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Prémio GAZETA 2009 repór ter do marão do Tâmega e Sousa ao Nordeste agosto ’ 10 Azibo um refúgio no nordeste Tâmega era uma vez uma linha férrea? Nº 1242 | 28 jul-31 ago'10 | Ano 27 | Assinatura Nac. 40€ | Diretor: Jorge Sousa | Edição: Tâmegapress | Redação: Marco de Canaveses | 910 536 928 | Edição escrita ao abrigo do novo acordo ortográfico | 30.000 ex.

Repórter do Marão

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Jornal/Revista de Portugal com maior tiragem entre os meios da Imprensa Regional. Distritos do Porto, Vila Real e Bragança. Tâmega, Douro.

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Page 1: Repórter do Marão

Prémio GAZETA 2009

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Azibo é refúgio de verão no nordesteUma das praias fluviais tem bandeira azul desde 2003 e o maior número de galardões do país e da Europa

Patrícia Posse | [email protected] | Fotos PP

A cerca de 3 km da cidade de Macedo de Cavaleiros e a 30 km de Bragança, as praias fluviais do Azibo são propostas irrecu-sáveis por estes dias em que o mercúrio do termómetro sobe no

Nordeste Transmontano.

Integradas na Paisagem Protegida da Albufeira do Azibo, as praias fluviais exibem, logo à entrada, os símbolos da sua qualidade. A Bandeira Azul é hastea-da consecutivamente na Fraga da Pegada desde 2003, sendo a praia que, até hoje, mais vezes recebeu essa distinção em Portugal e na Europa. “A praia da Ribeira é o primeiro ano que tem. Somos o único concelho em Portugal que tem duas praias com Bandeira Azul”, refere Joaquim Paradela, coordenador da vigilância assegu-rada pela autarquia macedense. Além disso, as praias são acessíveis a todos os ci-dadãos com mobilidade reduzida.

Já no próximo ano é possível que nasça uma nova praia, do outro lado da mar-gem, um melhor acesso a partir de Macedo de Cavaleiros. A autarquia quer ain-da avançar com a construção de eco-resorts, mas aguarda pelo aval do Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB).

No relógio, os ponteiros ainda não marcam as 10:00, mas há já uma romaria de automóveis e autocarros nos caminhos que levam à praia da Ribeira. Rapida-mente, o areal fica salpicado com guarda-sóis multimarcas. Pela mão trazem as pequenas arcas, com os mantimentos necessários para o almoço e para o lanche. Depois de besuntados os corpos com protetores solares, a preguiça domingueira convida a uma soneca antes dos mergulhos.

A natureza envolvente, a qualidade da água e as infraestruturas de apoio (como bar, restaurante, parque de merendas, sanitários, parque infantil, espaços desportivos) legitimam as preferências. Nas horas de maior calor, os veraneantes recolhem-se na sombra das árvores, na zona do relvado.

| Uma praia muito concorrida |“De ano para ano, é sempre a dobrar. Já tivemos tanta gente no fim de sema-

na passado como no pico de agosto de 2009”, frisa Joaquim Paradela. A tendência é para que o número continue a aumentar, em virtude da atual conjuntura econó-mica. “Aqui, as pessoas passam as férias praticamente de borla.” A maioria vem de Vila Real, Porto, Bragança e até do Minho. “De Macedo não vem assim tan-ta gente como seria de esperar”, refere. Mas não são só os banhistas nacionais a desfrutar destas praias. “Temos tido muitos espanhóis, principalmente este ano.” A praia da Ribeira é a mais frequentada, com uma média diária de cinco mil pes-soas aos fins de semana, enquanto a da Fraga terá umas três mil.

António Garcia, 39 anos, folheia as páginas de um livro, alheado da agitação à sua volta. Já vem desde que a praia existe, ou não fosse ele natural de Macedo de Cavaleiros. “É um lugar bom, e agradável. Venho sempre que posso ao fim de se-mana e durante a semana porque tenho um trabalho que me permite vir um bo-cadinho à tarde.” Traz a família, amigos ou vem sozinho. Aproveita o tempo para nadar, ler, brincar com a filha e fazer uns “crosses num trilho” ao findar do dia. Não dispensa o sossego da praia, sendo que a atribuição de Bandeira Azul lhe dá maior confiança. “Não há poluição e não tem grandes riscos para as crianças, já que a água é calma.” Talvez por isso, o número de visitantes esteja em crescendo. “Das terras aqui à volta, vêm de Chaves, Valpaços, Bragança, Vila Real. Parece-me que haverá por aqui apenas 10% das pessoas de Macedo e estão aqui perto…”

| Maioria dos veraneantes vemde outras cidades transmontanas |De mais longe veio César Pousa, 25 anos. Faz a viagem Lisboa-Bragança com

regularidade, já que tem a família naquela cidade. As visitas ao Azibo acontecem no período da tarde, com amigos ou familiares. “O que mais gosto é da compa-nhia e das pessoas que são muito afáveis, conversadoras e hospitaleiras. Gosto do espaço, da qualidade da água e da envolvente. Parece mesmo que foi feito de pro-pósito.” Comparativamente com as praias do litoral, César considera a praia flu-vial “mais calma” e, por isso, sente-se “mais seguro” quando vai a banhos. “A água é mais limpa e mais quente também”, sublinha. Para entreter o tempo no areal, bebe um refrigerante ou um café, joga às cartas, lê, ouve música ou fica “a olhar para o horizonte e a pensar na vida”.

Andreia da Costa, emigrante em França, passa as férias em Bragança e há cerca de cinco anos que escolhe o Azibo para “ficar um bocadinho morena”. “A praia está longe, só no Porto, e isto é a única coisa que está aqui pertinho. Mas com esta areia e com este sol, está-se cá muito bem. A água está quentinha e há muita vigilância.” Por norma, traz os dois primos. “Almoçamos por aqui e ficamos cá todo o dia. Temos que trazer o guarda-sol, os protetores e muita água para be-ber”, relata a jovem de 21 anos. A prima, Daniela Teixeira, acrescenta que não falta “pão, fiambre, queijo, batatas fritas, bolachas e sumos” para completar o farnel. Aos 13 anos, Daniela é categórica na preferência pelo Azibo. “Ou vou para as piscinas ou fico em casa com a minha irmã, mas prefiro a praia. Gosto mais da água e é mais fixe.”

Há também quem venha para observar todo o movimento, como Alzira Ma-galhães, 44 anos. “É a segunda vez que cá estou e passa-se cá uma tarde impecá-vel. Não gosto muito de apanhar sol, por isso, venho mais para descansar e apre-

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Azibo é refúgio de verão no nordesteUma das praias fluviais tem bandeira azul desde 2003 e o maior número de galardões do país e da Europa

ciar.” Residente em Coelhoso, Alzira sabe pela voz dos filhos que “há sempre muita gente por aqui.”

Os mais novos optam por jogar raquetes, voleibol, futebol ou por fazer voar os papagaios multicolores. Bárbara Saldanha, 20 anos, estende a toalha já “há mui-to tempo”. Vinha desde tenra idade com os tios, mas “antigamente não tinha to-das estas condições que tem agora”. “De ano para ano, tem vindo a ficar com mais qualidade. Há também mais gente, sobretudo ao domingo. Por isso, costumo vir durante a semana, que é mais calminho.” As férias da jovem brigantina são ali passadas, já que é “a coisa mais próxima parecida com a praia”.

| Mais pequenos estão 'como no céu' |A sombra protege o convívio da família de Luís Custódio. “Vim eram oito da

manhã, pela fresquinha. Traz-se a merenda e ficamos por aqui todo o dia.” É a se-gunda vez que está no Azibo, apesar da proximidade com a sua terra, Bragança. Pai de duas crianças, uma ainda bebé, Luís trá-las porque “é uma praia segura”. “Tem estas zonas mais baixinhas para as crianças, que estão aqui como no céu.” Sobre a manta repousa ainda a panela do almoço, enquanto os sorrisos à volta das traquinices da mais pequena se multiplicam. “Até lá para as 15:00 não convém apanhar sol, que é o pior, por isso ficamos por aqui a descansar.”

Uns metros adiante, mas resguardados por um guarda-sol, António Para-dela e a esposa estão de olhos postos nos três filhos, que brincam à beira da água. Também eles madrugaram para aproveitar bem o domingo. “Cheguei por volta das 8:00. Quem vem cedo ainda apanha sombra”, explica. Só ao final do dia é que regressam a Carrazeda de Ansiães, até porque “só é uma hora de caminho”. “A qualidade da água é boa e como a praia é fluvial é bom para vir com os meninos.”

Há risos de crianças e muitas correrias entre a água e o areal. “Gosto de vir para aqui brincar”, conta Francisco Vaz, 4 anos. Ainda não sabe nadar, daí as braçadeiras. Já a prima vinda de Barcelona e dois anos mais velha, Nélia Vidi-nha, garante não ter medo da água. “Venho com os meus pais e com os meus tios. Andamos a brincar e vamos para a água.” Em família é “mais divertido”, assegura a irmã de Francisco. “Gosto mais de nadar, mas às vezes vem para aqui muita gente. Fora da água, fazemos castelos e jogamos à bola”, explica Magali Vaz, irmã, 10 anos.

| Vigilância apertada |Para o nadador-salvador vigiar uma praia fluvial não é tarefa fácil. “É um bo-

cado complicado conhecer completamente os perigos que a água esconde”, reve-

la Hugo Ribeiro.É o nadador de serviço da praia da Ribeira pelo terceiro ano consecutivo, das

10:00 às 19:00, todos os dias sem exceção. “Já estou aqui desde 20 de junho, mas este ano somos apenas dois nadadores-salvadores.” As praias contam ainda com a presença de dois socorristas e de duas equipas de vigilantes sapadores, que fa-zem a vigilância e “proíbem as pessoas de um certo número de coisas que não se podem praticar, como as mesas de campismo ou os animais, que é uma norma da Bandeira Azul”, explica Joaquim Paradela.

Espraia-se a bandeira verde e o número de telemóvel do nadador está bem vi-sível na boia gigante. O nadador de 29 anos refere o desrespeito das pessoas face às suas indicações. “Este é o meu posto de trabalho, eu digo-lhes para tirarem o guarda-sol, porque dificulta a visibilidade, mas elas não querem saber.”

Ao início da tarde, Hugo viu-se obrigado a fazer um salvamento, o que acon-tece com frequência por causa da plataforma insuflável que existe nesta praia. “Muitos pais querem levar os miúdos para lá. Eles não sabem nadar e sentem-se aflitos. Há casos em que os miúdos também vão e não têm capacidade para che-gar por eles próprios.”

A limpeza do areal e da água é feita diariamente. “As pessoas ainda não estão mentalizadas para levarem consigo o lixo que fazem”, lamenta Joaquim Paradela.

| Convites ao lazer |Às primeiras horas da tarde, não há lugares na esplanada e o balcão do café

está apinhado. O vaivém das pessoas é uma constante, contribuindo para que o negócio corra “dentro das expectativas”. “Há uma grande afluência e cada vez mais. Nesta altura já esteve mais gente do que em igual período de 2009”, refe-re o proprietário, Paulo Carvalho. Refrigerantes, cafés e gelados encimam a lis-ta dos pedidos.

Ao lado do edifício, há um stand com artigos de praia que procura capitalizar a presença dos veraneantes. “Vendo mais chapéus de sol, bolas, raquetes, baldes de praia e bastantes bronzeadores”, conta Paulo Carvalho.

Os banhistas têm à sua disposição várias atividades, desde canoagem, bicicle-tas para andar nos trilhos, gaivotas e percursos pedestres. “Este mês e pelo ter-ceiro ano, realiza-se o torneio de futebol de praia, cuja final será aqui”, acrescen-ta Joaquim Paradela.

Ao final da tarde nem o vento que se levanta demove os banhistas, agora com a tez mais morena. Os mais velhos bebem a última cerveja e falam de posta à mi-randesa para o jantar. Avizinha-se o pôr do sol e a despedida inevitável, por isso sacodem as toalhas, dão a mão aos mais pequenos e seguem, em fila indiana, pelo passadiço.

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A conclusão das obras no Largo do Arquinho, em Amarante, está atrasada porque aguarda o parecer favorável do IGESPAR às alterações ao proje-to que tiveram de ser feitas após a descoberta no local de vestígios de uma

ponte do século XIII. É esta a justificação da autarquia para uma situação que se arrasta numa das principais praças da cidade, com evidentes prejuízos para resi-dentes, comerciantes e até visitantes.

Não há uma data prevista para o fim das obras no Largo do Arquinho, em Amarante. A descoberta ocasional, em setembro do ano passado, de vestígios de uma ponte do século XIII obrigou à reformulação do projeto que aguarda o pare-cer favorável do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR) para que os trabalhos sejam retomados, soube o Repórter do Marão.

Moradores e comerciantes da zona dizem-se prejudicados com o arrastar das obras que estão paradas desde fevereiro. Há quem se queixe de não ter havido ne-nhuma informação ou explicação sobre o que se está a passar. “Ninguém nos deu informação nenhuma, ninguém”, contou ao Repórter do Marão uma jovem que trabalha na zona. “As pessoas queixam-se que não há estacionamento. A situa-ção é complicada para todos os comerciantes que têm uma porta aberta”, referiu.

| Desde Novembro de 2008 |As obras de requalificação do Largo Conselheiro António Cândido começa-

ram em novembro de 2008. No último inverno, antes do Natal, já havia comercian-tes que falavam em transtornos e prejuízos causados pelas obras. Em dezembro, a Câmara de Amarante resolveu colocar um tapete provisório de alcatrão para fa-cilitar o acesso ao largo. “Agora está melhorzito, mas não está bem. Primeiro nem trânsito havia”, disse um comerciante para quem “o cartão de visitas é fraquís-simo” e afasta as pessoas. As expectativas para o ansiado período pós-obras são pouco efusivas: “vamos a ver… só depois é que se dirá”.

Em declarações ao Repórter do Marão, o presidente da Câmara de Amaran-te, Armindo Abreu, recusa que haja prejuízos e diz que compete aos interessados informarem-se sobre os motivos que levaram à não conclusão das obras. “Os la-mentos [de comerciantes e moradores] admito-os e compreendo-os, na perspetiva do interesse comum”. Quanto ao argumento dos “prejuízos particulares não com-preendo nem aceito”.

O autarca entende que a Câmara não tinha de ter dado aos comerciantes e mo-radores informações ou explicações sobre a situação. “Publicamos as atas na in-ternet e quem está interessado tem toda uma parafernália de informação que está disponível”, afirmou. “Devo esclarecer que a mim não chegou nenhuma queixa”, disse o autarca que já terá reunido com a Associação Empresarial de Amarante para “explicar a razão de ser” do atraso na conclusão das obras que esteve pre-vista para janeiro. E a razão de ser, diz o presidente da Câmara, foi a descoberta dos vestígios de uma ponte que o arqueólogo que acompanhou os trabalhos pen-sa ser do século XIII.

O autarca lembra que houve “grande consenso” e que a Câmara decidiu que o arco entretanto posto a descoberto “deveria ficar à vista” e visitável o que obrigou a alterações no projeto. Como se trata de uma zona classificada, o IGESPAR tem que acompanhar esse processo. Houve um parecer inicial desfavorável ao projeto que foi apresentado. Foram feitas alterações e aguarda-se agora o parecer favo-rável do IGESPAR. “Não podemos intervir na placa central enquanto não estiver decidida esta questão”, salientou Armindo Abreu.

Outro “constrangimento” com que a Câmara se deparou foi a exigência da EDP de que haja um técnico responsável pela futura iluminação do largo que, por opção da Câmara, será feita com lâmpadas LED (que permitem consumos de energia muito menores que os das lâmpadas convencionais e ganhos ambientais). Por sugestão de um vereador do PSD foram também mudadas as árvores.

Esses “pequenos acertos” não têm “impedido a mobilidade” no largo, salienta o presidente da Câmara. Paula Costa

04 agosto’10

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Autarquia justifica atraso com a falta de um parecer do IGESPAR relativo aos vestígios arqueológicos

Obras na principal praça de Amarantesem fim à vista

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Tâmega: era uma v ez uma linha férrea?INVESTIMENTOS ADIADOS | Autarcas queixam-se de não serem recebidos pelo Governo

O cancelamento das obras de eletrificação e de modernização das linhas fer-roviárias do Douro e do Tâmega motivou críticas dos autarcas que não aceitam a decisão do Governo. Enquanto esperam pelas respostas aos pe-

didos de audiências admitem formas de protesto que traduzam a revolta e indig-nação que dizem sentir.

As críticas dos presidentes das câmaras de Amarante e do Marco de Canaveses são contundentes e comuns. “Sim, temos falado e estamos solidários”, disse ao Repórter do Marão o presidente da Câmara do Marco, Manuel Moreira, sobre os contactos que tem mantido com Armindo Abreu, o autarca socialista que preside à Câmara de Amarante. Em declarações recentes à Lusa, Armindo Abreu mostrou-se “estupefacto” e lembrou os “compromissos solenes de membros do anterior Governo”, numa alusão à garantia dada em Amarante pela anterior secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vito-rino, de que o levantamento dos carris não significava o fim da Linha do Tâmega. “Como vamos explicar isto agora aos amarantinos?”, perguntou Armindo Abreu afirmando não ter dúvidas que a suspensão deste tipo de obras, enquanto outras se mantêm nas grandes cidades, nomeadamente no Metro de Lisboa, “compromete a coesão nacional”. Os dois autarcas aguardam há vários dias resposta aos pedidos de audiência feitos ao se-cretário de Estado dos Transportes e à REFER.

Manuel Moreira diz que vai continuar a manter uma posição “de diálogo institucio-nal”. Diariamente tem contactado por telefone e por e-mail o secretário de Estado dos Transportes “até que ele nos conceda audiência”. A Câmara do Marco está a seguir a via do diálogo institucional. “É assim que eu sei estar na vida pública. De forma civiliza-da, urbana e pró-ativa”, referiu. E se essa opção não der resultados? “Vamos ver… Diri-gimo-nos a quem nos devíamos dirigir. Para já aguardo pela audiência e em função dela logo veremos quais são as outras medidas que iremos tomar. Mas há uma coisa que eu sei: nós não nos vamos calar porque esta obra é essencial, é uma obra estruturante para a região”.

O autarca lamenta que a Câmara não tenha ainda sido recebida e que nada tenha sido formalmente comunicado. “Não podemos aceitar. O Marco de Canaveses e a região não podem ser constantemente os preteridos e penalizados. Nos momentos de maior desafogo orçamental os projetos vão para outras regiões do país. Seja o tempo de va-cas gordas ou de vacas magras a região continua a ser preterida, ora isto é inaceitável”. A decisão de cancelar as obras previstas nas linhas férreas do interior norte foi comunica-da pela REFER a 17 de junho às empresas que se apresentaram ao concurso.

