32
.: BRAstUA-DF República Federativa do Brasil NACIONAL CONSTITUINTE DIÁRIO QUARTA-FEIRA, 13 DE JANEIRO DE 1988 ASSEMBLÉIA ANO li_N° 166 ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE SUMÁRIO 1 - ATA DA 182" SESSÃO DA AS- SEMBLÉIA NACIONAL CONSmUlNTE, EM 12 DE JANEIRO DE 1988 1- Abertura da Sessão 11 - Leitura da Ata da sessão anterior que é, sem observações, assinada. 11I - Leitura do Expediente IV - Pequeno Expediente NILSON GIBSON - Artigo do jornalista Luiz Adolfo Pinheiro publicado pelo Correio Braziliense sob o título "Golpisrnos à brasi- leira". UBIRATAN AGUIAR - Nova etapa das ativi- dades do DNOCS com a Criação do Ministério da Irrigação. ERALDO TRINDADE- Reparos a dísposr- tivos do Projeto de Constituição relativos à transformação de Territórios em Estados. GERSON PERES - Crítica à atuação do ex-Ministro Bresser Pereira na Pasta da Fazen- da Requerimento de convocação do MInistro da Fazenda, Maílson da Nóbrega, para prestar esclarecimentos à Câmara dos Deputados JOSÉ GENOÍNO -Apelo à Reitoria da Uni- versidade de São Paulo no sentrdo da reinte- gração de funcíonános demitidos em virtude de manifestação reívmdicatória Apoio à pro- posta de instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar violência praticada contra os garimpeiros de Serra Pelada, Estado do Pará. Protestos contra emenda apresentada pelo "Centrão" ao projeto de Constituição, em favor de empresários e em prejuízo dos traba- lhadores. JOSÉ ELIAS MURAD-SolidarIedade ao MImstro-Chefe da Secretaria de Planejamento e Coordenação da Presrdêncía da RepúblIca, Aníbal Teixeira, ante acusações de malversa- ção de verbas. JOÃO DE DEUS ANTUNES - Defesa dos drreitos dos trabalhadores brasdetros PERCfVAL MUNIZ - Emenda apresentada pelo orador ao projeto de Constituição visando a garantir à Umão a exploração das Telecornu- nícações. Discordância de portaria do Ministro das Minas e Energia, Aureliano Chaves, que permite a utilização do potencial hidrelétrico do País por empresas particulares. OSMIR UMA- Emenda apresentada pelo orador ao prqjeto de Constituição visando à transformação do Estado do Acre em repú- blica independente, em protesto contra desca- so do Governo para com a região. AMAURY MULLER - Incoerência governa- mental consubstanciada no retorno do País ao Fundo MonetárIO Internacional Provável mautenticidade de assinaturas apostas a docu- mento em favor de 5 anos de governo para o Presidente José Sarney. POSIçãodo Mmistro da Justiça, Paulo Brossard, a propósito do tempo de mandato do Presidente da Repú- bhca, contrária a declarações anteriormente feitas. Eleições gerais em 1988. ADYLSON MOTTA-Intenção do orador de apresentar ao projeto de Constituição emendas alusivas à filiação partidána e ao res- guardo do direito adquirido. SÓLON BORGES DOS REIS - Razões da total descrença do povo brasileiro dos Poderes da República e dos partidos políticos. IRAJÁ RODRIGUES - Inconvenientes da volta do Brasil ao Fundo MonetárIO Interna- cional. AUGUSTO CARVALHO-Preocupação do orador com reforma bancária do Pais sob pa- trocínio do Banco Mundial e sem tramitação pelo Parlamento. NELSON SEIXAS - Posicionamento do orador contrário à proibição legal à prática da esterilização. OSWALDO TREVISAN -Análise do art. 16 do projeto de Constituição, que trata dos direi- tos políticos MENDES RIBEIRO- Atribuição indevida, pelo cantor Erasmo Carlos, de responsabili- dade aos Constituintes pela não-repetição de acidentes radioativos como o ocorrido em Goiânia, Estado de Goiás, com o Césio-13? SAMIR ACHÔA-Informe n" l-A, da Asso- ciação Nacional dos Fiscais de Contribuíções Previdenciárias - Anfip, sobre exclusão dos aposentados e pensronistas do Plano de Siste- ma de Carreiras, Cargos e Salários da Previ- dência Social. Apoio a medidas preconizadas pelo Presidente da Petrobrás, Osires SIlva, e sugestão do orador no sentido da criação do Mercado Comum de Combustíveis LatIno-A- mericano. FERES NADER- Importância de atenção governamental para o desenvolvimento regio- nal brasileiro. CARLOS VINAGRE - Apoio a conceitos emitidos pelos Constituintes Benito Gama e Fernando Bezerra Coelho em artigo publicado no jornal O Liberal, de Belém, Estado do Pará, sob o título "Reforma para sairmos do desastre". CHRISTOVAM CHIARADIA - Conveniência da instalação de uma Junta de Conciliação e Julgamento em São Lourenço, Estado de MInas Gerais. SIQUEIRACAMPOS-Coordenação do ae- roposto de Araguaína, Estado de GOIás, pela

República Federativa do Brasil ASSEMBLÉIA NACIONAL ...imagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/166anc13jan1988.pdfBRAstUA-DF República Federativa do Brasil NACIONAL CONSTITUINTE DIÁRIO

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: República Federativa do Brasil ASSEMBLÉIA NACIONAL ...imagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/166anc13jan1988.pdfBRAstUA-DF República Federativa do Brasil NACIONAL CONSTITUINTE DIÁRIO

.:

BRAstUA-DF

República Federativa do BrasilNACIONAL CONSTITUINTE

DIÁRIO

QUARTA-FEIRA, 13 DE JANEIRO DE 1988

ASSEMBLÉIAANO li_N° 166

ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE

SUMÁRIO1 - ATA DA 182" SESSÃO DA AS­

SEMBLÉIA NACIONAL CONSmUlNTE,EM 12 DE JANEIRO DE 1988

1-Abertura da Sessão

11 - Leitura da Ata da sessão anteriorque é, sem observações, assinada.

11I - Leitura do Expediente

IV - Pequeno Expediente

NILSON GIBSON - Artigo do jornalistaLuiz Adolfo Pinheiro publicado pelo CorreioBraziliense sob o título "Golpisrnos à brasi­leira".

UBIRATAN AGUIAR - Nova etapa das ativi­dades do DNOCS com a Criação do Ministérioda Irrigação.

ERALDO TRINDADE- Reparos a dísposr­tivos do Projeto de Constituição relativos àtransformação de Territórios em Estados.

GERSON PERES - Crítica à atuação doex-Ministro Bresser Pereira na Pasta da Fazen­da Requerimento de convocação do MInistroda Fazenda, Maílson da Nóbrega, para prestaresclarecimentos à Câmara dos Deputados

JOSÉ GENOÍNO -Apelo à Reitoria da Uni­versidade de São Paulo no sentrdo da reinte­gração de funcíonános demitidos em virtudede manifestação reívmdicatória Apoio à pro­posta de instalação de Comissão Parlamentarde Inquérito para apurar violência praticadacontra os garimpeiros de Serra Pelada, Estadodo Pará. Protestos contra emenda apresentadapelo "Centrão" ao projeto de Constituição, emfavor de empresários e em prejuízo dos traba­lhadores.

JOSÉ ELIAS MURAD-SolidarIedade aoMImstro-Chefe da Secretaria de Planejamentoe Coordenação da Presrdêncía da RepúblIca,

Aníbal Teixeira, ante acusações de malversa­ção de verbas.

JOÃO DE DEUS ANTUNES - Defesa dosdrreitos dos trabalhadores brasdetros

PERCfVAL MUNIZ - Emenda apresentadapelo orador ao projeto de Constituição visandoa garantir à Umão a exploração das Telecornu­nícações. Discordância de portaria do Ministrodas Minas e Energia, Aureliano Chaves, quepermite a utilização do potencial hidrelétricodo País por empresas particulares.

OSMIR UMA- Emenda apresentada peloorador ao prqjeto de Constituição visando àtransformação do Estado do Acre em repú­blica independente, em protesto contra desca­so do Governo para com a região.

AMAURY MULLER - Incoerência governa­mental consubstanciada no retorno do Paísao Fundo MonetárIO Internacional Provávelmautenticidade de assinaturas apostas a docu­mento em favor de 5 anos de governo parao Presidente José Sarney. POSIçãodo Mmistroda Justiça, Paulo Brossard, a propósito dotempo de mandato do Presidente da Repú­bhca, contrária a declarações anteriormentefeitas. Eleições gerais em 1988.

ADYLSON MOTTA-Intenção do oradorde apresentar ao projeto de Constituiçãoemendas alusivas à filiação partidána e ao res­guardo do direito adquirido.

SÓLON BORGES DOS REIS - Razões datotal descrença do povo brasileiro dos Poderesda República e dos partidos políticos.

IRAJÁ RODRIGUES - Inconvenientes davolta do Brasil ao Fundo MonetárIO Interna­cional.

AUGUSTO CARVALHO-Preocupação doorador com reforma bancária do Pais sob pa-

trocínio do Banco Mundial e sem tramitaçãopelo Parlamento.

NELSON SEIXAS - Posicionamento doorador contrário à proibição legal à práticada esterilização.

OSWALDO TREVISAN -Análise do art. 16do projeto de Constituição, que trata dos direi­tos políticos

MENDES RIBEIRO- Atribuição indevida,pelo cantor Erasmo Carlos, de responsabili­dade aos Constituintes pela não-repetição deacidentes radioativos como o ocorrido emGoiânia, Estado de Goiás, com o Césio-13?

SAMIR ACHÔA-Informe n" l-A, da Asso­ciação Nacional dos Fiscais de ContribuíçõesPrevidenciárias - Anfip, sobre exclusão dosaposentados e pensronistas do Plano de Siste­ma de Carreiras, Cargos e Salários da Previ­dência Social. Apoio a medidas preconizadaspelo Presidente da Petrobrás, Osires SIlva, esugestão do orador no sentido da criação doMercado Comum de Combustíveis LatIno-A­mericano.

FERES NADER- Importância de atençãogovernamental para o desenvolvimento regio­nal brasileiro.

CARLOS VINAGRE - Apoio a conceitosemitidos pelos Constituintes Benito Gama eFernando Bezerra Coelho em artigo publicadono jornal O Liberal, de Belém, Estado doPará, sob o título "Reforma para sairmos dodesastre".

CHRISTOVAM CHIARADIA - Conveniênciada instalação de uma Junta de Conciliaçãoe Julgamento em São Lourenço, Estado deMInas Gerais.

SIQUEIRACAMPOS-Coordenação do ae­roposto de Araguaína, Estado de GOIás, pela

Page 2: República Federativa do Brasil ASSEMBLÉIA NACIONAL ...imagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/166anc13jan1988.pdfBRAstUA-DF República Federativa do Brasil NACIONAL CONSTITUINTE DIÁRIO

6408 Quarta-feira 13 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Janeiro de 1988

Infraero, para fins de consolidação de serviçoaéreo. '

JORGE ARBAGE-Artigo do Cardeal DomEugênio Sales, Arcebispo do RIO de Janeiro,intitulado "A Mãe não decepciona", a propó­sito da vinda ao Brasil da imagem peregrinade Nossa Senhora de Fátima.

, GONZAGA PATRIOTA- Apelo ao Presi­.dente José Sarney no sentido do envio aoCongresso Nacional e ao Conselho MonetárioNaclonal de mensagem visando à anistia dedébitos contraídos pelos microempresáriosjunto a estabelecimentos bancários.

JOSÉ MOURA - Eleições gerais em 15de novembro de 1988.

PEDRO CANEDO - A Lei de Isonomia ea autonomia para as universidades federais,autárquicas e fundacíonats.

, ANTÔNIO SALIM CURIATI - Proposta deinstalação de Comissáo Especial de Inquérito,apresentada pelo Deputado Estadual Abdo

, Hadade, de São Paulo, para apurar a veraci­, dade de reclamações populares contra o Pro­

jeto Aramar, em Iperó, região de Sorocaba,criado com a finalidade de enriquecimentode urânio e construção e operação de reatoresnucleares.

v- Ccmunícações d~ lideranças

. ADHEMAR DE BARROS FILHO - Artigodo ex-Constituinte Euzébio Rocha intitulado"No Brasil, novo escândalo do petróleo".

JOSÉ MARIA EYMAEL - Apelo ao "Cen­tráo" no sentido de maior reflexão sobreemendas apresentadas ao projeto de Consti­tuição que contrariam o espírito de justiça so­cial.

EDUARDO BONFIM - Conclamação doPC do B no sentido da realização de eleiçõesdiretas já.

BENEDITA DA SILVA - Denúncia de dis­criminação racial contra mulheres policiaismilitares que prestavam serviços no AeroportoInternacional do Galeão, Rio de Janeiro.

. PAULO RAMOS - Solicitação de divulga-, ção pela Assembléia Nacional Constituinte de

equívoco na denúncia do Constituinte Man­sueto de Lavor quanto à falsificação de suaassinatura em documento que propõe man­dato de 5 anos para o Presidente José Sarney.

MENDES RIBEIRO-Aceitação pacífica de85% do Projeto do Constituinte Bernardo Ca­bral, Relator da Comissão de Sistematização.Sugestão de agilização dos trabalhos da As­sembléia Nacional Constituinte, pelo debateapenas de matéria polêmica.

PRESIDENTE - Resposta ao ConstituinteMendes Ribeiro.

VI - Apresentação de Proposições

Não há proposições a serem apresentadas.

ADYLSONMOTTA- (Questão de ordem)- Processo de apresentação de emendas pe­los Constituintes.

PRESIDENTE - Resposta à questão de or­dem do Constituinte Adylson Motta.

VII- Pronunciamentos sobre MatériaConstitucional.

FERNANDO SANTANA - Presença de lob­by de empresas internacionars do setor dedistnbuição de petróleo nos gabinetes dosmembros da Assembléia Nacional Constituin­te. Interesse de multínacíonaís na modificaçãoda defírução de empresa nacional conformeconsta do Projeto Cabral. O êxoto rural comocausa do aumento da VIolência nos centrosurbanos e necessidade de revisão da legisla­ção agrária.

ARNALDOFARIA DE SÁ - Paralisação dasatividades dos panificadores em protesto con­tra a Portaria na 2/88, da Sunab, que atribuicompetência às delegacias regionais do Minis­téno da Fazenda para a fixação do preço dopão francês. Posse da nova diretoria da Asso­ciação dos delegados de Polícia.

VIII- Encerramento

2 - MESA (Relação dos membros)

3 - LÍDERES E VICE-LÍDERES DEPARTIDOS (Relação dos membros)

4 - COMISSÃO DE SISTEMATIZA­ÇÃO (Relação dos membros)

Ata da 182~ Sessão, em 12 de janeiro de 1988, , ,

Presidência dos Srs.: Ulysses Guimarães, Presidente; Jorge Arbage,, I' •

Sequndo-Vice-Presidente;' eMário Maia, Segundo-Secretário

ÀS 14:30 HORASCOMPARECEMOS SENHO­RES:

AcivalGomes - PMDB;Adauto Pereira - PDS;Adhemar de Barros Filho - PDT; Adolfo Oliveira- PL; Adroaldo Streck - PDT; Adylson Motta- PDS; Affonso Camargo - PTB; Afonso Arinos'- PFL; Agnpino de Oliveira Lima - PFL; AirtonCordeiro - PFL; Airton Sandoval - PMDB;Alba­no Franco - PMDB; Albérico Cordeiro - PFL;Alceni Guerra - PFL; Aldo Arantes - PC doB; Alércio DIas - PFL; Alexandre Costa - PFL;Aloísio Vasconcelos - PMDB;Aloysio Chaves ­PFL; Aluizio Bezerra - PMDB; AluíZIO Campos- PMDB;Álvaro Pacheco - PFL; Alysson Pauli­nelli - PFL; Amaral Netto - PDS; Amaury Milller- PDT; Amilcar Moreira - PMDB; Anna MariaRattes - PMDB;Annibal Barcellos - PFL; Anterode Barros - PMDB;Antônio Britto - PMDB;An­tôníocarlos Konder Reis - PDS; Antônio de Jesus- PMDB;Antonio Farias - PMB;Antonio Gaspar- PMDB;Antonio Mariz- PMDB;Antonio Perosa- PMDB;Antonio Salim Curiati - PDS; AntonioUeno - PFL;Arnaldo Faria de Sá - PTB;AmaldoMartins - PMDB; Amaldo Moraes - PMDB; Ar-

nbld Fioravante - PDS; Arolde de Oliveira ­PFL; Artenir Werner - PDS; Augusto Carvalho- PCB; Benedita da Silva - PT; Benito Gama- PFL; Bernardo Cabral - PMDB; Beth Azize- PSB; Bezerra de Melo - PMDB; Bonifácio deAndrada - PDS; Brandão Monteiro - PDT; Car­los Alberto - PTB; Carlos Alberto Caó - PDT;Carlos Chiarelli - PFL; Carlos Cotta - PMDB;'Carlos Sant'Anna - PMDB; Carlos Vinagre ­PMDB; Cássio Cunha Lima - PMDB; ChagasDuarte - PFL; Chagas Rodrigues - PMDB; Chi­co Humberto - PDT; Christóvam Chiaradia ­PFL; Cid Carvalho - PMDB;Cid Sabóia de Carva­lho - PMDB; Cleonâncio Fonseca - PFL; CostaFerreira - PFL; Darcy Deitos - PMDB; DasoCoimbra - PMDB; Denisar Arneiro - PMDB;Dirce Tutu Quadros - PTB; Dirceu Carneiro ­PMDB; Divaldo Suruagy - PFL; Domingos .Juve­,nil-PMDB;Domingos Leonelli -PMDB; EdisonLobão - PFL; Edivaldo Motta - PMDB; Edmil­son Valentim - PC do B; Eduardo Bonfim ­do B; Egídio Ferreira Lima - PMDB; Eliézer Mo­reira - PFL; Eraldo Tinoco - PFL; Eraldo Trin­dade - PFL; Ervin Bonkoski - PMDB;EtevaldoNogueira - PFL; Euclides Scalco - PMDB;Euni-

ce Michiles - PFL; Evaldo Gonçalves - PFL;Expedito Machado - PMDB;Ézio Ferreira - PFL;Fábio Raunheitti - PTB; Fausto Rocha - PFL;Felipe Mendes - PDS; Feres Nader - PDT; Fer­nando Gasparian - PMDB; Femando HenriqueCardoso - PMDB; Fernando Santana - PCB;Firmo de Castro - PMDB;Flavio Palmier da Veiga- PMDB; Flávio Rocha - PL; Francisco Amaral- PMDB; Francisco Carneiro - PMDB; Fran-cisco Coelho - PFL; Francisco Diógenes - PDS;Francisco Pinto - PMDB; Francisco Rollemberg- PMDB;Francisco Sales - PMDB;Gandi Jamil- PFL; Gastone Righi - PTB; Geovani Borges- PFL; Geraldo Bulhões - PMDB;Geraldo Cam-pos - PMDB; Gerson Camata - PMDB; GersonPeres - PDS; Gidel Dantas - PMDB; GonzagaPatriota - PMDB; Guilherme Palmeira - PFL;Gustavo de Faria - PMDB; Harlan Gadelha ­PMDB;Haroldo Lima - PC do B; Haroldo Sabóia- PMDB; Hélio Costa - PMDB; Hélio Duque- PMDB; Hélio Manhães - PMDB; Hélio Rosas- PMDB; Heráclito Fortes - PMDB; HilárioBraun - PMDB; Humberto Lucena - PMDB,Humberto Souto - PFL; Iberê Ferreira - PFL;Ibsen Pinheiro - PMDB; lnocêncio Oliveira -

Page 3: República Federativa do Brasil ASSEMBLÉIA NACIONAL ...imagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/166anc13jan1988.pdfBRAstUA-DF República Federativa do Brasil NACIONAL CONSTITUINTE DIÁRIO

Janeiro de 1988 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Quarta-feira 13 6409.

PFL; Irajá Rodrigues - PMDB; Iram Saraiva ­PMDB; Irapuan Costa Júnior - PMDB; ItamarFranco - ; Jairo Azi - PFL; Jalles Fontoura- PFL;Jarbas Passarinho - PDS; Jayme Paharin- PIB; João Agripino - PMDB;João Alves -PFL; João Calmon - PMDB; João da Mata ­PFL; João de Deus Antunes - PDT; João Lobo- PFL; João Menezes - PFL; João Rezek ­PMDB; Joaquim Francisco - PPL.; .JoaquimHayckel - PMDB; Joaquim Sucena - PMDB;Jofran Frejat - PFL;Jonas Pinheiro - PFL; Joni­val Lucas - PFL; Jorge Arbage - PDS; JorgeBornhausen - PFL; Jorge Hage - PMDB;JoséAgripino - PFL; José Carlos Grecco'- PMDB;José Carlos Sabóia - PMDB;José Carlos Vascon­celos - PMDB; José Costa - PMDB; José daConceIção'- PMDB;José Dutra - PMDB;JoséElias - PTB; José Elias Murad - PIB; José Fo­gaça - PMDB;José Genoíno - PT;José Geraldo- PMDB;José Guedes - PMDB; José IgnácioFerreíra c-- PMDB;José Jorge - PFL; José Lins- PFL; José Lourenço - PFL; José Maranhão- PMDB;José Maria Eymael-PDC;José Moura- PFL; José Paulo Bisol - PMDB;José Queiroz- PFL; Uosé RIcha - PMDB; José Santana deVasconcellos - PFL;José Tavares - PMDB;JoséTinoco - PFL; José Viana - PMDB; JovanniMasini- PMDB;Júlio Costamilan - PMDB;Juta­hy Júnior - PMDB;Koyu lha - PMDB;Lael Vare­lla - PFL; Lavoisier Maia - PDS; Leopoldo Bes­sone - PMDB; Levy Dias - PFL; Lezio Sathler- PMDB;'üdice da Mata - PC do B; LourembergNunes Rocha - PMDB;Lourival Baptista - PFL;Luís Eduardo - PFL; Luís Roberto Ponte ­PMDB;LuizAlberto Rodrigues - PMDB;LUIZ Gu­shiken - PT; LUIZ Inácio Lula da SIlva - PT;Luiz Salomão - PDT; Lysâneas Maciel - PDT;Maguito Vilela- PMDB; Manoel Castro - PFL;Manoel Ribeiro - PMDB; Mansueto de Lavor ­PMDB;Marcelo Cordeiro - PMDB;MárCIO Lacer­da - PMDB;Marco Maciel - PFL: Márcos Lima- PMDB;Maria de Lourdes Abadia - PFL; MárioCovas - PMDB;Mário Lima - PMDB;MárioMaia- PDT; Marluce Pinto - PIB; Matheus Iensen-PMDB; Maurício Nasser-PMDB; Mauro Bene-vides - PMDB;Mauro Sampaio - PMDB;MeiraFilho - PMDB;Melo Freire - PMDB:Mello Reis- PDS; Mendes Botelho - PTB; Mendes Ribeiro- PMDB; Messias GÓIS - PFL, Milton Reis -PMDB; Miraldo Gomes - PMDB; Miro Teixeira- PMDB; Moema São Thiago - PDT; MoysésPimentel - PMDB;Mozarildo Cavalcanti - PFL;Mussa Derrles - PFL; Narciso Mendes - PDS;Nelson Jobim - PMDB; Nelson Seixas - PDT;r~elton Friedrich - PMDB; Nilson Gibson ­PMDB; Noel de Carvalho - PDT; Octávio Elísio- PMDB; Odacir Soares - PFL; Olavo Pires ­PMDB; Orlando Bezerra - PFL; Oscar Corrêa- PFL; Osrmr Lima - PMDB;Osmundo Rebou­ças - PMDB, Osvaldo Coelho - PFL; OswaldoAlmeida - PL; Oswaldo Lima FIlho - PMDB;Oswaldo Trevisan - PMDB; Ottomar Pinto ­PIB; Paes' de Andrade - PMDB; Paes Landim- PFL; Paulo Marques - PFL; Paulo Mincarone- PMDB; Paulo Pimentel - PFL; Paulo Ramos- PMDB; Paulo Roberto - PMDB; Paula. Zarzur- PMDB; Pedro Canedo - PFL; Percival Muniz- PMDB; Plínio Arruda Sampaio - PT; PlínioMartins - PMDB; Pompeu de Sousa - PMDB;Rachid Saldanha Derzi - PMDB;Raquel Capibe­nbe - PMDB;Renato Johnsson - PMDB;Rícar-

do Fiuza - PFL;Rita Camata - PMDB;Rita Furta­do - PFL; Roberto Brant- PMDB;Roberto Cam­pos - PDS; Roberto Frei~e - PCB; Roberto Jef­ferson - PTB; Ronaldo Aragão - PMDB; Ro­naldo Carvalho - PMDB; Ronaldo Cezar Coelho- PMDB; Ronan Tito - PMDB; Rosa Prata ­PMDB; Rose de Frertas - PMDB; Rubem Bran­quinho - PMDB; Rubem Medina - PFL; RubenFigueiró - PMDB; Ruberval Pilotto - PDS; RuyBacelar - PMDB; Ruy Nedel - PMDB; SadieHauache - PFL; Salatiel Carvalho - PFL; SamirAchôa - PMDB;Sandra CavakaniI - PFL; Santi­nho Furtado - PMDB; Saulo Queiroz - PFL;Sérgio Brito - PFL; Sérgio Spada - PMDB;Sér­gio Werneck - PMDB; Siqmarínga Seixas ­PMDB; Sílvio Abreu - PMDB; Siqueira Campos- PDC; Sólon Borges dos Reis - PIB; SoteroCunha - PDC; Stélio Dias - PFL;Teotonio VilelaFilho - PMDB;Theodoro Mendes - PMDB;Ubi­ratan Aguiar - PMDB; Uldurico Pinto - PMDB;Ulysses Guimarães - PMDB;Valmir Campelo­PFL; Victor Fontana - PFL; VIlson Souza ­PMDB;Vingt Rosado - PMDB;Virgildásio de Se­nna - PMDB; VirgílIo Távora - PDS; VivaldoBarbosa - PDT; Waldec Ornélas - PFL; WaldyrPuglIesi ,- PMDB; Wilma Maia - PDS; WilsonCampos - PMDB;Wilson Martins - PMDB.

1-ABERTORA DA SESSÃO. ,

O SR. PRESIDENTE (Jorge Arbage) - Alista de presença registra ,o. comparecímento de195 Senhores Constituintes.

Está aberta a sessão.Sob a proteção de Deus e em: nome do povo

brasileiro, iniciamos nossos trabalhosO Sr. Secretário procederá à leitura da ata da

sessão anterior.

11 - LEITORA DA ATA. O,SR. ARNALDO FARIA DE sÃ, Terceiro­

Secretário, servindo como Segundo-Secretário,procede à leitura da ata da sessão antecedente" ,a qual é, sem observações, assinada.

O SR. PRESIDENTE (Jorge Arbage) - Pas-' .sa-se à leitura do expediente.

III - EXPEDIENTENão há expediente a ser lido.

O SR. PRESIDENTE (Jorge Arbage) - Pas­sa-se ao

IV - PEQOENO EXPEDIENTI;Tem a palavra o Sr C~~stituinte Nilson Gibson.

O SR. NILSON GIBSON (pMDB - PE. Pro-nuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente,Sr'" e Srs. Constituintes:

Faço hoje um registro muito especial, principal­mente, pela correção e lisura do jornalista LUIZAdolfo Pinheiro, comentando a discussão dosConstitumtes a respeito da duração do mandatodo Presidente José Sarney. Realmente, o trabalhoé excelente, demonstrando que o mandato doPresidente José Sarney é legítimo, constítuctonale legal, de seis anos.

Ora, até agora nmguém no País, seja quemfor, civilou rníhtar, tem o direito de pôr em dúvidaa total legitimidade, contitucional e legalidade domandato de que está investido o Presidente JoséSarney.

A propósito, informo à Assembléia NacionalConstituinte que o mestre Pires Sabóia, eméritoprofessor de DIreito Constitucional, sustentou emtrabalho, divulgado pelo Correio Brazillense,

, em janeiro de 1986, que só e exclusivamente arenúncia do Presidente José Sarney pode reduzira duração do seu mandato para o exercício daPresidência da República.

Esse gesto do jornalista Luiz Adolfo Pinheiro,é preciso que a Assembléia Nacional Constituinte

,tome boa nota, porquanto vejo aqui, no CorreioBrazillense, edição de 10 de janeiro, a alegria

, dos constitucionalistas brasileiros Luiz Pinto Fer­reira e outros. Passo a fazer leitura de tópicosdo trabalho: .

É conveniente registrar que o catedrático deTeoria Geral do Estado e Direito Constitucional,da Universidade do RIO de Janeiro, professor PiresSabóia, autor do "Tratado das Constituições Bra­sileiras", em 14 volumes, doutrina: "O acatamentoàs obrigações preexistentes pelo Poder Consti­tuinte é fato jurídiéo perfeito e acabado". Pelo

, tempo que foieleito para representar o povo, qual­, quer dos Poderes do Estado, não se pode negar

ao político o direito de exercer o seu mandato.E conclui o constitucionalista: "Impedida, políticae juridicamente, de desconstituir mandato políticoestará sempre qualquer Assembléia Constituintee comete insensatez quem se propõe a negaro caráter definitivo do animus da norma constitu­cional que fixa a duração do mandato político.Aanulação, com efeito ex-tunc, do ato que indivi­dualizou, por decisão política será juridicamenteimpossível e inconcebível, porque com poder ape­.nas político não se, decide matéria jurídica. Sealterarem o tempo de um, mandato político, prati­carão ato revolucionário".

Realmente, o Supremo Tribunal Federal poderáfulminar essa decisão pela injuridicidade. A acalo­rada controvérsia em torno da extensão de ummandato político apenas, o do Presidente da Re­pública, tem servido, para identificar a vocaçãoditatorial de políticos, que condenaram o autorita­rismo, e se declararam liberais e até democratas,mas gostariam de exercer o poder de forma abso­luta.

Oportunamente, voltarei ao assunto. (Palmas.Muito bem!)

DOCUMENTOA QUESE REFEREO SR.NILSON GIBSONEM SEUDISCURSO:

GOLPISMOS À BRASILEIRA

O mandato do Presidente da República é deseis anos de duração, pela atual Constituição, quefIXOU o dos senadores em oito e os demais emquatro anos. Mas já que o Presidente Sarney anun­ciou voluntariamente pela televisão, no ano passa­do, que abria mão de um ano para ficar comcinco, não podem os constituintes, agora, preten­der cortar mais um ano para estabelecer em qua­tro anos o período presidencial.

Todos os mandatos nasceram da mesmaConstituição e, portanto, salvo miciativas pessoaiscomo a de Sarney, devem ser respeitados na suaintegridade. Ninguém pode pretender reduzir omandado do senador Mário Covas, por exemplo,para cinco anos, em lugar de oito. Ou o mandatodo governador Moreira Franco para três.

Não se pode aceitar que alguns constituintespretendam tratar o mandato presidencial como

Page 4: República Federativa do Brasil ASSEMBLÉIA NACIONAL ...imagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/166anc13jan1988.pdfBRAstUA-DF República Federativa do Brasil NACIONAL CONSTITUINTE DIÁRIO

6410 Quarta-feira 13 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Janeiro de 1988

coisa à parte, como mercadoria que pode serdepreciada a pretexto de que "o Governo estáruim". A Constituinte também está muito ruim,e nem por isso o povo está pedindo a sua dissolu­ção. Há numerosos governos estaduais péssimos,mas devem ir até o final de seus mandatos. Issoé próprio do regime democrático.

Os constituintes que pretendem reduzir o man­dato do Presidente Sarney para quatro anos, soba alegação de que "o Governo está ruim", sãogolpistas da mesma nata dos que em 64, apearamJoão Goulart do poder sob o mesmo argumento.

