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1 Projeto Político-Pedagógico Coleção Pedagógica Maria Doninha de Almeida (organizadora) edição PRO PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO

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ProjetoPolítico-Pedagógico

Coleção Pedagógica

Maria Doninha de Almeida(organizadora)

2ªedição

PROPRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO

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Projeto Político-Pedagógico

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Projeto Político-Pedagógico

Coleção Pedagógica n. 1

Maria Doninha de Almeida(organizadora)

Natal, 2004

2a edição

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

Reitor: José Ivonildo do Rêgo

Vice-Reitor: Nilsen Carvalho F. de Oliveira Filho

Pró-Reitor de Graduação: Antônio Cabral Neto

Diretor da EDUFRN: Enilson Medeiros dos Santos

Editor: Francisco Alves da Costa Sobrinho

Capa: Olavo Oliva

Coordenação de revisão: Risoleide Rosa

Editoração eletrônica: Marcus Vinícius Devito Martines

Supervisão editorial: Alva Medeiros da Costa

Supervisão gráfica: Francisco Guilherme de Santana

Todos os direitos desta edição reservados à EDUFRN – Editora da UFRNCampus Universitário, s/n – Lagoa Nova – 59.078-970 – Natal/RN – Brasil

e-mail: [email protected] – www.editora.ufrn.brTelefone: 84 215.3236 – Fax: 84 215.3206

Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Central “Zila Mamede”Divisão de Serviços Técnicos

Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Pró-Reitoria deGraduação.

Projeto Político-Pedagógico / Universidade Federal do RioGrande do Norte; Maria Doninha de Almeida (Org.). [et al.]. –2. ed. – Natal, RN: EDUFRN – Editora da UFRN, 2004.

46 p. – (Coleção Pedagógica; n. 1)

1. Política educacional. 2. Projeto político-pedagógico. 3. Projetopedagógico. I. Almeida, Maria Doninha de. II. Cabral Neto,Antônio. III. Ferreira, Maria Salonilde. IV. Silva, Heloiza HenêMarinho da. V. Título.

ISBN 85-7273-?????CDD 37

RN/UF/BCZM 2004/14 CDU 37.014.5

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SUMÁRIO

Apresentação da 2a edição, 7Antônio Cabral Neto

Apresentação da 1a edição, 9Ótom Anselmo de Oliveira e Técia Maria de Oliveira Maranhão

Uma reflexão introdutória, 11Maria Doninha de Almeida

Notas para uma discussão contextualizada sobre o ProjetoPolítico-Pedagógico, 17Antônio Cabral Neto

A díade político-pedagógica, 29Maria Salonilde Ferreira

Subsídios para a elaboração do Projeto Político-Pedagógico, 33Heloiza Henê Marinho da Silva

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APRESENTAÇÃO DA 2a EDIÇÃO

As mudanças em curso no cenário da educação superior,no país, trouxeram implicações medulares para os cursos degraduação no âmbito das universidades. Exigências foram postaspara todos os atores responsáveis pelo ensino de graduação. Assim,aos administradores e aos professores da Universidade coube amissão de promover as reformas curriculares necessárias paraatender às novas demandas contextuais.

A Pró-Reitoria de Graduação – PROGRAD –, como ainstância responsável, no âmbito da Universidade Federal do RioGrande do Norte – UFRN –, pelo ensino de graduação, assume,prioritariamente, o processo de assessoramento didático-pedagógicona reformulação curricular. Para cumprir o seu papel de articuladoradesse movimento, foi necessário fornecer elementos teóricos epráticos para subsidiar os profissionais envolvidos na atualizaçãopedagógica dos cursos de graduação.

É nesse cenário, portanto, que se insere a Coleção Peda-gógica da UFRN. Os textos publicados nos cinco volumes da citadacoleção buscam sistematizar subsídios basilares para orientar o de-bate de temas relativos aos principais aspectos implicados na açãopedagógica. Essa coleção vem cumprindo um papel importante notrabalho que a PROGRAD desenvolve junto aos cursos de gradua-ção e, por isso, estamos colocando à disposição da comunidadeuniversitária uma segunda edição dos seguintes títulos: Projeto Po-lítico-Pedagógico, Currículo como Artefato Social, O Sentido dasCompetências no Projeto Político-Pedagógico, Licenciatura e Edu-cação Inclusiva.

Com essa iniciativa, a PROGRAD pretende continuardisponibilizando elementos para auxiliar no debate de questõespertinentes ao ensino de graduação na UFRN.

Natal, julho de 2004

Antônio Cabral NetoPró-Reitor de Graduação

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Projeto Político-Pedagógico 9

APRESENTAÇÃO DA 1a EDIÇÃO

A resposta acadêmica da Universidade Federal do RioGrande do Norte às exigências que decorrem das transformaçõese mudanças contextuais, e suas manifestações no âmbito daeducação superior, não poderia configurar-se dissociada de umprocesso sistemático e permanente de atualização pedagógica. Abusca do crescimento qualitativo do processo de ensino,desenvolvido em seus cursos de graduação, é um dos principaiscaminhos para a consolidação de uma resposta conseqüente.

A expansão da oferta de ensino de graduação, registradanos últimos anos nesta Universidade, soma-se às imposições dasmodificações da sociedade e passa, cada vez mais, a exigir umaação coordenada, capaz de articular o envolvimento de todos ossetores comprometidos com a questão acadêmica.

Para estimular uma ação partilhada em torno do redimen-sionamento da função do ensino de graduação, a UFRN, atravésda Pró-Reitoria de Graduação, disponibiliza, para os responsáveispelo desenvolvimento do processo de atualização pedagógica dosseus diversos cursos, a Coleção Pedagógica, com o objetivo pri-meiro de ampliar e registrar um diálogo sistematizado sobre a açãopedagógica.

A Coleção Pedagógica constará de oito publicações quedevem oferecer subsídios sobre diferentes aspectos relacionadoscom as questões acadêmicas da graduação, como projeto político-pedagógico, currículo, integração ensino, pesquisa e extensão,processo de avaliação da aprendizagem, dentre outros. Deve constarde textos produzidos, preferencialmente, pelos professores daUFRN.

A Coleção se inicia com dois títulos: Projeto Político-Peda-gógico – n. 1; Currículo como artefato social – n. 2. Os dois textosdiscutem princípios orientadores da organização do projeto políti-co-pedagógico dos cursos de graduação. Trazem, ao mesmo tempo,reflexões sobre o currículo como um processo dinâmico próprio dareestruturação ou reorganização de uma proposta de curso.

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Nas suas referências, postas para o debate e não comomodelo, a Coleção sugere a adoção de estratégias que possibilitema formação de profissionais capazes de responder às expectativasindividuais e da sociedade. Nessa direção, a UFRN procura ampliarseus espaços para cumprir a sua missão educativa de produtora,disseminadora e conservadora do conhecimento.

Natal, outubro de 2000.

