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Prémio GAZETA do Tâmega e Sousa ao Nordeste SETEMBRO ’ 11 repór ter do marão A ( boa ) moda das ecovias e ciclovias INTERIOR NORTE tem 70 km de vias em funcionamento, mas muitos mais quilómetros estão em construção ou em projeto. Um hino à saúde e ao ambiente. Nº 1255 | setembro '11 | Ano 28 | Mensal | Assinatura Nac. 40€ | Diretor: Jorge Sousa | Edição: Tâmegapress | Redação: Marco de Canaveses | t. 910 536 928 | Tiragem: 25.500 ex. Temporal e míldio provocam perdas de 50 por cento a produtores de vinho de Amarante Olivicultores defendem que Douro deve produzir azeite para compensar as perdas no vinho Oferecemos leitura

Repórter do Marão

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Revista Mensal de Informação. Tiragem média de 30 mil exemplares. Distritos do Porto, Vila Real e Bragança. Regiões do Douro, Tâmega e Sousa

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Prémio GAZETA do Tâmega e Sousa ao Nordeste

SE TEMBRO ’ 11

repórterdomarãoA ( boa ) moda das ecovias e cicloviasINTERIOR NORTE tem 70 km de vias em funcionamento, mas muitos mais quilómetros estão em construção ou em projeto. Um hino à saúde e ao ambiente.

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Temporal e míldioprovocam perdasde 50 por cento aprodutores de vinhode Amarante

Olivicultoresdefendem que Douro deve produzir azeite

para compensaras perdas no vinho

Oferecemos leitura

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Patrícia Posse | [email protected] | Fotos D.R., Manuel Teles e GAB/CM

C oncebidas para a circulação exclusiva de bicicle-tas, as ciclovias têm vindo a germinar pelo Nor-te do País como espaços de lazer, de turismo e de

promoção da saúde. Em alguns casos, estas vias de co-municação acompanham traçados rodoviários, linhas de água ou conferem uma nova utilidade às linhas ferro-viárias que têm vindo a ser desativadas nas últimas dé-cadas.

Foi na capital do distrito brigantino que nasceu a mais recente ciclovia da região, com quatro quilóme-

tros destinados aos amantes do pedal. Inaugurada em junho deste ano, a infraestrutura liga o campus do Instituto Politécnico de Bragança ao centro da cidade e envolveu um investimento de cerca de 2,8 milhões de euros (uma verba compartici-pada por fundos comunitários). Perspetiva-se ainda o prolongamento desta via bidirecio-nal com um pequeno troço que contornará o Centro de Ciência Viva.

Em março último, a autarquia adjudicou

outro troço ciclável que será implementado no bairro da Mãe d’Água. Com uma extensão de 1,5 quilómetros, a ci-clovia da Mãe d’Água vai aproveitar a antiga linha de cami-nho de ferro e, numa fase posterior, poderá convergir para a Avenida Abade de Baçal, coincidindo o traçado com a construção da circular rodoviária externa da cidade. A ci-clovia e parque de lazer do bairro representam um inves-timento de 900 mil euros, um montante comparticipado em 70% por fundos comunitários.

No concelho de Macedo de Cavaleiros, a ciclovia do Azibo distingue-se por proporcionar aos seus utilizado-res um contacto privilegiado com a Natureza. Com início na Praia da Ribeira e término nas proximidades do Núcleo Central da Paisagem Protegida da Albufeira do Azibo, a ci-clovia tem uma extensão superior a 15 quilómetros e con-torna a albufeira pelo lado oeste. Ao percorrê-la, o ciclista pode fruir a paisagem, com vista para a Serra de Bornes, observar belos exemplares de sobreiros, freixos, carvalhos, azinheiras, vislumbrar aves de rapina como o milhafre ne-gro, a águia-de-asa-redonda ou até mesmo o anfitrião da área protegida, o mergulhão-de-crista. Esta ciclovia é par-

VIDA AO AR LIVRE

CICLOVIAS, ECOVIAS E ECOPISTAS

FAFE: 5,9 km

PAREDES: 20 km

AMARANTE: 9,3 km

VILA POUCA DE AGUIAR: 6,6 km

MACEDO DE CAVALEIROS (AZIBO):

15,6 km

TORRE DE MONCORVO (SABOR): 9,7 km

BRAGANÇA: 1,5 km

Não passa um fim de semana sem que Fernando Tomé, 53 anos, pegue na bicicleta e percorra a ciclovia do Fervença, em Bragan-ça. “Fazia muita falta na cidade. Só é pena não ser maior, mas já é bom para o pessoal se começar a habituar a andar de bicicle-ta”, refere.

Em funcionamento há três meses, a ciclovia brigantina tem

vindo a conquistar cada vez mais utilizadores. “Tem bastan-tes utilizadores e penso que o número tem vindo a aumen-tar. Veem-se muitas famílias com crianças, grupos e pesso-as com uma certa idade que antes não andavam em lado

nenhum”, revela Fernando Tomé, que prefere “dar umas vol-tas” sozinho ou com amigos.

Ciclovia do Fervença,em Bragança

(Em funcionamento)

Um pretexto

(também) para

sair de casa

Ecovias são sau dáveis e estão na moda

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Patrícia Posse | [email protected] | Fotos D.R., Manuel Teles e GAB/CM

ticularmente indicada para os adeptos de BTT, uma vez que o piso é de terra batida. O projeto desta infraestrutura data de 2006, altura em que se procedeu à sinalização do trajeto e à criação de percursos pedestres.

Com um investimento de 500 mil euros, a ecopista da Linha do Sabor nasceu do aproveitamento da antiga linha férrea do Sabor, que ligava o Pocinho (em Vila Nova de Foz Coa) a Duas Igrejas (em Miranda do Douro), passando por Torre de Moncorvo, Freixo de Espada à Cinta e Mogadou-ro. Em funcionamento desde julho de 2006, esta infraes-trutura foi a primeira ecopista do distrito de Bragança. Os ciclistas são desafiados a percorrer 9,7 quilómetros de ter-ra batida, desde Torre de Moncorvo até ao lugar do Carva-lhal, contornando o sopé da serra de Reboredo.

Em julho de 2008 foi lançado o concurso para a cons-trução do troço entre o Carvalhal e Carviçais, prevendo-se a sua conclusão em novembro do ano seguinte. A câma-ra de Torre de Moncorvo anunciava que o projeto de 1.5 milhões de euros já tinha sido aprovado e seria financia-do em 50% pelo Quadro de Referência Estratégico Nacio-nal (QREN). Contudo, volvidos dois anos, ainda não é pos-

sível pedalar esses 12 quilómetros.Numa terceira fase, está prevista a recuperação da de-

zena de quilómetros que ligam Moncorvo ao Pocinho. O objetivo da Refer passa pela reconversão total dos 104 qui-lómetros da linha, portanto, até ao planalto mirandês.

Em agosto de 2008, a Refer manifestou a intenção de construir uma rede de ecopistas em Trás-os-Montes, apro-veitando as linhas do Corgo, Sabor e Tua, com o intuito de reabilitar o património ferroviário e fomentar o turismo de Natureza. Contudo, o projeto de uma ecopista no Tua po-derá não ser viável, atendendo ao facto de ter avançado já a construção da barragem de Foz Tua, que deixará vários troços submersos.

Já a Ecopista do Corgo, no distrito de Vila Real, tem o troço que liga Vila Pouca de Aguiar à vila termal de Pedras Salgadas operacional desde o verão de 2008. Os 6,6 quiló-metros que unem as duas localidades, passando pelas al-deias de Nuzedo, Sampaio e Vila Meã, podem ser percorri-dos a pé, em patins ou de bicicleta.

Desativada na década de 90, a linha ferroviária do Cor-go viu-se, assim convertida em ecopista, possibilitando

aos seus utilizadores uma forma alternativa de visitar e apreciar o vale do Corgo, nomeadamente as lides das suas aldeias, os animais, as estações e os apeadeiros.

No início deste ano, foram adjudicados os 17 quilóme-tros que vão completar o traçado da antiga linha de com-boio no concelho aguiarense. O valor da empreitada é de 577 mil euros e tem um prazo de execução de, aproxima-damente, 10 meses. O troço a Norte estende-se de Pedras Salgadas ao limite de Sabroso de Aguiar e o troço a Sul vai de Vila Pouca de Aguiar ao limite de Telões.

No futuro, a Ecopista do Corgo será mais extensa, com um total de 33 quilómetros para ligar Vila Real, Vila Pouca de Aguiar, Chaves e Laza, na Galiza. O investimento deste projeto ronda os 2.5 milhões de euros, um montante que será comparticipado também por fundos comunitários.

VIDA AO AR LIVRE

O percurso “bastante suave e sem dificuldades” nem sempre é convenientemen-te utilizado: “via-se muita gente a andar a pé na ciclovia e tínhamos que mandar des-viar, mas agora [os pedrestes] já começam a estar mentalizados que têm de andar ao lado, no passeio”.

Fernando Tomé destaca as mais-valias da nova infraestrutura na promoção de uma vida saudável e, sobretudo, como um motivo para os mais idosos saírem de

casa. “As pessoas com mais idade, na casa dos 70, que estavam fechadas em casa, agora têm um pretexto para pegar na bicicleta.”

Para este comerciante brigantino, cujo ramo de negócio está ligado ao ciclismo, a ciclovia do Fervença tem gerado algumas oportunidades: “aumenta sempre um bo-cadinho, mas nota-se que as pessoas vêm pôr pneus nas bicicletas para ir para a ci-clovia”. P. P.

Ecovias são sau dáveis e estão na moda

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Mónica Ferreira | [email protected] | Fotos D.R.

VALE DO SOUSA | Orografia da região pouco propícia às ecovias

A cidade de Paredes é atualmente o único centro urbano na região do Vale do Sousa que possui uma ciclovia em funcionamento, que inclui uma Rede de Bicicletas de Uso Partilhado, mas também Penafiel promete criar a curto

prazo uma rede ciclável, no âmbito do Plano Estratégico de Mobilidade. Embora em Paredes seja possível circular de bicicleta em qualquer local da cidade, o Município

tem disponível uma pista ciclável que está em fase de inscrição na Rede de Ciclovias de Portugal e que conta com cerca de 20 quilómetros.

Segundo a autarquia, estes projetos da ciclovia e da Rede de Bicicletas de Uso Partilhado surgi-ram como uma forma de dar um contributo para o meio ambiente, propondo à população em ge-ral um meio alternativo de transporte rápido, eficiente, limpo e saudável, numa altura em que Portu-gal é o segundo país da União Europeia com o maior peso do automóvel no transporte de pessoas.

