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Prémio GAZETA do Tâmega e Sousa ao Nordeste OUTUBRO ’ 11 repór ter do marão Inspira-me o sofrimento que pressinto nas pessoas VALTER HUGO MÃE em entrevista ao RM – fala do seu quinto romance "O filho de mil homens" e critica o laxismo típico dos portugueses, que também explica uma parte da crise que o país atravessa. " Não resolvemos problemas nem fazemos justiça. Toleramos tudo. É uma pena. " Nº 1256 | outubro '11 | Ano 28 | Mensal | Assinatura Nac. 40€ | Diretor: Jorge Sousa | Edição: Tâmegapress | Redação: Marco de Canaveses | t. 910 536 928 | Tiragem: 26.500 ex. Bispo de Bragança promete reestruturar a Diocese, diálogo com jovens e tempos novos Fundação Eça de Queiroz cria restaurante em Tormes para reforçar receitas próprias

Repórter do Marão

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Revista Mensal de Informação. Tiragem média de 30 mil exemplares. Distritos do Porto, Vila Real e Bragança. Regiões do Douro, Tâmega e Sousa

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Prémio GAZETA do Tâmega e Sousa ao Nordeste

OUTUBRO ’ 11

repórterdomarão‘ Inspira-meo sofrimento que pressinto nas pessoas ’

VALTER HUGO MÃE – em entrevista ao RM – fala do seu quinto romance "O filho de mil homens" e critica o laxismo típico dos portugueses, que também explica uma parte da crise que o país atravessa. " Não resolvemos problemas nem fazemos justiça. Toleramos tudo. É uma pena. "

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Bispo de Bragança promete reestruturar a Diocese, diálogo com jovens e tempos novos

Fundação Eça de Queiroz cria restaurante em

Tormes para reforçar receitas próprias

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ENTREVISTA | VALTER HUGO MÃE

Texto Lúcia Pereira | [email protected] Walter Craveiro (capa) e Z

A humanidade é a fonte de inspiração de Valter Hugo

Mãe, um dos escritores por-tugueses com maior des-taque na atualidade. “O

que mais me inspira são as pessoas, pen-sar nas pessoas, o sofrimento que pressin-to nas pessoas. Com os livros invento que

as salvo. Nem sempre, mas quase sem-pre”, afirma o escritor, cuja obra se distin-

gue pela criatividade e pela sensibilida-de. “Escrevo para alguém que não sou eu nem outra pessoa qualquer. Será um lei-tor imaginário, muito cruel, que não me esconde nada e que me obriga a corrigir e a pensar muitas vezes sobre cada deci-

são”, refere Valter Hugo Mãe. No entanto, o escritor confessa-se incapaz de caracte-rizar a sua obra literária na globalidade – “não consigo fazer tal coisa. Não seria im-parcial. Quero acreditar que escrevo bons

livros, diferentes uns dos outros e bons. Mas cabe aos leitores julgar isso. Pode ser

apenas uma ilusão minha e desse leitor imaginário para quem escrevo”.

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ENTREVISTA | VALTER HUGO MÃE

' Escrevo para umleitor imaginário,muito cruel '

O filho de mil homensQuinto romance do autor já chegou às livrarias de todo o país

Valter Hugo Mãe conquistou definitivamente os leitores de língua portuguesa. O escritor prepara-se agora para a internacionalização, cujo caminho implica encon-trar tradutores capazes de superar as vicissitudes de traduzir o Português para ou-tras línguas.

Contente e grato“Nunca se espera algo de muito concreto quando se é um escritor”, afirma Val-

ter Hugo Mãe, quando confrontado com a estrondosa adesão do público aos seus romances, não só em Portugal, mas também no Brasil. “Creio que fico sempre dis-ponível para que as coisas aconteçam, mas não há como forçar. Não esperava, mas também não acho que seja uma surpresa absoluta. Estou a publicar o meu roman-ce, tenho muito trabalho, o suficiente para que o grande público me possa conhe-cer. Estou muito contente que isso suceda agora. Muito contente e muito grato”, as-sume o escritor.

Quanto à aplicação do acordo ortográfico, Valter Hugo Mãe concorda e discorda. “Não me custa deixar de escrever letras mudas, mas tenho dúvidas de que isso, por si só, sirva para manter os países de expressão portuguesa unidos de algum modo”, adverte.

O mais terno romance«O filho de mil homens», lançado em setembro, é a mais recente obra do escri-

tor, que neste livro interrompe “o uso obstinado das minúsculas”. O romance relata a “aventura afetiva” de Crisóstomo e Isaura. “Sou suspeito para definir o meu próprio trabalho, mas vejo este romance como o mais terno de todos quanto escrevi. É uma busca de felicidade, como a aprender a partir das dificuldades o modo como pode-mos afinal ser felizes”, revela Valter Hugo Mãe, que, tal como o personagem princi-pal do novo romance, assumiu já a tristeza por não ter tido um filho, ao atingir os 40 anos de idade.

«O filho de mil homens» é o quinto romance de Valter Hugo Mãe, que também já escreveu «a máquina de fazer espanhóis», «o apocalipse dos trabalhadores», «o nosso reino» e «o remorso de baltazar serapião», com o qual venceu o Prémio José

Saramago, em 2007. A sua obra poética está revista e reunida na antologia «conta-bilidade», editada pela Objectiva/Alfaguara, a mesma editora que publicou os seus romances.

Em 2009, o escritor recebeu o prémio Figura do Futuro, atribuído pelo Correio da Manhã. No ano seguinte, foi galardoado com a Medalha de Mérito Singular de Vila do Conde.

Toleramos tudoNo futuro, o escritor sonha “ter condições de conhecer todas as ilhas dos Açores

para escrever uma história acerca daqueles incríveis portugueses”. Já no que diz res-peito à atual situação socioeconómica de Portugal, Valter Hugo Mãe considera que é “frustrante, no mínimo, e profundamente reveladora”.

“Creio que quem nos enganou se deu sempre bem e continua a dar. Não resol-vemos problemas nem fazemos justiça. Toleramos tudo. É uma pena”, lamenta. No que se refere mais concretamente à política cultural, a opinião do escritor também não é muito favorável. “Pouquinha. Penso que me parece pouquinha desde há uns anos”, conclui.

Valter Hugo Mãe é o nome artístico de Valter Hugo Lemos, nascido a 25 de setembro de 1971, em Saurimo,

Angola. Valter Hugo passou a infância em Paços de Ferreira e, em 1980, mudou-se para Vila do Conde,

onde ainda vive. Licenciado em Direito e comuma pós-graduação em Literatura PortuguesaModerna e Contemporânea, dedica-se ainda à

literatura infantil, às artes plásticas, sobretudo ao desenho, e à música. Fundou a banda Governo, onde é vocalista, sendo também letrista, entre outros, dos

projetos musicais de Paulo Praça e dos Mundo Cão.

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Helena Fidalgo | [email protected] | Fotos Manuel Teles

IGREJA DE BRAGANÇA-MIRANDA | D. José Cordeiro promete reestruturar a Diocese

Jovens pedem santos que joguem à bola, seniores acreditam na juventude do bispo

José Manuel Garcia Cordei-ro nasceu em Angola em 1967. Ainda criança, regressou com a família à aldeia natal de Pa-rada, em Alfândega da Fé, no Nordeste Transmontano.

Estudou nos seminários de Bragança, Vinhais e Porto e foi ordenado padre aos 24 anos.

Durante oito anos foi cape-lão do Instituto Politécnico de Bragança e formador no semi-nário de São José, em Bragança.

Há doze anos viajou para Roma para estudar e doutorou-se em Liturgia.

Foi vice-reitor do Pontifício Colégio Português de Roma, en-tre 2001 e 2005, ano em que foi nomeado reitor, cargo que ocu-pou até ser nomeado bispo, em julho, pelo papa Bento XVI.

A envelhecida Diocese de Bragança-Miranda ganhou o mais jovem bispo de Portugal, José Cordeiro, um dos poucos nomeados para a diocese de origem. Se não for chamado

para outros funções, o bispo de 44 anos poderá ter um dos episco-pados mais longos, de mais de 30 anos.Como será a Diocese nessa altura, não sabe dizer, apenas tem cons-ciência de que nesta “velha Europa, seremos cada vez mais um pe-queno rebanho”. É por isso que considera que “as estatísticas são a nossa ruína”, porém entende que “a fé não se mede em números, nem pela quantidade de padres ou fiéis, mas pela sua qualidade”.E contra todos os diagnósticos, acredita que é possível reverter a tendência de despovoamento do interior, apesar de a realidade re-clamar reestruturações que também ele vai fazer na Diocese, sem falar em extinguir paróquias.

A sessão de boas vindas que lhe foi feita, antes da ordenação, em

frente ao Seminário de São José, fez o novo bispo duvidar dos que dizem que o Distrito de Bragança é um território envelhecido.

Saudaram-no seniores, jovens, motards e os amigos da bola num ambiente de festa com a alegria da música e cânticos dos escuteiros.

José Cordeiro ouviu a pequena multidão reclamar que “precisa-mos de santos modernos do século XXI com a espiritualidade inserida no nosso tempo, precisamos de santos que bebam “coca cola”, gostem de “hot-dogs”, usem “jeans”, que gostem de jogar à bola”.

O jovem prelado – ordenado no primeiro domingo de outubro – aceitou todos os desafios e diz que quer ficar conhecido como “o bispo que escuta, como um servidor do evangelho da esperança”.

E a esperança é quem tem a última palavra para o bispo que quer combater a “tendência para o pessimismo e para o sublinhar demasia-do o negativo e problemas”, pois acredita que “juntos havemos de en-contrar as soluções”.

É certo e sabido que vivemos tempos difíceis, tempos de crise, mas José Cordeiro vê na crise uma oportunidade de mudança “que exige uma decisão, um compromisso, a reafirmação dos valores, sobretudo os valo-res humanos e cristãos”, já que a maior parte dos economistas diz que é uma crise de valores, antes de ser uma crise financeira e económica.

“Nós não podemos viver na crise, se bem que a crise faz bem, até no próprio crescimento e desenvolvimento de uma pessoa as crises são saudáveis e podem ser saudáveis nesse sentido de ajudar a reequacio-nar a vida e a problemática da própria existência e a convergir para o es-sencial”, defende.

Os mais velhos demonstraram, nas boas vindas, que acreditam na

juventude de José Cordeiro e que a região precisa de juventude e de quem puxe por ela. Depositam todas as expetativas na “pessoa jovial, muito alegre”, características que consideram importantes para facilitar a comunicação. José Cordeiro quer falar com todos e já anunciou que pretende promover encontros com empresas, movimentos leigos e cris-tãos e os vários organismos e instituições para juntos encontrarem solu-ções para ultrapassar os problemas.