Golpismo não é privilégio da direita Na verda­de, há muito mais golpismo nas esquerdas, sóque são mais bem mascarados de "revoluçãopopular". Desse modo, o golpe de Estado de ou­tubro de 1917 em Petrogrado ganhou o títulode Grande Revolução de Outubro. E assim pordiante.

A única forma ética, moral e politicamente de­cente de se reduzir o mandato presidencial paraquatro anos seria, simultanemamente a reduçãode todos os demais mandatos, de governadores,senadores, de deputados federais e estaduais. Sóescapariam os prefeitos e vereadores porque játerminam seus mandatos no início de 1989.

Os partidários dos quatro anos para Sarney têmo direito de defender seu posicionamento, masprecisam saber que são golpistas, de fato e dedireito.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

o SR. UBIRATAN AGUIAR (PMDB - CE.Sem revisão do orador.) ~ Sr. Presidente, Srs.Constituintes: quando se fala em DepartamentoNacional de Obras Contra as Secas, quase quese instantaneamente nos lembramos da famosa(e para muitos lendária) frase do Imperador DomPedro 11, que teria dito que "empenharia o últimobrilhante de sua coroa para que nenhum nordes­tino morresse de fome". São passados já quasecem anos da implantação da República e do con­comitante desaparecimento do governo monár­quico no Brasil e a História não registra (que meperdoem os monarquistas de hoje, que eu respei­to) nenhum ato do governo imperial brasileiroque, na prática, resultasse em algum programade combate às secas no Nordeste.

Foi a República, que no dia 15 de novembrode 1989 (portanto daqui a menos de dois anos)completará seu primeiro centenário, que come­çou efetivamente, com a implantação do DNOCS,a encarar, para resolver, esse angustiante proble­ma da falta de água no Nordeste, especialmenteno chamado "Polígono das Secas".

O Nordeste estende-se por território de1 542.271 Km2 , dos quais 950.000 compõem oPolígono das Secas, região em que vivem21.311761 pessoas, de acordo com os númerosdo IBGE, com sete anos defasados. São estatís­ticas de 1980.

É sobre esse território que se desenvolve a açãodo DNOCS. Até dezembro de 1986, o DNOCSconstruíra, na área, nada menos de 283 açudespúblicos - a grande açU'dagem -, acumulando15.434 bilhões de metros cúbicos d'água, a quevêm se juntar mais 1.271 bilhões, armazenadosem 610 açudes em cooperação com particulares,construídos até 1960, quando esse programa foiinterrompido.

Dentro do preceituado pela política nacionalde á.fjuas, definida pelo Departamento Nacionalde Aguas e Enerqra Elétrica, do Ministério dasMmas e Energia; pela Política Nacional de Irriga­ção, de competência do Ministério da Irrigação;da Política do Controle Ambiental, da SecretariaEspecial do Meio Ambiente, do Ministério do Inte­nor, e da Política Regional de Aguas, e ainda bus­cando uma arttculação com os Estados, estabe­lecida pelo Ministério do Interior, Via Sudene, pas­sou o DNOCS a uma atuação solidária com osórgãos enumerados, com vistas à prática do usoracional e otimizado dos recursos hídricos do Polí­gono das Secas

Esse uso racional e otimizado dos recursos hí­dricos, Sr. Presidente, esbarra, entretanto, semprecom um problema cada vez maior e cada vezmais incompreensível: a carência de recursos,sempre muito além do desafio. Neste sentido,temos de nos render à realidade de que nenhumgoverno foi mais generoso com o Nordeste doque o governo do Presidente José Sarney, atravésdo Ministérioda Irrigação, ao qual agora está afetoo DNOCS, sob a direção do Dr. Uirandé AugustoBorges.

Com um bem elaborado programa, parte agorao Ministério da Irrigação para uma nova etapana história do DNOCS, que pode se resumir emtrês itens principais: gerenciamento de recursoshídricos, execusão de obras hidráulicas e aprovei­tamento hidroaqrícola, dos quais é oriundo o jácitado programa de recursos hídricos.

Esperamos que essa nova fase traga para oPolígono das Secas as soluções há tantas décadas

, esperadas, mesmo porque também agora surgeum fenômeno político, que esperamos não se

, esgote no âmbito da Assembléia Nacional Consti­tuinte - a união inquebrantável dos parlamen­tares de todas as SIglas partidárias do Centro­Oeste, do Norte e do Nordeste. São 292 presençasnuma só presença poderosa, capazes, de mudar,

,de uma vez por todas, a face do Brasil.Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente (Muito

,bem!)

O SR. ERALDO TRINDADE (PFL - APSem revisão do orador.) - Sr. Presidente, SrsConstituintes:

Trago, hoje, à tribuna alguma reflexão, vamosassim considerar, com respeito ao que já constado texto das Disposições Transitórias.

Chegamos a este Congresso com a propostade eleições diretas para Governadores dos Territó­rios, mas observamos, Sr. Presidente, - com ostrabalhos sendo desenvolvidos na Comissão daOrganização do Estado, Distrito Federal e Territó­rios - que havia, de parte das Bancadas dosTerritórios do Amapá e Roraima, a vontade detransformá-los em Estados. Até porque observa­mos que determinados segmentos que partici­pam do Congresso Constituinte mostravam umavisívelpreocupação em trabalhar para que os Ter­ritórios continuassem em tal condição que, se­gundo a nossa opinião, são mstrumentos de ex­ploração da própria União, em outras palavras,continuam como colônias A partir de então, co­meçamos um trabalho com todos os nobresConstitumtes do Amapá e Roraima, buscando atransformação dos Territónos em Estados, e naComissão da Organização do Estado ficou, bast­camente, defíruda essa transformação. Ocorre

que, com o passar do tempo, notamos, no parecerdo Relator Bernardo Cabral - no Cabral Il,paraser mars explícito - art. 39, destacando:

"Lei federal disporá sobre a organizaçãoadmimstrativa e judiciária dos Territórios."

Uma profunda contradição com relação ao quejá havia sido definido na Comissão da Organi­zação do Estado - a proposta discutida e ampla­mente aprovada.

A partir da colocação do art. 39, iniciamos todoum trabalho na Comissão de SistematIzação, queculminou com a aprovação da proposta de trans­formação dos Territórios em Estados, por 92 vo­tos contra 2, que foi resultado obtido na Comissãode Sistematização. Notamos, agora, que nas Dis­posições Transitórias, art. 62, temos:

"Art. 62. Os Territórios Federais de Ro­raima e Amapá são transformados em Esta­dos federados, mantidos os seus atuais limi­tes geográficos."

Até aí, tudo bem. Ocorre que, na § 2°, aindano art. 62, temos o seguinte texto:

"Aplicam-se à criação e instalação dos Es­tados de Roraima e Amapá as normas e oscritérios seguidos na criação do Estado deRondônia."

Com a palavra "criação", portanto; observa-seuma contradição do que já está definido no art.62, quando temos a palavra "trànsforrnaçáo", Es­tamos apresentando a emenda'; Sr. Presidente,propondo, exatamente, a mudança no texto: aoinvés de "criação" mantermos a palavra "transfor-mação". ,

No art. 63 notamos que há um certo impedi­mento com respeito à criação de flOVOS Estados.Aíestamos novamente apresentando outra emen­da supressíva ao art. 63:

"É vedade à União, direta ou indiretamen­te, assumir, em decorrência' da criação deEstados, encargos referentes 'a despesascom pessoal inativo e com encargos e amor­tízações da dívida interna e externa da Admi­nistração Pública, inclusive da indireta."

Então, se prevalecer o texto do § 2°, fatalmente,teremos como ínviablhzada a transformação dosTerritórios em Estadas, até porque, também, éuma contradição, conforme se verifica no § 2°do art 62 das Disposições Transitórlas: e obser­vando-se a Lei Complementar n°,41, de 22 dedezembro de 1981, assinada pelo então Presi­dente da República João FIgueiredo, temos noCapítulo I:

"FIca criado o Estado de Rondônia, me­diante a elevação do Território Federal domesmo nome a esta condição, mantidos osseus atuais limites geográfico15."

Mais adiante, na art. 36 da mesma Lei Comple­mentar, temos: "As despesas, até o exercício de1991" - dez anos, portanto, .Sr: Presidente ­inclusive com os servidores, de que trata o pará­grafo único da art. 18, e os arts. 22 e 29 destaler serão de responsabilidade da União. Então,aí, há uma profunda contradição no que diz o

•inciso 11 do § 62, exatamente o art. 63 das Dispo­sições Transitórias.

Esperamos que realmente a nossa propostaseja aceita com a supressão desse artigo, até por-

Page 5: República Federativa do Brasil ASSEMBLÉIA NACIONAL ...imagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/166anc13jan1988.pdfBRAstUA-DF República Federativa do Brasil NACIONAL CONSTITUINTE DIÁRIO

Janeiro de 1988 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Quarta-feira 13 6411

que também defendemos' a redivisão territonal.Achamos que é um m,eio prático e eficaz paraimpulsionarmos o desenvolvimento deste País.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente. (Palmas.)

o SR, GERSON PERES (PDS - PA Semrevisão do orador.) - Sr. Presidente, SI"'" e Srs.ConstItuintes:

O País recebe agora o novo Ministro da Fazen­da, um técnico do Ministério da Fazenda semo rótulo e estrela, mas apresentando-se comoum serventuário com relevantes serviços presta­dos ao País. '

Parece-nos, pela maneira como vem se pro­nunciando, estar colocando os pés no chão etraduzindo com mais realismo aquilo que pre­tende fazer.

Os Parlamentares, entretanto, gostariam de ou­vi-lo pessoalmente, gostariam de tê-lo aqui ­tenho certeza - sobretudo quando ele anuncianovas medidas de grande alcance para a modifi­cação da política econômica, até agora traçadapela Nova República. Diga-se de passagem a No­va Repúbhca não foi feliz nas diretrizes, no Planoe no Programa Econômico que traçou para oBrasil; "quebrou a cara" com o Plano CruzadoI,embora tenha recebido como prêmio a maciçavotação do povo, nos Partidos que lhe davam,até ontem, sustentação política no Congresso: oPMDB e o PFL.

Pois bem, Sr. Presidente, depois "quebrou acara" com o Plano Bresser. Com lInguagem sim­ples, um sorriso aberto, o Ministro Bresser pen­sava conquistar a confiança do País, mas logo,logo, sua equipe tombava, por um ou outro moti­vo, que não nos cabe no momento e neste curtoespaço de tempo analisar. Asituação do brasileiropiorava cada vez mais; a inflação estourava a níveisnunca alcançados na Velha República; a vida dasfamílias brasileiras cada vez mais sufocadas; ospreços não parando de aumentar dia a dia, enfim,um tormento para todos nós.

Cai Bresser e aparece agora o serventuário, otécnico, que vem com uma mensagem realista,e esperamos que ao menos comecemos a restau­rar a desorganização econômica implantada peloSr. Dilson Funaro e prosseguida pelos pacotesde choque do Sr. Bresser. Enfim, a política econô­mica do PMDB é esta que está aí. Esperamosque não fosse essa, fosse melhor do que aquelaque foi adotada pejo PDS, no tempo da VelhaRepública. Os números, os fatos e a verdade estáaí para mostrar que fracassaram no plano econô­mico destinado ao povo brasileiro.

Sr. Presidente, gostaríamos de dizer, ante estasconsiderações, que queremos convocar aqui oMinistro da Fazenda, Mailson da Nóbrega, à seme­lhança do que flzemos com os demais Mimstros,que ao assumirem a Pasta da Fazenda vieramao Congresso Nacional e disseram o que iamfazer, como iam fazer e por que iam fazer a políticaeconômica para o País. Não vamos quebrar acoerência, não vamos quebrar, portanto, essa boae salutar tradição democrática. Queremos ter S.Ex"o Sr. Ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega,aqui nesta tribuna, para indagarmos de S. Ex'qual será a sua linha de ação administrativa comrelação ao Plano Econômico-Financeiro deixadopelo seu antecessor.

Se pudesse, dana um aparte ao eminente Líderdo PMDB histórico, que é o Constituinte MárioCovas. .

Sr. Presidente e Srs. Constituintes, tambémqueremos indagar sobre a volta do Brasil ao Fun­do Monetáno Internacional, e no caso desta hipó­tese ser positiva, em que condições vai-se daresse retorno? O que o Brasil vai lucrar com isto?Concomitantemente, queremos também saber:que prejuízos o Brasil teve durante a sua desvincu­lação com o FMI? Que prejuízos ou atropeloscausaram ao Brasil e ao seu povo esta auséncia?

A duração e a suspensão da moratória poderãotorná-la pendente e por quanto tempo, Sr. Presi­dente?

Também queremos saber sobre a operacio­nalidade do pagamento de juros aos bancos exter­nos credores do Brasil, e a possibilidade de anun­ciar-se o exato valor da dívida externa brasileira,e quanto às medidas que estão sendo negociadaspara o seu pagamento. Entre essas indagações,outras - acredito - virão, mas essas são funda­mentais para tirarmos a nossa conclusão do queserá a linha de administração do novo Ministroda Fazenda.

Não o convocamos aqui com intenções meno­res, convocamos, sim, com todo o respeito e ad­miração que temos por S. Ex', embora o conhe­çamos à distância, pelos relevantes serviços pres­tados ao País no Ministério da Fazenda; convo­camos S. Ex' para depois podermos avaliar o seucomportamento e criticarmos com consciênciaa sua política à frente do Ministério da Fazenda.Deus queira que o Sr. Maílson da Nóbrega tenhaa "vannha de condão", pejo menos, de espantara mentira, o engodo, as promessas que foramfeitas pelos Ministros antenores, e que nâo foramcumpridas com êxito, porque não beneficiarama população A população, com os dois Mmistrosantecessores, ficou cada vez mais pobre, comeucada vez mais caro e paga ainda um preço bemalto pela política de arranjo, vela política empíricaque eles quiserem introduzir, na linha de açãoadministrativa, à frente do Ministério da Fazenda..

São essas considerações, Sr. Presidente, quefaço aqui, anunciando o meu requerimento deconvocação do novo Ministro da Fazenda à Câ­mara dos Deputados.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente. (Muitobem!)

O SR. JOSÉ GENOÍNO (PT - SP. Semrevisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Consti­tuintes:

Inicialmente, assomo à tribuna para fazer umapelo à Reitoria da Universidade de São Paulo,hoje dirigida por um Professor que viveu e convi­veu com o processo de perseguição naquela Uni­versidade e que, hoje à frente daquela Reitoria,aplica uma política discriminatória e repressiva,principalmente em relação aos funcionários daUniversidade de São Paulo.

Temos recebido constantes denúncias do pro­cesso de demissão, por motivos exclusivamentepolíticos, em função da última greve dos trabalha­dores daquela Universidade, de trabalhadores vin­culados à Associação dos Servidores da Umver­sidade de São Paulo, e não se admite a possibi-

- lidade de rever essas punições. Ê uma políticaautoritária de não permitir a liberdade de manifes-

tação e de organização dos funcionários da Uni­versidade de São Paulo. Gostaria de fazer um ape­lo no sentido de que essas punições fossem revis­tas. Há inclusive um documento que está sendoenviado a vários Srs. ConstItuintes, pnncipalmentede São Paulo, no sentido de solicitarem, de apela­rem e de exigirem, do Reitor daquela Universi­dade, que esse processo de punição, que se abriuna Universidade de São Paulo, seja revisto, coma reintegração dos funcionários demitidos.

A outra questão que me traz à tribuna, Sr. Presi­dente, é para deixar claro que vamos msistir drena­mente, permanentemente, sobre um fato políticoa que a Nação brasileira não pode dar as costas,e que principalmente esta Casa não pode usaro silêncio conivente; o silêncio de esquecer, osilêncio como se o fato não existisse. Refiro-meà reivindicação de vários Parlamentares que estãoapoiando a proposta do Deputado Vivaldo Barbo­sa, para a instalação de uma CPIsobre o massacrede Serra Pelada.

Achamos que o Congresso Nacional, não apro­vando essa CPl, está dando um exemplo e umademonstração clara de conivência com esse pro­cesso de violência generalizada que aconteceunaquela região. Não podemos ficar ouvindo expli­cações do Governo do Estado do Pará ou doComandante da PM, quando existem fatos e indí­cios concretos de que houve um massacre covar­de de milhares de trabalhadores indefesos, comum ataque de surpresa, numa situação em quelhes restava apenas cair da ponte ou receber umtiro no corpo.

Essa situação de violência, Sr. Presidente, quehoje existe numa escala de massa, numa verda­deira guerra civilencoberta que acontece no País,seja na Cidade, seja no campo, merece um trata­mento político por parte dos representantes quetêm compromisso com os trabalhadores e como povo brasileiro.

Todos os dias, os jornais estão estampandoesse clima de desrespeito aos direitos fundamen­tais da pessoa humana. Todos os dias está surgin­do notícia do nível de degradação e violência queestá dominando as relações entre o Poder Públicoe a maioria da população brasileira. Ê essa situa­ção que vamos trazer, permanentemente, à tribu­na desta Casa, principalmente porque, hoje, usan­do a tribuna da Assembléia Nacional Constituinte,temos que discutir esses fatos concretos que es­tão acontecendo, para que, na discussão sobreos direitos Indívíduais e coletivos, esta Assembléianão aceite a selvageria e o reacionarismo trucu­lento do Centrão, que quer aprovar emendas queestão retomando o período da Idade Média.

Vou citar exemplos, Sr. Presidente, como o dese dizer, numa das emendas que vi, que o empre­sário somente não poderá reter salário se for umadetenção dolosa, o que é uma barbaridade. Querdizer que os empresários podem reter saláriosde trabalho realizado; salário líquido e certo pode­rá ser retido. Somente aquela retenção que fordolosa, isto é, aquela feita no sentido de cometerum crime, será proibida.

Ora, Sr. Presidente, estamos em pleno SéculoXX! Uma proposta como essa não tem condições!Na discussão desse clima de problemas sociaisque acontecem no Brasil. espero que as cabeçaslúcidas - mclusive da burguesia brasileira -,nesta Casa -, não endossem essas propostasde medievalismo político, para não falar da censu-

Page 6: República Federativa do Brasil ASSEMBLÉIA NACIONAL ...imagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/166anc13jan1988.pdfBRAstUA-DF República Federativa do Brasil NACIONAL CONSTITUINTE DIÁRIO

6412 Quarta-feira 13 DIÁRIO DAASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Janeiro de 1988

ra, para não falar da limitação do habeas data,para não falar da limitação ao mandado de segu­rança coletivo, para não falar numa das outrasaberrações, como colocar a propriedade e a livreiniciativa no preâmbulo e nos prmcípíos funda­mentais da Constituição.

Afinal de contas, as elitesbrasileiraquerem fazeruma Constituição para consagrar simplesmentea repressão à violência e ao fascismo, e não ouviressa realidade que está estampada na vida, nacara e nas manifestações do povo brasileiro, etentar criar um clima de que há apoio para essaspropostas de ultradireita,usando inclusive traido­res dos trabalhadores e do povo brasileiro, comose está fazendo, recentemente, com esse dirigentesindical de São Paulo, que está sendo usado peloque há de mais truculento e reacionário da bur­guesia brasileira, para trair bandeiras que o leva­ram à vice-presidência do Sindicato dos Metalúr­gicos de São Paulo, inclusive agora à Presidênciadaquele Sindicato.

Muitoobrigado, Sr Presidente. (Muito bem!)

O SR. JOSÉ ELIAS MURAD (PTB- MG.Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente,Srs. Constituintes:

Em mais de 40 vezes que ocupei esta tribunada Assembléia Nacional Constituinte, a maioriadelas foi para fazer propostas ou críticas contracertos atos do atual Governo nas áreas econô­mica, social, e, principalmente, no setor sanitário.Reconheço até mesmo que alguns de meus pro­nunciamentos - principalmente em relação aoGoverno de MinasGerais - foram duros e contu­dentes, se bem que nenhum deles tenha descidoao nível da ofensa pessoal; o que não é do meufeitio.

Hoje,entretanto, encontro-me aqui para defen­der um homem do Governo. Trata-se do MinistroAníbalTeixeira,da Seplan. E o faço com isençãoe imparcialidade, pois nem sequer pertenço aoseu partido. Ao contrário, é até mesmo possívelque eu venha a tê-lo como meu adversário nacampanha para a Prefeitura de Belo Horizonte,nas próximas eleições de novembro deste ano. ,

Esses fatos, em si, me deixam mais livre e de­sembaraçado, porque não estarei defendendo umcorreligionário político, mas sim um antagonista,em uma luta que se prevê disputadíssima, onde,talvez, todos os trunfos devam ser colocados emjogo, e seria, dessa forma, muito mais cômodopara mim silenciar-me.

Mas é que conheço Aníbal Teixeira há muitosanos, desde a époéa em que trabalhou com Jus­celino Kubitschek, tendo sido cassado pela revo­lução, em 1969. Sei de sua probidade de homempúblico, da sua honestidade e da maneira corretae altiva com que tem se comportado ao longode sua já extensa vida pública. Outrossim, comomineiro, sei que até agora Aníbal Teixeira nuncaperdeu uma eleição das inúmeras que disputou.(Faço votos pessoais que a próxima seja a primei­ra.) Sempre foi prestigiado pelos mais duros críti­cos do homem público deste País: os eleitores.

Lembro-me de que, quando abandonou umpossível mandato parlamentar para assumir aSEAC- Secretaria de Ação Comunitária -, cria­da àquela época pelo Presidente Sarney, AníbalTeixeira afirmou: "Assumo a Secretaria de AçãoComunitária em tempo integral e dedicação ex­clusiva,porque desejo fazer algo pelos brasileiros,

principalmente aqueles mais sofridos das perife­rias, das favelas, dos bairros e das VIlas, geral­mente desprotegidos e esquecidos pela adminis­tração pública."

Realmente, AníbalTeixeira,na SEAC, foi o res­ponsável pelos melhores programas da área so­cial do atual Governo, como, por exemplo, a cons­trução de milhares de casas para as famílias po­bres pelo sistema do mutirão comunitário e adistribuição gratuita de leite para milhões de ca­rentes em todo o Brasil.

Lembro-me de que, certa vez, respondendouma crítica sobre a distribuição do leite, quandodiziam que ao Invés de dar peixes aos pobresmelhor, seria ensiná-los a pescar, Aníbal respon­deu: "E muito difícil aprender a pescar com oestômago vazio".

E é exatamente a este homem que agora pre­tende se acusar, sem provas evidentes, de corrup­ção e malversação de dinheiro público. É neces­sário antes pensar em quais são os interessessecundários e excusos que existem por trás des­sas acusações, e se elas não estariam sendo or­questradas por aqueles que desejam solapar opouco que tem realmente feito este Governo nocampo SOCial.

Trago-lhe aqui, hoje e agora, a solidariedadee o apoio, não de um correligionário, mas simde um adversário político. E com eles tambéma minha palavra de fé e esperança de que tudoserá esclarecido e que, se Aníbal Teixeira tiverrealmente que deixara Seplan, ele sairá de cabeçaerguida, como um homem que cumpriu o seudever até o fim. Tenho a certeza de que, nessedia, ele poderá repetir, com orgulho, as palavrasde São Paulo Apóstolo em uma de suas epístolas:"Combati o bom combate. Não desfaleci.MantJvea fé".. Muitoobrigado, Sr. Presidente. (Muitobem!)

O SR. JOÃO DE DEUS ANTUNES (pDT- RS. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Pre­sidente, Srs. Constituintes:

Estamos de volta para imciarmos o nosso se­gundo ano de mandato. Como no primeiro, aquichegamos mais uma vez cheios de esperança,desta feita com um pouco mais de visão referenteà política brasileira,esperando que o ano de 1988seja mais promissor na área econômica, políticae social.

Que o trabalhador brasileiro não sirva mais demassa de manobra para elementos aventureirosque aqui estão vendendo idéias de salvadores dapátria, de defensores dos pobres, dos humildese sofridos mais que na verdade rasgam o Brasilde ponta a ponta em viagens demagógicas e elei­toreiras subvencionados por capital estrangeiroativista.

Que o trabalhador brasileiro, trabalhador mes­mo, continue ordeiro no seu labor e não se espe­lhe nos maus exemplos deixados por pretensostrabalhadores que aqui estiveram, já no final doano, dando uma péssima demonstração de civis­mo e democracia. Dizem-se democráticos, masnão passam de incendiários, anarquistas, que fa­cilmente são dirigidos e orquestrados por preten­sos líderes que deixam o seu posto, a trincheiraque lhes foi delegada por confiança de algunseleitores incautos.

Que a maioria do povo brasileiropossa receberde Deus o pleno discernimento, para ver, ouvir

e finalmente saber separar os bons dos maus,os falsos dos verdadeiros, aqueles que estáo seesforçando por um Brasil melhor daqueles quelhes oferecem sonhos, utopias, visões que nãochegarão a se cumprir diante de sua impratica­bihdade.

Que o povo brasileiro saiba que "nem tudoo que reluz é ouro"; que nem tudo aquilo quese vende como idéia é verdadeiro; que nem todosaqueles que hoje estáo nos painéis da CUT nasgrandes cidades são inimigos.

Não esqueçam que Judas também era muito"preocupado com os pobres", porém era ladrãoe furtava o dinheiro que lhe era confiado. Conse­guiu enganar os iguais, os humildes, mas nãoenganou aquele que vigiava, aquele tinha o espí­rito de discernir.

Esperamos que o trabalhador brasileiro, queé ordeiro, possa entender que a pretensa idéiavendida hoje em todo o Brasil,através dos chama­dos "democráticos salvadores da pátria" não pas­sa de uma falácia apoiada por aqueles que, tendoum belo discurso, vivem viajando pela Europatoda, pelo Oriente, sempre às custas do capitalestrangeiro que eles "tanto condenam" Aretóricadeles não se coaduna com as suas ações. Bem,mas eles estão no papel deles, pois foram feitos"líderes" para assim agirem.

Não podemos nos insurgir contra essas "gran­des lideranças" que andam distribuindo panfletosna Grande Porto Alegre.

São líderes que preparam movimentos traba­lhistas e depois fogem, deixando, como aconte­ceu na cidade de Sapiranga, no Rio Grande doSul, centenas de trabalhadores de setor coureiro­calçadista abandonados num movimento pare­dista que nasceu fracassado e que levou centenasde famílias à miséria pelo desemprego que ocor­reu diante da má organização e falsa liderança.

São "líderes" que não se cansam de tomarpela cabeça diante de suas poucas qualidadese "idéias" que chegam às raias do absurdo, que­brando, destruindo, jogando pedras com estilin­gue, furando pneus do ônibus como aconteceuna cidade de Canoas, no Rio Grande do Sul, eabandonando seus comandados, tão logo eleseram presos e identificados pelos fatos ocorridos.Agora, esses líderes que estiveram debaixo deum regime ditatorialdurante 20 anos querem daruma "mãozinha" para a instalação de um novoregime de exceção

Queremos deixar bem claro que somos presi­dencialista e votaremos como os avanços sociaisque possam melhorar o nível de vida do traba­lhador brasileiro.Só queremos, e todos nós espe­ramos, que os ativistas e incendiários, que nãopassam de burgueses comandantes e engana­dores dos humildes e incautos, sejam identifica­dos pelos brasileiros, para que possam ser res­ponsabilizados por tudo que venha a acontecernesta Pátria diante do radicalismo de suas ações,que eles chamam de "exercício da democracia".

Ao finalizar, queremos crer e não acreditamosque o povo do Rio Grande do Sul não queiranos ouvir. Há apenas uma versão que está sendoexposta e vendida nas portas das fábricas. Demo­cracia se faz com diálogo, e é o que estamostentando fazer aqui nesta Assembléia NacionalConstituinte.

Queremos acreditar que a Carta que vamosfazer,não será para 2 ou 3 anos, mas duradoura,

Page 7: República Federativa do Brasil ASSEMBLÉIA NACIONAL ...imagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/166anc13jan1988.pdfBRAstUA-DF República Federativa do Brasil NACIONAL CONSTITUINTE DIÁRIO

Janeiro de 1988 DIÁRIO DAASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Quarta-feira 13 6413

e que possa ser praticada. Letra morta não inte­ressa para ninguém, muito menos para o traba­lhador.

Não seremos nos que Irá inviabilizaras conquis­tas e avanços SOCIaiS conseguidos pelo trabalha­dor na Comissão de Sistematização.

Vamos participar, dando o melhor, e não sóessas vantagens, mas também um salário dignopara aquele que gera riquezas à nossa Nação.

Agora queremos que V. Ex" entendam que nãoestamos aqui fazendo Carta para uma meia-dúziade desordeiros, mal-educados que não respeitamDeputados, Senadores e a própria Assembléia Na­cional Constituinte, que é a maior autoridade hojeno Brasil.

Era o que tínhamos a dizer,Sr. Presidente. (Mui­to bem!)

O SR. PERCIVAL MUNIZ (PMDB - MT.Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs.Constituintes.

Assiduo à sessão da Assembléia NacionalConstituinte, quero micialmente alertar os poucoscompanheiros que estão aqui para o texto da Co­missão de Sistematização que trata do monopóliodo Estado nos meios de comunicação.

O art. 256, Sr. Presidente, no § 2°, proibe omonopólio ou oligopólio público ou privado dosmeios de comunicação. Isso, na prática, é revogaro art. 23 do mesmo projeto, que garante queos meios de comumcação, principalmente naquestão da telecomunicação, senam exploradosexclusivamente pela União, não podendo ser, por­tanto, objeto de monopóho ou oligopólio de gru­pos privados.

Apresentei uma emenda, Sr. Presidente e Srs.Consntumtes, modificando o art. 23, garantindoque a União continue explorando as telecomu­nicações neste País Mas é preciso que algumoutro Constituinte, já que não posso mais, já queapresentei quatro emendas, é preciso que algumoutro - e aqui conclamo algum colega, se éque alguém já não o fez - modifique a redaçãodo art 256 do projeto de Constituição, atravésde emenda, para que seja garantido que o serviçodo telecórnunlcações continue pertencendo àUnião, para que, amanhã não tenhamos uma Em­bratel pertencente à Rede Globo que hoje já con­trola, praticamente, a telecomunicação em nossoPaís Se não se modificar o art. 256, no seu §2°, ficará proibido o monopólio da União sobreos serviços de teleconunicaçâo, permitindo-se,com isto, que empresa particular, como a RedeGlobo ou, então, o Bradesco,' na área de sinalde computador, possa ter o controle, o mono­pólio, desses meios de comunicação que são fun­damentais para o desenvolvimento nacional

Outra questão, Sr. Presidente, que quero aquiabordar e alertar a Assembléia Nacional Consti­tuinte, é sobre a Portaria que o Sr. Ministro Aure­liano Chaves assinou hoje, permitindo que a ini­ciativa privada possa produzir e comercializarenergia elétrica. Essa portaria está sendo assinadahoje, e dela não consegui, até este momento,uma CÓpia, já que a Assessoria do Ministro nãodispõe ainda de cópias, mas a imprensa já notí­CIOU, no Correio Braziliense de hoje, que o Sr.Ministro estaria assinando, nesta data, uma porta­ria que permite que empresas particulares - enão diz se é multinacional ou nacional - possautilizar do potencial hidrelétrico do País, tanto na

construção de hidrelétricas como, também, nacomercialização da energia elétrica por ela cons­truída. Isso, Sr. Presidente, no momento em quea Constituinte, através do texto da Comissão deSistematização, colocou no art. 205 que "as jazi­das, as minas e demais recursos minerais e ospotenciais de energia hidráulica constitui proprie­dade distinta da do solo, para efeito de exploraçãoou aproveitamento mdustríal, e pertencem àUnião".

