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C NT LEIA ENTREVISTA COM HELIO MATTAR, DO INSTITUTO AKATU EDIÇÃO INFORMATIVA DO SISTEMA CNT ANO XV NÚMERO 172 DEZEMBRO 2009 TRANSPORTE ATUAL Referência urbana Uberlândia, no Triângulo Mineiro, promove alterações no transporte coletivo que proporcionam maior agilidade e comodidade para os usuários

Revista CNT Transporte Atual - Dez/2009

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Município de Uberlândia (MG) promove alterações no transporte coletivo que proporcionam maior agilidade e comodidade aos usuários. Sistema conta com corredores exclusivos de ônibus e atende 4,5 milhões de usuários por mês.

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Page 1: Revista CNT Transporte Atual - Dez/2009

CNT

LEIA ENTREVISTA COM HELIO MATTAR, DO INSTITUTO AKATU

EDIÇÃO INFORMATIVADO SISTEMA CNT

ANO XV NÚMERO 172DEZEMBRO 2009

T R A N S P O R T E A T U A L

Referência urbanaUberlândia, no Triângulo Mineiro, promove alterações no transporte coletivo que proporcionam maior agilidade e comodidade para os usuários

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CNT TRANSPORTE ATUAL DEZEMBRO 20094

CONSELHO EDITORIALAlmerindo Camilo Bernardino Rios Pim Etevaldo Dias Lucimar CoutinhoVirgílio Coelho

EDITOR RESPONSÁVEL

Almerindo Camilo

[[email protected]]

EDITOR-EXECUTIVO

Ricardo Ballarine

FALE COM A REDAÇÃO(61) 3315-7000 • [email protected] SAUS, quadra 1 - Bloco J - entradas 10 e 20 Edifício CNT • 11º andar CEP 70070-010 • Brasília (DF)

ESTA REVISTA PODE SER ACESSADA VIA INTERNET:www.cnt.org.br | www.sestsenat.org.br

ATUALIZAÇÃO DE ENDEREÇO:[email protected]

Publicação da CNT (Confederação Nacional do Transporte), registrada no Cartório do

1º Ofício de Registro Civil das Pessoas Jurídicas do Distrito Federal sob o número 053.

Tiragem: 40 mil exemplares

Os conceitos emitidos nos artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da CNT Transporte Atual

EDIÇÃO INFORMATIVA DO SISTEMA CNT

REPORTAGEM DE CAPA

ANO XV | NÚMERO 172 | DEZEMBRO 2009

CNTT R A N S P O R T E A T U A L

CAPA VALTER DE PAULA

Helio Mattar, doAkatu, fala sobreconsumo consciente

PÁGINA 10

ENTREVISTA

Mergulhadoresexploram as velhasembarcações

PÁGINA28

NAUFRÁGIOSRecursos devemfinanciar obras emtransporte urbano

PÁGINA26

FGTS

Norte-americanaposta em blog asdicas dos taxistas

PÁGINA44

GASTRONOMIA

CNT e Anpet premiam trabalhossobre transporte

PÁGINA24

PESQUISA

PRÊMIO CNT • A reportagem “A tropa do Zé Merenda”,do jornalista da TV Globo (DF) Fábio Ibiapina e equipe, foi a grande vencedora deste ano PÁGINA18

Município de Uberlândia (MG) promove alterações no trans-porte coletivo que proporcionam maior agilidade e comodi-dade aos usuários. Sistema conta com corredores exclusivosde ônibus e atende 4,5 milhões de usuários por mês

Página 34

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CNT TRANSPORTE ATUAL DEZEMBRO 2009 5

AVIAÇÃO

Embraer prevê quedade 10% nas receitasno próximo ano

PÁGINA52

EDUCAÇÃO

Fórum Mundial reúneparticipantes de 16países em Brasília

PÁGINA65

FERROVIAS

Situação econômicado Brasil favorece a implantação do TAV

PÁGINA60

GÊNIO PRECOCE • Rodrigo Castro de Aquino, aluno de escola pública do Distrito Federal cria filtro automotivo e vence o prêmio Jovem Inventor

PÁGINA48

Humor 6Alexandre Garcia 7Mais Transporte 14Biocombustíveis 68Sest/Senat 70Boletins 72Debate 78Opinião 81Cartas 82

Seções

ASSEMBLEIA DA CIT

Renovação de frotafoi um dos temas em destaque

PÁGINA56

BIBLIOTECA CNT

Para atender as necessidadesdos profissionais do setor detransporte, o Sest/Senatdesenvolveu vários cursos On-line voltados para o setor.São dez cursos ao todo, sendotrês gratuitos. Acesse o site doSest/Senat e confira os cursosoferecidos pela instituição.

O Sest/Senat coloca à sua disposição e da sua empresao Programa de FormaçãoEspecializada. O programavisa preparar os condutoresde produtos perigosos emespecialistas nesse transporte de complexa atuação.

Despoluir• Projeto do programa• Noticiário sobre meio ambiente

Canal de Notícias• Premiações e Sala de Imprensa•Noticiário sobre Brasil e mundo

Escola do transporte• Cursos• Estudos e pesquisas

Sest/Senat

• Cursos e palestras• Voluntariado e colocação nomercado de trabalho

QUALIFICAÇÃO

PRODUTOS PERIGOSOS

O portal disponibiliza todas as ediçõesda revista CNT Transporte Atual

E MAIS

A Biblioteca do Transporteoferece à comunidade acadêmica da Faculdade de Tecnologia doTransporte um acervo delivros, periódicos e obrasde referência nas áreas deadministração, logística,trânsito e transporte e em outras áreas relacionadas ao setor de transportes.

www.cnt.org.br

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CNT TRANSPORTE ATUAL DEZEMBRO 20096

Duke

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CNT TRANSPORTE ATUAL DEZEMBRO 2009 7

rasília (Alô) - A indústria automobilísticacancelou folgas de Natal porque o mercadoestá aquecido, tanto de automóveis quantode caminhões. A Câmara dos Deputadosaprovou em comissão mudanças queimpõem mais severidade ao Código de

Trânsito, por causa das “35 mil mortes anuais”.Enquanto isso, os governos vão enxugando gelocom medidas de engenharia para aliviar o trânsito,mas quando elas são aplicadas, já chegaram tarde.Rodar pelo asfalto brasileiro fica cada vez mais difí-cil. Por que não é difícil rodar pelo asfalto estado-unidense, onde há dez vezes mais veículos?

Vamos começar pelo ônus maior do nosso trân-sito: as mortes. A estatística de 35 mil é uma ficção.Há pouco, em Brasília, um acidente típico: umpequeno Celta, com sete jovens a bordo e motoris-ta alcoolizado, capotou e bateu num poste. Os doisda frente, com cinto, saíram ilesos. Os cinco jovensempilhados atrás, sem cinto, morreram todos. Doismorreram na hora. Três, dez dias depois. A estatís-tica só contou dois mortos dos cinco. O professorde engenharia de trânsito Mauri Panitz, da PUC/RS,faz o cálculo de quem morre até 90 dias após o aci-dente e de quem morre nas estradas municipais,vicinais, nas ruas dos municípios pequenos e dosnão registrados, e chega a 80 mil mortos/ano, 219por dia! É como se um grande avião caísse todos osdias no Brasil.

Agora o desacerto entre a produção de veículose a possibilidade de eles circularem ou estaciona-rem. Do jeito que vai – entrando 10 mil, 20 mil car-ros por mês no tráfico das grandes cidades – vaiparar tudo. Aliás, já está parando. Não adiantou

fazerem grandes anéis ou acessos. A LinhaVermelha está quase sempre congestionada; o anelde Belo Horizonte idem; as marginais paulistanas,nem pensar. Caminhões que têm a sorte de passarpor boas estradas acabam por perder mais tempona saída ou no acesso das cidades.

As mudanças na lei tentam agora enquadrar asmotos. A proposta proíbe ultrapassagem entre osveículos. Isso já está proibido desde 1997, no código,mas a leniência tropical foi deixando acontecer. Osveículos estão proibidos de ultrapassar pela direita.Mas isso nunca se aplicou às motos, que foram semultiplicando geometricamente. E seus pilotosestão morrendo geometricamente também. Mascriou-se uma atividade de entrega que movimentamilhões de reais e outro tanto de pessoas. E agora?Outro dos nós do trânsito. Se não houvesse o nóprincipal, o congestionamento causado pela faltade vias e de transporte coletivo, as pequenas entre-gas seriam feitas por furgonetas, como acontece noprimeiro mundo, aonde a carga vai mais por trilhoe água e menos pelo asfalto.

Nos Estados Unidos, o país do automóvel, opaís sobre rodas, vias expressas, viadutos, rodo-vias amplas, grandes estacionamentos, resol-vem a circulação de quase 250 milhões de veícu-los. Aqui, ainda se discute para onde vai o dinhei-ro da Cide, imposto sobre os combustíveis, e porque crescem tanto os gastos correntes e seencolhem os investimentos. Portos, rodovias,ferrovias e hidrovias estão à espera do dinheiroabundante dos impostos que sufocam. Se rece-bessem os investimentos necessários, o sufocona circulação da riqueza seria menor.

B

“Portos, rodovias, ferrovias e hidrovias estão à espera do dinheiro abundante dos impostos que sufocam”

Congestionamento geral

ALEXANDRE GARCIA

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ENTREVISTA HELIO MATTAR

Osinal de alerta no quesi-to consumo já foi acesohá algum tempo. Hoje, aquantidade de produtos

consumidos pela humanidade já é30% maior do que a capacidadede renovação dos recursos natu-rais existentes no planeta. Porisso, é preciso agir antes que sejatarde demais. A constatação é doInstituto Akatu pelo ConsumoConsciente, uma organização nãogovernamental criada em 2001,dentro do Instituto Ethos deEmpresas e ResponsabilidadeSocial. A palavra Akatu tem ori-gem tupi e significa “sementeboa” e “mundo melhor”.

O instituto surgiu depois dapercepção de que as empresas sóaprofundariam, no longo prazo,suas práticas de responsabilida-de social na medida em que os

consumidores passassem a valo-rizar essas iniciativas em suasdecisões de compra. Com açõeseducacionais e de publicidade, oAkatu conseguiu atingir no últimoano um público indireto de maisde 500 mil pessoas. De acordocom o diretor-presidente daorganização, Helio Mattar, “é níti-do o crescimento da proporçãode consumidores que usam seupoder de compra e de comunica-ção para premiar empresas quetenham práticas adequadas deresponsabilidade social eambiental”.

Mattar trabalhou durante 22anos como executivo em empre-sas nacionais, multinacionais edele próprio. Foi secretário deDesenvolvimento da Produção doMinistério do Desenvolvimento,Indústria e Comércio Exterior, um

dos fundadores do PNBE(Pensamento Nacional das BasesEmpresariais), co-fundador emembro do Conselho do InstitutoEthos e diretor-presidente daFundação Abrinq pelos Direitosda Criança e do Adolescente. Eleconversou com a revista CNTTransporte Atual por e-mail.Confira a entrevista.

O que é consumo conscien-te? Como ser um consumidorconsciente?

Todo consumo causa impacto(positivo ou negativo) na econo-mia, nas relações sociais, nanatureza e em cada indivíduo.Nesta medida, ao ter consciênciadesses impactos na hora de deci-dir por que comprar e o que com-prar, o consumidor pode buscaraumentar os impactos positivos e

diminuir os negativos e, assim,contribuir para um mundo e umasociedade mais sustentáveis. Issoé consumo consciente. Em pou-cas palavras, é um consumo comconsciência de seus impactos,voltado à sustentabilidade davida no planeta. O consumo cons-ciente pode ocorrer nos gestosmais simples do cotidiano, comofechar a torneira ao escovar osdentes; apagar a luz ao sair de umambiente; desligar um aparelhoeletrônico quando não estásendo necessário; ler um rótuloatentamente antes da compra;usar integralmente os alimentos;optar por detergentes biodegra-dáveis; usar os produtos até ofinal de sua vida útil; dar prefe-rência a produtos com selos decertificação e separar o lixo parareciclagem.

“Se não houver mudança nos padrões de consumo, em menos de 50 anos já serão necessários mais de dois planetas Terra para atender nossas necessidades”

POR LIVIA CEREZOLI

Os impactos do consumo

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“Se não houver mudança nos padrões de consumo, em menos de 50 anos já serão necessários mais de dois planetas Terra para atender nossas necessidades”

Qual o maior problemagerado pela falta de cons-cientização na hora de adqui-rir produtos?

Hoje, a humanidade já con-some 30% mais recursos natu-rais do que a capacidade derenovação da Terra. E issoocorre quando apenas 25% dahumanidade consomem acimade suas necessidades. Osoutros 75% consomem o míni-mo ou abaixo do mínimo neces-sário a uma sobrevivênciadigna. Se o atual modelo deconsumo dos habitantes maisricos do planeta viesse a serpraticado por toda a humanida-de, quatro planetas Terra nãoseriam suficientes para suprirtodo esse consumo. Se nãohouver mudança nos padrõesde consumo e produção, em

menos de 50 anos já serãonecessários mais de dois pla-netas Terra para atender nos-sas necessidades de água,energia e alimentos. Não é pre-ciso dizer que essa situaçãocertamente ameaçará a vida noplaneta, inclusive a da própriahumanidade. As escolhas deconsumo têm muito a contri-buir para a solução dessa situa-ção.

Quais os outros prejuízosque o consumo sem controlepode trazer?

Quando adquirimos um produ-to, não compramos apenas o quevemos, mas todo o ciclo de pro-dução daquele bem, que exigiumatéria-prima, água, energia,transporte e trabalho. Assim, aose desperdiçar um dado bem,

como é o caso dos alimentos, seestá desperdiçando ao mesmotempo tudo aquilo que foi usadoem seu processo de produção.

O brasileiro já é um consu-midor consciente? O que faltafazer para que isso se torneuma prática em nosso país?

Em 2003, o Akatu desenvolveuuma maneira de medir a cons-ciência do cidadão brasileiro noconsumo. De acordo com essapesquisa, o consumidor pode sercategorizado em quatro gruposquanto à sua consciência a partirda prática ou não de cada um dos13 comportamentos principais deconsumo. O primeiro grupo envol-ve os comportamentos de econo-mia, como fechar a torneira paraescovar os dentes e apagar a luzao sair de um ambiente, pratica-

dos por 75% da população brasi-leira. O segundo envolve os com-portamentos de planejamento -planejar a compra de alimentos ea compra de roupas, e ler os rótu-los antes de comprar, praticadospor 45% da população. O terceirogrupo envolve os comportamen-tos de compra sustentável - com-prar produtos orgânicos e com-partilhar informações sobreempresas e produtos, praticadospor 28% dos brasileiros. E, final-mente, o quarto envolve os com-portamentos de reciclagem,como fazer a separação do lixo eusar o outro lado da folha depapel, praticados por 31% dapopulação. Esses resultados reve-lam uma característica importan-te: quanto mais imediatos e maisindividuais os impactos dos com-portamentos de consumo, maior

SERGIO ZACCHI/VALOR/DIVULGAÇÃO

Os impactos do consumo

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a proporção da população que ospraticam. Quanto mais distantesno tempo e mais coletivos osimpactos dos comportamentosde consumo, menor a proporçãoda população que os praticam.Aqueles consumidores que prati-cam entre 11 e 13 dos comporta-mentos analisados na pesquisasão considerados “conscientes” erepresentam 5% da populaçãobrasileira. Os que praticam entre8 e 10 comportamentos são consi-derados “engajados” e represen-tam 28% da população. Os quepraticam entre 3 e 7 comporta-mentos são considerados “consu-midores iniciantes” e represen-tam 59% da população. E os quepraticam entre 0 e 2 comporta-mentos são considerados “consu-midores indiferentes” e represen-tam 8% da população.

O que diferencia os consu-midores mais conscientes -incluindo os conscientes e osengajados - do restante dapopulação?

Pode-se dizer que conscientessão consumidores que não sepreocupam apenas com osimpactos sobre si próprios, mastambém com os impactos sobreos outros. É interessante tambémanalisar o grupo de consumido-res mais conscientes quandocomparados à população emgeral em outros comportamentosnão incluídos nos 13 comporta-

mentos do teste. Como exemplo,51% dos consumidores maisconscientes já fizeram algumacompra tendo como principal cri-tério seus efeitos (positivos ounegativos) sobre o meio ambien-te, enquanto que esse número éde 41% na população em geral.

Podemos concluir então quea decisão de compra do consu-midor brasileiro já está basea-da, mesmo que de forma umpouco tímida, nas açõesambientais praticadas pelasempresas?

Segundo outra pesquisa doAkatu, cresceu em 7 pontos per-centuais - de 36% em 2005 para43% em 2006 - a proporção deconsumidores que usam seupoder de compra e de comunica-ção para premiar empresas quetenham práticas adequadas deresponsabilidade social eambiental. O que mostra que aconsciência no consumo é tam-bém levada à apreciação dasempresas sob critérios sociais eambientais e não apenas os tradi-cionais critérios de preço, quali-dade, inovação e design. Essecenário indica uma clara tendên-cia, que, felizmente, vem paraficar, a de uma atenção crescenteàs questões ambientais e sociaispelos consumidores.

Reduzir o volume de resí-duos produzidos diariamente

também faz parte das práticasdo consumo consciente. NoBrasil, tratamento dado ao lixoé correto?

Para se ter uma ideia, omontante de lixo produzido noBrasil todos os dias daria para“pavimentar”, com 11 centíme-tros de lixo, as duas pistas deuma estrada com 500 km deextensão. É um volume imensode lixo. Naturalmente, esse lixoprecisa ser coletado, transpor-tado e destinado pelo poderpúblico, o que custa grandequantidade de dinheiro, quepoderia ter uma destinaçãomais nobre como a educação ea saúde da população. Emgeral, mesmo tendo conheci-

RESPONSABILIDADE Cresce o número de consumidores que preferem empresas com preocupação ambiental

“O consumoconscientepode ocorrernos gestos

mais simples,como fechar a torneira ao escovar os dentes”

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precisarão de um prédio intei-ro de dez andares, com doisapartamentos de 50 metrosquadrados por andar, paracolocar o lixo que produzirãodurante a sua vida. É impor-tante lembrar que, no longoprazo, o impacto dessaspequenas atitudes multiplica-do por um número cada vezmaior de indivíduos que vivemcada vez mais tempo, define ofuturo do planeta em quevivemos. Apesar de gestossimples de consumo, tais atoscausam uma reação emcadeia, levando os impactos apercorrerem a sociedade e omeio ambiente e fazendo sen-tir seus efeitos sobre todos.

A crise financeira que seinstalou no mundo desde o fimde 2008 pode ser uma boa alia-da do consumo consciente? Abaixa financeira pode ser uminstrumento de educação parase evitar desperdícios?

O consumo consciente podeser exercido sempre, independen-temente da crise econômica.Contudo, a crise é uma oportuni-dade de repensar e de educar oconsumo, planejar suas compras eusar os produtos até o final de suavida útil, só comprando um novoquando for realmente necessário.Isso vale para qualquer produto,de alimentos a eletrodomésticos,de roupas a automóveis. E é tam-bém uma oportunidade de perce-ber que, com mudanças simplesem atitudes do cotidiano, pode-mos economizar e evitar o desper-dício. É um bom momento, portan-to, para pensar sobre o consumoconsciente.

A utilização do transportepúblico pode ser uma forma deconsumo consciente. Mas noBrasil, ele nem sempre é dequalidade. Além disso, são pou-cas as opções de trens urbanose até mesmo de ciclovias nopaís. Qual seria o modelo detransporte ideal para o Brasil?

A solução passa por um con-junto de ações. Em cada cidade,seria preciso identificar alterna-tivas para a própria organização

espacial das atividades naquelelocal. Esse planejamento incluiinduzir a população a residir emlocais mais próximos de onde selocalizam suas atividades, criaralternativas de qualidade para ouso do automóvel, como é ocaso do transporte coletivo edas ciclovias e fazer campanhasde conscientização sobre osbenefícios da mudança dopadrão de uso do automóvel emtermos da redução dos impactosnegativos causados pelo uso dotransporte individual. É impor-tante ressaltar que as campanhasde conscientização apenas nãobastam se não forem oferecidascondições para que os habitantesda cidade optem por outra formade transporte além do automóvel.O transporte público tem de serseguro, rápido e confortável paraque as pessoas se disponham adeixar o carro em casa. Damesma forma, as pessoas só usa-rão bicicletas como meio detransporte se forem oferecidascondições básicas, como cicloviasou ruas em que seja possívelpedalar sem correr o risco de aci-dentes, além de bicicletáriosonde as bicicletas possam serdeixadas com segurança. Paraque as pessoas andem a pé, épreciso que os caminhos sejamseguros e agradáveis, que as cal-çadas não tenham buracos enem sejam invadidas por car-ros ou motos. ●

RESPONSABILIDADE Cresce o número de consumidores que preferem empresas com preocupação ambiental

JÚLIO FERNANDES/ASCOM/CNT

mento dos problemas deriva-dos do consumo, as pessoasconsideram que, individual-mente, seu consumo faz poucadiferença e, por isso, não consi-deram que valha a pena mudara sua forma de consumir. Paraexemplificar que isso não éverdade, tomando comoexemplo o caso do lixo, oAkatu fez um cálculo que mos-tra que uma única pessoa, aolongo de sua vida (72 anos, emmédia, no Brasil), produz lixosuficiente para encher até oteto um apartamento de 50metros quadrados. Se issoparece pouco, basta fazeresse cálculo para cinco famí-lias de quatro pessoas, que

Hoje, ahumanidadejá consome

30%mais

recursosnaturais do que acapacidadede renovaçãoda Terra

Page 12: Revista CNT Transporte Atual - Dez/2009

CNT TRANSPORTE ATUAL DEZEMBRO 200912

MAIS TRANSPORTE

Cartão no frete

Carro elétrico

O cartão multiaplicativo VisaCargo, desenvolvido no Brasil,tornará os pagamentos mais efi-cientes, rápidos e econômicos. Omodelo permite às embarcadorase transportadoras carregar ovalor do frete diretamente nocartão para que caminhoneirosautônomos possam efetuar des-pesas durante a viagem. Alémdisso, o cartão possui a funciona-lidade do Visa Vale Pedágio. OVisa Cargo é aceito em mais de1,6 milhão de estabelecimentos,como postos de gasolina, restau-rantes, oficinas e borracharias.

Ônibus híbrido reduz consumo e poluiçãoA Siemens e a Agrale desenvolve-ram em conjunto o ônibus híbridoHybribus, capaz de reduzir em até30% as emissão de CO2 devido a

uma redução equivalente no usode combustível. O novo veículoconta com o sistema de traçãoelétrica Elfa, que pode ser usado

em motores de combustão queutilizem combustíveis como eta-nol, GNV, gasolina, biodiesel e/oucélula de combustível.

O consórcio israelense BetterPlace vai investir nos próximosseis anos US$ 1,1 bilhão para viabilizar seu modelo de carroelétrico. Esse montante irá para acompra de baterias e montagemde pontos de troca e recarga emIsrael. Uma análise do DeutscheBank concluiu que o modeloisraelense é econômico pela diferença entre o preço da eletricidade e o da gasolina. Obanco estima que, à medida queos preços globais do petróleoestão subindo e os governosincentivam a fabricação de carroslivres de emissões de dióxido de carbono, a diferença em favor docarro elétrico se ampliará aindamais, tornando o modelo doBetter Place mais atrativo.

Medalha JK será entregue em 2010

ORDEM DO MÉRITO

A cerimônia de homenagemàs personalidades ligadas aosetor de transportes em suasdiversas modalidades está mar-cada para março do próximoano. A 17ª edição da Ordem doMérito do Transporte, conheci-da como “Medalha JK”, vai serrealizada no Memorial JK, emBrasília. Instituída em 1992, ahonraria tem como patrono oex-presidente JuscelinoKubitschek de Oliveira.

A condecoração é um reco-nhecimento do trabalho desen-volvido por pessoas físicas ejurídicas que se destacaramdurante o ano de 2009 por rele-vantes serviços prestados econtribuíram para o desenvolvi-mento da atividade transporta-dora no país.

Serão agraciados 14 diri-gentes de entidades patro-nais e sindicais ligados aotransporte de carga e depassageiros. Bernardo

Cabral, ex-ministro daJustiça e ex-senador doAmazonas, será homenagea-do com a medalha Grã-Cruz,a mais alta categoria daOrdem do Mérito. Tambémserão entregues as meda-lhas de Grande Oficial eOficial.

No evento ainda serãoprestadas homenagens póstu-mas a Manoel Ferreira deAzevedo, fundador da primeiraentidade classista patronal - aAssociação dos Empresáriosde Ônibus de Fortaleza (CE),hoje, Sindiônibus - e empresá-rio do setor de transporte depassageiros, e Mariano Costa,que exerceu os cargos de vice-presidente da seção de passa-geiros da CNT e de presidenteda Fecavergs (Federação dosTaxistas e TransportadoresAutônomos de Passageiros doEstado do Rio Grande do Sul),ambos falecidos em 2008.

