalhista respondendo com seu patrimônio em razão da desconsideração da personalidade jurídica da executada e redirecionamento da execução para o patrimônio dos sócios.

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(...) 11. ACÓRDÃO do Processo 00694-2000-029-04-00-3 (AP) Data de Publicação: 26/09/2008 Fonte: Diário Oficial do Estado do RGS - Justiça Juiz Relator: HUGO CARLOS SCHEUERMANN EMENTA: REDIRECIONAMENTO DA EXECUÇÃO CONTRA OS SÓCIOS. O princípio da desconsideração da personalidade jurídica leva à comunicação dos patrimônios dos sócios e da sociedade por quotas de responsabilidade limitada, ficando o sócio responsável pelos débitos trabalhistas, independentemente de ter participado da fase processual de conhecimento. Aplicação do art. 50 do Código Civil. Agravo de petição da sócia executada desprovido. (...) 12. ACÓRDÃO do Processo 01030-1994-004-04-00-6 (AP) Data de Publicação: 26/09/2008 Fonte: Diário Oficial do Estado do RGS - Justiça Juiz Relator: JOÃO PEDRO SILVESTRIN EMENTA: AGRAVO DE PETIÇÃO. REDIRECIONAMENTO DA EXECUÇÃO CONTRA DIRETOR DE SOCIEDADE ANÔNIMA. TEORIA DA DESPERSONALIZAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA. Incidência do artigo 50 do novo Código Civil. Caso que autoriza a aplicação da teoria da desconsideração da personalidade jurídica da executada, bem como o redirecionamento da execução contra os diretores da empresa. Inviável, por ora, a aplicação do Convênio Bacen Jud. Agravo provido em parte. (...) 16. ACÓRDÃO do Processo 00698-2007-014-04-00-9 (AP) Data de Publicação: 18/09/2008 Fonte: Diário Oficial do Estado do RGS - Justiça Juiz Relator: FABIANO DE CASTILHOS BERTOLUCCI EMENTA: AGRAVO DE PETIÇÃO. EMBARGOS DE TERCEIROS. Situação na qual demonstrada a condição de sócia de fato da embargante, não obstante seu desligamento formal do quadro societário da executada. A desconsideração da personalidade jurídica da executada conduz à comunicação entre os bens desta e de seus sócios, estando correta a decisão de origem ao manter a penhora sobre bem de propriedade da agravante. (...) 17. ACÓRDÃO do Processo 01292-2003-221-04-00-4 (AP) Data de Publicação: 18/09/2008 Fonte: Diário Oficial do Estado do RGS - Justiça Juiz Relator: FABIANO DE CASTILHOS BERTOLUCCI EMENTA: AGRAVO DE PETIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE SATISFAÇÃO DA DÍVIDA PELO DEVEDOR PRINCIPAL NÃO DEMONSTRADA. REDIRECIONAMENTO DA EXECUÇÃO CONTRA O RESPONSÁVEL SUBSIDIÁRIO INCABÍVEL NESSE MOMENTO PROCESSUAL. Ainda que conhecidas de todos as dificuldades do Juízo de primeiro grau para conduzir a execução do processo trabalhista, mormente diante de executadas insolventes, existem meios para se tentar a localização de bens passíveis de penhora, principalmente se a executada principal não se encontra em local incerto e não sabido. Não demonstrada cabalmente a impossibilidade de execução contra a devedora principal. (...) 22. ACÓRDÃO do Processo 01158-2007-732-04-00-1 (AP) Data de Publicação: 08/09/2008 Fonte: Diário Oficial do Estado do RGS - Justiça Juiz Relator: CARMEN GONZALEZ EMENTA: Embargos de terceiro. Responsabilidade do sócio integrante da sociedade à época do ajuizamento da ação. Na hipótese de desconsideração da personalidade jurídica, o sócio integrante da sociedade à época do ajuizamento da ação, ainda que não tenha tido participação societária por ocasião da prestação do trabalho, responde solidariamente com os demais sócios pelos créditos trabalhistas. Recurso não-provido. (...) 27. ACÓRDÃO do Processo 00109-2007-006-04-00-8 (AP) Data de Publicação: 25/08/2008 Fonte: Diário Oficial do Estado do RGS - Justiça Juiz Relator: ANA LUIZA HEINECK KRUSE EMENTA: EXECUÇÃO CONTRA OS BENS PARTICULARES DOS EX-SÓCIOS. Frustrada a execução contra a empresa e seus atuais sócios, correto o redirecionamento da execução contra os bens particulares dos ex-sócios que integravam o quadro societário à época em que devidas as contribuições assistenciais. Adoção da teoria da desconsideração da personalidade jurídica, que permite ao credor trabalhista buscar a satisfação de seu crédito além do patrimônio da empresa. Agravo não provido (...)