Então, no momento em que a Constituinte bus­ca garantir o monopólio da União sobre o poten­cral hidrelétrico do País, o Ministro das Minas eEnergia, no apagar das luzes, como poderia sedizer, permite e abre a possibilidade de que váriasempresas possam construir usinas hidrelétricase comercializar o seu produto. Isto poderá, nesseperíodo que vai de hoje até a promulgação daConstituição, abrir todo este setor da economiapara as empresas particulares, e aí não diz seé multinacional ou nacional, para depois que aConstituição estiver aprovada já encontrar ummonstro controlando a economia do País, nessesetor que é fundamental. Imaginem, amanhã, estesetor controlado por empresas que queiram, emum determinado momento, boicotar o forneci­mento de energia para uma determinada cidadeou para determinado Estado, o que será da popu­lação? Quem resguardará o interesse da popu­lação consumidora? Porque hoje o País controla,mas amanhã poderá estar nas mãos de gruposeconômicos com interesses que não sejam osdo 'povo brasileiro.

E este alerta que faço aos Constitumtes, à im­prensa e às autoridades deste País. Muito obriga­do. (Muito bem!)

O SR. OSMIR LIMA (PMDB-AC. Pronunciao seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sr" e Srs.Constituintes:

Sempre que venho à tribuna, procuro, especifi­camente, fazer uma defesa do meu Estado, e sem­pre raciocinando que o que é bom para o Ac~eé bom para o Bràsil

Há precisamente 25 anos, o Acre se tomouEstado.

A sua transformação política decorreu da pró­pria constatação de que o então Território eradotado ~e potencialidades econômicas que per­mitiriam a sua ascensão política, em decorrênciamesmo da necessidade nacional de explorar assuas riquezas, o que seria grandemente facilitadopela estrutura de governo, com autonomia emaiores responsabilidades.

Apresentei à Assembléia Nacional Constituinteuma emenda que está sendo extremamente pole­mizada, quer no meu Estado, quer através daprincipal, ou da maior imprensa do País, no sen­tido de transformar o meu Estado numa Repú­blica independente

U no Editorial dã Correio Braziliense umacrítica contundente dizendo que esse tipo de pro­posta Jamais poderia ser apresentada a um parla­I)'lentar ou até mesmo numa câmara municipal.E que, talvez, o editorialista não conheça nossahistória, porque não vive os nossos problemas,e não cita, acima de tudo, a grande mágoa quetêm os acreanos para o descaso com que o Go­verno Federal vem olhando aquele terntório, umterritório que já foi a terceira economia deste País,que tinha tudo para ser um grande Estado. E

° Brasil começou enganando o Acre, que erauma nação independente quando foi incorporadoa ele; começou enganando o Acre quando, macu­lando a Constituição em vigor, criou a figura es­drúxula de território federal, porque se naquelaépoca a Constituição tivesse sido observada, oAcre já teria sido um Estado-membro da Federa­ção, desde 1903 E por que não foi transformadoem Estado? Porque a imensa riqueza, o grandepotencial, acima de tudo, de borracha, servia aosinteresses das grandes capitais do Brasil, notada­mente da Capital Federal que na época era oRio de Janeiro, e o Acre teve sua riqueza sugadade uma forma irresponsável. O Governo Federaldeixou de fazer uma política séria, correta, conse­qüente, do Programa Nacional da Borracha. OBrasil era o grande produtor de borracha e o Acre,como o seu principal produtor, passou a produzir,hoje, apenas 20% das suas necessidades. O pro­grama implantado teve conseqüências danosaspara a economia do País, servindo apenas a outrosestados federados.

Acredito que essa emenda - e é preciso enten­der esta questão - é principalmente o mais vee­mente protesto que um parlamentar da Bancadado Estado do Acre faz no Congresso Nacionalà Nação e, acima de tudo, à Assembléia NacionalConstrtuínte, Não tenho a veleidade de pensarque os Srs Constituintes irão aprová-Ia. Querochamar a atenção do Governo Federal para comesse Estado, que tem condições de ser um grandeEstado da Federação brasileira, porque se suce­deram vários presidentes no Palácio do Planaltoe' com eles se foram as promessas e as espe­ranças da integração última da Unidade federada.

Fazemos limite com dois países vizinhos; pode­mos ser um entreposto do Brasil e abrir as portaspara o Pacífico; temos as terras mais férteis, jácomprovado através de projetos técnicos, inclu­sive, do Radam, mas ainda não houve, acima detudo, sensibilidade para o homem do Acre e como homem da Amazônia, que luta bravamente pelasua SImples subsistência, desassistido e em com­pleto abandono. Foi o que disse no início destemeu pronunciamento, para os grandes temas na­cronaísaqui, dentro da Constituinte, onde temosgrandes líderes para abordá-los. A nossa neces­sidade permanente. doravante, vai ser de pelo me­nos tratar aqui, da tribuna da Constituinte, paraque o Acre e a Amazônia seja assistido, porqueacredito que a Amazônia seja a solução para osgraves problemas brasíleiros, e para isso apenasprecisamos criar a infra-estrutura necessária.

O povo acreano compreendeu a nova missãoque lhe estava confiada.

A transformação em Estado não foi apenas oreconhecimento da vitalidade do Acre, mas, fun­damentalmente, a entrega a seu povo de novastarefas a desempenhar.

Desde então o Acre vem tentando conquistaro seu espaço e garantir a sua participação noespaço nacional de desenvolvimento.

Sr Presidente, Srs. Constituintes, quando o Bra­srl se tornar umpPaís de dois oceanos, pelas liga­ções terrestres com o Pacífico, o Acre se benefi­ciará dessa estratégica posição geográfica, consti­tuindo-se no mais promissor Estado da Amazôniana área de investimentos privados.

E, segundo as previsões técnicas e as recentesprovidências do Governo Federal, em determi-

Page 8: República Federativa do Brasil ASSEMBLÉIA NACIONAL ...imagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/166anc13jan1988.pdfBRAstUA-DF República Federativa do Brasil NACIONAL CONSTITUINTE DIÁRIO

6414 Quarta-feira 13 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Janeiro de 1988

nando, através de contratos de trabalho já firma­dos, para a execução de obras rodoviárias fede­rais, o Acre em breve será o grande e amploportal da entrada para os países Irmãos do Pa­cífico.

Neste pronunciamento, não me permitiria der­xar de registrar o espaço da jornada federal demeu Estado, visando tomar efetiva a pavimen­tação das rodovias federais 364 e 317, conside­radas como a redenção econômica do Acre, pelosgrandes benefícios que delas advírão para a Ama­zônra, em geral, para o Acre, em particular, e,por extensão, para os países andinos. Bolívia ePeru, de modo especial.

Não fora a fibra e a têmpera da gente de nossoEstado, mescla de boa cepa nordestina e da valen­tia dos naturais, o Acre já não se orgulharia tantode sua opção pela nacionalidade brasileira, tantose tem penalizado nossa terra, que quis ser Brasil,lutou bravamente para sê-lo, e nem Isto sensibilízaos governantes do Brasil, em sua grande maíona,Je mentalidade marítima e costeira

A nossa mediterraneidade tem-nos custado oisolamento sócio-cultural, o isolamento político­admmistrativo.

A marcha para o nosso progresso esbarra emdois príncipars obstáculos, que, removidos, da­riam ao povo acreano os pnncipais instrumentos,para a construção de seu progresso e aberturade novos horizontes

Faltam-nos estradas de tráfego permanenteSucederam-se no Palácio do Planalto os presi­

dentes e com eles se foram as promessas e asesperanças da integração da última unidade fede­rada ao Sistema Rodovário Nacional.

Tantas têm sido as decisões, constantementeanunciadas e tantos os contratos que caducaramà falta de execução, que mesmo, agora, persistea desconfiança de que, realmente, o governo doPresidente José Sarney esteja disposto a honrarseus recentes e enfáticos compromissos com opovo de nosso Estado e da Amazônia.

A problemática do transporte na Amazônia, demodo especial no Acre, assume a sua própriadimensão territorial.

Seu equacíonarnento, considerando-se a ne­cessidade da integração regional e nacional, de­penderá de SIstemas mterrnodaís, através de cor­redores-troncos, quer hidroviários, rodoviários ouferroviário, interligados entre SI e alimentados porredes de vias vícinars, as quais proporcionarãoo tráfego permanente em todo o sistema viárioamazônico.

são inúmeros os entraves que esta deficiênciavem acarretando a um processo racional de de­senvolvimento integral para o nosso Estado e paratoda a região da Amazônia Ocidental.

A abertura das grandes vias acarretam, semdúvida, problemas sociais graves.

Mas, não será pelo receio dos riscos do pro­gresso que se privará meu povo dos benefíciosreais do desenvolvimento.

E não se faz desenvolvimento, sem boas estra­das, sem vias de comunicação.

Esta é, por conseguinte, a maior entre as gran­des reivindicações de nosso Estado.

Feitas as estradas, clame-se por energia fartanecessária, à implantação de um parque industrialcapaz de transformar nossas abundantes e ricasmatérias-primas, que ofereçam emprego e gerem

bem-estar sócro-económíco para as suas popu­lações.

O homem da Amazôrua luta bravamente pelasua simples subsistência, desassistido e em com­pleto abandono.

A ele não chega o braço curto do Governoque só alcança e assiste àqueles que detêm realpoder de barganha política e ou econômica.

Outro setor que convém ser olhado, com CUida­do e decisão, é o energético, pela sua importânciaeconômica e social, em uma região que buscao desenvolvimento.

E é nesse particular que a situação do Acreé a mais grave de toda a região Amazônica.

Aberta uma estrada, por ela passam, imediata­mente, o homem e o progresso.

O crescimento demográfio do Acre é umaquestão à mesa, para o diálogo responsável dasautoridades.

O fluxo rmqratório é consequência, é efeito damovimentação interna de massas humanas quebuscam novas terras para nossa vida.

Sendo o Acre a última fronteira agrícola a serexplorada abriga anualmente, em suas fronteiras,grandes contingentes de pessoas a busca de no­vas oportunidades de vida.

A geração de novo mercado de trabalho, igual­mente, requer a geração de energia para acionara máquma do desenvolvimento diversificado.

O Acre tem uma economia tradicional que hojenão responde mais às exiqências sociais do mo­mento, perdem no próprio mercado interno seupoder de competitividade.

Ainda permanece, porém, como lastro e su­porte da nossa atividade econômica, embora, acada ano, por falta de apoio governamental e deincentivos estnnuladores, se esvaziem enormesespaços onde, no passado, eram ricas e flores­centes fontes de trabalho e nqueza

O Brasil tem, já foi dito, uma enorme dívidapara com o Acre.

É preciso que se comece a resgatá-Ia e quenão sejam apenas por palavras de palanques emocasiões de campanhas eleitorais.

O problema energético é absolutamente essen­cial para a execução de um projeto viável de de­senvolvimento.

O Acre não tem energia que atenda 20% dademanda social e industrial

Esta situação insustentável, provoca a desis­tência de pessoas com recursos que poderiaminvestir no Acre e assim formar uma base sólida,para o aproveitamento de nossos recursos natu­rais, que são exportadores para outros centrosdo País, quando não para o exterior com enormese Irreparáveis prejuízos para o povo acreano.

Falta interesse para a solução desse grave pro­blema.

EXIstem nas gavetas dos técnicos, dos órgãossetoriais específicos, levantamentos e estudos téc­mcos que indicam soluções viáveis para dotarmeu Estado de energia suficiente ao seu naturaldesenvolvimento

O Governo Federal se diz satisfeito em acenarcom a remota possibilidade de que ao chegara energia produzida em hidrelétrica de Sarnuel,no Estado de Rondônia, o Acre disporia de energiafarta e abundante

Sabe-se que hoje Rondônia atravessa, também,um sério período de falta de energia para o seu

consumo interno: quando, então, sobraria energiapara o Acre? Nunca.

E é o binômio - transporte e energia - queentrava e torna, praticamente, impossível o nossodesenvolvimento em bases sociais e econômicas.

Já Euclides da Cunha julgava, em seu tempo,Importantes para a segurança das fronteiras e in­tegração nacional os segumtes itens, que incluí­mos em nosso pronunciamento com apreço àsidéias que esposamos:

• povoamento;• circulação social;• ocupação dos espaços políticos;• interiorização da políticaagrícola e industrial

(eletrificação rural), em bases sustentáveis e dinâ­mica;

• estratificação de núcleos populacionais,dando-lhes sentido social e organizacional, quetornou realizáveis os trabalhos sociais de educa­ção e saneamento.

Perfeito o posicionamento, mas ainda hoje, nãoexecutado

Outro assunto da maior releváncia é da organi­zação ou reestruturação agrária.

A chegada ao Acre de milhares de famílias,em sua grande maioria trabalhadores rurais, háde se pensar em uma política agrária específicapara a Amazônia e dentro da região, respeitadasas peculiaridades de cada Estado e Território.

Uma estratificação de Assentamentos Dirigidos- PAD'S-, estabelecendo uma estrutura agráriamínima compatível. para que o homem rural pos­sa VIver, crescer e prosperar e que, igualmente,vise fazer retornar ao campo muitas famílias quese encontram na periferia das cidades, vivendosem dignidade humana, em condições humilhan­tes.

Na adoção de uma diretrizà solução do proble­ma fundiário, é imprescindível que se atente para:

a) a função social da terra: para tanto é neces­sário um novo equacionamento institucional daproblemática fundiária, a fim de resguardar o di­reito da propriedade legítima e os interesses co­muns;

b) as definições que possibilitam consolidar,racionalmente, investimentos, produção e fixaçãodo homem à terra, o que, no meu entender, elimi­naria as tensões sociais originadas no confrontoentre a posse e a propriedade legal da terra;

c) a exploração econômica dos recursos natu­rais da Amazônia e a sua ocupação espacial quedeverão ser objeto de uma legislação específica,em que se assegure a manutenção ecológica dosistema;

d) a defesa dos recursos naturais, através deuma educação ambiental que conscientize o ho­mem de que deve conviver com a natureza, delatirando seu sustento e formando o patrimôniosócio-econômico, sem depredá-Ia, e racional­mente:

• O zoneamento das áreas de reservas, pre­servação e de ocupação permanente, balizandoassim a conduta ernprêsaríal para o setor ruralda Amazônia.

Sr. Presidente, Srs. Constituintes, nas últimasdécadas, o desenvolvimento nacional tem sidomsuficiente frente aos grandes problemas de nos­so País, que por outro lado, também tem sidosocialmente injusto.

Page 9: República Federativa do Brasil ASSEMBLÉIA NACIONAL ...imagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/166anc13jan1988.pdfBRAstUA-DF República Federativa do Brasil NACIONAL CONSTITUINTE DIÁRIO

Janeiro de 1988 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Quarta-feira 13 6415

Mas, não se pode Ignorar que houve avançoscomo:

• a industrialização;• a produção de bens de capital;• o acervo tecnológico;• a valorização dos recursos humanos;• o aumento e diversificação das exportações;

e• O crescimento dos mercados mternos que

ampliou as fronteiras do desenvolvimento e suacapacidade de resolver seus problemas mais gra­ves, nas áreas social e econômica

Apobreza e a injustiça continuam imensas, maso nosso potencial econômico é murto maior, res­tando-nos a grande esperança de que temos reaiscondições de contornar ou ultrapassar todos osobstáculos que se apresentam.

O que nos surpreende, falando como arnazõ­nida, é constatar como o fez, nesta Casa, o ilustreex-Deputado amazonense Vivaldo Frota, ao afir­mar:

"É um paradoxo que o Brasil tão rico naAmazônia, em potencial hidráulico, em recur­sos madeireiros, em minérios, em extensãode terras cultiváveis e em bacia fluvial nave­gável, esse mesmo Brasil contmue ainda ho­je, um país carente, que sofre as drásticasconseqüências de não se haver conscien­tizado ser a Amazôma a grande solução na­cional. E mais, de não haver percebido deque aquele celeiro de incógmtas, conhecidoapenas em fragmentos deverá um dia - jus­tificando conceitos de Euclides da Cunha ­com a descoberta de todos os seus segmen­tos, ser a última página da História Natural."

Mas, Sr. Presidente, um estudioso dos proble­mas amazônicos, cujas palavras transcrevemos,em apoio às nossas afirmações, neste pronuncia­mento, assim se manifesta:

"Tanta coisa tem sido tentada na Amazô­nia, de maneira errônea, mal-conduzrda, ousem continuidade que quase Invíabrliza umaproposta séria e Viável para a real e efetivasolução de nossos graves problemas".

Do que se deve convencer o Governo Federal,é que, aos seus projetos, para a Amazônia, faltao enfoque e a ótica regional.

Os teóricos e planejadores especiais criam, emseus gabinetes de Brasília,programas para aquelaregião, sem real conhecimento do que seja a suaproblemática humana e social. Não se põe, aqui,em dúvidas, seus conhecimentos estratégicos so­bre a área, mas não é só com números, quese monta um esquema de desenvolvimento so­cial, mas é, sobretudo, sentindo in loco a suarealidade e vivenciando o seu dia-a-dia.

Este pronunciamento é mais uma alerta, paraque os governantes da Nação e do meu Estadose dignem determinar aos órgãos competentesde suas estruturas administrativas, que sejam re­pensados os programas direcionados para a re­gião e que deles surjam diretrizes de ação gover­namental mais eficientes na solução de nossosantigos e acumulados problemas.

Enumerei o transporte, a energia, o· problemafundiário, como urgentes, para um exame respon­sável pelas autoridades governamentais, masexistem outros, que sequenciam esses, como:educação, saúde e saneamento básico, que serão

maténa de outro pronunciamento sobre a Ama­zônia e o meu Estado.

AAmazônia é, como fica registrado em minhaspalavras, "solução" e não um eterno problemapara os dirigentes de nosso País

Que do novo texto constitucional, não se des­cuidem os Srs. Constituintes e especialmente acompetente bancada da Amazôma, de que é estauma oportunidade ímpar de preservar e desen­volver a Amazôma, sob o amparo de uma legisla­ção atuahzada, moderna e patriótica.

Cabe-nos essa histórica missão. Muito obriga­do. (Muito bem!)

o SR. AMAURY MàLLER (PDT - RS. Semrevisão do orador) - Sr. Presidente Sr" e Srs.Constutintes:

O Governo da Nova República desmanteladopoliticamente, cirrótico e, Irremediavelmente aidé­tico, apressa-se em cometer mais uma inommávelviolência contra os interesses nacionais, aprontousuas malas e bagagens e Viaja para Nova Iorquepara, uma vez mais, submeter-se aos desígniossubalternos do Fundo Monetário lntemacional.

Não posso entender onde quer chegar o Se­nhor José Sarney. Ontem proclamava de formaenfática, utihzando uma escandalosa máquina pu­blicitária, a moratória da dívida externa, negan­do-se a pagar os juros escorchantes dos débitosde curto e médio prazo de bancos privados. Eeste argumento que até certo ponto poderia serconvalidado pela própria Oposição, foi utilizadolargamente pelo PMDBpara proclamar que o Pre­sidente da República, apesar dos pesares, nãoobstante os tropeços nas suas incoerências, esta­va fielao programa do Partido que também prega­va a moratória.

De uns tempos para cá as coisas mudarame o Brasil, ou pelo menos o Governo brasileiro,que não foi ungido pela vontade popular, resolveucontradizer tudo que havia dito e voltar a pagaros juros do endividamento externo. Agora, umavez mais, com o rabo no meio das pernas, deforma hurrulhante, retorna ao Fundo MonetárioInternacional. E volta a sacrificar o esforço, o tra­balho, o suor, do povo brasileiro, no pagamentode spread e juros escorchantes, alimentando aganância dos escroques internacionais que fazemparte desse famigerado FMI.

Esta é mais uma das incoerências, das contra­dições de um governo que teve, mas não temmais, a responsabilidade de operar a transiçãoe de tentar solucionar os graves problemas queassoberbam a Nação e empobrecem o povo bra­sileiro.

Mas o curioso apesar de todas essas tropelias,de todas essas loucuras, ainda há pessoas quedefendem o mandato de cinco anos para o Se­nhor José Sarney. Circulam por aí notícias quemais parecem boatos infundados, sem base técni­ca ou matemática, de que o Sr. Carlos Sant'Anna,Ilustre Constituinte, Líder do Governo na Assem­bléia Nacional Constituinte, já teria um númerosuperior a 280 assinaturas e poderia ultrapassaras 300 quando bem entendesse, para conferirao Senhor José Sarney um mandato de cmcoanos, contrariando, de forma acintosa e desres­peitosa, a imensa maioria do povo brasileiro, quequer ver o Senhor José Sarney longe do Governoe distante do País

Gostaria de conhecer essas assinaturas, porquejá existem falsificações por aí. O ConstItuinte Man­sueto de Lavor denunciou isso e V.Ex"está encar­regado de presidir essa investigação, porque asua assinatura foi tomada indevidamente, o seunome foi utilizado mdevidamente, numa hsta comnúmeros bastante elevado de constituintes queapoíanam o mandato de cinco anos.

Eu gostaria de saber, Sr. Presidente, porque- quem sabe? - até a rnmha assinatura láestará também de forma Indevida.

Não pretendo ser a palmatória de ninguém,Sr. Presidente, mas quem tem as provas tem odever de também exibi-Ias.Se realmente são ape­nas assinaturas e não apoios, não compromissode votar aqui, no plenário da Assembléia NacionalConstitumte, um mandato inaceitável de cincoanos para que o Senhor José Sarney continuemutilando a Nação com a sua irresponsabilidade,Violentando direitos fundamentais da pessoa hu­mana, eu gostaria de saber quem são os signa­tários desse documento, porque eles estarão atrai­çoando a vontade popular.

E, para encerrar, tomo aqui a declaração feitaem 1974, no início de um mandato de Senadorque o Rio Grande do Sul lhe conferiu como oposi­ção à ditadura militar, do atual Ministro PauloBrossard de Souza Pinto - meu querido ex-pro­fessor da Faculdade de Direito da (lnlversrdadeCatólica, de onde por sinal fui expulso, sem direitode defesa, porque era contrário ao Golpe de 64- e que disse - pasmem V.Ex' e os Srs. Consti­tuintes - o seguinte:

"Em qualquer país o exercício da Presí­dência da República pelo Presidente de suamais alta Corte de Justiça seria motivo deconfiança, de tranqüilidade. Que país é esseem que o Juiz-Presidente da mais alta Corte,por motivo de segurança, não pode assumira Presidência da Repúbhca, por Deus, queinsegurança!"

POIS, Sr. Presidente, o hoje Ministro da Justiça,para manter o seu emprego, quer, naturalmenteque Sarney permaneça 5 anos no poder; esqueceo que disse há 13 anos quando, como nós ocu­pava uma trincheira de luta contra o regime opres­sor e mihtarista. Faço a mesma patética indaga­ção do Sr. Paulo Brossard: Que País é este, onde,por motivo de segurança, não pode o Presidenteda República saldar os compromissos que assu­miu com o povo e com a história?

O Senhor José Sarney, infelizmente para SuaExcelência e desgraçadamente para a Nação, di­vorciou-se do povo, do País, dos problemas cru­ciais que afligem a nossa gente e apedreja o pro­cesso histórico na medida em que pleiteia os 5anos, quando o clamor popular, que cresce diaa dia, exige que Sua Excelência saia já e agora.

Por isso, Sr. Presidente, continuo a me indagar.até onde vai a irresponsabtlidade daqueles quetêm o dever de governar um pais de mais de140 milhões de habitantes, onde seguramente60% passam fome, onde humildes funcionários,que nem sequer participaram de uma greve sim­bólica de um dia que não prejudicaram as comu­nicações deste País são despedidos, sem nenhumdireito, e continuam lançados à rua da amargura,pleiteando o seu retorno até com abaixo-assinadode mais de 230 ConstItuintes que não fOI sequer

Page 10: República Federativa do Brasil ASSEMBLÉIA NACIONAL ...imagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/166anc13jan1988.pdfBRAstUA-DF República Federativa do Brasil NACIONAL CONSTITUINTE DIÁRIO

6416 Quarta-feira 13 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Janeiro de 1988

considerado pelo Presidente, pedindo anistia paraeles? Este é o País do Senhor José Sarney? Esteé o País do Sr. Paulo Brossard? Este é o Paísdos 5 anos? Nãn;-Sr. Presidente Queremos elei­ções gerais, se possível, mas presidenciais esteano, para que o povo decida o seu destino eescreva a sua história. (Muito bem!)

O SR. ADYLSON MOlTA (PDS :...-R3..sp,tu:revisão o orador.) - Sr. Presidente, Sr" e $rs.Constituintes:

Desejo registrar, neste espaço de tempo, duasdas quatro emendas que vou apresentar nestafase final, sendo que o registro das outras duasdeverei fazer amanhã, neste Plenário. Uma dasemendas tem o seguinte teor:

"Acrescente-se parágrafo com a seguinteredação:

Art. 16. Perderá o mandato quem se fi­liar a partido diverso daquele pelo qual seapresentou a sufrágio, salvo em caso da ex­tinção do anterior".

Sr. Presidente, quando alguém é candidato,uma condição básica é que esteja filiado a umpartido político. Ao momento em que alguém sefiliaa um partido político, assina no verso da fichaum compromisso de adotar o seu programa. Ba­seado nesse programa, ele vaivisitar seus eleitorese vai tentar conquistar os votos. Vai conseguir,então, uma procuração desses eleitores para noseu nome falar ou no seu nome desempenharum cargo eletivo. Lamentavelmente, a nossa le­gislação não tem nenhuma regra que vincule omandato ao Partido. Hoje, um dos motivos demaior desmoralização da classe política brasileira,não tenho nenhuma dúvida em afirmar, é essaconstante migração que existe, de parlamentarese de executivos de um partido para outro, duranteseu mandato.

O meu Partido, por exemplo, que tinha trezen­tos e poucos deputados, terminou com sessentana legislatura passada. E, o que é mais grave,aqueles que saíram do Partido flzerarrr tudo paraacabar com o Partido-que os elegeu. Essa emen­da, aliás, não é nenhuma novidade. Ela é umareprodução, um pouco modificada, do art. 163da Constituição portuguesa que sabiamente ado­tou o instituto da fidelidade partidária, que é umanecessidade em qualquer país sério, para serepor,também, um pouco de seriedade na classe po­lítica.

Vou apresentar essa emenda, Sr. Presidente,sem grandes ilusões, porque uma AssembléiaConstituinte Congressual dificilmente vai proce­der a alterações mais profundas Mas vou apre­sentar por uma questão de convicção pessoal,uma questão de consciência. Não posso aceitarque uma pessoa, eleita por um partido, volte-se,depois, contra o Partido que a elegeu, como senão tivesse nenhum compromisso. Essa pessoasó terá dois caminhos por essa emenda: discor­dando do Partido, ela, se tiver 'dignidade, vai re­nunciar ao seu mandato; ou, então, será cassada,se sair do Partido e tentar se filiara outra legenda.

Isto aparentemente antipático, é um institutoque visa, exatamente, a resguardar o bom nomeda classe política, principalmente num país ondeo atual Presidente da República era Senador deum partido, saiu desse partido, se filiou a outro,

• não renunciou a mandato e foi eleito Presidente

de Honra de um terceiro partido. Isto só no Brasilacontece.

Temos vários Senadores, Sr. Presidente, poisos Deputados já foram eleitos pelos Partidosatuais, e vários eleitos pela legenda do PDS, masque não renunciaram e continuam em outros Par­tidos, combatendo o Partido que os elegeu.

Vou apresentar esta emenda com absoluta con­vícção de que estou tentando dar um passo paradevolver um pouco de seriedade ao exercício daatividade política neste País.

A segunda emenda, para ser inserida no Capí­tulo das Disposições Transitórias, sobre a qualjá fiz referência na Comissão de Sistematização,objetiva resguardar um direito adquirido, reporjustiça num caso em que houve uma falha gri­tante da Assembléia Nacional Constituinte a nívelda Comissão de Sistematização. Fui um dos pro­ponentes do término do acúmulo de cargos, da­queles cargos que existem hoje no art 99 daConstituição Federal. São quatro situações deacúmulo de cargo: juiz e professor, dois cargosde professor, um cargo de professor com outrotécnico ou Científico, ou dois cargos privativosde médico Essas são situações legais, morais,que devem ser resguardadas para aqueles que,até a promulgação da Constituição, estiveremsendo titulares desses dois cargos

Lamentavelmente, nas Disposições Transitó­rias propostas na Comissão de Sistematização,apenas se reconheceu como direito adquirido osdois cargos de médico, o que foi mais grave doque não se tivesse reconhecido nenhum, porqueaí passou-se a consagrar uma odiosa discrimi­nação em termos de Texto Constitucional Vouapresentar essa emenda para que seja asseguradacomo direito adquirido do seus titulares a acumu­lação remunerada de cargos e funções reconhe­cidas em lei até a data da promulgação da novaConstituição. É evidente que a partir da promul­gação não haverá mais a possibilidade de umapessoa ter dois cargos, nem teríamos como justifi­car, Sr. Presidente, pois como digo, num paísde desempregados, não se pode justificar o privi­légio de alguém ter dois empregos.

Sr. Presidente, muito obrigado. (Muito bem!)

O SR. SÓLON BORGES DOS REIS (PTB- SP. Sem revisão do orador.) Sr. Presidente,Srs. Consntuíntes:

A Assembléia Nacional Constituinte já foi umareívmdicação popular. Era uma prioridade no pIa­no político, e o povo, na praça pública e por inter­médio de suas organizações e representantes, cla­mava por ela.

Hoje, não é mais. Em matéria de Constituinte,hoje, a única esperança - se é que existe alguma- é uma Constituição quanto antes. A esta alturados acontecimentos, o povo brasileiro já não acre­dita mais em nada e em ninguém. Não acreditano Poder Executivo, em nenhum de seus níveis,nem federal, nem estadual, nem municipal. Nãoacredita no Poder Judiciário: sente na própria car­ne que a Justiça é morosa e cara e, por issomesmo, não consegue ser justa. Não acredita noPoder Legislativo:no Congresso Nacional, encon­tram-se em pauta mais de duzentos decretos-leis,que esperam o pronunciamento da Câmara dosDeputados e do Senado Federal há alguns anos

- agora, sobrecarregada essa pauta com os últi­mos do pacote econômico, que ninguém sabequando vai ser examinado e decidido. E não acre­dita na Assembléia Nacional Constituinte, que jávai para um ano de instalação é nós ainda estamosmarcando passo, patinando, sem uma perspec­tiva de conclusão dos trabalhos. O mais patrióticoque se pode fazer, hoje, é apressar, na plenitudede nossas possibilidades, a conclusão da votaçãodo Projeto de Constituição. O que já se estudounesta Casa em matéria de Constituição é sufi­ciente: ouvimos, como nenhuma outra Consti­tuinte no passado ouviu, as instituições populares,governamentais, culturais de todos os niveis enaturezas e pontos de vista.

Ouvimos, desta mesma tribuna, gente vindadiretamente do povo, para falar sobre os anseiospopulares. Fizemos um curso intensivo, num anode estudos, de toda a problemática nacional, des­de o aborto até a estabrlídade no emprego, desdeo parlamentarismo até o papel das Forças Arma­das, desde o ensino público atá a situação doscartorários. Tudo se estudou e se estuda ainda,mas não há perspectiva de dar à Nação a Consti­tuição que ela espera. E que não pode ser umaConstituição que reproduza pura e simplesmenteo que está ai, porque para isso não seria neces­sáno convocar uma Assembléia Nacional Consti­tuinte. Poderíamos ficar com a Constituição im­posta pela Junta Militarem 1969, e não teríamosa responsabilidade de dar forma jurídica a umasituação que o povo quer mudar, a responsa­bilidade continuaria na conta dos militares. Agora,não podemos mais pôr a responsabilidade naconta das Forças Armadas; somos nós que temosque dar, e já vamos dar tarde, uma Constituiçãosocialmente projetada para o futuro. Óbvio quenão vamos fazer uma revolução com a Consti­tuição, porque.não é um ponto de chegada, masum ponto de partida, mas vamos reformar o queestá aí, porque mudar é realmente a aspiraçãopopular. O povo não acredita mais em nada enem em nmguém, nos Poderes Públicos, nas insti­tuições públicas e, em particular, nos partidos po­líticos, e nos políticos menos ainda O povo nãoacredita em nenhum sistema de governo, nãoacredita na pregação revolucionária marxista, por­que não quer sair da exploração para cair na es­cravrdão: não acredita em palavras e está cansadode debatedores e planejadores, reclamando ur­gentemente por fazedores. E continuamos mar­cando passo, com prazos em cima de prazos,como se estivéssemos jejunos sobre a matériaque vamos votar, quando cada um já tem aquisua posição.