Ótom Anselmo de Oliveira

Técia Maria de Oliveira Maranhão

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UMA REFLEXÃO INTRODUTÓRIA

Maria Doninha de Almeida*

Uma proposta acadêmica significativa para a universidadepública, neste momento, deve ser parte e resultado de um processocontínuo de reflexões e decisões coletivas. Para que os seusresultados sejam, de fato, consistentes e atuais é necessário queesse processo adote, como respaldo primeiro, o compromisso comtrês dimensões amplas: o conhecimento e a compreensão sobre omundo contemporâneo, com suas características global, regional elocal; o respeito à missão da universidade, considerando os limitese as possibilidades de sua realização; uma proposta acadêmicageral e ao mesmo tempo específica, de forma a subsidiar oredimensionamento curricular, através do projeto político-pedagógicode cada um dos cursos, notadamente no ensino de graduação.

A primeira dimensão parte do pressuposto de que auniversidade não se realiza como uma instituição isolada das demaisinstâncias da sociedade. Ela é, ao mesmo tempo, parte e produto.Há uma interação entre todos os acontecimentos que configuramcada momento da história e a universidade é um dos componentesdessa interação. Nela se refletem os acontecimentos – mudançase exigências – do mundo contemporâneo.

Como exemplos, podem ser relembrados: a força damundialização do capital; o avanço científico e tecnológico e suainternacionalização, notadamente a partir da década de 80; odesaparecimento de postos de trabalho e o surgimento de novas ereduzidas oportunidades com novos perfis profissionais. O resultado,no âmbito da universidade, inclui exigências de mudanças nas

* Maria Doninha de Almeida é Professora Aposentada do Departamento deEducação e do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federaldo Rio Grande do Norte – UFRN.

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especificidades de cada resposta sobre a formação do seu egressoe cria novas imposições, tanto para a administração quanto para aorganização da proposta de educação superior, intervindo na funçãosocial da universidade pública.

Compreender e considerar as modificações e as condiçõesatuais impõe à universidade duas decisões imediatas: a modificaçãodo conteúdo e do significado da política acadêmica, principalmenteaquela dirigida à formação profissional contextualmente situada; ea retomada do entendimento sobre a importância/necessidade de,no âmbito da educação superior, desenvolver um trabalho coletivoque miniminize a ação individual.

A segunda dimensão ampla corresponde ao desenvolvimen-to de uma política acadêmico-administrativa que defina, com clareza,as pretensões que expressam, na teoria e na prática, as caracterís-ticas, subjetivas e objetivas, do trabalho da universidade na buscapara realizar a sua missão. O seu fundamento básico deve eviden-ciar o seu aspecto inovador, através da produção de novosconhecimentos; o seu ângulo conservador, deve garantir a conser-vação do conhecimento; e a sua obrigatoriedade prática, devepropiciar a constante disseminação do conhecimento.

A universidade trabalha esses três elementos acionando osmecanismos convencionalmente conhecidos: o ensino, a extensãoe a pesquisa.

A ação da universidade através do ensino, da extensão e dapesquisa garante a efetiva realização de sua política acadêmica. Odesenvolvimento – concepção, execução e atualização permanen-tes – do Projeto Político-Pedagógico de cada um dos cursos degraduação responde à terceira dimensão, nomeada inicialmente.

Essa terceira dimensão, razão deste trabalho, se objetivaem cinco importantes momentos ou estágios interligados. O primeirocorresponde à definição da intencionalidade da universidade emrelação ao seu papel social, centrando-se no ensino, mas,obrigatoriamente, vinculado-o à extensão e à pesquisa. É a instânciaeminentemente subjetiva. É o momento das concepções e dasdefinições quanto ao papel formal e social de cada curso, os seus

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objetivos, o perfil desejado para os seus egressos, as competênciase as habilidades perseguidas.

Dependendo das intenções expressas nesse primeiromomento, a idéia que vincula ensino/extensão/pesquisa estarádelineada. Trata-se não apenas de opção, mas também deconcepção. Esse momento determina a direção, o norte, de toda aproposta pedagógica que venha a se configurar.

O segundo momento define os instrumentos, subjetivos epráticos, do trabalho pedagógico do curso. Indica as áreas do saberou campos de estudos, os conteúdos, as disciplinas, aspossibilidades variadas, conforme a flexibilidade e a criatividadepossíveis ou desejadas. Nesse momento, registra-se um conceitodiferente sobre currículo. Se as definições que dão corpo ao primeiromomento funcionam como direção obrigatória para o segundo,desaparece a idéia de grade curricular e, em seu lugar, assume aconcepção de currículo como parte de um processo que se firma ese desenvolve no conjunto do projeto pedagógico do curso.

O terceiro momento, que depende do primeiro e do segun-do, refere-se aos procedimentos técnico-metodológicos e de gestãoos quais registram a forma de atuação, de aperfeiçoamento, deintegração ensino, extensão e pesquisa e de administração propri-amente. Registra, ainda, os requisitos de infra-estrutura – física,tecnológica, bibliográfica – e as exigências de pessoal – quantida-de e qualificação, por exemplo. Dependendo da criatividadeexpressa em cada proposta, o processo de ensino-aprendizagempode criar situações favoráveis à melhoria da preparação formal esocial do aluno egresso da universidade.

Um quarto momento, talvez o mais árduo, põe em prática ostrês primeiros estágios. É o momento da ação teórico-prática queenvolve, não somente a avaliação que, obrigatoriamente, compõeo desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem, mas, umaavaliação constante da proposta definida, dos resultadosalcançados, das necessidades de aperfeiçoamento, dentre váriasoutras ações.

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Por fim, e só por questões didáticas desta reflexão, o quintoestágio corresponde à permanente atualização da pertinência doprojeto que sintetiza a proposta do curso e inclui, necessariamente,um processo de avaliação contínua. Se o trabalho pedagógico dauniversidade é, de fato, um processo, não será necessário esperardeterminado período de tempo para rever a proposta pedagógicade um curso. Seu tempo é a necessidade do próprio curso, ajustadapela avaliação.

O Projeto Político-Pedagógico, que passa pelos cinco está-gios referidos, é destaque obrigatório, tanto na agenda da políticaeducacional, dirigida ao ensino superior, quanto nos termos legais.A Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, compo-nente da interação entre os vários elementos que configuram oensino superior neste momento, não está isenta de várias e nume-rosas conseqüências e obrigações – renovação de reconhecimentode cursos, recredenciamento da Universidade, avaliações diversas(Provão, Condições de Oferta, por exemplo).

No entanto, a obrigatoriedade, como todo acontecimento,tem dois aspectos inseparáveis: um positivo e outro negativo. AUFRN deve aproveitar o aspecto positivo para atualizar a propostapedagógica dos cursos de graduação.