O cancelamento veio confirmar rumores que começaram a ouvir-se várias semanas antes. Esses rumores também se ouviram em Vila Caiz, freguesia do concelho de Ama-rante que era servida pela linha do Tâmega até à circulação ser suspensa a 25 de março de 2009. “Andavam aqui pessoas [da REFER] no terreno, foram feitas escrituras de ven-

da de terrenos”, contou ao RM António Jorge Ricardo, presidente da Junta de Vila Caiz. Por tudo isso, “era difícil de imaginar esta situação”, que reflete a “falta de uma gestão de rigor”. “Como é possível terem andado a comprar os terrenos? E para quê? A decisão já estava tomada. Enganaram a população. É por isso que a política anda no que anda. Não compreendo nem ninguém pode compreender”, afirmou o presidente da Junta. Em Vila Caiz os lugares mais afetados são Vilarinho e Passinhos. A Junta de freguesia está a ponderar marcar uma assembleia de freguesia extraordinária ou uma reunião nos luga-res onde mais população utilizava o comboio. António Ricardo diz não ter dúvidas de que vai haver protestos.

Ao ver as expropriações de terrenos o presidente da Junta de Santo Isidoro, no conce-lho do Marco de Canaveses acreditou que “mais dia, menos dia”, as obras iriam avançar. “Fizeram obras, gastou-se dinheiro”, conta Agostinho Baldaia. Foram fechadas passa-gens de nível deixando alguns proprietários sem acessos aos seus terrenos ou com “mui-to fracas” alternativas. “Não podem fazer as coisas à toa. O Governo não pode querer só lucro e esquecer a população”, defende o presidente da Junta de Santo Isidoro. Quanto à forma de reagir ao cancelamento das obras, o autarca entende que deverá ser feita “em conjunto, em articulação” com as restantes autarquias envolvidas e populações afetadas.

Na zona da Livração há quem manifeste estranheza e incompreensão perante a deci-são de não avançar com as obras. “Andou-se a gastar tanto dinheiro para nada. Os pequenos ficam sempre para trás, como é costume”, comentou ao RM uma moradora em Toutosa.

| Expectativa idêntica na zona do Corgo |O presidente da Câmara da Régua, Nuno Gonçalves, exige que o Governo cumpra

as promessas que fez e recomece as obras na Linha do Corgo.A circulação de comboios foi suspensa em março de 2009 (no mesmo dia que na linha

do Tâmega) e através de um comunicado, que continua afixado nas estações, a CP justi-ficava a decisão com a “necessidade inadiável de intervenção na infraestrutura com vis-ta a garantir a segurança da circulação”. A então secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, invocou razões de segurança para fechar a Linha do Corgo anun-ciando depois um investimento de 23,4 milhões de euros na reparação da linha que deve-ria reabrir até ao final deste ano.

As primeiras fases ficaram concluídas no final de 2009, depois do levantamento dos carris e travessas e reperfilamento da plataforma, só que, entretanto, os trabalhos para-ram deixando as populações e autarcas apreensivos quanto ao futuro da linha.

Apesar de reconhecer que o adiamento da obra é uma “inevitabilidade”, o autarca exige, no entanto, que as promessas do Governo “sejam cumpridas”.

Até porque, salientou, o comboio “continua a ser um importante meio de transpor-te para as populações locais, possuindo ainda um grande valor turístico e patrimonial”.

Com uma extensão de 26 quilómetros, a linha do Corgo faz a ligação dos concelhos de Vila Real, Santa Marta de Penaguião e Peso da Régua. Paula Costa com Lusa

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Tâmega: era uma v ez uma linha férrea?INVESTIMENTOS ADIADOS | Autarcas queixam-se de não serem recebidos pelo Governo

No início de 2009, na altura em funções governativas, Ana Paula Vitorino empenhou a sua palavra junto de autar-cas e das populações do Tâmega e do Douro, comprometen-do-se a levar por diante a modernização das referidas linhas férreas no norte do país.

Agora, face às restrições orçamentais, os autarcas das respetivas regiões foram informados pela REFER que as obras não vão avançar, apesar de tratar-se de investimentos de reduzida dimensão os que são relativos às duas vias es-treitas, encerradas há quase um ano e meio.

Os autarcas das zonas afetadas temem o futuro da linha do Tâmega e quanto à modernização do troço Caíde-Marco os respetivos concursos já foram anulados e os concorren-tes informados dessa decisão.

O Repórter do Marão ouviu também a antiga secretária de Estado dos Transportes sobre a questão, agora na sua qualidade de deputada eleita pelo Porto.

Como comenta a medida da REFER de não avan-çar este ano com nenhum dos investimentos no norte do país, sobretudo na zona do Tâmega e Sousa e no Douro, obras que já estavam a concurso e nas quais se empe-nhou como secretária de Estado dos Transportes?

Ana Paula Vitorino: Como secretária de Estado dos Transportes, entre março de 2005 e outubro de 2009, sem-pre defendi uma política de mobilidade sustentável em todo o território nacional e sempre desenvolvi todas as ações necessárias para a sua concretização, tendo, entre outras, dado orientações às empresas públicas, nomeadamente à REFER e à CP, e autorizado o lançamento de concursos para obras quando necessário. Naturalmente, no caso de obras, o seu ritmo é fortemente condicionado pelas exigên-cias do cumprimento das boas normas de engenharia e am-bientais e das regras jurídicas de contratação exigidas por lei, bem como das disponibilidades orçamentais.

Entendi na altura como Secretária de Estado, mas tam-bém há muito como especialista em Transportes, que o de-senvolvimento do caminho-de-ferro é peça fundamental de uma política de transportes, aliás em linha com o preconi-zado pela “Política Comum de Transportes” da União Eu-ropeia, e elemento determinante para a coesão social. Des-ta forma, deverá ser prioridade número um da Política de Transportes Nacional apostar na modernização da ferrovia e recuperar o atraso relativo que temos nesta matéria.

Durante duas décadas, de meados dos anos 80 do sé-culo passado até à primeira metade desta década, consoli-dou-se o primado da rodovia, em que a par da construção de autoestradas houve um forte desinvestimento na ferrovia, inclusive com encerramento de linhas nos finais da década de 80 e início da década de 90, e forte degradação do servi-ço oferecido, entrando-se num “ciclo viciado” de mau servi-ço – perda de clientes – pior serviço para justificar e fomen-tar a aposta na rodovia.

Tive o sonho que as décadas seguintes deveriam po-tenciar o regresso ao primado da ferrovia. Este é um so-nho de modernidade cuja concretização podemos observar, por exemplo, nos países nórdicos, na Europa Central e, ain-da, nas regiões mais cosmopolitas dos Estados Unidos da América, onde as opções dos políticos, na formulação de po-líticas, e dos restantes cidadãos, na sua organização de vida, são inequivocamente a favor dos transportes públicos, mui-to especialmente do caminho-de-ferro.

Foi neste contexto que decidi, em nome do Governo de então, apostar decisivamente na construção de novas linhas, quer de alta velocidade, quer convencionais (por exemplo, variante da Trofa e ligação ao Porto de Aveiro), na moderni-zação de linhas existentes, na reabertura de linhas encerra-das (por exemplo, Ramal de Leixões) e melhorias acentua-das do serviço e do material circulante.

Nesta política, assume particular relevância a moder-nização da linha do Douro, que deverá ser eletrificada até à Régua e ser objeto de parcerias com fim turístico no troço Pocinho – Barca d´Alva, bem como a modernização profun-da das linhas de via estreita do Tâmega e do Corgo.

Por isso, foram lançadas as obras necessárias à prosse-cução desse objetivo, tendo sido adotado um plano faseado que permitisse diminuir o tempo global de intervenção, lan-çado obras à medida que fossem sendo concluídos os respe-tivos projetos de engenharia e em função das disponibilida-des orçamentais.

Foi também a firme convicção de que esse era o cami-nho certo que me levou a propor, entre outras ações, a inclu-são deste plano de modernização das linhas da Régua, do Tâmega e do Corgo quer no Programa Eleitoral dos Depu-tados do PS do Distrito do Porto, que a nível nacional.

A modernização destas linhas é, portanto, um compro-misso pessoal como Deputada à Assembleia da Repúbli-ca eleita pelo Distrito do Porto, o que muito me honra, mas também um compromisso de todos os Deputados do PS do Distrito do Porto e do Partido Socialista.

Considera que, apesar das restrições do PEC e do equilíbrio das contas públicas, ainda será possível esca-lonar os referidos investimentos e satisfazer os interes-ses das populações das regiões afetadas?

APV: Mas não podemos esquecer a maior crise eco-nómica mundial dos últimos oitenta anos que, obviamen-te, também atingiu Portugal e os Portugueses. À semelhan-ça de todos os países da União Europeia, para fazer face a essa crise e às suas consequências nomeadamente em ter-mos da diminuição da capacidade de investimento, Portugal viu-se obrigado a repensar todo o seu programa de desen-volvimento, nomeadamente no que respeita ao investimen-

to público em infraestruturas.Também a REFER, tal como todas as empresas públi-

cas e privadas, teve que rever o seu plano de investimentos em todo o País e não apenas no norte do País, nem “sobre-tudo na zona do Tâmega e Sousa e no Douro”, adiando as empreitadas que não estivessem em curso. Seria inaceitá-vel se houvesse uma discriminação relativamente ao norte do País, mas tal não é verdade.

Será o investimento ainda possível na linha do Dou-ro, apesar do adiamento por alguns anos das obras pre-vistas, eletrificação e requalificação?

APV: Segundo a REFER, não estão a desistir de nenhu-ma destas obras (Linhas do Douro, Tâmega e Corgo), mas apenas a recalendarizar a sua concretização para poderem cumprir as limitações que lhes foram impostas pelo PEC.

O novo calendário para as obras é o compromisso pos-sível entre o interesse da população que urge satisfazer e o equilíbrio das contas públicas que é vital assegurar.

Naturalmente, ninguém vê com agrado serem adiados investimentos tão necessários, nem os cidadãos em geral, nem os deputados, nem ninguém da REFER, mas será in-consciência ou demagogia não entendermos as razões do adiamento.

Devemos estar, isso sim, na primeira linha para exigir que estes investimentos não fiquem esquecidos e que sejam considerados prioritários e reiniciados a par da retoma eco-nómica.

Como reage às críticas daqueles que consideram que as vias do Tâmega e do Corgo deixarão de ter procura se o encerramento ultrapassar os dois/três anos, pelo que se antevê que as duas linhas - cujos carris até já foram le-vantados - jamais terão os comboios a circular?

APV: Com certeza que uma interrupção de serviço tão prolongada poderá levar ao abandono definitivo deste modo de transporte. Mas a degradação do serviço, com horários que não interessam a ninguém, com estações sem acesso e sem forma de lá chegar, não terão porventura pior efeito? A CCDR, os Municípios, a CP e outras entidades públicas e privadas deverão de forma coordenada repensar todo o ser-viço ferroviário e integrá-lo num plano mais vasto de trans-portes.

Estou convencida que se a reabertura da ferrovia cor-responder a mais e melhor transporte e for antecedida de uma boa campanha de divulgação, não só voltarão os atuais clientes como, finalmente, veremos a procura crescer.

Não são investimentos de segunda, como dizem alguns, atingidos por pensamentos de terceiro mundo e de uma era anterior às preocupações sociais, ambientais e de susten-tabilidade em que o automóvel era o símbolo de pujança e de qualidade de vida. É necessário requalificar a Linha do Douro e electrificá-la até à Régua. É necessário requalificar as Linhas do Tâmega e do Corgo. É necessário, depois de concluídas as obras, dotá-las de bons serviços, com confor-to e com os horários adequados. É necessário por razões so-ciais, ambientais e económicas.

Cabe a todos nós assegurar que a REFER irá cumprir a nova calendarização para a execução desses investimen-tos. Estaremos, desta forma, a defender os interesses das populações e de todo o País. J.S.

Antiga secretária de Estado dos Transportes garante que empreitadas no Douro, Tâmega e Corgo apenas foram adiadas

"A REFER não desiste de nenhuma das obras"

Page 8: Repórter do Marão

EPALCESCOLA PROFISSIONAL ANTÓNIO DO LAGO CERQUEIRA | AMARANTE

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Page 9: Repórter do Marão

TESTEMUNHOSde ex-alunos HSTA

“A EPALC dá a oportunidade aos alunos de per-ceber a realidade do mundo de trabalho,  e fa-zendo com que saiam o mais bem preparados para enfrentar essa realidade”.

André Filipe Monteiro ( HS01)Técnico de HST ( nível III) – da Medimarco

Segundo dados da Organização Internacional do Traba-lho em cada ano ocorrem em todo o mundo cerca de 270 milhões de acidentes de trabalho e 160 milhões de doenças profissionais tendo custos económicos que ultrapassam os 4% do PIB mundial. O número de mortos ultrapassa os 2 mi-lhões todos os anos.

Segundo a Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho todos os anos morrem na UE mais de 140 mil pessoas devido a doenças profissionais e cerca de 9000 por acidentes de trabalho.

Finalmente em Portugal, tendo em conta informação do ACT ( Autoridade para as Condições de Trabalho) na década de noventa do passado século morriam todos os anos uma média de cerca de 300 trabalhadores por ano, para além de cerca de 300.000 acidentes de trabalho com alguma gravi-dade! Actualmente ocorrem cerca de 250.000 acidentes por ano e que resultaram em 115 acidentes mortais em 2009.

De realçar, para além dos custos ( directos/indirectos) inerentes desta realidade que afectam a crise global em que hoje se vive, o imenso sofrimento pessoal e familiar subjacente a estes números. Números estes que por si só demonstram que muito há ainda a fazer nesta área….

O Curso Profissional de Técnico de Higiene e Seguran-ça do Trabalho e Ambiente na EPALC, permite qualificar técnicos aptos a desenvolver actividades de prevenção e de protecção contra riscos profissionais, proporcionando am-bientes de trabalho, saudáveis, seguros, confortáveis, para que o trabalhador se sinta plenamente realizado e feliz nas suas actividades laborais.

Salientar que a EPALC esteve desde o início presente na elaboração do Plano de Estudo deste Curso, junto do Minis-tério da Educação, materializado na Portaria nº 891/2005 de 26 de Setembro.

A EPALC continua a apostar na qualidade inerente ao Cur-so de Higiene e Segurança do Trabalho e Ambiente, quer a nível de recursos materiais ( livros da especialidade, equi-pamentos etc) quer humanos, onde para além da área téc-nica, se procuram, professores técnicos superiores de HST para melhor fazerem a interligação de saberes científicos e técnicos. Igualmente se aposta em parcerias e contactos diversificados, quer a nível de empresas de serviços exter-nos de SHST devidamente equipadas, assim como com entidades de formação Superior de Higiene e Segurança do Trabalho (Universidades, Institutos), empresas dos di-versos sectores industriais, que trazem uma mais-valia aos nossos alunos e Professores/Formadores.

A utilização de Metodologias Activas de ensino-apren-dizagem, baseadas em experiências reais, vivenciadas pelo o aluno e/ou práticas simuladas são estratégias co-

muns da EPALC.Algumas das actividades são já tradicionais no âmbito

deste curso, nomeadamente:

Onde estão sempre convidadas entidades de referência nas respectivas temáticas.

Para além da Formação em Contexto de Trabalho/ Está-gio em que o aluno contacta directamente com o mundo laboral, realizam-se inúmeras visitas técnicas sempre acom-panhados com especialistas na área. Exemplo disso, a visita ao Laboratório de Ergonomia, da Universidade do Minho, pioneira no estudo antropométrico da população portu-guesa, ou as obras de construção civil em que a empresa responsável pela construção, uma das mais reconhecidas no nosso país e internacionalmente na área da construção civil a DST -Domingos Teixeira da Silva- (certificada no Siste-ma integrado de Qualidade, Ambiente e Segurança, dando

Curso Profissional de Técnico deHigiene e Segurança do Trabalho e Ambiente  “Na EPALC, adquirimos conhecimentos im-

portantes que nos acompanham ao longo do percurso profissionalOs estágios realizados durante os três anos lectivos, são uma porta aberta para a inser-ção no mundo de trabalho”.

Sílvia Patrícia Marinho ( HS01)Téc. HST ( nível III) da Medimarco e a termi-nar o Téc. Superior de HST.

"A EPALC foi para mim uma escola onde me pude desenvolver tanto a nível escolar/profissional como a nível pessoal! Tive excelentes professores que me ajudaram e transmitiram conceitos muitos im-portantes no âmbito de SHST, e hoje quase no termo da minha Licen-ciatura em Segurança e Qualidade no Trabalho olho para o passado e vejo o quanto importante foi passar pela EPALC, porque ao longo da minha licenciatura apesar de aprender muitos conceitos novos, outros apenas os relembrei, uma vez que, na EPALC já tinha falado e aprendido acerca de determinados assuntos programáticos de SHST.  Sem dúvida alguma a EPALC foi uma óptima escolha para terminar o 12ºAno e Frequentar um Curso Profissional. Vale a pena apostar na Epalc!"

Isabel Patrícia Mesquita ( HS02)Téc. Superior de HST.

assim cumprimento à Norma NP EN ISO 9001:2008, NP EN ISO 14 001:2004 e OSHAS 18001:2007), visita a uma das empresas de referência na área da prestação de Serviços de HSST, Medi-marco, ao Laboratório de Análise de Solos e de Microbiologia Ambiental, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Dou-ro (UTAD), pois a componente ambiental integra este curso, tornando-o ainda mais actual e interessante, etc.

Assim sendo, a EAPLC pretende dar resposta a uma neces-sidade real em Portugal conferindo o nível 3 de qualificação profissional, aos alunos com o Curso de Higiene e Segurança do Trabalho e Ambiente, ainda presentes em números aquém dos desejados, face ao tecido empresarial no país.

 Vem, pois, frequentar um dos curso com mais sucesso na EPALC, onde o lema é “Aprender com prazer, para mais tarde saber…SER”.

O Director do Curso HSTADr. José Castro

Page 10: Repórter do Marão

A Câmara do Marco de Canaveses vai recorrer para o Tribunal Central Administrativo da decisão do Tribunal Ar-bitral que obriga o município a compensar com 16 milhões de euros a empresa concessionária das redes de água e sa-neamento.

“Consideramos que o Tribunal Arbitral não fez um jul-gamento justo e, como tal, o acórdão final é lesivo dos inte-resses dos cidadãos do Marco. A Câmara vai recorrer des-ta decisão, para que se faça justiça”, afirmou o presidente da autarquia, Manuel Moreira, em conferência de imprensa.