Façamos Sr. Presidente, Srs. Constituintes, oquanto antes, a conclusão do trabalho. Vamoscomeçar pela definição do sistema de govemo,porque o que está aí é um imperialismo presi­dencial, ou um presidencialtsmo imperial e uni­pessoal, em que os Ministros não contam, porquesó vale a voz e a palavra do Senhor Presidente;vamos começar mudando o Govemo, definindoo mandato em quatro anos, pois já que o Governo,para ter o apoio do povo, não quer mudar o seudiscurso e não quer mudar a sua política, mude­mos, então, o Governo, porque o que o povoespera, ainda, na sua desesperança está no binô­mio: "Constituinte já"! e "Eleições para Presidenteda República o quanto antes"! (Muito bem!)

Page 11: República Federativa do Brasil ASSEMBLÉIA NACIONAL ...imagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/166anc13jan1988.pdfBRAstUA-DF República Federativa do Brasil NACIONAL CONSTITUINTE DIÁRIO

Janeiro de 1988 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Quarta-feira 13 6417

o SR. IRAJÁ RODRIGUES (PMDB - RS.Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, SI'"e Srs. Constituintes:

Enquanto a Assembléia Nacional Constituintee alguns políticos brasrleíros discutem em tornodo mandato do Presidente da República - sede 4 ou 5 anos - o Brasil marcha, acelerada­mente, para os braços do Fundo Monetário Inter­nacional E marchar para os braços do FundoMonetário Internacional representa dizer que teráque cumprir a receita subscnta, tradicionalmente,pelo Fundo, através da recessão, através da estag­nação, através do desemprego, através do arro­cho salarial, pior do que tudo isto que está aconte­cendo ainda hoje. Por esse motivo, estamosacompanhando, com enorme apreensão, esta en­trega. Em troca de que o Brasil fez o seu acordo,no final do ano passado, com os bancos credores,comprometendo-se a irao Fundo Monetário Inter­nacional? Em troca de nada. O que, na verdade,naquele instante, o Brasil quena era que fossemos juros fixados até um determinado patamar,os juros internacionais, e que houvesse a possibi­lidade de securitização da dívida, ou que fossemreduzidos os spreads. POIS bem, depois de umanegociação de meses e meses, nada disso o Brasilconseguiu, e acabou assinando um acordo emque simplesmente suspendeu a moratória e secomprometeu a voltar a negociar com o FundoMonetário Internacional. Naquele momento aindase dizia que o acordo com os bancos comerciaisserra fechado primeiro, para que, depois, então,o Brasil voltasse a negociar com o Fundo.

O Presidente da República José Sarney, deacordo com o que nos declara a imprensa ­e não fOI desmentido - determina, no entanto,que o acordo com o Fundo seja feito Imediata­mente, e já se vê a grande imprensa nacionalreproduzindo manifestações, como se pode vernos jornais de hoje, que seriam oriundas do Palá­cio do Planalto, buscando dourar a pílula. Diz-sehoje, em letras garrafais, na imprensa do Brasil,que a ida ao FMI daria 10,5 bilhões de dólaresao Brasil. O que se pretende com este anúncio?Pretende-se tornar "palatável" a entrega destePaís, mais uma vez, ao domínio do Sistema Finan­ceiro lnternacional, pior do que já está hoje entre­gue. E vai-se a alguns excessos que simplesmenterepresentam um acinte ao povo brasileiro. Diz-seaqui que desses 10,5 bilhões de dólares, viriamainda este ano 7,5 bilhões de dólares. Sabemosque nada disso vai acontecer. O Brasil sabe disso.

Há alguns meses estivemos, junto com outrosDeputados, nos Estados Unidos, e lá colhemosinformação, junto ao Sistema Financeiro Interna­cional, de que nos próximos 15 anos a AméricaLatina não receberia um dólar novo, isto é, sóteria dinheiro para rolar a sua dívida.

Fala-se aqui que teríamos 7,5 bilhões de dóla­res, mas de onde é que vem esse dinheiro? Teori­camente, viria o montante de 1 bilhão de dólaresdo Fundo Monetário Internacional. Na realidade,entretanto, seriam apenas direitos especiais deSaque, que não representam o ingresso de capt­tais novos.

Fala-se que 1,5 bilhão de dólares seriam repre­sentados por conversão da dívida em capital derisco. Mas, desde quando conversão de dívidajá feita, de dólares que já entraram em outrosanos no Brasil, desde quando dívida já existentepode representar, a sua conversão, capital de ris-

co, dinheiro novo? Isto é tentar enganar o povo.Conversão de dívida não é, não pode ser, jamaisserá dinheiro novo.

Portanto, dos 7,5 bilhões de dólares apregoa­dos para este ano, Já temos 2,5 bilhões a menos

Fala-se na hipotética vinda de 3 bilhões de dóla­res do Japão. Pois recentemente, quando esteveno Brasil, a missão japonesa deixou bem claroque a disponibilidade para toda a América Latinaseria de 4 bilhões de dólares.

Como vamos esperar que de quatro bilhôesde dólares para a América Latina, onde há paísescomo a Argentina, como o México e a Venezuela,que precisam de recursos, como vamos esperarque, desses quatro bilhões de dólares do Japão,três bilhões de dólares venham para o Brasil?E ingenuidade, se não for má fé. Então, podemosreduzir, tranqüilamente, esses três bilhões de dóla­res pela metade. E dos sete bilhões de dólares,de onde já tínhamos reduzido 2,5 bilhões, teremosque reduzir mais 1,5 bilhão, ou seja, quatro bilhõesde dólares. Sobram-se três bilhões de dólares que,fazendo todas as contas pela notícia, eu não sei,não consigo saber de onde viriam.

Fala-se aqui que o Brasil, tendo de pagar esteano apenas cerca de dez bilhões de dólares doserviço da dívida, teria disponibilidade de maisou menos vinte. Não existe ISSO. O Brasil teráque pagar, este ano, do serviço da dívida, cercade doze bilhões de dólares, mas existe ainda oempréstimo ponte de três bilhões de dólares, quefOI feito-para atender aos reclamos dos bancoscomerciais, o que vai representar, então, uma ne­cessidade de despender este ano, com o serviçoda dívida externa, quinze bilhões de dólares, dosquais parece que nós só vamos poder rolar poucomais de seis a sete bilhões.

Por isto, sou daqueles que vê com profundodesagrado, depois de todas as promessas feitasde que a dívida não seria paga com a fome dopovo, que o povo continua com fome, a dívidarecomeça a ser paga nos seus encargos e, maisdo que ISSO, vamos ter mais recessão, miséria,fome e atrelamento ao Sistema Financeiro Inter­nacional por essa Ida inconseqüente, irrespon­sável, de braços e mãos atados, ao Fundo Mone­táno Internacronal,

Cabe ao Parlamento lutar contra isso, seja ado­tando uma postura através de uma resolução ime­diata que proíba a continuidade dessas negocia­ções lesivas, seja fazendo aquilo que nós, inclu­sive, estamos propondo à Casa, através das Dis­posições Transitónas da futura Constituição, asuspensão Imediata do pagamento da dívida ex­terna por cinco anos, para que o Brasil possarespirar e seu povo possa, ao menos, comer, vivere deixar de mandar todo o resultado do suordo trabalho dessa gente para os bolsos dos ban­queiros internacionaís.

Muito obngado! (MUito bem!)

O SR. AUGUSTO CARVALHO (PCB - DF.Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente,Srs. Constituintes:

De há muito temos acompanhado pela impren­sa, em todo o País, notícias as mais desencon­tradas a respeito de uma próxima reforma bancá­na, a ser realizada com o patrocínio do BancoMundial, que, para tanto, repassará ao Banco Cen­trai cerca de 500 milhões de dólares.

Reformas bancárias, falsas ou verdadeiras, têmsido tentadas ou realizadas no Brasil no correrdos anos, a última das quais datada de 31 dedezembro de 1964.

Por isso nos assombra que uma nova e pro­funda modificação em nosso sistema financeirovenha a ser feita sob planejamento e orientaçãode entidade estrangeira, profundamente compro­metida com os interesses das multinacionais emnossa terra.

É certo que não fica fácil defender o SistemaFinanceiro Nacional no seu conjunto. A orgia es­peculativa, os desmandos, o desvio continuadode recursos retirados do setor produtivo para apura e exacerbada especulação financeira, issotudo por si e em si, já seriam elementos bastantespara mostrar que esse sistema precisa de modifi­cação, de controle.

Aqui, talvez um dado nos bastasse. Enquantoa dívida externa, por volta dos 100 bilhões dedólares, nos custa pouco mais de 10 bilhões aoano, em juros e serviços de administração, o setorprodutivo nacional, que deve ao nosso setor finan­ceiro cerca de 90 bilhões, paga, por esses mes­mos acessórios, quase 80 bilhões de dólares. Oi­tenta bilhões - é mais que óbvio - são repas­sados ao consumidor final, ao povo.

Dentro desse mesmo sistema financeiro, assimtão deformado, gira uma dívida mterna que ultra­passa os 4 trilhões de cruzados (mais de 50 bi­lhões de dólares), valor muito superior ao totalda arrecadação governamental a cada ano, arre­cadação que não consegue atingir os 2 trilhõesde cruzados.

Mas estas preocupações, que estamos aqui ex­pondo, de forma sucinta, já eram preocupaçõespresentes às idéias dos Constituintes que, na co­missão temática respectiva, cuidaram de nossosistema financeiro.

AlI, e à base de debates os mais amplos, quandose procurou ouvir todos os segmentos da socie­dade diretamente ou mdiretamente dependentesdas finanças nacionais, foram apresentadas e es­tarão em breve sendo votadas aquelas proposi­ções que, no entender de expressiva maioria, po­derão fazer retornar nosso sistema financeiro aostnlhos da produtividade, da geração de empregos,da baixa de juros, da redução drástica da especu­lação, enfim, ao caminho que a Nação quer queele siga.

O Governo, no entanto, e mais uma vez, fazpor desconhecer este nosso trabalho, este traba­lho expressivo de nossos caros colegas Consti­tumtes e procura, com medidas assim apressa­das, discutidas em gabinetes fechados a que ape­nas uns poucos iluminados tiveram acesso, pro­cura, repetimos, atropelar os trabalhos da Consti­tuinte, como que desconhecendo, na prática suaexistência.

Portanto, Sr. Presidente, Srs. ConstItuintes, nemnos caberia aqui entrar no mérito de modificaçõesque desconhecemos no seu conjunto, na sua ori­gem e nos seus propósitos, porquanto-delas tive­mos conhecimento pelo noticiário da Imprensaque, por ser divulgação, não pode apresentar, emmeia página, em uma página de jornal toda acomplexidade de que se devem revestir tais modi­ficações.

Preocupa-nos, e contra isso protestamos, oaçodarnento com que o Governo pretende verimplementada essa nova reforma bancária, sem

Page 12: República Federativa do Brasil ASSEMBLÉIA NACIONAL ...imagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/166anc13jan1988.pdfBRAstUA-DF República Federativa do Brasil NACIONAL CONSTITUINTE DIÁRIO

6418 Quarta-feira 13 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Janeiro de 1988

que ela transite pelo social, para aprofundar suadiscussão, sem que ela transite pelo Parlamento,para conhecimento mais perfeito, mais completode toda a Nação.

Esse comportamento governamental, Sr. Presi­dente, divorciado dos interesses da Nação, a queinteressa, antes de mais, a promulgação de umtexto constitucional que possa fíxar, em definitivo,as novas regras do jogo democrático, tal compor­tamento, repetimos, precisa sofrer imediata corre­ção de rumo, para que não tenhamos uma refor­ma bancána a atropelar os trabalhos que, na As­sembléia Nacional Constituinte, procuraram, exa­tamente, reordenar nosso sistema financeiro.

.Assombra-nos, ainda, ouvir o novo Mmistro daFazenda, interino de idéia e conceitos próprios,voltar a defender nosso urgente retorno ao pro­cesso recessivo, antipopular, fixado pelo FMI, co­mo esquecido de que, ao seguirmos tal norma­tivo, levamos o País, cada vez mais, próximo àmiséria do povo, da falência mesmo de suas inten­ções políticas.

É gente desse inespressivo gabarito que se pre­tende cercar o Presidente da República, sem saberque, antes de atender a outros reclamos, melhorfaria se procurasse assumir com a Nação o com­promisso histórico de abandonar de pronto o Po­der para que o povo, enfim pudesse, dentro dasregras do jogo democrático a serem fixadas pelaConstituinte, definir seus próprios destinos, por­que é da essência da democracia que o povotenha em suas próprias mãos seu próprio destino.

Muito obrigado, Sr. Presidente. (Muito bem!)

o SR. NELSON SEIXAS (PDT - SP Pro­nuncia o sequinte drscurso.) - Sr. Presidente,Sr"" e Srs. Constituintes'

É pelo respeito ao ser humano que venho aesta tnbuna denunciar uma situação de afrontaà capacidade de auto decisão do povo brasileiro.Trata-se da proibiçáo legal à prática da esterili­zação. Durante vários momentos da história brasi­leira, estivemos sofrendo as Influências de regi­mes políticos autoritários, que se julgavam comlegitimidade para até decidir sobre a vida íntimado cidadão.

Hoje, a situação é outra Atravessamos umatransição para a democracia e discutimos, naConstituinte, a base de uma sociedade mais justae menos opressora Todos nós, cada um em suaárea, partimos para uma análise crítica que VIsaremover os entulhos do autoritansmo históricodo País.

Como médico, sempre vislumbrei esta situaçãodepnmente do cidadão que não deseja aumentarsua prole, que não pode, por questões médicasou pessoais, usar outro método que não a lIgadurade trompas ou a vasectomia, mas que se vê impe­dido pela pesada mão do Estado a se ImiSCUIrna sua vida pessoal.

A norma legal que proíbe a esterilização volun­tária é o Decreto n°20.931, de 11-1-32, que regulae fiscaliza o exercício da medicina, no art 16,Item f Há que se considerar que tal disposiçãolegal representa o senso comum de 66 anos atrás(ditadura Vargas) A sociedade mudou. Prova dis­so é que, neste período, existiram já três Consti­tuições e partimos para a quarta, e todas elasrepresentaram uma ruptura no sistema social.Prova mais fática disto é o fato de a esterilizaçãoestar crescendo 50% ao ano, por "baixo do pano"

Verdade é que a sociedade, na sua maioria,não coaduna com a idéia da lei, e lei que nãorepresenta os anseios da sociedade é letra morta.Assim é que os médicos têm sempre usado expe­dientes cirúrgicos outros, válidos ou não, parapraticar a esterilização, tais como a correção dodesvio do útero, retirada de um inocente cistodo ovário, apendicectomia SIC e pnncipalmenteatravés de cesarianas. Outras vezes somos obriga­dos a fazera salpingectomia, por pengo de rupturado útero em próxima gravidez, pOIS as mulheres"forçam" a repetição de cesarianas e o médico,prevendo a possibilidade de ruptura uterina nasegunda, terceira ou no máximo na quarta cesa­riana, é obrigado a ligar as trompas. Neste pro­cesso não culpo, absolutamente os médicos, poisestes não fazem mais do que sua obrigação.

A hiprocrisia é a base de todo processo dedepreciação das instituições. Leis, que ao tempoem que atacam a liberdade individual,trazem des­crédito às instituições por falta de vinculo coma realidade do País, são leis que devem ser subsn­tuídas, que devem dar lugar a outras mais condi­zentes com a realidade.

Quanto à operação de esterihzação em si, énecessário acabar com os preconceitos machis­tas e mesmo o.medo da impotência, que fazemque o homem se negue à prática da vasectorrua,só criando riscos para a mulher. A vasectornraé uma operação simples, barata, que exige apenasanestesia local e não exige intemação. A laquea­dura de trompas exige a abertura do abdômen,anestesia geral e internação. Não há motivos paraque a mulher passe por operação tão complexa,se o homem pode obter o mesmo resultado atra­vés de operação tão simples.

Quero enfim, deixar claro que, como médicoe como Parlamentar, sou pelo fim do preconceitolegal contra este método anticonceptivo, sou pelofim da Intromissão do Estado em assuntos tãoparticulares, intromissão que só pode criar a hipo­crisia, que vem minar as instituições que preten­demos defender.

Os casais devem entre si decidir quantos filhosquerem e que métodos pretendem utilizar parao planejamento, familiar.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente. (Muitobem!)

Durante o discurso do Sr. Constituinte Nel­son Seixas, o Sr. Jorge Arbeqe, Segundo­Vice-Presidente, deixa a cadeira da presidên­cia, que é ocupada pelo Sr. Ulysses Guima­rães, Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães)­Tem a palavra o Sr. Constituinte Oswaldo Tre­visan.

O SR. OSWALDO TREVISAN - (PMDB­PR Sem revisão do orador.) - Sr Presidente,Srs. Constituintes:

Temos analisado desta tribuna, nos últimosdias, alguns aspectos do Projeto de Constituiçãoda Comissão de Sistematização.

Hoje, trazemos aqui para análise o art. 16, quetrata dos Direitos Políticos, e cuja redação é aseguinte:

"Art. 16. O sufráqro é universal, e o votodireto e secreto, com igual valor para todos."

No § 4°, o projeto Inicia a relação dos casosde inelegibilidade, onde está escrito:

"São inelegíveis os inalistáveis, os analfa­betos e os que não tenham completado de­zoito anos na data da eleição."

No § 5°, prossegue:

"São inelegíveis para os mesmos cargos,no período subsequente, o Presidente da Re­pública, os Governadores de Estado e doDistrito Federal, os Prefeitos e quem os hou­ver sucedido, ou substituído nos seis mesesanteriores à eleição."

No § 6° ainda trata que:

"Para concorrerem a outros cargos, o Pre­sidente da República, os Governadores deEstado e do Distrito Federal e os Prefeitosdevem renunciar aos respectivos mandatosaté seis meses antes do pleito"

Mas,Sr. Presidente, quando chega no § 7°,pare­ce-me que se esgota o assunto, ao remeter paraa lei complementar os demais casos de íneleqíbr­lidade, assim redigido.

"§ 7° Lei Complementar estabeleceráoutros casos de inelegibilidade e os prazosde sua cessação, a fim de proteger a norma­lidade e legitimidade das eleições, contra ainfluência do poder econômico ou o abusodo exercício de função, cargo ou empregona administração direta ou indireta."

Então, parece-me, Sr. Presidente, que com este§ 7° se esgota, dentro do Projeto de Constituição,o assunto com respeito à inelegibilidade, porquea Constituição manda para a lei complementartodos os demais casos.

No entanto, Sr. Presidente, examinando aquios §§ 8°,9°e 10, eles também vão tratar de inelegi­bilidade, ao dizer:

e "§ 8° São elegíveis os militares alistá­veis com mais de dez anos de serviço ativo,os quais serão agregados, apartir da filiaçãopartidária, pela autoridade superior; se elei­tos, passarão automaticamente para a inativi­dade quando diplomados Os de menos dezanos de serviço ativo só são eleqívers casose afastem espontaneamente da atividade"

"§ 9° São inelegíveis para qualquer car­go, no território de jurisdição do titular, ocônjuge ou os parentes até segundo grau,por consangúinidade, afinidade ou adoção,do Presidente da República, do Governadore do Prefeito que tenahm exercido mais dametade do mandato, ressalvados os que jáexercem mandato eletivo."

Então, o que nos parece, Sr. Presidente? Preci­samos procurar enxugar este Projeto de Consti­tuição, entendendo que uma Constituição e umdocumento substantivo, não podendo adjetivaras coisas, sob pena de ter a sua duração encur­tada, de ter a sua durabilidade diminuída.

Precisamos escrever uma Constituição de ma­neira substantiva escrevendo nela somente aquiloque vai estabelecer o principal ordenamento jurí­dico da Nação. Por ISSO fazer com ela contenhaos pressupostos básicos de uma Constituição.(Muito bem!)

Page 13: República Federativa do Brasil ASSEMBLÉIA NACIONAL ...imagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/166anc13jan1988.pdfBRAstUA-DF República Federativa do Brasil NACIONAL CONSTITUINTE DIÁRIO

Janeiro de 1988 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Quarta-feira 13 6419

o SR. MENDES RIBEIRO (PMDB - RS.Pronuncia o sequtnte discurso.) - Sr. Presidente,Srs. Constituintes:

Quantas pessoas assistiram o espetáculo habr­tual de fim de ano de Roberto Carlos?

Por baixo, 100 milhões?O dado, no caso, é relevante. Impacto parecido

somente poderia acontecer em outra noite de ga­la, revestida de ineditismo. Com espera e expec­tativa programadas e essenciais à manutençãode um contexto onde um homem se condicionoue foi condrcionado a ser, mvanavelmente, bnlhan­te

Logo, conclusão primeira, tudo quanto é afir­mado, VIsto e ouvido em ocasiões sirmlares, rarís­simas, entendam, tem cunho deflrutrvo.

Marca. Faz opinião pública. Firma conceito Emuma palavra: dirige.

Crítica ou aplauso, em cena de tal porte, platéiade drmensões incalculáveis, sem fronteiras, ga­nham contornos superlativos. Consagram ou li­quidam.

Dois bem, fui um dos 100 milhões.Abismado, ouvi Erasmo Carlos. "O meu amigo

Erasmo Carlos," no dizer de Roberto Acusadorsobre a tragédia de Goiânia e, no rastro da inter­venção: "Vamos ver se os Constitumtes impedema repetição de tais fatos, responsáveis que são..."

Por Deus!Há leis sobrando. Não é temática constitucionaL

Nada, em matéria de Carta Maior, fará quem querque seja cumprir as regras. Criar responsabrlí­dades. Quando? Onde? Como? Em qualquer paísdo mundo, nenhum Ieqtslador tem ou terá a oni­potência de ser obstáculo intransponível para al­guém abandonar um aparelho de uso médico,Um caçador de ferro velho ver a peça. Ignorante,quebrar. E crianças ou adultos, de Igual sorte in­cultos e desinformados, acharem lindo o brilhomortífero da luz azulada e se banharem com ela.

Respondam os esclarecidos ou nem tanto:quem reparará a falsa ídéia semeada? Quem vaimostrar ao povo não ser da seara dos Consti­tuintes fatos assim? Afastar a frustração e o des­crédito fatais, se e quando algo semelhante voltara ocorrer?

Lei não é mentalidade.A regra para a SOCIedade, não pode e não deve

ser confundida com o exercício da autoridade.A afirmação de quem comanda. A punição dequem transgride. A manutenção da ordem. O res­peitar para ser respeitado. O cada um em suaseara. A participação de todos.

Inobstante, disseminada a desinformação, osfrutos serão os piores possíveis Temo, consta­tando a facilidade com que as pessoas totalmentedespreparadas, incapazes de distinguir espéciesde diplomas, atribuições e outros dados primáriospara quem legisla ou quer informar com segu­rança, se arvoram em orientar a opímão públicae a insuflar falsos valores.

Nem toda a Assembléia Nacional usando seus.espaços disponíveis será capaz de derrubar o"dogma" de Erasmo Carlos: "Os senhores daConstitumte não podem permitir tragédias comoa de Goiânia."

Tenho lido, ouvido, assistido. coisas seriíssimas.Há que impedir ladrões de fugir Assassinos

de matar. Safados de colarinho branco ou corqualquer passarem impunes. Sonegadores, sone­gar. Série Infindável de providências e reformas!

Quanta bobagem!Lembro, na campanha, repeti até a exaustão,

a verdade de Ruy Barbosa. Bastariam dois artigos."Ter vergonha na cara e revogar as drsposiçôesem contrário" Teríamos a Regra das Regras OsDez Mandamentos, por que não?

lnobstante, VItal a guinada de mentalidade. Paraconseguir, Inexistem leis Há que educar. E o prí­metro cuidado é impedir, por qualquer meio ouforma, que gente dotada de poder de comuni­cação acima do comum, atropele a verdade. Obom senso. A razão e o próprio Interesse nacional,blasfemando. É blasfêmia dar ao povo como cor­retas, Impropriedades.

Pensem. Erasmo não é réu Isolado em tal con­texto.

O SR. SAMIR ACHÓA (PMDB-SP.Pronunciao seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs Cons­tituintes.

A Associação Nacional dos Fiscais de Contri­buiçóes Previdenciárias - AMFIP-, em seu Infor­me de n" l-a, díriqrda a seus associados versa,como não poderia deixar de ser, sobre os assuntosatinentes aos servidores aposentados e pensio­nistas da Previdência Social, dizendo que vão ser"cassados" em pleno regime democrático, ao se­rem excluídos do plano de "Sistema de Carreiras,Cargos e Salários", da Previdência a ser enviadoao Congresso Nacional

Segundo o Informe da AMAP os motivos sãoos costumeiros' "A alegada falta de recursos fi­nanceiros para conceder os benefícios do novoPlano (reajuste médio de 100%) aos aposentadose pensionistas". Contudo, eles mesmos lembramque o lAPAS possui, hoje, um saldo de caixa de120 bilhões de cruzados e as despesas com pes­soal (ativo, pensionistas e aposentados) não che­gam a 6% da receita previdenciária. Por outrolado, o custeio de proventos e pensões não chegaa 20% da remuneração do pessoal ativo.

Não é justo, Sr. Presidente, venha a persístrr 'essa ignOmInIOSa marginalização dos servidoresinativos depois de toda uma vida dedicada aotrabalho, vendo, angustiosamente, de ano a anoserem vorazmente diminuídos seus proventos osquais não fazem face sequer às necessidades mí­nimas de sobrevivência. E tudo isso ocorre aoarrepio do "Plano de Classificação de Cargos"(Lei n" 5 645/70) que determina a extensãodeseus benefícios aos aposentados e pensionístas,como se verifica também pelo Decreto-Lei n°1.325/74 e diversas instruções do DASP.

Tal fato chega a ser OdIOSO, além de discrímí­natório, pois outras carreiras já foram reclassi­ficadas com base no referido Plano. Só comoexemplo, encontram-se beneficiados pelas refor­muIações os aposentados e pensionistas das se­guintes carreiras. Auditor da Receita Federal eTéCnICO de Tesouro Federal (art. 7°, do Decre­to-Lei n" 2.225, de 1985): Polícia Federal (Dele­gados de Polícia, Pento Criminal e Médico LegIS­ta), reajustados com fulcro no art 11, do Decre­to-Lei n" 2266, de 1985; Professores das Universi­dades Federais (Lei rr 7.595, de 1986 e Decreton° 94.664, de 1987, art. 43): e Procurador e Advo­gado da União e Autarquias (Decreto-Lei n°2.344,de 1987, art.Z'').

Não é justo, portanto, que, no momento emque se cuida da reestruturação dos quadros daPrevidência Social, fiquem excluídos todos os

aposentados e pensionistas do plano de "Sistemade Carreiras, Cargos e Salários", uma medida iné­dita e sem precedentes na hrstóna do serviço pú­bhco federaL

O Congresso Nacional não pode permitir quepermaneça no aludido "Plano" essa clamorosaInjustiça contra os aposentados e pensionistas.

Por essas razões, Sr. Presidente, apelamos se­jam merecidamente contemplados no "SIstemade Carreiras, Cargos e Salários" da PrevidênciaSocial, os aposentados e pensionistas, por serde justiça

Outro assunto, Sr. PresidenteHá muito tempo o Brasilvem exportando gaso­

lma a um preço muito inferior ao do mercadointerno. Pela última entrevista do Presidente daPetrobrás com o Presidente da República, no últi­mo dia 8 p.p., viu-se, contudo, que o preço atualsitua-se em 9 cruzados, estando a Petrobrás ex­portando por dia 120 mil barris de gasolina e,o que é mais grave, Importando óleo diesel aum preço mais elevado que o do mercado interno.

Imediatamente, segundo o Sr. Ozires Silva, énecessário diminuir a exportação de gasolina paraem torno de 80 mil barris diários e dlmmuir aimportação de óleo dieseL

Vê, também, como alternativas Imediatas parase atmqtr o necessário equilíbrio no consumo decombustíveis, estudar-se "uma forma de se esti­mular um pouco o consumo de gasolina" e, poroutro lado, queixa-se do fato de o preço do álcoolser atrelado ao preço da gasolina embora reco­nhecemos que o Proálcool não pode ser prejudi­cado, dentre outros motivos, por sustentar umafrota de 3 milhões de veículos, esclarecendo mes­mo que: "Não faz o menor sentido colocar esseprograma em risco e, por ISSO a CNE vem tendodificuldades para encontrar uma solução quecompatibilIze o consumo de álcool com o de ga­solina"

A tese do Presidente da Petrobrás fundamen­ta-se no princípio de que: "Nós temos de vendera energia não pelo seu volume, mas pelo seuvalor energético. E como o diesel tem mais oumenos o mesmo valor energético da gasolina,não faz sentido nós o vendermos a um preço40% mais baixo. Isto está levando ao excessode consumo de diesel e provocando uma grandedistorção na matriz energética brasileira, obrigan­do-nos a importar diesel, em quantidades cres­centes, a preços mais elevados que os do mer­cado interno Isto resulta em grande prejuízo parao País".

Diante desse impasse, acha o Presidente daPetrobrás que a solução do problema é o usoracional do diesel, o que, no seu próprio modode visualizaro'problema é muito difícilde se fazer,devido a diferença de preços e, também, porqueo motor a diesel é mais eficiente que o motora gasolina, além de ser mais barato.

O fator preço serve, igualmente, para sustentara tese do Sr. Ozires Silva diante da constataçãoóbvia de que a quilometragem rodada do dieselé muito mars barata que a da gasolina e do álcool.

Daí a sugestão do Presidente da Petrobrás deque o CNE altere a sua política a fim de corrigira estrutura energética de hoje. Isto só se conse­gue, no entender do presidente da estatal petro­lífera, através da racionalização do diesel, ou seja,"utilizá-lo apenas onde ele é necessário, fazendo

Page 14: República Federativa do Brasil ASSEMBLÉIA NACIONAL ...imagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/166anc13jan1988.pdfBRAstUA-DF República Federativa do Brasil NACIONAL CONSTITUINTE DIÁRIO

6420 Quarta-feira 13 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Janeiro de 1988

uma melhor diversificação dos combustíveis. Su­gere como medidas de racionalização: a proibiçãodo uso de diesel em automóveis de passeio e,segundo o Presidente da Petrobrás, um melhorresultado da racionalização seria o "aumento noseu preço em relação aos demais combustíveis",pois, para ele, o diesel não tem grande partici­pação nos custos das tarifas".

Outro exemplo do Sr. Ozires Silva é a trocade veículos a álcool da Petrobrás por veículosa gasohna, o que demonstra a dificuldade da colo­cação da gasolina no exterior.

Não deixa de ser elogiável o esforço do Presi­dente da Petrobrás em procurar soluções e alter­nativas para a diminuição da venda de gasolinaao exterior e, conseqüentemente, a menor impor­tação de óleo diesel, vendido a preço subsidiadoao consumidor brasileiro.

Acreditamos, contudo, que, sem prejudicar asmedidas preconizadas pelo Ilustre Presidente daPetrobrás, o Brasil, que já deu um exemplo debom entendimento com a Argentina, podena de­senvolver esforços no sentido de criar um Mer­cado Comum de Combustíveis Latino-Americanovisando a uma melhor utilização e racionalizaçãodo uso dos combustíveis de forma a que o produ­to que sobre em um país falta em outro não venhaa tornar-se um fator de desequilíbrio na balançacomercial, mas, ao contrário, possa atender àsnecessidades dos países produtores e consumi­dores.