GRÃ-CRUZBernardo Cabral

GRANDE OFICIALMartinho Ferreira MouraLuiz Wagner ChieppeSalomão Pereira da SilvaSilvio CamposEduardo BartolomeoMaria Claudia O. Amaro

OFICIALLélis Marcos TeixeiraEdgar Ferreira de AzevedoEduardo Carvalho LiraNatal Aparecido BrunholiGeorge TakahashiMarcello SpinelliJosé Roque

POST MORTEMManoel Ferreira AzevedoMariano Costa (Grande-Oficial)

CONHEÇAQUEM SERÁAGRACIADO

Page 13: Revista CNT Transporte Atual - Dez/2009

CNT TRANSPORTE ATUAL DEZEMBRO 2009 13

Programa Motorista Nota 10

significativamente as emissões de gases de efeitoestufa e oferecer uma alternativa sustentável delongo prazo para combustíveispara jatos derivados depetróleo. O combustívelrenovável para jatos desenvolvido pela Amyris éfeito com base na cana-de-açúcar. A proposta é oferecersegurança no fornecimento, estabilidade no preço e significativa redução das emissões de gases de efeito estufa em comparação à atualbase de combustíveis para jatos.O governo brasileiro, via Finep(Financiadora de Estudos eProjetos) já está contribuindofinanceiramente com o programa.

Combustível renovável Embraer, General Electric eAmyris anunciaram, no dia 18 de novembro, a assinaturade um Memorando deEntendimento (Memorandumof Understanding) para avaliar os aspectos técnicose de sustentabilidade docombustível renovável da Amyris para jatos, denominado NoCompromiseTM. A iniciativapode resultar em um voo dedemonstração de um E-Jet daEmbraer de propriedade daAzul Linhas Aéreas, utilizandomotores GE no início de 2012.O objetivo dessa parceria éacelerar a introdução de umcombustível renovável parajatos capaz de reduzir

Duas novas turmas doPrograma Motorista Nota 10 tiveram início emnovembro, em Minas Gerais,nas unidades do Sest/Senat de Contagem e de BeloHorizonte. O programa, que é desenvolvido com o apoio da Fetcemg(Federação das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais),execução do Sest/Senat e daSedese-MG (Secretaria deEstado de DesenvolvimentoSocial), com recursos do

Programa Usina do Trabalho, tem por objetivo formar novos profissionais para o mercado de transportede cargas. Os motoristas participantes possuidores da CNH E, todos desempregados,passam por uma seleção e, se aprovados, entram para o programa e recebem uma bolsa, paga em etapas, ao final de cadamódulo do curso, que possui uma carga horáriatotal de 184 horas/aula.

Entregas urgentes pelo arEstá cada vez mais difícil para asempresas que trabalham comentregas cumprirem os seusobjetivos a tempo, devido aotrânsito caótico que motoristas ecaminhoneiros enfrentam em SãoPaulo. A Helimarte, empresa detaxi aéreo de São Paulo com dezanos de operação, sugere umasolução: criou o pacote“Helicargo” para transportar cargas de pequeno e médio portes para todo o Brasil e

exterior. A companhia, localizadano Campo de Marte, é a única que mantém tripulação e aeronaves 24 horas por dia, inclusive aos finais de semana, e ainda busca a carga onde ocliente estiver, contando com a comodidade dos seus helicópteros ou veículos de apoio sem que ele precise selocomover. Os preços variam deacordo com o destino do produtoe o modelo da aeronave solicitada.

A loja virtual Timevision está comercializando o macaco elétrico Car Jack, um acessório que levanta o veículo em apenas 3 minutos, dispensando esforços físicos. De fácilmanuseio, o Car Jack podeser usado tanto por profissionais quanto por iniciantes no mundo automotivo. Para acioná-lo

basta ligá-lo ao acendedor de cigarros do carro ou utilizar uma extensão eplugá-lo em uma tomada de 12 volts. Com dimensõesde 12 cm de largura x 41 cmde altura, o Car Jack pesa 4,1 kg e suporta automóveis de até 1 tonelada. Disponível paravenda pela loja virtualwww.timevision.com.br.

Ao toque de um botão

AGILIDADE Macaco elétrico levanta carro em 3 minutos

RALCOH/DIVULGAÇÃO

Page 14: Revista CNT Transporte Atual - Dez/2009

CNT TRANSPORTE ATUAL DEZEMBRO 200914

Apesar de vocêsCom o subtítulo “Oposição à DitaduraBrasileira nos Estados Unidos, 1964-1985”, o livro analisa a relação entre osdois países no período militar e como oregime foi combatido nos EUA.De James Naylor Green. Companhiadas Letras, 568 págs, R$ 72

O dono da midiaBiografia de Rupert Murdoch, chamadode “magnata das comunicações”, donode jornais como “Wall Street Journal” ede canais de TV como Fox News. O livromostra como ele construiu seu império.De Michael Wolff. Campus, 448 págs, R$ 89,90

MAIS TRANSPORTE

Radiografa do trânsito brasileiro Foi lançado no dia 18 denovembro, em Curitiba (PR), o livro “20 anos de lições de trânsito – desafios e conquistasdo trânsito brasileiro de 1987a 2007”, do jornalista J.Pedro Corrêa, estudioso dotema, tanto no Brasil comoem outros países. A obra é

patrocinada pela Volvo, por meio da Lei Rouanet.Corrêa é o idealizador do Programa Volvo deSegurança no Trânsito e examina os elementos cruciaisna área: desde a educação detrânsito e a inspeção veicular,passando pela participação

do setor privado na fiscalização eletrônica e aengenharia de tráfego, até a responsabilidade nas propagandas de bebidasalcoólicas e as dificuldadesque municípios pequenosenfrentam para aderir aoSistema Nacional de Trânsito.

A Airship do Brasil desenvolve projeto pioneiro no mundo na produção de dirigíveis cargueiros comcapacidade de 20 a 500 toneladas. O modelo ADB-1 tem 4 m de comprimento e meta de ser um testbed(plataforma para experimentação) para ensaios de configurações, propulsão, estabilidade e controle.

O retorno dos dirigíveis

AIRSHIP DO BRASIL/DIVULGAÇÃO A história de Lula, o Filho do BrasilNova edição da biografia que inspirou ofilme sobre a vida do presidente LuizInácio Lula da Silva, com estreia pro-gramada para janeiro. De Denise Paraná. Objetiva, 144 págs, R$ 24,90

Page 15: Revista CNT Transporte Atual - Dez/2009

CNT TRANSPORTE ATUAL DEZEMBRO 2009 15

A ALL (América Latina Logística)adquiriu dez locomotivas demodelo AC 44, primeiras máquinasnovas compradas pela ALL.Produzidas na fábrica da GE, emContagem (MG), as máquinas têmcorrente alternada e 4400 HP,além de um aumento de 86% na capacidade de tração, o queviabilizará algumas vantagensoperacionais, entre elas, transportar com uma única

locomotiva o trem de 8.000 toneladas, que segue de AltoAraguaia (MT) a Santos (SP). Osativos começam a chegar nestemês e serão incorporados à frotade bitola larga. O investimento fazparte do plano da companhia com vistas à safra 2010, com início emfevereiro. O plano prevê aindainvestimentos em tecnologia, além da aquisição de vagões emelhorias em via permanente.

Uma auditoria do órgão regulador da aviação civil nosEstados Unidos, a FAA (FederalAviation Administration), nasáreas de aeronavegabilidade,segurança operacional e habilitação da Anac (AgênciaNacional de Aviação), não levantou nenhuma recomendação ou não conformidade nos processos

regulatórios e de fiscalizaçãodessas áreas, concedendo 100% de aprovação à aviaçãobrasileira. Isso significa a manutenção do Brasil na categoria 1 dos países que mantém tráfego aéreo com os Estados Unidos, habilitando as empresas brasileiras a voarem para aquele país sem restrição da FAA.

ALL compra dez locomotivas

A Gol Linhas Aéreas anunciousua entrada ao Safug(Sustainable Aviation FuelUsers Group - Grupo deUsuários de Combustível deAviação Sustentável, em português). O programareúne empresas aéreas eprovedores de tecnologia,com o objetivo de acelerar odesenvolvimento de novasfontes sustentáveis de combustível para aviação,alcançando seu uso comercial. Inicialmente, ogrupo está trabalhando emdois projetos preliminares de pesquisa sobre sustentabilidade.

O primeiro prevê a revisão extensiva sobre a sustentabilidade do cultivodo pinhão manso como alternativa para geração de combustível sustentável, o que inclui seu ciclo de vida, emissão de CO2 e oimpacto socioeconômico para produtores de naçõesem desenvolvimento. A outra frente de estudos érelacionada ao uso de algas,com o objetivo de certificarque seus processos produtivos e também seuemprego atendam aos rígidos critérios de sustentabilidade.

Biocombustíveis para a Gol

ALL/DIVULGAÇÃO

A 55ª Feira do Livro de PortoAlegre, realizada em novembro,foi escolhida para o lançamentodo livro “Varig – Eterna Pioneira”,escrito por Gianfranco Beting,especialista em aviação e atualdiretor de marketing da AzulLinhas Aéreas Brasileiras, comsupervisão editorial do jornalistaJoelmir Beting. O projeto consumiu dois anos de trabalho e resgata a história da Varig.Dezenas de ex-colaboradoresforam entrevistados, inclusive amaioria dos ex-presidentes aindavivos, pilotos-chefe, diretores ecomissárias. A obra tem 276

páginas e centenas de imagens,entre fotos e ilustrações, a maioria delas inéditas.

RENOVAÇÃO ALL moderniza a frota de locomotivas

Livro conta a história da Varig

Aviação brasileira aprovada

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CNT TRANSPORTE ATUAL DEZEMBRO 200916

MAIS TRANSPORTE

Anvisa recebe documento com problemas do setor

AQUAVIÁRIO

Representantes da Fenamar(Federação Nacional dasAgências de Navegação

Marítima) e da Fenavega(Federação Nacional dasEmpresas de NavegaçãoMarítima, Fluvial, Lacustre e deTráfego Portuário) entregaramno dia 1º de dezembro a direto-res da Anvisa (Agência Nacionalde Vigilância Sanitária) levanta-mento dos problemas enfrenta-dos por agentes do setor esugestões para aperfeiçoar orelacionamento das empresasprivadas com o órgão de regula-ção. A reunião foi realizada nasede da CNT, em Brasília.

As queixas dos empresáriosvão desde a aplicação de multasaos critérios utilizados pela fis-calização da Anvisa na definiçãodo valor das penalidades aplica-das. Agências e empresas denavegação cobraram do órgãoregulador a normatização deprocedimentos para que nãohaja margem para diferentesinterpretações por parte dos fis-cais. Para os empresários, faltatambém padronização das nor-mas aplicadas por órgãos inter-venientes como a própriaAnvisa, a Receita Federal, aPolícia Federal, a Marinha, o

Ministério da Agricultura e aAutoridade Portuária.

Para o presidente daFenamar, Glen Gordon Findlay,algumas situações verificadasna atuação da fiscalização daagência reguladora, como oaumento do número de visto-rias, a cobrança de taxas emtodos os portos e a aplicação depenalidades por infrações cons-tatadas em embarcações, difi-cultam a atuação das agênciasde navegação.

Luiz Rebelo, presidente daFenavega, pediu maior flexibili-dade na análise de situaçõesque envolvem empresas queatuam na região Amazônica,onde as condições de operaçãosão diferenciadas do restantedo país.

José Agenor da Silva, diretorda Anvisa, destacou o papel daagência na regulação e na pro-teção dos interesses da socieda-de, nas questões relacionadas àsaúde da população. “Estamos

saindo da Anvisa para escutar osetor regulador e a sociedade.”Ele admitiu problemas na fiscali-zação devido ao reduzido núme-ro de profissionais disponíveisnas regiões mais críticas, masexplicou que a instituição estáimpedida legalmente de fazer atransferência compulsória deservidores para esses locais.Garantiu porém, que a diretoriada Anvisa não abre mão de flexi-bilizar e de aperfeiçoar o pro-cesso burocrático.

PROPOSTAS Reunião na sede da CNT, em Brasília, com diretores da Anvisa

JÚLIO FERNANDES/ASCOM/DIVULGAÇÃO

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POR LIVIA CEREZOLI

CNT premia sete trabalhos que valorizaram o setor transpor tador. Reportagem da TV Globo do DF foi a grande vencedora

Jornalismo de destaqueA

história de um tro-peiro que garante osustento das crian-ças de uma escola na

zona rural de Cavalcante, nointerior de Goiás, foi a grandevencedora do Prêmio CNT deJornalismo 2009. A reporta-gem “A tropa do Zé Merenda”,

do jornalista da TV Globo (DF)Fábio Ibiapina e equipe, rece-beu R$ 30 mil, além do troféu edo diploma correspondentes àpremiação.

A solenidade de entrega doprêmio, comandada pelo jor-nalista Chico Pinheiro, da TVGlobo, aconteceu no último dia2 de dezembro, no Clube doExército, em Brasília.

Outros seis trabalhos tam-bém foram premiados. A série“Amazônia BR-163”, da TVGlobo (DF), venceu na catego-ria Televisão; “Cartel dasVans”, publicada pelo jornal “ODia” (RJ), foi a vencedora nacategoria Mídia Impressa (jor-nal e revista); o especial “Ôni-bus no Morro”, do “JC Online”(PE), foi premiado na categoria

Internet; a imagem “Perigo noAr”, do jornal “O Globo”, rece-beu o prêmio na categoriaFotografia; a reportagem“Vivendo no passado”, darádio Jornal do Commercio(PE), venceu na categoriaRádio; e a série de reporta-gens do “Correio Braziliense”,intitulada “A morte lenta dafloresta do mar”, recebeu o

MÍDIA

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CNT premia sete trabalhos que valorizaram o setor transpor tador. Reportagem da TV Globo do DF foi a grande vencedora

Jornalismo de destaqueprêmio especial de MeioAmbiente. Para os vencedoresde cada uma das categorias, oprêmio foi de R$ 10 mil.

Durante a solenidade deentrega em Brasília, o presi-dente da CNT, Clésio Andrade,destacou a importância dapremiação e lembrou quecomunicação e transportesempre andaram juntos. “A

comunicação só existia atra-vés do transporte. Só chegavacarta e informação no interioratravés do transporte.”

O Prêmio CNT deJornalismo tem por objetivoestimular as redações dos veí-culos de imprensa brasileirosa produzir pautas a respeitoda atividade transportadora,para que a sociedade reflita

sobre a importância do setorno processo de desenvolvi-mento social e econômico doBrasil.

Este ano, os trabalhosforam selecionados por umacomissão formada pelos jorna-listas Adalberto Piotto (rádioCBN), Ascânio Seleme (editor-executivo do jornal “O Globo”e primeiro vencedor do Prêmio

CNT, em 1994), Celso Freitas(TV Record), José Marques deMelo (professor daUniversidade Metodista) e peloengenheiro de transportes eprofessor da UniversidadeFederal do Ceará, FelipeGranjeiro. Ao todo, 356 traba-lhos foram inscritos em todasas categorias. Conheça aseguir os trabalhos premiados.

FOTOS JÚLIO FERNANDES/ASCOM/CNT

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A reportagem “A tropa do ZéMerenda”, exibida em março deste anopelo Fantástico, da TV Globo, e vence-dora do Grande Prêmio CNT deJornalismo 2009, conta a história dotropeiro José Pereira das Virgens queviaja três dias no lombo de um burropara levar merenda até uma escola nazona rural de Cavalcante, interior deGoiás, um dos municípios mais pobresdo país. O trabalho tem reportagem deMarcelo Canellas, imagens de LúcioAlves e edição de Fábio Ibiapina.

Segundo o editor, no começo, a his-tória soou mirabolante. Porém, depois

de algumas checagens, foi confirmadoque bem perto da capital federal exis-te um Brasil teimosamente parado noséculo 19, sem telefone, sem eletricida-de, com um índice de analfabetismoalto e escolas caindo aos pedaços, masque, apesar disso, mantém todas ascrianças na escola graças ao esforçode um homem que entrega merenda nolombo de um burro. “Tanto o repórter,quanto a direção do Fantástico, nãotiveram a menor dúvida: estavam dian-te de uma grande reportagem”, explicaIbiapina.

Os jornalistas acompanharam todo

o trajeto percorrido para a entrega damerenda. Depois de quase cinco horasde viagem de carro de Cavalcante àregião Kalunga, a equipe entrou nocerrado em uma área que não haviamais estrada. Em seguida, cavalgaramno meio do mato por mais três dias atéchegar à escola, em Vão de Almas.

“O reconhecimento da CNT fomentao debate sobre os temas abordados namatéria e nos motiva a continuarlutando por um Brasil mais justo.Temos como grande vencedor do prê-mio o Zé Merenda. Nosso ofício é ape-nas contar histórias”, diz Ibiapina.

GRANDE PRÊMIO

Merenda entregue no lombo de burro

CNT TRANSPORTE ATUAL DEZEMBRO 200920

Equipe da TV Globo recebe o Grande Prêmio das mãos do presidente da CNT, Clésio Andrade

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Trinta e dois anos depois da inauguração da BR-163, entreos Estados do Mato Grosso e Pará, os repórteres JúlioMosquéra e Laércio Domingues, da TV Globo (DF), refizeramtodo o trajeto de 1.767 km para contar histórias construídasem torno da estrada.

A viagem de 21 dias entre Cuiabá (MT) e Santarém (PA),realizada em novembro e dezembro de 2008, deu origem àsérie “Amazônia – BR-163”, vencedora do prêmio CNT nacategoria Televisão. As reportagens foram exibidas noJornal Nacional, em abril.

“A parte da rodovia no Pará ainda é de terra. Dá para verclaramente a diferença entre as duas regiões. Onde o asfal-to não chegou, falta médico e professor”, conta Mosquéra.Na bagagem, além dos objetos pessoais, de câmeras emicrofone, os repórteres tinham enxada e os equipamentosnecessários para passar a noite na estrada. “Existem trechosem péssimas condições. Chegamos a gastar sete horas parapercorrer 80 km. Corríamos o risco de ficar pelo caminhocaso chovesse muito ou o carro quebrasse”, revela.

TELEVISÃO

Viagem pela Santarém-Cuiabá

IMPRESSO

A denúncia feita pelo jornal “O Dia”, do Rio deJaneiro, sobre as milícias que dominam o transportecoletivo feito por meio de vans na capital fluminenserecebeu o prêmio na categoria Impresso. O trabalho deinvestigação de um mês e meio dos jornalistas JoãoAntônio de Barros e Thiago Prado deu origem à série dereportagens “Cartel das vans”, publicada entre 5 e 13 dejulho de 2009. “Depois de muita investigação, descobri-mos que as milícias também acabaram dominando essetipo de transporte na cidade”, conta Barros.

A série revelou a existência de um monopólio notransporte alternativo do Rio de Janeiro, construído porquatro grupos. De acordo com a reportagem, juntos, elesdominam mais da metade do mercado de 2 milhões depassageiros diários e movimentam quase R$ 60 milhõespor mês. O trabalho dos jornalistas ainda apresentadenúncias de coação, ameaças e mortes envolvidas nafusão de cooperativas de transporte.

Esquema milionário das vans

CNT TRANSPORTE ATUAL DEZEMBRO 2009 21

Júlio Mosquéra (TV Globo) é premiado por Otávio Cunha, presidente da seção de transporte de passageiros da CNT

João Antônio de Barros e Thiago Prado (jornal “O Dia”) recebem o prêmiode Flávio Benatti, presidente da seção de transporte de cargas da CNT

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CNT TRANSPORTE ATUAL DEZEMBRO 200922

Um dia depois de a imprensa do mundo inteiro noti-ciar o pouso de emergência realizado com perfeiçãopelo piloto norte-americano Chesley Sulemberger, no rioHudson, em Nova York (EUA), devido à colisão entre aaeronave e pássaros no ar, o jornal “O Globo” mostrava,em imagem, que o mesmo pode acontecer em qualqueroutro lugar do planeta. A imagem “Perigo no ar”, deautoria de Domingos Rodrigues Peixoto, foi a vencedorada categoria Fotografia no Prêmio CNT de Jornalismo.

Publicada na capa da edição de 17 de janeiro de 2009,a fotografia mostra um avião sobrevoando o aeroportoSantos Dumont, no Rio de Janeiro, cercado de biguás,uma espécie de ave aquática. “Precisava retratar o fatoda melhor maneira possível. Escolhi o mirante do MorroDona Marta, que fica na direção da cabeceira da pista doaeroporto e fui lá pela manhã, período de maior tráfegoaéreo e também de migração dos pássaros”, contaPeixoto.

FOTOGRAFIA

A ameaça dos pássaros

RÁDIO

Os vencedores da categoria Radiojornalismo tambémfazem parte do Sistema Jornal do Commercio deComunicação, de Pernambuco. As dificuldades da popu-lação que vive em cidades onde o acesso ainda é feitopor estradas sem pavimentação foi o tema do especial“Vivendo no passado”, dos jornalistas José Roberto deSouza e Fábio Mendes, da rádio Jornal do CommercioAM 780, de Recife (PE).

Em agosto deste ano, a reportagem viajou, por trêsdias, cerca de 1.500 km, entre cinco cidades do agrestee sertão pernambucanos. O objetivo principal foi conhe-cer a realidade da população que além de sofrer com osproblemas de má qualidade de estradas, ainda convivecom a falta de desenvolvimento da região. A série foiproduzida e veiculada pela rádio durante o mês deagosto de 2009.

“Com a viagem, nós conseguimos vivenciar o dramadesses moradores. Chega a ser quase impossível imagi-nar como é difícil chegar a esses lugares. Lá, falta detudo”, revela Souza.

Estradas sem pavimentação

Domingos Rodrigues Peixoto (jornal “O Globo”) é premiado porRodrigo Vilaça, presidente da seção de transporte ferroviário da CNT

Fábio Mendes (rádio Jornal do Commercio) recebeo prêmio de José Fioravanti, vice-presidente da CNT

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CNT TRANSPORTE ATUAL DEZEMBRO 2009 23

Pelo segundo ano consecutivo, o “JC Online”, dePernambuco – empresa integrada ao Sistema Jornal doCommercio de Comunicação – venceu a categoriaInternet do Prêmio CNT de Jornalismo. O especial multi-mídia “Ônibus no morro”, dos repórteres GustavoBelarmino (reportagem e edição de áudio), Inês Calado(reportagem) e Isabelle Figueirôa (reportagem), comdesign de Sidclei Sobral, relata o serviço do transportepúblico em áreas de morro da cidade do Recife.

As histórias foram contadas por meio de textos,vídeos e fotos em uma edição multimídia, que traz entre-vistas coletadas ao longo de duas semanas. “Usamosuma ferramenta de Internet (slide show) que permite aoleitor ouvir os depoimentos dos moradores do morro aomesmo tempo em que vê as imagens das situações rela-tadas por eles. Isso permitiu uma reflexão maior sobre otema abordado na reportagem”, afirma Isabelle. Em2008, o “JC Online” foi premiado com o especial “Ônibusque quero”.

INTERNET

Difícil acesso ao transporte coletivo

MEIO AMBIENTE

Denunciando como o descaso ambiental provoca adegradação dos recifes de corais e compromete a quali-dade de vida do homem, a série “A morte lenta da flores-ta do mar”, do jornalista Leonardo Cavalcanti, publicadano jornal “Correio Braziliense”, conquistou o prêmioespecial na categoria Meio Ambiente.

Durante uma semana (de 3 a 10 de maio de 2009), asreportagens apresentaram relatos da degradação dacosta nordestina do litoral brasileiro. “A ideia inicialdesse trabalho era falar dos ataques dos tubarões noRecife (PE). Acabei ampliando o assunto porque o pró-prio ataque do tubarão também ocorre em decorrênciada degradação ambiental no mar”, conta Cavalcanti que,além de jornalista, também é mergulhador.

Ele percorreu, em 20 dias, 7.180 km de Brasília (DF) atéo Rio Grande do Norte, passando por Fernando deNoronha e descendo ao sul da Bahia. O trabalho de edi-ção e finalização do material foi realizado por uma equi-pe de 12 profissionais do jornal. ●

Em defesa dos corais

Isabelle Figueirôa (JC Online) recebe o prêmio dasmãos do vice-presidente da CNT, Newton Gibson

Leonardo Cavalcanti (jornal “Correio Braziliense”) recebe o prêmiodas mãos do presidente de honra da CNT, Thiers Fattori Costa

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Os dez trabalhos científi-cos vencedores doPrêmio CNT ProduçãoAcadêmica 2009 foram

divulgados em novembro, cuja pre-miação ocorreu no dia 12, em sole-nidade em Vitória, no EspíritoSanto. São iniciativas que envol-vem professores e alunos pesqui-sadores, abordando várias áreasligadas ao transporte, como logísti-ca, tráfego, planejamento, gestão emeio ambiente.