Este trabalho faz parte de uma coleção de estudospedagógicos que integram as reflexões obrigatórias relativas àelaboração ou reelaboração do Projeto Político-Pedagógico dosdiversos cursos de graduação da UFRN. Sistematiza, e põe àdisposição dos interessados, três reflexões a respeito das questõesque envolvem o Projeto Político-Pedagógico.

A primeira reflexão é expressa através do primeiro texto quetrata, resumidamente, de uma discussão contextualizada do Proje-to Político-Pedagógico dos cursos, lembrando que o redimen-sionamento dos atuais currículos dos cursos de graduação [...]torna-se uma necessidade em decorrência do papel que a universi-dade pública deve desempenhar diante das mudanças que seconsubstanciam no atual momento de desenvolvimento da socie-dade. A segunda apresenta uma breve justificativa sobre a díade

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político-pedagógico com um argumento que diz: o pedagógico épolítico [...] definir-se, por um ou outro significado, é uma opçãopolítica. E a terceira registra um breve histórico sobre Projeto Polí-tico-Pedagógico, sua concepção e recomendações a respeito desua elaboração, incluindo [...] esquemas que podem ser tomadoscomo referência pelos cursos na elaboração do Projeto Político-Pedagógico.

O principal objetivo da publicação desta coleção é manterum diálogo permanente com todos que se encontram envolvidosno processo de atualização da proposta pedagógica de cada umdos cursos de graduação da UFRN. Não se trata de modelo e/ouensinamento, trata-se de um diálogo sistematizado na busca damelhoria do entendimento sobre o trabalho acadêmico. Por isso,toda sugestão/intervenção tem um lugar de destaque na agendadeste debate.

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NOTAS PARA UMA DISCUSSÃO CONTEXTUALIZADASOBRE O PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO

Antônio Cabral Neto*

FRAGMENTOS DO CONTEXTO ECONÔMICO E POLÍTICO

A elaboração do Projeto Político-Pedagógico apresenta-secomo um dos desafios que a universidade pública brasileira precisaenfrentar. O redimensionamento dos atuais currículos dos cursosde graduação torna-se uma necessidade, particularmente naUniversidade Federal do Rio Grande do Norte, em decorrência dopapel que a universidade pública deve desempenhar diante dasmudanças que se consubstanciam no atual momento dedesenvolvimento da sociedade.

Essas mudanças englobam as dimensões política,econômica e cultural. No âmbito político, o revigoramento das tesesneoconservadoras expressas no ideário neoliberal redimensionamas relações entre Estado e mercado. O neoliberalismo se caracterizacomo uma estratégia política que defende a primazia do mercadosobre o Estado e, portanto, do individual sobre o coletivo. O Estado,nessa ótica, não deve intervir no livre jogo dos agentes econômicos,significando que o mercado tem o poder de regular todas as relaçõeseconômicas políticas e sociais.

Dentro dessa lógica, as teses constitutivas do ideárioneoliberal se contrapõem aos avanços sociais alcançados com as

* Antônio Cabral Neto é Professor do Departamento de Educação e do Programade Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte– UFRN; Pesquisador do CNPq; Pró-Reitor de Gradução da UFRN.

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políticas keynesianas1 implementadas a partir do pós-guerra edesenvolvidas com ênfase até final da década de 1960 e início dosanos 70, particularmente em países de capitalismo avançado.

O neoliberalismo se constitui em uma estratégia política pararesponder à crise do padrão de acumulação capitalista enfrentadapela maioria dos países desenvolvidos no final do século XX. Ele éa expressão política dessa crise. Desenvolve-se em países centraisdo capitalismo, desde o início da década de 70, encontra, nos últimosanos da década de 80, na América Latina e, particularmente, noBrasil, um cenário favorável à sua implementação, assumindoposição hegemônica nos anos 90.

Em relação aos programas sociais, as reformas preconizadaspelo neoliberalismo para o continente Latino Americano estãocentradas em três aspectos: a) descentralização, entendida comoum modo de aumentar a eficiência e eficácia do gasto, aproximandoproblemas e gestão; b) focalização, significando o direcionamentodo gasto social para setores de maior necessidade; c) privatização,concebida como o deslocamento da produção de bens e serviçospúblicos para o setor privado lucrativo e não-lucrativo (ONGs,instituições filantrópicas etc.) (Draibe, 1993, p. 97).

1. O keynesianismo refere-se àquelas políticas fundamentadas nas teses propostaspor Keynes que previa uma intervenção do Estado na ordenação econômica epolítica da sociedade. Keynes propunha estratégias para redimensionar a criseenfrentada pela sociedade capitalista nas primeiras décadas do século XX. Foiimplementado com mais ênfase em países de capitalismo desenvolvido, no períodopós-segunda guerra mundial até meados da década de 70. Segundo Esping-Andersen (1995), o Welfare State significou mais do que um incremento das políticassociais no mundo desenvolvido, em termos gerais, representou um esforço dereconstrução econômica, moral e política. No campo econômico resultou doabandono da ortodoxia da exclusiva lógica do mercado, em favor da exigência deextensão da segurança do emprego e dos ganhos como direitos de cidadania.Politicamente, se constituiu um elemento importante do projeto de reconstruçãonacional no pós-guerra, fortalecendo a democracia liberal contra o fascismo e obolchevismo.

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No campo econômico, entra em crise o padrão deacumulação baseado no taylorismo2 / fordismo3 que preconizava apossibilidade de generalização da industrialização, propiciando aprodução em larga escala, consumo em massa, possibilidade dopleno emprego e diminuição das desigualdades. A crise iniciada nofinal do século XX, aprofunda-se consideravelmente a partir dadécada de 1980, configurando a insuficiência dessa matriz enquantoforma de organização da produção.

Diante disso, se impõe uma ampla reestruturação doprocesso produtivo fundada em novas bases. O modelo propostopretende superar a rigidez dos processos taylorista/fordista,pautando-se na integração e na flexibilidade4, redesenhando dessaforma, uma nova engenharia de produção. É inaugurado um outroesquema de regulação da produção capitalista, significando o

2. O taylorismo é o modelo de gerência científica sistematizado por FrederickWinslow Taylor no final do século XIX. Tinha por objetivo desenvolver métodospara organização do trabalho, visando atender as novas demandas da produçãocapitalista. Fundava-se em três princípios básicos: a) dissociação do processo detrabalho das especialidades do trabalhador; b) separação entre concepção eexecução; c) utilização do monopólio do conhecimento para controlar cada umadas fases do processo de trabalho e seu modo de execução (Braverman, 1983).