Um padre para cada cinco paróquiasÉ com os padres que quer primeiro falar para reorganizar a dioce-

se, porque, numa altura em que a crise obriga a repensar os modelos institucionais, o novo bispo reconhece que também a Igreja tem de fa-zer adaptações.

“Certamente que sim. Nós, ultimamente falamos muito de nova evangelização e ela tem que ser nova na linguagem, nos métodos, no ardor que vai exigir de nós aquilo que chamamos uma conversão pasto-ral, isto é, uma mudança de mentalidade, de postura, de ação”.

A realidade pede isso mesmo, sublinha o prelado, apontando as “326 paróquias, 67 párocos, 136 mil pessoas". Embora a Diocese tenha uma área muito extensa, “tudo isto está a reclamar uma conversão de todos, a começar pelo bispo”.

José Cordeiro acredita que melhores dias virão e que é possível re-verter o despovoamento do interior.

“Eu acredito que sim porque em tantos outros países da Europa e do mundo está a acontecer uma repovoação do interior e, ao longo da história, nós vemos esses movimentos para a cidade e depois para as al-deias e, portanto, não é de agora e nós até vivemos tempos muito me-lhores do que viveram os nossos antepassados”, considerou.

Os jovens são uma das apostas do novo bispo que foi capelão do Instituto Politécnico de Bragança antes de ir para Roma, onde esteve nos último doze anos até ser nomeado.

Ganhar vocações não faz parte das preocupações do novo bispo porque perante a realidade “não se pode esperar mais a não ser que fa-çamos mais”.

Garante que também não está preocupado com a fatura de cinco milhões de euros que herda da inacabada catedral de Bragança.

Que haja dívidas “não é de espantar” para o novo bispo que subli-nha que quando aceitou as funções aceitou “o pacote completo: as coi-sas boas e as coisas más, o positivo e o negativo” e assume tudo isso com confiança.

Aquilo que mais o tem surpreendido é o acolhimento e a amiza-de das pessoas.

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05setembro'11

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Modelo cooperativopoderá salvar barro preto

VILA REAL | Investigador da UTAD aponta um caminho para salvar esta arte secular

A idade avançada dos artesãos e a inexis-tência de discípulos hipotecam o futuro da arte olárica que, ao longo dos séculos,

tem resistido em Bisalhães. A solução poderá es-tar num modelo associativo/cooperativo que olhe o mercado turístico como estratégico para o esco-amento das peças.

Têm entre 75 e 83 anos, mãos desgastadas pelo barro a que deram forma e uma sabedoria por transmitir. Os oleiros de Bisalhães são apenas cinco, o que ameaça a continuidade do ciclo pro-dutivo. “Isto é como o doente que entra na urgên-cia do hospital no estado limite de sobrevivência, ou acudimos ou não. Estes oleiros consideraram que com eles o ciclo de produção de loiça chega-ria ao fim, porque direcionaram os seus descen-dentes para outras atividades consideradas mais nobres e socialmente mais reconhecidas. Perante um cenário de ausência de prolongamento da ati-vidade, temos que pensar noutras formas”, alerta o investigador Alberto Tapada.

Por isso, a tese que vai apresentar até ao fim do ano na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro propõe a criação de um modelo associati-vo/cooperativo que funcionará como “uma orga-nização onde caberão jovens, desempregados de longa-duração, homens e mulheres que preten-dam desenvolver a atividade de uma forma inte-grada”.

Estas pessoas receberiam formação “muito específica” no Instituto de Emprego e Formação Profissional e, depois de aprenderem a trabalhar numa roda elétrica com ceramistas, teriam um es-tágio com os atuais oleiros para perceber como se produz com a roda manual. “Com este mode-lo, cria-se emprego, relança-se a atividade e dá-se um salto qualitativo”, acrescenta.

A cooperativa podia prestar serviços aos seus membros e aos oleiros que já existem, nomea-damente na aquisição e transporte dos barros oriundos de Nantes [Chaves], na produção e dis-tribuição das pastas. “Teria a vantagem de poder aliviar o seu esforço, o das mulheres e colmatar o problema que é ter pastas disponíveis a tempo e horas”, refere Alberto Tapada.

A própria comercialização deverá acontecer noutros moldes, aproveitando os fluxos turísti-

cos gerados pela Região Demarcada do Douro através da distribuição nos barcos, nos postos turísticos, nos espaços associativos e nas casas de turismo.

Em 2006, houve um processo de certificação das peças de Bisalhães, desenvolvido pela NER-VIR, mas que não foi concluído. “Ficamos um pou-co no limbo e é indispensável completar esse trabalho”, frisa. Isso poderia evitar que já sejam comercializadas “falsas peças”: “não é tão residu-al como parece. Algumas, se se partirem, são ver-melhas por dentro e vê-se no brilho e na textura do barro”.

Alberto Tapada, 53 anos, defende ainda “algu-ma modernização” para os modelos, solicitando a “designers conhecidos que criem algumas peças”. “Isso acrescenta maior valor económico à tradi-ção”, frisa.

Contudo, este modelo cooperativo pode en-frentar uma fraca recetividade junto dos atuais artífices. “Os oleiros de Bisalhães sempre foram muito competitivos entre eles, avessos à coope-ração e associação. Está-lhes na massa do sangue. Não creio que estejam abertos a esta modalida-de. Vi algumas resistências”, confidencia o inves-tigador.

“Mais decisivo” é o papel das mulheres de Bi-salhães na perpetuação da arte, pois são elas que dominam todas as fases do processo produtivo, desde a cozedura à decoração. “Isso nunca foi res-saltado e, com este modelo, era uma forma de evidenciarem esse know-how”, acrescenta Alber-to Tapada.

A vida de Noémia Monteiro, 66 anos, é de ple-na dedicação a esta “arte muito trabalhosa”. “Já picava o barro quando ia para a escola, porque os meus pais eram oleiros. Depois, casei com um oleiro. Fui uma desgraçada do trabalho.”

Na memória avivam-se os muitos quilómetros calcorreados por “esses povos”. “Vendia-se sem-pre muito, porque se cozinhava nesta loiça, leva-va-se o comer para as vinhas nestas panelas, lava-va-se a loiça nos alguidares redondos.”

Hoje, o volume de vendas não justifica uma grande produção e as tentativas para perpetuar a olaria de Bisalhães não a convencem: “já lá fi-zeram vários cursos e ninguém aprendeu nada. Querem pôr uma escola, mas não há canalha que queira isto”.

Patrícia Posse | [email protected] | Fotos P.P.

Manuel Martins,79 anos, oleiro«Sou o mais velho e quando morrermos os quatro, isto ardeu porque não há quem aprenda. Devia haver uma aprendizagem de olaria nas escolas, que é onde nasce tudo, mas até hoje ainda não houve nada. A juventude não quer saber disto.»

Albano Carvalho, 77 anos, oleiro«Enquanto ganharam o ordenado mínimo, trabalharam durante três ou quatro meses. Depois, meteram o dinheiro ao bolso e não quiseram saber disto para nada. As minhas peças dão muito trabalho e, agora, as vendas estão mais baixas. Se fosse a viver disto, mor-ria de fome.»

Olaria deBisalhães conseguirásobreviver após esta geração?

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Patrícia Posse | [email protected] | Fotos D.R..

VOLUNTARIADO | Estudante de Medi cina passou um mês em Angola

D escanso e diversão fazem parte do ide-al de férias de qualquer jovem, mas Daniela Silva, 21 anos, preferiu ab-

dicar de tudo isso e viajar até ao continente africano para fazer voluntariado. Com quatro colegas do curso de medicina do Instituto de Ci-ências Biomédicas Abel Salazar da Universida-de do Porto, a jovem de Bragança partiu para uma experiência ímpar.

“Achei que não seria apropriado fazê-lo antes do 3º ano do curso, visto que só nesse ano é que começámos a treinar as nossas competências clí-nicas”, explica. Por isso, quando as aulas come-çaram, procurou uma forma de ir para África fa-zer voluntariado nas férias de verão. “Tentei com a AMI, Médicos do Mundo, etc., mas é complica-do conseguir ir para o terreno com essas associa-ções enquanto estudante. Outro dos obstáculos era o tempo: algumas associações exigiam perí-odos mínimos de 3, 6 ou 9 meses, disponibilida-de que não tinha.” À beira de desistir da ideia, Da-niela ouviu falar de “Benguela Minha”, um projeto que a associação de estudantes da sua faculdade estava a desenvolver. O objetivo era que os estu-dantes a partir do 3º ano fossem para Bengue-la como voluntários, para realizar ações junto da comunidade e para acompanhar os colegas da Faculdade de Medicina de Benguela. “Nunca ti-nha estado em terras africanas e saber que ia es-tar lá um mês sem a certeza que me ia adaptar foi

um pouco intimidante”, recorda.Se, inicialmente, o espírito era de voluntaria-

do, a permanência em solo africano acabaria por se transformar num estágio clínico (não remune-rado) na Clínica da Sagrada Esperança, situada em Luanda. “Ajudávamos no que podíamos, in-clusive com conhecimentos teóricos, porque as falhas na formação dos médicos de lá são muito grandes e qualquer coisa que disséssemos, eles valorizavam imenso.”

Na clínica, a jornada começava às 8h30. Da-niela passou pelos serviços de Puerpério e Neo-natologia, Radiologia, Unidade de Cuidados In-tensivos, Atendimento Permanente e Sala de Trauma (equivalente ao Serviço de Urgência) e Bloco Operatório. “Em Benguela, a clínica era mais pequena e não tinha todas estas valências, pelo que acompanhámos o médico na sua roti-na diária”, conta. Já em Caxito, Daniela conheceu a realidade dos centros de saúde locais, onde não existem médicos. “As consultas são dadas pelos colegas angolanos, estudantes de Medicina do 6º ano.”

Em todas as instituições, a jovem brigantina constatou a falta de recursos humanos e mate-riais. “Para além da falta de médicos e de outros profissionais de saúde, existe uma grande falha em termos de meios complementares de diag-nóstico, como exames imagiológicos (Radiogra-fia, Ressonância Magnética, TAC, Ecografia), labo-ratoriais, entre outros.” Perante estas limitações,

Jovem brigantina troca fériaspor voluntariado em África

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Patrícia Posse | [email protected] | Fotos D.R..