Essa foi a 14ª edição do prêmiocriado em 1996, por meio de umaparceria da CNT e Anpet(Associação Nacional de Pesquisa eEnsino em Transportes). A propostaé incentivar a pesquisa e estimulara descoberta de tecnologias e for-mas de gestão que contribuampara a melhoria da produtividade eda competitividade do setor.

Os trabalhos premiadosserão publicados no livro“Transporte e TransformaçãoXIV”, que será lançado em 2010– o volume com os vencedoresde 2008 já está disponível.

As propostas inscritas devemser de fácil implementação eabordar questões como soluçõesde problemas na operação e pla-nejamento de transporte, alter-nativas para se chegar à reduçãode custos, iniciativas que envol-vam responsabilidade social etambém ambiental. Confira osvencedores no quadro.

Em relação à questão do meio

ambiente, foram destacados emum dos trabalhos vencedores osbenefícios em decorrência daimplantação do sistema de trans-porte rápido e de alta capacida-de de ônibus (TransMilênio), emBogotá, na Colômbia. Conforme oestudo, o desenvolvimento desistemas eficientes e sustentá-veis de transporte público deveconstituir prioridade em cidadesaltamente urbanizadas, conges-tionadas e com problemas depoluição.

A análise dos impactos ambien-tais gerados por corredores exclu-sivos de ônibus mostrou que essessistemas de transporte acarretamredução de emissões de gases deefeito estufa e de poluentes locais.

Também proporciona outros bene-fícios como melhor aproveitamen-to de energia, diminuição do con-sumo de combustíveis e reduçãode acidentes.

Há trabalhos premiados volta-dos para todos os modais de trans-porte. Na solenidade de entregados certificados dos vencedores, aCNT foi representada pelo vice-pre-sidente da Fetransportes(Federação das Empresas deTransportes do Estado do EspíritoSanto), Jerson Antonio Picoli. “Émuito importante que sejam reali-zados esses trabalhos no meio aca-dêmico. São pesquisadores, jovens,muito interessados em desenvol-ver pesquisas que podem vir a sercolocadas em prática pelo setor. É

uma iniciativa que deve ser manti-da”, diz Picoli, ao destacar tambéma importância de os artigos abor-darem os diferentes modais.

Um dos artigos trata do plane-jamento da movimentação de con-têineres vazios ao longo de umacadeia de portos, buscando obalanceamento entre as demandase ofertas, ao menor custo. Paraisso, é proposto um modelo defluxo em rede.

Outro trabalho apresenta oresultado de uma pesquisa comclientes do terminal de cargas doAeroporto Internacional deCampinas/Viracopos, que buscaidentificar a importância do ser-viço oferecido no terminal. Osresultados mostraram que é

POR CYNTHIA CASTRO

PESQUISA

Inovação acadêmicaTrabalhos científicos na área de transporte são premiados pela CNT e Anpet

PAULO TAKASHI/DIVULGAÇÃO

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muito importante o tempo deprocessamento.

Também foi desenvolvido umartigo científico que apresenta ummodelo de otimização para auxiliaro planejamento ferroviário comvisão integrada da rede (operaçãoem linha e pátios). Esse modelo foiaplicado ao transporte de minériode ferro de uma ferrovia brasileira.O objetivo é facilitar o planejamen-to da rede de serviços, desde a ori-gem das cargas até o destino.

Com a premiação, a CNT reiteraseus esforços para aproximar omeio acadêmico aos empresáriosdo setor de transporte. E o desen-volvimento desses trabalhos forne-ce importantes subsídios para queos transportadores de diferentes

modais possam se preparar melhorpara enfrentar os desafios do setor.

A diretora científica da Anpet,Maria Alice Prudêncio Jacques,afirma que a premiação tem sidoum estímulo para a realização depesquisas ligadas ao transportede carga e passageiros. Segundoela, o prêmio é bastante valoriza-do pela comunidade acadêmica.“A concessão de um prêmio pelaCNT reflete o potencial de aplica-ção prática das pesquisas reali-zadas. Há então um estímulomaior ao desenvolvimento denovos trabalhos”, diz Maria Alice,que é engenheira civil e professo-ra do programa de pós-gradua-ção em transporte da UnB(Universidade de Brasília). ●

Conheça os trabalhos vencedores

Trabalho: Um problema de roteirização dinâmica de veículosAutores: Antonio Galvão Novaes, Paulo Juliano Burin (Universidade Federalde Santa Catarina)

Trabalho: O problema de roteamento de veículos com coleta e entregasimultânea: uma abordagem via interated local search e geniusAutores: Márcio Tadayuki Mine, Matheus de Souza Alves Silva, Luiz SatoruOchi (Universidade Federal Fluminense), Marcone Jamilson Freitas Souza(Universidade Federal de Ouro Preto)

Trabalho: Uma heurística baseada em busca em vizinhança variável para o problema de agrupamento de entregas em veículos de uma frota heterogêneaAutores: Jorge Von Atzingen dos Reis, Claudio Barbieri da Cunha(Universidade de São Paulo)

Trabalho: Modelo de decisão para o planejamento da movimentação decontêineres vaziosAutores: Nathalia de Castro Zambuzi, Claudio Barbieri da Cunha(Universidade de São Paulo)

Trabalho: Modelo para avaliação do desempenho da segurança viária através da simulação microscópicaAutores: Flávio José Craveiro Cunto (Universidade Federal do Ceará), Frank Saccomanno (Universidade de Waterloo, no Canadá)

Trabalho: Modelo integrado de apoio ao planejamento da rede de serviçosno transporte ferroviário de cargas: aplicação para transporte de minério deferroAutores: Marta Monteiro da Costa Cruz, Luciano Bandeira Campos(Universidade Federal do Espírito Santo), Fabiano Mezadre Pompermayer(Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada)

Trabalho: Estudo comparativo da análise hierárquica com multiobjetivopara seleção de projetos públicos de investimento em infraestrutura detransporteAutores: Cristianne da Silva Macedo, Joel Castro do Nascimento, NelsonKuwahara (Universidade Federal do Amazonas)

Trabalho: Análise da importância relativa de atributos de nível de serviçoem um terminal de cargas aeroportuárioAutores: Luiz Antonio Tozi, Anderson Ribeiro Correia, Carlos Müller (InstitutoTecnológico de Aeronáutica), Davi dos Santos Mendes, Liu Chia Feng(Faculdade de Tecnologia de São José dos Campos)

Trabalho: Metodologia para quantificar o impacto da duplicação da BR-392/RS no equilíbrio econômico-financeiro da EcosulAutores: Felipe Freire da Costa, Cristiano Della Giustina (Agência Nacionalde Transportes Terrestres)

Trabalho: Benefícios ambientais em decorrência da implantação do sistemade transporte rápido e de alta capacidade de ônibus em Bogotá – o caso doTransMilênioAutores: Renata Almeida Motta, Adrianna Andrade de Abreu, Suzana KahnRibeiro (Universidade Federal do Rio de Janeiro)

Inovação acadêmicaTrabalhos científicos na área de transporte são premiados pela CNT e Anpet

14º Prêmio CNT Produção Acadêmica

Page 26: Revista CNT Transporte Atual - Dez/2009

CNT TRANSPORTE ATUAL DEZEMBRO 200926

Duas novas linhas de crédi-to com recursos do FGTS(Fundo de Garantia doTempo de Serviço), desti-

nadas a investimentos em trans-porte urbano, prometem alterarnos próximos anos o perfil damobilidade nas principais regiõesmetropolitanas do país. A maisrecente delas foi aprovada emoutubro pelo Conselho Curador doFundo e formalizada no mês passa-do pelo ministro do Trabalho,Carlos Lupi, em cerimônia na sededa CNT (Confederação Nacional doTransporte), em Brasília. São R$ 2bilhões disponíveis para projetosde melhoria da infraestrutura epara investimentos em tecnologia

vai ter de estar com as cidades pre-paradas. Eu acho que o recursochega em boa hora”, afirmou opresidente da CNT, Clésio Andrade,após participar da solenidade deassinatura simbólica da resoluçãodo Conselho Curador pelo ministro.O evento contou com as presençasdo vice-presidente da CNT e presi-dente da NTU (Associação Nacionaldas Empresas de TransportesUrbanos), Otávio Cunha, e dos vice-presidentes da Caixa EconômicaFederal nas áreas de Fundos deGoverno e Loterias, WellingtonMoreira Franco, e de Ativos deTerceiros, Bolívar Tarragó.

Otimista em relação ao cenárioeconômico, Carlos Lupi citou as

de transporte público coletivourbano sobre trilhos, pneus ehidroviário em todo o país.

A outra linha de financia-mento, lançada em março desteano após aprovação do conse-lho, prevê a aplicação de R$ 1bilhão na aquisição e na reno-vação da frota de ônibus urba-nos. A expectativa do setor é deque, em ambos os casos, osrecursos do FGTS destinados aotransporte público tornem viá-veis intervenções necessárias àrealização da Copa do Mundode 2014 e da Olimpíada do Riode Janeiro em 2016.

“Nós teremos que enfrentar aCopa de 2014 e o Rio-2016, e o Brasil

obras do PAC (Programa deAceleração do Crescimento) e ameta de construção de moradiasdo Programa Minha Casa, MinhaVida como justificativa para a apli-cação de recursos do FGTS namelhoria da infraestrutura viária.“É estratégico que você tenhainvestimento em infraestrutura detransporte. Para fazer a interliga-ção das regiões, ajudar o trabalha-dor na acessibilidade entre seu tra-balho e sua residência e tambémpara escoar a produção das empre-sas, da indústria e da agricultura.”

Lupi também destacou a pre-mência de investimentos que aten-dam às exigências internacionaisem relação à infraestrutura urbana

Decisãoimportante

POR SUELI MONTENEGRO

MOBILIDADE

Recursos do FGTS devem financiar investimentosem transporte urbano nos próximos anos

REUNIÃO Wellington Moreira Franco (vice-presidente Caixa), Carlos Lupi (ministro do Trabalho) e Clésio Andrade, presidente da CNT, na sede da entidade

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das cidades-sede da Copa e daOlimpíada. Do ponto de vista dotrabalhador, lembrou que a aplica-ção dos recursos do fundo é positi-va porque eles são remunerados egeram novos empregos. “Quantomais o trabalhador tiver carteiraassinada, mais contribuição vai terpara o FGTS. É o efeito cascata quese multiplica”, disse.

As operações envolvem aemissão, pelo tomador dosrecursos, de cotas de FIDCs(Fundos de Investimentos emDireitos Creditórios), de CRIs(Certificados de RecebíveisImobiliários) ou de debênturesvoltados para a infraestrutura detransporte coletivo urbano ou de

característica urbana. Essespapéis serão incorporados aopatrimônio do FGTS e terão prazode resgate e remuneração pre-viamente definidos pela empresae negociados com a CaixaEconômica Federal, administra-dora do fundo.

O presidente da NTU, OtávioCunha, informou que R$ 150milhões dos R$ 2 bilhões aprova-dos agora poderão ser destinadosao financiamento de projetos dereforma de terminais urbanos emGoiânia (GO), onde o setor já se pre-para para a implantação de servi-ços baseados no conceito interna-cional de ITS (Sistemas Inteligentesde Transportes, na tradução para o

português), como informatizaçãode atividades e adoção de instru-mentos de acesso dos usuários ainformações sobre linhas, horáriose rotas em tempo real.

Para o diretor-superintendenteda NTU, Marcos Bicalho, o momen-to atual é uma boa oportunidadepara que o setor aposte em proje-tos que possam trazer ganhos dequalidade para o transporte coleti-vo urbano, como o do BRT (BusRapid Transit), que consiste naimplantação de corredores exclusi-vos para veículos com maior capa-cidade de transporte e melhoracessibilidade para os usuários. “Játemos projetos de BRTs em cidadescomo Recife, Salvador, Belo

Horizonte, Curitiba e Brasília, o quevai criar demanda por esses recur-sos”, afirma Bicalho. O dirigentelembra que, além do setor priva-do, os projetos viários paramelhoria da mobilidade urbanadeverão contar com investimen-tos públicos, que usarão recursosde fontes como o Pró-Transporte(Programa de Infraestrutura deTransporte e da MobilidadeUrbana), entre outros.

Marcos Bicalho acredita que,embora os recursos para renova-ção da frota de ônibus urbanosestejam disponíveis há maistempo, os projetos da linha de cré-dito para infraestrutura e tecnolo-gia tendem a ser aprovados maisrapidamente porque os papéispodem ser emitidos pelos própriosoperadores de transporte. No casoda aquisição de ônibus novos, oacesso ao crédito será feito porintermédio de instituições finan-ceiras, responsáveis pelo lança-mento desses papéis.

O consultor José Colombo deSouza Netto, representante daCNT no Conselho Curador do FGTS,acredita que tudo é questão detempo, já que a Caixa EconômicaFederal está em fase de finaliza-ção dos instrumentos financeirosque vão possibilitar a contrataçãode financiamento para a moderni-zação da frota. Além da Caixa,outras instituições poderão pro-mover o lançamento de papéiscom essa finalidade. ●

JÚLIO FERNANDES/ASCOM/CNT

REUNIÃO Wellington Moreira Franco (vice-presidente Caixa), Carlos Lupi (ministro do Trabalho) e Clésio Andrade, presidente da CNT, na sede da entidade

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CNT TRANSPORTE ATUAL DEZEMBRO 200928

Território vasto debeleza e atrativosnaturais, o litoral bra-sileiro encanta turis-

tas de todo o mundo. ONordeste, rota de naviosestrangeiros que chegavam detodos os cantos da Europa embusca das riquezas da região,guarda, no fundo de suaságuas, lembranças permeadasde aventuras. Os naufrágios,principalmente emPernambuco e Fernando deNoronha (antigo território daUnião e hoje parte do Estadopernambucano), são procura-dos por mergulhadores habili-tados e iniciantes sedentospelos encantos guardados

entre os destroços de velhasembarcações e a vida marinhaque surge, dia após dia, nosfragmentos da história.

Em Recife, capital pernam-bucana, mergulhadores e turis-tas encontram opções variadasde centros de mergulho queoferecem pacotes turísticospara os naufrágios. Os naufrá-gios com maior frequência demergulho são VaporPirapama, Taurus, Servmar 10e Servmar 1. Algumas dasembarcações estão naufraga-das há mais de cem anos. Alocalização, próxima à costa,facilita o deslocamento até asáreas onde eles acontecem.

O primeiro naufrágio em

território pernambucano datade 1503. Segundo o arqueólogosubaquático e mergulhadorCarlos Celestino Rios e Souza, acosta de Pernambuco teveaproximadamente 3.000 nau-frágios. “Apenas 232 sãoconhecidos e 31 embarcaçõesforam localizadas.”

O arqueólogo explica quePernambuco, entre os anos de1500 e 1800, possuía 22 portosde grande vulto. “Em cada rioque desembocava no mar haviade um a dois portos para oescoamento do açúcar.”Embarcações francesas, ingle-sas e holandesas são os nau-frágios mais comuns. Os euro-peus, segundo ele, chegavam a

Mergulhono passadoMergulhadores são atraídos pelos encantosguardados entre os destroços de velhasembarcações no litoral de Pernambuco

POR LETICIA SIMÕES

“Existem estudos

que mostramque algumasespécies depeixes têm

reproduzido nosnaufrágios”

AVENTURA

RARIDADE Em Fernando de Noronha, a Corveta Ipiranga (V17) afundada em 1983, atrai pela beleza e ri queza das espécies, como pode ser conferido nessas tiradas imagens no local

MÚCIO LUIZ BANJA, BIÓLOGO E PROFESSOR DE

ECOLOGIA E ZOOLOGIA DA UPE

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FOTOS ATLANTIS DIVERS/DIVULGAÇÃO

RARIDADE Em Fernando de Noronha, a Corveta Ipiranga (V17) afundada em 1983, atrai pela beleza e ri queza das espécies, como pode ser conferido nessas tiradas imagens no local

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Pernambuco por diversos moti-vos. “Ingleses e franceses pra-ticavam o escambo com osíndios. Já os holandeses trava-ram guerrilhas territoriaisnessa região.”

Para Souza, a dificuldadeem localizar antigas embarca-ções deve-se ao tipo de mate-rial aplicado em suas estrutu-ras. “A maioria é embarcaçõesde madeira. Esse material vaisendo carcomido por um tipode molusco. Se essas embarca-ções estivessem em meio àlama, estariam preservadas.”De acordo com ele, esses nau-frágios estão localizados emregiões de estuário (parte derio que se encontra com o mar)

e não oferecem condições demergulho. “É difícil de enxer-gar, pois essas regiões nãoproporcionam visibilidade.Alguns desses naufrágiosestão concentrados próximosaos portos do Recife e deSuape. “Eram embarcações àvela e ficavam vulneráveis àscondições climáticas e às cor-rentes oceânicas.”

No início dos anos 2000,uma alternativa para ampliaras opções turísticas de naufrá-gios começou a ser concretiza-da. Navios rebocadores queseriam sucateados foram afun-dados na costa, propositalmen-te, para incentivar o turismo demergulho e produzir recifes

artificiais. Os primeiros naufrá-gios artificiais de Pernambucocontaram com o apoio daempresa Wilson Sons, que doouembarcações desativadas àAempe (Associação dasEmpresas de Mergulho doEstado de Pernambuco).

O mergulhador Joel Calado,diretor do projeto Mar Centrode Mergulho, participou dealgumas operações de naufrá-gios artificiais. “Em fevereirode 2002, foram afundados trêsrebocadores para formação derecifes artificiais. Todo o mate-rial nocivo ao meio ambientemarinho foi retirado”, dizCalado. O trabalho teve a ava-liação do Ibama (Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente edos Recursos NaturaisRenováveis) e da CPRH(Agência Estadual de MeioAmbiente e Recursos Hídricosde Pernambuco), que é o órgãolicenciador. O Ibama possuiuma instrução normativa paranaufrágios artificiais. Além daentidade, esse tipo de opera-ção deve ter também autoriza-ção da Capitania dos Portos,pois estão localizados em rotade embarcações e situados emcarta náutica.

O biólogo e professor deecologia e zoologia da UPE(Universidade do Estado dePernambuco) Múcio Luiz Banjaafirma que não é permitido

HÁ 150 ANOS Imagem do naufrágio do Vapor 48 ESPÉCIES Parú Real (azul) e Dentão (vermelho) no Vapor 48

“Um mergulho legal é aquele onde se tem água limpa e muita vida marinha”EDISIO OLIVEIRA ROCHA, SÓCIO-DIRETOR E INSTRUTOR DE MERGULHO DO AQUÁTICOS CENTRO DE MERGULHO

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afundar embarcações emlocais onde existem recifesnaturais. “Há uma pesquisaanterior para conhecer a área.Um diagnóstico com o estudodas correntes oceânicas, tiposde espécies e todas as caracte-rísticas do local, é produzidopara a avaliação das entidadescompetentes.”

Edisio Oliveira Rocha, sócio-diretor e instrutor de mergulhodo Aquáticos Centro deMergulho, diz que para um bommergulho nos naufrágios devehaver boa visibilidade no fundodo mar. “Um mergulho legal éaquele onde se tem água limpae muita vida marinha. EmRecife, a água é transparente,

com média de 27º C de tempe-ratura. Tem-se boa visibilidadecom até 20 metros de profundi-dade e a temperatura da águapode chegar aos 40º C com 20metros.”

As escolas chamam o pri-meiro mergulho de “batismo”,quando o iniciante deve passarpor um curso com aulas teóri-cas e práticas. A duração variaconforme a carga horária ofe-recida pelo centro de mergu-lho. As aulas práticas são reali-zadas em piscinas e o primeiromergulho é sempre acompa-nhado por um instrutor quemergulha em dupla com o“batizado”.

A maioria dos centros reali-

FOTOS JOEL CALADO/PROJETO MAR/DIVULGAÇÃO Uma paisagem à parteCENÁRIO

Fauna variada e flora diver-sificada. Assim, Múcio LuizBanja, biólogo e professor deecologia e zoologia da UPE,define a biota (fauna e flora)marinha de Pernambuco.Representantes de todos ostipos de algas e as tradicionaistartarugas verdes vistas comfrequência no litoral pernam-bucano são algumas espéciesque embelezam o cenário dosnaufrágios.

Banja diz que há uma varia-ção de espécies animais evegetais entre a temporada demergulhos e a baixa estação.“No período de maior ativida-de turística há uma faunamuito rica. Já no período dechuvas verifica-se um maiordesequilíbrio. Sem exploração,na baixa temporada, o ambien-te por si só se recupera, háuma autorregulação natural”.

O professor enaltece aimportância das orientaçõesrepassadas pelos centros noque se refere à preservação dafauna e flora marinhas. “Oscentros de mergulho orientamos alunos para não tocar e nãonadar próximos ao fundo.Corais, por exemplo, morremao toque. Outra preocupaçãosão as bolhas do oxigênio emi-tidas pelos mergulhadores,que aceleram o processo deoxidação do ferro, além dorisco de acidente com o des-moronamento do recife. Porisso, não se pode entrar nosnavios”, diz Banja.

O biólogo da UPE afirmaque os naufrágios artificiais setornaram um grande acervo

para pesquisas científicas e,mais que isso, transformaram-se em um novo habitat para osanimais. “Existem estudos quemostram que algumas espé-cies de peixes têm reproduzi-do nos naufrágios. Passou aser um criatório natural.Animais que crescem nos nau-frágios formam um ponto deapoio para espécies que fazemmigrações, como as lagostas.”

Segundo Banja, os ouri-ços são um dos seres quevivem nos recifes dos nau-frágios. “Em Pernambuco, osrecifes naturais estão muitoagredidos pela ação antrópi-ca (interferência do homem)no meio ambiente marinho.Os recifes artificiais estãoservindo de ‘albergue’ paraesses seres e podem aumen-tar a dispersão e a distribui-ção das espécies.”

Tubarões também sãoencontrados no fundo daságuas pernambucanas.Contudo, o biólogo garanteque a espécie que ronda osnaufrágios é dócil e não agri-de. “Existe a oportunidade deencontrar com tubarões. Raiase tubarões lixa dormem dentrodos naufrágios. É um tubarãopacífico, não apresenta risco. Aorientação dada é para nãotocar nos animais.” A presençado tubarão lixa nas áreas dosnaufrágios auxilia na estabili-zação da biota. “Faz parte doequilíbrio alimentar, pois háuma população enorme depeixes menores, e o tubarãolixa é o topo dessa cadeia”,afirma Banja.

ANTIGO Caraúna azul nos corais do Pirapama, naufragado em 1889

“Um mergulho legal é aquele onde se tem água limpa e muita vida marinha”

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za os mergulhos de batismonos finais de semana.Instrutores e alunos saem,geralmente, do porto do Recifea bordo de um catamarã –embarcação com capacidadepara até 40 tripulantes. Rochadefine o catamarã como sendoideal para o deslocamento dacosta até os pontos de naufrá-gio. “A embarcação é confortá-vel, espaçosa e balança muitopouco.”

A alta temporada de mergu-lhos vai de setembro a maio. Aescolha do naufrágio a ser visi-tado é feita de acordo com ascondições climáticas. “Noperíodo de baixa, de junho aagosto, o mar fica muito agita-

do e a prática do mergulho nãoé aconselhável”, diz Calado.

Para o instrutor de mergu-lho e um dos proprietários doCentro de Mergulho Scuba Rec,Luiz Neves, conhecido no seg-mento como Caballero, naufrá-gios acima de 30 metros deprofundidade só são recomen-dáveis para mergulhadorescertificados, ficando o “batis-mo” para embarcações afunda-das abaixo dessa média.“Naufrágios com maior profun-didade ficam longe da costa. Adistância dificulta a ida a essasembarcações, já que aumentao custo operacional.” Por essemotivo, explica, o turismo denaufrágio, seja para mergulha-

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GUIA DO MERGULHO

Naufrágios mais visitados

Vapor PirapamaData do afundamento: 1889 Local: RecifeNacionalidade: brasileiraCondições: desmantelado

TaurusData do afundamento: 2006 (artificial)Local: RecifeNacionalidade: brasileiraCondições: inteiro

Servmar 10Data do afundamento: 2002 (artificial)Local: RecifeNacionalidade: brasileiraCondições: inteiro

Servmar 1Data do afundamento: 2004 (artificial)Local: RecifeNacionalidade: brasileiraCondições: semi-inteiro

CENTROS DE MERGULHO

Aquáticos Centro deMergulhoTel.: (81) 3424-5470www.aquaticoscentrodemer-gulho.com.br

Scuba Recwww.scubarec.com.brTel.: (81) 3325-4568

Projeto MarTel.: (81) 3326-0162www.projetomar.com.br

Atlantis DiversTel.: (84) 3206-8840www.atlantisdivers.com.br

No período de junho a agosto, o mar fica muito agitado e a prática de mergulho não é aconselhável”

“Essesnaufrágios

possuem umacombinaçãoúnica de sensaçõespara quemnunca

mergulhou”

JOEL CALADO, ODIRETOR DO PROJETO MAR CENTRO DE MERGULHO

PATRICK MÜLLER, RESPONSÁVEL PELO ATLANTIS DIVERS

PREFERIDO Imagens de mergulho no naufrágio Taurus, em Recife, uma das opções de mergulho mais procuradas

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dores certificados ou não, éfeito em embarcações afunda-das próximas à costa.