3. O fordismo significou uma extensão do modelo de gerência proposto por Taylor.Introduziu inovações na linha de montagem, fazendo o trabalho chegar aotrabalhador em uma posição fixa. A diferença entre o fordismo e o taylorismo,segundo Harvey (1993), reside na defesa assumida por Henry Ford que enfatizavaa necessidade de produção e consumo em massa, significando um novo sistemade reprodução da força de trabalho, uma nova estética e uma nova psicologia. Oprocesso de produção, segundo as orientações do fordismo, está centrado naprodução em massa de bens homogêneos, uniformidade e padronização, grandesestoques, teste de qualidade ex-post e integração, predominantemente vertical.Em relação ao trabalho evidencia-se a realização de uma única tarefa pelotrabalhador, alto grau de especialização, pouco ou nenhum treinamento no trabalho,organização vertical do trabalho. A base técnica dominante é a eletro-mecânica.(Harvey, 1993).

4. O processo de produção flexível tem como referência o modelo japonês. Ele secaracteriza pela produção flexível, variada, em pequenos lotes e sem estoques. O

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redimensionamento do padrão keynesianismo-fordismo que haviapredominado desde o pós-guerra.

Esse “novo” esquema significa uma alteração substancialnas formas tradicionais de organização da produção. Ele tornou-sepossível mediante: a organização flexível do processo de trabalho;o aperfeiçoamento da base técnica, decorrente do progresso daciência e do desenvolvimento tecnológico; e o aprimoramento dosobjetos de trabalho, pela descoberta de novos materiais (fibra ótica,por exemplo).

A lógica subjacente a essa orientação se expressa noseguinte discurso: quanto mais desregulamentação e flexibilizaçãono mercado de trabalho maior a possibilidade da criação deempregos. Entretanto, sua lógica real significa o aumento daprodutividade econômica por conta do incremento de tecnologia deponta (microeletrônica, biotecnologia, genética, informação, dentreoutros) e da redução do número de trabalhadores.

A incorporação de novas tecnologias e de novas formas degerenciamento no processo produtivo significou uma drásticaredução dos postos de trabalho, implicando em uma crescenteliberação de mão-de-obra, desemprego estrutural, precarização dotrabalho e aviltamento do trabalho assalariado, culminando com oaumento da exclusão social.

Esse modelo de organização da produção, sustentado emuma nova base científica, tecnológica e gerencial, impõe aotrabalhador novas exigências quanto a sua qualificação para otrabalho. Trata-se, pois, do desenvolvimento de novas habilidadescognitivas e da formação de novas atitudes e valores coerentescom a realidade do trabalho no mundo atual.

controle de qualidade é integrado ao processo para evitar os desperdícios. Otrabalho é realizado em equipe, o trabalhador realiza múltiplas tarefas, ocorre aeliminação da demarcação rígida de tarefas, a organização do trabalho é maishorizontal e exige a permanente aprendizagem no trabalho. A base técnicaprevalecente é a eletro-eletrônica.

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O argumento central pressupõe que, atualmente, diante dapermanente mutação do mercado, é mais importante o trabalhadortornar-se empregável e manter-se competitivo do que simplesmenteobter um emprego. Nessa lógica, a educação é considerada umfator determinante do ingresso do trabalhador no mercado detrabalho e, ainda, transfere para ele toda a responsabilidade peloseu engajamento no mundo do trabalho.

O padrão de acumulação fundado na base técnica eletro-eletrônica e na organização flexível se constitui uma tendência daorganização da produção nesse momento. As forças produtivas,todavia, não se desenvolvem de forma homogênea em todos osespaços, há um desenvolvimento combinado, porém desigual.Verifica-se uma convivência desse padrão de acumulação comaquele organizado tomando como parâmetro a base técnica eletro-mecânica e a gerência científica de base taylorista. Essas duasformas de organização capitalista convivem em todos os países,acentuando-se em países em desenvolvimento, como é o caso doBrasil.

O CENÁRIO EDUCACIONAL

O projeto educacional concebido como parte das estratégiaspolíticas geradas nesse contexto de predomínio das idéiasneoliberais, traz no seu cerne uma concepção de política dosmínimos. Essa política atinge a essência da universidade pública àmedida que propõe ações voltadas prioritariamente para a educaçãofundamental. Nesse cenário, se fortalece a tese delineada no âmbitodo projeto da reforma universitária proposta na década de 80 (ProjetoGERES), que previa a criação de dois tipos de universidades: umaprodutora e outra transmissora de conhecimentos.

Esse cenário, recortado por complexas relações econômicas,políticas e culturais, deve ser considerado pela universidade públicaao conceber o Projeto Político-Pedagógico dos seus cursos degraduação. Nessa empreitada, a universidade deve atentar paranão aderir com exclusividade à lógica do mercado que prioriza uma

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formação centrada no conhecimento instrumental, secundarizandoas dimensões social, moral e ética da formação profissional. Talorientação caracteriza a concepção economicista da educação.

A visão economicista da educação tem como lastro o ideáriopolítico-econômico neoliberal que atribui à educação umacentralidade no desenvolvimento econômico, vinculando-a àsdemandas de mercado. Este, o mercado, na lógica neoliberalorganiza e conduz todo o processo educacional. Trata-se de umamatriz formulada por organismos internacionais como a ComissãoEconômica para a América Latino – CEPAL5 – e o Banco Mundial –BIRD6.

A universidade pública, ao delinear o seu Projeto Político-Pedagógico, deve atentar para essa realidade. É preciso assumir,no âmbito de cada universidade e de cada curso, uma ação maisousada para pensar estratégias que possibilitem criar mecanismospara se contrapor a essa tendência claramente desenhada na atualpolítica do governo para o ensino superior público.

5. A CEPAL, órgão regional da Organização das Nações Unidas – ONU –, criadaem 1948, destina-se a assessorar os países da América Latina em assuntos técnico-econômicos. O trabalho “Transformación Productiva com Equidad”, elaborado em1990, assinala que a formação de recursos humanos e o desenvolvimento estãointimamente relacionados. Nessa ótica, a educação e a produção do conhecimentosão fatores imprescindíveis para o desenvolvimento. Essa abordagem é reafirmadaem outro, documento escrito em 1992, “Educacion y Conocimento: Eje de latransformación productiva com equidad” o qual situa a educação como elementocentral para o desenvolvimento econômico e social.

6. O BIRD, Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BancoMundial – BM) é a instituição internacional que, dentre outras atividades, financiae presta assessoramento técnico a projetos educacionais no Brasil. Neste momento,o BM considera a educação como um fator de redução da pobreza e essencialmentecomo uma estratégia indispensável à formação de “capital humano” adequadoaos atuais padrões de acumulação. A política educacional, nessa lógica, enfatizaos seguintes aspectos: eficiência, eficácia, rentabilidade, flexibilidade, relação custo-benefício. Essa Instituição tem, hoje, uma influência significativa no delineamentoda política educacional brasileira.

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Projeto Político-Pedagógico 23

A universidade como uma instituição responsável pela pro-dução e disseminação crítica do conhecimento, necessita construirum projeto educativo que possibilite a formação de recursos huma-nos capazes de sua inserção crítica na sociedade. Isso implica ul-trapassar a visão restrita de educação que se vincula prioritariamenteàs demandas do mercado. É evidente que a universidade ao for-mar profissionais deve conhecer as necessidades do mercado, po-rém não deve tornar-se refém do mesmo.