Esse sistema funcionaria não somente no queconcerne à troca de derivados de petróleo, apósa fixação prévia, acertada e justa dos produtosderivados de petróleo, evitando, desse modo, acausa que vem provocando perda nas reservascambiais dos países latino-americanos, como,também, serviria como uma grande mola indu­tora para a realização e concretização do incre­mento do comércio exterior entre os países latino­americanos, cuja integração, há muito discutida,nãósomente nos foros internacionais oficiais,mas, sobretudo e principalmente, entre as entida­des de classe representativas dos empresários daindústria e do comércio.

Acreditamos, Sr. Presidente, que através dessemeio atingiremos a tão almejada racionalizaçãodo consumo dos derivados do petróleo (evitan­do-se prejuízos e preços subsidiados) e, também,o aumento do intercâmbio comercial tão vital ànossa integração e sobrevivência, sobretudo emface da cruel dívida externa que tira o sanguedas nossas veias.

o SR. FERES NADER (PDT- RJ. Pronunciao seguinte discurso) - Sr. Presidente, Srs. Cons­tituintes:

O que fazer para que o Brasil, país continentalque luta para se pôr de pé, conquistar um desen­volvimento compatível com suas dispombíllda­des, potencialídades e aspirações? Como desco­brir o fio da meada que, desdobrando-se semembaraçar, revele o melhor caminho, a melhorforma de crescer social e economicamente.

Entendemos que antes do planejamento, dafixação das diretrizes, é indispensável consideraro desenvolvimento regional brasileiro, sôb a óticade seus problemas e perspectivas. E é a economiaque nos fornece o melhor enfoque dentre as ciên­cias SOCiais para se compreender esse desem­penho na sua projeção temporal, muito mais do

que a dimensão espacial do comportamento hu­mano. Com efeito, seus métodos, seus modelosde análise têm-se revelado mais aptos para captar,compreender e explicar as ações humanas notempo do que a sua projeção no espaço.

Esse efeito ocorre no plano teónco, como noaphcado, inclusive, no planejamento. E a dimen­são espacial só vem preocupar quando se diag­nosticam desequilíbrios de níveis ou ritmos dedesenvolvimento, especialmente quando se loca­lizam, regionalmente, defasagens "temporais" decrescimento, ou seja, "atrasos" relativos, locali­zados na dinâmica do processo econôrmco-so­cial.

A longa e polêmica discussão sobre as desi­gualdades regionais de desenvolvimento tem sidoVIsta sob dois aspectos prmcípars: o pnmeiro, quese limita a um exercício de estática comparativa;e a segunda, que se atém ao exame de desem­penho ou de dinâmica de crescimento.

Na estático-comparativa, constatamos o con­fronto dos indicadores de desenvolvimento rela­tivo - o produto interno "per capita", pnncípal­mente, para chegar-se à conclusão de que asdisparidades regionais de níveis de renda perma­necem virtualmente as mesmas, sobretudo noNordeste, cujo produto "per capíta" se mantémem tomo de 25 a 40% .

Já no tocante à análise da dinâmica de cresci­mento, considera-se isoladamente uma região ­o Nordeste é o modelo preferido -, examinan­do-se o seu desempenho nos últimos anos, combase em indicadores econômico-sociais, a fimde verificar se a região foi capaz de acompanharo ritmo de desenvolvimento levado a efeito noPaís como um todo.

Na verdade, Sr. Presidente, não é fácil escaparà tentação das comparações estáticas de níveisde desenvolvimento ou de considerar indicadoresde desempenho E, mais impossível, é escaparaos juízes de valor, implícitos ou explícitos, naprocura de uma objetividade que não é inerenteàs ciências sociais E, muitas vezes, o que é ape­nas uma tentativa de compreender uma socie­dade humana transforma-se em proposta paratransformá-la.

Desse modo, entendemos que este é o fio dameada, o ponto de partida para o desenvolvimen­to, em particular o regional

Obrigado

o SR. CARLOS VINAGRE (PMDB - PA.Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente,Srs. Constituintes:

Os Nobres Deputados Constituintes Benito Ga­ma (PFL da Bahia) e Fernando Bezerra Coelho(PMDB de Pernambuco) publicaram na ediçãode 5 de outubro próximo passado, no jornal Oliberal, de Belém do Pará, importantíssimo artigointitulado "Reforma para sairmos do Desastre"que analisa profundamente a tão falada reformatributária que se está esboçando.

A tese que eles ali defenderam, Sr. Presidente,e que encampo em sua totalidade, pode ser resu­mida em uma frase, que eu copio do citado artigo:

"É preciso deixar clara a essência da ques­tão. O que se retira da Umão não são recur­sos, mas poder político".

Aprofundando-se ao âmago de sua tese, osarticulistas sentenciam caustivamente:

"Alega-se que sua (do Governo Federal)participação no "bolo" tributário nacional fi­cará em 35%, caindo] 0%. É verdade Nãose noticia, porém, que parte dos recursosda atual fatia dos 45% já é transfenda aosEstados e Municípios através de convênios,programas e fundos. Analisam-se projetospara manter a "indústria" de consultorias eassessorias. Leva os recursos quem é do Par­tido ou da região da autondade, ou pior,quem faz doações para "cafxmhas't.Isso tudodenunctado na imprensa recentemente peloMimstro do Planejamento".

Cada vez ficamos mais convencidos, Srs. Cons­tituintes, de que o principal problema que temosde resolver com a nova Carta Magna da RepúblicaFederativa do nosso querido Brasil é o do sistemaclientelista que se encastelou, não se sabe comonem quando, mas que foi aos poucos tomandode nosso arcabouço administrativo de modo talque, quando apenas se fala em reforma tributária,o Governo Federal ameaça colocar "Urutus" narua, por assim dizer. Nenhum dos argumentosque o Governo Federal tem apresentado até ago­ra, contra uma reforma tributária equânime e jus­ta, resiste a qualquer exame mais profundo, eos nobres Deputados Benito Gama e FernandoBezerra Coelho, em seujá citado artigo, provaramisto à sociedade. Eu gostaria até de dispor detempo e espaço suficientes para transcrever naíntegra esse seríssimo documento.

Basta, entretanto, repetir a frase que o resumemuito bem: a reforma tributária que queremos,e que vamos aprovar, há de retirar das mãos doGoverno Federal, não apenas o dinheiro com queele corrompe administrações estaduais e muni­cipais, mas também - e principalmente - opoder político demasiado que ele tem, e que tantomal tem feito ao Brasil há muitas décadas.

Era o que tinha para dizer.

o SR. CHRISTOVAM CHIARADIA (PFL­MG. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presi­dente, Srs. Constituintes:

São Lourenço, a acolhedora estância hidromi­neral do sul de Minas Gerais, é nacionalmenteconhecida e justificadamente famosa, já que pro­porciona aos seus hóspedes e habitantes, querbrasileiros, quer oriundos de outras partes domundo, além de suas magníficas fontes medici­nais, boa hotelaria, o belo e espaçoso parque daságuas e lazer turístico adequado Em postçáo geo­gráfica privileqiada, fica ao alcançe de um passeiorodoviário de poucas horas, a partir de Belo Hori­zonte, do Rio e de São Paulo, situação vantajosaessa que compartilha com suas amistosas con­correntes Caxambu, Cambuquira e Lambari.

Pelas suas características, São Lourenço temuma vocação natural, que desenvolveu ao longodos anos, de centro de prestação de serviços,uns para o atendimento de sua população, daqual parcela importante é flutuante, e outros volta­dos para os são-lourencíanos, de sorte a propi­ciar-lhes meios de subsistência e fixação na re­gião, com a oferta de empregos decentes, bonseducandários, repartições de saúde e segurançapúblicas, assistência social, laborial e Judiciária,e assim por diante.

Vou abordar agora caso peculiar, de alto inte­resse para o Município. O Minas Gerais, publi-

Page 15: República Federativa do Brasil ASSEMBLÉIA NACIONAL ...imagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/166anc13jan1988.pdfBRAstUA-DF República Federativa do Brasil NACIONAL CONSTITUINTE DIÁRIO

Janeiro de 1988 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Quarta-feira 13 6421

cando atos da Justiça do Trabalho, noticiou acomposição das sub-regiões jurlsdrcionais, sendoque a 4', com sede em Pouso Alegre, é formadapor ltajubá, Varginha e Poços de Caldas e prevêa mclusão de Caxarnbu, mas ainda não foi criadanem mstalada

Acho necessário enfatizar as peculiaridades deSão Lourenço, o menor município de Minas Ge­rais, que sente dificuldades em receber os investi­mentos de que necessita na busca constante demeIOS de desenvolvimento o progresso econô­mico e social

Valelembrar os esforços de São Lourenço, querno setor público, quer no particular, assim tentan­do garantir a todos os que necessitam de saúdeo direito de consegui-la através de nosso clima,de nossas águas e de uma infra-estrutura admi­rável e custosa.

Em que pese o seu minúsculo território, o Par­que das Águas, que é o maior dos sirrulares, sendocom a área de proteção das fontes, ocupa áreasnobres e de um tamanho tal que afeta a capaci­dade de abragir muitos empreendimentos; daí,com toda razão, surgiu a idéia de, paralelamenteao turismo, transformar a cidade em uma grandeprestadora de serviços. Por ISSO, desejam suaslideranças instalar ali uma junta de Conciliaçãoe Julgamento.

A mesma coisa não ocorre com a sirnpátrcaconcorrente Caxambu, que tem um território vá­rias vezes maior, explora com desenvoltura a pe­cuária, a lavoura, a avicultura e tem até uma side­rúrgica.

Quando da criação e instalação da Junta deVarginha, para lá foram levadas as ComarcasCambuquira e Larnban: restaram na região asComarcas de Passa Quatro, ltanhandu, São Lou­renço, Carmo de Minas, Cristina, Caxambu, Con­ceiçáo do Rio Verde, Baependi e Aiuruoca, so­mando aproximadamente 30 cidades, e que têm,em seus respectivos juízes de direito, os magis­trados das questões trabalhistas, num acúmuloprejudicial de atríbuiçôes.

Sei que a Comarca de Andrelàndia deverá seranexada à Justiça Trabalhista de JUIZ de Fora,de onde se conclui que São Lourenço será oponto mais central para todos, lIgado praticamen­te a todas as cidades por diversos horários deônibus e com o maior hospital da região

Vale registrar que as cidades de Congonhas,Muriaé, Araxá, Araguari, Bom Despacho, Pttangul,Lavras, Itaúna, Manhuaçu, AImorés, Curvelo, Dia­mantina, .Januáno, Pírapora, Guaxupé, Patos deMInas, Paracatu, Patrocíruo, Almenara e MonteAzul também se encontram no mesmo ponto deCaxambu: estão reivindicando, mas também am­da não tiveram os seus pedidos atendidos

Para finalizar, adianto que além do meu empe­nho pessoal, o que or.a reivmdico é em atençãoà Câmara Mumcipal, que se encontra mobilizadapara levar para São Lourenço mais este benefício,Importantíssimo para todos os que querem real­mente o progresso dessa terra formosa.

o SR. SIQUEIRA CAMPOS (pDC - GO.Pronuncia o seguinte discurso ) - Sr Presidente,Srs. Constitumtes:

Por diversas vezes tenho insistido Junto ao Mi­rustro da Aeronáutica no sentido de consolidar

o serviço aéreo, com avião de todos os níveis,em Araguaína, Goiás, a mais importante e popu­losa cidade do futuro Estado do Tocantins.

Para consolidação do serviço aéreo, com equt­pamento de primeiro nível e, portanto, dos de­mais, será necessário que a Infraero, ou o DAC,assuma a Coordenação do Aeroporto.

O aeroporto de Araguaína, apesar de funcionarhá mais de dez anos e ter todas as condiçõesde segurança, está abandonado, operando comaviões a jato, sem a coordenação da Infraero oudo DAC.

A lnfraero diz que não assume o aeroporto deAraguaina porque a área de terras sobre a qualele foi construído não foi ainda doada àquela em­presa.

Embora estranhando que o aeroporto tenhasido costruído pela Comara, órgão do Ministérioda Aeronáutica, sem a prévia legalização do terre­no, estou fazendo gestões, no sentido de atenderàs exigências da lnfraero o mais rapidamente pos­síveL

Necessário, no entanto, se faz que o Sr. Mimstroda Aeronáutica e a Infraero determinem a ida deum assessor jurídico a Araguaína a fim de recebera doação da área do Prefeito Corneliano Barros,que já me assegurou que está pronto para fazera doação.

Ao concluir este meu pronunciamento, con­duzo a certeza das prontas providênctasdo Minis­tro Moreira Lima e do Presidente Ney Menezes,da Infraero, para a consolidação do serviço aéreoem Araguaína.

Era o que tinha a dizer.

O SR. JORGE ARBAGE (PDS -PA. Pronun­era o seguinte discurso) - Sr. Presidente, Srs.Constituintes:

Na sessão noturna de ontem, do CongressoNacional, ocupei a tribuna e solicitei a transcriçãodo artigo "Convite à Conversão", de autoria doCardeal Eugênio Sales, Arcebispo do Rio de Ja­neiro. Agora, retorno à tribuna da Assembléia Na­cional Constituinte, para cumprir Idêntico objetivo.Desta feita, leto para inserção nos anais dos nos­sos trabalhos, artigo da lavra de Dom EugênioSales, que tem como título "A Mãe não decep­ciona".

No documentário a que me reporto, ambostratam da Imagem Peregrina de Fátima ao Brasil,nos quais são ressaltados aspectos emocionantesdo encontro de milhares de fiéis acotoveladosnos aeroportos ou nos imensos trajetos de Impro­visadas procissões nos diversos Estados que tive­ram o privilégio de recebê-Ia para bênção dassuas populações.

Em recente artigo que divulguei no jornal AProvíncia do Pará, editado no meu Estado, de­monstrei plena convicçáo de que a VIndaao Brasrl,da Imagem de Nossa Senhora de Fátima, nãoresultara de obra do acaso. O plano de Deus sefez presente nesse maravilhoso acontecimento,por que não haveria de faltar-nos em momentotão difícíl e angustiante como o que enfrentamosnos dias atuais,

Com efeito, se podemos sentir a bondade Divi­na na grandeza do seu desígnio, forçoso é admitirque a Mãe de Jesus e nossa, trouxe-nos a forçada revitalização na fé, como único caminho capazde renovar as esperanças quase esmaecidas noamanhã incerto e pleno de surpresas.

Praza a Deus que tenhamos lucidez suficientepara compreendermos a verdadeira razão da visitada Imagem Peregrina de Fátima ao nosso Paísno preciso e oportuno momento das graves dtfí­culdades que a todos nós afligem.

Era o que tínhamos a dizer.

DOCUMENTO A QUE SE REFERE OORADOR:

A MÃENÃo DECEPCIONA

Dom Eugênio de Araújo Sales

Ao trazer a Imagem peregrma de Fátima aoBrasil, pude antecipar o êxito dessa sua visita pelareação que provocou entre tripulantes e passa­geiros do avião da Varig que a transportava. Tivede improvisar uma procissão a cerca de dez milmetros de altitude para atender aos apelos.

Muitos se comoveram.A inspiração dessas viagens com a Imagem

de Nossa Senhora de Fátima partiu de um Conse­lho Intemacional da Juventude CatólicaFeminina,reunida em Gand, abril de 1946. Tmham diantedos olhos os escombros da 2' Grande Guerra

A escultura da Mãe de Jesus foi feita segundoas indicações da Irmã Lúcia, uma das videntes.Coroada pelo arcebispo de Évora em maio de1947, no mesmo dia iniciou a primeira peregri­nação internacional, percorrendo a Espanha,França, Bélgica, chegando à Holanda a lo de se­tembro, para o Congresso Mariano Internacionalde Maastricht. Grande era o entusiasmo e o carí­nho.A fronteira entre a Espanha e a França, fecha­da havia anos, foi aberta para a passagem daSenhora Por toda a parte levava uma mensagemde paz entre as ruínas da última guerra.

Reqressoupor via marítima e foi homenageadana cidade do Porto. Ainda hoje, no pedestal constauma placa mdicativa do evento. Chegou à Covada Iria a 4 de março de 1948.

A 8' peregrinação internacional foi ao BrasiLComeçou pela Bahia a 12 de junho de 1952.Em outubro, após um acidente em Fortaleza, re­gressou a Portugal. A segunda etapa teve mícioa 7 de janeiro de 1953. A imagem chegou às2 horas da madrugada ao Rio de Janeiro. Aquium espetáculo inolvidável foi realizado no Mara­canã a 13 de maio. Retornou a Portugal por viamarítima, a 15 de janeiro de 1954, após percorreros mais distantes rincões de nossa Pátna.

E continuou a levar aos quadrantes do mundoa pregação de Cristo aos homens desatentos.

Por ocasião da visita da Senhora de Fátimaa muitas dioceses do Brasil, nestes dias, é possívelque a uns essa presença cause fastídio, a outras,indiferença; entretanto, esses não são os únicosbrasileiros. A Nação está bem representada pelasmultidões que acorrem à passagem da Mãe deJesus (Lc 1,43) e Mãe dos homens (Jo 19,25-27).

No Brasil, o convite para o Ano Mariano e outrascelebrações da Arquidiocese do Rio se transfor­mou no que vemos, uma peregrinação que abran­ge 33 dioceses e mais de 50 cidades, de Florianó­polis a Belém. Mesmo reduzindo a permanênciano RIO, não foi possível atender a todos os pe­didos.

Para mim o importante não é o entusiasmoque desperta. Reconheço o valor desses choquesemocionais, como contribuição a uma mudançade comportamento rellqioso. Também secundá-

Page 16: República Federativa do Brasil ASSEMBLÉIA NACIONAL ...imagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/166anc13jan1988.pdfBRAstUA-DF República Federativa do Brasil NACIONAL CONSTITUINTE DIÁRIO

6422 Quarta-feira 13 DIÁRIO DAASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Janeiro de 1988

rio, o aspecto dos milagres. Válida, Sim, e extraor­dinária nessa devoção a Nossa Senhora sob essetítulo, é a insistência contida na Mensagem deFátima: a oração, a penitência, a conversão

Podemos dizer que assim é a vida cristã, confor­me a Sagrada Escntura. Acresce outro fator: saberpôr em prática essa doutrina Toda a história bíbli­ca até nossos dias se resume em apelos de Deuse na resposta, negativa ou positiva, dos homens.O uso - bom ou mau - de nossa liberdadecondiciona não apenas a eternidade mas tambémO presente.

A Providência divma lança mão de vários meiospara nos conduzir ao bom caminho Vão do sim­ples apelo e instrução, como no catecismo, aossofrimentos e dificuldades no dia-a-dia, Isso ocor­re com indivíduos e nações. Em épocas difícieis,ela costuma acrescentar outros elementos. Oraé um Santo, como Francisco de Assis para corrigirdesVIOS na Igreja naquela fase de sua históríaLembro o Cisma do Ocidente, a Renascença, otempo de Alexandre VI e os corretivos enviados.Ora são fatos extraordinários, como Lourdes eFátima, cuja aceitação não envolve diretamentea fé, que atingem profundamente os coraçõesabertos à palavra de Deus, de ordinário, os maissimples. Essas apançôes de Nossa Senhora tive­ram de vencer tropeços sem conta, também porparte de autoridades Deus, entretanto, caminhae vence

Neste momento em nossa Pátria o prazer, emsuas ousadas formas, exerce um domínio despó­tico. E eis que percorre milhares de quilômetrosa VIrgem de Fátima pregando a doutrina do Cnstocom voz suave - por ser mãe - mas firme,também por ser de verdadeira mãe. Ensina a peni­tência, exorta à austeridade, por amor ao Evan­gelho.

Numa época de esquecimento dos valores sa­grados, de abandono de Deus, vem Ela insistirna importância da oração. E desce a um prome­nor prático, eficaz, fácil também aos Simples, arecitação do Terço: Nossa Senhora do Rosáriode Fátima!

Neste período que antecede o carnaval, eis quesurge uma voz, estranha ao ruído característicodesta época, mas autêntica, verdadeiro. é o con­vite à conversão. Sem dúvida, poderemos ter asmelhores instituições e as leis mais perfeitas, umaestrutura social, símbolo da justiça e no entantopermanecerá o Brasil imerso no desânimo, nainsatisfação, os indíviduos mergulhados na triste­za. Sem a conversão dos corações, toda a estru­tura será opressiva.

Esta viagem de Nossa Senhora de Fátima vemcom a delicadeza de mãe, vem convidar. Dirige-seaos fiéis e aos transviados Atinge, mesmo quecerrem os ouvidos, os assaltantes dos bancos edas ruas, os corruptos, os violentos, os malversa­dores dos dinheiros públicos, os homens religio­sos que antepuseram o bem material do homemaos direitos inalienáveis de Deus.

Praticamente ninguém deIXOU de tomar conhe­cimento dessa peregrinação da Mãe de Deus enossa Mãe. Uns tentarão esquecer; outros respon­derão negativamente aos apelos da oração, dapenitência e da conversão. Entretanto, estou certode que esta viagem não será em vão.

Sem dúvida, ajudará o Brasil, nesta hora tãoimportante de nossa Históna.A presença da Mãejamais decepciona.

o SR. GONZAGAPATRIOTA (PMDB-PE.Pronuncia o segumte discurso.) - Sr. Presidente,Srs. Constituintes.

Faço desta tribuna, neste momento, um vee­mente apelo ao senhor Presidente José Sarney,no sentido de encaminhar ao Congresso Nacionale ao Conselho Monetário Nacional, mensagemarustiando os microempresários dos débitos con­traídos em estabelecimentos bancários, durantee após a vigência do Plano Cruzado.

A existência da empresa e da economia brasi­leira dependem, basrcamente do microempresá­rio que faz o Intercâmbio comercial entre o produ­tor, revendedor e o consumidor É o rrucroern­presário o esteio do desenvolvimento econômicode uma nação orgaruzada, não devendo ser mar­ginalIzada por desacertos de governos.

A Associação dos Microempresários de Petro­Iina, Estado de Pernambuco, em trabalho con­junto com o Clube de Diretores Lojistas daquelacidade, mostraram às autoridades brasileiras aiminência em que se encontra a classe, muitosdos quais já fecharam as suas portas, venderamestoques e patrimônios para liquidar débitos con­traídos a juros de 'l % e quitados a juros de maisde VInte por cento, outros, esperam as providên­CIaS do Governo Federal

Nosso apelo, Sr. Presidente. atendido na formarequerida, dará condições a que permaneçam ematividades milhões de microempresários para sus­tentação das milhares grandes empresas existen­tes no País

o SR. JOSÉ MOURA (PFL - PE Pronunciao seguinte discurso.) - Sr Presidente, Srs. Cons­tituintes.

Com determinação e senso de responsabilI­dade, tomei a íníciatwa de submeter à apreciaçãodesta augusta assembléia, nos termos regimen­tais, emenda que VIsa estabelecer a realização,a 15 de novembro do corrente ano, de eleiçõesgerais para todos os cargos eletivos pertencentesaos poderes Executivo e Legislativo da Umão, dosEstados, dos Territórios, do Distrito Federal e dosMunicípios

E o fiz por considerar que a convocação daseleições gerais constitui um instrumento de con­senso da vontade popular, refletindo o sentimentonacional de aperfeiçoamento democrático, e semostra fundamental para que o País encontre res­posta mstitucional adequada aos padrões civiliza­dos da convivência política

A experiência histórica ensma que, após umperíodo de transição política, como o que vive­mos, o desenvolvimento democrático repousa navalonzação do processo eleitoral, capaz de propi­ciar uma reforma pacífica e sem traurnatismosdas instituições, permitindo, por outro lado, parti­cipação de todos os cidadãos na construção dofuturo.

Não podemos esquecer, como tive a oportu­mdade de expressar na justificação da emenda,que a Assembléia Nacional Constituinte - instan­te perfeito para a concretização dos melhores an­seios da nacionalidade - deve retratar a vontadede sociedade brasileira, sociedade que está a exi­gir eleições gerais, por entender que as mesmas,obedecendo às hnhas naturais do interesse nacio­nal, conciliam a reivindicação de uma nova ordemSOCial, aberta e pluralista, com o cnténo essencialda legitimação do poder

Compartilho a convicção de que seja qual foro sistema de governo a VIgorar após a Consti­tumte, a aplicação do novo ordenamento jurídiconão pode prescindir da legitimação dos manda­tos, que foram outorgados durante a vigência doantigo regime, oferecendo, aos novos titulares darepresentação popular, condiçóes efetivas de evi­tar as cnses que se superpõem, com enorme pre­Juízo para o País, num processo viCIOSO, desa­fiando a capacidade de ação de governantes elegisladores Só eleições gerais, em todos os ní­veis, poderão propiciar, pelo diálogo responsávelentre as diversas esferas governamentais, o apoiopolitico ao Presidente da República e o grau deconsenso necessáno à solução de conflitos e dosgrandes problemas nacionais.

Não podemos escamotear o fato de que tarseleições, renovando os mandatos eletivos em to­dos os níveis, possibilitarão à Nação a escolhade um governo coerente, seja canalizando de ma­neira adequada as demandas populares, seja cos­turando pactos SOCIaiS mais sólidos e duradouros.

Estou convencido, Sr. Presidente, de que a ins­piração democrática já impregnou nossa políticanos seus valores e na sua prática, e deu ao povobrasileiro uma VIsão clara dos interesses e daspríondades do País.

Dentro desse marco, tenho a certeza de quenão devemos remeter para o futuro, e, com isso,prejudicar as gerações vindouras, os problemasque não queremos, por egoísmo ou insensatez,enfrentar agora

Como já se disse, para a consolidação e o bomfuncionamento de um regime político desenvol­vido, o sistema das forças políticas é tão impor­tante quanto o das instituições constitucionaispropriamente ditas.

As tensões políticas, sociais e econômicas con­tinuam a dornmar e constituem, mesmo, a mol­dura dentro da qual tecemos, em clima de pro­gressivas dificuldades, a vida nacional.

Estou seguro, nessas condições, de que semconvocação de eleições gerais, após a promul­gação do novo texto constitucional, persistirão en­tre nós o elevado nível de instabilidade política,o crescente descontentamento popular e a notóriadeterioração da estrutura partidária.

As eleições gerais que defendo impedirão, efeti­vamente, o recrudescimento de novas crises, darámaior unidade político-administrativa à vida na­cional e exorcizará o perigo de impasses constitu­cionais.

Analisando, pois, de forma abrangente, os pnn­cipais problemas do País, parece-me inequívocoque as possíbtlídades de futuro da nossa socie­dade como um todo poderão penchtar, se conti­nuarmos a acumular antigas frustrações sobreficções novas

O que estou a propor não é utopia. A realizaçãode eleições gerais a 15 de novembro do corrente,além de identificar-se com a imagem mais posi­tiva do espírito brasileiro, além do seu caráter erm­nentemente ético, harmoniza-se com os interes­ses nacionais permanentes.

AAssembléia Constituinte, neste momento dra­mático de nossa história, tem demonstrado, demaneira inequívoca, sua capacidade de ajustar-seàs exigências da evolução da nacionalidade, colo­cando-se, sem preconceitos ou inibiçôes, comodecisivo fator de progresso social e político. Vem

Page 17: República Federativa do Brasil ASSEMBLÉIA NACIONAL ...imagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/166anc13jan1988.pdfBRAstUA-DF República Federativa do Brasil NACIONAL CONSTITUINTE DIÁRIO

Janeiro de 1988 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Quarta-feira 13 6423

agindo sem se deixar levar pela visão umdimen­sional de problemas complexos e, sobretudo, apartir da adesão aos valores que servem de funda­mentos às nossas crenças e Ideais.

Com esse entendimento, encareço aos meusnobres pares o indispensável apoio para a emen­da em questão que representa - insisto - umaexigência da consciência nacional

A consolidação da democracia não será alcan­çada sem que se reconheça aos brasileiros, como advento da nova Constituição, o direito de esco­lher seus governantes, dando por definitivamenteencerrados os períodos de autoritarismo e de tran­sição política.

Diria mesmo que esse direito representa a baseda autoridade e da leqitirmdade do poder futuro.

Aos que persistem em defender tese contrária,como que não querendo aceitar a evidência, repi­to, por oportuno, a frase imortal de Sócrates aGórgras: "Tenhamos a coragem de assumir a ver­dade".

Na contextura desse pensamento, e ao deixaro assunto à histórica decisão deste plenário, queromanifestar a esperança de que, dentro de pers­pectivas aperfeiçoadoras, saberemos ser fiéisaoslegítimos interesses da nossa coletividade, propi­ciando ao Pais, através de eleições gerais, a 15de novembro vindouro, a capacidade de resolveros problemas instítucronars do presente, sem per­der de vista seu cornprorrusso com o futuro.

o SR. PEDRO CANEDO (PFL - GO Pro­nuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente,Srs. Constituintes:

Pela primeira vez na história do ensino superiorno Brasil, a Lei de Isonomia, que contempla pes­soal docente e técnico-adrrunístratívo foi gerada,se não plenamente ao menos em linhas gerais,a partir da colaboração, ora repudiada ora atraída,de três entidades: o Conselho de Reitores dasUniversidades Brasileiras (CRUB), a Federaçãodas Associações de Servidores de UniversidadesBrasileiras (FASUBRA) e a Associaçâo Nacionalde Docentes de Ensino Supenor (ANDES). Senão houve avanços ou conquistas significativas,estas talvez se darão em sua plenitude, quandoos representantes governamentais se despiremde sua condição funcional ou de cúpula de podere partirem para a negociação sem preconceitos;quando os representantes de entIdades não assu­mirem posições aprioristicamente radicais; quan­do nós, como representantes do povo, envolver­mo-nos numa postura que permeabilize o diálogoentre as partes às vezes em litígio e entendermosque educação é um compromisso pnoritário.

Os órgãos governamentais resistem ainda àidéia de autonomía para a universidade brasileira,principalmente se esta for estatal. A autonormadeve ser unificada e nunca multiplicada, para eles.Assim é que na Lei n° 7.596, a que aludimos,o fundamento da isonomia é, justamente, o De­creto-Lei n° 200. Ora, o Decreto-Lei n' 200 preci­sou ser alterado para atender à LeI de Isonomiae ele é ainda o grande redutor ou limitador paraa .autonomia universitária. E a prova disso se en­contra no parágrafo único do art. I" do Decre­to-Lei n' 94.664, verbis: "Respeitada a autonomiadas universidades defmlda em Lei, o Ministérioda Educação exercerá as atríbuições de estudos,coordenação, supervisão e controle, previstas no

art. 115 do Decreto-Lei rr' 200, de 25 de fevereirode 1987, no que se refere às entidades alcançadaspelo art. 1°" Donde se segue que a autonomiada universidade ou das universidades, enquantodepender dos limites da lei, será sempre cerceada.Daí a razão por que apresentei, na época, ao artigo377 do Projeto de Constituição, a seguinte reda­ção: "As Gruversidades gozam, nos termos des­ta Constituição, de autonomia drdático-cíentí­fica, admírustratíva, econômica e financeira. :'

Se os limites da autonomia decorrem da Cons­tituição, não será um simples Decreto-Lei n' 200,em que pesem suas intenções moralizadoras, quese tornará o fundamento para que um Mmlstério,qual anjo tutelar, exerça as atribuições de coorde­nação, de supervisão e de controle do sistemauniversitáno estatal. Aceitar-se-ia, quando muito,que houvesse um controle a posteriori, viaTnbu­nal de Contas da União. Infelizmente, inúmerosdecretos, leis, pareceres, resoluções, que, ao con­trariarem a própria legislação que reconhece nos­sa autonomia, penetram tudo na uruversidade ho­je, fazendo da instituição marionete da burocraciado Estado e mera caudatána de abscôndita polí­tica de prioridades.

A autonomia da universidade é a salvaguardade um conjunto de Iíberdades sociais e indivi­duais, em especial a liberdade de comunicaçãode conhecimentos, que é a Iíberdade de cátedra.À semelhança da Itberdade de imprensa, melhordito, Iíberdade de informação, da liberdade noexercício do pensamento, da convicção políticaou filosófica, liberdade para o exercicio de qual­quer trabalho, ofício ou profissão.