VOLUNTARIADO | Estudante de Medi cina passou um mês em Angola

aos médicos “é-lhes exigido que pratiquem boa medicina sem os mesmos recursos, o que torna o desafio ainda maior”.

Daniela acabou por lidar com doentes atin-gidos pela malária, pela tuberculose e por outras doenças infeciosas. No entanto, o que mais a sur-preendeu foi observar três pessoas com tétano, internadas na mesma unidade de Cuidados In-tensivos. “Esta é uma doença que está erradicada em Portugal pela vacinação e, como tal, nunca ti-nha tido contato com ela”, ressalva.

Da experiência em África, Daniela colecionou várias aprendizagens, sobretudo a nível pessoal. “Aprendi a relativizar os problemas do dia a dia, visto que até as pessoas que vivem em condições miseráveis levam a vida a sorrir. Aprendi a valori-zar, de outra forma, os recursos a que temos aces-so como estudantes e ainda os serviços de saú-de que são prestados em Portugal, pois têm uma qualidade que a maioria dos portugueses não re-conhece.”

Momento inesquecível“Cada uma das localidades marcou-me pelas

suas particularidades. Luanda pela vida, Bengue-la pela beleza, Caxito pelas pessoas”, confidencia Daniela. As populações locais souberam acari-nhar o grupo de estudantes universitários, ainda que, por vezes, sentisse “uma atitude um pouco reticente ao primeiro contacto”. “O povo angola-

no é muito afável, divertido e nota-se um pouco por todo lado uma atitude positiva e despreocu-pada em relação aos problemas e à vida em ge-ral”, conta a jovem.

As crianças tinham as reações mais curio-sas, principalmente em localidades do Interior. “Observavam-nos com curiosidade, chamando-nos «mulatos», talvez por nunca terem visto nin-guém com uma cor tão diferente da sua.”

A aproximação acaba por ser ”fácil e desinibi-da”, sublinha Daniela. “Aceitavam de braços aber-tos a nossa atenção e carinho”, enfatiza.

E foi justamente o contacto com um menino de três anos, no centro de saúde de Caxito, que marcou Daniela. Enquanto fazia inquéritos so-bre doenças diarreicas agudas em crianças, sor-riu-lhe e fez-lhe cócegas. Foram gestos inocen-tes que, mais tarde, se revelaram significativos. “Quando entraram no consultório, a mãe contou-me que ele ficou o tempo todo a dizer «aquela mulata», o que me surpreendeu, porque signifi-ca que ficou marcado pela atenção que lhe dei.” Quando a consulta terminou, a criança não que-ria deixá-la. “Deixei-o dar-me um beijinho e to-car-me no braço. Perguntei-lhe se nunca tinha visto ninguém com a minha cor e, envergonha-do, acenou afirmativamente. Não só não me re-jeitou por ter uma cor diferente da sua, como ain-da queria ficar ao pé de mim. É uma lição para qualquer adulto com ‘problemas’ em relação a pessoas de cor diferente.”

Jovem brigantina troca fériaspor voluntariado em África

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N a freguesia de Santa Cruz do Douro, em Baião, a memória de Eça de Queiroz é preservada ao detalhe na Quinta de Vila Nova (Tormes), um

dos locais da região que o escritor, jornalista e diplo-mata de finais do século XIX, imortalizou numa das suas mais conceituadas obras, “A Cidade e as Serras”. O local, onde a Fundação Eça de Queiroz preserva os vários edifícios da quinta e dos diversos pertences do autor, é o centro de uma verdadeira romagem de apre-ciadores e estudiosos da obra de Eça, onde o número de visitantes já ronda os 10 mil por ano.

Num dia de actividade frenética, centrada à volta da produção do famoso vinho de Tormes, o Repórter do Ma-rão ficou à conversa com Maria da Graça de Castro (MGC), fundadora e presidente vitalícia do conselho administrativo e Anabela Cardoso (AC), directora executiva, para tomar o pulso à vitalidade de uma instituição que detém o estatuto e uma responsabilidade cultural únicas em Baião.

RM: A Fundação celebrou, em agosto, 21 anos de existência. Acha que a instituição se encontra hoje onde devia estar?

MGC: Na altura em que decidimos constituir a Fundação Eça de Queiroz sabíamos que a queríamos como uma ins-tituição independente, que não dependesse de subsídios. Mas exactamente saber o que fazer com ela, isso é que não sabíamos. Tanto mais que me lembro que, quando o proces-so de legalização foi concluído, voltei-me para uma das mi-nhas colegas e perguntei: E agora?

RM: Obviamente que a fundação tem um objecti-vo específico: a preservação da obra e memória de Eça de Queiroz…

MGC: Pois, mas é preciso saber como manter essa me-mória aberta. E acabamos por conseguir fazê-lo de várias formas. Quero dizer com isto que as coisas vão evoluindo e nós vamo-nos adaptando.

RM: Que tipos de atividades promovem?AC: Desde 1997 que realizamos anualmente um Semi-

nário Queirosiano – Curso Internacional de Verão, com o apoio do Instituto Camões e do Ministério das Ciências. Este

ano teve como tema o Realismo, que também dá mote a um colóquio internacional que vamos organizar com a Uni-versidade de Coimbra, em novembro (10 a 13).

Temos também o museu, que está aberto todo o ano, com especial destaque para a altura do verão, quando re-cebemos muitos turistas. Neste momento, contamos com uma média de 10.000 visitantes por ano, o que é um núme-ro considerável para um museu que está localizado longe dos grandes centros urbanos.

RM: Conseguem avaliar o nível de expectativas das pessoas que visitam o museu, em particular daqueles mais entusiastas da obra de Eça de Queiroz?

AC: Em termos gerais, saem daqui satisfeitos. A maioria não imagina que vai encontrar o que é na realidade, uma casa viva. Estão à espera de um museu mas acabam por se aperceber que há vida nesta casa.

RM: A D. Maria da Graça recebe os visitantes…MGC: Sim, embora menos vezes, hoje em dia. Tenho

sempre grandes conversas com as visitas, o que é muito agradável.

AC: Aliás, há pessoas que se emocionam quando se de-param com a possibilidade de ver e tocar algumas das coisas do escritor. Em particular os brasileiros, que têm demonstra-do uma maneira particular de vivenciar a experiência. Por vezes, até choram…

RM: Não é uma visita como em qualquer museu…AC: De forma alguma. RM: Têm mais visitantes nacionais ou internacio-

nais?AC: A grande maioria é nacional. Este ano notamos que

temos muitos oriundos do Sul, em particular de Lisboa e do Alentejo, que penso ser um sinal do aumento da procura in-terna de turismo.

Contudo, algo interessante se passou em agosto, quan-do aparecerem turistas nórdicos somente interessados em provar e comprar vinho, o que indica que um outro tipo de turismo está a aparecer na região.

RM: Toda esta atividade tem os seus custos. Como é que se financia uma instituição com estas caraterísticas?

AC: Para subsistir, a fundação gera receitas próprias atra-

vés de uma aposta nas vertentes do turismo rural e na pro-dução de vinhos. Neste momento comercializamos a marca Tormes e esperamos lançar em breve o Tormes Avesso, um Espumante Fundação Eça de Queiroz e, no mercado chinês, a marca Mandarim.

Por outro lado, temos duas casas de turismo rural, em-bora no momento só tenhamos uma delas a funcionar. A oferta é de quatro quartos e uma casa de campo que já es-tão reservados para todos os fins de semana, até novembro.

As atividades culturais são financiadas por acordos com outras instituições como, por exemplo, no caso do Curso de Verão, onde celebramos um protocolo com o Ministério da Ci-ência e o Instituto Camões. Ainda temos um protocolo com a Secretaria de Estado da Cultura, que nos atribui uma verba de 25 mil euros por ano para financiar outras ações.

RM: Isso é suficiente para manter a fundação ou têm outras formas de financiamento?

AC: É de sublinhar que as verbas próprias não são sufi-cientes para suportar a despesa corrente da Fundação. Nes-se aspecto, a Câmara Municipal de Baião tem-nos dado um apoio muito importante. Por outro lado, já submetemos à aprovação da autarquia um processo para a implementa-ção de um restaurante em Tormes, em parceria com a Pen-são Borges, com o objetivo de criarmos uma fonte de recei-ta permanente.

RM: O financiamento de fundações pelo Estado tem sido alvo de diversas críticas. Como se posiciona a Fun-dação Eça de Queiroz no meio deste processo?

AC: Na realidade somos uma fundação especial, de ca-riz privado, e portanto não nos achamos nesse pacote de fundações públicas de que se fala. O valor do subsídio que recebemos é quase irrisório comparado com o que outras instituições recebem. Estamos a falar de 25 mil euros com-parados com os milhões que muitas fundações arrecadam.

MGC: Nesse aspecto há algo importante a sublinhar e que distingue a Fundação Eça de Queiroz: todas as pessoas que integram os nossos órgãos sociais trabalham de uma for-ma não renumerada, incluindo as deslocações. Doutra forma, não chegávamos lá. Por isso, estamos perfeitamente calmos quando ouvimos dizer que outras fundações vão acabar.

Paulo Alexandre Teixeira | [email protected] | Foto P.A.T.

FEQ sem preocupações com o futuropois 'não depende de subsídios públicos'

ENTREVISTA | Fundação Eça de Queiroz vai instalar restaurante em Tormes

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15outubro '11

repórterdomarãotâmega

Em tempo de crise, o low cost virou moda mas Orlanda Viei-ra, natural de Vila Boa do Bispo, em Marco de Canaveses, notou que o conceito não estava a ser devidamente explo-rado no comércio do vestuário. Da ideia nasceu um plano que, com a intermediação da Caerus –CLDS Projeto Oportu-nidade, valeu à jovem empresária a aprovação de um pro-jeto de criação de emprego próprio na freguesia de Favões, onde opera a Low Cost, uma loja de roupas e bijutarias em que o preço do produto mais caro não chega aos 30 euros.

“Posso dar-me por feliz, neste momento. Ao fim de um ano, ainda cá estou”, explicou a empresária de 36 anos de ida-

de que, apesar do sucesso do seu projeto, admite que tudo o que ganha é para investir de volta na sua loja.

Atraídos principalmente pelo nome sugestivo, os clien-tes não tardaram a surgir, lançando desafios à imaginação e ao lado empreendedor de Orlanda Vieira que está por con-ta própria pela primeira vez na sua vida, após uma carrei-ra como encarregada de linha de produção numa empre-sa têxtil local.