Assim, a formação profissional deve ancorar-se em [...] ha-bilidades e aptidões de apreensão, compreensão, análise etransformação, tanto no âmbito do conhecimento tecnológico quese dissemina velozmente, quanto no âmbito da formação da com-petência política, social, ética e humanista (ForGRAD, 1999, p. 9).

Com base nessa compreensão, a Universidade Federal doRio Grande do Norte – UFRN deve:

[...] estar comprometida com a qualidade da formaçãointelectual de seus alunos, com a qualidade de suaprodução científica, artística, filosófica e tecnológica e,principalmente, com o atendimento às necessidades,aos anseios e às expectativas da sociedade, forman-do profissionais técnica e politicamente competentese desenvolvendo soluções para problemas locais, re-gionais e nacionais (UFRN – Plano de DesenvolvimentoInstitucional, 1999 - 2003, p. 39).

Na proposta acadêmica da UFRN, o Projeto Político-Pedagógico dos cursos de graduação deve ter como respaldopressupostos teóricos e metodológicos que realcem tanto a formaçãoética quanto a competência técnica para enfrentar os desafios postospelo o mundo do trabalho, no atual momento.

Significa conceber um Projeto Político Pedagógico empermanente construção para propiciar o desenvolvimento de açõesplanejadas que dêem vida ao fazer pedagógico no âmbito de cadacurso de graduação.

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24 Coleção Pedagógica

Não é uma tarefa simples nem individual. Portanto, não deveser uma tarefa exclusiva do coordenador do curso. É uma açãocoordenada, coletivamente, pelos Colegiados dos Cursos, a quemcompete articular estratégias de envolvimento de professores,alunos, especialistas das diversas áreas do conhecimento, comotambém de representantes de segmentos sociais interessados. Aelaboração, o desenvolvimento e a avaliação do Projeto Político-Pedagógico é uma ação compartilhada.

O Projeto Político-Pedagógico, segundo o ForGRAD, deveser entendido

[...] como um instrumento de balizamento para o fazeruniversitário, concebido coletivamente no âmbito dainstituição, orientado para esta, como um todo, e paracada um de seus cursos, em particular. Ao constituir-se, o Projeto (político) Pedagógico deve ensejar aconstrução da intencionalidade para o desempenho dopapel social da IES, centrando-se no ensino, masvinculando-se estreitamente aos processos depesquisa e extensão (p. 9).

PRINCÍPIOS NORTEADORES DO PROJETOPOLÍTICO-PEDAGÓGICO

a) O Projeto Político-Pedagógico deve levar em consideraçãoas diretrizes curriculares nacionais mas não deve ficar restrito aelas. A autonomia na elaboração do projeto, apesar dos limitesimpostos pela atual política do MEC, precisa ser exercida. Osprofissionais envolvidos no processo de elaboração do ProjetoPolítico-Pedagógico, devem ousar no sentido de propor um Projetoque contemple experiências acadêmicas criativas e inovadoras;

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Projeto Político-Pedagógico 25

b) O Projeto Político-Pedagógico do Curso deve estarnecessariamente articulado com o projeto de universidade públicademocrática e de qualidade social;

c) A elaboração do Projeto Político-Pedagógico pressupõeuma compreensão do contexto social e político do momento;

d) O Projeto Político-Pedagógico deve compreender trêsmomentos interligados. O primeiro relaciona-se com o perfil desejadopara o egresso do Curso, as habilidades e competências definidase os objetivos do curso, dentre outros aspectos que condicionamos demais componentes do projeto; o segundo diz respeito àestrutura curricular propriamente. Matérias e disciplinas são definidascom base em diretrizes estabelecidas anteriormente; o terceiromomento significa a definição dos procedimentos a seremexecutados em função dos dois primeiros momentos e às exigênciasinfra-estruturais para tal;

e) A ação pedagógica deve ser pautada em uma dinâmicaque articule adequadamente ensino, pesquisa e extensão;

f) A construção do Projeto Político-Pedagógico pressupõeuma ação coletiva resultante do engajamento dos agenteseducacionais e sociais;

g) O Projeto Político-Pedagógico, ao ser estruturado, develevar em consideração que ato educativo compreende a apropriação,pelo aluno, dos conhecimentos historicamente produzidos, assimcomo o desenvolvimento de hábitos, atitudes e valores éticos. Issoimplica em uma articulação adequada entre conhecimentoscientíficos e tecnológicos e o desenvolvimento do aluno comocidadão;

h) As atividades curriculares devem permitir, desde cedo, ainteração do aluno com a realidade social;

i) A implementação do Projeto Político-Pedagógico implicano redimensionamento do modelo atual de gestão.

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26 Coleção Pedagógica

Os princípios gerais delineados neste texto contemplamaspectos relevantes que devem ser observados como subsídiospelos docentes e discentes dos cursos de graduação na elaboraçãodo Projeto Político-Pedagógico. Entretanto, eles não encerram todasas possibilidades de trabalho e, por isso, devem ser enriquecidosno decorrer do processo coletivo de discussão, visto que o ProjetoPolítico-Pedagógico deve ser entendido como um dos principaispilares de consolidação de um projeto acadêmico bem delineado.

REFERÊNCIAS

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CABRAL NETO, Antônio. Política educacional brasileira: novas formas degestão. In: YAMAMOTO, Oswaldo; CABRAL NETO, Antônio. (Orgs.). Opsicólogo e a escola: uma introdução ao estudo da psicologia escolar.Natal: EDUFRN, 2000, p. 25-58.

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DRAIBE, Sônia Maria. As políticas sociais e o neoliberalismo. Revista USP/ Dossiê Liberalismo / Neoliberalismo. São Paulo, n. 17, p. 86-101, março/maio, 1993.

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Projeto Político-Pedagógico 27

ESPING-ANDERSEN, Gosta. O futuro do Welfare State na nova ordemmundial. Lua Nova, São Paulo: CEDEC, n. 35, p.73-112, 1995.

ForGRAD. Do pessimismo da razão para o otimismo da vontade:referências para a construção dos projetos pedagógicos na IES brasileiras.Curitiba, 1999. (Texto elaborado a partir da Oficina de Trabalho de Curitiba,realizada de 15 a 17 de setembro de 1999).

HARVEY, David. Condição pós-moderna. São Paulo: Loyola, 1993.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE. Plano deDesenvolvimento Institucional – 1999 – 2008, Natal, dez, 1999.

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Projeto Político-Pedagógico 29

A DÍADE POLÍTICO-PEDAGÓGICO

Maria Salonilde Ferreira*

A primeira reação que o tema Projeto Político-Pedagógicoda universidade provoca é de questionamento. Cabe-nos indagarsobre as razões que induzem a universidade a se preocupar comsua dupla face: política/pedagógica.