Não se defende a autonomia por si ou em SI,como fórmula que se esgota no processo de po­der: a "autonomia da uruversídade não pode serprivíléqro de grupos, não é liberdade corporativade professores, funcionários ou alunos, nem tam­pouco direito apenas da instituição como um to­do, de realizar a natureza institucional que lheé própria".

Mas autonomia, se não é submissão, não étampouco separação; é liberdade e é obrigação:autonorma é o princípio) o ponto de partida, tam­bém o projeto e meta. E tudo e é nada.

A uruversídade é essencialmente uma relação:relação exigente que intrinsecamente a obriga ecompromete, embora a Iíberte e defina o queé a sua autonomia.

Segundo Paul Rtcoeur, "não é a vontade arbi­trária dos dirigentes umversítáríos: nem tampoucoa vontade conjunta dos pesquisadores e estudan­tes que faz a universidade, mas a relação delescom a ciência, que é constitutiva da própria huma­nidade antes de toda instituição" E conclui Ri­coeur: "O direito de contestação dos estudantes;a liberdade de expressão dos professores no exer­cício de sua função; a autonomia pedagógica,admmistrativa e financeira da universidade nãosão mais que expressões e órgãos desta respon­sabilidade de uns e de outros a respeito do saber".A umversidade nunca pode deixar de ser a suaarché, de seu prmcípio ongináno, ou seja, daidéia que desde a sua origem é sua razão deser e preside a sua instituição: centro humani­zante, produtor e transmissor de um saber siste­mático, crítico, ao mesmo tempo Independente- porque essencialmente comprometido coma verdade, visto estar nisto a vocação e Intencío-

nalidade do saber, - e dependente, isto é, a suareahdade é histórica e socialmente determinada.

Na superação desta contradição de uma inde­pendênciadependente repousa a essência da íns­tiunçáo umversítária, - o que faz da umversidadealgo sempre in fieri, dínárruco, enfim um pro­cesso histónco permanente de afirmação e nego­ciação de si mesma, portanto, de auto-superação.

É isto o que coloca a universidade necessa­riamente acima - embora ela seja histórica esocialmente determinada - dos interesses peru­culares de qualquer pessoa ou grupo de pessoas,inclusive do Estado, dentro ou fora dele. Pela suaessência mesma, a universidade traz consigo amarca e vocação da instituição pública - no sen­tido mais profundo da idéia de res publica latma

Se a umversídade mantém com a sociedadeuma relação dialética (a universidade é a únicainstituição que reflete, como o espelho, a socie­dade, e ao mesmo tempo reflete sobre ela), auniversidade só conquistará de fato sua autono­mia de direito quando for capaz de assurmr, emface da História, o papel inovador de protagomstacrítico de mudanças; quando for capaz de enten­der que a condição básica do exercícid da autono­mia não se esgota na legalidade, mas que o pró­pno pnncípio da legalidade tem sua condição bá­sica no exercício do princípio da democracia.

Para que o Ideal de autonomia da Universidadenão se torne uma abstração ou mero projeto masse transforme a própria Umversidade em tóposneotós ou lugar do inteligível, é então funda­mentaI que se crie um novo ente jurídrco, a Univer­sidade no Brasil, cujos delineamentos se encon­tram, por incrível que o pareça, na LeIde lsonornrae no Decreto n° 94.664. Isso desde que se expur­guem as premissas autoritárias ou os mecanis­mos de dependência de que fala o Decreto-Lein° 200/67. Um ente jurídico tão autônomo queseja o espaço e a liberdade do debate, da busca,da contestação, da interrogação, da polêmica semcastrá-Ia, mutilá-la, sufocá-la, matá-la. Que sejao resultado das contradições, da experiência dopassado e dos impulsos do presente.

Quando se fala da experiência, não se podedesconhecer a grande contribuição de mestresque, em decorrência de fórmulas expulsórtas, seaposentaram. Por uma redescoberta do passado,é que propus, através da emenda, que não maishouvesse aposentadoria compulsória para os do­cente,s das instituições federais de ensino supe­rior. E como se exigisse que o Deputado UlyssesGuimarães, Presidente da Assembléia NacionalConstituinte, se recolhesse ao lar. - E para issome pesou bastante o que li na Folha de S. Paulo,de 16 de maio de 1987: "UFRJ permite a CelsoCunha lecionar depois da aposentadona''. Umaatitude inédita no dizer do escritor, jornalista eprofessor Affonso Romano de Santana, assumidapelo Reitor da Universidade Federal do Rio deJaneiro, professor Horácio Macedo, ao declarar."a partir de agora, quem completar 70 anos nãoserá mais expulso da Universidade". Só que essa"atitude Inédita" foi também tomada bem antespela Universidade Federal de Goiás, ao entregárao professor Paulo Torrnim, a responsabilidadepejo Curso de Direito Agráno, apesar de seus JIí70 anos. Se o ex-DASP não se opusesse, masse opôs.

Page 18: República Federativa do Brasil ASSEMBLÉIA NACIONAL ...imagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/166anc13jan1988.pdfBRAstUA-DF República Federativa do Brasil NACIONAL CONSTITUINTE DIÁRIO

6424 Quarta-feira 13 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Janeiro de 1988 r-:

Autonomia diz respeito à possrbtlídade ou capa­cidade de se recorrer àqueles que, por motivosestranhos ou políticos, se afastaram radicalmenteda atividade universitária, sepulcrados pelas ínsti­tuições políticas brasileiras. É o que aconteceucom Álvaro Vieira Pinto, filósofo por excelência,talvez dos últimos dos grandes filósofos brasi­leiros, expulso do lSEB morto no mais profundoestracismo e infenso a qualquer mecanismo decontato com a universidade brasileira. O mesmovaleria para o caso de alguém do porte de PlínioSussekind da Rocha, que era capaz de se multi­plicar tanto nos desvãos da Física Moderna ouem Nietszche como na análise de uma dita obra­prima do cinema brasileiro, O Umite, de MárioPeixoto.

Autonomia também respeita à possíbrlrdade dea Universidade reconhecer os méritos de um Si­mão Carneiro de Mendonça, sábio não por sermédico mas por ser grande especialista em LógI­ca Simbólica e que, infelizmente, veio a se apo­sentar como Auxiliar de Ensino.

Daí que autonomia também se confunde coma capacidade de as instituições federais de ensinosuperior atualizarem e complementarem os par­císsímos, escandalosamente humilhantes, pro­ventos de antigos docentes que, ao ingressaremna Gniversrdade. após a Revolução de 1964, vie­ram a se aposentar, submetidos hoje a um siste­ma previdenciário perverso. A Lei de Isonomiae o Decreto n" 94.664, pasmem nobres Consti­tuintes, elevaram os vencimentos dos ProfessoresTitulares, em Regime de Dedicação Exclusiva eTitulação de Doutor, a 84.000,00. Mas a Previ­dência Social, com a suposta "recomposição" porforça da LeI rr 7.604, não deixou que alguns Titu­lares chegassem a Cz$ 17.000,00. Querem umexemplo, cito o do professor Genesco FerreiraBretas (que aos 74 anos, prepara um alentadotrabalho sobre a História da Educação em Goiás):apesar de 50 anos de magistério, seus proventosnão atingem Cz$ 12.000,00. Aguarda ele que oMEC dê uma interpretação mais flexível e maissemântica ao disposto no artigo 37, inciso 11, daLei n° 5.540, de 28 de novembro de 1968 Ora,esse artigo 37, inciso 11, estabelece que o docente,regido pela CLT, ao se aposentar aos 70 anos,teria seus proventos do INPS, complementadospela mstituição universitária, se estes não fossemintegrais. (E quando são integrais?). ._

Se a Lei de lsonorma e o Decreto n° 94-664(art. 43 e parágrafo Único) não forem uma camisa­de-força, é possível que uma das principais reivin­dicações dos servidores (docentes e têcrucos-ad­ministrativos) das Universidades Federais, autár­quicas e fundacionais, venha ser atendida Afinal,a lei e o decreto não reduzirárnas Universidadesa um ente jurídico único?

Mas a autonomia que defendemos só será ple­na, quando a Educação dispuser de recursos es­pecíficos. Daí a importância do art. 245 do Projetode Constituição, uma tradição da Emenda Cal­mon: "A União aplicará, anualmente, nunca me­nos de dezoito por cento, e os Estados, o DistritoFederal e os Municípios, vinte e cinco por cento,no mínimo, da receita resultante de impostos, in­clusive a proveniente de transferência na manu­tenção e desenvolvimento do ensino".

Donde se conclui que a autonomia das Univer­sidades Federais, autárqurcas e fundacíonais, sóterá validade, se ela for fundada em norma consti-

tucional e os recursos destinados ao ensino tam­bém uma imposição constitucional específica.

MUito obrigado.

O SR. ANTÔNIO SALIM CURIATI (PDS­SP. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presi­dente, Srs. Constitumtes:

Recebi do nobre Deputado Estadual Abdo Ha­dade cópia do requerimento de constituição deuma Comissão Especial de Inquérito para averi­guar o que está acontecendo na cidade de Iperó,região de Sorocaba, com o Projeto Ararnar,

Sohcito a transcrição da manifestação do nobreDeputado Abdo Hadade, para que esta Casa tomeconhecimento de mais um evento de processa­mento nuclear (enriquecimento de urânio, cons­truir reatores nucleares, etc).

Há necessidade premente deste Congresso detomar uma posição cristalina nesse campo pararesguardar a segurança da população que se en­contra assustada com os problemas advindoscom a manipulação da atual tecnologia nuclear

DOCUMENTO A QUE SE REFERE OORADOR:

São Paulo, 4 de dezembro de 1987

Of. rr 226/87

Prezado Senhor,

Recebi em meu gabinete intensos protestos,dos moradores da cidade de Iperó, próxima deSorocaba, contra a instalação do Projeto Aramarnaquela região.

Em vista disso, apresentamos um Requerimen­to de Constituição de uma Comissão Especialde Inqueríto para averiguar tais reclames

Encammho-lhe cópia do referido Requerimen­to, com o mtuito de informá-lo e solicitar seuapoio para que este assunto seja devidamenteanalisado e debatido na esfera de competênciafederal.

Cordialmente. - Abdo Hadade, DeputadoEstadual.

REQUERIMENTO N° ,DE 1987

Requeremos', nos termos do art. 34 da VI Con­solidação do Regimento Interno, a constituiçãode uma Comissão Especial de Inquénto, com­posta por 7 (sete) membros, para, no prazo de60 (sessenta) dias, investigar os verdadeiros obje­tivos, as condições de pnoridade (dentro do con­texto de desenvolvimento nacional), de viabiliza­ção, de segurança e, particularmente, a origeme o montante dos recursos destinados para a ma­nutenção do Projeto Aramar.

Justificação

É crescente o número de informes sobre aci­dentes em mstalações nucleares em todo o mun­do.

Recentemente no Brasil, fomos testemunha delamentável episódio decorrente, não da expen­mentação ou da produção de combustível nu­clear, mas da simples (e irresponsável) manipu­lação de elemento radiativo.

Por ocasião do encontro do Presidente JoséSarney com o Presidente Raul Alfonsín, fomossurpreendidos com a notícia de que o Brasil jáse encontra em condições de processar o enri­quecimento do urêrno:

Sabemos que a breve incursão deste Pais nomundo das realidades nucleares, tem sido, paradizer o mínimo. uma investida mal refletida, hajavista o programa de usinas atômicas que consu­miu enormes recursos e não produziu, nem delonge, resultados ponderáveis.

Consideramos que, em tempos de Constituinte,este País necessita tomar uma atitude competentediante da questão nuclear, que nunca foi devida­mente debatida e analisada.

O Ministério da Mannha fundou o Centro Expe­rimentaI de Ararnar na Região de Sorocaba, emárea contígua à Fazenda Ipanema, na Cidade deIperó, unidade esta, aparentemente destinada a:produzir o enriquecimento do urânio; construire operar reatores nucleares.

Disto resulta que, na esteira do bem-sucedidoempreendimento de fabricação e comercializaçãode armas convencionais, pretende-se agora, aconstrução de submarinos atômica neste País e,por que também não supôr a construção da bom­ba ato mica naquelas instalações, com seus poste­riores testes...?

Desconsiderando-se o mérito da questão dacomercialização de armas, estará este Pais ínsus­peitadamente redefmmdo sua diretriz de uso paci­fico da tecnologia nuclear, e isso, a despeno deseus problemas de conjuntura sócio-economica?

Estas inqueitantes considerações vêm sendolevantadas por toda sociedade brasileira, e princi­palmente, pela população da região de Sorocabaque é manifestamente contrána a este ernpreen­dimento.

Concluimos, diante deste quadro alarmante,justificar-se uma intervenção enérgica deste Parla­mento, através da instauração de uma ComissãoEspecial de Inquérito, para que sejam definitiva­mente apurados e discutidos os citados fatos

Sala das Sessões, - Abdo Hadadee outros.

O SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães)­Está findo o tempo destinado ao Pequeno Expe­diente

Vai-se passar ao horário de

V - COMUNICAÇÕESDAS LIDERANÇAS

O Sr. Adhemar de Barros Filho- Sr. Presi­dente, peço a palavra para uma comunicação,como Líder do PDT.

O SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães)­Tem a palavra o nobre Constitumte

O SR. ADHEMAR DE BARROS FILHO(PDT - SP. Pronuncia o seguinte díscurso.) ­Sr. Presidente, Srs. Constitumtes, para msenr nosAnais desta Assembléia Nacional Constituinte, leioo artigo de autona do ilustre companheiro e ex­Constituinte Euzébío Rocha, que denuncia algoda maior Importância. Trata-se de um novo es­cândalo sobre o petróleo brasileíro,

Diz o artigo:

NO BRASIL, NOVO ESCÂNDALO DO PE­TRÓLEO

Euzébio RochaEm nenhum pais do mundo, na política

contemporânea e internacional do petróleo,

Page 19: República Federativa do Brasil ASSEMBLÉIA NACIONAL ...imagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/166anc13jan1988.pdfBRAstUA-DF República Federativa do Brasil NACIONAL CONSTITUINTE DIÁRIO

Janeiro de 1988 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Quarta-feira 13 6425

se tem notícia de que uma empresa nacional,depois de ter entregue a uma multinacionalpetrolífera, por contrato, o ônus e a responsa­bIlidade da exploração ou da pesquisa depeterminada área geológica, concorde emassumir o dispêndio com os trabalhos deexploração ou pesquisa, garantindo ainda re­muneração à referida empresa estrangeiraque continuará com 30% da área nos termosdo contrato inicial.Significa que a Petrobrásvai assumir as despesas com a exploraçãode petróleo na área cedida a Texaco Explo­ration BrazrlCompany, subsídiária da TexacoINC,referente a 70% do total irucial, passan­do a referida empresa estrangeira a ganharo direito de receber dólares com o petróleoque for encontrado pela Petrobrás, na BaciaSedimentar de Marajó. É o que pretende aempresa norte-americana na proposta quefez à Petrobrás, e já apreciada pela Consul­toria Geral da República. O que a modernahistória internacional do petróleo nos dá notí­cia, é da decrsão do Governo do Iraque, quan­do a Petrobrás encontrou as maiores reservaspetrolíferas do mundo, depois da SegundaGuerra Mundial, em área que as multinacio­nais exploraram e declararam não haver pe­tróleo. Em nome dos interesses nacionais,o Governo Nacional do Iraque cancelou ocontrato Em nome dos interesses do povoiraqueano não vacilou em tomar a referidamedida. Se tivermos um governo nacional,a inconstitucional Associação Petrobrás &Texaco não será autorizada

O Governo Sarney já está em fim de man­dato, caso o Plenário da Constituinte aproveos quatro anos, e não há de querer que asua Presidência seja maculada por uma deci­são que representa o pior desserviço à digni­dade do nosso povo, que lutou pelo mono­pólio estatal do petróleo, umndo CIvis e milita­res, governo e oposição Tal escândalo com­prometerá a autoridade presidencial perantea História.

A Texaco firmou o contrato de risco em19-3-84. Segundo parecer publicado doDOa. de 6-1-1988, os trabalhos explora­tórios teriam levantado 20.000Km de aero­magnetometna regional e coletou cerca de300Km de lmhas sísmicas terrestre e fluvial.Em 3 anos, uma vez que os trabalhos sedesenvolvem satrsfatóríamente, pode-se teruma apreciação satisfatória da área. Positiva­mente, a Texaco não é uma sociedade bene­ficente. Se os levantamentos realizados reve­laram que a área é de alto risco, ela seráde baixa pnoridade para a aplicação de novosinvestimentos Tendo em vista que os contra­tos ja assinados com a Texaco lhe assegu­ram, unicamente em caso de descoberta edesenvolvimento de petróleo em quantida­des comerciais, o reembolso dos custos deexploração e de desenvolvimento, assim co­mo remuneração pelos serviços prestados,pagamentos esses em dólares dos EUA, nãoseria a possibilidade de a empresa ter quedevolver a área sem remuneração nenhuma,que a estaria levando a propor o novo con­trato de associação com a Petrobrás? É evi­dente que se positiva a exploração, a Texaconão concordaria em reduzir a remuneração

contratual. Conseqüentemente a soluçãoconveniente à Petrobrás seria esperar a devo­lução da área da Texaco por fluência do pra­zo, já que a Texaco se tomou inadimplente,desde setembro de 1987, por não ter reali­zado as perfurações contratuais. A Petrobrástem tido como norma, e já aplicada vánasvezes, cancelar contratos com empresas pré­falimentar que é o caso da Texaco. Por queno caso de uma multinacional socorrê-Ia,comprometendo a sua política de investi­mento no setor?

Pelo parecer, publicado no DO de 6-1-88,pág. 262 na 1 - item 10, afirma-se que aPetrobrás deverá aplicar, a curto prazo, naBacia de Marajó, recursos deslocados de ou­tras áreas. De quais?!

Marline Albacora, campos de petróleo gI­gantes, descobertos pelos dedicados sem­dores da Petrobrás, comprovam que noscontratos de "risco", o risco é só para o Brasil.Com um investimento exploratório de US$250 milhões, obteve-se uma descoberta depetróleo que vale hoje US$ 70 bilhões, cercade 3.5 bilhões de barris.

O Governo Sarney, alegando falta de recur­sos, reduziu em US$ 500 milhões os recursospara a Petrobrás continuar sua obra que deuao País uma produção de 700 mil b/d. E,agora, já tem recursos para ajudar a Texaco?

É por tudo isso que a associação Petrobrás& Texaco é inconstitucional, prejudicial aoPaís e imoral.

Hoje, de boa fé, ninguém mais ignora queos contratos de "risco" são inconstitucionais.

Os debates travados na Câmara dos Depu­tados, particularmente na Comissão Especialda qual eu fazia parte, criada pela Resoluçãona 327, em 14-7-53, repeliram a Emendana 32, que correspondia a Subemenda doSenador Ismat Goes à Emenda n9 56, emen­da esta que defendia o contrato de risco.Os pareceres dos Deputados Lúcio Bítten­court e Gustavo Capanema, aprovados naComissão Especial e no Plenário, rejeitarama emenda com o seguinte fundamento:

"A Emenda na 32 anula o mono­pólio estatal, tomando-o letra morta, for­necendo uma chave fácil para que seburlem os mandamentos sobre o assun­to. É até inconstitucional."

Barbosa Lima Sobrinho, como sempre,com muito acerto, afirmou que, na verdade,os contratos de "risco" foram introduzidosno Brasil de forma clandestina, já que nãoexiste qualquer dispositivo legal que autorizea desobediência ao estabelecido na Lei na2004, de 3 de outubro de 1953.

É tão grave o precedente aberto na asso­ciação Petrobrás & Texaco que o parecer,já citado, considera imprescindível a aprova­ção pelo Presidente da República. De fato,quebra-se definitivamente um dos maioresargumentos dos defensores dos chamadoscontrados de risco, segundo os quais a Petro­brás se beneficiaria por continuar de possedas áreas geológicas contíguas. No caso, éa Texaco que continuaria com 30% da área.

Por fim, decorrido 13 anos, os chamadoscontratos de risco não propiciaram a desco-

berta sequer de uma gota de petróleo. E,agora, o Governo, com recursos que aleganão ter e nega à Petrobrás, quer fazer a em­presa nacional encontrar petróleo para bene­ficiar uma multinacional, a Texaco!

"Será o fim melancólico de um governosem sensibüidade nacional."

Esperamos que o pior não aconteça.Era o que eu tinha a dizer,Sr. Presidente. Muito

obrigado. (Muitobem!)

O Sr. José Maria Eymael - Sr. Presidente,peço a palavra para uma comumcaçáo, comoLíder do PDC.

O SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães)­Tem a palavra o nobre Constituinte.

O SR. JOSÉ MARIA EYMAEL (PDC - SP.Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs.Constituintes:

O Partido Democrata Cristão ocupa, neste mo­mento, a tnbuna no horário destinado às lideran­ças para solicitar aos Constituintes que compõemo movimento denominado "Centrão" um mo­mento de reflexãosobre alguns aspectos que pas­so a enumerar:

Todos nós, brasileiros, brasileiras, reivindica­mos a criação de uma SOCIedade que seja, noseu cerne, marcadamente livre.E não foi ao aca­so, não foi de forma inconsciente ou casuísta queno art. 10

, do projeto constitucional, foi inscritoque a sociedade que nós brasileiros desejamosconstruir é uma sociedade que, ao mesmo tempo,livre,justa e solidária.

É com muita apreensão, Sr. Presidente, quevemos esse texto mutilado, substituindo-se a ex­pressão "sociedade livre" pela expressão, tão pe­queria e tãv 'l1c.:nr. "sociedade aberta". Socie­dade aberta pode ser apenas um dos exemplosde sociedade livre, mas a abrangência de liber­dade é muitas vezes maior. A liberdade é índiscrí­tível,é eterna, é universal. Sociedade aberta é ape­nas um conceito limitativode liberdade.

De outro lado, Sr. Presidente, notamos que naquestão das horas extras existe, no mínimo, umaimpropriedade, porque lá no texto está registradoque o trabalho extraordinário deverá ter uma re­muneração superior, em 50%, à remuneraçãonormal. Pelo texto, como está escrito, não é maisnem menos do que 50%, o que representa umretrocesso com relação à legislação atual, quejá contempla várias hipóteses onde essa remune­ração é de 100%, e representa, também, um retro­cesso em relação aos julgados, nos tribunais tra­balhistas, de que nos dissídios coletivos já estáassegurada a remuneração de 100% de horasextraordinárias. Portanto, sugerimos, recomenda­mos e solicitamos que este assunto seja reanali­sado, porque acreditamos que ali há uma impro­priedade, pois, no mínimo, o que tem que constaré que será, no mínimo, de 50% superior à horanormal de trabalho.

Em terceiro lugar, Sr. Presidente, queremos,novamente, voltar ao assunto do aviso prévio pro­porcionaI. Na semana que findou, desta tribuna,denunciávamos a nossa {?reos:.L1pação de que fos­se rasgado, de que fosse retirado do texto consti­tucional este instituto que, hoje, já é festejado portodos os trabalhadores brasileiros, ou seja, a pos­sibilidade do aviso prévio proporcional que a lei

Page 20: República Federativa do Brasil ASSEMBLÉIA NACIONAL ...imagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/166anc13jan1988.pdfBRAstUA-DF República Federativa do Brasil NACIONAL CONSTITUINTE DIÁRIO

6426 Quarta-feira 13 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Janeiro de 1988

estabeleceria em sua graduação, assim como jáexistena França, na Itália, na Alemanha, na Suéciae em tantas outas democracias socialmente avan­çadas.

Confirmou-se, Sr. Presidente, a nossa preocu­pação; e, hoje, os trabalhadores brasileiros já te­mem que se torne realidade a brusca retirada,o corte que foi feito, e no projeto constitucionalque está circulando, apresentado pelos Consti­tuintes que compõe o Centrão, eliminou-se, com­pletamente, a possibIlidade do aviso prévio pro­porclonal: e lá está escrito, única e simplesmente,aviso prévio,tirando o comando, tirando a norma,tirando o mandamento que estabelecia que esteaviso prévio deveria ser proporcional ao tempode serviço,na forma da lei,o que é profundamentejusto. Não se pode imaginar tratar da mesma for­ma um empregado que tem seis meses, Oito me­ses de casa e um trabalhador com oito,dez, quinzeanos, que já identificou e já incorporou a suaprópria VIda com a vida da empresa em que tra­balha.

Mas fica aqui, Sr. Presidente, a esperança deque esses assuntos sejam melhor meditados, eque se imponha, acima de tudo, o espírito dajustiça social.Muitoobrigado, Sr. Presidente (Mui­to bem!)

o Sr. Eduardo Bonfim - Sr Presidente, peçoa palavra para uma comunicação, como Líderdo PC do B.

O SR. PRESIDENTE (UlyssesGuimarães) ­Tem a palavra o nobre Constituinte.

O SR. EDUARDO BONFIM (PC do B ­AL. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,S"" e Srs. Constituintes:

Reinicia-se o açodamento do Palácio do Pla­nalto contra a Assembléia Nacional Constituinte,com o objetivo de impor à Nação os cinco anospara o Presidente José Sarney.

Assistiremos mais uma vez ao escândalo dadistribuição de cargos, da concessão de rádiosFM e canais de televisão àqueles que votarem.contra a Pátria e contra o povo. Aliás, Sr Presi­dente, é importante frisarque nenhum dos escân­dalos da Nova República foi até hoje elucidadoO Presidente José Sarney insiste em permanecerilegitimamente no cargo, contra tudo e contratodos.

Segundo pesquisas do jornal Folha de S. Pau­lo, 86% dos brasileiros querem, exigem quatroanos, e eleições em 1988. Insiste o PresidenteJosé Sarney em permanecer no cargo contra avontade da maioria dos Governadores, principal­mente dos que representam a maioria do eleito­rado brasileiro.

E neste caminho, Sr. Presidente, o Centrão ma­nobra claramente com o objetivonão só de impor,com o apoio do Palácio do Planalto, os cincoanos para o Presidente José Sarney, mas inclusiveinsinua uma outra tática, haja vista a perspectivade uma grande mobilização nacional, de uma tn­dignação nacional a favordos quatro anos contrao continuísmo da NovaRepública, de uma transi­ção já fracassada, exigindo democracia já. E estaoutra manobra está insinuada, inclusive,na colu­na do jornalista Haroldo Holanda, do Jornal deBrasília, de hoje, de a perspectiva dessa Assem­bléia Nacional Constituinteser protelada até feve­reiro de 1989.

Ora, Sr. Presidente e Srs Constituites, buscasim a direita jogar o Pais no impasse; a Naçãoagredida pela inflação, pelo desgoverno, pela au­sência de uma política econômica, pela entregatotal ao capital internacional, pela ausência deuma política social de emergência, pela ausênciade tudo. A Nação assistirá, e nela viverá,este ano,a uma profunda crise econômica e social, e sobreessa crise econômica e social buscam os setoresde direita, busca o Centrão, busca o Palácio doPlanalto jogar uma crise institucional de profundagravidade

Sabemos, Sr. Presidente, que o Senhor Presi­dente da República, mclusrve ilegitimamente nopoder, não poderá permanecer nesse mesmo po­der, na Presidência da República, contra a esma­gadora maioria dos brasileiros,a quase totalidadedos brasileiros, contra a vontade dos Governa­dores que representam o poder político no Brasil- porque representam a maioria da populaçãobrasileira. Sua Excelência só poderá permanecerno Poder através de uma crise institucional, ape­lando para a força, para a violência, para a tiraniae para o militarismo,e este é o objetivoestratégicodo Governo do Presidente José Sarney.

Sr. Presidente e Srs. Constituintes, aqui fica,em nome do Partido Comunista do Brasil, umaconclamação ampla a todos os democratas, atodos aqueles que, independentemente de siglaspartidárias, desejam a retomada da democraciano Brasil,que não desejam que o Brasilmergulheno caos institucional,porque no caos econômicoe social já se encontra: que não aceitem esta ma­nobra estratégica do Palácio do Planalto de levaro Pais à crise institucional para permanecer, atra­vés da tirania, sabe-se lá quanto tempo mais nopoder, fazendo com que o povo brasileiro retomea resistência democrática e o caminho das dire­tas-já, antes que seja o caminho da violência, datirania, do continuísmo, do militarismo e de maisgolpes de Estado neste Pais.

Sr. Presidente, concluo alertando os Srs. Consti­tuintes para que a campanha pelas diretas-já reto­me todo o seu esplendor, toda a sua amplitude,a fim de que esta manobra protelatória, que nãoé uma Simples manobra protelatória, mas é abusca da tirania, não atinja o rumo que busca:o Palácio do Planalto.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente. (Muitobem!)

A SRA. BENEDITA DA SILVA - Sr. Presi­dente, peço a palavra para uma comunicação,como Líder do PT.

O SR. PRESIDENTE (UlyssesGuimarães) ­Tem a palavra a nobre Constituinte Benedita daSilva.

A SRA. BENEDITA DA SILVA (PT - RJ.Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Sr'"e Srs. Constitumtes:

O Partido dos Trabalhadores tem denunciadoas várias formas de violência, as várias formasde discriminação e preconceitos neste País. Hoje,em particular, estamos aqui para uma denúnciaque já é do conhecimento da população, porqueocorreu há alguns dias, pouco antes do Natale próximo ao Ano Novo.É com relação à retiradado Aeroporto Internacionaldas PMsque alipresta­vam serviços, com ou sem motivo nenhum, por­que sabemos que as pessoas que estavam pres-

tando serviço - neste caso as PMs - tinhame têm formação intelectual, algumas dominandovárias línguas, e foram retiradas do Aeroporto In­ternacional. Recorremos a partir do Instituto dePesquisa da Cultura Negra, do Movimento Negro,de partidos políticos, enfim, de todos aqueles queestão com o compromisso de fazer avançar estaluta contra a discriminação, e procuramos tam­bém o Governadordo Estado, que deliberou queelas deveriam voltarao seu lugar de trabalho. Comsurpresa, realmente, voltaram as mulheres - 10PMs- sendo 6 negras e 4 brancas. Como estáva­mos perto dos festejos do finaldo ano, e aprovei­tando-se disto, não sei por que, e com que autori­dade - talvezmais uma vezextrapolando - estasPMsforam retiradas definitivamentedo AeroportoInternacional; aí já não se tratava de ser brancaou negra, todas as PMs foram retiradas do Aero­porto Internacional.

Estou hoje aqui para denunciar, porque nãoquero que mais uma vez caia no esquecimentouma violência como essa, em que não se temgarantia no exercicio de uma função. Sabemos,colocamos e não temos nenhuma dúvida de queo critério inicial, ali, desse afastamento, foi exata­mente o da cor da pele. Isto porque tivemos adiscussão e também as PMs tomaram conheci­mento de que - e o lPCN acompanhando ­essas policiais, ao fazerem ali a sua denúncia,colocavam que aquilo era devido à cor da pele.Algumas tinham cursos universtiários, domina­vam bem o inglês, outras o francês, e no entantoelas foram dali retiradas. O Governador tambémse sentiu sensível, naquele momento, não haven­do, portanto, como deixar de assisti-las. Mas paranossa surpresa - e não sabemos como o arbítrioaí está - os critérios pelos quais o Comandanteafastou as PMs, até agora não os sabemos, enão os saberemos senão denunciarmos, maisuma vez, que novamente não teremos a colabo­ração daqueles que estão exercendo altos cargos,que estão no comando e que não estão sendosensiveis a esta nossa preocupação.

Como este Plenário tem sido alvo de váriasdenúncias e de combate a toda prática de violên­cia, o Partido dos Trabalhadores vale do seu direi­to, neste momento, de tentar, junto aos Consti­tuintes, fazer com que não caia no esquecimentomais esta manobra cometida pelo Comandanteda PM, no Rio de Janeiro.

Não queremos, de maneira alguma, neste exatomomento em que aqui estamos colocando estaquestão, que haja um silêncio total, e que, maisuma vez, isto não passe pura e simplesmentede uma panfletagem, de um discurso na tribunae de mais uma denúncia na imprensa. Desejamosque, concretamente, esta Assembléia NacionalConstituinte possa, nos termos da lei,garantir quehaja o direito de os negros, nas suas funções,no trabalho, nos seus cargos, terem preservadaa sua permanência.