Inicialmente uma loja que vendia roupa para senhoras e crianças, a Low Cost rapidamente expandiu para vestuário masculino, após a empresária ter escutado, atentamente, as sugestões de alguns dos seus clientes.

“Mesmo assim, tivemos um problema logo de início. As pessoas ligam o conceito de low cost ao produto chinês e imediatamente à baixa qualidade. Tive mesmo algumas que verificaram, e ainda hoje verificam, a nacionalidade do produ-to na etiqueta”, explicou, sublinhando que, na realidade, 100 por cento do produto da loja era de origem chinesa, no iní-cio da sua atividade.

A lição foi aprendida e hoje em dia a empresária tem um stock com 70 por cento dos produtos de origem nacional, ad-quiridos diretamente a várias empresas, incluindo algumas que ainda operam no concelho, em Vila Boa de Quires, outro-ra um dos grandes polos de produção têxtil da região.

Para fidelizar a sua clientela, a empresa começou recente-mente a tirar vantagem das redes sociais e do SMS como uma forma de marketing e onde tem registado sucesso.

“É importante manter os custos de operação o mais low cost possível, e o Facebook, por exemplo, tem-se revelado uma ferramenta importante de publicidade. A receção tem sido muito boa, as pessoas publicam comentários e pedem novidades”, explicou Orlanda Vieira.

Apesar da nova experiência como empresária, diz que o “bichinho” da máquina de costura ainda lhe continua no san-gue, adquirido ao longo de quase 25 anos a trabalhar na in-dústria têxtil. É por isso que numa pequena divisão da loja ain-da mantém um daqueles aparelhos, para o ajuste de peças a pedido dos clientes e como fonte de receita adicional.

Contudo, é ali que nota uma nova tendência este ano, em que o “antigo” está de volta: “É bem possível que seja um efeito da crise mas cada vez vejo mais pessoas a trazer cá roupa que não vestem há anos. Pedem que lhes faça um arranjo aqui e acolá, para lhes poder durar mais algum tempo”, concluiu.

Paulo Alexandre Teixeira

Loja low coast conseguiu fidelizar a clientelaMarco de Canaveses

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I

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17outubro '11

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I repórterdomarãoregiões

A cidade de Penafiel vai sofrer uma re-volução urbanística nos próximos anos, be-neficiando dos investimentos previstos no plano de regeneração urbana, avaliado em cerca de 10 milhões de euros. Para Alber-to Santos, presidente da câmara municipal, este programa vem trazer "nova vida ao centro histórico".

A requalificação das principais praças e ruas decorrerá nos próximos dois anos, mas algumas intervenções já arrancaram, nomeadamente a da zona envolvente ao centro de saúde e à escola António Ferrei-ra Gomes.

O autarca garante que este projeto manterá a identidade cultural e social de uma cidade com mais de 240 anos.

"O que vamos fazer no centro é históri-co", afirmou o autarca, um conceito que dá nome ao programa. "Queremos uma cida-de mais inclusiva e amiga das pessoas", de-fendeu.

A regeneração urbana vai requalificar uma área superior a 90 mil metros quadra-dos e está enquadrada por 12 projetos ur-banísticos.

Consiste sobretudo na requalificação

de espaços públicos de várias ruas e me-lhora a circulação pedonal. Dá prioridade aos espaços verdes e cria novas zonas de lazer. São criadas quase três dezenas de no-vas passadeiras para peões e os passeios serão alargados, intervenções que visam ajudar pessoas com mobilidade reduzida.

O programa de regeneração urbana prevê ainda a instalação de um fórum so-ciocultural.

Este plano é "a menina dos olhos" da vereadora da Mobilidade, Paula Teles, espe-cialista neste setor com créditos firmados a nível nacional.

Na apresentação, a vereadora insistiu na tónica "do encontro na cidade" e para isso insistiu que os centros urbanos têm de criar as condições e serem atrativos. "As no-vas tecnologias não susbstituem o encon-tro na cidade", enfatizou.

Recentemente, a técnica defendeu que "o peão tem de voltar a ser a peça mais importante de uma cidade". Paula Teles in-siste que as pessoas “têm de aprender a an-dar a pé e estiveram décadas a aprender a não andar a pé. Tudo era feito e desenhado para ninguém andar a pé”.

Revolução urbana em Penafiel

Cidade mais acessível vai custar 10 milhões

Workshop sobre paisagens milenares em Tongobriga

No âmbito da Rede Regional de Paisa-gens Milenares, cerca de 40 professores, técnicos e alunos de arquitetura das univer-sidades de Roma, Valladolid e Porto partici-pam até 16 de outubro num debate sobre "a importância duma intervenção estraté-gica no setor do património construído da Paisagem Cultural do Douro Verde".

O workshop vai decorrer no centro ope-rativo de Tongobriga (Estação Arqueológica do Freixo).

Segundo a organização, este primeiro encontro visa "promover um debate con-temporâneo e plural sobre a paisagem cul-tural ocidental a partir de uma perspetiva integradora, partilhar experiências ao nível internacional, relativamente a intervenção em conjuntos arqueológicos, produzir so-luções verosímeis sobre o conjunto arque-ológico de Tongobriga e realizar uma apro-ximação projetual à visão, compreensão e interpretação dos vestígios arqueológicos no seu contexto cultural, social e paisagís-tico".

A sessão de apresentação e debate das propostas terá lugar a 15 de outubro.

O Teatro-Cinema de Fafe apresenta a 08 de outubro, pelas 21H30, um concerto de Rita Re-dshoes, no qual apresen-tará o novo trabalho Li-ghts & Darks. É mais um espetáculo no âmbito do ciclo de concertos íntimos que já trouxe à cidade grandes nomes da música portuguesa.

Conhecida no início da sua car-reira pelos sapatos vermelhos, Rita Redshoes surpreendeu em 2008

com temas como "Dream On Girl", "The Beginning Song" ou "Choose Love". Neste segundo álbum de originais, são apresenta-dos 14 temas e, segundo a crítica, Rita é hoje consi-

derada uma artista "mais madura, desprendida e direta nas suas can-ções". “Captain Of My Soul”, “Bad Lila” ou “You Should Go”, entre ou-tros temas, fazem parte do concer-to que a cantora está a apresentar na digressão nacional.

Rita Redshoes apresenta em Fafenovo trabalho Lights & Darks

PAREDES – Continente Modelo | Intermarché | Casa do Benfica | JCA | Câ-mara Municipal | Nosso Café | Bombeiros | Paredes Hotel Apartamento | JAP Renault | Mitsubishi - Mouriz | Galp (centro) | Hospital da Misericórdia | Luso-diesel | CTI Tractores | MCoutinho (Seat,Ford,Peugeot) | Esc. Secundária | Esc. Básica 2/3 | Pastelaria Cakes | Casa da Cultura | Padaria/Pastelaria Princezinha

PENAFIEL – Pingo Doce | AKI | Intermarché | Hospital do Tâmega e Sousa | Câmara Municipal | Café Alvorada | Café Imperial | Mcdonalds | Café "O canti-nho" | Pastelaria Nova Doce | Pastelaria Aliança | Pastelaria Aromas de Cafe - Sa-meiro (junto EB) | Pena Hotel | Real Francesinhas | Bracalândia | Esc. EB 2,3 - A. Ferreira Gomes | Esc. Secundária (Sameiro) | Esc. EB 2/3 Penafiel Sul | Esc. Se-cundária (Guilhufe) | Estação CP | Clinica Med. Arrifana de Sousa | Cafe Palla | Staples | PENAFIEL SUL: Ecomarché Termas de São Vicente Penafiel | Hotel e Ter-mas de S. Vicente | Inatel Entre-os-Rios | Restaurante Al-margem | Bombeiros | Restaurante Ponte da Pedra

PAÇOS DE FERREIRA – Continente Modelo | Pingo Doce | Intermarché | Câmara Municipal | Clínica Radelfe | Biblioteca | Esc. Secundária | Grupo Mar-tins | FERRARA PLAZA: Continente Modelo | Lojas JCA+Freamunde | Loja IZI

LOUSADA – Pingo Doce | Continente Modelo | Intermarché | Piscinas Mu-nicipais | Esc. Preparatória | Esc. Secundária | Bombeiros | Espaço Artes | Câmara Municipal | Confeitaria Cascata Rosa | Confeitaria Central | Café Paládio

FELGUEIRAS – Continente Modelo | Pingo Doce | Intermarché | Esc. Sup Tec. e Gestão | Central Camionagem | Hotel Horus | ISCE | Biblioteca | Galp | McDonal-ds; LIXA: Continente Modelo | Esc. Secundária | Esc. C+S | Staples | Bombeiros

FAFE – Pingo Doce (Rotunda A7 e Montelongo) | Galp | Intermarché | Euro-nics | Continente Modelo | E.Leclerc | Hotel Confort Inn | Esc. EB 2,3 | Esc. Secun-dária | Central de Camionagem | Bombeiros | Hospital | Bar da Praça | Arcadia Café | Posto de Turismo | Sãozinha Café | Câmara Municipal | Esc. EB 2,3 - Mon-telongo | Biblioteca | Teatro Municipal | Pavilhão Desportivo Municipal | JAP Re-nualt | Posto BP (Saída Guimarães) | FafeDiesel

AMARANTE – Pingo Doce | Intermarché | Continente Modelo | Câmara Municipal | Quiosque da Alameda | Café Bar | Museu Amadeo de Souza Cardo-zo | Hotel Casa da Calçada | Confeitaria da Ponte | José Rodrigues - Dentista | Es-planada Tílias | Casa da Juventude | Clínica e Café Cristal Center | Café da Manhã | Bombeiros | Momel (Loja Cepelos, Sede e Ponte Pego) | Loja Informática Mi-crotâmega | Estação Rodoviária | Petrofregim | Papelaria Lena | Livraria Morus-cla | Café Conde | Centro Pastoral | Galp | Biblioteca | FVform - Formação Profis-sional | Café/Restaurante Príncipe | Café Conselheiro | Café Pardal (R. 5 Outubro) | Hosp. São Gonçalo | Café Grão Real | Café Seara | JAP Renault | Casa das Artes | Café Campo da Feira | Salão de chá Butterfly | Esc. Prof António Lago Cerqueira | Pastelaria "O Moinho" | Esc. Secundária | Esc. EB 2,3 | Esc. EB 2,3 de Telões | Colé-gio de São Gonçalo | Esc. Básica da Sede | Papelaria Jorge Pinheiro (junto Biblio-teca) | Chaimite (St. Luzia) | Alvescar (Opel) | RicK & Mark | Pastelaria Sonhos do Tâmega | Posto Combustivel Pinheiro Manso (Ponte Pego)