O inusitado da questão não se encontra no seu caráterpolítico. Este permeia a universidade desde as suas origens. Umrecuo no tempo permite-nos verificar que as universidades surgematreladas à igreja, em um momento de grande expansão política damesma, chegando a ser denominada Universidade da Cristandade.Fortalece-se no confronto entre burguesia e clero na luta pelahegemonia, ambos alimentando a expectativa de utilizá-la para oseu próprio fortalecimento.

No entanto, a representação construída foi da universidadepairando acima dos interesses de indivíduos e grupos onde os seussábios pudessem descobrir verdades e produzir saberes úteis àhumanidade.

Essa breve incursão na história mostra que o inusitado estáem a universidade querer assumir seu caráter político após negá-lodurante séculos.

O PEDAGÓGICO É POLÍTICO

As mudanças estruturais, em curso, evidenciam que ospadrões orientadores da nossa vida social e coletiva nãorepresentam mais a passagem na qual nos movemos. Por um lado,

* Maria Salonilde Ferreira é Professora aposentada do Departamento de Educaçãoe do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do RioGrande do Norte – UFRN.

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30 Coleção Pedagógica

observamos um incremento incalculável na produção de bensmateriais, ciência e tecnologia; por outro lado, o crescimento dosubemprego, desemprego, violência, exacerbando-se a contradiçãoabundância versus miséria.

Vivemos em um permanente estado de crise econômica,política, social, científica e ética enquanto todas as formas deorganização social são colocadas em xeque.

Esse contexto não suporta mais a concepção de um projetopedagógico sem a definição clara e precisa de sua opção política.Opção que implica, no caso da universidade, em definir odirecionamento atribuído ao tripé que sustenta a atividade universi-tária: ensino-pesquisa-extensão. Atividade cuja indissociabilidadeadquire concretude no currículo escolar.

Isso faz com que a questão curricular adquira, cada vez mais,destaque no panorama universitário, intensificando os vínculos entreprocessos técnicos produtivos, econômicos, políticos e culturais;entre todas as atividades práticas e intelectuais; entre sociedade enatureza.

Problemas como a conquista do cosmo, a ecologia, amecanização e automação da produção, a mundialização e outros,tanto globais quanto locais, não podem ser analisados esolucionados com os meios de uma única teoria ou área do saber.

A tendência atual é a de considerar o currículo comoconstrução social e política. Essa construção exige dos atores nelaimplicados a negociação de significados de seus parâmetros e desuas práticas, à medida que se inscreve no quadro de uma estruturaadministrativa, ao mesmo tempo que sintetiza uma posição e umaintencionalidade política, pois se insere, também, uma estruturasocial.

Tal elaboração encontra pertinência em um certo númerode necessidades peculiares. Podemos destacar, no mínimo, quatro:

a) a sociedade com suas características socioeconômicas,políticas e culturais;

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Projeto Político-Pedagógico 31

b) a instituição;c) o saber socialmente produzido;d) os atores implicados.

Nessa perspectiva, o currículo envolve desde planos e pro-gramas até a interação que ocorre na sala de aula.

A definição de parâmetros, por exemplo, exige negociaçõese renegociações dos significados atribuídos à sociedade, à educa-ção, ao desenvolvimento, à ciência, à aprendizagem, ao indivíduo,ao sujeito, entre outros. Inclui, ainda, a apreensão de como se dãoas relações entre esses componentes pois são eles que orientam aestruturação curricular.

Definir-se, por um ou outro significado, é uma opção políti-ca. Cabe à comunidade universitária buscar clareza suficiente parao encaminhamento político a ser dado ao seu projeto pedagógico.Deve ser um projeto vinculado às determinações que buscam su-bordinar as universidades à política de Estado mínimo ou à procurade sua eficiência e de sua visibilidade face à sociedade que a sus-tenta.

As crises põem em evidência, por um lado, a relatividade depressupostos até então hegemônicos como neutralidade, precisão,objetividade e, por outro, permite-nos acompanhar a sobrevivênciada própria universidade pública brasileira.

Não podemos esquecer que um projeto pedagógicoconcretiza a escolha dos valores que deverão ser internalizados.Uma das funções da universidade é a transformação da culturaenquanto processo legítimo do exercício do pensamento e doconhecimento, mas, além disso, ela é, também, o lugar onde se dáa reflexão crítica da realidade.

A definição desses valores e sua adoção são eminentementepolíticas pois são eles que demarcam o caráter cidadão das relaçõesda universidade com os indivíduos, a natureza e a sociedade.

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Projeto Político-Pedagógico 33

SUBSÍDIOS PARA A ELABORAÇÃO DOPROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO

Heloiza Henê Marinho da Silva*

BREVE HISTÓRICO

A melhoria da qualidade do ensino sempre esteve associadaao Projeto Político-Pedagógico. Desde a década de 1970, o PADES– Programa de Apoio às Instituições de Ensino Superior, estimulavaa elaboração de projetos visando um ensino de melhor qualidadenas universidades. Os projetos eram individuais, de iniciativa deseus proponentes – docentes, discentes ou setores da instituição.

Na década de 1980, o PADES vincula-se à Secretaria deEnsino Superior do Ministério da Educação (SESU/MEC). Redefineo conceito de qualidade de ensino passando a relacioná-lo à exis-tência de um Projeto Político-Pedagógico elaborado coletivamentepelos atores institucionais. Na época, havia clareza do objetivo doprojeto, porém, com diversidade terminológica: projeto pedagógi-co, projeto político-pedagógico, projeto institucional, projetoeducacional. Em relação a essa terminologia, a Lei de Diretrizes eBases da Educação (Lei 9.394/96) utiliza a denominação propostapedagógica ou projeto pedagógico.

Tanto a legislação educacional em vigor (LDB e regulamen-tações subseqüentes) quanto o ritmo acelerado das mudanças narealidade presente indicam a necessidade de renovação periódicado reconhecimento dos Cursos de Graduação, acabando definiti-vamente com a sua característica ad eternum. Aliado a isso, surgemnovas tecnologias, informações, metodologias (inclusive de ensi-

* Heloiza Henê Marinho da Silva é Professora do Departamento de Biofísica eFarmacologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN;Coordenadora Geral de Supervisão do Ensino Superior da SESU/MEC.

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34 Coleção Pedagógica

no) que apontam no sentido de proporcionar qualificações técni-cas, científicas ou artísticas readaptáveis às situações e demandasprofissionais emergentes. Tais fatos vêm requerer, por sua vez, umaformação mais abrangente e diversificada, a partir de uma dinâmi-ca passível de mudanças processuais. Nesse contexto, observa-sea necessidade da (re)elaboração do projeto de funcionamento dosCursos (Projeto Político-Pedagógico) como um novo instrumentode gestão acadêmica, articulado com o sistema educacional e comas demandas da sociedade.