A decisão do Tribunal Arbitral, conhecida no dia 20 de julho, ocorreu na sequência de um diferendo entre a autar-quia liderada pelo social democrata Manuel Moreira e a em-presa Águas do Marco, a propósito do contrato de concessão por 35 anos das redes de água e saneamento.

O atual executivo considera que os valores previstos no contrato para serem cobrados aos munícipes são "demasiado elevados", cerca do dobro do que está a ser cobrado, segundo o vice-presidente, José Mota.

Esse contrato está em vigor desde maio de 2005, quando era presidente da Câmara, Norberto Soares, que assumira o cargo depois da renúncia de Avelino Ferreira Torres, para este se candidatar à autarquia de Amarante.

Após a vitória de Manuel Moreira no Marco de Canave-ses, em 2005, o seu executivo iniciou negociações com a em-presa para reduzir o valor cobrado, tarifas contestadas pela população que chegou a manifestar-se na rua.

Segundo Manuel Moreira, as negociações nunca evoluí-ram de acordo com as pretensões da edilidade, o que levou a Câmara a avançar, em 2007, com a “modificação unilateral do contrato” de concessão, impondo à empresa uma diminuição de cerca de 30 por cento nos valores cobrados.

Caso essa alteração não tivesse sido realizada, cada mu-nícipe estaria agora a pagar por mês cerca de 72 cêntimos por metro cúbico, em vez dos 36 que estão a ser cobrados.

Em 2008, a empresa recorreu ao Tribunal Arbitral, ale-gando que a intervenção do município desequilibrou, “em termos económicos e financeiros”, a concessionária das re-

des de água e saneamento.Aquela instância judicial deu agora razão à empresa e de-

terminou que o valor que repõe o equilíbrio financeiro deverá ser de 16 milhões de euros, mais do que o que a autarquia esta-va disposta a aceitar, cerca de nove milhões de euros.

Manuel Moreira reafirmou que está determinado em continuar a defender os interesses dos munícipes, lamentan-do que a empresa esteja preocupada com os resultados líqui-dos, que, alega, são superiores em cerca de 50 por cento face ao que se previa aquando do concurso público. “Isso é um es-cândalo”, enfatizou o autarca.

No recurso para a instância superior, a autarquia vai ten-tar a nulidade do contrato de concessão, alegando “algumas irregularidades”.

O município vai invocar o facto de, alegadamente, nem todos os documentos anexos ao contrato terem sido subme-tidos à apreciação da Assembleia Municipal. Vai alegar tam-bém que a entidade reguladora do setor (Instituto Regula-dor das Águas e dos Resíduos - IRAR) não se pronunciou sobre a minuta final do contrato.

Outra alegada irregularidade foi o facto de, segundo o atual presidente, os serviços jurídicos da autarquia não te-rem sido chamados a acompanharem a elaboração do cader-no de encargos e o programa do concurso.

Embora tenha alegado não ter “números rigorosos”, o presidente da Câmara do Marco de Canaveses admitiu que cerca de dois terços da população do concelho continuam a não ter ligação às redes públicas de água e saneamento.

Câmara pode ter de pagar 16 milhõesde indemnização à Águas do Marco

Os óleos alimentares usados vão poder ser deposita-dos em locais próprios, os óleões, equipamentos que co-meçaram a ser colocados junto às baterias de ecopontos do Marco de Canaveses. O primeiro ponto de recolha de óleos alimentares usados (com capacidade para 120 li-tros), foi instalado junto ao Estádio Municipal. Até ao fi-nal de 2011 vão ser colocados 53 óleões, estabelece o pro-tocolo assinado recentemente entre a Câmara Municipal do Marco e a empresa Biosys – Serviços de Ambiente Lda. Os próximos óleões vão ser instalados na Av. Gago Coutinho e no Bairro dos Morteirados, em Fornos. A Câ-mara do Marco anunciou ainda que na zona urbana vão ainda ser colocados três pontos de recolha na freguesia de Tuías (Av. Manuel Pereira Soares, junto à Cepsa, rua Dr. Manuel Vasconcelos e Travessa Amália Rodrigues).

A empresa comprometeu-se a fazer recolhas men-sais para evitar que os óleos depositados estejam na via pública por períodos de tempo demasiado longos, expli-cou António Pereira, diretor técnico da Biosys.

Durante a assinatura do protocolo, o presidente da Câmara, Manuel Moreira, lembrou que um litro de óleo usado que é despejado pode contaminar um milhão de li-tros de água. O fornecimento de óleões para a recolha se-letiva e encaminhamento dos óleos usados é uma obri-gação legal e, ao mesmo tempo, “um esforço para criar melhores condições ambientais” e um sinal de “uma nova cultura ambiental que queremos na nossa terra e no nos-so país”, afirmou Manuel Moreira. Até 2015 deverão ser colocados no concelho do Marco cerca de 140 oleões.

No final da assinatura do protocolo, a Biosys entre-gou uma cadeira de rodas ao Promotor do Cidadão com Deficiência do Marco de Canaveses, Luís de Magalhães, um gesto que o presidente da Câmara definiu como “no-bre e digno”. P.C.

Óleos alimentaresaproveitados no Marco

De 26 a 29 de Agosto a Festa da Cerveja, da Francesinha e dos Bons Petiscos, regressa ao parque da cidade do Marco de Canaveses.

Promovida pela terceira vez pela Associação Empresa-rial do Marco de Canaveses, a festa marcuense, onde estarão representados oito restaurantes do concelho, tem suscitado a adesão de muitos milhares de pessoas.

A animação musical vai ser feita por bandas de garagem, e ranchos folclóricos, além de sessões de karaoke.

Festa da francesinha começa a 26 de agosto

A Feira das Atividades Empresariais do Marco de Canaveses (FAE Marco) excedeu as expetativas tendo recebido 30 997 visitantes, divulgou Cláudio Ferreira, se-cretário-geral da Associação Empresarial do Marco de Canaveses, que organiza a FAEMarco.

A edição deste ano (a oitava) decorreu “muito melhor do que a de 2009 e os comerciantes saíram muito satisfei-tos com os contactos comerciais” que estabeleceram na feira. Face ao êxito alcançado, a FAE Marco já tem asse-gurada a edição do próximo ano.

Cláudio Ferreira anunciou que a organização vai co-meçar ainda este mês o processo de contratação dos ar-tistas que participarão na edição de 2011.

10 agosto’10

repórterdomarão I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I tâmega

O presidente da Câmara de Celorico de Basto não assinou o protocolo que prevê a construção da li-gação de Mondim de Basto à EN 210 porque o docu-mento parte do pressuposto de que a barragem de Fridão já existe e o autarca entende que a sua cons-trução "não é um facto consumado".

Em declarações ao RM, o presidente da Câmara de Celorico, Joaquim Mota e Silva, entende que “se-ria impensável” assinar um protocolo que tem por base a existência da barragem.

A Estradas de Portugal divulgou que “a cons-trução desta ligação com cerca de três quilómetros [em terrenos maioritariamente localizados em Ce-lorico], tem como objetivo aproximar Mondim de Basto da Via do Tâmega e restabelecer a rede viá-ria afetada pelo Aproveitamento Hidroelétrico de Fridão, através de uma via com melhores condi-ções de circulação, com maior segurança e conforto”. Salientando que não quer fazer “juízos de valor”, o presidente de Celorico diz que a não adesão ao pro-

tocolo “não foi uma atitude tomada de um dia para o outro” tendo sido previamente comunicada. “Cada coisa a seu tempo. Entendemos que não devíamos assinar um documento que nos colocaria na posição de anuir à própria barragem e nós ainda não disse-mos que concordamos”, afirmou.

A assinatura do protocolo seria considerar “que a barragem é uma inevitabilidade”, o que o autarca garante não ser verdadeiro. Neste momento, a au-tarquia está em diálogo com a EDP para obter medi-das compensatórias. Joaquim Mota da Silva diz que há “questões ambientais que não estão devidamente acauteladas”. A primeira das contrapartidas de que o concelho “não abdica” é a salvaguarda da qualida-de do meio ambiente. “Não havendo entendimento, não há barragem” diz o autarca.

Dos cerca de 800 hectares de terrenos submer-sos pela albufeira, 40 por cento localizam-se em Ce-lorico de Basto, considerado o concelho “mais afeta-do” pela barragem. P.C.

Celorico não assinou protocolo EDP/ Estradas de Portugal

Feira das Atividadesrecebeu 30 mil visitantes

Page 11: Repórter do Marão
Page 12: Repórter do Marão

José Luís Carneiro, presidente da Dolmen"Somos um agente activo na captação de

investimento para o nosso espaço sub-regional"A Dolmen – Cooperativa de Formação, Educação e Desenvolvi-

mento do Baixo Tâmega prevê a criação de 84 postos de trabalho, numa primeira fase, nos 39 projectos de investimento aprovados no âmbito do Programa de Desenvolvimento Rural (PRODER).

O órgão de gestão do Grupo de Acção Local (GAL) da Dolmen en-cerrou no passado dia 27 de julho o processo decisional relativo às 76 candidaturas recepcionadas no âmbito do primeiro período de candi-daturas ao Subprograma 3 do PRODER – Dinamização das zonas ru-rais. No total, foram aprovados 29 projectos de investimento no âmbi-to da medida 3.1 – Diversificação da economia e criação de emprego, e 10 relativos à medida 3.2 – Melhoria da qualidade de vida, explica o coordenador executivo da Dolmen, Rolando Pimenta. Na área dos serviços básicos para a população rural os cinco projetos aprovados

prevêem a criação de 33 empregos. Através de acções de criação e desenvolvimento de micro-empresas (com 16 projectos aprovados) prevê-se a criação de 29 postos de trabalho. No desenvolvimento de atividades turísticas e de lazer deverão ser criados 15 postos de traba-lho nos 10 projectos que foram aprovados.

Aos 84 postos de trabalho a criar nesta primeira fase do concurso do PRODER, há que acrescentar mais “oito postos já criados pela Dol-men, ligados directamente à gestão ou implementação do Programa no território, à investigação (no Centro de Estudos do Mundo Rural), e ao apoio à promoção e comercialização de produtos locais”, especifi-cou Rolando Pimenta.

Baião e o Marco de Canaveses são os concelhos do território Dou-ro-Verde que tiveram maior número de projectos aprovados: 14 e 11, respetivamente. Seguem-se Amarante, com 8, Cinfães com 3 e Pena-fiel também com 3.

O investimento total previsto nesses concelhos é de 6.987.500 eu-ros e vão ser atribuídos incentivos financeiros no valor de 3.079.018 euros. O montante global de despesas elegíveis é de 5.374.675 de eu-ros.

O presidente da Direção da Dolmen, José Luís Carneiro, destaca que em todo o processo "fundamentalmente” tentou-se “que a Dol-men se afirmasse como um agente activo na captação de investimen-to para o nosso espaço sub-regional”, o que foi feito “com a preocu-pação de repartir os investimentos a apoiar de um modo equitativo e equilibrado e de valorizar as áreas e os sectores com maior potencial dos diversos municípios”.

“Por um lado, quisemos apostar nos sectores tradicionais e em produtos locais de qualidade, como sejam os casos das carnes e dos vinhos, mas também na dimensão turística que tem conhecido um incremento singnificativo nestes municípios tanto no que toca à qua-lidade da oferta, como no número de turistas que nos procuram”, afir-ma José Luís Carneiro.

Segundo o presidente da Dolmen, houve também a preocupação de “apoiar as empresas mais dinâmicas do território, e que estando li-gadas a sectores de ponta, da inovação e do conhecimento, podem contribuir para a criação de riqueza e para o desenvolvimento inte-grado do território".

A Cooperativa Dolmen prevê que o próximo período de candida-turas comece em outubro ou novembro próximos.

Projectos aprovados vão gerar mais de 80 postos de trabalho

Page 13: Repórter do Marão

1.º CONCURSO DO PRODER – SUBPROGRAMA 3Aprovados 39 projectos de investimento:

Prevista a criação de 84 postos de trabalhos na 1.ª fase

O Órgão de Gestão do Grupo de Acção Local (GAL) Dolmen encerrou no passado dia 27 o processo decisional relativo às 76 candidaturas recepcionadas no âmbito do primeiro período de candidaturas ao Subpragrama 3 do Proder – Dinamização das Zonas Rurais.

Foram aprovados 29 projectos de investimento no âmbito da medida 3.1 – Diversificação da Economia e Criação de Emprego e 10 relativos à medida 3.2 – Melhoria de Qualidade de Vida:

MEDIDA 3.1

AcçõesN.º de

Projectos Aprovados

Despesas Elegíveis

Comparticipações Atribuídas

Postos de Trabalho a

Criar

3.1.1 – Diversificação de Actividades na Exploração Agrícola

3 549.000€ 290.796€ 4

3.1.2 – Criação e Desenvolvimento de Micro-Empresas

16 1.726.886€ 997.663€ 29

3.1.3 – Desenvolvimento de Actividades Turísticas e de Lazer

10 1.508.499€ 828.909€ 15

Sub-Total 3.784.385€ 2.117.368€

MEDIDA 3.2

AcçõesN.º de

Projectos Aprovados

Despesas Elegíveis

Comparticipações Atribuídas

Postos de Trabalho a

Criar

3.2.1– Conservação e Valorização do Património Rural 5 593.427€ 356.056€ 3

3.2.2 – Serviços Básicos para a População Rural 5 996.863€ 602.594€ 33

Sub-Total 1.590.290 958.650€

Candidaturas aprovadas por Concelho do Território Douro-Verde

Concelho N. Projectos Aprovados Incentivo atribuído %Amarante 8 18%Baião 14 30%Marco de Canaveses 11 35%Cinfães 3 8%Penafiel 3 10%Resende 0 0

Notas: 1 – Montante de Global de Despesas Elegíveis: 5.374.675€2 – Incentivo a Atribuir: 3.079.018€3 – Investimento Total Previsto: 6.987.500€4 – Data provável do próximo período de candidatura: Outubro/Novembro 2010

Projectos aprovados

Cooperativa de Formação, Educação eDesenvolvimento do Baixo Tâmega, CRL

AMARANTE - BAIÃO - MARCO DE CANAVESES RESENDE - CINFÃES - PENAFIEL

Telef. 255 521 004 - Fax 255 521 678 [email protected]

Acção 3.1 - Diversificação da Economia e Criação de Emprego

Acção 3.1.1 – Diversificação de Actividades na Exploração Agrícola

Nº Provisório Nome do Beneficiário Nome do projecto

003 FAROL D’ÁGUA LAND STORY - COUNTRY EMOTIONS & EXPERIENCE

014 POUSADELA - IMOBILIARIA, TURISMO E AGRICULTURA LDA. CASAS DE CASEIROS

025 ANTÓNIO DE BARROS SOUSA RIBEIRO COMPLEXO AGRO TURISTICO DE VILA BOA DE QUIRES

Acção 3.1.2 – Criação e Desenvolvimento de Micro-Empresas

Nº Provisório Nome do Beneficiário Nome do projecto

002 CLAUDINA DE MAGALHÃES COSTA FERREIRA DE AMORIM SALÃO DE EVENTOS

006 MEDIA MARCO - PUBLICAÇÕES, LDA DOURO VERDE TV - WEB TV

010 CARNAROUQUESA - AGRUP. DE PRODUTORES DE BOVINOS CRIAÇÃO DE UM TALHO

013 DIONÍSIO FERREIRA CARDOSO PADARIA E CONFEITARIA S. JORGE

016 HELDER FERNANDO FERREIRA DA ROCHA RESTAURANTE O ENGAÇO

020 SERVISAÚDE - SERVIÇOS DE SAÚDE DE BAIÃO, UNIPESSOAL LDA. SERVISAÚDE

023 PROJECTO DIGITAL, ARTES GRÁFICAS, SOCIEDADE UNIPESSOAL LDA PROJECTO DIGITAL

037 BAR DOS PAUZINHOS UNIPESSOAL, LDA BAR DOS PAUZINHOS

040 PRAÇA D’AVENTURA UNIPESSOAL LDA. ESPLANADA DO CENTRO CÍVICO, BOSS DISCO

043 GLOBALANG, UNIPESSOAL LDA GLOBALANG - DESENVOLVIMENTO E SOLIDIFICAÇÃO DE ACTIVIDADE EMPRESARIAL

049 A MINHA MÃE - RESTAURAÇÃO E TURISMO, LDA O RETIRO DAS NOVELEIRAS

051 A.M. AGOSTINHO MOURA, SOCIEDADE UNIPESSOAL LDA FILHOS DE MOURA - ADEGA REGIONAL

054 MARTINHA - SERVIÇOS AGRÍCOLAS, UNIPESSOAL LDA EMPRESA DE PRESTAÇÃO SERVIÇOS

055 PECUÁRIA DO MARCO DE CANAVESES, LDA CONSTRUÇÃO DE DOIS PAVILHÕES DESTINADOS A CRESCIMENTO DE AVES

064 ISABEL MARIA MIRANDA GOMES SOARES TASQUINHA DO FUMO

065 BISCOITOS REGIONAIS DA TEIXEIRA SOC UNIPESSOAL LDA ARRANJOS EXTERIORES DO CENTRO DE PROMOÇÃO DO BISCOITO DA TEIXEIRA

Acção 3.1.3 – Desenvolvimento de Actividades Turísticas e de LazerNº Provisório Nome do Beneficiário Nome do projecto

001 MELO & LEME - TURISMO DE HABITAÇÃO, LDA TURISMO DE HABITAÇÃO - EXPANSÃO E DIVERSIFICAÇÃO

004 MANUEL FRANCISCO RIBEIRO PINTO CASA DE CAMPO - VINHA VELHA

005 MARIA LEONOR FÉLIX SILVA FONSECA LOUREIRO DOS SANTOS O ACONCHEGO DAS RAÍZES

024 SUAVE RELEVO, LDA CASA VENTUZELA

031 WALTER LAMEGO PINTO CASA DO BAIRRO

033 CASA GRANDE PINHEIRO, LDA TER NA QUINTA DA CASA GRANDE PINHEIRO

035 MARIA GEORGINA PIRES MACHADO COELHO SILVA QUINTA DE GATÃO

036 MONTEIRO DA ROCHA LDA CASA DE CAMPO DE SANTA CRISTINA ALPENDORADA

042 CASA DE GONDOMIL TURISMO NO DOURO, LDA CASA DE VILA CETE

045 INSPIRAÇÃO DO CAMPO INSPIRAÇÃO DO CAMPO

Acção 3.2 – Melhoria da Qualidade de Vida

Acção 3.2.1 – Conservação e Valorização do Património Rural

Nº Provisório Nome do Beneficiário Nome do projecto

047 ANTÓNIO QUEIROZ VASCONCELOS LENCASTRE ESPAÇO CULTURAL E MUSEOLÓGICO AMADEO SOUZA CARDOSO

056 JUNTA DE FREGUESIA DE GONDAR REVALORIZAÇÃO DO MUSEU RURAL DO MARÃO E CENTRO CÍVICO DE GONDAR

057 MUNICÍPIO DE BAIÃO CENTRO COMUNITÁRIO DE TRADIÇÃO RURAL - MESQUINHATA

062 MUNICÍPIO DE BAIÃO CENTRO COMUNITÁRIO DE TRADIÇÃO RURAL DE VALADARES

066 ASSOC. CULT. E REC. DE ST.ª CRUZ DO DOURO GASTRONOMIA NA CASA DO LAVRADOR

Acção 3.2.2 – Serviços Básicos para a População Rural

Nº Provisório Nome do Beneficiário Nome do projecto

009 CERCIMARANTE C.R.L FÓRUM SÓCIO OCUPACIONAL

017PROGREDIR - ASSOCIAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO RURAL DO MARÃO OCIDENTAL

A CASA DOS AVÓS

032 ASSOCIAÇÃO ALEGRIA DE CRESCER CENTRO DE DIA E SAD - ALEGRIA DE CRESCER

048 CENTRO SOCIAL DE VALE SANTA NATÁLIA ESPAÇO GERAÇÕES 2

050 CASA DO POVO DE TABUADO CENTRO DE DIA COM SERVIÇO DE APOIO DOMICILIÁRIO

Page 14: Repórter do Marão

Ambientalistas tentamtravar barragem de Fridão no tribunal administrativo

A Associação Cívica Pró Tâmega avançou com uma ação popular administrativa onde pede que seja decreta-da a anulação da Declaração de Impacte Ambiental (DIA) da barragem de Fridão, no rio Tâmega.