Em Fernando de Noronha, omergulhador encontra trêsopções de mergulho em nau-frágio: os chamados Navios doPorto, afundados na década de20, o Navio do Leão (1926),localizado na enseada da Praiado Leão, e a Corveta Ipiranga(V17) afundada em 1983, comprofundidade de 60 metros. OAtlantis Divers é um dos cen-tros de mergulho que atua naregião de Fernando deNoronha.

Patrick Müller, responsávelpelo centro, diz que os Naviosdo Porto são ideais para o

“batismo” em Fernando deNoronha. “Esses naufrágiospossuem uma combinaçãoúnica de sensações para quemnunca mergulhou. Têm umafauna muito rica, corais mara-vilhosos, fundo de areia e todoo mistério que envolve os nau-frágios.” Para ele, explicar oque se encontra nas regiões denaufrágios é quase impossível.“Cada naufrágio possui suascaracterísticas. Alguns têmmais vida, com fauna abundan-te. Outros são mais misterio-sos. Existem naufrágios quaseinteiros ou desmantelados. Mastodos têm uma história efazem funcionar a imaginaçãode quem os visita.”

As belezas dos recifes e arica fauna que se formam nosnaufrágios arrebatam atémesmo instrutores já acostu-mados com a prática do mer-gulho. “Todo mergulho é dife-rente do outro, mesmo queseja em um naufrágio já visita-do. A cada dia há possibilida-des de atrativos diferentes. Avida marinha se transformacotidianamente”, afirma JoelCalado. Caballero tem uma pre-ferência pessoal. “O Flórida,localizado a aproximadamente20 km da costa de Recife, é umdos meus preferidos. A belezado naufrágio em si já é linda.As operadoras não vão comfrequência em virtude da dis-

tância e, por isso, a vida mari-nha desse naufrágio é maisabundante,” diz.

Os centros de mergulhoorientam os alunos quanto àpreservação da biota (fauna eflora) marinha. “Desde o cursopara formação de mergulhado-res ou para o ‘batismo’, a pre-servação ambiental é sempredestacada. Alertamos para queos alunos não toquem e nãoalimentem os animais.Também é ratificado que nãose pode levar nenhum objetodos naufrágios. A única recor-dação que se deve trazer dofundo do mar são lembranças,fotos e filmagens”, afirmaEdisio Rocha. ●

FOTOS SCUBA REC/DIVULGAÇÃO

No período de junho a agosto, o mar fica muito agitado e a prática de mergulho não é aconselhável”

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Reconhecida pela efi-ciência de seu trans-porte urbano,Uberlândia fez, em

agosto, uma importantetransformação que mexeucom o dia a dia dos usuáriosdo sistema. O município, loca-lizado na região do TriânguloMineiro, alterou a operaçãodo transporte coletivo paraoferecer maior agilidade ecomodidade. Inspirado noprojeto de Curitiba (PR), o SIT(Sistema Integrado deTransporte), implantado em

1997, conta com corredoresexclusivos de ônibus e atende4,5 milhões de usuários pormês. A partir da nova licita-ção, o sistema passou a seroperado por três empresas:Autotrans, Viação São Miguele Sorriso de Minas.

Hoje, o SIT permite que ousuário se desloque paraqualquer ponto da cidade emude de ônibus nos terminaisquantas vezes forem necessá-rias pagando somente umatarifa, no valor de R$ 2,20.Com as exigências do edital,

as empresas operantes tive-ram de se adaptar. A atualfrota de Uberlândia faz partede uma das de menor idademédia do país (seis meses) e é100% adaptada para pessoascom deficiência física ou commobilidade reduzida. Asnovas regras entraram emvigor no dia 30 de agosto.

O SIT recebe investimentosdesde sua implantação. Omonitoramento semafórico, apartir de 2000, e o monitora-mento da frota via GPS, em2004, são alguns dos aspec-

O SistemaIntegrado deTransporteatende

4,5 mide

passageirospor mês

POR LETICIA SIMÕES

REPORTAGEM DE CAPA

Revoluçãourbana

Município mineiro de Uberlândia promove alterações no transportecoletivo que proporcionam maior agilidade e comodidade aos usuários

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FOTOS VALTER DE PAULA

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tos tecnológicos que impul-sionaram a expansão do siste-ma. Em 2006, com a implanta-ção do Corredor Estrutural daavenida João Naves de Ávila,Uberlândia consolidou-secomo referência do transpor-te urbano. Entre suas caracte-rísticas, o corredor possui fai-xas exclusivas para ônibus, ea abertura das portas paraembarque e desembarque éacionada pelo condutor, dedentro do veículo. Os usuáriospassam pela catraca e aguar-dam os ônibus dentro das

EXCLUSIVO Cidade possui o único sistema de transporte público do Brasil dotado de estações fechadas

Acessibilidade aprovadaADAPTAÇÃO

A frota de Uberlândia seadaptou e hoje pode aten-der com mais eficiência aspessoas com deficiênciafísica ou com mobilidadereduzida. Antes da licitaçãoem vigor, apenas algumaslinhas de ônibus contavamcom veículos adaptados ouadequados (sem elevador,com espaço interno paracadeirantes). A frota atual é100% adaptada com eleva-dores, o que proporcionoumaior mobilidade e confor-to aos cadeirantes do muni-cípio.

Os cobradores dasempresas que operam noSIT passaram por treina-mentos para acionar o ele-vador dos veículos e aco-modar os cadeirantes devi-damente. Esse treinamento,de acordo com a Settran,será contínuo. “As empre-sas devem manter uma roti-na permanente de treina-mentos de seus colaborado-res, para que eles possamatender a população damelhor maneira possível. Aintenção é humanizar o sis-tema”, afirma o secretáriode Trânsito e Transporte deUberlândia, Paulo SérgioFerreira.

O aposentado Jonas daSilva diz que as mudançasbeneficiaram as pessoascom deficiência física de

toda a cidade. “A adaptaçãovaleu demais. Antes eramuito ruim. Para o meubairro só havia um ônibusadaptado. Era bastantedemorado, pois tinha deficar no ponto aguardandoo veículo passar. Agora,todos têm adaptação.Facilitou muito.” Ele é para-plégico e utiliza o sistemade transporte coletivo pra-ticamente todos os dias.“Uso para ir à terapia. A via-gem é confortável, tranqui-la e nos acomodamos bemno espaço reservado aoscadeirantes.”

A cadeirante Marli Fraga,que também depende dotransporte coletivo para sedeslocar, diz estar satisfei-ta com a adaptação dafrota. “A situação dos defi-cientes está bem melhor.Eu pego ônibus quase asemana inteira. A maiordificuldade era ficar pormuito tempo nos pontosaguardando o carro adap-tado passar. Agora, issomudou.” Para JamildaCândido Ferreira, vítima deparaplegia, a adaptação étida como uma vitória. “Usoo transporte público todosos dias. Essa adaptação dafrota é muito importantepara os portadores de defi-ciência. Sempre reivindica-mos essa adaptação.

Acredito que o próximopasso deva ser o constantetreinamento dos cobrado-res e motoristas.”

A lei nº 10.098, de 19 dedezembro de 2000, estabe-lece normas gerais e crité-rios básicos para a promo-ção da acessibilidade daspessoas portadoras de defi-ciência ou com mobilidadereduzida. Para MarceloVassalli, presidente daAbene (Associação Brasileirade Estudos e NecessidadesEspeciais), as cidades cami-nham para o cumprimentopleno da lei. “Alguns muni-cípios já começam a adap-tar veículos públicos e vias,como o Rio de Janeiro, atéporque a legislação obriga.Acho que deveria haveruma cobrança maior paraque a lei fosse determinan-temente cumprida.”

Na opinião de Vassalli,Uberlândia, ao adaptar suafrota, coloca-se à frente deoutros municípios brasilei-ros. “Com essa ação,ganham todos. A iniciativade Uberlândia vem aoencontro das necessidadesdo deficiente. Essa realida-de tem mudado vagarosa-mente no Brasil. A acessibi-lidade sempre esteve emsegundo plano, mas acredi-to que esse processo tendea mudar”, afirma.

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estações. Todas têm entradaexclusiva para cadeirantes.

Responsáveis pelo projetoarquitetônico e urbanísticodo corredor, os arquitetosZied Sabbagh e Tânia Souzaafirmam que a concepçãoteve suas diretrizes apoiadasna demanda projetada para aavenida. “O objetivo foi fazeruma estação que não chamas-se muito a atenção. Pensamosem 13 edifícios que se colo-cassem discretamente na pai-sagem urbana e que tivessemuma linguagem moderna”, diz

Sabbagh. “A ideia foi criaruma estrutura de qualidadepara estimular o transportecoletivo”, completa Tânia. Ocorredor estrutural possui,aproximadamente, 8 km deextensão, com 13 estações,ligando o terminal central aoterminal do bairro SantaLuzia.

Os arquitetos pesquisaramoutros modelos para chegar àconcepção das estações docorredor. “Fomos a São Paulo,Curitiba, Santiago, no Chile, eBogotá, na Colômbia paraconhecer o TransMilênio. Oprojeto não podia ser estrutu-rado tipo ‘gaiola’, como vimosem São Paulo, e tampoucouma obra que não fosse apro-priada ao clima deUberlândia, como as esta-ções-tubo de Curitiba”, afirmaSabbagh.

O conforto e a acessibilida-de dos usuários foram itensimportantes. “Os telhados dasestações são termoacústicose todas elas têm boa ventila-ção natural, pois é cruzada”,diz o arquiteto. Imagens daantiga ferrovia Mogiana, quepassava pelo local onde hojeé a avenida João Naves deÁvila, complementam a comu-nicação visual das estações.

Uberlândia possui o únicosistema de transporte públicodo Brasil dotado de piso baixo

EXCLUSIVO Cidade possui o único sistema de transporte público do Brasil dotado de estações fechadas

e estações fechadas. As esta-ções foram implantadas comdistância média de 500metros entre si. O projetoadotou duas tipologias, com18 e 36 metros, para atenderaté dois ônibus articuladosem cada estação. O desenhodas estações, ao longo docorredor estrutural, possuicinco subtipologias, necessá-rias para atender as caracte-rísticas de cada local, como odesnível entre uma faixa eoutra.

Para o prefeito deUberlândia, Odelmo Leão (PP-MG), as mudanças mais signi-ficativas do SIT, a partir dasnovas exigências, foram aoperação do sistema por trêsempresas e a tarifa única. “Ousuário pode ir de um extre-mo a outro da cidade pagandoapenas uma tarifa. Isso é umagrande virtude do SIT.Também decidimos dividi-loem três lotes para incentivara concorrência e, consequen-temente, proporcionar umserviço cada vez melhor parao usuário.”

A licitação em vigor,segundo Leão, levou três anose meio para ser concluída. “Ofoco principal é o usuário. Apartir do momento em que foidecidida a implantação donovo sistema ficou determi-nado que o passageiro deve

“Realizamos constantes reuniões paramelhorar o sistema em Uberlândia”

“Existe umacomunicaçãoestabelecidaentre asempresas e o poder

concedente”

RUBENS LESSA, DIRETOR DA AUTOTRANS

JOSÉ DUARTE CARVALHO, DIRETOR DA VIAÇÃO SÃO MIGUEL

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CNT TRANSPORTE ATUAL DEZEMBRO 200938

SIT. “O próximo investimentoserá a implantação dos qua-tro corredores estruturais,com faixas exclusivas, paraatender a todas as regiões dacidade. Os projetos de elabo-ração estão em andamento.Vamos revitalizar todos osterminais também. A previsãoé que tudo seja concluído nospróximos três anos.”

Veículos novos e menospoluentes foram, de acordocom Ferreira, algumas dasexigências da atual licitaçãodo SIT.“A questão ambientalfoi levada a cabo pelo edital.A frota é menos poluente,pois todos os veículos pos-suem motor eletrônico, o que

ser tratado como ‘cliente’. OSIT tem de oferecer a eleatendimento de qualidade etoda a comodidade”, afirma.O prefeito destaca que asintervenções no SIT se fize-ram necessárias em virtudedo constante crescimento deUberlândia. “O terminal cen-tral da cidade, quando proje-tado, foi para uma populaçãode 250 mil a 300 mil habitan-tes. Uberlândia tem hoje 634mil habitantes. Portanto, sãointegrações indispensáveis.”

O secretário municipal deTrânsito e Transporte deUberlândia, Paulo SérgioFerreira, afirma que outrosinvestimentos serão feitos no

ALERTA Sandra Barbosa da Silva Silva acompanha todo o sistema

Monitoramento e comodidadeGEOSIT

O SIT conta com uma ferra-menta de fiscalização e opera-ção denominada GeoSit. Oprograma disponibiliza, emtempo real, via GPS, informa-ções acerca de toda a frotaem circulação. “O GeoSit foidesenvolvido para o usuário epara o operador das empre-sas”, afirma o secretário deTrânsito e Transporte deUberlândia, Paulo SérgioFerreira. Segundo o secretá-rio, 100% da frota deUberlândia é monitorada porGPS e até o fim de 2009 toda afrota terá câmeras de monito-ramento instaladas no interiordos ônibus.

Desde setembro, o GeoSit –utilizado anteriormente pelosservidores da Settran(Secretaria Municipal deTrânsito e Transportes) paraadministração, gerenciamen-to e fiscalização do transporte– está disponível para os usuá-rios. Por meio do portal daprefeitura é possível acessar oprograma e escolher a rotaque deseja pesquisar. O usuá-rio também pode acompanharo deslocamento dos veículosem tempo real.

A assessora municipal de

Transportes, Denise Labrea,afirma que o sistema aperfei-çoou a fiscalização do SIT,além de oferecer uma comodi-dade a mais para o usuário.“Não é possível colocar umfiscal no ponto final de cadalinha. Com o GeoSit, a adminis-tração do sistema conseguecontrolar o tempo de paradade cada ônibus em suas para-das finais.”

Para o pleno funcionamen-to e manutenção das estaçõese terminais, o SIT conta comum departamento exclusivo.Sandra Barbosa da Silva, coor-denadora do núcleo de termi-nais e estações do sistema,transita por todos os pontosdiariamente. “Acompanho odia a dia de toda a estruturado SIT, por isso, os motoristastambém colaboram com meutrabalho. Questões relativas àlimpeza de um terminal ou àtroca de lâmpadas de algumaestação são levadas aos fis-cais, que me repassam taisnecessidades”, diz. “Se háalgo errado com a estruturade algum terminal ou estação,sou acionada para tentar solu-cionar o problema”, afirmaSandra.

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diminui as emissões. Antes dalicitação, a frota tinha idademédia de oito anos, hoje aidade média é de seis meses.”

A Autotrans é uma dascompanhias vencedoras. Parao diretor da empresa, RubensLessa, o constante crescimen-to do município foi um dosfatores preponderantes paraa entrada do grupo na cidade.“Uberlândia é uma cidadepromissora, com grandedesenvolvimento, topografiamuito boa e alto investimentoem infraestrutura de trans-portes. As três empresas doSIT trabalham com a Settran(Secretaria Municipal deTrânsito e Transportes) e a

prefeitura. Realizamos cons-tantes reuniões para melho-rar o sistema”, afirma Lessa.

Outra empresa que tam-bém iniciou suas atividades apartir de agosto emUberlândia foi a Viação SãoMiguel, empresa do GrupoDuarte. O diretor José DuarteCarvalho diz que o diálogoentre as empresas e a prefei-tura é primordial para o bomfuncionamento do SIT. “Existeuma comunicação estabeleci-da entre as empresas e opoder concedente. A necessi-dade dessa interlocução égrande. Ninguém conhecemelhor os problemas do quequem opera o sistema direta-

mente.” Ele destaca que aexperiência das empresasoperantes do SIT em trans-porte de passageiros agregaainda mais qualidade ao siste-ma. “Todas as empresas têmexperiência de liderança notransporte. Temos absolutatranquilidade de que o SIT vaise aperfeiçoar bastante pormeio dessa interlocuçãoentre as empresas e o poderconcedente.”

A Sorriso de Minas operano SIT desde 2008. Participouda licitação e permanececomo uma das empresas ope-radoras. O diretor LeandroGulin Crivellaro confia na evo-lução do sistema. “Esperamos

“Essa adaptação dafrota é muitoimportantepara os

portadores dedeficiência”

NOVOS Idade média da frota de ônibus é seis meses REPERCUSSÃO Sistema é destaque internacional

“Esperamos crescer com a cidade, que temum foco arrojado para o transporte coletivo”LEANDRO GULIN CRIVELLARO, DIRETOR DA SORRISO DE MINAS

JAMILDA CÂNDIDO FERREIRA, VÍTIMA DE PARAPLEGIA

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CNT TRANSPORTE ATUAL DEZEMBRO 200940

crescer com a cidade. O pre-feito mostra seu interesseconstante em desenvolver otransporte de Uberlândia. Acidade tem um foco arrojadopara o transporte coletivo.”

Uma das exigências daSettran é que as empresas apli-quem treinamentos constantespara condutores e cobradores.A unidade do Sest/Senat deUberlândia tem participado ati-vamente do processo. “Entrejaneiro e novembro, foramqualificados 900 motoristaspara o curso de condutores deveículos de passageiros”, afir-ma Roberta Micaele Lopes,

coordenadora de desenvolvi-mento profissional doSest/Senat de Uberlândia. Deacordo com ela, a unidade pla-neja aplicar um novo curso em2010 para todas as empresasdo SIT. “Vamos agendar umareunião para janeiro com asempresas do SIT e com a pre-feitura para apresentar o con-teúdo programático do cursoItinerário Formativo deTransporte, dirigido ao trans-porte de passageiros.”

Enio Marcos Vasconcelos,diretor da unidade, afirma queo Sest/Senat de Uberlândiatem todas as condições de

ACESSIBILIDADE A atual frota é 100% adaptada para pessoas com defici ência física ou com mobilidade reduzida

SAIBA MAIS SOBRE O SIT

Frota: 395 veículos

Linhas: 108

Idade média da frota: 6 meses

Total de usuários: 250 mil/dia

Tarifa: R$ 2,20*

* O usuário do SIT pode se deslocar para qualquer ponto

da cidade e mudar de ônibus nos terminais quantas vezes

forem necessárias pagando somente uma tarifa

ESTRUTURA

• Terminais de integração: Central, Umuarama, Santa Luzia,

Planalto e Industrial

• Interligação: linhas troncais (ônibus amarelos), interbairros

(ônibus vermelhos), alimentadoras e distritais (ônibus verdes).

• Corredor Estrutural João Naves de Ávila

• Número de estações: 13

• Frota operante: 51 veículos e 12 linhas

• Tempo embarque/desembarque: 30 segundos (horário de pico)

• Número de viagens ofertadas: 841/dia útil

PESQUISA DE OPINIÃO

• Encomendada pela Settran, em novembro de 2006

Avaliação do Corredor Estrutural João Naves

Ótimo

Bom:

Regular:

Péssimo/Ruim:

Fonte: Settran

58%24%

14%4%

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cooperar com as empresas doSIT, bem como com todo osetor de transportes da cida-de. “A unidade também ofere-ce um curso para fiscais dotransporte urbano, funcioná-rios da Settran. Cinquenta fis-cais efetivos serão capacita-dos até o fim de dezembro. Noinício de 2010, outros 80 serãoqualificados.”

O geógrafo e mestre emtransportes William RodriguesFerreira, coordenador deGeografia da UFU(Universidade Federal deUberlândia), auxiliou a equipede implantação do SIT e atual-

mente é membro do Conselhode Transporte Urbano doMunicípio. Segundo Ferreira,todo o projeto estrutural tevecomo base o modelo curitiba-no. “O plano diretor do municí-pio foi assessorado pelo escri-tório do Jaime Lerner, queidealizou o modelo de Curitiba.Ele trouxe essa ideia de estru-turar a organização da cidadevia sistema de transporte”, diz.Para ele, a implantação do SITsignificou uma importantetransformação para a cidade.“Quando se muda uma estrutu-ra e se modifica todo o sistemade circulação de um município,

a população altera suas orien-tações. A meu ver, o maiorbenefício do SIT foi o avançoque o sistema passou nesses 12anos desde sua implantação.”

Ferreira destaca as evolu-ções do SIT. “A tecnologia emoperação, como o corredor daavenida João Naves de Ávila,foi um avanço. O SIT precisaser constantemente repensadoe uma das melhorias maisimportantes foi a implantaçãodo corredor. Ele dá suporte aosistema.” O geógrafo considerao SIT um exemplo para outrosmunicípios. “O SIT deUberlândia avança e melhoraaceleradamente em relação aoutras cidades de maior porte.Permanecer em constante evo-lução é muito importante.”

O SIT já foi destaque empublicações internacionais e,em outubro, Uberlândia rece-beu o troféu MéritoMunicipalista pelo projetoMelhor Transporte do Brasil,oferecido pela ABM(Associação Brasileira deMunicípios). “Foi um avanço eum orgulho para a cidade terrecebido esse prêmio”, afirmaOdelmo Leão. O SIT também foiconsiderado referência emtransporte público pelaCâmara dos Deputados, pormeio da Frente Parlamentar deTransporte Público, com os sis-temas de Curitiba e Bogotá. ●

ACESSIBILIDADE A atual frota é 100% adaptada para pessoas com defici ência física ou com mobilidade reduzida

Entre janeiro enovembro, o Sest/Senatde Uberlândiacapacitou

900motoristas

META Sest/Senat local projeta capacitar 80 fiscais em 2010

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CNT TRANSPORTE ATUAL DEZEMBRO 200944

GASTRONOMIA

Éno banco de passa-geiro dos tradicio-nais táxis amarelosda maior metrópole

norte-americana que LayneMosler, escritora de gastrono-mia, ouve dicas preciosassobre onde comer bem, comoriginalidade e a preçosgeralmente acessíveis. Todasemana, ela entra em algumtáxi nas ruas de Nova York e,em vez de já ter um destinodefinido, pede ao motoristapara levá-la a um lugar favori-to dele para um lanche, almo-ço ou jantar.

As dicas que saem dessesencontros são postadas em umblog (www.taxigourmet.com).Além de endereços de restau-rantes, bares, lanchonetes ecafés da famosa Big Apple, láestão descritas históriasvariadas que surgem navivência com os taxistas. “Nocaminho, eu pergunto sobre avida deles, o que fazem quan-do não estão dirigindo, porque gostam do restauranteindicado, o que há de especiale qual o prato favorito”, dizLayne, que se autodefine

Dicas de taxistas

Norte-americana Layne Mosler posta em blog bares e restaurantes sugeridos pelos profissionais

como “freelance food writer”.A cada aventura, uma dife-

rente surpresa. Antes de dar osinal para o táxi, ela nuncasabe onde nem o que irácomer. Em grande parte dosrestaurantes indicados, acomida é barata e há peculia-ridades. “São lugares que eununca iria encontrar porconta própria. Restaurantescom alma, de grandes saborese preços muitas vezes baixos.Somente de vez em quando éindicado um lugar de preçomais moderado.”

No blog, estão muitos res-taurantes que fogem ao rotei-ro convencional. As indica-ções são bem variadas e pas-

sam por churrasco, massas eaté comidas vegetarianas.Também é possível encontrardicas de estabelecimentosque oferecem comidas típicasde diferentes países.

A tradicional feijoada bra-sileira é tema de um textopostado no último dia 7 desetembro. Depois de visitar orestaurante brasileiro FavelaGrill, no distrito de Queens,Layne escreveu até sobre aorigem do prato. Citou queMinas Gerais é um centro gas-tronômico no Brasil, com oseu típico pão de queijo, etambém comentou sobre acaipirinha. “As pessoas deMinas sabem cozinhar e cer-

tamente sabem comer bem.”Fez ainda elogios ao país. “OBrasil é onde África, Europa eAmérica nativa se encontra-ram e se misturaram porséculos. É onde tem gentebonita, música bonita, futebolbonito e, como rescaldo, sur-giram belos guisados.”

O projeto Táxi Gourmetteve início em maio de 2007,em Buenos Aires. Natural deBellflower, na Califórnia (EUA),Layne morou na Argentina edurante dois anos realizou oprojeto em Buenos Aires. Aideia surgiu quando ela faziaaulas de tango e pegava táxiregularmente. “Sempre con-versava com os motoristas.

POR CYNTHIA CASTRO

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Depois de alguns meses, per-cebi que eles estavam meensinando mais do que qual-quer pessoa sobre a cidade.Decidi então combinar o meufascínio pelos taxistas e seusconhecimentos à minha buscapara encontrar lugares excep-cionais para comer”, diz.