A Consolidação dos Provimentos da Corregedoria do TST contempla: Capítulo II Da Desconsideração da Personalidade Jurídica Art. 79. Ao aplicar a Teoria da Desconsideração da Personalidade Jurídica, cumpre ao Juiz que preside a execução trabalhista adotar as seguintes providências:

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I — determinar a reautuação do processo, a fim de fazer constar dos registros informatizados e da capa dos autos o nome da pessoa física que responderá pelo débito trabalhista; II — comunicar imediatamente ao setor responsável pela expedição de certidões na Justiça do Trabalho a inclusão do sócio no pólo passivo da execução, para inscrição no cadastro das pessoas com reclamações ou execuções trabalhistas em curso; III — determinar a citação do sócio para responder pelo débito trabalhista. Parágrafo único. Não será expedida certidão negativa em favor dos inscritos no cadastro de pessoas com execuções trabalhistas em curso. Art. 80. Comprovada a inexistência de responsabilidade patrimonial do sócio por dívida da sociedade, mediante decisão transitada em julgado, o Juiz que preside a execução determinará ao setor competente, imediatamente, o cancelamento da inscrição no cadastro das pessoas com reclamações ou execuções trabalhistas em curso. Prevê a Consolidação dos Provimentos do TRT IV: Art. 110. Ordenado pelo Juiz o redirecionamento da execução, a secretaria vinculará ao processo as pessoas a quem tenha sido redirecionada, comunicando ao Serviço de Distribuição dos Feitos, onde houver, exceto se já existente cadastro do executado, quando desnecessária a comunicação. GRUPO ECONÔMICO: Por força do artigo 2º, § 2º da CLT, há responsabilidade solidária de todas as empresas integrantes do grupo econômico tendo em conta os débitos trabalhistas de uma delas em relação a seus empregados. Num primeiro passo surgiu a Súmula 205 do TST que passou a exigir a figuração da ou das empresas do grupo no pólo passivo e, de conseqüência, do título executivo, para que fossem alvo do redirecionamento da execução. Com o cancelamento da Súmula, o primeiro sentimento foi e tem sido no sentido de que a responsabilidade preconizada em lei é de cunho econômico e não jurídico podendo, assim, ainda que não figurem do título judicial executivo, ser responsabilizadas as empresas do grupo em sede de execução. Contudo, o tema não se mostra pacífico, até porque alguns doutrinadores, sabiamente, lembram os princípios da ampla defesa e do devido processo legal e, mais, dos limites subjetivos da coisa julgada. Amauri Mascaro do Nascimento, além da responsabilidade do Grupo Econômico contemplada no artigo 2º, § 2º da CLT, lembra de outras responsabilidades, tais como: a) Responsabilidade solidária do empreiteiro principal em relação aos débitos trabalhistas do subempreiteiro – art. 455 da CLT. b) Responsabilidade solidária da empresa tomadora de serviços na hipótese de falência da prestadora – Lei 6019, art. 16 c) Responsabilidade subsidiária contemplada pela Súmula 331 do TST. d) responsabilidade do sucessor em relação ao passivo trabalhista já existente à época da sucessão. Fica ressalvada a hipótese contemplada no artigo 141,II da Nova Lei de Falências 11101/2005.

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e) responsabilidade do sucedido em caso de fraude – CLT art. 9º e) responsabilidade com base nos artigos 592 do CPC; f) responsabilidade por incorporação, fusão ou cisão (CC arts. 1116 e seguintes; Lei 6404/76 sociedades por ações, art. 226). SÓCIO: LEGISLAÇÃO APLICÁVEL: Amauri Mascaro do Nascimento (Iniciação ao Processo do Trabalho) mostra que a legislação é ampla sobre o tema - Código Civil arts. 50,1001 a 1004, 1007 a 1009; 1010, § 2º, 1016, 1023 a 1025, 1061 a 1063, § 2º; Código do Consumidor, art. 287; Lei de Entidades Desportivas n. 10672/2003. art. 27; Lei Antitruste n. 8884/94, art. 18; CPC, art. 592, II e 596; Lei Ambiental 7347/85, art. 17; Lei de Sociedades Anônimas 6404/76, arts. 158 e 159; Código Tributário Nacional, art. 134. Esclarece o autor que se trata de saber se a execução de sentença pode voltar-se contra o sócio ou ex-sócio e que tal investigação leva também à desconsideração da personalidade jurídica e conseqüente constrição dos bens pessoais dos sócios. Argumenta que a legislação trabalhista é omissa, impondo-se, como autoriza o artigo 8º, parágrafo único, a aplicação supletiva do Direito Comum. Mesmo autor discorre amplamente sobre a despersonalização da pessoa jurídica, analisando a legislação inicialmente citada. Afirma que a desconsideração da personalidade jurídica é a ampliação, da sociedade para os sócios, da responsabilidade patrimonial pelos débitos sociais e que a Justiça do Trabalho amplia a despersonalização, levando em conta a natureza alimentar e superprivilegidada do crédito trabalhista, e quando exaurido o patrimônio social. Aduz: “Nas execuções alcança os bens particulares dos sócios e ex-sócios, indistintamente, administradores ou não, respeitada a meação do cônjuge, fundamentando-a na legislação comum. Considera-a uma hipótese de responsabilidade objetiva, e nas instâncias produtores de provas raramente fica esclarecido, nos casos dos ex-sócios, quando se retiraram da sociedade, se nesta ocasião a sociedade era adimplente, se os débitos surgiram antes ou após sua regirada formal, até que ponto é possível atribuir-lhe participação nos atos societários que geraram o débito, e, se, estando fora da sociedade da qual deixaram em ordem, devem responder por má administração posterior à sua retirada”. O autor esclarece que o redirecionamento da execução é feito por simples despacho, na execução, relevando para quando da interposição dos embargos de terceiro a discussão sobre existência ou não de fraude, com inversão do ônus da prova. Afirma, ainda que: A jurisprudência trabalhista, particularmente, tem-se utilizado do instrumento da desconsideração da personalidade jurídica de maneira deveras ampliativa, bastando, em várias ocasiões, a insuficiência de patrimônio da empresa, desapegada de qualquer ocorrência de ato ilícito ensejador da aplicação da desconsideração. LIMITES DA RESPONSABILDIADE DO SÓCIO OU EX-SÓCIO