Acrescenta-se, ainda, os dois instrumentos que o MEC vemutilizando compulsoriamente para controlar a qualidade do ensinosuperior: o Exame Nacional de Cursos (Provão) e a Avaliação dasCondições de Oferta. Nesta, o MEC verifica, através de umaComissão de Especialistas de Ensino Superior, três aspectosfundamentais nos Cursos de Graduação: a) a organização didático-pedagógica; b) a infra-estrutura; c) a qualificação do corpo docente.Dessa forma, a Comissão de Especialistas do MEC, ao avaliar oCurso em função da sua organização didático-pedagógica, tomacomo referência a sua proposta pedagógica. Esta deve contemplaralguns elementos fundamentais: o perfil do profissional desejado;os objetivos do Curso; as competências e habilidades; as áreas deestudo; a estrutura curricular; a sistemática de avaliação; dentreoutros.

Os resultados do Provão e da Avaliação da Condições deOferta são considerados não só no processo de renovação doreconhecimento dos Cursos, como também no processo derecredenciamento das instituições.

Nesse contexto, surgem as Diretrizes Curriculares,elaboradas pelas Comissões de Especialistas do MEC, emcontraposição aos antigos currículos mínimos caracterizados pelarigidez, fragmentação, desarticulação e desatualização dosconteúdos. As Diretrizes apontam para a seleção de conteúdossignificativos e necessários à formação do aluno, ordenando-os emcomponentes curriculares ou atividades acadêmicas distintas(disciplinas, seminários, estágios, oficinas etc.), no âmbito dos quais

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Projeto Político-Pedagógico 35

se realiza o processo ensino-aprendizagem. Verifica-se, nessesentido, um certo grau de liberdade na legislação vigente, na qual apalavra chave é a flexibilização, em oposição à grade curricular comum grande número de disciplinas pré-fixadas e de pré-requisitos.

O aluno de graduação não deve ter acesso apenas àinformação teórica. A formação político-humana deve sercontemplada em conjunto com a formação técnico-científica, oumelhor, é necessário a incorporação do conhecimento e da práticatécnico-científica no espectro de valores humanísticos. Isto deveocorrer no sistema educacional, em sua totalidade, de formaarticulada, ao mesmo tempo que, no âmbito do fazer acadêmico,seja garantida a indissociabilidade entre ensino, pesquisa eextensão.

A PROGRAD/UFRN, ao repensar o papel da Graduação,estabelece como ação prioritária a reformulação curricular inseridana (re)elaboração de um Projeto Político-Pedagógico, visandoefetivamente a melhoria da qualidade do ensino e a consequenteelevação da competência profissional do egresso.

CONCEPÇÃO

O Projeto Político-Pedagógico pode ser entendido como uminstrumento balizador para o fazer pedagógico, concebidocoletivamente, orientado para um Curso de Graduação específico.É o documento definidor dos princípios orientadores que expressamo sentido do processo de formação de profissionais de nível superior.(ForGRAD, 1999). Consiste numa proposta de formação profissionalcaracterizada como um conjunto de ações e estratégias queexpressam as diretrizes políticas, pedagógicas e técnicas de umCurso de Graduação.

Em função dos elementos anteriormente descritos,apresentamos, como sugestões, alguns esquemas que podem sertomados como referência pelos Cursos na elaboração do ProjetoPolítico-Pedagógico.

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36 Coleção Pedagógica

Devendo ser pautado em fundamentos epistemológicos,éticos e políticos, o Projeto Político-Pedagógico vai além de umsimples agrupamento de planos de ensino e atividades diversas.Não é algo a ser construído e em seguida arquivado, ou quandomuito, enviado para as autoridades competentes de ensino. Ele deveser construído e evidenciado em todos os momentos e por todos osenvolvidos no processo de formação do profissional, implicando,dessa maneira, em avaliação e aperfeiçoamento permanentes.

ELABORAÇÃO

Considerando que o Projeto Político-Pedagógico é oreferencial básico para o desenvolvimento do Curso, seus elementosconstitutivos devem conter claras definições de forma a orientar aestruturação curricular e seus modos de organização. A seguir sãoapresentados, de forma sucinta, os componentes fundamentais quedevem ser considerados na elaboração do Projeto Político-Pedagógico.

1. Introdução: histórico do Curso, papel da universidadefrente a realidade social, diagnóstico dasituação atual do Curso etc.

2. Justificativa: onde se insere o Curso e o universo a quese destina; quais as características enecessidades mais emergentes, relaçãouniversidade-mercado e universidade-sociedade, aspectos legais que dão suporteao Curso etc.

3. Perfil do profissional: qual o profissional que se deseja.

4. Objetivos: quais os objetivos que se pretende alcançar,levando em consideração o perfil desejadopara o egresso, seu contexto de atuação e ascondições de execução do Projeto Político-Pedagógico.

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Projeto Político-Pedagógico 37

5. Competências e habilidades: quais as competências ehabilidades que devem serdesenvolvidas no processode formação do aluno.

6. Tópicos de estudo: conteúdos curriculares ou áreas deestudo definidos de forma coerentecom o perfil e os objetivos.

7. Componentes curriculares: disciplinas, atividades de for-mação acadêmica – pesqui-sa; extensão; participaçãoem congressos e semináriosetc., estágios; monografia.

8. Procedimentos metodológicos: metodologia de trabalhoadotada.

9. Estrutura curricular: disposição das disciplinas/atividadespor período/nível.

10. Sistemática de avaliação: do processo ensino-aprendi-zagem; do Projeto Político-Pedagógico.

11. Suporte para funcionamento do Curso: recursos huma-nos; infra-estru-tura (física, tec-nológica, biblio-gráfica etc.).

Em função dos elementos anteriormente descritos,apresentamos, como sugestões, alguns esquemas que podem sertomados como referência pelos Cursos na elaboração do ProjetoPolítico-Pedagógico.

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38 Coleção Pedagógica

ESQUEMA 1

Sugestão para elaboração do Projeto Acadêmicodo Curso de Comunicação Social

I – Introdução (histórico, caracterização contextual do Curso etc.)

II – Justificativa (pertinência do Curso etc.)

III – Proposta ou Projeto Pedagógico

1. Introdução

2. Síntese da estrutura geral do Curso

3. Objetivos3.1. Gerais3.2. Específicos de cada habilitação

4. Perfil do egresso por habilitação

5. Competências e habilidades específicas de cada habilitação

6. Tópicos de estudos básicos

7. Estudos básicos de cada habilitação

8. Estrutura curricular

9. Equivalência com o currículo atual

10. Procedimentos de avaliação

a) Do processo ensino-aprendizagemb) Do Projeto Pedagógico

IV – Corpo docente

V – Estrutura de serviço e infra-estrutura material,tecnológica e bibliográfica

VI – Procedimentos de avaliação e de acompanhamentogeral do Projeto Acadêmico

VII – Anexos

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Projeto Político-Pedagógico 39

ESQUEMA 2

Sugestão para elaboração do Projeto Acadêmicodo Curso de Serviço Social

I – Introdução (histórico, caracterização contextual do Curso etc.)