A ação, que foi entregue a 23 de julho no Tribunal Ad-ministrativo e Fiscal de Penafiel e é dirigida contra o Es-tado português, representado pela ministra do Ambiente e Ordenamento do Território e contra a EDP – Eletricida-de de Portugal, SA, requer “que seja decretada a anula-ção da DIA, condicionalmente favorável” relativa a Fridão e aprovada pelo secretário de Estado do Ambiente a 30 de abril último. A eventual anulação da DIA teria “como con-sequência direta a anulabilidade do licenciamento".

A associação ambientalista foi constituída por escritu-ra pública em Amarante em maio 2010 e integra membros do movimento Por Amarante sem Barragens e do Movi-mento Cidadania para o Desenvolvimento no Tâmega.

A Associação critica ainda a recente classificação de “albufeira de águas públicas de utilização condicionada” que poderá mesmo impedir quaisquer investimentos tu-rísticos no vale do Tâmega, já anunciados por autarquias e empresários. “Com esta classificação não poderá lá ser feito nada”, sublinha a Pro Tâmega.

A 31.ª edição da Agrival – Feira Agrícola do Vale do Sousa vai decorrer de 21 a 29 de agosto no Parque de Feiras e Exposições de Penafiel. O programa de anima-ção da Agrival, a maior feira do género na região, é va-riado e inclui sessões de karaoke, cantares ao desafio, atuações de ranchos folclóricos e espetáculos com José Malhoa, Rita Guerra, a jovem fadista Carminho, Lean-dro ou a banda UHF.

Cada dia é dedicado a um concelho da região e duran-te a feira vão ter lugar as jornadas de hortofruticultura do Tâmega (no dia 26) e concursos de produtos da região: broa de milho, cebolas e melão casca de carvalho. A 24 de agosto realiza-se um concurso nacional de cães da raça podengo. No dia dedicado à Galiza (27), vai decorrer um convívio de produtores e engarrafadores de vinho verde .

Em simultâneo com a Agrival realiza-se a 9.ª Mostra de Gastro-nomia, que funcionará das 12:00 às 01:30. Das 12:00 às 14:00 a entra-da na praça da alimen-tação é livre. Na noite de encerramento vão ser eleitos a miss e o mister Agrival.

UHF, Carminho e Rita Guerrana Agrival de 21 a 29 de agosto

repórterdomarão14 agosto’10

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I diversos

Cândido Barbosa, o ciclista de Pare-des eterno candidato à vitória na Volta a Portugal em bicicleta, quer concretizar este ano o sonho sempre adiado de ven-cer a maior prova velocipédica nacional.

“O objetivo é concretizar o sonho de vencer a Volta a Portugal. Penso que, este ano, esse sonho poderá tornar-se realida-de”, disse o também vereador na câmara de Paredes, assumindo-se como candida-to à camisola amarela da corrida que vai estar na estrada entre 4 e 15 de agosto.

Nem o facto de estar no Palmeiras Resort-Prio-Tavira, equi-pa do espanhol David Blanco, o grande favorito para o triunfo nesta edição, parece perturbar o seu desejo de vencer, depois de dois segundos lugares (2005 e 2007) e um terceiro (2006).

Com 14 edições da Volta a Portugal nas pernas, na qual é o corredor em atividade com maior número de etapas ganhas, o “Foguete de Rebordosa” reconheceu que o nível da edição des-te ano está um pouco abaixo do habitual.

“Não podemos dizer que é o pior pelotão, mas é o mais re-duzido dos últimos tempos”. A culpa, garantiu, é da conjuntura económica e não da falta de talentos nacionais.

Cândido Barbosa volta a tentara vitória na Volta a Portugal

CÂMARA MUNICIPAL DE AMARANTEDepartamento de Urbanismo

AVISO

Nos termos do n.º 2 do artigo 78.º do Decreto-Lei n.º 555/99, de 16/12, TORNA-SE PÚBLICO que a Câmara Municipal de Amarante, emitiu em 26/04/2010, o alvará de loteamento n.º 1/2010 em nome e a requerimento de Predivimeã – Empreen-dimentos Imobiliários Lda, NIPC 506 674 711, que titula a aprovação da operação de loteamento do prédio sito no lugar de Balanceiros, freguesia de Real, descrito na Conservatória do Registo Predial na ficha 360/19900928 e inscrito na matriz sob o artigo 285.

Operação de loteamento, com as seguintes ca-racterísticas:

Área total a lotear: 13691 m2;Número de lotes:18;Número de pisos: 3;Número total de fogos:18.

Prazo para a conclusão das obras de urbaniza-ção: 18 meses.

Amarante e Departamento de Urbanismo, 06 de Maio de 2010.

O Presidente da Câmara,Dr. Armindo José da Cunha Abreu

Reporter do Marão, N.1242 - 28/7-Ago/2010 (3m)

Certifico para fins de publicação que, por escritura nove de Ju-lho de dois mil e dez lavrada a folhas seis e seguintes do livro de no-tas para escrituras diversas número treze - A, do Cartório em Baião, do notário, Licenciado Paulo Bruno Ferreira dos Santos, ANTÓNIO PINTO BORGES e mulher MARIA PALMIRA DA CONCEIÇÃO ALVES casados sob o regime de comunhão geral de bens, natu-rais da freguesia de Gestaçô, concelho de Baião, onde residem no lugar de Quintela, contribuintes fiscais 155.978.152 e 155.978.160, declararam:

Que são donos e legítimos possuidores, com exclusão de ou-trém, dos dois seguintes imóveis.

UM - Prédio urbano, composto por casa de habitação para ca-seiro com outra casa junta destinada a corte e arrumos agrícolas, sito no lugar de Ordem, freguesia de Teixeira, concelho de Baião, a confrontar do norte com caminho, sul, nascente e poente com António Pinto Borges, com a área total de cento e vinte vírgula ses-senta metros quadrados, inscrito na matriz sob o artigo 39, com o valor patrimonial tributário e atribuído de sete mil quatrocentos e noventa euros e setenta e cinco cêntimos, não descrito no Re-gisto Predial.

DOIS - Prédio rústico, composto por quinta de vinhas e souto, cultura, fruteiras, castanheiros, pinhal, mato e pastagem, sito em Vinhas, freguesia de Teixeira, concelho de Baião, a confrontar do norte com David Pereira, sul com caminho, nascente com Avelino Teixeira e poente com Serafim Lopes, com a área de trinta e três mil e trezentos metros quadrados, inscrito na matriz sob o artigo 193, com o valor patrimonial tributário e atribuído de mil e quatrocentos euros e oitenta e seis cêntimos, não descrito no Registo Predial.

Que eles justificantes possuem os referidos prédios desde mil novecentos e setenta e cinco por compra verbal a João Borges, viúvo, residente que foi no lugar de Vinhós, freguesia de Teixeira, concelho de Baião, cujo título por isso não dispõem.

Que desde aquele ano entraram na posse dos imóveis, agindo sempre por forma correspondente ao exercício do direito de pro-priedade plena, aproveitando todas as suas utilidades, usufruindo-os, cultivando o rústico e colhendo os seus produtos, habitando e fazendo melhoramentos e reparações no urbano e, suportando os respectivos encargos de ambos, posse esta que exerceram até hoje, de modo contínuo, pacífica e publicamente e de boa fé, pelo que se afirmam proprietários dos prédios, justificando a sua aquisi-ção, por usucapião.

É certidão de narrativa e está conforme o original.Baião, nove de Julho de dois mil e dez.

O Notário,(Paulo Bruno Ferreira dos Santos)

Reporter do Marão, N.1242 - 28/7-Ago/2010 (4m)

NOTARIADO PORTUGUÊSCARTÓRIO EM BAIÃO

DE PAULO FERREIRA DOS SANTOS

Justificação

O Hospital de São Gonçalo, em Amarante, deixou de ter ci-rurgiões ao fim de semana no internamento, uma medida adop-tada pela administração para reduzir as horas extraordinárias.

“Ao fim de semana os dois ou três cirurgiões que são pre-cisos para garantir o serviço não tinham grande trabalho, ra-ramente eram chamados a intervir, e isso significa que onera-vam muito as contas do hospital", justificou a unidade de saúde.

Hospital de Amarante corta despesa

A terceira campanha de escavações no Castro de S. Domin-gos, em Lousada, revelou um conjunto significativo de novida-des e descobertas que atestam a ocupação diversificada do sítio, anunciou a autarquia. Para o vereador da Cultura, Eduardo Vi-lar, “cada nova descoberta aumenta a nossa perceção da histó-ria de Lousada e dos nossos antepassados”.

Segundo a fonte, foram descobertos novos espaços funcio-nais contíguos à casa romana, nomeadamente “alinhamentos de pedras que denunciam expressivos muros romanos e cas-trejos” e recolhidos alguns indícios da eventual “extração de material argiloso que serviria posteriormente para a prepara-ção das argamassas”.

Escavações em Lousada reveladoras

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Liliana Leandro | [email protected] | Foto Lusa

A Fundação de Serralves, com o seu museu e jardins, há muito se assumiu como espa-ço de referência no Porto. A sua missão,

conta o presidente do Conselho da Administra-ção da fundação, é “facultar a expressão da cultu-ra contemporânea aos portugueses”. Um desafio que Luís Braga da Cruz aceitou quando em janei-ro assumiu aquele cargo. Ser contemporâneo, ex-plica, é “gostar de estar atualizado”. Em entre-vista ao Repórter do Marão, o também professor de engenharia, admitiu que a arte contemporâ-nea “não é muito amigável”, sendo mais fácil, por exemplo, “gostar de impressionistas franceses”. Porém, todo o período da história teve a sua con-temporaneidade e Serralves está aí para “tentar perceber o tempo que vem a seguir”.

“Cultura é tudo aquilo que tem a ver com a expe-riência humana e com a energia de criação e inovação que há em cada um”, diz Luís Braga da Cruz, 68 anos, presidente do Conselho de Administração da Funda-ção de Serralves desde janeiro. Já foi deputado do Partido Socialista, ministro da Economia do Gover-no de António Guterres e durante 14 anos assumiu a liderança da Comissão de Coordenação Regional do Norte (CCDR-N). Licenciado em engenharia civil pela Universidade do Porto, tem um longo percurso pelas energias renováveis, pela engenharia de estru-turas e pelo desenvolvimento regional. Teve vontade de se internacionalizar, e de seguir para um doutora-mento nos EUA, mas acabou em Mafra, numa “car-reira militar de vários anos”. No início deste ano, e “por convergência de fatores”, acabou por ser eleito para o cargo que agora ocupa: um projeto “de desa-fio” e que “corresponde a uma missão de fazer Portu-gal diferente, um bocadinho”.

Da cultura contemporânea diz que “não se perce-be, não obedece a critérios de racionalidade”, valori-zando, contudo, a criatividade e os percursos. “É es-tar permanentemente em atitude de antecipação em relação ao futuro”, explica Braga da Cruz. Por Ser-ralves têm passado os grandes nomes da expres-são cultural contemporânea, aqueles que “marcam a agenda da contemporaneidade na escultura, instala-ções e vídeos”. Por isso mesmo, a fundação torna-se um “exemplo do que pode ser a internacionalização”, contribuindo mesmo para que “os portugueses pos-sam ser do seu tempo e possam estar a par daquilo que se faz de melhor no seu tempo.

| Autarquias são “territórios de difusão cultural” |Em Serralves, o objetivo de Braga da Cruz é

cumprir a missão da própria fundação: consolidar a coleção, progredir na divulgação dos valores con-temporâneos e promover o debate das questões con-

temporâneas. “Um aspeto que talvez tenha sido re-forçado, porque sou sensível a isso, foi promover a descentralização cultural”. Nesse sentido, defende que as câmaras municipais são “territórios de difu-são de cultura” pelo que devem ser impulsionadas a “explorar a coleção de Serralves” a fim de incluir na sua programação cultural uma componente contem-porânea.

A finalidade de Serralves, destaca, é “facultar a expressão da cultura contemporânea aos portugue-ses”, e isso faz-se através de “facultar mostras, ex-posições de muita qualidade e criando uma coleção representativa do nosso tempo porque sem uma co-

leção um museu não existe”. Mas porque nem tudo o que emerge será perene, “é difícil fazer uma coleção de arte contemporânea” até porque Serralves “não pode ser muito experimentalista” ao contrário das autarquias que por vezes aceitam o desafio de apos-tar em jovens artistas.

Anualmente Serralves recebe 400 mil visitantes, dos quais 115 mil jovens que frequentam os serviços educativos (visitas guiadas, ateliê, …). Domingo é o dia da semana que atrai mais pessoas ao espaço até porque “não se paga bilhete da parte da manhã”; uma forma de atrair novos e diferentes públicos. A Serral-ves chegam quase diariamente excursões. Vêm de al-

“Eu estou pessoalmente convencido nas vanta-gens da regionalização. Por tudo aquilo que foi a mi-nha experiência de política regional, a regionalização seria muito boa para Portugal”, garante Luís Braga da Cruz, ex-presidente da comissão de coordenação nortenha. Acredita mesmo que a regionalização po-deria ser uma solução para a situação de crise que o País atravessa, lembrando que “em qualquer país em que essa experiência foi feita, o desempenho eco-nómico, social e cultural ganhou muito”, tendo per-mitido “que quem estava mais periférico também se pudesse afirmar, dando contributos para que o todo nacional ficasse a ganhar”.

O antigo presidente da CCDR-N assegurou mesmo não conhecer nenhuma “experiência pareci-da com a portuguesa – com uma gestão centralizada e apenas um nível central e um municipal – que te-nha tido sucesso”.

Sobre a questão de referendar a regionalização, Braga da Cruz responde “que a Constituição da Re-pública Portuguesa não previa fazer referendos para matérias como a regionalização”, sentenciando ter sido “um erro” levar a questão ao País, até porque “é uma matéria que pode ser de natureza política um pouco mais erudita”. Neste momento, salienta, restam “dois caminhos”: ou se retira tal obrigação – o que “seria o mais seguro para aqueles que gosta-riam de ver a regionalização implementada – ou en-tão só se deve partir para um referendo “com um

largo consenso nacional” e com os dois grandes par-tidos a entenderem-se nessa matéria.

| É preciso exportar |Aparte a regionalização, o ex-governante sen-

tencia que “a única forma de sairmos da crise é intro-duzindo mais riqueza no País e para tal é necessário vender para o exterior e recolher o resultado dessa venda”. Em outras palavras, Portugal precisa de ex-portar sem ficar à espera que alguém “venha com-prar”. “Podemos exportar tudo desde que seja bem recebido nos mercados a que se destina”, salienta Braga da Cruz, realçando porém que “é necessário fazer bem e incorporar inovação” no que se exporta. Felizmente, garante, “há sinais de que as exporta-ções portuguesas podem desenvolver-se” e Serral-ves pode, no domínio da cultura, dar o seu contributo ao “abrir Portugal ao mundo e fazer com que o País seja conhecido no exterior”.

No domínio da cultura, Luís Braga da Cruz afir-ma que esta não é mais um sector que tem que ter acesso ao orçamento de Estado, lamentando que o orçamento para esta área esteja já “no limiar do acei-tável”, podendo inviabilizar projetos que “vivem com grande sacrifício”. Serralves foi mesmo obrigada a fazer “alguma contenção” mas sempre com a preocu-pação de “não baixar a qualidade nem dar sinais que possam ser entendidos como um menor dinamismo”.

‘Regionalização seria boapara Portugal ’

Missão de Serralves é “facultar aexpressão da cultura contemporânea”

Entrevista a Luís Braga da Cruz

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Liliana Leandro | [email protected] | Foto Lusa

‘Nenhum convite me arranca da minha terra’ Nem um futuro Governo PSD levará o autarca para Lisboa

deias do interior, de diferentes pontos do País e pela primeira vez na vida são confrontadas com formas de arte a que não estão habituadas. O número de visi-tantes estrangeiros “também tem vindo a crescer” e Braga da Cruz lamenta apenas que um dos défices do Porto seja o facto de “ter pouca oferta que mantenha os turistas por mais de dois dias” na cidade.

Ainda assim, sublinha que “Serralves não é um projeto do Porto ou da área metropolitana”, queren-do afirmar-se “como projeto nacional, criando uma coleção de referência ao nível nacional e fazendo par-cerias com municípios portugueses do Minho até ao Algarve”.

‘Regionalização seria boapara Portugal ’

Missão de Serralves é “facultar aexpressão da cultura contemporânea”

Entrevista a Luís Braga da Cruz

Nome Completo: Luís Garcia Braga da CruzData Nascimento: 30 de maio de 1942Habilitações Literárias: Liceu D. João III, Coimbra, 1951/59; Pre-paratórios de Engenharia, Universidade de Coimbra, 1959/62; En-genharia Civil, Universidade do Porto, 1962/65. Cargos exercidos: Deputado na X Legislatura; Consultor do Presi-dente da Comissão Executiva da EDP; Ministro da Economia do XIV Governo Constitucional, Lisboa, 2001/02; Presidente da Comissão de Coordenação da Região do Norte, 1986/01;…Frase: “Sou muito curioso, gosto muito de me meter nas coisas, de ler, de me informar e de chegar sempre um bocadinho mais longe”.