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Mascaro do Nascimento, argumenta: Há limites para a responsabilidade do sócio ou do ex-sócio. O Código Civil, no art. 1024, dispõe que “os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens sociais”; o mesmo diploma legal declara (art. 1003, § único) que, “até dois anos depois de averbada a modificação do contrato, responde o cedente solidariamente com o cessionário, perante a sociedade e terceiros, pelas obrigações que tinha como sócio”. Em razão de tais fundamentos, o autor argumenta que: A despersonalização da sociedade não deve ser interpretada como incondicional responsabilidade de alguém que já pertenceu a uma sociedade e quando dela se retirou não havia dívidas ou ações trabalhistas, como, também, tem como premissa o abuso de direito, sem o qual não encontra fundamento. Para as relações entre sociedades empresariais, como mostra Fábio Ulhoa Coelho (v. Curso de Direito Comercial, São Paulo: Saraiva, v.2, p.54), “o pressuposto inafastável da desconsideração da personalidade jurídica é o uso fraudulento ou abusivo da autonomia patrimonial da pessoa jurídica, únicas situações em que a personalização da sociedade empresária deve ser abstraída para fins de coibição dos ilícitos por ela ocultados”. Citando tese de doutoramento de Thereza Christina Nahas (Desconsideração da personalidade jurídica, PUC/2003) procura demonstrar que a responsabilidade não é de todos os sócios, indistintamente, inclusive do que detém ínfima cota social ou de que nunca tenha participado da administração empresarial: “Se a administração da sociedade for praticada por sócios, o Código Civil estabelece que o mesmo responderá, desde que esteja na administração social. Tal entendimento decorre do sistema societário, pois as obrigações dos sócios têm nascimento quando ingressa na sociedade, imediatamente com o contrato (art. 1001, Código Civil), sendo que em todas as disposições acerca da responsabilidade o legislador teve a cautela de indicar a responsabilidade pessoal do administrador pelas obrigações sociais. Não é justo, nem jurídico, que sócio que detenha 1% do capital social e nunca tenha participado da vida da sociedade seja responsabilizado por uma administração da qual sequer tem conhecimento ou participação. Esse, também, poderá voltar-se contra o administrador, sócio ou não, se obtiver prejuízo em razão de seus atos”. Observa-se que a doutrina e jurisprudência não são pacíficas em torno do tema. No nosso entendimento, de grande relevância são os pontos colocados por Amauri – “...nos casos dos ex-sócios, quando se retiraram da sociedade, se nesta ocasião a sociedade era adimplente, se os débitos surgiram antes ou após sua regirada formal, até que ponto é possível atribuir-lhe participação nos atos societários que geraram o débito, e, se, estando fora da sociedade da qual deixaram em ordem, devem responder por má administração posterior à sua retirada”. Urge maior e melhor estudo sobre a ampliação da desconsideração da personalidade jurídica quando se trata do direcionamento da execução, principalmente contra o ex-sócio. Entendo que a mesma não pode ser aplicada indistinta e indiscriminadamente pelo tão só fato de o sócio ter, por certo período, participado da sociedade. Parece exagero a aplicação da responsabilidade objetiva ao sócio que há muito não participa da sociedade e que quando dela se retirou, inexistia qualquer débito trabalhista, sendo a mesma, ainda, adimplente.

O artigo 50 do Código Civil dispõe: “Em caso de abuso de personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos

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administradores ou sócios da pessoa jurídica”, do que resulta não ser decretada de ofício pelo juiz, apenas por provocação. Não se trata, portanto, de responsabilização objetiva dos sócios e sim, subjetiva, isto é, desde que implementadas as condições fáticas para a incidência da norma: fraude – desvio de finalidade ou confusão patrimonial -. Acredito ser possível configurar, por presunção, desvio de finalidade ou confusão patrimonial, em relação aos sócios participantes do quadro societário, quando à época da execução, a empresa se tornou inadimplente. Contudo, tal presunção não pode prevalecer em termos absolutos, em relação ao ex-sócio, não sem antes investigar: a) época da permanência do ex-sócio no quadro social; b) regularidade de sua retirada mediante registro na Junta Comercial; c) se a inadimplência dos direitos trabalhistas remonta à época de sua permanência na sociedade; d) se à época de sua permanência a empresa era adimplente. A não seguir estes e outros critérios poderá ser cometido abuso de direito, de sorte a responsabilizar ex-sócio por dívidas futuras de toda a existência da sociedade. Com isto, a saída de um sócio do quadro societário, para sua segurança, deveria implicar na extinção da sociedade e, com certeza, esta não foi nem é a intenção do legislador ao permitir a desconsideração da personalidade jurídica.

Ementa: NULIDADE PROCESSUAL. REDIRECIONAMENTO DA EXECUÇÃO CONTRA O SÓCIO. A decisão que redireciona a execução contra os sócios da empresa deve ser adequadamente fundamentada. Outrossim, uma vez aplicada a teoria da desconsideração da pessoa jurídica, a penhora de bens integrantes do patrimônio do sócio deve ser precedida da sua citação pessoal para pagar a dívida ou nomear bens para a garantia da execução. O não-cumprimento dessas formalidades implica o vilipêndio aos arts. 5º, LIV, e 93, IX, da Carta Constitucional, mormente porque ninguém pode ser privado dos seus bens sem o devido processo legal.

Acórdão 13215/2006 - Juiz Geraldo José Balbinot - Publicado no DJ/SC em 09-10-2006, página: 59.