MARCO DE CANAVESES – Continente Modelo | Pingo Doce | Intermar-ché | Hosp. Rainha Santa Isabel | Câmara Municipal | Assoc. Empresarial | Dol-men | Barbearia Correira | Café ETC | Esplanada Da Vinci | Biblioteca | Café Woo-drock | Bombeiros | Esc. Secundaria | Esc. EB 2/3 | JAP Renault | Pastelaria Café Copacabana | MCoutinho - Sede | Restaurante Momentos | Santana | Standar-te | Mitsubishi (Stand) | Repsol | Pastelaria Café Copacabana (R. Amália Rodri-gues) | Publigraf | Padaria Marcoense | Restaurante Tanoeiro | Hemauto | Esta-ção CP | MARCO SUL: Escola Profissional de Agricultura Rosém | VILA BOA DO BISPO: Café Nascer do Sol | Bombeiros | Padarias Reunidas | Padaria A. Morei-ra | Café Entroncamento | ALPENDURADA: Café Desportivo | Padarias Reunidas | Café Avenida | Café Caçador | Ecomarché | MiniPreço

BAIÃO – MiniPreço | Intermarché | Câmara Municipal | Bombeiros | Dolmen - Loja | Esc. Secundária | Pensão Borges | Gelataria Carioca | Café Gomes | Café Camões | Canastra Doce (1,2,3) | Café Snack Bar Fonte Nova | Café Ponto de En-contro | STA. M. ZÊZERE: Canastra Doce (1,2) | Galp | Bombeiros

CASTELO DE PAIVA – Intermarché | Supermercado Douro | Câmara Muni-cipal | Centro de Saúde | Bombeiros | Hotel S. Pedro | Esc. EB 2,3 | Esc. Secundária

CINFÃES – Intermarche | MiniPreço | Câmara Municipal | Museu Serpa Pin-to | Restaurante Papilom | Churrasqueira Varanda | Salão de Chá Tentação | Café Central | Café Snack Bar Kibom | Bombeiros | Café Palhinhas

RESENDE – MiniPreço | Supermercado Matias | Confeitaria Rabelo | Café Churrasqueira “O Imigrante” | Pastelaria Cavacas | Bombeiros | Restaurante Cafe (Junto MiniPreço) | Esc. EB 2/3 | Esc. Secundária | CALDAS DE ARÊGOS: Caldas Bar | Café Esplanada (junto Correios) | Douro Park Hotel

MESÃO FRIO – Supermercado (R.Cerdeiras) | Supermercado Queirós | Câ-mara Municipal | Bombeiros | Santa Casa Misericordia | Café Avenida | Salão de Chá Neto do Fadinho | Cafe Art | Café Snack Bar Rio Mira | Esc. EB 2,3

PESO DA RÉGUA – Continente Modelo | Pingo Doce | Intermarché | Esta-ção CP | Hotel Régua Douro | Biblioteca | Posto de Turismo | Museu do Douro | Pastelaria Sírios | Café Snack Bar “O Barquinho” | Esc. Sec. Dr. João de Araújo Cor-reia | Esc. EB 2,3 | Esc. Prof. Rodo

LAMEGO – Pingo Doce | Central de Camionagem | Hotel | Postos Galp (R. In-fantaria e Lg.Desterro) | Hospital | Bombeiros | Pastelaria da Sé | Casa de Chá | Pas-telaria Sª Remédios | Pastelaria Solar Chá Espirito Santo | Café Esplanada Parque

VILA REAL – Continente | Jumbo | Intermarché | Pingo Doce (junto PSP e N. Sª Conceição) | Rodonorte | McDonalds | UTAD (Biblioteca e Centro de Cópias) | Centro Hospitalar | Pastelarias Gomes (centro e junto RTP) | Pastelaria Nova Pompeia (1,2) | Padaria Confeitaria Serrana | Posto de Turismo | Hotel Miracor-go | Biblioteca | Galp | Teatro | Café-Concerto | Dolce Vita: Balcão de Informação, Posto de Turismo e Rádio Popular | MCoutinho (Peugeot e Mercedes) | Zona In-dustrial: Renault, Nissan, Ford e Corgobus

VILA POUCA DE AGUIAR – Intermarché | Albergaria da PenaCHAVES – Pingo Doce | Continente Modelo | McDonalds | Posto Turismo | Ho-

tel Casino Solverde | Hotel Forte S. Francisco | Hotel Aquae Flavie | Termas | HospitalBRAGANÇA – Continente Modelo | Intermarché | Pingo Doce | Café da Esta-

ção | Mercado Municipal | Hospital | CESPU | Politécnico de Bragança (IPB) | Café Chave D'Ouro | Café Flórida | Livraria Rosa d’Ouro | Restaurante Manel | Confei-taria Domus | Biblioteca | Centro de Arte Graça Morais | Pastelaria Apolo 71 | Ho-tel Ibis | Hotel Turismo São Lázaro | Pousada S. Bartolomeu | MCoutinho (Mer-cedes/Audi, Fiat, Ford, Ocasião, BMW)

MIRANDELA – Intermarché | Pingo Doce | Hotel D. Dinis | HospitalMACEDO DE CAVALEIROS – Intermarché | Piscinas Municipais | Centro

Cultural | Instituto Piaget | Biblioteca | Câmara Municipal | Hospital

Onde encontrar o Repórter do MarãoEscritaria celebraMia Couto

O escritor moçambicano Mia Couto é o autor homenageado este ano no festival literário Escri-taria, um evento organizado pela quarta vez. A 15 e 16 de outubro, em Penafiel.

Segundo revelou a organiza-ção – a Câmara de Penafiel, em colaboração com as Edições Cão Menor – o festival literário incluirá conferências com vários convida-dos ligados a Mia Couto e à litera-tura lusófona.

Nos dois dias do Escritaria 2011 são esperados, além do homena-geado, o escritor angolano José Eduardo Agualusa, o músico João Afonso, o artista plástico Roberto Chichorro e ainda António Loja Ne-ves (jornalista) e José Rui Martins (diretor artístico).

A organização anunciou que também convidou para o evento os embaixadores de países lusófo-nos e personalidades ligadas à Co-munidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Nas três edições anteriores, o Escritaria homenageou Urbano Ta-vares Rodrigues, José Saramago e Agustina Bessa-Luís.

Durante o evento, a popu-lação da cidade toma contacto com a vida e obra do escritor, sen-do distribuído material promo-cional sobre a obra de Mia Couto nas ruas, fachadas dos edifícios e montras das lojas.

O Ministério da Saúde pretende en-cerrar o hospital D. Luís I, na Régua, no âm-bito da abertura do hospital de Lamego, prevista para o início de 2012, mas a Câ-mara da Régua continua determinada em travar este processo. A autarquia ar-gumenta que há informações contradi-tórias dentro do ministério. "Esta situação [o eventual encerramento] configura um gravíssimo prejuízo para a população da

Régua, que jamais iremos permitir, assim como configura uma total falta de verda-de e de palavra nos compromissos que fo-ram assumidos pelos responsáveis do mi-nistério da Saúde", refere um comunicado da autarquia duriense.

O executivo municipal solicitou com carácter de urgência uma audiência ao pri-meiro-ministro, "no sentido de ver reposto o compromisso anteriormente assumido".

Hospital da Régua pode encerrar

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18 outubro '11

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I Irepórterdomarão opinião

Os primeiros 100 dias de trabalho produzido pelo Go-verno de Pedro Passos Coelho foram até agora cumpridos rigorosamente em torno dos calendários e das medidas previstas no Programa de Assistência Económica e Finan-ceira estabelecido entre o Estado Português, a Europa e o FMI, para a ajuda de que o nosso País carecia.

Este cumprimento foi fundamental para co-meçar a readquirir a credibilidade internacional, que estava de rastos, e para começar com um conjunto de reformas estruturais para o País.

Essas reformas, mais do que ajudarem ou permitirem resolver os problemas financeiros, são essencialmente importantes enquanto di-namizadoras do crescimento económico e na criação de emprego.

Não esquecemos que Portugal foi salvo in extremis permitindo garantir o pagamento dos salários da função pública e evitar a decla-ração de bancarrota do País.

É necessário ter presente, ainda assim, que Portugal não deixou de estar numa situação de emergência depois do empréstimo de 78 mil milhões de Euros para os próximos três anos, pelo que, todas as medidas de austeridade já to-madas ou anunciadas são absolutamente necessárias.

É muito provável que, ainda hoje, muitos portugueses não tenham consciência da verdadeira dimensão do desas-tre financeiro em que as políticas erradas dos últimos seis anos lançaram o País.

Portugal passou estes cem dias de Governo numa situa-ção de emergência. Para sair dela terá de ser feito um esfor-ço colossal, ainda maior do que aquele que se esperava an-tes das eleições. Portugal não pode falhar.

A coragem e a determinação têm sido armas impor-tantes de um Governo que, desde o início do seu manda-to, implementou o maior número de medidas Reformistas de sempre.

Os Portugueses assistiram a um primeiro-ministro se-

guro e confiante que, com o passar do tempo, vai granje-ando um inegável e crescente apoio e compreensão dos cidadãos para as duras medidas que urgem no intuito de garantir a consolidação orçamental.

Pedro Passos Coelho nunca prometeu facilidades, disse a verdade aos Portugueses desde o primeiro dia: emagrecer o Estado, privatizar empresas, cumprir as metas do défice, tomar medidas muito difíceis, muitos sacrifícios.

As pessoas aceitaram estas premissas com duas condições: primeiro que o Estado dê o exemplo; segundo que sejam medidas e sacri-fícios distribuídos com equidade.

Todos queremos acreditar de novo em Por-tugal, pois todos sabemos que a única manei-ra de sair da crise passa por gastar menos, por mudar de vida no Estado, nas empresas e nas famílias.

O Governo ganhou a batalha da confiança e da cidada-nia. Não enjeitou a responsabilidade de tomar medidas de que Portugal precisa há décadas e propõe fazer o maior corte na despesa dos últimos 40 anos já no próximo orça-mento de Estado, sempre sem esquecer os mais desprote-gidos e os mais frágeis.

Estes últimos, refira-se, são aqueles que mais podem sentir o ajustamento do Estado e da economia e, também neste capítulo, o Governo esteve bem ao criar mecanismos extraordinários de apoio, como é o exemplo do Plano de Emergência Social a ser apresentado pelo Sr. Secretário de Estado da Solidariedade e Segurança Social, Dr. Marco An-tónio Costa, já no próximo dia 22, em Penafiel.