Layne também se aventu-rou em outras cidades daAmérica do Sul, como Coloniadel Sacramento (Uruguai), edos Estados Unidos, como SãoFrancisco, na Califórnia. Emjunho de 2009, mudou-se paraNova York. Desde 2007, reuniumais de cem restaurantesrecomendados por motoristasde táxis desses três países(Argentina, Uruguai e EstadosUnidos). Ela também trabalhacomo freelance para as revis-tas “Time Out” e “SouthAmerican Explorer”. E paraescrever sobre gastronomiapara essas e outras publica-ções, visitou centenas de res-taurantes em vários países domundo.

Na busca pelas dicas inusi-tadas, Layne já teve de driblarsituações embaraçosas. Emuma delas, vivida na capitalportenha, um taxista argenti-

FOTOS PABLO MEHANNA/DIVULGAÇÃO

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balhou durante 16 anos emtempo integral e depois pas-sou a ministrar aulas de yogae tai chi para outros taxistas.“Quando se trata de aprendersobre uma cidade e encontraros seus sabores, os taxistassão os meus maiores profes-sores. Mas de vez em quandome encontro com algum delescuja sabedoria vai ainda maislonge”, diz Layne.

Em seu blog, a norte-ame-ricana também reproduzalgumas histórias curiosas,

no insistiu em tentar seduzi-la. No momento em que per-guntou a ele sobre o restau-rante preferido, a respostaveio logo com outra proposta.“Ele insistiu em querer jantarcomigo, antes de me levar àsua pizzaria favorita. E ficouainda me contando sobretodas as mulheres que elehavia seduzido em seu táxi”,lembra Layne.

Em um dos textos postadosem 2009, em Nova York, elafala sobre um taxista que tra-

contadas por outras pessoas.É possível, por exemplo, leruma reportagem sobre umaagência especial de táxi emTeerã (Irã). Motoristas e clien-tes são mulheres. As passa-geiras relatam que preferemmotoristas do sexo femininopor se sentirem mais seguras.Muitas taxistas são divorcia-das ou viúvas e outras traba-lham para complementar arenda familiar.

“Um grupo de 700 mulhe-res em Teerã começou seu

Críticos relatam experiência no BrasilPALAVRA DE ESPECIALISTA

No Brasil, a reportagemda CNT Transporte Atualconversou com quatro críti-cos gastronômicos parasaber se eles ouvem a opi-nião dos taxistas antes dedescobrir onde há interes-santes restaurantes, baresou lanchonetes. As respostasforam variadas. Mas algunsdisseram que depende dotipo de estabelecimento doqual se pretende falar.

O editor de arte da “FolhaOnline”, Marcelo Katsuki, quetem um blog sobre gastrono-mia e escreve para a revista“Prazeres da Mesa”, diz quecostuma pegar algumas dicascom os taxistas quando eleestá fora da cidade de SãoPaulo. “Sempre há dicas inte-ressantes, de alguns lugaresque as pessoas não costu-mam ir, às vezes por precon-ceito”, afirma Katsuki, aodizer que o blog tem umaparte focada em restaurantesmais populares. Segundo ele,as boas indicações que járecebeu vão desde um bomespetinho na praia a casas

especializadas em asa defrango frito.

O jornalista BrunoAlbertim, especializado emgastronomia, considera que otaxista pode contribuir comboas dicas, apesar de não sera primeira fonte para se des-cobrir um bom restaurante.“Principalmente em relação arestaurantes que ficam embairros mais afastados, elespodem ter boas indicações.”Albertim é editor de gastro-nomia do “Jornal doCommercio”, em Recife (PE),tem um quadro sobre gastro-nomia na rádio CBN e escrevepara a revista “Prazeres daMesa”.

A colega dele, Flávia deGusmão, também crítica degastronomia, concorda queos taxistas podem dar algu-mas dicas, mas ressalta quedepende muito do tipo de res-taurante do qual se pretendefalar. No dia a dia de trabalho,ela comenta que não costumapedir indicações e alerta queé preciso ter um certo cuida-do. “Na realidade, aqui de

Recife, alguns restaurantesdão gorjeta para o taxistaindicar.”

Luciana Barbo, colunistade gastronomia do cadernoBrasília do jornal “Hoje emDia” e da rádio CBN, tambémdiz que não costuma ouvir asdicas dos taxistas e reforça oalerta sobre as gorjetas.“Algumas barracas de praia,por exemplo, ou restaurantescostumam dar dinheiro (aostaxistas) para serem indica-dos. Então, fico meio descon-fiada sobre a indicação.”

Ela comenta que sempreantes de viajar faz um roteirodos locais que pretende visi-tar. Mas lembra uma dica quedeu certo. Durante uma via-gem a Fortaleza, Luciana jáestava com uma lista sobreas melhores barracas dapraia do Futuro. No caminho,pediu uma dica do taxista eele indicou um nome quefazia parte da lista. Daquelavez, a sugestão deu certo.“A barraca era realmentemuito boa, com uma estru-tura bem grande.”

FEIJOADA Layne visitou o restaurante brasileiro Favela Grill e depois escreveu texto sobre a iguaria no blog

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próprio serviço de táxi, pormulheres e para mulheres. Équase o suficiente para mefazer querer entrar em umavião”, diz Layne, ao dizerainda que talvez essas taxis-tas mulheres ignorariam asdicas de restaurantes e alevariam para um jantar emcasa.

Por enquanto, o TáxiGourmet não tem patrocina-dores. Mas a proposta deLayne para 2010 é conseguiralgum apoio para levar o pro-jeto a outras cidades de todosos continentes. E, se a ideiader certo, o Brasil deve entrarna lista de países visitados.“Fui ao Rio de Janeiro duasvezes, de férias, e amei acomida, a música e o jeito àvontade das pessoas. Gostariade explorar mais o país e falarcom taxistas de diferentesregiões. É um país tão diversoe sei que encontraria umacomida e um povo diferenteem cada lugar que eu fosse.”

Em 2010, o site do TáxiGourmet será atualizadopara que os internautasencontrem as dicas maisfacilmente. Layne tambémpensa em escrever um livrocom todas as histórias ouvi-das no banco de passageirodos táxis que já utilizou equer transformar o blog emuma série de televisão.

Outro projeto para 2010 é

conseguir trabalhar tambémcomo taxista. No final denovembro de 2009, ela estavaem processo de obtenção delicença para dirigir táxi emNova York. “Tenho de ir à‘escola de táxi’ e passar noexame. Depois disso, esperopoder compartilhar meus res-taurantes favoritos com osmeus passageiros.”

Em seu blog, há um longorelato sobre o primeiro diana escola de táxi. Ela comen-ta com entusiasmo que o ins-trutor, um ex-programadorde computador de WallStreet, nascido no Canadá,ensinou os segredos queexistem por trás do sistemade numeração de prédios dailha de Manhattan. Tambémcitou que adorou um vídeosobre como se tornar umprofissional motorista detáxi, no qual um homem mos-tra a um taxista mal-humora-do como encantar os passa-geiros.

Sobre o motivo que a levoua querer atuar na profissão,Layne responde que é poderentender melhor como sesente o motorista de táxi epor que tantas pessoas fazema opção por esse trabalho.Mas afirma que continuará aser usuária dos táxis de NovaYork para poder relatar suasaventuras a partir do bancodo passageiro. ●FEIJOADA Layne visitou o restaurante brasileiro Favela Grill e depois escreveu texto sobre a iguaria no blog

“Quando se trata de encontrar os sabores de umacidade, os taxistas são os meus maiores professores”LAYNE MOSLER, JORNALISTA

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Aluno de escola pública do Distrito Federal cria filtro automotivo e vence prêmio Jovem Inventor

DESPOLUIR

Genialidadeprecoce

POR CYNTHIA CASTRO

Aindignação com afumaça preta quesai dos ônibus ser-viu de estímulo à

criatividade e levou à vitóriaem uma premiação para estu-dantes no Distrito Federal.Ricardo Castro de Aquino, 17anos, aluno de uma escolapública da cidade-satélite deSanta Maria, venceu o prêmioJovem Inventor, concedidopela FAPDF (Fundação deApoio à Pesquisa do DistritoFederal).

Ele tirou o primeiro lugar dacategoria estudante do ensinomédio, técnico ou fundamental,

por criar um filtro automotivoseparador de poluentes. Os tes-tes realizados em ônibus mos-traram que o invento conseguereter até 80% dos poluentesemitidos por veículos movidosa diesel.

O projeto vencedor foi apre-sentado durante a SemanaNacional de Ciência eTecnologia, em Brasília, no finalde outubro. “Fiquei muito felizcom o resultado. Eu telefonavatodo dia para a fundação parasaber se o nome do vencedor jáhavia saído”, diz Aquino.

Durante a conversa com areportagem da CNT

Transporte Atual, no pátio doCEM 404 (Centro de EnsinoMédio), escola do governo doDistrito Federal, o vencedor doJovem Inventor falou umpouco de sua trajetória desucesso nos estudos ao longodos ensinos médio e funda-mental. Na rotina diária, quecomeça por volta das 6h e sótermina depois da meia-noite,o estudante percorre aproxi-madamente 130 km de ônibus.Sai cedo de Santa Maria e vaipara o Plano Piloto (Brasília)fazer estágio no TST (TribunalSuperior do Trabalho). Sãomais de 30 km.

O inventoconseguereter até

80%dos poluentes

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FOTOS JÚLIO FERNANDES/ASCOM/CNT

À tarde, ele volta a SantaMaria para assistir as aulas noCEM 404. E à noite, mais umaida ao Plano Piloto para fazeraulas de inglês e espanhol. Oônibus só retorna para SantaMaria por volta da meia-noite.“Sou dependente do transpor-te público e sempre me irriteicom a fumaça excessiva quesai dos ônibus. Passo muitashoras no trânsito, no mínimoquatro por dia”, diz. Nos últi-mos dois anos, essa poluiçãocomeçou a incomodar mais esurgiu a ideia do invento.

Aquino conta que as primei-ras dúvidas foram em relação

aos males causados à saúde.“Queria saber quais são os com-ponentes da fumaça e o que elespodem provocar quando o serhumano respira esse ar poluí-do.” Ele começou a pesquisar oassunto e hoje fala com natura-lidade de problemas que agra-vam a questão ambiental noBrasil e também reduz a quali-dade de vida das pessoas.“Nosso diesel é um dos pioresdo mundo. O teor de enxofre éaltíssimo e isso leva a umamaior emissão de poluentes.”

No período de pesquisa,Aquino também estudou como aidade da frota de veículos inter-

fere no agravamento da questãoambiental. “Quanto mais velhossão os ônibus, maior será apoluição causada por eles.”

O filtro criado por Aquino éde metal, com aproximadamen-te 26 cm. Dentro, há um feltroespecífico e um gel. Assim, gran-de parte dos poluentes quesaem na fumaça do cano de des-carga fica retida no filtro, com aajuda do gel.

Uma das preocupações doestudo foi dar uma destinaçãoao resíduo. O estudante encami-nhou a amostra para umaempresa que trabalha compneus. “O pó dessa fumaça pode

ser usado no reaproveitamentode pneus. Não queria simples-mente descartar esse produtono meio ambiente. A destinaçãoé importante”, diz.

A elaboração do inventocomeçou há aproximadamenteum ano e meio. O estudanteobteve a ajuda de um professordo CEM 404 e dedicou horas aestudos nos departamentos dequímica e física da UnB(Universidade de Brasília), commuita leitura. Lá, recebeu suges-tões de professores da área deengenharia.

Aquino não teve um profes-sor orientador durante todo operíodo do projeto. A maiorparte dos estudos foi feitamesmo por conta própria. Napremiação para a categoria queele concorreu, estavam previs-tos R$ 10 mil para o professororientador, R$ 10 mil para oaluno e R$ 10 mil para a escola.Como não houve um orientadorde fato, somente ele e a escolaganharam o dinheiro. Durante afase de pesquisa e construçãodo filtro, o estudante tambémcontou com o incentivo doscolegas do TST, onde faz estágiona Coordenadoria de Segurançae Transporte.

Os testes foram feitos emônibus da frota do TST edemonstraram a eficácia doequipamento na contenção de

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parte da poluição que sai dosveículos. Em uma semana,foram retirados aproximada-mente 800 g de poluentes deum ônibus.

O primeiro protótipo do filtroteve um custo maior, R$ 60. Osoutros dois seguintes custaramR$ 20 cada. O estudante foiorientado pelos profissionais dafundação de pesquisa a provi-denciar o pedido de patente doinvento. Segundo Aquino, o pedi-do já está em andamento e eletem tido apoio do Ministério daCiência e Tecnologia.

Ao comentar sobre a aplica-bilidade do invento, o diretortécnico científico da Fundaçãode Apoio à Pesquisa do DistritoFederal, Pedro Sadi Monteiro, dizque “a criação foi feita”. Agora,o segundo passo é aprimoraresse invento. “A ciência é assim.Primeiro, gera (um invento, porexemplo) e vai sendo aprimora-da”, diz o pesquisador, doutorem ciências da saúde e profes-sor da UnB.

Segundo o pesquisador, a ini-ciativa de Aquino mostrou que ofiltro funciona. Agora, pensando

EFICÁCIA Testes do filtro em ónibus do TST comprovaram a eficiência do filtro desenvolvido pelo estudante

Incentivo aos novos talentosOPORTUNIDADE

O prêmio JovemInventor busca estimular ainovação, revelar talentos einvestir em estudantes eprofissionais que procuramalternativas para proble-mas que podem ser sana-dos com ciência, tecnologiae inovação. Em 2009, foi asegunda edição da premia-ção, que destinou, no total,R$ 100 mil aos trabalhosvencedores no DistritoFederal.

“Queremos dar a oportu-nidade dos candidatos mos-trarem o seu trabalho. Oinvento do Ricardo (Aquino)é muito importante porquedemonstra uma preocupa-ção, que é mundial, em rela-ção ao meio ambiente.Apresenta uma alternativapara despoluir”, diz o dire-tor de inovação e capacita-ção tecnológica da FAPDF,Paulo Socha.

A fundação é vinculada àSecretaria de Estado deCiência e Tecnologia doDistrito Federal. O JovemInventor abrange três catego-rias distintas, com premia-ções para o primeiro, segun-do e terceiro lugares (veja oquadro). Também são premia-dos professores orientadoresde algumas categorias.

De acordo com o diretorde inovação e capacitaçãotecnológica, após a premia-ção não ocorre um encami-

nhamento dos projetos ven-cedores por parte da funda-ção. Mas há uma orientaçãopara que o vencedor busqueproteção para seu inventopor meio de patente. “Nossointuito é trabalhar o prêmio, éincentivar as novas ideias. Osprojetos são embrionários e apartir daí deve começar umasucessiva busca por melho-rias”, diz.

Socha destacou tambémoutras premiações oferecidaspela fundação: Pesquisador,Empresário Inovador eJornalismo Científico. NoPesquisador, há seis diferen-tes categorias para as áreasde ciências da saúde, cerradoe meio ambiente, ciênciashumanas, ciências sociaisaplicadas, ciências exatas eda terra, engenharias e tec-nologia.

No Empresário Inovador,são contemplados os profis-sionais que desenvolveramprodutos ou processos deinovação nas suas empresas,com relevantes impactospara o desenvolvimento doDistrito Federal.

E no Jornalismo Científico,que pode concorrer na cate-goria instituição, o veículoque tenha tornado acessívelao público conhecimentossobre ciência, tecnologia einovação. Na categoria indivi-dual, concorre o jornalistaque produziu o material.

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em uma fase mais avançada dopossível lançamento do produtono mercado, Monteiro diz queserão necessários mais testes,com diferentes tipos de veículose combustíveis. “A própriaindústria pode vir a apoiarnovos testes.”

De acordo com Monteiro,em fevereiro de 2010, a FAPDFlançará editais em váriasáreas, como meio ambiente esaúde, para oferecer apoiofinanceiro a projetos de pes-quisa. E o invento do estudan-te do CEM 404 poderá ser ins-

crito para concorrer comoutros projetos a receber ummontante de recurso. “Esse éum invento que temos grandeinteresse em continuarapoiando”, diz.

O diretor técnico científico dafundação destaca que “o maisfantástico” da premiação é apossibilidade de descoberta denovos pesquisadores. “É umaluno que teve a oportunidade.Temos centenas de milhares detalentos que estão aguardandouma oportunidade para mostrarseu potencial.”

Essa não foi a primeira vezque ele venceu um concurso.Aquino conta que há dois anosobteve destaque, entre os estu-dantes do Distrito Federal, nasOlimpíadas de Matemática.Ganhou então uma bolsa deestudos na área de ciências exa-tas na UnB.

Membro da Igreja BatistaInternacional, ele diz que noano passado foi o vencedor deum concurso de redação emtodo o Brasil, com tema aberto.Escolheu falar sobre as religiõesno mundo. O prêmio era uma

bolsa de estudos nos EstadosUnidos, em Nova Jersey, mas eleacabou não indo. Quando esta-va na oitava série, chegou aestudar árabe por seis mesesem um curso oferecido pelaEmbaixada da Arábia Saudita. Eesse curso foi um motivadorpara a escolha da profissão queele pretende seguir. No finaldeste ano e início de 2010,Aquino fará vestibular.

O histórico da trajetóriaescolar dele pode até levar apensar que a escolha será poralguma área das ciências exa-tas. Mas ao ser questionadosobre a profissão que pretendeseguir, o estudante é enfático.“Quero ser um dia embaixadordo Brasil. Poder defender opaís em algum lugar do mundo,de preferência no OrienteMédio. Vou seguir a carreiradiplomática.”

Ele vai prestar vestibular parao curso de relações internacio-nais. “Neste momento, esse é omeu objetivo. É o que eu quero.Por enquanto, não tenho vontadede seguir carreira nas ciênciasexatas. Pode até ser que no futu-ro eu mude de ideia. Mas agora ocaminho que quero é esse.” ●

EFICÁCIA Testes do filtro em ónibus do TST comprovaram a eficiência do filtro desenvolvido pelo estudante

SAIBA MAIS

O filtroÉ um sistema simples que tem como função principal reter poluentes(material particulado) emitidos por veículos movidos a diesel (ônibus e caminhões)

InstalaçãoÉ colocado no fim do cano de descarga do veículo

EficiênciaRetém até 80% dos poluentes (material particulado) emitidos. Outros filtros comerciais conseguem reter apenas a metade do pó

CustoO custo médio de cada protótipo foi de R$ 20

ManutençãoDeve ser feita de 3 a 4 semanas. Basta retirar o filtro e bater com um martelo de borracha para a fuligem sair. A cada manutenção, são retirados mais de 2 kg de fuligem

8

Para saber mais sobre o prêmioJovem Inventor e outras categorias de pesquisa, acessewww.fap.df.gov.br

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Page 52: Revista CNT Transporte Atual - Dez/2009

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Depois do baque econômi-co de 2008 que fez aEmbraer rever os planose os custos de produção,

as perspectivas da fabricante bra-sileira de aeronaves para 2010ainda permanecem negativas.Mesmo com a recuperação econô-mica registrada no segundosemestre deste ano, a empresaprevê queda de 10% nas receitaspara os próximos 12 meses.

Segundo balanço divulgado emoutubro, a receita líquida daempresa no terceiro trimestre de2009 totalizou R$ 2,327 bilhões, R$250 milhões a menos que os R$2,577 bilhões registrados nomesmo período de 2008, quandoteve início a crise econômica que

abalou os mercados mundiais. Aqueda de 9,7% deve-se principal-mente ao mix de produtos entre-gues no período. Houve reduçãona entrega de aeronaves commaior valor de mercado utilizadasna aviação comercial (de 37 em2008 para 29 em 2009) e alta nasde jatos para aviação executiva,com menor valor de venda (denove para 27). No segmento dedefesa, a variação foi pequena,passando de duas para uma. Nototal, a empresa entregou 57 aero-naves entre julho e setembro, novea mais do que no mesmo intervalode tempo de 2008.

No fechamento financeiroanual, mesmo que mantida a esti-mativa de alcançar receita líquida

de R$ 3,23 bilhões, o valor ainda émenor do que os R$ 3,70 bilhões de2008. Porém, a projeção de investi-mentos de R$ 205 milhões estáconfirmada.

Em fevereiro deste ano, 4.200funcionários da empresa foramdemitidos no Brasil. De acordocom Luiz Carlos Siqueira Aguiar,vice-presidente-executivo de rela-ções com investidores daEmbraer, as demissões fizeramparte de um plano de reestrutura-ção iniciado em 2008, o que per-mitiu reduzir em 17% as despesasoperacionais, passando de R$300,5 milhões no terceiro trimes-tre de 2008, para R$ 249,2 milhõesem 2009. “Mesmo assim, não foipossível compensar as perdas. As

despesas ainda são mantidas empadrões elevados”, afirma Aguiar.O custo de produção teve reduçãode apenas 1,4 ponto percentual,passando de 21,4% no início doano para 20% atualmente.

Com a valorização do real fren-te ao dólar, a empresa mantinhaaté setembro uma margem opera-cional de 7%. O mesmo índice deveser verificado no fechamentoanual, ficando abaixo de 2008, queteve margem de 8,5%.

Aguiar afirma que a fabricantetem trabalhado durante todo o anode 2009 para manter a saúde eco-nômico-financeira da companhia.“Este foi um ano difícil porque nosdeparamos com uma redução novolume de pedidos e adiamento de

AVIAÇÃO

Vagarosa recuperação

POR LIVIA CEREZOLI

Embraer prevê queda de 10% nas receitas em 2010 ainda como reflexo da crise financeira

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Morumbi, Edson Luiz Gaspar.Segundo ele, por lá, o governo teminvestido de forma pesada eminfraestrutura aeroportuária, o quedá ao país perspectivas de cresci-mento ainda maiores no setor.

No mundo, a Embraer estimaque em 2009 sejam entregues 115aeronaves comerciais, 17 Legacy600 e Lineage 1000 e aproximada-mente 100 Phenom 100, o menormodelo da companhia. As vendasda Embraer estão divididas emquatro grandes regiões. Em média,a América do Norte responde por40% das vendas, seguida pelaEuropa, com 20%, e Ásia e regiãodo Pacífico (incluindo a China) com18%. A América Latina, excluindo oBrasil, tem participação de 10%.

Sozinho, o mercado brasileiroresponde por 4% das receitas daEmbraer com duas companhiasaéreas operando aviões da fabri-cante. A Azul Linhas Aéreas devefechar 2009 com 14 aeronaves 190e 195 (com capacidades entre 98 e114 e 102 e 122 passageiros, respec-tivamente) operando em 16 desti-nos. Para 2010, estão mantidos osplanos de expansão e aquisição deoutras sete aeronaves Embraer. ATrip, que atua no mercado de avia-ção regional, recebeu as quatroprimeiras aeronaves Embraer 175(com capacidade entre 78 e 88 pas-sageiros) entre junho e julho desteano. Um quinto avião deve ser inte-grado à frota da companhia aindaem 2009. Outros quatro já estão

entregas. Fomos obrigados a reveros custos da nossa produção”, diz.Mesmo com a expectativa de per-das futuras, o vice-presidentegarante que não existe previsão deuma nova reestruturação no qua-dro de funcionários da empresa eainda deixa em aberto a possibili-dade de recontratação dos queforam dispensados. “Se existirencomenda, precisaremos de mãode obra. No momento de volta dasvendas, é natural que haja contra-tações.”

Hoje, a empresa mantém 16.986funcionários contratados em todasas 15 unidades mundiais – seis noBrasil, três nos Estados Unidos,duas na França, duas na China, umaem Portugal e uma em Cingapura.

Do total de funcionários, 94,7%estão no Brasil.

Dona de uma abalada (desde2005, a canadense Bombardier tor-nou-se uma ameaça), mas aindaconfortável terceira posição naaviação comercial, atrás apenas deBoeing e Airbus, a Embraer susten-ta a liderança na fabricação deaeronaves com até 120 assentos,como os modelos integrantes dafamília 170 a 195, carro-chefe daempresa. As aeronaves respondempor 65% das receitas mundiais dafabricante, que deve ampliar alinha de montagem desse tipo dejato fora do Brasil.

A empresa não confirma, mashá notícias de um possível fecha-mento da fábrica em Harbin, na

China, que desde 2003 monta osjatos ERJ-145 (50 lugares) e há trêsanos não recebe novas encomen-das. Para evitar que isso aconteça,a Embraer negocia a instalação deuma nova linha de montagem dasaeronaves 190 naquele mercado – omodelo já é exportado para aregião. “Temos sim claras inten-ções de expandir nossos negóciosna China e em qualquer outrolugar, mas isso não está relaciona-do à ameaça de fechamento denenhuma de nossas unidades”,afirma Aguiar.

A China é mesmo um mercadopromissor, de acordo com o mestreem administração de empresas ecoordenador do curso de aviaçãocivil da Universidade Anhembi

FOTOS EMBRAER/DIVULGAÇÃO

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CNT TRANSPORTE ATUAL DEZEMBRO 200954

entrega dos mesmos. A reporta-gem da edição 169 da CNTTransporte Atual, sobre a Labace2009, considerada a maior feira daaviação executiva da AméricaLatina, realizada em agosto nacapital paulista, já apresentava aexpectativa da Embraer para aretomada dos contratos.