Para além de entender que este sistema tem benefícios para o ambiente, económicos e ener-géticos, com estes projetos a autarquia pretende ainda reforçar o conceito de mobilidade urbana, estimulando a prática desportiva e hábitos de vida saudável.

Com a criação da ciclovia foram colocadas à disposição da população, numa iniciativa pionei-ra na região, 80 bicicletas que estão distribuídas por cinco locais de aparcamento – no Parque José Guilherme, na Avenida Francisco Sá Carneiro, na Rua Padre Marcelino (Parque da Cidade), no Lar-go da Feira e na Rua Campo das Laranjeiras (junto às escolas) – e que podem ser utilizadas median-te a aquisição de um cartão no Balcão Único do Município de Paredes que tem um custo anual de cinco euros.

As BIP (abreviatura de Bicicletas de Paredes) afirmam-se assim como um meio de transporte amigo do ambiente e o projeto da autarquia paredense passa pelo aumento da rede. “Numa pri-meira fase, o sistema vai funcionar com um total de 80 bicicletas distribuídas por cinco postos de aparcamento, embora seja possível a qualquer momento aumentar o número de postos e de bici-cletas a circular, até um máximo de 400”, refere fonte da autarquia.

Volvidos escassos meses, a Rede de Bicicletas de Uso Partilhado de Paredes conta com 659 utili-zadores e regista uma média de 50 utilizações diárias durante a semana e mais do dobro aos fins de semana e feriados. Segundo a autarquia, “o primeiro balanço é francamente positivo".

No centro urbano de Felgueiras, apesar de a autarquia entender o projeto levado a cabo em Paredes como algo “positivo e relevante para o lazer, juventude, desporto, saúde e qualidade de vida”, não existe nenhum espaço dedicado a esse fim. Mas existem algumas ideias e estão a ser “desenvolvidos projetos que passam pela construção de um ciclovia ou

de uma eco-via”, referiu o vereador João Sousa.Dedicado aos ciclistas, o concelho de Felgueiras tem uma via

que vai da Alameda de S. Domingos e vai desembo-car no Monte de Stª Quitéria “e que é um

espaço de lazer aprazível”. Quanto à

utilização da bicicleta em pequenos percursos para o trabalho, João Sousa defende que não seria funcional em Felgueiras. “A concentração de indústrias do concelho fica situada ao longo da via Sendim, Lagares, Torrados, Revinhade, Idães, o que representa um enorme declive a vencer e ha-veria sempre uma viagem que levaria o condutor à exaustão”, explicou João Sousa.

Em Lousada, apesar de não haver nenhum espaço dedicado a bicicletas, o concelho dispõe de um conjunto de equipamentos na área do Complexo Desportivo onde é possível não só circular de bicicleta mas também fazer caminhadas.

Desde o centro da vila até ao Complexo Desportivo, a autarquia está a proceder à conclusão de um circuito pedonal com cerca de quatro quilómetros e meio e que terá possibilidade de ser utili-zado como ciclovia.

Segundo vereador Pedro Machado, a vertente de lazer e desporto será predominante. “Devido às características do solo penso que não será muito viável a utilização da bicicleta como meio de trans-porte para o local de trabalho”, referiu.

O concelho de Penafiel é aquele que, no Vale do Sousa, atendendo à sua orografia, apresen-ta maiores dificuldades no uso de bicicletas ou na criação de ciclovias. Contudo, o executivo muni-cipal tem tentado solucionar este problema, estudando a criação de alternativas nos espaços de menor declive.

Neste contexto, o executivo liderado por Alberto Santos vai incluir uma rede ciclável no Plano Estratégico de Mobilidade para a cidade, que está já em desenvolvimento – vai ser apresentado a 14 de setembro – e que contempla um investimento de 10 milhões de euros.

Segundo Paula Teles, vereadora com o pelouro da Mobilidade na autarquia penafidelense, “es-tamos a começar a nossa rede ciclável e no projeto que estamos a desenvolver na cidade e em al-gumas freguesias já tem esta via considerada”.

A vereadora acrescenta que esta rede vai nascer essencialmente “nas pontas da cidade, nas zo-nas mais planas”, concretamente na zona do Sameiro em direção ao Parque da Cidade, à zona do Hospital e na entrada da cidade, junto da Rotunda das Pedras.

Também o Parque da Cidade apresenta-se como a solução para a prática de ciclismo. Aqui exis-te uma via que serve os peões e que pode ser utilizada para circulação de bicicletas.

Entretanto, Paula Teles promete que até ao final de 2012 a rede ciclável estará a funcionar em Penafiel e ainda nascerão muitos outros espaços dedicados ao lazer e ao desporto para os penafi-delenses.

Paços de Ferreira é outro dos concelhos do Vale do Sousa onde não existem espaços unicamente dedicados a este fim, mas o programa do mandato liderado por Pedro Pinto pre-vê criar ciclovias nos núcleos urbanos e na ligação de Paços de Ferreira e Freamunde , projetos que “estão em estudo”, segundo o vereador António Coelho.

Em alternativa às ciclovias, Paços de Ferreira tem diversos espaços no concelho, nas diver-sas freguesias dedicados ao recreio e ao lazer e nesses espaços as pessoas podem utilizar a bi-cicleta. Exemplo disso são os Parques de Lazer que permitem o uso livre de bicicletas.

Segundo António Coelho, a questão do lazer é a que mais surge associada às bicicletas em Paços de Ferreira. “O uso da bicicleta é hoje associado muito mais ao lazer e não tanto

como meio de transporte. Contudo, é importante que a mobilidade nas zonas urba-nas assuma uma maior diversidade e alternativa, tanto ao nível da agi-

lidade como ao nível dos custos, quer económicos, quer ambientais. O favorecimento de uma mobilida-

de urbana alternativa é sempre possível”, concluiu.

Paredes quer chegar às 400 bicicletas,Penafiel terá rede ciclável em 2012

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Ecopista na antiga linha férrea já permite fruir osprimeiros 10 km a montante de Amarante

TÂMEGA | Projeto prevê mais dois troços em Celorico de Basto e Cabeceiras de Basto

A maior parte da linha ferroviária do Tâmega, desativada nos anos 80 a montante de Ama-rante, vai acolher uma das mais longas eco-

pistas da região, com cerca de 42 km, quando se con-cluírem as obras de reconversão do canal da antiga via-férrea entre Amarante e Arco de Baúlhe, em Cabe-ceiras de Basto.Atualmente já se encontra em funcionamento a pri-meira fase deste projeto, que resultou numa ecopis-ta com cerca de 10 km de extensão entre Amarante e a Chapa, na fronteira com o Município de Celorico de Basto.

De acordo com fontes dos gabinetes de comunica-ção das duas autarquias de Basto, as obras de adapta-ção e expansão da ecopista, que arrancaram no início do ano, decorrem “a bom ritmo” numa operação que é cofinanciada por fundos comunitários e que se insere na Rede Nacional de Ecopistas promovida pela REFER.

Em Celorico de Basto, o projeto de três milhões de euros vai adaptar 25 km do canal da antiga linha férrea para usos desportivos e lúdicos, através de uma inter-venção que irá regularizar e pavimentar a via e recupe-rar o património natural e arquitetónico que a rodeia.

Fonte do Município avançou ao RM que uma pri-meira intervenção ao longo de 20 km da via estará con-cluída em finais do corrente ano, entre a estação de Lou-rido e a fronteira com Cabeceiras de Basto.

Quanto aos restantes 5 km, que ligam Lourido à ecopista de Amarante, a autarquia celoricense comuni-cou que a execução da obra só se realizará depois de co-nhecidos mais pormenores sobre a construção da bar-ragem de Fridão, no rio Tâmega.

No projeto consta também a recuperação da esta-ção de Celorico de Basto, onde será instalado um nú-cleo interpretativo da história da linha férrea do Tâme-ga, adiando-se para uma segunda fase a recuperação das restantes estações e apeadeiros.

No concelho vizinho de Cabeceiras de Basto, o tro-ço final, com cerca de 6 km de extensão, será recupera-do de forma similar através de um projeto avaliado em 650 mil euros, valor base do concurso lançado em julho.

Ecopista de Amaranteem funcionamento desde abril

Inaugurada oficialmente em finais de abril, a eco-pista de Amarante rapidamente se converteu num dos pontos de interesse mais procurados do concelho, onde residentes e visitantes se cruzam, diariamente, na práti-ca de atividades lúdicas e desportivas.

O trajeto desenrola-se ao longo de uma via de 3,5 metros de largura que atravessa algumas das paisagens mais emblemáticas da região, tendo como pano de fun-do a serra do Marão e, já perto do seu final, a presença de um rio Tâmega ainda em estado selvagem.

“Gosto de parar aqui e apreciar este quase-silêncio, onde só se escuta o rio e os sons da floresta”, disse Victor Costa, empresário de Amarante e utilizador assíduo da ecopista recentemente concluída.

Ávido desportista desde jovem, o empresário expli-ca que encontrou na pista o lugar ideal para a prática de atletismo, em particular para se preparar para provas de longa distância em que participa regularmente.

Por seu lado, Sérgio Magalhães e a esposa, Alice, uti-lizadores quase diários da via, afirmam que o que mais lhes agrada é o sistema de iluminação instalado entre as estações de Amarante e Gatão, que lhes permite reali-zar passeios a pé e, ocasionalmente, de bicicleta, à noite, longe do perigo das estradas.

“Antes de a pista abrir, íamos de vez em quando para a N210, entre Amarante e o Marco, mas é uma estrada perigosa, especialmente à noite, porque tem pouca iluminação e muitas curvas sem visibilidade”, explicam.

Aquele troço da estrada nacional 210 era o circui-to de eleição para ciclistas e atletas de ambos os con-celhos, cujo percurso, com cerca de 10 km de extensão, serpenteia a margem esquerda do rio Tâmega.

Apesar do perigo inerente à presença de veículos motorizados naquela via, com muitas curvas e contra-curvas, o itinerário é ainda utilizado por atletas amado-res e de competição, em particular aos fins de semana, quando a quantidade de tráfego é menor.

Reabilitar as antigas estações

Armindo Abreu, presidente de município de Ama-rante, considera que a obra da ecopista só ficará concluí-da com a recuperação da estação de Gatão, praticamen-te em ruínas, que tem o projeto em execução.

Após a intervenção, a antiga estação irá albergar uma série de serviços e valências orientados para os uti-lizadores da pista, nomeadamente casas de banho e um pequeno balneário.