De realçar que, tal como na restante governação, nesta área de intervenção as medidas serão pautadas pelo rigor, justiça e sentido de responsabilidade.

Este foi o timbre dos primeiros 100 dias de governação e será, porventura, o compasso dos próximos anos, assim queiram os portugueses!

[Alguns textos de opinião são escritos de acordo com a antiga ortografia]

Mário MagalhãesDeputado PSD

Os primeiros 100 dias para mudar Portugal

Quando escrevo assalta-me sempre a ideia de que o que es-tou a dizer pode não ser verdade pois, mesmo na letra impressa a que o jornal dá vida assertiva, há não só quem pense o contrá-rio, quem duvide que assim seja, e até mesmo quem afirme poder provar que é um erro.

Digo isto porque, ao ler a generalidade da Comunicação Social, vejo desaparecer os jornalistas para encontrar os cronistas. E de tal modo, uns e outros, normalmente com fontes e citações de cátedra, fazem-no como se fossem verdadeiros oráculos de Delfos. Não raro também destilando evidentes ódios de estimação. Não há qualquer mácula ou dúvida, pois já o viram escrito por alguém que, só por ser ali citado, ganha ares de decreto, foros de assento de cartório, manda-mento de catecismo ou bula papal.

Como não pretendo ser o detentor da verdade, mas apenas expla-nar o que sinto ou raciocino, não espero por isso qualquer reacção ou desmentido, embora por vezes não desdenhasse, ou até o desejasse. Tal aconteceu com a hipótese de recurso às instâncias comunitárias sobre o uso indevido do IP4, de Vila Real a Bragança, para construir a pagável A4. Ainda o admiti pensando numa associação que há mui-tos anos perora sobre o itinerário quando há acidentes, mas tal não aconteceu. Possivelmente porque só terá “âmbito de acção”de Vila Real para baixo. Não acredito que seja para poupar o Governo, pois este assunto antecede-o, embora com tal passasse a dizer-lhe respei-to e a ter de responder.

Também a nova paragem anunciada, de mais 60 dias, no Túnel do Marão (até quando?), não mereceu nada de ninguém, para além do lamento dos sindicatos e dos sub-empreiteiros com prejuízos às cos-tas. A Água do Marão em providência e agora o dinheiro em absti-nência tal impõem. Resta rogar ao Senhor da Serra, orago dos solstí-cios, para que dê um novo alvorecer à obra e acabem o buraco que lhe passa por baixo. Ah!... se o túnel fosse em Lisboa...

Mas se isto nos afecta a nós, embora outros que por cá venham ar-rostem com as maleitas, o “transigir” que hoje recordo, como pecha nacional, explica muito (ou quase tudo) do que se passa na cena na-cional - também na Europeia e até Mundial - pelo mesmo motivo, e com os mesmos pagantes..

O que quero dizer com isto?Quando há um qualquer problema, e se lhe cola um culpado ou

suspeito, ando para trás na memória e não consigo encontrar-lhe o selo de “acto único”. Em geral todos se carimbam em reincidência pois, mesmo não sendo acto ou omissão idênticos, são-no no uso e abuso da marginalidade.

Começando numa caixa de marisco até chegar a desvios ou frau-des de milhões que mal consigo imaginar ou ter noção exacta do que tal representa, procuro o histórico dos protagonistas e lá vou en-

contrar, ciclicamente, igual candura de procedimento, com a sempre eterna consciência tranquila. Não lhes falta a defesa dos mais eleva-dos padrões fiduciários do direito, que mais tarde acabam por ressar-cir, a proclamação de engano ou perseguição retaliatória, e os silên-cios escudados no segredo de Justiça que os tablóides, e não só, logo acedem e proclamam em caixa alta, sejam verdade ou mentira, supo-sição ou “fonte segura”.

Bem diz o Povo: «cesteiro que faz um cesto faz um cento...»E quando num assomo verborreico algum dos acossados não vê

outra escapatória, lança sobre outros outras suspeitas de outras coi-sas. Sabe que o tiro é certeiro e que os alvos evidentes, que poderão estar acima deles ou ao lado, tudo farão para que se mude a pontaria ou que um diáfano manto se abata para o enredar no olvido.

Não foi assim com a “ameaça” de Jardim separando o proveito da Madeira do proveito próprio de alguns “mouros”, ameaçando vasculhar os esconsos cantos onde se escondem ou meteram o pecúlio? E não foi a questão da dívida e dos perdões pós-independência colonial, esta apenas uma nova nuance para entreter e mudar a bitola. Até a promes-sa de clarificação pré-eleitoral do “buraco” foi logo sonegada.

Como as fases da lua, embora com ciclos mais largos, aparecem e desaparecem numa ultrapassagem e negação do princípio de Peter. Viven-do numa sombra que lhes tapa as maze-las e ignorância, num seguidismo e fideli-dade canina, lá se vão alcandorando aos mais elevados níveis de poder e decisão. Se antes foram cabos, sem sequer prova-rem saber comandar uma secção, logo se promovem a comandar companhia, para num ápice chegarem ao comando do re-gimento e às estrelas do generalato.

É este “transigir” com a mão metida na malga da marmelada que leva à impunidade e à consciência de que se pode fazer porque ou-tros o fizeram de igual modo, vencendo etapas intermédias de fanan-ços e soneganços para atingir a taluda.

Bem sei que se diz que o Povo é que escolhe. Mas, além de muitas vezes alimentar a esperança de um dia também ter uma malga onde chafurdar, que decisão pode ter quando está farto de ouvir proclamar uma coisa sendo outra bem ao contrário a que se faz?

Por fim, mais parecendo a “bomba atómica” pelo que os “media” destacaram parecendo encontrada a ”Solução”, não consigo alcançar a necessidade e o efeito da convocatória do Conselho de Estado. Se já desde 95 o PR diz ter avisado com o “colossal” sem o ouvirem - várias ve-zes em discursos e «textos» - e antes acenou com o “monstro” também com orelhas moucas, o que poderão agora dizer/fazer os conselheiros?

Armando MiroJornalista

Transigir | “Vamos transigindo e, mal se espera,estamos a pagá-las...”

Cenários deEnvelhecimento

Cláudia Moura

[email protected] Professora Universitária e Investigadora na área da Gerontologia.

DOENÇA DE ALZHEIMER:Cuidados a ter com o Doente

Doença que começa por atingir a memória e, progressivamente, as outras funções mentais, acabando por determinar a completa

ausência de autonomia dos doentes.

DEIXO-VOS A PENSAR … Com sintomas que vão desde a perda de memória, pertur-

bações de sono, confusão, agitação, incapacidade de comu-nicar, incontinência, depressão, comportamentos agressivos e perigosos, há vários cuidados a ter em conta quando se lida diariamente com um doente com Alzheimer. A maior parte dos doentes com Alzheimer passa a viver no passado, por norma, a memória de longa duração não é afectada, salvo já em fases adiantadas da doença, o que significa que o passado do doente passa a ser o seu presente, sendo que os eventos recentes são simplesmente esquecidos. Será mais fácil, para todos, adaptar-se ao doente e não ao contrário, ou seja, fazer um esforço para viver a realidade actual da pessoa, mesmo que seja uma época da sua vida de há 20 anos atrás. Pelo menos assim há a possibi-lidade de recordar e conversar, aproveitando o facto de o doen-te continuar atento e comunicativo.

Pois, a Doença de Alzheimer provoca um grande impacto na esfera familiar, uma vez que é uma doença progressiva.

Os cuidados à pessoa com esta patologia reflecte na saúde da família, das relações familiares, sociais e laborais, deterioran-do a qualidade de vida de toda a família. Daí que tanto se insis-ta na necessidade de contrapor a falta de apoio aos familiares, na adaptação à doença de Alzheimer. Afinal, o número de ido-sos doentes com Alzheimer em casa entregues à família e sem cuidados especializados é significativo.

Uma sobrecarga que quem tem de cuidar deles suporta com enormes dificuldades económicas, psicológicas e opera-cionais. Ora o impacto do diagnóstico quer no doente, quer na família e núcleo de relações sociais é enorme e varia em fun-ção das características da doença e dos diferentes estádios que começo por identificar. Contudo é de salientar que as pessoas com a doença de Alzheimer não sofrem os mesmos sintomas pela mesma ordem, ou com o mesmo grau de gravidade. Exis-te com certeza um padrão geral de evolução da doença, que permite descrever os três principais estádios: o primeiro está-dio habitualmente caracteriza-se por problemas moderados de memória, tais como o esquecimento de nomes e números de telefone, que por vezes, dada a natureza subtil destes aconte-cimentos, são ignorados os sintomas. Já no segundo estádio, a gravidade dos sintomas leva, geralmente, os doentes a abando-nar o emprego e a deixar de conduzir, tornam-se cada vez mais dependentes de terceiros. E por fim, no terceiro estádio, pode dizer-se que o doente sofre de demência grave. Uma vez, que as funções cognitivas desaparecem quase por completo, per-dendo a capacidade de entender ou utilizar a linguagem, pas-sando a repetir os finais das frases, sem compreender o signifi-cado das palavras. É de recordar que apesar da gravidade dos sintomas neste estádio, os doentes ainda costumam responder bem ao toque e às vozes suaves dos familiares. Perante tal situ-ação não existe um padrão típico de actuação, existe sim a ur-gência em criar campos de conhecimento e intervenção ao ní-vel da comunidade, incidindo na necessidade de sensibilizar e informar a população para a doença de Alzheimer.

Como? Desenvolvendo e organizando sessões de informa-ção. Afinal, entender a Doença de Alzheimer é perceber que esta é um fenómeno multidimensional. Desta forma, estamos a prevenir e a combater possíveis problemas sociais que pode-rão emergir nas próximas décadas com o envelhecimento de-mográfico.

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Page 20: Repórter do Marão

Unidade de alojamento cons-tituída pelas casas de Gondomil e Vila Cete, nas margens do Douro, em Alpendurada, Marco de Cana-veses. Gondomil, a funcionar desde 2006, é constituída por 2 quartos – 1 quarto de casal e 1 quarto duplo.

Está integrada numa proprieda-de agrícola e tem ancoradouro pri-vativo.

A Casa de Vila Cete, a funcio-

nar desde 2009, é constituída por 1 quarto de casal e 1 quarto duplo.

Os preços do alojamento por cada noite variam entre 100,00 e 150,00, consoante a época do ano.