Imagem do Documento Formato PDF Ementa: FRAUDE À EXECUÇÃO. NÃO-CONFIGURAÇÃO. A responsabilidade do sócio somente surge quando é decretada a desconsideração da pessoa jurídica demandada. Até esse momento, pode ele dispor livremente de seus bens. Assim, não há como considerar ineficaz a venda de bem imóvel efetivada por ex-sócio da empresa executada quando, ao tempo da alienação, ainda nem sequer havia sido prolatada sentença desfavorável à sociedade empresária da qual ele faz parte.

Acórdão 12722/2006 - Juíza Gisele P. Alexandrino - Publicado no DJ/SC em 28-09-2006, página: 51.

Imagem do Documento Formato PDF Ementa: SÓCIO-RETIRANTE. BENS PESSOAIS. IMPOSSIBILIDADE DE RESPONSABILIZAÇÃO POR CRÉDITOS TRABALHISTAS CONSTITUÍDOS APÓS SUA RETIRADA DA SOCIEDADE. O sócio que se retirou da sociedade antes mesmo da contratação da exeqüente, tendo a retirada sido devidamente registrada na Junta Comercial, não responde com seus bens pessoais pela execução dos créditos trabalhistas desta reconhecidos em demanda judicial.

Acórdão 13327/2006 - Juíza Gisele P. Alexandrino - Publicado no DJ/SC em 10-10-2006, página: 58.

Imagem do Documento Formato PDF Ementa: SÓCIO RETIRANTE. LEGITIMIDADE PASSIVA "AD CAUSAM". É parte legítima para figurar no pólo passivo da demanda o sócio retirante da sociedade executada quando comprovado que, à época da vigência do contrato de trabalho do exeqüente, ele figurava no quadro associativo da empresa executada.

Acórdão 12652/2006 - Juiz José Ernesto Manzi - Publicado no DJ/SC em 27-09-2006, página: 44.

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Imagem do Documento Formato PDF . ACÓRDÃO do Processo 01478-2005-403-04-00-0 (AP) Data de Publicação: 06/10/2006

Fonte: Diário Oficial do Estado do RGS - Justiça Juiz Relator: JOÃO PEDRO SILVESTRIN EMENTA: PENHORA DE BEM DE SÓCIO. Hipótese de aplicação do art. 242 da Lei n. 6.404/76 e art. 50 do novo Código Civil, se a empresa executada não dispõe de bens passíveis de penhora capazes de garantir dívida trabalhista, voltando-se a execução contra os sócios. Apelo desprovido. AVALIAÇÃO ATUALIZADA. PREÇO VIL. Inteligência do artigo 888, § 3º, da CLT. Afastada a hipótese de venda judicial por preço vil. Recurso desprovido. (...)

- Fundamentação do Acórdão: PENHORA DE BEM DE SÓCIO .

Contesta, o agravante, o fato de ter sido objeto de penhora bem imóvel de sua propriedade, em que pese a ação tramitar em nome da empresa executada Pneurodas Comércio de Pneus Ltda., invocando sua condição de sócio-retirante a afastar tal possibilidade constritiva.

Se os bens da empresa executada não são suficientes a cobrir a dívida, aplica-se o princípio da desconsideração da pessoa jurídica, respondendo, assim, os bens do sócio , pela dívida.

Na forma do disposto no art. 242 da Lei n. 6.404/76 (Lei das Sociedades Anônimas) e no art. 50 do novo Código Civil, a hipótese é de aplicação da teoria da desconsideração da personalidade jurídica, respondendo o sócio pelos atos cometidos em violação à lei, no caso, o não pagamento de verbas trabalhistas (abuso de direito e desvio de finalidade).

Cita-se, a respeito, Sérgio Pinto Martins (in Direito Processual do Trabalho, doutrina e prática forense, 21 ed., São Paulo, Atlas, 2004, p. 660): "Na execução trabalhista, costuma-se usar da disregard of legal entity, levantando o véu da pessoa jurídica com vistas a evitar que ela própria e seus sócios se locupletem às custas do empregado, pois foram os sócios os beneficiários diretos do resultado do trabalho do obreiro na sociedade. O art. 18 da Lei n. 8.884, de 11/6/94, determina a desconsideração da personalidade jurídica do responsável por infração à ordem econômica, desde que configurado abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato, ou ato ilícito, ou violação dos estatutos ou contrato social, mesmo quando houver falência, insolvência, encerramento ou inatividade de pessoa jurídica, provocados por má administração. Por analogia, poder-se-ia aplicar tal regra no processo do trabalho."

Veja-se que ao tempo da prestação de trabalho pelo exeqüente, o agravante figurava nos quadros sociais da executada, tendo-se beneficiado daquela e, portanto, não se cogitando, sequer, da boa-fé alegada.

Nega-se provimento.

RESPONSABILIDADE DO MARIDO EM RELAÇÃO AOS DÉBITOS DA MULHER: Marido pode ser responsabilizado por dívida trabalhista da esposa

A 8ª Turma do TRT-MG, com base no voto da juíza convocada Maria Cristina Diniz Caixeta, decidiu que o marido pode ser responsabilizado pelos débitos trabalhistas contraídos pela esposa, já que o labor foi convertido em proveito da família. Como não houve comprovação do regime de casamento, a conclusão foi pela comunhão parcial, pela qual os bens adquiridos pelo casal na constância do casamento pertencem a ambos, nos termos do artigo 1.677 do Código Civil. No caso, o esposo da executada protestou contra a sua inclusão no pólo passivo da execução. Sustenta que nunca foi sócio da empresa executada e que o contador cometeu um erro ao registrar na declaração do imposto de renda a sua participação na firma individual da esposa. Porém, a relatora constatou, ao examinar as provas juntadas ao processo, que o contador não poderia ter cometido o mesmo erro durante cinco anos consecutivos. Além disso, a retificação da declaração do imposto de renda foi feita somente após a citação do marido para compor a lide trabalhista. Com base nesses fundamentos, a Turma confirmou a decisão da primeira instância, mantendo a penhora, que recaiu sobre o automóvel do recorrente. (AP nº 00971-2005-044-03-00-0) Fonte: TRT 3 RESPONSABILIDADE DO ADMINISTRADOR PÚBLICO CONTRATANTE (Pessoa Jurídica de Direito Público).