E a recuperação não é um privi-légio só do mercado brasileiro. Emtodo o mundo, espera-se uma altanas encomendas de aviões nospróximos dois anos. “No segundo

encomendados para 2010. Todos osnegócios foram fechados antes daexplosão da crise.

Além da manutenção dessescontratos, o executivo da Embraerespera que o processo de retoma-da de vendas tenha início a partirdo segundo semestre de 2010. Noentanto, a expectativa de reaçãopositiva do mercado deve aconte-cer somente em 2011, devido aointervalo de alguns anos entre omomento em que as companhiasaéreas fazem pedidos de aviões e a

“Ainda não foi possível compen sar as perdas. As despesas estão em padrões elevados”

EXPECTATIVA Operários em linha de montagem da Embraer, que convive com redução dos pedidos

Os efeitos da crise financei-ra não respingaram apenassobre a brasileira Embraer.Outras três grandes fabrican-tes mundiais de aeronaves –Airbus, Boeing e Bombardier –também foram atingidas ebuscam recuperação numcenário ainda conturbado.Mesmo com resultados negati-vos até o terceiro trimestre de2009, as empresas mantêm ootimismo para 2010 e aguar-dam uma nova alta dos merca-dos em 2011. A Bombardier,que reduziu em 10% seu qua-dro de funcionários no iníciode 2009, prevê queda de recei-tas de 10% entre 2009/2010em relação ao ano fiscal2008/2009, período que járegistrou entrega de 232 jatos.

Boletim de resultadosdivulgado em setembro pelafabricante canadense mostraque o lucro líquido do segundotrimestre, encerrado em 31 dejulho, totalizou US$ 202milhões – em 2008, o total domesmo período foi de US$ 259milhões. “Estamos tomando asmedidas necessárias paraenfrentar o difícil contextoeconômico que continua a terimpacto em nossos resulta-dos”, disse Pierre Beaudoin,presidente e chefe-executivoda Bombardier durante a apre-sentação do documento.

A Boeing registrou, no ter-ceiro trimestre deste ano,perda líquida de US$ 1,6 bilhão.A empresa teve 32 encomen-das canceladas. No entanto, asreceitas subiram 9% acima doregistrado no mesmo períododo ano passado, chegando aUS$ 16,7 bilhões. Segundo rela-tório apresentado em outubro,“os números refletem a conti-nuação da fraqueza na econo-mia global, que está começan-do a se estabilizar. O mercadode financiamento de aerona-ves continua a ser um desafio,mas já mostra sinais demelhoria gradual”.

A francesa Airbus nãodivulgou os resultados dasreceitas de 2009.Reconhecendo as dificuldadesenfrentadas pela indústria daaviação, especialmente nofinanciamento de novas aero-naves, a empresa diz que“continua no bom caminhopara conseguir mais um anorecorde de entregas de aero-naves”. Até 31 de outubro, 399haviam sido entregues eoutras 151 estavam encomen-dadas. Além disso, a fabricanteprevê alta na demanda paraaeronaves de grande portenos próximos 20 anos. Até2029, 25 mil aeronaves, comvalor estimado em US$ 3,1 tri-lhões, deverão ser entregues.

Crise afeta fabricantes no mundo

CENÁRIO

LUIZ CARLOS SIQUEIRA AGUIAR, VICE-PRESIDENTE-EXECUTIVO DA EMBRAER

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CNT TRANSPORTE ATUAL DEZEMBRO 2009 55

semestre de 2009, os pedidos para-ram de cair e se estabilizaram.Agora, prevemos que o mercadovolte aos mesmos patamares doperíodo antes da crise, ou atésuperiores”, afirma Gaspar.

Pensando no futuro, a Embraermantém a meta de “sair da crisemais forte do que entrou” e, porisso, divulgou projetos de novosprodutos que já começam a chegarao mercado este ano. Na aviaçãocomercial, devem ser entreguesduas aeronaves Phenom 300. No

total dos novos pedidos, incluindoos Phenom 100, 800 unidades jáforam vendidas. Para Gaspar, daAnhembi Morumbi, na retomada dacrise, a Embraer acerta em investirem aeronaves do tipo VLJs (jatosleves, na sigla em inglês), como oPhenom, porque existe uma ten-dência mundial para a aquisiçãode jatos pequenos com elevadonível de tecnologia e automatiza-ção. “Eles precisam de apenas umpiloto e, por isso, têm custo decompra e operação bem meno-res”, diz o professor. Entre 2012 e2013, devem chegar ao mercadoos novos Legacys 450 e 500 e,para 2015, a Embraer mantém aprevisão de lançamento do car-gueiro militar KC 390.

Após a crise, para recuperar aimagem abalada pelas demissões,a Embraer também passou a inves-tir em comunicação. Um novo sitede relações com investidores(www.embraer.com.br) foi desen-volvido pela RIWeb, divisão de RI doComunique-se. A nova ferramentade comunicação adotou o conceitoda Internet 2.0, integrando os ser-viços mais populares da web, per-mitindo que o conteúdo daEmbraer seja encontrado maisfacilmente. Segundo a empresa, “osite proporciona facilidade decomunicação, o que permite umamaior transparência nas decisõestomadas pela empresa e nos resul-tados obtidos”. ●

“Ainda não foi possível compen sar as perdas. As despesas estão em padrões elevados”

EXPECTATIVA Operários em linha de montagem da Embraer, que convive com redução dos pedidos

PERFIL DA EMBRAERTempo de mercado: 40 anosAtuação mundial: Brasil (6 unidades), EUA (3 unidades), Portugal (1 unidade), França (2 unidades), Cingapura (1 unidade) e China (2 unidades)Área de negócios e mercado: Aviação comercial, executiva e mercado de defesaNúmero de funcionários: 16.986, 94,7% no Brasil (até set./09)

• Resultados (R$ milhões)3º trim./08 2º trim./09 3º trim./09

Receita líquida 2 .577,9 3.019,3 2 .327,5Lucro bruto 580,9 665,8 411,2

• Aeronaves entregues (3º trim./09)Segmento QuantidadeAviação Comercial 29Defesa 1Aviação Executiva 27TOTAL 57

Embraer 170• Capacidade entre 70 e 80 passageiros

Embraer 175• Capacidade entre 78 e 88 passageiros

• Operado pela Trip LinhasAéreas no Brasil

Embraer 190• Capacidade entre 98 e 114 passageiros

Embraer 195• Capacidade entre 102 e 122 passageiros

• Ambos operados pela AzulLinhas Aéreas no Brasil

Phenom 300• Jato executivo com capacidadepara 6 passageiros

• Primeiras unidades entregueseste mês

Legacy 500• Jato executivo de médio porte

com capacidade para até 12 passageiros

• Deve chegar ao mercado entre2012 e 2013

KC 390• Avião militar cargueiro• Chega ao mercado em 2015

NOVIDADES

PRINCIPAIS PRODUTOS

Fonte: Embraer

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A12ª Assembleia da CIT(Câmara Interamericanade Transportes), reali-zada nos dias 4 e 5 de

novembro na sede da OEA(Organização dos EstadosAmericanos), em Washington,Estados Unidos, contou com apresença de diversas entida-des brasileiras ligadas aotransporte e com mais de cemlíderes do setor de transpor-tes de 12 países do continenteamericano. O encontro abriunovas perspectivas de coope-ração entre CIT, OEA e gover-nos das Américas do Norte,Central e Sul.

Chances de cooperaçãoRenovação de frota foi um dos temas emdestaque em encontro nos Estados Unidos

POR LETICIA SIMÕES

ASSEMBLEIA DA CIT

Um dos temas que mereceuatenção especial no encontrodiz respeito à renovação defrota. Para o secretário-geralda CIT, Paulo Caleffi, a idadeavançada da frota de cami-nhões é notória em todos ospaíses, com exceção de Canadáe Estados Unidos. “Um exemploque merece destaque é o daColômbia, onde foi criado umfundo compulsório que indeni-za a retirada de circulação doscaminhões velhos. Em relaçãoaos ônibus, além de Canadá eEstados Unidos, mais paísestêm renovado suas frotas,entre os quais está o Brasil.”

Segundo Caleffi, três pro-postas relativas à renovaçãoda frota brasileira foram apro-vadas durante a 12ª Assembleiada CIT. “O término da exigênciada tradução juramentada dacarteira de motorista deestrangeiro que queira alugarum automóvel no Brasil foiuma delas. O país será sede daCopa do Mundo de 2014 e daOlimpíada de 2016 e receberáturistas do mundo inteiro.Outra refere-se ao tempo dedireção dos motoristas emtrânsito rodoviário.”

Para o dirigente, essa ques-tão preocupa os transportado-

res de todo o continente ameri-cano. “Alguns projetos de leitramitam no Brasil e as restri-ções podem afetar os interes-ses internacionais.” De acordocom Caleffi, a apresentação dalegislação vigente nos EstadosUnidos serviu de exemplo paraoutros líderes. “A ATA (AmericanTrucking Association, entidadeque representa a indústria decaminhões) apresentou a legis-lação dos Estados Unidos, queestabelece dez horas de des-canso para 14 horas trabalha-das, sendo 11 horas para otempo de direção.”

A terceira proposta foi um

OPORTUNIDADES Assembeia em Washington abriu novas perspectivas de cooperação entre CIT, OEA e governos das Américas do Norte, Central e Sul

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CNT TRANSPORTE ATUAL DEZEMBRO 2009 57

de Washington, uma declara-ção dos países-membros pre-sentes à 12ª Assembleia da CIT.“A Carta de Washington seráendereçada às autoridades dosgovernos dos países quetenham relações diretas comos interesses de todos osmodais de transporte de pes-soas e de cargas”, diz Caleffi.Segundo ele, o documento foi oprimeiro do tipo elaboradodurante as assembleias daentidade e “marca a presençada CIT na OEA, sede de todos osgovernos dos países do conti-nente.”

O documento propõe aos

governos o apoio aos progra-mas de renovação de frota ede combate à informalidadeno setor. À OEA, a CIT reco-mendou a ampliação da atua-ção do organismo em outrosmodais do transporte, como oterrestre e o aéreo. A área deatuação da OEA no setor detransportes está, atualmente,restrita ao setor marítimo-portuário. “O setor marítimo-portuário, por sua atuaçãoeminentemente internacional,sempre manteve ativa a CIP(Comissão Interamericana dePortos) no âmbito da OEA. Osdemais modais, somente

agora, por meio da CIT, estãosendo representados perantea Organização”, afirmaCaleffi.

A necessidade de integra-ção de navios e portos aosoutros modais foi consideradadurante o encontro. “Por parteda CIP/OEA houve a manifesta-ção de que navios e portosnecessitam integrar-se com osdemais modais e, como evidên-cia, está a prestação de servi-ços dos sistemas ferroviários,rodoviários e fluviais”, diz osecretário-geral da CIT.

Para Caleffi, a 12ªAssembleia da CIT teve comogrande resultado a relaçãoestabelecida com a OEA e assugestões propostas para osetor de transportes. “Foi umaassembleia marcada pela sole-nidade. As propostas foramaprovadas por unanimidade.Além disso, o reconhecimentopor parte da OEA de nossospropósitos foi muito significati-vo para todos os países-mem-bros da Câmara.”

A próxima Assembleia daCIT está marcada para os dias13 e 15 de maio de 2010, emMedelín, Colômbia. SegundoCaleffi, o México será sede dasegunda assembleia de 2010.No encontro programado paraa Colômbia, o dirigente adian-ta que a OEA planeja realizarsimultaneamente a reunião desua Comissão Interamericanade Portos. ●

pedido das entidades brasilei-ras presentes na Assembleia. Arogativa é para que se mante-nha o reconhecimento da ativi-dade de transportador autôno-mo de cargas para os caminho-neiros sem vínculo com asempresas.

Outros temas debatidosforam as medidas tomadascom relação à segurança notransporte de pessoas e bensnas diferentes nações dasAméricas e o fortalecimentodas relações comerciais entreos países americanos.

O encontro resultou em umdocumento denominado Carta

OPORTUNIDADES Assembeia em Washington abriu novas perspectivas de cooperação entre CIT, OEA e governos das Américas do Norte, Central e Sul

OEA/DIVULGAÇÃO

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FERROVIÁRIO

Embora a instalação de um TAV (Tremde Alta Velocidade) entre as duasmaiores metrópoles do Brasil - SãoPaulo e Rio de Janeiro - já tenha sido

discutida em épocas anteriores, só agora opaís trabalha de forma definitiva para aimplantação do projeto.

As razões para o adiamento da decisão sãomuitas e passam pela falta de recursos exis-tentes em décadas passadas e a inexistênciade uma tecnologia avançada o suficiente paratranspor as barreiras naturais que cortam otraçado da linha e provocam menos impactosambientais.

Em meados da década de 60, além dos

pontos econômicos e tecnológicos, a tomadade decisões políticas estratégicas, que per-mitiu a substituição do modal ferroviáriopelo rodoviário, pode ter sido o fator deter-minante por atrasar a construção de umalinha de trem de passageiros ligando o Rio aSão Paulo em um curto espaço de tempo,segundo especialistas consultados pela CNTTransporte Atual.

De acordo com Paulo de Tarso Resende,doutor em logística e professor daFundação Dom Cabral, a influência políticada indústria do petróleo e a decisão tardiaem privatizar as ferrovias brasileiras sãoos grandes fatores que impediram o Brasil

CenáriopropícioA atual situação econômica do Brasil favorece a implantação do Trem de Alta Velocidade

POR LIVIA CEREZOLI

ISTOCKPHOTOS

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Transportes a responsabilidadepela execução e acompanha-mento do processo de licitaçãoda concessão do direito deexploração do serviço de trans-porte ferroviário de passageirospor sistema de alta velocidade.No mundo, o Japão colocou oprimeiro trem de passageiroscom velocidade superior a 250km/h nos trilhos em 1964. NaEuropa, a primeira linha surgiuna França, entre Paris e Lyon,em 1981.

Para Fábio Tadeu Alves,mestre em engenharia desistemas e integração paraferrovias pela Universidade

O primeiro estudo sobre otransporte de passageiros entreRio e São Paulo foi desenvolvidoem 1981, de forma preliminar,pelo extinto Geipot (EmpresaBrasileira de Planejamento deTransportes), órgão ligado aoMinistério dos Transportes.Outras iniciativas, também semsucesso, foram apresentadasem 1986 e 1987. Porém, foi só nadécada de 90 que surgiu o pri-meiro estudo de viabilidade deimplantação do trem de altavelocidade. O mesmo só ganhoucorpo em 2007, com a publica-ção do decreto 6.256/07, queconcedeu ao Ministério dos

sistema de transporte está rela-cionado a três fatores princi-pais: crescimento da frota deveículos e consequente esgota-mento das vias urbanas e rodo-vias, saturação de aeroportos eexperiência positiva com a pri-vatização das ferrovias de car-gas. “Até 1996, a malha ferroviá-ria nacional era administradapela RFFSA (Rede FerroviáriaFederal) com altíssimos prejuí-zos. Há pelo menos 12 anos, arealidade é outra. Isso gera umaaceitação melhor do modal, queagora passa a transportar, deforma eficiente, passageirosalém de cargas.”

de pensar em trens de altavelocidade ainda na segundametade do século 20.

Segundo ele, mesmo quenão sejam concorrentes dire-tos – o TAV compete com otransporte aéreo pelo tempo epela distância percorridos –, seo Brasil não tivesse substituídoo modal ferroviário pelo rodo-viário, o país poderia estar 30anos à frente e já seria até pos-sível ligar os corredoresVitória-Belo Horizonte-Brasíliae Belo Horizonte-Rio deJaneiro-São Paulo.

Na visão de Resende, hoje, ointeresse repentino por esse

ALCANCE Transporte de passageiros em trens no Brasil praticamente se limita à área urbana das capitais e seu entorno

TAV BRASILEIRO

Extensão: 510,8 km

Número de estações: 8

Velocidade média: 280 km/h

Linhas: Expressa e regional

Tempo de viagem: 93 minutos (Rio-São Paulo direto) - 171 minutos (com escalas)

Preço da passagem: R$ 200 (econômica) e R$ 325 (executiva)

Estrutura: 8 carros (200 m) em 2014. Projeção para 16 carros em 2024

Número de assentos: 458 (expressa) e 600 (regional)

Custo total: R$ 34,62 bilhões

* Custos

Tipo de obra em R$ milhões

Obras civis

Desapropriações e medidas socioambientais

Sistemas e equipamentos

Material rodante

* A engenharia

Tipo Extensão (km)

Túnel

Ponte

Superfície

Fontes: ANTT/TAV Brasil

24.583

312,1 90,9

107,8

3.894,10

3.409,902.739,80

KM 0 Rio de Janeiro/Barão de Mauá

KM 15,2 Aeroporto Galeão

KM 118,3 Barra Mansa/Volta Redonda

KM 328,7 São José dos Campos

KM 390,4 Aeroporto Guarulhos

KM 412,2 São Paulo/Campo de Marte

KM 487,6 Viracopos

KM 510,7 Campinas

KM 0 KM 15,2 KM 118,3 KM 328,7 KM 390,4 KM 412,2 KM 487,6 KM 510,7

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CNT TRANSPORTE ATUAL DEZEMBRO 2009 63

de Birmingham, no ReinoUnido, cinco característicasprecisam ser preenchidaspara que a construção doTAV seja justificada: deman-da suficiente de usuários,custo adequado, interessespúblicos e sociais, tecnologiae cuidado ambiental. “Nopassado, não existia deman-da suficiente de passageirospara um projeto desse tiponem tecnologia desenvolvidao bastante para reduzir osimpactos ambientais de umaobra como essa”, afirma ele.

O amadurecimento econômi-co e político do país também é

apresentado como uma das jus-tificativas para a implantaçãodo projeto. “O Brasil não eraatraente economicamente paraos detentores da tecnologia doTAV. Hoje, a visibilidade conquis-tada e a segurança que eletransmite a outros países per-mitem que o dinheiro estrangei-ro seja aplicado aqui”, afirmaMarcus Quintella, doutor emengenharia de produção e pro-fessor do IME (Instituto Militarde Engenharia) e da FGV(Fundação Getúlio Vargas).

Embora lembre que o siste-ma de transporte de passagei-ros de longa distância nãoseja rentável em nenhumlugar do mundo, Quintella, quetambém é diretor-técnico daCBTU (Companhia Brasileira deTrens Urbanos), ressalta aimportância de um projetodesse tipo. “O lucro é social,pois permite a redução dosníveis de poluição e emissãode CO2, reduz o volume de trá-fego e de acidentes e aindaaproxima cidades de grandeimportância econômica.”

O governo federal tambémengrossa o argumento. De acor-do com Bernardo Figueiredo,diretor-geral da ANTT (AgênciaNacional de TransportesTerrestres), a situação econômi-ca e a política regulatória exis-tentes no Brasil criam um

ambiente favorável ao projetoque não existia em anos ante-riores. Para ele, muito mais quea Copa do Mundo de 2014 e aOlimpíada de 2016, o esgota-mento dos principais aeropor-tos e rodovias brasileiras moti-vou a implantação do TAV. “Otrem de alta velocidade alivia aspressões que existem para aexpansão da infraestruturaaeroportuária. Aumentar aero-portos não é uma medida sus-tentável a longo prazo”, diz.

O TAV vai ligar pelo menosquatro terminais aeroportuá-rios (Cumbica, em Guarulhos;Viracopos, em Campinas;Campo de Marte, em São Paulo;e Galeão, no Rio de Janeiro) e,em longo prazo, pode permitirque outras cidades sejam inte-gradas à malha aérea nacionalpor meio da expansão da redede trens. “É uma estratégiacorreta a que está sendo con-siderada porque quando forpossível ampliar a rede detrens de passageiros, tambémvai ser possível ampliar o aces-so ao transporte aéreo”, afir-ma Alves, mestre em engenha-ria de sistemas e integraçãopara ferrovias. O diretor-geralda ANTT acredita ainda emuma maior integração damalha aérea do país. “O tremvai tornar Viracopos uma alter-nativa viável para ser integra-

ALCANCE Transporte de passageiros em trens no Brasil praticamente se limita à área urbana das capitais e seu entorno

THIAGO HENRIQUE/FUTURA PRESS

“Aumentaraeroportosnão é umamedida

sustentável a longoprazo”BERNARDO FIGUEIREDO, DIRETOR-GERAL DA ANTT

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CNT TRANSPORTE ATUAL DEZEMBRO 200964

O prazo de exploração daconcessão é de 40 anos. AANTT espera que o contratoseja assinado até julho dopróximo ano. O início dasobras depende de licencia-mento ambiental e está pre-visto para 2011, segundo aagência. O governo federaltrabalha com um horizonte decinco anos para que o projetoseja executado e concluído -só seria inaugurado após aCopa do Mundo de 2014.

Resende, da Fundação DomCabral, não acredita nessapossibilidade. Para ele, 2018 éo prazo mínimo para que oTAV esteja em funcionamento.“Não é por questões de enge-nharia, mas simplesmentepelas licenças ambientais queainda não foram requeridas e

rá a União por R$ 1,13 bilhãono capital do concessionáriocom isenção de PIS (Programade Integração Social), Cofins(Contribuição para oFinanciamento da SeguridadeSocial) e ICMS (Imposto sobreCirculação de Mercadorias ePrestação de Serviços).

O TAV brasileiro deve teroito estações em seus 510,8km de extensão, operadas porduas linhas: uma expressa(Rio-São Paulo direto) e outraregional (com paradas nasdemais estações). A viagementre as duas capitais deveter duração máxima de 93minutos. O preço das passa-gens pode variar entre R$ 200e R$ 325, dependendo da clas-se - econômica ou executiva,segundo a ANTT.

da na malha nacional”, acredi-ta Figueiredo.

Segundo Vicente Abate,diretor do comitê ferroviáriodo Congresso SAE Brasil(Sociedade de Engenheiros daMobilidade), pelo menos 70%do transporte de passageirosentre Rio e São Paulo é realiza-do por veículos de passeio eônibus que circulam pela viaDutra, rodovia próxima dasaturação, segundo estimati-vas da Polícia RodoviáriaFederal. “O índice de mobilida-de está sendo reduzido a cadaano. A chegada de grandeseventos esportivos e a expe-riência negativa do caos aéreovivenciada há dois anos,ampliaram as possibilidadesde novas alternativas ao siste-ma de transporte existente. OTAV é a resposta para isso”, dizVicente Abate, que também épresidente da Abifer(Associação Brasileira daIndústria Ferroviária).

Pelos estudos iniciais apre-sentados pela ANTT, o custodo projeto é de R$ 34,6bilhões. Recursos públicosserão aplicados no projetopor meio de financiamentodireto (60%), pagamento dedesapropriações referentesàs áreas do traçado, estações,oficinas e pátios (6,53%) e pormeio da Etav (Empresa deTransporte Ferroviário de AltaVelocidade S.A.), que permiti-

pela enorme quantidade deáreas densamente ocupadaspresentes no traçado.Desapropriações geram dis-putas judiciais que levamtempo para serem resolvi-das.”

Quintella, do IME, tambémacredita em pelo menos oitoanos de prazo entre elabora-ção de projetos básicos e exe-cutivos e operação do siste-ma. “Isso se tudo correr beme existir a continuidade deliberação de recursos e umablindagem política que nãotransforme o projeto em umaTransamazônica ou numaFerrovia do Aço, que nuncachegaram a ser concluídas.” ●

Leia mais sobre o TAV napág. 78

OPÇÃO Metrô tem se mostrado um sistema eficiente para o transporte nas capitais

VAGNER CAMPOS/FUTURA PRESS

Page 65: Revista CNT Transporte Atual - Dez/2009

Entre os dias 23 e 27 denovembro, Brasíliasediou pela primeiravez o FMEPT (Fórum

Mundial de EducaçãoProfissional e Tecnológica), umdesdobramento dos fórunsMundial de Educação e Social.Mais de 15 mil pessoas circula-ram pelos pavilhões do Centrode Convenções UlyssesGuimarães durante os cinco diasdo evento, que recebeu partici-pantes de 16 países e caravanasestudantis de todo o Brasil. Aprogramação do FMEPT contem-plou discussões acerca da edu-cação profissional, atrações cul-turais e oficinas diversas.

A cerimônia de aberturaaconteceu na noite do dia 23,com a presença do presidenteLuiz Inácio Lula da Silva e doministro da Educação,Fernando Haddad. “O FMEPTirá proporcionar um debatecrítico para buscar soluçõesque o Brasil e o mundo preci-sam para alterar a maneiracomo vivemos”, disse o minis-tro na oportunidade.

Ao todo foram apresenta-das 195 atividades culturais,755 pôsteres (mostra de pro-jetos científicos) com proje-tos de todo o país e 19 ofici-nas gastronômicas abertas aopúblico. A mostra estudantilde inovação tecnológica con-tou com 34 trabalhos, e asentidades convidadas, entreelas o Sest/Senat, realizaramoutras 164 atividades entrepainéis, mesas, oficinas epalestras.