“A estação da Chapa também vai ser alvo de uma restauração similar mas como se encontra ainda habi-tada, o Município terá que esperar até se concluir o pro-cesso de negociação com o atual residente”, explicou o autarca.

O presidente da Câmara Municipal de Amarante avançou ainda que pretende recuperar, para o mesmo efeito, os edifícios que constituem a estação de Amaran-te mas explicou que esse processo está ainda nas mãos da REFER e de um inquilino comercial que ocupa aque-le espaço.

As autarquias de Baião e Marco de Canaveses indi-caram que não existe, atualmente, qualquer plano para a construção de ecopistas. A orografia de ambos os con-celhos não é propícia a ciclovias mas apela à prática de BTT e de caminhadas nos inúmeros trilhos florestais existentes nos dois municípios.

Paulo Alexandre Teixeira | [email protected] | Foto P.A.T.

Ecopista de Amarante,na antiga linha do Tâmega

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Paulo Alexandre Teixeira | [email protected] | Foto P.A.T.

AGRICULTURA | Seguros cobrem pouco mais que o custo dos tratamentos

M ais de meia centena de viticultores de Amarante vão registar perdas na produção de vinho verde até aos 50

por cento, após as vinhas situadas em várias freguesias do concelho terem sido danificadas por uma súbita tempestade que se abateu na região, em meados de agosto. O mau tempo veio agravar os estragos anteriores com as pra-gas do míldio e do oídio.

O temporal, que se manifestou numa faixa marginal ao rio Tâmega e chegou a derrubar ár-vores centenárias, provocou milhares de euros de prejuízo numa das zonas mais conceituadas de produção de vinho verde tinto – a freguesia de Gatão.

“Não gosto mesmo nada do que vejo aqui”, disse Fernando Brandão, produtor desta freguesia de Amarante que, num ano “normal”, consegue vi-nificar cerca de 20 pipas de vinho verde.

“Isto aconteceu na pior altura possível, quando as uvas estão em plena maturação e quando já de-víamos estar a medir um grau de álcool de 12 por cento. Neste momento, está com cerca de dez e parece-me que não vai melhorar”, explicou.

A cerca de uma centena de metros mais adian-

te, o vizinho António Sampaio registou perdas si-milares, embora os estragos tenham sido mais in-tensos numas vinhas e menos noutras.

“Mas acabou por atingir uma das nossas me-lhores áreas, situada junto ao rio, onde perdemos metade das uvas”, lamentou o produtor que, à se-melhança de outros viticultores, teve que encurtar o seu período de férias para avaliar os estragos nas suas explorações.

Os agricultores enfrentam ainda a possibilida-de de perdas adicionais, induzidas pelas condições meteorológicas “anómalas” nas semanas que ante-cedem a época das vindimas. Períodos de chuva e elevados níveis de humidade intensificam os ata-ques de doenças nas uvas, nomeadamente a “po-dridão cinzenta”.

“O conselho que estamos a dar a muitos dos produtores é que antecipem a vindima para que evitem perder toda a produção”, avisou António Maria Teixeira, um dos dois especialistas que ava-liaram, para uma seguradora, os danos causados pelo temporal.

Os peritos avançaram que embora a tempesta-de tenha causado grandes prejuízos no que consi-deram ser o “coração” da produção de vinho verde tinto de Amarante, o impacto a nível da sub-região

Alguns produtores de vinho verdeperdem 50 % da colh eita em Amarante

Apesar dos prejuízos causados na sub-re-gião de Amarante pelo míldio e pelo temporal, a produção de vinho verde deverá subir este ano “cinco por cento” face a 2010, segundo o Instituto da Vinha e do Vinho (IVV). Nas restan-tes regiões vitivinícolas esperam-se reduções.

“As condições climatéricas são as principais razões para a redução prevista, devido aos ní-veis elevados de humidade e de calor regista-dos entre abril e junho que propiciaram o de-senvolvimento de focos de míldio em todas as regiões produtoras, prejudicando a sanidade e o desenvolvimento vegetativo das videiras”, salienta o IVV.

Estão previstas quebras de 25 por cento nos vinhos do Douro e Porto, de 18 por cento nos do Alentejo e de 30 por cento na Beira In-terior.

O IVV nota que “nas áreas mais litorais e também na sub-região de Monção e Melga-ço, a incidência de míldio foi menor e o contro-lo mais eficaz, verificando-se um aumento de produção”.

Boa colheita deLoureiro e Alvarinho

Por seu turno, a Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) espera para este ano “uma excelente produção”, sobretudo nas castas Loureiro e Alvarinho.

A região dos vinhos verdes produziu 86 mi-lhões de litros em 2010. Fonte da CVRVV adian-tou que a exportação de vinho verde branco continua em alta, tendo atingido um cresci-mento de 12 por cento no primeiro semestre.

O mercado norte-americano é aquele que regista maior crescimento, razão por que está a ser lançada uma nova campanha promocio-nal dos vinhos verde dirigida aos Estados Uni-dos, com particular enfoque nas cidades de Nova Iorque e S. Francisco.

Produção de vinho verde aumenta apesar do míldio

e do mau tempo

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Paulo Alexandre Teixeira | [email protected] | Foto P.A.T.

AGRICULTURA | Seguros cobrem pouco mais que o custo dos tratamentos

é “mínimo” quando comparado com os estragos que o míldio causou.

Míldio pior que o temporal“No total, este temporal vai afetar a produção

de vinho verde no concelho de Amarante em cer-ca de cinco por cento enquanto o míldio compro-meteu muito perto de 30 por cento”, explicou Fer-nando Guia.

Para muitos dos produtores, o início da campa-nha até prometia uma boa colheita para este ano, graças às chuvas do inverno e da primavera que encheram os solos de água e garantiram o desen-volvimento inicial da uva nas melhores condições.

Contudo, o excesso de humidade e as elevadas temperaturas de maio e junho acabaram por pro-mover a manifestação de focos de míldio um pou-co por todo o país mas com particular intensidade na sub-região de vinho verde de Amarante, numa altura do ciclo produtivo em que a cultura é parti-cularmente sensível a estes ataques.

“Está a ser um ano difícil para muitos dos pro-dutores, com custos acrescidos devido ao número elevado de tratamentos que tiveram de efetuar. A produção de muitos deles está, no mínimo, com-

prometida”, explicou Lurdes Cardoso, da Associa-ção de Agricultores de Ribadouro, que tem sede em Amarante.

Até ao momento, cerca de seis dezenas de viti-cultores da região formalizaram através desta asso-ciação pedidos de indemnização ao seguro de vi-nhas comparticipado pelo Estado. O serviço cobre, de forma gratuita ao produtor, os danos causados por temporais como o que se abateu em Amaran-te, até ao valor de 16 cêntimos por quilo de uva.

Adicionalmente, o produtor pode, no início da campanha, reforçar a cobertura de acordo com as suas previsões de produção, pagando os custos adicionais da apólice.

Todavia, os peritos abordados pelo RM calcu-lam que 95 por cento dos viticultores desta região não foram além da cobertura genérica e gratuita. Por isso, haverá casos em que as receitas não che-garão para cobrir os custos de produção.

“Há aqui vários fatores que contribuíram para essa atitude. No início da implementação deste se-guro, alguns produtores ainda reforçavam o valor da indemnização mas com o crescente abandono da agricultura em Portugal e o chegar desta crise fi-nanceira, as pessoas deixaram de investir no servi-ço”, concluiu Fernando Guia.

Alguns produtores de vinho verdeperdem 50 % da colh eita em Amarante

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P ara uns as histórias começam por ‘Era uma vez’ mas para o arqueólogo Joel Cleto, a História começou quando, em pequenino, decidiu esgravatar a terra do quintal em busca de vestígios, cacos e pedras, imaginando que poderiam

ter tido mil e uma utilizações. Anos mais tarde percebeu que não passavam de sim-ples seixos do rio mas a paixão pela arqueologia já lá tinha ficado sulcada.

Hoje gosta de se apresentar como arqueólogo, “divulgador das coisas ligadas à his-tória e ao património”, que não é apenas um “vestígio do passado” mas tem mesmo uma “função social”. É um elo de ligação, é uma história que se partilha, uma identida-de “tão importante para uma comunidade” como ter acesso à água, eletricidade e sa-neamento. É, em si, fundamental para que as pessoas “não se sintam anónimas no ter-ritório” e é por isso que Joel Cleto diz mesmo que património e a história “são como que o cimento das comunidades”.

Passado“Cada comunidade tem a sua identidade. O Porto, Amarante, Vila Real, Lisboa têm

as suas próprias idiossincrasias. Há muita coisa que nos une, a começar pela língua, mas depois há coisas próprias, monumentos, lendas, tradições que nos tornam únicos e diversos. É essa a riqueza do nosso país”, conta Joel Cleto, chefe da divisão da cultu-ra e museus da Câmara Municipal de Matosinhos e formador de professores nas áre-as de Arqueologia e História. Começando pela própria forma de falar, a região do Por-to tem “uma cultura muito própria”, marcada por “uma comunidade que ao longo dos séculos sempre se bateu muito pela autonomia e liberdade”.

A invicta cidade, lembra Joel Cleto, desde sem-pre que se bate contra os ditos “poderosos”, pela liberdade, por uma sociedade melhor. Por-quê? “Tem a ver com esta predisposição muito antiga do Porto para ser uma ci-dade comercial, uma cidade voltada para o mundo desde muito cedo”. As escavações arqueológicas, diz o historiador que dirigiu esca-vações arqueológicas em di-versos monumentos me-galíticos dos concelhos de Baião e do Marco de Canaveses, e no Cen-tro Histórico do Porto, “vêm revelando que o Porto tem origem na idade do bron-ze, há mais de 2500 anos e é há milha-res de anos uma sociedade muito virada para o co-mércio e portan-to lida mal com constrangimen-tos à sua livre ini-ciativa”.

Esta é uma cidade burgue-sa, de homens de negócios, que se atiram para o mar, “que tem um papel crucial no arranque das descobertas”, é um Porto que “vemos com grande protago-nismo no século XIX, ba-tendo-se pela liberdade,

pelo liberalismo” e é no Porto que se assiste à “primeira grande tentativa de implanta-ção da república em Portugal”. O Porto tem assim “esta característica muito própria de uma cidade que luta pela sua autonomia, que não é por um regionalismo bacoco mas para tentar ver-se livre dos poderosos que condicionam a liberdade”.