Quero dar um voto de louvor pela iniciativado Institutode Pesquisa da Cultura Negra, porquefoiousado ao levantaressa questão, até com certoêxito. Se não fossem os festejos, talves estivés­semos melhor informados a respeito de toda essainiciativa.

Mas não podemos deixar de lado esse fato,e apelo às Sr'" e Srs Constituintes para que nosajudem nesta tarefa, que considero árdua, e com

Page 21: República Federativa do Brasil ASSEMBLÉIA NACIONAL ...imagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/166anc13jan1988.pdfBRAstUA-DF República Federativa do Brasil NACIONAL CONSTITUINTE DIÁRIO

Janeiro de 1988 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Quarta-feira 13 6427

cujo apoio contaremos, certamente, quando davotação, neste plenário, de propostas que dizemrespeito à cidadania, tanto do negro quanto dasmulheres.

Sr. Presidente, leio para que conste dos Anaiso meu pronunciamento, na íntegra:

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Constituintes, senti­me profundamente violentada com a notícia pu­blicada no jornal O Dia, de 17 de dezembro de1987, sobre o afastamento das policiais militaresnegras do Aeroporto Internacional do Galeão. Naoportunidade, fizcontatos com a imprensa, autori­dades e entidades do movimento negro e direitoshumanos do Rio de Janeiro, a fim de esclarecera denúncia. E as informações recolhidas por mimconfirmam tudo aquilo que já é do conhecimentopúblico: as policiais militares negras foram afasta­das do serviço no Aeroporto Internacional do Ga­leão, porque a cor da pele traz a imagem negativapara a corporação e para os turistas que visitamaquela cidade. A tentativa do Comando da PMera a de melhorar a Imagem, porque a questãoera a "boa aparência".

Ora, Sr. Presidente e Srs, Constituintes, compa­nheiras da imprensa, apesar de ninguém na PMaté hoje não assumir as responsabilidades quantoà prática racista, tal medida não tem justificativa,pois entre as policiais militares negras afastadashavia quem falasse inglês, francês e cursando uni­verstdade.Isto comprova o que afirmaram os poli­ciais: "Fomos afastadas por discriminação".

Com o respeito que se deva ao Comando daPolícia Militardo Rio de Janeiro, que teve recente­mente como Comandante um negro, o CoronelCarlos Magno Nazareth Cerqueira, não posso dei­xar de dizer: ele era uma exceção no ComandoGeral da PM,como sou uma exceção na Câmarados Deputados, e a exceção nesses casos nãoconfirma a regra; a regra geral, tanto no âmbitodas Casas Legislativas quanto nas CorporaçõesMilitares é que os altos postos hierárquicos nãosão ocupados por negros e no caso da PM, osnegros estão na sua esmagadora maioria na tro­pa.

Por isso, não tenho a menor dúvida de queos critérios imciais para o afastamento das poli­ciais militares negras foram com base na cor dapele, e foi confirmado em reunião ocorrida no17° BPM da Ilha do Governador, pelas policiaismúitares, aos representantes do Instituto de Pes­quisa da Cultura Negra - IPCN, à imprensa erepresentante do Comando-Geral da Corporação.

Os fatos da prática racista ficaram tão evidentes,que o próprio Governador reconheceu que nãohouve qualquer "coincidência" na transferênciadas polícíais por razões técnico-administrativasassim o Governador do Estado autorizou a recon­dução das policiais a puas funções no aeroporto.No entanto, o Comando da PMenviou outras poli­ciais, ao todo 10, sendo 6 negras, não reconhe­cendo a exigência das policiais afastadas, que fica­ram lotadas no 2° BPM- Humaité, de onde ha­viam saído voluntariamente para exercerem servi­ço no aeroporto.

Na verdade, a situação continua, de certa forma,inalterada, a sociedade permanece perplexa dian­te de tal acontecimento e exige uma respostaconvincente, pOIS do contrário podemos recorrerà Justiça, através de ação popular, para restabe-

lecer a dignidade das policiais militares atingidas,e por extensão toda a Comunidade Negra.

Curioso é que notícias recentes denunciam queas policiais militares reconduzidas às suas funçõesno aeroporto, por ordem expressa do Sr. Gover­nador, voltaram a ser afastadas pela passagemdas comemorações natalinas e de fim de ano.

Que fique registrada nos Anais desta Casa, equero chamar a atenção das autoridades, no caso,o Sr. Secretário de Estado de Polícia Militar doRio de Janeiro, Coronel Manoel Elísio dos Santos,para que se apurem as responsabilidades e sereconduzam as policiais militares negras aos seusserviços no Aeroporto Internacional do Galeão,atendendo ao nosso apelo por justiça e igualdadede direitos, para que a decisão do Sr. Governadordo Estado do Rio de janeiro seja respeitada ecumprida.

Quero finalizar, dando um voto de louvor e umalerta para o Instituto de Pesquisas da CulturaNegra - IPCN, do RIO de Janeiro - na pessoado seu combativo Presidente, nosso companheiroJanuário Garcia, um voto de louvor pela lucidezpolítica ao encaminhamento desta dolorosa ques­tão, e um alerta para que continue vigilante, atra­vés do programa S. O. S - Racismo, coibindotodas as práticas racistas ainda existentes.

Não podemos deixar tal fato de lado, isto nãopode cair no anonimato, no esquecimento, e cha­mo mais uma vez a atenção das autoridades, poistal fato deve ser totalmente esclarecido.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente (Muitobem!).

O Sr. Paulo Ramos - Sr. Presidente, peçoa palavra para uma comunicação, como LíderdoPMDB.

O SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães) ­Tem a palavra o nobre Constitunte.

O SR. PAULO RAMOS (PMDB- RJ. Semrevisão do orador) - Sr. Presidente, Sr." e Srs.Constituintes:

Tivemos oportunidade, ontem, de assistir auma ampla divulgação de um suposto fato ocor­rido na Assembléia Nacional Constituinte que,certamente, deu a sua contribuição para que aAssembléia Nacional Constituinte ficasse mais de­sacreditada diante da sociedade. Trata-se da de­núncia feita pelo Exm- Sr. Constituinte Mansuetode Lavor. Denunciou S. EX' que, no documentoelaborado pelo Sr. Matheus Iensen, propondo omandato de 5 anos para o Presidente da Repú­blica, a assinatura relativa ao seu nome não teriasido subscrita por ele próprio. Entretanto, foi cons­tatado o equívico. Na verdade, aquela assinaturapertencia a outro, que a reconheceu, o Consti­tuinte Gerson Peres.

Acontece, Sr. Presidente, que em todos os horá­rios de ontem de divulgação dos trabalhos daAssembléia Nacional Constituinte, a denúncia doSenador Mansueto de Lavor foi levada ao ar.

É preciso, portanto, que igual esforço de comu­nicação seja feito com o objetivo de desmentiraquela notícia.

Sabemos que rnurtas vezes o desmentido aoinvés de atenuar agrava a notícia anterior mas,neste caso específico, não podemos - a Assem­bléia Nacional Constitumtenão pode - aquiescercom o silêncio, é preciso que haja igual divulga­ção, mclusrvecom a partlcipaçêo, se possível, des-

de que se proponha, do próprio Senador Man­sueto de Lavor, para que a opmião pública tomeconhecimento de que tal fato ainda não acon­teceu.

Sinto-me muito à vontade, até autorizado para,em nome da liderança do PMDB, subir a estaTribuna para fazer a recomendação, visto que tivea oportunidade, há cerca de um mês, de encami­nhar à Mesa requerimento solicitando a relaçãodas verdadeiras assinaturas dos Constituintes pa­ra que eu pudesse comparar com as assinaturasque subscreveram o documento do chamadoCentrão, objebvando a mudança do Regimento.Já àquela época ouvi rumores, nesta Casa, deque várias assinaturas haviam SIdo apostas, pelomenos, com a autorização, mas que várias assina­turas haviam sido apostas não pelo próprio Cons­tituinte. Quando surgiu o fato denunciado peloConstituinte Mansueto de Lavor, imaginei que es­taríamos diante de um caso concreto. De qual­quer forma, em nome da Liderança do PMDB,solicito à Mesa da Assembléia Nacional Consti­tuinte que providencie para os próximos dias adivulgação de que a denúncia baseou-se numequívoco, porque estamos convencidos de queo Constituinte Mansueto de Lavor, pela lisura doseu comportamento, por tudo que representanesta Casa, em nenhum momento faria uma de­núncia se não tivesse a convicção do que estavafazendo.

É preciso que haja um esclarecimento, porquea Assembléia Nacional Constituinte precisa dacredibilidade da sociedade! Agora, quando vamoscomeçar as votações finais, em que a posiçãode cada Constituinte há de ficar nos Anais daHistória, é preciso que a Assembléia NacionalConstituinte conquiste a credibilidade, porque opovo brasileiro há de acompanhar os seus traba­lhos e de fiscalizar os votos dos Constituintes,especialmente daqueles que imaginam que vãopoder, através da votação de títulos e capítulos,sem as discussões dos temas específicos, fazerdo seu posicionamento um anonimato, para quenos próximos pleitos possam, com um discursomentiroso, iludir a opmião pública, iludir o traba­lhador e voltar para cá com um voto que nãotem correspondido ao seu posicionamento nestaCasa.

Muito obrigado.

O Sr. Mendes Ribeiro - Sr. Presidente, peçoa palavra para uma comunicação, como LíderdoPMDB.

O SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães) ­Tem a palavra para uma comunicação, como lí­der do PMDj3.

o SR. MENDES RIBEIRO (PMDB - RS.Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs.Constituintes:

Acabo de terminar a tarefa, que me impus, deler detidamente os substitutivos apresentados pe­lo Centrão, as idéias coletadas pelo chamado Cen­trinho, aquilo que foi resolvido pelo dito Grupodos 32 e, ainda, convesar com os demais queprocuram se inteirar das posições do restante daCasa.

Chego a uma conclusão que, também, dialo­gando com os meus demais pares, parece-meser indiscutível:85% do Projeto do Relator Bernar­do Cabral é matéria pacificamente aceita, pacifica-

Page 22: República Federativa do Brasil ASSEMBLÉIA NACIONAL ...imagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/166anc13jan1988.pdfBRAstUA-DF República Federativa do Brasil NACIONAL CONSTITUINTE DIÁRIO

6428 Quarta-feira}3 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Janeiro de 1988

mente aceita! Creio mesmo que tal constataçãofoi antecedida pela palavra do Presidente destaCasa; só não afirmo porque não tenho disso abso­luta certeza, mas me parece que S. Ex' tambémagudizou este detalhe: 85% da matéria poderia,tranqüilamente, ser votada sem nenhuma discus­são e ser pacificamente aceita pela unanimidadedos Srs. Constituintes.

Mas, Sr. Presidente, pacienciosamente, comorepórter de origem, como Constituinte, perquiridas emendas que estão sendo apresentadas, eelas dizem respeito a dez ou doze pontos confli­tantes, que não tenho dificuldade alguma em enu­merar: sistema de governo, duração de mandato,estabilidade no emprego, imprescritibilidade, re­forma agrária, que não será assunto de discussãoporque, praticamente, todos aceitam que seja re­metida para a lei ordinária, horas extras, coisasdessa espécie; nada mais do que isso, e freamospor ai.

É lógico que existirão as tendências daquelesque estão radicalizados de um lado ou de outro,e que também a média sabe que pedem um,entendendo negociar por dez. Seria elementar,seria um ovo de Colombo, seria aquilo que aopinião pública aplaudiria de pé, se nós, Consti­tuintes, acordássemos sobre os pontos de con­senso, onde pouquíssima discussão houvesse,para nos determos, apressando os trabalhos na­queles pontos que realmente darão origem a con­flitos e maiores polêmicas.

Sou insuspeito para falar. Tenho discordado,muitas vezes, publicamente do Presidente destaCasa, porque política não é sempre concordância.Mas, acho que se não fosse a argúcia do Presi­dente, esta Assembléia Nacional Constituinte ter­minaria num impasse e, portanto, não concluiriaseus trabalhalhos. Rogo, pois, que se atente paraisto: se 85% é consenso, por que, consensual­mente, não aceitarmos aquilo que não tem dis­cussão, para nos determos, abertamente, naquiloque tem?

Não é uma sugestão, porque não é novidade,é um apelo, isto sim, para que a Assembléia Na­cional Constituinte possa chegar, o quanto antes,ao término de sua tarefa.

Muito obrigado a V. Ex" e aos meus ilustresPares.

o SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães) ­Quero felicitar, aqui, de público, o no­bre Constituinte Mendes Ribeiro,pela sua preocu­pação para que possamos, sem prejuízo da quali­dade de matéria já exaustivamente debatida, pes­quisada, examinada e emendada, encontrarmeios e formas para uma votação rápida. Desejodizer a S. Ex' que tenho tido conversas com lide­ranças nesse sentido, e alguns esquemas já sepõem, evidentemente, como uma contribuição.Por exemplo: as emendas serão apresentadas eterão pareceres favoráveis ou contrários. Se nãoforem destacadas, poderão ser votadas global­mente, o que já significará um ganho de tempo.Sobre a matéria não destacada, evidentemente,o Regimento já prevê uma votação do capítulo,sem prejuízo daquilo que deva ser votado aparta­damente; então, já é uma votação também global.Mas se poderia, eventualmente, se prosperasseesse raciocínio, admitir que como o resto da maté­ria é insusceptível de dúvida, que quando se esta­belece a votação por capítulo é para votação de

matéria que evidentemente se pressupõe seja ob­jeto de uma dúvida, pois se escrutinará, até, quemvota a favor, ou quem vota contráno; há um pres­suposto, pelo menos em uma votação favoráveldo Plenário, se poderia Imaginar e isto vai depen­der, não de uma decisão do Presidente, nem daMesa, mas de entendimentos, das forças repre­sentativas, preliminarmente, aqui do Plenário, nosentido de que, ao invés da votação só do capítulo,se votassem todos os capítulos, ou todos os títulosque tivessem essa situação - o que vai acontecerdepois, que aconteça logo, já se votaria e, inclu­sive, num reflexo da opimão pública, para o queficasse já se teria, aqui, metade da Constituiçãoou 'um número maior já decidido. O resto damatéria, então, teria a votação determinada peloRegimento, mesmo porque, como todos sabem,haverá uma segunda discussão. É claro que, nasegunda discussão, ela é insuscetível para quenão seja repetitiva de apresentação de emendasnovas, mas emendas supressivas, emendas sobreerros evidentes, contradições, emendas de reda­ção, emendas de orrussão - como está no Regi­mento - isso pode ser feito.

De maneira que não é necessário que nós nospreocupemos que seja uma votação conclusivae que depois desta primeira votação de toda aConstituição não haverá erros, e que eles serãoinsuscetíveis de se corrigir. Pode-se corrigir nasegunda discussão, e ainda há a redação final.

De forma que esses procedimentos no sentidode uma votação mais veloz têm, inclusive, essesmecamsmos de eventuais correções, futuramen­te.

A dificuldade poderia vir dessa votação global,quanto aos substitutivos. Se são apresentadossubstitutivos na sua abrangência, evidentementea matéria coberta pelo substitutivo teria uma difi­culdade nessa votação global. Mas isso é um as­sunto sobre o qual já conversei com o Secretárioda Mesa. Faremos um levantamento e o levare­mos às Uderanças, às forças representativas e,também, ao próprio Plenário, para que possamosconsertar um entendimento, em que todos este­jam de acordo, e que se manifestem logo, e essaparte da Constituição já estaria votada.

Eu agradeço a deixa e a contribuição do emi­nente Parlamentar pelo RIO Grande do Sul, Men­des Ribeiro.

VI - APRESENTAÇÃODE PROPOSiÇÕES

O SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães) ­Os Srs. Constituintes que tenham Proposiçõesa apresentar, queiram fazê-lo. (Pausa.)

Não há proposições a serem apresentadas

O Sr. Adylson Motta (PDS- RS)-Sr. Presi­dente, peço a palavra para uma questão de ordem.

O SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães) ­Tem a palavra V.Ex'

O SR. ADYLSON MOlTA (PDS - RS. Paraquestão de ordem. Sem revisão do orador) ­Sr. Presidente e Srs. Constituintes:

É sabido que, pelo que foi acertado, o Consti­tuinte só tem direito a apresentar 4 emendas epor artigos. Pergunto a V.Ex" se uma das minhasemendas implicar na modificação de 4 ou 5 arti­gos, uma vez que eu não tenha o direito de apre­sentar mais de 4 emendas, como seria isso resol-

vido? E vou dar um exemplo a V. Ex": pretendoapresentar uma emenda sobre a adoção da siste­ma distrital misto. E é evidente que isso vai impli­car na alteração de outros artigos do Texto Consti­tucional. E como eu não posso apresentar alémde 4 emendas eu poderei, inclusive, ao invés deresolver um problema, criar uma inviabilidadenessa parte do texto constitucional, se aprovadaa minha emenda

O SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães) ­Acudo à solicitação de V Ex" dizendo que, sea matéria for conexa, se admite a apresentaçãoda emenda pelo vínculo da conexão.

O SR. ADYLSON MOlTA - No mesmotexto da emenda então?

O SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães)­Claro!

O SR. ADYLSON MOlTA - Agradeço aV. Ex'

O SR. PRESIDENTE (Ulysses GUimarães) ­Passa-se ao horário de

VlI- PRONUNCIAMENTOSSOBRE MATÉRIA

CONSTITUCIONAL

Tem a palavra o Sr. Constituinte Fernando San­tana.

O SR. FERNANDO SANTANA (pCB- BA.Sem revisão do orador.) - Sr. Presidnte, Srs.Constituintes:

Diariamente, somos surpreendidos, na descidaou na subida dos elevadores para os nossos gabi­netes, com informação de que grupos de empre­sas internacionais - a exemplo das cinco queexercem atividades dístriburdoras de derivados depetróleo - visitam os gabinetes dos Srs. e Sr"'.Deputados e Senadores Constituintes.

Ora, como empresas intemacionais têm odes­plante de freqüentar gabinetes e pedir insistente­mente aos Constituintes que votem essa ou aque­la proposição? No caso específico, vamos deixarclaro, trata-se de um grupo constituído pela SheIl,AtIantic, Esso, Texaco, e a São Paulo, que sãoas cinco internacionais que trabalham no setorde distribuição de petróleo e que têm a ousadia- eu chamo ousadia mesmo -, porque, eviden­temente, não deixa de ser uma intromissão indé­bita, essa comissão estar visitando todos os gabi­netes, pedindo insistentemente aos Srs. Consti­tuintes que votem contra a emenda que nacio­naliza a distribuição de petróleo! Nós conside­ramos essa atitude contrária aos interesses daNação. E mais do que isso, eles estão querendoescrever a Constituição que é do povo brasileiro,pressionando os Constituintes, pedindo aos Cons­tituintes, exigmdo até que votem contra. EVIdente­mente, esta situação merece ser repelida, inclu­sive da tribuna desta Casa, por aqueles que estãorecebendo essas visitas.Eu não digo que os Cons­tituintes ponham para fora a comissão, dizendo:"Saiam do meu gabinete, não quero conversacom os senhores!" Não, pode atendê-los, ouvi-los,etc. educadamente. Mas, educadamente, tam­bém, dizer a esses Senhores que nós, brasileiros,

Page 23: República Federativa do Brasil ASSEMBLÉIA NACIONAL ...imagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/166anc13jan1988.pdfBRAstUA-DF República Federativa do Brasil NACIONAL CONSTITUINTE DIÁRIO

Janeiro de 1988 DIÁRIO DAASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Quarta-feira 13 6429

queremos elaborar a nossa Constituição sempressões de companhias estrangeiras que aquiestão defendendo, simplesmente, os seus interes­ses, para mandar mais lucros para o exterior, paraos seus países de origem

Sr. Presidente, as coisas estão andando de talmodo, que começamos a recear pelos destinosdeste País, como nação livre e independente. Co­meçamos, na semana passada, a fazer um examede certas proposições, que estão aqui, Capítuloda Ordem Econômica e Financeira, e, entenor­mente, já havíamos denunciado, desta tnbuna ­os jornais publicaram isso diversas vezes -, etivemos oportunidade de citar uma notícia quevinha no Correio Braziliense, com uma págma,etc. que dizia. "As Multi desejam mudar" Doisartigos; e a notícia informava que elas estavamprofundamente interessadas em modificar a defi­nição de empresa nacional no Projeto Cabral Adefmição de empresa nacional, no projeto, a nos­so ver,já era uma definição demasiadamente elás­tica, demasiadamente complacente, porque diziabastar que as pessoas físicas fossem dormcrhadasno País Então, qualquer cidadão estrangeiro po­dena ser proprietário de uma empresa nacional,bastando que tivesse domicílio aqui

I Mas elas queriam iralém. Nesse mesmo projetofalava-se que só as empresas nacionais, mesmocom essa definição extremamente elástica e com­placente, poderiam explorar o setor mineral. Isso,de certo modo, criava um certo mal-estar comas chamadas mineradoras, as grandes empresasde mmeração neste País, que nós podemos citarrapi.damente· BRASCAN - que fOI a antiga Light:Bntísh Petroleum; a própna Shell, que tem umainserção muito grande no setor mmeral e a Shellque recebe energia para sua fábrica, a BIIlington,que produz lingotes de alumínio, que é a matéria­prima, simplesmente porque a bauxita tem umteor de 10 a 15% e eles, através da enerqia, trans­formam, conseguem aglomerar em lmqotes dealumímo aquela fração do metal que existe namatéria-pnma. E muita vantagem deixar de levarpara o exterior um milhão de toneladas e apro­veitar apenas 140 rml,tendo energia praticamentede graça, porque nós temos um contrato quea Eletronorte fez com essas empresas, pordeterminação do Ministro das Mmas e Energiada época, o Mmlstro César Cals, onde fica estabe­lecido um preço realmente vil, porque, meus ca­ros colegas, o preço que a Eletronorte estárecebendo pela energia, a nosso ver, não dá nempara o pagamento dos dólares tomados empres­tados para construir essa hídroelétnce: é pior doque isso, o preço está abaixo do custo de pro­dução.

Temos a planura, do mês de outubro, da Eletro­norte, onde a Blllington, que é uma dasempresas representativas da SheJl, se dedica ex­clusivamente à produção do alumínio. É uma as­sociação da Billington com a Alcoa americanaAAlcoa tem 60% e a Billington 40% Logo deramo nome de Alurnar a este conjugado da Alcoa,que domina 30% do mercado mundial de alumí­nio, bem como a Shell que também domma amesma porcentagem desse mercado. Pratica­mente, eles têm energia subvencionada. Nenhummdustrial brasileiro tem energia por preço tão ba­rato, quanto a Alumar, fornecida pela Eletronorte

Esse concentrado de energia, que é o hngotede alumínio, não é industrializado no País, e simremetido para as fábricas da Shell e da Alcoano exterior, pelo preço internacional do alumíniotaxado por eles mesmo como no caso da matéria­prima.

Ora, a BIIhngton,sediada em São LUIZ do Mara­nhão, segundo Deputados de lá, anualmente dáprejuízo. E isso é feito dehberadamente, porqueo que se produz aqui é a matéria-prima A mdus­tnalização, tudo o que o alumínio serve hoje naindústria automobílística, na indústria da constru­ção civil, nas lumlnánas, nas portas e etc., o gran­de emprego da placa de alumimo em todos ossetores da Indústna modema na Europa, e é lãque eles tiram os grandes lucros. Mas aqui a Bi­IIington só dá prejuízo, nem Imposto de Rendapaga. Então, damos a maténa-pnrna praticamen­te de graça, a energia altamente subvencionada;e tem mais um dispositivo no contrato que dizque o custo da energia Jamais poderá ser superiora 20% do preço mtemacioanl do alumínio - preçomternacional que é realmente ditado pelas gran­des empresas.

Vejam os Srs. como essas empresas não distri­buem só petróleo, porque, a não ser uma, asdemais têm grandes interesses no setor mineral.

Mas essa defmição que hoje se restabelece noart 200: "Será considerada empresa brasileiraaquela constituída sob as leis brasileiras e quetenham no País sua sede de administração" ­é uma luva para as grandes empresas rrunera­dotas, porque elas continuarão açambarcando,como açambarcaram até agora, depois da consti­tuiçào de 46, o setor mineral. Chega a tal pontoque a Bntish Petroleum e a Brascan, que se asso­ciaram aqui, têm mais de 50% de todas as con­cessões do setor mineral, IStO é, das empresasInternacionais; elas têm mais de 50% de todasas concessões a todas a demais empresas inter­nacionais.

Ora, evidentemente que os jornais já anuncia;vam que eles quenam mudar a defmição de em­presa nacional. E mudaram. Não sei por que ca­minhos andaram, mas a verdade é que já estáaqui inserida outra definição, e aquela do ProjetoBernardo Cabral passou a ser o § 1°, art. 200,aqui deste Capítulo que, dizem, é a proposta dogrupo que se formou nesta Casa e que se autodenunctou de Centrão.

Acreditamos que existam, no meio desse gru­po, muitas pessoas que talvez, não estejam deacordo com essa maneira de definir as questõesessenciais, porque ou nós temos o controle daeconomia do País ou então tudo o mais passaa ser devaneio, declaração de intenção, direitossociais, direitos coletivos, habeas corpus, ha­beas data, tudo isso. E mclusive esse Capitulodos DIreitos Sociais, que é uma inovação no Direi­to Constitucional brasileiro, tudo isso passa a serconversa fiada, declaração de intenção, simplesdeclaração de mtenção, porque quem não temdmheiro, quem não tem recurso, quem não tempoder econômico, jamais poderá garantir educa­ção para todos, saúde, lazer, trabalho, tudo issoficará como está hoje, talvez pior ainda.

Somos uma população de 145 milhões e, se­gundo as estatísticas, temos 40 milhões de pes­soas que passam fome, 40 rrulhões de carentes,e essa multidão de brasileiros sem terra está mva-

dindo as cidades; vamos ter dentro de pouco tem­po conflitos tremendos - hoje já estamos VIvendoem estado de guerra ciVIL

No RIO de Janeiro, só num fim de semana,mataram 63 pessoas. Então, a guerra civiljá estápraticamente declarada: é a guerra dos que nãocomem contra os que comem. Além disso, a gerrafaz-se contra os mais fracos, porque nós somosaqueles que estão sujeitos aos assaltos e à morte,porque os responsáveis pela situação da econo­mia do País, esses grandes grupos internacionaisque espoliam este País e que levam tudo daqui,desde a Colônia até agora, estão guardados nosseus palacetes, com muros de cinco metros dealtura, com aparelhagem para anunciar, a qual­quer momento, quem chega e quem sai. Essesnão sofrem coisa nenhuma. Nós, pobres mortais,é que ficamos sujeitos aos assaltos, principalmen­te os motoristas de táxis.Ainda ontem, em Brasíha,isso voltou a acontecer.

E por que essa gente está assaltando? Por queessa gente está usando de tanta violência? Seráque isso é própno do carater brasileiro? Nuncao foi Isso tudo é em decorrência da pressão dafome; a pressão da família em desespero queleva essa gente ao crime e, depois, tornam-sehabituados a essa prática e matam como se esti­vessem praticando um ato muito simples, muitocomum.

Nós não acreditamos que possa haver umareversão desse quadro de infelicidade, de miséria,de fome, de violência nos grandes centros, nasgrandes cidades, sem modermzar o Pais. E mo­dernizar significa fazer uma reforma agrária queabsolutamente não atingirá nem aos médios, nemaos pequenos produtores; fazer com que essagrande massa venha a produzir no campo e nãovenha a ser bóias-frias nas cidades; não venhaa ser faminta nas cidades, nessas miseráveis fave­las. Isso já foi estudado amplamente, e o Brasil,em menos de 20 anos, jogou, do campo paraa cidade, mais gente do que toda a populaçãoda Argentina De 1960 a 1980, houve uma migra­ção de 32 milhões de brasileiros. Não é migraçãoporque eles queiram migrar, é migração forçadapela expulsão do homem da terra Isso tambémestá provado no estudo do Sr. Jorge Martine, queé um canadense naturalizado brasileiro e que fezeste estudo para a Seplan, o órgão oficial do Go­verno.lniciou esse estudo no começo do Govemodo General Geisel e veio a terminar quase aofim do Governo do General Figueiredo. É umestudo seníssimo. Não se refere apenas à contabi­hdade do pessoal que migrou, que saiu do campo.Não! É a explicação, inclusive, do motivo peloqual uma população superior a da Argentina, emmenos de 20 anos, foi forçada a sair do campopara a cidade. Não é, como dizem os latifundiá­rios, que a cidade seja um atrativo para 9 homemdo campo. Não foi isso. A explicação sociológicaestá lá, em Jorge Martine. Ele questionou, emtodas essas favelas, fez um inquérito e chegouà conclusão de que 86% dos favelados não ti­nham saído do campo por vontade própria. Issoé preciso ser dito e repetido, para que não sediga que são as luzes da cidade ou as luzes daribalta, como queiram, que faz com que esse pes­soal esteja samdo de suas casas, no meio rural,para VIr inchar as Cidades brasileiras. Não, nãoé ISSO. Por outro lado, eles sabem que nas cidadesnão há facilidade de trabalho.

Page 24: República Federativa do Brasil ASSEMBLÉIA NACIONAL ...imagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/166anc13jan1988.pdfBRAstUA-DF República Federativa do Brasil NACIONAL CONSTITUINTE DIÁRIO

6430 Quarta-feira 13 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Janeiro de 1988

Evidentemente, é uma tendência natural atransferência de pessoas do campo para a cidade,mas quando há desenvolvimento. Isso se deu nosgrandes países, sem prejudicar a agricultura, por­que, na medida em que havia o desenvolvimentodo comércio, da indústria, dos serviços, etc., haviauma demanda maior de mão-de-obra. Mas essepessoal dos grandes países, que morava no cam­po, tinha pelo menos o curso médio. Com umareciclagem de um mês ou dois, poderiam sernão só operários especializados numa indústria,como poderiam ser homens de serviços bancá­rios, serviços comerciais ou dos próprios serviçosque se instalam nas grandes cidades, para resol­ver os problemas das populações que ali estão.

No Brasil, não se deu esse desenvolvímento,porque o próprio crescimento das cidades, semessa invasão, sem essa migração dos campos,era maior do que a demanda do desenvolvimentodos serviços, das Indústrias e do comércio. Então,esse grande exército que veio dos campos chegaàs cidades para não fazer nada.

E, geralmente, o homem do campo traz aquelesvalores morais muito duros, muito firmes, de res­peito, de dignidade, de honradez. Mas um paide família, que vê, sucessivamente, seus filhos,dias e dias, passando fume; a mulher numa verda­deira tragédia, dentro de casa, então, esse homemvai-se revoltando. Àsvezes, ele jamais pensou emfurtar, mas as necessidades o obrigaram a iniciaro processo da violência.

Agora, chega-me à memória o exemplo do RioGrande do Sul: um cidadão preso por vinte anos,depois de cumprir 2/3 da pena, - isso foi regis­trado nos jornais do Rio Grande do Sul, em PortoAlegre - foi liberado para a vida normal. Encon­trou dificuldades de emprego, porque ele era umhomem VIndoda cadeia, um ex-presidiário. Então,resolveu lavar carros. Mas, em cada lugar queele chegava, Sr. Presidente, unha o dono do ponto.Então, ele lavava o carro e tinha que dividir como dono do ponto. A situação foi chegando a umclima de tal ordem que ele teve que morar debaixodas pontes, durante o inverno, e todos sabemque no Rio Grande do Sul o inverno é duro.