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A administração pública deve reger-se pelos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, todos previstos no artigo 37 da Constituição Federal. O artigo 37,II da Carta Magna estatui que o ingresso na administração pública por investidura no cargo ou por contrato regido pela CLT em caso de emprego público conforme Lei 9962/2000, ocorrerá através de prévia aprovação em concurso . O inciso IX do mesmo artigo, contempla exceção que deverá ser prevista em lei e a contratação só poderá ocorrer por prazo determinado (ver Lei 8745/93). Em seqüência, o § 2º comina de nulidade a não observância dos incisos II e III e dispõe: “... implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade responsável, nos termos da lei. O insigne doutrinador e julgador Antônio Álvares da Silva apresenta decisão inusitada com interpretação criadora e extremamente válida. Sempre apregoamos, quando na magistratura, que se tivéssemos a lei regulamentadora referida na parte final do citado artigo, não hesitaríamos em declarar a nulidade do contrato mas com o reconhecimento de todos os efeitos, na forma indenizada, desde que o administrador responsável arcasse com os ônus e não o erário público. Corajosa e jurídica a decisão que esperamos seja mantida pelo TST. Por certo, a ausência de lei não poderia gerar óbice à responsabilização do agente político, vez que o § único do artigo 8º da CLT preconiza que o direito comum é fonte supletiva do Direito do Trabalho, dando ensejo à responsabilidade civil daquele que no exercício de um múnus público dele exorbita causando prejuízo não só à fazenda pública, mas ao cidadão-trabalhador. O v. acórdão anulou de ofício a sentença do juiz e, também, de ofício, o chamamento ao processo na condição de litisconsorte passivo todos os agentes políticos envolvidos na contratação e sucessivas contratações. Num primeiro momento parece inusitado o chamamento ao processo para responder como litisconsorte passivo, ou ainda, quem sabe pela denunciação da lide, pelo próprio juízo. Contudo, nota-se que o artigo 486 da CLT quando trata da responsabilidade do Estado – factum principis – sempre que o empregador invocar na defesa ao preceito do artigo: “... o Tribunal do Trabalho competente notificará a pessoa de direto público apontada como responsável pela paralisação do trabalho, para que, no prazo de 30 dias alegue o que entender devido,

passando a figurar no processo como chamada a autoria”. Assim, basta o empregador afirmar que a extinção do estabelecimento operou-se por obra do Estado que o Tribunal do Trabalho, ao que se dessume, mesmo de ofício, notificará a pessoa de direito público, passando a mesma a figurar no processo. Ora, no caso em análise o Estado, lato senso, ao afirmar da nulidade da contratação é evidente que a mesma foi realizada pelo agente político, cuja responsabilidade por seus mandos e desmandos é inquestionável. Assim, mesmo que o Estado não chame a lide o agente político para responsabilizá-lo deve o Tribunal do Trabalho notificar o contratante que agiu em nome do Estado, devendo o mesmo, em

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respeito ao devido processo legal e princípio da ampla defesa, figurar no processo. É de se observar, também, a construção sistemática e analógica contida no v. Acórdão: Este fato, reconhecido expressamente na Constituição, também o foi na Lei 4717/65 - Ação Popular - quando dispôs: "São também nulos os seguintes atos ou contratos, praticados ou celebrados por quaisquer das pessoas ou entidades referidas no art. 1o.: I - Admissão ao serviço público remunerado, com desobediência, quanto às condições de habilitação das normas legais, regulamentares ou constantes de instruções gerais." E vai mais longe ainda a Lei 4717/65, quando, no art. 6º, determina que: "A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º, contra as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissão tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os benefícios diretos do mesmo." Se houve a prática de um contrato irregular e prejuízo ao erário, cumpre responsabilizar quem o praticou, e é exatamente isto que a Lei 4717/65 impôs: "A sentença que, julgando procedente a ação popular decretar a invalidade do ato impugnado, condenará ao pagamento de perdas e danos os responsáveis pela sua prática e os beneficiários dele, ressalvada a ação regressiva contra os funcionários causadores de dano, quando incorrerem em culpa." (art. 11).

Com isto, torna-se plenamente possível uma indenização completa e não limitada ou restrita como orientada pela Súmula 363 do TST que, de certa forma optou por penalizar o trabalhador e não o erário público, deixando ileso o efetivo causador do dano. A penalização do causador do dano, com seu patrimônio, além de se constituir numa reparação integral e coerente com o Direito do Trabalho, servirá, também, como medida pedagógica de forma a coibir abusos e moralizar a administração pública. Por certo, não podemos ignorar que decisões desta natureza ocasionarão mais um impasse ou descontentamento havidos entre o Poder Judiciário e Executivo/Legislativo, em especial o Executivo. Volta a valer a máxima que se é do Estado que emana a lei e sendo ele o primeiro a descumpri-la, não poderia ele alegar em seu benefício a própria torpeza. Assim como a lei se mostra implacável com o servidor público, se os agentes políticos agirem contra a lei, máxime a Constituição, devem ser responsabilizados. Esperar que os procuradores da União, Estados e Municípios ou, ainda, das autarquias, fundações públicas e mesmo das sociedades de economia mista e empresas públicas, em suas defesas, chamem ao processo o agente político é extremamente utópico, pois apesar de concursados, temem perseguições, represálias, retaliações em fim, assédio moral tão e mais comum na administração pública do que na administração privada. Em razão disto, mais lógico é o chamamento de ofício pelo Tribunal do Trabalho, até por que a responsabilização decorre de imperativo constitucional e deve o Poder Judiciário, como um dos poderes do Estado, velar pelo seu cumprimento.