Braga da Cruz é presidente do conselho geral da Universidade do Minho e dá aulas de história da engenharia civil na FEUP.

Para o futuro “gostaria que Ser-ralves se continuasse a afir-mar”. Diz não ter desafios polí-ticos mas garante continuar a ser “fiel” ao que acredita.

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Milhão e meio de pass ageiros transportadosCorgobus é um caso de sucesso nos transportes urbanos em Vila Real

A cidade de Vila Real dispõe de um serviço de transportes públicos desde 2004. Com o nú-mero de passageiros sempre a crescer, a con-

cessionária – Corgobus – vai ainda entrar em bairros mais isolados para dar mais mobilidade aos cida-dãos. A empresa garante que os transportes podem ser amigos do ambiente, por isso associou-se a uma campanha de divulgação das espécies em extinção do concelho.

À frente da Corgobus está um engenheiro de 44 anos, João Queirós, que depois de passar pela indús-tria metalúrgica se dedica agora aos transportes.

Que balanço faz dos primeiros anos de atividade da Corgobus. O objetivo de diminuir os automóveis do centro urbano de Vila Real foi cumprido?

Partindo do princípio que as pessoas que utilizam hoje os nossos transportes efetuavam um número de desloca-ções semelhantes, partindo do princípio que o número de habitantes e população flutuante é o mesmo e, tendo em conta que tínhamos uma previsão de atingir as 900.000 viagens nesta fase e estamos em 1.500.000, acredito que muitas pessoas deixam o seu transporte particular esta-cionado e recorrem ao transporte público, ao nosso trans-porte que, pela sua qualidade e eficiência, conseguiu de-monstrar ser uma alternativa válida à viatura particular.

Enquanto na maior parte dos casos o número de passageiros diminui, em Vila Real cresce. Como se explica esse fenómeno?

As flutuações de passageiros têm muito a ver com

determinados fatores que por vezes contrariam o que al-guns “experts” dizem. Objetivamente, em Vila Real o nú-mero de passageiros cresce porque, relativamente ao de-semprego, a situação, apesar de ter flutuações, não será crítica. Depois, numa cidade em que nos julgamos esque-cidos do resto do mundo, percebemos que temos algumas coisas únicas – um transporte urbano de qualidade capaz de rivalizar ou suplantar o transporte das grandes me-

trópoles, como Lisboa ou o Porto. A idade média das via-turas é também baixa, as viaturas são bastante recentes, confortáveis e adaptadas às nossas necessidades. Não te-remos “flores”, leia-se alguns meios que chamam muito a atenção de quem passa, mas temos o essencial para ser uma alternativa ao transporte particular.

Ainda há margem para crescer mais em termos de passageiros?

Acreditamos que estamos próximos do limite. Esta-mos a preparar, prefiro dizer antecipar, algumas necessi-dades que se revelarão brevemente na nossa cidade. Por acreditarmos nisso, estamos já a ultimar alguns estudos, algumas ações para podermos avançar. Se não o fizer-mos, a nossa margem de progressão será muito reduzi-da, correndo até o risco de diminuir.

No âmbito do projeto Articular, a Corgobus vai adquirir um mini autocarro para servir os bairros mais isolados da cidade. Este é também um serviço social que a empresa vai cumprir?

Podemos dizer que o Articular nos permite concreti-zar algo muito semelhante ao que foi proposto à Câma-ra Municipal de Vila Real (CMVR) há alguns anos e que, por razões várias, não foi possível implementar.

O Articular vai permitir uma ligação entre os Bair-ros de Santa Maria, Araucária, Ferreiros e Pimenta. É importante que algumas pessoas, que estão no “centro” da nossa cidade e que possuem problemas de mobilida-de, possam ter um meio que lhes possibilite deslocar-se. Há algumas pessoas que poderão conhecer outras reali-dades que hoje, apesar de estarem no centro, não conhe-cem, porque não saem de casa.

Mas a Corgobus é um pequeno parceiro neste proje-to que nunca poderia ter sucesso se não contasse com a colaboração ou se não posse “pilotado” pela CMVR.

E novas linhas? Existem freguesias próximas da cidade que também reivindicam o transporte público?

Estamos, conjuntamente com a CMVR, a analisar várias possibilidades. Mas, como é habitual, só depois das coisas estarem acordadas/materializadas é que podere-mos dar nota delas. Até lá, continuaremos a trabalhar e nunca esquecemos os pedidos que nos fazem chegar atra-vés de alguns abaixo assinados, quer tenham cinco assi-naturas ou 500, ou apenas uma.

Mas, há algumas coisas que temos todos que estar cientes! Há leis, há princípios que nenhum dos interve-nientes no processo irá ultrapassar. Comecemos pela área de exclusividade que existe. Está definida, é conhe-cida e é uma área onde apenas a Corgobus pode pres-tar serviço. Infelizmente vemos muita gente a quebrar esta regra básica e elementar na frente seja de quem for e muitas vezes na frente de quem teria que tomar atitu-des, transportando passageiros da Corgobus “ao mesmo preço” e alegando que “eles demoram muito, está mui-to atrasado…”

Nós não participamos destes esquemas! Nunca o fa-remos.

Para alargarmos a nossa zona de intervenção, terá que haver alteração da nossa área de exclusividade e, só assim poderemos dar resposta positiva a muitas das po-pulações que, ano após ano, nos enviam abaixo-assinados.

Quais são os principais problemas com que a em-presa se debate?

Debatemo-nos diariamente, a cada minuto, com a fal-ta de educação, a falta de respeito, resumindo, a falta de princípios de muitas pessoas da nossa cidade. Isso reve-la-se a cada instante, com estacionamentos em 2ª e 3ª fila, com chamadas constantes às autoridades, para nos aju-darem. É lamentável, é triste!

Desperdiçamos imensa energia com situações recor-rentes, em que as soluções são fáceis de implementar. Basta que o civismo exista e, no caso de não existir que, cada um de nós faça cumprir ou exija o cumprimento de determinadas regras. É simples, é fácil e rápido, com a grande vantagem de nunca desperdiçarmos energias em coisas básicas.

Paula Lima | [email protected] | Fotos | P.L. e Fátima Meireles

Page 19: Repórter do Marão

Os autocarros podem ser amigos do ambiente?

Os autocarros são amigos do ambiente. A tecnolo-gia tem evoluído e temos tido novidades constantes, quer na melhoria de performance das viaturas quer a nível de emissões. Se associarmos a tudo isto a capacidade de transporte dum autocarro, concluiremos que ao utilizar-mos o transporte público estamos a defender o futuro. A Corgobus tem sempre cuidado com este aspeto e, para além das últimas tecnologias a nível de viaturas, gasta-mos anualmente uns largos milhares de euros a tratar os resíduos que produzimos. Na nossa casa, até uma lâmpa-

da é separada e entregue a entidades que se encarregam do seu tratamento.

Recentemente a Corgobus abriu as portas a "no-vos passageiros", através do programa de Biodiversi-dade da autarquia que pretende dar a conhecer espé-cies em extinção.

Começámos a proporcionar a "novos passageiros" o conhecimento da nossa cidade! Estou certo que este co-nhecimento é recíproco ou seja, os "novos passageiros" não conhecem a cidade e a cidade e seus habitantes não

conhecem estes "passageiros" (na sua maioria). Assumi-mos o nosso papel. Não estamos cá apenas para trans-portar pessoas. Os "novos passageiros" são uma forma de assumirmos outra parte do nosso papel que é o de alertar para espécies que estão em vias de extinção, que é o fazer refletir um pouco o que andamos a fazer, o que andamos a provocar na natureza com as nossas ações.

Por outro lado, gostamos de inovar, de provocar as pessoas, para que elas possam reagir, possam agir e, des-ta forma, melhorar a vida de “todos” nós, inclusive a des-tes e doutros "novos passageiros".

Milhão e meio de pass ageiros transportadosCorgobus é um caso de sucesso nos transportes urbanos em Vila Real

Page 20: Repórter do Marão

Clubes sociais em Bragança e Vila Real | At ividades desportivas asseguram novo dinamismo

Patrícia Posse | [email protected] | Fotos | P.P.

Símbolos de um prestígio perdidoN as capitais de distrito da região

transmontana, as mudanças so-ciais explicam os indícios de deca-

dência dos clubes sociais. Beneficiando de uma localização central, são hoje espaços carregados de histórias, onde gerações se cruzaram e onde cabem todas as nostalgias.

Com o surgimento de novas instituições culturais, os clubes perderam sócios, esplen-dor e visibilidade social. Agora, a priorida-de é cativar sócios, sem atender às restrições elitistas que estiveram na sua génese. Antes do 25 de Abril, havia uma clivagem social em que só as pessoas com “uma posição social decente” eram propostas por sócios e apro-vadas em Assembleia.

Resistentes ao tempo, os sócios fiéis re-sumem-se a um grupo diminuto, cuja dedi-cação incondicional tem evitado o declínio e mesmo o encerrar das portas.

| Clube de Bragança quase centenário |

Republicano na sua origem, o Clube de Bragança é uma associação recreativa, cultu-ral e desportiva instalada no nº 154 da rua Abí-lio Beça. A coletividade surgiu no fim de 1935, no seguimento do Centro Republicano Emídio Garcia e do clube de caçadores que ali terá exis-tido antes de 1911. “Foi sempre um marco dos ideais republicanos. Fizeram-se mesas redon-das ativas e críticas, debates com os vários can-didatos à câmara para sabermos os seus proje-tos”, recorda o ex-presidente, Júlio Carvalho.

Local de encontro de republicanos, o Clu-be foi promotor de eventos cívicos e culturais, como colóquios, ciclos de cinema e teatro, ex-posições de pintura e fotografia, concursos lite-rários, récitas, concertos, passeios pedestres e torneios de ténis de mesa. Em 1981, foi respon-sável pela 1ª Feira do Livro e por intervenções de cariz social, inclusive no plano das linhas fér-reas.

Tidas como “as melhores da cidade”, as fes-tas de fim de ano e de Carnaval no Clube ganha-ram fama. “Deixou de ter o espírito republica-no para ser um pouco elitista. Juntava-se a fina flor de Bragança e as meninas de bem vinham aqui nos seus bailes de debutantes”, lembra Jú-lio Carvalho, 69 anos. Contudo, a fragilidade do chão obrigava ao cumprimento religioso de al-guns procedimentos de segurança. “Na lape-la dos casacos, usavam-se flores de duas cores. Enquanto dançavam os que tinham a flor ama-rela, os outros tinham que esperar. Depois tro-cava-se”, conta o sócio António Almendra.

Se em tempos idos, a vida cultural brigan-tina gravitava em torno do Clube, hoje a oferta é variada. Com cerca de 180 associados, o Clu-be é visitado por uma dezena de sócios que to-das as noites vai jogar às cartas, beber um café e conviver. “As pessoas são um bocado comodis-tas e a falta de estacionamento é um handicap para virem ao Clube”, afirma o atual presiden-te, João Genésio.

O edifício, conhecido por “Redondo”, alber-gou uma escola de música, acolheu uma mostra de cinema com 15 filmes de temática transmon-tana (alguns de cineastas como Manoel de Oli-veira, João César Monteiro e Leonel Vieira), foi utilizado para a prática de ioga, como palco de ensaios teatrais e está aberto a novas iniciati-vas. “Facultamos o espaço só pelo movimento”, conclui o responsável.

| A resistência de um “vício bom” |

José Taveira, 62 anos, é uma presença de longa data no Clube de Bragança. “Vinham ca-sais com filhos e passavam-se momentos mui-to bons. Depois, começou a haver alternativas e as pessoas foram-se afastando. Hoje juntamo-nos 20 ou 30 sócios. Fazemos a nossa tertúlia di-ária, jogamos às cartas, conversamos um boca-do, vemos televisão.” Rumar ao Clube é “um vício bom”. “Não sei o que seria deste grupo se, de repente, isto fechasse. Seria uma falha mui-to grande, porque estamos tão habituados a vir aqui todas as noites...”

Aos 60 anos, Manuel Teixeira resgata à memória as vivências da meninice. “Eu e os meus amigos vínhamos jogar bilhar, convivía-mos e tínhamos o baile infantil no Carnaval.” Os mais velhos jogavam as cartas “não para ganhar ou perder fortunas, mas para entre-ter”, um hábito que ainda perdura. “Isto está em decadência, o associativismo perdeu-se, o centro da cidade ficou sem gente e não há esta-cionamentos”, lamenta.

Para Júlio Carvalho, a ligação ao Clube sempre foi “muito especial”, talvez pela assidui-dade desde 1970 e pelos 12 anos na direção. O atual presidente do conselho fiscal recorda que, nos primórdios, ficou “um bocado dececionado”. “Era mais um clube de meia dúzia de pessoas que se encontravam para jogar à batota. Rea-gi, fui criticado e até insultado, mas não desis-ti do meu objetivo e consegui que isso desapa-recesse.” Foi-se imprimindo “um novo cunho de promoção artística, cultural e social” e existiam cerca de 300 associados. O Clube atravessou “alguns momentos difíceis” até Júlio Carvalho ter assumido os comandos e verificar a neces-sidade de “dar uma nova fisionomia não só no corpo como na alma” do Clube. Num comunica-do de 1998, lê-se que “fisicamente o Clube está velho, abandonado, disforme, agonizante e so-cialmente está inerte, inativo, parado, pobre, vi-vendo da caridade de meia dúzia de sócios que o vão, a custo, sustentando”. A intervenção infra-estrutural acabou por acontecer com o apoio da autarquia, de mecenas e, evidentemente, com o contributo dos sócios.

Numa noite de início de semana, o baralho de cartas espera pelos sócios que vão chegan-do quase a conta-gotas. Joga-se a sueca, o king ou o rami, enquanto se sedimenta um compa-nheirismo de anos. Júlio Carvalho acredita que o futuro do Clube passará pelas novas gerações, porque, como diz, “a vida muda e a sociedade é

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Clubes sociais em Bragança e Vila Real | At ividades desportivas asseguram novo dinamismo

Patrícia Posse | [email protected] | Fotos | P.P.

Símbolos de um prestígio perdidouma renovação constante, muitas vezes com re-torno ao passado”.

Para já, a única verdade insofismável é a luta pela continuidade. “Tanto eu como os meus com-panheiros de dia a dia nunca deixaremos que o Clube morra, porque lhe temos amor, porque o ajudámos a renascer e o dia em que ele estiver numa situação de moribundo, nós voltaremos e nunca acabará.” Essa afetividade à instituição é de tal ordem que quando o prédio foi posto à venda, cinco sócios estavam dispostos a comprar o imóvel para oferecer ao Clube. É essa irman-dade que os reúne ali, noite após noite, numa atmosfera de convívio saudável.

“O Clube pode ter um papel importante, porque estamos a comemorar a República e em 2011 vai fazer 100 anos”, lembra.

| Desporto e música para angariar novos públicos |

Se antigamente os clubes eram mais voca-cionados para as atividades socioculturais, hoje a componente desportiva tem um peso incontes-tável na tentativa de lhes restituir “vida”.

No ano passado foi criada a equipa de fute-bol de veteranos, pois é uma modalidade “não profissional, virada para os encontros e os cus-tos não são grandes”. “São, pelo menos, 60 pes-soas envolvidas, o que dá um certo movimento ao Clube”, frisa João Genésio. A par do despor-to, promovem-se concertos com música ao vivo todas as sextas-feiras de cada mês para “cativar as pessoas”.

Em Vila Real, a aposta passa pelo ténis de mesa, que tem feito renascer o Club. Criada no final de 2008, a secção passou de 7 para 19 atle-tas federados. “A nível nacional já somos dos melhores e fomos campeões regionais de senio-res em 2009/10. Temos outros projetos que pas-sam pelo xadrez, com aulas ao sábado à tarde”, afirma o atual presidente, João Gonçalves.

A sala, outrora palco de bailes, foi invadida por mesas de treino. Os espelhos estão cobertos com fotografias das equipas e as paredes vesti-das com os recortes da imprensa que dão con-ta das vitórias. Conciliar os treinos é um desafio pela exiguidade do espaço. “Chegam a estar 16 miúdos dentro desta sala e para treinar é muito complicado”, admite o treinador ucraniano, Ale-xander Stanko. O Club está aberto todos os dias, inclusive com treinos à noite para quem quiser praticar por lazer.

João Gonçalves avança que estão a ser preparados concertos de música clássica e ne-gociada com os lares a realização de bailes ao domingo.

| Longevidade em Vila Real(com)prometida |

Na comemoração dos 116 anos de vida, a in-tenção de angariar novos sócios mantém-se fir-me e urgente. “De há um ano para cá, já estan-

cámos e invertemos a queda. As pessoas sabem que existe mais atividade e estamos a crescer devagarinho, com os pais dos miúdos que prati-cam ténis de mesa a tornarem-se sócios”, expli-ca João Gonçalves. Recentemente, abriu o bar para “mostrar que há outro dinamismo”.

Fundado em 1894, o Club de Vila Real é uma das associações mais antigas em todo o País. “Era um clube de alta sociedade e nem os maio-res comerciantes da rua Direita conseguiam entrar. Agora tem sido uma decadência mui-to grande, mas ainda bem que isto vai ter nova vida”, menciona Mário Pinto, sócio nº 3 do Club e ex-presidente.

Instalado na Casa dos Marqueses de Vila Real, o Club tinha por fim “promover a instru-ção e recreio dos sócios” e para o efeito dispunha de um gabinete de leitura. O acesso ao Club es-tava vedado aos menores de 12 anos “salvo em festas promovidas especialmente para crian-ças”, pode ler-se nos Estatutos.

Até à década de 70, o Club tinha uma grande afluência, chegando o número de sócios às qua-tro centenas. “Depois tornou-se mais frequente jogar as cartas a dinheiro e isto estava a morrer. Tiveram mesmo que vender o património”, re-lata João Gonçalves. Atualmente, os sócios pa-gantes são poucos. “Não chega se calhar à cen-tena, mas alguns sócios contribuíram para que o Club não tivesse morrido e agora não pagam a quota.”

| Dedicação a tempo inteiro |

Fernando Sousa, 82 anos, trabalhou no Club quase meio século e residiu com a família no úl-timo piso. Portanto, conhece bem cada recanto e as lembranças são irrequietas. “Vim governar a minha vida, atendia os sócios, servia as bebidas no bar, punha as cartas na mesa.” Em 1949, as gorjetas ultrapassavam largamente o salário de 750 escudos. “As pessoas que jogavam eram ri-cas e tirava quatro ou cinco vezes mais nas gor-jetas. Depois houve uma queda social e as pesso-as começaram a não vir.”