Telefone: 919 230 606www.casadegondomil.ptOutros alojamentos no concelho:

- Quinta do Cão, S. Lourenço do Douro, t. 255 582 703; Casa da

Ribeira, Sobretâmega, t. 255 536 032; Solar de Carvalhosa, Carva-lhosa, t. 255 739 694; Casa de Telhe, Soalhães, t. 255 511 481; Quinta de S. Romão, Paredes de Viadores, t. 917219631; Quinta do Impossível, Penlonga, t. 255 521 004; Casa da Quintã, Folhada, t. 255 423 299; Quinta dos Agros, Sande, t. 255 589 249; Quinta da Varzea de Cima, Ta-boado, t. 255 535 351.

A Quinta de Ventozela foi construída em me-ados do século XVII, sobre o vale do Douro. Está situada a poucos quilómetros de Cinfães, vila onde os hóspedes poderão aceder facilmente a bens e serviços de primeira necessidade (farmá-cia, hospital, correios, etc.). Constituída por três casas – a Casa Principal, a Casa da Eira e a Casa do Jardim – conta ainda com uma Capela (datada de 1635), lagares, tanque, horta, uma fonte com água pura e piscina. Esta unidade de alojamento dispõe de vários espaços de lazer, onde a privaci-dade e o bem-estar são valores predominantes.

CASA PRINCIPAL: Constituída por 3 quartos duplos e um twin. CASA DA EIRA: Com 2 quar-tos (um de casal e um “twin”). CASA DO JARDIM: Com 2 quartos. Alojamentos equipados e com ar condicionado.

Telefone: 255 562 342www.quintadaventozela.com

Outros alojamentos no concelho:Casa de Rebolfe, Porto Antigo, t. 255 562 334;

Solar de Miragaia, Travanca, t. 255 688 214; Casa de Montemuro, Travassos de Baixo, t. 255 561 824; Casa Altamira, Espadanedo, t. 255 620 020; Casa da Geada, Ferreiros de Tendais, t. 255 571 713; Quinta da Póvoa, Santiago de Piães, t. 962 993 857; Casa do Lódão, Boassas, t. 963 041 628; Quinta da Figueirinha, Espadanedo, t. 963 053 699; Quinta da Loginha, Espadanedo, t. 227 445 253; Casa do Moleiro, Aldeia de Pelisqueira (Bes-tança), t. 934 295 085.

CINFÃES | Quinta de Ventuzela

MARCO | Casa de Gondomil

Localizado em Mirão, o alojamento Quinta da Por-ta Caseira está situado a 800 metros da vila de Resende, a capital da Cereja. Excelente envolvimento paisagísti-co marcado pelo percurso do rio Douro e pela encosta do Montemuro.

São duas casas que dispõem cada uma de 4 quar-tos, e que distam 50 metros entre si. São servidas por uma piscina, um balneário e um espaço multiusos

onde é possível praticar ténis, fute-bol de cinco, basquetebol, badmin-ton, etc..

O alojamento é constituído por 8 quartos duplos, todos equipados com casa de banho privativa, aque-cimento central e TV satélite. Esta-dias mínimas de duas noites. Preços a partir de 70,00 (casal).

Telefone: 254 878 278www.portacaseira.com

Outros alojamentos no concelho:

Casa do Fundo da Aldeia, Quinta da Graça, Anreade, t. 254 875 290; Quinta do Carujeiro, Caldas de Aregos, t. 254 875 214; Quinta de Casal do Mato, Cimo de Resen-de, t. 254 871 693; Casa do Casal de Rendufe, Rendufe, t. 254 877 723; Casa do Souto, Anreade, t. 254 875 591.

RESENDE | Quinta da Porta Caseira

DOURO VERDE TEM OFERTA VARIADA DE ALOJAMENTO NO ESPAÇO RURAL

Page 21: Repórter do Marão

Produção editorial da responsabilidade da DOLMEN

Complexo de turismo no espaço rural, formado por di-versos quartos e algumas casas tipicamente rurais. A pro-priedade tem três hectares e foi restaurada no ano 2000.

Situada em Vila Chã do Marão, a poucos quilómetros de Amarante.

Dispõe de suites e casas independentes, todas equipa-das – "La Clef des Champs", "Les Oliviers", "A Casinha" e "La Roseraie", com capacidade até 10 pessoas.

A Quinta de Ribas tem ambiente familiar – o empreen-dimento é gerido por um casal com origens francesas – e uma cozinha típica. A unidade propõe o fornecimento de refeições, se solicitadas pelos hóspedes.

O empreendimento dispõe também de alguns equipa-mentos de lazer, nomeadamente piscina e court de ténis.

A Quinta de Ribas tem programas de alojamento de 7 noites a partir de 320,00, variando consoante o número de pessoas e a época do ano.

Telefone: 255 422 113http://perso.wanadoo.fr/quintaderibas/

Outros alojamentos no concelho:Casal de Aboadela, Aboadela, t. 255 441 141; Casa

da Levada, Travanca do Monte, Bustelo, t. 255 433 833; Casa de Infesta, S. Simão de Gouveia, t. 255 423 282; Casa do Carvalhal, Jazente, t. 255 422 622.

AMARANTE | Quinta de Ribas

Empreendimento turístico em espaço ru-ral junto à vila de Baião. Num ambiente de conforto e sossego, em comunhão com a Na-tureza e a serra, os hóspedes podem desfrutar de um descanso retemperador. Está localizado em Freixieiro, a 1,5 km do centro da vila e a 40 minutos do Porto.

Segundo a informação da casa, a deno-minação “radica no facto primordial de a pre-servação deste património familiar poder ser fruído num ambiente calmo e acolhedor (o aconchego) como ele foi ao longo de três ge-

rações (das raízes)”.Total de 6 quartos. Preço médio do aloja-

mento, com pequeno almoço: 50,00. Serve re-feições a pedido dos hóspedes.

Telefone: 915 107 317www.oaconchegodasraizes.com

Outros alojamentos no concelho:

Quinta da Ermida, Sta. Marinha do Zêzere, t. 254 881 588; Quinta de Guimarães, Sta. Ma-rinha do Zêzere, t. 254 882 106; O Casarão, Sta. Marinha do Zêzere t. 254 882 177; Quinta do Ervedal, Sta. Marinha do Zêzere, t. 254 882 468; Quinta de Marnotos, Gestaçô, t. 935 525 886; Casas de Pousadouro, Venda das Caldas, San-ta Cruz do Douro, t. 913 453 541; Casa do Sil-vério, Tormes, Santa Cruz do Douro, t. 254 882 120; Casa das Feitorias, Tresouras, t. 918 256 347; Casa de Cochêca, Mesquinhata, t. 255 551 174; Casa da Torre, Ribadouro, t. 255 551 232; Casa da Lavandeira, Ancede, t. 255 551 728.

BAIÃO | O Aconchego das Raízes

DOURO VERDE TEM OFERTA VARIADA DE ALOJAMENTO NO ESPAÇO RURAL

BAIÃO | Quintas das Quintãs

A Casa das Quintãs está inserida na zona ribeirinha de Baião, sen-do dotada de uma riqueza natural e paisagística única, junto ao Douro.

Às portas da Rota do Vinho do Porto, é um local de eleição para quem pretenda desfrutar da tranquilidade do campo, da convivência com a natureza e o meio rural, proporcionando também a possibilida-de de visita a diversos monumentos e pontos de interesse cultural.

Alojamento: 5 quartos, 1 apartamento T2 e 2 apartamentos T1. Pre-ços: diárias desde 65,00.

Telefone: 254 882 269 www.quintadasquintas.com

Textos e imagens editados com base na informação promocional das unidades turísticas aqui apresentadas

Page 22: Repórter do Marão

Fundado em 1984 | Jornal/Revista MensalRegisto ERC 109 918 | Dep. Legal: 26663/89

Redação:Rua Dr. Francisco Sá Carneiro | Rua Manuel Pereira Soares, 81 - 2º, Sala 23 | Apartado 200 | 4630-296 MARCO DE CANAVESESTelef. 910 536 928E-mail: [email protected]

Diretor: Jorge Sousa (C.P. 1689)Redação e colaboradores: Liliana Leandro (C.P. 8592), Paula Lima (C.P. 6019), Carlos Alexandre Teixeira (C.P. 2950), Patrícia Posse (C.P. 9322), Helena Fidalgo (C.P. 3563) Ale-xandre Panda (C.P. 8276), António Orlando (C.P. 3057), Jorge Sousa, Alcino Oliveira (C.P. 4286), Helena Carvalho, A. Massa Constâncio (C.P. 3919), Ana Leite (T.P.1341), Armindo Mendes (C.P. 3041), Paulo Alexandre Teixeira (C.P. 9336), Iolanda Vilar (C.P. 5555), Ma-nuel Teles (Fotojornalista), Mónica Ferreira (C.P. 8839), Lúcia Pereira (C.P. 6958).

Cronistas: A.M. Pires Cabral, António MotaCartoon/Caricatura: António Santos (Santiagu) Colunistas: José Carlos Pereira, Cláudia Moura, Alberto Santos, José Luís Carneiro, Nicolau Ribeiro, Paula Alves, Beja Santos, Alice Costa, Pedro Barros, Antonino de Sou-sa, José Luís Gaspar, Armindo Abreu, Coutinho Ribeiro, Luís Magalhães, José Pinho Silva, Mário Magalhães, Fernando Beça Moreira, Cristiano Ribeiro, Hernâni Pinto, Carlos Sousa Pinto, Helder Ferreira, Rui Coutinho, João Monteiro Lima, Pedro Oliveira Pinto, Mª José Castelo Branco, Lúcia Coutinho, Marco António Costa, Armando Miro, F. Ma-tos Rodrigues, Adriano Santos, Luís Ramos, Ercília Costa, Virgílio Macedo, José Carlos Póvoas, Sílvio Macedo.Colaborações/Outsourcing/Agências: Agência Lusa (Texto e fotografia), Media Mar-co, Baião Repórter/Marão Online

Marketing, RP e Publicidade: Telef. 910 536 928 - Marta [email protected] | [email protected]

Propriedade e Edição:Tâmegapress-Comunicação e Multimédia, Lda. • NIPC: 508920450

Sede: Rua Dr. Francisco Sá Carneiro, 230 Apartado 4 - 4630-279 MARCO DE CANAVESES

Cap. Social: 80.000 Euros – Partes sociais superiores a 10% do capital: António Martinho Barbosa Gomes Coutinho, Jorge Manuel Soares de Sousa.