Pois bem, Sr. Presidente, esse homem teve,várias vezes, - como diz na reportagem - vonta­de de voltar ao crime. Mas, ele pensou duas vezese fez uma petição ao Juiz, pedindo para ser nova­mente preso. O Juiz se assombrou: "como é queum homem, que teve a liberdade, pede nova­mente para voltar à cadeia". Então, o Juiz desig­nou uma assistente social para ouvir esse ex-presi­diário. E ele fez aquele rosário de queixas, contan­do para a assistente social tudo que vinha passan­do. Realmente, ele tinha sido liberado pelo seubom comportamento, mas não achava trabalho.O que fazia não dava para sobreviver, e estavapassando miséria, dormindo debaixo das pontes,num frio horrível. Já tinha pensado, duas ou trêsvezes, em cometer crimes e em roubar de novo.Mas a consciência dele repeliu isso. De modoque ele achou melhor pedir para voltar para opresídio, evitando assim voltar para o crime. As­sim, a assistente social encaminhou um parecerao Juiz, sugerindo que S. Ex' atendesse àquelepedido do ex-detento, para que ele retornasse aopresídio.

Sr. Presidente, Srs, Constituintes, vejam a quesituação social chegamos neste País, quando um

homem que conquista a liberdade pede para vol­tar a ser preso, porque não pode viver em liber­dade por absoluta falta de meios. Às vezes, Sr.Presidente, costumamos ler os noticiários das pá­ginas policiais, que atualmente são extraordina­riamente elucidativos. Gostaríamos de sugerir aosSrs Constituintes que, de quando em quando,lessem esses noticiános que trazem os aconteci­mentos registrados nas delegacias de polícia, por­que ahvão encontrar exemplos reais da situaçãoem que VIve o povo brasileiro.

Agora, Sr. Presidente, eu indagaria, "um País,que tem todas essas condições objetivas, comesse potencial extraordinário de riqueza, um conti­nente com oito milhões e meio de quilômetrosquadrados, enfim, um País, com todo esse poten­cial, como pode estar às voltas com tantos proble­mas sociais?

Convém registrar, Sr. Presidente, que, ao criar­mos a Comissão de Reforma Agrána, não tínha­mos em mente a pretensão de modificar a legisla­ção agrária, porque sabíamos que, se nesta Casa,tentássemos melhorar o Estatuto da Terra, eleseria piorado, ao invés de ser melhorado. O nossomtuíto principal, Sr. Presidente, foi o de debatera reforma agrária, criando consciência da sua ne­cessidade.

Com esse objetivo, convocamos todos os Go­vernadores desses Estados, ainda não totalmenteocupados - Goiás Maranhão, Pará, Amazonas,Piauí etc. -, e o Sr. Iris Rezende, atual Ministroda Agricultura, deu-nos a informação de que umaequipe da FAO, que ele inclusive ajudou, comoGovernador do Estado, dando meios de locomo­ção para que ela percorresse toda a área do Esta­do de Goiás, deu-lhe em caráter confldencral, umacópia do relatório que ela iria remeter à FAO.E nesse relatório está, segundo o Sr Iris Rezende,o seguinte: "O Vale do Araguaia Tocantins eraa maior região contínua de terras férteis do Globo,e que só a região do Araguaia-Tocantins e seusafluentes daria para alimentar 500 milhões - depessoas. Entretanto, com o Vale do Araguaia­Tocantins, e muitos outros milhões de hectaresagricultáveis, não estamos conseguindo alimentar145 milhões.

É um paradoxo; é uma realidade cruel. E éem cima dessà realidade que se impõe uma refor­mulação do latifúndio, da propriedade fundiária.Os nossos antepassados já diziam isto, Sr. Presr­dente. José Bonifácio, que era tetravô ou "qua­dravô" do nosso colega Bonifácio de Andrada,formulava, ainda antes da libertação dos escravos,uma lei em que determinava, no art. 7°, que acada preto-fôrro o Estado doasse uma pequenasesmaria. Era tanta terra que ele podena se darao luxo de doar a um preto-fôrro uma pequenasesmaria, como uma necessidade, porque aquelehomem era agricultor. Ele pagava ou conquistavaa sua libertação e ia fazer o que, Sr. Presidente?Mas José Bonifácio teve que ir para o exílio porcausa dessa lei! Vejam só: há mais de 150 anosque se luta, neste País, pela modificação da estru­tura fundiária, e não conseguimos nada, até hoje,realmente, de efetivo.

Evidentemente, o Governo atual fez um planode reforma agrána que, a nosso ver, satisfazia,dentro do sistema capitalista, mas as críticas quese fizeram a esse plano foram de tal ordem quedesestabilizaram qualquer possibilidade de execu­ção desse plano. Não falamos isto com a intenção

de ser agradável ao Presidente ou a qualquer cor­rente polrtica,mas em respeito a justiça.

POIS bem, Sr. Presidente, continuamos assis­tindo a essas propostas que, dizem, são rnoder­nizadoras.

Querem rnodermzar o Brasil tendo como exem­plo a Coréia do Sul, que resultou da divisão daCoréia em Coréia do Sul e Coréia do Norte depoisdaquela guerra estúpida que o General MacArthurteve que fazer para impedir que a Coréia fosseum país socíahzadol A Coréia do Sul tornou-seuma plataforma para a instalação das grandesempresas internacionars, sobretudo no setor daeletrônica.

Formosa não é exemplo, também, que sirvapara o Brasil. Formosa foi uma Ilha que ficoulivre porque foi cercada por navios americanospor todos os lados. E então a China não tinhacondições de retomar a sua propriedade na Ilhade Formosa, que é, hoje, um país falsamente Inde­pendente. Também Formosa não pode constituirexemplo para o Brasil Cingapura e Hong Kongmuito menos.

Eles querem dizer que Angola agora está abrin­do as suas fronteiras, mas Angola está vivendouma situação aflitíssima. Angola saiu do domínioportuguês e tem agora, pior, a guerra com a Áfricado Sul, que é permanente, financiando Savimbi,que fica constantemente destruindo a populaçãoe as riquezas de Angola. Por maior que seja orespeito que temos por aquele país, a luta dopovo angolano merece todo o nosso apoio, Ango­la não pode servir de exemplo, como norma, parao Brasil.

Nós devemos modernizar, sim. Modernizar! Mo­dernização, Sr. Presidente, não quer dizer entre­gação.

Duranteo discursodo Sr. Constituinte Fer­nando Santana, o Sr.UlyssesGuimarães, Pre­sidente, deixa a cadeira da presidência, queé ocupada pelo Sr. Mário Maia, Segundo­Secretário.

o SR. PRESIDENTE (Mário Maia) - Tema palavra o Sr. Constituinte Amaldo Faria de Sá.

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB ­SP. Sem revisão do orador) - Sr Presidente:

Tomei conhecimento que, em assembléia, ospanificadores designaram o dia 20 de janeiro parauma paralisação. FICO muito preocupado, porquese isto efetivamente ocorrer, por causa da inabili­dade do MinistérIo da Fazenda, a população brasi­leira vai perder o único alimento que ainda podeadquirir, que é o pão. Tudo ocorreu em razãoda Portaria Super n" 2/88, da Sunab, que delegoucompetência às delegacias regíonars para fixaremo preço do pão francês no interior dos Estados,marginalizando as capitais, Logicamente sabe­mos por que houve essa jogada de marginalizaras capitais. Justamente nas capitais é onde secolhem os percentuais para medir a inflação.Acho que não é desta forma que poderemos con­trolar a inflação, colocando numa situação críticaa população brasileira, impedindo-a de adquiriro seu alimento mais barato e o único que real­mente pode representar-lhe alguma coisa

Temos em mão um telex da ASIP - Associa­ção Brasileira da Indústria de Panificação, e umtelex do Dr, Celso Antônio Lorderes, Superinten­dente Nacional de Abastecimento, demonstrandoque não há uma solução para o caso. E nós esta-

Page 25: República Federativa do Brasil ASSEMBLÉIA NACIONAL ...imagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/166anc13jan1988.pdfBRAstUA-DF República Federativa do Brasil NACIONAL CONSTITUINTE DIÁRIO

Janeiro de 1988 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Quarta-feira 13 6431

mos preocupados, porque o convênio retirou osubsídio da farinha e não encontrou nenhumaalternativa para que a indústriada panificaçãopu­desse continuar produzindo. Tomamos conheci­mento de que aqui, em GOIás, o Ministério daAgriçultura apurou que alguns fazendeiros estãodando farinha de trigo para alimentar os seusporcos.

Então, realmente, há um descontrole total, umdescalabro, e nós ficamos preocupados, com asituação,porque jamais podemos admitirque ISSO

ocorra.Quero aproveitara oportunidade para registrar,

aqui, que ontem tomou posse, em São Paulo,a nova Diretoria da Associação dos Delegadosde Policia, que passa a ser dirigida pelo Dr.Abra­hão Kfoury, e para cumprimentar o Dr AmirNe­ves, que deixa essa entidade, na qual procurou,durante esse tempo, dar atenção necessána à ca­tegona.

Era o que eu queria registrar, Sr. Presidente.

VlII- ENCERRAMENTO

o SR. PRESIDENTE (Mário Maia) - Nadamais havendo a tratar, vou encerrar a sessão.

DE!XAJI1 DE COMPARECER OS SENHORES:

Abigail Feitosa - PMDB; Aderrur Andrade ­PMDB; Aécio de Borba - PDS;Aécio Neves ­PMDB; Afif Domingos - PL; Agasslz Almeida ­PMDB; Alarico Abib- PMDB; Albérico FIlho­PMDB; Alexandre Puzyna- PMDB; Alfredo Cam­pos - PMDB; Almir Gabnel - PMDB; AloysioTeixeira - PMDB; Alvaro Antônio- PMDB; Alva­ro Valle - PL; ÂngeloMagalhães- PFL;AntônioCâmara - PMDB; Antônio Carlos Franco ­PMDB; Antoníocarlos MendesThame - PFL; An­tonto Ferreira- PFL; ArnaldoPrieto- PFL; Arturda Távola - PMDB; Asdrubal Bentes - PMDB;Assis Canuto - PFL; Átila Lira - PFL; AureoMello - PMDB; Basílio VilIani - PMDB; Bene­dicto Monteiro - PMDB; Bocayuva Cunha ­PDT; Bosco França - PMDB; Caio Pompeu ­PMDB; CardosoAlves - PMDB; CarlosBenevides- PMDB; CarlosCardinal- PDT; CarlosDe'Carli- PMDB; CarlosMosconi- PMDB; CarlosVirgí-lio - PDS; Carrel Benevides - PMDB; CéliodeCastro- PMDB; Celso Dourado - PMDB; CésarCals Neto - PDS; César Maia - PDT; ChagasNeto- PMDB; CláudioÁvila - PFL; CristinaTa­vares - PMDB; Cunha Bueno - PDS; DáltonCanabrava - PMDB; Darcy Pozza- PDS; Davi

Alves Silva- PDS;Del Bosco Amaral - PMDB;Delfim Netto- PDS;DéhoBraz- PMDB; Dioni­sio Dal Prá - PFL; DIonísio Hage- PFL;DjenalGonçalves - PMDB; Doreto Campanari ­PMDB; Edésio Frias - PDT; Edme Tavares ­PFL; Eduardo Jorge - PT; Eduardo Moreira ­PMDB; Eliel Rodngues - PMDB; Enoc Vieira ­PFL; Erico Pegoraro - PFL; Fábio Feldmann ­PMDB; Farabulini Júnior - PTB; Fausto Fernan­des -PMDB; FelipeCherdde - PMDB; FernandoBezerra Cóelho - PMDB; Fernando Cunha ­PMDB; Fernando Gomes - PMDB; Fernando Ly­ra - PMDB; Fernando Velasco- PMDB; Flores­tan Fernandes - PT; Floriceno Paixão - PDT;França Teixeira - PMDB; Francisco Benjamirn- PFL; Francisco Dornelles - PFL; FranciscoKuster- PMDB; Francisco Rossi- PTB; FurtadoLerte- PFL; Gabriel Guerreiro- PMDB; Gene­baldo Correia - PMDB; Genésio Bernardino ...LPMDB; GeovahAmarante- PMDB; GeraldoAlck­mIO FIlho - PMDB; Geraldo Fleming - PMDB;Geraldo Melo - PMDB; Gerson Marcondes ­PMDB; Gil César - PMDB; Gilson Machado --'PFL; Gumercindo Milhomem - PT; HenriqueCórdova - PDS; Henrique Eduardo Alves ­PMDB; Hermes Zaneti- PMDB; Homero Santos- PFL, Irma Passoni - PT; Ismael Wanderley- PMDB; Ivo Cersósímo - PMDB; Ivo Lech -PMDB; Ivo MainardI - PMDB; Ivo Vanderlinde- PMDB; Jacy Scanagatta - PFL;Jairo Carneiro- PFL; Jamil Haddad - PSB; Jayme Santana- PFL;Jessé Freire - PFL; Jesualdo Cavalcanti- PFL; Jesus Tajra- PFL;Joaci Góes - PMDB;João Carlos Bacelar - PMDB; João Castelo ­PDS;João Cunha- PMDB; João Herrmann Neto- PMDB; João Machado Rollemberg - PFL;João Natal- PMDB; João Paulo- PT;JoaquimBevilacqua- PTB;Jorge Leite- PMDB; JorgeUequed - PMDB; Jorge Vianna- PMDB; JoséCamargo - PFL;José Carlos Coutinho - PL;José Carlos Martinez - PMDB; José Egreja ­PTB; José Fernandes - PDT; José Freire ­PMDB; José Luiz de Sá - PL; José Luiz Maia- PDS; José Maurício - PDT; José Melo ­PMDB; José MendonçaBezerra- PFL; José Ser­ra - PMDB; José Teixeira - PFL; José ThomazNonê - PFL; José Ulísses de Oliveira - PMDB;Juarez Antunes - PDT; Júlio Campos - PFL;Jutahy Magalhães - PMDB; Lerte Chaves ­PMDB; Lélio Souza - PMDB; Leopoldo Perez ­P'MDB; Leur Lomanto - PFL; Lúcia Braga ­PFL; Lúcia Vânia - PMDB; Lúcio Alcântara ­PFL; Luiz Freire - PMDB; Luiz Leal - PMDB;Luiz Marques - PFL; Luiz Soyer - PMDB; LuizVIana - PMDB; Luiz Viana Neto- PMDB; Maluly

Neto - PFL; Manoel Moreira - Pf;\DB; ManuelViana - PMDB; MárciaKubitschek- PMDB; Már­cio Braga - PMDB; Marcondes Gadelha- PFL;Maria Lúcia- PMDB; Mário Assad - PFL; MánoBouchardet- PMDB; Mário de Oliveira - PMDB;MattosLeão- PMDB; MauócioCampos - PFL;.Mauricio Corrêa- PDT; Mauricio Fruet- PMDB;Mauricio Pádua - PMDB; Maurílio Ferreira Lima- PMDB; MauroBorges - PDC; MauroCampos- PMDB; MauroMiranda- PMDB; MaxRosen-mann - PMDB; Mendes Canale - PMDB; Mes­sias Soares - PTR; MIchel Temer - PMDB; Mil­ton Barbosa - PMDB; Milton Lima - PMDB;Myrian Portella- PDS; Nabor Júnior - PMDB;Naphtali Alves de Souza - PMDB; NelsonAguiar- PDT; NelsonCarneiro- PMDB; NelsonSabrá- PFL; NelsonWedekm- PMDB; Nestor Duarte- PMDB; Nilso Sguarezi- PMDB; NionAlbernaz- PMDB; NyderBarbosa - PMDB; Olívio Dutra- PT;Onofre Corrêa- PMDB; Orlando Pacheco- PFL; Oscar Corrêa - PFL; Osmar Leitão-PFL; Osvaldo Bender - PDS; Osvaldo Macedo- PMDB; OsvaldoSobrinho- PMDB; PauloDel­gado - PT;PauloMacarini - PMDB; PauloPaim- PT; Paulo Roberto Cunha - PDC; Paulo Silva- PMDB; Pedro Ceolin- PFL; Pimenta da Veiga- PMDB; Raimundo Bezerra- PMDB; Raírnun-do Lira- PMDB; Raimundo Rezende - PMDB;Raquel Cândido - PFL; Raul Belém - PMDB;RaulFerraz- PMDB; Renan Calheiros- PMDB;Renato Bernardi - PMDB; Renato Vianna ­PMDB; Ricardo Izar- PFL; Roberto Augusto ­PTB; Roberto Balestra - PDC; Roberto D'Ávila- PDT; Roberto Rollemberg - PMDB; RobertoTorres - PTB; Roberto Vital - PMDB; RobsonMarinho - PMDB; Rodrigues Palma - PMDB;Ronaro Corrêa - PFL; Rospide Netto - PMDB;Sarney Filho - PFL; Severo Gomes - PMDB;Simão Sessim - PFL;Tadeu França - PMDB;TelmoKírst-PDS; TitoCosta-PMDB; UbiratanSpinelli - PDS; Valter Pereira - PMDB; Vasco

, Alves - PMDB; Vicente Bogo - PMDB; VIctorFaccíom - PDS; Victor Trovão - PFL; Vieira

,da Silva- PDS;Vinicius Cansanção - PFL; Virgí­, líoGalassi- PDS;Virgílio Guimarães- PT;Vitor

Buaiz - PT; Vladimir Palmeira - PT; WagnerLago - PMDB; Walmor de Luca - PMDB; ZizaValadares- PMDB.

o SR. PRESIDENTE (Mário Maia) - Encerroa sessão, convocando outra para amanhã, dia13, quarta-feira, às 14 horas e 30 minutos.

(Encerra-se a sessão às J 7horas e J5 mi­nutos.)

Page 26: República Federativa do Brasil ASSEMBLÉIA NACIONAL ...imagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/166anc13jan1988.pdfBRAstUA-DF República Federativa do Brasil NACIONAL CONSTITUINTE DIÁRIO

P.ÁGINA ORIGINAL EtA BRANCO

Page 27: República Federativa do Brasil ASSEMBLÉIA NACIONAL ...imagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/166anc13jan1988.pdfBRAstUA-DF República Federativa do Brasil NACIONAL CONSTITUINTE DIÁRIO

MESA

ASSEMBLEIA NACIONAl CONS11TUIRI'E

UDERANÇAS NA.ASSEMBLÉIA. NACIONAL CONSmmNTE

PMDB Messias G6is Vice-Lideres:

Presidente: Líder: Arolde de Oliveira PlínioArruda Sampaio

OLYSSES GOIMARÃES M6rlo Covas Alércio Dias José Genoíno

Vice-Lideres:Evaldo Gonçalves PL

Euclides ScalcoSimão Sessim Líder:

l°-Vice-Presidente: PauloMacarini Inocêncio de Oliveira Adolfo Obelra

MA.OROBENEVIDES Antônio Perosa Divaldo Suruagy

RobsonMarinho José Agripino MaiaPDC

Antônio Britto Ma~cio Campos

2°·Vice-Presidente: Gonzaga Patriota, PauloPimentelLider:

JORGE ARBAGE Osmir LimaJosé Lins Mauro Borges

Gidel DantasPaes Landim

Henrique Eduardo AlvesVice-Lideres:

lo-Secretário: José Guedes PDS José MariaEymael

MARCELO CORDEIRO UbiratanAguiar Lider: Siqueira Campos

Rosede Freitas Amaral Netto PCdoB

VascoAlves Vice-Lideres:Líder:

29-Secretário:CássioCunha Lima VirgílioTávora

Haroldo UmaFlávio Palmier da Veiga

MÁRIo MAIA. Joaci G6esHenriqueCórdova

Nestor DuarteVictor Faccioni Vice-Lider:

CarlosVirgílio Aldo ArantesAntonio Mariz

3°-Secretário: Walmor de LucaPCB

ARNALDO FARIA.DE SÁ RaulBelém PDT Líder;

RobertoBrant Líder; Roberto Freire

Mauro Campos Brandão Monteiro Vice-Líder:

19-5uplente de Secretário: Hélio ManhãesFernando Santana

Teotonio VIlela FilhoVice-Lideres:

BENEDITA DA SILVA AluizioBezerraAmaury Müller

Adhemar de Barros Filho PSBNion A1bernaz VIValdo Barbosa

Líder:

2°-Suplente de Secretário:OsvaldoMacedo Jamil HaddadJovanniMasini José Fernandes

UlIZSOYER José CarlosGreccoGeraldoAlckmin Filho PTB Vice-Líder:

PFL Lider: Beth Azize

3°-Suplente de Secretário: Lider: Gastone RIghi

SOTERO CUNHA. José Lourenço Vice-Lideres: PMB

Vice-Lideres: Sólon Borges dos Reis Líder:

Fausto Rocha Ottomar Pinto Antônio Farias

Ricardo Fiuza RobertoJefferson PTRGeovaniBorges PT Líder:

-Mozarildo Cavalcanti Líder:Valmir Campelo LuIzlnádo Lula da sOva Messias Soares

Page 28: República Federativa do Brasil ASSEMBLÉIA NACIONAL ...imagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/166anc13jan1988.pdfBRAstUA-DF República Federativa do Brasil NACIONAL CONSTITUINTE DIÁRIO

CoMISSAODESISTEMA11ZAÇÃO

PresIdente:AfonsoArinos- PA.. - RJ

19-VIce-Presidente:

AluizioQmpos - PMDB - P829-V"tee-Presidente:

BrandêoMonteiro- PDT- RJ

Relator:BernardoCllbral- PMDB- No'.

PDS

Antonlocados KonderReis

Darcy PozzaGer$On Peres

PDTBrandãoMonteiroJosé Mauricio

PTB

JaIbasPlISSlIrinhoJoséLuizMalaV"lfgllio Távora

Lys6neas Maciel

PA..

EnocVieiraFurtadoLeiteGilsonMachado~go Napoleão_Jesualdo CavalcanteJoão MenezesJofran Frejat

PDS

AdylsonMottaBonlf6clo de Andrada

Jonas PinheiroJoséLourençoJoséTmocoMozariIdo CavalcantiValmlr_CampeJoPIres LandsnRicardo IzarOscar Corrêa

VIctor Faccioni

Suplentes

PTLuIz InácioLula PIfnIo Arruda

da Silva SamPaioPI..

Adolfo Oliveira

PDCSiqueira Campos

PCdoBHaroldoUrna

PCB

R9berto Freire

PSBJamil Haddad

PMDBAntonip Farias

Aldo Arantes

LuIzSalomão

Ottomar Pinto

PTB

Bocayuva CWJha

PDT

PT

Afif DomingosPI..

José Genolno

PCdoB

PDCJosé MariaEymael RobertoBaIIestra

PCB

Fernando Santana

Joaquim Bevil6cquaFranciscoRossiGastone Righi

PMDB

Abigail Feitosa José Ignácio FerreiraAdemir Andrade José lfaulo BisolAlfredo Campos José RichaAlmir Gabriel José SerraAluizio Campos José Ulissesde OliveiraAntonio Britto Manoel MoreiraArturda Távola M6rioUrnaBernardoCabral MIlton ReisCarlosMosconi Nelson CarneiroCarlosSant'Anna Nelson JobimCelsoDourado Nelton FriedrichOd Carvalho Nilson GibsonCristIna TlIVlII'es Oswaldo Lima F1IhoEgidio FerreiraUrna PauloRamosFernandoBezerra Coelho Pimenta da VeigaFernando GlISplIIilln PriscoV"1lIJllIFernando Henrique Cardoso Raimundo BezerraFernando Lyra Renato V"llIIUIaFranciscoPInto Rodrigues PalmaHaroldoSabóia Slgmaringa SeixasJoão CaImon Severo GomesJoão Hermann Neto 1l1eodoro MendesJosé Fogaça VirgUd6sIo de SennaJosé Freire WDson MartinsJoséGer8ido

AfonsoArinosAlceniGuerraAloysio ChavesAntonio CarlosMendesThame

ArnaldoPrietoCarlosChiarelliChristóvam ChiaI'lIdIaEdmeTlIVlII'eSEraldo TmocoFranctscoDornellesFranclscoBenjamimInocêncioOliveira

PA..

JoséJorgeJosé UnsJosé LourençoJoséSantana de

VasconcellosJosé TIiõniãiN0n6Luis EduardoMarcondes GadelhaM6rioAssad --Osvaldo CoelhoPauloPimentelRicardo FIuzaSandra Cavalcanti

PMDB

Aécio NevesAlbano FrancoAntonio MarizChagas RodriguesDaso ColmbraDélio BrazEuclidesScalcoIsraelPinheiroJoão AgrIpinoJoão NatalJosé CarlosGreccoJoséCostaJosé MaranhãoJoséTlIVlII'eS

LuIz HenriqueManoel VianaM6rc1o BragaMarcos UrnaMichel TemerMiro TeixeiraNelsonWedekinOctávIo EIrsIoRoberto BrantRose de Freitas(JIdurico PintoV"lCente BagoVilsonde SouzaZizaValadares

PSB

Beth Azize

PMBIsraelPinheiro Fdho

ReunJõea; terças, quartas e quintas-feiras.

Secretúia: MariaLauraCoutinho

Telefones: 224-2848 - 213-6875 ­213-6878.

Page 29: República Federativa do Brasil ASSEMBLÉIA NACIONAL ...imagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/166anc13jan1988.pdfBRAstUA-DF República Federativa do Brasil NACIONAL CONSTITUINTE DIÁRIO

REVISTA DEINFORMACÃO

:I

LEGISLATIVA N° 94Está circulando o n9 94 (abril/junho de 1987) da Revista de Informação Legislativa, periódico tri­

mestral de pesquisa jurídica, editado pela Subsécretaria de Edições Técnicas do Senado Federal.

Este número, com 368 páginas, contém as seguintes matérias:

A Constituição do Império - Paulo BonavidesA Constituição de 1934 - Josaphat MarinhoA transição constitucional brasileira e o Antepro­jecto da Comissão Afonso Arinos - Jorge Mi­randaMudança social e mudança legal: os limites do

Congresso Constituinte de 87 - José Reinaldo de

Lima LopesA Constituição em questão - Eduardo Silva CostaO bicentenário da Constituição americana - Ri­

cardo Arnaldo Malhelros FiuzaConstituinte e a segurança pública - José Alfre­

do de Oliveira BarachoRelações exteriores e Constituição - Paulo Ro­

berto de AlmeidaOs novos Estados corno novos atores nas rela­ções internacionais - Sérgio França DaneseO Ministério Público Federal e a representaçãojudicial da União Federal - Edylcéa Tavares No­gueira de PaulaConstituinte e meio ambiente - Paulo Affonso

Leme Machado

Interesses difusos: a ação civil pública e a Cons­tituição - Alvaro Luiz Valery MirraSuspensão da executoriedade das leis - CarlosRoberto PellegrinoNatureza das decisões do Tribunal de Contas ­J. Cretella JúniorApontamentos sobre imunidades tributárias à luzda jurisprudência do STF - Parte 2: A imunidadetributária dos partidos políticos e das instituiçõesde educação - Ruy Carlos de Barros MonteiroDias feriados - Sebastião Baptista AffonsoDo voto distrital - Paulo GadelhaA liberdade de culto no pleito de 15-11-86 - JesséTorres Pereira JúniorDerecho penal y derecho sancionador en el orde­namlento jurldlco espaüol - Miguel Polalno Na­varrete

Asistencia religiosa. Derechos religiosos de san­cionados a penas privativas de libertad - AntonioBeristainIntegração ·do preso (condenado) no convívio so­cial - o modelo da APAC de São José dos Cam­pos - Armlda Bergamini Miotto

À venda na Subsecretari,ade Edições Técnicas(Telefone: 211-3578)Senado Federal, anexo I

- 229 'andarPraça dos Três Poderes70160 - Brasília - DF

PRECO DO"EXEMPLAR:

Cz$ 40,00

Assinaturapara 1987:Cz$ 160,00(números 93 a 96)

Os pedidos deverão ser acompanhados de cheque nominal à Subsecretaria de Edições Técnicasdo Senado Federal ou de vale postal remetido à Agência da ECT Senado Federal - CGA 470775.

Atende-se, também, pelo sistema de reembolso postal.

Page 30: República Federativa do Brasil ASSEMBLÉIA NACIONAL ...imagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/166anc13jan1988.pdfBRAstUA-DF República Federativa do Brasil NACIONAL CONSTITUINTE DIÁRIO

DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE

Preço de AssinaturaSemestral............................... Cz$Despesa c/ postagem Cz$

(Via Terrestre)TOTAL

264,0066,00

330,00

Exemplar Avulso 2,00

Os pedidos devem ser acompanhados de Cheque pagável em Brasília

ou Ordem de Pagamento pela CaixaEconômica Federal- Agência - PS - CEGRAF,

conta corrente n9 920001-2, a favor do:

CENTRO GRÁFICO DO SENADO FEDERAL

Praça dos Três Poderes - Caixa Postal 1.203 - Brasília - DF.CEP: 70.160

Maiores informações pelos telefones (061) 211-4128 e 224-5615, naSupervisão de Assinaturas e Distribuições de Publicações - Coordenação deAtendimento ao Usuário.

Page 31: República Federativa do Brasil ASSEMBLÉIA NACIONAL ...imagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/166anc13jan1988.pdfBRAstUA-DF República Federativa do Brasil NACIONAL CONSTITUINTE DIÁRIO

REVISTA DE INFORMAÇÃOLEGISLATIVA N9 95

(julho a setembro de 1987)

Está circulando o n° 95 da Revista de Informação Legislativa, periódico trimestral de pesquisajurídica editado pela Subsecretaria de Edições Técnicas do Senado Federal.

Este número, com 360 páginas, contém as seguintes matérias:

- Direitos humanos no Brasil - compreen­são teórica de sua história recente - José Rei­naldo de Lima Lopes

_ Proteção Internacional dos direitos do ho­mem nos sistemas regionais americano e europeu_ uma Introdução ao estudo comparado dos direi­tos proteqidos - Clemerson Merlin'Cleve

- Teoria do ato de governo - J. CretellaJúnior

- A Corte Constrtucional - Pinto Ferreira

- A Interpretação constitucional e o controleda constitucionalidade das leis - Maria HelenaFerreira da Câmara

_ Tendências atuais dos regimes de governo

- Raul Machado Horta

- Do contencioso administrativo e do pro-cesso administrativo - no Estado de Direito ­A.B. Cotrim Neto

_ Ombudsman - Carlos Alberto Proven­ciano Gallo

- Liberdade capitalista no Estado de Direito- Ronaldo Poletti

- A Constituição do Estado federal e das Uni-dades federadas - Fernanda Dias Menezes deAlmeida

- A distribuição dos tributos na Federaçãobrasileira - Harry Conrado Schüler

- A moeda nacional e a Constituinte - Letá­cio Jansen

- Do tombamento - uma sugestão à As­sembléia Nacional Constrtumte - Nailê Russoma­no

- Facetas da "Comissão Afonso Arinos" ­e eu ... - Rosah Russomano

- Mediação e bons offcios - consideraçõessobre sua natureza e presença na história da Amé-·rica Latina - José Carlos Brandi Aleixo

- Prevenção do dano nuclear -aspectos Jurí­dicos - Paulo Affonso Leme Machado

À venda na Subsecretariade Edições Técnicas­Senado Federal, anexo I,22° andar - Praçados Três Poderes,CEP 70160 - Brasília, DF- Telefone. 211-3578.

PREÇO DOEXEMPLAR:

Cz$ 40,00

Assinatura para 1987(nOS 93 a 96): Cz$ 160,00

Os pedidos deverão ser acompanhados de cheque nominal à Subsecretaria de Edições Técni­cas do Senado Federal ou de vale postal remetido à Agência ECT Senado Federal - CGA 470775.

Atende-se, também, pelo sistema de reembolso postal.

Page 32: República Federativa do Brasil ASSEMBLÉIA NACIONAL ...imagem.camara.gov.br/imagem/d/pdf/166anc13jan1988.pdfBRAstUA-DF República Federativa do Brasil NACIONAL CONSTITUINTE DIÁRIO

1 EDIÇÃO DE HOJE: 32 PÁGINAS

Centro Gráfico do Senado FederalCaixa Postal 07/1203

Brasília - DF

I PREÇO DESTE EXEMPLAR: Cz$ 2,00