No Club “não entrava qualquer um, só as pessoas nobres da cidade”, sendo que a maior parte dos associados vinha por ocasião dos bailes e das festas. “Era por convites ou se algum sócio quisesse trazer um amigo tinha que pedir à di-reção. Eram bailes chiques que geravam curio-sidade. As pessoas vizinhas quando sabiam que havia bailes vinham para a entrada ver como é que as meninas vinham vestidas.”

O Club era frequentado sobretudo por um público masculino que dava corpo ao “vício do jogo”. “Nesse tempo, jogavam toda a noite. Al-guns saíam daqui diretamente para o trabalho”.

Fernando Sousa conta ainda que a primei-ra instituição a ter televisão em Vila Real foi o Club. Então, “as senhoras vinham para a sala de televisão e os homens para as de jogos”. Po-rém, agora “não é nada como era” e o antigo funcionário sobe as escadas do Club só “para matar saudades e passar o tempo”.

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22 agosto’10

repórterdomarão I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I nordeste

Classificação da linha do Tuapode travar a barragem?

Os defensores da linha do Tua anunciaram que conseguiram abrir o processo de classifica-ção da via férrea como monumento de interes-se nacional o que poderá travar a construção da barragem de Foz Tua se a decisão for favorável.

A abertura do processo implica, segundo a lei, e mesmo antes de qualquer decisão, que os imóveis em apreciação “não podem ser demoli-dos, alienados, restaurados ou alterados”, além de fixar uma zona de proteção de 50 metros onde não pode haver qualquer intervenção sem auto-rização e parecer prévio do IGESPAR.

A construção da barragem de Foz Tua, que se encontra ainda em fase de aprovação, está prevista para a zona da linha férrea e a albufei-ra submergirá 16 quilómetros.

O pedido de classificação da linha partiu de um movimento de cidadãos que tem Manuela Cunha como primeira subscritora do requeri-mento a pedir a classificação que, segundo disse à Lusa, foi admitido pelo IGESPAR- Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueo-lógico. O processo foi desencadeado por um re-querimento subscrito por mais de uma centena de pessoas ligadas ao mundo artístico, cultural, político e à “luta do Tua” e seguiu-se a uma pe-tição com mais de cinco mil assinaturas que não teve sequência na Assembleia da República.

| EDP lançou concurso |A EDP não comenta o processo de classifica-

ção da linha nem eventuais consequências para a barragem, cujo concurso já foi lançado.

A empresa prevê arrancar com as obras an-tes do final do ano, embora ressalve que estes procedimentos nunca avançarão antes da apro-

vação do RECAPE - Relatório de Conformidade Ambiental - que se encontra em discussão públi-ca até 06 de agosto e que decidirá o impasse en-tre a linha e a barragem.

A ativista da linha do Tua, Manuela Cunha, que é também dirigente do Partido Ecologista os Verdes (PEV), classificou estes procedimentos da EDP como “uma atitude descabida”.

“Nada impede a EDP de contratar um em-preiteiro e um arquiteto, mas lançar um concurso num terreno que não lhe pertence, não faz senti-do”, afirmou a ativista, frisando que a concessão ainda é provisória.

| Parque natural? |A EDP propôs hoje a criação de uma das

maiores áreas protegidas do país em torno das barragens do Sabor e do Tua o que desagrada a alguns autarcas locais pelo papel que o ICNB possa vir a assumir no projeto.

Esse parque natural Sabor/Tua seria, se-gundo um administrador da EDP, “possivelmen-te o segundo ou terceiro maior do país” e “au-tossustentável” com uma verba anual garantida entre 800 mil a um milhão de euros.

Este valor é a soma dos fundos financeiros ambientais garantidos para as zonas envolven-tes dos dois empreendimentos correspondentes a três por cento da receita líquida anual de pro-dução de energia de cada barragem.

Embora a EDP tenha avançado que já fez uma primeira abordagem com o Ministério do Ambiente depois de ter o parecer favorável dos municípios, a ideia foi recebida com reservas pe-los presidentes das Câmaras de Alfândega da Fé e Torre de Moncorvo.

Ambientalistas conseguiram abrir processo no IGESPAR

A Bienal Internacional de Gravura arranca a 10 de agosto com 16 exposições, compostas por 750 obras de 360 artistas de 74 países, que vão estar espalhadas pelo Douro.

A quinta edição da bienal do Douro vai prestar homenagem ao artista catalão Antoni Tàpies, considerado pela crítica como um dos maiores nomes das artes plásticas do século XX, ao nível de Picasso, Marcel Duchamp ou Pollock.

Há 10 anos que o evento coloca o concelho duriense no “mapa cul-tural nacional e mundial”.

O diretor técnico, Nuno Canelas, salientou que a quinta edição vai ser a “maior mostra de sempre da arte da gravura”, já que integra 16 exposições que vão poder ser vistas em Alijó, Vila Nova de Foz Côa, Peso da Régua, Vila Real e Porto.

Como novidades para este ano, o responsável destacou a abertura aos processos digitais de gravura e a entrada da bienal para o mundo virtual Second Life, onde vão estar expostas 24 gravuras.

“Contrariando o marasmo cultural do país em tempo de crise, que arrasa tudo o que for cultura e arte, a Bienal Inter-nacional de Gravura do Douro está aí, mais forte do que nun-ca”, salientou Nuno Canelas.

A Câmara de Alijó é a prin-cipal parceira da organização e apesar da crise, o presidente Artur Cascarejo salientou o “enorme esforço” feito para continuar a apoiar a iniciativa que considera ter um “sentido estratégico” para o Douro e para o país.

Até 31 de outubro, vão ser realizados workshops sobre “Gravura não tóxica”, “Gravura em metal”, “Gravura rupestre” e a conferência “Gravura contemporânea versus gravura rupestre”.

Artur Cascarejo salientou ainda a ligação à escola, numa clara aposta na “formação de públicos” para “garantir o futuro”.

A Gráfica Urbana (Porto), o Teatro Municipal de Vila Real, o Mu-seu do Douro (Régua), o Centro Cultural e Museu do Côa, o Museu do Pão e do Vinho (Favaios) e o Pavilhão Gimnodesportivo, Bibliote-ca, Auditório Municipal e Piscinas Municipais de Alijó vão acolher obras de nomes consagrados e de jovens artistas em formação.

Bienal de Gravura mostra trabalhos de 360 artistas Entre 10 de agosto e 31 de outubro

Uma barca movida a energia solar inspirada nas que noutros tempos transportavam cereais para um moinho junto à margem do rio Tâmega está a navegar desde há uma semana, no troço que passa por Chaves, por iniciativa de um artesão/inventor local.

“A ideia da criação da barca assentou em três pontos: pôr em prá-tica o espírito criativo, aplicar as energias renováveis e recordar as embarcações que noutros tempos via andar pelo rio Tâmega”, contou à agência Lusa o autor da ideia, Amílcar Cunha, de 47 anos.

Durante o fim de semana e feriados, este inventor oferece via-gens entre a ponte Romana e a ponte Nova, aos interessados que queiram passar 10 minutos numa barca movida por energia solar.

A barca, que custou cerca de dois mil euros, é feita de madeira, tem lugar para seis pessoas, suporta cerca de 400 quilos e movimen-ta-se à luz solar, através de um painel fotovoltaico.

Nos dias em que o sol não aparece, a barca possui um sistema de movimentação alternativo, através de uma rotação pedaleira que põe em movimento um mo-tor elétrico.

Amílcar Cunha, em-presário do ramo da vidra-ria, aproveitou os tempos livres depois do trabalho para a construção da barca solar, que só lhe demorou uma semana. “Desde de muito novo que gosto de fa-zer engenhocas", justifica.

Barca movida à luz do solnavega no Tâmega em Chaves

Especialistas, autarcas e operadores vão de-bater, de 9 a 11 de setembro, num seminário em Vila Real, os problemas, desafios e oportunida-des dos transportes escolares e rurais.

As soluções de articulação e integração que poderão levar a uma otimização dos custos que as autarquias despendem anualmente no trans-porte escolar vão ser um dos temas a debater no Teatro de Vila Real na terceira edição do se-minário MS_TP (Mobilidade Sustentável e dos

Transportes Públicos).Para o coordenador do seminário, Luís Ra-

mos, “a problemática da mobilidade nos terri-tórios rurais resulta, em grande parte, do ci-clo vicioso da perda da população – perda de serviços – perda de transportes” e “a neces-sidade da procura de soluções alternativas de transporte para estes territórios deve privi-legiar a flexibilidade, a criatividade e a maxi-mização de recursos existentes no terreno”.

Seminário sobre transportes escolares em Vila Real

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actualidade repórterdomarãoI I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I

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Arte rupestre

Museu de Arte e Arqueologia do Vale do Côa já pode ser visitado

As escavações arqueológicas no Castanheiro do Vento, concelho de Vila Nova de Foz Côa, estão a re-velar uma colina monumentalizada com um possível observatório, afastando a ideia de se tratar de povoa-dos fortificados da Idade do Cobre.

“O paradigma aqui presente altera a ideia fun-cionalista de isto serem povoados fortificados”, pois os habitantes de então “não construíam estas célu-las para se defenderem, mas como uma fonte de refe-rência identitária no território”, afirma Vítor Oliveira Jorge, o arqueólogo responsável pela escavação.

No topo da colina, transformada desde há 5 mil anos “numa espécie de labirinto de construções em forma de flor, como que representando o Cosmos”, ter-se-á erguido “uma grande torre, que lembra a de Babel”, acredita Vítor Oliveira Jorge (na foto, da Lusa).

A comparação parte da ideia de que uma suposta elevação de argila, “assente numa grande estrutura em pedra de xisto”, poderá “ter servido de observató-rio”, num local cuja história é desvendada por volun-tários de várias línguas e países.

Vítor Oliveira Jorge, professor da Faculdade de Letras do Porto, recorda a existência de uma “socie-dade sem escrita” que através da construção arquite-tónica “quis deixar algo ali que ficasse na memória”, num processo “consciente de construção de identida-de”, sustenta.

“Era uma população que começava a sentir a ne-cessidade de viver um universo simbólico, numa nar-rativa coletiva”, afirma Vítor Oliveira Jorge, equi-parando este processo com “a necessidade que hoje temos em pertencer a agremiações e clubes”.

A época em causa - entre 3 e 2 mil anos a.C. – mar-ca o “começo do apego à terra que não existia no pa-leolítico” e a “transição para sítios de reunião impo-nentes”, explica o também presidente da Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnografia (SPAE).

Desde 1998 que se efetuam escavações neste sítio da freguesia de Horta do Douro, numa cooperação da Universidade do Porto com outras universidades es-trangeiras, e o Instituto Politécnico de Tomar, em par-ceria com a Associação Cultural Desportiva e Recrea-tiva (ACDR) de Freixo de Numão.

Governo acredita que o Túnel do Marão será retomado em breve

O secretário de Estado das Obras Públicas, Paulo Campos, acredita que a escavação do Túnel do Marão, inserido na auto-estrada entre Amarante e Vila Real, vai ser retomada em bre-ve, depois de parada por decisão do tribunal praticamente des-de novembro de 2009.

O governante referiu que as imposições definidas pelo tri-bunal e que vão permitir monitorizar os impactos da construção do túnel estão a “breves dias de estarem concluídas”, o que per-mitirá “muito rapidamente” retomar os trabalhos.

A escavação do túnel ainda foi retomada a 04 de maio por decisão do Tribunal Central Administrativo do Norte (TCAN), que levantou a suspensão provisória, mas foi novamente sus-pensa pelo Tribunal Administrativo e Fiscal de Penafiel no iní-cio de junho.

A paragem das obras resulta de uma providência cautelar interposta pela empresa Água do Marão.

De momento está a ser feita a instalação dos piezómetros, instrumentos que servem para fazer a medição dos caudais.

Devido às diversas paragens nas obras, a ligação por auto-estrada entre Amarante e Vila Real só deverá ficar concluída em 2012, registando já cerca de um ano de atraso.

Produtores de Chavesvendem diretamente ao cliente ao sábado

O Clube de Produtores de Venda Direta do Alto Tâmega, implementado há cerca de dois meses, criou o “Mercadinho de Chaves”, junto à ponte romana, para promover o escoamento da produção dos pequenos agricultores da região.

O objetivo deste mercadinho, montado na margem direita do rio Tâmega, é “eliminar os intermediários e ajudar os produ-tores a escoar e promover os produtos das suas colheitas”, dis-se o presidente do Clube, Fernando Batista, citado pela Lusa.

“Esta ideia não tem nada de novo”, acrescentou o respon-sável, salientando que ela surgiu das suas viagens a Itália e Ale-manha onde existem estes mercados de venda direta de produ-tos às pessoas.

O “Mercadinho de Chaves” funciona apenas uma vez por semana, aos sábados de manhã, das 9:00 às 13:00, onde os pro-dutores colocam à venda fruta da época, legumes, pão, azeite, vinho, entre outros produtos.

Para poder montar uma banca no local os agricultores “têm de pertencer ao clube e apresentar produtos de qualida-de”, disse Fernando Batista.

O preço dos produtos, que é estabelecido pelos próprios agricultores, “tem de ser um preço módico”, disse.

“Afinal o mercadinho tem a função de oferecer produtos de qualidade a preços acessíveis”, frisou.

O problema dos produtores do Alto Tâmega, segundo Fer-nando Batista, é produzirem em pouca quantidade, os produtos não serem procurados e não terem possibilidade de os colocar diretamente em grandes superfícies comerciais.

“O mercadinho tem a vantagem de não ter intermediá-rios na venda e os produtores poderem aumentar os seus ren-dimentos ao vender diretamente os produtos aos consumido-res”, referiu.

O Museu de Arte e Arqueologia do Vale do Côa abriu as portas 15 anos depois da polémica que sus-pendeu a construção da barragem devido aos protes-tos de ambientalistas e de especialistas em arte rupes-tre. Foi inaugurado pela ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, e pelo primeiro-ministro José Sócrates.

O equipamento cultural representou um investi-mento de cerca de 18 milhões de euros, passando a ser o principal ponto de acolhimento do Parque Arqueoló-gico do Vale do Côa (PAVC).

Foi construído com o objetivo de divulgar e con-textualizar os achados arqueológicos do vale do Côa descobertos em 1994 e que estiveram na origem da suspensão das obras de construção da barragem.

O processo teve como ponto alto outubro de 1995 quando o Governo de António Guterres ordenou a suspensão da construção da barragem na foz do Côa devido às gravuras rupestres encontradas e classifica-das pela UNESCO como Património da Humanidade, em dezembro de 1998.

Com a identificação de diversos núcleos de gra-vuras e depois de vários protestos e debate público, nasceu o PAVC considerado como o maior museu do

mundo ao ar livre do Paleolítico.As gravuras, que já eram referenciadas por pas-

tores locais, ganharam fama mundial após o arqueólo-go Nelson Rebanda ter identificado a denominada ro-cha da Canada do Inferno.

Após muita polémica, que dividiu os habitantes de Foz Côa, a construção da barragem foi interrompida e a EDP foi indemnizada em muitos milhões de euros.

Após avanços e recuos, incluindo a alteração do lo-cal de construção do museu - inicialmente projetado para o sítio onde a barragem começou a ser edificada, na Canada do Inferno, mas posteriormente deslocado para uma encosta sobranceira à confluência dos rios Douro e Côa, no vale José Esteves, na zona norte do PAVC - a obra começou no terreno no início de 2007.

Naquele local, os autores do projeto, Tiago Pimen-tel e Camilo Rebelo, idealizaram um monólito com ja-nelas em frestas, semi-enterrado e com oito metros de altura na vertente virada para o Douro.

O trajeto expositivo foi desenvolvido de forma a possibilitar duas alternativas: um percurso cronológi-co e outro temático, estando também previstos espa-ços para acolhimento de exposições temporárias.

Escavações revelam possível observatório

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Urbanismo e democracia estiveram sempre ligados, embora pouco se note, as opiniões encarreiram-se para o fácil utili-tarismo. Quando todos compreendem o Belo; evitaríamos a real selvajaria do ur-banismo em Vila Real.

A cidade agrega num todo, o ambien-te, a política e o povo. Uma cidade que ba-seie a sua economia no sector imobiliário não cria oportunidades e riqueza para to-dos, por outro lado impõe moralmente que cada um seja proprietário através do cré-dito. A prioridade do emprego, saúde e da educação é negligenciada. É como água esvaindo-se num barril com fuga. A cidade adoece lenta-mente. O neo-liberalismo não está com o equilíbrio da ci-dade, não é uma prioridade, apenas as crises que o alimen-tam. Os governantes que são a charneira do sistema não estão interessados nem no ambiente nem no povo, a quali-dade de vida da cidade empobrece, e num dominó todos os cidadãos ficam mais fracos. Os cidadãos fracos ficam obe-dientes e alicerçam os seus sonhos na sombra dos mais fortes. Preocupados com as migalhas dos fortes. Quanto custa ser proprietário com migalhas. Ter uma casa feita com migalhas.

É urgente implementar um programa de reabilitação urbana ao nível nacional (projecto de lei do Bloco de Es-querda) que visa:

a) apoio à reabilitação urbana no valor de 5000 mi-lhões de euros

b) uma bolsa de habitação para arrendamento fora do mercado especulativo

c) pressão fiscal sobre os proprietários para colocar as habitações na bolsa de habitação

d) criação de um fundo de apoio aos proprietários po-bres

e) criação de trabalho para pequenas empresasf) dinamizar o mercado de arrendamento e congelar a

dívidas externa ( o cerne do PEC)Por enquanto a política de habitação em Portugal é

avulsa e minada pelos interesses do rentismo e das mais valias. Procura explorar o direito à intimidade dos cida-dãos. Entre o galope do PSD e o trote do PS perpetua-

se, a negligência, o crime económico, o cri-me ambiental; a dependência externa; as dívidas sobrecarregam as famílias portu-guesas já muito fragilizadas pela crónica fal-ta de emprego. Os recursos públicos drena-dos pelos interesses imobiliários, vão desde a água, minerais, electricidade, produtos or-gânicos e inorgânicos e mão de obra. Urge pois combater este flagelo que mina a demo-cracia da cidade dando mais força à justiça e promover o desenvolvimento da transpa-rência, equacionar orçamentos autárquicos com menor contributo do sector imobiliário, e canalizar as energias e recursos para pro-

gramas sustentáveis de reabilitação urbana, e ponderar investimentos dúbios; como o Hotel do Parque e outros anões discretos.

São conhecidos os efeitos das políticas do betão. São conhecidos os protagonistas, envolvidos em processos ju-diciais, actos de corrupção e casos nebulosos. Os cidadãos têm que deixar de ser moles, com estes indivíduos.