PresentePorto e Norte sempre demonstraram ter uma dinâmica económica importante

para o desenvolvimento do país. “Basta ver a cidade do Porto nos últimos anos onde o turismo tem estado a crescer exponencialmente”, lembra Joel Cleto. Mas, este não é um turismo de praia ou religioso. “É fundamentalmente um turismo cultural”, salienta. E como “hoje a atividade cultural é crucial em termos de PIB europeu e mesmo em Por-tugal”, numa época de crise “não é despiciendo falar dessas coisas da arqueologia, do património e da história também como uma saída para a crise, enquanto motivadores de um turismo cultural que está a crescer”.

Por isso mesmo, o arqueólogo defende a importância do património “não só como vestígio do passado” mas como algo que “importa valorizar pela sua componente tu-rística”. É, pois, necessário olhar para a história, património e arqueologia, “não apenas como salvaguarda de uma memória mas como uma forte componente económica”.

FuturoE como cultura e história se mostram cada vez mais importantes enquanto produ-

to passível de ser exportado, Joel Cleto admite a sua preocupação face à nova política do executivo de Pedro Passos Coelho que extin-

guiu o ministério da cultura para criar uma secretaria de estado. Para o arqueólogo esta foi uma atitude “sim-

bólica” mas “perniciosa” porque “não é a diferença do salário de um ministro para um secretário

de estado que salva o país e para a cultu-ra é muito mau”. É que “o secretário de

estado não está presente no conse-lho de ministros e no momento em

que o bolo for dividido, não vai estar lá ninguém para defender

a cultura”, lamenta. Joel Cleto teme mesmo

que “a cultura seja secun-darizada” numa altura em que “o setor cultu-ral, um dos de maior crescimento, pode-rá seguramente con-correr para uma re-toma”. Por esse motivo considera “perigoso e errado não estar presen-te nas grandes de-cisões”.

Talvez por isso, o arqueólo-go garante que irá continuar a lutar pela divul-gação da História e do património porque estes só fazem sentido se partilhados. Essa é

mesmo a sua maior missão: “fazer chegar

a importância da His-tória e do património

a um número cada vez maior de pessoas”.

Liliana Leandro | [email protected] | Fotos D.R.

'Património e História são o cimento da comunidade'ENTREVISTA | Arqueólogo JOEL CLETO

Nome: Joel Alves Cerqueira CletoData de nascimento: 01 de Fevereiro de 1965Local de Nascimento: Freguesia da Vitória, PortoHabilitações literárias: Mestrado em Arqueologia

Livro: Trilogia de João de Aguiar – ‘A Voz dos Deuses’, ‘A Hora de Sertório’ e ‘O Trono

do Altíssimo’Filme: Cinema Paraíso

Música: Tchaikovsky

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Até me apetecer outra forma, em vez de massacrar o leitor com um tema, opto por umas notas, mesmo sabendo sem efeito algum pois não espero milagres, como seja o de neste país algo começar à hora marcada.

Sou um felizardo pois, além de escre-ver o que quero, é um exercício que me dá prazer. Se bem que no geral são coi-sas que me deviam preocupar, comecei a procurar-lhes o outro lado e, à mistura com uma certa revolta, transformo-lhes o cinismo na candura que os protagonistas julgam imprimir, resultando numa sa-borosa gargalhada.

Um alto responsável da Igreja afirma que a “Clesia” não faz política, embora deva doutrinar o “rebanho”. Com que então “limpar” metade do natalício subsídio é «justo pois tira mais a quem tem mais e deixa incólu-me os mais necessitados»? Bem sei que acima do mí-sero mínimo ninguém escapa, chegando até aos que têm chalet na Coelha, contas secretas no BPN e BPP e no off shore da Madeira, embora aqui só incida no transparente deixando de fora o opaco.

Quem remendou o IP4 entre Aboadela e Amaran-te, com reposições entre os 20/30 metros, não conse-guiu acertar no nível do piso velho. É pecha nacional pois qualquer emenda no ”soalho” ou fica acima ou abaixo, nunca a condizer. Tem pelo menos a virtude de aqueles saltinhos e o som que provocam matar as saudades dos comboios que desapareceram a norte do Douro Transmontano.

O cimento (diria betão ciclópico?) do muro do par-que infantil do Corgo está podre e a cair. Quem fez, fis-calizou e aceitou a obra? Estará à espera de um gesso para a Angelika pintar um fresco como os do merca-do municipal?

Por que razão, além do atraso na exibição dos fil-mes – mais ou menos 15 minutos de publicidade co-mercial e exibições futuras – o som nos abala os tím-panos e nos obriga a tapar os ouvidos? Será acordo com as casas de aparelhos auditivos que têm prolife-rado como cogumelos?

E agora o campeonato para saber quem bate o re-corde da “desdita”. Nas comunicações dos políticos, além da candura com que parecem que nos estão a anunciar as torrentes de leite e mel, como se tivessem descoberto a pólvora, logo exercito a gramática apon-do-lhe a negativa pois quando dizem que não fazem é mais que certo que vão fazer. Há uma excepção: quan-do se trata de mexer em quem tem muito, é certo e sabido que se dizem não é não mesmo, e já nem pre-cisam de justificar com a ameaça de fuga de capitais pois sabem que o pagode logo aí procura a desculpa.

Tem uma certa piada também que, a primeira me-dida mal se sentaram na cadeira, foi precisamente o contrário do que mais badalaram não fazer. Mexer nos

salários e no subsídio de Natal. Depois, como em alternativa a isto apresentaram as mudanças no IVA, e sem definir a polí-tica e as novas tabelas, subiram só 17% na factura da luz e do gás, sem esquecer as taxas moderadoras e tudo aquilo em que pobre mexe.

Cortes? Sim é preciso pois o Estado tem “gordura” a mais. E como fazem o lifting? Usam quem já está treinado para tal e ga-

rante o sucesso da operação. É como se o obeso, tam-bém endinheirado, contratasse um magro para lhe fazer os exercícios, deleitando-se com a imagem e o sucesso como se visse ao espelho.

Na saúde? Pois claro. Atira-se um número para cor-tar em geral sem cuidar de saber quem gere bem ou mal, sem contemplações da previsibilidade dos efei-tos. Parece que adivinham que doenças vai haver ou não, que necessidades vão existir, que cuidados vão ser necessários. É matemática pura e dura pois assim acertam com toda a certeza. Outro sector que dá ga-rantias é o Ensino. Fecha-se, acumula-se, despede-se. Quem não tem lugar decerto tem formação e destre-za – a escola ensina-nos muito – para se desenrascar a dar explicações, guiar um táxi, atender telefones ou ir para caixa dum supermercado.

O terceiro dos grandes cortes anunciados é o “So-cial”, a demonstrar a afirmação da grande preocupa-ção e atenção que lhes merece. É preciso acabar com baixas fraudulentas, gente que não quer trabalhar, malandragem que foge às contribuições e aliviar a carteira dos patrões. Afinal, eles também “emprega-dos”, como o rei da cortiça na TSU, pois não lhes com-pete contribuir para a corja de malandros que se agar-ram às leis que não os deixam despedir.

Depois, e cabe no rol da “candura”, a forma como nos distraem e entretêm com coisas que a generalida-de sabe discutir como treinadores de bancada ou ter-túlia de café. Taxar ou não taxar? Quem e o quê? Pa-trimónio, mais valias, fortunas, heranças? Um dia um responsável (?) opina isto, vem logo outro dizer aquilo, e mais outro aquele outro. Vá lá que aqui ainda se des-cortina, às vezes, a razão da opinião, que é o mesmo que dizer aquilo que não os afecta e vai fazer incidir.

Mas uma das últimas “boutades” tem mesmo pia-da. Pôr na Constituição o limite à dívida.... Para além do engraçado que é ver a luta de galos dos que querem agradar à Ângela ou estão furiosamente contra ela, nin-guém terá a coragem de dizer que, além da não opor-tunidade do tema, pois não estamos em fase de revisão, o estar preto no branco constitucional de nada adianta? Não está lá tanta coisa que não se faz ou cumpre? E não teriam os constitucionalistas formas de “plasmar” (que termo giro) no texto formas de fuga e não cumprimen-to? Não arranjariam formas de excepção ou, como na saúde, um tendencial para lhe afagar o ímpeto?

14 setembro'11

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I Irepórterdomarão opinião

O executivo de Passos Coelho, com pouco mais de dois meses no exercício de funções, enfrenta neste mês de Setembro o primeiro teste sério à sua credibilidade e às suas opções. Ultrapassado o período para estudar os dossiers e proceder às inevitáveis nomeações para gabinetes e cargos públicos, com as férias de permeio, é chegada a altura de responder aos compromissos assumidos perante a troika e de delinear a política orçamental para o ano de 2012 e seguintes.

O que temos visto até aqui, contudo, tem sido decepcionante. Os partidos que constituem o Governo fizeram tábua rasa das promessas e dos compromissos pré-eleitorais e prossegui-ram com a receita habitual de sobrecarregar os portugueses com impostos e mais impostos. Quem se lembra já hoje da reiterada afirmação de que a consolidação das contas públicas se-ria alcançada em 2/3 do lado da despesa e em 1/3 do lado da receita?

Chega a ser confrangedor ler hoje as proclamações de Passos Coelho e de vários dirigen-tes do PSD e do CDS antes das eleições de Junho, motivadas por falta de realismo ou simples leviandade. Aliás, o desconforto é hoje visível em muitos responsáveis de ambos os parti-

dos, conscientes de que a actuação do Governo põe em cheque todo o argumentário que serviu de mote à campanha eleitoral.

O que os portugueses têm sentido nestes dois meses é que o Governo levou a peito a ideia de ser mais ousado do que a pró-pria troika, sem cuidar de saber se a receita que segue não acaba-rá por matar o doente antes da cura. O mais simples é, de facto, actuar sobre os rendimentos dos particulares, seja com a sobreta-xa extraordinária que levará, pelo menos, metade do subsídio de Natal, seja com as alterações em sede de IRS e de IVA, neste caso com enorme impacto na factura mensal da energia e do gás, por exemplo. Mas estas medidas terão reflexos em toda a actividade económica. Diminuindo o rendimento disponível, reduzirá dras-ticamente o consumo, com o consequente agravamento da si-

tuação em que se encontra o comércio e muitas indústrias nacionais, numa altura em que a economia precisa de crescer para que Portugal saia do estado em que se encontra.

Perante esta realidade, faz sentido interrogarmo-nos onde está, afinal, o prometido ata-que à gordura e ao despesismo do Estado? Quando veremos essas medidas em concreto, com calendário de aplicação e monitorização dos resultados? Até hoje temos visto apenas enunciar “pequenas” medidas, como a diminuição do número de funcionários públicos ou o congelamento de salários até 2013. Quanto ao mais, sucedem-se os anúncios de objectivos sem o estabelecimento de metas concretas.

