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Michelle Caroline Bulotas O autor Roque Spencer Maciel de Barros destaca-se pelo fato de ter escolhido como tema principal de defesa em seus textos e discursos a questão da liberdade de ensino Em relação as Universidades, o autor foi um elemento ativo no processo da Reforma Universitária (1968), defendendo um modelo de universidade que representava os princípios liberais. Em sua obra Ensaios sobre Educação (1971), descreve a função da universidade como um poder espiritual, destinada a um pequeno grupo de indivíduos com talentos e capacidades naturais. Em A Ilustração brasileira e a Idéia de Universidade (1959), o autor disserta sobre a questão do surgimento tardio das Universidades no Brasil. Considera o período do final do Império como um importante momento de mudança de mentalidade e que produziu relevantes consequências na política e nas ciências, ficando conhecido como a ilustração brasileira . A mentalidade brasileira, na época, evoluiu, então, do tipo católico-conservador, que defendia os ideais da monarquia e do catolicismo, para uma intelectualidade atenta às ideias científicas, aos avanços do conhecimento moderno Concebia a Universidade como espaço de investigação que pudesse criar e conservar essa nova cultura e mentalidade por intermédio de uma comunidade de mestres e discípulos. A sua tarefa principal seria a busca da verdade a serviço de uma ideia e não de uma fé religiosa. Esta busca não seria realizada pelas massas (povo) mas por uma elite espiritual. Esse conceito de seleção não seria marca somente de Barros, mas dos liberais do período em questão que acreditavam nos talentos naturais dos indivíduos. Quanto à composição desta comunidade ética, Barros (1971b, p. 248) considera que:

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Michelle Caroline Bulotas

O autor Roque Spencer Maciel de Barros destaca-se pelo fato de ter escolhido

como tema principal de defesa em seus textos e discursos a questão da liberdade de

ensino

Em relação as Universidades, o autor foi um elemento ativo no processo da

Reforma Universitária (1968), defendendo um modelo de universidade que

representava os princípios liberais. Em sua obra Ensaios sobre Educação (1971),

descreve a função da universidade como um poder espiritual, destinada a um pequeno

grupo de indivíduos com talentos e capacidades naturais.

Em A Ilustração brasileira e a Idéia de Universidade (1959), o autor disserta

sobre a questão do surgimento tardio das Universidades no Brasil. Considera o

período do final do Império como um importante momento de mudança de mentalidade

e que produziu relevantes consequências na política e nas ciências, ficando conhecido

como a ilustração brasileira. A mentalidade brasileira, na época, evoluiu, então, do tipo

católico-conservador, que defendia os ideais da monarquia e do catolicismo, para uma

intelectualidade atenta às ideias científicas, aos avanços do conhecimento moderno

Concebia a Universidade como espaço de investigação que pudesse criar e

conservar essa nova cultura e mentalidade por intermédio de uma comunidade de

mestres e discípulos. A sua tarefa principal seria a busca da verdade a serviço de uma

ideia e não de uma fé religiosa. Esta busca não seria realizada pelas massas (povo)

mas por uma elite espiritual. Esse conceito de seleção não seria marca somente de

Barros, mas dos liberais do período em questão que acreditavam nos talentos naturais

dos indivíduos. Quanto à composição desta comunidade ética, Barros (1971b, p. 248)

considera que:

A Universidade Liberal é aristocrática, não porque o sangue ou posição que se trazem para ela influam no lugar que nela se venha a ocupar, mas porque exige de cada um de seus membros grandeza espiritual, elevação dos olhares para além do frívolo e do banal, capacidade de converte-se em homem novo, distante dos jogos comuns da vida. O tipo que melhor a encarna é o herói da inteligência, o santo da racionalidade, isto é, o mestre ou discípulo insatisfeito que alarga o horizonte do saber e sente sempre que ele é muito estreito [...].

Neste sentido, fica claro que esta Universidade seria acessível a uma elite espiritual,

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