Os efeitos das más políticas urbanísticas: descaracte-rização, degradação, insustentabilidade agudizam-se. Vila Real nunca vai ser uma cidade de 200 mil habitantes em 2025. Saibam, que todos os PDM´s de Portugal servem para viver 30 milhões habitantes. Desastres ambientais como os da Madeira vão acontecer com mais frequência. O que aconteceu este inverno em Rio Tinto (Porto), foi só um beliscão.

Em Vila Real, a economia, o ambiente urbano e rural e a qualidade de vida estão em exibição na montra das ilu-sões. Gostaríamos, profundamente de ter outra capitali-dade inserida no edifício democrático, e pensar bem nas causas e consequências das torres de marfim do mercado.

Existem duas maneiras de encarar esta problemáti-ca: acreditar nos ditames do mercado e seguir uma sen-sação de falsa segurança ou optar por políticas atentas às dinâmicas sociais dos nossos tempos, que entregam os ci-dadãos à lei da selva.

Estaremos sempre solidários com os segundos e pro-curaremos debater com os primeiros.

[email protected]

repórterdomarão26 agosto’10

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Urbanismo e democracia

Paulo SearaBE Vila Real

Pouco tempo depois da autarquia de Amarante come-morar, com pompa e circunstância, os 100 anos da linha férrea em Amarante, eis que, passados três dias, a mesma é encerrada “para obras”. Assegurava a representante do governo que, questões de segurança a tal obrigavam, mas que “…dentro de quatro meses os trabalhos se iniciariam e que no espaço de dois anos estariam concluídos”. Num ápice, os carris foram arrancados e levados para??!!…..

Entretanto, o tempo foi passando. Quando todos já desconfiavam da concretização das

promessas, do governo socialista, o representante autár-quico-mor afirmava-se confiante.

Por diversas vezes ques-tionamos o Sr. Presidente da Câmara Municipal de Ama-rante sobre o estado do pro-cesso de requalificação da Li-nha do Tâmega, e ele, crente, respondia repetidamente: “Está, como estava!”, “Está como estava!”, “Em Mar-ço 2009, a Sra. Secretária de Estado garantiu que dentro de dois anos estaria reaber-ta” (3/5/2010), “…a obra con-tinua prevista, dependendo

do cabimento orçamental.”(17/5/2010).Seria confiança? Seria ingenuidade? Hum… há tan-

tos anos na política socialista e há vários anos com a “li-nha Sócrates”?

Será possível, alguém ainda acreditar?...Com que então “Está como estava!”? Infelizmente, nem isso! Afinal, não estava, não está,

nem nunca estará! De credível, só a vossa profunda fideli-dade para com aqueles que professam a “linha Sócrates”, e não é ao grego que me refiro!... Porque esse, deixou sau-dade!

Ora, se não é ingenuidade, só pode ser confiança cega em quem já nos habituou a desdizer de tarde o que afir-mou de manhã. E, meus amigos, “Pior cego é aquele que não quer ver”.

Há pouco tempo, faleceu um português que, de for-ma mestra, trabalhou o tema da cegueira, mais ou menos voluntária, mais ou menos inconsciente. À semelhança da sociedade que este nosso compatriota reproduziu, numa das suas obras, continuamos a ensaiar, ninguém sabe ain-da para quê e até quando, numa cegueira, surda e muda.

A Linha do Tâmega, está longe de estar como estava. Acabou há muito, foi-se com os carris tão rapidamente ar-rancados. Vários outros serviços já não estão, outros vão deixando de estar. E, Amarante vai-se atolando neste ce-nário de cegos devotos que não querem ver!....

José Sócrates apresentou-se no debate do Esta-do da Nação como alguém que não se preocupa com a construção de um clima parlamentar favorável à governabilidade. O discurso do Primeiro-Ministro foi recheado de provocações a todas as bancadas parlamentares, bem ao tom da anterior legislatura.

A agravar tal comportamento regista-se o uso de elementos estatísticos de 2008, no que diz respei-to à pobreza, misturados com elementos parciais, infelizmente circunstanciais, quanto ao desempre-go em Junho de 2010. Escamoteou o senhor Primei-ro-Ministro que os dados da pobreza de 2008 verifi-caram-se aquando de uma taxa de desemprego de 7%, ou seja, abaixo dos 400 mil desempregados.

Hoje, a mesma, infelizmente, é superior a 10%, pelo que mais de 150 mil portugueses estão em ris-co ou em situa-ção efectiva da pobreza. Ali-ás, no geral, o Primeiro-Mi-nistro gastou o seu tempo a negar a res-ponsabilida-de essencial do seu Execu-tivo na grave situação que o País atravessa e a denegrir as propostas do PSD em maté-ria de revisão constitucional.

O PS, mais uma vez, reve-lou-se conser-vador e imobilista em matéria de revisão constitu-cional. Também no passado aquando de anteriores revisões constitucionais, o PS sempre se assumiu conservador. Recorde-se aquando da proposta do PPD, para acabar com a tutela militar do regime através da extinção do Conselho da Revolução, ou então para que terminasse a irreversibilidade das nacionalizações. Então, como agora, o PS resistiu e com isso transformou-se num travão à rápida mo-dernização política e económica do País, atrasando-o face à restante Europa.

O PSD não falhará a missão histórica de mo-dernizar Portugal, reformando o Estado e transfor-mando-o num instrumento ao serviço dos cidadãos e do desenvolvimento do País.

O PS, de hoje, demitiu-se de ser uma força transformadora da sociedade, acoitando-se numa postura rezinguenta e truculenta face às propos-tas que o PSD legitimamente apresenta para mu-dar Portugal.

O PS, infelizmente, assume-se apenas como partido comentador e destruidor das propostas do PSD. Já lá “vai o tempo” em que o PS clamava por ideias e se afanava de só ele “puxar” por Portugal, criticando o PSD por não ser capaz de apresentar propostas.

É este o PS, que agora ao revelar uma infanti-lidade democrática, procura ultrajar todas as ideias apresentadas pelo PSD, não se coibindo de orga-nizar campanhas desvirtuadoras do conteúdo das mesmas, recorrendo por isso à mais primária dema-gogia a fim de lançar o “medo” na sociedade quanto aos perigos destas novas ideias.

Este é um PS que fica para trás no andamen-to da História e que para a História ficará como um compasso de espera na modernidade de Portugal.

Maria José C. Branco Vereadora PSD - Amarante

Pior cego é aqueleque não quer ver

O imobilismo do PS

Marco António CostaVice-Presidente da ComissãoPolitica Nacional do PSD

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CÂMARA MUNICIPAL DE AMARANTEDepartamento de Urbanismo

AVISO

TORNA-SE PÚBLICO, para efeitos do disposto na alí-nea b) do n.º 2 do artigo 78.º do Decreto-Lei n.º 555/99, de 16/12, que a Câmara Municipal de Amarante, emitiu em 07/06/2010 aditamento à licença de loteamento, titu-lada pelo alvará n.º 2/97 em nome e a requerimento de Armando Luís Carvalho da Silva, NIF 134 150 660, re-sidente na Rua de Aldeia Nova nº 695, freguesia de Vila Caiz, através do qual é licenciado o aditamento ao alvará de loteamento acima referido, o qual incidiu sobre o prédio, sito na Rua Padre Álvaro da Silva Barbosa, freguesia de Vila Caiz, inscrito na matriz sob o artigo 1724 e descrito na Conservatória do Registo Predial na ficha 1065/19980319.

A alteração ao alvará de loteamento supra, deferi-da por despacho de 14/01/2010, respeita o disposto no Regulamento do Plano Director Municipal, e consiste no seguinte:

Alteração das especificações do lote nº 1, nomeada-mente:

Aumento da área da cave do edifício (fracção A) em 56,70 m2 para constituição de um espaço destinado a ga-ragem.

Município de Amarante, 07 de Junho de 2010.

O Presidente da Câmara,Dr. Armindo José da Cunha Abreu

Michael Pollan é um professor que escreve livros altamente polémicos, caso de “O Dilema do Omnívoro” (publicado em 2009 por Publicações Dom Quixote) e “Em Defesa da Comida, Manifesto de um Consumidor” (Publicações Dom Qui-xote, 2010). É importante recapitular al-gumas ideias mestras do seu pensamen-to: vivemos numa permanente confusão quanto às melhores escolhas alimenta-res: os nossos hábitos de comer estão permanentemente submetidos às pres-sões das indústrias agro-alimentares; isto não ocorre por acaso, estamos inseridos numa cadeia alimentar assente nos triun-fos da produtividade, designadamente a partir do milho, que passou a ser tratado como uma pura matéria-prima que veio definir o corte que se instalou entre o produtor de alimentos e os consumidores. A sociedade de consumo em que vivemos triunfou graças à energia fóssil, ao milho, aos fertilizantes, à agricultura intensiva. Progressivamente, fomos avançan-do para os alimentos processados, cujo constituinte básico é o milho. A indústria alimentar está confrontada com condi-cionantes intransponíveis: faça-se o que se fizer, cada um de nós pode comer apenas cerca de 700 kg por ano. Só há duas opções para as poderosas indústrias: descobrir como levar as pessoas a gastar mais dinheiro pelos mesmos 700 kg de comi-da ou tentá-las a comer mais do que isso.

Os consumidores são impelidos, neste cenário, a esco-lhas responsáveis, têm obrigação de querer saber mais sobre o que comem e até como é que esta alimentação corresponde a verdadeiros interesses de saúde ou pode ser causadora de doença. “Em Defesa da Comida” é um livro estimulante. Co-meça por nos recordar que durante muito tempo a única coi-sa disponível para nos alimentarmos parecia ser a comida só que hoje estamos cada vez mais condicionados pelos milha-res de substâncias comestíveis que se vendem nos supermer-cados. Esquecemos muitas vezes o tomate, a cebola, a alface ou a beringela em detrimento de produtos inventados nos la-boratórios. é aqui que se anda a remexer na química e a apro-fundar as tecnologias alimentares: aromas, novos gostos, no-vas cores, falsos açúcares, falsas gorduras, falsos amidos... As indústrias agro-alimentares têm um pacto estabelecido com as ciências da nutrição e com um certo tipo de jornalismo que muito contribui para aumentar a confusão que rodeia os di-lemas do omnívoro. No seu livro, Michael Pollan defende te-ses verdadeiramente iconoclastas: a maioria das orientações alimentares que recebemos ao longo dos últimos 50 anos tor-nou-nos menos saudáveis e consideravelmente mais obesos, havendo, como a mais lúcida das reacções, de proceder a uma defesa da comida, havendo que repudiar o sindroma em que vivem as classes médias que sofrem de ortorexia (obsessão doentia pela alimentação saudável). Para reagir bem, é im-portante ter um conhecimento mais sólido da natureza do re-gime alimentar ocidental, havendo que o repudiar; a alterna-tiva que se perfila é constituída por novas regras pessoais de alimentação: a felicidade, a qualidade de vida e a saúde pas-sa por haver novamente comida de verdade sempre à nos-sa mesa.

Em “A Era do Nutricionismo”, o autor recorda-nos como é que as substâncias invisíveis se impuseram no mercado. A partir do momento, desde o século XIX, em que foram iden-tificados os três principais constituintes dos alimentos (pro-teínas, lípidos e hidratos de carbono, mais conhecidos como macronutrientes), seguindo-se a identificação dos macronu-trientes existentes no solo. Parecia resolvido o mistério da nutrição humana, a comida ia ser forçada a revelar os seus segredos químicos. Começaram investigações sobre as vi-taminas e outros micronutrientes, a indústria ganhou cora-gem para se lançar na apresentação de produtos rotulados ou publicitados como saudáveis, quase com o valor de medi-camentos. Todos os governos do mundo ocidental, a começar

pelos EUA, foram obrigados a redefinir os alimentos como a mera soma dos seus nu-trientes reconhecidos. Começava uma in-terminável batalha sobre as gorduras boas e gorduras más, os alimentos com fibras e sem fibras, os ómega 3 e os ómega 6, e mui-to mais que se sabe. Lançou-se o anátema sobre as gorduras, como se elas fossem im-prescindíveis. Importa ouvir a observação de Michael Pollan: “Vale a pena lembrar que 60 % do cérebro humano é constituí-do por gordura; cada neurónio está reves-tido por uma camada protectora da mesma substância. As gorduras compõem a estru-tura das paredes das nossas células, cujos rácios entre os vários tipos de lípidos in-fluenciam a permeabilidade das mesmas a tudo, desde a glucose e as hormonas até

aos micróbios e às toxinas”. Há que contestar energicamente os pressupostos em que o nutricionismo se baseia: a ideia de que um alimento não é um sistema mas a soma dos seus nu-trientes. As ciências da nutrição estudam apenas um nutrien-te de cada vez, retiram-no do contexto alimento, e o alimento fica separado do contexto da dieta e esta do contexto do esti-lo de vida. Esquecem-se que as pessoas não comem nutrien-tes, comem alimentos e os alimentos podem comportar-se de uma forma muito diferente dos nutrientes que contêm. Para Pollan, o nutricionismo é mais uma ideologia que uma ciência, ao serviço da indústria alimentar, dos anunciantes que dão as suas ordens aos media e aos governos que se deslumbram com estas indústrias de produtos que sugerem a comida.

A factura deste novo regime alimentar não é contabilizá-vel: são as doenças da civilização, como a obesidade, a diabe-tes, as doenças cardiovasculares, a hipertensão e um conjun-to específico de cancros relacionados com a dieta. Há quem argumente que este discurso é tremendista, é graças a esta alimentação que a nossa esperança de vida aumentou dras-ticamente. Não é bem assim: a maior parte deste ganho de-ve-se ao facto de um número superior de pessoas sobrevive-rem aos primeiros meses de vida e à infância, isto tem a ver com os cuidados de saúde, a vacinação e os preceitos de higie-ne. Deu-se a industrialização de toda a cadeia alimentar, com um inerente processo de simplificação química e biológica. E aqui estamos, perante uma espantosa variedade de produtos alimentares a par de uma redução de alimentos, já que milha-res de variedades de origem vegetal e animal deixaram de ser comercializados no último século. É este o paradoxo mais gri-tante do nosso tempo: dizem que comemos melhor, no entan-to é a medicina que está a manter vivas as pessoas que o regi-me alimentar ocidental faz adoecer.

Que alternativas? Deixar de comer segundo o regime ali-mentar ocidental. Sabe-se que não é fácil, vivemos numa at-mosfera de sedução em torno dos alimentos processados em que estes processos industriais já invadiram muitos alimen-tos integrais. Para comer e ter gosto em comer, fazer da comi-da um objectivo de saúde e de convivência, Pollan reivindica um conjunto de atitudes de que destacamos: evitar produtos alimentares que contenham ingredientes impronunciáveis; evitar produtos alimentares que se auto-intitulem benéficos para a saúde; dar primazia aos vegetais, sobretudo às folhas; aprender a comer como um omnívoro, adicionando novos ali-mentos, atitude que irá favorecer a biodiversidade, aprecie o que comem os franceses, os italianos, os japoneses, os india-nos ou os gregos; tente não comer sozinho, é isso que o ma-rketing dos produtos alimentares pretende, é dar-lhe umas coisas que sugerem que são comida para se empanturrar de gorduras e açúcares; aprenda a subverter o nutricionismo, habitue-se a cozinhar com alimentos, prepare uma refeição a partir de plantas e animais.

Pode-se discordar do que Pollan propõe. Há que reconhe-cer porém que o seu manifesto é estimulante e que as esco-lhas alimentares que sugere podem proporcionar saúde e re-ligar a obrigação de comer com o prazer de estar à mesa.

repórterdomarãoopinião / pub

27I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I

agosto’10

Coma comida, fuja dos produtos alimentares processados

Beja Santos Assessor Inst. Consumidor

Reporter do Marão, N.1242 - 28/7-Ago/2010 (3m)

CÂMARA MUNICIPAL DE AMARANTEDepartamento de Urbanismo

AVISO

TORNA-SE PÚBLICO, para efeitos do disposto na alínea b) do n.º 2 do artigo 78.º do Decreto-Lei n.º 555/99, de 16/12, que a Câmara Municipal de Ama-rante, emitiu em 17/05/2010 aditamento à licença de loteamento, titulada pelo alvará n.º 28/88 em nome e a requerimento de José Carvalho Brás & Monteiro, Lda, NIPC 501 826 300, com sede na Calçada de Nossa Senhora, 11, freguesia de Tra-vanca, através do qual é licenciado o aditamento ao alvará de loteamento acima referido, o qual incidiu sobre o prédio, sito no lugar de Murtas, freguesia da Madalena, inscrito na matriz sob o artigo 408 e des-crito na Conservatória do Registo Predial na ficha 176/19881219.

A alteração ao alvará de loteamento supra, de-ferida por despacho de 07/05/2010, respeita o dis-posto no Regulamento do Plano Director Municipal, e consiste no seguinte:

Alteração do número de fogos: de habitação uni-familiar para bifamiliar;

Alteração da áreas por piso: - Cave (destinada a garagem) – de 108 m2 para 193 m2; rés-do-chão (habitação) de 108 m2 para 173 m2; andar (habita-ção) de 108 m2 para 173 m2.

Município de Amarante, 17 de Maio de 2010.

O Presidente da Câmara,Dr. Armindo José da Cunha Abreu

Reporter do Marão, N.1242 - 28/7-Ago/2010 (3m)

Page 28: Repórter do Marão

repórterdomarão28 agosto’10

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I crónica / cultura

J úlio Gago é o atual diretor artístico e presidente do Te-atro Experimental do Por-

to (TEP). Já foi ator, já encenou, já foi preso pela PIDE por um espetá-culo que criou no final da década de 70. Hoje descreve-se como um cida-dão que já passou a casa dos 60 anos e que “por acaso” sempre gostou de teatro. “Desde miúdo”, quando aos 15 anos, e pela primeira vez, foi ao TEP. Em conversa com o Repórter do Marão explicou que o teatro é a síntese de todas as artes e que faz falta uma nova revolução estética.

“O teatro é uma síntese de todas as artes, é algo que nasce com as pes-soas”, começou por dizer Júlio Gago. Discurso fluído, palavra firme, vai lem-brando que “a primeira tendência que um bebé tem pouco depois de nascer é imitar ou fazer humor através de ‘gra-cinhas’”. Gago já fez um pouco de tudo. Desde crítica de artes plásticas até apoio a doutorandos, tendo até escrito poesia. Criou-se “nas tertúlias”, admi-tindo ter tido a sorte de “conviver com as pessoas certas e com uma cravei-ra intelectual bastante desenvolvida”. Por isso, desinteressou-se pelo ensino e pela aprendizagem organizada em li-ceus e universidades. Nunca concluiu nenhum curso (nem pretende!) e con-sidera ter “uma bagagem cultural mui-to acima da média”.