O Governo pretende reorganizar a máquina do Estado, diminuir o número de institutos, fundações e empresas participadas, rever a legislação autárquica e reduzir o número de elei-tos locais. Princípios gerais com que quase todos concordam, mas que carecem de maior ex-plicitação, de um plano rigoroso de implementação e de um compromisso com a oposição.

Requer-se rigor, parcimónia e boa gestão dos meios públicos, mas a matriz liberal do Go-verno não pode levar a um esvaziamento cego de funções essenciais do Estado ou à elimi-nação de direitos sociais consagrados pelo nosso regime democrático. Os exemplos que já pudemos ver na saúde, com o ministro a admitir recentemente a redução do número de transplantes por razões económicas, e na área social, seja nas condições de acesso aos des-contos nos passes sociais, na distribuição de medicamentos em fim de prazo ou no relaxa-mento dos requisitos para creches e lares, não são prometedores.

É certo que dois meses é pouco tempo, mas as primeiras impressões são fundamentais para um governo conquistar a confiança dos cidadãos. Passos Coelho e a sua equipa já vi-ram que os problemas em Portugal não se esgotavam em José Sócrates e que a Europa, por seu lado, continua sem encontrar o rumo requerido pela União Económica e Monetária. Exi-ge-se-lhes, contudo, que compreendam o contexto em que vivem os portugueses e que as políticas a adoptar levem em conta a necessidade de redimensionar o Estado e estimular o crescimento, mas sem deixar de atender aos mais necessitados.

[Alguns textos de opinião são escritos de acordo com a antiga ortografia]

Armando MiroJornalista

O recorde da 'desdita'

José Carlos PereiraGestor

Arrepiar caminho

“Para a história dos tempos livres em Portugal, da FNAT à INA-TEL (1935 - 2010)”, por José Carlos Valente, Edições Colibri, 2011, é um rigoroso registo da história de uma instituição que tem tido um papel preponderante nos tempos livres dos trabalhadores e cujos 75 anos recentemente se comemoraram. A sua leitura favorece um melhor conhecimento dos desafios que se puseram à cultura po-pular nacionalista, entre os anos 30 e os anos 50 do século passa-do. Com efeito, a FNAT sofreu todas as influências dos organismos de lazer autoritários e totalitários do seu tempo, seguiu fielmente a orientação de uma linha radical e populista do regime de Sala-zar, assegurou ao regime a integração dos trabalhadores no regi-me corporativo e na política do Estado Novo. A FNAT do regime de Salazar, diga-se o que se disser, foi uma fonte caudalosa de cul-tura e recreio cujo papel não pode ser subestimado e muito me-nos ignorado. O regime tinha a censura, a polícia política, o parti-do único, um órgão de propaganda, a organização corporativa, a inculcação ideológica na escola, na mocidade e através da Legião Portuguesa. Era indispensável intervir na esfera dos lazeres, en-quadrar certas actividades sindicais e propor-lhes colónias de fé-rias, passeios, excursões, ginástica e educação física, espectáculos de música e teatro, visitas de estudo, instalação de bibliotecas po-pulares, cursos de cultura profissional em geral, música e canto co-ral. Competia ao Estado, de colaboração com o patronato (corpo-rações), gerir todo este largo espectro de tempos livres através da FNAT- Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho. Atente-se no espírito da revolução nacional, na tensão permanente entre o na-cionalismo e comunismo, e nas propostas que o regime entendeu serem as mais eficazes para ocupar as massas: refeitórios económi-

cos, serões recreativos para operários, iniciativas de folclore e etno-grafia, etc. A FNAT e os seus mentores chegaram mesmo a idealizar serem a grande entidade de propaganda. Basta pensar que o Cen-tro de Cultura Popular, de onde saíram importantes dirigentes da FNAT acaba por ser, durante alguns anos, a matriz ideológica que pretendia exercer um papel determinante na formação das classes trabalhadoras contra o comunismo, orientando-os para o “redil do bom nacionalismo”. A Legião Portuguesa andou igualmente próxi-mo da FNAT e houve iniciativas conjuntas com grupos das juventu-des católicas e até publicações sindicais já controladas pelo regime.

José Carlos Valente, com utilidade, começa por explanar o conceito de lazeres na industrialização e o papel dos tempos li-vres entre as duas guerras, tornando claro que o regime de Salazar não podia prescindir sobretudo nos grandes centros populacio-nais, num certo controlo dos tempos livres e combater no terre-no as oposições ideológicas fomentando um uso atento da rádio, da instrução, dos festivais de ginástica e das festas populares, ban-das de música e até cursos nocturnos. Dá-nos uma imagem acer-tada da gestão dos lazeres por fascistas italianos, nazis e soviéti-cos. Torna claro que todo este projecto totalizante iria entrar em colisão com as colectividades populares de cultura e recreio que, quando resistiram, foram discriminadas. Mas o patronato não foi particularmente receptivo a desembolsar para estes lazeres, o que tornou a vida da instituição sempre incerta. Nas grandes empre-sas lançou-se uma rede de influência, os Centros de Alegria no Tra-balho. Em meio citadino, a FNAT apresentou bons resultados. Em meio rural, era a Junta Central das Casas do Povo quem pontifica-va nos lazeres.

Com o arrefecimento ideológico do regime, a FNAT envere-dou por novos caminhos a partir dos anos 50, época em que o fol-clore, as regatas e o gimnodesportivo se impuseram e com uma grande procura natural, os trabalhadores disputaram as suas idas para as colónias de férias, manifestaram com agrado o uso destes equipamentos. Dos anos 50 para os anos 60, a música (incluindo os coros), a ópera no Teatro da Trindade, os serões para trabalhadores, continuam a registar uma grande procura. A FNAT tem o seu pró-prio estádio, promove concertos de música sinfónica, apoia o tea-tro amador, tudo numa atmosfera em que a ideologia corporati-va emudece.

E assim se chega ao 25 de Abril e a ruptura de mentalidades. Surgem novos planos, como a recolha musical dirigida por Mi-chel Giacometti, o apoio ao teatro de intervenção, mas também se mantiveram os estímulos ao teatro amador, aos espectáculos de variedades e aos concertos por bandas.

De reforma em reforma, a FNAT dá origem ao INATEL e apos-ta no turismo para a terceira idade, à construção de novas uni-dades hoteleiras, a iniciativas de turismo educativo júnior, entre outras manifestações. O autor ressalta as características ímpares da hoje fundação INATEL e o seu entrosamento com o serviço público, a economia social e inúmeras manifestações da cultu-ra erudita e da cultura popular. Os mercados presentes e futu-ros desta instituição única parecem apostar no turismo, na cul-tura e no desporto.

Uma leitura agradabilíssima e que abre as portas à histó-ria dos tempos livres dos trabalhadores nos últimos 75 anos em Portugal. Beja Santos

Da FNAT à INATEL (1935-2010): a singularidade de uma instituição de tempos livres

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15setembro'11

repórterdomarãonordeste

Três centenas de enfermeiros trans-montanos queixam-se de "discrimina-ção" por não estarem a receber os su-plementos remuneratórios previstos na lei e ameaçam avançar para tribunal contra as administrações dos centros hospitalares de Vila Real e de Bragança.

Segundo o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), os enfermeiros subscre-veram um abaixo-assinado para denunciar uma situação que classificam como “ilegal” e “injusta” e que dizem que se está a pas-sar nos centros hospitalares do Nordeste (CHN), em Bragança e de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD), em Vila Real.

A falta de pagamento do suplemento remuneratório referente ao trabalho no-turno, fins-de-semana e feriados, corres-

ponde, segundo o sindicato, a uma verba mensal na ordem dos “165 aos 300 euros” e está a afetar cerca de 300 profissionais na região transmontana.

O sindicato salienta que os enfermei-ros transmontanos “estão a ser discriminados” de “for-ma ilegal” pelas administra-ções dos centros hospitala-res e promete recorrer aos tribunais para “resolver este problema”.

“Estamos a exigir que as administrações harmoni-zem o pagamento que lhes é devido por lei e que o go-verno lhes garantiu”, subli-nhou fonte sindical.

Entretanto, a adminis-

tração do centro hospitalar de Vila Real negou a acusação dos enfermeiros, ga-rantindo que os pagamentos estão a ser feitos de acordo com a lei.

A agravar a situação dos enfermeiros

em Trás-os-Montes está, segundo o diri-gente sindical, citado pela Lusa, o não pa-gamento de horas extraordinárias, uma situação que diz ser mais “grave” nos cen-tros de saúde.

Enfermeiros queixam-se de "discriminação"Em causa os suplementos remuneratórios nos dois centros hospitalares transmontanos

O Hospital de Proximidade de La-mego, cujo funcionamento assenta-rá nos serviços de ambulatório, de-verá entrar em funcionamento em Janeiro de 2012, anunciou o presi-dente do conselho de administra-ção do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD), Carlos Vaz.

Aquele administrador afirmou que já foram abertos os concursos públi-cos internacionais para a aquisição dos equipamentos da nova unidade

hospitalar do Douro Sul, obra que re-presenta um investimento global de 42 milhões de euros.

Situado junto ao nó da auto-es-trada A24, o hospital de Lamego vai dispor de três salas de cirurgia de ambulatório, consulta externa (14 ga-binetes), urgência básica e hospital de dia.

A unidade vai assegurar a presta-ção de cuidados à população dos dez concelhos do Douro Sul. No que res-peita às áreas de cirurgia de ambula-

tório, dará respos-ta a toda a área de influência do CHTMAD.

Segundo Car-los Vaz, as gran-des áreas de de-senvolvimento serão a “oftalmo-logia, ortopedia e cirurgia geral”.

A falta de inter-namento desa-grada à autarquia, que tem diáloga-do com o Ministé-rio da Saúde para alterar a decisão.

Hospital de Lamego deveráabrir no início de 2012

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I

Ninguém assume a paternidade pela decisão de encerramento do Hospi-tal da Régua, prevista até dezembro, uma notícia que apanhou a população e a au-tarquia de surpresa.

A crer nas notícias veiculadas, o Hospi-tal D. Luís I, integrado no Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) poderá encerrar até dezembro, estando prevista a abertura do novo edifício hospi-talar de Lamego no início de 2012.

A Câmara da Régua já anunciou ter ficado surpreendida pela decisão do Mi-nistério da Saúde de encerrar a unidade

hospitalar, que diz servir “uma população de cerca de 50.000 utentes”.