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4ª Turma declara competência da JT para ação envolvendo responsabilidade do administrador público Publicado em 23 de Novembro de 2006 às 12h08 A 4ª Turma do TRT/MG reafirmou em decisão recente a competência da Justiça do Trabalho para julgar ações que envolvam autoridades públicas em casos de nulidade de contratos de trabalho firmados sem a realização de concurso público, o que atrai a incidência das normas trabalhistas. “Ainda que o empregador seja um órgão da Administração Pública, isto pouco importa, já que a discussão envolve a existência de um contrato de trabalho e não de uma relação estatuária” – explica o juiz relator, Antônio Álvares da Silva. Até porque, nesse caso, embora parcialmente nula, a relação havida entre as partes tem natureza trabalhista e, portanto, estaria dento da competência original da JT atribuída pelo artigo 114 da Constituição Federal. Concluindo que o prefeito municipal foi o responsável pela contratação irregular do reclamante, cujo contrato temporário durou mais de 07 anos, a Turma manteve a sua condenação solidária pelos créditos apurados na ação. “O ato contratual examinado violou o texto constitucional, permitindo contratação ao arrepio da Lei Maior, pelo que devem ser responsabilizadas as autoridades públicas que lhe deram respaldo” – conclui o relator. (RO nº 00899-2005-109-03-00-2) FUNDAMENTO DO ACÓRDÃO: 2.2 - Mérito Dos pedidos formulados na exordial, julgou-se procedente tão somente o relativo à percepção pela parte de indenização a título de FGTS, correspondente a todo o período contratual, em razão da adoção pelo juízo originário do entendimento professado pela Súmula 363 do TST. A reclamada não se conforma com a condenação, e alega que a nulidade da contratação constitui óbice ao deferimento à reclamante de indenização a título FGTS. Requer, caso mantida a condenação, que seja observada a data de entrada em vigor do art. 19-A da Lei n. 8.036/90, e que os juros de mora incidam à razão de 0,5% ao mês, nos termos do art. da Lei n. 9.494/97. A r. sentença declarou a nulidade da contratação em razão da admissão da reclamante sem concurso público e sem enquadramento na exceção prevista no art. 37, IX/CR, visto o exercício por esta de atividade permanente da administração (enfermagem), por período de oito anos, o que mostra-se incompatível com a contratação temporária excepcionalmente admitida. Nestes casos, o entendimento jurisprudencial inclina-se, realmente, pela nulidade do contrato. Todavia, esta solução parece-me não reparar totalmente os danos causados à coletividade e ao próprio prestador de serviços. Por conseguinte, sou levado a pugnar pela responsabilidade da autoridade pública estadual responsável pela contratação da reclamante. A CF, no artigo 37, I, determina que a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público. Cabe ao legislador, em opção de política administrativa, criar cargos ou empregos, com as diferenças que entender adequadas. Mas não terá liberdade quanto ao preenchimento: em ambos os casos, exige-se o concurso público. A jurisprudência entende que não existe vinculação trabalhista com o serviço público. O titular do exercício do serviço público, salvo poucas exceções, há de ser um titular de cargo ou emprego público, necessariamente ocupado por concurso. No entanto, a realidade, mais rica do que o mandamento constitucional, vem se mostrando com outra face. Nos municípios, um tipo especial de vinculação ao serviço público vem se tornando regra.

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O servidor é admitido sem concurso público. Não ocupa cargo ou emprego, ou seja, não é titular de um lugar delimitado, ao qual a lei atribui competência específica. Mas trabalha regularmente para a administração pública municipal. É admitido publicamente e o trabalho que exerce, por se destinar à coletividade, é transparente e visível por todos. Esta situação, formalmente vista, violaria a Constituição e, neste sentido, é a interpretação vigente. Mas existe, com transparência e reveste-se de certo grau de aparência jurídica, pois o trabalho é lícito e é prestado em função da coletividade, através da pessoa de direito público municipal. Apesar de a Constituição exigir o concurso, a exceção se formou. Como geralmente acontece na Ciência do Direito, a vida anda na frente da lei. Daí a celebre frase com que Jean Cruet começa seu conhecido livro "A Vida do Direito e a Inutilidade das Leis": "Vê-se todos os dias a sociedade reformar a lei; nunca se viu a lei reformar a sociedade". O homem precisa da experiência e esta, enquanto fenômeno humano, gera a necessidade normativa. Como o Direito, nascendo da vida, não pode negá-la, a prática dos tribunais teve que fazer concessões à inconstitucionalidade. O TST, depois de um longo debate nacional, entre os extremos do reconhecimento do vínculo empregatício, e da sua nulidade, arranjou um suposto equilíbrio. Como não se pode admitir servidor sem concurso, como também não se pode negar a realidade nem a experiência vivencial do homem, estabeleceu, através do Enunciado 363, a orientação de que: "Nº 363 Contrato nulo. Efeitos - Nova redação - Res. 121/2003, DJ 21.11.2003: A contratação de servidor público, após a CF/1988, sem prévia aprovação em concurso público, encontra óbice no respectivo art. 37, II e par. 2º, somente lhe conferindo direito ao pagamento da contraprestação pactuada, em relação ao número de horas trabalhadas, respeitado o valor da hora do salário mínimo, e dos valores referentes aos depósitos do FGTS. Ao reconhecer a nulidade da relação de trabalho havida entre o município e o trabalhador, com a ressalva da concessão de salário, a Justiça do Trabalho está anulando o ato administrativo pelo qual o trabalhador foi admitido a serviço do Município. Este ato administrativo, que agora se reconhece nulo, causou prejuízo ao erário público, pois haverá, no mínimo, condenação ao pagamento do FGTS, que o Município terá inevitavelmente de pagar. A CF, no art. 37, parágrafo 5o., determinou o seguinte: "A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento." Portanto está claramente posto: qualquer agente que praticar ato ilícito com prejuízo ao erário será objeto de ação de ressarcimento. O ato praticado pelo administrador público municipal causou prejuízo. Tanto que haverá necessariamente condenação em salário pelo tempo da relação empregatícia, bem