Impressão: Multiponto SA - Baltar, Paredes

Tiragem média: 27.000 a 30.000 ex. (Auditados) | Associado APCT - Ass. Portuguesa de Controlo de Tiragem e Circulação | Nº 486

Assinaturas | Anual: Embalamento e pagamento dos portes CTT – Continente: 40,00 | Europa: 70,00 | Resto do Mundo: 100,00 (IVA incluído)

A opinião expressa nos artigos assinados pode não corresponder necessariamente à da Direção deste jornal.

Esta edição foi globalmente escrita ao abrigo do novo acordo ortográfico. Porém, alguns textos, sobretudo de colaboradores, utilizam ainda a grafia anterior.

22 outubro '11

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I Irepórterdomarão crónica & artes

Criança- Amarante

- Anos 60

INVENTOS – PRECISAM-SEA.M.PIRES CABRAL

Leio nos jornais que há cada vez mais cientistas portugueses a integrar e mesmo a liderar equipas internacionais, e que a eles se têm devido avanços científicos e tecnológicos notáveis. Parece que há sobretudo uma geração de jovens crânios que tem dado sota e às nos mais diversos campos. E estas notícias são, juro, a única coisa que ainda me dá alguma satisfação e mantêm acesa uma centelhazinha de orgulho pátrio na calamitosa e acabrunhante situação a que chegámos. Nem tudo é lixo neste país que cada vez se assemelha mais… a uma lixeira.

Aproveitando esta maré alta de criatividade, gostava de endereçar daqui, da minha modesta gávea, um desafio aos nossos cientistas para que procurem conceber e desenvolver uns quantos inventos que nos estão a fazer falta como o pão para a boca.

Hoje refiro dois deles. Se tiver oportunidade, mais tarde referirei mais alguns.

Um desses inventos diz respeito ao insultão da Madeira. (O computador sublinha-me a palavra ‘insultão’, como a avisar-me de que não consta dos dicionários. Pois se não consta, que passe a constar. Escrevi-a em plena consciência de que estava a cunhar um neologismo, direito que me assiste pelo menos tanto como o de ser esbulhado de metade do subsídio de Natal e do mais que adiante se verá — justamente muito graças aos desvarios da criatura. E já agora explico-o. ‘Insultão’ não é, como podia parecer, o oposto de ‘sultão’, porque o sujeito em causa mantém todas as mordomias e ares de sultão refastelado nas almofadas do poder. ‘Insultão’ é antes um híbrido de ‘sultão’ e ‘insultar’, uma vez que este segundo elemento constitui a ocupação favorita de Sua Insolência, à qual se entrega com afinco e voluptuosidade. Está pois explicado o neologismo ‘insultão’.)

Pois o invento que se requer é qualquer coisa como um conversor,

um aparelhómetro que comute em música os destemperos do insultão. Cantatas de Bach, fados de Camané ou mesmo (que ele há gente para tudo) ordinarices de Quim Barreiros, conforme os gostos de cada qual. Estão a ver o que isso representaria, em termos de sanidade mental? O insultão insultava, o tonitruão (outro neologismo que aqui deixo, com tanta ou mais propriedade que o outro) tonitruava, e as suas baboseiras chegavam até nós transmudadas em notas de música. Então bem podíamos dizer com total propriedade (e não com desencantada e ácida ironia) que a criatura nos estava a dar música. Ficávamos assim imunes ao permanente ataque ao bom gosto e ao bom senso que é ver e ouvir aquele fulano, que confunde as suas plateias ululantes de incondicionais (que o aplaudirão até ao delírio mesmo que ele os esteja a mandar àquela parte) com gente cordata e capaz de distinguir um charlatão dum político decente.

Outro invento urgente é um ansiolítico para mercados, uma espécie de Xanax ou Victan, que contivesse os mercados dentro dum comportamento decente e os não deixasse enervar-se ou impacientar-se por tudo e por nada. A Sr.ª Angela Merkel espirrou? Tossiu? Os mercados enervam-se e sobem os juros. O Sr. Sarkozy engasgou-se? Arrotou? Os mercados enervam-se e toca a levar couro e cabelo aos desgraçados que lhes caem nas unhas.

Devia haver maneira de os manter razoavelmente calmos. Mas uma vez que não há, desunhem-se a inventar uma, senhores inventores. Que a humanidade, a sofredora e martirizada humanidade, vos levantará, grata, um monumento mais perene do que o bronze.

Nota: Este texto foi escrito com deliberada inobservância do Acordo (?) Ortográfico.

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O OLHAR DE...Eduardo Pinto 1933-2009

Cartoons de Santiagu [Pseudónimo de António Santos]

D. Antónia Ferreira(Ferreirinha)2011

Page 23: Repórter do Marão

Aníbal e ArmandaQue é que queres que te

diga, amiga? Que é que queres que eu te diga? Queres que po-nha o sorriso das pastas dentífri-cas e te minta, dizendo que vivo num mar de rosas? A Armanda que conheceste já não existe, foi desaparecendo devagarinho como as volutas do fumo deste cigarro que me sabe tão bem, me faz tão mal, e está estupida-mente caro.

De manhã, custa-me olhar para o espelho da casa de ba-nho. A cara está a enrugar, o meu corpo está a mirrar mui-to depressa e eu sem vontade para fazer nada. Nem o cabelo me apetece pintar. E eu sei que tenho de reagir, eu sei que não posso perder o pé, que não pos-so cair, que tenho a minha filha. Eu sei, amiga, eu sei, mas não é nada fácil.

Antes, ainda contava com o Aníbal. Ele, coitadinho, nun-ca foi muito despachado, ateve-se sempre a mim, sempre muito parado, sempre cheio de medo a tudo. Acho que a mãe é que foi a culpada dele ser assim tão aca-nhadinho, tão limitado.

A minha sogra é uma fera, sempre mandou em tudo e em todos. De tal maneira azeda, que o meu sogro fugiu não se sabe para onde, dois dias depois do nosso casamento. Já se pas-saram quinze anos e ele nunca mais voltou. Parece telenovela.

Sabemos que está vivo por-que todos os anos, na semana do natal manda ao Aníbal um envelope com uma nota. O ano passado só mandou vinte euros, vamos ver o que é que ele vai fa-zer este ano. Com a crise, duvi-do que volte a pôr uma notinha de cinquenta euros, que muito jeito me fazia. O envelope não traz remetente, mas o registo é dos correios de Loulé. Se calhar mora na Quarteira e tem lá ou-tra família. E faz ele muito bem.

Era bom homem, o meu so-gro, muito magro, muito apru-mado. Sim, escreve sempre as mesmas oito palavras: do teu pai que muito te ama, Manuel.

A minha sogra tinha a ma-nia de mandar em tudo e em todos, mas teve pouca sorte comigo. Engoli até não poder

mais, mas um dia ri-me e disse-lhe com muita delicadeza: a se-nhora manda na sua casa, mas eu mando na minha. O Aníbal é seu filho, mas agora está casado comigo.

Ela rosnou, ainda tentou em-brulhar a cabeça ao palerma do Aníbal. Mas eu disse-lhe: se ficas com a tua mãe, não contas co-migo. Vou-me embora.

Nessa altura eu já estava grá-vida da Joana. O Aníbal ficou do meu lado, e antes não ficasse. Se nessa altura eu tivesse ido em-bora, a minha vida não se tinha tornado neste inferno que eu não sei como sou capaz de su-portar.

Antes, ainda contava com o ordenado do Aníbal, mas agora não. Desde que ficou desempre-gado de repente, sem contar, nunca mais quis saber de nada. Sentou-se na sala e pôs-se a ver televisão. Dormia e via televisão, comia e via televisão em pijama e com os pés enfiados nos chi-nelos.

Quando eu dizia: Aníbal, dá corda aos sapatos, mexe-te, ele ficava calado e eu via uns olhos de peixe, inexpressivos, resig-nados. Comecei a ficar preocu-pada. E disse à Joana: o teu pai não está bem, o teu pai não está bem. E tinha razão.

Num dia a seguir ao almo-ço a Joana telefonou-me para o emprego. Disse-me que o pai estava estendido no sofá da sala e que não percebia o que ele fa-lava . Mas que respirava.

Vem depressa, mãe, vem de-pressa.

Mas como é que eu podia ir depressa se estava tão longe? Liguei para o 112. Minto, a mi-nha colega é que ligou, que eu não atinava com as teclas do te-lemóvel.

O AVC foi forte. Agora só tenho a metade

de um homem em casa. A outra metade não funciona.

António Mota

23outubro '11

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I repórterdomarãodiversos | crónica

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O projeto Escola Feliz, um programa de mecenato que possibilita às escolas do primeiro ciclo do Marco de Canaveses beneficiar de material didático, de desporto e de lazer oferecido por empresas locais e nacionais, foi alargado à freguesia de Ariz.

Quatro salas da escola da Feira Nova têm agora como padrinhos as empresas Shell, Cetelem, Padaria Ir-mãos Teixeira e Grupo MCoutinho.

Os materiais foram entregues no início do ano leti-

vo, numa cerimónia em que participaram, entre outros, o presidente da Câmara Municipal, Manuel Moreira, o presidente da Assembleia Municipal, António Coutinho – que se tornou “padrinho” da antiga escola primária em que estudou –, e a vereadora com o Pelouro da Educa-ção, Gorete Monteiro.

O programa abrange atualmente cerca de um ter-ço das 140 salas de aula do município marcuense, mas a autarquia apela à solidariedade de mais empresários.

"Escola Feliz" alargado à Feira Nova

Grupo MCoutinho celebra protocolo com Floresta UnidaO Grupo MCoutinho associou-se ao projeto mundial de reflorestação sustentável, assinando um protocolo

com a organização Floresta Unida, entidade que em Portugal tem sede na Lousã.O coordenador em Portugal da Fundação Floresta Unida, David Lopes, e António Coutinho, administrador

do Grupo MCoutinho, assinaram um protocolo para a divulgação do Programa Floresta Unida através da venda ao público de um cubo ecológico (vaso com semente de pi-nheiro manso) que representa simbolicamente a plantação de uma árvore, garantindo a Floresta Unida a sua proteção durante 30 anos.

Tratando-se de um grupo automóvel, setor onde as emissões de CO2 mais se fazem sentir apesar dos progressos tecnológicos, ainda se justifica mais a colaboração do grupo, tendo em vista “o desenvolvimento sustentável do planeta”.

O empresário defendeu ainda a reposição do programa de abate automóvel para renovar o parque nacional – em termos económicos mas também ambientais – que, apesar de melhorias nas últimas décadas, ainda apresenta uma ida-de média dos veículos de 10 anos.

Page 24: Repórter do Marão