Liderada pelo social-democrata Nuno Gonçalves, a uatarquia lamentou ter toma-do conhecimento do encerramento do hospital “apenas por terceiros e na altura em que a mesma foi comunicada em reu-nião aos funcionários do hospital”.

Por seu turno, o Ministério da Saúde afirmou que a “decisão do encerramento do Hospital da Régua não foi da responsa-bilidade do atual ministro da Saúde”, reme-tendo mais esclarecimentos para a Admi-nistração Regional de Saúde do Norte.

Quem mandou fechar o hospital da Régua?

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Cenários deEnvelhecimento

Cláudia Moura

O IDOSO E IDENTIDADE SOCIAL

17setembro'11

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I repórterdomarãoregiões

A Câmara de Fafe arranca no mês de Outu-bro com a 11ª edição do programa “Ser Solidá-rio”, uma iniciativa de trabalho temporário que pretende recuperar os jovens estudantes que ficam sem atividade lectiva durante o período escolar.

Além de constituir um incentivo para o iní-cio de uma profissão, no caso daqueles que ain-da não concluiram o ciclo de ensino, a autarquia atribui uma bolsa mensal de 200,00.

Os jovens contemplados, cerca de metade do total de inscritos, fazem um turno de qua-tro horas diárias, cinco dias por semana, em es-colas do primeiro ciclo do ensino básico, juntas de freguesia, instituições de solidariedade so-cial ou equipamentos públicos.

Fonte da autarquia especifica que este pro-grama se destina “a jovens que não concluíram o 12º ano, deixando no máximo três disciplinas em atraso, ou para jovens que não tenham con-seguido ingressar no Ensino Superior”.

Os alunos provenientes de agregados fami-liares carenciados terão preferência, assinala a fonte.

“O programa visa ocupar os jovens do Mu-nicípio de Fafe com atividades de caráter ocu-pacional e didático, possibilitando ainda um primeiro contacto com a realidade profissional, uma valorização da responsabilização e com-promisso com a sociedade, e o fomento do es-pírito de equipa e organização”, segundo a de-finição do programa, que regista anualmente cerca de 300 inscritos.

Os jovens desempenham as funções para as quais forem selecionados durante oito me-ses – o período equivalente ao ano letivo – , e vão receber uma bolsa mensal de 200,00.

Os interessados em aderir ao programa “Ser Solidário” em 2011/2012 devem fazer a sua ins-

crição no Serviço Social do Município, até 15 de setembro, munidos de toda a documentação identificativa e o IRS do agregado familiar que integram.

O prazo de candidatura para as instituições

que querem receber os jovens decorre no mes-mo período e aquelas devem requerer este apoio através de ofício dirigido ao presidente da câmara.

Fonte da autarquia disse ao Repórter do Marão que nos anos anteriores têm sido colo-cados neste programa, anualmente, cerca de 130 a 150 jovens.

O custo do programa “Ser Solidário” é inte-gralmente suportado pelo Município de Fafe.

Fafe integra jovens que ficam temporariamente sem estudar

Recebem uma bolsa de 200 euros durante oito meses

O envelhecimento é antes de mais uma questão demográfica, operada nas últimas décadas nas sociedades mais desenvolvidas,

as quais conduziram a um progressivo aumento da esperança média de vida.

[email protected] Professora Universitária e Investigadora na área da Gerontologia.

DEIXO-VOS A PENSAR … O envelhecimento tem avocado maior atenção ao longo

dos últimos anos, consequência do aumento percentual des-te grupo etário. A realçar é o facto de tal veracidade se posicio-nar de forma tão negativa na sociedade, transferindo portanto, consequências adjacentes na rotina diária do idoso.

Tal negatividade atribuída à pessoa idosa é consequência do desconhecimento na compreensão do envelhecimento, isto é, entende-se que envelhecer é algo funesto pela sua asso-ciação à perda de autonomia. Na actualidade ainda se assiste ao encarar do envelhecimento, como se, de uma fase de deca-dência se tratasse, rejeitando-o do sistema económico, social e cultural.

Diante do panorama emerge a necessidade de esclarecer que durante o envelhecimento, os principais factores de influ-ência da sociedade sobre o indivíduo incidem essencialmente na resposta social ao declínio, mudança de identidade social, desvalorização social e falta de definição sociocultural de acti-vidades em que o idoso possa entender-se útil e alcançar reco-nhecimento social.

Daí advém o importante papel exercido pelas Universida-des da Terceira Idade que possuem acções voltadas às ques-tões do envelhecimento, especificamente ao eminente papel de facultar ao idoso o conquistar novos espaços de convívio e relacionamento, promovendo a percepção e, consequente-mente, a acção para uma nova identidade na velhice desen-volvendo novas potencialidades assimilando os seus limites como parte integrante do processo em que se encontram.

Alerto para a necessidade de aprender a reconhecer o en-velhecimento como um processo contínuo natural iniciado desde o primeiro momento de vida. Afinal a identidade é for-mada pelas características próprias adquiridas desde o mo-mento do nascimento e durante todo o ciclo de vida.

Cabe à educação englobar processos que permitam aos in-divíduos o conhecimento da demografia actual.

Neste contexto, a educação expõe um processo de huma-nização do indivíduo e de estímulo que contribui para a quali-ficação da velhice, através da selecção de elementos que trans-mitam sentido ao viver e conviver. Até porque, as alterações por que passa a identidade na velhice são resultado de outras tantas mudanças sentidas no processo de envelhecimento hu-mano.

Pois a satisfação pessoal está relacionada com a aptidão para seleccionar objectivos apropriados à realidade circundan-te e à sua possibilidade de concretização.

E o idoso carece de fazer a adequação entre o que deseja e o que devido aos recursos individuais e colectivos acessíveis e disponíveis é possível alcançar. Sendo a capacidade de adap-tação a todas as mudanças que ocorrem no processo de en-velhecimento a principal meta a ser atingida para que o idoso possa ser feliz na velhice.

Pelo quinto ano consecutivo, a Câmara de Chaves organiza a 10 e 11 de setembro a Feira Me-dieval, tendo como palco, entre as 15:00 e 24:00 horas, a praça de Camões e da República e o Lar-go de Infantaria 19.

O programa tem um “variado leque” de ativi-dades como um cortejo medieval, tabernas e tor-neios medievais, artes circenses, danças tradicio-nais, mostra de armas e um espetáculo de cetraria. Este ano, o evento conta com o apoio da Associa-ção para a Promoção do Centro Urbano de Cha-ves (ProCentro).

O BTT Clube de Chaves, em colaboração com a Eurocidade Chaves – Verín, vai levar a cabo a 18 de setembro a sétima edição da Maratona BTT – Rota do Presunto.

Os participantes poderão escolher três percur-sos – maratona, meia maratona e mini maratona – com distâncias aproximadas de 90, 50 e 25 km.

O percurso das provas irá desenrolar-se em território português e espanhol. Em 2010, a ativi-dade juntou 1.072 pessoas provenientes dos dois lados da fronteira.

UTAD organiza em 2014 o Congresso Mundial de Historiografia Linguística

Feira Medieval em Chaves

A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) vai acolher em agosto de 2014, em Vila Real, o "mais importante" con-gresso mundial na História das Ciências da Linguagem, que reúne especialistas de todo o mundo.

A UTAD foi eleita em São Petersburgo para organizar o 13.º ICHoLS (International Conference on the History of the Language Sciences), que abrange a história das várias disciplinas relacionadas com o estudo das línguas, tais como a Linguística, Antropolo-gia, Filosofia, Psicologia e outras, tanto teó-ricas como aplicadas, desde o princípio até à atualidade, incluindo as tradições não eu-ropeias.

A organização caberá ao Departamen-to de Letras, Artes e Comunicação e o Centro de Estudos em Letras.

Para a UTAD, esta eleição é o reconheci-mento internacional do trabalho dos investi-gadores na Historiografia Linguística e repre-senta uma grande honra para a academia transmontana.

Maratona de BTT a 18 de setembro

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O presidente da associação dos produtores de azeite de Trás-os-Montes defende a reconversão da atividade agrícola na região du-riense, privilegiando o cultivo de olival. Para aquele dirigente, o retorno à cultura do olival, abandonado há algumas décadas na zona do Douro, poderá compensar a perda de rendimento na pro-dução do vinho.

O presidente da Associação de Olivicultores de Trás-os-Montes e Alto Douro (AOTAD), citado pela Lusa, garantiu que o Douro “tem grande poten-cial olivícola”, mas o olival, que funcionava como complemento à produção de vi-nho, foi praticamente abandonado e os terrenos ocupados pela vinha.

“Está na altura de voltarmos a pensar em plantar olival na zona do Douro”, disse António Branco, defendendo que se reflita sobre o assunto, numa altu-ra em que se multiplicam os alertas para a crise que se vive no Douro vinha-teiro, face à perda de rendimento dos agricultores.

Na última década, o benefício, ou seja, a quantidade de mosto que pode ser transformado em vinho do Porto, foi reduzido em 45 por cento, de 145 mil pipas em 2001 para as 85 mil em 2011.

A agravar a situação está também a quebra “acentuada” do preço médio pago à produção que passou de 1.106 euros e, este ano, rondará os 930 euros (menos 16 por cento), baixa de preços que é justificada pelo comércio devido a uma quebra nas exportações.

Para o presidente da AOTAD, o azeite, que é a segunda produção que mais dinhei-ro movimenta a seguir ao vinho, pode assumir-se como um complemento capaz de

compensar a perda de rendimentos e “é altura de esquecer um pouco a monocultura”.

“É importante que a exploração agrícola viva da variedade”, defen-deu, adiantando que “há já experiências em algumas quintas do Douro que estão a aumentar a exploração e a criar uma marca de azeite parale-

la à marca de vinho”.António Branco não tem dúvidas de que a aposta “é rentável” e

aponta como exemplo os “dez euros” de preço de uma garrafa de meio li-tro de azeite associada a uma marca de vinho comercializado por uma des-

tas quintas.A associação tem outro argumento para aliciar os produtores do Douro já

que prevê que, até ao final do ano, o azeite do Douro ganhe o selo de qualida-de com mais uma Denominação de Origem Protegida (DOP).

A proposta para criação da DOP-Douro será entregue no Ministério da Agricultura “em setembro/outubro” e caberá à União Europeia a decisão fi-nal. Todo o azeite da região passará a ser certificado já que parte dele tem já a DOP - Trás-os-Montes.