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como recolhimento do FGTS. Este fato, reconhecido expressamente na Constituição, também o foi na Lei 4717/65 - Ação Popular - quando dispôs: "São também nulos os seguintes atos ou contratos, praticados ou celebrados por quaisquer das pessoas ou entidades referidas no art. 1o.: I - Admissão ao serviço público remunerado, com desobediência, quanto às condições de habilitação das normas legais, regulamentares ou constantes de instruções gerais." E vai mais longe ainda a Lei 4717/65, quando, no art. 6º, determina que: "A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º, contra as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissão tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os benefícios diretos do mesmo." Se houve a prática de um contrato irregular e prejuízo ao erário, cumpre responsabilizar quem o praticou, e é exatamente isto que a Lei 4717/65 impôs: "A sentença que, julgando procedente a ação popular decretar a invalidade do ato impugnado, condenará ao pagamento de perdas e danos os responsáveis pela sua prática e os beneficiários dele, ressalvada a ação regressiva contra os funcionários causadores de dano, quando incorrerem em culpa." (art. 11). A citação de quem praticou o ato irregular é, portanto, uma exigência legal neste caso e em todos os que se anularem contratos de trabalho irregulares com a administração pública. Além do devido processo legal, que garante a qualquer um o direito de defesa, é necessário a fixação da responsabilidade, não só da Administração Pública, mas também de quem houver praticado o ilícito. Não se há cogitar de qualquer impedimento de competência para o chamamento à lide da autoridade pública porque nunca se negou à Justiça do Trabalho a competência para decidir sobre a nulidade de um contrato de trabalho. Muito menos agora, com a ampliação da competência da Justiça do Trabalho, com a EC 45/2004. Antes dela, o meu entendimento era no mesmo sentido, pois ainda que o empregador seja um órgão da Administração Pública, isto pouco importa, já que a discussão envolve a existência de um contrato de trabalho e não uma relação estatutária. A relação havida entre as partes é trabalhista, embora parcialmente nula. Por isso, já incidia, com toda a sua força, o art. 114 da CF, que superava e impedia qualquer argumentação com base em lei ordinária. A competência da Justiça do Trabalho é, portanto, claríssima e inquestionável. Por estes fundamentos, perfeitamente aplicáveis ao caso sub judice, ocorrido no âmbito Administração Pública Estadual, anulo, de ofício, a decisão de primeiro grau, determinando a notificação, para integrar a lide e defender-se, dos Presidentes da FHEMIG, todos, responsáveis pelas sucessivas contratações da reclamante.

Para as nomeações, se for necessário, serão solicitadas da Fundação as informações necessárias. Se o juiz de primeiro grau julgar conveniente, poderá colher prova em relação à defesa produzida pelos