Para Júlio Gago a “cultura é funda-mental e é sempre subversiva”. Quan-to ao teatro dito comercial, e até medi-ático, diz estar no “limiar da cultura”

não sendo “mais do que lazer”. É uma “forma de divertimento pelo riso e pelo choro do espetador sem o pôr a pensar, sem o pôr a discernir sobre o que é um ato cultural na sua verdadeira dimen-são e que o ajuda a mudar a vida”.

| António Pedro mudou o teatro |

Em Portugal, a forma de fazer te-atro mudou com António Pedro, ence-nador, escritor e artista plástico por-tuguês, nascido em 1909. “Ele fez a única revolução estética do teatro por-tuguês” ao trazer para o país a encena-ção. Foi “uma figura lapidar”, foi poeta, romancista, autor de narrativas, pin-tor, escritor, ceramista, galerista, jor-nalista e, sobretudo, “criou a unidade e a síntese de todas essas vertentes atra-vés do teatro”.

Os primeiros oito anos do Teatro Experimental do Porto, entre 1953 e 1961, são passados com António Pedro. “Isto marcou tudo, deixou uma marca que se refletiu não só no TEP mas no resto do teatro português, com gran-de parte das companhias de teatro de Portugal a terem sido feitas à imagem do TEP ou enquanto dissidências”. É o caso do Teatro Experimental de Cas-cais, da companhia A Barraca ou da Seiva Trupe. Em 57 anos de existência, outras figuras passaram por aquela que é considerada a decana das compa-nhias profissionais do Teatro Portu-guês e a que maior longevidade atingiu

em Portugal: João Guedes, Dalila Ro-cha, Ruy de Carvalho, Paulo Renato, Fernando Gusmão, Mário Viegas,…

Durante os anos da ditadura, o TEP foi ensombrado por episódios de “perseguição e censura” com espetá-culos a serem proibidos e o Estado a limitar os financiamentos. Já no final dos anos 90, os apoios foram reduzidos de forma tal que o TEP teve de mudar. Abandonou o Porto, que lhe tinha ser-vido de casa, e encontrou acolhimen-to em Gaia onde se encontra há já 11 anos. Pelo meio ficaram os dias bons, em que o TEP atingiu os cinco mil só-cios. Decorria o ano de 1957 e este nú-mero quase rivalizava com o de sócios do FC Porto. Atualmente “tem pouco mais de 300”, lamenta Júlio Gago.

| “A experiência do tea-tro é hoje diferente” |

Ainda assim, e em 2009, a média de espetadores por representação do TEP ultrapassou os 220, num total de mais de 37 mil para 226 atuações. Da-dos de 2010 apontam para mais de 30 mil espetadores e 126 representações. “No ano passado conseguimos uma coisa que nenhuma outra companhia de teatro português conseguiu: 47 por cento do total de receitas obtidas fo-ram conseguidas por meios próprios”, observou Júlio Gago. Para estes resul-tados em muito contribuíram os espe-táculos realizados para escolas, com o TEP a encenar as peças ‘Felizmente

Há Luar’ e ‘Frei Luís de Sousa’, pres-tando uma especial atenção aos pro-gramas curriculares.

Mudaram-se os tempos e surgiram novas formas de interesse como a te-levisão, a internet e o teatro dito co-mercial. E se antigamente se ia aos es-petáculos em grupo, hoje assiste-se a uma “desabituação da ida ao teatro, tal como da ida ao café ou à tertúlia”, con-ta Júlio Gago. Nos palcos assiste-se à tendência do “teatro de dúvidas, res-trito, dirigido ao umbigo de cada um e que dificilmente consegue captar pú-blico”. E teatro sem público, não é te-atro. “Devemos descodificar o que é complexo, para que o público consiga perceber”, defende.

| Teatro não foge à crise |A crise também ataca o teatro. E,

diz Júlio Gago, o “sentido da moda mu-dou”. Mecenas e patrocinadores op-tam pela dança e artes plásticas, re-legando o teatro para segundo plano. “Com a dança e com a música não exis-te a força e a carga subversiva que tem uma palavra”, justifica. Em termos de financiamento, o TEP conta com a Câ-mara Municipal de Gaia. Contra o Mi-nistério da Cultura já foram movidos vários processos, com o MC a ser este ano condenado a pagar duas indemni-zações ao teatro experimental.

Para o também presidente da dire-ção, “os últimos anos têm sido de modor-ra em que pouco de inovador tem surgi-do”, defendendo ser “fundamental” que

“O teatro é uma arte subversiva porque

vive da palavra”Júlio Gago, diretor do

Teatro Experimental do PortoLiliana Leandro | [email protected] | Fotos TEP

Page 29: Repórter do Marão

repórterdomarão29agosto’10

Mariana e MatiasTudo tem o seu tempo, Ma-

riana. Tudo o que tem um início há-de, mais cedo, ou mais tarde, ter inexoravelmente um fim.

Agora não gosto de festas. Agora não suporto o barulho e a confusão. Irrita-me até ao tu-tano o choro interesseiro das crianças, que negoceiam com os pais momentos de silêncio por mais uma voltinha no carrossel ou no avião.

Detesto as festas e os ar-raiais. Já não tenho paciência para andar de cá para lá, de lá para cá, a acenar e a sorrir para os conhecidos que andam a fazer o mesmo, ou resguardado num grupo barulhento e provocató-rio, indiferente à banda de mú-sica pelintra que é escutada por meia dúzia de velhos derreados, amparando o peso dos anos em bengalas envernizadas. Alguns vestem fatos que cheiram a naf-talina, calçam sapatilhas, e co-brem a cabeça com chapéus de feltro ou bonés com o nome da Câmara Municipal ou da Junta de freguesia, muito leves, muito coloridos.

E eu penso: um dia, e não demorará muito, farei este pa-pel. Um dia, também estarei aqui com um boné na cabeça e umas sapatilhas nos pés, espe-rando com toda a paciência do mundo que a banda de música toque o 1820, de Nikolai Tchai-kovsky, se for boazinha e gostar de mostrar serviço. Ou se ainda houver bandas. Aqui estarei, si-lencioso como as estátuas do jar-dim, esperando, pacientemente, que o tempo passe. Aqui estarei muito sereno, esperando encon-trar alguém que queira conver-sar comigo um bocadinho depois de os músicos descerem do core-to. E talvez eu o convide para be-bermos umas águas sem gás.

Agora já não posso alam-bazar-me com as farturas, mui-to doces e encharcadas em óleo, nem com as rocas de açú-car, nem com as cervejas gela-das, nem com as sardinhas assa-das e as tigelas de vinho bebidas quando a madrugada vai alta.

Agora já não posso, ago-ra não pode ser, estou proibido, não devo, é melhor não abusar. Comecei a ouvir repetir estas palavras depois de ter ocupado temporariamente a cama três da enfermaria dois, e do médi-co me ter dito, com um tom pro-fessoral: o senhor Matias tem de aprender a dizer não a certas

coisas, e sim, a outras. Tem de mudar o seu estilo de vida, não pode ser tão sedentário, tem de emagrecer, tem de cortar com o álcool e com o tabaco, tem de comer com menos sal... - Odiei o médico, que era magricelas e ti-nha caspa.

Tudo tem o seu tempo, Ma-riana. Agora aqui estou a olhar para o calendário, como se esti-vesse no meio da ponte. A nas-cente está a minha infância. É essa nascente que eu procuro para matar a sede. A foz não me interessa conhecer, e é me-lhor assim, viver na incerteza dos dias.

Entendes, Mariana? Se ca-lhar esta conversa está a abor-recer-te. Tu não tens culpa de nada. Tu és uma jovenzinha, chegaste ao tempo mais boni-to da tua vida, o tempo em que o espelho onde nos descobrimos e admiramos, transforma os so-nhos em realidade. Chegaste ao tempo em que se acredita que os muros se derrubam com um as-sopro singelo. Mas é com esses gestos que o mundo muda.

Desculpa esta conversa par-va, minha filha, mas os anúncios dos altifalantes, os foguetes, os coretos, os carrosséis e as bar-racas, os carros amontoados e as multidões, em vez de me alegra-rem, põe-me melancólico, reme-tem-me para a pieguice. E este tempo também não ajuda nada.

[email protected]

António Mota

Detesto as festas e os arraiais. Já não tenho paciência para

andar de cá para lá, de lá para cá, a acenar e a sorrir para os conhecidos que andam a

fazer o mesmo, ou resguardado num grupo barulhento e

provocatório, indiferente à banda de música pelintra que é escutada por meia dúzia de

velhos derreados, amparando o peso dos anos em bengalas

envernizadas. Alguns vestem fatos que cheiram a naftalina, calçam sapatilhas, e cobrem a

cabeça com chapéus de feltro ou bonés com o nome da Câmara

Municipal ou da Junta de freguesia, muito leves, muito

coloridos. E eu penso: um dia, e não demorará muito, farei

este papel.

“haja alguma coisa de lapidarmente cor-tador com o passado” para que “possam existir revoluções estéticas”.

| "Pasmaceira |Os últimos anos têm sido de “pas-

maceira”, diz mesmo Júlio Gago, su-blinhando que “não tem surgido nada radicalmente destruidor”. Por isso, acredita que este é “um período de estagnação” em que aguarda, “com confiança”, que “apareçam artistas destruidores de tudo aquilo que é cas-trador para a sociedade”.

Ainda durante este ano espera le-var a cena mais duas peças das mui-tas encenadas por António Pedro (este ano o TEP está a comemorar o cente-nário do seu nascimento). A 23 de se-tembro estreia ‘A Morte de um Cai-xeiro Viajante’ e em novembro é a vez de ‘A jornada para a noite’. A progra-mação para 2011 só será divulgada “lá para setembro” mas o próximo será o ano de homenagear o pintor Augusto Gomes.

| O gosto de dirigir |Júlio Gago diz que não voltará a

atuar, nem a encenar. (A última vez que representou foi em 1971 e deixou a encenação em 1979). Chegou à conclu-são que “queria dirigir”. A maior con-quista, afirma sem hesitações, foram os seus dois filhos e um neto. Falta-lhe conquistar o sonho e, por isso, continua a sonhar coisas impossíveis.

cultura/crónica I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I

Um dos grandes projetos centrais do TEP é a criação do museu do teatro António Pedro em Gaia, revelou Júlio Gago ao RM. Autarquia e ministério já se manifestaram disponíveis para cola-borar com o novo museu mas “a situa-ção está num impasse”.

Para dezembro está prevista uma exposição sobre António Pedro na Casa Museu Teixeira Lopes.

Um museu doteatro em Gaia

Page 30: Repórter do Marão

repórterdomarão30 agosto’10

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I crónica|eventos

Orquestra do Norte... de Óbidos a Baião

Na minha actividade ocasional de tradutor, tocou-me traduzir re-centemente um texto do historia-dor inglês Charles Esdaile sobre a presença em Portugal das tropas da nossa mais antiga (e pérfida) aliada, durante a Guerra Peninsular. Nesse texto aprendi que, entre os oficiais ingleses que estiveram entre nós, houve quase duas centenas que pu-blicaram as suas impressões sobre o Portugal de princípios do séc. XIX, sob a forma de diários, correspon-dência ou mesmo de obra em livro.

Claro está que noventa e nove vírgula nove por cento das vezes, o retrato que do nosso país e da nossa gente fazem é o mais severo possí-vel. Admito que Portugal fosse por essa altura um país pouco civilizado segundo os padrões da Inglaterra. Mas também admito que anda em muitas das descrições aquela irre-primível tendência dos ‘bifes’ para o snobismo e para acharem que o resto do mundo nasceu unicamen-te para os servir. Muitos desses ofi-ciais eram o que se pode dizer pri-gs, palavra que combina as ideias de petulância e atitude enfatuada para com tudo o que não seja inglês.

Seja como for, não vou aqui branquear a barbárie do Portugal dessa época. Em Lisboa ainda havia então o péssimo costume (e alguns dos oficiais retratam-no com cómi-ca crueza) do ‘água vai!’ – isto é, de lançar pela janela fora o conteú-do dos penicos domésticos, que, di-ga-se em abono da verdade, não era exactamente água nem necessaria-mente líquido. E nem tão mal que se gritava ‘água vai!’, para que os transeuntes se pudessem precatar… Acredito que na capital inglesa, por essa altura, tais práticas já não exis-tissem, se bem que já tenho lido pá-ginas de Charles Dickens que retra-tam situações e ambientes pouco menos sórdidos nos quelhos da ci-vilizadíssima Londres vitoriana.

Só para se ficar com uma ideia do tom por que afina o geral dos tes-temunhos, leia-se o que escreve um desses oficiais: Que bando de po-bres diabos ignorantes, supersticio-sos e dominados pelos padres são os portugueses. Sem os ver, é im-possível conceber que haja na Eu-ropa um povo tão aviltado. A mais emporcalhada das pocilgas é um palácio comparada com as casas imundas desta cidade porca e mal-cheirosa … As ruas estão apinha-

das de cães meio mortos de fome, padres anafados e gente ociosa.

De quando em quando, porém, aparece uma página mais compassi-va, em que se procura compreender a miséria do povo português à luz da brutalidade das tropas francesas que nos invadiram por três vezes, a maior corja de rapinantes que algu-ma vez assolou a ocidental praia lu-sitana. E há parágrafos pungentes: Não era raro ver hordas destes po-bres desgraçados, velhos e novos, homens e mulheres, andrajosos, a verdadeira imagem da morte, em volta de uma fogueira miserável, sobre a qual havia um pote de bar-ro cheio das ervas que se podiam colher nos campos e nas sebes. Mi-lhares conseguiam arrastar uma existência miserável com este sus-tento abjecto. (...) Os soldados in-gleses auxiliavam-nos de todas as maneiras ao seu alcance, e na Le-gião Ligeira (...) fazia-se sopa das cabeças e vísceras do gado abati-do para a tropa e distribuía-se pela população faminta. (Cabeças e vís-ceras, repararam?)

Nem se pense, com base nes-te parágrafo, que os ingleses fo-ram sempre desinteressadamente esmoleres para com os portugue-ses famintos. Vezes houve em que a música era bem outra: Esta região tinha sido durante tanto tempo tea-tro de guerra (...) que os habitantes por fim começaram eles próprios a temer a fome e escondiam para seu sustento tudo o que lhes restava, de forma que (...) era impossível extor-quir-lhes uma carcaça do seu bom pão, do qual precisávamos tão de-sesperadamente que éramos obri-gados a esconder patrulhas nas di-ferentes estradas e caminhos (...) à procura de camponeses que passas-sem de umas aldeias para as outras (...) a fim de lhes roubarmos fosse o que fosse, e o nosso orgulho não nos impedia de tirar nem que fosse meia dúzia de batatas do cesto de alguma velha.

Ai não... Barriga cheia é barri-ga cheia, barriga vazia é barriga va-zia....

Nota: Este texto foi escrito com deliberada inobservância do Acor-do (?) Ortográfico.

[email protected]

Barriga cheia, barriga vazia...

A.M.PIRES CABRAL

A Orquestra do Norte en-cerra, em agosto, a temporada do primeiro semestre, com concertos em Óbidos, Valpaços, Mogadouro e Baião.

A Orquestra do Norte pas-sa por Óbidos nos dias 7, 19 e 21, no âmbito do Festival de Ópera daquela localidade.

O primeiro concerto, marcado para as 21:30, na Cerca do Castelo, vai levar ao palco “O Barbei-ro de Sevilha”, de Rossini, com encenação de Ele-onora Paterniti e direção de João Ferreira Lobo.

Dia 19, à mesma hora e no mesmo local, é a vez da apresentação de “La Bohème”, de Puccini, com encenação de Giancarlo Fabri.

O festival encerra com a Gala da ópera na

Lagoa de Óbidos, às 21:30 de dia 21: o coro da Orquestra do Nor-te junta-se à soprano Elisabete Matos, sob a direção de Pérez Sierra.

A Valpaços (dia 12, às 21:30, no Largo da Igreja Matriz) e a Baião (dia 20, às 21:30, na Praça do Município), a Orquestra do

Norte leva o concerto “Matizes de Verão”, onde estará presente o som característico das casta-nholas da maestrina espanhola Margarita Guerra.

Em Mogadouro, no dia 14, (às 21:30, na Casa da Cultura), a Orquestra do Norte apresenta um concerto com as obras “Sheherazade”, de Rimsky-Korsakov, e “Príncipe Igor, Danças Polovtsianas”, de Alexander Borodin.

No parque do Abambres SC, em Vila Real, 19, 20, 21 e 22 de Agosto são os dias do Festi-val Querido Mês de Agosto que vai ter como cabeças de cartaz Pedro Abrunhosa, Miguel Gameiro, João Pedro Pais e Rita Guerra. A ab-ertura é no dia 19, às16:00, e o encerramento está previsto para as 02:00. O passe diário custa 10 euros e o passe festival (para os quatro dias), custa 30 euros. Pelo campo de Futebol do SC Abambres vão passar Romana, Emanuel, FF, Micaela, entre outros.

Abrunhosa em Vila Real

Sessões de “Cinema ao Luar” é o que pro-põe o Cineclube de Amarante para as noites de 8, 9 e 10 de agosto nos claustros da Câma-ra Municipal. As sessões começam às 22:00 horas e têm entrada livre. Avatar, de James Cameron, é o primeiro filme a ser exibido, no domingo, dia 8 de agosto. A 9 vai ser apresen-tado OMIRI, um espetáculo áudio-visual que explora em simultâneo “a criação de ambientes complexos dada pela sopreposição de camadas sonoras e visuais gravadas em tempo real e a improvisação em torno das mesmas”. Segue-se o documentário Pare, Escute, Olhe, de Jor-ge Pelicano (10 agosto).

Entretanto, o regresso dos “Diabos de Amarante”, figuras de veneração popular, vai ocorrer a 22 de agosto. O desfile tem início marcado para as 22:00, sendo os diabos trans-portados em carros de bois até ao centro da cidade, onde se vai realizar um espectáculo multimédia e pirotécnico.

Cinema ao luar e diabos à solta em Amarante

A exposição Júlio Pomar – Uma Antolo-gia está patente até 17 de outubro no Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, em Bragança. Concebida com base num “discurso expositivo onde o critério cronológico é particu-larmente evidente”, a exposição procura “es-tabelecer, dentro das possibilidades do espaço arquitetónico do museu, o reencontro do espe-tador com cada um dos períodos, temas e obras mais marcantes da produção artística” de Júlio Pomar, um dos mais destacados artistas da pin-tura portuguesa.

Júlio Pomar em Bragança

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31agosto’10

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O Sermão do Santo Durão aos peixes

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