O azeite movimenta 27 milhões de euros por ano em toda a região e continua a ser a segunda produção com mais peso económico em Trás-os-

Montes e Alto Douro, a seguir ao vinho.A sua qualidade tem sido reconhecida e distinguida além-fronteiras com pré-

mios internacionais. Trás-os-Montes tem mais de 36 mil olivicultores com 80 mil hec-tares de olival que produzem uma média anual de 90 milhões de quilos de azeitona.

Um quarto da produção de azeite transmontano é exportado para Espanha.

AGRICULTURA | Especialistas defendem reconversão

Dourodevetrocarvinhoporazeite

Azeite rende

27 milhões por ano

na região

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Page 20: Repórter do Marão

O Hotel Convento de Alpendu-rada é a principal unidade hotelei-ra do concelho do Marco de Cana-veses. Resultou do restauro de um convento beneditino do século XI, uma empreitada que durou cerca de duas décadas.

O imóvel tem um notável valor histórico e cultural, além de a sua lo-calização privilegiada lhe proporcio-nar uma soberba e inigualável vista sobre o rio Douro.

O empreendimento está dota-do de 37 quartos, estando o aloja-mento distribuído pelo edifício prin-cipal e por duas dezenas e meia de casas localizadas na quinta do con-vento, com tipologias variadas. Dois dos alojamentos são suites.

O empreendimento, que tem mais de dois quilómetros na mar-gem direita do Douro, compreen-de capela, salões de conferências ou reuniões, piscinas, campos de ténis,

restaurantes, praia fluvial, cais e bar-cos e ainda cerca de 30 km de cami-nhos pedestres e de manutenção.

Vocacionada sobretudo para eventos, esta unidade hoteleira con-centra a sua actividade nos casa-mentos, ceias medievais, festas de aniversário, passagens de modelos e outras festas temáticas.

Telefone: 255 611 371www.conventoalpendurada.com

Com uma marina para pequenas embarca-ções e um cais de acostagem com capacidade para atracagem dos barcos-hotéis, o Hotel Porto Antigo, em Cinfães, tem literalmente o rio Dou-ro a seus pés.

O hotel, antigamente conhecido por Estala-gem Porto Antigo, foi instalado num edifício his-tórico recuperado – uma casa senhorial que per-tenceu ao explorador africano Serpa Pinto – e tornou-se rapidamente na melhor unidade ho-teleira deste concelho do Douro Sul e distrito de Viseu, embora toda a vida económica de Cinfães seja desenvolvida com os vizinhos da margem norte (distrito do Porto) – Baião, Marco de Cana-veses, Penafiel, Porto, etc.

A unidade dispõe de 23 quartos com banho privativo e uma vista magnífica para a albufeira (da barragem do Carrapatelo), restaurante, bar, esplanada, piscina, salas para congressos e ban-quetes e uma marina fluvial.

Localizado na confluência do rio Bestança com o Douro, o hotel desde meados de 2006 que está associado a um centro de estágios de algumas modalidades da canoagem e outros desportos náuticos.

É o habitual local de alojamento de selec-ções de vários países e continentes.

Telefone: 255 560 150www.hotelportoantigo.com

CINFÃES | Hotel Porto Antigo

MARCO | Hotel Convento de Alpendorada

Situado num dos melhores pólos de atracção turís-tica do Douro Sul - em Caldas de Aregos, na margem esquerda do Douro – o Douro Park Hotel é uma uni-dade hoteleira reformulada, tendo beneficiado de um projecto de requalificação para quatro estrelas.

Dotado de 34 quartos, o hotel tira partido da proxi-midade ao cais fluvial de Aregos e da estância termal.

O Douro Park Hotel opera, por isso, com programas

de curta duração em associação ao balneário termal, proporcionando aos seus hóspedes não só a utiliza-ção da piscina e outros equipamen-tos do complexo como inclui um ba-nho com massagem vichy.

Os clientes do hotel podem ain-da usufruir de um tour pedestre no Vale do Cabrum ou eventualmente velejar ou passear nas calmas águas do Douro, programa associado a uma empresa da especialidade.

As águas minerais das Caldas de Arêgos têm características sulfúreas, bicarbonatadas, sódicas e fluoreta-das, com um elevado PH (9,2).

São captadas a 62ºC e as suas indicações terapêuti-cas recomendam-nas para a prevenção e cura das do-enças ortopédicas, reumatismos, vias respiratórias, si-nusites e doenças da pele.

Telefone: 254 870 700www.douroparkhotel.com

RESENDE | Douro Park Hotel

TERRITÓRIO DO DOURO VERDE TEM HOTELARIA DE EXCELÊNCIA

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Produção editorial da responsabilidade da DOLMEN

O Hotel Casa da Calçada, em pleno centro histórico de Amarante e com vistas para o rio Tâmega, é a jóia da coroa do território Douro Verde no que respeita a unidades hote-leiras. Resultado de uma notável recuperação artitectónica de um imóvel do século XVI, associado ao plano de defesa da Ponte de Amarante, este hotel de charme é hoje consi-derado um dos mais emblemáticos de Portugal.

A unidade, com 30 quartos, entrou no circuito hote-leiro no início do século e em 2003 tornou-se membro da conceituada cadeia de hotéis Relais & Châteaux. Tem as-sociado um excelente campo de golfe de 18 buracos, que pertence ao mesmo grupo empresarial (Mota-Engil).

Comporta ainda o restaurante Largo do Paço, um dos poucos restaurantes portugueses galardoados com 1 Es-trela do famoso guia Michelin, considerado a bíblia da res-tauração. A excelente gastronomia da cozinha do Largo do Paço, por onde já passaram alguns dos maiores “chef” do país, grangeou-lhe a fama internacional.

Segundo a própria definição do restaurante, “os me-nus mudam sazonalmente e primam pelo equilíbrio entre o tradicional e o contemporâneo, o simples e o sofisticado”.

Contudo, a premiada cozinha desta unidade da rede Relais & Châteaux tem procurado evidenciar uma cozinha de raiz portuguesa.

Telefone: 255 410 830www.casadacalcada.com

AMARANTE | Hotel Casa da Calçada

O Douro Palace Hotel Resort & Spa é uma das mais bo-nitas unidades hoteleiras do Vale do Douro. Situado em na encosta de Baião para o Douro, frente a Caldas de Aregos, este 4 estrelas – com 60 quartos – dispõe de piscina inte-rior e exterior, juntamente com um spa termal. Com ex-plêndidas vistas sobre o rio, o Douro Palace Hotel Resort & Spa está também rodeado por hectares de vinhas.

Além do design elegante dos seus quartos, estes apre-sentam varandas privadas com vista para o rio.

O hotel integra o Restaurante Eça, onde é servida re-quintada cozinha regional. Dispõe de três bares, um deles dotado de piano.

O Spa do hotel – uma das atracções da unidade ho-teleira – oferece jactos de água, sauna e banho turco. Os hóspedes podem também desfrutar de uma massagem profissional ou de um banho de vapor.

O Douro Palace Hotel, na margem direita do Douro, (em Carrapatelo, Santa Cruz do Douro), está a 5 minutos de carro da estação ferroviária de Aregos. O hotel dispõe também de um cais fluvial privado, onde os hóspedes po-dem atracar os seus barcos.

Telefone: 254 880 000www.douropalace.com

BAIÃO | Douro Palace Hotel Resort & Spa

TERRITÓRIO DO DOURO VERDE TEM HOTELARIA DE EXCELÊNCIA

Page 22: Repórter do Marão

Fundado em 1984 | Jornal/Revista MensalRegisto ERC 109 918 | Dep. Legal: 26663/89

Redação:Rua Dr. Francisco Sá Carneiro | Rua Manuel Pereira Soares, 81 - 2º, Sala 23 | Apartado 200 | 4630-296 MARCO DE CANAVESESTelef. 910 536 928E-mail: [email protected]

Diretor: Jorge Sousa (C.P. 1689)Redação e colaboradores: Liliana Leandro (C.P. 8592), Paula Lima (C.P. 6019), Carlos Alexandre Teixeira (C.P. 2950), Patrícia Posse (C.P. 9322), Helena Fidalgo (C.P. 3563) Ale-xandre Panda (C.P. 8276), António Orlando (C.P. 3057), Jorge Sousa, Alcino Oliveira (C.P. 4286), Helena Carvalho, A. Massa Constâncio (C.P. 3919), Ana Leite (T.P.1341), Armindo Mendes (C.P. 3041), Paulo Alexandre Teixeira (C.P. 9336), Iolanda Vilar (C.P. 5555), Ma-nuel Teles (Fotojornalista), Mónica Ferreira (C.P. 8839), Lúcia Pereira (C.P. 6958).

Cronistas: A.M. Pires Cabral, António MotaCartoon/Caricatura: António Santos (Santiagu) Colunistas: José Carlos Pereira, Cláudia Moura, Alberto Santos, José Luís Carneiro, Nicolau Ribeiro, Paula Alves, Beja Santos, Alice Costa, Pedro Barros, Antonino de Sou-sa, José Luís Gaspar, Armindo Abreu, Coutinho Ribeiro, Luís Magalhães, José Pinho Silva, Mário Magalhães, Fernando Beça Moreira, Cristiano Ribeiro, Hernâni Pinto, Carlos Sousa Pinto, Helder Ferreira, Rui Coutinho, João Monteiro Lima, Pedro Oliveira Pinto, Mª José Castelo Branco, Lúcia Coutinho, Marco António Costa, Armando Miro, F. Ma-tos Rodrigues, Adriano Santos, Luís Ramos, Ercília Costa, Virgílio Macedo, José Carlos Póvoas, Sílvio Macedo.Colaborações/Outsourcing/Agências: Agência Lusa (Texto e fotografia), Media Mar-co, Baião Repórter/Marão Online

Marketing, RP e Publicidade: Telef. 910 536 928 - Marta [email protected] | [email protected]

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A opinião expressa nos artigos assinados pode não corresponder necessariamente à da Direção deste jornal.

Esta edição foi globalmente escrita ao abrigo do novo acordo ortográfico. Porém, alguns textos, sobretudo de colaboradores, utilizam ainda a grafia anterior.

22 setembro'11

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I Irepórterdomarão crónica & artes

Cena de Feira - Feira do Cavalinho - Amarante

- Anos 60

TAXEZ-NOUS!A.M.PIRES CABRAL

Eis que de um momento para o outro os multimilionários deste mundo parecem ter descoberto uma vocação filantrópica e desatam a reclamar que querem pagar mais impostos. Taxez-nous! — gritam impacientes os multimilionários franceses. Qualquer dia ainda vamos ver ruidosas manifestações destes senhores, com cartazes vigorosos e enérgicas palavras de ordem, a desfilar pela baixa das capitais de todo o mundo, protestando vivamente contra a brandura dos impostos que lhes cabe pagar. E também nos arriscamos a ouvir um brado universal, de norte a sul e de este a oeste: Multimilionários de todo o mundo, uni-vos! Quem, por já ter visto um porco a andar de bicicleta e um peixe a fumar cachimbo debaixo de água, pensava que já nada o podia surpreender, esteja pois preparado para coisas espantosas como estas.