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litisconsortes. A seguir, proferirá nova sentença, como entender de direito. Prejudicado o exame do recurso. 3 - CONCLUSÃO O Tribunal Regional do Trabalho da Terceira Região, por sua Quarta Turma, à unanimidade, conheceu do recurso; sem divergência, de ofício, anulou a decisão de primeiro grau, determinando a notificação, para integrar a lide e defender-se, dos Presidentes da FHEMIG, todos, responsáveis pelas sucessivas contratações da reclamante. A MM. Vara de origem complementará a instrução processual e proferirá nova sentença, como entender de direito. Belo Horizonte, 25 de junho de 2008. ANTÔNIO ÁLVARES DA SILVA Desembargador Relator TRT 3ª R - JT responsabiliza agentes públicos a parcelas decorrentes de contratações irregulares Publicado em 30 de Julho de 2008 às 16h06 Em duas decisões recentes, com votos da lavra do desembargador Antônio Álvares da Silva, a 4ª Turma do TRT-MG manifestou o entendimento de que os agentes públicos responsáveis por contratações irregulares de servidores públicos – admitidos sem concurso após a Constituição de 1988 – devem responder pelos prejuízos causados ao Erário por seu ato irregular. Em ambas as decisões, a Turma anulou as sentenças de primeiro grau que declararam a nulidade dos contratos irregulares, com condenação exclusiva do ente público, e determinou que sejam incluídos no pólo passivo das ações os agentes públicos responsáveis pelas contratações, no caso os presidentes da FHEMIG, em uma ação e, na outra, o Secretário de Defesa Social e o Diretor da Subsecretaria de Administração Penitenciária, em cuja administração foi nomeado um agente penitenciário sem concurso. A contratação de servidor público após a CF/88, sem prévia aprovação em concurso público, encontra proibição expressa no artigo 37, II e parágrafo 2º. Mas, conforme entendimento consolidado na Súmula 363 do TST, confere-se ao trabalhador contratados nessas condições, o direito ao pagamento do salário contratado, considerando-se o número de horas trabalhadas e respeitado o valor da hora do salário mínimo, além dos valores referentes aos depósitos do FGTS. Segundo esclarece o relator, ao reconhecer a nulidade da relação de trabalho havida entre a Secretaria de Defesa Social e da Subsecretaria de Administração Penitenciária do Estado de Minas Gerais e o agente penitenciário, bem como entre a FHEMIG e a trabalhadora, com a ressalva da concessão de salário, a Justiça do Trabalho está anulando o ato administrativo pelo qual o trabalhador foi admitido a serviço das reclamadas. Ele acrescenta que esse ato administrativo nulo causou prejuízo ao erário público, pois haverá, no mínimo, condenação em salário e FGTS. “A CF, no art. 37, parágrafo 5o., determinou o seguinte: ‘A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.’ Portanto está claramente posto: qualquer agente que praticar ato ilícito com prejuízo ao erário será objeto de ação de ressarcimento” – pontua, acrescentando que, se houve a prática de um contrato irregular e prejuízo ao erário, cumpre responsabilizar quem o praticou. É isso também o que estabelece a Lei nº 4.717/65, em seu artigo 11: "A sentença que, julgando procedente a ação popular decretar a invalidade do ato impugnado, condenará ao pagamento de perdas e danos os responsáveis pela sua prática e os beneficiários dele, ressalvada a ação regressiva contra os funcionários causadores de dano, quando incorrerem em culpa." Mas, para que haja a fixação da responsabilidade do administrador, é preciso que este seja chamado a responder ao processo para que possa exercer o seu direito de defesa. “A citação de quem praticou o ato irregular é, portanto, uma exigência legal neste caso e em todos os que se anularem contratos de trabalho irregulares com a administração pública” – enfatiza o relator. Para ele, não há qualquer impedimento ao chamamento à lide da autoridade pública, já que é clara a competência da Justiça do Trabalho para decidir sobre a nulidade dos contratos de trabalho. “Ainda que o empregador seja um órgão da Administração Pública, isto pouco importa, já que a discussão envolve a existência de um contrato de trabalho e não uma relação estatutária. A relação havida entre as partes é trabalhista, embora parcialmente nula. Por isso, incide, com toda a sua força, o art. 114 da CF, que supera e impede qualquer argumentação com base em lei ordinária” - finaliza. Por estes fundamentos, a Turma declarou, de ofício, a nulidade das decisões de primeiro grau e determinou a notificação do Secretário de Defesa Social e do Diretor da Subsecretaria de Administração Penitenciária, em cuja administração o reclamante foi

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nomeado, bem como dos presidentes da FHEMIG responsáveis pelas sucessivas contratações da reclamante, para integrarem a lide e defenderem-se. A seguir, deverão ser proferidas novas sentenças em ambos os casos. Processo: (RO) 01187-2007-020-03-00-1 Fonte: Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região

34) – ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL SOBRE LIQUIDAÇÃO E EXECUÇÃO OJ SDI- I n. 87 - Entidade pública. Exploração de atividade eminentemente econômica. Execução. Art. 883 da CLT. Nova redação - DJ 16.04.2004 - Parágrafo único do artigo 168 do Regimento Interno do TST É direta a execução contra a APPA e MINASCAIXA (§ 1º do art. 173, da CF/1988). OJ SDI-I N. 143 - Empresa em liquidação extrajudicial. Execução. Créditos trabalhistas. Lei nº 6.024/1974. Inserido em 27.11.1998 A execução trabalhista deve prosseguir diretamente na Justiça do Trabalho mesmo após a decretação da liquidação extrajudicial. Lei nº 6.830/1980, arts. 5º e 29, aplicados supletivamente (CLT art. 889 e CF/1988, art. 114). OJ SDI- I n. 226 - Crédito trabalhista. Cédula de crédito rural ou industrial. Garantida por penhor ou hipoteca. Penhora. Inserido em 20.06.2001 Diferentemente da cédula de crédito industrial garantida por alienação fiduciária, na cédula rural pignoratícia ou hipotecária o bem permanece sob o domínio do devedor (executado), não constituindo óbice à penhora na esfera trabalhista. (Decreto-Lei nº 167/1967, art. 69; CLT arts. 10 e 30 e Lei nº 6.830/1980). OJ SDI- I N. 300 Execução trabalhista. Correção monetária. Juros. Lei nº 8.177/1991, art. 39 e Lei nº 10.192/2001, art. 15. DJ 11.08.2003 - Parágrafo único do artigo 168 do Regimento Interno do TST Não viola norma constitucional (art. 5°, II e XXXVI) a determinação de aplicação da TRD, como fator de correção monetária dos débitos trabalhistas, cumulada com juros de mora. OJ SDI-I N. 343 - Penhora. Sucessão. Art. 100 da CF/1988. Execução. DJ 22.06.2004 - Parágrafo único do artigo 168 do Regimento Interno do TST É válida a penhora em bens de pessoa jurídica de direito privado, realizada anteriormente à sucessão pela União ou por Estado-membro, não podendo a execução prosseguir mediante precatório. A decisão que a mantém não viola o art. 100 da CF/1988.