Para o secretário deEducação Profissional eTecnológica do Ministério daEducação, Eliezer Pacheco, oFMEPT pode fazer parte do roldos eventos mais relevantesdo mundo na área da educa-ção. “Além da organizaçãoimpecável, o Fórum Mundialapresentou debates e pales-tras de alto nível e reuniu osmais renomados especialistaspara discutir temas de inte-resse da educação profissio-

nal e tecnológica.” SegundoPacheco, o grande diferencialdo evento foi a participaçãoexpressiva dos estudantes.

A Unesco (Organização dasNações Unidas para Educação,Ciência e Cultura) esteve pre-sente no FMEPT por meio dodebate “As ações dos organis-mos e associações internacio-nais nos processos de integra-ção, pesquisa e formação deredes de apoio ao desenvolvi-mento da educação profissio-

PROCURA Fórum, realizado em Brasília, contou com a presença de 15 mil pessoas

Definindoprioridades

Fórum Mundial de Educação Profissional eTecnológica reúne participantes de 16 países

POR LETICIA SIMÕES

ENSINOJÚLIO FERNANDES/ASCOM/DIVULGAÇÃO

Page 66: Revista CNT Transporte Atual - Dez/2009

ELIEZER PACHECO, SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO

PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA DO MEC

nal”. A Unesco tem como umde seus eixos estratégicos aeducação profissional e tecno-lógica, com metas a seremcumpridas de 2010 a 2015. Umadas propostas da organizaçãoé promover a cooperação téc-nica com políticas prioritáriase articulação entre educaçãogeral e profissional.

No dia 26, a grande atraçãodo fórum foi o julgamento deanistia do educador brasileiroPaulo Freire, perseguido e,posteriormente, exilado peladitadura militar. Sua viúva,

ATUAÇÃO Stand do Sest/Senat no Fórum Mundial apresentou os produtos e os cursos oferecidos nas unidades em todo o país

“O FórumMundialreuniu os mais

renomadosespecialistas”

Sest/Senat marca presença PARTICIPAÇÃO

O Sest Senat esteve pre-sente no FMEPT (FórumMundial de EducaçãoProfissional e Tecnológica)oferecendo diversas ativida-des aos participantes comodebates, oficinas e mostrade vídeos. A entidade tam-bém expôs em seu stand osprodutos e cursos ofereci-dos pelas unidades de todoo Brasil. Inscrições para oscursos on-line e técnicospuderam ser efetuadas nopróprio stand.

Segundo Cláudia Moreno,coordenadora de promoçãosocial e desenvolvimentoprofissional do Sest/Senat, oconvite para que a entidadeparticipasse do FMEPT partiudo Ministério da Educação.“O Sest/Senat foi convidadopara integrar o comitê orga-nizador do evento, auxilian-do no seu desenvolvimento eformatação.”

Cláudia diz que os temaslevados ao fórum foram sele-cionados de acordo com opúblico do FMEPT. “Na sele-ção, a equipe do Sest/Senatbuscou temas da atualidade,que oportunizassem a refle-xão dos participantes e queagregassem conhecimento àformação profissional dessepúblico.” O Sest/Senat mobi-lizou quatro equipes para oFMEPT: uma para o comitêorganizador do evento; outra

para a coordenação das ati-vidades apresentadas; umaterceira para a orientaçãodos participantes no stand euma quarta para acompa-nhar as palestras e debatesdo fórum.

Para Cláudia Moreno, oresultado foi positivo tantopara o Sest/Senat quantopara os participantes. “OSest/Senat se sente honradopor ter composto o comitê eter auxiliado na organizaçãodo fórum. A entidade partici-pou ativamente do evento, oque reforça o compromissocom a formação profissionaldos trabalhadores em trans-porte e com o desenvolvi-mento das políticas e diretri-zes da educação profissionaltécnica e tecnológica noBrasil,” afirma.

Durante o FMEPT, oSest/Senat promoveu umdebate para discutir oenfrentamento da explora-ção sexual de crianças e ado-lescentes; a oficina “O serhumano é trans. Por que nãoo profissional?”, que con-templou conceitos de multi,inter e transdisciplinaridade;a mostra Sest/Senat de cur-tas-metragens, com exibiçãodos filmes “Sest/Senat pelaVida nas Estradas”, “Álcool eDrogas”, “Doação de Órgãos”e “Como Manter a suaEmpregabilidade”.

Page 67: Revista CNT Transporte Atual - Dez/2009

CNT TRANSPORTE ATUAL DEZEMBRO 2009 67

Ana Maria Freire, encaminhouo requerimento exigindo aanistia do educador àComissão de Anistia doMinistério da Justiça em 2007.A declaração de anistia foiconcedida durante o FMEPT.“Resolvi fazer o requerimentopara resguardar a cidadaniade meu marido e atestar queele é um verdadeiro brasileiro.Como muitos, ele lutou por umpaís mais bonito e mais justo”,disse Ana Maria. O relator doprocesso, Edson Pistori, pediudesculpas publicamente pelos

atos criminosos cometidospelo Estado durante o regime.“Esse pedido de perdão seestende a cada brasileiro que,ainda hoje, não sabe ler suaprópria língua.” Na opinião dorelator, a perseguição a PauloFreire significou o impedimen-to à alfabetização de milharesde cidadãos e, mais que isso,“um empecilho à conscienti-zação de cada um deles acer-ca de sua condição social.”Aproximadamente 3.000 pes-soas acompanharam o anún-cio da anistia.

As delegações-membro daCPLP (Comunidade de Paísesde Língua Portuguesa) tambémtiveram espaço durante ofórum. Cada delegação apre-sentou seu sistema de educa-ção profissional e tecnológicapara a troca de experiências. Odebate também marcou a cele-bração de projetos de integra-ção entre os países da CPLP.

O encerramento contoucom uma homenagem aAugusto Boal, teatrólogo bra-sileiro criador do teatro dooprimido. Quarenta alunos

participantes de uma oficinabaseada nas metodologiasdesenvolvidas por Boal e rea-lizada durante o fórum subi-ram ao palco para mostrar oque aprenderam. Temas comofamília, violência, corrupção,fome e preconceito foramescolhidos para a encenação.A ideia dos instrutores da ofi-cina foi trabalhar os eixostemáticos do FMEPT.

A organização do fórumelaborou uma carta contendoas principais discussões e pro-postas do evento. O documen-to resume as contribuiçõesoferecidas pelos participantese defende a união entre os tra-balhadores. Durante o encer-ramento do FMEPT e a apre-sentação da carta, o filósofoLeonardo Boff proferiu a frase“outro mundo não é possível, énecessário”. As palavras deBoff são o prólogo do docu-mento. A carta propõe aindaum novo paradigma mundial,fundamentado na cooperação,e não no mercado de trabalho.O documento estabelece tam-bém uma agenda, com com-promissos públicos, como o deaumentar o alcance da educa-ção profissional e promoverações que reconheçam naciência e na tecnologia instru-mentos fundamentais parauma educação melhor. ●

ATUAÇÃO Stand do Sest/Senat no Fórum Mundial apresentou os produtos e os cursos oferecidos nas unidades em todo o país

A mostraestudantilde inovaçãotecnológicacontou com

34trabalhos

Page 68: Revista CNT Transporte Atual - Dez/2009

CNT TRANSPORTE ATUAL DEZEMBRO 200968

Alei que vai traçar asdiretrizes regulató-rias para os biocom-bustíveis no país

terá que levar em conta duasquestões fundamentais parao cumprimento do compro-misso de redução das emis-sões proposto pelo governo: anecessidade de adaptaçãotecnológica dos motores àsnovas possibilidades de usodos combustíveis renováveise a qualidade do produtoofertado no mercado.

A combinação entre essesdois fatores foi discutida emnovembro por representantesdos setores automobilístico,

QuestõesessenciaisDiscussão sobre marco regulatório questiona

tecnologia e qualidade do diesel

POR SUELI MONTENEGRO

BIOCOMBUSTÍVEIS

nas agrícolas e motores esta-cionários.

“Esse binômio veículo-combustível é uma coisa quetem de caminhar absoluta-mente junta. Tem que ter umveículo bem desenvolvido,mas com combustível de qua-lidade”, afirmou LaerteGraner, que representou aAnfavea no painel sobre“Tecnologia de Motores eCombustíveis”. Para o enge-nheiro, é possível garantir obom funcionamento dosmotores na mistura de até 5%de biodiesel ao diesel comum.Essa garantia vale tanto paraos modelos atuais quantopara novos veículos de cargaque as montadoras preten-

de transportes e de distribui-ção de combustíveis, durantereunião do grupo de trabalhoda Comissão de Serviços deInfraestrutura do Senado quediscute o marco legal dos bio-combustíveis.

O grupo, criado por inicia-tiva do presidente daComissão, Fernando Collor(PTB-AL), tem organizado umasérie de painéis de discussãopara subsidiar o anteprojetode lei do marco regulatóriodos biocombustíveis. Entre ostemas já abordados estão aprodução agrícola e de com-bustíveis renováveis e a parti-cipação do etanol na matrizenergética brasileira. A inten-ção é que a proposta seja

apresentada aos senadoresaté o final dos trabalhoslegislativos deste ano.

Baseada nos testes realiza-dos em motores com diferen-tes misturas de biodiesel ediesel comum, a Anfavea(Associação Nacional dosFabricantes de VeículosAutomotores) concluiu que osucesso do ProgramaNacional de Produção e Usodo Biodiesel estará condicio-nado à existência de diesel dequalidade. A entidade partici-pou ativamente de testes comas misturas B5 (5% de biodie-sel no diesel comum, queentrará em vigor em janeirode 2010) e B20 (20% de bio-diesel), esta última em máqui-

Page 69: Revista CNT Transporte Atual - Dez/2009

CNT TRANSPORTE ATUAL DEZEMBRO 2009 69

afirma que é preciso tambémcompatibilizar a capacidadeprodutiva da indústria de bio-combustíveis com a garantiade preços aos produtores dematéria-prima para que o paísavance na questão dos com-bustíveis renováveis.

Os prováveis impactos nomercado da regulamentaçãodos biocombustíveis peloLegislativo despertam cautelano segmento de distribuição.Alísio Vaz, vice-presidente-exe-cutivo do Sindicom (SindicatoNacional das EmpresasDistribuidoras de Combustíveise de Lubrificantes), defende ofortalecimento do papel regula-dor e fiscalizador da ANP(Agência Nacional do Petróleo,Gás Natural e Biocombustíveis)e diz ser necessário preser-var o modelo atual de produ-ção, distribuição e revenda,além de estimular investi-mentos em dutos, ferrovias,navegação e outros meios deescoamento da produção. “Éum produto novo e estamosainda em uma curva deaprendizagem.”

Vaz citou as distorções nosegmento de etanol e afirmouque, apesar da fiscalização, édifícil coibir a atuação deempresas associadas aocrime organizado que adulte-ram combustíveis e sonegamimpostos. ●

dem lançar a partir de 2012,com tecnologia capaz dereduzir o nível de emissões depoluentes e adequá-lo às exi-gências da fase 7 do Proconve(Programa de Controle daPoluição do Ar por VeículosAutomotores).

O diretor-executivo da CNT,Bruno Batista, lembrou que énecessário não apenas capa-citar os motoristas para ope-rar caminhões com novas tec-nologias adequadas à fase 7do Proconve como tambémgarantir um combustível maislimpo. “Nossa preocupação éque durante algum tempo opaís vai conviver com quatrodiferentes tipos de óleo dieselno país: o S10, o S50, o S500 e

o S1800”, disse o dirigente.Cada uma dessas escalasrepresenta o teor de enxofreno diesel em parte por milhão(ppm). Ou, em outras pala-vras, quanto maior o númeroassociado ao diesel, maior ograu de impureza do óleo e onível de emissões de poluen-tes emitido pelos veículos quecirculam com o combustível.

Batista reacendeu o debatesobre a necessidade de umapolítica pública específicapara a renovação da frota decaminhões no país, com areciclagem dos veículos anti-gos. Disse que será necessárioretirar gradualmente de circu-lação aproximadamente 270mil caminhões com mais de 30

JÚLIO FERNANDES/ASCOM/DIVULGAÇÃO

DEBATE Alísio Vaz, Laerte Graner, senador Inácio Arruda e Bruno Batista, diretor-executivo da CNT

anos de vida útil do mercado –50 mil a cada ano – concentra-dos, basicamente, nas mãosde caminhoneiros autônomos.Essa frota, na opinião do dire-tor, tem alto índice de emissãode poluentes, contribui paraaumentar as estatísticas deacidentes nas estradas erepresenta “acréscimo de cus-tos desnecessários”.

Coordenador do grupo detrabalho da Comissão deInfraestrutura, o senadorInácio Arruda (PCdoB-CE)acredita ser necessário umprograma especial direciona-do aos motoristas autôno-mos, com vantagens fiscaisque permitam a substituiçãodos veículos antigos. Arruda

Page 70: Revista CNT Transporte Atual - Dez/2009

CNT TRANSPORTE ATUAL DEZEMBRO 200970

Como meio de oferecerformação profissionalcompleta ao transporta-dor brasileiro, o

Sest/Senat lançou três novos cur-sos voltados para o transporte decargas, de passageiros e taxistas,além de incluir no programa detransporte de produtos perigosose em todos os outros o Módulo deGestão, voltado para transporta-dores autônomos.

Chamados de itinerários for-mativos, em que o profissionalpercorre um caminho até suacapacitação completa, os cur-sos fazem parte do Programa deFormação Especializada em

Transporte, que visa construirelementos de aperfeiçoamentodas práticas didático-pedagógi-cas, disponibilizando cursos deformação e qualificação com-prometidos com os interessesdos trabalhadores do setor detransporte.

O conteúdo didático dos novositinerários está disponível emmódulos – básico, intermediário,especialização e gestão –, comcargas horárias pré-estabeleci-das, possibilitando ao transporta-dor percorrer as etapas do pro-cesso formativo da maneira maisadequada à sua realidade profis-sional. “A forma modular permite

que o profissional planeje a con-clusão do seu curso conforme asua disponibilidade de tempo”, dizCláudia Moreno, coordenadora depromoção social e desenvolvi-mento profissional do Sest/Senat.

A cada etapa concluída, oaluno recebe um selo referenteàquele conteúdo – bronze para obásico, prata para o intermediárioe ouro para a especialização. Osselos são afixados no certificadode conclusão do programa. Deacordo com Cláudia, essa foi aforma encontrada pelo Sest/Senatpara valorizar a qualificação dosprofissionais. “Os selos mostramao mercado de trabalho que o

transportador é um profissionaldiferenciado”, diz ela.

O itinerário formativo de trans-porte de cargas apresenta cargahorária variável entre 148 e 208horas, conforme a especializaçãoescolhida. Ao todo, o transporta-dor pode escolher entre 12 dife-rentes tipos de cargas (veja qua-dro). Nos módulos básico e inter-mediário, são abordadas questõesde segurança, postura profissio-nal, qualidade do serviço, opera-ção do veículo e tecnologiaembarcada.

Para o transporte de passa-geiros, o Sest/Senat disponibilizaquatro opções de especialização

Capacitaçãoprofissional

POR LIVIA CEREZOLI

EDUCAÇÃO

Sest/Senat lança novos itinerários formativos doPrograma de Formação Especializada em Transporte

ENSINO Programa de Formação Especializada do Sest/Senat contempla quatro áreas de atuação

Page 71: Revista CNT Transporte Atual - Dez/2009

de acordo com o tipo de trans-porte realizado: rodoviário, urba-no, turismo e escolar. No módulobásico, são abordados assuntosreferentes à resolução 168/04 doContran (Conselho Nacional deTrânsito), que dispõe sobre ahabilitação do condutor, e aindaquestões sobre legislação detrânsito, direção defensiva,noções de primeiros socorros eatendimento interpessoal. Ocurso tem carga horária variávelentre 162 e 222 horas.

Para Cláudia Moreno, um pro-fissional com formação especiali-zada garante mais profissionalis-mo aos serviços da empresa onde

ele atua e, consequentemente,mais rentabilidade para o negócio.“Profissionais bem preparadosdirigem de forma mais econômica,reduzem os riscos de acidentes eavarias nas cargas. Isso só podegerar mais lucro para a empresa.”

Os taxistas podem optar pelaespecialização em inglês ouespanhol instrumental voltadopara o turismo. O itinerário for-mativo para esses profissionaisainda oferece conhecimentos emmanutenção do veículo, direçãopreventiva e qualidade – módulobásico – e condução econômica,segmentos e pontos turísticos,além de transporte de passagei-

ros com necessidades especiais –módulo intermediário.

No Módulo de Gestão, para ostransportadores autônomos, oconteúdo está voltado para oassociativismo e cooperativismocom noções de empreendedoris-mo, gestão administrativa efinanceira, além de custos opera-cionais nas diversas áreas abor-dadas pelos programas formati-vos. “O curso cria oportunidadesao autônomo. Ele pode enrique-cer seus conhecimentos e obtermais lucratividade e maior renta-bilidade se souber gerir de formaadequada o seu negócio”, afirmaa coordenadora.

O primeiro itinerário voltadopara o transporte de produtosperigosos foi lançado em 2008. Aespecialização é oferecida emnove tipos de produtos comoexplosivos, corrosivos, gases,líquidos e sólidos inflamáveis,entre outros. A carga horária totalé de 246 horas.

Todos os conteúdos estãodisponíveis nas 133 unidades doSest/Senat no país. Em 15 anos, osistema já formou mais de 3,2milhões de alunos em pelomenos 250 cursos. Até setembrodeste ano, 282.670 profissionaisforam capacitados nas diversasáreas de atuação. ●

SEST/SENAT/DIVULGAÇÃO

ENSINO Programa de Formação Especializada do Sest/Senat contempla quatro áreas de atuação

SAIBA MAS

Módulos dos cursosBásico: Postura profissional, segurança e relacionamento interpessoalIntermediário: Qualidade do serviço, tecnologia embarcada, conduçãoeconômicaEspecialização: Voltada para áreas específicas do setorGestão: Para autônomos. Aborda conhecimentos em associativismo e cooperativismo, gestão financeira e administrativa do negócio

Por área específicaItinerário Formativo de Produtos PerigososCarga horária: Entre 172 e 246 horasEspecialização: Em nove tipos de produtos (explosivos, corrosivos, gases, líquidos inflamáveis, sólidos inflamáveis, substâncias oxidantes,sustâncias tóxicas, substâncias radioativas e perigosas diversas)

Itinerário Formativo de Transporte de CargasCarga horária: Entre 148 e 208 horasEspecialização: Em 12 tipos de cargas (viva, cana-de-açúcar, grãos,mudanças, frutas, verduras e hortaliças, veículos, lixo urbano, produtos farmacêuticos, valores, geral, frigorificada e líquida)

Itinerário Formativo de Transporte de PassageirosCarga horária: Entre 162 e 222 horasEspecialização: Em quatro tipos de transporte (urbano, rodoviário, turismo e escolar)

Itinerário Formativo para TaxistasCarga horária: Entre 104 e 128 horasEspecialização: Em duas áreas (inglês ou espanhol instrumental para o turismo)

MatrículasProcure a unidade Sest/Senat mais perto de você pelo site www.sestsenat.org.br ou pelo telefone 0800-7282891

Page 72: Revista CNT Transporte Atual - Dez/2009

CNT TRANSPORTE ATUAL DEZEMBRO 200972

Continua o crescimento na movimentaçãototal do transporte de cargas rodoviá-rias, que em outubro deste ano aumen-tou 3,9% em relação ao mês anterior.

Contudo, comparando o bimestre de setembro aoutubro de 2009, observa-se que este ano a movi-mentação foi 5,3% menor do que o ocorrido nomesmo bimestre do ano passado. De forma desa-gregada, no mês de outubro ocorreu alta de 7,3%no transporte de cargas industriais por terceiros,o que reflete a reativação da produção industrialno país. Enquanto isso, o transporte de outras car-gas apresentou certa estabilidade com variaçãopositiva de 0,5% em relação ao mês anterior.

O transporte rodoviário de passageiros apre-sentou elevação em todos os modais neste mês deoutubro. Observou-se aumento de 2,2% no trans-porte coletivo urbano de passageiros, alta de 3,5%no transporte intermunicipal e elevação de 4,4%no transporte interestadual. Na comparação dobimestre setembro-outubro deste ano com omesmo período de 2008, constata-se queda de2,1% no coletivo urbano e aumentos de 4,7% e5,4% nos transportes rodoviários intermunicipal einterestadual, respectivamente.

O transporte ferroviário de cargas apresentouelevação de 1,8% em setembro, em relação ao mêsanterior. Porém, o total de carga transportada noacumulado do ano até este mês está 18,1% abaixodo realizado no mesmo período de 2008, refletin-do o impacto da crise mundial na demanda decommodities brasileira. Em setembro, o transpor-

Voos mais altos

TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS - TOTAL

Fonte: IDET CNT/FIPE-USP

Milhões de Toneladas

110

90

95

100

105

85

80jan fev mar abr mai jun jul

2007 2008 2009

ago set out nov dez

IDET

TRANSPORTE INTERESTADUAL DE PASSAGEIROS

Fonte: IDET CNT/FIPE-USP

Milhões de Passageiros

7,5

6

6,5

7

5,5

5jan fev mar *abr *mai jun jul

2007 2008 2009

ago set out nov dez

Cresce a importância do transporte aéreo de passageiros

TRANSPORTE DE PASSAGEIROS - COLETIVO URBANO

Milhões de Passageiros

1.050

930

990

870

810jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Fonte: IDET CNT/FIPE-USP2007 2008 2009

Page 73: Revista CNT Transporte Atual - Dez/2009

CNT TRANSPORTE ATUAL DEZEMBRO 2009 73

te metroferroviário de passageiros apresentouelevação de 1,9% em relação ao mês anterior.

Observou-se queda de 8,8% na movimentaçãode cargas no modal aquaviário no mês de setembro,em relação ao mês anterior. Cabe lembrar, contudo,que alguns portos não informaram o total de cargastransportadas e que oportunamente será feita umaretificação dos valores apresentados.

O transporte aéreo de passageiros continua aapresentar crescimento, sinalizando a movimenta-ção de passageiros em um patamar médio supe-rior ao observado nos últimos dois anos. Em outu-bro, a movimentação aérea de passageiros foi10,1% maior do que a do mês de setembro. Alémdisso, no bimestre setembro-outubro deste ano, aquantidade de passageiros foi 30,3% maior do quea observada no mesmo período de 2008.