A ideia irrompeu na América, onde o senhor Warren Buffett deu o primeiro grito deste movimento. Logo os multimilionários franceses se associaram à luta, e é de crer que um pouco por todo o lado as adesões em massa continuem.

Em Portugal, por acaso, a ideia parece não ter sido acolhida com especial entusiasmo pelos nossos multimilionários. De resto, a bem dizer, nós nem temos multimilionários; temos apenas dois ou três arremedos disso. Mas mesmo esses parecem dar à ideia uma resposta de ‘nim’ (nem sim nem não). Um deles aproveitou até para fazer blague com a coisa. “Eu não sou rico; sou trabalhador» — disse a maior fortuna de Portugal, e com isso conseguiu pôr meio país contra si. De facto, escusava talvez de ser provocador. Dizia se concordava ou não concordava com o imposto em perspectiva, mas deixava em paz os milhões de trabalhadores (como ele) que levam para casa quinhentos euros ao fim do mês (ao contrário dele).

Mas adiante. Este surto de filantropia, cá para mim, está longe

de ser o que parece. O povo diz sabiamente que ninguém dá nada a ninguém. Se alguém (mormente quem se especializou antes em tirar) dá alguma coisa, é porque espera algum retorno desse gesto. Na verdade, este movimento dos senhores multimilionários parece-me ter muito de corporativo, isto é, de defesa dos seus interesses de classe. Assim como quem diz: é preciso ceder alguma coisa para que tudo continue na mesma. Eles não são estúpidos. Eles começam a perceber que os ventos da história, que impeliram velozmente os seus veleiros até aqui, podem mudar de direcção. Um pouco por toda a parte — e ultimamente isso viu-se na Espanha e na Inglaterra, e alguns meses antes tinha-se visto na Grécia —, sobretudo os jovens (o grande motor das mudanças) começam a questionar este selvagem, injusto e sujo sistema político-económico que dividiu o mundo em dois blocos: o dos que têm tudo ou quase tudo, e o dos que têm pouco, muito pouco ou mesmo nada, sendo que os primeiros não chegam a ser, longe disso, um por cento do total. Se nada mudar, é previsível que os ânimos se vão crescentemente inflamando, até se chegar a um ponto de rotura e de confronto. Não digo que seja já amanhã, mas a verdade é que hoje, em plena sociedade da informação, a contestação pode abrir em labaredas, ateadas pelo fósforo das redes sociais. E então, talvez os milhões não sejam baluarte bastante para proteger ninguém da maré.

Então, pelo sim pelo não, é bom ir libertando umas migalhas que entretenham a fome de justiça social dos descamisados. Descamisados que, qualquer dia, seremos todos nós — com a evidente excepção dos senhores multimilionários.

Nota: Este texto foi escrito com deliberada inobservância do Acordo (?) Ortográfico.

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O OLHAR DE...Eduardo Pinto 1933-2009

Cartoons de Santiagu [Pseudónimo de António Santos]

Ecoturismo2011

Page 23: Repórter do Marão

Carlos e CelinaA culpa é tua, que foste toda

a vida um atadinho, cresces-te agarrado à saia da tua mãe, e se não fosse eu tomar a iniciati-va, ainda hoje estavas junto dela à espera que o mundo viesse ter contigo.

Também julgava que eras mais inteligente. Mas como o amor é cego, o erro foi meu. Na-quela altura eu só te via com os olhos do coração.

A culpa é tua, que te acomo-daste ao empregozinho de cha-cha. Quantas vezes eu te disse: assim que o velho Lopes morrer, a loja fecha, e tu ficas sem empre-go e a ganir. Avisei-te um milhão de vezes: Carlos, larga esse em-prego, que não nos leva a lado nenhum, e vai para fora do país, como fizerem os meus irmãos. Vai, Carlos, não tenhas medo, vai, que eu também vou contigo. A limpar o que os outros sujam, de certeza que arranjo trabalho, e ganho muito mais do que aqui. E, quem sabe, de repente pode surgir uma oportunidade e nós agarramo-la com as duas mãos. Vamos sair desta terra enquanto somos novos e temos força para enfrentar o mundo.

Vamos arranjar dinheiro para termos uma casa decente, um carro como deve ser, uma vida boa, sem termos necessidade de andar a contar tostões e a inco-modar a minha mãe sempre que mudámos de carro. Eu sonhava em voz alta, e tu ficavas calado, a olhar para as mãos, carregado de medo.

Bem se via que a loja ia aca-bar logo que o velho Lopes mor-resse. Os filhos não moram cá, estão bem na vida, é claro não estiveram para se preocupar com a chafarica, e fizeram eles muito bem. Eu fazia o mesmo. E até foram muito simpáticos. Per-guntaram-te se querias conti-nuar com o negócio. E tu o que fizeste? Encolheste-te todo e dis-seste que ias pensar. Pensar em quê, Carlos? Nós não temos di-nheiro nem para mandar cantar um cego.

E agora, que tens cinquenta anos, uma neta de três anos para criar e uma filha divorciada e doi-da varrida, que não fez nada de jeito, parecidinha contigo, e uma mulher com a coluna toda torci-da, dores por todo o corpo, com

insónia, hipertensão, diabetes e menopausa precoce, diz-me como é que vai ser a nossa vida quando acabar o subsídio.

A culpa é tua, Carlos. Os meus irmãos estão muito bem. Vêm a Portugal de avião, não es-tão para se sujeitar a morrer nas estradas, isso era antigamente. Eu nunca andei de avião, e a cul-pa é tua. O meu irmão Tó pagava-nos a viagem, há tantos anos que anda a dizer: Celina vem ver a mi-nha casa, vem de avião, que é num instante. Traz o Carlos con-tigo e vem ver como se vive bem fora de Portugal.

Eu sei que o Tó dizia o que sentia. Ele quer mostrar-me a casa que lá comprou. Pelas fo-tografias, dá para ver que é uma coisa em grande. E nós?

Ainda não andei de avião por tua causa. Sim, por tua causa. Tu nunca quiseste ir, tinhas medo que o avião caísse. E eu acha-va que parecia mal aparecer em casa do meu irmão sozinha. Von-tade não me faltava, mas fui-me abaixando aos teus caprichos. Fui muito burra. As mulheres su-jeitam-se tanto.

Agora, antes que seja tar-de, vou aproveitar a oferta do Tó. Está decidido. O Tó mandou os bilhetes. O problema é a mala. Só posso levar uma malinha pe-quenininha, pouca coisa cabe lá dentro. Não sei como é que vou conseguir meter dentro da mala a minha roupa toda. Nem posso levar umas garrafinhas de tinto, que ele tanto adora. Nem durmo a pensar nisto tudo.

Vou andar de avião sozinha, e sem medo. Tu ficas aqui a to-mar conta da casa e da nossa ne-tinha, a nossa princesinha.

No próximo mês não contes comigo para nada. Vou conhe-cer outros mundos. E aproveito para alinhar as ideias e melhorar a saúde. Porque assim não pode ser.

Ai, Carlos, Carlos, tu que nem para andar de avião serves, como é que conseguiste enganar-me?

António Mota

23setembro'11

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I repórterdomarãodiversos | crónica

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A Dolmen, Cooperativa de Formação Educação e Desenvolvimento do Baixo Tâmega, inaugurou no iní-cio do mês, em Amarante, o terceiro núcleo do progra-ma PROVE - Promover e Vender, uma iniciativa que va-loriza a atividade dos pequenos produtores agrícolas.

Para o alargamento do programa ao Município de Amarante (que surge após a sua criação em Baião e Marco de Canaveses), a Dolmen conta com a colabora-ção da Associação Viver Canadelo.

“Do produtor para o consumidor” é o conceito do PROVE, iniciativa comunitária “que visa a promoção de novas formas de comercialização, nomeadamente de produtos agrícolas, entre pequenos produtores e con-sumidores, de modo a dar um contributo importante para o escoamento de produtos locais”.

Para a Cooperativa Dolmen este projeto "insere-se na estratégia de desenvolvimento social e económico

da região, potenciando a produção agrícola de qualida-de e favorecendo a criação de emprego e de riqueza lo-cal, criando condições para diminuir o défice no consu-mo de produção agrícola nacional".

Na inauguração do núcleo de Amarante foram dis-tribuídos 19 cabazes, dotados com uma dúzia de pro-dutos agrícolas da época.

Os preços variam entre os sete (cabaz entre 5 e os 7 kg) e os nove euros (cabaz entre 7 e os 9 kg).

O cabaz – que requer encomenda prévia – estará disponível nas instalações da Junta de Freguesia da Ma-dalena todas as sextas-feiras das 17h00 às 19h30.

As encomendas podem ser feitas na página oficial do PROVE www.prove.com.pt , em www.dolmen.com.pt , através do e-mail [email protected] ou pelos seguintes telefones: Dolmen: 255542154; Viver Canadelo: 911814055.

PROVE chega a Amarante

A Câmara de Baião lança este mês o concurso público para a construção de um parque de estacio-namento que vai servir a Escola EB 2,3/s de Baião e a população da vila, anunciou fonte da autarquia.

O parque de estacionamento, que representa um investimento de 607 mil euros, terá capacidade para 70 lugares.

Mais de 200 lugares na vila

A fonte anuncia ainda que após a concretização do Plano de Circulação e Mobilidade, inserido no Plano de Regeneração Urbana de Campelo, a Rua Eng. Adelino Amaro da Costa vai ter sentido único de circulação.

Segundo a câmara municipal, este novo par-que vem juntar-se a outros três – o parque dos arma-zéns municipais, aberto ao público ao fim-de-sema-na, com 52 lugares e o parque de estacionamento de Campelo, atrás da Urbanização de Sá Carneiro, com 59 lugares gratuitos. Brevemente estará disponível o parque de estacionamento do Centro de Saúde, com mais 50 lugares.

"Com a construção do parque da escola teremos ao dispor do público 231 lugares de estacionamen-to", assegura o presidente da Câmara Municipal de Baião, José Luís Carneiro, para quem estes equipa-mentos "são fundamentais para a qualificação e va-lorização do território."

Parque de estacionamento em Baiãopara servir Escola e residentes

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