II – Justificativa

III – Projeto Político-Pedagógico1. Introdução2. Objetivos3. Perfil do egresso4. Competências e habilidades5. Núcleos de fundamentação da formação profissional6. Organização do Curso:

a) Distribuição da carga horáriab) Duraçãoc) Atividades complementaresd) Estágio supervisionadoe) Trabalho de conclusão do Curso

7. Políticas de pesquisa e de extensão8. Estrutura curricular9. Sistema de avaliação contínua

a) Do processo ensino-aprendizagemb) Do Projeto Político-Pedagógico

10. Corpo docente

IV – Infra-estrutura material e tecnológicaa) Laboratóriosb) Acervo bibliográfico etc.

V. Procedimentos de acompanhamento e avaliação do ProjetoAcadêmico

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40 Coleção Pedagógica

ESQUEMA 3

Sugestão para elaboração do Projeto Acadêmico do Curso de Farmácia

I – Introdução (histórico, caracterização contextual do Curso etc.)II – Justificativa (pertinência do Curso, necessidade da formação

do profissional farmacêutico, necessidade da reforma curricular etc.)III – Projeto Pedagógico

1. Introdução2. Objetivos3. Perfil do egresso

• Perfil comum• Perfil específico:

a) Farmacêutico – opção Medicamentosb) Farmacêutico – opção Análises Clínicas e

Toxicológicas4. Competências e habilidades:

a) Farmacêutico – opção Medicamentosb) Farmacêutico – opção Análises Clínicas e Toxicológicas

5. Tópicos de estudo e conteúdos6. Organização do Curso

a) Distribuição da carga horáriab) Duraçãoc) Atividades complementaresd) Estágio supervisionado

7. Políticas de Pesquisa e Extensão8. Estrutura Curricular9. Sistema de avaliação contínua

e) Do processo ensino-aprendizagemf) Do projeto pedagógico

IV – Corpo docenteV – Infra-estrutura material e tecnológica

1. Estrutura física2. Laboratórios3. Acervo bibliográfico etc.

IV – Procedimentos de acompanhamento e avaliação do ProjetoAcadêmico

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Projeto Político-Pedagógico 41

ESQUEMA 4

Sugestão para elaboração do Projeto Acadêmico do Curso de Geografia

Apresentação (do projeto)I – Breve histórico do Curso (bacharelado e licenciatura)II – Justificativa

1. Análise contextual da situação dos profissionais da geografia2. Importância da continuidade do Curso3. As oportunidades

a) Bachareladob) Licenciatura

4. Fundamentaçãoa) Grandes diretrizesb) Por que 4 e não 3 anos

III – Projeto Político-Pedagógico1. Breve introdução2. Objetivos

GeraisEspecíficos

BachareladoLicenciatura

3. Competências/habilidadesBachareladoLicenciatura

4. Perfil do egressoBachareladoLicenciatura

5. Grandes áreas de estudo (tópicos)5.1. Núcleo básico5.2. Núcleo específico

BachareladoLicenciatura

6. Estrutura curricular por semestre7. Sistemática de avaliação

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42 Coleção Pedagógica

7.1. Do desenvolvimento do Projeto Político-Pedagógico7.2. Da aprendizagem do aluno

IV – Suporte de funcionamento do Curso1. Recursos físicos, tecnológicos e outros2. Recursos humanos

a) Currículo do coordenador do Cursob) Demonstrativo do corpo docente por qualificação, regime

de trabalho, situação funcionalc) Demonstrativo do pessoal técnico-administrativo

3. Acervo bibliográficoa) Biblioteca Centralb) Biblioteca Setorialc) Sistemática de atendimentod) Bibliografia disponível (reportar ao anexo lista da bibliografia

existente na Biblioteca)

V – Anexos1. Módulo “grade”2. Equivalência curricular3. Relação do acervo bibliográfico específico do Curso

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Projeto Político-Pedagógico 43

IMPLEMENTAÇÃO: INFORMAÇÕES SUMÁRIAS

A proposta pedagógica de um Curso, conforme anteriormentedelineada, deve ser construída coletivamente explicitando a suaprogramação acadêmica que inclui decisões relativas aos aspectospedagógicos, metodológicos e administrativos. Sua (re)definição,implantação e implementação representa, pois, uma dinâmica detrabalho conhecida e aceita por todos, de modo a assegurar aparticipação e o engajamento dos envolvidos – professores, alunose administradores, a fim de garantir permanentemente a qualidadenecessária aos Cursos de Graduação. Aderir à prática coletiva nãoimplica na perda de alternativas pessoais, mas a oportunidade parase engajar em um processo de construção do perfil do profissionaldesejado.

Nesse sentido, algumas ações podem ser lembradas para aimplementação do Projeto Político-Pedagógico que pressupõe umtrabalho de conscientização e comprometimento dos atoresinstitucionais envolvidos com o Curso: reuniões do Colegiado doCurso para acompanhamento do Projeto; reuniões semestrais deplanejamento das atividades curriculares; participação do Colegiadodo Curso nas reuniões plenárias dos Departamentos envolvidos como Curso, para discussão do Projeto Político-Pedagógico; realizaçãode seminários com professores e alunos para acompanhamento eaperfeiçoamento do Projeto; entre outras alternativas.

REFERÊNCIAS

ForGRAD – Fórum de Pró-Reitores de Graduação. Do pessimismo darazão ao otimismo da vontade: referências para a construção dos projetospedagógicos nas IES brasileiras. Curitiba, 1999. (Texto elaborado a partirda Oficina de Trabalho de Curitiba, realizada no período de 15 a 17 desetembro de 1999).

FRANCO, Edson. Utopia e Realidade: a construção do projeto institucionalno ensino superior. Brasília: Universa – UCB, p. 39, 1998.

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LOPES, Maurício Antônio Ribeiro. Comentários à Lei de Diretrizes e Basesda Educação – Lei 9.394, de 20.12.96: jurisprudência sobre educação.São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999.

SILVA, Ana Célia Bahia. Reflexões sobre a experiência da construção deprojetos pedagógicos nos cursos de graduação: avanços e recuos. In:Revista da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior/Estudos. Brasília, (24:45-53, junho,1999).

TACHIZAWA, Takeshy, ANDRADE, Rui Otávio Bernardes de. Gestão deInstituições de Ensino. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1999.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE. Universidadee desafios contemporâneos / Proposições para uma Política Universitária.1999-2003. Natal, junho, 1999.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE. Plano deDesenvolvimento Institucional. 1999-2008, Natal, dezembro, 1999.

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IMPRESSÃO E ACABAMENTOOfic inas Gráf icas da EDUFRNEditora da UFRN, em agosto de 2004.