O Idet CNT/Fipe-USP é um indicador mensaldo nível de atividade econômica do setor detransporte no Brasil. ●

TRANSPORTE AQUAVIÁRIO DE CARGAS

Fonte: IDET CNT/FIPE-USP

Milhões de Toneladas

65

45

50

55

60

35

40

25

30

jan fev mar abr mai jun jul

2007 2008 2009

ago set out nov dez

TRANSPORTE AÉREO DE PASSAGEIROS

Fonte: IDET CNT/FIPE-USP

Milhões de Passageiros

5

4

4.5

3

3,5

jan fev mar abr mai jun jul

2007 2008 2009

ago set out nov dez

8

Para a versão completa da análise, acesse www.cnt.org.br. Para o download dos dados, www.fipe.org.br

TRANSPORTE FERROVIÁRIO DE CARGAS

Fonte: IDET CNT/FIPE-USP / *dados da ALL não fornecidos

Milhões de Toneladas

30

35

40

45

25

20jan fev mar abr mai jun *jul

2007 2008 *2009

*ago *set out nov dez

QUEDA Transporte ferroviário está 18,1% menor em 2009

50

VALE/DIVULGAÇÃO

Page 74: Revista CNT Transporte Atual - Dez/2009

CNT TRANSPORTE ATUAL DEZEMBRO 200974

BOLETIM ESTATÍSTICO

RODOVIÁRIO

MALHA RODOVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM

PAVIMENTADA NÃO PAVIMENTADA TOTAL

Federal 61.807 13.773 75.580 Estadual Coincidente 17.260 6.230 23.490 Estadual 106.548 113.451 219.999 Municipal 26.827 1.234.918 1.261.745Total 212.442 1.368.372 1.580.814

Malha Rodoviária Concessionada 13.810Adminstrada por concessionárias privadas* 12.746Administrada por Operadoras Estaduais 1.064

FROTA DE VEÍCULOS - UNIDADESCaminhão 1.969.495Cavalo mecânico 348.998Reboque 645.953Semi-reboque 563.296Ônibus interestaduais* 13.907Ônibus intermunicipais 40.000Ônibus fretamento* 25.120Ônibus urbanos** 105.000

Nº de terminais rodoviários 173

Fonte: PNV-2008 - DNIT

Fonte: ABCR(2009)* e ANTT (jul/06)

Fonte: ANTT 2006

AQUAVIÁRIO

INFRAESTRUTURA - UNIDADES

Terminais de uso privativo 42

Portos 40

FROTA MERCANTE - UNIDADES

Embarcações de cabotagem e longo curso 141

HIDROVIA - EXTENSÃO EM KM E FROTARede fluvial nacional 44.000Vias navegáveis 29.000Navegação comercial 13.000Embarcações próprias 1.148

Fonte: ANTAQ (2009)

Fonte: ANTAQ (2009)

AEROVIÁRIO

AEROPORTOS - UNIDADES Internacionais 33 Domésticos 33Pequenos e aeródromos 2.498

AERONAVES - UNIDADESA jato 778 Turbo Hélice 1.638Pistão 9.204Total 11.620

Fonte: INFRAERO(2008) e ANAC (2006)

Fonte: ANAC (2009)

FERROVIÁRIO

MALHA FERROVIÁRIA - EXTENSÃO EM KMTotal Nacional 29.817 Total Concedido 28.314 Concessionárias 11 Malhas concedidas* 12

MALHA POR CONCESSIONÁRIA - EXTENSÃO EM KMCompanhia Vale do Rio Doce/FCA 9.863MRS Logística S.A. 1.674 ALL do Brasil S.A. 7.304Outras 9.473Total 28.314

MATERIAL RODANTE - UNIDADESVagões 87.150Locomotivas 2.624 Carros (passageiros urbanos) 1.670

PASSAGENS DE NÍVEL - UNIDADES Total 12.273Críticas 2.611

VELOCIDADE MÉDIA OPERACIONALBrasil 25 km/h EUA 80 km/h

Fonte: ANTT(relatório 2007) *VALEC é operacionalizada pela Vale do Rio Doce

Fonte: ANTT(relatório 2007)

Fonte: ANTF(2007) e Min. Cidades 2003

Fonte: ANTF 2007

Fonte: AAR - Association of American Railroads

MATRIZ DO TRANSPORTE DE CARGASMODAL MILHÕES (TKU)* PARTICIPAÇÃO (%) Rodoviário 485.625 61,1Ferroviário 164.809 20,7Aquaviário 108.000 13,6Dutoviário 33.300 4,2Aéreo 3.169 0,4Total 794.903 100Fonte: *TKU - tonelada quilômetro útilANTT(relatório 2007)

Fonte: Denatran (maio/2009), *ANTT(2007) e **NTU(regiões metropolitanas)

Page 75: Revista CNT Transporte Atual - Dez/2009

CNT TRANSPORTE ATUAL DEZEMBRO 2009 75

BOLETIM ECONÔMICO

INVESTIMENTOS FEDERAIS EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTESInvestimentos Liquidados por Modal (R$ 2,7 bilhões) - Governo Federal (janeiro a outubro/2009)

Investimentos Federais em Transportes (janeiro a outubro/2009)

CIDE (R$ MILHÕES)Arrecadação no mês (outubro) 618*

Arrecadação no ano (2009) 3.556

Total acumulado desde 2002 55.339

Investimentos em transportes pagos com CIDE 22.199,5

(desde 2002) (40,1%)

CIDE não utilizada em transportes (desde 2002) 33.139,5

(59,9%)

CONJUNTURA MACROECONÔMICA - OUTUBRO/2009

Inflação 5,9 2,97(1) 4,17(1) 4,27IPCA (%)

Câmbio2,34 1,74(2) 1,7(R$/US$)

Selic (%a.a.) 13,75 8,75(3) 8,75PIB(% cresc. ao ano)

5,08 -1,46(4) 1,26(4) 0,2

BalançaComercial 24,7 22,6(5) 26,5(5) 25,5(US$ bilhões)Observações:1 - Inflação acumulada no ano e em 12 meses até outubro/2009.2 - Câmbio de fim de período outubro/2009, média entre compra e venda.3 - Meta Taxa Selic conforme Copom 21/10/2009.4 - PIB acumulado em 12 meses, até junho/2009.5 - Balança Comercial acumulada no ano e em 12 meses até out/2009.

Fontes: Receita Federal, COFF - Câmara dos Deputados (acumulado até 04/11/2009), IBGE eFocus - Relatório de Mercado (06/11/09), Banco Central do Brasil.

* Veja a versão completa deste boletim em www.cnt.org.br

Rodoviário

Ferroviário

Aquaviário

Autorizado Investimento liquidado Total pagoObs.: O Total Pago inclui valores pagos do exercício atual e restos a pagar pagos do ano anterior.

Arrecadação Acumulada

CIDE - Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, Lei 10.336 de 19/12/2001. Atualmente écobrada sobre a comercialização de gasolina (R$ 0,23/liltro) e diesel (R$ 0,07/litro) e a destinaçãodos recursos engloba o subsídio e transporte de combustíveis, projetos ambientais na indústria decombustíveis e investimentos em transportes.

NECESSIDADES DE INVESTIMENTOS DO SETOR DE TRANSPORTES BRASILEIRO: R$ 280 BILHÕES (PLANO CNT DE LOGÍSTICA BRASIL - 2008)

Investimento Pago Acumulado

1412

864 R

$ bilhões

20

10

2,7

12,6

6,8

Arrecadação X Investimentos Pagos: Recursos da CIDE

60

4030

20R$ bilhões

100

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

5055,3

R$ 2,0 bi(76%)

R$ 208,3 mi(8%)

R$ 418,3 mi(16%)

22,2

82008

Valoresacumuladosem 2009

Nos últimos12 meses

Expectativapara 2009

Page 76: Revista CNT Transporte Atual - Dez/2009

CNT TRANSPORTE ATUAL DEZEMBRO 200976

BOLETIM AMBIENTAL DO DESPOLUIR

EMISSÕES DE CO2 NO BRASIL

SETOR CO2 t/ANO PARTICIPAÇÃO (%)Mudança no uso da terra 776,33 75,4%Transporte 94,32 9,2%Industrial 74,07 7,2%Outros setores 42,51 4,1%Energia 25,60 2,5%Processos industriais 16,87 1,6%Total 1.029,71 100%

VEÍCULO CO2 t/ANO PARTICIPAÇÃO (%)Caminhões 36,65 44%Veículos leves 32,49 39%Comerciais leves - Diesel 8,33 10%Ônibus 5,83 7%Total 83,30 100%

MODAL CO2 t/ANO PARTICIPAÇÃO (%)Rodoviário 83,30 88,3%Aéreo 6,20 6,6%Marítimo 3,56 3,8%Ferroviário 1,26 1,3%Total 94,32 100%

Fonte: Inventário de Emissões, Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT, 2006.

EMISSÕES DE CO2 POR MODAL DE TRANSPORTE

EMISSÕES DE CO2 NO TRANSPORTE RODOVIÁRIO POR TIPO DE VEÍCULO

QUALIDADE DO ÓLEO DIESELTEOR MÁXIMO DE ENXOFRE (S) NO ÓLEO DIESEL*

Japão 10 ppm de SEUA 15 ppm de SEuropa 50 ppm de S

Frotas cativas de ônibus urbanos das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba e regiões 50 ppm de Smetropolitanas de Belém, Fortaleza e RecifeDiesel metropolitano (grandes centros urbanos) 500 ppm de SDiesel interiorano 1.800 ppm de S

Brasil

* Em partes por milhão de S - ppm de SFonte: International Fuel Quality Center - IFQC, 2008.

RESULTADOS DO PROJETO DE REDUÇÃO DASEMISSÕES DE POLUENTES PELOS VEÍCULOS

NÚMEROS DE AFERIÇÕES

100.837 95.549 11.185 207.571

2007 E 2008JANEIRO A SETEMBRO

DE 2009OUTUBRO

DE 2009 TOTAL

83,87 % 86,81 % 88,36 % -

Federações participantes 21Unidades de atendimento 66Empresas atendidas 3.903Caminhoneiros autônomos atendidos 3.900

Aprovação no período

ESTRUTURA DO DESPOLUIR

Fonte: Sistema de Informações do Despoluir, Confederação Nacional do Transporte - CNT, 2009.

(EM MILHÕES DE TONELADAS - INCLUÍDO MUDANÇA NO USO DA TERRA)EMISSÕES DE CO2 POR SETOR

CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS NO BRASILCONSUMO DE ÓLEO DIESEL POR MODAL DE TRANSPORTEMODAL MILHÕES DE m3 PARTICIPAÇÃO (%)Rodoviário 32,71 96,6%Ferroviário 0,69 2%Hidroviário 0,48 1,4%Total 33,88 100%

TIPO 2006 2007 2008 2009 (ATÉ OUTUBRO)Diesel 39,01 41,56 44,76 36,62Gasolina 24,01 24,32 25,17 20,64Álcool 6,19 9,37 13,29 13,54

CONSUMO POR TIPO DE COMBUSTÍVEL (EM MILHÕES m3)

Fonte: Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis - ANP, 2009

Fonte: Boletim Mensal da Qualidade dos Combustíveis Líquidos Automotivos Brasileiros. ANP-2009.

* Geração de eletricidade.Fonte: Balanço Energético Nacional - BEN, Ministério de Minas e Energia - MME, 2008.

Teor de Biodiesel 17,8%17,8%

26,7%

36,7%

7,2%

1,7%10%

Enxofre 7,2%

Pt. Fulgor 26,7%

aspecto 36,7%

corante 1,7%Outros 10%

ÍNDICE TRIMESTRAL DE NÃO-CONFORMIDADES NO ÓLEO DIESEL POR ESTADOS - SETEMBRO 2009

AL AM

% NC

AP BA CE DF ES GO MA

MG MS

MT PA PB PE PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO Brasil

7,6

00,6 2,2

2,9

3,2

1,9 4,3

1,7 2,2 5,

6

1,7 1,7 1,2 3,4

3

AC

Trimestre Anterior

Trimestre Atual

Fonte: Boletim Mensal da Qualidade dos Combustíveis Líquidos Automotivos Brasileiros. ANP-2009.

NÃO-CONFORMIDADES POR NATUREZA NO ÓLEO DIESEL - SETEMBRO 2009

00

Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br

8

2,70,6

1,4

1,60,62,76,

6

20

15

10

0

5

25

1,1

14,3

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Quando falamos emTAV (trem de altavelocidade), esta-mos nos referindo a

transporte de passageiros dealta eficiência, confortável eseguro. O Brasil entra final-mente nessa era e, dessemodo, revitaliza o esquecidoe sucateado transporte depassageiros por trem, quesucumbe diante da preferên-cia pelo modal rodoviário eestá morrendo na obsoles-cência de nossos trilhos e naquase extinção da indústriaferroviária nacional.

Os meios e a infraestrutu-ra de transporte são as prin-cipais veias por onde circu-lam a economia de qualquerpaís. E quanto mais eficien-tes são esses meios, commais velocidade a economiase movimenta e mais o paíscresce. É muito difícil imagi-nar o Brasil, país de dimen-sões continentais, sem trans-porte de passageiros demédia distância sobre tri-lhos. Em todos os paísesonde o TAV foi adotado,houve uma mudança dapopulação dos grandes cen-tros para cidades no entorno

DOMINGOS JOSÉ MINICUCCI

da ferrovia, levando desen-volvimento e descentraliza-ção das atividades econômi-cas nos grandes centrosurbanos, como irá acontecercom as cidades do Vale doParaíba.

A economia se faz com pes-soas e produtos, e quantomais rápido for o deslocamen-to dessas pessoas e dessesprodutos, mais a economia iráse beneficiar. O TAV irá fazer opercurso entre Rio de Janeiroe São Paulo em 1 hora e 33minutos; já entre Campinas eSão Paulo, esse trajeto seráfeito em 30 minutos, e trans-portará 409 passageiros porcomposição – enquanto oavião transporta 190.

Além desse ganho notransporte de passageiros,muitos projetos que trarãodesenvolvimento, geração deempregos e movimento paraas indústrias locais estãoatrelados ao TAV, como aCopa do Mundo de 2014 e asOlimpíadas de 2016. O Brasilterá, obrigatoriamente, queformar técnicos, engenhei-ros e mão de obra especiali-zada nesse modal, já que oprojeto exige transferência

de tecnologia, uma oportuni-dade única para nossas uni-versidades.

É muito difícil imaginartoda a abrangência desseprojeto na economia nacio-nal, mas não há dúvidas deque será grandiosa. E já sen-timos essa movimentação afavor. Empresas multinacio-nais da área ferroviária estãose instalando no Brasil, orga-nizações brasileiras que nãoatuam no setor ferroviáriocomeçam a olhar esse modalcomo grande oportunidadede negócio e empresas nacio-nais da própria área ferroviá-ria estão modernizando-separa acompanhar esse saltotecnológico.

Contando um pouco daminha experiência como exe-cutivo da indústria ferroviá-ria nacional, tive o privilégiode usar esse modal em várioslugares da Europa e sintoque, finalmente, chegou a vezdo Brasil e do nosso povoterem o direito de usufruirdesse meio de transporte.Creio que talvez caiba outrapergunta: o que seria da eco-nomia do Brasil e das gran-des cidades sem o TAV?

DEBATE Qual a importância do TAV para a economia nacional?

DOMINGOS JOSÉ MINICUCCIVice-diretor do Comitê Ferroviárioda SAE Brasil

Trem-bala impulsionará a economia brasileira

“Creio que talvez caiba outra pergunta: o que seria da economiado Brasil e das grandes cidades sem o Trem de Alta Velocidade?”

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Qual a importância do TAV para a economia nacional?

Há poucos meses, opronunciamento dogoverno federal daimplantação de um

TAV (Trem de Alta Velocidade)interligando as duas maiorescapitais do país, São Paulo eRio de Janeiro, fez ressurgirum debate de importânciaímpar para o Brasil.

Olhando-se isoladamentepara o TAV podemos reconhe-cer inúmeras vantagens. Nacomparação com o automó-vel, estudos demonstram queele transporta mais pessoase de maneira mais segura,resultando em um alíviotanto no sistema viário quan-to no tráfego aéreo.

No quesito ambiental eletambém possui vantagenscomparativas consideráveis,entre as principais a utiliza-ção de menor área de terre-no e a baixa emissão depoluentes atmosféricos, pro-vocando o menor impactoambiental entre os meios detransporte.

Por outro lado, o que nãose pode admitir num projetodessa magnitude é que, nofuturo, como tem ocorridoem outras grandes obras, que

já sabemos. O cerne da ques-tão está em como recolocar oBrasil “nos trilhos”. Devemoscomeçar pelo TAV ou have-riam outros caminhos?

Devemos perguntar o quede fato queremos para otransporte no Brasil, emespecial num momento emque a sustentabilidade éposta como estratégica paraa sobrevivência não só dospaíses, como de toda a huma-nidade.

Não podemos nos esque-cer que a sociedade, carentede um planejamento integra-do e desesperada pelo colap-so do transporte nas cidadesde médio e grande porte, nor-malmente enxerga as solu-ções pontuais como “pana-ceia para todos os males”.

Mais do que ser a favor oucontra o TAV, devemos estarcientes de que sua lógica eseus enormes interesses finan-ceiros e políticos podem colo-car os “detalhes” como menosimportantes, quando não comoempecilhos, frente a “grandio-sidade das intenções”. Os deta-lhes, nesse caso, referem-se aofuturo do Brasil e, com ele, denossos filhos e netos.

ROBERTO SIMÃOMestre em engenheira ambiental,presidente da Associação deEngenheiros e Arquitetos de SãoJosé dos Campos (SP)

Projeto conseguirá recolocarBrasil de novo nos trilhos?

“A sociedade, carente de um planejamento integrado, normalmente enxerga as soluções pontuais como ‘panaceia para todos os males’”

se culpe o processo de licen-ciamento ambiental ou qual-quer outra condição técnicaou política pelo atraso dasobras, quando na verdade oque pode atrasá-las são pro-cessos malfeitos, mal discuti-dos e sem a participação dasociedade, especialmente desuas instituições representa-tivas.

Com certeza, aspectosimportantes deverão ser dis-cutidos e deveremos tratá-los com responsabilidade ecom preparo, a exemplo decomo o TAV irá se integrar aum planejamento da mobili-dade no país? Qual tecnolo-gia será utilizada (MagLev,TSV, Shinkansen)? Como sedará a obrigatoriedade denacionalização? Como sedará a integração intermo-dal? Como os municípiosserão compensados pelosimpactos ambientais e asconsequências negativas dabarreira que o TAV ira criarem seus territórios? Entreoutros.

Porém, nessa discussão omais importante não é anecessidade ou não do trans-porte ferroviário, disso todos

ROBERTO SIMÃO

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CNT TRANSPORTE ATUAL DEZEMBRO 2009 81

CLÉSIO ANDRADE

“Nos dias atuais, quem pensar que seus estudos estão finalizadospoderá ser rotulado de desatualizado ou despreparado”

OPINIÃO

sociedade em que vivemos estende aomundo do trabalho seus diferentes graus decomplexidade, de tal sorte que se exige decada indivíduo crescentes níveis de escolari-dade, além de atuação produtiva, eficaz, efi-ciente e o exercício pleno de múltiplas com-

petências e habilidades, esses requerimentos sãotão fortes que resultam em condicionar o sucessoprofissional e pessoal.

Penso que está longe o tempo em que se afirma-va com muito orgulho, tendo nas mãos um diploma:“terminei meus estudos”. Nos dias atuais, quem pen-sar que seus estudos estão finalizados poderá serrotulado de desatualizado ou despreparado. Inapto,portanto, a fazer frente aos novos e crescentesdesafios da vida pós-moderna.

Cada vez mais a educação se faz necessária,ganha força e maior importância para o futuro dasnações, das empresas, para qualidade de vida dasfamílias, para se obter emprego e se manter empre-gado. Estou me referindo e defendendo a necessida-de de educação ao longo da vida para todos.

O perfil dos empregos formais mudou muito. Nãomais se busca um perfeito conhecedor ou um espe-cialista. O mercado laboral busca pessoas comconhecimentos e habilidades que permitam um altodesempenho na realização de múltiplas tarefas epara solucionar problemas complexos correlaciona-dos a diferentes vertentes da atividade principal dasorganizações. Os novos colaboradores devem sercapazes de fazer frente a contínuos desafios.

A educação nesse contexto precisa preparar oindivíduo para a vida, para o mundo do trabalho edos negócios, para empreender, para buscar ou criarconhecimento, encontrar soluções e respostas aosdesafios diários. Como fazer isso? Seria a pergunta afazer considerando que as escolas, de uma maneirageral e com algumas exceções, estão entre as insti-tuições mais conservadoras de nossa sociedade. Seo mundo mudou, a escola deve mudar junto.

A formação de jovens e adultos em todos osníveis de escolaridade precisa se abrir para a socie-dade, para o mundo real, juntar a academia àsempresas, somar a teoria à prática, levar às criançase aos jovens questões relevantes e significativas,retiradas na vida social e do mundo do trabalho, pre-parando-os, desde as primeiras séries, para saberviver e a conviver com pró-atividade, gerando círcu-lo virtuoso de pessoas preparadas para enfrentaremqualquer tipo de situação com desenvoltura.

Defendo ensino para a vida e para o trabalho,desde a mais tenra idade até os vários graus de edu-cação técnica e superior. Estou convicto que a edu-cação formal deve estar aliada à educação profissio-nal, e esta em interação com o setor produtivo, aexemplo de como é ministrado o ensino nas socieda-des nórdicas – em especial na Finlândia –, naAlemanha, Irlanda, Coreia do Sul, entre outros paísespós-industriais e da sociedade do conhecimento.

Nosso Brasil precisa fazer com que a educação dequalidade para todos seja o verdadeiro transportepara o futuro.

AEducação, o verdadeirotransporte para o futuro

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CNT TRANSPORTE ATUAL DEZEMBRO 200982

SACO É UM SACO

Parabenizo a revista CNTTransporte Atual pela reportagem “O Saco é um saco”,veiculada na edição de novembro.É imperativo que se reduza ouso das sacolas plásticas, e oprimeiro passo é a conscientizaçãodo consumidor. Além disso, épreciso que os governos municipais,estaduais e federal façam a suaparte, abraçando a iniciativacom campanhas na mídia e nas escolas, mostrando, especialmente para as crianças,os malefícios que o uso indiscriminado do produto podetrazer para as próximas gerações. E é também muitoimportante que seja estruturadauma coleta efetiva dos produtos recicláveis. Diariamente, e nãouma vez por semana, como ocorre em algumas cidades. Fez muito bem a publicação ao abordar esse tema.

Gleides BeroniPiracicaba (SP)

MAIS TRANSPORTE

Muito interessante a seçãoMais Transporte. Com textoscurtos, mas informativos, apresenta um panorama variadodo que acontece no Brasil no segmento transportador, deforma clara e objetiva. A CNTTransporte Atual merece elogios pela iniciativa.

Continuem fazendo este belo trabalho.

Jonas CuriSalvador (BA)

CAMINHÕES

Ainda é muito difícil para o trabalhador comprar um caminhão novo. Mesmo com a redução dos juros e a implantação de programas comoo Procaminhoneiro. As despesassão muitas com a manutençãodo veículo e os impostos sãoelevados. É preciso também destravar a burocracia e facilitara troca por um modelo maisnovo, mesmo que não seja zero quilômetro. Os ganhosambientais da medida tambémprecisam ser levados em conta. Menos caminhão velho circulando, menos poluição. A revista CNTTransporte Atual acerta ao tratar do assunto na edição de novembro. Espero que continuem com reportagens sobre o assunto.

Bráulio AquinoFlorianópolis (SC)

DOS LEITORES

Escreva para CNT TRANSPORTE ATUALAs cartas devem conter nome completo, endereço e telefone dos remetentes

CARTAS PARA ESTA SEÇÃO

SAUS, quadra 1, bloco JEdifício CNT, entradas 10 e 20, 11º andar70070-010 - Brasília (DF)E-mail: [email protected]

Por motivo de espaço, as mensagens serão selecionadas e poderão sofrer cortes

[email protected]

CNTCONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE

PRESIDENTEClésio Soares de Andrade

PRESIDENTE DE HONRA DA CNTThiers Fattori Costa

VICE-PRESIDENTES DA CNTTRANSPORTE DE CARGAS

Newton Jerônimo Gibson Duarte RodriguesTRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO

Meton Soares JúniorTRANSPORTE DE PASSAGEIROS

Marco Antonio GulinTRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

José Fioravanti

PRESIDENTES DE SEÇÃO E VICE-PRESIDENTES DE SEÇÃOTRANSPORTE DE PASSAGEIROS

Otávio Vieira da Cunha Filho Ilso Pedro Menta TRANSPORTE DE CARGAS

Flávio BenattiAntônio Pereira de SiqueiraTRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

José da Fonseca LopesEdgar Ferreira de Sousa

TRANSPORTE AQUAVIÁRIO

Glen Gordon Findlay

Hernani Goulart Fortuna

TRANSPORTE FERROVIÁRIO

Rodrigo Vilaça

TRANSPORTE AÉREO

Urubatan Helou

José Afonso Assumpção

CONSELHO FISCAL (TITULARES)

David Lopes de Oliveira

Éder Dal’lago

Luiz Maldonado Marthos

José Hélio Fernandes

CONSELHO FISCAL (SUPLENTES)

Waldemar Araújo

André Luiz Zanin de Oliveira

José Veronez

DIRETORIA

TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS

Luiz Wagner Chieppe

Alfredo José Bezerra Leite

Jacob Barata Filho

José Augusto Pinheiro

Marcus Vinícius Gravina

Tarcísio Schettino Ribeiro

José Severiano ChavesEudo Laranjeiras CostaAntônio Carlos Melgaço KnitellAbrão Abdo IzaccFrancisco Saldanha BezerraJerson Antonio PicoliJosé Nolar SchedlerMário Martins

TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS

Luiz Anselmo Trombini

Eduardo Ferreira Rebuzzi

Paulo Brondani

Irani Bertolini

Pedro José de Oliveira Lopes

Oswaldo Dias de Castro

Daniel Luís Carvalho

Augusto Emílio Dalçóquio

Geraldo Aguiar Brito Viana

Augusto Dalçóquio Neto

Euclides Haiss

Paulo Vicente Caleffi

Francisco Pelúcio

TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

Edgar Ferreira de SousaJosé Alexandrino Ferreira NetoJosé Percides RodriguesLuiz Maldonado MarthosSandoval Geraldino dos SantosDirceu Efigenio ReisÉder Dal’ LagoAndré Luiz CostaJosé da Fonseca LopesClaudinei Natal PelegriniGetúlio Vargas de Moura BraatzNilton Noel da RochaNeirman Moreira da Silva

TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO

Luiz Rebelo Neto

Paulo Duarte Alecrim

André Luiz Zanin de Oliveira

Moacyr Bonelli

José Carlos Ribeiro Gomes

Paulo Sergio de Mello Cotta

Marcelino José Lobato Nascimento

Ronaldo Mattos de Oliveira Lima

José Eduardo Lopes

Fernando Ferreira Becker

Pedro Henrique Garcia de Jesus

Jorge Afonso Quagliani Pereira

Eclésio da Silva

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